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CRIMINOLOGIA

ASFIXIOLOGIA
ASFIXIA
• CONCEITO: é a supressão da respiração. Todo processo que intervenha na
correta oxigenação dos tecidos humanos constitui asfixia.
- Hipóxia = diminuição da oxigenação ASFIXIA MORTE

- Anóxia = ausência de oxigenação 5 MIN

Qualificadora no crime de homicídio = pena majorada


Interrogatório da vítima pode indicar desfalecimento = perigo de vida = L.Grave
SINAIS GERAIS DE ASFIXIA
(externos e internos)
• EXTERNOS:
A. Manchas de hipóstase ou livor cadavérico: acúmulo de sangue nas
regiões de maior declive em decorrência da força gravitacional, logo após
cessar a circulação sanguínea.

Morto em pé (enforcado) = sangue nas extremidades


decúbito dorsal sangue nas costas
Morto deitado
decúbito ventral sangue no tórax
B. Cianose: manchas roxo-azuladas decorrente da falta de oxigenação, que reduz a
formação de hemoglobina (oxigênio no sangue = tom corado/rosado da pele). É
observada sob as unhas, nos lábios, rosto e lóbulos das orelhas.
Valor diagnóstico de asfixia limitado porque, no sobrevivente, a cianose
desaparece assim que é reiniciada a oxigenação; no morto, as manchas rochas
podem ser manchas de hipóstase.

C. Petéquias: são equimoses arredondadas e pequenas (pontos – 1 a 5 mm) e


aparecem com mais frequência nas pálpebras (pele e mucosa), pescoço, face, tórax,
conjuntivas oculares (branco dos olhos), asas do nariz, sob a pleura, lobos inferiores
dos pulmões (“manchas de Tardieu”)
D.Espuma: secreção semifluida de cor branca ou branco-rosada, exteriorizada pelas
narinas e boca. Em alguns casos, pode apresentar aspecto semelhante a um cogumelo
(estrangulamento manual, overdose, afogamento).
E. Congestão venosa ou Máscara equimótica: importante apenas quando
localizada no rosto, acima do sulco de enforcamento ou estrangulamento.
F. Procidência da língua: ocorre no enforcamento e no estrangulamento em que a
língua é projetada além das arcadas dentárias. Pode ocorrer também em casos de
afogamento quando iniciada a putrefação.
• INTERNOS:
A. Sangue fluido e escuro: Exceções: morte por monóxido de carbono = sangue
vermelho vivo / morte por afogamento = sangue rosado

B. Equimoses viscerais: petéquias que aparecem sob a pleura, lobos inferiores dos
pulmões (“manchas de Tardieu”) e, nos recém-nascidos, no timo.
Manchas de Paltauf = petéquias nos pulmões dos afogados.
C. Maior quantidade de sangue nos órgãos
CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS
1. Asfixias por constrição do pescoço:
 Enforcamento
 Estrangulamento
 Esganadura
 Asfixias sexuais
 Asfixias posicionais
2. Asfixias por sufocação:
 Obstrução respiratória 3. Asfixias por mudança do meio
 “Coronária do Café” ambiente

 Sufocação direta  Afogamento

 Homicídio “gentil” por asfixia  Gases irrespiráveis

 Sufocação indireta
 Soterramento
 Confinamento 4. Asfixia por depressão do sistema
nervoso central
ASFIXIA MANEIRA DA MORTE
S = suicídio / H = homicídio / A = acidente
Enforcamento Sha
Estrangulamento Hsa
Esganadura Ha
Asfixias sexuais A
Asfixias posicionais A
Obstrução respiratória Ah
“Coronária do café” A
Sufocação direta Has
Homicídio “gentil” ´por asfixia H
Sufocação indireta Has
Soterramento Ah
Confinamento Ah
1. ASFIXIAS POR CONSTRIÇÃO DO PESCOÇO
A. ENFORCAMENTO: constrição do pescoço por um laço, mais o peso do próprio
corpo. Há dois tipos de enforcamento: suspensão completa e suspensão incompleta.
 Fases da morte por enforcamento:
- Fase da resistência: agitação + alucinações + visão turva + perda da consciência
(quase coma) (de 40 a 80 segundos)
- Fase da agitação: inconsciência + convulsões intensas + alteração da cor da pele +
língua protusa + olhos esbugalhados (de 3 a 5 min)
- Fase da prostração ou morte aparente: há parada respiratória, mas ocoração ainda
bate por até 10 minutos.
 Sinais médico-legais: sulco oblíquo e interrompido, petéquias, língua protraída,
manchas de hipóstases, hemorragia e fratura em cartilagens, nervos achatados e
secção da artéria carótida (sinal de Amussat), ruptura de vasos e espuma.
B. ESTRANGULAMENTO: constrição por laço cujas extremidades são puxadas
por força externa.
•Sinais médico-legais: sulco horizontal e contínuo, escoriações ou equimoses
adjacentes (sinal de luta), petéquias, cianose e máscara equimótica e fratura da
tireóide.

C. ESGANADURA: constrição do pescoço por um segmento do corpo humano.


•Sinais médico-legais: equimoses, escoriações, petéquias, cianose, espuma,
congestões (máscara equimótica e congestão de órgãos), lesões musculares,
vasculares.

D. ASFIXIA SEXUAL AUTO-ERÓTICA: modalidade por asfixia observada em


práticas sexuais anômalas. Trata-se de enforcamento ou estrangulamento com a
intensão de diminuir a oxigenação do cérebro, acompanhado de masturbação.
• Sinais médico-legais: pescoço bem protegido embaixo do laço, suspensão
incompleta, geralmente homens jovens, ambiente montado com objetos eróticos.
• Importância da constatação da asfixia auto-erótica:
- Beneficiários do morte terão direito de receber eventual seguro por morte
acidental,
- A polícia não perderá tempo procurando homicida que não existe;
- Não se cria “estigma do suicídio” nos familiares;
- A “alma” do morto pode ser “encomendada” na cerimônia religiosa
correspondente.

E.ASFIXIA POSICIONAL: a vítima é impedida de respirar em razão da posição


anormal do pescoço; hiperflexão do pescoço contra o tórax. Maior incidência entre
drogados e embriagados. Ex: entre bancos do carro em acidente.
Sinais médico-legais: sinais externos escassos, posição anormal do cadáver, exame
toxicológico positivo e sinais gerais.
2. ASFIXIAS POR SUFOCAÇÃO
A.OBSTRUÇÃO RESPIRATÓRIA: ocorre quando um corpo sólido é aspirado e
obstrui a laringe ou traqueia. Ex: alimentos, bexigas, brinquedos pequenos, bolinha de
gude, moeda, botões, dentadura, vômito, pano etc.
Sinais médico–legais: manifestação abrupta, intensa falta de ar precedida de tosse,
ruído respiratório. Em seguida, cianose evidente, esforço extraordinário para respirar,
afonia.
No morto, o diagnóstico é feito pelo histórico e pelo achado do corpo estranho.

B.“CORONÁRIA DO CAFÉ”: modalidade de obstrução por alimento sólido


(normalmente carne). A morte é súbita e violenta, aparentando tratar-se de morte
natural. Por aparentar ter sido morte natural, normalmente não é feita autópsia.
Sinais médico-legais: o indivíduo não respira, não tosse, não geme e não fala,
costuma apontar o pescoço, cianose.
C. SUFOCAÇÃO DIRETA: asfixia causada pela oclusão ou cobertura das vias
respiratórias (boca e narinas) exercida pela aplicação firme das mãos ou objetos
(mordaça, travesseiros, almofadas, saco plástico, filme plástico.
Sinais médico-legais: escoriações próximas à boca e nariz, palidez ao redor da boca
e nariz (contrastando com a cianose ou máscara equimótica); nos objetos, manchas
de saliva, decreção, muco, sangue, espuma e até vômito.
D. HOMICÍDIO “GENTIL” POR ASFIXIA OU ASFIXIA NA “SÍNDROME DE
MUNCHAUSEN PELO RESPONSÁVEL”: é a simulação de sinais ou doenças em
outra pessoa, consistente em um grave quadro de asfixia provocado pela mãe ou
responsável em criança de pouca idade e indefesa (normalmente menor de 6 anos).
Muitas vezes não se consuma o homicídio na primeira vez. Observa-se que quando
internadas e afastadas do convívio com a mãe/responsável, a criança melhora e não
são constatadas doenças respiratórias nos exames realizados. A piora acontece
quando a criança volta para casa ou durante as visitas no hospital.
Sinais médico-legais: não há. A ação não costuma deixar marcas indicativas do
homicídio, apenas há vestígio quando a criança oferece resistência.

E. SUFOCAÇÃO INDIRETA: asfixia decorrente da compressão do tórax e da parte


alta do abdome que impede o movimento de respiração. Ex: pisoteamento, acid.
Carro.
 Sinais médico-legais: petéquias, cianose, máscara equimótica, lesões indicativas
da compressão do tórax.

F. SOTERRAMENTO: asfixia causada por imersão em meio não respirável


composto de material sólido finamente dividido ou pastoso. Ex: terra, areia, lama,
grãos etc.
 Sinais médico-legais: material asfixiante é encontrado na pele e nas vias
respiratórias,
sinais gerais de asfixia.
G. CONFINAMENTO: ocorre em local fechado e pequeno em que não há renovação
do oxigênio, que se esgota. Ex: mina, poço, armazém subterâneo, porão de navio etc.
Sinais médico-legais: não há sinais internos ou externos, somente é possível
identificar com base em informações e investigação.

3. ASFIXIAS POR MUDANÇA DO MEIO AMBIENTE


A. AFOGAMENTO: asfixia por submersão em meio líquido.
Fases: primeiramente o afogado fica agitado e segura a respiração. Quando não
aguenta mais, inspira profundamente e inunda os pulmões, entra em concussão em
morte aparente. O coração bate por cerca de 9 minutos.
 Sinais externos típicos:
a) “cabeça de negro”: pele da cabeça adquire cor verde e bronzeada. Afogados em
estado de putrefação
b) Manchas de hipóstase com tonalidade vermelho-clara
c) Cogumelo de espuma
d) Putrefação lenta enquanto submersa e evolui rapidamente quando o corpo entra
em contato com meio exterior

 Sinais externos atípicos:


a) Pele anserina ou “pele de galinha”: pele arrepiada
b) Retração dos mamilos
c) Retração dos testículos e pênis
d) Temperatura baixa da pele
e) Maceração epidérmica ou Pele “mão de lavadeira”: esbranquiçada e enrugada
f) Rigidez cadavérica precoce
g) Cor da face: azulada nos afogados brancos (a asfixia não se deu por
afogamento); e cianosa nos afogados azuis (asfixia foi pela inundação dos pulmões
com líquido)
h) Queda fácil de pelos
i) Destruição das partes moles pela fauna aquática: boca, supercílio, pálpebras,
globos oculares, nariz e ouvido
j) Projeção da língua: frequente no início da putrefação
k) Presença de erosão das polpas digitais e entre os dedos; sob as unhas, vestígios de
lama ou areia; nos lábios, corpos estranhos inerentes ao local onde ocorreu a
submersão.
l) Lesões de arrasto: decorrentes do roçar no leito dos rios, pedras, troncos etc, que
estejam no meio líquido em que se afogou.

 Sinais internos de afogamento:


a) Inundação das vias aéreas: por meio do líquido é possível identificar o meio
aquático em que se afogou.
b) lesão dos pulmões: manchas pontilhadas (manchas de Tardieu); Quando o processo
de afogamento é demorado, as manchas podem ser maiores (manchas de Paltauf);
pulmões aumentados e espuma
c) presença de líquidos no aparelho digestivo
d) hemorragia no osso temporal
B. GASES IRRESPIRÁVEIS:
a) Gases De Combate
• Gases lacrimogêneos: não se diluem nas secreções que banham o globo ocular.
Causam formigamento na pálpebra, intenso lacrimejamento, cefaleia, fadiga,
vertigens e irritação das vias aéreas e da pele. Em altas concentrações, pode matar.
• Gases esternutatórios: derivados do arsênio. Causam irritação das vias aéreas,
efeitos nas terminações nervosas, tosse violenta, espirros, rinite, fotofobia,
conjuntivite, náuseas, vômitos, dores torácicas e abdominais, cefaleia, irritação da
pele, sudorese. O mais letal é o etilsicloroarsina. Em altas concentrações, pode matar.
• Gases vesicantes (condenados pela Convenção de Genebra): principal é o gás
mostarda. Atua na pele, olhos e aparelho respiratório causando lesões, além de
cefaleia, sede intensa, mal-estar, vertigens, tonturas, vômito, diarreia, arritmia
cardíaca. Em altas concentrações, pode matar.
Gases sufocantes: principal é o cloro. Causam dor intensa, espasmos na laringe e
musculatura brônquica, falta de ar, hipotensão arterial, ciamose, náuseas, vômitos,
inconsciência, falência do ventrículo esquerdo (quadrante inferior esquerdo) e morte
por edema agudo do pulmão (líquido no pulmão).

b) Gases Tóxicos
 Ácido cianídrico/cianeto/ácido prússico/gás da morte: usado em alguns estados
americanos como pena capital. Causa vertigem, cefaleia, taquicardia, cianose,
inconsciência, convulsões e morte em até 3 horas.
Monóxido de carbono: causa ausência de oxigenação, cefaleia, vômitos, náuseas,
vasodilatação, zumbidos, tosse, batimentos dolorosos nas têmporas, convulsões
intermitentes, coma, podendo evoluir para morte.
Ex: gás expelido por escapamentos, incêndio e indústria siderúrgica, fornos e fogões
a lenha.
c) Gases Industriais
Metano, gás dos pântanos e formeno. São responsáveis pelas explosões e
sufocação dos obreiros que trabalham no interior das minas. Causam irritação,
intensa da laringe, da traqueia, dos brônquios e dos pulmões.

d) Gases Anestésicos
Responsabilidade dos médicos anestesiologistas.

4. DEPRESSÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL


Ocasionada por drogas, álcool e tranquilizantes que levam o sistema nervoso a
parar.

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