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ASFIXOLOGIA (S08)

1) Conceito: ramo da traumatologia que estuda traumas por energia de ordem físico-
química (pois impede ar e causa reações químicas de oxidação das moléculas de
glicose nas mitocôndrias)

ASFIXIA = HIPOXIA(diminuição O2) + HIPERCAPNIA (aumento CO2)

2) RELEVÂNCIA JURÍDICO-PENAL: meio cruel.

3) CLASSIFICAÇÃO:
-Prof. Hygino:
4) EVOLUÇÃO OU FASES CLÍNICAS DA ASFIXIA

1º - Fase de irritação: dispinéia inspiratória (procurando o ar) e depois dispineia


expiratória com ou sem convulsão (efeito do CO2)
2ª – Fase de esgotamento: para respiratória (morte aparente) e depois parada do
coração (morte real)

Tempo médio: pode durar até 8 minutos. No afogamento a morte real ocorre cerca de
4 a 5 min.

5) SINAIS DE ASFIXIA

São sinais indicativos, mas não são 100% de certeza (sinais patognomônicos). Não há
sinal patogonômico nas asfixias.

a) Cianose: cor violácea escura INTENSA e logo após a morte (presente nos lábios,
debaixo das unhas, polpas digitais e cavidades cardíacas.

b) Petéquias: na pele, olhos ou pleura


b.1) Manchas de Tardieu: petéquias na pleura ou pericárdio  só indicativo de asfixia
b.2) Manchas de Paltauf: Petéquias no pulmão sinal patogonômico de asfixia por
afogamento.
b.3) Petéquias Post Mortem:

c) Congestão da Face e Polivisceral: aumento volume de sangue nas vísceras  não é


sinal exclusivo de asfixia.
d) Fluidez do Sangue: Ausência de coagulação do sangue após a morte. Acontece
somente nas mortes rápidas (ex. asfixia). Nesses casos, as manchas de hipóstase
(depósito do sangue na região em declive)  não é sinal exclusivo de asfixia

e) Edema Pulmonar ou Cogumelo de Espuma:


Acumulo de fluido nos pulmões, pois está inchado, com edemas e ao se misturar com
o ar forma espuma. É mais abundante nas asfixias por afogamento  não é sinal
exclusivo da asfixia.

6) ASFIXIA EM ESPÉCIE

6.1) Sufocação:
a) SUFOCAÇÃO DIRETA: obstáculo à penetração de ar nas vias respiratórias.

Oclusão dos orifícios naturais: boca e nariz  crimes sexuais, sacos plásticos,
cobertores, travesseiros etc.

Oclusão das vias respiratórias: corpo estranho na via aérea (alimento, vômito em
pacientes embriagados)

b) SUFOCAÇÃO INDIRETA: compressão do tórax e abdômen impedindo movimentos


respiratórios.  sempre violenta (produto de ação externa acidente de trânsito,
desmoronamento, soterramento)

b.1) Sufocação posicional ou crucificação: asfixiação por crucificação, muito tempo


posição de cabeça pra baixo, posição de imobilização (pés e mãos para trás)

OBS: MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN: Sinal que sugere que houve compressão
de tórax.

6.2) Asfixia por constrição Cervical: mecanismo de morte da interação de fatos


respiratórios, vasculares e nervosos

a) ENFORCAMENTO: produzido por laço no pescoço da vítima

a.1) Espécies:

COMPLETO (corpo totalmente suspenso) x INCOMPLETO (corpo parcialmente apoiado


no solo)

TÍPICO (nó na nuca) x ATÍPICO (nó em posição diferente da nuca – cabeça sempre fica
virada para o nó)

a.2) SULCO: Laço no enforcamento deixa marca chamada de SULCO (sinal


patognomônico)
- Oblíquo ascendente (peso puxa pra baixo e laço puxa pra cima); interrompido
no nó; intenso de um lado e se apaga no outro; profundidade variável.

a.3) Característica da face do enforcado:

- Enforcado azul: bloqueio do sangue venoso que gera aspecto cianótico


-Enforcado branco: não há aspecto cianótico

a.4) Sinais comuns:


Sinal de Amussat: Ruptura da artéria da carótida;
Sinal de Dotto: ruptura da bainha de mielina do nervo vago (liga cérebro à medulo
espinhal);
Sinal de Bonnet: ruptura das cordas vocais;
Sinal de Argêntica: linha de cor branco prateado localizada no pescoço por causa de
desidratação da pele. Causado somente por laço duro.
Sinal de Ponsold: livores cadavéricos em placas, por cima e por baixo das bordas do
sulco.

b) ESTRANGULAMENTO:
Laço acionado por força diversa do peso da vítima (normalmente um terceiro
homicida)
Diferencia do enforcamento pelo aspecto do sulco deixado:

c) ESGANADURA: Asfixia mecânica feita com as mãos (sempre homicídio).


c.1) Aspectos médicos-legais:
- Disparidade de forças entre sujeitos (vítima criança ou idoso ou entorpecidas ou
pluralidade de agressores)
- Presença de lesões de defesa;
- Presença de Estigmas Ungueais: escoriações deixadas pela unha do agressor;
- Petéquias na face ( Sinal de Lacassagne)
d)Asfixia por modificação do meio ambiente (confinamento, soterramento e
afogamento)

Ar atmosférico substituído por líquido, sólido fragmentado (soterramento) ou meio


gasoso (confinamento)

d.1) Confinamento:
Ambiente restrito sem renovação de ar ou pouco oxigênio. Ex. crianças presas em um
carro, pessoas presas no elevador etc.

- Asfixia por monóxido de carbono: rigidez cadavérica tardia; Tonalidade rósea da


face; manchas de hipóstases claras; sangue fluido e róseo

- Asfixia por Confinamento: Exame externo – sujidades na roupa e no corpo


condizentes com o ambiente.
Exame interno: inespecíficos e limitados aos sinais gerais
de asfixia, sem lesão patognomônicas.
- Causa jurídica: Principal causa jurídica é acidental.

d.2) Soterramento:

- Diagnóstico: orifícios naturais guardam parte do material do soterramento.


- Material no estômago pode ser sinal vital (existem autores em contrário).

d.3) Afogamento: penetração de grande quantidade de líquido nos pulmões através


das vias respiratórias.

I) Espécies: completo (corpo totalmente submerso) ou incompleto (corpo não


completamente submerso).
II) Fases do afogamento:

II.I) Genival Veloso França: - 1ª Fase: da Defesa: período de surpresa e dispnéia


(dificuldade de respirar)
- 2ª Fase: da Resistência – parar de respirar como defesa
- 3ª Fase: Exaustão – término da resistência por exaustão com
longa inspiração de líquido (asfixia  inconsciência  insensibilidade  convulsão 
morte)

II.II) Tourdes (Períodos): - 1º Período da Resistência ou Dispinéia: inspiração e retenção


procurando se defender
- 2º Período de Grandes Inspirações e Convulsões: inspirações
profundas com penetração de líquido nos pulmões e perda da consciência
- 3º Período de Morte Aparente: Ausência de respiração e de
reflexos, perda da sensibilidade e consequente morte real

II.III) Afogado branco x afogado azul:

Afogado branco: comuns em águas muito frias e com vítimas alcoolizadas ou sob
efeitos de drogas imunodepressoras.

III) Sinais internos e externos:


Sinal de Vargas-Alvarado é a hemorragia etmoidal que se observa no afogado que se
revela por zonas azuladas no compartimento anterior da base do crânio.

Sinal de Niles é a coloração azulada na porção petrosa do temporal devido ao


extravasamento de sangue para o interstício esponjoso da apófise mastoide e no
ouvido

IV) Prova da Densidade Comparada de Carrara (Doce x Salgada)

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