Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
A Asfixiologia Forense é um ramo da medicina legal, que estuda as asfixias. Que é
uma síndrome clínica resultante da hipoxemia ou anoxemia consecutiva a uma ação
externa súbita e violenta que impede a ventilação pulmonar.
A palavra asfixia advém do grego (sem) sphyksis (pulso), que os antigos achavam que
as artérias se encontravam o elemento (espirito) da vida. Com o passar do tempo, esse
entendimento mudou, fixando outro significado que é a supressão da respiração.
A morte ocorre em asfixia quando as causas são de origem interna, como asma,
pneumonia, enfisema, insuficiência cardíaca, etc. Essas Interessam a medicina clínica.
Já as causas de origem externa interessam a medicina legal. A asfixia pode levar a
morte, á sequelas, amnésias, convulsões e a paralisias. Ou a um resultado menos
agressivo, permitindo ao indivíduo se recuperar completamente.
Esgotamento
Ocorre uma parada respiratória aparente, e então uma parada respiratória definitiva,
levando a morte. Dura cerca de 3 minutos.
DIAGNÓSTICO
Não existem sinais exclusivos da asfixia, mas que combinados com outras patologias
caracterizam a morte por asfixia.
Sinais Internos:
Estão sempre presentes em todos os tipos de asfixia mecânicas e também nas asfixias
clínicas, predominantemente nos pulmões ao nível da pleura visceral, coração no
epicardio e ao nível do timo.
125
b) Suspensão incompleta
Quando o corpo não fica inteiramente pendurado. Ex.: amarrar o laço numa janela.
Nas asfixias por enforcamento, o mecanismo é misto, pois, além da constrição das
vias respiratórias, constringe-se, também, a circulação sanguínea e o sistema nervoso
que comanda a respiração e os batimentos cardíacos.
Fase de prostração ou morte aparente: o coração bate e essa fase pode durar até 10
minutos.
Para identificar qual o tipo de enforcamento ocorreu existem sinais internos e sinais
externos. Os sinais internos podem ser: infiltração sanguínea nos tecidos subjacentes
do sulco, fratura óssea hioide, fratura ou luxação cervical quando a queda do corpo,
ruptura transversa da túnica interna da carótida primitiva (é o sinal de Amussat),
infiltração sanguínea da túnica externa dos vasos do pescoço (é o sinal de Friedberg).
Já os sinais externos, podem ser: sulco obliquo incompleto de profundidade variável
no pescoço (o sulco, ascendente, interrompe-se no local do nó. É mais profundo no
lado oposto ao nó e desaparece ao seu nível, cabeça pende oposta ao nó, livores de
hipóstase situados nas partes pendentes quando a suspensão permanecer por várias
horas, globos oculares e língua procidentes e cianose de face discreta.
ESTRANGULAMENTO
No estrangulamento, que também é uma constrição por um laço, a força constritiva é
externa. O que constringe é o laço, acionado por uma força externa, geralmente
homicida.
Para determinar se a causa da morte foi enforcamento ou estrangulamento, é
necessário a análise das características do sulco deixado pelo laço.
ESGANADURA
Esganadura é a constrição do pescoço por um membro do corpo humano: mãos, pés,
cotovelos, joelhos.
SUFOCAÇÃO
É a asfixia mecânica provocada pela obstaculização direta ou indireta à penetração do
ar atmosférico nas vias respiratórias ou por permanência forçada em espaço fechado.
Sufocação direta
A sufocação direta compreende as seguintes modalidades:
Sufocação indireta
Diz respeito a todo e qualquer fenômeno que comprima o tórax, impedindo a sua
expansão (ex.: acidente de veículos, homicídio, estouro de pessoas contra a parede,
morte por pisoteamento contínuo entre os seres humanos).
Afundamento de tórax
Fraturas múltiplas nas costas que bloqueiam a respiração, provocando a morte por
asfixia.
Paralisia espástica
Alguns tóxicos também podem levar a esse estado. O tétano é também outra causa da
paralisia espástica (um veneno que leva a essa paralisia é a estricnina).
Paralisia flácida
Outra hipótese remota, mas que também pode ocasionar paralisia flácida, é o
traumatismo de medula (raquimedular).
Traumatismo crânio-encefálico
Eletroplessão
A carga elétrica leva à parada cerebral ocasionada por hemorragia das meninges, das
paredes ventriculares, do bulbo e da medula espinhal.
É ocasionada por drogas que levam o sistema nervoso a parar. O modelo clássico
inclui as substâncias barbitúricas, álcool e overdose por cocaína (asfixia por depressão
do sistema nervoso central).
AFOGAMENTO
Afogamento é a asfixia no meio líquido: pode ser água, tanque de Coca-Cola, álcool,
gasolina etc.
Num primeiro momento, o afogado tem a fase de surpresa: fica agitado e segura ao
máximo a respiração. Quando não aguenta mais, respira profundamente inundando os
pulmões de água. Entra em concussão e morte aparente. Após isso, o coração bate por
mais ou menos 9 minutos.
Pela análise do sangue, pode-se, também, dizer em qual tipo de líquido ocorreu o
afogamento.
Mecanismos jurídicos da morte por afogamento
Acidente, suicídio e homicídio são os principais. A hipótese de afogamento por
acidente configura a maior parte dos casos.
Nos cadáveres cuja pele não está íntegra, não há compartimentação de gases e é mais
difícil de se encontrar o cadáver.
Sempre que houver morte por afogamento, deve-se fazer o teste do plâncton. O
plâncton são animais, vegetais e substancias minerais microscópicos que vivem em
suspensão na água que a pessoa aspira ao afoga-se e que se alojam nos alvéolos
pulmonares. Para fazer o teste, simplesmente tira-se um fragmento do pulmão, este
enviado para o laboratório.
Quando o indivíduo se afoga, ele inicialmente se afunda, passado um tempo, por volta
de 1-5 dias ele volta a flutuar. Isso ocorre devido a putrefação. Que o torna menos
denso do que a água.
O problema médico legal do afogamento é que a necropsia do afogado normalmente
não oferece elementos para esclarecer a causa jurídica de morte. Quando um corpo é
retirado da água, necessita-se saber se houve afogamento real ou se ele foi jogado no
mar já sem vida. Quando é recente não há dificuldade de se saber, quando existe a
putrefação, na maioria das vezes é impossível de se saber.
SOTERRAMENTO
É a asfixia no meio terroso, é uma asfixia clássica. Ocorre a sufocação direta, indireta,
mais a imersão em meio não respirável (sólido). É possível, também, o soterramento
em grãos (soja, trigo etc.).
O soterramento pode ter dois sentidos, o estrito que se refere a substituição o meio
aéreo, por um meio pulverulento. E no sentido amplo, nos casos em que há
desmoronamento ou desabamento, e o indivíduo é coberto por terra e outros materiais.
Nesses casos, a morte se dá geralmente por esmagamento, traumatismos cranianos,
hemorragias, etc.
CONFINAMENTO
A modalidade mais comum de confinamento é o das pessoas que, num ambiente
compartimentado, têm o sangue enriquecido por monóxido de carbono. Ex.: num
comboio de trem a carvão, fechado sem oxigênio, o indivíduo morre asfixiado.
A cor da hemoglobina é mais avermelhada. O sangue não tem a coloração forte das
outras asfixias, porque não foi asfixiado com gás carbônico, mas com monóxido de
carbono.
Confinamentos podem ocorrer com grupos de pessoas num compartimento onde não
há renovação do ar. As pessoas se asfixiam com o próprio gás carbônico: é a asfixia
clássica.
GASES TÓXICOS
Gases de combate
1) Gases lacrimogêneos - São assim denominados porque, em contato com os olhos,
não se diluem nas secreções que banham o globo ocular, causando, inicialmente, leve
sensação de formigamento reflexo nas pálpebras e, dentro do primeiro minuto após a
explosão, intenso lacrimejamento acompanhado de cefaléia, fadiga, vertigens e
irritação das vias aéreas superiores e da pele.Em altas concentrações pode matar.
2) Gases esternutatórios - Causam irritação das vias aéreas superiores, efeitos sobre
as terminações nervosas e sintomas de intoxicação arsenical. São responsáveis por
tosse violenta, espirros, rinite, fotofobia, conjuntivite, náuseas, vômitos, dores
torácicas e abdominais, cefaléia, irritação da pele, astenia, sudorese, poliúria, dilatação
capilar e destruição epitelial na traquéia e nos brônquios. O mais letal gás
esternutatório é o etildicloroarsina. Em altas concentrações pode matar
3) Gases vesicantes - Condenados pela Convenção de Genébra. O mais importante
gás vesicante é a iperita ou gás mostarda. O gás mostarda atua sobre a pele, olhos e
aparelho respiratório. Na pele exposta duas a dez horas ao gás mostarda surge eritema,
às vezes acompanhado de erupção puntiforme, e, posteriormente, flictenas contendo
líquido seroso claro que, rompendo-se, deixam entrever tecido subjacente vermelho e
hemorrágico. As lesões dérmicas, amiúde, assentam-se na face, no ânus e nas bolsas
escrotais, onde o epitélio é mais espesso. Os olhos lacrimejam, as pálpebras
edemaciam, as conjuntivas inflamam. Causa cefaléia, sede intensa, mal-estar,
vertigens, tonturas, vômitos e diarréias, arritmia cardíaca, podendo a morrer por
broncopneumonia. Em altas concentrações pode matar.
4) Gases sufocantes - Descreveremos apenas a ação intoxicante do cloro. Ela
manifesta-se por dor intensa, espasmo laríngeo e da musculatura brônquica, dispnéia,
hipotensão arterial, cianose, náuseas, vômitos, sincope, inconsciência, falência do
ventrículo esquerdo e morte por edema agudo do pulmão.
Gases tóxicos
Consideraremos aqui o ácido cianídrico e o monóxido de carbono.
Gases industriais
Mais importantes que os vapores nitrosos é o formeno, metano, grisu ou gás dos
pântanos, que interessa particularmente à Infortunística Acidentária, responsável que é
pelas explosões e sufocação dos obreiros que trabalham no interior das minas.
Provocam dispnéia, irritação intensa da laringe, da traquéia, dos brônquios e dos
pulmões.
Gases anestésicos
Interessam à Medicina Legal, principalmente no que diz respeito à responsabilidade
dos anestesiologistas, não se devendo pensar, aqui, apenas no sentido de incriminá-
los, pois casos há de imprevisíveis acidentes anestésicos, amiúde, erroneamente
rotulados como choques anafiláticos, ou os próprios, que podem levar o paciente à
morte, independentemente da competência do profissional.
CONCLUSÃO
A Medicina Legal é uma ciência auxiliar do Direito Penal, portanto, auxiliam outros
operadores do Direito, na fase processual, tanto na defesa (patronos), como na
acusação, (elementos probantes à formação da opinio delicti, e como titular possa
propor a competente Ação Penal), expondo diretrizes, na busca da verdade real e,
propiciando assim, uma persecução penal, através de uma sentença justa, dando
origem a uma possível condenação sem margem de erro.
A asfixiologia forense trata-se de uma área da medicina legal que estuda as asfixias de
um modo geral.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:
Woelfert, Alberto Jorge Testa. INTRODUÇÃO A MEDICINA LEGAL. São Paulo,
Editora UBRA, 2003.
GALVÃO, Luis Carlos Cavalcante. Medicina Legal. 1ª ed. São Paulo: Editora Santos,
2008.
CARDOSO, Leonardo Mendes. Medicina Legal para o Acadêmico de Direito. 2ª ed.
Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2009.