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Universidade Zambeze.

Feito por Ednilson Mondlane, estudante de Curso de Direito 1

UNIVERSIDADE ZAMBEZE

Faculdade de Direito

Licenciatura em Direito

Medicina Legal

4o Ano

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por forma mecânica ou fotográfica, incluindo fotocópia, sem autorização
prévia do autor.

Aula 7

ASFIXIOLOGIA FORENSE

Inicialmente a expressão Asfixia foi utilizado para designar as mortes


súbitas acompanhadas de paragem cardíaca. Posteriormente com o
desenvolvimento da ciência foram relacionadas com as mortes em que havia uma
dificuldade respiratória, tendo permanecido popularmente como tal. Asfixia
literalmente significa “sem ou ausência do pulso”, visto que os primeiros
anatomistas pensavam que nas artérias circulava ar ou pneuma.

Do ponto de vista cientifico expressão correcta seria anoxemia (déficit


total de oxigénio) ou hipoxemia (déficit parcial de oxigénio).

Asfixia mecânica é definido médico-legalmente como uma síndrome


caracterizada pelos efeitos de ausência do oxigênio no ar respirável de causa
NB: “Apesar de todo o esforço e cuidado postos na sua elaboração, este guia é susceptível de conter possíveis
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os colegas a confrontarem com outros livros”.
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fortuita, violenta e externa. Este impedimento mecânico pode ocorrer nas mais
diversas circunstâncias.

Fisiologia da respiração

Para que a respiração normalmente decorra é fundamental que:

 Ambiente externo contenha ar respirável, com 21% de oxigénio. Quando no


ar respirável a quantidade de oxigénio diminui até 7% começam a surgir
distúrbios respiratórios graves e a partir de 3% pode ocorrer a morte.
 Permeabilidade dos oríficos respiratórios, boca e nariz.
 Permeabilidade das vias respiratórias, laringe, traqueia e brônquios.
 Elasticidade do tronco, músculos auxiliares da respiração da parede toraxica
e parede abdominal se possam contrai e relaxar.
 Expansibilidade pulmonar. É importante que o tecido pulmonar esteja em
boas condições, sem patologias tipo fibrose por exemplo ou outras situações
clínicas que impeçam a expansibilidade pulmonar – hidrotorax,
hemopneumotorax, etc.
 Circulação sanguínea normal, com volume circulatório em quantidade e
qualidade suficientes para transportar oxigénio aos tecidos.

Sinais gerais comuns nas asfixias mecânicas:

As asfixias em geral apresentam um conjunto de sinais que lhes são


comuns, indicativos desta síndrome. Geralmente são classificados em sinais
externos e sinais internos, não são sinais patognomônicos, mas alguns de grande
valia diagnóstica que permitem orientar e ou diagnosticar asfixia mecânica.

Sinais externos:

 Livor mortis ou manchas hipostáticas: aparecem precocemente, são


abundantes e de tonalidade escura. Quando se localizam na face dorsal e nos
membros inferiores são mais extensas.

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 Cianose na face ou máscara equimótica: é um sinal que surge geralmente nas


sufocações, mas pode surgir nas outras formas de asfixia.
 Equimoses e ou petéquias na pele e mucosas: podem surgis em qualquer
região do corpo, surgem predominantemente na face, pescoço e torax. Não
são sinais muito frequente. Ao nível das mucosas são sinais mais constantes,
predominantemente na mucosa conjuntival palpebral e ocular, lábios, etc.
(colocar foto).
 Fenómenos cadavéricos: o esfriamento geralmente é mais lento; a rigidez
cadavérica também é lenta mas depois de instalada é muito intensa e
prolongada; a putrefacção geralmente é precoce e rápida.
 Cogumelo de espuma: é uma bola de finas bolinhas de secreção espumosa na
boca e narinas que se estende até as vias respiratórias inferiores. É um sinal
frequente e típico nas vítimas por afogamento, pode aparecer noutras formas
de asfixia em que é precedido de edema pulmonar agudo e severo.
 Projecção da língua e Exoftalmia: mais frequente nas asfixias complexas e
mistas.

Sinais Internos:

Petéquias ou Equimoses viscerais: são designadas por manchas de


Tardieu, descritas por este autor em 1847 num caso de Infanticídio, tem forma de
cabeça de alfinete. Estão sempre presentes em todos os tipos de asfixia mecânicas
e também nas asfixias clínicas, predominantemente nos pulmões ao nível da
pleura visceral, coração no epicárdico e ao nível do timo.

 Aspecto do sangue: geralmente há fluidez do sangue e é de cor escura.


 Congestão polivisceral: em todos os órgãos.
 Edema pulmonar: os pulmões estão distentidos, congestionados e
edemaciados.

Mecanismo de morte:

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Existem três mecanismos fisiopatológicos responsáveis, e permitem


fundamentar a classificação das asfixias.

Mecanismo respiratório: em que a causa da morte é simplesmente


derivada das alterações ao nível da função respiratória, desde alterações na
composição do ar respirável; obstaculação dos orifícios e vias respiratórias;
impedimento a entrada do ar devido a compressão ao nível da camada muscular
do tronco; substituição do meio gasoso nas vias respiratórias por meio liquido ou
semilíquido, por meio sólido ou pulverulento; ainda devido a constrição do
pescoço por meio de um laço ou mãos.

Mecanismo circulatório: quando a uma constrição ao nível da região


cervical dos vasos, artérias carótidas e veias jugulares. A constrição das carótidas
interrompe a irrigação cerebral provocando um quadro de anoxemia ou
hipoxemia grave com consequente morte encefálica.

Mecanismo nervoso: ocorre quando há constrição do pescoço em que


afecta o paquete vasculo-nervoso nomeadamente o 10º par craneano o
Pneumogástrio ou Vago associado a irritação de outros ramos nervosos laríngeos
e do seio carotídeo que têm fibras do sistema nervoso vegetativo, provocando a
morte por inibição nervosa periférica por excitação das fibras parasimpáticas que
se repercutem a nível do sistema cardiorrespiratório

Classificação das Asfixias:

A classificação de Afrânio Peixoto, que toma em consideração o mecanismo


fisiopatológico de morte é quanto a nós a mais realista e médico-legal. Asfixias
puras: em que o mecanismo fisiopatológico de morte é basicamente respiratório,
com hipoxemia ou anoxemia e hipercapnéia

A- Asfixia em ambientes por gases irrespiráveis:


 Confinamento.
 Asfixia por monóxido de carbono.
 Asfixia por outros vícios de ambiente.
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B- Obstaculação à penetração do ar nas vias respiratórias:

 Sufocação directa (obstaculação ao nível dos orifício e vias respiratórias).


 Sufocação indirecta (compressão toraco-abdominal).
C- Transformação do meio gasoso em meio líquido ou semi-líquido:

 Afogamento.
D- Transformação do meio gasoso em meio sólido ou pulverulento:

 Soterramento

Asfixias complexas: em que o mecanismo fisiopatológico de morte resulta da


constrição do pescoço por meio de um laço, intervindo nestes casos mecanismos
complexos como o circulatório com interrupção da irrigação cerebral, nervoso
por inibição periférica devido compressão das fibras nervosas e o respiratório por
constrição das vias respiratórias.

A- Constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo:


 Enforcamento.
B- Constrição activa do pescoço exercida pela força muscular:

 Estrangulamento.

Asfixias. Mistas: nestes casos é difícil definir o mecanismo fisiopatológico exacto


de morte, sobrepondo-se os três mecanismos de forma e intensidade variável.

A- Constrição do pescoço por meio das mãos:


 Esganadura

Caracterização Específica das Asfixias

Asfixia por Confinamento: É um tipo de asfixia mecânica pura, devido a


permanência de um indivíduo num ambiente restrito ou fechado, em que não há
renovação do ar respirável, o oxigénio remanescente é consumido todo e há
acumulação de dióxido de carbono.

O diagnóstico é nos dado pelos antecedentes fornecidos pelas Autoridades


Competentes (P.I.C., Procuradoria) ou familiares, fazem referência de que a

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vítima foi achada num local fechado sem possibilidade de renovação do ar, por
exemplo malas, baús, elevadores após avaria ou corte de energia por muito
tempo, muita gente encarcerada numa cela sem possibilidade de renovação de ar
(caso efectuado pelo autor numa cadeia em Montepuez), viajantes clandestinos
em camiões ou noutros meios de transporte (nestes casos para se determinar se há
pessoas basta pesquisar a percentagem de dióxido de carbono nas caixas dos camiões), etc.

A vítima além dos sinais gerais comuns de asfixia, pode apresentar lesões
de defesa ou de tentativa desesperada de sair do local como escoriações dispersas
na face, tronco e membros. A causa jurídica de morte ou etiologia médico-legal
geralmente é acidental, principalmente em crianças durante brincadeiras tipo
esconde/esconde; algumas vezes intencional, homicídio quando colocam muitos
prisioneiros numa cela conhecendo de antemão a sua capacidade, muito
raramente suicídio.

Asfixia por Monóxido de Carbono: É também designado por muitos autores


como sendo Intoxicação por Monóxido de Carbono. A molécula de monóxido de
carbono (CO) tem maior aptência a hemoglobina dos glóbulos vermelhos
deslocando a molécula de oxigénio.

Ao fixar-se a hemoglobina, forma-se a carboxihemoglobina que impede a hematose,


produzindo anoxia tissular. O diagnóstico é feito:

 Características típicas e peculiares que o cadáver apresenta no hábito externo


como rigidez cadavérica precoce e manchas hipostáticas de cor rósea; no
exame do hábito interno em que órgãos apresentam congestão polivisceral de
cor carmim, sangue fluido e de cor róseo.
 Pelos comemorativos fornecido pela P.I.C. e familiares das circunstâncias em
que ocorreram os facto.
 Pesquisa de carboxihemoglobina por técnicas químicas especiais.

No nosso meio com base nos casos registados no Serviço de Medicina Legal
do Hospital Central de Maputo a causa jurídica de morte ou etiologia médico-

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legal mais frequente é acidental. Este facto acontece em vítimas que residem nas
dependências dos prédios na época fria, pois a maior parte das dependências não
têm janelas e/ou não foram concebidas para residência mas para dispensários.

As vítimas dormem com fogão acesso para se aquecerem e esse lume vai
liberando gradualmente monóxido de carbono que acaba por intóxica-los. Como
suicídio que é a causa jurídica de morte mais frequente nos países ocidentais, é
bastante raro, temos descrito um só caso de um engenheiro que permaneceu
dentro de uma garagem fechada com motor do carro ligado durante toda noite.

Asfixias por outros Vícios de Ambiente: Estas formas geralmente são de causa
acidental, ocorre quando os ambientes em que as vítimas se encontram ficam
saturadas por gases tais como de esgotos e fossas, gases de pântanos, gases de
iluminação, etc. O diagnóstico é no dado pelos comemorativos.

Sufocação:

É uma forma de asfixia mecânica em que a obstaculação ou impedimento a


penetração do ar respirável por meio directo quando a oclusão é a nível dos
orifício e vias respiratórias e indirecto por compressão da parede toraco-
abdominal.

Sufocação Directa por Obstaculação ao nível da Boca e Fossas Nasais:

1. Geralmente de carácter criminoso, quando há desproporção de força entre a


vítima e o criminoso frequente nos infanticídio e gerarcídio (idosos que
estejam acamados ou em cadeira de rodas) por meio de almofadas, mãos e
outros objectos ou ainda quando as vítimas ficam amordaçada as e
imobilizadas durante um bom período de tempo, etc. Nestes casos além dos
sinais gerais comuns das asfixias podemos encontrar sinais locais tais como
estigmas ungueais na face ou em redor dos orificios nasais e boca, equimose
na mucosa labial, ou ausência de sinais locais quando se usa almofada por
exemplo.

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2. Acidental frequente em crianças recém-nascidas quando dormem com as


mães cangurus no momento de amamentação ou durante o sono o seio pode
obstruir os orifícios respiratórios; também pode ocorrer em indivíduos com
insuficiência respiratória ao usarem caxicóis durante uma caminhada descrito
na literatura. Nestes casos o diagnóstico é feito pelos comemorativos e a
vítima apresenta basicamente sinais gerais de asfixia e praticamente ausência
de sinais locais.

Sufocação Directa por Obstaculação ao nível das Vias Respiratórias:

1. Geralmente de caracter acidental, em crianças que ao comerem frutas com


sementes, amendoim ou ao brincarem com moedas, berlindes e outros
objectos, estes corpos estranhos instalam-se e obstruem as vias respiratórias.
Também há casos registados no Serviço de Medicina Legal em indivíduos
inconscientes por intoxicação alcoólica ou de outras drogas por abolição do
reflexo faríngeo ocorre a chamada “submersão interna” para diferenciar da
externa ou do afogamento, pois a vítima afoga-se devido ao conteúdo interno,
o conteúdo estomacal que se regurgita e obstrui as vias respiratórias. Pode
constituir um problema médico-legal de responsabilidade médica em
pacientes inconscientes que regurgitam o conteúdo estomacal.
2. Os casos de homicídio são raros, temos um caso registado em que num
prisioneiro foram introduzidos cabos electricos e outros objectos estranhos
durante o acto de tortura e interrogatório praticado pela polícia. O
diagnóstico médico-legal é feito pela confirmação da presença de corpos
estranhos ou conteúdo alimentar nas vias respiratórias associado aos sinais
gerais comuns de asfixia.

Sufocação Indirecta por compressão toráco-abdominal ou Congestão Passiva de


Perthes:

A compressão em grau suficiente da parede toráxica e abdominal pode impedir


os movimentos respiratórios, obstaculizando desde modo a penetração do ar.

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1. Geralmente a causa jurídica de morte é acidental, nos aglomerados


populacional em pânico, tal como ocorreu no Jardim Zoológico em Maputo
no dia da Cidade 10 de Novembro de 2000 quando dezenas de crianças em
pânico fugiam devido a um boato posto a circular por marginais que tinham
a intenção de furtar pastas das crianças de que os leões tinham sido soltos; há
casos de acidentes de trabalho nas minas que podem desabar com
desmoronamento de terras tal como acontecia na Cidade de Maputo nos
“biscateiros” que pesquisavam pedras para construção civil; em mecânicos
quando estão por debaixo do carro e o macaco cede e a vítima fica
comprimida pela viatura.
2. Temos casos de origem criminosa, por negligência ocorrida em Montepeuz
quando as autoridades policiais encarceram muitos prisioneiros numa
pequena cela quando estes começaram a sentir-se asfixiados lutaram para
estar mais próximo de única janela existente a fim terem acesso ao ar
respirável. O diagnóstico é no dado pelos comemorativos, os sinais gerais
comuns da asfixia, podem existir sinais locais em particular a máscara
equimótica da face conhecida por máscara de Morestin, outros sinais como
lesões traumáticas na parede toraco-abdominal, escoriações na face e
membros superiores de defesa e de luta durante o pânico, etc.

Afogamento:

É um tipo de asfixia mecânica produzida pela substituição do meio gasoso


nas vias respiratórias por um meio liquido ou semi-líquido, a penetração destas
substâncias impede a passagem do ar até aos pulmões, produzindo a asfixia. Para
que ocorra afogamento não é imprescindível que a vítima fique completamente
submersa, pois observam-se casos de afogamentos em que apenas os orifícios
respiratórios das vítimas se achavam em contacto o liquido, e também há casos
em que o corpo da vítima entra em contacto com o meio liquido chamado de
water shock, nestes as vítimas não apresentam sinais típicos de afogamento.

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Fisiopatologia: a maior parte dos autores dividem o afogamento em três


fases: fase de defesa, fase de resistência e fase de exaustão. Estudos
experimentais referem que nos afogamentos verdadeiros em que há penetração
de liquido ou substâncias semi-liquidas existem duas formas: a forma rápida em
que a asfixia é rápida em cinco minutos; a forma lenta em que a vítima luta, emerge e
submerge. Nos afogamentos em que não há submersão completa da vítima, são os
designados de Afogamentos Brancos de Parrot, pode ocorrer nas seguintes
circunstâncias:

 Em que só existe um contacto entre os orifícios respiratórios da vítima com


meio liquido, a morte é por inibição nervosa periférica em indivíduos com
predisposição constitucional, lesões cardiovasculares agravadas pela acção
térmica ou estados tímico-linfáticos.
 Em que existe um traumatismo tipo “chapa” no momento em que a vítima
penetra na água na parede abdominal ao nível epigástrio, este tem o estomago
cheio e distendido devido a abundância de conteúdo alimentar, o embate da
“chapa” estimula as terminações nervosas do plexo solar e a morte é por
inibição nervosa periférica, é o designado Water Shock.

Nestes dois casos a vítima não apresenta sinais típicos de afogamento. O


diagnóstico é sempre por exclusão é deve ser baseado nos comemorativos e
achados anatomo-patológicos.

Sinais Típicos de Afogamento: os sinais cadavéricos de afogamento são


divididos em externos e internos.

SINAIS EXTERNOS: devem-se aos sinais vitais de permanência do corpo num


meio liquido e do tempo mais ou menos prolongado da vítima nesse meio.

Baixa temperatura da pele: as temperaturas das vítimas de afogamento baixam


rapidamente porque o equilíbrio térmico é mais fácil no meio liquido.

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Pele anserina ou pele de galinha: deve-se a contração dos músculos erectores


dos pelos, à sua contração os folículos pilosos tornam-se salientes, resultante da
baixa temperatura da pele.

Retração dos mamilos, escroto e pênis: resultante da baixa temperatura da pele.


Maceração da pele: é mais evidente na região palmar e plantar, onde a espessura
da camada epidérmica é maior. Existe uma imbebição hidrófila dos tecidos
devido a permanecia do corpo por longos períodos no meio liquido, levando ao
destacamento da camada epidérmica como se fosse verdadeiros dedos de luvas,
daí também a designação de mãos de lavandeira.

Livor mortis claros: esta tonalidade das manchas hipostáticas deve-se a


hemodiluição.

Cogumelo de espuma: é um dos sinais típicos de afogamento, não sendo, porém,


sinal patognomônicos pois existem noutras situações de asfixias mecânicas e
clínicas em que a vítima têm um edema pulmonar severo. Forma-se devido a
entrada de águas nas vias respiratórias, do muco e do ar. O cogumelo de espuma
observa-se na boca, narinas e extando-se para a traqueia e brônquios.

Erosão dos dedos e presença de corpos estranhos sob as unhas: estas lesões
podem estar presentes na face palmar das extremidades dos dedos com ou sem
presença de corpos estranhos sub-ungueais, resultam da resistência que a vítima
faz ao debater-se no meio liquido.

Mascara equimótica e equimose conjuntival: estes surgem nas vítimas em que


o afogamento ocorre num meio semi-líquido ou pastoso tais como latrinas,
pântanos, etc.

Mancha esverdeada da putrefação: nos afogados o início do processo


putrefactivo pode não começar da forma habitual na fossa ilíaca direita. Este
período cromático inicia na região escapular ou ao nível do esterno.

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Lesões póst-mortem: estas lesões são geralmente produzidas por animais que
habitam no meio liquido onde se encontra o cadáver, mordeduras ou amputações
de órgãos tais como cartilagem do nariz, pavilhões auriculares, etc.

SINAIS INTERNOS: são os sinais mais importantes porque permitem


evidenciar de forma inequívoca a presença do corpo no meio liquido.

Liquido nas vias respiratórias: a presença de liquido nas vias respiratórias


é de valor diagnóstico inquestionável, pois permite determinar o tipo de meio
liquido onde a vítima se afogou pela evidência de corpos estranhos, lama, fungos,
material fecal, etc. A presença de liquido nas vias respiratórias é sob forma de
secreção espumosa embranquecida, rósea, sanguinolenta ou da cor do meio onde
ocorreu o facto, sua quantidade depende do tempo de agonia nesse meio liquido
ou semi-líquido.

Corpos estranhos nas vias respiratórias: estes corpos estranhos estão no


liquido das vias respiratórias têm exatamente o mesmo valor referenciado
anteriormente pois permite determinar o meio, ocorre nos afogamentos em águas
paradas tais como em pântanos, lagoas, latrinas, etc ou também em águas
correntes.

Lesões pulmonares:

 Os pulmões podem estar aumentados de volume e distendidos, sob pressão


ficam impressos as marcas dos dedos, Godet positivo.
 Edema plumonar severo, devido ao encharcamento do tecido pulmonar
designa-se de enfisema aquoso, porque ao corte e espremendo sai grande
quantidade de liquido em cascata.
 Infiltrados hemorrágicos ou equimoses subpleurais, as mais frequentes não
são as manchas de Tardieu, mas sim as manchas de Paltauf que são de
dimensões maiores, de 2cm ou mais do que as de Tardieu, é uns sinais
fundamentais para demonstrar a vitalidade do afogamento quando o cadáver
estiver putrefacto.

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 Demonstração da presença de geoplâncton, zooplâncton ou fitoplâncton no


tecido plumonar por meio de exames histopatológico sinal inequívoco de
vitalidade.
 Hemodiluição: deve-se a entrada de água ou outro liquido no sistema
circulatório ao nível do tecido pulmonar, a coloração torna-se vermelho-claro
e mais fluído.
 Liquido no sistema digestivo: a presença de liquido é evidenciado no
estômago e porção superior do intestino delgado, por um liquido espumoso-
plâncton, que colocado num tubo de ensaio forma três camadas: superior –
espumosa; intermediária – aquosa; inferior – sólida. É o sinal de Wydller.
 Congestão polivisceral: tal como nas asfixias em geral.
 Liquido no ouvido médio com presença de corpos estranhos.
 Lesões no crânio: podemos encontrar infiltrados hemorrágicos na base do
crânio, no rochedo do osso temporal e no etmoide.

EXAMES LABORATORIAIS: estes exames são imprescindíveis para o


estudo do afogado, tanto para a identificação dos cadáveres desconhecidos como
para o estudo específico de diagnosticar o afogamento, o tipo de liquido e por
último o local onde ocorreu o afogamento. A causa jurídica de morte ou etiologia
médico-legal geralmente é acidental que ocorrem nas praias, piscinas, lagoas e
rios na época quente ou verão; acidentes de trabalho nos pescadores por
naufrágio. Homicídio e suicídio é muito raro no nosso meio, entretanto nos casos
de homicídio é fundamental verificar se o corpo apresenta-se amarrado nos
membros e/ou com peso para que afunde rapidamente. Deve-se também
descartar a possibilidade de colocação de um cadáver num meio liquido para
simular uma morte acidental.

Soterramento:

É uma forma de asfixia em que há substituição do meio gasoso nas vias


respiratórias por meio sólido ou pulverulento, a penetração destas substâncias
impede a penetração do ar produzindo a asfixia. A causa jurídica de morte é
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geralmente acidental, por acidentes naturais como aluimento de terras com ou


sem desabamento de casas; acidentes de trabalho como resultado de
desabamento de minas, nos trabalhadores estivadores ou carregadores de sacos
de cimento, farinha de milho, etc quando estes se rompem e o seu conteúdo
penetra nas vias respiratórias; suicídio e homicídio é muito raro, temos um caso
de homicídio registado no Serviço de Medicina Legal por ajustes de conta ou
obtenção de uma confissão enterraram a vítima de pé só com a cabeça de fora e
a medida que iam atirando terra está penetrava nas vias respiratórias.

O diagnóstico é no dado pelos comemorativos e pelos sinais locais achados


na autópsia como sendo a presença de partículas sólidos ou pulverulentas nas
vias respiratórias, além dos sinais gerais comuns da asfixia.

Enforcamento:

É uma forma de asfixia complexa em que há constrição passiva do pescoço


por meio de um laço fixo, agindo o peso do corpo da vítima como força activa. O
ponto fixo do laço pode estar preso em qualquer sitio desde ramos das arvores,
caibros dos telhados, etc.

Os laços podem ser de diversa natureza desde cordas, fios de arame,


atacadores, correntes, lenços de cabeça, capulanas, etc. A consistência do sulco
vai depender do tipo do objecto, sulcos moles produzidos geralmente por
objectos tipo lenços de cabeça, capulanas; sulcos duros por objectos tipo arame,
cintos, etc. O enforcamento é típico ou completo quando o corpo fica totalmente
suspenso sem tocar em nenhum ponto de apoio. O enforcamento é atípico ou
incompleto quando o corpo fica parcialmente suspenso e apoia-se pelos pés,
joelhos ou qualquer outra parte do corpo.

A evolução da morte por enforcamento pode ser rápida ou tardia,


depende do tipo de laço utilizado, se a vítima esteve total ou parcialmente
suspenso, factores constitucionais ou pessoais e circunstâncias em que decorreu

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o facto. A morte rápida ou imediata geralmente é por mecanismo nervoso


inibitório podendo demorarar cinco a dez minutos.

LESÕES ANÁTOMO-PATOLÓGICAS: nas vítimas por enforcamento é


possível observar uma serie de sinais:

Aspecto do cadáver: geralmente a cabeça está voltada para o lado contrário


do nó. A face pode estar ou não cianosada com presença de espuma ou liquido
sanguinolento na boca e narinas. A língua geralmente cianosada projectada além
das arcadas dentárias, exoftalmia ou com olhos protusos. Nos enforcamentos
típicos os membros inferiores estão suspensos e os superiores colados ao corpo e
com as mãos fechadas; nos enforcamentos atípicos os membros têm posição
variada. As manchas de hipóstase estão na porção inferior do corpo, são mais
intensas nos membros.

Sinais locais externos: a constrição do pescoço por meio de um laço


produz um sulco localizado no terço superior do pescoço ou acima da cartilagem
tiroide. O sulco geralmente é único, podendo excepcionalmente ser duplo, triplo
ou múltiplo dependendo do número de voltas quer der no pescoço. O leito do
sulco pode ser de consistência mole ou duro e apergaminhado dependendo do
tipo de laço, geralmente incompleto ou interrompido ao nível do nó, de direcção
oblíquo ascendente não uniforme em toda a sua extensão ou de profundidade
desigual.

Sinais locais internos: nos casos em que o laço produz um sulco duro e
apergaminhado na face interna do tecido celular subcutâneo observa-se a linha
argêntica de tonalidade pardo-escura resulta da desidratação da pele escoriada;
infiltrações hemorrágicas - equimoses nos músculos cervicais geralmente no lado
contrário ao nó e retrofaríngea; podemos encontrar fractura do osso hióide,
fractura do aparelho laríngeo, fractura das vertebras cervicais é muito raro
observa-se mais nos enforcamento por sentença judicial; lesões nas árterias
carótidas próximo da bifurcação na túnica íntima – sinal de Amssat não é tão

NB: “Apesar de todo o esforço e cuidado postos na sua elaboração, este guia é susceptível de conter possíveis
falhas, pelo que apelo para a compreensão e costumada benevolência do estudante, neste sentido aconselho
os colegas a confrontarem com outros livros”.
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frequente no nosso meio como refere a literatura e roturas das túnicas adventícias
jugulares internas e externas.

Além desses sinais locais os cadáveres apresentam sinais típicos comuns


de asfixia. A causa jurídica de morte geralmente é suicídio, no nosso meio
constituem a primeira causa básica de morte nos suicidas em ambos os sexos na
população acima dos 35 anos de idade residentes nos periféricos ou suburbanos
da Cidade de Maputo; o homicídio constitui uma forma rara temos descritos três
casos que ocorreram e adolescentes entre os 13 a 15 anos de idade, acidental é ainda
mais rara segundo dados disponíveis na literatura, ocorre nos casos de acidentes
durante o acto de masturbação.

Estrangulamento:

É uma forma de asfixia mecânica complexa em que há constrição activa do


pescoço por meio de um laço exercida por uma força externa estranha. No
estrangulamento o corpo da vítima age passivamente. A causa jurídica de morte
geralmente é homicídio, geralmente quando a vítima é pego de surpresa ou
quando há desproporção de forças entre o agressor e a vítima, sendo raríssimo
os caso de acidente e quase que impossível o suicídio.

Sinais locais externos: a vítima pode apresentar mascara equimótica com


equimoses subconjuntivais, a língua está projectada além das arcadas dentárias,
o sulco geralmente localiza-se no terço médio ou abaixo da cartilagem tiroidea,
pode ser único, duplo ou múltiplo, duro ou mole dependendo do laço que for
usado, a direcção é horizontal ou transversal, uniforme em toda sua extensão,
geralmente é completo entretanto temos casos descrito no Serviço de Medicina
Legal de sulcos incompletos e direcção ascendente ou descendente quando o
agressor puxa a vítima, também podemos encontrar escoriações lineares no
pescoço produzidas pela vítima ao tentar aliviar-se ou soltar o laço e placas
escoriativas no tronco e membros – lesões de arraste.

NB: “Apesar de todo o esforço e cuidado postos na sua elaboração, este guia é susceptível de conter possíveis
falhas, pelo que apelo para a compreensão e costumada benevolência do estudante, neste sentido aconselho
os colegas a confrontarem com outros livros”.
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Sinais locais internos: infiltrações hemorrágicas - equimoses no tecido


celular subcutâneo e nos músculos geralmente com distribuição uniforme e
mesma altura porque o laço imprime uma intensidade da força igual de sentido
horizontal, podemos encontrar fracturas do osso hióide e do aparelho laríngeo;
lesões na íntima da túnica da carótida, roturas transversais bilateralmente e da
adventícia. O diagnóstico histo-patológico é útil para comprovação das das
lesões. Os sinais gerais comuns de asfixia estão também presentes como em
outras formas de asfixias.

Esganadura:

É uma forma de asfixia mecânica mista, em que há constrição do pescoço


pelas mãos. É sempre de caracter homicida, no nosso meio é frequente nos casos
de infanticídio de femicídio, não sendo possível a forma suicida ou acidental como
causa jurídica de morte ou etiologia médico-legal.

A sintomatologia varia de acordo com a própria dinâmica do processo,


podendo mecanismo de morte ser o respiratório ou o nervoso devido a
compressão das estruturas nervosas, a obstrução vascular é insignificante.

Sinais externos a distância: podemos encontrar mascara equimótica na


face, com congestão e ou equimoses conjuntivais, geralmente vem associado a
outras lesões tais como escoriações em redor da boca, nas mãos e antebraços
chamadas de lesões de defesa.

Sinais externos locais: os mais importantes sãos os estigmas ou marcas


ungueais que são as escoriações de forma semi-lunar, em rastro ou lineares nas
face antero-lateral do pescoço com predomínio do lado oposto a mão usada pelo
agressor, equimoses de forma arredondada da polpa dos dedos; há casos em que
o criminoso usa objectos ou luvas as marcas ou estigmas ungueais podem não
existir.

Sinais internos locais: as lesões de grande importância diagnóstica são


sem dúvidas as infiltrações hemorrágicas no tecido celular subcutâneo e
NB: “Apesar de todo o esforço e cuidado postos na sua elaboração, este guia é susceptível de conter possíveis
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muscular do pescoço; pode existir dependendo da intensidade da violência


constrictiva das mãos lesões do aparelho laríngeo com fractura das cartilagens e
do osso hióide. Os sinais gerais comuns da asfixia estão também presentes.

NB: “Apesar de todo o esforço e cuidado postos na sua elaboração, este guia é susceptível de conter possíveis
falhas, pelo que apelo para a compreensão e costumada benevolência do estudante, neste sentido aconselho
os colegas a confrontarem com outros livros”.
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