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TDAH Abordagens

modernas
RIBEIRO, A. Rizzi
Informações preliminares:

• O TDAH nem sempre se apresenta com todos os sintomas.


• Algumas crianças possuem Déficit de Atenção, mas não são
hiperativas.
• Outras são hiperativas, mas não possuem Déficit de
Atenção, são espertas até demais.
• TDAH pode eventualmente aparecer associado a outras
patologias, como TOD, TPAS e Asperger.
Definição clássica do TDAH

• “A tríade sintomatológica clássica da síndrome


caracteriza-se por desatenção, hiperatividade e/ou
impulsividade” (FONSECA; VELASQUEZ, 2014, p. 146)
• O déficit de atenção pode ser identificado por um
conjunto de sintomas que podem ser observados na
sala de aula através de uma série de
comportamentos.
Sintomas observacionais – Déficit de
Atenção
• “A desatenção pode ser identificada pelos seguintes sintomas:
dificuldade de prestar atenção aos detalhes ou errar por descuido em
atividades escolares e de trabalho; dificuldade de manter a atenção
em tarefas ou atividades lúdicas; parecer não escutar quando lhe
dirigem a palavra; não seguir instruções e não terminar tarefas
escolares, domésticas e deveres profissionais; dificuldade em
organizar tarefas que exijam esforço mental constante; perder coisas
necessárias para tarefas ou atividades, e ser facilmente distraídos por
estímulos alheios a tarefa, e apresentar esquecimento frequente”.
(FONSECA; VELASQUEZ, 2014, p. 146)
Sintomas observacionais - Hiperatividade

• “A hiperatividade caracteriza-se pela presença frequente das


seguintes características: agitar as mãos ou os pés ou se
remexer na cadeira; abandonar sua cadeira em sala de aula ou
outras situações nas quais se espera que se permaneça
sentado; correr ou escalar em demasia, em situações nas quais
isso é inapropriado; dificuldade em brincar e envolver-se
silenciosamente em atividades de lazer; estar frequentemente
“a mil”, ou muitas vezes como se estivesse a “todo vapor”, e
falar muito”. (FONSECA; VELASQUEZ, 2014, p. 146)
Sintomas observacionais - Impulsividade
• “Os sintomas de impulsividade são: frequentemente
dar respostas precipitadas antes de as perguntas
serem concluídas; ter dificuldade em esperar a sua
vez, e geralmente interromper e se envolver em
assuntos de outrem”. (FONSECA; VELASQUEZ, 2014,
p. 146).
• Entre 3% e 10% das crianças em idade escolar
possuem TDAH.
Hereditariedade
• No TDAH há fator genético envolvido se um ou mais dos progenitores
tiverem o transtorno, a probabilidade de um dos filhos ter também é
aumentada (FONSECA, VELASQUEZ, 2014).
• GREVET et al (2007) pontua que várias pesquisas encontraram evidências de
que sujeitos com TDAH possuem uma maior probabilidade de se envolver
em atividades ilegais.
• Portanto uma criança agitada pode não ser apenas problemas familiares com
pais com “histórico policial”, uma vez que problemas domésticos dessa
natureza são potencializados pelo TDAH e, como visto, ele é hereditário.
• O papel da escola nesse caso é essencial, pois a detecção e tratamento não
apenas melhora o desempenho escolar, mas pode quebrar um ciclo de
violência.
Hereditariedade

• Portanto se você estiver na dúvida se a agitação de


uma criança ou comportamento excessivamente
apático dela é TDAH ou apenas um ambiente familiar
conturbado, encaminhe para uma avaliação de
algum órgão competente (CAEE, no nosso caso).
• É menos ruim errar por excesso de zelo do que por
desleixo. É uma vida humana no fim das contas!
ATENÇÃO!
• Não é qualquer chilique da criança que caracteriza o
TDAH!
• Os sintomas são duradouros, variando entre o intenso e o
muito intenso. Isto é, o “normal” da criança é ser agitada,
podendo ficar muito agitada em certos contextos.
• Ou seja são sintomas que são “antigos”, duradouros,
intensos e que não desaparecem com a mudança de
ambiente ou contexto.
Causas materiais do transtorno
• Pesquisas recentes apontam que o TDAH está associado a uma
disfunção no sistema compensatório do cérebro, envolvendo
produção irregular de noradrenalina e dopamina.
• Existem, segundo Velasquez e Fonseca (2014) uma série de
genes que podem levar a essa disfunção na produção destes dois
hormônios, o que reforça a hipótese de causa genética.
• A carência destes hormônios afeta o funcionamento do lóbulo
frontal, em especial do córtex pré-frontal e, além dele, do
cerebelo.
Mapa do Cérebro
Mecanismo
• Numa pessoa normal, o córtex pré-frontal, que é responsável
pelos processos lógico-racionais é capaz de abafar os estímulos
de prazer e estresse que afetam sobretudo a amígdala cerebral e
o cerebelo graças a atuação desses dois hormônios.
• Na pessoa com o TDAH isso não ocorre, a amígdala cerebral e o
cerebelo, o primeiro responsável por movimentos não
voluntários do corpo (batimento cardíaco, respiração, etc) e o
segundo das emoções básicas de medo, prazer e raiva, acabam
abafando o controle da estrutura lógico-racional.
Hipótese de gênero
• Segundo Toledo e Simão (2003), a proporção de homens e
mulheres com TDAH é de 9 para 1 em desfavor dos homens. Isto
é, a cada 10 crianças com TDAH, 9 serão do sexo masculino, isso
levou os pesquisadores a hipótese de que a testosterona é outro
fator que pode levar a maior manifestação dos sintomas deste
transtorno.
• Baron-Cohen et al. (2009) já havia notado padrão similar em
crianças no Transtorno do Espectro Autista, de modo que isso
explica porque crianças com Asperger (forma branda do autismo)
tendem a manifestar em conjunto sintomas de TDAH.
Utilidade evolutiva
• As melhores hipóteses para essa disparidade natural
entre os gêneros está associada ao fato de que os
primeiros grupamentos humanos praticavam uma
divisão do trabalho marcada pelos papéis de gênero
com o homem com o papel de defensor, protetor e
provedor, no qual a testosterona ocuparia um papel
importante no sentido de deixar os humanos do sexo
masculino primitivos sempre alertas.
Trecho de um Documentário
Tratamento e o papel da escola.
• O tratamento clínico por parte de psicólogos e terapeutas não nos
compete como funcionários da educação. No entanto, à família e à
escola competem outros tipos de auxílio ao tratamento medicamentoso.
• Toledo e Simão (2003, p.198) cita as seguintes medidas para auxiliar no
tratamento medicamentoso:
• Manter a criança próxima ao professor; se dispuser de um ajudante, o
auxílio deste; colocar a criança próxima a alunos com quem ela tem
menos afinidade, para reduzir a possibilidade de distração; fornecer
atividades compostas de pequenos objetivos de rápida execução;
intervalos entre atividades ou os objetivos; manter contato e aconselhar
a família do aluno.
Possíveis instruções à família
• Estabelecer uma rotina clara e fácil para a criança.
• Ordens e pedidos devem ser explicados com clareza,
de modo objetivo, positivo e detalhado.
• Premiar comportamentos que se considere desejáveis
e punir, com moderação, comportamentos
inadequados.
• Algumas dessas ideias também podem ser aplicadas
em sala de aula.
Referências Bibliográficas:
• TOLEDO, Márcia Maria; SIMÃO, Adriana; CIASCA, Sylvia (Org.). Distúrbios de
Aprendizagem: Proposta de avaliação interdisciplinar. Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
• VELASQUEZ, Bruna; FONSECA, Bianca, RIBEIRO, Pedro (Org). Neurociências e
aprendizagem: Processos Básicos e Transtornos. As falhas do desenvolvimento de redes
neurais nas alterações motoras e comportamentais em TDAH. Rio de Janeiro: Rubio, 2014.
• GREVET, Eugênio; SALGADO, Carlos Alberto; ZENI, Gregory; BELMONTE-DE-ABREU, Paulo.
Jornal Brasileiro de Psiquiatria: Transtorno de oposição e desafio e transtorno de conduta:
os desfechos no TDAH em adultos. São Paulo, 2007.
• BARON-COHEN, Simon; ASHWYN, Emma; KNICKMEYER, Rebecca; TAYLOR, Kevin; HACKETT,
Gerald. British Psycological Society: Fetal testosterone and autistic traits; 2009. Acessado
em: https://bpspsychub.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1348/000712608X311731
Acessado em 09/06/2022.

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