Marx demonstrou que, no capitalismo, o trabalho foi transformado em fonte de exploração e empobrecimento existencial. O capitalismo ao consolidar a divisão social do trabalho e a separação entre proprietários e produtores, criou um sistema de hierarquização e exploração que se iniciou na esfera produtiva e se alastrou para outras dimensões da vida em sociedade. A divisão do trabalho e o estabelecimento de uma lógica de dominação e exploração de uma classe sobre outra inviabiliza a existência de uma sociedade justa. E as desigualdades entre os indivíduos são um imperativo para a constituição da estrutura social. Marx e Engels revolucionaram o entendimento da política ao defender a ideia de que as classes dominantes, que detêm o poder material e econômico, estendem esse poder para a organização política da sociedade. O Estado, que deveria ser uma instituição capaz de garantir e defender os interesses comuns a todos os indivíduos, estaria refém das classes dominantes, e sua atuação estaria voltada para garantir a exploração das camadas sociais dominadas. Para Marx o sistema capitalista é incapaz de eliminar a miséria e os mecanismos de exploração social. Émile Durkheim A divisão social do trabalho Durkheim percebeu que a compreensão das sociedades capitalistas não poderia ignorar as novas realidades impostas pela divisão social do trabalho. O trabalho é um elemento fundamental na organização da vida em sociedade é a partir dele que se estabelece a solidariedade, entendida como laços que os indivíduos estabelecem entre si e com o próprio grupo ao qual pertencem. Durkheim afirmou que esses laços, responsáveis por manter a coesão de um grupo, tendem a variar de acordo com a estrutura de cada sociedade. Em sociedades pré-capitalistas, como as tribos, os indivíduos estão ligados uns aos outros por um conjunto de crenças e sentimentos que são comuns a todos os membros dos grupos. Os sujeitos são uma representação de seu próprio grupo social. Esse vínculo é chamado de solidariedade mecânica. Nas sociedades capitalistas o alto grau de diferenciação e especialização entre as funções acentuou a divisão social do trabalho, os laços que unem os indivíduos se transformam, o autor denominou de solidariedade orgânica. A sociedade se assemelha a um organismo vivo, que depende dos órgãos e das múltiplas funções desempenhadas por cada um desses elementos. Tais funções, em conjunto, garantem o bom funcionamento de todo o corpo. Para Durkheim elas compunham um mecanismo para a manutenção e o bom andamento da vida social garantindo a coesão entre os indivíduos e a sociedade. As tensões e os problemas decorrentes das relações impostas pelo sistema capitalista eram entendidos como uma forma de enfraquecimento dos laços sociais e de desequilíbrio da sociedade. Durkheim chamou isso de anomia que é um estado em que a sociedade é incapaz de manter a coesão social e de regular o comportamento dos indivíduos. Max Weber Trabalho e ética na sociedade capitalista Max Weber compreendeu que esse sistema não decorria apenas das mudanças produtivas e materiais daquele período se caracterizava como um desdobramento de diversas transformações culturais que viabilizaram percepções sobre o trabalho e a acumulação de riquezas. Weber percebeu que o capitalismo teve maior êxito onde grupos protestantes, como luteranos e calvinistas, estavam mais consolidados. A Igreja Católica condenou a ambição e o lucro, e enxergava o trabalho como uma forma de punição e castigo isso era incompatível com os anseios do capitalismo que tinha o lucro e a exploração da mão de obra como seus principais mecanismos de funcionamento. Os protestantes romperam com a Igreja Católica e passaram a ressignificar o trabalho e a considerá-lo como meio de glorificar a Deus. O desempenho no trabalho passou a ser visto como indício da graça divina. De acordo com Weber, essa concepção de trabalho e riqueza impunha sobre trabalhadores e empresários uma vida regrada pela disciplina e pelo controle.