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Universidade Zambeze

Faculdade de ciências de Saúde


Curso de Mestrado em Saúde Pública
Dissertação

HIPERTENSÃO ARTERIAL ENTRE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS FINALISTAS


DA CIDADE DE TETE NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2018

Autor: Francisco Loquiha.

Supervisor: Dr. Carlos Armando Sarría Pérez MSc.

Tete, Junho 2019

Tete, Maio de 2018


Capitulo I Introdução

Hipertensão Arterial (HTA)

é um problema de saúde mundial


 Segundo a OMS estima-se que a nível mundial a HTA cause 17 milhões
de mortes por ano sendo responsável por 51% dos AVC e 45% das doenças
coronárias.
 Prevalência de HTA a nível global para adultos, foi consistentemente
alta, para todos os países de baixo e médio rendimento, com taxas de
cerca de 40% para ambos os sexos, e de cerca de 35% para países de
rendimento elevado.
Adolescentes
Hipertensão  Problema assume ainda uma maior
arterial relevância.
 Uma vez que a existência de tensão
arterial elevada nos mais jovens é um
factor de desenvolvimento da doença
em adultos.

Estudos recentes realizados em Portugal, apontam para


uma prevalência elevada de hipertensão arterial (22% e
34%) em jovens e adultos estudantes universitários.
Hipertensão Arterial
A detenção precoce de HTA evitaria o desencadeamento de problemas coronários e
cerebrovasculares no adulto, portanto, identificar a origem inicial, pode ser o
primeiro passo. Estudos
feitos
América Latina: Cuba – Ramirez, realizou um estudo em 572 estudantes
adolescentes a maior parte deles 87% apresentava HTA essencial.
Brasil: Realizou-se outro estudo com 116 estudantes na Universidade de São Paulo
de ambos sexos e revelou aumento de HTA sistólica em 40% e diastólica em 23,9%
sendo a causa principal inactividade fisica e maus hábitos alimentares.
 Na África subsaariana; Angola - Lubango: realizou um estudo de prevalência de
HTA em 667 estudantes universitários de ambos sexos. Constatou que 23,5%
apresentava o aumento de pressão arterial sistólica e diastólica sendo a causa
principal anactividade fisica, maus hábitos alimentares e consumo de tabaco.
Nos últimos anos, é frequente o fluxo
Justificativa de jovens, com problemas de
hemiplegia resultante de acidente
vascular cerebral nas consultas de
O país ainda não tem uma Fisioterapia no Hospital Provincial de
informação real do número
de hipertensos existentes. Tete (HPT), segundo livros de registos
e os relatórios anuais de 2014, 2015 e
2016 da Medicina física e reabilitação
em Tete.
Nos últimos anos a HTA tem sido apresentada como o principal
Relevância factor de risco das doenças cardiovasculares, convertendo-se
assim num problema de saúde publica. HTA é um factor
Científica desencadeante de patologias como AVC, doença isquémica. O
Programa Nacional de Prevenção de Controlo das doenças não
transmissíveis incluindo as de cardiovasculares (2014), estas
doenças foram a principal causa de morte em Moçambique.

A HTA em adolescentes é um problema de saúde pública grave, tendo em


conta as suas complicações futuras.
O país ainda não tem uma informação real do número de hipertensos
existentes.

No âmbito científico, não há estudos que revela a prevalência de


HTA entre estudantes universitários na cidade de Tete.
Moçambique é um país em desenvolvimento que se encontra numa fase de
transição epidemiológica, não havendo muitos estudos sobre a problemática da
prevalência de HTA em estudantes universitários, apesar do ano 2005 ter havido
um estudo na cidade de Maputo que estimou uma prevalência de 31% da
população residente naquela urbe.

Problema Científico

Ainda desconhece-se a prevalência de hipertensão arterial entre


os estudantes universitários Finalistas da cidade de Tete, por
não existir até agora uma pesquisa realizada com sustento
científico, assim sendo:
será que a hipertensão arterial é um problema de saúde desta
comunidade?
Objectivos

1.Determinar a prevalência da hipertensão arterial entre os


estudantes finalistas das Universidades na Cidade de Tete,
Moçambique.

2.Descrever o comportamento das variáveis: idade, sexo,


altura, conhecimento do histórico patológico familiar e os
valores da pressão arterial dos estudantes.
Metodologia
Classificação e natureza da pesquisa

Foi realizado um estudo descritivo de corte transversal com abordagem


mista, para estimar a prevalência de hipertensão arterial em estudantes
universitários finalistas da Cidade de Tete.
O método de pesquisa será o modelo epidemiológico condicionante das
doenças e morte denominado campo de saúde proposto por Lalonde.

Universos Populacionais

Universo era composta por um total de 332 estudantes, distribuídos por 3


universidades na cidade de Tete, nomeadamente UP (31%), UCM (36.4%) e
UZ (32.5%). Segundo o Registo Académico das respectivas Universidades.
Metodologia
Critério de inclusão
 Para este estudo, serão incluídos todos os estudantes finalistas inscritos e
matriculados nas três Universidades em causa sem distinção de sexo, idade, raça
e nem religião.
Critério de exclusão
 1- Serão excluídos estudantes que não assinarem o termo de consentimento
informado.
 2- Todos os estudantes das Escolas e Institutos Superiores sediados na cidade de
Tete.
 3- Todos os estudantes na altura do estudo que se encontrarem internados nos
hospitais, assim como os que sofrem de perturbação mental.
 4- Serão excluídos estudantes com doenças agudas no momento do estudo
(Resfriado, Gastroentetite, etc.) e crônicas (genéticas, endócrinas, diabetes,
cardiopatias) e transtornos alimentares (anorexia, bulimia).
Técnica de recolha de dados
Instrumento proposto nos últimos anos como um possível modelo
de padronização para a obtenção de medidas de actividades
físicas internacionalmente comparáveis, que foi testado e validado
por estudos científicos no Brasil contém questões relacionadas
com a medição da pressão arterial.

Para recolha de dados foi usado um questionário de preenchimento


de valores obtidos a partir da medição da pressão arterial de acordo
com o modelo adaptado do Questionário Internacional de Actividade
Física (International Physical Activity Questionnaire - IPAQ)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE
RESULTADOS
Prevalência de hipertensão arterial em estudantes finalistas das
Universidades na Cidade de Tete no segundo semestre de 2018

Prevalência de hipertensão arterial foi de 27% (I.C.95%: 23 – 32%). Este


valor era relativamente maior na UCM (32.2%) quando comparado a UP
(22.3%) e UZ (26.9%).
Discussão
 Em relação a prevalência de HTA encontrada nesta pesquisa (27%),
verificamos que é elevada e merece atenção, considerando que a população
estudada é adolescente jovem com a idade de 18 a 30 anos.
• Em Portugal, a prevalência de HTA entre adultos igual ou superior a 25
anos foi estimada em 41,9% nos homens e 37,4% nas mulheres (UVA,
2014).
• Na África do Sul, utilizando o ponto de corte maior ou igual a
140/90mmhg, a prevalência de HTA foi estimada em 21,0% entre
jovens de ambos sexos (STEYN, 2014).
A prevalência de • No Brasil, pelo critério de corte utilizado, maior ou igual a 140/90mmhg
HTA varia observamos que estudos realizados em várias localidades
bastante de país apresentaram prevalências variadas a 25 anos foi estimada em 41,9%
para país.
nos homens e 37,4% nas mulheres.
• Ao nível nacional, prevalência da HTA é estimada em 35% em adultos
ambos os sexos iguais ou superiores a 25 anos (MISAU,2005).
AIQ = Amplitude interquartilico
Características sócio-demográficas
N = 332 %

Instituição
UP 103 31.0%

UCM 121 36.4%


UZ 108 32.5%
Sexo
Masculino 195 58.7%
Feminino 137 41.3%
Altura (metros)
1.50 -- 1.59 27 8.1%
1.60 -- 1.69 165 49.7%
1.70 -- 1.79 124 37.3%
1.80 -- 1.89 16 4.8%
Mediana (AIQ) 1.68(1.64 -- 1.72)
Idade (anos)
20 -- 24 159 47.9%
25 -- 30 173 52.1%
Mediana (AIQ) 25(24 -- 26)
Conhecimento do histórico patológico familiar
Sim 160 49.1%
Não 141 43.3%
Ignora 25 7.7%
Mediana (AIQ) tensão arterial sistólica (mmHg)
1ª medição 125(118 -- 136)
2ª medição 125(118 -- 133)
Mediana (AIQ) tensão arterial diastólica (mmHg)
1ª medição 81(73 -- 90)
2ª medição 80(72 -- 90)
DISCUSSÃO

41,3% de participantes no estudo são do sexo feminino.

 Portanto, de acordo com as projeções anuais da população total, urbana e rural de


Moçambique 2007-2040 (INE, 2010), 50,3% da população urbana da Província de
Tete é do sexo feminino e, segundo o Inquérito Demográfico e de Saúde (MISAU,
2013), 51,2% da população urbana da Província de Tete é do sexo feminino.

Assim, para o autor, estes resultados revelam um


contraste das características dos participantes da
pesquisa visto que o acesso ao ensino universitário
à mulher ainda regista um défice.
Em Portugal, a prevalência de HTA entre adultos igual ou superior a 25
anos foi estimada em 41,9% nos homens e 37,4% nas mulheres. No
Alentejo e Algarve a prevalência de HTA em adultos iguais ou superior a
25 anos ambos sexos foi estimada em 51,54% e 44,57%, respectivamente.

HTA Em relação ao género, estudantes do sexo


masculino apresentaram uma prevalência
da relativamente maior que o do sexo
feminino (30.8% vs. 22.6%)
Idade

Similarmente, o risco de hipertensão arterial em


estudantes maiores de 25 anos era quase 2 (1.25 – 3.65)
vezes mais alta quando comparado a estudantes com 24
ou menos anos.

Em relação a idade, a pesquisa identificou maior


prevalência entre a faixa etária dos 25 a 30 anos
com 52,1%, coincide com as literaturas que enfatiza
com o passar da idade, a prevalência de níveis de
PA aumenta-
Altura
Pevalência de hipertensão aumenta com a altura dos
estudantes e também com um aumento na idade.

Por outro lado, para estudantes mais altos (1.80 – 1.89 m) o risco de
hipertensão arterial era aproximadamente 6 (I.C 95%: 1.35 – 29.22)
vezes maior que o risco em estudantes mais baixos (1.50 – 1.59 m).

Em relação altura é em grande parte determinada por


factores genéticos, mas nas últimas décadas a altura das
crianças e dos adultos tem aumentado de forma constante
em todo o mundo. Na idade adulta as crianças são quase
sempre significativamente mais altas que os pais.
Altura
 A HTA pode acometer qualquer pessoa, mas, contudo os
indivíduos com estatura média são mais susceptíveis
Neste estudo, 28,5% estudantes tinham estatura média e
apresentavam níveis tencionais maior ou igual a
140/90mmhg.
O nosso resultado coincide com os dados da literatura
uma vez que enfatiza que os indivíduos altos têm um
menor risco de desenvolver doença de HTA.
Conhecimento do histórico familiar

Os dados não sugeriam diferenças na prevalência da hipertensão.


Sim: 49,1 % Não: 43,3 %

29,8% tinham conhecimento do histórico familiar normotenso e


24,0% não tinham conhecimento do histórico familiar hipertenso.
O nosso resultado coincide com os resultados de outros autores.

Em relação antecedente familiares da doença


hipertensiva devem ser levados em consideração
em estudos sobre prevalência, pois esta é uma
doença em que o componente genético e
hereditário tem grande importância.
Discussão
Filhos de pais hipertensos são mais propensos a desenvolver a
doença do que aqueles que pais normotensos.

Porém quando ambos (pai e mãe) são hipertensos, a chance


de o filho desenvolver HTA fica em torno de 50%. Há
estudos que enfatiza, quando um dos pais é hipertenso a
chance de os filhos terem a doença é de um para cada três
descendentes; e caso ambos os progenitores sejam
hipertensos, a estimativa passa a ser de dois para três
filhos, que poderão desenvolver a doença ao longo da vida.
Comparação da tensão arterial sistólica (PAS) e tensão arterial diastólica
(PAD) na 1ª e 2ª medição.

Média Correlação Diferença de médias


(erro-padrão) (p-value) (p-value)

Média Correlação Diferença de médias


(erro-padrão) (p-value) (p-value)
PAS1 PAS1 126.25126.25
(0.811)
(0.811)
Par 1 0.772 (p<0.001) 1.211 (p=0.029)
PAS2 125.04
Par 1 (0.822) 0.772 (p<0.001) 1.211 (p=0.029)
PAS2 125.04 (0.822)
PAD1 82.69 (0.693)
Par 2 0.826 (p<0.001) 1.349 (p<0.001)
PAD2 81.34 (0.682)

PAD1 82.69 (0.693)

Par 2 0.826 (p<0.001) 1.349 (p<0.001)


PAD2 81.34 (0.682)
Discussão

Comparação das duas medições feitas para


tensão arterial.

Existe uma correlação positiva, forte e estatisticamente


significativa (p-value <0.01) entre tensão arterial sistólica
(1ª e 2ª leitura), assim como entre a tensão arterial
diastólica (1ª e 2ª leitura), implicando que o valor da
tensão arterial encontrada na 1ª medição era consistente
com a da 2ª medição.
Prevalência de hipertensão arterial e características demográficas

Hipertensão arterial
Não Sim Qui-quadrado Razão de chances
n % N % p-value Estimativa p-value
Instituição 0.251
UP 80 77.7% 23 22.3% Ref.
UCM 82 67.8% 39 32.2% 2.199 0.024
UZ 79 73.1% 29 26.9% 1.665 0.146
Sexo 0.102
Masculino 135 69.2% 60 30.8% Ref.
Feminino 106 77.4% 31 22.6% 0.643 0.143
Altura (metros) 0.005
1.50 -- 1.59 23 85.2% 4 14.8% Ref.
1.60 -- 1.69 118 71.5% 47 28.5% 1.534 0.467
1.70 -- 1.79 94 75.8% 30 24.2% 1.264 0.700
1.80 -- 1.89 6 37.5% 10 62.5% 6.269 0.019
Idade (anos) 0.004
20 -- 24 127 79.9% 32 20.1% Ref.
25 -- 30 114 65.9% 59 34.1% 2.136 0.006
Conhecimento do histórico patológico 0.770
familiar

Sim 117 73.1% 43 26.9% Ref.


Não 99 70.2% 42 29.8% 0.974 0.922
Ignora 19 76.0% 6 24.0% 0.661 0.438
Prevalência de hipertensão arterial-Instituição

Estimativas ajustadas de razão de chance mostram que a


chance de hipertensão arterial em estudantes da UCM era
aproximadamente 2 (I.C 95%: 1.11 – 4.37) vezes mais alta
quando comparada a dos estudantes da UP, não havendo
diferenças significativas entre os estudantes da UZ e UP,
controlando por outros factores sociodemográficos.
Prevalência de hipertensão arterial-altura

Resultados do teste Qui-quadrado para análise bivariada da


hipertensão e factores sociodemográficos mostraram que a
hipertensão arterial estava significativamente associada aos factores
altura (Qui-quadrado=12.795, graus liberdade=3, p-value=0.005) e
idade (Qui-quadrado=8.136, graus liberdade=1, p-value=0.004).
Prevalência de hipertensão arterial-sexo

Apesar da tensão arterial média nos estudantes do sexo


masculino ser significativamente maior que a de estudantes do
sexo feminino, o risco de hipertensão arterial nos estudantes do
sexo masculino não é estatisticamente diferente do risco nos
estudantes do sexo feminino (razão de chance = 0.643, I.C 95%:
0.36– 1.16).
CAPITULO III CONCLUSÃO
As principais conclusões deste estudo sobre hipertensão arterial
entre finalistas universitários da cidade de Tete no segundo
semestre de 2018 são:
A hipertensão arterial entre estudantes finalistas universitários
da cidade de Tete é um problema de saúde pública...........
Os achados referentes à correlação das variáveis idade e
níveis tencionais, apesar do desequilíbrio na amostra indicam
aumento de valores pressóricos na medida que se aumentava
a idade.
Conclusões
 O risco de hipertensão arterial nos estudantes do sexo
masculino não é estatisticamente diferente, apesar da
tensão arterial média nos estudantes do sexo masculino ser
significativamente maior que a de estudantes do sexo
feminino.
 Estudantes finalistas altos têm um menor risco de
desenvolver doença de HTA.
 O conhecimento do histórico patológico familiar entre
estudantes não influenciou na prevalência de hipertensão
arterial nesta pesquisa.
Recomendação
 Osresultados que foram apresentados neste trabalho, nos
faz compreender a relevância do problema HTA na
população estudada. Para isso, O governo através do Misau
deve patrocinar programas direccionados aos estudantes
universitários, às famílias e comunidades, informando
sobre as ameaças da hipertensão arterial à saúde.
 As comunidades de estudantes universitárias deverão
adoptar comportamentos saudáveis e mudança de estilo de
vida na prevenção da HTA.
FIM

 OBRIGADO PELA ATENÇÃO DISPENSADA

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