Você está na página 1de 35

INDUÇÃO DO TRABALHO

DE PARTO
Yone Mara – Enfermeira Obstetra
Enfermeira- UNIFSA
Esp. Enfermagem Obstétrica- IESM
PORQUE FALAR SOBRE INDUÇÃO?

Autonomia da pessoa gestante através da informação;

Diminuição das taxas de cesáreas;

Melhora a qualidade da assistência pré-natal e parto;

Quando há indicação de antecipação de nascimentos por causas


reais, geralmente são indicações de indução e não de cesarianas.
O QUE É INDUÇÃO?

A indução do parto é um procedimento comum utilizado para alcançar o parto


vaginal antes do seu início espontâneo. (American College of Obstetricians and
Gynecologists [ACOG, 2009]).

 OMS (2018) - Estímulo artificial das contrações uterinas, por ocitocina,


prostaglandinas ou ruptura de membranas. Não é isenta de riscos e pode ser descrita
como desconfortável por algumas mulheres.

 Não deve ser utilizada de forma indiscriminada.


INDUÇÃO NO BRASIL

• 11,4% dos nascimentos são por indução

 74,2% Hospital Público;


 20,9% Hospital Filantrópico;
 4,2% Hospital Privado
QUAL O OBJETIVO DA INDUÇÃO ?

 Oferecer ao corpo da gestante


hormônios e estímulos que levem ao
caminho mais próximo do fisiológico;

 Mimetizar o fisiológico.
INDICAÇÕES DE INDUÇÃO
Gestação pós-termo;
Rotura prematura de membranas ovulares;
Síndromes hipertensivas;
Óbito fetal;
Condições médicas maternas: Diabetes mellitus, doença renal, doença
pulmonar crônica, síndrome antifosfolipídio;
Restrição do crescimento fetal;
Corioamnionite;
Malformações fetais incompatíveis com a vida;
Oligodramnia;
Doença Hemolítica Perinatal;
Interrupção legal da gravidez.
INDICAÇÕES DE INDUÇÃO

Associadas às gestantes de alto risco;

 As sociedades e recomendações não tem consenso entre si sobre


as indicações e os seus momentos;

Mulheres com pior situação socioeconômica têm mais chances de


receber indução do trabalho de parto.
CONTRAINDICAÇÕES DE INDUÇÃO
Cicatrizes uterinas corporais*;
Rotura uterina prévia*;
Herpes genital ativo;
Placenta prévia ou vasa prévia;
Prolapso de cordão umbilical ou apresentação funicular persistente;
Apresentações anômalas;
Câncer cervical invasivo;
Desproporção cefalopélvica;
Traçado de freqüência cardíaca fetal categoria III, (padrão sinusóide ou
ausência de variabilidade da FCF basal, e qualquer das seguintes
alterações: desacelerações tardias recorrentes, desacelerações variáveis
recorrentes ou bradicardia).
MÉTODOS DE INDUÇÃO
Os principais métodos de indução do parto podem ser divididos em dois
grupos:

Indutores da contração uterina:

Ocitocina
Amniotomia

Promotores do amadurecimento cervical:

Descolamento das membranas;


Sonda de Foley;
Análogo da PGE1: Misoprostol;
PGE2: dinoprostano (não existente no Brasil).
FALANDO EM FISIOLOGIA...

PROSTAGLANDINA: OCITOCINA:

 Principal hormônio do primeiro estágio do  Pulsátil


parto;
 Receptores a partir de 20 semanas de
 Promove contração da musculatura lisa gestação;
gastrointestinal e relaxamento do colo,
modificando toda a matriz; Produzida por estímulo fetal e pelo corpo da
gestante.
Aumenta níveis de cálcio intracelular,
promovendo contrações uterinas- o que acarreta  Estimula produção de prostaglandina pela
no início do trabalho de parto. placenta e se retroalimenta com a pressão da
apresentação exercida no colo
A pressão da apresentação sobre o colo, ativa os receptores que sinalizam para o cérebro
para produzir mais ocitocina. Quanto maior a descida, maior a produção de ocitocina.

 As contrações se intensificam até que o bebê nasça.


MATURAÇÃO CERVICAL X INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO

A MATURAÇÃO ANTECEDE A INDUÇÃO:

A indução do trabalho de parto é o processo de estimulação artificial do útero para iniciar


o trabalho de parto. Geralmente é realizada pela administração de ocitocina ou
prostaglandinas a mulher grávida, ou rompendo artificialmente as membranas amnióticas.
A indução do parto não é isenta de riscos, e muitas mulheres acham desconfortável (OMS
2018).

A maturação do colo é o principal fator na taxa de sucesso da indução.


MATURAÇÃO CERVICAL

A maturação cervical é a mudança das características do colo ( imaturo: longo, grosso,


posterior, sem dilatação) para características parecidas com um colo próximo ao início do
trabalho de parto espontâneo ( maduro: amolecido, apagado, centralizado e dilatado).
PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DO COLO UTERINO
ÍNDICE DE BISHOP

Tradicionalmente > 6
NICE 2008 > 8
ACOG 2009 > 8

O status do colo é um dos mais importantes fatores preditivos da probabilidade de sucesso


da indução do parto. O índice de Bishop parece ser a melhor forma de avaliar o colo
uterino e predizer a probabilidade de a indução resultar em um parto vaginal.
PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DO COLO UTERINO
ÍNDICE DE BISHOP

Se a indução estiver indicada e o estado do colo for desfavorável (imaturo),


agentes devem ser utilizados para o seu amadurecimento;

As condições do colo podem ser determinadas pelo índice de Bishop;

O colo é considerado desfavorável se o índice for ≤ 6;

se o índice totalizar > 8 a probabilidade do parto vaginal após a indução é


similar à do parto espontâneo.
MÉTODOS POSSÍVEIS PARA A MATURAÇÃO CERVICAL

 Estímulos Naturais;

 Estímulos Mecânicos;

 Estímulos Farmacológicos.
ESTÍMULOS

 Não são métodos de indução;  Acupuntura;

 Podem ser considerados antes da indução  Estimulação mamária;


formal;
 Óleo de rícino;
Não atrasar a indução para tentar métodos
de estímulos; Relação sexual.

Poucas evidências x evidência de ausência


de efeito;
MECÂNICOS

 Descolamento de membranas;

 Método Crause – Sonda Foley ou Balão duplo ( COOK) ;

Amniotomia;
DESCOLAMENTO DE MEMBRANAS

O descolamento das membranas é reservado para


reduzir a necessidade formal da indução do parto
(World Health Organization [WHO, 2011]).

 Descolamento digital das membranas;

 É necessário ter alguma dilatação;

Liberação de prostaglandinas;

Considerar sempre como uma opção antes da


indução formal;
 Gestação de alto risco: Considerar como uma opção que antecede a indução formal;

 Gestação de risco habitual: Considerar oferecer para aquelas que se encaminham


para gestação prolongada ( > 40 semanas);

 Não há evidências que comprove sua eficácia para evitar maus desfechos maternos
ou neonatais;

Reduz duração total da gestação, diminuindo gestações que ultrapassem 42


semanas;

 Não aumenta risco para o binômio ( rotura prematura de membranas, cesariana,


internação em UTI neonatal, infecção);

 Desconforto, sangramento, pródromos.


MÉTODO DE KRAUSE - SONDA

 Pode ser inserido com espéculo de cheron


 Inserida no canal endocervical;
ou toque vaginal ( depende da experiência
do profissional);
 Necessita de uma dilatação menor que
para o descolamento;
 Sonda Foley 16 - 18 ( quanto mais
grossa, mais fácil sua inserção);
Liberação endógena de prostaglandina;
 Água destilada 60-80 ml ( testar o balão
Modificação de características do colo,
antes);
sem tração intensa;
 Fixação na coxa – suave tração;
 Após sua expulsão, temos uma dilatação
em torno de 4 cm.
 Pode ficar 12-34 horas
BALÃO ENDOCERVICAL

 DESVANTAGENS
 Desconforto;
 Alergia ao látex;
 Corpo estranho/ infecção;
 Chance maior de precisar de ocitocina.

 VANTAGENS
Baixo custo;
 Pouco efeito colateral;
 Sem taquissistolia, ou alteração da FCF;
 Pode ser usado em gestantes com contra-
indicação de método medicamentoso
( cesárea anterior)
 Fácil estocagem
AMNIOTOMIA
ROMPIMENTO ARTIFICIAL DA MEMBRANA AMNIÓTICA

 Função da bolsa e do líquido amniótico:

 Proteção do feto e distribuição homogênea da


pressão das contrações;

 Aplicação da força uniforme no colo;

Direta relação com o posicionamento e flexão da


apresentação;

 Lubrificação da vagina e períneo


AMNIOTOMIA
ROMPIMENTO ARTIFICIAL DA MEMBRANA AMNIÓTICA

 Mantém sem indicação de ser realizada de


rotina;

 Seu uso pode ser considerado em gestantes


com urgência na indução ou na ausência de
dinâmica uterina com necessidade de altas
doses de ocitocina.
FARMACOLÓGICOS - MISOPROSTOL

Prostaglandina E1; Avaliação detalhada das condições


maternas e fetais deve ser realizada antes
 Uso Off label como maturação do início da indução, para assegurar que a
cervical; indicação seja apropriada, confirmar a
ausência de contraindicações e para avaliar
 Foi lançado como tratamento de úlcera a probabilidade de êxito na indução.
gástrica;

 Contraindicado em cicatriz de cesárea


anterior e se contração uterina presente
( ainda que pródromos).
FARMACOLÓGICOS - MISOPROSTOL
 Misoprostol PGE 1

 25 mcg VV 6/6 h ( não usar lubrificante a base de óleo)


 20-25 mcg VO 2/2 h ( pausa a noite durante o sono)

Diluir comprimido de 200 mcg em 200 ml de água e ingerir 200 ml a cada 2 horas.

 Via oral é mais segura ( menor taxa Apgar 5º minuto < 7,menor hiperestimulação uterina)
e mais eficaz que VV .

 Via oral alternativa para evitar múltiplos toques na bolsa rota e, portanto, infecção
ascendente.

 Via vaginal a cada 4 horas é mais efetivo, no entanto apresenta mais risco de
hiperestímulo.
VAMOS FALAR DE INDUÇÃO DE FATO...
OCITOCINA SINTÉTICA

 Análoga a ocitocina natural;

 Potente uterotônico;

 Infusão contínua;

 Eficaz na indução das contrações


OCITOCINA SINTÉTICA

 Via de administração: endovenosa;  Inicio de ação: 6 minutos, estabilidade


de 40 min.
 Diluição: 5UI para 500 ml de SF ou RL
(Evitar utilizar SG);  Dose máxima recomendada de 64
gotas / minuto.
 Infundir sempre em BIC e iniciar em
baixas doses (4 gotas/ minuto, duplicando-se  Altas doses - risco de intoxicação
o gotejamento a cada 30 minutos, até se hídrica;
observar atividade uterina favorável (3 a 4
contrações a cada 10 minutos);  Altas doses – Hiperestímulo, FCFNT;

 Interromper caso hiperestimulação  Supervisão contínua.


uterina.
 Meia vida: 5 minutos;
MELHOR CRITÉRIO DE USO RACIONAL DE OCITOCINA

 Documentar SSVV maternos, FCF e DU antes, durante e após início da infusão;

 Durante a administração, recomenda-se CTG contínua ou ausculta intermitente em


intervalos menores.

 Contrações uterinas não > 5 em 10 minutos. Ao atingir fase ativa, diminuir ou até
descontinuar a medicação.
MÉTODOS COMBINADOS

 Amniotomia + Ocitocina ( sem preparo de colo) : Sem evidência que justifique essa
associação de rotina;

 Sonda + Ocitocina: Diminuiu tempo de indução em multíparas .

 Sonda + Miso: Diminuiu intervalo indução – nascimento e admissões em UTI neonatal

Sonda + Miso: Menor período de indução e diminui riscos de taquissistolia, sem


aumentar chance de cesárea.
EXISTE FALHA DE INDUÇÃO?

 Corina Schoen et al. 2015 – Failed induced of labor: Contrações uterinas ritmadas a
cada 3 minutos e mudança cervical não alcançadas após 24 horas de ocitocina
endovenosa, com preparo de cervical prévio e rotura de membranas.

 William A. Gobman et al. 2018 – Defining failed induced of labor: Fase latente
( infere-se que o colo já está maduro na fase latente) por mais de 15 horas após rotura de
membranas e infusão de ocitocina.

ACOG 2009 12-18h de fase latente, com ocitocina.


OMS 2011 – Não especifica
EXISTE FALHA DE INDUÇÃO?

 Toda fase inicial do trabalho de parto induzido ( antes de 6 cm) , seja nulípara ou
multípara, é mais lenta quando comparada ao trabalho de parto espontâneo;

 Logo, não se pode falar em falha de progressão antes de 6 cm nos trabalhos de partos
induzidos.
OBRIGADA!!

Você também pode gostar