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PARTO CESÁREA

Yone Mara – Enfermeira Obstetra


Enfermeira- UNIFSA
Esp. Enfermagem Obstétrica- IESM
PRECISAMOS FALAR DE CESAREAS

A cesárea é um procedimento cirúrgico


que, quando bem indicado, tem papel
fundamental na Obstetrícia moderna como
redutor da morbidade e mortalidade
perinatal e materna.

No entanto, não se pode aceitar um


aumento de cesáreas sem indicação
precisa, pois é sabido que este
procedimento cirúrgico, comparativamente
ao parto normal, associa-se com maior
morbidade e mortalidade materna e
neonatal.
INCIDÊNCIA
 Em decorrência do gradual aumento das taxas de cesariana, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) estituiu em 1985 que o porcentual de cesáreas de um país
não deveria ultrapassar 15%, baseando-se nos índices de nações com baixa
mortalidade materna e perinatal.

 Nos EUA, em 2009, a taxa de cesárea aproximada foi de 30% (Martin et al.,
2011).

No Brasil, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em 2014,


apesar de a incidência ser alta no Sistema Único de Saúde (SUS) – 40% – é na rede
privada que a situação é mais crítica – 85%; a média no país é de 55%.
QUANDO PRECISA DE PARTO CESÁREA?

Principais indicações ABSOLUTAS de


cesariana.

 Malformações genitais;
Desproporção Céfalopélvica (DCP);
 Sofrimento Fetal;
 Parada de Progressão;
 Prolapso de Cordão;
 Descolamento Prematuro de Placenta (DPP)
com feto vivo;
 Placenta Prévia Parcial ou Total;
 Trabalho de Parto com RN Córmico ou Pélvico
 Herpes Genital Ativo e HIV.
O parto por cesárea é uma laparotomia
que exige uma série de cuidados
clínicos, técnicos e anestésicos e que se
associa também a algumas complicações
que devem sempre ser ponderadas antes
da indicação.

Deve, portanto, ser decidido por


critérios estritamente clínicos e
obstétricos..
DESCRIÇÃO DA TÉCNICA PREFERENTE

 No Brasil, atualmente, na quase absoluta


totalidade das cesáreas, a preferência é dada à
incisão transversa supra-púbica, conforme técnica
de Pfannenstiel.

A incisão infra-umbilical mediana restringe-se a


casos em que o risco de sangramento é maior
(como na síndrome HELLP), ou quando há
extremada necessidade de retirada rápida do feto,
como no sofrimento fetal agudo grave, na cesárea
Perimortem ou post-mortem e outras situações.
Atualmente, a anestesia de escolha é a raquianestesia.

Em ambiente cirúrgico, feita a antissepsia e fixados os campos, a operanda é


posta em posição de Trendelenburg moderada, inclinando-se-lhe o tronco e as
pernas de 35° a 45°, o que deve ser rigorosamente observado.

Essa postura permite praticar a incisão dentro do monte púbico, facilita o


descolamento aponeurótico e a retirada do feto.

 O obstetra, colocado à esquerda, procede à abertura transversal da pele e do


tecido conjuntivo frouxo, subcutâneo, por meio de incisão ligeiramente encurvada
formando arco (cujo raio tenha de 10 a 12 cm), de cavo superior, pouco acima do
púbis, em plena região guarnecida de pelos, ao nível das espinhas ilíacas.
HISTEROTOMIA

De todas as variantes propostas para a abertura


da cavidade uterina (corporal, para a cesárea
clássica; segmentária, arciforme e segmentária,
longitudinal, de Krönig), a segmentar transversa,
arciforme, de concavidade superior é a de
escolha.

 O risco de lesões das artérias uterinas, principal


incoveniente da histerotomia segmentar
transversa, pode ser minimizado por seu caráter
arciforme de concavidade superior.
Indicam-se a incisão da pele e a do tecido
conjuntivo frouxo, subcutâneo, arciforme, de
cavo superior, passando 2 cm acima do púbis;

As extremidades do corte e,


conseqüentemente, todo ele, devem ficar,
sempre que possível, dentro dos limites do
monte de Vênus e a serem recobertos,
posteriormente, com o crescimento dos pelos
pubianos.
AO PROGREDIR A INCISÃO, OBSERVA-SE A SEQUENCIA...

1- Abertura da aponeurose, no mesmo sentido 2- Descolamento da aponeurose. No retalho


da cutânea, mas em nível ligeiramente superior superior, em uma extensão de 8 a 10 cm; surge,
e prolongada, em ambos os lados, 1 a 2 cm por assim, o septo mediano tendinoso curto, que
debaixo da pele. será seccionado à tesoura.
3- Descolamento do retalho aponeurótico 4- Incisão do peritônio parietal, no sentido
inferior, incisando o septo mediano até a longitudinal, segundo Pfannenstiel.
sínfise..
5- Incisão transversal do peritônio parietal, no 6- Abertura do peritônio visceral. Coloca-se a
mesmo sentido da diérese dos demais planos, e valva suprapúbica e incisa-se, no sentido
pouco acima da bexiga, é preferida por alguns transverso, o peritônio visceral, à altura da
cirurgiões. prega vesicuterina.
7-Descolamento do peritônio visceral. Ele é 8- Histerotomia, no segmento inferior, por
desapegado do útero, em uma extensão de 2 a 3 punção prévia do órgão com pinça de Kelly, de
cm, para baixo e para cima, com gaze montada Kocher ou bisturi, e subseqüente divulsão
em pinça ou envolvendo o dedo. bidigital.
9- A direção da abertura do útero é traçada a 10- A extração do concepto feita manualmente,
bisturi, que desenha a forma desejada, de preferência pela manobra de Geppert: a
curvilínea, elevada nos ângulos para impedir o cabeça fetal deve ser orientada, trazendo-se o
extravio na direção dos grossos vasos. occipital à incisão; coloca-se a mão esquerda
entre o púbis e a apresentação, enquanto o
auxiliar faz pressão no fundo do útero. .
RETIRADA DO FETO E CLAMPEAMENTO DO CORDÃO

 RETIRADA DO FETO:

 Neste momento é fundamental lembrar que uma criança está nascendo: a sala cirúrgica
deve estar aquecida (com ar condicionado desligado) e o ambiente silencioso.

 CLAMPEAMENTO DO CORDÃO:

 A ligadura do cordão umbilical (clampeamento) pode ser realizada de imediato ou


momentos após a extração fetal, exatamente da mesma maneira que no parto atendido por
via vaginal.
CLAMPEAMENTO DO CORDÃO

a) Os bebês com clampeamento imediato de cordão têm valores mais baixos de


hematócrito e hemoglobina;

b) Se depois do nascimento, o recém-nascido for colocado à altura da vulva ou


abaixo por três minutos, antes do clampeamento do cordão, há transferência de
aproximadamente 80 ml de sangue da placenta para o recém-nascido. Os
eritrócitos nesse volume de sangue logo serão hemolisados, mas isso fornece
cerca de 50 mg de ferro para as reservas do neonato e reduz a freqüência de
anemia ferropriva no primeiro ano de vida.

c) O clampeamento tardio (ou ausência de clampeamento) é o modo fisiológico de


tratar o cordão, e o precoce é intervenção que deve ter indicações precisas.
DEQUITAÇÃO

A dequitação, na maioria das vezes, ocorre de forma espontânea;

 Os estudos controlados que comparam a dequitação espontânea com a remoção manual


da placenta têm mostrado que esta última é mais danosa, associando-se ao incremento da
perda sanguínea materna e do risco de infecção, estatisticamente significativo. Assim, a
retirada manual da placenta deve ficar restrita aos casos em que, espontaneamente, não se
deu a dequitação, em período razoável de tempo para o procedimento cirúrgico;

CONSTITUI OS PASSOS TÉCNICOS PARA FECHAMENTO

 Histerorrafia; Peritonização; Fechamento do plano muscular; Fechamento da aponeurose


anterior dos músculos retos; Aproximação do tecido celular subcutâneo e Fechamento da
pele.
CURATIVO

Não mais se justificam os curativos extensos e fechados usados no passado. Atualmente


tem-se demonstrado que curativo simples nas primeiras horas e manter a incisão
descoberta, são procedimentos adequados. É suficiente lavar a incisão com água e sabão,
mantendo-a seca.

Tal conduta irá depender das orientações da SCIH da instituição ou, até mesmo, do
protocolo institucional.
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS

1. ANTIBIOTICOTERAPIA:

 A cesárea é tida como cirurgia potencialmente infectada;

 Nas gestantes submetidas à cesárea eletiva ou em trabalho de parto, independentemente


da integridade das membranas, recomenda–se antibioticoterapia profilática;

 Revisões sistemáticas têm demonstrado claramente que o antibiótico profilático, em


apenas uma dosagem, imediatamente após o clampeamento do cordão, é procedimento
efetivo na prevenção de morbidade infecciosa puerperal materna;

A antibioticoterapia curativa é indicada apenas nos casos com um diagnóstico confirmado


ou clinicamente suspeito de infecção.
2. MEDICAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA:

 Analgesia e Anti-inflamatórios;

3. SONDAGEM VESICAL CONTÍNUA:

Aconselha-se a drenagem vesical em sistema fechado, por período de aproximadamente


seis horas, dadas as óbvias dificuldades de deambulação e à distensão vesical por demora
no restabelecimento da micção espontânea.

4. ALIMENTAÇÃO:

 Em condições normais no ato cirúrgico, pode ser permitida a alimentação da puérpera


em tempo precoce, utilizando-se inicialmente dietas preferentemente líquidas. Decorrido
período de aproximadamente 8 a 12 horas, libera-se a dieta.
5. DEAMBULAÇÃO:

O levantar e caminhar precoces são recomendados. A restrição ao leito, além de


desconfortável, favorece o aparecimento de fenômenos tromboembólicos.;

6. AMAMENTAÇÃO PRECOCE:

A amamentação deve ser estimulada e iniciada o mais precocemente possível. Oferece


inúmeras vantagens, entre as quais, o estabelecimento da integração psíquica mãe-filho.

7. ALTA HOSPITALAR:

 A cesárea é procedimento cirúrgico invasivo da cavidade abdominal, sujeita a


complicações intra-operatórias que obrigam à atenção pós-operatória. Assim, recomenda-se
esperar pelo menos o restabelecimento parcial da função intestinal após a cesárea, e dar alta
hospitalar ao final de 48 horas.
A cesárea é uma laparotomia que, quando
bem indicada, tem seu papel na diminuição
da morbidade e mortalidade materna e
perinatal. Quando se indica uma cesárea,
ela deve ser realizada com a técnica
adequada, levando em consideração as
mais recentes evidências científicas, para
minimizar a possibilidade de complicações
inerentes ao
procedimento.

OBRIGADA!!!

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