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CAPITALISMO, SOCIALISMO E

DEMOCRACIA
JOSEPH SCHUMPETER
SOCIALISMO E DEMOCRACIA

 Marx  em necessidade de optar, colocaria o socialismo acima da democracia.

“Tentar forçar as pessoas a abraçar alguma coisa que se crê ser boa e
gloriosa, mas que elas não desejam na realidade – mesmo que se possa
esperar que elas possam vir a gostar, quando experimentarem seus
resultados –, é o próprio símbolo da fé antidemocrática. Cabe aos
casuístas decidir se pode ser feita uma exceção para atos
antidemocráticos perpetrados com o propósito único de realizar a
verdadeira democracia, desde que não haja outro meio.”
A EXPERIÊNCIA DOS PARTIDOS
SOCIALISTAS

 Partido bolchevique soviético  rege uma grande comunidade socialista


sendo minoritário e sem dar possibilidade a qualquer outro.
 Questão de prudência  “... grupos socialistas que têm defendido com
integridade a fé democrática jamais tiveram sequer a possibilidade, ou
mesmo o motivo, de professar qualquer outra”.
 Oportunismo  “partidos socialistas não são, presumivelmente, mais
oportunistas do que quaisquer outros; simplesmente esposam a
democracia se, enquanto e na medida em que sirva a seus ideais e
interesses”
UM EXPERIMENTO MENTAL

 A democracia não pode ser mais do que um método, não é um fim em


si mesma  caso se defenda esse método enquanto um ideal ou valor
absoluto, estar-se-á justificando qualquer decisão criminosa ou estúpida
que dele provier.
 Historicidade  democracia não é um ideal em si mesmo e nem um ideal
delegado, que serve a certos interesses ideais pelos quais se luta.
EM BUSCA DE UMA DEFINIÇÃO

 Método político  método que uma nação usa para chegar a decisões:
 por quem?
 como?
 Governo do povo  noção imprecisa
 Povo  quem é?
 Discriminação de setores da população coexistem com o método
democrático.
 Governo  como é possível para o povo governar?
AFASTAMENTO DO PROBLEMA

 Fala-se não em “governo do povo” (como é possível expressar a vontade


do povo?), mas em “governo aprovado pelo povo”.
 “E como é óbvio que excetuando-se o caso da ‘democracia direta’, o
povo como tal nunca pode realmente governar ou dirigir, a defesa da
argumentação em favor dessa definição parece estar completa”.
 “Mesmo assim não podemos aceitá-la.”  Uma vez que há autocracias,
oligarquias e plutocracias com forte adesão popular.
A DOUTRINA CLÁSSICA DA DEMOCRACIA

 O bem comum e a vontade do povo


 Filosofia da democracia do Século XVIII  “o método democrático
é o arranjo institucional para se chegar a decisões políticas que realiza
o bem comum, fazendo o próprio povo decidir as questões através da
eleição de indivíduos que devem reunir-se para realizar a vontade
desse povo”
 Bem comum do povo = vontade de todos os indivíduos razoáveis 
“exatamente coincidente com o bem, ou interesse, ou bem-estar, ou
felicidade comuns”.
PROBLEMAS COM A IDÉIA DE “BEM
COMUM”

 “Não existe algo que seja um bem comum unicamente determinado,


sobre o qual todas as pessoas concordem ou sejam levadas a concordar
através de argumentos racionais.”
 “... mesmo que um bem comum suficientemente definido se mostrasse
aceitável para todos, isso não implicaria respostas igualmente definidas
para as questões isoladas.”
A VONTADE DO POVO E O DESEJO
INDIVIDUAL

 Falta de unidade racional  “os resultados não serão, exceto por acaso,
significativos em si mesmos”.
 Falta de sanção racional  “para se afirmar a dignidade ética dos
resultados, será agora necessário apoiar-se numa confiança irrestrita nas
formas democráticas de governo”
A NATUREZA HUMANA NA POLÍTICA

 Duas fontes de evidência contra a hipótese da racionalidade:


 Psicologia das massas
 Propaganda

“... os eleitores são maus juízes de seus próprios interesses de longo


prazo, pois apenas a premissa de curto prazo diz alguma coisa
politicamente e apenas a racionalidade de curto prazo se afirma de
modo efetivo”.
O CIDADÃO É TOSCO

“Na verdade, para o cidadão comum que matuta sobre os negócios nacionais,
não há campo algum para tal vontade e tarefa alguma na qual tal desejo
possa desenvolver-se. Ele é membro de uma comissão não-operacional, a
comissão de toda a nação, e é por isso que dedica menos esforço disciplinado
num problema político do que num jogo de bridge”.

“Desse modo, o cidadão típico cai para um nível mais baixo de desempenho
mental assim que entra no campo político. Argumenta e analisa de maneira
que prontamente reconheceria como infantil, se fosse na esfera de seus
interesses reais. Mais uma vez se torna primitivo. Seu pensamento se torna
associativo e afetivo.
A VONTADE MANUFATURADA

 Cidadão típico  “em assuntos políticos, tenderá a ceder a preconceitos


e impulsos extra-racionais ou irracionais”.
 Vontade dos cidadãos  manufaturada  “é o produto, e não o motor
do processo político”
OUTRA TEORIA DA DEMOCRACIA

 Competição pela liderança política


 Papel do povo  produzir um governo.

 Definição 

“o método democrático é aquele acordo institucional para se chegar a


decisões políticas em que os indivíduos adquirem o poder de decisão
através de uma luta competitiva pelos votos da população”.
CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS
DA DEMOCRACIA

1. Modus procedendi.
2. Fato vital da liderança.
3. Interesses grupais.
4. Competição pela liderança  livre competição pelo voto livre.
5. Liberdade não é absoluta.
6. Eleitorado controla seus líderes políticos apenas recusando-se a reelegê-los.
7. Vontade da maioria não é a vontade do ‘povo’.
COMPETIÇÃO É ESSÊNCIA DO JOGO

 “Democracia significa apenas que o povo tem a oportunidade de aceitar


ou recusar as pessoas designadas para governá-lo”.
 “O método democrático produz legislação e administração como
subprodutos da luta pelos cargos políticos”.
 As qualidades do bom candidato não são necessariamente as que fazem
um bom administrador.
AS CONDIÇÕES DO ÊXITO
DEMOCRÁTICO

Êxito do método democrático = sua estabilidade.


1. Material humano da política  políticos profissionais.
2. Alcance limitado das decisões  algumas coisas não são material da
competição.
3. Burocracia bem treinada  solução para o governo de amadores ( dos
políticos profissionais).
4. Autocontrole democrático  limites à competição.

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