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OS HOLANDESES INVADEM O BRASIL

A primeira investida holandesa ocorreu em 1624, na Bahia. A campanha


foi organizada e financiada pela Companhia das índias Ocidentais, que
recebera o monopólio por 24 anos de navegação, comércio, transportes e
conquista de todas as terras da costa atlântica na América e na África.

A força holandesa chegou à cidade de Salvador com 26 navios, centenas


de canhões e mais de três mil homens. Os portugueses nada puderam
fazer, pois não dispunham de tropas suficientes para deter os invasores.
Em 1625, porém, uma esquadra luso-espanhola bem armada retomou a
capital da colônia.
A Companhia das índias Ocidentais contou com as pilhagens de Piet Hein
e outros corsários para financiar um segundo ataque às terras da colônia.
Dessa vez, o alvo escolhido foi a capitania de Pernambuco.

Em 1630, uma armada holandesa ocupou Olinda e o Recife. Contudo, os


invasores ficaram isolados nos núcleos urbanos, devido à resistência
dos portugueses liderados pelo governador Matias de Albuquerque.
Ele organizou suas defesas numa elevação próxima das áreas invadidas,
o Arraial do Bom Jesus, de onde lançou contínuos ataques e
emboscadas, dificultando por cinco anos a expansão dos adversários.

Entre 1632 e 1635, com reforços vindos da Europa e a ajuda de


moradores da terra, os holandeses conquistaram pontos decisivos como
a Ilha de Itamaracá, a Paraíba, o Rio Grande do Norte e, por fim, o Arraial
do Bom Jesus, consolidando a ocupação de Pernambuco.
NASSAU: SOLDADO E HUMANISTA
O conde João Maurício de Nassau-Siegen chegou ao Recife, em
princípios de 1637, para administrar o território conquistado. Encontrou a
produção açucareira em total desorganização, graças à retirada de
inúmeros proprietários rurais para a Bahia, à destruição de engenhos e
canaviais e, em especial, às fugas de escravos.
Assim, os primeiros anos de administração de Nassau foram dedicados à
reconstrução da economia açucareira. Para tal, ele mandou conceder
empréstimos para a aquisição dos engenhos abandonados e a
reconstrução dos destruídos. A iniciativa fez com que boa parte dos
senhores de engenho estabelecesse vínculos cordiais com os invasores.

O desempenho militar de Maurício de Nassau foi expressivo: ocupou


Alagoas e tomou o forte português que defendia a costa do Ceará,
embora tenha fracassado num ataque a Salvador em 1638. Mas foi como
administrador que seu nome se imortalizou. Para contornar as
sucessivas crises de desabastecimento, Nassau obrigou os proprietários
de terras a cultivar mandioca, na proporção do número de pessoas que
teriam de alimentar dentro de seus engenhos.
Maurício de Nassau instituiu um regime de liberdade relativa no
comércio, ou seja, de livre comércio para os moradores das capitanias
conquistadas que tivessem capital investido em engenhos. E procurou,
com habilidade, conciliar os interesses da heterogênea população que
convivia no Recife: colonos nascidos no território, portugueses,
holandeses, franceses e ingleses, católicos, calvinistas e judeus, índios e
negros escravos.
A administração de Nassau também promoveu a urbanização de um
bairro do Recife, que denominou Cidade Maurícia, para torná-lo o centro
do poder holandês no Brasil, e incentivou o trabalho dos artistas e
estudiosos que trouxera para o Nordeste quando veio da Europa. Artistas
como Frans Post e Albert Eckhout criaram importantes registros do
Brasil holandês.

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