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BEBÊS NO DIVÃ?

PSICANÁLISE E A CLÍNICA COM


BEBÊS
M.a. Karina Stagliano de Campos
Por que uma clínica
com bebês?
À guisa de introdução
- Desamparo e prematuridade do bebê
humano;

- Como que saímos do estado de apenas


animal para o estado de sujeitos humanos,
falantes, inseridos na cultura e na linguagem?

- Como algo imaterial como a linguagem,


corta, marca, inscreve a carne e marca um
organismo a ponto de submetê-lo à
linguagem e à cultura?

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Como é o desenvolvimento em uma criança?

Pautamo-nos na maturação biológica?

Como um corpo biológico, prematuro e dependente


reverte-se em um ser capaz de transmitir uma
herança simbólica?

O QUE SE ESCUTA NA CLÍNICA COM BEBÊS?


À guisa de introdução
Clínica com adultos
Sintomas produzidos como restos do
infantil

Clínica com crianças

Intervenção não nos restos do infantil,


mas no tempo da infância, no tempo
da estruturação subjetiva, psíquica.

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Singularidades
- Não falam, mas apresentam linguagem, uma
linguagem corporal e são capazes de
interpretar o outro que se coloca perante ele;

Ser sujeito não é resultado da ação do


outro, mas sim o que ele, o bebê, faz
com essas ações por meio de seus atos
interpretativos (Parlato - Oliveira, 2022,
p.67).

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PARLATO - OLIVEIRA (2022, P.68)

“Reconhecer que o bebê atua na relação como um


sujeito que institui este outro, que toma este outro
como um outro para si é fundamental para
compreendermos a importância de seus saberes para o
que ele é como sujeito, uma forma de ser junto ao outro
que não cessará de se transformar e se inscrever”

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A CLÍNICA PSICANALÍTICA COM BEBÊS

Trabalhar com bebês exige intervir nos primórdios da Constituição


Psíquica, Constituição do Sujeito;

Há aberturas importantes a inscrições:

- Plasticidade neuronal;
- Permeabilidade às inscrições significantes
Constituição do sujeito – de qual sujeito estamos falando??

“O EU NÃO É SENHOR EM SUA PRÓPRIA CASA” (FREUD, 1917,


p.295)

- Cógito cartesiano x Cógito freudiano

- Racional - Lugar de ocultamento


- Indivisível - Sujeito e Eu não se recobrem
- Cogito, ergo sum - Penso, logo sou
Constituição do sujeito – de qual sujeito estamos falando??

O Sujeito se constitui por meio da


Concepção Sujeito adquire relação com o Outro, não “nasce” e
estatuto de conceito
não se “desenvolve”.

“o sujeito sobre o qual operamos em


Sem falta não há desejo e sem
psicanálise não pode ser outro que não o
desejo não há sujeito;
sujeito da ciência” (LACAN, 1998, p.873).
Constituição do sujeito – de qual sujeito estamos falando??

● O SUJEITO é uma noção que não coincide com as noções de eu ou de personalidade, mas uma
instância psíquica inconsciente. Constrói-se, desde o início da vida de uma criança, a partir de um
campo social pré-existente - a história de um povo, de uma família, do desejo dos pais - mas
também a partir dos encontros, intercorrências e acasos que incidem na trajetória singular da
criança. Do campo da cultura e da linguagem virão as chaves de significação em torno das quais a
criança deverá construir para ela própria um lugar único. Desse processo, surgirá o sujeito
psíquico, aqui concebido como um elemento organizador do desenvolvimento da criança em todas
as suas vertentes - física, psicomotora, cognitiva e psíquica. (Kupfer, Jerusalinsky, Bernardino,
Wanderley, Rocha, Molina, Sales. Stellin, Pesaro, & Lerner, 2009, P. 50)
ELIA (2004, P. 39)

“...o sujeito só pode se constituir em um ser que,


pertencente à espécie humana, tem a vicissitude
obrigatória e não eventual de entrar em uma ordem social
a partir da família ou de seus substitutos sociais e jurídicos
[...]. Sem isso ele não só não se tornará humano [...] como
tampouco se manterá vivo: sem a ordem familiar e social,
o ser da espécie humana morrerá...”

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LACAN, 1953[1998], P. 280

Os símbolos efetivamente envolvem a vida do homem numa rede


tão total que conjugam, antes que ele venha ao mundo, aqueles
que irão ‘em carne e osso’; trazem em seu nascimento, com os
dons dos astros, senão com os dons das fadas, o traçado de seu
destino; fornecem as palavras que farão dele um fiel ou um
renegado, a lei dos atos que o seguirão até ali onde ele ainda não
está e para-além de sua própria morte...”

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LACAN, 1953[1998], P. 302

“A fala, com efeito, é dom de linguagem, e a


linguagem não é imaterial. É um corpo sutil, mas é
corpo. As palavras são tiradas de todas as imagens
corporais que cativam o sujeito”

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Sobre a intervenção
- “Propomos uma intervenção quando um bebê
apresenta transtornos psicossomáticos, de
desenvolvimento ou em situação de risco psíquico”
(BARBOSA, 2007, p.73)

- “...coisa morna e pequenina carente de um passado


próprio e repleto de promessas de futuro [...] e o que
o diferencia de outros objetos é a sua particular
receptividade às marcas do simbólico e ao peculiar
efeito que estas produzem nele...” (CORIAT,1997,
p.75, 92).
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REFERÊNCIAS
• Coriat, E. (1997). Psicanálise e clínica de bebês. Porto Alegre, RS: Artes e
Ofícios.
• Barbosa, D. C. (2007). Da concepção ao nascimento, a razão da intervenção
precoce. Estilos Clínica: Revista sobre a Infância com Problemas, 12(23),68-77.
• ELIACHEFF, Caroline; GOLDFEDER, Sonia. Corpos que gritam: a
psicanálise com bebês. Editora Ática, 1995.
• LACAN, J. Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise. In: Escritos.
Editora: Jorge Zahar Ed. 1998
• ELIA, Luciano. O conceito de sujeito. Psicanálise passo a passo. 50. ed. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

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• KUPFER, Maria Cristina Machado et al. Valor preditivo de
indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil: um
estudo a partir da teoria psicanalítica. Revista Latinoamericana de
Psicopatologia Fundamental, v. 13, n. 1, p. 31-52, 2010.
• FREUD, S. Uma Dificuldade no Caminho da Psicanálise (1917).
Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, Vol.
XVI. Rio de Janeiro: Ed. Imago, Rio de Janeiro, 2006
• PARLATO-OLIVEIRA, E. O bebê e as tramas da Linguagem. São
Paulo: Instituto Langage, 2022

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OBRIGADA
karinacampos.psicologa.@gmail.com
@psic_karinastaglianocampos

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