“A emoção mais antiga e mais intensa da humanidade é o medo, e o mais antigo e intenso dos medos é o medo ao desconhecido”. “o relato sobrenatural sobreviveu e se desenvolveu (…) porque se fundamenta em um princípio profundo e elementar”, de caráter universal, que é justamente o medo. Pode parecer estranho, mas o sentir medo de propósito é um dos motivos pelos quais adoramos histórias de terror. O filósofo Aristóteles tinha uma teoria sobre porque os humanos anseiam tanto pela escuridão: a “catarse”. Nela, uma pessoa intencionalmente vê (ou nesse caso lê) uma situação que a deixa com medo ou desconfortável. Aristóteles concluiu que por meio da representação no palco de eventos dolorosos, o evento primeiro Aristóteles, 384 a.C. – 322 a.C. desperta em seu público as emoções negativas de medo e piedade e, então, permite a expulsão ou purgação dessas emoções no próprio público. No mercado literário, as histórias de terror chegaram em 1794 com a publicação de “O castelo de Otranto”, de Horace Walpole. Foi seguido de perto por “Frankenstein”, de Mary Shelley (1818) e “Drácula”, de Bram Stoker (1897). A partir das sementes plantadas por esses textos, nasceu o gênero terror. Hoje, ele continua em alta pelas mãos de Stephen King e muitos outros autores. O gótico tem muito a ver com a ambientação das histórias. Nas narrativas góticas entramos em antigos castelos e casarões, que podem estar abandonados, ter passagens secretas, ruídos inexplicáveis, pinturas que parecem observar quem por elas passa. Também pode envolver cemitérios, ruelas desertas, igrejas ou florestas, principalmente à noite ou em meio a tempestades e neblina. Histórias de vários gêneros podem ser góticas. O terror é um dos gêneros de histórias possíveis que utiliza-se do gótico. Costuma ser uma sensação de temor referente a algo, alguém ou algum evento, ainda não ocorrido ou não encontrado, ou seja, cuja iminência se mostra presente na mente do personagem, de forma a permear a atmosfera da narrativa, o que faz do terror um gênero mais conectado ao medo psicológico. Já o horror é causado por algo que nos choca, algo a qual ficamos sem reação, congelados no tempo, horrorizados: o que em geral é causado pelo vislumbre de algo graficamente assustador, seja no outro ou em si mesmo, o que pode ser relacionado a abnormalidades físicas repentinas, como mutilações, ações de violência extrema, cenas de carnificina que causem repugnância. O horror é causado pelo choque do qual não se pode retornar, enquanto que o terror é o estado de alerta a temer a possibilidade do horror. Embora o tema evoque o sobrenatural, ele trata de coisas mundanas, o que Edgar Allan Poe chamou de “O ímpeto da perversidade”. Edgar Allan Poe foi um escritor americano, o primeiro escritor a conseguir sobreviver do dinheiro da sua escrita (embora nunca tenha conseguido administrá-lo bem). Foi também o primeiro autor de contos de terror e horror do mercado literário. Integrou o Romantismo norte-americano fortemente influenciado pelas características do que no Brasil chamamos de Mal do Século. Credita-se a ele, também, influência nos gêneros detetivescos e de ficção científica. Baltmore, Maryland, EUA