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Ma.

Evelyn de Oliveira
UCDB/PSICOLOGIA
2016 - B
As funções de contato são meios através dos quais o
contato pode ser obtido e é através da corrupção
destas funções que o contato pode ser bloqueado ou
evitado, sendo elas os nossos cinco sentidos: olhar,
escutar, tocar, cheirar, sentir o gosto, mais a linguagem
e o movimento

No contato, existe uma carga de excitação na pessoa


que culmina num senso de engajamento total com
qualquer coisa que seja interessante e necessária no
momento para ela, no meio.
Nossas funções de contato são recursos que temos
disponíveis para o contato com o mundo, através delas
a pessoa também se expressa ao mundo, inclusive
quanto às dificuldades ou impossibilidades
momentâneas de fazer contato com ele e com o que há
de novo nele.
Todas as funções de contato são vulneráveis à
diminuição do impacto, por meio do distanciamento
pessoal, pela inércia ou pelo desinteresse, ou por
causa de desenvolvimentos técnicos inevitáveis.
 Na psicoterapia, quando o cliente descreve seu
campo vivencial, é possível perceber que uma ou
algumas possibilidades de contato ou não são
utilizadas ou o são restritamente, ou ainda são
utilizadas de forma equivocada.
Fazemos 2 tipos de contato com o olhar: contato
evidencial e contato por-si-mesmo.
No contato evidencial o olhar proporciona a
orientação para acontecimentos ou ações que têm
um alcance maior do que o ato de olhar em si.
Quando predomina o contato evidencial, a vida fica
muito prática. Ex: Eu olho para a tela do computador
enquanto digito para saber se o faço corretamente.
Esta função evidencial obviamente é fundamental
para a nossa vida.
No Contato por-si-mesmo o olhar é atento, é curioso
e sensível, sem que haja uma objetividade ou
relação de praticidade para que ocorra.
 Olhar para os lados: é uma forma de defletir o contato
visual.
 Olhar fixamente: é o bloqueio que está no extremo oposto
e possibilita que a pessoa bloqueie o contato por meio do
enrijecimento da musculatura ocular.
 O olhar fixo dá a impressão de uma pessoa envolvida num
contato intenso, mas na realidade este é um contato
morto, como acontece quando os braços ficam
entorpecidos depois de segurar alguém fortemente por um
longo tempo ou algum tempo. É o equivalente visual de
dizer as mesmas palavras repetidamente até que elas se
transformam em linguagem inarticulada e perdem o
impacto
A resolução básica para o olhar fixo é recuperar a
vontade de ver e sentir os efeitos do olhar. Aprender
a ver o terapeuta é um auxilio nesse processo.
O paciente precisa: ser capaz de sondar toda a
extensão de possibilidades visuais representadas por
seu terapeuta
Ver o ambiente terapêutico.
Aprender que, qualquer coisa que exista, ele tem o
direito de ver e que ao fazer isso ele aprende a “abrir
os olhos” o que significa ser uma unidade, e também
ser visto como tal. Assim os olhos que se apertam
para não chorar, podem finalmente chorar e os
músculos contraídos podem permitir que a pessoa
veja e seja vista novamente.
 Uma pessoa pergunta ao terapeuta: “ Como você pode
sentar-se aí, ouvindo pessoas o dia inteiro?”. Ele explica:
“Quem ouve?”.
 Essa conversa revela o sentimento, bastante comum, de
que ouvir como um ato por si mesmo, não relacionado a
outras formas de experiência, se torna tedioso e um esforço
intolerável, mesmo quando você é pago para fazê-lo.
 Entretanto ouvir pode ser um processo muito ativo e aberto.
Alguém que está de fato ouvindo está avidamente
recebendo os sons que entram em si, como num concerto,
por exemplo. Esse é um intenso processo que com
frequência é considerado de segunda categoria em
comparação com o comportamento obviamente mais ativo
de falar ou de fazer outros sons.
 As pessoas aprendem que não devem interromper quem está
falando, e assim escutam-se mutuamente, tentando
principalmente manter ambas as partes de si mesmas atuando –
o ouvinte e o interruptor; aparentando, geralmente, estarem
escutando, embora na realidade estejam somente esperando a
sua vez ou a chance de falar;
Completar frases, divagar, sintetizar, ficar se ouvindo
enquanto o outro fala;
Como trabalhar no sentido de restaurar a atenção e
focar no processo e escutar ?
Pedir ao cliente que escute alguma coisa além das
palavras que estão sendo faladas. O que ele escuta
nas palavras da outra pessoa? É sonoro e suave, ou é
um som que chega duro e agressivo? E o tom e a
inflexão: monótono, metálico, sem relevo, ou excitado e
contagiante?

Pedir ao cliente que ele repita aquilo que acabou de
escutar, antes de responder. A outra pessoa tem de
concordar que foi isso o que ela quis dizer, antes de se
dar o próximo passo na conversa. Para um Gestalt-
terapeuta é muito importante aprender a escutar além
das palavras;
 A maneira mais óbvia de fazer contato é através do
toque;
 Porém, o toque é carregado de tabus; quando as
crianças tocam alguma coisa que não se permite que
elas toquem, elas podem receber tapas nas mãos ou ir
embora sentindo que sujaram aquilo que tocaram.
 E, aprendem assim, a serem cautelosas e a terem medo
do tocar.
 Na Psicoterapia, a restauração do toque é um meio de
completar importantes situações inacabadas. A
imediaticidade do toque rompe as camadas intelectuais,
levando até aos conteúdos pessoais mais profundos.
Nós, Gestalt-terapeutas não temos a intenção de
impedir que as pessoas digam “não” ao toque, mas,
nós sempre estaremos estimulando-as para o
contato com o seu “não”.
Quando uma pessoa tem medo de se aproximar de
outra pessoa, embora deseje muito, porque isto
poderia levar ao toque, ela está criando um vazio
entre o que ela é e o que ela poderia ser.
Quando maior o vazio, menores as possibilidades de
a pessoa experienciar sua nutrição afetiva no meio.
 Como uma função de contato, o falar possui duas
dimensões: Voz e Linguagem
 Voz – a voz humana é uma poderoso recurso expressivo.
Porém às vezes perdemos o contato com ela, por infinitos
motivos, tais como: “deveriaísmo”, polidez, querer parecer
ser, situações inacabadas. etc.
 Além da função expressiva a voz possui também direção e
momentum. Imagine a voz como possuindo um alvo que a
pessoa quer atingir através do som. Pode a voz chegar
como agressiva e nunca atingir o alvo, poderá chegar
harmoniosamente e ser bem recebida.
 As palavras de algumas pessoas caem em algum lugar
entre quem fala e quem escuta, algumas passam
diretamente por quem escuta, dão voltas ou vão além do
ouvinte, e algumas fazem exatamente o contato certo, novo
e direto.
 A situação também cria diferenças no contato da voz. As
vozes de algumas pessoas são melhores para a conversa
íntima, não se projetando muito longe. Outras pessoas
funcionam melhor em público e em grandes situações
(Grandes oradores).
 Linguagem: A linguagem é um dos agentes
potencialmente mais poderosos para a efetivação do
contato. Vigor, colorido, pungência, simplicidade,
diretividade: todas estas, como também outras
características da linguagem, podem determinar se você
está agindo assim com outras pessoas.
 Hábitos Linguísticos:
Os hábitos linguísticos de uma pessoa nos dizem muito
a seu respeito, como também sobre aquilo que ela está
tentando dizer.
Algumas são parcimoniosas com suas palavras,
medindo cuidadosamente cada palavra que dizem;
outras despejam torrentes de palavras, como água que
cai e em seguida desaparece sem deixar qualquer sinal;
ou como chuva de bijouterias coloridas e brilhantes,
encobrindo sua aparência enganosa, ou nos deliciando
com seu brilho e generosidade. Algumas omitem
pronomes pessoais, etc.
 Circunlóquio: Forma de enfraquecer as possibilidades de
contato da linguagem. As pessoas que demonstram a
necessidade de estar totalmente certas ou de esgotar
todos ao aspectos que poderiam ter qualquer relação
com aquilo que dizem, estão muito enrolados em seu
próprio processo interno, e sentem muita dificuldade em
lidar com o inacabado.
 Jargão : é um truque lingüístico que faz com que as
pessoas não trabalhem para fazer contato; é como comida
enlatada, um produto acabado, que não é tão ruim se você
suprimir seu próprio paladar.
 Dizer o que se quer dizer é um magnífico ato de criação
facilmente negligenciado pelo fato das pessoas falarem
tanto.
 As palavras nunca são exatamente as mesmas para duas
pessoas diferentes e, nem mesmo para uma mesma
pessoa em circunstâncias diferentes.
.
 Superexplicar: jogo lingüístico que retira o valor da
incerteza do contato. A pessoa tenta ficar dos dois lados
no jogo, explicando o que a outra pessoa deve escutar e
como deve interpretar o que escutou. Uma pessoa que
sempre conta a história toda, qualquer que seja o seu
relato, cria um vazio total, porque não existe nada a ser
dito quando ela pára de falar.
Repetir-se: é uma forma de neutralizar o contato.
Quando a pessoa imagina que a primeira coisa que foi
dita não conseguiu estabelecer contato, e acha que
talvez a sua repetição possa fazê-lo.
 Sim, mas- Neutralizador de contato. Perls dizia que nunca
escutava o que vinha antes do mas. “Gostaria muito de ir
esta noite mas estou ocupado”.
 Fica mais compreensível se você deixar de lado o que
anteceder o mas, ou se você encurtar a frase e pedir a
pessoa que diga simplesmente: “Não posso ir” ou “Não
irei”.
 O resto é só um processo de amaciamento e isola o tema
principal da afirmação. Quando a linguagem da pessoa
envolve o uso de isolantes, torna-se difícil saber qual é a
mensagem real, até para a própria pessoa.
 Sim, Mas é um sinal para que fique mais alerta do que
em geral para discernir a verdade essencial da afirmação.
 Os movimentos tanto podem facilitar quanto interromper ou
impedir o contato. A focalização do movimento revela tanto
a ação desimpedida, fluida, de uma pessoa que alimenta a
atividade em que está empenhada, quanto a ação
desajeitada, desgraciosa, que é a transigência entre um
impulso e a sua inibição.
 A maneira de sentar de uma pessoa revela muito sobre o
contato que ela está propensa a estabelecer.
 Pequenos detalhes do gesto e do movimento, também
podem ser reveladores. Ex. Um ouvinte que faz sinais de
aprovação com a cabeça afirma e acentua o seu
sentimento de contato com a pessoa que está falando,
ou então o seu gesto pode ser uma rejeição confluente;
pessoas que dizem sim e a cabeça e a expressão facial
dizem não.
 As sensações de cheiro e de gosto lamentavelmente são
relegadas a segundo plano como funções de contato.
 Sentir o gosto é um ato avaliador, que delibera se um
alimento é aceitável ou não. E sentir o gosto é tanto uma
estimulação quanto uma recompensa para o comer.
 A capacidade de fazer boas discriminações em qualquer
modalidade sensorial, aumenta as chances de melhor
contato com o meio em busca de satisfação para as
necessidades. Quando a pessoa abandona o contato,
simples e básico, disponível no ato de degustar comida,
ela está a um passo de desvalorizar o contato em geral.
 O olfato é uma das mais primitivas funções de contato, e
provavelmente também a mais desprezada. Nos animais o
olfato é um dos sentidos mais estabelecedores de contato
e no homem, não.
POLSTER, Erning; POLSTER, Miriam. Gestalt-Terapia
integrada. São Paulo: Summus Editorial, 2001.

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