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HISTÓRIA DAS

POLÍTICAS DE SAÚDE
BUCAL NO BRASIL

Aline Blaya Martins


Brasil Colônia
 Produção de açucar/cana- Negros e índios
enfrentavam dores de origem dentárias através de
ervas e ritos próprios.

 Mestres cirurgiões e barbeiros- curavam através de


cirurgia, sangravam e tiravam dentes;
 1521 Carta-ofício de Barbeiro.

 1631 Carta, precedida da “confirmação” de 2 anos de


experiência como barbeiro.
Brasil Império
 1808- Família Real chega ao Brasil;
 1811- 1ª “Carta de Dentista” autorização para tirar dentes.
 Autores relatam que a assistência odontológica se realizava no
âmbito das Forças Armadas;
 1856- Exame para Dentista na Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro;
 Até o início da década de 1880 Santas Casas de Misericórdia
mantinham gabinetes odontológicos;
Brasil Império

 25 de Outubro de 1884- Decreto 9.311- Foram criados os


cursos de Odontologia nas Faculdades de Medicina do Rio de
Janeiro e da Bahia;
 Metade do Século XIX praticavam no Brasil as artes de barbeiro,
sangrados e dentista, além dos cirurgiões. A distinção entre eles
deu-se gradativamente.
 Função do Estado: regulamentação, assistência essencial na área
militar e assitência pública somente em instituições filantrópicas.
REPÚBLICA

 1889- PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA


Produção de Café- Melhoria das condições sanitárias nas
áreas vitais para a economia: Portos, ferrovias e
estradas;
Abraham Flexner (1866-1959) William Jonh Gies (1872-
1956)
Em 1910 escreveu o Relatório
Flexner e revolucionou a Escreveu em 1926 um Relatório
formação médica. sobre Educação Odontológica
nos Estados Unidos e Canadá.
Recomendações de Gies:
 Ênfase nas ciências biológicas e clínicas;

 Progressiva agregação tecnológica com especialização


precoce;

 Adoções de práticas curativo-cirurgicas e reabilitadoras


como modelo preferencial de intervenção sobre
indivíduos e doenças;

 Eleição do mercado privado como locus privilegiado do


exercício profissional.
Impacto do Relatório Gies:

“...até o século passado [XIX] a


Odontologia propriamente dita não
existia(...) Com o advento da
restauração dos dentes cariados com
chumbo, surgiu a odontologia, ciência
e arte de conservar e corrigir dentes”

Tebyriçá (1928) apud Botazzo(2000)


...”as práticas de saúde
bucal começaram a ser
introduzidas nos sistemas
públicos de forma tímida,
se comparada as práticas
sanitaristas do começo do
século XX, numa prática
meio que caritativa de
assistência a crianças
pobres, não se
identificando nas práticas
de saúde pública”... Toledo,
http://www.aims-health.net/GroupDentists.jpeg 1995
REPÚBLICA

1923-1930

Nascimento da previdência social


no Brasil - CAPS
REPÚBLICA
 Revolução de 1930- Era Vargas/Estado Novo- transformação
definitiva de sistema de regulamentação educacional e profissional
no Brasil; Criação do Ministério da Educação e Saúde Pública;

Odontologia de Mercado

 1934- O exercício da Odontologia deixou de ser permitido a quem


não fosse diplomado por escola federal ou equiparada;
 Crescimento econômico, urbanização e
industrialização;

 Odontologia de Mercado- Assistência dentária


oferecida somente aos trabalhadores privados urbanos
segurados utilizando, porém, a contratação de serviços
profissionais privados;

 Práticas complexas, concentradas em tecnologia


sofisticada;

 Expansão dos cursos de Odontologia.


 Aumento do nº de CD no Brasil;

 Criação em 1964 do
e de alguns CROs.

 1966 a lei 5.081 regulamentou o exercício da


Odontologia no território brasileiro;

 No entanto, não há melhoras nas condições de


saúde bucal dos brasileiros, que neste período já é
tido como: Campeão mundial de desdentados.
REPÚBLICA

1930-1945 (Vargas)
Sanitarismo Campanhista- CAPS

1945-1966 (Dutra, Vargas, Jucelino, Jânio, Castelo


Branco)
Sanitarismo Desenvolvimentista – IAPS
1966- INPS
Políticas... de Saúde Bucal...
Rede Pública
 1912-1951
Inspetor Dentário
Serviço Dentário Escolar
Dispensário de Assistência Dentária Escolar

Abordagem individual sem diagnóstico

planejamento
programação em bases populacionais
1952-SESP (Serviço Especial de Saúde Pública)
1º Programa de Odontologia Sanitária no BR
SISTEMA INCREMENTAL (USA)

Eliminação de necessidades básicas de tratamento


(exodontias e restaurações, essencialmente)
Grupo denominado compulsório,
tratamento completado inicial (TC-I)
Uma vez realizado o TC-I.
Grupo denominado de manutenção.
tratamentos de manutenção (TC-M)

Até que a criança seja excluída da população-alvo.


...Foi desenvolvido para ser aplicado em
quaisquer populações...
Mas, tornou-se modelo de assistência aos
escolares de 6 a 14 anos de idade.
Sistema Incremental: contraponto ao
sistema de livre demanda utilizado pela
odontologia nas décadas anteriores
Resultados
tratamentos completados em escolares

não houve redução do índice de CPOD

Elementos cariados substituídos pelos Restaurados.


Os recursos preventivos do
Sistema Incremental

Fluoretação da água de abastecimento

Aplicações tópicas de fluoreto de sódio a 2%


nas crianças com idades de 7, 10 e 13 anos .

...24/5/74... Lei 6.050 Lei de Fluretação das


águas
1964-1985 GOVERNOS MILITARES
1966-INPS
Metade da Dec.70 - INAMPS
Fim dos anos 70- Início do processo
de abertura no país.
DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA
Setembro de 1978, foi realizada em Alma-Ata, URSS, a Conferência
Internacional sobre Atenção Primária à Saúde (OMS/UNICEF).
A Conferência Internacional sobre Atenção Primária à Saúde —
considerando a necessidade de ação urgente por parte de todos os
governos e de todos que trabalham no campo da saúde, declarou :

Saúde é um direito humano fundamental


...1974 a meados de 1980...

Diante de novos conhecimentos sobre a


prevenção e o controle da cárie, das discussões acerca
do atendimento odontológico prestado pelo Estado e
dos resultados epidemiológicos insatisfatórios em todo o
Brasil, novas opções programáticas surgiram, como a
Odontologia Integral, a qual se baseava inicialmente no
modelo incremental, mas que sofreu uma série de
alterações.
Os modelos de Odontologia Incremental
Modificada e Odontologia Simplificada enfatizam a
prevenção, reconhececiam a cárie como doença
infecto-contagiosa, instituiam o retorno programado
para manutenção preventiva e utilizavam a idéia de
equipe odontológica, formada pelo cirurgião-dentista,
pelo técnico de higienização dentária e pelo auxiliar
de consultório dentário.
Odontologia Simplificada
Objetivo de simplificar a
tecnologia, diminuir custos
e ampliar o acesso a um
número maior de pessoas.

http://pdt12.locaweb.com.br/paginas.asp?id=231

Lógica centrada no processo


saúde-doença (Curativo). http://pdt12.locaweb.com.br/paginas.asp?id=231
Simplificação da Odontologia e a
construção da Odontologia Integral

 Ênfase na prevenção.
Objetivo: Reverter indicadores epidemiológicos
 Diminuição de passos clínicos sem prejuízo a

qualidade;
 Delegação de funções, desmonopolização do
conhecimento e democratização da odontologia (THD
e ACD);
 Racionalização do espaço físico;

Custo
Oferta e acesso
Heranças da
Odontologia Integral

 Busca por reverter indicadores epidemiológicos;


 Atendimento clínico programado – Ampliação do

Acesso ;
Consonância com a Reforma Sanitária- Início da
consciência de “Saúde para todos”. (Cria-se terceiro
turno, em Curitiba, rompe-se a lógica de atendimento
exclusivo a escolares – No entanto, permanecem os
tratamentos continuados);
Heranças da
Odontologia Integral

 Primordios de participação comunitária (Curitiba)


 Criação dos 1os Centros de Referência de Especialidades-
Busca pela “Odontologia Integral”(Curitiba);
 Conceitos iniciais de territorialização/diagnóstico
situacional;
 Equipes multiprofissionais (THD, ACD).
 Programa Inversão da Atenção –
Atenção curativa adequadora.
(Belo Horizonte-MG)

 Programação Centrada nas UBS –


Saída das Escolas.
Programação em saúde Bucal considerações globais.
(Brasília-DF; São Paulo-SP; Santos-SP; Diadema-SP; Ipatinga-MG;
Belo Horizonte...)

 Atenção Precoce
7ª Conferência Nacional de Saúde
Brasília, 24 a 28 de março de 1980

...”Grupo de debates encarregado de analisar e oferecer


sugestões quanto à participação da odontologia nos serviços
básicos de saúde considerou que o modelo de prática e
assistência odontológica caracterizava-se, em traços gerais, pela
ineficácia, ineficiência, descoordenação, má distribuição, baixa
cobertura, alta complexidade, enfoque curativo, caráter
mercantilista, caráter monopolista e inadequação no preparo de
recursos humanos.”
1984... Diretas já!
Goiânia, 1984

“Proposta de Política Odontológica


Nacional para um Governo Democrático”

Administradores e Técnicos de serviços públicos


reivindicaram o direito de Estados e Municípios de
planejarem e executarem ações de saúde bucal de
acordo com suas respectivas realidades sociais e
econômicas.
8ª Conferência Nacional de Saúde
1ª Conferência Nacional de Saúde Bucal
Brasília, 10 a 12 de outubro de 1986

Participantes: CD, THD, ACD, acadêmicos e usuários;

Eixos de discussão:
 Saúde como Direito de Todos e Dever do Estado;

 Diagnóstico de Saúde Bucal;

 Reforma Sanitária: “Inserção da Saúde Bucal no


Sistema Único de Saúde” e Financiamento do Setor
Saúde Bucal.
Constituição Cidadã 1988
Fim do Regime Ditatorial

SUS

Art.196-200

 Lei 8080
 Lei 8142
INAMPS
1988- Ministério Departamento de
Odontologia
da Previdência e
Assistência Programa Nacional de
Social Controle da Cárie Dental
com o Uso de Selantes e
Flúor (PNCCSF)
Descentralização /
municipalização =
Programa Nacional de
Prevenção da Cárie
1989- Dental (PRECAD)
Ministério da
Previdência e Política Nacional de
Assistência Saúde Bucal
Social
Eleições Diretas
 Plano Qüinqüenal de Saúde
1990-1995-
“A Saúde do Brasil Novo”

 Não há política específica de


Saúde Bucal (Metas para
cárie, DP e câncer).

 Portaria 184/91
Procedimentos Coletivos no
SIA-SUS
1990-1992
Seguindo modelos Canadenses e Cubanos...
Agentes Comunitários

No Brasil a implantação do PACS, surge em 1991.


Baseado em experiências anteriores bem sucedidas,
constituindo-se em uma estratégia que agrega idéias de
proporcionar à população o acesso e a universalização do
atendimento à saúde, descentralizando as ações.
1992-1994

1994- Surgimento do
Programa de Saúde da
Família
2ª Conferência Nacional de Saúde Bucal
Brasília, 25 a 27de setembro de 1993
Participantes: CD, THD, ACD, acadêmicos e usuários;

Eixos de discussão:
Saúde Bucal como Direito de Cidadania;

Um novo modelo de Atenção em Saúde Bucal;

Recursos Humanos;

Financiamento;

Controle Social

“Usuários exigem sua cidadania e não abrem mão de saúde


bucal”.

“Resposta da sociedade organizada de não aceitar uma situação


iatrogênica, excludente e ineficaz”.
1995-2002
Poucos avanços na Política
Nacional de Saúde Bucal;

 Implementação do PSF

 PAB como mecanismo de


construção de experiências
exitosas em Saúde Bucal.
PROGRAMA DE SAÚDE DA
FAMÍLIA

O PSF iniciou-se no Brasil como estratégia no ano de


1994, por meio de uma parceria entre o MS e o
UNICEF.

 Estratégia de reorganização da Atenção Básica;

 Base no Modelo Tecnoassistencial de Vigilância à


Saúde.
Equipe de Saúde Bucal
 Portaria 1.444/00 MS.
 Incentivo financeiro para reorganização da atenção à Saúde
Bucal prestada nos municípios que tenham aderido ao PSF.
2003-2010

NOVAS
PERSPECTIVAS...

Política de Saúde
Bucal no Brasil
Inclusão da Saúde
Bucal na ESF

 Portaria GM/MS n.º 1.444/00 foi alterada afim de


igualar o número de equipes de Saúde Bucal(ESB) e as
equipes de Saúde da Família (ESF) através da Portaria
GM/MS nº 673/03

 Aumento do incentivo para as Equipes de Saúde Bucal


da Família através da Portaria GM/MS Nº 74 de 20 de
janeiro de 2004
Portaria GM/MS Nº 74 de 20 de janeiro de 2004

 Modalidade I – Passou de R$ 15.600,00 para R$ 20.400,00


anuais/equipe
Equipe formada por Cirurgião-Dentista e Atendente de
Consultório Dentário

 Modalidade II – Passou de R$ 19.200,00 para R$ 26.400,00


anuais/equipe
Equipe formada por Cirurgião-Dentista, Atendente de
Consultório Dentário e Técnico em Higiene Dental
AMPLIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO
DA ATENÇÃO BÁSICA

AMPLIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DA
ATENÇÃO SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA

ESF
3ª Conferência
Nacional de Saúde
Bucal
Brasília, 29 de julho a
1º de agosto de 2004

Eixos de discussão:
 Educação e construção da cidadania;

 Controle Social e Gestão Participativa e Saúde Bucal;

 Formação e Trabalho em Saúde Bucal;

 Financiamento e Organização da Atenção em Saúde Bucal;


3ª Conferência
Nacional de Saúde
Bucal
Brasília, 29 de julho a
1º de agosto de 2004

“As condições de Saúde Bucal e o estado dos dentes


foram considerados sinais de exclusão social e de
precárias condições de vida de milhões de pessoas em
todo país”.
2011...
DILMA ROUSSEFF

...
ESF x ESB

31.736

27.324

18.749
16.698
14.535

3.819

2002 2007 2011


Ministério aumenta recursos para a
saúde bucal
14 de junho de 2012
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou nesta terça-feira
(12) portaria que reajusta o repasse de recursos para implantação e
custeio de Centros de Especialidades Odontológicas (CEO). Com o
reajuste, os recursos para custeio terão impacto financeiro de R$ 35
milhões ao ano. Atualmente, o Ministério da Saúde repassa R$ 92
milhões ao ano para o custeio dos CEOs. Com a assinatura da
portaria, estes recursos serão de R$ 132 milhões ao ano.
Para a implantação dos CEOs, o reajuste é de 50%. O objetivo é
financiar a adequação das unidades e a compra de equipamentos. De
acordo com a tabela da Coordenação Geral de Saúde Bucal, do
Ministério da Saúde, para os CEOs com até três cadeiras
odontológicas (tipo I), o recurso aumentará de R$ 40 mil para R$ 60
mil. Já os centros com quatro e seis cadeiras (tipo II) passarão a
receber R$ 75 mil, sendo que hoje o valor é de R$ 50 mil. Para os
CEOs com mais de sete cadeiras (tipo III), o incentivo, que é de R$
80 mil, chegará a R$ 120 mil.
 NARVAI PC, FRAZÃO S. Políticas de saúde bucal. In: MOYSES, ST.
Saúde Bucal Das Famílias - Trabalhando com Evidências . 1ª Edição -
2008. Pag 1-20.Editora:ARTES MEDICAS.
 BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica n0 17: Saúde
Bucal. Brasília DF: 2006.
 PEREIRA, AC; RONCALLI, AG. O desenvolvimento das políticas
públicas de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de Saúde. In:
Antonio Carlos Pereira. (Org.). Odontologia em Saúde Coletiva:
planejando ações e promovendo saúde. Porto Alegre: Atmed, 2003, v. , p.
28-49.
 BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes da Politica Nacional de Saúde
Bucal. Brasília DF: 2006.
 BRASIL. A política nacional de saúde bucal do Brasil: registro de uma
conquista histórica. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2006.
 MENDES, Eugênio Vilaça. A reforma sanitária e a educação odontológica.
Cad. Saúde Pública [online]. 1986, vol.2, n.4, pp. 533-552. ISSN 0102-
311X. doi: 10.1590/S0102-311X1986000400012.

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