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Revolução

Francesa –
Historiografia e
Cinema
Análise sobre o contexto histórico,
forças políticas, objetivos e resultados
da Revolução
Fontes Historiográficas
• HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções –
1989-1848. 22.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2007. Cap.1. O mundo na década de 1780
(p.23-48).
Fontes Historiográficas
• CHARTIER, Roger. Origens culturais da
Revolução Francesa. São Paulo:
EdUNESP,2009. Cap.8-As revoluções têm
origens culturais? p.245-275.
Fontes Historiográficas
• HUNT, Lynn. Política, Cultura e Classe na
Revolução Francesa. São Paulo: Companhia
das Letras, 2007. Cap.5.A nova classe política -
p. 178-210
Fonte
Cinematográfica
• Filme A MARSELHESA. Uma
crônica da Revolução Francesa.
Direção Jean Renoir. França,
1938.Duração131min.
Contexto histórico
Um mundo em expansão e um mundo em crise
O pequeno mundo do século XVIII
• O mundo no século XVIII era menor do que o nosso:

• “[...] a terra abrigava somente uma fração da população de hoje; provavelmente não muito mais que
um terço” (HOBSBAWM, 2007)
• “Se a população era menor, também era menor a efetiva colonização humana” (HOBSBAWM, 2007)
• “A humanidade era menor ainda em um
terceiro aspecto: os europeus, no geral,
eram nitidamente mais baixos e mais
leves do que hoje” (HOBSBAWM,
2007).
O grande mundo do século XVIII
• Ao mesmo tempo, o mundo no século XVIII era maior do que o nosso:

• “Ainda assim, se o mundo era em muitos aspectos menor, a simples dificuldade ou incerteza das
comunicações faziam-no praticamente maio que é hoje” (HOBSBAWM, 2007)

• “O mundo em 1789 era, portanto, para a maioria dos seus habitantes, incalculavelmente grande. A
maioria deles, a não ser que fossem arrancados da sua terrinha por algum terrível acontecimento, como
o recrutamento militar, viviam e morriam no distrito ou mesmo na paróquia onde nasceram”
(HOBSBAWM, 2007)
Um mundo de monarquias
• “Com exceção da Grã-Bretanha [...], as monarquias absolutas reinavam em todos os Estados em
funcionamento no continente europeu; aqueles em que elas não governavam ruíram devido à
anarquia e foram tragados por seus vizinhos [...]” (HOBSBAWM, 2007)
O rural e o urbano no século XVIII
• “O mundo em 1789 era essencialmente rural e é impossível entendê-lo sem assimilar este fato
fundamental” (HOBSBAWM, 2007)

• “[...] o termo “urbano” também inclui a multidão de pequenas cidades de província, onde se
encontrava realmente a maioria dos habitantes urbanos [...] foi também destas cidades que saíram os
jovens e ardentes ambiciosos para fazer fortuna ou revoluções” (HOBSBAWM, 2007)
O problema agrário
• “A cidade provinciana de fins do século XVIII podia ser uma próspera comunidade em expansão [...]
Mas essa prosperidade vinha do campo” (HOBSBAWM, 2007)
• “E o ponto crucial do problema agrário era a relação entre os que cultivavam a terra e os que a
possuíam, os que produziam sua riqueza e os que a acumulavam” (HOBSBAWM, 2007)
A ordem feudal
• “Para um trabalhador ou camponês, qualquer pessoa que possuísse uma propriedade era um
“cavalheiro” e membro da classe dominante [...] o status de nobre ou de gentil-homem [...] era
inconcebível sem uma propriedade” (HOBSBAWM, 2007)

• “[...] a ordem feudal implícita nessa maneira de pensar estava ainda muito viva politicamente, embora
fosse cada vez mais obsoleta em termos econômicos [...] sua própria obsolescência econômica [...]
levava a aristocracia a explorar com intensidade cada vez maior seu único bem econômico
inalienável, os privilégios de status e de nascimento” (HOBSBAWM, 2007)
O crescimento do comércio
• “O mundo agrícola era lerdo [...] Já os mundos do comércio e das manufaturas, e as atividades
intelectuais e tecnológicas que os acompanhavam, eram seguros de si e dinâmicos, e as classes que
deles se beneficiavam eram ativas, determinadas e otimistas” (HOBSBAWM, 2007)

• “[...] as atividades comerciais e manufatureiras floresciam de forma exuberante” (HOBSBAWM,


2007)
O conflito latente
• “Havia assim um conflito latente, que logo se tornaria aberto entre as forças da velha e da nova
sociedade “burguesa”, que não podia ser resolvido dentro da estrutura dos regimes políticos
existentes, exceto, é claro, onde estes regimes já incorporassem o triunfo burguês, como na Grã-
Bretanha” (HOBSBAWM, 2007)
A linguagem do Direito
• “Na França, os recursos linguísticos da lei e dos procedimentos jurídicos ajudaram a transformar
conflitos específicos, localizados, de natureza privada, em causas gerais e públicas” (CHARTIER,
2009, p. 250)”
As forças políticas
A aristocracia, a burguesia e o povo
A burguesia
Contra a aristocracia
A Corte e a cidade
• “[...] a Corte francesa manteve-se uma força poderosa para fixar o imaginário coletivo ou instilar nele
alguma rejeição. Os boletins e libelos espalhavam uma imagem negativa de uma Corte que era
destrutiva e depravada” (CHARTIER, 2009, p. 258)

• [...] depois de 1750, e talvez mesmo antes, uma atitude crítica passou a existir dentro de um largo
segmento da população francesa [...] essa nova atitude induziu o povo a abandonar suas ações
tradicionais, rejeitar a obediência inculcada e perceber fontes de poder antes vistas como objetivos de
admiração e reverência de forma mais desligada, irônica ou desconfiada” (CHARTIER, 2009, p.
268)
Intelectuais frustrados e radicalismo político
• “[...] diversos exemplos regionais confirmam um desequilíbrio criado pelo aumento do número de
bacharéis em direito” (CHARTIER, 2009, p. 271)
• “Advogados sem causa e escritores sem emprego haviam organizado seus futuros com base numa
representação obsoleta do valor de um diploma universitário ou de uma prova de talento [...] O colapso
de uma ordem tão contrária à justa recompensa ao mérito e ao talento era facilmente aceito e até
me ardentemente desejado” (CHARTIER, 2009, p. 274)
O iluminismo
• “Uma verdadeira revolução precisa de ideias para abastecê-la – sem ideias existe apenas uma
rebelião ou um golpe de Estado” (CHARTIER, 2009, p. 245)
Uma revolução burguesa?
• “Não é propriamente correto chamarmos o “iluminismo” de uma ideologia de classe média,
embora houvesse muitos iluministas – e foram eles os politicamente decisivos – que assumiram
como verdadeira a proposição de que a sociedade livre seria uma sociedade capitalista”
(HOBSBAWM, 2007)
Quem foram os revolucionários?
• Interpretação Marxista: militantes empenhados, unidos pela perspectiva social, e com objetivos políticos
comuns – a República, a Democracia e contra o Antigo Regime;
• Interpretação Revisionista: defendem a existência de uma variedade de grupos sem definição social
específica. Profissionais liberais e altos funcionários régios decadentes;
• Interpretação Político-Culturalista: formada por uma nova classe política, definida por suas participações
em grupos sociais divididos por localização geográfica, identidades sociais e laços e valores culturais, não
compondo um bloco monolítico, mas ligados pela ruptura social e política com o Antigo Regime.

(HUNT, 2007, p. 178, 179)


O povo
• “A Revolução Francesa foi feita, de várias maneiras, por milhares de pessoas [...] A Revolução não foi
feita por um punhado de excêntricos e malucos seguindo um roteiro escrito por brilhantes
estrategistas da capital.” (HUNT, 2007, p. 205)
O baixo clero
Religião e política
• “Na França do século XVIII [...] um profundo desligamento dos ensinamentos, proibições e
instituições do cristianismo preparou a revolução” (CHARTIER, 2009, p. 248)
• “[...] o jansenismo usou a religião como base para uma crítica radical tanto do despotismo
eclesiástico como do ministerial, que, ao menos em alguns lugares (Paris é um exemplo), acostumou
as pessoas a não confiar nas autoridades constituídas”. (CHARTIER, 2009, p. 268)
Objetivos
• “A Revolução Francesa foi feita, de várias maneiras, por milhares de pessoas. Algumas se rebelaram
em protesto contra preços altos, outras fizeram manifestações em nome de causas políticas que
defendiam” (HUNT, 2007, p. 205)

• Os revolucionários estavam unidos, principalmente, pelo desprezo ao Antigo Regime; embora ideais
iluministas, como a liberdade e o republicanismo fossem também muito comuns para parte dos
revolucionários.
Resultados
• “[...] a nova classe política não foi socialmente homogênea. Advogados dominaram a política nacional
e regional, comerciantes, artesãos e lojistas destacaram-se nas cidades, e uma mistura de camponeses,
artesãos e pequenos comerciantes governou os povoados. [...] Os nobres praticamente
desapareceram da política após 1792” (HUNT, 2007, p. 197)

• “[...] a Revolução deu acesso político a grupos que anteriormente estavam excluídos por razões
sociais [...]” (HUNT, 2007, p. 200)
Universidade Federal de Mato Grosso
Instituto de Geografia, História e Documentação
Departamento de História
Curso de Licenciatura em História
Trabalho apresentado como atividade avaliativa da disciplina “História Contemporânea”
Professor: Dr. Cândido Moreira Rodrigues

Yuri Oliveira Furquim


RGA: 202115132001

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