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A Teoria Geral do Crime

(Gottfredson e Hirschi)

Considerado um modelo teórico integrador, partiu da necessidade de diferenciar os


actos delituosos dos indivíduos delinquentes, foca-se nas restrições, a nível pessoal ou
social, para o cometimento do crime.
Consideram a possibilidade de diminuir a taxa de criminalidade através da redução das
oportunidades para o crime, embora tal não seja possível em relação ao número de
pessoas com tendências criminosas.
Tem como conceito-chave o auto-controlo, considerado um elemento de força
estabilizadora, cuja ausência promove elevadas probabilidades de se cometer um
crime. Sendo o crime, uma consequência pela ausência do controlo social de
vinculação de normas convencionais.
O baixo auto-controlo, tendo como componentes certas características precoces nos
indivíduos, tais como, temperamento difícil e impulsividade. Está associado a
indivíduos que não se preocupam com resultados a médio ou longo prazo, apenas
tendo como prioridade acções de resultados gratificantes imediatos, centrando-se
apenas no “aqui e agora”. Tendem a ser guiados pela impulsividade o que se resume
em comportamentos pouco planeados e consequentemente, o dano e sofrimento de
terceiros. Orientam-se pela “lei do menor esforço”, busca constante de sensações
excitantes, instabilidade nas relações interpessoais, défice de competências cognitivas
e escolares, egoísmo e insensibilidade perante o sofrimento dos outros e não se
preocupam com as consequências dos seus actos.
Segundo os autores, o auto-controlo é uma característica inata nos indivíduos,
assumindo que se trata de um traço estável de personalidade, embora diversos estudos
contraditórios presumissem que o seu poder preditivo diminuía, com a idade, em
relação à delinquência.
Importa referir a possibilidade que existe de pessoas dotadas de auto-controlo
poderem violar a lei, enquanto que as com baixo auto-controlo poderão não o fazer.
Este constructo tem como influência directa as práticas familiares que promovem a
sua socialização ou que, por outro lado, enfraquecem os laços sociais. A ausência de
crenças pró-sociais, do envolvimento em tarefas socialmente relevantes e a não
obrigatoriedade para o cumprimento de normas.
Em suma, esta teoria podendo-se considerar de certa forma tautológica, torna-se
indispensável distinguir as variáveis dependentes das independentes, ou seja, os
resultados do baixo auto-controlo das facetas do mesmo. Ignora aspectos culturais,
ambientais ou económicos na explicação do crime, bem como, o papel das crenças
morais na sua legitimação, centrando-se apenas nas diferenças individuais para o
cometimento do mesmo. Não foi provada a estabilidade do auto-controlo, existindo
estudos que sustentem o contrário e ainda, a existência de uma contrariedade em
contextos culturais, relativamente a estereótipos de comportamento tais como, o
envolvimento em relacionamentos extra-conjugais e o vicio do tabaco.

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