Este documento discute a união homoafetiva e sua semelhança conceitual com a união estável. Argumenta que o tratamento igualitário é exigido pela Constituição e que decisões judiciais vêm reconhecendo a união homoafetiva, esperando que os legisladores regulamentem tal união para garantir a pacificação social.
Descrição original:
Autor: Orestes Nicolini Netto: Pós-graduando em Processo Civil e Direito Civil pela UNISAL
Título original
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA
Este documento discute a união homoafetiva e sua semelhança conceitual com a união estável. Argumenta que o tratamento igualitário é exigido pela Constituição e que decisões judiciais vêm reconhecendo a união homoafetiva, esperando que os legisladores regulamentem tal união para garantir a pacificação social.
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Este documento discute a união homoafetiva e sua semelhança conceitual com a união estável. Argumenta que o tratamento igualitário é exigido pela Constituição e que decisões judiciais vêm reconhecendo a união homoafetiva, esperando que os legisladores regulamentem tal união para garantir a pacificação social.
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BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA
Orestes Nicolini Netto
A união homoafetiva é a convivência de duas pessoas do mesmo sexo com
características típicas de um relacionamento público e duradouro, assemelhando-se conceitualmente à união estável. O artigo 1723 do Código Civil define a união estável como sendo uma “relação não eventual, pública e duradoura, entre e homem e mulher, com o objetivo de constituir família”. Não se deve olvidar que o artigo 1º, inciso III da Constituição Federal consagra o principio da dignidade humana. Este princípio impõe a todos de forma incondicional, respeito à pessoa humana, independente de raça, cor, posição social, ou quaisquer outros atributos imputados pela sociedade. Ainda, o artigo 5º, inciso I da Carta Magna, preceitua a isonomia entre homens e mulheres, significando que todos são iguais perante a Lei, sendo inadmissível tratamento desigual aos que ocupem as mesmas situações de fato. A consequência lógica do que foi dito acima nos leva a concluir que no relacionamento homoafetivo, o tratamento há de ser isonômico, caso contrário restará evidente a discriminação, o que é manifestamente repudiada pelos dispositivos Constitucionais acima referidos. Ademais, muitos hão de convir que a condição dos pares homoafetivos só a eles interessa porquanto sujeitos da relação que, reitera-se, é uma convivência substancialmente afetiva. Tratando-se, portanto, de interesse exclusivamente particular, em que a ingerência Estatal só se justifica apenas no que diz respeito a sua função essencial que é a de regular e dirimir eventuais conflitos que lhes se apresentem. Outro aspecto não menos importante a ser considerado é o fato de que o Legislador constituinte, ao elaborar a Carta Magna de 1.988 e com a intenção de tutelar a entidade familiar, preceituou em seu artigo 226, parágrafo 3º, in verbis: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 3º: Para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. Parece-nos evidente a existência da antinomia entre o parágrafo 3º do artigo 226 que tutela a união estável entre o homem e a mulher com os dispositivos constitucionais protetivos dos direitos fundamentais antes comentados. Sabe-se que o direito é dinâmico, pois, as relações humanas são dotadas de uma complexa malha de valores principiológicos os quais fomentam nos indivíduos formas diferentes de pensar e agir. É comum também que certos agrupamentos humanos sofram a hegemonia de outros agrupamentos com valores culturais diferentes, sendo aqueles agrupamentos suscetíveis aos influxos dos valores destes, terminando por estabelecer padrões de condutas aceitos por todos. É por esse motivo que o direito é dinâmico, porquanto as mutações ocorridas nos agrupamentos humanos obrigam-no, outrossim, a mudar seus conceitos jurídicos, subsumindo-os a essas mudanças. Por outro lado, a referida antinomia dos dispositivos constitucionais tem sido ao longo do tempo mitigada por decisões judiciais favorecendo a união homoafetiva, notadamente os tribunais Gaúchos que têm posição de vanguarda quando se trata do ”Direito de Família”. Na esteira desse pioneirismo cito aqui a Ilustra Dra.Maria Berenice Dias, outrora Desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, sendo ela a criadora da expressão “homoafetividade”. No ano de 2000, lançou o livro: União homossexual, o preconceito & a Justiça, buscando a inclusão das uniões homoafetivas no âmbito do Direito das Famílias1. Espera-se, portanto, e que isso ocorra brevemente, venham os nossos legisladores, sensíveis a esta realidade, regulamentar de vez a união homoafetiva, garantindo dessa forma a efetiva pacificação social.
Orestes Nicolini Netto: Pós-graduando em Processo Civil e Direito Civil pela UNISAL