Você está na página 1de 12

LOJA MAÇÔNICA CHERUB

A ORIENTE DE DUQUE DE CAXIAS – RJ


G∴ O∴ M∴ E∴ B∴

O TEMPLO MAÇÔNICO
POR

MARLANFE MICHAELIS ROCHA DE OLIVEIRA


I – O Templo e a Loja

Denomina-se Loja a sociedade de Maçons,


como organismo de construção moral, social e
especulativa. Na Loja se reúnem os irmãos para seu
trabalho fraternal e em benefício da humanidade.
A Loja simboliza o mundo, o universo em
que vivemos, representa o grande infinito. Sendo
assim, a Loja tem por comprimento a distância do
Oriente ao Ocidente, a largura do Norte ao Sul, a
altura do Nadir ao Zênite. A Loja em que os maçons se reúnem deve satisfazer
determinadas exigências arquitetônicas, com a devida ornamentação, inclusive o
pavimento, mosaico em preto e branco, com a estrela flamígera e a borda denteada. A
luz penetra por três janelas, ao Oriente, ao Sul e a Oeste; mobiliário, jóias, móveis e
imóveis, a Carta Constitutiva, e um mínimo de sete obreiros, Oficiais, para a abertura
dos trabalhos.
Além, da Câmara das Reflexões, local onde é recolhido o profano, antes de ser
introduzido no Templo, um prédio maçônico compõe-se de três partes essenciais, a
saber:
• A Sala dos Passos Perdidos, onde ficam os Irmãos e Visitantes antes do início das
sessões. Ali pode-se conversar livremente e realizar atividades de recreação dos
Maçons;
• Átrio ou Vestíbulo, local que precede o Templo, onde ficam as estrelas para
recepção das Autoridades;
• Templo, local com decoração apropriada à sua finalidade e símbolos de conteúdo
universal. Em circunstâncias especialíssimas, sob a devida autorização, a Loja
poderá reunir-se fora do Templo conservando, simbolicamente, esta denominação.
II – Origem e Significado do Templo

Templo, é em geral, o nome atribuído ao local das


reuniões dos membros de instituições iniciáticas, como é
o caso da Maçonaria. Cada grau, dentro da Maçonaria,
possui um painel próprio, contendo elementos que
devem figurar no Templo em que se reunem as Lojas.
Antigamente, na falta de um local apropriado,
realizava-se a reunião onde fosse possível, sendo a
configuração do painel feita através de um desenho de
giz, no solo. Este desenho era apagado ao final da
sessão. Assim, segundo Boucher, o Templo “é a
realização material do painel da Loja. Simbolicamente , é orientado como as igrejas: a
entrada no Ocidente, o sólio do Venerável no Oriente, o lado direito ao Meio-Dia e o
lado esquerdo no Setentrião”.
A Maçonaria trata em seu simbolismo do Templo Humano, um templo
espiritual, edificado no coração e na mente do Maçom, isto é no seu corpo e na sua
alma, para recolhimento do Bem, do Amor Fraternal, da Beneficência e da Concórdia.
Lê-se em João, II, 18-21 : “...‘Destruí este templo e em três dias eu o construirei de
novo’...”, adiante o evangelista esclarece: “Ele dizia isto a respeito do templo de seu
corpo”, e ainda em Coríntios, III, 16-17: “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o
Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá.
Porque o templo de Deus – que sois vós – é sagrado.”.
O Grau 4º da Maçonaria do Real Arco reverencia todos os acontecimentos
referentes aos dois templos: o de Salomão e o de Zorobabel.
O Templo Maçônico retrata alguns dados arquitetônicos do templo que Salomão
mandou erigir em Jerusalém, na colina do Monte Moriah, citado na Bíblia, para com os
referidos dados perpetuar seus ensinamentos sobre simbolismo. Maçonicamente, é um
templo apenas simbólico, uma imagem representativa do Universo, com suas
maravilhas, e serve a ensino ministrado em Loja. Este primeiro Templo, também
denominado Templo Santo, foi destruído pelo exército de Nabucodonosor, no ano
décimo-primeiro do reinado de Sedécias, que foi o 21º rei da raça de David, fato
referenciado Grau 15º do R∴ E∴ A∴ A∴ . A história da construção, bem como a
descrição detalhada do Templo de Salomão podem ser lidas no Primeiro Livro dos Reis
(1 REIS, V, 15 - VIII, 13).
Denomina-se Maçonaria Salomônica os graus atribuídos a Salomão, ou relacionados
com a construção do Templo de Jerusalém, e Colunas Salomônicas as duas colunas
situadas à entrada do Templo (B e J).
Salomão, nono filho de Davi, com Betsabéa, foi o terceiro rei do povo hebreu,
tendo sucedido a seu pai. Governou por cerca de 40 anos, seu governo constitui-se num
período de paz, de trabalho e prosperidade para Israel. Sua sabedoria tornou-se lendária
em todo o Oriente, pois elevou à glória a monarquia israelita e construiu o Templo de
Jerusalém. Edificou as muralhas da cidade e ampliou o cultivo das artes e das ciências.
Seu nome acha-se ligado à ritualística maçônica, através de inúmeras lendas, e dos
Graus 14º e 27º do R∴ E∴ A∴ A∴ , e 69º do Rito de Misraim, entre outros. Seu nome,
de shalomon, de shalôm, significa “Paz, Pacífico, Santidade”.
O Templo de Zerubabel, ou Zorobabel tinha o dobro das dimensões do primeiro.
Afirma-se em relato bíblico que esta construção levou vinte e um anos devido à
oposição dos samaritanos, ressentidos com os judeus desde a divisão do reino, cerca do
ano 976 a.C.
No R∴ E∴ A∴ A∴ o Grau 15º faz alusão à construção do segundo Templo.
III – Simbolismo no Templo
Segundo Caldas Aulete, “símbolo” é uma figura ou imagem, que serve
para designar algo, seja por meio do desenho, pintura ou escultura, seja por meio de
expressões figuradas, objeto físico qualquer, com uma significação convencional.
Podemos encontrar símbolos associados à raça humana desde seu surgimento, na
verdade estes constituem sinais produzidos conscientemente de sua presença em cada
região habitada do planeta. A utilização dos símbolos remonta à origem das civilizações
registrando a história em seus fatos e sintetizando as idéias que nortearam as gerações.
Um mesmo símbolo pode abrir espaço a várias interpretações, assim como uma
mesma coisa pode ser representada por vários símbolos. Seu mecanismo é a analogia
intuitiva, a grande finalidade é a expressão do conhecimento que não pode ser reduzido
a uma forma racionalmente compreensível ao homem.
São encontrados, inseridos no contexto do templo maçônico, entre outros, os
símbolos seguintes:
• O Delta Luminoso

No alfabeto grego encontramos o delta como a quarta letra, D, sendo sua figura o
triângulo equilátero. Segundo Diaz de Carvalho, uma, ou mesmo duas linhas
geométricas não podem representar um corpo absolutamente perfeito, entretanto três
linhas, ao se unirem, formam a primeira figura regular e perfeita, a primeira perfeição.
Nenhuma figura tem maior utilização na simbologia maçônica, por vezes representado
por três pontos.
Tal como exposto por Ramée, o o triângulo, composto por três linhas e três ângulos,
forma um todo completo e indivisível. Todos os outros polígonos se subdividem em
triângulos e são compostos por triângulos, o que faz deste o tipo primitivo, base à
construção de todas as superfícies. Para os simbolistas os três ângulos representam
Sabedoria, Força e Beleza, atributos de Deus, e também Sal, Enxofre e Mercúrio,
segundo os hermetistas, princípios da obra de Deus. Os três ângulos representam ainda
os três reinos da natureza, mineral, vegetal e animal, e as três fases da revolução
perpétua, Nascimento, Vida e Morte, revolução que Deus governa sem ser governado.
O triângulo representa a Tríade ou Trindade, Triada, em grego, Trindadem,
em latim, Trimurti, em sânscrito. Para os cristãos, Pai, Filho, Espírito Santo.
A letra delta e o sentido que carrega originou a palavra Deus no sânscrito,
Diaus, e nas línguas latinas, Dia e Deus, tal como chegaram até nós. Em grego, devido a
razões de pronúncia, o vocábulo, escreve-se Théos.
Baseado neste polígono, é composto o Delta Luminoso, encontrado sobre o trono
ocupado pelo Venerável, e ainda no avental do Príncipe de Jerusalém (título conferido
ao grau 45º do Rito de Misraim), tal como no barrete do Grande Sacrificador (Grau 23º
do R∴ E∴ A∴ A∴ ). No centro do triângulo é encontrado o Olho Onividente (“Olho
que tudo vê”), símbolo da consciência de Deus sobre tudo o que existe, ou, em certas
lojas, a letra G. Esta letra G, que também aparece em meio às hastes do Compasso
combinado com o Esquadro e no centro da Estrela Flamejante está associada ao nome
de Deus em vários idiomas como God, em inglês, Gott, em alemão, Gud, em sueco,
Gada, em persa, e ainda às palavras Gnose, Grande, Geração, Glória, Geometria,
Gravidade, Gênio, entre outras.
Podendo ser centrado também pelo tetragrama IHVH, iniciais da palavra sagrada, para
os hebreus, associada à Divindade, o Delta Luminoso representa o mais alto poder, a
sapiência, a verdadeira luz.

• O Sol e A Lua
Localizados no retábulo ou painel do Oriente, atrás do altar do Venerável Mestre,
representam, segundo Wirth, as seguintes idéias:
Sol Ouro, luz direta, razão, discernir, inventar, descobrir,
trabalhar, dar, mandar, fundar, criar, engedrar,
fecundação, Jaquim.
Lua Prata, claridade refratada, imaginação, crer, assimilar,
compreender, sentir, receber, obedecer, conservar,
manter, conceber, gestação, Boaz.
A Lua é representada em seu quarto crescente, indicando ao maçon o dever de aumentar
o conhecimento que recebe, assim como, sua propriedade de reflexão indica ao maçon o
dever de retransmitir o conhecimento adquirido.
O Sol e a Lua iluminam o mundo, assim como o maçon, captando por intuição a
Verdade Divina, Luz Suprema, ilumina o mundo
Deus é a Luz e a Verdade Supremas. O maçon recebe esta Luz e esta Verdade através
do seu pensamento e as transmite através de sua palavra do mesmo modo que estes
astros trazem ao mundo físico a Luz imaterial do Cristo.
O Venerável Mestre Maçon reúne em si as propriedades desses dois astros.

• A Estátua de Minerva
Minerva, de acordo com a mitologia, simboliza a sabedoria e demais atributos
superiores. Filha de Júpiter (Zeus), era chamada pelos gregos Atena ou Palas. Aparece
no painel da Câmara de Reflexões do Grau 2º, na Maçonaria Egípcia do Grão-Copto
(Cagliostro). Por vezes sua estatueta aparece sobre a coluna jônica, no Oriente da Loja,
onde se coloca o Venerável e deve reinar a Sabedoria. Representa o primeiro dos três
S’s, Sapientia.

• A Estátua de Hércules
Hércules, de acordo com a mitologia, simboliza a força. Filho de Júpiter e de Alcmena.
Sua estatueta aparece sobre a coluna dórica, junto ao 1º Vigilante. Representa o segundo
dos três S’s, Salus.

• A Estátua de Vênus
Vênus, de acordo com a mitologia, simboliza a beleza, em termos maçônicos esta beleza
refere-se ao conceito moral. Em algumas lojas aparece em vez da coluna Coríntia, sobre
o altar do 2º Vigilante. Representa o terceiro dos três S’s, Stabilitas.
• O Livro Sagrado
É assim chamado o volume colocado sobre o Altar dos Juramentos, ou ainda Livro da
Lei, ou Livro da Sabedoria. Para os Cristãos, a Bíblia; para os hebreus, o Talmude ou
o Antigo Testamento; para os muçulmanos, o Alcorão; para os adeptos do bramanismo,
os Vedas; para os masdeístas ou seguidores de Saratustra, ou Zoroastro, o Zenda-
Avestá.

• A Estrela Flamejante

• O Esquadro

• O Compasso

• O Pavimento Mosaico
• A Pedra Bruta

• A Pedra Cúbica

• O Prumo

• O Maço

• O Cinzel
• O Nível

• O Mar de Bronze

• As Duas Colunas

• Os Signos Zodiacais

• A Corda de Oitenta e Um Nós

• A Constelação
Bibliografia

DICIONÁRIO ILUSTRADO DE MAÇONARIA


Santos, Sebastião Dodel dos
Biblioteca Maçônica, 1984

RITUAL DE MAÇONS ANTIGOS, LIVRES E ACEITOS – GRAU DE APRENDIZ-MAÇOM


Segundo o Sistema do Rito Brasileiro
Grande Oriente do Brasil
Or∴ do Rio de Janeiro – Brasil, 1980 E∴ V∴

SIMBOLOGIA MAÇÔNICA - VOLUME I


Magalhães, Augusto Franklin Ribeiro de
Rio de Janeiro, 1976

BÍBLIA – MENSAGEM DE DEUS (PRIMEIRO LIVRO DOS REIS)


L E B - Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1989

A LEI DE MOISÉS E AS “HAFTAROT”


Tradução, explicações e comentários pelo Rabino Meir Masliah Melamed
S. Cohen & Cia Ltda., 1968

A FRANCO-MAÇONARIA – HISTÓRIA E INICIAÇÃO


Christian Jacq
DIFEL, Rio de Janeiro, 1977

ALQUIMIA – INTRODUÇÃO AO SIMBOLISMO E À PSICOLOGIA


Marie-Louise Von Franz
CULTRIX, São Paulo, 1993

Você também pode gostar