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Pedido de Restituição
Pedido de Restituição
DOS FATOS
No dia 08/02/2013, o motorista, NOME, foi preso em flagrante por transportar 320.500
(trezentos e vinte mil e quinhentos) maços de cigarro, cuja origem supostamente seria
internacional e que tal importação não estaria autorizada.
DO DIREITO
PRELIMINARMENTE
Dessa forma, a empresa Requerida é parte ilegítima para figurar no polo passivo, nos
termos do art. 267, VI, do CPC, visto que não houve nexo causal entre a conduta do
agente e o resultado danoso à Administração pública, ou seja, a falta de pagamento do
imposto e a autorização para importação, o que afasta de forma unânime qualquer tipo
de responsabilidade, inclusive, a objetiva.
Portanto, requer-se que seja acatada a preliminar de ilegitimidade passiva “ad causa”,
reconhecendo não ser parte legitima a empresa acima mencionada, bem como exclui-la
da responsabilidade do pagamento da multa aplicada no valor de R$ 641.000,00
(seiscentos e quarenta e um mil reais), restituindo-se o veículo MERCEDES-BENZ, cor
amarela, placas GKU-0000, por ausência das condições fáticas ao lançamento do
crédito tributário (multa) contra a referida empresa.
DO JULGAMENTO ANTECIPADO
Ainda, diante do exposto, pela fundamentação e prova documental já juntada, e por não
depreender de prova testemunhal, requer a Vossa Excelência seja julgada de forma
antecipada pela exclusão da responsabilidade da multa e imediata restituição do bem
móvel, também, pelo motivo de o bem não estar em posse da empresa Requerida, a
longa data.
DO MÉRITO
Na sequência, o veículo foi locado para o locatório, Sr. NOME COMPLETO, na data
05/06/2010 à 05/06/2011, o qual também não adimpliu o contrato de locação em sua
integralidade, entregando o veículo, sem completar o contrato.
Depois, o veículo foi locado para o locatário, Sr. NOME COMPLETO, desde a data de
20/02/2011 até 20/08/2011, que ao término devolveu o veículo nas exatas condições do
início do contrato, apesar deste contrato não estar assinado, foi exercido em sua
totalidade.
Assim, o veículo ficou sem alugar por alguns meses quando o locatário, Sr. NOME
COMPLETO, voltou a locar o veículo na data de 25/03/2012 à 25/03/2013, conforme
cópias dos contratos em anexo.
Ocorre que o locatário, NOME COMPLETO, sempre cumpriu com os pagamentos dos
aluguéis em dia, honrando assim o acordo firmado, criando uma relação de confiança e
boa fé entre as partes contratantes.
Isto posto, a empresa Requerida não contribuiu em nenhum momento para consecução
da prática delituosa de contrabando e descaminho de cigarro e, muito menos, tirou
algum proveito econômico de tal infração, e, ainda, no sentido de evitar o envolvimento
de seu veículo em ilícitos, firmou de forma expressa cláusula proibitiva de transporte de
produtos ilícitos, conforme a CLÁUSULA TERCEIRA do contrato, in verbis:
Assim, a legislação aduaneira é clara no sentido que apenas quem contribua para o
cometimento da infração punível com multa e perdimento será responsabilizado, uma
vez provada a boa fé da empresa em tela e que o contrato de locação é lícito, na forma
da lei, fica evidente que a empresa Requerida não contribuiu em nada para efetivação da
infração, e ainda, buscou com a cláusula proibitiva de transporte de produtos ilícitos
coibir a prática delituosa, firmando-se o princípio constitucional da função social da
propriedade e do contrato ora avençado.
Nos termos do art. 104, inciso V, do Decreto-Lei n° 37/66, in verbis:
(…)
(…)
Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código Penal não poderão ser
restituídas, mesmo depois de transitar em julgado a sentença final, salvo se pertencerem
ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Neste mesmo sentido, aduz o artigo 120 do mesmo preceito legal, vejamos:
Art. 120 – A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial
ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do
reclamante.
§ 4º – Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as partes
para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário ou do
próprio terceiro que as detinha, se for pessoa idônea.
Por ser a empresa Requerente alheia aos fatos investigados e não restar dúvida quanto a
sua propriedade, é necessário que se faça o devido desbloqueio, para que possa, assim,
voltar a usufruir e gozar de sua propriedade, o veículo objeto da presente ação, não é
fruto do crime, e nem era sabido que era mal utilizado, a sua restituição e desbloqueio
não afetará o livre desenvolvimento da justiça.
Existe grande possibilidade de a empresa, NOME DA EMPRESA, ter sido criada para
maquilar tais operações fraudulentas, visto que a inscrição de seus atos constitutivos é
datado no dia 27/06/2012, relativamente, recente para um empresa estar envolvida com
ilícitos de tamanha monta, enquanto que a empresa Requerida teve seus atos
constitutivos datados do dia 17/12/1999, ou seja, está no mercado a quase 15 (quinze)
anos, não é esperado que uma empresa com vários anos no ramo moveleiro, venha
desempenhar práticas ilegais como a de contrabando e descaminho.
Deste modo, frisa-se a empresa Requerida não é responsável nem proporcionou meios
para prática da infração punível, nem nunca soube da prática infamante destes agentes,
pois que seu contrato de locação era de aplicação em objetos lícitos.
Promover os meios de devolução do veículo de propriedade empresa Requerente
representa o mais cristalino mandamento constitucional do devido processo legal, que
providência os meios de defesa proporcionais ao agravo, o qual está plasmado no art. 5º,
inciso LIV da Constituição Federal de 1988, in verbis:
“LIV – ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;”
Diante disso, a empresa Requerida, por agora conhecer dos fatos ocorridos com veículo,
vem perante Vossa Excelência providenciar de pronto o pedido de restituição judicial do
bem apreendido, juntamente com a impugnação administrativa, que corre em seu curso.
Além disso, busca-se através deste procedimento demonstrar que a empresa Requerida
não incorreu em dolo, culpa e nem existiu nexo causalidade de sua parte no evento
danoso, havendo, desta feita, a necessidade de se demonstrar que não houve
responsabilidade do proprietário veículo nesta prática delituosa.
Não se pode olvidar, também, que a sanção, mesmo administrativa, não pode alcançar
senão o contribuinte infrator e, em matéria tributária, os responsáveis, assim, delineados
em lei, inexistindo liame justificador a possibilitar à aplicação da lei ao proprietário sem
perquirir da sua participação no ilícito tributário.
Outrossim, é inegável que a empresa Requerida não agiu com dolo, pois que não obteve
vantagem nenhuma, muito menos, econômica, também, não há que se falar em culpa in
elegendo ou in vigilando, visto que a empresa mantinha contratos não superiores a um
ano, existindo vigilância, e que o bem móvel vinha sendo locado a longa data para o
locatário, Sr. NOME COMPLETO, que nunca demonstrou nenhuma suspeita de estar
utilizando de forma indevida o veículo.
Nem mesmo houve nexo causal entre a conduta delituosa dos agentes infratores e o
evento danoso, relacionados com a empresa, Requerida, sendo assim, não estão
presentes os elementos essenciais para configuração da responsabilidade civil no
sistema pátrio brasileiro.
O fato de não haver nexo causal entre a conduta da empresa Requerida e a infração
penal de contrabando e descaminho, também, afasta qualquer suposta responsabilidade
objetiva de tal empresa.
Neste caso, responsabilização a qualquer custa geraria uma grave injustiça, ferindo,
frontalmente, os princípios constitucionais da função social das pessoas jurídicas de
direito privado, pois que a execução de tal multa provocaria a imediata falta de recursos
para que a empresa Requerida continue suas atividades, que não tem capital para
suportar as sanções impostas pelo lançamento da multa tributária, pondo seus
funcionários à porta da rua.
Aduz que as provas da presente impugnação demonstram a sua boa-fé, sendo que,
no tocante ao fato de o móvel ter sido usado com desvio de finalidade ou mau uso, sem
seu consentimento, visto que se tratava de uma relação de confiança, que vinha sendo
exercida sem máculas da parte do locatário por anos.
Assevera, ainda, que efetuou a locação do caminhão de forma regular, tendo tomado
todas as cautelas exigíveis ao contrato, sendo que, a pena de perdimento do veículo deve
ser aplicada quando este conduzir mercadoria sujeita a perdimento, se pertencente
ao responsável por infração punível com essa penalidade. Com base em tal argumento, a
empresa Requerida entende que o veículo deve ser liberado, pois é de sua propriedade e
ficou provado que ela nada tem a ver com os fatos delituosos.
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
(…)
(…)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(…)
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
(…)
II – propriedade privada;
A empresa Requerida é pessoa jurídica de direito privado com boa reputação, que está
no mercado há muitos anos, tem um nome a zelar e, de forma alguma, busca patrocinar
quadrilhas de contrabandistas.
DO PEDIDO
Diante dos argumentos de direito e dos fatos expostos, requer-se digne Vossa
Excelência em:
Receber a o presente pedido de restituição de coisa apreendida para determinar que seja
acatado, preliminarmente, a ilegitimidade “ad causam” por ser a parte ilegítima para
figurar no polo passivo do auto de infração aduaneiro, bem como conceder a tutela
antecipada, oficiando a Receita Federal Brasileira para que a mesma providencie a baixa
da multa no R$ 641.000,00 (seiscentos e quarenta e um mil reais) e a imediata
restituição do veículo MERCEDES-BENS, cor amarela, placas GKU-0000, cuja
propriedade é da empresa Reclamada, para o amparo da mais pura e cristalina justiça.
Nestes termos,
Pede Deferimento