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AO DOUTO (A) JUÍZO (A) DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE PORTO

VELHO – RO

Lxxxxxxxo, brasileira, viú va, cozinheira, inscrita no CPF sob n. -04 e RG. 28 SSP/RO,
residente e domiciliada na Rua n. , Bairro , na cidade de Porto Velho/RO CEP: 760, por
intermédio de seu advogado, mediante instrumento procurató rio incluso (doc.1), com
endereço profissional declinado ao rodapé, onde recebe as correspondências de estilo, vem,
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no vigente Có digo Civil e
demais normas aplicá veis a espécie, propor a seguinte:
AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER TRANSFERÊ NCIA DE VEÍCULO COM PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA
em desfavor de A, brasileiro, estado civil sem informaçã o, empresá rio, portador da
RG:SSP/MA, e inscrito no CPF -04, PROPRIETÁ RIO das empresas S, CNPJ: 14, Endereço: -
Bairro: , Cidade: o - CEP: 7, e-mail: , telefones: (69) 39 e CNPJ: 15, Rua , - , 70 Po.
I- PRELIMINARMENTE
a) DA JUSTIÇA GRATUITA
Preliminarmente, a autora na forma da Lei 1.060/50, com alteraçõ es advindas das leis
7.510/86 e 7.871/89, e do art. 5º, da LXXIV, da Constituiçã o Federal do Brasil de 1.988,
pleiteia os benefícios da justiça gratuita, por nã o poder arcar com as despesas cartoriais e
honorá rios advocatícios, sem comprometer seu sustento e de sua família.
b) DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO ( CPC, art. 319, inc. VII da Lei 13.105/2015);
A autora opta pela nã o realizaçã o da audiência de conciliaçã o e mediaçã o tendo em vista
que já se deu em Juízo Arbitral, desta feita de acordo com o art. 334. §, a autora manifesta
seu desinteresse na autocomposiçã o conforme segue anexo.
1. RESUMO DOS FATOS
A Requerente informou que apó s o requerido vender o veículo Peugeot 206, PLACA xxx,
RENAVAM xxx, , sabendo que o requerido tinha autorizaçã o para fazer a venda e imediata
transferência do veículo, como de praxe para o tipo de negó cio que a empresa do requerido
praticava, contudo passou a receber notificaçõ es de multas de trâ nsito, causando-lhes
transtorno, nã o bastasse a requerente recebeu uma notificaçã o da 3ª delegacia de polícia –
DP-UNISP/CENTRO, para comparecer e prestar esclarecimentos sobre fatos ocorridos com
o veículo, notificaçã o em anexo.
Informou ainda que procurou a Justiça Arbitral, onde as partes assinaram Termo de
Compromisso Arbitral, e realizada a cessã o conciliató ria, restou acordado que o requerido
pagaria as multas os licenciamentos em abertos bem como a transferência do veículo em
questã o. (doc. Anexo)
O Á rbitro abriu prazo de 08 (oito) dias para pró xima cessã o de instruçã o e julgamento com
a apresentaçã o dos documentos pagos juntamente com a transferência, no entanto, o
requerido abriu um processo no DETRAN, pediu bloqueio do veículo conforme
apresentado.
Apó s prazo aberto pelo Á rbitro para o requerido resolver a questã o da documentaçã o,
houve o pedido de danos morais pela requerente o que foi inviabilizado no ato da
conciliaçã o a requerente pediu que submetesse o processo para ser julgado pela
arbitragem.
O que se deu posteriormente, no entanto com os documentos apresentados pelo requerido
denota-se de que a sentença proferida ficou prejudicada, ou seja, a Á rbitra ao proferir a
sentença nã o notificou o referido ó rgã o (DETRAN/RO) para que o fizesse, vez que, o réu
havia acordado na conciliaçã o arbitral que deveria fazer a transferência.
O que ficou demonstrado é que, o requerido com a apresentaçã o de documentos de
bloqueio do veículo bem como, DUT preenchido em seu nome levou esse juízo a erro em
sua decisã o.
De fato, pode-se entender que houve erro ao proferir a sentença, pois a decisã o foi juntada
ao processo administrativo no DETRAN, solicitando a transferência compulsó ria do veículo
Peugeot 206, PLACA xx, RENAVAM xxx, e o referido Ó rgã o informou a impossibilidade de
atender o pedido tendo em vista nã o haver determinaçã o, razã o pela qual estã o
impossibilitados de atender. (doc. Anexo)
A pretensã o da requerente fundamenta-se no fato de que, já buscou em sede de justiça
arbitral os meios para resoluçã o de seu conflito, bem como, buscou pela transferência de
forma administrativa junto ao DETRAN/RO, sem sucesso, sem mais recursos
administrativo nã o vê outra forma a nã o ser o de buscar abrigo no judiciá rio para que seja
feita a mais lídima justiça.
2. DO DIREITO
Nos termos do Art. 123, § 1º do CTB, o comprador possui a obrigaçã o de efetuar a
transferência do veículo adquirido, junto ao DETRAN, para fins de transferência de todas as
responsabilidades inerentes à propriedade.
Assim nã o agindo, deve recair sobre o Réu o dever de indenizar pelos prejuízos causados,
especialmente quando oriundos da pró pria desídia do Réu.
No caso, o autor teve multas e o imposto de propriedade veicular direcionado ao seu nome,
ou seja, tem-se um dano causado por um ato ilícito, razã o pela qual imputá vel a
responsabilidade ao Réu por disposiçã o clara do Có digo Civil:
Art. 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Cabe destacar que a obrigatoriedade na comunicaçã o da alienaçã o ao DETRAN, tem como
ú nica funçã o a publicidade formal do novo proprietá rio ao Ó rgã o Autuador, mas nã o exime
o Réu, novo proprietá rio, das suas obrigaçõ es civis assumidas no contrato de compra e
venda.
Com esse entendimento do Tribunal de Justiça do Estado de Rondô nia já firmou seu
posicionamento:
“DENUNCIAÇÃ O DA LIDE. OBRIGAÇÃ O DE FAZER. TRANSFERÊ NCIA DE VEÍCULO.
PROCURAÇÃ O. OMISSÃ O. DÉ BITO. INSCRIÇÃ O DÍVIDA ATIVA. PROTESTO. DANO MORAL.
VALOR.
O mandatá rio atua para representar os interesses do outorgante, nos limites dos poderes
que lhe foram conferidos, nã o havendo se falar em denunciaçã o da lide, pois deve
responder nos polos da açã o os titulares da relaçã o jurídica discutida nos autos.
É do adquirente do veículo a responsabilidade por transferir a titularidade do bem no
DETRAN e demais ó rgã os responsá veis, devendo responder pelos danos suportados pelo
antigo proprietá rio, se houver negligência no cumprimento da obrigaçã o.
A inscriçã o em dívida ativa e o protesto do nome do antigo proprietá rio do veículo por
ausência de pagamento de impostos gera dano moral, cujo valor deve ser fixado com
razoabilidade e em quantia suficiente para atingir sua funçã o pedagó gica e punitiva.
Apelaçã o, Processo nº 0005985-75.2011.822.0001, Tribunal de Justiça do Estado de
Rondô nia, 1ª Câ mara Cível, Relator (a) do Acó rdã o: Des. Raduan Miguel Filho, Data de
julgamento: 25/06/2020.
APELAÇÃ O CÍVEL. CONSUMIDOR. TRANSFERÊ NCIA DE VEÍCULO. DANO MORAL.
INDENIZAÇÃ O. VALOR. MINORAÇÃ O.
A concessioná ria que recebeu o ô nus de ser responsá vel pela transferência do veículo e nã o
o faz num prazo de 30 dias, descumprindo o acordado, gera danos morais a serem pagos ao
adquirente.
O arbitramento da indenizaçã o deve ser feito caso a caso, com bom senso, moderaçã o e
razoabilidade, atentando-se à proporcionalidade com relaçã o ao grau de culpa, extensã o e
repercussã o dos danos, à capacidade econô mica, características individuais e o conceito
social das partes, devendo ser reduzido quando nã o observadas tais diretrizes.
APELAÇÃ O CÍVEL, Processo nº 7002746-81.2015.822.0007, Tribunal de Justiça do Estado
de Rondô nia, 2ª Câ mara Cível, Relator (a) do Acó rdã o: Des. Marcos Alaor Diniz Grangeia,
Data de julgamento: 10/07/2019
APELAÇÃ O CÍVEL. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. TRANSFERÊ NCIA. IMPUTAÇÃ O DE
MULTAS E COBRANÇAS AO ANTIGO PROPRIETÁ RIO. DANO MORAL CARACTERIZADO.
VALOR DA INDENIZAÇÃ O. SUFICIENTE PARA O EQUILÍBRIO DA REPARAÇÃ O. RECURSO
NÃ O PROVIDO.
O descumprimento de providência relativa à transferência de veículo no ó rgã o de trâ nsito,
pelo comprador, apó s negociaçã o na qual o proprietá rio outorga poderes para tanto, aliado
à imputaçã o de multas de trâ nsito e cobrança de taxas, caracteriza o dano moral.
Mantém-se o valor da condenaçã o se suficiente para o equilíbrio da reparaçã o, pune o
ofensor e minimiza a ofensa à honra da parte autora, recompondo os danos causados.
Apelaçã o, Processo nº 0023276-54.2012.822.0001, Tribunal de Justiça do Estado de
Rondô nia, 1ª Câ mara Cível, Relator (a) do Acó rdã o: Des. Sansã o Saldanha, Data de
julgamento: 28/08/2019
Nesse mesmo sentido é a compreensã o nos Tribunais:
96726747 - BEM MÓ VEL COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. OBRIGAÇÃ O DE FAZER C.C.
INDENIZAÇÃ O TRANSFERÊ NCIA DA DOCUMENTAÇÃ O JUNTO AO DETRAN E ASSUNÇÃ O
DOS ENCARGOS INCIDENTES SOBRE O VEÍCULO APÓ S A COMPRA ART. 123, § 1º E ART.
134 DO CTB SENTENÇA DE IMPROCEDÊ NCIA APELAÇÃ O RECURSO PROVIDO. I- E
obrigaçã o do vendedor e do comprador, nos termos dos arts. 123, § 1º e 134, do CTB, assim
como da Lei Estadual nº 6.606/89, a comunicaçã o aos ó rgã os de trâ nsito e à Fazenda
Pú blica da transaçã o comercial envolvendo veículos automotores para que as pendências a
partir de entã o que sobre eles recaiam nã o sejam imputadas ao vendedor; II- Deve o
adquirente transferir o registro do veículo para seu nome, sob pena de multa diá ria, assim
como ressarcir o autor nos valores que desembolsou para a quitaçã o dos tributos; III
Concorrendo o réu para que o autor figure no CADIN e como réu em executivo fiscal por
dívida incidente sobre o veículo vendido apó s a transaçã o comercial, caracterizado está o
dano imaterial; IV- Atento à culpa recíproca e aos princípios da proporcionalidade e
razoabilidade, a compensaçã o pelo dano moral é arbitrada em R$ 10.000,00. (TJSP; APL
0010116- 69.2011.8.26.0361; Ac. 8247351; Mogi das Cruzes; Décima Sétima Câ mara
Extraordiná ria de Direito Privado; Rel. Des. Paulo Ayrosa; Julg. 03/03/2015; DJESP
11/03/2015);”
Assim, o novo proprietá rio, além de dever ser obrigado a efetuar a transferência, tem
responsabilidade direta pelos danos causados ao Autor por decorrência legal, a ser
arbitrado por esse juízo se assim entender - Art. 186 do Có digo Civil.
Vale ressaltar que, lá procedimento Arbitral já houve uma indenizaçã o naquela ocasiã o,
conforme juntado aos autos, contudo se pode dizer que o Réu ao deixar de cumprir
com a obrigação devida, neste novo momento há de se avaliar os novos e decorrentes
danos causados pelo fato da desídia do mesmo, a fim de evitar locupletamento ilícito.
3. DA REALIZAÇÃ O DA TRANSFERÊ NCIA
Quanto ao instituto das obrigaçõ es de fazer no Có digo de Processo Civil esclarece que:
Art. 815. Quando o objeto da execuçã o for obrigaçã o de fazer, o executado será citado para
satisfazê-la no prazo que o juiz lhe designar, se outro nã o estiver determinado no título
executivo.
Art. 816. Se o executado nã o satisfazer a obrigaçã o no prazo designado, é lícito ao
exequente, nos pró prios autos do processo, requerer a satisfaçã o da obrigaçã o à custa do
executado ou perdas e danos, hipó tese em que se converterá em indenizaçã o.
Art. 821. Na obrigaçã o de fazer, quando se convencionar que o executado a satisfaça
pessoalmente, o exequente poderá requerer ao juiz que lhe assine prazo para cumpri-la.
Pará grafo ú nico. Havendo recusa ou mora do executado, sua obrigaçã o pessoal será
convertida em perdas e danos, caso em que se observará o procedimento de execuçã o
convertida em perdas e danos, caso em que se observara o procedimento de execuçã o por
quantia certa.
No caso em tela, o valor dos impostos é de R$ 1.523,55 referente aos exercícios de 2020 e
2021 tendo em vista que já acarreta consequências mais graves a requerente em dívida
ativa, ou açõ es na esfera cível, em face da atipicidade na conduçã o do veículo por parte de
terceiro. Conforme extrato emitido em 31 de agosto de 2022:
Também nã o há que se admitir, que se pague por aquilo que nã o deve, e se caso fizer, a
ú nica forma de recuperar o valor é por meio de açã o de repetiçã o de indébito, mais uma
açã o para abarrotar o judiciá rio, porém, adotar esta atitude seria futuro incerto, pois, as
consequências já estã o notoriamente gritantes, ferindo o princípio da economia processual.
Conclui-se que a requerente confiou no requerido, por força do COSTUME DE MERCADO,
utilizou-se da procuraçã o pú blica que lhe dará amplos e totais poderes para que fizesse a
venda e transferência sem necessitar da intervençã o da autora e recibo de compra e venda,
acreditou, que bastasse, a preocupaçã o da requerente se dá pelo fato de ser
responsabilizada solidariamente pelas penalidades impostas pelo artigo 134 do Có digo de
Trâ nsito Brasileiro, se assim deixar o veículo nas mã os do requerido, in verbis:
Artigo 134. No caso de transferência de propriedade, expirado o prazo previsto no § 1º do
art. 123 deste Có digo sem que o novo proprietá rio tenha tomado as providências
necessá rias à efetivaçã o da expediçã o do novo Certificado de Registro de Veículo, o antigo
proprietá rio deverá encaminhar ao ó rgã o executivo de trâ nsito do Estado ou do Distrito
Federal, no prazo de 60 (sessenta) dias, có pia autenticada do comprovante de transferência
de propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar
solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicaçã o.
Parágrafo único. O comprovante de transferência de propriedade de que trata o caput
deste artigo poderá ser substituído por documento eletrô nico com assinatura eletrô nica
vá lida, na forma regulamentada pelo Contran.
Ademais, o có digo de Trâ nsito Brasileiro, em seu artigo 233, impõ e o dever de
transferência do veículo ao adquirente no prazo de 30 (trinta dias), vejamos o teor da
norma:
O artigo 123, inciso I, do Có digo de Trâ nsito Brasileiro estabelece que “Será obrigatória a
expedição de novo Certificado de Registro de Veículo quando for transferida a propriedade”,
sendo previsto, em seu § 1º, o prazo de trinta dias para que o novo proprietá rio adote as
providências necessá rias à efetivaçã o desta obrigaçã o legal.
Requer que Vossa Excelência oficie o DETRAN/RO e a SEFAZ/RO para procederem à
transferência do Veículo, Multas e protestos para o nome do Requerido a contar da data de
assinatura da procuraçã o que lhe dá amplos poderes para assim proceder e do Recibo de
Transferência.
Neste sentido temos;
“AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER. INDENIZAÇÃ O. VEÍCULO. DEVER DE TRANSFERÊ NCIA.
TITULARIDADE NO DETRAN. DANO MORAL. I. Constitui obrigaçã o do comprador a
transferência da titularidade do veículo no Departamento de Trâ nsito, Art. 123, inc. I e § 1º,
do CTB. momento em que assume a responsabilidade pelos encargos sobre ele incidentes.
II. A cobrança de débitos fiscais relativos a período em que o autor nã o mais era
proprietá rio do veículo gera dano moral. III. A valoraçã o da compensaçã o moral deve
observar o princípio da razoabilidade, a gravidade e a repercussã o dos fatos, a intensidade
e os efeitos da lesã o. A sançã o, por sua vez, deve observar a finalidade didá tico-pedagó gica,
evitar valor excessivo ou ínfimo, e objetivar sempre o desestímulo à conduta lesiva.
Minorado o valor fixado pela r. Sentença. lV. Apelaçã o provida. (TJDF; APC
2013.03.1.035305-2; Ac. 945.737; Sexta Turma Cível; Relª Desª Vera Lú cia Andrighi; Julg.
01/06/2016; DJDFTE 15/06/2016);
APELAÇÃ O. AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER. IPVA. Autor que busca a transferência dos
débitos de IPVA e multa referentes aos veículos descritos na inicial para os reais
proprietá rios, com a consequente suspensã o dos equivalentes protestos em seu nome.
Sentença de parcial procedência decretada em primeiro grau. Decisó rio que merece
subsistir. Documentos que comprovaram, de forma inconteste, a venda de alguns veículos
descritos na inicial antes da ocorrência do fato gerador dos débitos de IPVA. Tributo de
natureza real e incide sobre a propriedade do veículo automotor, nos termos do art. 155,
inciso III, da Constituiçã o Federal. Ademais, houve a informaçã o de intençã o de gravame no
Cadastro do Detran, nã o havendo que se falar, portanto, na aplicaçã o da responsabilidade
solidá ria prevista no art. 134. Precedentes. Sentença mantida. Recurso desprovido. (TJSP;
APL 1000553- 59.2015.8.26.0566; Ac. 9497996; Sã o Carlos; Primeira Câ mara de Direito
Pú blico; Rel. Des. Rubens Rihl; Julg. 07/06/2016; DJESP 14/06/2016);
APELAÇÃ O CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃ O ESPECIFICADO. AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE
FAZER. TRANSFERÊ NCIA DE VEÍCULO. OBRIGAÇÃ O DE FAZER. A responsabilidade do
vendedor em comunicar a transferência da propriedade do veículo nã o assegura que o
comprador permaneça inerte. O vendedor tem que fazer a comunicaçã o para os efeitos de
isentar-se da solidariedade em multas e tributos; e ao comprador cabe providenciar a
transferência para o seu nome. - Circunstâ ncia dos autos em que comprovada a compra e
venda se impõ e reconhecer a obrigaçã o do comprador em regularizar a transferência do
veículo. RECURSO PROVIDO. (Apelaçã o Cível Nº 70075460279, Décima Oitava Câ mara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Joã o Moreno Pomar, Julgado em 24/10/2017).
RESPONSABILIDADE CIVIL. VENDA DE VEÍCULO. TRANSFERÊ NCIA NÃ O REALIZADA. IPVA.
DANO MORAL. O comprador possui a obrigaçã o de efetuar a transferência do veículo
adquirido junto DETRAN ( CTB , art. 123 , § 1º). No caso, o autor teve o imposto de
propriedade veicular direcionado ao seu nome. A culpa concorrente do vendedor, que
poderia ter informado o DETRAN, nã o exclui o direito de ser compensado. A violaçã o do
direito da personalidade motiva a reparaçã o do dano moral. O dano moral deve ser
estabelecido com razoabilidade, de modo a servir de lenitivo ao sofrimento da vítima.
Devem ser consideradas as circunstâ ncias expostas nos autos para ser arbitrada a
indenizaçã o. Apelo provido. (Apelaçã o Cível Nº 70074102286, Décima Câ mara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marcelo Cezar Muller, Julgado em 27/07/2017).
AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER – Pretendida transferência administrativa de veículo
automotor – Há prova nos autos de que necessá rio admitir transferência do veículo junto
ao DETRAN-SP, pois declaradamente alienado o bem, sem porém, cumprir a exigência do
art. 134, do CTB – Conquanto a empresa autora seja solidariamente responsá vel pelas
dívidas decorrentes deste veículo antes da propositura desta açã o em que determinado o
seu bloqueio e transferência, sob sua responsabilidade civil e criminal, deve-se considerar
atendido de forma transversa a exigência legal, até para evitar a vinculaçã o eterna do bem
ao seu ex-proprietá rio, expondo-o a toda sorte de abuso por aquele que adquiriu o bem e
nã o efetuou a regular transferência – Precedentes do STJ e desta C. 9ª Câ mara de Direito
Pú blico do TJSP – Procedência parcial da açã o mantida – Recursos oficial e voluntá rios da
empresa autora e da Fazenda do Estado nã o providos. (TJ-SP - APL: XXXXX20158260506
SP XXXXX-02.2015.8.26.0506, Relator: Rebouças de Carvalho, Data de Julgamento:
11/11/2016, 9ª Câ mara de Direito Pú blico, Data de Publicaçã o: 11/11/2016)
4. DA ANTECIPAÇÃ O DA TUTELA
Segundo o có digo de processo civil em seu artigo 300 “A tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”, assim, vejamos:
Bem explica o artigo 497 do Có digo de Processo Civil/15, que o juiz concederá a tutela
específica da obrigaçã o nas açõ es que tenham por objeto o cumprimento de obrigaçã o de
fazer, verbis:
Art. 497. Na açã o que tenha por objeto a prestaçã o de fazer ou de nã o fazer, o juiz, se
procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que
assegurem a obtençã o de tutela pelo resultado prá tico equivalente.
Pará grafo ú nico. Para concessã o da tutela específica destinada a inibir a prá tica, a
reiteraçã o ou a continuaçã o de um ilícito, ou a sua remoçã o, é irrelevante a demonstraçã o
da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo.
Poderá ainda a obrigaçã o se converter em perdas e danos e sem prejuízo da multa, pela
prerrogativa ditada pelo art. 499 do Có digo de Processo Civil.
De conformidade com o art. 497 do CPC, poderá o juiz conceder a TUTELA
LIMINARMENTE, direito plenamente atribuível ao caso em tela, ante a robustez das
alegaçõ es do AUTOR e da veracidade dos fatos, presentes ainda a verossimilhança das
alegaçõ es e o periculum in mora.
Poderá ainda o Magistrado determinar vá rias medidas para obter o resultado prá tico
objetivado, ou seja, é medida destinada a conceder meios para o juiz efetivar a antecipaçã o
da tutela prevista no art. 499 do CPC, tais como busca e apreensã o do veículo, de vez que o
terceiro possa estar conduzindo de forma atípica, com imensa possibilidade de causar dano
irrepará vel ao AUTOR, quiçá compelindo a responder por indenizaçã o advindas de
acidentes automobilísticos.
Levando-se em conta que o RÉ U possa ter vendido a terceiro desconhecido, nã o
transferindo para o seu nome, REQUER a aplicaçã o e determinaçã o de multa diá ria, no caso
de uma execuçã o, o juízo já estará garantindo pelos bens, assim, também se faz necessá ria e
imperativa a busca e apreensã o do veículo para que cesse as reiteradas infraçõ es
cometidas.
No presente caso, a obrigaçã o de fazer é de natureza infungível, uma vez que somente o
RÉ U poderá transferir o veículo para o seu nome, aqui obrigatoriamente deve-se levar em
conta as qualidades específicas do obrigado.
Necessá rio seja concedida, a ANTECIPAÇÃ O DA TUTELA, para que o RÉ U no prazo fixado
por Vossa Excelência, efetive a TRANSFERÊ NCIA DO VEÍCULO, AS MULTAS E OS SEUS
PONTOS E ENCARGOS CONSEQUENTES, PARA A SUA CNH ou a quem ele indicar.
Além de adimplir os encargos perante o DETRAN/em nome do AUTOR, ou que os transfira
para seu nome com data retroativa a data de venda, sob pena de sofrer multa diá ria, com a
consequente expediçã o do componente mandado de busca e apreensã o do veículo.
Consoante demonstrado, o Réu nã o cumpriu com suas obrigaçõ es, tendo recebido o veículo
adquirido, sendo certo que o revendeu prontamente, certamente com boa margem de
lucro. Como consequência do inadimplemento, necessá ria se faz a aplicaçã o do artigo 389
do Có digo Civil, que assim dispõ em:
Art. 389. Nã o cumprida a obrigaçã o, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualizaçã o monetá ria segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorá rios de
advogado.
Como visto, está evidente a probabilidade do direito da Requerente, que possui cristalino
direito à concessã o da tutela antecipató ria inaudita altera parte, em face da robustez de
suas alegaçõ es, baseado em imensa legislaçã o específica, além da proteçã o Constitucional,
sem ter de sujeitar-se aos abusos e constrangimentos, perpetrado pela adversa, pois, nã o
honra com o pagamento do tributo deste advindo, vindo a ser intimada pela justiça (a
comparecer ao Cartó rio Criminal de Termo Circunstanciado da 3 DP-UNISP/CENTRO,
situada na Av. Brasília, ao lado do nº 1405, (em frente ao STOP MOTEL), bairro Mato
Grosso, nesta capital, à s 08:30 hs, do dia 01/03/2018, a fim de como declarante, prestar
esclarecimento no interesse da Justiça. REF. A ocorrência policial132356/2017/3DP.)
(anexo doc. n 07) e colocando o nome do Requerente no rol de maus pagadores, obstando-a
de adquirir financiamentos, parcelamentos etc.
E quanto ao perigo de dano ou ao resultado ú til do processo, sem dú vida há risco de sérios
danos a serem causados ao AUTOR se nã o concedida a presente medida. Nã o resta meio
suasó rio para que se proceda ao acertamento da relaçã o jurídica entre as partes, SENDO A
VIA JUDICIAL Ú NICA FORMA DE PROCEDER A TRANSFERÊ NCIA NECESSÁ RIA COM A
FINALIDADE DE AJUSTAR O PACTO À LEGALIDADE.
Enquanto isso, o AUTOR fica à mercê de sofrer com a perda de sua CNH, SUSPENSÃ O DO
DIREITO DE DIRIGIR, eventual açã o de reparaçã o de dano decorrida de acidente de veículo,
execuçã o de dívida ativa por parte do Estado, sem falar na esfera criminal, pois ante a
prová vel maneira atípica que o RÉ U ou terceiro vem pilotando, colocando, inclusive, em
risco os transeuntes por onde passa, podendo até acabar em atropelamento. Sem dú vida,
sã o fatos iminentes de acontecerem.
Nã o pode a AUTOR ser coagido ao pagamento daquilo que sabidamente nã o deve, e
penalizado por aquilo que nã o cometeu, sob pena de, sendo confirmado o direito em
efetivar-se a transferência do veículo somente na sentença final, ter de perseguir em
demorada açã o de repetiçã o de indébito o valor injustamente pago, com incerteza de
recebimento do valor respectivo.
Mas, com a concessã o da presente medida, todos estes transtornos e riscos podem ser
evitados, visto que a AUTOR poderá adquirir empréstimos bancá rios, nã o sofrer execuçõ es
fiscais, açõ es civis, etc.
E, como autoriza o artigo 300 do CPC, ao Juiz é possível conceder um ou mais efeitos da
prestaçã o jurisdicional perseguida no limiar da açã o ou no curso da mesma, de modo
evitar-se a ocorrência de dano irrepará vel ou de difícil reparaçã o, vendo na espécie logo
presentes nã o só o aperfeiçoamento desse requisito, como os demais previstos na norma
em alinho.
Há , por isso, que dar vida aos preceitos constitucionais de respeito à tranquilidade, honra e
dignidade do AUTOR, até porque toda a lesã o ou ameaça de lesã o a direito nã o pode ser
excluída da apreciaçã o do Poder Judiciá rio (inc. XXXV, art. 5º), sem embargo de que:
“É importante ressaltar que exigências constitucionais nã o podem ficar submetidas à
previsã o (ou nã o) das vias processuais adrede concedida para a defesa dos direitos em
causa. Nã o se interpreta a Constituiçã o processualmente. Pelo contrá rio, interpretam-se as
contingências processuais à luz das exigências da Constituiçã o”. (CELSO ANTONIO
BANDEIRA DE MELO, in Controle Judicial do Atos Administrativos, RPD 65/27).
Neste caso em tela, o AUTOR sente-se inteiramente prejudicado pela lesã o ou ameaça de
lesã o a direito e, por isso, vai se utilizar do instrumento judiciá rio para que se possa
alcançar a uma soluçã o na lide em epígrafe.
Da Reversibilidade da Medida
Incontestá vel, ainda, a absoluta reversibilidade da medida que se pede. Acaso no decorrer
da lide se mostrem relevantes motivos jurídicos em contraposiçã o aos agora apresentados,
a questã o poderá ser revista ou modificada segundo entendimento do juiz, que nesse caso
deverá balizar-se com a exata noçã o desse requisito.
A reversibilidade diz com os fatos decorrentes do cumprimento da decisã o, e nã o com a
decisã o em si mesma. Esta, a decisã o, é sempre reversível, ainda que sejam irreversíveis as
consequências fá ticas decorrentes de seu cumprimento. À reversibilidade jurídica
(revogabilidade da decisã o) deve sempre corresponder o retorno fá tico ao status quo ante.
No caso em tela, os fatos resultantes da concessã o da presente medida sã o facilmente
reversíveis, na hipó tese (imprová vel) de improcedência do feito, pois, o Requerido nada
perderá nem pagará e o veículo oportunamente apreendido ficará à disposiçã o do juízo.
5. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Considerando a Justiça e sensatez que caracterizam as respeitá veis decisõ es deste Juízo,
diante de todo o exposto, e mais o que seu notó rio conhecimento certamente suprirá ,
respeitosamente requer:
a) A gratuidade judiciá ria prevista na Lei nº 1060/50, conforme já exposto;
b) Seja expedido o competente mandado, determinando que o Requerido efetive a
transferência do veículo, transferência das multas e seus respectivos ponto para a CNH do
RÉ U ou a quem ele indicar, e transferência da dívida deste, advinda para o seu nome, no
prazo estipulado por esse juízo, observando as penas diá rias que também deverã o ser
arbitradas;
c) Apó s efetivada a medida liminarmente de acordo com o art. 294 e 311, I e IV do CPC, a
expediçã o de ofícios ao DETRAN do Estado do de , bem como a SEFAZ-, para que se
abstenham de informar qualquer débito em nome da Requerente, referente ao veículo
acima descrito;
c) E caso o Requerido nã o efetuar a transferência no prazo fixado que Vossa Excelência
determine a transferência de Ofício;
d) A citaçã o do Requerido para tomar conhecimento da presente para, querendo, no prazo
legal contestá -la, sob as penas dos artigos arts. 246, I; 247e 248 do CPC;
e) A procedência total da presente, com julgamento antecipado da lide, ou ao final
confirmado a liminar concedida, com a condenaçã o do RÉ U o pagamento das custas
processuais, dos honorá rios sucumbenciais em 20% e demais cominaçõ es legais.
f) Na hipó tese de descumprimento da obrigaçã o de fazer, seja fixada multa diá ria no valor
de 1% (um por cento) do valor da causa.
g) Requer-se provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitido, incluindo,
produçã o de provas documental, testemunhal, depoimento pessoal, sob pena de confissã o
caso o réu nã o compareça, ou, comparecendo, se negue a depor (art. 385, § 1º, do Có digo de
Processo Civil).
h) Nos termos do art. 334, § 5º do Có digo de Processo Civil, o Requerente desde já
manifesta, pela natureza do litígio, desinteresse em Autocomposiçã o.
6. DO VALOR DA CAUSA
Atribuir-se-á causa o valor de R$ (us);
Precedidos de cordiais saudaçõ es,
Nestes termos,
Roga-se por deferimento.
Porto Velho, xx de xx de xx.
Advogado OAB/

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