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Revista Brasileira de Biociências

Brazilian Journal of Biosciences


http://www.ufrgs.br/seerbio/ojs ISSN 1980-4849 (on-line) / 1679-2343 (print)

REVISÃO
Nutrigenética: a interação entre hábitos
alimentares e o perfil genético individual
Jaqueline Bohrer Schuch1, Francine Voigt1,
Sharbel Weidner Maluf2 e Fabiana Michelsen de Andrade1*
Submetido em: 07 de agosto de 2009 Recebido após revisão em: 03 de dezembro de 2009 Aceito em: 27 de janeiro de 2010
Disponível em: http://www.ufrgs.br/seerbio/ojs/index.php/rbb/article/view/1332

RESUMO: (Nutrigenética: a interação entre hábitos alimentares e o perfil genético individual). Doenças como aterosclerose,
diabetes, obesidade e câncer são importantes problemas de saúde publica, para as quais a dieta possui uma forte influência. No
entanto, estudos recentes demonstram que nem todos respondem da mesma maneira ao mesmo hábito alimentar. A nutrigené-
tica é baseada em observações das respostas individuais à determinada modificação na dieta e também em hipóteses que estas
diferentes respostas sejam associadas à presença ou ausência de marcadores biológicos específicos. Embora o nascimento desta
área tenha ocorrido inicialmente com o estudo de mutações causadoras de doenças monogênicas, atualmente o foco se encontra
em polimorfismos genéticos, que poderiam, então, predizer a resposta individual à dieta. Desta maneira, a nutrigenética de
características multifatorias está em grande expansão, com um grande número de trabalhos sendo publicados por vários grupos
de pesquisa do mundo. Com o objetivo de apresentar este campo de pesquisa aos profissionais que trabalham com nutrição e
saúde pública, e possibilitar o conhecimento dos mais recentes dados publicados na literatura internacional, este artigo revisa
os resultados disponíveis sobre nutrigenética e sua influência em características como o perfil lipídico, perda de peso, diabetes
mellitus tipo 2, dano de DNA e câncer.
Palavras-chave: nutrição personalizada, perfil lipídico, obesidade, diabetes, câncer.

ABSTRACT: (Nutrigenetics: the interaction between diet habits and the individual genetic profile). Diseases as atherosclerosis,
diabetes, obesity and cancer are big public health problems, to which diet has a strong influence. However, recent studies show
that people do not answer in the same way to a food habit. Nutrigenetics is based in observations of the individual answers to
dietary interventions, and also in hipotesis that this diferences are associated to presence or absence of specific biological markers.
Although the birth of this field has been ocurred with the studies of mutations causing monogenic disorders, currently the focus
is on genetic polymorphisms that could predict the individual answer to diet. So, the field of nutrigenetics of multifactorial
characteristics is on large expansion, with a big number of published articles by several research groups in the world. With the
aim of presenting this research field to those working with nutrition and public health, and enable the knowledge of the most
recent published data on international literature, this article reviews available results about nutrigenetics and its influence on
the lipid profile, weight loss, type 2 diabetes mellitus and cancer.
Key words: personalized nutrition, lipid profile, obesity, diabetes, cancer.

INTRODUÇÃO dividuais à determinada modificação na dieta e também


em hipóteses que estas diferentes respostas sejam asso-
Nutrigenética x Nutrigenômica ciadas à presença ou ausência de marcadores biológicos
O sucesso obtido com o projeto genoma humano, específicos, geralmente polimorfismos genéticos, que
aliado a poderosas ferramentas de biologia molecular, poderiam, então, predizer a resposta individual a dieta
tem impulsionado uma nova era na medicina e na nutri- (Ordovas 2004). Com isso, será possível, no futuro, a
ção, possibilitando o desenvolvimento de dois conceitos prescrição de uma “dieta personalizada” de acordo com
ou disciplinas emergentes de estudo, que envolvem a a constituição genética do paciente (Ordovas & Corella
interação entre nutrição, genética e qualidade de vida, 2004).
chamadas de nutrigenética e nutrigenômica. Estas áreas O termo nutrigenômica, por outro lado, refere-se
da ciência têm tentado explicar o motivo da grande varia- às influências de fatores dietéticos sobre o genoma
ção interindividual na resposta a intervenções dietéticas humano. Assim, o foco principal é a investigação de
ou a hábitos alimentares. Apesar de estes dois conceitos como os nutrientes modificam a expressão gênica nas
estarem associados e, muitas vezes serem vistos como células e nos tecidos de interesse (Ordovas 2004) per-
um só, eles apresentam definições e objetivos distintos mitindo, assim, uma melhor compreensão de como os
(Ordovas 2004). componentes alimentares afetam as rotas metabólicas e
O termo nutrigenética refere-se às interações entre o controle homeostático (Muller & Kersten 2003). Ao
hábitos dietéticos e o perfil genético de cada indivíduo. contrário da nutrigenética, a nutrigenômica não é focada
Assim, ela é baseada em observações das respostas in- nas diferenças interindividuais em relação aos efeitos
1. Pró-Reitoria de Pesquisa, Tecnologia e Inovação (PROPTEC), Universidade Feevale. RS 239, no. 2755, B. Vila Nova, CEP 93352-
000, Novo Hamburgo, RS, Brasil.
2. Serviço de Genética Médica, Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Rua Ramiro Barcelos, 2350, CEP 90035-903, Porto
Alegre, RS, Brasil.
*Autor para contato.E-mail: fabiana.andrade@feevale.br

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74 Schuch et al.

dos nutrientes, mas sim nas diferenças entre condições Ser19Trp trata-se de uma troca do aminoácido serina
dietéticas e suas associações com fenótipos metabólicos (Ser) por triptofano (Trp) na posição 19 da proteína.
de células e tecidos específicos (Fenech 2008). Assim, existem os alelos 19Ser e 19Trp na população,
A nutrigenética aborda estudos das diferenças entre o que conseqüentemente ocasiona a existência de três
indivíduos em relação à resposta a um nutriente ou uma genótipos possíveis, denominados de SerSer, SerTrp e
dieta em particular, enquanto a nutrigenômica estuda as TrpTrp. Da mesma maneira, a existência de dois alelos
diferenças entre os nutrientes com relação à expressão e três genótipos possíveis é a mesma para polimorfismos
gênica (Ordovas 2004). Mesmo apresentando objetivos denominados em nível de DNA, como por exemplo,
imediatos distintos, a expectativa a respeito destas duas c158t, que se trata da troca de uma citosina (c) por uma
abordagens é que seja possível identificar uma grande timina (t) na posição 158 do gene em questão.
variedade de genes cuja expressão possa ser modificada
por componentes alimentares a fim de serem incorpo- O nascimento e o desenvolvimento da nutrigenética:
rados em estratégias nutricionais visando melhorar a das doenças monogênicas às multifatoriais
qualidade de vida, otimizando a saúde e prevenindo
doenças (Gillies 2005). Mesmo sem ganhar esta denominação, pode-se pen-
sar que a nutrigenética nasceu no ano 510 a.C., quando
Pitágoras descreveu o “favismo”, como uma patologia
Mutações, polimorfismos e doenças com causas
desenvolvida por alguns indivíduos suscetíveis, quando
ou influências genéticas estes ingeriam feijão-fava. Atualmente, esta doença já
O termo “mutação” descreve um evento em nível possui suas bases moleculares conhecidas, que estão
molecular, ou seja, uma variação da seqüência de nu- relacionadas com a deficiência da enzima G6PD (OMIM
cleotídeos da molécula de DNA, que pode ou não ter 2007a) e sabe-se que estes indivíduos desenvolvem os
uma conseqüência na proteína. Além disto, para que seja sintomas quando ingerem não somente o feijão-fava, mas
denominada de “mutação”, esta modificação deve ser rara também outros alimentos, e alguns fármacos. Além desta
na população (com freqüência menor de 1%) (Strachan patologia, algumas outras doenças genéticas possuem
& Read 2003). Quando possuem um grande efeito sobre influência da nutrição, mesmo pertencendo à classe
a proteína, as mutações levam a patologias graves, ou de doenças monogênicas, que são aquelas causadas
de início precoce, e portanto este tipo de variação está por mutações em um único gene. Bons exemplos são a
relacionado à causa de doenças monogênicas, que são galactosemia (OMIM 2007b) e a fenilcetonúria (OMIM
doenças genéticas causadas exclusivamente por defeitos 2007c). Ambas são características raras que, devido a de-
em um único gene. feitos enzimáticos, levam, respectivamente, ao acúmulo
Quando uma variação em nível de DNA se torna de galactose e fenilalanina no sangue, fazendo com que
comum na população, ocorrendo com uma freqüência o risco de retardo mental e dano neurológico aumente se
superior a 1%, esta variação não é mais denominada não diagnosticado e tratado precocemente. Uma maneira
de mutação, mas sim, de “polimorfismo” (Strachan & nutricional de tratar estas doenças monogênicas está
Read 2003). O seqüenciamento do genoma humano baseada em uma dieta restrita em galactose e lactose,
demonstrou que a variabilidade polimórfica é a regra, para a galactosemia, e com baixo teor protéico para a
e não a exceção nos genes de nossa espécie, uma vez fenilcetonúria (Mutch et al. 2005).
que existe pelo menos um polimorfismo a cada 300 Por outro lado, as doenças que alcançam propor-
pares de bases, em um genoma de aproximadamente ções epidêmicas no mundo ocidental, como o câncer,
3,12 bilhões de nucleotídeos (Ke et al. 2008). As formas a obesidade, a diabetes e as doenças cardiovasculares,
mais comuns de polimorfismos de DNA são deleções, são doenças multifatoriais, ou seja, sua etiologia está
substituições de base única ou SNP´s (do inglês Single relacionada tanto a fatores ambientais quanto genéticos,
Nucleotide Polymorphisms), ou variações no número de e estes últimos em grande número (Mutch et al. 2005).
seqüências repetidas (VNTRs e microsatélites). Doenças Nestes casos, a análise de um único fator, seja este ge-
associadas a polimorfismos genéticos são denominadas nético ou ambiental, não fornece indicativos suficientes
de multifatoriais, pois são causadas por um grande con- que se associem ao risco de desenvolvimento da doença
junto de fatores ambientais e pelo somatório de vários e, portanto, possam ser utilizados para a prevenção da
alelos de diferentes genes relacionados, aumentando a mesma. Para esta classe de doenças, é necessário conside-
suscetibilidade para a patologia. rar não somente os hábitos de vida de um indivíduo, mas
Independente de uma variação no genoma ser uma também o perfil genético específico e como este responde
mutação ou um polimorfismo, sua denominação segue aos desafios ambientais, dentre estes, as modificações
algumas regras. Utiliza-se uma numeração que está nutricionais (van Ommen 2004).
relacionada à posição do nucleotídeo no gene, ou do Assim, nos últimos anos, a área da nutrigenética tem
aminoácido na proteína, além da troca de nucleotídeos se tornado muito mais abrangente, no sentido de estar
ou de aminoácidos, sendo que o primeiro a ser escrito se tornando focada principalmente em características
é o mais comum, e o segundo, o mais raro. Desta ma- multifatoriais, e na maneira e magnitude com que cada
neira, um polimorfismo denominado, por exemplo, de hábito alimentar influencia indivíduos com diferentes

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Nutrigenética: interação entre dieta e genes 75

perfis genéticos. Com o conjunto de dados que se es- A área da nutrigenética na qual existe o maior número
pera obter neste campo, será possível, no futuro, uma de investigações é justamente no campo relacionado a
intervenção dietética personalizada de acordo com cada intervenções dietéticas com o objetivo de melhora do
perfil genético individual, o que possibilitará uma grande perfil lipídico. Este conjunto de dados está apresentado
melhoria na prevenção primária de doenças multifatoriais na tabela 1, que demonstra os resultados disponíveis
(Mutch et al. 2005). até o momento na área da nutrigenética relacionada ao
perfil lipídico. Nesta tabela, estão apresentados para cada
investigação: a origem étnica da amostra investigada,
METODOLOGIA DE REVISÃO
qual a metodologia de investigação nutricional, o gene
E OBJETIVOS investigado, com seu respectivo polimorfismo, e quais
Uma vez que um grande volume de dados já se en- os genótipos relacionados com uma maior ou menor
contra disponível na literatura, o objetivo deste artigo resposta ao consumo dietético. É importante ressaltar que
é fazer uma revisão das investigações de nutrigenética até o momento, somente uma investigação foi realizada
associadas a características como o perfil lipídico, como em população brasileira ou sul-americana e, portanto, a
indicador de risco para doenças coronarianas, bem como grande parte dos dados disponíveis na literatura não pode
com outras doenças multifatoriais como obesidade, dia- ser extrapolada para pacientes brasileiros.
betes mellitus tipo 2, dano de DNA e câncer. É importante
lembrar que o presente trabalho está focado na área da Diabetes mellitus não insulino-dependente (dm
nutrigenética, e não da nutrigenômica, cujos conceitos fo- tipo 2) e obesidade
ram apresentados anteriormente. Por isso, não abordamos Vários genes de suscetibilidade envolvidos na regula-
nessa revisão as interações entre moléculas originadas da ção do metabolismo lipídico e na sensibilidade à insulina
dieta e o genoma. Os dados revisados aqui demonstram têm sido demonstrados como moduladores do risco para o
qual é o conjunto de variantes genéticas presente em um começo da doença. Proteínas produzidas por estes genes
paciente, que está relacionado à melhor resposta a uma possuem funções relacionadas com a síntese de ácidos
determinada intervenção nutricional. Como não existem graxos e resistência à insulina (SREBP´s) (Shimano et
estudos em populações brasileiras, foram utilizados dados al. 1997, Laudes et al. 2004), catabolismo de ácidos
de outras populações. Primeiramente, fundamentamos a graxos e sensibilidade à insulina (PPAR´s) (Mutch et al.
importância dos genes estudados para cada característica, 2005), resposta à insulina (IFABP) ) (Mutch et al. 2005)
e logo após, os dados de nutrigenética foram revisados e e genes relacionados ao metabolismo lipídico, como
dispostos em tabelas assim constituídas: população/país das apolipoproteínas B e E. A tabela 2 mostra algumas
de origem, método de investigação nutricional, nomes evidências preliminares que sugerem que estes genes
dos genes investigados e respectivo polimorfismo. Desta estão relacionados à reposta à dieta e, assim, demons-
maneira, o conjunto de dados das tabelas demonstra o tram importantes interações entre o genótipo e a nutrição
perfil genético esperado para indivíduos que terão uma como fatores com influência sobre o metabolismo de
boa resposta à dieta em questão. indivíduos com DM2.
A pesquisa bibliográfica foi realizada nas bases de Com relação à obesidade, o controle da necessidade
dados PubMed e Scielo, utilizando artigos sobre nutri- de ingestão alimentar é profundamente afetado por po-
genética publicados entre os anos de 1997 e 2009. Foram limorfismos em genes codificadores de receptores ou de
incluídos nesta revisão somente dados de investigações peptídeos sinalizadores periféricos (como por exemplo a
primárias de estudos in vivo com humanos, independen- insulina, a leptina e a adiponectina), e com a homeostasia
temente do desenho utilizado para o estudo. energética (como o gene PLIN e os genes UCP´s) e conse-
qüentemente, o consumo dietético total e a saciedade para
diversos alimentos podem ser influenciados pelos efeitos
A NUTRIGENÉTICA NA LITERATURA destes genes (Ferguson 2006). A tabela 2 resume dados
INTERNACIONAL: DADOS DISPONÍVEIS de influências destes e de outros genes, sobre a perda de
peso após intervenções dietéticas. Em um recente estudo
PARA AS CARACTERÍSTICAS
de revisão, Adamo & Tesson (2007) discutem a atuação
SELECIONADAS de diversos genes na obesidade e na perda de peso após
modificações nutricionais. Além dos genes citados na ta-
Perfil lipídico bela, também são apresentados polimorfismos nos genes
O conhecimento genético sobre a determinação dos da leptina e seu receptor, apolipoproteína AV, e receptor
níveis de lipídeos e lipoproteínas envolvidas no processo 2C de serotonina, como fatores com grande influência na
aterosclerótico tem tido um grande avanço nas últimas magnitude da perda de peso após um período de redução
décadas. Um grande número de polimorfismos tem sido do teor calórico da dieta.
analisado, e suas influências sobre alterações do perfil
Dano de DNA e câncer
lipídico e CAD vem sendo amplamente divulgadas (de
Andrade & Hutz 2002, Topol et al. 2006). O risco de câncer está relacionado com a taxa de

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Tabela 1. Resumo dos resultados sobre nutrigenética do perfil lipídico.
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TAMANHO RESULTADOS
GENE1 /
AMOSTRAL
POPULAÇÃO METODOLOGIA POLIMORFISMO Ggenótipos REFERÊNCIA
INVESTI- Efeito sobre o perfil lipídico
(rs) relacionados
GADO
APOE
Aumento/ diminuição do
Israel E*2, E*3, E*4 214 Não houve diferenças na resposta à dieta entre genótipos Friedlandar et al. (2000)
consumo de gordura saturada
(rs 429358 e rs 7412)
APOE
E*3E*4 e E*4E*4 ↑ de LDL-C com ↑ consumo de gordura saturada
Reino Unido FFQ E*2, E*3, E*4 132 Loktionov et al. (2000)
Outros genótipos ↑ não observado
(rs 429358 e rs 7412)
- 28 dias: dieta rica em gordura
APOB
2 saturada cc ↓ TG com ↑ MUFA López-Miranda et
Espanha c2488t 72
- 28 dias: NCEP-I t t e ct ↓ não observada al.(2000)
(rs13306193)
- 28 dias: dieta rica em MUFA
APOE
Aumento do consumo de Portadores de E*4 ↑ tamanho de LDL, e HDL-C
Costa Rica E*2, E*3, E*4 420 Campos et al. (2001)
gordura saturada Portadores de E*2 ↓ tamanho de LDL, e HDL-C
(rs 429358 e rs 7412)
APOA4
Aumento do consumo de QQ e QH ↑ CT com ↑ gordura saturada
EUA Q380H 289 Weggemans et al. (2001)
gordura saturada na dieta HH pequenas modificações
(rs 5110)
APOB
EE ↑ LDL-C com ↑ gordura saturada
E4181K
EK e KK pequenas modificações
(rs1042031)
Schuch et al.

MTTP
tt ↑ LDL-C com ↑ gordura saturada
g-493t
gt e gg pequenas modificações
(rs12163852)
CETP
Aumento do consumo de cc ↑ CT e LDL-C com ↑ colesterol
c453t 214
colesterol na dieta ct e tt pequenas modificações
(rs 708272)
APOB
Aumento do consumo de EE ↑ LDL-C com ↑ gordura saturada
E4181K 87
gordura trans na dieta EK e KK pequenas modificações
(rs1042031)
APOA1
Aumento do consumo de café cc ↑ CT e LDL-C com ↑ colesterol
c83t 134
na dieta ct pequenas modificações

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(rs5069)
Aumento do consumo de APOE
gordura saturada, trans, E*2, E*3, E*4 Não houve diferenças na resposta à dieta entre genótipos
colesterol e de café (rs 429358 e rs 7412))
APOE E*2/+ ↓ LDL-C com ↑ carboidrato se comparado com
6 a 7 semanas de dieta rica em
Canadá E*2, E*3, E*4 65 demais genótipos Couture et al.(2003)
carboidrato ou em MUFA
(rs 429358 e rs 7412) Todos os genótipos Nenhum efeito na dieta rica em MUFA
APOE E*3E*2, E*3E*3 e ↓ CT e TG
Japão3 Restrição calórica E*2, E*3, E*4 104 E*3E*4 Tamasawa et al. (2003)
(rs 429358 e rs 7412) E*4E*2 Não houve modificações
Tabela 1. Continuação.
ADRB3
Programa com dieta e WW ↑ HDL-C, ↓ relação LDL/HDL
Japão W64R 76 Shiwaku et al. (2003)
exercício por 3 meses WR e RR ↑ HDL-C, ↓ relação LDL/HDL, ↓ LDL-C
(rs4994)
ADRB3
Dieta com baixa caloria por 12 WW ↓ CT, LDL-C e TG
Coréia do Sul 4 W64R 70 Kim et al. (2003)
semanas WR Não houve modificações
(rs4994)
PPARG
PA e AA ↑ HDL-C relacionado com ↑ gordura total
EUA FFQ P12A 647 Memisoglu et al. (2003)
PP ↑ não observado
(rs 1805192)
APOB
del/del ↓ LDL-C se comparado
França Dieta com baixa caloria ins/del 231 Jemaa et al. (2004)
(ins/del e ins/ins) a demais genótipos
(rs12720760)
FFQ APOA5
EUA (Estudo tc e cc ↑ TG com ↑ PUFA
Amostra acordo com consumo t-1131c 2.148 Lai et al. (2006)
Framingham) tt TG não são afetados
de PUFA (<6% e >6%) (rs17120035)
APOA5
S19W Não houve diferenças na resposta à dieta entre genótipos
(rs 3135506)
cc ↓ HDL-C quando ↓ de gordura total (mulheres)
LIPC
tt ↑ HDL-C quando ↑ de gordura total (homens)
EUA FFQ c-514t 5 11.806 Nettleton et al. (2007)
ct ↓ TG quando ↓ gordura saturada
(rs1800588)
cc ↓ TG quando ↑ gordura saturada
CETP
c453t Não houve diferenças na resposta à dieta entre genótipos
(rs 708272)
LPL
SS e SX ↑ HDL-C com ↑ gordura
S474X 6
XX ↑ HDL-C com ↓ gordura
(rs328)
CYP7A1
Dieta NCEP-III por 8 ac e cc maior ↓ TG
Brasil a-278c 82 Barcelos et al. (2009)
semanas aa pequena ↓ TG
(rs3808607)
Nutrigenética: interação entre dieta e genes

Europa MTTP
Dieta mediterrânea por 3 tt
(estudo Medi- g-493t 169 maior ↓ TG e CT Lairon et al. (2009)
meses gt e gg
RIVAGE) (rs12163852)
Europa C3
Detecção de quantidade de aa e ga maior ↑ TG com ↑ consumo de gordura
(Estudo (intron 38) 841 Phillips et al. (2009a)
gordura consumida gg pequeno ↑ TG com ↑ consumo de gordura

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LIPGENE) (rs1169562)
1
Siglas dos genes: ADRB3:adrenergic beta-3 receptor; APOA1:apolipoprotein A1; APOA4: apolipoprotein A4; APOA5: apolipoprotein A5; APOB: apolipoprotein B; APOE: apolipoprotein E; C3: complement component 3
CETP :cholesterol ester transfer protein ; CYP7A1: cholesterol 7alpha-hydroxilase; LPL: lipoprotein lípase; LIPC: hepatic lípase; MTTP:microsomal trygliceride transfer protein; PPARA: peroxisome proliferator-activated
receptor alpha; PPARG: peroxisome proliferator-activated receptor gamma;SCARB1:scavenger receptor class B, member 1.
2
somente em homozigotos APOE*3.
3
pacientes c/ diabete tipo 2 e hiperlipidemia.
4
homens com sobrepeso e CAD.
5
resultados em afro-americanos.
6
resultados em euro-americanos.
PUFA: ácidos graxos poliinsaturados (poliinsaturated fatty accids); MUFA: : ácidos graxos monoinsaturados (monoinsaturated fatty accids); FFQ: questionário de freqüência alimentar (food frequency questionaire).
NCEP-1: dieta tipo I do NCEP (National Cholesterol Education Program).
77
Tabela 2. Resumo dos resultados sobre nutrigenética do DM2 e obesidade
78

TAMANHOS RESULTADOS
GENE1 / AMOSTRAIS
POPULAÇÃO METODOLOGIA REFERÊNCIA
POLIMORFISMO (rs) INVESTI- Genótipos
GADOS Efeito sobre a DM2
relacionados

PPARG
Inglaterra Modificação da relação gordura P12A AA e PA ↑ Insulina com ↓ relação
592 Luan et al. (2001)
poliinsaturada/saturada (rs1805192) PP ↑ insulina menos acentuado2

Finlândia FABP2 A54T AA ↑ Insulina após dieta


Dieta rica em gorduras 15 Agren et al. (2001)
(rs1799883) TT ↑ Insulina menos acentuado

- 28 dias: rica em gordura saturada APOE gg e gt


Espanha ↑sensibilidade à insulina com modificação da dieta3
- 28 dias: rica em carbohidratos g-219t 43 tt Moreno et al. (2005)
(voluntários) sensibilidade não é alterada com dieta
- 28 dias: rica em MUFA (rs405509)

- coleta do óleo utilizado em PPARG


Espanha AA e PA ↑ resistência à insulina com ↓ ácido linoleico4
residências: quantificação da P12A 538 Soriguer et al. (2006)
(voluntários) PP nenhuma influência da quantidade de ácido linoleico
quantidade de ácido linoléico (rs1805192)

- 1 mês: rica em gordura saturada APOB


c-516t tt sem modificações na resitência à insulina de acordo com dieta
Espanha (voluntários) - 1 mês: rica em carbohidrados 59 Pérez-Martínez et al. (2007)
(rs72653048) ct ↑ resistência à insulina após dieta rica em gordura saturada
- 1 mês: rica em MUFA

- 28 dias: rica em gordura saturada ADIPOQ


Espanha5 cc ↑resistência à insulina com dieta rica em gordura saturada
- 28 dias: rica em carbohidratos g-11377c 59 Pérez-Martínez et al. (2008)
(voluntários) cg e gg sem alteração com dieta
- 28 dias: rica em MUFA (rs266729)

Efeitos sobre a obesidade


PLIN1 g11482a gg ↑ Diminuição de peso após dieta
Schuch et al.

Espanha Dieta com baixo teor calórico 48 Corella et al. (2005)


(rs894160) ga e aa ↓ diminuição de peso após dieta
PPARG
Holanda Avaliação da manutenção do peso após P12A PP ↓ ganho de peso após dieta
120 Vogels et al. (2005)
dieta para perda de peso (rs1805192) PA e AA ↑ ganho de peso após dieta

NR3C1
(intron 2) gg ↓ ganho de peso após dieta
(rs2918418) gc e cc ↑ ganho de peso após dieta

CNTF
(intron 1) Nenhuma diferença entre genótipos
(rs1800169)
IL6
Avaliação após redução do estômago e gg ↑perda de peso

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Itália6 c-147g 167 Sesti et al. (2005)
dieta hipocalórica (rs1800795) gc e cc ↓ perda de peso

UCP2
g-866a aa ↑ perda de peso
(rs1800795) gg e ga ↓ perda de peso
LIPF
EUA7 Dieta com baixíssimo conteúdo de A161T TT e TA ↑ perda de peso
86 Ruaño et al. (2006)
carbohidratos (rs814628) AA ↓ perda de peso

GYS2
(intron 5) gg e ga ↑ perda de peso
(rs2306179) aa ↓ perda de peso

CETP
c11520t cc e ct ↑ perda de peso
(rs5883) tt ↓ perda de peso
Tabela 2. Continuação.
GAL
(intron 1) aa e ga ↑ perda de peso
(rs34569330) gg ↓ perda de peso

PPARG
Canadá Programa de mudança no estilo de P12A PP Perda de peso
141 Adamo et al. (2007)
vida e reeducação alimentar (rs1805192) AA e PA Resistência a perda de peso

ACSL5
(intron 1) ct e tt Perda de peso
(rs1926564) cc Resistência a perda de peso

RARB
EUA8 Dieta com baixíssimo conteúdo de a-908g aa e ga ↑ perda de massa gorda
93 Seip et al. (2008)
carbohidratos (rs9827454) gg ↓perda de massa gorda

GYS2
t-1499g gg e tg ↑ perda de massa gorda
(rs28655360) tt ↓perda de massa gorda

AGTR2 gg e tg ↑ perda de massa gorda


t-583g tt ↓perda de massa gorda
(rs5991044)

RARB
Dieta com baixíssimo conteúdo de a-908g aa e ga ↑ perda de massa gorda
gordura (rs9827454) gg ↓perda de massa gorda

HNMT
(intron 2) aa e ga ↑ perda de massa gorda
rs12691940 gg ↓perda de massa gorda

PFKL
(intron 8) aa e ag ↑ perda de massa gorda
(rs2838549) gg ↓perda de massa gorda
APOA2
EUA9 FFQ t-265c cc ↑ peso com ↑ consumo de gordura
3854 Corella et al., 2009
(rs5082) tc e tt ↑ peso pouco pronunciado
STAT
(intron 4) gg e ag
rs8069645 aa
STAT
(intron 1) gg e ag
Europa (estudo aa Portadores de ao menos dois alelos ‘g’ em diferentes polimorfismos
FFQ rs744166 1754 possuem um maior aumento da circunferência da cintura com maior Phillips et al., 2009b
LIPGENE)
STAT consumo de gordura saturada
Nutrigenética: interação entre dieta e genes

(3´UTR) gg e ag
rs1053025 aa
STAT gg e ag
(intron 11) aa
rs2293152
1
Siglas dos genes: ACSL5: acyl-CoA synthetase long-chain family member 5; ADIPOQ: adiponectin, C1Q and collagen domain containing; AGTR2: angiotensin II receptor, type 2; APOB: apolipoprotein B; APOE:

R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 8, n. 1, p. 73-84, jan./mar. 2010


apolipoprotein E; CETP: cholesterol trasnfer ester protein; CNTF: ciliary neurotrophic factor; GAL: galanin prepropeptide; GYS2: glycogen synthase 2; NR3C1: nuclear receptor subfamily 3, group C, member 1 (gluco-
corticoid receptor);HNMT: histamine N-methyltransferase; FABP2: fatty acid binding protein 2, intestinal ;IL6: interleucine 6; LIPF: gastric lipase; PFKL: phosphofructokinase; PLIN1: perilipin 1; PPARG: peroxisome
proliferator-activated receptor gamma; RARB: retinoic acid receptor beta; SCAP: SREBF chaperone; STAT: signal transducer and activator of transcription3; UCP2: uncoupling protein 2.
2
dados significativos somente em homens.
3
somente indivíduos homozigotos para o alelo E*3 da APOE.
4
somente em indivíduos obesos.
nos seguintes estudos, variantes em diversos genes não demonstraram resultados significantes: 5três variantes no gene adipoQ; 6 genes IRS1 e PPARγ 2.
7
27 variantes nos genes LIPC, LPL, LIPE, LIPA, LIPG, LIPF, GYS1, GYS2, GSK3B, CETP, APOA1, APOC3, GAL, NPY e GHRL; 8 53 variantes em 28
genes candidatos.
9
79

duas amostras de Euro-descendentes e uma de hispânicos.


80 Schuch et al.

dano de DNA detectada em células somáticas (Maluf suplementos é especialmente eficaz quando administra-
2004). Danos ao material genético podem ocorrer es- dos em conjunto, uma vez que este tipo de intervenção
pontaneamente, ou podem estar aumentados em algumas está relacionado com a diminuição dos níveis de homo-
situações, como deficiências nutricionais, e exposição ex- cisteína, que além de estar relacionada com aumento do
cessiva a agentes mutagênicos (Ames et al. 1995, Maluf risco cardiovascular, parece possuir também um papel
& Erdtman 2000, Maluf et al. 2001). Desta maneira, o deletério sobre o DNA (Fenech et al. 1997, Fenech et al.
entendimento dos fatores que levam ao aumento do dano 1998). Outras substâncias originárias da dieta já foram
de DNA pode trazer importantes progressos na área da determinadas como possuindo poder antimutagênico em
prevenção primária do câncer. investigações in vitro, embora ainda existam grandes
O ácido fólico e a vitamina B12 estão entre as subs- controvérsias sobre a suas funções reais no organismo,
tâncias originárias da dieta que já foram determinadas como por exemplo, o β-caroteno e o ácido ascórbido
como possuindo ação protetora para o dano de DNA, (Zeiger 2003).
inclusive quando suplementações dietéticas foram tes- Estas substâncias são metabolizadas no organismo
tadas em voluntários (Fenech et al. 1997). Além disto, através de diferentes rotas bioquímicas. Portanto, genes
Fenech et al. (1998) demonstraram que o papel destes que codificam enzimas metabolizadoras de substâncias

Tabela 3. Resumo dos resultados sobre nutrigenética e risco de câncer.

TAMANHOS RESULTADOS
GENE1/
METODO- AMOSTRAIS
POPULAÇÃO POLIMOR- REFERÊNCIA
LOGIA INVESTI- Genótipos
FISMO (rs) Efeito
GADOS relacionados

AR ↑ risco de câncer colo-retal


Reino Unido FFQ NAT2 348 com ↑ de consumo de carne Welfare et al.
AR/ AL2 frita (1997)
AL sem efeito da dieta

AR ↑ risco de câncer colo-retal Chen et al. (1998)


EUA FFQ NAT2 433 com ↑ de consumo de carne Kampman et al.
AR/ AL2 3.402 vermelha e carne processada (1999)
AL sem efeito da dieta

MTHFR nenhuma influência do


EUA (várias FFQ V222A 3.603 - polimorfismo ou do consumo Le Marchand et
etnias) (rs1801133) de folato sobre o risco de al. (2004)
câncer
MTHFR
A429E - idem
(rs1801131)
II ↓risco de câncer colo-retal
GSTP1 com ↑ consumo de frutas e
China FFQ I105V 1.463 verduras3 Yeh et al. (2005)
(rs1695) IV e VV dieta sem nenhum efeito
protetor
ins ins e ↑consumo de frutas e verduras
GSTT1 ins del anula o efeito deletério do
ins/del tabagismo sobre câncer colo-
retal
del del não existe proteção
Suplemen- XRCC1 RR ↓ risco de câncer de mama
EUA tação R194W 2.177 com suplementação de α e β Shen et al. (2005)
alimentar (rs1799782) caroteno e vitaminas C e E
RW e WW suplementação sem efeito
XRCC3 TT ↑ risco de câncer gástrico com Huang et al.
Polônia FFQ T241M 671 ↓ consumo de frutas (2005)
(rs861539) TM e MM sem influência da dieta

FFQ (com tt ↓ risco de câncer de próstata


ênfase para PTGS2 com ↑ consumo de peixe Hedelin et al.
Suécia3 consumo t3100g 2.160 tg e gg ↓ risco de câncer de próstata (2006)
de peixe) (rs20432) com ↑ consumo de peixe mais
acentuada
1
Siglas dos genes: GSTP1: glutathione S-transferase pi 1; GSTT1: glutathione S-transferase theta 1; MTHFR: 5,10-methylenetetrahydrofolate reductase;
NAT2: N-acetyltransferase 2; PTGS2: prostaglandin-endoperoxide synthase 2 (prostaglandin G/H synthase and cyclooxygenase); XRCC1: X-ray repair
complementing defective repair in Chinese hamster cells 1; XRCC3: X-ray repair complementing defective repair in Chinese hamster cells 3.
2
AR=conjunto de genótipos que determina o fenótipo de acetilador rápido, e AL= conjunto de genótipos que determina o fenótipo de acetilador lento.
3
especialmente em não fumantes.
4
quatro outras variantes foram investigadas neste gene, mas nenhuma interação nutrigenética foi percebida.
FFQ: questionário de freqüência alimentar (food frequency questionaire).

R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 8, n. 1, p. 73-84, jan./mar. 2010


Nutrigenética: interação entre dieta e genes 81

nocivas ao DNA poderão estar relacionados ao aumento 1). Outro gene que possui dados publicados por mais de
de dano de DNA e de risco de câncer. Neste sentido, al- um autor é o gene PPARG para o qual portadores do alelo
guns trabalhos procuraram determinar a interação entre 12A possuem uma resposta melhor à dieta, tanto com
genótipos nesta classe de genes e hábitos alimentares, relação à produção de insulina, quanto à manutenção do
reconhecidamente, mutagênicos ou antimutagênicos. O peso após uma dieta hipocalórica (Tab. 2). Além disto,
objetivo deste tipo de investigação é o de detectar em o papel protetor da dieta parece ser mais efetivo com
que extensão uma dieta protetora ou de risco afetará o relação ao risco de câncer em indivíduos que não pos-
risco para o desenvolvimento de câncer em indivíduos suem a deleção do gene GSTT1, assim como indivíduos
com diferentes perfis genéticos. Os estudos realizados classificados como acetiladores rápidos para o gene NAT2
até o momento procuraram associar estes marcadores tendem a um risco aumentado de câncer, na presença de
de suscetibilidade genética diretamente com câncer, não uma dieta rica em carne vermelha (Tab. 3).
existindo dados publicados com relação ao seu efeito No entanto, um longo caminho ainda deve ser trilha-
sobre os índices de dano de DNA. A tabela 3 resume do para que este conhecimento possa ser efetivamente
os principais achados na literatura relacionada ao risco aplicado. Conforme discutido por Ordovas & Corella
de câncer influenciado pela interação entre a dieta e (2004), achados observacionais como os apresentados
polimorfismos nos genes MTHFR (codificante da en- na presente revisão devem ser aprofundados com expe-
zima metilenotetrahidrofolato redutase, que possui um rimentos in vitro e in vivo, cujos resultados demonstrarão
importante papel no metabolismo do ácido fólico) e dos os mecanismos moleculares responsáveis pelas intera-
genes GST´s e NATs (relacionados com a detoxificação ções observadas. Além disto, ainda que a nutrigenética
de substâncias tóxicas). Além disto, na tabela 3, tam- já tivesse atingido o patamar de conhecer o real papel
bém estão resumidos trabalhos realizados com genes do de cada variante genética sobre a resposta nutricional,
sistema de reparo de DNA (XRCC1 e XRCC3), que são a tecnologia para a genotipagem de um grande número
igualmente importantes para a manutenção da estabili- de genes ainda não está disponível para grande maioria
dade genômica. da população: até o momento, estes métodos são caros
demais até mesmo para os padrões de países desenvol-
vidos. Apesar deste cenário aparentemente pessimista,
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
é provável que os custos diminuam, e espera-se que o
FUTURAS entendimento da importância da nutrigenética aumente,
de maneira que seja possível aplicar o conhecimento que
Os avanços descritos neste artigo têm aberto novos
está sendo produzido no momento. Conforme Ferguson
caminhos na prevenção de doenças, baseados na pos-
(2006), os maiores desafios desta nova área de conhe-
sibilidade de otimização individualizada do status nu- cimento podem não ser científicos, pois a difusão deste
tricional. Dados relacionados à interação entre dieta e conhecimento é crucial para que o mesmo possa ser
gene são bastante numerosos especialmente sobre perfil aplicado com sucesso por nutricionistas e profissionais da
lipídico, mas com um grande potencial de crescimento área. Rimbach & Minihane (2009) pontuam, ainda, que
também em áreas como a obesidade, diabetes mellitus para que a nutrigenética se torne útil na saúde pública,
tipo 2 e câncer. deve ocorrer o desenvolvimento e utilização de ferra-
Estes estudos vêm detectando quais alelos de vários mentas matemáticas e de bioinformática que examinem
genes estão relacionados com uma maior ou menor o impacto combinado de múltiplas variantes genéticas
resposta à intervenção dietética, o que no futuro será de sobre parâmetros de saúde, bem como, as alterações
grande valia para o desenvolvimento de recomendações nesta relação, que podem ocorrer pelo uso de estratégias
nutricionais personalizadas, baseando-se na informação dietéticas.
genética. Uma vez que características multifatoriais, Assim, para que este conhecimento possa ser correta
como o perfil lipídico, são influenciadas por um grande e efetivamente aplicado, fica claro que o caminho a ser
número de genes, este conhecimento poderá ser aplicado trilhado nesta área é bastante longo, e a determinação
na nutrigenética clínica somente no momento em que a de quais genes são importantes em cada população é
influência de todos estes genes, ou a maioria deles, for somente o primeiro passo. Até o momento, não existe
conhecida. Assim, embora a aplicação para a nutrição nenhum dado publicado sobre o papel da nutrigenética
personalizada ainda não seja possível devido ao pequeno em populações brasileiras, ou mesmo sul-americanas.
número de estudos, algumas investigações já detectaram Uma vez que tanto composição genética como hábitos
quais seriam alelos de indivíduos “hiper-responsivos” a alimentares são diferentes em nossas populações, estu-
intervenções dietéticas, e qual a composição gênica de dos na área da nutrigenética devem ser desenvolvidos
indivíduos “hipo-responsivos”. Alguns dados revisados com a população brasileira, para que este conhecimento
no presente trabalho apontam para portadores do alelo possa ser futuramente aplicado na clínica. Conhecendo
E*4 do gene APOE como sendo mais responsivos à mo- o perfil genético individual, saberemos quais pacientes
dificações do conteúdo de gordura na dieta, enquanto apa- responderão melhor a uma dieta específica, o que poderá
rentemente, modificações do conteúdo de carbohidratos ser aplicado tanto na prevenção, quanto no tratamento
seriam mais eficientes em portadores do alelo E*2 (Tab. de doenças.

R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 8, n. 1, p. 73-84, jan./mar. 2010


82 Schuch et al.

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