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ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA

32) FÁRMACOS ANTIBIÓTICOS


paralisia espástica; e a toxina do cólera que induz a secreção de
A palavra infecção descreve a presença e a multiplicação de líquido na luz do intestino, provocando diarréia.
um organismo vivo sobre o hospedeiro ou dentro dele.
As endotoxinas não contêm proteínas, não são liberadas
Doença infecciosa são as lesões ou danos patológicos ativamente pela bactéria durante o crescimento, e não possuem
decorrentes de uma infecção parasitária. A gravidade de uma atividade enzimática. São constituídas de lipídios e
doença infecciosa pode variar de leve a acarretando risco de polissacarídeos, encontrados na parede celular das bactérias
vida para o indivíduo, dependendo de muitas variáveis, como a gram-negativas. As endotoxinas são potentes ativadores de
saúde do hospedeiro quando da infecção e a virulência do vários sistemas reguladores em seres humanos. Pequenas
microrganismo (potencial de produção de doença). Um grupo quantidades no sistema circulatório podem causar coagulação,
selecionado de microrganismos, designados como patógenos, é sangramento, inflamação, hipotensão e febre.
tão virulento que raramente são encontrados na ausência de
Fatores de aderência, fatores de evasão e fatores invasivos
doença.
são outras característica das células bacterianas que lhe
A evolução da doença infecciosa pode ser dividida em conferem seu grau de virulência.
vários estágios distinguíveis depois da entrada do patógeno no Os antibióticos são fármacos utilizados para o tratamento
hospedeiro: das infecções bacterianas. No sentido mais estrito, os
antibióticos são substâncias produzidas por diversas espécies de
- período de incubação = o patógeno inicia a replicação microrganismos que suprimem o crescimento de outros
ativa sem produzir sintomas. microrganismos. Porém, as sulfonamidas e as quinolonas são
exemplos de antibióticos sintéticos.
- estágio prodrômico = aparecimento inicial dos sintomas,
ou vaga sensação de mal estar. Febre baixa, mialgia, cefaléia, Os antibióticos são classificados de acordo com a sua
fadiga, processos mórbidos. Diz-se que a doença é insidiosa potência. Os antibióticos bactericidas destroem as bactérias,
quando a fase prodrômica é prolongada. enquanto os antibióticos bacteriostáticos evitam apenas que
aquelas se multipliquem e permitem que o organismo elimine as
- estágio agudo = o hospedeiro sofre impacto máximo do bactérias resistentes. Para a maioria das infecções, ambos os
processo infeccioso. Rápida proliferação e disseminação do tipos de antibióticos parecem igualmente eficazes; porém, se o
patógeno. Durante essa fase, subprodutos tóxicos do sistema imune está enfraquecido ou a pessoa tem uma infecção
metabolismo microbiano, a lise celular e a resposta imune grave, como uma endocardite bacteriana ou uma meningite, um
organizada pelo hospedeiro se combinam para produzir danos antibiótico bactericida costuma ser mais eficaz.
aos tecidos e inflamação.
Os quatros mecanismos básicos de ação dos antibióticos
- período de convalescença = contenção da infecção, são:
eliminação progressiva do patógeno, reparo tecidual e a
resolução dos sintomas associados. 1) Ruptura da parede celular bacteriana por inibição da
síntese de peptídeoglicanos (penicilina,
- resolução = é a eliminação total de um patógeno do corpo cefalosporinas, glicopeptídeos, monobactano e
sem sinais ou sintomas residuais de doença. carbapenens);

A virulência de um microrganismo pode ser medida através 2) Inibição da síntese das proteínas bacterianas
de fatores de virulência, que são substâncias ou produtos (aminoglicosídeos, macrolídeos, tetraciclinas,
gerados por organismos infecciosos que aumentam a sua cloranfenicol, oxizolidinonas, estrepetograminas e
capacidade de causar doenças. Os principais fatores de rifampicina);
virulência são:
3) Interrupção da síntese do ácido nucléico
- toxinas = são as substâncias que alteram ou destroem o (fluoroquinolona, ácido malidixico); e
funcionamento normal do hospedeiro ou de suas células. As
toxinas bacterianas podem ser divididas em exotoxinas e 4) Interferência no metabolismo normal (sulfonamidas
endotoxinas. e trimetoprima).

As exotoxinas são as proteínas liberadas pela célula Os mecanismos de resistência bacteriana consistem na
bacteriana durante o crescimento celular. As exotoxinas produção das enzimas que inativam os antibióticos (como as
inativam enzimaticamente ou modificam componentes beta-lactamases); mutações genéticas que alteram os locais de
celulares, ocasionando disfunção ou morte celular. Como ligação dos antibióticos; vias metabólicas alternativas que
exemplo, pode-se citar as toxinas botulínicas que diminuem a contornam a atividade antibiótica e alterações na qualidade de
liberação dos neurotransmissores pelos neurônios colinérgicos, filtração da parede celular bacteriana, que impede o acesso de
causando paralisia flácida; a toxina tetânica diminui a liberação antibióticos ao local alvo do microrganismo.
dos neurotransmissores pelos neurônios inibitórios, causando

1 Marcelo A. Cabral
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Principais classes de fármacos antibióticos: Mecanismo de ação: Todos os antibióticos betalactâmicos


interferem na síntese do peptidioglicano da parede celular
1) Sulfonamidas: (Sulfadiazina, Sulfametoxazol, bacteriana, após se ligarem à proteína de ligação da penicilina
Sulfametopirazina, Sulfasalazina) (PLP - transpeptidases e carboxipeptidases). Além disso, o
evento bactericida final consiste na inativação de um inibidor
Mecanismo de ação: as sulfonamidas competem com o PABA das enzimas autolíticas na parede celular, levando à lise da
pela enzima diidropteroato sintetase; sulfonamidas são análogos bactéria.
estruturais e antagonistas competitivos do ácido para- - As penicilinas podem ser destruídas por enzimas amidases
aminobenzóico, um precursor do ácido fólico, que por sua vez é e betalactamases (penicilinases). O estreptococos não
essencial para síntese dos precursores do DNA e RNA produz betalactamases;
bacterianos. - A resistência à penicilina pode ser devida à:
A ação da sulfonamida consiste em inibir o crescimento das • produção de betalactamases pela bactéria;
bactérias: é um bacteriostático. A eficácia terapêutica dos • redução na permeabilidade da membrana externa
antimicrobianos bacteriostáticos depende do estado imunológico (aquaporinas);
do hospedeiro. • modificação dos sítios de ligação à penicilina.
- A ação bacteriostática é impedida na presença de pus e
produtos de degradação tecidual, visto que contém timidina - O ácido clavulânico é utilizado juntamente com a penicilina
e purinas, que são utilizadas pelas bactérias para contornar devido seu efeito inibidor de betalactamases. Isso diminui a
a necessidade de ácido fólico; resistência bacteriana à penicilina.
- A resistência à sulfonamida é mediada por plasmídeo; - Penicilinas e outros antibióticos são haptenos, moléculas
- Aumento do PABA inibe ação antibacteriana das que são muito pequenas para suscitar resposta imunológica,
sulfonamidas. mas que podem se ligar a proteínas séricas e induzir a
produção de anticorpos IgE, com conseqüente produção de
2) Trimetroprima: reação de hipersensibilidade, e até mesmo anafilaxia.
-
Mecanismo de ação: A trimetroprima inibe a ação do folato,
impedindo a formação do tetraidrofolato e, consequentemente, 4) Cefalosporina: (Cefalexina, Cefuroxima, Cefotaxima,
impossibilitando a formação do DNA. Cefalotina)
- É bacteriostática.
- Ocorre ação sinérgica quando administradas sulfonamidas e - Mecanismo de ação: é idêntico ao das penicilinas –
trimetoprima em conjunto para inibir a síntese de DNA interferência na síntese de peptidioglicanos bacterianos
bacteriano, pois elas agem na mesma via metabólica, porém após ligação às proteinas de ligação de betalactâmicos.
em fases diferentes. - As cefalosporinas possuem sensibilidade variável a
betalactamases.
- Resistência bacteriana ocorre devido às betalactamases
codificadas por plasmídeos ou cromossomos;

5) Tetraciclinas: (Oxitetraciclina, Doxiciclina, Minociclina e


Tetraciclina)

- Mecanismo de ação: as tetraciclinas inibem a síntese de


proteínas ao competirem com tRNA pelo local de ligação.
São apenas bacteriostáticos.
- As tetraciclinas são quelantes de íons metálicos, portanto
não devem ser administradas juntamente com leite, anti-
ácidos ou preparações de ferro.
- Deposita-se nos ossos e dentes amarelando-os.

6) Cloranfenicol:

- Mecanismo de ação: o clanfenicol inibe da síntese protéica.


Liga-se à subunidade 50S do ribossomo bacteriano.
- O uso clínico do cloranfenicol deve ser reservado para
infecções graves nas quais os benefícios da droga são
maiores do que o risco de toxicidade. Não deve ser usado
em recém-nascidos.
- É um bacteriostático, exceto para Haemophilus Influenzae.
3) Penicilinas: (Benzilpenicilina, Fenoximetilpenicilina,
- A resistência é devido à produção de cloranfenicol
Cloxacilina, Meticilina, Ampicilina, Amoxicilina,
acetiltransferase, que é mediada por plasmídeo.
Carbenicilina e Pipericilina)

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- O cloranfenicol causa depressão da medula óssea


resultando em pancitopenia (diminuição dos elementos - Utilizada em infecções causadas por bacterióides, infecções
figurados do sangue). das articulações e ossos causadas por estafilococos, e em
conjuntivite estafilocócica.
7) Aminoglicosídeos: (Gentamicina, Estreptomicina, - Pode causar colite pseudomembranosa, que é a inflamação
Amicacina, Tobramicina, Netilmicina, Neomicina, aguda do cólon devido uma toxina necrosante produzida
Framicetina) pelo Clostridium dificile presente na flora intestinal.

- Mecanismo ação: os aminoglicosídios inibem a síntese de 10) Fluoroquinolonas: (Ciprofloxacina, Ofloxacina,


proteínas bacterianas. Sua penetração através da membrana Norfloxacina, Acrosoxacina, Pefloxacina)
celular da bactéria depende, em parte, do transporte ativo
oxigênio-dependente por um sistema transportador - Mecanismo de ação: as fluoroquinolonas inibem a
poliamínico. O cloranfenicol bloqueia esse sistema, topoisomerase II (DNA girase que é a enzima que produz
portanto, quando administrados concomitantemente, ocorre superespiralamento negativo no DNA), não permitindo a
antagonismo farmacocinético. transcrição ou a replicação do genoma bacteriano.
- A ciprofloxacina é a mais usada. É um antibiótico de amplo
- Resistência se dá pela falha na penetração do fármaco na espectro, eficaz contra microrganismo gram positivo e gram
parede celular, ou pela sua inativação por enzimas negativo. É particularmente ativa contra microrganismos
microbianas. gram negativos, incluindo os resistentes às penicilinas,
- Espectro antimicrobiano: os aminoglicosídios são eficazes cefalosporinas e aminoglicosídios. Surgiram cepas
contra microrganismos aeróbicos gram negativos e alguns resistentes de S. aureus e P. aeruginosa.
gram positivos. A gentamicina é o mais usado, porém a - Indicações clínicas: infecções complicadas das vias
tobramicina é mais indicada no combate a P. aeruginosa. urinárias, infecções respiratórias, otite externa invasiva
- São altamente polares e não são absorvidos no TGI. causada por P. aeruginosa (piercim), osteomielite bacilar
- São utilizados principalmente em septicemia. gram negativa, gonorréia, prostatite e cevicite.
- Podem causar ototoxidade e nefrotoxidade.
11) Glicopeptídeos: (Vancomicina - é um bactericida, exceto
8) Macrolídeos: (Eritromicina, Claritromicina, Azitromicina, estreptococos)
Anfotericina - antifúngico)
. - Mecanismo de ação: a vancomicina atua ao inibir a síntese
- Mecanismo de ação: os macrolídeos ligam-se à subunidade da parede celular. É eficaz contra bactérias gram positivas,
50S do ribossomo bacteriano inibindo a síntese de proteínas incluindo o MRSA (Staphilococus aureus resistente a
bacterianas através de um efeito sobre a translocação. meticilina. A meticilina é uma penicilina semi-sintética
Sofrem competição pelo cloranfenicol e pela clindamicina. resistente às betalactamases).
- A vancomicina age de modo sinérgico com
- Espectro de ação: Eritromicina – é uma alternativa à aminoglicosídios. Deve ser administrada por via
penicilina – bactérias gram positivas; intarvenosa. Ela só é administrada por via oral para
- Azitromicina – menos ativa contra gram combater o clostridium dificile, uma vez que não é
positivos, porém eficaz contra H. influenzae e toxoplasma absorvida pelo TGI.
gondii. Tratamento das infecções do trato respiratório - Uso clínico: colite pseudomembranosa e infecções por
inferior (faringite, tonsilite) e superior (pneumonia e estafilococos resistentes à múltiplas drogas. A vancomicina
bronquite), infecções da pele e tecidos moles e otite média. é opção nas infecções estafilocócicas graves em pacientes
Posologia: adultos, 1 dose diária de 500mg durante 3 dias, alérgicos a peniclina e cefalosporina.
ou tratamento de primeira dose de 500mg e depois mais
quatro doses diárias de 250mg. Crianças, vide bula
conforme peso. 12) Agentes antimicobacterianos:
- Claritromicina – H. influenzae,
Mycobacterium avium e H. pilori. - As principais infecções micobacterianas são: Tuberculose
- Utilizados no tratamento da difteria, coqueluche, (Mycobacterium tuberculosis) e hanseníase
pneumonia, diarréia bacteriana. (Mycobacterium leprae).
Claritromicina + amoxicilina + omeprasol –
tratamento do H. pilory. a) drogas utilizadas no tratamento da tuberculose:
- Terapia farmacológica composta: - primeira fase = duração
9) Lincosamidas (clindamicina): de dois meses - isoniazida, rifampicina, pirazinamida e
etambutol.
- Mecanismo de ação: a clindamicina inibe a síntese de - Segunda fase = duração de quatro meses – isoniazida e
proteína, semelhante ao observado para os macrolídios e o rifampicina.
cloranfenicol.
- A clindamicina é ativa contra cocos gram positivos, • ISONIAZIDA:
incluindo estafilococos resistentes à penicilina, e contra - Atividade limitada à micobactérias.
muitas bactérias anaeróbicas. - É bacteriostática.

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- Mecanismo de ação – inibe a síntese de ácidos micólicos,


que são componentes da parede celular. aqueles com baciloscopia positiva ao final do segundo mês de
tratamento.
- O metabolismo da isoniazida depende de fatores genéticos
que determinam se o indivíduo é um acetilador lento ou b) Fármacos utilizados no tratamento da hanseníase:
rápido.
- tratamento durante 6 meses com dapsona e rifampicina no
• RIFAMPICINA: caso de hanseníase paucibacilar (poucos bacilos);
- É uma poderosa droga ativa por via oral, que inibe a RNA - tratamento durante 2 anos com rifampicina, dapsona e
polimerase das micobactérias. Induz as enzimas do clofazimina no caso de hanseníase do tipo lepromatoso.
metabolismo hepático. Pode-se verificar rápido
desenvolvimento de resistência.
13) Outros antimicrobianos beta-lactâmicos:
• ETAMBUTOL:
- Inibe o crescimento das micobactérias. Pode surgir - Carbapenêmicos: Imipenem:
rapidamente a resistência.
Mecanismo de ação: atua da mesma forma que os outros
• PIRAZINAMIDA: agentes beta-lactâmicos: interfere na síntese do peptidioglicano
- É um agente tuberculostático contra micobactérias da parede celular bacteriana.
intracelulares. Rápida resistência.
- Monobactâmicos: Aztreonam:
Segundo a Nota Técnica sobre as mudanças no tratamento
da tuberculose no Brasil para dultos e adolescentes, do Mecanismo de ação: interfere na síntese do peptidioglicano da
Programa nacional de Controle da Tuberculose – Ministério da parede celular bacteriana. É apenas ativo contra bactérias Gram-
Saúde, foi adotado um novo sistema de tratamento para a negativas aeróbicas, e é resistente à maioria das beta-
tuberculose, a ser aplicado aos indivíduos com 10 anos ou mais lactamases.
de idade. A mudança consiste nas seguintes ações:
- introdução do etambutol como quarto fármaco na fase Locais de atuação das principais classes de antibióticos:
intensiva de tratamento (dois primeiros meses) do esquema
básico, e tem como justificativa a constatação do aumento da
resistência primária à isoniazida, e também a resistência
primária à isoniazida associada à rifanpicina.
- introdução da apresentação em comprimidos com dose
fixa combinada dos 4 fármacos (4 em 1) para a fase intensiva do
tratamento. Os comprimidos são formulados com doses
reduzidas de isoniazida e pirazinamida em relação às
anteriormente utilizadas no Brasil. As vantagens da mudança da
apresentação dos fármacos são, entre outras, o maior conforto
do paciente pela redução do número de comprimidos a serem
ingeridos; a impossibilidade de tomada isolada de fármacos e a
simplificação da gestão farmacêutica em todos os níveis.
Para crianças até 10 anos continua sendo preconizado o
tratamento anterior que consiste na tomada de três fármacos
apenas (rifampicina, isoniazida e pirazinamida) na fase
intensiva de tratamento.

Esquema básico para dultos e adolescentes (2RHZE/4RH):

Mecanismos bioquímicos de resistência a antibióticos:

- Produção de enzimas que inativam o fármaco: por exemplo, as


betalactamases, que inativam a penicilina; acetiltransferases,
que inativam o cloranfenicol; quinases e outras enzimas, que
inativam os aminoglicosídios.
- Alteração dos locais de ligação de fármacos: isto ocorre com
os aminoglicosídios, a eritromicina e a penicilina.
- Redução da captação do fármaco pela bactéria: por exemplo,
Preconiza-se a solicitação de cultura, identificação e teste tetraciclinas.
de sensibilidade em todos os casos e retratamento, e para - Alterações de enzimas: por exemplo, a diidrofolato redutase
torna-se insensível à trimetoprima.

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- Muitas bactérias patogênicas desenvolveram resistência aos


antibióticos comumente utilizados; são exemplos: prótese valvar) vancomicina + gentamicina
Algumas cepas de estafilococos e enterococos são Endocardite aguda (com Vancomicina + gentamicina +
resitentes a praticamente todos os antibióticos atuais – sendo a prótese valvar) rifanpicina
resistência transferida por transposons e/ou plasmídios. Esses Acne vulgaris Doxicilina, eritromicina,
microganismos podem causar infecções hospitalares graves e clindamicina – todas
praticamente intratáveis. associadas a isotretionina
Algumas cepas de Mycobacterium tuberculosis tópica
tornaram-se resistentes à maioria dos agentes antituberculose. Antraz cutâneo Penicilina G cristalina
O grave problema clínico acarretado pelos Ace rosásea Doxicilina, metronidazol
estafilococos com resistência devido à produção de (tópico)
betalactamases havia sido solucionado com o desenvolvimento Erisipela Penicilina G procaína ou
de penicilinas semi-sintéticas (como a meticilina) e novos benzatina, azitomicina,
antibióticos betalactâmicos (monobactâmicos e carbapenens), eritromicina
que não eram sensíveis à inativação por essas enzimas. Porém, Impetigo Amoxicilina/clavunato,
surgiram cepas resistentes à meticilina (MRSA – Stafilococos azitromicina, eritromicina
aureus resistentes a meticilina) que passaram a apresentar um Úlceras de decúbito infectadas Aminoglicosídeos anti-
sítio de ligação adicional de betalactâmicos. Até ultimamente, o pseudomonas + clindamicina
glicopeptídio vancomicina era o antibiótico de último recurso ou cloranfenicol. Usar
contra o MRSA, mas, ominosamente, em 1997, foram isoladas sulfadiazina de prata (tópico)
cepas de MRSA resistentes a esse fármaco. Mordedura de cão/gato Amoxicilina/clavunato,
ampicilina
Exemplos de tratamentos empíricos das infecções: Osteomielite (adultos) Penicilina antiestafilocócica,
cefalosporinas,
Infecção Fármacos primeira escolha fluorquinolonas
Bronquite crônica Amoxicilina/clavunato Artrite séptica (adultos) Clindamicina, vancomicina,
Pneumonias Penicilina G, vancomicina penicilina antiestafilocócica
Pneumonia por aspiração Clindamicina, penicilina G Tétano Penicilina G cristalina,
Coqueluche Eritromcina, trimetroprima tetraciclinas, eritromicina
Amigdalite e faringite Geralmente possui origem Leptospirose Penicilina G critalina,
viral doxicilina, tetraciclinas
Otite externa Gotas auriculares de Peste Estreptomicina, gentamicina,
Polimixina B + neomicina + cloranfenicol, doxicilina
hodrocortisona Septicemia (adultos) sem Cefalosporinas parenterais de
Otite média Amoxicilina/clavu, penicilina. situações especiais 3ª geração ou penicilinas anti-
Sinusite Amoxicilina/clavunato pseudomonas +
Gastrenterite (somente graves) Ampicilina, amoxicilina aminoglicosídeos anti-
Enterocolite (C. difficille) Vancomicina, metronidazol pseudomonas; ampicilina +
(oral) aminoglicosídeos anti-
Diarréia dos viajantes Fluorquinilonas, trimetropima pseudomonas + clindamicina
Úlcera duodenal (H. pylori) Amoxicilina/ metronidazol/ ou imipinem/cilastatina
claritromicina/ composto de Conjuntivite Neomicina/polimixin B
bismuto /gentamicina ou cirpofloxacina
Cólera Tetraciclinas em colírio
Febre tifóde Cloranfenicol, amoxicilina, Pé diabético Clindamicina ou cefalosporina
ciprofloxacina oral de 1ª geração
Infecção urinária aguda Trimetropima/sulfametoxazol, Pé diabético crônico Infecção leve: ciprofloxacina +
amoxicilina/clavunato, recorrente clidamicina;
azitromicina Infecção grave: penicilina anti-
Meningites (adultos) Penicilina G cristalina, estafilocócica +
clorafenicol, ampicilina aminoglicosídeos anti-
Gonorréia Penicilina G procaína, pseudomonas + clindamicina.
amoxicilina/probenecida
Sífilis Penicilina G benzatina Infecção Fármacos primeira escolha
Infecção Fármacos primeira escolha Doenças dos legionários Eritromicina
Uretrite Doxicilina, azitromicina Febre reumática Penicilina G benzatina (IM)
Cancro mole Azitromicina, Febre recorrente Doxicilina, rifampicina
amoxicilina/clavunato Salpingite – inflmação pélvica Clindamicina +
Escabiose Permetrina, benzoato de aminoglicosídeo anti-
benzila (tópicos) pseudomonas, cefalosporina +
Endocardite aguda (sem Penicilina G cristalina, tetraciclinas

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Referências Bibliográficas
1. RANG, H. P. et al. Farmacologia. 4 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001;
2. KATZUNG, B. G. Farmacologia: Básica & Clinica. 9 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006;
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4. GOLAN, D. E. et al. Princípios de Farmacologia: A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. 2 edição. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2009;
5. FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L.; FERREIRA, M. B. C. Farmacologia Clínica. 3 edição. Rio de Janeiro: Guanabara
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6. GILMAN, A. G. As Bases farmacológicas da Terapêutica. 10 edição. Rio de Janeiro: Mc-Graw Hill, 2005.
7. CONSTANZO, L. S. Fisiologia. 2 edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
8. PORTH, C. M. Fisiopatologia. 6 edição. Rio de Janeiro: Ganabara Koogan, 2004
9. GOODAM & GILMAN. Manual de Farmacologia e Terapêutica. Porto Alegre: AMGH editora Ltda, 2010.

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6 Marcelo A. Cabral

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