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LEI COMPLEMENTAR Nº 140/2011

Elaborado em agosto/2012 por Walter Santos

COOPERAÇÃO ENTRE UNIÃO, ESTADOS, DF e MUNICÍPIOS NA COMPETÊNCIA


COMUM RELATIVAS À PROTEÇÃO DAS PAISAGENS NATURAIS NOTÁVEIS, À
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE, AO COMBATE À POLUIÇÃO EM QUALQUER DE
SUAS FORMAS E À PRESERVAÇÃO DAS FLORESTAS, DA FAUNA E DA FLORA.

A Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011, fixou normas para a cooperação


entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes
do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à
proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das
florestas, da fauna e da flora. Os entes atuarão no licenciamento ambiental (a LC só se aplica aos
processos iniciados a partir de sua vigência) via atuação supletiva (substitui o ente federativo
originalmente detentor das atribuições) ou atuação subsidiária (auxilia outro ente originalmente
detentor das atribuições quanto solicitado).

Os objetivos visados com a LC estão descritos no art. 3º (proteger, defender e conservar o


meio ambiente ecologicamente equilibrado; garantir o equilíbrio no desenvolvimento
socioeconômico com a proteção do meio ambiente; harmonizar as políticas e ações administrativas
para evitar a sobreposição de atuação entre os entes – evitar conflito de atribuições, atuação
eficiente; garantir a uniformidade da política ambiental em todo o País).

São instrumentos de cooperação (art. 4º):


a) consórcios públicos;
b) convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e
entidades do Poder Público;
c) Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do
Distrito Federal, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada
entre os entes;
d) delegação de atribuições de um ente federativo a outro;
e) delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro.
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A principal novidade introduzida é a determinação de que os processos de licenciamento


ambiental dos empreendimentos e atividades de significativo impacto ambiental serão licenciados
ou autorizados por um único ente federativo (art. 13), podendo os demais entes interessados
manifestarem-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante.

Também determinou-se maior eficiência nos processos de licenciamento, de modo a que


existindo exigências de complementação na análise do empreendimento deverá haver comunicação
pela autoridade licenciadora “de uma única vez ao empreendedor”, ressalvados os fatos novos (art.
14, § 1º), suspendendo-se o prazo de aprovação. Importante ressaltar que o decurso do prazo de
licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, “não implica emissão tácita”, mas dá ensejo à
competência supletiva.

A renovação de licenças deve ser requerida com antecedência mínima de 120 dias da
expiração do seu prazo de validade, ficando o prazo “automaticamente prorrogado até a
manifestação do órgão ambiental competente”.

Atribuiu-se competência ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização “lavrar


auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para apuração de infrações à
legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada” (art.
17), podendo haver representação por parte de qualquer pessoa identificada, mas ficou ressalvada a
possibilidade de atuação de um ente em casos de iminente degradação ambiental, mesmo não sendo
originalmente competente, hipótese em que, na presença de dois ou mais autos, prevalecerá o auto
de infração lavrado pelo órgão que detenha a competência para licenciar a atividade.

A LC modificou o art. 10 da Lei nº 6.938/81 (previa o prévio licenciamento por órgão


estadual competente, integrante do SISNAMA e do IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de
outras licenças exigíveis). Doravante, não há mais especificação de buscar-se o prévio
licenciamento em órgão estadual, mas tão somente que dependerá de prévio licenciamento
ambiental. Também foi alterada a publicidade dos pedidos: antes deveria ser publicados no “jornal
oficial do Estado, bem como em um periódico regional ou local de grande circulação”, mas agora
inseriu-se a possibilidade alternativa, de ser em “meio eletrônico de comunicação mantido pelo
órgão ambiental competente”.
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Assim, a LC reforça o ideal cooperativo, positiva disposição prevista em resolução e


confere maior segurança jurídica aos empreendedores ao evitar sobreposição de atribuições
conferidas à Administração Pública.

Importante mencionar que foi proposta ADIN (nº 4757, distribuída em 10/04/2012) em
face da LC nº 140/2011 pela a ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES DA CARREIRA
DE ESPECIALISTA EM MEIO AMBIENTE (ASIBAMA), destacando-se excerto da notícia
veiculada em http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=209095:

“De acordo com a ASIBAMA, o Meio Ambiente ficou menos protegido com o
estabelecimento de competências ambientais privativas para estados, DF e municípios,
uma vez que a maioria deles não está preparada para tais ações, e a União estaria impedida
de agir, pois teria perdido essas atribuições com a promulgação da lei.

A associação sustenta que a atuação do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio


Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) permitia à União atuar em qualquer
hipótese quando a legislação ambiental não era cumprida e que, agora, a limitação das
competências ambientais dos entes federativos dificultam a atuação da União em um
cenário em que os demais órgãos ambientais carecem de infraestrutura adequada.

Inconstitucionalidade

Além desses argumentos, a associação afirma que a aprovação da LC 140/2011


desrespeitou os artigos 65 e 255 da Constituição Federal. A primeira alegação de
inconstitucionalidade estaria no fato de a tramitação do projeto de lei no Congresso
Nacional não ter obedecido a regra prevista no artigo 65 da Constituição.

Já o artigo 255 prevê o direito de todos os brasileiros terem um Meio Ambiente


ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Nesse sentido, a associação
acredita que a LC 140/2011 “agride violentamente o princípio e o dever constitucional da
cooperação quando, em vários dispositivos, isola, limita e segrega competências
ambientais de fiscalização”. Para a entidade, “trata-se de um verdadeiro rebaixamento da
proteção ambiental”.

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