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VIVER EM SEGURANÇA

Não resta dúvida de que segurança pública está


definitivamente no foco central do debate público. Retornam
discussões que remetem a antigos paradigmas: desmilitarizar;
unificar, municipalizar e mais uma centena de teorias pululam
assinadas por “especialistas” de todas as áreas do conhecimento.
Indiferente a todas as discussões acadêmicas e teóricas sobre o
tema estão as mortes diárias; o aumento implacável dos registros
de crimes; e o recrudescimento insano da violência.

A legislação pátria, consoante especificamente o pórtico


constitucional do Art. 144, estabeleceu os órgãos do sistema de
segurança pública no Brasil. Não se encontra em nenhum texto
legal, contudo, o conceito definitivo do que seja de fato SEGURANÇA. Há definições filosóficas, éticas,
legais e de toda sorte sobre o que seja crime, porém, mesmo doutrinariamente, não se fala do que seja
estar seguro.

Qualquer leigo saberia responder que o termo se refere à possibilidade de ter sua integridade
física preservada e seu patrimônio intocado em qualquer circunstância. Etimologicamente, se relaciona
a não ter o que temer; sentir-se livre de riscos ou incertezas. Daí decorre toda a estruturação do que se
denominou de policiamento comunitário, filosofia e modalidade cujo um dos elementos centrais é
exatamente a “sensação de segurança”.

É fácil perceber que em locais onde há muitas mortes violentas intencionais e onde ocorrem
muitos furtos e roubos, essa percepção indicará que o “sistema” falhou em garantir parâmetros mínimos
de segurança. Por outro lado, não há como fugir da equação socioeconômica (condições de
saneamento, saúde, educação etc) como fatores predecessores ao crime e à violência.

Nesse viés, em busca de um conceito que sirva para apresentar algum progresso real na vida das
pessoas assoladas pelas “balas perdidas” e pelos “filhos da miséria”, é possível criar ambientes
colaborativos, nos quais todas as pessoas não só se sintam seguras, mas onde, de fato, haja
segurança.

Fatalmente, tal conceito remeterá à necessidade de um comprometimento particular, da parte


de todos, e de cada um, com o benefício da coletividade. Não há fórmulas mágicas, tampouco
soluções fáceis, mas qualquer conceito que sirva para mudar o atual cenário perpassa,
indiscutivelmente, pela força que advém da união de esforços das donas de casa, das faxineiras, dos
empresários, dos professores, dos estudantes, ricos ou pobres, incautos ou doutos, fortes ou fracos...

Viver em segurança é viver com o outro; é preocupar-se com o bem estar alheio; é
compartilhar; doar; construir! Viver num lugar livre de ameaças é ter consciência de que “o todo
não é todo sem a parte e a parte não é parte sem o todo”.

Assim, se há um caminho a trilhar, todas as setas indicarão no sentido da criação de redes


sociais colaborativas, com foco bem definido e habilidade de gestão para resultados, numa sinergia
que deixe de lado os interesses e as diferenças, e se consolide em ações e tarefas bem distribuídas e
orientadas para a solução dos problemas, dentro de cada contexto e de cada realidade.

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