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2ª FASE OAB TRIBUTÁRIO

Disciplina: Direito Tributário


Professor: Alessandro Spilborghs
Aula: 20
Monitor: Caroline

MATERIAL DE APOIO - MONITORIA

Índice

I. Anotações
II. Lousas

I. ANOTAÇÕES

Continuação – Resolução do exercício da aula anterior

SITUAÇÃO PROBLEMA
Após longa discussão judicial referente à impossibilidade da cobrança da taxa de iluminação pública até
então exigida por um determinado Estado, foi publicada a sentença há cinco dias, determinando a extinção
da cobrança, contudo o juiz não acolheu o pedido de restituição dos valores pagos anteriormente,
justificando que o contribuinte “A” não comprovou a determinação consagrada pelo Supremo Tribunal
Federal na Súmula 546.
Questão: Ingresse com a medida judicial cabível em atenção aos interesses do contribuinte “A”.

Sentença confirmou a extinção da cobrança da taxa de iluminação pública.


O juiz não acolheu o pedido de restituição.
Contribuinte “A” não comprovou a determinação da súmula 546 do STF.
Súmula 546, STF - Toda vez que se tratar de um TRIBUTO INDIRETO, é possível a restituição, mas restará
ao contribuinte de direito a comprovação de que não repassou o ônus tributário para o contribuinte de fato.
Art. 166, CTN
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência
do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o
referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este
expressamente autorizado a recebê-la.

Taxa de iluminação pública é um TRIBUTO DIRETO – fato gerador praticado por uma pessoa e recolhido por
ela mesma, razão pela qual não se sujeita aos requisitos da súmula 546 do STF e do art. 166 do CTN.

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8. Não incide ICMS na alienação de salvados de sinistro

Base teórica: A incidência do ICMS só acontece quando reunimos todas as características de uma operação
mercantil, transferindo a titularidade de um bem móvel que se destinou ao comércio.

Ex.1: De acordo com a CF, o tema “seguros” é de competência de legislação privativa da União. Já as
“operações de seguros” estão sujeitas ao IOF. Dentro dessas operações, temos o “salvado de sinistro” (o
que representa um bem que foi salvado, furtado, acidentado e que foi recuperado).
A alienação de um salvado de sinistro corresponde a uma operação de seguro (e não a uma venda de
mercadoria), não havendo que se falar em incidência do ICMS.

#TEMTESE
A alienação de bens de salvados de sinistro corresponde a uma etapa típica das operações de seguro, logo,
não pode a legislação tributária alterar sua definição apenas para autorizar a cobrança do ICMS.
Fundamentos: Súmula Vinculante 32; Art. 22, VII, CF c/c Art. 153, V, CF e Art. 3º, IX, LC 87/96

SÚMULA VINCULANTE 32. O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro
pelas seguradoras.

CF
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(...)
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

CF
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(...)
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários;

LC 87/96
Art. 3º O imposto não incide sobre:
(...)
IX - operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens móveis
salvados de sinistro para companhias seguradoras.

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Ex.2: Se você vai fazer uma viagem ao exterior, irá comprar moeda (dólar, euro...). Moeda estrangeira
vendida por uma casa de câmbio não pode ser enquadrada como uma operação mercantil, porque uma
operação de câmbio corresponde em uma operação financeira, sujeita ao IOF.

9. O depósito suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas não é pressuposto da anulatória

Base teórica: O CTN estabelece quais são as modalidades capazes de suspender a exigibilidade do crédito
tributário, sendo certo que todas elas são opcionais.

Ex.: Após a constituição do crédito tributário, pode ser impetrado um mandado de segurança acompanhado
de um pedido de liminar ou uma ação anulatória acompanhada de uma tutela OU em qualquer um dos
casos, é possível apresentar um depósito.
O depósito suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas é uma opção do contribuinte (NÃO É
OBRIGATÓRIO) para assegurar ao contribuinte a ampla defesa.

#TEMTESE
A CF assegura a todos o livre acesso ao Poder Judiciário e a ampla defesa. Logo, condicionar o ingresso de
uma ação ao depósito de um valor em dinheiro, ainda que equivalente ao montante da dívida ofende uma
garantia fundamental, cerceando a defesa do indivíduo
Fundamentos: Súmula Vinculante 28; Art. 5º, XXXIV, “a” c/c Art. 5º, LV, CF e Art. 151, CTN; Art. 38, LEF

SÚMULA VINCULANTE 28
É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade
de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

CF
Art. 5º.
(...)
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder;
(...)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;

CTN
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

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I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo
tributário administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de
ação judicial;
VI – o parcelamento.

Lei nº 6.830/80
Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em
execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de
repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida
do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido
dos juros e multa de mora e demais encargos.

10. Se a mercadoria nacional está isenta ao ICMS, o similar importado também estará

Base teórica: Os Estados tem autonomia para proteger a produção/circulação de mercadorias em seu
território, valendo-se inclusive de ferramentas tributárias. Contudo, essa autonomia não é atacada quando
a União firma por tratado internacional o tratamento de livre comércio para mercadorias importadas.

Ex.: Imagine um tratado internacional firmado pela União pelo Presidente da República. Com a assinatura
de um tratado internacional, a União não pode agir como ente federado, mas como representante do país
no cenário internacional.
A União estabelece no tratado internacional uma proteção de livre comércio, ou seja, oferece uma garantia
aos produtos impoprtados dizendo que eles terão um tratamento similar com os produtos nacionais.

#TEMTESE
Em respeito ao princípio da igualdade quando existir Tratado Internacional de livre comercio, os mesmos
benefícios concedidos aos produtos nacionais devem, igualmente, proteger os similares importados.
Fundamentos: Art. 150, II, c/c Art. 152, CF e Art. 98, CTN

CF
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)

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II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função
por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,
títulos ou direitos;

CF
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer
diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua
procedência ou destino.

CTN
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a
legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.

11. ISS e agências de emprego

Base teórica: O ISS incide sobre serviços previstos na lista anexa à LC 116/03. Serviços de mão de obra
temporária sujeitam-se ao imposto e a sua base de cálculo deve corresponder ao preço do serviço.

Ex.1: Imagine uma empresa de RH é contratada por um cliente. A empresa de RH é que procura o
trabalhador para o seu cliente, ou seja, funciona como intermediária do serviço. O salário do funcionário
será pago pelo tomador (pelo cliente que procurou a empresa de RH para selecionar o funcionário). Nessa
hipótese, a base de cálculo do ISS será igual a taxa de agenciamento.

Ex.2: Imagine uma empresa de RH é contratada por um cliente. A empresa de RH fornece o trabalhador
para o seu cliente, ou seja, ela é a prestadora do serviço (cede um funcionário para trabalhar na empresa
de um cliente seu). Nesse caso, o salário do funcionário será pago pelo prestador do serviço. Nessa hipótese,
a base de cálculo deverá ser a taxa de agenciamento mais o montante do salário).

#TEMTESE
Uma sociedade empresária de mão de obra temporária está sujeita ao ISS e para conhecer a base de cálculo
do imposto é preciso saber se a empresa é apenas intermediária da contratação ou se é ela quem fornece
o trabalhador.
Fundamentos: Súmula 524, STJ; Art. 7º, LC 116/03 e item 17.01 da lista anexa

Súmula 524, STJ. No tocante à base de cálculo, o ISSQN incide apenas sobre a taxa
de agenciamento quando o serviço prestado por sociedade empresária de trabalho
temporário for de intermediação, devendo, entretanto, englobar também os valores

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dos salários e encargos sociais dos trabalhadores por ela contratados nas hipóteses
de fornecimento de mão de obra.

LC 116/03
Art. 7o A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.

Lista anexa à LC 116/03


17.01 – Assessoria ou consultoria de qualquer natureza, não contida em outros itens
desta lista; análise, exame, pesquisa, coleta, compilação e fornecimento de dados e
informações de qualquer natureza, inclusive cadastro e similares.

12. ISS e operadoras de planos de saúde

Base teórica: Os planos de saúde realizam um serviço sujeito ao ISS porque previsto na LC 116/03 e
também porque a intermediação de serviços médicos não se confunde com o serviço prestado pelos médicos
terceirizados.

Ex.: O ISS incide sobre serviços médicos. O que o STF discutia é se o plano de saúde deveria ser considerado
como serviço médico. Foi considerado que sim! Não se trata de intermediação.
Pelo plano de saúde, você paga um valor do plano para a o administrador e uma outra parte é repassada
ao médico.
Qual é a base de cálculo do ISS pago pela operadora do plano de saúde? O médico é prestador de serviço
(recebe um determinado valor e serve de base de cálculo para o ISS que ele paga). E a administradora do
plano de saúde também é contribuinte do ISS. Nesse caso, a base de cálculo deverá corresponder ao valor
do plano menos o repasse ao médico. Imagine que o valor do plano de saúde é de R$ 1.500,00. Dentro
desse valor, o que pe repassado ao médico é R$ 500,00. Assim, quando você retira os R$ 500,00 do valor
do plano, você chega a um cálculo de R$ 1.000,00, o que equivale a base de cálculo do ISS que será pago
pela operadora do plano de saúde.
Porque cobrar o ISS sobre o valor total do plano é incorreto, posto que haveria bitributação (o médico já
recolhe ISS e a administradora do plano de saúde também).

#TEMTESE
Incide ISS sobre operadora de plano de saúde/seguro saúde e a base de cálculo do imposto deve
corresponder ao preço do plano menos o valor repassado aos médicos.
Fundamentos: Súmula 274, STJ; RE 651.703 e REsp 1.237.312; Art. 156, III, CF c/c Art. 7º, LC 116/03 e
itens 4.22 e 4.23 da lista anexa

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Súmula 274, STJ. O ISS incide sobre o valor dos serviços de assistência médica,
incluindo-se neles as refeições, os medicamentos e as diárias hospitalares.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE ISS SOBRE


ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELAS OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE.
RECEITAS ORIUNDAS DAS MENSALIDADES PAGAS PELOS BENEFICIÁRIOS DOS
PLANOS. LEI COMPLEMENTAR Nº 116/2003. RELEVÂNCIA DA MATÉRIA E
TRANSCENDÊNCIA DE INTERESSES. MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL.
(RE 651703 RG, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 06/09/2012, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-183 DIVULG 17-09-2012 PUBLIC 18-09-2012)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ISS. PLANO DE SAÚDE. INCIDÊNCIA. BASE DE


CÁLCULO. DESCONTOS.
1. Discute-se a validade da cobrança do ISS sobre planos de saúde e sua base de
cálculo.
2. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracteriza
ofensa ao art. 535 do CPC.
3. Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem consignou expressamente que "os
Planos de Saúde foram incluídos na Lista de Serviços tributáveis pelo ISSQN, assim
permanecendo na lista anexa à Lei Complementar n° 116/03, o que tornou possível
aos municípios exercitar sua competência tributária e exigir o imposto nos termos do
art. 156, III da CF" (fls. 297-298 - grifei).
4. No caso em análise não existe, a rigor, discussão quanto à legislação federal, que
prevê a exação nos itens 4.22 e 4.23 da Lista Anexa à LC 116/2003 (isso jamais é
negado pela contribuinte).
A pretensão principal da recorrente, na presente demanda, implica infirmar a análise
feita pelo TJ no tocante ao conceito de serviço fixado pelo art. 156, III, da CF e
declarar inconstitucionais os dispositivos da lei complementar federal, o que é
inviável em Recurso Especial.
5. Ainda que impossível acolher integralmente o pedido principal da contribuinte (não
incidência do ISS sobre planos de saúde), é preciso reconhecer parcialmente o seu
pleito, no que se refere à base de cálculo da exação.
6. A Segunda Turma ratificou jurisprudência de que a base de cálculo do ISS sobre
planos de saúde é o preço pago pelos consumidores, diminuído dos repasses feitos
pela contribuinte aos demais prestadores de serviços de saúde (hospitais, clínicas,
laboratórios, médicos etc.). Com ressalva de meu entendimento, passo a
acompanhar esses precedentes.

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7. A empresa pretende afastar totalmente a tributação, pelo argumento de que a
base de cálculo reconhecida pelo TJ-SP (preço pago pelo consumidor, sem
abatimento) é incorreta. O pedido deve ser parcialmente provido, pois, embora
devida a cobrança, o cálculo deve ser feito sobre base menor.
8. Não se trata de decisão extra petita, como aventado pelo Município, mas de
deferimento, em parte, do pedido.
9. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido.
(REsp 1237312/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
20/10/2011, DJe 24/10/2011)

CF
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
(...)
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em
lei complementar.

LC 116/03
Art. 7o A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.

Lista anexa à LC 116/03


4.22 – Planos de medicina de grupo ou individual e convênios para prestação de
assistência médica, hospitalar, odontológica e congêneres.
4.23 – Outros planos de saúde que se cumpram através de serviços de terceiros
contratados, credenciados, cooperados ou apenas pagos pelo operador do plano
mediante indicação do beneficiário.

13. ICMS calculado sobre pauta fiscal de valores

Base teórica: Por regra o ICMS está sujeito ao lançamento por homologação e sua base de cálculo deve
corresponder ao valor total da operação mercantil.

Ex.: Imagine uma loja em liquidação (venda com grandes descontos). O preço normal é de R$ 100 e o
preço que está sendo praticado é de R$ 30, ou seja 70% de desconto. Nesse caso, ocorre uma suspeita do
fisco. Pergunta-se: O fisco pode pressupor uma tabela de valores mínimos para essas mercadorias? Não
pode, mas é direito dele discordar mediante a instauração de um processo administrativo (deve dar margem
ao contribuinte de se defender para garantir a ampla defesa). Se ele não conseguir demonstrar a validade,
a veracidade dessas informações, ele deverá promover o lançamento por arbitramento.

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OBS: lançamento por arbitramento não é uma 4º modalidade de lançamento (é uma forma de lançamento
de ofício).

#TEMTESE
É ilegal cobrar o ICMS com base em valor de mercadoria fixado em pauta fiscal de valores, contudo na
hipótese de operação suspeita o fisco pode abrir um processo administrativo, assegurando a ampla defesa
ao contribuinte e por fim realizar o lançamento por arbitramento.
Fundamentos: Súmula 431, STJ e Art. 148, CTN

Súmula 431, STJ. É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria
submetido ao regime de pauta fiscal.

CTN
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o
valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora,
mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam
omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os
documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado,
ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou
judicial.

14. ICMS e mercadorias com descontos

Base teórica: A base de cálculo do ICMS deve ser observada no momento da ocorrência do fato gerador,
portanto, quando da saída da mercadoria do estabelecimento comercial.

Ex.: Um comerciante trabalhe com DESCONTOS INCONDICIONAIS (aqueles oferecidos no ato da compra).
Imagine que um produto custa R$ 130, só que alguns são vendidos com produtos pequenos defeitos por
R$ 50. O consumidor, nesse caso, resolve comprar o produto com pequeno defeito por R$ 50. A base de
cálculo deve ser equivalente ao valor do produto adquirido, ou seja, de R$ 50.

Há, no entanto, os DESCONTOS CONDICIONAIS (aqueles oferecidos em um momento posterior à compra).


Imagine que a Paty, uma comerciante tem os seus produtos que são vendidos a R$ 130. Ela vende (dá
saída) ao produto por R$ 130, mas equivale a um valor que o contribuinte poderá pagar em 30 dias,
entretanto, se esse mesmo comprador resolver pagar em até 15 dias, a Paty concede um desconto de R$
30 e o valor do produto sai por R$ 100 (desconto concedido em momento posterior à compra). Pergunta-
se: Na operação em que um consumidor que paga até o 15º dia o valor de R$ 100 pelo produto, qual será
a base de cálculo do ICMS? A base de cálculo do ICMS será de R$ 130 (valor registrado no momento da

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compra). O desconto foi concedido apenas em um momento posterior à compra. Assim, os descontos
condicionais entram na base de cálculo do ICMS.

#TEMTESE
O valor dos descontos incondicionais oferecidos nas operações mercantis deve ser excluído da base de
cálculo do ICMS. Já os descontos condicionais não implicam em redução do imposto.
Fundamentos: Súmula 457, STJ e Art. 146, III, “a”, CF c/c Art. 13, §1º, II, “a”, LC 87/96

Súmula 457, STJ. Os descontos incondicionais nas operações mercantis não se


incluem na base de cálculo do ICMS.

CF
Art. 146. Cabe à lei complementar:
(...)
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente
sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo
e contribuintes;

LC 87/96
Art. 13.
(...)
§ 1o Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V
do caput deste artigo:
(...)
II - o valor correspondente a:
a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como
descontos concedidos sob condição;

15. IR e danos emergentes e lucros cessantes

Base teórica: Aplica-se ao imposto de renda a teoria do acréscimo patrimonial, de modo que o imposto
incide toda vez que o contribuinte conquistar riqueza nova.

Ex.: Imagine que uma pessoa é uber só nos finais de semana. Ele investiu para comprar um carro no valor
de R$ 60.000,00 e os rendimentos tem gerado em torno de R$ 6.000,00 por mês, porém envolve-se em

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um acidente de trânsito (não por culpa sua) e teve a perda total do carro, além de ficar 1 mês sem trabalhar.
A pessoa causadora do acidente será condenada a indenizar o motorista do uber pelos danos emergentes
em R$60.000,00 (valor investido no veículo), além dos lucros cessantes (R$ 6.000,00 por 1 mês de
trabalho), totalizando uma indenização de R$ 66.000,00. Pergunta-se: Ele deverá recolher IR sobre esses
valores? Sobre danos emergentes não incide IR, porque representam uma indenização com o objetivo de
recompor o patrimônio (R$ 60.000,00 investidos no carro). Por outro lado, sobre os lucros cessantes,
entende-se que se trata de remuneração, devendo incidir, portanto IR.

#TEMTESE
Não é sobre toda e qualquer indenização que o IR será afastado. Se forem valores com intuito de reparação
(danos emergentes) o IR não incidirá. Porém, se os valores tiverem natureza remuneratória (lucros
cessantes) o IR será normalmente cobrado.
Fundamentos: REsp 1.464.786 e Art. 153, III, CF c/c Art. 43, CTN

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. OFENSA AO ART. 535 DO


CPC. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. VERBA RECEBIDA EM
DECORRÊNCIA DE ATO ILÍCITO PRATICADO POR TERCEIRO. NATUREZA DE LUCROS
CESSANTES. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA.
1. A alegada ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil foi apresentada de forma
genérica pela recorrente, tendo em vista que não demonstrou, de maneira clara e
específica, a ocorrência de omissão no julgado, atraindo, assim, o enunciado da
Súmula 284 da Suprema Corte.
2. Os valores percebidos a título de pensionamento por redução da capacidade
laborativa decorrente de dano físico causado por terceiro, em cumprimento de
decisão judicial, são tributáveis pelo imposto de renda e sujeitam a fonte pagadora
à retenção do imposto por ocasião do pagamento.
3. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, provido.
(REsp 1464786/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em
25/08/2015, DJe 09/09/2015)

CF
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(...) III - renda e proventos de qualquer natureza;

CTN
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer
natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:

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I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de
ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais
não compreendidos no inciso anterior.

16. Vícios da CDA e possibilidade de substituição

Base teórica: A CDA consiste no documento que trará todas as informações da dívida e do contribuinte
para uma futura cobrança judicial e por isso mesmo deverá atender requisitos indicados no CTN.

Ex.: Praticado o fato gerador, surge a obrigação tributária. O crédito tributário é constituído pelo lançamento
e se o contribuinte não pagar, é ajuizada uma execução fiscal precedida de uma inscrição em dívida ativa
para que a partir daí a Fazenda Pública possa emitir um documento que confirma que a dívida está em
aberto (representa o TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL).
O CTN estabelece que a inscrição em dívida ativa depende de alguns requisitos e, na falta destes, a
consequência é a nulidade da CDA, o que certamente irá prejudicar a execução fiscal. Sabendo disso, o
próprio CTN informa que a CDA pode ser substituída antes da sentença na execução fiscal e deve ser
devolvido o prazo para embargar.
E se o executado é a pessoa errada, significa vício na CDA? Nesse caso, a CDA não pode ser simplesmente
substituída. É necessário reiniciar todo o procedimento de cobrança, porque é a única medida de se
assegurar a ampla defesa.

#TEMTESE
A modificação do polo passivo da execução fiscal não pode acontecer através de mera substituição da CDA,
pois o título extrajudicial só admite ser alterado em razão de vícios formais ou materiais da cobrança.
Fundamentos: Súmula 392, STJ; Art. 202 c/c Art. 203, CTN e Art. 2º, §8º, LEF

Súmula 392, STJ. A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA)
até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro
material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução.

CTN
Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade
competente, indicará obrigatoriamente:
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que
possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;

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III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei
em que seja fundado;
IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.
Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do
livro e da folha da inscrição.

Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o


erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança
dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira
instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo,
acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a
parte modificada.

Lei nº 6.830/80
Art. 2º.
(...)
§ 8º - Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser
emendada ou substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para
embargos.

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II. LOUSAS

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