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A Cultura Organizacional em Uma Organização Pública PDF
A Cultura Organizacional em Uma Organização Pública PDF
Seu Gerenciamento.
Autoria: Celia Cristina Zago, Kátia Virgínia Ayres, Edi Luiz Zulian Vedana, Petrônio de
Oliveira Sá
Resumo
Este artigo apresenta os resultados de um estudo sobre a Cultura Organizacional vigente na
Secretaria de Saúde de um Estado da Região Nordeste. A pesquisa fundamenta-se no modelo
proposto por Zago (2000). Para a análise quanti-qualitativa dos dados, foram adotadas
técnicas da estatística descritiva e a análise categorial de conteúdo. Dentre as características
culturais levantadas destacam-se: supremacia dos critérios políticos sobre a meritocracia na
valorização dos servidores; falta de um norte gerencial mais consistente; conservadorismo;
centralização na tomada de decisões; desarticulação entre os diversos setores; e
descontinuidade. Características positivas importantes são evidenciadas, tais como: a crença
no potencial dos funcionários e na possibilidade de melhorias na Instituição; e o orgulho que
os membros organizacionais sentem por trabalharem na instituição. A cultura da Secretaria
estudada pode, então, ser caracterizada como Híbrida, variando entre os perfis “Político e de
Poder” e “Burocrático”. Os indicadores apontados podem servir de base para a definição de
quais comportamentos devem ser reforçados ou modificados para a consolidação estratégica
da cultura desejável que dê sustentação ao cumprimento da missão organizacional.
I – INTRODUÇÃO
A Secretaria Estadual de Saúde (SES), objeto deste estudo, ao assumir as funções de Gestora
Estadual do Sistema Único de Saúde (SUS), definidas pela Norma Operacional Básica (NOB-
SUS 01/96), vem enfrentando uma série de desafios, entre eles podem-se destacar: a condução
da política de saúde no âmbito Estadual, e a promoção de condições para que os municípios
do Estado assumam a gestão dos serviços de saúde.
O desenvolvimento institucional da SES depende, entre outras coisas, dos recursos físicos,
materiais, financeiros e intelectuais disponíveis, e, principalmente do esforço participativo e
contínuo de todos os seus colaboradores, o que pode, ou não, ser uma característica da sua
cultura organizacional.
A cultura organizacional expressa a identidade da organização enquanto representa o
imaginário coletivo dos seus membros, o qual, reconhecidamente influencia os seus
comportamentos e, em última instância, os resultados organizacionais.
Uma pesquisa sobre Cultura Organizacional é um levantamento amplo, através do qual
procura-se conhecer a imagem que os colaboradores da organização têm sobre a realidade
organizacional.
Atualmente, não se pode conceber administrar qualquer organização sem uma base sólida de
informações. Ao mesmo tempo, o determinismo que a cultura organizacional pode oferecer
para o gerenciamento e eficácia dos propósitos institucionais da Secretaria de Saúde justifica a
relevância de seu estudo e diagnóstico, como forma de se detectar até que ponto ela pode ser
vista como um fator restritivo ou facilitador para seu desenvolvimento. Esses estudos
propiciam, também, maior clareza a respeito da vida organizacional, promovendo uma
reflexão mais crítica sobre as idéias, normas, valores, enfim, sobre a realidade social. Sua
compreensão pode contribuir decisivamente para o debate de acadêmicos e profissionais de
gestão sobre a capacidade das organizações de se adaptarem, com a agilidade necessária e de
forma consistente, às transformações impostas pelo seu ambiente de inserção.
1
Ao pesquisador, cabe escolher um foco (MARTIN, 1992) ou tentar agregar os vários modos
de se ver as culturas nas organizações (MEYERSON e MARTIN, 1987). Essa ação torna-se
essencial ao desenvolvimento de estudos sobre essa temática, visto que a cultura
organizacional não se pode “dominar enquanto objeto de análise, mas, no máximo, inferir e
configurar” (FISCHER et al., 1993, p. 21) para tentar melhor compreender as organizações e
as pessoas que nelas estão inseridas.
Para a SES, o diagnóstico da cultura organizacional é uma importante ferramenta gerencial, à
medida que pode identificar a congruência entre os comportamentos e pensamentos reais e
desejáveis dos membros organizacionais, diante dos propósitos institucionais da Secretaria da
Saúde. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo geral, diagnosticar a cultura
organizacional da Secretaria Estadual de Saúde, de um estado do Nordeste, por meio da
análise da sua realidade organizacional na percepção dos seus colaboradores, como um
suporte para a avaliação da congruência entre a cultura e os objetivos organizacionais,
visando à sustentação de tomadas de decisões quanto ao seu gerenciamento.
II - FUNDAMENTOS TEÓRICOS
È possível encontrar validação dessa idéia em Morgan (1996) quando coloca que se pode
entender a cultura observando o funcionamento do dia a dia do grupo e seus comportamentos
expressados através dos padrões de interação, linguagem, imagens e temas explorados nas
conversas, rituais da rotina diária e pelo entendimento da história, que justifica a maneira pela
qual as coisas são feitas. E em Appelbaum e Grigore (1997) que explicam que identidade de
uma organização se expressa no seu perfil de negócios, nas suas ações, nas tecnologias que
adota; ou seja, em sua estrutura, que fundamenta o resultado de um processo evolutivo de
escolhas específicas das organizações baseadas em seus conhecimentos e valores.
Pode-se, portanto, inferir que a cultura na organização delineia a sua identidade que, por sua
vez, orienta os significados organizacionais como um fenômeno interpretativo que, para
Varela, é a chave central de todos os fenômenos cognitivos naturais, incluindo a vida real
(VARELA apud MATURANA e VARELA, 1997, p.48).
O senso de identidade ou sensemaking (WEICH, 1995) atribui à organização um fio
holográfico, onde o todo representa as partes e as partes representam o todo. Pode-se, então,
entender que a cultura caracteriza-se por ser a solidificação da identidade da organização e,
com isso, constitui-se na base de orientação para as percepções e ações na organização,
diferindo, portanto, da visão de cultura como uma unificação de pensamentos e ações.
Pelo exposto, destaca-se o processo de causalidade entre comportamento e cultura ao se
afirmar que a cultura norteia os comportamentos e é por eles consolidada. Zago (2000),
explica essa relação de causalidade tendo como base os fundamentos do Behaviors Based
Modell – BBM, de Pinheiro de Lima e Lezana (1999), o qual define que os comportamentos
humanos (individuais e coletivos) são sustentados pelos conhecimentos, necessidades, valores
e habilidades, assim conceituados:
-Necessidades organizacionais: são construídas baseadas na demanda interna e externa e
guiam a ação coletiva.
-Valores organizacionais: representam um conjunto de princípios relacionados à ação
individual e coletiva como um todo e estão embutidos em todos os processos de decisão.
3
Apesar de todos os setores da SES terem objetivos comuns, voltados para a promoção da
saúde e bem estar da população de acordo com as políticas de saúde do Estado, pode-se
afirmar que cada órgão se distingue do outro pela sua própria composição que envolve
experiências, valores, necessidades, conhecimentos e savoir faire específicos, dando-lhes,
também, especificidades culturais. Laraia (1989) explica que, quando considerado o grupo
humano no âmbito organizacional, e seguindo o pensamento da abordagem evolucionista, que
5
propõe que as culturas podem se desenvolver por caminhos próprios a partir de diferentes
eventos históricos que experimentou, pode-se admitir que setores que possuam objetivos
específicos e se localizem em espaços organizacionais distintos possuem experiências,
história e interesses próprios; constroem estruturas e adotam tecnologias e processos de
trabalho singulares e, por conseguinte, seus membros desenvolvem conhecimentos,
habilidades, necessidades e valores peculiares.
Por esse motivo, este estudo considerou como universo da pesquisa os atores organizacionais
que se concentram na sede da administração da SES, sendo que, num próximo momento
poderão ser desenvolvidas outras pesquisas que tratem especificamente da cultura de cada um
dos outros órgãos pertencentes à estrutura da SES.
Em sua sede, a SES conta com a colaboração de cerca de 862 funcionários, sendo 701 deles
oriundos da própria secretaria e 174 advindos de outros órgãos. Esses servidores estão
alocados em 61 Coordenações, Núcleos e Setores e Programas Especiais.
O presente estudo, caracterizado como um Estudo de Caso, de natureza descritiva e
explicativa, procurou investigar a cultura do órgão de administração da SES de forma
generalizada, não analisando as informações em nível micro como departamentos e divisões.
Isto pode indicar que os resultados coletados podem não ser comungados por todos, haja vista
que uma das características da cultura organizacional é que a mesma é composta por
subculturas, mas que de forma geral consolidam uma cultura se destacando através das
características que se mostram mais dominantes. Alerta-se, portanto, para o fato de que a
cultura da Secretaria não é hegemônica.
Constituíram-se em participantes da pesquisa, 198 servidores efetivos. A amostra, não
probabilística, foi selecionada por acessibilidade, como classifica Vergara (2000).
Para a coleta dos dados foi utilizado um questionário estruturado em três partes, adapatado de
Zago (2000),, contendo 12 questões, abertas e fechadas, possibilitando a inclusão de métodos
de investigação quanti-qualitativos.
Na primeira parte, composta por cinco questões fechadas, buscou-se levantar os dados sócio-
demográficos e funcionais dos participantes. Na segunda parte, composta por quatro questões
de múltipla escolha e( escala do Tipo Likert (, com quatro pontos variando entre discordo
totalmente a concordo totalmente), objetivou-se avaliar características da cultura
organizacional, através da freqüência de respostas que se configuraram como dados
quantitativos; e, na terceira parte, foram apresentadas uma questão mista e duas questões
abertas, visando à avaliação das mudanças organizacionais e dos pontos fortes e fracos da
organização para um bom desempenho, que se configuraram como dados qualitativos. O
questionário foi aplicado aos participantes em seu próprio local de trabalho, de forma
individual ou coletiva, pela equipe envolvida no projeto, com a autorização dos chefes dos
diversos setores da Secretaria.
Para o desenvolvimento do estudo foram realizadas as seguintes etapas:
Etapa I – Fase preparatória - Para a realização da pesquisa, buscou-se, inicialmente, obter
listagens junto à SES, informações sobre a estrutura organizacional, o número e cargos dos
servidores de cada setor, e informações sobre os servidores cedidos à sede da SES por outros
órgãos. Com base nessas informações, foi calculada a amostra do estudo e planejadas a coleta
e a análise dos dados. O instrumento utilizado foi adaptado de Zago (2000), buscando
adequá-lo à realidade da organização em análise. Antes da sua aplicação, foi realizado um
estudo-piloto, com doze servidores, para a verificação da necessidade de
alterações/adaptações na redação e apresentação do instrumento. Não sendo constatadas
necessidades de mudanças, os instrumentos aplicados foram agregados à amostra final.
Etapa II –Abordagem/Sensibilização - Com o apoio de um dos Setores da SES, foi
preparado e enviado um ofício para todos os chefes, apresentando a pesquisa e os
6
Tabela 1- Aspectos que as pessoas que trabalham na Secretaria da Saúde sentem falta”
Variável Avaliação n %
1. Crescimento na carreira. Discordo Totalmente 10 5.1
Discordo 19 9.6
Concordo 95 48.0
Concordo Totalmente 70 35.4
Não Respondeu 04 2.0
2. Terem salário compatível com os pagos no mercado. Discordo Totalmente 13 6.6
Discordo 43 21.7
Concordo 67 33.8
Concordo Totalmente 71 35.9
Não Respondeu 04 2.0
3. Realizarem-se com o trabalho que desenvolvem Discordo Totalmente 08 4.0
Discordo 55 27.8
Concordo 84 42.4
Concordo Totalmente 48 24.2
Não Respondeu 03 1.5
4. Serem reconhecidas Discordo Totalmente 09 4.5
Discordo 26 13.1
Concordo 88 44.4
Concordo Totalmente 71 35.9
Não Respondeu 04 2.0
Total 198 100,0
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Variável Avaliação n %
Discordo Totalmente 29 14.6
1. São competentes. Discordo 76 38.4
Concordo 62 31.3
Concordo Totalmente 25 12.6
Não Respondeu 06 3.0
Discordo Totalmente 21 10.6
2. São esforçadas. Discordo 88 44.4
Concordo 71 35.9
Concordo Totalmente 13 6.6
Não Respondeu 05 2.5
Discordo Totalmente 21 10.6
3. Possuem nível escolar mais elevado. Discordo 78 39.4
Concordo 75 37.9
Concordo Totalmente 20 10.1
Não Respondeu 04 2.0
Discordo Totalmente 15 7.6
4. Tem apadrinhamento ou amizades importantes. Discordo 25 12.6
Concordo 51 25.8
Concordo Totalmente 102 51.5
Não Respondeu 05 2.5
Total 198 100,0
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Por meio da observação dos escores da Tabela 3, algumas características culturais podem ser
destacadas, segundo a percepção dos respondentes, entre as quais destacam-se:
conservadorismo (dificuldade de aceitação de mudanças – NC = 65,1%); centralização na
tomada de decisões (NC = 65,1%).
Tabela 3 - Aspectos inerentes ao ambiente e às relações de trabalho na Secretaria da Saúde”
Variável Avaliação n %
Discordo Totalmente 23 11.6
1. Trabalham com entusiasmo. Discordo 92 46.5
Concordo 72 36.4
Concordo Totalmente 08 4.0
Não Respondeu 01 0.5
Discordo Totalmente 22 11.1
2. Aceitam com facilidade mudanças e inovações Discordo 107 54.0
Concordo 57 28.8
Concordo Totalmente 08 4.0
Não Respondeu 04 2.0
Discordo Totalmente 15 7.6
3. Confiam na instituição e nos seus líderes. Discordo 91 46.0
Concordo 78 39.4
Concordo Totalmente 11 5.6
Não Respondeu 03 1.5
Discordo Totalmente 10 5.1
4. Sentem-se orgulhosas de trabalharem aqui. Discordo 54 27.3
Concordo 111 56.1
Concordo Totalmente 20 10.1
Não Respondeu 03 1.5
Discordo Totalmente 18 9.1
5. São ativas e cheias de iniciativa. Discordo 96 48.5
Concordo 68 34.3
Concordo Totalmente 12 6.1
Não Respondeu 04 2.0
9
funcionários (52%); em contratar e manter pessoas que sejam qualificadas (60,6%); e com a
assiduidade e o cumprimento dos horários (61,1%).
Considerando que a literatura de administração acusa esses aspectos como essenciais para a
arte gerencial, os dados apresentados podem sugerir que na SES há um perfil de
administração não profissionalizada.
Ainda na Tabela 4, constata-se que na visão dos respondentes, a cultura da Secretaria mostra
sua responsabilidade em relação ao seu objetivo-fim que é o de assistência à comunidade,
quando apontaram que a Secretaria se preocupa com a qualidade dos serviços prestados à
comunidade (65,7%); com a imagem organizacional frente à comunidade (64,6%); e em
prestar um ótimo trabalho à comunidade (63,1%)
Tabela 4 - Avaliação dos respondentes acerca das principais preocupações dos dirigentes da Secretaria da Saúde
Variável Avaliação n %
1. O desenvolvimento e Discordo Totalmente 24 12.1
atualização dos Discordo 85 42.9
funcionários. Concordo 72 36.4
Concordo Totalmente 12 6.1
Não Respondeu 05 2.5
2. A qualidade dos Discordo Totalmente 12 6.1
serviços prestados à Discordo 51 25.8
comunidade. Concordo 114 57.6
Concordo Totalmente 16 8.1
Não Respondeu 05 2.5
Discordo Totalmente 12 6.1
3. O ambiente interno de Discordo 56 28.3
harmonia e respeito. Concordo 109 55.1
Concordo Totalmente 19 9.6
Não Respondeu 02 1.0
Discordo Totalmente 20 10.1
4. A produtividade dos Discordo 83 41.9
funcionários. Concordo 73 36.9
Concordo Totalmente 17 8.6
Não Respondeu 05 2.5
Discordo Totalmente 19 9.6
5. O bem estar dos Discordo 79 39.9
funcionários. Concordo 88 44.4
Concordo Totalmente 09 4.5
Não Respondeu 03 1.5
6. A imagem Discordo Totalmente 11 5.6
organizacional frente à Discordo 54 27.3
comunidade. Concordo 106 53.5
Concordo Totalmente 22 11.1
Não Respondeu 05 2.5
Discordo Totalmente 13 6.6
7. A assiduidade e o Discordo 60 30.3
cumprimento dos Concordo 101 51.0
horários. Concordo Totalmente 20 10.1
Não Respondeu 04 2.0
Discordo Totalmente 31 15.7
8. Contratar e manter Discordo 89 44.9
pessoas que sejam Concordo 63 31.8
qualificadas. Concordo Totalmente 11 5.6
Não Respondeu 04 2.0
Discordo Totalmente 14 7.1
9. Prestar um ótimo Discordo 55 27.8
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A – Avaliação Negativa
Das mudanças mais freqüentemente mencionadas pelos (105) participantes que consideraram
as mudanças negativamente, destacaram-se:
• Dedicação do Servidor - 3,8%
Esta categoria representa o quanto as mudanças ocorridas com o tempo na Secretaria da
Saúde influenciaram negativamente na dedicação dos servidores.
Na opinião dos respondentes essa influência pode ser considerada baixa, haja vista que houve
uma incidência de apenas 3,8% de destaque para essa categoria. Os depoimentosi, a seguir,
ilustram essa avaliação.
“Sim, quando se sentia motivada e quando tínhamos aumento salarial”
“Sim. Já houve momentos nesta secretaria em que as pessoas trabalhavam com menos má vontade”
• Estilo Administrativo - 23,8%.
Esta categoria retrata a percepção dos respondentes em relação às mudanças avaliadas como
negativas ocorridas, referentes ao estilo administrativo dos atuais gestores. Sua incidência de
indicação de 23,8% pode ser considerada relevante. Podendo ser destacada através das falas
de alguns entrevistados:
“ Existiam metas a serem cumpridas, acompanhamento da execução das mesmas, através do próprio
gestor...dava para ver um sistema funcionando, cada peça da máquina...”
“Não confiar nos próprios funcionários, digo da própria secretaria, trazer pessoas que não tem nenhuma
competência para desempenhar as funções”.
“Em datas anteriores achava os coordenadores mais seguros nas ações”.
“Discriminação, antes não existia, hoje está estampado”....
“Os chefes tinham capacidade técnica...A hierarquia era respeitada, sem perseguição política”
“ Os setores trabalham desconectados. Não existe interação”.
• Valorização do servidor - 43,8%:
Nessa categoria, o nível de descontentamento com as mudanças ocorridas alcançaram a maior
incidência de respostas (43,8%). Podem ser destacados depoimentos que expressam,
12
B – Avaliação Positiva
Das mudanças mais freqüentemente mencionadas pelos (10) participantes que consideraram
as mudanças positivamente, destacaram-se os seguintes depoimentos:
• Dedicação do Servidor - 10%
“Em relação à dedicação dos funcionários existe uma cooperação, digo, reconhecimento ao funcionário hoje...”.
“Em nível de estrutura física estamos melhor instalados, salas mais amplas, que proporcionam maior estímulo
para desenvolver as funções”.
• Estilo Administrativo - 10%.
“Hoje é melhor”
“Os tempos são outros. De maneira geral a população está mais consciente de suas responsabilidades e os
funcionários em particular desempenham seus trabalhos de forma satisfatória”
• Valorização do Servidor - 70% .
“Com relação à dedicação dos funcionários: não ocorreu mudança significativa. Com relação ao estilo de
administração: existe uma tendência à humanização. Com relação a valorização: há uma tendência ao
reconhecimento do profissional” .
“A humanização era pouco comentada tanto nas relações do trabalho, quanto no atendimento à comunidade”
“Éramos bem menos reconhecidos do que somos hoje”
“Antes não se dava o devido valor aos funcionários. Agora nosso governador nos premiou com PCCR que
valorizou muito a classe funcional”
“Funcionário da Secretaria não era visto com bons olhos”
• Qualidade no trabalho - 10%
O ambiente de trabalho era muito desorganizado e possuía poucas máquinas, dificultando o trabalho”
Em nível de estrutura física estamos melhor instalados, salas mais amplas, que proporcionam maior estímulo
para desenvolver as funções”.
A - Pontos fortes:
• Pessoal qualificado e comprometido com os resultados organizacionais.
• Quantidade suficiente de profissionais para o desenvolvimento dos trabalhos.
• Integridade e assiduidade dos dirigentes no cumprimento de seus compromissos profissionais (e.g. campanhas)
e nos pagamentos dos fornecedores.
• Estrutura física adequada.
• Bom relacionamento entre os funcionários.
• Responsabilidade e eficácia dos trabalhos junto à comunidade. (e.g. saneamento básico, Programa de Saúde
Familiar).
• Disponibilidade de recursos financeiros.
• Prestígio político da Secretaria.
• Trabalho em equipe
• Plano de Cargos e Salários implantado.
B - Pontos Fracos
• Despreparo gerencial dos dirigentes e chefes.
• Não reconhecimento profissional dos funcionários e a não compensação em termos salariais e de benefícios.
• Apadrinhamentos, politicagem, e injustiças.
• Falta ou má utilização dos recursos.
• Ausência de uma coordenação estratégica de Recursos Humanos (acusam que hoje é apenas cartorial e
burocrática) que administre eficientemente o desenvolvimento das pessoas que ali trabalham.
• Ausência de melhor capacitação dos funcionários.
• Desarticulação entre os diversos setores.
• Falta de compromisso de alguns servidores.
• Relações hierárquicas pouco amistosas.
• Carência de maior comunicação e informações.
• Ingerências.
• Superlotação de pessoal em alguns setores.
• Dificuldade das pessoas em aceitar mudanças.
• Descontinuidade, ocasionadas pela rotatividade dos dirigentes.
• Morosidade, burocracia e centralização das decisões.
Secretaria existe a valorização dos servidores por mérito, mas que esse critério é sobreposto
por critérios políticos, que em última análise, definem seu perfil cultural.
Quanto às dimensões conhecimentos e habilidades, a instituição parece ter uma cultura
caracterizada pela falta de um norte gerencial mais consistente, tanto em relação às estratégias
organizacionais como aos aspectos técnico-operacionais. São acusados como principais
motivos deste quadro: a indicação para assumir as chefias de pessoas que não conhecem bem
a realidade organizacional ou que não possuem um perfil gerencial; a falta de informações,
habilidades e/ou conhecimentos suficientes para conhecerem os objetivos organizacionais; as
suas funções, os seus direitos e deveres, ao exercício eficiente de suas atribuições e a falta
de preocupação dos dirigentes da Secretaria com o desenvolvimento e atualização dos
funcionários; com a produtividade dos funcionários, e em contratar e manter pessoas que
sejam qualificadas, e com a assiduidade e o cumprimento dos horários .
Considerando que a literatura de administração acusa estes aspectos como essenciais para a
arte gerencial, os dados apresentados podem sugerir que na SES há um perfil de
administração não profissionalizada.
Outras características culturais percebidas foram o conservadorismo (dificuldade de aceitação
de mudanças); a centralização na tomada de decisões; a desarticulação entre os diversos
setores; a descontinuidade ocasionada pela rotatividade dos dirigentes.
Percebe-se também que a cultura da SES traz características importantes como: a crença no
potencial dos seus funcionários e na possibilidade de melhorias na Instituição e o orgulho que
os membros organizacionais sentem por trabalharem na instituição não pelo status que essa
condição lhes confere, mas principalmente pela responsabilidade mostrada pela Instituição em
relação ao seu objetivo-fim que é o de assistência à comunidade. Esse fato pode ser
constatado quando os respondentes apontam que na Secretaria preocupa-se com a qualidade
dos serviços prestados à comunidade; com a imagem organizacional frente à comunidade; e
em prestar um ótimo trabalho à comunidade.
Concluindo, os dados levantados oferecem base consistente para o traçado do perfil da cultura
da Secretaria da Saúde onde podemos diagnosticá-la como sendo relativa ao Perfil 4 –
cultura híbrida , localizando-se em um continuum entre o Perfil 1 - cultura política e de
poder, e o perfil 2 - cultura burocrática, sendo que no momento atual, a ênfase recai no
primeiro perfil.
Destaca-se o fato de que na Secretaria o ponto que parece mais nevrálgico para uma boa
administração são as competências gerenciais. Portanto, sugere-se a imediata promoção de
cursos consistentes de capacitação gerencial, de preferência em nível de pós-graduação.
Estudar os indicadores apontados neste trabalho, podem servir de base para se saber quais
comportamentos devem ser reforçados ou mudados para a consolidação estratégica da cultura
desejável que dê sustentação ao cumprimento da missão da Secretaria de Saúde. Esta é uma
decisão estratégica que cabe aos seus administradores.
REFERÊNCIAS
APPELBAUM, Steven H; GRIGORE, Marius L. “Organizational change and job redisgn in
integral manufacturing : a macro-organizational to micro-organizational perspective”. Journal
of European Industrial Training, v. 21 Issue 2, 1997.
AZEVEDO. C.da S. Liderança e processos intersubjetivos em organizações públicas de
saúde. Revista Ciência e Saúde Coletiva, 7 (2):349-361. 2002.
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