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Prota

gonismo
em Foco
Sistematização de práticas
pedagógicas que retratam o
protagonismo na Educação
Prota
gonismo
em Foco
Sistematização de práticas
pedagógicas que retratam o
protagonismo na Educação
06 Carta ao educador

08 Educação Infantil. Berçário -


Procurando práticas, encontrando
protagonismo: A criança vive a creche

11 Aconteceu no Maternal -
Você vai votar em quem?

13 Ensino Fundamental. Anos Iniciais -


Quem escolhe é você

15 Ensino Fundamental. Anos Finais -


Insetóides! O que é isso?

18 EJA Ciclo I - Master Chef da EJA

20 Língua e Cultura Inglesa -


A teacher chegou!
20 Educação Física - Envolver,
conhecer, construir e criar

22 Um pouco do AEE -
Para superar barreiras

27 E por falar em planejamento…

28 A partir daqui eu posso...

30 Vamos olhar para os espaços escolares?

32 Carta Final aos Educadores


Carta
ao educador
A partir das discussões sobre o perfil do aluno moderno, do
desenvolvimento de saberes, competências e habilidades (conceitos,
procedimentos, práticas, ações cognitivas, atitudes e valores), da
intencionalidade pedagógica, e da necessária transformação da
educação, nossa revista “Protagonismo em foco” tem por objetivo
central o “protagonismo”!
Parece redundante falar sobre protagonismo na escola, afinal, todas
as atenções estão no educando, porém, ao passo que conhecemos mais
sobre metodologias ativas mais precisamos “centrar” nossas ações no
educando e seu aprendizado.
Para isso é necessário refletir sobre a escola sendo um ambiente
privilegiado, que tem por responsabilidade promover acolhimento,
reconhecimento e desenvolvimento pleno do educando, potencializando
suas singularidades e diversidades. Logo, faz parte dessa apreciação
a análise da prática docente: as especificidades dos tempos e espaços
escolares, os processos educativos, necessidades, possibilidades,
interesses dos educandos, e os desafios do cotidiano escolar.
Entendemos que a Educação Básica tem como questionamentos: O que
ensinar? O que aprender? Para que aprender? Como ensinar? Como
avaliar o aprendizado? Cabe à escola elaborar e executar propostas
pedagógicas para a efetivação da formação e desenvolvimento humano
em sua integralidade. Para isso passamos pelo processo permanente de
reflexão, mudanças, rupturas, reinvenções de cada indivíduo, de cada
educador, de cada escola e da própria sociedade.

6 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


Nossa revista “Protagonismo em foco” é a sistematização de práticas
que retratam o protagonismo na educação. Foi idealizada pela equipe
do Cemead em parceria com as divisões do Departamento Pedagógico
e com a colaboração dos educadores da Rede Municipal de Educação
de Guarulhos (PEIs, PEBs, PEBs das diversas áreas do conhecimento
e gestores). Existem boas práticas realizadas pelos educadores da nossa
Rede, porém destacamos algumas que mostram o protagonismo em cada
etapa da vida escolar. As ações consideram o educando como centro do
processo da aprendizagem.
Convidamos você, educador, a conhecer e explorar a revista, observando
onde se apresenta a ação de educador e o protagonismo. Para isso é
necessário estar atento aos detalhes apontados em cada descrição,
analisando as práticas que já fazem parte de seu cotidiano e aquelas
que podem ser aproximadas de suas metodologias. Lembre-se de que
cada escola possui uma realidade, contudo estamos enfatizando que o
“protagonismo” é intrínseco nas ações escolares.
Vamos conhecer as práticas?

Boa leitura,
a revista vai começar!

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EDUCAÇÃO INFANTIL
BERÇÁRIO

Procurando práticas,
encontrando protagonismo:
A criança vive a creche
Ao conversarmos com as educadoras Thaís e dos seus educandos. Uma das práticas mais
Thayane da EPG Érico Veríssimo pudemos utilizadas é o uso dos cantinhos que procu-
notar que para além de atividades e pesquisas ramos reinventá-los todos os dias, dentro e
de práticas que contemplem a proposta cur- fora da sala, o brincar heurístico, onde o edu-
ricular, existe um olhar e uma escuta toda es- cando brinca com materiais e/ou objetos que
pecial, cheia de empatia aos pequenos, como não configuram um brinquedo pronto, por
diz a educadora Thayane: “é se colocar no exemplo: potes, colheres, caixas de papelão,
lugar desse ser”. cilindros de papel, tecidos e elementos da na-
Muito antes de compreender o processo da tureza como galho, folhas, pedrinhas, frutos.
escuta aos educandos, vem a busca por enten-
der o que é educação infantil e a concepção de
infância. São tempos dedicados aos estudos e
pesquisas, até perceber que o educando pre-
cisa experimentar e que há flexibilidade em
suas ações.
“O educando ‘vive’ a creche em
todos os seus aspectos. O edu-
cando está o tempo todo em
Para entendermos um pouco como se dá o
movimento, ao mesmo tempo
movimento de escuta ao educando, vamos
em que está pintando, ele está
observar um relato da educadora:
cantando, está dançando, ele
está conversando sobre outro “Foi muito interessante! Aqui tem uma árvo-
assunto que não aquele que re de nectarina e em certa época do ano, os
estava produzindo, é sinestési- frutos caem e ficam todos ali no chão. Não
co, vai e volta, é dinâmico!” foi algo que a gente propôs, os educandos fo-
ram construindo e a gente foi ampliando as
(Educadora Thayane) diversas situações vivenciadas (mediação das
E só a partir dessa observação que o planeja- educadoras). Eles foram recolhendo os frutos
mento se desdobra, sendo pensado e analisa- espalhados no chão e colocando em potes,
do de maneira a se adaptar a especificidade previamente disponibilizados”.

8 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


Eram cinco meninas: - Mas como funciona esta festa?
Anotamos tudo que eles estavam falando:
como vai ser esta festa, o que precisa para
O que está acontecendo?
essa festa? Festa de terror? Então eu e a edu-
(Educadora Tayane)
cadora Thaís fizemos essa festa, com toda de-
Vamos decorar o bolo... (Isabelly) coração mencionada pelos educandos na roda
Vamos levar isso! (Nicole) de conversa. Essa atividade partiu da propos-
ta da utilização do material não estruturado,
Ótima ideia, eu ajudo.
os educandos levantaram hipóteses e cria-
(Educadora Tayane) ram com os materiais que foram ofertados.
Eles são criadores, até combinaram com suas
mães e vieram vestidos a caráter. Eles estão
Nicole com precisão organiza as nec-
inseridos na comunidade, e entendem o que
tarinas de forma circular e com todo o
é uma festa. Então por que não ser esta tam-
cuidado e paciência medeia a situação
bém a atividade proposta na creche?” (Educa-
para que dê tudo certo. Logo após:
dora Thayane)

Está pronto tia! (Nicole)


Que  maravilha! (Educadora Tayane)
E agora? (Educadora Thaís)
Precisamos cantar os parabéns...
(Isabelly)

Juntaram Ester e Laura e cantamos


parabéns. 
Isabelly parte o bolo e diz: Me ajuda
tia, bolo pra todo mundo.
E todos comeram, e rimos. Todas as vivências aqui relatadas a princípio
podem causar inquietação, no entanto, essa
gama de conhecimentos e experiências pauta-
“Eles (os educandos) trazem referências de
das em pesquisas podem contagiar todos a
casa. Uma das meninas era filha de boleira,
sua volta. As superações são maiores quando
então ela já estava na função de misturar, as
o grupo tem a mesma concepção, que é fazer
outras vinham com folhas, como se estivessem
valer a pena viver o tempo chamado infância,
temperando, misturando, até que pegaram as
“é um processo, e a gente sabe que nos
frutas caídas no chão para decorar. Uma res-
deparamos com muitos desafios, só que faz
ponsável por decorar, outras por organizar. parte, é difícil, dá trabalho com os cantinhos
Nós, educadoras, ficamos ao redor observan- no começo, mas dá muito certo, é uma
do, fotografando, anotando a fala. E o assunto reconstrução diária, somos seres humanos,
da festa não parou por aí, precisamos trazer vivemos em constante aprendizado, é questão
em roda de conversa: de tentar!” (Educadora Thais)

PREFEITURA DE GUARULHOS - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 9


Parabéns aos educadores que escolhem superar os obstáculos e se reinventam todos os dias, con-
tagiando aqueles que estão a sua volta!

Segundo Goldschmied E Jackson (2006, p. 147-148): O “Brincar Heurístico com


objetos [...] envolve oferecer a um grupo de crianças, por um determinado perío-
do de tempo em um ambiente [...], uma grande quantidade de objetos e receptá-
culos, com os quais elas brincam livremente e sem intervenção dos adultos.”

Agradecimentos: Às educadoras Thaís Maier de Jesus, Thayane Scarpelli Nunes e Juliana Camila
dos Santos Nascimento e a toda equipe da EPG Érico Veríssimo.

Referência:
MEIRELLES, Darciana da Silva, BRINCAR HEURÍSTICO: A brincadeira livre e espontânea das
crianças de 0 a 3 anos de idade, Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/hand-
le/10183/152904. Acesso em: 04/04/2019.
JACKSON, Sônia; GOLDSCHMIED, Elinor. Educação de 0 a 3 anos: O atendimento em creche.
Porto Alegre: Artmed, 2006.

10 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


ACONTECEU
NO MATERNAL

Você vai votar


em quem?
Foi na EPG Cândido Portinari, em setembro O planejamento considerou o espaço, a reali-
de 2018, enquanto as crianças brincavam no dade e o que mais teria sentido para os edu-
“Cantinho da imaginação”, que as educadoras candos, além de despertar seu interesse.
Ana e Shirley se depararam com o seguinte
Primeiro foi feita a contextualização da elei-
diálogo:
ção que todos iriam participar quais os docu-
mentos necessários, o que faria parte da vota-
Arthur: Eu vou votar no candidato ção e como agir numa sessão eleitoral.
Oliveira.
Bernardo: O Oliveira não é candidato!
Arthur: Então eu vou votar no
candidato Elias.
Camila: Eu vou votar no candidato
Pereira, porque eu assisti o debate
com o meu pai…

E o diálogo continua…
Obs.: O diálogo foi real, mas os nomes foram
trocados.
A partir daí, o assunto eram as eleições, todos
estavam falando de seus candidatos preferi-
dos e as educadoras perceberam a necessida-
de de contextualizar aquele momento e apro- As educadoras confeccionaram um documen-
fundar conhecimentos. to para o dia da votação, fotografaram os am-
Com o objetivo de aprender como é o processo bientes da escola (parque, cantinho do brin-
eleitoral, o voto e desenvolver o senso crítico quedo, espaço livre, espaço de artes, espaço
e democrático dos educandos, as educadoras da imaginação, refeitório), confeccionaram a
iniciaram o projeto, adaptando as situações urna eleitoral e a cédula de votação. As educa-
para a realidade dos educandos. doras eram as mesárias.

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O voto iria revelar qual o espaço da escola os Para refletir...
educandos mais gostavam.
Será que conseguimos mensurar tudo o que
No momento da votação, o educando era ins- foi aprendido nas eleições dos espaços esco-
truído a observar quais espaços estavam em lares?
votação, pegava a cédula, apresentava ao me-
Esta pergunta pode ser disparadora para
sário, registrava seu voto e depositava na urna.
uma reflexão entre os educadores sobre o que
Todos tiveram seu momento de escolha, de aprendemos para a vida.
voto e de participação do processo, sobretudo,
Espera-se que o que foi aprendido neste pro-
de respeito à escolha do outro. A Professora-
jeto seja base para tornar as crianças adultos
-Coordenadora Pedagógica também partici-
mais democráticos e conscientes de suas es-
pou da votação e apresentou seu documento.
colhas, não apenas de candidatos, mas tam-
bém de decisões na vida!

O protagonismo acontece
quando o educador oferece
situações onde os educandos
possam expressar suas
próprias vozes.
(Educadoras Ana e Shirley)

Agradecimentos: Às educadoras Ana Meire


Os educandos ajudaram na apuração dos vo- da Silva Leonel e Shirley Vila Nova Santos
tos por meio de um gráfico que revelou o es- pela disponibilidade de compartilhar conosco
paço mais querido: “O parque da escola”. este projeto e a toda equipe gestora. Parabéns
pelo excelente trabalho!
Nos diálogos sobre os espaços escolares tam-
bém refletiram sobre o espaço menos votado
e o que precisava mudar nele.
A tarefa seguinte era visitar o local mais vota-
do, no entanto:

Choveu!
Nos dias seguintes, os educandos estavam an-
siosos pela visita ao parque. As brincadeiras
naquele espaço tinham um novo significado,
pois se tornam fruto de um processo de esco-
lha, de respeito e de democracia.

12 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


ENSINO FUNDAMENTAL
ANOS INICIAIS

Quem escolhe
é você
A Educadora Angela Bigal da EPG Nazira história e suas preferências, para que cada um
Abbud Zanardi tem como prioridade as esco- se reconhecesse como sujeito ativo. A música
lhas dos educandos do 1º Ano para traçar seu de Toquinho “Quem eu sou” foi disparadora
trabalho para o ano letivo. As preferências para que o Projeto Não há outro igual a
dos educandos são consideradas para que as você começasse.
atividades façam real sentido, afinal, estudar
As atividades eram voltadas para construir
a partir daquilo que se gosta é mais assertivo,
saberes relacionados ao nome completo, data
segundo a educadora.
de nascimento, comemoração do aniversário,
Por meio de sondagens e observações, a educa- nome dos pais, endereço, a fim de que o edu-
dora constatou que era preciso construir com cando se percebesse como um ser histórico e
os educandos saberes relacionados a si, a sua existente no tempo e no espaço. O Alfabeto da
sala foi confeccionado com o nome e a foto do
educando, pois a educadora Angela considera
importante todos se reconhecerem em todos
os contextos.
Depois desses saberes construídos, a educa-
dora também considera que esse ser histórico
tem sentimentos e sensações, e ajudá-los a
entender sentimentos faz parte do seu papel.
A música “Palavras ao vento”, na voz de Lá-
zaro Ramos, foi utilizada para dar nome aos
sentimentos.
As atividades dirigidas e na roda de conver-
sa incentivaram os educandos a pensarem no
que mais gostavam, o que sentiam quando
estavam tristes, irritados ou alegres. Entre
tantas preferências, Angela pergunta qual o
desenho animado que cada educando mais
gosta e a partir daí seus projetos para a alfa-
betização se desenvolvem.

PREFEITURA DE GUARULHOS - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 13


Cada educando fala seu desenho animado As músicas e os livros paradidáticos são tra-
preferido e tudo é registrado num gráfico. balhados em todas as Áreas do Conhecimento
Angela contextualiza que os filmes serão tra- e tudo é contextualizado  para que o hábito da
balhados durante o ano letivo, cada um a seu leitura se desenvolva e que os educandos criem
tempo, e a expectativa dos educandos para e ampliem repertório para se tornarem leitores.
chegar seu filme preferido é grande.
Tudo começa com a sessão de cinema. Ela
“Nós damos as pecinhas do
trabalha com “cédulas de dinheirinho” que fa-
quebra-cabeça, os educandos
zem parte de seu material didático de apoio:
já têm várias peças. Vamos
o educando adquire o ingresso para o filme
oferecendo mais peças e
com direito à pipoca e refrigerante.
depois, em seu tempo, o
Depois da sessão de cinema, toda a sequência educando monta seu próprio
didática é realizada utilizando as personagens quebra-cabeça.”
dos filmes e suas características. Os desafios
(Educadora Angela)
vão sendo propostos com as atividades até
chegar na escrita espontânea. A mediação da
educadora é constante e sempre com a inten- Neste trabalho com os desenhos animados
ção de possibilitar avanços. O exemplo relata- ora o educando é super-herói, ora é príncipe
do por Angela é com o filme Alvin e os Esqui- e princesa, ora voa, ora vence o dragão. Essa
los, onde destaca que a vogal A não pode ser vivência faz parte desse tempo chamado In-
trabalhada apenas em Língua Portuguesa ou
fância.
desconexa de outras áreas do conhecimento,
mas deve ser inserida no contexto. Sendo as- Parabéns à educadora Ângela Cristina Bigal  e
sim, Alvin é trazido para as atividades como a toda equipe gestora pelo excelente trabalho!
um esquilo, que vive em um habitat, que tem
características tanto no filme como na natu-
reza. Nas resoluções de problemas a persona-
gem também está presente.

A cada desenho animado, as expectativas dos


educandos aumentam, pois todos entram no
clima daquela personagem, seja pelos super-
-poderes ou pelas vitórias do final do filme. O
que a educadora destaca neste trabalho é que
a escrita espontânea revela a vontade que os
educandos têm de escrever frases contextua-
lizadas. A escrita sempre pode ser melhor!
Uma das frases que a educadora Angela mais
escuta dos educandos é: “Meu filme está che-
gando”, e cada filme traz um contexto dife-
rente, até camiseta de super-herói aparece na
sala.

14 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


ENSINO FUNDAMENTAL
ANOS FINAIS

Insetóides!
O que é isso?
O trabalho das educadoras Valdirene e Silva- nais e Pedagógicas (DOEP), que realizou um
na, desenvolvido no ano de 2018 na EPG Jor- trabalho com educadores e educandos, trouxe
ge Amado, fazia os educandos irem além da materiais e possibilidades de criar.
sala de aula, chegando à Itália e à Argentina.
Para iniciar os estudos de Robótica, o material
Com o envolvimento de todos (educandos,
utilizado era o próprio corpo. Foram trabalha-
educadores, gestão, comunidade e parceiros
dos equilíbrio, flexibilidade, som e movimento
da Fab Lat Kids), os educandos fizeram um
tudo por meio do corpo, em diversos espaços
intercâmbio por videoconferência com edu-
da escola e principalmente no parque.
candos de outros países que desenvolviam o
mesmo projeto. O próximo passo era com o Lego e monta-
-monta. Era preciso montar peças com equi-
Com o objetivo de aumentar o nível de apren-
líbrio, velocidade e força. Os desafios eram
dizagem e ampliar a visão de mundo de seus
mediados pelas educadoras e a criação, total-
educandos, a escola iniciou o Projeto “Mão na
mente dos educandos. Os materiais que foram
massa”, que tem seus princípios na Robótica.
utilizados nas atividades foram reciclados,
O desafio era grande, mas abraçaram o projeto papelão, canetas, ScopaBits, entre outros.
e foram buscar formações e parcerias para al-
Os educandos dos 4º e 5º anos estudavam
cançar os objetivos. A princípio as educadoras
sobre os insetos em todas as áreas do conhe-
fizeram uma parte da formação no curso Edu-
cimento. Foi a partir de visitas ao parque e
cador que Inova, também contaram com a par-
rodas de conversas que o tema “insetos” foi
ceria de Alex Garcia da Esap Lab, colaborador
parar na sala de aula, ampliado com pesqui-
do Departamento de Orientações Educacio-
sas e fichas técnicas dos animais.
Decidiram, então, montar os insetos em 3D.
Mas como fazer isso? Seria possível dar movi-
mento aos insetos?
Para resolver esse problema apresentado pelos
educandos, a educadora apresentou-lhes a pos-
sibilidade de entrar em contato com a Esap Lab.
Essa união gerou muitas conversas, convergindo
em um projeto intitulado “Insetóide” (robô em
ScopaBits - Google Imagens
PREFEITURA DE GUARULHOS - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 15

forma de inseto). O desafio era montar o Insetói-
de e fazê-lo se movimentar.
“O primeiro inseto que fiz
Desafio superado era hora dos educandos mos- se movimentar foi uma
trarem sua criação para os educandos da Argen- borboleta.”
tina e da Itália, por meio da videoconferência. Mariane Vitoria Santos,
10 anos

“A gente brigava muito, aí a


gente aprendeu a trabalhar
em grupo e montou um robô
juntos”.
Ruan Victor Coelho Dantas,
9 anos.

“Aprendi a fazer robô e a


Outros robôs criados pelos educandos foram mexer com fios”.
o “Robisco” (robô com caneta hidrocor nos
Rebeca Loiola de Moura,
pés que, conforme se movimentava com os
10 anos.
Scopabits fazia desenhos no papel) e um tre-
nó (que foi mostrado também no intercâmbio
com os educandos da Itália), além de vários “Minha mãe tinha um
insetos: os “Insetóides”, conforme cada grupo conversor que estava
de educandos decidia. quebrado porque tinha dado
As educadoras relataram que os educandos um problema nos cabos.
estão mais participativos, trazem sugestões Eu ajudei ela, porque tinha
de casa e até objetos quebrados, pedindo aju- aprendido a mexer com os fios
da para consertar. O vocabulário foi ampliado na escola, eu coloquei um cabo
e perceberam também que os educandos têm e funcionou”.
vontade de ir para a escola. No planejamen- Mariane Vitoria Santos,
to, as educadoras entendem que as atividades 10 anos.
precisam ser flexíveis, que tudo se entrelaça e
nada é solitário.
“Eu gostei de fazer
Conversando com alguns educandos do pro-
intercâmbio”. A gente
jeto é possível perceber que atividades como
aprendeu a falar
essa ultrapassam o espaço escolar.
“Buongiorno”.
Ruan Victor Coelho Dantas,
9 anos.

16 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


Parabéns às Educadoras Valdirene Diamante Coelho e Silvana A. Ribeiro Andrade pelo excelente
trabalho.

“ScopaBits é um kit de baixo custo que permite o desenvolvimento de projetos


criativos envolvendo componentes eletrônicos e materiais do dia a dia”.
Fonte: NOVA ESCOLA, “s.d.”.

Para ver mais imagens sobre essa atividade acesse o site:


https://www.flickr.com/photos/150817788@N02/sets/72157670965000707

Referências:
NOVA ESCOLA. Vamos montar insetos eletrônicos? Disponível em <https://novaescola.org.br/
conteudo/7107/vamos-montar-insetos-eletronicos>. Acesso em: 03 abr. 2019.

PREFEITURA DE GUARULHOS - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 17


EJA CICLO I

Master Chef
da EJA
No segundo semestre de 2018, os educandos da do vínculos entre suas identidades e sua cultura.
EPG Crispiniano Soares realizaram atividades
A aluna vencedora do concurso tinha 84 anos
relacionadas a um projeto que envolveu toda a e apresentou o prato “Pudim de leite rechea-
escola. Essas atividades valorizam os saberes, a do”. Muitos se emocionaram porque puderam
trajetória, a memória e os talentos dos edu- compartilhar vivências únicas e superação de
candos. As atividades iniciaram-se com a leitura desafios enfrentados (Educadora Sônia).
do livro “Guilherme Augusto de Araújo Fernan-
des” que trata de memórias, e apresentou tam-
bém o texto intitulado “Bolo de mandioca”. “O protagonismo está no
Os textos foram disparadores de rodas de con- momento em que o educando
versa, na intenção de resgate das lembranças e é o centro do saber. Ele é
recordações despertadas a partir de sentimen- quem vai apresentar o saber,
tos íntimos. Nesses diálogos muitos assuntos ele que ensina, porque o
foram revelados: as experiências vividas, os educando pode ensinar.
Ele pode compartilhar
afetos, os cheiros, os saberes e sabores, rela-
seus saberes com os outros
cionando-os às comidas que fizeram parte de
educandos. Fui mediadora”
sua história de vida.
(Educadora Sônia)
Surgiu das educandas a ideia de realizarem
um concurso intitulado Master Chef da
EJA. Os pratos seriam feitos em casa e apre- Agradecemos à educadora Sônia de Oliveira
ciados por jurados. Rogério e a equipe gestora da EPG Crispinia-
Na hora da apresentação dos pratos muitas no Soares por compartilharem conosco este
experiências e memórias eram relatadas. Nes- projeto. Parabéns pelo trabalho maravilhoso!
se momento foi percebido que a atividade al-
cançou significado importante: para além de
apenas a construção dos conteúdos (gêneros
textuais, medidas convencionais e não conven-
cionais), foram construídos o reconhecimento
do contexto pessoal, a valorização da trajetória,
do acúmulo de diferentes saberes, estabelecen-

18 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


PREFEITURA DE GUARULHOS - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 19
LÍNGUA E CULTURA
INGLESA

- A teacher chegou. Oba!


- Teacher, teacher, teacher!!!

“Eu percebia que quando eu


estava na sala, os educandos
não demonstravam tanto
interesse, e como educadora
especialista era preciso
modificar essa realidade”
(Educadora Joslaine)

Ao realizar uma autoavaliação de seu trabalho,


a educadora de Língua e Cultura Inglesa Jos-
laine verificou que seus alunos não demons-
travam empolgação, nem avanços no decorrer
das aulas, e que não estavam ampliando seu
vocabulário. Assim, concluiu que precisava
mudar sua metodologia, uma vez que os obje-
tivos propostos não estavam sendo alcançados. Big foot (pé grande)
Como afirma Paulo Freire (1983, p. 47), o Em agosto, a educadora trouxe o folclore ame-
sujeito “[...] como um ser histórico, inserido ricano, já que toda a escola estava envolvida
num permanente movimento de procura, faz nessa temática, e contextualizou a brincadei-
e refaz constantemente o seu saber”. ra para a Educação Infantil e para o 1º ano.
Ela confeccionou um material com bolinhas
Neste refazer, sua metodologia foi transfor- nas pontas para que os educandos calçassem.
mada por materiais didáticos e práticas que Era preciso falar as cores em inglês, andar, se
envolvem os educandos. Mas isso só aconte- equilibrar e não deixar a bolinha cair.
ceu pelo fato da educadora rever sua prática.
As frases durante as aulas eram:
Sua especialidade agora é elaborar materiais
didáticos para que o educando participe ati- - A “yellow” caiu!
vamente da aula. - Não deixa a “red” cair!
Vamos conhecer um pouco de seus trabalhos?

20 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


Talk show da teacher sabia batia a sineta, pegava o canetão e dese-
nhava os ponteiros no relógio. Se acertasse, a
Com o objetivo de realizar a sondagem do re-
“chickenlina” cacarejava, caso não acertasse,
pertório da língua inglesa com os educandos,
a educadora realizou o Talk Show da Teacher. passava a vez para o colega que não conseguiu
bater na sineta no tempo esperado.
Era um programa de entrevistas e ela era a
apresentadora. Todos queriam ser entrevista-
dos e a “plateia” sempre ajudava a lembrar as
respostas. Todos aprendiam juntos. A educa-
dora confeccionou “fichas” e guardou em seu
avental. Cada ficha tinha uma pergunta que
começava com “What’s your name?” e seguia
o Talk Show com outros desafios.

Muitos outros materiais foram confecciona-


dos para dinamizar as aulas. Agora, ao avaliar
seu trabalho, a educadora percebe que suas
aulas proporcionam momentos de interação,
ampliam o repertório dos educandos e a par-
ticipação é garantida.

A pesquisa faz parte de sua rotina de planeja-


mento e cada vez mais Joslaine vê a necessi-
dade de aprofundar seus estudos.

Agora ela entra na sala e escuta:

- A teacher chegou!

- Oba!
What time is it?
(Que horas são?) - Teacher, teacher, teacher!

As educadoras das salas dos 4º e 5º ano es-


tavam trabalhando as horas nas aulas de ma-
Parabéns à Educadora Joslaine Pereira Lima
temática e prontamente, no planejamento, o
Cavalcante Quintal pelo excelente trabalho!
trabalho da educadora de inglês entrou em
ação. Os materiais utilizados nesta aula foram
o desenho de um relógio plastificado, caneta
Referência:
para quadro branco, fichas com as horas, uma
campainha e uma galinha de brinquedo. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 11. ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
Dois educandos participavam ao mesmo tem-
po. A educadora falava a hora em inglês, quem

PREFEITURA DE GUARULHOS - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 21


EDUCAÇÃO FÍSICA

Envolver, conhecer,
construir e criar
brincavam na infância.
Na construção de seu planejamento, o Educa- Roda de conversa: para compartilhar as in-
dor Carlos Alberto, de Educação Física, tem o formações.
olhar atento aos seus educandos. Ele observa, Planejamento das aulas: As brincadeiras
ouve, dialoga e, a partir dos interesses dos edu- trazidas como preferidas pelos educandos fo-
candos, planeja suas aulas com atividades di- ram realizadas durante as aulas com intencio-
versas. As atividades são planejadas para pro- nalidade pedagógica.
mover o desenvolvimento de habilidades que
Vivência: A sequência das aulas era confor-
norteiam a busca da autonomia, equilíbrio,
me as brincadeiras mais votadas mostradas no
consciência corporal, compreensão e reconhe-
gráfico.
cimento de diferentes posturas corporais.
Trabalho em grupo: Desafio proposto aos
Vamos conhecer algumas práticas do educador?
educandos para a criação de novas brincadei-
ras utilizando cordas com regras e estruturas
Cordas pra quê? próprias.

Na escola, haviam muitas cordas como mate- Vivências: Apresentar ao restante da classe a
rial para as aulas de Educação Física e o educa- brincadeira, as regras e brincar pensando, in-
dor percebeu que estas precisavam ser utiliza- clusive, nas crianças com deficiência.
das com intencionalidade pedagógica. A partir Roda de conversa: Compartilhar experiên-
daí, os educandos desenvolveram muitas ou-
tras ações que conheceremos a seguir:
Levantamento de saberes: Quais brinca-
deiras os educandos conhecem que utilizam
cordas e quais mais gostavam de brincar.
Registro da sondagem: Construção de um
gráfico com os resultados das brincadeiras
preferidas.
Pesquisa com as famílias: Sobre quais
brincadeiras com cordas os pais e familiares

22 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


cias de como foi o processo.
Os educandos ficavam ansiosos para saber quando ia chegar a aula de
sua brincadeira preferida. Eles criaram brincadeiras com tanto significado
que até hoje eu utilizo algumas nas minhas aulas.

(Educador Carlos Alberto) Ginástica na escola


Aqui estão dois exemplos de brincadeiras cria- Durante as aulas de Educação Física, alguns
das pelos educandos: educandos faziam movimentos de ginástica,
como estrela, rolamento (cambalhota), ponte,
entre outros. O educador descobriu que alguns
Corredor de cordas educandos faziam ginástica no contraturno das
Duas fileiras de crianças paralelas sentadas no aulas em outros espaços, com isso, estavam re-
chão, segurando nas pontas das cordas. O ob- produzindo os movimentos e estimulando os
jetivo é pular as cordas sem tocá-las, até che- colegas de classe. Ao perceber o interesse pela
gar ao final do corredor. O educando pula as ginástica e pensar nos perigos de realizar mo-
cordas e ele mesmo define a altura que consi- vimentos sem materiais adequados de apoio,
dera possível passar novamente, realizando-se o educador fez seu planejamento totalizando
então o autodesafio de atravessar o corredor. nove aulas para que todos pudessem vivenciar
e conhecer a ginástica com segurança.

Ginástica é de menino
ou de menina?
Alguns educandos associaram a gi-
nástica ao gênero feminino. Para
desconstruir os significados, foram
realizadas pesquisas e apresentados
Cordas em distância vídeos onde a ginástica era pratica-
Duas cordas paralelas em uma determinada distân- da por meninas e meninos. Após os
vídeos, os educandos dialogaram
cia estendidas no chão. Aqui o objetivo é atravessar
em conjunto e começaram a perce-
o espaço entre as cordas com um salto. Conforme
ber que ginástica é para todos.
vai conseguindo atingir o objetivo os educandos
aumentam a distância entre as cordas.

Como alguns educandos já tinham apropria-


ção de movimentos da ginástica, realizaram
uma pequena demonstração para o restante
da turma, incentivando os demais. Para apro-
fundar os saberes dos educandos, o educador
Carlos planejou espaços de vivências: os
“Cantos de desafios da ginástica”.

PREFEITURA DE GUARULHOS - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 23


Cada canto tinha colchões e desafios diferen-
tes, começava com movimentos leves e os de-
safios iam se ampliando, cada educando fazia
o movimento que sentia confiança e o educa-
dor mediava as vivências e incentivava a par-
ticipação nos outros espaços.
Nessa atividade, o respeito pelo conhecimen-
to prévio dos educandos proporcionou moti-
vação e interesse de todos da turma, aqueles
que não sabiam realizar algum movimento
O próximo passo era pesquisar imagens de
eram auxiliados pelo educador e pelos colegas
ginástica acrobática com movimentos e po-
mais experientes.
sições específicos. Essas imagens foram im-
A atividade foi proposta para que os educan- pressas pelo educador e entregues aos edu-
dos conhecessem os movimentos já existentes candos. O desafio agora era que os educandos
da ginástica artística, tais como Vela, Ponte, reproduzissem as posições e o educador tira-
Avião, Afundo e Equilíbrio. Primeiro era pre- va uma foto. As fotos das posições realizadas
ciso observar e perceber a dinâmica do pró- pelos educandos foram impressas. O educa-
prio corpo para depois realizar os movimen- dor dividiu as turmas em grupos menores, e
tos da ginástica. cada um teve a tarefa de explicar a imagem
para outras pessoas da escola, que atribuíram
Em um primeiro momento a atividade era
notas a elas e teceram seus comentários. Pos-
direcionada pelo educador, posteriormente o
teriormente, realizaram uma avaliação sobre
educando a realizava sozinho. Algumas crian-
as notas de cada grupo na sala de aula.
ças que não conseguiam realizar o “rolamen-
to” tiveram a oportunidade de experimentar
o banco sueco (fazer rolamento de um plano
alto para um plano baixo). Também foi viven-
ciado o exercício de estrela com o uso do ban-
co sueco e cadeiras.
Quem já sabia realizar os exercícios tinha
como desafio aprender parada de mão e para-
da com três apoios.

Parabéns ao educador Carlos Alberto Leite


Bertoldo pelo excelente trabalho!

24 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


UM POUCO DE AEE

Para superar
barreiras
Os Educadores do Atendimento Educacional • Acolhimento e sensibilização da família
Especializado (AEE) vêm desenvolvendo um quanto à importância do atendimento;
importante trabalho em nossa rede de ensino
• Observação e avaliação das barreiras a se-
e o Cemead conversou com a educadora Con-
rem superadas;
ceição, que relatou um pouco da sua rotina e
a importância do AEE para superar barreiras. • Atividades desenvolvidas a partir do interes-
se do educando na sala de aula e em outros
O AEE atende educandos(as) com Deficiên-
espaços escolares;
cia, Transtorno Global de Desenvolvimento
e/ou altas habilidades/superdotação. Diante • Construção ou adaptação de materiais con-
da diversidade, a educadora tem um objetivo forme a dificuldade de cada um;
comum para todos os educandos atendidos: • Devolutiva do trabalho e dos avanços dos
“Superar barreiras”. educandos para as Educadoras da sala regu-
As barreiras a serem superadas são as da co- lar e para as famílias.
municação, pedagógica, física (de acessibili-
dade) ou barreira atitudinal. O objetivo é que
todos (educando, educador da sala regular e
a Educadora do AEE), superem uma barreira
ou todas elas.
De todos os relatos da Educadora Conceição, um
ponto que ela considera essencial para o sucesso
do trabalho é o entrosamento de toda a equipe,
além da ocupação dos espaços escolares.
O trabalho se inicia em Hora-Atividade junto A sala de atendimento é organizada por espa-
com a Professora-Coordenadora Pedagógica ços denominados “Cantinhos”. Os cantinhos
refletindo com os educadores a importância do foram surgindo conforme a necessidade dos
olhar atento e as especificidades que os edu- atendimentos. Na sala tem o Cantinho da Be-
candos apresentam. Depois da observação e leza (com espelhos e outros acessórios que
de avaliações compartilhadas com a equipe es- trabalham a autonomia, autoimagem e outros
colar, os educandos são encaminhados para o aspectos relacionados a esses saberes); Can-
atendimento considerando os seguintes passos: tinho da Higiene (com itens para trabalhar

PREFEITURA DE GUARULHOS - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 25


o autocuidado e atividades da vida diária); e cada especificidade é considerada, o impor-
Cantinho da Educação Digital (com compu- tante é superar barreiras e dar visibilidade a
tadores, scanner, impressoras, rádio e TV que todas as pessoas para viverem melhor.
são utilizados principalmente com os edu-
Outro ponto que a Educadora ressalta em
candos da EJA e com altas habilidades), além
sua trajetória é a sua formação. Quanto mais
do Cantinho do teatro, dos jogos, da leitura e
o educador se aperfeiçoa mais terá base para
da criação. Todos os espaços contribuem nas
fundamentar seu trabalho e criar recursos ne-
aprendizagens, na organização do tempo, na
cessários para superação das barreiras.
autonomia e adaptação dos educandos.

Para refletir:
A superação das barreiras só é possível no
AEE?
Talvez esse questionamento possa ser um dis-
parador para a busca das possibilidades.
As barreiras existem, mas as possibilidades
precisam ser superiores a qualquer dificuldade
apresentada. O assertivo em nossa profissão
docente é que buscar possibilidades para as es-
pecificidades é o melhor caminho para dar vi-
sibilidade a todos os educandos, sem exceção.

Todo o trabalho desenvolvido


só tem êxito se tiver o
envolvimento e a colaboração
de todos.
Além das atividades realizadas nos cantinhos, (Educadora Conceição)
a Educadora considera importante os edu-
candos ocuparem outros espaços da escola.
Uma das ações pedagógicas que ela realiza é
Agradecimento: À Educadora Maria da Con-
levar jogos para uma sala regular para brin-
ceição Alves dos Santos e toda equipe da EPG
car, estimular a interação e desenvolver ou-
Marfilha Belloti Gonçalves. Parabéns pelo ex-
tros saberes. Além disso, o AEE participa de
celente trabalho realizado!
todos os eventos da escola. Nas danças e apre-
sentações participam juntos os educandos em
atendimento as famílias, a Coordenadora Pe-
dagógica e a Educadora Conceição.
Ao ser questionada se algum educando mar-
cou seu trabalho em especial pelo desenvol-
vimento e superação, ela relata que não con-
segue escolher um, pois todos deixaram uma
marca em sua trajetória. Cada pessoa é uma

26 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


E por falar em
planejamento…
O planejamento sempre foi uma etapa da Educação e da rotina escolar de extrema importância. Nele se
revelam todos os conceitos e concepções de Educação que irão definir o processo de ensino e aprendizagem.
No momento de planejar as aulas, a intencionalidade pedagógica é muito relevante.
Mas, o que precisamos considerar na hora de planejar?
Destacamos aqui alguns pontos importantes:
• Qual a intencionalidade pedagógica da atividade?
• Como será o desenvolvimento desta atividade?
• O que será preciso para despertar o interesse do educando?
• Como trabalhar de maneira interdisciplinar?
• Esta atividade estimula o protagonismo do meu educando (a)? Em quais momentos?
• Esta atividade possibilita avanços? Quais?
• Como registrar o processo considerando a ação docente e a finalidade de cada registro?

E você educador:
• O que pode aprender com as atividades planejadas?
• Quais desafios? Quais possibilidades?

Outros pontos levantados pela equipe escolar também serão relevantes para contemplar toda a
diversidade e complexidade existente. Vale destacar que a avaliação é constante e permanente.
Diagnosticar possibilita a reflexão e um replanejamento, para que as ações possam ser
ressignificadas ou potencializadas.
Como forma de sistematizar o processo de ensino e aprendizagem é essencial ao final de toda
prática desenvolvida perguntar ao seu educando: O que você aprendeu?
Se a pergunta for respondida, conforme a intencionalidade inicial e para além dela, significa que
nosso caminho foi percorrido com sucesso.

PREFEITURA DE GUARULHOS - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 27


A partir daqui
eu posso...
ressig nificar

amp l i ar

A Educadora Ieda Maria Paes de Souza, da EPG Zulma


Castanheira de Oliveira, realizou um Projeto de Musicalização
com o Estágio I que abrangeu Inclusão e Letramento. Em roda
de conversa a educadora percebeu que os educandos gostavam
de música e viu a chance de ampliar o repertório. As atividades
de músicas permitiram que uma criança com deficiência se
expressasse melhor e participasse mais das aulas. As famílias
também participaram levando para a escola instrumentos
musicais como o Xilofone. Os educandos criaram músicas e
participaram de oficinas, mostrando às famílias o que
aprenderam sobre músicas e instrumentos musicais. Como
podemos usar a música para ampliar saberes?

O Educador Carlos Eduardo da Silva, na Festa da Família da


EPG Chico Mendes, ampliou o repertório dos educandos e seus
familiares. Na abertura do evento educandos e familiares
fizeram juntos uma atividade de Lien Chi (Técnica de meditação
Chinesa). A escola pode propor atitudes que despertem outros
saberes, que permita o resgate não apenas de práticas de
exercícios físicos, mas também outros saberes que despertem
movimentos que ampliem a cultura corporal. Além disso,
quando educandos e família participam juntos de atividades,
muitos saberes são construídos. Quais atividades podemos
propor para educando e família realizarem juntos?
var...
criar ino
transf o r m ar
Com o objetivo de despertar o interesse em seus educandos
sobre respeito e a valorização dos saberes dos idosos, as
educadoras Miriã Soares dos Santos e Iracema Helena de
Macedo Santos, levaram para sala de aula da EJA um pouco de
Cora Coralina e Profeta Gentileza.
A imaginação dos educandos foi despertada e a partir daí
participaram de uma peça teatral, onde confeccionaram todo
aparato necessário, sendo os protagonistas dessa história.
Essa experiência possibilitou uma bela apresentação. Foi uma
grande emoção, declararam as educadoras.
Como utilizar o teatro como recurso na sala de aula?

A professora de Ciências da Natureza, Marianna Lima Moreira,


em 2018, realizou na EPG Carlos Drummond de Andrade uma
horta com os alunos da EJA. O desafio era pensar sobre as
atitudes simples que podem amenizar os danos ao meio ambiente.
Em roda de conversa, muitos saberes são compartilhados e
soluções foram levantadas pelos educandos. Era preciso pensar
nos espaços escolares, no meio ambiente, reciclagem e
alimentação saudável.
As atividades foram a construção de uma horta vertical com
coentro, hortelã, cebolinha, entre outros. Dessa horta surgiu a
ideia dos educandos de montar uma exposição e degustação de
pratos criados a partir dos temperos plantados por eles mesmos.
O fechamento do projeto foi a criação de um livro de receitas
dos pratos degustados. Como podemos incentivar os
educandos a criarem possibilidades?

Agradecemos aos educaores: Ieda Maria Paes de Souza, Carlos Eduardo da Silva, Marianna Lima
Moreira, Miriã Soares dos Santos e Iracema Helena de Macedo Santos por compartilhar conosco
os excelentes trabalhos desenvolvidos.
Vamos olhar para os
espaços escolares?
Já refletimos um pouco que a escola é um “ambiente privilegiado” devido à gama de conhecimen-
tos/saberes que precisam ser potencializados neste espaço. A escola precisa ser, acima de tudo,
um espaço de avanços para todos.
A Educação é um direito social fundamental e tem como desafio construir uma prá-
tica pedagógica que ultrapasse preconceitos e barreiras sociais. Para tanto, faz-se
necessária a construção de uma escola criativa e de qualidade social, na qual a sala
de aula possa se concretizar em múltiplos espaços [...] (GUARULHOS, 2009, p.15)

Que organize o tempo, que tenha hora de


começar e hora de terminar, hora de chegar e
hora de partir.

Que organize espaços para receber a família e


valorize sua participação.

Que acolha o educando e propicie ações que


transformem sua vida.

Que estimule o educador a ser protagonista de


seu trabalho.

30 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


Que construa valores para viver bem em sociedade.

Que busque rede de ajuda e valorize a comunidade.

Que descubra a tecnologia e a utilize a favor da


sociedade.

Além disso, é preciso utilizar TODOS os espaços da escola. O parque, áreas livres, refeitórios são
espaços de aprendizagem e convivência. Escola precisa ser para além da sala de aula.

Como ocupar esses espaços?


Essa pergunta pode ser respondida por todos, educandos, educador, gestão e toda equipe escolar. A
pergunta seguinte é: Como eu ocupo esse espaço? É preciso refletir individualmente sobre essa
questão e fazer das ações um benefício para todos aqueles que ocupam o espaço chamado “ESCOLA”.

Referência:
PREFEITURA DE GUARULHOS. Secretaria Municipal de Educação. Proposta Curricular -
Quadro de Saberes Necessários. Guarulhos, 2009. Disponível em: <http://www.histoecultura.
com.br/bibliotecavirtual/03/qsn.pdf>. Acesso em: 04/04/2019.

PREFEITURA DE GUARULHOS - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 31


Carta Final
aos Educadores

E aí educador, identificou o protagonismo dos educandos
nas ações? O que você pode criar a partir daqui?
Note que muitas oportunidades de experimentações aqui comparti-
lhadas revelam as identidades, as escolhas e as percepções de si como
docente, do seu coletivo escolar e da sua realidade local. A intencio-
nalidade pedagógica é o ponto forte de todas elas e a centralidade
da ação educativa tem como foco o educando e a aprendizagem.
Aqui deixamos nossos agradecimentos a todos os educadores, gestores e
equipe escolar que nos receberam nas escolas, conforme o Memorando
Circular 44/2019 - DOEP. Para nós foi uma vivência gratificante.
As conversas foram enriquecedoras e colaboraram muito para a
realização da Revista Protagonismo em foco da Atividade 05.

Parabéns pelo trabalho de todos vocês que têm papel


essencial na aprendizagem e desenvolvimento dos
educandos.

Este foi um pequeno recorte da rede. Sabemos que muitas boas práticas
estão irradiadas nas escolas.

Ouse! Use sua criatividade e planeje outras!


Equipe Cemead

32 PROTAGONISMO EM FOCO - CEMEAD


EXPEDIENTE

Secretário de Educação
Paulo Cesar Matheus da Silva

Subsecretário de Educação
Fernando Gomes de Moraes

Diretora de Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas


Solange Turgante Adamoli

Centro Municipal de Educação a Distância


“Maria Aparecida Contin” - Cemead

Coordenação Geral: Patrícia Cristiane Tonetto Firmo


Edição e Organização: Dosilia Espirito Santo Barreto, Fabiana Soares, Luciana Lima Caliente
Souza, Mariana Roberta dos Santos, Regiane dos Santos Costa e Verônica Freires da Silva.
Revisão de texto: Flávia Aparecida Ferretti de Lima
Autoria: Cristiane Inocencio, Daniele Araújo Brum, Debora Rosangela Philomeno Caputi,
Dosilia Espírito Santo Barreto, Eliane de Siqueira, Fabiana Soares, Flávia Aparecida Ferretti de
Lima, Giuliane Almeida Cubas Lipolis, Juliana Portella de Freitas, Luciana Lima Caliente Souza,
Maiara Ariana Silva Paula, Marcilene de Jesus Elvira Silva, Mariana Roberta dos Santos, Patrícia
Cristiane Tonetto Firmo, Patrícia Macieira de Souza, Patrícia Yuriko Geronazzo, Raquel Carapello,
Regiane dos Santos Costa, Sergio Henrique de Santana, Silvia Piedade de Moraes, Tatiane Campos
dos Santos, Thaís Andrea de Carvalho Calhau e Verônica Freires da Silva.

Divisão Técnica de Publicações Educacionais


Projeto Gráfico: Eduardo Calabria
Colaboradores: Fábia Costa (Chefe de Divisão), Alecsandra Nobrega, Anna Solano,
Bárbara Braz, Carla Maio, Danielle Andrade, Diego Alves, Fabiana Mayumi Takahashi e Mateus Carvalho.

Guarulhos, maio de 2019.

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