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gonismo
em Foco
Sistematização de práticas
pedagógicas que retratam o
protagonismo na Educação
Prota
gonismo
em Foco
Sistematização de práticas
pedagógicas que retratam o
protagonismo na Educação
06 Carta ao educador
11 Aconteceu no Maternal -
Você vai votar em quem?
22 Um pouco do AEE -
Para superar barreiras
Boa leitura,
a revista vai começar!
Procurando práticas,
encontrando protagonismo:
A criança vive a creche
Ao conversarmos com as educadoras Thaís e dos seus educandos. Uma das práticas mais
Thayane da EPG Érico Veríssimo pudemos utilizadas é o uso dos cantinhos que procu-
notar que para além de atividades e pesquisas ramos reinventá-los todos os dias, dentro e
de práticas que contemplem a proposta cur- fora da sala, o brincar heurístico, onde o edu-
ricular, existe um olhar e uma escuta toda es- cando brinca com materiais e/ou objetos que
pecial, cheia de empatia aos pequenos, como não configuram um brinquedo pronto, por
diz a educadora Thayane: “é se colocar no exemplo: potes, colheres, caixas de papelão,
lugar desse ser”. cilindros de papel, tecidos e elementos da na-
Muito antes de compreender o processo da tureza como galho, folhas, pedrinhas, frutos.
escuta aos educandos, vem a busca por enten-
der o que é educação infantil e a concepção de
infância. São tempos dedicados aos estudos e
pesquisas, até perceber que o educando pre-
cisa experimentar e que há flexibilidade em
suas ações.
“O educando ‘vive’ a creche em
todos os seus aspectos. O edu-
cando está o tempo todo em
Para entendermos um pouco como se dá o
movimento, ao mesmo tempo
movimento de escuta ao educando, vamos
em que está pintando, ele está
observar um relato da educadora:
cantando, está dançando, ele
está conversando sobre outro “Foi muito interessante! Aqui tem uma árvo-
assunto que não aquele que re de nectarina e em certa época do ano, os
estava produzindo, é sinestési- frutos caem e ficam todos ali no chão. Não
co, vai e volta, é dinâmico!” foi algo que a gente propôs, os educandos fo-
ram construindo e a gente foi ampliando as
(Educadora Thayane) diversas situações vivenciadas (mediação das
E só a partir dessa observação que o planeja- educadoras). Eles foram recolhendo os frutos
mento se desdobra, sendo pensado e analisa- espalhados no chão e colocando em potes,
do de maneira a se adaptar a especificidade previamente disponibilizados”.
Agradecimentos: Às educadoras Thaís Maier de Jesus, Thayane Scarpelli Nunes e Juliana Camila
dos Santos Nascimento e a toda equipe da EPG Érico Veríssimo.
Referência:
MEIRELLES, Darciana da Silva, BRINCAR HEURÍSTICO: A brincadeira livre e espontânea das
crianças de 0 a 3 anos de idade, Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/hand-
le/10183/152904. Acesso em: 04/04/2019.
JACKSON, Sônia; GOLDSCHMIED, Elinor. Educação de 0 a 3 anos: O atendimento em creche.
Porto Alegre: Artmed, 2006.
E o diálogo continua…
Obs.: O diálogo foi real, mas os nomes foram
trocados.
A partir daí, o assunto eram as eleições, todos
estavam falando de seus candidatos preferi-
dos e as educadoras perceberam a necessida-
de de contextualizar aquele momento e apro- As educadoras confeccionaram um documen-
fundar conhecimentos. to para o dia da votação, fotografaram os am-
Com o objetivo de aprender como é o processo bientes da escola (parque, cantinho do brin-
eleitoral, o voto e desenvolver o senso crítico quedo, espaço livre, espaço de artes, espaço
e democrático dos educandos, as educadoras da imaginação, refeitório), confeccionaram a
iniciaram o projeto, adaptando as situações urna eleitoral e a cédula de votação. As educa-
para a realidade dos educandos. doras eram as mesárias.
O protagonismo acontece
quando o educador oferece
situações onde os educandos
possam expressar suas
próprias vozes.
(Educadoras Ana e Shirley)
Choveu!
Nos dias seguintes, os educandos estavam an-
siosos pela visita ao parque. As brincadeiras
naquele espaço tinham um novo significado,
pois se tornam fruto de um processo de esco-
lha, de respeito e de democracia.
Quem escolhe
é você
A Educadora Angela Bigal da EPG Nazira história e suas preferências, para que cada um
Abbud Zanardi tem como prioridade as esco- se reconhecesse como sujeito ativo. A música
lhas dos educandos do 1º Ano para traçar seu de Toquinho “Quem eu sou” foi disparadora
trabalho para o ano letivo. As preferências para que o Projeto Não há outro igual a
dos educandos são consideradas para que as você começasse.
atividades façam real sentido, afinal, estudar
As atividades eram voltadas para construir
a partir daquilo que se gosta é mais assertivo,
saberes relacionados ao nome completo, data
segundo a educadora.
de nascimento, comemoração do aniversário,
Por meio de sondagens e observações, a educa- nome dos pais, endereço, a fim de que o edu-
dora constatou que era preciso construir com cando se percebesse como um ser histórico e
os educandos saberes relacionados a si, a sua existente no tempo e no espaço. O Alfabeto da
sala foi confeccionado com o nome e a foto do
educando, pois a educadora Angela considera
importante todos se reconhecerem em todos
os contextos.
Depois desses saberes construídos, a educa-
dora também considera que esse ser histórico
tem sentimentos e sensações, e ajudá-los a
entender sentimentos faz parte do seu papel.
A música “Palavras ao vento”, na voz de Lá-
zaro Ramos, foi utilizada para dar nome aos
sentimentos.
As atividades dirigidas e na roda de conver-
sa incentivaram os educandos a pensarem no
que mais gostavam, o que sentiam quando
estavam tristes, irritados ou alegres. Entre
tantas preferências, Angela pergunta qual o
desenho animado que cada educando mais
gosta e a partir daí seus projetos para a alfa-
betização se desenvolvem.
Insetóides!
O que é isso?
O trabalho das educadoras Valdirene e Silva- nais e Pedagógicas (DOEP), que realizou um
na, desenvolvido no ano de 2018 na EPG Jor- trabalho com educadores e educandos, trouxe
ge Amado, fazia os educandos irem além da materiais e possibilidades de criar.
sala de aula, chegando à Itália e à Argentina.
Para iniciar os estudos de Robótica, o material
Com o envolvimento de todos (educandos,
utilizado era o próprio corpo. Foram trabalha-
educadores, gestão, comunidade e parceiros
dos equilíbrio, flexibilidade, som e movimento
da Fab Lat Kids), os educandos fizeram um
tudo por meio do corpo, em diversos espaços
intercâmbio por videoconferência com edu-
da escola e principalmente no parque.
candos de outros países que desenvolviam o
mesmo projeto. O próximo passo era com o Lego e monta-
-monta. Era preciso montar peças com equi-
Com o objetivo de aumentar o nível de apren-
líbrio, velocidade e força. Os desafios eram
dizagem e ampliar a visão de mundo de seus
mediados pelas educadoras e a criação, total-
educandos, a escola iniciou o Projeto “Mão na
mente dos educandos. Os materiais que foram
massa”, que tem seus princípios na Robótica.
utilizados nas atividades foram reciclados,
O desafio era grande, mas abraçaram o projeto papelão, canetas, ScopaBits, entre outros.
e foram buscar formações e parcerias para al-
Os educandos dos 4º e 5º anos estudavam
cançar os objetivos. A princípio as educadoras
sobre os insetos em todas as áreas do conhe-
fizeram uma parte da formação no curso Edu-
cimento. Foi a partir de visitas ao parque e
cador que Inova, também contaram com a par-
rodas de conversas que o tema “insetos” foi
ceria de Alex Garcia da Esap Lab, colaborador
parar na sala de aula, ampliado com pesqui-
do Departamento de Orientações Educacio-
sas e fichas técnicas dos animais.
Decidiram, então, montar os insetos em 3D.
Mas como fazer isso? Seria possível dar movi-
mento aos insetos?
Para resolver esse problema apresentado pelos
educandos, a educadora apresentou-lhes a pos-
sibilidade de entrar em contato com a Esap Lab.
Essa união gerou muitas conversas, convergindo
em um projeto intitulado “Insetóide” (robô em
ScopaBits - Google Imagens
PREFEITURA DE GUARULHOS - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 15
“
forma de inseto). O desafio era montar o Insetói-
de e fazê-lo se movimentar.
“O primeiro inseto que fiz
Desafio superado era hora dos educandos mos- se movimentar foi uma
trarem sua criação para os educandos da Argen- borboleta.”
tina e da Itália, por meio da videoconferência. Mariane Vitoria Santos,
10 anos
Referências:
NOVA ESCOLA. Vamos montar insetos eletrônicos? Disponível em <https://novaescola.org.br/
conteudo/7107/vamos-montar-insetos-eletronicos>. Acesso em: 03 abr. 2019.
Master Chef
da EJA
No segundo semestre de 2018, os educandos da do vínculos entre suas identidades e sua cultura.
EPG Crispiniano Soares realizaram atividades
A aluna vencedora do concurso tinha 84 anos
relacionadas a um projeto que envolveu toda a e apresentou o prato “Pudim de leite rechea-
escola. Essas atividades valorizam os saberes, a do”. Muitos se emocionaram porque puderam
trajetória, a memória e os talentos dos edu- compartilhar vivências únicas e superação de
candos. As atividades iniciaram-se com a leitura desafios enfrentados (Educadora Sônia).
do livro “Guilherme Augusto de Araújo Fernan-
des” que trata de memórias, e apresentou tam-
bém o texto intitulado “Bolo de mandioca”. “O protagonismo está no
Os textos foram disparadores de rodas de con- momento em que o educando
versa, na intenção de resgate das lembranças e é o centro do saber. Ele é
recordações despertadas a partir de sentimen- quem vai apresentar o saber,
tos íntimos. Nesses diálogos muitos assuntos ele que ensina, porque o
foram revelados: as experiências vividas, os educando pode ensinar.
Ele pode compartilhar
afetos, os cheiros, os saberes e sabores, rela-
seus saberes com os outros
cionando-os às comidas que fizeram parte de
educandos. Fui mediadora”
sua história de vida.
(Educadora Sônia)
Surgiu das educandas a ideia de realizarem
um concurso intitulado Master Chef da
EJA. Os pratos seriam feitos em casa e apre- Agradecemos à educadora Sônia de Oliveira
ciados por jurados. Rogério e a equipe gestora da EPG Crispinia-
Na hora da apresentação dos pratos muitas no Soares por compartilharem conosco este
experiências e memórias eram relatadas. Nes- projeto. Parabéns pelo trabalho maravilhoso!
se momento foi percebido que a atividade al-
cançou significado importante: para além de
apenas a construção dos conteúdos (gêneros
textuais, medidas convencionais e não conven-
cionais), foram construídos o reconhecimento
do contexto pessoal, a valorização da trajetória,
do acúmulo de diferentes saberes, estabelecen-
- A teacher chegou!
- Oba!
What time is it?
(Que horas são?) - Teacher, teacher, teacher!
Envolver, conhecer,
construir e criar
brincavam na infância.
Na construção de seu planejamento, o Educa- Roda de conversa: para compartilhar as in-
dor Carlos Alberto, de Educação Física, tem o formações.
olhar atento aos seus educandos. Ele observa, Planejamento das aulas: As brincadeiras
ouve, dialoga e, a partir dos interesses dos edu- trazidas como preferidas pelos educandos fo-
candos, planeja suas aulas com atividades di- ram realizadas durante as aulas com intencio-
versas. As atividades são planejadas para pro- nalidade pedagógica.
mover o desenvolvimento de habilidades que
Vivência: A sequência das aulas era confor-
norteiam a busca da autonomia, equilíbrio,
me as brincadeiras mais votadas mostradas no
consciência corporal, compreensão e reconhe-
gráfico.
cimento de diferentes posturas corporais.
Trabalho em grupo: Desafio proposto aos
Vamos conhecer algumas práticas do educador?
educandos para a criação de novas brincadei-
ras utilizando cordas com regras e estruturas
Cordas pra quê? próprias.
Na escola, haviam muitas cordas como mate- Vivências: Apresentar ao restante da classe a
rial para as aulas de Educação Física e o educa- brincadeira, as regras e brincar pensando, in-
dor percebeu que estas precisavam ser utiliza- clusive, nas crianças com deficiência.
das com intencionalidade pedagógica. A partir Roda de conversa: Compartilhar experiên-
daí, os educandos desenvolveram muitas ou-
tras ações que conheceremos a seguir:
Levantamento de saberes: Quais brinca-
deiras os educandos conhecem que utilizam
cordas e quais mais gostavam de brincar.
Registro da sondagem: Construção de um
gráfico com os resultados das brincadeiras
preferidas.
Pesquisa com as famílias: Sobre quais
brincadeiras com cordas os pais e familiares
Ginástica é de menino
ou de menina?
Alguns educandos associaram a gi-
nástica ao gênero feminino. Para
desconstruir os significados, foram
realizadas pesquisas e apresentados
Cordas em distância vídeos onde a ginástica era pratica-
Duas cordas paralelas em uma determinada distân- da por meninas e meninos. Após os
vídeos, os educandos dialogaram
cia estendidas no chão. Aqui o objetivo é atravessar
em conjunto e começaram a perce-
o espaço entre as cordas com um salto. Conforme
ber que ginástica é para todos.
vai conseguindo atingir o objetivo os educandos
aumentam a distância entre as cordas.
Para superar
barreiras
Os Educadores do Atendimento Educacional • Acolhimento e sensibilização da família
Especializado (AEE) vêm desenvolvendo um quanto à importância do atendimento;
importante trabalho em nossa rede de ensino
• Observação e avaliação das barreiras a se-
e o Cemead conversou com a educadora Con-
rem superadas;
ceição, que relatou um pouco da sua rotina e
a importância do AEE para superar barreiras. • Atividades desenvolvidas a partir do interes-
se do educando na sala de aula e em outros
O AEE atende educandos(as) com Deficiên-
espaços escolares;
cia, Transtorno Global de Desenvolvimento
e/ou altas habilidades/superdotação. Diante • Construção ou adaptação de materiais con-
da diversidade, a educadora tem um objetivo forme a dificuldade de cada um;
comum para todos os educandos atendidos: • Devolutiva do trabalho e dos avanços dos
“Superar barreiras”. educandos para as Educadoras da sala regu-
As barreiras a serem superadas são as da co- lar e para as famílias.
municação, pedagógica, física (de acessibili-
dade) ou barreira atitudinal. O objetivo é que
todos (educando, educador da sala regular e
a Educadora do AEE), superem uma barreira
ou todas elas.
De todos os relatos da Educadora Conceição, um
ponto que ela considera essencial para o sucesso
do trabalho é o entrosamento de toda a equipe,
além da ocupação dos espaços escolares.
O trabalho se inicia em Hora-Atividade junto A sala de atendimento é organizada por espa-
com a Professora-Coordenadora Pedagógica ços denominados “Cantinhos”. Os cantinhos
refletindo com os educadores a importância do foram surgindo conforme a necessidade dos
olhar atento e as especificidades que os edu- atendimentos. Na sala tem o Cantinho da Be-
candos apresentam. Depois da observação e leza (com espelhos e outros acessórios que
de avaliações compartilhadas com a equipe es- trabalham a autonomia, autoimagem e outros
colar, os educandos são encaminhados para o aspectos relacionados a esses saberes); Can-
atendimento considerando os seguintes passos: tinho da Higiene (com itens para trabalhar
Para refletir:
A superação das barreiras só é possível no
AEE?
Talvez esse questionamento possa ser um dis-
parador para a busca das possibilidades.
As barreiras existem, mas as possibilidades
precisam ser superiores a qualquer dificuldade
apresentada. O assertivo em nossa profissão
docente é que buscar possibilidades para as es-
pecificidades é o melhor caminho para dar vi-
sibilidade a todos os educandos, sem exceção.
E você educador:
• O que pode aprender com as atividades planejadas?
• Quais desafios? Quais possibilidades?
Outros pontos levantados pela equipe escolar também serão relevantes para contemplar toda a
diversidade e complexidade existente. Vale destacar que a avaliação é constante e permanente.
Diagnosticar possibilita a reflexão e um replanejamento, para que as ações possam ser
ressignificadas ou potencializadas.
Como forma de sistematizar o processo de ensino e aprendizagem é essencial ao final de toda
prática desenvolvida perguntar ao seu educando: O que você aprendeu?
Se a pergunta for respondida, conforme a intencionalidade inicial e para além dela, significa que
nosso caminho foi percorrido com sucesso.
amp l i ar
Agradecemos aos educaores: Ieda Maria Paes de Souza, Carlos Eduardo da Silva, Marianna Lima
Moreira, Miriã Soares dos Santos e Iracema Helena de Macedo Santos por compartilhar conosco
os excelentes trabalhos desenvolvidos.
Vamos olhar para os
espaços escolares?
Já refletimos um pouco que a escola é um “ambiente privilegiado” devido à gama de conhecimen-
tos/saberes que precisam ser potencializados neste espaço. A escola precisa ser, acima de tudo,
um espaço de avanços para todos.
A Educação é um direito social fundamental e tem como desafio construir uma prá-
tica pedagógica que ultrapasse preconceitos e barreiras sociais. Para tanto, faz-se
necessária a construção de uma escola criativa e de qualidade social, na qual a sala
de aula possa se concretizar em múltiplos espaços [...] (GUARULHOS, 2009, p.15)
Além disso, é preciso utilizar TODOS os espaços da escola. O parque, áreas livres, refeitórios são
espaços de aprendizagem e convivência. Escola precisa ser para além da sala de aula.
Referência:
PREFEITURA DE GUARULHOS. Secretaria Municipal de Educação. Proposta Curricular -
Quadro de Saberes Necessários. Guarulhos, 2009. Disponível em: <http://www.histoecultura.
com.br/bibliotecavirtual/03/qsn.pdf>. Acesso em: 04/04/2019.
Este foi um pequeno recorte da rede. Sabemos que muitas boas práticas
estão irradiadas nas escolas.
Secretário de Educação
Paulo Cesar Matheus da Silva
Subsecretário de Educação
Fernando Gomes de Moraes