Você está na página 1de 29

Responsável pelo Conteúdo:

Prof. Ms. Luiz Carlos Rodrigues Morenghi


Introdução à Administração
da Produção e Operações

Esta unidade tem por objetivo apresentar o conceito


elementar sobre a administração de produção e sua evolução
histórica, permitindo que você possa compreendê-la e
localizá-la no amplo contexto da engenharia. Você deve
explorar ao máximo o material disponível e interagir com o
tutor dentro do ambiente virtual para o esclarecimento de
dúvidas e realização das tarefas.
Acesse o conteúdo da disciplina e bom trabalho!

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Contextualização

Toda organização busca estratégias para conseguir vantagens competitivas. Em


qualquer organização existem diversas atividades que são fundamentais, tais como atividades
mercadológicas, gestão de pessoas, gestão financeira e produção. As atividades de produção
existem e precisam ser administradas em todo tipo de organização, não apenas em
organizações industriais, como possa parecer em uma primeira instância, pois toda
organização, independentemente de seu ramo de atuação, possui produção. As organizações
podem processar informações, materiais e consumidores. O processo produtivo pode ser
traduzido em um modelo conhecido como modelo de transformação, que explica a
transformação de recursos de entrada em produtos e serviços. As técnicas de administrar a
produção, que tiveram sua origem nas indústrias, passam gradativamente a ser aplicadas
também em outras formas de organizações, como as organizações comerciais e de prestação
de serviço.
Material Teórico

Conceito de Administração da Produção e Operações

De forma geral, a expressão Administração da Produção e Operações refere-se às


atividades orientadas para produção de um bem físico ou à prestação de um serviço. A gestão
da produção e operações ocupa-se do projeto, direção e controle dos processos que
transformam insumos em produtos e serviços, tanto para clientes internos como para clientes
externos (MOREIRA, 2008; KRAJEWSKI, 2008).

Nas indústrias, as atividades referidas à Administração da Produção, em geral, estão


ligadas ao chão-de-fábrica ou nas plantas industriais. Já nas empresas de serviço, essas
atividades estão ligadas às Operações (MOREIRA 2008).

Embora, ao longo do tempo, a Administração da Produção vem sendo confundida


com a gestão da fabricação (manufatura), essa é uma visão estreita, é preciso entender que a
Produção é uma função central para a organização. Todas as organizações, que tenham, ou
não, o lucro como objetivo, possuem produção (SLACK et al.,1999; CORRÊA & CORRÊA,
2008).

A produção é, portanto, a razão de qualquer organização: indústrias, bancos,


comércios (varejo e atacado), transportes, etc. É preciso considerar ainda que os setores da
organização realizam algum tipo de produção para outros setores (clientes internos) ou para o
mercado (clientes externos).

Evolução histórica da produção

Pode-se dizer que, nas organizações da atualidade, a gestão de produção e operações


apresenta traços muitas vezes similares ao que sempre se fez ao longo da história. Entretanto,
as origens mais primárias da gestão de operações são difíceis de rastrear. Deve-se considerar
que as operações envolvem um processo de transformação dos recursos em bens ou serviços
de valor, pois de alguma forma a coleta de alimentos do homem pré-histórico, passando pela
caça, pela agricultura, pastoreio até a formação das primeiras cidades há cerca de 6.000 anos
atrás, ou mesmo a construção das pirâmides do Egito, por exemplo, constitui-se como uma
aplicação mesmo que empírica da gestão de operações (CORRÊA & CORRÊA, 2008).
Pirâmides de Gizé construída cerca de 2550 A.C., disponível em http://www.corbisimages.com/Browse/RoyaltyFree.aspx

Produção Artesanal

Com o passar do tempo, muitas pessoas foram se destacando na produção e na


execução de certos produtos e serviços (os artesãos) e passaram a produzi-los conforme a
solicitação e especificações de seus clientes. Surge, assim, o primeiro estágio de produção
organizada chamada de Produção Artesanal (MARTINS & LAUGENI, 2005).

Essa forma de produção foi característica da Idade Média. Durante esse período
histórico, a estrutura das oficinas era composta por grupos pequenos de trabalhadores (no
máximo 8 componentes: mestre (ou artesão), oficial e aprendizes).

O artesão detinha todo o processo produtivo, que incluía:

 Projeto e desenvolvimento do produto.


 Desenvolvimento e fabricação de ferramentas e equipamentos (simples) necessários à
execução do produto.

Essa estrutura organizacional permitia harmonia e auto-realização dos envolvidos no


sistema produtivo. O aprendizado se caracterizava pela importância dos ensinamentos do
mestre aos aprendizes, tendo o oficial como seu auxiliar. No mundo industrial do artesanato,
os desejos particulares do produtor de ser reconhecido como indivíduo, ainda que somente no
seu mundo funcional, eram possíveis de satisfação. Estabeleciam-se relações primárias
entre os indivíduos, ou seja, o contato entre as pessoas se dava pelo prazer de mantê-lo e não
visando a um fim ou a um interesse imediato ou material. Os contatos eram estabelecidos com
base na afetividade.
Durante a Idade Média, os artesãos eram controlados pelas Corporações de Ofício.
Cada corporação agregava pessoas que exerciam o mesmo ofício. Eram elas as responsáveis
por determinar preços, qualidade, quantidades da produção, margem de lucro, o aprendizado
e a hierarquia de trabalho. As corporações de ofício delimitavam suas áreas de atuação de
forma restrita, de modo que não existia sobreposição de competências, por exemplo, uma
alfaiataria não poderia consertar roupas, assim como uma oficina de conserto não tinha
permissão de confeccionar peças novas.

Pintura medieval retratando a Corporação de Ofício dos Ferreiros, disponível em


http://www.suapesquisa.com/o_que_e/corporacoes_de_oficio.htm.

As corporações detinham o monopólio do setor


em que atuavam.

A produção artesanal começa a entrar em


decadência com o advento da primeira Revolução
Industrial, marcada pela invenção da máquina a vapor
em 1764 por James Watt (MARTINS & LAUGENI,
2005).

James Watt, disponível em http://www.corbisimages.com/Browse/RoyaltyFree.aspx


Apesar do surgimento de novas formas
produtivas, a produção artesanal é praticada
até os dias atuais, podemos citar como
exemplo a fabricação de móveis por
marcenarias e mesmo a produção de
automóveis de luxo.

Máquina à Vapor de James Watt, disponível em http://www.corbisimages.com/Browse/RoyaltyFree.aspx

Primeira Revolução Industrial (1760) – Revolução da Água e do Ferro

A primeira Revolução Industrial marca o início da produção industrial moderna. Com a


introdução da máquina a vapor começa a substituição da força humana e da tração animal
pela força da máquina. Começam a surgir as primeiras fábricas caracterizadas pelo
agrupamento de artesãos, que até então trabalhavam em suas próprias oficinas; é o começo
de uma nova etapa da civilização. A Inglaterra, berço dessa revolução, transforma-se na
grande potência econômica do século XIX. Já era claro que a capacidade de produção de
produtos manufaturados ligava-se ao poderio econômico e político (MARTINS & LAUGENI,
2005; MOREIRA, 2008).

As principais características da primeira Revolução Industrial são:

 Revolução restrita (têxtil, agricultura).

 Energia básica era a água (máquina a vapor).

 Só havia pequenas e médias empresas.

 As únicas empresas de grande porte eram as ferrovias (Inglaterra e Estados Unidos).


Em 1798, Eli Whitney, já famoso nos EUA por ter
inventado uma máquina revolucionária de processar
algodão (cotton gin), firmou um contrato para
fornecer 10.000 mosquetes ao governo americano.
Eli Whitney redefiniu a natureza das tarefas de
manufatura, propondo uma padronização de
componentes (intercambiabilidade), que seria a
semente do que hoje é conhecido na literatura como
o “Sistema Americano de Manufatura” (American
System of Manufacturing – ASM), talvez a mais
relevante contribuição para que a indústria e sua
administração adquirissem as feições que têm hoje
no mundo.
Eli Whitney com sua cotton gin, disponível em
http://www.corbisimages.com/Browse/RoyaltyFree.aspx

O quartil final do século XVII, nos Estados Unidos, tinha sido dominado por indústrias
de pequena escala, “caseiras” (cottage industries), mantidas predominantemente por artesãos
e seus aprendizes que haviam, sido treinados e influenciados pelos métodos europeus de
produção, frequentemente pouco eficientes quanto ao uso de materiais e mão-de-obra. Muitos
dependentes de habilidades únicas e dos caprichos temperamentais dos mestres artesãos, a
produção não era organizada por funções especializadas, mas pela tradição do artesanato,
justamente pelo fato de o trabalhador produzir o produto inteiro manualmente. Não é
surpresa que os produtos finais variassem muito em qualidade e que imperfeições grosseiras
fossem comuns. O conceito americano de componentes feitos a máquina, altamente
intercambiáveis, baixava os custos de produção e abria importantes oportunidades para
obtenção de economias de escala. Os produtores ainda não sabiam como equacionar a
contradição de maior padronização para obtenção de ganhos de escala com a necessidade do
mercado de maior variedade de produtos. Sendo assim, com o desenvolvimento tecnológico,
a tendência natural, gradualmente da produção de partes das máquinas, foi sendo terceirizada
para oficinas de fornecedores especializados (CORRÊA & CORRÊA, 2008).
Segunda Revolução Industrial (1850) – Revolução do Petróleo, da
Eletricidade e do Aço

A segunda Revolução Industrial tem início por volta de 1850, é conhecida como a
revolução do aço e da eletricidade. Três acontecimentos importantes contribuíram para este
movimento:

 Novo processo de fabricação do aço (1856).

 Aperfeiçoamento do dínamo (1873).

 Invenção do motor de combustão interna (1873).

As características principais deste período histórico são:

 Substituição do ferro pelo aço.

 Substituição do vapor pela eletricidade e pelo petróleo.

 Desenvolvimento de máquinas automáticas e de especialização do trabalho.

 Crescente domínio da indústria pela ciência.

 Transformações radicais nos transportes e nas comunicações.

 Expansão da industrialização até a Europa Central e Oriental e o Extremo Oriente.

 Desenvolvimento de novas formas de organização capitalista – Firmas de sócios solidários


são substituídas pelo capitalismo financeiro.

A segunda Revolução Industrial se caracteriza pelo desenvolvimento de todos os


setores industriais.
A evolução nos equipamentos produtivos foi indispensável durante a Segunda Revolução Industrial, disponível em
http://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/segunda-revolucao-industrial.htm.

Na virada do século XX, grandes corporações sucumbiram financeiramente. Dirigir


grandes empresas não era apenas uma questão de habilidade pessoal como muitos
empreendedores pensavam. Estavam criadas as condições para o aparecimento dos grandes
organizadores da empresa moderna (CHIAVENATO, 2000).

Outro aspecto importante na evolução da gestão da produção e de operações foi o


papel desempenhado pelas ferrovias americanas, que para sua construção e operação
utilizavam grande quantidade de outros produtos. Não por acaso, uma das grandes
contribuições para a gestão fabril sistematizada veio da indústria de produção de aço que
atendia as ferrovias, criadas por Frederick W. Taylor (CORRÊA & CORRÊA, 2008).

Frederick Taylor, disponível em http://www.corbisimages.com/Browse/RoyaltyFree.aspx


Administração Científica

Taylor, considerado o pai da Administração Científica, por volta de 1901, foi o


pioneiro no desenvolvimento de técnicas efetivas, visando a sistematizar o estudo e a análise
do trabalho. Nessa época, as fábricas dedicadas a grandes volumes de produção estavam se
estabelecendo como unidades produtivas e precisavam se tornar mais eficientes. Taylor
pregava que as tarefas deveriam ser divididas, para que cada operário realizasse somente
aquela em que for mais capacitado (especialização). Com os trabalhos de Taylor surge a
sistematização do conceito de produtividade, ou seja, a busca de melhores métodos de
trabalho e processos de produção, com o objetivo de se obter a melhoria da produção com o
menor custo possível. O estudo da relação entre o que foi produzido (output) e dos insumos
(input) utilizados nos permite quantificar a produtividade, que é a grande indicadora de
sucesso ou fracasso das organizações.

output
Produtividade = (MARTINS & LAUGENI, 2005).
input

De acordo com Chiavenato (2000), no livro Shop Management (Administração de


Oficina), de 1903, Taylor afirma que:

1. O objetivo da Administração é pagar salários melhores e reduzir custos unitários de


produção.

2. A Administração deve aplicar métodos científicos e estabelecer processos padronizados


que permitam o controle das operações.

3. Os empregados devem ser selecionados e colocados em seus postos com condições de


trabalho adequadas, para que as normas possam ser cumpridas.

4. Os empregados devem ser treinados para aperfeiçoar suas aptidões e executar as tarefas,
a fim de cumprirem uma produção normal.

5. Deve haver uma atmosfera de cooperação entre Administração e trabalhadores, para


garantir um ambiente psicológico adequado.

Em 1911, Taylor publica seu livro “Princípios da Administração Científica”, e


concluiu que a racionalização do trabalho do operário deve ser acompanhada de uma
estruturação geral da empresa, para tornar coerente a aplicação dos seus princípios
(CHIAVENATO, 2000).
Portanto, no início do século XX, a produção em larga escala e a utilização de
componentes intercambiáveis, já haviam transformado os Estados Unidos no país das grandes
indústrias (cigarros, aço, óleo, comida enlatada, alumínio, etc.), porém a adaptação dos
motores e a combustão interna em carruagens (horseless vehicles ou veículos sem cavalos)
propiciaram o surgimento de um setor industrial determinante para o desenvolvimento das
técnicas de gestão de produção e operações ao longo do século XX, a indústria
automobilística (CORRÊA & CORRÊA, 2008).

Réplica do Benz Patent Motorwagen, de 1885, de dois lugares, três rodas e velocidade máxima de 13 km/h, foi o primeiro
automóvel a gasolina, disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_autom%C3%B3vel.

Ford e a Produção em Massa

Em 1888, Henry Ford inicia suas experiências noturnas com motores a combustão
interna numa oficina construída nos fundos do quintal de sua casa. Em 1896, nessa mesma
oficina, montou seu primeiro quadriciclo, iniciando, assim, sua trajetória de produtor de
carros.

Em 1903, Ford produziu seu primeiro automóvel de forma industrial, o modelo A,


vendendo 1708 unidades naquele ano (CORRÊA & CORRÊA, 2008).
Henry Ford, disponível em http://www.corbisimages.com/Browse/RoyaltyFree.aspx

Em 1908, dois fatos terão grande impacto na nascente indústria automobilística:

 Ford anuncia seu novo automóvel, o modelo T;


 William Durant, anteriormente um grande fabricante de carruagens, formou a General Motors
Company (incorporando a Buick, a Olds, a Oakland e a Cadillac e mais 20 empresas (11
fabricantes de automóveis e 9 de peças e acessórios), prevendo uma produção de 1 milhão de
carros por ano, embora nesse ano a indústria automobilística americana tenha produzido
somente 65.000 unidades, a um preço médio de US$5.000.

“Construirei um carro para as grandes massas, feito como os melhores


materiais, pelos melhores homens que puderem ser contratados e seguindo
os projetos mais simples que a moderna engenharia puder conceber [...] de
preço tão baixo que qualquer homem que ganhe um bom salário seja
capaz de possuir” Henry Ford (TEDLOW, 2002, Apud CORRÊA &
CORRÊA, 2008).

Ford Modelo T de 1908, disponível em


http://www.corbisimages.com/Browse/RoyaltyFree.aspx

Ford começou a vender o “Modelo T” por US$850,00. A estratégia absolutamente


focada de Ford teve grande sucesso, transformando a Ford Motor Company em uma grande
corporação, já no ano de 1910.
Ford trouxe, em escala nunca antes tentada para o ambiente industrial, os princípios da
administração científica de Taylor – divisão do trabalho, escolha do trabalhador certo para o
trabalho, peças intercambiáveis produzidas automaticamente em grandes volumes –
acrescentou a estes a ideia de padronização de produtos e, a linha de montagem móvel
(CORRÊA & CORRÊA, 2008).

A linha de produção móvel foi adotada em 1913 na fábrica de Highland Park e, em


1915, o preço do Ford T caiu para US$290,00, tendo vendido 1 milhão de unidades nesse
ano.

Entre 1908 e 1927 foram vendidas mais de 15 milhões de unidades do Modelo T. As


consequências que vieram desse sucesso alteraram substancialmente o mundo no século XX.
“A forma de fazer automóveis”, disse Ford a um de seus sócios em 1903, “é fazê-los todos
iguais – da mesma maneira que um alfinete é igual a outro alfinete”. A padronização de Ford
era tamanha que ficou célebre a frase: “Você pode escolher qualquer cor de carro, desde que
seja preta”, surge o conceito de Produção em Massa.

Alfred Sloan e a General Motors – Segmentação de Mercado

Em 1920, Alfred Sloan assume a presidência da GM, cargo que ocuparia por 35 anos.

Alfred Sloan Jr., disponível em http://www.corbisimages.com/Browse/RoyaltyFree.aspx

Na primeira metade dos anos 20, os Estados Unidos passam por profundas mudanças
em sua sociedade. Os mercados evoluem e tornam-se mais sofisticados e Sloan vislumbra a
ideia de que diferentes segmentos de mercado estariam dispostos a pagar diferentes preços
por diferentes produtos. A aceitação do mercado foi muito favorável a Sloan, penalizando a
política fordista tradicional (CORRÊA & CORRÊA, 2008).
Quando Ford percebeu a ascensão da política de Alfred Sloan e da GM, ele decidiu
ainda alterar sua linha de produtos para produzir o segundo “Modelo A”. Quase todas as
5.580 peças do novo “Modelo A” de 1927 eram “inteiramente novas”. Assim, o mecanismo
de todas as fábricas da Ford teve de ser reconstruído do zero. Os layouts das fábricas foram
modificados, novas instalações foram construídas apressadamente para comportar essas
modificações, novas fontes de energia elétrica foram obtidas, incontáveis novas conexões
elétricas foram feitas, melhores correias transportadoras foram instaladas e novas máquinas-
ferramenta de projetos totalmente novos foram construídas ou compradas aos milhares.

Foi a maior transformação de uma fábrica na história da indústria norte-americana.


Para realizá-la, Ford, o homem “obcecado pelo tempo” e que fez fortuna reduzindo o tempo
necessário para montar um automóvel, teve de fechar as fábricas por seis meses em 1927. Em
termos de negócios, isso foi um desastre. Ao mesmo tempo em que o mercado mudava, a
mão-de-obra com a qual Taylor lidava, no início do século, havia mudado também.

A política de diversificação de Sloan levou a GM a se tornar a maior produtora


mundial de automóveis até o final da primeira década do século XXI.

Chevrolet 1932, disponível em http://www.corbisimages.com/Browse/RoyaltyFree.aspx

Cadillac Fleetwood 1930, disponível em http://www.corbisimages.com/Browse/RoyaltyFree.aspx


A Teoria das Relações Humanas – A componente social do trabalho

No final da década de 20, as condições de trabalho preconizadas por Taylor e Ford


começam apresentar índices cada vez mais elevados de absenteísmo e de rotatividade de
funcionários, apesar dos salários pagos por Ford serem os mais altos do mercado. Estudiosos
começam a perceber que outros componentes, além da abordagem exclusivamente técnica,
têm importância na gestão de produção e operações (CORRÊA & CORRÊA, 2008).

Para Chiavenato (2000) a Teoria das Relações Humanas ou Escola Humanística da


Administração, surgiu nos EUA, como consequência imediata das conclusões da Experiência
de Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores. Foi um movimento de
reação e oposição à abordagem Clássica da Administração.

A Administração Científica e a Teoria Clássica nunca foram pacificamente aceitas em


país democrático, como os EUA, onde trabalhadores e sindicatos passaram a considerá-las um
meio sofisticado de exploração dos empregados a favor dos interesses patronais.

A Teoria das Relações Humanas nasceu da necessidade de corrigir a tendência à


desumanização do trabalho, surgida com a aplicação de métodos rigorosos, científicos e
precisos aos quais os trabalhadores tinham que se submeter.

A origem da Teoria das Relações Humanas decorreu de:

 A necessidade de humanizar e democratizar a Administração.

 O desenvolvimento das ciências humanas, principalmente, a psicologia e a sociologia.

 As ideias da Filosofia Pragmática de John Dewey e da Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin


foram capitais para o humanismo na Administração. Elton Mayo foi o fundador da escola,
já Dewey e Lewin contribuíram para a sua concepção. A sociologia de Pareto foi
fundamental.

 As conclusões da Experiência de Hawthorne, realizada entre 1927 e 1932, sob a


coordenação de Elton Mayo, que colocou em xeque os principais postulados da Teoria
Clássica da Administração.

Deste período datam as primeiras iniciativas das organizações de estabelecer caixas de


sugestões, clubes de funcionários, incentivos diferenciados, muito mais atenção para o
ambiente de trabalho e para fatores motivacionais (CORRÊA & CORRÊA, 2008).
O Desenvolvimento da Gestão de Produção e Operações

Em 1929 acontece a grande quebra da bolsa de valores americana, fazendo com que a
década de 30, desde o seu início, traga turbulências ao mercado. No final da década de 30
eclode a II Guerra Mundial, que se prolonga até 1945.

O esforço de guerra, para apoiar os respectivos países, leva as empresas manufatureiras


a desenvolverem vários setores que passarão a ser fundamentais no pós-guerra, podemos citar
a logística, controle de qualidade, uso de técnicas de programação e análise matemática para
identificar pontos de operação mais favoráveis (origem da pesquisa operacional),
planejamento e controle de produção (CORRÊA & CORRÊA, 2008).

A Toyota e o surgimento da Produção Enxuta

A Toyota tradicionalmente produzia teares para indústria têxtil e começou a produzir


automóveis em 1934. Por volta de 1940, com a 2ª. Guerra, a Toyota passou a produzir
somente caminhões.

Com o fim da guerra, Toyoda Kiichiro, o presidente da Toyota, determinou que


Tahiichi Ohno fosse conhecer os métodos americanos de produção de carros para implantá-
los no Japão.

Entretanto, Ohno concluiu que a realidade japonesa da época não permitia que o
sistema produtivo americano pudesse ser implementado na Toyota. Ohno sabia que precisava
de uma nova estratégia produtiva e a encontrou (WOMACK, 1992).

Tahiichi Ono, disponível em http://www.sdr.com.br/professores/sdr/Ohno_e_seu_sistema_jit.htm.


Uma coisa que os japoneses não podiam fazer era desperdiçar, já que os recursos do
país no pós-guerra eram bastante escassos, se fossem capazes de eliminar todo e qualquer
desperdício, a produtividade duplicaria. E isto se tornou a base do Sistema Toyota de
Produção, que mais tarde seria renomeado por Produção Enxuta (CORRÊA & CORRÊA,
2008).

Toyota Modelo 1947, disponível em http://www.corbisimages.com/Browse/RoyaltyFree.aspx

Atribui-se a Ohno parcela considerável de contribuição ao milagre industrial japonês,


que levou o Japão a deixar de ser em 1945, um país arrasado pela guerra, para tornar-se uma
das maiores potências industriais do mundo, em apenas três décadas.

A partir da década de 80 a estratégia produtiva de Ohno atinge no mundo o que a


produção em massa alcançara nos anos 20 (WOMACK, 1992).

No final da primeira década do século XXI, a Toyota desbanca a GM como maior


produtora mundial de automóveis.
Nasce a Estratégia de Manufatura

Em 1969, Wickham Skinner da Universidade de Harvard escreve dois artigos em que


busca justificar alguns motivos que estariam levando a indústria americana a perder
competitividade.

O argumento principal era de que o tratamento dado a manufatura americana era


excessivamente operacional e reativo, quando deveria ser estratégico.

Origina-se, a partir deste argumento, o conceito de estratégia de operações. Este


conceito passou a ser, durante os anos 70, 80 e 90, talvez o principal foco de atenção dos
acadêmicos e profissionais práticos na área de operações.

O conceito evoluiu muito desde Skinner com contribuições de Whellwright, nos EUA e
Terry Hill, Nigel Slack e outros na Europa.

O objetivo de estratégia de operações é garantir que a função de gerenciar os processos


de produção e a entrega de valor ao cliente seja tanto totalmente alinhada com a intenção
estratégica da empresa, quanto aos mercados que pretende servir (CORRÊA & CORRÊA,
2008).

A Gestão de Produção incorpora os serviços

Outro desenvolvimento de grande importância ocorrido nos anos 70 foi a atenção dos
pesquisadores e práticos da área para as operações de serviços. Embora a ênfase na área de
gestão de operações tenham sempre sido em operações fabris, porcentagens acima de 50%
dos PIB’s, advém de empresas não fabris, ou seja, da área de serviços (CORRÊA & CORRÊA,
2008).

Isso sinalizava claramente para a necessidade de colocar alguma atenção no


melhoramento operacional da produção de serviços.

Desde então, é quase unanimidade que serviços são, no mínimo, tão importantes quanto
processos de manufatura para a maioria das economias (CORRÊA & CORRÊA, 2008).
Material Complementar
Você obtém mais informações sobre esse tema, visitando os sites abaixo e assistindo aos
vídeos postados.

Revolução Industrial:

http://www.youtube.com/watch?v=4vN52tD6f8g

Linha de Montagem Ford T:

http://www.guiadosantigos.com.br/noticia/15/-a-incrivel-linha-de-montagem-do-ford-t/
Referências

CHIAVENATO, I. (2000). Introdução à Teoria Geral da Administração. 2a. ed. Rio de


Janeiro: Campus.

CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A.; (2008). Administração de Produção e Operações. 1ª.


ed. São Paulo: Atlas.

KRAJEWSKI, L.; RITZMAN, L.; MALHOTRA, M.; (2008). Administração de Produção e


Operações. 8ª. ed. São Paulo: Pearson.

MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P.; (2005). Administração da Produção. 2ª. ed. São
Paulo: Saraiva.

MOREIRA, D. A. (2008). Administração da Produção e Operações. 2ª. ed. São Paulo:


Cencage Learning.

SLACK, N.; et al. (1999). Administração da Produção. 1ª. ed. São Paulo: Atlas.

WOMACK, J. P. (1992). A Máquina Que Mudou o Mundo. 16ª. ed. Rio de Janeiro:
Campus.
Anotações

_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________

Você também pode gostar