Na sintaxe das relações, temos que considerar: 1.
as relações de
Disciplina: Fundamentos de sintaxe (LET299)
Professora: Drª Sueli Coelho Carga horária: 30h/a
SINTAXE
Já sabemos que a sintaxe é o estudo ou a teoria da frase.
Retomemos a frase que nos serviu de exemplo: “Nossa casa é bonita.”
Considerando-a, é fácil ver aí dois aspectos: um, o papel que cada palavra
nela exerce, a função de cada palavra; outro aspecto, as relações das
diversas palavras. Então, já temos uma primeira visão da sintaxe das
funções e da sintaxe das relações.
A sintaxe das funções pode ser estudada de duas maneiras: ou
analiticamente, examinando-se uma por uma as funções e procurando-se
conhecê-las detidamente; ou, identificadas já com segurança, examinando-
se, por assim dizer, sintèticamente, ou seja, procurando-se descobrir que
funções podem exercer na frase determinadas espécies de palavras. Por
exemplo: que funções podem desempenhar na frase o substantivo, o verbo,
a preposição, a conjunção, o pronome.
Teremos então sintaxe analítica, e emprego das formas (já
sabemos que “forma” em Gramática é o mesmo que “palavra”).
Há uma aplicação da sintaxe analítica que todos conhecem, a que
os alunos já estão familiarizados e que, se foi mal feita e mal proposta, já
produziu um santo e sadio horror nos alunos: é a análise sintática
(indevidamente chamada análise lógica). A análise sintática nada mais é do
que a aplicação prática, sob forma de exercício, dos conhecimentos
hauridos na sintaxe analítica, ou seja, dos conhecimentos ordenados à
identificação das funções das palavras na frase: esta palavra é sujeito,
aquela é objeto direto, aqueloutra é adjunto adnominal. É isto a análise
sintática.
dependência que se estabelecem entre as palavras, relações essas que
chamamos de subordinação; 2. examinar como se traduzem concretamente,
como se exprimem essas relações de subordinação, anotando, por exemplo,
que o verbo louvar pede uma palavra que lhe complete a significação e que
tal palavra dispensa preposição – “Louvamos o ato do engenheiro” –, ao
contrário do verbo depender, que pede complemento precedido de palavra
ligadora, preposição – “Dependemos de muitas pessoas”. Isso são as
preocupações da regência.
Podemos também verificar se certas relações se estabelecem e se
manifestam numa língua através da acomodação, do ajustamento das
flexões de determinadas palavras às flexões de outras: “moça bonita, moço
bonito, moças bonitas, moços bonitos”. A palavra “bonito” muda de
forma, vai para o feminino ou para o plural acompanhando a palavra
“moço”. Êsse ajustamento das flexões ou desinências chama-se
concordância.
Devo, por fim, observar que a posição das palavras na frase
comanda certos tipos de relações. Assim, se se disser “Pedro matou
Paulo”, isto tem um sentido; se se disser “Paulo matou Pedro”, isto passa a
ter outro sentido: o sistema de relações nas duas frases se alterou, porque
se alterou a posição das palavras. Se eu entrar numa loja e pedir (conforme
uma anedota antiga) “um par de meias para senhoras pretas”, a posição da
palavra “pretas” sugere que ela se refere a “senhoras” e não a “meias”.
Atentem para as diferenças de matiz ou de sentido decorrentes dos
seguintes arranjos de palavras: “as alegres crianças brincavam”, “as
crianças alegres brincavam”, “as crianças brincavam alegres”. Pois bem: o
estudo das relações estabelecidas na frase em tôrno e por causa da posição
das palavras chama-se sintaxe de colocação.
REFERÊNCIA: MELO, Gladstone Chaves de. Gramática fundamental da
língua portuguesa. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1968, p. 15-17.