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é a principal causa de morte até

aos 35 anos, o que é um cenário típico dos


estados de guerra.

1
□ Período de tempo disponível antes que o choque,
causado pela lesão, se torne irreversível:
– Um doente com lesão penetrante no coração pode ter apenas alguns
minutos para receber tratamento definitivo;

– Um doente com hemorragia interna lenta, secundária a fractura de


fémur pode ter várias horas para ser reanimado e receber tratamento
definitivo

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GOLDEN HOUR PERÍODO DOURADO
□ “Período de Ouro” representa um intervalo de
tempo no qual o choque é quase sempre
reversível, se o doente tiver o atendimento
adequado.
– Intervenções apropriadas para melhorar a oxigenação e
controlar a hemorragia devem ser iniciadas o mais
precocemente possível.
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Minutos iniciais – mortes inevitáveis

Primeiras horas “golden hour” – mortes


maioritariamente evitáveis

Dias a semanas – falência multiorgânica ou sépsis

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□ 1º pico - Segundos a minutos após o trauma
– Decorrentes de lesões graves como lacerações de aorta, traumatismo cardíaco e lesões da medula e tronco
cerebral (causas mais comuns)
– 50% dos casos de óbito

□ 2º pico - Primeiras horas do evento traumático


– Potencialmente evitáveis
– Principais causas de óbito: hemorragias e lesões do SNC
– 30% dos casos de óbito
– Atendimento inicial adequado interfere na sobrevida
– “GOLDEN HOUR”

□ 3º pico - Após 24 horas do evento traumático


– Decorrentes de complicações sistémicas como infeções, falência orgânica múltipla e embolia pulmonar
(causas mais comuns)
– 20% dos casos de óbito
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❑Lesão cardio-vascular
❑ Trauma abdominal
❑ Fracturas da bacia não estabilizadas
❑ Hemorragias intra-craneanas ocupando espaço

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Transferência inter-hospitalares

Tempo de espera no atendimento das urgências

Falta de formação na área do trauma

Demora na tomada de decisão


- Da não realização ao atraso no procedimento
cirúrgico
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□ Consiste na realização de Exame Primário rápido direcionado à identificação das
lesões que ameaçam a vida.

□ O exame primário deve ser feito em não mais de 5 a 10 minutos e é conduzido de


acordo com o algoritmo ABCDE do trauma:
– A (Airway) – Vias aéreas + proteção da coluna cervical
– B (Breathing) – Respiração e ventilação
– C (Circulation) – Circulação com controle da hemorragia
– D (Disability) – Incapacidade, estado neurológico
– E (Exposure) – Exposição com controle do ambiente

□ Só se passa para o próximo passo após o anterior ter sido completamente


resolvido.
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➢IMPORTANTE

➢ Reconhecer um doente crítico


➢ Reconhecer a probabilidade de:
- Uma lesão estar presente
- Da lesão potenciar um mau prognóstico

9
45
40
35 SNC
Hemorragia
30
SNC + Hemorragia
% do total

25
Falência Orgânica
20
Outras
15
10
5
0
causas

10
Hemorragia é a 2ª causa de morte no trauma
(± 40%) - Choque Hipovolémico

Causas
– Hemorragia Grave
– Coagulopatia

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A hemorragia maciça é uma das razões para a alta taxa de
mortalidade no período pós-traumático precoce

Hemorragia maciça Transfusão maciça

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Definição
□ Uma perda de sangue equivalente a 100% da volémia em 24 horas;

□ 50% da volémia em 3 horas;

□ Perdas sanguíneas a uma velocidade de 150 ml/minuto, no adulto.

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Taxa de mortalidade 45 – 67%

Influenciada por:
– Idade
– Duração e intensidade do choque
– Desenvolvimento de CID
– Quantidade de sangue transfundido
– Problemas médicos pré-existentes

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CDI – Coagulação intra-vascular disseminada
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□ Evitar / tratar eficazmente a hipotermia
□ Corrigir a anemia aguda com sangue total: GV e Plasma

□ Administrar 4U de Plasma após as primeiras 4U de GV administradas,

□ Administrar plaquetas

□ Administrar Concentrado fibrinogénio:

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CINEMÁTICA
(parte da física
que estuda o
movimento)
DO TRAUMA
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MECANISMOS DE LESÃO
Mecanismos pelos quais a
energia é transferida do
ambiente a pessoa

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A energia mecânica atinge o corpo com forças

- ACELERAÇÃO
- DESACELERAÇÃO
- 2 JUNTAS

Quanto maior a velocidade maior a energia de impacto

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• TIPO DE COLISÃO AUTOMOBILÍSTICA

• GRAU DE DEFORMIDADE DO VEÍCULO

• ALTURA DA QUEDA

• VELOCIDADE DOS CORPOS

• TIPO E CALIBRE DAS ARMAS

PERMITE QUE SE ESTABELEÇA RELAÇÃO ENTRE TRAUMATISMO E


LESÕES APRESENTADAS

F = M x A (acelaração ou
Ecin = M/2xV² desacelaração)
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Energia Cinética
Qual a energia cinética envolvida num embate sabendo que uma pessoa de 85 kg
se desloca a 40 km/h?
KE = 68000 unidades de energia

Se aumentarmos a massa em 10 kg
95 kg/2 x (40 km/h)2 KE = 76000 unidades de energia
+ 10.53 %
Se aumentarmos a velocidade em 20 km/h
85 kg/2 x (60 km/h)2 KE = 153000 unidades de energia
+ 125 %
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Ecin = M/2xV²
Forças de Desaceleração
Força que pára ou diminui a velocidade da vítima em andamento

Quando um objecto desacelera ou diminui a velocidade até


zero, a energia no impacto é dissipada e absorvida a volta
do local do impacto.

Quando um veículo pára subitamente numa colisão frontal, um


ocupante não contido contínua a mover-se para a frente até que
colida com o interior do veiculo
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Forças de Aceleração
Aumento da velocidade

Balas, facadas, objectos empalados, explosões

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A PREVENÇÃO É A MELHOR MEDIDA

OS SISTEMAS DE SEGURANÇA TAMBÉM PODEM


PROVOCAR LESÕES
“AIRBAG SEM CINTO!!!”
“AIRBAG NA CRIANÇA PEQUENA!!!”
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CINTOS DE SEGURANÇA mal colocado pode
provocar:
- Ruptura do diafragma
- Lesões do baço, fígado e pâncreas
- Fractura da coluna lombar

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Cavidade ou deformação Permanentes
(Visível após o impacto)

Cavidade ou deformação Temporárias


(Não visível após o impacto)

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TIPO DE TRAUMA TIPO DE INCI DENTE MECANISMO DE LESÃO (cinemática)

•Para cima e sobre


Impacto frontal •Para baixo e sob

Impacto lateral
ACIDENTES
COM VEÍCULOS Impacto traseiro
AUTOMÓVEIS
FECHADO/ Impacto rotacional
PENETRANTE
Capotamento
Impacto frontal
ACIDENTES COM Impacto angular
MOTOCICLOS
Ejeção

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TIPO DE TRAUMA TIPO DE INCI DENTE MECANISMO DE LESÃO (cinemática)

Adulto
ATROPELAMENTO
Criança

Queda de pé

FECHADO/ QUEDAS Queda de braços


PENETRANTE
Queda de cabeça
Baixa energia
ARMAS
Média e alta energia

EXPLOSÃO

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No trauma fechado existem duas forças envolvidas no
impacto:
• compressão
•e laceração/estiramento.
Ambas podem produzir cavitação (deslocamento violento dos tecidos do
corpo humano para longe do local do impacto, devido à transmissão de
energia). No trauma fechado a cavitação pode ser só temporária, no
penetrante é permanente.

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TRAUMA FECHADO OU
CONTUSO

TIPOS DE TRAUMA

TRAUMA ABERTO
(PENETRANTE)
30
TRAUMA FECHADO OU CONTUSO

LESÃO POR COMPRESSÃO LESÃO POR DESACELERAÇÃO

31
□ Dependem da energia transferida no
momento do impacto e do local da lesão.

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A INTER-ACÇÃO ENTRE A VÍTIMA E O VEICULO DEPENDE
DO TIPO DE COLISÃO:

 Frontal  Lateral

 Traseira  Angular

 Capotamento  Ejecção
33
34
Capotamento

35
 QUEDAS

 ALTURA DA QUEDA (> 3x ALTURA DA VÍTIMA)

 PARTE DO CORPO QUE RECEBEU O 1º IMPACTO (# Calcâneos – Lesão L1, L2;


Fémur e Bacia

 COMPRESSIBILIDADE DA SUPERFÍCIE DO SOLO

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A capacidade de locomoção do doente não


deve ser um factor determinante na
necessidade de o tratar como se tivesse
lesão raquimedular.

37

Primárias – Órgãos com gás –
pneumotorax, perfuração
intestinal

Secundárias – A vítima é
atingida por pedaços de vidro,
ou outros detritos da explosão
que são projectados.

Terciárias – A vítima é
projectada contra um
objecto/solo.
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A abordagem/avaliação da vítima é um processo dinâmico.
□ Algumas ocorrências podem ser confusas e sem pistas objetivas sobre se trata de uma
lesão traumática ou doença súbita.

□ A principal queixa da vítima pode ser outra diferente da expetável.


– Necessidade de mudar a direção do pensamento crítico com base nos achados da
avaliação à vítima (história e avaliação primária/secundária).

Exemplo: À chegada ao local a equipa de EPH encontra uma vítima sentada no interior de
um carro à beira da estrada sem qualquer evidência de acidente/impacto (viatura
integra e sem deformações). Pela avaliação do local poderá ser uma vítima de trauma,
no entanto na continuação da abordagem a esta vítima não se encontram quaisquer
sinais de trauma mas sim sinais e sintomas de hipoglicemia (glicemia capilar de 30
mg/dL). Após correção desta situação a vítima recupera consciência e conta a história.
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A avaliação da vítima divide-se em duas partes:
1. Avaliação primária.
2. Avaliação secundária.

As prioridades durante a avaliação de uma vítima são as seguintes:


a) Identificar e corrigir as situações que implicam risco de vida;

b) Não agravar o estado da vítima;

c) Não deverá avançar para o passo seguinte da avaliação sem antes resolver a
condição que põe em risco a vida (ex. não é útil avaliar o B se não for resolvida
uma condição de OVA superior no A). 40
– Monitorização não-invasiva
• ECG
• Oxímetro de pulso
• Pressão Arterial
• Gasometria arterial

– Cateterização Vesical
• Importante para avaliação da reposição volémica
• Contra-indicado se suspeita de lesão uretral (sangue no meato peniano, equimose
perineal, sangue no escroto, deslocamento da próstata ou fratura pélvica)

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– Sonda gástrica
• Evitar risco de aspiração
• Indicada a doentes em Ventilação Mecânica ou com trauma abdominal
• Na suspeita de fratura de base do crânio e da lâmina crivosa será sempre
orogástrica

– Radiografias e procedimentos diagnósticos


• Só indicado na avaliação primária quando disponível na Sala de Trauma, e após a
estabilidade hemodinâmica
• RX Cervical perfil, Tórax AP e Bacia AP
• FAST (Focused Assessment Sonography for Trauma)

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□ Medidas auxiliares à Avaliação Secundária:

– Investigação de lesões específicas dos diversos órgãos e aparelhos


– TC
– RX contrastados
– RX contrastados de extremidades
– Endoscopias
– Ultrassonografias
– Uretrocistografia

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□ Medidas de conforto e controlo da dor

Dor é causa de agitação (interfere com a avaliação


neurológica)

Dor é consumidora de reserva fisiológica (tão


necessária num traumatismo grave)

44
TCE

45
□ TIPOS DE TRAUMATISMO CRANIANO
– Lesões de couro cabeludo
– Fracturas de crânio
– Lesão cerebral difusa
– Lesão focal
– Lesão penetrante
46
47
Fractura linear sem
afundamento
Afundamento
craniano
Fractura de crânio
aberta
48
– Afundamento
craniano
– Fractura de
crânio aberta

49
50
□Fracturas da base do crânio
□ Otorraquis, rinorraquis
□ Equimose na região da mastoide (sinal de Battle)
□ Sangue na membrana timpânica (hemotimpano)
□ Equimose periorbitária (Raccoon eyes)

51
Fractura da base do crânio

52
Equimose peri-orbitária

53
-Associado a fracturas cranianas – Laceração da Dura
Mater
- Perdas pelo nariz e / ou pelos ouvidos
- Porta de entrada para bactérias

54
TCE
□ TIPOS DE LESÃO INTRACRANIANA
– DIFUSA –
» CONCUSSÃO
» LESAO AXONAL DIFUSA
– FOCAL
» CONTUSÃO
» HEMORRAGIAS E HEMATOMAS
– LESÕES PENETRANTES

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CONCUSSÃO
Breve perda de consciência, com exame e
TAC CE normal

O doente pode ter sonolência ou confusão

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LESÃO AXONAL DIFUSA
□ Lesões de alta velocidade com estiramento do
tecido cerebral
□ Mini hemorragias na substância branca
□ Coma profundo imediato
□ Edema cerebral e aumento da PIC

57
Lesão focal
□ TIPOS DE TRAUMA INTRACRANIANO
• Contusões,
• Hemorragias e Hematomas

58
CONTUSÕES
□ Provocadas por forças de
inércia e torção muito mais
fortes que as que provocam
hematoma subdural

□ Área de impacto ou contra-


golpe.

□ Associam-se e são mais graves


nos doentes com alterações da
coagulação (hipo-coagulados,
alcoólicos..).

59
CONTUSÃO

60
HEMORRAGIAS
□ Hemorragia Meningea
• Hematoma Epidural (ou Extradural)
• Hematoma subdural
• Hemorragia aracnóideia
□ Hemorragias Cerebrais
• Hematomas Intra-cerebrais
61
Hematomas: Subdural Epidural Intra-cerebral
62
- Acumulação de sangue entre o crânio e a Dura Mater
- Associado a fracturas temporais ou parietais
- Laceração da artéria meníngea média

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Hematoma Epidural
□ Sinais e sintomas:
– Perda de consciência seguida de um período de lucidez
– Perda progressiva da consciência
– Hemiparésia e Anisocória

□ Se não for tratado rapidamente pode evoluir para uma


lesão secundária devido ao aumento da PIC

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Hematoma Epidural
□ Bom prognóstico se a intervenção for imediata ( a drenagem cirúrgica
nas primeiras 4 horas melhora significativamente o prognóstico)

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- Lesão cerebral focal por baixo da Dura Mater
- Geralmente de origem venosa

AGUDOS (1ªs 24h)

SUBAGUDOS (1 a 7 dias)
CRÓNICOS (após 7 dias)

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□ Mais comum
□ Rotura de veias entre o córtex e dura mater
□ A fractura de crânio pode ou não estar presente
□ Prognóstico melhora quanto mais precoce for a intervenção
cirúrgica
□ Sintomas em horas ou dias
– cefaléia, irritabilidade, vómitos, alteração do estado de
consciência, assimetria de pupilas e alterações sensitivas e
motoras

67
68
□ Doentes idosos com atrofia
cerebral
□ Pode ocorrer em pequenos
traumatismos
□ Pode piorar 2 a 4 semanas
depois do traumatismo devido
à expansão do hematoma

69
70
Hemorragias Intracerebrais
□ Hemorragias intraparenquimatosas

□ Qualquer localização

□ O déficite neurológico depende da área afectada e do


tamanho da hemorragia

□ As hemorragias intraventricular e cerebelar estão


associadas a alta taxa de mortalidade
71
Hemorragias Intracerebrais

72
Ferimentos Penetrantes
□ Penetração de corpo estranho intracraniano

□ Não deve ser removido no local

□ Transporte com corpo estranho fixo para que o


mesmo não produza lesões secundárias

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Avaliação do TCE
Sinais de gravidade
□ Assimetria de pupilas

□ Assimetria motora

□ Fractura de crânio com perda de liquor ou exposição do tecido cerebral

□ Deterioração neurológica ( queda de 2 ou mais pontos na escala de


Glasgow ou cefaléia intensa ou aumento do diâmetro de 1 pupila ou
diminuição de força muscular em um lado do corpo)

□ Fractura com afundamento craniano

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TCE - AVALIAÇÃO PRIMÁRIA
• ABC - VIAS AÉREAS, RESPIRAÇÃO E CIRCULAÇÃO

• IMOBILIZAÇAO DA COLUNA CERVICAL

• REALIZAÇAO DE EXAME NEUROLÓGICO RÁPIDO

• AVPU: alerta, resposta verbal, resposta à dor, sem resposta

• Avaliação pupilar: simetria e reacção à luz

• Simetria motora de extremidades

76
TCE - AVALIAÇÃO SECUNDARIA
INSPEÇÃO

• LACERAÇÕES

• PRESENÇA DE SAÍDA DE LCR/SANGUE PELO NARIZ OU


OUVIDO

77
TCE - AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

PALPAÇÃO
□ FRACTURAS

• LACERAÇÕES COM FRACTURAS

78
TCE - AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA

□ DETERMINAÇAO DA ESCALA DE COMA DE


GLASGOW

□ RESPOSTA OCULAR

□ RESPOSTA VERBAL

□ RESPOSTA MOTORA

79
Escala de Coma de Glasgow

80
Escala de Coma de Glasgow

81
Escala de Coma
de Glasgow

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Procedimentos
No TCE é essencial Prevenir ou minimizar o risco de lesão
cerebral secundária.

• Colar cervical
• Estabilização Respiratória (assegurar SPO2 >95%)
• Estabilização Circulatória (2 acessos venosos G14 ou
16)
• Cabeceira a 30º (se possível)

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TCE – Sonda Gástrica
Orogástrica

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