Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apostila - PRF - Agora Eu Passo PDF
Apostila - PRF - Agora Eu Passo PDF
POLÍCIA eu
-ŝŦ
RODOVIÁRIA
FEDERAL - PRF
PREPARAÇÃO - CONHECIMENTO - APROVAÇÃO
VIDEOAULAS DE:
- Atualidades
- Matemática Básica
Língua Portuguesa
Redação
Matemática
Noções de Informática
Ética no Serviço Público
Noções de Direito Constitucional
Noções de Direito Administrativo
Noções de Direito Penal
Noções de Direito Processual Penal
Legislação Especial
Direitos Humanos e Cidadania
Física Aplicada à Perícia de Acidadentes Rodoviários
Legislação Relativa ao DPRF
Ş
ŝ-ŝŦ
SUMÁRIO 5
ÍNDICE
LÍNGUA PORTUGUESA ............................................................................................................... 9
1. Interpretação e Compreensão de Texto ................................................................................................. 11
2. Gêneros Textuais ................................................................................................................................... 11
3. Reescritura de Frases e Parágrafos do Texto ....................................................................................... 16
4. Formação de Palavras .......................................................................................................................... 19
5. Emprego das Classes de Palavras ........................................................................................................21
6. Sintaxe ..................................................................................................................................................31
7. Pontuação .............................................................................................................................................39
REDAÇÃO ............................................................................................................................... 42
1. Redação para Concursos Públicos ........................................................................................................43
2. Dissertação Expositiva e Argumentativa..............................................................................................48
MATEMÁTICA .......................................................................................................................... 54
1. Proposições ...........................................................................................................................................57
2. Argumentos .......................................................................................................................................... 61
3. Psicotécnicos ........................................................................................................................................63
4. Análise Combinatória ...........................................................................................................................63
5. Probabilidade .......................................................................................................................................66
6. Teoria dos Conjuntos ............................................................................................................................67
7. Conjuntos Numéricos ............................................................................................................................68
8. Sistema Legal de Medidas ....................................................................................................................72
9. Razões e Proporções ............................................................................................................................73
10. Porcentagem e Juros ..........................................................................................................................74
11. Sequências Numéricas .........................................................................................................................75
12. Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares .....................................................................................78
13. Funções, Função Afim e Função Quadrática .......................................................................................85
14. Função Exponencial e Função Logarítmica ......................................................................................... 91
15. Trigonometria......................................................................................................................................93
16. Geometria Plana ..................................................................................................................................96
17. Geometria Espacial ............................................................................................................................ 102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA.......................................................................................................113
1. Windows............................................................................................................................................... 115
2. Sistema Windows 10 ............................................................................................................................ 118
3. Redes de Computadores ...................................................................................................................... 131
4. Arquitetura de Redes.......................................................................................................................... 136
6 SUMÁRIO Ş
ŝ-ŝŦ
ÍNDICE
1. Interpretação e Compreensão de Texto.........................................................................11
O que é Interpretar Textos? ..........................................................................................................11
Ambiguidade ..................................................................................................................................11
Coesão e Coerência.........................................................................................................................11
2. Gêneros Textuais .........................................................................................................11
Tipologia Textual ............................................................................................................................11
Gêneros Textuais ........................................................................................................................... 12
3. Reescritura de Frases e Parágrafos do Texto................................................................ 16
Substituição de Palavras ou de Trechos de Texto .........................................................................16
Retextualização de Diferentes Gêneros e Níveis de Formalidade ................................................. 17
4. Formação de Palavras ................................................................................................ 19
Processos de Formação de Palavras..............................................................................................19
Acentuação ................................................................................................................................... 20
Ortografia ..................................................................................................................................... 20
5. Emprego das Classes de Palavras .............................................................................. 21
5. 1. Substantivo ............................................................................................................ 21
Flexão do Substantivo .................................................................................................................. 23
5. 2. Artigo ....................................................................................................................24
5. 3. Adjetivo.................................................................................................................24
Formação do Adjetivo .................................................................................................................. 24
5. 4. Interjeição .............................................................................................................25
Locução Interjetiva ....................................................................................................................... 25
5. 5. Numeral.................................................................................................................25
5. 6. Advérbio ................................................................................................................25
Locução Adverbial ........................................................................................................................ 25
Adjetivos Adverbializados............................................................................................................ 25
5. 7. Conjunção..............................................................................................................26
Classificação das Conjunções ....................................................................................................... 26
5. 8. Preposição.............................................................................................................26
5. 9. Pronome................................................................................................................27
Classificação dos Pronomes ......................................................................................................... 27
5. 10. Palavra QUE .........................................................................................................28
5. 11. Palavra SE .............................................................................................................29
5. 12. Verbo ....................................................................................................................29
Conjugações do Verbo.................................................................................................................. 29
Flexão do Verbo............................................................................................................................ 30
10 LÍNGUA PORTUGUESA Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ao escrever, para que não haja problemas relacionados à Ontem o dia foi bom apesar de eu ter visto Lucas.
ambiguidade, é necessária atenção do autor e uma leitura cui- A relação de sentido estabelecida pela conjunção fará o sen-
dadosa. tido do texto.
É importante observar que os textos não são estáticos Coerência é o sentido do texto, é o fato de o texto fazer
e dificilmente apresentarão apenas uma tipologia. É comum sentido e ser compreendido pelo leitor em uma primeira leitura.
que o texto seja, por exemplo, dissertativo-argumentativo, O que torna um texto coerente, entre outras coisas, é a escolha
narrativo-descritivo ou descritivo-instrucional. É importante, correta das conjunções. Por isso, a coesão e a coerência do texto
portanto, identificar a tipologia que predomina. andam juntas e muitas vezes se confundem.
turístico, anúncio classificado, etc. nicativa, mas há algumas características que os distinguem uns dos outros.
Dissertação Gêneros Textuais e Esferas de Circulação
Dissertar significa falar sobre algo, explicar um assunto, Cada gênero textual está vinculado a uma esfera de circula-
discorrer sobre um fato, um tema. Nesse sentido, a dissertação ção, ou seja, um lugar comum em que ele pode ser encontrado.
pode ter caráter expositivo ou argumentativo.
Cotidiana
Dissertação-Expositiva Exemplos: Adivinhas, Diário, Álbum de Família Exposição
O texto expositivo apresenta ideias sobre um determinado Oral, Anedotas, Fotos, Bilhetes, Músicas, Cantigas de Roda, Par-
assunto. Há informações sobre diferentes temas, em que o autor lendas, Carta Pessoal, Piadas, Cartão, Provérbios, Cartão Postal,
expõe dados, conceitos de modo objetivo. O objetivo principal é Quadrinhas, Causos, Receitas, Comunicado, Relatos de Experiên-
informar, esclarecer. cias Vividas, Convites, Trava-Línguas, Curriculum Vitae.
Os gêneros mais comuns em que se encontra esse tipo Literária/Artística
de texto são: aula, resumo, textos científicos, enciclopédia,
Autobiografia, Letras de Músicas, Biografias, Narrativas de
textos expositivos de revistas e jornais, etc. Aventura, Contos, Narrativas de Enigma, Contos de Fadas, Narra-
Dissertação-Argumentativa tivas de Ficção, Contos de Fadas Contemporâneos, Narrativas de
Humor, Crônicas de Ficção, Narrativas de Terror, Escultura, Narrati-
Um texto argumentativo defende ideias ou um ponto de vista
vas Fantásticas, Fábulas, Narrativas Míticas, Fábulas Contemporâ-
do autor. Além de trazer explicações, esse tipo de texto busca per- neas, Paródias, Haicai, Pinturas, Histórias em Quadrinhos, Poemas,
suadir, convencer o leitor de algo. O texto, além de explicar, tam- Lendas, Romances, Literatura de Cordel, Tankas, Memórias, Textos
bém persuade o interlocutor, objetivando convencê-lo de algo. O Dramáticos.
mais importante é haver uma progressão lógica e coerente das
Científica
ideias, sem ficar no que é vago, impreciso.
Artigos, Relato Histórico, Conferência, Relatório, Debate, Pa-
É comum encontrar essa tipologia textual em: sermão, en-
lestra, Verbetes, Pesquisas.
saio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica,
editorial de jornais e revistas. Escolar
Ata, Relato Histórico, Cartazes, Relatório, Debate, Regrado,
Injunção/Instrucional Relatos de Experiências, Diálogo/Discussão Argumentativa
Com uma linguagem objetiva e concisa, esse tipo de texto Científicas, Exposição Oral, Resenha, Júri Simulado, Resumo,
orienta como realizar uma ação. Predominantemente, os verbos Mapas, Seminário, Palestra, Texto Argumentativo, Pesquisas,
são empregados no modo imperativo, todavia há também o uso Texto de Opinião, Verbetes de Enciclopédias.
do infinitivo e do futuro do presente do modo indicativo.
Temos como gêneros textuais mais comuns: ordens; Jornalística
pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para monta- Imprensa: Agenda Cultural, Fotos, Anúncio de Emprego,
Horóscopo, Artigo de Opinião, Infográfico, Caricatura, Man-
gem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras chete, Carta ao Leitor, Mapas, Mesa Redonda, Cartum, Notícia,
de comportamento; textos de orientação (ex: recomenda- Charge, Reportagens, Classificados, Resenha Crítica, Crônica
ções de trânsito); receitas, cartões com votos e desejos (de Jornalística, Sinopses de Filmes, Editorial, Tiras, Entrevista
natal, aniversário, etc.). (oral e escrita).
Publicidade: Anúncio, Músicas, Caricatura, Paródia, Carta- cações frequentes. É uma mera declaração, ao passo que a
zes, Placas, Comercial para TV, Publicidade Comercial, E-mail, certidão é uma transcrição. Ato administrativo enunciativo, o
Publicidade Institucional, Folder, Publicidade Oficial, Fotos, atestado é, em síntese, afirmação oficial de fatos.
Texto Político, Slogan. Partes:
Política ▷ título ou epígrafe: denominação do ato (atestado).
Abaixo-Assinado, Debate Regrado, Assembleia, Discurso ▷ texto: exposição do objeto da atestação. Pode-se
Político, Carta de Emprego, Fórum, Carta de Reclamação, Ma- declarar, embora não seja obrigatório, a pedido de
nifesto, Carta de Solicitação, Mesa Redonda, Debate, Panfleto. quem e com que finalidade o documento é emitido.
Jurídica ▷ local e data: cidade, dia, mês e ano da emissão do
ato, podendo-se também citar, preferentemente sob
Boletim de Ocorrência, Estatutos, Constituição Brasileira, forma de sigla, o nome do órgão em que a autorida-
Leis, Contrato, Ofício, Declaração de Direitos, Procuração, De- de signatária do atestado exerce suas funções.
poimentos, Regimentos, Discurso de Acusação, Regulamen-
▷ assinatura: nome e cargo ou função da autoridade
tos, Discurso de Defesa, Requerimentos.
que atesta.
Social
Apostila
Bulas, Relato Histórico, Manual Técnico, Relatório, Placas,
Relatos de Experiências Científicas, Resenha, Resumo, Semi- Apostila é a averbação, feita abaixo dos textos ou no verso
nário, Texto Argumentativo, Texto de Opinião, Verbetes de de decretos e portarias pessoais (nomeação, promoção, as-
Enciclopédias. censão, transferência, readaptação, reversão, aproveitamento,
reintegração, recondução, remoção, exoneração, demissão,
Midiática dispensa, disponibilidade e aposentadoria), para que seja
Blog, Reality Show, Chat, Talk Show, Desenho Animado, corrigida flagrante inexatidão material do texto original (erro
Telejornal, E-mail, Telenovelas, Entrevista, Torpedos, Filmes, na grafia de nomes próprios, lapso na especificação de datas,
Vídeo Clip, Fotoblog, Videoconferência, Home Page. etc.), desde que essa correção não venha a alterar a substância
do ato já publicado.
Exemplos de Gêneros Textuais
Tratando-se de erro material em decreto pessoal, a apos-
Artigo tila deve ser feita pelo Ministro de Estado que o propôs. Se
O artigo de opinião é um gênero textual que faz parte da o lapso houver ocorrido em portaria pessoal, a correção por
esfera jornalística e tem por finalidade a exposição do ponto apostilamento estará a cargo do Ministro ou Secretário signa-
de vista sobre um determinado assunto. Assim como a disser- tário da portaria. Nos dois casos, a apostila deve sempre ser
tação, ele também se compõe de um título, uma introdução, publicada no Boletim de Serviço ou Boletim Interno corres-
um desenvolvimento e uma conclusão.
Ş
ŝ#-ŝŦ
pondente e, quando se tratar de ato referente a Ministro de
Estado, também no Diário Oficial da União.
Ata
A finalidade da correção de inexatidões materiais por meio
A ata tem como finalidade registrar ocorrências, reso-
luções e decisões de reuniões, sessões realizadas por algum de apostila é evitar que se sobrecarregue o Presidente da Re-
órgão, setor, entidade, etc. pública com a assinatura de atos repetidos, e que se onere a
Estrutura da ata: Imprensa Nacional com a republicação de atos.
▷ dia, mês, ano e hora (por extenso) ї Forma e Estrutura
▷ local da reunião ▷ título, em maiúsculas e centralizado sobre o texto:
▷ pessoas presentes, devidamente qualificadas APOSTILA;
▷ ordem do dia (pauta) ▷ texto, no qual deve constar a correção que está sen-
▷ fecho do feita, a ser iniciada com a remissão ao decreto
LÍNGUA PORTUGUESA
tor, a qual pode ser percebida pela relação texto verbal e não Atenciosamente,
verbal (palavras e imagens). ▷ ASSINATURA: cerca de quatro linhas do cumpri-
Certidão mento final. É composta do nome do emissor (só
Certidão é o ato pelo qual se procede à publicidade de algo as iniciais maiúsculas) e cargo ou função (todo em
relativo à atividade Cartorária, a fim de que, sobre isso, não maiúscula):
haja dúvidas. Possui formato padrão próprio, termos essen- Herivelto Nascimento
ciais que lhe dão suas características. Exige linguagem formal, DIRETOR
objetiva e concisão. ▷ ANEXOS: quando houver documentos a anexar, es-
Termos essenciais da certidão: creve-se a palavra anexo à margem esquerda, segui-
▷ afirmação: certidão e dou fé que. da da relação do que está anexado:
▷ identificação do motivo de sua expedição: a pedido Anexo: quadro de horários.
da parte interessada. Anexa: cópia do documento.
▷ ato a que se refere: revendo os assentamentos cons- Anexas: tabela de horários e cópia dos documentos.
Ş
ŝ#-ŝŦ
tantes deste cartório, não logrei encontrar ação mo- ▷ INICIAIS: na última linha útil do papel, à esquerda, deve-
vida contra (nome). mos escrever as iniciais de quem elaborou o texto (reda-
▷ data de sua expedição: tor), seguido das iniciais de quem a datilografou/digitou
▷ assinatura: O Escrivão. (em maiúscula ou minúscula, tanto faz). Quando o reda-
tor e o datilógrafo forem a mesma pessoa, basta colocar
Circular a barra seguida das iniciais:
É utilizada para transmitir avisos, ordens, pedidos ou instruções, PPS/AZ
dar ciência de leis, decretos, portarias, etc. Pps/az
▷ destina-se a uma ou mais de uma pessoa/órgão/ /pps
empresa. No caso de mais de um destinatário, todas /PPS
as vias distribuídas devem ser iguais.
▷ a paragrafação pode seguir o estilo americano (sem Declaração
entradas de parágrafo), ou estilo tradicional. No caso A declaração deve ser fornecida por pessoa credenciada
de estilo americano, todo o texto, a data e a assina- ou idônea que nele assume a responsabilidade sobre uma si-
tura devem ser alinhados à margem esquerda. No tuação ou a concorrência de um fato. Portanto, é uma compro-
estilo tradicional, devem ser centralizados. vação escrita com caráter de documento.
Partes: A declaração pode ser manuscrita em papel almaço sim-
▷ TIMBRE: impresso no alto do papel. ples ou digitada. Quanto ao aspecto formal, divide-se nas se-
▷ TÍTULO E NÚMERO: cerca de três linhas do timbre guintes etapas:
e no centro da folha. O número pode vir seguido do ▷ timbre: impresso com cabeçalho, contendo o nome
ano. do órgão ou empresa. Nas declarações particulares,
▷ DATA: a data deve estar próxima do título e número, usa-se papel sem timbre.
ao lado ou abaixo, podendo se apresentar de várias ▷ título: no centro da folha, em caixa alta.
formas:
▷ texto:
CIRCULAR Nº 01, DE 2 MARÇO DE 2002
CIRCULAR Nº 01 » identificação do emissor.
De 2 de março de 2002 » o verbo atestar ou declarar deve aparecer no
CIRCULAR Nº 01/02 Rio de Janeiro, 2 de março de 2002 presente do indicativo, terceira pessoal do sin-
▷ EMENTA (opcional): deve vir abaixo do título e data, gular ou do plural.
cerca de três linhas. » finalidade do documento: em geral, costuma-se
Ementa: Material de consumo. usar o termo “para os devidos fins”. Também se
Ref.: Material de consumo pode especificar: “para fins de trabalho”, “para fins
▷ INVOCAÇÃO: cerca de quatro linhas do título. De- escolares”, etc.
pendendo do assunto e destinatários, a invocação é » nome e dados de identificação do interes-
dispensável. sado.
Excelentíssimo Senhor: » citação do fato a ser atestado.
Senhor Prefeito: ▷ local e data: deve-se escrevê-lo a cerca de três li-
Senhores Pais: nhas do texto.
Editorial Notícia
É um gênero textual dissertativo-argumentativo que apre- É um texto em que podem aparecer características nar-
senta o posicionamento de uma empresa, revista, jornal sobre rativas e descritivas. Conta-se como ocorreu um determina-
determinado assunto. do fato. Aparecem as seguintes informações: o que ocorreu,
Entrevista como, quando, onde e quem estava envolvido.
É um gênero textual em que aparece o diálogo entre o Ofício
entrevistador e o(s) entrevistado(s), para obter informações O ofício tem o objetivo de informar, propor convênios,
sobre o entrevistado ou algum assunto. Podem aparecer ele- ajustes, acordos, encaminhar documentos, solicitar providên-
mentos expositivos, argumentativos e narrativos. cias e/ou informações.
Edital É uma correspondência que pode ser dirigida tanto ao Po-
É um documento em que são apresentados avisos, cita- der Público quanto a particulares.
ções, determinações. Formatação:
São diversos os tipos de editais, de acordo com o objetivo: ▷ Papel timbrado;
pode comunicar uma citação, um proclame, um contrato, uma ▷ Número de ordem na margem superior esquerda;
exoneração, uma licitação de obras, serviços, tomada de preço, ▷ Local e data na mesma linha do número de ordem,
etc. ao lado direito;
Entre eles, os editais mais comuns são os de concursos pú- ▷ Vocativo (a forma de se dirigir à pessoa a que se
blicos, que determinam as etapas dos processos seletivos e as destina a correspondência);
competências necessárias para a sua execução. ▷ O texto pode ser dividido em parágrafos;
Gêneros literários ▷ Fecho;
Os gêneros literários costumam ser cobrados em algumas ▷ Assinatura e cargo do remetente;
provas. É importante saber que há a presença tanto da lingua- ▷ Endereçamento.
gem denotativa quanto da conotativa. Geralmente, as provas
trazem fragmentos de textos. Alguns gêneros mais cobrados Parecer
são: novela, conto, fábula, crônica, ensaio. O parecer é o pronunciamento fundamentado, com caráter
opinativo, de autoria de comissão ou de relator, snobre maté-
• Novela
ria sujeita a seu exame.
É um texto narrativo longo, em que são narradas várias
Partes de um parecer:
histórias. Sempre há uma história principal que caracteriza
▷ designação: número do processo, no centro superior do
esse gênero. Exemplos: O Alienista, de Machado de Assis, e A
papel. Não é um item obrigatório.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Metamorfose, de Kafka.
▷ título: denominação do ato, seguido de numeração
• Conto (Parecer nº).
É um texto narrativo curto, em que há, geralmente, um en- ▷ ementa: resumo do assunto do parecer, de maneira
redo (uma história) e poucos personagens. concisa, a dois espaços do título.
• Fábula ▷ texto: introdução (histórico); esclarecimentos (análi-
É um texto narrativo em que há uma história curta que se do fato); conclusão do assunto.
termina com uma lição de moral. Geralmente, há a personi- ▷ fecho: compreende: local e/ou denominação do ór-
ficação, pois há personagens que não são humanos (animais, gão (sigla);
objetos) que adquirem características humanas. » data;
• Crônica » assinatura (nome e cargo de quem emite o pa-
É uma narrativa breve, relacionada ao cotidiano. Pode ter recer).
LÍNGUA PORTUGUESA
(digitado). expedição.
Os elementos constitutivos do requerimento são: ▷ título: denominação completa de autoridade que
▷ vocativo: indica a autoridade a quem se dirige a co- expede o ato.
municação (alinhado à esquerda, sem parágrafo, ▷ fundamentação: citação da legislação básica em que
identificando a autoridade e não a pessoa em si; a autoridade apoia sua decisão, seguida do termo
▷ texto: nome do requerente (letras maiúsculas), qua- resolve.
lificação, objeto do requerimento; ▷ texto: desenvolvimento do assunto.
▷ fecho: pede deferimento, espera deferimento, ▷ assinatura: nome da autoridade que expede o ato.
aguarda deferimento;
▷ local e data; 3. Reescritura de Frases e Parágrafos
▷ assinatura.
do Texto
Ş
ŝ#-ŝŦ
Relatório
A reescrita ou reescritura de frases é uma paráfrase que visa
Relatório é um documento em que se faz uma descrição à mudança da forma de um texto. Para que o novo período este-
de fatos, analisados com o objetivo de orientar o serviço inte- ja correto, é preciso que sejam respeitadas a correção gramatical
ressado ou o superior imediato para possíveis ações a serem e o sentido do texto original. Desse modo, quando há qualquer
tomadas. inadequação do ponto de vista gramatical e/ou semântico, o
É, em última análise, a exposição circunstanciada de ativida- trecho reescrito deve ser considerado incorreto.
des levadas a termo por funcionário, no desempenho das funções Assim, para resolver uma questão que envolve reescritu-
do cargo que exerce, ou por ordem de autoridade superior. ra de trechos ou períodos, é necessário verificar os aspectos
É geralmente feito para expor: gramaticais (principalmente, pontuação, elementos coesivos,
▷ situações de serviço; ortografia, concordância, emprego de pronomes, colocação
pronominal, regência, etc.) e aspectos semânticos (significa-
▷ resultados de exames;
ção de palavras, alteração de sentido, etc.).
▷ eventos ocorridos em relação a planejamento; Existem diversas maneiras de se parafrasear uma frase, por
▷ prestação de contas ao término de um exercício etc. isso cada Banca Examinadora pode formular questões a partir de
Suas partes componentes são: muitas formas. Nesse sentido, é essencial conhecer e dominar as
1) Título (a palavra RELATÓRIO), em letras maiúsculas. variadas estruturas que uma sentença pode assumir quando ela
2) Vocativo: a palavra Senhor(a), seguida do cargo do é reescrita.
destinatário, e de vírgula.
3) Texto paragrafado, composto de introdução, desenvol- Substituição de Palavras ou
vimento e conclusão. de Trechos de Texto
Introdução: enuncia-se o propósito do relatório;
No processo de reescrita, pode haver a substituição de pa-
Desenvolvimento: corpo do relatório - a exposição dos fatos; lavras ou trechos. Ao se comparar o texto original e o que foi
Conclusão: o resultado ou síntese do trabalho, bem como a re- reestruturado, é necessário verificar se essa substituição man-
comendação de providências cabíveis. tém ou altera o sentido e a coerência do primeiro texto.
4) Fecho, utilizando as fórmulas usuais de cortesia, como
as do ofício. Locuções x Palavras
5) Local e data, por extenso. Em muitos casos, há locuções (expressões formadas por
6) Assinatura, nome e cargo ou função do signatário. mais de uma palavra) que podem ser substituídas por uma pa-
7) Anexos, complementando o Relatório, com material lavra, sem alterar o sentido e a correção gramatical. Isso é muito
ilustrativo e/ou ocumental. comum com verbos.
Classificação de Relatórios Exs.:
▷ Informativo: aborda um problema ou situação e ofe- Os alunos têm buscado formação profissional.
rece informações. (locução: têm buscado)
▷ Reativo: aborda um problema, examina as causas e Os alunos buscam formação profissional.
as consequências e oferece sugestões. (uma palavra: buscam)
▷ Conclusivo: aborda um problema ou situação e ofe- Ambas as frases têm sentido atemporal, ou seja, expres-
rece conclusões. sam ações constantes, que não têm fim.
Significação das Palavras Exs.:
Absolver: perdoar, inocentar. Absorver: aspirar.
Ao avaliarmos a significação das palavras, devemos ficar
Comprimento: extensão. Cumprimento: saudação.
atentos a alguns aspectos: sinônimos, antônimos, polissemia,
homônimos e parônimos. Conectores de Mesmo Valor Semântico
Sinônimos Há palavras, principalmente as conjunções, que possuem
Palavras que possuem significados próximos, mas não são valores semânticos específicos, os quais devem ser levados em
totalmente equivalentes. conta no momento de fazer uma substituição.
Exs.: Logo, pode-se reescrever um período, alterando-se a con-
junção. Para tanto, é preciso que a outra conjunção tenha o
Casa: lar - moradia – residência mesmo valor semântico. Além disso, é importante verificar
Carro: automóvel como ficam os tempos verbais após a substituição.
Para verificar a validade da substituição, deve-se também Exs.:
ficar atento ao significado contextual. Por exemplo, na frase Embora fosse tarde, fomos visitá-lo. (conjunção subordi-
“As fronteiras entre o bem e o mal”, não há menção a limites nativa concessiva)
geográficos, pois a palavra “fronteira” está em sentido cono- Apesar de ser tarde, fomos visitá-lo. (conjunção subor-
tativo (figurado). dinativa concessiva)
Além disso, nem toda substituição é coerente. Por exem- No exemplo acima, o verbo também sofreu alteração.
plo, na frase “Eu comprei uma casa”, fica incoerente reescrever Exs.:
“Eu comprei um lar”. Toque o sinal para que todos entrem na sala.
(conjunção subordinativa final)
Antônimos Toque o sinal a fim de que todos entrem na sala.
Palavras que possuem significados diferentes, opostos, (conjunção subordinativa final)
contrários. No exemplo acima, o verbo permaneceu da mesma maneira.
Exs.: Mal / Bem
Ausência / Presença Paralelismo
Subir / Descer Ocorre quando há uma sequência de expressões com es-
Cheio / Vazio trutura idêntica.
Possível / Impossível
Paralelismo Sintático
Polissemia É possível quando a estrutura de termos coordenados
Ocorre quando uma palavra apresenta mais de um sig- entre si é idêntica. Nesse caso, entende-se que “termos coor-
Ş
ŝ#-ŝŦ
nificado em diferentes contextos. denados entre si” são aqueles que desempenham a mesma
Exs.: função sintática em um período ou trecho.
Banco (instituição comercial financeira; assento) Ex.: João comprou balas e biscoitos.
Manga (parte da roupa; fruta) Perceba que “balas” e “biscoitos” têm a mesma função
sintática (objeto direto). Além disso, ambas são expressões
A polissemia está relacionada ao significado contextual, ou
nominais. Assim, apresentam, na sentença, uma estrutura sin-
seja, uma palavra tem um sentido específico apenas no contexto tática idêntica.
em que está inserida. Por exemplo: A eleição foi marcada por de- Os formandos estão pensando na carreira, isto é, no futuro.
bates explosivos (ou seja: debates acalorados, e não com sentido Tanto “na carreira” quanto “no futuro” são complemen-
de explodir algo). tos do verbo pensar. Ademais, as duas expressões são forma-
Homônimos das por preposição e substantivo.
Palavras com a mesma pronúncia (algumas vezes, a mesma Paralelismo Semântico
LÍNGUA PORTUGUESA
grafia), mas com significados diferentes. Estrutura-se pela coerência entre as informações.
Exs.: Acender: colocar fogo. Ascender: subir. Ex.: Lucélia gosta de maçã e de pera.
Concerto: sessão musical. Conserto: reparo. Percebe-se que há uma relação semântica entre maçã e
Homônimos Perfeitos pera, pois ambas são frutas.
Palavras com a mesma grafia e o mesmo som. Ex.: Lucélia gosta de livros de ação e de pizza.
Exs.: Eu cedo este lugar você. (cedo = verbo) Observa-se que os termos “livros de ação” e “pizza” não
possuem sentidos semelhantes que garantam a sequência
Cheguei cedo para jantar. (cedo = advérbio de tempo) lógica esperada no período.
Percebe-se que o significado depende do contexto em que
a palavra aparece. Portanto, deve-se ficar atento à ortografia Retextualização de Diferentes
quando a questão é de reescrita.
Gêneros e Níveis de Formalidade
Parônimos Na retextualização, pode-se alterar o nível de linguagem
Palavras que possuem significados diferentes, mas são do texto, dependendo de qual é a finalidade da transformação 17
muito parecidas na pronúncia e na escrita. proposta. Nesse caso, são possíveis as seguintes alterações: lin-
guagem informal para a formal; tipos de discurso; vozes verbais; Voz Verbal
18 oração reduzida para desenvolvida; inversão sintática; dupla re-
gência. Um verbo pode apresentar-se na voz ativa, passiva ou re-
flexiva.
Linguagem Formal x Linguagem Informal Ativa
Um texto pode estar escrito em linguagem coloquial (in- Ocorre quando o sujeito é agente, ou seja, pratica a ação
formal) ou formal (norma padrão). A proposta de reescrita expressa pelo verbo.
pode mudar de uma linguagem para outra. Veja o exemplo:
LÍNGUA PORTUGUESA
social.
Voz Passiva Analítica
Em um texto, podem ser encontrados três tipos de discurso: o
discurso direto, o indireto e o indireto livre. Verbo SER + particípio do verbo principal.
Exs.: A academia de polícia será pintada.
Discurso Direto O relatório é feito por ele.
São as falas das personagens. Esse discurso pode aparecer A variação de tempo é determinada pelo verbo auxiliar
em forma de diálogos e citações, e vêm marcadas com alguma (SER), pois o particípio é invariável.
pontuação (travessão, dois pontos, aspas, etc.). Ou seja, o dis- Exs.: João fez a tarefa. (pretérito perfeito do indicativo)
curso direto reproduz fielmente a fala de alguém. A tarefa foi feita por João. (pretérito perfeito do indicativo)
Ex.: O médico disse à paciente: João faz a tarefa. (presente do indicativo)
– Você precisa fazer exercícios físicos regularmente. A tarefa é feita por João. (presente do indicativo)
João fará a tarefa. (futuro do presente)
Discurso Indireto A tarefa será feita por João. (futuro do presente)
É a reprodução da fala de alguém, a qual é feita pelo narra-
dor. Normalmente, esse discurso é escrito em terceira pessoa. Voz Passiva Sintética
Ex.: O médico disse à paciente que ela precisava fazer Verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE.
exercícios regulamente. Ex.: Abriram-se as inscrições para o concurso.
Discurso Indireto Livre Transposição da Voz Ativa para a Voz Passiva
É a ocorrência do discurso direto e indireto ao mesmo tem- Pode-se mudar de uma voz para outra sem alterar o sen-
po. Ou seja, o narrador conta a história, mas as personagens tido da frase.
também têm voz própria. Exs.: Os médicos brasileiros lançaram um tratamento
No exemplo a seguir, há um discurso direto: “que raiva”, para o câncer.
que mostra a fala da personagem. Um tratamento para o câncer foi lançado pelos médicos
Ex.: “Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. En- brasileiros.
tretanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Machado) Oração Reduzida x Oração Desenvolvida
No trecho a seguir, há uma fala da personagem, mesclada
As orações subordinadas podem ser reduzidas ou desen-
com a narração: “Para que estar catando defeitos no próximo?”.
volvidas. Não há mudança de sentido se houver a substituição
Ex.: “D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo teme- de uma pela outra.
rário. Para que estar catando defeitos no próximo? Eram
todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano Ramos) Exs.: Ao terminar a aula, todos podem sair. (reduzida de
infinitivo)
Nas questões de reescrita que tratam da transposição de
Quando terminarem a prova, todos podem sair.(desen-
discursos, é mais frequente a substituição do direto pelo in- volvida)
direto. Nesse caso, deve-se ficar atento aos tempos verbais. Os vizinhos ouviram uma criança chorando na rua.(redu-
Exemplo de uma transposição de discurso direto para in- zida de gerúndio)
direto: Os vizinhos ouviram uma criança que chorava na rua.
Ex.: Ana perguntou: (desenvolvida)
– Qual a resposta correta? Terminada a reforma, a família mudou-se para a nova
Ana perguntou qual era a resposta correta. casa.(reduzida de particípio)
Assim que terminou a reforma, a família mudou-se para Os processos de derivação podem ocorrer de diversas maneiras:
a nova casa.(desenvolvida) Derivação Prefixal: ocorre quando há o acréscimo de um
prefixo ao radical.
Inversão Sintática
Ex.: contrapor: contra+por
Um período pode ser escrito na ordem direta ou indireta. prefixoradical
Nesse caso, quando ocorre a inversão sintática, a correção gra-
Derivação Sufixal: ocorre quando há o acréscimo de um
matical é mantida. Apenas é necessário ficar atento ao sentido
sufixo ao radical.
do período.
Ex.: felizmente:feliz+mente
Ordem direta: sujeito – verbo – complementos/adjuntos radicalsufixo
adverbiais.
Derivação Prefixal e Sufixal: ocorre quando há o acrés-
Exs.: Os documentos foram levados para o gerente.
cimo simultâneo de um sufixo e um prefixo ao radical.
(direta)
Ex.: infelizmente: in+feliz+mente
Foram levados os documentos para o gerente. (indireta)
prefixo radicalsufixo
Dupla Regência Derivação Parassintética: ocorre quando há o acréscimo
Há verbos que exigem a presença da preposição e outros simultâneo de um sufixo e um prefixo ao radical, de forma
não. Deve-se ficar atento ao fato de que a regência pode in- que a palavra não exista só com o prefixo ou só com o sufixo:
fluenciar no significado de um verbo. Ex.: empobrecer:em+pobre+cer
Verbos Transitivos Diretos ou Indiretos prefixo radical sufixo
Sem alterar o sentido, alguns verbos admitem duas cons- Derivação Regressiva: ocorre quando há a eliminação de
truções: uma transitiva direta e outra indireta. Portanto, a sufixos ou desinências. Na maioria das vezes, são substantivos
ocorrência ou não da preposição mantém um trecho com o formados a partir de verbos.
mesmo sentido. Ex.: consumir – consumo
Almejar Derivação Imprópria: ocorre quando há mudança na clas-
Exs.: Almejamos a paz entre os países que estão em se gramatical.
guerra. / Almejamos pela paz entre os países que estão Exs.:
em guerra. Temos que fechar bem os armários, pois nessa época
Atender aparecem baratas.
Exs.: O gerente atendeu os meus pedidos. / O gerente substantivo
atendeu aos meus pedidos. Compramos várias coisas, pois achamos que estavam
Ş
ŝ#-ŝŦ
Necessitar muito baratas.
Exs.: Necessitamos algumas horas para organizar o adjetivo
evento. / Necessitamos de algumas horas para organizar A sala estava cheia de crianças.
o evento.
substantivo
Transitividade e Mudança de Significado
Apesar de adulto, ele ainda é muito criança.
Existem alguns verbos que, conforme a mudança de tran-
sitividade, têm o sentido alterado.
substantivo adjetivado.
Aspirar Uma palavra pode exercer diferentes funções em uma
oração. Por isso, é importante observar o sentido do que
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
(o ar), inalar.
ela representa para identificar a classe gramatical.
Ex.: Aspirava o suave perfume. (Aspirava-o.) Ex.: Eu amo meu trabalho!
LÍNGUA PORTUGUESA
Eu trabalho muito!
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição. Composição
Ex.: Aspirávamos ao cargo de diretor. Processo pelo qual novas palavras são formadas através da
4. Formação de Palavras união de dois radicais. A composição pode ser por aglutinação
ou justaposição.
Composição por Justaposição: quando não há alteração
Processos de Formação de Palavras fonética nos radicais.
Ex.: Pontapé: ponta + pé
Derivação Pé-de-meia: pé + de + meia
Processo pelo qual novas palavras são formadas a partir de Composição por Aglutinação: quando há alteração foné-
uma palavra, denominada primitiva, pelo acréscimo de novos tica nos radicais.
elementos que modificam ou alteram o sentido primitivo. As Ex.: Planalto: plano + alto 19
novas palavras, assim formadas, são chamadas derivadas. Fidalgo: filho + de + algo
Hibridismo Ex.: pápépósóiscéuvéus
20 Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em a(s),
As palavras formadas por elementos provenientes de dife-
e(s), em(ens) e nos ditongos abertos éi(s), éu(s) e ói(s).
rentes línguas são denominadas hibridismos.
Ex.: babá você capô armazéns anéis
Ex.: Bis + avô: bisavô
Radical latino Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, ã(s),
ão(s), i(s), ei(s), um(uns), us, ps.
Ex.: Crono + metro: cronômetro
Ex.: dócilhífenfênixvírustóraxbíceps
Radical grego
LÍNGUA PORTUGUESA
Dúvida-Duvida
A diferença que essas palavras possuem é na silaba tôni- Hiato: há duas vogais e ficam em sílabas diferentes quan-
ca. No caso da palavra camelo, trata-se de uma paroxítona; já do ocorre divisão silábica: saúde, moeda.
a palavra camelô é oxítona. Tritongo: há uma vogal e duas semivogais que ficam, por-
tanto, na mesma sílaba quando ocorre divisão silábica: Uru-
O mesmo acontece com dúvida e duvida: a primeira é pro- guai, quais.
paroxítona e, portanto, acentuada. A segunda é paroxítona
terminada em A. Acento Diferencial
Classificação das Sílabas Quanto à Intensidade Em alguns casos, o acento serve para diferenciar palavras
com grafia semelhante. Observe os casos a seguir:
Tônica: sílaba pronunciada com maior intensidade.
O verbo pôr é acentuado para diferenciar-se da preposição
Ex.: ca féru bimú si ca por.
Átona: sílaba pronunciada com MENOR intensidade. Ex.: Vou pôr minhas coisas no carro.
Ex.: ca féru bimú si ca A lista foi feita por mim.
No caso dos monossílabos, a classificação entre átono ou A forma verbal pôde (pretérito imperfeito) é acentuada
tônico está relacionada também ao sentido. para diferenciar-se da forma verbal pode (presente do indi-
cativo).
Os monossílabos tônicos são as palavras de apenas uma
Ex.: No ano passado ele não pôde comparecer ao evento.
sílaba e com intensidade forte. São palavras com significado
Se você quiser, pode ficar com esse vestido.
próprio, como substantivos, adjetivos, advérbios. Os verbos ter e vir, na 3º pessoa do plural, são acentuadas
Já os monossílabos átonos, por terem uma intensidade para diferenciarem-se da 3ª pessoa do singular.
sonora menor, apoiam-se nas palavras tônicas e precisam Ex.: Ele vem almoçar mais cedo hoje.
delas para garantir seu significado. É o caso das preposições, Eles vêm todo ano para as férias.
conjunções, artigos e alguns dos pronomes oblíquos. Ele tem medo do resultado dos exames.
Eles têm muita coisa para fazer.
Classificação das Palavras em Rela- Os verbos derivados de ter e vir, como deter, reter, manter,
ção à Posição da Sílaba Tônica convir, intervir, etc., obedecerão às regras das oxítonas. No entan-
Oxítonas: palavras cuja sílaba tônica é a última. to, na 3º pessoa do plural, usa-se o acento circunflexo para diferen-
Ex.: a téca fépa le tóco ra ção ciar da 3ª pessoa do singular.
Paroxítonas: palavras cuja sílaba tônica é a penúltima. Ele mantém um lindo jardim.
Ex.: es co laál buma çú carba la Eles mantêm contato, mesmo à distância.
Proparoxítonas: palavras cuja sílaba tônica é a antepenúl- Ele intervém com frequência na vida da filha.
tima. Eles intervêm nas nossas decisões.
Ex.: lâm pa daham búr gue respú bli co
Ortografia
Regras de Acentuação Sabendo que há fonemas que podem ser representados
Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em por letras diferentes, é comum haver dúvidas em alguns casos.
a(s), e(s), o(s) e em ditongos abertos éi(s), éu(s) e ói(s). Grafia: representação escrita de uma palavra.
Ortografia: conjunto de normas que estabelece a grafia Porquê, Por Quê, Porque e Por Que
correta de cada palavra.
Embora na fala não seja possível identificar diferenças, exis-
Emprego de G ou J tem quatro maneiras diferentes de escrever a mesma palavra.
Cada uma delas é utilizada em um caso específico. Observe:
Emprega-se a letra J
Por que
Nas palavras de origem árabe, africana ou indígena: pajé,
Utilizado nas orações interrogativas, sejam elas diretas ou
jiboia.
indiretas.
Nas palavras derivadas de outras que possuam j: laranjal, Ex.: Por que o resultado da prova demora tanto?
sujeira. Gostaria de perguntar por que você não gosta dele.
Emprega-se a letra G Sempre que depois da expressão puder ser empregada a
palavra motivo.
Nas palavras terminadas com ágio, égio, ígio, ógio, úgio: Ex.: Não sei por que cheguei atrasada.
pedágio, refúgio. Quando a expressão puder ser substituída por para que ou
Nas palavras terminadas em agem, igem e ugem: gara- pelo qual.
gem, vertigem. Exceções: pajem, lambujem. Ex.: O caminho por que passei foi interditado.
Emprego de X ou CH Por quê
Quando for a última palavra da frase, o pronome que de-
Emprega-se a letra X verá ser acentuado.
Depois de ditongo: caixa, peixe, trouxa. Exceções: recau- Ex.: Ficou triste sem entender por quê.
chutar, recauchutagem. Você não vai à festa? Por quê?
Depois de me: mexer, mexilhão. Exceção: mecha.
Depois de en: enxurrada, enxaqueca. Exceção: quando o
Porque
en é prefixo de palavra normalmente escrita com ch: encher, Utilizado quando a expressão puder ser substituída por
encharcar, etc. pois ou para que.
Ex.: Não falei nada porque sabia que não iria acreditar
Emprego de S ou Z em mim.
Emprega-se a letra S Porquê
Nos sufixos ês, esa e isa, quando usados na formação de Utilizado quando assumir o papel de substantivo, sendo
palavras que indiquem nacionalidade, profissão, títulos, etc.: precedido por artigo e puder ser substituída por motivo.
Ş
ŝ#-ŝŦ
chinês/ chinesa, português/portuguesa, poetisa. Ex.: O candidato não quis explicar o porquê da renúncia.
Nos sufixos oso e osa: receoso, gelatinosa.
Emprega-se a letra Z
5. Emprego das Classes de Palavras
Nos sufixos ez e eza, usados para formar substantivos de-
rivados de adjetivos: beleza, insensatez. 5. 1. Substantivo
Hífen Todos os seres recebem nomes, e este nome é a classe
gramatical chamada substantivo. Os substantivos nomeiam os
Existem várias regras de emprego do hífen. A fim de faci- seres: pessoas, objetos, fenômenos, sentimentos, qualidades,
litar a memorização, estudaremos as regras principais e, em lugares ou ações. Observe os exemplos:
seguida, as regras impostas pela Nova Ortografia.
Exs.:
Usa-se o hífen:
LÍNGUA PORTUGUESA
Classificam-se, aqui, os nomes próprios de: ▷ Bateria: peças de guerra ou de cozinha; instrumen-
▷ Pessoas tos de percussão;
▷ Cidades ▷ Biblioteca: livros;
▷ Estados ▷ Boiada: bois;
▷ Países ▷ Boana: peixes miúdos;
▷ Rios ▷ Cabido: cônegos (conselheiros de bispo);
▷ Ruas ▷ Cacho: bananas, uvas, cabelos;
▷ Cáfila: camelos;
Concreto ▷ Cainçalha: cães;
São os substantivos que indicam seres (reais ou imaginá- ▷ Cambada: caranguejos, malandros, chaves;
rios) cuja existência é independente de outros seres. ▷ Cancioneiro: canções, de poesias líricas;
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
gato (substantivo masculino)
▷ Pelotão: soldados; gata (mudança de gênero: feminino)
▷ Penca: bananas, chaves, frutos; gatinha (mudança de grau: diminutivo)
▷ Pente: balas de arma automática; gatão (mudança de grau: aumentativo)
A alteração do substantivo para formar o feminino não
▷ Pinacoteca: quadros, telas; ocorre em todos os casos e nem sempre da mesma maneira.
▷ Piquete: soldados montados, grevistas; Acontecerá nos substantivos biformes, que são os que apre-
▷ Plantel: atletas, animais de raça; sentam uma forma para o masculino e outra para o feminino.
Sobrecomuns 5. 3. Adjetivo
São substantivos uniformes que indicam tanto masculino
Ş
ŝ#-ŝŦ
quanto feminino. A identificação do sexo correspondente se A palavra que caracteriza o substantivo é chamada adjeti-
dará através do contexto. vo estas características, denominadas qualidades, podem ser
positivas ou negativas.
Ex.: o indivíduo (homem ou mulher).
O adjetivo não aparece sozinho na oração, sem um subs-
Comuns de dois gêneros
tantivo que o complemente. Quando isso acontecer, ele assu-
São substantivos que utilizam a mesma forma para indicar
mirá a função de substantivo. Observe:
tanto o masculino quanto o feminino. A diferença, nesse caso,
é o artigo, que será variável para indicar o sexo: Exs.: O professor carioca se adaptou bem ao Norte.
Exs.: O colega; O carioca se adaptou bem ao Norte.
A colega;
No primeiro enunciado, o termo carioca expressa uma ca-
O chefe;
A chefe. racterística ao substantivo professor. No segundo caso, não há
substantivo, e o termo carioca assume a função de substantivo,
Mudança de gênero com mudança de sentido sendo precedido por um artigo.
Em alguns casos, a mudança de gênero implicará na mu-
dança de sentido do substantivo. Formação do Adjetivo
Exs.: O moral: ânimo;
O adjetivo, assim como o substantivo, pode ser formado
A moral: caráter;
O capital: valores (bens ou dinheiro); de diversas maneiras. Ele pode ser:
A capital: cidade; Primitivo
O cabeça: líder;
A cabeça: parte do corpo; Quando não é derivado de nenhuma outra palavra:
O grama: unidade de medida de peso; Ex.: A menina era tão bonita!
A grama: planta rasteira;
O rádio: aparelho sonoro; Derivado
A rádio: estação; Quando deriva de outras palavras, como verbos ou subs-
tantivos:
5. 2. Artigo Ex.: Rancorosa, a avó não quis atender o neto.
Observe a oração a seguir: (derivado do substantivo rancor)
Ex.: Uma ligação mudou meu dia: era o médico de minha Simples
mãe, dizendo que eu podia buscá-la.
O artigo é um nome que acompanha o substantivo, de- Assim como ocorre no substantivo, o adjetivo simples é
finindo-o. Observe que no primeiro caso destacado, o artigo aquele formado por apenas um radical:
indefine o substantivo, mostrando que é uma ligação como Ex.: As ruas da cidade estão agitadas.
qualquer outra, nada específico. Já no segundo caso temos um
artigo definido, especificando a pessoa: não era um médico in- Composto
determinado, mas o médico específico. Assim como ocorre no substantivo, o adjetivo composto é
Observa-se, portanto, que o artigo classifica-se em defini- aquele formado por mais de um radical:
do ou indefinido. Ex.: A Literatura afro-brasileira vem ganhando destaque.
5. 4. Interjeição Metade das contas foi paga com atraso. (fração)
De acordo com a ideia expressa pelo numeral é que se fará
Observe o exemplo a seguir: sua classificação. O numeral pode ser:
Exs.: Cuidado! O piso está molhado.
Algumas palavras são utilizadas para expressar adver-
Cardinal
tência, surpresa, alegria, etc. Essas palavras são classificadas Quando expressa a ideia de quantidade: um, oito, trinta.
como interjeições. Geralmente, aparecem sozinhas na frase, Ordinal
podendo ser seguidas ou não por ponto de exclamação:
Quando expressa a ideia de ordem: primeiro, décimo, mi-
Exs.: Parabéns! O trabalho ficou lindo!
lésimo
Adeus, meninas, foi um prazer conhecê-las.
Aleluia! Meu projeto ficou pronto! Multiplicativo
Puxa! A festa foi maravilhosa! Quando expressa a ideia de multiplicação: dobro, triplo,
quádruplo.
Locução Interjetiva
Em alguns casos, a interjeição poderá ser formada por Fracionário
mais de uma palavra: Quando expressa a ideia de fração: terço, sexto, oitavo.
Exs.: Meu Deus! Você viu essa notícia?
Que pena, não conseguirei chegar a tempo. 5. 6. Advérbio
Advertência Calma! Olha! Cuidado! Observe os exemplos a seguir:
Atenção! Ex.: Pegamos nossas coisas rapidamente.
Agradecimento Obrigado! Modo
Alegria Oh! Oba! Viva!
Ex.: Corremos muito naquele dia.
Tempo
Alívio Ufa! Ex.: A menina caiu na escada.
Animação Força! Coragem! Firme! Lugar
Apelo Psiu! Hei! Socorro! O advérbio indica ou modifica a ação expressa pelo verbo.
Pode indicar:
Aplauso Parabéns! Ótimo! Viva! Bis!
Tempo Ontem, hoje, agora, já, sempre, etc.
Concordância Pois não! Claro! tá!
Lugar Aqui, lá, perto, longe, etc.
Desejo Tomara! Oxalá! Modo Rapidamente, tranquilamente (a maioria dos advér-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Dor Ai! Ui! Que pena! bios de modo terminará em –mente).
5. 9. Pronome Vossa
Pessoas com um grau de prestígio
maior. Usualmente, os empregamos
Observe o trecho a seguir: V. S.ª em textos escritos, como: corre-
Senhoria spondências, ofícios, requerimentos,
Ex.: O bebê de Daniela nasceu perfeito. O bebê de Da- etc.
niela tem olhos azuis. As mãos do bebê de Daniela são Usados para pessoas com alta autori-
fortes, e os cabelos do bebê de Daniela são claros. Vossa dade, como: Presidente da República,
V. Ex.ª
Para que não haja esta repetição desagradável durante a Excelência Senadores, Deputados, Embaixadores,
etc.
comunicação, utilizamos os pronomes:
Vossa
Ex.: O bebê de Daniela nasceu perfeito. Ele tem olhos V. A. Príncipes e duques.
Alteza
azuis, suas mãos são fortes e seus cabelos são claros.
Vossa
Os pronomes são palavras que substituem ou acompa- V.S. Para o Papa.
Santidade
nham os substantivos. Eles podem indicar qualquer uma das
três pessoas do discurso: Vossa Mag-
V. Mag.ª Reitores de Universidades.
nificência
1ª pessoa: quem fala;
2ª pessoa: com quem se fala; Vossa Majestade V. M. Reis e Rainhas.
3ª pessoa: de quem se fala. ▷ O pronome de tratamento concorda com o verbo na
3ª pessoa:
Classificação dos Pronomes Ex.: Vossa Excelência me permite fazer uma observação?
▷ Quando o pronome for utilizado para referir-se à 3ª
Ş
ŝ#-ŝŦ
Pronomes Pessoais pessoa, o pronome Vossa será substituído por Sua:
Ex.: Sua Alteza, o Príncipe William, casou-se com uma
Pessoa do discurso Retos Oblíquos plebeia.
1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo Pronomes Possessivos
3ª pessoa do singular Ele/Ela O, a, lhe, se, si, consigo São pronomes que indicam posse. Observe os exemplos:
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco Exs.:
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco Andei tanto que meus pés estão doendo.
3ª pessoa do plural Eles/Elas Os, as, lhes, se, si, consigo Pegue tuas coisas e vamos embora.
Marina ficou feliz ao ver que sua mala não
Os pronomes pessoais funcionam como sujeito da oração. estava perdida.
Ex.: Eu estava cansada ontem.
LÍNGUA PORTUGUESA
Ş
ŝ#-ŝŦ
bordinativa concessiva) O verbo expressa o tempo e a pessoa da ação. Observe:
Não corra que o chão está molhado! (conjunção subor- Ex.: Nesta semana não terei aula de inglês.
dinativa causal) Tempo: futuro
Partícula Expletiva (de Realce) Pessoa: 1ª do singular (eu)
Ex.: Não sabes os caminhos que percorri.
Ex.: Que bonito que está o seu cabelo! (não tem função
Tempo: presente Tempo: pretérito
na oração, apenas realça o que está sendo falado)
Pessoa: 2ª do singular (tu) Pessoa: 1ª do singular (eu)
5. 11. Palavra SE
A palavra “se”, assim como o “que”, possui diversas fun- Conjugações do Verbo
ções e costuma gerar muitas dúvidas. Por isso, para entender Todos os verbos em Língua Portuguesa, quando no infini-
cada função e identificá-las, observe os exemplos a seguir: tivo, terminarão em ar, er ou ir. Essa classificação é chamada
LÍNGUA PORTUGUESA
de conjugação:
Partícula Apassivadora
Ex.: Vendem-se plantas. (É possível passar a oração 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
para a voz passiva analítica: Plantas são vendidas) Verbos termina- Verbos terminados Verbos terminados
Neste caso, o “se” nunca será seguido por preposição. dos em AR em ER em IR
Amar Comer Sair
Pronome Reflexivo Falar Descer Cair
Ex.: Penteou-se com capricho. Dançar Fazer Sorrir
Pronome Recíproco
Ex.: Amaram-se durante anos.
Tempos e Modos Verbais
Todos os verbos apresentam formas, tempos e modos. São
Partícula Expletiva (de Realce) modos:
Ex.: Foi-se o tempo em que confiávamos nos políticos.
(não possui função na oração, apenas realça o que foi Indicativo 29
dito) Expressa certeza.
Subjuntivo Observe que a primeira parte do verbo, com-, não é altera-
30 Expressa dúvida. da, o que muda é o final. Isso significa que a primeira parte é o
radical. Nos verbos regulares, o radical nunca muda. O que se
Imperativo altera são as terminações, indicando tempo e pessoa.
Expressa uma ordem ou orientação. Observe os verbos a seguir:
Além disso, os verbos apresentam formas nominais. São elas: Falar
• Particípio Radical: fal-
LÍNGUA PORTUGUESA
Radical: ouv-
Tempos Verbais Eu ouço
Os tempos verbais são classificados para definir a relação Tu ouves
temporal entre a ação e o momento em que se fala sobre ela. Ele ouve
São eles: Nós ouvimos
• Presente Vós ouvir
Indica a ação que acontece no momento da elocução: Eles ouvem
Ex.: Eu estou em casa. Observe que na primeira pessoa houve alteração do radical.
• Pretérito Perfeito Além de regulares e irregulares, os verbos também podem ser:
Indica a ação concluída no passado:
Abundantes
Ex.: Eu comi a torta de limão.
Quando há mais de uma forma de particípio:
• Pretérito Imperfeito Aceitar - aceito/aceitado
Indica uma ação que não foi plenamente concluída e que Expulsar - expulsado/expulso
não tem limites claramente estabelecidos: Salvar - salvado/salvo
Ex.: Ele me ligou enquanto eu comia.
• Pretérito mais-que-perfeito Anômalos
Indica uma ação que foi plenamente concluída antes de Quando há mais de uma mudança no radical. São verbos
outra ação também concluída: que não obedecem às regras de conjugação verbal dos demais:
Ex.: Meu irmão viajara muito antes de casar. Ser
• Futuro do presente Eu sou
Indica a ação futura em relação ao momento da elocução: Tu és
Ex.: Viajarei na próxima semana. Ele é
Nós somos
• Futuro do pretérito
Vós sois
Indica a ação que, naquele momento era futura, mas no
momento da elocução é passado: Ele é
Ex.: Eu perderia o voo se ele não tivesse me dado carona.
Locução Verbal
Flexão do Verbo Observe o exemplo a seguir:
Observe o exemplo a seguir:
Comer Ex.: Estou fazendo um curso de Francês.
Eu como O verbo principal nesta oração é fazendo, no gerúndio,
Tu comes mas vem acompanhado por um verbo auxiliar, estou.
Ele come Locução verbal é todo conjunto formado por um verbo
Nós comemos principal + um verbo auxiliar. O verbo principal pode estar no
Vós comeis gerúndio, particípio ou infinitivo:
Eles comem Ex.: Isso já foi feito antes.
Verbo auxiliar + verbo principal no particípio Passiva Analítica (verbo ser + verbo no particípio)
Ex.: Vou falar com eles antes do fim da aula. Quando o sujeito recebe a ação, praticada por outro ele-
Verbo auxiliar + verbo principal no infinitivo mento, o agente da passiva:
Tipos de Verbo Ex.: Um vaso foi colocado na mesa por mim.
Os verbos dividem-se em tipos, de acordo com o seu sig- (sujeito paciente) (agente da passiva)
nificado. São eles:
Passiva Sintética (verbo na 3ª pessoa + pronome se)
Intransitivo Quando o sujeito recebe a ação, mas o agente não aparece:
Quando o sentido do verbo é completo e não exige com- Ex.: Colocou-se um vaso na mesa.
plemento.
Ex.: Meu vizinho morreu. Reflexiva
Quando o sujeito pratica e recebe a ação ao mesmo tempo:
Transitivo
Quando o sentido do verbo não é completo e é necessário Ex.: A menina penteou-se demoradamente.
um complemento para que faça sentido. Dentre os transitivos,
pode ser: 6. Sintaxe
Transitivo Direto
Quando exige um complemento que não é seguido por 6. 1. Frase
preposição (objeto direto): Observe os exemplos:
Ex.: Comprei uma bolsa. Ex.: Cuidado!
Transitivo Indireto Estou cansada.
Quando exige um complemento que é seguido por prepo- Passei no concurso!
sição (objeto indireto): Mentira!
Ex.: Gosto de cantar. Jura?
Anda logo!
Transitivo Direto e Indireto (bitransitivo) Toda palavra ou conjunto de palavras organizada de ma-
Quando exige dois complementos para fazer sentido: neira coerente e que transmita informações ou tenha sentido
Ex.: Entreguei uma carta ao porteiro. é considerada frase.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Verbo de Ligação Classificação da Frase
Quando não exprime uma ação e sim uma característica
do sujeito: De acordo com o seu significado, uma frase pode ser:
Ex.: Marina é bonita. Declarativa ou afirmativa:
São verbos de ligação: Ex.: Eu gosto de você.
Ser Interrogativa:
Estar Ex.: Você sabe que dia é a prova?
Continuar Exclamativa:
Andar Ex.: Mentira!
Parecer Imperativa:
Permanecer Ex.: Fique onde está.
LÍNGUA PORTUGUESA
Ficar
Nominal
Verbo Auxiliar Quando não possui verbos:
Nas locuções verbais, é o verbo que precede o verbo prin- Exs.:
cipal, normalmente identificando o sujeito e o tempo verbal: Silêncio!
Ex.: Os convidados foram arrumar a mesa. Bom dia!
Ex.: Gostei | de você ter falado o que sentia. Núcleo: filhos, netos.
Observe que o primeiro verbo não faz sentido sem o com- • Oculto
plemento, sendo, portanto, uma oração, e não uma frase. Quando o sujeito não aparece na oração, mas é possível
identificá-lo através do verbo:
Período Ex.: Gostei de almoçar aqui.
Toda oração é chamada também de período, que pode ser: Sujeito: eu.
Ex.: Fomos embora cedo.
Simples Sujeito: nós.
Quando possui apenas um verbo, ou seja, apenas uma oração:
Indeterminado
Exs.:
Pode ser representado de duas maneiras:
Eles gostaram do bolo.
1. Verbo na 3ª pessoa do plural.
As roupas secaram no varal.
Chegaram atrasado.
Composto Falaram sobre ele.
Quando possui mais de um verbo, ou seja, mais de uma Reclamaram dos preços.
oração: Disseram que a fila estava enorme.
Exs.: Queremos que as coisas sejam resolvidas logo. Note que nos períodos acima não é possível identificar
1ª oração2ª oração o agente das ações. Por isso, é chamado sujeito indeter-
Era tarde quando chegamos do trabalho. minado.
1ª oração 2ª oração Observação: Dependendo do contexto, o verbo na 3ª
pessoa não significará sujeito indeterminado.
Quando houver uma locução verbal, será contado apenas
Ex.: Os meninos vieram do banco. Disseram que a fila
o verbo principal, ou seja, será apenas uma oração:
estava enorme.
Ex.: Vai ficar tarde para ligar para ela. Sujeito: os meninos – implícito na oração e identifica-
1ª oração2ª oração do graças ao contexto.
2. Verbo + partícula “se”
6.2.1. Termos Essenciais da Oração Ex.: Confia-se muito em medicamentos.
Observe o trecho a seguir: Sujeito: ?
Ex.: Os alunos gostam das aulas de Inglês. A partícula “se”, nesse caso, atua como índice de in-
determinação do sujeito. Essa construção ocorrerá com
A oração faz sentido porque possui dois elementos essen-
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos e ver-
ciais: sujeito e predicado. bos de ligação. Observe:
Sujeito é o termo sobre o qual a oração fala. Precisa-se de vendedores.
Predicado é o que se fala sobre o sujeito. verbo transitivo indireto
Ex.: Os alunos gostam das aulas de Inglês. Quem precisa?
Sujeito Predicado Sujeito indeterminado.
Vive-se melhor no campo. Predicado nominal
verbo intransitivo É o predicado cujo verbo indica um estado do sujeito:
Quem vive? Ex.: Os alunos parecem cansados.
Sujeito indeterminado. Raul estava atrasado quando me encontrou.
Note que as orações anteriores não estão na voz passiva, Os verbos do predicado nominal são os verbos de ligação,
pois não é possível convertê-las para a voz ativa: que não indicam ação mas características do sujeito. Os princi-
pais verbos de ligação são:
Vive-se melhor no campo. Andar
Precisa-se de vendedores. Continuar
Diferentemente dos exemplos acima, a construção de Estar
“verbo + se” também pode indicar voz passiva sintética. Ficar
Veja o exemplo a seguir: Parecer
Vende-se terreno. Permanecer
verbo transitivo direto Ser
Nesse caso, a partícula “se” é pronome apassivador, e o Assim como ocorre no predicado verbal, o núcleo do predi-
sujeito é “terreno”. A oração na voz ativa ficará: Terreno cado nominal será o verbo de ligação:
é vendido. Ex.: Os alunos parecem cansados.
Oração sem Sujeito Sujeito Predicado
Em alguns casos, a ação expressa pelo verbo não terá su- Núcleo do predicado: parecem
jeito. São eles: Predicado verbo-nominal
Haver Em alguns casos, o predicado verbal e o predicado nominal
Quando significar existir, acontecer, realizar: aparecerão juntos, ou seja, o predicado indicará uma ação e
um estado do sujeito:
Exs.: Ex.: Os meninos subiram as escadas apressados.
Há muita gente passando fome. (existe) Sujeito AçãoEstado
O que houve? (aconteceu) (Estavam apressados.)
Houve uma cerimônia rápida em homenagem aos pais. O predicado verbo-nominal apresentará dois núcleos: os
(realizou-se) verbo de ação e o verbo de ligação.
Fazer, ser e estar No exemplo apresentado acima, o núcleo será: subiram e
Quando significar tempo decorrido ou tempo decorrido de apressados.
Ş
ŝ#-ŝŦ
um fenômeno da natureza:
Exs.: 6.2.2. Termos Integrantes da Oração
Faz dias que não a vejo. Em alguns casos, o verbo ou nome expresso na oração não
apresenta sentido completo, exigindo um complemento para
Faz dias que chove.
que a informação seja transmitida. Estes complementos, por
Estava calor.
não serem opcionais mas obrigatórios, são chamados de termos
Verbos que expressam fenômenos da natureza integrantes da oração. Eles são divididos em: objeto direto, obje-
Ex.: to indireto, complemento nominal e agente da passiva.
Amanheceu, embora ninguém tivesse dormido.
Choveu a noite inteira. Objeto Direto
Faz anos que não neva aqui. É o termo que completa o sentido do verbo transitivo dire-
to. Observe o exemplo a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA
Ex.: Exs.:
A saudade de casa agitava a menina.
São Paulo, maior cidade do país, luta contra a poluição.
Substantivo complemento nominal
Fascinadas com o parque, as meninas não queriam ir
Agente da Passiva embora.
Quando o verbo aparece na voz passiva, ou seja, com su- Vocativo
jeito paciente, o termo que pratica a ação verbal será chamado Observe os exemplos a seguir:
agente da passiva: Exs.:
Ex.: A festa foi paga pelos funcionários do banco. Marina, você viu o edital do concurso?
Sujeito pacienteAgente da passiva Crianças, já bateu o sinal!
Se a oração for passada para voz ativa, o agente da passiva Corram, meninas, vocês vão se atrasar!
será sujeito: Observe que os termos assinalados não possuem relação
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ex.: Os funcionários do banco pagaram a festa. sintática com os enunciados. Trata-se de uma interlocução,
uma relação entre quem fala e quem ouve.
sujeito
6. 3. Período Composto
6.2.3. Termos Acessórios da Oração Observe as orações a seguir:
Exs.:
Adjunto Adnominal Fui à fazenda.
Assim como o complemento nominal, o adjunto adnomi- Cheguei à fazenda e corri para ver o lago.
nal completa o sentido de um nome, caracterizando-o. Gostei de andar pela fazenda.
Ex.: As luzes de Natal enfeitavam a sala. A primeira oração possui apenas um verbo e o sentido
Adjunto adnominal completo. Trata-se, portanto, de um período simples, ou uma
oração absoluta.
Os termos que completam o sentido de um nome podem
ser artigos, adjetivos ou numerais: No segundo caso, temos duas orações, ou seja, dois ver-
bos, com sentidos completos e independentes uma da outra.
Ex.: A cidade inteira acordou com uma sensação estranha.
Ex.: Cheguei à fazenda. Corri para ver o lago.
Artigo numeral adjetivo Cheguei à fazenda e corri para ver o lago.
Diferença entre adjunto adnomi- Por possuir mais de um verbo, trata-se de um período
nal e complemento nominal composto.
Por serem as orações independentes, trata-se de um perío-
Considerando que ambos completam o sentido de um
do composto por coordenação. As orações são coordenadas.
nome, é comum ter dúvidas entre o adjunto adnominal e o
No terceiro caso, as duas orações não possuem sentido
complemento nominal. Para distingui-los, é importante obser-
completo e independente:
var os critérios abaixo:
Ex.: Gostei de andar pela fazenda.
Complemento nominal Adjunto adnominal As orações dependem uma da outra para ter sentido, não
Sempre com preposição Nem sempre com preposição sendo, portanto, independentes. Neste caso, trata-se de um
período composto por subordinação. Há uma oração principal e
Relaciona-se com substan-
tivo abstrato, adjetivo e
Se relaciona somente com substanti- uma oração subordinada.
vos, nunca com adjetivos ou advérbios
advérbio
6.3.1. Período Composto
Nunca se relaciona com Se relaciona com substantivos con-
substantivos concretos cretos por Coordenação
Transmite a ideia de posse As orações coordenadas são aquelas que possuem sentido
independente.
Adjunto Adverbial As orações coordenadas podem ser:
São termos que completam o sentido de um verbo, adjeti- Sindéticas
vo ou outro advérbio, modificando-os ou definindo-os: Quando possuem elemento de ligação, normalmente re-
Ex.: Os mais novos chegaram rapidamente. presentado pelas conjunções:
verboadjunto adverbial Ex.: Cheguei tarde e logo dormi.
Assindéticas As orações subordinadas substantivas exercem a mesma
Quando não possuem elemento de ligação, normalmente função sintática que os substantivos exerceriam na oração.
representado pelas conjunções: Observe:
Ex.: Tentou, cansou, desistiu. Ex.: Mariana gosta de doces.
1ª oração 2ª oração 3ª oração Gostar: VTI
De doces: OI
Aditivas Ex.: Mariana gosta de passear com o cachorro.
São as orações que dão a ideia de adição. Normalmente Gostar: VTI
são ligadas por uma conjunção aditiva: de passear com o cachorro: por possuir verbo, é uma ora-
Ex.: Chegou cansada e logo foi dormir. ção subordinada com função de OI. Portanto, trata-se de uma
oração subordinada substantiva objetiva indireta.
Alternativas
São as orações que dão a ideia de alternância. Normalmente Subjetiva
são ligadas por uma conjunção alternativa: A oração subordinada substantiva subjetiva tem a função
Ex.: Ou chega atrasado ou sai mais cedo. de sujeito da oração principal:
Exs.: Não convém falar mal dos outros.
Adversativas Foi avisado que a reunião ia demorar.
São as orações que dão a ideia de oposição. Normalmente são
ligadas por uma conjunção adversativa: Objetiva Direta
Ex.: Chegou cansada, mas deu atenção aos filhos. A oração subordinada objetiva direta tem a função de ob-
jeto direto da oração principal:
Explicativas Ex.: As meninas falaram que você gostou do presente.
São as orações que dão a ideia de explicação. Normalmente VTD
são ligadas por uma conjunção explicativa:
Ex.: Estava chateado, pois não conseguiu o emprego que Objetiva Indireta
queria. A oração subordinada objetiva indireta tem a função de
objeto indireto da oração principal:
Conclusivas Ex.: Os alunos gostaram de falar sobre as férias
São as orações que dão a ideia de conclusão. Normalmente VTI
são ligadas por uma conjunção conclusiva:
Ex.: Choveu o dia inteiro, portanto não poderemos reali- Completiva Nominal
Ş
ŝ#-ŝŦ
zar a reunião no gramado. A oração subordinada completiva nominal tem a função de
complemento nominal de um nome da oração principal:
6.3.2. Período Ex.: Nós ficamos cansados por viajar tanto tempo.
nome incompleto
Composto por Subordinação Apositiva
O período composto por subordinação é caracterizado pela A oração subordinada apositiva tem a função de aposto da
presença de uma oração principal e uma a ela subordinada. oração principal:
A classificação das orações subordinadas é semelhante à Ex.: Uma coisa era certa: nada seria como antes.
classificação dos termos no período simples. A diferença é que
o termo será representado por uma oração. Predicativa
A oração subordinada predicativa tem a função de predi-
Oração Subordinada Substantiva cado da oração principal.
LÍNGUA PORTUGUESA
As orações subordinadas substantivas classificam-se em: Acontece quando a oração principal apresenta um verbo
de ligação:
Oração subordinada Função: Meu medo era que chovesse no dia da viagem.
substantiva: VL
Subjetiva Sujeito da oração principal
Objetiva direta Objeto direto da oração principal
6. 4. Sintaxe de Concordância
Objetiva indireta Objeto indireto da oração principal
6.4.1. Concordância Nominal
Complemento nominal Observe o exemplo a seguir:
Completiva nominal
(de um termo) da oração principal
Ex.: As lindas flores foram colhidas pelo meu marido.
Apositiva Aposto da oração principal Observe que o substantivo, em destaque, está no feminino
plural. Portanto, todos os termos relacionados a ele devem ser 35
Predicativa Predicativo do sujeito da oração principal
flexionados, concordando com ele.
Os artigos, adjetivos e verbos sempre concordam com o Ex.: Ventou a semana toda.
36 substantivo a que se referem. Choveu por três dias.
Quando houver mais de um substantivo, há duas opções: ▷ O verbo “haver”, quando apresentar o sentido de
▷ O adjetivo pode passar para o plural, concordando “existir”, será impessoal e ficará sempre na terceira
com todos os substantivos: pessoa do singular:
Ex.: Era obrigatório usar calça, camisa e avental brancos. Ex.: Há várias coisas para fazer aqui.
▷ O adjetivo pode concordar apenas com o último Os verbos “haver” e “fazer”, quando indicarem tempo, tam-
LÍNGUA PORTUGUESA
Ş
ŝ#-ŝŦ
Alheio: a. de Devoto: a, de Insensível: a Propício: a
Análogo: a Equivalente: a Misericordioso: com, para, com Residente, situado, sito, morador: em
Ansioso: de, para, por Essencial: para Natural: de Respeito: a, com, para com
Apaixonado: de (entusiasmado), por
Fácil: de Necessário: a Satisfeito: com, de, em, por
(enamorado)
Apto: a, para Falho: de, em Nocivo: a Semelhante: a
LÍNGUA PORTUGUESA
São os verbos que exigem preposição antes de seus com- Ex.: Entreguei a carta ao diretor.
plementos:
▷ Verbos intransitivos:
Ex.: Comprei frutas hoje cedo.
São verbos que não exigem complemento:
▷ Verbos transitivos indiretos:
Ex.: O vizinho do apartamento ao lado morreu.
Ş
ŝ#-ŝŦ
O candidato chegou às 16 horas. De 20 a 50 pessoas estudam nessas salas.
▷ Locuções adverbiais: De 2008 a 2012 eu morei naquela rua.
à força, à vontade, à direita, à esquerda, etc. Exceto antes de horário: Ele chegou às 14 horas.
▷ Locuções prepositivas: ▷ Depois de preposições:
à espera de, à procura de, à frente de, etc. Pedi até a diretora.
▷ Quando a expressão “à moda de” estiver suben- ▷ Quando a preposição “a” aparece sozinha antes de
tendida: palavra no plural:
bife à milanesa (à moda milanesa), cabelo à Rober- Eu me refiro a obras de caridade.
to Carlos (à moda de Roberto Carlos) Ele pediu a pessoas importantes.
▷ A contração entre a preposição “a” + o pronome Não haverá crase quando o termo for precedido pela pre-
demonstrativo “aquele”: posição “de”:
LÍNGUA PORTUGUESA
Eu me referi àquele material (nesse caso, não im- Atendimento de segunda a sexta.
porta que o termo ao qual se refere for masculino, Mas ela é obrigatória quando houver a preposição “da”:
pois não há o artigo “a”, e sim o pronome “aquele”)
Da segunda à quarta fileira os lugares estão reservados.
A crase é facultativa antes de:
▷ Pronome possessivo: Quando indicar lugar, a mesma regra é válida:
Entregarei isso a minha mãe. Voltei de São Paulo. Vou a São a Paulo.
Entregarei isso à minha mãe. Voltei da Bahia. Vou à Bahia.
▷ Nome feminino:
Entregarei isso a Tina. 7. Pontuação
Entregarei isso à Tina. Os sinais de pontuação são recursos gráficos utilizados na
A crase será proibida antes de: linguagem escrita. Sua finalidade é estruturar os textos e es-
▷ Verbos: tabelecer as pausas e as entonações da fala. Vale destacar que
alguns desses sinais server para assinalar as pausas e a ento- 39
A partir de amanhã, as aulas serão semanais.
nação da voz na leitura; separar ou isolar termos sintáticos; e
esclarecer o sentido de um enunciado, para afastar qualquer Aspas (“ ”)
40 ambiguidade.
Por isso, no decorrer deste capítulo, serão apresentados os a) Destaca transcrições, citações.
sinais de pontuação, bem como a função de cada um deles. Ex.: “É na subida que a canela engrossa.”
b) Mostra expressões estrangeiras, neologismos, arcaís-
Ponto (.) mos, gírias, apelidos ou para dar ênfase a qualquer
expressão.
a) Indica o fim de um período simples, de uma frase
LÍNGUA PORTUGUESA
Ş
ŝ#-ŝŦ
Separa Locuções Adverbiais Antepostas ao Verbo Casos em que a Vírgula não é Empregada
Exs.:
No aeroporto, esperavam-se os artistas. Sujeito e Verbo
A população, no ano passado, participou das eleições. Ex.: Os senadores amanhã votarão o projeto.
Advérbio ou locução adverbial deslocada/intercalada com
até 3 palavras: emprego de vírgula é facultativo. Acima de 3, o Verbo Transitivo e Complemen-
emprego é obrigatório. to Obrigatório (OD ou OI)
Exs.: Exs.:
Em nossa formatura, haverá várias surpresas. Alguns manifestantes não mostraram a cara.
Em nossa formatura haverá várias surpresas. Muitas pessoas já não confiam em políticos.
Hoje, fomos ao circo. Objeto Direto e Objeto indireto
LÍNGUA PORTUGUESA
ÍNDICE
1. Redação para Concursos Públicos ...............................................................................43
Posturas em Relação à Redação ................................................................................................... 43
Apresentação do Texto................................................................................................................. 43
O Texto Dissertativo .....................................................................................................................44
Critérios de Correção da Redação para Concursos Públicos ........................................................ 46
Critérios de Correção da Bancas ................................................................................................... 46
2. Dissertação Expositiva e Argumentativa .................................................................... 48
Dissertação Expositiva ................................................................................................................. 48
Dissertação Argumentativa .......................................................................................................... 51
1. Redação para Concursos Públicos Objetividade
Seu texto deve ser objetivo, isto é, o enfoque do assunto
Os editais de concurso público disponibilizam o conteúdo deve ser direto, sem rodeios. Além disso, as bancas dão pre-
programático das matérias que serão cobradas nas provas,
ferência a uma linguagem simples e objetiva. E não confun-
mas nem sempre deixam explícito como se preparar para a
da linguagem simples com coloquialismos, pois é necessário
prova discursiva, ou prova de redação – que, na grande maio-
sempre manter a sua escrita baseada na norma padrão da
ria dos concursos, é uma etapa eliminatória.
língua portuguesa.
Portanto, é necessário preparar-se com bastante antece-
Além disso, é fundamental o candidato colocar-se na po-
dência, para que possa haver melhoras gradativas durante o
processo de produção de um texto. sição do leitor. É um momento de estranhamento do próprio
texto para indagar-se: o que escrevi é interessante e de fácil
Posturas em Relação à Redação entendimento?
Antes de começar a desenvolver a prática de escrita, é Apresentação do Texto
preciso que ter algumas posturas em relação ao processo de
composição de um texto. Em posse dessas posturas, percebe- Para que se consiga escrever um bom texto, é preciso
se que escrever não é tão complexo se você estiver orientado aliar duas posturas: ter o hábito da leitura e praticar a escrita
e fizer da escrita um ato constante. de textos. Além disso, é importante conhecer as propostas
das bancas e saber quais são os critérios de correção previs-
Leitura tos em edital.
Apenas a leitura não garante uma boa escrita. Então, deve- Letra - Legibilidade
se associar a leitura constante com a escrita constante, pois uma
prática complementa a outra. Escreva sempre com letra legível. Pode ser letra cursiva ou
E o que ler? de imprensa. Tenha atenção para o espaçamento entre as le-
tras/palavras e para a distinção entre maiúsculas e minúsculas.
Direcione sua prática de leitura da seguinte forma: fique aten-
to às ATUALIDADES, que é um conteúdo geralmente previsto na Respeito às Margens
prova de conhecimentos gerais. Ademais, conheça a instituição e
As margens (tanto esquerda quanto direita) existem para
o cargo a que você pretende candidatar-se, como as FUNÇÕES e
serem respeitadas, portanto, não as ultrapasse no momento
RESPONSABILIDADES exigidas, as quais estão previstas no edital
em que escreve a versão definitiva. Tampouco deixe “buracos”
de abertura de um concurso. E, também, tenha uma visão crítica
sobre os conhecimentos específicos, porque a tendência dos con- entre as palavras.
cursos é relacionar um tema ao contexto de trabalho. Indicação de Parágrafos
Considere que, nas provas de redação, também podem ser
Ş
ŝ#-ŝŦ
É preciso deixar um espaço antes de iniciar um parágrafo
abordados temas sobre algum assunto desafiante para o cargo
(mais ou menos dois centímetros).
ao qual o candidato está concorrendo. Uma dica é estar atento às
informações veiculadas sobre o órgão público no qual pretende Título
ingressar.
Colocar título na redação vale mais pontos?
Produção Do Texto Se o título for solicitado, ele será obrigatório. Caso
A produção de um texto não depende de talento ou de um não seja colocado na redação, haverá alguma perda, mas
dom. No processo de elaboração de um texto, pode-se dizer não muito. Os editais, em geral, não informam pontuações
que um por cento (1%) é inspiração e noventa e nove por cento exatas. No caso de o título não ser solicitado, ele se torna
(99%) é trabalho. Escrever um excelente texto é um processo facultativo. Logo, se o candidato decidir inseri-lo, ele fará
que exige esforço, planejamento e organização. parte do texto, sendo analisado como tal, mas não terá um
valor extra por isso.
Escrita O título era obrigatório, e não o coloquei... E agora?
O ato de escrever é sempre desta maneira: basta começar. Quando há a obrigatoriedade, a ausência do título não
REDAÇÃO
Escrever para ser avaliado por um corretor é colocar pensa- anula a questão, a menos que haja essa orientação nas ins-
mentos organizados e articulados, num papel, a partir de um truções dadas na prova. Não há um desconto considerável
posicionamento sobre um tema estabelecido na proposta de em relação ao esquecimento do título, porque a maior pon-
redação. tuação, em uma redação para concurso, está relacionada ao
Tema conteúdo do texto.
O seu texto deve estar cem por cento (100%) adequado à É preciso pular linha após o título?
proposta exigida na prova, ou seja, você não pode escrever o Em caso de obrigatoriedade do título, procure não pular
que quer, mas o que a proposta determina. Desse modo, antes linha entre o título e o início do texto, porque essa linha em
de começar a escrever, é necessário entender o TEMA da prova. branco não é contada durante a correção.
O tema é o assunto proposto que deve ser desenvolvido. Por- Quando se deve escrever o título?
tanto, cabe a você entendê-lo, problematizá-lo e delimitá-lo, com O título é a síntese de sua redação, portanto, prefira escre- 43
base no comando da proposta. vê-lo ao término da redação.
Erros na Versão Final Estrutura sintática de orações e períodos
44 Quando você está escrevendo e, por distração, erra uma Elementos coesivos
palavra, você deve passar um traço sobre a palavra e escrevê- Concordância verbal e nominal
-la corretamente logo em seguida: Pontuação
exeção exceção Regência verbal e nominal
Emprego de pronomes
Translineação Flexão verbal e nominal
Quando não dá para escrever uma palavra completa ao Uso de tempos e modos verbais
final da linha, deve-se escrever até o limite, sem ultrapassar Grafia
REDAÇÃO
trans-
formação Generalização
Quando a palavra for escrita com hífen e a separação ocor- É percebida quando se atribui um conceito que é específi-
rer justo nesse espaço, você deve usar duas marcações. Por co de uma forma generalizada.
exemplo: entende-se
Os menores infratores saem dos centros de ressocializa-
entende- ção e retornam ao o do crime. (isso ocorre com todos?)
-se
É preciso que o governo tome medidas urgentes para re-
Se a palavra não tiver hífen em sua estrutura, use apenas uma solver esse problema. (que medidas?)
marcação:
Gerúndio
apresen-
É muito comum usarmos o gerúndio na fala, mas não se
tação usa com tanta recorrência na escrita.
Impessoalidade
O texto dissertativo (expositivo-argumentativo) é impessoal. O Texto Dissertativo
Portanto, pode-se escrever com verbos em: Dissertar é escrever sobre algum assunto e pressupõe ou
- 3ª pessoa: defender uma ideia, analisá-la criticamente, discuti-la, opinar,
A qualidade no atendimento precisa ser prioridade. ou apenas esclarecer conceitos, dar explicações, apresentar
dados sobre um assunto, tudo de maneira organizada, quer
Percebe-se que a qualidade no atendimento é essencial.
dizer, com início, meio e fim bem claros e objetivos.
Notam-se várias mudanças no setor público.
- 1ª pessoa do plural: A dissertação pode ser classificada quanto à maneira como
o assunto é abordado:
Observamos muitas mudanças e melhorias no serviço
público. I - EXPOSITIVA: são expostos fatos (de conhecimento e
domínio público, divulgados em diversos meios de comuni-
Adequação Vocabular cação), mas não é apresentada uma discussão, um ponto de
Adequação vocabular diz respeito ao desempenho linguís- vista.
tico de acordo com o nível de conhecimento exigido para o A dissertação expositiva também é usada quando a pro-
cargo/área/especialidade, e a adequação do nível de lingua- posta exige um texto técnico. Este tipo de texto pode ter duas
gem adotado à produção proposta. abordagens: Estudo de Caso (em que é feito um parecer a partir
Portanto, devem-se escolher palavras adequadas, evitan- de sua situação hipotética) e Questão Teórica (em que é preciso
do-se o uso de jargões, chavões, termos muito técnicos que apresentar conceitos, normas, regras, diretrizes de um determi-
possam dificultar a compreensão. nado conteúdo).
II - ARGUMENTATIVA: há a exposição de pontos de vista
Domínio da Norma Padrão da Língua pessoais, com juízos de valor sobre um fato ou assunto.
Deve-se ficar atento aos aspectos gramaticais, principal- E qual a melhor maneira de abordar um assunto numa prova
mente: de redação para concursos públicos?
Para que seu texto seja MUITO BEM avaliado, o ideal é breve e apresentar apenas informações sucintas. Deve apenas
conseguir chegar a uma forma mista de abordagem, ou seja, apresentar o TEMA e os ENFOQUES e ter em torno de cinco
escrever um texto dissertativo em que você expõe um assunto linhas.
e, ao mesmo tempo, dá sua opinião sobre ele. Desse modo, os
fatos que são conhecidos (domínio público) podem se trans- Desenvolvimento
formar em exemplificação atualizada, a qual pode ser relacio- É a redação propriamente dita. Deve ser constituído de
nada à sua argumentação de forma contextualiza e crítica. dois a três parágrafos (a depender do tema da proposta), um
para cada enfoque apresentado na Introdução. É a parte da
Aspectos Gerais da Produção de Textos redação em que argumentos são apresentados para explici-
Em face da limitação de espaço, é muito difícil apresentar tar, em um parágrafo distinto, cada um dos enfoques. Cada
muitos enfoques relativos ao tema. Por essa razão, dependen- parágrafo deve ter de 5 a 8 linhas. Pode-se desenvolver os ar-
do do limite em relação à quantidade de linhas, a dissertação gumentos por meio de relações que devem ser usadas para
deve conter de 4 a 5 parágrafos, sendo UM para Introdução, deixar seu texto coeso e coerente.
DOIS a TRÊS para Desenvolvimento e UM para Conclusão. • Conectores
Além disso, cada parágrafo deve possuir, no mínimo, dois As relações comentadas acima são estabelecidas com CO-
períodos. Cuidado com as frases fragmentadas, ambiguidades NECTORES:
e os erros de paralelismo. Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais
Procure elaborar uma introdução que contenha, de ma- nada, antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de
neira clara e direta, o tema, o primeiro enfoque, o segundo tudo, principalmente, primordialmente, sobretudo.
enfoque, etc. E mantenha sempre o caráter dissertativo. Por Tempo: atualmente, hoje, frequentemente, constantemen-
isso, no desenvolvimento, dê um parágrafo para cada enfoque te às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sem-
selecionado, e empregue os articuladores adequados. Por fim, pre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente,
fundamente sempre suas ideias.
nesse ínterim, enquanto, quando, antes que, depois que, logo
Quanto aos exemplos, procure selecionar aqueles que se- que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que,
jam de domínio público, os que tenham saído na mídia: jornais, cada vez que, então, enfim, logo, logo depois, imediatamente,
revistas, TV. E nunca analise temas por meio de emoções exa- logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pou-
geradas – especialmente política, futebol, religião, etc. co depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal,
Estrutura de um Texto Dissertativo por fim, finalmente, agora.
Semelhança, comparação, conformidade: de acordo
Para escrever uma dissertação, é preciso que haja uma or-
com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal
ganização do texto a fim de que se obtenha um texto claro e
qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como,
bem articulado:
igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo
Ş
ŝ#-ŝŦ
I- INTRODUÇÃO: consiste na apresentação do assunto a modo, semelhantemente, analogamente, por analogia, de ma-
fim de deixar claro qual é o recorte temático e qual a ideia que neira idêntica, de conformidade com.
será defendida e/ou esclarecida, ou seja, a TESE.
Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.
II- DESENVOLVIMENTO: é a parte em que são elaborados os
parágrafos argumentativos e/ou informativos, nos quais você ex- Adição, continuação: além disso, demais, ademais, ou-
plica a sua TESE. É o momento mais importante do texto, por isso, trossim, ainda mais, por outro lado, também, e, nem, não só
É NECESSÁRIO que a TESE seja explicada, justificada, e isso pode ... mas também, não só... como também, não apenas ... como
ser feito por meio de exemplos e explicações. também, não só ... bem como, com, ou (quando não for exclu-
dente).
III- CONCLUSÃO: esta parte do texto não traz informações
novas, muito menos argumentos, porque consiste no fecha- Dúvida: talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá,
mento das ideias apresentadas, ou seja, é feita uma reafirma- quem sabe, é provável, não é certo, se é que.
ção da TESE. Dependendo do comando da proposta de reda- Certeza, ênfase: certamente, decerto, por certo, inquestio-
ção e do tema, pode ser apresentada uma hipótese de solução navelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.
de um problema apresentado na TESE. Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só
para exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por
REDAÇÃO
- Assunto
outra, a saber, ou seja, aliás.
Introdução - Recorte temático
- TESE Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de,
com o propósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para
- Tópico/TESE + que, a fim de que, para.
TESE Desenvolvimento
justificativa
- Retomada
Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em sínte-
se, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa
da introdução
Conclusão forma, dessa maneira, desse modo, logo, dessa forma, dessa
- Reafirmação
da TESE
maneira, assim sendo.
Explicação: por consequência, por conseguinte, como re-
Introdução sultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato,
É o primeiro parágrafo e serve de apresentação da dis- com efeito, tão (tanto, tamanho)... que, porque, porquanto, 45
sertação, por essa razão deve estar muito bem elaborada, ser pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), por-
tanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, Em outras palavras: se há algum texto ou uma coletânea
46 haja vista. de textos, eles têm caráter apenas motivador. Portanto, não
Contraste, oposição, restrição: pelo contrário, em con- faça cópias de trechos dos textos, tampouco pense que o tema
traste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, da redação é o assunto desses textos. É preciso verificar o re-
entretanto, no entanto, embora, apesar de, apesar de que, corte temático, o qual fica evidente no corpo da proposta.
ainda que, mesmo que, posto que, conquanto, se bem que,
por mais que, por menos que, só que, ao passo que, por ou- Gênero
tro lado, em contrapartida, ao contrário do que se pensa, em Neste critério, verifica-se se a produção textual está adequa-
compensação. da à modalidade redacional, ou seja, se o texto expressa o domí-
Contraposição: É possível que... no entanto... nio da linguagem do gênero: narrar, relatar, argumentar, expor,
REDAÇÃO
Ş
ŝ#-ŝŦ
ríodos, elementos coesivos; concordância verbal e As vendas de automóveis de passeio e de veículos comer-
nominal; pontuação; regência verbal e nominal; em- ciais leves alcançaram 340 706 unidades em junho de 2012,
prego de pronomes; flexão verbal e nominal; uso de alta de 18,75%, em relação a junho de 2011, e de 24,18%, em
tempos e modos verbais; grafia e acentuação. relação a maio de 2012, segundo informou, nesta terça-feira, a
Banca Cesgranrio Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores
(Fenabrave). Segundo a entidade, este é o melhor mês de ju-
A Redação será avaliada conforme os critérios a seguir: nho da história do setor automobilístico.
▷ adequação ao tema proposto; Disponível em: <http://br.financas.yahoo.com>. Acesso em: 3 jul. 2012
▷ adequação ao tipo de texto solicitado; (adaptado).
▷ emprego apropriado de mecanismos de coesão (re- Na capital paulista, o trânsito lento se estendeu por 295
ferenciação, sequenciação e demarcação das partes km às 19 h e superou a marca de 293 km, registrada no dia 10
do texto); de junho de 2009. Na cidade de São Paulo, registrou-se, na
▷ capacidade de selecionar, organizar e relacionar de tarde desta sexta-feira, o maior congestionamento da história,
forma coerente argumentos pertinentes ao tema segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Às 19
REDAÇÃO
Tipos de Introdução
no Brasil. (valor: 3,0 pontos) • Introdução Simples
Proposta 02
É uma introdução direta, na qual é exposta apenas a deli-
I mitação do tema.
Venham de onde venham, imigrantes, emigrantes e refu-
• Introdução com Paráfrase
giados, cada vez mais unidos em redes sociais, estão aumen-
tando sua capacidade de incidência política sobre uma reivin- A paráfrase é uma reescrita de frases sem que haja altera-
dicação fundamental: serem tratados como cidadãos, em vez ção de sentido. Para que essa reescrita seja coerente, é neces-
de apenas como mão de obra (barata ou de elite). sário que seja mantido o paralelismo semântico. Este tipo de
(Adaptado de: http://observatoriodadiversidade.org.br) introdução geralmente é usado quando o tema da redação é
uma afirmação.
II
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Alemão envolve cinco ações: moradia, saneamento, educação
roristas entre 1990 e 2010 — e continuam crescendo.
técnico-profissional, políticas para jovens e espaços de lazer,
Folha de S.Paulo, 1.º/11/2014, p. 10, caderno Mundo 2 (com adaptações).
esporte e cultura.
Flávia Oliveira. Demanda cidadã. In: O Globo, 27/5/2015, p. 28 (com Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter
adaptações). unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter tema a seguir.
unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do A CIVILIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA E O TERRORISMO
seguinte tema. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os se-
SEGURANÇA PÚBLICA: POLÍCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS guintes aspectos:
Ao elaborar seu texto, faça o que se pede a seguir. < o 11 de Setembro de 2001 e a nova escalada terrorista;
< Disserte a respeito da segurança como condição para o [valor: 4,00 pontos]
exercício da cidadania. [valor: 25,50 pontos] < o Estado Islâmico: intolerância e agressividade; [valor:
< Dê exemplos de ação do Estado na luta pela segurança 4,00 pontos]
pública. [valor: 25,50 pontos] < a reação mundial ao terrorismo. [valor: 4,00 pontos]
< Discorra acerca da ausência do poder público e a presença • Padrão de Resposta da Banca
REDAÇÃO
do crime organizado. [valor: 25,00 pontos] Espera-se que, relativamente ao primeiro aspecto (O 11 de
• Padrão de Resposta da Banca setembro de 2001 e a nova escalada terrorista), o candidato
Espera-se que, relativamente ao primeiro aspecto propos- mencione o impacto causado em todo o mundo pela ação do
to (a segurança como condição para o exercício da cidadania), terror (Al Qaeda) em território norte-americano, atingindo o
o candidato afirme a impossibilidade real e concreta do pleno prédio do Pentágono, em Washington, e destruindo por com-
exercício da cidadania em um cenário de dramática inseguran- pleto as torres do World Trade Center, em Nova Iorque. A pronta
ça. Tal como dicionarizado, o conceito de cidadania remete ao e vigorosa reação dos EUA (governo Bush) alterou a legislação
“indivíduo que, como membro de um Estado, usufrui de direi- do país, com algum tipo de cerceamento das liberdades, e se
tos civis e políticos garantidos pelo mesmo Estado e desem- estendeu por várias partes do mundo, a começar pela identifica-
penha os deveres que lhe são atribuídos”. Viver em paz, sem ção de países considerados fontes permanentes de ações agres-
sivas contra os EUA, definidos como “Eixo do Mal”. Em verdade, 49
o contínuo temor de ser vítima de agressão — venha de onde
o 11 de setembro de 2001 deu inédita visibilidade ao terrorismo do sistema produtivo conhecido como Revolução Industrial. O
50 impulsionado pelo fanatismo religioso, que se manifestou em certo é que, em muitos países, ainda não há legislação plena-
outros locais, como, por exemplo, Londres e Madri. mente ativa para controlar o descarte de eletrônicos. No Brasil,
Quanto ao segundo aspecto (Estado Islâmico: intolerância verifica-se reiterada tentativa de burlar a legislação a respeito.
e agressividade), o candidato poderá destacar a intenção do Esse descarte, feito de modo inadequado, agride violentamen-
grupo de instituir um califado muçulmano, com a conquista de te o meio ambiente.
territórios hoje integrantes da Síria e do Iraque, sua absoluta Quanto ao segundo aspecto (a globalização da rota do trá-
subordinação a uma visão estreita e radical do islã, além da fico de resíduos eletrônicos), espera-se que o candidato apon-
chocante violência de seus atos, como a decapitação de pri- te a relação existente entre a globalização da economia e a do
sioneiros, em cenas gravadas e divulgadas pelo mundo afora. tráfico desses resíduos. Em geral, como indicado no texto mo-
REDAÇÃO
Outro direcionamento para o segundo aspecto é o aliciamento tivador, esse descarte criminoso é feito pelas economias mais
de jovens para a luta armada por meio das redes sociais, por desenvolvidas na direção de países periféricos e mais pobres.
exemplo. Relativamente ao terceiro ponto (os lucros gerados pelos
Por fim, o terceiro aspecto a ser focalizado (A reação mun- resíduos e a ação do crime organizado), espera-se que o can-
dial ao terrorismo) deverá levar o candidato a se referir às ma- didato lembre que, devido à falta de monitoramento e à fragili-
nifestações da opinião pública mundial, que tende a repudiar dade da fiscalização, essa atividade ilegal torna-se por demais
maciçamente atitudes dessa natureza, à ação de organismos atraente em termos financeiros, sem maiores riscos para quem
internacionais (como a citada ONU) e à reação objetiva de dela se ocupa. É onde entra o crime organizado global, que
muitos países (particularmente os ocidentais, à frente os EUA), tem se diversificado e investido em resíduos. O próprio texto
agindo civil e militarmente para frear a ação terrorista. Além motivador deixa transparecer que o descarte do lixo eletrôni-
co, tal como visto nos exemplos citados, acaba sendo mais um
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
ca-se a caótica realidade experimentada pela Síria, na qual se grafos de tamanhos semelhantes, não necessariamente iguais.
associam um governo ditatorial, rivalidades religiosas levadas Ademais, é importante não fazer parágrafos muito grandes.
ao extremo e a ação implacável do terrorismo. Como cada parágrafo possui uma ideia principal, não se
Em relação ao segundo tópico (o dilema moral vivido pela recomenda escrever um parágrafo com apenas um período
Europa entre receber ou rejeitar os imigrantes), espera-se que ou misturar ideias em um mesmo parágrafo. Dessa maneira, o
o candidato se reporte ao intenso debate travado no âmbito ideal é reservar um parágrafo para cada ideia e(ou) argumen-
da União Europeia, quando alguns membros compreende- tação abordada ou então daquelas contidas na enumeração
ram a imperiosa necessidade de se encontrarem meios para a feita na introdução.
recepção de certo número de imigrantes, como é o caso, por Por fim, vamos novamente às regrinhas básicas: não faça
exemplo, da Alemanha, enquanto outros, particularmente na parágrafos excessivamente longos e confusos, pois o exami-
Europa do Leste, ofereciam resistência explícita ao acolhimen- nador se cansará facilmente e não compreenderá seu texto.
to desses imigrantes.
Por outro lado, também não faça parágrafos excessivamente
Por fim, quanto ao terceiro ponto (o papel da opinião pú- curtos, que não contenham o devido desenvolvimento da
blica internacional na sociedade contemporânea), espera-se ideia principal.
REDAÇÃO
coerente afirmar que é preciso ofertar, de forma ho- ficando amplamente seu ponto de vista.
mogênea, a possibilidade de “execução” da cidadania
por todos do povo. Proposta 05
I
Propostas de Dissertação Expositiva
Para além da fidelidade e integridade da informação, pro-
Proposta 01 blema que se impunha com os veículos tradicionais da mídia,
Elabore um texto dissertativo-argumentativo abordando o hoje, com a internet, o homem enfrenta um novo desafio: dis-
seguinte tema: É possível conciliar os interesses pessoais do tinguir, de uma profusão de informações supérfluas, as que lhe
trabalhador e os interesses da organização? importam na formação de um pensamento que garanta sua
Proposta 02 identidade e papel social.
Ş
ŝ#-ŝŦ
53
ANOTAÇÕES
54 MATEMÁTICA Ş
ŝ#-ŝŦ
ÍNDICE
1. Proposições ................................................................................................................57
Definições ..................................................................................................................................... 57
Tabela-Verdade e Conectivos Lógicos ......................................................................................... 57
Equivalências Lógicas ................................................................................................................... 59
Tautologias, Contradições e Contingências .................................................................................60
Relação entre Todo, Algum e Nenhum .........................................................................................60
2. Argumentos ............................................................................................................... 61
Definições ......................................................................................................................................61
Métodos para Classificar os Argumentos ..................................................................................... 62
3. Psicotécnicos .............................................................................................................63
4. Análise Combinatória .................................................................................................63
Definição ....................................................................................................................................... 63
Fatorial.......................................................................................................................................... 63
Princípio Fundamental da Contagem (PFC) ................................................................................. 64
Arranjo e Combinação .................................................................................................................. 64
Permutação .................................................................................................................................. 64
5. Probabilidade............................................................................................................ 66
Definições ..................................................................................................................................... 66
Fórmula da Probabilidade ............................................................................................................ 66
Eventos Complementares............................................................................................................. 66
Casos Especiais de Probabilidade ................................................................................................ 66
6. Teoria dos Conjuntos ..................................................................................................67
Definições ..................................................................................................................................... 67
Subconjuntos ................................................................................................................................ 67
Operações com Conjuntos ............................................................................................................ 68
7. Conjuntos Numéricos ................................................................................................. 68
Números Naturais ......................................................................................................................... 68
Números Inteiros .......................................................................................................................... 68
Operações e Propriedades dos Números Naturais e Inteiros ....................................................... 68
Números Racionais ....................................................................................................................... 69
Operações com os Números Racionais ......................................................................................... 69
Números Irracionais...................................................................................................................... 70
Números Reais .............................................................................................................................. 70
Intervalos ...................................................................................................................................... 70
Múltiplos e Divisores ...................................................................................................................... 71
Números Primos ............................................................................................................................ 71
Ş
ŝ#-ŝŦ
MATEMÁTICA 55
Ş
ŝ#-ŝŦ
pode ter dois valores lógicos, ou o de verdadeiro ou o de falso, Serve para unir as proposições simples, formando propo-
não existindo um terceiro valor. sições compostas. São eles:
Sentenças Abertas e e: conjunção (^)
Quantificadores Lógicos ou: disjunção ()
ou..., ou: disjunção exclusiva ()
Existem algumas “sentenças abertas” que aparecem com
se..., então: condicional (o)
incógnitas (termo desconhecido), como por exemplo: “x + 2 =
5”, não sendo consideradas proposições, já que não se pode se..., e somente se: bicondicional (l)
classificá-las sem saber o valor de “x”, porém, com o uso dos Alguns autores consideram a negação (~) como um conecti-
quantificadores lógicos, elas tornam-se proposições, uma vez vo, porém aqui não faremos isso, pois os conectivos servem para
que esses quantificadores passam a dar valor ao “x”. formar proposição composta, e a negação faz apenas a mudança
do valor das proposições.
Os quantificadores lógicos são:
O “e” possui alguns sinônimos, que são: “mas”, “porém”,
: para todo; qualquer que seja; todo; “nem” (nem = e não) e a própria vírgula. O condicional tam-
MATEMÁTICA
: existe; existe pelo menos um; algum; bém tem alguns sinônimos que são: “portanto”, “quando”,
: não existe; nenhum. “como” e “pois” (pois = condicional invertido. Ex.: A, pois B
Ex.: = B ї A).
x + 2 = 5 (sentença aberta - não é proposição) Ex.:
p: x, x + 2 = 5 (lê-se: existe x tal que, x + 2 =5). Agora é a: Danilo foi à praia (simples).
proposição, uma vez que agora é possível classificar a b: Giovanna está brincando (simples).
proposição como verdadeira, já que sabemos que tem p: Danilo foi a praia se, e somente se Giovanna estava
um valor de “x” que somado a dois é igual a cinco. brincando (composta).
q: se 2 é par, então 3 é ímpar (composta).
Negação de Proposição
(Modificador Lógico) Tabela-Verdade e Conectivos Lógicos
Negar uma proposição significa modificar o seu valor ló- A tabela-verdade nada mais é do que um mecanismo 57
gico, ou seja, se uma proposição é verdadeira, a sua negação usado para dar valor às proposições compostas (que também
serão ou verdadeiras ou falsas), por meio de seus respectivos
58 conectivos.
A primeira coisa que precisamos saber numa tabela-ver-
dade é o seu número de linhas, e que esse depende do número P Q
de proposições simples que compõem a proposição composta.
Número de linhas = 2n, em que “n” é o número de proposições
simples que compõem a proposição composta. Portanto se hou-
ver 3 proposições simples formando a proposição composta então
a tabela dessa proposição terá 8 linhas (23 = 8). Esse número de Valor lógico de uma proposição composta por disjunção
MATEMÁTICA
linhas da tabela serve para que tenhamos todas as relações possí- (ou) = tabela-verdade da disjunção ().
veis entre “V” e ”F” das proposições simples. Veja: Uma proposição composta por disjunção só será falsa se
todas as suas proposições simples que a compõem forem fal-
P Q R
sas, caso contrário, a disjunção será verdadeira.
V V V Ex.: P Q
V V F
P Q PQ
V F V
V V V
V F F
V F V
F V V
F V V
F V F
F F F
Ş
ŝ#-ŝŦ
F F V
F F F Representando por meio de conjuntos, temos: P Q
Observe que temos todas as relações entre os valores lógi-
cos das proposições, que sejam: as 3 verdadeiras (1ª linha), as
3 falsas (última linha), duas verdadeiras e uma falsa (2ª, 3ª e 5ª
linhas), e duas falsas e uma verdadeira (4ª, 6ª e 7ª linhas). Nes- P Q
sa demonstração, temos uma forma prática de como se pode
organizar a tabela, sem se preocupar se foram feitas todas re-
lações entres as proposições.
Valor lógico de uma proposição composta por disjunção
Para o correto preenchimento da tabela, devemos seguir exclusiva (ou, ou) = tabela-verdade da disjunção exclusiva
algumas regras: ().
▷ Comece sempre pelas proposições simples e suas Uma proposição composta por disjunção exclusiva só será
negações, se houver; verdadeira se as suas proposições simples que a compõem ti-
▷ Resolva os parênteses, colchetes e chaves, respec- verem valores diferentes, caso contrário, a disjunção exclusiva
tivamente (igual à expressão numérica), se houver; será falsa.
▷ Faça primeiro as conjunções e disjunções, depois os Ex.: P Q
condicionais e por último os bicondicionais;
▷ A última coluna da tabela deverá ser sempre a P Q PQ
da proposição toda, conforme as demonstrações V V F
adiante. V F V
O valor lógico de uma proposição composta depende dos
F V V
valores lógicos das proposições simples que a compõem assim
como do conectivo utilizado, e é o que veremos a partir de F F F
agora.
Representando por meio de conjuntos, temos: P Q
Valor lógico de uma proposição composta por conjunção (e)
= tabela-verdade da conjunção ().
Uma proposição composta por conjunção só será verda-
deira se todas as suas proposições simples que a compõem P Q
forem verdadeiras, caso contrário, a conjunção será falsa.
Ex.: P Q
P Q PQ
V V V Valor lógico de uma proposição composta por condicio-
V F F
nal (se, então) = tabela-verdade do condicional (o).
Uma proposição composta por condicional só será falsa se
F V F
a primeira proposição (também conhecida como antecedente
F F F ou condição suficiente) for verdadeira e a segunda proposição
Representando por meio de conjuntos, temos: P Q (também conhecida como consequente ou condição neces-
sária) for falsa; nos demais casos, o condicional será sempre Atente-se para o princípio da equivalência. A tabela-ver-
verdadeiro. dade está aí só para demonstrar a igualdade.
Ex.: P o Q Seguem algumas demonstrações das mais importantes:
P Q PїQ P ^ Q = Q ^ P: basta trocar as proposições simples de lugar
– também chamada de recíproca.
V V V
V F F P Q PQ QP
F V V V V V V
F F V V F F F
Q F F F F
P P Q = Q P: basta trocar as proposições simples de lugar
– também chamada de recíproca.
P Q PvQ QvP
V V V V
V F V V
Valor lógico de uma proposição composta por bicondicio- F V V V
nal (se e somente se) = tabela-verdade do bicondicional (ў). F F F F
Uma proposição composta por bicondicional é verdadeira
sempre que suas proposições simples que a compõem têm va- P Q = Q P: basta trocar as proposições simples de lugar
lores iguais, caso contrário, ela será falsa. - também chamada de recíproca.
No bicondicional, “P” e “Q” são ambos suficientes e neces- P Q = ~P ~Q: basta negar as proposições simples –
sários ao mesmo tempo. também chamada de contrária.
Ex.: P o Q P Q = ~Q ~P: troca as proposições simples de lugar e
negam-se – também chamada de contra-positiva.
P Q PїQ
V V V
P Q = (P ~Q) (~P Q): observe aqui a exclusividade
dessa disjunção.
V F F
F V F
(P ~Q)
F F V P Q ~P ~Q P ~Q ~P Q P Q Q P ~P ~Q ~Q ~P
(~P Q)
Ş
ŝ#-ŝŦ
Representando por meio de conjuntos, temos: P o Q V V F F F F F F F F F
P=Q V F F V V F V V V V V
F V V F F V V V V V V
F F V V F F F F F F F
cursos.
Tautologia: proposição composta que é sempre verdadei-
Negação de Proposição Composta ra independente dos valores lógicos das proposições simples
São também equivalências lógicas; vejamos algumas delas: que a compõem.
~(P Q) = ~P ~Q (Leis De Morgan) (P Q) o (P Q)
Para negar a conjunção, troca-se o conectivo e () por ou P Q PQ PvQ (P Q) ї (P v Q)
() e negam-se as proposições simples que a compõem.
V V V V V
P Q ~P ~Q PQ ~ (P Q) ~P ~Q V F F V V
F V F V V
V V F F V F F F F F F V
Ş
ŝ#-ŝŦ
A B
NENHUM A é B:
A B
Tipos de Argumentos
Existem vários tipos de argumento. Vejamos alguns:
Ş
ŝ#-ŝŦ
ma:
chegar a conclusões particulares. Esta forma de argumento
Equivalência
é válida quando suas premissas, sendo verdadeiras, forne-
cem uma conclusão também verdadeira.
Ex.:
Negação p1: Todo professor é aluno.
p2: Daniel é professor.
AéB A não é B A não é B
TODO ALGUM NENHUM c: Logo, Daniel é aluno.
A não é B AéB AéB
Negação Indução:
O argumento indutivo é o contrário do argumento de-
dutivo, pois parte de informações particulares para chegar a
Equivalência uma conclusão geral. Quanto mais informações nas premissas,
maiores as chances da conclusão estar correta.
MATEMÁTICA
Ex.:
2. Argumentos p1: Cerveja embriaga.
p2: Uísque embriaga.
Os argumentos são uma extensão das proposições, mas p3: Vodca embriaga.
com algumas características e regras próprias. Vejamos isso a
partir de agora. c: Portanto, toda bebida alcoólica embriaga.
Definições Analogia:
Argumento é um conjunto de proposições, divididas em As analogias são comparações (nem sempre verdadeiras).
premissas (proposições iniciais - hipóteses) e conclusões (pro- Neste caso, partindo de uma situação já conhecida verificamos
posições finais - teses). outras desconhecidas, mas semelhantes. Nas analogias, não
Ex.: temos certeza. 61
Ex.:
p1: Toda mulher é bonita. p1: No Piauí faz calor.
p2: No Ceará faz calor. ficação, uma vez que dependendo do argumento, um método
62 p3: No Paraná faz calor. ou outro, sempre será mais fácil e principalmente mais rápido.
Falaremos dos métodos por ordem de facilidade:
c: Sendo assim, no Brasil faz calor.
1º método: diagramas lógicos (ou método dos conjun-
Falácia: tos).
Utilizado sempre que no argumento houver as expressões:
As falácias são falsos argumentos, logicamente inconsistentes,
todo, algum ou nenhum, e seus respectivos sinônimos.
inválidos ou que não provam o que dizem.
Ex.: Representaremos o que for dito em forma de conjuntos e
verificaremos se está correto ou não.
MATEMÁTICA
Silogismos:
Tipo de argumento formado por três proposições, sendo B A
duas premissas e uma conclusão. São em sua maioria dedu-
tivos.
Ex.:
p1: Todo estudioso passará no concurso. ALGUM A é B:
p2: Beatriz é estudiosa.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
mais garantidos nas resoluções das questões de argumentos.
basta que saibamos quantos pares são.
Consiste em desenhar a tabela-verdade do argumento em
questão e avaliar se as linhas em que as premissas forem todas Imagine se fossem 4 dados e quiséssemos saber todas as
verdadeiras – ao mesmo tempo – a conclusão também será toda quadras possíveis, o resultado seria 1296 quadras. Um núme-
verdadeira. Caso isso ocorra, o argumento será válido, porém se ro inviável de ser representado. Por isso utilizamos a Análise
em uma das linhas em que as premissas forem todas verdadei- Combinatória.
ras e a conclusão for falsa, o argumento será inválido. Para resolver as questões de Análise Combinatória, utiliza-
Linhas da tabela – verdade em que as premissas são todas mos algumas técnicas, que veremos a partir de agora.
verdadeiras e conclusão, nessas linhas, também todas verda-
deiras = argumento válido. Fatorial
Linhas da tabela – verdade em que as premissas são todas Fatorial de um número (natural e maior que 1) é a mul-
verdadeiras e pelo menos uma conclusão falsa, nessas linhas = tiplicação desse número pelos seus antecessores em ordem
argumento inválido. decrescente (até o número 1).
MATEMÁTICA
Algumas questões de argumento não poderão ser feitas Considerando um número “n” natural maior que 1, defini-
por nenhum desses métodos apresentados anteriormente, mos o fatorial de “n” (indicado pelo símbolo n!) como sendo:
porém a questão não ficará sem resposta uma vez que co-
nhecemos os princípios das proposições. Atribuiremos valor n! = n . (n - 1) . (n - 2) . ... . 4 . 3 . 2 . 1; para n t 2
para as proposições simples contidas nas premissas (consi-
derando todas as premissas como verdadeiras). Ex.: 4! = 4 . 3 . 2 . 1 = 24
6! = 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 720
3. Psicotécnicos 8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320
Questões psicotécnicas são todas as questões em que não Observe que:
precisamos de conhecimento adicional para resolvê-las. As 6! = 6 . 5 . 4!
questões podem ser de associações lógicas, verdades e men- 8! = 8 . 7 . 6!
tiras, sequências lógicas, problemas com datas – calendários, Para n = 0, teremos: 0! = 1. 63
sudoku, entre outras. Para n = 1, teremos: 1! = 1.
Princípio Fundamental p = os elementos utilizados.
64 Ex.: salada de fruta.
da Contagem (PFC)
É uma das técnicas mais importantes e uma das mais Permutação
utilizadas nas questões de Análise Combinatória.
O PFC é utilizado nas questões em que os elementos po-
Permutação Simples
dem ser repetidos ou quando a ordem dos elementos fizer Usado quando os elementos (envolvidos no cálculo) não
diferença no resultado. podem ser repetidos e quando a ordem dos elementos faz
diferença no resultado e quando são utilizados todos os ele-
MATEMÁTICA
Pn = n!
e = multiplicação
ou = adição
PERMUTAÇÃO
SIM
Princípio
Fundamental
SIM da Contagem
(P.F.C.) São utilizados
todos os ele-
mentos?
ANÁLISE Os elementos
podem ser Arranjo
COMBINATÓRIA repetidos? SIM
Ş
ŝ#-ŝŦ
=
NÃO A ordem dos
elementos faz a
diferença?
NÃO
Combinação =
Para saber qual das técnicas utilizar basta fazer duas, no Permutações Circulares e
máximo, três perguntas para a questão, veja:
Os elementos podem ser repetidos?
Combinações com Repetição
MATEMÁTICA
Se a resposta for sim, deve-se trabalhar com o PFC; se a Casos especiais dentro da Análise Combinatória.
resposta for não, passe para a próxima pergunta;
Permutação Circular: usada quando houver giro horário
A ordem dos elementos faz diferença no resultado da
ou anti-horário.
questão?
Se a resposta for sim, trabalha-se com arranjo; se a res-
posta for não, trabalha-se com as combinações (todas as Pc (n) = (n - 1)!
questões de arranjo podem ser feitas por PFC).
Sendo:
(Opcional): vou utilizar todos os elementos para resolver
a questão? n = o número total de elementos do conjunto;
Para fazer a 3ª pergunta, depende, se a resposta da 1ª for Pc = permutação circular.
não e a 2ª for sim; se a resposta da 3ª for sim, trabalha-se Combinação com Repetição: usada quando p > n ou 65
com as permutações. quando a questão informar que pode haver repetição.
tivo “e” elas serão multiplicadas, e quando for pelo “ou”, elas
66 serão somadas.
= =
Sendo:
Eventos Complementares
n = o número total de elementos do conjunto; Dois eventos são ditos complementares quando a chance
p = o número de elementos utilizados; do evento ocorrer somado à chance de ele não ocorrer sempre
Cr = combinação com repetição. dá 1 (um).
MATEMÁTICA
Ş
ŝ#-ŝŦ
Probabilidade Binomial Conjunto Unitário e Conjunto Vazio
Essa probabilidade será tratada aqui de forma direta e com
o uso da fórmula. Conjunto unitário: possui um só elemento.
Ex.: Conjunto da capital do Brasil: K = {Brasília}
A fórmula para o cálculo dessa probabilidade é:
Conjunto vazio: simbolizado por Ø ou {}, é o conjunto que
não possui elemento.
Ex.: Conjunto dos estados brasileiros que fazem fronteira
com o Chile: M = Ø.
Sendo:
C = o combinação;
Subconjuntos
Subconjuntos são partes de um conjunto.
n = o número de repetições do evento;
Ex.: Conjunto dos algarismos: F = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 0}.
s = o números de “sucessos” desejados; Ex.: Conjunto dos algarismos ímpares: H = {1, 3, 5, 7, 9}.
f = o número de “fracassos”. Observe que o conjunto H está dentro do conjunto F sendo,
MATEMÁTICA
Adição
Na adição, a soma dos termos ou parcelas resulta naquilo
que se chama total.
Ex.: 2 + 2 = 4
As propriedades da adição são:
U
A B
Elemento Neutro: qualquer número somado ao zero tem
Diferença de conjuntos: a diferença de dois conjuntos como total o próprio número.
quaisquer será representada por “A – B” e terá os elementos Ex.: 2 + 0 = 2
que pertencem somente a A, mas não pertencem a B, ou seja, Comutativa: a ordem dos termos não altera o total.
que são exclusivos de A. Ex.: 2 + 3 = 3 + 2 = 5
Associativa: o ajuntamento de parcelas não altera o total.
Ex.: 2 + 0 = 2
Subtração
Operação contrária à adição, também conhecida como di-
ferença.
A-B
Os termos ou parcelas da subtração, assim como o total,
Complementar de um conjunto: se A está contido no conjun- têm nomes próprios:
to universo U, o complementar de A é a diferença entre o conjunto M – N = P; em que M = minuendo, N = subtraendo e P =
universo e o conjunto A, será representado por “CU(A) = U – A” diferença ou resto.
e terá todos os elementos que pertencem ao conjunto universo, Ex.: 7 – 2 = 5
menos os que pertencem ao conjunto A. Quando o subtraendo for maior que o minuendo, a dife-
rença será negativa.
U
A Multiplicação
Nada mais é do que a soma de uma quantidade de par-
celas fixas. Ao resultado da multiplicação chama-se produto.
Cp(A) Os símbolos que indicam a multiplicação são o “x” (sinal de
vezes) ou o “.” (ponto).
7. Conjuntos Numéricos Ex.: 4 x 7 = 7 + 7 + 7 + 7 = 28
Os números surgiram da necessidade de contar ou quanti- 7 . 4 = 4 + 4 + 4 + 4 + 4 + 4 + 4 = 28
ficar coisas ou objetos. Com o passar do tempo, foram adquir- As propriedades da multiplicação são:
indo características próprias. Elemento Neutro: qualquer número multiplicado por 1 terá
como produto o próprio número.
Números Naturais Ex.: 5 . 1 = 5
É o primeiro dos conjuntos numéricos. Representado pelo Comutativa: ordem dos fatores não altera o produto.
símbolo . É formado pelos seguintes elementos: Ex.: 3 . 4 = 4 . 3 = 12
Associativa: o ajuntamento dos fatores não altera o resul-
tado. + =
Ex.: 2 . (3 . 4) = (2 . 3) . 4 = 24
Distributiva: um fator em evidência multiplica todas as + = + =
parcelas dentro dos parênteses.
Ex.: 2 . (3 + 4) = (2 . 3) + (2 . 4) = 6 + 8 = 14 Multiplicação
Na multiplicação existe “jogo de sinais”, que fica assim: Para multiplicar frações basta multiplicar numerador com
numerador e denominador com denominador.
Parcela Parcela Produto =
Divisão
+ + +
Para dividir frações basta fazer uma multiplicação da primei-
ra fração com o inverso da segunda fração.
+ - -
÷ = = = (Simplificando por 2)
- + - Toda vez que for possível deve-se simplificar a fração até
sua fração irredutível (aquela que não pode mais ser simplifi-
- - + cada).
Ex.: 2 . -3 = -6 Potenciação
-3 . -7 = 21 Se a multiplicação é soma de uma quantidade de parcelas
fixas, a potenciação é a multiplicação de uma quantidade de
Divisão fatores fixos, tal quantidade indicada no expoente que acompa-
É o inverso da multiplicação. Os sinais que a representam nha a base da potência.
são: “÷”, “:”, “/” ou a fração. A potenciação é expressa por: an, cujo “a” é a base da po-
Ex.: 14 ÷ 7 = 2 tência e o “n” é o expoente.
25 : 5 = 5 Ex.: 43 = 4 . 4 . 4 = 64
As propriedades das potências são:
36/12 = 3
a0 = 1
Por ser o inverso da multiplicação, a divisão também
30 = 1
possui o “jogo de sinal”.
a1 = a
Ş
ŝ#-ŝŦ
Números Racionais 51 = 5
Com o passar do tempo alguns cálculos não possuíam re-
a-n = 1/an
sultados inteiros, a partir daí surgiram os números racionais,
que são representados pela letra e são os números que po- 2-3 = = 1/8
dem ser escritos sob forma de frações.
= (com “b” diferente de zero o b z 0); em que “a” é am . an = a(m + n)
o numerador e “b” é o denominador. 32 . 33 = 3(2 + 3) = 35 = 243
Fazem parte desse conjunto também as dízimas perió- am : an = a(m - n)
dicas (números que apresentam uma série infinita de al-
garismos decimais, após a vírgula) e os números decimais
45 : 43 = 4(5 – 3) = 42 = 16
(aqueles que são escritos com a vírgula e cujo denominador (am)n = am . n
MATEMÁTICA
N Z Q I
em Fração
Para transformar dízimas periódicas em fração, é preciso
atentar-se para algumas situações:
Verifique se depois da vírgula só há a parte periódi-
ca, ou se há uma parte não periódica e uma periódi- Colocando todos os números em uma reta, tem-se:
ca. -2 -1 0 1 2
Observe quantas são as “casas” periódicas e, caso
haja, as não periódicas. Lembrado sempre que essa As desigualdades ocorrem em razão de os números serem
observação só será para os números que estão de- maiores ou menores uns dos outros.
pois da vírgula. Os símbolos das desigualdades são:
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
desse “número” por eles será exata. Divisibilidade por 4: para um número ser divisível por 4,
Ex.: Os divisores de 12 são: 1, 2, 3, 4, 6, 12. ele tem que terminar em 00 ou os seus dois últimos números
devem ser múltiplos de 4.
Números Primos Ex.: 300 é divisível por 4.
São os números que têm apenas dois divisores, o 1 e ele 532 é divisível por 4.
mesmo (alguns autores consideram os números primos aque-
les que tem 4 divisores, sendo o 1, o -1, ele mesmo e o seu 766 não é divisível por 4.
oposto – simétrico). Divisibilidade por 5: para um número ser divisível por 5,
Veja alguns números primos: ele deve terminar em 0 ou em 5.
2 (único primo par), 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, Ex.: 35 é divisível por 5.
43, 47, 53, 59, ... 370 é divisível por 5.
Os números primos servem para decompor outros números. 548 não é divisível por 5.
A decomposição de um número em fatores primos serve
Divisibilidade por 6: para um número ser divisível por 6,
para fazer o MMC (mínimo múltiplo comum) e o MDC (máximo
MATEMÁTICA
divisor comum). ele deve ser divisível por 2 e por 3 ao mesmo tempo.
Ex.: 78 é divisível por 6.
MMC e MDC 576 é divisível por 6.
O MMC de um, dois ou mais números é o menor número 652 não é divisível por 6.
que, ao mesmo tempo, é múltiplo de todos esses números. Divisibilidade por 9: para um número ser divisível por 9, a
O MDC de dois ou mais números é o maior número que pode soma dos seus algarismos deve ser divisível por 9.
dividir todos esses números ao mesmo tempo. Ex.: 75 é não divisível por 9.
Para calcular, após decompor os números, o MMC de 684 é divisível por 9.
dois ou mais números será o produto de todos os fatores Divisibilidade por 10: para um número ser divisível por 10,
primos, comuns e não comuns, elevados aos maiores ex- basta que ele termine em 0.
poentes. Já o MDC será apenas os fatores comuns a todos Ex.: 90 é divisível por 10. 71
os números elevados aos menores expoentes. 364 não é divisível por 10.
Expressões Numéricas Para cada degrau descido da escada, multiplica-se por 10, e
72 para cada degrau subido, divide-se por 10.
Para resolver expressões numéricas, deve-se sempre se-
Ex.: Transformar 2,98km em cm = 2,98 . 100.000 =
guir a ordem:
298.000cm (na multiplicação por 10 ou suas potências, bas-
Resolva os (parênteses), depois os [colchetes], depois as ta deslocar a “vírgula” para a direita);
{chaves}, nessa ordem;
Ex.: Transformar 74m em km = 74 ÷ 1000 = 0,074km (na
Dentre as operações resolva primeiro as potenciações e
raízes (o que vier primeiro), depois as multiplicações e divi- divisão por 10 ou suas potências, basta deslocar a “vírgu-
sões (o que vier primeiro) e por último as somas e subtrações la” para a esquerda).
MATEMÁTICA
(o que vier primeiro). O grama (g) e o litro (l) seguem o mesmo padrão do
Calcule o valor da expressão: metro (m).
Ex.: 8 – {5 – [10 – (7 – 3 . 2)] ÷ 3} Metro quadrado (m2):
Resolução:
km2
8 – {5 – [10 – (7 – 6)] ÷ 3}
8 – {5 – [10 – (1)] ÷ 3} hm2
multiplica-se por 102
8 – {5 – [9] ÷ 3} dam2
8 – {5 – 3}
8 – {2} m2
6 dm2
Ş
ŝ#-ŝŦ
2
divide-se por 10
8. Sistema Legal de Medidas cm2
mm2
Medidas de Tempo
A unidade padrão do tempo é o segundo (s), mas deve- Para cada degrau descido da escada multiplica por 102 ou
mos saber as seguintes relações: 100, e para cada degrau subido divide por 102 ou 100.
1 min. = 60 s Ex.: Transformar 79,11m2 em cm2 = 79,11 . 10.000 =
1h = 60 min = 3600 s 791.100cm2;
1 dia = 24 h = 1440 min = 86400 s Ex.: Transformar 135m2 em km2 = 135 ÷ 1.000.000 =
30 dias = 1 mês
0,000135km2.
2 meses = 1 bimestre
Metro cúbico (m3):
6 meses = 1 semestre
12 meses = 1ano km3
10 anos = 1 década hm3 multiplica-se por 103
100 anos = 1 século
Cuidado com as transformações de tempo, pois elas não dam3
seguem o mesmo padrão das outras medidas.
Ex.: 15h47min18seg + 11h39min59s = 26h86min77s = m3
26h87min17s = 27h27min17s= 1dia3h27mim17s;
Ex.: 8h23min – 3h49min51seg = 7h83min – 3h49min- dm3
51seg = 7h82min60seg – 3h49min51seg = 4h33min9seg.
divide-se por 103 cm3
Sistema Métrico Decimal mm3
Serve para medir comprimentos, distâncias, áreas e volu-
mes. Tem como unidade padrão o metro (m). Veremos agora
seus múltiplos, variações e algumas transformações. Para cada degrau descido da escada, multiplica-se por 103
Metro (m): ou 1000, e para cada degrau subido, divide-se por 103 ou 1000.
km Ex.: Transformar 269dm3 em cm3 = 269 . 1.000 =
hm
multiplica-se por 10
269.000cm3
Ex.: Transformar 4.831cm3 em m3 = 4.831 ÷ 1.000.000 =
dam
0,004831m3
m
O metro cúbico, por ser uma medida de volume, tem rela-
dm ção com o litro (l), e essa relação é:
divide-se por 10 1m3 = 1000 litros
cm
1dm3 = 1 litro
mm 1cm3 = 1 mililitro
9. Razões e Proporções
= ou =
Neste capítulo, estão presentes alguns assun-
tos muito incidentes em provas: razões e proporções.
Numa proporção, a diferença dos dois primeiros termos
É preciso que haja atenção no estudo desse conteúdo.
está para o 2º (ou 1º) termo, assim como a diferença dos dois
Grandeza últimos está para o 4º (ou 3º).
É tudo aquilo que pode ser contado, medido ou enume-
rado. = ou =
Ex.: Comprimento (distância), tempo, quantidade de
pessoas e/ou coisas, etc. Numa proporção, a soma dos antecedentes está para a
Grandezas diretamente proporcionais: são aquelas em soma dos consequentes, assim como cada antecedente está
que o aumento de uma implica o aumento da outra. para o seu consequente.
Ex.: Quantidade e preço.
Grandezas inversamente proporcionais: são aquelas em
que o aumento de uma implica a diminuição da outra. = =
Ex.: Velocidade e tempo.
Numa proporção, a diferença dos antecedentes está para
Razão a diferença dos consequentes, assim como cada antecedente
É a comparação de duas grandezas. Essas grandezas po- está para o seu consequente.
dem ser de mesma espécie (com a mesma unidade) ou de es-
pécies diferentes (unidades diferentes). Nada mais é do que = =
uma fração do tipo , com b z 0.
Nas razões, os numeradores são também chamados de an- Numa proporção, o produto dos antecedentes está para o
tecedentes e os denominadores de consequentes. produto dos consequentes, assim como o quadrado de cada
Ex.: Escala: comprimento no desenho comparado ao ta- antecedente está para quadrado do seu consequente.
manho real.
Velocidade: distância comparada ao tempo.
= =
Proporção
Ş
ŝ#-ŝŦ
Pode ser definida como a igualdade de razões.
A última propriedade pode ser estendida para qualquer
número de razões.
=
= = =
Dessa igualdade, tiramos a propriedade fundamental das
proporções: “o produto dos meios igual ao produto dos ex- Divisão em Partes Proporcionais
tremos” (a chamada “multiplicação cruzada”).
Para dividir um número em partes direta ou inversamente
b.c=a.d proporcionais, basta seguir algumas regras:
É basicamente essa propriedade que ajuda resolver a Divisão em partes diretamente proporcionais.
maioria das questões desse assunto. Divida o número 50 em partes diretamente proporcio-
Dados três números racionais a, b e c, não nulos, denomi- nais a 4 e a 6.
na-se quarta proporcional desses números um número x tal
MATEMÁTICA
Ex.: 4x + 6x = 50
que: 10x = 50
=
x=
Proporção contínua é toda proporção que apresenta os
meios iguais. x=5
x = constante proporcional
De um modo geral, uma proporção contínua pode ser re-
presentada por: Então, 4x = 4 . 5 = 20 e 6x = 6 . 5 = 30
Logo, a parte proporcional a 4 é o 20 e a parte proporcio-
= nal ao 6 é o 30.
As outras propriedades das proporções são:
Divisão em partes inversamente proporcionais.
Numa proporção, a soma dos dois primeiros termos está
para o 2º (ou 1º) termo, assim como a soma dos dois últimos Divida o número 60 em partes inversamente proporcio- 73
está para o 4º (ou 3º). nais a 2 e a 3.
Ex.: combustível para percorrer 240km, quantos litros são ne-
74 + = 60 cessários para percorrer 450km?
Primeiro, verifique se as grandezas envolvidas na ques-
+ = tão são direta ou inversamente proporcionais, e monte
uma estrutura para visualizar melhor a questão.
60 Distância Litro
5x = 60 · 6 240 20
5x = 360 450 x
MATEMÁTICA
Ş
ŝ#-ŝŦ
-0.75V = -3.000 (-1) Nos juros simples, calcula-se por: M = C + J.
0,75V = 3.000 Nos juros compostos, calcula-se por: J = M – C.
V = 3000 = 300000 = 4.000 Em algumas questões terão que ser calculados os
0,75 75 montantes do juro simples ou os juros do juro composto.
Logo, a venda se deu por R$ 4.000,00 reais.
Juros Simples 11. Sequências Numéricas
Juros: atributos (ganhos) de uma operação financeira. Neste capítulo, será possível verificar a formação de uma
Juros Simples: os valores são somados ao capital apenas sequência e também do que trata a P.A. (Progressão Aritmética)
no final da aplicação. Somente o capital rende juros. e a P.G. (Progressão Geométrica).
Para o cálculo de juros simples, usa-se a seguinte fórmula:
Conceitos
J=C.i.t Sequências: conjuntos de elementos organizados de acor-
do com certo padrão, ou seguindo determinada regra. O co-
MATEMÁTICA
Cujo:
J = juros; nhecimento das sequências é fundamental para a compreen-
C = capital; são das progressões.
i = taxa de juros; Progressões: as progressões são sequências numéricas
com algumas características exclusivas.
t = tempo da aplicação.
Cada elemento das sequências e/ou progressões são de-
Ex.: Um capital de R$ 2.500,00 foi aplicado a juros de 2% nominados termos.
ao trimestre durante um ano. Quais os juros produzidos? Sequência dos números quadrados perfeitos:
Em 1 ano há exatamente 4 trimestres, como a taxa está (1, 4, 9, 16, 25, 36, 49, 64, 81, 100...);
em trimestre, agora é só calcular: Sequência dos números primos: (2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23,
J=C.i.t 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53...).
J = 2.500 . 0,02 . 4 Veja que na sequência dos números quadrados perfeitos a 75
J = 200 lei que determina sua formação é: an = n2.
Lei de Formação de uma Sequência
76
Para determinarmos uma sequência numérica, precisamos
de uma lei de formação. A lei que define a sequência pode ser
a mais variada possível.
Ex.: A sequência definida pela lei an = n2 + 1, com “n” N,
cujo an é o termo que ocupa a n-ésima posição na sequên-
cia é: 0, 2, 5, 10, 17, 26... Por esse motivo, an é chamado de
termo geral da sequência.
MATEMÁTICA
= 11
Progressão Aritmética (P.A.) 2ª propriedade: a soma dos termos equidistantes aos ex-
Toda sequência na qual, a partir do segundo termo, a sub- tremos é igual à soma dos extremos.
tração de um termo por seu antecessor tem como resultado
um valor fixo, que chamaremos de razão e representaremos a1 + an = a2 + an - 1 = a3 + an - 2 = a1 + p + an - p
pela letra “r”, é chamada de progressão aritmética.
Ex.: (2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, ...); r = 2 Ex.: P.A. (3, 7, 11, 15, 19, 23, 27, 31)
(5, 2, -1, -4, -7, -10, -13, ...); r = -3 a1 = 3; a2 = 7; a3 = 11; a4 = 15; a5 = 19; a6 = 23; a7 = 27;
Uma P.A. pode ser crescente, decrescente ou constante: a8 = 31
a1 + an = a2 + an - 1 = a3 + an - 2 = a1 + p + an - p
Crescente: é aquela que tem a razão positiva, r > 0; a1 + a8 = a2 + a7 = a3 + a6 = a4 + a5
Decrescente: é aquela que tem a razão negativa, r < 0;
Ş
ŝ#-ŝŦ
3 + 31 = 7 + 27 = 11 + 23 = 15 + 19
Constante: é aquela que tem a razão nula, r = 0. 34 = 34 = 34 = 34
Interpolação Aritmética
Termo Geral da P.A. Interpolar significa inserir termos, ou seja, interpolação
Sabendo-se o primeiro termo de uma P.A. e sua razão, po- aritmética é a colocação de termos entre os extremos de uma
P.A. Consiste basicamente em descobrir o valor da razão da
demos determinar qualquer termo que quisermos, bastando
P.A. e, com, isso inserir esses termos.
para isso fazer uso da fórmula do termo geral, que é:
Utiliza-se a fórmula do termo geral para a resolução das
questões, em que “n” será igual a “k + 2”, cujo “k” é a quantida-
an = a1 + (n - 1) . r de de termos que se quer interpolar.
Ex.: Insira 5 termos em uma P.A. que começa com 3 e
Sendo: termina com 15.
a1 = o primeiro termo da P.A.; Resolução:
an = o termo que se quer determinar; a1 = 3; an = 15; k = 5 e n = 5 + 2 = 7
n = o número do termo; an = a1 + (n − 1) · r
r = a razão da P.A. 15 = 3 + (7 − 1) · r
Ex.: Determine o 8º termo da P.A. (3, 7, 11, 15, ...) 15 = 3 + 6r
Resolução: 6r = 15 – 3
Sendo a1 = 3, e r = 4 (7 - 3 = 4), aplicando a fórmula do
6r = 12
termo geral, temos:
an = a1 + (n - 1) . r r=
a8 = 3 + (8 - 1) . 4 r=2
a8 = 3 + 7 . 4 Então, P.A (3, 5, 7, 9, 11, 13, 15)
a8 = 3 + 28
a8 = 31 Soma dos Termos de uma P.A.
Portanto, o 8º termo da P.A. é 31. Para somar os termos de uma P.A. basta utilizar a seguinte
fórmula.
Propriedades das P.A.
1ª propriedade: qualquer termo da P.A., a partir do segun-
do, é a média aritmética entre seu antecessor e seu sucessor.
Sendo:
a1 = o primeiro termo da P.A.;
Ex.: P.A. (3, 7, ?, 15, ...) an = o último termo da P.A.;
a1 = 3; a2 = 7; a3 = ?; a4 = 15 n = o total de termos da P.A.
Ex.: Calcule a soma dos temos da P.A. (1, 4, 7, 10, 13, 16,
19, 22, 25).
Resolução:
a1 = 1; an = 25; n = 9
Ş
ŝ#-ŝŦ
solução das questões, em que “n” será igual a
oscilante:
“p + 2”, cujo “p” é a quantidade de termos que se quer in-
Crescente (3, 9, 27, 81, 243, ...)
terpolar.
Decrescente (1296, 216, 36, 6, 1, ...) Ex.: Insira 4 termos em uma P.G que começa com 2 e ter-
Constante (7, 7, 7, 7, ...) mina com 2048.
Oscilante (3, -12, 48, -192, ...) Resolução:
a1 = 2; an = 2048; p = 4 e n = 4 + 2 = 6
Termo Geral da P.G.
Sabendo o primeiro termo de uma P.G. e sua razão, po-
demos determinar qualquer termo que quisermos, bastando
para isso fazer uso da fórmula do termo geral:
an = a1 . q(n - 1)
MATEMÁTICA
Sendo:
a1 = o primeiro termo da P.G.;
an = o termo que se quer determinar;
n = o número do termo;
P.G. (2, 8, 32, 128, 512, 2048).
q = a razão da P.G.
Ex.: Determine o 5º termo da P.G. (3, 15, 75, ...) Soma dos Termos de uma P.G.
Resolução: Aqui temos duas situações: P.G. finita e infinita. Devemos
Sendo a1 = 3, e q = 5 (15/3 = 5), aplicando a fórmula do ficar atentos, pois para cada tipo de P.G.temos uma fórmula 77
termo geral, temos: correspondente.
78
P.G. finita:
12. Matrizes, Determinantes e
Sistemas Lineares
Matrizes
P.G. infinita:
Matriz: é uma tabela que serve para organizar dados nu-
méricos em linhas e colunas.
MATEMÁTICA
Com:
“i” {1, 2, 3, ..., m} e “j” {1, 2, 3, ..., n}
Ex.: Qual o produto dos termos da P.G. (5, 10, 20, 40, 80, No qual, “aij” é o elemento da “i” linha com a “j” coluna.
160).
Resolução: B3 x 2 = matriz de ordem 3x2
a1 =5; an = 160; n = 6
=
Matriz Triangular
Aquela cujos elementos de um dos triângulos formados
Logo:
pela diagonal principal são zeros.
D=
A3 x 3 =
Tipos de Matrizes
Existem alguns tipos de matrizes mais comuns e usados
Matriz Transposta (At)
nas questões de concursos: É aquela em que ocorre a troca ordenada das linhas por
colunas.
Matriz Linha
É aquela que possui somente uma linha. A= mxn= At = nxm
A1 x 3 =
A2 x 3 = → At3 x 2 =
Matriz Coluna
É aquela que possui somente uma coluna. Perceba que a linha 1 de A corresponde à coluna 1 de At e a
coluna 2 de A corresponde à coluna 2 de At.
B3 x 1 =
Matriz Oposta
É toda matriz obtida trocando o sinal de cada um dos ele-
Matriz Nula mentos de uma matriz dada.
É aquela que possui todos os elementos nulos, ou zero.
A2 x 2 = → -A2 x 2 =
C2 x 3 =
Matriz simétrica: é toda a matriz quadrada que a
Matriz Quadrada
Ş
ŝ#-ŝŦ
At = A:
É aquela que possui o número de linhas igual ao número
de colunas. 1 3
A
3 2
D3 x 3 = A=At
11 3
At
33 2
Características das Matrizes Quadradas:
Possuem diagonal principal e secundária.
Operações com Matrizes
A3 x 3 = diagonal principal Vamos ver agora as principais operações com as matrizes;
fique atento para a multiplicação de duas matrizes.
Igualdade de Matrizes
MATEMÁTICA
A3 x 3 = diagonal secundária
Duas matrizes são iguais quando possuem o mesmo nú-
mero de linhas e colunas (mesma ordem), e os elementos cor-
Matriz Identidade
respondentes são iguais.
É toda a matriz quadrada que os elementos da diagonal
principal são iguais a um e os demais são zeros: X = Y o X2 x 2 = e Y2 x 2 =
A3 x 3 =
Soma de Matrizes
Matriz Diagonal Só é possível somar matrizes de mesma ordem. Para fazer
É toda a matriz quadrada que os elementos da diagonal o cálculo, basta somar os elementos correspondentes. 79
principal são diferentes de zero e os de mais são zeros: Ex.: S = X + Y (S = matriz soma de X e Y)
X2 x 3 = e Y2 x 3 = =
80
S= =
S2 x 3 =
uma Matriz
Basta multiplicar a constante por todos os elementos da
matriz. Resolvendo o sistema I:
Ex.: P = 2Y
Y2 x 2 =
P= (somando as equações)
Ş
ŝ#-ŝŦ
P2 x 2 =
Para multiplicar matrizes, devemos “multiplicar linhas por Substituindo-se “a” em uma das duas equações, temos:
colunas”, ou seja, multiplica o 1º número da linha pelo 1º núme-
ro da coluna, o 2º número da linha pelo 2º número da coluna
e assim sucessivamente para todos os elementos das linhas e
colunas.
Esse procedimento de cálculo só poderá ser feito se o
número de colunas da 1ª matriz for igual ao número de linhas
da 2ª matriz.
(Amxn) . (Bnxp) = Cmxp
.
Ex.: M = A2 x 3 B3 x 2 Resolvendo o sistema II:
A2 x 3 = e B3 x 2 =
M2 x 2 =
(somando as equações)
M2 x 2 =
M2 x 2 =
Ş
ŝ#-ŝŦ
Det B = 62 0 + 0 . 0 . 6)
4º passo: o valor do determinante será dado pela sub- Retirando a linha (i) e a coluna (j) do elemento aij = 1,
tração do resultado do 2º com o 3º passo. obtenha o menor complementar (Dij) do referido elemento –
A3 x 3 = uma nova matriz com uma ordem a menos.
Subtraia de cada elemento dessa nova matriz menor
complementar (Dij) o produto dos elementos que perten-
A3 x 3 = ciam a sua linha e coluna e que foram retirados, formado
outra matriz.
Ex.: Det A = (2 . 5 . 6 + 4 . 8 . 1 + 7 . 3 . 9) - (7 . 5 . 1 + 2 . 8 Ex.: Calcule o determinante dessa última matriz e multi-
. 9 + 4 . 3 . 6)
Ex.: Det A = (60 + 32 + 189) – (35 + 144 + 72) plique por (-1)i + j, sendo que i e j pertencem ao elemento 81
aij = 1.
A3 x 3 = (I) A2 x 2 =
82
Det. A = 2 · 4 - 3 · 1
Det. A3 x 3 = = (II)
Det. A = 8 - 3
Det. A = 5
Det. A3 x 3 = = (III)
MATEMÁTICA
At 2 x 2 =
Det. A3 x 3 = (-1)3 + 1 (IV)
Det. At = 2 x 4 - 1 · 3
Det. A3 x 3 = (1) (140 – 110)
Det. At = 8 - 3
Det. A = 30
Det. At = 5
O Teorema de Laplace: Determinante de uma Matriz com Fila Nula
Primeiramente, precisamos saber o que é um co-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Det. A = 0
Determinante de uma Matriz com Troca de Filas
Paralelas
Se em uma matriz A de ordem n t 2 trocarmos de posição Ex.: A2 x 2 =
duas filas paralelas, obteremos uma nova matriz B, tal que:
Det. A = 1 . 1 - (-2 . 3)
Det. A = - Det. B
Ex.: Det. A = 1 + 6
Ex.: A2 x 2 =
Det. A = 7
Det. A = 5 . 3 - 2 . 4 B = A-12 x 2 =
Det. A = 15 - 8
Det. A = 7 Det. B = (1/7 . 1/7) - (2/7 . -3/7)
B2 x 2 = Det. B = 1/49 + 6/49
MATEMÁTICA
Equação: x + 2y + z = 8 terminado;
Se o determinante da matriz incompleta for igual a zero
(Det. In. = 0), temos duas situações:
Sistema: 1ª: Se os determinantes de todas as matrizes das variáveis
também forem iguais a zero (Det. X = 0 e Det. Y = 0 e Det. Z =
0), teremos um sistema possível e indeterminado;
Representação de um Sistema 2ª: Se o determinante de, pelo menos, uma das matrizes das
Linear em Forma de Matriz variáveis for diferente de zero (Det. . z 0 ou Det. Y z 0 ou Det. Z
z 0), teremos um sistema impossível.
Todo sistema linear pode ser escrito na forma de uma ma-
triz. DETERMINADO
Ş
ŝ#-ŝŦ
termos independentes
Ex.: SPD: sistema possível e determinado (quando Det.
Matriz Incompleta: In. z 0).
SPI: sistema possível e indeterminado (quando Det. In. = 0,
e Det. . = 0 e Det. Y = 0 e Det. Z = 0).
SI: sistema impossível (quando Det. In. = 0, e Det. . z 0 ou
Matriz de x Det. Y z 0 ou Det. Z z 0).
Ex.:
Substituem-se os coeficientes de x pelos termos indepen-
dentes.
Matriz de Y Matriz incompleta: det. In. = -9
Ş
ŝ#-ŝŦ
Com os conjuntos A = {1, 4, 7} e B = {1, 4, 6,
7, 8, 9, 12} cria-se a função f: A ї B definida por O encontro dos eixos é chamado de origem. Cada ponto
ƒ(x) = x + 5, que também pode ser representada por do plano cartesiano é formado por um par ordenado (x, y), em
y = x + 5. A representação, utilizando conjuntos, desta função é: que x: abscissa e y: ordenada.
A B
1
1 Raízes
4 Em matemática, uma raiz ou “zero” da função consiste em
6
determinar os pontos de interseção da função com o eixo das
4 9 8 abscissas no plano cartesiano. A função ƒ é um elemento no
12 domínio de ƒ tal que ƒ(x) = 0.
7 7 Ex.: Considere a função:
ƒ(x) = x2 - 6x + 9
O conjunto A é o conjunto de saída e o B é o conjunto de 3 é uma raiz de ƒ, porque:
MATEMÁTICA
chegada. ƒ(3) = 32 - 6 . 3 + 9 = 0
Domínio é um sinônimo para conjunto de saída, ou seja,
para esta função o domínio é o próprio conjunto A = {1, 4, 7}. Funções Injetoras,
Como, em uma função, o conjunto de saída (domínio) deve
ter todos os seus elementos relacionados, não precisa ter sub- Sobrejetoras e Bijetoras
divisões para o domínio.
Função Injetora
O domínio de uma função também é chamado de campo
de definição ou campo de existência da função, e é represen- É toda a função em que cada x encontra um único y, ou
tado pela letra “D”. seja, os elementos distintos têm imagens distintas.
O conjunto de chegada “B”, também possui um sinônimo, Função Sobrejetora
é chamado de contradomínio, representado por “CD”. 85
Toda a função em que o conjunto imagem é exatamente
Note que se pode fazer uma subdivisão dentro do contrado-
igual ao contradomínio (y).
Função Bijetora Gráfico
86 Toda a função que for Injetora e Sobrejetora ao mesmo O gráfico de uma função polinomial do 1º grau,
tempo. y = ax + b, com a z 0, é uma reta oblíqua aos eixos x e y.
y
Funções Crescentes,
Decrescentes e Constantes
Função Crescente
MATEMÁTICA
x
À medida que x “aumenta”, as imagens vão “aumentando”.
Com x1 > x2 a função é crescente para ƒ(x1) > ƒ(x2), isto é, -1
aumentando valor de x, aumenta o valor de y.
Função Decrescente
À medida que x “aumenta”, as imagens vão “diminuindo”
(decrescendo).
Zero e Equação do 1º Grau
Com x1 > x2 a função é crescente para ƒ(x1) < ƒ(x2), isto é, Chama-se zero ou raiz da função polinomial do 1º grau ƒ(x)
aumentando x, diminui o valor de y. = ax + b, a z 0, o número real x tal que f(x) = 0.
Assim: f(x) = 0 ax + b = 0
Função Constante
Crescimento e Decrescimento
Ş
ŝ#-ŝŦ
Função Afim
Chama-se função polinomial do 1º grau, ou fun- a < 0 (a função é decrescente)
ção afim, a qualquer função ƒ dada por uma lei da forma y>0 ax + b > 0
ƒ(x) = ax + b, cujo a e b são números reais dados e a z 0.
Na função ƒ(x) = ax + b, o número a é chamado de coefi- y>0 ax + b > 0
ciente de x e o número b é chamado termo constante.
Portanto, y é positivo para valores de x menores que a raiz; x = 20 - y.
y é negativo para valores de x maiores que a raiz. x = 20 - y
y
x = 20 - 12
x=8
-b -b Portanto, a solução do sistema é S = (8, 12)
y 0 x>
a a
Método da adição:
0 x Este método consiste em adicionar as duas equações de
-b
x< y 0 tal forma que a soma de uma das incógnitas seja zero. Para
a
que isso aconteça, será preciso que multipliquemos algumas
vezes as duas equações ou apenas uma equação por números
Equações e Inequações do 1º Grau inteiros para que a soma de uma das incógnitas seja zero.
Dado o sistema:
Equação
Uma equação do 1º grau na incógnita x é qualquer ex-
pressão do 1º grau que pode ser escrita numa das seguintes Para adicionarmos as duas equações e a soma de uma das
formas: incógnitas de zero, teremos que multiplicar a primeira equa-
ção por - 3.
ax + b = 0 (-3)
Para resolver uma equação, basta achar o valor de “x”.
Agora, o sistema fica assim:
Sistema de Equação
Um sistema de equação de 1º grau com duas incógnitas é
formado por: duas equações de 1º grau com duas incógnitas Adicionando as duas equações:
diferentes em cada equação.
- 3x - 3y = - 60
Ex.:
+ 3x + 4y = 72
y = 12
Para descobrir o valor de x, basta escolher uma das duas
equações e substituir o valor de y encontrado:
Ş
ŝ#-ŝŦ
Para encontramos o par ordenado solução desse sistema, é x + y = 20
preciso utilizar dois métodos para a sua solução. Esses dois mé- x + 12 = 20
todos são: Substituição e Adição. x = 20 - 12
Método da substituição: x=8
Portanto, a solução desse sistema é: S = (8, 12)
Esse método consiste em escolher uma das duas equa-
ções, isolar uma das incógnitas e substituir na outra equação. Inequação
Dado o sistema enumeramos as equa- Uma inequação do 1º grau na incógnita x é qualquer ex-
pressão do 1º grau que pode ser escrita numa das seguintes
ções. formas:
ax + b > 0;
1
ax + b < 0;
2 ax + b t 0;
MATEMÁTICA
Ex.: 2x - 6 < 0
2x - 6 = 0 Temos:
x=3 ƒ(x) = 0 x=
A quantidade de raízes reais de uma função qua-
drática depende do valor obtido para o radicando
x<3 ' = b2 - 4 . a . c , chamado discriminante, a saber:
3
x Quando ' é positivo, há duas raízes reais e distintas;
Quando ' é zero, há só uma raiz real (para ser mais pre-
ciso, há duas raízes iguais);
Quando ' é negativo, não há raiz real.
0 x
y>0 y>0
0 x1 x
y<0 x2
Imagem
O conjunto-imagem “Im” da função y = ax2 + bx + c, a z 0,
é o conjunto dos valores que y pode assumir. Há duas possi- Quando a > 0
bilidades:
Quando a > 0 y>0 (x < x1 ou x > x2); y < 0 x1 < x < x2)
Im = y
a>0
y x1 y>0 X2
0 x
y<0 y<0
Ş
ŝ#-ŝŦ
yv v
0 xv x
a<0 '=0
y x y
0 xv
MATEMÁTICA
yv
v
y>0 y>0
0 x1 = x2 x
Sinal
Considerando uma função quadrática y = ƒ(x) = ax2 + bx + Quando a > 0
c e determinando os valores de x para os quais y é negativo e 89
os valores de x para os quais y é positivo.
X1 = X2
ax2 + bx + c t 0;
90
0 ax2 + bx + c d 0.
Para resolver uma inequação do 2º grau deve-se estudar o
y<0 y<0 sinal da função correspondente à equação.
Igualar a sentença do 2º grau a zero;
Localizar as raízes da equação no eixo x, se existir;
Estudar o sinal da função correspondente, tendo-se
MATEMÁTICA
como possibilidades:
a>0
Quando a < 0 + +
x
0 x1 - x2
'<0
y
+ +
x1 = x2 x
Ş
ŝ#-ŝŦ
y>0
0 + +
x
Quando a > 0 a<0
+
- -
y x1 x2 x
x
0
y<0
- x1 = x 2 - x
- -
Quando a < 0
Ex.: Resolva a inequação -x2 + 4 t 0.
-x2 + 4 = 0
x2 - 4 = 0
Equações e Inequações do 2º Grau x1 = 2 e x2 = -2
Equação
Uma equação do 2º grau na incógnita x é uma expressão
do 2º grau que pode ser escrita numa das seguintes formas: -2 + 2
- x - x
ax2 + bx + c = 0
-
1 2
y2 = -3x + 12
Com base no jogo de sinal, conclui-se que x as-
-3x + 12 = 0 sume os seguintes valores na inequação quociente:
-3x = -12 x ˒ R / -1 d x < 1/2.
x=4
14. Função Exponencial e Função
+ 4
- x
Logarítmica
Equação e Função Exponencial
Verificando o sinal da inequação produto Chama-se de equação exponencial toda equação na qual a
(2x + 6) . (-3x + 12) > 0. Observe que a inequação produto exi- incógnita aparece em expoente.
ge a seguinte condição: os possíveis valores devem ser maio- Para resolver equações exponenciais, devem-se realizar
res que zero, isto é, positivos. dois passos importantes:
-3 4
Redução dos dois membros da equação a potências
y - + + de mesma base;
1
y + + - Aplicação da propriedade:
2
- -
y.y + am = an m = n (a z 1 e a >)
Ş
ŝ#-ŝŦ
1 2
3
raiz da função (y = 0) e a posição da reta (a > 0 crescente e a
< 0 decrescente). 2
y1 = x + 1 y
1
x+1=0
x = -1 -3 -2 -1 1 x 2 3
-1
-1 + -2
- x -3
ƒ (x) é crescente e Im = IR+
y2 = 2x - 1 Para quaisquer x1 e x2 do domínio: x2 > x1 y2 > y1 (as desi- 91
2x - 1 = 0 gualdades têm mesmo sentido).
Quando 0 < a < 1. Propriedades Operatórias dos Logaritmos
92 3
log a (x .y) = log a x + log a y
2
y
1 § x·
log a ¨¨ ¸¸ = log a x − log a y
-3 -2 -1 1 x 2 3 © y¹
-1
m
log a x = m . log a x
-2
MATEMÁTICA
m
log an xm = log a x n = m
-3
ƒ (x) é decrescente e Im = IR+ n . log a x
Para quaisquer x1 e x2 do domínio: x2 > x1 y2 < y1 (as desi- Cologaritmo
gualdades têm sentidos diferentes).
1
Nas duas situações, pode-se observar que: colog a b = log a
b
O gráfico nunca intercepta o eixo horizontal; a função não
tem raízes; o gráfico corta o eixo vertical no ponto (0,1); os va- colog a b = − log a b
lores de y são sempre positivos (potência de base positiva é
positiva), portanto, o conjunto imagem é Im =IR+. Mudança de Base
log b x
Ş
ŝ#-ŝŦ
ax = b logab = x -2
-3
Sendo b > 0, a > 0 e a z 1 ƒ (x) é crescente e Im = IR
Na igualdade x = logab tem : Para quaisquer x1 e x2 do domínio:x2 > x1 y2 > y1 (as desi-
a= base do logaritmo gualdades têm mesmo sentido)
b= logaritmando ou antilogaritmo Quando 0<a<1.
x= logaritmo 3
Consequências da Definição 2
y
Sendo b > 0, a > 0 e a z 1 e m um número real qualquer, há, 1
a seguir, algumas consequências da definição de logaritmo:
loga1 = 0 -2 -1 1 x 2 3
logaa = 1 -1
logaam = m -2
alogab = b
-3
logab = logac b=c
ƒ (x) é decrescente e Im = IR No triângulo retângulo existem importantes relações, uma
Para quaisquer x1 e x2 do domínio : x2 > x1 y2 < y1 (as desi- delas é o Teorema de Pitágoras, que diz o seguinte: “A soma
gualdades têm sentidos diferentes). dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”.
Ş
ŝ#-ŝŦ
logam > logan 0 < m < n
(as desigualdades têm sentidos diferentes) Qualquer
Os problemas envolvendo trigonometria são resolvidos em
15. Trigonometria sua maioria por meio da comparação com triângulos retângu-
Neste capítulo estudaremos sobre os triângulos e as rela- los. Mas no cotidiano algumas situações envolvem triângulos
ções que os envolvem. acutângulos ou triângulos obtusângulos. Nesses casos, neces-
sitamos do auxílio da Lei dos Senos ou dos Cossenos.
Triângulos Lei dos Senos
O triângulo é uma das figuras mais simples e também
uma das mais importantes da Geometria. O triângulo possui A Lei dos Senos estabelece relações entre as medidas dos
propriedades e definições de acordo com o tamanho de seus lados com os senos dos ângulos opostos aos lados. Observe:
lados e medida dos ângulos internos. B
Quanto aos lados, o triângulo pode ser classificado da se-
MATEMÁTICA
c a
guinte forma:
Equilátero: possui os lados com medidas iguais. A C
Isósceles: possui dois lados com medidas iguais. b
Escaleno: possui todos os lados com medidas diferentes.
a b c
Quanto aos ângulos, os triângulos podem ser denomina- = =
dos:
senA senB senC
Acutângulo: possui os ângulos internos com medidas me- Lei dos Cossenos
nores que 90°. Nos casos em que não pode aplicar a Lei dos Senos, exis-
Obtusângulo: possui um dos ângulos com medida maior te o recurso da Lei dos Cossenos. Ela permite trabalhar com a
que 90°. medida de dois segmentos e a medida de um ângulo. Dessa
Retângulo: possui um ângulo com medida de 90°, chama- forma, se dado um triângulo ABC de lados medindo a, b e c, 93
do ângulo reto. temos:
180° o ʋ radiano (aproximadamente 3,14)
B
94 90° o ʋ/2 radiano (aproximadamente 1,57)
a
c 45° o ʋ/4 radiano (aproximadamente 0,785)
Medida em graus Medida em radianos
A C
180 ʋ
b
x a
a2 = b2 + c2 - 2 . b . c . cos A
b2 = a2 + c2 - 2 . a . c . cos B Ciclo Trigonométrico
MATEMÁTICA
r=1
unitárias iguais a 1” (arco de um segundo).
Medidas em Radianos
Dada uma circunferência de centro O e raio R, com um arco Dessa forma, obtêm-se as relações:
de comprimento s e D o ângulo central do arco, vamos deter- Em graus : Em radianos :
minar a medida do arco em radianos de acordo com a figura
a seguir: 90 2
B
180 0 = 360 ʋ 0 = 2ʋ
R
O ɲ S 270 3
2
Razões Trigonométricas
A
As principais razões trigonométricas são:
Diz-se que o arco mede um radiano se o comprimento C
do arco for igual à medida do raio da circunferência. Assim,
para saber a medida de um arco em radianos, deve-se calcular
quantos raios da circunferência são precisos para se ter o com- b
primento do arco. Portanto: a
ɲ= ɲ
B c A
Com base nessa fórmula, podemos expressar outra ex-
pressão para determinar o comprimento de um arco de cir-
cunferência:
s=ɲ.R
De acordo com as relações entre as medidas em grau e ra-
diano de arcos, vamos destacar uma regra de três capaz de con-
verter as medidas dos arcos.
360° o 2ʋ radianos (aproximadamente 6,28) Outras razões decorrentes dessas são:
tg x = ƒ(x) = sen x é negativa no 3° e 4° quadrantes (ordenada
negativa).
cotg x = Quando , 1° quadrante, o valor de sen x
cresce de 0 a 1.
sec x =
Quando , 2° quadrante, o valor de sen x
cossec x = decresce de 1 a 0.
A partir da relação fundamental, encontram-se ainda as Quando , 3° quadrante, o valor de sen x
seguintes relações:
decresce de 0 a -1.
(sen x)2 + (cos x)2 = 1 = [relação fundamental da trigono-
metria] Quando , 4° quadrante, o valor de sen x
1 + (cotg x)2 = (cossec x )2
cresce de -1 a 0.
1 + (tg x)2 = (sec x)2
Redução ao 1° Quadrante Função Cosseno
sen(90° - D) = cos D Chama-se função cosseno a função ƒ(x) = cos x.
cos(90° - D) = sen D O domínio dessa função também é R e a imagem é Im [-1,1];
visto que, na circunferência trigonométrica, o raio é unitário.
sen(90° + D) = cos D
Então:
cos(90° + D) = -sen D
Domínio de ƒ(x) = cos x; D(cos x) = R.
sen(180° - D) = sen D
Imagem de ƒ(x) = cos x; Im(cos x) = [ -1,1].
cos(180° - D) = -cosD
tg(180° - D) = -tg D 1
sen(180° + D) = -sen D
cos(180° + D) = -cos D
sen(270° - D) = -cos D /2 3 /2 2
cos(270° - D) = -senD
-1
sen(270° + D) = -cos D
cos(270° + D) = senD
Ş
ŝ#-ŝŦ
sen(-D) = -sen D Sinal da Função
cos(-D) = cos D ƒ(x) = cos x é positiva no 1º e 4º quadrantes (abscissa po-
tg(-D) = -tg D sitiva);
ƒ(x) = cos x é negativa no 2º e 3º quadrantes (abscissa
Funções Trigonométricas negativa).
Função Seno Quando , 1º quadrante, o valor do cos x
Chama-se função seno a função ƒ(x) = sen x. decresce de 1 a 0.
O domínio dessa função é R e a imagem é Im [-1,1]; visto
que, na circunferência trigonométrica, o raio é unitário. Quando , 2º quadrante, o valor do cos x
Então: decresce de 0 a -1.
Domínio de ƒ(x) = sen x; D(sen x) = R.
Quando , 3º quadrante, o valor do cos x
MATEMÁTICA
Função Secante:
Denomina-se função secante a função:
ƒ(x) =
A B E G
Ş
ŝ#-ŝŦ
A B E F
Função Cotangente:
3º caso: ALA (ângulo, lado, ângulo): dois ângulos congruentes
Denomina-se função cossecante a função:
e o lado entre esses ângulos também congruente.
ƒ(x) = A B E F
Identidades e Operações
Trigonométricas C
G
As mais comuns são as seguintes: 4º caso: LAAo (lado, ângulo, ângulo oposto): congruência do
sen(a + b) = sen a . cos b + sen b . cos a ângulo adjacente ao lado, e congruência do ângulo oposto ao
sen(a - b) = sen a . cos b - sen b . cos a lado.
cos(a + b) = cos a . cos b - sen a . cos b C
cos(a - b) = cos a . cos b + sen a . cos b C
B A B
c b
h
m n
B a C
O quadrado da hipotenusa é igual a soma dos quadrados Quadriláteros
dos catetos.
Quadrilátero é um polígono de quatro lados. Eles possuem
a2 = b2 + c2 os seguintes elementos:
A
Além das relações que decorrem do teorema de Pitágoras, Diagonais
o quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa
pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.
b2 = a . n
c2 = a . m
B D
O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa
pela altura relativa à hipotenusa.
b.c=a.h
O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos
catetos sobre a hipotenusa. C
Vértices: A, B, C, e D.
h2 = m . n
Lados: AB, BC, CD, DA.
Outras relações que não estão nos triângulos retângulos
Diagonais: AC e BD.
são:
Ângulos internos ou ângulos do quadrilátero ABCD:
Lei dos Cossenos .
Para um triângulo qualquer demonstra-se que: Todo quadrilátero tem duas diagonais.
O perímetro de um quadrilátero ABCD é a soma das
c medidas de seus lados, ou seja: AB + BC + CD + DA.
b
Quadriláteros Importantes
Paralelogramo
Ş
ŝ#-ŝŦ
a Paralelogramo é o quadrilátero que tem os lados opostos
paralelos.
a2 = b2 + c2 - 2 . b . c . cosȽ
A D
R
c
b
B C F
MATEMÁTICA
h é a altura do paralelogramo.
a
Num paralelogramo:
Os lados opostos são congruentes;
Cada diagonal o divide em dois triângulos congru-
entes;
R é o raio da circunferência circunscrita a esse triângulo. Os ângulos opostos são congruentes;
Neste caso, valem as seguintes relações, conforme a lei dos As diagonais interceptam-se em seu ponto médio.
senos:
Retângulo
Retângulo é o paralelogramo em que os quatro ângulos 97
são congruentes (retos).
A D Trapézio Retângulo
98 É aquele que apresenta dois ângulos retos.
A D
MATEMÁTICA
B C
B C
Trapézio Isósceles
Losango É aquele em que os lados não paralelos são congruentes.
A D
Losango é o paralelogramo em que os quatro lados são
congruentes.
A
Ş
ŝ#-ŝŦ
B D
B C
Polígonos Regulares
Um polígono é regular se todos os seus lados e todos os
C seus ângulos forem congruentes.
Os nomes dos polígonos dependem do critério que se
Quadrado utiliza para classificá-los. Usando o número de ângulos ou o
Quadrado é o paralelogramo em que os quatro lados e os número de lados, tem-se a seguinte nomenclatura:
quatro ângulos são congruentes. Nome do Polígono
A D Número de lados
(ou ângulos) Em função do número Em função do
de ângulos número de lados
3 triângulo trilátero
4 quadrângulo quadrilátero
5 pentágono pentalátero
6 hexágono hexalátero
7 heptágono heptalátero
8 octógono octolátero
B C
9 eneágono enealátero
Trapézios
10 decágono decalátero
É o quadrilátero que apresenta somente dois lados parale-
los chamados bases. 11 undecágono undecalátero
A D 12 dodecágono dodecalátero
15 pentadecágono pentadecalátero
20 icoságono icosalátero
F G
H I Nos polígonos regulares cada ângulo externo é dado por:
B E C
A soma dos ângulos internos é dada por: Posição Relativa entre Circunferência
As posições relativas entre circunferência são basicamente 4.
Si = 180 . (n - 2)
Circunferência Secante
E cada ângulo interno é dado por:
Diagonais de um Polígono
O segmento que liga dois vértices não consecutivos de po-
lígono é chamado de diagonal. Característica: a distância entre os centros é menor que a
O número de diagonais de um polígono é dado pela fór- soma dos raios das duas, porém, é maior que o raio de cada uma.
mula:
Externo
Círculos e Circunferências
Círculo
É a área interna a uma circunferência.
Característica: a distância entre os centros é maior que a
Circunferência soma do raio.
É o contorno do círculo. Por definição, é o lugar geométrico
dos pontos equidistantes ao centro. Tangente
A distância entre o centro e o lado é o raio.
Ş
ŝ#-ŝŦ
d C
R
Ş
ŝ#-ŝŦ
R
r
No Hexágono:
Polígono circunscrito a uma circunferência é o que possui Cálculo da medida do lado (L):
seus lados tangentes à circunferência. Ao mesmo tempo, dize-
mos que esta circunferência está inscrita no polígono.
Já um polígono é inscrito em uma circunferência se cada
vértice do polígono for um ponto da circunferência, e neste
R L
caso dizemos que a circunferência é circunscrita ao polígono.
Da inscrição e circunscrição dos polígonos nas circunferên-
cias podem-se ter as seguintes relações:
L=R
Apótema de um polígono regular é a distância do centro a
qualquer lado. Ele é sempre perpendicular ao lado. Cálculo da medida do apótema (a):
Cálculo da medida do apótema (a):
a=R
R
a • No Triângulo Equilátero:
Cálculo da medida do lado (L):
L
2R
Perímetros e Áreas dos
Polígonos e Círculos
R
Perímetro
Perímetro: É o contorno da figura ou seja, a soma dos lados
da figura.
Cálculo da medida do apótema (a):
Área
É o espaço interno, ou seja, a extensão que ela ocupa den-
R
tro do perímetro.
As principais áreas (S) de polígonos são:
Ş
ŝ#-ŝŦ
a
Retângulo
a
Nos polígonos circunscritos: S=a.b
No Quadrado:
Quadrado
Cálculo da medida do lado (L):
L = 2R
MATEMÁTICA
Paralelogramo
No Hexágono:
Cálculo da medida do lado (L):
b h
a 101
S=a.h
Losango U
102
a a t
d
a a
D S
.d P
S = D
2
MATEMÁTICA
r
Trapézio
b
c
d h
Por dois pontos distintos, passa uma única reta.
B r
(B + b) .h
S = Q
2
Ş
ŝ#-ŝŦ
P
Triângulo
b c
h Um ponto qualquer de uma reta divide-a em duas semir-
retas.
a P
.
S= a h
2
Triângulo Equilátero Por três pontos não colineares, passa um único plano.
B
l l A C
h
Retas e Planos
Veja alguns conceitos: Posições Relativas de Duas Retas
A reta é infinita, ou seja, contém infinitos pontos.
No espaço, duas retas distintas podem ser concorrentes,
paralelas ou reversas:
r
S
Reta Paralela ao Plano
Se uma reta r e um plano D não tem ponto em comum,
Concorrentes então, a reta r é paralela a uma reta t contida no plano D; por-
r൘s={ } tanto, tet
Não existe plano que contenha
r e s simultaneamente
r
r
t
Ş
ŝ#-ŝŦ
Perpendicularismo entre Reta e Plano
Uma reta r é perpendicular a um plano D se, e somente
Em particular nas retas concorrentes, há aquelas que são se, r for perpendicular a todas as retas de D que passam pelo
perpendiculares. ponto de interseção de r e D .
r
r u
t
P
S S
r S
MATEMÁTICA
A
r
Planos Concorrentes ou Secantes
Dois planos, D e E, são concorrentes quando sua interseção 103
é uma única reta:
104
P’
R P
MATEMÁTICA
r
Planos Paralelos
Assim, temos:
Dois planos, D e E, são paralelos quando sua interseção
é vazia:
P’
Ş
ŝ#-ŝŦ
R P
r
Perpendicularismo entre planos
Chama-se de prisma ou prisma limitado o conjunto de to-
Dois planos, D e E, são perpendiculares se, e somente se, dos os segmentos congruentes paralelos a r.
exista uma reta de um deles que seja perpendicular ao outro: Elementos do Prisma
Dado o prisma a seguir, considere os seguintes elementos:
D’
C’
r E’
S A’
t
Prismas E A B
Na figura abaixo, temos dois planos paralelos e distintos, Bases: as regiões poligonais R e S
Altura: a distância h entre os planos D e E
De E, um polígono convexo R contido em a e uma reta r que
Arestas das bases:
intercepta a e E, mas não R: Lados AB, BC, CD, DE, EA, A’B’, B’C’, D’E’, E’A’ (dos
polígonos)
Arestas laterais:
Os segmentos AA’, BB’, CC’, DD’, EE’
Faces laterais: os paralelogramos AA’BB’, BB’C’C, CC’D’D,
DD’E’E, EE’A’A
R Classificação
Um prisma pode ser:
r
Reto: quando as arestas laterais são perpendiculares aos
planos das bases;
Para cada ponto P da região R, vamos considerar o seg-
Oblíquo: quando as arestas laterais são oblíquas aos pla-
mento , paralelo à reta r (P linha, pertence a Beta.) nos das bases.
Prisma reto Áreas
Num prisma, distinguimos dois tipos de superfície: as faces
e as bases. Assim, temos de considerar as seguintes áreas:
Área de uma face (AF): área de um dos paralelogramos
que constituem as faces.
Área lateral (AL): soma das áreas dos paralelogramos que
formam as faces do prisma.
AT = AL + 2AB
Prisma oblíquo
Paralelepípedo
Todo prisma cujas bases são paralelogramos recebe o
nome de paralelepípedo. Assim, podemos ter:
Paralelepípedo oblíquo
Ş
ŝ#-ŝŦ
Prisma regular triangular
Chama-se de prisma regular todo prisma reto cujas bases
são polígonos regulares:
Triângulo equilátero
b
a
A a B
V = a.b.c
A db F a
a
p p Diagonais da base e do cubo
Considere a figura a seguir:
Área Lateral H G
Sendo AL a área lateral de um paralelepípedo retângulo, a
tem-se: E
a F
b dc
b C
D
c db a
c a a
A a B
b
dc = diagonal do cubo
c
a db = diagonal da base
Na base ABCD, tem-se:
db a
Área Total
Planificando o paralelepípedo, verificamos que a área total é a
soma das áreas de cada par de faces opostas: a
No triângulo ACE, tem-se: C’
E S O’ r A’
a dc
h
R O c r A
A C
db
r
Bases: os círculos de centro O e O’ e raios r.
• Área lateral
Altura: a distância h entre os planos D e E .
A área lateral AL é dada pela área dos quadrados de lado a:
Geratriz: qualquer segmento de extremidades nos pontos
H G
das circunferências das bases (por exemplo, AA’) e paralelo à
F reta r.
E
E Classificação do Cilindro
a
D
C a Um cilindro pode ser:
▷ Circular oblíquo: quando as geratrizes são oblíquas
B às bases;
A
a ▷ Circular reto: quando as geratrizes são perpendicu-
A lares às bases.
AL=4a2
Área total
A área total AT é dada pela área dos seis quadrados de lado g h g=h
a:
G F
Ş
ŝ#-ŝŦ
a
H
E O cilindro circular reto é também chamado de cilindro de
a
revolução, por ser gerado pela rotação completa de um retân-
C gulo por um de seus lados. Assim, a rotação do retângulo
D
a ABCD pelo lado gera o cilindro a seguir:
A a B
A B
AT = 6a2 A B
• Volume g=h
MATEMÁTICA
Cilindro Seção
Seção transversal é a região determinada pela interseção
Elementos do Cilindro do cilindro com um plano paralelo às bases. Todas as seções 107
Dado o cilindro a seguir, considere os seguintes elementos: transversais são congruentes.
Volume
108
O volume de todo paralelepípedo retângulo e de todo ci-
lindro é o produto da área da base pela medida de sua altura:
Vcilindro = AB . h
MATEMÁTICA
r
h
Seção meridiana é a região determinada pela interse-
ção do cilindro com um plano que contém o eixo.
Ş
ŝ#-ŝŦ
V = r2 h
Cilindro equilátero
Todo cilindro cuja seção meridiana é um quadrado (altura
Seção meridiana
igual ao diâmetro da base) é chamado cilindro equilátero.
Áreas
Num cilindro, consideramos as seguintes áreas:
Área Lateral (AL) h = 2r 2r
Pode-se observar a área lateral de um cilindro fazendo a
sua planificação:
r 2r
r AL = 2r . 2ʋr = 4ʋr2
h
h AT = AL + AB = 4ʋr2 + 2ʋr2 = 6ʋr2
2x r
r
Cone Circular
Dado um círculo C, contido num plano D, e um ponto V
Assim, a área lateral do cilindro reto cuja altura é h e cujos
raios dos círculos das bases são r é um retângulo de dimensões (vértice) fora de D, chamamos de cone circular o conjunto de
2ʋreh: todos os segmentos .
V
AL = 2 ʋr h
Área total (AT): soma da área lateral com as áreas das bases Elementos do cone circular
AT = AL + 2AB = 2ʋ r h + 2ʋ r2 = 2ʋ r (h + r ) Dado o cone a seguir, consideramos os seguintes elemen-
tos:
V Se o triângulo AVB for equilátero, o cone também será
equilátero:
h
D
g g
C
E R B h
A
L
h g R
Ş
ŝ#-ŝŦ
O Área lateral (AL): área do setor circular
R
B
C P C
O
R
R
A Elementos da pirâmide 109
Dada a pirâmide a seguir, tem-se os seguintes elementos:
V b é a aresta;
110 g é o apótema;
n é o número de arestas laterais;
h p é o semiperímetro da base;
D
a é o apótema do polígono da base.
C
E R B
Volume
A
MATEMÁTICA
Base maior
Pirâmide Tronco da pirâmide
Áreas
Numa pirâmide, temos as seguintes áreas:
Área lateral (AL): reunião das áreas das faces laterais.
Área da base (AB): área do polígono convexo (base da pi-
râmide). AT =AL+AB+Ab
Área total (AT): união da área lateral com a área da base.
Volume
AT = A L + A B O volume de um tronco de pirâmide regular é dado por:
Para uma pirâmide regular, temos:
h’ Base menor
Esfera
H
Chama-se de esfera de centro O e raio R o conjunto de
Ab r pontos do espaço cuja distância ao centro é menor ou igual
h ao raio R.
r Considerando a rotação completa de um semicírculo em
AB torno de um eixo e, a esfera é o sólido gerado por essa rotação.
Base maior
Cone Tronco do cone Assim, ela é limitada por uma superfície esférica e formada
por todos os pontos pertencentes a essa superfície e ao seu
As bases maior e menor são paralelas; interior.
e
A altura do tronco é dada pela distância entre os planos
que contém as bases.
Áreas
Tem-se: área lateral
g
2 r
2 R
Ş
ŝ#-ŝŦ
• Volume
r O volume da esfera de raio R é dado por:
g
g
.
R Partes da Esfera
Superfície Esférica
AL = ʋ(R + r)g A superfície esférica de centro O e raio R é o conjunto de
pontos do espaço cuja distância ao ponto O é igual ao raio R.
• Área total Se considerar a rotação completa de uma semicircunferên-
cia em torno de seu diâmetro, a superfície esférica é o resulta-
MATEMÁTICA
T B do dessa rotação.
e
T
• Volume O R
P
h • Cunha esférica
MATEMÁTICA
• Calota esférica
É a parte da esfera gerada do seguinte modo:
Ş
ŝ#-ŝŦ
}
h R 4 πR3 α
Ve - 2π
Vc = 3 Vc = 23 . R3 α (α em radianos)
Vc - α
R 2π
Vc - α}
Ve - 360º
4 πR3 α
Vc = 3
360º
Vc =
πR3 α
270º
(α em graus)
S = 2ʋRh
ANOTAÇÕES
• Fuso esférico
O fuso esférico é uma parte da superfície esférica que se
obtém ao girar uma semicircunferência de um ângulo D(0<
D<2ʋ) em torno de seu eixo:
ÍNDICE
1. Windows ................................................................................................................... 115
Componentes................................................................................................................................115
2. Sistema Windows 10 ..................................................................................................118
Requisitos Mínimos .......................................................................................................................118
Novidades .....................................................................................................................................118
Ferramentas Administrativas ......................................................................................................126
Configurações .............................................................................................................................. 127
Backup no Windows 10................................................................................................................129
Explorador de Arquivos ...............................................................................................................130
3. Redes de Computadores ............................................................................................ 131
Paradigma de Comunicação .........................................................................................................131
Dispositivos de Rede ....................................................................................................................131
Topologia de Rede........................................................................................................................131
Firewall ........................................................................................................................................ 133
Tipos de Redes............................................................................................................................. 133
Padrões de Infraestrutura............................................................................................................ 133
Correio Eletrônico ........................................................................................................................ 133
URL (Uniform Resource Locator).................................................................................................134
Navegadores................................................................................................................................ 135
Conceitos Relacionados à Internet .............................................................................................. 135
4. Arquitetura de Redes................................................................................................ 136
Modelo OSI...................................................................................................................................136
Modelo TCP/IP ............................................................................................................................. 137
Endereços ...................................................................................................................................138
Endereçamento IPv4 ...................................................................................................................139
5. Segurança da Informação ..........................................................................................141
Princípios Básicos da Segurança da Informação ..........................................................................141
Criptografia..................................................................................................................................142
Ataques........................................................................................................................................143
6. Cloud Computing ..................................................................................................... 144
Características .............................................................................................................................144
7. BrOffice Writer – Editor de Texto ............................................................................. 145
Formatos de Arquivos .................................................................................................................145
Formatação de Texto ...................................................................................................................145
Ferramentas.................................................................................................................................148
Barra de Menus ............................................................................................................................149
114 NOÇÕES DE INFORMÁTICA Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
uma nova letra é usada, por exemplo, a figura a seguir ilustran-
do a janela Computador do Windows 7. Ela indica a presença
do HD primário C: e de uma unidade de CD no D:; se um pen-
drive for conectado a esse computador, então será atribuída a
ele a letra E:.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows Explorer
O Windows Explorer é um programa responsável por pos-
sibilitar a navegação entre as pastas e arquivos armazenados
A opção Computador ou Meu Computador usa a janela do no computador. Por definição, ele é um Gerenciador de arqui-
Windows Explorer. vos, mas por meio dele é possível acessar páginas na Internet,
basta digitar o endereço desejado na barra de endereços do
Mapear Unidade de Rede programa. Ao detectar que é o endereço de um site, ele abre o
O recurso Mapear Unidade de Rede auxilia o acesso a navegador com o site digitado.
uma pasta compartilhada na rede, criando uma espécie Para abrir a janela Windows Explorer, podemos ir por meio
de atalho para ela na janela Computador, como se fosse do botão iniciar - Todos os Programas - Acessórios - e, por fim,
mais uma unidade. Windows Explorer, ou podemos lançar mão do conjunto de
Para realizar esse procedimento, basta clicar com o bo- teclas de atalho 115
Windows + E.
tão direito do mouse sobre a opção Computador ou sobre
Operação com Arquivos e Pastas
116
Quando estamos em um gerenciador de arquivos, tanto no
Windows quanto no Linux, podemos realizar algumas ações
com os arquivos e pastas, como Copiar, Colar e Recortar. Con-
tudo, esses procedimentos podem ser feitos com maior agili-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Mover Copiar
Copiar
Lixeira
Por padrão, a Lixeira no Windows pode ocupar até 10% da
Na figura anterior temos duas unidades: C: (HD) e D: (pen- capacidade da unidade, mas é possível alterar esse tamanho
drive). Quando tratamos de clicar e arrastar, a regra é de acor- por meio das propriedades dela.
do com as unidades. Se for clicado e arrastado um arquivo ou Nem todo arquivo que é deletado é enviado para a lixeira.
Por exemplo, um arquivo apagado de um disquete ou pendri-
pasta de uma pasta para outra da mesma unidade, os arquivos ve não são enviados para a lixeira do computador, no caso dos
ou pastas selecionados serão movidos. Porém, se a ação ti- pendrives é criado uma espécie de lixeira dentro do próprio
vesse como destino outra unidade de armazenamento, então pendrive, mas isto depende do driver do dispositivo.
a ação padrão seria criar uma cópia dos arquivos ou pastas Por outro lado, toda forma de remoção de um arquivo,
quando combinada com a tecla SHIFT pressionada, remove o
selecionados na pasta de destino. arquivo ou pasta sem enviar para a lixeira, ou seja, é uma re-
Por outro lado, podemos inverter essas ações com o uso moção permanente.
simultâneo de teclas de atalho. Quando formos arrastar um ar- Painel de Controle
quivo ou pasta dentro da mesma unidade com o intuito de criar
O Painel de Controle é o local onde são concentradas as op-
apenas uma cópia, em vez de mover, devemos segurar pressio- ções de configuração do sistema Windows.
nada a tecla CTRL. Já ao arrastarmos para uma pasta de unidade
Acessórios
diferente sem que seja criada uma cópia, mas seja movido para
O Windows conta com um conjunto de acessórios que são
a pasta de destino, devemos realizar o procedimento com a tecla programas de uso geral que auxiliam tarefas do usuário. São
SHIFT pressionada. os acessórios do Windows:
Outra situação é quando arrastamos com a tecla ALT pres-
sionada. Neste caso, independentemente se for para uma
pasta da mesma unidade ou de unidade diferente, o resultado
será o mesmo: será criado um atalho.
Modos de Exibição
Por meio da janela do Windows Explorer também pode-
mos optar entre alguns modos de exibição diferentes para vi-
sualizar os arquivos e pastas dispostos em uma pasta.
Para alterar entre os modos de exibição, podemos usar a
tecla CTRL pressionada enquanto rolamos o Scrool do mouse
(rodinha); e a barra à esquerda da figura abaixo é alterada de
acordo com o zoom.
Ferramentas de Sistema Desfragmentador
As Ferramentas de Sistema do Windows 7 têm sido muito O Desfragmentador de Disco é a ferramenta de Sistema
cobradas nas últimas provas de concursos, por fornecerem um responsável por organizar os arquivos no disco, pois, com o
conjunto de opções e conceitos diferentes. tempo, usando o computador, copiamos, colamos, recortamos
Nesta seção, faremos breves comentários sobre essas fer- e movemos muitos arquivos criando fragmentos no HD. Um
ramentas e suas finalidades. HD muito fragmentado se torna mais lento para ser lido.
O processo de Desfragmentação, por realizar uma leitura
Monitor de Recursos e escrita intensa no disco, torna-se um processo lento, portan-
O Monitor de Recursos é uma ferramenta que nos permite to não se recomenda seu uso muito frequentemente. Deve-se
verificar o desempenho do computador, visualizando o uso da obedecer a uma regularidade, mas nada exagerado.
memória e do processador, a banda de rede e o espaço em dis- Para que o desfragmentador seja executado, é necessário
co. A figura a seguir ilustra a visão do consumo do processador possuir espaço em disco. Caso não haja, será sugerido ao usuário
do meu computador no momento em que estava escrevendo que realize uma Limpeza de Disco a fim de liberar mais espaço.
este material. Na imagem são ilustrados até o CPU7, porque se Ao final do processo, os dados estarão organizados, a maio-
trata de um processador i7 com 8 núcleos. ria, de maneira contígua para serem acessados mais rapidamente,
bem como será organizado o espaço livre em disco de forma que
fique contínuo também para minimizar futuras fragmentações.
O Desfragmentador não corrige falhas
de disco muito menos a Limpeza de
Disco, essa tarefa é responsabilidade
do ScanDisk. Informações do Sistema
O recurso Informações do Sistema também pode ser aces-
sado por meio das teclas de atalho (Windows) + Pause.
A janela de Informações do Sistema exibe dados sobre o
usuário e sobre a chave de ativação do Windows. No caso do
Limpeza de Disco Windows 7, também é exibida uma avaliação do hardware por
parte do sistema, além de informação do tamanho da memó-
A Limpeza de Disco é uma ferramenta que permite limpar
ria RAM e do nome do processador. A figura a seguir mostra a
(apagar) os arquivos temporários do computador como forma janela das Informações sobre o Sistema.
Ş
ŝ#-ŝŦ
de obter mais espaço livre. A figura a seguir ilustra a janela da
Limpeza de Disco.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Agendador de Tarefas
O Agendador de Tarefas permite que você agende tarefas
automatizadas para que realizem ações em um horário especí-
fico ou quando um determinado evento ocorrer.
Transferência Fácil do Windows
No Windows 7, além de se poder esvaziar a lixeira e apa- O recurso de Transferência Fácil do Windows é uma ferra-
gar os arquivos temporários de navegação da Internet, existe menta criada para copiar as configurações e preferências de
a opção de apagar as miniaturas criadas quando arquivos de um usuário em um computador e passá-las para outro, não
imagem são visualizados no Windows Explorer no modo de necessitando ao usuário reconfigurar todas suas preferências 117
miniaturas (ícones grandes). novamente quando trocar de computador.
118
Restauração do Sistema 2. Sistema Windows 10
A Restauração do Sistema permite retornar o estado do
sistema a um ponto anterior no tempo, chamado de ponto O Windows 10 é um sistema operacional da Microsoft lan-
de restauração, que é criado automaticamente pelo Windows çado em 29 de julho de 2015. Essa versão trouxe inúmeras no-
quando um novo programa é instalado no sistema. Ele tam- vidades, principalmente, por conta da sua portabilidade para
bém pode ser criado manualmente pelo usuário. celulares e também tablets.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
seja, não é necessário, muito menos indicado, salvar os arquivos dows lançado pela Microsoft. Isso não significa que não será
dos sistemas, como os que ficam na pasta Arquivos de Progra- atualizado. A proposta da Microsoft é não lançar mais versões,
mas. Os dados devem ser salvos, preferencialmente, em outras a fim de tornar as atualizações mais constantes, sem a necessi-
unidades de armazenamento, diferentes de onde estão os dados dade de aguardar para atualizar junto de uma versão enume-
originais como CD, DVD, BluRay, Pendrive, outro HD, disquetes e rada. Com isso, ao passar dos anos, a empresa espera não usar
até mesmo fitas magnéticas. mais a referência Windows 10, mas apenas Windows.
A frequência de realização de uma cópia de segurança de- O novo sistema trouxe inúmeras novidades como também
pende da importância dos dados, bem como da sua alteração, alguns retrocessos.
ou melhor, se os dados sofrem constante alteração, o backup O objetivo do projeto do novo Windows foi baseado na in-
deve ser realizado com maior regularidade. Já, se raramente teroperabilidade entre os diversos dispositivos como tablets,
sofrem alteração, a frequência de backup também cai. smartphones e computadores, de modo que a integração seja
Existem diversos tipos de backup, dos quais podemos des- transparente, sem que o usuário precise, a cada momento, in-
tacar o Backup Completo, o Backup Incremental e o Backup dicar o que deseja sincronizar.
Diferencial. A barra Charms, presente no Windows 8 e 8.1, foi removida, e a
tela inicial foi fundida ao botão (menu) Iniciar.
Backup Completo
Algumas outras novidades apresentadas pela Microsoft
Também chamado de Backup Total, é aquele em que todos são:
os dados são salvos em uma única cópia de segurança. Ele é
▷ Xbox Live e o novo Xbox app que proporcionam no-
indicado para ser feito com menor frequência, pois é o mais
vas experiências de jogo no Windows 10. O Xbox, no
demorado para ser processado como também para ser recu-
Windows 10, permite que jogadores e desenvolve-
perado. Contudo, localizar um arquivo fica mais fácil, já que se
dores acessem à rede de jogos do Xbox Live, tanto
tem apenas uma cópia dos dados.
nos computadores Windows 10 quanto no Xbox One.
Backup Incremental Os jogadores podem capturar, editar e compartilhar
Neste tipo de backup, são salvos apenas os dados que seus melhores momentos no jogo com Game DVR, e
foram alterados após a última cópia de segurança realizada. disputar novos jogos com os amigos nos dispositi-
Esse procedimento é mais rápido de ser processado, porém, vos, conectando a outros usuários do mundo todo.
leva mais tempo para ser restaurado, pois envolve restaurar Os jogadores também podem disputar jogos no seu
todos os backups anteriores. Os arquivos criados são menores computador, transmitidos por stream diretamente
do que os gerados pelo backup diferencial. do console Xbox One para o tablet ou computador
Windows 10, dentro de casa.
Backup Diferencial
▷ Sequential Mode: em dispositivos 2 em 1, o Windows 10
Este procedimento de backup grava os dados alterados
desde o último backup completo; assim, no próximo backup alterna facilmente entre teclado, mouse, toque e tablet.
diferencial, somente são salvos os dados modificados desde o À medida que detecta a transição, muda conveniente-
último backup completo. No entanto, esse becape é mais lento mente para o novo modo.
de ser processado do que o incremental, porém é mais rápido ▷ Novos apps universais: o Windows 10 oferece novos
de ser restaurado, pois é necessário apenas restaurar o último aplicativos de experiência, consistentes na sequên-
backup completo e o último backup diferencial. cia de dispositivos, para fotos, vídeos, música, ma-
pas, pessoas e mensagens, correspondência e calen-
dário. Esses apps integrados têm design atualizado e
uniformidade de app para app e de dispositivo para
dispositivo. O conteúdo é armazenado e sincroniza-
do por meio do OneDrive, e isso permite iniciar uma
tarefa em um dispositivo e continuá-la em outro.
Área de Trabalho
A barra de tarefas do Windows 10 apresenta como novida-
de a busca integrada.
Aplicativos
Os aplicativos podem ser listados clicando-se no botão
presente na parte inferior do Botão Iniciar,
Cortana
mais à esquerda.
Tal recurso opera junto ao campo de pesquisa localizado
na barra de tarefas do Windows.
Está é uma ferramenta de execução de comandos por voz.
Porém, ainda não conta com versão para o Português do Bra-
sil. Outro ponto importante é a privacidade, pois tal ferramen-
ta guarda os dados.
Continue de onde Parou
Tal característica, presente no Windows 10, permite uma
Ş
ŝ#-ŝŦ
troca entre computador – tablet – celular, sem que o usuário
tenha de salvar os arquivos e os enviar para os aparelhos; o
próprio Windows se encarrega da sincronização.
Ao abrir um arquivo, por exemplo, em um computador e
editá-lo, basta abri-lo em outro dispositivo, de modo que as
alterações já estarão acessíveis (a velocidade e disponibilidade
dependem da velocidade da conexão à Internet).
Desbloqueio Imediato de Usuário
Trata-se de um recurso disponível, após a atualização do
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ferramenta de Captura
A ferramenta de captura, presente desde o Windows 7,
permite a captura de partes da tela do computador. Para tanto,
basta selecionar a parte desejada usando o aplicativo. Notas Autoadesivas
Por padrão, as notas autoadesivas são visíveis na Área de
Trabalho, elas se parecem com Post its.
Painel de Entrada de
Expressões Matemáticas
Gravador de Passos Esta ferramenta possibilita o usuário de desenhar, utili-
O Gravador de Passos é um recurso novo do Windows 8, zando o mouse ou outro dispositivo de inserção como tablet
muito útil para atendentes de suporte que precisam apresen- canetas, fórmulas matemáticas como integrais e somatórios, e
Ş
ŝ#-ŝŦ
tar o passo a passo das ações que um usuário precisa executar ainda colar o resultado produzido em documentos.
para obter o resultado esperado.
A figura a seguir ilustra a ferramenta com um passo grava-
do para exemplificação.
Paint
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Mapa de Caracteres
Frequentemente, faz-se necessário utilizar alguns símbo-
los diferenciados. Esses símbolos são chamados de caracteres
especiais. O Mapa de Caracteres permite listar os caracteres
não presentes no teclado para cada fonte instalada no com- 121
putador e copiá-los para a área de transferência do Windows.
WordPad Outras ferramentas
122 É um editor de texto que faz parte do Windows, ao con- O Windows 10 separou algumas ferramentas a mais que o
trário do MS Word, com mais recursos que o Bloco de Notas. Windows 8, tais como a calculadora e o calendário.
Calculadora
A calculadora do Windows 10 deixa de ser associada aos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Facilidade de Acesso
Ş
ŝ#-ŝŦ
Lupa
Ao utilizar a lupa, pode-se ampliar a tela ao redor do pon-
teiro do mouse, como também é possível usar metade da tela
do computador exibindo a imagem ampliada da área próxima
ao ponteiro.
Narrador
O narrador é uma forma de leitor de tela que lê o texto das
áreas selecionadas com o mouse.
Teclado Virtual
É preciso ter muito cuidado para não confundir o teclado
virtual do Windows com o teclado virtual usado nas páginas
de Internet Banking.
Painel de Controle
O Painel de Controle do Windows é o local onde se encon-
tram as configurações do sistema operacional Windows.
Ele pode ser visualizado em dois modos: ícones ou cate-
gorias. As imagens a seguir representam, respectivamente, o
modo ícones e o modo categorias.
Firewall do Windows
Ş
ŝ#-ŝŦ
sequência, é possível também o acesso às unidades métricas e
monetárias, como também alterar o layout do teclado ou botões
do mouse.
Algumas das configurações também podem ser realizadas
pela janela de configurações acessível pelo botão Iniciar.
Segurança e Manutenção
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Contas de Usuário
Dispositivos e Impressoras
123
124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Opções de Energia
Programas e Recursos
Ş
ŝ#-ŝŦ
Estrutura de Diretórios
Uma estrutura de diretórios é como o Sistema Operacional
organiza os arquivos, separando-os de acordo com sua finali-
dade.
O termo diretório é um sinônimo para pasta, que se di-
ferencia apenas por ser utilizado, em geral, quando se cita
alguma pasta Raiz de um dispositivo de armazenamento ou
partição.
Quando citamos o termo Raiz, estamos fazendo uma alu-
são a uma estrutura que se parece com uma árvore que parte
de uma raiz e cria vários ganhos, que são as pastas, e as folhas
dessa árvore são os arquivos.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Dessa maneira, observamos que o diretório Raiz do Win-
dows é o diretório C: ou C:\ enquanto que o diretório Raiz do
Linux é o /.
Sistema
Podemos ser questionados com relação à equivalência dos
diretórios do Windows em relação ao Linux.
Armazena os arquivos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Lixeira
A capacidade da Lixeira do Windows é calculada. Assim,
para HDs de até 40GB, a capacidade é de 10%. Todavia, para
discos rígidos maiores que 40GB, o cálculo não é tão dire-
to. Vamos a um exemplo: caso um HD possua o tamanho de
200GB, então é necessário descontar 40GB, pois até 40GB a
lixeira possui capacidade de 10%; assim, sobram 160GB. A par-
tir desse valor, deve-se calcular mais 5%, ou seja, 8GB. Com
isso, a capacidade total da lixeira do HD de 200GB fica com
4GB + 8GB = 12GB.
É importante, ainda, destacar que a capacidade da lixeira é
calculada para cada unidade de armazenamento. Desse modo,
se um HD físico de 500GB estiver particionado, é necessário
calcular separadamente a capacidade da lixeira para cada uni-
dade.
A Lixeira é um local, e não uma pasta. Ela lista os arquivos
que foram excluídos, porém nem todos arquivos excluídos vão
para a Lixeira. Vejamos a lista de situações em que um arquivo
Limpeza de Disco não será movido para a lixeira:
Apaga os arquivos temporários, como, por exemplo, arqui- ▷ arquivos maiores do que a capacidade da Lixeira;
vos da Lixeira, da pasta Temporários da Internet e, no caso do ▷ arquivos que estão compartilhados na rede;
Windows, a partir da versão Vista, as miniaturas. ▷ arquivos de unidades removíveis;
▷ arquivos que foram removidos de forma permanen-
te pelo usuário.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Configurações
Uma novidade do Windows 10 é a opção Configurações,
presente no Botão Iniciar, que apresenta uma estrutura simi-
lar ao Painel de Controle, inclusive realizando a separação por
categorias de ferramentas, conforme ilustra a figura a seguir.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Opção Sistema
Nesta opção, são apresentadas as ferramentas de confi-
guração de resolução de tela, definição de monitor principal
(caso possua mais de um), modos de gestão de energia (mais 127
utilizados em notebooks).
Também é possível encontrar a opção Mapas Offline, que Opção Contas
128 permite o download de mapas para a pesquisa e o uso por
GPS, principalmente usado em dispositivos móveis ou dotados
de GPS.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Opção Dispositivos
A opção Dispositivos lista os dispositivos que foram insta-
lados em algum momento no sistema, como as impressoras.
Ş
ŝ#-ŝŦ
computador.
Apesar do nome cópia de segurança, um backup não im-
pede que os dados sejam acessados por outros usuários. Ele é
apenas uma salvaguarda dos dados para amenizar os danos
de uma perda.
No Windows 8 e Windows 10, o backup é gerenciado pelo
Histórico de Arquivos, ilustrado a seguir.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Backup de Cópia
O Backup do Windows oferece a capacidade de criar uma Um backup de cópia copia todos os arquivos selecionados,
imagem do sistema, que é uma imagem exata de uma unidade. mas não os marca como arquivos que passaram por backup
Uma imagem do sistema inclui o Windows e as configurações do
sistema, os programas e os arquivos. É possível usar uma imagem (ou seja, o atributo de arquivo não é desmarcado). A cópia é
do sistema para restaurar o conteúdo do computador, se em al- útil caso o usuário queira fazer backup de arquivos entre os
gum momento o disco rígido ou o computador pararem de fun- backups normal e incremental, pois ela não afeta essas outras
cionar. Quando se restaura o computador a partir de uma imagem operações de backup.
do sistema, trata-se de uma restauração completa; não é possível
escolher itens individuais para a restauração, e todos os atuais Explorador de Arquivos
programas, as configurações do sistema e os arquivos serão subs- Conhecido até o Windows 7 como Windows Explorer, o
tituídos. Embora esse tipo de backup inclua arquivos pessoais, é
gerenciador de arquivos do Windows usa a chamada Interface
recomendável fazer backup dos arquivos regularmente, usando
Ribbon (por faixas) no Windows 8 e 10. Com isso, torna mais
o Backup do Windows, a fim de que seja possível restaurar ar-
Ş
ŝ#-ŝŦ
quivos e pastas individuais conforme a necessidade. Quando for acessíveis algumas ferramentas como a opção para exibir as
configurado um backup de arquivos agendado, o usuário poderá pastas e os arquivos ocultos.
escolher se deseja incluir uma imagem do sistema. Essa imagem A figura a seguir ilustra a janela Este Computador que
do sistema inclui apenas as unidades necessárias à execução do apresenta os dispositivos e unidades de armazenamento lo-
Windows. É possível criar manualmente uma imagem do sistema, cais como HDs e Drives de mídias ópticas, bem como as mídias
caso o usuário queira incluir unidades de dados adicionais. removíveis.
Disco de Restauração
O disco de restauração armazena os dados mais impor-
tantes do sistema operacional Windows, em geral, o que é
essencial para seu funcionamento. Esse disco pode ser utili-
zado quando o sistema vier a apresentar problemas, por vezes
decorrentes de atualizações.
Tipos de Backup
Completo/Normal
Também chamado de Backup Total, é aquele em que todos
os dados são salvos em uma única cópia de segurança. Ele é
indicado para ser feito com menor frequência, pois é o mais Um detalhe interessante sobre o Windows 10 é que as biblio-
demorado para ser processado, como também para ser recu- tecas, ilustradas na figura, não estão visíveis por padrão; o usuário
perado. Contudo, localizar um arquivo fica mais fácil, pois se precisa ativar sua exibição.
tem apenas uma cópia dos dados.
Na figura a seguir, é ilustrada a guia Exibir da janela Este
Diferencial Computador.
Este procedimento de backup grava os dados alterados
desde o último backup completo. Assim, no próximo backup
diferencial, somente serão salvos os dados modificados des-
de o último backup completo. No entanto, esse backup é mais
lento de ser processado do que o backup incremental, porém
é mais rápido de ser restaurado do que o incremental, pois é
necessário apenas restaurar o último backup completo e o úl-
timo backup diferencial.
Incremental
Neste tipo de backup, são salvos apenas os dados que fo-
ram alterados após a última cópia de segurança realizada. Este
procedimento é mais rápido de ser processado, porém leva
mais tempo para ser restaurado, pois envolve restaurar todos Ao selecionar arquivos ou pastas de determinados tipos,
os backups anteriores. Os arquivos gerados são menores do como imagens, algumas guias são exibidas como ilustra a série
que os gerados pelo backup diferencial. de figuras a seguir.
3. Redes de Computadores
Dois computadores conectados entre si já caracterizam
uma rede. Contudo, ela normalmente é composta por diver-
sificados dispositivos como: celulares, smartphones, tablets,
computadores, servidores, impressoras, roteadores, switches,
hubs, modens, etc. Devido a essa grande variedade de dis-
positivos, o nome genérico HOST é atribuído aos dispositivos
conectados na rede.
Todo Host possui um endereço que o identifica na rede, o
qual é o endereço IP. Mas também cada peça possui um núme-
ro único de fábrica que o identifica, o MAC Address.
Dispositivos de Rede
Os Dispositivos de Rede são citados até mesmo em provas
cujo conteúdo programático não cita a matéria de Hardware.
E na maioria das vezes em que aparecem questões sobre o
assunto, se questiona em relação à finalidade de cada dispo-
sitivo na rede, portanto, nesta seção são descritos alguns dos
principais dispositivos de rede:
Modulador/Demulador
Responsável por converter o sinal analógico da
Modem
linha telefônica em um sinal digital para o
computador e vice-versa.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Conecta vários dispositivos em rede, mas não
Hub oferece muita segurança, pois envia as
informações para todos na rede.
É um dispositivo que permite interligar vários
dispositivos de forma mais inteligente que o
Switch
Hub, pois no switch os dados são direcionados
aos destinos corretos.
Um roteador já trabalha no nível de rede; em
um mesmo roteador podemos definir várias
Roteador
redes diferentes. Ele também cria uma rota para
os dados.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Topologia de Rede
Topologia diz respeito à estrutura de organização dos dis-
positivos em uma rede.
Barramento
Na Topologia de Barramento, todos os dispositivos estão
conectados no mesmo canal de comunicação, o que torna
o tráfego de dados mais lento e, se o barramento se rompe, 131
pode isolar parte da rede.
132
Anel
A estrutura em Anel conecta um dispositivo no outro; para
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
TCP/IP OSI
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
na entrada ou saída. distância máxima, tipos e quantidade de dispositivos, entre
outras. Já o padrão 802.11 define as regras para uma estrutura
O Firewall é o monitor que fica na porta olhando para uma
lista na qual contém as regras que um dado tem de cumprir Wi-Fi, ou seja, para a rede sem fio.
para passar por ela. Essa lista são os protocolos, por exemplo,
o Firewall monitorando a porta 80, relativa ao protocolo HTTP,
Correio Eletrônico
o qual só trabalha com conteúdo multimídia. Então, se um ar- O serviço de e-mail é outro ponto bastante cobrado nos
quivo .EXE tentar passar pela porta 80, ele deve ser barrado; concursos públicos. Em essência, o que se pede é se o concur-
essa é a função do Firewall. sando sabe sobre as diferentes formas de se trabalhar com ele.
O e-mail é uma forma de comunicação assíncrona, ou seja,
Tipos de Redes no momento do envio apenas o emissor precisa estar conectado.
Podemos classificar as redes de acordo com sua finalidade;
Formas de Acesso
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ş
ŝ#-ŝŦ
porém os termos usados são comuns a outro, podemos utilizar
Cache o sinal de menos precedendo o termo do assunto irrelevante,
como o exemplo de uma questão que já caiu em prova: realizar
É um armazenamento temporário. No caso dos navegado- a busca por leite e cão, contudo, se for inserido apenas estes
res, trata-se de uma pasta onde são armazenados os conteúdos termos na busca, muitos resultados serão relacionados a gatos
multimídias como imagens, vídeos, áudio e inclusive textos, para e leite. Para que as páginas que contenham a palavra gato não
que, no segundo momento em que o mesmo conteúdo for aces- sejam exibidas na lista de páginas encontradas, basta digitar o
sado, ele possa ser mostrado ao usuário mais rapidamente. sinal de menos (-) antes da palavra gato (sem espaço entre o
sinal e a palavra), assim a pesquisa a ser inserida no buscador
Cookies fica Cão Leite -Gato.
São pequenas informações que alguns sites armazenam Também é possível realizar a busca por uma frase exata,
no computador do usuário. Exemplos de informações armaze- assim, somente serão listados os sites que contenham exa-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
nadas nos Cookies: Senhas, obviamente que são armazenadas tamente a mesma expressão. Para isso, basta digitar a frase
criptografadas; também são muito utilizados em sites de com- desejada entre aspas duplas.
pras, para armazenar o carrinho de compras. Busca por/em Domínio Específico: para buscar sites que
possuam determinado termo em seu nome de domínio, basta
Dados de Formulários inserir o texto site: seguido da palavra desejada, lembrando
Quando preenchemos um formulário, os navegadores que não deve haver espaço entre site: e o termo desejado. De
oferecem opção para armazenar os dados digitados em cada forma similar, também pode-se utilizar inurl: termo para bus-
campo, assim, quando necessário preencher o mesmo formu- car sites que possuam o termo na URL.
lário ou ainda outro formulário com campos de mesmo nome, Quando o domínio já é conhecido, é possível realizar a
busca por determinado termo apenas nas páginas do domí-
o navegador sugere os dados já usados a fim de autocomple-
nio. Para tanto, deve-se digitar site:Dominiodosite termo.
tar o preenchimento do campo.
Calculadora: é possível, ainda, utilizar o Google como uma
calculadora, bastando digitar a expressão algébrica que se
135
1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná 3 Em referência à lógica de Boole, ou seja, a lógica que você estuda para o
2 IP fictício. concurso.
deseja resolver como 2+2 e, como resultado da “pesquisa”, é ISO (Iternational Organization for Standarization), em 1984.
136 apresentado o resultado da operação. O modelo TCP/IP, também conhecido como Pilha TCP/IP, é o
Operador: quando não se sabe exatamente qual é a pala- adotado como padrão atualmente, após padronização e im-
vra para completar uma expressão, pode-se completar a lacu- plementação pela ARPAnet entre 1980 e 1985, enquanto o OSI
na com um asterisco, assim o motor de busca irá entender que é utilizado como modelo de referência para a criação de novos
naquele espaço pode ser qualquer palavra. protocolos.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Busca por tipo de arquivo: podemos refinar as buscas a Antes de abordar as estruturas, é necessário entender al-
resultados que consistam apenas em determinado formato de guns conceitos:
arquivo. Para tanto, podemos utilizar o operador filetype: as- ▷ Camada: é a forma encontrada para dividir os pro-
sim, para buscar determinado tema, mas que seja em PDF, por blemas de comunicação em redes, segmentando
exemplo, pode-se digitar filetype: pdf tema. em níveis distintos de responsabilidade. Assim, os
Tipos de Busca dados trafegam entre os equipamentos de rede sem
que, necessariamente, tenham de acessar os dados
Os principais motores de busca permitem realizar as buscas transmitidos. Uma camada presta serviços para a
de forma orientada a conteúdos gerais da web, como refinar a
camada superior a ela e usa serviços da camada in-
busca para exibir apenas imagens, vídeos ou mapas relacionados
ferior a ela; não é possível pular camadas.
aos termos digitados.
▷ Interface: é parte que realiza a comunicação direta
Chat entre duas máquinas; dentre os níveis de camada, é
Um chat é normalmente citado como um bate-papo em uma das mais inferiores.
tempo real; é a forma de comunicação em que ambos os inter-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
IP de Destino ele possui algumas relações e similaridades com a suíte OSI.
Transporte A tabela 4 representada a seguir ilustra as camadas do modelo
Sessão TCP/IP que agregam funcionalidades de diferentes camadas
Apresentação do modelo OSI.
Aplicação Modelo OSI Modelo TCP/IP
Dados Nº Camada Camada Nº
7 Aplicação
Os protocolos são divididos em camadas para que cada
6 Apresentação Aplicação 4
uma seja responsável por ações isoladas, que são utilizadas por
5 Sessão
vários protocolos da camada superior. Assim, a tabela a seguir,
4 Transporte Transporte 3
representa quais recursos conseguem acessar as camadas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
3 Rede Rede 2
Camada Usada por 2 Enlace de dados
Interface de Rede 1
1 Física
Aplicação
Programas e aplicativos O modelo TCP/IP proposto inicialmente apresenta 4 cama-
Apresentação
em nível do usuário das, conforme ilustra a tabela 3. Entretanto, na prática e nas
Sessão provas, ele é considerado com 5 camadas (também conhecido
Transporte como TCP/IP híbrido), conforme ilustrado na tabela anterior.
Sistema Operacional de
Rede Rede
Nº Camada
5 Aplicação
Enlace de dados 4 Transporte
3 Rede (Rede Lógica)
Hardware
Física 2 Enlace 137
1 Física
Para memorizar as camadas, podemos usar a mnemônica Os principais protocolos do conjunto TCP/IP que devem ser
138 OFERTA: estudados são listados a seguir.
O TCP/IP é dividido nas camadas: Camada de Aplicação: DHCP, DNS, FTP, HTTP, HTTPS, IMAP,
Ping, POP, SMTP, SNMP, SSH, Telnet, BitTorrent e TLS/SSL.
F ísica ▷ Camada de Transporte: TCP e UDP.
E nlace ▷ Camada de Rede: ARP, ICMP, NAT, IPv4 e IPv6.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Camadas Dados
Aplicação Cabeçalho protocolo de Aplicação Dados
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
ilustra a tabela a seguir. Cumpre observar os respectivos octetos: os números identifi-
Classe Gama de Endereços cados com 1 representam uma rede. Assim, se algum número
A 0.0.0.0 até 127.255.255.255 deles for alterado no endereço IP de um Host, significa que
B 128.0.0.0 até 191.255.255.255 este se encontra em uma rede diferente.
C 192.0.0.0 até 223.255.255.255
D 224.0.0.0 até 239.255.255.255 1111 1111 0000 0000 0000 0000 0000 0000
E 240.0.0.0 até 255.255.255.254 255 0 0 0
Caso 1:
Classe Nº de Endereços por Rede
Se um Host X possui endereço IP 10.0.0.0, um Host Y possui
A 16.777.216 endereço IP 10.12.14.0 e um Host Z possui endereço IP 15.0.3.1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
dereço IP 192.168.5.120, sendo classful C possuem a máscara 256-2 = 254 endereços para Hosts.
255.255.255.0, pode-se concluir que X e Y pertencem à mesma
rede, uma vez que o primeiro, o segundo e o terceiro octe-
Classless
tos não têm seus valores alterados. Já o Host Z apresenta um Como a proposta de divisão em classful também se mos-
número diferente para o terceiro grupo, assim o Host Z não trou limitada, surge a proposta classless, agora permitindo
pertence à mesma rede que X e Y. uma maior subdivisão, além de apresentar melhor aproveita-
mento das faixas de endereços IPs.
A lógica de trabalho e cálculo é similar ao classful, com
255 255 255 0 Máscara a diferença de que agora parte de um octeto pode ser usada
1111 1111 1111 1111 1111 1111 0000 0000 Classe C como máscara. Assim, os valores apresentados na tabela a se-
1100 0000 1010 1000 0000 0000 0110 0100 IP X guir são mais presentes.
192 168 0 100 No exemplo a seguir, dado o endereço IP 192.168.1.0 e a
Endereço máscara 255.255.255.240, quantos são os endereços por rede?
1100 0000 1010 1000 0000 0000 0000 0000
Rede
5. Segurança da Informação
A Segurança da Informação é um ponto crucial para o concurso
público para muitas bancas examinadoras e também de interesse
da instituição que irá receber os aprovados. Afinal, ao ser aprovado,
o candidato estará compondo o quadro de uma instituição pública
que possui uma Intranet e sistemas sobre os quais há necessidade
de se manter uma boa política de segurança.
Segundo o CGI4, para um sistema ser classificado como se-
guro, ele deve atentar a três requisitos básicos: confidencialida-
de, integridade e disponibilidade. Esses conceitos são aborda-
Assim, podemos concluir que a primeira rede/sub-rede dos neste material no tópico de princípios básicos da segurança
que pode ser composta vai de 192.168.1.0/27 até 192.168.1.31/27, da informação.
o endereço 192.168.1.32/27 marca o início da segunda rede/sub-
-rede. A tabela a seguir, destaca os intervalos de endereços e Faz-se necessário que sejam atendidos alguns requisitos
os respectivos endereços reservados. mínimos para uma segurança do microcomputador, que de-
Ş
ŝ#-ŝŦ
pendem tanto de recursos tecnológicos como de bom senso e
Endereço de Faixa de endereços utilizá- Endereço de Sub- discernimento por parte dos usuários.
rede veis por Hosts broadcast -rede
192.168.1.0 192.168.1.1 192.168.1.30 192.168.1.31 0
Para manter um computador com o mínimo de segurança
deve-se:
192.168.1.32 192.168.1.33 192.168.1.62 192.168.1.63 1
192.168.1.64 192.168.1.65 192.168.1.92 192.168.1.93 2
Manter o Sistema Operacional sempre atualizado,
pois a maioria dos malwares exploram as vulnerabi-
192.168.1.94 192.168.1.95 192.168.1.126 192.168.1.127 3
lidades do SO.
192.168.1.128 192.168.1.129 192.168.1.158 192.168.1.159 4
Possuir um sistema Antivírus e manter tanto o apli-
192.168.1.160 192.168.1.161 192.168.1.190 192.168.1.191 5
cativo quanto as assinaturas5 de vírus atualizadas.
192.168.1.192 192.168.1.193 192.168.1.222 192.168.1.223 6
Manter o Firewall sempre ativo.
192.168.1.224 192.168.1.225 192.168.1.254 192.168.1.255 7
Para se proteger contra os spywares também é in-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ş
ŝ#-ŝŦ
rer a um cartório para reconhecer e certificar a assinatura na Envenenamento de DNS e Envenenamento de Cache.
última página. Negação de Serviço (DoS e DDoS)
Esse procedimento realizado no papel, juntamente com
as garantias, foi adaptado para o mundo digital, afinal, papel Um ataque de negação de serviço se dá quando um ser-
ocupa espaço. vidor ou serviço recebe mais solicitações do que é capaz de
suprir.
Quando falamos sobre a rubrica garantir a não altera-
ção de um documento, citamos o princípio da Integridade. DoS (Denial of Service) é um ataque individual, geralmente
Portando, uma assinatura digital deve garantir também com o intuito de tornar um serviço inoperante para o usuário.
esse princípio, enquanto que a certificação de quem assi- DDoS (Distributed Denial of Service) é um ataque rea-
nou é o princípio da Autenticidade, que também deve ser lizado em massa; utiliza-se de vários computadores conta-
garantido pela assinatura digital. minados com um malware que dispara solicitações de aces-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Assim temos que a assinatura digital garante os princípios so a determinados serviços ou sites, derrubando o serviço.
da Autenticidade e da Integridade. Muitas vezes, enquanto o servidor tenta suprir a demanda,
ele se torna vulnerável a inserções de códigos maliciosos.
Ataques Um grupo intitulado Anonymous realizou vários ataques
de DDoS em sites de governos em protesto às suas ações
Nem todos os ataques são realizados por malwares, atual- como, por exemplo, em retaliação à censura do portal
mente existem duas práticas muito comuns utilizadas pelos WikiLeaks e também do WikiLeaks10 e The Pirate Bay11.
criminosos cibernéticos para obter dados do usuário e realizar
invasões.
Phishing 8 facebook: Mídia Social, definida erroneamente como rede social, as-
sim como as demais.
Phishing é uma expressão derivada do termo “pescar” em 9 Hackear: termo utilizado como sinônimo para invasão ou roubo.
inglês, pois o que esse tipo de ataque faz é induzir o usuário a 10 WikiLeaks: portal com postagens de fontes anônimas com documen-
informar seus dados pessoais por meio de páginas da Internet tos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empre-
ou e-mails falsos. sas, sobre assuntos sensíveis.
11 The Pirate Bay: um dos maiores portais de compartilhamento
143
7 Rubrica: assinatura abreviada. Peer to peer.
144
6. Cloud Computing te são serviços que utilizam protocolos de navegação como
HTTP e HTTPS, dentre outros.
Em português, Computação na Nuvem é o nome usual para Assim, como também não dependem de hardware espe-
identificar o paradigma de computação em que as infraestrutu- cífico para funcionar, podem inclusive ser citadas como multi-
ras, serviços e aplicações ficam nas redes, principalmente na In- plataforma, tanto no sentido de diferentes hardwares como no
ternet. No entanto, também pode ser empregado para distinguir de diferentes sistemas operacionais. É comum usar serviços da
serviços de processamento dos serviços de armazenamento.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ş
ŝ#-ŝŦ
• Menu Formatar • Atalhos
• Botão Direito do Mouse
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
145
Menu Formatar Ao acionar a opção pelo menu Formatar, a janela aberta
146 apresenta os Marcadores em uma guia e a numeração em ou-
Caractere tra, conforme ilustram as duas figuras da sequência:
Ao acionar esta opção, será aberta a janela ilustrada a se-
guir, por meio da qual podemos formatar as propriedades de
fonte, como tipo/nome, estilo e tamanho e, pela aba Efeitos de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Parágrafo
As propriedades de Parágrafo englobam opções como
recuos, espaçamento e alinhamentos, conforme ilustrado nas
figuras na sequência:
Página
Nesta opção, encontramos os recursos equivalentes aos en-
contrados na opção Configurar Página do Word, como dimensões
das margens, dimensões de cabeçalho e rodapé, tamanho do pa-
pel e orientação da página. A imagem a seguir ilustra parte dessa
janela:
Página de Rosto
Por meio deste recurso, é possível inserir páginas em uma
Marcadores e Numeração
seção separada, para que, de uma forma mais simples, sejam
Fique atento à identificação de uso deste recurso, pois,
pelo menu Formatar, elas estão descritas em conjunto. Porém, trabalhadas com cabeçalhos e rodapés diferentes em um mes-
na barra de Ferramentas padrão elas são apresentadas em mo documento, mais especificamente, no que tange à numera-
dois botões separados. ção de páginas.
Alinhamento Justificado (CTRL + J)
Diminuir o Recuo
Aumentar o Recuo
• Tabulações
Alterar Caixa ʇ
Equivalente à opção Maiúsculas e Minúsculas do Word,
essa opção permite alterar a forma do caractere de texto. É
importante conhecer as cinco opções desse recurso, conforme
ilustrado a seguir:
Ferramentas de Formatação
Ş
ŝ#-ŝŦ
• Caractere
• Caracteres não imprimíveis (CTRL + F10)
Negrito (CTRL + B)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Itálico (CTRL + I)
Autoverificação Ortográfica
A Autoverificação é uma ferramenta presente apenas no
BrOffice, cuja finalidade é apenas habilitar ou desabilitar a
exibição do sublinhado vermelho das palavras desconhecidas.
Os estilos de formatação são importantes estruturas na Navegador (F5)
edição de um texto, principalmente se for necessário traba-
O Navegador tem aparecido nas provas apenas a título
lhar com sumário, pois para utilizar o recurso de sumário, de
de conhecimento de seu nome, associado ao símbolo e ata-
forma que ele seja automático, é necessário utilizar os estilos
lho. Essa ferramenta é um recurso para navegar no texto, a
de título.
partir das suas estruturas, como títulos, tabelas, figuras e
Pincel de Estilo outros itens que podem ser visualizados na figura a seguir:
A ferramenta de Pincel de Estilo serve para copiar apenas
a formatação. Ela não copia textos, apenas as suas caracterís-
ticas, como cor da fonte, tamanho, tipo de fonte entre outras,
com o intuito de aplicar em outro trecho de texto.
O funcionamento da ferramenta parte de uma seleção pré-
via do trecho de texto que possui a formatação desejada, clicar
no botão pincel de estilo, na sequência selecionar o trecho de
texto ao qual se deseja aplicar as mesmas formatações, como
que pintando a formatação. Ao terminar a seleção o texto sele-
cionado já estará formatado tal qual o selecionado inicialmente,
e o mouse volta ao normal para a edição.
Ferramentas Galeria
Exportar Diretamente como PDF O recurso Galeria tem peso similar ao Navegador nas pro-
O BrOffice como um todo possui este recurso que permi- vas. Acionar essa ferramenta resulta na exibição do painel ilus-
trado a seguir, por meio do qual é possível inserir, em meio ao Barra de Menus
documento, estruturas de navegação Web, como botões, sons
e outros itens. A seguir, é ilustrada a Barra de Menus e, por meio dela,
temos acesso a quase todas as funcionalidades do progra-
ma. Observe que cada menu possui uma letra sublinhada.
Por exemplo, o menu Arquivo possui a letra A sublinha-
da, essa letra sublinhada é a letra que pode ser utilizada
após pressionar a tecla ALT, com o intuito de abrir o devido
menu. Não é uma combinação necessariamente simultâ-
nea. Ela pode ser sequencial, ou seja, teclar ALT soltar e
Tabela (CTRL + F12) então pressionar a letra.
O botão Tabela pode ser usado de duas maneiras. Cli-
cando no desenho da tabela, é aberta a janela ilustrada a
seguir. Caso seja clicado na flecha, é exibido um reticulado,
pelo qual é possível selecionar a quantidade de células que Menu Arquivo
se deseja criar numa tabela.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Formatar → Página
Aba Página
A aba Página é a principal da janela de formatação de pá-
gina. A figura a seguir ilustra essa aba. Observe que as mar-
gens estão definidas por padrão em 2cm, e que o tamanho do Novo ʇ
papel padrão é o A4. Também é possível determinar a orienta- Dentre as opções do menu Arquivo, damos destaque para
ção da página. Vale lembrar que, em um mesmo documento, a opção Novo. Ela aponta a característica do BrOffice de ser
é possível intercalar páginas com orientações diferentes. Para uma suíte de aplicativos integrada, pois, mesmo estando no
isso, devem ser utilizadas seções.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ş
ŝ#-ŝŦ
São dois os Modos de Exibição: Layout de Impressão (Pa-
drão) e Layout da Web. Contudo, poderíamos até considerar,
dependendo da situação, a opção Tela Inteira como um modo
de exibição.
Barra de Ferramentas
A principal Barra de Ferramentas questionada nas provas é
a barra de Desenho, que existe também no Writer e Calc, mas
que é exibida por padrão apenas no Impress. A figura a seguir
ilustra as barras disponíveis:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
151
Quebra Manual inserido nestas estruturas se repete nas demais páginas, não
152 Este recurso permite utilizar estruturas que sejam auto-or- necessariamente do documento como um todo, mas em to-
ganizadas, como as quebras de página. Existem três quebras das as páginas da mesma Seção.
de texto possíveis, além das quebras de seção. Rodapé ʇ
Quebra de Linha (SHIFT + ENTER)
Hiperlink
Faz com que o conteúdo, após a quebra, seja ini-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ş
ŝ#-ŝŦ
tabela em texto, utilizando, para isso, alguns critérios como es-
paços entre palavras ou tabulações, entre outros.
Menu Ferramentas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
sendo trabalhado no texto selecionado, como no parágrafo e O recurso de Autocorreção é o responsável por corrigir pa-
até para o documento de modo geral. lavras logo após a sua inserção, como colocar acento na pala-
Contagem de Palavras vra, caso digitada sem.
O Writer também possui recurso de contabilização de total Opções
de palavras que compõem o texto. Esse recurso concentra as opções do programa como da-
dos do usuário e recursos.
Ş
ŝ#-ŝŦ
nhas que são exibidas.
A célula A1 é a primeira célula de uma planilha, ou seja, é a
célula que se encontra na coluna A e na linha 1.
Células de Absorção
Dentre as características das células podemos citar as de Ab-
sorção, também conhecidas como células de resultado. Basica-
mente são aquelas que apresentam o resultado de algum cálculo.
Os indicadores de Células de Absorção são símbolos usa-
dos para identificar para o programa quais células devem ser
calculadas. No Calc, são três os indicadores de células de ab-
sorção:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
= =5+5 10
+ +5+5 10
- -5+5 0
Modos de Endereçamento
Os modos de endereçamento são formas de identificar o
endereço de uma célula, contudo para fins de identificação os
três modos de endereçamento não possuem diferença, sua
aplicação é apenas para os procedimentos de copiar e colar
Operadores
uma célula cujo conteúdo é uma fórmula, por vezes citado pelo No BrOffice Calc existem quatro tipos de operadores bá-
clicar e arrastar. sicos: aritméticos, texto, referência e comparação, cada qual 155
com suas peculiaridades.
Operadores Aritméticos =SOMA(A1 : A4)
156 A função é lida como Soma de A1 até A4, ou seja, todas as
Sobre Operadores Aritméticos, assim como sobre Células
células que estão no intervalo de A1 até A4 inclusive. No caso
de Absorção, a maioria das perguntas é direta, mas as ques-
de exemplo o resultado = 100.
tões são colocadas na matemática destes operadores, ou seja,
as regras de prioridade de operadores devem ser observadas De forma equivalente pode-se escrever a função como
para que não seja realizado um cálculo errado. se segue:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
=SOMA(A1 ; A2 ; A3 ; A4 )
Resulta- A qual se lê Soma de A1 e A2 e A3 e A4, assim é possível
Operador Símbolo Exemplo de uso
do especificar células aleatórias de uma planilha para realizar um
Adição + =5+5 10 cálculo.
Subtração - =5-5 0 =SOMA(A1 ; A4)
Neste caso fique atento pois, a leitura é Soma de A4 e A1,
Multiplicação * =5*5 25
ou seja, apenas estão sendo somadas as células A1 com A4 as
Divisão / =5/5 1 demais não entram no conjunto especificado. Sendo assim, o
Potenciação ^ =5^2 25 resultado seria 50.
=SOMA(A1 : A4 ! A3 : A5)
Percentagem % =200*10% 20
Já nesta última situação apresentada, deseja-se somar ape-
Operador de Texto nas as células que são comuns ao intervalo de A1 até A4 com A3
até A5, que no caso são as células A3 e A4, assim a soma destas
Os editores também contam com um operador que permite células resulta em 70.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Referência
Os operadores de referência são aqueles utilizados para
definir o intervalo de dados que uma função deve utilizar.
;
E União
~
: Até Intervalo
! Interseção
Considere o seguinte conjunto de dados em uma planilha
em edição no Calc:
C1 → C2
Origem Destino
A3 → B4
Origem Destino Já na situação em que existem duas células adjacentes sele-
cionadas contendo valores numéricos diferentes entre si, ao se
arrastar pela alça de preenchimento as células serão preenchi-
Destino Origem Deslocamento das com uma PA cuja razão é a diferença entre os dois valores
Linha 4 - 3 1 selecionados. A figura a seguir ilustra esse comportamento. Po-
B A demos observar que o valor que irá ser exibido na célula B6 será
Coluna - 1 o número 30, com isso a célula B4 receberá o valor 20, enquanto
2ª 1ª
que a B5 receberá 25, conforme vemos na figura da direita.
→
Origem Destino
Ş
ŝ#-ŝŦ
sui possibilidades de uso e por consequência respostas dife-
pelo programa às células serão preenchidas com o próximo valor
rentes. da série. Por exemplo, se Janeiro for o conteúdo inserido na cé-
lula então ao arrastar pela alça de preenchimento para a direita
ou para baixo a célula adjacente será preenchida com Fevereiro,
por outro lado se for arrastado para cima ou para a esquerda a
célula adjacente será preenchida com Dezembro. O mesmo vale
para as sequências Jan, Seg e Segunda-feira. Atenção: A, B, C
não são conhecidos como série nos programas, mas o usuário
pode criá-las.
Observe que, quando uma ou mais células estão seleciona- Já na situação em que haja duas células que contenham tex-
das, sempre no canto direito inferior é ilustrado um quadrado tos diferentes selecionadas, ao arrastar será preenchido com o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
um pouco mais destacado, essa é a alça de preenchimento. padrão encontrado, veja o exemplo abaixo.
Quando o conteúdo da célula for uma fórmula ao arrastar
Ela possui esse nome porque é utilizada para facilitar o pela alça de preenchimento o resultado é o mesmo, ou seja,
preenchimento de dados que obedeçam a uma regra ou pa- deverá ser calculada a nova fórmula de acordo com o desloca-
drão. mento.
Quando uma única célula está selecionada e o seu con-
teúdo é um valor numérico. Ao clicar sobre a alça de preen-
chimento e arrastar seja na horizontal ou vertical, em qual-
quer sentido, exceto diagonal, será preenchido com uma
Progressão Aritmética (PA) de razão 1, caso seja arrastado
para esquerda ou para cima a razão é -1. A figura a seguir 157
ilustra o comportamento.
Funções o conjunto de B1 até B5 e na sequência dividir o resultado por
158 5. Atente-se, pois para o caso em questão a expressão acima
As Funções são estruturas prontas criadas para que o calcula a média, porém não se pode dizer o mesmo para a fra-
usuário não se preocupe em como elas funcionam, mas ape- se, a função =SOMA(B1:B5)/5 calcula a média dos valores de
nas com que informações devem descrever para obter o resul- B1 até B5 qualquer que seja o valor nas células, pois se algu-
tado. Contudo, para as provas de concurso precisamos saber ma célula estiver vazia não será dividido por 5 o total somado,
a fim de calcular a média.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
=SE( ; ; )
A função SE é também conhecida como condicional, por meio
dela é possível definir ações a serem executadas diante de deter-
minadas situações (condições).
Sua sintaxe é composta por três campos sendo que no
primeiro é colocado um teste lógico, após o ponto e vírgula
temos o campo que contém a ação a ser executada, caso o Guia Números
teste lógico seja verdadeiro e na sequência. No último campo,
A figura a seguir ilustra a janela Formatar Células exibindo
contém a ação caso o teste lógico seja falso.
as opções da aba Números, as principais abas são as guias Nú-
=CONT.NÚM( ) mero e Alinhamento.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Esta função exibe o total de células de um intervalo que
possui como conteúdo um valor numérico.
=CONT.SE( ; )
Enquanto que a função CONT.SE retorna a quantidade de
células que atendem ao critério estabelecido no segundo cam-
po.
=SOMASE( ; ; )
Já a função SOMASE, permite somar apenas o conteúdo
das células de interesse ao montante.
Assim se aplicada a função =SOMASE(D1:D5;”=A”;C1:C5)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Guia Alinhamento
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Bordas
Por padrão, em uma planilha, o que vemos são as linhas de
grade e não as bordas das células, tanto que se realizarmos a im-
pressão nenhuma divisão aparece. As bordas devem ser aplicadas
manualmente de acordo com a necessidade, para isso, pode-se
Ş
ŝ#-ŝŦ
Outras Ferramentas
Mesclar e Centralizar
Janela do Programa
Devemos, primeiramente, conhecer algumas funções da Ja-
nela do Editor para melhor entender seus recursos.
A primeira barra ao topo, onde encontramos os botões Fe-
char, Maximizar/Restaurar e Minimizar é a chamada Barra de
Título, pois expressa o nome do arquivo e o programa no qual
está sendo trabalhado.
Na sequência, são exibidas as duas barras de ferramentas
(Padrão e de Formatação). Fique atento às divisões da jane-
la. Na lateral esquerda, está o painel Slides, nele são exibidas
as miniaturas dos slides a fim de navegação na apresentação,
bem como de organização. Uma vez que, para deslocar o slide,
basta clicar e arrastá-lo para o local desejado.
A última é a barra de Status, por meio dela podemos vi-
sualizar em qual slide estamos, além de poder alterar o zoom
do slide em edição.
A barra logo abaixo é a Barra de Menu, onde se encontram Acima da barra de Status está a barra de Desenhos, ilus-
as ferramentas do programa. Observe, à direita do menu Fer- trada a seguir. Essa barra é comum aos demais editores (Calc
ramentas, a existência de um menu diferente dos encontrados e Writer). Porém, ela só aparece por padrão no Impress. Para
no Writer e Calc, o menu Apresentação de Slides. Nele, são ocultá-la ou exibi-la, basta selecionar a barra no menu Exibir
encontradas as opções específicas das operações com slides ї Barras de Ferramentas ї Desenho.
como Cronometrar, Transição e Apresentação de Slides.
A área central da tela é onde fica o slide em edição, tam- Para acionar o modo exibido, basta clicar no menu Exibir
bém conhecida como palco, quem sabe uma associação ao ї Mestre ї Slide Mestre.
espaço onde o artista expõe a sua obra. A Nota Mestre serve para formatar as características das
Já à direita, é exibido o Painel de Tarefas. Essa estrutura anotações (notas) que podem ser associadas a cada slide,
oferece diversas opções, conforme ilustrado a seguir: conforme ilustrado a seguir.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Acima do slide em edição, podem-se encontrar cinco op-
ções, elas são modos de exibição que podem ser alternados.
Mestre
Um mestre é aquele que deve ser seguido, ou seja, uma
estrutura base para a criação de um conjunto de slides. Por
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Layouts
Também podendo ser citado como Leiaute, são as estru-
turas que um slide pode possuir, como slides de título, título e
subtítulo, slide em branco entre outros.
A figura a seguir ilustra os diversos layouts disponíveis no
Impress. Esses podem ser definidos a qualquer momento da
161
edição, inclusive após o slide já ter sido inserido.
do slide. Cada slide é indicado, bem como cada parágrafo de
162 conteúdo, conforme ilustrado a seguir. Propriedades como o
tamanho e o tipo da fonte, bem como negrito, sublinhado e
itálico são aparentes neste modo de exibição, ao contrário da
cor da fonte.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
de Tarefas. Notas
Formatos de Arquivos Este modo de exibição serve para que se possa inserir as
Ş
ŝ#-ŝŦ
O Formato de Arquivo salvo por padrão no BrOffice (Li- anotações sobre um slide, muitas vezes usadas para descrever
breOffice) Impress é o ODP (Open Document Presentation). o assunto, ou conteúdo do slide, ou seja, são os tópicos a se-
Contudo, é possível salvar uma apresentação no formato PTT
do PowerPoint (2003) ou PTTX do PowerPoint 2007 e 2010. rem seguidos e apontados. Assim, as notas servem como um
Existe também um formato de arquivo PPS (2003) e PPSX lembrete.
(20007e2010). Ele é um formato de autoplay, ou seja, ao ser
acionado o arquivo com esse formato ele automaticamente é
exibido no modo de exibição de slides.
Modos de Exibição
Os Modos de Exibição refletem em diferentes estruturas
e não apenas formas de visualizar os slides. No Impress exis-
tem cinco modos de exibição principais, mas pode-se acres-
centar também o modo de Apresentação de Slides como
sendo um modo de exibição.
Para alternar entre os modos de exibição, pode-se esco-
lher o modo desejado pelo Menu Exibir ou pelas opções pre-
Folhetos
sentes no topo do palco de edição. O modo de exibição de Folhetos, ilustrado a seguir, tem por
Normal objetivo as estruturas de cabeçalho e rodapé do modo de im-
Este é o modo de exibição padrão para a edição dos slides, pressão de folhetos, ou seja, aquele em que são impressos vários
conforme ilustrado a seguir. Com esse modo, é possível alterar slides por página.
os textos do slide, bem como suas formatações de texto, layout
e plano de fundo.
Ş
ŝ#-ŝŦ
que permite a inserção de um slide. Caso seja clicado na
seta à sua direita, é possível ainda escolher o layout do slide
que está sendo inserido.
de três locais, dentro do editor de apresentação Impress: Menu estará no menu Apresentação de Slides.
Inserir, Botão direito do mouse e Barra de Ferramentas. Dentre os itens deste menu, podem-se destacar:
Além de poder inserir um novo slide pelo Menu Inserir,
Apresentação de Slides
é possível duplicá-lo, ou seja, criar uma cópia do(s) slide(s)
É a opção que permite exibir a apresentação de slides em
selecionado(s), conforme ilustrado a seguir. tela cheia, de forma a poder visualizá-la. Também é possível
encontrar essa opção no Menu Exibir, assim como acioná-la
por meio da tecla de atalho F5 que, no caso do Impress, sem-
pre inicia a partir do slide selecionado.
Configuração da Apresentação de Slides
Por meio desta opção é possível configurar características
da exibição da apresentação como tempo de transição de sli-
Com o clique do botão direito do mouse sobre um slide, é des automática e também a possibilidade padrão de trocar de
exibida a lista suspensa ilustrada a seguir, que possui tanto a slide a cada clique do mouse ou com tecla do teclado. A figura 163
opção de inserir novo slide, como duplicar o slide selecionado. a seguir ilustra a janela de configurações de apresentação:
Para adicionar um efeito, é necessário selecionar algum
164 elemento do slide, como texto ou figura e, na janela que se
abre ao clicar em Adicionar (ilustrada a seguir), selecionar o
efeito desejado, de acordo com categorias pré-definidas na
forma de guias da janela, conforme ilustrado:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Cronometrar
A opção Cronometrar do Impress é muito inferior ao
mesmo recurso no PowerPoint, se comparados. Em teoria,
essa ferramenta deveria permitir marcar o tempo que seria
gasto para explanar sobre uma apresentação. Contudo, o
tempo é marcado por slide e exibido apenas enquanto este
Ş
ŝ#-ŝŦ
Impressão
É possível também imprimir a apresentação de slides de
acordo com a necessidade, como imprimir um slide em cada
página, como ilustrado na sequência, no modo Slide:
• Slide • Estrutura de Tópicos
Já na forma de impressão de Estrutura de Tópicos, a im-
pressão fica tal qual ao modo de exibição.
• Folhetos
Caso necessário, para imprimir mais de um slide por pági-
na, pode-se escolher a opção Folheto, no campo Documento:
10. Glossário
A-D
Adware
Adwares são programas feitos para mostrar anúncios e
propagandas de vários produtos. Geralmente são instalados
no computador de uma forma injusta.
Android
É importante observar que a janela anterior está com o nú- É o sistema operacional do google para celulares, smart-
mero de três Slides por página, notando-se, assim, na pré-vi- phones e tablets.
sualização à esquerda, que os slides ficam um abaixo do outro,
nesta opção de impressão, enquanto que nas demais quan- Backdoor (porta dos fundos)
tias os slides são distribuídos como representado a seguir, no Qualquer malware que possua um backdoor permite que o
modo de impressão de quatro slides por página: computador infectado seja controlado totalmente ou parcial-
mente via conexão com uma porta.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Bluetooth
Bluetooth é uma forma de conexão que constitui uma rede
do tipo PAN (rede pessoal), utilizado para conexões de dispo-
sitivos como mouses, teclados, celulares, smartphones, entre
outros dispositivos.
Bug
O termo bug (“inseto”) é usado para definir defeitos inex-
plicáveis em engenharia e também em informática. Softwares
bugados costumam travar mais. Outros bugs podem fazer com
que worms se propaguem pela Internet.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ş
ŝ#-ŝŦ
UDP (User Datagram Protocol) é um protocolo mais sim-
SMTP
ples que o TCP e não possui muitos recursos. Ele também não
O Simple Mail Transfer Protocol é um protocolo de envio
de mensagens de correio eletrônico associado aos clientes de tem a garantia de que os pacotes chegam ao destino. É utiliza-
e-mail, é também para a troca de mensagens entre os servi- do por alguns serviços muito importantes como o DNS.
dores de e-mail.
Por ser mais simples, ele pode algumas vezes ser mais rápido.
Smartphone
São os telefones Inteligentes.
Vírus
Vírus (na definição clássica) é todo programa de compu-
Software tador que funciona como parasita, infectando os arquivos que
Software é a parte lógica do computador, aquela que você
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
existem em um computador.
não pode ver nem tocar, mas opera constantemente.
Por esse motivo, Trojans não são vírus, mas apenas “mal-
Spam ware”. Worms também não são vírus, pois só usam a rede para
E-mail não solicitado. Geralmente contém propagandas se espalhar e não infectam arquivos no disco rígido.
absurdas com fórmulas mágicas para ganhar dinheiro e pro-
dutos farmacêuticos.
W
Spoofing
Referente ao que é forjado/falsificado. Um ataque de “IP
Worms
Spoof” é aquele no qual o endereço IP do remetente é forja- Worm é um tipo de malware que usa a rede para se es-
do. Um e-mail “spoofed” é um e-mail em que o cabeçalho da palhar. São muito famosos por infectar um grande número de
mensagem (“De:” ou “From:”) foi falsificado. computadores em pouco tempo, usando anexos de e-mail e
Spyware forjando e-mails aparentemente legítimos.
Spywares são programas que capturam os dados do usuá- Outros worms usam a rede local para serem instalados em 167
rio ao fazer uso de algum serviço específico, como acessar de- diferentes computadores.
168 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Ş
ŝ#-ŝŦ
ÍNDICE
1. Ética no Serviço Público ............................................................................................ 169
Ética e Moral ................................................................................................................................169
Ética: Princípios e Valores............................................................................................................170
Ética e Democracia: Exercício da Cidadania .................................................................................171
Ética e Função Pública ..................................................................................................................171
Código de Ética Profissional do Serviço Público (Decreto nº 1.171/1994) ................................... 172
Decreto nº 6.029/2007 ............................................................................................................... 175
2. Resoluções 1 a 10 da Comissão de Ética Pública da Presidência da República .............. 178
Resolução nº 01, de 13 de Setembro de 2000 .............................................................................178
Resolução nº 02, de 24 de Outubro de 2000 ..............................................................................179
Resolução nº 03, de 23 de Novembro de 2000 ...........................................................................180
Resolução nº 04, de 07 de Junho de 2001 ..................................................................................182
Resolução nº 05, de 07 de Junho de 2001...................................................................................184
Resolução nº 06, de 25 de Julho de 2001 ....................................................................................184
Resolução nº 07, de 14 de Fevereiro de 2002 .............................................................................185
Comissão de Ética Pública ...........................................................................................................185
Resolução nº 08, de 25 de Setembro de 2003 ............................................................................186
Resolução nº 09, de 20 de Maio de 2005 ....................................................................................187
Resolução nº 10, de 29 de Setembro de 2008.............................................................................187
1. Ética no Serviço Público Em um sentido mais amplo, a ética engloba um conjunto
de regras e preceitos de ordem valorativa, que estão ligados
Nesta unidade, trabalharemos o seguinte conteúdo: Ética à prática do bem e da justiça, aprovando ou desaprovando a
e moral; Ética, princípios e valores; Ética e democracia: exercí- ação dos homens de um grupo social ou de uma sociedade.
cio da cidadania; Ética e função pública; Ética no setor público: Em suma, a ética é um conjunto de normas que rege a boa
Código de Ética Profissional do Serviço Público (Decreto nº conduta humana.
1.171/1994). Acrescentamos, ao final, o Decreto nº 6.029/2007, Para que uma conduta possa ser considerada ética, três
que revogou o Decreto nº 1.171/1994 em parte, e que, muito elementos essenciais devem ser ponderados: a ação (ato mo-
embora não seja mencionado no edital, tem sido cobrado. ral), a intenção (finalidade), e as circunstâncias (consequên-
O Código de Ética Profissional do Serviço Público (Decreto cias) do ato. Se um único desses três elementos não for bom,
nº 1.171/1994) contempla essencialmente duas partes. correto e certo, o comportamento não é ético.
A primeira, dita de ordem substancial (fundamental), fala A norma ética é aquela que prescreve como o homem deve
sobre os princípios morais e éticos a serem observados pelo agir. Possui, como uma de suas características, a possibilidade
servidor, e constitui o Capítulo I, que abrange as regras deon- de ser violada, ao contrário da norma legal (lei).
tológicas (Seção I), os principais deveres do servidor público A ética não deve ser confundida com a lei, embora, com
(Seção II), bem como as vedações (Seção III). certa frequência, a lei tenha como base princípios éticos. Ao
Já a segunda parte, de ordem formal, dispõe sobre a cria- contrário da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo
ção e funcionamento de Comissões de Ética, e constitui o Capí- Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas,
tulo II, que trata das Comissões de Ética em todos os órgãos do nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas.
Poder Executivo Federal (Exposição de Motivos nº 001/94-CE). Para o autor Lázaro Lisboa, a ética tem por objeto o com-
Este conteúdo, referente ao Código de Ética Profissional do portamento humano no interior de cada sociedade, e o es-
Serviço Público, considerando os últimos conteúdos cobrados, tudo desse comportamento com o fim de estabelecer níveis
é um dos mais relevantes e que mais deve ser estudado. aceitáveis que garantam a convivência pacífica dentro das
sociedades e entre elas, constitui o objetivo da Ética. (LISBOA;
Ética e Moral MARTINS, 2011).
O estudo da ética demonstra que a consciência moral nos
Ética inclina para o caminho da virtude, que seria uma qualidade
A palavra “ética” vem do grego ethos, que significa “modo própria da natureza humana. Logo, um homem para ser ético
de ser” ou “caráter” (índole). precisa necessariamente ser virtuoso, ou seja, praticar o bem
Ética o do grego ethos o caráter usando a liberdade com responsabilidade constantemente.
A ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade das Segundo a classificação de Eduardo Garcia Maýnez, são
ações humanas, isto é, se são boas ou más. É uma reflexão quatro as formas de manifestação do pensamento ético oci-
Ş
ŝ#-ŝŦ
crítica sobre a moralidade. dental:
A ética faz parte do nosso dia a dia. Em todas as nossas ▷ Ética empírica.
ações e também relações, em algum grau, utilizamos nossos ▷ Ética dos bens.
valores éticos. Isso não quer dizer que o homem já nasça com ▷ Ética formal.
consciência plena do que é bom ou mau. Essa consciência exis- ▷ Ética de valores.
te, mas se desenvolve a partir do relacionamento com o meio e
A Ética empírica está dividida em:
do autodescobrimento.
Ética Anarquista: só tem valor o que não contraria as ten-
A ética pode ser definida como a teoria ou a ciência do dências naturais.
comportamento moral, que busca explicar, compreender, jus-
tificar e criticar a moral ou as morais de Ética Utilitarista: é bom o que é útil.
Ética Ceticista: não se pode dizer com certeza o que é cer-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
ensina a ética da virtude como fim: o estóico não aspira ser No contexto da ação pública, ética e moral não são consi-
feliz, mas ser bom. derados termos sinônimos. Portanto, não devem ser confun-
Para a ética formal, segundo Kant, uma ação é boa, tem didos.
valor, deve ser feita, se obedece o “princípio categórico”, que Enquanto a ética é teórica e busca explicar e justificar
está baseado na ideia do dever (vale sempre e é uma ordem). os costumes de uma determinada sociedade, a moral é
Por fim, para a ética de valores, uma ação é boa (e consequen- normativa. Enquanto a ética tem caráter científico, a moral
temente é um dever) se estiver fundamentada em um valor. tem caráter prático imediato, visto que é parte integrante
da vida cotidiana das sociedades e dos indivíduos. A moral
Moral é a aplicação da ética no cotidiano, é a prática concreta.
Os romanos traduziram o ethos grego para o latim mos, de A moral, portanto, não é ciência, mas objeto da ciência; e,
onde vem a palavra “moral”. neste sentido, é por ela estudada e investigada.
O termo “moral”, portanto, deriva do latim “mos” ou “mo-
res”, que significa “costume” ou “costumes (VÁZQUEZ, 2011). Ética: Princípios e Valores
Moralo do latin MOS ou MORESo
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
bilidades que o cidadão deve ter perante a sociedade. Por
Exercício da Cidadania exemplo, a Constituição garante o direito à propriedade pri-
Ética e Democracia vada, mas exige-se que o proprietário seja responsável pelos
tributos que o exercício desse direito gera, como, por exemplo,
O Brasil ainda caminha a passos muito lentos no que diz o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
respeito à ética, principalmente no cenário político. Exercer a cidadania, por consequência, é ser probo (ín-
Vários são os fatores que contribuíram para esta realidade, tegro, honrado, justo, reto), agir com ética assumindo a res-
dentre eles, principalmente, os golpes de Estado, a saber, o ponsabilidade que advém de seus deveres enquanto cidadão
Golpe de 30 e o Golpe de 64. inserto no convívio social.
Durante o período em que o país vivenciou a ditadura mili-
tar e em que a democracia foi colocada de lado, tivemos a sus- Ética e Função Pública
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
pensão do ensino da filosofia e, consequentemente, da ética, Função pública é a competência, atribuição ou encargo
nas escolas e universidades, e além disso, os direitos políticos para o exercício de determinada função. Ressalta-se que essa
do cidadão suspensos, a liberdade de expressão caçada e o função não é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício su-
medo da repressão. jeito ao interesse público, ou seja, da coletividade.
Como consequência dessa série de medidas autoritárias No exercício das mais diversas funções públicas, os servi-
e também arbitrárias, nossos valores morais e sociais foram dores devem respeitar, além das normatizações vigentes nos
perdendo espaço para os valores que o Estado queria impor, órgãos e entidades públicas que regulamentam e determinam
levando a sociedade a uma espécie de “apatia” social. a forma de agir dos agentes públicos, os valores éticos e mo-
Nos dias atuais, estamos presenciando uma nova fase em rais que a sociedade impõe para o convívio em grupo. A não
nosso país, no que tange à aplicabilidade das leis e da ética observação desses valores acarreta uma série de erros e pro-
no poder. blemas no atendimento ao público e aos usuários do serviço, o
Os crimes de corrupção envolvendo desvio de dinheiro es- que contribui de forma significativa para uma imagem negati-
tão sendo mais investigados e a polícia tem trabalhado com va do órgão ou entidade e também do serviço público.
mais liberdade de atuação em prol da moralidade e do interes- O padrão ético dos servidores públicos, no exercício da
se público, o que tem levado os agentes públicos a refletir mais função pública, advém de sua natureza, ou seja, do caráter 171
sobre seus atos antes ainda de praticá-los. público e de sua relação com o público.
O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no necessários ao bom andamento do serviço e ao respeito aos
172 exercício de suas funções, mas também na vida particular. O usuários.
caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida Os novos códigos de ética, além de regulamentar a quali-
privada, a fim de que os valores morais e a boa-fé, amparados dade e o trato dispensados aos usuários e ao serviço público
constitucionalmente como princípios básicos e essenciais a e de trazer punições para os que descumprem as suas nor-
uma vida equilibrada, sejam inseridos e se tornem uma cons- mas, também têm a função de proteger a imagem e a honra
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
tante em seu relacionamento com os usuários do serviço bem do servidor que trabalha seguindo fielmente as regras nele
como com os colegas. contidas, contribuindo, assim, para uma melhoria na imagem
Os princípios constitucionais devem ser observados para do servidor e do órgão ou entidade perante a população.
que a função pública se integre de forma indissociável ao di- Em se tratando da ética no serviço público, destacamos o
reito. Os princípios são: Código de Ética Profissional do Servidor Público do Poder Exe-
Legalidade: todo ato administrativo deve seguir fielmente cutivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho
os meandros da lei. de 1994, que foi revogado em parte pelo Decreto nº 6.029, de 1º
Impessoalidade: aplicado como sinônimo de igualdade – de fevereiro de 2007, que institui Sistema de Gestão da Ética do
todos devem ser tratados de forma igualitária e respeitando o Poder Executivo Federal. Ambos os Decretos seguem na íntegra.
que a lei prevê.
Moralidade: respeito ao padrão moral para não compro- Código de Ética Profissional do Serviço
meter os bons costumes da sociedade. Público (Decreto nº 1.171/1994)
Publicidade: refere-se à transparência de todo ato público, DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994. Aprova o Código de Ética
salvo os casos previstos em lei.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
VI. A função pública deve ser tida como exercício grande oportunidade para o crescimento e o en-
profissional e, portanto, se integra na vida particu- grandecimento da Nação.
lar de cada servidor público. Assim, os fatos e atos Seção II
verificados na conduta do dia a dia em sua vida
ї Dos Principais Deveres do Servidor Público
privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom
conceito na vida funcional. (grifo da autora) XIV. São deveres fundamentais do servidor público:
VII. Salvo os casos de segurança nacional, investi- a) desempenhar, a tempo, as atribuições do car-
gações policiais ou interesse superior do Estado e go, função ou emprego público de que seja titu-
da Administração Pública, a serem preservados em lar;
processo previamente declarado sigiloso, nos ter- b) exercer suas atribuições com rapidez, perfei-
mos da lei, a publicidade de qualquer ato adminis- ção e rendimento, pondo fim ou procurando prio-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Ş
ŝ#-ŝŦ
jurídico, preste serviços de natureza permanente, desenvolvidos são considerados prestação de relevan-
temporária ou excepcional, ainda que sem retribui- te serviço público.
ção financeira, desde que ligado direta ou indire-
§ 2º O Presidente terá o voto de qualidade nas delibe-
tamente a qualquer órgão do poder estatal, como
rações da Comissão.
as autarquias, as fundações públicas, as entidades
paraestatais, as empresas públicas e as sociedades § 3º Os mandatos dos primeiros membros serão de um,
de economia mista, ou em qualquer setor onde dois e três anos, estabelecidos no decreto de designação.
prevaleça o interesse do Estado Art. 4º À CEP compete:
XXV. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) I. atuar como instância consultiva do Presidente
da República e Ministros de Estado em matéria de
Decreto nº 6.029/2007
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
ética pública;
Considerando que os incisos XVII, XIX, XX, XXI, XXIII e XXV, II. administrar a aplicação do Código de Conduta
do Decreto nº 1.171/1994 foram revogados pelo Decreto nº da Alta Administração Federal, devendo:
6.029/2007, e que, muito embora este último não tenha sido
a) submeter ao Presidente da República medidas
mencionado expressamente no edital, seu conteúdo tem sido
cobrado, transcrevemo-lo na íntegra a seguir. para seu aprimoramento;
Decreto Nº 6.029, De 1º de Fevereiro de 2007 b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de
Institui Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, e dá ou- suas normas, deliberando sobre casos omissos;
tras providências. c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, con-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o dutas em desacordo com as normas nele previs-
art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
tas, quando praticadas pelas autoridades a ele
Decreta submetidas;
Art. 1º Fica instituído o Sistema de Gestão da Ética do III. dirimir dúvidas de interpretação sobre as nor-
Poder Executivo Federal com a finalidade de promover mas do Código de Ética Profissional do Servidor
atividades que dispõem sobre a conduta ética no âm- Público Civil do Poder Executivo Federal de que 175
bito do Executivo Federal, competindo-lhe: trata o Decreto nº 1.171, de 1994;
IV. coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de e material necessário ao cumprimento das suas atri-
176 Gestão da Ética Pública do Poder Executivo Federal; buições.
V. aprovar o seu regimento interno; e § 2º As Secretarias-Executivas das Comissões de Ética
VI. escolher o seu Presidente. serão chefiadas por servidor ou empregado do quadro
Parágrafo único. A CEP contará com uma Secretaria- permanente da entidade ou órgão, ocupante de cargo
-Executiva, vinculada à Casa Civil da Presidência da de direção compatível com sua estrutura, alocado sem
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
integrantes não lhes resulte qualquer prejuízo ou Comissões de Ética de que tratam os incisos I, II e III
dano; do art. 2º, com o objetivo de promover a cooperação
II. conduzir em seu âmbito a avaliação da gestão da técnica e a avaliação em gestão da ética.
ética conforme processo coordenado pela Comis- Parágrafo único. Os integrantes da Rede de Ética se re-
são de Ética Pública. unirão sob a coordenação da Comissão de Ética Públi-
Art. 7º Compete às Comissões de Ética de que tratam ca, pelo menos uma vez por ano, em fórum específico,
os incisos II e III do art. 2º: para avaliar o programa e as ações para a promoção da
ética na administração pública.
I. atuar como instância consultiva de dirigentes e
servidores no âmbito de seu respectivo órgão ou Art. 10. Os trabalhos da CEP e das demais Comissões
entidade; de Ética devem ser desenvolvidos com celeridade e
observância dos seguintes princípios:
II. aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor
Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado I. proteção à honra e à imagem da pessoa inves-
pelo Decreto 1.171, de 1994, devendo: tigada;
a) submeter à Comissão de Ética Pública propostas II. proteção à identidade do denunciante, que de-
para seu aperfeiçoamento; verá ser mantida sob reserva, se este assim o de-
sejar; e
b) dirimir dúvidas a respeito da interpretação de
III. independência e imparcialidade dos seus mem-
suas normas e deliberar sobre casos omissos;
bros na apuração dos fatos, com as garantias asse-
c) apurar, mediante denúncia ou de ofício, con- guradas neste Decreto.
duta em desacordo com as normas éticas perti-
Art. 11. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídi-
nentes;
ca de direito privado, associação ou entidade de classe
d) recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito poderá provocar a atuação da CEP ou de Comissão de
do órgão ou entidade a que estiver vinculada, o Ética, visando à apuração de infração ética imputada a
desenvolvimento de ações objetivando a dis- agente público, órgão ou setor específico de ente estatal.
seminação, capacitação e treinamento sobre as
Parágrafo único. Entende-se por agente público, para
normas de ética e disciplina; os fins deste Decreto, todo aquele que, por força de
III. representar a respectiva entidade ou órgão na lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste serviços
Rede de Ética do Poder Executivo Federal a que se de natureza permanente, temporária, excepcional ou
refere o art. 9º; e eventual, ainda que sem retribuição financeira, a órgão
IV. supervisionar a observância do Código de Con- ou entidade da administração pública federal, direta e
duta da Alta Administração Federal e comunicar à indireta. (grifo da autora)
CEP situações que possam configurar descumpri- Art. 12. O processo de apuração de prática de ato em
mento de suas normas. desrespeito ao preceituado no Código de Conduta da
§ 1º Cada Comissão de Ética contará com uma Secreta- Alta Administração Federal e no Código de Ética Pro-
ria-Executiva, vinculada administrativamente à instân- fissional do Servidor Público Civil do Poder Executi-
cia máxima da entidade ou órgão, para cumprir plano vo Federal será instaurado, de ofício ou em razão de
de trabalho por ela aprovado e prover o apoio técnico denúncia fundamentada, respeitando-se, sempre, as
garantias do contraditório e da ampla defesa, pela sendo imputado, de conhecer o teor da acusação e de
Comissão de Ética Pública ou Comissões de Ética de ter vista dos autos, no recinto das Comissões de Ética,
que tratam os incisos II e III do art. 2º, conforme o mesmo que ainda não tenha sido notificada da existên-
caso, que notificará o investigado para manifestar-se, cia do procedimento investigatório.
por escrito, no prazo de dez dias. Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo in-
§ 1º O investigado poderá produzir prova documental clui o de obter cópia dos autos e de certidão do seu
necessária à sua defesa. teor.
§ 2º As Comissões de Ética poderão requisitar os do- Art. 15. Todo ato de posse, investidura em função
cumentos que entenderem necessários à instrução pública ou celebração de contrato de trabalho, dos
probatória e, também, promover diligências e solicitar agentes públicos referidos no parágrafo único do
parecer de especialista. art. 11, deverá ser acompanhado da prestação de
§ 3º Na hipótese de serem juntados aos autos da inves- compromisso solene de acatamento e observância
tigação, após a manifestação referida no caput deste das regras estabelecidas pelo Código de Conduta
artigo, novos elementos de prova, o investigado será da Alta Administração Federal, pelo Código de Ética
notificado para nova manifestação, no prazo de dez Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe-
dias. cutivo Federal e pelo Código de Ética do órgão ou
§ 4º Concluída a instrução processual, as Comissões de entidade, conforme o caso.
Ética proferirão decisão conclusiva e fundamentada. Parágrafo único. A posse em cargo ou função públi-
§ 5º Se a conclusão for pela existência de falta ética, ca que submeta a autoridade às normas do Código de
além das providências previstas no Código de Condu- Conduta da Alta Administração Federal deve ser pre-
ta da Alta Administração Federal e no Código de Ética cedida de consulta da autoridade à Comissão de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executi- Pública, acerca de situação que possa suscitar conflito
vo Federal, as Comissões de Ética tomarão as seguintes de interesses.
providências, no que couber: Art. 16. As Comissões de Ética não poderão escusar-se
I. encaminhamento de sugestão de exoneração de de proferir decisão sobre matéria de sua competência
cargo ou função de confiança à autoridade hierar- alegando omissão do Código de Conduta da Alta Ad-
quicamente superior ou devolução ao órgão de ori- ministração Federal, do Código de Ética Profissional
gem, conforme o caso; do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal
II. encaminhamento, conforme o caso, para a Con- ou do Código de Ética do órgão ou entidade, que, se
troladoria-Geral da União ou unidade específica do existente, será suprida pela analogia e invocação aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
Ş
ŝ#-ŝŦ
Sistema de Correição do Poder Executivo Federal
de que trata o Decreto nº 5.480, de 30 de junho publicidade e eficiência.
de 2005, para exame de eventuais transgressões § 1º Havendo dúvida quanto à legalidade, a Comis-
disciplinares; e são de Ética competente deverá ouvir previamente
III. recomendação de abertura de procedimento a área jurídica do órgão ou entidade.
administrativo, se a gravidade da conduta assim o § 2º Cumpre à CEP responder a consultas sobre aspec-
exigir. tos éticos que lhe forem dirigidas pelas demais Comis-
Art. 13. Será mantido com a chancela de “reservado”, sões de Ética e pelos órgãos e entidades que integram
até que esteja concluído, qualquer procedimento ins- o Executivo Federal, bem como pelos cidadãos e servi-
taurado para apuração de prática em desrespeito às dores que venham a ser indicados para ocupar cargo
normas éticas. ou função abrangida pelo Código de Conduta da Alta
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 22. A Comissão de Ética Pública manterá banco ção patrimonial das autoridades a ele submetidas,
de dados de sanções aplicadas pelas Comissões de Éti- será atendido mediante o envio à Comissão de Ética
ca de que tratam os incisos II e III do art. 2º e de suas Pública - CEP de:
próprias sanções, para fins de consulta pelos órgãos ou I. lista dos bens, com identificação dos respectivos
entidades da administração pública federal, em casos valores estimados ou de aquisição, que poderá ser
de nomeação para cargo em comissão ou de alta rele- substituída pela remessa de cópia da última decla-
vância pública. ração de bens apresentada à Secretaria da Receita
Parágrafo único. O banco de dados referido neste arti- Federal do Ministério da Fazenda;
go engloba as sanções aplicadas a qualquer dos agen- II. informação sobre situação patrimonial espe-
tes públicos mencionados no parágrafo único do art. 11 cífica que, a juízo da autoridade, suscite ou possa
deste Decreto. eventualmente suscitar conflito com o interesse
público e, se for o caso, o modo pelo qual pretende
Art. 23. Os representantes das Comissões de Ética de
evitá-lo.
que tratam os incisos II e III do art. 2º atuarão como ele-
Art. 2º As informações prestadas na forma do artigo
mentos de ligação com a CEP, que disporá em Resolução
anterior são de caráter sigiloso e, uma vez conferidas
própria sobre as atividades que deverão desenvolver
por pessoa designada pela CEP, serão encerradas em
para o cumprimento desse mister.
envelope lacrado.
Art. 24. As normas do Código de Conduta da Alta Ad- Art. 3º A autoridade deverá também comunicar à CEP
ministração Federal, do Código de Ética Profissional do as participações de que for titular em sociedades de
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e do economia mista, de instituição financeira ou de empre-
Código de Ética do órgão ou entidade aplicam-se, no sa que negocie com o Poder Público, conforme deter-
que couber, às autoridades e agentes públicos neles mina o art. 6º do Código de Conduta.
referidos, mesmo quando em gozo de licença. Art. 4º O prazo de apresentação de informações será
Art. 25. Ficam revogados os incisos XVII, XIX, XX, XXI, de dez dias, contados:
XXIII e XXV do Código de Ética Profissional do Servi- I. da data de publicação desta Resolução, para as
dor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado autoridades que já se encontram no exercício do
pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, os arts. 2º cargo;
e 3º do Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Co- II. da data da posse, para as autoridades que vie-
missão de Ética Pública, e os Decretos de 30 de agosto rem a ser doravante nomeadas.
de 2000 e de 18 de maio de 2001, que dispõem sobre a Art. 5º As seguintes autoridades estão obrigadas a
Comissão de Ética Pública. prestar informações (art. 2º do Código de Conduta):
Art. 26. Este Decreto entra em vigor na data da sua I. Ministros e Secretários de Estado;
publicação. II. titulares de cargos de natureza especial, secre-
Brasília, 1º de fevereiro de 2007; 186º da Independência e 119º da República tários-executivos, secretários ou autoridades equi-
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA valentes ocupantes de cargo do Grupo-Direção e
Dilma Rousseff Este texto não substitui o publicado no DOU de 2.2.2007 Assessoramento Superiores - DAS, nível seis;
III. presidentes e diretores de agências nacionais, II. o promotor do evento não tenha interesse em
autarquias, inclusive as especiais, fundações man- decisão que possa ser tomada pela autoridade,
tidas pelo Poder Público, empresas públicas e so- seja individualmente, seja de caráter coletivo.
ciedades de economia mista. 4. As atividades externas de interesse pessoal não po-
Art. 6º As informações prestadas serão mantidas em si- derão ser exercidas em prejuízo das atividades normais
gilo, como determina o § 2º do art. 5º do referido Código. inerentes ao cargo.
Art. 7º As informações de que trata esta Resolução 5. A publicidade da remuneração e das despesas de
deverão ser remetidas à CEP, em envelope lacrado, lo- transporte e estada será assegurada mediante registro
calizada no Anexo II do Palácio do Planalto, sala 250 do compromisso na respectiva agenda de trabalho da
- Brasília-DF. autoridade, com explicitação das condições de sua par-
João Geraldo Piquet Carneiro Presidente ticipação, a qual ficará disponível para consulta pelos
interessados.
Resolução nº 02, de 24 de 6. A autoridade não poderá aceitar o pagamento ou
Outubro de 2000 reembolso de despesa de transporte e estada, referen-
tes à sua participação em evento de interesse institu-
Regula a participação de autoridade pública abrangida
cional ou pessoal, por pessoa física ou jurídica com a
pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal em
seminários e outros eventos qual o órgão a que pertença mantenha relação de ne-
gócio, salvo se o pagamento ou reembolso decorrer de
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º,
inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente obrigação contratual previamente assumida perante
resolução interpretativa do parágrafo único do art. 7º do Códi- aquele órgão.
go de Conduta da Alta Administração Federal. João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente da Comissão de Ética Pública
1. A participação de autoridade pública abrangida pelo
Código de Conduta da Alta Administração Federal em Nota Explicativa
atividades externas, tais como seminários, congressos,
Participação de autoridades submetidas ao Código de
palestras e eventos semelhantes, no Brasil ou no exte-
Conduta da Alta Administração Federal em seminários, con-
rior, pode ser de interesse institucional ou pessoal.
gressos e eventos semelhantes
2. Quando se tratar de participação em evento de inte-
resse institucional, as despesas de transporte e estada, O Código de Conduta da Alta Administração Federal esta-
bem como as taxas de inscrição, se devidas, correrão beleceu os limites que devem ser observados para a participa-
por conta do órgão a que pertença a autoridade, ob- ção de autoridades a ele submetidas em seminários, congres-
Ş
ŝ#-ŝŦ
servado o seguinte: sos e eventos semelhantes (art. 7º, parágrafo único).
I. excepcionalmente, as despesas de transporte e A experiência anterior ao Código de Conduta revela um
estada, bem como as taxas de inscrição, poderão ser tratamento não uniforme nas condições relativas à partici-
custeadas pelo patrocinador do evento, se este for: pação das autoridades da alta administração federal nesses
a) organismo internacional do qual o Brasil faça eventos. Com efeito, diante das conhecidas restrições de na-
parte; tureza orçamentária e financeira, passou-se a admitir que as
b) governo estrangeiro e suas instituições; despesas de viagem e estada da autoridade fossem custeadas
c) instituição acadêmica, científica e cultural; pelo promotor do seminário ou congresso.
d) empresa, entidade ou associação de classe Tal prática, porém, não se coaduna com a necessidade de
que não esteja sob a jurisdição regulatória do ór- prevenir situações que possam comprometer a imagem do
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
gão a que pertença a autoridade, nem que possa governo ou, até mesmo, colocar a autoridade em situação
ser beneficiária de decisão da qual participe a re- de constrangimento. É o que ocorre, por exemplo, quando
o patrocinador tem interesse em decisão específica daquela
ferida autoridade, seja individualmente, seja em
autoridade.
caráter coletivo.
Após o advento do Código de Conduta, diversas consultas
II. a autoridade poderá aceitar descontos de trans-
sobre o tema chegaram à Comissão de Ética Pública, o que de-
porte, hospedagem e refeição, bem como de taxas monstrou a inequívoca necessidade de tornar mais clara e de-
de inscrição, desde que não se refira a benefício talhada a aplicação da norma constante do Código de Conduta.
pessoal.
A presente Resolução, de caráter interpretativo, visa justa-
3. Quando se tratar de evento de interesse pessoal da mente afastar dúvidas sobre a maneira pela qual a autoridade
autoridade, as despesas de remuneração, transporte pública poderá participar de determinados eventos externos,
e estada poderão ser custeadas pelo patrocinador, dentro dos limites éticos constantes do Código de Conduta. Os
desde que: dois princípios básicos que orientam a resolução ora adotada
I. a autoridade torne públicas as condições aplicá- são a transparência, assegurada pela publicidade, e a inexis-
veis à sua participação, inclusive o valor da remu- tência de interesse do patrocinador dos referidos eventos em 179
neração, se for o caso; decisão da autoridade pública convidada.
A Resolução, para fins práticos, distinguiu a participação Presentes
180 da autoridade em dois tipos: a de interesse institucional e a
de interesse pessoal. Entende-se por participação de interesse 1. A proibição de que trata o Código de Conduta se re-
institucional aquela que resulte de necessidade e conveniência fere ao recebimento de presentes de qualquer valor,
identificada do órgão ao qual pertença a autoridade e que pos- em razão do cargo que ocupa a autoridade, quando o
sa concorrer para o cumprimento de suas atribuições legais. ofertante for pessoa, empresa ou entidade que:
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Quando a participação for de interesse pessoal, a cobertu- I. esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a
ra de custos pelos promotores do evento somente será admis- que pertença a autoridade;
sível se: 1) a autoridade tornar pública as condições aplicáveis II. tenha interesse pessoal, profissional ou empre-
à sua participação; 2) o promotor do evento não tiver interes- sarial em decisão que possa ser tomada pela auto-
se em decisão da esfera de competência da autoridade; 3) a ridade, individualmente ou de caráter coletivo, em
participação não resultar em prejuízo das atividades normais razão do cargo;
inerentes ao seu cargo. III. mantenha relação comercial com o órgão a que
Em se tratando de participação de autoridade em evento pertença a autoridade; ou
de interesse institucional, não é permitida a cobertura das des- IV. represente interesse de terceiros, como procu-
pesas de transporte e estada pelo promotor do evento, exceto rador ou preposto, de pessoas, empresas ou enti-
quando este for: 1) organismo internacional do qual o Brasil dades compreendidas nos incisos I, II e III.
faça parte; 2) governo estrangeiro e suas instituições; 3) insti-
tuição acadêmica, científica ou cultural; 4) empresa, entidade 2. É permitida a aceitação de presentes:
ou associação de classe que não tenha interesse em decisão da I. em razão de laços de parentesco ou amizade,
Ş
ŝ#-ŝŦ
autoridade. Da mesma forma, as despesas poderão ser cober- desde que o seu custo seja arcado pelo próprio
tas pelo promotor do evento quando decorrente de obrigação ofertante, e não por pessoa, empresa ou entidade
contratual de empresa perante a instituição da autoridade. que se enquadre em qualquer das hipóteses pre-
Não será permitida, tampouco, a aceitação do pagamento vistas no item anterior;
ou reembolso de despesa de transporte e estada por empre- II. quando ofertados por autoridades estrangeiras,
sa com a qual o órgão a que pertença a autoridade mantenha nos casos protocolares em que houver reciprocida-
relação de negócio. É o caso, por exemplo, de empresa que de ou em razão do exercício de funções diplomá-
forneça bens ou serviços ao referido órgão, a menos que tal ticas.
pagamento ou reembolso decorra de obrigação contratual por 3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata
ela assumida. de presente cuja aceitação é vedada, a autoridade de-
A publicidade relativa à participação das autoridades em verá adotar uma das seguintes providências, em razão
eventos externos será assegurada mediante registro na agen- da natureza do bem:
da de trabalho da autoridade das condições de sua participa- I. tratando-se de bem de valor histórico, cultural ou
ção, inclusive remuneração, se for o caso. A agenda de traba- artístico, destiná-lo ao acervo do Instituto do Pa-
lho ficará disponível para consulta por qualquer interessado. O trimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN para
acesso público à agenda deve ser facilitado.
que este lhe dê o destino legal adequado;
Em síntese, por meio desta resolução interpretativa, a Co-
II. promover a sua doação à entidade de caráter as-
missão procurou fixar os balizamentos mínimos a serem ob-
sistencial ou filantrópico reconhecida como de uti-
servados pelas autoridades abrangidas pelo Código de Con-
duta, sem prejuízo de que cada órgão detalhe suas próprias lidade pública, desde que, tratando-se de bem não
normas internas sobre a participação de seus servidores em perecível, esta se comprometa a aplicar o bem ou o
eventos externos produto da sua alienação em suas atividades fim; ou
III. determinar a incorporação ao patrimônio da en-
Resolução nº 03, de 23 de tidade ou do órgão público onde exerce a função.
Novembro de 2000 4. Não caracteriza presente, para os fins desta Reso-
lução:
Regras sobre o tratamento de presentes e brindes aplicáveis às autorida-
des públicas abrangidas pelo Código de Conduta da Alta Administração I. prêmio em dinheiro ou bens concedido à auto-
Federal ridade por entidade acadêmica, científica ou cul-
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, tural, em reconhecimento por sua contribuição de
inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e considerando que: caráter intelectual;
▷ De acordo com o art. 9º do Código de Conduta da Alta II. prêmio concedido em razão de concurso de acesso
Administração Federal, é vedada a aceitação de pre- público a trabalho de natureza acadêmica, científica,
sentes por autoridades públicas a ele submetidas; tecnológica ou cultural;
▷ A aplicação da mencionada norma e de suas exce- III. bolsa de estudos vinculada ao aperfeiçoamento
ções requer orientação de caráter prático às referi- profissional ou técnico da autoridade, desde que o
das autoridades. patrocinador não tenha interesse em decisão que
ї Resolve adotar a presente Resolução de caráter interpre- possa ser tomada pela autoridade, em razão do
tativo: cargo que ocupa.
Brindes namentais, posto que todos saberão, desde logo, o que podem e
não podem dar como presente ou brinde a autoridades públicas.
5. É permitida a aceitação de brindes, como tal enten-
A Resolução está dividida em três partes principais: na
didos aqueles:
primeira (itens 1 a 4) cuida-se de presentes, das situações em
I. que não tenham valor comercial ou sejam distri- que estes podem ser recebidos e da sua devolução, quando
buídos por entidade de qualquer natureza a título for o caso; na segunda (itens 5 a 7) trata-se de brindes e sua
de cortesia, propaganda, divulgação habitual ou caracterização; e na terceira (itens 8 a 10), regula-se a divul-
por ocasião de eventos ou datas comemorativas de gação das normas da resolução e a solução de dúvidas na sua
caráter histórico ou cultural, desde que não ultra- implementação.
passem o valor unitário de R$ 100,00 (cem reais); A regra geral é que as autoridades abrangidas pelo Código
II. cuja periodicidade de distribuição não seja infe- de Conduta estão proibidas de receber presentes, de qualquer
rior a 12 (doze) meses; e valor, em razão do seu cargo (item 1). A vedação se configura
III. que sejam de caráter geral e, portanto, não se quando o ofertante do presente seja pessoa, empresa ou enti-
destinem a agraciar exclusivamente uma determi- dade que se encontre numa das seguintes situações:
nada autoridade. ▷ Esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a que
6. Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem pertença a autoridade;
reais), será ele tratado como presente, aplicando-se- ▷ Tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial
lhe a norma prevista no item 3 acima. em decisão que possa ser tomada pela autoridade,
7. Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial de em razão do cargo, seja individualmente, seja de for-
ma coletiva;
até R$ 100,00 (cem reais), a autoridade determinará
sua avaliação junto ao comércio, podendo ainda, se jul- ▷ Mantenha relação comercial de qualquer natureza
gar conveniente, dar-lhe desde logo o tratamento de com o órgão a que pertence a autoridade (fornece-
dores de bens e serviços, por exemplo);
presente.
▷ Represente interesse de terceiros, na qualidade de
Divulgação e Solução de Dúvidas procurador ou preposto, de pessoas, empresas ou
8. A autoridade deverá transmitir a seus subordinados entidades conforme especificados anteriormente.
as normas constantes desta Resolução, de modo a que O recebimento de presente só é permitido em duas hipó-
tenham ampla divulgação no ambiente de trabalho. teses: a) quando o ofertante for autoridade estrangeira, nos
casos protocolares, ou em razão do exercício de funções di-
9. A incorporação de presentes ao patrimônio histórico
plomáticas (item 2, inciso II); b) por motivo de parentesco ou
cultural e artístico, assim como a sua doação à entida- amizade (item 2, inciso I), desde que o respectivo custo seja
de de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida coberto pelo próprio parente ou amigo, e não por pessoa física
Ş
ŝ#-ŝŦ
como de utilidade pública, deverá constar da respec- ou entidade que tenha interesse em decisão da autoridade.
tiva agenda de trabalho ou de registro específico da
Quando não for recomendável ou viável a devolução do
autoridade, para fins de eventual controle. presente, como, por exemplo, quando a autoridade tenha
10. Dúvidas específicas a respeito da implementação que incorrer em custos pessoais para fazê-lo, o bem deverá
das normas sobre presentes e brindes poderão ser ser doado à entidade de caráter assistencial ou filantrópico
submetidas à Comissão de Ética Pública, conforme o reconhecida como de utilidade pública que se comprometa a
previsto no art. 19 do Código de Conduta. utilizá-lo ou transformá-lo em receita a ser aplicada exclusi-
Brasília, 23 de novembro de 2000 vamente em suas atividades fim. Se se tratar de bem de valor
João Geraldo Piquet Carneiro histórico ou cultural, será ele transferido para o Instituto do
Presidente da Comissão de Ética Pública Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que lhe dará a desti-
Publicado no Diário Oficial de 01 de dezembro de 2000 nação legal mais adequada (item 3, incisos I e II).
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
citem dúvidas quanto à correta conduta de autoridade, pois, § 2º As despesas com viagens e estada dos membros
afinal, as normas são sempre elaboradas para que tenham apli- da CEP serão custeadas pela Presidência da República,
cação geral e nem sempre alcançam todos os casos particula- quando relacionadas com suas atividades.
res. Assim, é muito importante que, também nessa matéria, os
Capítulo III
abrangidos utilizem, sempre que necessário, o canal de consulta
oferecido pela própria Comissão de Ética. • Do Funcionamento
Finalmente, deve-se salientar que as normas da Resolução Art. 4º Os membros da CEP escolherão o seu presidente,
se aplicam tão somente às autoridades enumeradas no art. 2º que terá mandato de um ano, permitida a recondução.
do Código de Conduta. Caberá a cada órgão ou entidade da Art. 5º As deliberações da CEP serão tomadas por voto
administração pública regular a matéria em relação a seus de- da maioria de seus membros, cabendo ao presidente o
mais servidores e empregados. voto de qualidade.
Art. 6º A CEP terá um Secretário-Executivo, vinculado
Resolução nº 04, de 07 à Casa Civil da Presidência da República, que lhe pres-
de Junho de 2001 tará apoio técnico e administrativo.
Aprova o Regimento Interno da Comissão de Ética Pública: § 1º O Secretário-Executivo submeterá anualmente à CEP
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. plano de trabalho que contemple suas principais ativida-
2º, inciso VII, do Decreto de 26 de maio de 1999 des e proponha metas, indicadores e dimensione os recur-
sos necessários.
Resolve § 2º Nas reuniões ordinárias da CEP, o Secretário-Exe-
Art. 1º Fica aprovado na forma desta Resolução o Regi- cutivo prestará informações sobre o estágio de execu-
mento Interno da Comissão de Ética Pública. ção das atividades contempladas no plano de trabalho
e seus resultados, ainda que parciais.
Capítulo I
Art. 7º As reuniões da CEP ocorrerão, em caráter ordiná-
• Da Competência rio, mensalmente, e, extraordinariamente, sempre que
Art. 2º Compete à Comissão de Ética Pública (CEP): necessário, por iniciativa de qualquer de seus membros.
I. assegurar a observância do Código de Conduta § 1º A pauta das reuniões da CEP será composta a partir
da Alta Administração Federal, aprovado pelo Pre- de sugestões de qualquer de seus membros ou por ini-
sidente da República em 21 de agosto de 2000, ciativa do Secretário-Executivo, admitindo-se no início
pelas autoridades públicas federais por ele abran- de cada reunião a inclusão de novos assuntos na pauta.
gidas; § 2º Assuntos específicos e urgentes poderão ser ob-
II. submeter ao Presidente da República sugestões jeto de deliberação mediante comunicação entre os
de aprimoramento do Código de Conduta e resolu- membros da CEP.
ções de caráter interpretativo de suas normas;
Capítulo IV
III. dar subsídios ao Presidente da República e aos
Ministros de Estado na tomada de decisão concer- • Das Atribuições
nente a atos de autoridade que possam implicar Art. 8º Ao Presidente da CEP compete:
descumprimento das normas do Código de Conduta; I. convocar e presidir as reuniões;
II. orientar os trabalhos da Comissão, ordenar os Capítulo V
debates, iniciar e concluir as deliberações;
• Das Deliberações
III. orientar e supervisionar os trabalhos da Secre-
taria-Executiva; Art. 11. As deliberações da CEP relativas ao Código de
Conduta compreenderão:
IV. tomar os votos e proclamar os resultados;
V. autorizar a presença nas reuniões de pessoas I. homologação das informações prestadas em
que, por si ou por entidades que representem, pos- cumprimento às obrigações nele previstas;
sam contribuir para os trabalhos da CEP; II. adoção de orientações complementares:
VI. proferir voto de qualidade; a) mediante resposta a consultas formuladas por
VII. determinar o registro de seus atos enquanto autoridade a ele submetidas;
membro da Comissão, inclusive reuniões com au- b) de ofício, em caráter geral ou particular, mediante
toridades submetidas ao Código de Conduta; comunicação às autoridades abrangidas, por meio
VIII. determinar ao Secretário-Executivo, ouvida de resolução, ou, ainda, pela divulgação periódica de
a CEP, a instauração de processos de apuração de relação de perguntas e respostas aprovada pela CEP;
prática de ato em desrespeito ao preceituado no III. elaboração de sugestões ao Presidente da Re-
Código de Conduta da Alta Administração Federal, pública de atos normativos complementares ao
a execução de diligências e a expedição de comu- Código de Conduta, além de propostas para sua
nicados à autoridade pública para que se manifeste eventual alteração;
na forma prevista no art. 12 deste Regimento; e
IV. instauração de procedimento para apuração de
IX. decidir os casos de urgência, ad referendum ato que possa configurar descumprimento ao Có-
da CEP.
digo de Conduta; e
Art. 9º Aos membros da CEP compete:
V. adoção de uma das seguintes providências em
I. examinar as matérias que lhes forem submetidas, caso de infração:
emitindo pareceres;
a) advertência, quando se tratar de autoridade no
II. pedir vista de matéria em deliberação pela CEP;
exercício do cargo;
III. solicitar informações a respeito de matérias sob
b) censura ética, na hipótese de autoridade que já
exame da Comissão; e
tiver deixado o cargo; e
IV. representar a CEP em atos públicos, por delega-
ção de seu Presidente. c) encaminhamento de sugestão de exoneração à
Ş
ŝ#-ŝŦ
autoridade hierarquicamente superior, quando se
Art. 10. Ao Secretário-Executivo compete:
tratar de infração grave ou de reincidência.
I. organizar a agenda das reuniões e assegurar o
apoio logístico à CEP; Capítulo VI
II. secretariar as reuniões; • Das Normas de Procedimento
III. proceder ao registro das reuniões e à elabora- Art. 12. O procedimento de apuração de infração ao
ção de suas atas; Código de Conduta será instaurado pela CEP, de ofício
IV. dar apoio à CEP e aos seus integrantes no cum- ou em razão de denúncia fundamentada, desde que
primento das atividades que lhes sejam próprias; haja indícios suficientes, observado o seguinte:
V. instruir as matérias submetidas à deliberação; I. a autoridade será oficiada para manifestar-se por
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
rações prestadas nos termos do art. 4º do Código de de Ética Pública, no prazo de dez dias da data de no-
Conduta. meação, Declaração Confidencial de Informações - DCI,
conforme modelo anexo.
Art. 14. Eventuais conflitos de interesse, efetivos ou Art. 2º Estão obrigados à apresentação da DCI minis-
potenciais, que possam surgir em função do exercício tros, secretários de estado, titulares de cargos de na-
das atividades profissionais de membro da Comissão, tureza especial, secretários executivos, secretários ou
deverão ser informados aos demais membros. autoridade equivalentes ocupantes de cargos do Gru-
Parágrafo único. O membro da CEP que, em razão de po-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível
sua atividade profissional, tiver relacionamento espe- seis, presidentes e diretores de agências nacionais,
cífico em matéria que envolva autoridade submetida autarquias, inclusive as especiais, fundações mantidas
ao Código de Conduta da Alta Administração, deverá pelo Poder Público, empresas públicas e sociedades de
abster-se de participar de deliberação que, de qual- economia mista.
quer modo, a afete. Art. 3º A autoridade pública comunicará à CEP, no mesmo
prazo, quaisquer alterações relevantes nas informações
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 15. As matérias examinadas nas reuniões da CEP prestadas, podendo, para esse fim, apresentar nova DCI.
são consideradas de caráter sigiloso até sua deliberação
Art. 4º Dúvidas específicas relativas ao preenchimento
final, quando a Comissão deverá decidir sua forma de
da DCI, assim como sobre situação patrimonial que,
encaminhamento.
real ou potencialmente, possa suscitar conflito com o
Art. 16. Os membros da CEP não poderão se manifestar interesse público, serão submetidas à CEP e esclareci-
publicamente sobre situação específica que possa vir a das por sua Secretaria Executiva.
ser objeto de deliberação formal do Colegiado. João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente da Comissão
Art. 17. Os membros da CEP deverão justificar eventual Publicado no Diário Oficial de 08 de junho de 2001
impossibilidade de comparecer às reuniões.
Capítulo VIII Resolução nº 06, de 25
• Das Disposições Gerais de Julho de 2001
Art. 18. O Presidente da CEP, em suas ausências, será Dá nova redação ao item III da Resolução nº 3, de 23 de
substituído pelo membro mais antigo da Comissão. novembro de 2000.
Art. 19. Caberá à CEP dirimir qualquer dúvida relacionada A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribui-
a este Regimento Interno, bem como promover as modifi- ções, e tendo em vista o disposto no art. 2º, inciso V, do Decre-
cações que julgar necessárias. to de 26 de maio de 1999, que a instituiu, adotou a seguinte:
Parágrafo único. Os casos omissos serão resolvidos
pelo colegiado.
Resolução
Art. 20. Esta Resolução entra em vigor na data de sua Art. 1º O item 3 da Resolução nº 3, de 23 de novembro
publicação. de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação: “3.
João Geraldo Piquet Carneiro Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de
Presidente da Comissão presente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 8.6.2001 adotar uma das seguintes providências:
II. promover a sua doação à entidade de caráter
Resolução nº 05, de 07 assistencial ou filantrópico reconhecida como
de utilidade pública, desde que, tratando-se de
de Junho de 2001 bem não perecível, se comprometa a aplicar o
Aprova o modelo de Declaração Confidencial de Informa- bem ou o produto da sua alienação em suas ati-
ções a ser apresentada por autoridade submetida ao Código vidades fim; ou
de Conduta da Alta Administração Federal, e dispõe sobre a III. determinar a incorporação ao patrimônio da en-
atualização de informações patrimoniais para os fins do art. 4º tidade ou do órgão público onde exerce a função.”
do Código de Conduta da Alta Administração Federal. Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. publicação.
2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e nos termos do João Geraldo Piquet Carneiro
art. 4º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, Presidente da Comissão
Resolução nº 07, de 14 de autoridade deverá abster-se de participar daquela ati-
vidade ou requerer seu afastamento do cargo.
Fevereiro de 2002 Art. 8º Em caso de dúvida, a autoridade poderá consul-
Regula a participação de autoridade pública submetida ao tar a Comissão de Ética Pública.
Código de Conduta da Alta Administração Federal em ativida- Brasília, 14 de fevereiro de 2002
des de natureza político-eleitoral. João Geraldo Piquet Carneiro
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, Presidente da Comissão de Ética Pública
inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente
resolução interpretativa do Código de Conduta da Alta Admi- Comissão de Ética Pública
nistração Federal, no que se refere à participação de autorida- O Presidente da República aprovou recomendação no sen-
des públicas em eventos político-eleitorais. tido de que se regule a participação de autoridades submeti-
Art. 1º A autoridade pública vinculada ao Código de das ao Código de Conduta da Alta Administração Federal em
Conduta da Alta Administração Federal (CCAAF) po- atividades de natureza político-eleitoral.
derá participar, na condição de cidadão-eleitor, de A Resolução CEP Nº 7, publicada no Diário Ofícial da
eventos de natureza político-eleitoral, tais como con- União de 25.2.2002, é interpretativa das normas do Código
venções e reuniões de partidos políticos, comícios e de Conduta da Alta Administração Federal e tem duplo ob-
manifestações públicas autorizadas em lei. jetivo. Primeiro, reconhecer o direito de qualquer autoridade,
Art. 2º A atividade político-eleitoral da autoridade não na condição de cidadão-eleitor, de participar em atividades e
poderá resultar em prejuízo do exercício da função pú- eventos políticos e eleitorais; segundo, mediante explicitação
blica, nem implicar o uso de recursos, bens públicos de de normas de conduta, permitir que as autoridades exerçam
qualquer espécie ou de servidores a ela subordinados. esse direito a salvo de críticas, desde que as cumpram ade-
quadamente.
Art. 3º A autoridade deverá abster-se de:
Para facilitar a compreensão do cumprimento das referi-
I. se valer de viagens de trabalho para participar de
das normas, são prestados os esclarecimentos que seguem.
eventos político-eleitorais;
Art. 1º O dispositivo enfatiza o direito da autoridade de
II. expor publicamente divergências com outra
participar de eventos eleitorais, tais como convenções
autoridade administrativa federal ou criticar-lhe a
partidárias, reuniões políticas e outras manifestações
honorabilidade e o desempenho funcional (artigos
públicas que não contrariem a lei. O importante é que
11 e 12, inciso I, do CCAAF);
essa participação se enquadre nos princípios éticos
III. exercer, formal ou informalmente, função de inerentes ao cargo ou função da autoridade.
administrador de campanha eleitoral.
Art. 2º A norma reproduz dispositivo legal existente, apli-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 4º Nos eventos político-eleitorais de que partici- cando-o de maneira específica à atividade político-eleito-
par, a autoridade não poderá fazer promessa, ainda ral. Assim, a autoridade pública, que pretenda ou não can-
que de forma implícita, cujo cumprimento dependa do
didatar a cargo eletivo, não poderá exercer tal atividade
cargo público que esteja exercendo, tais como realiza-
em prejuízo da função pública, como, por exemplo, duran-
ção de obras, liberação de recursos e nomeação para
te o honorário normal de expediente ou em detrimento de
cargos ou empregos.
qualquer de suas obrigações funcionais.
Art. 5º A autoridade, a partir do momento em que ma- Da mesma forma, não poderá utilizar bens e serviços públicos
nifestar de forma pública a intenção de candidatar-se de qualquer espécie, assim como servidores a ela subordinados.
a cargo eletivo, não poderá praticar ato de gestão do É o caso do uso de veículos, recursos de informática, serviços de
qual resulte privilégio para pessoa física ou entidade, reprodução ou de publicação de documentos, material de escritó-
pública ou privada, situada em sua base eleitoral ou de rio, entre outros. Especial atenção deve ser dada à vedação ao uso
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
trar respeito à sociedade e ao eleitor. ções do cargo ou função pública sobre quaisquer
Art. 5º A lei já determina que a autoridade que preten- outras atividades;
da se candidatar a cargo eletivo peça exoneração até seis c) implique a prestação de serviços à pessoa fí-
meses antes da respectiva eleição. Porém, se ela antes dis- sica ou jurídica ou a manutenção de vínculo de
so manifestar publicamente sua pretensão eleitoral, não negócio com pessoa física ou jurídica que tenha
poderá mais praticar ato de gestão que resulte em algum interesse em decisão individual ou coletiva da
tipo de privilégio para qualquer pessoa ou entidade que autoridade;
esteja em sua base eleitoral. É importante enfatizar que se d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de
trata apenas de ato que gere privilégio, e não atos normais informação à qual a autoridade tenha acesso em
de gestão. razão do cargo e não seja de conhecimento pú-
Art. 6º Durante o período pré-eleitoral, a autoridade blico;
deve tomar cautelas específicas para que seus conta- e) possa transmitir à opinião pública dúvida a
tos funcionais com terceiros não se confundam com respeito da integridade, moralidade, clareza de
suas atividades político--eleitorais. A forma adequada posições e decoro da autoridade.
é fazer-se acompanhar de outro servidor em audiências, 2. A ocorrência de conflito de interesses independe do
o qual fará o registro dos participantes e dos assuntos recebimento de qualquer ganho ou retribuição pela
autoridade.
tratados na agenda de trabalho da autoridade.
3. A autoridade poderá prevenir a ocorrência de con-
O mesmo procedimento de registro em agenda deve ser
flito de interesses ao adotar, conforme o caso, uma ou
adotado com relação aos compromissos político-eleitorais da
mais das seguintes providências:
autoridade. E, ambos os casos os registros são de acesso públi-
co, sendo recomendável também que a agenda seja divulgada a) abrir mão da atividade ou licenciar-se do car-
pela internet. go, enquanto perdurar a situação passível de sus-
citar conflito de interesses;
Art. 7º Se por qualquer motivo se verificar a possibili-
b) alienar bens e direitos que integram o seu pa-
dade de conflito de interesse entre a atividade político-
trimônio e cuja manutenção possa suscitar confli-
-eleitoral e a função pública, a autoridade deverá esco-
to de interesses;
lher entre abster-se de participar daquela atividade ou
c) transferir a administração dos bens e direitos
requerer o seu afastamento do cargo.
que possam suscitar conflito de interesses à insti-
Art. 8º A Comissão de Ética Pública esclarecerá as dú- tuição financeira ou à administradora de carteira
vidas que eventualmente surjam na efetiva aplicação de valores mobiliários autorizada a funcionar pelo
das normas. Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobi-
João Geral Piquet Carneiro - Presidente liários, conforme o caso, mediante instrumento
Adhemar Palladini Ghisi contratual que contenha cláusula que vede a par-
Celina Vargas do Amaral Peixoto ticipação da autoridade em qualquer decisão de
João Camilo Pena investimento assim como o seu prévio conheci-
Lourdes Sola mento de decisões da instituição administradora
Miguel Reale Júnior quanto à gestão dos bens e direitos;
d) na hipótese de conflito de interesses específico Resolução nº 10, de 29 de
e transitório, comunicar sua ocorrência ao supe-
rior hierárquico ou aos demais membros de órgão Setembro de 2008
colegiado de que faça parte a autoridade, em se
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribui-
tratando de decisão coletiva, abstendo-se de vo-
ções conferidas pelo art. 1º do Decreto de 26 de maio de 1999 e
tar ou participar da discussão do assunto;
pelos arts. 1º, inciso III, e 4º, inciso IV, do Decreto nº 6.029, de 1º
e) divulgar publicamente sua agenda de compro- de fevereiro de 2007, nos termos do Decreto nº 1.171, de 22 de
missos, com identificação das atividades que não junho de 1994, Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002 e
sejam decorrência do cargo ou função pública. tendo em vista a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999,
4. A Comissão de Ética Pública deverá ser informada
pela autoridade e opinará, em cada caso concreto, Resolve
sobre a suficiência da medida adotada para prevenir Art. 1º Ficam aprovadas, na forma desta Resolução, as
situação que possa suscitar conflito de interesses. normas de funcionamento e de rito processual, deli-
5. A participação de autoridade em conselhos de admi- mitando competências, atribuições, procedimentos e
nistração e fiscal de empresa privada, da qual a União outras providências no âmbito das Comissões de Éti-
seja acionista, somente será permitida quando resultar ca instituídas pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho de
de indicação institucional da autoridade pública com- 1994, com as alterações estabelecidas pelo Decreto nº
petente. Nestes casos, é-lhe vedado participar de deli- 6.029, de 1º de fevereiro de 2007.
beração que possa suscitar conflito de interesses com Capítulo I
o Poder Público.
• Das Competências e Atribuições
6. No trabalho voluntário em organizações do terceiro se-
Art. 2º Compete às Comissões de Ética:
tor, sem finalidade de lucro, também deverá ser observa-
I. atuar como instância consultiva do dirigente má-
do o disposto nesta Resolução.
ximo e dos respectivos servidores de órgão ou de
7. As consultas dirigidas à Comissão de Ética Pública entidade federal;
deverão estar acompanhadas dos elementos pertinen- II. aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor
tes à legalidade da situação exposta. Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado
Brasília, 25 de setembro de 2003 pelo Decreto nº 1.171, de 1994, devendo:
João Geraldo Piquet Carneiro
a) submeter à Comissão de Ética Pública - CEP
Presidente propostas de aperfeiçoamento do Código de Éti-
ca Profissional;
Resolução nº 09, de 20
Ş
ŝ#-ŝŦ
b) apurar, de ofício ou mediante denúncia, fato
de Maio de 2005 ou conduta em desacordo com as normas éticas
pertinentes;
O PRESIDENTE DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso
de suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 2º, in- c) recomendar, acompanhar e avaliar o desenvol-
ciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Comissão vimento de ações objetivando a disseminação, ca-
de Ética Pública, e nos termos do art. 4º do Código de Conduta pacitação e treinamento sobre as normas de ética
da Alta Administração Federal. e disciplina;
III. representar o órgão ou a entidade na Rede de
Resolve Ética do Poder Executivo Federal a que se refere o
Art. 1º Fica aprovado o modelo anexo da Declaração art. 9º do Decreto nº 6.029, de 2007;
IV. supervisionar a observância do Código de Con-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
rios à instrução de expedientes a agentes públicos tivo ou emprego do seu quadro permanente, designa-
e a órgãos e entidades de outros entes da federa- dos por ato do dirigente máximo do correspondente
ção ou de outros Poderes da República; órgão ou entidade.
XIII. realizar diligências e solicitar pareceres de es- § 1º Não havendo servidores públicos no órgão ou na
pecialistas; entidade em número suficiente para instituir a Comis-
XIV. esclarecer e julgar comportamentos com indí- são de Ética, poderão ser escolhidos servidores públi-
cios de desvios éticos; cos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do quadro
XV. aplicar a penalidade de censura ética ao servi- permanente da Administração Pública.
dor e encaminhar cópia do ato à unidade de gestão § 2º A atuação na Comissão de Ética é considerada
de pessoas, podendo também: prestação de relevante serviço público e não enseja
a) sugerir ao dirigente máximo a exoneração de qualquer remuneração, devendo ser registrada nos as-
ocupante de cargo ou função de confiança; sentamentos funcionais do servidor.
b) sugerir ao dirigente máximo o retorno do ser-
Ş
ŝ#-ŝŦ
vidor ao órgão ou entidade de origem; § 3º O dirigente máximo de órgão ou entidade não po-
derá ser membro da Comissão de Ética.
c) sugerir ao dirigente máximo a remessa de
expediente ao setor competente para exame de § 4º O Presidente da Comissão será substituído pelo
eventuais transgressões de naturezas diversas; membro mais antigo, em caso de impedimento ou va-
d) adotar outras medidas para evitar ou sanar cância.
desvios éticos, lavrando, se for o caso, o Acordo § 5º No caso de vacância, o cargo de Presidente da Co-
de Conduta Pessoal e Profissional - ACPP; missão será preenchido mediante nova escolha efetua-
XVI. arquivar os processos ou remetê-los ao órgão da pelos seus membros.
competente quando, respectivamente, não seja
comprovado o desvio ético ou configurada infra- § 6º Na ausência de membro titular, o respectivo su-
ção cuja apuração seja da competência de órgão plente deve imediatamente assumir suas atribuições.
distinto; § 7º Cessará a investidura de membros das Comissões
XVII. notificar as partes sobre suas decisões; de Ética com a extinção do mandato, a renúncia ou por
XVIII. submeter ao dirigente máximo do órgão ou desvio disciplinar ou ético reconhecido pela Comissão de
entidade sugestões de aprimoramento ao código Ética Pública.
de conduta ética da instituição;
Art. 4º A Comissão de Ética contará com uma Secreta-
XIX. dirimir dúvidas a respeito da interpretação das ria-Executiva, que terá como finalidade contribuir para
normas de conduta ética e deliberar sobre os casos
a elaboração e o cumprimento do plano de trabalho
omissos, observando as normas e orientações da CEP;
da gestão da ética e prover apoio técnico e material
XX. elaborar e propor alterações ao código de ética
necessário ao cumprimento das atribuições.
ou de conduta próprio e ao regimento interno da
respectiva Comissão de Ética; § 1º O encargo de secretário-executivo recairá em de-
XXI. dar ampla divulgação ao regramento ético; tentor de cargo efetivo ou emprego permanente na
XXII. dar publicidade de seus atos, observada a administração pública, indicado pelos membros da Co-
restrição do art. 14 desta Resolução; missão de Ética e designado pelo dirigente máximo do
XXIII. requisitar agente público para prestar servi- órgão ou da entidade.
ços transitórios técnicos ou administrativos à Co- § 2º Fica vedado ao Secretário-Executivo ser membro
missão de Ética, mediante prévia autorização do da Comissão de Ética.
dirigente máximo do órgão ou entidade;
§ 3º A Comissão de Ética poderá designar representan-
XXIV. elaborar e executar o plano de trabalho de
tes locais que auxiliarão nos trabalhos de educação e
gestão da ética; e
de comunicação.
XXV. indicar por meio de ato interno, representan-
tes locais da Comissão de Ética, que serão designa- § 4º Outros servidores do órgão ou da entidade po-
dos pelos dirigentes máximos dos órgãos ou enti- derão ser requisitados, em caráter transitório, para
dades, para contribuir nos trabalhos de educação e realização de atividades administrativas junto à Secre-
de comunicação. taria-Executiva.
Capítulo III VIII. coordenar o desenvolvimento de ações obje-
tivando a disseminação, capacitação e treinamento
• Do Funcionamento
sobre ética no órgão ou entidade; e
Art. 5º As deliberações da Comissão de Ética serão to-
IX. executar outras atividades determinadas pela
madas por votos da maioria de seus membros.
Comissão de Ética.
Art. 6º As Comissões de Ética se reunirão ordinaria-
§ 1º Compete aos demais integrantes da Secretaria-
mente pelo menos uma vez por mês e, em caráter
-Executiva fornecer o suporte administrativo necessá-
extraordinário por iniciativa do Presidente, dos seus
rio ao desenvolvimento ou exercício de suas funções.
membros ou do Secretário-Executivo.
§ 2º Aos representantes locais compete contribuir com
Art. 7º A pauta das reuniões da Comissão de Ética será
as atividades de educação e de comunicação.
composta a partir de sugestões do presidente, dos
membros ou do Secretário--Executivo, sendo admitida Capítulo V
a inclusão de novos assuntos no início da reunião. • Dos Mandatos
Capítulo IV Art. 11. Os membros da Comissão de Ética cumprirão
mandatos, não coincidentes, de três anos, permitida
• Das Atribuições
uma única recondução.
Art. 8º Compete ao presidente da Comissão de Ética:
§ 1º Os mandatos dos primeiros membros e dos respec-
I. convocar e presidir as reuniões; tivos suplentes serão de um, dois e três anos, estabeleci-
II. determinar a instauração de processos para a dos em portaria designatória.
apuração de prática contrária ao código de ética § 2º Poderá ser reconduzido uma única vez ao cargo de
ou de conduta do órgão ou entidade, bem como as membro da Comissão de ética o servidor público que
diligências e convocações; for designado para cumprir o mandato complementar,
III. designar relator para os processos; caso o mesmo tenha se iniciado antes do transcurso da
IV. orientar os trabalhos da Comissão de Ética, or- metade do período estabelecido no mandato originário.
denar os debates e concluir as deliberações; § 3º Na hipótese de o mandato complementar ser exerci-
do após o transcurso da metade do período estabelecido
V. tomar os votos, proferindo voto de qualidade, e
no mandato originário, o membro da Comissão de Ética
proclamar os resultados; e
que o exercer poderá ser conduzido imediatamente ao
VI. delegar competências para tarefas específicas posterior mandato regular de 3 (três) anos, permitindo-
aos demais integrantes da Comissão de Ética. lhe uma única recondução ao mandado regular.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Parágrafo único. O voto de qualidade de que trata o
Capítulo VI
inciso V somente será adotado em caso de desempate.
• Das Normas Gerais do Procedimento
Art. 9º Compete aos membros da Comissão de Ética:
Art. 12. As fases processuais no âmbito das Comissões
I. examinar matérias, emitindo parecer e voto;
de Ética serão as seguintes:
II. pedir vista de matéria em deliberação; I. Procedimento Preliminar, compreendendo:
III. fazer relatórios; e a) juízo de admissibilidade;
IV. solicitar informações a respeito de matérias sob b) instauração;
exame da Comissão de Ética. c) provas documentais e, excepcionalmente, ma-
Art. 10. Compete ao Secretário-Executivo: nifestação do investigado e realização de diligên-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
brica da paginação, juntada de documentos em ordem jurídico, preste serviços de natureza permanente, tem-
cronológica e demais atos de expediente administrativo. porária, excepcional ou eventual, ainda que sem retri-
Art. 14. Até a conclusão final, todos os expedientes de buição financeira, a órgão ou entidade da Administra-
apuração de infração ética terão a chancela de “reserva- ção Pública Federal direta e indireta.
do”, nos termos do Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro Art. 20. O Procedimento Preliminar para apuração de
2002, após, estarão acessíveis aos interessados confor- conduta que, em tese, configure infração ao padrão
me disposto na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. ético será instaurado pela Comissão de Ética, de ofício
Art. 15. Ao denunciado é assegurado o direito de co- ou mediante representação ou denúncia formulada por
nhecer o teor da acusação e ter vista dos autos no re- quaisquer das pessoas mencionadas no caput do art. 19.
cinto da Comissão de Ética, bem como de obter cópias § 1º A instauração, de ofício, de expediente de inves-
de documentos. tigação deve ser fundamentada pelos integrantes da
Parágrafo único. As cópias deverão ser solicitadas for- Comissão de Ética e apoiada em notícia pública de
malmente à Comissão de Ética. conduta ou em indícios capazes de lhe dar sustentação.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 16. As Comissões de Ética, sempre que constata- § 2º Se houver indícios de que a conduta configure, a
um só tempo, falta ética e infração de outra natureza,
rem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de
inclusive disciplinar, a cópia dos autos deverá ser enca-
improbidade administrativa ou de infração disciplinar,
minhada imediatamente ao órgão competente.
encaminhará cópia dos autos às autoridades compe-
tentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo da § 3º Na hipótese prevista no § 2º, o denunciado deverá
ser notificado sobre a remessa do expediente ao órgão
adoção das demais medidas de sua competência.
competente.
Art. 17. A decisão final sobre investigação de conduta
§ 4º Havendo dúvida quanto ao enquadramento da
ética que resultar em sanção, em recomendação ou em
conduta, se desvio ético, infração disciplinar, ato de
Acordo de Conduta Pessoal e Profissional será resumi- improbidade, crime de responsabilidade ou infração
da e publicada em ementa, com a omissão dos nomes de natureza diversa, a Comissão de Ética, em caráter
dos envolvidos e de quaisquer outros dados que per- excepcional, poderá solicitar parecer reservado junto à
mitam a identificação. unidade responsável pelo assessoramento jurídico do
Parágrafo único. A decisão final contendo nome e órgão ou da entidade.
identificação do agente público deverá ser remetida à Art. 21. A representação, a denúncia ou qualquer outra
Comissão de Ética Pública para formação de banco de demanda deve conter os seguintes requisitos:
dados de sanções, para fins de consulta pelos órgãos I. descrição da conduta;
ou entidades da administração pública federal, em ca- II. indicação da autoria, caso seja possível; e
sos de nomeação para cargo em comissão ou de alta
III. apresentação dos elementos de prova ou indi-
relevância pública.
cação de onde podem ser encontrados.
Art. 18. Os setores competentes do órgão ou entidade da-
Parágrafo único. Quando o autor da demanda não se
rão tratamento prioritário às solicitações de documentos identificar, a Comissão de Ética poderá acolher os fatos
e informações necessárias à instrução dos procedimentos narrados para fins de instauração, de ofício, de proce-
de investigação instaurados pela Comissão de Ética, con- dimento investigatório, desde que contenha indícios
forme determina o Decreto nº 6.029, de 2007. suficientes da ocorrência da infração ou, em caso con-
§ 1º A inobservância da prioridade determinada neste trário, determinar o arquivamento sumário.
artigo implicará a responsabilidade de quem lhe der Art. 22. A representação, denúncia ou qualquer outra
causa. demanda será dirigida à Comissão de Ética, podendo
§ 2º No âmbito do órgão ou da entidade e em relação ser protocolada diretamente na sede da Comissão ou
aos respectivos agentes públicos a Comissão de Ética encaminhadas pela via postal, correio eletrônico ou fax.
terá acesso a todos os documentos necessários aos tra- § 1º A Comissão de Ética expedirá comunicação oficial
balhos, dando tratamento específico àqueles protegidos divulgando os endereços físico e eletrônico para aten-
por sigilo legal. dimento e apresentação de demandas.
Capítulo VII § 2º Caso a pessoa interessada em denunciar ou re-
presentar compareça perante a Comissão de Ética, esta
• Do Rito Processual poderá reduzir a termo as declarações e colher a assi-
Art. 19. Qualquer cidadão, agente público, pessoa ju- natura do denunciante, bem como receber eventuais
rídica de direito privado, associação ou entidade de provas.
§ 3º Será assegurada ao denunciante a comprovação III. o fato não possa ser provado por testemunha.
do recebimento da denúncia ou representação por ele § 2º As testemunhas poderão ser substituídas desde
encaminhada. que o investigado formalize pedido à Comissão de Éti-
Art. 23. Oferecida a representação ou denúncia, a Co- ca em tempo hábil e em momento anterior à audiência
missão de Ética deliberará sobre sua admissibilidade, de inquirição.
verificando o cumprimento dos requisitos previstos Art. 27. O pedido de prova pericial deverá ser justifi-
nos incisos do art. 21. cado, sendo lícito à Comissão de Ética indeferi-lo nas
§ 1º A Comissão de Ética poderá determinar a colheita de seguintes hipóteses:
informações complementares ou de outros elementos de I. a comprovação do fato não depender de conhe-
prova que julgar necessários. cimento especial de perito; ou
§ 2º A Comissão de Ética, mediante decisão fundamen- II. revelar-se meramente protelatório ou de ne-
tada, arquivará representação ou denúncia manifesta- nhum interesse para o esclarecimento do fato.
mente improcedente, cientificando o denunciante. Art. 28. Na hipótese de o investigado não requerer
§ 3º É facultado ao denunciado a interposição de pe- a produção de outras provas, além dos documentos
dido de reconsideração dirigido à própria Comissão de apresentados com a defesa prévia, a Comissão de Éti-
Ética, no prazo de dez dias, contados da ciência da de- ca, salvo se entender necessária a inquirição de teste-
cisão, com a competente fundamentação. munhas, a realização de diligências ou de exame peri-
§ 4º A juízo da Comissão de Ética e mediante consen- cial, elaborará o relatório.
timento do denunciado, poderá ser lavrado Acordo Parágrafo único. Na hipótese de o investigado, com-
de Conduta Pessoal e Profissional. provadamente notificado ou citado por edital público,
§ 5º Lavrado o Acordo de Conduta Pessoal e Profissio- não se apresentar, nem enviar procurador legalmente
nal, o Procedimento Preliminar será sobrestado, por constituído para exercer o direito ao contraditório e à
até dois anos, a critério da Comissão de Ética, confor- ampla defesa, a Comissão de Ética designará um de-
me o caso. fensor dativo preferencialmente escolhido dentre os
servidores do quadro permanente para acompanhar
§ 6º Se, até o final do prazo de sobrestamento, o Acor- o processo, sendo-lhe vedada conduta contrária aos
do de Conduta Pessoal e Profissional for cumprido, interesses do investigado.
será determinado o arquivamento do feito.
Art. 29. Concluída a instrução processual e elaborado o
§ 7º Se o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional for relatório, o investigado será notificado para apresentar
descumprido, a Comissão de Ética dará seguimento ao as alegações finais no prazo de dez dias.
feito, convertendo o Procedimento Preliminar em Pro- Art. 30. Apresentadas ou não as alegações finais, a Co-
Ş
ŝ#-ŝŦ
cesso de Apuração Ética. missão de Ética proferirá decisão.
§ 8º Não será objeto de Acordo de Conduta Pessoal e § 1º Se a conclusão for pela culpabilidade do investi-
Profissional o descumprimento ao disposto no inciso gado, a Comissão de Ética poderá aplicar a penalidade
XV do Anexo ao Decreto nº 1.171, de 1994. de censura ética prevista no Decreto nº 1.171, de 1994,
Art. 24. Ao final do Procedimento Preliminar, será pro- e, cumulativamente, fazer recomendações, bem como
ferida decisão pela Comissão de Ética do órgão ou enti- lavrar o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional, sem
dade determinando o arquivamento ou sua conversão prejuízo de outras medidas a seu cargo.
em Processo de Apuração Ética. § 2º Caso o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional seja
Art. 25. Instaurado o Processo de Apuração Ética, a Co- descumprido, a Comissão de Ética dará seguimento ao
missão de Ética notificará o investigado para, no prazo Processo de Apuração Ética.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
de dez dias, apresentar defesa prévia, por escrito, lis- § 3º É facultada ao investigado pedir a reconsideração
tando eventuais testemunhas, até o número de quatro, acompanhada de fundamentação à própria Comissão
e apresentando ou indicando as provas que pretende de Ética, no prazo de dez dias, contado da ciência da
produzir. respectiva decisão.
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá Art. 31. Cópia da decisão definitiva que resultar em pe-
ser prorrogado por igual período, a juízo da Comissão de nalidade a detentor de cargo efetivo ou de emprego
Ética, mediante requerimento justificado do investigado. permanente na Administração Pública, bem como a
ocupante de cargo em comissão ou função de confian-
Art. 26. O pedido de inquirição de testemunhas deverá
ça, será encaminhada à unidade de gestão de pessoas,
ser justificado.
para constar dos assentamentos do agente público,
§ 1º Será indeferido o pedido de inquirição, quando: para fins exclusivamente éticos.
I. formulado em desacordo com este artigo; § 1º O registro referido neste artigo será cancelado após o
II. o fato já estiver suficientemente provado por decurso do prazo de três anos de efetivo exercício, conta-
documento ou confissão do investigado ou quais- dos da data em que a decisão se tornou definitiva, desde
quer outros meios de prova compatíveis com o rito que o servidor, nesse período, não tenha praticado nova 191
descrito nesta Resolução; ou infração ética.
§ 2º Em se tratando de prestador de serviços sem vín- Capítulo IX
192 culo direto ou formal com o órgão ou entidade, a cópia
• Disposições Finais
da decisão definitiva deverá ser remetida ao dirigente
máximo, a quem competirá a adoção das providências Art. 35. As situações omissas serão resolvidas por delibe-
cabíveis. ração da Comissão de Ética, de acordo com o previsto no
§ 3º Em relação aos agentes públicos listados no § 2º, a Código de Ética próprio, no Código de Ética Profissional
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Comissão de Ética expedirá decisão definitiva elencan- do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, no
do as condutas infracionais, eximindo-se de aplicar ou Código de Conduta da Alta Administração Federal, bem
de propor penalidades, recomendações ou Acordo de como em outros atos normativos pertinentes.
Conduta Pessoal e Profissional. Art. 36. O Regimento Interno de cada Comissão de Éti-
ca poderá estabelecer normas complementares a esta
Capítulo VIII
Resolução.
• Dos Deveres e Responsabilidades dos Integrantes Art. 37. Fica estabelecido o prazo de seis meses para
da Comissão que as Comissões de Ética dos órgãos e entidades do
Art. 32. São princípios fundamentais no trabalho de- Poder Executivo Federal possam se adequar ao dispos-
senvolvido pelos membros da Comissão de Ética: to nesta Resolução.
I. preservar a honra e a imagem da pessoa inves- Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá
tigada; ser prorrogado, mediante envio de justificativas, nos
II. proteger a identidade do denunciante; trinta dias que antecedem o termo final, para aprecia-
Ş
ŝ#-ŝŦ
III. atuar de forma independente e imparcial; ção e autorização da Comissão de Ética Pública.
Art. 38. Esta Resolução entra em vigor na data de sua
IV. comparecer às reuniões da Comissão de Ética,
publicação.
justificando ao presidente da Comissão, por escri- JOSÉ PAULO SEPÚLVEDA PERTENCE
to, eventuais ausências e afastamentos; Presidente da Comissão de Ética Pública
V. em eventual ausência ou afastamento, instruir
o substituto sobre os trabalhos em curso; ANOTAÇÕES
VI. declarar aos demais membros o impedimento ou
a suspeição nos trabalhos da Comissão de Ética; e
VII. eximir-se de atuar em procedimento no qual
tenha sido identificado seu impedimento ou sus-
peição.
Art. 33. Dá-se o impedimento do membro da Comissão
de Ética quando:
I. tenha interesse direto ou indireto no feito;
II. tenha participado ou venha a participar, em outro
processo administrativo ou judicial, como perito, tes-
temunha ou representante legal do denunciante, de-
nunciado ou investigado, ou de seus respectivos côn-
juges, companheiros ou parentes até o terceiro grau;
III. esteja litigando judicial ou administrativamente
com o denunciante, denunciado ou investigado, ou
com os respectivos cônjuges, companheiros ou pa-
rentes até o terceiro grau; ou
IV. for seu cônjuge, companheiro ou parente até o
terceiro grau o denunciante, denunciado ou inves-
tigado.
Art. 34. Ocorre a suspeição do membro quando:
for amigo íntimo ou notório desafeto do denun-
ciante, denunciado ou investigado, ou de seus res-
pectivos cônjuges, companheiros ou parentes até o
terceiro grau; ou
for credor ou devedor do denunciante, denunciado
ou investigado, ou de seus respectivos cônjuges,
companheiros ou parentes até o terceiro grau.
Ş
ŝ#-ŝŦ
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL 193
ÍNDICE
1. Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil ........................................ 197
Fundamentos da República Federativa do Brasil ........................................................................197
Divisão de Poderes ......................................................................................................................198
Objetivos Fundamentais da República Federativa Brasileira......................................................198
Princípios de Relações Internacionais .........................................................................................199
2. Teoria Geral da Constituição .................................................................................... 200
Conceito de Constituição e Princípio da Supremacia da Constituição .......................................200
Poder Constituinte .......................................................................................................................201
Classificação das Normas Constitucionais Quanto à sua Eficácia............................................... 202
Emendas Constitucionais............................................................................................................ 202
3. Direitos e Garantias Fundamentais ............................................................................203
Diferenciação entre Direitos e Garantias Fundamentais ............................................................ 203
Gerações dos Direitos Fundamentais ......................................................................................... 203
Relatividade dos Direitos Fundamentais....................................................................................204
Destinatários dos Direitos Fundamentais...................................................................................204
Classificação dos Direitos Fundamentais Segundo a nossa Constituição ..................................204
3.1. Direitos e Garantias Individuais e Coletivos............................................................ 204
Princípio da Igualdade ................................................................................................................204
Princípio da Legalidade ..............................................................................................................204
Proibição da Tortura ................................................................................................................... 205
Liberdade de Pensamento e Direito de Resposta ...................................................................... 205
Liberdade de Consciência e Crença Religiosa, Convicção Filosófica ou Política ........................ 205
Direito à Privacidade e à Preservação da Honra ........................................................................206
Inviolabilidade do Domicílio .......................................................................................................206
Inviolabilidade das Comunicações .............................................................................................206
Liberdade do Exercício de Profissão ..........................................................................................206
Direito à Informação ...................................................................................................................206
Direito à Locomoção Dentro do Território Nacional................................................................... 207
Direito de Reunião ...................................................................................................................... 207
Direito de Associação ................................................................................................................. 207
Direito de Propriedade ............................................................................................................... 207
Desapropriação...........................................................................................................................208
Requisição Administrativa..........................................................................................................208
Impenhorabilidade do Pequeno Imóvel Rural............................................................................208
Direitos dos Autores ...................................................................................................................208
Direitos de Participação..............................................................................................................208
194 NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
cebida pelo Poder Constituinte Originário. coletivo para o desenvolvimento econômico e social da nação,
Funcionam como uma espécie de introdução do texto o qual deve ser exercido com dignidade e mediante condições
constitucional, trazendo regras gerais que serão depois desen- mínimas.
volvidas ao longo da Constituição. Com esse princípio, fica implicitamente definido o capita-
Todo o arcabouço constitucional e legal deve obedecer a lismo como sistema econômico adotado pelo Brasil, uma vez
esses fundamentos. que, ao contrário do comunismo, este permite a livre iniciativa
econômica. Nada impede, porém, que o Estado venha a regu-
Sobre tais fundamentos, dispõe o Art. 1º de nossa consti-
lamentar a atividade econômica e até mesmo proibir determi-
tuição:
nadas ocupações, em proveito da coletividade.
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Dis- O Pluralismo Político
trito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Pluralismo político significa multiplicidade de manifesta-
Direito e tem como fundamentos: ção de ideias, de pensamentos, permitindo que as diferentes
I. A soberania; vozes dissonantes da sociedade possam se manifestar.
II. A cidadania; Além disso, como corolário do pluralismo político, a Cons-
III. A dignidade da pessoa humana; tituição Federal, em seu Art. 17, garante a multiplicidade de
IV. Os valores sociais do trabalho e da livre ini- partidos políticos, chamada de pluripartidarismo, visando uma
ciativa; representação mais legítima de todas os grupos sociais. Assim,
o Estado não pode dificultar injustificadamente a formação
V. O pluralismo político.
dos partidos políticos, nem embaraçar-lhes o funcionamento,
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o devendo, pelo contrário, estimular a sua formação e atividade.
exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
mente, nos termos desta Constituição. Outras Características da
Tratemos de cada um desses fundamentos: República Brasileira
Soberania Da análise do caput do Art. 1º, podemos extrair ainda que:
Por esse princípio, o Brasil deve preservar e afirmar a ex- A forma de Estado adotada pelo Brasil foi a de federação 197
clusividade de seu poder dentro do território nacional, deven- e a forma de Governo a República: E em relação à Federação,
que garante a autonomia administrativa e financeira dos Esta- Além disso, o parágrafo único também afirma que as elei-
198 dos e Municípios, o Art. 60, §4º, da Constituição, a coloca como ções no Brasil serão diretas, sendo que somente existe uma
uma cláusula pétrea, que não pode ser abolida por emenda exceção a essa regra, prevista no Art. 81, §1º, da Constituição
constitucional. Federal: se vagarem os cargos de Presidente e Vice-Presidente
Além disso, a Federação brasileira é indissolúvel, o que da República (isso vale também para Governadores e Prefei-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
quer dizer que não existe aqui o direito de secessão, que é o tos) na segunda metade do mandato presidencial, o Congres-
direito que um Estado teria de dizer que não deseja mais per- so Nacional fará a escolha do novo Presidente e do novo Vice,
tencer à República Brasileira. Aliás, o Art. 34, I, da Constituição que assumirão até o final do mandato de seus antecessores.
permite que a União intervenha nos Estados para garantir a
integridade nacional. Divisão de Poderes
Já a República não é colocada como cláusula pétrea, po- Dispõe o Art. 2º da Constituição:
dendo ser alterada tal forma de Governo através de emenda Art. 2º. São Poderes da União, independentes e har-
constitucional, se a sociedade assim o decidir. mônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judi-
Assim, em tese, o Brasil até poderia voltar a ser uma mo- ciário.
narquia, bastando que a Constituição fosse alterada para tanto. Não obstante a consagração da expressão separação dos
Os municípios também são componentes da Federação: poderes, na verdade, o Poder do Estado, que emana do povo,
a constituição brasileira, de forma singular no mundo, consa- é uno e indivisível.
gra aos municípios a posição de ente federativo, embora suas O que existem são funções distintas exercidas por determi-
competências sejam reduzidas. Assim, não são eles simples- nados órgãos, cuja independência é necessária para se evitar a
mente subdivisões administrativas dos Estados-membros, concentração de poder nas mãos de uma ou poucas pessoas e
Ş
ŝ#-ŝŦ
como ocorre nas demais federações, mas verdadeiras unida- os perigos que disso adviria. Assim, em vez de dizer poderes da
des políticas com autonomia garantida pela Constituição, não União seria mais apropriado falar-se em funções do Estado e em
obstante se submetam à legislação estadual no que couber e funções legislativa, judiciária e executiva do Estado.
aos comandos emanados do Judiciário estadual. Ao prever a separação de poderes, a Constituição brasileira
Tal disposição é reforçada pelo Art. 18 da Constituição, que preenche um dos requisitos do conceito ideal de constituição.
assim dispõe: Essa separação de funções, porém, não é absoluta, mas as
Art. 18. A organização político-administrativa da Repú- entidades de cada poder poderão exercer mais de uma função,
embora tenha uma como primordial.
blica Federativa do Brasil compreende a União, os Esta-
dos, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, Assim, por exemplo, embora o Congresso Nacional, seja
nos termos desta Constituição. detentor precipuamente da atividade legislativa, também
exerce ele as atividades administrativas (contratação de em-
O Brasil é um estado democrático de direito: Estado de
presas para atividades-meio, pagamento de pessoal, etc.) e de
direito significa que nosso país é regido por leis impessoais
julgamento (casos de impeachment do Presidente da Repúbli-
(império da lei), e não uma teocracia ou um estado absolutis-
ca e de ministros do STF, por exemplo).
ta, por exemplo.
Além de independentes, os três poderes precisam ser har-
Já a expressão estado democrático indica que o poder, em mônicos, cada um exercendo seu papel e respeitando a com-
nosso país, emana do povo, o qual têm a prerrogativa inalie- petência dos outros. Diferentemente do sistema parlamenta-
nável de eleger seus representantes, conforme aliás, deflui do rista, que reconhece a preponderância do Poder Legislativo
parágrafo único. sobre o Executivo, o sistema presidencialista adotado pelo
Além disso, a expressão Estado democrático de direito Brasil – de inspiração norte-americana – parte do princípio de
indica que deve haver, por parte do Estado Brasileiro, total res- igualdade plena entre os poderes.
peito aos direitos humanos. A independência dos poderes também deve ser respeitada
O Brasil é uma democracia representativa: Como ocorre nos Estados e nos Municípios, embora, no caso dos Municípios,
com as democracias em geral, nossa Constituição reconhece não se tenha o Poder Judiciário, mas apenas o Executivo (exerci-
que a titularidade do Poder Político pertence ao povo, mas de- do pelo Prefeito Municipal) e o Legislativo (exercido pela Câma-
termina que seu exercício será feito por pessoas eleitas pelo ra de Vereadores), sendo que o desrespeito a tal independência
povo (representantes). Tal sistema é chamado de democracia pode dar ensejo a intervenção estadual ou municipal.
representativa ou democracia indireta.
Aliás, isso não poderia ser diferente, uma vez que seria Objetivos Fundamentais da
absolutamente inviável que o Poder fosse exercido de forma República Federativa Brasileira
plena diretamente por todos os cidadãos brasileiros, o que
exigiria, por exemplo, que todo e qualquer projeto de lei fosse Tais objetivos estão expostos no Art. 3º da Constituição:
votado por todos os cidadãos, que qualquer um deles pudesse Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da Repú-
apresentar um projeto de lei, etc. blica Federativa do Brasil:
No entanto, embora o Brasil seja uma democracia represen- I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
tativa, existem três situações em que o povo exercerá o poder II. Garantir o desenvolvimento nacional;
diretamente: apresentação de projeto de lei de iniciativa popu- III. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
lar, plebiscito e referendo. as desigualdades sociais e regionais;
IV. Promover o bem de todos, sem preconceitos de O princípio da não intervenção, porém, é relativo, não im-
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras pedindo que o Brasil venha a participar de missões organiza-
formas de discriminação. das pela ONU, por exemplo, ou que venha a intervir em outros
Esse dispositivo constitucional elege os objetivos principais países para resguardar os interesses dos cidadãos brasileiros,
de nossa república, as principais metas a serem alcançadas, cuja ou quando houver justificativa humanitária para tal.
persecução não deve ser interrompida enquanto não alcançadas.
Embora possam parecer objetivos utópicos, descrevem
Igualdade entre os Estados
eles um conceito ideal que deve servir de paradigma à nossa Diante do Estado brasileiro, todos as outras nações são
nação, sendo principalmente um norte a ser respeitado pelos iguais, merecendo, em princípio, o mesmo tratamento e res-
legisladores e administradores públicos. peito, não havendo quaisquer Estados “naturalmente” mere-
cedores de tratamento especial em relação a outros.
Princípios de Relações Internacionais Porém, assim como o princípio da igualdade aplicado aos
O Art. 4º cita os princípios que deverão nortear o Brasil em nacionais, esse conceito admite relativização, seja pela reci-
suas relações com os outros países: procidade, seja pela observância dos direitos humanos nos
Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas mais diversos países, seja por razões econômicas, que podem
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: fazer com que o Brasil dê tratamento econômico mais benéfico
I. Independência nacional; a alguns países, por exemplo.
II. Prevalência dos direitos humanos; Além disso, quando trata dos direitos de nacionalidade,
III. Autodeterminação dos povos; por exemplo, a Constituição concede alguns “benefícios” a
IV. Não intervenção; cidadãos portugueses ou que sejam originários de países lu-
V. Igualdade entre os Estados; sófonos.
VI. Defesa da paz; Defesa da Paz e Solução Pacífica dos Conflitos
VII. Solução pacífica dos conflitos; O Brasil deve sempre pautar-se pela manutenção e im-
VIII. Repúdio ao terrorismo e ao racismo; posição da paz e busca de soluções pacíficas para os conflitos,
IX. Cooperação entre os povos para o progresso da embora se reconheça que, em algumas situações excepcionais,
humanidade; a força possa ser utilizada, desde que de forma proporcional e
X. Concessão de asilo político. somente durante o tempo estritamente necessário.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil
buscará a integração econômica, política, social e cul- Repúdio ao Terrorismo e ao Racismo
tural dos povos da América Latina, visando à forma- Nosso país deve deixar claro, em suas relações interna-
Ş
ŝ#-ŝŦ
ção de uma comunidade latino-americana de nações. cionais, que repudia qualquer forma de terrorismo e racismo,
Vejamos cada um deles: rejeitando qualquer acordo internacional que os estimule de
qualquer forma, devendo deixar sua discordância das políticas
Independência Nacional de países que tolerem tais práticas.
Decorre da própria soberania o princípio de que o Brasil
deve manter uma posição independente frente a outros países, Cooperação dos Povos para o Pro-
nunca subordinando os interesses nacionais aos estrangeiros. gresso da Humanidade
Ser independente não significa ser arrogante ou inflexível, O Brasil entende que deve haver cooperação entre as na-
mas sim pautar seu comportamento de forma autônoma em ções, não só a nível militar, mas também nos demais diversos
relação aos demais países, não submetendo automaticamente aspectos (econômico, tecnológico, ambiental, etc.), buscando
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
sua vontade aos desejos e interesses de outras nações. o bem-estar e progresso da raça humana.
Prevalência dos Direitos Humanos Esse é um princípio de larga abrangência e mostra a dis-
Corolário do fundamento da dignidade da pessoa humana, posição do Brasil em colaborar com a busca de um mundo
tal princípio determina que, em suas relações internacionais, melhor.
nosso país deve sempre respeitar e fazer respeitar os direitos
humanos contra qualquer violação por parte de Estados ou Concessão de Asilo Político
particulares, não sobrepondo a esse respeito qualquer interes- Asilo político é o acolhimento de estrangeiro em virtude de
se econômico ou político. perseguição sofrida por ele por parte de seu país ou de tercei-
ros. É um instituto adotado por toda grande democracia.
Autodeterminação dos Povos e Não Intervenção
Entre as causas da perseguição que podem dar azo ao
Assim como o Brasil deseja ser respeitado como um país so-
pedido de asilo político, podemos citar: dissidência política,
berano, também deve respeitar a soberania (autodeterminação)
das demais nações, que têm o direito de traçar seu próprio des- manifestação de pensamento ou crimes relacionados à segu-
tino, desde que não invadam a esfera de influência da soberania rança do Estado e que não configurem delitos no direito penal
brasileira e de outros países. Assim, a intervenção não autoriza- comum.
da do Brasil em assuntos internos de outros países é rechaçada A concessão do asilo é ato de soberania estatal, discricio- 199
pelo nosso ordenamento jurídico. nário e de competência do Presidente da República.
Integração da América Latina Essa ideia de superioridade da Constituição em relação às leis
200 Nossa Constituição, no parágrafo único do Art. 4º, coloca ex- é o que se chama de “Princípio da Supremacia da Constituição”.
pressamente como uma das metas de nossa República a busca da Para garantir tal supremacia, o Poder Judiciário utiliza-se do
integração latino-americana, culminando com a criação de uma co- chamado mecanismo de controle de constitucionalidade, afas-
munidade de nações. tando do ordenamento jurídico aquelas normas consideradas
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
especificamente suas origens, seu conceito e sua classificação. (mecanismos de defesa do cidadão contra arbítrios
Além disso, veremos a classificação das normas constitucio- estatais);
nais quanto à sua eficácia; discutiremos o poder constituinte, e ▷ Conter o princípio da divisão de poderes, permitindo
também as emendas constitucionais. o controle sistêmico do Estado por si mesmo;
Conceito de Constituição e Princípio ▷ Ser escrita.
Ş
ŝ#-ŝŦ
As constituições populares são elaboradas por um órgão Poder Constituinte
eleito pela vontade popular, chamado normalmente de As-
sembleia Constituinte, que assim delibera e aprova o docu- Conceito
mento como representante da vontade dos nacionais. Exem- O Poder Constituinte pode ser definido como a manifes-
plo desse tipo é a nossa Constituição atual. tação soberana da suprema vontade política de um povo,
As constituições outorgadas se caracterizam por serem social e juridicamente organizado, que se manifesta na ela-
elaboradas sem a participação do povo, mas são impostas boração e alteração da Constituição.
(outorgadas) por alguém ou um grupo que não recebeu do Ou seja, é o poder constituinte que elabora e altera a Cons-
povo o poder constituinte originário. tituição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Exemplo dessas constituições são as constituições brasilei-
ras de 1824, 1937 e 1967.
Titularidade
Por fim, as chamadas constituições cesaristas ou plebis- Em uma democracia, o poder constituinte pertence ao povo.
citárias representam um meio-termo entre os dois primeiros Assim, a vontade constituinte é a vontade do próprio povo.
tipos, pois são elaboradas por alguém que não recebeu do Porém, embora o povo seja o titular do direito, quem o
povo a incumbência de elaborar a constituição, porém são exerce são seus representantes, uma vez que o exercício di-
submetidas posteriormente a um processo de aprovação po- reto do poder constituinte pelo povo é inviável. Essa titula-
pular (plebiscito). ridade (mas não exercício direto) fica claro no preâmbulo de
nossa Constituição: Nós, representantes do povo brasileiro,
Quanto à Possibilidade de Alteração reunidos... e no parágrafo único do Art. 1º. Todo o poder emana
Nesse aspecto, as constituições podem ser: imutáveis, rígi- do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
das, flexíveis ou semirrígidas. diretamente, nos termos desta Constituição.
As constituições imutáveis não admitem qualquer mo-
dificação por qualquer meio, tendo sempre o mesmo texto
Espécies de Poder Constituinte
perpetuamente. Como se pode logo concluir, estão fadadas a O Poder Constituinte classifica-se em:
uma existência de curta duração, uma vez que não podem ser ▷ Poder Constituinte originário ou de 1º grau; 201
alteradas para adaptarem-se às mudanças da sociedade. ▷ Poder Constituinte derivado ou de 2º grau.
Poder Constituinte Originário nária ou complementar que lhes desenvolva a apli-
202 O Poder Constituinte originário elabora a Constituição do cabilidade. Ou seja, precisam ser regulamentadas.
Estado, organizando-o e criando seus poderes. Ex.: Art. 7º, XI.
O exercício desse poder se manifesta na elaboração de Além desses três tipos, podemos citar também as normas
programáticas:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
senta as características de subordinado ou limitado (encontra- mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
se limitado pelas normas do texto constitucional, às quais deve ne, transporte e previdência social, com reajustes
obedecer, sob pena de inconstitucionalidade) e condicionado, periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
uma vez que seu exercício deve seguir as regras estabelecidas sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
pelo Poder Constituinte originário.
Por sua vez, o Poder Constituinte derivado subdivide-se Emendas Constitucionais
em: No exercício do Poder Constituinte Derivado, o Estado
Poder Constituinte Derivado Reformador: Consiste na pode alterar o texto constitucional, respeitados os limites im-
possibilidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando- postos pelo Poder Constituinte Originário.
se os limites e a forma estabelecidos na Constituição. Estas alterações se dão por meio das chamadas emendas
Poder Constituinte Derivado Decorrente: Consiste na constitucionais, as quais, uma vez aprovadas, passam a com-
capacidade, em um Estado Federal, de os Estados-membros por o texto original da Magna Carta, em pé de igualdade com
auto-organizarem-se por meio de constituições estaduais, res- as demais normas.
peitando as regras contidas na Constituição Federal. A emenda constitucional é expressamente prevista como
Assim, no Brasil, por exemplo, cada Estado possui a sua espécie normativa no Art. 59 da Constituição Federal.
própria Constituição, e os Municípios podem elaborar suas Leis No entanto, para sua aprovação, uma proposta de emenda
Orgânicas.
constitucional não pode incidir em alguma das restrições pre-
Classificação das Normas vistas pelo constituinte.
Ş
ŝ#-ŝŦ
emendada mediante proposta: bre seu conteúdo, sendo por isso, quase nunca cobrados em
I. De um terço, no mínimo, dos membros da Câma- provas, que costumam normalmente cobrar até a terceira ge-
ra dos Deputados ou do Senado Federal; ração (teoria de Vasak). Ainda assim, apresentam-se as quatro
II. Do Presidente da República; primeiras gerações ou dimensões:
III. De mais da metade das Assembleias Legislativas ▷ Direitos de primeira geração: direitos civis e políti-
das unidades da Federação, manifestando-se, cada cos. Constituem as liberdades negativas, clássicas ou
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. formais. Constituem limites à ingerência do Estado
Ou seja, uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) na vida privada. Estão ligados fundamentalmente à
somente pode ser apresentada por uma dessas pessoas ou liberdade do indivíduo. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
soas jurídicas, no que couber, evidentemente. caso da isenção do serviço militar às mulheres, em tempos de
paz), ao passo que a legislação inferior somente pode estabe-
Classificação dos Direitos lecer as distinções que visem o estabelecimento da igualdade
Fundamentais Segundo a (tratar desigualmente os desiguais).
nossa Constituição Princípio da Legalidade
A classificação prevista em nossa Constituição permite
identificar cinco classes de direitos e garantias fundamentais: Dispõe o inciso II do Art. 5º de nossa CF:
▷ Direitos e garantias individuais e coletivos; II. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fa-
▷ Direitos sociais; zer alguma coisa senão em virtude de lei;
▷ Direitos de nacionalidade; Sendo o Brasil um Estado democrático de direito, a lei en-
▷ Direitos políticos; contra-se acima dos particulares e do próprio Estado (império
▷ Direitos relacionados à existência e organização dos da lei), sendo que a exigência de comando legal para a impo-
partidos políticos. sição de obrigações se caracteriza como a principal garantia do
cidadão contra o arbítrio estatal e também contra a opressão
3.1. Direitos e Garantias Individuais e por parte de outros particulares.
Coletivos A palavra lei aqui deve ser entendida no sentido de uma
das espécies normativas previstas no Art. 59 de nossa Cons-
Os direitos e garantias individuais e coletivos estão elenca-
tituição Federal:
dos no Art. 5º de nossa Constituição Federal, o maior de todos
os seus artigos, que, em seus 78 incisos, trata do tema organi- ▷ Emendas constitucionais (aprovadas, passam a inte-
zando-o por assuntos. grar a Constituição Federal sem qualquer distinção
em relação às normas originárias);
Princípio da Igualdade ▷ Leis complementares;
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de ▷ Leis ordinárias;
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos ▷ Leis delegadas;
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di- ▷ Medidas provisórias;
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
▷ Decretos legislativos;
propriedade, nos termos seguintes:
I. Homens e mulheres são iguais em direitos e obri- ▷ Resoluções.
gações, nos termos desta Constituição; Evidentemente, para que a lei possa impor obrigações
O caput do Art. 5º destaca a importância deste princípio, ou restringir direitos, deve ser elaborada de acordo com as
ao afirmar que todos são iguais perante a lei. Não bastasse regras do processo legislativo e ser materialmente compa-
isso, complementa dizendo sem distinção de qualquer nature- tível com as normas constitucionais. Se tal não ocorrer, será
za. A igualdade é a base de um sistema jurídico justo. inconstitucional, não gerando quaisquer efeitos, como se
Evidentemente, essa igualdade prevista na Constituição nunca tivesse existido (efeitos ex tunc da declaração de in-
deve ser vista em termos relativos, no sentido de que os iguais constitucionalidade).
Diferenciação entre o Princípio da Estado não pode proibir ninguém de expressar seu pensamento,
porém, uma vez expresso, será possível sempre o controle de
Legalidade e o Princípio da Reserva Legal sua legalidade, através do Poder Judiciário.
Embora a maioria utilize os conceitos como sinônimos, A liberdade de expressão, porém, está condicionada à
outros, como Alexandre de Moraes e José Afonso da Silva, os identificação do autor, para que se evitem manifestações le-
distinguem. vianas que ofendam terceiros e para que se possa responsabi-
De acordo com eles, o princípio da legalidade seria mais lizar aqueles que as fizerem.
amplo, e envolveria todas as espécies normativas previstas na
Tal exigência, porém, não impede que o jornalista guarde o si-
Constituição Federal (conforme vimos).
gilo de suas fontes, respondendo ele, porém, no caso de optar por
Já o princípio da reserva legal ocorreria quando a Cons- esse sigilo, por declarações injuriosas, difamatórias ou caluniosas
tituição reservasse o tratamento de determinada matéria à sem base fática.
disciplina de lei formal, que é aquela aprovada pelo Poder Le-
gislativo de forma solene, e excluiria, por exemplo, as Medidas O inciso V assegura o direito de resposta, sem prejuízo da
Provisórias e as Leis Delegadas. Como exemplo, temos o inciso indenização por dano material ou moral:
XXXIX do Art. 5º: V. É assegurado o direito de resposta, proporcional
XXXIX. Não há crime sem lei anterior que o defina, ao agravo, além da indenização por dano material,
nem pena sem prévia cominação legal; moral ou à imagem;
Proporcional ao agravo significa que deve ser dado à víti-
Proibição da Tortura ma o direito de resposta no mesmo veículo de comunicação e
Além de colocar a dignidade da pessoa humana como um com o mesmo espaço dado à notícia injuriosa.
dos fundamentos de nossa República, a Constituição Federal,
claramente influenciada pelos excessos do regime ditatorial Liberdade de Consciência e
que lhe antecedeu, expressamente declara no inciso III do Art. Crença Religiosa, Convicção
5º a inadmissibilidade da tortura (tanto física como psicológi-
ca) e do tratamento desumano ou degradante: Filosófica ou Política
III. Ninguém será submetido a tortura nem a trata- Dispõe o inciso VI, do Art. 5º:
mento desumano ou degradante; VI. É inviolável a liberdade de consciência e de
Essa proibição não comporta exceção de qualquer natureza crença, sendo assegurado o livre exercício dos cul-
quanto à justificativa e alcança a todos indistintamente, nacio- tos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote-
nais ou não, até mesmo os criminosos e os que representem sé- ção aos locais de culto e a suas liturgias;
rios riscos à sociedade: esses devem ser neutralizados, todavia
O Brasil é um Estado laico (ou leigo), mas não ateu. O Es-
sem a utilização da tortura e do tratamento indigno ou cruel.
tado brasileiro não pode subvencionar ou privilegiar qualquer
Ş
ŝ#-ŝŦ
A norma do inciso III é complementada pelo comando do segmento religioso, mas respeita todas as convicções religiosas.
inciso XLIII:
Nossa constituição garante tanto a liberdade de consciên-
XLIII. A lei considerará crimes inafiançáveis e in-
cia e de crença como a liberdade de culto.
suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura,
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o Enquanto a liberdade de crença refere-se à convicção ínti-
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, ma do indivíduo, a liberdade de culto refere-se à exterioriza-
por eles respondendo os mandantes, os executores ção dessa crença.
e os que, podendo evitá-los, se omitirem; E não se contenta a Carta Magna em somente permitir a
Tal dispositivo, por tratar de norma de direito penal, é de liberdade de culto, mas também garante a proteção dos locais
de culto e às suas liturgias contra a ação de terceiros. Além
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
eficácia limitada, e é regulamentada, no que se refere à tortu-
ra, pela Lei nº 9.455/97, definindo a tortura como sendo o ato disso, os templos são isentos do pagamento de impostos.
de constranger alguém com emprego de violência ou grave Nessa mesma linha, temos o inciso VII:
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental. VII. É assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares
Liberdade de Pensamento de internação coletiva;
e Direito de Resposta Sendo o direito à religiosidade um direito fundamental do
Nossa constituição prevê a plena liberdade de expressão cidadão, o Estado deve garantir o exercício deste direito àque-
nos incisos IV e IX de seu Art. 5º: les que estiverem custodiados sob sua responsabilidade ou de
IV. É livre a manifestação do pensamento, sendo terceiros, em presídios, hospitais, casernas, manicômios, etc.
vedado o anonimato; A expressão nos termos da lei indica tratar-se de norma
IX. É livre a expressão da atividade intelectual, ar- de eficácia limitada.
tística, científica e de comunicação, independente- VIII. Ninguém será privado de direitos por motivo
mente de censura ou licença; de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
A manifestação do pensamento tem o significado de exte- política, salvo se as invocar para eximir-se de obri-
riorização de ideias, e abrange todas as formas de comunicação, gação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir 205
não podendo o Estado impor censura ou exigir licença prévia. O prestação alternativa, fixada em lei;
O inciso VIII diz que ninguém pode ser penalizado em vir- Importante observar que, de acordo com o Supremo Tribu-
206 tude de sua crença religiosa, convicção filosófica ou política. nal Federal, a expressão domicílio abarca não somente a resi-
Existe somente uma hipótese em que isto pode ocorrer: dência, mas qualquer local que constitua um recinto fechado
recusa ao cumprimento de obrigação a todos imposta. Mesmo ou de acesso controlado, como um escritório de advocacia, um
nesse caso, porém, deve-se dar ao indivíduo a oportunidade consultório médico ou um ateliê, uma vez que o que se busca
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O inciso X do Art. 5º de nossa CF, assegura a inviolabilida- cretar a quebra de sigilo telefônico, respeitadas as condições
de da intimidade, vida privada, honra e imagem dos cidadãos, impostas pela lei.
prevendo indenização em caso de violação indevida. A jurisprudência tem admitido a possibilidade de quebra
de sigilos de comunicações eletrônicas (como e-mails e SMS).
Intimidade: relações subjetivas e de trato íntimo da pes-
soa, suas relações familiares e de amizade. Devido à relatividade dos direitos fundamentais, a juris-
prudência admite a interceptação das comunicações epistola-
Vida privada: os demais relacionamentos humanos, in-
res (por meio de cartas) emitidas por detentos, pelo responsá-
clusive os que envolvem relações não íntimas, como relações vel pela unidade prisional.
comerciais, de trabalho, mas que dizem respeito somente ao
cidadão e aos demais diretamente envolvidos. Liberdade do Exercício de Profissão
Tal princípio, porém, no que se refere à intimidade e à XIII. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
vida privada, deve ser relativizado quando se tratar das cha- ou profissão, atendidas as qualificações profissio-
madas pessoas públicas, ou seja, pessoas que, devido ao seu nais que a lei estabelecer;
ofício ou condição, estão sujeitas a uma maior exposição (ar- A priori, o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis-
tistas, políticos, etc.). são é livre, não havendo a necessidade do preenchimento de
Nesses casos, embora o Judiciário entenda que tais pes- qualquer requisito especial.
soas também tenham direito à proteção à intimidade, seus No entanto, trata-se de norma de eficácia contida, ou seja,
limites são menos definidos do que os aplicáveis aos cidadãos a lei pode exigir o preenchimento de determinados requisitos
comuns. de qualificação profissional para o desempenho de determina-
das atividades (por exemplo, exigir diploma para o exercício
Inviolabilidade do Domicílio da medicina, exigir diploma em Direito e aprovação no exame
XI. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém da OAB para o desempenho da advocacia, etc.).
nela podendo penetrar sem consentimento do mo- Assim, se a lei não exigir expressamente a comprovação
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desas- de qualificação profissional, qualquer pessoa poderá exercer
tre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por qualquer atividade econômica.
determinação judicial; No entanto, não basta a existência de lei exigindo a qualifi-
Como regra geral, ninguém – nem mesmo a polícia ou re- cação, mas é necessário que tal exigência seja razoável. Assim,
presentantes da Justiça ou mesmo o Presidente da República – por exemplo, o STF decidiu, no julgamento do Recurso Ex-
pode entrar no domicílio alheio sem permissão do proprietário. traordinário 511.961, que a exigência de diploma universitário
No entanto, existem quatro exceções: para o exercício da profissão de jornalista, imposta pelo Decre-
to--Lei nº 972/69, era inconstitucional.
▷ Caso de flagrante delito (crime que está sendo pra-
ticado); Direito à Informação
▷ Caso de desastre (inundação, desabamento, explo- XIV. É assegurado a todos o acesso à informação e
são, etc.); resguardado o sigilo da fonte, quando necessário
▷ Para prestar socorro (por exemplo, alguém que sofre ao exercício profissional;
um infarto); Este inciso trata do direito de todas as pessoas de obter
▷ Por determinação judicial, durante o dia (nesse caso, informações sobre os assuntos mais diversos e provenientes
nunca à noite). das mais diversas fontes. Assim, seria inconstitucional uma lei
que vedasse o acesso das pessoas a determinada fonte de in- para os fins que desejarem, desde que não seja para fins pa-
formações (sites da internet, periódicos, etc.). ramilitares.
O Estado não pode dizer a quais informações e provenien- XVIII. A criação de associações e, na forma da lei,
tes de quais fontes o cidadão terá acesso. a de cooperativas independem de autorização,
Visando justamente preservar o direito à informação, a sendo vedada a interferência estatal em seu fun-
Constituição permite aos profissionais (especialmente jorna- cionamento;
listas) não revelar a fonte de informações que divulgam. O Estado não pode interferir nas associações e coopera-
Obviamente, o direito à informação não impede que infor- tivas, que tem o direito de se organizarem conforme quise-
mações de interesse íntimo e privado de alguém sejam prote- rem, desde que respeitem as normas legais (por exemplo,
gidas do conhecimento público. Código Civil).
Além disso, o Estado não pode exigir qualquer autorização
Direito à Locomoção Dentro para a criação de associações. No que se refere às cooperativas,
do Território Nacional tal norma é de eficácia contida.
XV. É livre a locomoção no território nacional em XIX. As associações só poderão ser compulsoria-
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter- mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso,
com seus bens; o trânsito em julgado;
Não pode haver qualquer limitação à movimentação de Para a suspensão (interrupção temporária das atividades)
pessoas dentro do território nacional. Assim, por exemplo, um ou para a dissolução (extinção definitiva) de associações exige-
Estado-membro da Federação não pode impor uma “tarifa de se sempre uma decisão judicial.
entrada” para um viajante que venha de outro Estado, nem No caso da dissolução exige-se ainda que de tal decisão
pode exigir um “visto” para isso. não caiba mais nenhum recurso, ou seja, exige-se o trânsito
Essa garantia somente pode ser relativizada em tempos de em julgado da decisão judicial.
guerra ou no caso de estado de sítio. XX. Ninguém poderá ser compelido a associar-se
No que se refere ao ingresso de alguém de fora no ter- ou a permanecer associado;
ritório nacional, porém, a norma acima é de eficácia contida, Assim como é garantido o direito de associação, também
podendo a lei estabelecer condições para aqui ingressar, aqui se garante o de direito de não se associar ou de desassociar-se
permanecer ou daqui sair com seus bens. a qualquer momento.
O desrespeito a tal preceito pode inclusive configurar cri-
Direito de Reunião me (Art. 199 do Código Penal).
XVI. Todos podem reunir-se pacificamente, sem XXI. As entidades associativas, quando expressa-
Ş
ŝ#-ŝŦ
armas, em locais abertos ao público, independen- mente autorizadas, têm legitimidade para repre-
temente de autorização, desde que não frustrem sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
outra reunião anteriormente convocada para o Permite-se às associações representar seus filiados pe-
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à rante terceiros e perante o próprio Judiciário (propondo ações
autoridade competente; judiciais, por exemplo), desde que elas sejam expressamente
Nossa constituição garante que todos podem reunir-se em autorizadas para isso, no estatuto ou em decisão da assem-
locais públicos sem necessidade de solicitar autorização ao bleia geral.
ente público.
Porém, impõe algumas condições: Direito de Propriedade
▷ A reunião deve ser pacífica;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXII. É garantido o direito de propriedade;
▷ Os manifestantes não podem portar armas; XXIII. A propriedade atenderá a sua função social;
▷ Não devem frustrar outra manifestação anteriormente Nossa Constituição Federal reconhece o direito de proprie-
convocada para o mesmo local; e dade, entendido como o direito de usar, fruir e dispor da coisa.
▷ Deve haver aviso prévio à autoridade competente No entanto, tal direito não é absoluto.
para que esta possa, por exemplo, verificar se já não A propriedade, no entanto, deve atender sua função so-
há uma reunião marcada para o mesmo local e horá- cial, entendendo-se que o direito de propriedade não pode
rio, organizar o trânsito local, garantir a proteção dos ser exercido em prejuízo da sociedade (manutenção de uma
que participarão da reunião, etc. grande propriedade rural improdutiva, enquanto muitos não
Esse direito de reunião pode ser restringido nos casos de possuem terra para plantar, por exemplo).
guerra, estado de defesa e estado de sítio.
A Constituição estabelece as condições para que as pro-
Direito de Associação priedades urbanas e rurais atendam sua função social.
Ş
ŝ#-ŝŦ
falecer, deixando entre seus bens uma fazenda no interior do Todos têm o direito de peticionar, ou seja, de requerer pro-
Mato Grosso. Considere ainda que, a lei saudita estabeleça que vidências do Poder Público, visando a defesa de seus direitos
o primogênito tenha direito à metade da herança do pai e que ou para denunciar qualquer ilegalidade ou abuso de poder,
o de cujus tenha mais três filhos (Mohammed, Ibrahim e Hos- não sendo permitida a exigência de pagamento de taxas para
ni), nascidos na Arábia Saudita. o exercício deste direito.
Nesse caso, qual lei é mais favorável a Ubirajara: a lei bra- Direito de petição pode ser definido como o direito de invo-
sileira ou a hipotética lei saudita? car a atenção do Poder Público sobre uma questão ou situação.
A saudita, pois de acordo com a lei brasileira, Ubirajara te- O direito de petição traz como corolário a exigência de ob-
ria direito a apenas um quarto dos bens, e de acordo com a lei tenção de resposta em um prazo razoável. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
saudita, teria direito à metade. Também é garantido o direito de obtenção de certidões.
Assim, aplicar-se-ia a lei saudita em relação à fazenda em Certidão é uma declaração de um órgão público sobre um fato
Mato Grosso. determinado. A esse direito corresponde uma obrigação de o
Estado, salvo nas hipóteses constitucionais de sigilo, fornecer
Agora, se no lugar de um filho brasileiro, Hassan tivesse uma
as informações solicitadas e num prazo razoável, se o mesmo
filha brasileira (chamada Iracema), e a lei saudita, por hipótese
não for fixado em lei.
dissesse que somente os filhos homens pudessem herdar, seria
aplicada a lei brasileira na divisão da fazenda, uma vez que esta Apreciação de Lesão ou Ameaça
seria mais favorável a Iracema.
de Lesão pelo Poder Judiciário
Direitos do Consumidor XXXV. A lei não excluirá da apreciação do Poder
XXXII. O Estado promoverá, na forma da lei, a de- Judiciário lesão ou ameaça a direito;
fesa do consumidor; Nenhuma lei pode impedir o Judiciário de apreciar uma ale-
Nossa Constituição prevê que o Estado deve tutelar os di- gada lesão ou ameaça de lesão a direito, e, por outro lado, os
reitos do consumidor, visto como hipossuficiente em relação juízes não podem se furtar de cumprir sua função jurisdicional.
às empresas, especialmente os grandes conglomerados. Assim, seria inconstitucional, por exemplo, uma lei que
Hoje, o principal diploma que promove essa proteção é o proibisse os contribuintes de recorrerem ao Poder Judiciário 209
Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90). para questionar a cobrança de um tributo.
Inexiste, por outro lado, a obrigatoriedade de esgotamen- O júri é um tribunal formado por sete juízes leigos, escolhi-
210 to da via administrativa para que a parte possa acessar o Ju- dos dentre o povo, que decidirão sobre um processo judicial.
diciário. Nossa Constituição garante-lhe uma competência mínima:
O texto constitucional não proíbe que os particulares, por julgamento dos crimes dolosos contra a vida (não há júri para
sua livre e espontânea vontade, ao invés de submeterem a julgamento cíveis, no Brasil), porém a lei pode ampliar essa
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
e) cruéis;
os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
dendo os mandantes, os executores e os que, podendo Pela interpretação a contrariu sensu da alínea “a”, extrai-se
evitá-los, se omitirem; que a pena de morte é admitida no Brasil em tempos de guerra
externa declarada, vedada em qualquer outra época.
XLIV. Constitui crime inafiançável e imprescritível a
ação de grupos armados, civis ou militares, contra Pena de caráter perpétuo não necessariamente significa
a ordem constitucional e o Estado Democrático; prisão perpétua, mas qualquer pena que oprima o condenado
O inciso XLIII trata de crimes que o Constituinte entendeu pelo resto da vida.
como sendo de gravidade exacerbada e que, por isso, merecem Pena de banimento é a pena de exílio.
um tratamento mais rigoroso. Pena cruel é a infringe sofrimento físico ou mental, sendo NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O inciso XLIV trata da ação de grupos paramilitares e visa comparável à tortura.
proteger o Estado Democrático de Direito contra a ação de gru-
pos militares extraoficiais. Nesse caso, a lei deve definir tal crime, Direitos dos Sentenciados
determinando a Constituição Federal que será inafiançável e im- XLVIII. A pena será cumprida em estabelecimen-
prescritível, assim como ocorre com o crime de racismo. tos distintos, de acordo com a natureza do delito, a
idade e o sexo do apenado;
Intransferibilidade da Pena XLIX. É assegurado aos presos o respeito à integri-
XLV. Nenhuma pena passará da pessoa do conde- dade física e moral;
nado, podendo a obrigação de reparar o dano e a L. Às presidiárias serão asseguradas condições para
decretação do perdimento de bens ser, nos termos que possam permanecer com seus filhos durante o
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles exe- período de amamentação;
cutadas, até o limite do valor do patrimônio trans- Embora os condenados devam pagar por seus delitos,
ferido; é função do Estado fazer com que sejam apenados nos ter-
Esse inciso traz o princípio de que a pena não pode ultra- mos da lei, responsabilizando-se por sua integridade física
passar a pessoa do apenado. Ou seja, ninguém (nem mesmo e moral.
os sucessores do condenado) deve responder pelos crimes Presos de diferentes características e personalidades devem 211
executados por outrem. ser segregados, de forma a proteger os mais vulneráveis e, além
disso, evitar que os menos perigosos sejam “contaminados” pelos Presunção de Inocência
212 mais perigosos.
LVII. Ninguém será considerado culpado até o trân-
Extradição sito em julgado de sentença penal condenatória.
LI. Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
▷ No caso de crime comum praticado antes da natu- a identificação criminal, salvo nas hipóteses previs-
ralização (crime comum é aquele que não é crime tas em lei;
político nem de opinião). Civilmente identificado é aquele que possui um documento
Ninguém será extraditado (seja estrangeiro, seja brasileiro de identidade reconhecido por lei emitido pelo órgão compe-
tente (Exs.: carteira de identificação – RG – expedida pelo ór-
naturalizado) por crime político ou de opinião.
gão estadual ou forças armas; carteira nacional de habilitação;
Disposições Processuais carteira de trabalho e previdência social, carteira da OAB, etc.).
Se alguém suspeito de algum crime apresentar um desses
LIII. Ninguém será processado nem sentenciado documentos, em regra não será submetido à identificação cri-
senão pela autoridade competente; minal na delegacia (não precisará tirar foto, imprimir as digitais
LIV. Ninguém será privado da liberdade ou de seus – “tocar piano”, etc.).
bens sem o devido processo legal; Porém, trata-se de norma de eficácia contida, conforme
Uma das maiores garantias que um cidadão pode ter é o se extrai da expressão salvo nas hipóteses previstas em lei, o
respeito ao princípio do chamado “juiz natural”, que determi- que quer dizer que a lei pode estabelecer hipóteses em que
na que, tal pessoa somente pode ser julgada e sentenciada o civilmente identificado deverá submeter-se à identificação
pela autoridade estabelecida previamente pela lei. criminal (por exemplo, no caso de suspeita de falsidade do
O devido processo legal é um conceito aberto, mas que pode documento apresentado).
ser resumido como um processo justo, em que as partes tenham
direito ao contraditório, ampla defesa, que seja conduzido por Ação Penal Privada Subsidiária
um juiz competente e que respeite as prescrições legais. LIX. Será admitida ação privada nos crimes de ação
LV. Aos litigantes, em processo judicial ou adminis- pública, se esta não for intentada no prazo legal;
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o Crimes de ação penal pública são aqueles em que o réu
contraditório e ampla defesa, com os meios e re- somente pode ser acusado e processado por iniciativa do
cursos a ela inerentes; Ministério Público, que apresenta a denúncia e acusa o réu
LVI. São inadmissíveis, no processo, as provas obti- durante o processo. Quase todos os crimes são de ação pe-
das por meios ilícitos; nal pública.
Litigantes são as partes de um processo judicial. Crimes de ação pena privada são aqueles em que o proces-
A Constituição prevê que não somente em um processo so somente pode ser iniciado por iniciativa do particular, que
judicial, mas também nos administrativos e nos processos em apresenta a queixa-crime, como ocorre, por exemplo, com os
geral (por exemplo, exclusão de sócio de clube), as partes têm crimes de calúnia, injúria e difamação.
direito ao contraditório (direito de conhecer e rebater os argu- O que o inciso LIX diz é que, no caso de ação penal pú-
mentos e provas trazidos pela parte contrária) e à ampla defesa blica, se o Ministério Público não apresentar a denúncia, não
(produzir todas as provas que julgarem necessárias). pedir o arquivamento e não solicitar diligências no prazo es-
Nosso sistema processual não admite as provas produzidas tabelecido na lei, ou seja, se o MP ficar inerte, o particular
por meios ilícitos (no cível esse princípio é absoluto, na esfera poderá apresentar queixa-crime no lugar da denúncia do
criminal admite raras exceções em benefício do réu). Os fins não Ministério Público, para que o acusado não seja beneficiado
justificam os meios. pela inação do órgão ministerial.
O prazo para o Ministério Público apresentar a denúncia, Imediatamente à prisão do acusado, a autoridade policial
de acordo com o Código de Processo Penal, é de 5 (cinco) dias deverá informá-lo a respeito de seus direitos, os quais incluem
se o réu estiver preso, e de 15 (quinze) dias, se estiver solto. (mas não se resumem a esses):
▷ Direito a permanecer calado: ninguém pode ser
Publicidade dos Atos Processuais obrigado a produzir prova contra si mesmo. O preso
tem o direito de ficar calado perante o delegado e
LX. A lei só poderá restringir a publicidade dos atos perante o juiz, se preferir não se manifestar.
processuais quando a defesa da intimidade ou o
▷ Assistência da família.
interesse social o exigirem;
▷ Assistência de um advogado.
Via de regra, todos os atos processuais serão públicos,
devem ser do conhecimento de todos, o que quer dizer que LXIV. O preso tem direito à identificação dos res-
qualquer pessoa poderá, por exemplo, assistir a audiências, ponsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
mesmo que o assunto não lhes diga respeito, e poderá pedir policial;
para ver um processo, desde que não o retire do cartório e não A garantia de que o preso tenha conhecimento de quem
atrapalhe o trabalho do juiz e das partes. Além disso, todas as o prendeu ou interrogou tem o objetivo de permitir que ele
decisões tomadas pelo juiz serão publicadas no Diário Oficial. possa representar contra eventuais abusos cometidos, o
No entanto, a Constituição Federal estabelece a possibi- que ajuda a coibir a prática desses atos.
lidade de restrição excepcional dessa publicidade no caso de No entanto, esse direito não é absoluto, podendo ser pre-
defesa da intimidade ou do interesse social (como ocorre, por servada a identidade dos policiais envolvidos no caso em que
exemplo, em ações de separação litigiosa; estupro com violên- sua revelação possa envolver graves e comprovados riscos a
cia; casos em que estejam envolvidos segredos militares, etc.). esses (por exemplo, no caso de prisão de chefes de grandes
organizações criminosas).
Hipóteses de Prisão LXVI. Ninguém será levado à prisão ou nela manti-
LXI. Ninguém será preso senão em flagrante de- do, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
lito ou por ordem escrita e fundamentada de au- ou sem fiança;
toridade judiciária competente, salvo nos casos de A regra geral é a de que a pessoa responda ao processo
transgressão militar ou crime propriamente militar, criminal em liberdade, somente sendo preso após o trânsito
definidos em lei; em julgado da decisão judicial.
No caso dos civis, a Constituição Federal somente admite A liberdade provisória é a concessão, ao preso em flagran-
que alguém seja levado à prisão em duas hipóteses: se a pes- te, de liberdade, o que sempre deve ser feito se não estiverem
soa for pega em flagrante (próprio ou impróprio) ou se houver presentes os requisitos da prisão preventiva. Isso ocorre por-
uma ordem judicial para isso (mandado de prisão). que existem muitos casos que, embora a pessoa tenha sido
presa em flagrante, não se justifica a manutenção dessa prisão
Ş
ŝ#-ŝŦ
Desta forma, não existe mais a possibilidade da chamada
“prisão para averiguação”, muito praticada na época ditatorial. provisória, por não estarem presentes os requisitos da prisão
Para os militares, porém, que possuem na hierarquia e dis- preventiva (por exemplo, alguém que é preso em flagrante
ciplina os dois pilares de sua organização, admite-se, além das por furtar uma galinha de um vizinho, sendo primário e de
duas hipóteses anteriores, a prisão administrativa (por ordem bons antecedentes).
de um superior). Assim, sempre que não estiverem presentes os requisitos da
prisão preventiva, ninguém deverá ser ou permanecer preso.
Direitos dos Presos Provisórios
LXII. A prisão de qualquer pessoa e o local onde Proibição de Prisão por Dívidas
se encontre serão comunicados imediatamente ao LXVII. Não haverá prisão civil por dívida, salvo a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
juiz competente e à família do preso ou à pessoa do responsável pelo inadimplemento voluntário e
por ele indicada; inescusável de obrigação alimentícia e a do depo-
Não podem existir “prisões secretas” no Brasil. Sempre que al- sitário infiel;
guém for preso, tanto o ato da prisão como o local onde a pessoa Via de regra, uma pessoa somente pode ser presa pelo fato
está detida serão comunicados: de ter cometido um crime. Ou seja, ninguém será preso por
▷ À família do acusado (ou àquele que ele indicar), dívidas.
para que ele possa ter a assistência necessária (con- Porém, de acordo com a Constituição, haveria dois casos
tratação de advogado, recebimento de visitas, etc.). em que pode haver prisão do devedor:
▷ Ao juiz competente, para que este possa apreciar a le- ▷ Inadimplemento voluntário e inescusável de obriga-
galidade da prisão. Se a prisão for ilegal, o juiz deverá ção alimentícia (pensão alimentícia).
soltar imediatamente o acusado, conforme dispõe o ▷ Depositário infiel – alguém que tem a responsabili-
inciso LXV: dade pela guarda de um objeto de outrem e dolo-
LXV. A prisão ilegal será imediatamente relaxada samente não o devolve ou o destrói.
pela autoridade judiciária; O STF decidiu que a prisão por depositário infiel é in-
LXIII. O preso será informado de seus direitos, en- constitucional, uma vez que o Brasil é signatário do Pacto de
tre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe San José da Costa Rica sobre direitos humanos (HC 96.772, 213
assegurada a assistência da família e de advogado; 09/06/2009; HC 94.013, 10/02/2009).
Ou seja, atualmente somente existe a possibilidade de pri- Também a pessoa jurídica pode impetrar Habeas Corpus
214 são civil por dívida no caso de não pagamento injustificado de em favor de terceiro pessoa física, não podendo, porém, ser
pensão alimentícia. paciente.
O próprio juiz não está obrigado a esperar provocação para
Remédios Constitucionais conceder a ordem de Habeas Corpus. Neste caso, a ordem será
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Os incisos LXVIII a LXXIII do Art. 5º tratam dos chamados concedida de ofício, não se falando em impetração.
“remédios constitucionais”, que são garantias fundamentais Apesar da ampla legitimidade ativa, é vedada a petição
que visam oferecer meios processuais rápidos e eficientes para apócrifa (identificação falsa do impetrante ou anônima), po-
defesa de direitos fundamentais, os quais veremos a seguir: dendo o juiz, porém, mesmo não conhecendo do pedido, con-
cedê-lo de ofício.
Habeas Corpus
LXVIII. Conceder-se-á “habeas corpus” sempre que Legitimação Passiva
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio- Quando se fala de legitimação passiva está se referindo
lência ou coação em sua liberdade de locomoção, à possibilidade de alguém ter impetrado contra si o Habeas
por ilegalidade ou abuso de poder; Corpus.
Assim, o que esse remédio constitucional tutela é a liber- O Habeas Corpus deverá ser impetrado contra o ato do
dade de locomoção do indivíduo, ou seja, seu direito de ir, vir coator, que poderá ser autoridade pública ou simplesmente
e permanecer. um particular.
Somente se pode utilizar do Habeas Corpus para corrigir al- Quando se tratar de ato coator praticado por particular,
guma inidoneidade que implique em coação direta ou indireta à normalmente a conduta constituirá crime (cárcere privado,
Ş
ŝ#-ŝŦ
liberdade de ir, vir e permanecer. Desta forma, não se conhecerá constrangimento ilegal), bastando a intervenção da autoridade
do mesmo se seu objetivo for, por exemplo, questionar pena policial para fazê-la cessar. Isso, porém, não impede a impetra-
pecuniária imposta ou que possa vir a ser imposta ao acusado. ção do Habeas Corpus, até porque existem casos em que será
difícil ou impossível a intervenção da polícia para fazer cessar
Intervenientes a coação ilegal (internações em hospitais ou clínicas psiquiá-
No Habeas Corpus, temos três sujeitos envolvidos: tricas).
▷ Impetrante: quem apresenta, protocoliza o Habeas Corpus. Excepcionalmente o Habeas Corpus pode ser utilizado em
▷ Impetrado: quem está sendo acusado de praticar a processos cíveis, não existindo crime (Ex.: menor de idade que
coação ilegal. alegue cerceamento ilegal de seu direito de locomoção por seu
▷ Paciente: aquele em favor de quem está sendo pe- responsável ou prisão decretada por não pagamento de pensão).
dido a ordem de Habeas Corpus (pode ser a mesma
pessoa que o impetrante, ou seja, pode-se impetrar
Pacientes
Habeas Corpus em defesa própria). Qualquer um pode ser paciente em um Habeas Corpus,
desde que, como visto, seu direito de locomoção esteja sendo
Impossibilidade de Produção de Pro- lesado ou ameaçado.
vas em Habeas Corpus As pessoas jurídicas, embora possam ser impetrantes, não
O Habeas Corpus, devido a seu caráter sumaríssimo, não podem se beneficiar de uma ordem de Habeas Corpus, uma
se presta a reexame da análise probatória apreciada em ação vez que não estão sujeitas ao deslocamento físico.
anterior. Nada impede que um mesmo Habeas Corpus tenha mais
Também não se admite, via de regra, pedido de produção de um paciente, desde que a causa de pedir (o ato coator ile-
de provas em Habeas Corpus, ou seja, o impetrante já deverá gal) seja o mesmo.
apresentar, junto com a petição inicial, todas as provas que jul-
gar pertinentes. Habeas Corpus Preventivo e Repressivo
Na análise do caso, o juiz ou tribunal não está vinculado à O Habeas Corpus pode ser preventivo (salvo-conduto) ou
causa de pedir ou pedido formulados, podendo conceder a or- repressivo (também chamado de liberatório)
dem se vislumbrar razão diversa das alegadas pelo impetrante. O Habeas Corpus preventivo é cabível quando houver
ameaça à liberdade de locomoção. Concede um salvo-condu-
Legitimação Ativa to, que busca prevenir que a ameaça se efetive (Ex.: HC impe-
Legitimação ativa é a capacidade jurídica de alguém de im- trado por prostitutas visando garantir o seu direito de “tra-
petrar um Habeas Corpus. Ou seja, é a capacidade de ser autor balhar”). Evidentemente, o salvo-conduto limitar-se-á aos
numa ação de Habeas Corpus. motivos que ensejaram a ordem e terá a abrangência por ela
A legitimação para ajuizamento do Habeas Corpus é a mais definidos. Assim, se alguém, processado por furto, consegue
ampla possível, não se exigindo nem que seja assinado por ad- um HC para que não seja preso provisoriamente por aquele
vogado. crime, por ser primário e o crime não ser grave, nada impede
Qualquer um, nacional ou estrangeiro, independentemen- que ele seja preso se for flagrado traficando drogas.
te de sua condição civil, ainda que não esteja no gozo dos di- Já o Habeas Corpus repressivo (ou liberatório) aplica-se
reitos políticos ou que seja menor de idade, pode recorrer ao aos casos em que a violência ou coação à liberdade de loco-
chamado “remédio heroico”, em seu favor ou de outro, poden- moção esteja ocorrendo. Tem o objetivo de fazer cessar o des-
do ele mesmo assinar a petição. respeito à liberdade de locomoção.
Liminar em Habeas Corpus de seus representantes. Assim, vê-se que não caberá manda-
Não obstante seja o rito do Habeas Corpus sumaríssimo e do de segurança contra particular (a não ser que este aja por
tenha ele prioridade absoluta de julgamento nos Tribunais e delegação do poder público).
juízos singulares, há a possibilidade de concessão de medida Se for particular que estiver ferindo direito líquido e pró-
liminar, para se evitar possível constrangimento irreparável à prio de terceiro, este deverá recorrer a outra ação judicial para
liberdade de locomoção. fazer cessar o ato ilegal.
A possibilidade de concessão de liminar vale tanto para os Ha-
beas Corpus preventivos como liberatórios. Espécies de Mandado de Segurança
A admissão de decisão liminar não é prevista na lei, mas é A exemplo do Habeas Corpus, o Mandado de Segurança
resultado da construção jurisprudencial. pode ser:
A concessão da liminar exige a convergência de dois requi- ▷ Repressivo, quando visa combater uma ilegalidade
sitos: o periculum in mora (possibilidade de dano irreparável) já cometida seja, quando o direito líquido e certo do
e o fumus boni iuris (elementos da impetração que indiquem impetrante já foi atingido; ou
a existência de ilegalidade no constrangimento). Esses dois re- ▷ Preventivo, quando o impetrante demonstrar justo
quisitos serão analisados de forma sumária. receio de sofrer uma violação de direito líquido e
Habeas Corpus e Punições Disciplinares Militares certo por parte da autoridade impetrada. Evidente-
O Art. 142, §2º, da CF, estabelece que não caberá Habeas mente, este receio deve ser lastreado em evidências
Corpus em relação a punições disciplinares militares. concretas de um ato ou omissão que esteja pondo
O que o dispositivo quer dizer, no entanto, é que não em risco o direito do impetrante.
caberá HC em relação ao mérito das punições disciplinares Legitimidade Ativa
administrativas, uma vez que o juiz sempre pode analisar os
Possui legitimação ativa para impetrar Mandado de Segurança
pressupostos de legalidade de qualquer ato administrativo
todo o titular de direito líquido e certo, não amparado por Habeas
(competência, forma legal, pena passível de ser aplicada dis-
ciplinarmente, etc.). Corpus ou Habeas Data. Tanto pode ser pessoa física como jurí-
dica, nacional ou estrangeiro, domiciliada ou não em nosso país.
Mandado de Segurança É reconhecida legitimação ativa às universalidades reco-
LXIX. Conceder-se-á mandado de segurança para nhecidas por lei, mesmo não possuindo personalidade jurídica.
proteger direito líquido e certo, não amparado por Ex.: Espólio e massa falida) e também aos órgãos des-
“habeas corpus” ou “habeas data”, quando o res- personalizados (Mesas do Congresso, Senado e Câmara,
ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for Assembleias, etc.
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
Legitimidade Passiva
Ş
ŝ#-ŝŦ
exercício de atribuições do Poder Público;
Direito líquido e certo: direito certo é aquele que está de- Já vimos que somente podem figurar no polo passivo de um
terminado, que não necessita de mais provas, que é induvi- MS autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
doso. Por exigir direito certo é que não se admite a produção de atribuições do Poder Público.
de provas no bojo processual do MS (o MS não admite dilação
probatória). Importante observar que o direito é sempre certo, Liminar
sendo que os fatos é que podem ser duvidosos. O rito do Mandado de Segurança prevê que, ao apresen-
Liquidar é atribuir um valor. Direito líquido é aquele que já tar a petição inicial, o impetrante poderá requerer a conces-
tem seu valor definido, que não precisa de averiguações para são de medida liminar, se presentes o fumus bonus iuris e o
se verificar sua extensão econômica. Assim, o direito pode ser periculum in mora.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
certo, mas não líquido. Da decisão que conceder ou negar a liminar cabe agravo
Ex.: Alguém ganha uma ação de indenização, mas o valor de instrumento.
desta indenização será definido somente na liquidação
da sentença, até lá o direito é certo, mas não líquido. Mandado de Segurança Coletivo
Para que o mandado de segurança possa ser conhecido, LXX. O mandado de segurança coletivo pode ser
ambos os requisitos: certeza e liquidez do direito devem estar impetrado por:
preenchidos.
a) partido político com representação no Con-
Não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data: se o
gresso Nacional;
direito for amparado por um desses remédios, o interessado
deverá socorrer-se deles, e não do mandado de segurança. b) organização sindical, entidade de classe ou
Ilegalidade ou abuso de poder: o ato, para poder ser ata- associação legalmente constituída e em funcio-
cado pelo mandado de segurança deve ser ilegal (no sentido namento há pelo menos um ano, em defesa dos
amplo). interesses de seus membros ou associados;
Autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercí- A finalidade do mandado de segurança coletivo é permi-
cio de atribuições do Poder Público: o Mandado de Segurança tir que certas pessoas jurídicas defendam o interesse de seus
é instrumento de defesa dos direitos individuais do cidadão membros ou associados, ou ainda da sociedade em geral (par- 215
perante o Estado e, assim, somente terá cabimento contra atos tidos políticos) evitando-se a multiplicidade de demandas.
Objeto Ao STJ compete julgar originariamente o mandado de injun-
216 Tem por objeto a defesa dos mesmos direitos que podem ção quando a norma omissa for atribuição de órgão, entidade ou
ser objeto do Mandado de Segurança individual (líquidos e autoridade federal, excetuados os casos de competência do STF,
certos), porém direcionado à defesa dos interesses coletivos, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.
As Justiças Estaduais também têm competência para jul-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
deste vínculo, mas esta ainda é uma questão controversa. exercício imediato do direito obstado pela falta da
norma, dizendo qual solução deve ser aplicada ao
No caso de sindicatos e associações, não se exige que
caso em questão. A corrente concretista subdivide-
os mesmos apresentem autorização expressa de cada um
se em duas:
de seus associados representados em juízo, bastando uma
autorização genérica em seus estatutos sociais. » Concretista Individual: o Judiciário estabelece
como o impetrante poderá exerceu o direito
Não há necessidade de constar na petição inicial o
prejudicado pela falta da norma, mas os efeitos
nome de todos os associados, sendo que a situação indivi-
da decisão só valem para o impetrante.
dual de cada um será levada em conta quando da execução
da sentença, devendo a autoridade impetrada, ao cumprir a » Concretista Geral: o Judiciário estabelece como a
decisão judicial, exigir que cada beneficiário comprove sua ausência da norma será suprida, e essa decisão
filiação à entidade beneficiária. terá efeitos erga omnes, podendo ser aprovei-
tada por todos que se encontrarem na mesma
Mandado de Injunção situação, até que seja editada a norma faltante.
LXXI. Conceder-se-á mandado de injunção sempre Atualmente o STF tem adotado a corrente concretista
que a falta de norma regulamentadora torne inviá- geral.
vel o exercício dos direitos e liberdades constitucio-
nais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
Habeas Data
à soberania e à cidadania; LXXII. Conceder-se-á Habeas Data:
O mandado de injunção é o instrumento previsto para a) para assegurar o conhecimento de informa-
combater a inércia do Poder Legislativo ou Executivo na regu- ções relativas à pessoa do impetrante, constantes
lamentação de direitos e liberdades constitucionais e aqueles de registros ou bancos de dados de entidades go-
relacionados à nacionalidade, à soberania e à cidadania. vernamentais ou de caráter público;
Ele visa combater a falta de efetividade das normas cons- b) para a retificação de dados, quando não se
titucionais de eficácia limitada, relacionada àqueles assuntos. prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
O Supremo Tribunal Federal decidiu pela autoaplicabili- administrativo;
dade do inciso LXXI do Art. 5º da Constituição, independen- Diante do texto constitucional, pode-se definir o Habeas
temente de edição de lei regulamentando o mandado de in- Data como o remédio constitucional de que podem se valer
junção, tendo em vista o Art. 5º, §1º, que determina que as todas as pessoas para solicitar judicialmente a exibição dos
normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm registros públicos ou privados de caráter público, nos quais
aplicação imediata. estejam incluídos seus dados pessoais, para que deles tome
conhecimento e, se necessário for, requerer sua retificação.
Competência Porém, de acordo com a Lei nº 9.507/97, o impetrante deve
Compete ao STF processar e julgar, originalmente, o man- provar que seu pedido foi negado administrativamente, para que
dado de injunção, quando a elaboração da norma regulamen- possa recorrer ao Habeas Data.
tadora for atribuição do Presidente da República, do Congres-
so Nacional, da Câmara Federal, do Senado Federal, da Mesa Legitimação Ativa
de uma dessas Casas, do TCU, de um dos Tribunais Superiores, O Habeas Data poderá ser impetrado tanto por pessoa físi-
ou do próprio STF. ca como por pessoa jurídica, brasileira ou estrangeira.
Somente poderão ser requeridas informações relativas ao Legitimação Passiva
próprio impetrante, nunca de terceiros (caráter personalíssimo Deverão figurar no polo passivo de uma ação popular:
da ação), embora a jurisprudência tenha admitido que os su-
▷ União, Estado, DF ou Municípios do qual emanou o
cessores do de cujus possa impetrar Habeas Data em nome do
ato lesivo;
mesmo.
▷ Autoridades, funcionários ou administradores que
Diferentemente do que ocorre com o Habeas Corpus, a
autorizaram, aprovaram, ratificaram, praticaram ou
petição inicial do Habeas Data deve sempre ser subscrita por
advogado. se omitiram em relação ao ato;
▷ Beneficiários diretos do ato.
Legitimação Passiva
Podem ser sujeitos passivos do Habeas Data os responsá- Assistência Jurídica Gratuita
veis por entidades governamentais, da administração pública LXXIV. O Estado prestará assistência jurídica inte-
direta e indireta. gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
Além disso, o Habeas Data também pode ser impetrado contra de recursos;
representantes de pessoas jurídicas privadas que prestem serviços Todos têm direito a um advogado, seja para defendê-los em
para o público ou de interesse público, e desde que detenham da- processos criminais, seja para mover ações em defesa de seus
dos referentes às pessoas físicas ou jurídicas (Ex.: Serasa). direitos (cíveis, trabalhistas, etc.).
Liminar em Habeas Data A Constituição Federal determina que aqueles que não
A exemplo do Habeas Corpus, a lei silencia-se sobre a puderem pagar por um advogado deverão ter um indicado
possibilidade de concessão de liminar em Habeas Data. No en- e pago pelo Estado, desde que a pessoa comprove não ter
tanto, os tribunais têm admitido essa possibilidade, desde que condições de arcar com os honorários.
presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora. Atualmente, todos os Estados brasileiros possuem Defen-
De observar-se que, nos Tribunais, via de regra, os proces- sorias Públicas, que visam justamente prestar assistência jurí-
sos de Habeas Data terão prioridade sobre todos os atos judi- dica gratuita aos reconhecidamente pobres. Além disso, exis-
ciais, exceto Habeas Corpus e mandado de segurança. tem também as Defensorias Públicas Federais (que oficiam
junto à Justiça Federal).
Ação Popular O STF tem entendido que também as pessoas jurídicas têm
LXXIII. Qualquer cidadão é parte legítima para direito à justiça gratuita, quando não possuírem condições de
propor ação popular que vise a anular ato lesivo pagar por um advogado, sem comprometer seu funcionamento.
ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao Indenização por Erro Judiciário
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
Ş
ŝ#-ŝŦ
LXXV. O Estado indenizará o condenado por erro
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de judiciário, assim como o que ficar preso além do
custas judiciais e do ônus da sucumbência; tempo fixado na sentença;
A ação popular é um importante instrumento processual É sabido que até o Judiciário está sujeito a cometer erros,
que a sociedade tem para controlar os atos dos agentes públi- podendo tanto vir a absolver um culpado como, eventualmen-
cos e anular atos lesivos ao patrimônio público. te, vir a condenar alguém que, na verdade, era inocente.
É um instrumento bastante democrático e que pode ser
No caso de condenação de alguém que não deveria sê-lo,
exercido por qualquer cidadão brasileiro.
prevê nossa Constituição a possibilidade de indenização dessa
É regulada pela Lei nº 4.717/65, sendo, assim, anterior à pessoa.
própria Constituição Federal de 1988. Na verdade, consta a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Também que, aqueles que ficarem presos mais tempo do
previsão de ação popular (embora com outro escopo) desde
a Constituição de 1824. que o devido (circunstância relativamente comum, resultado
da falta de assistência jurídica de muitos condenados) poderão
Assim, a ação popular tem por finalidade pleitear a anula- exigir do Estado essa compensação.
ção ou declaração de nulidade de atos lesivos:
▷ Ao patrimônio da União, Estados, DF e Municípios, Gratuidades
bem como de qualquer entidade em que o tesouro
LXXVI. São gratuitos para os reconhecidamente
público participe;
pobres, na forma da lei:
▷ À moralidade administrativa;
a) o registro civil de nascimento;
▷ Ao meio-ambiente;
b) a certidão de óbito;
▷ Patrimônio histórico, cultural, econômico, artístico,
estético ou turístico. LXXVII. São gratuitas as ações de “Habeas Corpus”
e “Habeas Data”, e, na forma da lei, os atos neces-
Legitimação Ativa sários ao exercício da cidadania.
Pode propor a ação popular qualquer cidadão. Para aqueles que comprovarem não terem condições fi-
Para esse efeito, considera-se cidadão aquele que esteja apto nanceiras, o Estado deverá proceder gratuitamente ao registro
a votar e a ser votado (conceito restrito de cidadania). A prova da dos nascimentos e dos óbitos (até porque o correto registro 217
cidadania se faz com a apresentação do título de eleitor. desses eventos interessa também ao próprio Estado).
Também são gratuitas a ações de Habeas Corpus e Habeas dos votos dos respectivos membros, serão equivalen-
218 Data, bem como os atos necessários ao exercício da cidadania tes às emendas constitucionais.
(emissão de documentos, por exemplo). Nesse último caso, na De acordo com o parágrafo 3º do Art. 5º, os tratados in-
forma que a lei estabelecer (norma de eficácia limitada). ternacionais que passarem pelo mesmo rito de aprovação das
emendas constitucionais (aprovação na Câmara e no Senado,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Razoável Duração do Processo em dois turnos, por três quintos dos votos dos deputados fe-
LXXVIII. A todos, no âmbito judicial e administra- derais e senadores) terão status de norma constitucional.
tivo, são assegurados a razoável duração do pro- Diferente situação ocorre com os tratados internacionais
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua sobre direitos humanos que forem aprovados pela forma ordi-
tramitação. nária de ratificação de tratados: nesse caso, tais tratados terão
Existe um binômio que precisa ser levado em consideração na o status de norma supralegal, mas hierarquicamente inferior
prestação jurisdicional: justiça-celeridade. às normas constitucionais.
Essas duas características, a princípio antagônicas (quanto
mais rápido um processo, com menos recursos, menos justo
Tribunal Penal Internacional
ele tendo a ser, e vice-versa), precisam ser combinadas de for- § 4º. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
ma que se busquem decisões justas, que respeitem o direito Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
ao contraditório, ampla defesa e possibilidade de recursos e Para evitar discussões a respeito da legitimidade de julga-
que, ao mesmo tempo não sejam por demais tardias. mento de brasileiros por tribunais internacionais, o parágrafo
A Constituição não define o que seja razoável duração do 4º do Art. 5º deixa claro que, se o Brasil manifestar adesão à
processo, porém essa definição está ligada ao binômio acima, criação de um Tribunal Penal Internacional, cidadãos brasilei-
Ş
ŝ#-ŝŦ
ou seja, deve-se procurar que o processo seja o mais rápido ros poderão ser julgados por esse Tribunal, nos termos estabe-
possível, porém não tão rápido de forma a prejudicar a busca lecidos no tratado de constituição.
da justiça.
O mesmo vale para os processos administrativos. 3.2. Direitos Sociais
Os direitos sociais são direitos fundamentais típicos da
Disposições Gerais chamada segunda geração, e visam garantir uma existência
Os parágrafos do Art. 5º da CF trazem uma série de dis- digna aos cidadãos.
posições gerais aplicáveis aos direitos e garantias individuais São consideradas verdadeiras obrigações que o Estado
e coletivos: possui para com seus nacionais e, precipuamente, buscam
Aplicação imediata das Normas garantir melhores condições de vida aos menos favorecidos,
funcionando assim como instrumentos de equalização de con-
Definidoras de Direitos e dições sociais desiguais.
Garantias Fundamentais Sua extensão varia de país para país, de acordo com a con-
§ 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias cepção do papel atribuído ao Estado em cada um deles.
fundamentais têm aplicação imediata. Assim, existem alguns países que reconhecem um número
Isso significa que a intenção do constituinte era que as nor- maior de direitos sociais, como é o caso do Brasil e de vários
mas constitucionais que tratam de direitos e garantias fossem países da Europa continental, sendo chamados de Estados-
imediatamente aplicadas. Em se tratando de normas de eficá- -Provedores ou Estados-Sociais. Por outro lado, existem outros
cia limitada, cabe a impetração de mandado de injunção para que consideram que o Estado deve possuir menos obrigações
que a omissão seja suprida. em relação ao particular, recebendo normalmente o nome de
Estados liberais.
Não Taxatividade dos Direitos O Art. 6º de nossa Constituição define quais são eles:
e Garantias Fundamentais Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
§ 2º. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
não excluem outros decorrentes do regime e dos princí- a segurança, a previdência social, a proteção à mater-
pios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em nidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
que a República Federativa do Brasil seja parte. forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 90, de 2015)
Além dos direitos e garantias expressos no Art. 5º e em ou-
tros artigos da Constituição, o rol pode ser constantemente am- Embora os direitos sociais sejam bastante amplos, conforme
pliado por meio de tratados internacionais assinados pelo Brasil. se verifica acima, em seu Capítulo II - Direitos Sociais, nossa CF
trata basicamente dos direitos trabalhistas, que regem as rela-
Aprovação de Tratados internacionais ções entre patrões e empregados. Outros direitos sociais são
sobre Direitos Humanos com abordados em dispositivos diferentes da Constituição Federal.
O Art. 7º da Constituição Federal traz os principais direitos
Status de Norma Constitucional trabalhistas. Importante observar que nem todos se aplicam
§ 3º. Os tratados e convenções internacionais sobre di- aos servidores públicos e, mesmo os que se aplicam, podem
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do ser regulamentados de forma diferente por leis específicas,
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos uma vez que os servidores são regidos por estatutos próprios.
Os empregados domésticos também não possuem todos A lei do seguro-desemprego, além de trazer o pagamento
os direitos citados nos incisos do Art. 7º, por conta do disposto do chamado auxílio-desemprego, também dispõe que o Go-
em seu parágrafo único, embora a EC nº 72/2013 tenha am- verno deve oferecer meios para ajudar o trabalhador a encon-
pliado significativamente os seus direitos, quase que os equi- trar um outro emprego.
parando aos demais trabalhadores.
Vejamos o que diz o Art. 7º da Constituição Federal: FGTS
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, III. Fundo de garantia do tempo de serviço;
além de outros que visem à melhoria de sua condição Trata-se do FGTS, equivalente a aproximadamente um salá-
social: rio por ano (8% do salário por mês), depositado pelo emprega-
O caput do Art. 7º deixa claro que os direitos sociais apre- dor em conta vinculada e exclusiva do empregado, administrada
sentados em seus incisos se aplicam indistintamente aos tra- pela Caixa Econômica Federal e sujeito a saques em hipóteses
balhadores urbanos e rurais, e que não excluem outros, pre- específicas, como despedida sem justa causa e aposentadoria.
vistos na própria Constituição ou em leis específicas. Ou seja, A ideia do FGTS é que o empregador faça uma poupan-
tal artigo traz somente o mínimo considerado necessário pelo ça forçada para o empregado, o qual, por sua vez, somente
constituinte para que o trabalhador possa ter condições de tra- poderá sacá-la nas hipóteses previstas em lei. Por sua vez, a
balho e de vida dignas. lei prevê que os recursos “parados” nas contas do FGTS dos
E os incisos do Art. 7º trazem quais são esses direitos: empregados brasileiros podem ser usados pelo Governo para
financiamento do Sistema Financeiro da Habitação - SFH.
Proteção contra Despedida O servidor público estatutário ocupante de cargo efetivo
sem Justa Causa não tem direito ao FGTS.
I. Relação de emprego protegida contra despedi- Salário-Mínimo
da arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
IV. Salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente
complementar, que preverá indenização compen-
unificado, capaz de atender a suas necessidades
satória, dentre outros direitos;
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
A demissão arbitrária ou sem justa causa pode trazer graves mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
consequências para o trabalhador, inclusive no que se refere ao ne, transporte e previdência social, com reajustes
seu sustento e de sua família. periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
Diante disso, a Constituição exige que lei complementar sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
o proteja dessa situação, buscando amenizar os impactos de- O salário-mínimo deveria garantir uma existência digna
correntes de tal despedida com o pagamento de uma indeni- para uma família com dois filhos. Sabe-se que está muito lon-
zação, entre outras providências que podem ser adicionadas. ge disso. No entanto, um aumento repentino e substancial no
Ş
ŝ#-ŝŦ
Essa lei complementar referida no dispositivo ainda não salário-mínimo poderia trazer consequências desastrosas para
existe. Diante disso, permanece em vigor disposto no Art. 10 do a economia, como por exemplo, demissões em massa, falta de
ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), que recursos para pagamento de benefícios da Previdência Social,
afirma o seguinte: etc. Por conta disso, entende-se que se deve aumentar pau-
Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a latinamente o valor do salário mínimo, até que ele atenda a
que se refere o Art. 7º, I, da Constituição: todas as necessidades previstas no texto constitucional.
I. fica limitada a proteção nele referida ao aumen- De acordo com o inciso IV do Art. 7º, o salário- -mínimo
to, para quatro vezes, da porcentagem prevista no também deve ser:
Art. 6º, “caput” e § 1º, da Lei nº 5.107/66; ▷ Fixado em lei: é o Poder Legislativo quem deve es- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II. fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: tabelecer o valor do salário-mínimo ou aprovar os
a) do empregado eleito para cargo de direção de critérios para a definição de seu valor.
comissões internas de prevenção de acidentes, ▷ Nacionalmente unificado: embora os Estados possam
desde o registro de sua candidatura até um ano ter salários-mínimos regionais, esses devem ser sem-
após o final de seu mandato; pre iguais ou superiores ao salário-mínimo nacional.
b) da empregada gestante, desde a confirmação ▷ Reajustado periodicamente: esse reajuste é previsto
da gravidez até cinco meses após o parto. para garantir a preservação do valor do salário-míni-
A multa citada no inciso I do Art. 10 do ADCT é justamente mo, diante da inflação. É realizado anualmente.
a multa de 40% do valor depositado pelo empregador na conta ▷ Proibido de vinculação para qualquer fim: tem por
do FGTS do empregado, no caso de demissão sem justa causa. objetivo não criar “amarras” ao aumento do salário-
mínimo.
Seguro-Desemprego
II. Seguro-desemprego, em caso de desemprego Piso Salarial
involuntário; V. Piso salarial proporcional à extensão e à comple-
O seguro-desemprego é atualmente regulamentado pela xidade do trabalho;
Lei nº 7.998/90, e busca amparar temporariamente o trabalha- Além do salário-mínimo, que se aplica a todos os trabalha- 219
dor, em virtude de despedida sem justa causa. dores brasileiros, a Constituição prevê que haja também pisos
salariais, que são salários-mínimos aplicáveis a determinadas De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
220 categorias profissionais, e cujo valor deve levar em conta a ex- o trabalho noturno urbano estende-se das 22 horas de um dia
tensão e a complexidade do trabalho em cada uma delas. às 5 horas do outro. Já nas atividades rurais, é considerado no-
Esses pisos salariais são negociados pelos sindicatos de turno o trabalho executado na lavoura entre 21 horas horas de
cada categoria profissional junto aos sindicatos dos empre- um dia às 5 horas do dia seguinte, e na pecuária, entre 2 horas
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
gadores, ou podem ser obtidos pelos sindicatos profissionais às 4 horas do dia seguinte.
mediante dissídios coletivos na Justiça do Trabalho. Quem trabalhar nesses horários terá direito a um adicio-
Obviamente, os valores dos diversos pisos salariais devem nal, calculado com base nas horas de trabalho que coincidirem
ser sempre iguais ou superiores ao valor do salário-mínimo. com esses períodos.
Ş
ŝ#-ŝŦ
ros em termos de oportunidades no mercado de trabalho.
perior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
normal; Norma de eficácia limitada, deve ser regulamentada por lei.
O serviço extraordinário condiz com as chamadas horas Aviso-Prévio
extras.
XXI. Aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço,
Deve-se observar que o valor de 50% é o mínimo de acrésci-
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
mo. É muito comum que determinadas categorias profissionais
consigam acréscimo maior em função de negociação coletiva. Aviso prévio é o intervalo de tempo entre a comunicação da
intenção da ruptura do contrato de trabalho por uma das partes
Férias e sua efetiva rescisão, a fim de que a outra parte se prepare para
essa ruptura.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XVII. Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal; No caso de a iniciativa da rescisão partir do empregador,
ele deve avisar o empregado com um prazo que varia de 30
As férias são um período de até 30 dias de descanso con-
dias a 90 dias de antecedência, dependendo do número de
cedidos a cada trabalhador após 12 meses de trabalho, que se-
anos que o empregado trabalhou na empresa. Se preferir não
rão gozados de uma só vez, salvo em casos excepcionais, em
o fazer, deverá pagar o salário correspondente a esses dias, no
que o período de férias poderá ser dividido em dois períodos,
momento da rescisão.
um dos quais não deverá ser inferior a 10 dias consecutivos.
Se a iniciativa da rescisão partir do empregado, ele também
A CLT permite que o empregado venda até 10 dias de suas tem a obrigação de avisar o empregador com 30 dias de antece-
férias, cabendo ao patrão decidir sobre o momento de con- dência. Se não o fizer, terá descontado de suas verbas rescisórias
cedê-las, não podendo, no entanto, deixar acumular mais de o valor correspondente.
dois períodos de aquisição, sob pena de pagamento de multa.
Durante as férias, o trabalhador receberá, além de seu sa- Redução dos Riscos do Trabalho
lário normal, um adicional correspondente a 1/3 desse salário. XXII. Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
É o conhecido adicional de férias, concedido ao empregado meio de normas de saúde, higiene e segurança;
para que o mesmo tenha meios para, de fato, poder aproveitar
A legislação deve cuidar de proteger o trabalhador contra
o período de descanso. 221
os acidentes e demais riscos no trabalho, como prejuízo à sua
saúde, por exemplo. Toda atividade profissional envolve riscos, As negociações efetuadas entre os empregadores e os sin-
222 umas mais outras menos, mas a obrigação do Estado é pro- dicatos representantes das categorias profissionais têm força
curar reduzir esses riscos, principalmente através de normas de lei entre as partes, desde que não desrespeitem os limites
dirigidas ao empregador, cabendo ao Estado fiscalizar se essas impostos pela legislação.
normas estão ou não sendo cumpridas. As convenções coletivas são celebradas entre um sindicato
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Exemplo de aplicação dessa norma é a exigência de que o patronal e outro profissional e que os acordos coletivos são fir-
empregador disponibilize a seus empregados equipamentos mados entre um sindicato profissional e um ou mais emprega-
de proteção individual – EPI, quando o trabalho envolver riscos dores específicos.
físicos, químicos ou biológicos.
Proteção Face à Automação
Adicionais de Penosidade, XXVII. Proteção em face da automação, na forma
Insalubridade e Periculosidade da lei;
Automação é a substituição da mão de obra humana pela
XXIII. Adicional de remuneração para as atividades mecanizada. Essa automação, embora necessária para apri-
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; morar a competitividade da indústria nacional, pode causar
Atividades penosas são as tarefas árduas, difíceis, cansati- sérios prejuízos ao emprego, se seus efeitos não forem bem
vas, que ocasionam um grande desgaste físico ou mental para administrados.
o trabalhador, como aquelas exercidas sem possibilidade de Por isso a Constituição determina que a lei deverá prote-
descanso ou o sujeite a intempéries, ou mesmo que obrigue a ger os empregados dos efeitos nocivos dessa automação, por
levantar muito cedo ou dormir muito tarde.
exemplo, providenciando cursos de atualização e mecanismos
Ş
ŝ#-ŝŦ
Atividades insalubres são aquelas que causam prejuízo ou de realocação desses empregados em outras atividades.
risco à saúde do trabalhador, como ocorre, por exemplo, com
trabalhadores em minas subterrâneas, que podem ter seu sis- Seguro contra Acidentes de Trabalho
tema respiratório comprometido com a aspiração de pequenas
partículas de pó, podendo, com o passar do tempo, inclusive XXVIII. Seguro contra acidentes de trabalho, a
desenvolver a silicose, grave doença que causa o endurecimento cargo do empregador, sem excluir a indenização a
dos pulmões e que pode levar à morte. que este está obrigado, quando incorrer em dolo
Por fim, atividades perigosas são aquelas que causam ou culpa;
risco imediato à vida ou integridade física, como ocorre, por A lei deve instituir seguro que indenize o trabalhador em
exemplo, com os eletricistas que trabalham na manutenção de caso de acidente laboral, sendo que esse seguro deve ser pago
redes de alta tensão. pelo empregador.
Tratando-se de atividade penosa, insalubre ou perigosa, terá O valor do prêmio do seguro pago pelo empregador depen-
o trabalhador direito a um adicional em sua remuneração, como de do grau de risco da atividade desenvolvida pelo empregado.
uma forma de compensação. Se o acidente ocorrer por dolo ou culpa do empregador
(que não forneceu os equipamentos de segurança obriga-
Aposentadoria tórios, por exemplo), o trabalhador, além de receber o valor
XXIV. Aposentadoria; correspondente ao seguro, também poderá cobrar, na Justiça,
Aposentadoria é o direito que o trabalhador que preen- indenização do empregador.
cheu os requisitos legais de tempo de contribuição e/ou idade Ações Trabalhistas
tem de receber do estado um auxílio para o seu sustento.
XXIX. Ação, quanto aos créditos resultantes das
É oferecida pela Previdência Social, com exceção da apo-
relações de trabalho, com prazo prescricional de
sentadoria por idade (sem o tempo mínimo de contribuição),
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
que é um benefício da Assistência Social.
até o limite de dois anos após a extinção do contra-
Os requisitos para aposentadoria do servidor público são dife- to de trabalho;
renciados daqueles exigidos do trabalhador da iniciativa privada.
Esse inciso trata da chamada ação trabalhista, instrumen-
Assistência em Creches e Pré-Escolas to utilizado pelo empregado ou ex-empregado para cobrar na
Justiça direitos não respeitados pelo empregador.
XXV. Assistência gratuita aos filhos e dependentes A norma estabelece dois prazos prescritivos, os quais, se não
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em obedecidos, levarão à perda do direito do empregado ou ex-em-
creches e pré-escolas; pregado de cobrar tais direitos:
A partir dos seis anos, a criança deve ser matriculada no ensi- a) prazo para entrar com a ação: máximo de dois anos após
no regular, que começa com o fundamental. a extinção do contrato de trabalho, se o autor entrar com a ação
Antes dessa idade, porém, o Poder Público deve garantir após o fim do vínculo empregatício, que é o que normalmente
assistência às crianças em creches e pré--escolas públicas. ocorre, pois é muito raro que alguém entre com uma ação traba-
lhista enquanto ainda trabalha da empresa acionada.
Convenções e Acordos Coletivos b) prazo para cobrança dos créditos trabalhistas: somen-
XXVI. Reconhecimento das convenções e acordos te podem ser cobrados os créditos trabalhistas referentes aos
coletivos de trabalho; cinco anos anteriores ao ingresso da ação judicial.
Proibição de Discriminação Trabalhador Avulso
Profissional XXXIV. Igualdade de direitos entre o trabalhador
com vínculo empregatício permanente e o traba-
XXX. Proibição de diferença de salários, de exercí- lhador avulso.
cio de funções e de critério de admissão por motivo
Trabalhador avulso é aquele que, apesar de não ser autô-
de sexo, idade, cor ou estado civil; nomo, não tem vínculo empregatício com o tomador de seu
Esse inciso proíbe a discriminação profissional arbitrária, serviço, sendo vinculado ao chamado Órgão Gestor de Mão de
buscando combater o preconceito e a desigualdade no am- Obra, por força de lei.
biente de trabalho. É o caso dos estivadores, que são carregadores que trabalham
XXXI. Proibição de qualquer discriminação no to- em portos, e de alguns trabalhadores rurais.
cante a salário e critérios de admissão do trabalha- A Constituição Federal garante a eles os mesmos direitos
dor portador de deficiência; do trabalhador com vínculo permanente. Assim, atualmente
A norma tem o objetivo de facilitar o acesso do deficiente eles terão direito a benefícios como 13º salário, licença-mater-
ao mercado de trabalho e impedir que venha a receber menos nidade e licença-paternidade, férias remuneradas, etc.
que outro trabalhador pelo simples fato de ser deficiente.
No entanto, no que se refere a critérios de admissão
Trabalhador Doméstico
essa disposição não é absoluta, uma vez que existem de- Parágrafo único. São assegurados à categoria dos traba-
terminadas funções que dificilmente podem ser exercidas lhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI,
por deficientes, seja pelas atribuições do emprego (cargo VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
de segurança, por exemplo), seja pela falta de acessibilida- XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas
de no local de trabalho. em lei e observada a simplificação do cumprimento das
Porém, não havendo tais restrições, o empregador não obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes
deve recusar-se a contratar alguém alegando tratar-se de um da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
deficiente.
integração à previdência social.
XXXII. Proibição de distinção entre trabalho ma- A Lei nº 5.859/72 traz o conceito de empregado domés-
nual, técnico e intelectual ou entre os profissionais tico: é aquele que presta serviços de natureza contínua e de
respectivos; finalidade não lucrativa a pessoa ou família, no âmbito resi-
Esse inciso evidentemente não proíbe que se paguem di- dencial destas.
ferentes salários em função da complexidade do trabalho (um Enquadram-se nesse conceito: a empregada doméstica,
engenheiro pode e deve ganhar mais do que um porteiro),
Ş
ŝ#-ŝŦ
propriamente dita; as babás, os caseiros e motoristas particula-
mas simplesmente veda a diferenciação discriminatória em res, entre outros, desde que tenham vínculo empregatício com
razão do tipo de trabalho. uma pessoa física e prestem serviços na residência dessa pessoa
Assim, por exemplo, o empregador não pode conceder de- e que seu trabalho não propicie ganhos econômicos a ela.
terminados benefícios somente a determinados empregados e O trabalhador doméstico não tem exatamente os mesmos
negá-los a outros. direitos dos demais empregados, mas a EC nº 72/2013 ampliou
É uma disposição dirigida não só aos empregadores, mas bastante os seus direitos, praticamente equiparando-os com
também aos próprios legisladores, para que estes não criem leis os direitos do trabalhador empregado e do trabalhador avulso.
que privilegiam determinadas categorias de trabalhadores, em Atualmente, os únicos direitos trabalhistas garantidos aos
detrimento de outras. demais trabalhadores e que os empregados domésticos não pos-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
gação da Constituição, a CLT vedava a participação dos inativos combustíveis;
na administração dos sindicatos. ▷ Assistência médica e hospitalar;
VIII. É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a ▷ Distribuição e comercialização de medicamentos e
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou alimentos;
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, ▷ Funerários;
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer ▷ Transporte coletivo;
falta grave nos termos da lei. ▷ Captação e tratamento de esgoto e lixo;
O inciso VIII busca proteger o sindicalista de pressões ilegí- ▷ Telecomunicações;
timas por parte do empregador. Assim, garante ao trabalhador ▷ Guarda, uso e controle de substâncias radioativas, NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
que for candidato a algum cargo no sindicato uma estabilidade equipamentos e materiais nucleares;
temporária, que vai da data em que apresenta o registro de
▷ Processamento de dados ligados a serviços essenciais;
sua candidatura junto ao sindicato até, se eleito, um ano após
o final do mandato. ▷ Controle de tráfego aéreo;
▷ Compensação bancária.
Não houvesse essa proteção, poderia haver fundados re-
ceios de represálias do empregador contra aqueles trabalha- b) eventuais abusos cometidos no exercício do direito de
greve deverão ser punidos, na forma estabelecida em lei. Isso
dores que decidissem assumir algum cargo no sindicato.
porque não existe direito absoluto, e mesmo um direito legíti-
Obviamente, se o trabalhador praticar alguma falta grave mo pode ser exercido de forma abusiva, o mesmo aplicando-
durante o pedido de estabilidade, poderá ser demitido por jus- se em relação ao direito de greve.
ta causa.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- Participação em Colegiados
se à organização de sindicatos rurais e de colônias de de Órgãos Públicos
pescadores, atendidas as condições que a lei estabe-
lecer. Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores
O objetivo do constituinte foi deixar claro que as regras e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em
constantes do Art. 8º aplicam-se também aos sindicatos rurais que seus interesses profissionais ou previdenciários se- 225
e de colônias de pescadores. jam objeto de discussão e deliberação.
A participação dos trabalhadores e empregadores nos órgãos Assim, o nacional pode ser:
226 mencionados no Art. 10 busca torná--los mais democráticos e re- ▷ Nato: quem já nasce com aquela nacionalidade ou é
presentativos e conferir maior legitimidade às suas decisões. equiparado para todos os efeitos àqueles que nas-
cem. Tem o que se chama de nacionalidade originária.
Eleição de Representante ▷ Naturalizado: quem possuía outra nacionalidade
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Importante observar que o objetivo desse delegado é Estado quem nascer em seu território, independen-
de facilitar a comunicação entre empregador e empregados temente do fato de seus progenitores serem ou não
e intermediar acordos dentro da empresa, não podendo, por nacionais daquele país.
exemplo, celebrar convenções ou acordos coletivos com força
de lei, pelo fato de não ser o representante do sindicato. É um dos critérios adotados pela Constituição Brasileira, a
qual afirma que, via de regra, os nascidos no Brasil são brasilei-
3.3. Direitos de Nacionalidade ros, mesmo que de pais estrangeiros, exceto se eles estiverem
a serviço de seu país de origem.
Os Arts. 12 e 13 da Constituição Federal estão localizados ▷ Critério sanguíneo, também chamado de critério
na Seção que faz referência aos chamados direitos de nacio- do ius sanguinis (direito do sangue): os Estados que
nalidade. adotam esse critério consideram que será cidadão
Esses direitos dizem respeito à condição, ao status, do in- nato somente quem for descendente de nacionais,
divíduo em relação ao Estado. mesmo que nasçam em território daquele país.
E em relação ao Estado, a pessoa pode assumir duas con- O Brasil, como regra geral, adotou-se o critério do ius solis,
dições ou status: havendo, porém, também aplicação do ius sanguinis, de forma
▷ Nacional: quem possui a nacionalidade daquele relativa e em alguns casos, no que se refere aos filhos de brasi-
Estado, possuindo um vínculo permanente com ele, leiros nascidos no exterior.
sendo formalmente seu súdito. É o caso dos brasilei- Vejamos o que o Art. 12 da Constituição Federal diz sobre
ros, em relação ao Brasil; dos argentinos, em relação o assunto:
à Argentina, etc.
▷ Estrangeiro: quem possui outra nacionalidade que Brasileiros Natos
não a daquele país ou não possui nenhuma naciona- Art. 12. São brasileiros:
lidade (nesse último caso, são os chamados apátri- I. Natos:
das), mas que deve submeter-se à lei do país em que a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
estiver. O estrangeiro pode ser residente, quando ainda que de pais estrangeiros, desde que não
morar no país, ou não residente, quando sua estadia estejam a serviço de seu país;
for temporária, como é o caso dos turistas e viajan- Exemplo de aplicação do ius solis, a alínea “a” do inciso II
tes a negócios. afirma que, como a regra geral, nascendo alguém no Brasil,
A definição de quem é nacional e quem é estrangeiro, em será brasileiro, mesmo que seus pais sejam estrangeiros.
relação a um determinado Estado, é importantíssima para de- Existe somente uma exceção: se um de seus pais estiver
finir o status legal da pessoa e a extensão de seus direitos e aqui a serviço de seu país, como ocorre, por exemplo, com os
deveres em relação ao país, de acordo com o que estabelecer filhos de embaixadores de outros países lotados aqui no Brasil
o ordenamento jurídico local. e de militares estrangeiros que estejam em missão oficial aqui
A aquisição da nacionalidade pode ser dar por dois modos: no Brasil (normalmente como adidos em embaixadas). No caso
modo originário e modo derivado. de um dos pais estar a serviço de seu país, seus filhos, mesmo
Os que possuem a nacionalidade originária são chama- nascidos aqui no Brasil não terão a nacionalidade brasileira.
dos de cidadãos natos, que quer dizer “nascidos”, já os que A grande maioria dos brasileiros tem sua nacionalidade
possuem a nacionalidade derivada são chamados de cidadãos originária definida por esse dispositivo da constituição, ou
naturalizados. seja, são brasileiros porque nascem no território brasileiro.
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a residentes na República Federativa do Brasil há
serviço da República Federativa do Brasil; mais de quinze anos ininterruptos e sem conde-
Aqui, é o outro lado da moeda da exceção vista acima. Via nação penal, desde que requeiram a nacionalida-
de regra, se alguém nascer no exterior, será estrangeiro. Po- de brasileira.
rém, tratando-se de filho de brasileiro que esteja no exterior a De acordo com esse dispositivo, os estrangeiros que aqui
serviço do Brasil, a criança será considerada brasileira, como se vivam há mais de 15 anos ininterruptos e que não tenham con-
aqui tivesse nascido. denação criminal poderão solicitar sua nacionalização, inde-
Entende-se que, estando algum brasileiro servindo o Brasil pendentemente de preencher quaisquer outros requisitos.
no exterior, é justo que nossa nação acolha seus filhos e faça Vê-se assim, que há duas formas de naturalização:
deles também brasileiros, mesmo que nascidos fora do terri-
tório nacional. a) se o estrangeiro tiver menos de quinze anos
de residência no Brasil, terá que se submeter às
Assim, por exemplo, o filho de um embaixador brasileiro
todas as exigências da lei para naturalizar-se;
em qualquer país do mundo será considerado brasileiro.
Aliás, isso vale para os filhos de todos os brasileiros que b) se tiver mais de quinze anos de residência
estejam no exterior a serviço de entidades da administração aqui, bastará não ter condenação criminal e so-
direta ou indireta, de qualquer das entidades da Federação, in- licitar a naturalização;
cluindo as empresas públicas e sociedades de economia mista. A Constituição atual, diferentemente das que a precede-
Deve ser observado que nada impede que a criança tam- ram, deixou claro que a naturalização depende de solicitação
bém tenha a nacionalidade do país onde nasceu, se tal o per- do interessado, não havendo mais a chamada naturalização
mitiu a legislação local. automática. Assim, se o estrangeiro estiver no Brasil há mais
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de 15 anos e não tiver condenação criminal, mas não solicitar
de mãe brasileira, desde que sejam registrados sua naturalização, continuará sendo estrangeiro.
em repartição brasileira competente ou venham a
residir na República Federativa do Brasil e optem, Equiparação entre o Brasileiro e o
em qualquer tempo, depois de atingida a maiori- Português Residente no Brasil
dade, pela nacionalidade brasileira;
§ 1º. Aos portugueses com residência permanente no
Esta é a única hipótese de brasileiro nato que não nasce já País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
brasileiro. serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, sal-
Trata-se de filho de brasileiro, que, mesmo nascido no ex- vo os casos previstos nesta Constituição.
terior, será considerado brasileiro nato em suas hipóteses: Esse dispositivo equipara um estrangeiro específico – o
a) se for registrado por seus pais em repartição bra-
Ş
ŝ#-ŝŦ
português – ao brasileiro, desde que presentes os seguintes
sileira competente (consulado ou embaixada); ou requisitos:
b) se vier a residir aqui no Brasil e optar, após os 18 a) o português seja residente no País;
anos, pela nacionalidade brasileira. b) haja reciprocidade nesse tratamento diferen-
Ocorrendo uma dessas duas situações, será ele considerado ciado em relação aos brasileiros residentes em
brasileiro nato, sem nenhuma distinção em relação aos demais, Portugal, ou seja, para que seja válido, os brasi-
exatamente como se tivesse nascido em território nacional. leiros que moram em Portugal devem ter os mes-
mos direitos do português;
Brasileiros Naturalizados c) haja respeito às diferenciações trazidas pela
Art. 12. São brasileiros: Constituição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II. Naturalizados: Embora o texto constitucional não diga, entende-se que o
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali- português estaria equiparado ao brasileiro naturalizado.
dade brasileira, exigidas aos originários de países
de língua portuguesa apenas residência por um Proibição de Diferenciação entre
ano ininterrupto e idoneidade moral; Brasileiros Natos e Naturalizados
Essa é uma norma de eficácia limitada, ou seja, precisa ser § 2º. A lei não poderá estabelecer distinção entre bra-
regulamentada por lei. Ela é que estabelecerá os critérios exi- sileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
gidos para a naturalização do estrangeiro, podendo exigir, por nesta Constituição.
exemplo, que ele fale português, que tenha emprego, ende- O único diploma que pode fazer diferenciações entre os
reço fixo, que more no Brasil há algum tempo, que não tenha brasileiros natos e naturalizados é a Constituição Federal.
condenações criminais, etc.
E quando o faz, sempre as estipula em benefício do brasi-
No entanto, a Constituição Federal determina que, no caso
leiro nato. Ocorre, assim, por exemplo, quando determina que
dos estrangeiros oriundos de países lusófonos, que são aque-
os brasileiros natos nunca serão extraditados e que os naturali-
les onde se fala português, tais como Portugal, Angola, Guiné-
Bissau e Moçambique, somente serão exigidas residência no zados em certos casos poderão sê-lo, ou ainda quando reserva
227
Brasil por um ano ininterrupto e idoneidade moral. determinados públicos somente aos brasileiros natos.
Já a Lei e o Poder Público, através de seus atos adminis- Ex.: Descendentes de italianos que adquirem a cidadania
228 trativos, não podem criar quaisquer distinções entre os bra- daquele país não deixam de ser brasileiros porque a legis-
sileiros, independentemente da forma de aquisição de sua lação italiana os considera italiano natos.
nacionalidade, se originária ou derivada. ї De imposição de naturalização, pela norma estrangei-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Assim, seria inconstitucional uma lei que dissesse que de- ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como
terminado cargo (exceto aqueles ressalvados na Constituição) condição para permanência em seu território ou para o
não pudesse ser ocupado por brasileiro naturalizado.
exercício de direitos civis: nesse caso, o brasileiro não tem
Cargos Exclusivos de Brasileiros Natos opção, ou seja, a naturalização não foi totalmente volun-
§ 3º. São privativos de brasileiro nato os cargos: tária. Assim, para não o prejudicar, a Constituição Federal
I. De Presidente e Vice-Presidente da República; admite que ele acumule as duas nacionalidades.
II. De Presidente da Câmara dos Deputados;
III. De Presidente do Senado Federal; Idioma Oficial e Símbolos da
IV. De Ministro do Supremo Tribunal Federal; República Federativa do Brasil
V. Da carreira diplomática;
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Re-
VI. De oficial das Forças Armadas.
VII. De Ministro de Estado da Defesa. pública Federativa do Brasil.
Determinados cargos públicos são considerados vitais § 1º. São símbolos da República Federativa do Brasil a
para a segurança e desenvolvimento do País. bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Por outro lado, deve-se sempre ter em mente que, o brasilei- § 2º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
ro naturalizado, apesar de possuir a nacionalidade pátria, ainda
continua ligado por laços familiares, emocionais e outros, ao seu derão ter símbolos próprios.
país de origem. Dizer que a língua portuguesa é o idioma oficial não proí-
Assim, o constituinte entendeu que aqueles cargos mais be, obviamente, de que se falem outras línguas em nosso país.
importantes para a condução dos destinos da nação ou para a O que se está a dizer é que esta língua deverá ser ensinada
conservação de sua segurança deveriam ser ocupados somen- em todas as escolas e que todas as leis e documentos oficiais
te por brasileiros natos, até para evitar também que outros paí- devem estar em português.
ses eventualmente “plantem” cidadãos seus como brasileiros
Embora o idioma nem sempre seja fundamental para a
naturalizados e possam vir a prejudicar os interesses nacionais.
formação de uma identidade nacional, haja vista a existência
Perda da Nacionalidade Brasileira de vários países que possuem várias línguas oficiais, no caso
§ 4º. Será declarada a perda da nacionalidade do bra- brasileiro a língua portuguesa teve papel importante na cons-
sileiro que: trução de nossa nação, sendo, durante todo o período colonial
I. Tiver cancelada sua naturalização, por sentença e até o início de nossa República um dos poucos elementos em
judicial, em virtude de atividade nociva ao interes-
se nacional; comum compartilhados entre os diversos habitantes de nossa
II. Adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: extensa pátria e que com certeza ajudou a contribuir para evi-
a) de reconhecimento de nacionalidade originá- tar o esfacelamento da antiga colônia de Portugal em diversos
ria pela lei estrangeira; países distintos.
b) de imposição de naturalização, pela norma Provavelmente por isso a Constituição resolveu formalizar o
estrangeira, ao brasileiro residente em estado es-
português como nosso idioma nacional.
trangeiro, como condição para permanência em
seu território ou para o exercício de direitos civis; Seguem abaixo a representação das armas e do selo na-
Existem duas hipóteses de perda da nacionalidade brasileira. cionais:
A primeira hipótese trata especificamente do brasileiro na-
turalizado, que poderá ter sua naturalização cancelada por pra-
ticar atividade nociva ao interesse nacional. Nesse caso, porém,
a perda somente poderá ocorrer por decisão judicial que tenha
transitado em julgado, ou seja, da qual não caiba mais recurso.
A segunda hipótese aplica-se tanto aos brasileiros natos
como naturalizados: adquirindo o brasileiro outra nacionalida-
de, deixará ele de ser brasileiro, exceto em duas situações:
ї De reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira: quer dizer que o país em relação ao qual o
brasileiro está se nacionalizando o considerará como um
cidadão nato e não naturalizado. Armas Nacionais
Referendo
O referendo consiste numa consulta à população para rati-
ficação ou não de lei já aprovada pelo Poder Legislativo. É feito
posteriormente à aprovação da lei, mas antes de sua vigência,
e podem ter objeto todo o diploma legal ou apenas parte dele.
No referendo, a consulta será feita na forma de quesito
(somente admitem-se as respostas “sim” ou “não”).
Exemplo de referendo foi aquele que decidiu sobre a não proi-
bição de venda de armas no Brasil (Estatuto do Desarmamento).
Selo Nacional
Por fim, o § 2º do Art. 13 da Constituição permite que os Competência para Convocação do
Estados e Municípios tenham suas próprias bandeiras, hinos, Plebiscito e do Referendo
armas e selos. De acordo com o Art. 48, XV, da Constituição Federal, com-
pete exclusivamente ao Congresso Nacional autorizar o refe-
3.4. Direitos Políticos e Partidos rendo e convocar plebiscito.
Ş
ŝ#-ŝŦ
I. obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
Constituição.
II. facultativos para:
Assim, a regra geral é que o poder será exercido por pes-
a) os analfabetos;
soas escolhidas pelo povo.
b) os maiores de setenta anos;
A forma de eleição desses representantes será a do voto
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
direto e secreto, de caráter universal (todos os capazes pode-
rão votar). (...)
§ 2º. Não podem alistar-se como eleitores os estran-
Além disso, em situações específicas, a Constituição Fede-
geiros e, durante o período do serviço militar obriga-
ral estabelece que a lei deverá permitir a participação direta
tório, os conscritos.
da população nas decisões políticas, através de três institutos:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
No Brasil, os estrangeiros não podem votar.
plebiscito, referendo e iniciativa popular.
Os brasileiros naturalizados podem votar e ser votados, so-
Plebiscito mente não podendo ser candidatos a Presidente da República e
Vice-Presidente da República.
O plebiscito consiste numa consulta feita à população so-
bre determinado assunto ainda foi votado pelo Legislativo. Aqueles que estão prestando o serviço militar obrigatório
(conscritos) também não poderão votar.
É sempre prévio, ou seja, é realizada antes da aprovação da
A Constituição Federal estabeleceu dois tipos de eleitores:
lei pelo Legislativo.
a) Eleitores obrigatórios: devem alistar-se eleitoralmente (ti-
O plebiscito pode: rar o título) e votar em todas as eleições. Em regra, são todos os
▷ apresentar várias opções de respostas, como ocor- brasileiros com mais de 18 anos.
reu, por exemplo, no plebiscito de 1993, sobre o Deve-se observar que o Código Eleitoral permite que, em vez
regime de governo no Brasil, em que o povo tinha de votar, o eleitor justifique ou pague multa, podendo fazê-lo sem
três opções de escolha: república presidencialista, número de limite de vezes.
república parlamentarista ou monarquia parlamen- b) Eleitores facultativos: não precisam alistar-se eleito-
tarista; ou ralmente (tirar o título) e, mesmo que o façam, não são obri-
▷ ser apresentado na forma de quesito (resposta sim gados a votar em todas as eleições. São: os analfabetos, quem 229
ou não). tem mais de 70 anos e quem tem entre 16 e 18 anos.
No caso do analfabeto, para que seja considerado como A legislação eleitoral exige que os candidatos devem estar
230 tal seu analfabetismo deve ser completo, não sendo conside- filiados ao partido pelo qual vão concorrer à eleição um ano
rado eleitor facultativo o chamado “analfabeto funcional”, que antes do pleito.
é aquela pessoa que sabe ler, embora tenha dificuldades para VI - a idade mínima de:
interpretar um texto lido. a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
VI. a idade mínima de: A inelegibilidade pode ser absoluta (impedindo a pessoa
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice--Pre- de candidatar-se a qualquer cargo público) ou relativo (impe-
sidente da República e Senador; dindo a candidatura para um ou alguns cargos).
b) trinta anos para Governador e Vice-Governa- § 4º. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
dor de Estado e do Distrito Federal; O § 4º traz hipóteses de inexigibilidade absoluta.
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Depu- Inalistável é aquele que não pode ser eleitor. Assim, quem não
tado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito pode votar não pode também ser votado.
e juiz de paz; Os analfabetos podem votar, mas não podem ser candida-
d) dezoito anos para Vereador. tos. Aqui também, para que seja inelegível, deve o cidadão ser
Vejamos cada um desses requisitos: analfabeto completo.
I - a nacionalidade brasileira: § 5º. O Presidente da República, os Governadores de
Estrangeiro não pode votar nem ser votado. Brasileiro Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
naturalizado pode votar e ser votado, somente não poden- houver sucedido, ou substituído no curso dos manda-
do concorrer aos cargos de Presidente e Vice-Presidente da tos poderão ser reeleitos para um único período sub-
República e, se eleito senador ou deputado federal, não pode sequente.
concorrer aos cargos de Presidente da Câmara dos Deputados A Constituição Federal permite que o ocupante de um car-
ou do Senado Federal. go eletivo do Executivo concorra apenas uma vez à reeleição.
II - o pleno exercício dos direitos políticos: Se reeleito, somente poderá ser candidato a outro cargo
Aquele que perder seus direitos políticos (ex.: alguém que eletivo, não ao mesmo. Mas poderá concorrer de novo ao car-
sofra de incapacidade civil absoluta) ou estiver com eles sus- go desde que aguarde o período de um mandato.
pensos (condenado por crime, por exemplo), não poderá ser Tal restrição se aplica não somente ao ocupante efetivo
candidato. do cargo, mas também àqueles que o houverem sucedido, em
Além disso, o candidato deverá ter votado, ou justificado, qualquer momento do mandato.
ou pago a multa, em todas as eleições anteriores. Suceder é assumir o lugar do titular definitivamente. Subs-
III - o alistamento eleitoral: tituir é assumir o lugar do titular apenas temporariamente.
Para ser candidato, é necessário estar alistado na Justiça Assim, por exemplo, se vagar o cargo de Presidente e o
Eleitoral, ou seja, deve-se possuir título de eleitor. Vice-Presidente assumir o seu lugar (em 2015, por exemplo),
este poderá disputar a próxima eleição para Presidente (em
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição: 2018), mas não poderá concorrer à reeleição para Presidente
Domicílio eleitoral é o município onde o eleitor vota. na eleição seguinte (em 2022), uma vez que exerceu o cargo
O candidato deve estar domiciliado eleitoralmente no local de Presidente como titular no mandato anterior.
cujo cargo pleiteia. Assim, candidato a vereador de Manaus deve § 6º. Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
estar alistado em Manaus, candidato a governador de São Paulo da República, os Governadores de Estado e do Distrito
deve estar alistado em Município deste Estado, e assim por diante. Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
V - a filiação partidária: mandatos até seis meses antes do pleito.
No Brasil, todo candidato deve estar vinculado a um partido Além de não poderem se reeleger para o mesmo cargo
político. Não existe, assim, aqui, a possibilidade dos chamados mais de uma vez, os ocupantes de cargos eletivos do Execu-
“candidatos independentes”, ou seja, sem filiação partidária. tivo, se quiserem concorrer a outros cargos (como senadores,
deputados, vereadores), precisam se desincompatibilizar do Diplomação é o ato formal pelo qual a Justiça Eleitoral re-
cargo que ocupam em até seis meses antes da data da eleição. conhece os candidatos eleitos e seus suplentes, entregando-
Essa restrição não se aplica ao Vice-Presidente, aos Vice- lhes um certificado (diploma).
Governadores nem aos Vice-Prefeitos, desde que não tenham § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em
sucedido ou substituído o titular nos seis meses anteriores à segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da
eleição (Lei Complementar nº 64/90). lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
§ 7º. São inelegíveis, no território de jurisdição do ti-
tular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, Partidos Políticos
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da Dispõe o Art. 17 da Constituição Federal:
República, de Governador de Estado ou Território, do Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substi- de partidos políticos, resguardados a soberania nacio-
tuído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo nal, o regime democrático, o pluripartidarismo, os di-
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. reitos fundamentais da pessoa humana e observados
Essa disposição visa impedir que os ocupantes de cargos os seguintes preceitos:
se utilizem de sua influência para eleger seus cônjuges ou pa- I. caráter nacional;
rentes até o segundo grau, consanguíneos ou afins (pais, fi- II. proibição de recebimento de recursos financei-
lhos, avós, netos, irmãos, sogros, genros e cunhados). ros de entidade ou governo estrangeiros ou de su-
Veja-se que a restrição se aplica somente ao território de ju- bordinação a estes;
risdição do titular. Assim, por exemplo, o filho do Governador do III. prestação de contas à Justiça Eleitoral;
Estado de Minas Gerais não pode concorrer à prefeitura de Belo
IV. funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
Horizonte, mas pode ser candidato a Presidente da República.
Todo partido político possui dois documentos básicos:
O texto abre somente uma exceção: se o parente ou côn-
juge já for titular de mandato eletivo, ele pode concorrer à a) programa, que expõe as ideias defendidas pelo partido
reeleição. político, a sua visão de mundo, os ideais pelos quais ele milita.
De acordo com o STF, a inelegibilidade não é afastada pela b) estatuto, que é o documento que define as regras para
dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do funcionamento interno do partido (requisitos para ser filiado,
mandato. Ou seja, mesmo que o cônjuge se separe do titular obrigações e direitos dos filiados, forma de escolha dos candi-
do cargo durante o mandato, continuará inelegível. datos, etc.).
§ 8º. O militar alistável é elegível, atendidas as seguin- Em princípio, qualquer grupo pode criar um partido po-
tes condições: lítico, obedecendo os passos previstos em lei. No entanto, a
Constituição estabelece alguns requisitos para que o partido
I. se contar menos de dez anos de serviço, deverá possa ser registrado no Tribunal Superior Eleitoral – TSE.
Ş
ŝ#-ŝŦ
afastar-se da atividade;
Assim, o programa de todo partido deve respeitar:
II. se contar mais de dez anos de serviço, será
agregado pela autoridade superior e, se eleito, ▷ A soberania nacional;
passará automaticamente, no ato da diplomação, ▷ O regime democrático;
para a inatividade. ▷ O pluripartidarismo;
Se o militar puder votar também poderá ser candidato, ▷ Os direitos fundamentais da pessoa humana.
exigindo, porém, a CF, que os que tiverem menos de 10 anos Além disso, em sua organização, o partido político deve
de atividade, deverão afastar-se da atividade (deverão pedir respeitar os seguintes preceitos:
baixa). Já os que tiverem mais de 10 anos somente passarão Caráter nacional: no Brasil, não existe a possibilidade de
para a inatividade se forem eleitos. criação de partidos estaduais ou municipais, embora os parti-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
De qualquer forma, em qualquer hipótese a Constituição dos possam ter diretórios regionais (estaduais ou municipais).
Federal veda que um militar da ativa venha a assumir um car- Proibição de recebimento de recursos financeiros de en-
go eletivo. tidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes:
§ 9º. Lei complementar estabelecerá outros casos de essa disposição visa evitar prejuízos à soberania nacional.
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de Prestação de contas à Justiça Eleitoral: essa prestação de
proteger a probidade administrativa, a moralidade contas é importante para que se verifiquem a origem e aplica-
para exercício de mandato considerada vida pregres- ção dos recursos recebidos por cada partido;
sa do candidato, e a normalidade e legitimidade das Funcionamento parlamentar de acordo com a lei: em sua
eleições contra a influência do poder econômico ou o atuação no Poder Legislativo, o partido deve respeitar a Cons-
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na tituição Federal e as leis.
administração direta ou indireta. Atualmente, a lei que rege o funcionamento dos partidos
Atualmente, a Lei Complementar que cumpre tal papel é a políticos no Brasil é a Lei nº 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos).
LC, 64/90, conhecida como “Lei das Inelegibilidades”.
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Autonomia Partidária
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da Dispõe o § 1º do Art. 14 da Constituição:
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para 231
poder econômico, corrupção ou fraude. definir sua estrutura interna, organização e funciona-
mento e para adotar os critérios de escolha e o regime Componentes da Federação
232 de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, Art. 18. A organização político-administrativa da Repú-
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos blica Federativa do Brasil compreende a União, os Esta-
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. dos, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
das vias federais de comunicação e à preservação VII. Emitir moeda;
ambiental, definidas em lei; VIII. Administrar as reservas cambiais do País e
III. Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em fiscalizar as operações de natureza financeira, es-
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de pecialmente as de crédito, câmbio e capitalização,
um Estado, sirvam de limites com outros países, ou bem como as de seguros e de previdência privada;
se estendam a território estrangeiro ou dele prove- IX. Elaborar e executar planos nacionais e regionais
nham, bem como os terrenos marginais e as praias de ordenação do território e de desenvolvimento
fluviais; econômico e social;
IV. As ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítro- X. Manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
fes com outros países; as praias marítimas; as ilhas XI. Explorar, diretamente ou mediante autorização,
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que concessão ou permissão, os serviços de telecomu-
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas nicações, nos termos da lei, que disporá sobre a
áreas afetadas ao serviço público e a unidade am- organização dos serviços, a criação de um órgão
biental federal, e as referidas no Art. 26, II; regulador e outros aspectos institucionais;
V. Os recursos naturais da plataforma continental e XII. Explorar, diretamente ou mediante autoriza-
da zona econômica exclusiva; ção, concessão ou permissão:
VI. O mar territorial; a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons
e imagens;
VII. Os terrenos de marinha e seus acrescidos;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e
VIII. Os potenciais de energia hidráulica; o aproveitamento energético dos cursos de água,
IX. Os recursos minerais, inclusive os do subsolo; em articulação com os Estados onde se situam os
X. As cavidades naturais subterrâneas e os sítios potenciais hidroenergéticos;
arqueológicos e pré-históricos; c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-es-
XI. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. trutura aeroportuária;
§ 1º. É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao d) os serviços de transporte ferroviário e aqua- 233
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos viário entre portos brasileiros e fronteiras nacio-
nais, ou que transponham os limites de Estado ou Competências Legislativas da União
234 Território;
O Art. 22 da Constituição Federal determina quais são os
e) os serviços de transporte rodoviário interesta-
assuntos que devem ser regulados por leis ordinárias federais.
dual e internacional de passageiros;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios estético, histórico, turístico e paisagístico;
arqueológicos; IX. Educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
IV. Impedir a evasão, a destruição e a descaracte- tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
rização de obras de arte e de outros bens de valor X. Criação, funcionamento e processo do juizado
histórico, artístico ou cultural; de pequenas causas;
V. Proporcionar os meios de acesso à cultura, à XI. Procedimentos em matéria processual;
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à XII. Previdência social, proteção e defesa da saúde;
inovação; XIII. Assistência jurídica e Defensoria pública;
VI. Proteger o meio ambiente e combater a polui- XIV. Proteção e integração social das pessoas por-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) do subsídio dos Deputados Estaduais;
habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e qua-
f) em Municípios de mais de quinhentos mil ha-
trocentos mil) habitantes;
bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores cor-
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municí- responderá a setenta e cinco por cento do subsí-
pios de mais de 2.400.000 (dois milhões e qua- dio dos Deputados Estaduais;
trocentos mil) habitantes e de até 3.000.000
VII. O total da despesa com a remuneração dos
(três milhões) de habitantes;
Vereadores não poderá ultrapassar o montante de
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Muni- cinco por cento da receita do Município;
cípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de
habitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões) VIII. Inviolabilidade dos Vereadores por suas opi- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
de habitantes; niões, palavras e votos no exercício do mandato e
na circunscrição do Município;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municí-
pios de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de IX. Proibições e incompatibilidades, no exercício
habitantes e de até 5.000.000 (cinco milhões) de da vereança, similares, no que couber, ao disposto
habitantes; nesta Constituição para os membros do Congresso
Nacional e na Constituição do respectivo Estado
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Muni-
para os membros da Assembleia Legislativa;
cípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de
habitantes e de até 6.000.000 (seis milhões) de X. Julgamento do Prefeito perante o Tribunal de
habitantes; Justiça;
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Muni- XI. Organização das funções legislativas e fiscaliza-
cípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de doras da Câmara Municipal;
habitantes e de até 7.000.000 (sete milhões) de XII. Cooperação das associações representativas
habitantes; no planejamento municipal;
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Muni- XIII. Iniciativa popular de projetos de lei de interes-
cípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de se específico do Município, da cidade ou de bairros,
habitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de através de manifestação de, pelo menos, cinco por 237
habitantes; e cento do eleitorado;
XIV. Perda do mandato do Prefeito, nos termos VI. Manter, com a cooperação técnica e financeira
238 do Art. 28, parágrafo único. da União e do Estado, programas de educação in-
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo fantil e de ensino fundamental;
Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e ex- VII. Prestar, com a cooperação técnica e financeira
cluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar da União e do Estado, serviços de atendimento à
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
ou no Distrito Federal, e sobre intervenção estadual, que é II. No caso de desobediência a ordem ou decisão
quando um Estado intervém em um de seus municípios. judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Fe-
Embora a regra seja a autonomia dos entes da federação, deral, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribu-
tais artigos trazem hipóteses em que um ente poderá intervir nal Superior Eleitoral;
na administração de outro: III. De provimento, pelo Supremo Tribunal Federal,
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis- de representação do Procurador-Geral da Repúbli-
trito Federal, exceto para: ca, na hipótese do Art. 34, VII, e no caso de recusa
I. Manter a integridade nacional; à execução de lei federal.
II. Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade § 1º. O decreto de intervenção, que especificará a NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
da Federação em outra; amplitude, o prazo e as condições de execução e
III. Pôr termo a grave comprometimento da ordem que, se couber, nomeará o interventor, será sub-
pública; metido à apreciação do Congresso Nacional ou da
IV. Garantir o livre exercício de qualquer dos Pode- Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte
res nas unidades da Federação; e quatro horas.
V. Reorganizar as finanças da unidade da Federa- § 2º. Se não estiver funcionando o Congresso Na-
ção que: cional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convo-
a) suspender o pagamento da dívida fundada por cação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e
mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de quatro horas.
força maior; § 3º. Nos casos do Art. 34, VI e VII, ou do Art. 35, IV,
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tri- dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou
butárias fixadas nesta Constituição, dentro dos pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á
prazos estabelecidos em lei; a suspender a execução do ato impugnado, se essa
VI. Prover a execução de lei federal, ordem ou de- medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
cisão judicial; § 4º. Cessados os motivos da intervenção, as autori-
VII. Assegurar a observância dos seguintes princí- dades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo 239
pios constitucionais: impedimento legal.
240
5. Administração Pública Já as sociedades de economia mista e as fundações pú-
blicas são entidades criadas pela Administração Pública para
exercerem atividades de mercado, voltadas normalmente para
Administração Direta e Indireta a venda de bens e serviços e que concorrem com as empresas
No Brasil, os órgãos que compõem a Administração Públi- privadas.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
ca dividem-se em dois grandes ramos: Administração Direta, Por serem voltadas ao mercado, e até pelo fato de con-
também chamada de centralizada, e Administração Indireta, a correrem com o particular, sujeitam-se às mesmas regras das
qual também recebe o nome de descentralizada. empresas privadas, com algumas pequenas diferenças, estan-
do, assim, submetidas ao que se chama de regime jurídico de
Administração Direta direito privado.
A Administração Direta integra os próprios poderes que A diferença entre as sociedades de economia mista e as
compõem as pessoas jurídicas de direito público com capaci- empresas públicas está nas composições de seus capitais, que
dade política. É o que costumamos chamar de entidades e ór- no caso das sociedades de economia mista reúnem recursos
gãos do Governo, e compreende a União, Estados, Distrito Fe- públicos e privados, e nas empresas públicas conjugam so-
deral e Municípios, bem como seus respectivos órgãos, como mente recursos públicos, não havendo participação do parti-
os Ministérios, Secretarias, Gabinetes, Departamentos, etc. cular em seu capital.
As divisões internas da Administração Direta, chamadas de Como exemplos de sociedades de economia mista, temos
órgãos, não possuem personalidade jurídica, o que quer dizer o Banco do Brasil e a Petrobras, e de empresas públicas temos
que não possuem existência desvinculada da União, Estados, DF a Caixa Econômica Federal e os Correios.
e Municípios.
O estudo mais aprofundado da Administração Direta, bem
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
lei, é ético, é um comportamento aceitável. acessíveis somente aos brasileiros, e que estes atendam
O seguinte exemplo pode servir para ilustrar essa diferença: aos requisitos previstos em lei. Ou seja, de forma geral, a
Imagine-se que determinada autoridade pública tenha ocupação de cargos e empregos públicos por estrangeiros
permissão da lei para nomear, como seu assessor imediato, é vedada pela Constituição.
qualquer pessoa de sua confiança, e que ela resolva nomear No entanto, a parte final do inciso estabelece que a lei pode
como seu auxiliar um antigo amigo seu de infância, o qual, permitir excepcionalmente o acesso de estrangeiros a esses car-
apesar da proximidade com o nomeante, não possui as carac- gos e empregos, na forma que ela previr. Ex.: A Lei nº 8.112/90
terísticas necessárias para bem exercer o cargo, tendo inclusi- permite a contratação de professores e cientistas estrangeiros
ve um conceito pouco recomendável perante a comunidade, por universidades e instituições de pesquisa federais.
havendo fundadas suspeitas de que ele já tenha participado
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
estabilidade, sendo nomeados sem concurso públi- por servidores efetivos do próprio órgão. Exemplo de
co por determinação de determinada autoridade e função de confiança é o de chefe de cartório no Poder
podendo ser exonerados a qualquer hora, a critério Judiciário, também chamado de escrivão, o qual so-
da mesma autoridade. São reservados para cargos mente pode ser ocupado por um escrevente.
de chefia, assessoramento e direção, casos em que é ▷ Cargos em comissão: são cargos de confiança que
necessário haver a possibilidade rápida de substitui- podem ser ocupados por qualquer pessoa, mesmo
ção do servidor por perda de confiança ou de fraco que não seja servidor, embora a lei possa estabe-
desempenho. lecer percentual mínimo de servidores efetivos que
▷ Cargos efetivos: seus ocupantes possuem estabili- os ocupem. Exemplo de cargo em comissão é o de
dade. Somente podem ser preenchidos por aprova- Ministro de Estado.
dos em concurso público. É a regra geral. O inciso V determina que tanto as funções de confiança
como os cargos em comissão destinam-se somente às ati-
Prazo de Validade dos Concursos vidades de direção, chefia e assessoramento.
III. O prazo de validade do concurso público será de Assim, a lei não se pode um criar um cargo de atribuições
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; de execução e estabelecer que se trata de um cargo em co-
IV. Durante o prazo improrrogável previsto no edi- missão, pois não é nem de direção, nem de chefia, nem de
tal de convocação, aquele aprovado em concurso assessoramento.
público de provas ou de provas e títulos será con- Tal restrição se justifica pelo fato de que os cargos em co-
vocado com prioridade sobre novos concursados missão não são preenchidos por concurso, e assim, devem ser
para assumir cargo ou emprego, na carreira; criados de forma excepcional.
O concurso público terá o prazo de validade previsto no
edital. Durante esse prazo, os candidatos aprovados no con- Direito de Greve e Associação
curso poderão ser chamados e terão preferência sobre aqueles Sindical do Servidor
que foram aprovados em concursos posteriores.
VI. É garantido ao servidor público civil o direito à
Esse período de validade será de no máximo dois anos,
livre associação sindical;
sendo que a Administração, se quiser, poderá prorrogá-lo, mas
somente uma vez e pelo mesmo período inicial. VII. O direito de greve será exercido nos termos e
nos limites definidos em lei específica;
Assim, por exemplo, se um concurso para determinado
cargo tiver o prazo de validade de 12 meses, poderá ser pror- Nossa Constituição, diferentemente do que estabelecia a
rogado uma única vez por mais 12 meses. Durante esse perío- anterior, permite que o servidor público civil possa se filiar a
do (no caso 24 meses) os candidatos aprovados poderão ser sindicato e que possa fazer greve.
nomeados pela Administração. Passado esse prazo, esses can- No entanto, devido à importância do trabalho do servidor
didatos não poderão mais ser chamados, devendo prestar um público para a coletividade, a CF determina que seja feita lei
outro concurso, se ainda tiverem interesse de ocupar o cargo. específica para definir como a greve no serviço público poderá
Além disso, durante o prazo de validade, prorrogado ou ser feita.
não, os aprovados no concurso deverão ser chamados antes Enquanto não for aprovada tal lei, o STF decidiu que se
daqueles que forem aprovados em outro concurso que foi rea- aplica à greve no serviço público a mesma lei que rege a parali-
lizado posteriormente. sação do serviço privado.
Deve-se observar que o servidor público militar continua impe- Remuneração do Servidor
dido de sindicalizar-se e fazer greve, uma vez que a permissão se
X. A remuneração dos servidores públicos e o
aplica somente ao servidor civil.
subsídio de que trata o § 4º do Art. 39 somente
Reserva de Vagas para Deficientes poderão ser fixados ou alterados por lei específi-
ca, observada a iniciativa privativa em cada caso,
VIII. A lei reservará percentual dos cargos e empre- assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
gos públicos para as pessoas portadoras de defi- data e sem distinção de índices;
ciência e definirá os critérios de sua admissão;
A Constituição Federal exige que a remuneração dos
Conhecedora das grandes dificuldades enfrentadas pelos servidores públicos e dos membros de Poder (juízes, parla-
deficientes para inserirem-se no mercado de trabalho, tanto mentares, Presidente da República e Membros do Ministério
por falta de acessibilidade no trabalho como por preconceito Público) seja fixada por lei específica, que será de iniciativa
por parte dos empregadores, a Constituição determina que a privativa do Poder pertinente.
lei reserve a eles, tanto deficientes físicos como mentais, um Assim, somente o Poder Executivo pode propor um proje-
percentual de vagas no serviço público. to de lei alterando a remuneração de seus servidores, o mesmo
Atualmente, a lei prevê que, em um concurso público, de- ocorrendo em relação aos demais poderes.
verão ser reservadas aos deficientes no mínimo 5% (cinco por A expressão lei específica significa que a lei que tratar de
cento) e no máximo 20% (vinte por cento) das vagas disponi- remuneração no serviço público não poderá tratar de nenhum
bilizadas em um concurso público. outro assunto.
Os deficientes podem optar por concorrer às vagas desti- O inciso X também assegura a revisão anual dos valores da
nadas a eles ou podem escolher disputar as vagas de ampla remuneração.
concorrência, caso em que disputarão em igualdade de con- O objetivo da revisão anual é corrigir todos os anos a re-
dições com os não deficientes. muneração dos servidores, evitando que ela seja corroída pela
A comprovação da deficiência é feita por laudo expedido inflação. Essa revisão deveria ser feita sempre na mesma data
por junta médica oficial. e utilizando-se o mesmo índice de correção para todos os ser-
Evidentemente, as atribuições do cargo deverão ser com- vidores.
patíveis com as limitações impostas pela deficiência. Desta No entanto, tal dispositivo precisa de regulamentação para
forma, alguns deficientes mentais ou físicos que forem por- definir, por exemplo, qual a data da revisão e qual será o índice
tadores de limitações muito grandes não poderão ocupar ne- de inflação utilizado (IPCA, IGPM, etc.). Enquanto a regula-
nhum cargo público. Além disso, para cada candidato deficien- mentação não ocorre, esse comando constitucional continua
te, a junta médica oficial deve verificar se suas limitações não o não sendo aplicado.
Ş
ŝ#-ŝŦ
impedem de exercer as funções do cargo. Teto Salarial no Serviço Público
Contratações Temporárias XI. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de
cargos, funções e empregos públicos da adminis-
no Serviço Público tração direta, autárquica e fundacional, dos mem-
IX. A lei estabelecerá os casos de contratação por bros de qualquer dos Poderes da União, Estados,
tempo determinado para atender a necessidade Distrito Federal e Municípios, dos detentores de
temporária de excepcional interesse público; mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
A Constituição permite que, em situações de excepcional os proventos, pensões ou outra espécie remunera-
interesse público possam ser contratados servidores públicos tória, percebidos cumulativamente ou não, incluí-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
temporários. das as vantagens pessoais ou de qualquer outra
Cabe à lei definir quais seriam essas hipóteses e a forma natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
como tais servidores seriam contratados. dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, apli-
cando-se como limite, nos Municípios, o subsídio
No que se refere à União, tal regulamentação atualmente é do Prefeito, e nos Estados e Distrito Federal, o sub-
feita pela Lei nº 8.745/93, que prevê quando tais contratações sídio do Governador no âmbito do Poder Executivo,
serão possíveis na esfera federal. Entre os exemplos citados pela o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no
lei, temos: assistência a situações de calamidade pública ou a âmbito do Legislativo e o subsídio dos Desembar-
emergências em saúde pública, realização de recenseamentos e gadores do Tribunal de Justiça, limitado a 90,25%
outras pesquisas efetuadas pelo IBGE e admissão de professor do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
substituto e professor visitante. Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Judiciário,
Os servidores contratados de forma temporária não terão aplicável este limite aos membros do Ministério Pú-
estabilidade e trabalharão somente pelo prazo determinado blico, Procuradores e Defensores Públicos.
em lei, que poderá, inclusive, prever a dispensa de concurso O inciso XI que, por sinal, é o maior da Constituição, limita
para o preenchimento desses cargos (a Lei nº 8.745/93, por a remuneração dos servidores e ocupantes de cargos eletivos,
exemplo, prevê que, via de regra, será feito um processo sele- estabelecendo um teto e, nos Estados e Municípios, ainda um 243
tivo simplificado). subteto.
Primeiro ele diz que, na Administração Direta, nas autar- Provavelmente a intenção do Constituinte foi a de esta-
244 quias e nas fundações públicas, ninguém, ativo ou inativo, belecer uma isonomia de remuneração para aqueles cargos
poderá receber mais do que recebe mensalmente o Ministro que são encontrados nos diversos poderes, como motoristas,
do Supremo Tribunal Federal: este é o chamado teto, que vale seguranças, etc. Isso porque, ao dizer que no Legislativo e no
para todo e qualquer servidor ou membro de Poder. Judiciário não se poderia ganhar mais do que no Executivo,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
No entanto, o dispositivo estabelece também subtetos nos a Constituição acabaria por igualar esses salários, uma vez
Estados e Municípios, afirmando o seguinte: que justamente é o Poder Executivo que costuma ter menos
Nos Municípios, ninguém poderá mais do que o Prefeito, margem orçamentária para aumentar a remuneração de seus
o qual, por sua vez, não poderá receber mais que um Ministro servidores.
do STF. Assim, por exemplo, o máximo que um Secretário Muni- O problema está na palavra utilizada. Isso porque a palavra
cipal ou um médico da rede municipal receberá será o salário do vencimentos de acordo com a Lei nº 8.112/90, é sinônimo de
Prefeito. salário-base, e não de remuneração total.
Nos Estados, haverá um subteto diferenciado para cada Isso quer dizer que, havendo cargos equivalentes nos dife-
Poder: rentes Poderes, o salário-base pago pelo Judiciário e Legisla-
▷ Tratando-se de servidor do Poder Executivo Estadual, tivo não poderá ser maior que o pago pelo Executivo, mas isso
não poderá ele receber uma remuneração maior do não se aplica à remuneração como um todo.
que a do Governador, o qual não pode receber mais Na prática, a grande diferenciação que se observa entre car-
do que aufere mensalmente um Ministro do STF; gos equivalentes nos diferentes poderes deve-se a diversos adi-
▷ Se for um servidor da Assembleia Legislativa Esta- cionais acrescidos ao salário-base, uma vez que a definição legal
dual, não poderá ganhar mais do que recebem os de vencimentos permite essa brecha, reforçada pelo Art. 39, §1º,
Ş
ŝ#-ŝŦ
Deputados Estaduais (os quais, por sua vez, não po- da Constituição.
dem receber mais do que 75% do que ganham os
Deputados Federais, conforme prevê o Art. 26, § 2º,
Vedação à Equiparação de Vencimentos
da Constituição); XIII. É vedada a vinculação ou equiparação de
▷ Se for um servidor do Poder Judiciário, Ministério quaisquer espécies remuneratórias para o efeito
Público Procuradoria ou Defensoria Estaduais, não de remuneração de pessoal do serviço público;
poderá receber mais do que a remuneração de um Os salários não devem ser vinculados entre si, salvo as
Desembargador do Tribunal de Justiça, a qual, por exceções previstas na Constituição Federal, para evitar-se o
seu turno, corresponderá a no máximo 90,25% do chamado efeito cascata, em que o aumento da remuneração
salário de um Ministro do STF. de um cargo leva ao aumento automático do salário de outros
Deve observar-se que o § 12 do mesmo Art. 37 permite cargos cuja remuneração esteja vinculada ao primeiro.
que os Estados e Distrito Federal, se quiserem, unifiquem os O inciso XIII não proíbe que dois ou mais cargos tenham
subtetos dos três poderes, adotando como limite único a re- os salários numericamente iguais, principalmente se tiverem
muneração dos Desembargadores do Tribunal de Justiça. natureza e complexidade semelhantes. O que ele veda é uma
A parcela da remuneração do servidor que exceder ao vinculação ou equiparação permanente e automática entre eles.
teto (servidores federais) ou o subteto respectivo (servidores
estaduais e municipais) será deduzida diretamente em seu
Vedação de Capitalização de
contracheque, dedução essa conhecida como “abate-teto”. Acréscimos Pecuniários
Deve-se observar que, via de regra, esses limites todos não XIV. Os acréscimos pecuniários percebidos por ser-
se aplicam aos funcionários de sociedades de economia mista vidor público não serão computados nem acumula-
ou empresas públicas, as quais, por atuarem no mercado, pre- dos para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
cisam pagar um salário condizente com o pago pela iniciativa O inciso XIV do Art. 37 visa evitar o efeito chamado de juros
privada, ainda que superiores ao teto e subtetos. sobre juros em relação aos acréscimos que o servidor público
Assim, um diretor do Banco do Brasil pode ganhar mais do receber em seu salário, estabelecendo que, havendo um acrésci-
que recebe um Ministro do STF, o mesmo ocorrendo com um mo na remuneração do servidor por alguma razão, os eventuais
diretor da Petrobras, por exemplo. aumentos posteriores concedidos pela mesma razão não deve-
No entanto, o § 9º do Art. 37 afirma que se determinada rão incidir sobre os acréscimos que foram dados antes.
empresa pública, sociedade de economia mista ou subsidiária Assim, por exemplo, imaginemos que um servidor tenha
de uma delas, receber recursos da União, dos Estados, do Dis- direito todo ano a um anuênio no valor de 1% sobre seus ven-
trito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas cimentos, ou seja, a cada ano haverá um acréscimo de 1% em
de pessoal ou de custeio em geral, deverão, sim, submeter-se seu salário-base.
ao teto e subtetos previstos neste inciso. Para facilitar, vamos imaginar que o salário-base do servi-
dor permanece fixo a cada ano e que é de R$ 2.000,00.
Proibição de Vencimentos Superiores
Ao final do primeiro ano o seu salário será majorado em
aos Pagos pelo Poder Executivo 1%, tendo, portanto, R$ 20,00 de aumento, passando seus
XII. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislati- vencimentos a R$ 2.020,00. Ao final do segundo ano, ele terá
vo e do Poder Judiciário não poderão ser superio- direito a outro anuênio, que será calculado também sobre R$
res aos pagos pelo Poder Executivo; 2.000,00, e não sobre R$ 2.020,00, uma vez que o acréscimo
anterior (R$ 20,00) não deve ser computado para acréscimos Assim, será considerado técnico o cargo que exija um curso
posteriores pela mesma razão, para não se calcularem anuê- superior em determinada área, assim como aquele que exija o
nios sobre anuênios. diploma de nível médio de técnico, como técnico em enferma-
gem, por exemplo.
Irredutibilidade dos ▷ Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
Vencimentos do Servidor nais de saúde, com profissões regulamentadas
XV. Os vencimentos dos servidores públicos são Em sua redação original, a Constituição falava em dois
irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e cargos privativos de médico, mas atualmente permite a
XIV deste artigo e nos Arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, acumulação de quaisquer dois cargos públicos privativos de
e 153, § 2º, I. profissionais de saúde, desde que tenham suas profissões re-
Assim como acontece com o trabalhador da iniciativa pri- gulamentadas.
vada, o salário do servidor público não poderá ser reduzido. Profissões regulamentadas são aquelas definidas por lei e
O salário do cargo, no entanto, pode ser reduzido, mas isso que possuem uma regulação própria. São exemplos de profis-
somente valerá para aqueles que forem admitidos posterior- sões regulamentadas na área de saúde: médico, enfermeiro,
mente, sendo que os que já estiverem admitidos não poderão fonoaudiólogo e técnico em radiologia.
ser afetados pela redução. Mesmo no caso das acumulações permitidas pela Consti-
As ressalvas previstas referem-se à hipóteses de redu- tuição, a soma das remunerações recebidas pelo servidor não
ção para obedecer a algumas determinações constitucionais poderá ultrapassar o limite previsto no inciso XI, que no caso dos
(como a observância ao teto e subtetos de remuneração, por servidores federais é o subsídio do Ministro do Supremo Tribunal
exemplo) e à possibilidade de cobrança de imposto de renda Federal.
sobre a remuneração do servidor. Por fim, observe-se que, a proibição de acumulação so-
mente envolve cargos e empregos públicos, nada impedindo
Acumulação de Cargos Públicos que o servidor acumule um cargo público com outro ou outros
XVI. É vedada a acumulação remunerada de cargos na área privada, desde que não haja expressa vedação legal
públicos, exceto, quando houver compatibilidade ou qualquer conflito de interesses, exigindo, também, eviden-
de horários, observado em qualquer caso o dispos- temente que haja compatibilidade de horários.
to no inciso XI. XVII. A proibição de acumular estende-se a em-
a) a de dois cargos de professor; pregos e funções e abrange autarquias, fundações,
b) a de um cargo de professor com outro técnico empresas públicas, sociedades de economia mista,
ou científico; suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de
Ş
ŝ#-ŝŦ
profissionais de saúde, com profissões regula- Esse dispositivo estende a vedação de acumulação de car-
mentadas; gos públicos (com suas exceções) a todas as entidades da Ad-
ministração Direta e Indireta, bem como todas as sociedades
A regra geral é a de que o servidor somente pode ter um controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.
cargo público, com o objetivo de evitar-se a prática, relativa-
Assim, um empregado do Banco do Brasil, por exemplo,
mente comum antes da Constituição de 1988, de servidores
não poderá também ocupar um cargo de Escrevente de Tri-
que possuíam diversos cargos públicos e não exerciam de fato
bunal de Justiça, por não se enquadrar em nenhuma das três
nenhum deles, apesar de receber remuneração de todos.
hipóteses de acumulação.
No entanto, o próprio inciso XVI cita três exceções em que
o servidor poderá ter, ao mesmo tempo, dois cargos públicos Precedência da Administração Fazendária NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(mais de dois, jamais), desde que, obviamente, haja compati- XVIII. A administração fazendária e seus servidores
bilidade nos horários de expediente. fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e
As hipóteses de acumulação permitida são: jurisdição, precedência sobre os demais setores ad-
▷ Dois cargos de professor ministrativos, na forma da lei;
Assim, alguém pode ser professor em universidade esta- A Administração Fazendária compreende o conjunto dos
dual e professor em uma universidade federal, por exemplo, órgãos responsáveis pela arrecadação e cobrança de tributos,
ou professor da rede estadual e municipal de ensino ao mesmo tanto na esfera federal como na estadual e municipal, e que
tempo. normalmente recebem o nome de Ministério da Fazenda e Se-
▷ Um cargo de professor com outro cargo técnico ou cretarias da Fazenda ou Finanças, e dentro delas, as chamadas
científico Receitas ou Fiscos.
Para que um cargo seja considerado técnico ou científico, Precedência significa preferência, prioridade. Assim, as
não basta que tenha essa denominação, como Técnico Judi- requisições feitas pela Receita Federal, por exemplo, deverão
ciário, por exemplo, mas de acordo com a doutrina e jurispru- ser atendidas com prioridade pelos demais órgãos administra-
dência, cargo técnico ou científico, para fins de acumulação tivos. Além disso, esse dispositivo permite, por exemplo, que
remunerada, é tanto o cargo de nível superior que exige uma a Receita Federal requisite o auxílio da Polícia Federal e Militar
habilitação específica quanto o cargo de nível médio que exige na realização de operações. 245
curso técnico específico. A citada precedência será exercida nos termos da lei.
Criação de Entidades da Administração O inciso XXI do Art. 37 deixa claro que a regra é que toda
246 contratação pela Administração Pública seja precedida de licita-
Indireta e suas Subsidiárias ção. No entanto, o mesmo dispositivo, ao afirmar “ressalvados
XIX. Somente por lei específica poderá ser criada os casos especificados na legislação”, deixa claro que a lei pode
autarquia e autorizada a instituição de empresa estabelecer hipóteses em que não haverá necessidade de licita-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
pública, de sociedade de economia mista e de fun- ção, sendo que a Lei nº 8.666/93 divide essas situações excep-
dação, cabendo à lei complementar, neste último cionais em dois grupos: casos de dispensa de licitação (a licita-
caso, definir as áreas de sua atuação; ção seria possível, mas não há necessidade de realizá-la) e casos
Esse inciso trata da criação de entidades da Administração de inexigibilidade (situações em que não haveria possibilidade
Indireta, estabelecendo o seguinte: de realizar-se licitação por impossibilidade de competição).
As autarquias são criadas por lei específica. A Constituição também exige que seja dado tratamento
Já as demais entidades da Administração Indireta (em- isonômico a todos os participantes da licitação, sem qualquer
presas públicas, sociedades de economia mista e fundações favorecimento ou detrimento de qualquer dos licitantes, sendo
públicas) têm a sua criação autorizada por lei específica, mas que o vencedor estará obrigado a cumprir o que prometeu na
são criadas por ato do Executivo, sendo que, no caso das fun- proposta, sob pena de sofrer penalidades.
dações, suas áreas de atuação devem ser definidas através de
lei complementar. Por fim, visando permitir que a licitação tenha a partici-
Lei específica é a lei que somente trata de um determina- pação do maior número possível de interessados, o inciso XXI
do assunto, no caso, criação de autarquia ou autorização para afirma que a lei somente deve permitir que o edital faça as
criação de outra entidade da Administração Indireta. exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis
Ş
ŝ#-ŝŦ
O inciso XX estende essa obrigatoriedade de previsão legal à à garantia do cumprimento das obrigações. Isso porque, se o
criação de subsidiárias das entidades citadas no inciso XIX, bem edital apresentar condições muito restritivas de qualificação,
como à participação das mesmas em qualquer empresa privada: pode inviabilizar indevidamente a participação de muitos dos
XX. Depende de autorização legislativa, em cada interessados.
caso, a criação de subsidiárias das entidades men-
cionadas no inciso anterior, assim como a partici- Essencialidade da
pação de qualquer delas em empresa privada; Administração Tributária
Subsidiária nada mais é do que uma empresa que é con- XXII. As administrações tributárias da União, dos
trolada por outra, chamada de controladora. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ati-
Assim, se uma entidade da Administração Indireta resolver vidades essenciais ao funcionamento do Estado,
criar uma empresa controlada ou se for participar do capital de exercidas por servidores de carreiras específicas,
uma empresa privada, comprando parte de seu capital, deverá terão recursos prioritários para a realização de suas
antes obter a aprovação dessa operação, por lei. atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
Licitação com o compartilhamento de cadastros e de infor-
mações fiscais, na forma da lei ou convênio.
XXI. Ressalvados os casos especificados na legisla-
Administração tributária é o mesmo que administração fa-
ção, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação públi- zendária. Vê-se assim, que o dispositivo acima complementa o
ca que assegure igualdade de condições a todos estabelecido no inciso XVIII, que se aplica aos mesmos órgãos.
os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam A arrecadação de tributos é essencial para que o Governo
obrigações de pagamento, mantidas as condições possa atender às necessidades coletivas. A Constituição Fede-
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual so- ral busca garantir que as administrações tributárias tenham
mente permitirá as exigências de qualificação técni- sempre recursos para suas atividades, pois, sem eles, os servi-
ca e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
mento das obrigações. ços públicos não podem ser prestados à população.
Licitação é um procedimento administrativo que busca ob- Prevê também a colaboração e troca de informações entre
ter a proposta mais vantajosa para a Administração quando da as administrações tributárias federal, estaduais e municipais, vi-
celebração de um contrato, em que os interessados são cha- sando melhor eficiência arrecadatória e fiscalizatória, o que, no
mados para apresentar suas propostas e a Comissão de Lici- entanto, deve ser sempre feito na forma de lei ou convênio, para
tação escolhe aquela que melhor atender ao interesse público. garantir uma maior transparência das ações desses órgãos.
Toda licitação é regida por um edital ou carta-convite, que Proibição de Uso da Publicidade
regulamenta o procedimento e em que se definem, entre outras
coisas, o objeto da licitação, as regras para participação dos inte- Oficial para Promoção Pessoal
ressados e os critérios que serão levados em consideração para a § 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, servi-
definição do vencedor (menor preço, por exemplo). ços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter cará-
Atualmente, as licitações são regulamentadas por dois di- ter educativo, informativo ou de orientação social, dela
plomas legais: a Lei nº 8.666/93, que se aplica às modalidades: não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão, e a caracterizem promoção pessoal de autoridades ou ser-
Lei nº 10.520/02, que trata do pregão. vidores públicos.
É importante que o Governo informe constantemente a Tais ações são essenciais para que tenhamos uma demo-
população sobre ações, programas e obras, e isso é feito atra- cracia efetiva e estável, uma vez que, democracia não é so-
vés da chamada publicidade oficial. mente um regime em que o povo elege seus representantes,
mas, muito mais do que isso, é o regime em que há uma efeti-
No entanto, proíbe-se que a publicidade oficial, que é ban-
va participação popular nas ações de governo.
cada com recursos públicos, seja utilizada para promoção pes-
A lei deve prever a facilitação da apresentação de re-
soal do governante, através do emprego de nome, símbolos ou clamações dos cidadãos em relação à prestação de servi-
imagens que visem ligar essas ações, programas e obras com o ços, criando serviços de atendimento ao usuário, regulando
nome do administrador. também como serão apuradas as denúncias contra os atos
A promoção pessoal do governante deve ser feita obede- ilegais praticados por agentes públicos.
cendo-se à legislação eleitoral e sempre com a utilização de Além disso, deve também regular o acesso das pessoas
recursos do próprio político ou de seu partido político. em geral aos registros da Administração Pública. Atualmente
a lei que trata sobre isso é a Lei nº 12.527/11, conhecido como
Assim, numa obra pública, por exemplo, pode-se e deve- Lei de Acesso à Informação.
se colocar uma placa com as informações mais importantes
sobre a construção, como finalidade, valor total, fontes de fi- Atos de Improbidade Administrativa
nanciamento e prazo de conclusão, e essa placa pode ser paga § 4º. Os atos de improbidade administrativa importa-
com recursos públicos, por se tratar de publicidade oficial. No rão a suspensão dos direitos políticos, a perda da fun-
entanto, não se pode mandar escrever na placa: mais obra do ção pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci-
mento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
Prefeito Fulano de Tal, pois isso caracteriza promoção pessoal.
sem prejuízo da ação penal cabível.
Nulidade de Concursos Públicos que não Atos de improbidade administrativa são atos que causam
prejuízos ao erário público, que causam enriquecimento ilí-
Obedecerem ao Disposto no Art. 37 cito ou que ofendam os princípios constitucionais adminis-
§ 2º. A não observância do disposto nos incisos II e III trativos, de acordo com a Lei de Improbidade Administrativa
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade (Lei nº 8.429/92).
responsável, nos termos da lei. A Lei de Improbidade, além de definir o que são os atos de
O inciso II estipula que, salvo nos casos dos cargos em co- improbidade, também traz as penas que deverão ser aplicadas
missão, as vagas no serviço público deverão ser preenchidas pelo juiz contra quem os praticar, e entre elas, estão aquelas
por concurso. previstas no § 4º:
Por sua vez, o inciso III afirma que o prazo de validade do ▷ Perda da função: se o agente que praticar o ato for
concurso será de até dois anos, podendo ser prorrogado uma servidor público, poderá ser demitido do cargo. Nes-
única vez, pelo mesmo período original.
Ş
ŝ#-ŝŦ
se caso, a Lei nº 8.112/90 estabelece que o servidor
Se alguém for nomeado para um cargo efetivo sem concur- não mais poderá ocupar outro cargo público (demis-
so público ou for nomeado fora do prazo de validade do mesmo, são a bem do serviço público).
o ato de nomeação será anulado e a lei deverá haver a punição ▷ Suspensão dos direitos políticos: que é a perda
da autoridade responsável pela desobediência aos comandos temporária dos direitos de votar e de ser candida-
constitucionais. to (a Lei nº 8.429/92 estabelece o prazo de até oito
anos de suspensão).
Participação do Usuário na
▷ Indisponibilidade dos bens: ordem do juiz que
Administração Pública proíbe o praticante do ato de improbidade de ven-
§ 3º. A lei disciplinará as formas de participação do der ou doar seus bens até o fim do processo de res-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
usuário na administração pública direta e indireta, re- sarcimento dos cofres públicos. Também é chamada
gulando especialmente: de congelamento de bens.
I. As reclamações relativas à prestação dos serviços ▷ Ressarcimento aos cofres públicos: nem todo
públicos em geral, asseguradas a manutenção de ato de improbidade causa prejuízo ao erário. No
serviços de atendimento ao usuário e a avaliação entanto, se isso ocorrer, o condenado deverá de-
periódica, externa e interna, da qualidade dos ser- volver aos cofres públicos os valores desfalcados,
viços; devidamente corrigidos.
II. O acesso dos usuários a registros administrativos Além de todas essas penalidades, aquele que praticou o
e a informações sobre atos de governo, observado ato de improbidade ainda poderá responder criminalmente,
o disposto no Art. 5º, X e XXXIII; ou seja, ainda poderá perder sua liberdade. Importante ob-
III. A disciplina da representação contra o exercício servar, porém, que a questão criminal será julgada em ação à
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou fun- parte, em outro processo, uma vez que o processo de improbi-
ção na administração pública. dade não tem natureza penal.
A preocupação do § 3º do Art. 37 é permitir uma maior Prescrição e Imprescritibilidade
participação da sociedade em geral na administração públi-
ca e um maior controle dessa mesma sociedade sobre os atos § 5º. A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilí- 247
públicos. citos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respec- entre seus administradores e o poder público, que tenha
248 tivas ações de ressarcimento. por objeto a fixação de metas de desempenho para o
Embora a responsabilização penal e administrativa do ser- órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
vidor ou terceiro que praticar um ato ilícito tenha um prazo para I. O prazo de duração do contrato;
prescrever estabelecido pela lei, a Constituição Federal estipula II. Os controles e critérios de avaliação de desem-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
que a ação civil para ressarcimento ao erário não prescreverá, ou penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
seja, quem causar prejuízo aos cofres públicos poderá ser cobrado dirigentes
a qualquer tempo na Justiça, mesmo que eventualmente o crime III. A remuneração do pessoal.
correspondente tenha já prescrevido. O § 8º trata dos chamados contratos de gestão, que são
Responsabilidade Civil acordos assinados entre o Chefe do Poder Executivo ou seus
auxiliares diretos, de um lado, e representantes de entidades
Objetiva do Poder Público ou órgãos da Administração Direta ou Indireta, de outro, e que
§ 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de di- visam aumentar a autonomia dessas entidades ou órgãos em
reito privado prestadoras de serviços públicos respon- troca do atingimento de metas de desempenho.
derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, O objetivo é obter uma maior eficiência administrativa, atra-
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso vés da cobrança de resultados, característica do chamado mo-
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. delo gerencial de gestão pública.
Esse dispositivo prevê a responsabilidade civil objetiva da
Administração Pública, afirmando que, sempre que um servi- Extensão do Limite de Remuneração
dor, empregado público ou agente de concessionário causar § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas pú-
Ş
ŝ#-ŝŦ
prejuízos a alguém, o Estado será obrigado a pagar a inde- blicas e às sociedades de economia mista, e suas subsi-
nização respectiva à vítima, mesmo que o agente do Estado, diárias, que receberem recursos da União, dos Estados,
causador do dano, não tenha agido com dolo (intenção) ou do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento
culpa (imperícia, imprudência ou negligência). de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
Agora, se o causador do dano agiu como dolo ou culpa, o Via de regra, os empregados de sociedades de economia
Estado também terá que indenizar a vítima, mas aí terá o di- mista, empresas públicas e suas subsidiárias não se subme-
reito de regresso contra o responsável, ou seja, poderá cobrar tem aos limites de remuneração estipulados pelo inciso XI. No
do agente o valor que teve que pagar à vítima. entanto, o § 9º deixa claro que, se essas entidades receberem
Assim, por exemplo, se um servidor público estiver dirigin- recursos públicos para pagamento de pessoal ou para suas
do um veículo oficial e o freio do carro falhar, sem nenhuma despesas correntes, deverão, sim, submeter-se ao teto e sub-
culpa do motorista, e vier atingir outro automóvel, a Adminis- tetos previstos na Constituição.
tração Pública deverá pagar os prejuízos sofridos pelo particu-
lar e, nesse caso, nada cobrará do servidor. Vedação de Acumulação de
Se, porém, a colisão ocorrer porque o servidor atravessou Proventos de Aposentadoria com
um cruzamento no semáforo vermelho, sem nenhuma justi-
ficativa, o Estado ainda assim terá que indenizar o particular, Vencimentos de Cargo Público
mas poderá cobrar do servidor o valor da indenização, uma § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos
vez que nesse caso ele agiu com imprudência, ou seja, culpa. de aposentadoria decorrentes do Art. 40 ou dos Arts.
Essa responsabilidade civil objetiva estende-se também 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou
aos concessionários de serviços públicos. função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os car-
Acesso a Informações Privilegiadas gos em comissão declarados em lei de livre nomeação
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao e exoneração.
ocupante de cargo ou emprego da administração di-
Via de regra, o servidor público aposentado pelo regime
reta e indireta que possibilite o acesso a informações
público de previdência não poderá continuar a trabalhar de
privilegiadas.
forma remunerada no serviço público, acumulando os proven-
Informações privilegiadas são aquelas às quais alguém tos da aposentadoria com os vencimentos de outro cargo.
tem acesso de forma exclusiva ou antes do público em geral e
Essa possibilidade de acumulação de proventos da apo-
que possam interferir, de alguma forma no ganho ou perda de
sentadoria com o salário de um outro cargo somente pode se
valores no mercado.
dar em três situações:
Ex.: um servidor da Comissão de Valores Mobiliários
tem acesso, antes do mercado, ao balanço de um ban- ▷ Se o cargo em que se deu a aposentadoria for acu-
co. Esse servidor poderia utilizar-se dessa informação mulável com o cargo da ativa.
antecipada para comprar ou vender ações da instituição ▷ Se o servidor aposentado for eleito para algum cargo
financeira antes que o mercado altere o seu preço. político (vereador, Prefeito ou Vice, deputado esta-
dual, Governador e Vice-Governador, deputado fede-
Contratos de Gestão ral, senador ou Presidente da República ou Vice).
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira ▷ Se o cargo atualmente exercido pelo servidor apo-
dos órgãos e entidades da administração direta e indire- sentado for um cargo em comissão de livre nomea-
ta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado ção e exoneração.
Parcelas Indenizatórias da Remuneração No caso do servidor ter sido eleito para os cargos de Pre-
sidente da República, Deputado Federal, Senador, Deputado
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites re- Estadual/Distrital ou Governador, ou seja, para qualquer car-
muneratórios de que trata o inciso XI do caput deste go federal e estadual, será ele afastado sem remuneração do
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas cargo que ocupa, ou seja, receberá a remuneração do cargo
em lei. eletivo para o qual foi escolhido.
O que o § 11 está a dizer é que, em se tratando de parcelas No caso de ter sido Prefeito Municipal, será afastado do
indenizatórias da remuneração, ou seja, aqueles valores desti- cargo, mas poderá escolher entre a remuneração do cargo
nados a compensar o servidor por uma perda sofrida, não serão efetivo e a de Prefeito. Isso porque, em muitos municípios, o
elas consideradas para verificação do limite do teto e subtetos da salário de prefeito é menor do que o de muitos cargos públicos
remuneração. efetivos federais e estaduais.
Em outras palavras, a remuneração do servidor poderá ul- Por fim, no caso do servidor ter sido eleito Vereador, exis-
trapassar os limites do inciso XI se: tem duas possibilidades:
▷ Houver pagamento de parcelas indenizatórias em ▷ Havendo compatibilidade de horário entre o perío-
sua remuneração (ressarcimento de danos sofridos do de trabalho como vereador e como servidor, ele
pelo servidor); e não será afastado e trabalhará em ambos os cargos
▷ O limite que exceder os tetos ou subtetos não ultrapassar e, portanto, perceberá as tanto o salário de vereador
o valor das parcelas indenizatórias. como o do cargo efetivo;
Possibilidade de Adoção de ▷ Não havendo compatibilidade de horário, será afas-
tado do cargo, podendo escolher qual salário rece-
Subteto Único para os Servidores berá, ou seja, nessa situação, aplicar-se-á a mesma
Estaduais e Distritais regra do servidor eleito para Prefeito.
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput des- Em qualquer hipótese de afastamento, assim que terminar
te artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Fede- o mandato do servidor eleito, se não houver reeleição, deverá
ral fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respec- ele retornar ao exercício do cargo efetivo.
tivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o
subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Servidores Públicos
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e Embora a Constituição Federal já estabeleça várias regras
cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Mi- sobre os servidores públicos no Art. 37, em seus Arts. 39 e 40
nistros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando traz outras disposições sobre o tratamento que deve ser dis-
o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputa- pensado a eles.
dos Estaduais e Distritais e dos Vereadores. Primeiramente, deve-se entender que os servidores pú-
Ş
ŝ#-ŝŦ
A remuneração do servidor público estadual está sujeita a blicos são pessoas que trabalham na Administração Direta
subtetos diferenciados, de acordo com o Poder em que o servidor (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) ou em autar-
trabalha. No entanto, o dispositivo acima permite que, se o Estado quias ou em fundações públicas de direito público e cuja re-
ou Distrito Federal desejar, poderá fixar um limite único para os lação com esse ente é regida por uma lei específica, chamada
três poderes estaduais que, neste caso, será o subsídio recebido normalmente de estatuto.
pelos Desembargadores do Tribunal de Justiça. No caso dos servidores públicos civis federais, o estatuto é
a Lei nº 8.112/90.
Servidor Eleito para Cargo Público Ou seja, os servidores públicos não se sujeitam às regras
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, au- da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, mas são regidos
tárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
por lei própria.
aplicam-se as seguintes disposições: Os funcionários públicos que são regidos pela CLT são cha-
I. Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual mados de empregados públicos, e normalmente trabalham em
ou distrital, ficará afastado de seu cargo ou empre- sociedades de economia mista e empresas públicas (embora haja
go; a possibilidade de funcionários de autarquias serem regidos pela
II. Investido no mandato de Prefeito, será afastado CLT, caso em que também serão empregados públicos).
do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado Vejamos o que a CF diz a respeito:
optar pela sua remuneração;
III. Investido no mandato de Vereador, havendo Política de Remuneração
compatibilidade de horários, perceberá as vanta- do Serviço Público
gens de seu cargo, emprego ou função, sem pre-
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
juízo da remuneração do cargo eletivo, e, não ha-
nicípios instituirão conselho de política de administração
vendo compatibilidade, será aplicada a norma do
e remuneração de pessoal, integrado por servidores de-
inciso anterior;
signados pelos respectivos Poderes.
O Art. 38 trata da questão do afastamento e do recebimen-
A ideia é que a União, Estados, DF e Municípios tratem seus
to de remuneração pelo servidor público eleito para um cargo
servidores de maneira semelhante, com remunerações próximas 249
político, estabelecendo as seguintes regras.
para atividades assemelhadas.
Para isso, deveria ser criado um Conselho de Política de horas diárias e quarenta e quatro semanais;
250 Administração e Remuneração de Pessoal, integrado por ser- g) repouso semanal remunerado;
vidores dos diversos poderes das três esferas de governo. h) remuneração do serviço extraordinário su-
Critérios para Definição da perior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
normal;
Remuneração do Servidor Público i) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
§ 1º. A fixação dos padrões de vencimento e dos demais menos, um terço a mais do que o salário normal;
componentes do sistema remuneratório observará:
j) licença à gestante;
I. A natureza, o grau de responsabilidade e a com-
k) licença-paternidade;
plexidade dos cargos componentes de cada carreira
II. Os requisitos para a investidura; l) proteção do mercado de trabalho da mulher;
III. As peculiaridades dos cargos. m) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
meio de normas de saúde, higiene e segurança;
Esse dispositivo traz os critérios que devem ser observados
para a definição da remuneração dos diversos cargos públicos, n) adicional de remuneração para as atividades
tanto do Poder Executivo, como do Legislativo e do Judiciário. penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
Cabe à lei estabelecer o valor da remuneração de cada o) proibição de diferença de salários, de exercício
cargo. de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil.
Escolas de Governo Embora a Constituição garanta aos servidores públicos tais
§ 2º. A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da III. Voluntariamente, desde que cumprido tempo
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- mínimo de dez anos de efetivo exercício no servi-
pios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegu- ço público e cinco anos no cargo efetivo em que
rado regime de previdência de caráter contributivo e
se dará a aposentadoria, observadas as seguintes
solidário, mediante contribuição do respectivo ente
público, dos servidores ativos e inativos e dos pensio- condições:
nistas, observados critérios que preservem o equilíbrio a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de con-
financeiro e atuarial. tribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de
A Constituição estabelece duas categorias de regimes de idade e trinta de contribuição, se mulher; NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
previdência social: b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e
▷ Regime Geral de Previdência Social (RGPS), destina- sessenta anos de idade, se mulher, com proventos
do aos trabalhadores da iniciativa privada, empre- proporcionais ao tempo de contribuição.
gados públicos (que trabalhem em sociedades de O § 1º prevê três formas de aposentadoria do servidor público:
economia mista ou empresas públicas) e ocupantes
de cargos em comissão, o qual é normatizado pela
Aposentadoria por Invalidez Permanente
Constituição em seu Art. 201; e Nesse caso, a regra geral é que o servidor aposente-se re-
▷ Regime Próprio de Previdência do Serviço Público, cebendo proporcionalmente ao tempo de contribuição.
aplicável aos servidores públicos estatutários; O servidor somente receberá sua aposentadoria integral se
O Art. 40 trata justamente do Regime Próprio de Previ- a invalidez decorrer de acidente em serviço, moléstia profissio-
dência do Serviço Público, estabelecendo, logo em seu caput, nal ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei.
diversas características desse regime:
Assim, por exemplo, se um servidor do sexo masculino que
Será aplicável aos servidores da Administração Direta, au-
tarquias e fundações públicas (servidores estatutários), tanto tenha 10 anos de contribuição e, durante uma viagem de carro
na esfera Federal, como na Estadual e Municipal. nas férias, sofra um acidente e venha a ficar inválido, receberá
Será de caráter contributivo e solidário: para ter direito o valor equivalente a 10/35 avos do valor que receberia se a 251
aos benefícios do seu regime de previdência, o servidor de- invalidez fosse decorrente de um acidente em serviço.
Aposentadoria Compulsória Pensão por Morte do Servidor
252 Atingindo a idade de 70 (setenta) anos, prevê a Constituição § 7º. Lei disporá sobre a concessão do benefício de
que o servidor seja aposentado compulsoriamente, isso é, obri- pensão por morte, que será igual:
gatoriamente, sendo que receberá proporcionalmente ao tempo I. Ao valor da totalidade dos proventos do servidor
de contribuição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
teto do INSS.
de contribuição, o servidor poderá aposentar-se, a partir dos
65 (sessenta e cinco) anos, se homem, e 60 (sessenta) anos, Essa redução será de 30% sobre os valores que excederem
se mulher, mas, neste caso, receberá proporcionalmente ao tal teto.
tempo que contribuiu. Reajustamento dos Benefícios
§ 4º. É vedada a adoção de requisitos e critérios di- § 8º. É assegurado o reajustamento dos benefícios
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, res- real, conforme critérios estabelecidos em lei.
salvados, nos termos definidos em leis complementa-
res, os casos de servidores: Assim como ocorre com os benefícios do regime geral de pre-
vidência, o objetivo é evitar que os valores dos benefícios recebi-
I) portadores de deficiência; dos pelo servidor, inativo ou pensionista, sejam prejudicados pela
II) que exerçam atividades de risco; inflação, pelo que devem ser corrigidos periodicamente.
III) cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Contagem Recíproca de Tempo
O § 4º estabelece, como regra geral, que não poderão ser § 9º. O tempo de contribuição federal, estadual ou
estabelecidos critérios diferentes para a concessão de aposen- municipal será contado para efeito de aposentadoria
tadoria no serviço público, fazendo somente exceção às cha- e o tempo de serviço correspondente para efeito de
madas aposentadorias especiais, que são aposentadorias em disponibilidade.
que permitem regras diferenciadas, exigindo-se, por exemplo, Tal parágrafo prevê que a contagem de tempo de contribui-
um menor tempo de contribuição. Somente são admitidas nos ção do servidor será única, tenha ele contribuído para a caixa
três casos previstos acima. de previdência da União, de Estado ou de Município. É chamada
§ 5º. Os requisitos de idade e de tempo de contribuição de contagem recíproca do tempo de contribuição entre os entes
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto públicos.
no § 1º, III, “a”, para o professor que comprove exclu-
sivamente tempo de efetivo exercício das funções de Proibição de Contagem de Tempo Fictício
magistério na educação infantil e no ensino fundamen- § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
tal e médio. contagem de tempo de contribuição fictício.
Tal dispositivo cria uma aposentadoria especial para os Antes da Emenda Constitucional nº 19/98, a legislação, em
professores que tenham atuado exclusivamente na educação algumas situações específicas, permitia que determinados pe-
infantil e nos ensinos fundamental e médio, permitindo que ríodos fossem considerados como de contribuição sem que de
tais profissionais se aposentem cinco anos antes dos demais fato ela tivesse ocorrido. Era o caso de algumas hipóteses de
servidores. contagem em dobro do tempo de contribuição.
§ 6º. Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car- Com a citada emenda, proibiu-se terminantemente qual-
gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a quer contagem fictícia de tempo de contribuição fictício.
percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regi- Aplicação do limite de remuneração aos proventos de apo-
me de previdência previsto neste artigo. sentadoria.
As aposentadorias somente podem ser acumuladas se os § 11. Aplica-se o limite fixado no Art. 37, XI, à soma total
cargos a que elas se referem também o forem, na forma do dos proventos de inatividade, inclusive quando decor-
inciso XVI do Art. 37. rentes da acumulação de cargos ou empregos públicos.
Recebendo o servidor mais de uma aposentadoria do ser- § 15. O regime de previdência complementar de que
viço público, a soma delas deverá obedecer aos tetos e subte- trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do res-
tos previstos no inciso XI do art. 37. pectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.
202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio
Aplicação Subsidiária das Regras de entidades fechadas de previdência complementar,
do Regime Geral de Previdência de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previ- participantes planos de benefícios somente na modali-
dência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo dade de contribuição definida.
observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados Os fundos públicos de previdência complementar citados
para o regime geral de previdência social. no parágrafo anterior deverão ser criados por lei proposta pelo
O que o dispositivo quer dizer é que, fora as especificidades Poder Executivo de cada esfera de poder e não poderão ser
do regime próprio de previdência do serviço público apontadas administrados por entidades privadas.
pelo Art. 40, ele se submeterá às mesmas regras do regime geral Além disso, esse fundo público somente poderá oferecer
de previdência social. planos de contribuição definida, que são aqueles em que as
Em outras palavras, aplicam-se subsidiariamente ao re- contribuições mensais são definidas, mas os valores dos bene-
gime próprio de previdência do servidor as regras do regime fícios da aposentadoria ou pensão somente serão calculados
geral, naquilo que não diferenciado pela Constituição. exatamente no momento do início de seu pagamento.
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
Aplicação do Regime Geral disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
de Previdência ao Ocupante que tiver ingressado no serviço público até a data da pu-
de Cargo em Comissão blicação do ato de instituição do correspondente regime
de previdência complementar.
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
Aqueles que já estiverem no serviço público na data de pu-
em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração bem como de outro cargo temporário ou blicação do ato de instituição do fundo de previdência comple-
de emprego público, aplica-se o regime geral de pre- mentar, como regra geral, continuarão seguindo as regras do re-
vidência social. gime antigo ao qual já estavam vinculados. No entanto, se esses
servidores desejarem, poderão migrar para o regime novo, de-
Já vimos que o regime próprio de previdência somente
vendo, para tanto, apresentar uma opção expressa e irretratável.
aplica-se ao servidor público estatutário. O ocupante de cargo
em comissão, o servidor temporário e o empregado público Correção dos Salários de Contribuição
serão vinculados ao mesmo regime de previdência dos traba-
lhadores da iniciativa privada, ou seja, o regime geral de previ- § 17. Todos os valores de remuneração considerados
Ş
ŝ#-ŝŦ
dência social – RGPS. para o cálculo do benefício previsto no § 3º serão devi-
damente atualizados, na forma da lei.
Possibilidade de Aplicação do Trata-se aqui da correção do chamado salário-de-contri-
Teto de INSS às Aposentadorias buição, que é o valor descontado todo mês do servidor, e não
da correção do valor do benefício, a qual é prevista no § 8º.
do Serviço Público
A correção dos salários de contribuição é importante para
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- garantir a sustentabilidade do sistema.
cípios, desde que instituam regime de previdência com-
plementar para os seus respectivos servidores titulares Contribuição Previdenciária
de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposen-
do Servidor Aposentado
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
tadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de
que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposen-
os benefícios do regime geral de previdência social de tadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata
que trata o Art. 201. este artigo que superem o limite máximo estabelecido
O § 14 permite que os entes públicos limitem o valor máxi- para os benefícios do regime geral de previdência social
mo das aposentadorias e pensões concedidas, adotando o mes- de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabele-
mo teto aplicado às aposentadorias e pensões do Regime Geral cido para os servidores titulares de cargos efetivos.
de Previdência Social. Diferentemente do que ocorre no Regime Geral de Pre-
Para isso, porém, precisam antes regulamentar e criar um vidência Social, os aposentados e pensionistas do Regime
fundo de previdência complementar para seus servidores. Próprio dos Servidores Públicos contribuirão para o caixa da
Na esfera federal e em diversos Estados, essa situação já previdência.
é realidade, sendo que aqueles que atualmente ingressam no Essa contribuição, no entanto, somente ocorrerá se o apo-
serviço público da União, quando aposentarem-se, somente sentado ou pensionista receber mais do que o teto do INSS,
receberão até o teto do INSS, podendo, se desejarem, optar sendo que o valor da contribuição será calculado justamente
por ingressar em um fundo de previdência público, no qual, sobre esse excedente, aplicando-se o mesmo percentual co-
além da contribuição mensal do próprio servidor, deverão ser brado dos servidores da ativa, e que atualmente é de 11% (onze 253
feitos aportes de recursos federais. por cento) na esfera federal.
Abono de Permanência II. Mediante processo administrativo em que lhe
254 seja assegurada ampla defesa;
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha com-
III. Mediante procedimento de avaliação periódica
pletado as exigências para aposentadoria voluntária
de desempenho, na forma de lei complementar,
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer assegurada ampla defesa.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
de oito ou mais de setenta Deputados.
administração pública;
Assim, o Estado da Federação mais populoso elege 70 (se-
XII. Telecomunicações e radiodifusão;
tenta) deputados federais, o menos populoso elege 8 (oito) e
o número de deputados dos demais Estados será calculado, XIII. Matéria financeira, cambial e monetária, insti-
dentro desses limites, de forma proporcional à sua população. tuições financeiras e suas operações;
Na hipótese de existência de Territórios Federais, cada um XIV. Moeda, seus limites de emissão, e montante
deles elegerá quatro Deputados. da dívida mobiliária federal.
XV. Fixação do subsídio dos Ministros do Supre-
O mandato dos deputados federais é de 4 (quatro) anos.
mo Tribunal Federal, observado o que dispõem os
Senado Federal
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.
O Senado Federal é a Casa que representa os interesses Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso
dos Estados e do Distrito Federal. Nacional:
Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, I. Resolver definitivamente sobre tratados, acordos
com mandato de oito anos. ou atos internacionais que acarretem encargos ou
O § 2º do Art. 46 da CF estabelece que a representação de compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em II. Autorizar o Presidente da República a decla-
quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. rar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
O presidente do Senado será também o presidente do estrangeiras transitem pelo território nacional ou
Congresso Nacional. nele permaneçam temporariamente, ressalvados
os casos previstos em lei complementar;
Atribuições do Congresso Nacional III. Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da
Quando se fala de atribuições do Congresso Nacional, está República a se ausentarem do País, quando a au-
a se falar de decisões que serão tomadas de forma conjunta, sência exceder a quinze dias;
pelos deputados e senadores. IV. Aprovar o estado de defesa e a intervenção
Enquanto o Art. 48 da Constituição Federal estabelece federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender 255
atribuições do Congresso Nacional que serão exercidas com a qualquer uma dessas medidas;
V. Sustar os atos normativos do Poder Executivo § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
256 que exorbitem do poder regulamentar ou dos limi- Federal poderão encaminhar pedidos escritos de infor-
tes de delegação legislativa; mações a Ministros de Estado ou a qualquer das pes-
VI. Mudar temporariamente sua sede; soas referidas no caput deste artigo, importando em
crime de responsabilidade a recusa, ou o não. atendi-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
tiva de lei para fixação da respectiva remuneração,
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias; I. Desde a expedição do diploma:
XIV. Eleger membros do Conselho da República, a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica
nos termos do Art. 89, VII. de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa con-
XV. Avaliar periodicamente a funcionalidade do cessionária de serviço público, salvo quando o
Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e contrato obedecer a cláusulas uniformes;
seus componentes, e o desempenho das admi-
nistrações tributárias da União, dos Estados e do b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego
Distrito Federal e dos Municípios. remunerado, inclusive os de que sejam demis- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
síveis ‘ad nutum’, nas entidades constantes da
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, alínea anterior;
funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
II. Desde a posse:
Federal, limitando-se a condenação, que somente será
proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, a) ser proprietários, controladores ou diretores de
à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para empresa que goze de favor decorrente de contra-
o exercício de função pública, sem prejuízo das demais to com pessoa jurídica de direito público, ou nela
sanções judiciais cabíveis. exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demis-
Dos Deputados e Senadores síveis “ad nutum”, nas entidades referidas no in-
Os Arts. 53 a 56 da Constituição Federal trazem uma série ciso I, “a”;
de disposições aplicáveis aos deputados federais e senadores: c) patrocinar causa em que seja interessada qual-
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil quer das entidades a que se refere o inciso I, “a”;
e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, pala- d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato
vras e votos. público eletivo.
§ 1º. Os Deputados e Senadores, desde a expedição do Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
diploma, serão submetidos a julgamento perante o Su- I. Que infringir qualquer das proibições estabeleci- 257
premo Tribunal Federal. das no artigo anterior;
II. Cujo procedimento for declarado incompatível de lei de diretrizes orçamentárias. Ou seja, mesmo que chegue
258 com o decoro parlamentar; o dia 17 de julho, se o Congresso Nacional ainda não tiver apro-
III. Que deixar de comparecer, em cada sessão le- vado a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), os deputados e
gislativa, à terça parte das sessões ordinárias da senadores não poderão sair de recesso, até que a mesma seja
Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por aprovada. Tal disposição é importante para evitar atrasos na
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
esta autorizada; aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA), a qual, para ser
IV. Que perder ou tiver suspensos os direitos po- proposta, depende da prévia aprovação da LDO.
líticos; Hipóteses de Reunião Conjunta
V. Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos O § 3º do Art. 57 estabelece que, além de outros casos pre-
previstos nesta Constituição; vistos na Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado
VI. Que sofrer condenação criminal em sentença Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:
transitada em julgado. I. Inaugurar a sessão legislativa;
§ 1º. É incompatível com o decoro parlamentar, além II. Elaborar o regimento comum e regular a criação
dos casos definidos no regimento interno, o abuso das de serviços comuns às duas Casas;
prerrogativas asseguradas a membro do Congresso III. Receber o compromisso do Presidente e do Vi-
Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. ce-Presidente da República;
§ 2º. Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato IV. Conhecer do veto e sobre ele deliberar.
será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Se-
nado Federal, por maioria absoluta, mediante provoca- Convocações Extraordinárias
ção da respectiva Mesa ou de partido político represen-
do Congresso Nacional
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
órgãos públicos). Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo
Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Ge-
Comissão Representativa de Recesso ral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos
O Art. 58, § 4º, da Constituição determina que, durante o na própria Constituição.
recesso do Congresso Nacional, deverá haver uma Comissão Por exemplo, são de iniciativa privativa do Presidente da
representativa, eleita por suas Casas na última sessão ordinária República as leis que:
do período legislativo, com atribuições definidas no regimento I. Fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Ar-
comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a pro- madas;
porcionalidade da representação partidária.
II. Disponham sobre: NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Do Processo Legislativo a) criação de cargos, funções ou empregos pú-
O Art. 59 da Constituição estabelece que o processo legis- blicos na administração direta e autárquica ou
lativo compreende a elaboração de: aumento de sua remuneração;
I. Emendas à Constituição; b) organização administrativa e judiciária, ma-
téria tributária e orçamentária, serviços públi-
II. Leis complementares; cos e pessoal da administração dos Territórios;
III. Leis ordinárias; c) servidores públicos da União e Territórios, seu
IV. Leis delegadas; regime jurídico, provimento de cargos, estabili-
V. Medidas provisórias; dade e aposentadoria;
VI. Decretos legislativos; d) organização do Ministério Público e da Defen-
VII. Resoluções. soria Pública da União, bem como normas gerais
para a organização do Ministério Público e da De-
Emendas Constitucionais fensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e
A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: dos Territórios;
I. De um terço, no mínimo, dos membros da Câma- e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da
ra dos Deputados ou do Senado Federal; administração pública, observado o disposto no 259
II. Do Presidente da República; Art. 84, VI;
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurí- II. Que vise a detenção ou sequestro de bens, de pou-
260 dico, provimento de cargos, promoções, estabili- pança popular ou qualquer outro ativo financeiro;
dade, remuneração, reforma e transferência para III. Reservada a lei complementar;
a reserva. IV. Já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo
O projeto de lei aprovado por uma Casa do Congresso Na- Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
cional (chamada iniciadora) será revisto pela outra (chamada do Presidente da República.
revisora), em um só turno de discussão e votação, e enviado A medida provisória que implique instituição ou majora-
à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou ar- ção de impostos só produzirá efeitos no exercício financeiro
quivado, se o rejeitar. seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia da-
Se o projeto for alterado pela Casa revisora, voltará à Casa quele em que foi editada, exceto em relação aos tributos aos
iniciadora. quais não se aplica o princípio da anterioridade.
A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o Após a edição pelo Presidente da República, as medidas
projeto de lei ao Presidente da República, que, se concordar provisórias são submetidas à apreciação do Congresso Nacio-
com ele, o sancionará. nal, o qual, se aprová-las, as converterá em lei. Durante esse
No entanto, se o Presidente da República considerar o prazo, a medida provisória produzirá efeitos normalmente.
projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao Se as medidas provisórias não forem convertidas em lei no
interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de prazo de sessenta dias, prorrogável uma única vez por igual
quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comuni- período, perderão eficácia (situação chamada de caducidade
cará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado da medida provisória), devendo o Congresso Nacional disci-
Federal os motivos do veto. plinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas decorrentes
Ş
ŝ#-ŝŦ
O veto parcial somente poderá abranger texto integral de ar- (o prazo suspende-se durante os períodos de recesso do Con-
tigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea, não podendo, assim, ser gresso Nacional).
vetadas palavras ou frases isoladas. Porém, se a medida provisória não for apreciada em até
Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em
da República significará sanção. regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das
O veto será apreciado pelo Congresso Nacional em sessão Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se
conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da
só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Casa em que estiver tramitando (Art. 60, § 6º, da CF).
Deputados e Senadores. O § 10 do Art. 60 da CF estipula que é vedada a reedição, na
Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido
promulgação, ao Presidente da República. rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.
Em qualquer caso, se a lei não for promulgada dentro de Se a medida provisória caducar pela expiração do prazo
quarenta e oito horas pelo Presidente da República, o Presi- para aprovação, e não for editado, em até 60 dias, decreto
dente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual legislativo regulando as relações jurídicas surgidas durante a
prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. vigência da medida, tais relações serão consideradas como por
De acordo com o Art. 67 da Constituição, a matéria cons- ela regidas, ou seja, serão consideradas como válidas, mesmo
tante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir ob- que a medida provisória não tenha sido aprovada.
jeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante Leis Delegadas
proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das
Casas do Congresso Nacional. De acordo com o Art. 68 da Constituição Federal, as leis
delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que
Medidas Provisórias deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
O Art. 62 da CF estabelece que, em caso de relevância e ur- Não podem ser objeto de delegação os atos de compe-
gência, o Presidente da República poderá adotar medidas provi- tência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência
sórias. MP, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a
Congresso Nacional. matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
No entanto, é vedada a edição de medidas provisórias so- I. Organização do Poder Judiciário e do Ministério Públi-
bre matéria: co, a carreira e a garantia de seus membros;
I. Relativa a: II. Nacionalidade, cidadania, direitos individuais,
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, políticos e eleitorais;
partidos políticos e direito eleitoral; III. Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e
b) direito penal, processual penal e processual orçamentos.
civil; A delegação ao Presidente da República será feita por
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério meio de resolução do Congresso Nacional, que especificará
Público, a carreira e a garantia de seus membros; seu conteúdo e os termos de seu exercício.
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, A resolução delegatória poderá determinar que a lei seja
orçamento e créditos adicionais e suplementares, posteriormente apreciada pelo Congresso. Se isso ocorrer, este
ressalvado o previsto no Art. 167, § 3º; a fará em votação única, vedada qualquer emenda.
Fiscalização Contábil, ticipe, de forma direta ou indireta, nos termos do
tratado constitutivo;
Financeira e Orçamentária VI. Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos re-
Nossa Constituição prevê mecanismos de controle entre os po- passados pela União mediante convênio, acordo,
deres da União (controle externo). Além disso, determina que cada ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Esta-
um desses poderes deve possuir mecanismos internos de controle do, ao Distrito Federal ou a Município;
(controle interno). VII. Prestar as informações solicitadas pelo Con-
Quando se fala de controle externo, que é o controle de um gresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
poder sobre o outro, o principal é aquele que é exercido pelo qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscali-
Poder Legislativo sobre os Poderes Executivo, principalmente, zação contábil, financeira, orçamentária, operacional
e Judiciário. e patrimonial e sobre resultados de auditorias e ins-
E os Arts. 70 e 71 da Constituição determinam que tal con- peções realizadas;
trole será exercido pelo Congresso Nacional, com o auxílio do VIII. Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegali-
Tribunal de Contas da União: dade de despesa ou irregularidade de contas, as
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamen- sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
tária, operacional e patrimonial da União e das enti- outras cominações, multa proporcional ao dano
dades da administração direta e indireta, quanto à le- causado ao erário;
galidade, legitimidade, economicidade, aplicação das IX. Assinar prazo para que o órgão ou entidade
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo adote as providências necessárias ao exato cum-
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo primento da lei, se verificada ilegalidade;
sistema de controle interno de cada Poder. X. Sustar, se não atendido, a execução do ato im-
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa físi- pugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
ca ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, Deputados e ao Senado Federal;
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores XI. Representar ao Poder competente sobre irregu-
públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em laridades ou abusos apurados.
nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. § 1º. No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Na- tado diretamente pelo Congresso Nacional, que so-
cional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Con- licitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
tas da União, ao qual compete: cabíveis.
I. Apreciar as contas prestadas anualmente pelo § 2º. Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
Presidente da República, mediante parecer prévio prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previs-
que deverá ser elaborado em sessenta dias a con- tas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
Ş
ŝ#-ŝŦ
tar de seu recebimento; § 3º. As decisões do Tribunal de que resulte imputação
II. Julgar as contas dos administradores e demais de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
responsáveis por dinheiros, bens e valores públi- § 4º. O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
cos da administração direta e indireta, incluídas as trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo
Poder Público federal, e as contas daqueles que Controle Interno
derem causa a perda, extravio ou outra irregulari- O Art. 74 da Constituição Federal dispõe o sistema de con-
dade de que resulte prejuízo ao erário público; trole interno que cada poder deve instituir:
III. Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na manterão, de forma integrada, sistema de controle in-
administração direta e indireta, incluídas as fun- terno com a finalidade de:
dações instituídas e mantidas pelo Poder Público, I. Avaliar o cumprimento das metas previstas no
excetuadas as nomeações para cargo de provimen- plano plurianual, a execução dos programas de go-
to em comissão, bem como a das concessões de verno e dos orçamentos da União;
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas
II. Comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
as melhorias posteriores que não alterem o funda-
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
mento legal do ato concessório;
ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
IV. Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos da administração federal, bem como da aplicação de
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técni- recursos públicos por entidades de direito privado;
ca ou de inquérito, inspeções e auditorias de natu-
III. Exercer o controle das operações de crédito,
reza contábil, financeira, orçamentária, operacional
avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
e patrimonial, nas unidades administrativas dos
da União;
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e de-
mais entidades referidas no inciso II; IV. Apoiar o controle externo no exercício de sua
missão institucional.
V. Fiscalizar as contas nacionais das empresas
supranacionais de cujo capital social a União par- § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao to- 261
marem conhecimento de qualquer irregularidade ou
ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas O Poder Executivo
262 da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou Do Presidente e do
sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denun-
Vice-Presidente da República
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
-Presidente da República não poderão, sem licença do Con- geira, autorizado pelo Congresso Nacional ou re-
gresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a ferendado por ele, quando ocorrida no intervalo
quinze dias, sob pena de perda do cargo. das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização na-
Atribuições do Presidente da República cional;
O Art. 84 traz as competências privativas do Presidente da XX. Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo
República: do Congresso Nacional;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re- XXI. Conferir condecorações e distinções honoríficas;
pública: XXII. Permitir, nos casos previstos em lei comple- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I. Nomear e exonerar os Ministros de Estado; mentar, que forças estrangeiras transitem pelo
II. Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a território nacional ou nele permaneçam tempora-
direção superior da administração federal; riamente;
III. Iniciar o processo legislativo, na forma e nos ca- XXIII. Enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
sos previstos nesta Constituição; nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e
IV. Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, as propostas de orçamento previstos nesta Cons-
bem como expedir decretos e regulamentos para tituição;
sua fiel execução; XXIV. Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
V. Vetar projetos de lei, total ou parcialmente; dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
VI. Dispor, mediante decreto, sobre legislativa, as contas referentes ao exercício ante-
a) organização e funcionamento da administração rior;
federal, quando não implicar aumento de despesa XXV. Prover e extinguir os cargos públicos federais,
nem criação ou extinção de órgãos públicos; na forma da lei;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quan- XXVI. Editar medidas provisórias com força de lei,
do vagos; nos termos do Art. 62;
VII. Manter relações com Estados estrangeiros e XXVII. Exercer outras atribuições previstas nesta 263
acreditar seus representantes diplomáticos; Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá III. Apresentar ao Presidente da República relatório
264 delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII anual de sua gestão no Ministério;
e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Pro- IV. Praticar os atos pertinentes às atribuições que
curador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presiden-
União, que observarão os limites traçados nas respec- te da República.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
tivas delegações.
Responsabilidade do Presidente da República Do Conselho da República
O Art. 85 estabelece que são crimes de responsabilida- O Conselho da República é, de acordo com a Constituição,
de os atos do Presidente da República que atentem contra a órgão superior de consulta do Presidente da República.
Constituição Federal e, especialmente, contra: Composição
▷ A existência da união; De acordo com o Art. 89 da Constituição, participam do
▷ O livre exercício do poder legislativo, do poder judi- Conselho da República:
ciário, do ministério público e dos poderes constitu-
I. O Vice-Presidente da República;
cionais das unidades da federação;
II. O Presidente da Câmara dos Deputados;
▷ O exercício dos direitos políticos, individuais e so-
ciais; III. O Presidente do Senado Federal;
▷ A segurança interna do país; IV. Os líderes da maioria e da minoria na Câmara
▷ A probidade na administração; dos Deputados;
▷ A lei orçamentária; V. Os líderes da maioria e da minoria no Senado
Ş
ŝ#-ŝŦ
Federal;
▷ O cumprimento das leis e das decisões judiciais.
O parágrafo único do mesmo artigo estabelece que esses VI. O Ministro da Justiça;
crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as VII. Seis cidadãos brasileiros natos, com mais de
normas de processo e julgamento. trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados
E o Art. 86 afirma que, admitida a acusação contra o Presi- pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Se-
dente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, nado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Depu-
será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal tados, todos com mandato de três anos, vedada a
Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Fe- recondução.
deral, nos crimes de responsabilidade. O Presidente da República poderá convocar o Ministro de
A Constituição Federal determina ainda que o Presidente Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar
ficará suspende de suas funções: da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.
▷ Nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia Competência
ou queixa-crime pelo supremo tribunal federal;
De acordo com o Art. 90 da CF, cabe ao Conselho da Repú-
▷ Nos crimes de responsabilidade, após a instauração
blica pronunciar-se sobre:
do processo pelo Senado Federal.
I. Intervenção federal, estado de defesa e estado
No entanto, se decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o
julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Pre- de sítio; e
sidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. II. As questões relevantes para a estabilidade das
Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infra- instituições democráticas.
ções comuns, o Presidente da República não poderá ser preso. Conselho de Defesa Nacional
Dos Ministros de Estado O Art. 91 da Constituição estipula que o Conselho de Defesa
Os Ministros de Estado são os auxiliares diretos do Presi- Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos
dente da República. assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do
De acordo com o Art. 87 da Constituição, os Ministros de Estado democrático.
Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e Composição
um anos e no exercício dos direitos políticos.
Participam do Conselho de Defesa Nacional:
Competências dos Ministros I. O Vice-Presidente da República;
De acordo com a Constituição, compete ao Ministro de Es- II. O Presidente da Câmara dos Deputados;
tado, além de outras atribuições estabelecidas na Constituição III. O Presidente do Senado Federal;
e na lei:
IV. O Ministro da Justiça;
I. Exercer a orientação, coordenação e supervisão
dos órgãos e entidades da administração federal V. O Ministro de Estado da Defesa;
na área de sua competência e referendar os atos VI. O Ministro das Relações Exteriores;
e decretos assinados pelo Presidente da República; VII. O Ministro do Planejamento.
II. Expedir instruções para a execução das leis, de- VIII. Os Comandantes da Marinha, do Exército e da
cretos e regulamentos; Aeronáutica.
Competência dos do Brasil em todas as fases, exigindo-se do ba-
Compete ao Conselho de Defesa Nacional: charel em direito, no mínimo, três anos de atividade
▷ Opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem
celebração da paz, nos termos desta Constituição; de classificação;
▷ Opinar sobre a decretação do estado de defesa, do II. Promoção de entrância para entrância, alterna-
estado de sítio e da intervenção federal; damente, por antiguidade e merecimento, atendi-
das as seguintes normas:
▷ Propor os critérios e condições de utilização de áreas
indispensáveis à segurança do território nacional e a) é obrigatória a promoção do juiz que figure
opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa por três vezes consecutivas ou cinco alternadas
de fronteira e nas relacionadas com a preservação e em lista de merecimento;
a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; b) a promoção por merecimento pressupõe dois
▷ Estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento anos de exercício na respectiva entrância e integrar
de iniciativas necessárias a garantir a independência o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade
nacional e a defesa do Estado democrático. desta, salvo se não houver com tais requisitos quem
aceite o lugar vago;
O Poder Judiciário c) aferição do merecimento conforme o desem-
A Constituição Federal, em seu Título III, Capítulo III, traz a penho e pelos critérios objetivos de produtivi-
organização do Poder Judiciário, definindo sua estrutura, com- dade e presteza no exercício da jurisdição e pela
posição e competência de seus órgãos. frequência e aproveitamento em cursos oficiais
ou reconhecidos de aperfeiçoamento;
Veremos aqui os pontos mais importantes para concursos
públicos. d) na apuração de antiguidade, o tribunal somen-
te poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
Órgãos do Poder Judiciário fundamentado de dois terços de seus membros,
O Art. 92 da CF traz os órgãos que compõem o Poder Ju- conforme procedimento próprio, e assegurada
diciário: ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se
a indicação;
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
e) não será promovido o juiz que, injustificada-
I. O Supremo Tribunal Federal;
mente, retiver autos em seu poder além do prazo
I-A. O Conselho Nacional de Justiça; legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o
II. O Superior Tribunal de Justiça; devido despacho ou decisão;
II-A. O Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Entrância é uma das divisões da 1ª instância do Poder Ju-
Emenda Constitucional nº 92, de 2016) diciário. As comarcas são divididas em entrâncias de acordo
Ş
ŝ#-ŝŦ
III. Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Fede- com a população local, o número de processos e o tamanho da
rais; economia dos municípios abrangidos.
IV. Os Tribunais e Juízes do Trabalho; Via de regra, na Justiça Estadual há três entrâncias na 1ª
V. Os Tribunais e Juízes Eleitorais; instância. O juiz começa sua carreira de titular em comarcas
VI. Os Tribunais e Juízes Militares; de entrância inicial, podendo buscar depois a promoção para
VII. Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito comarcas de entrância intermediária e por fim para comarcas
Federal e Territórios.” de entrância final, para só depois poder pleitear sua promoção
O § 1º do Art. 92 estipula que o Supremo Tribunal Federal para a 2ª instância.
(STF), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e os Tribunais Supe- Já na Justiça Federal há somente uma entrância. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
riores têm sede na Capital Federal. No Poder Judiciário, a promoção (tanto de entrância para
Por sua vez, o § 2º do mesmo artigo afirma que o Supremo entrância, no primeiro grau, como da primeira para a segun-
Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em da instância) se dá alternadamente por antiguidade e mere-
todo o território nacional. cimento. Quer dizer que se a última vaga foi preenchida por
antiguidade, a próxima será por merecimento, e assim por
Lei Orgânica da Magistratura diante.
O Art. 93 da CF fala a respeito da chamada Lei Orgânica III. O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á
da Magistratura (LOM), lei complementar de iniciativa do STF por antiguidade e merecimento, alternadamente,
que deve definir com detalhes a organização do Poder Judiciá- apurados na última ou única entrância;
rio, trazendo este artigo algumas disposições que tal lei deve IV. Previsão de cursos oficiais de preparação,
conter: aperfeiçoamento e promoção de magistrados,
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo constituindo etapa obrigatória do processo de
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistra- vitaliciamento a participação em curso oficial ou
tura, observados os seguintes princípios: reconhecido por escola nacional de formação e
I. Ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz aperfeiçoamento de magistrados;
substituto, mediante concurso público de provas e V. O subsídio dos Ministros dos Tribunais Superio- 265
títulos, com a participação da Ordem dos Advoga- res corresponderá a noventa e cinco por cento do
subsídio mensal fixado para os Ministros do Su- Quinto Constitucional
266 premo Tribunal Federal e os subsídios dos demais
magistrados serão fixados em lei e escalonados, O Art. 94 da CF estabelece que um quinto dos lugares dos
em nível federal e estadual, conforme as respecti- Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
vas categorias da estrutura judiciária nacional, não Distrito Federal e Territórios será composto de:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
podendo a diferença entre uma e outra ser superior ▷ membros do Ministério Público, com mais de dez
a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem anos de carreira; e
exceder a noventa e cinco por cento do subsídio ▷ de advogados de notório saber jurídico e de reputa-
mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, ção ilibada, com mais de dez anos de efetiva ativida-
obedecido, em qualquer caso, o disposto nos Arts. de profissional.
37, XI, e 39, § 4º; Esses membros do MP e advogados são indicados em lista
VI. A aposentadoria dos magistrados e a pensão de sêxtupla pelos órgãos de representação de suas classes.
seus dependentes observarão o disposto no art. 40; Recebidas essas indicações, o tribunal forma uma lista trí-
VII. O juiz titular residirá na respectiva comarca, plice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias sub-
salvo autorização do tribunal; sequentes, escolhe um de seus integrantes para nomeação.
VIII. O ato de remoção, disponibilidade e aposen- Garantias dos Juízes
tadoria do magistrado, por interesse público, fun-
dar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta A fim de garantir a independência e imparcialidade do
do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Poder Judiciário, a CF concede a seus membros diversas ga-
Justiça, assegurada ampla defesa; rantias:
Ş
ŝ#-ŝŦ
VIII-A. A remoção a pedido ou a permuta de ma- Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
gistrados de comarca de igual entrância atenderá, I. Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será ad-
no que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e quirida após dois anos de exercício, dependendo a
do inciso II; perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais
IX. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Ju-
casos, de sentença judicial transitada em julgado;
diciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limi- II. Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
tar a presença, em determinados atos, às próprias público, na forma do art. 93, VIII;
partes e a seus advogados, ou somente a estes, III. Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o dis-
em casos nos quais a preservação do direito à in- posto nos Arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III,
timidade do interessado no sigilo não prejudique o e 153, § 2º, I.
interesse público à informação; Vedações aos Juízes
X. As decisões administrativas dos tribunais serão Enquanto o caput do Art. 95 traz as garantias da magis-
motivadas e em sessão pública, sendo as discipli- tratura, seu parágrafo único traz vedações aos juízes:
nares tomadas pelo voto da maioria absoluta de
(...) Aos juízes é vedado:
seus membros;
I. Exercer, ainda que em disponibilidade, outro car-
XI. Nos tribunais com número superior a vinte e
go ou função, salvo uma de magistério;
cinco julgadores, poderá ser constituído órgão es-
pecial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte II. Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
e cinco membros, para o exercício das atribuições participação em processo;
administrativas e jurisdicionais delegadas da com- III. Dedicar-se à atividade político-partidária.
petência do tribunal pleno, provendo-se metade IV. Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios
das vagas por antiguidade e a outra metade por ou contribuições de pessoas físicas, entidades pú-
eleição pelo tribunal pleno; blicas ou privadas, ressalvadas as exceções previs-
XII. A atividade jurisdicional será ininterrupta, sen- tas em lei;
do vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de V. Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do
segundo grau, funcionando, nos dias em que não qual se afastou, antes de decorridos três anos do
houver expediente forense normal, juízes em plan- afastamento do cargo por aposentadoria ou exo-
tão permanente; neração.
XIII. O número de juízes na unidade jurisdicional Competências Privativas dos Tribunais
será proporcional à efetiva demanda judicial e à
O Art. 96 da CF traz algumas competências privativas dos
respectiva população; Tribunais. Por serem privativas, tais competências não podem
XIV. Os servidores receberão delegação para a prá- ser delegadas:
tica de atos de administração e atos de mero expe- Art. 96. Compete privativamente:
diente sem caráter decisório;
I. Aos tribunais:
XV. A distribuição de processos será imediata, em
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
todos os graus de jurisdição. regimentos internos, com observância das nor-
mas de processo e das garantias processuais das dãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto,
partes, dispondo sobre a competência e o funcio- com mandato de quatro anos e competência para,
namento dos respectivos órgãos jurisdicionais e na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de
administrativos; ofício ou em face de impugnação, o processo de
b) organizar suas secretarias e serviços auxilia- habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem
res e os dos juízos que lhes forem vinculados, caráter jurisdicional, além de outras previstas na
velando pelo exercício da atividade correicional legislação.
respectiva; § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados es-
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os peciais no âmbito da Justiça Federal.
cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
Autonomia do Poder Judiciário
e) prover, por concurso público de provas, ou Os três poderes, de acordo com o Art. 2º de nossa Consti-
de provas e títulos, (...) os cargos necessários à tuição Federal, são independentes e harmônicos entre si.
administração da Justiça, exceto os de confiança O Art. 99 fala da autonomia administrativa (relativa à ca-
assim definidos em lei; pacidade de autogerir-se) e financeira (relativa aos recursos
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a monetários), essenciais para que haja, de fato, independência
seus membros e aos juízes e servidores que lhes do Poder Judiciário.
forem imediatamente vinculados; Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
II. Ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Su- administrativa e financeira.
periores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder § 1º. Os tribunais elaborarão suas propostas orçamen-
Legislativo respectivo (...): tárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
a) a alteração do número de membros dos tribu- com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamen-
nais inferiores; tárias.
b) a criação e a extinção de cargos e a remune- § 2º. O encaminhamento da proposta, ouvidos os ou-
ração dos seus serviços auxiliares e dos juízos tros tribunais interessados, compete:
que lhes forem vinculados, bem como a fixa- I. No âmbito da União, aos Presidentes do Supremo
ção do subsídio de seus membros e dos juízes, Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a
inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; aprovação dos respectivos tribunais;
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; II. No âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e
d) a alteração da organização e da divisão judi- Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justi-
ciárias; ça, com a aprovação dos respectivos tribunais.
§ 3º. Se os órgãos referidos no § 2º não encaminha-
Ş
ŝ#-ŝŦ
III. Aos Tribunais de Justiça julgar os juízes esta-
duais e do Distrito Federal e Territórios, bem como rem as respectivas propostas orçamentárias dentro do
os membros do Ministério Público, nos crimes co- prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o
muns e de responsabilidade, ressalvada a compe- Poder Executivo considerará, para fins de consolidação
tência da Justiça Eleitoral. da proposta orçamentária anual, os valores aprovados
na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com
Juizados Especiais os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.
Visando uma prestação jurisdicional mais célere e eficiente § 4º. Se as propostas orçamentárias de que trata este ar-
para casos de menor complexidade (processos cíveis) ou de tigo forem encaminhadas em desacordo com os limites
menor gravidade (processos penais), a Constituição Federal estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo proce- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
prevê a criação de juizados especiais, tanto na Justiça Federal derá aos ajustes necessários para fins de consolidação da
como nas Justiças Estaduais. proposta orçamentária anual.
Entre as vantagens da criação desses juizados especiais Precatórios
estão: maior rapidez no julgamento, uma vez que o rito de
julgamento é sumaríssimo e menor burocracia para acesso à Os precatórios são autorizações orçamentárias para paga-
Justiça pelo cidadão, sendo que, em determinados casos cí- mento de decisões judiciais desfavoráveis à União, Estados e Mu-
veis, o autor da ação nem sequer precisa constituir advogado. nicípios. Isso porque, diferentemente do que ocorre com o parti-
cular, o Poder Público tem a prerrogativa da impenhorabilidade de
Art. 98. A União, no DF e nos Territórios, e os Estados seus bens, o que faz com que não seja possível penhorar-se bens
criarão: públicos para pagamento de débitos judiciais.
I. Juizados especiais, providos por juízes togados, ou O Art. 100 da Constituição Federal traz as regras referentes
togados e leigos, competentes para conciliação, julga- aos precatórios. Abaixo apresentamos os dispositivos mais im-
mento e execução de causas cíveis de menor comple- portantes desse artigo:
xidade e infrações penais de menor potencial ofensivo,
mediante procedimentos oral e sumaríssimo, permiti- Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Pú-
dos, nas hipóteses da lei, a transação e o julgamento de blicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em vir-
recursos por turmas de juízes de primeiro grau; tude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente
na ordem cronológica de apresentação dos precatórios 267
II. Justiça de paz, remunerada, composta de cida-
e à conta dos créditos respectivos, proibida a designa- ser abatido, a título de compensação, valor correspon-
268 ção de casos ou de pessoas nas dotações orçamentá- dente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não
rias e nos créditos adicionais abertos para este fim. em dívida ativa e constituídos contra o credor origi-
§ 1º. Os débitos de natureza alimentícia compreendem nal pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas
aqueles decorrentes de salários, vencimentos, pro- vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
ventos, pensões e suas complementações, benefícios execução esteja suspensa em virtude de contestação
previdenciários e indenizações por morte ou por invali- administrativa ou judicial.
dez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal
sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta
com preferência sobre todos os demais débitos, exceto em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de
sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. abatimento, informação sobre os débitos que preen-
§ 2º. Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares cham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins
tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data nele previstos.
de expedição do precatório, ou sejam portadores de § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em
doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos lei da entidade federativa devedora, a entrega de cré-
com preferência sobre todos os demais débitos, até ditos em precatórios para compra de imóveis públicos
o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os do respectivo ente federado.
fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fra- § 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitu-
cionamento para essa finalidade, sendo que o restante cional [EC 62/2009], a atualização de valores de requisi-
será pago na ordem cronológica de apresentação do tórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, in-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros,
nal Superior ou quando o coator ou o paciente for
independentemente da concordância do devedor, comunicado
autoridade ou funcionário cujos atos estejam su-
o Tribunal de origem e a Fazenda Pública. jeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribu-
Do Supremo Tribunal Federal nal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em uma única instância;
Composição e nomeação dos Ministros do STF j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus
O Art. 101 estabelece que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgados;
compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com l) a reclamação para a preservação de sua com-
mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de petência e garantia da autoridade de suas deci- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. sões;
Tais Ministros serão nomeados pelo Presidente da Repú- m) a execução de sentença nas causas de sua
blica, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do competência originária, facultada a delegação de
Senado Federal. atribuições para a prática de atos processuais;
Competências do STF n) a ação em que todos os membros da magis-
O Art. 102 traz as competências originárias e recursais do STF. tratura sejam direta ou indiretamente interessa-
dos, e aquela em que mais da metade dos mem-
As competências originárias referem-se aos casos que serão bros do tribunal de origem estejam impedidos
julgados diretamente no STF, ou seja, as ações relativas a eles ou sejam direta ou indiretamente interessados;
serão propostas no próprio STF.
o) os conflitos de competência entre o Superior
Já as competências recursais referem-se aos assuntos que Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre
serão apreciados pelo STF em grau de recurso, reanalisando, a Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer
pedido da parte interessada, decisões tomadas em instâncias outro tribunal;
inferiores: p) o pedido de medida cautelar das ações diretas
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipua- de inconstitucionalidade;
mente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: q) o mandado de injunção, quando a elaboração da 269
I. Processar e julgar, originariamente: norma regulamentadora for atribuição do Presiden-
te da República, do Congresso Nacional, da Câmara VIII. Um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indi-
270 dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de cado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Con- IX. Um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Su-
tas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do perior do Trabalho;
próprio Supremo Tribunal Federal; X. Um membro do Ministério Público da União, in-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
tado em face desta Constituição. a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei § 3º. Não efetuadas, no prazo legal, as indicações pre-
federal. vistas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tri-
§ 2º. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo bunal Federal.
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconsti- § 4º. Compete ao Conselho o controle da atuação
tucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionali- administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
dade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, ca-
relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
bendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
administração pública direta e indireta, nas esferas fede-
conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
ral, estadual e municipal.
I. Zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
§ 3º. No recurso extraordinário o recorrente deverá
demonstrar a repercussão geral das questões constitu- cumprimento do Estatuto da Magistratura, poden-
cionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de do expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
que o Tribunal examine a admissão do recurso, somen- competência, ou recomendar providências;
te podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços II. Zelar pela observância do Art. 37 e apreciar, de ofí-
de seus membros. cio ou mediante provocação, a legalidade dos atos ad-
ministrativos praticados por membros ou órgãos do
Conselho Nacional de Justiça Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los
O Conselho Nacional de Justiça – CNJ, foi criado pela ou fixar prazo para que se adotem as providências ne-
Emenda Constitucional 45/2004, como um órgão de controle cessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo
de Poder Judiciário. da competência do Tribunal de Contas da União;
Sobre ele, dispõe o Art. 103-B: III. Receber e conhecer das reclamações contra
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe- membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: prestadores de serviços notariais e de registro que
atuem por delegação do poder público ou oficia-
I. O Presidente do Supremo Tribunal Federal;
lizados, sem prejuízo da competência disciplinar
II. Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, in- e correicional dos tribunais, podendo avocar pro-
dicado pelo respectivo tribunal; cessos disciplinares em curso e determinar a re-
III. Um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, moção, a disponibilidade ou a aposentadoria com
indicado pelo respectivo tribunal; subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de
IV. Um desembargador de Tribunal de Justiça, indi- serviço e aplicar outras sanções administrativas,
cado pelo Supremo Tribunal Federal; assegurada ampla defesa;
V. Um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribu- IV. Representar ao Ministério Público, no caso de
nal Federal; crime contra a administração pública ou de abuso
VI. Um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado de autoridade;
pelo Superior Tribunal de Justiça; V. Rever, de ofício ou mediante provocação, os pro-
VII. Um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal cessos disciplinares de juízes e membros de tribu-
de Justiça; nais julgados há menos de um ano;
VI. Elaborar semestralmente relatório estatístico d) os conflitos de competência entre quaisquer
sobre processos e sentenças prolatadas, por unida- tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I,
de da Federação, nos diferentes órgãos do Poder “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não
Judiciário; vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
VII. Elaborar relatório anual, propondo as provi- diversos;
dências que julgar necessárias, sobre a situação do e) as revisões criminais e as ações rescisórias de
Poder Judiciário no País e as atividades do Conse- seus julgados;
lho, o qual deve integrar mensagem do Presidente f) a reclamação para a preservação de sua compe-
do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao tência e garantia da autoridade de suas decisões;
Congresso Nacional, por ocasião da abertura da g) os conflitos de atribuições entre autoridades
sessão legislativa. administrativas e judiciárias da União, ou entre
autoridades judiciárias de um Estado e adminis-
Superior Tribunal de Justiça trativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre
as deste e da União;
Composição e Nomeação h) o mandado de injunção, quando a elaboração
Sobre isso, dispõe o Art. 104 da Constituição: da norma regulamentadora for atribuição de ór-
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe--se gão, entidade ou autoridade federal, da adminis-
de, no mínimo, trinta e três Ministros. tração direta ou indireta, excetuados os casos de
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Jus- competência do Supremo Tribunal Federal e dos
tiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da
brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, i) a homologação de sentenças estrangeiras e a
depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do concessão de exequatur às cartas rogatórias;
Senado Federal, sendo: II. Julgar, em recurso ordinário:
I. Um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais a) os “habeas corpus” decididos em única ou úl-
Federais e um terço dentre desembargadores dos tima instância pelos Tribunais Regionais Federais
Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice ela- ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal
borada pelo próprio Tribunal; e Territórios, quando a decisão for denegatória;
II. Um terço, em partes iguais, dentre advogados e b) os mandados de segurança decididos em úni-
ca instância pelos Tribunais Regionais Federais ou
membros do Ministério Público Federal, Estadual,
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
do Distrito Federal e Territórios, alternadamente,
Territórios, quando denegatória a decisão;
Ş
ŝ#-ŝŦ
indicados na forma do Art. 94.”
c) as causas em que forem partes Estado estran-
Competências geiro ou organismo internacional, de um lado, e,
O art. 105 traz as competências originárias e recursais do STJ: do outro, Município ou pessoa residente ou domi-
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: ciliada no País;
III. Julgar, em recurso especial, as causas decididas,
I. Processar e julgar, originariamente:
em única ou última instância, pelos Tribunais Regio-
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Esta- nais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Dis-
dos e do Distrito Federal, e, nestes e nos de respon- trito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
sabilidade, os desembargadores dos Tribunais de a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os mem- vigência;
bros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Dis- b) julgar válido ato de governo local contestado
trito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, em face de lei federal;
dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho,
c) der a lei federal interpretação divergente da
os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas que lhe haja atribuído outro tribunal.
dos Municípios e os do Ministério Público da União
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribu-
que oficiem perante tribunais;
nal de Justiça:
b) os mandados de segurança e os habeas data I. A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoa-
contra ato de Ministro de Estado, dos Comandan- mento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras
tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou funções, regulamentar os cursos oficiais para o in-
do próprio Tribunal; gresso e promoção na carreira;
c) os “habeas corpus”, quando o coator ou pa- II. O Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe
ciente for qualquer das pessoas mencionadas na exercer, na forma da lei, a supervisão administra-
alínea “a”, ou quando o coator for tribunal sujeito tiva e orçamentária da Justiça Federal de primeiro
à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Coman- e segundo graus, como órgão central do sistema
dante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, e com poderes correicionais, cujas decisões terão 271
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; caráter vinculante.
Tribunais Regionais Federais II. Julgar, em grau de recurso, as causas decididas
272 pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no
e Juízes Federais exercício da competência federal da área de sua
Conceito de Justiça Federal jurisdição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Quando a Constituição usa o termo “Justiça Federal”, o faz Competência dos Juízes Federais
em seu sentido estrito, abarcando somente os Juízes Federais, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
na primeira instância, e os Tribunais Regionais Federais (TRFs), I. As causas em que a União, entidade autárquica
na segunda. ou empresa pública federal forem interessadas na
É como dispõe o Art. 106: condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes,
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: exceto as de falência, as de acidentes de trabalho
I. Os Tribunais Regionais Federais; e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Tra-
II. Os Juízes Federais. balho;
II. As causas entre Estado estrangeiro ou organis-
Composição dos TRFs mo internacional e Município ou pessoa domicilia-
O Art. 107, por sua vez, fala sobre a composição dos TRFs e da ou residente no País;
nomeação de seus juízes, chamados normalmente de “desem-
III. As causas fundadas em tratado ou contrato da
bargadores federais”:
União com Estado estrangeiro ou organismo inter-
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se nacional;
de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possí-
IV. Os crimes políticos e as infrações penais pra-
vel, na respectiva região e nomeados pelo Presidente
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
O TST é o órgão máximo da Justiça do Trabalho. O Art. 111- dos os entes de direito público externo e da adminis-
A trata sobre ele: tração pública direta e indireta da União, dos Estados,
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se- do Distrito Federal e dos Municípios;
-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasilei- II. As ações que envolvam exercício do direito de
ros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessen- greve;
ta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação III. As ações sobre representação sindical, entre
ilibada, nomeados pelo Presidente da República após sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre
aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sindicatos e empregadores;
sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº IV. Os mandados de segurança, habeas corpus e NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
92, de 2016) habeas data, quando o ato questionado envolver
I. Um quinto dentre advogados com mais de dez matéria sujeita à sua jurisdição;
anos de efetiva atividade profissional e membros V. Os conflitos de competência entre órgãos com
do Ministério Público do Trabalho com mais de dez jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no Art.
anos de efetivo exercício, observado o disposto no 102, I, o;
Art. 94; VI. As ações de indenização por dano moral ou patri-
II. Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do monial, decorrentes da relação de trabalho;
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indica- VII. As ações relativas às penalidades administra-
dos pelo próprio Tribunal Superior. tivas impostas aos empregadores pelos órgãos de
§ 1º. A lei disporá sobre a competência do Tribunal Su- fiscalização das relações de trabalho;
perior do Trabalho. VIII. A execução, de ofício, das contribuições so-
§ 2º. Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Tra- ciais previstas no Art. 195, I, a, e II, e seus acrésci-
balho: mos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
I. A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamen- IX. Outras controvérsias decorrentes da relação de
to de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre trabalho, na forma da lei.
outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o § 1º. Frustrada a negociação coletiva, as partes pode- 273
ingresso e promoção na carreira; rão eleger árbitros.
§ 2º. Recusando-se qualquer das partes à negociação II. Por nomeação do Presidente da República, dois
274 coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de juízes dentre seis advogados de notável saber jurí-
comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza dico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo
econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o Tribunal Federal.
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
proteção ao trabalho, bem como as convencionadas seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros
anteriormente. do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral
§ 3º. Em caso de greve em atividade essencial, com dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
possibilidade de lesão do interesse público, o Ministé-
rio Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo,
Tribunais Regionais Eleitorais (TREs)
competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. Os TREs compõem a segunda instância da Justiça Eleitoral.
O Art. 120 da CF dispõe sobre eles:
Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs)
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Ca-
Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem a segunda pital de cada Estado e no Distrito Federal.
instância da Justiça do Trabalho. Sobre eles dispõe o Art. 115
§ 1º. Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
da Constituição:
I. Mediante eleição, pelo voto secreto:
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-
se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando pos- a) de dois juízes dentre desembargadores do Tri-
sível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente bunal de Justiça;
da República dentre brasileiros com mais de trinta e b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhi-
dos pelo Tribunal de Justiça;
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
O Art. 124 trata genericamente da competência da Justiça
Militar, deixando, porém, a organização, o funcionamento e o
7. Funções Essenciais à Justiça
detalhamento da competência desse ramo da Justiça a cargo As funções essenciais à justiça estão previstas expressa-
da lei: mente do Art. 127 ao 135 da Constituição Federal, elas são re-
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar presentadas pelas seguintes instituições:
os crimes militares definidos em lei. ▷ Ministério Público;
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o ▷ Advocacia Pública;
funcionamento e a competência da Justiça Militar. ▷ Defensoria Pública; NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Justiça Estadual ▷ Advocacia.
Os Arts. 125 e 126 da Constituição tratam sobre a Justiça Ao contrário do que muitos pensam, essas instituições
Estadual: não fazem parte do Poder Judiciário, mas desempenham
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observa- suas funções junto a esse poder. Sua atuação é essencial ao
dos os princípios estabelecidos nesta Constituição. exercício jurisdicional, razão pela qual foram classificadas
§ 1º. A competência dos tribunais será definida na como funções essenciais. Essa necessidade se justifica em
Constituição do Estado, sendo a lei de organização ju- razão da impossibilidade de o Judiciário agir de ofício, ou
diciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. seja, toda a atuação jurisdicional demanda provocação, a
qual será titularizada por uma dessas instituições.
§ 2º. Cabe aos Estados a instituição de representação
de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos Esses organismos são representados por agentes públicos
estaduais ou municipais em face da Constituição Es- ou privados cuja função principal é provocar a atuação do Poder
tadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a Judiciário, o qual se mantém inerte e imparcial, aguardando o
um único órgão. momento certo para agir. São em sua essência “advogados”.
§ 3º. A lei estadual poderá criar, mediante proposta do O Ministério Público é o advogado da Sociedade, pois, con-
Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, consti- forme prevê o caput do Art. 127, incumbe-lhe a tarefa de de-
tuída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos fender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses 275
Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio sociais e individuais indisponíveis:
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, d) o Ministério Público do Distrito Federal e
276 essencial à função jurisdicional do Estado, incumbin- Territórios;
do-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrá- II. os Ministérios Públicos dos Estados.
tico e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Fique atento a essa classificação, pois o rol é taxativo e, em
A Advocacia Pública advoga para o Estado representando prova, os examinadores costumam mencionar a existência de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
os entes públicos judicial e extrajudicialmente ou mesmo de- um “Ministério Público Eleitoral” ao se fazer comparativo com
sempenhando atividades de assessoria e consultoria jurídica. a estrutura do Poder Judiciário. Na organização do MPU, não
A Defensoria Pública tem como atribuição principal ad- foi prevista a existência de Ministério Público com atribuição
vogar para os necessitados. São os defensores públicos res- Eleitoral, função essa de competência do Ministério Público
ponsáveis pela defesa dos hipossuficientes, aqueles que não Federal e do Ministério Público Estadual, conforme prevê a Lei
possuem recursos financeiros para contratarem advogados Complementar n° 75/93 (Arts. 72 a 80 da LC n° 75/93).
privados. Como se pode perceber, o Ministério Público está dividi-
E, por último, há a Advocacia, que, pela lógica, é privada, do em Ministério Público da União e Ministério Público dos
formada por advogados particulares, os quais são inscritos na Estados, cada um com sua própria autonomia organizacional
Ordem dos Advogados do Brasil e atuam de forma autônoma e chefia própria. O Ministério Público da União, por sua vez,
e independente dentro dos limites estabelecidos em lei. abrange:
O objetivo desta breve introdução é apresentar a diferen- ▷ Ministério Público Federal;
ça funcional básica entre as instituições de forma a facilitar o ▷ Ministério Público do Trabalho;
estudo que, a partir de agora, será mais aprofundado, visando
a possíveis questões em provas de concursos públicos. Então, ▷ Ministério Público Militar;
▷ Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
será imediata (Incluído pela Emenda Constitucional nº produzido no inquérito policial. Ademais, por ter caráter admi-
45, de 2004). nistrativo, o inquérito policial é dispensável, não dependendo
No desempenho das suas funções institucionais, algumas o MP da sua existência para promover a persecução penal.
características foram previstas pela Constituição, as quais são Para a solução desse caso, tem-se aplicado a Teoria dos
muito importantes para a prova. Poderes Implícitos. Segundo a teoria, as competências expres-
Os §§ 2º e § 3º afirmam que as funções do Ministério Pú- samente previstas no texto constitucional carregam consigo os
bico só podem ser exercidas por integrantes da carreira, ou meios necessários para sua execução, ou seja, a existência de
seja, por Membros aprovados em concurso público de provas e uma competência explícita implica existência de competências
títulos, assegurada a participação da OAB durante a sua reali- implicitamente previstas e necessárias para execução da atri-
zação, entre os quais são exigidos os seguintes requisitos:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
buição principal. Em suma, se ao Ministério Público compete o
▷ Ser bacharel em direito; oferecimento exclusivo da Ação Penal Pública, por consequên-
▷ Possuir, no mínimo, três anos de atividade jurídica. cia da aplicação dessa teoria, compete também a execução
Em relação à atividade jurídica, deve-se salientar a regu- das atividades necessárias à formação da sua opinião sobre o
lamentação feita pela Resolução nº 40 do Conselho Nacional delito. Significa dizer que o poder de investigação criminal está
do Ministério Público, a qual prevê, entre outras atividades, o implicitamente previsto no poder de oferecimento da ação pe-
exercício da advocacia ou de cargo, função e emprego que exi- nal pública.
ja a utilização preponderante de conhecimentos jurídicos, ou Legitimidade para Promover o Inqué-
até mesmo a realização de cursos de pós-graduação dentro
dos parâmetros estabelecidos pela referida resolução. É im- rito Civil e a Ação Civil Pública
portante lembrar que esse requisito deverá ser comprovado no O Ministério Público também é competente para promover
momento da investidura no cargo, ou seja, na posse1, depois o inquérito civil e a ação civil pública nos termos do inciso III
de finalizadas todas as fases do concurso. do Art. 129. Essas ferramentas são utilizadas para a proteção
A Constituição exige ainda que o Membro do Ministério do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
Público resida na comarca de lotação, salvo quando houver interesses difusos e coletivos.
autorização do chefe da Instituição. Em razão da semelhança
277
2 Ações Diretas de Inconstitucionalidade, Ações Declaratórias de Constitucionali-
1 Resolução do CNMP nº 87, de 27 de junho de 2012. dade, Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.
Entendem-se como interesses difusos aqueles de nature- O controle externo da atividade policial desenvolvido pelo
278 za indivisível, cujos titulares não se podem determinar apesar Ministério Público, além de regulamentado nas respectivas
de estarem ligados uns aos outros pelas circunstâncias fáticas. leis orgânicas, está normatizado na Resolução nº 20 do CNMP.
Interesses coletivos se diferenciam dos difusos na medida em Ressalte-se que o controle externo não exime a instituição po-
que é possível determinar quem são os titulares do direito. licial de realizar o seu próprio controle interno por meio das
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Segundo a Constituição Federal, a ação civil pública não é corregedorias e órgãos de fiscalização.
medida exclusiva a ser adotada pelo Ministério Público: Sujeitam-se ao citado controle externo todas as institui-
Art. 129, § 1º. A legitimação do Ministério Público para ções previstas no Art. 144 da Constituição Federal4, bem como
as ações civis previstas neste artigo não impede a de ter- as demais instituições que possuam parcela do poder de polí-
ceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta cia desde que estejam relacionadas com a segurança pública e
Constituição e na lei. a persecução criminal.
A lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85) prevê que são legi- Conselho Nacional do Ministério Público
timados para propor tal ação, além do MP: O Conselho Nacional do Ministério Público, a exemplo do
▷ A Defensoria Pública; Conselho Nacional de Justiça, foi criado pela Emenda Consti-
▷ A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- tucional nº 45/2004 com o objetivo de efetuar a fiscalização
pios; administrativa e financeira do Ministério Público, bem como o
▷ A autarquia, empresa pública, fundação ou socieda- cumprimento dos deveres funcionais de seus membros.
de de economia mista; Composição
▷ A associação que concomitantemente esteja cons- Segundo o texto constitucional, o CNMP é composto de 14
Ş
ŝ#-ŝŦ
tituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei membros, nomeados pelo Presidente da República, depois de
civil e inclua entre suas finalidades institucionais a aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal,
proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem para um mandato de dois anos, sendo permitida apenas uma
econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio ar- recondução. Veja-se a composição prevista pela Constituição
tístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Federal no Art. 130-A:
Já o inquérito civil é procedimento investigatório de cará- Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Públi-
ter administrativo, que poderá ser instaurado pelo Ministério co compõe-se de quatorze membros nomeados pelo
Público com o fim de colher os elementos de prova necessários Presidente da República, depois de aprovada a es-
para a sua convicção sobre o ilícito e, posteriormente, instru- colha pela maioria absoluta do Senado Federal, para
ção da Ação Civil Pública. um mandato de dois anos, admitida uma recondução,
sendo:
Controle de Constitucionalidade I. o Procurador-Geral da República, que o preside;
Função das mais relevantes desempenhada pelos órgãos II. quatro membros do Ministério Público da União,
ministeriais ocorre no Controle da Constitucionalidade das leis assegurada a representação de cada uma de suas
e atos normativos. Essa atribuição é inerente à sua função de carreiras;
guardião da ordem jurídica. Como protetor da ordem jurídica, III. três membros do Ministério Público dos Estados;
compete ao Ministério Público oferecer as ações de controle
IV. dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal
abstrato de constitucionalidade3, bem como a Representação
Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
Interventiva para fins de intervenção da União e dos Estados
nas hipóteses previstas na Constituição Federal. V. dois advogados, indicados pelo Conselho Fede-
ral da Ordem dos Advogados do Brasil;
Controle Externo da Atividade Policial VI. dois cidadãos de notável saber jurídico e repu-
A Constituição Federal determina que o Ministério Públi- tação ilibada, indicados um pela Câmara dos Depu-
co realize o controle externo da atividade policial. Fala-se em tados e outro pelo Senado Federal.
controle externo haja vista o Ministério Público não pertencer § 1º. Os membros do Conselho oriundos do Ministério
à mesma estrutura das forças policiais. É uma instituição to- Público serão indicados pelos respectivos Ministérios
talmente autônoma a qualquer órgão policial, razão pela qual Públicos, na forma da lei.
não se pode falar em subordinação dos organismos policiais
ao Parquet. A justificativa para essa atribuição decorre do fato Atribuições
de ser ele o destinatário final da atividade policial. Vejamos as atribuições previstas constitucionalmente para
Se, por um lado, o controle externo objetiva a fiscaliza- o CNMP:
ção das atividades policiais para que elas não sejam desen- § 2º. Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público
volvidas além dos limites legais, preservando os direitos e o controle da atuação administrativa e financeira do Minis-
garantias fundamentais dos investigados, por outro, garante tério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de
o seu perfeito desenvolvimento, prevenindo e corrigindo a seus membros, cabendo-lhe:
produção probatória, visando ao adequado oferecimento da
4 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
ação penal. todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pes-
soas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia
3 Art. 5º, LIX, da CF. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias
esta não for intentada no prazo legal. militares e corpos de bombeiros militares.
I. zelar pela autonomia funcional e administrativa O Princípio da Unidade revela que os membros do Minis-
do Ministério Público, podendo expedir atos re- tério Público integram um órgão único chefiado por um Pro-
gulamentares, no âmbito de sua competência, ou curador-Geral. Essa unidade é percebida dentro de cada ramo
recomendar providências; do Ministério Público, não existindo unidade entre o Ministério
II. zelar pela observância do Art. 37 e apreciar, de ofí- Público estadual e da União, ou entre os diversos Ministérios
cio ou mediante provocação, a legalidade dos atos Públicos estaduais, ou ainda entre os ramos do Ministério Pú-
administrativos praticados por membros ou órgãos blico da União. Qualquer divisão que exista dentro de um dos
do Ministério Público da União e dos Estados, po- Órgãos Ministeriais possui caráter meramente funcional.
dendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para Já o Princípio da Indivisibilidade, que decorre do Princípio
que se adotem as providências necessárias ao exato da Unidade, revela a possibilidade de os membros se substituí-
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos rem sem qualquer prejuízo ao processo, pois o Ministério Público
Tribunais de Contas; é uno e indivisível. Os membros agem em nome da instituição
III. receber e conhecer das reclamações contra e nunca em nome próprio, pois pertencem a um só corpo. Esse
membros ou órgãos do Ministério Público da União princípio veda a vinculação de um membro a um processo per-
ou dos Estados, inclusive contra seus serviços au- mitindo, inclusive, a delegação da denúncia a outro membro.
xiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e Ressalte-se que, como no Princípio da Unidade, a Indivisibilida-
correicional da instituição, podendo avocar proces- de só ocorre dentro de um mesmo ramo do Ministério Público.
sos disciplinares em curso, determinar a remoção, a E, por fim, há o Princípio da Independência Funcional,
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios com uma dupla acepção: em relação aos membros e em re-
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e lação à instituição. No que tange aos membros, o referido
aplicar outras sanções administrativas, assegurada Princípio garante uma atuação independente no exercício
ampla defesa; das suas atribuições sujeitando-se apenas às determinações
IV. rever, de ofício ou mediante provocação, os constitucionais, legais e de sua consciência jurídica, não ha-
processos disciplinares de membros do Ministério vendo qualquer hierarquia ou subordinação intelectual entre
Público da União ou dos Estados julgados há me- os membros. Sob a perspectiva da instituição, o Princípio da
nos de um ano; Independência Funcional elimina qualquer subordinação do
V. elaborar relatório anual, propondo as providências Ministério Público a outro Poder. Apesar da Independência
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Funcional, verifica-se a existência de uma mera hierarquia
Público no País e as atividades do Conselho, o qual administrativa.
deve integrar a mensagem prevista no Art. 84, XI. Além desses princípios expressos na Constituição Fede-
§ 3º. O Conselho escolherá, em votação secreta, um ral, a doutrina e a Jurisprudência reconhecem a existência de
Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério um princípio implícito no texto constitucional: Princípio do
Ş
ŝ#-ŝŦ
Público que o integram, vedada a recondução, compe- Promotor Natural. Esse princípio decorre da interpretação
tindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferi- do Art. 129, § 2º, da Constituição, que afirma:
das pela lei, as seguintes: § 2º. As funções do Ministério Público só podem ser
I. receber reclamações e denúncias, de qualquer exercidas por integrantes da carreira, que deverão resi-
interessado, relativas aos membros do Ministério dir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização
Público e dos seus serviços auxiliares; do chefe da instituição.
II. exercer funções executivas do Conselho, de ins- O Princípio do Promotor Natural veda a designação de
peção e correição geral; membros do Ministério Público fora das hipóteses constitu-
III. requisitar e designar membros do Ministério Pú- cionais e legais, exigindo que sua atuação seja predetermina-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
blico, delegando-lhes atribuições, e requisitar servi- da por critérios objetivos aplicáveis a todos os membros da
dores de órgãos do Ministério Público. carreira, evitando, assim, que haja designações arbitrárias. O
§ 4º. O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos princípio também impede a nomeação de promotor ad hoc ou
Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. de exceção considerando que as funções do Ministério Público
§ 5º. Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do só podem ser desempenhadas por membros da carreira.
Ministério Público, competentes para receber reclama- Unidade
ções e denúncias de qualquer interessado contra mem-
bros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra Constituição
seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Indivisibilidade
Federal
Conselho Nacional do Ministério Público.
Independência
Princípios Institucionais Funcional
A Constituição Federal prevê expressamente no § 1º do Art. Princípios
127 os chamados Princípios Institucionais, os quais norteiam o Institucionais
desenvolvimento das atividades dos Órgãos Ministeriais:
§ 1º. São princípios institucionais do Ministério Público a 279
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. Doutrina Promotor Natural
Garantias Art. 128, § 1º. O Ministério Público da União tem por chefe
280 o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presi-
O Ministério Público, em razão da importância de sua fun- dente da República dentre integrantes da carreira, maio-
ção, recebeu da Constituição Federal algumas garantias que res de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome
lhe asseguram a independência necessária para bem desem- pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
penhar suas atribuições. E não é só a instituição que possui para mandato de dois anos, permitida a recondução.
garantias, mas os membros também. Vejamos o que diz a
Constituição sobre as garantias institucionais e dos membros: § 2º. A destituição do Procurador-Geral da República,
por iniciativa do Presidente da República, deverá ser
Art. 127, § 2º. Ao Ministério Público é assegurada auto- precedida de autorização da maioria absoluta do Se-
nomia funcional e administrativa, podendo, observado nado Federal.
o disposto no Art. 169, propor ao Poder Legislativo a
criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, No âmbito dessa autonomia, a Constituição previu expres-
provendo-os por concurso público de provas ou de samente que o Procurador-Geral será escolhido pela própria
provas e títulos, a política remuneratória e os planos instituição dentre os membros da carreira. No caso do Minis-
de carreira; a lei disporá sobre sua organização e fun- tério Público da União, a chefia ficará a cargo do Procurador-
cionamento. Geral da República, o qual será nomeado pelo Presidente da
República dentre os membros da carreira com mais de 35 anos
§ 3º. O Ministério Público elaborará sua proposta or- de idade, desde que sua escolha seja aprovada pelo voto da
çamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de maioria absoluta do Senado Federal. O Procurador-Geral da
diretrizes orçamentárias. República exercerá seu mandato por dois anos, permitida a
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva recondução. Ao permitir a recondução, a Constituição não es-
proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na tabeleceu limites, de forma que o Procurador-Geral da Repú-
Ş
ŝ#-ŝŦ
lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo consi- blica poderá ser reconduzido por quantas vezes o Presidente
derará, para fins de consolidação da proposta orçamen- considerar conveniente. Se o Presidente pode nomear o Chefe
tária anual, os valores aprovados na lei orçamentária do MPU, ele também poderá destituí-lo do cargo, desde que
vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados autorizado pelo Senado pela mesma quantidade de votos,
na forma do § 3º. qual seja, maioria absoluta.
§ 5º. Se a proposta orçamentária de que trata este artigo Já em relação à Chefia dos Ministérios Públicos dos Estados
for encaminhada em desacordo com os limites estipula- e do Distrito Federal e Territórios a regra é um pouco diferente:
dos na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos Art. 128, § 3º. Os Ministérios Públicos dos Estados e o
ajustes necessários para fins de consolidação da propos- do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice
ta orçamentária anual. dentre integrantes da carreira, na forma da lei respec-
§ 6º. Durante a execução orçamentária do exercício, tiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será
não poderá haver a realização de despesas ou a assun- nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para man-
ção de obrigações que extrapolem os limites estabele- dato de dois anos, permitida uma recondução.
cidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se pre- § 4º. Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito
viamente autorizadas, mediante a abertura de créditos Federal e Territórios poderão ser destituídos por deli-
suplementares ou especiais. beração da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
O Art. 127, §§ 2º a 6º, trata das chamadas Garantias forma da lei complementar respectiva.
Institucionais. Essas garantias visam a conceder maior au- A escolha dos Procuradores-Gerais de Justiça dependerá
tonomia à instituição, além de proteger sua independência de nomeação pelo Chefe do Poder Executivo5, com base em
no exercício de suas atribuições constitucionais. As Garantias lista tríplice formada dentre os integrantes da carreira, sendo
Institucionais são de três espécies: permitida uma recondução. Diferentemente do Procurador-
Autonomia funcional: ao desempenhar sua função, o Mi- Geral da República, que poderá ser reconduzido várias vezes,
nistério Público não se subordina a qualquer outra autoridade o Procurador-Geral de Justiça só poderá ser reconduzido uma
ou poder, sujeitando-se apenas às determinações constitucio- única vez. A destituição desses Procuradores-Gerais depende-
nais, legais e de sua consciência jurídica. rá da deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo.
Autonomia administrativa: é a capacidade de autogestão, Já o Art. 128, §5º, apresenta as Garantias dos Membros.
autoadministração e autogoverno. O Ministério Público tem Art. 128, § 5º. Leis complementares da União e dos
competência para propor ao Legislativo a criação, extinção e Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
organização de seus cargos e carreiras bem como demais atos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as
de gestão. atribuições e o estatuto de cada Ministério Público,
Autonomia financeira: o Ministério Público pode elabo- observadas, relativamente a seus membros:
rar sua proposta orçamentária dentro dos limites estabele- I. as seguintes garantias:
cidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, tendo liberdade a) vitaliciedade, após dois anos de exercício,
para administrar esses recursos. não podendo perder o cargo senão por sentença
Um dos temas mais importantes e que revelam a autono- judicial transitada em julgado;
mia administrativa do Ministério Público é a possibilidade que 5 No caso do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, a nomeação do
a instituição tem de escolher os seus próprios chefes. Vejamos seu chefe será feita pelo Presidente da República e sua destituição dependerá do
a literalidade do texto constitucional: voto da maioria absoluta do Senado Federal mediante provocação do Presidente
da República.
b) inamovibilidade, salvo por motivo de in- As Garantias de Imparcialidade são verdadeiras vedações
teresse público, mediante decisão do órgão co- e visam a garantir uma atuação isenta de qualquer interferên-
legiado competente do Ministério Público, pelo cia política ou pessoal.
voto da maioria absoluta de seus membros, asse- Art. 128, § 5º, II. as seguintes vedações:
gurada ampla defesa; a) receber, a qualquer título e sob qualquer
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na for- pretexto, honorários, percentagens ou custas
ma do Art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos processuais;
Arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; b) exercer a advocacia;
São duas espécies de garantias dos membros: Garantias c) participar de sociedade comercial, na for-
de Independência e Garantias de Imparcialidade. ma da lei;
As Garantias de Independência são prerrogativas ineren- d) exercer, ainda que em disponibilidade,
tes ao cargo e estão previstas no inciso I do referido artigo, qualquer outra função pública, salvo uma de ma-
as quais visam a garantir aos membros maior liberdade, inde- gistério;
pendência e autonomia no exercício de sua função ministerial. e) exercer atividade político-partidária (Re-
Tais garantias são indisponíveis, proibindo o titular do cargo dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
de dispensar qualquer das prerrogativas. São as garantias da 2004);
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade dos subsídios.
f) receber, a qualquer título ou pretexto, au-
A Vitaliciedade é como se fosse uma estabilidade só que xílios ou contribuições de pessoas físicas, entida-
muito mais vantajosa. O membro, ao ingressar na carreira me- des públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
diante concurso público, torna-se vitalício após o efetivo exer- previstas em lei (Incluída pela Emenda Constitu-
cício no cargo pelo prazo de dois anos. Uma vez vitalício só cional nº 45, de 2004).
perderá o cargo por sentença judicial transitada em julgado.
Após passar pelo estágio probatório de dois anos, um Membro § 6º. Aplica-se aos membros do Ministério Público o
do Ministério Público só perderá o cargo por sentença judicial disposto no Art. 95, parágrafo único, V (Incluído pela
transitada em julgado. Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
A Inamovibilidade impede a movimentação do membro Antes de explorar essas regras, faz-se necessária a menção
ex-ofício contra a sua vontade. Em regra, o Membro do Mi- ao Art. 29, § 3º, da ADCT:
nistério Público só poderá ser removido ou promovido por sua § 3º. Poderá optar pelo regime anterior, no que respei-
própria iniciativa, ressalvados os casos em que houver interes- ta às garantias e vantagens, o membro do Ministério
se público. E mesmo quando o interesse público exigir, a re- Público admitido antes da promulgação da Constitui-
moção dependerá de decisão do órgão colegiado competente ção, observando-se, quanto às vedações, a situação
pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurando- jurídica na data desta.
Ş
ŝ#-ŝŦ
se o direito à ampla defesa. Esse dispositivo retrata uma peculiaridade interessante a
A Irredutibilidade dos Subsídios diz respeito à proteção respeito dos Membros do Ministério Público. Antes da promul-
da remuneração do membro ministerial. Subsídio é a forma de gação da Constituição Federal de 1988, o regime jurídico a que
retribuição pecuniária paga ao membro do Ministério Público estavam sujeitos era diferente. A ADCT permitiu aos membros
a qual se caracteriza por ser uma parcela única. Com essa ga- que ingressaram antes de 1988 a escolha do regime jurídico a
rantia, o Membro do Ministério Público poderá trabalhar sem que estariam sujeitos a partir de então. Os membros que in-
medo de perder sua remuneração. gressaram na carreira antes de 1988 e que possuíam inscrição
Ressalta-se que o Supremo Tribunal Federal já entendeu na OAB podem advogar desde que tenham optado pelo regime
tratar-se esta irredutibilidade como meramente nominal, não jurídico anterior a 1988. Para os membros que ingressaram na
protegendo o subsídio da desvalorização provocada por per- carreira depois da promulgação da Constituição Federal, essa NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
das inflacionárias. Lembre-se também de que essa garantia escolha não é permitida, pois estão sujeitos apenas ao regime
não é absoluta, pois comporta exceções previstas nos Arts. 37, constitucional atual. Feita essa consideração, passa-se à análise
X e XI, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, da Constituição Federal. Em das garantias vigentes.
suma, a irredutibilidade não impedirá a redução do subsídio Deve-se compreender a abrangência das vedações do inciso II
quando ultrapassar o teto constitucional ou em razão da co- do § 5º do Art. 128 da Constituição Federal.
brança do imposto de renda. É vedado aos membros do Ministério Público receber, a
qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percen-
Indivisibilidade tagens ou custas processuais, bem como receber auxílios ou
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou priva-
das, ressalvadas as exceções previstas em lei. Tais vedações
visam a impedir que membros sejam motivados indevida-
Garantias de Inamovibilidade mente a exercer suas funções sob a expectativa de receberem
Independência maiores valores pela sua atuação. Percebe-se que a vedação
encontra exceção quando a contribuição está prevista em lei.
Dessa forma, não ofende a Constituição Federal o recebimento
Irredutibilidade de valores em razão da venda de livros, do exercício do magis- 281
dos Subsídios tério ou mesmo da ministração de palestra.
Outra vedação aplicável aos membros do Parquet é em Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que,
282 relação ao exercício da advocacia. Acerca desse impedimento, diretamente ou através de órgão vinculado, representa
deve-se ressaltar a situação dos membros do Ministério Públi- a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos
co da União que ingressaram na carreira antes de 1988 e que termos da lei complementar que dispuser sobre sua or-
tenham optado pelo regime jurídico anterior, nos termos do § ganização e funcionamento, as atividades de consultoria
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
3º do Art. 29 da ADCT, os quais poderão exercer a advocacia e assessoramento jurídico do Poder Executivo.
nos termos da Resolução nº 8 do CNMP, com a nova redação § 1º. A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advo-
dada pela Resolução nº 16. gado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente
Ademais, o texto constitucional estendeu aos Membros do da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco
Ministério Público a mesma vedação aplicável aos Magistrados no anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Art. 95, parágrafo único, V, qual seja, a de exercer a advocacia no A chefia desse órgão fica a cargo do Advogado-Geral
juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos
da União, o qual é nomeado livremente pelo Presidente da
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. A
República, entre os cidadãos maiores de trinta e cinco anos,
doutrina tem chamado essa vedação de quarentena.
com notável saber jurídico e reputação ilibada. Segundo a
Os membros do Ministério Público não podem participar Lei nº 10.683/03, em seu Art. 25, o Advogado-Geral da União
de sociedade comercial, na forma da lei. Essa vedação encon- é considerado Ministro de Estado, sendo-lhe aplicadas todas
tra regulamentação na Lei nº 8.625/93, a qual prevê a possibi- as prerrogativas inerentes ao status. Atente-se para isso em
lidade de participação como cotista ou acionista6.
prova, visto que, para ser o Chefe dessa Instituição, não é ne-
Também não podem exercer, ainda que em disponibilida- cessário ser membro da carreira nem depende de aprovação
de, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério. do Senado Federal. É um cargo de livre nomeação e exone-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ressalta-se que o CNMP regulamentou o exercício do magis- ração cuja confiança do Presidente da República se torna o
tério, que poderá ser público ou privado, por no máximo 20 principal critério para a escolha do seu titular.
horas aula por semana, desde que o horário seja compatível
com as atribuições ministeriais e o seu exercício se dê inteira- Um detalhe muito importante e que pode ser cobrado
mente em sala de aula7. em prova é que a Constituição Federal, ao apontar as com-
petências dessa instituição, afirmou que a AGU representa
Para evitar que sua atuação seja influenciada por pressões
políticas, a Constituição vedou o exercício de atividade políti- judicial e extrajudicialmente a União e em relação a consul-
co-partidária aos Membros do Ministério Público. Isso significa toria e assessoramento jurídico apenas ao Poder Executivo.
que, se um membro quiser se filiar ou mesmo exercer um cargo Essas competências foram confirmadas na Lei Orgânica da
político, deverá se afastar do cargo no Ministério Público. Essa Advocacia-Geral da União (Lei Complementar nº 73/93):
vedação tem caráter absoluto desde a Emenda Constitucional Art. 1º. A Advocacia-Geral da União é a instituição que re-
nº 45/2004, a qual foi regulamentada pelo Conselho Nacional presenta a União judicial e extrajudicialmente.
do Ministério Público, que determinou a aplicação da vedação Parágrafo único. À Advocacia-Geral da União cabem as
apenas aos membros que tenham ingressado na carreira após atividades de consultoria e assessoramento jurídicos ao
a promulgação da emenda8. Poder Executivo, nos termos desta Lei Complementar.
Enquanto a atividade de consultoria e assessoramento ju-
Advocacia Pública rídico restringe-se apenas ao Poder Executivo, a representação
A Advocacia Pública é a função essencial à justiça respon- judicial e extrajudicial abrangerá todos os Poderes da União
sável pela defesa dos interesses dos entes estatais, tanto judi- (Executivo, Legislativo e Judiciário), bem como suas autarquias
cialmente quanto extrajudicialmente, bem como as atividades e fundações públicas, conforme esclarece a Lei nº 9.028/95:
de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Art. 22. A Advocacia-Geral da União e os seus órgãos
No âmbito da União, essa atividade é exercida pela Advo- vinculados, nas respectivas áreas de atuação, ficam
cacia-Geral da União, enquanto nos Estados, Distrito Federal e autorizados a representar judicialmente os titulares
nos Municípios, a Advocacia Pública será exercida pelas Pro- e os membros dos Poderes da República, das Insti-
curadorias. tuições Federais referidas no Título IV, Capítulo IV, da
Apesar de não haver previsão constitucional para as Pro- Constituição, bem como os titulares dos Ministérios e
curadorias Municipais, elas são perfeitamente possíveis desde demais órgãos da Presidência da República, de au-
que previstas na Lei Orgânica do Município ou permitidas sua tarquias e fundações públicas federais, e de cargos
criação pela Constituição Estadual. de natureza especial, de direção e assessoramento
São vistas, a seguir, quais instituições compõem a Advoca- superiores e daqueles efetivos, inclusive promoven-
cia Pública no Brasil. do ação penal privada ou representando perante o
Ministério Público, quando vítimas de crime, quanto
Advocacia-Geral da União (AGU) a atos praticados no exercício de suas atribuições
A AGU é responsável pela assistência jurídica da União, constitucionais, legais ou regulamentares, no interes-
conforme prevê o texto constitucional: se público, especialmente da União, suas respectivas
autarquias e fundações, ou das Instituições mencio-
nadas, podendo, ainda, quanto aos mesmos atos, im-
6 Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, Lei nº 8.625/93, Art. 44, III.
7 Resolução nº 3/2005 – CNMP. petrar “Habeas Corpus” e mandado de segurança em
8 Resolução nº 5/2006 – CNMP. defesa dos agentes públicos de que trata este artigo.
A AGU representa judicialmente e extrajudicialmente a Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste arti-
União, mas presta consultoria e assessora juridicamente ape- go é assegurada estabilidade após três anos de efetivo
nas ao Poder Executivo. exercício, mediante avaliação de desempenho perante
É importante lembrar também que o ingresso na carrei- os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das
ra da AGU depende de aprovação em concurso público de corregedorias.
provas e títulos nos termos do Art. 131, § 2º: Segundo a Constituição, o ingresso na carreira depende
§ 2º. O ingresso nas classes iniciais das carreiras da insti- de concurso público de provas e títulos, cuja participação da
tuição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso OAB é obrigatória em todas as suas fases, não sendo admi-
público de provas e títulos. tido, portanto, que as atividades de representação judicial
Destaca-se ainda a atuação da AGU na defesa da Repú- e de consultoria jurídica sejam realizadas por ocupantes de
blica Federativa do Brasil em demandas instauradas perante cargos em comissão.
Cortes Internacionais. Apesar de não haver previsão constitucional, o STF já deci-
Além das diversas carreiras que serão vistas, não se pode diu que devem ser aplicadas simetricamente as mesmas regras
esquecer dos Advogados da União, os quais são responsáveis da União para a nomeação do Procurador-Geral das Unidades
pela defesa da União quando esta se encontra em juízo. Federadas. Dessa forma, o Governador detém a competência
de nomear e exonerar livremente o chefe da Instituição, não
Procuradoria-Geral da Fazenda se exigindo que o titular do referido cargo seja membro da
Nacional (PGFN) carreira.
Por fim, a Constituição Federal garantiu aos procuradores
A PGFN é órgão vinculado a AGU responsável pelas ações
estaduais e do Distrito Federal, estabilidade após três anos de
de natureza tributária, cujo objetivo principal é garantir o re-
efetivo exercício mediante avaliação de desempenho perante
cebimento de recursos de origem fiscal. A Constituição assim
os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corre-
define sua competência no Art. 131:
gedorias.
Art. 131, § 3º. Na execução da dívida ativa de natureza
tributária, a representação da União cabe à Procurado- Procuradoria dos Municípios
ria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto Conforme já estudado, não existe previsão constitucional
em lei. para a criação das procuradorias municipais, não havendo da
mesma forma qualquer impedimento para sua criação. Logo,
Procuradoria-Geral Federal cada município poderá criar sua própria procuradoria, desde
A Procuradoria-Geral Federal, órgão vinculado à AGU, é que prevista essa possibilidade na Constituição Estadual ou na
responsável pela representação judicial e extrajudicial das au- Lei Orgânica do Município.
tarquias e fundações públicas da União por meio dos Procu-
Defensoria Pública
Ş
ŝ#-ŝŦ
radores Federais. Sua previsão não é constitucional, mas está
descrita na Lei nº 10.480/2002: Como instituição essencial ao funcionamento da Justiça,
Art. 10. À Procuradoria-Geral Federal compete a repre- a Defensoria Pública é responsável, em primeiro plano, pela
sentação judicial e extrajudicial das autarquias e fun- assistência jurídica e gratuita dos hipossuficientes, os quais
dações públicas federais, as respectivas atividades de não possuem recursos financeiros para contratar um advoga-
consultoria e assessoramento jurídicos, a apuração da do. Essa função tipicamente realizada pela Defensoria con-
liquidez e certeza dos créditos, de qualquer natureza, cretiza o direito fundamental expresso no Art. 5º, LXXIV, da
inerentes às suas atividades, inscrevendo-os em dívida Constituição:
ativa, para fins de cobrança amigável ou judicial. Art. 5º, LXXIV. O Estado prestará assistência jurídica
Em relação ao Banco Central, autarquia vinculada a União, integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
foi prevista carreira própria regulamentada na Lei nº 9.650/98, de recursos.
a qual localizou o Procurador do Banco Central como membro Complementando esse dispositivo, a Constituição previu
de carreira da própria instituição. Apesar disso, o Procurador no Art. 134 algumas regras sobre a Defensoria:
do Banco Central está vinculado à AGU. Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanen-
Procuradoria-Geral dos Estados te, essencial à função jurisdicional do Estado, incum-
bindo-lhe, como expressão e instrumento do regime
e do Distrito Federal democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica,
No âmbito dos Estados e do Distrito Federal, a consultoria a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos
jurídica e a representação judicial serão realizadas pelos Pro- os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais
curadores dos Estados e do Distrito Federal, conforme prele- e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessita-
ciona o Art. 132 da Constituição Federal: dos, na forma do inciso LXXIV do Art. 5º desta Consti-
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Fe- tuição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitu-
deral, organizados em carreira, na qual o ingresso de- cional nº 80, de 2014)
penderá de concurso público de provas e títulos, com a § 1º. Lei complementar organizará a Defensoria Pública
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em to- da União e do Distrito Federal e dos Territórios e pres-
das as suas fases, exercerão a representação judicial e a creverá normas gerais para sua organização nos Esta- 283
consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. dos, em cargos de carreira, providos, na classe inicial,
mediante concurso público de provas e títulos, assegu- V. exercer, mediante o recebimento dos autos com
284 rada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade vista, a ampla defesa e o contraditório em favor de
e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições pessoas naturais e jurídicas, em processos adminis-
institucionais. trativos e judiciais, perante todos os órgãos e em
§ 2º. Às Defensorias Públicas Estaduais são assegura- todas as instâncias, ordinárias ou extraordinárias,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
das autonomia funcional e administrativa e a iniciativa utilizando todas as medidas capazes de propiciar a
de sua proposta orçamentária dentro dos limites esta- adequada e efetiva defesa de seus interesses;
belecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordi- VI. representar aos sistemas internacionais de pro-
nação ao disposto no Art. 99, § 2º. teção dos direitos humanos, postulando perante
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Pú- seus órgãos;
blicas da União e do Distrito Federal. (Incluído pela VII. promover ação civil pública e todas as espécies
Emenda Constitucional nº 74, de 2013) de ações capazes de propiciar a adequada tutela
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública dos direitos difusos, coletivos ou individuais ho-
a unidade, a indivisibilidade e a independência funcio- mogêneos quando o resultado da demanda puder
nal, aplicando-se também, no que couber, o disposto beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes;
no Art. 93 e no inciso II do Art. 96 desta Constituição VIII. exercer a defesa dos direitos e interesses indivi-
Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, duais, difusos, coletivos e individuais homogêneos e
de 2014) dos direitos do consumidor, na forma do inciso LXXIV
Atualmente, cada Unidade Federativa é responsável pela do Art. 5º da Constituição Federal;
organização da sua Defensoria Pública, havendo ainda uma IX. impetrar Habeas Corpus, mandado de injunção,
Ş
ŝ#-ŝŦ
Defensoria no âmbito da União e no Distrito Federal. Habeas Data e mandado de segurança ou qualquer
As Defensorias Estaduais possuem autonomia funcional e outra ação em defesa das funções institucionais e
administrativa não se admitindo sua subordinação a nenhum prerrogativas de seus órgãos de execução;
dos poderes. Sua autonomia avança ainda nas questões orça- X. promover a mais ampla defesa dos direitos
mentárias permitindo que tenha iniciativa própria para apre- fundamentais dos necessitados, abrangendo seus
sentação de proposta orçamentária dentro dos limites estabe- direitos individuais, coletivos, sociais, econômicos,
lecidos na lei de diretrizes orçamentárias. culturais e ambientais, sendo admissíveis todas as
A Emenda Constitucional nº 74, de 06 de agosto de 2013, in- espécies de ações capazes de propiciar sua ade-
troduziu o § 3º ao Art. 134, da CF para conferir autonomia funcional quada e efetiva tutela;
e administrativa e a iniciativa de proposta orçamentária também XI. exercer a defesa dos interesses individuais e
às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. coletivos da criança e do adolescente, do idoso, da
Segundo a Lei Complementar nº 80/94 que organiza a De- pessoa portadora de necessidades especiais, da
fensoria Pública: mulher vítima de violência doméstica e familiar e
Art. 2º. A Defensoria Pública abrange: de outros grupos sociais vulneráveis que mereçam
I. a Defensoria Pública da União; proteção especial do Estado;
II. a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos XIV. acompanhar inquérito policial, inclusive com a co-
Territórios; municação imediata da prisão em flagrante pela auto-
III. as Defensorias Públicas dos Estados. ridade policial, quando o preso não constituir advogado
(Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009);
Cabe aos Defensores Públicos a assistência jurídica integral
dos hipossuficientes, não se limitando apenas à defesa judicial. XV. patrocinar ação penal privada e a subsidiária
A Lei Complementar nº 80/94 traz extenso rol de atribuições: da pública (Incluído pela Lei Complementar nº 132,
Art. 4º. São funções institucionais da Defensoria Públi- de 2009);
ca, dentre outras: XVI. exercer a curadoria especial nos casos previs-
I. prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos tos em lei (Incluído pela Lei Complementar nº 132,
necessitados, em todos os graus (Redação dada de 2009);
pela Lei Complementar nº 132, de 2009); XVII. atuar nos estabelecimentos policiais, peni-
II. promover, prioritariamente, a solução extraju- tenciários e de internação de adolescentes, visando
dicial dos litígios, visando à composição entre as a assegurar às pessoas, sob quaisquer circunstân-
pessoas em conflito de interesses, por meio de me- cias, o exercício pleno de seus direitos e garantias
diação, conciliação, arbitragem e demais técnicas fundamentais (Incluído pela Lei Complementar nº
de composição e administração de conflitos; 132, de 2009);
III. promover a difusão e a conscientização dos di- XVIII. atuar na preservação e reparação dos direitos
reitos humanos, da cidadania e do ordenamento de pessoas vítimas de tortura, abusos sexuais, dis-
jurídico; criminação ou qualquer outra forma de opressão ou
IV. prestar atendimento interdisciplinar, por meio de violência, propiciando o acompanhamento e o aten-
órgãos ou de servidores de suas Carreiras de apoio dimento interdisciplinar das vítimas (Incluído pela
para o exercício de suas atribuições; Lei Complementar nº 132, de 2009);
XIX. atuar nos Juizados Especiais (Incluído pela Lei Já o princípio da inviolabilidade constitui norma que visa a
Complementar nº 132, de 2009); garantir ao advogado o exercício das suas atribuições de forma
XX. participar, quando tiver assento, dos conselhos independente e autônoma às demais instituições do Estado.
federais, estaduais e municipais afetos às funções Da mesma forma, esse princípio não goza de caráter absoluto,
institucionais da Defensoria Pública, respeitadas as sendo possível a limitação quando seus atos e atribuições não
atribuições de seus ramos (Incluído pela Lei Comple- estiverem ligados ao exercício da profissão nos termos do Es-
mentar nº 132, de 2009); tatuto da Advocacia10.
XXI. executar e receber as verbas sucumbenciais de-
correntes de sua atuação, inclusive quando devidas Como condição para o exercício dessa profissão, o STF já
por quaisquer entes públicos, destinando-as a fun- declarou que é constitucional a necessidade de aprovação do
dos geridos pela Defensoria Pública e destinados, Exame de Ordem aplicado pela OAB aos bacharéis em direito.
exclusivamente, ao aparelhamento da Defensoria
A amplitude desse tema requer análise aprofundada, a
Pública e à capacitação profissional de seus mem-
bros e servidores(Incluído pela Lei Complementar nº qual é feita em disciplina própria. Aqui foi feita uma breve aná-
132, de 2009); lise constitucional do instituto.
XXII. convocar audiências públicas para discutir Ministério
matérias relacionadas às suas funções institucio- Defende a sociedade
Público
nais(Incluído pela Lei Complementar nº 132, de
2009). Advocacia
Em relação às suas atribuições, vejamos esta questão de prova: Defende o Estado
Pública
Por fim, cabe destacar que, assim como os Advogados Públicos,
os Defensores Públicos são remunerados por meio de subsídio: Advocacia
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras dis- Privada Defende os particulares
ciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão re-
munerados na forma do Art. 39, § 4º. Defensoria
Pública Defende os pobres
Advocacia
Quando a Constituição Federal se refere à Advocacia, fala-
se do advogado privado, profissional autônomo, indispensável ANOTAÇÕES
à função jurisdicional. Os advogados estão vinculados à Ordem
Ş
ŝ#-ŝŦ
dos Advogados do Brasil, entidade de classe de natureza es-
pecial, não vinculada aos Poderes do Estado e que tem como
atribuições controlar, fiscalizar e selecionar novos profissionais
para o exercício da Carreira.
Segundo a Constituição Federal:
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da
justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações
no exercício da profissão, nos limites da lei. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
ÍNDICE
1. Introdução ao Direito Administrativo ....................................................................... 290
Ramos do Direito ........................................................................................................................290
Conceito de Direito Administrativo ............................................................................................290
Objeto do Direito Administrativo ...............................................................................................290
Fontes do Direito Administrativo ................................................................................................291
Sistemas Administrativos ............................................................................................................291
Regime Jurídico Administrativo ..................................................................................................291
Noções de Estado ....................................................................................................................... 292
Noções de Governo..................................................................................................................... 292
2. Administração Pública ..............................................................................................293
Classificação de Administração Pública ..................................................................................... 293
Organização da Administração................................................................................................... 293
Administração Direta .................................................................................................................. 294
Noção de Centralização, Descentralização e Desconcentração ................................................. 294
Administração Indireta ............................................................................................................... 295
3. Órgão Público ..........................................................................................................299
Teorias ........................................................................................................................................ 299
Características ............................................................................................................................ 299
Classificação ............................................................................................................................... 299
Estrutura .....................................................................................................................................300
Atuação Funcional/Composição ................................................................................................300
4. Agentes Públicos..................................................................................................... 300
Conceito ......................................................................................................................................300
Classificação ...............................................................................................................................300
5. Princípios Fundamentais da Administração Pública ................................................... 301
Classificação ................................................................................................................................301
6. Poderes e Deveres Administrativos ...........................................................................305
Deveres ....................................................................................................................................... 305
Poderes Administrativos ............................................................................................................306
Abuso de Poder ............................................................................................................................311
7. Ato Administrativo .................................................................................................... 311
Conceito de Ato Administrativo ...................................................................................................311
Elementos de Validade do Ato .....................................................................................................311
Motivação .....................................................................................................................................311
Atributos do Ato .......................................................................................................................... 312
Classificação dos Atos Administrativos ....................................................................................... 312
Ş
ŝ#-ŝŦ
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 287
PÚBLICO Desigualdade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- Supremacia do Interes-
Neste capítulo, vamos conhecer algumas características do se Público / Prerrogati-
ESTADO vas de Direito Público;
Direito Administrativo, seu conceito, sua finalidade, seu regime DIVISÃO DO
- Indisponibilidade do
jurídico peculiar que orienta toda a sua atividade administrati- DIREITO
Interesse Público / De-
va, seja ela exercida pelo próprio Estado-administrador, ou por INDIVÍDUO veres da Administração;
- Verticalidade nas
particular. Para entendermos melhor tudo isso, é preciso dar PRIVADO relações Jurídicas.
início ao nosso estudo pela compreensão adequada do papel Igualdade
do Direito na vida social. Isonomia
Ş
ŝ#-ŝŦ
dos administradores e administrados, a praxe burocrática passa a
Justiça Desportiva: só são admitidas pelo poder judiciá-
saciar a lei e atuar como elemento informativo da doutrina.
rio ações relativas à disciplina e as competições desportivas
Lei e Súmulas Vinculantes são consideradas fontes prin-
depois de esgotadas as instâncias da Justiça Desportiva. Art.
cipais do Direito Administrativo. Jurisprudência, súmulas,
217, § 1º, CF.
doutrina e costumes são considerados fontes secundárias.
Ato administrativo ou a omissão da administração pú-
Fontes do Direito
blica que contrarie súmula vinculante: só pode ser alvo de
PRINCIPAIS ART. 37 AO 41 CF/ 88 reclamação ao STF depois de esgotadas as vias administra-
FONTES LEI Nº 8.666 /93 tivas. Lei nº 11.417/2006, Art. 7º, §1º.
LEI Nº 8.112 /90
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Habeas Data: é indispensável para caracterizar o interesse
LEI Nº 8.429 / 92
LEI de agir no Habeas Data a prova anterior do indeferimento do
LEI Nº 9.784 /99
pedido de informação de dados pessoais ou da omissão em
atendê-lo sem que se confirme situação prévia de pretensão.
JURISPRUDÊNCIA JURISPRUDÊNCIA
STF, HD, 22-DF Min. Celso de Mello.
manda no Estado) e supremacia na ordem interna (aqui dentro é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais responsáveis
pela função política do Estado.
quem manda é o Estado).
O governo está diretamente ligado com as decisões toma-
Elementos do Estado das pelo Estado. Exerce a direção suprema e geral, ao fazer uma
Território: é a base fixa do Estado (solo, subsolo, mar, es- analogia, podemos dizer que o governo é o cérebro do Estado.
paço aéreo). Função de Governo e Função Administrativa
Povo: é o componente humano do Estado. É comum aparecer em provas de concursos públicos ques-
tões que confundem as ideias de governo e de administração
Governo Soberano: é o responsável pela condução do
pública. Para evitar esse erro, analisaremos as diferenças entre
Estado. Por ser tal governo soberano, ele não se submete a
as expressões:
nenhuma vontade externa, pois, relembrando, lá fora o Estado
é independente e aqui dentro sua vontade é suprema, afinal, a Segundo o jurista brasileiro, Hely Lopes Meirelles, o go-
vontade do Estado é a vontade do povo. verno é uma atividade política e discricionária e tem conduta
independente.
Formas de Estado De acordo com ele, a administração é uma atividade neutra,
Temos duas formas de Estado: normalmente vinculada à lei ou à norma técnica, e exercida me-
diante conduta hierarquizada.
Estado Unitário: é caracterizado pela centralização políti-
ca; não existe divisão em estados membros ou municípios, há Não podemos confundir Governo com Administração Pú-
somente uma esfera política central que emana sua vontade blica, pois governo se encarrega de definir os objetivos do Es-
para todo o país. É o caso do Uruguai. tado e definir as políticas para o alcance desses objetivos; a
Administração Pública se encarrega simplesmente em atingir
Estado Federado: caracteriza-se pela descentralização
os objetivos traçados pelo governo.
política; existem diferentes entidades políticas autônomas que
são distribuídas regionalmente e cada uma exerce o poder po- O governo atua mediante atos de soberania ou, pelo me-
lítico dentro de sua área de competência. É o caso do Brasil. nos, de autonomia política na condução dos negócios públicos.
A Administração é atividade neutra, normalmente vinculada à
Poderes do Estado lei ou à norma técnica. Governo é conduta independente, en-
Os poderes do Estado estão previstos no texto Constitu- quanto a Administração é hierarquizada.
cional. O Governo deve comandar com responsabilidade consti-
Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmô-
tucional e política, mas sem responsabilidade técnica e legal
nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. pela execução. A administração age sem responsabilidade
política, mas com responsabilidade técnica e legal pela exe-
Os poderes podem exercer as funções para que foram cução dos serviços públicos.
investidos pela Constituição Federal (funções típicas) ou exe-
cutar cargos diversas das suas competências constitucionais Sistemas de Governo
(funções atípicas). Por esse motivo, não há uma divisão ab- Sistema de governo se refere ao grau de dependência en-
soluta entre os poderes, e sim relativa, pois o poder Executivo tre o poder legislativo e executivo.
pode executar suas funções típicas (administrar) e pode tam-
bém iniciar o processo legislativo em alguns casos (pedido de Parlamentarismo
vagas para novos cargos). Além disso, é possível até mesmo É caracterizado por uma grande relação de dependência
legislar no caso de medidas provisórias com força de lei. entre o poder legislativo e o executivo.
A chefia do Estado e a do Governo são desempenhadas Compõe a Administração Pública material qualquer pes-
por pessoas distintas. soa jurídica, seus órgãos e agentes que exercem as atividades
Chefe de Estado: responsável pelas relações internacionais. administrativas do Estado. Como exemplo de tais atividades,
Chefe de Governo: responsável pelas relações internas, o há a prestação de serviços públicos, o exercício do poder de
chefe de governo é o da Administração pública. polícia, o fomento, a intervenção e as atividades da Adminis-
tração Pública.
Presidencialismo Essas são as chamadas atividades típicas do Estado e, pelo
É caracterizado por não existir dependência, ou quase nenhu- critério formal, qualquer pessoa que exerce alguma dessas é Ad-
ma, entre o Poder Legislativo e o Executivo. ministração Pública, não importa quem seja. Por esse critério,
A chefia do Estado e a do Governo são representadas pela teríamos, por exemplo, as seguintes pessoas na Administração
mesma pessoa. Pública:
O Brasil adota o presidencialismo. União, Estados, Municípios, DF, Autarquias, Fundações
Públicas prestadoras de serviços públicos, Empresa Pú-
Formas de Governo blica prestadora de serviço público, Sociedade de Eco-
Conforme Hely Meirelles, a forma de governo se refere à nomia Mista prestadora de serviços públicos e, ainda,
relação entre governantes e governados. as concessionárias, autorizatárias e permissionárias de
Monarquia serviço público.
Esse critério não é o adotado pelo Brasil. Assim sendo, a
Hereditariedade: o poder é passado de pai para filho.
classificação feita acima não descreve a Administração Pública
Vitaliciedade: o detentor do poder fica no cargo até a mor- Brasileira, que, conforme veremos a seguir, adota o modelo for-
te. mal de classificação.
Ausência de prestação de contas.
Sentido Formal/Subjetivo
República
Em sentido formal ou subjetivo, a Administração Pública
Eletividade: o governante precisa ser eleito para chegar
compreende o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas encar-
ao poder.
regadas, por determinação legal, do exercício da função admi-
Temporalidade: ao chegar ao poder, o governante ficará nistrativa do Estado.
no cargo por tempo determinado.
Pelo modelo formal, segundo Meirelles, a Administração Pú-
Dever de prestar contas.
blica é o conjunto de entidades (pessoas jurídicas, seus órgãos e
O Brasil adota a república como forma de governo. agentes) que o nosso ordenamento jurídico identifica como Ad-
2. Administração Pública ministração Pública, pouco interessa a sua área de atuação, ou
Ş
ŝ#-ŝŦ
seja, pouco importa a atividade mas, sim, quem a desempenha.
Antes de fazermos qualquer conceituação doutrinária A Administração Pública Brasileira que adota o modelo formal é
sobre Administração Pública, podemos entendê-la como a classificada em Administração Direta e Indireta.
ferramenta utilizada pelo Estado para atingir os seus obje-
tivos. O Estado possui objetivos, e quem escolhe quais são Organização da Administração
eles é o seu governo, pois a esse é que cabe a função política A Administração Pública foi definida pela Constituição Fe-
(atividade eminentemente discricionária) do Estado e que deral no Art. 37.
determina as suas vontades, ou seja, o Governo é o cérebro
Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de
do Estado. Para poder atingir esses objetivos, o Estado preci-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
sa fazer algo, e o faz por meio de sua Administração Pública.
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
Sendo assim, essa é a responsável pelo exercício das ativida-
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
des públicas do Estado.
de e eficiência e, também, ao seguinte:
ADMINISTRAÇÃO O Decreto-Lei nº 200/67 determina quem é Administra-
ESTADO OBJETIVO
PÚBLICA ção Pública Direta e Indireta.
Art. 4º. A Administração Federal compreende:
I. A Administração Direta, que se constitui dos
MEIO serviços integrados na estrutura administrativa
da Presidência da República e dos Ministérios.
Classificação de II. A Administração Indireta, que compreende as
Administração Pública seguintes categorias de entidades, dotadas de per-
sonalidade jurídica própria:
Sentido Material/Objetivo a) Autarquias;
Em sentido material ou objetivo, a Administração Pública b) Empresas Públicas;
compreende o exercício de atividades pelas quais se manifesta a c) Sociedades de Economia Mista. 293
função administrativa do Estado. d) Fundações públicas.
Dessa forma, temos somente quatro pessoas que repre- Descentralização Administrativa: técnica administrativa em
294 sentam a Administração Direta e nenhuma outra. São consi- que a Administração direta passa a atividade administrativa,
deradas pessoas jurídicas de direito público e possuem várias serviço ou obra pública para outras pessoas jurídicas ou físicas
características. As pessoas da Administração Direta recebem o (para pessoa física somente por delegação por colaboração). A
descentralização pode ser feita por outorga legal (titularidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
É importante observar que esse decreto dispõe somente de um ato administrativo. Transfere somente a exe-
sobre a Administração Pública Federal, todavia, pela aplicação cução da atividade administrativa, e não a sua titu-
do princípio da simetria, tal regra é aplicada uniformemente por laridade, por prazo determinado para um particular,
todo o território nacional. Assim sendo, tal classificação utilizada pessoa física ou jurídica.
nesse decreto define expressamente a Administração Pública ADMINISTRAÇÃO
Federal e também, implicitamente, a Administração Pública dos DIRETA
demais entes da federação.
Os Entes Políticos possuem autonomia política (capacida-
de de legislar), administrativa (capacidade de auto-organizar-
se) e capacidade financeira (capacidade de julgar as próprias OUTORGA LEGAL DELEGAÇÃO
contas). Não podemos falar aqui em hierarquia entre os entes,
mas sim em cooperação, pois um não dá ordens aos outros, PARTICULARES QUE
ENTES DA ADMINISTRA-
visto que eles são autônomos. ÇÃO INDIRETA
VÃO EXECUTAR O SER-
VIÇO PÚBLICO POR SUA
Características CONTA E RISCO
São pessoas jurídicas de direito público interno – tem au-
tonomia.
▷ Unidas formam a República Federativa do Brasil: • AUTARQUIAS • CONCESSÕES
pessoa jurídica de direito público externo –tem so- • FUNDAÇÕES PÚBLICAS • PERMISSÕES
berania (independência na ordem externa e supre- • EMPRESAS PÚBLICAS • AUTORIZAÇÕES
macia na interna). • SOCIEDADES DE ECO-
NOMIA MISTA
▷ Regime jurídico de direito público.
▷ Autonomia Política: Administrativa e Financeira. Outorga Legal
▷ Sem subordinação: atuam por cooperação. ▷ Feita por lei;
▷ Competências: hauridas da CF. ▷ Transfere a titularidade e a execução do serviço pú-
▷ Responsabilidade civil - regra - objetiva. blico;
▷ Bens: públicos, não pode ser objeto de sequestro, ▷ Não tem prazo.
arresto, penhora etc. Delegação
▷ Débitos judiciais: são pagos por precatórios. ▷ Feita por contrato, exceto as autorizações;
▷ Regime de pessoal: regime jurídico único. ▷ Os contratos dependem de licitação;
▷ Competência para julgamento de ações judiciais. ▷ Transfere somente a execução do serviço público e
União = Justiça Federal. não a titularidade;
Demais Entes Políticos = Justiça Estadual. ▷ Há fiscalização do Poder Público. Tal fiscalização de-
corre do exercício do poder disciplinar;
Noção de Centralização, ▷ Tem prazo.
Descentralização e Desconcentração Desconcentração Administrativa: técnica de subdi-
Centralização Administrativa: órgãos e agentes traba- visão de órgãos públicos para que melhor desempe-
lhando para a Administração Direta. nhem o serviço público ou atividade administrativa.
Em outras palavras, na desconcentração, a Pessoa federal, temos como exemplo a nomeação dos dirigentes das
Jurídica distribui competências no âmbito de sua agências reguladoras. Tais nomeações são feitas pelo Presi-
própria estrutura. É a distribuição de competências dente da República e, para terem efeito, dependem de apro-
entre os diversos órgãos integrantes da estrutura de vação do Senado Federal.
uma pessoa jurídica da Administração Pública. So- Via de regra, lembraremos que a nomeação do dirigente
mente ocorre na Administração Direta ou Indireta, de uma entidade administrativa é feita pelo chefe do Poder
jamais para particulares, uma vez que não existem Executivo, sendo que, em alguns casos, é necessária a prévia
órgãos públicos entre particulares. aprovação de outro poder. Excepcionalmente, o Judiciário e o
Legislativo poderão nomear dirigentes para essas entidades,
Administração Indireta desde que vinculadas ao respectivo poder.
Criação dos Entes da Administração Indireta
Pessoas / Entes / Entidades Administrativas
A instituição das entidades administrativas depende sem-
▷ Fundações Públicas;
pre de uma lei ordinária específica. Essa lei pode criar a en-
▷ Autarquias; tidade administrativa. Nesse caso, nasce uma pessoa jurídica
▷ Sociedades de Economia Mista; de direito público, as autarquias. A lei também pode autorizar
▷ Empresas Públicas. a criação das entidades administrativas. Nessa circunstância,
Características nascem as demais entidades da administração indireta: fun-
▷ Tem personalidade jurídica própria; dações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista. Pelo fato dessas entidades serem autorizadas por lei,
▷ Tem patrimônio e receita próprios; elas são pessoas jurídicas de Direito Privado.
▷ Tem autonomia:
A lei que cria ou que autoriza a criação de uma entidade ad-
Administrativa; ministrativa é uma lei ordinária específica.
Técnica; Quando a lei autoriza a criação de uma entidade da Adminis-
Financeira. tração Indireta, a sua construção será consumada após o registro
Obs.: na serventia registral pertinente (cartório ou junta comercial, con-
forme o caso).
Não tem autonomia política;.
Finalidade definida em lei; DESCENTRALIZAÇÃO POR
Controle do Estado. OUTORGA LEGAL (LEI)
Não há subordinação nem hierarquia entre os entes da ad-
ministração direta e indireta, mas sim, vinculação que se ma- LEI AUTORIZA
LEI CRIA
nifesta por meio da supervisão ministerial realizada pelo mi- A CRIAÇÃO
Ş
ŝ#-ŝŦ
nistério ou secretaria da pessoa política responsável pela área
de atuação da entidade administrativa. Tal supervisão tem por
finalidade o exercício do denominado controle finalístico ou PESSOA JURÍDICA DE PESSOA JURÍDICA DE
poder de tutela. DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO
Em alguns casos, a entidade administrativa pode estar di-
retamente vinculada à chefia do poder executivo e, nesse con-
texto, caberá a essa chefia o exercício do controle finalístico de FUNDAÇÃO PÚBLICA
AUTARQUIA EMPRESA PÚBLICA
tal entidade.
SOC. DE ECON. MISTA
▷ São frutos da descentralização por outorga legal.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
mônio, com exceção dos bens diretamente ligados à Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista Presta-
prestação de serviços públicos, que são bens públicos doras de Serviço Público
e não se submetem a pagamento de débitos judiciais. Essas entidades são criadas para a exploração da atividade
Regime de Pessoal: Regime Jurídico Único. econômica em sentido amplo, o que inclui o exercício delas em
Competência para o julgamento de suas ações sentido estrito e também a prestação de serviços públicos que
judiciais: podem ser explorados com o intuito de lucro.
Justiça Federal. Segundo o Art. 175 da Constituição Federal:
Outras esferas = Justiça Estadual.
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, di-
Ex.: IBGE, Biblioteca Nacional, FUNAI.
retamente ou sob regime de concessão ou permissão,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
da atividade econômica.
Regime Jurídico Híbrido: se for prestadora de serviço pú- ▷ onstituição obrigatória por sociedade anônima
blico, o regime jurídico é mais público; se for exploradora da (S.A.);
atividade econômica, o regime jurídico é mais privado. ▷ Competência da Justiça Estadual.
Responsabilidade Civil: se for prestadora de serviço público, Empresa Pública
a responsabilidade civil é objetiva, se for exploradora da atividade Entidade dotada de personalidade jurídica de Direito Pri-
econômica, a civil é subjetiva. vado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, au-
Bens Privados, com exceção: bens diretamente ligados à torizado por lei para a exploração de atividade econômica que
prestação de serviço público são bens públicos.Débitos Judiciais: o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou
são pagos por meio do seu patrimônio, com exceção dos bens di- de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qual-
retamente ligados à prestação de serviços públicos, que são bens quer das formas admitidas em direito.
públicos e não se submetem a pagamento de débitos judiciais. ▷ Autorizado por lei;
Regime de Pessoal: CLT – Emprego Público. ▷ Pessoa jurídica de Direito Privado;
Exemplo de Empresa Pública: Caixa Econômica Federal, ▷ 100% na constituição de capital público;
Correios. ▷ Constituído de qualquer forma admitido em direito;
Ş
ŝ#-ŝŦ
ENTIDADES SOCIEDADE DE
CARACTERÍSTICA AUTARQUIA FUNDAÇÃO PÚBLICA EMPRESA PÚBLICA
POLÍTICAS ECONOMIA MISTA
PERSONALIDADE
Direito Público Direito Público Direito Privado Direito Privado Direito Privado
JURÍDICA
Exploração da ativi-
Exploração da atividade
Competências Atividade dade econômica OU
FINALIDADE Lei Complementar definirá econômica OU prestação
constitucionais típica do Estado prestação de serviço
de serviço público
público
RESPONSABILIDADE Objetiva: ação Objetiva: ação PSP = Objetiva, nos demais PSP = Objetiva, EAE = PSP = Objetiva, EAE
CIVIL Subjetiva: omissão Subjetiva: omissão casos, subjetiva Subjetiva = Subjetiva
Privados, exceção:
Privados, exceção: bens Privados, exceção: bens
bens diretamente
diretamente ligados à diretamente ligados à
BENS Públicos Públicos ligados à prestação
prestação de serviços públi- prestação de serviços pú-
de serviços públicos
cos são bens públicos. blicos são bens públicos.
são bens públicos.
Regime Jurídico
REGIME DE PESSOAL Regime Jurídico Único Regime Jurídico Único CLT CLT
Único
COMPETÊNCIA PARA União: Justiça Fed- Federal: Justiça Federal; Federal: Justiça Federal; Federal: Justiça Federal; Todas: Justiça
eral; Demais: Justiça
JULGAMENTO Demais: Justiça Estadual. Demais: justiça Estadual. Demais: justiça Estadual. Estadual.
Estadual.
3. Órgão Público Características
Neste capítulo, aprenderemos a respeito dos órgãos públi- Não possui personalidade jurídica
cos, sua finalidade, seu papel na estrutura da Administração Muitas pessoas se assustam com essa regra devido ao fato
Pública, bem como as diversas teorias e classificações relativas de o órgão público ter CNPJ, realizar licitações e também por
ao tema. Começaremos a partir das teorias que buscam expli- celebrar contratos públicos. Todavia, essas situações não de-
car o que é o órgão público. vem ser levadas em consideração nesse momento.
O CNPJ não é suficiente para conferir personalidade jurídi-
Teorias ca para o órgão público, a sua instituição está ligada ao direito
São três as teorias criadas para caracterizar e conceituar a tributário, e realmente o órgão faz licitação, celebra contratos,
ideia de órgão público: a Teoria do Mandato, Teoria da Repre- mas ele não possui direitos, não é responsável pela conduta
sentação e Teoria Geral do Órgão. dos seus agentes e tudo isso por que ele não possui personali-
Teoria do Mandato dade jurídica, órgão público não é pessoa.
Essa teoria preceitua que o agente, pessoa física, fun- Integram a estrutura da pessoa ju-
cionaria como o mandatário da pessoa jurídica, agindo sob rídica que pertencem
seu nome e com a responsabilidade dela, em razão de ou- O órgão público é simplesmente o integrante da estrutura
torga específica de poderes (não adotado). corporal (orgânica) da pessoa jurídica a que está ligado. O ór-
Teoria da Representação gão público é para a pessoa jurídica a que está ligado, o que o
coração, os rins, o fígado, o estômago e o pulmão, dentre tan-
O agente funcionaria como um tutor ou curador do Esta- tos outros órgãos do corpo humano são para nós, essenciais.
do, que representaria nos atos que necessita participar (não
▷ Não possui capacidade processual, salvo os órgãos
adotado).
independentes e autônomos que podem impetrar
Teoria Geral do Órgão Mandado de Segurança em defesa de suas prerro-
gativas constitucionais, quando violadas por outro
Tem-se presunção de que a pessoa jurídica exteriora sua
órgão.
vontade por meio dos órgãos, os quais são parte integrante da
própria estrutura da pessoa jurídica, de tal modo que, quando ▷ Não possui patrimônio próprio.
os agentes que atuam nesses órgãos manifestam sua vontade, ▷ São hierarquizados.
considera-se que essa foi manifestada pelo próprio Estado. Fa- ▷ São frutos da desconcentração.
lamos em imputação da atuação do agente, pessoa natural, à ▷ Estão presentes na Administração Direta e Indireta.
pessoa jurídica (adotado pela CF/88). ▷ Criação e extinção: por meio de Lei.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Alguns órgãos possuem uma pequena capacidade, que é ▷ Estruturação: pode ser feita por meio de decreto au-
impetrar mandado de segurança para garantir prerrogativas tônomo, desde que não impliquem em aumento de
próprias. Contudo, somente os órgãos independentes e au- despesas.
tônomos têm essa capacidade.
▷ Os agentes que trabalham nos órgãos estão em impu-
Segundo o doutrinador Hely Lopes Meirelles, os órgãos tação à pessoa jurídica que estão ligados.
não possuem personalidade jurídica, tampouco vontade pró-
pria, agem em nome da entidade a que pertencem, mantendo Classificação
relações entre si e com terceiros, e não possuem patrimônio
próprio. Os órgãos manifestam a vontade da Pessoa Jurídica à Dentre as diversas classificações pertinentes ao tema,
qual pertencem; os agentes, quando atuam para o Estado, di- a partir de agora, abordaremos as classificações quanto à
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
zemos que estão em imputação à pessoa jurídica a qual estão posição estatal que leva em consideração a relação de su-
efetivamente ligados. Assim, falamos em imputação à pessoa bordinação e hierarquia, a estrutura que se relaciona com a
jurídica. desconcentração e a composição ou atuação funcional que se
Constatamos que órgãos são meros centros de compe- relaciona com a quantidade de agentes que agem e manifes-
tência, e os agentes que trabalham nesses órgãos estão em tam vontade em nome do órgão.
imputação à pessoa jurídica a que estão ligados; suas ações Posição Estatal
são imputadas ao ente federativo. Assim, quando um servi-
dor público federal atua, suas ações são imputadas (como se Quanto à posição estatal, os órgãos são classificados em
o próprio Estado estivesse agindo) à União, pois o agente é independentes, autônomos, superiores e subalternos:
ligado a um órgão que pertence a esse ente. Órgãos Independentes
Ex.: Quando um Policial Federal está trabalhando, ele é um ▷ São considerados o mais alto escalão do Governo.
agente público que atua dentro de um órgão (Departamento
▷ Não exercem subordinação.
de Polícia Federal) e suas ações, quando feitas, são conside-
radas como se a União estivesse agindo. Por esse motivo, os ▷ Seus agentes são inseridos por eleição.
atos que gerem prejuízo a terceiros são imputados a União, ▷ Têm suas competências determinadas pelo texto
ou seja, é a União que paga o prejuízo e, depois, entra com constitucional. 299
ação regressiva contra o agente público. ▷ Possuem alguma capacidade processual.
Órgãos Autônomos Conceito
300 ▷ São classificados como órgãos diretivos. Considera-se agente público toda pessoa física que exerça,
▷ Possuem capacidade administrativa, financeira e ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, no-
técnica. meação, designação, contratação ou qualquer outra forma de in-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
▷ São exemplos os Ministérios e as Secretarias. vestidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função pública.
▷ Possuem alguma capacidade processual.
Classificação
Órgãos Superiores ▷ Agentes políticos.
▷ São órgãos de direção, controle e decisão. ▷ Agentes administrativos.
▷ Não possuem autonomia administrativa ou financeira. ▷ Particulares em colaboração com o poder público.
▷ Exemplos são as coordenadorias, gabinetes, etc.
Agentes Políticos
Subalternos Estão nos mais altos escalões do Poder Público. São res-
▷ Exercem atribuições de mera execução. ponsáveis pela elaboração das diretrizes governamentais e
▷ Exercem reduzido poder decisório. pelas funções de direção, orientação e supervisão geral da
Administração Pública.
▷ São exemplos as seções de expediente ou de ma-
teriais. Características
▷ Sua competência é haurida da Constituição Federal.
Estrutura ▷ Não se sujeitam às regras comuns aplicáveis aos ser-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
sua conta e risco e em nome próprio, sob permanente fiscali-
zação do poder contratante, ou seja, são aquelas pessoas que
recebem a incumbência de prestar certas atividades do Estado
EFICIÊNCIA
por meio da descentralização por delegação. São elas: Os princípios implícitos são aqueles que não estão descri-
▷ Autorizatárias de serviços públicos; tos no caput do Art. 37 da CF. São eles:
▷ Concessionárias de serviços públicos; ▷ Supremacia do Interesse Público;
▷ Permissionárias de serviços públicos. ▷ Indisponibilidade do Interesse Público;
Agentes Credenciados: são os particulares que recebem a ▷ Motivação;
incumbência de representar a administração em determinado ▷ Razoabilidade;
ato ou praticar certa atividade específica, mediante remunera- ▷ Proporcionalidade;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
informação e devem ser executados em conformidade
Direito Administrativo. Ele determina que o Estado, quando
com os princípios básicos da administração pública e
trabalhando com o interesse público, se sobrepõe ao parti-
com as seguintes diretrizes: cular. Devemos lembrar que esse princípio deve ser utilizado
I. Observância da publicidade como preceito geral pelo administrador público de forma razoável e proporcional
e do sigilo como exceção; para que o ato não se transforme em arbitrário e, consequen-
II. Divulgação de informações de interesse público, temente, ilegal.
independentemente de solicitações; É o fundamento das prerrogativas do Estado, ou seja,
III. Utilização de meios de comunicação viabiliza- da relação jurídica desigual ou vertical entre o Estado e o
dos pela tecnologia da informação; particular. A exemplo, temos o poder de império do Estado
(também chamado de poder extroverso), que se manifesta
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IV. Fomento ao desenvolvimento da cultura de
transparência na administração pública; por meio da imposição da lei ao administrado, admitindo
V. Desenvolvimento do controle social da adminis- até o uso da força coercitiva para o cumprimento da norma.
tração pública. Assim sendo, a administração pública pode criar obrigações,
restringir ou condicionar os direitos dos administrados.
Limitações:
PUBLICAR
▷ Respeito aos demais princípios;
▷ Não está presente diretamente nos atos de gestão5.
Exemplos de Incidência:
PUBLICIDADE
Intervenção na propriedade privada;
TRANSPAR- Exercício do poder de polícia, limitando ou condicionan-
TORNAR ÊNCIA do o exercício de direito em prol do interesse público;
PÚBLICO
DO ATO Presunção de legitimidade dos atos administrativos.
5 Atos de gestão são praticados pela administração na qualidade de gestora de
Princípio da Eficiência seus bens e serviços, sem exercício de supremacia sobre os particulares, assem-
elhando-se aos atos praticados pelas pessoas privadas. São exemplos de atos de 303
O Princípio da Eficiência foi o último a ser inserido no bojo gestão a alienação ou a aquisição de bens pela administração pública, o aluguel a um
do texto constitucional (o Princípio da Eficiência foi incluído particular de um imóvel de propriedade de uma autarquia, entre outros.
Princípio da Indisponibilidade Veja que o administrador não pode fazer menos ou mais
304 do que a lei determina, isso em obediência ao Princípio da
do Interesse Público
Legalidade, senão cometerá abuso de poder.
Conforme dito anteriormente, o princípio da indisponibi-
lidade do interesse público juntamente com o da supremacia Princípio da Autotutela
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
do interesse público, formam os pilares do regime jurídico ad- O Princípio da Autotutela propicia o controle da Adminis-
ministrativo. tração Pública sob seus próprios atos em dois pontos especí-
Esse princípio é o fundamento das restrições do Estado. ficos:
Assim sendo, apesar de o Princípio da Supremacia do Interes-
De legalidade: em que a Administração pode controlar
se Público prever prerrogativas especiais para a Administração
seus próprios atos quando eivados de vício de ilegalidade,
Pública em determinadas relações jurídicas com o administra-
do, tais poderes são ferramentas que a ordem jurídica confere sendo provocado ou de ofício.
ao agentes públicos para alcançar os objetivos do Estado. E De mérito: a Administração Pública pode revogar seus
o uso desses poderes, então, deve ser balizado pelo interesse atos por conveniência e oportunidade.
público, o que impõe restrições legais a sua atuação, garantin- Súmula 473 do STF. A Administração pode anular seus
do que a utilização do poder tenha por finalidade o interesse próprios atos, quando eivados de vícios que os tor-
público e não o do administrador. nam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
Sendo assim, é vedada a renúncia do exercício de compe- revogá-los, por motivo de conveniência ou oportuni-
tência pelo agente público, pois a atuação desse não é baliza- dade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalva-
Ş
ŝ#-ŝŦ
da por sua vontade pessoal, mas, sim, pelo interesse público, da, em todos os casos, a apreciação judicial.
também chamado de interesse da lei. Os poderes conferidos O Princípio da Autotutela não exclui a possibilidade de
aos agentes públicos têm a finalidade de auxiliá-los a atingir controle jurisdicional do ato administrativo previsto no Art.
tal interesse. Com base nessa regra, concluímos que esses 5º, XXXV, da CF: a lei não excluirá da apreciação do Poder
agentes não podem dispor do interesse público, por não ser o Judiciário lesão ou ameaça a direito.
seu proprietário, e sim o povo. Ao agente público cabe a ges-
Poder
tão da Administração Pública em prol da coletividade.
Judiciário
Princípios da Razoabilidade (critério de
ANULAÇÃO Ex-tunc
e Proporcionalidade Ato Ilegal Retroativos legalidade)
Os Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade
não se encontram expressos no texto constitucional. Esses são Própria
classificados como princípios gerais do Direito e são aplicáveis Administração
a vários ramos da ciência jurídica. São chamados de princípios
da proibição de excesso do agente público. Poder Judiciário não revoga
Poder
A razoabilidade diz que toda atuação da Administração ato de outro poder
Judiciário
tem que seguir a teoria do homem médio, ou seja, as decisões
devem ser tomadas segundo o critério da maioria das pessoas REVOGAÇÃO Ex-nunc (critério
“racionais”, sem exageros ou deturpações. Ato Legal Prospectivos de mérito)
Razoabilidade: adequação entre meios e fins. O Princí-
pio da Proporcionalidade diz que o agente público deve ser Própria
proporcional no uso da força para o cumprimento do bem Administração
público, ou seja, nas aplicações de penalidades pela Admi-
nistração deve ser levada em conta sempre a gravidade da Princípio da Ampla Defesa
falta cometida. A ampla defesa determina que todos que sofrerem medi-
Proporcionalidade: vedação de imposição de obrigações, das de caráter de pena terão direito a se defender de todos os
restrições e sanções em medida superior àquela estritamente meios disponíveis legais em direito. Está previsto nos proces-
necessária ao interesse público. sos administrativos disciplinares:
Podemos dar como exemplo a atuação de um fiscal sani- Art. 5ª, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
tário, que esteja vistoriando dois estabelecimentos e, em um administrativo, e aos acusados em geral são assegu-
rados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
deles, encontre um quilo de carne estragada e, no outro, en- recursos a ela inerentes;
contre uma tonelada.
Na aplicação da penalidade, deve ser respeitada tanto a ra- Princípio da Continuidade
zoabilidade quanto a proporcionalidade, ou seja, aplica-se, no do Serviço Público
primeiro, uma penalidade pequena, uma multa, por exemplo, O Princípio da Continuidade do Serviço Público tem como
e, no segundo, uma penalidade grande, suspensão de 90 dias. escopo (objetivo) não prejudicar o atendimento dos serviços
essenciais à população. Assim, evitam que esses sejam inter- II. Assistência médica e hospitalar;
rompidos. III. Distribuição e comercialização de medicamen-
O professor Celso Ribeiro Bastos6 é um dos doutrinadores tos e alimentos;
que defende a não interrupção do serviço público essencial: O IV. Funerários;
serviço público deve ser prestado de maneira contínua, o que V. Transporte coletivo;
significa dizer que não é passível de interrupção. Isso ocorre
pela própria importância de que tal serviço se reveste, o que VI. Captação e tratamento de esgoto e lixo;
implica ser colocado à disposição do usuário com qualidade VII. Telecomunicações;
e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade... VIII. Guarda, uso e controle de substâncias radioa-
Essa continuidade afigura-se em alguns casos de maneira ab- tivas, equipamentos e materiais nucleares;
soluta, quer dizer, sem qualquer abrandamento, como ocorre IX. Processamento de dados ligados a serviços es-
com serviços que atendem necessidades permanentes, como senciais;
é o caso de fornecimento de água, gás, eletricidade. Diante, X. Controle de tráfego aéreo;
pois, da recusa de um serviço público, ou do seu fornecimento,
XI. Compensação bancária.
ou mesmo da cessação indevida desse, pode o usuário utilizar-
se das ações judiciais cabíveis, até as de rito mais célere, como Princípio da Segurança Jurídica
o mandado de segurança e a própria ação cominatória.
Esse princípio veda a aplicação retroativa da nova interpre-
Regra: tação da norma.
▷ Os serviços públicos devem ser adequados e ininter- Caso uma regra seja revogada ou alterada a sua redação
ruptos. ou interpretação, os atos praticados durante a vigência da nor-
Exceção: ma antiga continuam valendo, pois tal princípio visa resguar-
dar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
▷ Aviso prévio;
Assim, temos que a nova interpretação da norma, via de re-
▷ Situações de emergência.
gra, somente terá efeitos prospectivos, ou seja, da data em que
Alcance: for revogada para frente, não atingindo os atos praticados na
▷ Todos os prestadores de serviços públicos; vigência da norma antiga.
▷ Administração Direta;
▷ Administração Indireta; 6. Poderes e Deveres Administrativos
▷ Concessionárias, Autorizatárias e Permissionárias de Para um desempenho adequado do papel que compete à
serviços públicos. administração pública, o ordenamento jurídico confere a ela
Efeitos: poderes e deveres especiais. Nesse capítulo, conheceremos
Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ Restrição de direitos das prestadoras de serviços pú- seus deveres e poderes de modo a diferenciar a aplicabilidade
blicos, bem como dos agentes envolvidos na presta- de um ou de outro poder ou dever na análise de casos concre-
ção desses serviços, a exemplo do direito de greve. tos, bem como apresentado nas questões de concurso público.
Dessa forma, quem realiza o serviço público se submete a Deveres
algumas restrições:
▷ Restrição ao direito de greve, Art. 37, VII CF/88; Os deveres da administração pública são um conjunto de
obrigações de direito público que a ordem jurídica confere aos
▷ Suplência, delegação e substituição – casos de fun-
agentes públicos com o objetivo de permitir que o Estado al-
ções vagas temporariamente;
cance seus fins.
▷ Impossibilidade de alegar a exceção do contrato não
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cumprido, somente em casos em que se configure O fundamento desses deveres é o Princípio da Indispo-
uma impossibilidade de realização das atividades; nibilidade do Interesse Público, pois, como a administração
pública é uma ferramenta do Estado para alcançar seus objeti-
▷ Possibilidade da encampação da concessão do ser-
vos, não é permitido ao agente público usar dos seus poderes
viço, retomada da administração do serviço público
para satisfazer interesses pessoais ou de terceiros. Com base
concedido no prazo na concessão, quando o serviço
nessa regra, concluímos que esses agentes não podem dispor
não é prestado de forma adequada.
do interesse público, por não ser o seu proprietário, e sim o
O Código de Defesa do Consumidor, em seu Art. 22, asse- povo. A ele cabe a gestão da administração pública em prol
gura ao consumidor que os serviços essenciais devem ser con-
da coletividade.
tínuos, caso contrário, aos responsáveis, caberá indenização. O
referido código não diz quais seriam esses serviços essenciais. A doutrina, de um modo geral, enumera, como alguns dos
Podemos usar, como analogia, o Art. 10 da Lei nº 7.783/89, que principais deveres impostos aos agentes administrativos pelo
enumera os que seriam considerados fundamentais: ordenamento jurídico, quatro obrigações administrativas, a
Art. 10. São considerados serviços ou atividades essenciais:
saber:
I. Tratamento e abastecimento de água; produção ▷ Poder-Dever de Agir;
e distribuição de energia elétrica, gás e combus- ▷ Dever de Eficiência;
tíveis; ▷ Dever de Probidade; 305
6 Curso de direito administrativo, 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 1996, p. 165. ▷ Dever de Prestar Contas.
Poder-Dever de Agir Dever de Prestar Contas
306 O poder-dever de agir determina que toda a Administração O dever de prestar contas decorre diretamente do Princí-
Pública tem que agir em caso de determinação legal. Contudo, pio da Indisponibilidade do Interesse Público, sendo pertinen-
essa é temperada, uma vez que o administrador precisa ter possi- te à função do agente público, que é simples gestão da coisa
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ção Pública também responderá pelos danos patrimoniais ou para o fim de permitir que o Estado alcance os seus fins,
morais decorrentes da omissão na esfera cível. assim leciona o professor José dos Santos Carvalho Filho.
O fundamento desses poderes é o princípio da suprema-
Dever de Eficiência cia do interesse público, pois, como a administração pública é
A Constituição implementou o dever de eficiência com a uma ferramenta do Estado para alcançar seus objetivos, e tais
introdução da Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a chama- objetivos são de interesse de toda coletividade, é necessário
da reforma administrativa. Esse novo modelo instituiu a de- que o Estado possa ter prerrogativas especiais na busca de
nominada “administração gerencial”, tendo vários exemplos seus objetivos. Como exemplo, podemos citar a aplicação de
dispostos no corpo do texto constitucional, como: uma multa de trânsito. Imagine que a lei fale que ultrapassar o
▷ Possibilidade de perda do cargo de servidor estável sinal vermelho é errado, mas que o Estado não tenha o poder
em razão de insuficiência de desempenho (Art. 41, de aplicar a multa. De nada vale a previsão da infração na lei.
§ 1º, III); São Poderes Administrativos descritos pela doutrina pá-
▷ O estabelecimento como condição para o ganho da tria:
estabilidade de avaliação de desempenho (Art. 41,
▷ Poder Vinculado;
§ 4º);
▷ A possibilidade da celebração de contratos de ges- ▷ Poder Discricionário;
tão ( Art. 37, § 8º); ▷ Poder Hierárquico;
▷ A exigência de participação do servidor público em ▷ Poder Disciplinar;
cursos de aperfeiçoamento profissional como um ▷ Poder Regulamentar;
dos requisitos para a promoção na carreira (Art. 39, ▷ Poder de Polícia.
§ 2º).
Dever de Probidade Poder Vinculado
O dever de probidade determina que todo administrador O poder vinculado determina que o administrador somen-
público, no desempenho de suas atividades, atue sempre com te pode fazer o que a lei determina; aqui não se gera poder de
ética, honestidade e boa-fé, em consonância com o Princípio escolha, ou seja, está o administrador preso (vinculado) aos
da Moralidade Administrativa. ditames da lei.
Art. 37, § 4º, CF. Os atos de improbidade administrativa O agente público não pode fazer considerações de con-
importarão a suspensão dos direitos políticos, a per- veniência e oportunidade. Caso descumpra a única hipótese
da da função pública, a indisponibilidade dos bens e o prevista na lei para orientar a sua conduta, praticará um ato
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas ilegal, sendo assim, deve o ato ser anulado.
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Efeitos: Poder Discricionário
▷ A suspensão dos direitos políticos; O poder discricionário gera a margem de escolha, que é a
▷ Perda da função pública; conveniência e a oportunidade, o mérito administrativo. Diz-se
▷ Ressarcimento ao erário; que o agente público pode agir com liberdade de escolha, mas
▷ Indisponibilidade dos bens. sempre respeitando os parâmetros da lei.
É importante alertar que, excepcionalmente, a lei admite
Conveniência
a delegação para outro órgão que não seja hierarquicamente
oportunidade
subordinado ao delegante, conforme podemos constatar da
redação do Art. 12 da Lei nº 9.784/99:
Margem de Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão,
VINCULADO DISCRICIONÁRIO se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
escolha
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
Sem margem Lei
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
de escolha
• Características da Delegação
Conceitos Não podem ser delegados
jurídicos Edição de atos de caráter normativo;
indeterminados A decisão de recursos administrativos;
Duas são as vertentes que autorizam o poder discricioná- As matérias de competência exclusiva do órgão ou
rio: a lei e os conceitos jurídicos indeterminados. Esses últi- autoridade.
mos são determinações da própria lei, por exemplo: quando Consequências
a Lei prevê a boa-fé, quem decide se o administrado está de
boa ou má-fé é o agente público, sempre sendo razoável e Não acarreta renúncia de competências;
proporcional. Transfere o exercício da atribuição e não a titularida-
de, pois pode ser revogada a delegação a qualquer
Poder Hierárquico tempo pela autoridade delegante;
Manifesta a noção de um escalonamento vertical da Admi-
O ato de delegação e sua revogação deverão ser pu-
nistração Pública, já que temos a subordinação entre órgãos
e agentes, sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. blicados em meio oficial.
Observação Avocação Competência
Não há subordinação nem hierarquia: Avocar é o ato discricionário mediante o qual o superior
▷ Entre pessoas distintas; hierárquico traz para si o exercício temporário de determinada
▷ Entre os poderes da república; competência, atribuída por lei a um subordinado.
▷ Entre a administração e o administrado. Cabimento: é uma medida excepcional e deve ser funda-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Prerrogativas mentada.
Dar ordens: cabe ao subordinado o dever de obediên- Restrições: não podem ser avocadas competências exclu-
cia, salvo nos casos de ordens manifestamente ilegais. sivas do subordinado.
Fiscalizar a atuação dos subordinados. Consequências: desonera o agente de qualquer respon-
sabilidade relativa ao ato praticado pelo superior hierárquico.
Revisar os atos dos subordinados e, nessa atribuição:
▷ Manter os atos vinculados legais e os atos discricio-
nários legais convenientes e oportunos. Somente os atos
administrativos,
▷ Convalidar os atos com defeitos sanáveis. Delegação nunca os atos
▷ Anular os atos ilegais. políticos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
concessão ou autorização do Poder Público, à tran- superior à gravidade do fato ilícito praticado.
quilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos Autoexecutoriedade: é a prerrogativa da Administração
direitos individuais ou coletivos (vide Código Tributário Pública de executar diretamente as decisões decorrentes do
poder de polícia, por seus próprios meios, sem precisar recor-
nacional).
rer ao judiciário.
Hely Lopes Meirelles conceitua poder de polícia como a fa-
culdade que dispõe a Administração Pública para condicionar, Cabimento
restringir o uso, o gozo de bens, atividades e direitos indivi- Autorização da Lei;
duais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado. Medida Urgente.
A autoexecutoriedade no uso do poder de polícia não é
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
É competente para exercer o poder de polícia administrati-
va sobre uma dada atividade o ente federado, ao qual a Cons- absoluta, tendo natureza relativa, ou seja, não são todos os
atos decorrentes do poder de polícia que são autoexecutórios.
tituição da República atribui competência para legislar sobre
Para que um ato assim ocorra, é necessário que ele seja exigí-
essa mesma atividade, para regular a prática dessa. vel e executório ao mesmo tempo:
Assim, podemos dizer que o poder de polícia é discricio- Exigibilidade: exigível é aquela conduta prevista na
nário em regra, podendo ser vinculado nos casos em que a norma que, caso seja infringida, pode ser aplicada
lei determinar. Ele dispõe que toda a Administração Pública uma coerção indireta, ou seja, caso a pessoa venha a
pode condicionar ou restringir os direitos dos administrados sofrer uma penalidade e se recuse a aceitar a aplica-
em caso de não cumprimento das determinações legais. ção da sanção, a aplicação dessa somente poderá ser
O poder de polícia fundamenta-se no de império do executada por decisão judicial. É o caso das multas, por
exemplo, que podem ser lançadas a quem comete uma
Estado (Poder Extroverso), que decorre do Princípio da Su-
infração de trânsito, a administração não pode receber
premacia do Interesse Público, pois, por meio de imposições o valor devido por meio da coerção, caso a pessoa pe-
limitando ou restringindo a esfera jurídica dos administrados, nalizada se recuse a pagar a multa, o seu recebimento
visa à Administração Pública à defesa de um bem maior, que é dependerá de execução judicial pela Administração Pú-
proteção dos direitos da coletividade, pois o interesse público blica. A exigibilidade é uma característica de todos os 309
prevalece sobre os particulares. atos praticados no exercício do poder de polícia.
Executoriedade: executória é a norma que, caso seja ção de polícia, sendo assim, esse ciclo, para se completar,
310 desrespeitada, permite a aplicação de uma coerção pode passar por quatro fases distintas:
direta, ou seja, a administração pode utilizar da for- Ordem de Polícia: é a Lei inovadora que tem trazido limites
ça coercitiva para garantir a aplicação da penalida- ou condições ao exercício de atividades privadas ou uso de bens.
de, sem precisar recorrer ao judiciário. Consentimento: é a autorização prévia fornecida pela Ad-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
É o caso das sanções de interdição de estabelecimentos ministração para a prática de determinada atividade privada
comerciais, suspensão de direitos, entre outras. Não são todas ou para usar um bem.
as medidas decorrentes do poder de polícia executórias. Fiscalização: é a verificação, por parte da administração
O ato de polícia para ser autoexecutório precisa ser ao pública, para certificar-se de que o administrado está cum-
mesmo tempo exigível e executório, ou seja, nem todos os prindo as exigências contidas na ordem de polícia para a práti-
atos decorrentes do poder de polícia são autoexecutórios. ca de determinada atividade privada ou uso de bem.
Coercibilidade: esse atributo informa que as Sanção de Polícia: é a coerção imposta pela administração
determinações da Administração podem ser im- ao particular que pratica alguma atividade regulada por ordem
postas coercitivamente ao administrado, ou seja, de polícia em descumprimento com as exigências contidas.
o particular é obrigado a observar os ditames da É importante destacar que o ciclo de polícia não precisa ne-
administração. Caso ocorra resistência por parte cessariamente comportar essas quatro fases, pois as de ordem e
desse, a administração pública estará autorizada fiscalização devem sempre estar presentes em qualquer atuação
a usar força, independentemente de autorização de polícia administrativa, todavia, as fases de consentimento e de
judicial, para fazer com que seja cumprida a re- sanção não estarão presentes em todos os ciclos de polícia.
gra de polícia. Todavia, os meios utilizados pela
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Da prática dos atos administrativos gera-se: competente para determiná-lo (competência), depois disso,
▷ Superioridade deve ser revertido de forma escrita (forma), a finalidade deve
▷ Efeitos jurídicos ser o interesse público (finalidade), o motivo deve ser embasado
em lei, ou seja, os casos do Art. 132 da Lei nº 8.112/90, o objeto é
Elementos de Validade do Ato o próprio instituto da demissão que está prescrito em lei.
Competência Motivação
Poderes que a lei confere aos agentes públicos para exer- É a exteriorização por escrito dos motivos que levaram a
cer funções com o mínimo de eficácia. A competência tem ca- produção do ato.
▷ Faz parte do elemento forma e não do motivo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ráter instrumental, ou seja, é um instrumento outorgado para
satisfazer interesses públicos – finalidade pública. ▷ Teoria dos Motivos Determinantes.
Características da competência: A motivação é elemento de controle de validade dos atos
administrativos. Se ela for falsa, o ato é ilegal, independente-
Obrigatoriedade: ela é obrigatória para todos os
mente da sua qualidade (discricionário ou vinculado).
agentes e órgãos públicos.
Devem ser motivados:
Irrenunciabilidade: a competência é um poder-de-
▷ Todos os atos administrativos vinculados;
ver de agir e não pode ser renunciada pelo detentor
▷ Alguns atos administrativos discricionários (atos pu-
do poder-dever. Contudo, tem caráter relativo uma nitivos, que geram despesas, dentre outros).
vez que a competência pode ser delegada ou pode
A Lei nº 9.784/99, em seu Art. 50, traz um rol dos atos que
ocorrer a avocação. devem ser motivados. Veja a seguir:
Intransferível: mesmo após a delegação, a compe- Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados,
tência pode ser retomada a qualquer tempo pelo com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,
titular do poder-dever, por meio da figura da revo- quando:
gação. I. Neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
Imodificável: pela vontade do agente, pois somente II. Imponham ou agravem deveres, encargos ou 311
a lei determina competências. sanções;
III. Decidam processos administrativos de concurso Autoexecutoriedade
312 ou seleção pública;
O ato administrativo, uma vez produzido pela Admi-
IV. Dispensem ou declarem a inexigibilidade de
nistração, é passível de execução imediata, independente-
processo licitatório; mente de manifestação do Poder Judiciário.
V. Decidam recursos administrativos;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ Decorrem do exercício do poder hierárquico; funcionamento de um estabelecimento comercial, licen-
▷ Vinculam os servidores subordinados ao órgão que ça para dirigir, licença para exercer uma profissão.
o expediu; Admissão: é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Ad-
▷ Não atingem os administrados; ministração faculta a alguém a inclusão em estabelecimento
▷ Estão hierarquicamente abaixo dos atos normativos; governamental para o gozo de um serviço público. O ato de
▷ Devem obediência aos atos normativos que tratem admissão não pode ser negado aos que preencham as condi-
da mesma matéria relacionada ao ato ordinatório. ções normativas requeridas.
Ex.: Instruções, circulares internas, portarias, ordens de Ex.: Ingresso em estabelecimento oficial de ensino na
serviço. qualidade de aluno; o desfrute dos serviços de uma bi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
blioteca pública como inscrito entre seus usuários.
Atos Negociais Aprovação: é o ato unilateral e discricionário pelo qual a
São atos administrativos editados quando o ordenamento Administração faculta a prática de ato jurídico (aprovação pré-
jurídico exige que o particular obtenha anuência prévia da Ad- via) ou manifesta sua concordância com ato jurídico já pratica-
ministração para realizar determinada atividade de interesse do (aprovação a posteriori).
dele ou exercer determinado direito. Homologação: é o ato unilateral e vinculado de controle
Finalidade: satisfação do interesse público, ainda que essa pelo qual a Administração concorda com um ato jurídico ou
possa coincidir com o interesse do particular que requereu o ato. série de atos (procedimento) já praticados, verificando a con-
sonância deles com os requisitos legais condicionadores de
Características: sua válida emissão.
▷ Os atos negociais não são imperativos, coercitivos e Autorização: na maior parte das vezes em que é pra-
autoexecutórios; ticado, fundamenta-se no poder de polícia do Estado
▷ Os atos negociais não podem ser confundidos com quando a lei exige a autorização como condicionante para
contratos, pois, nesses existe manifestação de vontade prática de uma determinada atividade privada ou para o
bilateral e, nos atos negociais, nós temos uma manifes- uso de bem público. Todavia, a autorização também pode
tação de vontade unilateral da Administração Pública, representar uma forma de descentralizar, por delegação, 313
que é provocada mediante requerimento do particular; serviços públicos para o particular.
A autorização é caracterizada por uma predominância O atestado não se assemelha à certidão, pois essa declara uma
314 do interesse do particular que solicita o ato, todavia, tam- informação constante em banco de dados e aquele declara um
bém existe interesse público na prática desse ato. fato que não corresponde a um registro de um arquivo da Ad-
É um ato discricionário, pois não reconhece um direito sub- ministração.
jetivo do particular; mesmo que esse atenda às exigências ne- Parecer: é um documento técnico, confeccionado por ór-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cessárias para a obtenção do ato, a Administração poderá não gão especializado na respectiva matéria tema do parecer, em
praticá-lo, decidindo se desempenha ou não o ato por juízo de que o órgão emite sua opinião relativa ao assunto.
conveniência e oportunidade. Apostila: apostilar significa corrigir, emendar, complementar
É um ato precário, pois pode ser revogado a qualquer tem- um documento. É o aditamento de um contrato administrativo ou
po. Via de regra, a revogação da autorização não gera direito de de um ato administrativo. É um ato de natureza aditiva, pois sua
indenização ao particular, mas, caso a autorização tenha sido finalidade é adicionar informações a um registro já existente.
concedida por prazo certo, pode haver o direito de indenização Ex.: Anotar alterações na situação funcional de um servidor.
para o particular.
Prazo: a autorização é concedida sem prazo determinado, Atos Punitivos
todavia, pode havê-la outorgada por prazo certo. São os atos administrativos por meio dos quais a Adminis-
Exs.: tração Pública impõe sanções a seus servidores ou aos admi-
Atividades potencialmente perigosas e que podem co- nistrados.
locar em risco a coletividade, por isso, a necessidade de Fundamento
regulação do Estado;
Poder Disciplinar: quando o ato punitivo atinge ser-
Autorização para porte de arma de fogo;
vidores públicos e particulares ligados à Administra-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
mesma. cargo, emprego ou função na administração pública direta, in-
Efeitos da Revogação: Ex nunc, não retroagem, ou seja, a re- direta ou fundacional e dá outras providências.
vogação gera efeitos prospectivos, para frente.
Cassação Sujeitos
É o desfazimento do ato administrativo decorrente do des- Sujeito Passivo (Vítima)
cumprimento dos requisitos que permitem a manutenção do A administração direta, indireta ou fundacional de qual-
ato. Na maioria das vezes, a cassação representa uma sanção quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
aplicada ao particular que deixou de atender às condições exi- dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao pa-
gidas para a manutenção do ato.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
trimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o
Como exemplo, temos a cassação da carteira de moto- erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patri-
rista, que nada mais é do que a cassação de um ato admi- mônio ou da receita anual.
nistrativo classificado como licença. A cassação da licença Entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo,
para dirigir decorre da prática de infrações de trânsito pra- fiscal ou creditício, de órgão público, bem como daquelas
ticadas pelo particular, sendo assim, nesse caso, essa cas- para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
sação é uma punição. concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio
ou da receita anual, limitando-se, nesses casos, a sanção
Convalidação patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição
Convalidação é a correção com efeitos retroativos do ato dos cofres públicos.
administrativo com defeito sanável, o qual pode ser conside-
rado:
Sujeito Ativo (Pessoa que Pratica o
Ato de Improbidade Administrativa)
Vício de Competência Relativo à Pessoa
Agente público (exceção agente político sujeito a crime de
Exceção: competência exclusiva (não cabe convalidação). responsabilidade STF), servidores ou não, com algum tipo de
O vício de competência relativo à matéria não é considera- vínculo nas entidades que podem ser vítimas de improbidade 315
do um defeito sanável e também não cabe convalidação. administrativa.
Conceito de Agente Público para Aplicação da Lei II. Perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
316 Reputa-se agente público, para os efeitos dessa lei, todo para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remune- móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
ração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qual- entidades referidas no Art. 1º por preço superior ao
quer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, em- valor de mercado;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
prego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. III. Perceber vantagem econômica, direta ou indi-
Qualquer pessoa que induza ou concorra com o agente pú- reta, para facilitar a alienação, permuta ou locação
blico ou que se beneficie do ato. de bem público ou o fornecimento de serviço por
ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
As disposições dessa lei são aplicáveis, no que couber,
IV. Utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou con-
corra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie máquinas, equipamentos ou material de qualquer
sob qualquer forma direta ou indireta. natureza, de propriedade ou à disposição de qual-
quer das entidades mencionadas no Art. 1º desta
Regras Gerais lei, bem como o trabalho de servidores públicos,
empregados ou terceiros contratados por essas
Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são entidades;
obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de
V. Receber vantagem econômica de qualquer na-
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato tureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração
dos assuntos que lhe são afetos. ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de nar-
Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omis- cotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer
são, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
mentares aplicáveis à espécie; Atos que Atentem aos Princípios
VIII. Frustrar a licitude de processo licitatório ou
de processo seletivo para celebração de parcerias
da Administração Pública
com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
indevidamente; (Redação dada pela Lei nº 13.019, atenta contra os princípios da Administração Pública
de 2014) qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
IX. Ordenar ou permitir a realização de despesas não honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
autorizadas em lei ou regulamento; instituições, e notadamente:
X. Agir negligentemente na arrecadação de tributo I. Praticar ato visando ao fim proibido em lei ou
ou renda, bem como no que diz respeito à conser- regulamento ou diverso daquele previsto, na regra
vação do patrimônio público; de competência;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XI. Liberar verba pública sem a estrita observância II. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
das normas pertinentes ou influir de qualquer for- ato de ofício;
ma para a sua aplicação irregular; III. Revelar fato ou circunstância de que tem ciência
XII. Permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro em razão das atribuições e que deva permanecer
se enriqueça ilicitamente; em segredo;
XIII. Permitir que se utilize, em obra ou serviço IV. Negar publicidade aos atos oficiais;
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou V. Frustrar a licitude de concurso público;
material de qualquer natureza, de propriedade ou VI. Deixar de prestar contas quando esteja obriga-
à disposição de qualquer das entidades menciona- do a fazê-lo;
das no Art. 1º desta lei, bem como o trabalho de
servidor público, empregados ou terceiros contra- VII. Revelar ou permitir que chegue ao conheci-
tados por essas entidades. mento de terceiro, antes da respectiva divulgação
XIV. Celebrar contrato ou outro instrumento que oficial, teor de medida política ou econômica capaz
tenha por objeto a prestação de serviços públicos de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
por meio da gestão associada sem observar as for- VIII. Descumprir as normas relativas à celebração,
malidades previstas na lei; fiscalização e aprovação de contas de parcerias fir-
XV. Celebrar contrato de rateio de consórcio público madas pela administração pública com entidades 317
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou privadas. (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014)
IX. Deixar de cumprir a exigência de requisitos de Atos que Atentem contra os Princípios da Administração
318 acessibilidade previstos na legislação. (Incluído Pública: ressarcimento integral do dano, se houver; perda da
pela Lei nº 13.146, de 2015) função pública; suspensão dos direitos políticos de três a cinco
anos; pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da
Efeitos da Lei remuneração percebida pelo agente; e proibição de contra-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A lei de improbidade administrativa gera quatro efeitos. A sus- tar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
pensão dos direitos políticos e a perda da função pública somente fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
se dão depois do trânsito em julgado da sentença condenatória. intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
A indisponibilidade dos bens não constitui penalidade, mas, sim pelo prazo de três anos.
medida cautelar e pode se dar mesmo antes do início da ação. Punições
O ressarcimento ao erário, por sua vez, constitui a respon- Suspensão dos
Multa
Proibição de
sabilidade civil do agente, ou seja, a obrigação de reparar o Direitos Políticos Contratar
dano. 03 vezes o valor
Enriquecimen-
▷ Suspensão dos Direitos Políticos; to Ilícito
08 a 10 anos do enriqueci- 10 anos
mento
▷ Perda da Função Pública;
▷ Indisponibilidade dos Bens; Prejuízo ao
02 vezes o
▷ Ressarcimento ao Erário. 05 a 08 anos valor do prejuízo 05 anos
Erário
causado
Das Sanções Atos que
Atentem contra
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
I. Até cinco anos após o término do exercício de blico e que, ao mesmo tempo, são abertas à livre
mandato, de cargo em comissão ou de função de iniciativa.
confiança; Atividades relacionadas aos direitos fundamentais sociais
II. Dentro do prazo prescricional previsto em lei (Art. 6º CF):
específica para faltas disciplinares puníveis com São atividades de natureza essencial à sobrevi-
demissão a bem do serviço público, nos casos de vência e ao desenvolvimento da sociedade.
exercício de cargo efetivo ou emprego. A prestação dessas atividades é um dever do Es-
III. Até cinco anos da data da apresentação à admi- tado, por isso, não podem ser exploradas pelo
nistração pública da prestação de contas final pelas Poder Público com o intuito de lucro.
entidades referidas no parágrafo único do Art. 1º
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) Não existe delegação dessas atividades a particulares.
As ações de ressarcimento ao erário são imprescritíveis. Os particulares têm o direito de explorar tais ativida-
des, sem delegação do poder público, sob fiscaliza-
9. Serviços Públicos ção decorrente do exercício do poder de Polícia.
Ex.: Serviços de educação, saúde, assistência social.
Base Constitucional Se prestado pelo Estado, é um serviço público, caso seja
oferecido por particular, não se enquadra como serviço públi-
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, di-
co e sim como privado. Todavia, o foco desse capítulo são os
retamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços serviços públicos de titularidade exclusiva do Estado, possíveis
públicos. de serem explorados economicamente com o intuito de lucro
Parágrafo único. A lei disporá sobre: e que podem ser prestados por particular mediante delegação.
I. O regime das empresas concessionárias e per- Assim sendo, quando nos referirmos aos serviços públicos, em
missionárias de serviços públicos, o caráter espe- regra, não estaremos nos reportando às atividades prestadas
cial de seu contrato e de sua prorrogação, bem pelo Estado como serviço público e que ao mesmo tempo po-
como as condições de caducidade, fiscalização e dem ser oferecidas livremente pelo particular sob fiscalização 319
rescisão da concessão ou permissão; do poder de polícia.
Elementos Definidores de uma Serviços Públicos Gerais e Individuais
320 Serviços Públicos Gerais (Uti Universi)
Atividade Sendo Serviço Público
▷ STF: Serviço Público indivisível.
Material ▷ Prestado à coletividade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 175, Parágrafo único: A lei disporá sobre:
Quanto mais essencial for o serviço, mais barata será a tarifa e, I. O regime das empresas concessionárias e permis-
em alguns casos, pode até mesmo chegar à zero.
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
Formas de Prestação dos seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
Serviços Públicos concessão ou permissão;
Prestação Centralizada: a pessoa política titular do serviço II. Os direitos dos usuários;
público faz a prestação por meio dos seus próprios órgãos. III. Política tarifária;
Prestação Descentralizada: a pessoa política transfere a IV. A obrigação de manter serviço adequado.
execução do serviço público para outra pessoa.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
É importante observar que, com base no Art. 1º da Lei nº Permissão de Serviços Públicos
8.987/95, é aplicável aos contratos de concessão e permissão
Art. 2º da Lei nº 9.074/95: É vedado à União, aos Es-
de serviços públicos, naquilo que lhes couber, as disposições
tados, ao Distrito Federal e aos Municípios executarem
contidas na Lei nº 8.666/93 (licitação e contratos administrati- obras e serviços públicos por meio de concessão e
vos). Tal lei visa regulamentar as regras contidas no parágrafo permissão de serviço público, sem lei que lhes auto-
único do Art. 175 da CF. rize e fixe os termos, dispensada a lei autorizativa nos
Conceito de Concessão e casos de saneamento básico e limpeza urbana e nos
já referidos na Constituição Federal, nas Constituições
Permissão de Serviço Público Estaduais e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e
Poder Concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou Municípios, observado, em qualquer caso, os termos
o Município, em cuja competência se encontre o serviço públi- da Lei nº 8.987, de 1995.
co, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de Concessão Permissão
concessão ou permissão (Art. 2º, I).
Sempre licitação, todavia, admite outras
Concessão de Serviço Público: a delegação de sua pres- Sempre licitação na mo-
modalidades e não somente concor-
dalidade concorrência.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
pessoa jurídica ou pessoa
jurídica ou consórcio soa física, jurídica pela Administração.
física.
de empresas. ou consórcio de
empresas. A concessão comum não constitui parceria público-pri-
vada – assim entendida a concessão de serviços públicos ou
Não há precarie- Delegação a título Ato administrativo
dade. precário. precário. de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987/1995, quando
não envolver contraprestação pecuniária do parceiro pú-
Revogabilidade unilateral Revogável unilat- blico ao parceiro privado. Os contratos administrativos de
Não é cabível revo-
do contrato pelo poder eralmente pelo
gação do contrato.
concedente. Poder Concedente.
concessão comum continuam sendo regidos exclusivamen-
te pela Lei nº 8.987/1995 demais legislação correlata.
Os contratos administrativos que não caracterizem con-
Parcerias Público-Privadas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
des exclusivas do Estado. pela Administração Pública, exceto se essa publicar na impren-
▷ Responsabilidade fiscal na celebração e execução sa oficial, onde houver, até o prazo de 15 dias após apresenta-
das parcerias. ção da fatura, razões fundamentadas nesta Lei ou no contrato
▷ Transparência dos procedimentos e das decisões. para a rejeição da atualização.
▷ Repartição objetiva de riscos entre as partes. Os contratos poderão prever adicionalmente:
▷ Sustentabilidade financeira e vantagens socioeco- ▷ Os requisitos e condições em que o parceiro público
nômicas dos projetos de parceria. autorizará a transferência do controle da sociedade
de propósito específico para os seus financiadores,
Contratos de Parceria Público-Privada com o objetivo de promover a sua reestruturação
financeira e assegurar a continuidade da prestação
As cláusulas dos contratos de parceria público-privada aten-
dos serviços, não se aplicando para esse efeito o pre-
derão ao disposto no Art. 23 da Lei nº 8.987/1995, no que couber,
visto no inciso I do parágrafo único do Art. 27 da Lei
devendo também prever:
nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
▷ O prazo de vigência do contrato, compatível com ▷ A possibilidade de emissão de empenho em nome
a amortização dos investimentos realizados, não dos financiadores do projeto em relação às obriga-
Ş
ŝ#-ŝŦ
inferior a cinco, nem superior a 35 anos, incluindo ções pecuniárias da Administração Pública.
eventual prorrogação. ▷ A legitimidade dos financiadores do projeto para
▷ As penalidades aplicáveis à Administração Pública e receber indenizações por extinção antecipada do
ao parceiro privado em caso de inadimplemento con- contrato, bem como pagamentos efetuados pelos
tratual, fixadas sempre de forma proporcional à gra- fundos e empresas estatais garantidores de parce-
vidade da falta cometida, e às obrigações assumidas. rias público-privadas.
▷ A repartição de riscos entre as partes, inclusive os A contraprestação da administração pública nos contra-
referentes a caso fortuito, força maior, fato do prín- tos de parceria público-privada poderá ser feita por:
cipe e álea econômica extraordinária. ▷ Ordem bancária.
▷ As formas de remuneração e de atualização dos va- ▷ Cessão de créditos não tributários.
lores contratuais. ▷ Outorga de direitos em face da Administração Pública.
▷ Os mecanismos para a preservação da atualidade da ▷ Outorga de direitos sobre bens públicos dominicais.
prestação dos serviços. ▷ Outros meios admitidos em lei.
▷ Os fatos que caracterizem a inadimplência pecuniá- O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro priva-
ria do parceiro público, os modos e o prazo de regu- do de remuneração variável vinculada ao seu desempenho,
larização e, quando houver, a forma de acionamento conforme metas e padrões de qualidade e disponibilidade de-
da garantia. finidos no contrato.
▷ Os critérios objetivos de avaliação do desempenho O contrato poderá prever o aporte de recursos em favor do
do parceiro privado. parceiro privado para a realização de obras e aquisição de bens
▷ A prestação, pelo parceiro privado, de garantias de reversíveis, nos termos dos incisos X e XI do caput do Art. 18 da
execução suficientes e compatíveis com os ônus e Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, desde que autorizado no
riscos envolvidos, observados os limites dos §§ 3º e edital de licitação, se contratos novos, ou em lei específica, se
contratos celebrados até 8 de agosto de 2012.
5º do Art. 56 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
e, no que se refere às concessões patrocinadas, o O valor desse aporte de poderá ser excluído da determinação:
disposto no inciso XV do Art. 18 da Lei nº 8.987, de ▷ Do lucro líquido para fins de apuração do lucro real
13 de fevereiro de 1995. e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL).
▷ O compartilhamento com a Administração Pública
de ganhos econômicos efetivos do parceiro privado ▷ Da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep
e da Contribuição para o Financiamento da Seguri-
decorrentes da redução do risco de crédito dos fi-
dade Social (Cofins).
nanciamentos utilizados pelo parceiro privado.
Essa parcela excluída deverá ser computada na determi-
▷ A realização de vistoria dos bens reversíveis, poden- nação do lucro líquido para fins de apuração do lucro real, da
do o parceiro público reter os pagamentos ao priva- base de cálculo da CSLL e da base de cálculo da Contribuição
do, no valor necessário para reparar as irregularida- para o PIS/Pasep e da Cofins, na proporção em que o custo
des eventualmente detectadas. para a realização de obras e aquisição de bens a que se refere
▷ O cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro o § 2º deste artigo for realizado, inclusive mediante deprecia-
privado das parcelas do aporte de recursos, na fase de ção ou extinção da concessão, nos termos do Art. 35 da Lei nº
investimentos do projeto e/ou após a disponibilização 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
Por ocasião da extinção do contrato, o parceiro privado Licitação
não receberá indenização pelas parcelas de investimentos vin-
De acordo com o Art. 10 da Lei 11.079/04, contratação de
culados a bens reversíveis ainda não amortizadas ou deprecia- parceria público-privada será precedida de licitação na moda-
das, quando tais investimentos houverem sido realizados com lidade de concorrência, estando a abertura do processo licita-
valores provenientes do aporte de recursos acima tratado. tório condicionada a:
A contraprestação da Administração Pública será obrigatoria- I. Autorização da autoridade competente, funda-
mente precedida da disponibilização do serviço objeto do contra- mentada em estudo técnico que demonstre:
to de parceria público-privada. a) A conveniência e a oportunidade da contratação,
É facultado à Administração Pública, nos termos do con- mediante identificação das razões que justifiquem
trato, efetuar o pagamento da contraprestação relativa a par- a opção pela forma de parceria público-privada.
cela fruível do serviço objeto do contrato de parceria público- b) Que as despesas criadas ou aumentadas não
-privada. afetarão as metas de resultados fiscais previstas
O aporte de recursos acima tratado, quando realizado du- no Anexo referido no § 1º do Art. 4º da Lei Com-
rante a fase dos investimentos a cargo do parceiro privado, de- plementar nº 101, de 4 de maio de 2000, devendo
verá guardar proporcionalidade com as etapas efetivamente seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes,
executadas. ser compensados pelo aumento permanente de
receita ou pela redução permanente de despesa.
Garantias c) Quando for o caso, conforme as normas edita-
As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração das na forma do Art. 25 desta Lei, a observância
dos limites e condições decorrentes da aplicação
Pública em contrato de parceria público-privada poderão ser
dos Arts. 29, 30 e 32 da Lei Complementar nº 101,
garantidas mediante: de 4 de maio de 2000, pelas obrigações contraí-
▷ Vinculação de receitas, observado o disposto no in- das pela Administração Pública relativas ao obje-
ciso IV do Art. 167 da Constituição Federal. to do contrato.
▷ Instituição ou utilização de fundos especiais previs- A comprovação referida nas alíneas b e c acima citadas
tos em lei. conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, ob-
▷ Contratação de seguro-garantia com as companhias servadas as normas gerais para consolidação das contas públi-
seguradoras que não sejam controladas pelo Poder cas, sem prejuízo do exame de compatibilidade das despesas
Público. com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretri-
zes orçamentárias.
▷ Garantia prestada por organismos internacionais ou
II. Elaboração de estimativa do impacto orçamentá-
instituições financeiras que não sejam controladas
Ş
ŝ#-ŝŦ
rio-financeiro nos exercícios em que deva vigorar o
pelo Poder Público.
contrato de parceria público-privada;
▷ Garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa III. Declaração do ordenador da despesa de que as
estatal criada para essa finalidade. obrigações contraídas pela Administração Pública
▷ Outros mecanismos admitidos em lei. no decorrer do contrato são compatíveis com a lei
de diretrizes orçamentárias e estão previstas na lei
Sociedade de Propósito Específico orçamentária anual;
Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída IV. Estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes
sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e para o cumprimento, durante a vigência do contrato
gerir o objeto da parceria. e por exercício financeiro, das obrigações contraídas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
muneração do parceiro privado for paga pela Administração ordem inversa da classificação das propostas escri-
Pública dependerão de autorização legislativa específica. tas, sendo vedado ao edital limitar a quantidade de
Os estudos de engenharia para a definição do valor do investi- propostas.
mento da PPP deverão ter nível de detalhamento de anteprojeto, ▷ O edital poderá restringir a apresentação de lances
e o valor dos investimentos para definição do preço de referência
em viva-voz aos licitantes cuja proposta escrita for no
para a licitação será calculado com base em preços de mercado
máximo 20% maior que o valor da melhor proposta.
considerando o custo global de obras semelhantes no Brasil ou no
exterior ou com base em sistemas de custos que utilizem como in- O exame de propostas técnicas, para fins de qualificação
sumo valores de mercado do setor específico do projeto, aferidos, ou julgamento, será feito por ato motivado, com base em exi-
em qualquer caso, mediante orçamento sintético, elaborado por gências, parâmetros e indicadores de resultado pertinentes
meio de metodologia expedita ou paramétrica. ao objeto, definidos com clareza e objetividade no edital. Este
O instrumento convocatório conterá minuta do contrato, poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e
indicará expressamente a submissão da licitação às normas da julgamento, hipótese em que:
Lei 11.079/2004 e observará, no que couber, os §§ 3º e 4º do I. Encerrada a fase de classificação das propostas ou
Art. 15, os Arts. 18, 19 e 21 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de o oferecimento de lances, será aberto o invólucro
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
forma definida em regulamento.
Ficam a União, seus fundos especiais, suas autarquias, ▷ Penhor de bens móveis ou de direitos integrantes do
suas fundações públicas e suas empresas estatais depen- patrimônio do FGP, sem transferência da posse da coi-
sa empenhada antes da execução da garantia.
dentes autorizadas a participar, no limite global de R$
6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais), em Fundo Ga- ▷ Hipoteca de bens imóveis do patrimônio do FGP.
rantidor de Parcerias Público-Privadas (FGP) que terá por ▷ Alienação fiduciária, permanecendo a posse direta dos
finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações bens com o FGP ou com agente fiduciário por ele con-
tratado antes da execução da garantia.
pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais, dis-
tritais, estaduais ou municipais em virtude das parcerias de ▷ Outros contratos que produzam efeito de garantia,
desde que não transfiram a titularidade ou posse
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
que trata a Lei nº 11.079/2004.
direta dos bens ao parceiro privado antes da exe-
O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio separa- cução da garantia.
do do patrimônio dos cotistas, e será sujeito a direitos e obri- ▷ Garantia, real ou pessoal, vinculada a um patrimônio
gações próprios. de afetação Constituído em decorrência da separa-
O patrimônio do Fundo será formado pelo aporte de bens ção de bens e direitos pertencentes ao FGP.
e direitos realizado pelos cotistas, por meio da integralização O FGP poderá prestar contra-garantias a seguradoras, ins-
de cotas e pelos rendimentos obtidos com sua administração. tituições financeiras e organismos internacionais que assegu-
Os bens e direitos transferidos ao Fundo serão avaliados rarem o cumprimento das obrigações pecuniárias dos cotistas
por empresa especializada, que deverá apresentar laudo fun- em contratos de parceria público-privadas.
damentado, com indicação dos critérios de avaliação adotados A quitação pelo parceiro público de cada parcela de débi-
e instruído com os documentos relativos aos bens julgados. to garantido pelo FGP importará exoneração proporcional da
A integralização das cotas poderá ser realizada em dinhei- garantia.
ro, títulos da dívida pública, bens imóveis dominicais, bens O FGP poderá prestar garantia mediante contratação de
móveis, inclusive ações de sociedade de economia mista fede- instrumentos disponíveis em mercado, inclusive para comple-
ral excedentes ao necessário para manutenção de seu controle mentação das modalidades acima previstas. 327
pela União, ou outros direitos com valor patrimonial. O parceiro privado poderá acionar o FGP nos casos de:
▷ Crédito líquido e certo, constante de título exigível Disposições Finais
328 aceito e não pago pelo parceiro público após 15 dias
Fica a União autorizada a conceder incentivo, nos termos do
contados da data de vencimento; e
Programa de Incentivo à Implementação de Projetos de Interes-
▷ Débitos constantes de faturas emitidas e não aceitas se Social (PIPS), instituído pela Lei nº 10.735, de 11 de setembro
pelo parceiro público após 45 (quarenta e cinco) dias
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
fatura rejeitada e sobre os motivos da rejeição no prazo de 40 devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural,
(quarenta) dias contado da data de vencimento. mediante registro em sistema centralizado de liquida-
ção e de custódia autorizado pelo Banco Central do
A ausência de aceite ou rejeição expressa de fatura por
Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, con-
parte do parceiro público no prazo de 40 (quarenta) dias
forme definido pelo Ministério da Fazenda.
contado da data de vencimento implicará aceitação tácita. O
agente público que contribuir por ação ou omissão para essa As operações de crédito efetuadas por empresas públicas ou
aceitação tácita ou que rejeitar fatura sem motivação será res- sociedades de economia mista controladas pela União não pode-
ponsabilizado pelos danos que causar, em conformidade com rão exceder a 70% do total das fontes de recursos financeiros da
sociedade de propósito específico, sendo que para as áreas das
a legislação civil, administrativa e penal em vigor.
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o Índice de Desen-
O FGP não pagará rendimentos a seus cotistas, asseguran- volvimento Humano (IDH) seja inferior à média nacional, essa par-
do-se a qualquer deles o direito de requerer o resgate total ou ticipação não poderá exceder a 80%.
parcial de suas cotas, correspondente ao patrimônio ainda não Não poderão exceder a 80% do total das fontes de recur-
utilizado para a concessão de garantias, fazendo-se a liquida- sos financeiros da sociedade de propósito específico ou 90%
ção com base na situação patrimonial do Fundo. nas áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o
A dissolução do FGP, deliberada pela assembleia dos co- IDH seja inferior à média nacional, as operações de crédito ou
tistas, ficará condicionada à prévia quitação da totalidade dos contribuições de capital realizadas cumulativamente por:
débitos garantidos ou liberação das garantias pelos credores. ▷ Entidades fechadas de previdência complementar.
Dissolvido o FGP, o seu patrimônio será rateado entre os ▷ Empresas públicas ou sociedades de economia mis-
cotistas, com base na situação patrimonial à data da dissolu- ta controladas pela União.
ção. Para esses fins, financeiros as operações de crédito e con-
É facultada a constituição de patrimônio de afetação que tribuições de capital à sociedade entende-se por fonte de re-
não se comunicará com o restante da herança do FGP, ficando cursos de propósito específico.
vinculado exclusivamente à garantia em virtude da qual tiver A União não poderá conceder garantia ou realizar transfe-
sido constituído, não podendo ser objeto de penhora, arresto, rência voluntária aos Estados, Distrito Federal e Municípios se a
sequestro, busca e apreensão ou qualquer ato de constrição soma das despesas de caráter continuado, derivadas do conjun-
judicial decorrente de outras obrigações do FGP. to das parcerias já contratadas por esses entes, tiver excedido,
A constituição do patrimônio de afetação será feita por no ano anterior, a 5% da receita corrente líquida do exercício ou
registro em Cartório de Registro de Títulos e Documentos ou, se as despesas anuais dos contratos vigentes nos 10 anos sub-
no caso de bem imóvel, no Cartório de Registro Imobiliário sequentes excederem a 5% da receita corrente líquida projetada
correspondente. para os respectivos exercícios.
A União somente poderá contratar parceria público-pri- Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que contra-
vada quando a soma das despesas de caráter continuado tarem empreendimentos por intermédio de parcerias público-
derivadas do conjunto das parcerias já contratadas não tiver -privadas deverão encaminhar ao Senado Federal e à Secretaria
excedido, no ano anterior, a 1% da receita corrente líquida do do Tesouro Nacional, previamente à contratação, as informações
exercício, e as despesas anuais dos contratos vigentes, nos 10 necessárias para cumprimento dessa determinação.
anos subsequentes, não excedam a 1% da receita corrente lí- Na aplicação do limite previsto no caput deste artigo, serão
quida projetada para os respectivos exercícios. computadas as despesas derivadas de contratos de parceria ce-
lebrados pela administração pública direta, autarquias, fundações Controle Externo
públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e É exercido por um poder sobre os atos administrativos de
demais entidades controladas, direta ou indiretamente, pelo res- outro poder.
pectivo ente, excluídas as instituições estatais não dependentes. A exemplo, temos o controle judicial dos atos administra-
Serão aplicáveis, no que couber, as penalidades previstas no tivos, que analisa aspectos de legalidade dos atos da Adminis-
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; tração Pública dos demais poderes; ou o controle legislativo
na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 – Lei de Improbidade realizado pelo poder legislativo, nos atos da Administração
Administrativa; na Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000 - Lei Pública dos outros poderes.
dos Crimes Fiscais; no Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de Controle Popular
1967; e na Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, sem prejuízo das É o controle exercido pelos administrados na atuação da
penalidades financeiras previstas contratualmente. Administração Pública dos três poderes, seja por meio da ação
popular, do direito de petição ou de outros.
10. Controle da Administração Pública É importante lembrar que os atos administrativos devem
ser publicados, salvo os sigilosos. Todavia, uma outra finali-
É um conjunto de instrumentos que o ordenamento jurí- dade da publicidade dos atos administrativos é o desenvolvi-
dico estabelece a fim de que a própria administração Pública, mento do controle social da Administração Pública9.
os três poderes, e, ainda, o povo, diretamente ou por meio de
órgãos especializados, possam exercer o poder de fiscalização, Quanto ao Momento de Exercício
orientação e revisão da atuação de todos os órgãos, entidades Controle Prévio
e agentes públicos, em todas as esferas do poder.
É exercido antes da prática ou antes da conclusão do ato
Classificação administrativo.
Finalidade:
Quanto à Origem É um requisito de validade do ato administrativo.
Ex.: A aprovação do Senado Federal da escolha de ministros
Controle Interno do STF ou de dirigente de uma agência reguladora federal.
Acontece dentro do próprio poder, decorrente do prin- Em tais situações, a referida aprovação antecede a nomea-
cípio da autotutela. ção de tais agentes.
Finalidade: Controle Concomitante
Art. 74, CF. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá- É exercido durante a prática do ato.
rio manterão, de forma integrada, sistema de controle
Finalidade:
interno com a finalidade de:
Possibilitar a aferição do cumprimento das formalidades exi-
Ş
ŝ#-ŝŦ
I. Avaliar o cumprimento das metas previstas no
gidas para a formação do ato administrativo.
plano plurianual, a execução dos programas de go-
verno e dos orçamentos da União; Ex.: Fiscalização da execução de um contrato adminis-
trativo; acompanhamento de uma licitação pelos órgãos
II. Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, de controle.
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades Controle Subsequente/Corretivo/Posterior
da administração federal, bem como da aplicação de É exercido após a conclusão do ato.
recursos públicos por entidades de direito privado; Finalidade:
III. Exercer o controle das operações de crédito, ▷ Correção dos defeitos sanáveis do ato;
avais e garantias, bem como dos direitos e haveres ▷ Declaração de nulidade do ato;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
da União; Revogação do ato discricionário legal inconveniente
IV. Apoiar o controle externo no exercício de sua e inoportuno.
missão institucional. Cassação do ato pelo descumprimento dos requisi-
§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem tos que são exigidos para a sua manutenção.
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, Conferir eficácia ao ato.
dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
Ex.: Homologação de um concurso público.
pena de responsabilidade solidária.
Exs.: 9 Lei de Acesso à Informação Pública - Lei nº 12.527/Art. 3º. Os procedimentos
Pode ser exercido no âmbito hierárquico ou por órgãos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à
informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos
especializados (sem hierarquia); da Administração Pública e com as seguintes diretrizes:
O controle finalístico (controvérsia doutrinária, alguns I. observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;
autores falam que é modalidade de controle externo); II. divulgação de informações de interesse público, independentemente de solic-
A fiscalização realizada por um órgão da Administração itações;
Pública do Legislativo sobre a atuação dela própria; III. utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação;
O controle realizado pela Administração Pública do poder IV. fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na Administração
judiciário nos atos administrativos praticados pela pró- Pública; 329
pria Administração Pública desse poder. V. desenvolvimento do controle social da Administração Pública.
Quanto ao Aspecto Controlado Mesmo quando o defeito admite convalidação, a adminis-
330 tração pública tem a possibilidade de anular, pois a regra é a
Controle de Legalidade anulação e a convalidação uma faculdade disponível ao agente
Sua finalidade é verificar se o ato foi praticado em con- público em hipóteses excepcionais.
formidade com o ordenamento jurídico, e, por esse, enten- Convalidação Tácita:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
demos que o ato tem que ser praticado de acordo com as leis O Art. 54 da Lei nº 9.784 prevê que a administração
e também com os princípios fundamentais da administração tem o direito de anular os atos administrativos de que de-
pública. corram efeitos favoráveis; para os destinatários, decai em
Lei deve ser entendida, nessa situação, em sentido amplo, cinco anos, contados da data em que forem praticados,
ou seja, a Constituição Federal, as leis ordinárias, complemen- salvo comprovada má-fé. Transcorrido esse prazo, o ato foi
tares, delegadas, medidas provisórias e as normas infralegais. convalidado, pois não pode ser mais anulado pela adminis-
Exercício: tração.
Própria Administração Pública: pode realizar o controle Convalidação Expressa:
de legalidade a pedido ou de ofício. Em decorrência do princí- Art. 55, Lei nº 9.784/99. Em decisão na qual se evi-
pio da autotutela, é espécie de controle interno. dencie não acarretar lesão ao interesse público nem
Poder Judiciário: no exercício da função jurisdicional, prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos
pode exercer o controle de legalidade somente por provoca- sanáveis poderão ser convalidados pela própria Admi-
ção. Nesse caso, é uma espécie de inspeção externo. nistração.
Poder Legislativo: somente pode exercer controle de le- O prazo que a Administração Pública tem para convalidar
um ato é o mesmo que ela tem para anular, ou seja, cinco anos
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
ção Direta e a Indireta. sões do poder executivo.
O controle administrativo é um controle permanente, pois Ex.: Quando o Senado tem que aprovar o ato do Pre-
acontece antes, durante e depois da prática do ato; também é sidente da República, que nomeia um dirigente de uma
irrestrito, pois como já foi dito, analisa aspectos de legalidade agência reguladora.
e de mérito. Efeitos:
Ainda é importante apontar que o controle administrativo
Não acarreta revogação do ato, pois esse ainda não conclui
pode acontecer de ofício ou a pedido do administrado.
o seu processo de formação enquanto não for aprovado pelo
Quando interessado em provocar a atuação da Adminis-
poder legislativo, ou seja, tal ato não gera efeitos até a aprova-
tração Pública, o administrado pode se valer da reclamação
ção, por isso, não há o que se falar em revogação.
administrativa, que é uma expressão genérica para englobar
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
um conjunto de instrumentos, tais como o direito de petição, a Controle Exercido pelo Congresso Nacional
representação, a denúncia, o recurso, o pedido de reconside- A competência exclusiva do Congresso Nacional vem des-
ração, a revisão, dentre outros meios. crita no Art. 40 da Constituição Federal:
O meio utilizado pela Administração Pública para proces- V. Sustar os atos normativos do Poder Executivo
sar o pedido do interessado é o processo administrativo, que, que exorbitem do poder regulamentar ou dos limi-
na esfera federal, é regulado pela Lei nº 9.784/99. tes de delegação legislativa;
Controle Legislativo Tal situação acontece quando, no exercício do poder regu-
lamentar, o presidente da república edite um decreto para com-
É a fiscalização realizada pelo Poder Legislativo, na sua plementar determinada lei e, nesse decreto, ele venha a inovar o
função típica de fiscalizar, na atuação da Administração Públi- ordenamento jurídico, ultrapassando os limites da lei. Todavia, a
ca dos três poderes. sustação do ato normativo pelo Congresso Nacional não invalida
Quando exercido na atuação administrativa dos outros todo o decreto mas somente o trecho dele que esteja exorbitan-
poderes, é espécie de controle externo; quando realizado na do do exercício do poder regulamentar.
Administração Pública do próprio poder legislativo, é espécie IX. Julgar anualmente as contas prestadas pelo
de controle interno. Presidente da República e apreciar os relatórios
331
11 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO Vicente. Direito Administrativo Descomplica- sobre a execução dos planos de governo;
do. 19ª edição. São Paulo - 2011.
X. Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual- XI. Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sis-
332 quer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, tema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
incluídos os da administração indireta; componentes, e o desempenho das administrações
tributárias da União, dos Estados e do Distrito Fe-
Controle Exercido Privativamen-
deral e dos Municípios.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
I. Apreciar as contas prestadas anualmente pelo § 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação
Presidente da República, mediante parecer prévio de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
que deverá ser elaborado em sessenta dias a con- § 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
tar de seu recebimento; trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
II. Julgar as contas dos administradores e demais
• Pontos relevantes:
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos
da administração direta e indireta, incluídas as fun- A partir dessas regras, analisaremos alguns aspectos rele-
dações e sociedades instituídas e mantidas pelo Po- vantes referentes ao controle da Administração Pública quan-
do feito pelos tribunais de contas, nas suas respectivas áreas
der Público federal, e as contas daqueles que derem
de competências:
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
resulte prejuízo ao erário público; Apreciação e julgamento das contas públicas
III. Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos O TCU tem a competência de apreciar e julgar as contas
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na dos administradores públicos.
administração direta e indireta, incluídas as fun- Contas do Presidente da República são somente apre-
dações instituídas e mantidas pelo Poder Público, ciadas mediante parecer prévio do tribunal de contas, a
excetuadas as nomeações para cargo de provimen- competência para julgá-las é do Congresso Nacional.
to em comissão, bem como a das concessões de O julgamento das contas feito pelo TCU não depende de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas homologação ou parecer do Poder Legislativo, pois, lembran-
as melhorias posteriores que não alterem o funda- do, os Tribunais de Contas não são subordinados ao Poder
mento legal do ato concessório; Legislativo.
IV. Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Julgamento das Contas do Próprio Tribunal de Contas
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técni- Como a Constituição Federal não se preocupou em estabe-
ca ou de inquérito, inspeções e auditorias de natu- lecer quem é que detém a competência para julgar as contas
reza contábil, financeira, orçamentária, operacional dos Tribunais de Contas, o STF entendeu que podem as Cons-
e patrimonial, nas unidades administrativas dos tituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais submeterem as
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e de- contas dos Tribunais de Contas a julgamentos das suas respec- 333
mais entidades referidas no inciso II; tivas casas legislativas.
334
Controle dos Atos Administrativos
O TCU tem o poder de sustar a execução do ato e, nesse
11. Responsabilidade Civil do Estado
caso, deve dar ciência dessa decisão à Câmara dos Deputados A responsabilidade civil consubstancia-se na obrigação de
e ao Senado Federal. indenizar um dano patrimonial decorrente de um fato lesivo
voluntário. É modalidade de obrigação extracontratual e,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
A Teoria do Risco Integral representa uma exacerbação da ▷ Culpa exclusiva da vítima.
responsabilidade civil da Administração. Segundo essa teoria, ▷ Força Maior.
basta a existência de evento danoso e do nexo causal para que ▷ Culpa concorrente da vítima.
surja a obrigação de indenizar para a administração, mesmo Valor da Indenização destina-se à cobertura das seguin-
que o dano decorra de culpa exclusiva do particular. tes despesas:
Alguns autores consideram essa teoria para o caso de aci- ▷ O que a vítima perdeu;
dente nuclear.
▷ O que a vítima gastou (advogados);
Danos Decorrentes de Obras Públicas ▷ O que a vítima deixou de ganhar.
Em caso de morte:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Só Fato da Obra: sem qualquer irregularidade na sua exe-
▷ Sepultamento;
cução.
▷ Pensão alimentícia para os dependentes com base
Responsabilidade Civil Objetiva da Administração Públi- na expectativa de vida da vítima.
ca ou particular (tanto faz quem execute a obra).
Prescrição:
Má Execução da Obra
Art. 1º da Lei nº 9.494/97: 5 anos.
▷ Administração Pública: Responsabilidade Civil Objeti-
va, com direito de ação regressiva. Tal prazo aplica-se inclusive às delegatárias de serviço pú-
▷ Particular: Responsabilidade Civil Subjetiva. blico.
Ş
ŝ#-ŝŦ
à interposição de recursos, nos processos de que
possam resultar sanções e nas situações de litígio Início do Processo e Legitimação Ativa
(ampla defesa e contraditório); O Art. 5º da Lei nº 9.784/99 traz que o processo pode ser
XI. Proibição de cobrança de despesas processuais, iniciado pela própria Administração Pública (de ofício) – de-
ressalvadas as previstas em lei (gratuidade nos pro- corrência do princípio da oficialidade, ou ainda mediante pro-
cessos administrativos); vocação do interessado por meio de representação aos órgãos
XII. Impulsão, de ofício, do processo administrativo, públicos responsáveis (a pedido).
sem prejuízo da atuação dos interessados (oficiali- O Art. 6º determina que caso faltem elementos essenciais
dade); ao pedido, a Administração deverá orientar o interessado a su- NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
pri-los, sendo vedada a simples recusa imotivada de receber o
XIII. Interpretação da norma administrativa da for-
requerimento ou outros documentos. Segue o teor dos artigos:
ma que melhor garanta o atendimento do fim pú-
blico a que se dirige, vedada aplicação retroativa de Art. 5º. O processo administrativo pode iniciar-se de
nova interpretação (Segurança Jurídica). ofício ou a pedido de interessado.
Art. 6º. O requerimento inicial do interessado, salvo casos
Direitos e Deveres dos Administrados em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado
por escrito e conter os seguintes dados:
O Art. 3º da Lei nº 9.784/99 trata de uma lista exemplifica-
I. Órgão ou autoridade administrativa a que se di-
tiva de direitos dos administrados para com a Administração rige;
Pública. É muito importante frisar o inciso IV que discorre so- II. Identificação do interessado ou de quem o re-
bre a presença do advogado no processo administrativo. presente;
Art. 3º. O administrado tem os seguintes direitos pe- III. Domicílio do requerente ou local para recebi-
rante à Administração, sem prejuízo de outros que lhe mento de comunicações;
sejam assegurados: IV. Formulação do pedido, com exposição dos fatos
I. Ser tratado com respeito pelas autoridades e e de seus fundamentos;
servidores, que deverão facilitar o exercício de seus V. Data e assinatura do requerente ou de seu re- 337
direitos e o cumprimento de suas obrigações; presentante.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa III. Esteja litigando judicial ou administrativamente
338 imotivada de recebimento de documentos, devendo o com o interessado ou respectivo cônjuge ou com-
servidor orientar o interessado quanto ao suprimento panheiro.
de eventuais falhas. O Art. 20 determina que pode ser arguida suspeição de
Art. 7º. Os órgãos e entidades administrativas deverão autoridade ou servidor que tenha amizade ou inimizade no-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
elaborar modelos ou formulários padronizados para tória com algum interessado ou com os respectivos cônjuges,
assuntos que importem pretensões equivalentes. companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
Art. 8º. Quando os pedidos de uma pluralidade de in-
teressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
Da Forma, Tempo e Lugar
poderão ser formulados em um único requerimento, dos Atos do Processo
salvo preceito legal em contrário. O Art. 22 tem como fundamento o princípio do informalis-
Dos Interessados e da Competência mo e prevê o seguinte:
Art. 22. Os atos do processo administrativo não de-
O Art. 9º trata dos interessados no processo administrati-
pendem de forma determinada, senão, quando a lei
vo. Na maioria das vezes, as questões cobradas em concursos
expressamente a exigir.
são meramente texto de lei, em que uma simples leitura resol-
ve o problema. § 1º - Os atos do processo devem ser produzidos por es-
crito, em vernáculo, com a data e o local de sua realiza-
Dessa forma, passamos a transcrever o texto legal:
ção e a assinatura da autoridade responsável.
Art. 9º. São legitimados como interessados no proces- § 2º - Salvo imposição legal, o reconhecimento de fir-
so administrativo:
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
III. Por quem não seja legitimado; Observação:
IV. Após exaurida a esfera administrativa. ▷ Salvo norma especial ou comprovada necessidade
O Art. 64 confere amplos poderes aos órgãos incumbidos da de maior prazo.
decisão administrativa, em que o setor competente para decidir Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
o recurso, poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo
ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua máximo de quinze dias, salvo norma especial ou com-
competência. Aqui é possível, inclusive, a reforma em prejuízo provada necessidade de maior prazo.
do recorrente, chamada reformatio in pejus. Direito de Manifestação – Da Instrução
O Art. 65 focaliza os processos administrativos de que re-
Quantidade de dias: 10 dias.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
sultem sanções, que poderão ser revistos, a qualquer tempo, a
pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circuns- Observação:
tâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da ▷ Salvo se outro prazo for legalmente fixado.
sanção aplicada. Devemos nos atentar, pois o Parágrafo Único Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o di-
prevê que da revisão do processo não poderá resultar agrava- reito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias,
mento da sanção. salvo se outro prazo for legalmente fixado.
Assim, é fácil notar que o legislador determinou regra Prazo de decidir
distinta para o recurso administrativo e a revisão do proces- Quantidade de dias: 30 dias.
so. Esse recurso, é possível o agravamento da penalidade pela
autoridade julgadora (chamada reformatio in pejus), contudo, Observações:
isso não acontece na revisão do processo. ▷ Pode ser prorrogado por igual período se expressa-
mente motivada.
Prazos da Lei nº 9.784/99 ▷ O prazo total pode ser até de 60 dias.
A lei possui muitos prazos, dessa forma, sintetizaremos, Art. 49. Concluída a instrução de processo adminis-
em um único tópico, todos eles para melhor entendimento e, trativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias
consequentemente, para acertar as questões nas provas de para decidir, salvo prorrogação por igual período ex- 339
concursos públicos: pressamente motivada.
Prazo para Reconsiderar Prazo de recon-
5 dias
340 Quantidade de dias: cinco dias. siderar
Art. 56, § 1º - O recurso será dirigido à autoridade que Recurso Admin- Se não existir disposição legal
10 dias
proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no pra- istrativo específica, o prazo será de 10 dias.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
zo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. Se a lei não fixar prazo diferente, o
Recurso Administrativo Prazo de decidir prazo será de 30 dias;
30 dias
RA O prazo total pode ser de até 60
Quantidade de dias: 10 dias.
dias, ante justificativa explícita.
Observação:
Alegações Finais 5 dias úteis
▷ Se não existir disposição legal específica, o prazo
será de 10 dias. Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos
o prazo para interposição de recurso administrativo, administrados que dele participem devem ser pratica-
contado a partir da ciência ou divulgação oficial da de- dos no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
cisão recorrida. Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode
ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justi-
Prazo de Decidir Recurso Administrativo ficação.
Quantidade de dias: 30 dias. Art. 26, § 2º - A intimação observará a antecedência
Observações: mínima de três dias úteis quanto à data de compare-
▷ Se a lei não fixar prazo diferente, o prazo será de 30 dias. cimento.
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
podem adquirir estabilidade no serviço público. prática, por falta de verbas, jamais foi efetivamente instalado.
Cargo em comissão e função de confiança: não estão Nessa situação a nomeação de candidatos que iriam receber,
sujeitos ao estágio probatório, mas jamais adquirem estabi- mas não iriam sequer trabalhar pela inexistência física do ór-
lidade. Tratam-se de atribuições de chefia, direção ou asses- gão, violaria o princípio supracitado.
soramento. Assim, no que se refere aos aprovados dentro das vagas:
Cargo em comissão: é de livre nomeação e exoneração (ad Regra: Direito subjetivo à nomeação;
nutum), isto é, a autoridade escolhe livremente e pode exonerar
independente de motivo. Podem ser preenchidos tanto por par- Exceção: Não tem direito à nomeação (ocorrendo situa-
ticulares como por servidores (mas um percentual mínimo de ções expecionais). NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
servidores de carreira deve ser observado, de acordo com a CF). Reserva de Vagas para Deficiente
Função de confiança: é de livre designação e dispensa. Nos termos da Lei nº 8.112/90, é assegurado o direito de se
Apenas servidores efetivos podem ser designados. inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas
atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são
Do Provimento portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% das
vagas oferecidas no concurso.
Concurso Público A Lei nº 8.112/90 não estabeleceu um patamar mínimo,
Regras Gerais mas a legislação específica diz que é de 5%. Neste caso, se o
edital prever quatro vagas, não haverá nenhuma para porta-
O concurso será de provas ou de provas e títulos, podendo
dores de deficiência, pois a reserva dessa caracterizaria 25%
ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o
do total, o que extrapola o limite estabelecido.
regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a
inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, Reserva de Vagas para Negros
quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóte- A Lei nº 12.990/2014 reserva aos negros 20% das vagas ofere-
ses de isenção nele expressamente previstas. cidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos
Os cargos públicos de provimento efetivo serão necessa- e empregos públicos no âmbito da administração pública federal,
riamente preenchidos mediante prévia aprovação em concur- das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e 341
so público. das sociedades de economia mista controladas pela União.
Requisitos para Investidura Esses prazos (para tomar posse e entrar em exercício) são
342 Requisitos básicos para investidura em cargo público: declináveis, isto é, não é necessário aguardar o último dia, pode
▷ Nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado). tomar posse em um dia após a nomeação e já entrar em exercí-
▷ Gozo dos direitos políticos. cio no dia seguinte.
▷ Quitação com as obrigações militares e eleitorais. Regras referentes à posse:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
▷ Nível de escolaridade exigido para o exercício do ▷ Pode ser dada mediante procuração específica.
cargo. ▷ Existe posse apenas nos casos de provimento de
▷ Idade mínima de dezoito anos. cargo por nomeação (única forma de provimento
▷ Aptidão física e mental. originária).
Esses são os requisitos básicos. As atribuições do cargo ▷ Apresenta declaração de bens e valores, bem como
podem justificar a exigência de outros, mas eles devem estar de estar ou não em exercício de outro cargo, empre-
go ou função pública.
estabelecidos em lei.
▷ Depende de prévia inspeção médica oficial (só pode ser
A Súmula 683 do STF diz que:
empossado se for julgado apto física e mentalmente para
O limite de idade para inscrição em concurso públi- o exercício do cargo).
co só se legitima em face do Art. 7º, XXX, da Cons-
À autoridade responsável do órgão ou entidade para
tituição Federal quando possa ser justificado pela
natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe
exercício.
Da Posse e do Exercício O início da atividade de função de confiança coincidirá
Ş
ŝ#-ŝŦ
Posse: dada com a assinatura do respectivo termo (na com a data de publicação do ato de designação, salvo quando
posse é que ocorre a investidura). o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro
Nesse termo constarão as atribuições, os deveres, as res- motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após
ponsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta
não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das dias da divulgação.
partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercício
Exercício: efetivo desempenho das atribuições do cargo serão registrados no assentamento individual do servidor.
público ou da função de confiança.
Ao entrar em exercício, o mais novo concursado apresen-
A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publi- tará ao órgão competente os elementos necessários ao seu
cação do ato de provimento. É de quinze dias o tempo para o
assentamento individual.
servidor empossado em cargo público entrar em exercício, con-
tados da data da posse. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que é
Publicação do ato de provimento (nomeação) ՜ 30 dias contado no novo posicionamento na carreira a partir da data
՜ POSSE ՜ 15 dias ՜ Exercício. de publicação do ato que promover o servidor.
▷ Não tomar posse: o ato de provimento é tornado Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em
sem efeito. razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, res-
▷ Não entrar em exercício: O servidor será EXONE- peitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta
RADO (cargo) ou o ato de designação tornado sem horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas
efeito (função de confiança). e oito diárias, respectivamente (pode haver disposição de jor-
No caso de posse, em se tratando de servidor, que esteja na nada diversa em leis especiais).
data de publicação do ato de provimento, em licença prevista Jornada do servidor (limites)
nos incisos I, III e V do Art. 81, ou afastado nas hipóteses dos ▷ Semanal - 40 horas
incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do Art. ▷ Diária - mínimo seis horas e máximo oito.
102, o prazo será contado do término do impedimento. O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança
Nessa situação, se a pessoa já for servidor e estiver go- submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, obser-
zando de determinadas licenças ou afastamentos, o tempo vado o disposto no Art. 120 (regras de afastamento ou não do
para tomar posse será iniciado após o término desse impe- cargo efetivo para exercício do cargo em comissão), podendo
dimento.
ser convocado sempre que houver interesse da Administração.
O servidor que deva ter exercício em outro município em
razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido Estabilidade e Estágio Probatório
ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no O Art. 20 da Lei nº 8.112/90 diz que ao entrar em exercício,
máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará
para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do
sujeito a estágio probatório por período de 24 meses, durante
cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslo-
camento para a nova sede. o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação
O servidor pode (facultado) declinar desses prazos se esti- para o desempenho do cargo [...].
ver em licença ou afastado legalmente, esse período conta do Entretanto, de acordo com o Art. 41 da CF o prazo para
término do impedimento. aquisição da estabilidade é de três anos, sendo esse também
o entendimento aplicado nas provas para o prazo do estágio ▷ Sentença judicial transitada em julgado.
probatório (isso está pacificado inclusive pela jurisprudência ▷ Processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
do STJ). assegurada ampla defesa.
Tanto o prazo para o estágio probatório, como o pe- Já a Constituição Federal estabelece as seguintes hipóte-
ríodo para adquirir estabilidade, é de três anos de efetivo ses de perda do cargo pelo servidor estável:
exercício. ▷ Sentença judicial transitada em julgado.
A estabilidade é dada no serviço público, após esse prazo e ▷ Processo administrativo em que lhe seja assegurada
preenchido os requisitos, o servidor torna-se estável no servi- ampla defesa.
ço público naquela esfera (feita apenas uma vez nessa esfera). ▷ Procedimento de avaliação periódica de desem-
Para que seja adquirida, é necessária a aprovação em estágio penho, na forma de lei complementar, assegurada
probatório. Este diz respeito ao cargo. A cada nova função ele ampla defesa.
deve ser cumprido, independente de o servidor já ser estável ▷ Excesso de despesas com pessoal (Art. 169, §4º).
ou não.
Na Lei nº 8.112/90 a avaliação de desempenho (estágio 13. 1. Provimento e Vacância
probatório) observará os seguinte fatores:
▷ Assiduidade.
Provimento
▷ Disciplina. Provimento é o modo pelo qual um cargo público é preen-
▷ Capacidade de iniciativa. chido. Essas formas, assim como as de vacância, configuram um
▷ Produtividade. rol taxativo, isto é, existem apenas essas hipóteses expressa-
mente previstas em lei.
▷ Responsabilidade.
São Formas de provimento de cargo público (sete hipóte-
Quatro meses antes de findo o período do estágio ses - rol taxativo):
probatório, será submetida à homologação da autoridade ▷ Nomeação (única originária, as outras modalidades são
competente a avaliação do desempenho do servidor, rea- formas derivadas de provimento – ou secundárias).
lizada por comissão constituída para essa finalidade, de ▷ Promoção (forma híbrida - é também forma de va-
acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da res- cância).
pectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de ▷ Readaptação (forma híbrida – é também forma de
apuração dos fatores acima citados. vacância).
O servidor não habilitado em estágio probatório será exo- ▷ Reversão.
Ş
ŝ#-ŝŦ
nerado desse cargo (e não demitido). ▷ Aproveitamento.
O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer ▷ Reintegração.
cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ▷ Recondução.
ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente
poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos
Nomeação
de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Gru- Trata-se da única forma originária de provimento de cargo
po-Direção e Assessoramento Superiores (DAS), de níveis 6, 5 e 4, público, sendo feita:
ou equivalentes. Em caráter efetivo o quando se tratar de cargo isolado
Licenças e afastamentos permitidos: de provimento efetivo ou de carreira.
Licenças Em comissão (inclusive na condição de interino) o para car-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
A exoneração não é forma de punição, trata-se apenas do
e não poderá ser eventualmente reconduzido).
desligamento do servidor por algum dos motivos previstos em
lei. Ela pode ser feita: A Constituição Federal dispõe ser vedada (proibida) a
acumulação remunerada de cargos públicos. Entretanto, caso
▷ A pedido do servidor. haja compatibilidade de horários, as seguintes hipóteses de
▷ De ofício (pela própria administração). acumulação são permitidas (mas deve ser observado o teto
A exoneração de ofício será feita: remuneratório):
▷ Quando não satisfeitas as condições do estágio pro- ▷ Dois cargos de professor.
batório. ▷ Um cargo de professor com outro técnico ou científico.
▷ Quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar ▷ Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
em exercício no prazo estabelecido (15 dias). nais de saúde, com profissões regulamentadas.
▷ Cargos em comissão. Essa proibição de acumular estende-se a empregos e fun-
Essas hipóteses de exoneração de ofício, previstas na Lei ções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, so-
nº 8.112/90, são direcionadas para o servidor não estável. En- ciedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades
tretanto, a Constituição Federal prevê algumas situações de controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.
exoneração que alcançam o servidor estável:
▷ Mediante procedimento de avaliação periódica de 13. 2. Formas de Deslocamento
desempenho, na forma de lei complementar e ga- Tanto a remoção, quanto a redistribuição, não são formas de
rantida a ampla defesa (Art. 41, § 1º, III). provimento e também não geram vacância.
▷ Corte de despesas com excesso de pessoal (Art.
169, § 3º). Remoção
A remoção é o deslocamento do servidor, no âmbito do
Falecimento mesmo quadro, para ter exercício em outra unidade (não exis-
Essa forma de vacância não enseja maiores explicações, pois te nenhuma alteração no seu vínculo funcional, ele apenas
com a morte do servidor, seu cargo será declarado vago e apto exercerá suas funções em outra unidade). A remoção pode ser 345
para ser provido por outra pessoa. dada com ou sem mudança de sede.
Remoção: Ela será feita com prévia apreciação do órgão central do
346 Dentro do mesmo quadro. SIPEC (Sistema de Pessoal Civil), com observância de alguns
preceitos:
Com ou sem mudança de sede.
▷ Interesse da administração.
Modalidades ▷ Equivalência de vencimentos.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A remoção pode ocorrer de ofício ou a pedido do servidor. ▷ Manutenção da essência das atribuições do cargo.
No caso de a pedido, temos aquela que é feita no interesse da ▷ Vinculação entre os graus de responsabilidade e
administração (ele apenas será removido se a administração complexidade das atividades.
achar conveniente e oportuno) e também hipóteses em que ▷ Mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habi-
a administração será obrigada a remover o servidor (indepen- litação profissional.
dente de interesse dela).
▷ Compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
Remoção de Ofício finalidades institucionais do órgão ou entidade.
A remoção de ofício é realizada no interesse da Adminis- A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de
tração e, a princípio, independe de aceitação do servidor (ele lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços,
será obrigado a deslocar-se para o local determinado). inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de
Essa é a única modalidade de remoção em que o servidor órgão ou entidade.
faz jus à ajuda de custo (espécie de indenização, estudada no
A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante
tópico de direitos e vantagens).
ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e enti-
A Pedido, a Critério da Adminis- dades da Administração Pública Federal envolvidos.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
cassada, terá o prazo de 60 dias para quitar (caso não pague
ria, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as nesse prazo, implicará sua inscrição em dívida ativa).
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não O vencimento, a remuneração e o provento não serão
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e
nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Vantagens
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio
dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po- Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as
der Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do seguintes vantagens: NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte Indenizações (não incorporam nunca).
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em Gratificações (pode incorporar - depende de lei).
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, Adicionais (pode incorporar - depende de lei).
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros
Defensores Públicos. acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idên-
tico fundamento.
Perda da Remuneração
O servidor perderá:
Indenizações
▷ A remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem São indenizações:
motivo justificado. ▷ Ajuda de custo.
▷ A parcela de remuneração diária, proporcional aos ▷ Diárias.
atrasos, ausências justificadas e saídas antecipa- ▷ Transporte.
das (mas admite-se a compensação de horário, até ▷ Auxílio-moradia.
o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabele- Os valores das indenizações, bem como as condições a se-
cida pela chefia imediata, não perdendo, nesse caso rem preenchidas para sua concessão serão estabelecidas em 347
a parcela). regulamento. A Lei 8.112/90 traz apenas as regras gerais.
Ajuda de Custo O servidor que receber diárias e não se afastar da sede
348 A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de (por qualquer motivo) fica obrigado a restituí--las integral-
instalação do servidor que, no interesse do serviço (remoção mente, no prazo de cinco dias.
de ofício), passar a ter exercício em nova sede, com mudan- Também caso ele retorne à sede em prazo inferior ao pre-
ça de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo visto para o seu afastamento, deverá restituir as diárias recebi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o das em excesso (também no prazo de cinco dias).
cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de
servidor, vier a ter exercício na mesma sede. Indenização de Transporte
Além desse valor, também correm por conta da adminis- Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que
tração as despesas de transporte do servidor e de sua família, realizar despesas com a utilização de meio próprio de loco-
compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais. moção para a execução de serviços externos, por força das
Ajuda de Custo: atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser em re-
▷ Deslocamento permanente no interesse do serviço. gulamento
▷ Com mudança de domicílio. Ex.: Oficiais de justiça que trabalham com o próprio
▷ Vedado o duplo pagamento da indenização. carro.
Se o servidor falecer na nova sede, será assegurada à fa- Auxílio-Moradia
mília dele ajuda de custo e transporte para a localidade de ori-
gem, dentro do prazo de um ano, contado do óbito. O auxílio-moradia é a indenização consistente no ressar-
Disposições sobre a ajuda de custo: cimento das despesas comprovadamente realizadas pelo ser-
▷ Calculada sobre a remuneração do servidor (não pode vidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem
exceder a importância correspondente a três meses). administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após
Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ Não será concedida ajuda de custo ao servidor que a comprovação da despesa pelo servidor.
se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de Ele é devido ao que tenha se mudado do local de residên-
mandato eletivo. cia para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do
▷ Será concedida ajuda de custo àquele que, não sen- Grupo-Direção e Assessoramento Superiores (DAS), níveis 4, 5
do servidor da União, for nomeado para cargo em e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalen-
comissão, com mudança de domicílio. tes (apenas para deslocamentos ocorridos após 30 de junho
▷ Não é devida nos casos de remoção a pedido (o ser- de 2006).
vidor tem direito apenas no caso de ter sido removi- Para concessão do auxílio-moradia, os seguintes requisi-
do de ofício, compulsoriamente). tos devem ser observados:
▷ O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de cus- ▷ Não exista imóvel funcional disponível para uso
to quando, injustificadamente, não se apresentar na pelo servidor (nem o cônjuge ou companheiro ocu-
nova sede no prazo de 30 dias. pe imóvel funcional).
Diárias ▷ O servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja
Enquanto a ajuda de custo é feita para o deslocamento ou tenha sido proprietário, promitente comprador,
permanente, as diárias são para as hipóteses de deslocamen- cessionário ou promitente cessionário de imóvel no
to temporário. Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipó-
Essa indenização é devida em caso de afastamento da tese de lote edificado sem averbação de construção,
sede, em caráter eventual ou transitório, para outro ponto do nos doze meses que antecederem a sua nomeação.
território nacional ou para o exterior (por exemplo, uma mis- ▷ Nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
são para transporte de detento para outra cidade). receba auxílio-moradia.
Nesse caso, o servidor fará jus a passagens e diárias destinadas ▷ O Município no qual assuma o cargo em comissão ou
a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, função de confiança não se enquadre nas hipóteses
alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regula- do Art. 58, § 3º, em relação ao local de residência ou
mento. A diária será concedida por dia de afastamento, sendo domicílio do servidor (mesma região ou limítrofes).
devida pela metade quando o deslocamento não exigir per-
noite fora da sede, ou quando a União custear, por meio diver- ▷ O servidor não tenha sido domiciliado ou tenha re-
so, as despesas extraordinárias cobertas por diárias. sidido no Município, nos últimos doze meses, onde
Ela é concedida por dia de afastamento (caso não haja for exercer o cargo em comissão ou função de con-
fiança, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta
pernoite, ela é devida pela metade).
dias dentro desse período.
Se o deslocamento constituir exigência permanente do car-
go, o servidor não fará jus a diárias. Também não terá direito ▷ O deslocamento não tenha sido por força de alte-
a diárias o que se deslocar dentro da mesma região metropo- ração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
litana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% do va-
municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de lor da função em comissão, atividade comissionada ou cargo
controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdi- de Ministro de Estado ocupado. Ele também não pode exceder
ção e competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros a 25% da remuneração do Ministro de Estado.
considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, Independentemente do valor do cargo em comissão ou
hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas para função comissionada, fica garantido a todos os que preenche-
os afastamentos dentro do território nacional. rem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00.
No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel II. A retribuição não poderá ser superior ao equiva-
funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o lente a 120 horas de trabalho anuais, salvo situação
auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês. de excepcionalidade, devidamente justificada e
previamente aprovada pela autoridade máxima do
Retribuições, Gratificações e Adicionais órgão ou entidade, que poderá autorizar o acrésci-
A Lei nº 8.112/90 traz algumas espécies dessas vantagens a mo de até 120 horas de trabalho anuais.
que fazem jus os servidores. Entretanto, esse rol não é taxativo, III. O valor máximo da hora trabalhada correspon-
existem outras modalidades de gratificações e adicionais previs- derá aos seguintes percentuais, incidentes sobre o
tas em leis específicas. maior vencimento básico da administração pública
Retribuição pelo Exercício de Função de Di- federal:
reção, Chefia e Assessoramento A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente
Recebido pelo exercício de uma função de direção, chefia será paga se essas atividades forem exercidas sem prejuízo
ou assessoramento (cargo em comissão ou função de confian- das atribuições do cargo de que o servidor for titular, devendo
ça). Essa remuneração será estabelecida em lei específica. ser objeto de compensação de carga horária quando desem-
penhadas durante a jornada de trabalho (compensadas até no
Gratificação Natalina prazo de um ano).
A gratificação natalina é o equivalente ao “13º salário” para os A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se
servidores públicos (o décimo terceiro salário é para os celetistas, incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer
na Lei nº 8.112/90 utilizamos o termo gratificação natalina). efeito e não poderá ser utilizada como base de cálculo para
Essa gratificação corresponde a 1/12 (um doze avos) da re- quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos
muneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por proventos da aposentadoria e das pensões.
mês de exercício no respectivo ano. A fração igual ou superior
a 15 dias é considerada como mês integral, para cálculo dessa Adicional de Insalubridade, Periculo-
gratificação. Ela é paga até o dia 20 do mês de dezembro. sidade ou Atividades Penosas
No caso de exoneração o servidor receberá a gratificação pro- Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais
porcionalmente aos meses de exercício (calculada sobre a remu- insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxi-
neração do mês da exoneração). cas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional
A gratificação natalina não será considerada para cálculo sobre o vencimento do cargo efetivo.
de qualquer vantagem pecuniária. Insalubridade: contato permanente com substâncias tóxi-
cas ou radioativas.
Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Periculosidade: atividade com risco de vida.
Essa gratificação é devida ao servidor que, em caráter
Ş
ŝ#-ŝŦ
eventual: Penosidade: atividades em zona de fronteira ou em locais
cujas condições de vida o justifiquem.
I. Atuar como instrutor em curso de formação, de
desenvolvimento ou de treinamento regularmente São adicionais de mesma natureza, dessa forma, não
instituído no âmbito da administração pública federal. pode receber mais de um ao mesmo tempo (o servidor
II. Participar de banca examinadora ou de comis- deve optar por um deles caso faça jus a mais de um).
são para exames orais, para análise curricular, para O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
correção de provas discursivas, para elaboração de cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que de-
questões de provas ou para julgamento de recursos ram causa a sua concessão.
intentados por candidatos. Haverá um controle permanente da atividade de servido- NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III. Participar da logística de preparação e de rea- res em operações ou locais considerados penosos, insalubres
lização de concurso público envolvendo atividades ou perigosos. A servidora gestante ou lactante será afastada,
de planejamento, coordenação, supervisão, exe- enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais
cução e avaliação de resultado, quando tais não previstos nestas hipóteses, exercendo suas atividades em local
estiverem incluídas entre as suas atribuições per- salubre e em serviço não penoso e não perigoso.
manentes. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de insalu-
IV. Participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar pro- bridade e de periculosidade, serão observadas as situações esta-
vas de exame vestibular ou de concurso público ou belecidas em legislação específica.
supervisionar essas atividades. O adicional de atividade penosa será devido aos servi-
2,2% (hipóteses I e II). dores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades
1,2% (III e IV). cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições
§ 2. Os critérios de concessão e os limites da gratifica- e limites fixados em regulamento.
ção de que trata este artigo serão fixados em regula- Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios
mento, observados os seguintes parâmetros: X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle per-
I. O valor da gratificação será calculado em horas, manente, de modo que as doses de radiação ionizante não ul-
observadas a natureza e a complexidade da ativi- trapassem o nível máximo previsto na legislação própria. Nesse 349
dade exercida. caso serão submetidos a exames médicos a cada seis meses.
Adicional por Serviço Extraordinário Interrupção das férias: apenas por motivo de calamidade
350 Esse adicional é devido quando o servidor trabalha além pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar
da sua jornada regular. Ele será remunerado com acréscimo ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela au-
de 50% em relação à hora normal do trabalho. toridade máxima do órgão ou entidade. Nesse caso, o restante
do período interrompido será gozado de uma só vez.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
Sem remuneração: durante o período que mediar três anos consecutivos.
entre a sua escolha em convenção partidária,
como candidato a cargo eletivo, e a véspera do re- Além da discricionariedade de sua concessão, essa licença
gistro de sua candidatura perante a Justiça Eleito- pode ser interrompida a qualquer tempo (no interesse do ser-
ral. Esse período não será computado como tempo viço ou a pedido do servidor).
de efetivo exercício. O período que o servidor gozar da licença para tratar de
Com remuneração: a partir do registro da candidatura interesses particulares não será considerado como tempo de
até o décimo dia seguinte ao da eleição. Entretanto, serviço para qualquer efeito.
esse período não poderá ultrapassar três meses (após Licença para tratar de interesses particulares:
esse prazo a licença não será mais remunerada). Esse
▷ Não pode estar no estágio probatório.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
segundo momento da licença será considerado como
tempo de serviço apenas para efeitos de aposentadoria ▷ Prazo: até três anos consecutivos.
e disponibilidade. ▷ Sem remuneração.
O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde ▷ Concedida no interesse da Administração.
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, ▷ Interrompida a qualquer momento.
chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele ▷ Não computada como tempo de exercício.
será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua
candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia se- Licença para o Desempenho
guinte ao do pleito. de Mandato Classista
Licença para Capacitação Essa licença é assegurada ao servidor, que não esteja em
estágio probatório, sem direito à remuneração, para que pos-
Ela entrou no lugar da antiga “licença-prêmio”, que foi ex-
tinta para os servidores regidos pela Lei nº 8.112/90. sa desempenhar mandato em confederação, federação, asso-
É devida a cada quinquênio de efetivo exercício, sendo ciação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo
que, o servidor poderá, no interesse da Administração (tra- da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão.
ta-se de um ato discricionário, a Administração opta pela sua Essa licença também pode ser concedida para participar 351
concessão ou não), afastar-se do exercício do cargo efetivo, de gerência ou administração em sociedade cooperativa cons-
tituída por servidores públicos para prestar serviços a seus produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou
352 membros. qualquer das enfermidades especificadas como graves, con-
A duração dessa licença é a mesma do mandado, admitin- tagiosas ou incuráveis.
do prorrogação em caso de reeleição. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas ou
funcionais será submetido a inspeção médica. Ele será sub-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O tempo de fruição dela é considerada como período de metido a exames médicos periódicos, nos termos e condições
efetivo exercício para todos os efeitos (exceto para promoção definidos em regulamento. Para esses fins, a União e suas en-
por merecimento). tidades autárquicas e fundacionais poderão:
Além do disposto em regulamento específico, devem ser ▷ Prestar os exames médicos periódicos diretamente
observados os seguintes limites, de acordo o número de asso- pelo órgão ou entidade a qual se encontra vinculado
ciados da entidade. o servidor.
▷ Até 5.000 associados : dois servidores. ▷ Celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou
parceria com os órgãos e entidades da administra-
▷ De 5001 a 30.000 associados : quatro servidores. ção direta, suas autarquias e fundações.
▷ Mais de 30.000 associados: oito servidores. ▷ Celebrar convênios com operadoras de plano de
Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos assistência à saúde, organizadas na modalidade de
para cargos de direção ou de representação nas referidas en- autogestão, que possuam autorização de funciona-
tidades, desde que cadastradas no órgão competente. mento do órgão regulador, na forma do Art. 230.
▷ Ou prestar os exames médicos periódicos mediante
Licença para Tratamento contrato administrativo, observado o disposto na Lei
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
tamentos: ser removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa
▷ Para servir a outro órgão ou entidade. daquela onde exerce o mandato.
▷ Para exercício de mandato eletivo.
▷ Para estudo ou missão no exterior.
Afastamento para Estudo
▷ Para participação em programa de pós-graduação ou Missão no Exterior
stricto sensu no país. A concessão desse afastamento, para estudo ou missão
oficial, somente será feita com autorização do Presidente da
Afastamento para Servir a República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Pre-
Outro Órgão ou Entidade sidente do Supremo Tribunal Federal. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro Essas disposições não se aplicam para os servidores da
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do carreira diplomática.
Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: Esse afastamento tem um período máximo de quatro
▷ Para exercício de cargo em comissão ou função de anos. Após o término da missão ou estudo no exterior, so-
confiança (se for cedido para entidades dos Estados, mente poderá obter nova ausência após o decurso de igual
do DF ou Municípios - o cessionário que pagará a re- tempo (quatro anos após ter retornado).
muneração). Ao servidor beneficiado por esse afastamento não será conce-
▷ Em casos previstos em leis específicas. dida exoneração ou licença para tratar de interesse particular an-
No caso de o servidor cedido, a empresa pública ou socie- tes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hi-
dade de economia mista, para exercício de cargo em comissão pótese de ressarcimento da despesa havida com tal afastamento.
ou função de confiança, nos termos das respectivas normas, As hipóteses, condições e formas para a autorização de
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração que trata essa modalidade de afastamento, inclusive no que
do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do car- se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em
go em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso regulamento.
das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. O afastamento de servidor para servir em organismo in-
A cessão será feita mediante Portaria publicada no Diário ternacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere 353
Oficial da União. dar-se-á com perda total da remuneração.
Afastamento para Participação vada, terá direito apenas a matricular-se em uma universidade
354 (ou faculdade) também privada.
em Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu no País Suspensão do Estágio Probatório
Nessa modalidade o servidor poderá afastar-se do A Lei nº 8.112/90 define que, durante a fruição as seguintes
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, licenças e afastamentos, o estágio probatório ficará suspenso:
para participar em programa de pós-graduação stricto sen- ▷ Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família.
su em instituição de ensino superior no País.
▷ Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge.
A concessão será feita no interesse da Administração (ato
▷ Licença para Atividade Política.
discricionário) e desde que a participação não possa ocorrer
simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante com- ▷ Afastamento para Participação em Programa de
pensação de horário. Pós-Graduação Stricto Sensu no País.
Por meio de ato do dirigente máximo do órgão ou enti- ▷ Curso de formação.
dade, definirá, em conformidade com a legislação vigente, os
programas de capacitação e os critérios para participação em 13. 5. Do Tempo de Serviço
pós-graduação no País, com ou sem afastamento do servidor, A Lei nº 8.112/90 dispõe que é contado para todos os efei-
que serão avaliados por um comitê constituído para esse fim. tos o tempo de serviço público federal (inclusive o prestado às
Forças Armadas).
Concessões
A Lei nº 8.112/90 trouxe três modalidades de concessões: Apuração do Tempo de Serviço
Ş
ŝ#-ŝŦ
Direito de Ausentar-se do Serviço A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que
São hipóteses em que o servidor pode ausentar-se do depois serão convertidos em anos, considerando como ano
serviço, sem qualquer prejuízo: cada 365 dias.
▷ Doar sangue: um dia. Além dos casos de concessões (doar sangue, alistamento
Pelo período comprovadamente necessário para alista- eleitoral, casamento e falecimento) são considerados como de
mento ou recadastramento eleitoral: limitado, em qualquer efetivo exercício os afastamentos em virtude de:
caso, a dois dias. Férias.
Oito dias consecutivos: ▷ Exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
▷ Casamento. órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Esta-
▷ Falecimento (cônjuge, companheiro, pais, madrasta dos, Municípios e Distrito Federal.
ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou ▷ Exercício de cargo ou função de governo ou admi-
tutela e irmãos). nistração, em qualquer parte do território nacional,
por nomeação do Presidente da República.
Direito a Horário Especial ▷ Participação em programa de treinamento regu-
Estudante: no caso de incompatibilidade entre o horário larmente instituído ou em programa de pós-gra-
escolar e o da repartição (sem prejuízo do exercício do cargo, duação stricto sensu no País, conforme dispuser o
mas deve haver compensação). regulamento.
Portador de deficiência: necessidade comprovada por junta ▷ Desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
médica oficial (independente de compensação de horário). municipal ou do Distrito Federal, (exceto para pro-
Servidor que possua cônjuge, filho ou dependente por- moção por merecimento).
tador de deficiência física (nesse caso deve haver compen- ▷ Júri e outros serviços obrigatórios por lei.
sação).
▷ Missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
Servidor que atue como instrutor ou esteja participando afastamento, conforme dispuser o regulamento.
de banca examinadora (nas modalidades previstas que fazem
jus à gratificação por encargo de curso ou concursos). ▷ Deslocamento para a nova sede de que trata o Art.
18 (prazo de 10 a 30 dias para retomar os serviços
Direito à Matrícula em em outro município quando removido, redistribuído
etc.).
Instituição de Ensino
▷ Participação em competição desportiva nacional ou
Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da convocação para integrar representação desportiva
administração é assegurada, na localidade da nova residência ou nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em
na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, lei específica.
em qualquer época, independentemente de vaga. Esse direito es-
tende-se ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do ▷ Afastamento para servir em organismo internacio-
servidor que vivam na sua companhia, bem como aos menores nal de que o Brasil participe ou com o qual coopere.
sob sua guarda, com autorização judicial. As seguintes licenças também são consideradas como
A respeito dessa concessão, o STF já se manifestou dizen- tempo de efetivo exercício:
do que se o servidor estudando vem de uma universidade pri- ▷ A gestante, à adotante e à paternidade.
▷ Para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte Requerimento e Pedido de Revisão:
e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de ser- Despachados: cinco dias
viço público prestado à União, em cargo de provimento Decididos: 30 dias
efetivo. Hipóteses em que cabe recurso:
▷ Para o desempenho de mandato classista ou par- Indeferimento do pedido de reconsideração.
ticipação de gerência ou administração em socie- Decisões sobre os recursos sucessivamente inter-
dade cooperativa constituída por servidores para postos.
prestar serviços a seus membros (exceto para efeito O recurso é dirigido à autoridade imediatamente superior
de promoção por merecimento). à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão (e sucessi-
▷ Por motivo de acidente em serviço ou doença pro- vamente, em escala ascendente, às demais autoridades). Ele
fissional. é encaminhado por intermédio da autoridade a que estiver
▷ Para capacitação, conforme dispuser o regulamento. imediatamente subordinado o requerente.
▷ Por convocação para o serviço militar. Prazos para interpor Pedido de Revisão e Recurso: 30
dias (da publicação ou da ciência da decisão recorrida).
São contados apenas para efeito de aposentadoria e dis-
Efeito suspensivo ao recurso: é concedido esse efeito a
ponibilidade:
critério da autoridade competente.
▷ O tempo de serviço público prestado aos Estados,
Em caso de provimento do pedido de reconsideração ou
Municípios e Distrito Federal.
do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato im-
▷ A licença para tratamento de saúde de pessoal da pugnado.
família do servidor, com remuneração, que exceder
Prescrição do direito de requerer:
a 30 dias em período de 12 meses.
Cinco anos: demissão, cassação (aposentadoria ou dispo-
▷ A licença para atividade política, no caso do Art. 86, § 2º
nibilidade) e que afetem interesse patrimonial e créditos de-
(a partir do registro da candidatura e até o décimo dia
correntes das relações de trabalho.
seguinte ao da eleição).
120 dias: demais casos (salvo outro prazo fixado na lei).
▷ O tempo correspondente ao desempenho de man-
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, Esses prazos são contados da publicação do ato ou da
anterior ao ingresso no serviço público federal. ciência do interessado (ato não publicado).
▷ O tempo de serviço em atividade privada, vinculada O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis,
à Previdência Social. interrompem a prescrição. Essa é de ordem pública, não po-
▷ O tempo de serviço relativo a tiro de guerra. dendo ser relevada pela administração.
▷ O tempo de licença para tratamento da própria saú- Para o exercício do direito de petição, é assegurada vista do
Ş
ŝ#-ŝŦ
de que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a procura-
do inciso VIII do Art. 102 (24 meses). dor por ele constituído (não pode retirar da repartição).
O tempo em que o servidor esteve aposentado será conta- A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo,
do apenas para nova aposentadoria. quando eivados de ilegalidade.
O tempo de serviço prestado às Forças Armadas em ope- São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos nes-
rações de guerra será contado em dobro. se tópico da Lei nº 8.112/90 (sobre o direito de petição), salvo
É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço motivo de força maior.
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função
de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito 13. 7. Lei nº 8.112/90 - Regime Disciplinar NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
» Às requisições para a defesa da Fazenda Pública. cios previdenciários ou assistenciais de parentes até
▷ Levar ao conhecimento da autoridade superior as o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro.
irregularidades de que tiver ciência em razão do ▷ Receber propina, comissão, presente ou vantagem
cargo. de qualquer espécie, em razão de suas atribuições.
▷ Levar as irregularidades de que tiver ciência em ▷ Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
razão do cargo ao conhecimento da autoridade su- estrangeiro.
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento ▷ Praticar usura sob qualquer de suas formas.
dessa, ao conhecimento de outra autoridade com- ▷ Proceder de forma desidiosa.
petente para apuração. ▷ Utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti-
▷ Zelar pela economia do material e a conservação ção em serviços ou atividades particulares.
do patrimônio público.
▷ Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
▷ Guardar sigilo sobre assunto da repartição. cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
▷ Manter conduta compatível com a moralidade ad- cia e transitórias.
ministrativa. ▷ Exercer quaisquer atividades que sejam incompa-
▷ Ser assíduo e pontual ao serviço.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior
autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
Nessa hipótese, o servidor acumulou licitamente dois car- ou, quando houver suspeita de envolvimento dessa, a outra
gos efetivos, mas caso ele seja investido em algum em comis- autoridade competente para apuração de informação concer-
são, ele fica afastado dos dois. Por outro lado, havendo com- nente à prática de crimes ou improbidade de que tenha co-
patibilidade (horário e local), ele poderá exercer um desses nhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo,
cargos efetivos e o de comissão ao mesmo tempo (mas essa emprego ou função pública.
compatibilidade deve ser declarada pelas autoridades máxi-
mas dos órgãos ou entidades envolvidas). Penalidades Disciplinares
Responsabilidade do Servidor Assim como as formas de provimento e de vacância, as
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Pelo exercício irregular de suas atribuições, o servidor res- penalidades administrativas possuem um rol taxativo (7 mo-
ponderá nas esferas: dalidades):
▷ Administrativa. ▷ Advertência.
▷ Civil (obrigação de reparar o dano). ▷ Suspensão.
▷ Penal (abrange crime e contravenções imputadas ao ▷ Demissão.
servidor, nessa qualidade). ▷ Cassação de aposentadoria.
Essas esferas são independentes, podendo cumular-se. ▷ Cassação da disponibilidade.
Dessa forma, a absolvição ou condenação em uma delas, ▷ Destituição de cargo em comissão.
como regra geral, em nada influencia nas demais.
▷ Destituição de função comissionada.
Pela mesma infração ele poderá responder nas três esfe-
ras, não havendo bis in idem (não será considerada dupla ou Na aplicação das penalidades serão consideradas a natu-
tripla condenação pelo mesmo fato, pois são diferentes, com reza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
consequências diferentes). provierem para o serviço público, as circunstâncias agravan-
Apesar da independência das esferas, caso o servidor seja tes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.
absolvido criminalmente (negada a existência do fato ou sua O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o funda- 357
autoria), a responsabilidade administrativa será afastada. mento legal e a causa da sanção disciplinar.
Advertência ▷ Reincidência das faltas punidas com advertência.
358 Trata-se da penalidade utilizada em caso de infrações fun- ▷ Violação das demais proibições que não tipifiquem
cionais leves. Aplicada nas situações de violação de proibição infração sujeita a penalidade de demissão.
constante do Art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância ▷ Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
cargo que ocupa (exceto em situações de emergên-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
inciso anterior quando se tratar de suspensão su-
tude dessa infração. Se a consequência desse PAD for a pe-
perior a 30 dias.
nalidade de demissão, ele terá sua aposentadoria cassada.
▷ Pelo chefe da repartição e outras autoridades na for-
Destituição da Função de Confiança ma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos
e do Cargo em Comissão casos de advertência ou de suspensão de até 30 dias.
A destituição de cargo em comissão exercido por não ocu-
▷ Pela autoridade que houver feito a nomeação, quan-
pante de função efetiva será aplicada nos casos de infração
do se tratar de destituição de cargo em comissão.
sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
Caso o servidor tenha sido exonerado e seja constatada pena- Competência
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
lidade punível com suspensão ou demissão, essa exoneração será Executivo Legislativo Judiciário MPU
convertida em destituição. Presidente Procurador
Demissão e Presidente Presidente
Disposições Gerais da Repúbli- Geral da
Cassação das Casas do Tribunal
ca República
A demissão ou a destituição do cargo em comissão, de-
Suspensão
pendendo da infração praticada, também geram outras con- Autoridade imediatamente inferior das acima citadas
por +30 dias
sequências: Suspensão
Indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário (sem até 30 dias e Chefe imediato do servidor
prejuízo da ação penal cabível): advertência
▷ Improbidade administrativa. Destituição Autoridade que nomeou ou designou
▷ Aplicação irregular de dinheiros públicos. Prescrição da Ação Disciplinar
▷ Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô-
nio nacional. Trata-se da perda do direito que o Estado possui de punir
▷ Corrupção. o servidor pela prática de alguma infração funcional. O prazo
Incompatibilidade do servidor para nova investidura em car- prescricional não começa na data da prática do ato, mas sim na 359
go público federal (por cinco anos): que a administração teve ciência do mesmo.
Prazos Todas as modalidades de PAD têm como pré-requisito
360 indispensável a formação de uma comissão (a composição
Advertência 180 dias
depende do aspecto de PAD, mas ela é sempre formada por
Suspensão 2 anos servidores estáveis).
Demissão/Cassação/Destituição 5 anos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Afastamento Preventivo
O prazo de prescrição começa a correr da data em que o Trata-se de uma medida cautelar cujo fim é evitar que o ser-
fato se tornou conhecido. vidor venha a influir na apuração da irregularidade. Nesse caso, a
Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determi-
às infrações disciplinares capituladas também como crime (se- nar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até
gue o tempo prescricional do crime caso aquele ato também 60 dias, sem prejuízo da remuneração (ele continua recebendo).
seja um crime). O afastamento poderá ser prorrogado por igual período,
A interrupção da prescrição: ocorre com a abertura da findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído
sindicância ou instauração de processo o processo.
administrativo disciplinar (interrompe até a decisão final pro- Essa medida é uma faculdade conferida à administração
ferida por autoridade competente). com objetivo de evitar que o servidor atrapalhe ou interfira no
Uma vez interrompida a prescrição, o prazo volta a correr andamento do processo administrativo.
(do zero) a partir do dia em que cessar a interrupção.
Sindicância
13. 8. Processo Administrativo Disciplinar Trata-se da modalidade mais simples para apuração de
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
membros. mular quesitos, quando se tratar de prova pericial.
Não podem participar da comissão (nem de sindicância, Vale lembrar que a assistência por advogado é faculta-
nem de inquérito de PAD): cônjuge, companheiro ou parente do tiva. Ele apenas traz advogado se quiser, não podendo ser
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até obrigado ou proibido de constituir procurador.
o terceiro grau. O presidente da comissão poderá denegar pedidos consi-
derados impertinentes, meramente protelatórios, ou de ne-
A Comissão exercerá suas atividades com independência e
nhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do
Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com-
fato ou exigido pelo interesse da administração (as reuniões têm
provação do fato não precisar de conhecimento especial de
caráter reservado).
perito.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer mo-
relatório. mento, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos
▷ Julgamento. ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do puni-
do ou a inadequação da penalidade aplicada.
A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato
que a constituiu, termo de indiciação e promoverá a citação Na revisão serão aduzidos fatos novos ou circunstâncias
pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de sua che- suscetíveis de justificar:
fia imediata para apresentar defesa escrita, no prazo de cin-
co dias, sendo assegurado ao servidor vista do processo na ▷ A inocência do punido; ou
repartição. ▷ A inadequação da penalidade aplicada. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Após a apresentação da defesa, a comissão elaborará re- Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
latório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a
do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, revisão do processo (incapacidade mental - o curador pode
opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará requerer).
o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à autori-
dade instauradora, para julgamento. Ônus da prova no processo revisional: requerente (deve
No prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro- provar esses fatos novos ou circunstâncias alegadas).
cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. A simples alegação de injustiça da penalidade não cons-
Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, titui fundamento para a revisão, que requer elementos no-
será aplicada a pena de demissão, destituição ou cassação de vos, ainda não apreciados no processo originário.
aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, em-
pregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, O requerimento de revisão do processo será dirigido ao
hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação serão Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autori-
comunicados. zar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou
Conforme vimos, o processo administrativo disciplinar de entidade onde se originou o processo disciplinar. Caso deferi-
rito sumário também é aplicado no caso de abandono de car- da, a autoridade competente providenciará a constituição de 363
go ou inassiduidade habitual, com algumas peculiaridades. comissão (três servidores estáveis).
A revisão correrá em apenso ao processo originário. Na pe- Esses benefícios serão concedidos nos termos e condições
364 tição inicial, o requerente pedirá dia e hora para a produção de definidos em regulamento, observadas as disposições da Lei
provas e inquirição das testemunhas que arrolar. nº 8.112/90.
Prazo para a comissão concluir os trabalhos: 60 dias. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ş
ŝ#-ŝŦ
para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regi- de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será
me de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos aposentado.
em leis complementares, os casos de servidores:
O lapso de tempo compreendido entre o término da licen-
▷ Portadores de deficiência. ça e a publicação do ato da aposentadoria será considerado
▷ Que exerçam atividades de risco. como de prorrogação da licença.
▷ Cujas atividades sejam exercidas sob condições espe- A critério da Administração, o servidor em licença para
ciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser
Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acu- convocado a qualquer momento, para avaliação das condições
muláveis na forma dessa Constituição, é vedada a percepção de que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência O provento da aposentadoria será calculado com obser-
acima estudado. Dessa forma, se a cumulação fosse lícita na ati- vância do disposto no § 3º do Art. 41 (o vencimento do cargo
vidade, o servidor também poderá cumular os proventos. efetivo, acrescido das vantagens de caráter permanente, é ir-
É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- redutível) e revisto na mesma data e proporção, sempre que se
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme crité- modificar a remuneração dos servidores em atividade.
rios estabelecidos em lei. São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou van-
O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal tagens posteriormente concedidas aos servidores em ativida-
será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de servi- de, inclusive quando decorrentes de transformação ou reclas-
ço correspondente para efeito de disponibilidade. sificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em co- O servidor aposentado com provento proporcional ao
missão declarado em lei de livre nomeação e exoneração tempo de serviço, se acometido de qualquer das moléstias
bem como de outro temporário ou de emprego público, especificadas acima especificadas e, por esse motivo, for con-
aplica-se o regime geral de previdência social. siderado inválido por junta médica oficial passará a perceber
Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis provento integral, calculado com base no fundamento legal de
(para efeitos dessas regras): concessão da aposentadoria.
▷ Tuberculose ativa. Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento 365
▷ Alienação mental. não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade.
Ao servidor aposentado será paga a gratificação natalina, Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá direi-
366 até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao to à licença-paternidade de 5 dias consecutivos.
respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis meses,
Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de a servidora lactante terá direito, durante a jornada de trabalho,
operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos ter- a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
mos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida períodos de meia hora.
aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de crian-
anos de serviço efetivo. ça até 1 ano de idade, serão concedidos 90 dias de licença re-
munerada. No caso de adoção ou guarda judicial de criança
Do Auxílio-Natalidade com mais de 1 ano de idade, a licença será de 30 dias.
O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo de
nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci- Da Licença por Acidente em Serviço
mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor aci-
Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de dentado em serviço.
50% (cinquenta por cento), por nascituro. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental
O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediata-
público, quando a parturiente não for servidora. mente, com as atribuições do cargo exercido.
Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
Do Salário-Família
▷ Decorrente de agressão sofrida e não provocada
O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao inativo, pelo servidor no exercício do cargo.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários ▷ o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
habilitados. acordo com a idade do pensionista na data de óbi-
O direito de requerer a pensão não prescreve, podendo ser to do servidor, depois de vertidas 18 contribuições
requerida a qualquer tempo. Somente as prestações exigíveis mensais e pelo menos 2 anos após o início do casa-
há mais de 5 anos é que irão prescrever. mento ou da união estável:
Concedida a pensão, qualquer prova posterior ou habilita- 1. 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de
ção tardia que implique exclusão de beneficiário ou redução idade;
de pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for 2. 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis)
oferecida. anos de idade; NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Casos de perda do direito à pensão por morte: 3. 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e
▷ após o trânsito em julgado, o beneficiário condena- nove) anos de idade;
do pela prática de crime de que tenha dolosamente 4. 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos
resultado a morte do servidor; de idade;
▷ o cônjuge, o companheiro ou a companheira se com- 5. 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quaren-
provada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no ta e três) anos de idade;
casamento ou na união estável, ou a formalização 6. vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos
desses com o fim exclusivo de constituir benefício de idade.
previdenciário, apuradas em processo judicial no Caso o óbito do servidor decorra de acidente de qualquer na-
qual será assegurado o direito ao contraditório e à tureza ou de doença profissional ou do trabalho, é aplicado essa
ampla defesa. regra, independentemente do recolhimento de 18 contribuições
Será concedida pensão provisória por morte presumida mensais ou da comprovação de 2 anos de casamento ou de união
do servidor, nos seguintes casos: estável.
▷ declaração de ausência, pela autoridade judiciária A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja
competente; preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou
▷ desaparecimento em desabamento, inundação, incên- por deficiência poderá ser convocado a qualquer momento 367
dio ou acidente não caracterizado como em serviço; para avaliação das referidas condições.
O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdên- básica o implemento de ações preventivas voltadas para a
368 cia Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social promoção da saúde e será prestada pelo Sistema Único de
(RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) con- Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao qual
tribuições mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou con-
do caput do Art. 222. trato, ou ainda na forma de auxílio, mediante ressarcimento
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
No caso de morte ou perda da qualidade de beneficiário, a parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e
respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. seus dependentes ou pensionistas com planos ou seguros
As pensões serão automaticamente atualizadas na mesma privados de assistência à saúde, na forma estabelecida em
data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos regulamento.
dos servidores. Nas hipóteses previstas na Lei 8.112/90 em que seja exigida
Excepcionado o direito de opção, é vedada a percepção perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico
cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou en-
companheiro ou companheira e de mais de 2 pensões. tidade celebrará, preferencialmente, convênio com unidades
Do Auxílio-Funeral de atendimento do sistema público de saúde, entidades sem
O auxílio-funeral é devido à família do servidor falecido na fins lucrativos declaradas de utilidade pública, ou com o Insti-
atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da tuto Nacional do Seguro Social - INSS.
remuneração ou provento. Na impossibilidade, devidamente justificada, da realiza-
No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago ção do convênio acima citado, o órgão ou entidade promoverá
somente em razão do cargo de maior remuneração. a contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica,
que constituirá junta médica especificamente para esses fins,
Ş
ŝ#-ŝŦ
Da Assistência à Saúde
A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de
sua família compreende auxílio médico, hospitalar, odon-
tológico, psicológico e farmacêutico. Terá como diretriz
Ş
ŝ#-ŝŦ
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
369
370 NOÇÕES DE DIREITO PENAL Ş
ŝ#-ŝŦ
ÍNDICE
1. Introdução ao Direito Penal e Aplicação da Lei Penal .................................................. 373
Introdução ao Estudo do Direito Penal........................................................................................373
Teoria do Crime ...........................................................................................................................373
Interpretação da Lei Penal.......................................................................................................... 374
Conflito Aparente de Normas Penais.......................................................................................... 375
Lei Penal no Tempo .................................................................................................................... 376
Crimes Permanentes ou Continuados..........................................................................................377
Lei Excepcional ou Temporária....................................................................................................377
Tempo do Crime ..........................................................................................................................377
Lugar do Crime ........................................................................................................................... 378
Da Lei Penal no Espaço ............................................................................................................... 378
Extraterritorialidade ...................................................................................................................380
Pena Cumprida no Estrangeiro ....................................................................................................381
Eficácia de Sentença Estrangeira.................................................................................................381
Contagem de Prazo .....................................................................................................................381
Frações não Computáveis da Pena ..............................................................................................381
Legislação Especial ..................................................................................................................... 382
2. Do Crime ..................................................................................................................382
Relação de Causalidade .............................................................................................................. 382
Da Consumação e Tentativa ...................................................................................................... 383
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz ....................................................................... 384
Arrependimento Posterior.......................................................................................................... 384
Crime Impossível - “Quase Crime” ............................................................................................. 384
Crime Doloso .............................................................................................................................. 385
Crime Culposo............................................................................................................................. 385
Preterdolo ................................................................................................................................... 386
Erro sobre Elemento do Tipo ...................................................................................................... 386
Erro sobre a Pessoa .................................................................................................................... 387
Erro sobre a Ilicitude do Fato ..................................................................................................... 387
Coação Irresistível e Obediência Hierárquica ............................................................................. 387
Exclusão da Ilicitude ................................................................................................................... 388
Da Imputabilidade Penal ............................................................................................................ 389
Emoção e Paixão.........................................................................................................................390
Menores de Dezoito Anos ...........................................................................................................390
Do Concurso de Pessoas ..............................................................................................................391
Circunstâncias Incomunicáveis ................................................................................................... 392
Ş
ŝ#-ŝŦ
NOÇÕES DE DIREITO PENAL 371
Ş
ŝ#-ŝŦ
Conduta humana
Proposital = Dolo Culpável (Culpabilidade)
Consciente
Voluntária Descuidada = Culpa Crime se Divide em
ї Fato Típico: para ser considerado fato típico, é fundamen-
Classificação dos tal que a conduta esteja tipificada, ou seja, escrita, em al-
Tipificadas Crimes:
(escritas) Comissivo
guma norma penal. Não obstante, é necessário que exista:
CP Omissivo ▷ Conduta: é a ação do agente, seja ela culposa (des-
LCP Material cuidada) ou dolosa, intencional; comissiva (ação) ou
Leis Especiais Formal
Mera Conduta omissiva (deixar de fazer).
Especial ou própria ▷ Resultado: que seja naturalístico (modificação pro-
Mão própria vocada no mundo exterior pela conduta) ou jurídico
Preterintencional
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
é ilícito, pois a própria lei autoriza o sujeito a matar em certos gilância Sanitária) nº 344/98, em que todas as substâncias que
casos pré-definidos. estiverem descritas serão consideradas como droga.
Pode ocorrer também, de o agente cometer um fato defi- A Analogia Penal é diferente de Interpretação Analógica,
nido como crime, ou seja, fato típico – escrito e definido no CP nessa situação, a conduta do agente é analisada dentro da
– e ilícito, o ordenamento jurídico não autoriza aquela conduta, própria norma penal, ou seja, é observado a forma como a
e mesmo assim ficar isento de PENA. Assim, pode o sujeito co- conduta foi praticada, quais os meios utilizados. Sendo assim,
meter um crime e não ter pena. a Interpretação Analógica sempre será possível, ainda que
Ex.: quem é obrigado a cometer um crime. Uma pessoa en- mais gravosa para o agente.
costa a arma carregada na cabeça de outra e diz que, se ela não
cometer tal crime, irá morrer. Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Princípio da Legalidade § 2º. Se o homicídio é cometido:
(Anterioridade - Reserva Legal) III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
há pena sem prévia cominação legal. que possa resultar perigo comum;
Somente haverá crime quando existir perfeita correspon- Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
dência entre a conduta praticada e a previsão legal (Reserva Nessa situação, caso o agente tenha cometido o homicídio
Legal), que não pode ser vaga, deve ser específica. Exige-se utilizando-se de alguma das formas expostas no inciso III, ocor-
que a lei esteja em vigor no momento da prática da infração pe- rerá a aplicação de uma pena mais gravosa, é o exemplo de Inter-
nal (Anterioridade). Fundamento Constitucional: Art. 5º, XXXIX. pretação Analógica.
ї Princípio: Nullum crimem, nulla poena sine praevia lege.
As normas penais incriminadoras não são proibitivas e sim Interpretação da Lei Penal
descritivas. Por exemplo, o Art. 121 - Matar alguém, no Código
Penal, ele não proíbe, ou seja, não matar. Ele descreve uma A matéria Interpretação da Lei Penal passou a ser abordada
conduta, que, se cometida possuirá uma sanção (punição). com mais frequência pelos editais de concurso público. No entan-
Não são to, quando cobrada, não costuma gerar muita dificuldade. Isso
proibitivas Quem pratica porque geralmente a banca examinadora traz na questão uma
um crime não espécie de interpretação e questiona quanto ao seu significado.
Normas Penais age contra a lei, A Interpretação da Lei Penal consiste em buscar o signi-
Incriminadoras mas de acordo ficado e a extensão da letra da lei em relação à realidade e à
São com ela. vontade do legislador.
descritivas Assim, a Interpretação da Lei Penal divide-se em:
Quanto ao Sujeito
A Analogia no Direito Penal só é aceita para beneficiar o
agente. Por exemplo, no antigo ordenamento jurídico, só era Autêntica ou Legislativa
permitido realizar o aborto em decorrência do estupro (pênis É aquela realizada pelo mesmo órgão da qual emana, po-
x vagina), entretanto, a norma penal não abrangia o caso do dendo vir no próprio texto legislativo ou em lei posterior.
violento atentado ao pudor (pênis x ânus). Caso a mulher vies- Ex.: Conceito de funcionário público previsto no Art. 327, CP.
Doutrina um tipo penal, mas isso é tão somente aparente, pois os princí-
É aquela realizada pelos doutrinadores – estudiosos do pios do direito penal resolvem esse fato. São eles os princípios:
direito penal – normalmente encontrada em livros, artigos e a) Princípio da Especialidade;
documentos. b) Princípio da Subsidiariedade;
Ex.: Código Penal comentado. c) Princípio da Consunção;
Jurisprudencial ou Judicial d) Princípio da Alternatividade.
É aquela realizada pelo Poder Judiciário na aplicação do
caso concreto, na busca pela vontade da lei. É a análise das Princípio da Especialidade
decisões reiteradas sobre determinado assunto legal. A regra, nesse caso, é que a norma especial prevalecerá
Ex.: Súmulas do Tribunais Superiores e Súmula Vinculante. sobre a norma geral. Dessa forma, a norma no tipo penal incri-
minador é mais completa que a prevista na norma geral.
Quanto ao Modo Isso ocorre por exemplo no crime de homicídio e infanti-
Literal ou Gramatical cídio. O crime de infanticídio possui em sua elementar dados
É aquela que busca o sentido literal das palavras. complementares que o tornam mais especial – completo –
que a norma geral.
Teleológica Repare as elementares do Art. 123 do CP: 1) matar o pró-
É aquela que busca compreender a intenção ou vontade prio filho; 2) logo após o parto; 3) sob o estado puerperal. Es-
da lei. ses são dados que, se presentes, tornam a conduta de matar
alguém um crime específico, diferente do homicídio. Logo, o
Histórica
Art. 123 (infanticídio) é considerado especial em relação ao
É aquela que busca compreender o sentido da lei por meio Art. 121 (homicídio), que pode ser entendido, nesse caso, como
da análise do momento e contexto histórico em que foi editada. uma conduta genérica.
Sistemática
É aquela que analisa o sentido da lei em conjunto com todo
Princípio da Subsidiariedade
o ordenamento jurídico (as legislações em vigor, os Princípios Usa-se esse princípio sempre que a norma principal mais
Gerais de Direito, a Doutrina e a Jurisprudencial). grave não puder ser utilizada. Nesse caso, usamos a norma
menos grave subsidiária.
Progressiva
A subsidiariedade pode ser expressa ou tácita. Será ex-
É aquela que busca adaptar a lei aos progressos obtidos
pressa sempre que o próprio artigo de lei assim determinar.
pela sociedade.
Um bom exemplo é o Art. 239 que trata da simulação de casa-
Quanto ao Resultado mento. Ele prevê a pena de detenção, de um a três anos, se o
Ş
ŝ#-ŝŦ
fato não constitui elemento de crime mais grave. Assim, caso
Declarativa não tenha ocorrido crime mais grave será aplicada a pena ex-
É aquela em que se encontra a perfeita correspondência en- pressa em lei. Por outro lado, se ocorrer crime mais grave, deve
tre a letra da lei e a intenção do legislador.
ser aplicado somente esse, ficando atípico o fato menos grave.
Restritiva A subsidiariedade Tácita ocorre quando não há expressa
É aquela em que se restringe o alcance da letra da lei para referência na lei, mas, se um fato mais grave ocorrer, a norma
que corresponda à real intenção do legislador. A lei diz mais subsidiária ficará afastada. Isso ocorre, por exemplo, no crime
do que deveria dizer. do Art. 311 do CTB. Existe, expressa nesse artigo, a proibição
Extensiva da conduta de trafegar em velocidade incompatível com a
É aquela em que se amplia o alcance da letra da lei para segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
que corresponda à real intenção do legislador. A lei diz menos de embarques e desembarques de passageiros, logradouros
do que deveria dizer. estreitos, ou onde houver grande movimentação ou concen-
tração de pessoas, gerando perigo de dano.
Analógica
É aquela em que a Lei Penal permite a ampliação de seu Contudo, se o agente estiver conduzindo nessas condições
conteúdo por meio da utilização de uma expressão genérica e acabar por atropelar e matar alguém, responderá ele pelo
ou aberta pelo legislador. crime do Art. 302 do CTB, que é homicídio culposo na direção
Ex.: Art. 121, § 2º, III, CP. Homicídio qualificado por de veículo automotor. Assim, esse crime – mais grave – afastará
emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou aquele crime de perigo.
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar
perigo comum. Princípio da Consunção
Esse princípio pode ocorrer quando um crime “meio” é
Conflito Aparente de Normas Penais necessário ou fase normal de preparação para outro crime.
Fala-se em conflito aparente de normas penais quando Como, por exemplo, o crime de lesão corporal fica absorvido
duas ou mais normas aparentemente parecem reger o mesmo pelo crime de homicídio, ou mesmo, o crime de invasão de do- 375
tema. Na prática, uma conduta pode se enquadrar em mais de micílio que fica absorvido pelo crime de furto.
Não estamos falando em norma especial ou geral, mas sim do tipo representa o mesmo crime. Na prática, não há con-
376 do crime mais grave que absorveu o crime menos grave que curso material, respondendo o agente por uma pena somente.
simplesmente foi um meio necessário para a execução do cri- ї Costume NÃO revoga nem altera lei.
me mais grave. Sendo assim, podemos dizer que temos três princípios
Ocorre também o princípio da consunção quando, por intrínsecos no Art. 1º do Código Penal, quais sejam, da Legali-
exemplo, o agente falsifica um documento com o intuito de dade, da Anterioridade e da Reserva Legal. É importante res-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
cometer o crime de estelionato. Como o crime de falso é meio saltar que apenas a Lei Ordinária pode versar sobre matéria
necessário para o crime de estelionato, funcionando como a penal, tanto para criá-las quanto para extingui-las.
elementar fraude, fica por esse absorvido. Não obstante, convém ressaltar os preceitos existentes nos
Nesse sentido o STJ editou a Súmula 17 que diz o seguinte: tipos penais, por exemplo: Art. 121, CP, Matar alguém. Pena -
Súm. 17. Quando o falso se exaure no estelionato, sem 6 a 20 anos. O preceito primário seria a conduta do agente
mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. - matar alguém - e o preceito secundário seria a cominação da
Outro ponto importante é quando falamos acerca do as- pena - 6 a 20 anos. Para ser considerado crime, é fundamental
sunto crime progressivo e progressão criminosa. Podemos que existam os dois preceitos.
afirmar o seguinte:
No crime progressivo o agente tem um fim específico mais
Lei Penal no Tempo
grave, contudo, necessariamente deve passar por fases ante- Art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei pos-
terior deixa de considerar crime, cessando em virtude
riores menos graves. No final das contas, o crime progressivo
dela a execução e os efeitos penais da sentença con-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Crimes Permanentes ou Continuados ї De 2005 a 2006, o fato “A” era considerado crime. Aque-
Ş
ŝ#-ŝŦ
les que infringiram a Lei responderam posteriormente,
Nos crimes permanentes, ou seja, naqueles em que a con- mesmo o fato não sendo considerado mais crime.
sumação se prolonga enquanto não cessa a atividade, apli- ї Só ocorre retroatividade se a Lei posterior expressamen-
ca-se ao fato a lei que estiver em vigência quando cessada a te determinar.
atividade, mesmo que mais grave (severa) que aquela em vi- É importante ressaltar que são leis excepcionais e temporá-
gência quando da prática do primeiro ato executório. O crime rias, ou seja, a lei irá vigorar por determinado tempo, após isso,
se perpetua no tempo, enquanto não cessada a permanência. tal conduta não mais será considerada crime. Entretanto, duran-
É o que ocorre, por exemplo, com o crime de sequestro e cár- te a sua vigência, todos aqueles que cometerem o fato tipificado
cere privado. Assim, será aplicada lei que estiver em vigência em tais normas, mesmo encerrada sua vigência, serão punidos.
quando da soltura da vítima. Observa-se, então, o momento
em que cessa a permanência para daí se determinar qual a
norma a ser aplicada. É o que estabelece a Súmula 711 do STF.
Tempo do Crime
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
ao território nacional. Esse sempre devemos considerar como Questão interessante é se o piloto sair do aeroporto e lá
território próprio. fora cometer um crime. Nesse caso temos que perguntar se o
Temos que considerar, também, como território nacional, piloto estava em serviço oficial ou não, se estiver em serviço
o chamado território por extensão, assimilação ou impróprio oficial aplicamos a lei penal brasileira, do contrário, aplica-se a
descrito no §1º do Art. 5º do Código Penal. lei do país onde cometeu o crime.
§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como ex-
tensão do território nacional as embarcações e ae- Resumo dos Conceitos
ronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço Território nacional: é o espaço onde determinado estado
do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, exerce com exclusividade sua soberania.
bem como as aeronaves e as embarcações brasilei- Território próprio: toda a base territorial por nós conheci-
ras, mercantes ou de natureza privada, que se achem, da (o mapa), acrescida do mar territorial, que é extensão de 12
respectivamente no espaço aéreo correspondente ou
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
agente será processado de acordo com a lei brasileira, mesmo gação para que a sentença produza efeitos no Brasil, são elas:
que for absolvido ou condenado no exterior (conforme norma- Para a produção de efeitos civis (Ex.: Reparação de danos,
tizado pelo §1º do Art. 7º). Não exige qualquer condição. restituições, entre outros). Neste caso, depende do pedido da
Condicionada: é a prevista para os casos normatizados no parte interessada.
Art. 7º, §2º, alíneas “a” até “e”: São as condições: Para a aplicação de medida de segurança ao agente da In-
a) Entrar o agente no território nacional. fração Penal: caso exista tratado de extradição, necessita de re-
b) Ser o fato punível também no país em que foi quisição do Procurador-Geral da República. Caso inexista trata-
praticado. do de extradição, necessita de requisição do Ministro da Justiça.
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais
a lei brasileira autoriza a extradição. Contagem de Prazo
d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
A ação ou omissão tem que dar causa ao resultado: No exemplo citado, digamos que “B” seja socorrido com
Relação de Causalidade sucesso. Entretanto, devido ao ferimento na cabeça, tenha que
ser submetido à intervenção cirúrgica imprescindível e, durante
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do
o procedimento, devido a complicações, vem a falecer. Nesta
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
situação, “A” responderá por homicídio consumado, pois nin-
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
guém está obrigado a submeter-se a intervenções cirúrgicas.
resultado não teria ocorrido.
A mesma situação ocorre se, devido à internação, “B” contraia
Nexo Causal infecção hospitalar, vindo a falecer. Nessas duas hipóteses, “A”
Relação entre agente e o responderá pelo crime consumado, segundo entendimento do
resultado naturalístico STJ - Superior Tribunal de Justiça. Cabe ressaltar que, mesmo
Ação ou Resultado
Omissão
“B”, estando no hospital, porém, este falece devido a um des-
(lesão)
moronamento provocado por um terremoto, haverá novamente
Neste caso, antes de tudo, é importante mencionar sobre a a quebra do nexo causal, como no acidente com a ambulância,
responsabilidade do agente. Para o Código Penal existem duas “A” responderá somente pela tentativa de homicídio.
formas de responsabilidades: subjetiva e objetiva.
Subjetiva: nesta situação, o agente pode ser punido na Relevância da Omissão
modalidade culposa, quando não queria o resultado. É o im- O “dever” de agir é um dever Jurídico, é o poder do garan-
perito, imprudente ou negligente. Na modalidade dolosa, tidor ou garantia, ou seja, imposto por Lei. Quando da omis-
quando o agente quis ou assumiu o risco do resultado. O Có- são, o agente tem a possibilidade e o dever jurídico de agir e
digo Penal sempre irá punir sobre aquilo que o agente queria omite-se.
causar, sobre a intenção no momento da conduta. Ex.: Dois policiais observam uma pessoa sendo vítima de
Objetiva: a responsabilidade objetiva não é mais adotada, roubo e nada fazem, nesse caso, os agentes, tendo a pos-
visto que sempre haveria a punição por dolo, não se admitindo sibilidade e o dever de agir, omitiram-se. Nesta situação
a forma culposa. ambos responderão pelo resultado, ou seja, por roubo.
Ex.: “A” dispara dois tiros em “B”. Os tiros efetivamente § 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omi-
acertam “B” causando sua morte. Nessa situação, a ação tente devia e podia agir para evitar o resultado. O de-
de “A” deu causa ao resultado, que é morte de “B”, man- ver de agir incumbe a quem:
tendo uma relação de causa x efeito, com resultado natu- a) Tenha por Lei obrigação de cuidado, proteção
ralístico: morte. ou vigilância; (dever legal).
Ex.: Pai que deixa de alimentar o filho, e este vem a mor-
Causa Relativamente Independente rer de inanição.
Superveniência de Causa Independente: Carcereiro que observa o preso agonizando à beira da
§ 1º. A superveniência de causa relativamente indepen- morte e nada faz.
dente exclui a imputação quando, por si só, produziu o b) De outra forma, assumiu a responsabilidade
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se de impedir o resultado; (dever do garantidor).
a quem os praticou. Ex.: Babá que descuida da criança e a deixa morrer.Salva-vi-
Ex.: “A” atira em “B”, contudo “B” morre devido a um ve- das que observa banhista se afogar e nada faz.
neno ingerido anteriormente. A causa efetiva da morte de c) Com seu comportamento anterior, criou o risco
“B” foi o envenenamento e não o disparo efetuado por “A”. da ocorrência do resultado.
Ex.: Homem se propõe a ajudar um idoso a atravessar na dedo do pé de “B”. Independente desse resultado, “A”
faixa de pedestres. Porém, no meio do caminho, o ho- vai responder por tentativa de homicídio, pois era sua
mem abandona o idoso e este morre atropelado. intenção inicial.
Esses crimes são chamados de crimes omissivos impró- É importante sempre atentar-se para a vontade do agen-
prios ou comissivos por omissão, ou ainda participação por te, pois o Código Penal irá puni-lo somente pelo resultado ao
omissão. Em todos esses casos, o omitente responderá pelo qual quis causar, ou seja, sempre pelo Elemento Subjetivo do
resultado, a não ser que este não lhe possa ser atribuído nem agente.
por dolo nem por culpa. O agente tem que ter consciência de
que se encontra na função de agente garantidor. Tentativa
Diz que o crime é tentado, quando, iniciada a execução,
Da Consumação e Tentativa não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agen-
Art. 14º. Diz-se do Crime: te.
I. Consumado, quando nele se reúnem todos os ele- Não se admite Tentativa para:
mentos de sua definição legal. ▷ Crime culposo;
“Iter Criminis”
(caminho do crime)
▷ Contravenções Penais (Art. 4º, L, CP);
Cogitação Consumação
▷ Mera conduta;
Preparação Execução
▷ Crime Preterdoloso.
Alguns tipos penais não aceitam a forma “tentada”, sendo
assim, o fato de iniciar a execução já o torna consumado, como
Não se pune a preparação sal-
vo se por si só constituir crime O crime se torna por exemplo o crime de: Concussão (Art. 316, CP), nessas si-
autônomo (independente) punível tuações, a consumação é um mero exaurimento.
Para que o crime seja consumado, é necessário que ele Os crimes “tentados” são aqueles que iniciam a fase de
percorra todas as fases do iter criminis, quais sejam: cogita- execução, mas não chegam à consumação por circunstâncias
ção, preparação, execução e consumação. O agente, com sua alheias à vontade do agente, ou seja, o autor quer praticar a
conduta, “caminha” por todas as fases até atingir o resultado. conduta, mas é impedido de alguma forma.
Ex.: Fabrício, com “animus necandi”(vontade de matar) Ex.: “A” com intenção de matar “B”, compra um revólver;
Pedro, pensa em uma forma de consumar seu desejo ao encontrar “B”, no momento que iria iniciar os disparos,
(cogitação). Para isso, compra um revólver e munições é flagrado por um policial que o impede.
(preparação) e desloca-se até a casa da vítima. Ao avis- Ex.: “A” com intenção de matar “B”, compra um revólver; ao
tá-lo, inicia os disparos (execução) contra Pedro, ferindo- encontrar “B” do outro lado da rua, no momento que come-
-o mortalmente (consumação). ça a efetuar os disparos, atinge uma caçamba de entulhos
Ş
ŝ#-ŝŦ
O Código Penal não admite a punição nas fases de cogi- que trafegava pela via.
tação e preparação, salvo se constituírem crimes autônomos.
As circunstâncias alheias à vontade do agente podem ser
No caso citado acima, se Fabrício fosse preso no momento em
quaisquer fatos, que impeçam que o crime seja consumado.
que estava com o revólver, deslocando-se à casa de Pedro para
matá-lo, iria configurar apenas o crime de porte ilegal de arma Pena do Crime Tentado
de fogo, não poderia de forma alguma ser punido pela tenta-
tiva de matar Pedro. Só se pode punir a intenção do agente, a É a mesma do crime consumado. Devendo ser reduzida de
partir do momento que entra na esfera de execução. 1/3 a 2/3. Quanto mais próximo o crime chegar da consuma-
ção, maior deverá ser a pena.
Outra situação, seria a união de 3 ou mais pes-
soas que planejam assaltar um banco, para isso, Se, quando iniciada a execução, o crime não se consumar
compram ferramentas: picaretas, pás, marretas, por circunstâncias alheias à vontade do agente, incidirá a pena
do crime consumado, com redução no quantum da pena.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
I. doloso, quando o agente quis o resultado ou as- previsíveis.
sumiu o risco de produzi-lo.
Modalidades do Crime Culposo
Doloso Imprudência
▷ Doloso direto: quis resultado. É o fazer sem a obrigação de cuidado.
▷ Doloso eventual ou indireto: assumiu o risco de É a culpa de quem age, ou seja, aquela que surge du-
produzir o resultado. rante a realização de um fato sem o cuidado necessário.
Ex.: “A” atira em direção de “B” querendo que a morte Ex.: Ultrapassagem em local proibido, excesso de ve-
desse aconteça.
locidade, trafegar na contramão, manejar arma carre-
Ex.: “A”, caçador, efetua vários disparos a fim de abater
animal. Contudo, é advertido por “B” que naquela dire- gada, atravessar o sinal vermelho, etc.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Previsível Relaxado
Erro Essencial
Culpa Consciente Incide sobre situação, de tal importância, para o tipo que
Na culpa consciente, o agente antevê o resultado, mas não o se o erro não existisse o agente não teria cometido o crime, ou
aceita, não se conforma com ele. O agente age na crença de que pelo menos, não naquelas circunstâncias.
não causará o resultado danoso:
Ex.: O atirador - não o substituto - de facas no circo. Ele atira Erro Inevitável (Invencível ou Escusável)
a faca na crença de que, habilidoso que é, acertará a maça. É aquele que não podia ter sido evitado, nem mesmo com
Mas, ao contrário do que acreditava, ele acerta a moça. o emprego de uma diligência mediana.
Nessas duas situações, exclui-se o dolo e a culpa do agen-
Preterdolo te, sendo assim, exclui o crime.
Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a Ex.: Agente furta caneta pensando que é própria.
pena, só responde o agente que o houver causado ao Sujeito que mantém conjunção carnal com menor
menos culposamente. de 13 anos que aparenta ter 20 anos pela sua proporção
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Erro sobre a Ilicitude do Fato em estrita obediência a ordem, não manifestamente
Erro de Proibição ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro coação ou da ordem.
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; Para que se possa considerar alguém culpado do come-
se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. timento de uma infração penal, é necessário que esta tenha
É a errada compreensão de uma determinada regra legal. sido praticada em condições e circunstâncias normais, pois, do
Pode levar o agente a supor que certa conduta seja lícita. contrário, não será possível exigir do sujeito conduta diversa
Ex.: Um rústico aldeão, que nasceu e passou toda a sua da que, efetivamente acabou praticando.
vida em um vilarejo afastado do sertão, agride levemente Nessa situação, o agente obriga uma terceira pessoa a co-
sua mulher, por suspeitar que ela o traísse. É de irrelevan- meter um crime ou ao cumprimento de uma ordem ilegal, a
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
te importância se o aldeão sabia ou não que sua conduta pessoa coagida não será punida, mas sim, quem o coagiu e o
era ilícita. obrigou a realizar a conduta contra seu consentimento.
Nesse caso é crime, porém o CP determina que, devido às Coação Irresistível
circunstâncias - por força do ambiente onde vive e as expe-
riências acumuladas -, o sujeito não terá PENA, ou seja, exclui- É o emprego de força física ou de grave ameaça para que
se a culpabilidade. alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa.
Nesta situação, devido à origem do agente ser de lugar Coação Física - vis absoluta - o sujeito não comete crime.
ermo, e o mesmo não possuiu conhecimento suficiente sobre Ex.: “A” imobiliza “B”, depois, coloca uma arma em sua
fatos que não são permitidos, embora sua conduta seja crimi- mão e força-o a apertar o gatilho. O disparo acerta “C”, que
nosa, nesse caso fático o Juiz não aplicará pena sobre o agente. morre. Nessa situação, devido à coação FÍSICA irresistível,
“B” NÃO comete crime. “A” responderá por homicídio.
Tipos de Erro de Proibição A coação física recai sobre a conduta do agente - elemento
Erro Inevitável ou Escusável = Isenta de Pena do fato típico - pois este foi forçado, nessa situação, exclui-se
Ex.: Dona de casa de prostituição cujo funcionamento era o crime.
de pleno conhecimento das autoridades fiscais, tendo, in- Coação Moral - vis relativa - o sujeito comete crime, mas 387
clusive, licença de funcionamento fornecido pela Prefeitura ocorre isenção de pena.
Ex.: “A” encosta uma arma carregada na cabeça “B” e or- ferindo João. Mesmo após a cessação da agressão por
388 dena que ele atire em “C”, caso contrário quem irá morrer é parte de João, Manoel efetua mais dois disparos para ga-
“B”. “B” atira e “C” morre. Nessa situação, ambos cometem rantir o resultado.
crime (“A” e “B”). Contudo, somente “A” terá PENA, “B” es- Nessa situação, Manoel excedeu-se e deverá responder
tará ISENTO de pena devido a coação MORAL irresistível. por homicídio na modalidade dolosa.
Assim sendo, mesmo “B” tendo praticado o ato, sua con- Excesso - responderá
duta foi forçada mediante grave ameaça moral, em que este, por homicídio doloso
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
temendo por sua própria vida, cometeu o crime. Nessa situa- Legítima defesa
ção a conduta de “B” é típica e ilícita, contudo, não culpável, A B
pois ficará isento de pena. “B” é atingido e cessa a agressão
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ex.: “A” desafeto de “B” arma-se com um machado e
prestes a desferir um golpe é surpreendido pela reação circunstâncias, pode ou não ser agressão.
de “B”, que saca um revólver e efetua um disparo. Agressão de inimputável constitui legítima defesa.
Ex.: “A” munido de um cão, atiça o animal na direção de Agressão decorrente de desafio, duelo, convite para briga
“B” que para repelir a injusta agressão atira no enfurecido não constitui legítima defesa.
animal. Agressão passada constitui vingança e não legítima defesa.
Ex.: “A”, menor de idade, pega um fuzil e, prestes a atirar Agressão futura não autoriza legítima defesa (mal futuro).
em “B”, é surpreendido por esse que pega uma bazuca, Não existe legítima defesa da honra.
único meio disponível no momento, vindo a “explodir” O agente tem que saber que está na legítima defesa.
“A”.
Legítima defesa e porte ilegal de arma de fogo: Se por-
Os meios necessários para conter a injusta agressão po- tar anteriormente, responde pelo crime do Art. 14 ou Art. 16,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
dem ser quaisquer que estejam disponíveis, inexiste equipara- caput do estatuto do desarmamento. Se for contemporâneo,
ção dos meios utilizados. não responde pelo crime dos artigos mencionados.
É necessário que seja atual e iminente. Caso “B” ferido por
“A” desloque-se até sua casa, depois de sofrida agressão, para Da Imputabilidade Penal
apanhar revólver com intuito de se defender, não será mais vá-
Inimputáveis
lido, caso venha efetuar disparos contra “A”.
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença
Não Configura Legítima Defesa mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re-
Ex.: “A” marido traído chega a casa e surpreende “C” tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteira-
sua esposa em conjunção carnal com “B”. Enfurecido, mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
pega sua arma e dispara contra a esposa traidora. de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Ex.: “A” surpreendido por cão feroz, dispara para que não Redução de Pena
seja atacado. Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois
Ex.: “A” desafeto de “B” vai a sua procura e efetua disparo. terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde
Mais tarde provou-se que “B” também estava armado e mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou 389
queria igualmente executar “A”. retardado não era inteiramente capaz de entender o ca-
ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com A embriaguez não exclui a imputabilidade, quais sejam: a
390 esse entendimento. voluntária - toma por conta própria -, a culposa - toma além da
Imputabilidade: é a capacidade de entender o caráter conta - e a preordenada - toma para criar coragem - sendo que
ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse enten- a última, é causa de aumento de pena, actio libera in causa.
dimento. É a capacidade de entendimento e a faculdade de § 2º A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
controlar e comandar suas próprias ações. o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortui-
to ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou
ї Imputável (regra): Pode-se imputar (aplicar) pena ao da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
sujeito. ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
ї INImputável (exceção): Não pode sofrer pena. Ou seja, entendimento.
é a capacidade de compreensão do agente de que sua No caso da embriaguez por caso fortuito, caso ela seja
conduta é ilícita, inapropriada, é uma das espécies da completa, será causa de isenção de pena, caso seja semicom-
culpabilidade que compõem o fato típico, ou seja, a ca- pleta (semi-imputabilidade), incidirá em diminuição de pena
pacidade de punir, ou não, o agente da conduta. - redução de culpabilidade - de 1/3 a 2/3.
I. A emoção ou a paixão;
É a doença mental de qualquer ordem. Compreende a in-
findável gama de moléstias mentais. A emoção pode, em alguns casos, servir como diminuição
de pena - privilégio -, como no caso do homicídio e lesão cor-
Ex.: Alcoolismo patológico.
poral privilegiado. Os requisitos são: a emoção deve ser inten-
Desenvolvimento Mental Incompleto ou Retardado sa; o agente deve estar sob o domínio dessa emoção; deve ter
Ex.: Silvícola inadaptado - índio - menor de 18 anos. sido provocado por ato injusto da vítima; a reação do agente
deve ser logo após a essa provocação.
Sistema Adotado pela
A injusta provocação pode ser de forma indireta, por
Legislação Brasileira exemplo, alguém que maltrata um animal, com intenção de
provocar o agente, utilizando desse objeto - cachorro - para
Regra: BIOpsicológico
obter seu desejo.
Não basta ter a enfermidade. No momento da ação ou
omissão, o sujeito tem que ser inteiramente incapaz de en- Menores de Dezoito Anos
tender e compreender o caráter ilícito do fato e determinar- Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
se de acordo com esse entendimento. mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas esta-
Exceção: Biológico belecidas na legislação especial.
Ş
ŝ#-ŝŦ
tipo específica, tratado no ECA). • Teoria do Autor
▷ Pessoas Jurídicas em atos lesivos ao meio ambien- ▷ REGRA:
te. » Restritiva (Código Penal)
As pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas penal- » Quem pratica o núcleo do tipo (verbo).
mente. ▷ EXCEÇÃO
O Concurso de Pessoas também conhecido como concurso » Domíno do Fato (Doutrina e Jurispridência)
de agentes, ocorre quando duas ou mais pessoas concorrem » Teoria do Partícipe
para o mesmo crime. Colaborar ou concorrer para o crime é ▷ Acessoriedade Limitada
praticar o ato (moral ou material) que tenha relevância para a Não pratica o verbo; contudo, auxilia de qualquer forma.
» Moral: instigado ou induzido.
perpetração do ilícito. » Material: qualquer auxílio.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ Pluralidade de Crimes (dois ou mais crimes, idênti- pécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
cos ou não). execução e outras semelhantes, devem os subsequen-
tes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-
Consequência: aplica-se a Exasperação da pena. Ou seja,
se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
se as penas forem diversas, aplica-se a mais grave; se idênti-
mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso,
cas, aplica-se apenas uma delas, sendo em ambos os casos
de um sexto a dois terços.
aumentadas de um sexto até a metade.
A principal característica do Crime Continuado é a pre-
Exasperação sença do Nexo de Continuidade Delitiva, por meio do qual os
Penas diferentes:
Com uma Pratica dois ou aplica-se a mais grave crimes subsequentes serão concebidos como continuação do
ação ou + mais crimes = aumentada de 1/6 primeiro.
omissão (idênticos ou não) a 1/2 Por isso, o crime continuado é uma ficção jurídica, tendo
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Penas idênticas: sido criado para beneficiar o réu, atenuando a pena imposta.
aplica-se apenas uma, Para se configurar o crime continuado devem estar pre-
aumentada de 1/6
a 1/2
sentes os seguintes requisitos:
Requisitos Cumulativos:
Ex.: Um motorista dirigindo em alta velocidade atropela
e mata três pessoas. ▷ Pluralidade de Condutas (mais de uma ação ou
omissão).
Concurso Formal Impróprio ou Imperfeito ▷ Pluralidade de Crimes da mesma espécie (dois ou
Art. 70, caput, 2ª Parte mais crimes da mesma espécie).
Art. 70, caput, 2ª parte. (...) As penas aplicam-se, entre- ▷ Nexo de Continuidade Delitiva (condições de tem-
tanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e po, lugar, maneira de execução e outras condições
os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, semelhantes).
consoante o disposto no artigo anterior. Consequência: aplica-se a exasperação da pena. Ou seja,
O Concurso Formal Impróprio possui os mesmos requisi- se as penas forem diversas, aplica-se a mais grave; se idênti-
tos do concurso formal próprio, isto é: unidade de condutas e cas, aplica-se apenas uma delas; sendo, em ambos os casos, 393
pluralidade de crimes. aumentadas de um sexto até dois terços.
Ex.: Um caixa de supermercado que subtrai diariamen- culposo pode ser resultado qualificado, mas crime autônomo
394 te uma pequena quantia do dinheiro de seu caixa. ele não é. Não temos infanticídio culposo também. Só o homi-
cídio admite a forma culposa.
Crime Continuado Específico
ou Qualificado Dos Crimes Contra a Vida
Art. 71, Parágrafo Único Homicídio Simples
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
parto; ra diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
▷ Contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
ou com deficiência; pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é pra-
▷ Na presença de ascendente ou descendente da ví- ticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior
tima. de 60 (sessenta) anos.
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes cri- § 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
mes, todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 deixar de aplicar a pena, se as consequências da infra-
de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou ção atingirem o próprio agente de forma tão grave que
tentados: a sanção penal se torne desnecessária.
I. homicídio (Art. 121), quando praticado em ativi- § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a me-
dade típica de grupo de extermínio, ainda que co- tade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
metido por um só agente, e homicídio qualificado pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
(Art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); grupo de extermínio.
Como todo homicídio qualificado, o feminicídio também é
considerado hediondo de acordo com o Art. 1º da Lei nº 8.072/90
Conceito
(Lei de Crimes Hediondos). O homicídio é morte injusta de uma pessoa praticada por
Essa qualificadora foi inserida pela Lei nº 13.142/2015, que outrem. De acordo com Nelson Hungria É o Crime por exce-
acrescentou objetivamente essa ação no rol dos crimes he- lência.
diondos no Art. 1º inciso I-A e também aumentou a pena de 1/3 No Art. 121, caput tem-se o chamado Homicídio Doloso Sim-
a 2/3 no Art. 129 (lesão corporal). ples. No Art. 121, § 1º, tem-se o chamado Homicídio Doloso Pri-
VII. Contra autoridade ou agente descrito nos Arts. vilegiado. O Art. 121, § 2 º, traz o Homicídio Doloso qualificado. O
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do Art.121, § 3º, traz o Homicídio Culposo. O Art. 121, § 4º, do CP traz
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança as Majorantes de Pena, o § 5º traz o Perdão Judicial.
Pública, no exercício da função ou em decorrência E o homicídio preterdoloso? Está previsto no Art. 129, § 3º do
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou pa- CP: é a lesão corporal seguida de morte.
rente consanguíneo até terceiro grau, em razão Homicídio não é genocídio, são dois crimes distintos. Nem 395
dessa condição: todo homicídio em massa vai ser genocídio. Para ser genocídio
tem que se enquadrar na lei, o propósito tem que ser de exter- Ex.: “A”, portador do vírus HIV (AIDS) e sabedor desta
396 minar total ou parcialmente um grupo étnico, social ou religioso. condição, com a intenção de matar, tem relação sexual
Se o objetivo não for esse, não temos o genocídio. Pode ser ge- com “B”, com o fim de transmitir voluntária e dolosa-
nocídio segregando membros de um grupo, impedindo o nasci- mente o vírus a este último. Nesta situação, após a trans-
mento no seio de um grupo. Foi o que Saddam Hussein fez com missão, enquanto “B” não morrer, “A” responderá por
os Curdos no Iraque. tentativa de homicídio, após a morte de “B”, “A” respon-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
nº 7.170/83, que é matar alguém com motivação política. Caso te valor social
isso ocorra, se está diante do Princípio da Especialidade. No valor social, o agente mata para atender os interesses
Conduta Punida de toda coletividade.
A conduta punível nesse tipo penal nada mais é que tirar a Ex.: Matar estuprador do bairro; matar um assassino que
vida de alguém. Atente-se para a diferença: aterroriza a cidade.
▷ Vida intrauterina: abortamento – aborto. • Se o agente comete o crime por relevante valor
▷ Vida extrauterina: homicídio ou infanticídio. moral: o agente mata para atender interesses par-
Quanto ao início do parto, existem três correntes: ticulares, diferente do valor social
▷ 1ª Corrente: dá-se com o completo e total despren- Esses interesses morais são ligados aos sentimentos de
dimento do feto das entranhas maternas; compaixão, misericórdia ou piedade.
▷ 2ª Corrente: ocorre desde as dores do parto; Ex.: Eutanásia; A mata B porque matou o filho.
Alguns autores salientam que há uma doutrina cada vez mais
▷ 3ª Corrente: ocorre com a dilatação do colo do útero.
recente de que a ortotanásia não seja crime, mas essa questão,
Forma de execução: trata-se de delito de execução livre, indagada em concurso do MP de SC, foi considerada tão crime
podendo ser praticado por ação ou omissão, meios de execu- como a eutanásia.
ção diretos ou indiretos.
• Se o agente comete o crime sob o domínio de vio-
Tipo Subjetivo: o Art. 121, caput é punido a título de dolo lenta emoção, logo em seguida a injusta provoca-
direto ou dolo eventual. ção da vítima - Homicídio Emocional
Verifica-se o dolo eventual quando o agente assumiu o
Atente-se que domínio não se confunde com mera influên-
risco de praticar a conduta delituosa. Atualmente os tribunais cia. A mera influência é uma atenuante de pena prevista no
vêm entendendo que quando o agente, embriagado, pratica Art. 65 do CP.
homicídio de trânsito, pode ser condenado pelo homicídio do
É necessário observar que o homicídio deve ocorrer logo
Art. 121 do CP, tendo em vista que, ao ingerir bebida alcoólica
após a injusta provocação da vítima, ou seja, deve haver ime-
e tomar a direção de um veículo, assumiu o risco de produzir
diatidade da reação (reação sem intervalo temporal). Entende
o evento danoso.
a jurisprudência que, enquanto perdurar o domínio da violenta
Consumação e Tentativa emoção, a reação será considerada imediata.
Trata-se de delito material ou de resultado, ou seja, o deli- Observa-se ainda que a provocação da vítima deve ser in-
to consuma-se com a morte. A morte dá-se com a cessação da justa, e isso não traduz, necessariamente, um fato típico. Pode
atividade encefálica. Cessando a atividade encefálica, o agente haver injusta provocação sem configurar fato típico, mas serve
será considerado morto, conforme se extrai da Lei nº 9.434/97 para configurar o homicídio emocional.
– Lei de Transplantes. A tentativa é possível, considerando que Ex.: Adultério.
o homicídio se trata de crime plurissubsistente, permitindo a Se for injusta a agressão da vítima, será caso de legitima
execução fracionamento. defesa.
O homicídio simples pode ser considerado crime hediondo O privilégio é sempre circunstância do crime. Sendo que
quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio. as circunstâncias subjetivas são incomunicáveis, nos termos do
É o chamado homicídio condicionado. O homicídio pode ser Art. 30 do CP. Já as circunstâncias objetivas são comunicáveis,
praticado através de relações sexuais ou atos libidinosos. nos termos do Art. 30, in fine.
Circunstâncias Subjetivas Circunstâncias Objetivas Nesse inciso I o legislador aqui encerrou de forma genéri-
Não se comunicam. Comunicam-se. ca, o que permite a interpretação analógica, ou seja, permite
Ligam-se ao motivo ou estado anímico Ligam-se ao meio / modo
ao juiz a análise de outras situações que aqui podem se en-
do agente de execução quadrar.
Como as privilegiadoras aqui citadas são Por Motivo Fútil
subjetivas, não haverá comunicabilidade em Segundo alguns autores é aquele que ocorre quando o
relação aos demais autores do crime, logo
não se aplica ao coautor se não restarem móvel apresenta real desproporção entre o delito e a sua cau-
comprovados os mesmos requisitos. sa moral. Tem-se a pequeneza do motivo (matar por pouca
coisa).
Homicídio Qualificado Ex.: Briga de trânsito.
O homicídio qualificado é sempre crime hediondo. Tem caráter SUBJETIVO, pois se refere à motivação do
agente para cometer o crime.
Homicídio Qualificado
É um motivo insignificante, de pouca importância, comple-
§ 2º Se o homicídio é cometido:
tamente desproporcional à natureza do crime praticado.
I. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou
por outro motivo torpe; Atente-se que, motivo fútil não se confunde com motivo
injusto, uma vez que a injustiça é característica de todo e qual-
II. Por motivo fútil;
quer crime - injusto penal.
III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de Se não há motivo comprovado nos autos, poderá ser de-
que possa resultar perigo comum; nunciado por homicídio qualificado pelo motivo fútil? Aqui há
IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimu- duas correntes:
lação ou outro recurso que dificulte ou torne im- 1ª Corrente: a ausência de motivos equipara-se ao motivo fú-
possível a defesa do ofendido; til, pois seria um contrassenso conceber que o legislador punisse
V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impu- com pena mais grave quem mata por futilidade, permitindo que
nidade ou vantagem de outro crime: o que age sem qualquer motivo receba sanção mais branda. (MA-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. JORITÁRIA)
Motivo Torpe 2ª Corrente: a ausência de motivos não pode ser equiparada
É o motivo abjeto, ignóbil, vil, espelhando ganância. ao motivo fútil, sob pena de se ofender o princípio da reserva
É indagado se a qualificadora da torpeza se aplica também legal. É o que entende Cezar Roberto Bitencourt – para ele o
ao mandante, ou apenas para o executor. legislador que deve incluir a ausência de motivo no rol das qua-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Alguns autores dizem que a resposta depende se se en- lificadoras.
tende que essa qualificadora é uma elementar ou se é circuns- Com Emprego de Veneno, Fogo, Explosivo, As-
tância. Entendendo que se trata de circunstância, somente o
fixia, Tortura ou Outro Meio Insidioso ou Cruel,
executor responde pelo homicídio qualificado já que a circuns-
tância subjetiva não se comunica. Por outro lado, entendendo- ou de que Possa Resultar Perigo Comum
se que se trata de elementar subjetiva do crime, haverá co- Neste inciso, novamente se permite a interpretação analó-
municabilidade, estendendo-se a qualificadora ao mandante gica, trazendo alguns exemplos o inciso.
(ambos respondem pela qualificadora – mandante e executor). Tem caráter objetivo, pois se refere aos meios emprega-
Atualmente, prevalece a segunda hipótese, ou seja, que se dos pelo agente para o cometimento do homicídio.
trata de elementar subjetiva do crime, e mandante e executor
Esse inciso permite igualmente a interpretação analógica,
respondem pelo crime qualificado.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Tem caráter objetivo (modo de execução do crime). conduta voluntária, com violação de dever objetivo de cuida-
do a todos imposto, por negligência, imprudência ou impe-
Conceitos:
rícia, produzindo, por consequência, um resultado (morte)
Traição: ataque desleal, quebra de confiança. involuntário, não previsto e nem querido, mas objetivamente
Emboscada: aquele que ataca a vítima com surpresa. Ele previsível, que podia ter sido evitado caso observasse a devida
se oculta para surpreender a vítima. atenção.
Dissimulação: significa fingimento, disfarçando o agente
Modalidades de Culpa
a sua intenção hostil.
Ex.: Aquele que convida para ir à casa de outrem e, lá Culpa negativa. O agente deixa de fazer aquilo que a
Negligência cautela manda.
chegando, mata o convidado.
Ex.: Viajar de carro com os freios danificados.
Para Assegurar a Execução, Ocultação, a Im- Culpa positiva. O agente pratica um ato perigoso.
Imprudência
punidade ou Vantagem de Outro Crime Ex.: Trafegar com veículo no centro da cidade a 180 km/h.
Tem caráter subjetivo (refere-se aos motivos do crime). Culpa profissional. É a falta de aptidão para o
Ş
ŝ#-ŝŦ
Trata das hipóteses de conexão teleológica e consequencial. exercício de arte, profissão ou ofício para a qual o
agente, apesar de autorizado a exercê-la, não possui
ї Quando se comete o crime para assegurar a execução, Imperícia conhecimentos teóricos ou práticos para tanto.
classifica-se o homicídio como qualificado teleológico. Ex.: Médico ginecologista que começa a realizar
Ex.: “A” pretendendo cometer um crime de extorsão me- cirurgias plásticas sem especialização para tanto.
diante sequestro contra uma pessoa muito importante e Por se tratar de infração de médio potencial ofensivo (já
para assegurar a execução mata o segurança do empresário. que a pena mínima é de um ano) há possibilidade de suspen-
ї Já no homicídio consequencial são as seguintes hipóteses: são condicional do processo.
Conexão Consequencial Já quando ocorre o delito previsto no Art. 302 do CTB –
Quer evitar a descoberta do crime cometido pelo agente. homicídio culposo na condução de veículo automotor – a pena
Ocultação é detenção de dois a quatro anos + a suspensão ou proibição
Ex.: Ocultar o cadáver após o homicídio.
O criminoso procura evitar que se descubra que ele foi da permissão de conduzir veículo.
Impunidade o autor do crime. Art. 121, §3º, CP Art. 302, CTB
Ex.: Matar a testemunha ocultar de um crime.
O agente que usufruir a vantagem decorrente da Norma especial: na direção de
Norma geral
prática de outro crime. veículo automotor.
Vantagem
Ex.: Um ladrão mata o outro para ficar com todo o A pena é de 02 a quatro anos
dinheiro do roubo praticado por ambos. Pena varia de 01 a 03 anos à infração
à infração penal de grande
penal de médio potencial ofensivo.
O STF tem admitido a coexistência do privilégio (caráter sub- potencial ofensivo.
jetivo) com as qualificadoras de caráter objetivo (chamado homi- Não admite suspensão condi-
cídio privilegiado-qualificado). Admite a suspensão do processo.
cional do processo.
Ex.: “A” matou “B” envenenado porque este último es-
tuprou a filha de “A”. Aumento de Pena
O homicídio privilegiado-qualificado não é considerado § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3
hediondo (pois a existência do privilégio afasta a hediondez (um terço), se o crime resulta de inobservância de re-
do homicídio qualificado). gra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
Matar por ocasião de outro crime, sem vínculo finalístico, deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procu-
não qualifica o crime. ra diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
O crime futuro deve ocorrer para gerar a conexão teleoló- evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
gica? O crime futuro não precisa ocorrer para gerar esta quali- pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é pra-
ficadora, bastando matar para essa finalidade. ticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior
de 60 (sessenta) anos.
Há possibilidades do homicídio qualificado ser privilegia-
do? Sim. Há essa possibilidade, quando as qualificadoras são Aqui se tem o rol das majorantes do homicídio doloso e o
objetivas. rol das majorantes do homicídio culposo.
Ou seja, uma da privilegiadoras, e uma das qualificadoras • Aumento de pena de 1/3
do meio cruel ou da torpeza (objetivas). Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
Para a maioria da doutrina, o homicídio qualificado quan- profissão, arte ou ofício: neste caso, apesar do agente dominar
do também privilegiado não será hediondo, uma vez que o a técnica, não observa o caso concreto. É diferente da imperí-
privilégio é preponderante. cia, pois nessa hipótese, o agente não domina a técnica.
Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima: grave que a sanção penal se torne desnecessária.
neste caso, é necessário para a incidência da majorante que o Ex.: Pai culposamente atropela filho na garagem de casa.
socorro seja possível, e que o agente não tenha risco pessoal Natureza jurídica da sentença concessiva de perdão ju-
na conduta. dicial: De acordo com a Súmula 18 do STJ: A sentença conces-
Não incide aumento quando terceiros prestarem socorro siva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibili-
ou morte instantânea incontestável. dade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
Neste caso, não incide também o Art. 135 do CP (omissão
Perdão Judicial e Código de Trânsito Brasileiro: O perdão
de socorro), para evitar o bis in idem.
judicial no CTB estava previsto no Art. 300, mas este foi vetado.
De acordo com o STF, se o autor do crime, apesar de reunir
condições de socorrer a vítima não o faz, concluindo pela inutilida- Causa Específica de Aumento de Pena
de da ajuda em face da gravidade da lesão, sofre a majorante do § 6º. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a me-
Art. 121, § 4º, do CP: tade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
Se não procura diminuir as consequências do seu ato; pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
Se foge para evitar prisão em flagrante: para a maioria da grupo de extermínio.
doutrina esta majorante é aplicável, pois o agente demonstra, ao Esse parágrafo foi introduzido no Código Penal pela Lei nº
fugir do flagrante, ausência de escrúpulo e diminuta responsabili- 12.720 de 27 de setembro de 2012, juntamente com a mudança
dade moral, lembrando que prejudica as investigações. no § 7º do crime de lesão corporal (Art. 129 do CP) e o novo
Para a doutrina moderna, essa majorante não deveria incidir,
crime de constituição de milícia privada (Art. 288-A do CP).
pois a pessoa estaria obrigada, nessa hipótese, a produzir prova
contra si mesma, o que vai de encontro ao instituto de liberdade, É uma majorante de concurso necessário, visto que um
e já que a fuga sem violência não é crime e daí que não poderia grupo não pode ser constituído por uma ou duas pessoas.
também incidir essa majorante. (Defensoria Pública). O legislador omitiu qual o número mínimo exigido para a
No homicídio doloso a pena é aumentada de 1/3 se o crime configuração desses grupos de extermínio ou milícias, mas a
é praticado contra:
interpretação que predomina é de no mínimo 03 pessoas.
▷ Menor de 14 anos;
Para que ocorra essa causa especial de aumento de
▷ Maior de 60 anos (não abrange aquele que tem ida-
de igual a 60 anos). pena, se faz necessário um especial fim de agir do grupo
A idade da vítima deve ser conhecida pelo agente. de milícia privada (pretexto de prestação de serviço de
segurança). Essa majorante também é aplicada se for co-
E se, quando do disparo de arma de fogo, a vítima tenha
menos de 14 anos, e quando falece já é maior de 14, incide a metida por somente um integrante do grupo, somente se
majorante? SIM, neste caso analisa-se se na ocasião da ação a o referido homicídio já teria sido planejado pela milícia an-
teriormente.
Ş
ŝ#-ŝŦ
vítima era menor de 14 anos.
• Perdão Judicial Ex.: O que ocorre nas favelas do Rio de Janeiro.
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá Induzimento, Instigação ou
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infra-
ção atingirem o próprio agente de forma tão grave que
Auxílio ao Suicídio
a sanção penal se torne desnecessária. Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
Conceito: Segundo alguns autores, perdão judicial é o insti- prestar-lhe auxílio para que o faça:
tuto pelo qual o Juiz, não obstante a prática de um fato típico e Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se
ilícito, por um agente comprovadamente culpado, deixa de lhe consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentati-
aplicar, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, o preceito va de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
sancionador cabível, levando em consideração determinadas cir- Parágrafo único. A pena é duplicada:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
▷ Induzir: Implantar a ideia. ta, querendo que a vítima efetivamente se suicide (dolo).
▷ Instigar: Reforçar a ideia preexistente. Não há crime se o agente fala, por brincadeira, para a víti-
▷ Auxiliar: Intromissão no processo físico de causação. ma se matar e esta realmente se mata.
Sujeitos Não caracteriza constrangimento ilegal a coação (força)
exercida para impedir o suicídio (Art. 146, § 3º, II, CP).
Sujeito Ativo: crime comum, pode ser praticado por qual-
quer um. Causas de Aumento de Pena
Sujeito Passivo: alguém que tenha capacidade para agir, (Art. 122, Parágrafo Único) A pena será duplicada
se o crime for cometido:
pois caso contrário será crime de homicídio. Se ela tiver relati-
va capacidade (de 14 até fazer 18 anos – Art. 224, “a” e 217-A, É o que revela individualismo exagerado.
O agente almeja alcançar algum proveito,
CP), incorrerá na pena do Art. 122, parágrafo único, II, CP. econômico ou não, como consequência do
Natureza Jurídica do Art. 122, CP: Nelson Hungria, Luiz Re- suicídio da vítima.
gis Prado, Aníbal Bruno e Rogério Greco – Condição Objetiva Por motivo egoístico Ex.: filho único induz o pai a se suicidar para
Ş
ŝ#-ŝŦ
de Punibilidade, porque o crime se perfaz quando se instiga, ficar com sua herança. O Vice-presidente
de uma empresa instiga o presidente (o
induz ou auxilia. Mas a lei condiciona a punibilidade dessa con- qual está com depressão) a se matar para
duta à ocorrência do suicídio, ou pelo menos da lesão grave. assumir seu cargo.
São resultados que se encontram fora do Tipo e, por isso, são ATENÇÃO: A vítima tem que ser menor de
condições que a Lei coloca para que o Estado possa exercer o Se a vítima é menor 18 e maior que 14 anos. Caso a vítima seja
ius puniendi. menor de 14 anos o crime será de homicídio.
Art. 13, § 2º, CP. A omissão é penalmente relevante É a pessoa mais propensa a ser influenciada
quando o omitente devia e podia agir para evitar o re- pela participação em suicídio.
sultado. O dever de agir incumbe a quem: Se a vítima tem di-
Ex.: pessoa parcialmente embriagada,
minuída, por qualquer
a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção sob efeito de entorpecente, com idade
causa, a capacidade
ou vigilância; avançada.
de resistência
Obs.: Se o ébrio estiver completamente
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de
inconsciente o crime será homicídio.
impedir o resultado;
c) Com seu comportamento anterior, criou o risco Pacto de Morte ou Suicídio a Dois
da ocorrência do resultado.
Duas pessoas resolvem se suicidar conjuntamente. Ex.: câmara de gás.
A conduta só é punida na forma dolosa (o agente que par-
Podem ocorrer as seguintes situações:
ticipa), NÃO existindo previsão para modalidade culposa.
Descrição do crime: é conhecido também como o crime de “A” e “B” sobre-
viveram e não
participação em suicídio. Ademais, a participação deve dirigir- ocorreu lesão
Os dois abriram a Os dois responderão por
se a pessoa(as) determinada (as), pois NÃO é punível a parti- torneira de gás. tentativa de homicídio.
corporal grave (ou
cipação genérica (um filme, livro, que estimule o pensamento gravíssima).
suicida). “A” e “B” sobre-
“A” responderá por tentati-
Sendo a conduta criminosa composta de vários verbos viveram e não
“A” abriu a va de homicídio e “B” não
(induzir, instigar, auxiliar), ainda que o agente realize as três ocorreu lesão
torneira. responderá por nada (Fato
corporal grave (ou
condutas, o crime será único, respondendo desta forma, ape- gravíssima).
Atípico).
nas pelo Art. 122 do CP.
“A” e “B” sobre-
Considerações viveram, mas “B”
“A” responderá por tenta-
“A” abriu a tiva de homicídio e “B” re-
Na participação material, o auxílio deve ser acessório, ficou com lesão
torneira. sponderá por participação
pois, caso seja direto e imediato, o crime será o de homicí- corporal grave (ou
em suicídio (Art. 122).
gravíssima).
dio, visto que o sujeito não pode, em hipótese alguma, realizar
uma conduta apta a eliminar a vida da vítima. “A” morreu e “B” “A” abriu a
“B” responderá por
Ex.: “A” empresta sua arma de fogo para “B”, contudo, participação em suicídio
sobreviveu. torneira.
(Art. 122).
“B” solicita para que esse (“A”) efetue o disparo em sua
cabeça. “A” morreu e “B” “B” abriu a “B” responderá por
sobreviveu. torneira. homicídio.
Roleta-Russa e Duelo Americano na qualidade de partícipe. Mas aqui surgem duas correntes em
face da injustiça existente:
Os Sobreviventes Responderão pelo Crime: Corrente Majoritária: o médico responde pelo Art. 121 do
A arma de fogo (revólver) é municiada com um CP e a parturiente responde pelo Art. 123 para sanar a injustiça
único projétil, sendo o gatilho acionado por ambos existente.
Roleta-russa os participantes – conforme sua ordem – girando o Sujeito Passivo: é próprio, ou seja, somente aquele que é
“tambor” da arma a cada nova tentativa. “A” gira o
tambor, mira em sua cabeça, e aciona o gatilho. o nascente (durante o parto) ou neonato (logo após o parto).
Diante da especialidade, tanto do sujeito ativo como do
Existem duas armas, sendo que apenas uma sujeito passivo, o crime é considerado bipróprio.
está municiada, cada um escolhe a sua e efetiva
Duelo-Americano Supondo que a mãe mate aquele que supõe ser seu filho,
o disparo contra si mesmo, desconhecendo qual
efetivamente está carregada. mas na verdade é filho de outrem. Nesse caso continuará res-
pondendo pelo crime de infanticídio, diante da aplicação do
Infanticídio Art. 20 do CP, que determina a consideração das qualidades
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o da vítima virtual.
próprio filho, durante o parto ou logo após: Conduta
Pena - detenção, de dois a seis anos. A conduta punível é tirar a vida extrauterina do próprio fi-
Conceito lho, durante ou logo após o parto.
O Art. 123 do CP é um homicídio especial, dotado de especia- ї Tem-se o matar + as seguintes especializantes:
lizastes, possuindo pena menor, o que implica o fato de ser consi- Elemento temporal constitutivo do tipo: durante ou logo
derado Homicídio Privilegiado. após o parto. Se for antes do parto, o crime é de aborto. Se,
após o parto, o crime é de homicídio.
Requisitos Influência do estado puerperal: a doutrina afirma que, o
▷ Praticado pela própria mãe contra seu filho; logo após perdura enquanto presente a influência do estado
▷ Durante ou logo após o parto; puerperal. Enquanto a gestante estiver sob a influência do es-
▷ Contra recém-nascido (neonato); tado puerperal, o elemento temporal constitutivo estará pre-
▷ Sob influência de estado puerpério (lapso temporal sente. Estado puerperal é um desequilíbrio fisio-psíquico.
até que a mulher volte ao ciclo menstrual normal). Estado puerperal: Conforme Sanches, é o estado que
Trata-se de um crime próprio (praticado pela própria envolve a parturiente durante a expulsão da criança do
mãe). ventre materno, produzindo profundas alterações psíqui-
cas e físicas.
É um crime comissivo (ação) ou omissivo (omissão im-
Puerpério é o período que se estende do início do parto
Ş
ŝ#-ŝŦ
própria), sendo também um crime material, consuma-se, efe-
até a volta da mulher às condições pré-gravidez.
tivamente, com a morte da vítima.
É preciso, também, que haja uma relação de causa e efei-
Sujeitos to entre o estado puerperal e o crime, pois nem sempre ele
Sujeito Ativo: o sujeito ativo aqui é a mãe, sob influência produz perturbações psíquicas na parturiente. Esse alerta se
do estado puerperal. encontra na exposição de motivos do CP.
Indaga-se se o crime em questão admite concurso de pes- Dependendo do grau do estado puerperal é possível que
soas (coautoria e participação)? a parturiente seja tratada como inimputável ou semi-imputá-
Sobre essa pergunta existem duas correntes: vel? Sim. Dependendo do grau de desequilíbrio fisio-psíquico,
a parturiente pode sofrer o mesmo tratamento do inimputável
1ª Corrente: o estado puerperal é condição personalís- ou semi-imputável. Essa é a posição de Mirabete.
sima incomunicável, logo, não admite concurso de pessoas.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Mas atente-se que o CP não reconhece essa condição perso- Tipo Subjetivo
nalíssima – não tem previsão do Art. 30 do CP. O crime descrito no Art. 123 é punido a título de dolo, não
2ª Corrente: o estado puerperal é condição pessoal comu- havendo possibilidade de punição na modalidade culposa.
nicável, pelo que é admitido o concurso de agentes. (Majori- Consumação e tentativa:
tária) O crime se consuma com a morte, sendo perfeitamente
ї Alguns autores dividem dessa forma: possível a tentativa.
1ª Situação: parturiente e médico matam o nascente ou
neonato. Parturiente responde pelo Art. 123 e o médico tam-
Aborto Provocado pela Gestante
bém responde pelo Art. 123 em coautoria. ou com seu Consentimento
2ª Situação: parturiente, auxiliada pelo médico, mata nas- Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir
cente ou neonato. A parturiente responde pelo Art. 123 e o mé- que outrem lhe provoque:
dico também, como partícipe. Pena - detenção, de um a três anos.
3ª Situação: médico, auxiliado pela parturiente, mata nas- O crime de aborto ocorre quando há a interrupção da gra-
cente ou neonato. O médico responderá pelo crime de homi- videz, ocasionando a morte do produto da geração, procria- 401
cídio e a parturiente, também responderia pelo Art. 121 do CP ção, concepção, ou seja, é a eliminação da vida intrauterina.
Sob o aspecto jurídico, a gravidez tem início com a nidação Consumação e Tentativa
402 (implantação do óvulo fecundado no útero – parede uterina). Ocorre com a morte do feto. É dispensável a expulsão do
Portanto, não há crime de aborto quando da utilização de produto da concepção.
meios que inibem a fixação do ovo na parede uterina. É o que É admitida a tentativa.
ocorre com o DIU (diafragma intrauterino).
Espécies de Aborto Classificação Doutrinária
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Acidental
A gestante sofre um acidente qualquer e perde o Análise do Tipo Penal
bebê. Não é crime, por ausência de dolo.
1ª parte: provocar aborto em si.
Eugênico ou Interrupção da gravidez para evitar o nascimento da É o autoaborto, um crime próprio e de mão própria.
Eugenésico criança com graves deformidades genéticas. É crime.
Admite participação:
Econômico Interrupção da gravidez para não agravar a situação de
ou Social miséria enfrentada pela mãe ou por sua família. É crime. Ex.: Mulher gestante ingere medicamento abortivo que
lhe foi dado por seu namorado e provoca o aborto. Nesta
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
jurídico.
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anterio- Ambos devem ser praticados por médico (este não precisa
res são aumentadas de um terço, se, em consequência de autorização judicial para realizar estas espécies de aborto).
do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo,
a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são Aborto sentimental também é autorizado quando a gra-
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobre- videz decorrer de estupro de vulnerável (analogia in bonam
vém a morte. partem).
Esses resultados são preterdolosos advindos da prática Aborto Econômico: não está previsto no ordenamento ju-
abortiva, ou seja, são resultados que só poderão ser imputa- rídico. Se praticado será crime de aborto.
dos a título de culpa. Se houver dolo em relação a esses resul- De acordo com o Código Penal, existem apenas duas moda-
tados haverá concurso. lidades permissivas de aborto previstas no Art. 128 do CP (abor-
to necessário e aborto sentimental).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
de produzi-lo: da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa-
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. trimônio, através dos seguintes órgãos:
Diminuição de Pena: I. Polícia federal;
§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de II. Polícia rodoviária federal;
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de vio- III. Polícia ferroviária federal;
lenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da IV. Polícias civis;
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
V. Polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Substituição da Pena:
§8º Guardas municipais
§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
Lesão corporal é a ofensa humana direcionada à integrida-
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzen-
de corporal ou à saúde de outra pessoa, quer do ponto de vista
tos mil réis a dois contos de réis:
anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental. A dor,
I. Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo por si só, não caracteriza lesão corporal.
anterior; No crime de lesão corporal, protege-se a incolumidade
II. Se as lesões são recíprocas. física em sentido amplo: Saúde física ou corporal; Saúde fisio-
Lesão Corporal Culposa lógica (correto funcionamento do organismo) e Saúde mental
§ 6º Se a lesão é culposa: (psicológica).
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Topografia do Art. 129
Aumento de Pena Art. 129, caput Lesão dolosa leve.
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do Art. 121 deste Lesão dolosa grave - Atenção! O § 1º não traz so-
Código. Art. 129, §1º mente a lesão dolosa grave. Ele também tem lesão
preterdolosa grave.
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
Art. 121. Lesão dolosa gravíssima - também no § 2º tem
Art. 129, §2º
Violência Doméstica preterdolo.
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des- Lesão seguida de morte (está genuinamente
cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com Art. 129, §3º
preterdolosa).
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale-
cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi- Art. 129, §4º Lesão dolosa privilegiada.
tação ou de hospitalidade. Art. 129, §5º Lesão culposa.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. Art. 129, §6º Majorantes.
§ 10 Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se Art. 129, §7º Perdão judicial.
as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,
Art. 129, §§ 9, Violência doméstica e familiar (aqui não é só
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
10 e 11 contra mulher).
§ 11 Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será au-
mentada de um terço se o crime for cometido contra Art. 129, § 12 Praticada contra autoridade policial.
pessoa portadora de deficiência.
Classificação Lesão Corporal de Natureza Grave
Pode ser praticado por ação ou omissão, quando presente § 1º Se resulta
o dever de agir para evitar o resultado, Art. 13, § 2º, CP. I. Incapacidade para as ocupações habituais, por
Ex.: A mãe que deixa o filho pequeno sozinho na cama, mais de trinta dias;
desejando que ele caísse e se machucasse. II. Perigo de vida;
É crime de forma livre. Pode ser praticado por ação ou III. Debilidade permanente de membro, sentido ou
omissão. Pratica lesão quem cria ferimento ou quem agrava o função;
ferimento que já existe.
IV. Aceleração de parto:
Elemento subjetivo é o dolo (direto ou eventual) conhe- Pena - reclusão, de um a cinco anos.
cido como animus laedendi, mas há também a culpa no § 6º
Trata-se de infração de médio potencial ofensivo, conside-
(lesão corporal culposa) e o preterdolo no § 3º (lesão corporal rando que a pena mínima é de um ano.
seguida de morte).
A ação penal é pública incondicionada.
Sujeitos do Crime I. Incapacidade para as ocupações habituais por
Sujeito Ativo: é crime comum, podendo ser praticado por mais de trinta dias.
qualquer pessoa. As ocupações habituais são aquelas rotineiras, física ou
Sujeito Passivo: em regra, qualquer pessoa. mental, do cotidiano do ofendido e não apenas seu trabalho. É
Exceções: Art. 129, § 1º, IV (aceleração de parto) e Art. suficiente tratar-se de ocupação concreta, pouco importando
129, § 2º, V (lesão que resulta aborto). Nestas duas hipóteses se lucrativa ou não.
as vítimas são, necessariamente, gestantes. Também na le- A atividade deve ser lícita, sendo indiferente se moral ou
são qualificada pela violência doméstica a vítima precisa ser imoral.
ascendente, descendente, irmã, cônjuge ou companheira do Ex.: Prostituta pode. Ladrão não pode.
agressor. Um bebê de tenra idade pode ser vítima dessa lesão? A
resposta é afirmativa e há jurisprudência nesse sentido, tra-
Exceções: zendo como exemplo a hipótese em que o bebê, em razão da
▷ Art. 129, § 1º, IV (aceleração de parto). agressão não pode ser alimentado, pelo prazo de 30 dias.
▷ Art. 129, § 2º, V (lesão que resulta aborto). É irrelevante a idade da vítima (pode ser idosa ou criança).
Nestas duas hipóteses as vitimas são, necessaria- São exigidos dois exames periciais: um inicial realizado
mente, gestantes. logo após o crime; e um exame complementar realizado logo
▷ Contra ascendente, descendente, irmã, cônjuge ou que decorra o prazo de 30 dias da data do crime.
companheira do agressor. Supondo que a vítima sofra uma lesão ficando com um
Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ Agentes de Segurança descritos no Art. 129, § 12, hematoma no olho, e, por vergonha não saiu de casa pelo pra-
assim com parente consanguíneo até terceiro grau. zo superior a trinta dias, nessa hipótese, restou configurado o
delito de lesões corporais graves? Ensina a doutrina, seguida
Consumação e Tentativa pela jurisprudência, que a relutância por vergonha de praticar
Por ser crime material se consuma com a efetiva lesão da as ocupações habituais não agrava o crime. É a lesão que deve
vítima. A pluralidade de lesões contra a mesma vítima e no incapacitar o agente e não a vergonha da lesão.
mesmo contexto temporal caracteriza crime único, mas deve II. Perigo de vida.
influenciar na dosimetria da pena-base (Art. 59, CP). Perigo de vida é a possibilidade grave, concreta e imediata
A tentativa só é cabível nas modalidades dolosas. Não de a vítima morrer em consequência das lesões sofridas. Tra-
cabe tentativa na lesão culposa e na lesão corporal seguida ta-se de perigo concreto, comprovado por perícia médica, que
de morte. deve indicar, de modo preciso e fundamentado, no que consis-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
É a antecipação do parto, o parto prematuro. A criança pela conduta do agressor) ou amputação (resulta da in-
nasce com vida e continua a viver. tervenção médico-cirúrgica realizada para salvar a vida do
Para incidir essa qualificadora do inciso IV, é imprescindível ofendido).
que o agente saiba ou pudesse saber que a vítima da lesão era Inutilização: falta de aptidão do órgão para desempenhar sua
gestante, sob pena de restar caracterizada a responsabilidade função específica. O membro ou órgão continua ligado ao corpo
penal objetiva, vedada pelo ordenamento jurídico. É necessá- da vítima, mas incapacitado para desempenhar as atividades que
rio observar ainda que, em nenhuma dessas hipóteses o agen- lhe são próprias.
te aceita ou quer o abortamento. Ex.: A vítima ficou paraplégica.
Se em consequência da lesão o feto for expulso morto do ven- A perda de parte do movimento de um membro (braço, per-
tre materno, o crime será de lesão corporal gravíssima em razão do na, mão ou pé) configura lesão grave pela debilidade permanente.
aborto (Art. 129, § 2º, V, CP). Todavia, a perda de todo o movimento caracteriza lesão corporal
Lesão Corporal Dolosa Gravíssima gravíssima pela inutilização.
§ 2º Se resulta A correção corporal da vítima por meios ortopédicos ou
I. Incapacidade permanente para o trabalho; próteses não afasta a qualificadora, ao contrário do reimplante
realizado com êxito.
II. Enfermidade incurável;
IV. Deformidade permanente.
III. Perda ou inutilização do membro, sentido ou
função; Segundo doutrina e jurisprudências majoritárias, esta qua-
lificadora está intimamente relacionada a questões estéticas.
IV. Deformidade permanente;
Desse modo, precisa ser visível, mas não necessariamente na
V. Aborto: face, e capaz de causar impressão vexatória em quem olha a
Pena - reclusão, de dois a oito anos. vítima.
Em concurso, restou indagado se a expressão gravíssima A vítima não é obrigada a se submeter a intervenção cirúrgica
era criação da lei, doutrina ou jurisprudência. Referida expres- para a reparação da deformidade. Caso, no entanto, se submeta, e
são é criação da doutrina que foi seguida pela jurisprudência. a deformidade for corrigida, desaparecerá a qualificadora, sendo
A Lei nº 9.455/97, que é a lei de tortura, adotou a expres- cabível, inclusive, a revisão criminal. A correção da deformidade
são doutrinária gravíssima. Na lei de tortura, no Art. 1º, § 3º, com o uso de prótese (Ex.: olho de vidro, orelha de borracha ou
há expressa menção à lesão grave ou gravíssima. aparelho ortopédico) não exclui a qualificadora.
I. Incapacidade permanente para o trabalho. V. Aborto.
Deve tratar-se de incapacidade genérica para o traba- Essa qualificadora é necessariamente preterdolosa. Há dolo
lho, ou seja, a vítima fica impossibilitada de exercer qual- na lesão e culpa no aborto. Se o agente quer, ou assume o risco do
quer tipo de atividade laborativa remunerada. aborto haverá concurso de crimes.
A incapacidade não significa perpetuidade, basta que A interrupção da gravidez, com a consequente morte
seja uma incapacidade duradoura, dilatada no tempo. do produto da concepção, deve ter sido provocada culpo-
II. Enfermidade incurável. samente, pois se trata de crime preterdoloso.
É a alteração prejudicial da saúde por processo patológico, Se a morte do feto foi proposital, o sujeito responderá por
físico ou psíquico, que não pode ser eficazmente combatida com dois crimes: lesão corporal em concurso formal impróprio com
os recursos da medicina à época do crime. Deve ser provada por aborto sem o consentimento da gestante (Art. 125). É obriga-
exame pericial. tório o conhecimento da gravidez por parte do agressor.
Lesão Corporal Seguida de Morte gligência ou imperícia. Desse modo, as consequências, embora
previsíveis, não foram previstas pelo agente, ou se foram, ele
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam
não assumiu o risco de produzir o resultado.
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco
de produzi-lo. Essa espécie de lesão depende de representação
da vítima ou de seu representante legal (Art. 88, Lei nº
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
9.099/95), pois é crime de ação penal pública condicionada
É crime exclusivamente preterdoloso (dolo no anteceden- a representação e infração penal de menor potencial ofen-
te – lesão - e culpa no consequente – morte). Esse crime não sivo (pena máxima menor que dois anos).
vai a júri, considerando que não há dolo na morte.
A morte foi ocasionada a título culposo – temos o típico Aumento de Pena
caso de crime preterdoloso (dolo na conduta antecedente e § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qual-
culpa na posterior). quer das hipóteses do Art. 121, §§ 4º e 6º.
Se presente o dolo direto ou dolo eventual quanto ao re- Art. 121, § 4º, CP. No homicídio culposo, a pena é au-
sultado morte, o sujeito responderá por homicídio doloso. mentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inob-
Essa modalidade de lesão corporal não admite tentativa. servância de regra técnica de profissão, arte ou ofício,
Lesão Corporal Privilegiada ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as consequências do seu
Diminuição de Pena ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo DOLOSO o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um Art. 121, § 4º, CP. A pena é aumentada de 1/3 (um ter-
terço. ço) até a metade se o crime for praticado por milícia
Esse privilégio se aplica a todos os tipos de lesão dolosa, privada, sob o pretexto de prestação de serviço de se-
contudo, é incabível nas lesões culposas. gurança, ou por grupo de extermínio.
Mesmas características do homicídio privilegiado (Art. 121, § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
§ 1º, do CP). Art. 121.
Substituição da Pena Art. 121, § 5º, CP. Na hipótese de homicídio CULPOSO, o
§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequên-
cias da infração atingirem o próprio agente de forma
substituir a pena de detenção pela de multa:
tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
I. Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
Ş
ŝ#-ŝŦ
anterior; Violência Doméstica
II. Se as lesões são recíprocas. § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des-
A situação da substituição de penas somente se aplica ao cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
caput, considerando que exige que as lesões corporais não se- quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale-
jam graves. A possibilidade de substituição, assim, somente se cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi-
dá com a hipótese de lesões leves. tação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Quando a Lesão Corporal Leve for Privilegiada
§ 10 Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se
Desse modo, caso as lesões sejam leves, o juiz terá duas as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,
opções: reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (§ 4º) ou substituí-la por aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
multa (§ 5º).
§ 11 Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será au-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Se as Lesões Leves Forem Recíprocas mentada de um terço se o crime for cometido contra
Uma pessoa agride outra e, cessada essa primeira agres- pessoa portadora de deficiência.
são, ocorrer uma outra lesão pela primeira vítima. § 12 Se a lesão for praticada contra autoridade ou agen-
te descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
Lesão Corporal Culposa integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
§ 6º Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Segurança Pública, no exercício da função ou em de-
Pena - detenção, de dois meses a um ano. corrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão des-
Diferentemente do que ocorre com as lesões dolosas (que
sa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
podem ser leves, graves ou gravíssimas) o CP não fez distinção
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
com relação às lesões culposas. Desse modo, qualquer que
seja a intensidade da lesão, o agente responderá por lesão A forma qualificada do § 9º só se aplica à lesão corporal LEVE.
corporal CULPOSA. A gravidade da lesão será levada em con- Considerações
sideração na fixação da pena-base (Art. 59). Pode ser causa supralegal de exclusão da ilicitude (so-
Ocorre lesão corporal culposa quando o agente faltou com mente na lesão corporal leve), desde que presentes os se- 407
seu dever de cuidado objetivo por meio de imprudência, ne- guintes requisitos, cumulativos:
▷ Deve ser expresso; noso (ação que satisfaça a libido do agente, beijo lascivo, sexo
408 ▷ Livre (não pode ter sido concedido em razão de coa- oral, sexo anal, masturbação, etc.).
ção ou ameaça); Se a intenção é transmitir, por tratar-se de crime formal,
▷ Ser moral e respeitar os bons costumes; não é necessária a transmissão.
▷ Deve ser prévio à consumação da lesão; O § 1º traz a forma qualificada do crime, ou seja, quando o
▷ O ofendido deve ser capaz para consentir (maior de agente tem intenção de transmitir a doença.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
de em razão do exercício regular do direito. Ademais, em relação à AIDS, visto seu grau letal, é consi-
Cirurgias emergenciais: se há risco de morte de paciente, derado como tentativa de homicídio (Art. 121 do CP), não há
o médico que atua sem o consentimento do operado estará possibilidade alguma de enquadrá-la como moléstia grave.
amparado pelo estado de necessidade de terceiro. Se não há
risco de morte, a cirurgia depende de consentimento da vítima Perigo para Vida ou Saúde de Outrem
ou de seu representante legal para afastar o crime pelo exercí- Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
cio regular do direito. direto e iminente:
Cirurgia de mudança de sexo: não há crime de lesão cor- Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
poral gravíssima por ausência de dolo de lesionar a integrida- constitui crime mais grave.
de corporal ou a saúde do paciente. Atualmente é permitida a Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um
realização dessa cirurgia – redesignação sexual – inclusive na terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
rede pública de saúde (Portaria do Ministério da Saúde nº 1.707 perigo decorre do transporte de pessoas para a presta-
de 19/08/08). Desse modo, o médico que realiza esta cirurgia ção de serviços em estabelecimentos de qualquer natu-
não comete crime por estar acobertado pelo exercício regular reza, em desacordo com as normas legais.
de direito. Estará configurado o crime quando o agente, de qualquer
forma, expor em perigo a vida de uma pessoa determinada.
Cirurgia de esterilização sexual: não há crime na conduta
Tal ação pode ser praticada de forma livre, ou seja, não exige
do médico que realiza esta cirurgia (vasectomia, ligadura de uma conduta específica.
trompas etc.) com a autorização do paciente, apesar da elimi-
Ex.: Soltar uma pedra do alto de um viaduto em um carro
nação da função reprodutora. Exercício regular de direito. que passa pela rodovia com intenção de causar um acidente.
Da Periclitação da Vida e da Saúde Caso a conduta do agente não seja contra uma pessoa de-
terminada, será configurado um crime diverso que será avalia-
Perigo de Contágio Venéreo do de acordo com a situação (Arts. 250 a 259 do CP).
Art. 130. Expor alguém, por meio de relações sexuais Abandono de Incapaz
ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia ve- Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
nérea, de que sabe ou deve saber que está contami- guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer mo-
nado: tivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. abandono:
§ 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º Se do abandono resulta lesão corporal de natureza
grave:
§ 2º Somente se procede mediante representação.
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Esse crime configura-se quando o agente transmite ou
expõe a perigo de contágio de uma doença venérea (sífilis, § 2º Se resulta a morte:
gonorreia etc.), bem como, caso ele a desconheça, venha a Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
infectar uma possível vítima. Aumento de Pena
A forma de transmitir a doença pode ser por meio de rela- § 3º As penas cominadas neste artigo aumentam-se de
ções sexuais (pênis x vagina), ou por qualquer outro ato libidi- um terço:
I. Se o abandono ocorre em lugar ermo; É um crime OMISSIVO PRÓPRIO ou PURO, pois a conduta
II. Se o agente é ascendente ou descendente, côn- omissiva está prevista no artigo em tela do Código Penal que
juge, irmão, tutor ou curador da vítima. ocorre quando o agente deixa de fazer o que lhe é imposto por
III. Se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. lei – prestar socorro.
Essa figura típica incrimina a conduta do agente, que Comumente é praticado apenas por uma pessoa, sendo
tendo o dever de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade que é perfeitamente possível que haja o concurso de agentes,
abandona, desampara, deixa de prestar o devido cuidado para Art. 29 do CP.
quem seja incapaz. Sujeitos do Crime
Ex.: A mãe deixa o filho em um parque central enquan- Sendo um crime comum, o sujeito ativo pode ser qualquer
to percorre lojas realizando compras, ou então, deixa-o pessoa, enquanto o sujeito passivo são as pessoas elencadas
dentro do veículo enquanto está no interior de um super- no caput do próprio artigo: Criança abandonada ou extraviada
mercado. Uma babá, que deixa a criança sozinha dentro (Perigo Abstrato). Pessoa ferida ou inválida com sérias dificul-
de casa enquanto vai à feira. dades de movimentação (Perigo Abstrato). Ao desamparo ou
Ademais, existem as figuras qualificadas caso, do abando- em grave e eminente perigo (Perigo Concreto).
no, resulte em lesão corporal de natureza grave, ou a morte do
Consumação e Tentativa
incapaz. Por conseguinte, ocorre também o aumento de pena
nas hipóteses descritas nos incisos do § 3º deste artigo. O crime se consuma no momento da omissão, ademais,
não será configurado o crime quando a vítima ofereça resis-
Exposição ou Abandono tência que torne impossível a prestação de auxílio, ou então,
caso ela esteja manifestamente em óbito.
de Recém-Nascido
Art. 134. Expor ou abandonar recém-nascido, para Não admite tentativa.
ocultar desonra própria: Descrição do Crime
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. O crime pode ser cometido de duas formas distintas:
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Falta de assistência imediata: o agente pode prestar so-
Pena - detenção, de um a três anos. corro, sem risco pessoal, mas deliberadamente não o faz.
§ 2º Se resulta a morte: Falta de assistência mediata: o agente não pode prestar
Pena - detenção, de dois a seis anos. pessoalmente o socorro, mas também não solicita o auxílio da
Esse delito é considerado uma forma privilegiada do cri- autoridade pública.
me de abandono de incapaz, artigo anterior, no entanto, nesse Observações
caso, a vítima é determinada – o recém-nascido – ademais, tal
A simples condição de médico não o coloca como garan-
Ş
ŝ#-ŝŦ
conduta visa proteção da honra do agente.
tidor.
Ex.: Uma jovem de 18 anos, mãe solteira, que abandona
seu filho recém-nascido para preservar sua imagem pe- Pessoa inválida e pessoa ferida: é imprescindível que se
rante a família. encontrem ao desamparo no momento da omissão.
Por conseguinte, também existe a forma qualificada do Se apenas uma pessoa presta o socorro, quando diversas
crime, expressa nos parágrafos primeiro e segundo, no caso poderiam tê-lo feito sem risco pessoal, não há crime para nin-
de a ação resultar em lesão corporal de natureza grave ou a guém.
morte do recém-nascido. Omissão de socorro a pessoa idosa (igual ou superior a 60
anos), responde conforme o Art. 97, Lei nº 10.741/03 – Estatuto
Omissão de Socorro do Idoso.
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível
Considerações
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
também, que sejam preenchidos formulários como condição homicídio (tentado ou consumado);
necessária para que o socorro possa ser prestado. ▷ Sujeitar a vítima a trabalhos excessivos ou inade-
Existe ainda o aumento de pena, tratado no parágrafo úni- quados;
co, que é quando resulta em lesão corporal grave ou ainda a ▷ Abusar dos meios de disciplina ou correção.
morte. As formas qualificadas do crime de maus-tratos (lesão
Inserido no Código Penal pela Lei nº 12.653/2012 coibindo corporal de natureza grave e morte) são exclusivamente pre-
uma prática que era comum em estabelecimentos médico- terdolosas – conduta dolosa no antecedente e culpa no con-
-hospitalares particulares. sequente.
Maus-Tratos Aumenta-se a pena de 1/3 se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 anos.
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de Considerações
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer pri- A esposa não pode ser vítima de maus-tratos pelo ma-
vando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, rido, visto que não se encontra sob sua autoridade, guarda
Ş
ŝ#-ŝŦ
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, ou vigilância. Desse modo, o marido poderá responder pelo
quer abusando de meios de correção ou disciplina: crime de lesão corporal (Art. 129 do CP).
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. Tratando-se de criança ou adolescente sujeita à autori-
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza dade, guarda ou vigilância de alguém e submetida a vexame
grave: ou constrangimento, aplica-se o Art. 232 da Lei nº 8.069/90
Pena - reclusão, de um a quatro anos. (ECA): submeter criança ou adolescente sob sua autorida-
§ 2º Se resulta a morte: de, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. pena: detenção de seis meses a dois anos.
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é prati- A diferença entre o crime de maus-tratos e o crime de
cado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. Tortura (Lei nº 9.455/97), reside no fato de que nesta a víti-
ma é submetida a intenso sofrimento físico ou mental como
Esse artigo tipifica a conduta do agente que pratique, sob
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter pre-
a pessoa que esteja subordinada à sua autoridade, guarda ou
vigilância, atos não condizentes como forma ou a pretexto de ventivo (Art. 1º, II, Lei nº 9.455/97).
educá-la, ensiná-la, tratá-la ou reprimi-la. Caso a vítima seja idosa, incide o crime previsto no Art. 99
da Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do Idoso.
Classificação
Trata-se de um crime PRÓPRIO, ou seja, o sujeito ativo Da Rixa
deve ser superior hierárquico do sujeito passivo. Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os con-
É um crime comissivo ou omissivo, porém suas condutas tendores:
são vinculadas, ou seja, o artigo traz, expressamente, a forma Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
como a conduta do agente deve ocorrer. Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de na-
Haverá crime único desde que as condutas sejam pratica- tureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a
das contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático. pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Sujeitos do Crime Introdução
Sujeito Ativo: é um crime próprio, ou seja, somente aquele A rixa é um conflito tumultuoso que ocorre entre três ou
que tem o sujeito passivo sob sua autoridade, guarda ou vigi- mais pessoas, acompanhada de vias de fato (luta, briga), em
lância, para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia. que os participantes desferem violências recíprocas, não sen-
Sujeito Passivo: é aquele que se encontra sob a autoridade, do possível identificar dois grupos distintos.
guarda ou vigilância de outra pessoa, para fins de educação, en-
sino, tratamento ou custódia. Classificação
É um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer
Consumação e Tentativa pessoa.
O crime consuma-se com a exposição da vítima ao perigo. Ainda, enquadra-se em um delito plurissubjetivo, plurila-
Não se exige o dano efetivo. teral ou de concurso necessário, visto que, para configurar o
A conduta de privação de alimentos ou cuidados indispen- crime, devem existir no mínimo três pessoas. Por conseguinte,
sáveis (modalidade omissiva) não admite tentativa. Contudo, basta que apenas um dos participantes seja imputável (dois
as demais condutas admitem a tentativa. menores e um maior de 18 anos).
Também é considerado um crime de condutas contrapos- agravador – lesão corporal grave ou morte - todos aqueles que
tas, ou seja, todos os participantes estão trocando agressões participaram responderão na modalidade qualificada.
entre si, ora apanha, ora bate. Ainda, não importa se a morte ou a lesão corporal grave
Sujeitos do Crime seja produzida em um dos rixosos ou então em uma terceira
pessoa, alheia à rixa (apaziguador ou mero transeunte).
No crime de rixa, ao mesmo tempo em que o agente é
Há aqui três sistemas de punição:
sujeito ativo, ele também é um sujeito passivo, pois assim
como ele agride também está sofrendo uma agressão - reci- Sistema da solidariedade absoluta: se da rixa resultar
procidade. lesão grave ou morte, todos os participantes respondem
pelo evento (lesão grave ou homicídio), independentemen-
Consumação e Tentativa te de se apurar quem foi o seu real autor.
A consumação ocorre no momento em que os participan- Sistema da cumplicidade correspectiva: havendo lesão
tes iniciam as vias de fato ou ainda as violências recíprocas. grave ou morte, e não sendo apurado seu autor, todos os par-
Admite a tentativa, quando ocorre, por exemplo, a inter- ticipantes respondem por esse resultado, sofrendo, entretanto,
venção policial no momento em que iriam se iniciar as agres- sanção intermediária à de um autor e de um partícipe.
sões. Sistema da autonomia: a rixa é punida por si mesma, in-
dependentemente do resultado morte ou lesão grave, o qual,
Descrição do Crime se ocorrer, somente qualificará o delito. Apenas o causador da
Os três ou mais rixosos devem combater entre si, pois lesão grave ou morte, se identificado, é que responderá tam-
participa da rixa quem nela pratica, agressivamente, atos de bém pelos delitos dos Arts. 121 e 129 do CP.
violência material. O CP adotou o princípio ou sistema da autonomia, nos ter-
Não há rixa quando lutam entre si dois ou mais grupos mos do Art. 137, parágrafo único:
contrários, perfeitamente definidos. Nesse caso, os membros Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de
de cada grupo devem ser responsabilizados pelos ferimentos natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na
produzidos nos membros do grupo contrário. rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
O crime pode ser praticado de forma comissiva (o agente
que participa efetivamente da rixa), ou omissiva (quando o Apontamentos
omitente podia e devia agir para evitar o resultado). Até mesmo o rixoso que sofreu lesão corporal grave res-
Ex.: O policial que assiste a três pessoas brigando entre ponde pela rixa qualificada (todos os que se envolvem no tu-
si e nada faz para impedir o resultado. multo, daí sobrevindo lesão corporal grave ou morte respon-
Não há crime na conduta de quem ingressou no tumulto dem pela rixa qualificada).
somente para separar os contendores. O resultado agravador (lesão corporal grave ou a morte)
Considerações pode ser doloso ou culposo, não se tratando de crime essen-
Ş
ŝ#-ŝŦ
cialmente preterdoloso.
Sendo considerado um crime de perigo abstrato, para que
se configure o crime não há necessidade de que os participan- Caso o resultado seja lesões leves ou ocorra uma tentativa de
tes sofram lesões, o simples fato de participar da rixa já acar- homicídio, não é capaz de qualificar a rixa.
reta em crime. Dos Crimes Contra Honra
O contato físico é dispensável, sendo perfeitamente pos-
sível a rixa a distância com o arremesso de objetos, tiros, etc. Crime Conduta Honra ofendida
Há ofensa da honra objetiva.
Na possibilidade em que ocorre lesão corporal de natureza Calúnia: Art. Imputar fato criminoso Ofende-se a reputação, diz
leve em algum dos participantes e o agente que a causou pos- 138, CP sabidamente falso. respeito ao conceito perante
sa ser identificado, nessa hipótese, ele responderá pelo crime terceiros.
de rixa em concurso material com o crime de rixa, se resulta Imputar fato desonroso,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
em lesão corporal grave/gravíssima ou a morte, estará confi- Difamação: em regra não importan-
Ofende-se a honra objetiva.
gurado o crime de rixa qualificada. Art. 139, CP do se verdadeiro ou
falso.
Quando houver briga entre torcidas, não configura rixa,
Ofende-se a honra subjetiva,
mas sim o tipo penal descrito no Art. 41-B da Lei nº 10.671/2003 Injúria: É a atribuição de quali-
a autoestima, ou seja, o que
– Estatuto do Torcedor - tem-se um tipo penal específico in- Art. 140, CP dade negativa.
a vítima pensa dela mesma.
cluído pela Lei nº 12.299/2010.
Rixa qualificada: também é conhecida como rixa comple-
Calúnia
xa, sendo: Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de fato definido como crime:
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. § 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a im-
A rixa qualificada é um dos últimos resíduos da respon- putação, a propala ou divulga.
sabilidade penal objetiva - antigamente adotada pelo orde- § 2º É punível a calúnia contra os mortos.
namento jurídico brasileiro - pois, nesta hipótese, independe Exceção da Verdade 411
qual dos rixosos foi o responsável pela produção do resultado § 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:
I. Se, constituindo o fato imputado crime de ação Consumação
412 privada, o ofendido não foi condenado por senten- O crime de calúnia se consuma quando 3ª pessoa toma co-
ça irrecorrível; nhecimento do fato imputado. Não é necessário que a vítima
II. Se o fato é imputado a qualquer das pessoas in- tome conhecimento da ofensa.
dicadas no nº I do Art. 141; Calúnia X Denunciação Caluniosa
III. Se do crime imputado, embora de ação pública, Calúnia (Art. 138, CP) Denunciação Caluniosa (Art. 339, CP)
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
Se consuma no momento em que um terceiro toma co-
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
nhecimento da ofensa.
Considerações Conceito
Morto não pode ser vítima de difamação. Injuriar é atribuir qualidade negativa à alguém.
Tendo em vista que pessoa jurídica tem reputação, então Espécie de Honra Ofendida
pode ser vítima de difamação. Ofende a honra subjetiva da pessoa (o que a pessoa acha
O crime é punido a título de dolo, sendo imprescindível a de si própria). A consumação ocorre quando a ofensa chega ao
vontade de ofender a reputação, a intenção de ofender a honra. conhecimento da vítima.
Em regra, admite tentativa. No caso de difamação verbal, Ofende a dignidade ou o decoro da vítima:
não se admite a tentativa.
Na injúria, é irrelevante o fato de a qualidade negativa atri-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Exceção da Verdade buída à vítima ser ou não verdadeira. Desse modo, se o agente
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se chama uma pessoa de gorda, com a intenção de injuriar, estará
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é configurado o crime de injúria, mesmo que a vítima seja mes-
relativa ao exercício de suas funções. mo gorda ou obesa.
Na difamação, a exceção da verdade somente é admitida ▷ Dignidade: ofende as qualidades morais da pessoa.
se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao Ex.: Chamar alguém de vagabundo.
exercício de suas funções. É indispensável a relação de causali- ▷ Decoro: ofende as qualidades físicas (Ex.: Chamar
dade entre a imputação e o exercício da função pública. alguém de monstro) ou intelectuais
Na difamação, a consequência da exceção da verdade, Ex.: Chamar alguém de retardado, idiota.
ao contrário da calúnia, atinge a ilicitude, e não a atipicida-
de da conduta, pois é uma hipótese especial de exercício Queixa-Crime ou Denúncia
regular do direito. A queixa-crime ou denúncia ajuizada pelo crime de injúria
A procedência da exceção da verdade na difamação gera deve descrever, minuciosamente sob pena de inépcia, quais
a absolvição, sendo uma forma especial de exercício regular foram as ofensas proferidas contra a vítima, por mais baixas e 413
de direito. repudiáveis que possam ser.
Formas de Execução O perdão judicial é causa de extinção da punibilidade (Art.
414 Pode ser praticado por ação ou omissão. 107, IX, CP). A sentença que concede o perdão judicial é decla-
Ex.: “A” estende a mão para cumprimentar “B” e este ratória da extinção da punibilidade (Súmula 18, STJ).
recusa o cumprimento. Só o perdão do ofendido tem que ser aceito, o perdão do
juiz não é oferecido, mas sim imposto.
Consumação e Tentativa Trata-se de um direito subjetivo do acusado, e não uma fa-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
É crime de execução livre: pode ser praticado por meio culdade do juiz. Preenchidos os requisitos, o juiz deve perdoar.
de palavras, gestos, escritos etc. Aliás, pode ser praticado por ▷ Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
ação ou omissão (o único exemplo dado pela doutrina de in- diretamente a injúria;
júria por omissão é ignorar ou não retribuir um cumprimento,
como forma de humilhar a pessoa na frente de outras). A provocação tem que ser reprovável e direta.
▷ No caso de retorsão imediata, que consista em outra
Como a injúria protege a honra subjetiva, o crime se consu-
injúria.
ma quando a vítima toma conhecimento da injúria, dispensan-
do-se o efetivo dano à sua honra (é crime formal). Consuma Retorsão é o revide. Deve ser imediata. É modalidade anô-
mala de legítima defesa. Não há retorsão contra ofensa passa-
no momento em que o fato chega ao conhecimento da vítima,
da. Existe apenas retorsão imediata no crime de injúria.
dispensando efetivo dano a sua dignidade ou decoro.
A tentativa é possível somente na forma escrita. A injúria Injúria Real
realizada verbalmente não admite tentativa. § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
Exceção da verdade: a injúria não admite exceção da que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
verdade, pois o ofensor atribui uma qualidade negativa à ví- considerem aviltantes:
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
funções desempenhadas pelo Presidente da República e pelo A imunidade é relativa: para a maioria, a ressalva exarada
chefe de governo estrangeiro. A conduta criminosa, além de pela expressão salvo quando se tem intenção de injuriar ou
atentar contra a honra de uma pessoa, ofende também os in- difamar se aplica não apenas ao inciso II, como também aos
teresses de toda a nação que ela representa. incisos I e III. Esse é o entendimento da maioria.
II. Contra funcionário público, em razão de suas Nas hipóteses dos incisos I e III responde pela injúria ou difa-
funções. mação aquele que dá publicidade ao fato. É imprescindível, para
Esse aumento de pena não se aplica quando a conduta se tanto, o animus ofendendi.
refere à vida privada do funcionário público. I. A ofensa irrogada em juízo, na discussão da cau-
É necessário o nexo de causalidade entre a ofensa e o exer- sa, pela parte ou por seu procurador;
cício da função pública. Esta excludente de ilicitude não se aplica quando a ofensa
III. Na presença de várias pessoas, ou por meio que é dirigida ao juiz (magistrado), pois este não é parte na causa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou Para o advogado, de acordo com o Art. 7º, § 2º, da Lei nº
da injúria. 8.906/94 (Estatuto da OAB): O advogado tem imunidade pro-
A expressão “várias pessoas” se refere a no mínimo três fissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato pu-
pessoas. Não se incluindo neste número o ofensor, a vítima e níveis em qualquer manifestação de sua parte, no exercício de
eventuais coautores e partícipes. sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções
O STF, após o julgamento da ADPF nº 130-7/DF decidiu que disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
a Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67) não foi recepcionada pela A expressão ou desacato foi declarada inconstitucional pelo
CF/88. Desse modo, aos crimes contra a honra praticados por STF, nos autos da ADIN 1.127-8. Desse modo, o advogado pode
meio da imprensa (oral ou escrita) serão aplicadas as disposi- praticar o crime de desacato.
ções do Código Penal (Arts. 138 a 145). II. A opinião desfavorável da crítica literária, artís-
IV. Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou tica ou científica, salvo quando inequívoca a inten-
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. ção de injuriar ou difamar;
Esse inciso foi inserido no CP pela Lei nº 10.741/03 (Estatuto III. O conceito desfavorável emitido por funcionário
do Idoso). O ofensor tem que ter conhecimento da idade da víti- público, em apreciação ou informação que preste 415
ma no momento do crime. no cumprimento de dever do ofício.
Cuida-se de modalidade especial de estrito cumprimento Espécies de Ação Penal
416 do dever legal. A regra geral é que os crimes contra a honra (Calúnia/Difa-
Ex.: Delegado de Polícia que, ao relatar o inquérito poli- mação/Injúria) são de Ação Penal privada.
cial, refere-se ao indiciado como pessoa de alta periculo- ▷ Todavia, há três exceções:
sidade, covarde e impiedoso.
» Pública Condicionada: a requisição do Ministro
Retratação da Justiça (crime contra o Presidente da Repú-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Se o querelado se retrata, há exclusão do crime, mas isso do mediante queixa e do MP condicionada a represen-
não importa em exclusão de indenização na seara cível. tação do ofendido, para a ação penal por crime contra
Atente-se que, somente em relação a calúnia e a difama- a honra de servidor público em razão do exercício de
ção há possibilidade de retratação, não abrangendo a injúria. suas funções.
Atente-se que, na lei de imprensa, havia previsão relativa a
injúria, mas esta não foi recepcionada pela CF, nos termos de Dos Crimes Contra
decisão proferida pelo STF.
Na retratação não se exige a concordância do ofendido.
Liberdade Individual
A retratação deve ser total e incondicional. Deve ainda, Dos Crimes contra a Liberdade Pessoal
abranger tudo o que foi dito pelo ofensor. Constrangimento ilegal
Pedido de Explicações Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias,
responde pela ofensa. Aumento de Pena
Possui as seguintes características: § 1º As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro,
▷ É medida facultativa, pois a vítima não precisa dele quando, para a execução do crime, se reúnem mais de
se valer para o oferecimento da ação penal. três pessoas, ou há emprego de armas.
▷ Somente pode ser utilizado antes do ajuizamento da § 2º Além das penas cominadas, aplicam-se as corres-
ação penal. pondentes à violência.
▷ Não possui procedimento específico. § 3º Não se compreendem na disposição deste artigo:
▷ Não interrompe ou suspende o prazo decadencial. I. A intervenção médica ou cirúrgica, sem o consenti-
mento do paciente ou de seu representante legal, se
O requerido não pode ser compelido a prestar as informa-
justificada por iminente perigo de vida;
ções solicitadas. Desse modo, caso se omita, não poderá sofrer
II. A coação exercida para impedir suicídio.
qualquer espécie de sanção.
Ameaça
Ação Penal
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou ges-
Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente to, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do mal injusto e grave:
Art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
Parágrafo único. Somente se procede mediante repre-
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do Art. sentação.
141 deste Código, e mediante representação do ofendi-
do, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no Sequestro e Cárcere Privado
caso do § 3º do Art. 140 deste Código. (Redação dada Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante se-
pela Lei nº 12.033. de 2009). questro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos. Consuma-se com a efetiva privação da liberdade ou
§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: locomoção da vítima.
I. Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge A tentativa é perfeitamente difícil já que a privação da li-
ou companheiro do agente ou maior de 60 (ses- berdade pode ser antecedida de violência e se o agente age
senta) anos; de forma violenta, mas não consegue privar sua liberdade por
II. Se o crime é praticado mediante internação da circunstâncias alheias a sua vontade, terá havido tentativa.
vítima em casa de saúde ou hospital; ▷ Qualificadoras: Art. 148, § 1º:
III. Se a privação da liberdade dura mais de quinze I. Ascendente, descendente, cônjuge ou compa-
dias. nheiro do agente ou maior de 60 anos.
IV. Se o crime é praticado contra menor de 18 (de- Neste caso, para qualificar não abrange o parentesco cola-
zoito) anos; teral, por afinidade, padrasto, ou madrasta do agente.
V. Se o crime é praticado com fins libidinosos. O idoso deve ter MAIS de 60 anos quando de sua liberta-
§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou ção, não importando se quando da privação da liberdade tinha
da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou menos de 60 anos.
moral: II. Se o crime é praticado mediante internação da
Pena - reclusão, de dois a oito anos. vítima em casa de saúde ou hospital: Neste caso,
Trata-se de infração de médio potencial ofensivo, admitin- tem que ser internação simulada ou fraudulenta.
do-se a suspensão condicional do processo. III. Se a privação da liberdade dura mais de quinze
As pessoas que são impossibilitadas de se locomover po- dias: Este prazo inicia-se no momento da privação
dem ser vítimas do delito? A liberdade de movimento não dei- da vítima, até sua libertação.
xa de existir quando se exerce à custa de aparelhos ou com o IV. Crime praticado contra menor de 18 anos: neste
auxílio de outrem. inciso basta que a vítima seja maior de 18 anos ao fi-
Essa é a posição que prevalece no Brasil. Há doutrinadores nal do sequestro, pouco importando se tinha menos
estrangeiros que afirmam que não seria esse o delito, mas sim que 18 anos no inicio do cárcere.
o de constrangimento ilegal em se tratando de pessoas que não V. Se praticado com fins libidinosos: trata-se de
podem se locomover. ação penal pública incondicionada (e não ação pri-
Caso a vítima seja Presidente da República, do SF, CD e vada, como era anterior a 2005).
STF, e, havendo motivação política, o delito pode ser consi- Redução a Condição Análoga à de Escravo
derado crime contra a Segurança Nacional (Art. 28 da Lei nº
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de es-
7.170/83).
cravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a
▷ Conduta: é a privação da liberdade. Pode ser execu-
Ş
ŝ#-ŝŦ
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de-
tada mediante: gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
» Sequestro: é privação da liberdade sem confi- meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com
namento. o empregador ou preposto:
Ex.: Sítio, casa. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
» Cárcere Privado: é a privação da liberdade com pena correspondente à violência.
confinamento. § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Ex.: Porão. I. Cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
Quando o crime for praticado mediante cárcere privado, parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
deve fixar esse meio mais gravoso na fixação da pena. de trabalho;
▷ O crime pode ser praticado por ação ou omissão. II. Mantém vigilância ostensiva no local de trabalho
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ex.: Médico que não concede alta para paciente já cura- ou se apodera de documentos ou objetos pessoais
do. do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
▷ Tipo subjetivo: O dolo é a finalidade especial do trabalho.
crime. § 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é co-
Se a finalidade for obter vantagem econômica, o delito metido:
será o previsto no Art. 159 do CP. Se o fim for satisfazer preten- I. Contra criança ou adolescente;
são, deixa de ser o delito do Art. 148 e passa a ser o delito pre-
II. Por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, re-
visto no Art. 345 (exercício arbitrário das próprias razões). Ex.:
médico que não concede alta para paciente com a finalidade ligião ou origem.
de satisfazer pretensão tida como legítima – pagamento do Dos Crimes contra a
tratamento – o delito será de exercício arbitrário das próprias
razões. Inviolabilidade do Domicílio
Na hipótese em que a finalidade é causar sofrimento físico Violação de Domicílio
ou mental, o delito será o de tortura. Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosa-
▷ Consumação e tentativa: Trata-se de delito per- mente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de 417
manente, e sua consumação se protrai no tempo. direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 4º Somente se procede mediante representação, sal-
418 § 1º Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar vo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou Correspondência Comercial
por duas ou mais pessoas:
Art. 152. Abusar da condição de sócio ou empregado
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da de estabelecimento comercial ou industrial para, no
pena correspondente à violência. todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 2º Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é come- correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
tido por funcionário público, fora dos casos legais, ou Pena - detenção, de três meses a dois anos.
com inobservância das formalidades estabelecidas em
Parágrafo único. Somente se procede mediante repre-
lei, ou com abuso do poder.
sentação.
§ 3º Não constitui crime a entrada ou permanência em
casa alheia ou em suas dependências: Dos Crimes contra a
I. Durante o dia, com observância das formalidades Inviolabilidade dos Segredos
legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II. A qualquer hora do dia ou da noite, quando al-
Divulgação de Segredo
gum crime está sendo ali praticado ou na iminência Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa, conteú-
de o ser. do de documento particular ou de correspondência
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e
§ 4º A expressão “casa” compreende:
cuja divulgação possa produzir dano a outrem:
I. Qualquer compartimento habitado;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
12.737, de 2012) consumação do furto no momento em que o bem sai da esfera
de disponibilidade da vítima e passa para a do autor do delito.
5. Dos Crimes Contra o Patrimônio E de acordo com o STJ não se exige a posse mansa e pa-
cífica do bem para a sua consumação, bastando que o agente
Do Furto obtenha a simples posse do bem, ainda que por um curto pe-
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
ríodo de tempo.
móvel: Precedentes do STJ e STF considera-se consumado o cri-
me de furto com a simples posse, ainda que breve, do bem
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
subtraído, não sendo necessária que a mesma se dê de forma
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é pra- mansa e pacífica, bastando que cesse a clandestinidade, ainda
ticado durante o repouso noturno. que por curto espaço de tempo.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
arbitrário das próprias razões. E, aqui, pode se enquadrar no conduz à atipicidade do fato, em decorrência do princípio da
Art. 345 ou 346 do CP, a depender da qualidade da posse do insignificância (criminalidade de bagatela).
agente. Presentes estes dois requisitos legais, o juiz é obrigado a
E a coisa pública de uso comum, pode ser objeto material aplicar o privilégio ao criminoso (direito subjetivo do acusado).
de furto?
A coisa pública, de uso comum, a todos pertence, não Furto Qualificado-Privilegiado
podendo ser subtraída e configurar furto. Sucede que, depen- O STF aceita a possibilidade de se aplicar o privilégio (Art.
dendo da situação, há possibilidade da prática de crime am- 155, §2º, CP) às figuras qualificadas (Art. 155, §§ 4º e 5º, CP)
biental, do delito de usurpação de águas e do crime de dano. desde que não haja imposição isolada de pena de multa em de-
Ex.: Furto de parte de estátua. corrência do privilégio.
A vigilância física ou eletrônica em estabelecimentos comer- STF entendeu que no furto qualificado pelo concurso de
ciais torna o crime impossível? Primeiramente, deve-se analisar agentes, não há óbice ao reconhecimento do privilégio, desde
a natureza do equipamento. Se, por exemplo, se tem um equi- que estejam presentes os requisitos ensejadores de sua aplica-
Ş
ŝ#-ŝŦ
pamento que impede por si só a saída do estabelecimento com ção, quais sejam, a primariedade do agente e o pequeno valor
o bem seria configurado o crime impossível. O fato de haver câ- da coisa furtada.
meras ou seguranças apenas dificulta a consumação. § 3º. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
Furto Noturno qualquer outra que tenha valor econômico.
Art. 155, § 1º, CP. A pena aumenta-se de um terço, se o Trata-se de normal penal interpretativa. Entende por qual-
crime é praticado durante o repouso noturno. quer outra energia térmica, mecânica, radioatividade e gené-
O repouso noturno só era aplicado ao furto simples (caput). tica (sêmen de animal).
Porém a jurisprudência hoje admite a previsão do aumento de
pena tanto para o furto simples (caput) quanto para o furto qua- Furto de Sinal de TV a Cabo
lificado (§§ 4º, 5º). 1ª Corrente: não é crime. A energia se consome, se esgota
Aplica-se esta causa de aumento de pena, desde que o e pode, inclusive, terminar, ao passo que sinal de TV não se
fato seja praticado durante o repouso noturno. gasta, não diminui. É adotada por Bittencourt.
Não importa se a casa estava ou não habitada, ou o seu mo- 2ª Corrente: o furto de sinal de TV se encaixa no §3º do
rador estava ou não dormindo (divergência). Art. 155, pois é uma forma de energia. É uma corrente adotada
Aplica-se esta majorante, também, aos furtos cometidos pelo STJ.
durante o repouso noturno em veículos estacionados em vias Furto de Energia X estelionato no Consumo de Energia
públicas, bem como em estabelecimentos comerciais (Diver-
Estelionato no Consumo de
gência jurisprudencial). Furto de Energia Elétrica
Energia
Repouso Noturno Noite No furto de energia elétrica, o Nesse caso o agente está
agente não está autorizado via autorizado, via contrato, a gastar
Período em que as pessoas se recolhem em contrato, a gastar energia. energia.
Ausência de luz solar.
suas casas para descansarem (dormirem).
Período que vai da O agente, mediante fraude, altera
Varia conforme a região: grandes metrópoles O agente, mediante artifício, por
aurora ou crepúsculo. o medidor de consumo da ener-
ou pequenas cidades do interior. exemplo, ligação clandestina,
gia, indicando valor menor que o
subtrai a energia.
efetivamente consumido.
Furto Privilegiado
§ 2º. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a Furto Qualificado
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão § 4º. A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa,
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou se o crime é cometido:
aplicar somente a pena de multa.
I. Com destruição ou rompimento de obstáculo à
Aplica-se apenas ao furto simples (caput) e ao furto noturno. subtração da coisa;
Não se aplica ao furto qualificado (§§ 4º e 5º).
Ex.: Arrombamento de fechaduras, janelas, portas, ca-
Criminoso primário: aquele que não é reincidente. Não deados, cofres, trincos.
precisa ser portador de bons antecedentes. Se já transcorrido Se o obstáculo destruído for inerente à própria coisa não
o prazo de 5 anos entre a data de cumprimento ou extinção incidirá esta forma qualificada.
da pena e a infração penal posterior, o agente readquire a sua Ex.: Quebrar o vidro da porta de um carro com o objetivo
condição de primário (Art. 64, I, CP). de furtar o veículo (furto simples).
Todavia, caso o agente quebre o vidro apenas para viabi- Furto Mediante Fraude Estelionato (Art. 171, CP)
lizar o furto do CD-Player, ou de qualquer outro objeto que É qualificadora do crime. É elementar do crime.
se encontra em seu interior, responderá por furto qualificado. Deve ser empregada antes ou
Antecede o apossamento da coisa.
durante a subtração do bem.
Se o agente, apenas desliga o alarme não incidirá a qualifi-
É utilizada para diminuir a vigilân- É utilizada para induzir a vítima
cadora, pois não houve destruição ou rompimento de obstáculo. F cia da vítima sobre o bem, permitin- em erro, mediante uma falsa
Caso a violência seja empregada após a consumação do R do ou facilitando a substrução. percepção da realidade.
furto, o agente responderá por furto em concurso com o crime A
Há a subtração do bem sem que
Ocorre a entrega espontânea (em-
U bora viciada) do bem pela vítima
de dano (Art. 163). a vítima perceba.
D ao agente.
De acordo com Fernando Capez, o furto da bolsa para Ex.: “A” e “B”, banidos, se dis-
E
obter o que está em seu interior não qualifica o delito, pois a farçam de técnicos de TV a cabo Ex.: “A” se disfarça de manobrista e
bolsa não é obstáculo e sim forma de transportar as coisas. O e pedem para consertar a TV de fica parado em frente a um restau-
“C”. Enquanto “C” permanece em rante. “B” entrega seu veículo para
obstáculo seria um cadeado. seu quarto “A” e “B” aproveitam que o falso manobrista o estacione.
Há decisões que entendem pela aplicabilidade da qualifi- sua distração para furtar objetos “A” desaparece com o carro.
na sala de estar.
cadora quando há ligação direta no veículo.
III. Com emprego de chave falsa;
II. Com abuso de confiança, ou mediante fraude, Segundo alguns autores, chave falsa é todo o instrumento,
escalada ou destreza; com ou sem forma de chave, destinado a abrir fechaduras
▷ Confiança é circunstância subjetiva incomunicável o Ex.: Grampos, arames, estiletes, micha etc.
concurso de pessoas (Art. 30, CP). A chave verdadeira, obtida fraudulentamente, não gera a
Ex.: Famulato (furto praticado por empregado domésti- qualificadora do inciso III.
co contra o patrão). IV. Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Essa qualificadora pressupõe dois requisitos: Responderá por furto qualificado mesmo se um dos inte-
▷ A vítima tem que depositar, por qualquer motivo (amiza- grantes for menor de 18 anos.
de, parentesco, relações profissionais etc.), uma especial § 5º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a
confiança no agente; subtração for de veículo automotor que venha a ser trans-
portado para outro Estado ou para o exterior.
▷ O agente deve se aproveitar de alguma facilidade
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se
decorrente da confiança nele depositada para co-
a subtração for de semovente domesticável de produ-
meter o crime. ção, ainda que abatido ou dividido em partes no local
A vítima tem que depositar, por qualquer motivo (amiza- da subtração.
Ş
ŝ#-ŝŦ
de, parentesco, relações profissionais etc.), uma especial con-
fiança no agente; Considerações Gerais
O agente deve se aproveitar de alguma facilidade decor- Bens Imóveis e Energia Elétrica
rente da confiança nele depositada para cometer o crime. Os bens considerados imóveis pela legislação civil e que
puderem ser deslocados de um local para outro podem ser
Furto Mediante Abuso de Confiança Apropriação Indébita
objeto de furto.
O agente exerce a posse em
O agente tem mero contato com a coisa.
nome de outrem.
Ex.: Navios, prédios, terrenos, carro, moto, animal de es-
O agente pode até ter posse, mas essa é uma timação, celular.
O agente tem posse
posse precária vigiada. A energia elétrica ou qualquer outra que possua valor eco-
desvigiada
O dolo é superveniente à nômico é equiparada a coisa móvel (Art. 155, § 3º, CP).
O dolo está presente desde o início da posse.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Somente pode ser aplicado o furto famélico àquele que cluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
está desempregado? Não. Caso os recursos obtidos sejam in- Esta majorante só incide quando o furto for de veículo
suficientes, pode ser reconhecido o furto famélico. automotor, não abrangendo embarcação nem aeronave, além
disso, o veículo automotor deve ser levado para outro Estado
Princípio da Insignificância no Furto ou país. Esqueceu-se de colocar o DF na qualificadora, porém a
O princípio da insignificância é causa supralegal de exclu- doutrina penal entende que o DF está abrangido também, pois
são da tipicidade (o fato não será crime). o legislador ao utilizar a expressão Estado considerou os entes
Exige a Presença dos Seguintes Requisitos da federação, dentre eles o DF.
Requisitos objetivos: mínima ofensividade da conduta; au- Não basta a intenção de ultrapassar os limites do Estado
sência de periculosidade social; reduzido grau de reprovabilida- ou do país, sendo necessário que este ato seja consumado.
de do comportamento; e inexpressividade da lesão jurídica. Furto de Coisa Comum
Requisitos subjetivos: importância do objeto material para
Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para
a vítima (situação econômica + valor sentimental do bem); e cir-
si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
O elemento subjetivo é o dolo e exige-se o fim de assenho- êxito em sua finalidade de assegurar a impunidade do crime ou
ramento definitivo da coisa (animus rem sibi habendi). Não é a detenção da coisa subtraída para si ou para terceiro (é Crime
admitida a modalidade culposa. Formal).
O crime de roubo admite arrependimento posterior? Para
Causas de Aumento de Pena
a maioria da doutrina o roubo próprio admite arrependimento
posterior quando praticado mediante violência imprópria (Ex.: § 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
uso de psicotrópicos). Para a minoria, violência imprópria não I. Se a violência ou ameaça é exercida com empre-
admite arrependimento posterior, pois não deixa de ser espé- go de arma;
cie de violência. II. Se há o concurso de duas ou mais pessoas;
Sujeitos do Crime III. Se a vítima está em serviço de transporte de va-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Absoluta ineficácia de arma: não incide a automotor, não abrangendo embarcação nem aeronave, além
causa de aumento, mas caracteriza o roubo disso, o veículo automotor deve ser levado para outro Estado
Arma com defeito simples (grave ameaça). ou país.
Relativa ineficácia de arma: incide a causa do
aumento. • Se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
tringindo sua liberdade
Não incide a causa de aumento, mas caracteri- Na hipótese desta qualificadora, a vítima deve ter restrin-
za o roubo simples (grave ameaça). gida sua liberdade por tempo juridicamente relevante.
Arma Conforme o STF, arma desmuniciada ou sem Ex.: Pedro, mediante grave ameaça, subtrai o carro de
desmuniciada possibilidade de pronto municiamento não Rafael, e com ele permanece até abandoná-lo em um lo-
configura o crime tipificado no Art. 14 da Lei
cal distante, evitando, dessa forma, o pedido de socorro
10.826/03 (Estatuto do Desarmamento).
às autoridades.
Não incide a causa de aumento, mas caracteri- Roubo Qualificado
Arma de brinquedo
za o roubo simples (grave ameaça). § 3º Se da VIOLÊNCIA resulta lesão corporal grave, a
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
dor). É um crime de ação penal pública incondicionada. que “B” saque dinheiro para entregar a “A”.
Diferencia-se do Roubo (Art. 157, § 2º, V, CP), pois é im-
Classificação
prescindível um comportamento de “B” (digitar a senha do
Extorsão é crime comum / de forma livre / formal / instantâ- cartão do banco) para a consumação do crime de extorsão.
neo / plurissubsistente / de dano / doloso (não admite a modali- Diferenças entre o “sequestro relâmpago” com a extorsão
dade culposa) / de concurso eventual. mediante sequestro
É considerado um crime complexo, pois protege vários
bens jurídicos. (patrimônio, integridade física e liberdade in- Sequestro Relâmpago Extorsão Mediante
dividual). (Art. 158, §3º, CP) Sequestro (Art. 159, CP)
É crime formal / de consumação antecipada. A obtenção da Restrição da liberdade. Privação da liberdade.
indevida vantagem econômica pelo agente é exaurimento do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
crime que será levado em consideração na dosimetria da pena- Não há encarceramento da vítima.
A vítima é colocada no
-base (Art. 59, CP). cárcere.
Diferenças entre o crime de Extorsão e Concussão Sujeito Passivo: pessoa que sofre a lesão patrimonial e
pessoa privada de sua liberdade.
Extorsão (Art. 158) Concussão (Art. 316)
A vítima deve ser necessariamente uma pessoa humana.
Crime contra a Administração Desse modo, a privação da liberdade de um animal (de extin-
Crime Contra o Patrimônio.
Pública. ção ou raça) configura o crime de extorsão (Art. 158, CP).
Se a vítima for menor de 18 anos ou maior de 60 anos o
Há emprego de violência ou Não há emprego de violência ou
grave ameaça. grave ameaça. crime será qualificado (§ 1º).
Supondo que haja subtração de animal de outrem e infor-
Em regra é praticado por particu-
Em regra é praticado por fun-
ma que somente será devolvido caso seja pago resgate. Há
lar, mas funcionário público pode prática do crime de extorsão mediante sequestro? Não haverá
cionário público, mas particular
praticar caso empregue violência tal crime já que o tipo penal se remete à pessoa. Nessa hipóte-
pode ser coautor ou partícipe.
ou grave ameaça. se, será configurado o delito de extorsão.
É possível concurso de crimes de roubo e extorsão, por Elemento Subjetivo
exemplo o agente, após roubar o carro da vítima, a obriga a Dolo + (especial fim de agir) com o fim de obter, para si
entregar o cartão 24h com a senha, conforme STJ. ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
do resgate. Não se admite a modalidade culposa.
Extorsão Mediante Sequestro
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para Espécie da Vantagem
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição A maioria da doutrina entende que a vantagem deve ser
ou preço do resgate: econômica e indevida.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. Se a vantagem for devida, o agente responderá pelos
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) ho- crimes de sequestro (Art. 148) e exercício arbitrário das pró-
ras, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior prias razões (Art. 345) em concurso formal.
de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por Consumação e Tentativa
bando ou quadrilha: Consuma-se com a privação da liberdade da vítima, in-
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. dependente da obtenção da vantagem pelo agente. É crime
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: formal. A tentativa é possível.
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. Juízo Competente
§ 3º Se resulta a morte: O Juízo Competente para julgamento é o do local em que
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. ocorreu o sequestro da vítima, e não o da entrega do even-
§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente tual resgate.
que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação Se os parentes da vítima realizarem o pagamento do res-
do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois gate, ocorrerá o exaurimento do crime.
terços.
Crime Permanente
Objetividade Jurídica É Crime Permanente (a consumação se prolonga no tempo
Patrimônio e liberdade individual. Integridade física e vida e dura todo o período em que a vítima estiver privada de sua
humana (§ 2º e § 3º). liberdade).
Por ser crime permanente, é cabível a prisão em flagrante ▷ Prática do crime em concurso de pessoas: não é
a qualquer tempo, enquanto durar a permanência. exigível Associação Criminosa, basta o concurso de
A privação da liberdade do sequestrado há de ser mantida pessoas;
por tempo juridicamente relevante. ▷ Esclarecimento por parte de um dos criminosos a
autoridade sobre o crime;
Classificação Doutrinária
▷ Facilitação da libertação do sequestrado, ou seja,
Crime comum / de forma livre/ FORMAL / PERMANENTE /
que a delação seja eficaz.
plurissubsistente / de dano / de concurso eventual.
De acordo com a jurisprudência, deve ser aplicada a dela-
Ação Penal ção premiada quando a vítima é libertada diretamente por um
A Ação Penal é pública incondicionada em todas as espé- dos sequestradores.
cies do crime. A redução de pena é proporcional conforme a maior ou
Figuras Qualificadas menor colaboração do agente. Quanto mais auxiliar, maior
a redução.
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou A delação deve ser EFICAZ, ou seja, deve ter contribuí-
maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é come- do decisivamente para a libertação da vítima. Desse modo, a
tido por bando ou quadrilha. Pena - reclusão de 12 a pena não será diminuída se o refém foi solto por outro motivo
20 anos. qualquer, diverso da informação prestada pelo sequestrador.
Incide a qualificadora quando na data do sequestro a ví- Presentes os requisitos legais, o juiz é obrigado a reduzir
tima possuía, por exemplo, 59 anos e 11 meses e na data da a pena do criminoso (é direito subjetivo do réu).
libertação possuía mais de 60 anos, pois o crime de extorsão A redução da pena da delação premiada não se comunica
mediante sequestro é crime permanente (a consumação pro- aos demais coautores ou partícipes que não denunciaram o
longa-se no tempo por vontade do agente). fato à autoridade (circunstância pessoal), pois não facilita-
E se o crime se deu em exatas 24 horas, incide a qualifi- ram a libertação do refém.
cadora? Não. Tem que ser mais de 24 horas. Extorsão Indireta
Se o crime é cometido por associação criminosa e esta for
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida,
usada para qualificar o delito, não pode haver a punição pelo
abusando da situação de alguém, documento que
Art. 288 do CP, sob pena de ocorrência do bis in idem.
pode dar causa a procedimento criminal contra a víti-
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: ma ou contra terceiro:
Pena - reclusão de 16 a 24 anos. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Ş
ŝ#-ŝŦ
§ 3º Se resulta a morte: O crime de extorsão se consuma no momento em que é
Pena - reclusão de 24 a 30 anos. realizada a conduta de constrangimento mediante o uso de
No roubo e na extorsão só existe a qualificadora quan- violência ou grave ameaça, portanto considerado crime for-
do a lesão corporal de natureza grave ou a morte resultam mal. A obtenção da vantagem indevida configura mero exau-
da “violência”, ao passo que nesta hipótese o crime será rimento do crime.
qualificado quando do FATO resultar lesão corporal de na-
tureza grave ou morte. Portanto o resultado agravador pode Da Usurpação
ser provocado por violência própria, violência imprópria ou Alteração de Limites
GRAVE AMEAÇA.
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qual-
Não incidirá esta qualificadora se o resultado agravador for quer outro sinal indicativo de linha divisória, para apro-
produzido por força maior, caso fortuito ou culpa de terceiro.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Ex.: Retirar a bateria de um carro.
Deteriorar: estragar parcialmente um bem, diminuindo-
Do Dano lhe o valor ou a utilidade (dano físico parcial).
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Ex.: Riscar a lataria de um veículo.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Sujeitos do Crime
Dano Qualificado Sujeito Ativo: é crime comum, pode ser praticado por
Parágrafo único. Se o crime é cometido: qualquer pessoa, exceto o proprietário da coisa.
I. Com violência à pessoa ou grave ameaça; Se o proprietário danificar coisa própria, que se acha
II. Com emprego de substância inflamável ou explosi- em poder de terceiro por determinação judicial ou conven-
va, se o fato não constitui crime mais grave; ção, responderá pelo previsto no Art. 346, CP.
III. Contra o patrimônio da União, Estado, Municí- Sujeito Passivo: qualquer pessoa (proprietário ou possui-
pio, empresa concessionária de serviços públicos dor legítimo da coisa).
ou sociedade de economia mista; Elemento Subjetivo
Ş
ŝ#-ŝŦ
IV. Por motivo egoístico ou com prejuízo considerá- É o Dolo. A finalidade do agente deve ser unicamente des-
vel para a vítima: truir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, Importante: não existe o crime de dano culposo.
além da pena correspondente à violência. Se o dano constituir-se em meio para a prática de outro
Objetividade Jurídica crime, ou então como qualificadora de outro crime, será por
este absorvido. Ex.: Furto qualificado pela destruição ou rom-
Patrimônio das pessoas físicas ou jurídicas.
pimento de obstáculo (Art. 155, § 4º, I, CP): o dano, crime-
Não há crime de dano quando a conduta do agente recair meio, será absorvido pelo furto, crime-fim.
sobre res derelicta (coisa abandonada) ou res nullius (coisa
de ninguém). Todavia se a conduta recair sobre res despedita Consumação e Tentativa
(coisa perdida) haverá crime, pois se trata de coisa alheia. É crime material. Desse modo, ele se consuma quando
o agente efetivamente destrói, inutiliza ou deteriora a coisa
Objeto Material alheia. A tentativa é plenamente possível.
Coisa alheia, móvel ou imóvel, sobre a qual incide a con-
duta do agente. Dano Simples
O crime de dano simples (caput) é IMPO, Infração de Me-
Dano em Documentos (Públicos ou Privados) nor Potencial Ofensivo, de competência do Juizado Especial
Se o agente danificou para impedir utilização do docu- e de ação penal privada (Art. 167, CP).
mento como prova de algum fato juridicamente relevante,
Classificação Doutrinária
responderá pelo crime de supressão de documento (Art. 305,
CP). Todavia, se a conduta foi praticada unicamente com o Crime comum / material / doloso / de forma livre / instan-
tâneo / plurissubjetivo / de concurso eventual e não transeun-
objetivo de prejudicar o patrimônio da vítima, responderá o
te (deixa vestígios materiais).
agente pelo crime de dano (Art. 163, CP).
Tipo Misto Alternativo, Crime de Ação Dano Qualificado
Múltipla ou de Conteúdo Variado Parágrafo único. Se o crime é cometido:
I. Com violência à pessoa ou grave ameaça;
Haverá crime único na prática de várias condutas com ob-
II. Com emprego de substância inflamável ou explosi-
jeto material no mesmo contexto fático.
va, se o fato não constitui crime mais grave;
É Crime de Forma Livre = Admite qualquer meio de exe-
III. Contra o patrimônio da União, Estado, Municí-
cução. pio, empresa concessionária de serviços públicos
Pode ser praticado por omissão, desde que presente o ou sociedade de economia mista;
dever jurídico de agir (Art. 13, §2º, CP). IV. Por motivo egoístico ou com prejuízo considerá-
Ex.: Empregada doméstica deixa, dolosamente, de fe- vel para a vítima:
char as janelas da casa da patroa durante uma chuva para Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
que sejam danificados os objetos eletrônicos da casa. além da pena correspondente à violência.
O agente que pratica a conduta de pichar, grafitar ou por
qualquer outro meio conspurcar (poluir) edificação ou monu- Com Violência à Pessoa ou Grave Ameaça
mento urbano responderá pelo crime previsto no Art. 65 da Lei A vítima da violência ou grave ameaça pode ser pessoa
nº 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais). diversa da vítima do dano.
Ex.: Ameaçar a empregada doméstica de seu vizinho aprovados na segunda fase do concurso de Delegado de Polícia
para quebrar a vidraça de sua janela. Civil de um Estado qualquer. Então, no dia da prova oral, “A” sa-
A violência ou grave ameaça deve ocorrer antes ou duran- bota o carro de “B” para que este não consiga chegar a tempo
te a prática do crime de dano, pois, se ocorrer depois, o agente para realizar o exame e seja eliminado do concurso.
responderá pelo crime de dano simples em concurso material De acordo com o Art. 167 do CP, nesta hipótese de dano a
com o crime de lesão corporal (Art. 129) ou ameaça (Art. 147). ação penal é privada.
De acordo com o Art. 167, CP, nesta hipótese de dano a
ação penal será pública incondicionada. Introdução ou Abandono de
Com Emprego de Substância Inflamável ou Explo-
Animais em Propriedade Alheia
Art. 164. Introduzir ou deixar animais em propriedade
siva, se o Fato não Constitui Crime Mais Grave
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde
A expressão “se o fato não constitui crime mais grave” que o fato resulte prejuízo:
informa que esta qualificadora é expressamente subsidiá-
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
ria, ou seja, somente incidirá o dano qualificado quando a
lesão ao patrimônio alheio não caracterizar um crime mais Dano em Coisa de Valor Artístico,
grave, nem funcionar como meio de execução de um delito
mais grave. Arqueológico ou Histórico
Ex.: “A” explode o carro de “B” que estava no estacio- Art. 165. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada
namento: “A” responderá pelo crime de dano qualifica- pela autoridade competente em virtude de valor artís-
do. Todavia se “A” explodiu o carro de “B” com a inten- tico, arqueológico ou histórico:
ção de matá-lo, e efetivamente alcançou este resultado Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
responderá pelo crime de homicídio qualificado (Art.
121, §2º, III, CP). Alteração de Local
De acordo com o Art. 167 do CP, nesta hipótese de dano, a Especialmente Protegido
ação penal será pública incondicionada. Art. 166. Alterar, sem licença da autoridade competen-
Contra o Patrimônio da União, Estado, Mu- te, o aspecto de local especialmente protegido por lei:
nicípio, Empresa Concessionária de Serviços Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Públicos ou Sociedade de Economia Mista Ação Penal
Não incide esta qualificadora na hipótese de dano contra Art. 167. Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo
o patrimônio de autarquias, empresas públicas, fundações pú- e do Art. 164, somente se procede mediante queixa.
blicas e empresas permissionárias de serviços públicos. Res-
Ş
ŝ#-ŝŦ
ponderá o agente pelo crime de dano simples nesta situação. Da Apropriação Indébita
Também não incide esta qualificadora na conduta prati-
cada contra imóveis locados ou usados pelos entes descritos Apropriação Indébita
neste inciso.
Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem
De acordo com o entendimento do STJ, o preso que da- a posse ou a detenção:
nifica (destrói, deteriora ou inutiliza) as paredes e grades da
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
cela dos presídios ou delegacias, com o objetivo de fuga não
responde pelo crime de dano. Vejamos uma jurisprudência so- Aumento de Pena
bre o tema: § 1º. A pena é aumentada de um terço, quando o agen-
Conforme entendimento, há muito fixado nesta Corte te recebeu a coisa:
Superior (STF), para a configuração do crime de dano, I. Em depósito necessário;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
previsto no Art. 163 do CPB, é necessário que a vontade II. Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
seja voltada para causar prejuízo patrimonial ao dono inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
da coisa (animus nocendi). Dessa forma, o preso que III. Em razão de ofício, emprego ou profissão.
destrói ou inutiliza as grades da cela onde se encontra,
com o intuito exclusivo de empreender fuga, não comete Conceito
crime de dano. 2. Parecer do MPF pela concessão da A principal característica do crime de apropriação indébita
ordem. 3. Ordem concedida, para absolver o paciente é a existência de uma situação de quebra de confiança, pois a
do crime de dano contra o patrimônio público (Art. 163, vítima entrega, voluntariamente, uma coisa móvel ao agente,
Parágrafo Único, III, do CPB). e este, logo após, inverte seu ânimo no tocante ao bem, pas-
De acordo com o Art. 167 do CP, nesta hipótese de dano a sando a comportar-se como seu dono.
ação penal será pública incondicionada. Objetividade Jurídica
Por Motivo Egoístico ou com Prejuí- Patrimônio.
zo Considerável para a Vítima Objeto Material
Motivo egoístico é aquele ligado à obtenção de um futuro Coisa alheia móvel sobre a qual recai a conduta criminosa 429
benefício, de ordem moral ou econômica. Ex.: “A” e “B” foram (imóveis não).
Para o STJ é possível a prática do crime de apropriação A pessoa recebe a posse ou
O agente já possuía a intenção
430 indébita de coisas fungíveis (móveis que podem substituir-se detenção de coisa de maneira
de se apropriar do bem antes de
por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade). legítima, surgindo a vontade de
alcançar a sua posse ou detenção.
Ex.: Dinheiro. se apropriar posteriormente.
Núcleo do Tipo Ex.: Pessoa vai a uma locadora de Ex.: Pessoa vai a uma locadora
veículos, aluga um veículo, gosta de veículos, já com a intenção de
É o verbo “apropriar” que significa tomar para si, fazer sua
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
rio e da Sociedade Empresária). Objetividade Jurídica
Seguridade social (saúde, previdência e assistência social
Em Razão de Ofício, Emprego ou Profissão - Art. 194, CF/88). Não se trata de crime contra o patrimônio.
Não necessita de relação de confiança entre o agente e a
vítima. Objeto Material
Contribuição previdenciária arrecadada e não recolhida.
Prestação de serviço em subordinação e dependência.
Emprego Núcleo do Tipo
Ex.: Dono de um supermercado e seus funcionários.
Deixar de repassar, significa deixar de recolher. (Recolher
Ocupação mecânica ou manual, que necessita de um é depositar a quantia recebida - descontada ou cobrada).
determinado grau de habilidade, e que seja útil ou
Ofício necessário às pessoas em geral. É crime omissivo próprio ou puro (não admite tentativa).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
II. Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia CP).
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, Consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita causando o
ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
prejuízo à vitima, passando pelos momentos de:
pagamento em prestações, silenciando sobre qual-
quer dessas circunstâncias; ▷ Emprego de fraude pelo agente;
Defraudação de Penhor ▷ Situação de erro na qual a vítima é colocada ou man-
III. Defrauda, mediante alienação não consentida tida;
pelo credor ou por outro modo, a garantia pigno- ▷ Obtenção de vantagem ilícita pelo agente;
ratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na Entrega de Coisa ▷ Prejuízo sofrido pela vítima.
IV. Defrauda substância, qualidade ou quantidade
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Descrição
de coisa que deve entregar a alguém;
A vantagem ilícita deve ser de natureza econômica (pa-
Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de Seguro
trimonial): se a vantagem for lícita, estará configurado o cri-
V. Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró- me de exercício arbitrário das próprias razões, Art. 345 do CP:
pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão,
consequências da lesão ou doença, com o intuito de
embora legítima, salvo quando a lei o permite.
haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no Pagamento por Meio de Cheque ▷ Daí que o STF entendeu que o ponto eletrônico, ou a
cola eletrônica são fatos atípicos em face da inexis-
VI. De instituto de economia popular, assistência
social ou beneficência. tência de vantagem econômica. Esse foi o entendi-
mento prevalecente, apesar de haver minoria do STF
§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometi-
do contra idoso. que afirma tratar-se de fato típico.
Esse crime tem o objetivo de punir a conduta do agente ▷ O silêncio pode ser usado como meio fraudulento
que, utilizando-se de uma fraude, induz ou mantém alguém para a prática de estelionato, bem como a mentira
em erro, no intuito de obter uma vantagem ilícita sobre essa (tem que ser fraudulenta). 433
vítima. ▷ A fraude bilateral não exclui o crime.
Formas de Execução enquanto o título não é convertido em valor material, não há
434 Ardil - caracteriza-se pela fraude de forma intelectual, efetivo proveito do agente, podendo ser impedido de realizar
fraude moral, representada pela conversa enganosa. É a lábia. a conversão por circunstâncias alheias a sua vontade. Assim,
Ex.: “A”, alegando ser especialista em conserto de com- o crime ainda está na fase de execução. (MAJORITÁRIA).
putadores, convence “B” a entregar-lhe seu notebook Figuras Equiparadas
para conserto.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Artifício - caracteriza-se pela fraude de forma material. § 2º Nas mesmas penas incorre quem:
O agente utiliza algum instrumento ou objeto para enganar a • Disposição de Coisa Alheia como Própria
vítima. I. Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
Ex.: “A” se disfarça de manobrista e fica parado na por- em garantia coisa alheia como própria;
ta de um restaurante para que “B” voluntariamente lhe Nessa situação, admite-se que o bem seja móvel ou imó-
entregue seu carro. Ou ainda, aquele que utiliza o bilhe- vel. É quando o agente, na posse do bem de um terceiro, utili-
te premiado ou um documento falso. za-o como se fosse próprio.
Qualquer Outro Meio Fraudulento - é uma situação de in- Ex.: O inquilino de um imóvel, que aluga para uma ter-
terpretação analógica.
ceira pessoa por um valor superior, na intenção de obter
Ex.: O silêncio. “A” comerciante entrega a “B”, cliente, lucro, sem o consentimento ou ciência do proprietário
troco além do devido, mas este nada fala e nada faz, fi-
real do imóvel.
cando com o dinheiro para si.
Estelionato e Crime Impossível - Qualquer que seja o meio • Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria
de execução (artifício, ardil ou outro meio fraudulento) empre- II. Vende, permuta, dá em pagamento ou em ga-
Ş
ŝ#-ŝŦ
gado na prática da conduta, somente haverá a tentativa quando rantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a tercei-
apresentar idoneidade para enganar a vítima. A idoneidade leva
ro, mediante pagamento em prestações, silencian-
em conta as condições pessoais do ofendido. do sobre qualquer dessas circunstâncias;
Se o meio fraudulento for capaz de enganar a vítima, esta- Nessa situação, o bem é da própria pessoa, podendo tam-
rá caracterizado o conatus. Caso não tenha intenção de iludir bém ser imóvel ou móvel.
a vítima ou apresente-se grosseiro será crime impossível, pois Ex.: O agente vende veículo para três pessoas ao mes-
há impropriedade absoluta do meio de execução. (Art. 17 do mo tempo, no entanto, tal bem se encontra em busca e
CP). apreensão por falta de pagamento, existe um ônus judi-
Estelionato e Reparação do Dano: a reparação do cial sobre o patrimônio.
dano não apaga o crime de estelionato, porém, depen- Trata-se de crime de duplo resultado: vantagem + prejuízo,
dendo do momento que ocorrer a indenização à vítima, punindo-se aquele que pratica um dos núcleos do tipo, silen-
podem ocorrer as seguintes situações: ciando sobre a circunstância.
▷ Se ANTERIOR ao RECEBIMENTO da DENÚNCIA ou • Defraudação de Penhor
QUEIXA, é possível o reconhecimento do arrepen-
III. Defrauda, mediante alienação não consentida
dimento posterior, isso irá diminuir a pena de um a
dois terços, nos termos do Art. 16 CP. pelo credor ou por outro modo, a garantia pigno-
ratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
▷ Se ANTES da SENTENÇA, pode ser aplicada a ate-
nuante genérica de acordo com o Art. 65, III, c, parte Seria a hipótese em que, um devedor, recebendo algo
final, do CP. como penhor (garantia) de um credor, pratica ato de posse
▷ Se POSTERIOR à SENTENÇA, não surte efeito algum. do bem, sem o consentimento dele (credor).
Ex.: Um empresário resolve penhorar seu veículo para le-
Estelionato Privilegiado vantar fundos para o investimento na sua empresa, entre-
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o tanto a empresa que penhorou o veículo decide alugá-lo
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto para que possa obter lucro.
no Art. 155, § 2º. • Fraude na Entrega de Coisa
O prejuízo de “pequeno valor” deve ser dano igual ou infe-
IV. Defrauda substância, qualidade ou quantidade
rior a um salário mínimo vigente à época do fato.
de coisa que deve entregar a alguém;
Considerações Pode ocorrer tanto em bens móveis quanto imóveis.
Súm. 17, STJ. Quando o falso se exaure no estelionato, Ex.: Uma construtora vende imóveis na planta com di-
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. mensão de 200m2, contudo, ao cabo das obras, na en-
Empregando a fraude, sem a intenção de se enriquecer e trega da chave aos proprietários, esses constatam que os
só com a intenção de prejudicar alguém, não se trata de este- imóveis só possuem 170m2.
lionato. É necessário buscar a obtenção de indevida vantagem Caso a qualidade, quantidade do objeto seja superior, não
econômica. existe o crime (se o imóvel tivesse 230m2, por exemplo).
Quando o agente, mediante fraude, consegue obter da Deve-se ter em mente que, na hipótese de RELAÇÃO CO-
vítima um título de crédito, o delito está consumado? Não, MERCIAL, pode-se estar diante do Art. 175 do CP.
• Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor título, o agente retira todo o numerário depositado
de Seguro ou apresenta uma contraordem de pagamento (sus-
V. Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa tação).
própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou Fraude do cheque ocorre pelo agente que tem a conta
agrava as consequências da lesão ou doença, com encerrada, não é este estelionato do inciso VI, é estelionato
o intuito de haver indenização ou valor de seguro; simples do caput.
É pressuposto fundamental deste crime, a prévia existên- Considerações
cia de um contrato de seguro em vigor. Caso não exista seguro, Súm. 521, STF. O foro competente para o processo e jul-
será crime impossível, diante da impropriedade absoluta do gamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade
objeto material (Art. 17 do CP). Nessa situação o sujeito pas- da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos,
sivo deste crime será necessariamente a seguradora, sendo é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo
também admissível a hipótese de tentativa. sacado.
Por conseguinte, é um crime FORMAL, ou seja, consuma- Súm. 244, STJ. Compete ao foro do local da recusa pro-
se com a prática da conduta típica (destruir, ocultar, autole- cessar e julgar o crime de estelionato mediante cheque
sionar e agravar), ainda que o sujeito NÃO consiga alcançar a sem provisão de fundos.
indevida vantagem econômica pretendida.
O Art. 70, caput, 1ª parte, CPP diz que a competência é, em
Na hipótese em que a fraude é perpetrada por terceiro, regra, do local da consumação do delito.
sem o conhecimento do segurado, sabendo que esse será o
Súm. 554, STF. O pagamento de cheque emitido sem pro-
beneficiário do valor da apólice, o delito será o previsto no Art.
visão de fundos, APÓS o recebimento da denúncia, não
171, caput, do CP.
obsta ao prosseguimento da ação penal.
• Fraude no Pagamento por meio de Cheque Desse modo, entende-se que o pagamento de cheque sem
VI. Emite cheque, sem suficiente provisão de fun- previsão de fundos, ATÉ o RECEBIMENTO da DENÚNCIA, impe-
dos em poder do sacado, ou lhe frustra o paga- de o prosseguimento da ação penal, ou seja, é causa extintiva
mento. de punibilidade.
Sujeito Ativo: é um crime próprio (o titular da conta ban- Na hipótese do inciso VI do Art. 171, a tentativa é possível,
cária), ademais, ADMITE coautoria e participação. por exemplo: o correntista dolosamente emite um cheque sem
Sujeito Passivo: a pessoa física ou jurídica que suporta suficiente provisão de fundos, mas seu pai, agindo sem seu
prejuízo patrimonial. conhecimento, deposita montante superior em sua conta cor-
Somente existe o crime, quando provado que, desde o iní- rente antes da apresentação da folha de cheque.
cio, EXISTE a má-fé do agente, ou seja, desde o momento em Segundo STJ, a emissão de cheques como garantia de dí-
que colocou o cheque em circulação ele já não tinha intenção vida (pós-datado), e não como ordem de pagamento à vista,
Ş
ŝ#-ŝŦ
de honrar seu pagamento; seja pela ausência de suficiência de não constitui crime de estelionato, na modalidade prevista
provisão de fundos, seja pela frustração de seu pagamento. no Art. 171, § 2º, VI, CP. Entretanto, é possível a responsabiliza-
Sendo assim, deve haver a finalidade específica que é a inten- ção do agente pelo estelionato na modalidade fundamental,
ção de fraudar / enganar a vítima. se demonstrado seu dolo em obter vantagem ilícita em pre-
Súm. 246, STF. Comprovado NÃO ter havido fraude, não juízo alheio no momento da emissão fraudulenta do cheque.
se configura crime de emissão de cheque sem fundos. Mas atente-se que, se o agente pós-datar o cheque saben-
Ex.: “A” compra um produto na loja de “B”, no momento da do da inexistência de fundos, há má-fé e configurará o Art. 171,
compra não possui dinheiro na conta. Ocorre que pretendia caput, do CP. Assim, se emissão do cheque é fraudulenta - pre-
realizar o depósito na conta antes que “B” apresentasse a sente a má-fé - caracteriza o Art. 171, caput.
folha de cheque ao banco. Todavia acaba se esquecendo de
realizar o depósito. Desse modo o cheque é devolvido por Apontamentos
▷ Emitir cheque, encerrando, logo após, a conta: tem-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Não se aplica o § 3º no caso de estelionato contra o Ban- que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de
co do Brasil, considerando que esta não é entidade de Direito Registro de Duplicatas.
Público.
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido Abuso de Incapazes
contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015) Art. 173. Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessi-
Jogos de Azar: há o crime de estelionato caso seja empregado dade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação
meio fraudulento visando eliminar totalmente a possibilidade de ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer de-
vitória por parte dos jogadores. les à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico,
em prejuízo próprio ou de terceiro:
Ex.: Adulteração de máquina de caça-níquel para que os
apostadores nunca vençam. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Falsidade Documental: o sujeito que falsifica documen- Induzimento à Especulação
to (público ou particular) e, posteriormente, dele se vale Art. 174. Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inex-
para enganar alguém, obtendo vantagem ilícita em prejuízo periência ou da simplicidade ou inferioridade mental
Ş
ŝ#-ŝŦ
alheio responderia, EM TESE, por dois crimes: estelionato e de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou
falsidade documental (Art. 171, caput, e Art. 297 - documen- à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou
to público ou 298 - documento particular), contudo, nessa devendo saber que a operação é ruinosa:
situação, o crime de estelionato absorve o crime de falsidade Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
documental. É esse o teor da súmula do STJ:
Súm. 17, STJ. Quando o falso se exaure no estelionato,
Fraude no Comércio
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. Art. 175. Enganar, no exercício de atividade comercial, o
adquirente ou consumidor:
Ocorre o “Princípio da Consumação”, que é quando o crime-
fim (estelionato) absorve o crime-meio (falsidade documental). I. Vendendo, como verdadeira ou perfeita, merca-
Isso desde que a fé pública, o patrimônio ou outro bem jurídico doria falsificada ou deteriorada;
qualquer não possam mais ser atacados pelo documento falsifi- II. Entregando uma mercadoria por outra:
cado e utilizado por alguém como meio fraudulento para obten- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
ção de vantagem ilícita em prejuízo alheio. § 1º Alterar em obra que lhe é encomendada a qualida-
de ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso,
Competência pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor va-
O Art. 70 do CPP prevê que a competência será, em re- lor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como
gra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração. precioso, metal de outra qualidade:
Verifica-se nesta regra que no estelionato o juízo competente Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
será o do local em que o sujeito obteve a vantagem ilícita em § 2º É aplicável o disposto no Art. 155, § 2º.
prejuízo alheio.
Súm. 107, STJ. Compete à justiça comum estadual pro- Outras Fraudes
cessar e julgar crime de estelionato praticado mediante Art. 176. Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
falsificação das guias de recolhimento das contribuições hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor
previdenciárias, quando não ocorre lesão à autarquia federal. de recursos para efetuar o pagamento:
É crime de competência da Justiça Estadual. No entanto, Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
será de competência da Justiça Federal quando for praticado Parágrafo único. Somente se procede mediante repre-
em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou suas sentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias,
entidades autárquicas ou empresas públicas. (Art. 109, IV, CF). deixar de aplicar a pena.
Súm. 48, STJ. Compete ao juízo do local da obtenção da
vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato Fraudes e Abusos na Fundação ou
cometido mediante falsificação de cheque. Esta súmula Administração de Sociedade por Ações
está relacionada ao crime definido pelo estelionato em Art. 177. Promover a fundação de sociedade por ações,
sua modalidade fundamental (caput). fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público
Súm. 521, STF. O foro competente para o processo e julga- ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição
mento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a
emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o ela relativo:
do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato
(Ou seja, local da agência bancária) não constitui crime contra a economia popular.
§ 1º Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui Receptação Qualificada
crime contra a economia popular: § 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
I. O diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, ex-
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balan- por à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
ço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
afirmação falsa sobre as condições econômicas da industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
em parte, fato a elas relativo; § 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito
II. O diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de irregular ou clandestino, inclusive o exercício em re-
outros títulos da sociedade; sidência.
III. O diretor ou o gerente que toma empréstimo à § 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de ter- pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela con-
ceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia au- dição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
torização da assembleia geral; meio criminoso:
IV. O diretor ou o gerente que compra ou vende, Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
por conta da sociedade, ações por ela emitidas, ambas as penas.
salvo quando a lei o permite; § 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
V. O diretor ou o gerente que, como garantia de isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
crédito social, aceita em penhor ou em caução § 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode
ações da própria sociedade; o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar
VI. O diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o dis-
desacordo com este, ou mediante balanço falso, dis- posto no § 2º do Art. 155.
tribui lucros ou dividendos fictícios; § 6º Tratando-se de bens e instalações do patrimônio
VII. O diretor, o gerente ou o fiscal que, por inter- da União, Estado, Município, empresa concessionária
posta pessoa, ou conluiado com acionista, conse- de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a
gue a aprovação de conta ou parecer; pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
VIII. O liquidante, nos casos dos nºs I, II, III, IV, V e Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir,
VII; ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de
produção ou de comercialização, semovente domesti-
IX. O representante da sociedade anônima estran-
cável de produção, ainda que abatido ou dividido em
geira, autorizada a funcionar no País, que pratica os
Ş
ŝ#-ŝŦ
partes, que deve saber ser produto de crime: (Incluído
atos mencionados nos nºs I e II, ou dá falsa informa- pela Lei nº 13.330, de 2016)
ção ao Governo.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 2º Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem
Esse artigo tipifica a conduta do agente que adquire, re-
para si ou para outrem, negocia o voto nas delibera-
cebe, transporta, conduz, dentre outras condutas, com intuito
ções de assembleia geral.
de obter vantagem, produto de crime (furto, roubo, extorsão,
Emissão Irregular de Conhecimento estelionato etc.). É considerado como delito, a conduta de
adquirir (receptação própria), como a de influenciar para que
de Depósito ou “Warrant” uma terceira pessoa adquira esses produtos (receptação im-
Art. 178. Emitir conhecimento de depósito ou warrant, própria).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
torsão, roubo).
Sujeito Ativo (da receptação qualificada §1º): é um crime Norma Penal Explicativa
próprio, somente aquela pessoa que desempenha atividade § 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido
comercial ou industrial. ou isento de pena o autor do crime de que proveio a
Ex.: Dono de ferro velho de carros e peças usadas. coisa.
▷ Admite a participação. Ainda que ocorra a extinção da punibilidade do crime an-
▷ A atividade deve ser habitual ou contínua. tecedente, haverá o crime de receptação (Art. 180 do CP).
Ex.: A morte do agente do crime anterior, prescrição etc.
Sujeito Passivo: é a vítima do crime anterior, ou seja, don-
de veio o produto do furto. Esse parágrafo dá certa autonomia ao crime de receptação
em relação ao crime antecedente.
Consumação e Tentativa Ex.: Ricardo, menor de idade, subtrai o DVD de um
Receptação Própria (caput): Adquirir, receber - crime ma- veículo e o vende a Pedro, o qual conhece a origem cri-
minosa do bem. Nesta situação, mesmo sendo Ricardo
terial/instantâneo - transportar, conduzir ou ocultar - crime
inimputável, Pedro responderá pelo crime de receptação.
permanente - ambos admitem a tentativa.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
ção, se o crime previsto neste título é cometido em Da mesma forma, os atos libidinosos diversos, pode ser su-
prejuízo: jeito passivo e ativo qualquer pessoa, ainda que do mesmo sexo.
I. Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; Sujeito Passivo: trata-se de delito comum, qualquer um
II. De irmão, legítimo ou ilegítimo; pode ser vítima do crime, inclusive a prostituta e a esposa,
III. De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. quando cometido pelo marido.
Após a entrada em vigor da Lei nº 6.515/77, o desquite não Art. 7º, III, da Lei Maria da Penha: afirma que a violência
existe mais no ordenamento jurídico brasileiro. sexual é forma de violência contra a mulher sim.
Aos ex-cônjuges divorciados não se aplica essa imunidade. Art. 226, II ,do CP: fala que é causa de aumento de pena
No caso dos incisos II e III, é necessária efetiva coabitação, nos crimes sexuais se o crime é cometido por cônjuge
para incidência desta imunidade. ou companheiro:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de
14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção
Do Lenocínio e do Tráfico de Pessoa
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascí- Para Fim de Prostituição ou Outra
via própria ou de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Forma de Exploração Sexual
Favorecimento da Prostituição ou de Mediação Para Servir a Lascívia de Outrem
Art. 227. Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
Outra Forma de Exploração Sexual de Pena - reclusão, de um a três anos.
Criança ou Adolescente ou de Vulnerável § 1º Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, des-
outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 cendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
(dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiên- curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de
cia mental, não tem o necessário discernimento para educação, de tratamento ou de guarda:
a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
abandone: § 2º Se o crime é cometido com emprego de violência,
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. grave ameaça ou fraude:
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vanta- Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena cor-
gem econômica, aplica-se também multa. respondente à violência.
§ 2º Incorre nas mesmas penas: § 3º Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se
I. quem pratica conjunção carnal ou outro ato libi- também multa.
dinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior
de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput Favorecimento da Prostituição ou
deste artigo; Outra Forma de Exploração Sexual
II. o proprietário, o gerente ou o responsável pelo Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra
local em que se verifiquem as práticas referidas no forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou difi- 441
caput deste artigo. cultar que alguém a abandone:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
442 § 1º Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, ir- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
mão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, I. vende, distribui ou expõe à venda ou ao público
preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, qualquer dos objetos referidos neste artigo;
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção II. realiza, em lugar público ou acessível ao público,
ou vigilância: representação teatral, ou exibição cinematográfica
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo,
§ 2º Se o crime é cometido com emprego de violência, que tenha o mesmo caráter;
grave ameaça ou fraude: III. realiza, em lugar público ou acessível ao públi-
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena co, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter
correspondente à violência. obsceno.
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se
também multa.
Disposições Gerais
Aumento de Pena
Casa de Prostituição
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, esta- aumentada:
belecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou
I. (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de
não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietá-
rio ou gerente: 2009).
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
lhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indica- ou a depósito ou caução por que o poder público
tivo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota seja responsável;
ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim VI. Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
de inutilização: transporte administrada pela União, por Estado ou
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. por Município:
Parágrafo único. O máximo da reclusão é elevado a doze Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que § 1º Incorre na mesma pena quem:
trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhi- I. Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos pa-
do, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo.(Vide péis falsificados a que se refere este artigo;
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II. Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, em-
Observações presta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Neste delito, da mesma forma, é necessário que a forma- falsificado destinado a controle tributário;
ção da moeda com fragmentos e a supressão do sinal indicati- III. Importa, exporta, adquire, vende, expõe à ven-
vo sejam capazes de iludir. da, mantém em depósito, guarda, troca, cede,
Não é necessário o dano para consumar-se o delito, basta empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,
a mera formação da cédula a partir dos fragmentos, com a su- utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
pressão do sinal identificador de recolhimento. de atividade comercial ou industrial, produto ou
Há autores que ditam que, ao contrário do que ocorre com o mercadoria:
crime de moeda falsa (Art. 298, CP), a aquisição e o recebimento a) em que tenha sido aplicado selo que se destine
da moeda nas condições descritas no Art. 290, caput, não foram a controle tributário, falsificado;
elevados à categoria de crime principal, subsistindo o delito de b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação
receptação. tributária determina a obrigatoriedade de sua
aplicação.
Petrechos para Falsificação de Moeda § 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quando le-
Art. 291. Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, 443
gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Ex.: Uma impressora de alta capacidade que tenha con-
444 § 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de alte- dições de imprimir cédulas falsas. Contudo, depende - lo-
rado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo gicamente - do contexto fático em que se apresente.
anterior.
§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora recebido
Da Falsidade Documental
de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou altera- Falsificação do Selo ou Sinal Público
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
caput - reclusão de dois a oito anos - quem guarda, possui marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím-
ou detém quaisquer dos papéis que constam no inciso I ao bolos utilizados ou identificadores de órgãos ou
VI do caput. Ademais, a falsificação engloba nos incisos II e III entidades da Administração Pública.
deste parágrafo, aplica punição às outras condutas ligadas, es- § 2º Se o agente é funcionário público, e comete o cri-
pecificamente, à falsificação de selo destinado ao controle tri- me prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
butário, ou então, de produtos ou mercadorias sobre os quais sexta parte.
incide o controle tributário. Esse delito visa incriminar o agente que falsifica SELOS ou
Em relação ao § 2º, pune-se quem efetuou a supressão SINAIS públicos - objetos que atestam um documento como
do sinal indicativo de inutilização com intenção de tornar no- verdadeiro - por meio da fabricação (contrafação - próprio
vamente utilizável. agente fabrica um selo ou sinal falso), ou pela alteração (mo-
dificação de selo ou sinal verdadeiro).
O § 3º diz que é punido quem USA, desde que esse não
seja o mesmo autor que suprimiu o documento, pois senão, Tais itens - selo ou sinal - não são considerados docu-
mentos públicos, e sim, objetos que o criminoso utiliza para
responderá pela caput.
falsificação.
O § 4º é a figura privilegiada do Art. 293, pois pune quem Ex.: Carimbo, selo de identificação etc.
recebe de boa-fé e repassa o documento falsificado após re- A falsidade tipificada nesse artigo é MATERIAL, ou seja, a
conhecer a sua falsidade. forma do documento é modificada (alteração), ou fabricada
Por fim, o § 5º trata da equiparação das condutas reco- (contrafação).
nhecidas como atividade comercial expressa no Art. 1º, inciso
III, exercidas em locais irregulares e clandestinos, em locais pú- Falsificação de Documento Público
blicos ou até mesmo se praticada dentro da própria residência Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento pú-
do agente. blico, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Petrechos de Falsificação
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o cri-
Art. 294. Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar me prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer sexta parte.
dos papéis referidos no artigo anterior: § 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento pú-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. blico o emanado de entidade paraestatal, o título ao por-
Art. 295. Se o agente é funcionário público, e comete o tador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
sexta parte. § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz in-
A figura típica do Art. 294, prevê a conduta do agente que serir:
possua objetos que tenham como fim específico a falsificação I. Na folha de pagamento ou em documento de
de quaisquer papéis públicos mencionados no Art. 293 do Có- informações que seja destinado a fazer prova pe-
digo Penal. rante a previdência social, pessoa que não possua
Caso esse objeto possua a capacidade de falsificar, mas sua a qualidade de segurado obrigatório;
função principal não é esta, a sua posse não será considerada II. Na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
como objeto (petrecho). empregado ou em documento que deva produzir
efeito perante a previdência social, declaração falsa 171), estelionato, do Código Penal, visto que, a conduta visa
ou diversa da que deveria ter sido escrita; obter vantagem indevida mediante o uso de fraude. Sendo
III. Em documento contábil ou em qualquer outro assim, a falsificação é “meio” (uso da fraude) para o fim (a
documento relacionado com as obrigações da em- vantagem), que é o crime de estelionato. Por conseguinte, de
presa perante a previdência social, declaração falsa acordo com o princípio da consunção, o crime mais grave ab-
ou diversa da que deveria ter constado. sorve o menos grave.
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos do- Súm. 17, STJ. Quando o falso se exaure no estelionato,
cumentos mencionados no § 3º, nome do segurado sem mais potencialidade lesiva, é por ele absorvido.
e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
contrato de trabalho ou de prestação de serviços.
Falsificação de Documento Particular
Para provar a materialidade do crime, é INDISPENSÁVEL a Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento
realização de exame de corpo de delito, direto ou indireto, no particular ou alterar documento particular verdadeiro:
documento, NÃO podendo supri-lo pela confissão do acusado Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
(Art. 158 do CPP), ou seja, pela perícia no documento. Este artigo do Código Penal tem por objetivo tipificar a
Este título do Código Penal tem por objetivo tipificar a con- conduta do agente que falsifica, total ou parcialmente, docu-
duta do agente que falsifica, total ou parcialmente, documen- mento particular, bem como aquele que altera documentos
to público, bem como aquele que altera documentos públicos particulares verdadeiros com intenção de obter vantagem ilí-
verdadeiros com intenção de obter vantagem ilícita. cita.
A falsidade tipificada nesse artigo é material, ou seja, a Para configurar o crime de falsificação, faz-se necessário
forma do documento é modificada (alteração), ou falsificada que esse tenha capacidade de ludibriar terceiros, pois a falsifi-
(contrafação), total ou parcialmente. cação ou modificação grosseira ou sem potencialidade lesiva
Documento para o Direito Penal deve possuir as seguintes não configura o crime, ou seja, de acordo com o Art. 17 do CP
características: é um crime impossível por absoluta impropriedade do objeto,
podendo configurar estelionato.
▷ Forma escrita;
Nessa situação, o documento em si é falso, porém os da-
▷ Elaborado por pessoa determinada;
dos podem ser verdadeiros, pois o agente que emite/falsifica
▷ Conteúdo revestido de relevância jurídica; o documento, não tem competência para fazê-lo.
▷ Possuir eficácia probatória.
▷ Portanto, documento público é aquele confecciona- Considerações
do pelo funcionário público, nacional ou estrangeiro, Se a falsidade do documento é material, o agente respon-
no desempenho de suas atividades, em conformi- de pelo Art. 298 do CP, falsificação de documento particular,
dade com as formalidades legais. caso seja ideológica, o agente responderá pelo Art. 299 do CP,
Ş
ŝ#-ŝŦ
Caso a agente seja funcionário público, responde com au- falsidade ideológica.
mento de pena de sexta parte, conforme preceitua o §1º desse Caso o agente que utilize o documento falsificado ou mo-
artigo. dificado seja o mesmo que o falsificou, responderá pelo crime
A fotocópia (xerox/traslado), sem autenticação, não tem do Art. 304 do CP, uso de documento particular falsificado.
eficácia probatória. Desse modo, não é classificado como do- Documento público nulo, se torna documento particular.
cumento público para fins penais. Atos públicos nulos, feitos por oficiais incompetentes, são do-
§ 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento cumentos particulares.
público o emanado de entidade paraestatal, o título ao Na hipótese de documento particular, com firma reconheci-
portador ou transmissível por endosso, as ações de so- da em cartório, temos um documento público? Falsificando os
ciedade comercial, os livros mercantis e o testamento escritos do documento, o delito será o do Art. 298 do CP. Porém,
particular. se a conduta for para falsificar o selo do tabelião, o delito é o do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
documento em si é falso, esse artigo aborda a falsidade ideo- informados para que tal pessoa obtenha vantagem sobre a
Administração são falsos.
lógica, em que o documento é verdadeiro, mas o conteúdo, a
ideia é falsa. A falsidade ideológica também é conhecida como Falsidade Material de
falso ideal, falso intelectual ou falso moral. Atestado ou Certidão
Falsidade Material Falsidade Ideológica § 1º Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão,
A forma do documento é falsa, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro,
A forma do documento é verda- para prova de fato ou circunstância que habilite alguém
porém os dados podem ser verda-
deira, mas a ideia contida é falsa. a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de
deiros.
caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Núcleos do Tipo Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Omitir: o funcionário público no momento da elaboração § 2º Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se,
de um documento, deixa de inserir (omissão) informação que além da pena privativa de liberdade, a de multa.
nesse deveria constar. É a falsidade imediata. Configura também a conduta do agente que, ao contrário
Ş
ŝ#-ŝŦ
Inserir: aquele que insere no documento público ou par- de atestar ou certificar, falsifica atestado, certidões ou altera o
ticular informação falsa ou diversa que deveria ser escrita. É a seu conteúdo em benefício de terceiros que desejam obter as
falsidade imediata. mesmas vantagens já mencionadas no caput (§ 1º).
Fazer inserir: é o particular que fornece a informação falsa De acordo com o § 2º, caso a conduta tenha o fim de ob-
ao funcionário público competente, que por erro a insere no tenção de lucro, além da pena de restrição de liberdade, o
documento verdadeiro. É chamada falsidade mediata. agente será apenado também com o pagamento de multa.
Caso o agente que utilizar o documento falsificado ou mo-
dificado seja o mesmo, esse delito (Art. 299) será absorvido Falsidade de Atestado Médico
pelo Art. 171, estelionato, do Código Penal, visto que a conduta Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua profissão,
busca obter vantagem indevida mediante o uso de fraude. atestado falso:
Para que seja configurado o crime de falsidade ideológica, Pena - detenção, de um mês a um ano.
o agente deve ter um especial fim de agir, ou seja, um dolo Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de
específico, de prejudicar um direito, criar uma obrigação ou lucro, aplica-se também multa.
alterar a verdade sobre um fato. O artigo visa punir o médico que, no exercício da sua pro-
fissão, fornece atestado falso independente de ele ser espe-
Falso Reconhecimento de Firma ou Letra cialista ou não na área, imputando diagnóstico falso ao pacien-
Art. 300. Reconhecer, como verdadeira, no exercício de te que o solicita.
função pública, firma ou letra que o não seja: NÃO é necessário que o médico seja especialista da área a
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o do- qual ele tenha fornecido o atestado falso.
cumento é público; e de um a três anos, e multa, se o Ex.: Um médico cirurgião plástico, atesta um distúrbio
documento é particular. psiquiátrico para que a pessoa consiga obter licença ou
Esse crime é classificado como próprio, pois somente pode qualquer alguma outra vantagem. Embora ele não seja
ser cometido por funcionário público no exercício da função, neurologista, responderá pelo crime de falso atestado.
ou seja, aquele que tem a competência para o reconhecimento. Caso o médico seja funcionário público, responderá pelo
O delito configura-se quando o funcionário público reco- crime do Art. 301, caput do Código Penal.
nhece (atesta, afirma), como verdadeiro a firma ou letra que Sendo a conduta realizada com o objetivo de obter lucros,
sabe ser falsa. além da pena de detenção, será aplicada também uma multa
Não admite a modalidade culposa, porém o agente pode- (parágrafo único).
rá vir a responder na esfera administrativa e civil. (STJ. RMS
26.548/PR - 2010) Reprodução ou Adulteração
Certidão ou Atestado de Selo ou Peça Filatélica
Art. 303. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica
Ideologicamente Falso que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodu-
Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em razão de ção ou a alteração está visivelmente anotada na face
função pública, fato ou circunstância que habilite al- ou no verso do selo ou peça:
guém a obter cargo público, isenção de ônus ou de ser- Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
viço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, para fins
Pena - detenção, de dois meses a um ano. de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
Artigo revogado pelo Art. 39 da Lei 6.538/78 que trata do É necessário que o documento suprimido, o alterado ou
mesmo crime. ocultado tenha seu valor probatório insubstituível, ou seja,
caso seja cópia do documento original, NÃO estará configu-
Uso de Documento Falso rado o crime.
Art. 304. Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados O autor deve agir com finalidade específica, qual seja, exe-
ou alterados, a que se referem os Arts. 297 a 302: cutar o crime em benefício próprio ou de outrem, ou em pre-
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. juízo alheio (ausente esse elemento, outro poderá ser o delito).
O crime de documento falso é um crime classificado dou-
trinariamente como remetido e acessório. De Outras Falsidades
Crime remetido: pois tem a conduta típica descrita em ar- Falsificação do Sinal Empregado
tigos diferentes: Arts. 297 a 302, ou seja, é quando o agente
efetivamente faz o uso dos documentos mencionados nesses no Contraste de Metal Precioso
artigos. ou na Fiscalização Alfandegária,
Crime acessório: pois necessita da prática de crime an- ou para Outros Fins
terior - Art. 297 a 302 - para caracterizar-se crime. Antes de
ocorrer efetivamente o uso do documento falso, já houve um Art. 306. Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca
crime anterior, consumado no momento em que esse foi fabri- ou sinal empregado pelo poder público no contraste de
cado, alterado, modificado etc. metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar
marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem:
Apontamentos Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
A consumação ocorre no momento da utilização de quais-
quer dos documentos falsificados dos Arts. 297 a 302 do Có- Falsa Identidade
digo Penal. Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa iden-
É necessário que haja o uso, não sendo suficiente a simples tidade para obter vantagem, em proveito próprio ou
alusão ao documento falso. alheio, ou para causar dano a outrem:
Para configurar o instituto da tentativa, irá depender de Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o
que maneira que o crime de uso de documento falso seja pra- fato não constitui elemento de crime mais grave.
ticado. Esse delito torna típica a conduta de atribuir, para si pró-
No caso do comento ser mal feito e a falsidade seja eviden- prio ou parar terceira pessoa, falsa identidade para obtenção
te (GROSSEIRA), afasta a falsidade do documento. de vantagem ou causar dano a terceiro, na tentativa de incri-
miná-lo, por exemplo:
Apesar de haver corrente sustentando que, para a carac-
Da leitura do verbo nuclear “atribuir” conclui-se que o cri-
terização do crime basta que o escrito saia da esfera de dis-
Ş
ŝ#-ŝŦ
me é comissivo (praticado por ação), não ocorrendo a hipótese
ponibilidade do agente, ainda que empregado em finalidade
em que o agente silencia acerca da identidade equivocada que
diversa daquela a que se destinava, de acordo com a maioria,
lhe atribuem.
é imprescindível que o documento falso seja utilizado em sua
Não ocorre o uso de documento falso (Art. 304 do CP),
específica destinação probatória.
quando o agente somente atribui - verbalmente - ser outra
Agente deve apresentar de forma espontânea o docu- pessoa, deve ser capaz de iludir.
mento a terceiros. A doutrina vem aceitando que, se o agente O crime de falsa identidade é um CRIME SUBSIDIÁRIO, ou
for solicitado a entregar por agente policial, o crime persiste. seja, caso venha a ser utilizado para prática de um crime mais
Ex.: Em uma blitz de trânsito, quando o condutor apre- grave, será atribuída a pena desse. Seria o caso do estelionato
senta uma Carteira Nacional de Habilitação ao ser essa (Art. 171 do CP), por exemplo, pois o agente utiliza-se da frau-
solicitada pelo agente público. de da falsa identidade para obtenção de vantagem. Ocorre o
Caso o agente que utilize o documento falsificado ou mo- chamado princípio da consunção, em que o crime fim (estelio-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
dificado seja o mesmo que praticou a falsificação, responderá nato) absorve o crime meio (falsa identidade).
apenas pelo crime da falsificação do documento.
Uso de Documento de Identidade Alheia
Supressão de Documento Art. 308. Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor,
Art. 305. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício caderneta de reservista ou qualquer documento de iden-
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, docu- tidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize,
mento público ou particular verdadeiro, de que não documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:
podia dispor: Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o do- o fato não constitui elemento de crime mais grave.
cumento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e Esse crime descreve a conduta do agente que utiliza de
multa, se o documento é particular. documento - verdadeiro - de uma terceira pessoa para se pas-
O crime desse artigo, tem por objetivo tipificar a conduta sar por ela, sendo conhecido como o “Uso de documento de
do agente que dispõe de documento público ou particular ver- identidade alheia”. Se utilizar documento falso é o Art. 304 CP.
dadeiro, quando não o podia, com intuito de destruir, suprimir O agente efetivamente utiliza o documento alheio como se fos-
ou ocultar informações na intenção de causar prejuízo para se próprio, sendo que a simples posse de documentos de terceiro 447
outrem ou vantagem para si ou para terceiros. não caracteriza o crime.
É punido tanto o agente que fez o uso do documento alheio, O §2º é uma figura equiparada. Esse parágrafo versa u ma
448 quanto a pessoa que o emprestou - cedeu - para que aquele o forma própria de crime, podendo ser cometido somente por
utiliza-se. funcionário público que tenha competência legítima para tais
O crime de falsa identidade é subsidiário, ou seja, caso condutas.
constituir crime mais grave será atribuído ao autor o crime Considerações
mais grave. Desse modo, se o agente USAR documento falso,
A alteração de placa com utilização de fita adesiva é obje-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
De acordo com Mirabete, a expressão território nacional Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o
deve ser tomada no seu sentido jurídico, incluindo, portanto, fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer
o mar territorial e o espaço aéreo correspondente à coluna at- a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
mosférica.
I. Concurso público;
O parágrafo único, traz um crime comum, cuja conduta
II. Avaliação ou exame público;
típica consiste em atribuir a estrangeiro falsa qualidade para
III. Processo seletivo para ingresso no ensino supe-
promover-lhe a entrada em território nacional.
rior;
Art. 310. Prestar-se a figurar como proprietário ou
IV. Exame ou processo seletivo previstos em lei:
possuidor de ação, título ou valor pertencente a es-
trangeiro, nos casos em que seja vedada por lei a Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
propriedade ou a posse de tais bens: (Alterado pela § 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita,
L-009.426-1996). por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. às informações mencionadas no caput.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à administra-
Adulteração de Sinal Identificador ção pública:
de Veículo Automotor Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é
Art. 311. Adulterar ou remarcar número de chassi ou
qualquer sinal identificador de veículo automotor, de cometido por funcionário público.
seu componente ou equipamento: Introduzido no Código Penal em 2011 pela Lei 12.550, visa
evitar as fraudes cometidas em provas de concursos públicos,
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
devido às precárias condições de fiscalização do Estado. Pro-
§ 1º Se o agente comete o crime no exercício da função tege o sigilo da boa administração pública, vestibulares, pro-
pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um cessos seletivos, concursos públicos etc.
terço.
Por ser um crime comum, pode ser praticado por qualquer
§ 2º Incorre nas mesmas penas o funcionário público pessoa e, se praticado por funcionário público, a pena aumen-
que contribui para o licenciamento ou registro do veí- ta-se de um terço (Art. 311-A, § 3º do CP).
culo remarcado ou adulterado, fornecendo indevida- Figura equiparada (Art. 311 - A, § 1º): em análise ao tipo
mente material ou informação oficial. referido, a conduta é autenticamente um concurso de pessoas
O sinal de identificação é a placa do veículo, numeração do na modalidade participação, ou seja, um agente auxilia o outro
motor, marcação dos vidros etc. na prática do crime.
A pessoa que recebe o veículo já adulterado, sabendo des- Qualificadora (Art. 311 - A, § 2º): o dano que afeta a Admi-
sa circunstância, não pratica o crime do Art. 311, mas sim o do nistração Pública é analisado em sentido amplo, e não somen-
Art. 180 (receptação). te o dano material. Por ser um crime contra a fé pública, afeta
O § 1º é uma causa especial de aumento de pena, se o principalmente a moral da Administração e abala a credibilida-
funcionário público comete o crime prevalecendo-se do car- de depositada pelas pessoas no Estado.
go. Exige-se, para incidir o aumento de pena, uma qualidade Consumação: Consuma-se com a simples prática dos núcleos,
especial do agente, ser funcionário público, ou seja, um crime dispensando a obtenção da vantagem particular buscada pelo
PRÓPRIO. agente ou mesmo eventual dano à credibilidade do certame.
Considerações Peculato Furto § 1º
Aplicando-se o princípio da especialidade, a violação de Também chamado de peculato impróprio. Só haverá este
sigilo funcional envolvendo certames de interesse público, não crime se o funcionário público valer-se dessa qualidade para
caracteriza o crime do Art. 325, mas sim o do Art. 311-A do CP. subtrair o bem. Caso contrário, o crime será o de furto (Art.
Entendeu o STF que o uso de cola eletrônica não é crime. 155 do CP). Caso o particular não tenha conhecimento da qua-
Entretanto, se o candidato teve acesso privilegiado ao gabarito lidade de funcionário público, responderá por furto, enquanto
da prova, pratica o crime junto com a pessoa que lhe forneceu. esse último, responderá por peculato.
Exs.: “A” funcionário público, valendo-se do cargo, sub-
8. Dos Crimes Contra a Administração trai bem móvel da administração com auxílio de “B”, o
qual conhecia sua função. Ambos respondem por pecu-
Pública lato, Art. 312 do CP.
“A” funcionário público, valendo-se do cargo, subtrai
Dos Crimes Praticados por bem móvel da administração com auxílio de “B”, o qual
desconhecia a função de “A”. “A” responderá por pecula-
Funcionário Público Contra a to (Art. 312 do CP), e “B” por furto (Art. 155 do CP).
Administração em Geral “A” funcionário público, sem aproveitar do cargo que
ocupa, com auxilio de “B”, subtrai bem móvel da repar-
Peculato tição em que “A” trabalha. Ambos respondem por furto
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, (Art. 155 do CP).
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou parti- São considerados crimes próprios, pois exigem a quali-
cular, de que tem a posse em razão do cargo, ou des- dade de funcionário público para sua classificação.
viá-lo, em proveito próprio ou alheio: A conduta é sempre dolosa (apropriar-se, desviar, sub-
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. trair). Existe, no entanto, previsão para modalidade culposa
§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, (vide § 2º, peculato culposo).
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe pro-
porciona a qualidade de funcionário. dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
Peculato Culposo (Art. 13, § 2°, CP).
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o Peculato Culposo
crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Sujeitos do Crime
Ş
ŝ#-ŝŦ
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do Sujeito Ativo: o funcionário público (crime próprio), mas
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a admite-se coautoria e participação de particulares, desde que
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a tenham conhecimento da qualidade de funcionário público do
pena imposta. agente.
Esse artigo tem por objetivo tipificar a conduta do fun-
Se, comprovado que o particular desconhecia a qualidade
cionário público que, aproveitando do cargo que ocupa,
funcional do agente, responde por apropriação indébita.
apropria-se de bem público ou particular. É necessário que o
agente utilize das facilidades do seu cargo, pois, se não o fizer, Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
responderá normalmente, a depender do caso concreto, nos pessoa física ou jurídica, diretamente lesada em seu patrimônio.
crimes elencados no Titulo II. Dos Crimes Contra O Patrimônio, Consumação e Tentativa
do Código Penal, por exemplo, o furto. (Art. 155 do CP). Admite tentativa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
dução de metade da pena imposta. E, isso é feito pelo juiz da (Art. 13, § 2º, CP).
execução penal.
Considerações Sujeitos do Crime
Se a posse do bem (peculato apropriação ou desvio) de- Sujeito Ativo: o funcionário público (crime próprio), mas
corre de violência ou grave ameaça, há crime de roubo (Art. admite-se coautoria e participação de particulares, desde que
157) ou extorsão (Art. 158 do CP). tenham conhecimento da qualidade de funcionário público do
agente.
Peculato
Peculato apropriação (caput 1ª parte);
Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
Peculato Peculato desvio (peculato próprio) (caput 2ª parte); pessoa física ou jurídica, diretamente lesada em seu patrimônio.
Doloso Peculato mediante erro de outrem (peculato estelionato) Consumação e Tentativa
(Art. 313).
Peculato • ADMITE Tentativa
(§2)
Culposo Sendo esse um crime material, consuma-se com a efetiva
O Peculato de Uso não é crime, mas pode caracterizar ato apropriação. Neste caso há divergência, alguns autores sus-
de improbidade administrativa (Art. 9º, Lei nº 8.429/92). É o tentam que a consumação se dará somente no momento em
fato em que, por exemplo, um funcionário público apropria- que o agente percebe o erro de terceiro e não o desfaz, ou seja,
se temporariamente de veículo público, no intuito de realizar a consumação não se dá no momento do recebimento da coi-
diligências de caráter pessoal, restituindo o veículo ao pátio da sa, mas sim no instante em que o agente se apropria da coisa
repartição logo após o uso. recebida por erro, agindo como se dono fosse.
Se há desvio da verba em proveito da própria Adminis-
tração, com utilização diversa da prevista em sua destinação, Descrição
temos configurado o crime do Art. 315 do CP. O funcionário público que, no exercício do cargo, recebeu
de terceiro, o qual estava em erro, dinheiro ou qualquer outra
Apontamentos
utilidade, e não prossegue com a efetiva destinação correta
O princípio da insignificância é causa supralegal de exclu- do recurso.
são da tipicidade, ou seja, o fato não será considerado crime.
Sendo assim, há duas posições sobre o assunto: Apontamentos
▷ STJ: não admite a incidência do princípio da insigni- Se o funcionário público se apropriou de dinheiro ou qual-
ficância nos crimes contra a Administração Pública, quer utilidade que recebeu fora do exercício do cargo, respon-
pois a norma penal busca resguardar não somente derá pelo crime de: Apropriação de coisa havida por erro, caso
o aspecto patrimonial, mas a moral administrativa. fortuito ou força da natureza.
▷ STF: admite a aplicação do princípio da insignificân-
Art. 169, CP. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda
cia nos crimes contra a administração pública. (HC
107370/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 26.4.2011). ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza.
Se o particular, por engano quanto à pessoa, coisa ou
Peculato Mediante Erro de Outrem obrigação, entrega objeto a funcionário público, em razão do
Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade cargo deste, e se ele se apropria do bem, há crime de peculato
que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: mediante erro de outrem (Art. 313, CP).
Inserção de Dados Falsos em Modificação ou Alteração Não
Sistema de Informações Autorizada de Sistema de Informações
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevida- de informações ou programa de informática sem auto-
mente dados corretos nos sistemas informatizados ou rização ou solicitação de autoridade competente:
bancos de dados da Administração Pública com o fim Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou multa.
para causar dano:
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. até a metade se da modificação ou alteração resulta
Pune-se a conduta do funcionário público autorizado que dano para a Administração Pública ou para o adminis-
insere ou facilita inserção de dados falsos, altera ou exclui in- trado.
devidamente dados nos sistema de informação da Administra- Consiste em punir a conduta do funcionário público que
ção Pública com o objetivo de receber vantagem indevida, tal modifica ou altera, sem autorização, os sistemas de informa-
crime é também conhecido como peculato eletrônico. ções da Administração Pública.
Classificação Classificação
Trata-se de crime de mão própria, pois exige a qualida- São considerados crimes próprios, pois exigem a qualida-
de de funcionário público autorizado para sua Classificação, de de funcionário público para sua Classificação.
ou seja, não é qualquer funcionário público, mas sim aquele A conduta é sempre dolosa (modificar, alterar). NÃO exis-
autorizado a inserir, alterar ou excluir dados nos sistemas in-
te, no entanto, a possibilidade da forma culposa.
formatizados ou banco de dados.
É um crime comissivo, por conseguinte pode incorrer em
A conduta é sempre dolosa (inserir, alterar ou excluir).
Não existe, no entanto, a possibilidade da forma culposa. omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po- (Art. 13, § 2º, CP).
dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado Sujeitos do Crime
(Art. 13, § 2º, CP). Sujeito Ativo: o funcionário público (crime próprio), não
Sujeitos do Crime exige a qualidade de ser funcionário autorizado, ademais é
possível a coautoria e participação do particular que tenha
Sujeito Ativo: o funcionário público autorizado (crime de consciência da função pública do agente.
mão própria), sendo possível a coautoria e participação do
Ş
ŝ#-ŝŦ
Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
particular que tenha consciência da função pública do agente. pessoa física ou jurídica, diretamente prejudicada.
Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
pessoa física ou jurídica, diretamente lesada em seu patrimô- Consumação e Tentativa
nio. • ADMITE Tentativa
O crime se consuma no momento da efetiva modificação
Consumação e Tentativa ou alteração do sistema de informação, sendo que, se resultar
• ADMITE Tentativa em dano, é causa de aumento de pena conforme parágrafo
Sendo um crime formal, consuma-se com a devida inser- único desse artigo.
ção, alteração ou exclusão, não sendo necessário o efetivo re- Descrição
cebimento da vantagem indevida, considerada apenas mero Para configuração do crime em tela é necessário que a mo-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
exaurimento do crime. dificação ou alteração ocorra sem autorização, pois tal conduta
Descrição resume-se ao dolo do agente, à vontade livre de provocar as
Visa punir o funcionário autorizado, o qual detém aces- modificações.
so aos sistemas de informação da Administração Pública, e, Os crimes previstos nos Arts. 313-A e 313-B, ambos do CP,
aproveitando-se dessa situação, realiza condutas indevidas são conhecidos como peculato eletrônico.
causando prejuízo para Administração, bem como, aos parti-
culares.
Extravio, Sonegação ou Inutilização
de Livro ou Documento
Apontamentos
Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documento,
É possível a ocorrência do erro do tipo, escusável ou ines- de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou
cusável, do agente que acredita estar agindo corretamente e inutilizá-lo, total ou parcialmente:
acaba inserindo, excluindo ou alterando de forma equivocada, Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
dados verdadeiros. constitui crime mais grave.
Mesmo sendo um crime de mão própria, é possível a figura Para configuração deste crime, é indispensável que o fun- 451
da participação e coautoria, seja ela material ou moral. cionário público tenha a posse do livro ou documento em ra-
zão do cargo que ocupa. É considerado como sendo um crime
Extraviar, sonegar ou
452 subsidiário, pois comumente sendo aplicado, caso o resultado Destruir, suprimir ou ocul- inutilizar livro oficial ou
não constitua crime mais grave. Conduta tar documento público ou qualquer documento
particular verdadeiro. de que tem guarda em
Classificação razão do cargo.
É considerado crime próprio, pois exige a qualidade de funcio-
Há finalidade específica de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
ção fiscal ou tributária, o extravio de livre oficial, processo fis- Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
cal, ou qualquer documento por ele causado, configura crime Este tipo penal visa penalizar o administrador público que
especial previsto no Art. 3°, I, da Lei nº 8.137/90. destina a verba pública para projetos, despesas ou gastos que
Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular, não foram previstos no Orçamento Público, ou então, que não
pessoa física ou jurídica prejudicada. foram autorizados pela Lei Orçamentária Anual.
Consumação e Tentativa Classificação
• ADMITE Tentativa São considerados crimes próprios, pois exigem a qualida-
O crime se consuma no momento do efetivo extravio ou de específica do funcionário público dotado de competência
inutilização, mesmo que seja de forma parcial, bem como, com para utilizar e destinar as verbas públicas.
a sonegação. A conduta é sempre dolosa (destinar a verba para outra
Descrição situação a qual não era prevista). Não existe possibilidade
para modalidade culposa.
Por ser um crime subsidiário, há depender do resultado
É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
naturalístico que ocasionar, o crime será absorvido de acordo
com sua especificidade (princípio da consunção), conforme
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
em alguns dos casos exposto abaixo. dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
(Art. 13, §2°, CP).
▷ Quando há o dolo específico de agir, responde pelo
Art. 305 do CP. Sujeitos do Crime
▷ Caso o funcionário não seja o responsável pela guar- Sujeito Ativo: é crime próprio, pois o sujeito ativo será so-
da do livro ou do documento, responderá pelo Art. mente aquele funcionário público que tenha o poder de ad-
337 do CP. ministração de verbas ou rendas pública (Ex.: Presidente da
▷ Se praticado por advogado ou procurador, respon- República, Ministros, Governadores etc.), ademais, é possível
derá pelo Art. 356 do CP. a coautoria e participação do particular que tenha consciência
O crime tipificado no Art. 314, além de ser próprio, é subsi- da função pública do agente.
diário em relação ao delito previsto no Art. 305, que exige dolo Tratando-se de Prefeito Municipal, há crime próprio, preva-
específico. Veja as diferenças: lecendo pelo principio da especialidade o disposto no Art. 1º, III,
do Decreto-Lei nº 201/67.
Art. 314. Extra-
Art. 305. Supressão de vio, sonegação ou
Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
documento público. inutilização de livro ou pessoa física ou jurídica, diretamente prejudicada.
documento.
Consumação e Tentativa
Objetividade Crime contra a adminis- • ADMITE Tentativa
Crime contra a fé pública.
Jurídica tração pública. O crime se consuma no momento da efetiva destinação ou
aplicação das verbas ou rendas públicas.
Qualquer pessoa (crime Funcionário público
Sujeito Ativo
comum). (crime próprio).
A simples destinação, sem posterior aplicação, constitui
tentativa, gerando perigo para a regularidade administrativa.
Descrição Descrição
Caso o agente público seja o Presidente da República, ele Sendo um crime formal, e a consumação ocorrendo com
responderá pela lei de improbidade administrativa, Art. 11, Lei a mera exigência da vantagem indevida. Pouco importa se o
nº 1.079/50. Por conseguinte, sendo prefeito, responderá pelo funcionário público recebe ou não. Porém, caso receba, haverá o
Art. 1º, III, do Decreto-Lei nº 201/67. exaurimento do crime.
Apontamentos Considerações
Segundo o STF Se a vantagem for devida, o agente funcionário públi-
co responderá pelo crime de abuso de autoridade, Lei nº
RT 617/396. Se o orçamento for aprovado por decreto 4.898/65.
do próprio Poder Executivo, e não por lei, não há o que
Caso a vantagem seja para a própria Administração Pú-
se falar neste crime.
blica, poderá haver o crime de excesso de exação (Art. 316, §
RT 883/462. Para que caracterize esse crime, é neces- 1º, CP).
sário que a lei que destina as verbas ou rendas públi- O particular que se disfarça de policial e exige dinheiro (van-
cas, seja em sentido formal e material. tagem indevida) para não efetuar a prisão de alguém, respon-
derá pelo crime de extorsão (Art. 158, CP).
Concussão
Mesmo que seja funcionário público, mas que não tenha a
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta- competência para a prática do mal prometido, não responde por
mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, este crime, mas por extorsão.
mas em razão dela, vantagem indevida: No crime de concussão, o agente exige a vantagem indevida.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Ademais, no crime de corrupção passiva, Art. 317 do CP, O agente
§ 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição so- solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem indevida.
cial que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gra-
Excesso de Exação
voso, que a lei não autoriza: Art. 316, § 1º Se o funcionário exige tributo ou contri-
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
buição social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório
§ 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou ou gravoso, que a lei não autoriza:
de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
aos cofres públicos:
Art. 316, § 2º Se o funcionário desvia, em proveito pró-
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. prio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
No crime de concussão, o funcionário público exige uma recolher aos cofres públicos:
Ş
ŝ#-ŝŦ
vantagem indevida e a vítima, temendo represálias, cede a Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
essa exigência. Trata-se da cobrança integral e pontual de tributos, em
Trata-se de uma forma especial de extorsão, executada que o funcionário público exige ilegalmente tributo ou con-
por funcionário público. tribuição social em benefício da Administração Pública.
Classificação Classificação
São considerados crimes próprios, pois exigem uma quali- São considerados crimes próprios, pois exige uma quali-
dade específica, ser funcionário público. dade específica, ser funcionário público.
A conduta é sempre dolosa (exigir). Não existe possibili- A conduta é sempre dolosa (exigir tributo ou contribuição
dade para modalidade culposa. social ou desviar o recebimento indevido). NÃO existe possi-
É um crime comissivo, por conseguinte pode incorrer em bilidade para modalidade culposa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po- É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
(Art. 13, §2º, do CP). dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
(Art. 13, § 2º, CP).
Sujeitos do Crime Sujeitos do Crime
Sujeito ativo: somente funcionário público (crime pró- Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró-
prio), ademais, é possível a coautoria e participação do parti- prio), ademais, é possível a coautoria e participação do parti-
cular que tenha consciência da função pública do agente. cular que tenha consciência da função pública do agente.
Sujeito passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular, Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
pessoa física ou jurídica prejudicada. pessoa física ou jurídica prejudicada.
Consumação e Tentativa Consumação e Tentativa
• ADMITE Tentativa • ADMITE Tentativa
O crime é formal, sendo assim, está consumado no mo- O § 1º diz que o crime é formal, sendo assim, está con- 453
mento da exigência. sumado no momento da exigência do tributo ou contribuição
social por meio vexatório e gravoso, mesmo que a vítima não Classificação
454 realize o pagamento. São considerados crimes próprios, pois exigem uma quali-
O § 2º refere-se ao crime material, sendo consumado no dade específica, ser funcionário público.
momento que ocorre o desvio em proveito próprio ou de ou- A conduta é sempre dolosa (solicita, recebe ou aceita pro-
trem, tendo recebido indevidamente. messa). Não existe possibilidade para modalidade culposa.
Descrição É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
quência da vantagem ou promessa, o funcionário re- Sujeito Passivo: O Estado.
tarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o Exceção à teoria unitária ou monista no concurso de pes-
pratica infringindo dever funcional. soas (Art. 29, CP)
O que seria o exaurimento do crime funciona como causa O funcionário público que facilita, com infração de dever
de aumento de pena para o funcionário público. A pena será funcional, a prática de contrabando ou descaminho, responde
aumentada em 1/3. pelo crime do Art. 318. Já o particular que realiza o contraban-
Se a violação praticada pelo agente público constitui, por do ou descaminho responde pelo crime do elo crime do Art.
si só, um novo crime, haverá concurso formal ou material entre 334 ou Art. 334 - A.
a corrupção e a infração dela resultante. Todavia, nessa hipó-
tese, a corrupção deixa de ser qualificada, pois do contrário Conceito
incidirá no bis in idem, considerando-se o mesmo fato duas Contrabando: é a importação ou exportação de mercado-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
vezes em prejuízo do funcionário réu. ria cuja entrada ou saída é proibida no Brasil. Ex.: máquinas
caça-níquel, cigarros, quando em desacordo com autorização
Corrupção Passiva Privilegiada legal.
§ 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou re- Descaminho: a importação ou exportação é permitida, po-
tarda ato de ofício, com infração de dever funcional, rém o agente frauda o pagamento do tributo devido.
cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Consumação
Punem-se, nesse dispositivo, os famigerados favores ad- Ocorre no momento em que o funcionário público efe-
ministrativos. tivamente facilita o contrabando ou descaminho. É crime
Nesta hipótese, o particular não oferece ou promete van- formal ou de consumação antecipada.
tagem indevida ao funcionário público. Ele apenas pede para Não é necessário que a outra pessoa (autor do crime de
que esse DÊ UM JEITINHO de praticar, deixar de praticar ou contrabando ou descaminho - Art. 334) tenha sucesso em sua
retardar ato de ofício, com infração de dever funcional. empreitada criminosa. Desse modo, mesmo que esta outra
Ex.: Pedro é abordado numa Blitz e seu veículo está pessoa não obtenha êxito na realização do crime do Art. 334,
com o IPVA atrasado. Diante disso, ele pede ao policial o crime de contrabando e descaminho estará consumado, pois 455
rodoviário que não aplique a devida multa ou apreenda o é crime formal.
Tentativa Descrição
456 Admitida somente na forma comissiva (ação). A forma Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: Retardar,
omissiva não admite o conatus. deixar de praticar ou praticá-lo. A realização de mais de um des-
tes verbos, no mesmo contexto fático, caracteriza crime único.
Elemento Subjetivo Todavia, tal fato será levado em conta pelo juiz no momento de
Dolo. Não se admite a modalidade culposa. fixação da pena-base (Art. 59 do CP).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Competência Considerações
Os crimes de contrabando e descaminho são decompetên- Retardar (atrasar / adiar): o funcionário público não realiza
cia da Justiça Federal, pois ofendem interesse da União (Art. o ato de ofício dentro do prazo legal. Deixar de praticar (abs-
109, IV, CF/88). ter-se de praticar): não praticar o ato de ofício.
Súm. 151, STJ. A competência para o processo e jul- +
gamento por crime de contrabando e descaminho Indevidamente: (injustificavelmente / ilegalmente)
define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da =
apreensão dos bens. Prevaricação
Prevenir e reprimir o contrabando e o descaminho são atri- Nessas duas hipóteses a prevaricação é crime omissivo
buições da Polícia Federal (Art. 144, § 1º, II, CF/88). próprio ou puro (condutas omissivas). Não admite tentativa
(conatus).
Prevaricação NÃO há crime quando o funcionário público deixa de agir
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, em razão de caso fortuito ou força maior.
Ş
ŝ#-ŝŦ
ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa Ex.: A falta de efetivo (pessoal) na repartição, incêndio,
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: inundação etc.
Praticar (realizar um ato)
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Para que configure o delito de prevaricação, faz-se ne- +
cessário que a ação ou omissão seja praticada de forma in- Contra Disposição Expressa de Lei
devida, infrinja o dever funcional do agente público. =
Classificação Prevaricação
É considerado crime de mão própria, pois exige uma qua- Nesta hipótese a prevaricação é crime comissivo. Admite
lidade específica, ser funcionário público e possuir determina- tentativa (conatus).
do dever funcional. Apontamentos
Assim, é imprescindível que o funcionário tenha a atribui- Interesse Pessoal: é qualquer vantagem ou proveito de
ção para a prática do ato, pois, do contrário, não se pode con- caráter moral ou patrimonial. Caso o funcionário público exi-
siderar violação ao dever funcional. ja ou receba uma vantagem indevida a pretexto de praticar,
A conduta é sempre dolosa, a qual se divide em três tipos: retardar ou omitir a prática de um ato de ofício, o crime será
1) Retardar indevidamente ato de ofício; 2) Deixar de praticar de concussão (Art. 316 do CP) ou corrupção passiva (Art. 317
ato de ofício; 3) Praticar contra disposição expressa em lei. do CP).
NÃO admite a forma culposa. Sentimento Pessoal: vingança, ódio, amizade, inimizade,
inveja, amor.
Sujeitos do Crime Ex.: Promotor de Justiça solicita o arquivamento de in-
Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró- quérito policial o qual investiga crime que supostamen-
prio). te foi praticado por seu amigo de infância.
Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular, A desídia (preguiça), negligência ou comodismo (sem
pessoa física ou jurídica prejudicada. o fim de satisfazer interesse ou sentimento pessoal): não há
crime de prevaricação. Todavia, o funcionário público poderá
Consumação e Tentativa incorrer em ato de improbidade administrativa.
Consuma-se o crime com o retardamento, a omissão ou Diferenças Importantes
a prática do ato, sendo dispensável a satisfação do interesse
visado pelo servidor. Condescendência Criminosa
Prevaricação (Art. 319, CP)
(Art. 320, CP)
A tentativa não é admitida nas condutas retardar deixar de
praticar, pois é crime omissivo próprio ou puro. Já a conduta DEIXAR o funcionário, POR
praticá-lo contra disposição expressa de lei admite a tentativa Retardar ou DEIXAR de PRATICAR,
INDULGÊNCIA, DE RESPONSABIL-
indevidamente, ATO DE OFÍCIO,
por ser crime comissivo, ou seja, que exige uma ação. ou praticá-lo contra disposição
IDADE subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou,
É um crime formal. Para a consumação basta a intenção expressa de lei, para SATISFAZER
quando lhe falte competência, não
do funcionário público de satisfazer interesse ou sentimento INTERESSE OU SENTIMENTO
levar o fato ao conhecimento da
pessoal, mesmo que não consiga êxito na concretização deste PESSOA.
autoridade competente.
resultado.
Prevaricação Imprópria racteriza-se a conduta, até mesmo quando o aparelho não tiver
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agen- bateria, visto que existem meios alternativos para a sua ativação.
te público de cumprir seu dever de vedar ao preso o Condescendência Criminosa
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de res-
ambiente externo: ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exer-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. cício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Esse crime foi introduzido pela Lei nº 11.466/07 e recebe
várias denominações por parte da doutrina, prevaricação im- Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
própria, prevaricação em presídios, omissão do dever de vedar Esse tipo penal tem por objetivo punir o superior hierárquico
ao preso o acesso a aparelhos de comunicação. Todas essas que por indulgência (clemência) deixa de punir seu subordina-
classificações são aceitáveis, haja vista o legislador não confe- do, bem como aquele que, sem competência para responsa-
rir, na elaboração do tipo, o nomem iuris da conduta, deixando bilização, tendo conhecimento de alguma infração, não leva a
para que a doutrina o fizesse. informação aquém de competência para punir o agente público.
Tem como base o poder disciplinar da Administração Pú-
Classificação blica.
É um crime doloso, não exigindo qualquer fim específico
da conduta. Não é admitida a culpa. Classificação
É um crime simples, pois ofende um único bem jurídico e É considerado um crime próprio: omissivo próprio: sendo
é um crime próprio, ou seja, podendo ser cometido somente que ato está na inação (deixar de agir).
por agente público que tenha o dever funcional de impedir a O dolo está na conduta de se OMITIR, sendo assim, não
entrada de aparelhos de comunicação ou Diretor de Peniten- admite a forma culposa.
ciária.
Sujeitos do Crime
Sujeitos do Crime Sujeito Ativo: somente funcionário público hierarquica-
Sujeito Ativo: por ser um crime próprio, pode ser come- mente superior ao servidor infrator.
tido por agente público que deve ser interpretado de forma Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
restrita, pois o agente deve ser incumbido de evitar a conduta pessoa física ou jurídica prejudicada.
descrita no tipo, para exemplificar podemos citar os agentes
penitenciários, carcereiros e até mesmo pelos policiais respon- Consumação e Tentativa
sáveis pela escolta. • NÃO Admite Tentativa
O preso que for encontrado na posse de aparelho de co- É um crime formal e omissivo próprio ou PURO. Con-
municação não comete este crime, contudo incide em falta
Ş
ŝ#-ŝŦ
suma-se no momento em que o funcionário superior, de-
grave. Já o particular que fornece o aparelho para o preso pois de tomar conhecimento da infração, suplanta prazo
comete o crime do Art. 349-A do CP. legalmente previsto para a tomada de providências contra
Consumação e Tentativa o subordinado infrator.
Por ser um crime formal, dá-se a consumação no momen- Descrição do Crime
to em que o agente público ou Diretor de Penitenciária não O crime ocorre com a mera omissão do funcionário pú-
faz nada para impedir a entrada de aparelho de comunicação blico que, ao tomar conhecimento da infração (administrativa
ao preso, contudo devendo saber que tal situação é ilícita. É ou penal) cometida pelo subordinado no exercício do cargo,
dispensável o efetivo acesso do preso ao aparelho de comu- deixa de tomar qualquer providência para responsabilizá-lo,
nicação. ou, quando lhe faltar competência para tanto, não levar o fato
Não é possível a tentativa, haja vista ser este um crime ao conhecimento da autoridade competente. Não necessita da
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
específica, ser funcionário público. A conduta é sempre dolosa: que pode ser praticada pela
A conduta é sempre dolosa. que pode ser praticada pela ação ou omissão. Não existe possibilidade para modalidade
ação ou omissão. Não existe possibilidade para modalidade culposa.
culposa. É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
É um crime comissivo, por conseguinte pode incorrer em omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po- dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado (Art. 13, §2º, CP).
(Art. 13, §2º, CP). Sujeitos do Crime
Sujeitos do Crime Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró-
Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró- prio), não exige a qualidade específica de ser um policial, ade-
prio). Não necessariamente advogado, como diversas ques- mais, é possível a coautoria e participação do particular que
tões afirmam. tenha consciência da função pública do agente.
Admite-se o concurso de terceiro não qualificado, na mo- Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
dalidade de coautoria ou participação, desde que conhecedor pessoa física ou jurídica prejudicada.
da condição funcional do agente público. Consumação e Tentativa
Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
pessoa física ou jurídica prejudicada. • ADMITE Tentativa
Consuma-se no momento da prática do ato de violência
Consumação e Tentativa (ação), com a lesão provocada.
• ADMITE Tentativa Descrição do Crime
Consuma-se com a prática de ato revelador do patrocínio, Conforme já mencionado, não é condição necessária que
que ofenda a moralidade administrativa, independente de ob- para incidir em violência arbitrária ou abuso de autoridade a
tenção de vantagem. condição específica de policial.
Descrição do Crime Ex.: Um fiscal sanitário que, no gozo de suas atribuições,
Utilizando da qualidade de funcionário, o agente público de- ao encontrar uma bandeja de iogurte vencida, decide
fende interesse alheio de forma direta: pelo próprio funcionário, por lacrar o estabelecimento pelo prazo de noventa dias,
ou então, de forma indireta: participação de uma terceira pessoa. além da aplicação da multa de R$ 100.000,00. Nessa hi-
pótese, é claro observar que o agente abusou da atribui-
Considerações ção do seu cargo prejudicando um particular. Pois, sua
A advocacia administrativa exige mais do que um mero ato decisão, não foi proporcional ao agravo.
de encaminhamento ou protocolado de papéis. É necessário Considerações
que se verifique o efetivo patrocínio de uma causa, complexa
ou não, perante a administração. • Figura Qualificadora Especial
• Figura Qualificadora Caso o agente seja ocupante de cargo em comissão, fun-
ção de direção ou assessoramento, Art. 327,§2º, CP.
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
O simples emprego de intimidação moral, formada por
Para ensejar na qualificadora, o agente que pratica o ato de ameaças, não é suficiente para caracterizar o crime desse artigo.
patrocínio deve ter conhecimento de que o pleito é ilegítimo.
A pena do crime de violência arbitrária será somada à pena Exercício Funcional Ilegalmente
correspondente à violência.
Antecipado ou Prolongado
Abandono de Função Art. 324. Entrar, no exercício de função pública antes de
Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos per- satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-
mitidos em lei: -la, sem autorização, depois de saber oficialmente que
foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º. Se do fato resulta prejuízo público:
O exercício ilegal de função pública afeta toda uma estru-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. tura organizacional da Administração Pública, influindo dire-
§ 2º. Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa tamente na prestação de serviço público e no seu normal fun-
de fronteira: cionamento. O referido crime tem por finalidade punir quem
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. entra, exerce ou continua no serviço público de forma ilegal. É
Tutela-se o regular desenvolvimento das atividades admi- um crime de ação penal pública incondicionada.
nistrativas, punindo-se a interrupção do trabalho do servidor Classificação
público que abandona suas atividades, fora dos casos permi- É um crime simples, de mão própria e formal.
tidos em lei. É um crime doloso, não existindo a modalidade culposa.
Classificação Sujeitos do Crime
Trata-se de um crime de mão própria, ou seja, que só pode Sujeito Ativo: é o funcionário público já nomeado que ain-
ser cometido pelo próprio agente. da não cumpriu todas as exigências para entrar no cargo ou
É um crime omissivo próprio, cometido por um funcionário que deixou de ser funcionário por ter sido exonerado, suspen-
específico, no momento em que não cumpre com suas fun- so, removido etc.
ções. Se for pessoa inteiramente alheia à função pública, o crime
Pune-se somente na modalidade dolosa. é o previsto no Art. 328 do CP.
Sujeito Passivo: é o Estado.
Sujeitos do Crime
Sujeito Ativo: embora o dispositivo diga abandono de fun-
Consumação e Tentativa
Por ser um crime formal, o delito se consuma com o pri-
ção, entende a doutrina que somente o funcionário ocupante de
meiro ato realizado pelo funcionário público em alguma das
cargo público pode cometer o crime, logo não prevalece a regra condições do tipo penal, não necessitando que a Administra-
do Art. 327, CP. ção Pública sofra um efetivo dano ou prejuízo. A tentativa é
Ş
ŝ#-ŝŦ
Sujeito Passivo: A Administração Pública. possível, haja vista o caráter plurissubsistente do crime.
Consumação e Tentativa Descrição do Crime
• NÃO Admite Tentativa A primeira parte do caput versa uma norma penal em
É consumado após um tempo relevante, sendo previsto branco homogênea, pois necessita de complementação por
uma probabilidade de dano à Administração, porém sem ne- legislação específica para saber quais são as exigências legais.
cessidade que esse realmente ocorra para a efetiva consuma- A segunda parte do caput descreve um elemento norma-
ção do crime. tivo específico, sendo necessário que o agente tenha o efetivo
conhecimento de sua situação perante a Administração Pública.
Há doutrinadores que dizem que só haverá o crime de
Aquele que ingressa no exercício da função pública, antes
abandono após 31 dias ou mais de ausência injustificada no
de apresentar sua declaração de bens, incide no crime em tela
trabalho.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
crime de ação penal pública incondicionada. trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
Classificação ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.
É um crime simples, de mão própria (somente pode ser
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os
cometido por funcionário público que tenha o dever de asse- autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu-
gurar o sigilo) e formal. pantes de cargos em comissão ou de função de direção
É considerado um crime doloso não tendo especificado ou assessoramento de órgão da administração direta,
em seu tipo penal um especial fim de agir. Não admite a mo- sociedade de economia mista, empresa pública ou fun-
dalidade culposa. dação instituída pelo poder público.
Sujeitos do Crime São funcionários públicos não só aqueles que desempe-
nham cargos criados por lei, regularmente investidos e no-
Sujeito Ativo: por ser um crime de mão própria, exige-se meados, remunerados pelo cofres públicos, como também os
uma qualidade especial do sujeito ativo do crime, podendo que exercem emprego público (contratados, mensalistas, dia-
ser tanto o funcionário público em efetivo exercício, quanto o ristas, tarefeiros, nomeados a título precário) e, ainda, todos
Ş
ŝ#-ŝŦ
aposentado, afastado ou em disponibilidade, podendo o par- que, de qualquer forma, exercem função pública.
ticular ser partícipe do crime (Art. 325 do CP) se concorreu de Para fins penais, considera-se funcionário público aquele
qualquer modo com a revelação da informação. que trabalha para uma empresa particular que mantém convê-
Sujeito Passivo: é o ente público que teve o seu segredo nio com o Poder Público, e para este presta serviço.
revelado e, eventualmente, o particular lesado pela revelação
do segredo.
Dos Crimes Praticados por Particular
Consumação e Tentativa Contra a Administração em Geral
O delito passa a ser consumado no momento em que a Usurpação de Função Pública
informação sigilosa é revelada a terceira pessoa, não exigindo Art. 328. Usurpar o exercício de função pública:
que tal informação seja de conhecimento geral do público.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
A tentativa somente é aceita se for uma conduta por es- Parágrafo único. se do fato o agente aufere vantagem:
crito e, por circunstâncias alheias à vontade do agente, a carta
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
não chega ao destino.
Introdução
Descrição do Crime
Esse crime foi criado com o intuito de punir aquele que
Figuras Equiparadas do § 1º
exerce função pública sem possuir legitimidade para tanto,
Inciso I, exemplo: “A”, um analista da Receita Federal, re- pois o Estado tem interesse em preservação da função das
vela a senha do banco de dados do cadastro dos contribuintes, pessoas realmente investidas ao exercício das funções públi-
para que sua amiga encontre o endereço de seu ex-namorado.
cas. É um crime de ação penal pública incondicionada.
Inciso II, exemplo: “A”, analista da Receita Federal, utiliza a
senha restrita do banco de dados dos servidores para desco- Classificação
brir informações fiscais de seus colegas de repartição. É um crime simples, comum e formal.
Qualificadora § 2º É considerado um crime doloso, não dependendo de nenhu-
Nessa figura, existe a lesão à Administração Pública ou a ma finalidade. Não é admitida a culpa.
algum particular, ou seja, é considerado um crime de dano. Sujeitos do Crime
Aplicando-se o princípio da especialidade, a violação de Sujeito Ativo: Por ser um crime comum, pode ser prati-
sigilo funcional envolvendo certames de interesse público não cado por qualquer pessoa, inclusive por funcionário público.
caracteriza o crime do Art. 325, mas sim o do Art. 311-A do CP. Ex.: um escrivão que atue exercendo tarefas exclusivas de um
Delegado de Polícia.
Violação de Sigilo de Proposta
Sujeito Passivo: Imediatamente é a Administração Pública
de Concorrência e secundariamente a pessoa física ou jurídica à qual recaiu a
Art. 326. Devassar o sigilo de proposta de concorrência conduta criminosa.
pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Consumação e Tentativa
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Trata-se de crime formal. Consuma-se o delito com a prá-
Revogado tacitamente pelo Art. 94 da Lei nº 8.666/93 (Lei tica de ato exclusivo, que só pode ser praticado por pessoa
das Licitações). legalmente investida no ofício usurpado.
A tentativa é plenamente possível. No caso do agente ser Ex.: “A”, policial civil, vai cumprir um mandado de prisão
impedido de executar ato de ofício por circunstâncias alheias preventiva expedido em face de “B”, este se agarra a um
a sua vontade. poste para não ser preso.
Nesta hipótese, (Resistência Passiva) não se configura o cri-
Descrição do Crime me de Resistência. Todavia, o agente responderá pelo crime de
A figura qualificada (Art. 328, parágrafo único) se refere Desobediência (Art. 330, CP).
a um crime material, visto que o agente aufere vantagem do Violência:
delito, sendo a vantagem de qualquer natureza.
A violência deve ser dirigida contra pessoa, pois se for di-
Resistência rigida contra coisa o agente responderá pelo crime de dano
qualificado (Art. 163, parágrafo único, III, CP).
Art. 329. Opor-se à execução de ato legal, mediante
violência ou ameaça a funcionário competente para A violência deve ser empregada durante a execução do
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: ato legal, pois se for empregada antes ou depois o agente res-
ponderá pelo crime de ameaça (Art. 147, CP) ou lesão corporal
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
(Art. 129, CP).
§ 1º Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
A violência deve ser empregada para impedir o cumpri-
Pena - reclusão, de um a três anos. mento da ordem, se for outra a causa, o crime será outro.
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo Figura qualificada (Art. 329, § 1º, CP): O que seria o exau-
das correspondentes à violência. rimento do crime funciona como uma qualificadora. Nesta hi-
Introdução pótese o crime é material.
Esse crime visa proteger a Administração Pública e, tam- Considerações
bém, a atuação do funcionário público na realização de atos Legalidade do Ato: o ato deve ser legal, mesmo que in-
legais e a integridade física e moral do particular que lhe pres- justo.
ta auxílio. É um crime de ação penal pública incondicionada. Ex.: O juiz decretou a prisão preventiva de “A” pois ele é
Classificação o principal suspeito de ter estuprado oito mulheres numa
É um crime pluriofensivo (atinge mais de um bem jurídi- pequena cidade do interior. No momento da realização da
co), comum e formal. prisão, “A” agrediu os policiais militares, pois jurava que era
inocente. Uma semana após a prisão, “B” o verdadeiro es-
É um crime doloso e mais a intenção de impedir a execu-
tuprador fez duas novas vítimas e foi preso em flagrante. O
ção de ato legal (especial fim de agir). Não se admite a moda- juiz mandou soltar “A”, mas este responderá pelo crime de
lidade culposa. resistência, pois o ato, apesar de injusto, era legal.
Sujeitos do Crime
Desobediência
Ş
ŝ#-ŝŦ
Sujeito Ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa (cri-
me comum). Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário
público:
O funcionário público pode ser sujeito ativo deste crime
nas situações em que age como particular. Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
O sujeito ativo (autor) pode ser pessoa alheia à execução O crime de desobediência, também conhecido como “re-
do ato legal. Ex.: Filho que procura resistir à prisão legítima sistência passiva”, apresenta pontos em comum com o crime
do pai mediante violência ou grave ameaça. de resistência (Art. 329 do CP), porém se diferencia pela au-
sência de violência ou grave ameaça ao funcionário público ou
Sujeito Passivo: primariamente o Estado e, secundaria- a pessoa que está auxiliando o funcionário. É um crime de ação
mente, o funcionário público agredido ou ameaçado pela re- penal pública incondicionada.
sistência.
Classificação
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Consumação e Tentativa
É um crime simples, comum e formal.
É crime formal. Não importa se o agente consegue ou não
Dolo. O agente deve ter consciência da legalidade da or-
impedir a execução do ato legal, o crime estará consumado.
dem e da competência do funcionário público, sob pena de
Em regra admite tentativa, com exceção de ameaça verbal. atipicidade do fato (o fato não será crime). Não se admite a
Descrição do Crime modalidade culposa.
Opor-se: impedir a execução do ato legal. O ato legal deve Pode ser praticado por ação ou por omissão.
ser específico e concreto, isto é, apto a gerar efeitos imediatos Sujeitos do Crime
e dirigido a pessoa(s) determinada(s).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, desde que vinculada ao
• Espécies de Resistência cumprimento da ordem legal imposta pela autoridade pública.
Resistência ATIVA: é o crime de resistência do Art. 329, Se o agente devia cumprir a ordem, por dever de ofício,
caput, do Código Penal. tipifica-se, em tese, o delito de prevaricação.
Resistência PASSIVA: o agente, sem o emprego de violên- Sujeito Passivo: é o Estado de forma imediata e mediata-
cia ou ameaça a funcionário público competente ou a quem mente é o funcionário público o qual teve a ordem descumpri- 461
lhe presta auxilio, se opõe à execução de ato legal. da injustificadamente.
Consumação e Tentativa Classificação
462 ї A consumação depende do tipo de ordem: Crime de forma livre, admitindo qualquer meio de execu-
Se for uma omissão do agente: no momento em que o ção.
agente atuar, violando, assim, a ordem de abster-se; Dolo. Vontade livre e consciente de agir com a finalidade
Se for uma ação do agente: no momento em que transcor- de desprestigiar a função pública do ofendido. Não se admite
rer o prazo para que o agente realize determinado ato e este a modalidade culposa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
não cumpra a ordem dada. É um crime formal. Independe, para sua consumação, de
Admite-se a tentativa na modalidade comissiva (ação). um resultado naturalístico.
Não é cabível na modalidade omissiva.
Sujeitos do Crime
Conduta Sujeito Ativo: crime comum (pode ser praticado por qual-
Desobedecer (Recusar cumprimento / Desatender / Des- quer pessoa).
cumprir) ordem legal de funcionário público competente para É possível que o funcionário público seja autor do crime
emiti-la. Necessita da presença de dois requisitos: de desacato, pois, ao cometer este delito, ele se despe de sua
Existência de uma ordem legal: não se trata de uma mera qualidade de funcionário público e passa a atuar como um
solicitação ou pedido. particular. Nesta situação não importa se o agente é ou não
Ordem emanada de funcionário público competente: o superior hierárquico do funcionário público ofendido.
funcionário deve possuir competência funcional para emitir a O advogado pode praticar (ser sujeito ativo) o crime de
ordem. desacato caso ofenda funcionário público no exercício da fun-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
não se exige um resultado.
do por qualquer pessoa.
Classificado como plurissubsistente, podendo sua conduta
Sujeito Passivo: de maneira imediata é o Estado e media-
ser fracionada em diversos atos.
tamente, o comprador da influência (pessoa que paga ou pro-
mete vantagem), com o fim de obter benefício do funcionário É um crime doloso, acrescido de um especial fim de agir
público. (determinar o funcionário público a praticar, omitir ou retar-
dar ato de ofício).
Consumação e Tentativa
É um crime de consumação antecipada ou formal, caracte-
Sujeitos do Crime
rizando-se pela realização da conduta descrita no tipo penal, Sujeito Ativo: crime comum (qualquer pessoa).
independentemente da obtenção da vantagem. Observação: Funcionário público também pode ser sujeito ativo deste
com o núcleo do tipo “obter”, o crime é material, consumando crime, desde que realize a conduta sem aproveitar-se das faci-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
PROMETE vantagem indevida: nesta hipótese, a conduta Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
parte do particular que promete a vantagem indevida ao fun- § 1º Incorre na mesma pena quem:
cionário público e este a aceita. Desse modo, o particular prati- I. pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
cou o crime de corrupção ativa (Art. 333 do CP) e o funcionário permitidos em lei;
público o crime de corrupção passiva (Art. 317 do CP). Não é II. pratica fato assimilado, em lei especial, a des-
necessário que o particular efetivamente cumpra sua promes- caminho;
sa para que ocorra a consumação do delito, basta a simples III. vende, expõe à venda, mantém em depósito
promessa. ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
Não se configura a infração penal quando a oferta ou ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
promessa tem o fim de impedir ou retardar ato ilegal. industrial, mercadoria de procedência estrangeira
que introduziu clandestinamente no País ou impor-
Causa de Aumento de Pena tou fraudulentamente ou que sabe ser produto de
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, introdução clandestina no território nacional ou de
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário re- importação fraudulenta por parte de outrem;
tarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo IV. adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
dever funcional. ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
A corrupção ativa é um crime formal. Desse modo, o que industrial, mercadoria de procedência estrangei-
seria o exaurimento do crime (retardar ou omitir ato de ofí- ra, desacompanhada de documentação legal ou
cio, ou o praticar infringindo dever funcional) funciona como acompanhada de documentos que sabe serem
uma causa de aumento de pena. falsos.
Considerações § 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efei-
tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
O crime de corrupção ativa é uma exceção à Teoria Unitária
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o
ou Monista do concurso de pessoas (Art. 29 do CP), pois o par-
exercido em residências.
ticular que oferece ou promete vantagem indevida responde
pelo crime de corrupção ativa (Art. 333 do CP), já o funcionário § 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de desca-
público que recebe ou aceita promessa de vantagem indevida minho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
responde pelo crime de corrupção passiva (Art. 317 do CP). fluvial.
No Descaminho, as mercadorias apreendidas são legais no
Corrupção Ativa território brasileiro, porém não há o devido pagamento de tri-
Corrupção Passiva (Art. 317, CP)
(Art. 333, CP)
butos pela entrada e saída de mercadorias.
Sujeito Ativo: Particular Sujeito Ativo: Funcionário Público
• Descrição do Crime
Fato Atípico ՚ Solicitar ▷ Objeto Material: tributos não recolhidos.
Oferecer ՜ Receber ▷ Núcleo do Tipo: iludir, ou seja, ludibriar, frustrar o
Prometer ՜ Aceitar Promessa pagamento do tributo.
▷ Sujeito Ativo: crime comum (qualquer pessoa) por
Apontamentos ser um crime comum, pode ser praticado por qual-
Na hipótese em que o particular pede para o funcionário quer pessoa, até mesmo um funcionário público,
público dar um jeitinho não responderá pelo crime de corrup- desde que o funcionário não tenha o dever funcio-
nal de impedir a prática do crime de contrabando e crimes tipificam o mesmo resultado, qual seja, o descaminho
descaminho. ou o contrabando.
▷ Sujeito Passivo: o Estado São crimes materiais
Ex.: Tício, policial civil, auxilia Caio a contrabandear caixas (consumam-se com a produção de um resultado)
de cigarro para o outro lado da fronteira. Tício não tem um O agente importa ou exporta a mercadoria proibida
especial dever funcional de evitar tal conduta, portanto res- pelas vias ordinárias (caminhos normais), ou seja,
ponderá pelo crime de descaminho ou contrabando capitu- pela fiscalização alfandegária: o crime estará
lados, respectivamente, nos Art. 334 e 334-A do CP, como consumado no instante em que a mercadoria é
partícipe ou coautor, a depender do contexto fático. Contrabando liberada pela autoridade alfandegária.
Ş
ŝ#-ŝŦ
§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de contra- Súm. 151, STJ: A competência para o processo
bando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou e julgamento por crime de contrabando ou
fluvial. descaminho define-se pela prevenção do Juízo
Diferentemente do que ocorre no Descaminho, no crime Federal do lugar da apreensão dos bens.
de Contrabando as mercadorias são proibidas no território
brasileiro. Dessa forma, NÃO é possível a aplicação do princí- Impedimento, Perturbação ou
pio da insignificância. Fraude de Concorrência
• Descrição do Crime: Art. 335. Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
▷ Objeto Material: mercadoria contrabandeada. pública ou venda em hasta pública, promovida pela
▷ Núcleos do Tipo: importar, exportar mercadoria con- administração federal, estadual ou municipal, ou por
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
É considerado um crime simples, pois ofende um único bem público responsável pela custódia dos documentos.
jurídico e também material, pois para sua consumação gera um Sujeito Passivo: primeiramente é o Estado, e secundaria-
resultado naturalístico. mente a pessoa jurídica ou física que foi prejudicada pela ação
É um crime doloso, não possuindo um especial fim de agir. criminosa.
Não é admitida a modalidade culposa. Consumação e Tentativa
Sujeitos do Crime Consuma-se o crime no momento da subtração de livro
Sujeito Ativo: por ser um crime comum, pode ser pratica- oficial, processo ou documento, mediante apoderamento
do por qualquer pessoa, até mesmo funcionário público. do agente ou no momento da inutilização total ou parcial
Sujeito Passivo: o Estado. da coisa.
A tentativa é possível devido o crime ser de caráter pluris-
Consumação e Tentativa subsistente.
É exigido para sua consumação um resultado natura-
Descrição do Crime
lístico, não sendo suficiente para a consumação a conduta
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
339 do Código Penal e versa sobre dar causa à instauração de
Tráfico de Influência em Transação algum procedimento de investigação contra alguém, imputan-
Comercial Internacional do-lhe falsamente crime, sabendo que esse não o cometeu. O
crime de denunciação caluniosa é de ação penal pública in-
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
condicionada.
para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou
Tal crime é também chamado calúnia qualificada.
promessa de vantagem a pretexto de influir em ato
praticado por funcionário público estrangeiro no exer- Classificação
cício de suas funções, relacionado a transação comer- É considerado um crime pluriofensivo, ou seja, ofende
cial internacional:) mais de um bem jurídico como estudaremos no tópico Sujei-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. tos do Crime, desse mesmo artigo.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o É um crime comum, podendo ser praticado por qualquer
agente alega ou insinua que a vantagem é também pessoa e unissubjetivo, praticado por um só agente, mas ad-
destinada a funcionário estrangeiro. mite concurso de pessoas.
O elemento subjetivo é o dolo direto, pois é indispensável
Funcionário Público Estrangeiro que o agente tenha o conhecimento da inocência da pessoa a
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, quem imputou falsamente o crime, segundo STJ.
para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamen- Sujeitos do Crime
te ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun- Sujeito Ativo: qualquer pessoa (crime comum).
ção pública em entidades estatais ou em representações
diplomáticas de país estrangeiro. Sujeito Passivo: o Estado e a pessoa acusada falsamente
de crime.
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público
estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função Consumação e Tentativa
em empresas controladas, diretamente ou indireta- Por ser um crime material, consuma-se no momento em
mente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou que se tem a efetiva instauração da investigação policial, de 467
em organizações públicas internacionais. processo judicial, instauração de investigação administrativa,
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra Comunicação Falsa de Crime
468 alguém que o sabe ser inocente.
É admitida a tentativa.
ou Contravenção
Art. 340. Provocar a ação de autoridade, comunicando-
Ex.: “A” vai à Delegacia e de forma dolosa, imputa “B” a
prática de um crime de roubo, de que o sabia não ter co- lhe a ocorrência de crime ou contravenção que sabe
metido, com o fim de instaurar inquérito policial contra “B”. não se ter verificado:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
O Delegado, contudo, já havia encerrado o referido caso e Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
prendido o verdadeiro responsável pelo crime. Constatando
a manobra de “A”, o Delegado o prendeu em flagrante. Introdução
É necessário observar que não se faz necessário que seja a Em que pese ser muito semelhante o caput ao crime de
informação formalizada no inquérito policial. Basta que a con- denunciação caluniosa, veremos que suas diferenças são facil-
duta criminosa desencadeie atos preliminares de investigação. mente perceptíveis.
Aqui já se encontra consumado o crime e esse é o entendimen-
to que prevalece.
Classificação
É considerado um crime SIMPLES por ofender um único
Descrição do Crime bem jurídico e COMUM, podendo ser cometido por qualquer
A falsa imputação deve estar relacionada com crime, se pessoa.
for contravenção, estará caracterizada a forma privilegiada de
É um crime CAUSAL ou MATERIAL, sendo que a consuma-
denunciação caluniosa (Art. 339, § 2º, do CP).
ção depende de alguma medida tomada pela autoridade.
A expressão “contra alguém” versa que deve ser dada a
Ş
ŝ#-ŝŦ
falsa imputação de pessoa determinada, indicando nome e O elemento subjetivo do agente é o DOLO direto, portanto
atributos pessoais. se a pessoa tem DÚVIDA sobre a existência da infração o fato
é atípico.
Considerações
Ex.: “A” não tem certeza se seu relógio foi furtado ou se
Diferença entre o crime de calúnia e denunciação caluniosa.
foi perdido, e mesmo assim comunica à autoridade), não
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (Art. tendo previsão da modalidade culposa.
CALÚNIA (Art. 138, CP)
339, CP)
Sujeitos do Crime
Dar causa à instauração de in- Sujeito Ativo: por ser um crime comum ou geral, pode ser
vestigação policial, de processo
Caluniar alguém, imputan- judicial, instauração de investigação cometido por qualquer pessoa.
do-lhe falsamente fato administrativa, inquérito civil ou ação Sujeito Passivo: o Estado.
definido como crime. de improbidade administrativa contra
alguém, imputando-lhe crime de que Consumação e Tentativa
o sabe inocente. Por ser um crime material, a mera comunicação falsa não é
É crime contra a Administração da suficiente para a consumação do delito, exigindo a provocação
É crime contra a honra.
Justiça. da ação da autoridade para fazer algo (conduta positiva). Con-
suma-se no momento em que a autoridade toma providência
Regra: Ação Penal Privada. Ação Penal Pública Incondicionada.
para apurar a ocorrência do crime, ou contravenção, comuni-
Não admite a imputação
Admite (é circunstância que importa cado falsamente.
na diminuição da pena pela metade
falsa de Contravenção Penal.
(Art. 339, §22, CP).
A tentativa é possível. Vejamos como exemplo um indi-
víduo que comunica à autoridade um crime ou contravenção
Ex.: José assaltou o Banco do Brasil o Calúnia. que sabe inexistente e, por circunstâncias alheias a sua von-
José assaltou o Banco do Brasil: eu afirmo isso para o Dele- tade, a autoridade não toma nenhuma providência, tem-se o
gado, querendo a instauração de procedimento inútil e crimino- crime tentado.
so o denunciação caluniosa.
Pode ser praticado o crime de denunciação caluniosa até Descrição do Crime
mesmo pelo Promotor de Justiça que denuncia alguém saben- O delito é comunicação falsa de crime ou contravenção
do ser inocente. Essa denúncia criminosa do Promotor de Jus- (Art. 340 do CP). O agente não acusa nenhuma pessoa, mas
tiça é denominada denúncia temerária ou abusiva. a ocorrência de um crime inexistente. Se o agente vier a indi-
O advogado não tem imunidade penal na calúnia e, nem vidualizar o autor, o STF já decidiu: responde por denuncia-
tampouco, na denunciação caluniosa. ção caluniosa (Art. 339 do CP).
Denunciação Caluniosa Privilegiada O núcleo do tipo provocar significa dar causa à ação da
§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é autoridade, podendo ocorrer de várias formas, uma delas é
de prática de contravenção. que o crime ou contravenção penal comunicado não existiu
A pena é reduzida de metade se a imputação é de con- ou houve o fato, mas foi absolutamente diverso do comuni-
travenção penal. Passa-se a ter infração de menor potencial cado para a autoridade. Por isso é considerado um crime de
ofensivo, admitindo-se a suspensão condicional do processo. forma livre.
Considerações A autoridade que recebe essa notícia de crime legalmente
Caracteriza uma figura equiparada de estelionato (Art. 171, deve ter poderes de investigar a prática de delitos.
§ 2º, V, do CP) quando a comunicação falsa de crime ou con- Não configura o crime quando o réu chama para si a exclu-
travenção é um meio fraudulento para que o agente obtenha siva responsabilidade de ilícito penal de que deve ser conside-
o valor do seguro. O delito (Art. 340 do CP) se torna um ante- rado concorrente (RT 371/160).
factum impunível. Aplica-se o princípio da consunção. Considerações
Ex.: “A” esconde seu automóvel que é amparado por Para facilitar o entendimento do crime, exemplos:
contrato de seguro e comunica à autoridade que sofreu
Vantagem Pecuniária:
um furto, já com a intenção de receber o dinheiro do se-
Ex.: “A” recebe dinheiro do verdadeiro autor do crime
guro.
para autoacusar-se.
Atentem-se às diferenças: Sacrifício:
Na denunciada caluniosa, o agente imputa a infração penal Ex.: Mãe se autoacusa para livrar o filho que cometeu um
imaginária a pessoa certa e determinada. crime.
Na comunicação falsa de crime, apenas comunica a Exibicionismo:
fantasiosa infração, não a imputando a ninguém ou, im- Ex.: Criminoso se autoacusa para que tenha reputação
putando, aponta personagem fictício. entre a bandidagem de sua comunidade.
Álibi:
Autoacusação Falsa Ex.: “A” imputa a si próprio crime menos grave para se
Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, de crime ine- livrar de crime mais grave, alegando ser no mesmo horá-
xistente ou praticado por outrem: rio, porém em lugar diferente.
Supondo que João assuma autoria de crime pratica-
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. do por outrem, e não só assume a autoria, mas também
O que leva uma pessoa a se autoacusar falsamente tem imputa a coautoria a outrem, que não o autor do delito.
fundamento em vários motivos, por exemplo, alguém que Nessa situação, Fernando Capez1 diz que o agente irá res-
recebe certa vantagem para assumir um crime praticado por ponder pelos Art. 341 e 339, em concurso formal imperfeito,
outra pessoa ou o próprio pai diz ter sido o autor de um deli- soma das penas.
to para que o filho não seja preso.
Para evitar esse comportamento, o crime de autoacusa- Falso Testemunho ou Falsa Perícia
ção falsa está tipificado no Art. 341 do Código Penal. Crime Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
de ação penal pública incondicionada. verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
Classificação
Ş
ŝ#-ŝŦ
inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Considerado um crime simples por ofender um único bem Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
jurídico que é a Administração da justiça. Comum, podendo
§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço se
ser cometido por qualquer pessoa.
o crime é praticado mediante suborno ou se cometido
É um crime doloso, não tendo previsão para crime culposo. com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
Crime formal, não exigindo para sua consumação um re- em processo penal, ou em processo civil em que for
sultado naturalístico, sendo possível então a tentativa. parte entidade da administração pública direta ou in-
Sujeitos do Crime direta.
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
Sujeito Ativo: por ser um crime comum, pode ser pratica-
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata
do por qualquer pessoa, porém se ocorreu realmente o crime,
ou declara a verdade.
não pode ser sujeito ativo o próprio autor, coautor ou partícipe
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Sujeito Ativo: crime de mão própria, somente podendo O agente deve saber que falta com a verdade. Não há
ser praticado pela testemunha, perito, contador, tradutor ou crime quando a testemunha ou perito é acometido por erro
intérprete. indesejado, pelo esquecimento dos fatos ou mesmo pela de-
formação inconsciente da lembrança em razão da passagem
Crime de mão própria. Em que pese o STF já ter admitido
do tempo.
a coautoria quando o advogado instrui a testemunha, são fre-
quentes as decisões de nossos Tribunais afirmando a incompa- É imprescindível que a falsidade verse sobre fato ju-
tibilidade do instituto com o delito de falso testemunho, face a ridicamente relevante (apto a influir de algum modo na
sua característica de mão própria. Desta forma, deve se tratar decisão final da causa). Desse modo, exige-se que a fal-
de mera participação. sidade tenha potencialidade lesiva, de modo a influir no
Toda testemunha pratica o delito, ou apenas aquela que futuro julgamento da causa.
presta compromisso? A corrente majoritária entende que se a Considerações
lei não submete a testemunha informante ao compromisso de
Falso Testemunho e Carta Precatória: na hipótese de fal-
dizer a verdade, não pode cometer o ilícito do Art. 342 do CP.
so testemunho prestado através de carta precatória, o foro
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 344. Usar de violência ou grave ameaça, com o pericial.
fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra Considerações
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que fun-
Se da conduta criminosa resulta violência, restarão carac-
ciona ou é chamada a intervir em processo judicial, terizados dois crimes, incidindo em concurso material obriga-
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: tório, somando as penas da coação no curso do processo mais
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da o crime de violência (lesão corporal ou homicídio).
pena correspondente à violência.
A razão pela qual existe esse crime é para impedir que Exercício Arbitrário das Próprias Razões
frustrem a eficiência da Administração da justiça com vio- Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satis-
lência ou ameaças e para garantir o regular andamento dos fazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o
processos ou em juízo arbitral. Crime esse de ação penal permite:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ex.: Tício de forma voluntária, empresta seu carro a Mé-
Classificação vio para que este faça uma viajem de negócios, quando
Em análise ao Art. 348 do CP pode ser verificado que se na verdade, Mévio, que acabara de cometer um crime,
trata de um crime acessório, pois depende da prática anterior pretendia fugir da polícia. Desta forma Tício não respon-
de um crime com pena de reclusão (contravenção não). de pelo crime.
Somente pode ser praticado de forma comissiva (ação),
não havendo possibilidade de auxílio à subtração de autor Favorecimento Real
de crime mediante uma conduta omissiva. Art. 349. Prestar a criminoso, fora dos casos de coauto-
O agente que deixa de comunicar à autoridade pública o ria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro
local onde está escondido o autor do crime, mesmo que esta o proveito do crime:
circunstância seja de conhecimento do agente, não comete Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
crime algum.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
a esconder o dinheiro que será roubado de uma casa lo- Quem se beneficia é qualquer
O próprio autor do crime
outra pessoa que não seja o
térica. Se efetivamente vier a ocorrer o roubo, Tício será autor do crime anteriormente
anteriormente cometido é o
partícipe do crime, por auxiliar Mévio. O intuito de auxiliar beneficiado pela conduta.
praticado.
deve vir de forma posterior ao cometimento do crime.
O proveito pode ser tanto
Sujeito Passivo: é o Estado e secundariamente, a vítima Exige-se que o proveito seja
econômico quando de outra
econômico.
do delito anterior. natureza.
face do caráter plurissubsistente do delito. Esse crime foi introduzido pela Lei nº 12.012/2009 e o le-
gislador não atribuiu denominação alguma para esse crime,
Descrição do Crime transferindo essa tarefa à jurisprudência e à doutrina.
O auxílio deve ser destinado a tornar seguro o proveito do Classificação
crime.
É um crime de ação múltipla ou de conteúdo variado, ou
Favorecimento Pessoal. Art. 348 CP: seja, se o agente vier a cometer mais de um núcleo do tipo no
▷ Objeto material: autor de crime anterior; Se busca a mesmo contexto fático, configurará crime único.
fuga do criminoso. É um crime de forma livre, admitindo qualquer meio de
▷ Quanto ao resultado: crime material (prevalece). execução.
▷ Escusa absolutória: possui hipótese de escusa ab- Ex.: A esposa de um detento que oculta um aparelho ce-
lular em suas partes íntimas e leva ao interno no dia de
solutória, se quem presta o auxílio é cônjuge, as-
visita ou joga o aparelho por cima dos muros da cadeia e
cendente, descendente ou irmão do criminoso, fica
até mesmo coloca os aparelhos no interior de alimentos
isento de pena. É a chamada escusa absolutória, (bolo, torta).
presente no § 2º do Art. 348 do CP.
Sujeitos do Crime
Favorecimento Real. Art. 349 CP:
Sujeito Ativo: é um crime comum, podendo ser praticado
▷ Objeto material: proveito de crime anterior; Pres-
por qualquer pessoa, vale ressaltar que até mesmo um preso
ta-se auxílio não ao criminoso em si, mas indireta- pode ser sujeito ativo do crime tipificado no Art. 349-A, so-
mente, assegurando para ele a ocultação da coisa, mente se este estiver em alguma permissão de saída ou saída
proveito do crime (real). temporária e também pode ser partícipe, por exemplo, o preso
▷ Quanto ao resultado: crime formal. que induz sua esposa a levar a ele o aparelho de comunicação.
▷ Escusa absolutória: não tem previsão de escusa ab- Sujeito Passivo: é o Estado.
solutória. Consumação e Tentativa
Para que possa ocorrer o crime do Art. 349, é necessário É considerado crime de mera conduta, ou seja, a lei sequer
que o crime anterior tenha alcançado a consumação e se no prevê qualquer resultado naturalístico. Consuma-se o crime
crime não houve qualquer tipo de proveito, também não ha- quando é praticada qualquer das condutas descritas no tipo
verá o crime de favorecimento real. (ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entra-
da de aparelho de comunicação ou similar em estabelecimen-
Considerações to prisional).
Quem estuda de maneira superficial o crime de favoreci- A tentativa é plenamente possível.
mento real, certamente poderia interpretar de forma errônea Ex.: Tício, em horário de visita, ao tentar ingressar no
as diferenças entre os crimes de receptação própria (CP, Art. presídio onde seu primo está preso, esconde em sua blu-
180, caput, 1ª parte) na modalidade “ocultar” e favorecimento sa um aparelho celular e acaba sendo preso em flagrante
real (CP, Art. 349). Vamos observar as diferenças: durante a revista pessoal.
Descrição do Crime Arrebatamento de Preso
O objeto material do crime pode ser qualquer instrumento Art. 353. Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do po-
que tenha potencial de comunicação. (aparelho telefônico, wal- der de quem o tenha sob custódia ou guarda:
kie-talkie, webcam). Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
Não é exigido qualquer fim específico, basta o dolo, por correspondente à violência.
parte do agente, de levar ao poder do preso o aparelho de co-
municação. Conduta
Somente uma conduta é prevista para a prática do crime,
Exercício Arbitrário ou Abuso de Poder consubstanciada no núcleo arrebatar preso, com o fim de mal-
Art. 350. Ordenar ou executar medida privativa de li- tratá-lo (linchamento). Arrebatar significa arrancar, levar, retirar
berdade individual, sem as formalidades legais ou com com violência.
abuso de poder: Se não tiver o fim de maltratá-lo, não configurará este cri-
Pena - detenção, de um mês a um ano. me, mas poderá incorrer no Art. 351 do CP. promover ou facili-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o funcioná- tar fuga de pessoa presa.
rio que:
I. Ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou
Motim de Presos
a estabelecimento destinado a execução de pena Art. 354. Amotinarem-se presos, perturbando a ordem
privativa de liberdade ou de medida de segurança; ou disciplina da prisão:
II. Prolonga e execução de pena ou de medida de Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
segurança, deixando de expedir em tempo opor- pena correspondente à violência.
tuno ou de executar imediatamente a ordem de Considerações
liberdade; No tipo penal não há descrição de quantos presos são ne-
III. Submete pessoa que está sob sua guarda ou cessários para configurar o motim. Para alguns autores, três
custódia a vexame ou a constrangimento não au- presos são suficientes. Já Mirabete exige no mínimo quatro. To-
torizado em lei; davia, nenhum entendimento está consolidado, sendo essencial
IV. Efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. que constitua um ajuntamento tumultuário de aprisionados.
Os crimes de exercício arbitrário e abuso de poder, tanto o
caput como as figuras equiparadas do parágrafo único foram re- Patrocínio Infiel
vogados pela Lei nº 4.898/65. Art. 355. Trair, na qualidade de advogado ou procura-
dor, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo
Ş
ŝ#-ŝŦ
Fuga de Pessoa Presa ou Submetida patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
a Medida de Segurança Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Art. 351. Promover ou facilitar a fuga de pessoa legal-
mente presa ou submetida a medida de segurança Patrocínio Simultâneo ou Tergiversação
detentiva: Parágrafo único. Incorre na pena deste artigo o advoga-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. do ou procurador judicial que defende na mesma causa,
§ 1º Se o crime é praticado à mão armada, ou por mais simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é Sujeitos
de reclusão, de dois a seis anos. Sujeito Ativo: o crime em tela somente poderá ser pratica-
§ 2º Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se do por advogado ou procurador judicial devidamente inscrito
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
também a pena correspondente à violência. nos quadros da OAB. Não estão incluídos no dispositivo os
§ 3º A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o cri- promotores e procuradores de justiça.
me é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda Sujeito Passivo: é o Estado e, possivelmente, o outorgante
está o preso ou o internado. do mandato que foi prejudicado.
§ 4º No caso de culpa do funcionário incumbido da cus-
tódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três Conduta
meses a um ano, ou multa. Pode se dar por ação (Ex.: Manifesta-se no processo de
forma contrária aos interesses da parte defendida), ou por
Evasão Mediante Violência omissão (Ex.: Deixa de recorrer).
contra a Pessoa Conforme alguns autores, o patrocínio infiel deve ser em-
Art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o in- preendido em causa judicial, pouco importando a natureza
divíduo submetido a medida de segurança detentiva, ou espécie. Desta forma, a atuação extrajudicial do profissio-
usando de violência contra a pessoa: nal, como em inquérito policial, sindicância etc. não caracte-
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena riza o crime em estudo, sendo o agente passível, apenas, de 475
correspondente à violência punição disciplinar.
Consumação e Tentativa Consumação e Tentativa
476 Consuma-se com a ocorrência do efetivo prejuízo ao pa- A consumação dependerá da conduta praticada:
trocinado, ainda que a situação possa ser revertida. Se a conduta do agente for solicitar, o crime se consuma
A tentativa é possível apenas na forma comissiva. com o simples pedido, independentemente do aceite da víti-
O dispositivo traz duas formas de infidelidade profissional: ma enganada (crime formal).
Patrocínio simultâneo: consiste na conduta do advogado
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
tório, que recebeu na qualidade de advogado ou pro- tanto só caracteriza o crime na forma dolosa, não admitindo
curador: a forma culposa.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Causa de Aumento de Pena
Exploração de Prestígio Parágrafo único. As penas aumentam-se de um terço, se
o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
Art. 357. Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
também se destina a qualquer das pessoas referidas
utilidade, a pretexto de INFLUIR em juiz, jurado, órgão
do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tra- no artigo.
dutor, intérprete ou testemunha: Não é exigida a afirmação explícita de qualquer das pes-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. soas indicadas no caput desse artigo, basta a insinuação.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um terço, se Se restar provado que o destinatário da vantagem é uma
o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade das pessoas indicadas no tipo penal, restará a este a corrup-
também se destina a qualquer das pessoas referidas ção passiva (Art. 317 do CP) e ao particular e ao intermediador
neste artigo. o crime de corrupção ativa (Art. 333 do CP).
Introdução Considerações
Versa de forma similar ao crime de tráfico de influência Art. Exploração de prestígio Tráfico de influência
332 do CP. Com a edição da Lei nº 9.127/95, esses dois crimes (Art. 357 do CP) (Art. 332 do CP)
foram diferenciados e o Art. 332 passou a ser o crime de tráfico Solicitar ou receber. Solicitar, exigir, cobrar ou obter.
de influência. Esse delito é de ação penal pública incondicio- Ato de disposição específica
Ato praticado por funcionário
nada. relativa aos órgão ou funcionários
público no exercício da função.
da administração da justiça.
Classificação
É um crime simples, pois ofende um único bem jurídico Violência ou Fraude em
que é a administração da justiça. Arrematação Judicial
Considerado um crime comum, podendo ser praticado por Art. 358. Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
qualquer pessoa. judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou lici-
É um crime formal quando o agente (SOLICITAR) ou ma- tante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
terial (RECEBER). oferecimento de vantagem:
É conhecido como um crime de ação múltipla ou de con- Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
teúdo variado, mesmo o agente praticando mais de um verbo além da pena correspondente à violência.
do tipo no mesmo contexto, responderá por um único crime.
Desobediência a Decisão Judicial
Sujeitos do Crime
Sujeito Ativo: por ser considerado um crime comum, pode sobre Perda ou Suspensão de Direito
ser cometido por qualquer pessoa, pois a própria Descrição do Art. 359. Exercer função, atividade, direito, autoridade
Crime não exige qualquer qualidade do agente. ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão
Sujeito Passivo: o Estado, e também o servidor utilizado judicial:
na fraude, bem como a pessoa ludibriada pelo agente. Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Dos Crimes contra as Finanças Públicas Oferta Pública ou Colocação
de Títulos no Mercado
Contração de Operação de Crédito
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pú-
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de
blica ou a colocação no mercado financeiro de títulos da
crédito, interno ou externo, sem prévia autorização le-
dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou
gislativa:
sem que estejam registrados em sistema centralizado de
Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
liquidação e de custódia:
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, au-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
toriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo:
I. Com inobservância de limite, condição ou mon-
tante estabelecido em lei ou em resolução do Se- 9. Lei nº 8.072/1990 Crimes
nado Federal;
II. Quando o montante da dívida consolidada ultra-
Hediondos
passa o limite máximo autorizado por lei. A Lei dos Crimes Hediondos não vem trazer novas tipifica-
ções de delitos, mas sim um tratamento diferenciado a alguns
Inscrição de Despesas Não crimes que o legislador considerou de maior reprovabilidade; e
Empenhadas em Restos a Pagar a Constituição já os denominava crimes hediondos.
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos
a pagar, de despesa que não tenha sido previamente
Sistema Legal
empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei: É importante observar que quem define quais os crimes
serão hediondos será a presente lei. O juiz não pode nem ex-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
cluir algumas condutas já consideradas como hediondas, nem
Assunção de Obrigação no Último tampouco concluir que determinado crime é hediondo, sem
que este esteja previsto na presente lei.
Ano do Mandato ou Legislatura
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obri- Crimes Equiparados a Hediondos
gação, nos dois últimos quadrimestres do último ano
do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser Um detalhe muito interessante sobressai quando se fala
paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste par- em crimes equiparados a hediondos. Não muito raro, as ques-
cela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha tões tentam confundir os candidatos, dizendo que os crimes
contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: equiparados a hediondos são crimes hediondos. Então, preste
atenção, o rol dos crimes hediondos está na Lei dos Crimes
Ş
ŝ#-ŝŦ
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Hediondos e será tratado neste material. Já o rol dos crimes
Ordenação de Despesa não Autorizada equiparados a hediondos é previsto pela Constituição Federal,
a saber:
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
ї Tráfico de drogas.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
ї Tortura.
Prestação de Garantia Graciosa ї Terrorismo.
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito
sem que tenha sido constituída contragarantia em va-
Rol dos Crimes Hediondos
lor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na O primeiro tópico importante em relação ao rol dos crimes
forma da lei: hediondos é notar que a lei trata dos crimes hediondos, seja na
forma consumada ou na forma tentada.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
▷ O homicídio privilegiado-qualificado, é crime he- germes patogênicos, somente será hediondo se dessa
diondo? conduta resultar em morte.
▷ Primeiro, veremos o que é crime privilegiado-qua-
ї Alterações de produtos destinados a fins terapêuticos
lificado:
(Art. 273, CP): todos os demais delitos também estão
» Homicídio Qualificado (Art. 121, §2°, CP)
previstos na lei que trata das prisões temporárias (Lei nº
I. mediante paga ou promessa de recompensa, ou
7.960/89), salvo esse delito, por isso, uma pergunta boa
por outro motivo torpe.
de concurso é se também cabe prisão temporária nesse
II. por motivo fútil.
delito, mesmo ele não estando previsto na Lei de Prisões
III. com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi- Temporárias. A resposta só pode ser positiva, uma vez
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que a Lei dos Crimes Hediondos aumentou as hipóte-
que possa resultar perigo comum.
ses de cabimento de prisão temporária e com um prazo
IV. à traição, de emboscada, ou mediante dissimu-
maior. Aumenta-se a esse rol, que também cabe prisão
lação ou outro recurso que dificulte ou torne im-
temporária, mesmo não estando na Lei de Prisão Tempo-
possível a defesa do ofendido.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Direito de Recorrer
Outra regra, trazida pela Lei nº 11.464/07, é o direito de o réu
recorrer em liberdade. Tal regra deve ser entendida da seguinte
forma: após a sentença, se não existirem pressupostos para a
prisão preventiva, o réu deverá responder em liberdade. Se, ao
contrário, existirem pressupostos para a prisão preventiva, o réu
recorrerá preso, sempre o juiz fundamentando as decisões.
Prisão Temporária
Como já citado, os prazos para as prisões temporárias são
diferenciados quando se trata de crimes hediondos. Outro
ponto importante é que a prisão temporária será cabível ao
crime hediondo ou equiparado, mesmo que ele não esteja pre-
visto na Lei das Prisões Temporárias (Lei nº 7.960/89).
Natureza do crime Prisão temporária
Crime não hediondo 05 dias, prorrogáveis por mais 05.
Crime hediondo 30 dias, prorrogáveis por mais 30.
Livramento Condicional
A Lei dos Crimes Hediondos trouxe uma alteração em re-
lação ao livramento condicional, previsto no Art. 83 do Código
Penal, ficando dessa forma:
Requisitos para concessão do livramento Cumprimento de pena
Primário + bons antecedentes + de 1/3 da pena
Reincidente + de 1/2 da pena
Crime hediondo ou equiparado + de 2/3 da pena
Ş
ŝ#-ŝŦ
Causas de Aumento de Pena
O Art. 9º da Lei dos Crimes Hediondos prevê aumento
de metade da pena para os crimes de latrocínio, extorsão
qualificada pela morte, extorsão mediante sequestro e es-
tupro se a vítima se encontrar em algumas das hipóteses
do Art. 224 do Código Penal. No entanto, esse Art. foi revo-
gado pela Lei nº12.015/2009 e, por consequência, o Art. 9º
da Lei dos Crimes Hediondos foi revogado implicitamente.
ANOTAÇÕES
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
479
480 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL Ş
ŝ#-ŝŦ
ÍNDICE
1. Disposições Constitucionais Aplicáveis ao Processo Penal ..........................................482
2. Introdução ao Direito Processual Penal .....................................................................483
Lei Processual Penal no Espaço .................................................................................................. 483
Lei Processual Penal no Tempo ..................................................................................................484
Interpretação da Lei Processual Penal .......................................................................................484
3. Inquérito Policial ..................................................................................................... 484
Polícia Administrativa X Polícia Judiciária .................................................................................484
Atribuição ...................................................................................................................................484
Características do Inquérito Policial ........................................................................................... 485
Valor Probatório do Inquérito Policial ........................................................................................ 487
Vícios .......................................................................................................................................... 487
Incomunicabilidade .................................................................................................................... 487
Notícia Crime ..............................................................................................................................488
Procedimentos do Inquérito Policial ..........................................................................................489
Arquivamento do Inquérito .......................................................................................................490
Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) ..............................................................................491
4. Ação Penal ............................................................................................................... 491
Classificação das Ações (Titular do Direito) ................................................................................491
Ação Penal Pública ......................................................................................................................491
Ação Penal Privada ..................................................................................................................... 493
Ação Penal em Alguns Casos Especiais ......................................................................................494
5. Jurisdição e Competência ........................................................................................ 495
Classificação da Competência ................................................................................................... 495
Competência Absoluta X Competência Relativa ........................................................................500
Conexão e Continência ...............................................................................................................500
6. Prova ....................................................................................................................... 501
Teoria Geral da Prova ..................................................................................................................501
Provas em Espécies .................................................................................................................... 503
Exame de Corpo Delito ...............................................................................................................504
Interrogatório ............................................................................................................................. 505
Ofendido ..................................................................................................................................... 505
Testemunha ................................................................................................................................506
Reconhecimento de Pessoas e Objetos ...................................................................................... 507
Acareação ................................................................................................................................... 507
Documentos................................................................................................................................508
Dos Indícios.................................................................................................................................508
Busca e Apreensão .....................................................................................................................508
Ş
ŝ#-ŝŦ
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 481
inocência, da situação jurídica de inocência ou da não existente, como, por exemplo, a legítima defesa da honra.
culpabilidade ї Princípio do favor rei, favor libertatis, in dubio pro réu,
Art. 5º, LVII, da CF: ninguém será considerado culpado favor inocente ou da prevalência do interesse do réu
até o trânsito em julgado de sentença penal condena- Art. 5º, LVII, da CF: ninguém será considerado culpado até
tória. o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Decorrente desse princípio é que o ônus da prova perten- Esse princípio decorre diretamente do princípio da inocên-
ce à acusação, cabendo-lhes provar que o fato é típico e de cia, de forma que, havendo dúvida sobre a culpabilidade do
circunstâncias qualificadoras ou causas de aumento de pena. réu, deve o juiz absolvê-lo. Importante notar que ele não tem
Caberá ao réu, no entanto, provar as excludentes da ilicitu- aplicação na denúncia, pois na dúvida o promotor denuncia, e
de, culpabilidade e as causas extintivas da punibilidade. Vale também não tem aplicação na pronúncia (1° fase do júri).
ressaltar que a acusação deverá trazer um juízo de certeza Esse princípio não está expresso na Constituição Federal;
para que se condene o réu e, ao contrário, caso o réu crie uma está implícito.
dúvida sobre a existência de uma excludente, deverá o juiz ї Princípio do contraditório ou da bilateralidade da au-
sentenciar em favor do acusado. diência
ї Princípio da igualdade processual ou da paridade das Art. 5º, LV, da CF: aos litigantes, em processo judi-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 5º, LIV, da CF: ninguém será privado da liberdade estabelece que os diplomatas, quando cometerem crimes no
ou de seus bens sem o devido processo legal. território de outro país, serão julgados pelas leis de sua nação
Esse princípio traduz a ideia da própria existência do pro- de origem.
cesso penal, de forma que não se poderá culpar alguém sem II. As prerrogativas constitucionais do Presidente
um mínimo de produção de provas por meio de um processo e da República, dos ministros de Estado, nos crimes
que possa ser garantido o seu direito de defesa. conexos com os do Presidente da República, e dos
ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes
2. Introdução ao Direito Processual de responsabilidade (Constituição, Arts. 86, 89, §
2º, e 100);
Penal
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Aqui tratamos das infrações político-administrativas, defi-
nidas na Lei nº 1.079/50, os chamados de crimes de responsa-
Após a prática de um crime, cabe ao Estado a sua apuração
bilidade que, na verdade, não se referem à matéria criminal e
para fins da aplicação da pena prevista no Direito Penal. Ele é são julgados pelo Senado Federal, adotando o procedimento
o único titular do jus puniendi, que é o direito de aplicar uma específico da referida lei para o seu processo e julgamento.
sanção a quem comete um delito. III. Os processos da competência da Justiça Militar;
Como vivemos em um Estado Democrático de Direito, o Es- A Justiça Militar tem a competência constitucional para
tado sofre limitações quanto ao uso de determinadas modalida- a deliberação das infrações penais militares, descritas nos
des de penas, quanto aos meios utilizados para apurar um cri- Arts. 9º e 10 do Código Penal Militar. No julgamento desses
me, às medidas adotadas e ao andamento processual, visando a casos, a justiça militar adota os procedimentos previstos no
respeitar a dignidade da pessoa humana, harmonizando-a com Código Processual Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.002/69).
as medidas legais pertinentes à elucidação de um delito, bem IV. Os processos da competência do tribunal especial;
como com a consequente aplicação posterior da pena. V. Os processos por crimes de imprensa.
Dessa forma, definimos o processo penal como um con- Quanto às duas últimas exceções referentes à aplicação do
junto de normas jurídicas tendentes a direcionar a atuação CPP na apuração e julgamento dos crimes, o parágrafo úni-
da polícia judiciária, assim como de todo o poder judiciário co do Art. 1º prevê que, na falta de norma, sejam aplicada as 483
criminal, objetivando a uma investigação, um processo e uma regras previstas no Código de Processo Penal de forma subsi-
diária. Um exemplo de tribunal especial seria o próprio tribu- tiva (PM, por exemplo) é suficiente para impedir a criminalida-
484 nal militar que adota procedimentos próprios. Nos casos de de. Sua atuação é marcada pela realização de diligências que
crimes de imprensa, vale o CPP, pois a referida Lei teve os seus objetivam descobrir a autoria e a existência de um crime.
efeitos suspensos temporariamente pelo STF, enquanto aguar- ї Características da Polícia Judiciária
da decisão do plenário quanto à constitucionalidade da Lei. Direção: delegado de polícia de carreira (bacharel em di-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
A regra então é a aplicação do CPP nos delitos cometidos reito aprovado em concurso público).
no território nacional, somente não sendo aplicadas suas nor- Espécies: a polícia judiciária é dividida em Polícia Judiciá-
mas, nas hipóteses acima descritas. ria Estadual e Federal.
Lei Processual Penal no Tempo Nível Estadual
Polícia
A lei processual penal é aplicada no tempo da sua vigên- Civil
Polícia
cia, ou seja, a partir do momento em que ela entra em vigor, Judiciária
começa a regular todos os atos processuais penais que serão Polícia
praticados daquele dia em diante, até a revogação da Lei. Nível Federal
Federal
É importante analisarmos que, se um processo estiver em ї Conceito de Inquérito Policial
andamento, sendo regulado pelas normas vigentes do CPP, e
Inquérito policial é um procedimento administrativo inqui-
tivermos uma alteração nas normas, os atos praticados na vi-
sitivo, anterior ao processo, presidido pela autoridade policial
gência da lei anterior continuarão válidos, pois o que importa
(delegado de polícia) que conduz diligências, as quais objeti-
é o tempo da vigência da lei. A legislação nova será aplicada
vam apurar a autoria (responsável pelo crime) e a materialida-
aos processos futuros e não aos passados.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Material Discricionário
A atribuição é definida pela natureza do crime, com a atua- Discricionariedade é a liberdade dentro da lei (esta deter-
ção de uma delegacia especializada em determinado tipo de mina ou autoriza a atuação do Estado). Assim sendo, o de-
delito. legado tem liberdade na adoção e condução das diligências
Essa regra é subsidiária à territorial, pois, em regra, temos adotadas no curso de um inquérito policial.
que descobrir a atribuição territorial e, se no local do crime O Art. 6º do CPP traz um rol de possíveis procedimentos
tiver uma delegacia especializada, ela assumirá a investigação. que podem ser adotados pela polícia na condução de um in-
Ex.: Delegacias especializadas: Delegacia Antisseques- quérito; ele não é taxativo, pois a polícia pode adotar qualquer
tro, Delegacia de Repressão a Roubos e Assaltos, Dele- uma daquelas diligências na ordem que entender melhor, ou
gacia da Mulher, Delegacia de Homicídios e Proteção à seja, o rol é exemplificativo.
Pessoa, dentre outras. Não podemos entender discricionariedade como uma facul-
Por meio da aplicação das normas de atribuição material, dade do delegado de iniciar ou não uma investigação, porque,
nós teremos a definição da investigação realizada pela polícia conforme veremos adiante, em alguns casos a investigação é
Ş
ŝ#-ŝŦ
civil (âmbito estadual) e polícia federal (âmbito federal). obrigatória. A discricionariedade se refere ao fato de o delegado,
sendo obrigado ou não a investigar, poder adotar as diligências
Características do Inquérito Policial que considere convenientes para a solução do crime, desde que
esteja prevista tal diligência na lei.
Inquisitivo Explica essa regra o fato de que cada crime é um aconte-
Assunto comum de ser cobrado em concurso público. No cimento único no mundo e, sendo assim, a solução deles não
inquérito policial não há partes, acusação e defesa; temos tem uma receita certa, devendo a autoridade policial saber
somente o delegado de polícia investigando um crime e, utilizar, dentre os meios disponíveis, aqueles adequados à so-
consequentemente, um suspeito.Nele não há contraditório lução do caso. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
nem ampla-defesa.
Realmente, a investigação não observa o contraditório,
Sigiloso
pois a polícia não tem a obrigação de avisar um suspeito Não aplicamos o princípio da publicidade ao inquérito po-
que o está investigando; e não há ampla-defesa, porque o licial, pois as investigações são sigilosas. Se a polícia anuncia
inquérito não pode, em regra, fundamentar uma sentença em veículo de informação oficial, e ainda na mídia convencio-
condenatória, tendo o suspeito possibilidade de se defender nal, que tenciona iniciar uma investigação a determinado con-
durante o processo. trabandista (que deveria se preparar para isso), este poderia
Atenção à redação do Art. 5º, LV, da CF: prejudicar todo o sucesso da averiguação.
Compete ao delegado zelar pelo sigilo do inquérito poli-
Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
cial, pois ele é a autoridade responsável pela condução.
aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. ї Finalidade do sigilo
Como na fase da investigação não existe nenhuma acusação O sigilo do inquérito policial tem a finalidade de preservar
e nem partes, não há que se falar em contraditório e ampla de- a imagem do suspeito e, ainda, garantir a eficiência das in-
fesa, pois o direito constitucional previsto no Art. 5º, LV, da CF é vestigações.
válido para as partes de um processo. Além do inquérito policial ї Classificação do sigilo
não ter partes, é um procedimento e não um processo, conforme Sigilo Externo: destinado aos terceiros desinteressados e 485
descrito na Constituição Federal. a imprensa.
Sigilo Interno: destinado aos interessados no processo. ▷ Decretação do segredo de justiça (preservar a ima-
486 O sigilo do inquérito policial não atinge o juiz, o Ministé- gem da vítima)
rio Público e o advogado do suspeito. Como acabamos de ver, o delegado pode, em alguns casos,
quando achar conveniente, divulgar informações à imprensa.
Promotor Para evitar tal conduta, visando especificamente a proteger
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de in- inquérito policial. Vale a pena ser redundante aqui.
quérito, findos ou em andamento, ainda que con- Dispensável
clusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar
O inquérito visa coletar indícios de autoria e materialida-
apontamentos.
de do crime para que o titular da ação penal possa ingressar
Súmula Vinculante 14. É direito do defensor, no inte- em juízo. Assim sendo, se ele tiver esses indícios colhidos por
resse do representado, ter acesso amplo aos elemen- outros meios, como por um inquérito não policial, o inquérito
tos de prova que, já documentados em procedimento policial se torna dispensável.
investigatório realizado por órgão com competência Assim, pode ser promovido um processo sem que seja
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do realizado um inquérito policial. Aproveitando o tópico, vamos
direito de defesa. falar de outras espécies de inquérito.
É comum, em questões de concurso público, perguntar so- Inquéritos extra-policiais ou não policiais: são aqueles
bre esse tema, e as questões geralmente falam que o sigilo do presididos por outras autoridades e não pelo do delegado de
inquérito se estende ao advogado, podendo o delegado negar polícia (Art. 4º do CPP).
a ele o acesso aos autos do inquérito policial. É evidente que Inquéritos parlamentares (CPI): presidido por parlamentares.
se trata de questão errada, uma vez que ao advogado e, para Inquéritos policiais militares: presididos por oficiais de
acabar de vez com a dúvida, o STF editou a Súmula Vinculante carreira, visa à apuração das infrações militares.
14. Sendo assim, o advogado pode se valer de duas ferramen- Inquéritos presididos pelo promotor (MP): não é possí-
tas, caso algum delegado viole o seu direito de acesso aos vel a presidência do IP por membro do MP, haja vista este ter
autos de inquérito: um mandado de segurança ou uma recla- o poder de requisitar a abertura de inquérito, a realização de
mação ao supremo, que é a ferramenta eficaz para combater o diligências, bem como fiscalizar a atuação da polícia judiciária.
desrespeito a uma súmula vinculante. O STF trouxe, em recente decisão, a possibilidade do pro-
É importante saber que o advogado somente tem acesso motor presidir investigação criminal, porém, esta não deve ser
confundida com a realizada a cargo da polícia. A investigação
aos autos do inquérito policial referente às investigações já
realizada sob a presidência do membro do MP conviverá har-
concluídas e passadas a termo, ele não deve e não pode ter
monicamente com a realizada pela polícia, assim como as de-
acesso às investigações em andamento, sendo tal acesso dis- mais formas de inquérito.
ponibilizado ao advogado após o término da diligência.
Devemos observar também o teor da Súmula 234 do STJ:
Ex.: Se um advogado, ao ter acesso aos autos do inqué-
A participação de membro do Ministério Público na
rito policial, ficar sabendo que a polícia está fazendo uma fase investigatória criminal não acarreta seu impedi-
interceptação telefônica das conversas de seu cliente e mento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
estiver mal intencionado, irá informar o seu cliente e pre- Ressaltamos mais uma vez que o promotor não pode pre-
judicar todo o sucesso das investigações. sidir um inquérito policial. É questão comum no mundo do
Apesar do inquérito policial ser sigiloso, o delegado, quan- concurso público e a resposta é negativa, pois somente o de-
do achar conveniente, pode quebrar o sigilo, prestando infor- legado de polícia, e mais ninguém, preside o inquérito policial.
mações à imprensa, tais como: diligências que serão realiza- Além disso, aquele pode presidir a sua própria investigação,
das, divulgar o retrato de um suspeito, etc. que não se confunde com a policial.
Oficialidade ou então que a vítima se mude definitivamente para outro lugar,
inviabilizando a sua audição. Nesse caso, não tem o que se falar
A realização do inquérito policial é atribuição de um órgão em contraditório e ampla defesa diferido, pois o exercício des-
oficial do Estado (Polícia Judiciária). ses direitos acontecerá durante a realização da prova, que será
Oficiosidade antecipada para o inquérito policial. Esse é o contraditório real.
Art. 225, CPP. Se qualquer testemunha houver de ausen-
Na maioria dos casos (crimes de ação penal pública in- tar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio
condicionada), a polícia judiciária é obrigada a investigar, de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o
independente de provocação de terceiros. Para isso, bas- juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das
ta que aconteça o crime e que, de alguma forma, a polícia partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
tome conhecimento para que ela atue de ofício, ou seja,
sem provocação. Vícios
Os vícios do inquérito policial são seus defeitos ou nulida-
Autoritariedade des e a dúvida é se aqueles podem ou não causar nulidades ao
O presidente do inquérito policial (delegado de polícia) é a processo futuro. A resposta é negativa, pois o inquérito policial
Autoridade oficial do Estado. não tem a força de condenar ninguém, sendo assim, os seus
defeitos serão apurados pelos órgãos competentes (correge-
Valor Probatório do Inquérito Policial doria, MP). Dessa forma, podemos concluir que o delegado
O Inquérito Policial tem valor probatório relativo, pois ele não pode ser considerado impedido ou suspeito de presidir o
serve para embasar o início do processo, mas não tem a força IP pelas futuras partes.
de, sozinho, sustentar uma sentença condenatória, porque as Prazos para a Conclusão dos Inquéritos Policiais
provas colhidas durante o IP não se submeteram ao contradi-
tório e à ampla defesa. Enfatizamos que o valor probatório é Autoridade Indiciado Preso Indiciado Solto
relativo, uma vez que não fundamenta uma decisão judicial,
porém pode dar margem à abertura de um processo criminal 30 dias prorrogáveis
Delegado Estadual pelo juiz por quan-
contra alguém. 10 dias improrrogáveis
Art. 10 do CPP tas vezes forem
Art. 155, CPP. O juiz formará sua convicção pela livre apre- necessárias
ciação da prova produzida em contraditório judicial, não
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos Delegado Federal 15 dias prorrogáveis
Mesma regra do
elementos informativos colhidos na investigação, ressal- Art. 66 da Lei nº uma única vez por mais
delegado Estadual
vadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 5.010/66 15 dias
Investigações rela-
Provas Cautelares, Não 30 dias prorrogáveis
Ş
ŝ#-ŝŦ
tivas ao combate ao 90 dias prorrogáveis
uma única vez por mais
Repetíveis e Antecipadas tráfico de drogas e
30 dias
uma única vez
ao crime organizado
São as provas extraídas do IP e que têm a força de, even-
tualmente, sustentar uma sentença condenatória, conforme Toda prorrogação de prazo para a conclusão de um inqué-
orienta o Art. 155 do CPP. rito policial deve ser feita somente pelo juiz, pois o delegado
Provas Cautelares não tem essa competência.
São aquelas em que existe um risco de desaparecimento No caso das prorrogações referentes às investigações sobre
do objeto pelo decurso do tempo. Justificam-se pela necessi- tóxicos (Lei nº 11.343/2006), é condicionada a prévia oitiva do
dade, pela urgência. MP. Esta não vincula a decisão do juiz de prorrogar ou não o pra-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ex.: Interceptação telefônica, busca e apreensão. zo do inquérito, mas é uma formalidade que deve ser respeitada.
Provas Não Renováveis ou Irrepetíveis Incomunicabilidade
São colhidas na fase investigatória, porque não podem ser
A incomunicabilidade visava a impedir a comunicação
produzidas novamente na fase processual devido ao seu fácil
do suspeito preso com terceiros, durante um prazo de tem-
perecimento.
po, para que assim não viesse a interferir nas investigações.
Ex.: Perícia nos vestígios do crime.
Tal regra é considerada não recepcionada pela Constituição
Para que essas provas tenham valor probatório de justi- Federal, ou seja, ela não tem mais aplicação prática, pois a
ficar uma sentença na fase processual, é necessário que elas CF em seu Art. 136, que trata do Estado de Defesa, veda a
sejam submetidas à ampla defesa e ao contraditório diferido adoção dessa medida em tal ocasião. Então, o entendimen-
ou postergado, ou seja, durante a fase processual.
to é que se eu não posso utilizar da incomunicabilidade em
Prova Antecipada uma situação de anormalidade, não posso fazer uso dela
Aqui nos referimos às provas que, em regra, deveriam ser em caso de normalidade.
colhidas durante o curso do processo e não durante o inquérito É importante saber que a incomunicabilidade não foi re-
policial. Em alguns casos, é possível que o juiz antecipe a oitiva cepcionada pela CF e está tacitamente sem efeitos, mas suas
de uma testemunha para a fase das investigações, quando hou- regras são cobradas em questão de concurso público e vamos 487
ver receio de que ela morra (idade avançada ou doença grave), estudá-las, a fim de que possamos enfrentá-las com facilidade.
Regras res de 18 anos de idade ou loucos). Além de comunicar o crime,
488 também serve como um pedido para que a polícia inicie as in-
Cabimento:
vestigações.
» Interesse da sociedade.
Segundo o CPP, diante de um requerimento, o delegado
» Conveniência da investigação o exigir. pode se recusar a iniciar as investigações e, neste caso, é cabí-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Prazo: vel recurso ao chefe de polícia (Art. 5º, §2º, do CPP). O código
» 3 dias. usa a expressão chefe de polícia, entretanto, tal cargo hoje não
Forma: existe mais, mas é a resposta certa para a sua prova. Pense
» Decreto fundamentado do juiz a requerimento assim: O delegado pode negar o requerimento? SIM. Cabe re-
do delegado ou do MP. curso ao Requerente? SIM. A quem é encaminhado o recurso?
A incomunicabilidade não atinge o juiz, o MP e os advo- Ao Chefe de Polícia.
gados. ▷ Requisição
É a comunicação do crime feita à autoridade policial pelo
Notícia Crime promotor ou pelo juiz e também uma determinação para o
Notícia crime (notitia criminis) é a forma como é denomi- início das investigações. O delegado não pode se recusar a
nado o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da cumprir uma requisição.
autoridade policial de um fato aparentemente criminoso. Por É importante falarmos que, apesar da requisição ser si-
meio dela, a autoridade policial dará início às investigações. nônimo de ordem, o delegado não é subordinado hierarqui-
Destinatários da Notícia Crime camente ao MP ou ao Juiz, entretanto, a requisição é uma
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 6º do CPP traz um rol exemplificativo de algumas diligên- sendo investigada em um inquérito policial. O indiciamento
cias que podem ser adotadas pela polícia judiciária no curso de não é um ato discricionário, pois se fundamenta nas provas
um inquérito policial. colhidas durante as diligências. Se as provas apontam um sus-
Esse rol é exemplificativo, pois o inquérito é um procedi- peito, ele DEVE ser indiciado; se não apontam, o delegado não
mento discricionário, ou seja, o delegado tem liberdade para pode indiciar ninguém.
escolher as diligências que achar conveniente para o sucesso
da investigação. A seguir, veja a redação do Art. 6º do CPP. Indiciado Menor
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infra- O CPP, em seu Art. 15, fala da figura do indiciado menor
ção penal, a autoridade policial deverá: que era a pessoa suspeita de ter praticado determinado cri-
me e que tinha entre 18 e 21 anos na data do fato. Segundo o
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
I. Dirigir-se ao local, providenciando para que não
se alterem o estado e conservação das coisas, até código, nesse caso, o acusado deveria ser acompanhado de
a chegada dos peritos criminais; um curador. Entretanto, esse artigo está tacitamente revogado
pelo Código Civil, pois à época da edição do código de proces-
II. Apreender os objetos que tiverem relação com o so penal, a maioridade civil era atingida somente aos 21 anos,
fato, após liberados pelos peritos criminais; e tal regra foi alterada no ano de 2002. Sendo assim, a maiori-
III. Colher todas as provas que servirem para o es- dade hoje é atingida aos 18 anos de idade, ou seja, não existe
clarecimento do fato e suas circunstâncias; mais o indiciado menor, porque ninguém é menor de idade
IV. Ouvir o ofendido; tendo entre 18 e 21 anos. Essa norma então está tacitamente
V. Ouvir o indiciado, com observância, no que for apli- revogada.
cável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste
Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por Final do Inquérito Policial
duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; Após a abertura do inquérito, realizada por meio da porta-
VI. Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas ria, e o seu desenvolvimento, veremos o seu desfecho.
e a acareações; O inquérito policial é finalizado com a produção de um do-
VII. Determinar, se for caso, que se proceda a exa- cumento chamado relatório. Nele, o delegado vai relatar as di- 489
me de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; ligências realizadas, dentre outras. Veja as suas características:
▷ É uma peça descritiva.
490 ▷ Vai indicar as diligências realizadas durante o IP. Homologar Concorda
▷ Justifica as diligências que não foram realizadas por
algum motivo.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Requerer o
▷ O delegado não deve emitir opinião. Promotor Juiz
Arquivamento
Após a confecção desse relatório o inquérito policial estará
concluído.
legado encaminha o relatório ao juiz (destinatário mediato) que o mesmo que requereu o arquivamento apresente a acu-
que encaminha ao promotor (destinatário imediato). Essa sação, pois os membros do MP tem independência funcional, e
classificação não leva em consideração a ordem de rece- se o promotor entendeu que não há denúncia a oferecer, não é
bimento e sim a finalidade dada por essas autoridades ao justo que este deva oferecê-la simplesmente por que o Procura-
inquérito. O juiz exerce um certo controle e, por isso, ele é dor de Justiça determinou, pois assim não haveria empenho do
destinatário também do inquérito, mas o inquérito policial promotor para conduzir o processo.
é feito para que o titular da ação penal, em regra o MP, pos- ▷ Caso o Procurador de Justiça concorde com o Promotor:
sa promover o processo. » Determina o arquivamento do IP e, nesse caso,
o juiz está obrigado a arquivar.
Ministério É importante notarmos o procedimento que leva ao arqui-
Delegado Juiz
Público vamento do inquérito policial. Quem arquiva é somente o juiz,
mas desde que provocado pelo MP, ou seja, o juiz não pode
De posse do inquérito policial, o promotor terá as arquivar o IP de ofício; o ato de arquivamento do inquérito po-
seguintes opções: licial é considerado complexo, pois depende da manifestação
de vontade de dois órgãos, um que requere (MP) e outro que
▷ Iniciar a Ação Penal
homologa (Judiciário).
Acontece através do oferecimento da denúncia. Resulta
do êxito obtido pelo IP, ou seja, ele conseguiu provas da mate- Efeitos do Arquivamento do IP
rialidade do crime e traz indícios de autoria. Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a re-
▷ Requisitar Novas Diligências ao Delegado querimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser
Caso o inquérito policial não tenha conseguido colher os iniciada sem novas provas (Súmula 524 do STF). Assim sendo,
indícios necessários de autoria e materialidade do crime, mas o arquivamento do IP veda o oferecimento da denúncia para a
as investigações estejam no caminho certo. É a hipótese que promoção da ação penal, mas tal vedação não é absoluta, pois,
justifica a prorrogação de um inquérito policial. se surgirem novas provas, a acusação poderá ser oferecida e
▷ Requerer o Arquivamento do IP ao Juiz ser iniciada a ação penal.
Caso o MP entenda que o inquérito não obteve êxito al- Art. 18, CPP. Depois de ordenado o arquivamento do
gum, não prova nem quanto ao fato nem quanto a autoria. inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base
para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder
Arquivamento do Inquérito a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Quando o MP entender que o inquérito não obteve êxito Essa regra também é importante, pois encontramos, com
algum, não prova nada quanto a fato ou quanto à autoria, nem frequência, questões de concurso falando que, se surgirem no-
existe, no momento, expectativa de que novas diligências vão vas provas, a autoridade policial poderá proceder a novas pes-
mudar esse cenário, o promotor irá requerer ao juiz o arquiva- quisas, desde que autorizado pelo poder judiciário. Tal questão
mento do inquérito policial e, caso este concorde com o pedi- está errada, uma vez que não é necessária autorização alguma.
do, ele irá homologá-lo, arquivando o IP. Se discordar do pedi- O simples surgimento de novas provas autoriza a polícia a rei-
do, ele irá encaminhar ao Procurador Geral de República (Nível niciar as investigações, independente de autorização judicial,
Federal), para que este decida sobre o arquivamento do IP. pois a lei já autorizou.
Conjugando o Art. 18 do CPP, acima estudado, com a Súmula Processo Judicialiforme: Previsto no Art. 26 do CPP, era a
524 do STF, concluímos que o arquivamento do inquérito policial possibilidade do delegado ou juiz, por meio de uma portaria,
não tem caráter definitivo, porque, em regra, quando surgirem exercer a Ação Penal Pública. O instituto não foi recepcionado
novos indícios, a investigação poderá ser reiniciada pela polícia pela CF, estando tacitamente revogado, pois a esta declara ex-
judiciária independente de autorização judicial. pressamente que pertence ao MP privativamente o exercício
desse direito.
Arquivamento Definitivo
Existe uma única hipótese em que o arquivamento do in- Ação Penal Pública
quérito policial terá um caráter definitivo quanto ao fato in-
vestigado, ou seja, funcionará como uma sentença absolutória Princípios / Características
transitada em julgado, acabando definitivamente com qual- Obrigatoriedade/Compulsoriedade: havendo provas sufi-
quer acusação contra uma pessoa referente àquela situação. cientes e preenchidas as condições legais, a ação penal pública
Isso acontece quando o promotor requerer o arquivamen- é obrigatória, em decorrência do dever funcional do promotor.
to do IP alegando que o fato é atípico, ou seja, não constitui Indisponibilidade: o promotor não poderá desistir da ação
iniciada. Ele pode requerer a absolvição do réu caso se conven-
crime, e o juiz homologa esse pedido de arquivamento.
ça da inocência deste. Mas, mesmo que o promotor requeira a
É comum questão de concurso falar que quando o fato é absolvição, recorra em favor do réu, ou até mesmo ingresse
atípico ou presente um excludente de ilicitude, o arquivamento com HC, não significa que ele está desistindo da ação, pois se-
do inquérito será definitivo. Questão errada, pois é definitivo ria ficar inerte, deixando de agir.
quando baseado, unicamente, em fato atípico, excludente de Divisibilidade (STF/STJ): a ação penal pública pode ser
ilicitude não causa tal efeito. desmembrada, tendo o seu início contra parte dos criminosos
e depois a respectiva complementação via aditamento para o
Termo Circunstanciado lançamento dos demais (posição adotada pelo CESPE).
de Ocorrência (TCO) A doutrina majoritária, entretanto, entende que a ação pe-
Na apuração dos crimes de menor potencial ofensivo (cri- nal pública é indivisível, pois, já que todos precisam ser pro-
mes com pena máxima de até 2 anos e todas as contravenções cessados, o aditamento nada mais faz do que consolidar o polo
comuns), o IP será substituído pelo Termo Circunstanciado de passivo da ação (não é a posição adotada pelo CESPE).
Ocorrência. Este será lavrado no momento da prática criminosa Intranscendência / Pessoalidade: os efeitos da ação penal
pela polícia civil ou militar e será diretamente encaminhado ao não ultrapassam a figura do réu.
juizado especial criminal, para que se processe o julgamento. Autoritariedade: o titular da ação pública é autoridade pú-
blica: Promotor de Justiça
4. Ação Penal
Ş
ŝ#-ŝŦ
Oficialidade: a titularidade da ação pública é conferida a
Ação Penal é o direito público subjetivo, previsto na Cons- um órgão oficial do Estado (MP).
tituição Federal, de exigir do Estado, por meio do seu poder Oficiosidade (Ex officio): o MP vai atuar, em regra, de ofí-
jurisdicional, a aplicação da pena ao autor do crime. Assim cio, ou seja, sem a necessidade de provocação ou autorização
sendo, ação não é o processo, mas o direito de exigir que seja de terceiros.
processado o causador de um delito para que o Estado possa
aplicar ao criminoso a pena prevista na lei. Início da Ação Penal Pública
Conceito de Processo A ação penal é iniciada com o oferecimento da denúncia
É a ferramenta que vai efetivar o direito de ação, com a pelo MP. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
ção processual, pois ela atua em nome próprio, pedindo » Bilateralidade do Perdão
um direito alheio que pertence ao Estado, qual seja, o direi- Os efeitos do perdão (extinção da punibilidade) estão con-
to de punir (jus puniendi). dicionados à aceitação dele pelo querelado.
Nomenclatura » Procurador
Vítima Querelante Tanto o oferecimento do perdão quanto a sua aceitação
podem ser apresentados por procurador, desde que este pos-
Réu Querelado sua PODERES ESPECIAIS.
Petição Inicial Queixa-crime » Aceitação Tácita
Caso o querelante ofereça o perdão por meio de uma peti-
Princípios / Características
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
estrangeiro ou ainda quando a ação se origina no estrangeiro
Classificação da Competência e o resultado ocorre no Brasil).
Razão do Ex.: Tício envia uma carta-bomba de Foz do Iguaçu,
no PR, a um desafeto seu que está na Cidade do Leste,
Local
no Paraguai, e quando o destinatário recebe a carta
e a abre, explode e morre. Nesse caso, a prática dos
Razão da atos executórios se deu na cidade de Foz do Iguaçu e
Material
Matéria o resultado no Paraguai, então, o juiz territorialmen-
te competente é o de Foz do Iguaçu, pois foi o local
no Brasil que ocorreu a ação. Agora, veja o contrá-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Razão da
Pessoa rio: uma carta bomba é confeccionada no Paraguai e
Competência enviada a uma pessoa no Rio de Janeiro (RJ), que a
Fases do abre e morre. Então, temos a prática dos atos execu-
Processo tórios no Paraguai e o resultado no Rio de Janeiro, as-
sim sendo, o juiz que irá julgar o caso é o do Rio, pois
foi o local no Brasil em que o crime gerou resultado.
Objeto do
Funcional Dessa forma, a competência brasileira será firmada pelo
Juízo local no Brasil em que ocorrer a ação ou o resultado.
As teorias territoriais estudadas acima são utilizadas isola-
Graus de damente, o que quer dizer: se o crime teve consumação, usa-
Jurisdição se a teoria do resultado; se ficou na tentativa ou é homicídio
doloso, teoria da atividade; e, caso seja um crime à distância,
Competência em Razão do Lugar utiliza-se a teoria da ubiquidade.
Por meio do estudo da competência em razão do lugar, 2ª Regra: Domicílio ou Residência do Réu
nós descobriremos o juiz territorialmente apto, ou seja, o juiz Quando a primeira regra não puder ser aplicada por não 495
de qual cidade do Brasil irá avaliar o crime. se saber o local do resultado ou da ação do fato criminoso,
a competência será definida pelo domicílio ou residência do » Navios e aeronaves privados de bandeira brasi-
496 réu. Aquele não define a competência territorial em matéria leira são Brasil aqui e em alto mar;
criminal. » Navios e aeronaves privados de bandeira es-
• Ação Penal Privada trangeira viram Brasil quando ingressam em
nosso território.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
ternacionais que o Brasil assumiu o dever de com-
Militar bater.
Justiça Comum
Além da previsão em tratado ou convenção internacional,
• Justiça Estadual é necessário também que o crime tenha caráter de Interna-
Vai julgar o que não compete as demais justiças, ou seja, cionalidade, ultrapassando as fronteiras do país, ou seja, se
tem competência residual. Então, o que faremos é estudar as o delito se inicia no Brasil, o seu resultado deve ocorrer no
hipóteses que atraem a alçada das outras justiças e tudo que estrangeiro e vice-versa. São os chamados crimes a distância.
for crime e não se enquadrar nas hipóteses estudadas será de Ex.: Tráfico internacional de drogas; tráfico internacional
domínio da justiça estadual. de armas. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
• Justiça Federal V-A. (Emenda Constitucional 45/2004): crimes
Art. 109 CF (Justiça de 1º grau) e Art. 108 CF (TRFs). que ofendam os direitos humanos fundamentais,
A competência dos juízes federais de 1º grau é definida em que o Brasil obrigou-se por tratado ou conven-
no Art. 109 da CF, mas somente se trata da competência dos ção internacional a reprimir.
juízes federais criminais as regras previstas a partir do inciso Aqui não é necessário o caráter de internacionalidade e
IV do Art. 109. pode ser qualquer crime.
IV. Os crimes políticos e as infrações penais pra- Um homicídio é um crime contra a vida e a vida é um direi-
ticadas em detrimento de bens, serviços ou inte- to humano fundamental, mas quem julga homicídio, em regra,
resse da união ou de suas entidades autárquicas é a justiça estadual. É que, para atrair a competência desta, o
ou empresas públicas, excluídas as contravenções caso deve ter uma repercussão internacional.
e ressalvada a competência da justiça militar e da Remessa da Competência da Justiça Federal para a Esta-
justiça eleitoral; dual: O § 5º do Art. 109, que foi inserido pela Emenda Cons-
Ela somente julga crimes, ou seja, não julga contravenção titucional nº 45, traz a possibilidade ao Procurador Geral da
penal. E costuma ser cobrado em questões de concursos so- República de provocar o STJ quando a persecução penal que
bre a competência da justiça federal para avaliar contravenção se refira a crimes que violem direitos humanos fundamentais
penal. A resposta é negativa, pois a justiça federal não julga estiver tramitando na justiça estadual, para que seja feita a re- 497
contravenção penal. messa à federal.
Segundo o STJ, para que ocorra a remessa da persecução 73. A utilização de papel-moeda grosseiramente falsifi-
498 penal para a esfera federal, é imprescindível que a justiça te- cado configura, em tese, o crime de estelionato, da com-
nha se mostrado morosa, ineficiente. petência da Justiça Estadual.
VI. Os crimes contra a organização do trabalho 104. Compete à Justiça Estadual o processo e julga-
e nos casos determinados por lei contra o sis- mento dos crimes de falsificação e uso de documento
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
(não existe previsão legal dessa competência no Brasil). acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar
VII. Os Habeas Corpus, em matéria criminal de sua onde o delito se consumou.
competência ou quando o constrangimento provier ▷ Súmulas TFR (Tribunal Federal de Recursos)
de autoridade, cujos atos não estejam diretamente 31. Compete à Justiça Estadual o processo e julga-
sujeitos a outra jurisdição; mento de crime de falsificação ou de uso de certifi-
VIII. Os mandados de segurança e os Habeas Data cado de conclusão de curso de 1º e 2º Graus, desde
contra ato de autoridade federal, excetuados os ca- que não se refira a estabelecimento federal de ensino
sos de competência dos tribunais federais; ou a falsidade não seja de assinatura de funcionário
IX. Crimes ocorridos a bordo de Navios ou Aero- federal.
naves; 98. Compete à Justiça Federal processar e julgar os
Esta última não se aplica quando o navio ou a aeronave for crimes praticados contra servidor público federal, no
militar, pois, nesses casos, impõe-se o código processual penal exercício de suas funções e com estas relacionados.
militar e não o que estamos estudando. 254. Compete à Justiça Federal processar e julgar os
Navio: é a embarcação de grande porte que tenha aptidão delitos praticados por funcionário público federal, no
para realizar viagens internacionais. exercício de suas funções e com estas relacionados.
X. Crimes de Ingresso ou a Permanência Irregular • Competência da Justiça Especial
do Estrangeiro.
A justiça especial se divide em justiça eleitoral e militar.
Como essa conduta é atípica, ou seja, não existe previsão
expressa tanto no Código Penal quanto em leis penais extrava- Justiça Eleitoral: julga os crimes eleitorais e os crimes co-
gantes, é fundamental destacar que os delitos praticados para muns conexos a eles.
que o estrangeiro consiga ingressar ou permanecer irregular- Justiça Militar: julga apenas as infrações penais militares
mente no Brasil é que serão julgados na Justiça Federal. (ver (são descritas nos Arts. 9º e 10 do CPM).
Art. 338 do CP e Art. 125, XI a XIII, da Lei nº 6.815/80 – Estatuto Vale ressaltar que a tortura, o abuso de autoridade, a faci-
do Estrangeiro). litação de fuga de presos e os crimes dolosos contra a vida de
XI. Crimes que envolvem interesses indígenas. civil são crimes comuns, sem previsão no código penal militar
Segundo o STJ, na Súmula 140, para que a competência da e, por isso, quando praticados por militares, não são julgados
justiça federal se estabeleça, é essencial que o delito ofenda os na justiça militar mas na justiça comum.
interesses da coletividade indígena. Quem é julgado na Justiça Militar?
▷ Súmulas STJ (Superior Tribunal de Justiça) Estadual: julga somente PMs e bombeiros mili-
42. Compete à Justiça Comum Estadual processar e tares. Nunca civil.
julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de Federal: os membros das forças armadas e os
economia mista e os crimes praticados em seu detri- civis que praticarem crimes militares federais.
mento. • Competência pela Natureza na Infração
62. Compete à Justiça Estadual processar e julgar o Os legisladores podem estabelecer, dentro de cada justiça,
crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Pre- o órgão competente para julgar um determinado tipo de crime
vidência Social, atribuído à empresa privada. em razão da sua natureza.
▷ Hipóteses Constitucionais Após concluirmos o estudo da competência em razão do
a) Júri (Art. 5º, XXXVIII, da CF) – Crimes dolosos contra lugar e da matéria, podemos saber quem é o juiz que irá julgar
a vida: determinado crime e qual é a sua justiça.
▷ Homicídio. Ex.: Tício atira em um policial federal durante uma per-
seguição e este vem a óbito; o fato acontece na cidade de
▷ Infanticídio.
Corumbá. Então, nós temos que quem julgará esse crime
▷ Aborto. é o tribunal do júri da justiça federal de Corumbá.
▷ Auxílio, induzimento ou instigação ao suicídio.
A ocorrência do resultado morte não indica que o crime Competência em Razão da Pessoa
seja doloso contra a vida, assim sendo, o genocídio e o latro- Essa regra é uma exceção que é aplicada a algumas au-
cínio não vão a júri, afinal, este é um crime contra o patrimônio toridades do país e, aqui, as anteriormente estudadas (razão
e aquele é contra a humanidade. do lugar e matéria) não são utilizadas, ou seja, estudaremos a
b) Juizados Especiais Criminais (Art. 98 da CF) exceção à regra.
Julga as infrações de menor potencial ofensivo, que são: Estabelecida na CF de 88 e nas Constituições Estaduais,
confe às principais autoridades do país a prerrogativa de julga-
▷ Crimes com pena máxima de até 2 anos. mento diretamente perante tribunal. Iremos estudar somente
▷ Todas as contravenções comuns. o foro por prerrogativa de função, previsto na CF.
Ş
ŝ#-ŝŦ
TRF Prefeitos Deputados Estaduais Juiz Federal de 1º grau Membros do MPU que atuam no 1º grau
Têm status de Ministro e, por isso, são julgados pelo STF Súm. 721, STF. A competência constitucional do Tribu-
mesmo sem ser ministro: nal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de
» Presidente do BC. função estabelecido exclusivamente pela Constituição
» Chefe da AGU. Estadual.
» Controlador Geral da União. Foro Privilegiado X Deslocamento
Súm. 208, STJ. Compete à Justiça Federal processar e As autoridades com foro por prerrogativa de função pe-
julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita à rante o TJ ou o TRF, ao praticarem delito fora de seu Estado ou
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
prestação de contas perante órgão Federal. da sua região, serão julgadas no seu tribunal de origem.
Súm. 209, STJ. Compete à Justiça Estadual processar Ex.: Prefeito de São Paulo, durante uma viagem a Bra-
e julgar prefeito por desvio de verba transferida e in- sília, se envolve numa discussão de trânsito e agride
corporada ao patrimônio municipal. outra pessoa fisicamente, praticando o crime de lesão
Prefeitos e Deputados Estaduais, quando cometerem cri- corporal. Sendo assim, ele será julgado pelo Tribunal
mes de natureza federal, são julgados pelo TRF e, ao comete- de Justiça de São Paulo, independente do crime ter
rem crimes de natureza estadual, são julgados pelo TJ. acontecido em outro estado.
As autoridades com foro por prerrogativa de função no TJ
e no TRF, ao praticarem crime eleitoral, são julgados no TRE. Foro Privilegiado X Término do Mandato
Foro Privilegiado X Júri Após a declaração de inconstitucionalidade dos §§ 1º
e 2º do Art. 84 do CPP, o foro por prerrogativa de função
As autoridades cujo foro por prerrogativa de função é defini-
passou a ser interpretado da seguinte forma:
do na CF de 88 não vão a júri, pois serão julgadas no seu tribunal
de origem, entretanto, se o foro privilegiado é definido apenas na Crimes: uma vez encerrado o cargo ou mandato, encerra-
Constituição Estadual, a autoridade irá a júri (Súmula 721 do STF). se o foro por prerrogativa de função ou seja, o processo irá
Ex.: O Presidente da República, caso cometa um homi- para o juiz de primeiro grau. 499
cídio doloso, não irá a júri, porque será julgado pelo STF.
Improbidade Administrativa: não há tramitação peran- A rixa não se caracteriza como exemplo de conexão in-
500 te foro por prerrogativa de função, e a ação deve ser julgada tersubjetiva por reciprocidade, pois ela é crime único e, para
pelo juiz de primeiro grau. conexão, precisamos de ao menos 2 delitos.
Lógica/Teleológica/Finalista
Competência Absoluta X
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
nexo com um comum; haverá separação de processos, pois a ▷ Presunção Homnis: presunção vulgar.
justiça militar não julga crime comum e nem a justiça comum
▷ Presunção Legis: presunção positivada na Lei.
julga crime militar.
» Absoluta: não admite prova em contrário.
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade
de processo e julgamento, salvo: Ex.: Inimputabilidade de menores.
» Relativa: é aquela que admite prova em con-
I. No concurso entre a jurisdição comum e a militar;
trário.
II. No concurso entre a jurisdição comum e a do
Ex.: Buscar provar que uma pessoa que alega insanidade
juízo de menores.
mental e saudável intelectualmente.
§ 1º. Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, Fatos Inúteis: são os fatos irrelevantes à demonstração da
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art 157, CPP. São inadmissíveis, devendo ser desentra- da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada
nhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendi- por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o
das as obtidas em violação a normas constitucionais incidente
ou legais. A mera existência de uma prova ilícita no processo não ne-
» Conceito de provas Ilícitas para a doutrina cessariamente o contamina, pois, havendo outras provas líci-
Nesse caso, as provas ilícitas recebem uma subclassifica- tas absolutamente independentes da ilícita no processo serão
ção: ilícitas e ilegítimas. aproveitadas.
▷ Provas Ilícitas A prova declarada ilícita pelo juiz será desentranhada dos
São as que ofendem o direito material (Código Penal ou le- autos e destruída com a presença facultativa das partes.
gislação penal extravagante) e também aquelas que ofendem Dever de Produzir Provas
os princípios constitucionais penais.
É de responsabilidade das partes, devendo demonstrar
Ex.: Violar uma correspondência para conseguir uma aquilo que alegarem ao longo do processo.
prova.
▷ Acusação
▷ Provas Ilegítimas
» Autoria.
São as provas que ofendem o direito formal, processual,
ou seja, o Código de Processo Penal e a legislação processual » Materialidade.
penal extravagante. Também são aquelas que violam os prin- » Dolo.
cípios constitucionais processuais penais. Por exemplo: laudo » Culpa.
pericial confeccionado somente por um perito não oficial. ▷ Defesa
» Excludente de ilicitude.
Teorias sobre a Utilização das Provas Ilícitas
» Excludente de culpabilidade.
Teoria da proporcionalidade (Razoabilidade): uso da Prova
Ilícita para Defesa do Réu. » Causas de extinção da punibilidade.
Quando uma prova de origem ilícita é apresentada com a Princípio da Busca da Verdade Real
finalidade de defender o réu, o juiz deve aceitá-la, pois entre
O juiz não deve se conformar somente com o que lhe é
a formalidade na produção da prova e o risco de prisão do réu
apresentado pelas partes, devendo, durante o processo, bus-
inocente, o direito fundamental de liberdade deve prevalecer.
car a verdade, procurando reconstruir na audiência o que real-
Teoria dos frutos da Árvore Envenenada (Fruits Of The mente aconteceu, e, para isso, pode até mesmo determinar a
Poisonous Tree): Teoria da Prova Ilícita Por Derivação. produção de provas de ofício.
Art, 157, § 1º, primeira parte. São também inadmissí-
veis as provas derivadas das ilícitas, Prova Emprestada
As provas que decorrem de uma ilícita também estarão É a que, mesmo tendo sido produzida em um processo,
contaminadas, não devendo ser utilizadas no processo. pode servir de prova em outro.
Teoria da descoberta Inevitável: prova originária de fonte Requisitos:
independente. » Mesmas partes em ambos os processos.
§ 1º e 2º, CPP. São também inadmissíveis as provas » Mesmos fatos (o fato deve ser importante para
derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o a demonstração da verdade nas duas ações).
» Respeito ao contraditório (a prova que se pre- Art. 159, § 1º, CPP. Na falta de perito oficial, o exame
tende emprestar deve ter sido produzida sob o será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portado-
crivo do contraditório). ras de diploma de curso superior preferencialmente na
» A prova que se pretende emprestar deve ser lícita. área específica, dentre as que tiverem habilitação téc-
Não é possível o empréstimo probatório do IP para o pro- nica relacionada com a natureza do exame
cesso, pois as provas do IP não passaram pelo contraditório e
pela ampla-defesa, salvo provas antecipadas. Laudo Pericial
O laudo pericial é o instrumento que formaliza a atuação
Sistemas de Avaliação da Prova do perito, apresentando ao juiz a percepção técnica do objeto
periciado.
Sistema do Livre Convencimento Motivado Prazo: 10 dias (prorrogáveis a requerimento do perito e por
O juiz tem ampla liberdade para decidir, podendo utilizar deliberação da autoridade).
provas nominadas ou inominadas, devendo sempre, é claro,
motivar as suas decisões (Art. 93 IX da CF; Art. 155 do CPP). É Art. 160, parágrafo único, CPP. O laudo pericial será
a regra no Brasil. elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo
esse prazo ser prorrogado, em casos excepcionais,
Sistema da Verdade Judicial / Íntima Convicção a requerimento dos peritos.
Por esse sistema, o juiz está livre para decidir e não precisa É admitido que o perito acesse os autos do IP ou do pro-
motivar a sua decisão. cesso, visando assim a uma melhor elaboração do laudo.
Ex.: Júri.
• Conteúdo do Laudo Pericial
Sistema da Verdade da Legislação 1º Preâmbulo
Por esse sistema, o legislador pré-estabelece o valor de
▷ Classificação do Perito.
cada prova e o magistrado funciona como um intérprete em
razão dos limites impostos pela lei. ▷ Indicação do objeto da perícia.
Ex.: A exigência da perícia para demonstrar a existência 2º Esboço do Fato
do crime que deixar vestígios. ▷ É a narração daquilo que os peritos perceberam
sensorialmente.
Provas em Espécies 3º Esboço Crítico
Perícias (Considerações Gerais) ▷ É a aplicação dos conhecimentos técnicos aos fa-
É o meio de prova em que o juiz vai se valer de especialis- tos percebidos sensorialmente.
tas em determinada área do conhecimento humano, pois ele 4º Resposta aos Quesitos
Ş
ŝ#-ŝŦ
é o perito do direito e não de todas as áreas de conhecimento. ▷ São as perguntas que podem ser formuladas pelo
MP, assistente de acusação, ofendido, querelante,
Perito acusado e também pelo juiz e que serão respon-
É o especialista em determinada área do conhecimento hu- didas pelos peritos.
mano que vai auxiliar o juiz por meio de seus saberes técnicos.
O perito deve ter nível superior completo. Art. 159, § 3º, CPP. Serão facultadas ao Ministério
Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao
Art. 159, CPP. O exame de corpo de delito e outras
querelante e ao acusado a formulação de quesitos e
perícias serão realizados por perito oficial, portador de
indicação de assistente técnico.
diploma de curso superior (Lei nº 11.690/2008).
Até o ano de 2008, não era exigido aos peritos o diploma A doutrina majoritária entende que, nas perícias realiza-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
de curso superior, sendo assim, todos os que assumiram seus das durante o IP, a defesa não pode formular quesitos, pois é
cargos por meio de aprovação em concurso público antes da um procedimento inquisitivo, ou seja, não comporta contra-
alteração e não possuem nível superior continuam atuando, ditório nem ampla-defesa.
mas não podem realizar perícia, pois se passou a exigir o nível A lei segue a mesma linha, pois, analisando o Art. 159 na
superior completo na área. íntegra, não encontramos nenhuma hipótese em que seja dis-
Classificação dos Peritos ponibilizado esse direito à defesa.
Oficial: é o perito nomeado por meio de aprovação em con- 5º Autenticação
curso público; ele pode atuar isoladamente. Não precisa prestar ▷ Data e assinatura dos peritos.
o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo 6º Divergência entre os Peritos
toda vez que atua, pois já o fez quando entrou em exercício. ▷ Caso a perícia seja realizada por mais de um perito,
Art. 159, § 2º, CPP. Os peritos não oficiais prestarão o com- e possível que eles tenham conclusões conflitantes,
promisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. e, quando isso acontecer, poderão realizar laudos
Não Oficial/Juramento: é a pessoa comum, portadora individuais ou confeccionar um único laudo, porém,
de diploma de nível superior, que é convocada a atuar como devem deixar claros os motivos da divergência. Caso
perito e compromissada a desempenhar esse encargo. Devem isso aconteça, o juiz poderá resolver a celeuma da 503
atuar em conjunto, ou seja, ao menos dois. seguinte forma:
» Nomear um 3º perito para solucionar a di- Quem pode autorizar:
504 vergência. ▷ Juiz.
» Determinar uma nova perícia com a intervenção ▷ Delegado.
de outros peritos.
Art. 180, CPP. Se houver divergência entre os peritos, Exame Complementar de Lesão Corporal
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
serão consignadas no auto do exame as declarações e É a perícia que visa a atestar a lesão corporal, podendo ser
respostas de um e de outro, ou cada um redigirá se- complementada em duas situações:
paradamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um ▷ Para atestar a real gravidade da lesão em razão da
terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade pode- alteração do estado de saúde da vítima.
rá mandar proceder a novo exame por outros peritos. Ex.: Quando uma vítima de lesão corporal tem um
Sistema de Apreciação do Laudo membro do corpo debilitado permanentemente em
▷ O Brasil adota o sistema LIBERATÓRIO de apreciação virtude dessa lesão, isso indica um crime de lesão
do laudo, o que significa que o juiz é livre para deci- corporal grave, porém, com o passar de algum tempo,
dir, podendo até mesmo contrariar a decisão, desde dessa mesma lesão resulta a amputação do mesmo
que de forma motivada. membro, muda-se a tipificação do crime para lesão
Art. 182, CPP. O juiz não ficará adstrito ao laudo, po- corporal gravíssima. Sendo assim, o exame é funda-
dendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. mental para que ocorra o aumento de pena, conforme
previsto no art. 129 do CP.
Exame de Corpo Delito ▷ No crime de Lesão Corporal Grave por impossibi-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Por ser um meio de defesa, oportunizar o interrogatório é o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as
obrigatório sob pena de nulidade absoluta. suas declarações.
Procedimento Se o intimado para esse fim deixar de comparecer sem
motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da
Direito de Entrevista Preliminar Reservada autoridade e ainda responderá criminalmente por desobe-
O réu tem o direito de ser orientado previamente pelo diência.
seu advogado, na expectativa de que tome conhecimento do
que está por vir e de como se comportar durante a audiência. Direitos do Ofendido
Art. 185, § 5º, CPP. Em qualquer modalidade de inter- O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos
rogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevis- ao ingresso e à saída do acusado da prisão; à designação de
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
ta prévia e reservada com o seu defensor; se realizado data para audiência; e à sentença e respectivos acórdãos que a
por videoconferência, fica também garantido o aces- mantenham ou modifiquem.
so a canais telefônicos reservados para comunicação As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no ende-
entre o defensor que esteja no presídio e o advogado reço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o
presente na sala de audiência do Fórum, e entre este uso de meio eletrônico.
e o preso. Antes do início da audiência e durante a sua realização, será
Presença do Advogado no Interrogatório reservado espaço separado para o ofendido. Se o juiz entender
▷ Obrigatório. necessário, poderá encaminhá-lo para atendimento multidisci-
▷ Nulidade absoluta (Súmula 523 do STF). plinar, especialmente nas áreas: psicossocial, de assistência jurí-
dica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado.
Interrogatório do Réu Preso O juiz tomará as providências necessárias à preservação
▷ Ida do Juiz ao estabelecimento prisional (é a regra) da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, po-
Art. 185, § 1º, CPP. O interrogatório do réu preso será dendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação
realizado, em sala própria, no estabelecimento em aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos
que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de 505
segurança do juiz, do membro do Ministério Público e comunicação.
Testemunha » Atividade de assistência social.
506 » Advogados.
É a pessoa que percebeu sensorialmente (por meio dos
sentidos: visão, audição, tato etc.) o fato apurado no processo. » Médicos.
Ela vai prestar declarações sobre essa situação ou sobre algum » Tutores.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
por escrito e o juiz deve lhes encaminhar as perguntas previa- poderá testemunhar nem a favor nem contra
mente: os demais.
» Presidente da República. » Deputados e Senadores: essas autoridades não
estão obrigadas a funcionar como testemunha
» Vice-Presidente.
em razão de fatos que tomaram conhecimento
» Presidente do Senado. durante o desempenho das funções.
» Presidente da Câmara dos Deputados.
» Presidente do STF. Número de Testemunhas
Art. 204, CPP. O depoimento será prestado oralmente, ▷ Procedimento comum ordinário: 8 testemunhas.
não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito. ▷ Procedimento comum sumário: 5 testemunhas.
Art. 221, § 1º, CPP. O Presidente e o Vice-Presidente da ▷ Procedimento sumaríssimo: 3 testemunhas.
República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara ▷ 2ª fase do júri: 5 testemunhas.
dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão
optar pela prestação de depoimento por escrito, caso Classificação das Testemunhas
em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferi- ▷ Numerárias
das pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. São aquelas que integram o número legal (conforme es-
Basta lembrarmo-nos das hipóteses de sucessão presiden- tudado acima);, elas têm o compromisso de dizer a verdade.
cial que não mais nos esqueceremos quem são as autoridades ▷ Extranumerárias
que poderão prestar suas declarações por escrito. Não integram o número legal, mas também têm o compro-
Recusas misso de dizer a verdade.
▷ Informantes
Toda pessoa poderá ser testemunha, que não poderá eximir-
se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê- São as pessoas que não prestam compromisso (Art. 208,
CPP. Não se deferirá o compromisso a que alude o Art. 203 aos
-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge,
doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze)
ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do
anos, nem às pessoas a que se refere o Art. 206.). São elas:
acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se
ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. » Parentes do réu.
Caso esses parentes do réu sejam a única fonte de prova, en- » Menores de 14 anos.
tão, serão obrigados a figurar como testemunha, não podendo » Loucos.
exercer a recusa, porém não serão obrigadas a dizer a verdade. ▷ Testemunha da coroa
De acordo com a lei, que disciplina o combate ao crime
Impedimentos organizado, os agentes de polícia poderão atuar infiltrados em
Algumas pessoas, devido à função, ministério, ofício ou organização criminosa por decisão judicial motivada, e, caso
profissão exercida na sociedade, estarão impedidas por lei de presenciem um crime, poderão funcionar como testemunha.
funcionar como testemunha, devendo guardar segredo dos fa- ▷ Testemunha direta
tos que tomam conhecimento. São elas: É a testemunha que presta declaração sobre o fato princi-
▷ Pessoas que exercem Ministério: pal da causa, sem que tenha havido nenhum tipo de interfe-
» Atividade religiosa. rência na formação da sua percepção.
▷ Testemunha indireta substituição do funcionário no dia da sua ausência, em home-
É aquela que não teve uma percepção sensorial do fato, e nagem ao princípio da continuidade do serviço público.
sim acidental, ou seja, é que ouviu dizer alguma coisa da si- Já o militar será convocado por meio do seu superior,
tuação. em respeito à hierarquia e para evitar que o oficial de jus-
▷ Testemunha própria tiça transite no quartel, respeitando-se a respectiva invio-
É aquela que presta declaração sobre o fato a ser provado. labilidade do quartel.
▷ Testemunha imprópria / instrumentária / Federa- Art. 221, §§ 2º e 3º, CPP. Os militares deverão ser
tiva requisitados à autoridade superior. Aos funcionários
É a que concede declaração sobre um ato da persecução públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218, deven-
penal. do, porém, a expedição do mandado ser imediata-
Ex.: Testemunha instrumental da prisão em flagrante. mente comunicada ao chefe da repartição em que
▷ Laudador / testemunha de beatificação servirem, com indicação do dia e da hora marcados.
É a testemunha que presta declaração sobre os anteceden- Reconhecimento de Pessoas e Objetos
tes do réu.
É o meio de prova que tem por finalidade identificar se de-
Deveres da Testemunha terminada pessoa ou objeto teve algum tipo de ligação com o
Comparecer: o não comparecimento acarretará: crime apurado no processo. Sendo assim, alguém que já tenha
visto uma coisa ou outra será chamado a identificá-lo.
» Condução coercitiva.
» Pagamento de multa. Reconhecimento de Pessoas
» Pagar as custas da diligência. Por meio deste expediente, busca-se identificar não so-
» Responsabilidade criminal por desobediência. mente o infrator, mas, em alguns casos, até mesmo a vítima
Art. 218, CPP. Se, regularmente intimada, a testemu- e as testemunhas
nha deixar de comparecer sem motivo justificado, Procedimento
o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua Art. 226, I, CPP. a pessoa que tiver de fazer o reconhe-
apresentação ou determinar que seja conduzida por cimento será convidada a descrever a pessoa que deva
oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da for- ser reconhecida;
ça pública.
Art. 226, II, CPP. a pessoa, cujo reconhecimento se
Art. 219, CPP. O juiz poderá aplicar à testemunha falto- pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras
sa a multa prevista no art. 453, sem prejuízo do proces- que com ela tiverem qualquer semelhança, convidan-
so penal por crime de desobediência, e condená-la ao do-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apon-
Ş
ŝ#-ŝŦ
pagamento das custas da diligência. tá-la;
▷ Dizer a Verdade Reconhecimento de Objetos
» Dizer a verdade. Se for necessário proceder ao reconhecimento de objetos
» Não calar a verdade. que tenham algum tipo de vínculo com o crime, se adotará o
mesmo procedimento realizado para reconhecer uma pessoa
» Não negar a verdade. (Art. 227, CPP. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á
Caso a testemunha não cumpra com o compromisso, co- com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for
meterá o crime de Falso Testemunho. aplicável.).
▷ Informar sobre qualquer mudança de endereço no
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
É possível o reconhecimento de pessoas tanto por fotogra-
prazo de um ano a contar da data que a testemunha fias como também pela voz (modalidade de provas inominadas).
foi ouvida.
Se a testemunha não informar sua mudança de endereço
Acareação
e for convocada novamente pela autoridade, será considerada É o meio de prova que tem por finalidade esclarecer diver-
testemunha faltante e, assim, sofrerá todas as consequências gências nas declarações de qualquer cidadão sobre fatos ou
por sua falta: condução coercitiva, pagar as custas da diligên- circunstâncias relevantes. A acareação pode se dar tanto entre
cia, pagar multa, e ainda será responsabilizada criminalmente acusados, acusado e testemunha, etc.
por desobediência. Art. 229, CPP. A acareação será admitida entre acusa-
Art. 224, CPP. As testemunhas comunicarão ao juiz, dos, entre acusado e testemunha, entre testemunhas,
dentro de um ano, qualquer mudança de residência, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e
sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem,
comparecimento. em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias re-
levantes.
Funcionários Públicos e Militares Natureza: meio de prova.
Deve o oficial de justiça notificar o respectivo funcioná- Pressupostos: divergência substancial sobre fato ou circuns- 507
rio público e o chefe da repartição para que ele providencie a tância relevante, prestada previamente pelos confrontantes.
Procedimento: os acareados serão convocados à pre- Dos Indícios
508 sença da autoridade (juiz ou delegado). Na sequência,
serão provocados pela autoridade a mudar ou ratificar o Art. 239, CPP. Considera-se indício a circunstância
depoimento anteriormente prestado.
conhecida e provada, que, tendo relação com o fato,
Documentos autorize, por indução, concluir-se a existência de outra
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
ou outras circunstâncias.
É o papel ou meio digital, fotográfico, etc, que tem por fi-
Ex.: Alguém passeia pela rua e se depara com uma
nalidade transmitir uma informação.
pessoa com a roupa suja de sangue e uma faca na
Classificação mão. Essa pessoa passa pela outra correndo e, após
alguns metros, encontra um cidadão caído no chão
Instrumento com várias facadas no corpo. Pode-se concluir, logi-
É o documento produzido com a finalidade de provar algo.
camente, que aquela primeira que passou com a faca
Ex.: Um comprovante de pagamento, declaração do IR.
cometeu a agressão, mesmo que não se tenha visto o
Documentos Eventuais crime acontecer.
Não possuem a finalidade de provar nada, mas, excepcio- Indício negativo: É aquele que contradiz a conclusão ex-
nalmente, podem funcionar como prova. traída, ou seja, é o álibi.
Ex.: Uma foto familiar.
Documentos Originais Busca e Apreensão
São aqueles produzidos na fonte. Busca: é a procura de uma determinada pessoa ou de um
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Quanto às correspondências, devemos analisar os seguin-
tes aspectos: As hipóteses de impedimento são descritas taxativamente
no Art. 252 do CPP. São elas:
Correspondência aberta: comporta a medida.
Correspondência fechada: não comporta a medida (Art. I. Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, con-
5º, XII da CF). sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o
O STF entende que a correspondência fechada do preso terceiro grau, inclusive, como defensor ou advoga-
pode ser fiscalizada pela administração penitenciária, pois o do, órgão do Ministério Público, autoridade policial,
direito a intimidade não pode ser usado para a prática de cri- auxiliar da justiça ou perito.
mes por quem está preso. II. Ele próprio houver desempenhado qualquer
dessas funções ou servido como testemunha.
7. Do Juiz, do Ministério Público, do
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ministério Público do
I. Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer
Ministério Trabalho
deles.
Público Estadual
II. Se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, Ministério Público Militar
estiverem respondendo a processo por fato análogo,
sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. Ministério Público do DF
III. Se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou
afim até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda Acusado (Réu ou Querelado)
ou responder a processo que tenha de ser julgado por É parte no processo penal, está no polo passivo da ação
qualquer das partes. penal, assim sendo, é a pessoa denunciada. Possui interesse
IV. Se tiver aconselhado qualquer das partes. na demonstração da inocência e, por isso, não tem obrigação
de colaborar com a acusação, pois não é obrigado a produzir
V. Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qual-
provas contra si mesmo, mas a confissão é aceita, desde que
quer das partes. balizada em outras provas.
VI. Se for sócio, acionista ou administrador de socie- Ao acusado é garantido o direito de ser assistido por defe-
Ş
ŝ#-ŝŦ
dade interessada no processo. sa técnica (também é um dever a defesa técnica para o deslin-
O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco de do processo e a ausência de defesa é hipótese de nulidade
por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe absoluta do processo); mesmo que o acusado seja fugitivo da
tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas ainda justiça, tal direito é garantido.
que dissolvido sem descendentes, não funcionará como juiz o Caso o acusado seja pobre e não tenha condições de cons-
sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for tituir advogado, a defesa será feita por defensor dativo ou pela
parte no processo. defensoria pública.
Por dissolução do casamento entende-se o divórcio, pois O CPP, em seu Art. 262, fala que o acusado menor será
em caso de separação judicial, enquanto não for julgado o di- acompanhado por curador. É importante ressaltar, nesse caso,
vórcio, haverá impedimento. que não existe mais a figura do acusado menor (pessoa entre
Caso a parte gere a suspeição supervenientemente ao processo, 18 e 21 anos de idade), uma vez que o Código Civil declara que
motivada por má-fé e com a única intenção de protelar o julgamen- o maior de 18 anos é plenamente capaz, o que não acontecia
to, a suspeição não será reconhecida. Seria, por exemplo, o caso de na época da redação do Código de Processo Penal.
uma das partes ofender o juiz fora do julgamento e até mesmo do Defensor
fórum e alegar depois que entre a parte e o juiz existe inimizade.
Tal fato não é caracterizado suspeição, pois ela deve existir antes do Não é parte no processo, mas o representante do acusado
julgamento e como decorrência natural das relações humanas, não e sua atuação deve ser intencionada a garantir a decisão mais
favorável ao seu cliente, ou seja, caso este seja culpado do fato
por má-fé para garantir um estado de ilegalidade.
imputado, o advogado deve lutar pela pena mais branda. Se
Ministério Público for inocente, deve pleitear a absolvição.
A ausência de defesa é hipótese de nulidade absoluta, as-
O promotor é sujeito e parte imparcial no processo, por- sim sendo, o CPP admite que, quando o advogado não puder
que, apesar de ser o responsável pela promoção da ação, sua comparecer, por motivo justificado, a audiência poderá ser re-
conduta não pode ser balizada pela relação com as partes ou marcada, mas, nesse caso, cabe ao advogado provar a causa
com a causa, mas pela promoção da justiça, que é sempre o justificadora de sua ausência.
objetivo da atuação do membro do parquet.
O MP é o titular da ação penal pública e o fiscal da privada. Nomeação do Advogado
As hipóteses de impedimento ou suspeição dos membros O advogado pode ser nomeado por instrumento de man-
do Ministério Público são as mesmas estudadas anteriormente dato ou de termo de audiência, quando for indicado no curso
que podem ser imputadas aos juízes, ou seja, o rol de impedi- do interrogatório.
mentos vem descrito no Art. 252 e o de suspeições no Art. 254. Caso o advogado seja parente do juiz ou do promotor,
estaremos diante de hipótese de impedimento.
Classificação do Ministério Público
O MP é dividido em MP Estadual e MP da União, e fazem Assistente
parte do MPU os seguintes órgãos: Ministério Público Federal Assistente é o ofendido ou seu representante legal, ou seja,
(também desempenha a função de Ministério Público Eleito- a vítima do fato criminoso, pode ser pessoa física ou jurídica,
ral), Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e basta, para isso, que seja a vítima da ação criminosa.
Ministério Público do DF. Tem o objetivo de auxiliar o MP na acusação.
▷ Ao assistente são garantidas as seguintes prerro- são aqueles que, não sendo indispensáveis à existência da re-
gativas: lação processual, nela intervêm de alguma forma.
» Propor meios de prova. Os principais são o juiz, o autor (que pode ser o Ministério
» Requerer perguntas às testemunhas. Público ou o ofendido) e o acusado. Os acessórios ou colaterais
» Aditar o libelo e os articulados. são o assistente, os auxiliares da justiça e os terceiros, interes-
» Participar do debate oral. sados ou não, que atuam no processo.
» Arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério
Público ou por ele próprio. 8. Da Prisão, das Medidas Cautelares
O MP será sempre previamente ouvido quando o juiz tiver
que decidir pela participação do ofendido como assistente, bem
e da Liberdade Provisória
como quando o juiz for decidir quanto à produção de provas so- O que é Prisão?
licitadas pelo assistente. Caso ele não admita este, é vedada a
É uma restrição à liberdade de ir e vir (liberdade ambula-
utilização de quaisquer recursos para impugnar a decisão.
torial ou de locomoção), por meio do recolhimento ao cárcere.
Funcionários da Justiça Constitucionalidade das Prisões
São os servidores públicos que atuam no poder judiciário. Art. 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
As hipóteses de suspeição dos juízes se estendem aos fun- grante delito ou por ordem escrita e fundamentada
cionários da justiça no que lhes for aplicável. de autoridade judiciária competente, salvo nos casos
de transgressão militar ou crimes propriamente mili-
Peritos e Intérpretes tares definidos em lei.
Assim sendo, exceto nas transgressões militares, a prisão
Peritos só ocorrerá, em regra, por ordem escrita e fundamentada do
Perito é o especialista em determinada área do conheci- juiz competente e, excepcionalmente, nos casos de flagrante
mento humano que atua como auxiliar da administração da delito. Somente o juiz pode decretar a prisão de alguém e mais
justiça. Tem a incumbência de produzir laudos periciais dentro nenhuma outra autoridade.
da sua área de conhecimento para contribuir na busca da ver-
dade real, que é o objetivo do processo penal. Princípio da Presunção de Inocência
Classificação Durante a Prisão Cautelar
Os peritos são classificados em oficiais e não oficiais, Art. 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até
conforme visto no capítulo pertinente às provas. o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Impedimentos Com base nessa norma, o STF consagrou o entendimento
▷ Não poderão funcionar como peritos no processo as se- de que o princípio da presunção de inocência se estende até
guintes pessoas: a sentença condenatória transitar em julgado, e, antes desse
» Sujeitas à pena restritiva de direitos impeditivas do marco, a prisão é exceção que só se justifica naquelas situa-
cargo, emprego ou função pública. ções expressamente consagradas em lei.
» Os que tiverem prestado depoimento no processo
ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia. Modalidades de Prisão
» Os analfabetos e os menores de 21 anos. Prisão Pena: é aquela que decorre do trânsito em julgado
Suspeição de uma sentença condenatória. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
São as mesmas hipóteses aplicadas ao juiz (Art. 254 do CPP). Prisão sem pena (Processual / Provisória / Cautelar): é
modalidade de prisão cabível à persecução penal, ou seja, du-
Intérprete rante o inquérito policial e também durante o processo penal, e
É a pessoa especialista em idiomas ou linguagens (exemplo: antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
libras) que vai intermediar as partes quando for necessário. ▷ Prisão em Flagrante.
É espécie de perito e, assim sendo, todos as regras acima ▷ Prisão Preventiva.
estudadas quanto aos peritos são aplicadas a eles.
▷ Prisão Temporária.
Atos de Terceiros ▷ Prisão por Pronúncia.
Fala-se, assim, em partes parciais — demandante e de- ▷ Prisão por sentença recorrível.
mandado — e parte imparcial — o juiz. Demandante é aquele
que deduz em juízo uma pretensão, ao passo que demandado Principais Prisões Disciplinares/
é aquele em face de quem a pretensão é deduzida. Administrativas
Os sujeitos processuais subdividem-se em principais e
acessórios (ou colaterais). Por principais entendem-se aqueles Prisão em Flagrante
cuja ausência torna impossível a existência ou a complemen- É a prisão cautelar de natureza administrativa que fun- 511
tação da relação jurídica processual; acessórios, por exclusão, ciona como ferramenta de preservação social, autorizando
a captura daquele que é surpreendido no instante em que e foge, sem ser preso no local, fazendo com que se inicie uma
512 pratica ou termina de concluir a infração penal. Caracte- perseguição, seja pela polícia, pela vítima ou por terceiro.
riza-se pela imediatidade entre o crime e a prisão. Essa Ex.: O agente dispara vários tiros de arma de fogo contra
modalidade de prisão comporta várias delas, e, a seguir, a vítima, sai da casa desta com a arma na mão e logo
exemplificaremos cada hipótese de flagrante, conforme o após é visto pela polícia que estava de patrulha na região.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
que vem sendo cobrado nos principais concursos do país. Inicia-se, então, uma perseguição que acaba resultando
Modalidades de Flagrante na prisão do agente.
Art. 301, III, CP. Considera-se em flagrante delito quem:
Existem várias modalidades de flagrantes; elas são es-
tabelecidas nas leis, nas doutrinas e também na jurispru- III. É perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
dência. A seguir, veremos cada uma delas: ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
Flagrante Obrigatório ou Compulsório presumir ser autor da infração.
É o flagrante imposto pela lei às forças policiais (polícia Notas quanto à Perseguição:
militar e civil), ou seja, é um dever funcional do policial a rea- Tanto a polícia quanto qualquer pessoa do povo podem
lização da prisão em flagrante sempre que necessário, e, caso prender alguém em flagrante. Sendo assim, será caracterizada
o policial não cumpra com o seu dever, ele é responsabilizado a perseguição quando o perseguidor, por informação própria
tanto na esfera criminal quanto na administrativa. ou de terceiro, logo após o crime, descobrir que o criminoso
Art. 301 do CPP. Qualquer do povo poderá e as autorida- partiu em determinada direção e, a partir daí, seguir em seu
des policiais e seus agentes deverão prender quem quer encalço.
que seja encontrado em flagrante delito. Não há prazo pré-fixado em lei. A perseguição se estende
pelo tempo que for necessária, mesmo que não exista contato
Ş
ŝ#-ŝŦ
Flagrante Facultativo
visual. Ela não pode ser interrompida; existe um mito quanto a
É a possibilidade da realização da prisão em flagrante por
um prazo para a perseguição, que seria de 24 horas.
qualquer do povo, pois a lei nos traz que, enquanto as forças
policiais têm a obrigação de prender em flagrante, aquele Esse prazo não existe e a perseguição pode durar o tempo
pode realizar a prisão em flagrante. Quando uma pessoa co- que for necessária, como exemplo, um mês, um ano. Ela só não
mum do povo a realiza, ela está amparada pelo excludente de pode ser interrompida.
ilicitude denominado exercício regular de direito. Parte da doutrina entende que a invasão domiciliar só se
Art. 301 do CPP. Qualquer do povo poderá e as autori- justifica no flagrante próprio, sendo assim, em qualquer out-
dades policiais e seus agentes deverão prender quem ra modalidade de flagrante, incluindo esta, não poderá haver
quer que seja encontrado em flagrante delito. invasão domiciliar para realizar a prisão. Também adota essa
Flagrante Próprio (Real / Perfeito / Propriamente dito) posição a Polícia Federal (instrução normativa 1/92 publica-
da no Diário Oficial da União, do Diretor do Departamento de
Tem cabimento em duas hipóteses:
Polícia Federal):
▷ Quando o agente está cometendo o delito, ou seja,
Art. 73. A autoridade policial somente procederá à
está em plena prática dos atos executórios.
busca domiciliar sem mandado judicial quando houver
Ex.: O agente saca uma faca e parte na direção de outra
consentimento espontâneo do morador ou quando ti-
pessoa na tentativa de produzir lesões corporais, entre-
tanto, antes que consiga ter sucesso é surpreendido pela ver certeza da situação de flagrância. (...) 73.2: Na se-
polícia ou por terceiro que lhe domina e lhe dá a voz de gunda hipótese, é imprescindível ter-se certeza de que
prisão. o delito está sendo praticado naquele momento.
▷ Acaba de cometer o delito, isto é, o agente terminou Flagrante Presumido (Ficto ou Assimilado)
de concluir a prática da infração penal, ficando evi- O criminoso é encontrado, logo depois de praticar o crime,
dente que é o autor do crime. Apesar do delito já ter com objetos, armas ou papéis que faça presumir ser ele o autor
se consumado, o agente ainda continua no local do do delito. Nesse caso, não há perseguição.
crime, e por isso pode ser preso. Caso o autor con- Ex.: É o que acontece com frequência nos crimes patri-
siga sair do de lá, o flagrante não será mais próprio. moniais, quando a vítima comunica à polícia a ocorrência
Ex.: O agente saca uma faca e parte na direção de outra de um roubo e a viatura sai pelas ruas próximas do bair-
pessoa na tentativa de produzir um homicídio; consegue, ro à procura do objeto subtraído, por exemplo. Então, o
então, desferir os golpes e provocar a morte da vítima. criminoso é encontrado de posse do bem logo após e a
Imediatamente a isso e antes de conseguir empreender polícia lhe dá voz de prisão.
fuga, o assassino é surpreendido ainda no local do crime Art. 301, IV, CPP. Considera-se em flagrante delito
pela polícia ou por terceiros e é preso. quem:
Art. 302, I e II, CPP. Considera-se em flagrante delito IV. É encontrado, logo depois, com instrumentos,
quem: armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
I. Está cometendo a infração penal; ele autor da infração.
II. Acaba de cometê-la; Flagrante Forjado
Flagrante Impróprio (Irreal / Imperfeito / Quase Flagrante) É o flagrante realizado para incriminar um inocente. A pri-
É a espécie de flagrante que ocorre quando o criminoso são é ilegal e o forjador irá responder criminalmente por de-
conclui o crime ou é interrompido pela chegada de terceiros nunciação caluniosa (Art. 339 do CP). E, caso o forjador seja
um funcionário público, além da denunciação caluniosa, res- II. A não atuação policial sobre os portadores de
ponde também por Abuso de Autoridade. drogas, seus precursores químicos ou outros pro-
Ex.: Alguém coloca na mochila de outra pessoa certa dutos utilizados em sua produção, que se encon-
quantidade de entorpecente, para, abordando-o depois, trem no território brasileiro, com a finalidade de
conseguir dar voz de prisão em flagrante por transportar identificar e responsabilizar maior número de inte-
ou portar a droga. grantes de operações de tráfico e distribuição, sem
Flagrante Esperado prejuízo da ação penal cabível.
Ocorre quando a polícia toma conhecimento da possibi- Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo,
lidade da ocorrência de um crime, então, fica em campana, a autorização será concedida desde que sejam conhe-
aguardando que se iniciem os primeiros atos executórios, na cidos o itinerário provável e a identificação dos agentes
expectativa de concretizar a captura. Devido à falta de previ- do delito ou de colaboradores.
são legal do flagrante esperado, quando a tomada se concre- Dentre as modalidades de flagrante aqui estudadas, é im-
tiza, ele se transforma em flagrante próprio, sendo assim, essa portante ressaltar que estão previstos, no Código de Processo
é uma modalidade viável para autorizar a prisão em flagrante. Penal, somente os flagrantes facultativo, obrigatório, próprio,
No flagrante esperado, a polícia em nada contribui com a impróprio e presumido.
prática do delito, ela simplesmente toma conhecimento do cri- Os flagrantes esperado, preparado e forjado são construções
me que está por vir e aguarda o delito acontecer para realizar doutrinárias que caem com frequência em concursos públicos,
a prisão. Não confundir com o flagrante preparado. conforme você poderá ver nos exercícios no final do capítulo.
Flagrante Preparado (Provocado / Delito Putativo por O postergado não vem no Código Penal, mas tem previsão
Obra do Agente Provocador) legal na lei que trata do crime organizado e também na Lei de
Ocorre quando o agente provocador (em regra, a polí- Tráfico de Drogas.
cia, podendo também ser terceiro) induz ou instiga alguém
a cometer um crime. Não é admitido no Brasil, a prisão é Procedimento
ilegal, e o fato praticado não constitui crime, pois o é atípi- Captura: é a restrição ao direito de locomoção que ocorre
co, sendo a consumação da ação impossível, haja vista que, imediatamente ao crime.
durante os atos executórios, haverá a prisão. Condução Coercitiva: é a apresentação do capturado à
Súm. 145, STF. Não há crime, quando a preparação do autoridade policial.
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. Formalização da Prisão: ocorre por meio da lavratura do
Flagrante Postergado (Diferido / Estratégico / Ação Controlada) auto de prisão em flagrante.
Caracteriza-se pela possibilidade que a polícia (e somente Recolhimento à Prisão: lavratura do Auto de Prisão em
ela) tem de retardar a prisão em flagrante, na expectativa de Flagrante.
Ş
ŝ#-ŝŦ
realizá-lo num momento mais adequado para a colheita de Formalização
provas, para a captura do maior número de infratores e tam- Observação quanto aos sujeitos envolvidos na Formal-
bém a fim de conseguir o enquadramento no delito principal ização:
da facção criminosa. Ele é possível:
» Condutor: quem captura o criminoso e o leva à
No Art. 2º caput e inciso II da Lei nº 9.034/95 – Crime Or- autoridade policial.
ganizado
» Conduzido: é o capturado.
Art. 2º. Em qualquer fase de persecução criminal, são
» Delegado: é a autoridade que vai presidir a
permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os se-
lavratura do auto de prisão em flagrante.
guintes procedimentos de investigação e formação de
A autoridade que vai presidir a lavratura do auto é o dele-
provas:
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
gado do local da prisão, e, caso não tenha um, o auto de prisão
II. A ação controlada, que consiste em retardar a em flagrante será lavrado no local mais próximo onde haja
interdição policial do que se supõe ação praticada delegado.
por organizações criminosas ou a ela vinculado,
Art. 308, CPP. Não havendo autoridade no lugar em
desde que mantida sob observação e acompanha-
que se tiver efetuada a prisão, o preso será logo apre-
mento para que a medida legal se concretize no
sentado à do lugar mais próximo.
momento mais eficaz do ponto de vista da forma-
É possível que o juiz presida a lavratura do auto de prisão
ção de provas e fornecimento de informações.
em flagrante caso:
Art. 53, Lei nº 11.343/06. Tráfico de Drogas
▷ O crime seja praticado contra ele.
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal re-
lativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, ▷ O crime seja realizado na presença dele.
além dos previstos em lei, mediante autorização judi- É imprescindível que o juiz esteja no seu exercício funcional.
cial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedi- Art. 307, CPP. Quando o fato for praticado em presen-
mentos investigatórios: ça da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas
I. A infiltração por agentes de polícia, em tarefas de funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz
investigação, constituída pelos órgãos especializa- de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoi- 513
dos pertinentes; mentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela
autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido são em flagrante será assinado por duas testemunhas,
514 imediatamente ao juiz a quem couber tomar conheci- que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
mento do fato delituoso, se não o for a autoridade que Art. 304, § 4o, CPP. Da lavratura do auto de prisão em
houver presidido o auto. flagrante deverá constar a informação sobre a existên-
cia de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
cópia do termo e recibo de entrega do preso. Art. 304, § 1º, primeira parte. Resultando das respos-
tas fundada a suspeita contra o conduzido, a autorida-
• Oitiva das Testemunhas de mandará recolhê-lo à prisão.
Devem ser ouvidas ao menos duas testemunhas, as quais
são chamadas de numerárias, porque elas têm conhecimento • Comunicação da prisão
do fato ocorrido: A prisão de qualquer pessoa deve ser comunicada imedia-
» Serão colhidas suas declarações e reduzidas a tamente ao:
termo; » Juiz competente;
» Na sequência, serão recolhidas suas assinaturas; » MP;
» As testemunhas serão dispensadas. » Família do preso à pessoa por ele indicada.
Art. 304, CPP, segunda parte e parte final. Em segui- Art. 306, CPP. A prisão de qualquer pessoa e o local
da, procederá à oitiva das testemunhas que o acom- onde se encontre serão comunicados imediatamente
panharem colhendo, após cada oitiva, suas respectivas ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do
assinaturas. preso ou à pessoa por ele indicada.
Art. 304, § 2º, CPP. A falta de testemunhas da infração Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da pri-
não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nes- são, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão
se caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu
duas pessoas que hajam testemunhado a apresenta- advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
ção do preso à autoridade. Art. 306, § 1º, CPP. Em até 24 (vinte e quatro) horas
Qualquer um pode ser uma testemunha instrumental, in- após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz
clusive o delegado de polícia, pois, segundo o STJ, quem esco- competente o auto de prisão em flagrante e, caso o
lhe aquela não é a autoridade, é o destino. autuado não informe o nome de seu advogado, cópia
integral para a Defensoria Pública.
• Oitiva do Conduzido
Art. 306, § 2º, CPP. No mesmo prazo, será entregue
Ao preso será informado o direito ao silêncio e também o ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada
de assistência, ou seja, de comunicar alguém da sua escolha
pela autoridade que lavrou o auto, com o motivo da
que ele está preso.
prisão, o nome do condutor e os das testemunhas,
Fundamentação legal:
com o objeto de materializar a regra constitucional
Art. 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direi- abaixo exposta.
tos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
Art. 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
assegurada a assistência da família e de advogado.
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interroga-
As declarações prestadas serão reduzidas a termo, ou
tório policial.
seja, a escrito e o conduzido irá assinar as suas declara-
ções. Caso o preso não saiba assinar, não queira ou não Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá
possa, a falta da sua assinatura será sanada com a utiliza- fundamentadamente:
ção de duas testemunhas. » Relaxar a prisão ilegal.
Art. 304, § 3º, CPP. Quando o acusado se recusar a » Converter a prisão em flagrante em preventiva,
assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de pri- quando cabível.
» Quando a prisão for legal, mas não for cabível a no momento da captura. O entendimento prevalente é de que
sua conversão em prisão preventiva, será então não cabe flagrante.
concedida a liberdade provisória, com ou sem
fiança. Prisão Preventiva
Quando o crime acontecer amparado por um excludente É a medida cautelar de constrição da liberdade pessoal,
de ilicitude e o agente aceitar comparecer a todos os atos cabível durante toda a persecução penal (IP + processo),
processuais para que for convocado, o juiz poderá também decretada pelo juiz ex officio no curso da ação penal, ou
a requerimento do MP, do querelante, do assistente ou por
conceder a liberdade provisória.
representação da autoridade policial. Não tem prazo e se jus-
• Prazo tifica na presença dos requisitos estabelecidos nos Art. 312 e
A lei não fala nada quanto ao prazo da prisão em flagran- 313 do CPP.
te, entretanto, com a alteração sofrida recentemente pelo CPP, Requisitos
subentende-se que agora ela tem a duração de 24 horas, pois
» Fumus commissi delicti (fumaça da prática do
esse é o prazo que o juiz tem para analisá-la e, conforme for o crime): prova da materialidade e indícios de
caso, relaxá-la, convertê-la em prisão preventiva ou conceder autoria.
a liberdade provisória. » Periculum libertatis (perigo da liberdade): são as
Se a prisão em flagrante se estender por mais de 24 hipóteses de decretação da prisão preventiva:
horas, ela se tornará ilegal e deverá ser relaxada. Garantia da ordem pública: objetiva evitar que o agente
Caso um militar seja preso em flagrante, após a lavratu- continue a delinquir. Só pode ser aplicada quando, provavel-
ra do auto de prisão em flagrante, ele deverá ser conduzido a mente, se possa concluir isso por meio dos seus antecedentes
uma prisão militar. ou modo de vida.
Art. 300, parágro único, CPP. O militar preso em fla- Não justifica a decretação da prisão preventiva com base na
grante delito, após a lavratura dos procedimentos le- garantia da ordem pública visando a proteger a integridade fí-
gais, será recolhido a quartel da instituição a que per- sica do indiciado ou réu, tampouco com base no clamor social.
tencer, onde ficará preso à disposição das autoridades Garantia da ordem econômica: o objetivo é evitar a prá-
competentes. tica de novos delitos contra a ordem econômica.
Análise da Prisão em Flagrante em Al- Garantia da instrução criminal: é a prisão que tem por ob-
guns Casos Específicos jetivo garantir a livre produção de provas.
Garantia da aplicação da lei penal: objetiva evitar a
Em regra, a prisão em flagrante é possível para todos os
ocorrência de fugas. Caso o réu não compareça, injustifica-
crimes e contravenções. Destacaremos agora algumas situa- damente, a um ato do processo, caberá condução coercitiva e
Ş
ŝ#-ŝŦ
ções especiais. não prisão preventiva.
▷ Crimes Permanentes Também é cabível a prisão preventiva quando houver des-
Nessa hipótese, a prisão em flagrante pode ocorrer a qual- cumprimento de qualquer das obrigações impostas por força
quer tempo, enquanto perdurar a consumação, autorizando- das medidas cautelares previstas no Art. 319 do CPP.
se inclusive invasão domiciliar independente da hora do dia Art. 312, Parágrafo único. A prisão preventiva também
ou da noite. poderá ser decretada em caso de descumprimento de
▷ Crimes de ação penal privada e de ação penal pú- qualquer das obrigações impostas por força de outras
blica condicionada medidas cautelares (Art. 282, § 4º)
A lavratura do auto de prisão em flagrante depende de Art. 282, § 4º. No caso de descumprimento de qual- NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
uma manifestação de vontade do legítimo interessado. quer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou
▷ Infrações de menor potencial ofensivo (crimes com mediante requerimento do Ministério Público, de seu
pena de até 2 anos e todas as contravenções co- assistente ou do querelante, poderá substituir a me-
muns) dida, impor outra em cumulação, ou, em último caso,
Nessas hipóteses, o auto de prisão em flagrante é substi- decretar a prisão preventiva (Art. 312, parágrafo único).
tuído pelo TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), des-
de que o agente se comprometa a comparecer ao juizado, ou Cabimento da Prisão Preventiva
seja, imediatamente para lá encaminhado. Caso ele não aceite I. Nos crimes dolosos punidos com pena privativa
o compromisso, o APF será lavrado e o indivíduo recolhido ao de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos.
cárcere. II. Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em
▷ Porte para uso de drogas e cultivo para uso próprio sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto
Nesse caso, o APF é substituído pelo TCO, mesmo que o no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848,
capturado não assuma o compromisso de comparecer aos jui- de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
zados, afinal, esses crimes não levam o criminoso à prisão. III. Se o crime envolver violência doméstica e fa-
▷ Crimes Habituais miliar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
É crime que exige reiteração de condutas para a sua con- enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a 515
sumação e pela dificuldade de constatarmos a habitualidade execução das medidas protetivas de urgência.
Também será admitida quando houver dúvida sobre a c) roubo (Art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
516 identidade civil da pessoa ou se ela não fornecer elementos d) extorsão (Art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado e) extorsão mediante sequestro (Art. 159,
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se ou-
caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
tra hipótese recomendar a manutenção da medida.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
estende no tempo enquanto houver necessidade, que é dosa- l) genocídio (Arts. 1°, 2° e 3° da Lei nº 2.889,
da pela presença de seus requisitos legais. Se eventualmente de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua
estes desaparecem, a prisão preventiva será revogada e nada formas típicas;
impede que ela seja decretada novamente, caso algum dos re-
quisitos reapareça. m) tráfico de drogas (Art. 12 da Lei nº 6.368,
de 21 de outubro de 1976);
Por sua vez, se ela se estende no tempo de maneira des-
proporcional, se transforma em prisão ilegal, e, nesse caso, n) crimes contra o sistema financeiro (Lei nº
merecerá relaxamento. 7.492, de 16 de junho de 1986).
o) crimes previstos na Lei de Terrorismo (Incluído
Prisão Temporária (Lei nº 7.960/89) pela Lei nº 13.260, de 2016)
É a prisão cautelar cabível apenas ao longo do IP, decre- Esse rol de crimes descrito acima é taxativo, o que signi-
tada pelo juiz a requerimento do MP ou por representação fica que somente esses delitos comportam a medida e mais
da autoridade policial (o juiz não pode decretar a medida de nenhum outro. Para facilitar a memorização, vai uma dica: o
ofício e também não pode ser requerida pelo querelante nos rol acima comporta todos os crimes hediondos e mais alguns.
casos de ação penal privada), com prazo pré-estabelecido Interpretação dos Incisos
em lei, uma vez presente os requisitos do Art. 1º da Lei nº Inc. III + (Inc. I e/ou Inc. II) = Prisão temporária.
7.960/89.
Prisão Temporária: Procedimento
▷ É a prisão cautelar. Requerimento do MP ou representação feita pelo delega-
▷ Cabível apenas ao longo do IP. do e apresentadas ao juiz, que não pode decretar de ofício. Ele
▷ Decretada pelo juiz. tem 24 horas para decidir e, antes de decidir, deve ouvir o MP.
▷ Requerida pelo MP ou pelo delegado. O mandado prisional será expedido em duas vias, a 1ª via
▷ Com prazo pré-estabelecido em lei. ficará nos autos e a 2ª será entregue ao preso, funcionando
▷ Uma vez presente os seus requisitos. como nota de culpa, a qual tem por finalidade informá-lo so-
bre os motivos da prisão e os seus responsáveis.
Cabimento Tanto a Lei nº 7.960/89, no seu Art. 3º, quanto o CPP, em
Art. 1º da Lei nº 7.960/89. Caberá prisão temporária: seu Art. 300, estabelecem que o preso provisório (aquele
I. Se for imprescindível para as investigações po- que sofre prisão cautelar) deve ficar separado do definitivo,
liciais. entretanto, segundo a doutrina, a separação dependerá da
II. Se o criminoso não possui residência fixa ou não existência de estrutura prisional.
possui identificação civil • Prazo
III. Havendo indícios de autoria ou de participação ▷ Crimes Comuns:
em um dos crimes graves indicados a seguir: Em regra, o prazo máximo é de 5 dias, mas esse tempo
a) homicídio doloso (Art. 121, caput, e seu § 2°); pode ser prorrogado por + 5 dias, havendo necessidade e des-
b) sequestro ou cárcere privado (Art. 148, de que autorizado pelo juiz.
caput, e seus §§ 1° e 2°); ▷ Crimes Hediondos e Equiparados:
Em regra, o prazo máximo é de 30 dias, mas pode ser Liberdade Provisória sem Fiança
prorrogado por + 30 dias, havendo necessidade e desde que É o direito de permanecer em liberdade ao longo da per-
autorizado pelo juiz.
secução penal, quando não presente os requisitos que provo-
Só o juiz pode decretar a prisão temporária e também au- cam a decretação da prisão preventiva, como forma de não
torizar a prorrogação do seu prazo.
enfrentar a persecução penal preso.
Fiscalização da Prisão Temporária pelo Juiz • Cabimento
No curso da prisão temporária, como forma de fiscalizar se O juiz concederá a liberdade provisória, quando entender,
o preso não está sofrendo maus tratos, o juiz, a qualquer tempo,
pela leitura do auto de prisão em flagrante, que o capturado
pode adotar as seguintes medidas:
não se enquadra nos requisitos que justificariam a decretação
▷ Determinar que o preso lhe seja apresentado.
da prisão preventiva (Art. 312, CPP).
▷ Submeter o preso a exame de corpo de delito.
• Formalidades
▷ Requisitar informações ao delegado.
▷ Obrigação de comparecimento a todos os atos do IP
Uso de Algemas e do processo para os quais seja convocado.
Devido a uma ausência de Decreto Federal tratando da ▷ O juiz, antes de decidir pela concessão da liberdade
matéria, o STF publicou a Súmula Vinculante nº 11 para discipli- provisória sem fiança, deve ouvir o MP.
nar o uso das algemas no Brasil.
Liberdade Provisória com Fiança
Cabimento A fiança é uma garantia pecuniária paga pelo acusado pre-
▷ Risco de fuga; so em flagrante, até antes do trânsito em julgado da sentença,
▷ Possibilidade de resistência: caracteriza-se pelo em- como meio para garantir que ele possa permanecer em liber-
prego de violência ou de ameaça para que o ato não dade durante o curso do processo penal.
se concretize; • Vedação da Fiança
▷ Risco à integridade física dos envolvidos (tanto o A fiança não poderá ser concedida ao acusado nos seguin-
capturado como os executores da prisão e também
tes casos:
terceiros).
▷ Nos crimes de racismo.
Formalidade ▷ Nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecen-
Fundamentação por escrito da autoridade que decretou a tes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como
medida ou dos agentes executores, a qual será lançada nos crimes hediondos.
Ş
ŝ#-ŝŦ
autos (IP ou processo). ▷ Nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou
Consequências do Descumprimento das Regras militares, contra a ordem constitucional e o Estado
▷ A prisão é ilegal, cabendo relaxamento. Democrático.
▷ Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado
▷ Nulidade do ato processual ou do ato praticado com
fiança anteriormente concedida ou infringido, sem
a utilização irregular das algemas.
motivo justo, qualquer das seguintes obrigações:
▷ Responsabilização dos agentes responsáveis pela
▷ Deixar o afiançado de comparecer perante à autori-
medida nas esferas:
dade todas as vezes que for intimado para atos do
» Cível. inquérito e da instrução criminal e para o julgamen-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
» Administrativa. to.
» Criminal. ▷ Quando o réu não comparecer, a fiança será consi-
▷ Responsabilização do Estado na esfera: derada quebrada.
» Cível (responsabilidade objetiva). ▷ Se o afiançado mudar de residência, sem prévia
permissão da autoridade processante, ou ausentar-
Liberdade Provisória se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem
comunicar àquela autoridade o lugar onde será en-
É o remédio destinado ao combate da prisão em fla- contrado.
grante legal, porém, desnecessária, porque não estão pre-
▷ Em caso de prisão civil ou militar.
sentes os requisitos da prisão preventiva, permitindo que o
▷ Quando presentes os motivos que autorizam a decreta-
agente enfrente a persecução penal em liberdade, evitando
ção da prisão preventiva (Art. 312).
os prejuízos da prisão a ele.
• Quem Pode Aplicar a Fiança
Modalidades ▷ Delegado: quando a pena máxima da infração penal
▷ Liberdade provisória sem fiança. não for superior a 4 anos. 517
▷ Liberdade provisória mediante fiança. ▷ Juiz: qualquer pena.
• Valor da Fiança ▷ Resistir, injustificadamente, à ordem judicial.
518 O valor da fiança será estabelecido pela autoridade que con- ▷ Praticar nova infração penal dolosa.
ceder a medida e obedecerá os seguintes critérios: a natureza Caso a fiança seja quebrada, o réu perderá a metade do
da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa seu valor, além do juiz poder impor outras medidas cautelares,
do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a decretação da prisão preventiva.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
bem como a importância provável das custas do processo, até Se for condenado e não comparecer para dar cumprimento
final julgamento. Além dos seguintes padrões: à pena, perderá a fiança em sua totalidade e, nesse caso, será
▷ De 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se deduzido de tal valor as custas judiciais e os demais encargos
tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, que o acusado estiver obrigado a pagar e o restante será reco-
no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos. lhido ao fundo penitenciário. Caso o réu compareça para cum-
▷ De 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos prir a pena, o valor da fiança será utilizado para o pagamento
quando o máximo da pena privativa de liberdade das custas judiciais também, além do pagamento de demais
cominada for superior a 4 (quatro) anos. encargos que couber ao acusado e o restante será devolvido a
O afiançado, após pagar a fiança, estará obrigado a com- quem houver prestado a fiança (terceiros podem pagar a fian-
parecer a todos os atos processuais ou da investigação que for ça para o réu, se quiserem e, nesse caso, eles sofrerão as con-
convocado e, caso descumpra com tal obrigação, a fiança será sequências pecuniárias advindas dos casos acima estudados.
considerada quebrada e a liberdade provisória convertida em As demais medidas, é claro, somente serão aplicadas ao réu).
prisão preventiva. A Liberdade Provisória e Alguns Casos Específicos
• Formas de Pagamento da Fiança Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90)
▷ Depósito de dinheiro.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
justificação que façam presumir a existência do delito ou de-
claração fundamentada da impossibilidade de apresentação Natureza Jurídica
de provas. O Habeas Corpus é um remédio constitucional. Também é
Nos crimes afiançáveis, denúncia ou queixa em devida forma, uma ação de conhecimento de caráter fundamental. É uma ação
o juiz manda autuá-la e ordena a notificação do acusado, para res- autônoma de impugnação.
ponder no prazo de 15 dias.
Residência do acusado ou acusado fora da jurisdição. Pedidos do Habeas Corpus
▷ Nomeado defensor. O pedido pode se apresentar de diversas formas, a de-
Durante o prazo: pender do momento em que é impetrado o Habeas Corpus,
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
(muito importante).
diretamente pela prisão.
▷ O próprio paciente. Corpus por causa do crime do usuário.
Este declarará à ordem
de quem o paciente Obs.: o assistente de ▷ Medida cautelar de recolhimento domiciliar.
estiver preso. acusação não pode
» É cabível Habeas Corpus.
impetrar Habeas
Corpus.
▷ Habeas Corpus contra prisão administrativa:
▷ Habeas Corpus de ofício pelo juiz: este não poderá
» Não cabe o Habeas Corpus contra a prisão ad-
impetrar Habeas Corpus em favor de um terceiro, ministrativa, atual ou iminente, dos responsáveis
mas poderá concedê-lo de ofício num processo o por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pú-
qual preside. blica, alcançados ou omissos em fazer o seu reco-
▷ Habeas Corpus coletivo: lhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for
» Não é possível por falta de previsão legal. O STF acompanhado de prova de quitação ou de depó-
já se manifestou pela possibilidade do mandado sito do alcance verificado, ou se a prisão exceder
de injunção coletivo. o prazo legal.
▷ Capacidade postulatória: ▷ A concessão do Habeas Corpus não obstará, nem
porá termo ao processo, desde que este não esteja
» Não há necessidade de capacidade postulatória,
em conflito com os fundamentos daquela.
que é aquela de “falar” em juízo, competência
▷ Muito importante: se o Habeas Corpus for concedido
esta outorgada aos advogados em geral. Dife-
em virtude de nulidade do processo, este será reno-
rentemente da capacidade processual, pois a vado.
banca Cespe, em suas provas, entende que esta
é necessária para poder impetrar Habeas Corpus. Coação Ilegal
▷ Punições disciplinares militares: O tópico coação ilegal trata das condutas que ensejam a
» Não é cabível para discutir o mérito da punição, impetração de Habeas Corpus. Essas condutas estão previstas
mas para se discutir a legalidade. no Art. 648 do Código de Processo Penal, mas é importante
▷ Pena de exclusão de militar ou de perda de patente: ressaltar que estão previstas em um rol exemplificativo, pois
outras, mesmo que não previstas nesse rol, podem ensejar a
» Não é cabível Habeas Corpus.
impetração de Habeas Corpus (rol exemplificativo - numerus
▷ Habeas Corpus após o trânsito em julgado: apertus).
» É cabível o Habeas Corpus após o trânsito em ї Não houver justa causa
julgado para alegar alguma nulidade. Nesse A ausência de justa causa se dá sempre que não existirem
momento, também será cabível a revisão cri- um mínimo de provas que sustentem a situação de prejuízo
minal. para o acusado.
▷ Habeas corpus após a extinção da pena privativa de ї Possibilidade da Prisão:
liberdade: » Flagrante.
» Não é cabível Habeas Corpus após a extinção da » Ordem escrita e fundamentada: salvo transgres-
pena privativa de liberdade. sões militares de crime propriamente militar.
Portanto, se a prisão se der fora desses casos, será ilegal. ▷ Nome do paciente e do coator;
▷ Inquérito Policial: abertura de inquérito policial sem ▷ Espécie de constrangimento;
um mínimo de materialidade. ▷ Assinatura do impetrante.
» Nesse caso, cabe o Habeas Corpus para tranca- Obs.: É possível o habeas corpus ser impetrado por
mento do inquérito policial. telegrama, radiograma, telex ou até telefone.
ї Quando alguém estiver preso por mais tempo que de-
termina a lei Competência para Conhecimento
▷ Prisão temporária:
» 05 dias + 05 dias.
do Habeas Corpus
» 30 dias + 30 dias, em caso de crime hediondo. A competência para conhecimento do Habeas Corpus será
▷ Prisão definitiva: a autoridade jurisdicional hierarquicamente superior à autori-
dade coatora.
» Pena já cumprida e réu ainda preso.
Súmula 21, STJ. Pronunciado o réu, fica superada a ale- Exs.:
gação do constrangimento ilegal da prisão por excesso ▷ Se a autoridade coatora for Juiz de direito ou mem-
de prazo na instrução. bro do MP, a competência será do Tribunal de Justiça.
Súmula 52, STJ. Encerrada a instrução criminal, fica ▷ Se a autoridade coatora for juiz federal ou Procura-
superada a alegação de constrangimento por excesso dor da República, a competência para julgamento
de prazo. será do Tribunal Regional Federal (TRF).
Obs.: O excesso de prazo provocado pela defesa não en- ▷ Se a autoridade coatora for membro do Tribunal de
seja a aplicação de Habeas Corpus. Justiça ou do Tribunal Regional Federal, a compe-
ї Quando quem ordenar a coação não tiver competência tência para julgamento será do Superior Tribunal de
para fazê-lo. Justiça (STJ).
ї Quando houver cessado o motivo que autorizou a coação. ▷ Se a autoridade coatora for promotor que atua pe-
ї Quando não for alguém admitido a prestar fiança nos ca- rante o tribunal, a competência para julgamento é
sos em que a lei autoriza. do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Obs.: Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido
o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o ▷ Se a autoridade coatora for membro do Ministério
valor desta, que poderá ser prestada perante ele, reme- Público do Distrito Federal e Territórios, a compe-
tendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, tência para julgamento será do Tribunal Regional
para serem anexados aos do inquérito policial ou aos do Federal (TRF) e não do TJDFT.
processo judicial. ▷ Decisão no âmbito dos Juizados Especiais Criminais:
Ş
ŝ#-ŝŦ
ї Quando o processo foi manifestamente nulo. » Se a decisão for de juiz do Juizado Especial, a
ї Quando extinta a punibilidade. competência será da Turma Recursal.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: » Se a decisão for da Turma Recursal:
I. Quando não houver justa causa. Súm. 690 do STF. Compete originariamente ao Supre-
II. Quando alguém estiver preso por mais tempo mo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus
do que determina a lei. contra decisão de turma recursal de juizados especiais
III. Quando quem ordenar a coação não tiver com- criminais.
petência para fazê-lo. ▷ A competência do juiz cessará sempre que a vio-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
IV. Quando houver cessado o motivo que autorizou lência ou coação provier de autoridade judiciária de
a coação. igual ou superior jurisdição.
V. Quando não for alguém admitido a prestar fiança,
nos casos em que a lei a autoriza. Procedimento
VI. Quando o processo for manifestamente nulo. Recebida a petição, a autoridade judiciária competente
VII. Quando extinta a punibilidade. poderá intimar o Ministério Público?
Se for juiz de 1º grau: não intima (será intimado da decisão
Formalidade do Pedido para que possa recorrer).
de Habeas Corpus Se for Tribunal: intima-se o MP.
O Habeas Corpus, em regra, não possui muitas formalida- O assistente de acusação não participa do procedimento
de Habeas Corpus, por esse motivo não precisa ser intimado.
des para que haja a impetração. Como exemplo, os internos do
presídio federal impetram Habeas Corpus em folhas simples Requisição de Informação da Autoridade Coatora
denominadas requerimentos, que são usadas para o preso pe- No Tribunal: há previsão para requisição de informações
dir alguma coisa aos agentes penitenciários. No entanto, exi- da autoridade coatora.
ge-se que o Habeas Corpus possua um mínimo de requisitos, Nos casos de 1º grau: não há previsão para requisição, mas 521
quais sejam: é usualmente feita.
O juiz, se julgar necessário e estiver preso o paciente, man- As diligências ditas anteriormente não serão ordenadas,
522 dará que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e se o presidente entender que o Habeas Corpus deva ser inde-
hora que designar. ferido liminarmente. Nesse caso, levará a petição ao tribunal,
Em caso de desobediência, será expedido mandado de pri- câmara ou turma, para que delibere a respeito.
são contra o detentor, que será processado na forma da lei, e
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
ÍNDICE
1. Estatuto da Criança e do Adolescente ........................................................................526
Prática de Ato Infracional ........................................................................................................... 526
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável .................................................................... 527
Do Conselho Tutelar ................................................................................................................... 527
Dos Crimes .................................................................................................................................. 528
Das Infrações Administrativas .................................................................................................... 530
2. Lei nº 10.826/2003 Estatuto do Desarmamento ........................................................ 531
Do Registro ................................................................................................................................. 532
Do Porte ...................................................................................................................................... 532
Dos Crimes e das Penas ............................................................................................................. 533
Omissão de Cautela .................................................................................................................... 534
Disparo de Arma de Fogo ........................................................................................................... 535
Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito ............................................................ 535
Comércio Ilegal de Arma de Fogo .............................................................................................. 536
Tráfico Internacional de Arma de Fogo ...................................................................................... 536
3. Lei nº 9.605/1998 Lei dos Crimes Ambientais ...........................................................537
Da Apreensão do Produto e do Instrumento de Infração Administrativa ou de Crime.............. 537
Mandados Expressos de Penalização/Criminalização ................................................................ 537
Concurso de Pessoas .................................................................................................................. 537
Omissão Penalmente Relevante ................................................................................................. 537
Denúncia Geral x Denúncia Genérica .......................................................................................... 537
Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica ............................................................................... 537
Responsabilidade Penal por Ricochete, por Procuração ou de Empréstimo ............................. 538
Aplicação da Pena ...................................................................................................................... 538
Perícia de Dano Ambiental ......................................................................................................... 539
Competência em Crimes Ambientais.......................................................................................... 539
Dos Crimes em Espécie ...............................................................................................................540
4. Lei nº 9.455/1997 Lei de Tortura ...............................................................................543
Caráter Bifronte .......................................................................................................................... 543
Prescrição ................................................................................................................................... 543
Modalidades de Tortura .............................................................................................................. 543
5. Lei nº 7.716/1989 Lei de Discriminação Racial ............................................................545
Mandado Expresso de Criminalização / Penalização ................................................................. 545
Outras Formas de Discriminação ................................................................................................ 545
6. Lei nº 10.741/2003 Estatuto do Idoso - Dos Crimes ................................................... 546
Estatuto do Idoso - Considerações Gerais .................................................................................. 546
Crimes em Espécie ...................................................................................................................... 547
524 LEGISLAÇÃO ESPECIAL Ş
ŝ#-ŝŦ
derada a idade do adolescente à data do fato. escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em
Se um ato infracional for cometido por criança, ela será programas comunitários ou governamentais.
submetida às medidas de proteção anteriormente citadas e As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do ado-
não sofrerá processo de investigação de ato infracional. lescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de
oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou
Dos Direitos Individuais em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola
As crianças não podem ter sua liberdade privada e para ou à jornada normal de trabalho.
os adolescentes terem sua liberdade privada, deverá ser ou Liberdade assistida, consiste na designação de pessoa ca-
em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda- pacitada (orientador) para acompanhar o caso, a qual poderá
mentada da autoridade judiciária competente. O adolescente ser recomendada por entidade ou programa de atendimento e
terá direito à identificação dos responsáveis pela sua apreen- será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qual-
são, devendo ser informado acerca de seus direitos.
quer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra
A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se en- medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
contra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade São incumbências do orientador, com o apoio e a super-
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa visão da autoridade competente, a realização dos seguintes
por ele indicada, sob pena de cometer crime do ECA.
encargos, entre outros:
Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilida- ▷ Promover socialmente o adolescente e sua família,
de, a possibilidade de liberação imediata.A internação, antes fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se neces-
da sentença de aplicação de medida sócio-educativa, pode ser
sário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
de assistência social.
O adolescente civilmente identificado não será submetido ▷ Supervisionar a frequência e o aproveitamento es-
à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção colar do adolescente, promovendo, inclusive, sua
e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida matrícula.
fundada. ▷ Diligenciar, no sentido da profissionalização do ado-
Das Garantias Processuais lescente e de sua inserção no mercado de trabalho.
▷ Apresentar relatório do caso.
Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem Inserção em regime de semi-liberdade, que pode ser de-
o devido processo legal e será assegurada ao adolescente, terminado desde o início, ou como forma de transição para o
entre outras, as seguintes garantias: meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
Pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio- independente de autorização judicial.
nal, mediante citação ou meio equivalente. No regime de semiliberdade, são obrigatórias a escolari-
Igualdade na relação processual, podendo confrontar-se zação e a profissionalização, devendo, sempre que possível,
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas neces- serem utilizados os recursos existentes na comunidade. A me-
dida não comporta prazo determinado, aplicando-se, no que
sárias à sua defesa.
couber, às disposições relativas à internação.Internação em
Defesa técnica por advogado. estabelecimento educacional.
Assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, Uma das medidas de proteção, salvo acolhimento institu-
na forma da lei. cional ou familiar e colocação em família substituta.
As medidas previstas de 2 a 6 serão impostas desde que Ser tratado com respeito e dignidade.
existam provas suficientes da autoria e materialidade da in- Permanecer internado na mesma localidade ou naquela
fração e a medida aplicada ao adolescente levará em conta a mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável.
sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade Receber visitas, ao menos, semanalmente.
da infração.
Corresponder-se com seus familiares e amigos.
Para aplicação da advertência, basta a prova da materiali-
Ter acesso aos objetos necessários à higiene e ao asseio
dade e os indícios suficientes de autoria.
pessoal.
Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a
Habitar alojamento em condições adequadas de higiene e
prestação de trabalho forçado.
salubridade.
Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
Receber escolarização e profissionalização.
mental receberão tratamento individual e especializado, em
local adequado às suas condições. Realizar atividades culturais, esportivas e de lazer.
Ter acesso aos meios de comunicação social.
Internação Receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e des-
A internação é uma medida privativa da liberdade aplicada de que assim o deseje.
ao adolescente que comete ato infracional e possui as seguin- Manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de
tes características: local seguro para guardá-los, recebendo comprovante da-
▷ Brevidade. queles porventura depositados em poder da entidade.
▷ Excepcionalidade. Receber, quando de sua desinternação, os documentos
▷ Respeito à condição peculiar do adolescente. pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
A medida será declarada judicialmente e não comporta
prazo determinado, devendo sua manutenção ser avaliada, no Das Medidas Pertinentes aos
máximo, a cada seis meses e a internação não excederá a três Pais ou Responsável
anos, devendo após esse prazo, o adolescente ser liberado, co-
locado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida, ї São medidas aplicáveis aos pais ou responsável
sempre precedido de autorização judicial, ouvido o Ministério Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de
Público. proteção à família.
O adolescente internado será autorizado a realização de Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
atividades externas, a critério da equipe técnica, salvo expres- orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos.
sa determinação judicial em contrário, podendo a determina- Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico.
ção judicial de internação ser revista a qualquer tempo. Encaminhamento a cursos ou programas de orientação.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Hipóteses de aplicação da medida de internação Obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
Hipótese Prazo frequência e aproveitamento escolar.
Hipótese Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tra-
de internação
tamento especializado.
Trata-se de ato infracional cometido mediante
03 anos Advertência.
grave ameaça ou violência a pessoa.
Perda da guarda.
Por reiteração no cometimento de outras
03 anos Destituição da tutela.
infrações graves.
Suspensão ou destituição do poder familiar.
Por descumprimento reiterado e injustificável da
medida anteriormente imposta.
03 meses Não serão aplicadas as medidas de destituição da tutela e
suspensão do poder familiar se os pais deixarem de cumprir o
A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva dever de sustento por falta ou carência de recursos materiais e
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao caso sejam aplicadas, serão decretadas judicialmente.
abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, Se for verificado que os pais ou responsáveis estão agindo
compleição física e gravidade da infração. em relação aos menores com maus-tratos, abuso sexual ou
Durante o período de internação, inclusive provisória, se- opressão, o juiz poderá determinar, como medida cautelar, o
rão obrigatórias atividades pedagógicas. afastamento do agressor da moradia comum e fixação provisó-
ria dos alimentos de que necessitam a criança ou adolescente
• Direitos do Adolescente Privado da Liberdade
dependentes do agressor.
ї São direitos do adolescente privado de liberdade,
entre outros, os seguintes: Do Conselho Tutelar
Entrevistar-se, pessoalmente, com o representante do Mi- O Conselho Tutelar é um órgão permanente e autôno-
nistério Público. mo, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimen-
Peticionar diretamente a qualquer autoridade. to dos direitos da criança e do adolescente.
Avistar-se, reservadamente, com seu defensor. Ele é um órgão não jurisdicional, e será composto de cinco
Ser informado de sua situação processual, sempre que so- membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de 527
licitada. quatro anos, permitida uma recondução.
Em cada município, haverá, no mínimo, um conselho tu- Representar ao Ministério Público, para efeito das ações
528 telar. de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
ї Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente
serão exigidos os seguintes requisitos: junto à família natural.
▷ Reconhecida idoneidade moral. Disposições Finais
▷ Idade superior a vinte e um anos.
Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar en-
▷ Residir no município.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
deva ser aplicada medida de proteção, salvo inclusão em pro- do disposto na legislação penal, aplicando-se as normas perti-
grama de acolhimento familiar e colocação em família subs- nentes a parte geral do Código Penal e ao processo Código de
tituta. Processo Penal. Aqui a criança e adolescente é a vítima.
Atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando Ainda, os crimes previstos no Estatuto a ação é pública in-
as medidas aplicáveis aos pais e responsáveis, salvo medidas condicionada.
aplicáveis somente judicialmente (perda da guarda, destitui- A maneira que é cobrada a matéria em concursos é con-
ção da tutela, suspensão ou destituição do poder familiar). ceituando, cobrando o texto de lei, vamos abordar os crimes
Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: em espécie.
▷ Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
educação, serviço social, previdência, trabalho e se- Crimes Ligados a Hospitais, Médicos,
gurança. Centros Médicos entre Outros
▷ Representar, junto à autoridade judiciária, nos casos de Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o di-
descumprimento injustificado de suas deliberações. rigente de estabelecimento de atenção à saúde de
Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que cons- gestante de manter registro das atividades desenvol-
titua infração administrativa ou penal contra os direitos da vidas, na forma e prazo referidos no Art. 10 desta Lei,
criança ou adolescente. bem como de fornecer à parturiente ou a seu respon-
Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua com- sável, por ocasião da alta médica, declaração de nasci-
petência. mento, onde constem as intercorrências do parto e do
Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi- desenvolvimento do neonato:
ciária, dentre as previstas como medida de proteção (exceto Pena - detenção de seis meses a dois anos.
acolhimento institucional, inclusão em programa de acolhi- Parágrafo único. Se o crime é culposo:
mento familiar e colocação em família substituta), para o ado- Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
lescente autor de ato infracional.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente
Expedir notificações. de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança de identificar corretamente o neonato e a parturiente,
ou de adolescente, quando necessário. por ocasião do parto, bem como deixar de proceder
Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro- aos exames referidos no Art. 10 desta Lei:
posta orçamentária para planos e programas de atendimento Pena - detenção de seis meses a dois anos.
dos direitos da criança e do adolescente. Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Representar, em nome da pessoa e da família, contra a vio- Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
lação dos direitos previstos no Art. 220, § 3º, II, da Constituição
Federal. Crimes Ligados aos Procedimentos
Art. 220, § 3°, II. (Estabelecer os meios legais que garan- Apuração do Ato Infracional
tam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de
programas ou programações de rádio e televisão que contra- Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
riem o disposto no Art. 221, bem como da propaganda de pro- liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar
dutos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem
meio ambiente.) escrita da autoridade judiciária competente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que § 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
procede à apreensão sem observância das formalida- recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a
des legais. participação de criança ou adolescente nas cenas refe-
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável ridas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses
pela apreensão de criança ou adolescente de fazer contracena.
imediata comunicação à autoridade judiciária com- § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
petente e à família do apreendido ou à pessoa por comete o crime
ele indicada: I. No exercício de cargo ou função pública ou a pre-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. texto de exercê-la;
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua II. Prevalecendo-se de relações domésticas, de
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a cons- coabitação ou de hospitalidade; ou
trangimento: III. Prevalecendo-se de relações de parentesco con-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. sangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por ado-
ção, de tutor, curador, preceptor, empregador da
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha
causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegali- Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
dade da apreensão: outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
nesta Lei em benefício de adolescente privado de li- Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
berdade: distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, in-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. clusive por meio de sistema de informática ou telemá-
Crime que Dificulta Ação Judiciária, do tico, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
Conselho Tutelar e Ministério Público criança ou adolescente:
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou represen- § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
tante do Ministério Público no exercício de função pre- I. Assegura os meios ou serviços para o armazena-
vista nesta Lei: mento das fotografias, cenas ou imagens de que
Pena - detenção de seis meses a dois anos. trata o caput deste artigo;
Ş
ŝ#-ŝŦ
Vinculados a Colocação Irregular II. Assegura, por qualquer meio, o acesso por rede
de computadores às fotografias, cenas ou imagens
em Família Substituta de que trata o caput deste artigo.
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de § 2º o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem deste artigo são puníveis quando o responsável legal
judicial, com o fim de colocação em lar substituto: pela prestação do serviço, oficialmente notificado, dei-
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. xa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou trata o caput deste artigo.
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qual-
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. quer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de regis-
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem ofe- tro que contenha cena de sexo explícito ou pornográ-
fica envolvendo criança ou adolescente:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou ado- Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de me-
lescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por nor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração
meio de adulteração, montagem ou modificação de penal ou induzindo-o a praticá-la:
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de represen- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
tação visual: § 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de ba-
vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica te-papo da internet.
ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou ar- § 2º As penas previstas no caput deste artigo são au-
mazena o material produzido na forma do caput deste mentadas de um terço no caso de a infração cometida
artigo. ou induzida estar incluída no rol do Art. 1º da Lei nº
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, 8.072, de 25 de julho de 1990.
por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetá- ou familiar.
culo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
à entrada do local de exibição, informação destacada estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efe-
sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa tuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária
etária especificada no certificado de classificação: de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- interessada em entregar seu filho para adoção:
cando-se o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer (três mil reais).
representações ou espetáculos, sem indicar os limites Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcio-
de idade a que não se recomendem: nário de programa oficial ou comunitário destinado à
Pena - multa de três a vinte salários de referência, garantia do direito à convivência familiar que deixa de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
duplicada em caso de reincidência, aplicável, separa- efetuar a comunicação referida no caput deste artigo.
damente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divul-
gação ou publicidade. 2. Lei nº 10.826/2003
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão,
espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem Estatuto do Desarmamento
aviso de sua classificação: O estatuto do desarmamento, editado em 2003, veio
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; du- para regulamentar registro, posse e comercialização de ar-
plicada em caso de reincidência a autoridade judiciária mas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas
poderá determinar a suspensão da programação da – Sinarm. O primeiro ponto fundamental é saber se a com-
emissora por até dois dias. petência é federal ou estadual.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congêne- Em regra, a competência da lei é da Justiça Estadual,
re classificado pelo órgão competente como inadequado mesmo sendo regulamentado pela Polícia Federal. Contudo,
às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: se houver interesse direto da União, será da Justiça Federal.
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na Podemos citar, como exemplo, crime cometido por um policial 531
reincidência, a autoridade poderá determinar a sus- federal ou policial rodoviário federal.
Devemos lembrar que se o crime for de tráfico internacio- cito, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas,
532 nal de arma de fogo, a competência será da Justiça Federal. para destruição ou doação aos órgãos de segurança
Se o crime atingir interesse genérico e indireto da União, a pública ou às Forças Armadas, na forma do regula-
competência é da Justiça Estadual. mento desta Lei.
Sendo interesse direto e específico da União, a competên-
cia é federal.
Do Registro
O Art. 2º da Lei nº 10.826/2003 prevê a competência do Outro ponto importante é o registro das armas. O Art. 3º
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Sinarm. Devemos nos atentar e não confundirmos as compe- prevê que as armas de fogo de uso restrito serão registradas
tências da Polícia Federal com as do Sinarm. A Polícia Federal no Comando do Exército. Já o Art. 4º prevê que o interessado
expede o registro de arma de fogo, mediante autorização do deverá, além de declarar a necessidade, apresentar os seguin-
Sinarm. Assim: tes requisitos para compra, sendo a que autorização será con-
cedida ou recusada, com da devida fundamentação, no prazo
São competências do Sinarm:
de 30 dias úteis a contar da data do requerimento.
I. Identificar as características e a propriedade de
I. Comprovação de idoneidade, com a apresenta-
armas de fogo, mediante cadastro.
ção de certidões negativas de antecedentes cri-
II. Cadastrar as armas de fogo produzidas, impor- minais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual,
tadas e vendidas no País. Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a
III. Cadastrar as autorizações de porte de arma de inquérito policial ou a processo criminal, que po-
fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal. derão ser fornecidas por meios eletrônicos.
IV. Cadastrar as transferências de propriedade, ex- II. Apresentação de documento comprobatório de
Ş
ŝ#-ŝŦ
travio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis ocupação lícita e de residência certa.
de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorren- III. Comprovação de capacidade técnica e de aptidão
tes de fechamento de empresas de segurança priva- psicológica para o manuseio de arma de fogo, ates-
da e de transporte de valores. tadas na forma disposta no regulamento desta Lei.
V. Identificar as modificações que alterem as caracte- Observação: esses requisitos deverão ser comprovados
rísticas ou o funcionamento de arma de fogo. periodicamente, em período não inferior a 3 (três) anos, na
VI. Integrar no cadastro os acervos policiais já exis- conformidade do estabelecido no regulamento desta Lei, para
tentes. a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo.
VII. Cadastrar as apreensões de armas de fogo,
inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e Do Porte
judiciais. O Art. 6º prevê quem possui o porte de arma:
VIII. Cadastrar os armeiros em atividade no País, I. Os integrantes das Forças Armadas.
bem como conceder licença para exercer a atividade. II. Os integrantes de órgãos referidos nos incisos do
IX. Cadastrar mediante registro os produtores, ata- caput do Art. 144 da Constituição Federal; trata-se
cadistas, varejistas, exportadores e importadores dos integrantes da segurança pública.
autorizados de armas de fogo, acessórios e muni- III. Os integrantes das guardas municipais das capitais
ções. dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000
X. Cadastrar a identificação do cano da arma, as (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabele-
características das impressões de raiamento e de cidas no regulamento desta Lei.
microestriamento de projétil disparado, conforme IV. Os integrantes das guardas municipais dos
marcação e testes obrigatoriamente realizados Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil)
pelo fabricante. e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
XI. Informar às Secretarias de Segurança Pública quando em serviço.
dos Estados e do Distrito Federal os registros e V. Os agentes operacionais da Agência Brasileira
autorizações de porte de armas de fogo nos res- de Inteligência e os agentes do Departamento de
pectivos territórios, bem como manter o cadastro Segurança do Gabinete de Segurança Institucional
atualizado para consulta. da Presidência da República.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não al- VI. Os integrantes dos órgãos policiais referidos
cançam as armas de fogo das Forças Armadas e Au- no Art. 51, IV, e no Art. 52, XIII, da Constituição
xiliares, bem como as demais que constem dos seus Federal; ou seja, polícia da Câmara e polícia do
registros próprios. Senado.
Outro ponto importante é que a competência para a des- VII. Os integrantes do quadro efetivo dos agentes
truição das armas apreendidas não é de competência da Polí- e guardas prisionais, os integrantes das escoltas
cia Federal e sim do Exército, como prevê o Art. 25, da lei: de presos e as guardas portuárias.
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elabo- VIII. As empresas de segurança privada e de trans-
ração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando porte de valores constituídas, nos termos desta Lei.
não mais interessarem à persecução penal serão enca- IX. Para os integrantes das entidades de desporto,
minhadas pelo juiz competente ao Comando do Exér- legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
demandem o uso de armas de fogo, na forma do re- O Art. 9º traz como competência do Ministério da Justiça a
gulamento desta Lei, observando-se, no que couber, autorização do porte de arma para os responsáveis pela segu-
a legislação ambiental. rança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e,
X. Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei,
Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo
cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes
XI. Os tribunais do Poder Judiciário descritos no estrangeiros em competição internacional oficial de tiro, realiza-
Art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios da no território nacional.
Públicos da União e dos Estados, para uso exclu- O Art. 10 traz a competência para a autorização para o porte
sivo de servidores de seus quadros pessoais que de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional,
efetivamente estejam no exercício de funções de que é de competência da Polícia Federal e somente será concedi-
segurança, na forma de regulamento a ser emiti- da após autorização do Sinarm. A autorização poderá ser conce-
do pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo dida com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de
Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. atos regulamentares, e dependerá do requerente.
O § 1º-B foi incluído pela Lei nº 12.993, de 17 de junho de O Art. 10, § 2º, traz a forma de perda da autorização de
2014 e permitiu – com alguns pré-requisitos – o porte de arma porte de arma de fogo, que será dada automaticamente em
de fogo para os agentes penitenciários e guardas prisionais. caso de o portador dela ser detido ou abordado em estado
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e
de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alu-
guardas prisionais poderão portar arma de fogo de pro- cinógenas.
priedade particular ou fornecida pela respectiva corpo- Devemos lembrar que a autorização para compra de arma é
ração ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que de natureza intransferível. Outro ponto importante da lei é que
estejam: a comercialização entre pessoas físicas deve ser antecedida de
autorização do Sinarm.
I. Submetidos a regime de dedicação exclusiva.
O certificado de registro de arma de fogo será expedido
II. Sujeitos à formação funcional, nos termos do
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.
regulamento.
III. Subordinados a mecanismos de fiscalização e Dos Crimes e das Penas
de controle interno.
Estamos no capítulo IV da lei, com toda certeza o mais
O Art. 6º, § 3º, prevê que a autorização para o porte de cobrado nas provas de concursos. Assim, vamos, em primeiro
arma de fogo das guardas municipais está condicionada à for- plano, explicar o que é porte e o que é posse ilegal de arma
mação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de de fogo.
ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de
Ş
ŝ#-ŝŦ
O Art. 12 versa sobre a posse irregular de arma de fogo de
fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas
uso permitido, enquanto o porte está previsto no Art. 14 da
no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Coman-
lei. Assim:
do do Exército.
A posse se dá na residência do infrator ou dependência
O Art. 6º, § 5º, faz menção ao porte para os que residem em
desta e no local de trabalho, desde que seja o proprietário ou
áreas rurais. O porte – concedido pela Polícia Federal após autori-
responsável pelo local. Já o porte ilegal se dá em todos os lu-
zação do Sinarm - somente pode ser dado a maiores de 25 (vinte
gares.
e cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma de
fogo para prover sua subsistência alimentar. O caçador para sub- Já o porte ilegal se dá em todos os lugares fora da residên-
sistência, que der outro uso à sua arma de fogo, independente- cia do infrator ou dependências desta.
mente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, Posse Irregular de Arma de
por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido.
Fogo de Uso Permitido
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Residência do Infrator
temporária. Esse fenômeno ocorreu com o Art. 12 do estatuto
Local de Trabalho Todos os lugares
do desarmamento. Assim, quando o diploma legal foi editado,
Tem de ser o proprietário ou responsável a eficácia do Art. 12 ficou suspensa para que as pessoas pudes-
Ex.: gerente de uma padaria possui arma de uso per- sem entregar os armamentos.
mitido, guardada em armário no interior da padaria. Esse entendimento foi regulamentado assim pelo STJ:
No mesmo contexto, o padeiro dessa padaria também Súm. 513, STJ/2014. A “abolitio criminis” temporária previs-
possui uma outra arma de uso permitido no seu armário, ta na Lei nº 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de
no interior do mesmo estabelecimento. Por qual ou por arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou
quais crimes respondem os autores? qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido
O gerente da padaria é considerado responsável pelo esta- ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.
belecimento. Assim, de acordo com o Art. 12, ele responde pela Assim, é claro ver que até 23/10/2005 a posse de arma de
posse irregular de arma de fogo de uso restrito. Já o padeiro, fogo de uso permitido, mesmo que raspada, não iria configurar
como está portando arma de fogo fora de sua residência ou crime. Contudo, após essa data, a abolitio criminis temporária
local de trabalho (desde que não seja o proprietário ou respon- não será aplicada à conduta de portar ilegalmente e possuir
sável pelo local) responderá pelo Art. 14 da lei, ou seja, porte arma de fogo com a numeração raspada.
ilegal de arma de fogo de uso permitido.
Omissão de Cautela
Posse Legal de Arma de Fogo Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias
É fato atípico, não confundir, em provas, com posse ilegal. para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pes-
Depende de autorização do Sinarm e deve ser expedida soa portadora de deficiência mental se apodere de
pela Polícia Federal. arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja
Caso o proprietário esteja com arma em sua residência, de sua propriedade.
mas com o documento vencido, responde pela posse irregular O crime em tela pune os sujeitos ativos que se omitirem
de arma de fogo. Atenção para o fato de que o registro deve e forem os proprietários ou possuidores que, por negligência,
estar no prazo de validade, para não constituir crime. No mes- não impedirem menores de 18 anos ou doentes mentais – não
mo caso, se o indivíduo sair com a arma na rua, será o crime do englobando os físicos – que se apoderarem de arma de fogo.
Art. 14, ou seja, porte ilegal de arma de fogo. Aqui respondem tanto se as armas forem de uso per-
mitido ou de uso restrito e não responderão por munição ou
Porte Ilegal de Arma de acessório, pois esses não fazem parte do Art. 13 do Estatuto do
Fogo de Uso Permitido Desarmamento.
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em O crime só se consuma com o apoderamento do menor
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, ou do doente mental, por isso é chamado de crime omissivo
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou condicionado.
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso per- O crime não admite tentativa, pois trata-se de um crime
mitido, sem autorização e em desacordo com determi- omissivo culposo e crimes culposos não admitem a forma ten-
nação legal ou regulamentar: tada.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é É também classificado como crime omissivo próprio. Crime
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver re- omissivo próprio é aquele que se consuma com a mera omissão
do agente. Desta forma, não há necessidade de ocorrência de no caso concreto, haja uma única ação, com lesão de um
resultado algum. único bem jurídico.
Ex.: Pai esquece a arma de fogo de uso permitido em Já no caso de homicídio, se a arma for utilizada exclusi-
cima da mesa, filho de 22 anos doente físico a encontra vamente para o crime, teremos um crime único. Diferente si-
e fica brincando com a arma de fogo. Fique atento, pois tuação será se o porte já for anterior à conduta, assim, não
nessa situação não teremos o crime do Art. 13, pois a lei devemos considerá-lo como exclusivo.
não se refere a doente físico. A figura típica é “doente
mental”. Disparo de Arma de Fogo
Art. 13, parágrafo único – omissão de comunicação. Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
Parágrafo único. Nas mesmas penas, incorrem o pro- lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública
prietário ou diretor responsável de empresa de se- ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha
gurança e de transporte de valores que deixarem de como finalidade a prática de outro crime:
registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de ex- Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
travio de arma de fogo, acessório ou munição, que es- inafiançável. (Esse parágrafo foi declarado inconstitu-
tejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) cional pelo STF)
horas depois de ocorrido o fato. As condutas aqui são disparar arma de fogo ou acionar
O sujeito ativo aqui é o proprietário ou diretor de empresa munição. É o chamado delito subsidiário expresso, pois o pró-
responsável pela empresa de segurança de transporte de valo- prio tipo diz que responderá somente se não configurar crime
res. Diferentemente do crime previsto no caput do Art. 13 desta mais grave. Se ocorrer o crime mais grave, responderá o agen-
Lei, que somente se refere a “arma de fogo”, a infração penal te pelo mais grave.
descrita no parágrafo único abrange “arma de fogo, acessório Somente pode ser cometido em lugar habitado ou adja-
ou munição. cências ou em via pública ou direção a ela. Fora disso, esse
As condutas típicas são: deixar de comunicar a ocorrência crime torna-se atípico.
policial e de comunicar à Polícia Federal sobre perda, furto ou Ex.: local totalmente inabitado.
roubo de arma de fogo, acessório ou munição. Esse crime admite a tentativa, mas que dificilmente possa
Crime a prazo: são crimes que exigem o preenchimento ocorrer na prática.
de um lapso temporal para se consumarem. Na infração penal ▷ Questões importantes:
em tela, a consumação somente ocorre 24 horas após o agente Disparo + lesão leve: nesse caso responde pela lesão leve,
tomar conhecimento da perda, do furto ou do roubo. porque essa é a finalidade do agente.
▷ Questões potenciais de prova: Disparo + lesão grave ou gravíssima (Art. 129, § 1º e 2º):
De acordo com o STF, a arma desmuniciada configurará
Ş
ŝ#-ŝŦ
Responde pela lesão, porque essa é a finalidade do agente.
crime previsto na Lei nº 10.826/2003. Assim, o fato de o agen- Disparo + homicídio (Art. 121): responde somente pelo
te trazer a arma desmuniciada e desmontada (se estiver com homicídio, porque essa é a finalidade do agente.
todas as peças) já caracteriza a conduta incriminada ou seja, Disparo + perigo para a vida ou saúde de outrem (Art.
transportar, possuir e manter sob guarda. 132): responde pelo disparo.
Aqui a lei passou a considerar crime a figura de transportar
Concurso de crimes O que vai prevalecer
munição ou acessório (lembrando que partes de armas não
são acessórios, assim, será crime se estivermos frente à arma Disparo + lesão leve Disparo
desmontada com todas as peças, não sendo crime o transpor- Disparo + homicídio Homicídio
te do cano, pois não configura acessório). Disparo + lesão grave/gravíssima Lesão grave/gravíssima
Contudo, será necessário comprovar - em exame pericial Disparo + Perigo a vida/saúde Disparo
- a eficácia da munição ou do acessório. Caso sejam considera-
Posse ou Porte Ilegal de Arma
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
arma para calibre 9 milímetros. Doutrinariamente, exige-se que a ação criminosa seja rea-
Entra aqui também quem modifica a arma para enganar a lizada de forma habitual para o delito se aperfeiçoar.
autoridade, a fim de induzir a erro, alterando calibre proibido
para parecer de uso permitido. Tráfico Internacional de Arma de Fogo
III. Possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saí-
explosivo ou incendiário, sem autorização ou em de- da do território nacional, a qualquer título, de arma de
sacordo com determinação legal ou regulamentar. fogo, acessório ou munição, sem autorização da auto-
IV. Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer ridade competente.
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer Considerações finais sobre os crimes: no crime de comér-
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou cio ilegal de arma de fogo (Art. 17) e tráfico internacional de
adulterado. arma de fogo (Art. 18), a pena será aumentada da metade, se a
V. Vender, entregar ou fornecer, ainda que gra- arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou
tuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou restrito. Esses crimes, assim como o crime de posse ou porte
explosivo a criança ou a adolescente. ilegal de arma de fogo de uso restrito (Art. 16), são insuscetí-
Aqui, as condutas são dolosas e direcionadas à venda, à veis de liberdade provisória.
entrega e ao fornecimento de arma, acessório ou explosivo a
As condutas são importar ou exportar, assim, esse crime é
criança ou a adolescente. Vale aqui a diferenciação para o ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente). Esse inciso V derrogou de competência da Justiça Federal. Importar ou exportar arma
o Art. 242 do ECA, que ficou restrito às armas brancas. de fogo prevalece sobre o crime de contrabando ou descami-
Assim, se for arma de fogo, responde pelo Estatuto do De- nho, do Código Penal, pois a norma penal especial prevalece
sarmamento, no Art. 16, V. sobre a geral, princípio da especialidade.
Sendo arma branca, responde pelo Art. 242 do ECA: Assim, se “A” vai ao Paraguai e traz arma ilegal, não
Art. 242. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, responderá pelo contrabando ou descaminho, bem como o
ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adoles- agente público que facilitar a entrada de arma ilegal não res-
cente arma, munição ou explosivo: ponderá pela facilitação do contrabando, mas sim por tráfico
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. internacional de arma de fogo, nos dois casos mencionados.
VI. Produzir, recarregar ou reciclar, sem autoriza- Temos o aumento de pena nos Arts. 17 e 18, caso a arma
ção legal, ou adulterar, de qualquer forma, muni- de fogo, e/ou acessório forem de uso restrito ou proibido.
ção ou explosivo. Aqui, aumenta-se da metade.
Temos que ter cuidado na reciclagem da munição. Por Por fim, temos nos Arts. 16, 17 e 18, a vedação da liberdade
exemplo, comete esse crime aquele que “usa” munição fora provisória. Contudo, segundo o STF, essa vedação é inconsti-
da validade de uso. tucional. Desta forma, atualmente, todos os crimes do Estatu-
Comércio Ilegal de Arma de Fogo to do Desarmamento admitem, em tese, a liberdade provisó-
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ria, inclusive fiança.
ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, No STF, a maioria dos ministros considerou que o dispositi-
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma vo (Art. 21) viola os princípios da presunção de inocência e do
utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de devido processo legal (ampla defesa e contraditório).
3. Lei nº 9.605/1998 Lei dos Crimes Teoria monista: a teoria monista é aquela que, quando os
agentes praticam crime em concurso de pessoas, eles respon-
Ambientais derão por crime único.
Teoria Dualista: para a teoria dualista, os autores respon-
A presente lei trata dos crimes cometidos contra o meio derão por um crime e os partícipes por outro crime.
ambiente e seu principal objetivo é a reparação ou compen- Teoria Pluralista: cada agente responde por um crime, de
sação dos danos ambientais, por isso, prevê, em sua maioria, acordo com sua conduta.
crimes de menor potencial ofensivo (princípio do poluidor -
Ex.: Corrupção ativa e corrupção passiva.
pagador).
Ş
ŝ#-ŝŦ
Mandados expressos de penalização/criminalização são ▷ Saber da prática criminosa.
situações em que a própria Constituição Federal considera ▷ Poder agir para evitá-la.
determinada conduta como crime, independente de legislação
ordinária. A Constituição Federal serve como vertente para que Denúncia Geral x Denúncia Genérica
o legislador ordinário crie as leis e, dessa forma, estará obriga- Denúncia genérica é aquela denúncia que descreve apenas
do a considerar tal conduta como crime, pois assim prevê a CF. o tipo penal e o imputa genericamente a todos os sócios; e
Como exemplo de mandados expressos de penalização, temos denúncia geral é a que descreve minuciosamente a conduta
o caso da tortura e do racismo que, mesmo antes de existir lei delituosa e imputa a todos os sócios da empresa. Importante
sobre o assunto, a CF já determinava que essas condutas se- lembrar que a denúncia genérica é tida como inapta pelo STJ,
riam consideradas crimes e já elencavam certas consequências já a denúncia geral é aceita. Essa regra vale para todos os cri-
para elas. Quanto ao Crime ambiental, a CF já previa que a mes societários.
conduta provocadora de dano ao meio ambiente seria crime
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
degradação ambiental.
sil! Atualização! De acordo com a teoria da dupla imputação, Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e
a responsabilidade penal da pessoa jurídica está vinculada à
do controle ambiental.
responsabilidade penal da pessoa física. O STJ e o STF não
adotam mais a teoria da dupla imputação. Desta forma, atual- Agravantes
mente, a responsabilidade penal da pessoa jurídica independe Reincidência nos crimes de natureza ambiental (crimes de
da responsabilidade penal da pessoa física. outra natureza não geram reincidência).
Desconsideração da Pessoa jurídica Ter o agente cometido a infração:
Art. 4º. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica ▷ Para obter vantagem pecuniária.
sempre que sua personalidade for obstáculo ao res- ▷ Coagindo outrem para a execução material da infração.
sarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ▷ Afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a
ambiente. saúde pública ou o meio ambiente.
De acordo com o Art. 4º, a pessoa jurídica poderá ser des- ▷ Concorrendo para danos à propriedade alheia.
considerada para alcançar os bens dos sócios, para que os ▷ Atingindo áreas de unidades de conservação ou
prejuízos causados sejam ressarcidos. No entanto, a descon-
áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime
sideração só é válida para pagamento da multa administrativa
ou condenação de reparação civil e nunca para pagamento de especial de uso.
multa decorrente de condenação penal, pois esta última não ▷ Atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamen-
poderá transcender a pessoa jurídica (princípio da intranscen- tos humanos.
dência da pena). ▷ Em período de defesa à fauna.
▷ Em domingos ou feriados.
Aplicação da Pena ▷ À noite.
Serão estudadas etapas diferentes para aplicação da pena ▷ Em épocas de seca ou inundações.
em pessoas físicas e em pessoas jurídicas:
▷ No interior do espaço territorial especialmente protegido.
Pessoa Física Pessoa Jurídica ▷ Com o emprego de métodos cruéis para abate ou
1º Etapa: Quantidade da pena 1º Quantidade
captura de animais.
▷ Mediante fraude ou abuso de confiança.
2º Etapa: Regime inicial
▷ Mediante abuso do direito de licença, permissão ou
3º Etapa: Possibilidade de substituição por restriti- autorização ambiental.
va de direitos, multa ou “sursis” ▷ No interesse de pessoa jurídica mantida, total ou par-
cialmente, por verbas públicas ou beneficiada por in-
1ª Etapa: quantidade da pena centivos fiscais.
A aplicação da pena passa por três fases: ▷ Atingindo espécies ameaçadas, listadas em relató-
▷ Circunstâncias judiciais. rios oficiais das autoridades competentes.
▷ Circunstâncias legais (Agravantes/Atenuantes). ▷ Facilitada por funcionário público no exercício de
▷ Causas de aumento/diminuição. suas funções.
2º etapa: regime inicial Liquidação Forçada da Pessoa Jurídica
3º etapa: possibilidade de substituição por restritivas de
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada,
direito, multa ou “sursis”.
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar
Restritiva de Direitos ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei, terá
Características: decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será
considerado instrumento do crime e, como tal, perdido
▷ Autonomia.
em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
▷ Substitutividade.
▷ Conversibilidade em prisão (CP). Perícia de Dano Ambiental
Duração: em regra, a restritiva de direitos durará o tempo A perícia criminal ambiental, além de constatar a materialida-
da pena substituída. Exceção: a interdição temporária de direi- de delitiva, também deve, se possível, calcular o valor do prejuízo
tos durará 05 anos, se o crime for doloso, e 03 anos, se o crime causado pelo crime ambiental para fins de concessão de fiança ou
for culposo. aplicação de multa.
Espécies
▷ Prestação de serviços à comunidade. Prova Emprestada
▷ Interdição temporária de direitos. Art. 19, parágrafo único. A perícia produzida no inqué-
▷ Suspensão parcial ou total de atividades (não possui rito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no
corresponde no CP). processo penal, instaurando-se o contraditório (con-
▷ Prestação pecuniária (no CP, a prestação pode ser traditório diferido ou postergado).
aos dependentes). Sentença Penal Ambiental
▷ Recolhimento domiciliar (parecido com limitação de
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que
fim de semana do CP).
possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos
Requisitos para Substituição causados pela infração, considerando os prejuízos sofri-
▷ Ser crime culposo ou doloso inferior a 04 anos. dos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.
▷ Circunstâncias judiciais favoráveis. Isso mesmo, o juiz criminal fixará o valor mínimo para re-
paração dos danos na área cível.
Multa
Transporte “In Utilibus” da Sentença Penal: nas ações co-
A prisão com pena não superior a um ano pode ser substi- letivas, quando procedente o pedido, a coisa julgada pode ser
tuída por multa e, caso ainda seja ineficaz, poderá ser aumen- utilizada em ações individuais de execução.
tada em até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem
Trancamento de Ação Penal
Ş
ŝ#-ŝŦ
econômica auferida (no CP, observa-se a situação econômica
do réu). No caso de manifesta ilegalidade, a pessoa física impetrará
“Sursis” um Habeas Corpus para trancamento da ação penal. No entan-
to, a pessoa jurídica não sofre de coação a sua liberdade e para
A suspensão condicional da pena no Código Penal pode trancamento de ação penal, deverá usar o remédio constitu-
ser aplicada em condenações não superiores a 02 anos. na Lei cional do mandado de segurança.
Ambiental, poderá ocorrer a substituição em condenações não
superiores a 03 anos. Competência em Crimes Ambientais
No caso de “sursis” em que se exija reparação do dano,
para a Lei Ambiental a comprovação se dará por laudo de re- Entendimento dos Tribunais
paração do dano ambiental. Se atingir interesse direto e específico da União: Justiça
Federal.
Penas Aplicáveis à Pessoa Jurídica
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
toridade competente, ou em desacordo com a obtida: cia dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para
Pena - detenção de seis meses a um ano e multa. fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos
§ 1º. Incorre nas mesmas penas: alternativos.
I. Quem impede a procriação da fauna, sem licença, § 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço se
autorização ou em desacordo com a obtida. ocorre morte do animal.
II. Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou car-
ou criadouro natural. reamento de materiais, o perecimento de espécimes
III. Quem vende, expõe à venda, exporta ou adqui- da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes,
re, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:
transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna sil- Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas
vestre, nativa ou em rota migratória, bem como pro- cumulativamente.
dutos e objetos dela oriundos, provenientes de cria- Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
douros não autorizados ou sem a devida permissão, I. Quem causa degradação em viveiros, açudes ou
licença ou autorização da autoridade competente. estações de aquicultura de domínio público.
Perdão Judicial II. Quem explora campos naturais de invertebrados
§ 2º. No caso de guarda doméstica de espécie silves- aquáticos e algas, sem licença, permissão ou auto-
tre não considerada ameaçada de extinção, pode o rização da autoridade competente.
juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar III. Quem fundeia embarcações ou lança detritos
a pena. de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou
§ 3º. São espécimes da fauna silvestre todos aqueles corais, devidamente demarcados em carta náutica.
pertencentes às espécies nativas, migratórias e quais- Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibi-
quer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo da ou em lugares interditados por órgão competente:
ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou
limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais ambas as penas cumulativamente.
brasileiras.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
Causas de Aumento de Pena I. Pesca espécies que devam ser preservadas ou es-
Caso haja o concurso entre essas causas de aumento de pécimes com tamanhos inferiores aos permitidos.
pena e as agravantes da parte geral, prevalecerão as causas de II. Pesca quantidades superiores às permitidas, ou
aumento de pena. Não se pode aplicar as duas, em respeito ao mediante a utilização de aparelhos, petrechos, téc-
princípio da vedação do bis in idem. nicas e métodos não permitidos.
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é pra- III. Transporta, comercializa, beneficia ou indus-
ticado: trializa espécimes provenientes da coleta, apanha
I. Contra espécie rara ou considerada ameaçada de e pesca proibidas.
extinção, ainda que somente no local da infração. Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
II. Em período proibido à caça. I. Explosivos ou substâncias que, em contato com a
III. Durante a noite. água, produzam efeito semelhante.
II. Substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela ção de Proteção Integral será considerada circunstân-
autoridade competente: cia agravante para a fixação da pena.
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à me-
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca tade.
todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
apreender ou capturar espécimes dos grupos dos pei- Pena - reclusão de dois a quatro anos e multa.
xes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetí- Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de
veis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas detenção de seis meses a um ano, e multa.
as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões
oficiais da fauna e da flora. que possam provocar incêndios nas florestas e demais
Causas Excludentes da Ilicitude formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer
Nesses casos, apesar de o agente cometer a conduta, esta tipo de assentamento humano:
não será ilícita por incidir as causas especiais de exclusão da Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas
ilicitude prevista na Lei dos Crimes Ambientais. as penas cumulativamente.
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando rea- Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou
lizado: consideradas de preservação permanente, sem prévia
I. Em estado de necessidade, para saciar a fome do autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de
agente ou de sua família. minerais:
II. Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da Pena - detenção de seis meses a um ano e multa.
ação predatória ou destruidora de animais, desde Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de
que legal e expressamente autorizado pela autori- lei, assim classificada por ato do Poder Público, para
dade competente. fins industriais, energéticos ou para qualquer outra
III. Por ser nocivo o animal, desde que assim caracte- exploração, econômica ou não, em desacordo com as
rizado pelo órgão competente. determinações legais:
Pena - reclusão de um a dois anos e multa.
Dos Crimes Contra a Flora Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos
preservação permanente, mesmo que em formação, de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do
ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: vendedor, outorgada pela autoridade competente, e
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas sem munir-se da via que deverá acompanhar o produ-
as penas cumulativamente. to até final beneficiamento:
Ş
ŝ#-ŝŦ
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será Pena - detenção de seis meses a um ano e multa.
reduzida à metade. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta
ou secundária, em estágio avançado ou médio de re- ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de
generação, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo
infringência das normas de proteção: da viagem ou do armazenamento, outorgada pela au-
Pena - detenção de 1 (um) a 3 (três) anos ou multa, ou toridade competente.
ambas as penas cumulativamente. Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será florestas e demais formas de vegetação:
reduzida à metade. Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de pre- Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qual-
quer modo ou meio, plantas de ornamentação de lo-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
a obtida:
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em flo-
Pena - detenção de seis meses a um ano e multa.
restas e nas demais formas de vegetação, sem licença
ou registro da autoridade competente: Parágrafo único. Nas mesmas penas, incorre quem
deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada,
Pena - detenção de três meses a um ano, e multa.
nos termos da autorização, permissão, licença, conces-
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação condu- são ou determinação do órgão competente.
zindo substâncias ou instrumentos próprios para caça
ou para exploração de produtos ou subprodutos flores- Art. 56º Produzir, processar, embalar, importar, ex-
tais, sem licença da autoridade competente: portar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar,
guardar, ter em depósito ou usar produto ou substân-
Pena - detenção de seis meses a um ano e multa. cia tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao
Causas de Aumento de Pena meio ambiente, em desacordo com as exigências esta-
belecidas em leis ou nos seus regulamentos:
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é au-
Pena - reclusão de um a quatro anos e multa.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
No entanto, o legislador brasileiro tratou a tortura de forma
co ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano que ela pode ser praticada tanto por agente público quan-
de detenção e multa. to por particular, por isso, fala-se em caráter bifronte da Lei
§ 2º Não constitui crime a prática de grafite realizada de Tortura (tanto por agente público quanto por particular).
com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou Importante ressaltar que se for agente público, ainda incide
privado mediante manifestação artística, desde que uma causa de aumento de pena (Art. 1º §4º, I).
consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo
locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de Prescrição
bem público, com a autorização do órgão competente e Uma questão muito boa consiste em se questionar se a
a observância das posturas municipais e das normas edi- tortura prescreve. Façamos uma análise em relação à prescri-
tadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela ção da tortura, antes de responder à pergunta.
preservação e pela conservação do patrimônio histórico
De acordo com a Carta-mãe, são imprescritíveis o racismo
e artístico nacional.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
XLIII, CF:
Tortura persecutória ou tortura prova: com o fim de obter
informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira Art. 5º, XLIII. A lei considerará crimes inafiançáveis e in-
pessoa. suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o trá-
Tortura crime: para provocar ação ou omissão de natureza fico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
criminosa. e os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
Ex.: Ex.: Roberval, mediante coação moral irresistível, dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
coage Márcio a matar Daniel. Nesse caso, Márcio não res- evitá-los, se omitirem.
ponderá por nada, pois agiu sob coação moral irresistível Entende a doutrina, considerando o Art. 5º, XLIII, e o Art. 13
e será isento de pena. Já Roberval responderá pelo ho- §2º, CP (omissão imprópria) que aquele que se omite deveria
micídio mediante autoria mediata e também por tortura, responder pela tortura e não por uma modalidade atenuada da
pois “torturou” Márcio a praticar um crime. tortura, como ocorre no §2º.
Tortura discriminatória: em razão de discriminação racial No entanto, o §2º do Art. 1º da Lei de Tortura, ainda não
ou religiosa. foi declarado inconstitucional pelo STF. Portanto, aquele que
Ş
ŝ#-ŝŦ
Importante notar que o inciso engloba apenas a discrimi- se omite, responderá pelo §2º. Como se sabe, a tortura é um
nação racial ou religiosa e não a discriminação homossexual, crime equiparado a hediondo, porém a conduta do §2º não é
xenofóbica, etária, vingança ou de gênero. equiparada a hediondo e por ter a pena de detenção, a pena
não iniciará no regime fechado.
II. Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
autoridade, com emprego de violência ou grave Homicídio qualificado pela
Tortura qualificada pela morte
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, tortura
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida No homicídio qualificado pela
Na tortura qualificada, o dolo do
tortura, o dolo do agente, mesmo
de caráter preventivo. agente é direcionado à tortura,
que eventual, tem que ser, pelo
Esse inciso trata de uma forma de tortura em que são e a morte advém como um re-
menos em algum momento, a
sultado culposo (preterdoloso =
próprios tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo (crime dolo no antecedente, culpa no
morte da vítima. Nesse caso, a
bipróprio). Embora sejam muito parecidos, esse inciso não re- tortura não é consequência, mas
consequente).
meio de execução.
vogou o crime de maus tratos, previsto no Art. 136 do Código
Penal: Tortura Qualificada pelo
Maus tratos: Resultado ou Preterdolosa
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa §3º. Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gra-
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de víssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer pri- resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
vando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis,
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, Causas de Aumento de Pena
quer abusando de meios de correção ou disciplina. O juiz observará, na terceira fase de aplicação da pena, as
Como se percebe, as finalidades são diferentes, porém, se seguintes circunstâncias para aumento da pena de um sexto
for verificado que houve intenso sofrimento físico ou mental, até um terço:
estará configurada a tortura. ▷ Se o autor do crime é agente público.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ▷ Se a vítima é criança ou adolescente, gestante, por-
ou sujeita à medida de segurança a sofrimento físico ou tador de deficiência ou maior de 60 anos.
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em ▷ Se o crime é cometido mediante sequestro (abrange
lei ou não resultante de medida legal. cárcere privado e extorsão mediante sequestro).
Quanto à modalidade do parágrafo primeiro, pode se
observar que é crime próprio apenas em relação ao sujeito Efeitos da Condenação
passivo (sujeito passivo qualificado), pois o sujeito ativo não Art. 1º § 5º. A condenação acarretará a perda do cargo,
precisa ser quem mantém a pessoa presa, por exemplo, par- função ou emprego público e a interdição para seu exercí-
ticulares que “lincham” uma pessoa que acabou de ser presa. cio pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Outro detalhe interessante é que essa modalidade não
necessariamente precisa ser praticada mediante violência ou Vedações
grave ameaça, ou seja, pode ser praticada pela violência im- Art. 1º, § 6º. O crime de tortura é inafiançável e insuscetí-
própria (hipnose, substância psicoativa, sonífero). vel de graça ou anistia + indulto (acrescentado pelo STF).
Regime de Cumprimento de Pena VIII. repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Art. 1º, § 7º. O condenado por crime previsto nesta E por último e mais importante deles:
Lei, salvo a hipótese do § 2º (tortura imprópria), ini- Art. 5º, XLII: A prática do racismo constitui crime
ciará o cumprimento da pena em regime fechado. inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclu-
são, nos termos da lei;
Princípio da Extraterritorialidade
Inafiançável = Não se admite a fiança para concessão da
Art. 2º. O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o liberdade provisória, vale ressaltar que é possível a liberdade
crime não tenha sido cometido em território nacional, provisória sem fiança.
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
Imprescritível = Poderá ser punido a qualquer tempo, não
em local sob jurisdição brasileira.
cabendo a causa extintiva da punibilidade pela prescrição. De
O princípio da extraterritorialidade está previsto no CP acordo com a Constituição Federal são imprescritíveis apenas
em seu Art. 7º, sendo que as causas que não dependerão de o racismo e ação de grupos armados, civis ou militares, contra
nenhuma condição são chamados de territorialidade incon- a ordem constitucional e o Estado Democrático.
dicionada e estão no inciso I: Pena de Reclusão = O legislador ordinário não poderia
▷ Contra a vida ou a liberdade do Presidente da Re- cominar penas diferentes de reclusão por causa da previsão
pública. constitucional.
▷ Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis- Art. 1º da Lei de Discriminação Racial:
trito Federal, de Estado, de Território, de Município, de Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de:
empresa pública, sociedade de economia mista, autar- Discriminação (é o ato de separar, segregar ou diferenciar
quia ou fundação instituída pelo Poder Público. pessoas, animais ou coisas, no caso da lei trata-se apenas de
▷ Contra a administração pública, por quem está a seu pessoas) ou preconceito (é a opinião formada precipitada-
serviço. mente e, normalmente, de forma negativa/pejorativa).
▷ De genocídio, quando o agente for brasileiro ou do- Além de ser discriminação ou preconceito, tal discriminação
miciliado no Brasil. ou preconceito têm que serem voltados a:
O que a Lei de Tortura fez foi aumentar esse rol, prevendo ▷ Raça, Cor, Etnia, Religião ou Procedência Nacional.
mais um caso de extraterritorialidade incondicionada. Esses requisitos, tratados no Art. 1º, servirão como norte
para praticamente todas as condutas previstas na lei, ou seja,
5. Lei nº 7.716/1989 Lei de os crimes previstos nessa lei dependem do dolo do agente,
voltado para esses tipos de discriminação ou preconceito.
Discriminação Racial
A presente lei define os crimes de preconceito de raça e de
Outras Formas de Discriminação
Ş
ŝ#-ŝŦ
cor, conforme expressão utilizada na própria lei, no entanto, com Discriminação resultante de sexo ou estado civil são trata-
alteração posterior, o artigo primeiro da lei, amplia esse rol para dos pela Lei nº 7437/85. Como nessa lei, as penas cominadas
tratar também da etnia, religião ou procedência nacional. não são de reclusão, entende parte da doutrina que ela é in-
constitucional.
Mandado Expresso de Discriminação resultante de deficiência física ou mental
são tratadas pela Lei nº 7853/89.
Criminalização / Penalização
O crime de “racismo” encontra previsão e citações em vá- Crimes em Espécie
rias passagens constitucionais, entendendo-se como mandado Art. 3º Impedir ou obstar o acesso a alguém, devida-
expresso de penalização porque a própria Constituição Federal mente habilitado, a qualquer cargo da administração
já previa a conduta de racismo como crime, logo não poderia o direta ou indireta, bem como em concessionárias de
legislador ordinário tratar a matéria de outra maneira. serviço público.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Essa previsão encontra respaldo, principalmente, no Art. 5º Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por
XLII, mas também pode ser entendido nos artigos 1º III, 3º IV e motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou
4º II e VIII, todos da Constituição Federal. procedência nacional, obstar a promoção funcional.
Art. 1º: A República Federativa do Brasil (...) tem como Crime formal - Independe do prejuízo causado à vítima.
fundamentos: Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa pri-
III. a dignidade da pessoa humana; vada.
Art. 3º: Constituem objetivos fundamentais da Repú- §1º. Condutas equiparadas:
blica Federativa do Brasil: Deixar de conceder os equipamentos necessários em
VI. promover o bem de todos, sem preconceitos igualdade de condições.
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer ou- Impedir a ascensão funcional do empregado.
tras formas de discriminação. Proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
Art. 4º: A República Federativa do Brasil rege-se nas ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: § 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de 545
I. prevalência dos direitos humanos; serviços à comunidade, incluindo atividades de promo-
ção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qual- Efeitos da Condenação
546 quer outra forma de recrutamento de trabalhadores,
Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função
exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia pública, para o servidor público, e a suspensão do funciona-
para emprego cujas atividades não justifiquem essas mento do estabelecimento particular por prazo não superior
exigências. a três meses.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Os efeitos não são automáticos, devendo ser motivada-
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento mente declarados na sentença.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
comercial, negando-se a servir, atender ou receber Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
cliente ou comprador. preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
Pena: reclusão de um a três anos. nacional.
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingres- Pena: reclusão de um a três anos e multa.
so de aluno em estabelecimento de ensino público ou § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular sím-
privado de qualquer grau. bolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propa-
ganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para
Pena: reclusão de três a cinco anos.
fins de divulgação do nazismo.
Causa de Aumento de Pena Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é come-
pena é agravada de 1/3 (um terço). tido por intermédio dos meios de comunicação social
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em ho- ou publicação de qualquer natureza:
Ş
ŝ#-ŝŦ
tel (períodos predeterminados), pensão (períodos inde- Pena -reclusão de dois a cinco anos e multa. § 3º No
terminados), estalagem, ou qualquer estabelecimento caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar,
similar (interpretação analógica - albergue). ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda
Pena - Reclusão de três a cinco anos. antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em I. O recolhimento imediato ou a busca e apreensão
restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes dos exemplares do material respectivo;
abertos ao público (cafeteria, sorveteria). II. A cessação das respectivas transmissões radio-
fônicas ou televisivas.
Pena: reclusão de um a três anos.
III. A interdição das respectivas mensagens ou pá-
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em ginas de informação na rede mundial de compu-
estabelecimentos esportivos, casas de diversões (espe- tadores.
táculos, circo, cinema), ou clubes sociais abertos ao pú- § 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condena-
blico (não abrange clubes privativos a sócios). ção, após o trânsito em julgado da decisão, a destrui-
Pena - reclusão de um a três anos. ção do material apreendido.
A mera interpelação para apresentação de ingresso não ca-
racteriza discriminação racial nesse artigo. 6. Lei nº 10.741/2003
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em sa-
lões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de mas- Estatuto do Idoso - Dos Crimes
sagem, ou estabelecimento com as mesmas finalidades. A presente seção tratará dos crimes praticados contra os
Pena - reclusão de um a três anos. idosos, previstos no Estatuto do Idoso. Ao final da aula, você
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifí- será capaz de identificar as condutas que estão previstas como
cios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de crime e diferenciá-las entre si, de forma que o entendimento
acesso aos mesmos: da lei fique amplo.
Pena - reclusão de um a três anos. Estatuto do Idoso -
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públi-
cos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, Considerações Gerais
metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber,
(táxi). as disposições da lei 7.347, de 24 de julho de 1985.
Pena - reclusão de um a três anos. Esse artigo trata da aplicação subsidiária da lei de ação
civil pública ao Estatuto do Idoso, a lei de ação civil pública
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao servi-
trata da ação intentada pelo Ministério Público quando se
ço (remunerado ou não) em qualquer ramo das Forças
tratar de direitos coletivos e difusos.
Armadas (PM e Bombeiro).
Idoso: Prevê o art. 1º que o Estatuto do Idoso é destinado a
Pena: reclusão de dois a quatro anos. regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, superior a 60 anos.
o casamento ou convivência familiar e social. Em relação ao benefício para o transporte, o estatuto con-
Pena: reclusão de dois a quatro anos. sidera o benefício apenas aos maiores de 65 anos.
A prescrição pela metade do tempo, prevista pelo Código (art. 181) e transforma em condicionada a representação quan-
penal, estende-se aos menores de 21 anos à data da conduta do o vínculo é de menor relevância (art. 182). No entanto, es-
delitiva e aos maiores de 70 anos na data da sentença. sas situações não são cabíveis quando se trata de vítima idosa,
Art. 94. Aos crimes previstos nesta lei, cuja pena má- pois o próprio Código Penal já trouxe essa previsão no art. 183
xima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) (alterado pelo estatuto do idoso) e o Estatuto do Idoso, em seu
anos, aplica-se o procedimento previsto na lei 9.099, artigo 95, confirmou a exceção.
de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no
que couber, as disposições do código penal e do código Crimes em Espécie
de processo penal. (grifo nosso). Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou difi-
A Lei 9.099/95 trata dos juizados especiais criminais e cultando seu acesso a operações bancárias, aos meios
trouxe uma série de medidas despenalizadoras. No entanto, de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer
a Lei dos Juizados é aplicável aos crimes de menor potencial outro meio ou instrumento necessário ao exercício da
ofensivo, sendo estes todas as contravenções e os crimes cuja cidadania, por motivo de idade:
pena máxima não ultrapasse dois anos. Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Fácil perceber a contradição entre as duas leis, no sentido § 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humi-
de que as medidas despenalizadoras são aplicadas apenas aos lhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por
crimes com penas máximas até 02 anos e, no caso do Esta- qualquer motivo.
tuto do Idoso, que, diga-se de passagem, veio para proteger Causa de Aumento de Pena (1/3)
os idosos, essa idade é aumentada para 04 anos para aqueles
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima
que praticam algum crime contra os idosos. Essa interpretação
se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do
seria absurda.
agente.
Portanto, o STF no julgamento da ADI 3096/10 entendeu
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando
que nos crimes contra o idoso se aplica somente o procedi-
possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de imi-
mento previsto pela Lei 9.099/95, não se aplicando os institu-
tos despenalizadores previsto pela Lei dos Juizados Especiais. nente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua as-
sistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses
Todavia, se o crime contra o idoso for com pena máxima casos, o socorro de autoridade pública:
não superior à dois anos, estará de acordo com a regra geral e
será de menor potencial ofensivo. Portanto, aplicar-se-á a Lei Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
dos Juizados. Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se
Art. 95. Os crimes definidos nesta lei são de ação penal da omissão resulta lesão corporal de natureza grave,
e triplicada, se resulta a morte.
pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts.
181 e 182 do Código Penal. Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saú-
Ş
ŝ#-ŝŦ
de, entidades de longa permanência, ou congêneres,
Para os crimes definidos no Estatuto do Idoso, não é ne-
ou não prover suas necessidades básicas, quando obri-
cessário que o idoso manifeste sua vontade, no sentido de que
gado por lei ou mandado ( art. 1694 e seguintes, CC):
o Estado possa agir em direção a punição do agente (perse-
cução criminal). Nesses casos, o Estado poderá agir de ofício, Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
seja na figura no Delegado, iniciando um inquérito policial ou Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física
na figura do Promotor de Justiça, realizando uma denúncia. ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições de-
Por isso, os crimes do Estatuto do Idoso são chamados de ação sumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos
penal pública incondicionada. e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo,
O Código Penal prevê em seus artigos 181 e 182 as chama- ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:
das escusas absolutórias: Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
Código penal § 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza
Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos grave:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
crimes previstos neste título, em prejuízo: Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
I. Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal. § 2º Se resulta a morte:
II. De ascendente ou descendente, seja o parentes- Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
co legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6
Art. 182 - Somente se procede mediante represen- (seis) meses a 1 (um) ano e multa:
tação, se o crime previsto neste título é cometido em I. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo pú-
prejuízo: blico por motivo de idade.
I. Do cônjuge desquitado ou judicialmente separa- II. Negar a alguém, por motivo de idade, emprego
do. ou trabalho.
III. Recusar, retardar ou dificultar atendimento ou
II. De irmão, legítimo ou ilegítimo. deixar de prestar assistência à saúde, sem justa
III. De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. causa, a pessoa idosa.
Escusas absolutórias são situações que ocorrem nos cri- IV. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem jus-
mes contra o patrimônio que o Código Penal isenta de pena os to motivo, a execução de ordem judicial expedida 547
agentes do crime por causa do vínculo existente com a vítima na ação civil a que alude esta Lei.
V. Recusar, retardar ou omitir dados técnicos indis- ▷ Comprovante de quitação com o serviço militar (cer-
548 pensáveis à propositura da ação civil objeto desta tificado de reservista).
Lei, quando requisitados pelo Ministério Público. ▷ Título de eleitor.
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem ▷ Carteira profissional.
justo motivo, a execução de ordem judicial expedida
nas ações em que for parte ou interveniente o idoso: ▷ Certidão de registro do nascimento.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. ▷ Certidão de casamento.
▷ Comprovante de naturalização.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de co- ralização e carteira de identidade de estrangeiro.
municação, informações ou imagens depreciativas ou Exceções:
injuriosas à pessoa do idoso: A vedação a retenção é a regra geral que possui exceções,
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. sendo a primeira delas o caso em que o documento de iden-
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de tificação for indispensável para a entrada de pessoa em órgão
seus atos a outorgar procuração para fins de adminis- público ou particular. Nesse caso, o dados do documento serão
tração de bens ou deles dispor livremente: anotados e o documento será IMEDIATAMENTE devolvido.
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Art. 2º. § 2º. Quando o documento de identidade for
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, indispensável para a entrada de pessoa em órgãos pú-
contratar, testar ou outorgar procuração: blicos ou particulares, serão seus dados anotados no
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. ato e devolvido o documento imediatamente ao inte-
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa ressado.
sem discernimento de seus atos, sem a devida repre-
sentação legal: Além disso, tem-se a exceção da necessidade do docu-
mento para realização de determinado ato. Nesse caso, a pes-
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
soa que fizer a exigência extrairá os dados que interessarem,
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante
do Ministério Público ou de qualquer outro agente fis- no prazo de 05 dias, em seguida devolvendo o documento ao
calizador: seu exibidor.
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e Art. 2º. Quando, para a realização de determinado ato, for
multa. exigida a apresentação de documento de identificação, a
pessoa que fizer a exigência fará extrair, no prazo de até 5
7. Lei nº 5.553/1968 Apresentação e (cinco) dias, os dados que interessarem devolvendo em se-
guida o documento ao seu exibidor.
Uso de Documento de Identificação Para ultrapassar esse prazo de 05 dias, somente com au-
torização judicial.
Pessoal Art. 2º. § 1º. Além do prazo previsto neste artigo, so-
A referida lei traz as vedações à retenção de documento de mente por ordem judicial poderá ser retirado qualquer
identificação pessoal, constituindo infração penal sua retenção documento de identificação pessoal.
dolosa. No entanto, a própria lei traz as exceções em que o Na Lei das Contravenções Penais, o artigo 68 se assemelha
documento poderá ser retido. à infração penal prevista nesta lei, a saber:
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justi-
Disposições Gerais ficadamente solicitados ou exigidos, dados ou indica-
Vedação à retenção de qualquer documento de identifica- ções concernentes à própria identidade, estado, profis-
ção pessoal (seja o próprio documento, a fotocópia autentica- são, domicílio e residência:
da ou a pública-forma, entendida esta como a cópia autêntica Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
de um documento feita por um tabelião). réis.
A vedação à retenção abrange a retenção feita por pessoa Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples,
física ou jurídica, seja de direito público ou privado. de um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a
Documentos equiparados pela própria lei: dois contos de réis, se o fato não constitui infração
penal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, § 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela
faz declarações inverídicas a respeito de sua identida- Lei nº 10.803, de 11.12.2003).
de pessoal, estado, profissão, domicílio e residência. I. Cerceia o uso de qualquer meio de transporte
Pena – prisão simples, de três meses a um ano. por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no
No entanto, esta contravenção traz a situação contrária à local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de
da Lei de Identificação Pessoal. Pois no artigo 68, o agente se 11.12.2003).
fornecer dados necessários à sua identificação (normalmente II. Mantém vigilância ostensiva no local de tra-
nega o documento). Vale lembrar que, no caso do artigo 68 da balho ou se apodera de documentos ou objetos
Lei das Contravenções Penais, as informações são solicitadas pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no
de forma justificada e na contravenção da Lei 5553/68, a re- local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de
tenção não pode estar justificada. 11.12.2003).
Infração praticada por preposto Se a retenção tem a finalidade de impedir que alguém se
Quando a infração for praticada por preposto (agente que desligue de serviços de qualquer natureza, a infração pratica-
recebe ordens) ou por agente de pessoa jurídica, será conside- da será a de frustação de direito assegurado por lei trabalhista
rado responsável quem deu a ordem de retenção. No entanto, (art. 203, $ 1°, I CP).
se houver desobediência ou inobservância de ordens por parte Art. 203. Frustrar, mediante fraude ou violência, direi-
do preposto ou agente de pessoa jurídica, este será conside- to assegurado pela legislação do trabalho:
rado o infrator. Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, de dois
Art. 3°. Parágrafo único. Quando a infração for pra- contos a dez contos de réis, alem da pena correspon-
ticada por preposto ou agente de pessoa jurídica, dente à violência.
considerar-se-á responsável quem houver ordena- Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além
do o ato que ensejou a retenção, a menos que haja, da pena correspondente à violência. (Redação dada
pelo executante, desobediência ou inobservância de pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
ordens ou instruções expressas, quando, então, será § 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela Lei nº
este o infrator. 9.777, de 29.12.1998)
Infração penal I. Obriga ou coage alguém a usar mercadorias de
A retenção de documento de identificação pessoal, sem determinado estabelecimento, para impossibilitar
previsão legal, constitui contravenção penal com pena de o desligamento do serviço em virtude de dívida;
prisão simples (sem rigor penitenciário) de 01 a 03 meses ou (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
multa II. Impede alguém de se desligar de serviços de
Prevê a lei que a multa será no valor de NCR$ 0,50 (cin- qualquer natureza, mediante coação ou por meio
quenta centavos) a NCR$ 3,00 (três cruzeiros novos). No en-
Ş
ŝ#-ŝŦ
da retenção de seus documentos pessoais ou con-
tanto, o art. 2° da Lei 7209/84 que alterou toda a parte geral tratuais.
do Código Penal revogou toda previsão expressa relativa a § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço
multas, de forma que a multa será calculada de acordo com o se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, ges-
Código Penal. Primeiro, se calcula a quantidade de dias-multa tante, indígena ou portadora de deficiência física
(de 10 a 360 dias-multa) e depois se calcula o valor do dia- ou mental.
-multa (de 1/30 avos até 5 vezes o salário mínimo vigente)
podendo ainda ser triplicada se não for suficiente.
Art. 3º Constitui contravenção penal, punível com pena
8. Decreto-Lei nº 3.688/1941 Lei das
de prisão simples de 1 (um) a 3 (três) meses ou multa Contravenções Penais
de NCR$ 0,50 (cinquenta centavos) a NCR$ 3,00 (três
A referida lei traz as regras gerais e tipifica as condutas
cruzeiros novos), a retenção de qualquer documento a
entendidas como contravenção penal, trazendo as regras
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
A tentativa é um instituto que tem a natureza jurídica mu- pabilidade), quanto na teoria finalista (dolo e culpa estão na con-
tacional, pois de acordo com a infração penal ela terá uma na- duta) o dolo e a culpa são necessários para a existência do crime.
tureza jurídica diferente.
Erro de Direito
Nos chamados delitos de empreendimento ou de atenta-
do, a tentativa é impossível de ocorrer na prática, pois a pró- Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreen-
pria tentativa já configura o delito. Também ocorre quando a são da lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de
própria legislação pune a tentativa como se fosse consumada, ser aplicada.
como no caso das faltas graves praticadas pelos presos.
Há aqueles crimes que inadmitem a tentativa, como nos
Contravenções Penais em Espécie
crimes culposos e nos omissivos próprios. No entanto, a regra Contravenções Referentes à Pessoa
geral é que a tentativa é uma causa de diminuição de pena,
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
em águas públicas, pondo em perigo a segurança alheia: Pena - prisão simples, de um a seis meses, ou multa,
Pena - prisão simples, de quinze a três meses, ou multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
de trezentos mil réis a dois contos de réis. § 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou ocupan-
Há que se considerar que algumas condutas do CTB absor- te de prédio que o cede, no todo ou em parte, para
vem a infração penal do Art. 34: reunião de associação que saiba ser de caráter secreto.
▷ Dirigir veículo com concentração de álcool - Art. 306 § 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias, dei-
CTB. xar de aplicar a pena, quando lícito o objeto da asso-
▷ Participando de rachas - Art. 308 CTB. ciação.
▷ Com velocidade incompatível transitando próximo a Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo in-
escolas, hospitais, local de embarque e desembarque, conveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato
logradouros estreitos, onde haja grande circulação de oficial, em assembleia ou espetáculo público, se o fato
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
pessoas - Art. 311 CTB. não constitui infração penal mais grave;
Pena - prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
Direção sem Habilitação e Direção multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Perigosa de Aeronave Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licen- perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz
ciado: de produzir pânico ou tumulto:
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, e Pena - prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias Perturbação do Trabalho
ou a voos baixos, fora da zona em que a lei o permite,
ou fazer descer a aeronave fora dos lugares destinados ou do Sossego
a esse fim: Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou alheio: 553
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. I. Com gritaria ou algazarra;
II. Exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em § 2º Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 (dois
554 desacordo com as prescrições legais; mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), quem
III. Abusando de instrumentos sonoros ou sinais é encontrado a participar do jogo, ainda que pela in-
acústicos; ternet ou por qualquer outro meio de comunicação,
IV. Provocando ou não procurando impedir baru- como ponteiro ou apostador. (Redação dada pela Lei
lho produzido por animal de que tem a guarda: nº 13.155, de 2015)
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou § 3º Consideram-se, jogos de azar:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. c) o jogo em que o ganho e a perda depen-
dem exclusiva ou principalmente da sorte;
Contravenções Referentes à Fé Pública d) as apostas sobre corrida de cavalos fora de
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de hipódromo ou de local onde sejam autorizadas;
curso legal no país: e) as apostas sobre qualquer outra competi-
Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. ção esportiva.
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou obje- § 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar
to que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir acessível ao público:
com moeda: a) a casa particular em que se realizam jogos
Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. de azar, quando deles habitualmente participam
Art. 45. Fingir-se funcionário público: pessoas que não sejam da família de quem a ocu-
Pena - prisão simples, de um a três meses, ou multa, pa;
Ş
ŝ#-ŝŦ
de quinhentos mil réis a três contos de réis. b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a
Art 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo cujos hóspedes e moradores se proporciona jogo
de função pública que não exerce; usar, indevidamen- de azar;
te, de sinal, distintivo ou denominação cujo emprego c) a sede ou dependência de sociedade ou
seja regulado por lei. associação, em que se realiza jogo de azar;
Pena - multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o fato d) o estabelecimento destinado à exploração
não constitui infração penal mais grave. de jogo de azar, ainda que se dissimule esse des-
tino.
Contravenções Relativas à Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem autori-
Organização do Trabalho zação legal:
Pena - prisão simples, de seis meses a dois anos, e
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou multa, de cinco a dez contos de réis, estendendo-se os
anunciar que a exerce, sem preencher as condições a efeitos da condenação à perda dos moveis existentes
que por lei está subordinado o seu exercício: no local.
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou § 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. expõe à venda, tem sob sua guarda para o fim de ven-
Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições le- da, introduz ou tenta introduzir na circulação bilhete de
gais, comércio de antiguidades, de obras de arte, ou de loteria não autorizada.
manuscritos e livros antigos ou raros:
§ 2º Considera-se loteria toda operação que, mediante
Pena - prisão simples de um a seis meses, ou multa, de a distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais,
um a dez contos de réis. símbolos ou meios análogos, faz depender de sorteio
Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrí- a obtenção de prêmio em dinheiro ou bens de outra
cula ou à escrituração de indústria, de comércio, ou de natureza.
outra atividade: § 3º Não se compreendem na definição do parágrafo
Pena - multa, de duzentos mil réis a cinco contos de réis. anterior os sorteios autorizados na legislação especial.
Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, bi-
Contravenções Relativas à lhete de loteria, rifa ou tômbola estrangeiras:
Polícia de Costumes Pena - prisão simples, de quatro meses a um ano, e
Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar multa, de um a cinco contos de réis.
público ou acessível ao público, mediante o pagamen- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende,
to de entrada ou sem ele: expõe à venda, tem sob sua guarda. para o fim de ven-
Pena - prisão simples, de três meses a um ano, e mul- da, introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete
ta, de dois a quinze contos de réis, estendendo-se os de loteria estrangeira.
efeitos da condenação à perda dos moveis e objetos de Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de
decoração do local. loteria estadual em território onde não possa legal-
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se existe entre mente circular:
os empregados ou participa do jogo pessoa menor de Pena - prisão simples, de dois a seis meses, e multa, de
dezoito anos. um a três contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:
expõe à venda, tem sob sua guarda, para o fim de ven- A partir da nova redação do Art. 243, do ECA (Lei nº
da, introduz ou tonta introduzir na circulação, bilhete 8.069/90), dada pela Lei nº 13.106/15, passa a ser crime a con-
de loteria estadual, em território onde não possa legal-
duta de vender bebidas alcóolicas a crianças e adolescentes. O
mente circular.
inciso I do Art. 63 da LCP encontra-se revogado tacitamente.
Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de
loteria estrangeira: II. A quem se acha em estado de embriaguez;
Pena - prisão simples, de um a três meses, e multa, III. A pessoa que o agente sabe sofrer das faculda-
de duzentos mil réis a um conto de réis. des mentais;
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe IV. A pessoa que o agente sabe estar judicial-
ou tem sob sua guarda lista de sorteio de loteria es- mente proibida de frequentar lugares onde se
tadual, em território onde esta não possa legalmente consome bebida de tal natureza:
circular.
Pena - prisão simples, de dois meses a um ano, ou mul-
Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de
ta, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
feitura de bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes
relativos a loteria, em lugar onde ela não possa legal- Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquili-
mente circular: dade, por acinte ou por motivo reprovável:
Pena - prisão simples, de um a seis meses, e multa, de Pena - prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou
duzentos mil réis a dois contos de réis. multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de
sorteio ou avisos de loteria, onde ela não possa legal- Contravenções Referentes à
mente circular:
Pena - prisão simples, de um a três meses, e multa, de
Administração Pública
cem a quinhentos mil réis. Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente:
Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impres- I. Crime de ação pública, de que teve conhecimento
so, de rádio, cinema, ou qualquer outra forma, ainda no exercício de função pública, desde que a ação
que disfarçadamente, anúncio, aviso ou resultado de penal não dependa de representação;
extração de loteria, onde a circulação dos seus bilhe-
II. Crime de ação pública, de que teve conhecimen-
tes não seria legal:
to no exercício da medicina ou de outra profissão
Pena - multa, de um a dez contos de réis.
sanitária, desde que a ação penal não dependa
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo
de representação e a comunicação não exponha o
Ş
ŝ#-ŝŦ
do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua reali-
zação ou exploração: cliente a procedimento criminal:
Pena - prisão simples, de quatro meses a um ano, e Pena - multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
multa, de dois a vinte contos de réis. Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das
Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzen- disposições legais:
tos mil réis a dois contos de réis, aquele que participa Pena - prisão simples, de um mês a um ano, ou multa,
da loteria, visando a obtenção de prêmio, para si ou de duzentos mil réis a dois contos de réis.
para terceiro.
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justi-
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosida-
de, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe ficadamente solicitados ou exigidos, dados ou indica-
assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à ções concernentes à própria identidade, estado, profis-
própria subsistência mediante ocupação ilícita: são, domicílio e residência:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses. Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Parágrafo único. A aquisição superveniente de ren- Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples,
da, que assegure ao condenado meios bastantes de de um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a
subsistência, extingue a pena. dois contos de réis, se o fato não constitui infração
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou aces- penal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias,
sível ao público, de modo ofensivo ao pudor: faz declarações inverídicas a respeito de sua identida-
Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. de pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.
Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de Pena - prisão simples, de três meses a um ano.
embriaguez, de modo que cause escândalo ou ponha
em perigo a segurança própria ou alheia: Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou monopólio postal da União:
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Pena - prisão simples, de três meses a um ano, ou mul-
Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contra- ta, de três a dez contos de réis, ou ambas cumulativa- 555
ventor é internado em casa de custódia e tratamento. mente.
556
9. Lei nº 11.340/2006 Lei Maria da Aplicação da Lei Maria da
Penha aos Transexuais
Penha De acordo com a doutrina majoritária, será aplicada a Lei
A Lei Maria da Penha, apesar de ser uma lei penal especial, Maria da Penha aos transexuais que já tenham realizado a
não veio tipificar condutas que sejam crimes contra a mulher, operação de transmutação de suas características sexuais, por
em âmbito de violência doméstica e familiar, mas sim trazer cirurgia irreversível.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
III. O respeito, nos meios de comunicação social, dos
recebimento de salário do empregador (há doutrina que defen-
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de de a criação de um benefício da previdência para este caso).
forma a coibir os papéis estereotipados que legiti-
mem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, A assistência à mulher, em situação de violência doméstica
de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, e familiar, compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes
no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os ser-
viços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças
Constituição Federal;
Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imuno-
IV. A implementação de atendimento policial es- deficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos
pecializado para as mulheres, em particular nas necessários e cabíveis, nos casos de violência sexual.
Delegacias de Atendimento à Mulher;
V. A promoção e a realização de campanhas edu- Atendimento pela Autoridade Policial
cativas de prevenção da violência doméstica e fa- Na hipótese da iminência ou da prática de violência do-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
miliar contra a mulher, voltadas ao público escolar méstica e familiar contra a mulher, ou do descumprimento de
e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos medida protetiva de urgência deferida, a autoridade policial
instrumentos de proteção aos direitos humanos que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato,
das mulheres; as providências legais cabíveis.
VI. A celebração de convênios, protocolos, ajustes, No atendimento à mulher, em situação de violência do-
termos ou outros instrumentos de promoção de par- méstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras
ceria entre órgãos governamentais ou entre estes e providências:
entidades não-governamentais, tendo por objetivo I. Garantir proteção policial, quando necessário, co-
a implementação de programas de erradicação da municando de imediato ao Ministério Público e ao
violência doméstica e familiar contra a mulher; Poder Judiciário;
VII. A capacitação permanente das Polícias Civil e II. Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de
Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombei- saúde e ao Instituto Médico Legal;
ros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às III. Fornecer transporte para a ofendida e seus depen-
áreas enunciados no inciso I quanto às questões de dentes para abrigo ou local seguro, quando houver 557
gênero e de raça ou etnia; risco de vida;
IV. Se necessário, acompanhar a ofendida para asse- II. Afastamento do lar, domicílio ou local de convi-
558 gurar a retirada de seus pertences do local da ocor- vência com a ofendida;
rência ou do domicílio familiar; III. Proibição de determinadas condutas, entre as
V. Informar à ofendida os direitos a ela conferidos quais:
nesta Lei e os serviços disponíveis. a) aproximação da ofendida, de seus familiares
Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra e das testemunhas, fixando o limite mínimo de
a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade distância entre estes e o agressor;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem b) contato com a ofendida, seus familiares e tes-
prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: temunhas por qualquer meio de comunicação;
I. Ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e c) frequentação de determinados lugares a fim
tomar a representação a termo, se apresentada; de preservar a integridade física e psicológica da
II. Colher todas as provas que servirem para o esclare- ofendida;
cimento do fato e de suas circunstâncias;
IV. Restrição ou suspensão de visitas aos dependen-
III. Remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, tes menores, ouvida a equipe de atendimento multi-
expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, disciplinar ou serviço similar;
para a concessão de medidas protetivas de urgência;
V. Prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
IV. Determinar que se proceda ao exame de corpo de
delito da ofendida e requisitar outros exames peri- § 1º. As medidas referidas neste artigo não impedem
ciais necessários; a aplicação de outras previstas na legislação em vigor,
V. Ouvir o agressor e as testemunhas;
sempre que a segurança da ofendida ou as circunstân-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
subsidiada pela legislação processual pertinente. sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da
Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, prova, infrações penais correlatas e o procedimento cri-
para o processo e o julgamento das causas decorrentes da prá- minal a ser aplicado.
tica de violência doméstica e familiar contra mulher. § 1º Considera-se organização criminosa a associação
Entende a doutrina que, nesse caso, a competência cível re- de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente orde-
fere-se tão somente às medidas protetivas de urgência, ficando nada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
as demais causas (divórcio, alimentos, guarda) para o Juiz da informalmente, com objetivo de obter, direta ou indire-
Vara de Família. tamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a
Conflito de Normas prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
Art. 41. Aos crimes (para o STJ, a expressão abrange superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
contravenção penal) praticados com violência domés- transnacional.
tica e familiar contra a mulher, independentemente da O Art. 288 do Código Penal continua a vigorar normalmente,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de ou seja, não ocorreu a derrogação de tal dispositivo. Aplicaremos
setembro de 1995. a Lei de Organização Criminosa a crimes de natureza grave, com
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à re- participação de 4 (quatro) ou mais pessoas, operados de forma
presentação da ofendida de que trata esta Lei, só será organizada e integrada, com vínculo subjetivo para a obtenção
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em do fim criminoso planejado, com união de desígnios e divisão de
audiência especialmente designada com tal finalidade, tarefas, ainda que informalmente e hierarquia de comando, a lei
antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministé- possua uma abrangência maior.
rio Público. Fato importante é que não necessita o agente ter o víncu-
Esses artigos, ambos da Lei Maria da Penha, encontram- lo subjetivo total da empreitada criminosa, visto que existem
se em dissonância, porque o Art. 41, ao prever a não apli- organizações bem estruturadas em que uma pessoa comanda
cação da Lei dos Juizados, fez com que os crimes de lesão e as demais executam (de forma terceirizada) vários crimes,
dolosa leve voltassem a ser de ação penal pública incondi- como é o caso dos sequestros.
cionada, e o Art. 16 prevê uma hipótese de renúncia (retra- Um requisito primordial é que os crimes dessa lei devem
tação) da representação. Ora, se o crime é de ação penal ter penas superiores a 4 (quatro) anos, excetuados os de ca- 559
público incondicionada, não há que se falar em represen- ráter transnacional na conduta criminosa. Nesse caso, a abran-
gência da lei não está presa ao montante da pena, mas sim à liciais em esquema de organização criminosa. A lei atrela a par-
560 circunstância da transposição de fronteiras nacionais. ticipação de membros do Ministério Público à apuração, sendo
§ 2º Esta Lei se aplica também: a competência da mesma data a Corregedoria de Polícia. Vale
I.Ààs infrações penais previstas em tratado ou con- lembrar que o MP acompanha, mas não faz a direção do proce-
venção internacional quando, iniciada a execução dimento instaurado.
no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido § 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário
no estrangeiro, ou reciprocamente; público integra organização criminosa, poderá o juiz de-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
II. Às organizações terroristas internacionais, reco- terminar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou
nhecidas segundo as normas de direito internacio- função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida
nal, por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
suporte ao terrorismo, bem como os atos preparató- § 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará
rios ou de execução de atos terroristas, ocorram ou ao funcionário público a perda do cargo, função, em-
possam ocorrer em território nacional. prego ou mandato eletivo e a interdição para o exercí-
A Lei das Organizações Criminosas aplica-se aos crimes cio de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito)
transnacionais ou a organizações criminosas de outros países, anos subsequentes ao cumprimento da pena.
bem como a atos terroristas e a crimes que o Brasil se compro- § 7º Se houver indícios de participação de policial nos
meteu a combater. crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia
Assim, as ações típicas compreendem os atos prepara- instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério
tórios, executórios, consumados e de apoio, incluindo aqui o Público, que designará membro para acompanhar o
financeiro e o de suporte, e também os atos executados em feito até a sua conclusão.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
crime, bem como a eficácia da delação. magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclu-
sive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade
§ 2º Considerando a relevância da colaboração pres-
das informações.
tada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o dele-
gado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a § 14 Nos depoimentos que prestar, o colaborador renun-
manifestação do Ministério Público, poderão requerer ciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio
ou representar ao juiz pela concessão de perdão judi- e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
cial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha § 15 Em todos os atos de negociação, confirmação e
sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que execução da colaboração, o colaborador deverá estar
couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outu- assistido por defensor.
bro de 1941 (Código de Processo Penal). § 16 Nenhuma sentença condenatória será proferida
Em caso de colaboração de excepcional relevância o bene- com fundamento apenas nas declarações de agente
colaborador.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
seu defensor; Esse artigo trata da ação controlada que envolva a trans-
IV. As assinaturas do representante do Ministério posição de fronteiras, com a cooperação das autoridades de
Público ou do delegado de polícia, do colaborador outros países. Assim, esse artigo prevê as necessidades para
e de seu defensor; que se evitem conflitos diplomáticos.
V. A especificação das medidas de proteção ao cola- As ações devem ser controladas pela Interpol. No Brasil, a
borador e à sua família, quando necessário. Polícia Federal é o órgão integrado a Interpol, que, aliás, nos ter-
Art. 7º. O pedido de homologação do acordo será sigilo- mos do § 1º do Art. 144 Constituição Federal de 88, tem por atri-
samente distribuído, contendo apenas informações que buição o combate às infrações com repercussão internacional.
não possam identificar o colaborador e o seu objeto. Art. 144 da Constituição Federal de 1988.
§ 1º As informações pormenorizadas da colaboração § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão per-
serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distri- manente, organizado e mantido pela União e estrutu-
buição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) rado em carreira, destina-se a:
horas.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério
rador, da desobediência ou obstrução da investigação e da
Público, quando serão disponibilizados à defesa, asse-
gurando-se a preservação da identidade do agente. obtenção da prova.
Art. 18º. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o
§ 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltra-
colaborador, sem sua prévia autorização por escrito:
do sofre risco iminente, a operação será sustada me-
diante requisição do Ministério Público ou pelo delega- Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
do de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colabora-
Público e à autoridade judicial. ção com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a
a devida proporcionalidade com a finalidade da in- estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas:
vestigação, responderá pelos excessos praticados. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltra- Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das inves-
ção, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso tigações que envolvam a ação controlada e a infiltração
da investigação, quando inexigível conduta diversa. de agentes:
Art. 14. São direitos do agente: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
I. Recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros,
documentos e informações requisitadas pelo juiz, Mi-
II. Ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que
nistério Público ou delegado de polícia, no curso de
couber, o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807, de 13 de
julho de 1999, bem como usufruir das medidas de investigação ou do processo:
proteção a testemunhas; Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
III. Ter seu nome, sua qualificação, sua imagem,
sua voz e demais informações pessoais preserva- Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de
das durante a investigação e o processo criminal, forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso 563
salvo se houver decisão judicial em contrário; dos dados cadastrais de que trata esta Lei.
564
11. Decreto nº 7.901, de 4 de Fevereiro públicos, organizações da sociedade civil e orga-
nismos internacionais no Brasil e no exterior envol-
de 2013 vidos no enfrentamento ao tráfico de pessoas;
III. reduzir as situações de vulnerabilidade ao tráfi-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o co de pessoas, consideradas as identidades e espe-
art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
cificidades dos grupos sociais;
Decreta:
IV. capacitar profissionais, instituições e organiza-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 1º Fica instituída a Coordenação Tripartite da Polí- ções envolvidas com o enfrentamento ao tráfico de
tica Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, pessoas;
para coordenar a gestão estratégica e integrada da Po-
V. produzir e disseminar informações sobre o tráfi-
lítica Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas,
co de pessoas e as ações para seu enfrentamento; e
aprovada pelo Decreto no 5.948, de 26 de outubro de
2006, e dos Planos Nacionais de Enfrentamento ao VI. sensibilizar e mobilizar a sociedade para preve-
Tráfico de Pessoas. nir a ocorrência, os riscos e os impactos do tráfico
Parágrafo único. A Coordenação Tripartite da Política de pessoas.
Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas será §2º O II PNETP deverá ser implementado por meio de
integrada pelos seguintes órgãos: ações articuladas nas esferas federal, estadual, distrital
I. Ministério da Justiça; e municipal, e em colaboração com organizações da
II. Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presi- sociedade civil e organismos internacionais.
dência da República; e §3º Os Ministérios responsáveis por ações desenvol-
Ş
ŝ#-ŝŦ
III. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência vidas no âmbito do II PNETP deverão ser consultados
da República. sobre seu conteúdo previamente à assinatura do ato
Art. 2º São atribuições da Coordenação Tripartite da Po- conjunto de que trata o caput.
lítica Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas: Art.4º Fica instituído o Comitê Nacional de Enfrenta-
I. analisar e decidir sobre aspectos relacionados à mento ao Tráfico de Pessoas - CONATRAP, para articu-
coordenação das ações de enfrentamento ao tráfi- lar a atuação dos órgãos e entidades públicas e priva-
co de pessoas no âmbito da administração pública das no enfrentamento ao tráfico de pessoas.
federal; Art.5º São atribuições do CONATRAP:
II. conduzir a construção dos planos nacionais de
I. propor estratégias para gestão e implementação
enfrentamento ao tráfico de pessoas e coordenar
de ações da Política Nacional de Enfrentamento
os trabalhos dos respectivos grupos interministe-
ao Tráfico de Pessoas, aprovada pelo Decreto no
riais de monitoramento e avaliação;
5.948, de 2006;
III. mobilizar redes de atores e parceiros envolvidos
no enfrentamento ao tráfico de pessoas; II. propor o desenvolvimento de estudos e ações
IV. articular ações de enfrentamento ao tráfico de
sobre o enfrentamento ao tráfico de pessoas;
pessoas com Estados, Distrito Federal e Municípios III. acompanhar a implementação dos planos na-
e com as organizações privadas, internacionais e cionais de enfrentamento ao tráfico de pessoas;
da sociedade civil; IV. articular suas atividades àquelas dos Conselhos
V. elaborar relatórios para instâncias nacionais e Nacionais de políticas públicas que tenham inter-
internacionais e disseminar informações sobre en- face com o enfrentamento ao tráfico de pessoas,
frentamento ao tráfico de pessoas; e para promover a intersetorialidade das políticas;
VI. subsidiar os trabalhos do Comitê Nacional de V. articular e apoiar tecnicamente os comitês esta-
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, propondo duais, distrital e municipais de enfrentamento ao
temas para debates. tráfico de pessoas na definição de diretrizes co-
Art. 3º Ato conjunto dos Ministros de Estado com re- muns de atuação, na regulamentação e no cumpri-
presentação na Coordenação Tripartite da Política Na- mento de suas atribuições;
cional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas disporá
VI. elaborar relatórios de suas atividades; e
sobre o II Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico
de Pessoas - II PNETP, para o período de 2013 a 2016, VII. elaborar e aprovar seu regimento interno.
e instituirá grupo interministerial para seu monitora- Art.6º O CONATRAP será integrado por:
mento e avaliação. I. quatro representantes do Ministério da Justiça;
§1º O II PNETP terá os seguintes objetivos:
II. um representante da Secretaria de Políticas para
I. ampliar e aperfeiçoar a atuação de instâncias
as Mulheres da Presidência da República;
e órgãos envolvidos no enfrentamento ao tráfi-
co de pessoas, na prevenção e repressão do cri- III. um representante da Secretaria de Direitos Hu-
me, na responsabilização dos autores, na aten- manos da Presidência da República; e
ção às vítimas e na proteção de seus direitos; IV. um representante do Ministério de Desenvolvi-
II. fomentar e fortalecer a cooperação entre órgãos mento Social e Combate à Fome.
§ 1º Será assegurada, na composição da CONATRAP, a Art. 8º O Ministério da Justiça prestará suporte técnico
participação de: e administrativo para a execução dos trabalhos e o fun-
I. sete representantes de organizações da socie- cionamento dos colegiados instituídos por este Decreto.
dade civil ou especialistas em enfrentamento ao Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
tráfico de pessoas; blicação.
II. um representante de cada um dos seguintes co- Art. 10. Ficam revogados os arts. 2º a 9º do Decreto no
legiados: 5.948, de 26 de outubro de 2006.
a) Conselho Nacional de Assistência Social;
b) Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
12. Lei nº 11.671, de 8 de maio de 2008
Adolescente; Art. 1º A inclusão de presos em estabelecimentos pe-
nais federais de segurança máxima e a transferência
c) Conselho Nacional dos Direitos da Mulher;
de presos de outros estabelecimentos para aqueles
d) Comissão Nacional Para a Erradicação do Tra- obedecerão ao disposto nesta Lei.
balho Escravo; Art. 2º A atividade jurisdicional de execução penal nos
e) Conselho Nacional de Promoção da Igualdade estabelecimentos penais federais será desenvolvida
Racial; pelo juízo federal da seção ou subseção judiciária em
f) Conselho Nacional de Imigração; que estiver localizado o estabelecimento penal federal
g) Conselho Nacional de Saúde; de segurança máxima ao qual for recolhido o preso.
h) Conselho Nacional de Segurança Pública; Art. 3º Serão recolhidos em estabelecimentos penais
i) Conselho Nacional de Turismo; e federais de segurança máxima aqueles cuja medida
j) Conselho Nacional de Combate à Discriminação se justifique no interesse da segurança pública ou do
e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bisse- próprio preso, condenado ou provisório.
xuais, Travestis e Transexuais; Art. 4º A admissão do preso, condenado ou provisó-
III. um representante a ser indicado pelos Núcleos rio, dependerá de decisão prévia e fundamentada
Estaduais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do juízo federal competente, após receber os autos
e pelos Postos Avançados de Atendimento Huma- de transferência enviados pelo juízo responsável
nizado ao Migrante formalmente constituídos; e pela execução penal ou pela prisão provisória.
IV. um representante a ser indicado pelos comitês § 1º A execução penal da pena privativa de liberdade,
estaduais e do Distrito Federal de enfrentamento no período em que durar a transferência, ficará a cargo
ao tráfico de pessoas. do juízo federal competente.
§2º O CONATRAP será presidido pelo Secretário Nacio- § 2º Apenas a fiscalização da prisão provisória será
Ş
ŝ#-ŝŦ
nal de Justiça do Ministério da Justiça ou por pessoa deprecada, mediante carta precatória, pelo juízo de
por ele designada. origem ao juízo federal competente, mantendo aquele
§3º Os representantes titulares referidos nos incisos I, juízo a competência para o processo e para os respec-
II, III e IV do caput e seus suplentes serão indicados pe- tivos incidentes.
los titulares dos órgãos que representam e designados Art. 5º São legitimados para requerer o processo de
por ato do Ministro de Estado da Justiça. transferência, cujo início se dá com a admissibilidade
§4º Os representantes titulares referidos nos incisos I, pelo juiz da origem da necessidade da transferência do
II, III e IV do §1º e seus suplentes serão designados por preso para estabelecimento penal federal de seguran-
ato do Ministro de Estado da Justiça, após indicação ça máxima, a autoridade administrativa, o Ministério
pelas entidades, conselhos, núcleos, postos ou comitês. Público e o próprio preso.
§5º A designação dos representantes titulares referi- § 1º Caberá à Defensoria Pública da União a assistência
dos nos incisos II, III e IV do § 1º e seus suplentes de- jurídica ao preso que estiver nos estabelecimentos pe-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
verá atender à proporção de cinquenta por cento de nais federais de segurança máxima.
representantes governamentais e cinquenta por cen- § 2º Instruídos os autos do processo de transferência, se-
to de representantes da sociedade civil, observada a rão ouvidos, no prazo de 5 (cinco) dias cada, quando não
paridade da composição do CONATRAP, na forma do requerentes, a autoridade administrativa, o Ministério
regimento interno. Público e a defesa, bem como o Departamento Peniten-
§6º O mandato dos integrantes do CONATRAP referi- ciário Nacional – DEPEN, a quem é facultado indicar o
dos nos incisos I, II, III e IV do § 1º será de dois anos, estabelecimento penal federal mais adequado.
admitida apenas uma recondução, por igual período. § 3º A instrução dos autos do processo de transferência
§7º Poderão ser convidados a participar das reuniões do será disciplinada no regulamento para fiel execução
CONATRAP especialistas e representantes de outros ór- desta Lei.
gãos ou entidades públicas e privadas, com atribuições § 4º Na hipótese de imprescindibilidade de diligências
relacionadas ao enfrentamento ao tráfico de pessoas. complementares, o juiz federal ouvirá, no prazo de 5
Art. 7º A participação nos colegiados instituídos por (cinco) dias, o Ministério Público Federal e a defesa e,
este Decreto será considerada prestação de serviço pú- em seguida, decidirá acerca da transferência no mes- 565
blico relevante, não remunerada. mo prazo.
§ 5º A decisão que admitir o preso no estabelecimento § 2º No julgamento dos conflitos de competência, o
566 penal federal de segurança máxima indicará o período tribunal competente observará a vedação estabelecida
de permanência. no caput deste artigo.
§ 6º Havendo extrema necessidade, o juiz federal poderá Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
autorizar a imediata transferência do preso e, após a ins- cação.
trução dos autos, na forma do § 2º deste artigo, decidir
pela manutenção ou revogação da medida adotada. 13. Decreto nº 6.877, de 18 de Junho
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
previstos no inciso II do art. 4º, no caso de preso Aprova a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e
provisório. institui Grupo de Trabalho Interministerial com o objetivo de elaborar
Art. 9º A inclusão e a transferência do preso poderão proposta do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas -
PNETP.
ser realizadas sem a prévia instrução dos autos, desde
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o
que justificada a situação de extrema necessidade. art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
§ 1º A inclusão ou a transferência deverá ser requerida Decreta:
diretamente ao juízo de origem, instruída com elemen-
Art.1º Fica aprovada a Política Nacional de Enfrenta-
tos que demonstrem a extrema necessidade da medida.
mento ao Tráfico de Pessoas, que tem por finalidade
§ 2º Concordando com a inclusão ou a transferência, o estabelecer princípios, diretrizes e ações de prevenção
juízo de origem remeterá, imediatamente, o requeri- e repressão ao tráfico de pessoas e de atendimento às
mento ao juízo federal competente. vítimas, conforme Anexo a este Decreto.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
§ 3º Admitida a inclusão ou a transferência emergencial Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
pelo juízo federal competente, caberá ao juízo de ori- blicação.
gem remeter àquele, imediatamente, os documentos Anexo
previstos nos incisos I e II do art. 4º. Política Nacional De Enfrentamento Ao Tráfico De Pessoas
Art. 10. Restando sessenta dias para o encerramento Capítulo I
do prazo de permanência do preso no estabelecimento Disposições Gerais
penal federal, o Departamento Penitenciário Nacional Art.1º A Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico
comunicará tal circunstância ao requerente da inclusão de Pessoas tem por finalidade estabelecer princípios,
ou da transferência, solicitando manifestação acerca diretrizes e ações de prevenção e repressão ao tráfico
da necessidade de renovação. de pessoas e de atenção às vítimas, conforme as nor-
Parágrafo único. Decorrido o prazo estabelecido no § mas e instrumentos nacionais e internacionais de direi-
1º do art. 10 da Lei nº 11.671, de 2008, e não havendo tos humanos e a legislação pátria.
manifestação acerca da renovação da permanência, o Art.2º Para os efeitos desta Política, adota-se a ex-
preso retornará ao sistema prisional ou penitenciário pressão “tráfico de pessoas” conforme o Protocolo 567
de origem. Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o
Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, e indiretas, independentemente de nacionalidade
568 Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em espe- e de colaboração em processos judiciais;
cial Mulheres e Crianças, que a define como o recru- IV. Promoção e garantia da cidadania e dos direitos
tamento, o transporte, a transferência, o alojamento humanos;
ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou V. Respeito a tratados e convenções internacionais
uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à de direitos humanos;
fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situa-
VI. Universalidade, indivisibilidade e interdepen-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art.7º São diretrizes específicas de atenção às vítimas
do tráfico de pessoas: f) incluir nas estruturas específicas de inteligência
I. Proteção e assistência jurídica, social e de saúde policial a investigação e repressão ao tráfico de
às vítimas diretas e indiretas de tráfico de pessoas; pessoas;
g) criar, nas Superintendências Regionais do
II. Assistência consular às vítimas diretas e indiretas
de tráfico de pessoas, independentemente de sua Departamento de Polícia Federal e da Polícia
Rodoviária Federal, estruturas específicas para
situação migratória e ocupação;
o enfrentamento do tráfico de pessoas e outros
III. Acolhimento e abrigo provisório das vítimas de crimes contra direitos humanos;
tráfico de pessoas;
h) promover a aproximação dos profissionais de
IV. Reinserção social com a garantia de acesso à segurança pública e operadores do Direito com a
educação, cultura, formação profissional e ao tra- sociedade civil;
balho às vítimas de tráfico de pessoas;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
através do serviço de disque-denúncia nacio- traficadas;
nal, dando o respectivo encaminhamento; XI. Na área do Turismo:
c) incluir ações específicas sobre enfrentamento a) incluir o tema do tráfico de pessoas, em espe-
ao tráfico de pessoas e fortalecer ações existentes cial mulheres, crianças e adolescentes nas capaci-
no âmbito de programas de prevenção à violên-
tações e eventos de formação dirigidos à cadeia
cia e garantia de direitos;
produtiva do turismo;
d) proporcionar proteção aos profissionais que
atuam no enfrentamento ao tráfico de pessoas e b) cruzar os dados dos diagnósticos feitos nos
que, em função de suas atividades, estejam amea- Municípios para orientar os planos de desenvol-
çados ou se encontrem em situação de risco; vimento turístico local através do programa de
e) incluir o tema do tráfico de pessoas nas capaci- regionalização; e
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
se em consideração suas atribuições e competên- Essa lei regulamentou a instituição do Juizados Especiais
cias institucionais. Cíveis e Criminais, no âmbito da Justiça Federal.
Art. 2º. Caberá ao Ministério da Justiça a função de ava- Como regra geral, o disposto na Lei nº 9.099/95 (Juizados
liar e monitorar o PNETP. Especiais) é utilizado no âmbito da Justiça Comum Estadual.
Art. 3º. Fica instituído, no âmbito do Ministério da Jus- Entretanto, pode ser aplicado subsidiariamente à presente Lei.
tiça, o Grupo Assessor de Avaliação e Disseminação do Dessa forma, naquilo que não confrontar com o tratado
PNETP, com as seguintes atribuições: na Lei nº 10.259, de 12 de Julho de 2001, poderá ser aplicado
I. Apoiar o Ministério da Justiça no monitoramento também no âmbito da Justiça Federal o disposto na lei dos
e avaliação do PNETP; Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95).
II. Estabelecer a metodologia de monitoramento e Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar
avaliação do PNETP e acompanhar a execução das e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos
ações, atividades e metas estabelecidas; às infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as re-
III. Efetuar ajustes na definição de suas prioridades; gras de conexão e continência.
IV. Promover sua difusão junto a órgãos e entidades Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal
governamentais e não-governamentais; e do júri, decorrente da aplicação das regras de conexão e continên-
cia, observar-se-ão os institutos da transação penal e da compo-
V. Elaborar relatório semestral de acompanhamento.
sição dos danos civis.
Art. 4º. O Grupo Assessor será integrado por um repre-
Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, con-
sentante, e respectivo suplente, de cada órgão a seguir
ciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o
indicado:
valor de 60 salários-mínimos, bem como executar as suas
I. Ministérios: sentenças.
a) da Justiça, que o coordenará; Algumas causas, independentemente do valor, não se
b) do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; incluem na competência do Juizado Especial Cível:
c) da Saúde; ▷ As referidas no Art. 109, incisos II, III e XI, da Consti-
d) do Trabalho e Emprego; tuição Federal.
e) do Desenvolvimento Agrário; ▷ As ações de mandado de segurança, de desapro-
f) da Educação; priação, de divisão e demarcação, populares, exe-
g) das Relações Exteriores; cuções fiscais e por improbidade administrativa e
as demandas sobre direitos ou interesses difusos,
h) do Turismo;
coletivos ou individuais homogêneos.
i) da Cultura;
▷ Sobre bens imóveis da União, autarquias e funda-
II. Da Presidência da República: ções públicas federais.
a) Secretaria Especial dos Direitos Humanos; ▷ Para a anulação ou cancelamento de ato administra-
b) Secretaria Especial de Políticas para as Mulhe- tivo federal , salvo o de natureza previdenciária e o
res; e de lançamento fiscal.
c) Secretaria Especial de Políticas de Promoção ▷ Que tenham como objeto a impugnação da pena de
da Igualdade Racial; e demissão imposta a servidores públicos civis ou de
III. Advocacia-Geral da União. sanções disciplinares aplicadas a militares.
Constituição Federal, Art. 109: As partes poderão designar, por escrito, representantes
II. as causas entre Estado estrangeiro ou organismo para a causa, advogado ou não.
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou Os representantes judiciais da União, autarquias, funda-
residente no País. ções e empresas públicas federais, bem como os indicados
III. as causas fundadas em tratado ou contrato na forma do caput, ficam autorizados a conciliar, transigir ou
da União com Estado estrangeiro ou organismo desistir, nos processos da competência dos Juizados Especiais
internacional. Federais.
A entidade pública ré deverá fornecer ao Juizado a docu-
XI. a disputa sobre direitos indígenas.
mentação de que disponha para o esclarecimento da causa,
Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, apresentando-a até a instalação da audiência de conciliação.
para fins de competência do Juizado Especial, a soma de
Para a audiência de composição dos danos resultantes de
doze parcelas não poderá exceder o valor de 60 salários-
ilícito criminal (Arts. 71, 72 e 74 da Lei nº 9.099, de 26 de se-
mínimos (se exceder, foge do valor limite para que tramite
tembro de 1995), o representante da entidade que comparecer
no Juizado Especial Federal).
terá poderes para acordar, desistir ou transigir.
Diferentemente do que ocorre na Lei nº 9.099/95 (Jui-
Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou
zados Especiais), na Lei nº 10.259/01 existe expressa previ-
ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada,
são de que, nas localidades onde houver Vara do Juizado
que apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência, in-
Especial Federal instalada, a competência é absoluta, isto dependentemente de intimação das partes.
é, a parte não pode optar entre propor a ação na Justiça
Comum ou no Juizado Especial. Os honorários do técnico serão antecipados à conta de
verba orçamentária do respectivo Tribunal e, quando vencida
O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, na causa, a entidade pública, seu valor será incluído na ordem
deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar de pagamento, a ser feita em favor do Tribunal.
dano de difícil reparação (cabe recurso nesse caso).
Nas ações previdenciárias e relativas à assistência social,
No Juizado Especial Federal Cível, somente será admitido havendo designação de exame, serão as partes intimadas
recurso de sentença definitiva (salvo caso de deferimento de
para, em dez dias, apresentar quesitos e indicar assistentes.
medidas cautelares no curso do processo).
Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei
Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:
federal quando houver divergência entre decisões sobre ques-
▷ Como AUTORES: tões de direito material proferidas por Turmas Recursais na
» As pessoas físicas. interpretação da lei.
» As microempresas. O pedido fundado em divergência entre Turmas da mesma
» E empresas de pequeno porte. Região será julgado em reunião conjunta das Turmas em con-
▷ Como RÉS:
Ş
ŝ#-ŝŦ
flito, sob a presidência do Juiz Coordenador.
» A União. O pedido fundado em divergência entre decisões de Tur-
» Autarquias federais. mas de diferentes regiões ou da proferida em contrariedade a
súmula ou jurisprudência dominante do STJ será julgado por
» Fundações públicas federais.
Turma de Uniformização, integrada por juízes de Turmas Re-
» Empresas públicas federais. cursais, sob a presidência do Coordenador da Justiça Federal.
As citações e intimações da União serão feitas na forma A reunião de juízes domiciliados em cidades diversas será
prevista nos Arts. 35 a 38 da Lei Complementar nº 73, de 10 de feita pela via eletrônica.
fevereiro de 1993 (essa LC define na pessoa de quem a União
Quando a orientação acolhida pela Turma de Uniformi-
será citada, variando do tipo de ação).
zação, em questões de direito material, contrariar súmula ou
A citação das autarquias, fundações e empresas públicas jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça -STJ,
será feita na pessoa do representante máximo da entidade, no a parte interessada poderá provocar a manifestação deste, que
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
local onde proposta a causa, quando ali instalado seu escritó- dirimirá a divergência.
rio ou representação; se não, na sede da entidade. Nesse caso, presente a plausibilidade do direito invocado
As partes serão intimadas da sentença, quando não pro- e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, poderá
ferida esta na audiência em que estiver presente seu repre- o relator conceder, de ofício ou a requerimento do interessado,
sentante, por ARMP (aviso de recebimento em mão própria). medida liminar determinando a suspensão dos processos nos
As demais intimações das partes serão feitas na pessoa quais a controvérsia esteja estabelecida.
dos advogados ou dos Procuradores que oficiem nos respecti- Eventuais pedidos de uniformização idênticos, recebidos
vos autos, pessoalmente, ou por via postal. subsequentemente em quaisquer Turmas Recursais, ficarão
Os tribunais poderão organizar serviço de intimação das retidos nos autos, aguardando-se pronunciamento do Supe-
partes e de recepção de petições por meio eletrônico. rior Tribunal de Justiça.
Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente
ato processual pelas pessoas jurídicas de Direito Público, in- da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de Uniformiza-
clusive a interposição de recursos, devendo a citação para au- ção e ouvirá o Ministério Público, no prazo de cinco dias. Even-
diência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima tuais interessados, ainda que não sejam partes no processo, 573
de trinta dias. poderão se manifestar, no prazo de 30 dias.
Decorridos os prazos acima referidos, o relator incluirá o Na capital dos Estados, no Distrito Federal e em outras ci-
574 pedido em pauta na Seção, com preferência sobre todos os dades onde for necessário, neste último caso, por decisão do
demais feitos, ressalvados os processos com réus presos, os Tribunal Regional Federal, serão instalados Juizados com com-
habeas corpus e os mandados de segurança. petência exclusiva para ações previdenciárias.
Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos (pedidos Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser pro-
de uniformização idênticos) serão apreciados pelas Turmas Recur- posta no Juizado Especial Federal mais próximo do foro de-
sais, que poderão exercer juízo de retratação ou declará-los preju- finido no Art. 4º da Lei nº 9.099/95 (regras de competência
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
dicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior Tribunal para interposição da ação), vedada a aplicação desta Lei no
de Justiça. juízo estadual.
Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Justiça e o Su- As Turmas Recursais serão instituídas por decisão do Tri-
premo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, expedi- bunal Regional Federal, que definirá sua composição e área de
rão normas regulamentando a composição dos órgãos e os proce- competência, podendo abranger mais de uma seção.
dimentos a serem adotados para o processamento e o julgamento Os Juizados Especiais serão coordenados por Juiz do res-
do pedido de uniformização e do recurso extraordinário. pectivo Tribunal Regional, escolhido por seus pares, com man-
dato de dois anos.
O cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito em
O Juiz Federal, quando o exigirem as circunstâncias, pode-
julgado, que imponham obrigação de fazer, não fazer ou entre-
rá determinar o funcionamento do Juizado Especial em caráter
ga de coisa certa, será efetuado mediante ofício do juiz à autori-
itinerante, mediante autorização prévia do Tribunal Regional
dade citada para a causa, com cópia da sentença ou do acordo.
Federal, com antecedência de dez dias.
Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o O Conselho da Justiça Federal poderá limitar, por até três
trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ De interesse da Fazenda Pública. ▷ OSCIP (pessoas jurídicas qualificadas como Organi-
zação da Sociedade Civil de Interesse Público).
▷ Relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao es-
▷ As sociedades de crédito ao microempreendedor.
tado das pessoas (ainda que de cunho patrimonial).
Nos termos dessa Lei, a obrigatoriedade de assistência por
Mesmo quando o valor for igual ou inferior a 40 salários advogado depende do valor da causa:
mínimos, essas causas não poderão tramitar no JEC. Esse ▷ Até 20 salários-mínimos – Facultativa (as partes
também é um dos pontos mais cobrados em prova.A Lei nº comparecem pessoalmente, elas constituem advoga-
9.099/95 também traz algumas regras de competência (locais dos apenas se quiserem).
em que a ação deve ser proposta). ▷ Valor superior – Obrigatória (devem obrigatoria-
Competência do foro: mente constituir um advogado, não podem praticar
▷ Domicílio do réu (autor pode optar pelo local onde os atos processuais pessoalmente).
o réu exerça atividades profissionais ou econômicas No caso de assistência facultativa, se uma das partes com-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucur- parecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica
sal ou escritório). ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência
▷ Local onde a obrigação deva ser satisfeita. judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Es-
▷ Domicílio do Autor ou do local do ato/fato – Repara- pecial, na forma da lei local.
ção de danos de qualquer natureza. O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por
Apesar dessas regras, em qualquer hipótese o autor pode advogado, quando a causa o recomendar.
optar por propor a ação no domicílio do réu. O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto
aos poderes especiais (não precisa de procuração escrita para
Do Juiz, dos Conciliadores conferir poderes gerais de foro para o advogado).
e dos Juízes Leigos O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei.
A Lei nº 9.099/95 traz um procedimento simplificado. O Atos Processuais
juiz possui ampla liberdade para determinar as provas a se- Os atos processuais são públicos e poderão ser realizados
rem produzidas, para apreciá-las e para dar especial valor as em horário noturno, de acordo com o disposto nas normas de 575
regras de experiência comum ou técnica. organização judiciária.
Sempre que preencherem as finalidades para as quais fo- engano o vizinho por exemplo), mas ele compareça esponta-
576 rem realizados, eles serão considerados válidos (atendidos os neamente em juízo, esse vício estará sanado.
critérios definidos pela Lei nº 9.099/05, Art. 2º). A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para
Aqui a Lei adota o princípio da instrumentalidade das comparecimento do citando e advertência de que, não com-
formas, isto é, caso a Lei preveja determinada forma para a parecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações
prática de um ato, sem cominação de nulidade, e o ato seja iniciais, e será proferido julgamento, de plano (efeitos gera-
praticado de forma diversa, tendo ele alcançado a sua finalida- dos pela revelia do réu).
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
de essencial, não será o mesmo anulado. Intimações - feitas na forma prevista para citação, ou por
A prática de atos processuais em outras comarcas poderá qualquer outro meio idôneo de comunicação.
ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação. Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão, des-
Registro dos atos – serão registrados apenas aqueles atos de logo, cientes as partes (não precisam ser intimados, pois
que forem considerados essenciais (de forma resumida), em tiveram ciência desses atos no momento em que os mesmos
notas manuscritas, datilografada ou estenotipadas. foram praticados).
Os demais atos (não considerados essenciais) poderão ser As partes devem comunicar as mudanças de endereço
gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutiliza- que ocorrerem no curso do processo. Se não o fizerem, as
da após o trânsito em julgado da decisão. intimações enviadas ao local anteriormente indicado serão
reputadas eficazes.
Do Pedido
O processo é instaurado com a apresentação do pedido Da Revelia
à Secretaria do Juizado (isso pode ser feito por escrito ou até Não comparecendo o demandado à sessão de conciliação
Ş
ŝ#-ŝŦ
mesmo de forma oral). Nele constará de forma simples e em ou à audiência de instrução e julgamento, reputar-se-ão ver-
linguagem acessível: dadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o contrá-
▷ O nome, a qualificação e o endereço das partes. rio resultar da convicção do Juiz.
▷ Os fatos e os fundamentos, de forma sucinta.
▷ O objeto e seu valor (pode ser formulado pedido Da Conciliação e do Juízo Arbitral
genérico quando não for possível determinar, desde Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as
logo, a extensão da obrigação). partes presentes sobre as vantagens da conciliação, mostran-
No caso de pedido oral, ele será reduzido a escrito pela do-lhes os riscos e as consequências do litígio, especialmente
Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fi- quanto ao disposto no § 3º do Art. 3º desta Lei (renúncia ao
chas ou formulários impressos.
crédito que exceder a 40 salários-mínimos).
Os pedidos Lei poderão ser alternativos ou cumulados. No
caso de cumulação de pedidos, eles devem ser conexos e a A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo ou
soma não ultrapasse o limite fixado na Lei (40 salários-mí- por conciliador sob sua orientação. Obtida a conciliação, esta
nimos). será reduzida a escrito e homologada pelo Juiz togado, me-
Registrado o pedido, independentemente de distribuição diante sentença com eficácia de título executivo.
e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão de con- Não comparecendo o demandado (revelia), o Juiz togado
ciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias. proferirá sentença.
Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-
Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de
se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o re-
gistro prévio de pedido e a citação. comum acordo, pelo juízo arbitral. O juízo arbitral conside-
Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada a con- rar-se-á instaurado, independentemente de termo de com-
testação formal e ambos serão apreciados na mesma sentença. promisso, com a escolha do árbitro pelas partes. Se este não
estiver presente, o Juiz convocá-lo-á e designará, de ime-
Das Citações e Intimações diato, a data para a audiência de instrução. Esse árbitro será
A citação é a forma pela qual o réu tem ciência de que escolhido dentre os juízes leigos.
contra ele, corre um processo, sendo, nesse ato, chamado para O árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios do
integrar a relação processual. Juiz (dirigirá o processo com liberdade para determinar as pro-
A citação é feita: vas a serem produzidas, para apreciá-las e para dar especial
▷ Por correspondência, com aviso de recebimento em valor às regras de experiência comum ou técnica), podendo
mão própria. decidir por equidade.
▷ Tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, O árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado para homo-
mediante entrega ao encarregado da recepção, que logação por sentença irrecorrível ao término da instrução, ou
será obrigatoriamente identificado. nos cinco dias subsequentes.
▷ Sendo necessário, por oficial de justiça, independen-
temente de mandado ou carta precatória. Da Instrução e Julgamento
O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nu- Caso não seja instituído o juízo arbitral, proceder-se-á ime-
lidade da citação. Dessa forma, caso o réu não tenha sido diatamente à audiência de instrução e julgamento, desde que
citado ou a mesma tenha ocorrido de maneira nula (citou por não resulte prejuízo para a defesa.
Não sendo possível a sua realização imediata, será a audiên- A prova oral não será reduzida a escrito, a sentença deve-
cia designada para um dos quinze dias subsequentes, cientes, rá referir, no essencial, os informes trazidos nos depoimentos.
desde logo, as partes e testemunhas eventualmente presentes. A instrução do processo poderá ser dirigida por Juiz leigo,
Na audiência de instrução e julgamento, serão ouvidas as sob a supervisão de Juiz togado.
partes, colhidas as provas e, em seguida, proferida a sentença
(as partes serão inquiridas ou interrogadas antes da produção Da Sentença
das demais provas). A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz
Serão decididos de plano (imediatamente) todos os inci- (com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiên-
dentes que possam interferir no regular prosseguimento da cia), dispensado o relatório.
audiência. As demais questões serão decididas na sentença. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilí-
As partes irão se manifestar imediatamente sobre os do- quida, ainda que genérico o pedido. Dessa forma, mesmo
cumentos apresentados pela parte contrária, sem interrupção que a parte tenha formulado um pedido genérico, o juiz não
da audiência. pode proferir sentença ilíquida, ela já deve apresentar o valor
Da Resposta do Réu da condenação.
A contestação pode ser apresentada de forma escrita ou É ineficaz a sentença condenatória na parte que exceder
oral. Na contestação, deve estar contida toda a matéria de de- a alçada estabelecida nesta Lei. Dessa forma, caso a senten-
fesa, exceto arguição de suspeição ou impedimento do Juiz, ça condene o réu em quantia superior à 40 salários mínimos,
que se processará na forma da legislação em vigor. ela será ineficaz (sem produção de efeitos) no que ultrapassar
No âmbito dos Juizados Especiais, não se admitirá a re- esse valor.
convenção. Entretanto, é lícito ao réu, na contestação, formular O Juiz Leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua de-
pedido em seu favor, nos limites do Art. 3º desta Lei, desde que cisão e, imediatamente a submeterá ao Juiz Togado, que po-
fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da contro- derá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes
vérsia (pedido contraposto). de se manifestar, determinar a realização de atos probatórios
O autor poderá responder ao pedido do réu na própria au- indispensáveis.
diência ou requerer a designação da nova data, que será desde Da sentença proferida, caberá recurso para o próprio Jui-
logo fixada, cientes todos os presentes. zado (excetuada a homologatória de conciliação ou laudo ar-
Das Provas bitral). Esse recurso será julgado por uma turma composta por
Todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda que três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdi-
não especificados em lei, são hábeis para provar a veracidade ção, reunidos na sede do Juizado (Turma Recursal).
dos fatos alegados pelas partes. Apesar de, em determinados casos, a assistência de advoga-
do ser facultativa no âmbito dos Juizados Especiais, no recurso,
Ş
ŝ#-ŝŦ
Dessa forma, mesmo que determinado meio de prova não
esteja previsto na legislação, mas seja moralmente legítimo, ele as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.
poderá ser utilizado para demonstrar a veracidade dos fatos nar- O prazo para interposição de recurso é de dez dias, conta-
rados pelas partes. dos da ciência da sentença, por petição escrita, da qual cons-
Todas as provas serão produzidas na audiência de instru- tarão as razões e o pedido do recorrente.
ção e julgamento, ainda que não requeridas previamente, Após a interposição, a parte recorrente tem que realizar o
podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, preparo em 48 horas, independentemente de intimação, sob
impertinentes ou protelatórias. Assim, não é requisito para a pena de deserção. Após o preparo, a Secretaria intimará o re-
produção da prova que a parte a tenha requerido previamente. corrido para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.
No Juizado Especial Cível, é possível trazer até três testemu- O recurso terá somente efeito devolutivo, mas o Juiz po-
nhas. Essas testemunhas comparecem à audiência de instrução e derá dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável
julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado, indepen-
para a parte.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
O Juizado possui competência para executar suas próprias Efetuada a penhora, o devedor será intimado a compare-
decisões. A execução da sentença processar-se-á, no próprio cer à audiência de conciliação, quando poderá oferecer embar-
Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código de gos (Art. 52, IX), por escrito ou verbalmente.
Processo Civil, com as seguintes alterações: Na audiência, será buscado o meio mais rápido e eficaz
▷ As sentenças serão necessariamente líquidas, con- para a solução do litígio, se possível com dispensa da alienação
tendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional judicial, devendo o conciliador propor, entre outras medidas ca-
- BTN ou índice equivalente. bíveis, o pagamento do débito a prazo ou a prestação, a dação
▷ Os cálculos de conversão de índices, de honorários, em pagamento ou a imediata adjudicação do bem penhorado.
de juros e de outras parcelas serão efetuados por Não apresentados os embargos em audiência, ou julgados
servidor judicial. improcedentes, qualquer das partes poderá requerer ao Juiz a
▷ A intimação da sentença será feita, sempre que adoção de uma das alternativas acima descritas.
possível, na própria audiência em que for profe-
Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penhorá-
rida. Nessa intimação, o vencido será instado a
cumprir a sentença tão logo ocorra seu trânsito em veis, o processo será imediatamente extinto, devolvendo-se os
julgado, e advertido dos efeitos do seu descumpri- documentos ao autor.
mento (inciso V). Das Despesas
▷ Não cumprida voluntariamente a sentença transitada
Em primeiro grau de jurisdição, o acesso ao Juizado Espe-
em julgado, e tendo havido solicitação do interessa-
do, que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo cial independerá do pagamento de custas, taxas ou despesas.
à execução, dispensada nova citação. O preparo do recurso, na forma do § 1º do Art. 42 desta
▷ Nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de Lei (O preparo será feito, independentemente de intimação,
não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execu- nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena
ção, cominará multa diária, arbitrada de acordo com de deserção), compreenderá todas as despesas processuais,
as condições econômicas do devedor, para a hipóte- inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição,
se de inadimplemento. Não cumprida a obrigação, ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita.
o credor poderá requerer a elevação da multa ou a Em primeiro grau de jurisdição, não há condenação do
transformação da condenação em perdas e danos, vencido em custas e honorários de advogado (salvo se confi-
que o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-se a exe- gurada litigância de má-fé)
cução por quantia certa, incluída a multa vencida de Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas
obrigação de dar, quando evidenciada a malícia do e honorários de advogado, que serão fixados entre 10% e 20%
devedor na execução do julgado.
do valor de condenação (não havendo condenação, utiliza-se
▷ Na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o do valor corrigido da causa como base de cálculo).
cumprimento por outrem, fixado o valor que o de-
vedor deve depositar para as despesas, sob pena de Na execução não serão contadas custas, salvo quando:
multa diária. ▷ Reconhecida a litigância de má-fé.
▷ Na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá auto- ▷ Improcedentes os embargos do devedor.
rizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea ▷ Tratar-se de execução de sentença que tenha sido
a tratar da alienação do bem penhorado, a qual se objeto de recurso improvido do devedor.
Disposições Finais por oficial de justiça, independentemente de mandado ou
carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de co-
Instituído o Juizado Especial, serão implantadas as curado- municação.
rias necessárias e o serviço de assistência judiciária. Dos atos que forem praticados em audiência, são conside-
O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, radas intimadas desde logo cientes as partes, os interessados
poderá ser homologado, no juízo competente, independen- e defensores.
temente de termo, valendo a sentença como título executivo Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de
judicial. citação do acusado, constará a necessidade de seu compareci-
Valerá como título extrajudicial o acordo celebrado pelas mento acompanhado de advogado, com a advertência de que,
partes, por instrumento escrito, referendado pelo órgão com- na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público.
petente do Ministério Público.
Nas causas sujeitas ao procedimento instituído pela Lei Da Fase Preliminar
nº 9.099/95 não é admitida a ação rescisória. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocor-
rência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará ime-
Dos Juizados Especiais Criminais diatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, provi-
denciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Disposições Gerais do JECRIM Depois da ocorrência do fato, a autoridade policial lavra o
O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou TC (Termo Circunstanciado) e encaminha para o Juizado. Não
togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julga- há inquérito.
mento e a execução das infrações penais de menor potencial Se o autor do fato (trata-se do réu, mas a Lei usa o termo
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. “autor do fato”) que, após a lavratura do termo, for imedia-
Na hipótese de reunião de processos, perante o juízo co- tamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromis-
mum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras so de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante,
de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da nem se exigirá fiança.
transação penal e da composição dos danos civis. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determi-
O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pe- nar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicí-
los critérios da oralidade, informalidade, economia processual lio ou local de convivência com a vítima.
e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo pos-
dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não pri- sível a realização imediata da audiência preliminar, será desig-
vativa de liberdade. nada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a
Da Competência e dos Atos Processuais Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a do res-
Competência do Juizado o determinada pelo lugar em
Ş
ŝ#-ŝŦ
ponsável civil (intimação feita na forma dos Arts. 67 e 68 da Lei nº
que foi praticada a infração penal. 9.099/95, acima visto).
Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se Na audiência preliminar, presente o representante do Mi-
em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme nistério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o
dispuserem as normas de organização judiciária. responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz
Os atos processuais serão válidos sempre que preenche- esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e
rem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não
os critérios indicados no Art. 62 da Lei nº 9.099/95 (critérios da privativa de liberdade.
oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, ob-
A conciliação será conduzida pelo Juiz ou também por
jetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos
conciliador (sob orientação do juiz).
pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade).
No âmbito do Juizado Especial Criminal, a nulidade so- Esses conciliadores são auxiliares da Justiça, recruta-
mente será pronunciada se houver prejuízo para alguma das dos, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
to, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata e imediatamente cientificado da designação de dia e hora
de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na para a audiência de instrução e julgamento, da qual tam-
proposta. bém tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o
Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o responsável civil e seus advogados.
Juiz poderá reduzi-la até a metade. Se o acusado não estiver presente, será citado na forma
Entretanto, não se admitirá a proposta se ficar comprovado: dos Arts. 66 e 68 da Lei nº 9.099/95 (pessoalmente no próprio
Juizado ou por mandado) e cientificado da data da audiên-
▷ Ter sido o autor da infração condenado, pela prática cia de instrução e de julgamento, devendo a ela trazer suas
de crime, à pena privativa de liberdade, por senten- testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no
ça definitiva. mínimo, cinco dias antes de sua realização.
▷ Ter sido o agente beneficiado anteriormente, no pra- Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, se-
zo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva rão intimados nos termos do Art. 67 desta Lei para comparece-
ou multa, nos termos deste Art..
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Nos casos de homologação do acordo civil e aplicação de
pena restritiva de direitos ou multa, as despesas processuais Penal e de Processo Penal, no que não forem incompatíveis
serão reduzidas, conforme dispuser lei estadual. com esta Lei.
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por rão os Juizados Especiais no prazo de seis meses, a contar da
outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam vigência desta Lei.
a suspensão condicional da pena (Os requisitos para suspen- No prazo de 6 meses, contado da publicação desta Lei, se-
são da pena são tratados no Art. 77 do Código Penal). rão criados e instalados os Juizados Especiais Itinerantes, que
Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presen- deverão dirimir, prioritariamente, os conflitos existentes nas
ça do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o áreas rurais ou nos locais de menor concentração populacional
processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as
seguintes condições: 18. Lei nº 4.898/1965
▷ Reparação do dano (salvo impossibilidade de fazê-lo).
▷ Proibição de frequentar determinados lugares.
Abuso de Autoridade
▷ Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, Esta lei regula o direito de representação e o processo de
sem autorização do Juiz. responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autori-
▷ Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, men- dades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos. 581
salmente, para informar e justificar suas atividades. O direito de representação será exercido por meio de petição:
▷ Dirigida à autoridade superior que tiver competên- A sanção administrativa será aplicada de acordo com a
582 cia legal para aplicar, à autoridade civil ou militar gravidade do abuso cometido e consistirá em:
culpada, a respectiva sanção. ▷ Advertência.
▷ Dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver ▷ Repreensão.
competência para iniciar processo-crime contra a ▷ Suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
autoridade culpada. cinco a cento e oitenta dias, com perda de venci-
A representação será feita em duas vias e conterá a exposi- mentos e vantagens.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
anos.
▷ À liberdade de associação.
Essas penas poderão ser aplicadas de forma autônoma ou
▷ Aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
cumulativa.
cício do voto.
▷ Ao direito de reunião. Quando o abuso for cometido por agente de autoridade poli-
cial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser comi-
▷ À incolumidade física do indivíduo.
nada a pena autônoma ou acessória1, de não poder o acusado
▷ Aos direitos e garantias legais assegurados ao exer- exercer funções de natureza policial ou militar no município
cício profissional. da culpa, por prazo de um a cinco anos.
Também constitui abuso de autoridade:
Recebida a representação em que for solicitada a aplicação
▷ Ordenar ou executar medida privativa da liberdade de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar compe-
individual, sem as formalidades legais ou com abu- tente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
so de poder.
O inquérito administrativo obedecerá às normas estabele-
▷ Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a ve- cidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou milita-
xame ou a constrangimento não autorizado em lei. res, que estabeleçam o respectivo processo.
▷ Deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz com-
Não existindo no município no Estado ou na legislação
petente a prisão ou detenção de qualquer pessoa.
militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão
▷ Deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou aplicadas supletivamente, as disposições da Lei 8.112/90.
detenção ilegal que lhe seja comunicada.
A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da auto-
▷ Levar à prisão e nela deter quem quer que se pro-
ridade civil ou militar.
ponha a prestar fiança, permitida em lei.
▷ Cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial Simultaneamente com a representação dirigida à autori-
dade administrativa ou independentemente dela, poderá ser
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra
promovida pela vítima do abuso a responsabilidade civil ou
despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em
penal ou ambas da autoridade culpada.
lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor.
▷ Recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de Pro-
recibo de importância recebida a título de carceragem, cesso Civil.
custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa. A ação penal será iniciada, independentemente de inqué-
▷ O ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa rito policial ou justificação por denúncia do Ministério Públi-
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou co, instruída com a representação da vítima do abuso.
desvio de poder ou sem competência legal. Apresentada ao Ministério Público a representação da ví-
▷ Prolongar a execução de prisão temporária, de pena tima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o
ou de medida de segurança, deixando de expedir réu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e
em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de
ordem de liberdade. audiência de instrução e julgamento.
Para os efeitos desta lei, considera-se autoridade quem A denúncia do Ministério Público será apresentada em
exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou duas vias.
militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
1 As penas acessórias foram extintas após a reforma do Código Penal. Embora
O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção ad- exista quem defenda que essa pena não possa mais ser aplicada, o STJ entende
ministrativa civil e penal. que essa pena é a principal, podendo, dessa forma, ser aplicada.
Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade hou- Não comparecendo o réu nem seu advogado, o Juiz nomeará
ver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos ulte-
▷ Promover a comprovação da existência de tais vestí- riores termos do processo.
gios, por meio de duas testemunhas qualificadas (a Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a
representação poderá conter a indicação de mais de palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado
duas testemunhas). que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do
▷ Requerer ao Juiz, até 72 horas antes da audiência de réu, pelo prazo de 15 minutos para cada um, prorrogável por
instrução e julgamento, a designação de um perito mais 10 minutos, a critério do Juiz.
para fazer as verificações necessárias. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a sen-
O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e pre- tença.
starão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro pró-
escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento. prio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os de-
Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresen- poimentos e as alegações da acusação e da defesa, os requeri-
tar a denúncia requerer o arquivamento da representação, mentos e, por extenso, os despachos e a sentença.
o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invo- Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Ministério
cadas, fará remessa da representação ao Procurador-Geral Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o advo-
e este oferecerá a denúncia ou designará outro órgão do gado ou defensor do réu e o escrivão.
Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no arquiva- Nas comarcas onde os meios de transporte forem difíceis
mento, ao qual só então deverá o Juiz atender. e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei, o
Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O órgão do Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Código
Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de
oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do instrução e julgamento regulado por esta lei.
processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negli- Das decisões, despachos e sentenças, caberão os recursos
gência do querelante, retomar a ação como parte principal. e apelações previstas no Código de Processo Penal.
Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de 48 horas,
proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia. 19. Lei nº 11.343/2006 Sistema
No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará,
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julga- Nacional de Políticas Públicas sobre
mento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente, dentro
de cinco dias.
Drogas (Sisnad)
Ş
ŝ#-ŝŦ
A citação do réu para se ver processar, até julgamento final
e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será Disposições Preliminares
feita por mandado sucinto que será acompanhado da segunda A Lei nº 11.343/06 instituiu o Sistema Nacional de Políticas
via da representação e da denúncia. Públicas sobre Drogas - Sisnad. Ela prescreve medidas para pre-
As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apre- venção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários
sentadas em juízo, independentemente de intimação. e dependentes de drogas, além de estabelecer normas para re-
Não serão deferidos pedidos de precatória para a audiên- pressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas
cia ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso de perícia e define crimes relacionados a esse assunto.
(requerimento no caso em que o ato tenha deixado vestígios,
acima estudado), requerimentos para a realização de diligên- Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas,
cias, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de
motivado, considere indispensáveis tais providências. vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou pro-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos au- duzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou
ditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência, regulamentar, assim como estabelece a Convenção de Viena,
apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o re- de 1971, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas a
presentante do Ministério Público ou o advogado que tenha respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.
subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos
Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não hou- vegetais acima referidos, exclusivamente para fins medicinais
ver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fis-
ocorrido constar no livro de termos de audiência. calização, respeitadas as ressalvas supramencionadas.
A audiência de instrução e julgamento será pública, se
contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil, Do Sistema Nacional de Políticas
entre 10 horas e 18 horas, na sede do Juízo ou, excepcional-
mente, no local que o Juiz designar. Públicas sobre Drogas
Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o interroga- O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organi- 583
tório do réu, se estiver presente. zar e coordenar as atividades relacionadas com:
▷ A prevenção do uso indevido, a atenção e a reinser- ▷ Promover a construção e a socialização do conheci-
584 ção social de usuários e dependentes de drogas. mento sobre drogas no país.
▷ A repressão da produção não autorizada e do tráfico ▷ Promover a integração entre as políticas de prevenção
ilícito de drogas. do uso indevido, atenção e reinserção social de usuá-
rios e dependentes de drogas e de repressão à sua
Dos Princípios e dos Objetivos produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políti-
cas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo
do Sistema Nacional de Políticas
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ O alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle garantidos os serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo
social de políticas setoriais específicas. respectivo sistema penitenciário.
As atividades de prevenção do uso indevido de drogas di-
rigidas à criança e ao adolescente deverão estar em consonân- Dos Crimes e das Penas
cia com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional dos Essas penas poderão ser aplicadas isolada ou cumulati-
Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda. vamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvi-
dos o Ministério Público e o defensor.
Das Atividades de Atenção e de
Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou
Reinserção Social de Usuários trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autoriza-
ou Dependentes de Drogas ção ou em desacordo com determinação legal ou regulamen-
Constituem atividades de atenção ao usuário e depen- tar será submetido às seguintes penas:
▷ Advertência sobre os efeitos das drogas.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
que se refere essa lei (penas aplicadas aos usuários), a que in- te, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
justificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, ou regulamentar.
sucessivamente a: Pena: reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500
▷ Admoestação verbal. dias-multa.
▷ Multa. Crimes Equiparados ao Tráfico de Drogas
O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposi- Nas mesmas penas incorre quem:
ção do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, pre- ▷ Importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
ferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
Na imposição da pena de medida educativa de multa (em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda
caso de recusa injustificada) o juiz, atendendo à reprovabilida- que gratuitamente, sem autorização ou em desacor-
de da conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade do com determinação legal ou regulamentar, maté-
nunca inferior a 40 nem superior a 100, atribuindo depois a ria-prima, insumo ou produto químico destinado à
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ O crime tiver sido praticado com violência, grave cuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
processo de intimidação difusa ou coletiva. O juiz, na fixação das penas, considerará, com pre-
▷ Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ponderância sobre o previsto no Art. 59 do Código Penal,
ou entre estes e o Distrito Federal. a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a
▷ Sua prática envolver ou visar a atingir criança ou ado- personalidade e a conduta social do agente.
lescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, dimi- Na fixação da multa, o juiz, atendendo ao acima disposto
nuída ou suprimida a capacidade de entendimento e para fixação das penas, determinará o número de dias-multa,
determinação. atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos
▷ O agente financiar ou custear a prática do crime. acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a
Esses crimes (itens 1 ao 6) são inafiançáveis e insuscetíveis cinco vezes o maior salário-mínimo.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada As multas, que em caso de concurso de crimes serão
a conversão de suas penas em restritivas de direitos. impostas sempre cumulativamente, podem ser aumenta-
Nesses crimes, dar-se-á o livramento condicional após o das até o décuplo se, em virtude da situação econômica do
cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplica-
ao reincidente específico. das no máximo.
Induzimento ou Auxílio ao Con- É isento de pena o agente que, em razão da dependência
sumo Indevido de Droga ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior,
de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que
Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga3: tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor-
3 ADI nº 4.274 (STF) O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do
Relator, julgou procedente a ação direta para dar ao § 2º do Art. 33 da Lei nº
do com esse entendimento.
11.343/2006 interpretação conforme à Constituição, para dele excluir qualquer Quando absolver o agente, reconhecendo, por força peri-
significado que enseje a proibição de manifestações e debates públicos acerca cial, que este apresentava, à época do fato, as condições acima
da descriminalização ou legalização do uso de drogas ou de qualquer substância 587
que leve o ser humano ao entorpecimento episódico, ou então viciado, das suas referidas, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encami-
faculdades psicofísicas. nhamento para tratamento médico adequado.
As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e
588 se, por força das circunstâncias previstas para isenção de pena estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o lau-
(acima estudadas), o agente não possuía, ao tempo da ação ou do de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado
da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. O perito que subscrever esse laudo não ficará impedido
Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação de participar da elaboração do laudo definitivo.
que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
tratamento, realizada por profissional de saúde com compe- no prazo de 10 dias, certificará a regularidade formal do
tência específica na forma da lei, determinará que a tal se pro- laudo de constatação e determinará a destruição das dro-
ceda, observado o disposto no Art. 26 desta Lei. (O usuário e gas apreendidas, guardando-se amostra necessária à reali-
o dependente de drogas que, em razão da prática de infração zação do laudo definitivo.
penal, estiverem cumprindo pena privativa de liberdade ou A destruição das drogas será executada pelo delegado de
submetidos a medida de segurança, têm garantidos os servi- polícia competente no prazo de 15 dias na presença do Minis-
ços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema tério Público e da autoridade sanitária.
penitenciário.) O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destrui-
ção das drogas, sendo lavrado auto circunstanciado pelo dele-
Do Procedimento Penal gado de polícia, certificando-se neste a destruição total delas.
O procedimento relativo aos processos por crimes defi- A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de
nidos neste Título rege-se pelo a seguir, aplicando-se, sub- prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máxi-
sidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal mo de 30 dias contado da data da apreensão, guardando-se
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Apresentada a defesa, o juiz decidirá em cinco dias. valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério Pú-
Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de blico, quando a sua execução imediata possa comprometer as
dez dias, determinará a apresentação do preso, realização de investigações.
diligências, exames e perícias. Não havendo prejuízo para a produção da prova dos fa-
tos e comprovado o interesse público ou social, mediante
Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a au-
autorização do juízo competente, ouvido o Ministério Pú-
diência de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal
blico e cientificada a Senad, os bens apreendidos poderão
do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente,
ser utilizados pelos órgãos ou pelas entidades que atuam
se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
na prevenção do uso indevido, na atenção e reinserção so-
Tratando-se de condutas tipificadas como infração do dis- cial de usuários e dependentes de drogas e na repressão à
posto nos itens 1 a 6 do tópico anterior, o juiz, ao receber a de- produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, ex-
núncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denuncia- clusivamente no interesse dessas atividades.
do de suas atividades, se for funcionário público, comunicando
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
autoridade de polícia judiciária que presidir o inquérito deve- após decretado o seu perdimento em favor da União, serão
rá, de imediato, requerer ao juízo competente a intimação do revertidos diretamente ao Funad.
Ministério Público.
Compete à Senad a alienação dos bens apreendidos e
Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao juízo, não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já tenha
em caráter cautelar, a conversão do numerário apreendido em sido decretado em favor da União.
moeda nacional, se for o caso, a compensação dos cheques A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a fim
emitidos após a instrução do inquérito, com cópias autênti- de dar imediato cumprimento a essa alienação.
cas dos respectivos títulos, e o depósito das correspondentes Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz do
quantias em conta judicial, juntando-se aos autos o recibo. processo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
Após a instauração da competente ação penal, o Ministério remeterá à Senad relação dos bens, direitos e valores declara-
Público, mediante petição autônoma, requererá ao juízo com- dos perdidos em favor da União, indicando, quanto aos bens,
petente que, em caráter cautelar, proceda à alienação dos bens o local em que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo
apreendidos, excetuados aqueles que a União, por intermédio poder estejam, para os fins de sua destinação nos termos da
Ş
ŝ#-ŝŦ
da Senad, indicar para serem colocados sob uso e custódia da legislação vigente.
autoridade de polícia judiciária, de órgãos de inteligência ou A União, por intermédio da Senad, poderá firmar convê-
militares, envolvidos nas ações de prevenção ao uso indevido nio com os Estados, com o Distrito Federal e com organismos
de drogas e operações de repressão à produção não autoriza- orientados para a prevenção do uso indevido de drogas, a
da e ao tráfico ilícito de drogas, exclusivamente no interesse atenção e a reinserção social de usuários ou dependentes e a
dessas atividades. atuação na repressão à produção não autorizada e ao tráfico
Excluídos esses casos acima, o requerimento de alienação ilícito de drogas, com vistas na liberação de equipamentos e
deverá conter a relação de todos os demais bens apreendi- de recursos por ela arrecadados, para a implantação e execu-
dos, com a descrição e a especificação de cada um deles, e ção de programas relacionados à questão das drogas.
informações sobre quem os tem sob custódia e o local onde
se encontram. Da Cooperação Internacional
Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição será De conformidade com os princípios da não intervenção
autuada em apartado, cujos autos terão tramitação autônoma em assuntos internos, da igualdade jurídica e do respeito à in-
em relação aos da ação penal principal. tegridade territorial dos Estados e às leis e aos regulamentos
nacionais em vigor, e observado o espírito das Convenções das
Autuado o requerimento de alienação, os autos serão con-
Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos internacionais
clusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo de instru-
relacionados à questão das drogas, de que o Brasil é parte, o
mentalidade entre o delito e os objetos utilizados para a sua
governo brasileiro prestará, quando solicitado, cooperação a
prática e risco de perda de valor econômico pelo decurso do
outros países e organismos internacionais e, quando necessá-
tempo, determinará a avaliação dos bens relacionados, cienti-
rio, deles solicitará a colaboração, nas áreas de:
ficará a Senad e intimará a União, o Ministério Público e o inte-
ressado, este, se for o caso, por edital com prazo de cinco dias. ▷ Intercâmbio de informações sobre legislações, expe-
riências, projetos e programas voltados para ativida-
Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre des de prevenção do uso indevido, de atenção e de re-
o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o valor inserção social de usuários e dependentes de drogas.
atribuído aos bens e determinará sejam alienados em leilão.
▷ Intercâmbio de inteligência policial sobre produção
Realizado o leilão, permanecerá depositada em conta ju- e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o
dicial a quantia apurada, até o final da ação penal respectiva, tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio
quando será transferida ao Funad, juntamente com os demais de precursores químicos.
valores. ▷ Intercâmbio de informações policiais e judiciais so-
Terão apenas efeito devolutivo os recursos interpostos bre produtores e traficantes de drogas e seus pre-
contra as decisões proferidas no curso do procedimento pre- cursores químicos.
visto neste artigo.
Quanto aos bens, recaindo a autorização sobre veículos, Disposições Finais e Transitórias
embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de Para fins do conceito de drogas instituído nessa lei, até
trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expe- que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no
dição de certificado provisório de registro e licenciamento, em preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes,
favor da autoridade de polícia judiciária ou órgão aos quais te- psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da
nha deferido o uso, ficando estes livres do pagamento de mul- Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998.
A liberação dos recursos previstos na Lei nº 7.560, de 19
de dezembro de 1986, em favor de Estados e do Distrito Fede- ANOTAÇÕES
ral, dependerá de sua adesão e respeito às diretrizes básicas
contidas nos convênios firmados e do fornecimento de dados
necessários à atualização do sistema previsto no Art. 17 desta
Lei, pelas respectivas polícias judiciárias.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
derão criar estímulos fiscais e outros, destinados às pessoas
físicas e jurídicas que colaborem na prevenção do uso indevido
de drogas, atenção e reinserção social de usuários e depen-
dentes e na repressão da produção não autorizada e do tráfico
ilícito de drogas.
No caso de falência ou liquidação extrajudicial de empre-
sas ou estabelecimentos hospitalares, de pesquisa, de ensino,
ou congêneres, assim como nos serviços de saúde que pro-
duzirem, venderem, adquirirem, consumirem, prescreverem
ou fornecerem drogas ou de qualquer outro em que existam
essas substâncias ou produtos, incumbe ao juízo perante o
qual tramite o feito:
▷ Determinar, imediatamente, à ciência da falência ou
liquidação, que sejam lacradas suas instalações.
▷ Ordenar à autoridade sanitária competente a urgen-
te adoção das medidas necessárias ao recebimento
e guarda, em depósito, das drogas arrecadadas.
▷ Dar ciência ao órgão do Ministério Público, para
acompanhar o feito.
Da licitação para alienação de substâncias ou produtos
não proscritos referidos no inciso II do caput deste artigo, só
podem participar pessoas jurídicas regularmente habilitadas
na área de saúde ou de pesquisa científica que comprovem a
destinação lícita a ser dada ao produto a ser arrematado.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ressalvada a hipótese a seguir citada, o produto não arrema-
tado será, ato contínuo à hasta pública, destruído pela autoridade
sanitária, na presença dos Conselhos Estaduais sobre Drogas e do
Ministério Público.
Figurando entre o praceado e não arrematadas especiali-
dades farmacêuticas em condições de emprego terapêutico,
ficarão elas depositadas sob a guarda do Ministério da Saúde,
que as destinará à rede pública de saúde.
O processo e o julgamento dos crimes previstos nos itens
de 1 a 6 do tópico acima estudado, se caracterizado ilícito
transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ÍNDICE
1. Conceito, Terminologia, Estrutura Normativa e Fundamentação ................................593
Conceito e Terminologia............................................................................................................. 593
Estrutura Normativa ................................................................................................................... 593
Fundamentação .......................................................................................................................... 594
2. Evolução Histórica, Classificação e Características dos Direitos Humanos .................. 594
Evolução Histórica dos Direitos Humanos .................................................................................. 594
Classificação dos Direitos Humanos ........................................................................................... 595
Características dos Direitos Humanos ........................................................................................ 595
3. Direitos Humanos, Direito Humanitário e Direito dos Refugiados ...............................596
Introdução .................................................................................................................................. 596
Direito Humanitário .................................................................................................................... 596
Direito dos Refugiados ............................................................................................................... 597
4. Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro .............................................597
Direitos Humanos na Constituição Federal ................................................................................ 597
5. Programa Nacional de Direitos Humanos .................................................................. 603
1. Conceito, Terminologia, Estrutura Esse sistema tem como normas básicas:
▷ A Carta das Nações Unidas ou Carta da ONU, de 1945.
Normativa e Fundamentação É o tratado que cria a ONU, fixando seus propósitos
e princípios. Este documento não relaciona nenhum
direito humano, mas fixa a promoção da dignidade da
Conceito e Terminologia pessoa humana como um dos principais objetivos da
Iniciaremos o estudo dos direitos humanos a partir da ex- organização. Foi promulgado no Brasil pelo Decreto
planação de alguns conceitos básicos, imprescindíveis para a nº 19.841, de 1945;
correta compreensão da matéria. ▷ A Declaração Universal dos Direitos Humanos
Assim, em primeiro lugar, o que é o direito? O direito represen- (DUDH), de 1948. Foi adotada e proclamada pela
ta as opções, os valores, os bens que a comunidade humana, as Resolução 217-A, da Assembleia Geral das Nações
sociedades organizadas, em determinados momento e lugar, es- Unidas. Sua veiculação por meio de uma Resolução
colheram como os mais relevantes, para que fossem respeitados não lhe confere, contudo, força jurídica vinculante.
A DUDH também não cria nenhum órgão voltado à
por todos e protegidos pela própria comunidade e pelo Estado,
proteção ou promoção dos direitos humanos. Ape-
como, por exemplo, a vida, a liberdade, a igualdade. sar disso é, hoje, um dos principais documentos de
Os direitos humanos são aqueles direitos de que são titu- direitos humanos em todo o mundo;
lares todas as pessoas, pela sua tão só condição de serem hu- ▷ O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
manos, e que visam garantir, resguardar um patamar mínimo (PIDCP) de 1966. É um instrumento adicional à
necessário para uma vida digna. DUDH e que visa detalhar alguns de seus direitos,
São direitos que existem com o objetivo de proteger e notadamente de primeira dimensão (civis e políti-
promover a dignidade de toda pessoa humana podendo ser cos). O PIDCP é um tratado com força jurídica vincu-
exigidos, opostos em face do Estado (eficácia vertical) ou dos lante. Foi promulgado no Brasil pelo Decreto nº 592,
particulares, pessoas físicas ou jurídicas (eficácia horizontal). de 1992;
Eles estão previstos na esfera internacional, escritos em do- ▷ O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, So-
ciais e Culturais (PIDESC), de 1966. É, também, um
cumentos internacionais (tratados, convenções, resoluções, etc.),
instrumento adicional à DUDH, e visa detalhar al-
como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e a guns de seus direitos, notadamente de segunda di-
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (CADH). mensão (econômicos, sociais e culturais). O PIDESC
Ainda, prefere-se a expressão direitos humanos à direitos é um documento com força jurídica vinculante. Foi
do homem, porque, quando se usa esta expressão, fazemos promulgado no Brasil pelo Decreto nº 591, de 1992.
referência a direitos naturais ainda não positivados, ou seja, Por sua vez, os Sistemas Regionais são três, o Interameri-
Ş
ŝ#-ŝŦ
que não estão escritos em uma lei, um tratado; não estão cano, o Europeu e o Africano. Estes sistemas reúnem parte dos
formalizados, decorrem da razão, da consciência do homem países de determinadas regiões do globo.
sobre si mesmo. Interessa-nos, por enquanto, apenas o Sistema Interame-
Quando os direitos humanos são transportados para o ricano, o qual está constituído em torno da Organização dos
nosso direito interno e inseridos em nossa Constituição Fede- Estados Americanos (OEA), criada em 1948 por meio da Carta
da Organização dos Estados Americanos, e da qual são mem-
ral, passam a ser chamados de direitos fundamentais. bros todos os 35 (trinta e cinco) países das Américas, inclusive
Na Constituição Federal de 1988, foram incorporados di- o Brasil.
versos direitos humanos, distribuídos por todo o texto, mas O Sistema Interamericano possui como normas básicas:
em especial nos Arts. 5º a 17, sob o Título II - Dos Direitos e
▷ A Carta da Organização dos Estados Americanos
Garantias Fundamentais.
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
ou Carta de Bogotá, de 1948. Apesar de não rela-
Em nosso direito eles também desempenham a função de cionar nenhum direito humano, a Carta prevê a sua
garantir patamares mínimos para a manutenção da dignidade proteção e promoção, sem qualquer discriminação
da pessoa humana. pelos Estados membros, como um de seus princí-
pios. Foi promulgada no Brasil por meio do Decreto
Estrutura Normativa n. 30.544, de 1952;
A reconhecida importância internacional da promoção da ▷ A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do
dignidade da pessoa humana, por meio da garantia efetiva dos Homem (DADDH), de 1948, foi aprovada na IX Con-
direitos humanos, resultou na criação de diversas instituições, ferência Internacional Americana, em Bogotá. Assim
dando origem a sistemas internacionais, os quais constituem como a DUDH, a DADDH foi veiculada por meio de
ferramenta adicional e subsidiária ao nosso Sistema Nacional uma resolução - Resolução XXX -, o que não lhe con-
de proteção àqueles direitos, cada qual com uma estrutura fere força jurídica vinculante. É considerada, contu-
normativa (normas) própria. do, um marco dos direitos humanos nas Américas;
O Sistema Global ou Universal de proteção dos direitos ▷ A Convenção Americana sobre Direitos Humanos
humanos gira em torno da Organização das Nações Unidas (CADH), também chamada de Pacto de São José da
(ONU) e é, por isso, também chamado de sistema das Nações Costa Rica, foi firmada no âmbito da Organização 593
Unidas. dos Estados Americanos (OEA), em 22 de novembro
de 1969, tendo sido promulgada no Brasil pelo De- fases: a primeira, situada na Idade Média até meados do século
594 creto n. 678, de 1992. Diferentemente da Declaração XVIII; a segunda, iniciada com a Declaração de Direitos do Bom
Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e da Decla- Povo da Virginia (1776).
ração Americana dos Direitos e Deveres do Homem
A primeira fase dos Direitos Humanos teve a contribuição
(DADDH), a CADH é um documento internacional
com força jurídica vinculante e é o principal instru- teórica da filosofia clássica greco-romana, do pensamento
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Ş
ŝ#-ŝŦ
Por outro lado, o termo “dimensões”, dentro do movimen- suem conteúdo patrimonial, o seu não-exercício no
to de mutação, transformação dos direitos humanos, transmite decurso do tempo não importa em sua perda, sua
a ideia de um processo cumulativo, de complementaridade, de inexigibilidade;
expansão e de fortalecimento. ▷ A Interdependência ou Indivisibilidade: apesar de
Aqui nos valeremos da segunda expressão, para dividir os estarem escritos em diversos documentos e de te-
direitos humanos em: rem conteúdo distinto, os direitos humanos se com-
▷ Direitos de Primeira Dimensão, os quais correspon- plementam, são dependentes uns dos outros para a
dem à fase inicial de afirmação, de reconhecimento sua realização plena. Somente a efetivação integral
dos direitos humanos em documentos nacionais ou e completa de todos os direitos humanos garante
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
internacionais, situada nos séculos XVIII e XIX. que o respeito à dignidade da pessoa humana seja
São direitos de conteúdo individualista, de defesa do in- realizado;
divíduo em face do Estado. Por isso são chamados de direi- ▷ A Relatividade: nenhum direito humano é absoluto
tos negativos (“direitos de liberdade”), pois exigem do poder a ponto de afastar, em todas as situações, os demais.
constituído uma abstenção, uma não-interferência na órbita Havendo “confronto” entre eles, somente na análise
de direitos dos indivíduos. do caso concreto, aplicando-se os critérios de pro-
Constitui-se de direitos Civis e Políticos, como, por exem- porcionalidade e razoabilidade, um deles poderá ser
plo, o direito à vida, à liberdade, à propriedade privada, à mitigado em relação ao outro. Prevalecerá aquele
igualdade perante a lei, à segurança; que, no caso concreto, melhor proteja a dignidade
▷ Direitos de Segunda Dimensão, cujos surgimento e da pessoa humana – princípio da primazia da nor-
afirmação se dão a partir do final do século XIX e ma mais favorável;
início do século XX. ▷ A Historicidade: significa que eles nascem, modifi-
Estes direitos possuem dimensão positiva – direitos po- cam-se, evoluem acompanhando as mudanças da
sitivos, prestacionais (“direitos de igualdade”) – impondo ao sociedade. Não nasceram em um único momento da
Estado, ao Poder Público um comportamento ativo na realiza- história ou possuem outra origem que não a dialeti- 595
ção da justiça social, da igualdade material. cidade da vida em sociedade.
596
3. Direitos Humanos, Direito mas dos Conflitos Armados não Internacionais, ado-
tado em 7 de dezembro de 1979;
Humanitário e Direito dos Refugiados g) Protocolo III - Adicional às Convenções de Genebra
de 12 de agosto de 1949, relativo à Adoção de Emble-
Introdução ma Distintivo Adicional, adotado em 8 de dezembro
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
de 2005.
Os direitos humanos expressam aquelas normas interna-
Todas as Convenções de Genebra e os Protocolos Adicio-
cionais voltadas à proteção e promoção da dignidade da pes-
nais já forma promulgados internamente pelo Brasil.
soa humana em toda e qualquer situação, como a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e a Convenção Ame- As Convenções e os Protocolos Adicionais possuem algu-
ricana sobre Direitos Humanos (CADH). mas normas que lhes são comuns, ou seja, que devem ser apli-
cadas a qualquer tipo de conflito armado, seja ele nacional ou
O direito humanitário e o direito dos refugiados, por sua
internacional.
vez, também compõem-se de normas de direitos humanos,
somente que voltadas para a proteção da pessoa em situações Assim, as pessoas que não tomem parte diretamente
específicas. nas hostilidades, incluindo os membros das forças armadas
que tenham deposto as armas e as pessoas que tenham sido
Direito Humanitário postas fora de combate por doença, ferimentos, detenção, ou
por qualquer outra causa, serão, em todas as circunstâncias,
O direito humanitário – conhecido, também, como Direito tratadas com humanidade, sem nenhuma distinção de cará-
de Genebra - é o ramo dos direitos humanos que visa restrin- ter desfavorável baseada na raça, cor, religião ou crença, sexo,
gir a violência própria das guerras, a partir do estabelecimento nascimento ou fortuna, ou qualquer outro critério análogo.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Em primeiro lugar, temos que observar que a Constituição
humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionali-
Federal coloca, como princípio fundamental da República Fe-
dade para buscar refúgio em outro país”. derativa do Brasil, em seu artigo 1º, inciso III, a “dignidade da
O refúgio não se confunde com o asilo político, colocado pessoa humana”.
como princípio que rege as relações internacionais da Repú- A dignidade da pessoa humana é considerada o princípio
blica Federativa do Brasil (art. 4º, inciso X, da CF). O asilo está com maior hierarquia axiológica da Constituição Federal.
relacionado notadamente com uma perseguição normalmente Ao erigir a dignidade da pessoa humana como fundamen-
individual, fundada em dissidência política ou de opinião, ao to da República, a Constituição Federal de 1988 coloca o indiví-
passo que o refúgio, como vimos, decorre de uma convulsão duo como sujeito de direitos, a razão de ser do próprio Estado
generalizada no país de origem do refugiado, motivadas por que, pela efetiva garantia dos direitos fundamentais deve per-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
questões diversas como raça, religião, nacionalidade, além de mitir o seu desenvolvimento integral.
opiniões políticas.
Na lei, os efeitos da condição de refugiado adquirida por Direitos Humanos e Cidadania
uma pessoa serão extensivos ao cônjuge, aos ascendentes e A cidadania representa um vínculo existente entre uma
descendentes, assim como aos demais membros do grupo fa- determinada sociedade política e seus membros e que é fonte
miliar que do refugiado dependerem economicamente, desde de diversas obrigações daquela para com estes e, é claro, de
que se encontrem em território nacional (art. 2º). deveres destes para com a aquela. A cidadania pressupõe a
Atentemos que o reconhecimento da condição de refugia- conquista e a efetiva fruição de diversos direitos - para além
dos políticos - a todos os cidadãos.
do obstará o seguimento de qualquer pedido de extradição
baseado nos fatos que fundamentaram a concessão de refúgio É desta forma que a encontramos em alguns documentos
internacionais de direitos humanos.
(art. 33).
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), o
Ainda, não será expulso do território nacional o refugiado artigo XXI prevê que “Todo ser humano tem o direito de fazer
que esteja regularmente registrado, salvo por motivos de se- parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio
gurança nacional ou de ordem pública (art. 36). de representantes livremente escolhidos. Todo ser humano
No entanto, não serão beneficiados da condição de refu- tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. A 597
giado os indivíduos que (Art. 3º): vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta
vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por possui deveres para com a comunidade onde ele está inserido e
598 sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente os cumpre.
que assegure a liberdade de voto”. O conteúdo da cidadania, segundo nossa Constituição Fe-
Já o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos deral, inclui, então, não só direitos, mas também responsabili-
(PIDCP) assegura, em seu artigo 25, que “Todo cidadão terá dades, deveres individuais e coletivos, como os (a) de presta-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de discri- ção do serviço militar obrigatório (art. 143, da CF), (b) de pagar
minação mencionadas no artigo 2 e sem restrições infundadas: tributos, (c) de voto (art. 14, parágrafo 1º, da CF).
▷ De participar da condução dos assuntos públicos, Em um Estado Democrático de Direito, não há um direito sem
diretamente ou por meio de representantes livre- um dever que seja imediatamente correlato, mesmo que implícito.
mente escolhidos. Assim, apesar de o texto constitucional não relacionar expressa-
▷ De votar e de ser eleito em eleições periódicas, au- mente todos os deveres que devem ser cumpridos pelos cidadãos,
tênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitá- o Capítulo I, do Título II deixa claro que ao lado “dos direitos” exis-
rio e por voto secreto, que garantam a manifestação tem os “deveres individuais e coletivos”.
da vontade dos eleitores”.
Da Prevalência dos Direitos Humanos
Apesar da ênfase dada aos direitos políticos, é consenso
que a cidadania, atualmente, exige a concretização de diversos nas Relações Internacionais
direitos humanos, também de natureza civil, econômica, social Como uma consequência da adoção do fundamento da
e cultural. dignidade da pessoa humana (art. 1o, inciso III, da CF), a Cons-
Na Constituição Federal de 1988, a cidadania está colocada tituição Federal coloca como princípio a reger as relações in-
com um dos fundamentos da República, conforme se vê no ternacionais da República Federativa do Brasil, a “prevalência
Ş
ŝ#-ŝŦ
artigo 1º, inciso II, possuindo um significado amplo de garan- dos direitos humanos” (art. 4º, inciso II, da CF).
tia de participação dos indivíduos não só na vida política, mas A partir da leitura conjugada deste dispositivo com aque-
também social, econômica e cultural do Estado brasileiro. le do artigo 5º, caput, podemos afirmar que a Constituição
Em nosso ordenamento jurídico, a cidadania é um status Federal adotou o chamado Princípio da Universalidade dos
conferido apenas aos nacionais, natos ou naturalizados. Neste Direitos Fundamentais, o que significa que se deve assegurar
contexto devemos entender a nacionalidade como um vínculo o gozo daqueles a todas as pessoas que estejam em nosso
jurídico-político que se forma entre o Estado e o indivíduo e território, e não apenas aos brasileiros e estrangeiros residen-
que faz deste um componente do povo. Este vínculo confere tes no país.
aos indivíduos certos direitos e lhes impõe determinadas obri- Este é o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Fe-
gações existentes naquele Estado de que é nacional, ou seja, deral (STF) e que pode ser visto em diversos de seus julgados.
confere-lhe o status de cidadão. A adoção daquele princípio não significa, no entanto, que
A cidadania, na atual Constituição Federal materializa-se, não possa haver diferenças a serem consideradas na titularida-
dentre outras formas, por meio: de de alguns direitos.
▷ Do exercício dos direitos políticos. Estes asseguram,
efetivamente, a participação do cidadão no proces-
Institucionalização dos Direitos
so político, na administração do Estado, por meio do e Garantias Fundamentais
direito de sufrágio (art. 14, da CF) – ativo (votar) e Além de extenso rol de princípios fundamentais (arts. 1º a
passivo (ser votado) -, que é exercido nas eleições, 4º), a Constituição Federal de 1988 ainda incorporou uma série
nos plebiscitos, e nos referendos. O exercício dos di- de direitos humanos, previstos em documentos internacionais
reitos políticos também se verifica na possibilidade como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e
de organização e participação em partidos políticos a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (CADH).
(art. 17, da CF). Na Carta Magna foram reunidos direitos humanos das três
▷ Da iniciativa popular, ou seja, na possibilidade de um dimensões, os quais receberam o nome de direitos funda-
cidadão propor um projeto de lei (art. 61, “caput” e mentais.
parágrafo 2º, da CF); No âmbito interno são direitos que também buscam res-
▷ Da propositura da ação popular visando anular ato guardar, assegurar um patamar mínimo necessário para a
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que garantia de uma vida digna a todos, buscando concretizar
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao o princípio fundamental da “dignidade da pessoa humana”
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (art. 1º, inciso III, da CF).
(art. 5º, LXXIII, da CF). Os direitos fundamentais estão presentes principalmente nos
Em vista do atual texto constitucional, para que o exercício artigos 5º a 17 – é o chamado “catálogo” - sob o “Título II - Dos
da cidadania seja pleno, para que se cumpra o princípio de- Direitos e Garantias Fundamentais”, em cinco Capítulos: “Capí-
mocrático (art. 1º, da CF) é necessário que a todos sejam asse- tulo I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos” (Art. 5º),
gurados não só direitos civis e políticos, mas também direitos “Capítulo II – Dos Direitos Sociais” (arts. 6º a 11), “Capítulo III – Da
econômicos, sociais e culturais. Nacionalidade” (arts. 12 e 13), “Capítulo IV – Dos Direitos Políticos”
O cidadão é, então, aquele consciente de que têm direitos e (arts. 14 a 16) e “Capítulo V – Dos Partidos Políticos” (art. 17).
de que pode e deve exigir do Estado o estabelecimento de con- Este rol não é, contudo, taxativo, fechado. Segundo dispõe
dições para tanto. O cidadão é, também, aquele ciente de que o parágrafo 2º, do artigo 5º, da Constituição Federal, “Os direi-
tos e garantias expressos nesta Constituição não excluem ou- Por sua vez, o direito fundamental à propriedade está ex-
tros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, presso nos incisos XXII e XXIII (direito de propriedade vincu-
ou dos tratados internacionais de que a República Federativa lado a sua função social), incisos XXVII e XXIX (propriedade
do Brasil seja parte”. intelectual).
Garantias Fundamentais Além dos direitos, nos incisos do artigo 5º, da Constituição
Do Título II da Constituição Federal, devemos fazer uma Federal encontramos diversas garantias, diversas ações cons-
rápida observação acerca da distinção entre direitos funda- titucionais – chamadas de “remédios constitucionais” – como
mentais e garantias fundamentais. o habeas corpus, o habeas data, o mandado de segurança e o
Os direitos são bens, são valores escolhidos pela socieda- mandado de injunção.
de como os mais importantes e que são, então, escritos em
leis, na Constituição Federal (ex.: a liberdade, a legalidade, a
Titulares dos Direitos Fundamentais
propriedade). O artigo 5º, caput, da Constituição Federal ainda dispõe
Apesar de ligadas a determinados valores e bens, as ga- que são titulares dos direitos fundamentais, então, os bra-
rantias possuem um aspecto instrumental. São instituições sileiros (natos e naturalizados) e os estrangeiros residentes
e mecanismos gerais (Ministério Público, Defensoria Pública no Brasil.
etc.) ou específicos de proteção aos Direitos Fundamentais. No entanto, segundo entendimento já pacífico no Supremo
Tribunal Federal (STF), fundado no Princípio da Universalida-
Deste último grupo podemos citar, por exemplo, (a) o Ha-
de dos Direitos Fundamentais, guardadas as peculiaridades
beas corpus (art. 5º, LXVIII, da CF), (b) o Mandado de Seguran- de alguns direitos, os quais exigem uma qualidade específica
ça (art. 5º, LXIX, da CF), (c) o Habeas data (art. 5º, LXXII, CF), da pessoa – como, por exemplo, ser nacional -, os direitos fun-
(d) a irretroatividade da lei (art. 5º, XXXVI, CF), (e) o acesso damentais devem ser garantidos, também, aos estrangeiros
ao judiciário (art. 5º, XXXV, da CF), (f) o devido processo legal não residentes.
(art. 5º, LIV, da CF).
Ainda, apesar de os direitos fundamentais dirigirem-se, em
Direitos e Deveres Individuais E Coletivos princípio, às pessoas físicas, naturais, o nosso ordenamento ju-
No Capítulo I, do Título II, da Constituição Federal estão rídico também reconhece às pessoas jurídicas a titularidade
contemplados os “Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”, de alguns deles, desde que compatíveis com a sua natureza,
todos relacionados no artigo 5º, cujo caput possui a seguin- como os direitos de propriedade e de imagem.
te redação: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estran- Reserva do Possível
geiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à O parágrafo 1º, do Art. 5º, da Constituição Federal prevê
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.” que “As normas definidoras dos direitos e garantias funda-
São direitos predominantemente de primeira dimensão, mentais têm aplicação imediata”.
Ş
ŝ#-ŝŦ
direitos civis, relacionados à vida, à liberdade, à igualdade, à Apesar do que sua redação possa deixar transparecer,
segurança e à propriedade, os quais têm uma redação muito não se deve extrair do dispositivo a conclusão de que toda e
parecida com aquela que lhes é dada pelos documentos inter- qualquer norma de direito fundamental é direta e plenamen-
nacionais de direitos humanos. te aplicável, ou seja, de que todas possuem imediata eficácia
Os 78 (setenta e oito incisos) do artigo 5º são desdobra- jurídica e social.
mentos daqueles direitos básicos mencionados no seu caput. Segundo Ingo Wolfgang Sarlet1, citando Robert Alexy,
Assim, o direito fundamental à vida e, consequente- este dispositivo contém uma espécie de “mandado de otimi-
mente, à integridade física e mental podem ser encontra- zação”, estabelecendo, impondo aos órgãos estatais a tarefa
dos no inciso III (proibição da tortura, de tratamento desu- de reconhecerem a maior eficácia possível aos direitos fun-
mano ou degradante) e no inciso XLIX (integridade física e damentais, a todos eles, não só os constantes do “catálogo”
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
moral dos presos). ou do artigo 5º.
O direito fundamental à liberdade está expresso no inci- Aquela norma põe o Poder Público na obrigação de tudo
so IV (liberdade de manifestação do pensamento), inciso VI fazer no sentido de realizar os direitos fundamentais. Reco-
(liberdade de consciência e de crença), inciso IX (liberdade nhece-se, desta forma, que os direitos fundamentais podem
de expressão da atividade intelectual, artística, científica e ser implementados em “graus distintos” conforme as possibi-
de comunicação), inciso XIII (liberdade de exercício profissio- lidades fáticas e jurídicas existentes.
nal), inciso XV (liberdade de locomoção), inciso XVI (liberda- A “reserva do possível” constitui-se, assim, em um limi-
de de reunião), incisos XVII e XX (liberdade de associação). te fático e jurídico comumente utilizado pelo Estado como
O direito fundamental à igualdade – igualdade de todos obstáculo à implementação dos direitos fundamentais, prin-
no tratamento dispensado pela lei - está reproduzido no inciso cipalmente os direitos sociais, os quais exigem, normalmente,
I (igualdade em direitos e obrigações entre homens e mu- substancial utilização de recursos públicos para a sua concre-
lheres). tização. A “reserva do possível” não é, no entanto, um limite
imanente, inseparável, dos direitos fundamentais.
O direito fundamental à segurança pode ser encontrado
no inciso XXXIX (legalidade penal), inciso XL (irretroatividade Aceita-se, assim, que em face principalmente da escassez
da lei penal), inciso XLV (personalidade da pena, intranscen- de recursos públicos os Direitos Fundamentais possam não ser
dência da pena), inciso LVI (inadmissão da prova ilícita), inciso implementados ou o serem apenas de maneira limitada. 599
LVII (presunção de inocência). 1 A eficácia dos direitos fundamentais. POA: Livraria do Advogado, 2008. p. 288.
O Supremo Tribunal Federal entende, contudo (conferir o prisão do depositário infiel em vista do artigo 7º, parágrafo 7,
600 julgamento da ADPF n. 45/DF, em 29 de abril de 2004), que a da CADH, o Supremo Tribunal Federal passou a entender que
escassez de recursos deve ser cabalmente provada pelo Poder todos os demais tratados e convenções de Direitos Humanos
Público, pois em nome da mesma não se pode adiar indefini- aprovados pelo rito comum (arts. 49, inciso I e 84, incisos IV e
damente a concretização dos Direitos Fundamentais. VIII, da CF) possuem status “supralegal”. Ou seja, estão abaixo
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Ainda, os limites impostos pela “reserva do possível” não da Carta Magna e acima da legislação ordinária.
serão obstáculo à implementação de direitos que garantam um Desta forma, apenas os tratados de direitos humanos, já
“mínimo existencial”. aprovados ou que vierem a ser aprovados pelo rito ordinário
Apesar de não haver parâmetros legais ou mesmo uniformi- integram o ordenamento jurídico brasileiro com status de nor-
dade doutrinária e jurisprudencial, podemos dizer que o “míni- ma “supralegal”.
mo existencial” corresponde a um conjunto menor, mais especí- Acompanhe o esquema abaixo:
fico de Direitos Fundamentais (ex: educação, saúde e assistência
CF, EC´s e documentos aprovados
social), essenciais para subsistência de qualquer pessoa. nos termos do § 3o, art. 5º, CF.
A Constituição Brasileira e os Tratados
Internacionais de Direitos Humanos Status “Supralegal”: tratados de
direitos humanos aprovados segundo
O parágrafo 2º, do Art. 5º, da Constituição Federal prevê o rito comum dos arts. 49, I e 84, IV
que “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não e VIII, CF.
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
A Constituição Federal também assegura o direito de gre- cionalidade do Estado em cujo território houver nascido, se
ve aos servidores civis, no artigo 37, inciso VII, o qual pode ser não tiver direito a outra.”
exercido, segundo o Supremo Tribunal Federal, dentro dos
E, da mesma forma como ocorreu na DUDH e no PIDCP,
parâmetros estabelecidos pela Lei n. 7.783/1989, até que seja
o artigo 1, parágrafo 1º, do Pacto de São José da Costa Rica
editada a “lei especifica” de que trata aquele artigo.
também impõe aos Estados-Partes a obrigação de respeitar
Aos servidores militares veda-se, contudo, o exercício do di- os Direitos Humanos, a todos, independentemente de sua
reito de greve, conforme os artigos 42, § 1º e 142, § 3º, inciso IV, nacionalidade: “Os Estados-Partes nesta Convenção compro-
da Constituição Federal. metem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconheci-
Da Nacionalidade dos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que
esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma por
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
No Capítulo III do Título II, nos artigos 12 e 13, da Constitui- motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas
ção Federal está previsto o direito à nacionalidade, um direito ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social,
fundamental de primeira dimensão. posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição
A nacionalidade é um vínculo jurídico-político que se social.”
forma entre o Estado e o indivíduo e que faz deste um com- No entanto, o fato de os documentos internacionais ci-
ponente do povo. Este vínculo confere aos indivíduos certos tados não permitirem distinções fundadas na nacionalidade,
direitos e lhes impõe determinadas obrigações existentes na- no que diz com o reconhecimento dos Direitos Humanos, não
quele Estado de que é nacional. significa que todos, nacionais e estrangeiros possam gozar, in-
Aquele que não possui uma nacionalidade é chamado de distintamente, dos mesmos direitos.
apátrida ou de “heimatlos”. O que possui múltiplas nacionali-
dades é chamado de polipátrida. Dos Direitos Políticos
O direito a uma nacionalidade está garantido em docu- No Capítulo IV do Título II, nos artigos 14 a 16, da Consti-
mentos internacionais, em primeiro lugar, na Declaração Uni- tuição Federal foram relacionados os Direitos Políticos, direi-
versal dos Direitos Humanos (DUDH), em seu artigo XV, o tos fundamentais marcadamente de primeira dimensão.
qual dispõe: “1 Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. São direitos conferidos às pessoas para participar da vida
2 Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, e dos negócios políticos do Estado. Eles são a expressão da 601
nem do direito de mudar de nacionalidade.” soberania popular, do poder popular.
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), Cláusulas Pétreas
602 no artigo XXI, os direitos políticos aparecem assegurados com
a seguinte redação: “Toda pessoa tem o direito de tomar parte Dada a importância que possuem os direitos e as garantias
no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de re- fundamentais, a Constituição Federal impõe uma limitação ab-
soluta à sua supressão.
presentantes livremente escolhidos. (...)
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
A vontade do povo será a base da autoridade do governo. Dispõe o artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV, da Constitui-
Essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, ção Federal que não será objeto de deliberação a proposta de
por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalen- emenda tendente a abolir, dentre outros, os direitos e garan-
te que assegure a liberdade de voto”. tias individuais.
O direito de participação na vida política do Estado pode Esse dispositivo impõe uma limitação material ao poder
se dar, então, de forma direta ou indireta; neste último caso, de reforma da Constituição Federal - criando as assim chama-
por meio de pessoas que representam a vontade popular. E é das “cláusulas pétreas” – mas que, em princípio, dirigem-se
a vontade popular, expressa de forma direta ou indireta, o que apenas aos “direitos e garantias individuais”, não a todos os
legitima as ações governamentais. direitos fundamentais.
Já o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos
(PIDCP) assegura, no artigo 25, que “Todo cidadão terá o direi-
Direitos Humanos e
to e a possibilidade, sem qualquer das formas de discrimina- Responsabilidade do Estado
ção mencionadas no artigo 2º e sem restrições infundadas: a) Por expressa disposição constitucional (art. 21, inciso I) é o
de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ente federado União aquele que representa a República Fede-
ou por meio de representantes livremente escolhidos; b) de rativa do Brasil em suas relações internacionais, responsabili-
Ş
ŝ#-ŝŦ
votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realiza- zando-se junto à Comunidade Internacional pelas obrigações
das por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que assumidas, inclusive aquelas decorrentes de tratados e con-
garantam a manifestação da vontade dos eleitores”. venções de Direitos Humanos já ratificados.
Com uma redação muito parecida àquela do PIDCP, a Con-
Apesar disso, a apuração e processamento da maioria dos
venção Americana sobre Direitos Humanos (CADH) dispõe
em seu artigo 23, parágrafo 1º, ao tratar dos Direitos Políticos, casos em que se poderiam encontrar uma violação aos direitos
que “1 Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos consagrados naqueles documentos não era de sua competên-
e oportunidades: cia, mas dos Estados.
a) de participar da direção dos assuntos públicos, Visando equalizar, então, as responsabilidades da União no
diretamente ou por meio de representantes li- âmbito interno e internacional, em dezembro de 2004, a Emen-
vremente eleitos; da Constitucional n. 45 introduziu no artigo 109, da Constituição
Federal - o qual trata da competência dos Juízes Federais -, o in-
b) de votar e ser eleitos em eleições periódicas
ciso V-A e o parágrafo 5º, instituindo a possibilidade de federali-
autênticas, realizadas por sufrágio universal e
zação dos crimes que implicassem grave violação dos Direitos
igual e por voto secreto que garanta a livre ex-
pressão da vontade dos eleitores”. Humanos. Criou-se, assim, um novo instituto jurídico chamado
de “incidente de deslocamento de competência (IDC)”.
Apesar de os Estados terem assumido o compromisso de
garantir os Direitos Humanos a todos (artigo 1, parágrafo 1º, da Além do fato de ser interesse da União a correta apura-
CADH), inclusive independentemente de sua nacionalidade, ção dos casos de violação a Direitos Humanos, presentes em
origem nacional, a fruição de alguns deles pode ser limitada tratados nos quais se obrigou, este Incidente foi instituído,
em vista de uma qualidade especial da pessoa e da natureza sem sombra de dúvidas, em vista da importância que os Di-
do próprio direito. reitos Humanos possuem atualmente, no cenário nacional e
Este é o caso em relação aos direitos políticos que, con- internacional.
forme prevê o parágrafo 2º, do artigo 23, da CADH pode ser Seu principal objetivo é assegurar, portanto, o cumpri-
limitado nos seguintes termos: “2 A lei pode regular o exercício
mento das obrigações decorrentes de documentos internacio-
dos direitos e oportunidades a que se refere o inciso anterior,
exclusivamente por motivos de idade, nacionalidade, residên- nais sobre Direitos Humanos firmados pelo Brasil.
cia, idioma, instrução, capacidade civil ou mental, ou condena- O parágrafo 5º, do artigo 109, da Constituição Federal pre-
ção, por juiz competente, em processo penal”. vê: “Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o
Nossa Constituição Federal, no parágrafo 2º, do artigo 14, Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar
estabelece expressamente algumas restrições ao exercício dos o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados inter-
direitos políticos, prevendo que “Não podem alistar-se como nacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte,
eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço mili- poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em
tar obrigatório, os conscritos”.
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de desloca-
Como se pode ver são, então, direitos que somente podem
mento de competência para a Justiça Federal.”
ser exercidos pelos cidadãos, ou seja, pelos brasileiros natos ou
naturalizados. O exercício dos direitos políticos tem, dessa for- Assim, diante de um caso que represente significativa
ma, como pressuposto, a aquisição da nacionalidade brasileira. violação aos Direitos Humanos o Superior Tribunal de Justiça
E os brasileiros adquirem os direitos políticos, por sua vez, poderá autorizar o “deslocamento” da apuração, do processa-
com o alistamento eleitoral. mento do mesmo para a competência da Justiça Federal.
Atentemos, a partir da leitura daquele parágrafo, que:
▷ o IDC somente pode ser suscitado pelo Procurador-
5. Programa Nacional de Direitos
Geral da República (PGR). O PGR é o chefe de todo o Humanos
MPU (art. 128, § 1º, da CF);
O Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009 aprovou o
▷ o órgão do Poder Judiciário com competência para Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3).
a análise do IDC é, única e exclusivamente, o Supe- O PNDH-3 é um grande projeto de ação do Estado bra-
rior Tribunal de Justiça (STJ); sileiro, uma “política de Estado para os direitos humanos”,
▷ o IDC pode ser suscitado em qualquer fase do in- com orientações, diretrizes e metas a serem cumpridas gra-
quérito ou do processo. dualmente e de forma integrada pela Administração Pública
Julgado procedente, o Incidente desloca a competência Federal, com vistas à efetiva e ampla promoção dos Direitos
para a apuração, o processo e a punição dos crimes para a Humanos e dos Direitos Fundamentais.
unidade da Justiça Federal com jurisdição no local do fato. Em relação aos dois programas anteriores (PNDH-1 (Decreto
O procedimento investigatório passa a ser de responsabilida- n. 1.904/1996) e PNDH-2 (Decreto n. 4.229/2002), neste Tercei-
de da Polícia Federal. ro Programa há uma sensível ampliação dos temas de Direitos
Contudo, o IDC não afasta permanentemente a respon- Humanos objeto das ações do Estado, com a incorporação de
algumas “demandas sociais” como a “apuração e o esclareci-
sabilidade dos Estados. Eles continuam tendo responsabi-
mento público das violações de Direitos Humanos” praticadas
lidade primária, sendo que a responsabilidade da União é no contexto da repressão política, no período compreendido
apenas subsidiária e só existirá naqueles casos que preen- entre 1946 a 1988, e de questões presentes em documentos in-
cham os requisitos estabelecidos na Constituição Federal. ternacionais recentes, como a “Convenção Internacional sobre
Apesar da relevância deste novo instituto, não há re- os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facul-
gulamentação infraconstitucional acerca do processo/pro- tativo”, aprovados no âmbito da ONU, em 30 de março de 2007,
cedimento do IDC. Assim, a partir do texto constitucional e promulgados no Brasil pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto
e das decisões já proferidas pelo STJ (no IDC 1, em 08 de de 2009.
junho de 2005 e no IDC 2, em 27 de outubro de 2010), po- No PNDH-3 os Direitos Humanos são colocados, no en-
demos estabelecer os seguintes pressupostos de admissão tanto, como tema transversal, o que significa dizer que eles
do IDC: estão presentes, permeiam de forma explícita todas as ações,
▷ A existência de uma grave violação de Direitos as políticas do Estado. Eles serão trabalhados de diferentes
Humanos. Não existem critérios objetivos para formas nos diversos assuntos (meioambiente, educação, ha-
determinar em que consiste uma “grave violação”. bitação, segurança pública etc.), mas sempre tendo em vista a
Assim, a gravidade deverá ser analisada a partir do sistematicidade e a integralidade dos Direitos Humanos.
Reafirmam-se, deste modo, as características já vistas da
Ş
ŝ#-ŝŦ
contexto em que o caso está inserido;
universalidade e da interdependência ou indivisibilidade
▷ Deve haver risco de o Brasil responder internacio- quando se pugna pela efetivação de todos os Direitos Huma-
nalmente, em vista do descumprimento de obriga- nos, de Primeira, Segunda e Terceira dimensões.
ções já assumidas em documentos internacionais;
Para o que aqui nos interessa, que é o estudo dos Direitos
▷ A verificação da incapacidade, de inércia, de negli- Humanos na administração da justiça, temos que atentar que
gência, de falta de vontade política ou de condi- o PNDH-3:
ções materiais ou de pessoal do Estado - da sua ▷ estabelece, em primeiro lugar, a primazia dos Di-
Polícia e da sua Justiça -, em dar respostas efetivas reitos Humanos em todas as políticas relacionadas
às ocorrências de graves violações a Direitos Hu- ao tema;
manos. ▷ considera necessária uma ampla reforma no mode-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
cos” e mais de quinhentas “ações programáticas”, a serem da Justiça e Secretaria Especial dos Direitos Huma-
cumpridas, implementadas por determinados órgãos federais, nos da Presidência da República. Visando imple-
isoladamente ou em conjunto. mentar a presente ação programática, a Portaria In-
Os Eixos Orientadores são: terministerial nº 4.226, de 31 de dezembro de 2010,
▷ Eixo Orientador I: Interação democrática entre Esta- estabelece as “Diretrizes sobre o Uso da Força pelos
do e sociedade civil (Diretrizes 1 a 3). Agentes de Segurança Pública”, a serem obrigato-
▷ Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Hu- riamente cumpridas pelo Departamento de Polícia
manos (Diretrizes 4 a 6). Federal, pelo Departamento de Polícia Rodoviária
▷ Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um con- Federal, pelo Departamento Penitenciário Nacional
texto de desigualdades (Diretrizes 7 a 10). e pela Força Nacional de Segurança Pública.
▷ Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Finalizando, no Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à
Justiça e Combate à Violência (Diretrizes 11 a 17). Verdade, Diretriz 23, Objetivo estratégico I, prevê-se a cria-
▷ “Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos ção, no âmbito da Casa Civil da Presidência da República, da
Humanos” (Diretrizes 18 a 22). “Comissão Nacional da Verdade”. Esta Comissão teria a tarefa
▷ Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade de “examinar as violações de direitos humanos praticadas no
Ş
ŝ#-ŝŦ
ÍNDICE
1. Cinemática............................................................................................................... 606
Cinemática Escalar ......................................................................................................................606
Cinemática Vetorial ....................................................................................................................608
Movimento Circular .....................................................................................................................610
2. Dinâmica ...................................................................................................................611
Leis de Newton e suas Aplicações ...............................................................................................612
Trabalho .......................................................................................................................................614
Potência .......................................................................................................................................615
Energia .........................................................................................................................................615
Conservação de Energia e suas Transformações .........................................................................616
Impulso, Quantidade de Movimento e Conservação da Quantidade de Movimento ..................616
Colisões........................................................................................................................................617
3. Estática .................................................................................................................... 617
Estática dos Corpos Rígidos ........................................................................................................617
Estática dos Fluidos - Hidrostática ..............................................................................................618
4. Ondulatórias ........................................................................................................... 620
Movimento Harmônico Simples (MHS).......................................................................................620
Ondas .......................................................................................................................................... 622
Ondas Sonoras ............................................................................................................................ 623
Efeito Doppler............................................................................................................................. 624
Ondas Eletromagnéticas............................................................................................................. 625
Frequências Naturais e Ressonância .......................................................................................... 625
5. Óptica ......................................................................................................................626
Reflexão da Luz .......................................................................................................................... 626
Refração da Luz .......................................................................................................................... 629
Instrumentos Óticos ................................................................................................................... 632
606
1. Cinemática A velocidade instantânea é dada em um momento especí-
fico, no qual não há variações para o tempo.
É o campo da física que estuda os movimentos realizados A medida da velocidade pode ser expressa tanto em Km/h
pelos corpos. (quilômetro por hora) como em m/s (metro por segundo).
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Vm
t
Em que:
Vm = velocidade média;
'S = variação do espaço = espaço final (S) – espaço inicial (So);
't = variação do tempo = tempo final (t) – tempo inicial (to). Gráfico: Velocidade X tempo:
s
s
Em que:
t V = velocidade final;
Vo = velocidade inicial;
a = aceleração;
'S = variação do espaço = espaço final (V) – espaço inicial (Vo).
Movimento Uniformemente Variado (MUV) Gráficos do Movimento Uniformemente Variado
É quando um corpo se desloca com velocidade variada São três os gráficos do movimento uniformemente varia-
durante o percurso, existindo, nesse deslocamento, uma ace-
do, um do Espaço X tempo, outro da Velocidade X tempo e um
leração que produz essa variação de velocidade. É também
conhecido como movimento acelerado (ou retardado). da Aceleração X tempo.
Para calcular a aceleração média do corpo no movimento, Gráfico: espaço X tempo:
usa-se a seguinte fórmula:
s
Em que:
Dm = velocidade média; t
'V = variação da velocidade = velocidade final (V) – velo-
cidade inicial (Vo);
't = variação do tempo = tempo final (t) – tempo inicial
(to). Gráfico: Velocidade X tempo:
A aceleração instantânea é dada em um momento es- v
pecífico, no qual não há variações para o tempo.
A medida da aceleração deve ser expressa em m/s2
(metro por segundo ao quadrado).
α
Ş
ŝ#-ŝŦ
Para calcular a velocidade do corpo no decorrer do tem-
po, usa-se a seguinte equação: t
Em que:
V = velocidade final;
Vo = velocidade inicial; A tangente do ângulo formado é igual à medida da acele-
ração, e a área formada entre dois tempos é igual ao desloca-
a = aceleração;
mento (variação do espaço).
t = tempo.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Gráfico: Aceleração X tempo:
Já, para calcular o deslocamento (variação do espaço),
usa-se outra equação: a
at2
Em que: t
S = espaço final;
So = espaço inicial;
Vo = velocidade inicial;
a = aceleração; Obs.: A área formada entre dois tempos é igual à varia-
ção da velocidade.
t = tempo.
Movimento Vertical
Existe outra equação, usada tanto para encontrar a veloci-
dade, como para o deslocamento, que não necessita do tempo É uma variação do MUV quando os corpos são lançados
(observe que todas as equações anteriores usam o tempo), é a para cima ou para baixo. 607
chamada equação de TORRICELLI: Obs.: no movimento vertical, deve-se desprezar a resistência do ar.
As equações são as mesmas do MUV, devendo apenas tro-
608 car a aceleração “a” pela aceleração da gravidade “g”, que tem Quando temos um caso particular, no qual os vetores estão
valor de g = 9,80m/s2 (na maioria dos cálculos, usa-se o valor em posições ortogonais entre si, basta aplicar o teorema de
de 10m/s2 – por aproximação), e o espaço “S” pela altura “h”.
Pitágoras.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
± gt b
gt2
▷ Subtração entre dois vetores
2g¨h Dados dois vetores e , o vetor resultante é dado por
, em que A é a extremidade e B é a origem.
Em que:
V = velocidade final; a R
Vo = velocidade inicial;
Ş
ŝ#-ŝŦ
g = aceleração da gravidade;
t = tempo; O B
h = altura final;
b
ho = altura inicial; Analiticamente, o vetor é dado por:
'h = variação da altura = altura final (V) - altura inicial (Vo). » Módulo:
» Direção: da reta AB
Cinemática Vetorial » Sentido: de B para A
Grandezas físicas que não ficam totalmente determinadas
com um valor e uma unidade são chamadas de grandezas ve- ▷ Produto de um número por um vetor:
toriais. Os vetores têm, além do valor numérico, a direção e o O produto de um número a por um vetor resultará em
sentido determinados. outro vetor dado por:
Um vetor pode ser representado da seguinte forma: com Módulo: | | = a .
uma seta acima da letra que o representa para indicar que se Direção: a mesma de ;
trata de uma grandeza vetorial. Sentido:
Graficamente, um vetor é representado por um segmento
▷ se a > 0 - o mesmo sentido de
orientado de reta.
▷ se a < 0 - contrário de .
▷ Cálculos com vetores.
Alguns cálculos com vetores necessitarão do conhecimen- ▷ Vetor Oposto
to sobre trigonometria. Denomina-se vetor oposto de um vetor o vetor - com as
▷ Adição de vetores. seguintes características:
Quando é feita uma operação com vetores, chama-se o seu
resultado de resultante . Dado dois vetores e , a resultan- Direção de é a mesma de
te é obtida graficamente traçando-se pelas extremidades de Sentido de é contrário ao de
cada um deles uma paralela ao outro.
A C
a R
a
O b B -a
Em que é o vetor soma.
Como a figura formada é um paralelogramo, este método
é denominado método do paralelogramo.
A intensidade do vetor é dada por:
A figura representa o vetor e o seu oposto - . ▷ Vetor soma de mais de dois vetores:
Preste atenção para dois detalhes: Quando um sistema é formado por mais de dois vetores
▷ Quando dois vetores tiverem a mesma direção e o concorrentes e coplanares, a solução analítica é possível. Para
mesmo sentido (a = 0º), o vetor resultante será: tanto, deve-se empregar o método das projeções de cada ve-
tor em dois eixos perpendiculares. Neste item, vamos conside-
Intensidade: R = a + b rar o ângulo que o vetor forma com o eixo de referência como
Direção: Mesma de e sendo um ângulo menor ou igual a 90º. O eixo de referência
Sentido: Mesmo de e será sempre o eixo x. De acordo com essa convenção, observa-
se o ângulo que cada vetor da figura forma com o eixo x.
y
▷ Quando dois vetores tiverem a mesma direção e os
sentidos opostos (a = 180º), o vetor resultante será:
c
b
Intensidade: R = a - b
d
Direção: Mesma de e 45o
30o
Sentido: Mesmo do vetor x
de maior módulo e a
45o
60o
▷ Decomposição de um vetor
h
São dados um vetor e um sistema de dois eixos ortogonais
x e y: f
g
y
P” P
Movimento em Duas Direções
ay Também conhecido como Principio de Galileu, diz que se
um corpo realiza um movimento em várias direções ao mes-
mo tempo, pode-se estudar o movimento de cada direção em
O ax P’ x separado.
Projeta-se ortogonalmente as extremidades do vetor nos
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ex.: um barquinho se movimentando em um rio.
eixos x e y, obtendo-se suas componentes retangulares ax e ay.
Analiticamente, temos: o triângulo OP’P é retângulo, portanto: Observe que se não houvesse correnteza, a velocidade do
barquinho em relação a um observador parado na margem
seria VB, porém, com a correnteza, o movimento do barco em
relação a este observador seria uma composição do movimen-
to do rio e do próprio barco, de forma que em relação a este
observador, o barco apresentaria uma velocidade resultante
diferente da velocidade do barco, o que pode ser observado
▷ Adição de mais de dois vetores (método do polígono):
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
nos exemplos abaixo.
Neste método, o objetivo é formar um polígono com os
vetores que se deseja somar. O vetor soma ou resultante será ▷ Barco se movimentando a favor da correnteza:
aquele que tem origem na origem do primeiro e extremidade Vc
do último.
Note que:
Quando a extremidade do último vetor coincidir com a VB
origem do primeiro, isto é, quando o polígono for fechado, o
vetor resultante será nulo. (R = 0)
Sendo a velocidade do barco em relação ao observador pa-
rado na margem, B a velocidade do barco e C a velocidade da
correnteza, podemos observar que a velocidade é resultante
de B e C, e conforme a teoria, quando vetores atuam na mes-
ma direção e mesmo sentido, o módulo do vetor resultante é
dado pela soma dos módulos dos vetores, então: V = VB + VC
(o barco desce o rio mais rapidamente do que desceria se não 609
existisse a correnteza).
▷ Barco se movimenta contra a correnteza:
610 Vc
VB
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
=
Trajetória do VB V
Barco
Em que:
Vo = velocidade inicial;
Vc g = aceleração da gravidade;
Ş
ŝ#-ŝŦ
f=
X
0
A unidade da frequência é o Hertz (Hz). Em que:
Já quando um corpo descreve uma trajetória circular, mas T = ângulo final;
sua velocidade não é constante, ele está realizando um movi-
mento circular uniformemente variado (MCUV). T0 = ângulo inicial;
Equações do Movimento Circular Z= velocidade angular final;
As equações que determinam o movimento circular são as Z0 = velocidade angular inicial;
seguintes:
▷ Posição (deslocamento) angular: S = צ. R J = aceleração angular;
Em que: t = tempo;
S = espaço percorrido; 'T= variação de ângulo.
= צângulo; Para o MCUV, ainda há a seguinte fórmula:
R = raio de circunferência. t
Em que:
Z = velocidade angular; r
Ş
ŝ#-ŝŦ
V = velocidade escalar;
Z = velocidade angular;
Ra Rb
R = raio de circunferência.
▷ Aceleração angular:
Na transmissão de movimento circular, a velocidade linear
é a mesma em todos os pontos e, por isso, vale a seguinte re-
Em que: lação entre raios e frequência de rotação.
J = aceleração angular; FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
por definição é:
A 1ª lei de Newton, também conhecida como Princípio da
Inércia, diz: 1 kgf é o peso de um corpo de massa 1kg submetido à ace-
leração da gravidade de 9,8 m/s2.
“Um corpo em repouso tende a permanecer em repouso, e
um corpo em movimento tende a permanecer em movimento.” A sua relação com o Newton é:
Ex.: Você dentro de um veículo. P = mg
A 2ª lei de Newton, também conhecida como Princípio 1 Kgf = 1 kg . 9,8 m/s2
Fundamental da Dinâmica, diz: 1 Kgf = 9,8 Kg . m/s2 = 9,8 N
“A força é sempre diretamente proporcional ao produto Existe outra força que também é vertical, a Força Normal,
da aceleração de um corpo pela sua massa.” porém, essa é vertical na perpendicular ao plano em que o cor-
Em outras palavras, pode ser também: a aceleração que um po está. Trata-se de uma força de reação do plano ao corpo.
corpo adquire é diretamente proporcional à força que atua sobre ele. Quando as forças que atuam na vertical se anulam e o
Ou seja: corpo se encontra em equilíbrio, diz-se que o Peso é igual a
Normal.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Força de Atrito
Em que: É uma força que se opõe ao movimento.
F = resultante de todas as forças que agem sobre o corpo (em N);
m = massa do corpo no qual as forças atuam (em kg);
a = aceleração adquirida (em m/s2).
A unidade de força é o N (Newton).
Em que:
Ex.: Empurrar um carro.
Fat = força de atrito;
A 3ª lei de Newton, também conhecida como Princípio da
P = coeficiente de atrito;
Ação e Reação, diz:
N = força Normal.
“As forças atuam sempre em pares; para toda força de
A força de atrito pode ser estática ou dinâmica, depende
ação, existe uma força de reação, de igual intensidade, mesma
se há movimento ou não. Sempre que não tiver movimento, o
direção e sentido contrário.”
atrito será estático; agora, quando houver movimento, então o
Ex.: Para se deslocar, o nadador empurra a água para trás, e atrito será dinâmico.
esta, por sua vez, empurra-o para frente.
Força Elástica
Força de Tração
É a força que atua nas molas, calculando a sua deformi-
T F dade.
Em que:
P = força Peso (em N); Em que:
m = massa do corpo no qual as forças atuam (em kg); Fc = força centrípeta;
g = aceleração da gravidade (em m/s2). m = massa do corpo no qual as forças atuam (em kg);
ac = aceleração centrípeta;
v = velocidade escalar;
Z = velocidade angular;
ma + mb
R = raio da circunferência.
Plano Inclinado
No plano inclinado, ocorre uma decomposição de força.
y
P
0
▷ Corpos ligados por um fio ideal:
A força Peso se divide em duas outras: Px e Py. Um fio ideal é caracterizado por ter massa desprezível, ser
Logo, a força resultante no eixo “y” é: inextensível e flexível, ou seja, é capaz de transmitir totalmen-
te a força aplicada nele de uma extremidade à outra.
(na vertical há equilíbrio)
Ş
ŝ#-ŝŦ
ou
A tração no fio será calculada por meio da relação feita
(se houver força de atrito) acima:
Mas F = k · x e P = m · g, então:
B
Pa
Pb
Trabalho
Como as forças Peso e Normal no bloco se anulam, é fácil
verificar que as forças que causam o movimento são a Tração Quando se fala de trabalho, está se falando do trabalho de
e o Peso do Bloco B. uma força, que produz deslocamento de um corpo.
Utilizamos a letra grega “tau” minúscula (t) para expressar
trabalho.
A unidade de Trabalho é o Joule (J)
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Energia Potencial
Então: Energia Potencial é a energia que pode ser armazenada
e tem a capacidade de ser transformada em energia cinética.
Conforme o corpo perde energia potencial, ganha energia
cinética ou vice-e-verso.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Energia Potencial Gravitacional
A unidade de potência é o watt (W).
É a energia que corresponde ao trabalho que a força Peso
realiza.
Além do watt, usa-se com frequência as unidades: É obtido quando consideramos o deslocamento de um
▷ 1kW (1 quilowatt) = 1.000W corpo na vertical, tendo como origem o nível de referência
▷ 1MW (1 megawatt) = 1.000.000W = 1.000kW (solo, chão de uma sala...).
▷ 1cv (1 cavalo-vapor) = 735W
▷ 1HP (1 horse-power) = 746W
Energia Enquanto o corpo cai, vai ficando mais rápido, ou seja, ga-
É a capacidade de executar um Trabalho. nha Energia Cinética, e como a altura diminui, perde Energia
Dentre tantas energias, aprenda sobre: Potencial Gravitacional.
▷ Energia Cinética;
▷ Energia Potencial Gravitacional; Energia Potencial Elástica 615
▷ Energia Potencial Elástica. Corresponde ao trabalho que a força Elástica realiza.
Impulso, Quantidade de
616
Movimento e Conservação da
x0
Quantidade de Movimento
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Impulso
É a atuação de uma força em um corpo durante um perío-
x
do de tempo.
Calcula-se o impulso por:
Como a força elástica é uma força variável, seu trabalho é
calculado através do cálculo da área do seu gráfico, cuja Lei de
Hooke diz ser:
Força No gráfico de uma força constante, o valor do impulso é
numericamente igual à área entre o intervalo de tempo de in-
teração:
F Força
Ş
ŝ#-ŝŦ
A
A
x Deformação
Quantidade de Movimento
É a transferência de movimento de um corpo para outro.
Então: A quantidade de movimento relaciona a massa de um cor-
po com sua velocidade:
Ş
ŝ#-ŝŦ
po não se mova ou fique em MU.
Como a massa de um corpo, ou mesmo de um sistema, Quando o corpo está parado (v = 0), diz-se que ele está
dificilmente varia, o que sofre alteração é a velocidade deles. em equilíbrio estático, já quando o corpo está em Movimento
Uniforme (v = constante), ele está em equilíbrio dinâmico.
Colisões
Durante uma colisão de dois corpos, as forças externas são
Estática dos Corpos Rígidos
desprezadas se comparadas às internas, portanto, o sistema Para que um ponto esteja em equilíbrio, ele precisa satisfa-
pode ser sempre considerado mecanicamente isolado: zer a seguinte condição:
A resultante de todas as forças aplicadas a este ponto deve FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
ser nula.
Chamamos de corpo rígido ou corpo extenso todo o objeto
que não pode ser descrito por um ponto. Para conhecermos
o equilíbrio nestes casos, é necessário estabelecer dois con-
ceitos:
da porta? Pressão
Claramente, percebemos que é mais fácil abrir ou fechar a É a força exercida sobre a superfície de determinada área.
porta se aplicarmos força em sua extremidade, onde está a ma- Matematicamente, a pressão é igual ao quociente entre a
çaneta. Isso acontece, pois existe uma grandeza chamada Mo- força aplicada e a área desta superfície.
mento de Força , que também pode ser chamado Torque.
Esta grandeza é proporcional à Força e à distância da apli-
cação em relação ao ponto de giro, ou seja:
Em que:
▷ p = Pressão (Pa);
Como este é um produto vetorial, podemos dizer que o ▷ F = Força (N);
módulo do Momento da Força é:
▷ A = Área (m2).
A unidade de pressão é o Pascal (Pa), que é o nome ado-
tado para N/m2.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Em que: Densidade
M = Módulo do Momento da Força; A densidade é a grandeza que relaciona a massa de um
F = Módulo da Força; corpo ao seu volume.
d = distância entre a aplicação da força ao ponto de giro; braço
de alavanca;
sen T = menor ângulo formado entre os dois vetores.
Em que:
Como sen 90° = 1, se a aplicação da força for perpendicular
▷ d = Densidade (kg/m3);
à “d”, o momento será máximo;
▷ m = Massa (kg);
Como sen 0° = 0, quando a aplicação da força é paralela à
▷ V = Volume (m3).
“d”, o momento é nulo.
O Momento da Força de um corpo é: Pressão Hidrostática
▷ Positivo quando girar no sentido anti-horário; Da mesma forma como os corpos sólidos, os fluídos tam-
▷ Negativo quando girar no sentido horário. bém exercem pressão sobre outros, devido ao seu peso. Para
obtermos essa pressão, consideremos um recipiente contendo
Condições de Equilíbrio um líquido de densidade “d” que ocupa o recipiente até uma
de um Corpo Rígido altura “h”, em um local do planeta onde a aceleração da gravi-
dade é “g”. A Força exercida sobre a área de contato é o peso
Para que um corpo rígido esteja em equilíbrio, além de não do líquido.
se mover, esse corpo não pode girar. Por isso, precisa satisfazer
duas condições:
▷ A resultante das forças aplicadas sobre seu centro de P=
massa deve ser nula (não se move ou se move com
velocidade constante).
▷ A resultante dos Momentos da Força aplicados ao
corpo deve ser nula (não gira ou gira com velocida-
de angular constante). Como:
Ş
ŝ#-ŝŦ
hQ
________ hR
Q Se o líquido em questão for ideal, ele não sofrerá compres-
________
são, então, a distância h será a mesma após a aplicação da
R força.
Assim:
As pressões em Q e R são: FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
▷ Prensa hidráulica:
S2
S1
Por meio desse teorema, podemos concluir que todos os
pontos a uma mesma profundidade, em um fluido homogê-
neo (que tem sempre a mesma densidade), estão submetidos 619
à mesma pressão.
Uma das principais aplicações do teorema de Pascal é a Assim:
620 prensa hidráulica.
Essa máquina consiste em dois cilindros de raios diferen-
tes A e B, interligados por um tubo. No seu interior, existe um
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
4. Ondulatórias
Chamamos de ondulatória a parte da física que é respon-
m sável por estudar as características e propriedades em comum
dos movimentos das ondas.
ou
-a x0 a
x0
As posições a e -a são deformações máximas que a mola
O bloco em vermelho ligado a uma mola tendo como terá quando o bloco de massa m for colocado em oscilação.
posição de equilíbrio do sistema a posição Xo. A posição X é dada em função do tempo.
Nesse sistema, desprezaremos as forças dissipativas (atri-
to e resistência do ar). O bloco, quando colocado em oscilação,
movimentar-se-á sob a ação da força restauradora elástica,
que pode ser calculada pela seguinte expressão: Em que:
▷ A = elongação máxima (m);
Z = frequência angular (rad/s);
▷ = espaço angular que um ponto projetado pelo
bloco sobre uma circunferência realiza (rad);
Ş
ŝ#-ŝŦ
Período ▷ t = intervalo de tempo.
O período de um corpo em MHS é o intervalo de tempo re- Velocidade do Móvel em MHS
ferente a uma oscilação completa e pode ser calculado através
da seguinte expressão:
Sendo:
Logo:
O período [T(s)] depende da massa do corpo colocado em
oscilação [m(kg)] e da constante elástica da mola [k(N/m)].
Frequência
Em que:
A frequência de um corpo em MHS corresponde ao número ▷ a = elongação máxima (m);
de oscilações que esse corpo executa por unidade de tempo e ▷ Z= frequência angular (rad/s);
essa grandeza pode ser determinada pela seguinte expressão: ▷ = espaço angular que um ponto projetado pelo
bloco sobre uma circunferência realiza (rad);
▷ t = intervalo de tempo.
Aceleração do Móvel em MHS
Então:
v=0
ы
-A 0 A x
Quando o objeto é abandonado na posição x = A, a
energia mecânica do sistema é igual à energia potencial
elástica armazenada, pois não há movimento e, consequen-
temente, energia cinética. Assim: m
O período de um pêndulo simples pode ser expresso por:
Ondas
No estudo da física, onda é uma perturbação que se propa-
ga no espaço ou em qualquer outro meio, como, por exemplo,
na água. Uma onda transfere energia de um ponto para outro,
Ao chegar na posição x = -A, novamente o objeto ficará
momentaneamente parado (v = 0), tendo sua energia mecâni- mas nunca transfere matéria entre dois pontos. As ondas po-
ca igual à energia potencial elástica do sistema. dem se classificar de acordo com a direção de propagação de
energia, quanto à natureza das ondas e quanto à direção de
No ponto em que x = 0, ocorrerá o fenômeno inverso ao da
propagação.
máxima elongação, sendo que:
ї Quanto à direção de propagação de energia, as ondas se
classificam da seguinte forma:
▷ Unidimensionais: propagam-se em uma única di-
mensão;
▷ Bidimensionais: propagam-se num plano;
▷ Tridimensionais: propagam-se em todas as direções.
ї Quanto à natureza, as ondas se classificam em:
▷ Ondas mecânicas: são aquelas que necessitam
de um meio material para se propagar como, por
exemplo, onda em uma corda ou mesmo as ondas
Assim, podemos concluir que, na posição x = 0, ocorre sonoras;
a velocidade máxima do sistema massa-mola, já que toda a ▷ Ondas eletromagnéticas: são aquelas que não ne-
energia mecânica é resultado dessa velocidade. cessitam de meio material para se propagarem,
elas podem se propagar tanto no vácuo (ausência É comum aos movimentos uniformes, mas, conhecendo a es-
de matéria) como também em certos tipos de ma- trutura de uma onda:
teriais. São exemplos de ondas eletromagnéticas: a ʄ
luz solar, as ondas de rádio, as micro-ondas, raios X,
entre muitas outras.
ї Quanto à direção de propagação, as ondas se classificam em:
▷ Ondas transversais: são aquelas que têm a direção
de propagação perpendicular à direção de vibração,
como, por exemplo, as ondas eletromagnéticas.
▷ Ondas longitudinais: nessas ondas, a direção de pro-
pagação se coincide com a direção de vibração. Nos
líquidos e gases, a onda se propaga dessa forma.
Para descrever uma onda, é necessária uma série de gran-
dezas, entre elas, temos: velocidade, amplitude, frequência, Temos que 'S = O e que 't = T, assim:
período e o comprimento de onda.
Componentes de uma onda
Uma onda é formada por alguns componentes básicos,
quais sejam:
Crista
Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ A = amplitude da onda.
Ondas Sonoras
São ondas mecânicas, pois somente se propagam através
É denominada comprimento da onda, e expressa pela letra de um meio material. Diferentemente das ondas eletromagné-
grega lambida (O), a distância entre duas cristas ou dois vales ticas (como, por exemplo, a luz), as ondas sonoras não podem
consecutivos. se propagar no vácuo.
Chamamos período da onda (T) o tempo decorrido até que As ondas sonoras são consideradas ondas de pressão. Por
duas cristas ou dois vales consecutivos passem por um ponto, e exemplo, quando um músico bate em um tambor musical, a
frequência da onda (f) o número de cristas ou vales consecutivos vibração da membrana produz alternadamente compressões
que passam por um mesmo ponto, em uma determinada unidade e rarefações do ar, ou seja, produz variações de pressão que se FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
de tempo. propagam através do meio, no caso, o ar.
Portanto, o período e a frequência são relacionados por: Dependendo da fonte emitente, as ondas sonoras podem
apresentar qualquer frequência, desde poucos hertz (como as
ondas produzidas por abalos sísmicos), até valores extrema-
mente elevados (comparáveis às frequências da luz visível).
Porém, nós, seres humanos, só conseguimos ouvir ondas so-
A unidade internacionalmente utilizada para a frequência noras cujas frequências estejam compreendidas entre 20 Hz e
é Hertz (Hz), sendo que 1Hz equivale à passagem de uma 20.000 Hz, sendo chamadas, genericamente, de sons.
crista ou de um vale em 1 segundo. Ondas sonoras que possuem frequência abaixo de 20 Hz
são denominadas infrassons e as ondas que possuem fre-
Velocidade de Propagação das Ondas quência superior a 20.000 Hz são denominadas ultrassons.
Como não transportam matéria em seu movimento, é previ- A propagação do som em meios gasosos depende fortemen-
sível que as ondas se desloquem com velocidade contínua, logo, te da temperatura do gás. É possível, inclusive demonstrar experi-
estas devem ter um deslocamento que valide a expressão: mentalmente que a velocidade do som em gases é dada por:
623
Em que: Efeito Doppler
624 ▷ k = constante que depende da natureza do gás; O Efeito Doppler é a alteração da frequência sonora per-
▷ T = temperatura absoluta do gás (em kelvin). cebida pelo observador em virtude do movimento relativo de
aproximação ou afastamento entre a fonte e o observador.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Em que:
▷ vo é a velocidade do observador.
Como a frequência de uma onda pode ser definida como o
Então, também podemos expressar a intensidade por: número de comprimentos de onda que serão produzidos (re-
cebidos) na unidade de tempo, então, a frequência percebida
pelo observador será a seguinte:
z
Portanto, se ambos movem-se relativamente entre si, a y
expressão resultante será:
Ş
ŝ#-ŝŦ
o caso de uma ambulância com sirene ligada que passe por Assim, é possível estabelecer uma relação entre a inten-
um observador. Ao se aproximar, o som é mais agudo (maior sidade E do campo elétrico e a intensidade B do campo mag-
frequência e menor comprimento de onda), enquanto que, ao nético:
se afastar, o som é mais grave (menor frequência e maior com-
primento de onda).
Por um viés mais prático, o efeito Doppler permite a me-
dição da velocidade de objetos através da reflexão de ondas
emitidas pelo próprio equipamento de medição, que podem Em que v é a velocidade de propagação da onda eletro-
ser radares, baseados em radiofrequência, ou lasers, que magnética.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
utilizam frequências luminosas. Muito utilizado para medir a
velocidade de automóveis, aviões, na Mecânica dos fluidos e Frequências Naturais e Ressonância
na Hidráulica, em partículas sólidas dentro de um fluido em Sempre que um corpo capaz de oscilar sofrer uma série
escoamento. periódica de impulsos, com uma frequência igual a uma das
frequências naturais de vibração do corpo, este, em geral, é
Ondas Eletromagnéticas posto em vibração com uma amplitude relativamente grande.
O resultado da interação de campos variáveis é a produ- Esse fenômeno é chamado de ressonância e diz-se que o cor-
ção de ondas de campos elétricos e magnéticos que podem po entra em ressonância com os impulsos aplicados.
se propagar até mesmo pelo vácuo e apresentam proprieda- Cada sistema físico capaz de vibrar possui uma ou mais
des típicas de uma onda mecânica, como reflexão, retração, frequências naturais, isto é, que são características do sistema,
difração, interferência e transporte de energia. A essas ondas, mais precisamente da maneira como este é construído. Como,
dá-se o nome de ondas eletromagnéticas. por exemplo, um pêndulo ao ser afastado do ponto de equilí-
As ondas eletromagnéticas têm como característica prin- brio, cordas de um violão ou uma ponte para a passagem de
cipal a sua velocidade. Da ordem de 300.000Km/s no vácuo, pedestres sobre uma rodovia movimentada.
no ar, sua velocidade é um pouco menor. Considerada a maior Todos esses sistemas possuem sua frequência natural, que
velocidade do universo, elas podem vencer vários obstáculos lhes é característica. Quando ocorrem excitações periódicas
físicos, tais como gases, atmosfera, água, paredes, dependen- sobre o sistema, como quando o vento sopra com frequência 625
do da sua frequência. constante sobre uma ponte durante uma tempestade, acon-
tece um fenômeno de superposição de ondas que alteram a ї 1ª lei da reflexão: O raio de luz refletido e o raio de luz
626 energia do sistema, modificando sua amplitude. incidente, assim como a reta normal à superfície, perten-
Conforme estudamos anteriormente, se a frequência na- cem ao mesmo plano, ou seja, são coplanares.
tural de oscilação do sistema e as excitações constantes sobre ї 2ª Lei da reflexão: O ângulo de reflexão (r) é sempre
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
ele estiverem sob a mesma frequência, a energia do sistema igual ao ângulo de incidência (i).
será aumentada, fazendo com que vibre com amplitudes cada
vez maiores. i=r
O fenômeno da ressonância é facilmente demonstrado ao
colocarmos dois diapasões idênticos no ar, quando um é posto Espelho Plano
a vibrar, naturalmente o outro poderá ser ouvido, pois iniciará
Um espelho plano é aquele em que a superfície de reflexão
uma vibração.
é totalmente plana.
5. Óptica Os espelhos planos têm utilidades bastante diversificadas,
desde as domésticas até como componentes de sofisticados
Óptica é o ramo da física que estuda os fenômenos re- instrumentos ópticos.
lacionados à luz. A óptica explica os fenômenos da reflexão, Representa-se um espelho plano por:
refração e difração. N
A C
Reflexão da Luz
Reflexão é um fenômeno físico no qual ocorre a mudança da i r
direção de propagação da luz (desde que o ângulo de incidência
Ş
ŝ#-ŝŦ
Espelho plano
não seja de 90°). Ou seja, consiste no retorno dos feixes de luz
B
incidentes em direção à região de onde ela veio, após eles en-
trarem em contato com uma determinada superfície refletora.
Quando a luz incide sobre uma superfície e retorna para o
meio em que estava se propagando, dizemos que ela sofreu
As principais propriedades de um espelho plano são a si-
reflexão. A reflexão difere da refração, pois a refração consiste
metria entre os pontos objeto e imagem e que a maior parte
no desvio de luz para um meio diferente do qual a luz estava se
da reflexão que acontece é regular.
propagando. A reflexão pode ser de dois tipos: reflexão regular,
quando os raios de luz incidem sobre superfícies totalmente poli- ї Construção das imagens em um espelho plano:
das, e reflexão difusa, quando os raios incidem sobre superfícies Para se determinar a imagem em um espelho plano, bas-
irregulares. Essa última é a responsável pela percepção do am- ta imaginarmos que o observador vê um objeto que parece
biente que nos cerca. estar atrás do espelho. Isso ocorre porque o prolongamento
É possível esquematizar a reflexão de um raio de luz, ao atingir do raio refletido passa por um ponto imagem virtual (PIV),
uma superfície polida, da seguinte forma: “atrás” do espelho.
N Nos espelhos planos, o objeto e a respectiva imagem têm
A C sempre naturezas opostas, ou seja, quando um é real o outro
deve ser virtual, portanto, para se obter geometricamente a
imagem de um objeto pontual, basta traçar por ele, através
i r do espelho, uma reta e marcar simetricamente o ponto ima-
gem.
T
ї Translação de um espelho plano:
B Considerando a figura:
Em que:
AB = raio de luz incidente;
d1 d1
BC = raio de luz refletido; x
N = reta normal à superfície no ponto B;
T = reta tangente à superfície no ponto B;
i = ângulo de incidência, formado entre o raio incidente e a ы
d2 d2
reta normal;
r = ângulo refletido, formado entre o raio refletido e a reta normal.
A parte superior do desenho mostra uma pessoa a uma
Leis da Reflexão distância “d1”do espelho, logo, a imagem aparece a uma dis-
Os fenômenos em que acontece reflexão, tanto regular tância “d1” em relação ao espelho.
quanto difusa e seletiva, obedecem a duas leis fundamentais Na parte inferior da figura, o espelho é transladado “l” para
que são: a direita, fazendo com que o observador esteja a uma distância
“d2” do espelho, fazendo com que a imagem seja deslocada x Espelhos Esféricos
para a direita.
Chamamos espelho esférico qualquer calota esférica que
Pelo desenho, podemos ver que:
seja polida e possua alto poder de reflexão.
x = 2d2 - 2d1
x = 2(d2 - d1)
É fácil observar-se que a esfera da qual a calota acima faz
Mas, pela figura, podemos ver que: parte tem duas faces, uma interna e outra externa. Quando a
superfície refletiva considerada for a interna, o espelho é cha-
l = d2 - d 1 mado côncavo, já nos casos em que a face refletiva é a externa,
o espelho é chamado convexo.
Logo:
espelho convexo
x = 2l
incidente
Ş
ŝ#-ŝŦ
refratado
Ou seja, a velocidade de deslocamento da imagem é igual
ao dobro da velocidade de deslocamento do espelho.
Quando o observador também se desloca, a velocidade ao ser
considerada é a velocidade relativa entre o observador e o espe- ї Aspectos geométricos dos espelhos esféricos:
lho, ao invés da velocidade de translação do espelho, ou seja:
Para o estudo dos espelhos esféricos, é útil o conhecimen-
to dos elementos que os compõe, esquematizados na figura
abaixo: FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
ta, é a abertura do espelho. Um objeto pode ser real ou virtual. No caso dos espelhos,
O raio da esfera R que origina a calota é chamado raios de dizemos que o objeto é virtual se ele se encontra “atrás” do
espelho. No caso de espelhos esféricos, a imagem de um ob-
curvatura do espelho. jeto pode ser maior, menor ou igual ao tamanho do objeto. A
Um sistema óptico que consegue conjugar, a um ponto imagem pode, ainda, aparecer invertida em relação ao objeto.
objeto, um único ponto como imagem é dito estigmático. Os Se não houver sua inversão, dizemos que ela é direita.
espelhos esféricos normalmente não são estigmáticos, nem Nos espelhos côncavos:
aplanéticos ou ortoscópicos, como os espelhos planos. ▷ Se o objeto estiver antes do centro de curvatura, sua
No entanto, espelhos esféricos só são estigmáticos para imagem será real, invertida e menor do que o obje-
os raios que incidem próximos do seu vértice V e com uma to e estará entre o centro de curvatura e o foco do
espelho;
pequena inclinação em relação ao eixo principal. Um espelho
▷ Se o objeto estiver no centro de curvatura, sua ima-
com essas propriedades é conhecido como espelho de Gauss. gem será real, invertida e do mesmo tamanho do
Um espelho que não satisfaz as condições de Gauss (in- objeto e estará no centro de curvatura do espelho;
cidência próxima do vértice e pequena inclinação em relação ▷ Se o objeto estiver entre o centro de curvatura e o
ao eixo principal) é dito astigmático. Um espelho astigmático foco do espelho, sua imagem será real, invertida e
Ş
ŝ#-ŝŦ
conjuga a um ponto uma imagem parecendo uma mancha. maior do que o objeto e estará antes do centro de
ї Focos dos espelhos esféricos: curvatura;
▷ Se o objeto estiver no foco, sua imagem não existirá;
Para os espelhos côncavos de Gauss, pode-se verificar que
▷ Se o objeto estiver depois do foco, sua imagem
todos os raios luminosos que incidirem ao longo de uma di-
será virtual, normal e maior do que o objeto.
reção paralela ao eixo secundário passam por (ou convergem
Nos espelhos convexos:
para) um mesmo ponto F - o foco principal do espelho.
▷ As imagens são sempre virtuais, normais e meno-
res do que o objeto.
ї Equação fundamental dos espelhos esféricos:
y
F
i
o
x C F
p p’
espelho côncavo
No caso dos espelhos convexos, a continuação do raio re-
fletido é que passa pelo foco. Tudo se passa como se os raios
refletidos se originassem do foco.
Dadas a distância focal e posição do objeto, é possível de-
terminar, analiticamente, a posição da imagem por meio da
equação de Gauss, que é expressa por:
espelho convexo
Sendo o foco do espelho aproximadamente igual ao ponto
médio do centro de curvatura ao vértice do espelho, tem-se:
Ou seja:
Refração da Luz
A refração é o fenômeno que ocorre com a luz quando ela
passa de um meio homogêneo e transparente para outro meio
também homogêneo e transparente, porém, diferente do pri-
meiro. Nessa mudança de meio, podem ocorrer mudanças na
velocidade de propagação e na direção de propagação.
Refringência
▷ Meio homogêneo: é o meio no qual todos os pontos Dizemos que um meio é mais refringente que outro quando
apresentam as mesmas propriedades físicas, como seu índice de refração é maior que do outro. Ou seja, o etanol é
densidade, pressão e temperatura. mais refringente que a água.
▷ Meio transparente: é o meio através do qual pode- De outra maneira, podemos dizer que um meio é mais
mos visualizar nitidamente os objetos. refringente que outro quando a luz se propaga por ele com
▷ Meio isotrópico: é o meio no qual a velocidade da velocidade menor que no outro.
luz é a mesma em qualquer que seja sua direção de
propagação. Leis de Refração
Observe o desenho:
Índice de Refração Absoluto
Para o entendimento completo da refração, convém a in-
Meio de incidência
Raio 1
trodução de uma nova grandeza que relacione a velocidade da
radiação monocromática no vácuo e em meios materiais. Essa v .ʄ .f
1 1 ɽ1
grandeza é o índice de refração da luz monocromática no meio
apresentado, e é expressa por: dioptro
Ş
ŝ#-ŝŦ
ɽ2
Raio 2
Em que n é o índice de refração absoluto no meio, e c é a v2 . ʄ2 . f
velocidade da luz no vácuo (300.000.000m/s ou 3.108m/s). Meio de refração
É importante observar que o índice de refração absoluto
Em que:
nunca pode ser menor do que 1, já que a maior velocidade
possível em um meio é c, se o meio considerado for o próprio ▷ Raio 1 é o raio incidente, com velocidade e compri-
vácuo. mento de onda característico;
Para todos os outros meios materiais, n é sempre maior ▷ Raio 2 é o raio refratado, com velocidade e compri-
que 1. mento de onda característico; FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Dioptro
É todo o sistema formado por dois meios homogêneos e
transparentes.
Quando essa separação acontece em um meio plano, cha- A aplicação usual dos prismas ópticos é seu uso para sepa-
mamos, então, dioptro plano. rar a luz branca policromática nas sete cores monocromáticas
ar do espectro visível, além de que, em algumas situações, pode
refletir tais luzes.
dioptro ї Funcionamento do prisma:
Quando a luz branca incide sobre a superfície do prisma, sua
água
velocidade é alterada, no entanto, cada cor da luz branca tem
um índice de refração diferente, e logo, ângulos de refração di-
ferentes, chegando à outra extremidade do prisma separadas.
A figura acima representa um dioptro plano, na separação ї Tipos de prismas:
entre a água e o ar, que são dois meios homogêneos e trans- ▷ Prismas dispersivos são usados para separar a luz
parentes. em suas cores de espectro.
ї Formação de imagens através de um dioptro: ▷ Prismas refletivos são usados para refletir a luz.
Considere um pescador que vê um peixe em um lago. ▷ Prismas polarizados podem dividir o feixe de luz
O peixe encontra-se a uma profundidade H da superfície da em componentes de variadas polaridades.
água. O pescador o vê a uma profundidade h. Conforme mos- Lentes Esféricas Convergentes
tra a figura a seguir: Em uma lente esférica com comportamento convergente,
Observador a luz que incide paralelamente entre si é refratada, tomando
direções que convergem a um único ponto.
ɽ1 Tanto lentes de bordas finas como de bordas espessas
Ar - meio 1 podem ser convergentes, dependendo do seu índice de re-
h Água - meio 2 fração em relação ao do meio externo.
ɽ2
H O caso mais comum é aquele em que a lente tem índice
x
de refração maior que o índice de refração do meio externo.
Nesse caso, um exemplo de lente com comportamento con-
vergente é o de uma lente biconvexa (com bordas finas):
Focos de uma Lente e Vergência
ї Focos principais:
Uma lente possui um par de focos principais: foco principal
n1 objeto (F) e foco principal imagem (F’), ambos localizam-se a
sobre o eixo principal e são simétricos em relação à lente, ou
seja, a distância OF é igual a distância OF’.
▷ Foco imagem (F’): É o ponto ocupado pelo foco
n1 < n2 imagem, podendo ser real ou virtual.
Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem me- ▷ Foco objeto (F): É o ponto ocupado pelo foco obje-
nor índice de refração que o meio. Nesse caso, um exemplo to, podendo ser real ou virtual.
de lente com comportamento convergente é o de uma lente ▷ Distância focal: É a medida da distância entre um
bicôncava (com bordas espessas): dos focos principais e o centro óptico, esta medida é
caracterizada pela letra f.
▷ Vergência: Dada uma lente esférica em determina-
do meio, chamamos vergência da lente (V) a unida-
de caracterizada como o inverso da distância focal,
n1 ou seja:
n2
n1 > n2
Ş
ŝ#-ŝŦ
refração maior que o índice de refração do meio externo. Nes- quem usa óculos, é o “Grau”.
se caso, um exemplo de lente com comportamento divergente
é o de uma lente bicôncava (com bordas espessas):
1di = 1grau
Veq = V1 + V2
B’
Ş
ŝ#-ŝŦ
0 i
0
ї Associação de lentes separadas: A’
Quando duas lentes são associadas de forma separada, B
utiliza-se uma generalização do teorema das vergências para
definir uma lente equivalente.
Um exemplo de associação separada é:
Lente 1 p p’
Lente 2
E.p.
d
Projetor
A generalização do teorema diz que a vergência da lente Um projetor é um equipamento provido de uma lente con-
equivalente à tal associação é igual à soma algébrica das ver- vergente (objetiva) que é capaz de fornecer imagens reais, in-
gências dos componentes menos o produto dessas vergências vertidas e maiores que o objeto, que pode ser um slide ou filme.
pela distância que separa as lentes. Desta forma: Normalmente, os slides ou filmes são colocados invertidos,
assim, a imagem projetada será vista de forma direta.
Veq = V1 + V2 - V1V2d
5mm 15mm
Ş
ŝ#-ŝŦ
Tal representação é chamada olho reduzido, e traz a repre-
sentação das distâncias entre a córnea e a lente e entre a lente
e a retina, sendo a última a distância da imagem produzida em
relação a lente (p’).
Esse microscópio composto também é chamado Microscó- ї Adaptação visual:
pio Óptico, sendo capaz de aumentar até 2.000 vezes o objeto Chama-se adaptação visual a capacidade apresentada
observado. Existem também Microscópio Eletrônicos capazes
de proporcionar aumentos de até 100.000 vezes e Microscó- pela pupila de se adequar à luminosidade de cada ambiente,
pios de Varredura que produzem aumentos superiores a 1 mi- comprimindo-se ou dilatando-se.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
lhão de vezes. Em ambientes com grande luminosidade, a pupila pode
atingir um diâmetro de até 1,5mm, fazendo com que entre me-
Luneta nos luz no globo ocular, protegendo a retina de um possível
Lunetas são instrumentos de observação a grandes dis- ofuscamento.
tâncias, sendo úteis para observação de astros (luneta astro-
Já em ambientes mais escuros, a pupila se dilata, atingindo
nômica) ou para observação da superfície terrestre (luneta
terrestre). diâmetro de até 10mm. Assim, a incidência de luminosidade
Uma luneta é basicamente montada da mesma forma que aumenta no globo ocular, possibilitando a visão em tais am-
um microscópio composto, com objetiva e ocular, no entanto, bientes.
a objetiva da luneta tem distância focal na ordem de metros, ї Acomodação visual:
sendo capaz de observar objetos afastados. As pessoas que têm visão considerada normal, emétropes,
têm a capacidade de acomodar objetos de distâncias de 25cm
em média, até distâncias no infinito visual.
ї Ponto próximo:
A primeira distância (25cm) corresponde ao ponto próxi-
mo, que é a mínima distância que uma pessoa pode enxergar 633
corretamente. O que caracteriza essa situação é que os múscu-
los ciliares encontram-se totalmente contraídos.
634 Nesse caso, pela equação de Gauss: ANOTAÇÕES
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
ÍNDICE
1. Lei nº 4.878, 3 de Dezembro de 1965.........................................................................637
2. Lei nº 9.654 de 2 de Junho de 1998 .......................................................................... 644
3. Lei nº 9.503/1997 Código de Trânsito Brasileiro ........................................................647
Conceito ......................................................................................................................................648
Sistema Nacional de Trânsito (SNT) ...........................................................................................649
3. 1. Competências dos Órgãos do Sistema ................................................................... 650
CONTRAN ...................................................................................................................................650
Câmara Temática .........................................................................................................................651
CETRAN e CONTRANDIFE ............................................................................................................651
JARIs ........................................................................................................................................... 652
Órgão Executivo da União .......................................................................................................... 652
Polícia Rodoviária Federal .......................................................................................................... 654
Órgão Executivo Rodoviário da União, dos Estados e dos Municípios ....................................... 655
Órgãos Executivos dos Estados, DETRANS e CIRETRANS .......................................................... 656
Polícia Militar .............................................................................................................................. 657
Órgãos Executivos de Trânsito dos Municípios .......................................................................... 657
Circunscrição Regional de Trânsito - CIRETRAN ........................................................................ 658
Quadro Resumo do SNT.............................................................................................................. 658
3. 2. Das Normas Gerais de Circulação e Conduta ...........................................................659
Regras Gerais para Colocar um Veículo em Circulação .............................................................. 659
Regras de Preferência de Passagem em Cruzamentos .............................................................. 659
Regras para Ultrapassagem........................................................................................................ 659
Regras para Manobras à Esquerda, à Direita e Retornos ............................................................661
Regras para o Uso de Luzes e Buzina ..........................................................................................661
Regras de Limites de Velocidades Máxima e Mínima ................................................................. 662
Regras de Estacionamento, Paradas e Operações de Carga e de Descarga............................... 663
Regras para Veículos de Tração Animal, Propulsão Humana, Ciclos e Motos ............................ 663
Classificação de Vias ...................................................................................................................664
Regras para o Uso do Cinto de Segurança..................................................................................664
Regras para Pedestres e Condutores de Veículos não Motorizados .......................................... 665
Do Cidadão .................................................................................................................................666
Da Educação para o Trânsito ......................................................................................................666
3. 3. Da Sinalização de Trânsito .................................................................................... 668
Princípios da Sinalização ............................................................................................................668
Sinalização Vertical.....................................................................................................................669
Sinalização Horizontal ...............................................................................................................670
636 LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
ses e séries de classes do Serviço de Polícia Federal Parágrafo único. O Diretor-Geral do Departamento Fe-
e do Serviço Policial Metropolitano se estabelece, deral de Segurança Pública, o Secretário de Segurança
básica e primordialmente, pela subordinação fun- Pública do Distrito Federal e o Diretor da Divisão de Ad-
cional. ministração do referido Departamento poderão delegar
competência para dar posse.
Das Disposições Peculiares Art. 11. O funcionário policial não poderá afastar-se de
Art. 6º. A nomeação será feita exclusivamente: sua repartição para ter exercício em outra ou prestar
I. em caráter efetivo, quando se tratar de cargo serviços ao Poder Legislativo ou a qualquer Estado
integrante de classe singular ou inicial de série de da Federação, salvo quando se tratar de atribuição
classes condicionada à anterior aprovação em cur- inerente à do seu cargo efetivo e mediante expressa
autorização do Presidente da República ou do Prefei-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
vado, de atribuições correlatas porém mais complexas. § 3º. Ressalvado o magistério na Academia Nacional
§ 1º. A nomeação por acesso, além das exigências de Polícia e a prática profissional em estabelecimen-
legais e das qualificações em cada caso, obedecerá a to hospitalar, para os ocupantes de cargos da série de
provas práticas que compreendam tarefas típicas re- classes de Médicos Legistas, ao funcionário policial é
lativas ao exercício do novo cargo e, quando couber, vedado exercer outra atividade, qualquer que seja a
forma de admissão, remunerada ou não, em entidade
à ordem de classificação em concurso de títulos que
pública ou empresa privada.
aprecie a experiência profissional, ou em curso espe-
cífico de formação profissional, ambos realizados pela Art. 24. O regime de dedicação integral obriga o fun-
cionário policial à prestação, no mínimo, de 200 (du-
Academia Nacional de Polícia.
zentas) horas mensais de trabalho.
§ 2º. As linhas de acesso estão previstas nos Anexos IV
Art. 25. A gratificação de função policial não será paga
dos Quadros de Pessoal do Departamento Federal de enquanto o funcionário policial deixar de perceber o
Segurança Pública e da Polícia do Distrito Federal, apro- vencimento do cargo em virtude de licença ou outro
vados pela Lei nº 4.483, de 16 de novembro de 1964. afastamento, salvo quando investido em cargo em co-
Art. 19. As nomeações por acesso abrangerão meta- missão ou função gratificada com atribuições e respon-
de das vagas existentes na respectiva classe, ficando sabilidades de natureza policial, hipótese em que conti-
a outra metade reservada aos provimentos na forma nuará a perceber a gratificação na base do vencimento
prevista no Art. 6º desta Lei. do cargo efetivo.
Art. 20. O funcionário policial que, comprovadamen- Art. 26. A gratificação de função policial incorporar-se-
te, se revelar inapto para o exercício da função policial, -á aos proventos da aposentadoria à razão de 1/30 (um
sem causa que justifique a sua demissão ou aposenta- trinta avos) do seu valor por ano de efetivo exercício de
doria, será readaptado em outro cargo mais compatí- atividade estritamente policial.
vel com a sua capacidade, sem decesso nem aumento Parágrafo único. Para os efeitos da incorporação de
de vencimento. que trata este artigo, levar-se-á em conta, também, o
Parágrafo único. A readaptação far-se-á mediante a tempo de efetivo exercício em atividade estritamente
transformação do cargo exercido em outro mais compa- policial, anterior à data da concessão ao funcionário da
tível com a capacidade física ou intelectual e vocação. vantagem prevista no Art. 23.
Art. 27. O funcionário policial casado, quando lota-
Art. 21. O funcionário policial não poderá ser obriga-
do em Delegacia Regional, terá direito a auxílio para
do a interromper as suas férias, a não ser em virtude moradia correspondente a 10% (dez por cento) do seu
de emergente necessidade da segurança nacional ou vencimento mensal.
manutenção da ordem, mediante convocação da auto-
Parágrafo único. O auxílio previsto neste artigo será
ridade competente. pago ao funcionário policial até completar 5 (cinco)
§ 1º. Na hipótese prevista neste artigo, in fine, o funcio- anos na localidade em que, por necessidade de ser-
nário terá direito a gozar o período restante das férias viço, nela deva residir, e desde que não disponha de
em época oportuna. moradia própria.
§ 2º. Ao entrar em férias, o funcionário comunicará ao Art. 28. Quando o funcionário policial, de que trata o ar-
chefe imediato o seu provável endereço, dando-lhe ciên- tigo anterior, ocupar imóvel sob a responsabilidade do
cia, durante o período, de suas eventuais mudanças. órgão em que servir, 20% (vinte por cento) do valor do
auxílio previsto no artigo anterior serão recolhidos como e) os menores que, em virtude de decisão ju-
receita da União e o restante, empregado conforme for dicial, forem entregues à sua guarda;
estabelecido pelo referido órgão de acordo com as suas f) os irmãos menores e órfãos, sem arrimo.
peculiaridades. Parágrafo único. Continuarão compreendidos nas dis-
Art. 29. Quando o funcionário policial ocupar imóvel de posições deste capítulo a viúva do policial, enquanto
outra entidade, a importância referida no Art. 28 terá o perdurar a viuvez, e os demais dependentes mencio-
seguinte destino: nados nas letras “b” a “f”, desde que vivam sob a res-
a) a importância correspondente ao aluguel, ponsabilidade legal da viúva.
recolhida ao órgão responsável pelo imóvel; Art. 36. Os recursos para a assistência de que trata este
b) o restante, empregado na forma estabele- capítulo provirão das dotações consignadas no Orça-
cida no artigo anterior, “in fine”. mento Geral da União e do pagamento das indeniza-
Art. 30. Esgotado o prazo previsto no parágrafo único ções referidas no Art. 34.
do Art. 27, o funcionário que continuar ocupando imó-
vel de responsabilidade da repartição em que servir in- Das Disposições Especiais
denizá-la-á da importância correspondente ao auxílio sobre Aposentadoria
para moradia. Art. 37. O funcionário policial será aposentado compulso-
Parágrafo único. Se a ocupação for de imóvel perten- riamente aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, qual-
cente a outro órgão, o funcionário indenizá-la-á pelo quer que seja a natureza dos serviços prestados.
aluguel correspondente. Art. 38. O provento do policial inativo será revisto sem-
Da Assistência Médico-Hospitalar pre que ocorrer:
a) modificação geral dos vencimentos dos
Art. 31. A assistência médico-hospitalar compreenderá: funcionários policiais civis em atividade; ou
a) assistência médica contínua, dia e noite, b) reclassificação do cargo que o funcionário
ao policial enfermo, acidentado ou ferido, que se policial inativo ocupava ao aposentar-se.
encontre hospitalizado;
Art. 39. O funcionário policial, quando aposentado em
b) assistência médica ao policial ou sua famí- virtude de acidente em serviço ou doença profissional,
lia, através de laboratórios, policlínicas, gabinetes ou quando acometido das doenças especificadas no Art.
odontológicos, pronto-socorro e outros serviços 178, item III, da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, in-
assistenciais.
corporará aos proventos de inatividade a gratificação de
Art. 32. A assistência médico-hospitalar será prestada função policial no valor que percebia ao aposentar-se.
pelos serviços médicos dos órgãos a que pertença ou
tenha pertencido o policial, dentro dos recursos pró- Da Prisão Especial
Ş
ŝ#-ŝŦ
prios colocados à disposição deles. Art. 40. Preso preventivamente, em flagrante ou em
Art. 33. O funcionário policial terá hospitalização e tra- virtude de pronúncia, o funcionário policial, enquanto
tamento por conta do Estado quando acidentado em não perder a condição de funcionário, permanecerá em
serviço ou acometido de doença profissional. prisão especial, durante o curso da ação penal e até que
Art. 34. O funcionário policial em atividade, excetua- a sentença transite em julgado.
do o disposto no artigo anterior, o aposentado e, bem § 1º. O funcionário policial nas condições deste artigo
assim, as pessoas de sua família, indenizarão, no todo ficará recolhido a sala especial da repartição em que
ou em parte, a assistência médico-hospitalar que lhes sirva, sob a responsabilidade do seu dirigente, sendo-
for prestada, de acordo com as normas e tabelas que lhe defeso exercer qualquer atividade funcional, ou sair
forem aprovadas. da repartição sem expressa autorização do Juízo a cuja
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Ş
ŝ#-ŝŦ
tivo justo, inquéritos policiais ou disciplinares, ou, V. Destituição de função;
quanto a estes últimos, como membro da respectiva VI. Demissão;
comissão, negligenciar no cumprimento das obriga- VII. Cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
ções que lhe são inerentes; Art. 45. Na aplicação das penas disciplinares serão
XLVIII. Prevalecer-se, abusivamente, da condição considerados:
de funcionário policial; I. A natureza da transgressão, sua gravidade e as
XLIX. Negligenciar a guarda de objetos pertencen- circunstâncias em que foi praticada;
tes à repartição e que, em decorrência da função II. Os danos dela decorrentes para o serviço público;
ou para o seu exercício, lhe tenham sido confiados, III. A repercussão do fato;
IV. Os antecedentes do funcionário;
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
possibilitando que se danifiquem ou extraviem;
L. Dar causa, intencionalmente, ao extravio ou da- V. A reincidência.
nificação de objetos pertencentes à repartição e Parágrafo único. É causa agravante da falta disciplinar
que, para os fins mencionados no item anterior, o haver sido praticada em concurso com dois ou mais
estejam confiados à sua guarda; funcionários.
LI. Entregar-se à prática de vícios ou atos atentató- Art. 46. A pena de repreensão será sempre aplicada
por escrito nos casos em que, a critério da Adminis-
rios aos bons costumes;
tração, a transgressão seja considerada de natureza
LII. Indicar ou insinuar nome de advogado para as- leve, e deverá constar do assentamento individual do
sistir pessoa que se encontre respondendo a pro- funcionário.
cesso ou inquérito policial; Parágrafo único. Serão punidas com a pena de re-
LIII. Exercer, a qualquer título, atividade pública ou preensão as transgressões disciplinares previstas nos
privada, profissional ou liberal, estranha à de seu itens V, XVII, XIX, XXII, XXIII, XXIV, XXV, XLIX e LIV do
cargo; Art. 43 desta Lei.
LIV. Lançar em livros oficiais de registro anotações, Art. 47. A pena de suspensão, que não excederá de
queixas, reivindicações ou quaisquer outras maté- noventa dias, será aplicada em caso de falta grave ou 641
rias estranhas à finalidade deles; reincidência.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, são de III. O Ministro da Justiça e Negócios Interiores ou o
642 natureza grave as transgressões disciplinares previstas Secretário de Segurança Pública do Distrito Fede-
nos itens I, II, III, VI, VII, VIII, X, XVIII, XX, XXI, XXVI, XX- ral, respectivamente, nos casos de suspensão até
VII, XXIX, XXX, XXXI, XXXII, XXXIII, XXXIV, XXXV, XXXVII, noventa dias;
XXXIX, XLI, XLII, XLVI, XLVII, LVI, LVII, LIX, LX e LXIII do IV. O Diretor-Geral do Departamento Federal de
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 57. Na hipótese de autuação em flagrante do fun- funcionário policial civil.
cionário policial como incurso em qualquer dos crimes Art. 65. O disposto no Capítulo IV desta Lei é exten-
referidos no Art. 48 e seu item I, a autoridade que sivo a todos os funcionários do Quadro de Pessoal do
presidir o ato encaminhará, dentro de vinte e quatro Departamento Federal de Segurança Pública e respec-
horas, à autoridade competente para determinar a tivas famílias.
instauração do processo disciplinar, traslado das peças Art. 66. É vedada a remoção ex officio do funcionário
comprovadoras da materialidade do fato e sua autoria. policial que esteja cursando a Academia Nacional de
§ 1º. Recebidas as peças de que trata este artigo, a au- Polícia, desde que a sua movimentação impossibilite a
toridade procederá na forma prevista no Art. 54, item frequência no curso em que esteja matriculado.
I, desta Lei. Art. 67. O funcionário policial poderá ser removido:
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
2008).
Art. 70. A competência atribuída por esta Lei ao Pre- III. Classe de Agente Operacional: atividades de
feito do Distrito Federal e ao Secretário de Segurança natureza policial envolvendo a execução e controle
Pública do Distrito Federal será exercida, em relação administrativo e operacional das atividades ine-
à Polícia do Distrito Federal, respectivamente, pelo rentes ao cargo, além das atribuições da classe de
Presidente da República e pelo Chefe de Polícia do Agente; e (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008).
Distrito Federal, até 31 de janeiro de 1966. IV. Classe de Agente: atividades de natureza policial
Art. 71. Ressalvado o disposto no Art. 11 desta Lei, os envolvendo a fiscalização, patrulhamento e policia-
funcionários do Departamento Federal de Segurança mento ostensivo, atendimento e socorro às vítimas
Pública e da Polícia do Distrito Federal, que se encon- de acidentes rodoviários e demais atribuições relacio-
trem à disposição de outros órgãos, deverão retornar ao nadas com a área operacional do Departamento de
exercício de seus cargos no prazo máximo de trinta dias, Polícia Rodoviária Federal (Incluído pela Lei nº 11.784,
contados da publicação desta Lei. de 2008).
Art. 72. O Poder Executivo, no prazo de noventa dias, § 2º. As atribuições específicas de cada uma das classes
contados da publicação desta Lei, baixará por decre- referidas no § 1º deste artigo serão estabelecidas em
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
e classificatórias, sendo a primeira de exame psicotéc- ESTRUTURA DA CARREIRA DE POLICIAL
nico e de provas e títulos e a segunda constituída de RODOVIÁRIO FEDERAL
curso de formação. CARGO CLASSE PADRÃO
§ 1º. São requisitos para o ingresso na carreira o diplo-
ma de curso superior completo, em nível de graduação,
devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação, III
ESPECIAL II
e os demais requisitos estabelecidos no edital do con-
curso. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008). I
§ 2º. A investidura no cargo de Policial Rodoviário Fede-
VI
ral dar-se-á no padrão único da classe de Agente, onde o
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
V
titular permanecerá por pelo menos 3 (três) anos ou até
IV
obter o direito à promoção à classe subsequente. (Reda- PRIMEIRA
III
ção dada pela Lei nº 11.784, de 2008). II
POLICIAL
§ 3º. A partir de 1º de janeiro de 2013, a investidura no RODOVIÁRIO I
cargo de Policial Rodoviário Federal dar-se-á no pa- FEDERAL
drão inicial da Terceira Classe. (Redação dada pela Lei VI
nº 12.775, de 2012). V
§ 4º. O ocupante do cargo de Policial Rodoviário Fe- SEGUNDA IV
deral permanecerá preferencialmente no local de sua III
primeira lotação por um período mínimo de 3 (três) II
anos exercendo atividades de natureza operacional I
voltadas ao patrulhamento ostensivo e à fiscalização
III
de trânsito, sendo sua remoção condicionada a concur- TERCEIRA II
so de remoção,
Art. 4º. (Revogado pela Lei nº 11.358, de 2006). Este material foi revisado e atualizado de acordo com a le- 645
Art. 5º. (Revogado pela Lei nº 11.358, de 2006). gislação em vigor que segue abaixo.
As resoluções que podem ser previstas em edital, estão colocadas junto a cada Art. ao longo de todo o material para que seja
646 como apoio ao estudante, que a depender do seu concurso, poderá utilizar ou não.
Lei nº 9.602, de 21 de janeiro de 1998; Fund. Nac. de Segurança e educação no trânsito (Funset)
Lei nº 9.792, de 14 de abril de 1999; Kit de primeiros socorros (revogado Art. 112).
Lei nº 10.350, de 21 de dezembro de 2001; Obrigatoriedade do exame psicológico, Art. 147 §3º CTB
Lei nº 11.334, de 25 de julho de 2006; Nova redação do Art. 218 velocidades; Resolução nº 396/11
Lei nº 11.275, de 07 de fevereiro de 2006 Tolerância zero (sem eficácia por causa do Art. 276)
Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008; Zero definitivamente, admitindo outras provas (lei seca);
Ş
ŝ#-ŝŦ
Lei nº 12.009, de 29 de julho de 2009; Regulamenta “mototaxista” e “motoboy” criou o cap. XIII - A
Lei nº 11.910, de 18 de março de 2009; Uso de “air bag” – implementado em janeiro de 2014;
Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010; Revogou o § 2º do Art. 288 (recurso de multa era pago)
Lei nº 12.452, de 21 de julho de 2011; Alterou o Art. 143, V e acresc. § 2º ao Art. 6 ton pra trailer
Lei nº 12.619, de 30 de abril de 2012; Motoristas profissionais; criou o Cap. III-A, (Art. 230, XXIII)
Lei nº 12.694, de 24 de julho de 2012; Placas especiais - caso Juíza Patrícia Acioli (Art. 115, § 7º)
Lei nº 12.760, de 20 de dezembro de 2012; Conceitos de “ar alveolar” e “Etilômetro” - inf. Gravíssimas.
Lei nº 12.971, de 9 de maio de 2014; Arts.: 173, 174, 175, 191, 202, 203, 292, 302, 303, 306 e 308
Lei nº 12.977, de 20 de maio de 2014; Regula a desmontagem de veículos; altera o Art. 126.
Lei nº 12.998, de 18 de junho de 2014; No Art. 145-A, para conduzir ambulâncias - treinamento.
Lei nº 13.097, de 19 de janeiro de 2015; Tratores pneu Cat. “B” Alterou os Arts. 115, 130 e 144.
Lei nº 13.160 de 25 de agosto de 2015; Retenção, remoção e leilão de veículo - Arts. 270, 271 e 328
Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015; Pessoa com Deficiência (Arts. 2º, 86-A, 147-A, 181, XVII)
Lei nº 13.154 de 30 de julho de 2015; Art. 24 competências, e placas externas (Art. 115, §8º)
Lei nº13.281, de 04 de maio de 2016 Uma das maiores alterações do CTB de toda a sua história.
Lei 13.290, de 23 de maio de 2016. Faróis em Rodovias. ( art. 40,I e 205,I “B”).
3. Lei nº 9.503/1997 Código de Outro ponto essencial é entender que os 341 Arts estão
dispostos da seguinte forma: O CTB pode ser doutrinariamen-
Trânsito Brasileiro te dividido em duas partes para facilitar o estudo.
A Lei nº 9.503 foi publicada em Diário Oficial, em 23 de
A primeira é administrativa/educativa (Art. 1º ao Art.
Setembro de 1997, entrando em vigor a partir de 22 de janeiro
de 1998. Portanto, com 120 dias de vacatio legis, que é o pe- 290 e do Art. 313 até o Art. 341) caracterizando, assim, uma
ríodo compreendido entre a publicação e a entrada em vigor atividade de administração pública, pautada em princípios
de uma lei.
basilares da administração, tais como: a supremacia do in-
Trata-se de legislação de trânsito que define as atribuições
das diversas autoridades e órgãos ligados ao trânsito, forne- teresse público sobre o particular e a indisponibilidade
cendo diretrizes para a Engenharia de Tráfego e estabelecendo do interesse público. Vale ressaltar que o ônus da prova é do
normas de conduta, infrações e penalidades para os diversos condutor/infrator, ou seja, basta o agente de trânsito verificar
usuários desse complexo sistema.
a infração e relatá-la à autoridade com circunscrição sobre a
O Art. 144 da CF/88:
via, em documento próprio, notificação, para que seja iniciado
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preserva- o processo de penalização, o agente da autoridade não preci-
ção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e sa, portanto, produzir provas do fato imputado, sendo asse-
do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
gurado, todavia, o direito Constitucional da ampla defesa e do
II. polícia rodoviária federal;
contraditório, (Art. 5º, LV, CF/88). A isto as doutrinas denomi-
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu nam de inversão do ônus da prova.
patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda A principal característica educativa é a penalidade de
Constitucional nº 82, de 2014)
multa, que além de um valor pecuniário que, a depender da
I. compreende a educação, engenharia e fiscaliza-
ção de trânsito, além de outras atividades previstas gravidade, pode ser multiplicado em até 10 vezes, o condutor
em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mo- infrator é submetido a outras regras criadas no CTB. Ex.: Pon-
bilidade urbana eficiente; e (Incluído pela Emenda
tuação no prontuário.
Constitucional nº 82, de 2014)
II. compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Fe- Art. 259. A cada infração cometida são computados os
Ş
ŝ#-ŝŦ
deral e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou seguintes números de pontos:
entidades executivos e seus agentes de trânsito,
estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluí- I. Gravíssima - sete pontos;
do pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
II. Grave - cinco pontos;
É importante observar, desde já, o previsto na Constituição
Federal de 1988 (CF/88), em seu Art. 22. III. Média - quatro pontos;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: IV. Leve - três pontos.
XI - trânsito e transporte;
A segunda parte é Penal/Criminal (Art. 291 até o 312),
Cabe salientar que não há necessidade de ser bacharel
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
em Direito para interpretar corretamente o Código de Trânsito ou seja, algumas ações, devido à sua gravidade, são tratadas
Brasileiro o qual doravante denominaremos, simplesmente, como crimes, e, para tanto, são aplicadas as previsões legais
como CTB. do Código Penal, CP, (Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de dezembro
A sistematização das leis mais complexas observa, entre
de 1940) e de outros diplomas legais, com o ônus da prova
nós, o seguinte esquema básico: Livros, Títulos, Capítulos,
Seções, Subseções e Artigos. cabendo a quem alegar. Logo, o Agente da autoridade de trân-
Manual de Redação Oficial da Presidência da República.(MRPR) sito deve produzir provas da existência deste crime de trânsito.
Faz-se necessário apenas observar que os textos de lei são Vejamos, então, a tipificação do Art. 291 do CTB:
organizados em: Artigos. (Art.) representados por números
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos au-
ordinais do 1º ao 9º e na sequência por números cardinais, 10,
11, ... é a unidade básica para apresentação; Parágrafos (§§) tomotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas
constituem, na técnica legislativa, a imediata divisão de um gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se
Art.; Incisos são utilizados como elementos discriminativos
de Art.; Alíneas ou Letras constituem desdobramentos dos este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a 647
incisos e dos parágrafos. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
PRESIDENTE Ministério das Objetivos (Art. 6º, CTB)
648 dA REPÚBLICA Cidades Sistema Nacional de Segurança/ FLuidez/
Subordinação /
(ART. 84, VI, designação Dec. nº 4.711/03 Trânsito (SNT) Art. 5º Conforto/ Meio Ambiente/
CF/88) 9º CTB Educação
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Subordinação / Vinculação
Delegação Câmaras Temáticas
Art. 13 CTB;
CONTRAN 7º I Vinculação
Composição - Res.
Nº 218, de 20-12-2006
Presidente
Federal Estadual/DF
Federal DENATRAN - Art.19
Ş
ŝ#-ŝŦ
ORGÃOS CETRAN/CON
CONTRAN
EXECUTIVOS Estadual /DF DETRAN - Art. 22 CIRETRAN’S TRANDIFE
III
Órgão Exec. de
Município Atua mediante convênio
Trânsito Art. 24
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 5º, Código Penal. Aplica-se a lei brasileira, sem
prejuízo de convenções, tratados e regras de direito trânsito e executivos rodoviários da União, dos Estados,
internacional, ao crime cometido no território nacional. Distrito Federal e dos Municípios que compõem o Siste-
ma Nacional de Trânsito e dá outras providências.
§ 1º. Para os efeitos penais, consideram-se como exten-
▷ Resolução do CONTRAN nº 351, de 14-06-10: estabelece
são do território nacional as embarcações e aeronaves
procedimentos para veiculação de mensagens educati-
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo vas de trânsito em toda peça publicitária destinada à di-
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as vulgação ou promoção, nos meios de comunicação social,
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de produtos oriundos da indústria automobilística ou afins.
de propriedade privada, que se achem, respectivamen- ▷ Resolução do CONTRAN nº 360, de 29-09-10: dispõe so-
te, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. bre a habilitação do candidato ou condutor estrangeiro
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
§ 2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes prati- para direção de veículos em território nacional.
cados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras Art. 6º. São objetivos básicos do Sistema Nacional de
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no Trânsito:
território nacional ou em voo no espaço aéreo correspon- I. Estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito,
dente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa
Com esta previsão do CP, infere-se que, nos crimes de trân- ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu
sito, as partes envolvidas respondem pelo CTB, quer seja em cumprimento;
via pública, quer seja em via particular, a menos que a questão ▷ Resolução do CONTRAN n.º 514 de 18-12-2014: dis-
deixe explícita a palavra “via pública”, restringindo o tipo pe- põe sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e
nal. (Princípio da especificidade da lei). aplicação, e dá outras providências.
O legislador teve o cuidado de conceituar o que é VIA TER- II. Fixar, mediante normas e procedimentos, a padro-
RESTRE, no Art. 2º do CTB observe: nização de critérios técnicos, financeiros e adminis-
Art. 2º. São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as aveni- trativos para a execução das atividades de trânsito;
das, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas III. Estabelecer a sistemática de fluxos permanentes
e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão de informações entre os seus diversos órgãos e enti-
ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as dades, a fim de facilitar o processo decisório e a inte- 649
peculiaridades locais e as circunstâncias especiais. gração do Sistema.
▷ Resolução nº 142, de 26-03-03 (CONTRAN): dispõe 3. 1. Competências dos
650 sobre o funcionamento do Sistema Nacional de Trân-
sito (SNT), a participação dos órgãos e entidades de Órgãos do Sistema
trânsito nas reuniões do sistema e as suas modalidades.
Art. 7º. Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os se- CONTRAN
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Ş
ŝ#-ŝŦ
de sinalização e os dispositivos e equipamentos de
trânsito; § 2º Os segmentos da sociedade, relacionados no parágrafo
XII. Apreciar os recursos interpostos contra as deci- anterior, serão representados por pessoa jurídica e devem
sões das instâncias inferiores, na forma deste Código; atender aos requisitos estabelecidos pelo CONTRAN.
XIII. Avocar, para análise e soluções, processos sobre Apenas o CONTRAN tem a prerrogativa de criar câmaras
conflitos de competência ou circunscrição, ou, quan- temáticas, sendo vedada esta atribuição aos CETRANS.
do necessário, unificar as decisões administrativas; e As câmaras temáticas são formadas por dezoito membros
XIV. Dirimir conflitos sobre circunscrição e competên- com seus respectivos suplentes, indicados pelos ministérios e
cia de trânsito no âmbito da União, dos Estados e do órgãos de trânsito da sociedade, sendo custeado pela entida-
Distrito Federal. de que o indicou.
XV. Normatizar o processo de formação do can-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
As câmaras temáticas não possuem subordinação ao CON-
didato à obtenção da Carteira Nacional de Ha- TRAN e sim apenas VINCULAÇÃO.
bilitação, estabelecendo seu conteúdo didático- O mandato dos membros da Câmara terá duração de dois
-pedagógico, carga horária, avaliações, exames, anos, admitidas reconduções.
execução e fiscalização. (NR)
Ş
ŝ#-ŝŦ
lece as competências para nomeação e homologação XX. Expedir a permissão internacional para conduzir
dos coordenadores do RENAVAM e do RENACH. veículo e o certificado de passagem nas alfândegas,
IX. Organizar e manter o Registro Nacional de Veícu- mediante delegação aos órgãos executivos dos Esta-
los Automotores - RENAVAM; dos e do Distrito Federal;
X. Organizar a estatística geral de trânsito no territó- XXI. Promover a realização periódica de reuniões re-
rio nacional, definindo os dados a serem fornecidos gionais e congressos nacionais de trânsito, bem como
pelos demais órgãos e promover sua divulgação;
propor a representação do Brasil em congressos ou re-
▷ Resolução do CONTRAN nº 208, de 26-10-2006: uniões internacionais;
estabelece as bases para a organização e o funcio-
namento do Registro Nacional de Acidentes e Esta- XXII. Propor acordos de cooperação com organismos
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
ou parcial das atividades do órgão executivo de trânsito rentes e os valores provenientes de estada e remoção
estadual que tenha motivado a investigação, até que as de veículos, objetos, animais e escolta de veículos de
irregularidades sejam sanadas. cargas superdimensionadas ou perigosas;
▷ Lei nº 8.429, de 02-07-1992. (Lei da Improbidade IV. Efetuar levantamento dos locais de acidentes de
Administrativa) trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e sal-
§ 2º O regimento interno do órgão executivo de trânsito vamento de vítimas;
da União disporá sobre sua estrutura organizacional e seu V. Credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e ado-
funcionamento. tar medidas de segurança relativas aos serviços de
§ 3º Os órgãos e entidades executivos de trânsito e execu- remoção de veículos, escolta e transporte de carga
tivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal indivisível;
e dos Municípios fornecerão, obrigatoriamente, mês a mês,
os dados estatísticos para os fins previstos no inciso X. VI. Assegurar a livre circulação nas rodovias fede-
rais, podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção
Polícia Rodoviária Federal de medidas emergenciais, zelar pelo cumprimento
das normas legais relativas ao direito de vizinhança,
A Polícia Rodoviária Federal (PRF), por sua natureza poli-
promovendo a interdição de construções e instala-
cial, está prevista no Capítulo da Segurança Pública da Consti- ções não autorizadas;
tuição Federal de 1988. VII. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos so-
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e bre acidentes de trânsito e suas causas, adotando ou
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação indicando medidas operacionais preventivas e enca-
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa- minhando-os ao órgão rodoviário federal;
trimônio, através dos seguintes órgãos: VIII. Implementar as medidas da Política Nacional de
II. Polícia rodoviária federal; Segurança e Educação de Trânsito;
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, or- IX. Promover e participar de projetos e programas de
ganizado e mantido pela União e estruturado em carreira, educação e segurança, de acordo com as diretrizes
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo estabelecidas pelo CONTRAN;
das rodovias federais. (Redação dada pela Emenda Cons- X. Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema
titucional nº 19, de 1998). Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com-
A PRF tem sua competência restrita, pelo CTB, às rodovias pensação de multas impostas na área de sua com-
e estradas federais. petência, com vistas à unificação do licenciamento,
O Decreto Federal nº 1.655, de 03-10-1995, define a compe- à simplificação e à celeridade das transferências de
tência da Polícia Rodoviária Federal. veículos e de prontuários de condutores de uma para
Uma competência legal da PRF e das Polícias Militares que outra unidade da Federação;
atuam em rodovias estaduais e vias urbanas, que merece total XI. Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído
atenção por não constar no CTB, é a que está prevista na Lei nº produzidos pelos veículos automotores ou pela sua
8.069, de 13-07-1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança carga, de acordo com o estabelecido no Art. 66, além
e do Adolescente. É muito recorrente em concursos de várias de dar apoio, quando solicitado, às ações específicas
instituições e de vários cargos. Veja a seguir: dos órgãos ambientais.
▷ Dica de Leitura: Art. 225 da CF. Veja o quadro resumo:
PRF Art.20
▷ Lei nº 8.723, de 28-10-1993: dispõe sobre a redução (CTB)
Área Rural
de emissão de poluentes por veículos automotores. Federal Res. nº
289/08
DNIT Art.21
▷ Resolução do CONTRAN nº 289, de 29-08-2008: Competências
(CTB)
territoriais (CTB) dos
dispõe sobre normas de atuação a serem adotadas Órgãos Executivos
Rodoviários
pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Municípios
Área Rural Art. 24 (CTB)
Transportes - DNIT e o Departamento de Polícia Ro- Res. nº 121/01
Ş
ŝ#-ŝŦ
Todos os Policiais
agentes da Vias Urbanas IV. Coletar dados e elaborar estudos sobre os aciden-
são agentes da auto-
autoridade tes de trânsito e suas causas;
ridades de trânsito
V. Estabelecer, em conjunto com os órgãos de policia-
Trânsito mento ostensivo de trânsito, as respectivas diretrizes
Estradas rápido para o policiamento ostensivo de trânsito;
(sem pavimento)
Vias Rurais VI. Executar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar
as penalidades de advertência, por escrito, e ainda as
Rodovia Via Arterial multas e medidas administrativas cabíveis, notifican-
(sem pavimento) do os infratores e arrecadando as multas que aplicar;
VII. Arrecadar valores provenientes de estada e re-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
serem observados para a circulação desses veículos. VI. Aplicar as penalidades por infrações previstas nes-
Parágrafo único. (VETADO) te Código, com exceção daquelas relacionadas nos
incisos VII e VIII do Art. 24, notificando os infratores
e arrecadando as multas que aplicar;
Órgãos Executivos dos Estados, VII. Arrecadar valores provenientes de estada e remo-
DETRANS e CIRETRANS ção de veículos e objetos;
Mesmo não encontrando o nome DETRAN no CTB, esta no- VIII. Comunicar ao órgão executivo de trânsito da
menclatura ficou popular com a Lei nº 5.108/66 que instituía o União a suspensão e a cassação do direito de dirigir
Código Nacional de Trânsito que foi totalmente revogado em e o recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
1997, mas o nome permaneceu, na cultura popular. O DENATRAN é responsável pelos bancos de dados, po-
Algumas de suas atribuições são divididas com os órgãos rém, estas informações são repassadas pelos DETRANS dos
executivos municipais de trânsito. Estados e pelas CIRETRANS dos Municípios. Como, por exem-
Mediante delegação, executa algumas atribuições do ór- plo, o RENACH.
gão federal, DENATRAN. IX. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre
acidentes de trânsito e suas causas;
ї Vejamos agora o texto legal do CTB:
Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de É também uma atribuição da PRF. Este inciso tem que ser
trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito de estudado, combinado com Art. 19, X, e 19, §3º, do CTB, agindo
sua circunscrição: como órgão integrado.
I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de X. Credenciar órgãos ou entidades para a execução
trânsito, no âmbito das respectivas atribuições; de atividades previstas na legislação de trânsito, na
forma estabelecida em norma do CONTRAN;
Infere-se que são vias urbanas: Trânsito Rápido, Arteriais,
Coletora e Local. ▷ Resolução do CONTRAN nº 411, de 08-02-2012, re-
II. Realizar, fiscalizar e controlar o processo de for- gulamenta o credenciamento de instituições ou
mação, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão entidades públicas ou privadas para o processo de
de condutores, expedir e cassar Licença de Apren- capacitação, qualificação e atualização de profissio-
dizagem, Permissão para Dirigir e Carteira Nacional nais, e de formação, qualificação, atualização e reci-
de Habilitação, mediante delegação do órgão federal clagem de candidatos e condutores.
competente; XI. Implementar as medidas da Política Nacional de Trân-
Infere-se que o processo de habilitação é padrão em todo sito e do Programa Nacional de Trânsito;
território nacional, delegação do DENATRAN, pois se trata de Neste inciso, podemos entender que, de acordo com a
competência privativa, advinda do texto constitucional. conveniência e oportunidade, o Presidente da República de-
III. Vistoriar, inspecionar quanto às condições de se- termina seu plano de governo e implementa a sua gestão,
gurança veicular, registrar, emplacar, selar a placa, e através dos órgãos executivos do sistema.
licenciar veículos, expedindo o Certificado de Registro XII. Promover e participar de projetos e programas de
e o Licenciamento Anual, mediante delegação do órgão educação e segurança de trânsito de acordo com as
federal competente; diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;
Por ocasião do licenciamento do veículo, faz-se o registro, Como, por exemplo, o contido no Art. 326, do CTB: - A Se-
este relacionado à autenticidade do CRLV e à legitimidade da mana Nacional de Trânsito será comemorada, anualmente, no
propriedade. período compreendido entre 18 e 25 de setembro.
XIII. Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sis- Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos
tema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circun-
e compensação de multas impostas na área de sua scrição:
competência, com vistas à unificação do licenciamen- I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas
to, à simplificação e à celeridade das transferências de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
de veículos e de prontuários de condutores de uma
para outra unidade da Federação; II. Planejar, projetar, regulamentar e operar o
trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e
XIV. Fornecer, aos órgãos e entidades executivos de
trânsito e executivos rodoviários municipais, os dados promover o desenvolvimento da circulação e da
cadastrais dos veículos registrados e dos condutores segurança de ciclistas;
habilitados, para fins de imposição e notificação de III. Implantar, manter e operar o sistema de sinal-
penalidades e de arrecadação de multas nas áreas de ização, os dispositivos e os equipamentos de con-
suas competências; trole viário;
Os DETRANS são os coordenadores básicos e permanentes Por exemplo, os radares, os semáforos, dentre outros.
no fluxo de informações do sistema RENACH e RENAVAN. IV. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos
XV. Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído sobre os acidentes de trânsito e suas causas;
produzidos pelos veículos automotores ou pela sua Mais uma vez, o convênio entre os Municípios e os órgãos
carga, de acordo com o estabelecido no Art. 66, além executivos de trânsito e rodoviários tem que prever esta situ-
de dar apoio, quando solicitado, às ações específicas ação.
dos órgãos ambientais locais;
V. Estabelecer, em conjunto com os órgãos de polí-
Considerando que o projeto de lei do CTB foi elaborado em cia ostensiva de trânsito, as diretrizes para o polici-
meados de 1993 e, na época, o Brasil sediou a “ECO 92”, havia amento ostensivo de trânsito;
uma preocupação acentuada com relação à emissão de poluen-
tes e de ruídos. VI. Executar a fiscalização de trânsito em vias ter-
XVI. Articular-se com os demais órgãos do Sistema
restres, edificações de uso público e edificações
Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do privadas de uso coletivo, autuar e aplicar as me-
respectivo CETRANº didas administrativas cabíveis e as penalidades
de advertência por escrito e multa, por infrações
Polícia Militar de circulação, estacionamento e parada previstas
A Polícia Militar, embora faça parte da Segurança Pública neste Código, no exercício regular do poder de
em nosso país (Art. 144, V, CF/88) e também faça parte do polícia de trânsito, notificando os infratores e ar-
Sistema Nacional de Trânsito (Art. 23 do CTB), é órgão inerte, recadando as multas que aplicar, exercendo iguais
quando o assunto é trânsito, necessitando, assim, de um con- atribuições no âmbito de edificações privadas de
uso coletivo, somente para infrações de uso de va-
Ş
ŝ#-ŝŦ
vênio entre a PM e os órgãos executivos de trânsito, estadual,
distrital ou municipal para estes policiais atuarem como agen- gas reservadas em estacionamentos;
tes da autoridade. VII. Aplicar as penalidades de advertência por
ї Vejamos o que preceitua o CTB: escrito e multa, por infrações de circulação, esta-
Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do cionamento e parada previstas neste Código, noti-
Distrito Federal: ficando os infratores e arrecadando as multas que
I e II vetados. aplicar;
III. Executar a fiscalização de trânsito, quando e con- Ao ler o Art. 22, V e VI, combinado com o Art. 24, VI e VII,
forme convênio firmado, como agente do órgão ou extraímos que a lógica da separação das competências para as
entidade executivos de trânsito ou executivos rodo- autuações é a seguinte:
viários, concomitantemente com os demais agentes ▷ As notificações que dependerem da abordagem do
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
de veículos e de prontuários dos condutores de uma derão prestar serviços de capacitação técnica, assessoria
para outra unidade da Federação; e monitoramento das atividades relativas ao trânsito du-
XIV. Implantar as medidas da Política Nacional de rante prazo a ser estabelecido entre as partes, com ressar-
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; cimento dos custos apropriados.
▷ Resolução do CONTRAN nº 514, de 18-12-2014, dis-
põe sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e Quadro Resumo do SNT
aplicação, e dá outras providências. Os integrantes do SNT são:
XV. Promover e participar de projetos e programas de
CTB ÓRGÃO SIGNIFICADO
educação e segurança de trânsito de acordo com as
diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN; Art. 7º, I - Conselho Nacional de
CONTRAN - Art. 10 CTB.
▷ Dicas de leitura: Art. 75 CTB CTB. Trânsito.
XVI. Planejar e implantar medidas para redução da Art. 7º, III - Departamento Nacio-
circulação de veículos e reorientação do tráfego, com DENATRAN - Art. 19 CTB.
CTB. nal de Trânsito.
o objetivo de diminuir a emissão global de poluentes;
Departamento de
Exemplo disso é o rodízio de veículos nos grandes centros. Art. 7º, III -
DETRAN - Art. 22 CTB. Trânsito dos Estados e
XVII. Registrar e licenciar, na forma da legislação, veí- CTB.
do Distrito Federal.
culos de tração e propulsão humana e de tração ani-
mal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e Conselho de Trânsito
Art. 7º, II - CETRAN/CONTRANDIFE
arrecadando multas decorrentes de infrações; dos Estados e do
CTB. - Art. 14 CTB.
Distrito Federal.
XVIII. Conceder autorização para conduzir veículos de
propulsão humana e de tração animal; Art. 7º , V - Polícia Rodoviária
PRF - Art. 20 CTB.
XIX. Articular-se com os demais órgãos do Sistema CTB. Federal.
Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do
respectivo CETRAN; Departamento Nacio-
Art. 7º IV -
XX. Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído DNIT - Art. 21 CTB. nal de Infraestrutura
CTB.
produzidos pelos veículos automotores ou pela sua de Transporte.
carga, de acordo com o estabelecido no Art. 66, além
de dar apoio às ações específicas de órgão ambiental Junta Administra-
Art. 7º, VII -
local, quando solicitado; JARI - Art. 17 CTB. tiva de Recurso de
CTB.
Infração.
▷ Dica de leitura: Art. 225 CF/88.
▷ Lei nº 8.723, de 28-10-1993: dispõe sobre a redução Cada Município deno-
Art. 7º III - Órgãos Municipais - Art.
de emissão de poluentes por veículos automotores. mina o órgão como
CTB. 24 CTB.
XXI. Vistoriar veículos que necessitem de autorização bem entende.
especial para transitar (AET) e estabelecer os requi- Cada Estado da
sitos técnicos a serem observados para a circulação Art. 7º, VI - Policia Militar - Art. 23
federação delimita sua
desses veículos. CTB. CTB.
competência
§ 1º As competências relativas a órgão ou entidade muni-
cipal serão exercidas no Distrito Federal por seu órgão ou Art. 7º IV - Ex.: Departamento de
Ex.: DER.
CTB. Estrada e Rodagem.
entidade executivos de trânsito.
3. 2. Das Normas Gerais de Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas
vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e
Circulação e Conduta as boas condições de funcionamento dos equipamentos
de uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência
Estas normas procuram regular a convivência entre todos de combustível suficiente para chegar ao local de destino,
os usuários das vias terrestres, principalmente em locais não Obs.: (Arts. 180 e 230 IX do CTB, são referências de onde
sinalizados. É importante estudarmos essas regras, tendo em mais aparece o assunto).
mente o previsto no Art. 89, do CTB, no que se refere à ordem
de prevalência. Vejamos este dispositivo legal: Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio
de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indis-
Art. 89, do CTB. A sinalização terá a seguinte ordem pensáveis à segurança do trânsito,
de prevalência:
▷ Art. 169 do CTB, Art. 13, §1º, da CTVV.
I. As ordens do agente de trânsito sobre as normas de
circulação e outros sinais; Regras de Preferência de
II. As indicações do semáforo sobre os demais sinais;
III. As indicações dos sinais sobre as demais normas Passagem em Cruzamentos
de trânsito. As regras de preferências são utilizadas quando nenhum
outro tipo de sinalização está presente na via. Quando houver
Regras Gerais para Colocar sinalização, seguimos a ordem do Art. 89 já elencada.
um Veículo em Circulação ▷ Vejamos:
O usuário do sistema de trânsito, antes de utilizar a via pú- Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à
blica, deve se atentar às seguintes regras gerais: circulação obedecerá às seguintes normas:
O proprietário e o condutor serão responsabilizados sem- I. A circulação far-se-á pelo lado direito da via, admi-
pre que legalmente possível, individual ou solidariamente. tindo-se as exceções devidamente sinalizadas;
Vejamos o texto do CTB: ▷ Art. 184, 185 e 186 do CTB; Art. 10, § 1º, da CTVV.
Art. 257, § 2º. Ao proprietário caberá sempre a respon- II. O condutor deverá guardar distância de segurança
sabilidade pela infração referente à prévia regularização lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem
e preenchimento das formalidades e condições exigidas como em relação ao bordo da pista, considerando-se,
para o trânsito do veículo na via terrestre, conservação no momento, a velocidade e as condições do local, da
e inalterabilidade de suas características, componentes, circulação, do veículo e as condições climáticas;
agregados, habilitação legal e compatível de seus condu- ▷ Art. 192 e 201 do CTB; Art. 13, § 3º, da CTVV.
tores, quando esta for exigida, e outras disposições que III. Quando veículos, transitando por fluxos que se
deva observar. cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá
Ş
ŝ#-ŝŦ
§ 3º. Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infra- preferência de passagem:
ções decorrentes de atos praticados na direção do veículo. a) No caso de apenas um fluxo ser proveniente de
Observe este quadro de resumo rodovia, aquele que estiver circulando por ela;
b) No caso de rotatória, aquele que estiver circulan-
Responsabilidade Responsabilidade
do por ela;
pela penalidade pela infração
(R$) (Pontos na CNH)
c) Nos demais casos, o que vier pela direita do con-
dutor;
▷ Art. 215, I, do CTB.
Res. nº 109/99 Art. 257 Art. 257
Sempre terá §2º do §3º do Regras para Ultrapassagem
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
dade de passagem, respeitadas as demais normas de XI. Todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:
circulação; a) Indicar com antecedência a manobra pretendida,
acionando a luz indicadora de direção do veículo ou
▷ VII. Os veículos destinados a socorro de incêndio e sal- por meio de gesto convencional de braço;
vamento, os de polícia, os de fiscalização e operação ▷ Art. 196 do CTB.
de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de b) Afastar-se do usuário ou usuários aos quais ul-
trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e trapassa, de tal forma que deixe livre uma distância
parada, quando em serviço de urgência e devidamente lateral de segurança;
identificados por dispositivos regulamentares de alar- ▷ Art. 192 e 201 do CTB; Art. 11, §4º, da CTVV.
me sonoro e iluminação vermelha intermitente, obser- c) Retomar, após a efetivação da manobra, a faixa
vadas as seguintes disposições. de trânsito de origem, acionando a luz indicadora
▷ Arts. 189, 190, 222 e 230, XII e XIII, do CTB. de direção do veículo ou fazendo gesto convencio-
nal de braço, adotando os cuidados necessários
a) Quando os dispositivos estiverem acionados, in-
para não pôr em perigo ou obstruir o trânsito dos
dicando a proximidade dos veículos, todos os con- veículos que ultrapassou;
Ş
ŝ#-ŝŦ
dutores deverão deixar livre a passagem pela faixa XII. Os veículos que se deslocam sobre trilhos terão
da esquerda, indo para a direita da via e parando, preferência de passagem sobre os demais, respeita-
se necessário; das as normas de circulação.
b) Os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão ▷ Art. 212 do CTB.
aguardar no passeio, só atravessando a via quando o § 1º As normas de ultrapassagem previstas nas alíneas a
veículo já tiver passado pelo local; e b do inciso X e a e b do inciso XI aplicam-se à transpo-
sição de faixas, que pode ser realizada tanto pela faixa da
c) O uso de dispositivos de alarme sonoro e de ilu- esquerda como pela da direita.
minação vermelha intermitente só poderá ocorrer § 2º Respeitadas as normas de circulação e conduta es-
quando da efetiva prestação de serviço de urgência; tabelecidas neste Art., em ordem decrescente, os veículos
de maior porte serão sempre responsáveis pela seguran-
d) A prioridade de passagem na via e no cruzamento ça dos menores, os motorizados pelos não motorizados e,
deverá se dar com velocidade reduzida e com os de- juntos, pela incolumidade dos pedestres.
vidos cuidados de segurança, obedecidas as demais Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o se-
normas deste Código; gue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:
VIII. Os veículos prestadores de serviços de utilidade I. Se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-
pública, quando em atendimento na via, gozam de li- se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;
vre parada e estacionamento no local da prestação de II. Se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se
serviço, desde que devidamente sinalizados, devendo naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.
estar identificados na forma estabelecida pelo CON- ▷ Art. 198 do CTB.
TRAN; Art. 230, XII e XIII, do CTB; Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em
fila, deverão manter distância suficiente entre si para per-
▷ Resolução do CONTRAN nº 268, 15-02-2008: dispõe mitir que veículos que os ultrapassem possam se interca-
sobre o uso de luzes intermitentes ou rotativas em lar na fila com segurança.
veículos. Art. 31. O condutor que tenha o propósito de ultrapassar
IX. A ultrapassagem de outro veículo em movi- um veículo de transporte coletivo que esteja parado, efe-
mento deverá ser feita pela esquerda, obedecida tuando embarque ou desembarque de passageiros, deve-
a sinalização regulamentar e as demais normas es- rá reduzir a velocidade, dirigindo com atenção redobrada
tabelecidas neste Código, exceto quando o veículo ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.
a ser ultrapassado estiver sinalizando o propósito ▷ Art. 200 do CTB.
de entrar à esquerda; Art. 32. O condutor não poderá ultrapassar veículos em
▷ Arts. 199, 200 e 202, I, do CTB; Art. 11, § 1º, “A” a “C” vias com duplo sentido de direção e pista única, nos tre-
da CTVV. chos em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente,
nas passagens de nível, nas pontes e viadutos e nas tra-
X. Todo condutor deverá, antes de efetuar uma ultra- vessias de pedestres, exceto quando houver sinalização
passagem, certificar-se de que: permitindo a ultrapassagem.
a) Nenhum condutor que venha atrás haja começado ▷ Art. 203 do CTB.
uma manobra para ultrapassá-lo; Art. 33. Nas interseções e suas proximidades, o condutor
b) Quem o precede na mesma faixa de trânsito não não poderá efetuar ultrapassagem.
haja indicado o propósito de ultrapassar um terceiro; ▷ Art. 202, II, do CTB.
Regras para Manobras à Art. 39. Nas vias urbanas, a operação de retorno deverá
ser feita nos locais para isto determinados, quer por meio
Esquerda, à Direita e Retornos de sinalização, quer pela existência de locais apropriados,
Esse caso é muito encontrado em rodovias, em que se faz ou, ainda, em outros locais que ofereçam condições de
necessária a entrada a lotes lindeiros e quase sempre não exis- segurança e fluidez, observadas as características da via,
te nenhum tipo de sinalização. Nestes casos o motorista deve do veículo, das condições meteorológicas e da movimen-
sinalizar a manobra à direita, parar seu veículo no acostamen- tação de pedestres e ciclistas.
to, sinalizar a manobra à esquerda, ceder a preferência de pas- ▷ Art. 206 do CTB.
sagem aos pedestres, condutores de veículos não motorizados Portanto, levando-se em consideração que, em regra ge-
e aos condutores que estejam usando a via nos dois sentidos ral, no Brasil, os veículos transitem pelo lado direito, podemos
de circulação e depois efetuar a manobra de conversão. afirmar que, para uma conversão à direita, o condutor deve:
No caso de realizar uma conversão à esquerda, em uma via manter o seu conduzido mais à direita, sinalizar a intenção e
de sentido duplo de circulação, desprovida de acostamento, o executar a manobra.
condutor deve aproximar-se do eixo central divisor de faixas, Porém, quando se trata de realizar conversões para o lado
ceder a preferência a pedestres, veículos não motorizados e
esquerdo da via, há algumas peculiaridades às quais não se
outros veículos que circulem em sentido contrário e, só então,
realizar a manobra com segurança. pode aplicar a regra geral.
Em algumas vias, o local para aguardo fica sinalizado com Regras para o Uso de Luzes e Buzina
marcas de canalização viária, o que facilita muito a realização
da manobra. Quando se tratar do uso de luzes em veículos, tem-se de
Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra levar em conta o disposto no Art. 40 do CTB e seus incisos:
deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às seguin-
para os demais usuários da via que o seguem, precedem tes determinações:
ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua I. O condutor manterá acesos os faróis do veículo, uti-
direção e sua velocidade. lizando luz baixa, durante a noite e durante o dia nos
Art. 35. Antes de iniciar qualquer manobra que implique túneis providos de iluminação pública e nas rodovias;
um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar seu (NR, incluído pela Lei n.º 13.290, de 23 de maio de
propósito de forma clara e com a devida antecedência, 2016).
por meio da luz indicadora de direção de seu veículo, ou Art. 250, I, a e b do CTB.
fazendo gesto convencional de braço. Obs.: 1º com relação ao novo texto, e a 2º com relação a
▷ Art. 196 do CTB. referencia do artigo 250 I “a” e “b” do CTB
Parágrafo único. Entende-se por deslocamento lateral a II. Nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz
transposição de faixas, movimentos de conversão à direi- alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao segui-lo;
Ş
ŝ#-ŝŦ
ta, à esquerda e retornos. ▷ Art. 223 do CTB.
Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, procedente III. A troca de luz baixa e alta, de forma intermiten-
de um lote lindeiro a essa via, deverá dar preferência aos te e por curto período de tempo, com o objetivo de
veículos e pedestres que por ela estejam transitando. advertir outros motoristas, só poderá ser utilizada
▷ Arts. 214, V e 216 do CTB. para indicar a intenção de ultrapassar o veículo que
Art. 37. Nas vias providas de acostamento, a conversão à segue à frente ou para indicar a existência de risco à
esquerda e a operação de retorno deverão ser feitas nos segurança para os veículos que circulam no sentido
locais apropriados e, onde estes não existirem, o condutor contrário;
deverá aguardar no acostamento, à direita, para cruzar a ▷ Art. 251, II, do CTB.
pista com segurança. IV. O condutor manterá acesas pelo menos as luzes de
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
▷ Art. 204 do CTB. posição do veículo quando sob chuva forte, neblina
Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra ou cerração;
via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá: ▷ Art. 250,II, do CTB.
I. Ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o má- V. O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes
ximo possível do bordo direito da pista e executar sua situações:
manobra no menor espaço possível;
a) Em imobilizações ou situações de emergência;
II. Ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o
b) Quando a regulamentação da via assim o deter-
máximo possível de seu eixo ou da linha divisória da
minar;
pista, quando houver, caso se trate de uma pista com
circulação nos dois sentidos, ou do bordo esquerdo, ▷ Arts. 179 e 251, I, do CTB.
tratando-se de uma pista de um só sentido, VI. Durante a noite, em circulação, o condutor mante-
▷ Art. 197 do CTB. rá acesa a luz de placa;
Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de ▷ Art. 250, III, do CTB.
direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedes- VII. O condutor manterá acesas, à noite, as luzes de
tres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido posição quando o veículo estiver parado para fins de
contrário pela pista da via da qual vai sair, respeitadas embarque ou desembarque de passageiros e carga ou 661
as normas de preferência de passagem. descarga de mercadorias.
▷ Art. 249 do CTB.
662 Parágrafo único. Os veículos de transporte coletivo re-
80
gular de passageiros, quando circularem em faixas pró-
prias a eles destinadas, e os ciclos motorizados deverão
utilizar-se de farol de luz baixa durante o dia e a noite.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
40 km/h - coletora
II. Fora das áreas urbanas, quando for conveniente
advertir a um condutor que se tem o propósito de RODOVIA 90 ÔNIBUS
ultrapassá-lo. 30 KM/H - LOCAL PAVIMENTADA kM/H MICROÔNIBUS
(asfalto)
▷ Art. 227 do CTB. QUANDO ESTUDA-
▷ Resolução do CONTRAN nº 35 de 21-05-1998: esta- MOS A VELOCIDADE 80 DEMAIS
belece método de ensaio para medição de pressão MÁXIMA NA VIA kM/H VEÍCULOS
sonora por buzina ou equipamento similar. URBANA, CONSIDERA-
MOS A CLASSIFICAÇÃO TODOS OS
Art. 42. Nenhum condutor deverá frear bruscamente seu das VIAS ESTRADAS
60 VEÍCULOS INDE-
veículo, salvo por razões de segurança. SEM PENDENTE DE
kM/H
▷ Situações excepcionais do uso do sistema de ilu- QUANDO VAMOS ESTU- PAVIMENTO SUA CLASSIFI-
DAR A VELOCIDADE EM ASFÁLTICO CAÇÃO
minação: VIAS RURAIS, CONSIDE-
▷ A troca de luz alta e baixa por um curto período só RAMOS A CLASSIFICA-
é permitida para informar outros usuários da via de ÇÃO DOS VEÍCULOS E O
PAVIMENTO.
perigos na via, ou para alertar o veículo que vai à
frente de sua intenção de ultrapassá-lo.
▷ Os condutores de ciclos motorizados (motocicletas, Vale lembrar que, tanto o Art. 218 do CTB quanto a resolu-
motonetas, ciclomotor) deverão manter as luzes de ção nº 396/12 do CONTRAN, levam em conta critérios objeti-
seus conduzidos ligadas com facho baixo em todo o vos, não sendo, portanto, considerada infração a transgressão
deslocamento e mesmo durante o dia. de velocidade média desenvolvida na via, mesmo que essa
seja muito superior à velocidade estabelecida.
▷ Os condutores de veículos regulares de transporte
de passageiros, quando circulando em faixas pró- Somente existe punição para o excesso de velocidade ins-
tantânea, e apenas se sinalizada devidamente a via.
prias, devem manter ligado o farol no facho baixo,
Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá ob-
inclusive durante o dia.
servar constantemente as condições físicas da via, do
▷ Resolução do CONTRAN nº 36, de 21-05-1998: esta- veículo e da carga, as condições meteorológicas e a inten-
belece a forma de sinalização de advertência para os sidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de
veículos que, em situação de emergência, estiverem velocidade estabelecidos para a via, além de:
imobilizados no leito viário. I. Não obstruir a marcha normal dos demais veículos
em circulação sem causa justificada, transitando a
Regras de Limites de Velocidades uma velocidade anormalmente reduzida;
II. Sempre que quiser diminuir a velocidade de seu
Máxima e Mínima veículo deverá antes certificar-se de que pode fazê-lo
sem risco nem inconvenientes para os outros condu-
Velocidade Máxima tores, a não ser que haja perigo iminente;
A velocidade máxima da via deve ser estabelecida por III. Indicar, de forma clara, com a antecedência neces-
meio de sinalização vertical. Placas R-19 (Velocidade máxima sária e a sinalização devida, a manobra de redução de
permitida) como o exemplo a seguir: velocidade.
Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamen- e junto à guia da calçada (meio-fio), admitidas as exce-
to, o condutor do veículo deve demonstrar prudência ções devidamente sinalizadas.
especial, transitando em velocidade moderada, de forma ▷ Arts. 181, IV e 182, IV, do CTB.
que possa deter seu veículo com segurança para dar pas- § 1º Nas vias providas de acostamento, os veículos para-
sagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de dos, estacionados ou em operação de carga ou descarga
preferência. deverão estar situados fora da pista de rolamento.
Art. 45. Mesmo que a indicação luminosa do semáforo § 2º O estacionamento dos veículos motorizados de duas
lhe seja favorável, nenhum condutor pode entrar em uma rodas será feito em posição perpendicular à guia da cal-
interseção se houver possibilidade de ser obrigado a imo- çada (meio-fio) e junto a ela, salvo quando houver sinali-
bilizar o veículo na área do cruzamento, obstruindo ou zação que determine outra condição.
impedindo a passagem do trânsito transversal.
§ 3º O estacionamento dos veículos sem abandono do
▷ Art. 183 do CTB. condutor poderá ser feito somente nos locais previstos
Art. 46. Sempre que for necessária a imobilização tempo- neste Código ou naqueles regulamentados por sinaliza-
rária de um veículo no leito viário, em situação de emer- ção específica.
gência, deverá ser providenciada a imediata sinalização ▷ Resolução do CONTRAN nº 302, de 18-12-2008: de-
de advertência, na forma estabelecida pelo CONTRAN. fine e regulamenta as áreas de segurança e de esta-
▷ Arts. 179, 180, 225, I, do CTB. cionamentos específicos de veículos.
▷ Resolução do CONTRAN nº 36, de 22-05-1998: esta- Art. 49. O condutor e os passageiros não deverão abrir
belece a forma de sinalização de advertência para os a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer do veículo
veículos que, em situação de emergência, estiverem sem antes se certificarem de que isso não constitui peri-
imobilizados no leito viário. go para eles e para outros usuários da via.
Quando se trata de velocidade, a primeira lembrança que ▷ Art. 24 da CTVV.
surge é a da desobediência e a da penalidade imposta quan- Parágrafo único. O embarque e o desembarque devem
do do descumprimento da norma. Para tanto, o CTB traz dois ocorrer sempre do lado da calçada, exceto para o condu-
dispositivos: o Art. 218 do CTB, que estabelece as regras no tor.
caso de descumprimento da velocidade máxima permitida. É
necessário que esse Art. seja utilizado de acordo com a reso- Art. 50. O uso de faixas laterais de domínio e das áreas
lução nº 396/12. adjacentes às estradas e rodovias obedecerá às condições
de segurança do trânsito estabelecidas pelo órgão ou enti-
Velocidade Mínima dade com circunscrição sobre a via.
Assim como o excesso de velocidade deve ser punido, o Art. 51. Nas vias internas pertencentes a condomínios
constituídos por unidades autônomas, a sinalização de
legislador também pensou no transtorno gerado se o condu-
regulamentação da via será implantada e mantida às ex-
tor desenvolve velocidade muito abaixo daquela estabelecida
Ş
ŝ#-ŝŦ
pensas do condomínio, após aprovação dos projetos pelo
para a via, uma vez que prejudica o fluxo viário ali estabeleci- órgão ou entidade com circunscrição sobre a via.
do. Para tanto, o CTB definiu de forma simples a velocidade
mínima a ser estabelecida na via. ▷ Arts. 2º, parágrafo único, 90, § 1º e 95, §1º, do CTB.
▷ Art. 62 do Código de Trânsito Brasileiro Regras para Veículos de Tração Animal,
É interessante ressaltar que existem exceções a esta regra,
quais sejam: Propulsão Humana, Ciclos e Motos
Art. 52. Os veículos de tração animal serão conduzidos
Regras de Estacionamento, Paradas pela direita da pista, junto à guia da calçada (meio-fio)
ou acostamento, sempre que não houver faixa especial
e Operações de Carga e de Descarga a eles destinada, devendo seus condutores obedecer, no
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
O uso da via pública não se restringe apenas à circulação que couber, às normas de circulação previstas neste Códi-
de veículos, mas também à utilização dos bordos da via para go e às que vierem a ser fixadas pelo órgão ou entidade
estacionamento, paradas, operações de embarque e desem- com circunscrição sobre a via.
barque de passageiros e de carga e de descarga, que devem Art. 53. Os animais isolados ou em grupos só podem cir-
seguir as normas gerais, quando não houver sinalização es- cular nas vias quando conduzidos por um guia, observado
pecífica. o seguinte:
Art. 47. Quando proibido o estacionamento na via, a I. Para facilitar os deslocamentos, os rebanhos deve-
parada deverá restringir-se ao tempo indispensável para rão ser divididos em grupos de tamanho moderado
embarque ou desembarque de passageiros, desde que e separados uns dos outros por espaços suficientes
não interrompa ou perturbe o fluxo de veículos ou a lo- para não obstruir o trânsito;
comoção de pedestres II. Os animais que circularem pela pista de rolamento
Parágrafo único. A operação de carga ou descarga será regu- deverão ser mantidos junto ao bordo da pista Art. 10,
lamentada pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a § 2º, da CTVV.
via e é considerada estacionamento. Art. 54. Os condutores de motocicletas, motonetas e ci-
Art. 48. Nas paradas, operações de carga ou descarga e clomotores só poderão circular nas vias.
nos estacionamentos, o veículo deverá ser posicionado no I. Utilizando capacete de segurança, com viseira ou 663
sentido do fluxo, paralelo ao bordo da pista de rolamento óculos protetores;
▷ Arts. 230, XI, e 244, I, do CTB. II. Vias rurais:
664 II. Segurando o guidom com as duas mãos; a) Rodovias;
▷ Art. 244, VII, do CTB. b) Estradas.
III. Usando vestuário de proteção, de acordo com as Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será
especificações do CONTRAN. indicada por meio de sinalização, obedecidas suas carac-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
da faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sempre 2) 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os
que não houver acostamento ou faixa própria a eles desti- demais veículos;
nada, proibida a sua circulação nas vias de trânsito rápido 3) oitenta quilômetros por hora, para os demais
e sobre as calçadas das vias urbanas. veículos;(Revogado)
b) nas rodovias de pista simples: sessenta quilôme-
Parágrafo único. Quando uma via comportar duas ou
tros por hora.
mais faixas de trânsito e a da direita for destinada ao uso
▷ Art. 218 do CTB
exclusivo de outro tipo de veículo, os ciclomotores deve-
rão circular pela faixa adjacente à da direita. § 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com
circunscrição sobre a via poderá regulamentar, por meio
▷ Arts. 185,I, 193 e 244, § 2º, do CTB. de sinalização, velocidades superiores ou inferiores àque-
Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a las estabelecidas no parágrafo anterior.
circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não hou- Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à
ver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas
for possível a utilização destes, nos bordos da pista de as condições operacionais de trânsito e da via.
rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamen- ▷ Art. 219 do CTB.
tado para a via, com preferência sobre os veículos auto- Art. 63. (VETADO)
motores.
Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circuns- Regras para o Uso do
crição sobre a via poderá autorizar a circulação de bicicle- Cinto de Segurança
tas no sentido contrário ao fluxo dos veículos automoto-
res, desde que dotado o trecho com ciclofaixa. Art. 64. As crianças com idade inferior a dez anos devem
ser transportadas nos bancos traseiros, salvo exceções re-
Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinaliza- gulamentadas pelo CONTRAN.
do pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via,
será permitida a circulação de bicicletas nos passeios.
▷ Art. 168 do CTB.
▷ Resolução do CONTRAN nº 277, de 28-05-2008: dis-
Classificação de Vias põe sobre o transporte de menores de 10 anos e a
De acordo com os últimos concursos, este tema merece utilização do dispositivo de retenção para o trans-
atenção, pois vem sendo cobrado com frequência. Esse assun- porte de crianças em veículos.
to é correlato com os limites de velocidade, e se forem estu- ▷ Resolução do CONTRAN nº 48/98 também fala so-
dados concomitantemente, ficará mais fácil para memorizar a bre o mesmo assunto.
matéria. Vejamos o texto de lei.
Art. 65. É obrigatório o uso do cinto de segurança para
Art. 60. As vias abertas à circulação, de acordo com sua condutor e passageiros em todas as vias do território na-
utilização, classificam-se em: cional, salvo em situações regulamentadas pelo CONTRAN.
I. Vias urbanas: ▷ A Resolução nº 518, do CONTRAN de 29 de Janeiro
a) Via de trânsito rápido; de 2015: estabelece os requisitos de instalação e os
b) Via arterial; procedimentos de ensaios de cintos de segurança,
c) Via coletora; ancoragem e apoios de cabeça dos veículos auto-
d) Via local; motores.
Art. 66. (VETADO) § 5º Entende-se como início de viagem a partida do veí-
Art. 67. As provas ou competições desportivas, inclusive culo na ida ou no retorno, com ou sem carga, consideran-
seus ensaios, em via aberta à circulação, só poderão ser do-se como sua continuação as partidas nos dias subse-
realizadas mediante prévia permissão da autoridade de quentes até o destino.
trânsito com circunscrição sobre a via e dependerão de: § 6º O condutor somente iniciará uma viagem após o
▷ Arts. 167 e 230, IX, do CTB. cumprimento integral do intervalo de descanso previsto
▷ Resolução do CONTRAN nº 278 de 28-05-2008: no § 3º deste artigo.
proíbe a utilização de dispositivos que travem, § 7º Nenhum transportador de cargas ou coletivo de
afrouxem ou modifiquem o funcionamento dos cin- passageiros, embarcador, consignatário de cargas,
tos de segurança. operador de terminais de carga, operador de transpor-
te multimodal de cargas ou agente de cargas ordenará
I. Autorização expressa da respectiva confederação a qualquer motorista a seu serviço, ainda que subcon-
desportiva ou de entidades estaduais a ela filiadas; tratado, que conduza veículo referido no caput sem a
II. Caução ou fiança para cobrir possíveis danos ma- observância do disposto no § 6º.
teriais à via; Art. 67-D. VETADO.
III. Contrato de seguro contra riscos e acidentes em
Art. 67-E. O motorista profissional é responsável por
favor de terceiros;
controlar e registrar o tempo de condução estipulado no
IV. Prévio recolhimento do valor correspondente aos Art. 67-C, com vistas à sua estrita observância.
custos operacionais em que o órgão ou entidade per-
§ 1º A não observância dos períodos de descanso estabe-
missionária incorrerá.
lecidos no Art. 67-C sujeitará o motorista profissional às
Parágrafo único. A autoridade com circunscrição sobre a penalidades daí decorrentes, previstas neste Código.
via arbitrará os valores mínimos da caução ou fiança e do
§ 2º O tempo de direção será controlado mediante regis-
contrato de seguro. Arts. 173, 174 e 308 do CTB.
trador instantâneo inalterável de velocidade e tempo e,
Novidade da legislação que alterou tanto o Deccreto-Lei ou por meio de anotação em diário de bordo, ou papeleta
nº 5.452, de 01-05-1943 (CLT) quanto a Lei nº 9.503, de 23-09- ou ficha de trabalho externo, ou por meios eletrônicos ins-
1997 (CTB), e outras três legislações. talados no veículo, conforme norma do Contran.
Art. 67-A. O disposto neste Capítulo aplica-se aos mo- § 3º O equipamento eletrônico ou registrador deverá fun-
toristas profissionais: (Redação dada pela Lei nº 13.103, cionar de forma independente de qualquer interferência do
de 2015) condutor, quanto aos dados registrados.
I. De transporte rodoviário coletivo de passageiros; § 4º A guarda, a preservação e a exatidão das informa-
II. De transporte rodoviário de cargas. ções contidas no equipamento registrador instantâneo
Art. 67-B. VETADO. LEI nº 12.619/12 inalterável de velocidade e de tempo são de responsabi-
lidade do condutor.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 67-C. É vedado ao motorista profissional dirigir por
mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas veículos de
transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de trans-
Regras para Pedestres e Condutores
porte rodoviário de cargas. de Veículos não Motorizados
§ 1º Serão observados 30 (trinta) minutos para descanso Os pedestres e os condutores de veículos não motorizados
dentro de cada 6 (seis) horas na condução de veículo de também devem seguir regras específicas no trânsito, as quais
transporte de carga, sendo facultado o seu fracionamento são tratadas nas normas gerais de circulação e ainda recebem
e o do tempo de direção desde que não ultrapassadas 5 um capítulo especial, capítulo IV, no CTB devido a sua impor-
(cinco) horas e meia contínuas no exercício da condução. tância.
§ 1º-A. Serão observados 30 (trinta) minutos para des- Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos pas-
canso a cada 4 (quatro) horas na condução de veículo
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
seios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos
rodoviário de passageiros, sendo facultado o seu fracio- acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a
namento e o do tempo de direção. autoridade competente permitir a utilização de parte da
§ 2º Em situações excepcionais de inobservância justifica- calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao
da do tempo de direção, devidamente registradas, o tem- fluxo de pedestres
po de direção poderá ser elevado pelo período necessário Neste momento, é interessante revisar o anexo I, do CTB,
para que o condutor, o veículo e a carga cheguem a um para as corretas definições de passeio e calçada.
lugar que ofereça a segurança e o atendimento demanda-
dos, desde que não haja comprometimento da segurança Passeio: parte da calçada ou da pista de rolamento, neste
rodoviária. último caso, separada por pintura ou elemento físico separa-
§ 3º O condutor é obrigado, dentro do período de 24 (vinte e dor, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva
quatro) horas, a observar o mínimo de 11 (onze) horas de des- de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.
canso, que podem ser fracionadas, usufruídas no veículo e Calçada: parte da via, normalmente segregada e em nível
coincidir com os intervalos mencionados no § 1º, observadas diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada
no primeiro período 8 (oito) horas ininterruptas de descanso. ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de
§ 4º Entende-se como tempo de direção ou de condução mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins.
apenas o período em que o condutor estiver efetivamente § 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equi- 665
ao volante, em curso entre a origem e o destino. para-se ao pedestre em direitos e deveres.
§ 2º Nas áreas urbanas, quando não houver passeios b) Onde não houver foco de pedestres, aguardar
666 ou quando não for possível a utilização destes, a cir- que o semáforo ou o agente de trânsito interrompa
culação de pedestres na pista de rolamento será fei- o fluxo de veículos;
ta com prioridade sobre os veículos, pelos bordos da III. Nas interseções e em suas proximidades, onde não
pista, em fila única, exceto em locais proibidos pela existam faixas de travessia, os pedestres devem atra-
sinalização e nas situações em que a segurança ficar vessar a via na continuação da calçada, observadas as
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Do Cidadão
Este é o capítulo V do CTB trata, principalmente, da res-
ponsabilidade do cidadão para com o trânsito seguro, devendo
todo o cidadão contribuir para melhorias no trânsito, indicando
&ĂŝdžĂĚĞƐƟŶĂĚĂĂƉĞĚĞƐƚƌĞƐ
Ş
ŝ#-ŝŦ
ne os procedimentos para implementação nas escolas Art. 77-A. São assegurados aos órgãos ou entidades com-
interessadas. ponentes do Sistema Nacional de Trânsito os mecanismos
instituídos nos Arts. 77-B a 77-E para a veiculação de men-
Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas sagens educativas de trânsito em todo o território nacional,
e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que em caráter suplementar às campanhas previstas nos Arts.
deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades 75 e 77.
do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos perío-
dos referentes às férias escolares, feriados prolongados e Art. acrescentado pela Lei nº 12.006, de 29-07-2009: que
à Semana Nacional de Trânsito. estabelece mecanismos para a veiculação de mensagens
educativas de trânsito, nas modalidades de propaganda
▷ Resolução do CONTRAN nº 30, de 21-05-1998: dis- que especifica, em caráter suplementar, as campanhas pre-
põe sobre campanhas permanentes de segurança
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
vistas nos Arts. 75 e 77.
no trânsito .
Art. 77-B. Toda peça publicitária destinada à divulgação
§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsi- ou promoção, nos meios de comunicação social, de pro-
to deverão promover outras campanhas no âmbito de sua duto oriundo da indústria automobilística ou afim, inclui-
circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais. rá, obrigatoriamente, mensagem educativa de trânsito a
▷ Resolução do CONTRAN nº 351 de 14 de Junho de 2010: ser conjuntamente veiculada.
estabelece procedimentos para veiculação de mensa- § 1º Para os efeitos dos Arts. 77-A a 77-E, consideram-se
gens educativas de trânsito em toda peça publicitária produtos oriundos da indústria automobilística ou afins
destinada à divulgação ou promoção, nos meios de I. Os veículos rodoviários automotores de qualquer
comunicação social, de produtos oriundos da indústria espécie, incluídos os de passageiros e os de carga
automobilística ou afins. II. Os componentes, as peças e os acessórios utiliza-
§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de cará- dos nos veículos mencionados no inciso I
ter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora § 2º O disposto no caput deste artigo aplica-se à propa-
de sons e imagens explorados pelo poder público são ganda de natureza comercial, veiculada por iniciativa do
obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência fabricante do produto, em qualquer das seguintes moda-
recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Na- lidades: 667
cional de Trânsito. I. Rádio;
II. Televisão; destinados ao órgão coordenador de Sistema Nacio-
668 III. Jornal; nal de Trânsito.
IV. Revista; Art. 79. Os órgãos e entidades executivos de trânsito
V. Outdoor. poderão firmar convênio com os órgãos de educação da
§ 3º Para efeito do disposto no § 2º, equiparam-se ao União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 87, VI -
o tenha colocado. Agente/ Condutor
CTB - Gestos
Art. 85. Os locais destinados pelo órgão ou entidade de
trânsito com circunscrição sobre a via à travessia de pe-
Art. 89, Par.
destres deverão ser sinalizados com faixas pintadas ou Único - CTB Cavaletes/ Placa (cor laranja) de
demarcadas no leito da via. Obras Caráter temporário ou transitório
Art. 86. Os locais destinados a postos de gasolina, oficinas,
estacionamentos ou garagens de uso coletivo deverão ter
suas entradas e saídas devidamente identificadas, na forma
Sinalização Vertical
regulamentada pelo CONTRAN. Placas de Regulamentação
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamentado de Constitui infração de trânsito somente o desrespeito à
que trata o inciso XVII do Art. 181 desta Lei deverão ser sina- sinalização de regulamentação. O infrator será autuado e, a
lizadas com as respectivas placas indicativas de destinação depender da transgressão, responderá por uma infração leve,
e com placas informando os dados sobre a infração por es- média, grave ou gravíssima. As placas de regulamentação têm
tacionamento indevido. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) a função imperativa de PROIBIR, OBRIGAR e RESTRINGIR.
▷ Resolução do CONTRAN nº 38, de 22-5-1998: regula- Por padrão, elas têm o formato circular com cor de fundo
menta o Art. 86 do Código de Trânsito Brasileiro, que branca e orla externa vermelhas, com inscrições em preto. Es-
dispõe sobre a identificação das entradas e saídas de tas placas sempre iniciarão com a letra “R” (podemos associar a
postos de gasolina e de abastecimento de combustí- regulamentação) e em seguida um número, para facilitar a iden-
veis, oficinas, estacionamentos e/ou garagens de uso tificação.
coletivo. O anexo II apresenta duas exceções de formato, sendo
Art. 87. Os sinais de trânsito classificam-se em: uma a R-1 (octogonal) que significa parada obrigatória e R-2
I. Verticais; (triangular) que significa de a preferência.
II. Horizontais; O motivo dessas exceções é que outros usuários da via
III. Dispositivos de sinalização auxiliar; também saibam do conteúdo de sua regulamentação dada a
IV. Luminosos; sua importância, mesmo se aproximando de um cruzamento, 669
V. Sonoros; no sentido contrário do fluxo desta via.
Placas de Advertência Art. 181, XIII. Proíbe o estacionamento do veículo onde
670 houver sinalização horizontal delimitadora de ponto de
As placas de advertência não obrigam e nem proíbem
nada. Sua função é simplesmente de ALERTAR e dar aos usuá- embarque e desembarque de passageiro de transporte
rios da via condições de potencial perigo. coletivo - MÉDIA;
O formato é o quadrado, porém é colocada de uma forma Art. 182, VI. Proíbe a parada do veículo sobre faixa destinada
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
inclinada, justamente para chamar a atenção. A cor de fundo é a pedestres e marcas de canalização-LEVE;
amarela com orla interna preta e externa amarela e inscrições/ Art. 182, VII. Proíbe a parada do veículo na área de cruza-
caracteres em preto.
mento de vias- MÉDIA;
Estas placas são chamadas de “A” (podemos associar “A”
de advertência) seguidas de um número que as identifica. Art. 185, I. Quando o veículo estiver em movimento, deixar
ї Existem duas exceções no formato: de conservá-lo na faixa a ele destinada (ultrapassagem e
passagem) - MÉDIA;
▷ Placa A-26 a - sentido único - formato retangular
▷ Placa A-26 b - sentido duplo - formato retangular Art. 193. Proíbe o trânsito em ciclovias e ciclofaixas e mar-
▷ Placa A-41 - cruz de Santo André - adverte o con- cas de canalização - GRAVISSIMA x 3;
dutor da existência, no local de um cruzamento, de Art. 203, II. Ultrapassar na contramão nas faixas de pe-
linha férrea em nível. destre - GRAVÍSSIMA; Fator multiplicativo de “X5”
ї Existe ainda uma exceção com relação à cor de fundo de Art. 203, V. Proíbe a ultrapassagem pela contramão onde
uma placa de advertência:
houver linha de divisão de fluxos opostos do tipo linha
▷ Placa “A” - Na sinalização de obras, o fundo e a orla
Ş
ŝ#-ŝŦ
Contínua e
Continua Mesmo Sentido seccionada
Somente simples
(branca)
Seccionada
Ou nas laterais (bordo da pista) nas cores amarela ou bran-
Continuada /
ca.
parada obrigatória ї Marcas transversais (MT): marcas que atravessam a
Retenção pista. Exemplos: faixas de pedestres, obstáculo transver-
Seccionada/ sal (lombada), faixa de estímulo à redução de velocidade.
dê a preferência
Amarela
Transversal
Zebrada Calçada
Travessia de
pedestre
Paralela
Cruzamento Rodocicloviário
Ş
ŝ#-ŝŦ
Área de Conflito
Continuação da Classificação
Calçada
Separar fluxo de sentidos
opostos (Amarela)
Canalizador
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Separa Fluxo de mesmo ї Marcas de canalização (MC): servem para orientar, se-
sentido (Branca) parar, ordenar retorno, acelerar, desacelerar veículos.
DĂƌĐĂĚĞĂůƚĞƌŶąŶĐŝĂĚŽŵŽǀŝŵĞŶƚŽĚĞĨĂŝdžĂƐƉŽƌƐĞŶƟĚŽ
Principais funções
Amarela
Acomodar canteiro central
ônibus
Amarela
ї Marcas de delimitação e controle de estacionamen-
to e/ou parada (MD): marcas que servem para delimi-
tar onde é:
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Calçada
Opcional
ônibus
Amarela
Calçada
Calçada
ї Delimitadores - reforçam as marcas viárias. Para melho-
Estacionamento em áreas isoladas rar a percepção dos condutores com ou sem elementos
refletivos.
ůĞŵĞŶƚŽZĞŇĞƟǀŽ
Ş
ŝ#-ŝŦ
Calçada
“Permitido parar ou estacionar” (marcação branca) ou,
“Proibido parar ou estacionar” (marcação amarela) ou, “Res-
trito parar ou estacionar”, no caso de estacionamento privati- Tartaruga
vo para serviço de saúde, e em casos de ciclofaixa ou ciclovias
(marcação vermelha). Vaga destinada a pessoas com necessi-
dades especiais (marcação azul).
ї Inscrição no pavimento (IP): orientam a operacionali-
zação da via, melhorando a visibilidade, para que os con-
Calota
dutores tenham tempo hábil para tomar atitudes seguras.
Tachinha
Retorno à
Siga em frente Vire à esquerda Vire à direita
direita
Tachão
Retorno à Siga em frente Siga em frente quebra mola
esquerda ou vire à direita ou vire à esquerda
Ş
ŝ#-ŝŦ
§ 1º. O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição
sobre a via é responsável pela implantação da sinalização,
respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta co-
locação. Art. 51 do CTB
§ 2º. O CONTRAN editará normas complementares no que
se refere à interpretação, colocação e uso da sinalização.
▷ Resolução CONTRAN nº 180, de 21-02-07: aprova o
Volume I - Sinalização Vertical de Regulamentação,
Luz interminante do Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Da Engenharia de Tráfego
Assim como a sinalização deve atender parâmetros para
garantir a segurança e a padronização, deve também as obras,
que tem impacto direto no fluxo de uma via, ter sua parcela de
ї Proteção - Defensas metálicas ou concreto, podem ser responsabilidade com os efeitos causados com o tempo.
simples ou dupla. Neste capítulo, observar-se á, ainda, que operações e fis-
calização têm de se ater a todo um disposto legal, para que o
830 870
▷ Resolução do CONTRAN nº 302, de 18-12-2008: de- cimento ou remuneração devida enquanto permane-
fine e regulamenta as áreas de segurança e de esta- cer a irregularidade.
cionamentos específicos de veículos.
▷ Resolução do CONTRAN nº 390, de 11-08-2011: dispõe 3. 4. Dos Veículos
sobre a padronização dos procedimentos administra- Para que um veículo possa ser produzido ou importado
tivos na lavratura de auto de infração, na expedição de para o País, é necessário que atenda a padrões de segurança e
notificação de autuação e de notificação de penalidades que se tenha registro no SNT por meio do (RENAVAM) Regis-
por infrações de responsabilidade de pessoas físicas ou
tro Nacional de Veículos Automotores, para que possa receber
jurídicas, sem a utilização de veículos.
uma placa de identificação que o acompanhará até sua baixa
Art. 94. Qualquer obstáculo à livre circulação e à segu-
rança de veículos e pedestres, tanto na via quanto na definitiva, sendo vedado o reaproveitamento em outro veículo.
calçada, caso não possa ser retirado, deve ser devida e Assim, o capítulo IX do CTB especifica os veículos com suas
imediatamente sinalizado. classificações, finalidades e equipamentos de segurança indis-
▷ Art. 95, § 4º, do CTB; pensáveis.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Parágrafo único. É proibida a utilização das ondulações Todos os veículos são classificados no Art. 96 e seguintes
transversais e de sonorizadores como redutores de velo- do CTB.
cidade, salvo em casos especiais definidos pelo órgão ou Sendo assim, vejamos o texto do CTB e, na sequência, al-
entidade competente, nos padrões e critérios estabeleci- guns quadros resumo.
dos pelo CONTRAN.
▷ Art. 334 do CTB. Classificação de Veículos - Art. 96 CTB
▷ Resolução do CONTRAN n.º 600 de 24-05-2016, es-
tabelece os padrões e critérios para a instalação de
ondulação transversal (lombada física) em vias pú- Espécie - INC II
Tração - INC I Categoria -
blicas, disciplinada pelo parágrafo único do art. 94 INC III
do Código de Trânsito Brasileiro e proíbe a utilização
de tachas, tachões e dispositivos similares implanta- a) passageiro
a) automotor
dos transversalmente à via pública. a) oficial
Art. 95. Nenhuma obra ou evento que possa perturbar ou b) carga
interromper a livre circulação de veículos e pedestres, ou b) elétrico b) repre.
colocar em risco sua segurança, será iniciada sem permis- diplom.
são prévia do órgão ou entidade de trânsito com circuns- c) misto
crição sobre a via. c) pro.
humana
▷ Arts. 21, IX, e 24, IX, do CTB; c) particular
▷ Resolução do CONTRAN nº 371, de 10-12-2010: apro- d) competição
va o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, d) tração d) aluguel
Volume I - Infrações de competência municipal, in- animal e) tração
cluindo as concorrentes dos órgãos e entidades es-
taduais de trânsito e rodoviários. e) aprendiza-
e) rebo./ gem
§ 1º. A obrigação de sinalizar é do responsável pela execu- semirrebo- f) especial
ção ou manutenção da obra ou do evento. que
§ 2º. Salvo em casos de emergência, a autoridade de trân- g) coleção
sito com circunscrição sobre a via avisará a comunidade,
por intermédio dos meios de comunicação social, com
quarenta e oito horas de antecedência, de qualquer inter- Da Classificação dos Veículos
dição da via, indicando-se os caminhos alternativos a serem Art. 96. Os veículos classificam-se em:
utilizados.
§ 3º O descumprimento do disposto neste artigo será Quanto à Tração
punido com multa de R$ 81,35 (oitenta e um reais e I. Quanto à tração:
trinta e cinco centavos) a R$ 488,10 (quatrocentos e a) Automotor;
oitenta e oito reais e dez centavos), independente- b) Elétrico;
mente das cominações cíveis e penais cabíveis, além
de multa diária no mesmo valor até a regularização c) De propulsão humana;
da situação, a partir do prazo final concedido pela au- d) De tração animal;
toridade de trânsito, levando-se em consideração a e) Reboque ou semirreboque;
5. Caminhonete;
Classificação de veículos Todo veículo que circule com
seus(s) motor (es) próprio(s) 6. Caminhão;
- Art. 96 CTB
e que consome algum tido de 7. Reboque ou semirreboque;
combustível - serve para deslo-
camento viários inclusive conta- 8 - Carroça;
Tração - inc I tados a linhas elétricas - trólebus 9 - Carro de mão;
e bondes, estes sobre trilhos.
Excluem-se deste conceito os c) Misto:
trens e metrôs e qualquer tipo
de composição similar a estas
1 - Camioneta;
a) automotor
duas ultimas citadas. 2 - Utilitário;
3 - Outros;
É uma classificação que o CTB
b) elétrico não apresenta conceituação
De Competição;
mais elaborada, porém pode- e) De Tração:
mos concluir que o legislador e o
CONTRAN previram a possibili-
1 - Caminhão-trator;
c) propulsão Humana dade de Registro, Licenciamento 2 - Trator de rodas;
destes veículos, bem como
Habilitação de seus conduto- 3 - Trator de esteiras;
res. Arts. 120,130,140 res. do 4 - Trator misto;
d) tração animal COTRAN nº 444 de 25-06-13
Especial;
No anexo I, temos a previsão g) De coleção;
da Bicicleta/Carro de Mão/
e) rebo. /semirreboque Ciclo. Existe previsão no CTB de Classificação e Veículos - Art. 96 CTB
regulamentação municipal, logi-
camente desde que o municipio
tenha efetivado sua integração
Espécie - inciso II
ao SNT através de pedido ao
Não de deslocam DENATRAN e seja autorizado
sozinhos necessitando por este a criação daquele órgão
sempre de outros executivo de trânsito municipal. Bicicleta, ciclomotor, motoneta, motocicle-
veículos para tracioná- Art. 24, XVII e XVIII e Art. 129 ta, triciclo, quadriciclo, bonde, semirrebo-
-los; Unidade tratora+ a) passageiro
que/reboque, charrete. Exclusivamente:
reboque engatado = Veí- automóvel/micro-ônibus/ ônibus.
culo conjugado. Unidade No anexo I, temos as seguintes
tratora + Semirreboqure previsões: Carroças - destinados
Apoiado = Veículo a transportar Carga, e Charretes Motoneta, motocicleta, triciclo, quadriciclo
Articulado - destinadas a transportar e reboque /semirreboque. Exclusivamen-
Ş
ŝ#-ŝŦ
pessoas e bagagens. Seguem b) carga
te: carroça, carro de mão, caminhonete,
a mesma regra com relação caminhão.
a municipalização e devida
regulamentação. Art. 24, XVII e
XVIII e Art. 129.
Caminhoneta (pass.+carga), utilitário (Off
c) misto Road), outros Ex.: Veículos ( Funerária,
Quanto à Espécie Ambulância, Viaturas).
II. Quanto à espécie:
a) De passageiros: Art. 110 CTB - Res. do CONTRAN nº 292
1. Bicicleta; d) competição
veículo que circulavam nas vias e foram al-
terado para competir, e veículos protótipos
2. Ciclomotor; criados para competir( Ex. Fórmula 1).
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
3. Motoneta;
4. Motocicleta; Caminhão trator, trator Art. 144 CTB e
5. Triciclo; e) tração 115 §4º, de rodas de esteiras e misto Res.
CONTRAN nº 281 e 14.
6. Quadriciclo;
7. Automóvel;
8. Micro-ônibus; Lei nº 12.452/11 - Trailer e Motor -
f) especial
casa (automotor).
9. Ônibus;
10. Bonde;
Res. CONTRAN nº 127 de 21/08/01 mais
11. Reboque ou semirreboque; de 30 anos de fabricação - ostenta valor
12. Charrete; g) coleção histórico - conserva características originais
e o pleno funcionamento dos equipamentos
b) De carga: de segurança fabricados.
1. Motoneta;
2. Motocicleta; Quanto à Categoria
3. Triciclo; III. Quanto à categoria: 675
4. Quadriciclo; a) Oficial;
b) De representação diplomática, de reparti- ▷ Resolução do CONTRAN nº 479, de 20 de março de
676 ções consulares de carreira ou organismos interna- 2014 altera o Art. 6º da Resolução CONTRAN nº
cionais acreditados junto ao Governo brasileiro; 292, de 09 de agosto de 2008, que dispõe sobre
c) Particular; modificações de veículos previstas nos Arts. 98 e
106 da Lei nº 9503, de 23 de setembro de 1997, que
d) De aluguel; instituiu o Código de Trânsito Brasileiro.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Ş
ŝ#-ŝŦ
§ 2º (VETADO) ▷ Resolução do CONTRAN nº 534, de 17-06-2015, a
§ 3º (VETADO) qual dispõe sobre a obrigatoriedade do uso do
§ 4º (VETADO) sistema antitravamento das rodas – ABS.
§ 5º Será aplicada a medida administrativa de retenção § 1º O CONTRAN disciplinará o uso dos equipamentos
aos veículos reprovados na inspeção de segurança e na obrigatórios dos veículos e determinará suas especifi-
de emissão de gases poluentes e ruído. cações técnicas.
§ 6º Estarão isentos da inspeção de que trata o caput, § 2º Nenhum veículo poderá transitar com equipa-
durante 3 (três) anos a partir do primeiro licenciamen- mento ou acessório proibido, sendo o infrator sujeito
to, os veículos novos classificados na categoria parti- às penalidades e medidas administrativas previstas
cular, com capacidade para até 7 (sete) passageiros,
desde que mantenham suas características originais neste Código.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
▷
Equipamentos de segurança(2 = ABS
Art. 248 do CTB. e airbags para motorista e passageiros)
Ano de fabricação (X = 2002)
Art. 110. O veículo que tiver alterada qualquer de suas Local de fabricação
(4 = São José dos Pinhais)
características para competição ou finalidade análoga
* 9 B WH E 2 1 J X2 4 0 60 96 0 *
só poderá circular nas vias públicas com licença espe- ŝŐŝƚŽǀĞƌŝĮĐĂĚŽƌ
cial da autoridade de trânsito, em itinerário e horário (Controle interno) Número de série
Modelo ( 1 J = Golf) do carro (060960)
fixados.
Fabricante (W = Volkswagen)
Art. 111. É vedado, nas áreas envidraçadas do veículo: País de Origem (B = Brasil)
I. (VETADO) ZĞŐŝĆŽŐĞŽŐƌĄĮĐĂ;ϵсŵĠƌŝĐĂĚŽ^ƵůͿ
ї Vejamos a previsão do texto legal, bem como as reso- cutar trabalhos de construção ou de pavimentação são
luções pertinentes: sujeitos ao registro na repartição competente, se tran-
Art. 114. O veículo será identificado obrigatoriamente sitarem em via pública, dispensados o licenciamento e
por caracteres gravados no chassi ou no monobloco, o emplacamento.
reproduzidos em outras partes, conforme dispuser o (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)
CONTRAN. § 4º-A. Os tratores e demais aparelhos automotores
▷ Resolução do CONTRAN nº 24 de 21-5-1998: estabe- destinados a puxar ou a arrastar maquinaria agrícola
lece o critério de identificação de veículos; ou a executar trabalhos agrícolas, desde que faculta-
▷ Resolução do CONTRAN nº 332, de 28-09-2009: dos a transitar em via pública, são sujeitos ao registro
dispõe sobre identificações de veículos importados único, sem ônus, em cadastro específico do Ministério
por detentores de privilégios e imunidades em todo da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, acessível
o território nacional. aos componentes do Sistema Nacional de Trânsito.
▷ Resolução do CONTRAN nº 433, de 23-01-2013: alte- (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)
ra a Resolução nº 412, de 09 de agosto de 2012, que § 5º O disposto neste artigo não se aplica aos veículos
dispõe sobre a implantação do Sistema Nacional de de uso bélico.
Identificação Automática de Veículos - SINIAV. § 6º Os veículos de duas ou três rodas são dispensados
§ 1º A gravação será realizada pelo fabricante ou mon- da placa dianteira.
tador, de modo a identificar o veículo, seu fabricante e § 7º Excepcionalmente, mediante autorização específica
as suas características, além do ano de fabricação, que e fundamentada das respectivas corregedorias e com a
não poderá ser alterado. devida comunicação aos órgãos de trânsito competen-
§ 2º As regravações, quando necessárias, dependerão tes, os veículos utilizados por membros do Poder Judi-
de prévia autorização da autoridade executiva de trân- ciário e do Ministério Público que exerçam competência
sito e somente serão processadas por estabelecimento ou atribuição criminal poderão temporariamente ter
por ela credenciado, mediante a comprovação de pro-
priedade do veículo, mantida a mesma identificação placas especiais, de forma a impedir a identificação de
anterior, inclusive o ano de fabricação. seus usuários específicos, na forma de regulamento a ser
§ 3º Nenhum proprietário poderá, sem prévia permis- emitido, conjuntamente, pelo Conselho Nacional de Jus-
são da autoridade executiva de trânsito, fazer, ou orde- tiça - CNJ, pelo Conselho Nacional do Ministério Público -
nar que se faça, modificações da identificação de seu CNMP e pelo Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN.
veículo. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
Art. 115. O veículo será identificado externamente por § 8° Os veículos artesanais utilizados para trabalho agrí-
meio de placas dianteira e traseira, sendo esta lacrada cola (jericos), para efeito do registro de que trata o § 4°
em sua estrutura, obedecidas as especificações e mo- -A, ficam dispensados da exigência prevista no Art. 106.
delos estabelecidos pelo CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ Resolução do CONTRAN nº 231, de 15-03-2007: es- § 9º As placas que possuírem tecnologia que permita
tabelece o Sistema de Placas de Identificação de a identificação do veículo ao qual estão atreladas são
Veículos. dispensadas da utilização do lacre previsto no caput, na
§ 1º Os caracteres das placas serão individualizados forma a ser regulamentada pelo Contran.
para cada veículo e o acompanharão até a baixa do re- Art. 116. Os veículos de propriedade da União, dos Es-
gistro, sendo vedado seu reaproveitamento. tados e do Distrito Federal, devidamente registrados
§ 2º As placas com as cores verde e amarela da Bandeira e licenciados, somente quando estritamente usados
Nacional serão usadas somente pelos veículos de repre- em serviço reservado de caráter policial, poderão usar
sentação pessoal do Presidente e do Vice-Presidente placas particulares, obedecidos os critérios e limites
da República, dos Presidentes do Senado Federal e da estabelecidos pela legislação que regulamenta o uso
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
tras providencias.
Art. 119. As repartições aduaneiras e os órgãos de ▷ Resolução do CONTRAN nº 797, de 16-05-1995: define
controle de fronteira comunicarão diretamente ao RE- a abrangência do termo “viatura militar”, para o SNT.
NAVAM a entrada e saída temporária ou definitiva de Art. 121. Registrado o veículo, expedir-se-á o Certifica-
veículos. do de Registro de Veículo - CRV de acordo com os mo-
§ 1º Os veículos licenciados no exterior não poderão delos e especificações estabelecidos pelo CONTRAN,
sair do território nacional sem o prévio pagamento contendo as características e condições de invulnera-
ou o depósito, judicial ou administrativo, dos valores bilidade à falsificação e à adulteração.
correspondentes às infrações de trânsito cometidas e ▷ Art. 311 do Dececreto-Lei nº 2.848/1940.
ao ressarcimento de danos que tiverem causado ao
patrimônio público ou de particulares, independente- Art. 122. Para a expedição do Certificado de Registro
mente da fase do processo administrativo ou judicial de Veículo o órgão executivo de trânsito consultará o
envolvendo a questão. cadastro do RENAVAM e exigirá do proprietário os se-
guintes documentos:
§ 2º Os veículos que saírem do território nacional sem o
cumprimento do disposto no § 1º e que posteriormente I. Nota fiscal fornecida pelo fabricante ou revende-
dor, ou documento equivalente expedido por auto-
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
belece, para efeito da fiscalização, forma para com-
provação do exame de inspeção veicular. os únicos veículos automotores que estão isentos do uso
Art. 125. As informações sobre o chassi, o monobloco, de placas de identificação, bem como do referido registro
os agregados e as características originais do veículo e do licenciamento.
deverão ser prestadas ao RENAVAM: Art. 130. Todo veículo automotor, elétrico, articulado,
I. Pelo fabricante ou montadora, antes da comer- reboque ou semirreboque, para transitar na via, deve-
cialização, no caso de veículo nacional; rá ser licenciado anualmente pelo órgão executivo de
II. Pelo órgão alfandegário, no caso de veículo im- trânsito do Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver
portado por pessoa física; registrado o veículo.
III. Pelo importador, no caso de veículo importado ▷ Art. 230, V, do CTB.
por pessoa jurídica.
§ 1º O disposto neste Art. não se aplica a veículo de
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
ciamento e terão sua circulação regulada pelo CON- culos devem obedecer a critérios mais rígidos de segurança.
TRAN durante o trajeto entre a fábrica e o Município Art. 136. Os veículos especialmente destinados à con-
de destino. dução coletiva de escolares somente poderão circular
§ 1º O disposto neste Art. aplica-se, igualmente, aos veí- nas vias com autorização emitida pelo órgão ou enti-
culos importados, durante o trajeto entre a alfândega ou dade executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
Federal, exigindo-se, para tanto:
entreposto alfandegário e o Município de destino.
▷ Art. 230, XX, e 329 do CTB.
Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de Licen-
I. Registro como veículo de passageiros;
ciamento Anual.
II. Inspeção semestral para verificação dos equipa-
Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no mentos obrigatórios e de segurança;
momento da fiscalização, for possível ter acesso ao de-
III. Pintura de faixa horizontal na cor amarela, com
vido sistema informatizado para verificar se o veículo quarenta centímetros de largura, à meia altura, em
está licenciado. toda a extensão das partes laterais e traseira da
▷ Resolução do CONTRAN nº 205, de 20-10-2006: dis- carroçaria, com o dístico ESCOLAR, em preto, sen-
Ş
ŝ#-ŝŦ
põe sobre os documentos de porte obrigatório e dá do que, em caso de veículo de carroçaria pintada
outras providências. na cor amarela, as cores aqui indicadas devem ser
▷ Art. 232 do CTB. invertidas;
▷ Art. 237 do CTB.
Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o
proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão exe- IV. Equipamento registrador instantâneo inalterá-
vel de velocidade e tempo;
cutivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de
▷ Resolução do CONTRAN nº 406, de 12-6-2012: alte-
30 (trinta dias), cópia autenticada do comprovante de
ra a Resolução nº 92, de 4 de maio de 1999, dispõe
transferência de propriedade, devidamente assinado e sobre requisitos técnicos mínimos do registrador
datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidaria- instantâneo e inalterável de velocidade e tempo,
mente pelas penalidades impostas e suas reincidências conforme o Código de Trânsito Brasileiro.
até a data da comunicação. V. Lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispos-
Parágrafo único. O comprovante de transferência de tas nas extremidades da parte superior dianteira e
propriedade de que trata o caput poderá ser substituí- lanternas de luz vermelha dispostas na extremidade
do por documento eletrônico, na forma regulamentada superior da parte traseira;
pelo Contran. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) VI. Cintos de segurança em número igual à lotação;
VII. Outros requisitos e equipamentos obrigatórios
▷ Resolução do CONATRAN nº 476/14 com o seguinte
estabelecidos pelo CONTRAN.
texto: Acrescenta o Art. 3-A à Resolução CONTRAN
Art. 137. A autorização a que se refere o Art. anterior
nº 398, de 13 de dezembro de 2011, que estabelece deverá ser afixada na parte interna do veículo, em local
orientações e procedimentos a serem adotados para visível, com inscrição da lotação permitida, sendo veda-
a comunicação de venda de veículos, no intuito de da a condução de escolares em número superior à capa-
organizar e manter o Registro Nacional de Veículos cidade estabelecida pelo fabricante.
Automotores – RENAVAM, garantindo a atualização e Art. 138. O condutor de veículo destinado à condução de
o fluxo permanente de informações entre os órgãos e escolares deve satisfazer os seguintes requisitos:
entidades do Sistema Nacional. I. Ter idade superior a vinte e um anos;
Art. 135. Os veículos de aluguel, destinados ao transpor- II. Ser habilitado na categoria D;
te individual ou coletivo de passageiros de linhas regu- III. (VETADO)
lares ou empregados em qualquer serviço remunerado, IV. Não ter cometido nenhuma infração grave ou
para registro, licenciamento e respectivo emplacamento gravíssima, ou ser reincidente em infrações médias
de característica comercial, deverão estar devidamente durante os doze últimos meses;
autorizados pelo poder público concedente. V. Ser aprovado em curso especializado, nos ter-
mos da regulamentação do CONTRAN.
▷ Art. 231, VIII, e 329 do CTB.
▷ Resolução do CONTRAN n º 168, de 14-12-2004: es-
▷ Resolução do CONTRAN nº 378, de 02-8-2010: que tabelece Normas e Procedimentos para a formação
estabelece requisitos mínimos de segurança para o de condutores de veículos automotores e elétricos, a
transporte remunerado de passageiros (Mototaxi) e realização dos exames, a expedição de documentos
de cargas (motofrete) em motocicleta e motoneta. de habilitação, os cursos de formação, especializa-
dos, de reciclagem e dá outras providências. Art. 29, Uma vez que o candidato atingiu estes requisitos, previstos
30, 31 e 32 revogados pela Resolução do CONTRAN em lei, ele passa a ter direito adquirido, sendo um ato vinculado
nº 360/10. da administração, não cabendo ato discricionário (de não con-
Art. 139. O disposto neste Capítulo não exclui a com- ceder) da autoridade de trânsito. Já de posse de sua permissão
petência municipal de aplicar as exigências previstas provisória para conduzir veículo (tanto para CNH quanto para
em seus regulamentos, para o transporte de escola ACC- Autorização para Conduzir Ciclos) ele passará, durante um
Resolução. ano, por um período probatório, para só depois receber a habi-
litação definitiva.
Da Condução de Moto Frete Para as aulas práticas e testes práticos, serão sempre utili-
zados os veículos medianos da categoria.
A motocicleta, como já vimos, é um veículo de transporte
de passageiros e ou de transporte de carga. Porém, quando tal Registro e Comparativo básicos
transporte for realizado de forma remunerada, deve-se aten- Licenciamento entre ACC e CNH
de Ciclos com-
der certos critérios de segurança, que foram incluídos no CTB petência dos Caráter de
pela Lei nº 12.009, de 29-07-2009: Municípios (Art. Licença
O Capítulo XIII-A do CTB foi acrescido pela referida lei, e 24 do CTB) Período de prova
regulamenta o exercício das atividades de mototaxista, moto- 1 ano (permissão) Pena principal,
boy e moto frete. Caráter de Baseada no CTB
(Art. 291 ao 312)
▷ Resolução nº 414 09-08-12, que regulamenta os cur- autorização
sos especializados obrigatórios destinados a profis- ACC CNH
Pena substitu- É possível a
sionais em transporte de passageiros (mototaxista) tiva: interdição aplicação
e em entrega de mercadorias (motofretista) que temporária de de outras
exerçam atividades remuneradas na condução de direitos, medidas
motocicletas e motonetas. baseado no CP pecuniária ou
(Art. 47 III) administrativas
Art. 139-A. As motocicletas e motonetas destinadas
ao transporte remunerado de mercadorias - motofrete
- somente poderão circular nas vias com autorização Art. 140. A habilitação para conduzir veículo automo-
tor e elétrico será apurada por meio de exames que
emitida pelo órgão ou entidade executivo de trânsito deverão ser realizados junto ao órgão ou entidade exe-
dos Estados e do Distrito Federal, exigindo-se, para cutivos do Estado ou do Distrito Federal, do domicílio
tanto: ou residência do candidato, ou na sede estadual ou dis-
▷ Art. 244, VIII e IX, do CTB. trital do próprio órgão, devendo o condutor preencher
I. Registro como veículo da categoria de aluguel; os seguintes requisitos:
II. Instalação de protetor de motor mata-cachorro, ▷ Resolução do CONTRAN nº 265, de 14-12-2007: dis-
Ş
ŝ#-ŝŦ
fixado no chassi do veículo, destinado a proteger o põe sobre a formação teórico-técnica do processo
motor e a perna do condutor em caso de tomba- de habilitação de condutores de veículos automo-
mento, nos termos de regulamentação do Conse- tores elétricos como atividade extracurricular no
lho Nacional de Trânsito - CONTRAN; Ensino Médio e define os procedimentos para imple-
III. Instalação de aparador de linha antena corta-pi- mentação nas escolas interessadas.
pas, nos termos de regulamentação do CONTRAN; I. Ser penalmente imputável;
IV. Inspeção semestral para verificação dos equipa- ▷ Art. 26 a 28 do Decreto-Lei nº 2.848 de 07 dez de
mentos obrigatórios e de segurança. 1940. (Código Penal).
§ 1º A instalação ou incorporação de dispositivos para II. Saber ler e escrever;
transporte de cargas deve estar de acordo com a regu- III. Possuir Carteira de Identidade ou equivalente.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
lamentação do CONTRAN.
Parágrafo único. As informações do candidato à habi-
§ 2º É proibido o transporte de combustíveis, produ- litação serão cadastradas no RENACH.
tos inflamáveis ou tóxicos e de galões nos veículos de
▷ Resolução do CONTRAN nº 432, de 23-01-2013: dis-
que trata este artigo, com exceção do gás de cozinha
e de galões contendo água mineral, desde que com o põe sobre os procedimentos a serem adotados pelas
auxílio de side-car, nos termos de regulamentação do autoridades de trânsito e seus agentes, na fiscaliza-
CONTRAN. ção do consumo de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência, para apli-
Art. 139-B. O disposto neste Capítulo não exclui a com-
petência municipal ou estadual de aplicar as exigências cação do disposto nos Arts. 165, 276, 277 e 306 da
previstas em seus regulamentos para as atividades de Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 - Código de
moto-frete no âmbito de suas circunscrições. Trânsito Brasileiro (CTB).
▷ Resolução do CONTRAN nº 361, de 29-09-2010 alte-
Da Habilitação ra a Resolução nº 287/2008 - CONTRAN, que dispõe
A condução de veículos só poderá ser feita por motorista sobre a regulamentação do procedimento de coleta
devidamente habilitado. E, para conseguir o documento de e armazenamento de impressão digital nos processos
habilitação, é necessário que o candidato cumpra os requisitos de habilitação, mudança ou adição de categoria e re- 683
legais. novação da Carteira Nacional de Habilitação - CNH.
▷ Resolução do CONTRAN nº 543, de 15-07-15, re- § 2º São os condutores da categoria B autorizados a con-
684 voga a Resolução CONTRAN nº 207, de 20 de duzir veículo automotor da espécie motor-casa, definida
outubro de 2006 e estabelece critérios de padro- nos termos do Anexo I deste Código, cujo peso não ex-
nização para funcionamento das Escolas Públicas ceda a 6.000 kg (seis mil quilogramas), ou cuja lotação
de Trânsito (SIMULADOR). não exceda a 8 (oito) lugares, excluído o do motorista.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Mesmo sendo apenas três os requisitos para se obter a Incluído pela Lei nº 12.452/11
habilitação, que estão previstos no Art. 140 do CTB, esta § 3º Aplica-se o disposto no inciso V ao condutor da
resolução do CONTRAN nº 168, de 14-12-2004, estabe- combinação de veículos com mais de uma unidade tra-
lece normas e procedimentos para a formação de con- cionada, independentemente da capacidade de tração
dutores de veículos automotores e elétricos, a realização ou do peso bruto total. (incluído pela Lei nº 12.452/11)
dos exames, a expedição de documentos de habilitação, Art. 144. O trator de roda, o trator de esteira, o trator
os cursos de formação, especializados, de reciclagem e misto ou o equipamento automotor destinado à movi-
dá outras providências. O candidato à habilitação tem mentação de cargas ou execução de trabalho agrícola,
que possuir CPF (Cadastro de Pessoa Física).Art. 141. O de terraplenagem, de construção ou de pavimentação
processo de habilitação, as normas relativas à aprendi- só podem ser conduzidos na via pública por condutor
zagem para conduzir veículos automotores e elétricos e habilitado nas categorias C, D ou E.
à autorização para conduzir ciclomotores serão regula- Parágrafo único. O trator de roda e os equipamentos
mentados pelo CONTRAN automotores destinados a executar trabalhos agrícolas
poderão ser conduzidos em via pública também por
§ 1º A autorização para conduzir veículos de propulsão
condutor habilitado na categoria B.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
§ 5º O condutor que exerce atividade remunerada ao veí- deverão fazer o exame previsto no § 1º no prazo de 1
culo terá essa informação incluída na sua Carteira Nacional (um) ano e 6 (seis) meses a contar da realização do
de Habilitação, conforme especificações do Conselho Na- disposto no caput.
cional de Trânsito - CONTRAN. § 4º É garantido o direito de contraprova e de recur-
Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva so administrativo no caso de resultado positivo para o
é assegurada acessibilidade de comunicação, me- exame de que trata o caput, nos termos das normas do
diante emprego de tecnologias assistivas ou de CONTRAN.
ajudas técnicas em todas as etapas do processo de § 5º A reprovação no exame previsto neste artigo.. terá
habilitação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). como consequência a suspensão do direito de dirigir
§ 1º O material didático audiovisual utilizado em aulas teó- pelo período de 3 (três) meses, condicionado o levan-
tamento da suspensão ao resultado negativo em novo
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
ricas dos cursos que precedem os exames previstos no Art.
147 desta Lei deve ser acessível, por meio de subtitulação exame, e vedada a aplicação de outras penalidades,
com legenda oculta associada à tradução simultânea em ainda que acessórias.
Libras. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). § 6º O resultado do exame somente será divulgado
§ 2º É assegurado também ao candidato com deficiência para o interessado e não poderá ser utilizado para fins
auditiva requerer, no ato de sua inscrição, os serviços de estranhos ao disposto neste Art. ou no § 6º do Art. 168
intérprete da Libras, para acompanhamento em aulas da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada
práticas e teóricas. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
Art. 148. Os exames de habilitação, exceto os de direção § 7º O exame será realizado, em regime de livre con-
veicular, poderão ser aplicados por entidades públicas ou corrência, pelos laboratórios credenciados pelo Depar-
privadas credenciadas pelo órgão executivo de trânsito tamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, nos termos
dos Estados e do Distrito Federal, de acordo com as nor- das normas do Contran, vedado aos entes públicos:
mas estabelecidas pelo CONTRAN. I. fixar preços para os exames;
§ 1º A formação de condutores deverá incluir, obriga- II. limitar o número de empresas ou o número de
toriamente, curso de direção defensiva e de conceitos locais em que a atividade pode ser exercida; e
básicos de proteção ao meio ambiente relacionados III. estabelecer regras de exclusividade territorial. 685
com o trânsito. Art. 149. (VETADO)
Art. 150. Ao renovar os exames previstos no Art. ante- Art. 155. A formação de condutor de veículo automotor
686 rior, o condutor que não tenha curso de direção defen- e elétrico será realizada por instrutor autorizado pelo
siva e primeiros socorros deverá a eles ser submetido, órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito
conforme normatização do CONTRAN. Federal, pertencente ou não à entidade credenciada.
Parágrafo único. A empresa que utiliza condutores Parágrafo único. Ao aprendiz será expedida autoriza-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
contratados para operar a sua frota de veículos é obri- ção para aprendizagem, de acordo com a regulamen-
gada a fornecer curso de direção defensiva, primeiros tação do CONTRAN, após aprovação nos exames de
socorros e outros conforme normatização do CON- aptidão física, mental, de primeiros socorros e sobre
TRAN. legislação de trânsito.
Art. 151. No caso de reprovação no exame escrito sobre ▷ O Parágrafo único foi acrescido pela Lei nº 9.602, de
legislação de trânsito ou de direção veicular, o candi- 21-1-1998.
dato só poderá repetir o exame depois de decorridos Art. 156. O CONTRAN regulamentará o credenciamen-
quinze dias da divulgação do resultado. to para prestação de serviço pelas autoescolas e outras
Art. 152. O exame de direção veicular será realizado entidades destinadas à formação de condutores e às
perante comissão integrada por 3 (três) membros de- exigências necessárias para o exercício das atividades
signados pelo dirigente do órgão executivo local de de instrutor e examinador.
trânsito. ▷ Resolução do CONTRAN nº 321, de 17-07-2009: ins-
§ 1º Na comissão de exame de direção veicular, pelo titui exame obrigatório para avaliação de instrutores
menos um membro deverá ser habilitado na categoria e examinadores de trânsito, no exercício da função,
igual ou superior à pretendida pelo candidato. em todo o território nacional.
Ş
ŝ#-ŝŦ
Ş
ŝ#-ŝŦ
do o Art. 160 do Código de Trânsito Brasileiro. ▷ Resolução do CONTRAN nº 217 de 14-12-2006: de-
§ 2º No caso do parágrafo anterior, a autoridade exe- lega competência ao órgão máximo executivo de
cutiva estadual de trânsito poderá apreender o docu- trânsito da União para estabelecer os campos de
mento de habilitação do condutor até a sua aprovação preenchimento das informações que devem constar
nos exames realizados. do Auto de Infração.
Art. 163. Entregar a direção do veículo a pessoa nas condi- posto no § 4º do art. 270.
ções previstas no Art. anterior: Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
Infração - as mesmas previstas no Art. anterior; no caput em caso de reincidência no período de até 12
Penalidade - as mesmas previstas no Art. anterior; (doze) meses
Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veículo a pessoa
do artigo anterior. que, mesmo habilitada, por seu estado físico ou psíquico,
▷ Arts. 263, II e 310 do CTB. não estiver em condições de dirigi-lo com segurança:
Art. 164. Permitir que pessoa nas condições referidas nos Infração - gravíssima;
incisos do Art. 162 tome posse do veículo automotor e
passe a conduzi-lo na via: Penalidade - multa.
Infração - as mesmas previstas nos incisos do Art. 162; ▷ Art. 310 do CTB.
Penalidade - as mesmas previstas no Art. 162; Art. 167. Deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto
Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III do de segurança, conforme previsto no Art. 65:
Art. 162. Infração - grave;
▷ Art. 263, II, e 310 do CTB: Penalidade - multa;
Devemos, no Art. seguinte, dedicar especial atenção por Medida administrativa - retenção do veículo até colocação
se tratar de matéria que recebeu modificações recentes. O Có- do cinto pelo infrator.
digo de Trânsito ainda mantém a redação da Lei nº 11.705, de ▷ Resolução do CONTRAN nº 278, de 28-05-2008:
2008, porém, temos aqui a modificação da Lei nº 12.760, de proíbe a utilização de dispositivos que travem,
20 de dezembro de 2012, que foi sancionada pela Presidente afrouxem ou modifiquem o funcionamento dos cin-
Dilma Rousseff e já se encontra em vigor. tos de segurança.
As alterações ocorrem no artigo seguinte, além dos Arts Art. 168. Transportar crianças em veículo automotor sem
262, 276, 277 e 306, os quais serão tratados de forma indivi- observância das normas de segurança especiais estabele-
dualizada. cidas neste Código:
No Art. 165, a alteração se deu na Penalidade aplicada, Infração - gravíssima;
que passou a ser a maior do Código de Trânsito, indo de multa Penalidade - multa;
agravada de cinco vezes para multa agravada em dez vezes o Medida administrativa - retenção do veículo até que a ir-
valor da Infração gravíssima. regularidade seja sanada.
Temos também as alterações da Lei nº 12.971 de 09 de maio de
▷ Art. 64 do CTB. (Idade inferior a 10 anos)
2014 e da Lei nº 13.103 de 02 de Março de 2015, que foi marcada pelo
movimento grevista dos caminhoneiros. Art. 169. Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indis-
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer pensáveis à segurança:
outra substância psicoativa que determine dependência: Infração - leve;
▷ Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008 (lei seca) Penalidade - multa.
Infração - gravíssima; ▷ Art. 28 CTB.
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam
dirigir por 12 (doze) meses. atravessando a via pública, ou os demais veículos:
Medida administrativa - recolhimento do documento Infração - gravíssima;
de habilitação e retenção do veículo. Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - retenção do veículo e recolhi- nistrativos na lavratura de auto de Infração, na ex-
mento do documento de habilitação. pedição de notificação de autuação e de notificação
▷ Decreto-Lei nº 2.848/1.940 “Perigo para a vida ou de Penalidades por infrações de responsabilidade
saúde de outrem” de pessoas físicas ou jurídicas, sem a utilização de
▷ Este Art. 132 é do Código Penal. veículos, expressamente mencionadas no Código de
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo Trânsito Brasileiro - CTB, e dá outras providências.
direto e iminente: Art. 175. Utilizar-se de veículo para, em via pública, de-
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não monstrar ou exibir manobra perigosa, arrancada brusca,
constitui crime mais grave. derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arrasta-
mento de pneus:
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um
terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a pe- Infração - gravíssima;
rigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de
serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em dirigir e apreensão do veículo;
desacordo com as normas legais. Medida administrativa - recolhimento do documento de
▷ Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998. habilitação e remoção do veículo.
Art. 171. Usar o veículo para arremessar, sobre os pedes- ▷ Art. 263, II, do CTB.
tres ou veículos, água ou detritos: Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com
▷ RESOLUÇÃO do CONTRAN nº 480, DE 09 de abril de vítima:
2014 Altera o prazo estipulado no Art. 3º da Resolu- I. de prestar ou providenciar socorro à vítima, poden-
ção CONTRAN nº 371, de 10 de dezembro de 2010, do fazê-lo;
que aprova o Manual Brasileiro de Fiscalização de ▷ Art. 304 do CTB, Art. 31,§1º, “d”, da CTVV
Trânsito-Volume I – Infrações de competência muni- II. de adotar providências, podendo fazê-lo, no senti-
cipal, incluindo as concorrentes dos órgãos e entida- do de evitar perigo para o trânsito no local;
des estaduais de trânsito e rodoviários. III. de preservar o local, de forma a facilitar os traba-
Infração - média; lhos da polícia e da perícia;
Penalidade - multa. IV. de adotar providências para remover o veículo do
Art. 172. Atirar do veículo ou abandonar na via objetos ou local, quando determinadas por policial ou agente da
substâncias: autoridade de trânsito;
Infração - média; V. de identificar-se ao policial e de lhe prestar infor-
Penalidade - multa. (Art. 26 e 245, do CTB). mações necessárias à confecção do boletim de ocor-
rência:
Art. 173. Disputar corrida por espírito de emulação:
Infração - gravíssima;
Ş
ŝ#-ŝŦ
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de
de dirigir;
dirigir e apreensão do veículo;
Medida administrativa - recolhimento do documento de
Com a Lei nº 12.971 de 09 maio 2014 o fator multiplicativo
habilitação.
foi de 3 para 10 vezes. E em casos de reincidência num prazo
Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de
de 12 meses, para o dobro. Ou seja 20 vezes.
acidente de trânsito quando solicitado pela autoridade e
Medida administrativa - recolhimento do documento de seus agentes:
habilitação e remoção do veículo.
Infração - grave;
▷ Art. 67, 263, II e 308 do CTB.
Penalidade - multa.
Art. 174. Promover, na via, competição esportiva, eventos
▷ Art. 135 do Código Penal.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Ş
ŝ#-ŝŦ
de circulação exclusiva para determinado tipo de veí-
I. Nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo culo:
do alinhamento da via transversal:
Infração - grave;
Infração - média;
Penalidade - multa.
Penalidade - multa;
II. Afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquen- III. na faixa ou via de trânsito exclusivo, regula-
ta centímetros a um metro: mentada com circulação destinada aos veículos de
Infração - leve;
transporte público coletivo de passageiros, salvo
casos de força maior e com autorização do poder
Penalidade - multa;
público competente: (Incluído pela Lei nº 13.154, de
III. Afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de 2015)
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
um metro:
Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.154, de
Infração - média;
2015)
Penalidade - multa;
Penalidade - multa e apreensão do veículo; (Incluído
IV. Em desacordo com as posições estabelecidas nes- pela Lei nº 13.154, de 2015).
te Código:
Medida Administrativa - remoção do veículo. (Incluído
Infração - leve; pela Lei nº 13.154, de 2015)
Penalidade - multa; Art. 185. Quando o veículo estiver em movimento, deixar
▷ Art. 48 do CTB. de conservá-lo:
V. Na pista de rolamento das estradas, das rodovias, I. Na faixa a ele destinada pela sinalização de regu-
das vias de trânsito rápido e das demais vias dotadas lamentação, exceto em situações de emergência;
de acostamento: II. Nas faixas da direita, os veículos lentos e de maior
Infração - grave; porte:
Penalidade - multa; Infração - média;
VI. No passeio ou sobre faixa destinada a pedestres, Penalidade - multa.
nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores de ▷ Art. 29, I e IV, e 57 do CTB. 691
pista de rolamento e marcas de canalização: Art. 186. Transitar pela contramão de direção em:
▷ Art. 29, I, do CTB. Art. 193. Transitar com o veículo em calçadas, passeios,
692 I. Vias com duplo sentido de circulação, exceto para passarelas, ciclovias, ciclo faixas, ilhas, refúgios, ajardi-
ultrapassar outro veículo e apenas pelo tempo neces- namentos, canteiros centrais e divisores de pista de rola-
mento, acostamentos, marcas de canalização, gramados
sário, respeitada a preferência do veículo que transi- e jardins públicos:
tar em sentido contrário:
Infração - gravíssima;
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Infração - grave;
Penalidade - multa (três vezes).
Penalidade - multa;
▷ Art. 29, V do CTB.
II. Vias com sinalização de regulamentação de senti-
Art. 194. Transitar em marcha à ré, salvo na distância ne-
do único de circulação: cessária a pequenas manobras e de forma a não causar
Infração - gravíssima; riscos à segurança:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Art. 187. Transitar em locais e horários não permitidos pela Penalidade - multa.
regulamentação estabelecida pela autoridade competen- Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da autoridade
te: competente de trânsito ou de seus agentes:
I. Para todos os tipos de veículos: Infração - grave;
Infração - média; Penalidade - multa.
Penalidade - multa; ▷ Art. 89, I, do CTB. (Sinalização)
II. (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998.) Art. 196. Deixar de indicar com antecedência, mediante
Art. 188. Transitar ao lado de outro veículo, interrompen- gesto regulamentar de braço ou luz indicadora de direção
do veículo, o início da marcha, a realização da manobra
Ş
ŝ#-ŝŦ
do ou perturbando o trânsito:
de parar o veículo, a mudança de direção ou de faixa de
Infração - média;
circulação:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Art. 189. Deixar de dar passagem aos veículos precedidos Penalidade - multa.
de batedores, de socorro de incêndio e salvamento, de
polícia, de operação e fiscalização de trânsito e às ambu- ▷ Art. 29, XI, e 35 do CTB.
lâncias, quando em serviço de urgência e devidamente Art. 197. Deixar de deslocar, com antecedência, o veículo
identificados por dispositivos regulamentados de alarme para a faixa mais à esquerda ou mais à direita, dentro da
sonoro e iluminação vermelha intermitentes: respectiva mão de direção, quando for manobrar para um
Infração - gravíssima; desses lados:
Penalidade - multa. Infração - média;
Penalidade - multa.
▷ Art. 29, VI e VII, do CTB.
Art. 190. Seguir veículo em serviço de urgência, estando ▷ Art. 38 do CTB.
este com prioridade de passagem devidamente identifi- Art. 198. Deixar de dar passagem pela esquerda, quando
cada por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e solicitado:
iluminação vermelha intermitentes: Infração - média;
Infração - grave; Penalidade - multa.
Penalidade - multa. ▷ Art. 30 do CTB.
▷ Art. 29, VII, do CTB. Art. 199. Ultrapassar pela direita, salvo quando o veículo
Art. 191. Forçar passagem entre veículos que, transitando da frente estiver colocado na faixa apropriada e der sinal
em sentidos opostos, estejam na iminência de passar um de que vai entrar à esquerda:
pelo outro ao realizar operação de ultrapassagem: Infração - média;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa.
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de ▷ Art. 29, XI, do CTB.
dirigir. Art. 200. Ultrapassar pela direita veículo de transporte
▷ (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) coletivo ou de escolares, parado para embarque ou de-
sembarque de passageiros, salvo quando houver refúgio
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no
de segurança para o pedestre:
caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze)
meses da infração anterior. Infração - gravíssima;
▷ (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) Penalidade - multa.
Art. 192. Deixar de guardar distância de segurança lateral ▷ Art. 29, XI e 31 do CTB.
e frontal entre o seu veículo e os demais, bem como em Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um metro
relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, e cinquenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta:
a velocidade, as condições climáticas do local da circula- Infração - média;
ção e do veículo: Penalidade - multa.
Infração - grave; ▷ Art. 29, II e XI, ‘b’, do CTB.
Penalidade - multa. Art. 202. Ultrapassar outro veículo:
▷ Art. 29, II e XI, ‘b’, do CTB. I. Pelo acostamento;
▷ Art. 29, XI, do CTB. Penalidade - multa.
II. Em interseções e passagens de nível; ▷ Resolução nº 458, de 29 de outubro de 2013, que
Infração - gravíssima; regulamenta a utilização de sistemas automáticos não
Penalidade - multa de (cinco vezes). metrológicos de fiscalização, nos termos do § 2º do
E nos casos de reincidência a multa é em dobro, ou seja Art. 280 do Código de Trânsito Brasileiro.
gravíssima (10X) Art. 209. Transpor, sem autorização, bloqueio viário com
▷ Art. 33 do CTB. ou sem sinalização ou dispositivos auxiliares, deixar de
adentrar às áreas destinadas à pesagem de veículos ou
Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro veículo:
evadir-se para não efetuar o pagamento do pedágio:
I. Nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade su-
Infração - grave;
ficiente;
Penalidade - multa.
II. Nas faixas de pedestre;
III. Nas pontes, viadutos ou túneis; ▷ Art. 278 do CTB.
IV. Parado em fila junto a sinais luminosos, porteiras, Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio viário po-
cancelas, cruzamentos ou qualquer outro impedi- licial:
mento à livre circulação; Infração - gravíssima;
V. Onde houver marcação viária longitudinal de divi- Penalidade - multa, apreensão do veículo e suspensão do
são de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou direito de dirigir;
simples contínua amarela: Medida administrativa - remoção do veículo e recolhi-
Infração - gravíssima; mento do documento de habilitação.
Penalidade - multa. (cinco vezes) ▷ Art. 278 do CTB. Parágrafo Único
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no Art. 211. Ultrapassar veículos em fila, parados em razão de
caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze) sinal luminoso, cancela, bloqueio viário parcial ou qual-
meses da infração anterior. quer outro obstáculo, com exceção dos veículos não mo-
▷ (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) torizados:
Art. 204. Deixar de parar o veículo no acostamento à di- Infração - grave;
reita, para aguardar a oportunidade de cruzar a pista ou Penalidade - multa.
entrar à esquerda, onde não houver local apropriado para
operação de retorno: Art. 212. Deixar de parar o veículo antes de transpor linha
férrea:
Infração - grave;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.
Penalidade - multa.
▷ Art. 37 do CTB.
▷ Art. 29, XII, do CTB.
Art. 205. Ultrapassar veículo em movimento que integre
Ş
ŝ#-ŝŦ
cortejo, préstito, desfile e formações militares, salvo com Art. 213. Deixar de parar o veículo sempre que a respecti-
autorização da autoridade de trânsito ou de seus agentes: va marcha for interceptada:
Infração - leve; I. Por agrupamento de pessoas, como préstitos, pas-
seatas, desfiles e outros:
Penalidade - multa.
Infração - gravíssima;
Art. 206. Executar operação de retorno:
Penalidade - multa.
▷ Art. 39 do CTB.
II. Por agrupamento de veículos, como cortejos, for-
I. Em locais proibidos pela sinalização;