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Teoria tradicional do conhecimento

Temos muitas crenças acerca do mundo e partimos do princípio de


que boa parte delas é verdadeira. É importante notar, no entanto,
que ter uma crença verdadeira não equivale necessariamente a ter
conhecimento. Posso ter crenças verdadeiras acidentalmente. Posso
acreditar que o Xavier é espanhol por pensar incorretamente que os
espanhóis são as únicas pessoas que têm nomes começados por «X».
Posso estar certo - o Xavier é espanhol - mas tive sorte do ponto de
vista epistémico; a minha crença revelou ser verdadeira apesar de o
meu raciocínio ser incorreto. Uma análise do conhecimento deve
excluir acasos deste tipo e mostrar porque é que eles não constituem
conhecimento. Para isso, considera-se que o conhecimento consiste
numa crença verdadeira justificada. Para que eu saiba que o Xavier é
espanhol é preciso que se verifiquem as seguintes condições:
1. É verdade que o Xavier é espanhol.
2. Tenho de acreditar que ele é espanhol.
3. A minha crença tem de ser justificada.
E, mais geralmente: um sujeito S sabe que p, se se verificar que:
1. p é verdade.
2. S acredita que p.
3. S tem uma justificação para a sua crença de que p.
Esta é a análise ou definição tripartida do conhecimento. As três
condições são individualmente necessárias para o conhecimento - o
conhecimento consiste sempre numa crença, verdadeira, justificada -
e são conjuntamente suficientes para que haja conhecimento, isto é,
o conhecimento existe sempre que sejam satisfeitas estas três
condições.

D. O’Brien, Introdução à Teoria do Conhecimento,


Gradiva, 2013, pp. 34-35.

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