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Do
Metabolismo
2016/2017
Raquel Pinto
Licenciatura em Bioquímica
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017
INTRODUÇÃOZECA A
CONCEITOS PRINCIPAIS DA
CADEIRA
CÉLULA ANIMAL
A célula animal encontra-se
organizada em múltiplos
agrupamento/organelos.
Organelos mais importantes
para esta cadeira:
➢ Mitocôndria – produção de
energia a partir de qualquer
nutriente que se transforme
em Acetil-CoA. Nas
membranas da mitocôndria,
através de gradiente do
gradiente eletroquímico de
protões, dá-se a fosforilação
oxidativa de ATP;
➢ Reticulo endoplasmático e
Ribossomas – processos Também somos capazes de produzir
biossintéticos. açúcar, mas não a partir de CO2,
formamo-lo a partir de compostos já
carbonados (piruvato, alguns
aminoácidos como a alanina, etc.)
CÉLULA VEGETAL
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A Glicose entra na célula através de recetores na membrana, que ao ser produzida uma
hormona, normalmente a insulina, “chama” moléculas transportadoras de glucose que se
ligam à membrana (GLUT). Este, apesar de tudo, é um processo demorado.
Necessitamos, portanto, de um armazenamento de glicogénio, que responde a
necessidades súbitas de glicose, como algum tipo de choque ou esforço físico.
Ao reverter ao glicogénio em exercício anaeróbio, obtém-se mais energia mais
rapidamente, uma vez que a glicose ao “sair” do glicogénio fosforila-se,
automaticamente, sem gastos energéticos, tendo uma energia potencial superior.
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MITOCÔNDRIA
Quantas mais cristas e invaginações esta tem, mais
capacitada está para produzir energia.
Cria um gradiente que é mais forte quanto menor for
o volume. Cristas mais finas e mais alongadas, têm menor
volume e, portanto, maior gradiente protomotriz. Isto
equivale em mais capacidade para formar energia.
Se entenderes
este esquema
tens 20 na
cadeira
VIA RÁPIDA
Lactose = glucose + galactose
➢ Glucose, frutose e lactose
Galactose é um epímero da glucose.
VIA DAS PENTOSES FOSFATO Galactose, pela ação de uma enzima
➢ 5C -> síntese de ácidos nucleicos; transforma-se na glucose
➢ Forma mais ou menos potencial
redutor;
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Acetil CoA pode ser utilizado no ciclo de Krebs ou pode ser armazenado na síntese
de esteróis.
A maior produção de NADH dá-se pela Malato desidrogenase, isocitrato
desidrogenase, etc.
O FADH2 não se desliga do centro ativo da enzima, ao contrário do NADH.
GLICÓLISE E GLUCONEOGÉNESE
Glicólise é um processo do catabolismo.
A Gluconeogénese é um processo de anabolismo.
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HLC Lípidos
Tirar O e pôr H
➢ Componente biossintética; Combater a segunda lei da
➢ Obtenção de E termodinâmica -> repor a ordem.
PRODUÇÃO DE ATP
➢ Pela força eletromotriz;
➢ Se a membrana for muito fluída, perde-se o gradiente de H e a produção de ATP
reduz.
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LÍPIDOS
Usados para energia em formato de 2C (Acetil-CoA), através da sua oxidação.
Apontamentos random:
➢ Anabolismo -> cede eletrões/ equivalentes redutores.
➢ Abundância de energia e blocos -> armazenamento.
➢ Glicólise é uma via rápida. Tem como produto o piruvato e é considerada
uma via linear (isto é, substrato é passado de enzima em enzima).
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ATP
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GLICÓLISE
A glicólise tem como produto o piruvato (C3H4O3) e como reagente a glicose
(C6H12O6). Nota-se uma perda de H’s o que confirma que este se trata de um processo
oxidativo.
No entanto, se fizermos o processo de fermentação lática (ou alcoólica) após a
glicólise, o processo total já não se trata de um processo oxidativo, uma vez que o NADH
se regenera.
Na glicólise uma molécula de glucose é degradada numa série de reações
catalisadas por enzimas para formar duas moléculas de 3 carbonos (piruvatos). Durante
a sequência de reações da glicólise, alguma da energia livre é libertada da glucose na
forma de ATP e NADH/H+.
A quebra da glucose, de 6 carbonos, em 2 moléculas de 3 carbonos, o piruvato,
ocorre em 10 passos, que constituem o processo da glicólise.
GLUCOSE
A glicose ocupa uma posição central no metabolismo. É relativamente rica em
energia potencial e é, por isso, uma boa fonte de energia. A oxidação completada
glucose em dióxido de carbono e água procede-se com uma energia livre de Gibbs de
-2,840kJ/mol.
A glicose é capaz de formar, também uma grande quantidade de
intermediários metabólicos para reações de biossíntese.
Nos animais e plantas vasculares a glucose tem 4 destinos maioritários:
1. Usado para a síntese de
complexos polisacarídicos
destinados ao espaço
extracelular;
2. Armazenado em células (como
um polissacarídeo ou sucrose);
3. Oxidado para um composto de
3 carbonos (o pruvato) pela via
glicosídica para fornecer ATP e
intermediários metabólicos;
4. Oxidado pela via das pentoses
fosfato para formar ribose-5-
fosfato, para a síntese de ácidos
nucleicos, e NADPH para
processos redutivos de
biossíntese.
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Enzimas têm mais afinidade quanto maior a interação não covalente) entre os
locais ativos e substrato inicial. Também têm mais afinidade quanto maior for a
complementaridade entre centro ativo e grupos do substrato.
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EM SUMA
FONTES DE GLUCOSE
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INTOLERÂNCI A AO LEITE
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ENERGÉTICA DA GLICÓLISE
Agora conseguimos, através do somatório de todas as reações da glicólise,
obter a equação total desse processo:
C6H12o6 (glucose)+ + 2 ATP + 2ADP + 2Pi + 2NAD+ 2 CH3COCOO- (piruvato)+ 4ATP +
2H2O + 2NADH + 2H+ <=>
<=> C6H12o6 (glucose)+ 2ADP + 2Pi + 2NAD+ 2 CH3COCOO- (piruvato)+ 2ATP + 2H2O +
2NADH + 2H+
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Energia do piruvato:
A glicólise só liberta uma pequena fração da energia total da molécula de
glicose. As 2 moléculas de piruvato formadas pela glicólise ainda contêm a maioria do
potencial de energia da glicose, energia essa que pode ser extraída por reações
oxidativas no ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs) e fosforilação oxidativa).
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Durante este segundo processo regenera-se o NAD+ para que a glicólise possa
continuar.
TIPOS DE REAÇÃO
Condensação
é o contrário
de lise.
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TABELA RESUMO
ΔG'º Tipo de
Etapa Substrato Produto Enzima ATP
(kJ/mol) Reação
Glicose-6- Consumo
1 Glicose Hexoquinase -16,7 Fosforilação
Fosfato de 1
Isomerização
Glicose-6- Frutose-6- Fosfohexose
2 1,7 - (Hidratação/
Fosfato Fosfato Isomerase
Desidratação)
Frutose-6- Frutose-1,6- Fosfofrutoquin Consumo
3 -14,2 Fosforilação
Fosfato Fosfato ase de 1
Frutose-1,6- G-3-P + P-
4 Aldolase 23,8 - Lise
Fosfato Dihidroxicetona
Gliceraldeído- Triose Fosfato
5 Dihidroxicetona 7,5 - Isomerização
3-Fosfato Isomerase
G-3-P
Giceraldeído-3- 1,3- Oxidação
6 (2x) Desidrogenas 6,3 Pi + NAD+
Fosfato Bifosfoglicerato /Fosforilação
e
1,3-
3- Fosfoglicerato Produção
7 (2x) Bisfosfoglicerat -18,5 Desfoforilação
Fosfoglicerato Quinase de 1 (x2)
o
2- Fosfoglicerato
8 (2x) 3-Fosfoglicerato 4,4 Isomerização
Fosfoglicerato Mutase
2-
9 (2x) PEP Enolase 7,5 Desidratação
Fosfoglicerato
Piruvato Produção Desdosforilaç
10 (2x) PEP Piruvato -31,4
Cinase de 1 (x2) ãp
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PIRUVATO
DESTINOS DO PIRUVATO
➢ Através de um desidrogenação e
descarboxilação, pela desidrogenase Quando não precisamos de
descarboxilase, formamos Acetil-CoA (para energia, a partir da Acetil-
formar este composto tem de se gastar ATP). CoA, formam-se intermediários
Acetil – C2H3O2H. de armazenamento (lípidos e
CoA – OH do acetil reage com o grupo SH da colesterol).
CoA.
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DESCARBOXILAÇÃO DO PIRUVATO
O piruvato é oxidado para Acetil-CoA pelo complexo piruvato desidrogenase
(PDH). Este complexo trata-se de um agregado de enzimas, com múltiplas cópias de 3
enzimas, localizado na mitocôndria de eucariotas e no citosol das bactérias.
O PDH é um exemplo de um complexo de multienzimas, no qual uma série de
intermediários químicos continua ligado ás moléculas das enzimas até que o substrato
seja transformado no produto final.
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A desidrogenação e a descarboxilação
combinadas do piruvato para formar o grupo acetil
do Acetil-CoA requer uma ação sequencial de 3
enzimas diferentes e 5 coenzimas: Tiamina trifosfato
(TPP), FAD, Coenzima A (CoA), NAD e Lipoato
A piruvato desidrogenase leva a cabo 5
reações na descarboxilação e desidrogenação do
piruvato:
1. Piruvato sofre descarboxilação por ação da
piruvato descarboxilase, e o acetato formado fica
ligado covalentemente à coenzima TPP, e há a
formação de CO2.
2. O acetato é transferido da TPP para o lipoato,
reduzindo-o parcialmente. O acetato fica ligado
covalentemente ao lipoato. Esta reação ocorre
na 2ª enzima, Dihidrolipoil Transacetilase.
3. A CoA-SH vai-se ligar ao acetato, e o lipoato fica completamente reduzido.
Forma-se acetil-CoA. Ocorre também na Dihidrolipoil Transacetilase.
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CICLO DE KREBS
O ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs),
aceita os grupos acetil, obtidos da glucose,
ácidos grodos ou alguns aminoácidos, e oxida-
os enzimaticamente para a forma de CO2. A
energia libertada é conservada nos
transportadores de eletrões reduzidos NADH/H+
e FADH2.
Esta via é um “hub” (núcleo) de metabolitos
intermediários. Produtos finais de 4 e 5 carbonos
de muitos processos catabólicos são usados
pelo ciclo como “fuels” (combustíveis). Por
exemplo, o oxaloacetato e o β-cetoglutarato
são produzidos a partir de aspartato e
glutamato quando as proteínas são
degradadas.
Em algumas circunstâncias metabólicas, os
intermediários são retirados do ciclo para serem
percursores numa variedade de vias
biossintéticas.
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O Carbono, do CO2
libertado na primeira
via do ciclo advém
do oxaloacetato.
Energética:
➢ 3(NADH/H+) --------> 3. (2,5 ATP) = 7 ATP
➢ FADH2 (este entra mais tarde no ciclo da cadeia de transporte de eletrões e por
isso dá menos energia) ---------> 1,5 ATP
➢ 1 GTP que é interconvertível em ATP, isto é, ATP e GPT são energeticamente
equivalentes ----------> 1 ATP
Isto traduz-se num total de 10 ATP por cada volta do ciclo de Krebs.
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Os carbonos
reativos de
ambas as
moléculas
são os C2
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Inibiçaõ do fluoroacetato
O fluoroacetil é parecido ao grupo acetil, este converte-se em fluorocetil e vai
inibir a aconitase. Esta formação vai bloquear todo o ciclo.
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MARCAÇÃO ISOTRÓPICA
Através do uso de percursores marcados isotropicamente, tal como o
[13C]piruvato e [13C]acetato podemos seguir o rasto de cada carbono individual ao
longo o ciclo do ácido cítrico através de espectroscopia de RMN.
Este assunto das marcações é mencionado com mais destaque na parte das
TPS.
No entanto, aqui fica um esquema que representa a marcação do 1º carbono
de uma molécula de Acetil-CoA em 4 voltas do ciclo de Krebs (Créditos pelo esquema
à Luísa Abreu :D):
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TABELA RESUMO
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FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA
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Na reação geral,
catalisada pela cadeia
respiratória da mitocôndria, os
eletrões movem-se do NADH,
succinato ou outro dador de
eletrões primário através das
flavoproteínas, ubiquinona,
proteínas de ferro-enxofre,
citocromos, e finalmente O2.
Os transportadores estão
distribuídos numa ordem que
aumenta o potencial redutor
ao longo da cadeia, uma vez
que os eletrões têm de fluir
espontaneamente de
transportadores com menos
potencial para aqueles com
maior.
A ordem dos transportadores é, então:
NADH Q (Ubiquinona) Citocromo b citocromo c citocromo a O2
MITOCÔNDRIA
A mitocôndria tem 2 membranas. A
membrana exterior é permeável a moléculas
pequenas e iões. A membrana interna é, no
entanto, impermeável à maioria das pequenas
moléculas e iões, as únicas moléculas que
atravessam esta membrana fazem-no através de
transportadores específicos. A membrana interna
também contem os componentes da cadeia
respiratória e da síntese de ATP.
A matriz mitocondrial, rodeado pela
membrana interna, contêm a piruvato
desidrogenase e as enzimas do ciclo do ácido
cítrico, as enzimas da via de β-oxidação das
gorduras e as enzimas da via da oxidação de
aminoácidos (isto é, todas as vias de oxidação de
combustíveis exceto a glicólise, que tem lugar no
citosol). A membrana interna permeável segrega
os intermediários e enzimas das vias metabólicas
que se passam no citosol. Apesar disso,
transportadores específicos transportam piruvato,
ácidos gordos e aminoácidos ou os seus a-ceto
derivados para a matriz de forma a estarem
acessíveis à maquinaria do ciclo do ácido cítrico.
ADP e Pi são também transportados
especificamente para a matriz ao mesmo tempo
que o ATP sintetizado é transportado para fora.
CADEIA TRANSPORTADOR A
Os transportadores de eletrões na cadeia respiratória estão organizados em
complexos supramoléculares embutidos na membrana. Existem 4 complexos
transportadores únicos, cada capaz de catalisar a transferência de eletrões através de
uma porção da cadeia. Os complexos I e II catalisam a transferência de eletrões para
a Ubiquinona a partir de 2 dadores diferentes: o NADH (complexo I) e o succinato
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COMPLEXO I
Este complexo é também chamado de NADH
desidrogenase e catalisa 2 processos em simultâneo, que têm Cada um dos
de estar necessariamente acoplados: o primeiro é a complexos tem
transferência exergónica de um ião hidreto do NADH para a uma “catrefada”
Ubiquinona (forma Ubiquinol), o segundo é a transferência de 4 de subunidades.
protões da matriz para o espaço intramembranar. É uma
grande enzima, composta por 42 cadeias polipeptídicas
diferentes.
COMPLEXO II
Este complexo é
também conhecido como
succinato desidrogenase, e é O NADH não interage com o complexo II, passa
a única enzima ligada ao ciclo automaticamente para a Ubiquinona,
do ácido cítrico. Quando o formando Ubiquinol, que vai logo para o
succinato se liga a este complexo III.
complexo, dá os eletrões ao Como o substrato de FADH2 passa logo para o
FAD , que fica na forma de
+ complexo II, perdem-se os 4 protões que são
FADH2, os eletrões seguem do transferidos no complexo I, isto significa a perda
FAD para os clusters de Fe-S e de energia quando o substrato é FADH2.
destes para o sítio da ligação Isto justifica a diferença na formação de ATP
da Ubiquinona, onde são entre o FADH 2 (1,5 ATP) e o NADH (2,5ATP).
transferidos para esta
formando Ubiquinol. Este é o
único complexo que não
bombeia protões para o espaço intermembranar.
Possui 5 grupos prostéticos de dois tipos diferentes, e 4 subunidades proteicas. As
subunidades C e D são proteínas integrais da membrana, e possuem um grupo hemo b
e um lugar de ligação para a ubiquinona, o aceitador de eletrões final na reação
catalisada pelo complexo II. As subunidades A e B estendem-se para o interior da matriz
mitocondrial e contêm 3 centros Fe-S, um FAD+, e um local de ligação para o succinato.
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COMPLEXO III
Este complexo leva a cabo o processo de
acoplamento da transferência de eletrões do Ubiquinol O complexo III é
para o citocromo c com o transporte de 4 protões da comum a NADH e
matriz mitocondrial para o espaço intermembranar. Nesta FADH2
reação a molécula QH2 (Ubiquinol) é oxidada e os dois
citocromos c são reduzidos. O citocromo c é uma proteína
solúvel que se encontra no espaço intermembranar.
Depois desta proteína receber um eletrão do complexo III, ela move-se para o
complexo IV para dar o eletrão.
O ciclo da ubiquinona acomoda a troca entre o transportador de 2 eletrões,
ubiquinona e os transportadores de 1 eletrão, os citocromos b 562, b566, c1 e c, e explica
o porquê de serem movidos 4 protões por cada par de eletrões que passam pelo
complexo III.
No lado P (zona intermembranar) da membrana interna da mitocôndria, uma
molécula de QH2 é oxidada a Q libertando 2 protões para o espaço intermembranar.
Cada QH2 dá um eletrão ao citocromo c1 e um eletrão a uma molécula de Q que está
perto do lado N (zona da matriz), reduzindo-a em dois passos a QH2. Esta redução
também usa 2 protões por cada Q, que são tirados da matriz.
COMPLEXO IV
O complexo IV transporta os eletrões do citocromo c para o oxigénio molecular
(O2), reduzindo-o a água. O complexo IV é uma grande enzima da membrana interna
da mitocôndria. A subunidade mitocondrial II contem 2 iões de cobre complexados
com grupos -SH de duas cisteínas, formando um centro binuclear de Cu (Cu A). A
subunidade I tem 2 grupos hemo, um a e outro a 3, e outro ião Cu (CuB). o hemo a3 e o
CuB formam um segundo centro binuclear que aceita os eletrões do grupo hemo a e os
transfere para o O2 ligado ao grupo hemo a3. A sequência da transferência dos eletrões
no complexo IV é:
Citocromo c centro CuA grupo hemo a grupo hemo a3CuB O2
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ATP SINTETASE
A ATP Sintetase catalisa a formação de ATP a partir de ADP e P i acompanhado
de um fluxo de protões da zona intermembranar para a matriz. A ATP sintetase, também
conhecida como complexo V, tem 2 componentes distintos: F1, proteína membranar
periférica e F0 que é integrada na membrana.
A ATP sintetase estabiliza o ATP relativamente ao ADP e Pi ao ligar o ATP de forma
mais “apertada”, libertando energia suficiente para contrabalançar o custo de formar
ATP. Isto significa que F1F0 liga ATP com mais afinidade que ADP, isto conduz o equilíbrio
para a formação de ATP.
Apesar de a ATP sintetase formar sempre ATP na presença de ADP e Pi, devido á
sua maior afinidade pelo primeiro, na ausência do gradiente de protões o ATP não é
libertado, conclui-se que é esse que leva a enzima a libertar o ATP formado na sua
superfície.
Para a síntese contínua de ATP a enzima tem de modificar entre as formas que
ligam ATP “apertadamente” e a forma que liberta a ATP.
A componente F1 tem
nove subunidades, de 5 tipos
diferentes, de composição:
α3β3γδε.
Cada uma destas 3
subunidades β tem um local
catalítico para a síntese de
ATP.
O domínio de γ está
associado primariamente a
uma subunidade β,
designada de β-empty (β-
vazio). As subunidades β são
idênticas na sua sequencia,
mas diferem na sua conformação, em parte por causa da associação da unidade γ
com uma das três.
As diferenças conformacionais nas subunidades β estende-se à sua diferença no
seu local de ligação de ATP/ADP. As conformações são designadas: β-ATP (Tight), β-ADP
(Loose) e β-empty (Open).
O complexo F0 constitui o poro de protões.
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SHUTTLE GLICEROL-3-FOSFATO
O cérebro e os músculos esqueléticos usam um tipo diferente de shuttle de
NADH, o shuttle glicerol-3-fosfato. Difere na shuttle malato-aspartato em que entrega os
equivalentes redutores do NADH para a ubiquinona, no complexo III, ao contrário do
complexo I, fornecendo só energia suficiente para sintetizar 1,5 ATP.
No citosol, a dihidroxiacetona fosfato aceita os dois equivalentes redutores do
NADH numa reação catalisada pela glicerol-3-fosfato desidrogenase citolítica. Uma
isozima do G-3-P ligada à face exterior da membrana interna transfere os dois
equivalentes redutores do glicerol-3-fosfato para a ubiquinona.
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FASE OXIDATIVA
A reação geral que caracteriza esta fase da via das pentoses fosfato, é:
Glucose 6-fosfato + 2 NADP+ + H2O Ribulose 5-fosfato + 2 NADPH + 2 H+ + CO2
Isto significa que duas moléculas de NADPH são geradas na conversão de
glucose-6-fosfato em ribulose 5-fosfato.
Nalguns tecidos a via termina no último passo desta fase.
1º PASSO
A fase oxidativa começa com uma desidrogenação da glucose 6-fosfato no 1º
carbono, numa reação catalisada pela glucose 6-fosfato desidrogenase. O NADP+ é o
aceitador de eletrões, e dá-se a formação de uma das moléculas de NADPH.
O produto da reação anterior é 6-fosfoglucona-δ-lactona.
2º PASSO
A 6-fosfoglucona-δ-lactona é hidrolisada, formando 6-fosfogluconato, pela
enzima lactonase.
3º PASSO
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4º PASSO
Ocorre apenas se o objetivo da célula for a produção de ácidos nucleicos ou
coenzimas. Se o principal objetivo da célula for a síntese de mais NADPH com vista a
biossíntese, este passo não ocorre, sendo a ribulose 5-fosfato novamente transformada
em glucose-5-fosfato através da fase não oxidativa da via das pentoses fosfato.
Neste passo, a molécula de ribulose-5-fosfato é isomerizada em ribose-5-fosfato,
pela fosfopentose isomerase.
1º PASSO
A ribulose 5-fosfaro é epimerisada a xilulose
5-fosfato por ação da enzima Ribulose 5-fosfato
Epimerase.
O substrato da transcetolase é uma cetose,
em que o grupo hidroxilo se encontra no C-3, isto
encontra-se apenas na conformação de xilulose
em vez da ribulose, por isso se dá este passo.
2º PASSO
O primeiro passo que liga a via das pentoses e a glicólise é a formação de
gliceraldeído 3-fosfato (C3) e sedoheptose 7-fosfato (C7) a partir de duas pentoses.
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A Trancetolase catalisa
transferência de um fragmento de
dois carbonos de uma cetose
dadora(xilulose) para uma aldose
aceitadora (ribose). Neste passo, a
Transcetolase transfere os carbonos
C-1 e C-2 da xilulose-5-fosfato para a
ribose-5-fosfato formando o produto
de sete carbonos.
3º PASSO
Os produtos do passo
anterior, Gliceraldeído 3-fosfato e
sedoheptulose 7-fosfato, sofrem
agora a ação da Transaldolase, que
transfere um fragmento de 3
carbonos do sedohetulose 7-fosfato
e o condensa com o Gliceraldeído 3-
fosfato, formando a molécula de 6
carbonos frutose 6-fosfato e uma tetrose (4 carbonos) eritrose 4-fosfato.
4º PASSO
Nesta reação a transcetolase volta
a atuar, formando frutose 6-fosfato e
Gliceraldeído 3-fosfato da eritrose 4-
fosfato e xilulose 5-fosfato.
TRANSCETOLASE
A trancetolase contem um cofator como grupo prostético, o TPP. A enzima
transfere 2 carbonos glicoaldeídos de um dador cetose para um aceitador aldose. O
local de adição da unidade de 2 carbonos é o anel TPP. O TPP ioniza-se dando origem
a um carboanião. Este carbono com carga negativa ataca o grupo carbonilo da
cetose. Este composto liberta uma aldose de produto que contem uma unidade fe
glicoaldeído ativada. O grupo carbonilo de uma aldose aceitadora condensa-se com
o glicoaldeído ativado para formar uma nova cetose, que é libertada da enzima.
~ 50 ~
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TRANSALDOLASE
A Transaldolase transfere um uma unidade dihidroxiacetona de três carbonos de
uma cetose para uma aldose aceitadora. Em contraste com a transcetolase, a
transaldolase não contem um grupo prostético. Uma base de Schiff é formada entre o
grupo carbonilo da cetose e o grupo amino do resíduo de lisina no local ativo da
enzima. A base de Shiff protona-se, a ligação entre o C-3 e o C-4 cliva-se e uma aldose
é libertada. A unidade de dihidrociacetona reage com o grupo carbonilo da aldose,
formando uma nova ligação carbono-carbono. O produto cetose é desprotonado e
libertado por hidrólise da base de shiff.
MODO 1
~ 51 ~
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MODO 2
As necessidades de NADPH e Ribose 5-fosfato
estão balanceadas.
A reação predominante nestas
condições é a formação de 2 Este modo, apesar de produzir tanto
moléculas de NADPH e uma molécula NADPH como ribose, tende mais para a
de Ribose 5-fosfato a partir de uma ribose.
molécula de Glucose 6-fosfato na fase Só obtém 3 dos 12 NADPH possíveis.
oxidativa da via das pentoses fosfato.
Glucose 6-fosfato + 2 NADP+ + H2O
Ribose 5-fosfato + 2 NADPH + 2 H+ + CO2
MODO 3
O NADPH é muito mais necessário
que a Ribose 5-fosfato.
Por exemplo, tecidos adipócitos
requerem altos níveis de NADPH para a
síntese de ácidos gordos. Neste caso, a
glucose 6-fosfato é completamente
oxidada em CO2. Três grupos de reações
estão ativas nesta situação. Primeiramente
a fase oxidativa da via das pentoses fosfato
forma 2 moléculas de NADPH e uma
molécula de Ribose 5-fosfato. Depois, essa
Ribose 5-fosfato é convertida em frutose 6-
fosfato e gliceraldeído 3-fosfato por
transcetolases e transaldolases. Finalmente, a glucose 6-fosfato é resintetisada da
frutose 6-fosfato e gliceraldeído pela via glicolítica.
MODO 4
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O piruvato formado nestas reações pode ser oxidado para gerar mais
ATP ou pode ser usado como bloco construtor numa variedade de biossínteses.
Via das
pentoses
fosfato
Ribose 5-
NADPH Piruvato
fosfato
Ciclo de
Nucleótidos Biossíntese
Krebs
DEFICIÊCIAS DA G6DH
Uma anomalia metabólica na enzima glucose 6-fosfato desidrogenase que
causa a deficiência nesta enzima provoca a escassez de NADPH nas células, mas esta
deficiência vai ser mais aguda nos glóbulos vermelhos.
O papel maioritário do NADPH, nas células vermelhas, é reduzir a forma dissulfeto
da glutationa para a forma sufidrilo. A enzima que catalisa a regeneração da glutationa
reduzida é a glutationa redutase, e utiliza o NADPH como dador de equivalentes
redutores.
Glóbulos vermelhos com baixos níveis de glutationa são mais suscetíveis a
hemólise.
Quando em contacto com agentes oxidantes, como os peróxidos, estes são
eliminados pela enzima glutationa peroxidase, que usa a glutationa reduzida como um
agente redutor.
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DEFICIÊNCIA NA TRANSCETOLASE
A síndrome de Wernicke-Korsakoff é causada pela deficiência de tiamina, um
componente da TPP.
Esta síndrome é comum entre pessoas com alcoolismo, uma vez que o consumo
crónico de álcool interfere com a absorção de tiamina no intestino.
Esta síndrome também pode ser causada por uma mutação no gene da
transcetolase, que diminui a afinidade pelo TPP.
O resultado desta síndrome é o retardamento de toda a via das pentoses fosfato.
Isto resulta numa grande perda de memória, confusão mental e paralisia parcial.
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METABOLISMO DE GLICOGÉNIO
O glicogénio é uma das formas mais utilizadas de
armazenamento de glucose. É um polímero largo e ramificado de As ligações
resíduos de glucose que pode ser clivado para dar origem glicosídicas
moléculas de glucose quando é necessária energia. Uma molécula a fazem
de glicogénio tem aproximadamente 12 camadas de moléculas de parte das
glucose. A maioria dos resíduos de glicose, no glicogénio, estão estruturas
ligados através de uma ligação glicosídica α-1,4. As ramificações helicais.
aparecem a cada 10 resíduos e apresentam ligações glicosídicas
a-1,6.
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a corrente sanguínea; e pode ser processado na via das pentoses fosfato para formar
NADH e derivados de ribose.
A síntese de glucose, que ocorre quando a glucose é abundante, requer a
ativação da glucose, UDP-glucose, formada pela reação de UTP com a glucose 1-
fosfato.
Muitas enzimas respondem alostericamente a metabolitos, no metabolismo de
glicogénio, que sinalizam as necessidades das células. Através destas respostas
alostéricas, a atividade enzimática é ajustada às necessidades da célula. Além disso, as
hormonas, podem iniciar cascatas de sinais que levam a fosforilação reversível de
enzimas, o que altera a sua taxa de catalisação. A regulação hormonal ajusta o
metabolismo de glicogénio às necessidades de todo o organismo.
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ENERGÉTICA DA GLICOGÉNESE
As reações envolvidas no “crescimento” do glicogénio, pela glicogénio
sintetase, são:
1. Glucose 6-fosfato glucose 1-fosfato
2. Glucose 1-fosfato + UTP UDP-glucose + PPi
3. PPi + H2O 2 Pi
4. UDP-Glucose + glicogénion glicogénion+1 + UDP
5. UDP + ATP UTP + ADP
Sendo a reação total:
Glucose 6-fosfato + ATP + glicogénion + H2O glicogénion+1 + ADP + 2 Pi
Existe sempre o consumo de 1 ATP para a incorporação de glicose 6-fosfato em
glicogénio.
A completa oxidação da glicose 6-P forma 31 ATP. O armazenamento da glicose
consome 1 ATP.
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“TURNOVER”
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PP1
A PP1 pode remover grupos fosforilo das 3 enzimas
fosforiladas em resposta ao glucagão (no fígado) e
epinefrina (músculos): fosforilase cinase, glicogénio fosforilase
e glicogénio sintetase.
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Cascatas de fosforilação:
GLICOGENOSE
GLICOGENOSE TIPO I – DOENÇA DE VON GIERKE
Pacientes com esta doença não apresentam glucose 6-fosfatase no fígado. Esta
foi a primeira deficiência enzimática no fígado herdada descoberta.
O glicogénio, no fígado destes pacientes, é normal em estrutura, mas apresenta-
se em quantidades bastante largas. A carência da enzima glucose 6-fosfatase causa
hipoglicémia, uma vez que a glucose não pode ser formada a partir da glucose 6-
fosfato. O glicogénio não sai do fígado, uma vez que não pode passar a membrana
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CATABOLISMO DE ÁCIDOS
GORDOS
A oxidação completa de ácidos gordo e CO2 e H2O dá-se a cabo em 3 passos:
1. Oxidação dos ácidos gordos de cadeia longa em fragmentos de 2 carbonos
(acetil-CoA) β-oxidação.
2. Oxidação do acetil-CoA em CO2 ciclo do ácido cítrico.
3. Transferência de eletrões de transportadores de eletrões reduzidos para a
cadeia respiratória mitocondrial.
os quilomicrons movem-se
através do sistema
linfático e corrente
sanguínea até os tecidos.
Nos capilares destes
tecidos, uma enzima
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ESTIMULAÇÃO DA B-OXIDAÇÃO
Quando as hormonas sinalizam a necessidade de
energia metabólica, os triacilgliceróis nos tecidos adipócitos
são mobilizados (#Digam não à praxe #A praxe é fascista) e
transportados para os tecidos nos quais este podem ser
oxidados para produção de energia.
As hormonas glucagão e epinefrina, segregadas em
resposta ao baixo nível de glucose no sangue, ativam a
enzima adenil ciclase na membrana plasmática dos
adipócitos, que por sua vez produz o segundo mensageiro
cAMP. A proteína cinase dependente de cAMP, PKA, ,
fosforila as perilipinas (proteínas que rodeiam as gotículas de
lípidos, forma na qual estes são armazenados nos adipócitos).
As perilipinas fosforiladas levam as lípases sensíveis a
hormonas a moverem-se na superfície da gotícula de lípidos,
onde começa a hidrolisar os triacilgliceróis. A PKA também
fosforila as lípases aumentando a sua atividade, no entanto
está demonstrado que células com deficiência nos genes
das perilipinas não têm quase resposta ao aumento da
concentração de cAMP, uma vez que as suas lípases não se
associam às gotículas de lípidos.
7TM (7 domínios
transmembranares)
captam a hormona, no
período pré-prandial,
principalmente nos
adipócitos.
Os ácidos gordos libertados após a hidrolise por parte das lípases passam dos
adipócitos para o sangue, onde se ligam à proteína sanguínea, albumina sérica. Esta
proteína liga até 10 ácidos gordos por molécula. Ligados a esta molécula, os ácidos
gordos, de outra forma insolúveis, são transportados para os tecidos. Nos tecidos alvo,
os ácidos gordos dissociam-se da albumina e são movidos por transportadores da
membrana plasmática para as células para servirem de combustível.
Glicerol:
95% da energia disponível nos triacilgliceróis reside nas suas 3 cadeias de ácidos gordos,
só 5% reside no glicerol. O glicerol libertado pela lípase é fosforilados pela glicerol cinase,
e o resultante glicerol 3-fosfato é oxidado em dihidroxiacetona fosfato. A enzima
glicolítica triose fosfato isomerase converte esse composto em gliceraldeido 3-fosfato,
que é oxidada na glicólise.
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TRANSPORTADOR ACIL-CARNITINA/CARNITINA
As enzimas de oxidação dos ácidos gordos encontram-se, em animais, na
mitocôndria. Ácidos gordos com cadeias até 12 carbonos entram na mitocôndria sem
ajuda de transportadores na membrana. No entanto, aqueles com 14 ou mais carbonos
(a maioria dos libertados pelos adipócitos e dos ácidos gordos livres obtidos na dieta)
não conseguem passar diretamente para a mitocôndria têm de sofrer as 3 reações
da shuttle de carnitina.
A primeira reação é catalisada por uma família de isozimas (isozimas diferentes
especificas para ácidos gordos de cadeia carbonada pequena, intermédia e grande)
presentes na membrana exterior mitocondrial, as acil-CoA sintetases, que promovem a
reação:
Ácido gordo + CoA + ATP acil gordo-CoA + AMP + 2Pi
Acil-CoA sintetases catalisam a formação de uma ligação tioéster entre o grupo
carboxílico do ácido gordo e o grupo tiol da coenzima A, formando do acil gordo-CoA,
acoplado à quebra de ATP em AMP e PPi. A reação ocorre em 2 passos e involve m
intermediário acil-adenilato.
Os acil gordos-CoA são altamente energéticos e a sua hidrólise tem uma energia
livre de Gibbs bastante negativa. A formação do acil gordo-CoA é tornada mais
favorável com o acoplamento da hidrólise de 2 ligações da ATP, formando portanto 2P i.
Os ésteres acil gordos-CoA formados no lado citolítico da membrana exterior da
mitocôndria podem ser transportados para a mitocôndria e oxidados em ATP, ou
podem ser usados no citosol para sintetizar lípidos da membrana.
Ácidos gordos destinados à oxidação mitocondrial são ligados transientemente
ao grupo hidroxilo da carnitina, formando acil gordo-carnitina – a segunda reação da
shuttle. Esta transesterificação é catalisada pea carnitina aciltransferase I, na
membrana exterior.
A passagem para o espaço intramembranar é feita, depois, por poros largos na
membrana exterior. O éster acil gordo-carnitina entra na matriz por difusão facilitada
pelo transportador acil carnitina/carnitina, da membrana interna da mitocôndria.
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B-OXIDAÇÃO
Na β-oxidação, os ácidos gordos sofrem a remoção oxidativa e sucessiva de
unidades de dois carbonos, na forma de acetil-CoA, começando no terminal
carboxílico do ácido gordo.
Por cada ciclo de β-oxidação, uma molécula de acetil-CoA, 2 pares de eletrões
e 4 protões (1 NADH/H+ e um FADH2) são retirados da cadeia de ácidos gordos,
diminuindo-a em 2 carbonos. Cada ácido gordo sofre o número de ciclos necessários
para a sua completa transformação em acetil-CoA.
Os ácidos gordos sofrem (n/2)-1 ciclos de β-oxidação e formam n/2 moléculas
de Acetil-CoA, sendo n o número de carbonos que o ácido gordo tem.
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1. Oxidação;
2. Hidratação; O processo contrário à β-
3. Oxidação; oxidação sofre as seguintes
4. Lise. reações:
1. Condensação
B-OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GORDOS SATURADOS 2. Redução por NADPH
E CADEIA DE NÚMERO P AR 3. Desidratação
4. Redução
A desidrogenação/oxidação do acil-CoA
produz uma ligação dupla entre os carbonos α e β,
formando trans-∆2-enoil-CoA. É de notar que a nova
ligação dupla tem uma configuração trans, onde, normalmente as ligações duplas que
ocorrem naturalmente têm a configuração cis. Este primeiro passo é catalisada por 3
isozimas, acil-CoA desidrogenase, cada especifica para um comprimento do acil-CoA
(longa cadeia, entre 12 a 18 carbonos e cadeia curta). Estas isozimas tratam-se de
flavoproteinas com FAD como grupo prostético.
No segundo passo da β-oxidação, água é
adicionada à dupla ligação do trans-∆2-enoil-CoA,
formando o estereoisómero L do β-hidroxiacil-CoA. Esta
reação é catalisada pela enoil-CoA hidratase.
No terceiro passo, a L- β-hidroxiacil-CoA é
desidrogenada/oxidada em β-cetoacil-CoA, pela ação
da β-hidroxiacil-CoA desidrogenase que tem o NAD+
como aceitador de eletrões. Esta enzima é
completamente especifica para o isómero L.
O quarto e último passo da β-oxidação é
catalisado pela acil-CoA acetiltransferase, mais
comumente chamado tiolase, o que promove a reação
do β-hidroxiacil-CoA com uma molécula de coenzima A
de forma a clivar o fragmento de 2 carbonos do terminal
carboxílico do ácido gordo inicial, na forma de Acetil-
CoA. Esta reação é denominada tiolise.
Os últimos 3 passos desta sequencia de 4 passos é
realizado num de 2 conjuntos de enzimas, dependendo
do tamanho do ácido gordo. Com ácidos gordos de 12
ou mais carbonos estas reações são catalisadas num
complexo multienzimatico, associado com a membrana
interna da mitocondria, a proteína trifuncional (TFP).
Quando o ácido gordo tem uma cadeia de 12 ou menos
carbonos estas reações são catalisadas por um conjunto
de 4 enzimas solúveis na matriz.
Este trata-se de um mecanismo de destabilização
e clivagem de ligações simples entre grupos metilenos
em ácidos gordos. A função cetona do carbono β faz
dele um bom alvo para uma taque nucleofílico do gruo -
SH da coenzima A, catalisada pela tiolase.
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A reação de rearranjo
catalisada pela coenzima B12,
tratam-se da troca de 2 grupos
ligados a carbonos adjacentes
no substrato. Um átomo de
hidrogénio migra de um
carbono para o seguinte, com
um grupo R se move na direção
inversa. O primeiro passo neste
rearranjo molecular é a quebra
da ligação C-Co para gerar a
forma da conzima Co2+ e o
radical 5’-deoxiadenosil, -CH2º.
Nesta reação de clivagem
homolítica, um eletrão da
ligação Co-C fica no Co
(reduzindo da forma +3 para a
+2), enquanto que o outro
eletrão fica no carbono, gerando um radical livre.
Este radical livre resultante, trata-se de uma espécie altamente reativa que
“rouba” o átomo de hidrogénio do substrato para formar 5’-deoxiadenosina e um
radical do substrato. Este radical substrato rearranja-se espontaneamente: o grupo
carbonilo do CoA migra para a posição anteriormente ocupada pelo H do carbono
vizinho para produzir um radical diferente. Este radical “rouba” o átomo de hidrogénio
do grupo metilo do 5’-deoxiadenosil para completar o rearranjo e devolver o
deoxiadenosil à sua forma redicalar. o papel da coenzima B 12 nestas migrações
intramoleculares é para servir de fonte de radicais livres para os “roubos” de átomos de
hidrogénio.
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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017
em acetil-CoA, por uma via similar à da mitocôndria. Nas células de plantas, o maior
local de oxidação de ácidos gordos são os peroxissomas.
Os peroxissomas são organelos envolvidos por membrana de células animais e
vegetais. Nestes organelos os intermediários para a β-oxidação são derivados da
coenzima A e o processo consiste de 4 passos:
1. Oxidação/desidrogenase;
2. Hidratação (resulta numa ligação dupla);
3. Oxidação;
4. Clivagem tiolítica pela coenzima A.
Uma diferença entre as vias peroxissomal e mitocondrial encontra-se na química
do primeiro passo. Nos peroxissomas, a flavoproteína acil-CoA oxidase que introduz a
ligação dupla passa os eletrões diretamente para o O2, produzindo H2O2. Este é
imediatamente clivado em H2O e O2 pela catalase. Nos peroxissomas, a energia
libertada no primeiro passo oxidativo não é conservada em ATP, sendo dissipado por
calor.
CORPOS CETÓNICOS
Nos humanos e na maioria dos outros mamíferos, o acetil-CoA formado no
fígado durante a oxidação de ácidos gordos pode entrar no ciclo de Krebs ou pode
sofrer conversão em corpos cetónicos (acetona, acetoacetato e β-hidorxibutirato) para
ser transportado para outros tecidos.
A acetona é produzida em quantidades menores que os outros corpos
cetónicos, e é exalada. Acetoacetato e β-hidorxibutirato são transportados no sangue
para tecidos extrahepáticos (isto é, fora do fígado), onde são convertidos em acetil-
CoA e oxidados no ciclo de Krebs, formando muita da energia necessária por estes
tecidos (como o cérebro e o músculo cardíaco e o córtex renal).
O cérebro usa normalmente e preferencialmente a glucose como combustível,
no entanto, pode adaptar-se para a utilização de acetoacetato e do β-hidorxibutirato
em condições de fome extrema, quando a glucose não se encontra disponível.
A produção e transporte de corpos cetónicos do fígado para outros tecidos
permite a oxidação contínua dos ácidos gordos quando a acetil-CoA não está a ser
oxidada no ciclo de Krebs.
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BIOSSÍNTESE DE LÍPIDOS
Como noutras vias de biossíntese, este conjunto de reações são endergónicas e
redutoras. É utilizado, portanto, o ATP como fonte de energia metabólica e o
transportador de eletrões reduzido (normalmente NADPH) como um agente redutor.
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PASSO 1- CONDENSAÇÃO
A primeira reação de formação da cadeia de ácidos gordos é um consensação
de Claisen evolvendo os grupos acetil e malonil ativados para formar acetoacetil-ACP,
com a libertação de uma molécula de CO2. Esta reação
catalisada pela β-cetoacetil-ACP sintetase, o grupo Não se usam 2 acetil-
acetil é transferido da cisteína para o grupo malonil da CoA porque o equilíbrio
ACP. da reação de
O átomo de carbono do CO2 formado nesta reação é o condensação 2C+2C é
mesmo que foi originalmente introduzido no malonil-CoA desfavorável.
a partir do HCO3- pela reação de carboxilase do Acetil-
CoA. O CO2 é unicamente transiente na ligação
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PASSO 3 – DESIDRATAÇ ÃO
A água é removida do C-2 e C-3 do D-β-
hidroxilbutirato-ACP para formar uma ligação dupla do
produto, trans-Δ2-butenoil-ACP. A enzima que catalisa
esta desidratação é a β-hidroxiacil-ACP desidrogenase.
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para neste ponto e o palmitato é libertado do ACP pela atividade hidrolítica da proteína
multifuncional.
Podemos considerar a reação completa para a síntese do palmitato do acetil-
CoA em 2 partes. Primeiramente a formação das 7 moléculas de malonil-CoA:
7 acetil-CoA + 7 CO2 + 7 ATP 7 malonil-CoA + 7 ADP + 7 Pi
E depois os 7 ciclos de consensação e redução:
Acetil-CoA + 7 malonil-CoA + 14 NADPH/H+ palmitato + 7 CO2 + 8 CoA + 14 NADHP+
+ 6 H2O
É de notar que apenas 6 águas são produzidas no total uma vez que uma delas
+e usada para hidrolisar a ligação tioéster que liga o produto palmitato à enzima. O
processo total é:
8 Acetil-CoA + 7 ATP + 14 NADPH + 14 H+ palmitato + 8 CoA + 7 ADP + 7 Pi +
14 NADP+ + 6 H2O
A biossíntese de ácidos gordos como o palmitato requer Acetil-CoA e o input de
energia química de duas formas: potencial de transferência de grupo do ATP e o poder
redutor do NADPH. O ATP é necessário para ligaro o CO2 ao acetil-CoA, na formação
do malonil-CoA; o NADPH é necessário para reduzir as ligações duplas.
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“SHUTTLE” DO CITRATO
Em eucariotas não fotossintéticos, a maioria do Acetil-CoA usado na síntese de
ácidos gordos é formado na mitocôndria a partir da oxidação do piruvato e do
catabolismo do esqueleto carbonado dos aminoácidos.
A membrana interna da mitocôndria é impermeável ao acetil-CoA, por isso, é
necessária uma bomba/”shuttle” indireta para transferir os equivalente dos grupo acetil
através da membrana. O acetil-CoA intramembranar reage com o oxaloacetato para
formar citrato, na reação do ciclo de Krebs catalisada pela citrato sintetase. O citrato
passa através da membrana interna no transportador de citrato. No citosol, o citrato é
clivado pela citrato liase, regenerando o acetil-CoA e oxaloacetato, numa reação
dependente de ATP. O oxaloacetato não pode voltar para a matriz da mitocôndria
diretamente, uma vez que não existe nenhum transportador. Contrariamente, a malato
desidrogenase reduz o oxaloacetato em malato, que pode voltar para a matiz da
mitocôndria pelo transportador malato-β-cetoglutarato, em troca de citrato. Na matriz
o malato é reoxidado em oxaloacetato para completar o ciclo. Apesar disso, a maioria
do malato produzido no citosol é utilizado para gerar NADPH citosólico, pela atividade
da enzima málica. O piruvato formado é transportado para a mitocôndria pelo
transportador de piruvato, e convertido de volta a oxaloacetato pela piruvato
carboxilase na matriz. O ciclo resultante leva ao consumo de 2 ATPs (pela citrato liase e
piruvato carboxilase) por cada molécula de acetil-CoA transportada para a síntese de
ácidos gordos. Após a quebra do citrato para regenerar acetil-CoA, a conversão dos 4
carbonos restantes em piruvato e CO2 pela enzima málica gera cerca de metade dos
NADPH necessários para a síntese de ácidos gordos. A via das pentoses fosfato contribui
com os restantes NADPH necessários.
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SÍNTESE DE COLESTEROL
O colesterol é uma molécula essencial em mamíferos, mas não é requerida na
dieta uma vez que todas as células o podem sintetizar a partir de percursores simples.
Todos os 27-carbonos deste composto
são provenientes de um único percursor, o
acetato. As unidades de isopreno, que são os
intermediários essenciais na via do acetato
até ao colesterol, são também percursores
essenciais para muitos outros lípidos naturais e
o mecanismo no qual as unidades de isopreno
são polimerizadas são similares em todas essas
vias.
O colesterol é, como os ácidos gordos de cadeia longa, feito a partir de acetil-
CoA. A síntese ocorre em 4 passos:
1. Condensação de 3 unidades de acetato, para formar o intermediário de 6
carbonos, mevalonato;
2. Conversão do mevalonato em unidades de isopreno ativadas;
3. Polimerização das unidades de isopreno, de 5 carbonos, para formar o
esqualeno linear, de 30 carbonos;
4. Ciclização do esqualeno para formar os 4 anéis do núcleo de esteroides, com
mudanças adicionais (oxidações, remoção ou migração de grupos metil) para
formar o colesterol.
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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017
carboxilo próximo saem, dando origem a uma ligação dupla no produto de 5 carbonos,
Δ3-isopentenil fosfato. Este é o primeiro de dois isoprenos ativados centrais na síntese do
colesterol.
A isomerização do Δ3-isopentenil fosfato forma um segundo isopreno ativado,
dimetilalil pirofosfato.
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GLICONEOGÉNESE
Em mamíferos, alguns tecidos dependem quase completamente de glucose,
para a sua energia metabólica. O cérebro humano e o sistema nervoso, tal como os
eritrócitos, medula renal e tecido embrionário, a glucose do sangue é o combustível
maioritário.
Mais de metade da glucose encontra-se armazenada no fígado e músculos na
forma de glicogénio. No entanto, a glucose armazenada deste modo nem sempre é
suficiente; entre as refeições e durante períodos de jejum maiores, ou após exercício
rigoroso, o glicogénio armazenado é esgotado. Nestes períodos, o organismo precisa
de um método de síntese de glucose a partir de percursores não carboidratos. Isto é
conseguido por esta via, denominada de gliconeogénese, que converte piruvato e
compostos de 3 a 4 carbonos relacionados em glucose.
A gliconeogénese ocorre em todos os animais, plantas, fungos e microrganismos.
Os percursores da glucose em animais são compostos de 3 carbonos como o lactato,
piruvato e glicerol, tal como certos aminoácidos.
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ENERGÉTICA DA GLUCONEOGÉNESE
A soma das reações biosintéticas que levam do piruvato à glucose livre, no
sangue, é:
2 piruvato + 4 ATP + 2 GTP + 2NADH + 2 H+ + 4 H2O glucose + 4 ADP + 2 GTP + 6 Pi +
2 NAD+
Por cada molécula de glucose formada do piruvato, 6 grupos fosfato altamente
energéticos são requeridos, 4 de ATP e 2 de GTP. Em adição, 2 moléculas de NADH são
requeridas para a redução de 2 moléculas de 1,3-bifosfoglicerato.
Claramente, a reação anterior não é simplesmente o reverso da equação de
conversão da glucose em piruvato, na glicólise, a qual só iria precisar de 2 moléculas
de ATP:
Glucose + 2 ADP + 2 Pi + NAD+ 2 piruvato + 2 ATP + 2 NADH + 2 H+ + 2 H2O
A síntese da glucose a partir do piruvato é um processo relativamente caro. Mas
muito deste custo energético é necessário para a irreversibilidade da gliconeogénese.
INTERMEDIÁRIOS GLUCOGÉNICOS
A síntese de glucose dá.se a partir de piruvato, mas também a partir de
intermediários do ciclo de Krebs de 4, 5 e 6 carbonos. Também alguns dos átomos de
carbono da maioria dos aminoácidos são ultimamente catabolizados em piruvato ou
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algum intermediário do ciclo de Krebs (tais aminoácidos que podem sofrer conversão
para a glucose são ditos glicogénicos – alanina e glutamina são os mais importantes).
Não há conversão de ácidos gordos nos mamíferos. O catabolismo da maioria
dos ácidos gordos forma acetil-CoA, sendo que os mamíferos não conseguem usar o
acetil-CoA como percursor da glucose. As plantas, leveduras e muitas bactérias têm
uma via (o ciclo do glioxilato) que converte acetil-Coa em oxaloacetato, para que estes
organismos possam usar ácidos gordos como o material inicial da gliconeogénese.
Apesar dos mamíferos não converterem ácidos gordos em carboidratos, podem usar
uma pequena quantidade de glicerol, produzido na clivagem de triacilgliceróis, para a
gliconeogénese. A fosforilação do glicerol pela glicerol cinase, seguida de oxidação do
carbono central forma um intermediário da gliconeogénese no fígado (dihidroxiacetato
fosfato).
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METABOLISMO DE
AMINOÁCIDOS
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AMINOÁCIDOS GLUCOGÉNICOS
Os aminoácidos que são
degradados em piruvato, a-
cetoglutarato, succinil-CoA, fumarato
e/ou oxaloacetato, podem ser
convertidos em glucose e glicogénio.
Estes tratam-se dos aminoácidos
glucogénicos, que são:
✓ Aspartato
✓ Asparagina
✓ Arginina
✓ Fenilalanina
✓ Tirosina
✓ Isoleucina
✓ Metionina
✓ Valina
✓ Glutamina
✓ Glutamato
✓ Prolina
✓ Histidina
✓ Alanina
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✓ Serina
✓ Cisteína
✓ Glicina
✓ Treonina
✓ Triptofano
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a Glicina pode sofrer, este é substrato para a D-aminoácido oxidase, neste processo a
Glicina é convertida em glioxilato, um substrato alternativo para a lactato
desidrogenase hepática, sendo que o glioxilato é oxidado em oxalato numa reação
dependente de NAD+.
A Treonina pode ser convertida em Glicina em dois passos ou pode ser
convertida em succinil-CoA.
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FORMAÇÃO DE GABA
Em adição ao seu papel como blocos de construção das proteínas, os
aminoácidos são percursores de muitas biomoléculas especializadas, incluindo
hormonas, coenzimas, nucleótidos, alcaloides, polímeros de paredes celulares,
porfirinas, antibióticos, pigmentos e neurotransmissores.
Muitos neurotransmissores são aminas primárias ou secundárias, derivadas de
aminoácidos.
A descarboxilação do glutamato dá origem a gama-aminobutirato (GABA), um
neurotransmissor inibitório. A sua subprodução está associada com ataques de
epilepsia. Análogos de GABA são usados no tratamento de epilepsia e hiperventilação.
Os níveis de GABA também podem ser aumentados com a administração de inibidores
da enzima degradadora de GABA, a GABA aminotransferase
TRANSAMINAÇÃO
O primeiro passo do catabolismo de L-aminoácidos, assim que estes chegam ao
fígado, é a remoção do grupo a-amino, promovido pelas enzimas aminotranferases ou
transaminases.
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antes da ligação do segundo substrato. Assim, o aminoácido liga ao local ativo, doa o
seu grupo amina ao PLP e sai na sua forma de a-ceto ácido. Só depois é que o a-ceto
ácido aceitador se liga, aceita o grupo amina do PLP e sai na forma de um aminoácido.
RELAÇÕES INTER-ORGÃOS
• Intestino – Absorção dos aminoácidos da dieta;
• Fígado – metabolismo principal dos aminoácidos/ produção de ureia;
• Músculos – ciclo glucose-alanina;
• Rins – excreção de ureia.
CICLO DE UREIA
Se não for reutilizado para a síntese de novos aminoácidos ou outros produtos
nitrogenados, os grupos amina são canalisados para um único produto excretório.
A maioria dos mamíferos terrestres são uretéricos, isto é, excretam azoto na forma
de ureia. Nestes organismos, a amónia depositada na mitocôndria dos hepatócitos é
convertida em ureia no ciclo de ureia.
A produção de ureia dá-se exclusivamente
no fígado e é o destino da maioria da amónia que
para lá é canalisada. A ureia passa para a
corrente sanguínea e é excretada na urina.
O ciclo da ureia começa dentro de
mitocôndrias do fígado, mas 3 dos passos
subsequentes ocorrem no citosol.
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Uma vez que o fumarato formado é um intermediário do ciclo de Krebs, os dois ciclos
estão interconectados. Apesar de tudo, estes ciclos operam independentemente e a
comunicação entre eles depende do transporte de intermediários chave entre a
mitocôndria e o citosol.
Se considerarmos o ciclo de ureia em isolado, vemos que uma molécula de ureia
requer 4 grupos fosfato altamente energéticos. 2 moléculas de ATP para formar o
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carbamoil fosfato e uma para fazer a argininosuccinato, o último ATP sofrendo uma
clivagem pirofosfato em AMP e PPi. A reação total é:
2 NH4+ + HCO3- + 3 ATP4+ + H2O ureia + 2 ADP3- + 4Pi2- + AMP2- + 2 H+
No entanto, o ciclo de ureia leva a uma conversão net de oxaloacetato em
fumarato (via aspartato), e a regeneração do oxaloacetato produz NADH na reação
da malato desidrogenase. Cada molécula de NADH pode gerar até 2,5ATP durante a
respiração mitocondrial, reduzindo o custo total do ciclo da ureia.
Hiperamonémia:
• Deficiência em enzimas do ciclo da ureia (CPS, OTC, etc.);
• Problemas neurológicos severos em recém-nascidos;
• Tratamento: parar o consumo de proteínas, diálise e aumentar a
excreção de amónia (benzoato, phenilbutirato, L-arginina, L-citrulina).
--“—“—“—
Ureia:
• Gama normal: 7-18 mg/dL;
• Elevada em maior catabolismo de aminoácidos
• Mais glutamato, leva a maior quantidade de N-acetilglutamato, que
por sua vez leva à ativação da CPS-1;
• Elevada na insuficiência rena;
• Diminuída em deficiência hepática.
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BIOSSÍNTESE DE POLIAMINAS
Poliaminas como a spermina e a spermidina, envolvidas no empacotamento de
DNA, são derivados de metionina e ornitina. O primeiro passo é a descarboxilação de
ornitina, um percursor da arginina. A ornitina descarboxilase, uma enzima dependente
de PLP, esta enzima é alvo de vários inibidores usados em agentes farmacológicos. O
mecanismo de formação destas poliaminas está especificado na imagem:
CREATINA E CREATININA
A creatina é sintetizada a partir de glicina e arginina, sendo a metionina, na
forma de S-adenosil metionina, o dador do grupo metilo.
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FOTOSSÍNTESE
O processo que converte a radiação
eletromagnética em energia química trata-se
da fotossíntese, um processo que usa a energia
da luz para converter dióxido de carbono e
água em carboidratos e oxigénio.
CO2 + H2O (CH2O) + O2
Organismos fotossintéticos são
denominados de autotróficos, porque eles
conseguem sintetizar combustíveis químicos,
como glucose, de dióxido de carbono e água
usando a luz solar como fonte de energia e
conseguem depois recuperar alguma da sua
energia através da via glicólica e do
metabolismo anaeróbio.
A fotossíntese é constituída por 2 partes: as reações da luz e reações no escuro.
Nas reações de luz, a energia da luz é transformada em 2 formas de energia bioquímica:
poder redutor e ATP. Os produtos das reações da luz são depois usados nas reações no
escuro para levar à redução de CO2 e a sua conversão em glucose e outros açúcares.
As reações no escuro são também denominadas de ciclo de Calvin.
REAÇÕES DE LUZ
A fotossíntese usa a energia da luz para impulsionar eletrões de um estado de
baixa energia para um estado de maior energia. Estes eletrões são depois utilizados para
produzir poder redutor e são usados indiretamente, por uma cadeia transportadora de
eletrões e uma força potro-motriz ao longo de uma membrana, que leva à síntese de
ATP.
Fotossíntese em plantas verdes, é mediada por 2 tipos de reações de luz. O
fotossistema I gera o poder redutor na forma de NADPH mas, no processo, fica
deficiente em eletrões. O Fotossistema II oxida água e transfere os eletrões para o
fotossistema I. Um produto lateral destas reações é O2. O fluxo de eletrões do
fotossistema II para o I gera um gradiente de protões transmembranar, aumentado pela
libertação de protões na oxidação da água, que leva à síntese de ATP.
CLOROPLASTROS
A fotossíntese ocorre em organelos
denominados de cloroplastos. Como uma
mitocôndria, estes organelos têm uma membrana
interna e uma externa, com um espaço
intermebranar. A membrana interna rodeia o
estroma, que é onde se dão as reações na fase
escura da fotossíntese. No estroma encontram-se
as estruturas membranares, chamadas tilacoides,
que são uma espécie de sacos achatados, ou
discos. Os tilacoides estão empilhados e
interligados. Os tilacoides são análogos às cristas
da mitocôndria e, como estas, são locais de
acoplamento de reações redox das reações
dependentes de luz que geram a força proto
motriz.
As membranas dos tilacoides contêm a maquinaria de transformação da
energia: proteínas captadoras de luz, centros reativos, cadeias transportadoras de
eletrões e ATP sintetase.
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FOTOSSISTEM AS
Nas plantas verdes, a fotossíntese depende da interplay de 2 complexos ligados
à membrana e sensíveis à luz – fostossistemas I e II.
Estes requerem luz para energizar os seus centros reacionais, constituídos por
pares especias, denominados P680 no fotossistema I e P700 no fotossistema II, e ambos
transferem eletrões usando cadeias transportadoras de eletrões.
O fluxo de eletrões, nas plantas, progride do fotossistema II para o I, na maioria
das situações.
O fotossistema I responde a luz com comprimento de onda menor que 700nm,
usa eletrões de alta energia derivados da luz para criar um poder redutor biossintético,
na forma de NADPH. Os eletrões para criar uma molécula de NADPH são tirados de duas
moléculas de água pelo fotossistema II, que responde a comprimentos de onda
menores que 600nm. Uma molécula de O2 é gerada como produto lateral da ação do
fotossistema II. Os eletrões viajam do fotossistema II para o fotossistema I através do
citocromo bf, um complexo ligado a membrana. O citocromo bf gera um gradiente
através da membrana dos tilacoides que leva à formação de ATP. Assim os 2
fotossistemas cooperam para produzir NADPH e ATP.
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SÍNTESE DE ATP
Os princípios da síntese de ATP nos cloroplastos são idênticos aos da mitocôndria.
A formação de ATP é conduzida por uma força potro-motriz.
A luz induz a transferência de eletrões pelo fotossistema I e II e o complexo
citocromo bf. Em vários passos deste processo, os protões são libertados para o lúmen
dos tilacoides ou retirados do estroma, criando um gradiente de protões.
A força proto-motriz gerada pelas reações de luz é convertida em ATP pela ATP
sintase dos cloroplastos, também denominada de CF1-CF0 complexo. Este complexo é
similar ao complexo F1-F0 da mitocôndria. CF0 conduz os protões através da membrana
dos tilacoides, enquanto que o CF1 catalisa a formação de ATP e Pi.
É de notar que a orientação do CF1-CF0 está revertida quando em comparação
com a ATP sintase da mitocôndria.
Como o CF1 se encontra na superfície do tilacoide virada para o estroma, o ATP
sintetizado é libertado diretamente para o estroma. De forma idêntica, o NADPH
formado pelo fotossistema I é também libertado para o estroma. Assim, o ATP e NADPH,
produtos das reações dependentes de luz, estão posicionados de forma apropriada
para as reações no escuro subsequentes, em que o CO2 é convertido em carboidratos.
ESTEQUIOMETRIA
A absorção de 4 fotões pelo fotossistema II gera uma molécula de O 2 e liberta 4
protões para o lúmen dos tilacoides. 2 moléculas de plastoquinol são oxidadas pelo ciclo
Q do complexo citocromo bf para libertar 8 protões para o lúmen. Finalmente, os
eletrões de 4 moléculas de plastocianina reduzida são conduzidas para a ferredoxina
pela absorção de 4 fotões adicionais. As 4 moléculas reduzidas de ferredoxina geram 2
moléculas de NADPH. Assim a reação total é:
2 H2O + 2 NADP+ + 10 H+estroma O2 + 2 NADPH + 12 H+lúmen
Os 12 protões libertados para o lúmen podem fluir através da ATP sintase, e
sabendo que 13 protões têm de passar pelo complexo CF0 para uma rotação completa
de CF1 (1 rotação forma 3 ATP), a reação total é:
2 NADPH+ + 3 ADP3- + 3 Pi2- + H+ O2 + 2 NADPH + 3 ATP4- + H2O
PIGMENTOS ACESSÓRIOS
Os pigmentos acessórios, tanto clorofilas adicionais como outras classes de
moléculas, estão associados com os centros reacionais. Estes pigmentos absorvem luz e
passam a energia para o centro reacional para conversão para a forma química. Os
pigmentos acessórios previnem que o centro reacional fique parado, ao absorverem a
luz a comprimentos de onda diferentes daquele a que a clorofila a absorve.
A clorofila b e os carotenoides são os pigmentos acessórios mais importantes.
Estes pigmentos acessórios aumentam a eficiência da captação de luz,
permitindo que a planta absorva luz de todo o espectro visível.
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REAÇÕES DO ESCURO
As reações do escuro usam o ATP e o NADH produzidos nas reações da luz para
reduzir os átomos de carbono do dióxido de carbono para um estado mais reduzido
como hexoses.
Juntas, as reações da luz e do escuro, cooperam para transformar energia da
luz em combustíveis de carbono.
As reações no escuro são também denominadas de ciclo de Calvin, e ao
contrário das reações de luz são independentes da luz.
CICLO DE CALVIN
Este ciclo tem 3 etapas:
1. Fixação de CO2 pela ribulose 1,5-bifosfato para formar 2 moléculas de 3-
fosfoglicetato;
2. Redução do 3-fosfoglicerato para formar açúcares hexoses;
3. Regeneração da ribulose 1,5-bifosfato para que mais CO2 possa ser fixado.
Este conjunto de reações ocorre no estroma dos cloroplastos.
1ª ETAPA
O primeiro passo do ciclo de Calvin é a fixação do CO2. Isto começa com a
conversão de ribulose 1,5-bifosfato num intermediário altamente reativo enediol. A
molécula de CO2 condensa com o enediol para formar um composto de 6 carbonos,
instável, que é rapidamente hidrolisado em 2 moléculas de 3-fosfoglicerato.
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2ª ETAPA
3ª ETAPA
A terceira fase do ciclo de Calvin é a regeneração da ribulose 1,5-bifosfato, o
aceitador de CO2 no primeiro passo. O problema é que para construir um açúcar de 5
carbonos de açúcares de 6 ou 3 carbonos. Uma transcetolase e uma aldolase têm um
papel bastante importante no rearranjo dos átomos de carbono, sendo que a
formação de ribulose 1,5-bifosfato a partir de uma hexose ocorre num processo
semelhante ao que se dá, em animais, na conversão de pentose fosfato em hexose
fosfato na fase não oxidativa da via das pentoses fosfato.
Frutose 6-fosfato + 2 gliceraldeído 3-fosfato + dihidrociacetona fosfato + 3 ATP
3 ribulose 1,5-bifosfato + 3 ADP
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PLANTAS C 4
A atividade de
oxigenase da rubisco torna-se
um desafio para plantas
tropicais, uma vez que a
atividade da oxigenase
aumenta mais rapidamente
com a temperatura do que a
atividade de carboxilase.
Como é que estas plantas
previnem o desperdício da
fotorrespiração? A sua solução
a este problema é conseguir
uma concentração local alta
de CO2 no local do ciclo de Calvin nas suas células fotossintéticas. A essência deste
processo é que moléculas de 4 carbonos como o oxaloacetato e o malato transportam
CO2 das células mesófilas, que estão em contacto com o ar. A descarboxilação dos
compostos de 4 carbonos mantém uma alta concentração de CO 2 no local do ciclo
de Calvin. Os produtos de 3 carbonos voltam à célula mesófila para outra ronda de
carboxilação.
A via C4 para o transporte de CO2 começa na célula mesófila com a
condensação do CO2 e fosfoenolpiruvato para formar oxaloacetato, na reação
catalisada pela fosfoenolpiruvato carboxilase. Em algumas espécies, o oxaloacetato é
convertido em malato pela malato desidrogenase. O malato entra nas células e é
descarboxilado oxidativamente nos cloroplastos por uma malato desidrogenase. O CO 2
libertado entra no ciclo de Calvin na forma usual ao condensar com a ribulose 1,5-
bifosfato. O piruvato criado na reação de descarboxilação volta para a célula mesófila.
Finalmente, fosfoenolpiruvato é formado do piruvato pela pruvato-Pi dicinase.
A reação net para a via C4 é:
CO2 (célula mesófila) + ATP + 2 H2O CO2 (bundle-sheath célula) + AMP + 2 Pi + 2 H+
O equivalente energético a 2 ATP é consumido no transporte de CO 2 para o
cloroplastos de células bundle-sheath. Em essência, este processo é um transporte ativo.
Quando a via C4 e o ciclo de Calvin operam ao mesmo tempo, a reação net é:
6 CO2 + 30 ATP + 12 NADPH + 24 H2O C6H12O6 + 30 ADP + 30 Pi + 12 NADP+ + 18 H+
É de notar que são consumidas 30 moléculas de ATP por hexose quando a via
C4 fornece CO2 ao ciclo de Calvin, em contraste com as 18 moléculas quando à a
ausência da via C4. A concentração alta de CO2 nas células das plantas C4, que existe
graças ao gasto de 12 moléculas de ATP adicionais, é critica para a sua rápida taxa
fotossintética, uma vez que o CO2 é baixo quando a luz é abundante. Uma
concentração alta de CO2 também minimiza a energia perdida por fotorrespiração.
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PLANTAS CAM
Muitas plantas que vivem em ambientes quentes e secos, mantém o estroma
das suas folhas fechado durante o dia, para prevenir perda de água. Como
consequência, CO2 não é absorvido durante o dia, quando é necessário para a síntese
de glucose. No entanto, o CO2 entra na folha quando o estroma se abre nas
temperaturas mais baixas da noite. Para guardar CO2 até que possa ser usado durante
o dia, estas plantas usam uma adaptação celular chamada de crassulacean acid
metabolismo (CAM). O dióxido de carbono é fixado pela via C4 em malato, que é
guardado em vacúolos. Durante o dia, o malato é descarboxilado e o CO 2 torna-se
disponível para o ciclo de Calvin. Em contraste com plantas C4, plantas CAM separam
a acumulação de CO2 da utilização desse temporalmente, contrariamente a
espacialmente.
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CICLO DO GLIOXILATO
Os vertebrados não conseguem
converter ácidos gordos, ou os derivados
de acetato, em carboidratos. A
conversão do fosfoenolpiruvato em
piruvato e do piruvato em acetil-CoA são
tão exergónicas que são essencialmente
irreversíveis. Se as células não conseguem
converter acetato em fosfoenolpiruvato,
o acetato não pode servir de material de
inicio para a gliconeogénese. Sem esta
capacidade as células não são capazes
de converter em combustível metabolitos
que se degradam em acetato.
No entanto, o fosfoenolpiruvato
pode ser sintetizado a partir de
oxaloacetato, numa reação reversível
catalisada pela PEP carboxilase:
Oxaloacetato + GTP
Fosfoenolpiruvato + CO2 + DGP
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REAIS DICAS
➢ O ciclo de Krebs tem carácter anfibólico? Sim, isto é, pode ocorrer na via
catabólica ou anabólica dependendo do tipo de tecidos em que está inserido,
pode também ocorrer de forma mista.
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