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ALIMENTAR DE ATLETAS | 681

COMUNICAÇÃOCONSUMO
| COMMUNICATION

Consumo alimentar de atletas: reflexões


sobre recomendações nutricionais, hábitos
alimentares e métodos para avaliação do
gasto e consumo energéticos

Athletes’ food intake: reflections on nutritional recommendations,


food habits and methods
for assessing energy expenditure and energy intake

Vilma Pereira PANZA 1


Mara Sérgia Pacheco Honório COELHO 1
Patrícia Faria Di PIETRO1
Maria Alice Altenburg de ASSIS1
Francisco de Assis Guedes de VASCONCELOS 1

RESUMO

O objetivo do artigo foi efetuar revisão sobre o consumo alimentar de atletas, enfatizando recomendações
nutricionais, adequações dietéticas, comportamento alimentar e limitações dos métodos na avaliação dietética
e estimativa do gasto energético nesta população. Foram analisados 30 artigos, publicados no período de
1984-2004, selecionados em bases eletrônicas de dados. O critério de inclusão dos artigos foi a abordagem
sobre aspectos nutricionais relacionados ao exercício, recomendações de energia e nutrientes, bem como
consumo alimentar de atletas. As recomendações de energia, macronutrientes e hidratação para atletas já
estão bem determinadas, porém, pouco se conhece sobre as necessidades de vitaminas e minerais. Contudo,
existe um consenso de que as necessidades de micronutrientes para a maioria desses indivíduos podem ser
atendidas por uma dieta variada e equilibrada. Por outro lado, estudos indicam que a inadequação de energia
e nutrientes ainda predomina em vários grupos atléticos, revelando a necessidade da reeducação nutricional.
Diversos fatores inerentes à modalidade esportiva, tais como os esquemas de treinamento e as exigências
relativas à imagem corporal, podem influenciar os hábitos alimentares do atleta. Portanto, a compreensão das
relações entre o padrão de alimentação de atletas e os diversos fatores relacionados ao esporte são aspectos
fundamentais para o estabelecimento de orientações nutricionais. A ocorrência de erros sistemáticos em
pesquisas com atletas que empregam métodos que utilizam o auto-relato, ressalta a importância do rigor
metodológico na aplicação desses instrumentos.
Termos de indexação: atletas; consumo de alimentos; recomendações nutricionais; treinamento.

1
Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Nutrição. Campus Universitário, 88040-970,
Trindade, Florianópolis, SC, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: V.P. PANZA. E-mail:<giovil@terra.com.br>.

Rev. Nutr., Campinas, 20(6):681-692, nov./dez., 2007 Revista de Nutrição


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ABSTRACT

The purpose of this paper was to review the bibliography on athletes´ food intake, emphasizing nutritional
recommendations, dietary propriety and behavior, limitations of the methods for assessing food intake and
estimated energy expenditure in this population. Thirty articles were analyzed, published from 1984 to 2004,
selected from electronic databases. Articles that discussed nutritional aspects associated with exercise and
those that made recommendations regarding energy, nutrient or food intake were included. Determinations
for energy, macronutrient and liquid intake for athletes are already well established but little is known about
their need of vitamins and minerals. However, there is a consensus that the micronutrient requirements for
most of these individuals can be met by a varied and balanced diet. On the other hand, studies show that
unbalanced energy and nutrient intakes still prevail among many athletic groups, revealing the need for
dietary education. Many factors related to the type of sport such as training schemes and body image
requirements may influence the athletes’ dietary habits. Therefore, understanding the relationship between
the athletes´ eating patterns and the various patterns associated with the sport in question is essential to
establish specific nutritional guidance. The occurrence of systematic errors in researches involving athletes
that employ methods that rely on self reports emphasizes the importance of following a strict methodology
when using these instruments.
Indexing terms: athletic; food consumption; nutrition policy; training.

INTRODUÇÃO A maioria dos estudos dietéticos procura


examinar o consumo alimentar de atletas, apenas
A prática de atividades esportivas pode para avaliar a adequação entre as recomendações
proporcionar benefícios à composição corporal, à
nutricionais e os padrões dietéticos5. Pouco inte-
saúde e à qualidade de vida1. No entanto, o
resse é destinado à investigação das razões que
esporte competitivo nem sempre representa sinô-
levam à escolha dietética desses indivíduos.
nimo de equilíbrio no organismo. As alterações
Estudos mais recentes têm direcionado seu foco
fisiológicas e os desgastes nutricionais gerados
para o entendimento das relações entre o padrão
pelo esforço físico podem conduzir o atleta ao
de consumo alimentar em populações atléticas e
limiar da saúde e da doença, se não houver a
os variados aspectos inerentes ao grupo, dentro e
compensação adequada desses eventos2-4. Contu-
fora da prática esportiva8-10. Esse tipo de aborda-
do, a magnitude das respostas ao exercício parece
gem, em pesquisas de consumo alimentar de
estar associada à interação de diferentes variáveis,
atletas, confere grande contribuição no estabele-
como a natureza do estímulo, a duração e inten-
cimento de orientações nutricionais específicas
sidade do esforço, o grau de treinamento e o
estado nutricional do indivíduo1,3. que possam auxiliar na melhora do desempe-
nho físico e na manutenção da saúde do indi-
A importância da nutrição na performance
víduo5,8.
e saúde de atletas já se encontra suficientemente
documentada na literatura1-3. Diversos trabalhos O objetivo deste artigo foi descrever a prá-
têm buscado estabelecer recomendações relativas tica alimentar de atletas de diferentes modalidades
ao consumo nutricional e estratégias dietéticas esportivas frente às recomendações nutricionais,
que possam otimizar o desempenho e atenuar o a partir de uma revisão da literatura pertinente.
impacto negativo do exercício na saúde1,4. Junto Apresentam-se as características do comporta-
a isso, nas últimas décadas, várias pesquisas ava- mento alimentar e da ingestão dietética e identi-
liaram, em diferentes grupos atléticos, o quanto ficam-se as limitações associadas às metodologias
a prática alimentar desses indivíduos tem refletido empregadas para estimar o consumo e o gasto
os conhecimentos científicos acumulados na área energéticos de atletas de diferentes modalidades
da nutrição esportiva5-7. esportivas.

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RECOMENDAÇÕES da modalidade esportiva, do sexo e das condições


NUTRICIONAIS ambientais1.

O estabelecimento de recomendações O reparo e crescimento muscular e a rela-


nutricionais específicas para atletas1, representa tiva contribuição no metabolismo energético são
a disponibilização de um importante instrumento exemplos que confirmam a relevância do adequa-
teórico para o planejamento dietético destinado do consumo protéico para indivíduos envolvidos
a esta população. A adequação do consumo ener- em treinamento físico diário14. As recomendações
gético e nutricional é essencial para a manutenção da ingestão diária de proteínas para atletas
da performance, da composição corporal e da consistem em 1,2-1,7g/kg de peso corporal ou
saúde desses indivíduos1,3. A baixa ingestão de 12%-15% do consumo energético total1,13. Em
energia pode resultar em fornecimento insufi- recente estudo, Tarnopolsky14 concluiu que atletas
ciente de importantes nutrientes relacionados ao de endurance (resistência) envolvidos em treina-
metabolismo energético, à reparação tecidual, ao mento de moderada intensidade necessitam de
sistema antioxidante e à resposta imunológica1. uma ingestão protéica de 1,1g/kg/dia, enquanto
O déficit energético em atletas tem sido atletas de endurance de elite podem requerer até
associado a alterações metabólicas e reprodutivas 1,6g/kg/dia. Por outro lado, atletas de força po-
relacionadas ao exercício1,3. A ocorrência de ame- dem necessitar de 1,6-1,7g de proteína por quilo-
norréia em mulheres atletas está associada a grama de peso corporal por dia15.
marcantes reduções no consumo de energia e Os lipídios participam de diversos pro-
lipídeos e nas concentrações sangüíneas de cessos celulares de especial importância para
leptina, estrogênio, hormônios da tireóide e atletas, como o fornecimento de energia para os
insulina3. A estimativa do dispêndio energético de músculos em exercício, a síntese de hormônios
atletas é baseada no gasto metabólico basal e no esteróides e a modulação da resposta infla-
tipo, intensidade, duração e freqüência do exer- matória1,16,17. As recomendações de lipídeos para
cício1. De uma forma geral, é recomendado que atletas são de 20%-25% da ingestão energética
atletas homens e mulheres que se exercitam por
diária1. A utilização de gordura como fonte de
mais de 90 minutos por dia, tenham uma ingestão
energia adicional à dieta pode ser adotada,
energética acima de 50kcal/kg e 45-50kcal/kg,
devendo, porém, alcançar, no máximo, 30% do
respectivamente11.
valor energético total (VET). Por outro lado, um
O consumo apropriado de carboidrato é consumo lipídico inferior a 15% do VET parece
fundamental para a otimização dos estoques ini- não trazer qualquer benefício à saúde e à
ciais de glicogênio muscular, a manutenção dos performance. Sugere-se que as proporções da
níveis de glicose sangüínea durante o exercício e energia dietética oriunda de gorduras sigam as
a adequada reposição das reservas de glicogênio recomendações para a população em geral1.
na fase de recuperação1. Além disso, a ingestão
Embora as recomendações de proporções energé-
de carboidrato pode atenuar as alterações nega-
ticas dos macronutrientes sejam destinadas à
tivas no sistema imune devido ao exercício4. Exis-
população atlética em geral, especialistas sugerem
tem evidências de que o consumo de dieta rica
em carboidrato, em período de treinamento inten- que essas recomendações devam ser interpretadas
so, pode favorecer não somente o desempenho com certa cautela. Em uma dieta de 2000kcal,
como o estado de humor do atleta12. As reco- por exemplo, a recomendação de 60% de car-
mendações de carboidrato para atletas são de boidrato a uma atleta de 60kg pode representar
6-10g/kg de peso corporal por dia ou 60-70% da um fornecimento de carboidrato insuficiente (ape-
ingestão energética diária1,13; entretanto, a necessi- nas 4-5g/kg) para proporcionar adequada reserva
dade individual dependerá do gasto energético, de glicogênio muscular1.

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As vitaminas e minerais participam de atleta, como estudo ou trabalho, podem exercer


processos celulares relacionados ao metabolismo grande influência nos seus hábitos alimentares10.
energético; contração, reparação e crescimento Nesse sentido, devem ser observados vários as-
muscular; defesa antioxidante e resposta imune1,2. pectos inerentes à rotina esportiva como o tipo, a
Contudo, tanto o exercício agudo como o treina- intensidade e a duração do exercício; a tolerância
mento, podem levar a alterações no metabolismo, à prática alimentar durante o esforço; os possíveis
na distribuição e na excreção de vitaminas e mi- locais para reabastecimento durante os exercícios
nerais1,2. Em vista disso, as necessidades de micro- externos prolongados; a necessidade de controle
nutrientes específicos podem ser afetadas confor- de peso corporal e outros5-7. Assim, o conheci-
me as demandas fisiológicas, em resposta ao es- mento do padrão de treinamento e estilo de vida
forço2. Alguns autores supõem que atletas possam do atleta permite identificar e contornar quais
apresentar as necessidades relativas a deter- fatores podem limitar o seu consumo dietético.
minados tipos de micronutrientes acima da Conforme recomendam Ziegler et al.10, por exem-
Recommended Dietary Allowance (RDA)13,18-19. plo, a ingestão de pequenas e freqüentes refeições
Entretanto, com a divulgação das Dietary Reference de adequada densidade de energia e nutrientes,
Intakes (DRIs) e o estabelecimento do nível pode auxiliar o atleta no atendimento de suas
superior tolerável de ingestão (UL) para vários necessidades nutricionais, e ao mesmo tempo,
micronutrientes20, essa questão deve ser vista com prevenir distúrbios gastrintestinais durante o exer-
bastante cautela. Além disso, segundo recente cício, impedir a ingestão excessiva de alimentos
posicionamento de entidades científicas, dire- e evitar a fadiga.
cionado à nutrição e à performance atlética1, o A importância dada às questões nutricionais
consumo de dieta variada e balanceada parece no desempenho esportivo também pode deter-
atender o incremento nas necessidades de mi- minar o comportamento alimentar de grupos
cronutrientes gerado pelo treinamento. atléticos. Burke et al.5 identificaram padrões dieté-
A realização de exercícios, principalmente ticos próprios ao tipo de modalidade esportiva,
os intensos ou os realizados em ambientes quen- ao comparar quatro grupos de atletas de elite do
tes, implica em maior liberação de calor corporal, sexo masculino (triatletas, maratonistas, levan-
pela produção de suor, um dos principais meca- tadores de peso e jogadores de futebol). Os atletas
nismos fisiológicos da termorregulação21. Portanto, de endurance (triatletas e maratonistas) apresen-
o atleta deve ingerir líquido antes, durante e após taram maiores ingestões de energia e de carboidra-
o exercício, a fim de equilibrar as perdas hídricas to do que os demais grupos, o que foi explicado
decorrentes da sudorese excessiva. Recomenda- pelo alto consumo de pães e cereais e pelo maior
-se que 400-600mL de líquidos sejam consumidos dispêndio energético nos treinos. Além disso, esses
antes do exercício. Durante o esforço, a ingestão atletas foram os que se mostraram mais cons-
de líquidos deve incluir 150-350mL a cada 15-20 cientes da importância da alimentação na saúde
minutos. Para a reposição das perdas hídricas no
e no desempenho, e mais interessados no preparo
período de recuperação, o atleta deve consumir,
de suas refeições e em leituras relativas à nutrição.
pelo menos, 450-675mL de líquidos a cada 0,5kg
Por outro lado, os jogadores de futebol apresen-
de peso corporal perdido durante o exercício1.
taram maiores consumo de álcool e gordura e
foram os que demonstraram menor interesse
PADRÕES E HÁBITOS quanto aos benefícios da alimentação para a
ALIMENTARES performance. Para esse grupo, um grande con-
sumo de álcool, após as partidas, era sinônimo
As demandas dos treinamentos e com- de relaxamento, bravura e união entre os mem-
petições, junto a outras atividades rotineiras do bros da equipe.

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O Anexo apresenta uma síntese descritiva e não envolvidos em esportes de endurance,


dos estudos selecionados que investigaram o sugerindo uma elevada necessidade deste nutrien-
consumo dietético de atletas22-28. A grande procura te para esta modalidade esportiva.
por práticas dietéticas que possam otimizar o O poder aquisitivo do atleta e os aspectos
rendimento esportivo tem levado a um maior culturais podem constituir-se em importantes deter-
interesse pela utilização de suplementos nutri- minantes da qualidade e da quantidade de ali-
cionais do que por condutas alimentares ajustadas mentos consumidos. Examinando o padrão de
aos objetivos do treinamento5,9,29. Paschoal & ingestão alimentar e de macronutrientes de corre-
Amâncio9 verificaram um elevado consumo de dores adolescentes quenianos residentes em uma
suplementos protéicos, tais como aminoácidos escola secundária, Christensen et al.23 observaram
isolados, complexos de aminoácidos e creatina, que a dieta desses atletas era limitada ao consumo
entre nadadores de elite durante o período com- diário de milho e feijão, repolho e couve cozida,
petitivo. Além disso, a média de ingestão protéica café e leite fermentado. A ingestão de carne era
dietética entre esses atletas estava acima das restrita a apenas duas vezes na semana. Pão, leite,
recomendações (Anexo). Contudo, ainda que a laranja e refrigerantes eram eventualmente inge-
média do consumo de carboidrato estivesse dentro ridos entre as refeições. Embora houvesse va-
do recomendado, a maioria dos atletas apresen- riedade limitada de alimentos, os corredores esta-
tava ingestão insuficiente desse nutriente. As vam em equilíbrio energético e com adequado
ingestões de vitaminas e minerais eram ade- consumo de carboidrato (Anexo). Apesar de a
quadas, exceto para o cálcio, cuja inadequação ingestão protéica desses indivíduos atingir as
foi atribuída a um baixo consumo de leite e deri- recomendações para atletas de endurance1,14, o
vados. Destaca-se que, apesar de os atletas consumo de aminoácidos essenciais estava no
estudados terem demonstrado interesse em limite inferior ao recomendado. Segundo a conclu-
melhorar o seu desempenho por meio do uso de são dos autores, quando o consumo de macronu-
suplementos nutricionais, a ingestão dietética de trientes é satisfatório, principalmente de carboidra-
nutrientes fundamentais para a eficiência do tra- tos, as limitações na escolha de alimentos nem
balho muscular e a manutenção da massa óssea1, sempre interferem negativamente no desem-
tais como o carboidrato e o cálcio, foi negligen- penho atlético.
ciada.
As exigências relativas à imagem corporal
Embora haja um consenso de que a inges- e ao controle de peso parecem desempenhar
tão de dieta variada e equilibrada, provavelmente, relevante papel no comportamento alimentar e
preencha as necessidades de vitaminas e minerais no padrão dietético de diversos grupos atlé-
para os atletas em geral1, as necessidades de ticos6-8. Vários são os relatos de inadequações
micronutrientes para atletas de longas distâncias nutricionais e desordens alimentares em atletas,
parecem demandar mais investigações. Singh notadamente em mulheres envolvidas em moda-
et al.22 relataram que suplementos de vitaminas lidades esportivas cujo desempenho esteja estreita-
e minerais eram habitualmente utilizados em um mente associado à imagem ou ao peso corporal,
grupo de ultramaratonistas de ambos os sexos, o tais como a patinação artística e o fisiculturismo6,7.
que resultava em uma ingestão diária de micronu- Distúrbios de imagem corporal, restrição alimentar
trientes acima das recomendações. Vale ressaltar e disfunção menstrual dessas atletas parecem
que, embora o consumo total de vitamina B12 agravar-se no período competitivo24.
tenha ultrapassado em 25,65 vezes as recomen- O treinamento de patinação artística de
dações, as concentrações plasmáticas e a excreção atletas de elite pode envolver a prática de cinco a
urinária desta vitamina nos atletas estudados eram seis horas de exercícios por dia6. Atletas desta
semelhantes às de indivíduos não suplementados modalidade esportiva, tipicamente, devem apre-

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sentar, além de grande habilidade e beleza física, peso. As principais inadequações nutricionais
significativa força e resistência aeróbia, aptidões encontradas neste grupo relacionavam-se ao con-
que lhes conferem certas características de atletas sumo de energia e carboidrato (Anexo). Além
de força e endurance30. Por outro lado, a necessi- disso, ingestões abaixo das recomendações foram
dade de um baixo peso corporal, para a otimização verificadas para folato, ferro, cálcio, magnésio e
de complexas manobras, pode conduzir o atleta zinco. Junto às inadequações dietéticas, episó-
à inadequação nutricional e ao comprometimento dios de disfunções menstruais, passadas ou atuais,
da performance6,30. como amenorréia, oligomenorréia e irregularidade
Ziegler et al.6 analisaram a dieta de patina- nos ciclos menstruais particularmente durante o
dores de elite de ambos os sexos e observaram período competitivo, foram relatados por várias
que as mulheres apresentaram o consumo ener- das atletas avaliadas.
gético abaixo das recomendações, bem como in-
Mullinix et al.8 avaliaram a ingestão dieté-
gestão insuficiente de folato, cálcio, ferro, magné-
tica de jogadoras de futebol submetidas a regimes
sio e zinco. Segundo os autores, a severa restrição
de treinamento intenso (três a quatro horas/dia),
alimentar das patinadoras poderia estar associada
e observaram um padrão fracionado de consumo
à sua preocupação com a aparência e imagem
de alimentos (quatro a seis refeições/dia). Neste
corporal. Contudo, considerando as recomenda-
estudo, as análises das dietas revelaram ingestões
ções para atletas11, e não somente as RDAs,
inadequadas de energia total, carboidratos (Ane-
ressalta-se que não só um déficit energético, como
também um baixo consumo de carboidratos1, xo) e alguns micronutrientes, sugerindo a necessi-
ocorreu tanto nas mulheres quanto nos homens dade da inclusão de alimentos de maior densidade
(Anexo). Assim, a preocupação com a imagem energética e nutricional. As vitaminas D e E, folato,
corporal pareceu se manifestar em ambos os sexos zinco, cálcio, fósforo e magnésio dietéticos eram
neste grupo estudado. Por outro lado, os patina- consumidos em quantidades inferiores às recomen-
dores homens apresentaram elevado consumo de dadas. Todavia, a utilização de suplementos de
gordura total, gordura saturada e colesterol. vitaminas e minerais era freqüente entre as joga-
Conforme deduziram as autoras, o alto consumo doras estudadas. Ainda que o grupo avaliado tenha
lipídico e a ingestão freqüente de fast food e demonstrado percepções positivas do condiciona-
carnes eram, provavelmente, conseqüências dos mento físico e da imagem corporal, a prática de
programas de treinamento e competições e de métodos de controle de peso corporal foi relatada
intensos esquemas de viagens. Padrões de consu- por algumas das atletas. Entre os métodos mais
mo nutricional, semelhantes aos encontrados comuns estavam exercícios além do treinamento
neste estudo, foram relatados em outros trabalhos habitual, omissão de refeições, dietas hiperpro-
com patinadores de elite10,30. téicas/hipoglicídicas, orientação nutricional com
A preocupação com o controle de peso profissional de saúde e dietas líquidas.
parece não ser restrita apenas às modalidades Portanto, a pressão para a manutenção de
esportivas que enfatizam a imagem e o peso cor- um baixo peso corporal pode estar, muitas vezes,
poral24,25. Embora a prática competitiva de voleibol associada ao desejo da própria atleta em manter
não esteja tipicamente associada a severo controle ou melhorar sua auto-imagem. No entanto, a
de peso corporal, Beals24 identificou que jogadoras ausência de orientação profissional e a influência
adolescentes de voleibol praticavam restrição de treinadores, parentes e amigos podem também
energética, consumiam dieta liquida e limitavam contribuir com as razões que levam a atleta à
o tipo e a quantidade de alimentos consumidos. adoção de certos comportamentos alimentares
Ainda que o sobrepeso não tenha sido identificado, que a tornam vulnerável às deficiências nutri-
cerca da metade das atletas desejavam perder cionais, comprometendo o desempenho.

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Dentro de cada modalidade esportiva, os na seleção de alimentos durante o período pré-


padrões de treinamento e de alimentação podem -competitivo, envolviam os grupos do leite, horta-
variar significativamente entre os períodos liças, carne e gordura.
não-competitivos e competitivos25,29,31. Contrariamente às dietas extremamente
Estudos monstraram que as alterações dos hipoenergéticas, a inclusão de trabalhos aeróbios
padrões dietéticos de fisiculturistas nos períodos no programa de treinamento de fisiculturistas pa-
não-competitivos e pré-competitivos (10-12 sema- rece favorecer o alcance dos objetivos de gordu-
nas antes do evento)32 parecem ocorrer de um ra corporal, de forma mais rápida e vantajosa33,34.
modo muito peculiar7,29. Na tentativa de aprimorar Foi demonstrado que, com adequado consumo
a definição muscular para a competição, muitos protéico, o balanço energético negativo poderia
fisiculturistas, em fase pré-competitiva, adotam ser melhor tolerado quando o déficit fosse resul-
tante do aumento da atividade física, comparado
dietas com importante déficit energético e nutri-
ao gerado pela diminuição da ingestão ener-
cionalmente desequilibradas29. Contudo, a perda
gética34. Em relato de Manore et al.33, um fisicul-
ponderal promovida por este tipo de estratégia,
turista de elite conseguiu obter, com sucesso, o
pode implicar em importante redução da massa
percentual de gordura corporal desejado para a
muscular. Adicionalmente, a restrição dietética
competição, executando um programa de exercí-
severa, principalmente de carboidratos, pode
cio que enfatizava tanto o metabolismo anaeróbio
resultar em diminuição da força e da potência
quanto o aeróbio, em combinação com uma dieta
durante os treinos32. Via de regra, o padrão alimen-
hiperenergética, rica em carboidratos e adequada
tar de fisiculturistas é caracterizado por dietas
para a maioria dos micronutrientes, com exceção
monótonas, ricas em fontes protéicas, limitada em
de zinco e cálcio.
laticínios e fontes de gordura e com pouca va-
riedade de cereais, hortaliças e frutas7,29. A seleção Em outros grupos atléticos, no entanto, as
de alimentos de baixo teor de sódio é prática modificações nos padrões dietéticos durante as
comum entre esses atletas durante o período com- fases de treinamento e competição não foram
petitivo, com objetivo de evitar a retenção hídrica expressivas, embora inadequações nutricionais
e acentuar a definição dos músculos29,32. devam ser consideradas25,31. Conforme o comen-
Sandoval & Heyward 7 investigaram os tário de Nutter31 com relação a atletas mulheres,
padrões de seleção de alimentos de fisicultu- o desejo de se manter magra parece exercer maior
ristas, de ambos os sexos, durante os períodos influência nas práticas dietéticas do que as mudan-
não-competitivo e pré-competitivo. O estudo reve- ças no programa de treinamento.
lou que a dieta era caracterizada pela pouca Hassapidou & Manstrantoni25 investigaram
variedade de alimentos dos diferentes grupos de as alterações na ingestão dietética de atletas
alimentos, limitações que eram mais acentuadas gregas de diferentes modalidades, nos períodos
durante o período pré-competitivo. Durante essa não competitivo e competitivo. Os autores rela-
fase, o consumo do leite era diminuído, e somente taram que os consumos energéticos de corredoras
os derivados do leite desnatado eram utilizados. de meio-fundo, nadadoras e bailarinas não va-
A ingestão de carne vermelha ou gema de ovo riaram entre os períodos não-competitivo e com-
era totalmente evitada sendo substituída por petitivo. Em ambos os períodos estudados, a
alimentos de baixo teor de gordura como peito maioria das atletas encontrava-se em balanço
de frango sem pele, atum em água e claras de energético negativo, com exceção das jogadoras
ovos. Grãos integrais e enriquecidos, feijões secos, de voleibol durante o período competitivo. Nos
tubérculos, hortaliças e frutas frescas, como bana- dois períodos analisados, as médias do consumo
na, frutas cítricas, brócolis e tomate figuravam entre energético por quilograma de peso corporal foram
as escolhas de alimentos de origem vegetal. Em inferiores ao recomendado para atletas mulheres11
atletas do sexo masculino, as reduções adicionais em todas as modalidades avaliadas (Anexo). Em

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ambos os períodos, o consumo de carboidrato muitos desses indivíduos encontram-se em cons-


foi igualmente abaixo do recomendado em to- tante déficit energético6,24,30. As discrepâncias entre
dos os grupos estudados. Embora as médias de o consumo energético relatado e o dispêndio ener-
ingestões diárias de proteína tenham variado gético estimado têm sido também relacionadas
de13,2% a 16,7%, esses percentuais encontra- às fontes de erros das metodologias empregadas
vam-se dentro das recomendações protéicas para nos estudos25,26-28.
atletas1 apenas para as corredoras e bailarinas,
O Anexo mostra que o método do registro
durante o período não-competitivo, e para as na-
dietético tem sido bastante utilizado nos estudos
dadoras, nos períodos não-competitivo e com-
do consumo alimentar de atletas. A precisão das
petitivo. Por outro lado o consumo de lipídios foi
significativamente elevado em todos os grupos informações obtidas a partir de registros dietéticos
avaliados. Apesar do baixo consumo energético, pode ser comprometida pela dificuldade na quan-
as atletas apresentaram adequadas ingestões de tificação dos alimentos e inibições associadas à
micronutrientes, exceto para o ferro. Conforme auto-imagem6,35. A omissão de alimentos consu-
as autoras, esse fato pode estar associado ao alto midos (sub-relato) tem sido apontada como uma
consumo de vegetais e frutas, padrão típico da das principais limitações em estudos dietéticos
dieta Mediterrânea. em atletas, embora existam referências de
sobre-relatos6,8,26.
Na comparação das dietas do período
não-competitivo e competitivo de ultramarato- Em diversos estudos, as diferenças encon-
nistas homens e mulheres, Singh et al.22 não tradas entre o consumo e o dispêndio energético
encontraram diferenças significativas no consumo diário, têm apontado para o balanço energético
energético entre os dois períodos avaliados. No negativo de atletas6,25,27,30. Entretanto, embora a
entanto, o consumo de energia foi inadequado11 constatação, em algumas pesquisas, de tendência
tanto no período não-competitivo quanto no à redução de peso corporal dos atletas, essa perda
competitivo. Além disso, ainda que a ingestão de pode não ser grande o suficiente para explicar a
carboidrato tenha sido maior no período compe- magnitude do déficit energético25,26, sugerindo a
titivo comparado ao não-competitivo, o consumo ocorrência concomitante de sub-relato e consumo
desse nutriente foi abaixo do recomendado1,13 em energético insuficiente35. Em estudo com rema-
ambas as ocasiões (Anexo). A ingestão de álcool doras de elite, Hill & Davies26 compararam a inges-
foi significativamente mais baixa no período com- tão energética (estimada por meio de registro
petitivo. Os resultados desse estudo sugerem que, dietético de quatro dias com pesagem) com o dis-
embora muitos atletas procurem modificar seus pêndio energético (estimado pelo método da
padrões dietéticos em períodos pré-competitivos, água duplamente marcada). Após o reajuste do
a fim de favorecer seu desempenho na prova, dispêndio energético para as mudanças no peso
nem sempre essa estratégia resulta na melhora corporal, foi observado um sub-relato de menos
de seu perfil dietético, principalmente com relação
1133kcal na ingestão energética. Por outro lado,
ao consumo de carboidrato. Isso reforça a impor-
acompanhando jogadores de basquete, Leinus &
tância da orientação profissional no manejo
Ööpik27 identificaram importantes déficits no con-
dietético em todos os períodos do treinamento.
sumo energético, porém não detectaram signi-
ficativas alterações no peso corporal. Neste estudo,
GASTO ENERGÉTICO VERSUS a ingestão energética foi calculada a partir de
C O N S U M O E N E R G É T I C O:
LIMITAÇÕES DOS MÉTODOS registros dietéticos de quatro dias, e o gasto ener-
DE AVALIAÇÃO gético foi estimado a partir dos registros de
atividades físicas e tabelas de equivalentes ener-
Diversas pesquisas relacionadas ao con- géticos. As correlações positivas verificadas entre
sumo alimentar em grupos atléticos sugerem que a ingestão energética, o peso corporal e o dispên-

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dio energético, sugeriram que as divergências CONCLUSÃO


entre a ingestão real de alimentos e o consumo
registrado podem não ter sido tão acentuadas. As relações entre o comportamento ali-
mentar e as alterações fisiológicas e metabólicas
De modo similar à avaliação do consumo
em atletas têm despertado a atenção de diversos
energético pelo registro alimentar, a precisão da
autores na última década. Infelizmente, embora
estimativa do gasto energético de atletas por meio
as recomendações já tenham sido estabelecidas,
de registro de atividades físicas, pode também
os resultados de recentes estudos revelam que a
ser influenciada por sub ou sobre-relatos23,27. No
registro de atividade física, o atleta deverá detalhar inadequação nutricional ainda predomina em vá-
a qualidade e quantidade (tipo, tempo despen- rios grupos atléticos. Isso demonstra que a prática
dido, distância percorrida etc.) de todas as suas ati- alimentar e dietética dessa população ainda per-
vidades físicas diárias (treinamento e recreação)23,24. manece distante das recomendações. Em dife-
Outras informações específicas relativas à quali- rentes modalidades esportivas, muitos atletas,
dade do treinamento (velocidade, freqüência especialmente do sexo feminino, procuram na res-
cardíaca, percepção de esforço e outros) podem trição dietética um meio de adequar o peso cor-
também ser requeridas24. Essas informações, de poral e otimizar o rendimento no exercício. Para-
modo similar aos registros dietéticos, estão sujeitas doxalmente, os padrões de alimentação deli-
a erros, podendo ocorrer os sub-relatos, baixo neados nesses grupos têm envolvido um consumo
consumo energético e superestimativa do dispên- limitado de importantes nutrientes estreitamente
dio energético. associados ao desempenho esportivo.
Recentemente, a determinação do dispên- Em vista de freqüentes variações no pa-
dio energético por meio de isótopos vem sendo drão alimentar de atletas, em função de aspectos
descrita como padrão ouro na validação do consu- relacionados ao treinamento, o método do registro
mo energético avaliado por auto-relato, assim dietético parece ser o instrumento mais utilizado
como, na estimativa do gasto energético de atle- na avaliação do consumo alimentar destes indi-
tas. Pesquisas que empregaram o método da água víduos. Entretanto, a grande possibilidade da ocor-
duplamente marcada têm ressaltado as discre- rência de erros sistemáticos parece ressaltar, ainda
pâncias que podem ser detectadas entre o gasto
mais, a importância do rigor metodológico em
energético estimado e a ingestão energética ava-
pesquisas que utilizam métodos baseados no
liada por registros dietéticos26,28. Entretanto, o custo
auto-relato nesta população.
elevado desse procedimento limita o seu uso.
Ebine et al.28 comparam o gasto energético de De uma forma geral, os estudos têm reafir-
jogadores de futebol profissionais, obtidos pelo mado a necessidade da reeducação nutricional
método da água duplamente marcada, àquele em diferentes grupos atléticos. Contudo, a per-
calculado por meio de registro dietético de sete cepção prática tem alertado para a compreensão
dias. Visto que não foram detectadas modificações de que o satisfatório atendimento das demandas
significativas no peso corporal dos atletas, a dife- nutricionais de atletas requer a elaboração de um
rença encontrada entre os métodos (menos cuidadoso planejamento alimentar, que inclua
419kcal) foi atribuída a sub-relatos. manipulações dietéticas adaptadas à sua moda-
A realização de estudos de validação de lidade esportiva e estilo de vida. Afinal, são inúme-
métodos de avaliação dietética por auto-relato, ros fatores, e não somente a falta de conheci-
em diferentes grupos atléticos, assim como o rigor mentos sobre nutrição, que podem, expressiva-
metodológico na aplicação desses instrumentos, mente, influenciar o padrão alimentar típico de
talvez possa auxiliar na identificação e no controle um grupo atlético e, conseqüentemente, a sua
de erros sistemáticos típicos destas populações. performance e saúde.

Rev. Nutr., Campinas, 20(6):681-692, nov./dez., 2007 Revista de Nutrição


690 | V.P. PANZA et al.

COLABORADORES 11. Economos CD, Bortz SS, Nelson ME. Nutritional


practices of elite athletes. Pratical recommendations.
V.P. PANZA liderou o delineamento, a revisão Sports Med. 1993; 16(6):381-99.
da literatura e a redação do artigo. M.S.P.H. COELHO 12. Achten J, Halson, SL, Moseley L, Rayson MP, Casey
A, Jeukendrup AE. Higher dietary carbohydrate
participou do delineamento, revisão da literatura e
content during intensified running training results
redação do artigo. M.A.A. Assis, P.F. Di PIETRO e F.A.G. in better maintenance of performance and mood
VASCONCELOS orientaram a revisão da literatura e a state. J Appl Physiol. 2004; 96(4):1331-40.
redação do artigo. Todos os autores contribuíram 13. Applegate EA. Nutritional considerations for
substancialmente na correção da primeira versão e ultraendurance performance. Int J Sport Nutr.
1991; 1(2):118-26.
redação da versão final.
14. Tarnopolsky MA. Protein requirements for
endurance athletes. Nutrition. 2004; 20(7-8):
662-8.
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physical performance. Nutrition. 2004; 20(7-8):
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Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 20(6):681-692, nov./dez., 2007


CONSUMO ALIMENTAR DE ATLETAS | 691

volleyball players. J Am Diet Assoc. 2002; 102(9): of elite figure skaters. J Am Diet Assoc. 2001;
1293-6. 101(3):319-25.
25. Hassapidou MN, Manstrantoni A. Dietary intakes 31. Nutter J. Seasonal changes in female athletes’
of elite female athletes in Greece. J Hum Nutr Diet. diets. Int J Sport Nutr. 1991; 1(4):395-407.
2001; 14(5):391-6. 32. Kleiner SM, Greenwood-Robinson M. Nutrição
26. Hill RJ, Davies PSW. Energy intake and energy para o treinamento de força. São Paulo: Manole;
expenditure in elite lightweight female rowers. 2002.
Med Sci Sports Exerc. 2002: 34(11):1823-29. 33. Manore MM, Thompson J, Russo M. Diet and
27. Leinus K, Ööpick V. Habitual nutrient intake and exercise strategies of a world-class bodybuilder.
energy expenditure of students participating in Int J Sport Nutr. 1993; 3(1):76-86.
recreational sports. Nutr Res. 1998; 18(4): 34. Todd KS, Butterfield GE, Calloway DH. Nitrogen
683-91. balance in men with adequate and deficient energy
28. Ebine N, Rafamantanantsoa HH, Nayuky Y, intake at three levels of work. J Nutr. 1984; 114(11):
Yamanaka K, Tshima K, Ono T, et al. Measurement 2107-18.
of total energy expenditure by the doubly labelled 35. Hill RJ, Davies PSW. The validity of self-reported
water method in professional soccer players. J Sport energy intake as determined using the doubly
Sci. 2002; 20(5):391-7. labelled water technique. Br J Nutr. 2001; 85(4):
29. Steen SN. Precontest strategies of a male 415-30.
bodybuilder. Int J Sport Nutr. 1991; 1(1):69-78.
Recebido em: 16/12/2005
30. Ziegler P, Nelson JA, Barratt-Fornell A, Fiveash L, Versão final reapresentada em: 21/12/2006
Drewnowski A. Energy and macronutrient intakes Aprovado em: 6/9/2007

Rev. Nutr., Campinas, 20(6):681-692, nov./dez., 2007 Revista de Nutrição


692
|
V.P. PANZA et al.

ANEXO

Revista de Nutrição
ESTUDOS DIETÉTICOS EM ATLETAS, SEGUNDO A MODALIDADE ESPORTIVA, POPULAÇÃO, MÉTODO DIETÉTICO, PERÍODO AVALIADO,
MÉDIAS DE INGESTÃO ENERGÉTICA E DE MACRONUTRIENTES E MÉDIA DE GASTO ENERGÉTICO TOTAL (GET).

Consumo dietético
Modalidade
Referência População Método dietético Período avaliado CARB PTN LIP GET estimado
esportiva
(%) g/kg/d (%) g/kg/d (%) kcal/kg/d Energia kcal/dia kcal/dia
9
Paschoal & Amâncio Natação 08 homens Registro dietético de 4 dias Competitivo 53,4 7,13 17,0 2,27 53,36 3809,0
22 30,0
Singh et al. Ultramaratona 15 homens Registro dietético de 4 dias Não-competitivo 52,8 5,70 14,4 1,50 43,00 3107,0
02 mulheres Competitivo 58,8 5,90 12,0 1,30 26,8 40,50 2915,0

Christensen et al. 23 Maratona 12 homens Observação direta Não-competitivo 71,0 8,70 13,0 1,60 15,0 57,60 3160,5 3154,5
adolescentes Recordatório 24h

Ziegler et al.6 Patinação 07 homens Registro dietético de 3 dias Não-competitivo 44,0 4,40 18,0 1,80 38,7 39,50 2837,0
artística 07 mulheres 52,0 3,40 18,0 1,20 31,7 26,50 1416,0
24 25,7 2248,0 2815,0
Beals Voleibol 23 mulheres Registro dietético de 3 dias com Não-competitivo 62,4 5,40 13,0 1,10 34,50
adolescentes pesagem

Mullinix et al8 Futebol 18 mulheres Registro dietético de 3 dias Não-competitivo 55,0 4,70 15,0 1,30 30,0 34,00 2015,0 2716,0

Hassapidou & Voleibol 08 mulheres Registro dietético de 4 dias com Não-competitivo 51,3 3,00 13,7 0,80 37,2 23,90 1541,0 2211,0
Manstrantoni25 pesagem
Corrida 15 mulheres Competitivo 48,4 4,00 14,6 1,20 39,5 33,70 1816,0 2159,0
Balé 07 mulheres 44,2 3,10 16,7 1,25 40,6 31,20 1701,0 2344,0

Rev. Nutr., Campinas, 20(6):681-692, nov./dez., 2007


Natação 09 mulheres 49,0 3,80 15,6 1,30 40,2 32,50 2015,0 2520,0
50,0 4,50 13,2 1,10 39,3 35,90 2346,0 2396,0
51,3 4,00 14,0 1,10 37,7 31,30 1679,0 2188,0
52,7 3,90 13,9 1,00 36,6 29,20 1506,0 2221,0
49,0 3,90 15,6 1,20 38,4 30,80 1890,0 2550,0
26
Hill & Davies Remo 07 mulheres Registro dietético de 4 dias com Não-competitivo 36,35 2214,0 3057,0
0 pesagem
07 homens Registro dietético de 4 dias Não-competitivo 44,9 4,10 12,9 1,10 42,3 36,60 2986,0 3664,0
Lenus e Ööpick27 Basquete 07 mulheres 47,7 3,80 11,5 0,80 41,0 31,20 1968,0 3012,0
28
Ebine et al. Futebol 07 homens Registro dietético de 7 dias Competitivo 44,60 3113,0 3532,0

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