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Nota do Editor
O Ministro da Economia Paulo Guedes, em um evento recente, disse,
corretamente, que:
Nós somos 200 milhões de trouxas explorados por duas empreiteiras, quatro
bancos, uma produtora de petróleo, e seis distribuidoras de gás. Não há surpresa
em por que o povo brasileiro segue empobrecido. São poucos produtores,
mercados cartelizados, preços caros, e, ainda por cima, uma chuva de impostos.
Sobra o quê? Sobra pouco. Então, despertar as forças competitivas é o que nós
estamos fazendo desde o início.
E prosseguiu:
Neste livro, Erhard — que foi discípulo de Wilhelm Roepke, que, por sua vez,
havia sido discípulo de Ludwig von Mises — narra o que efetivamente foi feito
para reconstruir a economia alemã do pós-guerra. Trata-se, portanto, de um livro
que explica e ilustra na prática o que efetivamente deve ser feito para se reconstruir
um país devastado por políticas estatizantes.
Ao passo que Hayek explica como os povos degeneram seus sistemas políticos e
econômicos por meio do estatismo, Erhard mostra como, por meio do
desenvolvimento dos mercados e do estímulo à competição, os povos conseguem
produtividade e enriquecimento.
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A Alemanha, imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, era um desastre
econômico. Além de um abrangente programa de controle de preços imposto pelos
Aliados, o principal problema vivenciado pelo país era a cartelização das empresas
(veja todos os detalhes aqui).
E esta tarefa recaiu sobre o novo ministro das finanças Ludwig Erhard. Coube a
ele liderar o caminho. E como ele deixou claro em sem livro de 1958, Prosperity
Through Competition (A prosperidade por meio da competição), os principais
inimigos do livre mercado era as próprias indústrias cartelizadas e protegidas pelo
governo.
Em 1945, como escreveu Erhard em seu livro, a capacidade produtiva alemã era
de apenas 60% da de 1936, e a produção vigente era de apenas 39% da de 1936. E
a economia continuou definhando ao longo de 1946 e 1947, incapaz de começar a
apresentar qualquer sinal de recuperação. E nem tinha como ser diferente: os
Aliados haviam mantido praticamente todo o sistema de controle econômico dos
nazistas.
A substituição de uma moeda desvalorizada e que ninguém queria portar por uma
moeda forte e conversível fez com que, literalmente da noite para o dia, o
racionamento e os desabastecimentos fossem abolidos, e as pessoas abandonassem
o mercado negro e voltassem a produzir normalmente.
Esta foi a parte mais fácil. Abolir as demais regulamentações estatais sobre a
economia seria mais trabalhoso. Como bem escreveu Erhard em seu livro:
O estado não deve decidir quem deve ser o vitorioso no mercado. Tampouco um
cartel industrial deveria ter este poder. Apenas o consumidor pode ter este poder.
Neste sentido, a liberdade é o direito de cada cidadão, e ela jamais pode ser
abolida por ninguém.
E prosseguiu:
O que é a competição?
Abordemos agora um pouco desta idéia de concorrência econômica, pois o termo
pode ser enganoso. Quando se fala em competição, costumamos pensar em
esportes coletivos (envolvendo times) ou mesmo individuais (tipo atletismo). Mas
essa não é toda a ideia de competição. A competição não é um jogo para ser
gerenciado; é um processo espontâneo de inovação empreendedorial.
E eles fazem isso não por benevolência e caridade, mas simplesmente porque os
consumidores possuem aquilo que todos os produtores querem: dinheiro.
Por outro lado, se houver livre entrada, então várias instituições irão surgir para
servir como sistemas sinalizadores. A principal é o sistema de preços. Os preços
irão refletir os lances (como em um leilão) feitos pelos consumidores de acordo
com sua demanda e com seus recursos disponíveis. Os sinais de preços emitidos
pelo mercado comandam as decisões. Esses preços serão então colocados em
planilhas e balancetes para calcular a viabilidade do empreendimento, bem como
se há lucros ou prejuízos. O sistema de lucros e prejuízos mostra como os recursos
escassos estão sendo empregados. Se corretamente, os consumidores
recompensam as empresas propiciando-lhes grandes lucros; se erroneamente, os
consumidores punem as empresas impondo-lhes prejuízos.
Como disse Erhard, se você não tem competição, não há qualquer esperança de
prosperidade.
É por isso que Erhard fez da restauração do livre comércio sua máxima prioridade.
Acima de tudo, isso significava derrubar as muralhas erguidas pelas tarifas de
importação. Não havia sentido em elaborar "acordos comerciais", ou buscar
negociações para conseguir "arranjos vantajosos para o país" ou exigir que outros
países atendessem aos desejos da Alemanha de também reduzirem suas tarifas
sobre produtos alemães. O objetivo era apenas se certificar de que o setor
empresarial da Alemanha era competitivo no front global.
Conclusão
Erhard conclui seu livro com uma firme condenação do dirigismo, que significa
uma economia dirigida pelo estado, mas que permite que a maior parte do capital
fique em mãos privadas. Políticos decidem quem ganha e quem perde, o que é
produzido, onde e em que quantidade. Isso não tem como ser o caminho para a
prosperidade. O estado não pode controlar a produção, muito menos gerenciar
diretamente o setor empresarial.