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Para uma compreensão histórica deste contexto, Castanho (2019) faz um apanhado dos
principais marcos legais da regulamentação das prisões e do tratamento reservado aos
privados de liberdade. Menciona que apenas em 1940 passou-se a compreender as
pessoas privadas de liberdade como cidadãs, a partir do artigo 38 do Código Penal: “o
preso conserva os direitos não atingidos pela perda de liberdade, impondo-se a todas as
autoridades o respeito à sua integridade física e moral” (BRASIL, 1940). Em 1984, é
criada a Lei de Execução Penal (LEP), que “fundamenta os direitos, deveres, sanções da
disciplina e avaliação dos presos, tendo como foco a reintegração social, buscando a
prevenção do crime e a preparação da pessoa presa para o retorno ao convívio social.
Prevê à população prisional: assistência jurídica, educacional, social, religiosa e de saúde
(BRASIL, 1984).” (Castanho, 2019).
Sobre o histórico das políticas de atenção ao egresso em São Paulo, estado que conta
com cerca de 33% da população carcerária brasileira, totalizando cerca de 240 mil
pessoas em 2016, Castanho (2019) refere o Decreto no 47.930, de 2003, que unificou a
Secretaria da Administração Penitenciária ao Departamento de Reabilitação Social
Penitenciário, criando o Departamento de Reintegração Social Penitenciário, enfatizando
a ressocialização e buscando-se um compartimento de responsabilidade quanto a isso.
Castanho (2019) menciona também o Decreto no 54.025, de 2009, criou e organizou a
Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania, ainda no esforço de reorganizando
dos serviços em prol da atenção ao egresso e família.
A Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania (CRSC) tem o objetivo de
coordenar as ações referentes à reintegração social de pessoas em situação de
vulnerabilidade frente ao sistema penal. Ela “é responsável por todas as ações que
visam reintegrar o recluso à sociedade, pelo cumprimento de penas alternativas à
pena privativa de liberdade e pelo atendimento aos egressos do Sistema Prisional e
seus familiares” (SILVA, 2019, p. ??). Este atendimento aos egressos se efetiva, em
São Paulo, por meio do Programa de Atenção ao Egresso e Família, “cuja
institucionalização se subsidia no Parágrafo Único do Artigo 10 da LEP que estabelece
que: “A assistência estende-se ao egresso” (BRASIL, 1984, online).” (SILVA, 2019,
p. ??).
Os Centros de Atenção ao Egresso e Família (CAEF) são os equipamentos públicos
que efetivam esta política na assistência direta ao egresso, visando sua reintegração
social. Para cada unidade, está prevista uma equipe mínima formada por um técnico
de nível superior em Direito, Psicologia ou Serviço Social, um oficial administrativo e
três estagiários (dois de nível superior e um de nível médio). A realidade do serviço, no
entanto, é condizente com o sucateamento das políticas públicas: Silva (2019)
encontrou, em sua pesquisa em (VER NÚMERO) CAEFs, que a maioria não possuem
esta equipe mínima e, quando há, realizam mais atendimentos do que a máxima
preconizada na política. As técnicas entrevistas mencionam que isso acaba causando
uma precarização do trabalho dos estagiários, não havendo a devida supervisão e
integração com a formação profissional. Mencionam realizar, mesmo com as equipes
precarizadas, cerca de 40 a 50 atendimentos diários, cerca de 500 mensais.
Consequentemente, sofrem com a sobrecarga de trabalho.
Isso se deve, em parte, pela expansão exponencial do serviço desde sua inauguração,
indo de uma unidade, em 2002, para 46, em 2018, segundo Silva (2019, com base em
dados ofertados pela CRSC. O número de atendidos, é claro, também cresceu: dentre
os atendimentos de egressos homens, foram de 2.020 em 2003, para 130.994 em
2017, enquanto os de egressas mulheres foram de 126 para 14.675, no mesmo
período. Já o número de atendimentos de familiares foi de 318 para 26.777. Silva
(2019) destaca, a partir destes dados, a maioria de egressos masculinos, condizente
com a realidade do sistema prisional, sendo que as mulheres perfazem 7% da
população carcerária. Ressalta, ainda, que entre 2000 e 2016 houve um aumento de
656% da população de mulheres no sistema.
Silva (2019), que em sua pesquisa de doutorado entrevistou assistentes sociais que
trabalham em CAEFs, assinala que os técnicos mencionam o aumento da procura
pelo serviço como resultado de um “incessante trabalho de divulgação que os técnicos
realizam cotidianamente entre os reclusos e egressos, a rede intersetorial que compõe
os municípios em que estão instaladas as centrais e a população de forma geral”
(p. ??), e pontuam a importância deste trabalho considerando que esta é uma política
pública recente. O trabalho com os reclusos acontece, principalmente, nas chamadas
Jornadas de Cidadania e Empregabilidade.
Silva (2019) expõe que, ainda que no Caderno de Orientações Técnicas do CAEF
conste como sua atribuição:
“Proporcionar o acesso à cidadania, por intermédio de serviços públicos, para a
população egressa do Sistema Penal Paulista e seus familiares, bem como para a
família do preso; Assegurar que as ações tenham centralidade na família e que
garantam a convivência familiar e comunitária.”
A prática cotidiana do serviço é atravessada por suas atribuições mais burocráticas,
em especial o acompanhamento de benefício, que os egressos chamam de “assinar
carteirinha”. Esta tarefa, considerada pelos técnicos entrevistados por Silva como o
principal motivo para a sobrecarga do serviço, “consiste na fiscalização do
cumprimento das penas de prestação de serviços à comunidade e de limitação de
finais de semana e também na supervisão da execução das prerrogativas para a
suspensão de pena e o livramento condicional” (Silva, 2019, p. ??)
A violência estrutural que permeia a vida dos egressos antes da prisão faz parte de um
ciclo que produz ou busca produzir a manutenção de sua condição. A violência e falta de
assistência característica do período de execução da pena manifesta-se na fragilidade
dos vínculos, após a reclusão, como apontado pelo DEPEN, segundo Castanho (2019),
que “aponta como um dos motivos para tal realidade o tempo de encarceramento, o qual
dificulta o retorno do presidiário à sociedade” (p. ??). Isto acarreta na fragmentação das
redes previamente estabelecidas e no afastamento do convívio social. Convém, também,
avaliar qual o sentido de inclusão se trabalha na atenção ao egresso, sendo fundamental
considerar a singularidade de cada sujeito em seu processo. Castanho (2019) explicita: “o
sujeito egresso nem sempre tem um exercício de cidadania capaz de promover sua
inclusão na sociedade, entretanto, muitas vezes, apenas se adapta ao convívio social,
executando atividades sem nenhum sentido para si” (p. ??).
A vivência na prisão também favorece a quebra dos vínculos por meio da própria cultura
vivenciada para dentro dos muros. Segundo Cruces (2009), para Barreto (2006) essa
experiência “traz consequências irreparáveis para sua vida, e elas são levadas para fora dos
muros da prisão. A pessoa presa assimila a cultura prisional, que é muito diferente daquela
adotada pelas que estão em liberdade” (p. ??). Silva (2019) corrobora essa tese e exemplifica:
Em estudo sobre a identidade e representações sociais, Cruces (2009) encontrou egressos que
acreditam no “amor só de mãe”, valorando os vínculos familiares acima de qualquer outro, seja
dos relacionamentos amorosos, seja das amizades. Afirmam, ainda, que passaram a desacreditar
da amizade após a prisão, mas que a crença no amor se mantivera antes e depois da reclusão.
A família apresenta-se, nas diversas pesquisas analisadas, como um dos principais fatores
na facilitação da reintegração social dos egressos. Segundo Seron (2009, p. ??) “é na
receptividade e na aceitação incondicional proporcionada pela família que é dada a
condição de pertencimento ao egresso”. Em sua pesquisa, todos os egressos atribuíram às
suas famílias “o principal elemento de contribuição para que tivessem se mantido firme no
propósito de não reincidir” (p.??), sendo o principal ponto de referência quando saem da
reclusão, figurando como primeiro apoio material e afetivo de que dispõem, e a
responsável por estimulá-los a desenhar planos para o futuro. Este entendimento é
corroborado por Cruzes (2010).
O foco da pesquisa de Seron (2009) foi a representação do trabalho para estes indivíduos,
também nisso encontrou relação com os vínculos familiares, pois este “possibilita ao
egresso se manter junto da família, na medida em que viabiliza as condições materiais
mínimas para a convivência do grupo familiar” (p. ??). E conclui:
Um aspecto do trabalho muito discutido pela comunidade científica é sua capacidade de
promover o desenvolvimento e a realização pessoal do trabalhador. No caso deste estudo,
isso parece não se concretizar, uma vez que o que parece ficar evidente é que na sua
totalidade, os entrevistados demonstram que a única finalidade do trabalho, para eles, é
garantir a sua sobrevivência e a da família
[...] quando eu fiquei presa, eu vi que eles eram meu porto seguro, é com quem eu
podia sempre contar e me dava valor realmente pelo que eu era e não pelo que eu
tinha. (E3)
[...] Minha família [...] Sempre foi distante, mas depois que eu fiquei preso todo mundo
se juntou. Hoje está me dando mais atenção. (E4)
O apoio principal foi minha irmã, que me incentivou [...] eu vou te ajudar se você
quiser oportunidade você vai ter, pra você se regenerar, para uma nova jornada, nova
trajetória viver de verdade [...] e foi Deus e depois minha irmã que deu o maior
incentivo [...] (E12)
[...] meu padrinho e eu já sai empregado [...] (E1)
[...] meu tio me ajudou [...] arrumou trabalho pra mim (E2)
Trabalha eu e minha mãe. Nós fazemos encomendas de salgados [...] (E5) (p. ??)
Ressalta-se que o papel da família no processo de reintegração não substitui a necessidade de
assistência do Estado por meio de políticas públicas reparativas, aliadas à organização social na
defesa intransigente dos direitos sociais. Este aspecto da questão traz para a discussão o papel da
psicóloga na transformação da sociedade, preconizado pelo projeto político do compromisso
social da profissão. Cruces (2010)Num segundo plano e levando-se em conta as condições das
prisões, é fundamental que o psicólogo promova discussões e reflexões sobre os males, os
custos e a impossibilidade de que nelas se socialize ou ressocialize. Desse modo, podem-se
buscar penas, não apenas punitivas, mas retributiva \\ Ainda nessa mesma vertente, é de
fundamental importância trabalhar no sentido de abrir e de desvelar o mundo das prisões em
toda a sua realidade, para que a sociedade em geral tome consciência de suas mazelas e de
sua inutilidade
estigma mesmo dos profissionais que cuidam dessas pessoas, como “defensores de bandidos”
REINTEGRACAO SOCIAL
Não há como aceitar que homens e mulheres, que sofreram os mais diversos tipos de
humilhações, violências e violações de direitos dentro do cárcere, sejam considerados
“ressocializados” pelo simples fato de se sujeitarem a quaisquer condições de vida que lhes
são impostas e não questionarem a dinâmica desigual, injusta e precária em que são inseridos
antes, durante e após o encarceramento.
[...] o sentido que fornece vida à Reintegração Social não está no cárcere, mas sim fora dele:
brota da sociedade, das relações humanas que não se pagam, da centelha de vida que
singulariza os homens e os tornam seres de transcendência. A experiência da Reintegração
Social, portanto, é edificante independentemente do cárcere, pois que sua práxis subsiste e é
maior que ele. (PETER FILHO, 2011, p. 81).
A Reintegração Social, de acordo com Baratta (2004, online) deve ser compreendida a partir de
dois núcleos basilares: o primeiro diz respeito às oportunidades que serão viabilizadas aos
presos após o cumprimento da pena (programas, projetos, benefícios); já o segundo relaciona-
se a ações e estratégias que possibilitem a descarcerização, visando à construção de condições
culturais e políticas que permita à sociedade “livrar-se da necessidade da prisão”, ou seja, não
basta uma prisão melhor, mas sim, uma sociedade com menos cárcere. P Porém, não há outra
maneira de se efetivar as ações propostas nestes dois núcleos do que a participação ativa da
sociedade civil na prisão.
A Reintegração Social pressupõe, desta forma, ultrapassar o mero objetivo de modificação da
conduta do preso, transformando-o em um ser passivo e submisso às demais esferas sociais,
para se adotar, então, a transformação da sociedade, da sua forma de ver o cárcere e os
prisioneiros, de modo que ela assuma para si a corresponsabilidade pelos problemas e
conflitos que se encontram segregados na prisão, mas que foram produzidos antes do
encarceramento.
Tendo a necessidade de se iniciar ainda quando a pena privativa de liberdade está sendo
cumprida, a reintegração social visa o estabelecimento da corresponsabilidade entre
sociedade civil, poder público e egressos sobre os condicionantes sócio-políticos e econômicos
que levam ao aprisionamento de algumas pessoas em detrimento de outras; com isto,
problemáticas de raiz social deixam de ter sua resolutividade no âmbito individual, o que
oportuniza aos egressos participarem efetivamente da sociedade na condição de cidadãos
JÁ ERA DISCRIMINADA ANTES Pode-se constatar que essas pessoas já eram discriminadas
pela sociedade, seja pela classe social a que pertencem, pela sua cor, pelo seu poder
aquisitivo ou por inúmeros outros fatores. Desse modo, nunca foram inteiramente
socializadas. Na verdade, para socializar-se é necessário seguir os padrões previstos pela
classe dominante, com suas ideologias e valores.
REVITIMIZACAO POS RECLUSAO PELA SOCIEDADEpenas privativas de liberdade não pode ser
superior a 30 (trinta) anos.” (BRASIL, 1940, online). Entretanto, notamos na realidade, que o
tempo que o indivíduo fica recluso não é proporcional ao tempo de duração de sua pena, isto
é, a pena não termina quando o egresso deixa a prisão. E isto ocorre porque a pena privativa
de liberdade suprime muito mais que a autonomia de locomoção do indivíduo; ela subtrai sua
dignidade enquanto ser humano, suas relações sociais, seus direitos básicos elementares e, em
muitas situações, ultrapassa a pessoa do condenado tendo reflexos na vida de seus familiares.
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não são vistas como violações de direitos e sim como uma complementação justa da pena de
prisão, isto é, todo infortúnio que homens e mulheres passam dentro do cárcere é tido, por
grande parte da população livre, como uma forma justa de retribuição aos delitos que
cometeram pag 77 numa sociedade como a brasileira, marcada pela desigualdade, pobreza e
violação constante de direitos a grande parcela da população, “[...] é necessário que a situação
da prisão seja muito pior que a situação dos simples desfavorecidos” (TAVARES; MENANDRO,
2004, p. 94).
insuficiência de dados sobre determinadas realidades desde 2008, quando iniciamos nossos
estudos sobre o sistema carcerário feminino8 negligenciada não apenas por pesquisadores,
mas também pela mídia de forma geral, pois se tratam de pessoas que cometeram crimes e,
no julgo popular, merecem ficar isoladas do mundo livre/
Exatamente tudo o que foi negado a estas mulheres lhes é cobrado após conquistarem a
liberdade. Mesmo não tendo recebido subsídios para a construção de uma nova trajetória de
vida, as egressas veemse cobradas a dar respostas às suas demandas de forma individual e,
muitas vezes sem o incentivo familiar, comunitário e estatal.
busca por informações sobre como era trabalhada a condição de egressa com as apenadas e,
mediante contato telefônico 13 com os 18 estabelecimentos penais femininos do estado de
São Paulo, obtivemos a constatação de que, devido à grande demanda de trabalho e a
insuficiência (e até mesmo) a inexistência de profissionais, nenhum trabalho é realizado com
as reclusas visando sua situação de egressa, sendo todas as orientações direcionadas à
procura das CAEF’s quando a liberdade chegar Tal realidade descumpre a legislação específica
sobre apenados e egressos do Sistema Prisional, ou seja, a não oferta de orientações e
condições para a reintegração social, vai contra o que determina a Lei nº 7.210 de 11 de julho
de 1984 – Lei de Execuções Penais (LEP), a qual prevê que: Art. 1º A execução penal tem por
objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições
para a harmônica integração social do condenado e do internado. (BRASIL, 1984, online, grifo
nosso).
Além do abandono por parte do Estado, com ausência de políticas públicas especificas, estas
mulheres são abandonadas por suas famílias e por seus companheiros. [...] A maioria nunca
recebe visitas. O diretor do Depen, Airton Michels, conta na época em que atuava como
promotor na região metropolitana de Porto Alegre (RS), “quando um homem ia preso, as
mulheres procuravam o Fórum para conseguir um advogado para cuidar dos direitos de seu
companheiro. Quando uma mulher ia presa, o homem procurava o Fórum para que o
advogado realizasse o divorcio. Isso define tudo. A mulher continua parceira. O homem, sua
família e toda a sociedade não aceitam a mulher presa, que acaba pagando pena de forma
bem mais severa que o homem. (MISCIASCI, 2009, online)
A maioria das mulheres encarceradas não recebe visitas ou porque seus parentes vivem em
localidades distantes do presídio ou porque têm vergonha de recebê-los dentro do cárcere.
Interessa-nos destacar que o estigma que normalmente cerca a mulher se origina não só do
exterior, mas igualmente do próprio interior da reclusa, que não aceita a prisão e pretende
proteger os que ama afastando-os, possivelmente para justificar a rejeição que o cárcere
provoca. (ESPINOZA, 2004, p. 152-153).
[...] Para a mulher, ser marginal nunca será uma arte, será sempre uma desonra. O próprio
malandro vai recriminá-la por estar presa, largando os filhos a sua própria sorte. Ele, o
homem, pode. Seja malandro, operário, estudante, o homem sempre pode afastar-se dos filhos
se assim o exigir sua ocupação. A mulher nunca. Essa exigência que conflitua todas as
mulheres, atinge mais ainda aquelas que não podem orgulhar-se de seu meio de vida, mesmo
que o façam para sustento dos filhos. (LEMGRUBER, 1983, p. 86)
CARACTERIZACAO
As mulheres egressas atendidas pelas CAEF’s são, em sua maioria, jovens – 73% estão entre 26
e 35 anos –, as quais apresentam baixa escolaridade, uma vez que 59% declararam ter apenas
o ensino fundamental incompleto,
A quase totalidade das CAEF’s participantes – 88% – relatou que as egressas atendidas ainda se
encontram desempregadas e uma pequena parcela – 12% – está desenvolvendo atividades no
mercado informal, sendo nula a porcentagem de mulheres empregadas formalmente.
Das egressas atendidas nas CAEF’s, a totalidade é mães, sendo predominante as que possuem
entre 1 e 2 filhos – 53% e, considerável parcela declarou-se solteira – 44%78, sendo tais
mulheres as responsáveis pela manutenção da casa e da família
CHEFE DA FAMILIA
A preocupação da mulher egressa com os filhos e com a manutenção da casa é destacada na
fala dos assistentes sociais das CAEF’s. Na visão deles, é essa vinculação que faz com que a
mulher se organize melhor após a prisão e que lhe impede, muitas vezes, de reincidir. O
O fato de ser o alicerce da família atribui à egressa uma responsabilidade ainda maior, pois
além de ter que garantir condições concretas de sobrevivência aos filhos, ela tem que retomar
sua autoridade e referência como mãe, papéis estes que, em alguns casos, se desfizeram
mediante o tempo de reclusão79. A mulher é cobrada, então, a abandonar de vez a conduta
delitiva não somente em seu favor, mas, principalmente, em benefício dos filhos, os quais já
sofreram diretamente as consequências do cárcere da mãe através da distância, do
preconceito da sociedade e das inúmeras carências e privações pelas quais passaram.
• A situação das prisões no Brasil e o trabalho dos psicólogos nessas instituições: uma análise a
partir de entrevistas com egressos e reincidentes1 The correctional facilities situation in Brazil and
the work of psychologists in these institutions: an analysis of the interviews with egresses and
reincidents Alacir Villa Valle Cruces (Laureada pela Academia)2 Secretária da Administração
Penitenciária do Estado de São Paulo
CRUCES 2010
file:///C:/Users/Joyce%20Hass/Downloads/94615157010.pdf
SERON, Paulo Cesar. (2009) Nos difíceis caminhos da liberdade: Estudo sobre o papel
do
trabalho na vida de egressos do sistema prisional. Tese (Doutorado) – Instituto de
Psicologia,
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social. Universidade de São Paulo.
SERON 2009
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-11122009-
114347/publico/TESE_SERON.pdf