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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Programa Nacional de Pós-Doutorado - PNPD


Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior - CAPES

Relatório de Pesquisa de Pós-Doutorado


novembro de 2018 a outubro de 2019

“Residência profissional de arquitetura e urbanismo em habitação social:


abordagem a partir de canteiros experimentais com baixo impacto
ambiental”

Pesquisador: Dr. Francisco Toledo Barros Diederichsen


Supervisor: Prof. Dr. Reginaldo Luiz Nunes Ronconi

Outubro de 2019
SUMÁRIO

I. Apresentação.........................................................................................................3
II. Introdução e resumo do projeto de pesquisa.........................................................4
III. Análise geral da efetivação da pesquisa................................................................5
IV. Detalhamento das atividades realizadas e por realizar...........................................8
1. Levantamento nacional de experiências de Residência / Extensão em ATHIS....8
2. Seminário / Fórum Nacional: Contribuições para articulação da rede nacional de
residências em arquitetura e urbanismo..............................................................67
3. Proposta de Programa de Residência para o estado de São Paulo......................72
4. Atividades de Extensão: Ensaios de Residência.................................................85
4.1. CPPATHIS FAU USP..................................................................................85
4.2. PUB USP – Planejamento Comunitário no Território...............................109
4.3. PUB USP – Construção do Memorial – Praça Dr. Sócrates Brasileiro.....119
4.4. Convênio FAU USP – Instituto das Cidades UNIFESP............................123
4.5. PUB USP – Políticas Públicas de Comercialização...................................126
5. PUB USP - Pesquisa de base tecnológica: transformação de resíduos sólidos.128
6. Ensino: aulas AUT e Co Orientação de TFG....................................................133
7. Intercâmbio cultural com Les Grands Ateliers – França....................................138
8. Participação em eventos e encontros acadêmicos..............................................139
9. Artigos em elaboração.......................................................................................140
V. Justificativa e cronograma para continuidade da pesquisa..........................................143
VI. Bibliografia...............................................................................................................145
I. Apresentação

O presente relatório de pesquisa de Pós-Doutorado trata de registrar as atividades da


pesquisa intitulada “Residência profissional de arquitetura e urbanismo em habitação
social: abordagem a partir de canteiros experimentais com baixo impacto ambiental”
realizada de novembro a outubro de 2019 com apoio do PNPD CAPES, o que permitiu, com
dedicação integral, alcançar os resultados que aqui relato.
Lembro que a presente pesquisa foi formulada a partir da prática e da crítica de uma
primeira pesquisa de pós-doutorado, anterior, intitulada "O Desenho no Canteiro: ensino de
arquitetura com construtores”, realizada entre os meses de março e outubro de 2018 – com
dedicação parcial: 20 horas semanais, sem bolsa.
Esta primeira pesquisa buscou promover espaços pedagógicos de ensino do "Desenho
no Canteiro" com a criação de cursos de "Canteiros Escola", junto de projetos de extensão
universitária realizados por estudantes de graduação da FAU USP. Na prática verificou-se
que a organização desses cursos era de tamanha complexidade, que resolvemos ampliar seu
espectro de ação para projetos de extensão universitária inseridos no âmbito das “residências
em arquitetura e urbanismo”.
Ou seja, a hipótese lançada era de que o encontro formativo e prático de arquitetos e
construtores - o desenho no canteiro em cursos de “Canteiros Escola” - poder-se-ia ocorrer
no âmbito de cursos de residência, ou seja, seriam sim realizados por estudantes, mas já
formados, já profissionais, os “residentes”.
A ótima notícia que temos aqui, desde já - a destacar - é que estávamos certos!
A hipótese mostrou-se factível com a realização de um curso com 25 residentes, o
“Curso de Prática Profissionalizante em Assessoria e Assistência Técnica em Habitação de
Interesse Social” - CCPATHIS, ministrado pela FAU USP no primeiro semestre deste ano,
qual contribui com como especialista convidado. Ali, os residentes, junto dos construtores da
comunidade do “Jardim União”, criaram o “Curso de Construção Civil”, onde juntos
visitaram os conhecimentos do desenho, a partir de necessidades práticas na comunidade, e
no canteiro de obras.
Além deste destacado “avanço científico”, também bem lograram as três atividades
estruturais de pesquisa e ação previstas: 1) realização de um “levantamento nacional” das
atividades de extensão e residência; 2) contribuição para a articulação de uma “rede nacional”
por meio da promoção de um “seminário nacional”; 3) elaboração de uma “proposta de
programa de residência para São Paulo”.

3
Como é de se notar, as três ações são amplas e de encaminhamento coletivo. Ou seja,
sua consecução se realiza junto de outros atores - parceiros - que, pude verificar, também
estão buscando os mesmos objetivos. Nesse sentido, é que mesmo com os consideráveis
avanços, as três tarefas encontram-se em fase de encaminhamento, o que nos faz aqui
requerer a continuidade da pesquisa pois demonstra sucesso e o claro vislumbre de resultados
expressivos. Soma-se a isso a necessidade de continuidade das ações pedagógicas de ensino,
pesquisa e extensão junto à FAU USP.

II. Introdução e resumo do projeto de pesquisa

O projeto de pesquisa, como já acima parcialmente abordado, nasce da


intencionalidade de se ampliar as estruturas pedagógicas da universidade para que possam se
realizar atividades formativas de maior diálogo entre educandos em arquitetura e urbanismo
com seus pares construtores e as necessidades sociais e tecnológicas por seus trabalhos.
Como por mim experienciado nos trabalhos de graduação, mestrado e doutorado,
essas atividades têm se demonstrado frutíferas em ambientes formativos de (re)encontro
(Trabalho Final de Graduação) dos diferentes profissionais da cadeia produtiva da arquitetura
no ato de sua consecução: o canteiro de obras, em “Canteiros Escola” (Tese de Doutorado)
espaço de congregação das atividades pedagógicas dialógicas, que contribuem para a
“desalienação” dos profissionais da cadeia produtiva (Dissertação de Mestrado).
Ou seja, o foco na figura do “residente” não se trata de mero “palpite”, mas de um
acúmulo sobre sua função nas faculdades de arquitetura. Como ensaiado no projeto de
pesquisa, sua presença é fundamental para o todo da instituição de ensino e
consequentemente para a profissão da arquitetura e do urbanismo e suas tarefas para com a
sociedade.
No projeto - anexo ao presente relatório - expomos sua importância percebida a partir
das experiências atuais em desenvolvimento - com destaque para a UFBA - e a necessidade
de sua ampliação para o país como um todo, como a formar uma rede, com um programa
nacional, a ser debatido em um Seminário / Fórum de debates como um encontro nacional
sobre o tema, qual pretende-se realizar no primeiro semestre de 2020.
É latente a justificativa social da residência em arquitetura e urbanismo diante da
realidade construtiva do país, no tocante ao direcionamento e qualificação de mais

4
profissionais sabedores das “artimanhas” do atendimento das necessidades - direitos - do
povo à moradia digna e espaços públicos urbanos qualificados.
Nesse tema é central a conhecida “Lei de Assistência Técnica”1 - Lei 11.888 de 2008
- que inclui em seus meios de implementação a residência acadêmica.
De modo a avançarmos além do ponto que nos encontramos, propusemos em nosso
projeto contribuir com esse, grosso modo, “movimento” mais amplo, nacional, pois buscar
apenas para a FAU USP um espaço privilegiado de formação - como uma residência com
essas intenções - não nos pareceu correto nem justo. Foi assim que nos colocamos a postos
para contribuir com a criação da “rede nacional”, de um “seminário nacional” e um programa
onde a FAU USP poderia se inserir, junto de outras universidades.
Como que a desenrolar um novelo de lã, pelo método materialista histórico dialético,
ao partimos da necessidade pontual de se formar uma pessoa, uma projetista/construtora de
sonhos necessários, menos alienada, é que chegamos ao todo.

III. Análise geral da efetivação da pesquisa

O projeto de pesquisa apresentado à FAU USP em 2018 – anexo ao presente relatório


- pretendia avançar objetivando contribuir de forma decisiva com a criação de um programa
de residência na FAU USP articulando IAU e UNIFESP, por meio de três ações:

● A primeira ação de pesquisa pretendia criar um banco de dados público - de


registro das experiências de residência e projetos de extensão universitária no
âmbito da HIS nas faculdades de arquitetura e urbanismo do país. A partir disso,
pretendia-se criar as bases para a constituição de uma rede nacional de
reconhecimento mútuo. Com os dados levantados, poder-se-ia verificar seus
objetivos, métodos pedagógicos, processos, características gerais, problemáticas
enfrentadas e resultados. A partir deste produto pretendia-se tecer análise crítica
de suas características, o “estado da arte” das experiências.

● A segunda ação de pesquisa pretendia organizar e realizar um seminário nacional


acerca do tema da residência em arquitetura e urbanismo e práticas pedagógicas

1
Lei federal que “Assegura às famílias de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a
construção de habitação de interesse social”.

5
inovadoras. Deveriam ser convidados representantes de experiências
universitárias identificadas na primeira ação, com apresentação de pôsteres e
trabalhos. Neste seminário pretendia-se apresentar os resultados do banco de dados
bem como o artigo de análise das experiências. Na ocasião pretendia-se realizar o
lançamento da rede nacional de residência em arquitetura e urbanismo.

● A terceira ação de pesquisa pretendia elaborar uma proposta de Plano de Curso


do programa de residência em HIS de FAU, IAU e UNIFESP, onde constariam
seus objetivos, conteúdos, materiais, métodos pedagógicos, estratégias, etapas,
bibliografia, quantidade de educandos, seleção de educandos, professores
participantes, formas de avaliação, produtos e custos - bolsas e valores afins.

Havia também a intenção de contribuir com atividades junto à faculdade como um


todo, com o apoio em disciplinas; apoio a orientação de pesquisas; apoio em pesquisas; bem
como outras atividades junto a grupos de extensão universitária com projetos vinculados aos
objetivos da pesquisa.
Vejamos, antes do relato extenso, de forma pontual e resumida os avanços efetivados
e as tarefas a realizar, a partir dos itens apresentados no projeto de pesquisa.

atividade conforme estado comentários


planejada

Atividades junto a
A FAU USP: realizada Contribui com duas disciplinas de graduação
apoio em disciplinas; (pois neste ano meu supervisor não as lecionou
apoio a orientação de na Pós Graduação): AUT 182 - Construção do
pesquisas; apoio em Edifício, nos segundos semestres de 2018 e 2019,
pesquisas; outras e AUT 184 - Construção do Edifício 2, no
atividades. primeiro semestre de 2019; dei apoio à pesquisa
“Transformação de resíduos sólidos da
construção civil”, que recebe duas bolsas de
pesquisa do PUB USP; às atividades do convênio
da FAU USP com o Instituto das Cidades -
UNIFESP e FAU USP; ao “Curso de Prática
Profissionalizante em Assessoria e Assistência
Técnica em Habitação de Interesse Social”; aos
projetos de extensão com bolsas PUB USP:
“Construção do Memorial-Praça Dr. Sócrates
Brasileiro: Projeto de Canteiro-Escola na Escola

6
Nacional Florestan Fernandes, Guararema SP,
Fase 3”; “Planejamento comunitário no território:
intervenção da educação popular e vivência da
Construção Agroecológica - fase 3”; “Construção
agroecológica de espaços para distribuição e
comercialização de alimentos das políticas
públicas de reforma agrária”; co-orientação do
TFG do estudante Danilo Costa, intitulado “Às
margens do espaço construído: o saber renegado
dos construtores e sua reprodução social”.

Levantamento nacional Levantamento prévio realizado, questionários


B de experiências de em elaborados e em preenchimento via formulário
ATHIS em escolas de realização eletrônico, para todo o Brasil, visita à experiência
arquitetura e paradigmática - UFBA - realizada, participação
urbanismo: em fóruns e seminários acerca do tema da ATHIS
levantamento prévio; e extensão universitária, banco de dados
elaboração e envio de qualitativos organizado, relatório crítico e artigo
questionários; visita a em elaboração.
experiências no Brasil;
elaboração banco de
dados, relatório crítico
e elaboração de artigo.

Seminário nacional de
C residência de em Pedido de recursos aguardando definições do
arquitetura e urbanismo realização seminário a ser realizado no primeiro semestre de
na FAU USP: 2020, como atividade da UIA RIO 2020, à partir
pedido de recursos; de sua construção colegiada no SENAU -
divulgação e Seminário Nacional de Pesquisa e Pós Graduação
convocação; em Arquitetura e Urbanismo, a ser realizado em
organização das Salvador, em outubro deste ano, onde será
apresentações; pautado pela presidência da Associação Nacional
seminário; relatório e de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo -
divulgação dos ANPARQ; divulgação e convocação aguardando
resultados por meio de confirmações; relatórios aguardando realização.
artigo.

7
Elaboração do Plano de
D Curso do Programa de em Teve sua abrangência ampliada para a minuta de
residência em HIS: realização um “Programa Estadual de Residência em
reuniões com Arquitetura e Urbanismo Públicos e de Interesse
professores FAU, IAU Social” elaborada para debates coletivos internos
e UNIFESP; reuniões à FAU USP e junto de entidades tais como CAU,
com agentes externos. IAB e ABEA.

Relatório final de
E alterado O presente relatório não se trata de um relatório
pesquisa final, mas de um relatório parcial, pois conforme
aqui apresentamos, trata-se de darmos
continuidade a pesquisa até outubro de 2020.

IV. Detalhamento das atividades realizadas e por realizar

1. Levantamento nacional de experiências de Residência / Extensão


Universitária em: trabalhos de Assessoria Técnica a movimentos populares
e comunidades de baixa renda em ATHIS, bem como em intervenções de
projeto e obra de interesse social

A estratégia de pesquisa proposta no projeto apresentado, bem como em seu


cronograma sofreu modificações para que pudéssemos nos inserir em um processo coletivo
mais amplo e estruturado que o inicialmente planejado.

8
A proposta inicial - do projeto de pesquisa - consistia em tomar como base dois
bancos de dados já iniciados, como referências, pois foram elaborados em etapas anteriores
de pesquisa, já consolidados. A mim caberia atualizá-los e ampliá-los. Um dos bancos de
dados é sobre as escolas de arquitetura e urbanismo do país e media a presença física e
pedagógica de “canteiros experimentais” nos cursos de graduação. Os dados foram
elaborados por Reginaldo Ronconi em sua tese de doutorado em 2002. A ideia era reenviar
para as mesmas escolas - incluindo as novas - um questionário repetindo as questões de
Ronconi, incluindo perguntas acerca da existência de projetos de extensão universitária de
interesse social e ainda, de atividades de residência acadêmica. O outro banco de dados é
aquele produzido pela assessoria técnica Peabiru em 2006 por ocasião de um trabalho
financiado por um edital do CAU SP2, que tratou de realizar o mapeamento das iniciativas
de assessoria técnica e extensão universitária no estado de São Paulo, com as informações
publicizadas em sítio eletrônico e publicação de balanço das atividades.
Desde o início da pesquisa - novembro de 2018 - tenho participado de fóruns e
atividades acadêmicas sobre o tema. Nesse ambiente, a partir de contribuições do Prof. Caio
Santo Amore e Ermínia Maricato, da FAU USP, pude verificar que estava se constituindo
em torno do CAU do Rio de Janeiro, ao lado de outros CAUs do país a ideia da realização
de um levantamento nacional de experiências em ATHIS a ser financiado pelo CAU do Rio
de Janeiro, e que seria publicado em um seminário em novembro deste ano, sobre o mesmo
tema.
Quando tive conhecimento dessa movimentação, para que não houvesse sobreposição
de trabalhos, logo procurei os pesquisadores que estavam à frente da tarefa e prontamente
me juntei ao trabalho. O grupo é composto por pesquisadores do Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbano e Regional - IPPUR da UFRJ, bem como do Observatório das
Metrópoles do Instituto Nacional de Tecnologia do CNPQ, e é coordenado pelo Prof. Dr.
Adauto Cardoso, do IPPUR.

2
As “Oficinas de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social” (ATHIS) foram realizadas em 6
cidades do estado de São Paulo entre novembro de 2015 e maio de 2016. Foram realizadas pela Peabiru
Trabalhos Comunitários e Ambientais, em co-realização com o Sindicato dos Arquitetos no Estado de São
Paulo (SASP), a partir de edital de patrocínio número 002/2015 do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de
São Paulo (CAU/SP), e patrocínio complementar da Caixa Econômica Federal.

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O cronograma de trabalhos está sendo seguido à risca, e o primeiro produto qual nos
debruçamos coletivamente é o questionário da pesquisa (ANEXO I) que deverá ser colocado
em uma plataforma digital para preenchimento livre pela internet.
As contribuições que fiz foram importantes, tanto no campo da extensão universitária
como no campo das Assessorias Técnicas, por ter dedicado parte de minha vida profissional
a essas práticas. Cuidei para que dados importantes para a pesquisa aqui em desenvolvimento
sobre residência acadêmica fossem incluídos.
A chamada pública para seu preenchimento será feito pelos CAUs, bem como por
entidades tais como ABEA, FENEA, IAB, FNA e sindicatos.
As atividades devem seguir o seguinte cronograma:

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CRONOGRAMA de PESQUISA
“Levantamento e Análise das experiências em ATHIS no Brasil”

Ou seja, os dados referentes ao tema específico da residência serão tabulados e por


mim organizados no mês de novembro de 2019, quando terei assim a possibilidade de ter
uma visão nacional das experiências de residência e projetos de extensão universitária
correlatos no campo da ATHIS.
Assim mesmo, antes da existência desse banco de dados nacional mais vasto, tenho
realizado incursões qualitativas sobre o tema, com foco central nas duas experiências mais
amplas de residência já realizadas - UFBA e FAU USP - ao lado das chamadas “nucleações”
à UFBA.
Outro curso identificado, de relevância por seu alcance e estrutura é a “Residência
Técnica”, com o Curso de Especialização em Projetos e Obras Públicas de Edificações
implementado pelo governo do Estado do Paraná, que deverá ser visitado e conhecido mais
a fundo na continuidade da presente pesquisa em fevereiro de 2020. Sua breve descrição
encontra-se mais adiante no item de apresentação da “Proposta de Programa Estadual de
Residência em Arquitetura e Urbanismo Públicos e de Interesse Social”.
Além desses dois cursos promovidos pelas universidades qual abordaremos a fundo
agora, há também inúmeros cursos promovidos por entidades de classe e sindicatos que
também avançam na difusão e experimentação pedagógica - oficinas e workshops - voltados
para a ATHIS junto a profissionais já formados, mas de curta duração, com carga horária
menor, se comparados às residências. Realizei breve apanhado desses cursos, qual também
apresento mais adiante.

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Antes da incursão nestes espaços de formação, atento para uma questão importante
para a presente pesquisa, que vai ainda mais além do que já encontramos nos cursos listados
a seguir:
Como medir a presença e inserir nos novos cursos práticas de canteiros de obras que
contribuam com a ‘desalienação’ do trabalho3, e o emprego de tecnologias de baixo impacto4
ambiental?
Estes temas foram trabalhados nas pesquisas de mestrado e doutorado que elaborei,
e encontram-se presentes na atual incursão científica. Desse modo, deixo aqui a questão,
como uma espécie de “mantra de fundo”, para que ao longo da pesquisa possamos voltar a
ela. O que desde já posso adiantar, é a percepção de que ambos temas se encontram quase
que ausentes nos cursos visitados, vejamos.
Daremos início observando os cursos mais estruturados, como relato dos resultados
desse levantamento ainda “qualitativo” das experiências pedagógicas de residência, bem
como de cursos que buscam cumprir a função pedagógica de especialização prática em
arquitetura de interesse social no país:

a) Residência Profissional em AU+E/UFBA: Assistência Técnica, Habitação e


Direito à Cidade
Dentre as experiências formativas atuais, vigentes, esta se trata da mais antiga - desde
2011 - e mais ampla em realização - até hoje já cursaram 70 residentes.
Dada sua importância, realizei “visita técnica” no local, em Salvador - BA, em abril
de 2019. Na ocasião entrevistei a criadora e coordenadora da residência, Profa. Ângela
Gordilho Souza, professores outros engajados no trabalho, bem como participei de uma das
reuniões (participei da terceira) do seminário interno de avaliação do grupo sobre a terceira
edição do curso.

3
A pesquisa de mestrado que realizei na FAU USP em 2013 abordou os métodos pedagógicos presentes em
disciplina optativa no canteiro experimental da FAU USP e em cursos alternativos de formação de pedreiros, e
identificou que em ambos espaços formativos há a possibilidade de contribuição para a "desalienação" do
trabalho. Isso ocorre, por um lado, na escola de arquitetura, ao aproximar os futuros projetistas da materialidade
do canteiro de obras, e por outro lado, nos cursos de pedreiro, ao aproximar o mundo da prática construtiva da
arquitetura aos conhecimentos do desenho e do projeto. Nesse sentido, há ainda interesse da atual pesquisa em
verificar essa ocorrência, que pode ser aferida via questionário e entrevistas com os egressos dos cursos.
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A tese de doutorado que elaborei em 2017 no IAU USP abordou a questão e organizou o entendimento acerca
desses tipos de edificação, caracterizando-os como obras de "arquitetura agroecológica", ao redigirmos extensa
análise de quais seriam suas características, qual podemos na presente pesquisa, quando tivermos os dados em
mãos, analisar.

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imagem 01 e 02: vistas externas da “casa da extensão”, sede da “Residência”.

fonte: fotos do autor

Na reunião que participei foi deliberado sobre a data de início da quarta edição, que
foi adiada em seis meses para que pudessem realizar modificações estruturais do curso, como
veremos adiante. Dentre as mudanças importantes, é que, como se trata da realização de uma
quarta edição, o curso poderá se tornar um “Programa”. O que significa sua consolidação na
estrutura da universidade.
imagem 03 e 04: seminário interno de avaliação da “Residência”.

fonte: foto do autor

De modo geral e resumido posso assim caracterizar a experiência, seguido de


comentários sobre possíveis alterações para a quarta edição, conforme em avaliação pela
coordenação do programa:
- tipo de curso: trata-se de um curso de pós-graduação latu sensu da UFBA,
no formato da extensão universitária, intitulado “Especialização em
Assistência Técnica, Habitação e Direito à Cidade”, aprovado pela Pró
Reitoria de Extensão da UFBA em 2011, tendo se iniciado em 2013. Avalia-
se que, na prática, as atividades do curso o deixam mais próximos do curso de
graduação que o de pós-graduação, e ainda em relação aos grupos de extensão
universitária, sendo desejo de na quarta edição aproximarem-se deles.

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- oferta / carga horária: oferta bianual, com duração de um ano e meio,
totalizando 1.282 horas, dentre as quais 340 horas de aulas, 840 horas
aplicadas / trabalho de campo e 102 horas para elaboração do projeto/trabalho
final. As atividades são matutinas, das 8h às 12h, nos dias úteis.
- produtos: estudos preliminares, anteprojetos ou propostas de ação, com
memorial descritivo e indicações para um “Termo de Referência”, ou seja, um
projeto de arquitetura que possa ser inserido em um processo licitatório
público para elaboração de um projeto executivo e posterior construção, com
potencial real de edificação. Pelo percebido, há ampla gama de projetos e
tipologias até então elaboradas junto das comunidades. Há também atividades
comunitárias diversas, de produção de mobiliário coletivo, habitação,
acessibilidade, diretrizes e estudos urbanísticos, regularização fundiária,
equipamentos e espaços públicos, por exemplo. São possíveis trabalhos em
duplas ou trios atuando em cada projeto, ou até mesmo em grupos. Outro
debate importante foi a possibilidade de se aventar que os projetos, no tempo
do curso, possam chegar a sua construção efetiva (obra).

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- comunidades participantes: até então são 28 comunidades da Região
Metropolitana de Salvador, bem como das nucleações. Há liberdade de
escolha por parte do residente. Há debates em haver redução do número de
comunidades atendidas. Há um “banco de demandas” organizado, onde são
coletivamente apresentadas aos residentes:

Vejamos a seguir, a partir de um quadro organizado pela coordenação do curso:

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- avaliação: individual e coletiva, após o módulo de disciplinas realiza-se um
plano de trabalho, posteriormente, há seminários, monografia e elaboração de
um projeto individual apresentado em uma banca pública composta por dois
professores e um profissional convidado, com a presença da comunidade
participante.
- método pedagógico: as atividades dividem-se em teóricas e práticas,
distribuídas da seguinte forma, segundo três períodos: 1º. Período –
Disciplinas, seminários e orientação do projeto a ser desenvolvido: total de 4
(quatro) meses; 2º. Período – Residência para interação social e de campo:
mínimo de 8 (oito) e máximo de 10 (dez) meses; 3º. Período – Elaboração e
apresentação do Projeto Final Orientado: 2 (dois) meses. Nos atuais debates
estuda-se a realização concomitante das atividades teorias e práticas, pois
avaliou-se que essa separação temporal gera “ansiedade”, além de postergar
as atividades práticas, que poderiam já começar a se realizar. A partir de
publicação (SOUZA 2018) acerca da experiência, pode-se extrair:
“Na abordagem teórico-metodológica desenvolvida pela Residência
AU+E/UFBA, os princípios fundamentais compreendem:
● Apreciação das conquistas da comunidade e do ambiente local;
● Teoria e prática em um processo participativo para definição de projeto;
● Dimensão interdisciplinar para educação e cidadania;
● Participação da comunidade na definição de prioridades para projetos,
possibilitando processo coletivo de discussões e mediação de propostas;
● Identificação de demandas dentro da interação de líderes, grupos e
valorização de propostas individuais;
● Habitação entendida além da unidade, ampliando a visão pelo direito à
cidade;
● Melhoria dos espaços públicos para a conquista de melhor moradia;
● Melhoria da habitação para melhores condições de habitabilidade;
● Concepção de projetos considerando aspectos éticos, estéticos e
ambientais;
● Propostas com tecnologias apropriadas às realidades locais;
● Inclusão de demandas para melhorias habitacionais, espaços públicos,
mobilidade,
● paisagismo, infraestrutura e inserção social de interesse coletivo;
● Potencialização e preservação ambiental, segurança e sustentabilidade;
● Consideração de referências simbólicas, memória, cultura e inserção
urbana;
● Definição de projetos com múltiplos aprendizados,troca de conhecimento
e técnicas
● adequadas considerando a participação da comunidade;
● Desenvolvimento de metodologias abertas e oficinas considerando os
diversos grupos,
● trazendo memórias e definindo melhorias apropriadas, legitimando as
conquistas de
● tecnologias criativas, sustentáveis e inclusivas;
● Aproximação com as escolas locais, despertando a juventude para a
educação

16
● ambiental, direitos e deveres urbanos e o senso de pertencer aos processos”
(SOUZA, 2018. pág.10)

Vejamos o cronograma de atividades desenvolvidas na terceira edição:

17
As atividades de campo, podem ser ilustradas pelas imagens a seguir:

18
- gestão do curso: colegiada, com a participação de dez professores e um
representante discente.
- professores: há a contribuição de 54 professores / tutores, do campo da
arquitetura e urbanismo e engenharia, dos quais 33 permanentes, 14
colaboradores e 6 nucleados.
- orientação / tutoria: cada residente possui um professor tutor.
- remuneração / custos: gratuito, não há bolsa.
- educandos: preferencialmente (não exclusivamente) formados em
arquitetura e urbanismo e engenharia - há geógrafos e assistentes sociais que
cursaram. Na primeira edição formaram-se 20 profissionais, na segunda
edição 25 e na terceira 30 vagas, das quais 5 para as nucleações, totalizando
70 egressos, de diversos estados do país - metade deles de outros estados.
- processo de entrada / seleção: por meio de edital público, onde são avaliados
por uma comissão de professores os currículos escolares e histórico
profissional (portfólio), bem como por entrevista. Os ingressantes são
classificados por pontuação.

imagem 05: residentes da primeira edição do curso.

fonte: sítio eletrônico da residência

Destaco a seguir as disciplinas oferecidas no primeiro período do curso em sua


terceira edição:

19
● Produção do espaço, políticas urbanas e direito à cidade: Coord. Profa. Dra.
Ângela Gordilho Souza e Coord. Adjunta Profa. Dra. Thaís Troncon Rosa.
● Projeto de urbanização, infraestrutura e meio ambiente: Coord. Profa. Dra.
Luciana Calixto Lima - licença médica - substituída pelo Prof. Me. Carlos
Alberto Andrade Bomfim.
● Planejamento e projeto de arquitetura, urbanismo e engenharia para
assistência técnica: Coord. Prof. Dr. Daniel Marostergan Carneiro; e Coord.
Adjunto Profa. Me. Ida Pela.
● Metodologias e técnicas para projetos participativos: Coord. Profa. Dra.
Heliana Faria Mettig Rocha e Coord Adjunto Prof. Me. João Maurício Ramos.
● Seminários temáticos: Coord. Profa. Dra. Elisamara de Oliveira Emiliano e
Coord. Adjunta Profa. Dra. Ângela Gordilho Souza.

Mais detalhes podem ser encontrados no sítio eletrônico do curso, bem como em
artigos produzidos, ali publicizados, bem como acesso a todos os trabalhos finais elaborados
pelos residentes.

Nucleações da Residência da UFBA


São sediadas em cursos de Arquitetura e Urbanismo que participam a distância com
professores e residentes, realizando atividades práticas no local de origem, junto de grupos
de extensão universitária e atividades teóricas em Salvador. Na terceira edição os nucleados
estiveram presencialmente durante o período inicial de quatro meses das disciplinas e
voltaram às suas cidades de origem para o desenvolvimento das atividades de assistência
técnica com as comunidades locais.
● UFPB - João Pessoa - PB: Realiza-se em parceria com o Instituto Federal e
o CAU da Paraíba. Tem a participação de dois professores: Francisco de Assis
da Costa e Elisabetta Romano. Projetos realizados na Vila da Mangueira e de
habitação, centro comunitário e urbanização de área no Porto do Capim.
● UNB - Brasília - DF: Trata-se de um caso multiprofissional de residência, os
residentes atuam junto do o Grupo de Pesquisa “Periférico, trabalhos
emergentes” da UnB. A nucleação é coordenada pela Profa. Dra. Liza Maria
Souza de Andrade. Projetos realizados no Quilombo do Mesquita, Cidade
Ocidental - GO.

20
● UFPel - Pelotas - RG: Supervisionados pela Profa. Dra.
NirceSafferMedvedosvski, Prof. Eduardo Rocha e Prof. Dr. André Carrasco.
Projeto urbanístico e de edificação elaborado no Assentamento Pestano, e
comunidade indígena Kaingang, ambos em Pelotas - RG.
● UFC - Fortaleza - CE: com a participação do Prof. Renato Pequeno. Projeto
elaborado junto a ocupação urbana de Gregório Bezerra, Fortaleza, CE. As
atividades se realizaram com a colaboração da Taramela Assessoria Técnica
em Arquitetura e Cidade.

Avaliação geral:
A avaliação é de que este programa é um exemplo inspirador para a formação de uma
rede nacional de residência no campo da arquitetura e urbanismo. Tive a oportunidade de
assistir a apresentação do curso por sua professora coordenadora Ângela Gordilho Souza por
três vezes, e a cada evento, mais claro ficou de sua importância estruturante para a formação
de profissionais engajados, conhecedores e conscientes de sua função social pública.
Mais interessante ainda é a consciência de que estão imbuídos os professores e
residentes, pois podem perceber o quão transformador e formativo é o processo pedagógico
para ambos, junto das comunidades e construtores envolvidos. Ou seja, só vivenciando a
totalidade da experiência - mesmo que ainda necessitando de aprimoramentos - é que se pode
saber e afirmar que os cursos de graduação são incompletos e demandam essa fase formativa,
de modo indubitável.
Vejamos algumas considerações sobre o curso publicadas por sua coordenação:
“Neste trabalho, com base na experiência desenvolvida pela Residência
AU+E/UFBA, evidenciou-se que os saberes populares dialogando com saberes
técnicos propositivos subsidiam processos que resultam em ações com potencial
de transformação socioespacial, ao se constituir como instrumento de mobilização
de políticas públicas para cidades melhores e mais justas.
No que tange a aprendizagem e aperfeiçoamento das metodologias
desenvolvidas por meio da Residência AU+E/UFBA, salienta-se a importância dos
processos dialógicos para elaboração dos produtos, para além dos projetos,
incluindo mediações e articulações que resultam no fortalecimento da cidadania na
apropriação de saberes técnicos na conquista pelo direito à cidade, processo
possível, como experimentado na experiência em tela, lento mas qualitativo e
possível, apesar do horizonte de longo prazo por cidades melhores”. (SOUZA,
2019. pág. 19).

Agora no sentido de se buscar melhorar e suprir as faltas da experiência, a tônica


ouvida e percebida de todos os que tive a oportunidade de conversar / entrevistar é a falta de
bolsas para os residentes, o que deveria ocorrer, como há a décadas para os residentes no
campo da medicina.

21
Outra questão que se colocou presente é a necessidade de integração mais estrutural
das atividades de residência com os estudantes de graduação, principalmente junto aos
grupos de extensão universitária já existentes nas faculdades. Essa relação ocorreu em
momentos pontuais, o que já demonstrou sua potência pedagógica, de realizar trabalhos não
pontuais, isolados, mas integrados a uma relação mais complexa e duradoura entre
universitários - professores, estudantes de graduação e residentes.
Por fim, a coordenação do curso, considera que mesmo com todas as dificuldades:
“Os desafios para formação de profissionais de Arquitetura e Urbanismo e áreas
afins, nesse enfrentamento, não pode renunciar o entendimento da ampliação desse
campo de atuação tão amplo e pouco aprofundado” (SOUZA, 2019. pág.18).

b) Programa de Residência em Arquitetura e Urbanismo na Universidade de


São Paulo - 2015 e 2016

O primeiro programa na área de Planejamento e Gestão Urbana foi desenvolvido a


partir de dezembro de 2015, por meio da parceria entre a FAU USP e a Secretaria Municipal
de Desenvolvimento Urbano - SMDU da Prefeitura Municipal de São Paulo.
O interesse geral do programa era ampliar a formação de profissionais do campo do
planejamento urbano por meio da integração de atividades didáticas teóricas e práticas com
supervisão acadêmica, tendo como objetivo mais amplo contribuir com a revisão dos 32
planos regionais das 32 subprefeituras do município de São Paulo.
Como “educação continuada ao curso de graduação”, a experiência, segundo
apresentado na justificativa do curso, caracteriza-se como uma atividade de “educação em
serviço”, assim como os cursos de residência em medicina, direta e explicitamente
referenciados pela coordenação do curso. Neste caso, assemelha-se à residência em saúde
pública, pois dirige-se não apenas a um indivíduo, mas à sociedade, conforme a apresentação
do curso, em publicação da própria FAU USP, no campo dos “Projetos Urbanos de Interesse
Social”.
Por parte do município o curso viabilizou-se por consistir em “pesquisa aplicada de
interesse público”, embasando assim o convênio entre as partes.
De modo geral e resumido assim caracterizamos a experiência:
- tipo de curso:Pós-Graduaçãolatu sensu - curso de extensão universitária da
FAU USP, intitulado como “Especialização em Planejamento e Gestão
Urbana”.

22
- oferta / carga horária: deveria ser anual, mas teve duração apenas de um ano
- 12 meses - e tinha como princípio a possibilidade de ser considerado uma
política pública permanente, o que não ocorreu. Dedicação integral, com 8
horas por dia, totalizando 1.992 horas, dentre as quais 796 horas teóricas e
1196 horas práticas. Teve início em 03 de novembro de 2015 a 29 de
novembro de 2016.
- produtos: o produto prático formativo de fundo foi a contribuição direta com
o trabalho de revisão, detalhamento e integração setorial dos Planos Regionais
Participativos das 32 Subprefeituras do município. Além disso, cada residente
fez trabalhos teóricos para cada uma das seis disciplinas, e uma monografia,
orientados por professor, conforme vê-se no detalhamento mais adiante, em
forma de tabela.
- comunidades participantes: munícipes participantes das oficinas realizadas
nas 32 Subprefeituras.
- avaliação: avaliação acadêmica por meio de notas dos trabalhos parciais por
disciplina e de uma monografia individual apresentada em uma banca de
defesa, composta por três membros (dois docentes e um técnico); avaliação
qualitativa, por módulo, por parte dos técnicos e tutores das 32 Subprefeituras
de São Paulo
- método pedagógico: Aulas teóricas na FAU USP e atividades práticas
realizadas em dependências da prefeitura bem como no espaço urbano “da
cidade” organizadas em três módulos de quatro meses cada. Os dois primeiros
módulos foram ministrados de forma ‘teórica’ em dois dias da semana, e a
imersão prática, nos outros três dias da semana. O terceiro módulo foi o
momento de pesquisa, registro e elaboração das monografias, derivadas das
práticas vivenciadas, conforme pode-se verificar na tabela a seguir:

23
- gestão do curso: Coordenado pelas Profas. Dra. Maria Lucia Refinetti
Martins e Profa. Dra. Maria Cristina Leme - pela FAU USP e no âmbito da
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, arquiteto e urbanista Fábio
Maris Gonçalves e Carolina Heldt D’Almeida.
- professores: 12 professores da FAU USP e especialistas convidados.
- orientação / tutoria: 16 tutores do Departamento de Urbanismo da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Urbano.
- remuneração / custos: bolsa de residência para cada educando, aportada pelo
município, no valor de R$ 1.500,00 tendo como parâmetro os valores das
bolsas de mestrado em vigência à época. Houve também apoio da prefeitura
com “bilhete único de estudante”. A forma jurídica para realização da
remuneração se deu através de contrato com a FUSP - Fundação da
Universidade de São Paulo, e convênio da Prefeitura com a FAU USP.
- educandos: 32 residentes

24
- processo de entrada / seleção: selecionados a partir de 210 candidatos, com
no máximo 5 anos de formados - graduados em arquitetura e urbanismo.

Destaco a seguir as seis disciplinas oferecidas ao longo dos 12 meses de atividades


didáticas:
● Processos e métodos de planejamento e gestão urbana - Prof. Eduardo Cucce
Nobre
● Processos, planos e projetos urbanísticos de São Paulo - Profa. Maria Cristina
da Silva Leme
● Gestão local e qualificação urbana - Profa. Maria Lúcia Refinetti Martins
● Contratos e gestão pública - Profa. Luciana de Oliveira Royer
● O estado e a esfera pública - Profs. Caio Santo Amore de Carvalho, João Sette
Whitaker Ferreira e Maria Beatriz Cruz Rufino
● Orientação de projetos e monografias - dez professores da FAU USP

As atividades práticas ocorreram nos espaços da prefeitura, secretaria de


planejamento e subprefeituras, seguindo o seguinte plano / cronograma geral, sabendo-se que
os residentes iniciaram as atividades didáticas em novembro de 2015 e finalizaram em
novembro de 2016, conforme o calendário municipal:

25
Os residentes participaram de forma ativa e estruturante dos dois grupos de trabalho
organizados pela SMDU: grupo de elaboração dos conteúdos dos PRS - Planos Regionais
das Subprefeituras - caderno distribuído para os munícipes participantes - e grupo de
organização das consultas participativas e seus produtos.
imagem 06: capa do caderno entregue aos munícipes participantes com dados e mapas sobre a cidade; imagem
07: mapa de trecho de cidade com registro das intervenções de munícipes, a partir de oficina participativa.

fonte: SMDU

O trabalho dos residentes - em aprendizado - integrou-se ao trabalho de mais de 550


técnicos, em 14 rodadas de trabalho em 48 encontros. Contribuíram nas Conferências
Regionais, junto de mais de dez mil munícipes, além dos mais de mil conselheiros dos
Conselhos Participativos das Subprefeituras.
No texto do Plano Diretor Estratégico são apresentados os PRS:
“Os Planos Regionais das Subprefeituras integram o Sistema Municipal de
Planejamento Urbano, detalham as diretrizes deste Plano Diretor Estratégico no
âmbito territorial de cada Subprefeitura, articulam as políticas setoriais e
complementam as proposições relacionadas às questões urbanístico-ambientais em
seus aspectos físicos e territoriais e demarcam os instrumentos urbanísticos e
ambientais previstos nesta lei.” (PDE SP, Art. 344)

26
Segundo a estratégia da gestão municipal, o principal meio de planejamento local foi
pela deliberação de “Perímetros de Ação”, que reunisse um grupo de intervenções
estratégicas e necessárias pactuadas com os munícipes.
Para conhecimento detalhado da experiência dos residentes e dos trabalhos
produzidos, foi elaborada publicação, com acesso público, pelo sítio da FAU USP, onde

27
todos os artigos encontram-se publicados, bem como textos outros de apresentação e
explanação do programa. Nesse sentido, não caberia aqui anexar, ou apresentar cada qual.

Avaliação geral: É impressionante. Ao lado da experiência da UFBA, no campo do


projeto da HIS e ações no “direito à cidade”, a experiência da FAU junto à SMDU é a prova
que falta ao justificar a necessidade de implementação de programas de residência.
Pude verificar que o aprendizado vivenciado, experienciado, foi de completa
novidade e escala na história do ensino brasileiro. A vivência interna à “máquina pública”,
junto aos munícipes, lado a lado de técnicos do poder público, em trabalho comum, atuando
de modo acompanhado e crítico pela universidade é algo que, mais uma vez, impressiona,
diante do quadro de distanciamento a que estão submetidos os cursos de graduação e pós-
graduação na área.
A coordenação do curso tece também avaliação positiva, por assim sugerirem:

28
“Para além das contribuições aportadas aos resultados alcançados nos produtos
dos Planos Regionais das Subprefeituras e na apreensão crítica da dinâmica
territorial e de gestão local do município pela Universidade, o processo de
desenvolvimento do Programa de Residência possui importância em si, enquanto
política pública.
É possível destacar dois aspectos da relevância do Programa de Residência: o
aprofundamento das práticas profissionais nos processos pedagógicos de reflexão
crítica; o avanço da reflexão técnico-política nos métodos de produção do
conhecimento e formulação das políticas públicas. O Programa de Residência
retroalimenta, dialeticamente, ambos os aspectos.
Associar “tempo acadêmico” e “tempo profissional”, num mesmo Programa de
Residência, com interesses comuns na formulação de uma política pública, permite
convergência (por vezes conflituosa) de aportes distintos de conhecimento
demandas e metas: de um lado a pesquisa de investigação criativa, mais ampla e
livre; e, de outro, a percepção das pressões e contingências da gestão pública dentro
das condições legais, administrativas e financeiras.
Nesse sentido é preciso caracterizar que a Residência difere do Estágio
profissional, em que a prática acaba independente e desconectada do aporte
acadêmico, bem como é distinta do Mestrado Profissional que, na maioria dos
casos, é restrito à instância acadêmica ainda que ofereça conteúdo profissional e
prático” (publicação curso residência FAU USP, pág. 30)

Avaliou-se também que a interação entre os dois campos, o acadêmico e o


profissional, resultou em modificações positivas das estruturas de ambos espaços, tendo
demonstrado que as hipóteses ou defesas para sua implementação se comprovaram.
Desse modo, diante dessa virtuosidade pedagógica, é que mais desafios se lançam:

“Um desafio presente é como ir além de experiências tópicas contribuindo para


a efetiva institucionalização de iniciativas de Residência, como ampliação de
possibilidades de resposta aos complexos problemas urbanos das cidades
brasileiras. Ou, mais além, como fomentar sistemas com suporte a instituições
acadêmicas e de pesquisa em rede nacional para amparar o desenvolvimento de
investigação, inovação e implementação de políticas públicas, com métodos e
objetos pertinentes à produção de conhecimento baseados na interação entre
atividades práticas e teóricas academicamente supervisionadas. Ao que se agrega
um desafio de segunda ordem: como, ao se institucionalizar, garantir que essas
experiências mantenham seus conteúdos de inovação e investigação criativa,
afinadas com os avanços das políticas sociais das assessorias técnicas que lhe
deram origem” (publicação curso residência FAU USPpág. 31).

As considerações finais por parte das residentes e residentes foi também de


importante achado, revelando a importância do curso, bem como dos desdobramentos que
possam surgir a novas lutas por sua ampliação e manutenção sistêmica:
“Também é necessário assinalar para os possíveis programas de residência que
surgirão, a necessidade em não torná-los uma forma de precarização do ofício do
Urbanista, mas sim, como pudemos residir, como uma formação continuada, onde
o mais importante seja o processo educativo. E este alerta é para que esta
experiência não se torne uma alternativa rentável ao sistema ou uma ‘experiência’
no sentido individual a ser vendida ou consumida. O caráter público deve ser
mantido para que este projeto educacional possa atingir a reflexão sobre o coletivo
e o comum, cada vez mais necessário à sociedade” (publicação curso residência
FAU USP, pág. 33).

29
Essa energia e alegria de novidade, de ser base para um amplo e novo universo
formativo pode ser percebido pelos rostos felizes de residentes, professores da universidade
bem como de técnicos e representantes do poder público municipal na ocasião da formatura
da primeira turma:

Imagem 08: coletivo de residentes, professores e técnicos na cerimônia de formatura.

Fonte: publicação FAU USP

Por fim, pude verificar junto à coordenação do curso o interesse na realização de uma
pesquisa junto aos egressos, com questionário e entrevistas, como atividade de continuidade
de nossos estudos, de modo a consolidar a avaliação crítica sobre o feito.

c) Cursos e oficinas de curta duração no campo da formação para atuação com


ATHIS

Conforme indicado no projeto de pesquisa, a existência de diversos cursos extra


universidades no campo da ATHIS com grande procura, nos leva a seguinte conclusão: se há
demanda por este tipo de conhecimento, é porque este se encontra ausente, ou não
suficientemente trabalhado nos cursos de graduação.
O que ocorre, diante disso, é o surgimento de mais uma questão: seriam esses cursos
de curta duração em quantidade e qualidade suficientes para a demanda dos educandos e por
conseguinte, para a demanda social por este trabalho?
Ao que pude verificar, parecem ainda em quantidade insuficiente, com carga horária
e metodologia ainda incompatíveis com a envergadura da tarefa.

30
Vejamos a seguir breve compilação de parte desses cursos ministrados nos anos de
2017 a 2019, promovidos principalmente pelos CAUs estaduais, sindicatos, ONGs e escolas
de diversos estados.
A partir de breve análise - ainda superficial - desses cursos, nos pareceu que há duas
questões que os diferem / organizam. Uma de método e outra de concepção.
Sobre o método há aqueles cursos que realizam atividades apenas teóricas e aqueles
que integram atividades teóricas e práticas, chegando, pela prática, a produzir algo, a intervir
por meio de algum um trabalho produtivo, seja elaborando um projeto, ou até mesmo algum
tipo de intervenção física, arquitetônica, do espaço.
Nesse sentido, registramos que diversos cursos tiveram algum tipo de “produto”
trabalhado, que vai além do “produto presente enquanto conhecimento carregado pelos
egressos”, o aprendizado, ampliado em cada educando.
Quanto a questão de ‘concepção’, basicamente, é a diferença de entendimento acerca
dos caminhos para se alcançar uma melhoria da qualidade de vida das pessoas de baixa renda
com intervenções arquitetônicas.
Há a concepção de que este caminho deva se realizar pela livre iniciativa, com
soluções “de mercado”, onde os custos para sua implementação devam ter origem na
economia das próprias famílias e com doações de particulares, sem apoio de fundos públicos.
Por outro lado, há a concepção de que o déficit habitacional é de tal ordem, que os
custos para seu enfrentamento devam necessariamente ser - principalmente - originários de
fundos públicos, considerando a dificuldade financeira das famílias de baixa renda, e com
atendimento coletivo, organizado.
Como veremos adiante os cursos estão apresentados segundo sua concepção.
Primeiramente aqueles que operam e se realizam pela compreensão da necessidade de
investimentos públicos diretos, por meio de políticas públicas e atendimentos coletivos por
associações ou movimentos e em seguida os cursos de matiz de mercado, no campo do
empreendedorismo, onde de modo pulverizado e “livremente” as famílias acessam os
serviços habitacionais com recursos e poupanças próprias, ou doadas por particulares.
Antes da apresentação dos cursos e oficinas de 2017 a 2019, como registro histórico
do processo, temos de salientar a realização de uma atividade formativa aberta realizada em
São Paulo, em dezembro de 2015, conduzida pela Assessoria Técnica Peabiru, denominada
“Oficinas de ATHIS”. Foram realizadas em seis cidades do estado de São Paulo, com o lema
“Mobilizar saberes, efetivar direitos”. Consistiram em debates, seminários, visitas técnicas
em áreas habitacionais problemáticas, e realização de grupos de trabalho. Buscou-se
31
incentivar o trabalho coletivo, a troca de experiências, a construção de leituras e proposições
pelos participantes. De certa forma - grosso modo - essa atividade inaugurou uma nova fase
formativa sobre o tema, naturalmente em pauta desde os anos 60, tendo se tornado referência
para as ações no campo formativo da ATHIS.

Voltando a nosso recorte temporal - 2017 a 2019 - vejamos a seguir, de modo breve,
quantos, quais e como se realizaram os cursos, oficinas e workshops formativos de curta
duração, oferecidos pelos CAU estaduais, sindicatos, ONGs e escolas de arquitetura.

32
SANTA CATARINA - Oficinas de Assistência Técnica em Habitação de
Interesse Social
Entidade promotora: GT de habitação do IAB/SC, CAU/SC, SASC, FNA e UFSC,
ministrado pela Assessoria Técnica Peabiru, de São Paulo. Os recursos para implementação
da oficina foram originários de captação de doações pela internet, ou financiamento coletivo.
Local: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Data: 17 a 19 de março de 2017
Tipo de curso: teórico e prático - propostas de urbanização junto à comunidade
Carga horária: 24 horas
Perfil dos educandos: profissionais das áreas de arquitetura e urbanismo,
engenharia, serviço social, direito e comunicação, professores e pesquisadores de
universidades, servidores públicos, estudantes e integrantes de movimentos sociais.
Quantidade de educandos: 46 pessoas
Produtos do curso: elaboração de uma “agenda para a ATHIS” em Florianópolis e
mais especificamente na comunidade “Alto Pantanal”.
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): gratuito, sem bolsa
Objetivos: sensibilizar os educandos para a importância e a necessidade da ATHIS
enquanto política pública.
método pedagógico: Debates em sala de aula e oficina junto de uma comunidade
parceira nos arredores da Universidade Federal de Santa Catarina, como espaço urbano
estudado de comum acordo com as lideranças locais - Alto Pantanal. Conduzida por 04
profissionais da Peabiru, consistiu em visita à comunidade e posterior desenvolvimento de
estudos sobre os problemas encontrados, com a definição de diretrizes de atuação e propostas
bem como definição de uma agenda para Assistência Técnica.

33
DISTRITO FEDERAL - III JATHIS - Jornada de Assistência Técnica em
Habitação de Interesse Social de Brasília
Entidades promotoras: idealizado pela ABEA e IAB, promovido pelo CEAU DF e
CAU DF.
Local: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal -
CREA/DF.
Data: 10 a 14 de setembro de 2019, para as atividades teóricas, em forma de
seminário com oficinas. Antes, em agosto há atividades preparatórias aos sábados, e depois,
aos sábados, há mutirões. Há ainda o desenvolvimento de projetos, para os estudantes de
arquitetura inscritos, nos horários de faculdade, para desenvolvimento dos projetos, nos
meses de setembro e dez.
Tipo de curso: teórico e prático
Carga horária: total de 59 horas para quem cursar todas as atividades. Entre os dias
10 a 14 de setembro são 16 horas teóricas e 12 horas práticas. Antes disso, para os inscritos
nas oficinas, há uma preparação de 19 horas, aos sábados. Por fim, há mais 12 horas de
atividades de “ação urbana”, que consistem em “mutirões” na comunidade.
Perfil dos educandos: estudantes e profissionais do campo da produção do espaço.
Os estudantes, para participarem das oficinas, tem de estar cursando além do 4o. semestre.
Quantidade de educandos: 100 vagas para as Oficinas de Melhorias Habitacionais,
compondo 20 (vinte) equipes de cinco alunos, contabilizando dez alunos por instituição de
ensino superior; e uma equipe de Ações Urbanas, que terá até dez alunos (um por instituição).
Produtos do curso: projetos de melhorias habitacionais
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): gratuito, sem bolsa, com apoio
para transporte, material de trabalho de escritório e alimentação.
Breve relato dos objetivos, método pedagógico: com aulas teóricas sobre política
habitacional e ATHIS, bem como apresentação de experiências, e com oficinas práticas, as
“Oficinas de Melhorias Habitacionais”. Já em sua terceira edição, a JATHIS assim se
apresenta:

“A JATHIS ocorre no Distrito Federal desde 2017, com intuito de


incorporar e naturalizar as ações de ATHIS na atuação ordinária de profissionais
ligados diretamente no planejamento e construção das cidades, desde a formação a
nível de graduação até a formação continuada de profissionais em exercício.

34
Os principais objetivos do evento são:
1. sensibilizar estudantes, professores e IES do DF para aspectos
profissionais e sociais da Assistência Técnica e as atividades de extensão
universitária;
2. proporcionar um exercício projetual para Melhorias Habitacionais por
meio da imersão em comunidades de Áreas de Regularização de Interesse Social
(ARIS) do Distrito Federal, ilustrando as particularidades e dificuldades das
práticas de Melhorias Habitacionais;
3. influenciar uma reflexão profissional sobre o papel social do arquiteto e
urbanista e as responsabilidades das instituições que podem conferir qualidade e
dignidade à moradia de interesse social e à construção de nossas cidades.
A JATHIS vem se efetivando como um dos principais eventos do país que
influenciam na prática profissional e no papel social do arquiteto e urbanista,
contribuindo com a promoção digna de moradias de interesse social e com a
construção de cidades de forma mais justa” (sitio eletrônico:
https://www.even3.com.br/ brasiliajathis2019/)

Está prevista a participação das seguintes instituições de ensino:


● Centro Universitário de Brasília (UniCEUB)
● Centro Universitário do Distrito Federal (UDF)
● Centro Universitário do Instituto de Educação Superior de Brasília
(IESB)
● Centro Universitário do Planalto Central Aparecido dos Santos
(UNICEPLAC)
● Centro Universitário Estácio de Brasília (ESTACIO)
● Centro Universitário Euro-Americano - UNIEURO (UNIEURO)
● Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (UNIPLAN)
● Instituto Federal de Brasília - Campus Samambaia (IFB Samambaia)
● Universidade Católica de Brasília (UCB)
● Universidade de Brasília (UnB)

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As atividades preparatórias para os integrantes das oficinas seguem do seguinte modo:

Acerca de sua “história”, das edições anteriores, tem-se o seguinte registro:


“Em 2017, a I JATHIS primeira edição da JATHIS foi viabilizada com
recursos do CAU/DF como iniciativa do Colégio de Entidades de Arquitetura e
Urbanismo do Distrito Federal (CEAU/DF), tendo como público alvo os cursos de
graduação em Arquitetura e Urbanismo e como objetivo primordial a
sensibilização de estudantes, de professores e das IES do DF para aspectos
profissionais e sociais da Assistência Técnica e as atividades de extensão
universitária. A atividade promoveu a integração entre estudantes de diversas
instituições de ensino sobre o tema, proporcionando um rico aprendizado com o
apoio das equipes técnicas da CODHAB/DF.
Em sua segunda edição, no ano de 2018, a II JATHISselecionou
profissionais formados em Arquitetura e Urbanismo para atuarem em equipes junto
com os alunos, ampliando assim a capacidade de alcance da Jornada.

36
Na terceira edição, entre 10 e 14 de setembro de 2019, a III JATHIS terá
como novidade o envolvimento prévio e mais direto de profissionais e estudantes
de diferentes áreas, para atuação nas diferentes ações da JATHIS.
Em suas duas primeiras edições, a JATHIS esteve focada em ações
articuladas com o Programa de Melhorias Habitacionais da CODHAB. Este ano,
além das ações voltadas para projetos de Melhorias Habitacionais, denominadas
agora “Oficina de Melhorias Habitacionais” a JATHIS irá incorporar atividades
vinculadas ao programa de Ações Urbanas Comunitárias, as quais comporão a
“Oficina de Ações Urbanas”. A ampliação do escopo do evento se justifica pois,
apesar do maior enfoque do evento ser para as ações de melhorias nas condições
de habitabilidade das moradias, é fundamental que se compreenda a relação do
espaço interno das residências com o espaço urbano, do bairro e da cidade”. (sítio
eletrônico: http://brasilia.jathis.org.br/2019/)

A edição de 2017 mobilizou as seguintes pessoas e entidades:


ATHIS 2017
9, 10 e 11 de outubro de 2017
Auditório do IESB Asa Sul | Oficinas: Sol Nascente, UniCEUB Taguatinga
e FACIPLAC
Cinco localidades atendidas, sendo 04 no Sol Nascente e 01 em Santa Maria
20 famílias atendidas
08 Instituições de Ensino Superior
Alunos de Arquitetura e Urbanismo
100 alunos divididos em 20 equipes de até 05 alunos
Apoio de professores e técnicos da CODHAB

Já a edição de 2018 mobilizou as seguintes pessoas e instituições:

ATHIS 2018
9, 29 de outubro a 01 de novembro de 2018
Auditório do IFB Samambaia | Local de atuação: Sol Nascente
Quatro localidades atendidas, todas no Sol Nascente

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33 famílias atendidas
10 Instituições de Ensino Superior
Alunos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia e Técnico de Edificações
120 alunos divididos em 33 equipes de até 04 alunos
Alunos monitores (participantes da JATHIS 2017)
Apoio de professores e técnicos da CODHAB
01 Responsável Técnico Arquiteto por projeto – Edital CAU
Cerca de 300 participantes entre palestras e oficinas

Vale destacar que na II Jornada, houve a contratação de profissionais para


acompanhar os grupos de estudantes e professores. Este edital de contratação dos 20
arquitetos e urbanistas pode ser considerado embrionário de um necessário programa de
residência acadêmica via CAU. Houve ajuda de custo de R$ 500,00 para cada profissional
selecionado, com a tarefa de realizar dois projetos de melhoria habitacional cada, conforme
o edital publicado:
“OBJETO: O presente edital de Chamamento Público tem como objeto a
convocação e seleção de 20 (vinte) profissionais arquitetos e urbanistas, mais 20
(vinte) para cadastro de reserva, com o objetivo de proporcionar aos selecionados
aprimoramento profissional em ATHIS, prevendo o desenvolvimento de projeto
executivo, memorial e planilha orçamentária de projetos de requalificação de
habitação de interesse social de modo a viabilizar a futura execução da obra pela
família, com vista à realização da II JATHIS.
(...)
Os arquitetos e urbanistas selecionados participarão de reuniões de nivelamento
com técnicos da CODHAB/DF, conforme cronograma disponibilizado, e
participarão da II JATHIS na função de coordenadores de até 02 (duas) equipes

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composta por 04 (quatro) estudantes dos cursos de Arquitetura e Urbanismo das
Instituições de Ensino (IES) do Distrito Federal” (edital CAU DF no. 02/2018).

SANTA CATARINA - Oficina de Capacitação em ATHIS - Chapecó

Entidade promotora: CAU SC - plano estratégico para implementação da ATHIS,


ministrado pelo Instituto Educacional para a Conscientização e Realização de Políticas
Públicas – ICPP, de Minas Gerais, vencedor do edital de capacitação do CAU SC.
Local: UNOCHAPECÒ, Chapecó - SC
Data: 20 a 23 de agosto de 2019
Tipo de curso: teórico e prático
Carga horária: 28 horas
Perfil dos educandos: técnicos da prefeitura, estudantes e professores da
UNOCHAPECÒ, assistentes sociais e advogados.
Quantidade de educandos: 50 inscritos
Produtos do curso: estudos de melhorias habitacionais para famílias do bairro Efapi.
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): sem custos e sem bolsa
Objetivos: “Capacitar arquitetos, urbanistas, profissionais de órgãos públicos e
agentes comunitários a desenvolver projetos em ATHIS com metodologia participativa e
através de ações concretas em comunidades dos municípios de Santa Catarina”. (sítio do
CAU/SC).
método pedagógico: Separado em sete módulos – Introdução, Trabalho Técnico
Social e ATHIS, Visita Técnica Orientada, Regularização Fundiária e ATHIS, ATHIS: Como
Fazer? ATHIS e a Prática Profissional, Apresentação de Resultados. Foram realizadas aulas
teóricas: palestras com profissionais que realizaram experiências, Workshop e visita de
campo. Conteúdo: abordagem da legislação de ATHIS, planos diretores e LDO municipal;
empreendedorismo; com foco no poder público, que no momento, por força de ação da
defensoria pública, obrigou a prefeitura a criar um programa de ATHIS. Teve palestra de
39
abertura com a arquiteta e urbanista Sandra Marinho, gerente de projetos da Companhia de
Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal – CODHAB. Foi realizada visita técnica
à comunidade 25 de Julho, no bairro Efapi, onde já está sendo implantado um projeto de
regularização fundiária pela prefeitura. Guiados por assistentes sociais e funcionários da
prefeitura, acadêmicos e arquitetos puderam ver na prática a abordagem e a realização de um
diagnóstico. Junto a famílias dessa comunidade os educandos do curso desenvolveram
projetos de melhoria que foram apresentados no último dia de atividades.

SÃO PAULO - Seminário de formação em ATHIS com autogestão e sistemas de


proteção ambiental
Entidade promotora: Movimento pelo Direito à Moradia - MDM, com apoio do
Sindicato de Arquitetos e Urbanistas de São Paulo - SASP, Federação das Associações
Comunitárias de São Paulo - FACESP e recursos de fomento do CAU/SP.
Local: sede do MDM - Guarapiranga - São Paulo/SP
Data: março de 2019
Tipo de curso: teórico e prático
Carga horária: 20h
Perfil dos educandos: profissionais e estudantes de Arquitetura e Urbanismo,
lideranças comunitárias, funcionários do poder público e interessados na adoção de processos
de ATHIS para autogestão.
Quantidade de educandos: 160
Produtos do curso: viveiro para mudas na comunidade do MDM - Guarapiranga
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): sem custos e sem bolsa

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Objetivos: oferecer capacitação para implementar viveiros urbanos em projeto de
Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (ATHIS) autogerido.

método pedagógico: atividades teóricas acerca dos seguintes temas: 1. Trabalhos


social e meio ambiente: como a ATHIS pode ajudar nessa aproximação? 2. Implantação de
empreendimentos de HIS: estratégias para garantir a proteção ambiental e a qualidade das
edificações. 3. Implantação de viveiros urbanos com prática de ATHIS e geração de renda:
possibilidades e desafios. 4. Introdução e orientações para implantação de viveiros urbanos.
Visitas técnicas à viveiros públicos da cidade de São Paulo e Oficina prática com os
participantes para implantação do viveiro: preparação do canteiro para instalação do viveiro;
construção do viveiro; preparação do solo e dos recipientes para as mudas; plantio das mudas
e das sementes; instalação de placas de identificação das mudas e das datas de plantio.

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MINAS GERAIS - Formação em Serviço: Conceitos e práticas de Assistência
Técnica de Interesse Social.
Entidades promotoras: “Arquitetas Sem Fronteiras - Brasil”, IAB e CAU Minas
Gerais , via edital de patrocínio em assistência técnica de interesse Social.
Local: IAB MG
Data: primeiro semestre de 2019
Tipo de curso: aulas teóricas, seminários e atividades práticas
Carga horária: 12 encontros, dos quais 9 considerados “teóricos” e 3 “práticos”,
totalizando aproximadas 50 horas.
Perfil dos educandos: jovens estudantes e profissionais de AU.
Quantidade de educandos: 14 educandos
Produtos do curso: contribuições com estudos de ocupação de espaço para horta
escolar; apoio a ações de educação ambiental, trabalho em mutirão e apoio a implementação
de esgoto residencial.
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): gratuito, sem bolsa
Breve relato dos objetivos, método pedagógico: Exposição, Apresentação de
coletivos atuantes em ATHIS no IAB-MG; Seminários, Sextas-feiras alternadas das 18h30
às 22h; Atividade Prática, Sábados alternados das 8h às 12h
Ementa do curso: Abordagem crítica das condições de prestação de serviços de
assistência técnica na produção de habitações e assentamentos de interesse social no campo
da arquitetura e urbanismo. Panorama da ATHIS no Brasil. Metodologias e práticas de
assessoramento técnico individual e coletivo. Processos coletivos de concepção e intervenção
em edificações e espaços de uso comum. Assessoria técnica a processos auto gestionários de
produção habitacional e recuperação de áreas urbanas degradadas. Tecnologias construtivas
para canteiros de obras autogeridos. Formulação e experimentação de tecnologias
socioespaciais, dispositivos e sistemas para a qualificação do ambiente urbano. Origens dos
recursos para financiamento de ações de ATHIS. Práticas usuais para viabilização da
atividade e consolidação do campo de atuação profissional.
sítio eletrônico: divulgado no sítiohttps://www.asfbrasil.org.br

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RIO GRANDE DO SUL - Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande
Sul – SAERGS

A entidade organizou oficinas para o ano de 2019, em três momentos:

“(...) escolhidos pelo sindicato, no primeiro semestre, para debater o tema


ATHIS. O primeiro focou na habitação de interesse social sob o ponto de vista dos
profissionais, em duas palestras já realizadas (Santa Maria e São Leopoldo). O
segundo debaterá a ATHIS sob o ponto de vista dos movimentos sociais (oficina
do dia 6/6), e o terceiro momento, ainda sem data para acontecer, abordará o tema
sob o ponto de vista do Poder Público. “Essas três perspectivas são as pontas a
serem articuladas para a promoção da Assistência Técnica, visto que são os três
atores implicados diretamente na ação de ATHIS”, salienta Karla. De acordo com
ela, o objetivo é proporcionar o encontro entre os interessados na temática, expondo
experiências, desafios e possibilidades para os arquitetos e urbanistas (principal
profissional implicado) e também para o Poder Público (potencial agente
promotor) e para os movimentos sociais (potencial agente articulador e organizador
da demanda). “É importante salientar que, antes de ser uma possibilidade de
trabalho para arquitetos e urbanistas, a ATHIS é um direito. E, como tal, deve ser
garantido pelo Estado através das políticas públicas. Deve ser visto, portanto, como
uma necessidade urgente das populações mais vulneráveis para que, de fato, se
promovam cidades mais justas” (sitio eletrônico do SAERGS).

Vejamos as oficinas realizadas:

RIO GRANDE DO SUL - Athis como área de atuação profissional: oficina Santa
Maria
Entidade promotora: Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul, Federação
Nacional dos Arquitetos - FNA, CAU/RS e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
ULBRA - Santa Maria.

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Local: Universidade Luterana do Brasil / ULBRA - Santa Maria
Data: 04 de abril de 2018
Tipo de curso: teórico
Carga horária: 4h30
Perfil dos educandos: arquitetos e urbanistas
Quantidade de educandos: sem informação
Produtos do curso: não teve produtos concretos
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): gratuito, sem bolsa
Objetivos: debater e refletir o papel do arquiteto e urbanista na efetivação da Lei da
Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social(ATHIS):

“A região foi escolhida com o objetivo de descentralizar a ação do Sindicato,


provendo a qualificação e valorização dos profissionais da área central do Estado.
(...) a ATHIS é um direito e deve ser pública e gratuita ou acessível para o público
alvo, o que não representa que o arquiteto e urbanista não deve receber
remuneração pelo trabalho realizado. Além disso, considera a ATHIS uma das
ferramentas mais importantes para a promoção de uma nova política habitacional
no país.” (sítio da FNA)

Método pedagógico: Painéis - palestras com profissionais atuantes na área e


encontro de representantes do CAU, sindicato e governo municipal.

RIO GRANDE DO SUL - Oficina “Assistência Técnica em Habitação de


Interesse Social (ATHIS) e os Movimentos Populares
Entidade promotora: Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul, com
patrocínio do CAU/RS.
Local: Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre
Data: 06 de junho de 2019
Tipo de curso: teórico
Carga horária: 5 horas
Perfil dos educandos: munícipes em geral, movimentos organizados e arquitetos e
urbanistas

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Quantidade de educandos: sem informação
Produtos do curso: não teve produtos concretos
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): gratuito, sem bolsa
Objetivos:
“De acordo com a presidente do Saergs, Maria Teresa Peres de Souza, a atuação
de arquitetos e urbanistas junto aos movimentos sociais é uma das formas de
aplicação da lei de ATHIS, tanto via recursos públicos, como atuação direta junto
às famílias que necessitam do atendimento. “A lei de ATHIS já existe há dez anos
e nossos seminários têm o intuito de colaborar com a divulgação da lei e sua
implementação em suas várias formas”, destaca a presidente do Saergs.
A diretora do Saergs, Karla Moroso, explica que o evento proporcionará uma
leitura sobre a atuação de arquitetos e urbanistas sob a perspectiva de quem
demanda o serviço. “É importante destacar que são movimentos sociais que trazem
experiências que abordam muito mais do que a conquista da moradia – vista como
uma unidade habitacional. São projetos que trazem no seu ‘DNA’ o debate sobre
os vazios urbanos, os prédios ociosos e a moradia popular em área central, um tema
central para a se garantir cidades mais justas”, argumenta” (sitio do CAU/RS)

Método pedagógico: duas mesas de discussões pautadas em experiências de


habitação de interesse social.
A seguir, vejamos um curso, realizado em paralelo às oficinas, também promovido
pelo SAERGS e ministrado pela AH! Arquitetura Humana:

RIO GRANDE DO SUL - ATHIS: Um direito, muitas possibilidades


Entidades promotoras: Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul -
SAERGS; ministrado pela equipe do escritório AH! Arquitetura Humana.
Local: Porto Alegre - sede do sindicato
Data: 11 e 18 de maio de 2019
Tipo de curso: curso rápido, teórico e prático - vivência em ATHIS.
Carga horária: 20 horas
Perfil dos educandos: direcionado aos profissionais das áreas de arquitetura,
engenharia, direito, serviço social, geografia e interessados no tema
Quantidade de educandos: (verificar com coordenação da AH!)
Produtos do curso: (verificar com coordenação da AH!)

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Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): R$ 50 para estudantes, R$ 100
para associados do SAERGS e R$ 150 para demais interessados.
Breve relato dos objetivos, método pedagógico: conteúdos metodológicos
relacionados à prática de assistência técnica em habitação de interesse social, elaborados a
partir de experiências feitas através de abordagens teóricas, exercícios práticos e vivências
de ATHIS.
Programação: Bloco 1 – Sensibilizar: ATHIS – Um Direito – Princípios para
atuação em ATHIS; Bloco 2 – Instrumentalizar: ATHIS – Muitas Possibilidades – Arenas de
atuação, atores, papéis, formas de financiamento, abrangência, escalas, demandas de ATHIS.
A demanda de ATHIS – Perfil socioeconômico, grupos de renda, possibilidades, abordagem;
Bloco 3 – Vivência: Diagnóstico Rápido Participativo – Aplicação da metodologia em um
Assentamento Urbano. Proposições e arranjos de ATHIS – Exercício prático. Encerramento
– Avaliação.

Também no Rio Grande do Sul há um curso, ministrado pela mesma organização


AH! Arquitetura Humana, de modo independente, pago:

RIO GRANDE DO SUL - Oficina de Capacitação: Habitação de Interesse Social


- Conhecer para Atuar
Entidades promotora: AH! Arquitetura Humana
Local: Porto Alegre - RS
Data: 12, 13. 16, 17 e 18 de setembro de 2019
Tipo de curso: curso de curta duração em forma de “oficinas”
Carga horária: 20 horas
Perfil dos educandos: Profissionais e estudantes das áreas de arquitetura e
urbanismo, serviço social, engenharia civil, psicologia, e outras áreas do conhecimento
Quantidade de educandos: (verificar com coordenação da AH!)
Produtos do curso: reflexões e encaminhamentos de futuras práticas profissionais
para os educandos, junto de comunidades que necessitem de seu trabalho.
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): Estudantes: R$ 120,00;
Profissionais: R$ 280,00; Pagamento à vista com 25% de desconto.
Objetivos: A primeira Oficina “Habitação de Interesse Social: conhecer para atuar”
é introdutória e ao mesmo tempo abrangente, pois aborda desde conceitos importantes e

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fundamentos que respaldam o direito à moradia e a atuação na política pública de HIS, até o
desenho dos programas habitacionais vigentes, com destaque para o Programa de Assistência
Técnica, suas possibilidades, complexidades e desafios. Pretende conferir aos participantes
um suporte inicial para a atuação, com ênfase em processos participativos.
método pedagógico: aulas expositivas e atividades interativas, permeadas por
momentos de reflexão e proposições.

SÃO PAULO - Como implantar assessorias técnicas para habitação social


Entidades promotoras: Crédito Solidário/Banco do Povo, CAU/SP e Sindicato dos
Arquitetos e Urbanistas no Estado de São Paulo - SASP.
Local e data: Praia Grande - 14 de maio, São Vicente - 15 de maio, Santo André -
20 de maio, Mauá - 21 de maio e Bertioga - 27, 28 e 29 de maio de 2019.

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Tipo de curso: curso itinerante, de curta duração, com nove seções.
Carga horária: atividades de 6h
Perfil dos educandos: arquitetos, urbanistas, engenheiros,funcionários do poder
público e lideranças comunitárias que atuam em planejamento e políticas públicas urbanas e
em projetos de moradias.
Quantidade de educandos: (verificar)
Produtos do curso: encontram-se em elaboração, o relatório do curso deverá ter
sugestões de estratégias de atuação dos municípios envolvidos na melhoria das condições de
moradia da população e no fortalecimento de sistemas produtivos locais com apoio de
empresas, de instituições e da população local. Deverá também organizar propostas de uma
política pública estadual. Ao menos tem-se notícia que um dos desdobramentos do curso foi
a criação de um fundo municipal de ATHIS no município de Bertioga.
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): gratuito, sem bolsa
Breve relato dos objetivos, método pedagógico: No conteúdo das aulas estão temas
como formas de estruturar escritórios de ATHIS e criar Arranjos Produtivos Locais (APLs)
para prestação de serviços de melhorias habitacionais, formalização jurídica e uma
capacitação sobre o Programa Crédito Solidário e Cartão Reforma. A ideia é fomentar a
construção de novas alternativas financeiras, criativas e sustentáveis a fim de financiar
escritórios que também trabalhem com projetos de moradia.
Praia Grande: Capacitação para abertura e estruturação de escritórios de ATHIS;
São Vicente: Curso de capacitação e sensibilização de poder público sobre ATHIS, para
criação Arranjos Produtivos Locais (APL’s) e formalização de escritórios para prestação de
serviços de melhorias habitacionais; Curso de capacitação sobre o Programa Crédito
Solidário do Banco do Povo e debate de propostas para a criação de um Fundo Estadual de
ATHIS; Santo André: Capacitação para abertura e estruturação de escritórios de ATHIS;
Curso de capacitação sobre o Programa Crédito Solidário do Banco do Povo e debate de
propostas para a criação de um Fundo Estadual de ATHIS; Mauá: Curso de capacitação e
sensibilização de poder público sobre ATHIS, para criação Arranjos Produtivos Locais
(APL’s) e formalização de escritórios para prestação de serviços de melhorias habitacionais.
Curso de capacitação sobre o Programa Crédito Solidário do Banco do Povo e debate de
propostas para a criação de um Fundo Estadual de ATHIS; Bertioga: Capacitação para
abertura e estruturação de escritórios de ATHIS. Curso de capacitação sobre o Programa
Crédito Solidário do Banco do Povo e debate de propostas para a criação de um Fundo
Estadual de ATHIS.

Ainda em São Paulo, Capital, há um curso promovido por uma faculdade particular
que se encontra já na terceira edição:

48
c
SÃO PAULO - Estratégias e Assistência Técnica para Habitação de Interesse
Social
Entidade promotora: Universidade Presbiteriana Mackenzie e Comviva Arquitetura
e Urbanismo, co-responsável pelo curso via convênio.
Local: Universidade Presbiteriana Mackenzie, Campus Higienópolis
Data: 06 de outubro a 15 de dezembro 2018 - aos sábados
Tipo de curso: teórico
Carga horária: 32 horas aula
Perfil dos educandos: arquitetos, engenheiros, sociólogos, antropólogos, assistentes
sociais e outros.
Quantidade de educandos: 45
Produtos do curso: não teve produtos aplicados ou “intervenções diretas na
realidade”
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): pago
Objetivos:
“Proporcionar formação complementar aos profissionais que tenham interesse
em trabalhar com Estratégias e Assistência Técnica em Habitação de Interesse
Social é o objetivo do curso promovido pela Universidade Mackenzie através de
um convênio com a empresa Comviva Arquitetura e Urbanismo” (Sítio eletrônico
Mackenzie)

método pedagógico:
“As aulas são realizadas por profissionais especializados em temas como
Urbanização de Favelas, Regularização Fundiária, Projeto de Melhorias
Habitacionais, Projetos Autogestionados e Assistência Técnica.
O curso não tem apenas o objetivo de aprofundar conhecimentos teóricos e
práticos, mas principalmente a formação profissional e cidadã. É um modo de
contribuir [para alterar] a realidade dura de muitas pessoas e, ao mesmo tempo,
renovar conhecimentos científicos consagrados”, afirma Fabrícia Zulin.
O curso está estruturado em duas partes principais: Políticas de Provisão de
Novas Moradias e Urbanização de Favelas e Assistência Técnica Habitacional de
Interesse Social, e Realidade da Autoconstrução. Nessa segunda etapa, é
demonstrada a importância de trabalhar não apenas com novas unidades, modelo
mais difundido nos cursos de arquitetura, mas principalmente como agir em um
universo de moradias autoconstruídas que precisam de melhorias, acrescenta a
professora” (Sítio eletrônico Mackenzie)

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O interessante é que uma das professoras declara que o curso é uma espécie de ensaio
para um curso maior, como uma residência:
“Em sua primeira edição é um curso ainda enxuto, mas está em discussão ampliá-lo
ou, até mesmo, transformá-lo em residência universitária como já existe na área médica, por
exemplo” (FabríciaZulin, diretora da Comviva, uma das professoras do curso).

SÃO PAULO - Especialização em Habitação de Interesse Social e ATHIS

Entidade promotora: Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUCCAMP /


Curso de Arquitetura e Urbanismo
Local: campus I - Campinas / SP
Data:início em fevereiro de 2020, aos sábados - duração de três semestres
50
Tipo de curso: teórico e prático
Carga horária: 432 horas
Perfil dos educandos: Graduados em Arquitetura, Urbanismo, Arquitetura
Paisagística, Engenharia Civil, Engenharia Ambiental, Direito, Engenharia e Gestão
Ambiental, Planejamento Territorial, Geografia, Economia, Serviço Social, Sociologia,
Administração Pública e outros. Profissionais Graduados atuantes em questões urbanas e/ou
edilícias
Quantidade de educandos: (consultando coordenação)
Produtos do curso: resultantes das atividades práticas supervisionadas em
comunidades de Campinas
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): pago - R$ (consultando
coordenação)
Objetivos: “Capacitar profissionais de diferentes formações que tenham interesse
em atuar no campo da Habitação de Interesse Social e Assistência Técnica e na qualificação
do ambiente habitado pela população de baixa renda;
Contribuir com a formulação de práticas político-projetuais, no entendimento da
atuação profissional como instrumento de construção do conhecimento em área cuja
necessidade de participação se apresenta, não somente necessária, como urgente”.
Método pedagógico: multidisciplinaridade e análise sistêmica da questão da
moradia, trabalhadas nas seguintes disciplinas:

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PARAÍBA - Oficina de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social

Entidade promotora: CAU/PB, curso ministrado pelo Centro Universitário de João


Pessoa - UNIPE.
Local: Centro Universitário de João Pessoa - UNIPE
Data: 18, 19 e 21 de agosto de 2017
Tipo de curso: teórico e prático - vivência
Carga horária: 24 horas
Perfil dos educandos: arquitetos e urbanistas
Quantidade de educandos: 40
Produtos do curso: projetos para seis residências, dois comércios locais e um espaço
público. foi produzida também uma cartilha ao longo do curso, disponibilizada pelo sítio do
CAU/PB.
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): gratuito
Objetivos:

“(...) promover a ATHIS como um importante meio de promover o acesso à


moradia digna, à qualidade de vida das pessoas no espaço urbano e à organização
das cidades.
Outra função da oficina foi desmistificar o caráter elitista da profissão de
arquiteto e urbanista, aproximando os profissionais da população carente de um
serviço essencial como a arquitetura e cumprir com a função social da profissão,
prerrogativa no combate às desigualdades e na construção de uma cidade mais justa
e mais inclusiva para todos” (sítio eletrônico do CAU/PB).

método pedagógico:

“Dividida em três dias, a oficina dedicou o primeiro momento ao conhecimento


da legislação e de casos exitosos de ATHIS. Neste contexto foi apresentada a Lei
11.888/08 de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social, seus objetivos
e desafios. Também foram apresentadas ações de escritórios públicos, especialistas
e ONGs e suas experiências, lidando de forma criativa com a convivência entre
profissionais e moradores nas áreas de intervenção.
No segundo dia da oficina foi realizada a visita de campo à comunidade em
estudo. Foi escolhido o Bairro São José, em João Pessoa. Com o apoio de
lideranças da comunidade, foram realizadas visitas nas áreas mais precárias, onde
os participantes conheceram a realidade da ocupação desordenada e as moradias
de baixo padrão construtivo. Os arquitetos e urbanistas conversaram com os
moradores sobre o seu dia a dia e perceberam quais as necessidades de cada família.
Diante da problemática, retornaram ao atelier onde discutiram os aspectos
verificados in loco, sistematizaram as informações, definiram as diretrizes
projetuais e iniciaram o exercício propositivo para apresentação no último dia da
oficina.

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No último dia do evento os participantes formaram grupos de trabalho e
desenvolveram propostas projetuais preliminares, compreendendo tanto o espaço
privado da moradia quanto o espaço público do seu entorno imediato como
calçadas e espaços de convivência. Foram formados nove grupos que propuseram
projetos para seis residências, dois comércios locais e um espaço público” (sítio
eletrônico do CAU/PB).

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RIO DE JANEIRO - Curso Assessoria Técnica em Arquitetura: desafios e
possibilidades para as práticas políticas e profissionais hoje

Entidade promotora: ARCHE - Projetos Participativos


Local: sede da ARCHE - Projetos Participativos
Data: 13 de setembro a 04 de outubro - às sextas - de 2019
Tipo de curso: teórico e crítico
Carga horária: 16 horas
Perfil dos educandos: arquitetos e urbanistas
Quantidade de educandos: 15
Produtos do curso: não há produtos práticos previstos
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): pago - R$ 350,00
Objetivos: “A intenção é discutir os desafios e possibilidades do assessoramento técnico hoje
no Rio de Janeiro”
Método pedagógico: Aulas expositivas e debates críticos sobre os seguintes temas:
Trajetórias profissionais dos participantes; Habitação Social no Brasil Hoje; Participação no
Projeto; Participação na Obra.

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Projeto Arquiteto de Família

A partir da observação dos cursos, pude perceber outra constante, no campo do


“Negócio Social e do Empreendedorismo”, com o chamado “método do projeto Arquitetos
de Família”, que tem se constituído como uma rede nacional em implementação. Com
patrocínio dos CAU estaduais - ou com acesso remunerado por ação dos sindicatos de
arquitetos e urbanistas - trata-se de uma vertente da política nacional da entidade, direcionada
pela Comissão de Política Profissional - CPP do CAU. O método foi apresentado em ao
menos 7 vezes pelo Brasil: Maranhão, Amapá, São Paulo, Pará, Rio de Janeiro e Tocantins,
com o oferecimento de uma oficina que simula a realização de um projeto de arquitetura de
interesse social, ministrada pela arquiteta Mariana Estevão, atuante na ONG “Soluções
Urbanas” com sede no Rio de Janeiro:
“Mariana Estevão informa também que as ferramentas da Soluções Urbanas
estão disponíveis para uso de outros profissionais e instituições que queiram
reproduzir a metodologia, ou, a partir dela, aplicar seus próprios métodos. “A ideia
surgiu da demanda de profissionais que procuravam reproduzir nossa experiência
em outras cidades. Percebi a necessidade de sistematizar nosso conhecimento e
transformar as ferramentas usadas pela equipe em um meio que pudesse apoiar
esses profissionais”, ela afirma.
Além de modelos de treinamento, foi criado um aplicativo com base no
Arquiteto de Família para facilitar a elaboração de diagnósticos e priorização das
intervenções e uma plataforma de captação de recursos por financiamento coletivo
para viabilizar as reformas.
“O aplicativo também cria mapas para diagnóstico do território a partir do
georreferenciamento. A ideia é não apenas capacitar os profissionais, mas dar a
eles o suporte necessário para atuarem individualmente, como organização,
coletivo ou empresa, multiplicando a prática da ATHIS para melhorias
habitacionais”, explica.” (revista Projeto número ... , pág. ….)

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Vejamos de modo breve o caráter dessas atividades:

MARANHÃO - Oficina de Capacitação de Profissionais para atuação em ATHIS

Entidade promotora: CAU - Maranhão e CAU/BR, com colaboração do


SINDUSCON e SEBRAE.
Local: auditório do Executive Lake Center, São Luiz - MA
Data: 01 de agosto de 2018
Tipo de curso: teórico e prático
Carga horária: 14 horas - 10h teóricas (seminário) e 4 horas práticas (oficina)
Perfil dos educandos: arquitetos e urbanistas
Quantidade de educandos:
Produtos do curso:
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): sem custos e sem bolsa
Objetivos: instrumentalizar os educandos a aplicar os métodos do projeto “Arquiteto
da Família”.
Método pedagógico: de modo complementar aos debates do seminário realizado dias
antes, intitulado: “Empreendedorismo em ATHIS”, é que se realizou a vivência de melhorias
habitacionais, baseado na metodologia do projeto Arquitetos de Família, que prevê um ciclo
rápido de diagnóstico, desenvolvimento de projeto e acompanhamento de obra com intenção
de tornar a Assistência Técnica mais econômica:

“O Arquiteto de Família é uma tecnologia social certificada pela Fundação


Banco do Brasil e premiada em 2013 pela Finep (Empresa Brasileira de Inovação
e Pesquisa). Sua atuação segue a estratégia do Saúde da Família, com profissionais
agindo permanentemente no mesmo território, interferindo na cultura da
autoconstrução e sensibilizando a população sobre a necessidade de investir em
melhorias habitacionais” (sitio eletrônico do CAU/MA)

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AMAPÁ - II Seminário de Capacitação em Assistência Técnica em Habitação de
Interesse Social
Entidade promotora: CAU AP
Local: Hall do CEAP - Macapá
Data: 05 e 06 de novembro de 2018
Tipo de curso: teórico e prática simulada
Carga horária: 12 horas
Perfil dos educandos: estudantes e profissionais da arquitetura e urbanismo
Quantidade de educandos: 170 pessoas
Produtos do curso: não teve resultados práticos
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): sem custos e sem bolsa
Objetivos:
“Expor ideias e experiências para um melhor desenvolvimento e satisfação das
demandas da população e levantar reflexões sobre o papel dos profissionais de
arquitetura e urbanismo para a sociedade, apresentando a missão do Conselho de
Arquitetura e Urbanismo – CAU de “Levar a arquitetura e urbanismo para todos”
e conscientizar da importância da lei de acesso a Assistência Técnica” (sítio
eletrônico do CAU AP).

Método pedagógico: palestras e ao final dos dois dias de atividades, foi ministrada
oficina:
“Para encerrar o evento com chave de ouro, foi realizado a oficina de
capacitação de profissionais para a atuação em ATHIS pela Arquiteta e Urbanista
Mariana Estevão, onde representou um momento de grande estímulo aos
profissionais e acadêmicos participantes, permitindo em sua devida implementação
do objetivo do evento” (sítio eletrônico do CAU AP).

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SÃO PAULO - Vivência em Assistência Técnica para Melhorias Habitacionais
Entidade promotora: Soluções Urbanas, Arquitecasa, e o Banco do Povo - Crédito
Solidário, com apoio do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas de São Paulo - SASP SP.
Local: sede do SASP para as atividades teóricas e práticas em Mauá/SP
Data: fevereiro de 2019.
Tipo de curso: teórico e prático
Carga horária: 42 horas
Perfil dos educandos: Arquitetos, engenheiros, designers, técnicos de edificações, e
estudantes desses campos profissionais.
Quantidade de educandos: (verificar)
Produtos do curso: Projetos de melhorias habitacionais - as famílias assistidas
durante a vivência de campo foram convidadas a ser microempreendedoras atendidas pelo
Banco do Povo.
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): R$ 834,00
Breve relato dos objetivos, método pedagógico:

“Oportunidade fantástica para arquitetos e urbanistas que pretendem


trabalhar com Habitação Social: a organização não-governamental Soluções
Urbanas está promovendo um curso teórico e prático de vivências de melhorias
habitacionais, baseado na metodologia do projeto Arquitetos de Família, que prevê
um ciclo rápido de diagnóstico, desenvolvimento de projeto e acompanhamento de
obra que torna a Assistência Técnica mais acessível. E o melhor: todo o
conhecimento será aplicado de imediato junto a famílias de São Mateus e Mauá,
municípios da Grande São Paulo
É um curso com experimentação prática. Você se inscreve, aprende a
metodologia e depois é remunerado pelo trabalho”, afirma a arquiteta Mariana
Estevão, criadora do projeto Arquiteto de Família. São 8 oficinas, de fevereiro a
março, seguidas da prática profissional no atendimento às famílias para elaboração
de projeto e acompanhamento das obras financiadas pelo Banco do Povo Crédito
Solidário, que também vai remunerar a ATHIS” (sítio eletrônico Soluções
Urbanas).

58
TOCANTINS - Oficina de capacitação técnica no VII Seminário Nacional de
Empreendedorismo na Arquitetura

Entidade promotora: CAU - Tocantins, SEBRAE e Faculdade Católica de


Tocantins
Local: Faculdade Católica de Tocantins - Palma
Data: 01 e 02 de outubro de 2018
Tipo de curso: teórico
Carga horária: 12 horas
Perfil dos educandos: estudantes e profissionais
Quantidade de educandos:
Produtos do curso: não há produtos aplicados
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): 1 kg de alimento não perecível

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Objetivos: Foi um amplo seminário, com os seguintes temas: “Empreendedorismo
em ATHIS”; “A ATHIS e o Empreendedorismo desde a Formação Acadêmica”; “A ATHIS
e as Ações Públicas”; “ATHIS : O Escritório Modelo com foco na arquitetura social”; “A
ATHIS, a Regularização Fundiária e os Instrumentos Urbanísticos, determinando a Evolução
Urbana e Sustentabilidade das Cidades Brasileiras”; “O Negócio Social, a ATHIS e o
Empreendedorismo”; “Do Conceito ao Concreto: o desafio de reinventar-se na profissão de
arquiteto”; “Acelerando a carreira de arquitetos e designers”. Palestra “Da Arquitetura ao
Mercado Financeiro, Novos Paradigmas Profissionais do Arquiteto”, Palestra “O Futuro é
Hoje!”
Método pedagógico: Em uma noite, anterior ao seminário Mariana Estevão
ministrou “Oficina de capacitação de profissionais para atuação em ATHIS”. No dia
seguinte, por todo um dia, os participantes assistiram às palestras.

RIO DE JANEIRO - Workshop de assistência técnica para melhorias


habitacionais

Entidade promotora: Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado do Rio de


Janeiro - SARJ.
Local: SARJ - Rio de Janeiro / RJ
Data: 23 de março de 2019
Tipo de curso: teórico
Carga horária: 8 horas
Perfil dos educandos: estudantes e profissionais
Quantidade de educandos: (verificar)
Produtos do curso: não há produtos aplicados
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): R$ 500,00
Objetivos:
“Este workshop, além de ser uma grande oportunidade para profissionais e
estudantes de diferentes áreas de atuação que tenham afinidade e interesse pelo
tema da Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social, é o primeiro
workshop de uma sequência em vários Estados que tem por objetivo ampliar a

60
Rede de ATHIS iniciada em São Paulo, no curso Vivência em ATHIS para
Melhorias Habitacionais. Essa Rede pretende fomentar essa prática e favorecer a
troca de informações e oferecer suporte aos envolvidos.” (sítio eletrônico do
SARJ).

Método pedagógico:

“O workshop simula o atendimento às famílias com renda mensal de até três


salários mínimos, com base na metodologia do projeto Arquiteto de Família. Com
foco no atendimento individualizado, a metodologia permite a compreensão das
complexidades socioambientais das famílias em situação de vulnerabilidade social
para o desenvolvimento de projeto e a execução de obras de melhorias
habitacionais” (sítio eletrônico do CAU/RJ)

PARÁ - Oficina de Capacitação técnica em ATHIS do VI Seminário Nacional


de empreendedorismo em arquitetura e urbanismo

Entidade promotora: CAU / PA, apoio da Faculdade Metropolitana da Amazônia,


da Universidade Federal do Pará, da Prefeitura de Belém e do SEBRAE.
Local: Auditório da Faculdade Metropolitana da Amazônia - FAMAZ - Belém
Data: 18 e 19 de setembro de 2018
Tipo de curso: teórico com simulações sobre a prática
Carga horária: 8 horas
Perfil dos educandos: estudantes e profissionais
Quantidade de educandos: (verificar)
Produtos do curso: não há produtos aplicados
Custos de acesso (bolsa, ou valor para o curso): gratuito
Objetivos:
“O evento levantou questões sobre a Assistência Técnica em Habitação de
Interesse Social, Regularização Fundiária, Empreendedorismo, entre outros temas.
A Lei nº 11.888, de 24 de Dezembro de 2008, que regulamenta a Assistência
Técnica em Habitação de Interesse Social completa 10 anos e foi o subtema do
Seminário” (sítio eletrônico do CAU PA)

61
Método pedagógico: O seminário teve palestras sobre os seguintes temas: legislação
e diretrizes que regulamentam a concessão de apoio à ATHIS; experiências em ATHIS da
Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém e da
Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal; Regularização Fundiária
e Assistência Técnica; a importância do papel das Universidades na implementação da
Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social e as dificuldades para a implantação
da mesma; Negócio Social, a ATHIS e o Empreendedorismo: o Projeto Arquiteto de Família,
da arquiteta e urbanista Mariana Estevão de Souza Moraes; Empreendedorismo em
Arquitetura e Urbanismo, pontuando as atitudes necessárias para empreender na área. No
segundo dia foi a Oficina de Capacitação Profissional em ATHIS, ministrada pela arquiteta
e urbanista Mariana Estevão. A oficina colocou em prática a produção de projetos para
diversos perfis de família de baixa renda.

62
d) Levantamento nacional das experiências de extensão universitária em ATHIS
e direito à cidade

Com a finalização da pesquisa nacional em novembro, conforme o cronograma acima


apresentado, pretendemos dispor de um quadro geral dos grupos de extensão atuantes, de
modo que possamos, em diálogo com esses coletivos, verificar e debater - por meio do envio
de questionário - a real necessidade de inclusão de residentes nestes grupos.
Pela experiência que tenho - daí ser esta a hipótese em verificação - há indícios de
que a contribuição de residentes seja sim necessária e bem-vinda. Por este se tratar de um
processo de pesquisa científica, poderemos - com as respostas dos questionários - melhor
qualificar, inclusive, os possíveis formatos dessa supostamente necessária inserção
pedagógica.
Conforme pode-se ver no questionário anexo, há campos para a percepção da
presença ou não de residentes, ou profissionais contratados para contribuir com os processos
pedagógicos.
Uma vez com os dados da pesquisa nacional em mãos, pretendemos juntar a estes
novos dados, as listagens dos grupos de extensão registrados como participantes nas
seguintes atividades:
● Oficinas ATHIS promovidas pela Peabiru pelo estado de São paulo, em 2016
● Fórum Regional de ATHIS e Extensão Universitária de São Paulo, realizado
em maio de 2019.
● Edital do CAU/RJ para fomento de ATHIS.
● Seminário Nacional de Escritórios Modelos de Arquitetura e Urbanismo -
SENEMAU Uberlândia / FENEA, realizado em agosto de 2019..

Vejamos a seguir a base qual dispomos, com 63 grupos, a partir de listagem -


desatualizada - organizada pela FENEA junto à pesquisadora Luciana Alencar Ximenes, do
Observatório das Metrópoles, elaborada como base para divulgação da pesquisa nacional de
ATHIS.

Faculdade
UF Cidade (sigla) Nome do EMAU Situação
Estudantes com vontade de
RR Boa Vista UFRR criar um EMAU
AM Manaus UNL/UFA Não é um EMAU que segue

63
M o POEMA

sem
AC Rio Branco FAB Palafita informações

Prisma - Projetos de Interesse Social e Meio EMAU


GO Anápolis UEG Ambiente em funcionamento

EMAU
GO Goiânia PUC-GO SET - Sociedade em Transformação em funcionamento
UNI
ANHANG CORES - Conselho de Ocupação e EMAU
GO Goiânia UERA Revitalizações de Espaços Socias em funcionamento

EMAU
MT Cuiabá UFMT Motirô em funcionamento

Barra do EMAU
MT Bugres UNEMAT ALDEIAS inativo

CASAS - Centro de Ação Social em EMAU


DF Brasília UnB Arquitetura Sustentável em funcionamento

EMAU
DF Brasília UniCEUB MOVERES inativo

Campo ESCALA - Escritório de Arquitetura Livre e EMAU


MS Grande UFMS Aberta inativo

Campo EMAU
MS Grande UNIDERP EMAIS - Escritório Modelo de Interesse Social em funcionamento

GECO - Grupo Experimental em Canteiro e EMAU


MG Uberlândia UFU Obras sendo criado

EMAU
MA São Luís UEMA Solar em funcionamento

EMAU
CE Fortaleza UFC Canto em funcionamento

EMAU
CE Quixadá FCRS Toca em funcionamento

EMAU
RN Natal UFRN Maré sendo criado

EMAU
RN Natal UNP Farol sendo criado

João EMAU
PB Pessoa UFPB Trama EMAU em funcionamento

EMAU
PE Recife UFPE Cobogó em funcionamento

EMAU
SE Laranjeiras UFS TRAPICHE em funcionamento

EMAU
AL Maceió UNIT CORAIS em funcionamento

EMAU
BA Salvador UFBA Curiar em funcionamento

64
EMAU
ES Aracruz FAACZ Maloca - EMAU FAACZ sendo criado

EMAU
ES Colatina IFES ASAS - Ação de Suporte à Arquitetura Social sendo criado

MULTIVI EMAU
ES Vitória X Pipa EMAU em funcionamento

EMAU
ES Vitória UFES Célula em funcionamento

Belo UAIpSÔ - Urbanismo e Arquitetura Integrados EMAU


MG Horizonte UNA à Práticas Sociais em funcionamento

Estudantes com vontade de


MG Ouro Preto UFOP criar um EMAU

São João eppa! - Escritório de Práticas Projetuais EMAU


MG del Rei UFSJ Alternativas em funcionamento

Juiz de EMAU
MG Fora UFJF RUA em funcionamento

EMAU
MG Viçosa UFV COLETIVO FORMIGAS em funcionamento
Campos
dos ECAUS - Escritório Coletivo de Arquitetura e EMAU
RJ Goytacazes IFF Urbanismo Social em funcionamento

Rio de EMAU
RJ Janeiro UFRJ Abricó em funcionamento

EMAU
RJ Niterói UFF Empaz em funcionamento
Rio de Estudantes com vontade de
RJ Janeiro USU criar um EMAU

EMAU
RJ Petrópolis UNESA RIZOMA em funcionamento

EMAU
SP Bauru UNESP Escritório 54 em funcionamento

PUC- EMAU
SP Campinas CAMP Habitar em funcionamento

EMAU
SP Campinas Unicamp Móbile em funcionamento

EMAU
SP São Paulo UAM EMAU UAM em funcionamento

EMAU
SP São Paulo Mackenzie Mosaico em funcionamento

EMAU
SP Santos Unisantos EMAU Morro inativo
SP São Paulo USP epa! Inativo

SP São Paulo USP LabHabGfau Inativo

65
EMAU
PR Maringá UEM Soma em funcionamento

EMAU
PR Londrina UEL OCAS em funcionamento

EMAU
PR Curitiba UTP inativo?

CAIS - Coletivo de Atividades de Interesses EMAU


PR Curitiba UTFPR Sociais em funcionamento

EMAU
PR Cascavel Unipar inativo?

Católica CAUAC - Centro Arquitetônico e Urbanístico EMAU


SC Joinville SC de Apoio a Comunidade em funcionamento

EMAU
SC Blumenau FURB 5° Artigo em funcionamento
Balneário Estudantes com vontade de
SC Camboriú Univali criar um EMAU

Florianópol EMAU
SC is UFSC AMA - Ateliê Modelo de Arquitetura em funcionamento

Florianópol EMAU
SC is UNISUL EMAU UNISUL em funcionamento

EMTROSA - Escritório Modelo Troca de EMAU


SC Laguna UDESC Saberes em funcionamento

EMAU
SC Tubarão UNISUL EMAU TUBARÃO inativo?

Varanda Ateliê Colaborativo de Arquitetura e EMAU


RS Erechim UFFS Urbanismo em funcionamento

Passo EMAU
RS Fundo UPF VivA!emau em funcionamento

EMAU
RS Pelotas UFPel JoaoBEM - Joao de Barro Escritório Modelo em funcionamento

EMAU
RS Pelotas UCPel sendo criado

Porto EMAU
RS Alegre UniRitter In Loco em funcionamento

Porto EMAU
RS Alegre UFRGS EMAV em funcionamento

Santa EMAU
RS Maria UFSM Perspectiva em funcionamento

EMAU
RS Torres UFSM EMAU ULBRA Torres em funcionamento

Como é de se notar na tabela, há diversos grupos que precisam de verificação de sua


atividade, devido à característica da “volatilidade estudantil”. Por vezes, quando os grupos

66
não conseguem se renovar, tendem a se desfazer. Quanto mais calcados na ação de
professores essa condição tende a diminuir.
Com os dados da pesquisa nacional em mãos, e as recentes listagens acima
indicadas, a tabela acima será atualizada. Para cada grupo é que enviaremos os questionários
qualitativos sobre a necessidade e os caminhos para a proposição de programas de residência
em arquitetura e urbanismo de interesse social.

2. Seminário / Fórum Nacional: Contribuições para articulação da rede


nacional de residências em arquitetura e urbanismo

Trabalhamos ao longo de 2019 com a meta de contribuir com a organização deste


seminário nacional em outubro de 2019, conforme planejado em nosso projeto de pesquisa.
Mas, como seguimos o princípio de não realizar ações individuais, ou paralelas a ações já
em andamento por outros agentes - método natural para contribuição com um processo de
fato coletivo, que colabore para a construção de uma rede efetiva - percebemos que a data
prevista antecipava o tempo necessário para sua articulação.
Cheguei a reservar auditório da FAU USP para outubro de 2019, e dei início a
projetos de captação de recursos, mas fui desencorajado a dar continuidade a esta data ao
consultar os parceiros da UFBA, bem como os professores da própria FAU USP.
Segundo eles seria mais interessante realizar o referido seminário no primeiro
semestre de 2020, no Rio de Janeiro, como atividade preparatória do Congresso
Internacional de Arquitetos - UIA 2020.
Além disso, haveria mais tempo para sua articulação, que se faria de modo mais
participativo e amplo a partir de espaços coletivos já existentes da categoria, como o
Seminário Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo - SENAU,
que deverá ser realizado de 07 a 09 de outubro na UFBA, onde, segundo sua idealizadora, a
própria professora coordenadora da Residência da UFBA, Profa. Ângela Gordilho Souza,
poderá ser apresentado para debate a proposta de sua realização, em 2020 no Congresso da
UIA.

67
Como a proposta do SENAU, a partir de estratégia da professora, é debater inclusive
a extensão universitária, ali, segundo ela, seria espaço para sua articulação.
Outro possível espaço para articulação do seminário seria o Seminário Nacional de
ATHIS que será realizado no Rio de Janeiro em 25, 26 e 27 de novembro, com organização
pelo CAU/RJ, espaço onde apresentarei - junto da equipe do Observatório das Metrópoles
e do grupo de pesquisa do IPPUR - a atual pesquisa nacional de agentes e projetos ATHIS
e direito à cidade.
De modo a registrar o atual estado de sua construção - por se tratar de produto da
presente pesquisa - apresento a seguir o documento construído coletivamente junto de
professores da UFBA e de professores da FAU USP. Sua estrutura está pensada ser o I
Fórum / Seminário de Residências Acadêmicas e cursos de formação continuada em
Arquitetura e Urbanismo de Interesse Social:

68
SEMINÁRIO / FÓRUM NACIONAL DE RESIDÊNCIAS ACADÊMICAS E
CURSOS de FORMAÇÃO CONTINUADA / EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM
ARQUITETURA E URBANISMO DE INTERESSE SOCIAL

O encontro pretende se realizar como etapa do processo de construção de


um espaço nacional comum de debate, intercâmbio, reflexão e ação crítica de
integração das já importantes e qualificadas experiências de cursos de
especialização complementares à graduação em arquitetura e urbanismo, no
campo da Assessoria Técnica à Habitação de Interesse Social e Direito à Cidade.
Até hoje tem se realizado diversos encontros sobre o tema mas sempre
inseridos como parte de atividades mais amplas no campo da ATHIS - há já uma
infinidade de espaços de debate sobre esse tema - ou no campo do ensino da
arquitetura e urbanismo, mas não um espaço que reúna essa importante
intersecção específica: “formação continuada para o trabalho da arquitetura e
do urbanismo de interesse social”.
É também neste encontro que se pretende dar passos importantes na criação
de uma rede nacional de cursos de residência acadêmica e cursos práticos de
arquitetura e urbanismo de interesse social, pois há pautas comuns a serem
tratadas e debatidas. Por exemplo, a pauta - importante - sobre sua viabilidade
financeira - com bolsas de apoio - assim como já há a décadas bolsas de “residência
médica”, custeadas pelo SUS.

Data: primeiro semestre de 2020 - verificar possibilidade de ser incluída como


uma atividade “Pré - UIA RIO 2020”

Local: Rio de Janeiro


● UFRJ - a confirmar

Entidades proponentes - “experiências pioneiras de Residência”:


● Residência UFBA - Professores Ângela Gordilho Souza, Naia Alban
Suárez, Heliana Rocha, Daniel Carneiro e Thaís Rosa.
● Residência FAU USP - Professores Maria Lucia Refinetti Martins, Maria
Cristina da Silva Leme, Fabio Mariz, Caio Santo Amore, Karina Leitão.

Participantes de referência convidados:

● UFPB e IFPB - Profs. Francisco de Assis da Costa e Elisabetta Romano


● UNB (interdisciplinar) - Profa. Liza Maria Souza de Andrade
● IAU USP - Prof. João Marcos Lopes
● UFRN - Profa. Amadja Henrique Borges
● UFPelotas - Profs. NirceMedvedosvski, Eduardo Rocha e André Carrasco
● UFCE - Prof. Renato Pequeno
69
● PUC CAMP - Profa. Ana Cecília Campos
● JATHIS DF - Profa. Cristiane Guinâncio
● Mackenzie - Profs. FabriciaZulin e Celso Sampaio
● UEPG - Ponta Grossa - Prof. José Adelino Krüger

Custeio:
● Ministério das Cidades
● CNPQ e CAPES
● CAU e entidades da arquitetura e urbanismo

Sugestão de temas para as mesas de debate e trabalho:

● experiências outras / correlatas de residência: internacionais e


realizadas no passado
○ histórico no brasil
○ no exterior
○ outros campos do conhecimento (medicina, veterinária, odontologia,
artes plásticas dentre outros)

● temas a serem debatidos pelas experiências atuais de residência (em


tese / em implementação / embrionárias):
○ métodos pedagógicos - duração dos cursos, acesso, perfil dos
residentes, objetos de estudo e trabalho, atividades a serem
realizadas: projeto e obra auto gestionários, produtos dos cursos,
relação com grupos de extensão universitária e cursos de
graduação, público com quem trabalhar (tipologias de atendimento),
infraestrutura necessária.
○ relação entre projeto e obra
○ tecnologias de baixo impacto ambiental
○ limites legais - regulamentações e legislação
○ limites financeiros - bolsas, e insumos)

● entidades e parceiros das residências:


○ assessorias técnicas
○ movimentos populares de luta por terra e moradia rurais e urbanos
○ instâncias governamentais - prefeituras, governos estaduais, CEF e
Ministério das Cidades

apoio à construção / divulgação / organização:

○ ANPARQ
○ ANPUR
○ FENEA
○ ABEA
70
○ CAU
○ IAB
○ FNA
○ Frentes parlamentares
○ FÓRUNS DE ATHIS
○ UMM
○ CMP
○ MNLM
○ MST
○ outros

71
3. Proposta de Programa de Residência para o estado de São Paulo

Inicialmente a proposta de pesquisa era a elaboração de um programa focado apenas


para a FAU USP, IAU USP e IC UNIFESP, a ser construído com a participação de
professores destas escolas.
Ao decorrer de sua elaboração, com a participação em fóruns mais amplos, deparei-
me com interesse de inclusão de outras escolas. Nesse sentido, ampliamos sua ação, para
que possa receber a participação de outras unidades de ensino, inclusive particulares.
A proposta a seguir será apresentada no próximo encontro do CEAU/SP, que se
realizará no dia 18 de outubro de 2019, de modo que as entidades que o compõem possam
tomar conhecimento, contribuir e apoiar sua viabilização junto ao CAU/SP, pois é dele que
espera-se poder contar com auxílio financeiro para as bolsas de residência, na ausência de
uma política pública estadual ou municipais, a ser realizada como efeito demonstrativo e
fiscal da qualidade do ensino profissional, atribuição do conselho.
Antes de apresentar a minuta do programa estadual, de modo a ter-se maior
entendimento acerca de sua história e meio pedagógico nas políticas educacionais, vejamos
programas de residência identificados, presentes em outras áreas do conhecimento.
As residências médicas acadêmicas, ao menos no Brasil, existem desde os anos 40,
nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo a primeira instituída na Faculdade de
Medicina da USP, no serviço de ortopedia do hospital das Clínicas. Antes mesmo foi criada
nos Estados Unidos em 1889, e de lá espalhou-se pelo planeta.
A “Residência Médica”, enquanto programa nacional foi instituída pelo Decreto nº
80.281, de 1977. O mesmo decreto criou a Comissão Nacional de Residência Médica -
CNRM, que centraliza e dá ao mesmo tempo de participação das universidades e governos
para sua condução.
As residências médicas e multiprofissionais na área da saúde se dão nas diversas
especialidades da medicina, e também se realizam nas áreas da: Biomedicina, Ciências
Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia,
Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia
Ocupacional.
O atual programa nacional Pró-Residências é voltado para Instituições Públicas
estaduais, municipais ou distritais e instituições privadas sem fins lucrativos e possui em
torno de 27 mil bolsas, originárias do Ministério da Saúde hoje no valor de R$ 3.330,43,
sem correção desde 2016, com dedicação exclusiva, por 24 meses, resultando em carga
72
horária total de 5.760 horas, sendo 80% voltadas para a prática em serviço - 4.608 horas - e
20% teórico-práticas - 1.152 horas. A carga horária é cumprida em jornada de 60 horas e
uma folga semanal. Há especialidades que se realizam em menos ou mais tempo, podendo
variar de um a cinco anos.
A residência na área da saúde também se realiza em instituições privadas, onde o
hospital é quem remunera os residentes, bem como há residências onde o estudante é quem
paga para cursá-la.
No campo da educação há os programas de “Residência Pedagógica”, parte da
Política Nacional de Formação de Professores e promove a imersão do licenciando na escola
de educação básica, a partir da segunda metade de seu curso, desde que os estudantes se
comprometam a trabalhar na rede pública após a graduação.
O programa foi instituído em 2007, mas tem bolsas de menor valor: R$400,00,
remuneradas pela CAPES. Atualmente o programa passa por uma atualização, sendo em
2019 ofertadas 90.000 bolsas. está prevista a dedicação de 400 horas de aulas em instituições
de ensino básico. Antes de ser um programa nacional:
“A Residência Pedagógica já existe há mais tempo no Brasil. As iniciativas
vêm sendo aplicadas por escolas de diversos estados e serviram como inspiração
para o modelo adotado pelo MEC. Um exemplo disso é o programa estruturado
pelo Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro (RJ). A instituição oferece uma imersão
de nove meses, direcionada a docentes com, no máximo, três anos de formação. O
programa divide sua carga horária entre docência (65%), educação continuada
(25%) e atividades complementares de gestão e acompanhamento pedagógico
(10%). A iniciativa do Pedro II tem o peso de uma pós-graduação lato sensu. Ao
final da residência, os alunos apresentam um TCC e são avaliados por uma banca.
Os profissionais aprovados ganham o certificado de Especialista em Educação
Básica. Elaboram o plano de conteúdos em parceria. Por fim, os futuros
profissionais realizam a docência prática assistida. O processo se encerra com a
aplicação de uma aula-magna, com nota e feedback por parte dos coordenadores.
A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também possui um programa
de residência pedagógica. Os graduandos de pedagogia lotados no campus de
Guarulhos (SP) realizam estágios específicos em cada uma das áreas de formação
— incluindo educação infantil, ensino fundamental, educação de jovens e adultos
e gestão escolar. Eles permanecem um mês em cada disciplina. Desenvolvido em
escolas municipais parceiras da Unifesp, o trabalho conta com a supervisão dos
professores da universidade” (sítio eletrônico, educação).

No campo da engenharia a aproximação entre o ensino teórico e o mundo do trabalho


ficou mais conhecida como “Residência Técnica”, ministrada desde 1992 na PUC do Rio
Grande do Sul. Ela se realiza em parceria com o SINDUSCON e o CREA. No caso,
empresas privadas passam os valores referentes às bolsas para a faculdade, desse modo não
há vínculo empregatício. Os residentes trabalham em período integral nas empresas. Os
professores da universidade são tutores, e os profissionais mais experientes das empresas
são supervisores do processo de aprendizado. Os educandos elaboram relatórios e atividades

73
didáticas: além do tempo de trabalho integral participam de seminários trimestrais de
acompanhamentos e realizam cursos teóricos de 100 horas.
Ainda no campo da engenharia há, no Paraná, um interessante programa de
“Residência Técnica - RESTEC”, promovido pelo governo do estado, do qual faz parte o
“Curso de Especialização em Projetos e Obras Públicas de Edificação”. Sua primeira edição
foi em 2013 a 2015. Foram 164 bolsas para residentes graduados nas áreas de Engenharia
Civil, Mecânica, Elétrica, Produção, Ambiental e Arquitetura, com valor de R$ 1.500,00.
Coordenado pelo convênio da Secretaria de Infraestrutura e Logística e as Universidades
Estaduais de Londrina - UEL, Maringá - UEM, Ponta Grossa - UEPG, e do Oeste do Paraná
- UNIOESTE. Possuiu disciplinas teóricas, com carga horária de 500 horas, ministradas à
distância, às sextas feiras, e as atividades práticas, com dedicação de 30 horas semanais se
realizam em órgãos da administração estatal em cinco cidades.

Encontra-se em tramitação, segundo notícias de portais do governo do estado, o


lançamento de uma segunda edição do curso, com 200 bolsas para residentes, e 100 vagas
para servidores, conforme nos apresenta o Governador do Paraná, Carlos Roberto Massa
Júnior:
“Este programa permitirá que jovens recém-formados aprendam a gerir obras
públicas. Também vai preparar os servidores estaduais para a execução de obras
com a qualidade que os paranaenses merecem”, disse o governador. Este tipo de
especialização ganha mais importância após o anúncio recente do Programa de
Modernização e Infraestrutura (Proinfra), do governo estadual, que aplicará R$
12,5 bilhões em rodovias, portos, energia, saneamento, habitação, construção de
escolas, postos de saúde e delegacias” (sítio eletrônico da companhia estatal
“Paraná Edificações”).

74
Em 2017, no mesmo programa estadual - RESTEC - foi lançado um curso no campo
da Gestão Pública, com 275 bolsas e outro no campo da Assistência Social, segundo os
mesmos moldes pedagógicos.
No presente momento, há um edital de chamamento e seleção aberto, no mesmo
programa de Residência Técnica, voltado para a área da Engenharia Ambiental: são 220
bolsas com valor de R$ 1.900,00, nos mesmos moldes pedagógicos que a edição de 2013,
com disciplinas teóricas à distância e as atividades profissionais distribuídas em municípios
do estado para atuar na Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo
e nos órgãos vinculados: Instituto Água e Terra – fusão do Instituto Ambiental do Paraná -
IAP, Instituto de Terras, Cartografia e Geologia - ITCG e Instituto das Águas do Paraná.
A distribuição dos postos de trabalho se dá por todo o estado: são 97 em Curitiba, 10
em Campo Mourão, 12 em Cascavel, 10 em Cianorte, 8 em Cornélio Procópio, 12 em Foz
do Iguaçu, 10 em Francisco Beltrão, 10 em Guarapuava, 12 em Irati, 10 em Ivaiporã, 12
Jacarezinho, 11 em Londrina, 11 Maringá, 6 em Paranaguá, 11 em Paranavaí, 13 em Pato
Branco, 9 em Pitanga, 13 em Ponta Grossa, 13 em Toledo, 10 em Umuarama e 11 em União
da Vitória. Já as 14 vagas restantes são para atuação nas Universidades Estaduais.
A importância dada pela atual gestão ao programa é considerável, como pode se
perceber em notícia veiculada no sítio eletrônico da Superintendência Geral de Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná:
“A Residência Técnica é uma das áreas prioritárias aprovadas pelo Conselho
Paranaense de Ciência e Tecnologia – CCT Paraná e foi criada por meio da Lei n°
16.020, de 19 de dezembro de 2008.
No Estado do Paraná já foi concluído um Programa de Residência Técnica em
Projetos e Obras Públicas de Edificações e dois em Gestão Pública, com ênfase em
Planejamento e Avaliação de Políticas Sociais, Direitos Humanos e Cidadania e
Assistência Social (Suas).
No último dia 17, o Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do
Paraná, Márcio Nunes, e o líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná,
Hussein Bakri anunciaram a oferta de 200 vagas para a segunda edição da
Residência Técnica em Engenharia e Gestão Ambiental, que está em tramitação”
(sítio eletrônico da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior do Estado do Paraná).

No campo da tecnologia da informação, há os cursos de “Residência em Software”.


Podemos citar o da Universidade Federal do Pernambuco realizado via convênio com a
empresa Motorola, já em sua 21a. edição. O curso prevê 22 bolsas no valor de R$ 2.100,00,
dedicação exclusiva, aulas pela manhã - 17 disciplinas - e trabalho pela tarde. Ao final, os
residentes elaboram monografia e a apresentam a uma banca com professores e profissionais
da empresa.

75
Na UFRN, Instituto Metrópole Digital, há o “Programa de Residência em TI
aplicado à Área Jurídica”. A foto abaixo é de residentes que trabalham internamente à
Justiça Federal do Rio Grande do Norte, elaborando novos programas de gestão processual.
São 40 bolsas oferecidas, no valor de R$ 2.000,00. O curso possui 2.394 horas, das quais
1080 acadêmicas e 1314 no Tribunal de Justiça, por 18 meses e dedicação de 30
horas/semana.

imagem 09: residentes posam diante de totem da Justiça Federal.

fonte: sítio de divulgação da residência

Já na “Residência em Engenharia de Software”, também da UFRN, a forma de


inscrição e custeio é variada. Há residentes que aportam o valor de R$6.000,00 mensais de
modo particular, ou, o educando pode trabalhar em uma empresa que o “patrocine”. Há
também aqueles educandos que podem concorrer a bolsas de estudos da CAPES, no valor
de R$ 825,00 mensais. O curso dura 12 meses, tem atividades teóricas em 10h semanais e
de trabalho em 30 horas.
Também com caráter inovador na criação de cursos de residência está a área do
direito. Foi em Santa Catarina que o primeiro “Programa de Residência Judicial” foi
ministrado, visando ampliar o acesso à prática forense em diálogo com o ensino, a partir de
2007. Trata-se de um convênio entre a Escola de Magistratura de Santa Catarina e o Tribunal
de Justiça de Santa Catarina, onde há bolsas de estudos, segundo os princípios de
distribuição entre atividades teóricas e práticas por um período de dois anos.

76
Na sequência foi criado no Rio Grande do Norte também curso similar, desde 2014.
Atualmente o edital do curso oferece 50 vagas com bolsas no valor de R$2.100,00 por 18
meses, custeadas pela Escola de Magistratura do Rio Grande do Norte - ESMARN. São 360
horas na escola e em torno de 1440 horas de prática judicial, de caráter variável.
Atualmente, a justiça da Paraíba também implementou curso análogo, bem como o
estado do Mato Grosso do Sul e Rondônia, ainda este ano. A prefeitura de Manaus também
abriu curso, com bolsas de R$2.500,00 para atuação com “advocacia pública”, bem como a
Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro e do Estado do Tocantins. No Ceará há
cursos de Residência Judicial para a formação de juízes.
Já no sul do país, há um interessante curso de “Residência Jurídica”, junto ao
escritório modelo da Universidade Federal do Rio Grande, com 18 vagas, sem custos e sem
bolsa:
“O Curso de Especialização em Prática Jurídica Social - Residência Jurídica,
primeira proposta pedagógica efetiva de Residência Jurídica de toda a região sul
do país, destina-se a Bacharéis em Direito, com inscrição junto à OAB/RS, que
possuam interesse em uma formação de prática advocatícia em regime de serviço
público voluntário, que os capacite a refletir socialmente sobre seu contexto de
atuação prática, possibilitando novas percepções sobre os conflitos e suas
interações, bem como permitindo ressignificar seus conceitos de direito, justiça
social e cidadania. A atuação no curso abrange, além da Carga Horária teórica total
de 360 horas, ao longo de 2 anos e do desenvolvimento e apresentação do
respectivo Trabalho de Conclusão de Curso, o cumprimento de 1800 horas em
Atividades Complementares, por meio da disponibilidade de atuar 20 horas
semanais, ao longo de 90 semanas contínuas, em regime de Educação Jurídica em
Serviço junto ao Escritório Modelo de Assessoria Jurídica (EMAJ) da Faculdade
de Direito da FURG, sob orientação do corpo docente do curso, formado por
Mestres e Doutores com larga experiência advocatícia, sendo que a experiência
prática dos alunos ao longo das Atividades Complementares constitui-se necessário
objeto de aprofundamento e reflexão ao longo de todo o curso nas respectivas
disciplinas teóricas. O curso é gratuito, não há exigência de dedicação exclusiva e
não há disponibilidade de bolsas” (sitio eletrônico FURG).

Por fim, há ainda a denominada “Residência Agrária”, que pode ser exemplificada
pelo curso ministrado em 2013 pela Faculdade de Engenharia Agrícola da UNICAMP, em
colaboração com a Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP Botucatu, a Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP Jaboticabal e com a Faculdade de Tecnologia
(FATEC) de Itapetininga do CEETEPS.
O curso chamava-se “Educação do Campo e Agroecologia na Agricultura Familiar
e Camponesa - Residência Agrária”, financiado pelo PRONERA/INCRA/MDA/CNPq, teve
60 vagas para assentados e assentadas em áreas de Reforma Agrária; quilombolas e seus
dependentes; educadores/as que exerciam atividades educacionais voltadas às famílias
assentadas ou quilombolas e egressos/as de curso superior, que tenham concluído a

77
graduação e desenvolvido alguma atividade em áreas de reforma agrária, crédito fundiário,
ou comunidades quilombolas. O Curso objetivava:
“Promover a formação para o desenvolvimento de atividades de assistência
técnica e extensão rural com enfoque agroecológico em áreas de agricultura
familiar e de reforma agrária. O curso está organizado de acordo com a Pedagogia
da Alternância, contendo tempos-escola (375 horas), e tempos-comunidade (180
horas), totalizando uma carga horária de 555 horas. As disciplinas práticas e
teóricas permitirão a formação dos profissionais nos seguintes temas: Sociedade e
Desenvolvimento Rural Sustentável; Educação do Campo e Extensão Rural”

Como parte do mesmo programa de educação e reforma agrária foi também


ministrado um curso pela USP, na Faculdade de Educação, com 190 vagas, gratuitas, sem
bolsa. Este também fazia parte de uma política pública nacional, hoje não mais ativa, mas
que à época alimentava as intenções do órgão de colonização e reforma agrária:
“A coordenadora-geral de Educação no Campo e Cidadania do Incra, Clarice
dos Santos, lembrou que num passado recente não havia proposta de residência
agrária em andamento e hoje, são 36 projetos aprovados em 24 universidade de 18
estados. Para Clarice, a residência agrária deve ter como premissa modificar o
território em que o projeto está inserido. “Além de produzir conhecimento, esse
processo tem de levar solução para a área em que for atuar e não pode ser um
projeto isolado, tem que dialogar com a assistência técnica e outros projetos de
governo, inclusive do próprio Incra”, ressaltou” (sítio eletrônico do INCRA).

Desde 2016 tais cursos não são mais ministrados, pela mudança do governo federal.
Por fim o que une todas estas experiências de “residência”, e as difere de outras
modalidades de ensino, é que ela “visa o aprofundamento do conhecimento científico e
proficiência técnica por meio de treinamento em serviço e deverá respeitar as normas
vigentes sobre Residência no país” (sitio eletrônico da USP, Pró Reitoria de Extensão).
Busca-se com estes cursos harmonia entre o aprendizado acadêmico, crítico e
reflexivo - criativo - e o aprendizado em trabalho, de modo que uma forma não se
sobreponha à outra.
Nas residências isso torna-se possível diante da balanceada distribuição das horas de
dedicação a cada tipo de aprendizado e por possuírem uma carga horária ampla - são cursos
de especialização, com mais de 400 horas e elaboração de monografia.
Por exemplo, também neste campo metodológico de ensino por meio da aproximação
da teoria e da prática, há a modalidade do estágio, e, mesmo que supervisionado acaba por
exagerar no aprendizado pela realização prática, permitindo pouca ou quase nenhuma
reflexão crítica. Por outro lado, os mestrados profissionalizantes, de modo geral, ainda se
apresentam como atividades principalmente acadêmicas, com alguma relação ao mundo
produtivo, mas apenas por meio de “estudos de caso” e “simulações”.

78
Diante disso, reiteramos aqui a importância do método da residência: a busca de uma
harmonia dialética transformadora, e criativa entre os tipos de aprendizado. Onde recebe-se
uma demanda produtiva, reflete-se, problematiza-se, e ao respondê-la, faz-se já de um modo
novo, diferente, permitindo avanço e transformação. Esse, ao menos, é o desafio.
Vejamos agora a última versão da proposta de programa, que está sendo distribuída
entre docentes das instituições de ensino públicas do estado com cursos de Arquitetura e
Urbanismo para que possa prosperar coletivamente e ser levada a diante.
Reitero que fui convidado pelo Colegiado Permanente das Entidades de Arquitetura
e Urbanismo de São Paulo – CEAU/SP a apresentar a proposta, atividade da presente
pesquisa, na condição de relator deste sonho amplo das Instituições de Ensino Superior do
campo da arquitetura e urbanismo, bem como das famílias de baixa renda que muito mal
habitam por todo o estado.

79
PROPOSTA DE PROGRAMA ESTADUAL DE RESIDÊNCIA
EM ARQUITETURA E URBANISMO PÚBLICOS E DE INTERESSE SOCIAL

minuta para debate coletivo


09 de setembro de 2019

Considerando o sucesso e a importância da


Residência Médica e Multiprofissional nas áreas da
saúde para a formação de profissionais de diversas
áreas do conhecimento, tais como medicina,
veterinária, odontologia, assistência social,
psicologia, dentre tantas outras, além da
Residência Pedagógica junto às licenciaturas no
campo das faculdades de educação, e outras
residências já implantadas e em funcionamento no
país tais como a Residência Jurídica, a Técnica,
nas Engenharias, a Residência Agrária, no âmbito
da educação e reforma agrária, e a Residência em
Tecnologia da Informação e de Softwares,

Considerando, especialmente no campo da


produção do espaço, as recentes experiências
exitosas de Residência em Arquitetura e
Urbanismo, em Assessoria Técnica, Habitação e
Direito à Cidade pela UFBA e suas nucleações na
UNB, UFPel, UFC, UFPB, bem como em
Planejamento e Gestão Urbana, na FAU USP,

Considerando que a Residência Acadêmica é


uma das formas de implementação da Lei 11.888
de 2008, que assegura o direito das famílias de
baixa renda à assistência técnica pública e gratuita
para o projeto e a construção de habitação de
interesse social, como parte integrante do direito
social à moradia previsto no art. 6o da Constituição
Federal,

Considerando a experiência das Entidades de


Assessoria Técnica do Estado de São Paulo, que
desde os anos 90 projetaram, edificaram e
melhoraram mais de 15.000 unidades habitacionais
em regime de autogestão e consistem per si uma
escola, ou uma nova cultura arquitetônica a ser
difundida e ampliada,

Considerando que o CAU tem como função


“orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da
profissão de arquitetura e urbanismo”, e “zelar pela
fiel observância dos princípios de ética e disciplina
da classe em todo o território nacional, bem como

80
pugnar pelo aperfeiçoamento do exercício da
arquitetura e urbanismo” (§ 1º do art. 24 da Lei nº
12.378/2010),

Considerando que a missão do CAU é a


“Promover Arquitetura e do Urbanismo para todos”,

Considerando as limitações da atual


conjuntura das políticas públicas brasileiras, bem
como do Estado de São Paulo no campo da
constituição de fundos públicos para fomento à
Programas de Residência em Arquitetura e
Urbanismo Públicos e de Interesse Social,

È que se torna necessária a criação do


presente Programa Estadual de Residência em
Arquitetura e Urbanismo de Interesse Social com o
direto patrocínio - estratégico e de incubação - do
Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São
Paulo,

Apresentação

O programa aqui apresentado encontra-se em formulação. O presente


documento trata de reunir e "dar rumo" prático e objetivo a esta antiga necessidade
das Instituições de Ensino Superior de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São
Paulo. Trata-se de uma proposta que busca dar início ao programa, de modo
pequeno, para que possa ser ampliado e aperfeiçoado. Como estratégia, para que
possa começar, na atual conjuntura, deverá contar com o apoio de recursos do
Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo. Quando estiver em operação
mínima, demonstrará sua importância, e, quando for se buscar ampliação,
necessariamente terá de se dar via fundos públicos. Ou seja, o conselho, tendo
como função guardar e fazer valer os direitos do povo à arquitetura, estará assim
cumprindo sua função - e não se desviando dela - pois cumprirá seu papel de
norteador e balizador da qualidade da formação profissional dos arquitetos e
urbanistas que o compõem. Desse modo, ao zelar por sua qualificação, por
consequência direta, defende a sociedade.

Funcionamento e princípios

Haverá duas “vertentes” de ação. Uma delas, a “Vertente de Extensão


Universitária”, voltada para residentes atuarem internamente a espaços
pedagógicos sediados nas instituições de ensino, tais como laboratórios de
pesquisa e extensão universitária, escritórios-oficina modelo, canteiros escolas, ou
coletivos outros de trabalho, junto de professores, estudantes de graduação e pós
graduação. As atividades destes grupos se dão no campo da arquitetura e
urbanismo públicos e de interesse social, como tem ocorrido nos últimos anos. Ali,

81
os residentes deverão ampliar sua capacidade pedagógica de ação. Injetarão ânimo
e trabalho crítico nos grupos já existentes.
Tais grupos estão voltados para a ampliação do direito do acesso à arquitetura
de interesse social e pública, tendo como eixo estrutural a consecução do direito à
moradia, por meio de atividades de Assessoria Técnica à Habitação de Interesse
Social - ATHIS, bem como de projetos públicos voltados às comunidades parceiras.

Faz-se também como prioridade a integração dessas atividades à "canteiros


experimentais" de arquitetura e urbanismo, onde a participação dialógica com os
construtores faz-se presente, bem como a inserção de dinâmicas do desenho
participativo junto às comunidades atendidas, em projetos e obras auto-gestionários
que contemplem a produção do espaço com baixo impacto ambiental, e o
desenvolvimento de novas tecnologias.

Outra vertente do programa é a “Vertente de Órgãos Públicos” direcionada


para residentes que atuarão profissionalmente em espaços de trabalho em órgãos
do poder público, mas sem perder o caráter da formação teórica e crítica das
universidades.

Serão trabalhos variados internos à máquina pública de modo tão amplo e


variado quanto a formação generalista e crítica de arquitetos e urbanistas.

Para garantir essa qualidade e estruturante característica pedagógica das


residências, a carga horária deverá seguir as diretrizes a seguir, bem como cada
ação pedagógica, em ambas vertentes terá criterioso acompanhamento do
conselho estadual a ser criado - CERAU.

Os residentes contarão com professores tutores em cada universidade e


orientadores responsáveis em cada posto de trabalho. Os residentes deverão
realizar trabalhos de conclusão de curso, de modo individual ou coletivo, a ser
apresentado à banca qualificada formada por acadêmicos e profissionais atuantes
nos grupos de trabalho.

Quadro geral de atividades e disciplinas: comuns e teórico / práticas

O programa será um curso de extensão, uma especialização de pós


graduaçãolatu sensu, sediado por diferentes universidades participantes.

O que caracteriza as residências é ter cargas horárias balanceadas entre


atividades teóricas e práticas, do tipo “treinamento em serviço”, onde o ensino se
dá na prática de cada especialidade em trabalho, mas sem perder a característica
da crítica, da inovação e da problematização teórica, inerentes à universidade.

Dentre as atividades teóricas haverá aquelas realizadas - por exemplo às


segundas feiras - de modo comum a todos os residentes pertencentes à vertente,
de todo o estado, podendo-se fazer uso do ensino à distância. Às terças feiras, por
exemplo, será o dia da atividade teórica direcionada ao tema da especialização,
específico do grupo de trabalho. Os outros dias da semana serão para a realização
do trabalho prático profissional, como pode-se ver na proposta de semana base:

82
seg ter qua qui sex sab
teoria teoria prática de prática de prática de prática de
coletiva: temática: trabalho trabalho trabalho trabalho
para todos para os
os integrantes
residentes do mesmo
da mesma tema de
vertente trabalho
6 horas 6 horas 6 horas 6 horas 6 horas 4 horas
teóricas teóricas práticas práticas práticas práticas

média semanal: 12 horas teóricas e 22 horas práticas

média mensal: 52 horas teóricas e 95 horas práticas

total do curso - dez meses : 520 horas teóricas e 950 horas práticas

totalidade: 1.470 horas

Responsáveis por sua implementação:

Professores coordenadores de grupos de pesquisa e extensão de IES de


Arquitetura e Urbanismo, bem como professores com tema de pesquisa correlatos
aos órgãos públicos conveniados, reunidos em um conselho a ser criado: o
"Conselho Estadual de Residência em Arquitetura e Urbanismo - CERAU".

A instância proporia, organizaria e implementaria a integração das


disciplinas, seus temas e conteúdos, bem como elaboraria os editais anuais, criando
as regras do programa e avaliaria os cursos.

Público - a quem se destina: Residentes

Arquitetos e urbanistas formados em Instituições de Ensino Superior e


titulados pelo CAU, selecionados por grupos de pesquisa e extensão universitária
inscritos no programa, bem como por órgãos públicos, através de editais públicos
do CAU/SP,

Fontes de recursos para Bolsas de Residência:

● Vertente de Extensão Universitária: inicial e estrategicamente por meio de


edital do CAU SP - pagamento direto ao residente, tendo como exemplo o
edital público lançado pelo CAU/DF na ocasião da seleção de profissionais
para atuação na II JATHIS, em 2018. Posteriormente deve-se buscar

83
recursos em maior escala nos orçamentos e fundos estaduais e municipais
de habitação ou de desenvolvimento urbano (correlatos) - com convênios
entre CAU e Instituições de Ensino Superior.

● Vertente de Òrgãos Públicos: orçamento dos municípios e do Estado,


internos a cada secretaria - com convênios entre órgão e CAU e Instituições
de Ensino Superior.

O valor das bolsas de estudo deverão ser de valor compatível com as bolsas
de residência praticadas em nível nacional.
Estima-se que para a remuneração de 30 bolsistas - quantidade necessária
para dar-se início ao programa - a um valor de R$ 3.000,00 mensais, por um período
de 10 meses, conclui-se que serão necessários R$ 900.000,00.
Valor este compatível com o orçamento do Conselho, que deve fazer uso de
no mínimo 2% voltados para atividades de ATHIS - nada impede de direcione 5%
de seu orçamento anual.

Fontes de recursos para custeio:

As demais despesas, tais como transporte, alimentação, infra-estrutura geral,


apoio didático, professores e demais custos necessários se darão por conta das IES
e dos Órgãos Públicos.

Período de duração:

● editais lançados anualmente


● os cursos tem dez meses de duração-base, podendo se estender a até 20
meses.

Instituições de Ensino Superior inicialmente participantes

FAU USP - São Paulo


IAU USP - São Carlos
UNICAMP - Campinas
UNESP - Bauru e Presidente Prudente
IF SP - São Paulo
IC UNIFESP - São Paulo

* grupos de extensão universitária de instituições privadas podem participar


e concorrer às bolsas, tendo de arcar com os custos outros previstos.

84
4. Atividades de extensão: Contribuição em ensaios de Residência em
Arquitetura e Urbanismo de Interesse Social

De modo a vivenciar a realidade objetiva das atividades inerentes aos grupos de


extensão universitária, para os quais buscamos a construção de um programa estadual, como
abordado no item anterior, bem como de cursos-protótipos de residência da própria FAU
USP, é que me inseri em um curso e três projetos.
No curso, com descrição a seguir, contribui como “especialista”, acompanhando 50%
das aulas teóricas na FAU USP e cerca de 20% das atividades práticas em campo. Certamente
os resultados alcançados mais que superaram as expectativas, como veremos.
Já em relação aos três projetos de extensão que descrevo e reflito a seguir, contribui
como espécie de orientador - trabalhador, pois também realizei atividades práticas juntos dos
estudantes de graduação, tanto na faculdade como em campo.
A percepção geral é de que a falta de uma figura como os residentes bolsistas
pleiteados no programa em proposição acima é de grande magnitude. Este é o maior limite
ao avanço dos resultados práticos da extensão universitária em arquitetura e urbanismo, e
devido a isso, limite à formação dos profissionais, ausentes desse necessário processo
virtuoso de formação que ainda nos falta, pois inexiste.

4.1. Curso de Extensão Universitária: “Curso de Prática Profissionalizante


em Assessoria e Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social -
CPPATHIS”

Trata-se, ao menos para o aqui pesquisador, da mais interessante experiência


pedagógica que participei na FAU USP.
Estar junto de 25 residentes5, professores e pesquisadores a caminhar e trabalhar ao
lado de militantes de uma comunidade de baixa renda organizada para realizar trabalhos
comuns por seis meses, foi algo de indescritível. Foi formativo para todos, e mais
especialmente para os residentes.

5
apesar do curso formalmente não se constituir em um programa de residência, cientificamente assim o
considero. A razão institucional para isso foi a carga horária alcançada: 285 horas, quando o mínimo para ser
considerado uma “especialização” é de 360 horas.

85
A carga de 285 horas de aulas e debates teóricos com professores da FAU e de outras
universidades, aliada a ação prática semanal na comunidade da ocupação “Jardim União” foi
uma tremenda carga de “tomada da realidade” no universo onde atuam os profissionais que
atuam diretamente na frente de ação da produção da moradia popular. Esse “mergulho”
permitiu a eles vivenciar as questões e o ambiente desse campo de trabalho por meio do
método de assessoria técnica praticado pelo LABHAB da FAU e pela Assessoria Técnica
Peabiru.
Este método não se deu através de uma ação mediada com os problemas em
resolução, por meio apenas de desenhos, plantas, cálculos, memoriais, sistemas,
quantificações e especificações técnicas, mas sim, desses instrumentos todos, só que via uma
ação direta, imediata, sim do campo das ações práticas da produção da arquitetura, não apenas
do campo do projeto - teórico - e de seus instrumentos de planejamento, mas também do
campo de sua prática produtiva, construtiva, do canteiro de obras - a ação direta sobre a
matéria arquitetônica: a terra, os tijolos, a areia, por exemplo, e lado a lado, ombro a ombro
junto das pessoas no trabalho que as transforma, modifica, em forma de produto arquitetônico
edificado, palpável.
Naturalmente há métodos indiretos, do campo da produção do espaço via mercado,
com ações apenas mediadas, por meio de atividades ‘alienadas’ de produção do espaço, mas
este não era o método proposto pelo LABHAB da FAU nem tanto da Assessoria Técnica
Peabiru.
Prova da efetividade do método, consensuado através de uma relação direta com a
realidade, ou seja um método não hegeliano - foco da dissertação de mestrado que realizei
na FAU USP em 2013, onde analisei a fundo o caráter emancipador do DIÁLOGO entre as
atividades pedagógicas de projeto e obra - é que os residentes, acompanhados, se lançaram a
realizar duas “ações pedagógicas dialógicas”, indícios de avanço no (re)encontro dos saberes
teóricos e práticos, a partir do mundo material, vivido:
1. mutirão para execução do projeto de drenagem elaborado junto de
construtores da comunidade, segundo técnicas de baixo impacto ambiental.
2. curso de construção e desenho do ambiente: curso de “Construção civil”, junto
dos construtores da comunidade
Bem, primeiramente, a seguir, vou me valer de escritos elaborados pelo coletivo que
coordenou o curso, de modo que possa-se ter conhecimento de sua totalidade.
Em seguida, logo após essa incursão sobre o todo do curso, focarei especificamente
nestas duas “ações pedagógicas dialógicas” qual realizamos em conjunto - eu como
86
“especialista” junto aos educandos - ao exercitarmos o tema central da pesquisa: a residência
“à partir de canteiros experimentais com baixo impacto ambiental”.
Vejamos, primeiramente, breve relato elaborado pelos professores coordenadores
para concorrência no prêmio Arquisur de extensão universitária:

.......................................................................................................................

ARQUISUR 2019 - PRÊMIO DE


EXTENSÃO

CURSO DE PRÁTICA PROFISSIONALIZANTE EM ASSESSORIA E


ASSISTÊNCIA TÉCNICA EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

(CPPATHIS)

Período de execução: 11/01/2019 a 15/06/2019

Autores: Caio Santo Amore, Karina Oliveira Leitão e Maria Lucia Refinetti 1

Rodrigues Martins (Coordenadores do CPPATHIS e Professores FAUUSP).

Contato: caiosantoamore@gmail.com

Organização e realização: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da


Universidade de São Paulo / LabHab (Laboratório de Habitação e Assentamentos
Humanos) e Peabiru - Trabalhos Comunitários e Ambientais (ONG de assessoria
técnica)

1 São também autores os/as especialistas e professores/as colaboradores/as: Alexandre


Hodapp Oliveira Marques (Arquiteto Peabiru), Andrea Arruda (Professora UFMT), Andrei Chikhani
Massa (Sociólogo Peabiru), Angelo Salvador Filardo Junior (Professor FAUUSP), Augusto Cesar
Oyama (Graduando Engenharia Ambiental EESC/USP), Bruno Melo (Professor UFRGS), Cíntia
Fidelis (Assistente Social Peabiru), Claudia Bastos Coelho (Arquiteta Pref. Diadema), Claudio
Thebas (pallhaço e educador LEC), Danilo Eric dos Santos (Pesquisador IFSP), Denise Morado
Nascimento (Professora UFMG), Francisco Barros (Pós-doutorando FAUUSP) Gil Barros
(Professor FAUUSP), Guilherme Carpintero (Professor UNIP e USF), José Eduardo Baravelli
(Professor FAUUSP), Larissa de Alcântara Viana (Doutoranda FAUUSP), Luciana de Oliveira Royer
(Professora FAUUSP), Luciana Travassos (Professora UFABC), Marcel Fantin (Professor
IAUUSP), Maria Rita Brasil de Sá Horigoshi (Arquiteta Peabiru), Mariana Cicuto Barros (Doutoranda
UFABC), Monica Escalante (Professora Universidad Nacional de Colombia), Rafael Borges Pereira
(Arquiteto Peabiru) e Sérgio Molina (Mestre de obras e Professor EJA - Pref. de São Bernardo do
Campo); os/as monitores/as: Ana Maria de Carvalho Nunes Ferreira Haddad (Mestranda

87
FAUUSP), Bruno Sutiak (Graduando FAUUSP), Claudia de Andrade Silva (Mestranda FAUUSP),
Flávia TadimMassimetti (Mestranda FAUUSP), Gabriel Enrique Higo Mafra Cabral (Mestrando
FAUUSP), Gabriela Pedroso Chimello (Graduanda FAUUSP), Lyzandra M. Martins (Mestranda
FAUUSP), Marília Müller (Graduanda FAUUSP), Natália Mayumi Bernardino Tamanaka (Mestranda
IAUUSP), RayssaSaidel Cortez (Doutoranda UFABC) e Victor de Almeida Presser (Arquiteto
Peabiru); os/as cursistas: Alice SequerraMahlmeister, Amanda Almeida Rodrigues, Ana Paula de
Oliveira Lopes, Bárbara Caetano Damasceno, Bianca Pereira Rego, Carina Costa Correa, Carolina
Metzger, Daniel Nardini Marques, Danielle Scardini Lopes, Débora JunPortugheis, Filipe de
Carvalho Andrade, Heitor Seemann de Abreu, Heloísa Macena de Souza, Ingrid da Conceição
Leite, Jaaziel Ferreira da Silva, Jaqueline Martins, João Paulo Alcântara Vera, Laís Granado
Ferreira Coelho, Luma Caroline Rodrigues Ansaloni, Marcela Monteiro dos Santos, Pedro
LangellaTestolino, Sandra Aparecida Rufino, Thamirez Martins dos Santos e Ygor Santos Melo; as
lideranças populares e Associação de Moradores do Jardim da União: Jucineide Silva
Germano, Jurandir da Lima do Nascimento, Sandra Caetano da Silva e Suelen Nascimento; e,
enfim, todos/as moradores/as da ocupação Jardim da União.

Fontes de financiamento :Pró-Reitoria de Graduação (PRG) e Pró-Reitoria2 de


Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da Universidade de São Paulo

Palavras-chave: extensão universitária, prática profissional, assessoria técnica

Resumo: O CPPATHIS foi um curso de prática profissional de duração de seis


meses, voltado a profissionais de arquitetura e urbanismo com até 5 anos de
graduação e foi organizado com aulas teóricas às sextas-feiras, na FAUUSP, e
atividades práticas aos finais de semana na ocupação Jardim da União, no Grajaú,
Sul da capital paulista. Foram 177 inscritos, dentre os quais selecionaram-se 24
estudantes e 11 monitores, que formaram um grupo diverso, com pessoas
provenientes de 6 unidades da federação e de 7 cidades do interior paulista. A
teoria foi tratada por meio de aulas dialogadas, em módulos com noções gerais da
habitação de interesse social (urbanização, provisão, regularização), políticas e
programas públicos e, especificamente, do campo da assessoria e assistência
técnica. O Jardim da União tinha sido objeto de um Plano Popular desenvolvido
pela Peabiru que foi executado pelos moradores com recursos próprios: abertura
de vias, reparcelamento, remanejamento das moradias. Ao longo do curso, os
participantes se envolveram em atividades de cadastramento e
georreferenciamento de dados socioeconômicos, levantamentos das condições de
moradia, projetos e execução de protótipos de infraestrutura, além de um
documentário audiovisual sobre o processo de ocupação e consolidação do
assentamento.

2 Apoio operacional da Assistência Técnica Financeira e do Serviço de Atividades Gerais da


FAUUSP e do “Pool” - Sistema de Empréstimo de Veículos da USP

88
Formação em Assessoria e Assistência Técnica: sobre o CPPATHIS

O CPPATHIS teve concepção da assessoria técnica Peabiru, com desenho


acadêmico construído juntamente com professores da FAUUSP/LABHAB e
aprovação pelas instâncias de cultura e extensão da FAU e da USP, no âmbito da
formação profissional. Teve o objetivo de realizar uma formação profissional por
meio da

prática, do debate e reflexão teórica, contribuindo para a ampliação do campo da


assessoria e assistência técnica em habitação de interesse social ao envolver
profissionais da arquitetura e urbanismo recém-graduados, que traziam
experiências de diferentes contextos urbanos e regionais para que pudessem
retornar aos mesmos e construir uma prática calcada na dimensão do direito e da
política pública de habitação. As atividades se desenvolveram às sexta-feiras e
sábados em período integral e em alguns domingos, sendo as aulas teóricas,
exercícios e programação nas sextas-feiras na FAUUSP e as atividades práticas
no assentamento Jardim da União, nos finais de semana. Esse formato permitiu,
de um lado, que os profissionais inscritos no programa pudessem prosseguir com
suas atividades profissionais e, de outro, que as atividades práticas pudessem se
dar na relação e com participação dos moradores.

O Jardim União, área sobre a qual o curso se debruçou, está em situação de


conflito fundiário - uma ocupação de terreno de propriedade da CDHU (Companhia
de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), em área de
mananciais, delimitada como ZEIS (Zona Especial de Interesse social) destinada
a reassentamento de removidos de situações de risco, de áreas de proteção
permanente ou obras de infraestrutura dentro da própria bacia.

A constância da presença de todos os envolvidos -- estudantes, moradores do local


e movimento de moradia ao qual a associação de moradores é filiada -- possibilitou
a construção e reconstrução conjunta das demandas e atividades.

A duração foi de um semestre estendido (janeiro a junho) com metodologia


estruturada na combinação de aulas teóricas, com dinâmicas expositivas e
dialogadas, discussão de textos e casos e com a participação de vários
professores convidados, e atividades práticas construídas na relação com o sítio e
com os moradores da ocupação na Zona Sul da capital. Também foram realizadas
visitas a assentamentos populares (favelas), a ocupações de edifícios vazios na
área central e a conjunto habitacional de reassentamento.

Três módulos organizaram o curso: (1) aspectos gerais da política pública de


habitação -- conceitos, provisão, estruturas de financiamento à produção,

89
urbanização de assentamentos, regularização fundiária; (2) um bloco mais longo
sobre o tema da assessoria e assistência técnica -- da produção autogestionária
em parceria com entidades populares, às melhorias habitacionais em processos
de urbanização e regularização fundiária e ações em defesa de direitos contra
violações promovidas por interesses imobiliários ou pelos próprios aparelhos de
Estado e (3) estrutura de fundos de financiamento da política habitacional no
país, com exemplos em escala local. Esses módulos foram atravessados pela
prática de estudos, planos, projetos, viabilização de execução de protótipos no
espaço físico da ocupação, que foram se organizando em três grandes frentes de
trabalho: (1) produção e sistematização de dados; (2) infraestrutura (drenagem,
contenções) e (3) habitação e melhorias habitacionais.

O diálogo com órgãos públicos — como a Defensoria Pública, a CDHU (proprietária


da área, que recorreu à reintegração de posse), o Núcleo de Mediação de Conflitos
da Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo ou a CETESB (órgão
responsável pelo controle e licenciamento ambiental em áreas de mananciais) —
foram frequentes, eventualmente com a participação direta de monitores e
estudantes no apoio à associação e ao movimento popular por meio da produção
e organização de dados ou presença em reuniões de negociação.

Entre os resultados, aponta-se a formação de profissionais recém-graduados, de


outras regiões do país, que podem cumprir um papel de articulação para
implementação da assessoria técnica à habitação de interesse social como política
pública. Cada frente de trabalho organizada também chegou a resultados mais
específicos, como o georreferenciamento do cadastro socioeconômico e das
condições habitacionais e urbanísticas de todo o assentamento, a produção de um
documentário audiovisual com depoimentos dos moradores sobre o processo de
luta, ocupação e consolidação; o reconhecimento da diversidade de condições e
precariedades das habitações, que culminaram em um processo de formação e
capacitação de construtores que vivem na ocupação e de uma cartilha ilustrada
sobre técnicas e alguns procedimentos para construção e reforma; a proposição
de soluções para contenções em áreas de topografia acidentada, mais adequadas
à realidade e às condições financeiras daquelas famílias, bem como alternativas
provisórias, mas funcionais, para sistemas de infraestrutura (drenagem). O apoio
aos moradores e suas organizações na luta pela permanência, urbanização,
regularização e melhorias habitacionais na área esteve sempre como pano de
fundo.

São entendidas como conclusões o reconhecimento do lugar da extensão, não


apenas como um dos pilares da universidade brasileira, mas como ação que
integra pesquisa, ensino, nos níveis de graduação e pós. Da mesma forma, a
atualização e ampliação do campo da assessoria e assistência técnica em sua
complexidade e interdisciplinaridade, reafirmando o lugar da política pública de

90
habitação e da necessidade de investimentos que cumpram o objetivo de
universalização de serviços urbanos e condições habitacionais para garantir o
direito à moradia digna e à cidade.

Referências Bibliográficas

Lopes, J. (2018). Nós, os arquitetos dos sem-teto. Revista Brasileira de


Estudos Urbanos e Regionais, 20(2), 237-253. Maricato, E. (Org.). (1982). A
produção capitalista da casa e da cidade no
Brasil industrial. São Paulo: Alpha-ômega. Oliveira, F. (2006). O vício da virtude:
autoconstrução e acumulação capitalista
no Brasil. Novos estudos CEBRAP, (74), 67-85. Santo Amore, C. (2017).
Assessoria e assistência técnica: arquitetura e comunidade na política pública de
habitação de interesse social. Anais II UrbFavelas. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

.........................................................................................................

Outro modo de contato com o todo do curso é através do Plano de Curso, qual
reproduzimos ao final do presente relatório, como um dos anexos.
Do mesmo modo que os dois cursos de residência anteriormente abordados de modo
extenso, da UFBA e FAU USP, o CPPATHIS também teve trabalhos finais realizados pelos
educandos. Ou seja, há uma infinidade de escritos que deverão compor uma publicação, no
momento em elaboração.
Nesse sentido, como já anunciado, vou ater-me aqui a relatar apenas aquilo que
concerne a nosso recorte de pesquisa mais pontual: a residência “à partir de canteiros
experimentais com baixo impacto ambiental”, conforme as duas “ações pedagógicas
dialógicas” praticadas no curso: o mutirão para execução do sistema de drenagem provisório
e o curso junto aos construtores.
Com isso não venho de modo algum a menosprezar ou desconsiderar as atividades
teóricas do curso, com diversas e importantes aulas e atividades outras na FAU USP.
Disponho de relatos e relatos, com infindáveis registros fotográficos destas. Mas, de modo a
focarmos, e não nos tornarmos extensos ou enfadonhos, apresento a seguir três imagens -
uma de cada professor coordenador - a simbolizar as extensas e completas aulas, reuniões,
atendimentos, rodas de debates, também paradigmáticas para a formação de todos os
envolvidos.

91
imagem 10: Prof. Caio Santo Amore, um dos três coordenadores do curso, “emaranhado” em projeção da foto
aérea do Jardim da União.

fonte: foto do autor.

imagem 11: Profa. Maria Lucia Refinetti Martins, em aula expositiva acerca de “Política Urbana e Interesse
Público”:

fonte: foto do autor

imagem 12: Profa Karina Leitão, sentada em roda com os residentes à porta da sala de aula.

fonte: foto do autor

92
Agora, adentrando-nos no mutirão, relato que foi a materialização de uma proposta
de drenagem provisória e emergencial.

imagem 13: professora da FAU USP, residentes e moradores do Jd. União orientam e acompanham os trabalhos
de remoção de terras e ajuste geométrico.

fonte: foto do autor

A imagem acima é paradigmática.


Vê-se a máquina retroescavadeira trabalhando na remoção da terra para ajustes no
“geométrico” da rua de acesso à ocupação “Jardim União”. o tratorista e a máquina foram
contratados pela associação dos moradores. Logo acima, vê-se um grupo de pessoas. Ali
estão misturados residentes, professora da FAU USP e moradores. Eles regem, como nas
fotos seguintes, o trabalho da máquina. De modo direto, transformando o espaço. Há sim a
presença do desenho, dos estudos, da boa técnica. Na imagem conseguinte vê-se a prancheta
do Prof. Caio Santo Amore - aquele que está na foto seguinte, observando, ao fundo, ao lado
de morador construtor, o trabalho da máquina a seguir os piquetes que alinham a nova rua,
qual tive a rápida oportunidade de contribuir com sua locação, junto dos residentes.

93
imagem 14: Professores da FAU USP, residentes moradores e mestre de obras da comunidade orientam e
acompanham os trabalhos de regularização do acesso, bem como de ajuste geométrico.

fonte: foto do autor

imagem 15: croquis elaborado pelo Prof. Caio Santo Amore, como registro do debate com a Profa. Luciana xyz
e residentes acerca do arruamento e dispositivos alternativos de drenagem urbana.

fonte: foto do autor

94
No desenho vê-se junto às ruas menção à linhas de drenagem, com ensaios de um
sistema que permita que as pessoas que hoje moram em sua grande maioria em barracos,
possam ao menos chegar a suas casas, já que com as ruas de terra, a enxurrada causa grandes
estragos. Nesse sentido, até a implantação definitiva faz-se urgente disciplinar as águas
pluviais. Essa condição social real e material, da necessidade, viva, das pessoas levaram aos
residentes a trabalharem imediatamente e naquele exato momento, para contribuir com
soluções. Havia, também, devido a questão das águas pluviais, associada a ausência de uma
rede de esgotos, um surto grave de diarreia na comunidade. Daí nasce o mutirão, projetado e
planejado coletivamente a partir de propostas do grupo de trabalho de drenagem, como se
vê:

imagem 16: residentes projetando sistema de drenagem alternativo e provisório no LAME, FAU USP.

fonte: foto do autor

Acima vemos os residentes projetando no Laboratório de Modelos e Ensaios - LAME


da FAU USP, modelos do sistema de drenagem que executariam posteriormente com as
próprias mãos.
A drenagem foi executada com o aproveitamento de corpos de prova6 rejeitados pelos
processos de testes de carga de concreto, sem uso pela forma da construção civil “de

6
corpos de prova são peças cilíndricas de concreto produzidas pelas empresas de concretagem para verificar, a
cada concretagem, as qualidades da argamassa fornecida. Eles são rompidos em prensas e normalmente,
descartados como entulho, aos milhares.

95
mercado”. Seguindo de modo objetivo os preceitos de se construir com baixo impacto
ambiental, os residentes, professores e assessores técnicos orientados por profissionais da
construção, mestres de obras, escavaram e assentaram as seguintes valas disciplinadoras das
águas da chuva:

Imagens 17 a 22: residentes, professores, assessores técnicos e moradores do Jd. união trabalhando nas
valas de drenagem alternativas e provisórias.

96
fonte: fotos do autor

Logo acima, vê-se na imagem da esquerda ao lado de residentes, a puxar com enxada
a “cama de areia para assentamento” dos corpos de prova, um educador central para o
CPPATHIS. Trata-se do mestre de obras, pedagogo e professor Sérgio Molina. Mais uma
vez7presente como exemplo de educador, um dos únicos, capazes de estabelecer o diálogo

7
assim o apresento, pois, esteve também presente na dissertação de mestrado e tese de doutorado que
elaborei, acerca do ensino das profissões na construção civil.

97
entre os mundos do canteiro e do desenho de modo frutífero: alegre, crítico implacável e
edificante.
A ele coube também a condução, ao lado dos residentes e assessores técnicos, do
“Curso de Construção Civil” ministrado na comunidade por cinco sábados junto dos 31
profissionais da construção civil interessados. E, mais uma vez, pode-se afirmar que essa
atividade pedagógica também alcançou o estado de ‘paradigma’, pois, nesta escala e com
estas características, não encontrei ainda registro. Vejamos:

imagem 23: Prof. Molina desenha na lousa da FAU USP sugestões para os residentes e assessores técnicos
inserirem nas atividades do curso de “Construção Civil” em formatação.

foto: do autor

imagem 24: rua interna ao assentamento Jd. União, onde se vê na segunda garagem da direita para a esquerda
a porta do “Bar da Odete” onde foi realizado o curso de construção civil.

fonte: foto do autor

98
imagem 25: interior do salão do “Bar da Odete” cedido para a realização das atividades do curso.

foto: do autor

Os residentes elaboraram uma cartilha - guia, impressa e distribuída para todos os


cursistas, com 58 páginas, de conteúdo extenso e extremamente bem produzido, com os
conteúdos trabalhados no curso e orientações gerais mais amplas.

imagem 26: residentes distribuem a apostila - guia do curso para os construtores da comunidade.

fonte: foto do autor

99
A capa da apostila – guia era do seguinte modo, assim como algumas páginas de
exemplo de seu conteúdo:

imagem 27 a 34: cópia reduzida de páginas da apostila - guia utilizada no curso de “Construção Civil”.

100
fonte: arquivos da apostila - guia / CPPATHIS.

A concepção geral do sistema de drenagem projetado e executado foi publicado


também na apostila - guia, bem como orientações de contenções, conteúdo também
trabalhado por um dos grupos de trabalho, com uso de maquete inovadora de demonstração
dos esforços da terra, conforme pode-se ver:

Imagem 35 a 38: cópias reduzidas de páginas da apostila - guia.

fonte: arquivos da apostila - guia / CPPATHIS.

101
imagens 39 a 42: trabalho de execução do jardim de chuvas e escada de drenagem por professores da FAU USP,
residentes, assessores técnicos e moradores.

fonte: arquivo de fotos CPPATHIS

Voltando às atividades teóricas do curso de “Construção Civil” realizadas no “bar da


Odete”, vejamos imagens de uma das oficinas de projeto, conduzida por meio de
maquetomóveis. Desenhos a mão foram também elaborados pelos cursistas, bem como
outras estratégias, a formar num “arsenal” de métodos de debate e registro das ideias dos
moradores sobre o projeto de suas casas.
Nesse sentido é que se revela o objetivo das oficinas: instrumentalizá-los a poderem
eles mesmos realizar os projetos e obras de suas casas, a partir de conhecimentos dialógicos.
Ou seja, conhecimentos integrais, não compartimentalizados pela divisão social capitalista
do trabalho. Desse modo, são exemplos da pedagogia unitária, que reúne, pelo fazer,
conhecimentos e atividades do campo da teoria e da prática da produção do espaço.

102
imagem 43: Prof. Molina expõe conhecimentos de modo unitário, aos cursistas; imagem 44: educando
construtor observa as pranchas com os conteúdos da apostila-guia expostos na parede do “bar da Odete”

fonte: arquivo de fotos CPPATHIS

imagem 45 e 46: desenhos das futuras casas dos cursistas, por eles mesmos, os próprios construtores.

103
fonte: arquivo de fotos CPPATHIS

imagens 47 e 48: residentes e construtores cursistas experimentam o uso da escala

fonte: fotos do autor

104
imagens 49 a 56: residentes e educandos experimentam maquetomóvel como meio de registro do projeto das
casas dos construtores, gerando debate acerca de variáveis de projeto como ventilação, iluminação e
permeabilidade visual.

105
106
fonte: fotos do autor

107
imagem 57: certificado entregue aos 31 cursistas do “Curso de Construção Civil”, os construtores da
comunidade.

fonte: arquivo CPPATHIS

O curso CPPATHIS em seu término foi avaliado coletivamente, e os artigos /


monografias elaborados como trabalhos finais de conclusão do curso constarão em uma
publicação, em atual fase de produção.

imagens 58 e 59: rodas de avaliação coletiva do curso CPPATHIS entre residentes, professores e assessores
técnicos.

fonte: fotos do autor

Por fim, o abordado curso tem perspectiva de ter sua segunda edição no ano de 2020,
possivelmente com recursos de um edital em vigência no presente momento pelo CAU/SP.
Assim sendo, uma das atividades de continuidade da presente pesquisa seria de contribuir
108
com tal curso, novamente como especialista do Laboratório de Culturas Construtivas - LCC.
Ao mesmo tempo, a qualidade dos resultados encontrados o coloca também como sendo um
dos quatro cursos que serão avaliados por questionário a ser enviado a seus egressos na
continuidade da pesquisa, conforme o planejamento detalhado mais adiante.

4.2. Projeto de Extensão Universitária PUB USP 2018/2019 e 2019/2020:


“Planejamento comunitário no território: intervenção da educação popular e vivência
da Construção Agroecológica - fase 3”

Desde novembro de 2018 venho trabalhando junto de estudantes de graduação da


FAU USP, no grupo denominado GAIA - Grupo de Apoio ao Irmã Alberta, um
Acampamento Rural situado na Chácara Maria Trindade, Perús, Zona Norte, município de
São Paulo.
O assim chamado “Irmã Alberta” é formado por 60 famílias, que em 2002 ocuparam
o espaço rural sem uso, pertencente à Sabesp, e lá permanecem com sua anuência, no aguardo
de consolidação como assentamento rural de reforma agrária, pelo ITESP - Instituto de Terras
do Estado de São Paulo.
A coletividade de moradores, a partir do entendimento de que o espaço de moradia e
produção das famílias tem potencialidade de ser um espaço de aprendizado, de formação, no
campo da Agroecologia resolveram lá edificar uma Escola de Agroecologia, com espaços
coletivos de produção, de ensino infantil e das artes.
Como continuidade das ações de Pós-Doutorado em 2018, junto dos estudantes,
elaboramos estudos, orçamentos, cronogramas de obras para edificação de uma creche e uma
cozinha experimental, e para sua consecução, realizamos oficinas de produção de tijolos de
adobe ao longo do ano, qual brevemente apresento através de imagens ilustrativas.
A orientação geral das atividades do projeto de extensão denominado: "Território da
Autonomia: paisagem, acesso à terra e participação social", de setembro de 2018 a agosto de
2019 se deu pela Profa. Catharina Pinheiro C. S. Lima. O relatório produzido pelos
estudantes, encontra-se nos Anexos do presente relatório, bem como os projetos aprovados
pelo PUB USP. O projeto de continuidade - qual título abre o presente item - se dá a partir
de setembro de 2019, com orientação do Prof. João Setti Whitaker, e deve se estender até
agosto de 2020, qual pretendo seguir na orientação técnica e pedagógica, ao lado do referido
professor.
109
De modo geral, desde novembro de 2018 avançou-se muito na construção de um
diálogo próximo com a comunidade do acampamento e com as famílias moradoras no morro
ao lado, comunidade denominada “Vale do Sol”.
A proposta de método construtivo é de que os espaços deverão ser erguidos por meio
de um "canteiro escola", com a inserção de quatro residentes em "arquitetura de interesse
social".

imagem 60 e 61: espaço comunitário do “Irmã Alberta”, onde se vê estudantes reunidos com a coordenação
para planejamento das atividades.

fonte: fotos do autor

imagem 62 e 63: estudantes da FAU em visita ao terreno onde será erguida a futura "Ciranda Luiz Beltrame”.

fonte: fotos do autor.

Os primeiros estudos de desenho, para composição do pedido de verbas - patrocínio


- para sua edificação, com custos, métodos gerais de projeto, obra e cronograma foi elaborado
pelo coletivo de estudantes com minha contribuição.

110
imagem 64 e 65: plantas e perspectivas da creche elaboradas pelos estudantes de graduação.

fonte: arquivo GAIA, dez 2018

imagem 66 a 69: croquis de estudo de implantação, corte, planta e perspectiva para a cozinha experimental.

111
fonte: desenhos do autor, arquivo GAIA.

imagem 70: mapa da “Comuna da Terra Irmã Alberta, com a localização dos dois projetos.

fonte: arquivos GAIA.

112
Os recursos para as obras deverão ser de doações de entidades de apoio que já
contribuíram anteriormente com a comunidade, conforme se vê no material de divulgação da
campanha de doações e a localização das edificações.

imagem 71: material de divulgação da campanha; imagem 72: lançamento da campanha no barracão de obras
da ciranda, construído com a colaboração dos estudantes da FAU e o presente pesquisador.

fonte: arquivo GAIA e foto do autor.

As obras deverão seguir o seguinte cronograma, com início previsto para o primeiro
semestre de 2019, com a contribuição pedagógica da entidade de educação profissional
"Centro de Estudos, Educação e Pesquisa - CEEP", e de professores da FE USP, como pode-
se ver:

Também elaboramos uma primeira estimativa de custos para a o curso - obra, com a
presença dos arquitetos residentes, integrados ao corpo de profissionais, remunerados por
"bolsas de estudos", conforme se segue. Vê-se também a seguir estimativa de custos dos
materiais de construção:

113
No sentido de realizar ações práticas enquanto os recursos não “chegam”, decidimos
realizar oficinas de produção de tijolos de adobe com orientação do especialista Thiago
Ferreira, Pós Doutorando do IAU USP / Habis: Grupo de Pesquisa em habitação e
Sustentabilidade. Vejamos imagens dessas atividades, do campo das “ações pedagógicas
dialógicas”:

imagem 73: cartaz de divulgação do primeiro mutirão de produção de tijolos de adobe; imagem 74: oficina
conduzida por Thiago Ferreira, do HABIS, IAU USP - São Carlos

Fonte: fotos do autor

114
imagem 75 a 79: mãos de crianças misturando barro no primeiro mutirão oficina de produção de tijolos de
adobe, desformas por oficinantes, tijolo teste produzido com mistura de terra e fibra (sapé), Thiago e Ariel,
estudante da FAU demonstram alegria ao trabalhar.

fonte: arquivo GAIA e fotos do autor.

Em maio de 2019 foi realizada a segunda oficina de produção de tijolos de adobe, de


modo integrado às atividades do Fórum Regional de ATHIS e Extensão Universitária,
promovido pelo CAU/SP, com organização de grupos de extensão da grande São Paulo, e
teve trinta participantes dentre estudantes de arquitetura de variadas escolas e professores.
Também contou com a importante contribuição do pesquisador do IAU USP, Thiago
Ferreira, especialista produção de tijolos de adobe.

115
Antes da oficina, com apoio do CAU/SP foram realizados mutirões para a construção
do barracão de obras, como se pode ver o resultado de sua estrutura, nas fotos a seguir com
estudantes da FAU e comunidade envolvida:

imagem 80: ciranda organizada para as crianças no dia de mutirão; imagem 81: moradoras do Irmã Alberta
apiloando o piso do futuro barracão de obras;

fonte: fotos do autor

imagem 82: estudante da FAU fixa cumeeira; imagem 83: Maninho, mestre de obras do Irmã Alberta ajusta
madeiras para a cobertura; imagem 84: coletivo de trabalho do mutirão para a construção do barracão de obras

fonte: fotos do autor.

116
imagem85: material de divulgação da oficina pela internet; imagens 86 a 88: atividades da oficina para produção
de adobes do Fórum de ATHIS

fonte: arquivo fórum de ATHIS.

Em agosto de 2019 foi realizada a terceira oficina, que teve como foco envolver as
crianças da comunidade do Vale do Sol, as futuras usuárias do próprio espaço. Os tijolos
produzidos ensaiam diversas amostras de terra, com diferentes traços e composições. Esta
leva de doze tijolos produzidos nesta data serão testados no laboratório de engenharia civil
da POLI USP.
imagens 89 a 94: crianças da comunidade, acompanhadas de professores produzem tijolos de adobe para testes
de carga.

117
fonte: foto do autor, e arquivo GAIA.

A continuidade das oficinas de “construção agroecológica”, para produção e


beneficiamento de materiais com baixo impacto ambiental visa envolver a comunidade não
apenas a “usuária” mas a dos construtores. Encontra-se em programação mais uma delas, de
construção com bambus - lá há diversas espécies disponíveis - voltada aos profissionais da
construção civil do Irmã Alberta e Vale do Sol, para outubro, com a contribuição de mestre
de construção com bambus, Sr. Hiroshi. Visitei seu trabalho em agosto de 2019 na
comunidade rural “Marielle Vive”, em Valinhos. A técnica valeu-se de arcos catenários, com
feixes de bambus, para cobrir espaços diversos da comunidade. O intuito é construir a
cozinha do canteiro de obras da Ciranda Luiz Beltrame com a tecnologia, e cobertura de sapé,
também abundante no local.

118
imagem 95: cobertura em bambus em finalização, no acampamento “Marielle Vive”, em Valinhos/SP.

fonte: foto do autor

O cronograma de obras prevê o segundo semestre de 2019 para oficinas de


sensibilização e captação de recursos. A atividade de detalhamento dos projetos e a
construção por meio do curso de “canteiro escola” está programada para 2020, e deverá
contar com a participação de quatro residentes. Há ainda muito trabalho de orientação ao que
se refere às técnicas construtivas agroecológicas bem como dos métodos pedagógicos, por
parte do aqui pesquisador. Nesse sentido, a continuidade da pesquisa é de relevância para o
projeto e as necessidades da comunidade, e portanto, se de uma das atividades de pesquisa
aplicada para o ano de 2020.

4.3. Projeto de Extensão Universitária PUB: Construção do Memorial-Praça Dr.


Sócrates Brasileiro: Projeto de Canteiro-Escola na Escola Nacional Florestan
Fernandes - ENFF, Guararema / SP, Fase 3

O presente projeto de extensão universitária conta com apoio do PUB USP, através da
concessão de três bolsas, e está em realização desde 2017, pelo Laboratório de Habitação e
Assentamentos Humanos - LABHAB, sob orientação da Profa. Karina Leitão. Desde seu

119
início fui convidado a participar como coorientador do grupo, pelo Laboratório de Culturas
Construtivas - LCC, muito devido aos projetos e obras que contribui na própria ENFF, como
ensaios construtivos e pedagógicos nas pesquisas de mestrado e doutorado.
Dentro deste projeto, minha contribuição muito se deu no âmbito da orientação do
detalhamento das edificações e espaços pretendidos, bem como sua orçamentação,
cronograma de obras e concepção pedagógica do "canteiro escola", onde deverão atuar
residentes com bolsa incluída nos orçamentos, ao lado dos estudantes de graduação bolsistas.
O cronograma das atividades prevê que a fase de detalhamento e elaboração de
protótipos no canteiro experimental ocorra até dezembro de 2019, em paralelo ao processo
de captação de recursos. A obra pedagógica se realizará no primeiro semestre de 2020.
A seguir, como ilustração, apresento modelos digitais de propostas (já superadas) do
projeto produzidos pelo coletivo de estudantes, a se notar o que se pretende como objeto
construtivo do “canteiro escola”.
Imagens 96 e 97: modelos digitais (já superados) da geodésica e seu espaço frontal.

fonte: arquivo Caetés, modelos produzidos pelos estudantes de graduação

Anexo ao presente relatório encontra-se o relatório dos estudantes bolsistas, pelo


período de setembro de 2018 a agosto de 2019, onde pode-se ver em detalhe a narrativa de
atividades qual pude acompanhar e coorientar. Nesse sentido apresento apenas algumas
imagens complementares ao referido relatório.
imagem 98: estudantes em trabalho no estúdio 2 da FAU em definição do padrão de desenho para o pergolado
de vigas recíprocas; imagem 99: estudantes em atendimento com Prof. Fernando Palermo Simões do LCC.

fonte: fotos do autor

120
imagem 100: Fernando Palermo Simões diante do modelo por ele criado, para simulação dos nós de união das
barras em estudo; imagem 101: grupo de estudantes em visita à ENFF em debate com a engenheira Ilse,
responsável pelas obras na ENFF, acompanhados do arquiteto e Prof. Caio Boucinhas, pesquisador do
LABHAB

fonte: fotos do autor.

A seguir, retomo importante material qual contribui diretamente com sua elaboração.
É o cronograma do “canteiro escola”, processo ao mesmo tempo formativo e construtivo,
onde se integram estudantes de graduação, residentes e construtores das brigadas que serão
convocadas pela escola. Na sequência, vê-se um ensaio de conteúdos, para o plano de curso.

121
122
A seguir vê-se a planilha resumo dos custos estimados para a obra.

4.4. Convênio FAU USP - Instituto das Cidades UNIFESP: elaboração do Plano
Político Pedagógico das “Grandes Oficinas” e apoio à criação do Programa de
Residência do Instituto

Esta atividade de extensão universitária trata de dar apoio à implantação de um novo


curso de arquitetura e urbanismo na Zona Leste de São Paulo, ação esta objeto de convênio
entre a FAU USP e o Instituto das Cidades da UNIFESP desde 2014.
A proposta apresentada aos pesquisadores do LCC, qual me incluo, foi de
contribuição a elaboração de um Plano Político Pedagógico para as “Grandes Oficinas” do
Instituto, ao lado do apoio à elaboração de um Programa de Residência em Arquitetura e
Urbanismo de Interesse Social que atuasse junto das comunidades de baixa renda do entorno
do campus.
Ao longo do período de pesquisa, de novembro de 2018 a outubro de 2019 a
conjuntura financeira da UNIFESP mudou radicalmente. Com a redução das verbas o tempo
para sua execução se ampliou. Nesse sentido o grupo de trabalho da FAU, que reúne o
coordenador do convênio pela FAU, Prof. Alexandre Delijaicov e seus orientandos e ex-
orientandos - do LabProj - o Prof. José Baravelli, e a estudante de graduação Bárbara
Camucce Santana, assim como eu, integrantes do LCC, reduziu suas expectativas e ampliou
no tempo suas metas.

123
Pela UNIFESP participaram das atividades do convênio os Professores do Instituto
Magali Marques Pulhez e Guilherme Petrella, bem como técnicos do escritório de projetos
da universidade federal.
Nas diversas reuniões realizadas na FAU USP a tônica foi de orientar os valores
disponíveis no orçamento da universidade federal apenas para a realização de reformas de
manutenção e de “habitabilidade mínima” dos galpões onde as “Grandes Oficinas” seriam
implantadas.
O restante dos investimentos serão para implantação do curso de graduação de
Geografia, que pretende-se iniciar em 2020. Após esta etapa, em 2020 é que se pretende dar
início às obras das “Grandes Oficinas”.
Em paralelo, como contribuição ao plano das “Grandes Oficinas”, realizei
levantamento das ferramentas adquiridas pela universidade federal - fotos a seguir - e dei
apoio a realização de dois Trabalhos Finais de Graduação no espaço, sobre o tema das
oficinas.
Em paralelo avançamos, como apresentarei a seguir, nos estudos científicos de
produção de tijolos com material reciclado, o que poderá ser base tecnológica para uma futura
fábrica de elementos construtivos qual lá pretende-se implantar. Outro espaço de sua
aplicação seria junto à comunidade do Jardim Helian, próxima à universidade, qual tive
conhecimento durante as atividades de pesquisa de doutorado.

imagem 107 e 108: galpão do campus na Zona Leste em fase de levantamento, por estudantes de graduação;

fonte: fotos do autor

124
imagens 109 e 110: vista interna e superior do galpão maior do campus na Zona Leste.

fonte: fotos do autor

imagem 111: vista externa do galpão médio; imagem 112: registro fotográfico das ferramentas adquiridas para
realização das atividades pedagógicas práticas nas “Grande Oficinas”

fonte: fotos do autor.

imagem 113: foto ilustrativa de uma das reuniões no LabProj da FAU USP entre os grupos de professores,
estudantes e técnicos participantes do convênio de cooperação.

fonte: foto do autor

A próxima ação que se pretende realizar, além da renovação do convênio por mais
cinco anos, se dará no sentido da elaboração do Plano Político Pedagógico das “Grande

125
Oficinas”, espaço de suporte para o Programa de Residência do IC UNIFESP. Para tanto será
realizado em dezembro de 2019 um encontro científico entre pesquisadores da França -
Vincent Michel - do LesGrands Ateliers e pesquisadores brasileiros. Esta pretende ser a
primeira atividade de cooperação científica e cultural entre os dois grupos e poderá se
desdobrar em projetos comuns de pesquisa Brasil – França, com projeto a ser apresentado à
CAPES.

4.5. Projeto de Extensão Universitária PUB: Políticas Públicas de


Comercialização de Produtos da Reforma agrária da Grande São Paulo

Novo projeto de extensão universitária, iniciado em setembro de 2019, com


coordenação do Prof. José Eduardo Baravelli e três bolsistas recentemente selecionados, qual
contribuo com a coorientação das atividades (projeto apresentado ao PUB encontra-se
anexo).
A ideia de sua realização é originária de demandas apresentadas pelas famílias
produtoras do acampamento Irmã Alberta, por um melhor sistema de comercialização de seus
produtos.
Esta demanda desdobrou-se em três atividades, qual pretende-se realizar em sequência,
pois uma desdobra-se na outra:
● conhecimento dos três espaços de produção em áreas de assentamentos de reforma
agrária integrados às políticas públicas de governo na região metropolitana de São
Paulo. Registro fotográfico de cada produtor e elaboração de um mapa de localização
de cada lote, para divulgação aos visitantes - compradores, contando com indicação
de sítios de interesse, à luz das experiencias de projetos de turismo de base
comunitária.

126
imagem 102: área de produção de hortaliças no acampamento Irmã Alberta; imagem 103: milho orgânico
produzido no mesmo local.

fonte: fotos do autor.

● inserção no espaço de vendas urbano desses produtos – loja do “Armazém do Campo”


localizada no Campos Elíseos - com caracterização das gôndolas de vendas, com
fotos e informações dos produtores, bem como a disponibilização dos mapas
elaborados na etapa primeira de trabalho.

imagem 104 e 105: produtos do Irmã Alberta e dois assentamentos da RGMSP à venda no “Armazém do
Campo”

fonte: sítio eletrônico do “Armazém do Campo”.

● contribuição com as bases tecnológicas e programa de arquitetura para os projetos e


obras da nova filial do “Armazém do Campo” a ser edificada em terreno no município
de São Bernardo do Campo. Para tanto, pretende-se elaborar guia para produção de
tijolos de resíduo – cimento, técnica elencada para construção do novo espaço,
desenvolvidos em pesquisa do LCC, e realização de convênio com a Assessoria
Técnica Usina - centro de trabalhos para o ambiente habitado, para elaboração dos
projetos e coordenação das obras em regime de "Canteiro Escola", onde residentes
poderão ser inseridos.

127
imagem 106: terreno onde será edificada a nova filial do “Armazém do Campo”, São Bernardo do Campo.

fonte: foto do autor.

5. PUB - Pesquisa de base tecnológica: Transformação de resíduos sólidos da


construção civil para a produção de tijolos.

Pesquisacoordenada pelo Prof. Reginaldo Ronconi e teve a participação de três


estudantes de graduação - duas das quais bolsistas PUB - Barbara Camuce Santana, Lorena
Guimarães Ávila Bernardes e Deborah Oliveira Caseiro, além de apoio e orientação do
técnico Romerito Ferraz e os Profs. Reginaldo Ronconi, José Baravelli e Fernando Palermo
Simões. Minha função de foi de “coorientação avançada” pois estive presente em 70% das
atividades práticas de pesquisa.
Compreendendo-se a centralidade das questões ambientais para a produção de
materiais de construção é que o Laboratório de Culturas Construtivas – LCC, na pessoa do
Prof. Reginaldo Ronconi elaborou esta proposta de pesquisa, que, a bem da verdade trata de
organizar de modo científico uma produção de tijolos de resíduo - cimento comprimidos que
já haviam sido produzidos no Canteiro Experimental a alguns anos.
Trata-se do aproveitamento dos entulhos gerados pelo próprio canteiro experimental.
Assim procedemos por perceber que a metrópole paulistana já dispõe de materiais de
construção suficiente para ser erguida, reerguida e reformada, o que diminui a necessidade
de “importação” de mais materiais de construção, extraídos do meio natural, tais como
cimento, ferro e madeira.

128
Esta pesquisa “de base” com resíduos se relaciona de modo indireto com os “canteiros
escola” da presente pesquisa de pós-doutorado, pois é nestes ambientes que se pretende
verificar sua “aplicabilidade” econômica e social - naturalmente após a realização de testes
de carga, durabilidade e a verificação de seu “desenho produtivo”, quais aqui logramos “com
louvor”.
Ao final do presente relatório encontra-se em anexo o relatório final da pesquisa
elaborado pelas três pesquisadoras bolsistas. Do mesmo modo que anteriormente, me limitar-
ei a apresentar apenas questões e imagens não tratadas do referido relatório, já completo e
bem elaborado.
De modo a nos apropriamos dos processos de beneficiamento de resíduos urbanos em
grande escala, é que fizemos importante visita a uma usina de reciclagem de entulho
localizada na zona sul de São Paulo, denominada “Pedra Verde”. Fomos recebidos por seu
gerente, que nos apresentou todo o processo de trabalho para transporte, estoque, separação
e estocagem dos diferentes tipos de entulho. A seguir apresento fotos ilustrativas do local.

imagem 114: entrada do material ainda bruto, em grande monte de entulho variado; imagem 115: máquina de
separação de entulhos metálicos, finos e médios; imagem 116: espaço para estocagem de resíduos já separados;
imagem 117: visita à esteira de separação manual de resíduos tais como papel, madeira, placas, metais maiores
e plásticos.

fonte: fotos do autor

De modo geral, todas as etapas de pesquisa encontram-se descritas no relatório


elaborado pelas estudantes. Assim mesmo algumas complementações nos pareceram

129
necessárias. Nesse sentido é que apresento a seguir imagens outras do processo, como espécie
de “making off” da pesquisa.
Para guardar e transportar os resíduos demolidos, triturados e peneirados foi necessária
a construção de caixas apropriadas para esse uso específico. Pessoa importante para a
elaboração do projeto foi o técnico Romerito, pois trouxe “materialidade” aos desenhos,
identificando fragilidades.

imagem 118: Bárbara, Romerito e Lorena em debate sobre o desenho e concepção das caixas de madeira para
guardar as diferentes fases do entulho. Imagem 119: estudante Lorena lixa sarrafos e ao fundo, Emílio Leocácio,
técnico responsável pelo LAME contribui com o corte das peças.

fonte: foto do autor.

imagem 120 e 121: professores e estudantes trabalham na produção prática das caixas.

fonte: fotos do autor.

Importante e pesada máquina, o moinho, utilizado para a trituração do entulho,


apresento aqui mais adiante, em foto a seguir, mais de perto.
Outro ponto que se faz necessária citação é uma característica incomum nas
atividades do canteiro experimental. Ali há apenas o trabalho comum, lado a lado, com os
corpos, o peso, a matéria, o suor. Atividades normalmente - no país - renegadas apenas para
pessoas da classe trabalhadora, aqui vê-se na imagem professor universitário curvar-se com
ferramenta de trabalho nas mãos. Indício de outra concepção de trabalho.

130
imagem 122: moinho a triturar entulho; imagem 123: grupo trabalhando o resíduo triturado para peneirar.

fonte: fotos do autor.

Outro aspecto da mesma questão - de classe - que atravessa o mundo da construção


civil e que no canteiro experimental possui outra configuração é a aprendizagem de uma
arquiteta a partir dos ensinamentos de um trabalhador, como vê-se a seguir:

imagem 124: Romerito, técnico - trabalhador orienta Barbara, estudante de arquitetura a peneirar o resíduo;
imagem 125: Bárbara orienta Lorena e Debora a fazerem o mesmo, a partir de orientações de Romerito.

fonte: fotos do autor.

imagem 126: Romerito orienta estudantes e Prof. Fernando Simões a trabalhar na máquina argamassadeira;
imagem 127: tijolos produzidos em processo de cura, internamente a “envelope” de plástico.

fonte: fotos do autor

131
imagem 128: Romerito instrui a montagem dos prismas de três tijolos para serem quebrados na POLI USP, em
teste de carga; imagem 129: Bárbara e Lorena reproduzem o método aprendizado para produção dos prismas.

fonte: fotos do autor.

imagem 130: prismas prontos, já capeados com gesso, para envio à POLI Civil; imagem 131: estudantes
realizam cálculos para aferir a capacidade de carga resultante.

fonte: fotos do autor.

132
imagem 134: tijolos sendo pesados em balança no laboratório da POLI Civil antes do “mergulho”, para teste de
absorção de águas; imagem 135: tijolos submersos soltando bolhas de ar.

fonte: fotos do autor.

A continuidade dos trabalhos deve se dar ao menos até agosto de 2020, dado que o
projeto de pesquisa do PUB foi renovado, e desde setembro de 2019 há um novo bolsista,
chamado Lucas Silveira Borges. A programação estabelecida indica a produção de uma nova
família de tijolos a serem produzidos com 15% de cimento e 85% de resíduo triturado e
peneirado. A expectativa é que possamos alcançar a carga necessária para uso como alvenaria
estrutural. dado que os tijolos agora produzidos com 10% de cimento, já garantiram aplicação
como alvenaria de vedação, com média de 3,60 Mpa de resistência à compressão.

6. Atividades de Ensino

6.1. Disciplina AUT 182 - Construção do Edifício 1 e AUT 184 - Construção do


Edifício 2

Ao lado dos professores Reginaldo Ronconi, Caio Santo Amore, José Baravelli e mais
recentemente a Profa. Camila D’Ottaviano (devido a licença prêmio de Reginaldo Ronconi).

133
bem como da mestranda Elisabeth Othon, bolsista do PAE USP, contribuí na condução das
aulas teóricas e práticas das duas disciplinas que compõe um ano de atividades.
Devo dizer que este processo de inserção no “mundo dos professores” – grosso modo
– se dá com o tempo. A condição de pós-doutorando está dada desde novembro de 2018, mas
a confiança a mim concedida pelos professores é gradual e se modificou ao longo do tempo.
Ou seja, a cada aula, participo mais, com maiores responsabilidades, sem que os professores
percam as suas funções.
Como atividade de pesquisa aplicada ao ensino, estou elaborando, junto da mestranda
Elizabeth Othon, um pró-memória da disciplina – ou seja um extenso relato - que se
consolidará ao final do ano em dezembro, como continuidade dos trabalhos da presente
pesquisa, e deverá se estender até o mês de janeiro de 2020.
Apenas como ilustração das referidas disciplinas qual contribuo, apresento poucas
imagens, as apenas representativas dos exercícios didáticos realizados:

imagem 136: estudantes simulam com os próprios corpos o funcionamento de uma treliça; imagem 137:
estudante carrega modelo de arco catenário, em aula de avaliação e comparação de diferentes sistemas
estruturais.

fonte: fotos do autor

imagem 138: estudantes montam arco pleno com peças de papel paraná; imagem 139: Prof. Reginaldo Ronconi
avalia e debate a estrutura montada pelos estudantes.

fonte: fotos do autor

134
Ao longo do ano a disciplina realiza diversas visitas técnicas, dentre elas apresento
imagens da visita à “Casa de Cultura Guarani”, edificada com técnicas tradicionais nos
jardins da Faculdade de Psicologia da USP, bem como visita à Escola Nacional Florestan
Fernandes – ENFF, em Guararema, maior complexo arquitetônico construído com terra crua
no país.

imagem 140: Prof. Caio Santo Amore indica os métodos construtivos da edificação em taipa de mão, com terra
crua do próprio local; imagem 141: visita ao interior da edificação, acompanhados por pesquisador do Instituto
de Psicologia da USP.

fonte: fotos do autor

imagem 142: Prof. Reginaldo Ronconi apresenta aos estudantes, na ENFF, a arquibancada edificada com a
contribuição de projeto de extensão universitária da FAU USP; imagem 143: Joatan, educador da ENFF
apresenta aos estudantes a “Casa das Artes Frida Kahlo”, também edificada com a contribuição de estudantes
e pesquisadores da FAU USP, com estrutura de bambus Mossô e cobertura de sapé, extraído da região.

fonte: fotos do autor

Um novo exercício didático foi experimentado e demonstrou-se extremamente


eficiente ao que se refere à suas expectativas pedagógicas. Foi a vivência criativa e livre, a
partir da experimentação de modelotridimensional composto de pequenas peças, a formar
um universo de possibilidades de arranjos estruturais alicerçados na tecnologia das vigas
recíprocas.
Foi fornecido um “kit” com 100 peças para cada grupo, a fim de realizarem uma série
de atividades comuns e coletivas. Aos olhos dos educadores, a experiência foi também,
considerada paradigmática.

135
imagem 144: Professores Reginaldo Ronconi e Fernando Simões produzem no LAME material didático para
trabalho em aula acerca de “vigas recíprocas”; imagem 145: estudantes vivenciam o funcionamento estrutural
de uma viga recíproca, ao formarem um “banco contínuo de esforços recíprocos”.

fonte: fotos do autor.

imagem 146: estudantes experimentam as possibilidades de arranjos estruturais; imagem 147: Prof. Reginaldo
Ronconi trabalha junto de grupo de estudantes, na investigação das possibilidades variadas de montagem
associativa das peças fornecidas.

fonte: fotos do autor

imagem 148: Prof. Caio Santo Amore dialoga com grupo que criou forma, circular, antes desconhecida pelos
professores; imagem 149: estudantes, alegres, satisfeitos, posam junto da estrutura por eles desenvolvida

fonte: fotos do autor

O exercício de início do segundo semestre foi a argamassagem das formas das placas
que comporão o piso de acesso aos contêineres do canteiro experimental.

136
imagem 150: Prof. Caio Santo Amore ergue viga que será concretada pelos estudantes, ao apresentar o sistema
estrutural desenvolvido pelo Técnico Romerito Ferraz.

fonte: fotos do autor

imagem 151: Técnico Romerito Ferraz e Prof. Caio Santo Amore apresentam a forma pré-produzida para os
estudantes; imagem 152: estudantes argamassam as placas sobre mesa vibratória.

fonte: fotos do autor

Além da realização de mais aulas teóricas e visitas técnicas, ao final do semestre os


estudantes deverão projetar e executar peça de argamassa em grupos, daí a importância da
“pedagogia reversa”: primeiro executar para depois elaborar projeto com a mesma
tecnologia.
De modo a se ter compreensão do todo da disciplina, encontra-se anexo o programa
da disciplina apresentado e debatido junto aos estudantes.

6.2. Coorientação de TFG: Danilo S. V. Costa, intitulado “Às margens do espaço


construído: o saber renegado dos construtores e sua reprodução social”

Ao lado do Prof. Dr. Nilton Ricoy, fui convidado pelo então estudante em conclusão
de curso para que pudéssemos dialogar a respeito de seu trabalho, extremamente desafiador,
pois pretende trilhar, e avançar, nos debates que travei ao longo de anos de estudo e

137
experiencias, tendo como um dos focos a dissertação que realizei na FAU USP, acerca da
formação dos profissionais da construção civil.
Seu trabalho se inicia com um olhar sobre a própria história de vida, pois seu avô foi
pedreiro e chegou a mestre de obras. Essa retrospectiva o coloca com intenções de realizar
entrevistas com trabalhadores da construção, acerca de seus conhecimentos, trabalhos que
desenvolve o os produtos – obras que edifica.
O estudante trabalha muito bem os autores elencados, e certamente, se trabalhar
segundo suas próprias previsões e intenções, fará ótima e importante contribuição.
A previsão de término é para novembro de 2019, e banca provavelmente a se realizar
em dezembro de 2019.
Para melhor compreensão do que aqui me refiro, segue anexo o produto do TFG 1,
elaborado no primeiro semestre de 2019.

7. Intercâmbio Cultural com Les Grands Ateliers – França

Conforme já mencionado no item de descrição das atividades referentes ao convênio


da FAU com o Instituto das Cidades da UNIFESP, estou contribuindo na organização, para
a primeira semana de dezembro, de quatro encontros de integração científica e cultural de
instituições e pesquisadores da França e do Brasil, com a vinda do pesquisador e arquiteto
Vincent Michel, Inspetor de Patrimônio da Escola de Trabalhadores e Camponeses, seção da
UNESCO.
Vincent, que foi o criador dos Les Grands Ateliers, junto do arquiteto Sérgio Ferro,
realizará visitas a quatro espaços pedagógicos análogos ao criado por ele na França. O
percurso deverá abranger o Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP / São Carlos, o
Instituto das Cidades da UNIFESP, o Instituto Federal de São Paulo e a FAU USP. Na
ocasião de cada encontro, o pesquisador visitante apresentará as caraterísticas do espaço
francês, quando haverá um amplo diálogo entre as partes, de modo a poder-se criar pontos
comuns de interesse a pesquisa. A partir destes encontros será estabelecido um processo para
elaboração de um convênio entre as universidades envolvidas, com apoio do Consulado
Francês. Mais adiante, o que se pretende é elaborar um projeto comum de pesquisa a ser
apresentado a CAPES, em futuro edital do COFECUB - Comitê Francês de Avaliação da
Cooperação Universitária com o Brasil, em 2020.
138
Espera-se com este convênio avançar-se ainda mais na ampliação dos conhecimentos
acerca das práticas e estratégias pedagógicas para formação de arquitetos e urbanistas por
meio de espaços que promovam atividades que busquem o diálogo dos conhecimentos e
ações produtivas entre o projeto/desenho e a obra/canteiro.

8. Participação em eventos e encontros acadêmicos

● V Seminário Nacional de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social


– CAU/SC, Florianópolis – 05 e 06 de novembro de 2018: foi importante espaço
de reconhecimento, atualização e articulação junto ao universo nacional acerca do
tema, ao lado do Prof. Caio Santo Amore, expositor no evento. Estive em todas as
atividades como participante. Teve caráter de marco de início à pesquisa, dado que
ocorreu na primeira semana de trabalhos.

● II Seminário de avaliação interna da Residência em Assessoria Técnica,


Habitação e Direito à Cidade da UFBA, Salvador – 15 e 16 de abril de 2019:
participei como pesquisador convidado, onde acessei os debates internos inerentes ao
programa, bem como dei sugestões e avaliações para a próxima edição do curso – a
quarta - que será realizada no primeiro semestre de 2020. Apresentei, na ocasião, a
experiencia paulistana da FAU USP, o CPPATHIS 2019. Os integrantes da atividade
eram professores coordenadores do programa.

● Seminário Arquitetura para a Autonomia: ativando territórios educadores, São


Paulo - 29,30 e 31 de março de 2019: participei inicialmente das reuniões de sua
elaboração coletiva. Depois, no evento, fui convidado a compor a “roda de conversa”
intitulada “Inversão do Olhar”, onde apresentei e debati a presente pesquisa em
elaboração, com foco nas experiencias de extensão universitária nos “Canteiros
Escola” com apropriação de técnicas de baixo impacto ambiental, qual participei e
pesquisei. Abordei também a importância pedagógica das residências em arquitetura
e urbanismo de interesse social nos cursos de arquitetura e urbanismo. Foi organizado
pelo Instituto A Cidade Precisa de Você e pelo projeto Escola Sem Muros, com
recursos do CAU/SP via edital público.

● Fórum Regional de ATHIS e Extensão Universitária: atuação integrada no


espaço urbano, São Paulo – 16 a 19 de maio de 2019: contribui e participei do
evento em diversas frentes. Primeiramente, apresentei a presente pesquisa no dia 17,
sala 401, na seção “Relatos de experiências de ATHIS e Extensão Universitária”, com
foco no programa Estadual de Residência em Arquitetura e Urbanismo de Interesse
Social. Antes disso, participei de reuniões abertas para sua organização, bem como

139
dos chamados “Pré-Fóruns”. Contribui diretamente na coordenação e realização da
oficina realizada no acampamento “Irmã Alberta”, junto do GAIA FAU – Grupo de
Apoio ao Irmã Alberta da FAU USP, no dia 18 de maio, para produção de tijolos de
adobe para a “Ciranda Luiz Beltrame”.

● Fóruns Permanentes da UNICAMP: Cidades Inclusivas e sustentáveis: ensinos


e práticas profissionais, Campinas - 14 de agosto de 2019: participei como ouvinte,
de modo que pude assistir e debater à apresentação das duas experiencias de
residência em arquitetura e urbanismo centrais para a presente pesquisa, a da UFBA,
pela Profa. Ângela Gordilho Souza e da FAU USP, pelo Prof. Fábio Mariz Gonçalves.
● IV Seminário Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Arquitetura e
Urbanismo –IV SENAU / UFBA, Salvador - 7 a 9 de outubro de 2019: participarei
como pesquisador convidado pela coordenação do evento, com o objetivo de
apresentar aos participantes a proposta de realização do I Seminário Nacional de
Residências em Arquitetura e Urbanismo de Interesse Social que elaborei como
produto da presente pesquisa, de modo que possa ser também assumido pela
ANPARQ, como uma de suas ações para 2020.

● Seminário Regional de Ensino Superior: existência 2019 – SERES / FENEA, São


Paulo – 11 a 15 de outubro de 2019: a convite da comissão organizadora evento,
organizado pela FENEA, participarei como palestrante, onde apresentarei a proposta
do Programa Estadual de Residência em Arquitetura e Urbanismo Públicos de
Interesse Social para debate e ampliação dos apoios, junto à FENEA.

● Colegiado Permanente das Entidades de Arquitetura e Urbanismo do Estado de


São Paulo – CEAU/SP, São Paulo - 18 de outubro de 2019: a convite do Sindicato
dos Arquitetos e Urbanistas do Estado de São Paulo – SASP, apresentarei a proposta
do Programa Estadual de Residência em Arquitetura e Urbanismo Públicos de
Interesse Social, de modo que cada uma das entidades presentes: IAB, FENEA,
ABEA, CAU e SASP possam conhece-la, fazer contribuições e se juntar aos apoios
a sua implementação.

9. Artigos em elaboração

Desde o início das atividades de pesquisa tenho trabalhado na produção de cinco


artigos, em paralelo. Dentre estes, três são com a participação de outros pesquisadores:

● Artigo acerca dos resultados da pesquisa PUB USP “Transformação de resíduos


sólidos construção civil para a produção de tijolos”, em colaboração dos
Professores Reginaldo Ronconi, José Baravelli e Fernando Palermo Simões,

140
bem como as estudantes de graduação bolsistas Barbara Camuce Santana,
Lorena Guimarães Ávila Bernardes e Deborah Oliveira Caseiro. Encontra-se
em elaboração. Não foi finalizado pois os relatórios de pesquisa com os dados
finais dos ensaios de carga do Laboratório de Engenharia Civil da POLI USP
ficaram prontos no mês de agosto de 2019, e no presente momento estão sendo
incorporados à introdução do artigo – que se encontra anexa. O próximo passo,
após sua montagem única é realizar breve seminário interno de leitura e
consolidação do escrito. Diante deste processo coletivo, espera-se tê-lo pronto
em outubro de 2019 para inscrição em processo seletivo de revista
correspondente.

● O artigo intitulado "O Desenho no Canteiro: o projeto de arquitetura


elaborado por construtores", trabalho que resume os resultados da pesquisa de
pós-doutorado de 2018, em elaboração junto do estudante de graduação em
história Gabriel Lopes Coelho, encontra-se em fase de transcrição de
entrevistas. Programamos sua finalização para fevereiro de 2020, para inscrição
em revista correspondente.

● Artigo em elaboração em parceria com professores do Habis - Grupo de


Pesquisa em habitação e Sustentabilidade - IAU USP: Prof. Dr. João Marcos de
Almeida Lopes, Thiago Ferreira Lopes e Akemi Ino, intitulada: “Os Canteiro
Escola e o ensino da arquitetura".Trata-se da consolidação do debate acerca
dos métodos, objetivos e resultados dos "canteiros escolas" organizados nos
últimos anos. O escrito seria base importante para que se possa realizar tais
atividades a partir de uma sistemática comum em ações pedagógicas futuras de
"residência em arquitetura e urbanismo". Após o término do canteiro escola de
construção com bambus, em realização no presente momento no IAU USP,
daremos andamento ao escrito comum. A partir da verificação das agendas do
grupo, pretende-se terminá-lo em março de 2020, para inscrição em revista
correspondente.

Os dois artigos em elaboração apenas com minha participação são acerca da


sistematização e crítica de duas ações de pesquisa em andamento:

141
● Pesquisa nacional de residências e atividades de extensão em ATHIS: gerará
bases quantitativas para artigo que partirá dos debates e informações já
organizadas de modo qualitativo no presente relatório. Com esta adição, de
informações quantitativas e mais amplas da pesquisa em andamento junto ao
Observatório das Metrópoles e IPPUR/UFRJ, bem como de mais informações
resultantes dos questionários a serem enviados para os egressos dos quatro
cursos base: UFBA, USP, CPPATHIS e UEPG, bem como para coletivos de
extensão universitária acerca da necessidade ou não de residentes, planejamos
que tenhamos aqui um artigo "de fôlego", que possa nos apresentar o "estado
da arte" acerca dos cursos de residência existentes, as necessidades para sua
ampliação e os limites para sua expansão. Temos como meta sua finalização
para que possa ser apresentado e publicado no seminário a seguir, ou seja, abril
de 2020.

● Seminário nacional de residências em arquitetura e urbanismo, a ser realizado


em abril de 2020 no Rio de Janeiro. Neste texto pretendo relatar o todo do
seminário com seus debates acerca da realidade dos cursos, seus limites e
perspectivas, tendo como norte a defesa do Programa Estadual de Residência
em Arquitetura e Urbanismo Públicos e de Interesse Social acima apresentado
e a publicização de uma “agenda para sua efetivação”. Deverá ser publicado em
revista que compreenda o tema, e possa impactar na comunidade que debate o
tema.

Como antes já ponderado, as duas ações de pesquisa tiveram avanços importantes, mas
necessitam de mais tempo para sua conclusão, conforme justificado e explicitado, dado que
para serem finalizadas dependem de processos mais lentos que o inicialmente programado.

142
V. Justificativa, Ações e Cronograma de Pesquisa: novembro 2019 a outubro 2020

Justificativa

De modo objetivo, avalio que, observando a presente consolidação dos dados,


informações e avaliações iniciais acerca das experiencias de residência no país, bem como
de cursos de curta de duração em ATHIS, dos avanços com a organização do seminário
nacional, da proposta de programa estadual de residência, das orientações em extensão,
pesquisa e ensino, aqui registrados, mesmo que de modo suscinto, os feitos são satisfatórios,
e demonstram em cada uma das ações a importante e necessária continuidade da pesquisa até
o mês de outubro de 2020.
Os termos de justificativa acerca do tema, do objeto, do objetivo, do método e
resultados esperados detalhados da pesquisa, bem como da justificativa para sua relevância
encontram-se organizados de modo estruturado no projeto de pesquisa, anexo ao presente
relatório.
Assim mesmo, o que posso já afirmar é que essas mesmas ideias - questões e hipóteses
inicialmente levantadas - presentes no projeto de pesquisa, após um ano de trabalho integral
e intenso, podem já ser compreendidas com ainda maior solidez, força e tranquilidade acerca
da importância e relevância social das "Residências em Arquitetura e Urbanismo Públicas e
de Interesse Social" para o ensino da arquitetura no país.
Nesse sentido, de consolidação de um processo em pleno andamento - e crescente - é
que apresento a seguir as atividades de pesquisa planejadas e esperadas para o próximo ano
de atividades.

Ações de Pesquisa

A) Atividades junto a FAU USP:


Apoio em disciplinas de graduação do primeiro ano – AUT 141 e 148, com a
finalização de seu pró-memória; apoio e orientação de pesquisas tecnológicas de base
no canteiro experimental acerca da produção de tijolos de resíduo - cimento; apoio e
orientação de três projetos de extensão universitária junto a grupos de estudantes de
graduação com perspectiva de incorporação de residentes no ano de 2020 na
comunidade do "Irmã Alberta", "ENFF" e "Nova sede do Armazém do Campo em São
Bernardo do Campo"; contribuição com as atividades do convênio da FAU USP com
143
o Instituto das Cidades/UNIFESP para consolidação do Plano Político Pedagógico das
"Grandes Oficinas"; contribuição com o curso de especialização CPPATHIS 2020
junto à Assessoria Técnica Peabiru e à comunidade do "Jardim União"; coordenação
do Intercâmbio Científico e Cultural do Brasil com a França – Les Grands Ateliers e
eventual orientação de novas iniciações científicas e trabalhos finais de graduação.

B) Levantamento Nacional de Residências em Arquitetura e Urbanismo e experiências


de ATHIS em escolas de arquitetura e urbanismo:
Finalização da apuração e avaliação final dos dados coletados pelo questionário
nacional em plena vigência junto ao Observatório das Metrópoles e IPPUR/UFRJ;
avaliação dos dados, envio de questionário aos egressos dos cursos de residência da
UFBA, da FAU USP, do CPPATHIS FAU USP e UEPG, bem como à grupos de
extensão de maior destaque e importância de método pedagógico e resultados, para
verificação da pertinência de bolsistas residentes contribuírem com os trabalhos em
seus espaços. Consolidação dos dados e realização de avaliação crítica acerca do estado
da arte percebido: linha condutora para elaboração de amplo artigo a ser apresentado
no seminário nacional em organização.

C) Seminário/Fórum Nacional de Residência em Arquitetura e Urbanismo:


Coordenação da organização do seminário, junto aos pares professores da FAU USP e
UFBA, com a realização de pedido de recursos; divulgação e convocação; seleção e
organização das apresentações; contratação de serviços, espaço e infraestrutura.
Elaboração de relatório para divulgação dos resultados por meio eletrônico, bem como
por meio de artigo.

D) Consolidação do Programa Estadual de Residência em Arquitetura e Urbanismo


Públicos e de Interesse Social:
Continuidade da promoção de reuniões para sua apresentação, debate e incorporação
de sugestões junto a professores das demais Universidades: Unicamp, IFSP, UNESP e
IC/UNIFESP, para sua consolidação e composição do “Conselho do Programa”, de
modo que se possa ampliar e efetivar o apoio do CAU/SP ao programa por meio de
bolsas de residência, em caráter estratégico. Contribuição com a criação das normas e
trâmites organizativos institucionais do programa para que possa quanto antes dar
início a sua primeira edição.
144
E) Relatório final de pesquisa
Elaboração de relatório conclusivo da pesquisa, com cópias dos artigos publicados,
resultados de todos eventos realizados e avaliação crítica e propositiva final.

Cronograma de atividades: novembro de 2019 a outubro de 2020

2019 2020
nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out
Atividades
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A Atividades
FAU USP
B Levanta/o
nacional
C Seminário
Nacional seminário
D Programa
Estadual
E Relatório
final

VI. Bibliografia

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http://www.caubr.gov.br/ - artigos diversos sobre o tema da assessoria técnica em HIS.
150
ANEXOS

1. Projeto de pesquisa de Pós-Doutorado para FAU USP em outubro de 2018


2. Programa do curso CPPATHIS FAU USP 2019
3. Painel de apresentação do curso CPPATHIS para o prêmio ARQUISUR
4. Projeto extensão universitária PUB USP 2018 e 2019 acampamento Irmã Alberta
5. Projeto extensão universitária PUB USP 2019 e 2020 acampamento Irmã Alberta
6. Relatório extensão universitária PUB USP 2018 e 2019 acampamento Irmã Alberta
7. Relatório de atividades PUB USP 2018 e 2019 memorial democracia ENFF
8. Projeto extensão universitária PUB USP 2019 e 2020 memorial democracia ENFF
9. Projeto extensão universitária PUB USP 2019 e 2020 comercio produtos ref. agraria
10. Relatório de pesquisa PUB USP 2018 e 2019 resíduos sólidos const. civil
11. Artigo em elaboração pesquisa resíduos sólidos const. civil
12. Programa da disciplina FAU USP AUT 148 – Construção II
13. Produto I TFG de Danilo Costa
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Projeto de Pesquisa para Bolsa de Pós-Doutorado


Programa Nacional de Pós-Doutorado - PNPD / CAPES 2018

“Residência profissional de arquitetura e urbanismo em habitação social:


abordagem a partir de canteiros experimentais com baixo impacto ambiental”
candidato à bolsa: Arq. Dr. Francisco Toledo Barros Diederichsen

RESUMO
O presente projeto de pesquisa de pós-doutorado pretende aprofundar e ampliar o debate crítico sobre expe-
riências pedagógicas alternativas que buscam diminuir a distância entre a formação universitária de arquite-
tos e urbanistas e sua prática profissional. Dentre as recentes experiências de aprendizado identificadas, des-
tacam-se as residências profissionais e os projetos de extensão universitária - espaços privilegiados de vivên-
cia do diálogo entre professores, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação com construtores,
comunidades organizadas e órgãos públicos para a realização de projetos e obras de habitações de interesse
social com baixo impacto ambiental. Tais experiências formativas indicam possibilidades de consolidação e
aprofundamento do conhecimento técnico aliado a vivência de trabalhos socioambientais. Realizadas no
Brasil e em outros países, são alternativas de aprendizado que carecem de sistematização e debates sobre
seus resultados. A pesquisa pretende se aprofundar no registro e crítica das experiências realizadas e em rea-
lização à luz da bibliografia, para publicização e debate dos resultados em seminário nacional. Seu objetivo
último é contribuir com a formulação de um programa de Residência Profissional de Arquitetura e Urbanis-
mo em Habitação de Interesse Social na FAU USP.

palavras chave: ensino de arquitetura e urbanismo; residência profissional em arquitetura e urbanismo;


habitação de interesse social; canteiro experimental; construção com baixo impacto ambi-
ental.
1) Introdução e justificativa da relevância do tema:

O título da presente pesquisa apresenta o tema e o objetivo com que se pretende aqui trabalhar: contribuir
para a criação de um programa de residência profissional de arquitetura e urbanismo em habitação social,
que se realize a partir de canteiros experimentais com baixo impacto ambiental. A hipótese a ser verificada é
a necessidade e consequente possibilidade da construção coletiva de um programa de residência com tal
tema e pressupostos de método.
Para tanto, a tarefa inicial que se coloca é a realização de uma análise crítica acerca das recentes experi-
ências pedagógicas aplicadas na formação de arquitetos e urbanistas voltadas para o campo da habitação
social. É notória a existência de experiências que trilham nesse sentido, dentre elas, destacam-se as residên-
cias profissionais1 e os projetos de extensão universitária2, com apoio de canteiros experimentais3 e geração
de inovações tecnológicas de baixo impacto ambiental.
Ao que parece, seus resultados são qualitativamente importantes e inovadores, mas quantitativamente in-
suficientes diante do objetivo de impactar os rumos da profissão e, por consequência, o suprimento das ne-
cessidades sociais4 por habitação, a qualificação do trabalho nos canteiros de obras e diminuição do impacto
ambiental. Partindo-se de sua relevância social, tais experiências deveriam ser melhor conhecidas para serem
ampliadas. Quantas são? Como são implementadas? Qual seu impacto? Atualmente não há meios para res-
ponder a estas questões, na ausência de um banco de dados nacional que organize e reúna tais experiências,
permitindo leitura mais global e elementos para o avanço e a criação de alternativas.
Indício da atualidade e importância do tema vê-se no título do último encontro nacional da Associação
Brasileira de Ensino de Arquitetura - ABEA: “Ensino e Aprendizagem presencial e o Papel Social do Arqui-
teto e Urbanista”. O foco era a crítica do ensino à distância, tendo como contraponto o ensino presencial e
práticas pedagógicas inovadoras como os canteiros experimentais e a elaboração de trabalhos no campo da
assistência técnica5 para a habitação de interesse social – ATHIS:
“(...) no caso da arquitetura e urbanismo, ocorrem em ateliers, laboratórios, canteiros experimentais e outros espaços vi-
venciais em que a relação professor-aluno e alunos-alunos se fazem necessárias, cujos espaços e respectivas atividades já

1 À luz da formação de profissionais da área de medicina, que dispõe da etapa formativa da “residência profissional” em hospitais universitá-
rios, a residência profissional em arquitetura e urbanismo - ainda uma inovação pedagógica do campo – indica ser importante espaço para a
aproximação da formação acadêmica às práticas profissionais. A primeira experiência nesse sentido é a da UFBA (GORDILHO-SOUZA).
2 Prática de aprendizado disseminada pelas escolas de arquitetura e urbanismo do país, que buscam aproximar a formação acadêmica a ações

aplicadas, principalmente em diálogo com “demandas sociais”. Atualmente, a Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura – FENEA,
dispõe de registros amplos sobre esses projetos, organizados anualmente no Seminário Nacional de Escritórios Modelos e Laboratórios de
Arquitetura – SENEMAU.
3Entende-se por canteiros experimentais espaços internos às faculdades de arquitetura que permitem a projetação e a construção experimen-

tal de elementos arquitetônicos. Sua apropriação pedagógica se dá principalmente nas disciplinas do curso de graduação (RONCONI). Outra
forma de sua apropriação é de apoio a projetos de extensão universitária, onde são realizados experimentos antes de serem aplicados em
edificações com função social.
4 O déficit habitacional nacional estimado em 2015 era de 6,355 milhões de moradias (FJP, 2018).
5 Utilizaremos aqui o termo "assistência" técnica pois é o utilizado pela legislação nacional. Temos de mencionar que o termo correto seria

"assessoria" técnica. O uso de "assistência" técnica dá margem ao entendimento de uma ação assistencial e assistencialista por parte do esta-
do, diante de famílias desprovidas de condições de trabalhar a produção de suas moradias. O que felizmente não é verdade. A experiência
indica que as pessoas sem moradia precisam apenas de assessoria técnica para acesso às políticas públicas de HIS.
estão previstos nas Diretrizes Curriculares devendo, portanto, serem observados por TODOS os cursos de graduação. Espa-
ços e atividades presenciais que demandam a incorporação de práticas pedagógicas inovativas que, somadas às tradicionais,
introduzem as plataformas e instrumentos digitais hoje disponíveis. (...) O ensino da Arquitetura e Urbanismo deve propici-
ar o equilíbrio entre teoria e prática através de um currículo concebido com base no princípio de convergência entre as situ-
ações em sala de aula com as práticas profissionais e extensão universitária, como a assistência técnica. O princípio desta
formação tem como ponto de partida a visão da arquitetura e urbanismo no campo da interdisciplinaridade dos conteúdos,
um de seus aspectos fundamentais. Procura-se praticar a “aula fora da sala de aula” onde atividades do ensino e prática pro-
fissional se fazem atuando-se junto à comunidade de forma a introduzir os alunos na realidade local, interagindo com os
problemas cotidianos de atuação do futuro arquiteto e urbanista” (texto apresentação XXXVI ENSEA,
http://www.abea.org.br).

A ATHIS, aparece em 2001 - Estatuto das Cidades - como integrante de políticas públicas nacionais. A
primeira experiência6 de ATHIS como política pública ocorreu em 1977, pelo Sindicato dos Arquitetos do
Rio Grande do Sul. Desde então, centenas de experiências pontuais foram realizadas pelo país7. No Estatuto,
ela consta como instrumento da política urbana (artigo quarto, inciso “r”), como um dos institutos jurídicos e
políticos: assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos.
(Lei no. 10.257 /2001). Em 2008 a política de ATHIS ganhou lei nacional específica, onde já consta a resi-
dência acadêmica como um dos meios para sua implementação, por meio de parcerias e convênios:
“Art. 4o Os serviços de assistência técnica objeto de convênio ou termo de parceria com União, Estado, Distrito Federal
ou Município devem ser prestados por profissionais das áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia que atuem como:
(...) III - profissionais inscritos em programas de residência acadêmica em arquitetura, urbanismo ou engenharia ou em
programas de extensão universitária, por meio de escritórios-modelos ou escritórios públicos com atuação na área.
(...) Art. 5o: Com o objetivo de capacitar os profissionais e a comunidade usuária para a prestação dos serviços de assis-
tência técnica previstos por esta Lei, podem ser firmados convênios ou termos de parceria entre o ente público responsável
e as entidades promotoras de programas de capacitação profissional, residência ou extensão universitária nas áreas de ar-
quitetura, urbanismo ou engenharia”. (Lei no.11.888/88).

Desde sua promulgação em 2008, apenas a UFBA implementou a ATHIS por meio da residência, um
curso de pós-graduação lato sensu iniciado em 2013. A experiência se encontra na 3a. edição e é exemplar
para todo o país. Seus desdobramentos são claros se observados os convênios que a UFBA firmou com a
UFPB e a UNB, para também realizarem experiências similares. A experiência foi documentada e publiciza-
da em artigos e apresentações em eventos com o tema da ATHIS ou o ensino de arquitetura, pois não há ain-
da um espaço de debate específico sobre residência em arquitetura e urbanismo.
Na apresentação no II Seminário de ATHIS promovido pelo CAU em 2016, Gordilho-Souza, professora
coordenadora da residência da UFBA, relata que o curso tem duração de 14 meses, conta com 54 professo-
res, possui carga horária média de 1200 horas e abrange, além do curso de capacitação teórica, trabalho de
campo para a assistência técnica e elaboração de projetos, promovendo aprimoramento da formação profis-
sional ao mesmo tempo em que amplia o acesso a recursos públicos para a habitação de interesse social. A

6 Programa de Assistência Técnica e Moradia Econômica – ATME.


7 A origem da realização da assessoria técnica é recontada por RONCONI, em dissertação de mestrado acerca do programa municipal FUNAPS
comunitário, programa público qual contribuiu, como coordenador, na gestão municipal de São Paulo de 1989 a 1992. Segundo RONCONI as
mais de 20 assessorias técnicas à época criadas tiveram elas mesmas de ser o espaço de formação para esse novo “saber fazer”, que foi inici-
almente maturado internamente às faculdades de arquitetura, como a Faculdade Belas Artes, com Laboratório de Habitação, em 1982 (RON-
CONI, 1995, pág.95). O SASP em 1987 organiza o primeiro encontro de assessorias técnicas. No âmbito das políticas estaduais a CDHU tem
realizado também ações neste sentido junto aos programas de mutirão autogerido.
mesma autora, em texto anterior, havia mencionado a necessidade de debate entre as experiências nacionais
de modo conjunto para o fomento de uma rede interativa de referências:
“Nesse novo contexto, outras experiências similares começam a despontar em faculdades de arquitetura e urbanismo no
Brasil, fazendo-se necessário discutir conjuntamente as possibilidades que se firmam nesse sentido. A sessão temática ora
proposta tem como objetivo principal promover o diálogo entre instituições universitárias com trajetórias de atuação nessa
área, na perspectiva de fortalecer a troca de experiências e fomentar uma rede interativa de referências. Visa também, com
base nas experiências em curso de implementação de residências profissionais na pós-graduação da área, fortalecer a inser-
ção dessa especialização e áreas afins, contribuindo assim para potencializar capacitação, projetos e inovação, com ênfase
na melhoria do ambiente construído, buscando-se uma maior escala de atuação nessa área, tão demandante de profissio-
nais”. (GORDILHO-SOUZA, 2015).

Desse modo, a autora retoma a problemática inicial de pesquisa: contribuição com a necessária “discussão
conjunta” nacional, para sua melhor qualificação, com o devido rigor científico e crítico. Há diversas ques-
tões a serem debatidas e avaliadas nessas experiências. Por exemplo, nos produtos da residência da UFBA,
vê-se a qualidade dos projetos das moradias e dos processos para sua elaboração. Mas quais e quantos foram
edificados? Por que as atividades de construção não fazem parte do curso? Como compatibilizar com o tem-
po da construção? Segundo a professora, os produtos dos cursos são “projetos multidisciplinares com poten-
cial de execução” para contratação de projetos executivos e obras. Mas, se a residência em arquitetura se
espelha nas residências médicas, ela não deveria também executar o projeto das edificações? Não construir
os projetos seria como apenas deliberar entre os residentes de medicina e seus professores o que fazer com o
paciente, e não realizar a cirurgia, momento que completa a vivência pedagógica.
A partir dessa perspectiva é importante debater meios de inserir nos cursos as atividades de canteiro. Em
dissertação, Fernando Minto, quando pesquisador do Laboratório de Culturas Construtivas / Canteiro Expe-
rimental da FAU USP, grupo onde a pesquisa se insere, avança no entendimento da questão:
“O arquiteto tem de exercitar o raciocínio a fim de “prever” surpresas. Tem que desenvolver habilidades para conhecer
a realidade das construções e ter liberdade ao projetar. Para que ele conheça com propriedade as contingências inerentes à
função de uma dada arquitetura, basta exercitar o projeto, basta conhecer a sociedade com a qual está trabalhando e quais
os desejos e as demandas daqueles que vão usar tal educação. Mas para conhecer a fundo as possíveis surpresas decorrentes
da concreção, tem de praticar a construção propriamente dita.
Para que o arquiteto, sujeito da ação criativa do projeto, esteja pronto para as devidas “tomadas de decisão” no projeto,
ele deve percorrer um caminho muito bem trabalhado de maturação e de labor na sua formação. Este caminho deve levá-lo
a um estado de emancipação e equipá-lo com intuição suficiente para que suas obras respondam, com sucesso, a tais solici-
tações”. (MINTO, 2009, pág. 11).

Devido à relevância pedagógica da residência, há debates em curso, inclusive, sobre sua obrigatoriedade
nos cursos de arquitetura e urbanismo, assim como nos cursos de medicina, constituindo um programa naci-
onal. Se observarmos as “Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Arquitetura e Urbanismo” vigen-
tes (2010), dentre as atribuições e conhecimentos necessários há menção a direitos sociais, como a habitação
e a necessidade de redução do impacto ambiental para a produção do espaço, mas nada acerca da ATHIS.
Sobre a residência, ou canteiros experimentais, também não há referência.
O IAB e a FNA também vêm contribuindo com políticas de formação em ATHIS. Em 2009 o IAB publi-
cou o “Manual para a Implantação da Assistência Técnica Pública e Gratuita a Famílias de Baixa Renda para
Projeto e Construção de HIS”, que menciona haver 7.000 egressos por ano nos cursos de todo o país, e que
poderiam atuar com a ATHIS, se tivessem formação para tanto.
Também em 2009, publicação da FNA/CUT, menciona haver diversas ações para diminuir o déficit naci-
onal de moradia, e a primeira tarefa dos profissionais projetistas consiste em “saber e aplicar”, e para tanto:
“Qualificar-se para trabalhar com programas de Habitação de Interesse Social, de regularização fundiária
e de erradicação de assentamentos precários” (Revista Projetar, FNA/ CUT, 2009, pág. 18).
A mesma FNA publicou em 2014 “Assistência Técnica e Direito à Cidade”, que debate a política pública
de ATHIS no Rio de Janeiro, e traz à tona ação de formação da UFF. A experiência indicou haver limites em
cursos que não tenham foco práticas de canteiro para edificação das moradias:
“(...) concluímos que, se entendêssemos a elaboração dos projetos como uma fase concluída do processo, atingiríamos
um número muito limitado de famílias que se apropriariam daquele material, daquelas informações, e que conseguiam a
partir dali executar as suas reformas. (...) então percebemos que o trabalho só se conclui com a obra executada e, nesse sen-
tido, criamos uma série de instrumentos para viabilizá-las. Com a prática entendemos que os pilares para a melhoria habita-
cional são a Assistência Técnica para projeto e obra, a mão de obra qualificada e a viabilização econômica (...) o que revela
um dos pontos de fundamental atenção em futuras experiências de reaplicação da metodologia. (Mariana Estevão, FNA,
2014, pág. 126).

Em 2015 - o CAU e o IAB de Alagoas organizaram um curso, intitulado “Capacitação Arquitetando o


Desenvolvimento da Gente”, voltado para arquitetos no campo da ATHIS, mas sem participação da univer-
sidade, e formou 50 profissionais. Desde 2017 o CAU aplica 2% dos recursos de seu orçamento para o fo-
mento de políticas públicas de ATHIS, através de editais. A UFG foi recentemente contemplada, com um
projeto para a realização de atividades de projetos e obras de reformas com estudantes de graduação e pro-
fessores. O projeto de extensão universitária tem dado resultados, mas faltam profissionais mais experientes
para sua implementação, o que seria alcançado com a participação de residentes. Em junho de 2018, o
CAU/SP selecionou em edital8 duas propostas a serem implementadas em parceria com a FAU e IAU USP.
A crescente ampliação de experiências como as elencadas coincide com a hipótese de pesquisa, da neces-
sidade de criação de uma residência em HIS com atividades de canteiro experimental - local do exercício
pedagógico das idiossincrasias da construção da arquitetura – como espaço necessário à formação (RON-
CONI 2002). Para melhor compreender essas atividades formativas, a assessoria técnica Peabiru realizou em
2017 levantamento no estado, cujos resultados compõem um “banco de experiências”; a exemplo do que se
pretende realizar, com alcance nacional. Há material a ser sistematizado e analisado para compor uma leitura
nacional sobre os avanços e limites do ensino dessa dimensão do conhecimento arquitetônico.
Como exemplo da mobilização acadêmica recente acerca da temática da residência e dos canteiros expe-
rimentais, citamos o recém-criado Instituto das Cidades da UNIFESP, onde haverá um curso de Arquitetura
e Urbanismo, na Zona Leste de São Paulo. Segundo o Plano Político Pedagógico - PPP, considerado inova-
dor, a residência possui papel fundamental, com o Programa de Residência em Cidades - PRC:

8
Contribuí com a elaboração deste edital como consultor especialista da universidade, na comissão especial de ATHIS.
“Prevê-se no PRC que os estudantes trabalhem com políticas públicas urbanas, em diferentes espaços e com objetivos
diversos, enfrentando situações concretas a partir dos aprendizados e experiências proporcionados ao longo de sua forma-
ção no IC. O PRC será realizado após a graduação (...). Essa aproximação efetiva da Universidade com as administrações
públicas proporciona experiências significativas para a formação teórico-prática dos graduados, articulando formação inici-
al e continuada, além de propiciar a identificação de problemas consistentes para pesquisas em nível de mestrado e douto-
rado” (PPP do IC, 2016, pág. 33).

No futuro Instituto o canteiro experimental deverá ser espaço de relevância, pois uma das linhas de for-
mação se denomina “Construção, Canteiro e Produto”, e mobilizará temas transversais, onde o ato de cons-
truir no canteiro atravessa o ensino e pesquisa. O referido PPP menciona que um dos “Espaços Pedagógicos
Integrados de Ensino” será o das “Grandes Oficinas”, e deverá abrigar o canteiro experimental.
E a FAU? Em 2008, quando diretor do Departamento de Provisão Habitacional da Prefeitura de Taboão
da Serra, redigi junto da Comissão de Cultura e Extensão o que seria um programa de residência em HIS.
Reuniões foram realizadas, mas não foi implementada por falta de recursos da prefeitura. Na ocasião, parti-
cipei do II Seminário Nacional de ATHIS, do Ministério das Cidades, com o objetivo de compartilhar do
programa em elaboração. À época, o debate sobre a residência era ainda mais rarefeito.
Na própria FAU USP, em 2015 e 2016 já foi oferecido um curso de residência na área de planejamento e
gestão urbana, coordenada pela Profa. Maria Lucia Refinetti Martins, do LabHab FAU USP, grupo parceiro
na presente pesquisa. Os 32 residentes bolsistas cursaram 1920 horas de atividades teóricas e práticas de
elaboração dos Planos Regionais das Subprefeituras do Município de São Paulo.
Em ‘seção livre’ do XVII encontro da ANPUR, intitulada: “Universidade propositiva em tempos de crise:
por uma política de Assistência Técnica Articuladora de novos caminhos pelo direito à cidade”, João Mar-
cos Lopes e Akemi Ino, do Habis - grupo de pesquisa em habitação e sustentabilidade do IAU USP, grupo
parceiro na presente pesquisa, participaram com a apresentação: “Por uma política de intervenção pública
universitária no contexto da produção do ambiente habitado”. Os autores citam experiências pedagógicas
que têm realizado e debatem “aporias” enfrentadas, seus limites, deficiências, falhas e desvios:
“Verdade é que diversas iniciativas foram e vêm sendo promovidas, tanto no contexto da prática curricular – ou para-
curricular (a experiência dos Laboratórios de Habitação, por exemplo) – como no âmbito da pós-graduação ou formação
complementar (notadamente aquelas proposições que envolvem o ensaio prático de perscrutações teóricas ou as residências
profissionais) e da extensão (como os Escritórios Modelos, iniciativa autônoma de alunos de graduação, ou os projetos de
assistência técnica universitária). No entanto, cabe problematizar alguns aspectos dessa aparente vocação: a desarticulação
entre essas iniciativas, seu descolamento dos conteúdos disciplinares tradicionais, a aura assistencialista ou voluntarista que
anuvia tais ações, o total descompasso entre os tempos da pesquisa (e mesmo da extensão) e aqueles das incertezas cotidia-
nas do embate público etc. Revisitando experiências do HABIS, IAU USP – o qual coordenamos –, pretendemos compor
elementos para o debate daquilo que acreditamos necessário discutir para atravessar aporias e estabelecer uma verdadeira
política de intervenção universitária nas dinâmicas de produção da cidade.”. (XVII ANPUR, 2017, anais, “seção livre”).

Outra referência sobre o tema é a tese de Minoru Naruto, “Repensar a formação do arquiteto”. Ali encon-
tram-se críticas ao método de ensino “disciplinar”, calcado em exercícios abstratos de projeto, como identifi-
cado em faculdades como a FAU USP. O autor considera que o ato de projetar caminha no sentido inverso
do seccionamento do conhecimento em disciplinas, concluindo ser necessário o exercício formativo em es-
truturas não disciplinares, formato promovido pela prática de projetos vinculados a necessidades sociais re-
ais, com poder real de síntese, no caso, disciplinas optativas aliadas a projetos de extensão universitária,
compondo sua indissociabilidade com o ensino e a pesquisa:
“É importante reiterar que o trabalho com uma problemática concreta, em estreito contato com a realidade e comprome-
timento com a produção de resultados que possam contribuir para uma pesquisa institucional foi, e sempre será a fonte da
motivação e do empenho dos alunos e condição para um aprendizado mais maduro e responsável por parte do futuro profis-
sional. Além disso, o caráter eminentemente social do problema trabalhado certamente foi um incentivo para a adesão sig-
nificativa dos alunos à optativa e para sua conscientização com relação às possibilidades de uma ação social na prática da
arquitetura”. (NARUTO, pág. 103).

Naruto apoia-se no método pedagógico das residências, pois as disciplinas analisadas eram realizadas por
professores e profissionais recém-formados, pesquisadores dos laboratórios, com função de residentes.
Pelo apresentado, reitera-se a relevância da implementação das residências em arquitetura e urbanismo,
para o avanço da formação teórica e prática de arquitetos e urbanistas no âmbito da habitação social com o
apoio didático de canteiros experimentais, com a perspectiva de construir conhecimento através da busca de
soluções para problemas ambientais e sociais, desenvolvendo novas tecnologias. Esse espaço pedagógico
certamente contribui para a formação dos residentes e de todos os envolvidos: professores, pesquisadores,
estudantes de graduação, pós-graduação, construtores e comunidade usuária.

2) Objetivos
Pretende-se com a presente pesquisa impulsionar de forma decisiva e qualificada o processo de elabora-
ção e implementação de um programa de residência profissional em habitação de interesse social na FAU
USP, em parceria com o IAU USP e o Instituto das Cidades da UNIFESP. Para tanto, as metas encontram-se
delimitadas, para que a presente ação não se disperse no amplo processo de sua tramitação, que certamente
se estenderá além do período de pesquisa.
A primeira ação da pesquisa será a criação de um banco de dados público - de registro das experiências
de residência e projetos de extensão universitária no âmbito da HIS nas faculdades de arquitetura e urbanis-
mo do país. A partir disso, pretende-se criar as bases para a constituição de uma rede nacional de reconheci-
mento mútuo. Com os dados levantados, poderemos verificar seus objetivos, métodos pedagógicos, proces-
sos, características gerais, problemáticas enfrentadas e resultados. A partir deste produto pretende-se tecer
análise crítica de suas características, o “estado da arte” das experiências.
A segunda ação da pesquisa será a organização de um seminário nacional acerca do tema da residência
em arquitetura e urbanismo e práticas pedagógicas inovadoras. Deverão ser convidados representantes de
experiências universitárias identificadas na primeira ação, com apresentação de pôsteres e trabalhos. Neste
seminário pretende-se apresentar os resultados do banco de dados bem como o artigo de análise das experi-
ências. Na ocasião pretende-se lançar a rede nacional de residência em arquitetura e urbanismo.
A terceira ação de pesquisa será a elaboração de uma proposta de Plano de Curso para o programa de re-
sidência em HIS de FAU, IAU e UNIFESP, onde constarão objetivos, conteúdos, materiais, métodos peda-
gógicos, estratégias, etapas, bibliografia, quantidade de educandos, seleção de educandos, professores parti-
cipantes, formas de avaliação, produtos e custos - bolsas e afins.

3) Materiais e métodos
I. Levantamento nacional de experiências: Utilizaremos a base de dados da pesquisa elaborada por RON-
CONI, doutorado (2002), onde verificou-se a presença/ausência e características dos equipamentos pedagó-
gicos nas escolas. Para sua atualização, utilizaremos o banco de dados da ABEA e da FENEA, aplicando
questionário amplo, com informações acerca de residências e experiências práticas no campo da HIS. O pa-
râmetro para categorização das experiências será o de “ações pedagógicas dialógicas” definidas na disserta-
ção de mestrado elaborada pelo pesquisador. Como exemplo, segundo maior ou menor aproximação das
atividades de prática profissional, dentre outros. Complementarmente, será visitada bibliografia sobre o te-
ma, inclusive acerca de experiências internacionais. O banco de dados das experiências será ser publicado
em sítio eletrônico. Sua avaliação se dará com a medição de visitas e citações em trabalhos acadêmicos.
II. Seminário nacional de residência em arquitetura e urbanismo: para sua organização aplicaremos a ex-
periência adquirida pelo pesquisador em atividades prévias, ao longo de sua trajetória acadêmica. A partici-
pação nos fóruns da ABEA, CAU, FNA, IAB, SASP e FENEA ocorrerá para sua articulação, com o princí-
pio da publicidade e universalização da participação, via meios eletrônicos de comunicação e registro. Para
sua realização buscaremos recursos em agências de fomento. A avaliação do seminário poderá se dar junto
dos participantes do evento, com a aplicação de breve questionário.
III. Plano de Curso do Programa de Residência: Será elaborado a partir do Seminário, com contribuições
de professores das três unidades de ensino, por meio de métodos coletivos de discussão e deliberação. As
atividades também contarão com a participação de representantes de entidades das demandas sociais por
moradia urbana e rural, bem como do setor da construção, projetistas e construtores, o CAU ABEA e órgãos
públicos correlatos. Professores especialistas da FEUSP também contribuirão com o processo.
Para a divulgação dos resultados pretende-se apresentar trabalhos em espaços de intercâmbio acadêmico
tais como seminários, congressos, dentre outros, com o tema da formação de arquitetos e urbanistas e de
políticas públicas de ATHIS. Pretende-se também participar de fóruns públicos de debate organizados por
entidades tais como ABEA, CAU, FNA, IAB, SASP e FENEA. Os artigos resultantes da pesquisa deverão
ser publicados em revistas e meios de intercâmbio acadêmico do campo, e espera-se contribuir com a elabo-
ração e possível implantação do programa de residência HIS na FAU, IAU e UNIFESP.

4) Cronograma
A) Atividades junto ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAU USP:
apoio em disciplinas; apoio a orientação de pesquisas; apoio em pesquisas; outras atividades.
B) Levantamento nacional de experiências de ATHIS em escolas de arquitetura e urbanismo:
levantamento prévio; elaboração e envio de questionários; visita a experiências no Brasil; elabora-
ção banco de dados, relatório crítico e elaboração de artigo.
C) Seminário nacional de residência de arquitetura e urbanismo na FAU USP:
pedido de recursos; divulgação e convocação; organização das apresentações; seminário; relatório
e divulgação dos resultados por meio de artigo.
D) Elaboração do Plano de Curso do Programa de residência em HIS:
reuniões com professores FAU, IAU e UNIFESP; reuniões com agentes externos.
E) Relatório final de pesquisa

2018 2019
nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out
Atividades
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A Atividades
programa
B Levanta/o
nacional visitas
C Seminário
Nacional seminário
D Plano de
Curso
D Relatório
final

7) Bibliografia
BARONE, Rosa Maria M. Canteiro – Escola. Trabalho e educação na construção civil. São Paulo:
EDUC/FAPESP, 1999.
BARROS, Francisco Toledo. Mas como, não importa, é belo! Construção e desenho do ambiente: um espaço
de (re)união. Trabalho final de graduação. São Paulo: FAU USP, 2004.
_______________. Formação profissional na construção civil: experiências em busca da 'desalienação' do
trabalho. São Paulo: Dissertação de mestrado, FAU USP, 2012.
_______________. Formação profissional dos trabalhadores da construção civil: o canteiro de obras e a
emancipação social. Tese de doutorado. São Carlos: IAU USP, 2017.
BONDUKI, Nabil Georges. Criando territórios de utopia: a luta pela gestão popular em projetos habitacio-
nais. Dissertação de mestrado. São Paulo: FAU USP, 1987.
BRANDÃO, Carlos R. Repensando a Pesquisa Participante. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1984.
CARVALHO, Caio Santo Amore de; CARDOSO, Fernanda. Assessoria e assistência técnica para habitação de
interesse social no Brasil. Barcelona: XV Colóquio Internacional de GeocríticaLascienciassociales y laedificación de
una sociedad post-capitalista, 2018.
FNA. Assistência Técnica e Direito à Cidade. Rio de Janeiro: CAU/RJ e FNA, 2014.
FERREIRA, Thiago. Arquiteturas vernáculas e processos contemporâneos de produção: Formação, experi-
mentação e construção em assentamento rural. Doutorado. São Carlos: IAU USP, 2016.
FERRO, Sérgio. Arquitetura e trabalho livre. São Paulo: Cosacnaify, 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2004.
FUNDAÇÃO JOAQUIM PINHEIRO. Déficit Habitacional - Brasil 2015. B. Horizonte: FJP, 2018.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da práxis. São Paulo: Cortez Editora, 2004.
GORDILHO – SOUZA, Ângela. Assistência técnica em rede: uma perspectiva da residência profissional em
arquitetura e urbanismo. Belo Horizonte: Sessão Livre – XVI ENANPUR, 2015.
GORZ, André. Crítica da divisão do trabalho. São Paulo, Martins Fontes, 1980.
IC, Unifesp. Plano Político Pedagógico do Instituto das Cidades. São Paulo: UNIFESP, 2016.
IAB, Manual para a Implantação da Assistência Técnica Pública e Gratuita a Famílias de Baixa Renda para
Projeto e Construção de Habitação de Interesse Social. Brasília: IAB, 2010.
LEITE, Maria. A aprendizagem tecnológica do arquiteto. Doutorado. São Paulo: FAU USP, 2005.
LOPES, João Marcos de Almeida. O mutirão autogerido como procedimento inovador na produção das mo-
radias dos pobres: uma abordagem crítica. In: CARDOSO, Adauto Lucio; ABIKO, Alex Kenia (Eds.). Procedi-
mentos de gestão habitacional para população de baixa renda. Porto Alegre: ANTAC, 2006. (Coletânea Habitare, v.5).
LOTUFO, Tomaz. Um Novo Ensino para Outra Prática: Rural Studio e Canteiro experimental - contribui-
ções para o ensino de arquitetura no Brasil. Mestrado. São Paulo: FAU USP, 2014.
MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo. Brasília:
MEC/CNE/CES, 2010.
MINTO, Fernando. A experimentação prática construtiva na formação do arquiteto. Dissertação de Mestrado.
São Paulo: FAU USP, 2009.
NARUTO, Minoru. Repensar formação do arquiteto. Tese de Doutorado. São Paulo: FAU USP, 2006.
OSEKI, Jorge Hajime. Arquitetura em construção. São Paulo: Mestrado, FAU-USP, 1983.
POMPÉIA, Roberto Alfredo. Os laboratórios de habitação no ensino de arquitetura: uma contribuição ao
processo de formação do arquiteto. Tese de doutorado. São Paulo: FAU USP, 2006.
PERCASSI, Jade. Educação popular e movimentos populares: emancipação e mudança de cultura política
através de participação e autogestão. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FEUSP, 2008.
RONCONI, Reginaldo L.N. Produção de Habitações em regime de mutirão com gerenciamento do usuário: o
caso do FUNAPS comunitário. Dissertação de Mestrado. São Carlos: EESC/USP, 1995.
__________________. Inserção do canteiro experimental nas faculdades de arquitetura e urbanismo. Tese de
doutorado. São Paulo: FAU-USP, 2002.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1998.

sítios eletrônicos visitados


http://www.athis.org.br/ - banco de dados das ações de ATHIS no estado de São Paulo. Peabiru e CAU/SP.
http://www.caubr.gov.br/ - artigos diversos sobre o tema da assessoria técnica em HIS.
CPPATHIS_2019 | Curso de Prática Profissionalizante em
Assessoria e Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAUUSP


Peabiru Trabalhos Comunitários E Ambientais - PEABIRU TCA

PROGRAMA
Setembro e Outubro/2018

Trâmites para aprovação do curso nos órgãos colegiados de extensão universitária da


FAUUSP e da USP

Novembro e Dezembro/2018

Inscrições e Processo seletivo de 25 candidatas e candidatos


inscrições on-line: de 01/11/2018 a 30/11/2018
seleção para as entrevistas: de 03/12/2018 a 07/12/2018
entrevistas: de 10/12/2018 a 14/12/2018
divulgação dos resultados da seleção: 21/12/2018

Janeiro e Fevereiro/2019 (4 semanas)

MÓDULO 1: Habitação de Interesse Social - déficit, inadequação, precariedades, carga


tipologias de assentamentos e políticas de intervenção horária

11/01-sex Aula teórica - Apresentação geral do curso e integração da turma 6


(Malu, Caio, Maria Rita, Doutoranda Larissa Viana e Suelen, Jurandir e
jovens moradores da comunidade)

12/01-sáb Visita a ocupações organizadas Mauá e 9 de julho no centro de São 4


Paulo

18/01-sex Aula teórica - Déficit habitacional: o problema e o falso problema (Caio) 6

19/01-sáb Visita à ocupação Jd. da União 6

25/01-sex FERIADO - ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO

26/01-sáb RECESSO

27/01-dom RECESSO

01/02-sex Aula teórica - Monica escalante sobre Moradia Digna na AL e Aula 6


sobre o caso da OUCAE (Malu)

02/02-sáb Visita a Edifício Corruíras e Favela Vietnã na Água Espraiada 4


08/02-sex Aula teórica - A diversidade da precariedade no Brasil e o desafio de 6
sua mensuração (Karina Leitão) e fechamento do módulo (Caio)

09/02- sáb não há programação de aula

14/02 voo de drone e reunião com membros da associação

Fevereiro, Março e Abril/2019 (9 semanas)

MÓDULO 2: Assessoria e Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social - carga


breve histórico, campo e lacunas de atuação horária

15/02-sex Aula - apresentação dos alunos sobre experiências athis 6

16/02-sáb JD DA UNIÃO - Atividades práticas 6

17/02-dom Reservado para auto-organização dos Grupos de Trabalho 3

22/02-sex Aula teórica - debate sobre lei de assistência técnica (Caio) 6

23/02-sáb JD DA UNIÃO - Atividades práticas 6

24/02-dom JD DA UNIÃO - Atividades práticas 6

01/03-sex FERIADO - CARNAVAL

02/03-sáb FERIADO - CARNAVAL

03/03-dom FERIADO - CARNAVAL

08/03-sex Aula teórica - Assessoria x assistência (José Baravelli) 6

09/03-sáb JD DA UNIÃO - Atividades práticas 6

10/03-dom JD DA UNIÃO - Atividades práticas 6

15/03-sex Aula teórica - Modelos de negócio social x assistência técnica (Gil 6


Barros)

16/03-sáb JD DA UNIÃO - Atividades práticas (Visita Técnica Profa. Luciana 6


Travassos - UFABC)

17/03-dom JD DA UNIÃO - Atividades práticas 6

22/03-sex Aula teórica - Melhorias habitacionais (Cláudia Coelho) 6

23/03-sáb Jd da União - Atividades Práticas 6

29/03-sex Desenvolvimento de projetos das frentes e reunião de todas 6

30/03-sáb JD DA UNIÃO - Atividades práticas (reunião comunitária, dia das 6


mulheres, com apresentação do grupo vocal ​As Joanas​ e Visita
Técnica da profa. Luciana Travassos - UFABC e profa. Andrea Arruda -
UFMT)

31/03-dom Reservado para auto-organização dos grupos de trabalho 3

05/04-sex Aula teórica - Campo Resistências e experiências da Peabiru- Profa. 6


Karina Leitão, Maria Rita Horigoshi, comentários de Andrei Massa

06/04-sáb JD DA UNIÃO - Atividades práticas 6

07/04-dom Reservado para auto-organização dos grupos de trabalho 3

12/04-sex Manhã - dinâmica de escuta com educador Cláudio Thebas 6


Tarde - aula sobre campo da produção autogestionária e debate de
fechamento do módulo - Prof Caio Santo Amore

13/04-sáb JD DA UNIÃO - atividades práticas 6


Tarde - dinâmica escuta com educador Cláudio Thebas e fotógrafo

14/04-dom Reservado para auto-organização dos grupos de trabalho 3


Reunião da frente de contenções com moradores das Quadras 10 e 16

19/04-sex FERIADO - SEMANA SANTA

20/04-sáb FERIADO - SEMANA SANTA

21/04-dom FERIADO - SEMANA SANTA

26/04-sex Aula teórica - Profa Denise Morado (UFMG) e Prof Bruno Cesar 6
Euphrasio de Mello (UFRGS), comentários do Prof João Rovati UFRGS

27/04-sáb JD DA UNIÃO - atividades práticas 6

28/04-dom Reservado para auto-organização dos grupos de trabalho 3

Maio e Junho/2019 (7 semanas)

MÓDULO 3: Políticas públicas, agentes e financiamento da política habitacional


de interesse social

03/05-sex Aula teórica - ​Entraves na regularização fundiária de interesse social ​- 6


Arq/Urb. Guilherme Carpintero
Tarde - conversa entre as frentes e auto-organização dos grupos de
trabalho

04/05-sáb JD DA UNIÃO - atividades práticas 6

05/05-dom Reservado para auto-organização dos grupos de trabalho 3

10/05-sex Aula teórica - Po​lítica e Programas Habitacionais - Estrutura 6


institucional e financiamento​ - Profa. Luciana Royer
Tarde - Conversa com prof. Sérgio Molina e auto-organização dos
grupos de trabalho

11/05-sáb JD DA UNIÃO - atividades práticas (Visita técnica prof. Sérgio Molina) 6

17/05-sex Aula suspensa e presença obrigatória​ n ​ o Fórum Regional de ATHIS e


Extensão Universitária (Inscrições:
https://www.athis.org.br/forum-athis/​)

18/05-sáb JD DA UNIÃO - atividades práticas 6

24/05-sex Aula teórica - Políticas Públicas e financiamento de intervenções 6


(habitação, urbanização, saneamento) - Profa. Luciana Royer
25/05-sáb JD DA UNIÃO - atividades práticas 6

26/05-dom Reservado para auto-organização dos grupos de trabalho 3

31/05-sex Aula teórica - Assessoria técnica e trabalho social - Andrei Massa e 6


Cintia Fidelis

01/06-sáb JD DA UNIÃO - atividades práticas 6

02/06-dom Reservado para auto-organização dos grupos de trabalho 3

07/06-sex Fechamento - organização dos temas e conteúdos dos trabalhos finais 3

08/06-sáb Fechamento - avaliação geral do curso com a associação e moradores 3

14/06-sex Fechamento - avaliação geral do curso com estudantes

15/06-sáb Formatura e confraternização na ocupação Jd. da União


rever textos a seguir de acordo com mudança na tabela

MÓDULO 1 (disciplina 77)


Habitação de interesse social - problemas e falsos problemas, soluções e falsas soluções

Docentes responsáveis: ​Karina Oliveira Leitão (AUP), Maria Lucia Refinetti Martins (AUP)

Dia da semana - Período


Sextas-feiras: 9h00 - 12h00 e 14h00 - 17h00
Carga horária ministrada
Aulas teóricas: 24
Aulas práticas ou de campo: 8
Seminários: 0
Ementa:​ Panorama da temática da habitação de interesse social, abordando os dados gerais de
déficit, inadequação, precariedades e necessidades habitacionais e os principais eixos das políticas
públicas (produção habitacional, urbanização de favelas, intervenção em cortiços, regularização
fundiária).
Referências bibliográficas:
BONDUKI, N. ​Origens da habitação social no Brasil. ​São Paulo: Estação Liberdade, 1999.
MARICATO, E. ​Política habitacional no regime militar: do milagre brasileiro à crise econômica.
Petrópolis: Vozes, 1987.
MARICATO. E. (org). ​A produção capitalista da casa e da cidade no Brasil industrial.​ São Paulo,
Alpha-ômega, 1982
VILLAÇA, F. ​O que todo cidadão precisa saber sobre habitação? ​São Paulo: Global, 1986

MÓDULO 2 (disciplina 78)


Assessoria e assistência técnica em habitação de interesse social - campos de atuação e
modelos de negócio

Docentes responsáveis: ​Caio Santo Amore (AUT), José Eduardo de Assis Baravelli (AUT), Gil
Barros (AUT)

Dias da semana - Período


Sextas-feiras: 9h00 - 12h00 e 14h00 - 17h00
Sábados: 10h00 - 13h00 e 14h00 - 17h00
Domingos: 10h00 - 13h00 e 14h00 - 17h00
Carga horária ministrada
Aulas teóricas: 30
Atividades práticas ou de campo: 42
Seminários: 0
Não ministradas (Atividade não supervisionada): 6
Ementa:​ Possibilidades do campo de trabalho de assistência e assessoria técnica enquanto
soluções específicas e realizadas por meio de processos com participação das pessoas que vivem
ou vão viver nas habitações: produção habitacional autogestionária, melhorias habitacionais nos
processos de urbanização de assentamentos precários e regularização fundiária, resistência contra
remoções forçadas e defesa de direitos. Interdisciplinaridade com técnicos sociais e operadores do
direito. Modelos de negócio e organização de entidades e escritórios de assistência técnica.
Referências bibliográficas:
COELHO, C.B.​ Melhorias habitacionais em favelas urbanizadas: impasses e perspectivas​. São
Paulo: FAUUSP (diss. mestrado), 2017
LOPES, J.M.A.​ “​O anão caolho”. In. ​Novos Estudos Cebrap.​ n. 76, v.3, nov. 2006.
LOPES, J.M.A. “Nós, os arquitetos dos sem-teto”. In. ​Rev. Bras. Estud. Urbanos Reg. ​São Paulo: V.
20, N. 2, p. 237-253, maio-ago., 2018
OLIVEIRA, F. “O vício da virtude”​. ​In. ​Novos Estudos Cebrap​. n. 74, v.1, mar. 2006.
SANTO AMORE, C. ​Lupa e telescópio: o mutirão em foco.​ São Paulo: FAUUSP (diss. mestrado),
2004.
SANTO AMORE, C. “Assessoria e assistência técnica: arquitetura e comunidade na política pública
de habitação de interesse social”. In. ​II UrbFavelas – Seminário nacional sobre urbanização de
favelas. ​Rio de Janeiro, 2016. In: CARVALHO, Solange et al. Anais do II UrbFavelas. Rio de Janeiro:
Letra Capital, 2017. Disponível em: . Acesso em: jan. 2018.

MÓDULO 3 (disciplina 79)


Políticas públicas de habitação de interesse social - órgãos, formas de contratação e
financiamento

Docentes responsáveis: ​Luciana de Oliveira Royer (AUP), Caio Santo Amore, Karina Oliveira Leitão
(AUP) - 12:00

Dias da semana - Período


Sextas-feiras: 9h00 - 12h00 e 14h00 - 17h00
Sábados: 10h00 - 13h00 e 14h00 - 17h00
Domingos: 10h00 - 13h00 e 14h00 - 17h00
Carga horária ministrada
Aulas teóricas: 24
Seminários: 0
Atividades práticas ou de campo: 24
Não ministrada (Atividades não supervisionadas): 12
Ementa: ​Panorama atual das políticas públicas de habitação. Órgãos públicos, formas de
contratação e fontes de financiamento.
Referências bibliográficas:
ROYER, L. ​Financeirização da política habitacional: impasses e perspectivas. ​São Paulo:
Annablume, 2014.
PULHEZ, M. M. “A gestão da política habitacional em São Paulo”. In. ​Novos Estudos Cebrap. ​ed.
105, v.35, n.2, julho 2016.

MÓDULO 4 (disciplina 80)


Planos, estudos e projetos - consolidação dos produtos e sensibilização do poder público

Docentes responsáveis: ​Caio Santo Amore (AUT), Karina Leitão (AUP), Angelo Filardo (AUT)
Dias da semana - Período
Sextas-feiras: 9h00 - 12h00 e 14h00 - 17h00
Sábados: 10h00 - 13h00 e 14h00 - 17h00
Domingos: 10h00 - 13h00 e 14h00 - 17h00
Carga horária ministrada
Atividades práticas: 12 h
Não ministrada (Atividades supervisionadas): 24 h
Ementa: ​Consolidação dos produtos desenvolvidas ao longo dos módulos anteriores (planos,
estudos, projetos, propostas de viabilidade para execução, minutas de programas públicos.
Articulação e sensibilização dos poderes públicos visando à ações concretas na ocupação urbana
tomada como objeto de pesquisa e ação.
Referências bibliográficas:
IPT​. Manual de orientação para construção por ajuda mútua.​ São Paulo: IPT, 1988.
ABCP. ​Mãos à obra Pro (v. 1 a 4).​ São Paulo: ABCP/CAUSP, 2015.
PROGRAMA UNIFICADO DE BOLSAS DE ESTUDO PARA ESTUDANTES DE

GRADUAÇÃO USP [2018-2019]

CULTURA E EXTENSÃO

Profa Dra Catharina Pinheiro C. S. Lima​ | ​Departamento de Projeto da

Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design [AUP-FAUUSP]

ACESSO À TERRA E​ ​PARTICIPAÇÃO: UMA

ABORDAGEM SOCIOAMBIENTAL

Universidade de São Paulo

2018
1) TÍTULO: ACESSO À TERRA E PARTICIPAÇÃO: UMA ABORDAGEM

SOCIOAMBIENTAL

2)Resumo

O presente projeto de extensão universitária consiste no novo ciclo de um trabalho iniciado em

agosto de 2017 pelo projeto “Território da Autonomia: Paisagem, acesso à terra e participação social”,

contemplado pelo Programa Unificado de Bolsas de Estudo para estudantes de graduação USP

(2017-2018). Os resultados do trabalho anterior foram amplamente satisfatórios, contando inclusive

com a adesão dos moradores da região. Neste novo ciclo se objetiva estudar, desenvolver e praticar

metodologias de planejamento participativos junto aos estudantes envolvidos, para que estes possam

auxiliar as famílias do acampamento Comuna da Terra Irmã Alberta do MST na elaboração de um

plano de massas para o projeto do futuro assentamento rural. Este projeto, ainda em curso, prevê neste

novo ciclo a utilização de processos participativos para elaboração do desenho e construção de

equipamentos e infraestruturas que têm o potencial de qualificar o território, desenvolvidos sempre a

partir das demandas dos acampados e das discussões e questões levantadas pelo processo de elaboração

do plano de massas. Atualmente o acampamento recebe a construção de um teatro de arena pelo grupo

de Teatro Antropofágica e realiza, em parceria com os estudantes que integram este grupo de extensão,

constantes mutirões para a realização da praça que integra o núcleo 4 dentro da Comuna Irmã Alberta

desde abril de 2018 integrando o projeto de consolidação dos espaços do Acampamento como um todo.

Tendo em vista a consecução desses desígnios, propõe-se neste: I) aprofundamento e aplicação

do arcabouço teórico, metodológico e prático a respeito de processos projetuais de planejamento

participativo adquirido na primeira etapa do projeto, II) monitoramento junto às famílias no processo de

regularização fundiária; III) desenvolvimento do projeto e construção participativa da praça pública

para o acampamento; e IV) engendramento de ações visando a conformação de uma região de

preservação da paisagem e regeneração ambiental, bem como de amortecimento da expansão urbana,

incentivando a consolidação da área como espaço de produção agrícola familiar e agroecológica dentro

do município de São Paulo.


O presente projeto é uma iniciativa do Grupo de Construção Agroecológica e do Coletivo

Caetés, ambos formados por estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de

São Paulo (FAUUSP) em parceria com o Laboratório Paisagem, Arte e Cultura da mesma universidade.

3) Contexto e Justificativa

A Comuna da Terra Irmã Alberta é um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais

Sem Terra (MST), localizada a sul do km 28 da Rodovia Anhanguera, na Zona Norte do Município de

São Paulo. A área na qual está situada a Comuna, pertence ao Distrito Anhanguera, na Prefeitura

Regional de Perus, fazendo divisa com os municípios de Santana do Parnaíba, Cajamar e Caieiras. A

terra que hoje ocupa o acampamento foi desmembrada da Fazenda Ithayê em 1998 (Decreto Municipal

43.124/98) e destinada à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) para a

construção de um aterro sanitário. Passados quatro anos, a área ficou em situação de abandono, vindo,

em julho de 2002, a ser ocupada pelo MST (GOLDFARB, 2007). Em 2018, após 16 anos de ocupação,

a situação jurídica da gleba ainda se encontra irregular, apesar de avanços na negociação entre o MST, o

Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP) e a SABESP.

Tendo em vista o contexto de regularização do assentamento, este projeto de extensão tem

como objetivo principal constituir um processo, dando continuidade à elaboração de um plano de

massas para o futuro assentamento Comuna da Terra Irmã Alberta, de forma democrática e

participativa. Na primeira etapa do projeto, realizada entre agosto de 2017 a setembro de 2018, foram

concluídos o processo de ambientação e investigação teórica dos bolsistas, bem como o processo de

aproximação do acampamento e primeiras iniciativas de diagnóstico e planejamento participativo do

território, bem como o mapeamento da área, a detecção de remanescentes de mata atlântica e o início de

delimitação precisa dos núcleos e espaços do assentamento..

Um dos principais resultados da primeira etapa do projeto (2017-2018) foi a aproximação dos

bolsistas aos moradores do Núcleo 4 do acampamento, o que levou a identificação da demanda pela

construção de uma praça pública nos limites do mesmo , simultaneamente fortalecendo o limite do
acampamento e abrindo aquele espaço ao uso da comunidade do entorno, impactando de forma positiva

todos os moradores da região. Em reuniões subsequentes, realizadas entre o grupo de bolsistas,

acampados do MST e moradores do Morro da Mandioca -favela vizinha ao acampamento- e

consensuou-se em reuniões coletivas retirar os usos atuais da área- que recebia dejetos, lixo e entulho,

além de ser um ponto escuro e perigoso dentro do assentamento - para ser convertida em uma praça

aberta para toda a vizinhança, através de mutirões. O programa para a praça foi definido em oficinas

participativas que determinaram a criação de três espaços: um parque infantil, um campinho de futebol

e um mirante.

Neste segundo momento, a partir do acúmulo adquirido e de trabalhos pontuais desenvolvidos

no território, pretende-se dar início a um novo ciclo com a finalização do plano de massas e a

construção de espaços que foram identificados como demanda na primeira etapa de discussão do plano.

Dessa forma, o processo de elaboração do Plano de Massas visa a consolidação e o fortalecimento do

assentamento como paisagem socialmente construída, mas também como espaço de preservação

ambiental e produção agrícola de base agroecológica na metrópole, viabilizando a geração de renda das

famílias assentadas, com soberania alimentar, sustentabilidade e justiça social.

Ao longo de toda a existência do acampamento, o engajamento da sociedade civil na defesa e

fortalecimento do espaço tem se mostrado fundamental. Tal envolvimento se deu espontaneamente e se

expressa hoje pela atuação do GAIA (Grupo de Apoio ao Irmã Alberta), que organiza ações junto ao

setor de produção e infraestrutura da Regional São Paulo do MST de suporte e solidariedade ao

acampamento. O referido GAIA é composto de outros coletivos e pessoas da sociedade civil. Nesse

contexto a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAUUSP) por meio dos seus grupos de

extensão e laboratórios têm cultivado um histórico de atuação junto à movimentos populares do campo

e da cidade. Esse projeto ocorre a partir da articulação do GAIA com o Grupo de Construção

Agroecológica (GCA), o Coletivo Caetés e o Laboratório Paisagem, Arte e Cultura (LabParc). Esses

grupos são formados por estudantes da graduação, pós e pesquisadores, da Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo da USP (FAUUSP), destacando-se por uma trajetória de experiências em trabalhos e


pesquisas com escopo social.

4) Objetivos

Objetivos Gerais:

i) Elaboração de um plano de massas para a Comuna da Terra Irmã Alberta, auxiliando as famílias

acampadas no projeto de assentamento a ser apresentado ao ITESP para a regularização e consolidação

da área, bem como a preservação ambiental dos remanescentes de Mata Atlântica.

ii) Elaboração do projeto e construção da praça pública no Núcleo 4, visando atender a demanda do

Movimento e fomentar a discussão sobre o tratamento das áreas nas bordas do acampamento na

elaboração do Plano de Massas.

Objetivos Específicos:

i) Desenvolver junto aos estudantes envolvidos um instrumental metodológico para elaboração de

projetos com participação social;

ii) Contribuir com o processo de regularização fundiária aprofundando os conhecimentos e auxiliando

os acampados no entendimento do processo;

iii) Construir junto às famílias acampadas os conhecimentos necessários à elaboração de um Plano de

Massas e projeto de espaços livres públicos com manejo sustentável;

iv) Desenvolver e consolidar projeto da praça através da participação social dos moradores do

acampamento e do entorno;

v) Aplicar o acúmulo de conhecimento prático e teórico obtido na execução da primeira etapa do

projeto.

5) Materiais e Métodos

De modo a responder aos objetivos gerais colocados pelo projeto, os/as bolsistas selecionado

farão:

i) estudo de processos projetuais e construtivos participativos orientados à atuação do coletivo GAIA

com os assentados;
ii) emprego dos processos estudados e discutidos na execução das atividades junto aos moradores da

Comuna da Terra Irmã Alberta;

iii) estudos de técnicas construtivas coerentes com a situação socioambiental na qual o assentamento

se insere visando a sustentabilidade da construção da praça;

iv) elaboração de mapas e modelos físicos para o estudo e apresentação dos estudos projetuais;

v) promoção de atividades e oficinas, a fim de promover a expressão e identificação dos

conhecimentos, necessidades e vontades dos moradores para a elaboração do plano de massas;

vi) realização de parcerias e formações em outras áreas do conhecimento para enriquecer e fortalecer

o trabalho desenvolvido;

vii) Formação de grupos de trabalhos internos e em parceria com agentes externos, buscando uma

maior interdisciplinaridade e pluralidade de visões.

6) Ações e detalhamento das atividades e serem desenvolvidas pelos bolsistas

ATIVIDADES CARGA BOLSISTAS


HORÁRIA* (horas/
Plano de Massas Projeto da praça
atividade /mês)

A B C D E F G H

Reuniões gerais de planejamento e balanço


10
(uma vez por semana)

Reuniões específicas (GAIA Coordenação do


4
MST e/ou poder público (1 vez no mês)**

Preparação/pesquisa 4
Grupos de Trabalho/projeto 4
Trabalho
Sistematização 4

Preparação das visitas de campo - articulação


com as famílias, preparação do questionários, 6
projeto e demais materiais

Visitas de campo – aplicação das oficinas, 16


mutirões, reuniões de articulação, entre outros
(2 vezes no mês)**

Relatório de campo / Tabulação dos dados 6


CARGA HORÁRIA MENSAL POR BOLSISTA TOTAL 40 40 40 40 40 40 40 40

*​Carga horária estimada para cada bolsista referente à atividade assinalada por mês
**Com tempo de deslocamento

7) Resultados esperados

i) Elaboração de 3 oficinas criativas para a continuação do projeto da praça;

ii) Construção da praça atentos para a métodos construtivos econômicos e sustentáveis, tendo
como referência princípios e técnicas agroecológicas estudados no ciclo anterior;

iii) Documentação sobre o processo de regularização fundiária;

iv) Realização de uma atividade de reconhecimento e percepção das famílias sobre o território;

v) Confecção de material sobre as formações e conteúdos acumulados pelos Grupo de Trabalho


para documentação e divulgação;

vi) Sistematização em mapas, gráficos e relatórios o resultado do diagnóstico e oficina criativas


sobre a percepção e desejos das famílias para o acampamento;

vii) 1 (um) plano de massas realizado de forma participativa;

viii) ​1 (um) publicação com a sistematização de toda a experiência registros e material acumulado
ao longo do projeto a ser submetido em congressos científicos (Congresso Brasileiro de
Agroecologia e Congresso Brasileiro de Extensão Universitária).

8) Cronograma de Execução

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago S

Seleção dos bolsistas

Reuniões específicas:
GAIA e MST

Reuniões de trabalho e
projeto

Visitas de campo
Relatórios Parciais

Reuniões gerais ​de


planejamento e balanço
(todos os bolsistas)

Diagnóstico participativo:
Dinâmica de reconhecimento
do território circundante
(bolsitas A, B, C e D)

Oficinas Criativas: ​Processo


de projeto do plano de massas
(bolsistas E, F, G e H)

Oficinas Criativas:
Projeto da praça (bolsitas
D, E e F)

Mutirões: ​Construção da
praça (todos os bolsistas)

Sistematização das
atividades e fechamento
do projeto e plano de
massas

Relatórios Finais

Elaboração de publicações e
artigos com resultados

BIBLIOGRAFIA

BOFF, Clodovis​. Como trabalhar com o povo: metodologia do trabalho popular. ​Petropólis: Vozes, 1985.

BORDENAVE, Juan E. D. O que é participação.​ São Paulo: Brasiliense, 1983.

CATARUCCI, Amanda F. M. ​A produção do homem e da natureza no campo: a Comuna da Terra

“Irmã Alberta” na reorganização da dinâmica da paisagem e seu inverso. ​São Paulo:

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2014.

Dissertação de Mestrado em Geografia Física.


FREIRE, Paulo. ​Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e

Terra, 1996.​ ​Extensão ou Comunicação?. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2013.

GOLDFARB, Yamila​. A luta pela terra entre o campo e a cidade : as comunas da terra do MST, sua

gestação, principais atores e desafios. ​São Paulo : Faculdade de Filosofia, Letras e

Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2007. Dissertação de Mestrado em

Geografia Humana.

LIMA, P.C.S. Catharina; ARANHA, S.G. Carmem. Paisagens periféricas – por uma fenomenologia do

olhar na pedagogia da paisagem. ​Anais do colóquio internacional Imaginário: construir e

habitar a terra (ITCH), Lyon, 2017.

MENDONÇA, S. G. L.; SILVA, P.S. Extensão Universitária: Uma nova relação com a administração

pública. Extensão Universitária: ação comunitária em universidades brasileiras. ​São

Paulo, v. 3, p. 29-44, 2002.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.19.ed.

Petrópolis: Vozes, 2001.

VIGEVANI, Tullo. 1989. Movimentos Sociais na Transição Brasileira: A dificuldade de elaboração do

Projeto. ​In Lua Nova 17​.

GOVERNO DE SÂO PAULO.​ Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Decreto n. 47.094, de 18 de

setembro de 2002

MUNICIPIO DE SÂO PAULO.​ Plano Diretor Estratégico 2014 - 2024, Lei 16.050/14
PROGRAMA UNIFICADO DE BOLSAS DE ESTUDO
PARA ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DA USP
PUB USP 2019-2020

Planejamento comunitário no território: intervenção da


educação popular e vivência da Construção Agroecológica
- fase 3

PROJETO DE CULTURA E EXTENSÃO


Prof. Dr. João Sette Withaker Ferreira
Departamento de Projeto da Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design
[AUP-FAUUSP]

Universidade de São Paulo


2019
1)Título:
Planejamento comunitário no território: intervenção da educação popular e vivência da
Construção Agroecológica - fase 3

2)Resumo
O presente projeto de extensão universitária dá continuidade ao trabalho iniciado em agosto de 2017
pelo projeto “Território da autonomia: paisagem, acesso à terra e participação social” e
posteriormente em agosto de 2018, pelo projeto “Acesso a terra e participação: uma abordagem
socioambiental”, contemplados pelo Programa Unificado de Bolsas de Estudo para estudantes de
graduação USP (2018-2019), sob coordenação da Profa. Dra. Catarina Pinheiro Lima. Neste novo
ciclo, a coordenação se dá pelo Prof. Dr. João Sette Withaker Ferreira, se objetiva estudar,
desenvolver e praticar metodologias de projeto participativo de arquitetura e construção, articulado
à atividades formativas e educacionais junto a trabalhadores da construção e as famílias de uma
comunidade rurbana localizada no limite noroeste do MSP. Este projeto, ainda em curso, prevê
neste novo ciclo a utilização de processos participativos para elaboração do planejamento, desenho
e construção de equipamentos e infraestruturas do “Canteiro Escola” que servirá de base para a
consolidação da construção da praça já iniciada e de uma creche na divisa da comunidade rurbana
com a as famílias do “Vale do Sol”, ou “Morro da Mandioca”. Essas intervenções fazem parte das
demandas da comunidade, evidenciadas em debates do planejamento territorial realizado no projeto
anterior. Desde sua segunda fase a comunidade recebe a construção de um teatro de arena pelo
grupo de Teatro Antropofágica e realiza, em parceria com os estudantes que integram este grupo de
extensão, constantes mutirões para a finalização da praça e das estruturas do canteiro escola que
integra o núcleo 4 desde abril de 2018, buscando contribuir com a melhor qualificação deste
território periurbano como um todo.

3) Justificativa:
A comunidade intitulada Comuna da Terra Irmã Alberta é um acampamento de camponeses
organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizada a sul do km 28
da Rodovia Anhanguera, Zona Norte do Município de São Paulo. A área na qual está situada,
pertence ao Distrito Anhanguera, na Prefeitura Regional de Perus, fazendo divisa com os
municípios de Santana do Parnaíba, Cajamar e Caieiras. A terra que hoje ocupa o acampamento foi
desmembrada da Fazenda Ithayê em 1998 (Decreto Municipal 43.124/98) e destinada à Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) para a construção de um aterro sanitário.
Passados quatro anos, a área ficou em situação de abandono, vindo, em julho de 2002, a ser
ocupada pelo MST (GOLDFARB, 2007), de onde as cerca de 50 famílias nunca mais saíram, na
reivindicação de seu direito a produzir e se reproduzir na terra, por uma política de reforma agrária
que as permita ali permanecer.
Tendo em vista o contexto de regularização do assentamento, este projeto de extensão tem como
objetivo principal constituir um processo de projeto e construção participativos de uma creche
(Ciranda) a ser implantada na praça já com implementação realizada. Tanto a praça quanto a creche
são demandas que vieram a tona durante o processo de diagnóstico participativo sobre o território: a
“Ciranda - Centro de Educação Infantil” é uma necessidade imediata das famílias da Comuna da
Terra Irmã Alberta e de moradores do entorno, tal como do Morro da Mandioca e da Chácara Maria
Trindade, localizados no município de São Paulo. As crianças dessa região não possuem
atendimento pela prefeitura, pois estão isoladas do restante da cidade - devido a um pedágio no Km
26 da Rodovia Anhanguera - e por estarem na divisa com os municípios de Santana de Parnaíba e
Cajamar.

Crianças da Comuna da Terra em atividade coletiva: dezembro de 2018 – Arquivo MST e coletivo GAIA

Nesse projeto temos como concepção de aprendizagem a importância do desenvolvimento do ser


humano em sua infância em que o aprender e o brincar estão em diálogo, através de espaços e
atividades lúdicas, além de proporcionar experimentações que possibilitem o desenvolvimento
pleno de suas habilidades, tais como: motora, afetiva, cognitiva, social, artística e de sociabilidade.
4. Resultados Anteriores:
O presente projeto dá continuidade a uma iniciativa tomada por estudantes da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU USP) em parceria com o Laboratório
Paisagem, Arte e Cultura da mesma universidade, contribuintes do GAIA - Grupo de Apoio ao Irmã
Alberta, formado por membros da sociedade civil, voluntários de apoio à comunidade.
Na primeira etapa do projeto, realizada entre agosto de 2017 a setembro de 2018, foram concluídos
o processo de ambientação e investigação teórica dos bolsistas, bem como o processo de
aproximação do acampamento e primeiras iniciativas de diagnóstico e planejamento participativo
do território, bem como o mapeamento da área, a detecção de remanescentes de mata atlântica e o
início de delimitação precisa dos núcleos e espaços do assentamento.
Um dos principais resultados desta primeira etapa foi a aproximação dos bolsistas aos moradores do
Núcleo 4 do acampamento, o que levou a identificação da demanda pela construção de uma praça
pública nos limites do mesmo , simultaneamente fortalecendo o limite do acampamento e abrindo
aquele espaço ao uso da comunidade do entorno, impactando de forma positiva todos os moradores
da região. Em reuniões subsequentes, realizadas entre o grupo de bolsistas, acampados do MST e
moradores do Morro da Mandioca - comunidade vizinha ao acampamento- e consensuou-se em
reuniões coletivas retirar os usos atuais da área- que recebia dejetos, lixo e entulho, além de ser um
ponto escuro e perigoso dentro do assentamento - para ser convertida em uma praça aberta para toda
a vizinhança, através de mutirões. O programa para a praça foi definido em oficinas participativas
que determinaram a criação de três espaços: um parque infantil, um campinho de futebol e um
mirante.
Ao lado da “Ciranda - Centro de Educação Infantil”, fica a praça: espaço de integração e lazer para
a comunidade, como pode-se ver no desenho e nas fotos a seguir:

Desenho ilustrativo da praça; crianças contribuindo no mutirão: desenho e foto, 2018, arquivo coletivo GAIA

Mutirão de construção da praça – Núcleo 4 – Comuna da Terra: 2018, arquivo coletivo GAIA

Ao longo de toda a existência do acampamento, o engajamento da sociedade civil na defesa e


fortalecimento do espaço tem se mostrado fundamental. Tal envolvimento se deu espontaneamente
nessas fases iniciais e se expressou pela atuação do GAIA (Grupo de Apoio ao Irmã Alberta), que
organizava ações junto ao setor de produção e infraestrutura da Regional São Paulo do MST de
suporte e solidariedade ao acampamento. O referido GAIA era composto de outros coletivos e
pessoas da sociedade civil. Nesse contexto a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP
(FAUUSP) por meio dos seus grupos de extensão e laboratórios têm cultivado um histórico de
atuação junto à movimentos populares do campo e da cidade. Esse projeto dá continuidade - em
nova fase - a desdobramentos do preexistente “GAIA” com estudantes de graduação, pós-graduação
e pesquisadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, bem como profissionais do campo da
psicologia social, destacando-se por uma trajetória de experiências em trabalhos e pesquisas com
engajamento social. Como exemplo, pode-se citar oficinas realizadas ao longo do primeiro semestre
de 2019 de leitura coletiva sobre a creche e sua inserção no território, bem como oficinas de
sensibilização da produção de tijolos de adobe, conduzidas pelo arquiteto Thiago Lopes Ferreira, do
IAU USP.
5. Objetivos
O presente projeto pretende dar continuidade a objetivos das fases anteriores e a novos:
I) Dar continuidade na construção da praça pública no Núcleo 4 por meio de “Canteiro Escola” da
praça já iniciada e dar início a obra da creche próximas à divisa do “Vale do Sol”, antes “morro da
mandioca” e a comunidade rurbana, com mutirões e oficinas diversas deliberadas em conjunto com
a comunidade, como por exemplo: confecção de brinquedos, mobiliário, jardinagem, horticultura,
produção de mudas etc;
II) Elaboração de um projeto canteiro de obras com as devidas instalações e infraestruturas,
conforme estabelecido na Norma Regulamentadora 18 (NR18: Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Indústria da Construção);
III) Elaborar junto da comunidade e outras entidades e organizações apoiadoras da
comunidade, um cronograma de atividades formativas, educativas e assistenciais na praça e no
“Canteiro Escola” da Ciranda, tais como atendimento psicossocial, grupos de leitura e alfabetização
de jovens e adultos, saraus, contação de histórias, mini-cursos de marcenaria, carpintaria, desenho,
entre outras;
Objetivos Específicos:
I) Desenvolver junto aos estudantes envolvidos um instrumental metodológico para elaboração de
projetos com participação social;
II) Formar um arcabouço teórico prático de planejamento, projeto, execução e organização de um
“Canteiro Escola”;
III) Concluir as intervenções na praça através de mutirões com a participação social dos
moradores da comunidade e do entorno;
IV) Busca por articulações com organismos, instituições, poder público e afins para a
viabilização financeira da construção da creche, via outros editais, apoios institucionais e
campanhas de financiamento coletivo.
V) Debater o anteprojeto da ciranda elaborado pelo GAIA FAU e adequá-lo aos desejos e
capacidades técnicas dos construtores participantes do “Canteiro Escola”, conforme se vê a seguir:

6. Métodos
● Pesquisa-ação: registros fotográficos, relatórios de campo, entrevistas, material gráfico e
audiovisual.
● Educação popular: elaboração de processos participativos de projeto e organização do
trabalho, bem como de mini-cursos temáticos, trabalhando em conjunto com educadores o reforço à
alfabetização e letramento de jovens e adultos de ambas as comunidades;
Pretende-se avançar por meio da edificação de cada uma das etapas da constituição das estruturas:
instalações sanitárias e elétricas, espaços de armazenamento de materiais e equipamentos, refeitório,
multiuso, mobiliário etc. Por meio de pequenos cursos de construção, planejamento e projeto de
estruturas provisórias de canteiro de obra.
Tais cursos deverão se sustentar com contribuições voluntárias que viabilizem logística,
alimentação, ou seja, grosso modo : “cursos com o preço do custo”, com recursos para a compra de
materiais didáticos, ferramentas e insumos.
Haverá também o convite a brigadas de construção de camponeses da reforma agrária do estado de
São Paulo.
Ao mesmo tempo, a comunidade elaborou um projeto, por meio do qual pretende captar recursos
para sua realização. Desde já compreendendo que por meio de trabalho voluntário sua realização
fica dificultada.
Tais atividades deverão ocorrer em duas etapas principais:
● etapa 1: seis meses para atividades voluntárias e com pequenas doações e cursos com custos
básicos para estruturação do canteiro: eletricidade; banheiros e etc. Em paralelo contribuir com
atividades de busca de recursos para as obras.
● etapa 2: o processo de aprofundamento do projeto participativo da creche se dará no
segundo semestre do projeto (primeiro de 2020), quando espera-se já dispor de recursos para a obra.
Neste momento constitui-se o cronograma do “Canteiro Escola”, quando pretende-se avançar com
os anteprojetos elaborados, conforme consta no projeto de captação de recursos:
Aqui iremos apresentar o resultado da discussão coletiva, adotado como partido arquitetônico
para a Ciranda e da Cozinha Experimental. Esses espaços serão construídos de forma
participativa por meio de diálogos e encontros pedagógicos em torno dessa temática - para
que esta seja uma realização comunitária e tenha significado concreto para as pessoas da
comuna.
O projeto desenvolvido se baseou no círculo como forma construtiva primordial. O projeto
pedagógico da ciranda dialoga de forma propícia com o círculo, já que “este não tem fim, nem
começo - é contínuo”, representando a união dos elementos, a energia e a plenitude das
pessoas no espaço: “Círculos protegem, enfrentam, restringem. Limitam o que está dentro e
mantém as coisas fora. Eles oferecem segurança e conexão. Círculos sugerem comunidade,
integridade e perfeição”. O círculo é também a forma característica de espaços da arquitetura
popular originária das américas, nas aldeias, com as “habitações em roda”.

7. Detalhamento das atividades a serem desenvolvidas pelo(s) bolsista(s)


De modo a dar consequência aos objetivos colocados pelo projeto, os/as bolsistas selecionados
farão:
i) estudo de processos projetuais e construtivos participativos orientados à atuação do coletivo com
os assentados;
ii) emprego dos processos estudados e discutidos na execução das atividades junto aos moradores
da Comuna da Terra Irmã Alberta;
iii) estudos de técnicas construtivas coerentes com a situação socioambiental na qual o
assentamento se insere visando a sustentabilidade da construção da ciranda;
iv) elaboração de desenhos de obra e modelos físicos - maquetes - para o estudo e apresentação dos
estudos projetuais;
v) promoção de atividades e oficinas, a fim de promover a expressão e identificação dos
conhecimentos, necessidades e vontades dos moradores e construtores para a elaboração do projeto
da ciranda;
vi) realização de parcerias e formações em outras áreas do conhecimento para enriquecer e
fortalecer o trabalho desenvolvido;
vii) Formação de grupos de trabalhos internos e em parceria com agentes externos, buscando uma
maior interdisciplinaridade e pluralidade de visões.

ATIVIDADES CARGA HORÁRIA BOLSISTAS


(horas/atividade/mês)
A B C D E F G H

Reuniões gerais 8
(1x por semana)

euniões específicas (1x no mê 4

squisa, projetos e 16
uantificações

Grupos de eparação dos 16


Trabalho utirões e oficinas
egistro e 16
stematização

reparação das visitas de 4


ampo

isitas de Campo 4

rganização e sistematização dos 4


gistros de campo

usca de editais e arranjos 6


stitucionais de apoio

ARGA HORÁRIA MENSAL TOTAL 40 40 40 40 40 40 40 40

8. Resultados previstos e seus respectivos indicadores de avaliação


i) Elaboração de oficinas criativas para a continuação do projeto da ciranda;
ii) Construção da ciranda atentos para a métodos construtivos econômicos e sustentáveis, tendo
como referência princípios e técnicas agroecológicas estudadas nos ciclos anteriores;
iii) Documentação de todo o processo de trabalho;
iv) Elaboração de material sobre as formações e conteúdos acumulados pelos Grupo de Trabalho
para documentação e divulgação;
v) Sistematização em desenhos, maquetes, gráficos e relatórios o resultado do diagnóstico e oficina
criativas sobre a percepção e desejos dos construtores e usuários para a ciranda;
vi) maquete realizada de forma participativa; e seus respectivos detalhes construtivos em desenho.
vii) publicação com a sistematização de toda a experiência registros e material acumulado ao longo
do projeto a ser submetido em congressos científicos (Congresso Brasileiro de Agroecologia e
Congresso Brasileiro de Extensão Universitária).
viii) uma creche edificada segundo os desejos e interesses dos construtores e da comunidade
envolvida.

9. Cronograma de execução

Ações t ut ov ez n v ar br ai n l go t

leção dos bolsistas

euniões gerais

euniões específicas

ncontros de trabalho

elatórios parciais

rticulação com GAIA e


deranças comunitárias para
aboração de um cronograma de
vidades

squisa, projeto e planejamento


construção das estruturas do
Canteiro Escola”

utirões e oficinas na praça

onstrução das estruturas do


nteiro escola (mini-cursos)

ficinas criativas: projeto e


anejamento participativo da
randa

stematização dos resultados e


latórios finais

10. Outras informações que sejam relevantes para o processo de avaliação.


O presente projeto de extensão universitária faz parte e contribui diretamente com duas pesquisa de
Pós Doutorado da USP:
Dr. Thiago Lopes Ferreira, bolsista FAPESP, projeto intitulado: “Arranjo Produtivo para fábrica de
adobe: tecnologia e formação”, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos.
Dr. Francisco Toledo Barros, bolsista CAPES PNPD, projeto intitulado: “Residência em arquitetura
e urbanismo: abordagem a partir de canteiros experimentais de baixo impacto ambiental”, da
própria FAU USP, Laboratório de Culturas Construtivas - Canteiro Experimental.

BIBLIOGRAFIA
BOFF, Clodovis . Como trabalhar com o povo: metodologia do trabalho popular. Petropólis: Vozes, 1985.
BORDENAVE, Juan E. D. O que é participação. São Paulo: Brasiliense, 1983.
CATARUCCI, Amanda F. M. A produção do homem e da natureza no campo: a Comuna da Terra
“Irmã Alberta” na reorganização da dinâmica da paisagem e seu inverso. São Paulo:
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2014.
Dissertação de Mestrado em Geografia Física.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e
Terra, 1996. Extensão ou Comunicação?. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2013.
GOLDFARB, Yamila . A luta pela terra entre o campo e a cidade : as comunas da terra do MST, sua
gestação, principais atores e desafios. São Paulo : Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2007. Dissertação de Mestrado em
Geografia Humana.
LIMA, P.C.S. Catharina; ARANHA, S.G. Carmem. Paisagens periféricas – por uma fenomenologia do
olhar na pedagogia da paisagem. Anais do colóquio internacional Imaginário: construir e
habitar a terra (ITCH), Lyon, 2017.
MENDONÇA, S. G. L.; SILVA, P.S. Extensão Universitária: Uma nova relação com a administração
pública. Extensão Universitária: ação comunitária em universidades brasileiras. São
Paulo, v. 3, p. 29-44, 2002.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.19.ed.
Petrópolis: Vozes, 2001.
VIGEVANI, Tullo. 1989. Movimentos Sociais na Transição Brasileira: A dificuldade de elaboração do
Projeto. In Lua Nova 17 .
GOVERNO DE SÂO PAULO. Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Decreto n. 47.094, de 18 de
setembro de 2002
MUNICIPIO DE SÂO PAULO. Plano Diretor Estratégico 2014 - 2024, Lei 16.050/14
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE DE
SÃO PAULO

RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA UNIFICADO DE BOLSAS:


ACESSO À TERRA E PARTICIPAÇÃO: UMA ABORDAGEM SOCIOAMBIENTAL

Bolsista: Beatriz Mendes de Oliveira


Orientador(a): Profª Drª Catarina Pinheiro Lima

São Paulo
2019
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 6
3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 7
4. RESULTADOS.................................................................................................................. 8
4.1 PLANO DE MASSAS E CONTINUIDADE DA PRAÇA ................................................ 8
4.2 PRAÇA E CIRANDA ................................................................................................... 9
4.3 CIRANDA E PROJETO ............................................................................................. 11
4.3.1 PROJETO CONSTRUTIVO ................................................................................ 12
4.4 FÓRUM DE ACESSORIA TÉCNICA EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL E
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA ......................................................................................... 17
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 20
1. INTRODUÇÃO

O presente relatório visa sintetizar e documentar a experiência do projeto de Extensão


Universitária contemplado pelo Programa de Bolsa de Estudos da Universidade de São Paulo,
no período de agosto de 2018 à Julho de 2019, intitulado Acesso à terra e participação: uma
abordagem socioambiental, desenvolvido na Comuna da Terra irmã Alberta.

O projeto é fruto da continuidade de ações desenvolvidas por grupo de estudantes de


extensão universitária que atua no assentamento desde 2016 na prática de estudos
conjuntos, projetos participativos e vivências entre alunos, colaboradores e as famílias do
acampamento Comuna da Terra Irmã Alberta, objetivando a elaboração de um plano de
massas, de uma praça e por último um plano integrado de vivência agroecológica para o
futuro assentamento rural.

A demanda para a elaboração de um plano de massas, que se desdobra nas demais


supracitadas surge do fato de a Comuna da Terra Irmã Alberta ser ainda considerado um
acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizada a sul do
km 28 da Rodovia Anhanguera, na Zona Norte do Município de São Paulo. A área na qual está
situada a Comuna, pertence ao Distrito Anhanguera, na Prefeitura Regional de Perus, fazendo
divisa com os municípios de Santana do Parnaíba, Cajamar e Caieiras. A terra que hoje ocupa
o acampamento foi desmembrada da Fazenda Ithayê em 1998 (Decreto Municipal 43.124/98)
e destinada à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) para a
construção de um aterro sanitário. Passados quatro anos, a área ficou em situação de
abandono, vindo, em julho de 2002, a ser ocupada pelo MST (GOLDFARB, 2007). Em 2018,
após 16 anos de ocupação, a situação jurídica da gleba ainda se encontra irregular, apesar de
avanços na negociação entre o MST, o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP) e
a SABESP.

O acampamento integra uma proposta recente do MST para assentamentos da reforma agrária:
as chamadas Comunas da Terra. Tais áreas, situadas nas proximidades de grandes centros
urbanos, apontam para uma nova forma de relação campo-cidade, tendo sido adotadas como
estratégia visando massificar a luta pela terra e aproximá-la aos trabalhadores urbanos. Além
disso, essa estratégia aponta para uma nova forma de ocupação do solo das periferias das
grandes cidades, aliando preservação ambiental, produção alimentar de base agroecológica e
interação com elementos do meio urbano. Localizadas em regiões peri-urbanas, essas
comunas são menores em área, em relação aos assentamentos rurais tradicionais. Desse
modo, há maior proximidade entre os lotes, de modo que as famílias estejam espacialmente
próximas e conectadas aos espaços coletivos comuns. Cada família possui seu lote de
produção, mas também existem áreas de produção coletivas, onde todos podem plantar.
(GOLDFARB, 2007)

A área, inicialmente rural, vem sofrendo com o processo de expansão metropolitana de São
Paulo, perdendo ao longo do tempo seu caráter essencialmente rural e passando a agregar em
si os conflitos que as áreas de borda e amortecimento sofrem.

É neste contexto que o grupo de Construção Agroecológica (GCA) e o Coletivo Caetés se


inserem. Com a aproximação, o objetivo era auxiliar os acampados na consolidação do
acampamento como uma comuna da terra, ajudando no seu projeto e efetivação, assim como
também acompanhar todo o processo jurídico envolvido, subsidiando com as técnicas
pertinentes ao estudo da arquitetura e do urbanismo ao mesmo tempo em que colocava em
prática os conhecimentos obtidos academicamente, obtinha novos conhecimentos a partir dos
saberes locais e das práticas populares.

Desse modo, este projeto ocorre a partir da articulação do GAIA com o Grupo de Construção
Agroecológica (GCA), o Coletivo Caetés e o Laboratório Paisagem, Arte e Cultura (LabParc).
Esses grupos são formados por estudantes da graduação, pós e pesquisadores, da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAUUSP), destacando-se por uma trajetória de
experiências em trabalhos e pesquisas com escopo social.

Com os desdobramentos da aproximação entre os grupos de extensão e a Comuna da Terra


Irmã Alberta novos horizontes se abriram frente às formas de atuação e objetivos de
permanência da universidade no território. A complexidade das relações estabelecidas com o
poder público, movimento de moradia e entorno imediato da constante expansão urbana que
avança sobre as terras da comuna traz desafios grandes para a universidade e o próprio
movimento.

Num contexto de desmonte de políticas públicas afirmativas, de enfraquecimento do INCRA, e


de poder da sociedade civil na disputa por terra para cumprimento da função social em
desacordo com o setor privado e a valorização imobiliária da cidade de são Paulo, o
fortalecimento e garantia de permanência da Comuna e sua consequente regularização se
tornaram pautas constantemente debatidas pelo grupo.

Atuar na realidade não cartesiana que nos é colocada no mundo ideal traz a necessidade de
constante revisão e análise da forma de atuar e ser funcional dentro do papel que a
universidade cumpre dentro da sociedade.
2. OBJETIVOS

Tendo em vista o contexto de regularização do assentamento, este projeto de extensão tem


como objetivo principal constituir um processo, dando continuidade à elaboração de um plano
de massas para o futuro assentamento Comuna da Terra Irmã Alberta, de forma democrática
e participativa. Na primeira etapa do projeto, realizada entre agosto de 2017 a setembro de
2018, foram concluídos o processo de ambientação e investigação teórica dos bolsistas, bem
como o processo de aproximação do acampamento e primeiras iniciativas de diagnóstico e
planejamento participativo do território, bem como o mapeamento da área, a detecção de
remanescentes de mata atlântica e o início de delimitação precisa dos núcleos e espaços do
assentamento.
Um dos principais resultados da primeira etapa do projeto (2017-2018) foi a aproximação dos
bolsistas aos moradores do Núcleo 4 do acampamento, o que levou a identificação da demanda
pela construção de uma praça pública nos limites do mesmo, simultaneamente fortalecendo o
limite do acampamento e abrindo aquele espaço ao uso da comunidade do entorno.
Impactando de forma positiva todos os moradores da região.
Em reuniões subsequentes, realizadas entre o grupo de bolsistas, acampados do MST e
moradores do Morro da Mandioca -favela vizinha ao acampamento- e consensuou-se em
reuniões coletivas retirar os usos atuais da área- que recebia dejetos, lixo e entulho, além de
ser um ponto escuro e perigoso dentro do assentamento - para ser convertida em uma praça
aberta para toda a vizinhança, através de mutirões.
O programa para a praça foi definido em oficinas participativas que determinaram a criação de
três espaços: um parque infantil, um campinho de futebol e um mirante. Neste segundo
momento, a partir do acúmulo adquirido e de trabalhos pontuais desenvolvidos no território,
pretende-se dar início a um novo ciclo com a finalização do plano de massas e a construção
de espaços que foram identificados como demanda na primeira etapa de discussão do plano.
Dessa forma, o processo de elaboração do Plano de Massas visa a consolidação e o
fortalecimento do assentamento como paisagem socialmente construída, mas também como
espaço de preservação ambiental e produção agrícola de base agroecológica na metrópole,
viabilizando a geração de renda das famílias assentadas, com soberania alimentar,
sustentabilidade e justiça social.
3. METODOLOGIA

A atuação do grupo extensionista se deu através das frentes de elaboração, discussão e


prática. A ideia central era sempre conseguir acúmulos suficientes para propor ações, garantir
que essas propostas passassem por espaços de deliberação coletiva, adquirissem
legitimidade frente aos atores envolvidos e só então culminar na prática das mesmas.

A construção das atividades, bem como das formas de organização foram realizadas
coletivamente entre os grupos de atores que estavam presentes no acampamento. Ainda no
fim de 2018 fomos apresentados à grupos parceiros, para além das lideranças do MST e os
acampados, um grupo de psicólogos que trabalha com os povos originários, e os povos da
terra e tinham uma relação de proximidade e estreitamento de laços com o movimento. Esse
grupo, junto ao GAIA, Antropofágica- coletivo de teatro que atua na Comuna - e o grupo de
Agroecologia da UFABC constituíram um núcleo de apoio ao Movimento, podendo
conjuntamente debater e encaminhar questões para o fortalecimento do movimento, sem no
entanto tomar o papel de centralidade na discussão.

Esse grupo se propôs a atuar no acampamento sempre a partir de reuniões periódicas


compostas por pelo menos um representante de suas frentes de trabalho e em constante
diálogo com as lideranças locais, na elaboração e organização das ações e projetos que eram
desenvolvidos na Comuna.

A partir de tais reuniões e seus consequentes encaminhamentos, reuniões do grupo GAIA-


FAU eram realizadas na universidade, uma vez por semana, afim de encaminhar e dar
suporte aos projetos desenvolvidos. Bem como propor soluções e colaborar com
conhecimento técnico e acadêmico para as pautas em questão.
Além das reuniões, buscou-se desenvolver em paralelo outras alianças e laços que
pudessem subsidiar as intervenções, tal como a busca por editais de fomento, parceiros e
mais apoiadores.

Dentro desta perspectiva, o acompanhamento docente tem papel fundamental no


encaminhamento das atividades e tal papel nos auxiliou na tomada de decisões e nas formas
de se colocar no acampamento enquanto grupo extensionista.
4. RESULTADOS

4.1 PLANO DE MASSAS E CONTINUIDADE DA PRAÇA

A elaboração do plano de massas surge da necessidade de lidar com os problemas de


organização espacial do acampamento, e da proposição de efetivar e tornar-se mais
produtivo o modelo de produção em Comuna, que pressupõe lotes menores individuais ao
passo em que abre espaços de produção coletiva agrícola, formação, e produção cultural. O
acampamento, que já possuía o modelo instituído passou por alguns problemas internos na
discussão do reassentamento das famílias mediante a possibilidade de seção de parte do
terreno à SABESP, que negocia com o INCRA e ITESP a regularização fundiária do
acampamento.

Na medida em que a gleba possui áreas remanescentes de mata atlântica e APPs de rios e
nascentes, seu manejo não pode se dar como num assentamento comum, com a divisão e
planejamento baseados apenas em metragens.

A partir de estudos realizados por outros pesquisadores, e do próprio acúmulo dos


acampados do movimento, a disposição dos espaços e a função para os quais eles seriam
designados passou a ser assunto de debate e com a união dos grupos atuantes envolvidos
no assunto, surge ainda no final de 2018 o grupo PPP escola agroecológica, que se reuniu
para pensar um Projeto Político Pedagógico para a escola agroecológica da Comuna da Terra
Irmã Alberta, entendendo que este projeto deveria abarcar diversos espaços do
acampamento e integrar os 4 núcleos com atividades, aulas, oficinas, etc.
A ideia de criar uma escola agroecológica para o assentamento surge do entendimento da
importância da questão para o fortalecimento da produção agrícola com menor impacto
ambiental, sem agrotóxicos, orgânico e saudável, e é hoje uma das bandeiras levantadas
pelo Movimento dos Trabalhadores sem Terra - MST. A incorporação da escola viria então a
guiar toda a rotina de produção, educação e escoamento dos produtos agrícolas dos
assentados. Neste sentido, o entendimento de que a educação estava então em mais
camadas do que apenas nas salas de aula, levou o grupo a pensar estratégias e soluções
para tal fim. Dentre os projetos que se desdobram a partir de tal pensamento abrangente para
o assentamento, surge a demanda da construção de uma Ciranda. Espaço de formação
infantil que abriga uma creche escolar, e está dentre os pilares de educação e formação do
núcleo infantil dentro do MST; Os EVAs - encontros de vivência agroecológicas; e a cozinha
comunitária junto ao teatro Antropofágica - espaço de cultura do acampamento.

4.2 PRAÇA E CIRANDA

O projeto da Praça, iniciado ainda durante o projeto anterior, seguiu rumos não previstos pela
proposta de projeto encaminhada à USP. Ao contrário do que pensávamos, a continuidade
do projeto da Praça teve obstáculos e encaminhamentos estratégicos que impossibilitaram a
sua concretude.

Dentre os problemas enfrentados tivemos um grande, de ordem física. No fundo da praça,


onde desenvolveríamos o mirante proposto e a área de lazer com churrasqueira, tivemos a
persistência de 6 carretas que ocupam grande parte da área. Isso se deu em parte pelo
enfraquecimento da mobilização local, principalmente com os moradores externos ao
assentamento, e com isso a justificativa do dono das carretas de que não retiraria as mesmas
de lá sem garantias de que algo seria construído no local. É importante ressaltar que tais
carretas são estacionadas na área do assentamento de forma ilegal, e que não há qualquer
respaldo social para a alocação das mesmas no terreno que seria de uso comum de todos
os moradores da região.
Figura 1- Imagem do projeto da Praça no Acampamento Comuna da Terra Irmã Alberta- 2017

Com a permanência do problema e a escasses de recursos, a praça passou a ser tratada


como uma questão de manutenção. O desenvolvimento do projeto ficou estacionado
mediante a necessidade constante de limpeza e reparo do que já havia sido construído.

Figura 2- Projeto de Traves para campo de funtebol. Madeira executadas mas não implantadas

Apesar dos entraves, construímos uma churrasqueira em bloco de concreto, que foi alocada
ao lado da praça para futuramente receber uma bancada e demais aparatos para possíveis
reuniões dos moradores.

Com a constância dos problemas orçamentários, dentro dos espaços de deliberação, a


demanda pela construção de uma creche infantil - Ciranda, é colocada então como alternativa
para mediação dos conflitos existentes e sua alocação tem como endereço o atual local onde
as carretas se encontram hoje.

O MST tem o entendimento que a Ciranda é uma demanda interna e externa ao


assentamento, e sua construção tem maior força de mobilização local, funcionando como
mecanismo articulador do movimento com a comunidade, bem como um possível captador
de recursos para a construção da praça, dentre os aliados do movimento. Com a construção
da Ciranda, a praça passa a ter uma ressignificação e pode então ter mais recursos para que
o projeto se torne realidade. Dentro desta perspectiva, vislumbrando a integração com o
entorno, surge o Projeto da Ciranda Luís Beltrami.
4.3 CIRANDA E PROJETO

A partir da resolução de agrupamento dos dois programas, teve início o pensamento projetual
da concepção da creche. O processo se deu em uma série de reuniões consecutivas do grupo
GAIA-FAU, conjuntamente com o núcleo do MST mas não somente, para que fosse possível
pensar num programa de necessidades e numa forma que abriga-se o projeto pedagógico
pensado para a construção proposta pelo Projeto Político pedagógico de caráter
agroecológico.
O entendimento do grupo de trabalho foi produzir um modelo de Ciranda que trouxesse ideias
básicas e materializa-se a demanda para criar no imaginário coletivo a ideia de um espaço,
e assim, contribuir para a campanha de arrecadação financeira. Em nenhum momento o
grupo se propõs a elaborar um desenho fechado para a Ciranda, entendendo que este
desenho deveria ser fruto de uma produção coletiva, levando em conta as opiniões e
sentimentos dos agentes envolvidos no MST, no Morro da Mandioca- ocupação vizinha à
área, e também com a colaboração dos construtores da construção civil, que seriam agentes
ativos também no trabalho intelectual da arquitetura. Sendo assim, o projeto era um modelo,
mas não necessariamente seria o produto final da edificação, que deveria levar em conta as
técnicas e construções de espaço de imaginários para além dos presentes no Grupo GAIA-
FAU.
Toda decisão de projeto foi realizada em conjunto pelo grupo extensionista, e debatido e
desenhado coletivamente. A representação final do projeto foi encaminhada e apresentada
ao MST e posteriormente direcionada para a campanha de arrecadação, que visa conseguir
fundos e doações por todo o território nacional, com editais e aliados do Movimento, e teve
sua campanha de inauguração realizada no dia 15 de junho de 2019, no próprio território
onde futuramente será consolidada.
Figura 3- Cartão postal da inauguração da campanha de arrecadação

4.3.1 PROJETO CONSTRUTIVO


“A ciranda deve ser uma construção que perpassa o projeto de país e educação
do MST, e por isso é necessário levar em conta os princípios filosóficos e
pedagógicos do movimento. Assim, acreditamos que a ciranda, como centro
educacional, deve ser regida por uma educação que busque a transformação dos
indivÌduos com princípios humanistas de cooperação e autonomia para a justiça
social.
A ciranda deve nortear-se por buscar uma educação que relacione a prática
com a teoria; que combine metodologicamente o processo de ensino e de
capacitação dos sujeitos; ter a realidade social como base para a produção de
conhecimentos; vincular processos educativos com processos políticos,
econômicos e culturais; ser gerida de forma democrática.”
MST- texto da campanha de arrecadação

Figura 4- ilustração Daniela Motta

O projeto desenvolvido até esse momento, se baseou no círculo como forma


construtiva primordial. Acreditamos que o projeto pedagógico da ciranda dialoga de forma
propícia com o círculo, já que este não tem fim, nem começo - é contínuo, e por isso
representa a união dos elementos, a energia e a plenitude do ser completo. Círculos
protegem, enfrentam, restringem. Limitam o que está dentro e mantém as coisas fora. Eles
oferecem segurança e conexão. Círculos sugerem comunidade, integridade e perfeição. O
círculo é também um símbolo da arquitetura tradicional, como a roda e as habitações de
povos indígenas e africanos.
Figura 5- Ilustração da futura Ciranda

Figura 6- Desenho de implantação utilizado no memorial da Campanha de arrecadação


Figura 7- Planta baixa da Ciranda

Figura 8- Perspectiva
Com base no projeto elaborado, realizou-se um orçamento, afim de auxiliar na arrecadação
coletiva. O processo de projeto e orçamento funcionaram como um momento de confrontação
entre o ensino e a prática da arquitetura, onde o coletivo pode se deparar com a prática da
construção de um projeto, com nível de detalhamento e orçamento que obriga o estudante a
explorar os conhecimentos para além da sala de aula, sendo um processo de crescimento
acadêmico e profissional.

CRONOGRAMA

PROGRAMA DE NECESSIDADES
ORÇAMENTO

4.4 FÓRUM DE ACESSORIA TÉCNICA EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL E


EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Ainda no final de 2018 o grupo GAIA-FAU através do Coletivo Caetés integrou um grupo de
trabalho que organizaria junto ao Entre-faus o I Fórum de Acessoria técnica de habitação de
interesse social e extensão universitária, financiado pelo edital de incentivo vindo do CAUBR-
Conselho de arquitetura e Urbanismo do Brasil, edital o qual o Entre-Faus foi selecionado,
realizando-se no final de semana do dia 15/05/19, sediado na Faculdade de Arquitetura
Presbiteriana Mackenzie, com oficinas em diversos locais do Estado de São Paulo.
A partir de tal edital, o projeto realizado na Comuna da Terra Irmã Alberta ganhou visibilidade
dentro do meio acadêmico e de prática extensionista, além de receber um financiamento para
a realização de uma oficina prática no acampamento.

A partir de tal oportunidade, o grupo estruturou-se para elaborar e pensar uma oficina que
pudesse ao mesmo tempo aproximar pesquisadores e estudantes do Acampamento,
contando sua história, mostrando seus espaços e levando-os à pratica, e simultaneamente
gerando um resultado de oficina que pudesse ser produtivo para a Ciranda e para o
Movimento.
Neste sentido, a oficina foi elaborada afim de ter como produtos finais um barracão de obras,
que poderia ser utilizado como ponto de apoio para o desenvolvimento da construção da
Ciranda, bem como abrigar os tijolos de adobe que seriam construídos durante a oficina
prática do fórum, pelos visitantes que receberíamos. Esses tijolos seriam produzidos com o
objetivo de integrar parte da construção dos espaços da Ciranda, sendo esta uma das
técnicas de construção agroecológicas que possivelmente terão continuidade em outras
etapas do projeto.

A oficina teve como roteiro conhecer a área Social do Acampamento, visita à produção
agrícola dos acampados, e oficina de produção de blocos de adobe, totalizando um dia inteiro
de atividades dentro da Comuna da Terra Irmã Alberta.
Além de abrir espaço para a aproximação com a história do movimento, a oficina também
possibilitou o aprendizado de técnicas agroecológicas da produção de adobe e resultou em
boas provas de terra para se chegar em um bom traço de terra para a construção dos futuros
blocos de adobe.

Figura 9- Oficina de Produção de Blocos de Adobe


Figura 100- Apresentação do MST na área social

Figura 11- Encerramento da atividade


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a campanha de inauguração do financiamento coletivo, as reuniões e a necessidade de


se pensar os próximos passos do acampamento persistem. Apesar de ter o projeto, novas
fases do mesmo estão por vir, demandas de mobilização, arrecadação e organização coletiva
para concretizar as ideias são questões recorrentes dentro do trabalho extensionista.
Muito foi feito neste um ano de trabalho, os avanços no espaço são notáveis e a presença do
barracão no terreno antes vazio traz a lembrança constante de que existem mãos ativas
trabalhando para construir um espaço que possa ser utilizado por todos que moram na região.
Apesar disso, foi evidente o equívoco de dimensionamento de trabalho, que buscava ser a
princípio um plano de massas com construção de uma praça, e migrou para um projeto de
maior envergadura, que é a Creche.

O grupo de trabalho que atua no MST continua ativo, e mantém reuniões regulares para tratar
das atividades que continuam acontecendo quinzenalmente no Acampamento.
Agora, em nova fase de projeto, e com o edital PUB 2019-2020 novas etapas do trabalho
poderão ser concretizadas, e os conhecimentos acumulados pelo grupo no decorrer destes
três anos de atuação poderão agora ser passados adiante na experiência da construção de
conhecimento coletivo e acadêmico fora dos ambientes convencionais da sala de aula
.
O crescimento pessoal e acadêmico fruto das intensas trocas tanto com o movimento,
sociedade civil e outros pesquisadores do tema é fundamental para o desenvolvimento da
pauta de acessoria técnica e extensão universitária que são tão fundamentais para o exercício
da arquitetura, contudo pouco estimulados e debatidos.

Esta etapa do projeto finaliza abrindo caminho para uma nova etapa com metas mais
singulares e de menor custo de realização. Focada no aprendizado e ações pontuais de
menor impacto, mas que tem uma facilidade maior de realização dada a sua proporção de
financiamento não precisar ser tão alta, estando assim melhor ajustado ao escopo de um
grupo extensionista universitário.
 

Relatório 
 
Construção do Memorial Praça Dr. Sócrates Brasileiro 
Projeto de Canteiro Escola na Escola Nacional Florestan 
Fernandes, Guararema-SP 
(PUB 2018-2019) 

Estudantes
Alice Rueda Mariotto 10751309
Bruno Silva Machado 10751289
Júlia de Simoni Damante 1075134

Orientadora
Profa. Dra. Karina Oliveira Leitão

Julho, 2019
Sumário

Introdução 3
Coletivo 4
ENFF e Complexo Esportivo Dr. Sócrates Brasileiro 5
Memorial-Praça 6
Objetivos desta etapa 7
Metodologia 8
Desenvolvimento 9
Conclusões 34
Referências 35

1
Introdução

O presente relatório trata do produto conjunto de três bolsistas sobre a


Construção do Memorial Praça Dr. Sócrates Brasileiro, projeto contemplado pelo
Programa Unificado de Bolsas. Esse projeto de extensão converge com as atividades
do coletivo Caetés, coletivo de estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade de São Paulo (FAUUSP) do qual os três alunos fazem parte. Mais
especificamente, as atividades aqui descritas foram executadas dentro da frente de
trabalho que atua na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema -
SP e ocorre no âmbito do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos
(LabHab) FAUUSP.
Esse documento visa discorrer a respeito das atividades realizadas ao longo
do segundo semestre de 2018 e primeiro semestre de 2019, no que concerne à
construção do Complexo Esportivo Dr. Sócrates Brasileiro. A proposta previa a
continuidade da elaboração do projeto arquitetônico e do curso de construção a ser
realizado na obra do Memorial Dr. Sócrates, componentes do Complexo Esportivo Dr.
Sócrates, na Escola Nacional Florestan Fernandes, do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra, em Guararema - SP.
Consiste na terceira etapa do projeto do Complexo Esportivo Dr. Sócrates
Brasileiro, que já contou com o apoio do Programa Unificado de Bolsas da
Universidade de São Paulo em 2017.

2
2. Coletivo

O coletivo Caetés é um coletivo de estudantes de graduação, em sua maior


parte do curso de Arquitetura e Urbanismo. O grupo começou a se constituir em uma
roda de conversa sobre escritórios Modelo durante o segundo semestre de 2015,
atividade envolvendo escritórios modelo, coletivos estudantis e assessorias técnicas.
Consolidou-se como coletivo no primeiro semestre de 2016, no decorrer da Greve na
Universidade de São Paulo, como resultado da união de estudantes com interesse
comum em atuar diretamente com a sociedade e que compreendem a necessidade
de algum retorno a ela do investimento público aplicado na formação de profissionais
em uma universidade pública.
Dessa forma, o coletivo busca funcionar como uma ponte entre sociedade civil
e universidade, norteado pelos seguinte objetivos: promover a aproximação da
academia e prática; fortalecer a luta pelo acesso à terra e reforma agrária, buscando
alternativas à produção e exploração capitalistas; buscar formas de desenvolver o
projeto que permitam sua autossuficiência e continuidade após o afastamento do
coletivo; defrontar o caráter excludente e mercadológico da arquitetura, urbanismo e
paisagismo; compreender o processo produtivo, da concepção à execução do projeto,
utilizando o trabalho não alienado para emancipação de todos envolvidos na obra.
Em 2016, o Coletivo Caetés começou a atuar em conjunto com a Escola
Nacional Florestan Fernandes (ENFF), escola de formação política do MST, com o
intuito de auxiliar no projeto e construção do Complexo Esportivo Dr. Sócrates
Brasileiro. Além da frente de trabalho direcionada a ENFF, iniciou-se no ano de 2017,
juntamente com o o Grupo de Construção Agroecológica da FAUUSP, o envolvimento
do Caetés em trabalhos e projetos dentro do Acampamento Irmã Alberta, em Perus
(SP), também atrelado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Esse direcionamento dentro do coletivo para outra área de atuação ocasionou na
estruturação do grupo em duas frentes, a saber, Frente ENFF e Frente GAIA (Grupo
de Apoio ao Irmã Alberta), das quais será tratado neste relatório somente o trabalho
da primeira.

3
3. Escola Nacional Florestan Fernandes e Complexo Esportivo Dr. Sócrates
Brasileiro

A Escola Nacional Florestan Fernandes é um espaço em Guararema, interior


de São Paulo, de formação política do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST). A construção da escola foi iniciada em 2000 e realizada por 1115
militantes voluntários, com projeto conceitual e arquitetônico das edificações de
autoria da arquiteta Lilian Avivia Lubochinski.

“surge com o propósito de fazer pensar, planejar,


organizar e desenvolver a formação política, técnica e
ideológica dos militantes e dirigentes do Movimento”
(PIZZETA, 2007, p.246).

Segundo Barros (2012), “a Escola se constitui como espécie de ‘Território


Livre’, onde o modo capitalista de produção e suas formas de reprodução pelo
trabalho alienado podem ser questionadas, retrabalhadas e, principalmente, negadas
pela prática”. Na escola, o trabalho é entendido como uma dimensão pedagógica
permanente, não alienante e emancipatória.
Sócrates foi um dos jogadores de futebol brasileiro mais notáveis,
destacando-se por sua militância e engajamento político. Formado em medicina, e por
esse motivo chamado de “doutor”, liderou o movimento conhecido como Democracia
Corinthiana, responsável por aplicar uma espécie de autogestão no clube, que levou
aos títulos paulistas de 1982 e 1983 (RIBEIRO, 2009). Além disso, durante a década
de 1980, o jogador filiou-se ao recém criado Partido dos Trabalhadores e participou
ativamente da campanha pela redemocratização Diretas Já.
Dessa forma, considerando a importância política do Sócrates, O Complexo
Esportivo Dr. Sócrates Brasileiro na ENFF, surgiu através de uma demanda do
próprio MST. Mais do que um local para a prática esportiva, pretende ser um lugar de
pensamento político, coletivo e democrático, onde esporte, especificamente o futebol,
e política se encontram.

4
A primeira etapa de construção do Complexo Esportivo teve início em meados
de 2016 com o lançamento da campanha para captação financeira coletiva por meio
da plataforma Catarse. Nessa etapa, foram construídos o campo de futebol, os
vestiários e a arquibancada, sendo esse último de responsabilidade do Coletivo
Caetés.
O projeto e obra da arquibancada foram realizados num formato de Curso de
Construção, elaborado e coordenado pelo Coletivo Caetés com apoio e orientação de
professores da FAUUSP. Deste curso participaram militantes voluntários do MST
convocados pela ENFF, em sua maior parte assentados e acampados do movimento,
além de estudantes do Coletivo Caetés, coordenadores técnicos contratados e
facilitadores convidados. Esse conjunto de trabalhadores formava a “brigada de
construção do campo”, nomenclatura habitual empregada pela ENFF para denominar
grupos que tomam função em alguma atividade na escola. A formação abrangeu
oficinas de desenho, projeto e implantação, discussões sobre opressões na
construção civil, organização do canteiro de obras e práticas de técnicas construtivas
em alvenaria.
Todo este processo, desde sua preparação, durou cerca de um ano e abarcou
estudo de técnicas construtivas e metodologias participativas, produção de protótipos
de arquibancada no canteiro experimental da FAUUSP e a realização do curso.
A segunda etapa do projeto, amparada pelo PUB 2017 com orientação da
professora Dra. Maria Beatriz Cruz Rufino, foi realizada entre o segundo semestre de
2017 e semestre inicial de 2018. Nesse estágio iniciou-se o projeto do memorial,
anexo ao campo, em homenagem ao jogador de futebol Sócrates, concebido como
ponto chave para traçar a relação entre futebol e política.

4. Memorial-Praça

Pretende-se que nele esteja presente a carga simbólica e política da figura do


Sócrates para a sociedade e futebol brasileiros. Além disso, mais do que uma
homenagem, é um espaço para suscitar o pensamento político, coletivo e
democrático. É pensado para ser um local de apropriação cotidiana da escola, como
uma pequena praça, onde possa também ocorrer pequenos eventos.

5
O projeto foi concebido em conjunto com membros da Escola Nacional
Florestan Fernandes, apresentando-se em formato modular, o que propicia a
mobilidade de suas partes integrantes, de forma a configurar-se como propício a
modificações de acordo com o diálogo entre as partes envolvidas na construção.
Trata-se, portanto, de um projeto aberto à reconsiderações no decorrer da obra.
Consiste em um espaço composto de dois ambientes, o memorial
propriamente dito, cuja estrutura corresponde a uma cúpula geodésica, e uma praça
adjacente, integrada por bancos e um pergolado, o qual será responsável por
proporcionar cobertura contra a incidência solar, intensa no local.

5. Objetivos desta etapa

A etapa aqui abordada do trabalho na ENFF teve como objetivo inicial a


finalização do Complexo Esportivo Dr. Sócrates Brasileiro. No entanto, devido a
circunstâncias internas da Escola Nacional, não foi possível lançar a campanha de
arrecadação de verba para a execução da obra o que, inevitavelmente, atrasou a
construção. Além disso, determinadas especificidades do projeto demandavam
aperfeiçoamento, de maneira que os objetivos que nortearam o trabalho ao longo do
segundo semestre de 2018 e do primeiro semestre de 2019 foram:

1) Detalhamento, desenvolvimento e pesquisa dos métodos construtivos


participativos, assim como da estrutura e dos materiais a serem utilizados em ambas
partes que compõem o memorial-praça (a geodésica e o pergolado) buscando
sempre a aproximação entre desenho e canteiro;

2) Desenvolvimento de processos construtivos e tipologias arquitetônicas que


possibilitem a alteração e apropriação do projeto no canteiro de obras, de modo que
cada trabalhador se colocasse enquanto sujeito na construção e que se decidisse o
destino do projeto coletivamente;

6
3) Pesquisa e levantamento de dados acerca das possibilidades de drenagem
no local do memorial, tendo em vista a deficiência desta na plataforma onde será feita
a construção, o que prejudica a edificação do complexo, em curto e longo prazo.

6. Metodologia

A metodologia aplicada fora por meio de reuniões com representantes da


Escola Nacional Florestan Fernandes, com docentes da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da USP, assim como encontros entre os integrantes do coletivo Caetés e,
principalmente, entre os integrantes da frente ENFF. Os encontros realizaram-se com
frequência distinta, sendo cada um deles referente a determinado propósito do
projeto.

a. Reuniões do Coletivo Caetés


As reuniões do Coletivo Caetés aconteciam semanalmente de quinta-feira,
com duração aproximada de uma hora e trinta minutos. Nestes dias os integrantes da
frente ENFF e da frente Gaia se reuniam para discutir o andamento dos projetos e
também realizar formações teóricas ou práticas, abertas à interessados alheios ao
coletivo.
No final de cada reunião de atualização do andamento dos projetos era tirado
um tema para a formação teórica e definiam-se pessoas responsáveis para pesquisar
textos relacionados ao tema, a fim de se estruturar a formação seguinte.

b. Reuniões da Frente ENFF


O processo de criação do projeto dentro da Frente ENFF fora realizado em
etapas, sendo estas: discussão de ideias, pesquisa, levantamento de quantitativo de
material e orçamento, confecção de modelos tridimensionais e de croquis.
As reuniões ocorriam semanalmente na sexta-feira. Nestas reuniões, com
duração de uma hora e trinta minutos em média, somamos experiências anteriores
dos membros mais antigos e conhecimento técnico dos integrantes de maneira
horizontal para buscarmos os objetivos acima listados.

7
O conhecimento técnico necessário para a elaboração do projeto, foi adquirido
com os próprios integrantes do coletivo, através de pesquisas em literatura
especializada, além de diálogo com professores e pesquisadores da FAUUSP.
Partindo do orçamento anteriormente realizado para a obra, tornou-se
pertinente rever a cotação dos materiais e, também, adicionar e/ou excluir do
orçamento aqueles que já haviam sido descartados do projeto. As formas de
construção e os materiais escolhidos buscaram ser o mais agroecológicos possível,
além de se encaixarem no formato do curso que será efetuado na fase construtiva da
obra.

c. Reuniões com Representantes da ENFF


Por meio de reuniões com representantes da Escola Nacional Florestan
Fernandes, discutimos formas de realizarmos o projeto, além da posição dos
representantes da ENFF quanto ao projeto em si. Desse modo, foi possível analisar
as necessidades construtivas de acordo com o solo e clima local, bem como a
viabilidade da direção da Escola quanto a época que o curso poderia ocorrer junto à
obra.
A maior parte dos encontros ocorreu na própria Escola, em Guararema,
durante finais de semana ou feriados (22/09, 15/11, 22/02, 16/03). Lá, nos
encontramos com a engenheira Ilse Regina Heydt, que nos orientou durante as
visitas e aconselhou quanto às demandas e possibilidades de projeto de acordo com
a Escola. Ademais, nos reunimos na sede do MST na Santa Cecília no dia 11/02,
para discussão sobre drenagem e projeto como um todo.

8
visita à ENFF em 22/09/19, com presença da engenheira Ilse Heydt e o arquiteto Caio Boucinhas
foto: Francisco Barros

visita à ENFF em 22/09/19, com presença da engenheira Ilse Heydt e o arquiteto Caio Boucinhas
foto: Francisco Barros

d. Reuniões com professores e pesquisadores da FAUUSP

9
Com auxílio de professores e pesquisadores da FAUUSP, foi possível
aprimorar nossos projetos estruturais, além de verificar se os processos construtivos
desses estavam em harmonia com a construção em mutirão. Os encontros se deram
em 27/03 e 29/05 no Canteiro Experimental da FAUUSP.

7. Desenvolvimento
a. drenagem
Logo em nossa primeira visita à Escola, a engenheira da ENFF, Ilse, nos
informou que para a concretização do projeto a drenagem do local a ser
implementado o memorial deveria ser resolvida, tendo em vista as soluções
intermitentes aplicadas na região. Na lateral direita do campo de futebol, foi feita uma
vala com uma enxada, atualmente assoreada. Além disso, o sistema instalado no
terreno do Memorial não apresenta manta e tubo drenante e, portanto, é ineficaz para
grandes fluxos de água.
A partir de então, voltamos nossos esforços para a elaboração da drenagem
do terreno, visto que esse fator inviabiliza a construção do Memorial. Nossa primeira
sugestão para o problema foi a construção de uma caixa de areia e uma escada
d'água onde atualmente fica a manilha (que está obstruída) no terreno.

croqui caixa de areia com indicações de entrada e saída das águas pluviais
croqui: Coletivo Caetés, novembro 2018

10
croqui de concepção do fluxo de águas e possibilidades de drenagem

11
autoria: coletivo caetés

Contudo, para verificar se apenas esse conjunto possibilitaria uma drenagem


duradoura, teríamos que saber para onde a água escorre. Assim, mostrou-se
pertinente o mapeamento das curvas de nível da região do bosque (à direita da
entrada da Escola), visto que o levantamento topográfico da Escola disponível
naquele momento não tinha seus dados tratados e, por isso, suas curvas altimétricas
não estavam legíveis.
Análogo à isso, surgiu a ideia de efetuar uma mudança paisagística nas
redondezas da nascente presente no território da Escola, próximo ao talude onde se
instalará o memorial. Atualmente, a área próxima à nascente se encontra inutilizada,
visto a densidade da mata ao seu redor. Por tal fato, a Escola mostrou interesse na
limpeza e no aumento da capacidade de armazenamento dessa nascente, o que
permitiria que se transmutasse em um pequeno lago, com área de convivência ao
redor, além de viabilizar o uso de sua água para irrigação.

região da escola a ser revitalizada. Nesse ângulo de visão, a nascente encontra-se a esquerda, o campo de
futebol, à direita.
foto: Bruno Machado

12
levantamento topográfico ENFF incompleto, COOPTRAES, setembro de 2007

13
nascente da ENFF em março de 2019
foto: Bruno Machado

Considerando a possibilidade de se avançar com o projeto do paisagismo, a


Escola propôs a realização do mapeamento das plantas do bosque, identificando
espécies, data de plantio e os indivíduos presentes na ocasião. O mapeamento se
mostrou importante para a ENFF, uma vez que muitas das árvores da propriedade
foram plantadas por figuras importantes do movimento de esquerda no Brasil, como o
ex-presidente Lula, em momentos marcantes dentro da trajetória da Escola.
Dessa maneira, foi preciso entrar em contato com o arquiteto paisagista da
ENFF, Caio Boucinhas, para uma discussão mais a fundo de como essa junção de
paisagismo e drenagem poderia ser feita. Nesse encontro, ficamos sabendo da
possível criação de novos dormitórios na escola, localizados nas imediações de onde
hoje é a Casa das Artes. Com isso, surgiu a ideia de interligar nosso projeto de
revitalização do lago próximo ao Memorial com essa nova área da escola, através de
um córrego que receberia as águas provenientes da captação fluvial, tanto daquela
advinda da drenagem no solo quanto da água captada nos terraços das edificações já
existentes. Configuraria, dessa forma, um córrego intermitente, com fluxo menor nos
períodos sem chuva, quando apenas a água da nascente escoaria pelo seu leito.

14
Passando pelo interior do lote, o seu percurso terminaria no córrego Jacareí, que
contorna o terreno da Escola.

implantação ENFF com ligação nascente-córrego Jacareí, sinalizada em azul mais delgado
Coletivo Caetés, fevereiro de 2019

A asfaltagem das vias foi comentada, remetendo ao problema pertinente da


drenagem, com “bio canaletas” ou “meia canaleta”, a ser realizada na lateral da via
que leva da entrada ao campo. Levantou-se, também, o problema dos fios de
eletricidade e passagem de água que ali se encontram e como isso afetaria a
instalação das canaletas. Seguiu-se, nesse momento, com a primeira sugestão:
caixas de retenção de areia, dispersas pelo percurso, para concentrar os detritos e
uma escada da água.

15
Croqui de concepção da canaleta a ser aplicada
Coletivo Caetés, outubro de 2018

local da ENFF em que o córrego articial passaria, com menos de 1,5m de largura. É possivel observar a
canalização que capta a água fluvial no telhado do edifício à direita e a conduz para o solo. Essa água, seria
incorporada pelo córrego.
foto: Bruno Machado

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Em 16 de março de 2019, sábado, ocorreu um encontro com o topógrafo que
realizou o último levantamento da Escola, Adilson, com intuito de finalizar o
levantamento das curvas de nível no terreno. No entanto, não foi possível tirar os
pontos e fazer as medições devido a limitações de horário do professor, que tinha
somente o período da manhã disponível. Apresentamos a ideia do projeto
paisagístico e possibilidades da drenagem e então foi decidido que a medição seria
finalizada em encontro póstumo, necessariamente em algum dia de semana. Porém,
devido a incompatibilidade nos horários tanto do professor quanto dos membros do
coletivo, o encontro foi sendo adiado constantemente de maneira que ficou previsto
para o segundo semestre de 2019.

b. pergolado

croqui de concepção inicial do pergolado e da geodésica no terreno


Coletivo Caetés junho de 2018

A ideia inicial do pergolado, apresentada no relatório do Programa Unificado de


Bolsas de 2017-2018, consistia em uma estrutura com ripas de madeira que
sustentam placas de policarbonato, sobre as quais trepadeiras seriam implantadas
para fornecimento de sombra. Essa estrutura estaria apoiada em pilares de aço
galvanizado de secção circular. As ripas de madeira são instaladas como mostra o
detalhe da imagem abaixo, com parafusos fixando uma cantoneira que permite a
ligação entre elas.

17
encaixes pergolado inicial
Coletivo Caetés 2017-2018

No entanto, quando analisada a viabilidade de confecção dos encaixes das


peças de madeiras que formariam os hexágonos no canteiro, pensando no mutirão e,
portanto, em uma mão de obra não especializada, chegamos à conclusão de que
seria benéfico considerar outros materiais e formatos de pérgula.
Dessarte, providenciamos um encontro com Fernando Palermo, pesquisador e
engenheiro, no Canteiro Experimental, devido ao seu envolvimento em estudos
acerca de culturas construtivas alternativas. Nessa reunião, fomos apresentados ao
estudo mais recente do Fernando: uma peça modular que, quando combinada entre
si, constitui uma estrutura recíproca, com onze possibilidades distintas de
combinação. O princípio dos encaixes e distribuição de forças é feito com base em
culturas milenares, como tribos autóctones da Indonésia que construíam pontes de
bambu seguindo o mesmo padrão. O design específico apresentado por Fernando foi
desenvolvido com base em estudos de Leonardo da Vinci, que chegou a estudar a
peça sem aprimorá-la.

18
Estudos de leonardo da Vinci sobre estruturas recíprocas
fonte: ​Codex Atlanticus

Exemplo de combinação possível, feito com peças confeccionadas na FAUUSP


foto: Francisco Barros

19
exemplo de pergolado pretendido, com pilares ainda em caráter experimental
foto: Coletivo Caetés, março 2019

onze diferentes combinações da recíproca com destaque nas duas escolhidas para estudo,
fonte:http://www.leonardome.com/en/the-origin/

20
Essa estrutura nos chamou atenção devido ao seu caráter interdependente,
tanto estruturalmente quanto construtivamente, fator simbólico e prático dentro das
premissas da escola. Ainda, proporciona uma otimização de material visto que
dispensa prego e parafuso, além de adequar-se ao esquema de mutirão. Ademais,
com as onze combinações diferentes, a oportunidade de alteração do projeto durante
o momento de construção torna-se tangível, resultado que converge com os objetivos
almejados.
Visando a utilização dessa nova forma de pergolado, o coletivo passou a
explorar possibilidades distintas entre as onze possíveis, das quais duas foram mais
estudadas. Para melhores resultados, imprimimos nossas próprias peças em MDF, o
que possibilitou o estudo tridimensional da estrutura e suas combinações, sendo cada
uma delas com 20cm de comprimento e 6mm de espessura. Como a escala não
estava definida, o grupo passou a cogitar alguns tamanhos para a peça real, sendo o
resultado final unidades de 1,20m de comprimento, com uma espessura de 15cm
aproximadamente, essa última ajustada fora da escala com a qual estávamos
trabalhando para garantir sua rigidez e não comprometer a estrutura. Chegamos à
essa medida final do módulo considerando um tamanho capaz de ser manipulado por
um indivíduo sem necessitar ser auxiliado por terceiros.
A fim de se obter mais detalhes e possibilidades construtivas dentro de um só
tipo de combinação, o grupo decidiu dedicar-se ao padrão 6, mostrado na imagem
acima. Tal padrão foi escolhido considerando o oferecimento de uma cobertura mais
homogênea, além de apresentar hexágonos em sua composição, dialogando com a
geometria da geodésica.
Para que fosse possível otimizar o projeto e torná-lo mais objetivo, julgamos
que seria benéfico definirmos um módulo dentro do mesmo padrão. Isto é, buscamos
recortar o padrão dentro de um desenho limitado, que pudesse ser recombinado entre
si, encadeando-se em uma corrente. A princípio, chegamos em um módulo com 30
peças, conforme figura abaixo.

21
módulo encontrado do padrão 6, com 30 peças
foto: Coletivo Caetés, abril 2019

Como se observa na imagem acima, o módulo em questão possui 8 contatos


com o solo, de maneira que para os propósito do pergolado, seriam necessários 8
pilares. No entanto, a cada junção entre 2 módulos, duas terminações de cada
módulo seriam suprimidas, de maneiras que a cada módulo adicional, considera-se
necessário mais 4 pilares. Um exemplo da conexão entre dois conjuntos pode ser
visto na imagem abaixo.

22
junção de dois módulos pertencentes à combinação 6
foto: Coletivo Caetés, abril 2019

Todavia, as combinações são feitas atrelando os módulos sempre na mesma


posição, o que apresentaria uma certa monotonicidade, devido ao desenho simples
do módulo, na opinião do grupo. Além disso, considerando a dimensão das peças,
julgamos que, para efeitos de cálculo e projeção com quantidade de material, os
módulos poderiam ser maiores, um tanto mais complexos, para evitar muitos
módulos.
Assim, o grupo chegou em um desenho cujo módulo era composto de 132
peças, com 16 conexões diretas com o solo. O seu formato mais curvilíneo permite
recombinações mais dinâmicas dentro do canteiro, atribuindo uma organicidade maior
ao resultado final. O comprimento desse módulo, na escala com a qual trabalhamos,
foi de 135 cm, e sua largura, 90cm. Assim, fazendo-se um conversão para a escala
real (6:1), chegamos à um comprimento aproximado de 8 metros para cada módulo.
Se olharmos para o espaço disponível para o pergolado, um retângulo de 10m por

23
35m aproximadamente, achamos que no total, caberiam cerca de 6 módulos dentro
do canteiro, 792 peças no total, portanto. Seguindo a mesma lógica do encaixe entre
módulos que a primeira versão encontrada, a cada junção, suprimem-se 4 conexões
do próximo módulo. Assim, consideramos para efeito de cálculo 16 + (5 * 12),
chegando ao número de 76 pilares ao total.

módulo de 132 peças, dentro do padrão 6


foto: Coletivo Caetés, abril 2019

Cabe a ressalva de que, mesmo trabalhando com módulos definidos, a


combinação entre eles pode formar um desenho distinto, o que permite decisões a
serem tomadas no decorrer da obra. Ainda, o módulo foi estudado para efeito de
cálculo quantitativo e para o lançamento da campanha de arrecadação com base em
um número real de peças. No entanto, como já mencionado, com as mesmas peças,
é possível construir diferentes combinações ou até mesmo, desmontá-las e
combiná-las conforme desejo da escola e dos presentes na construção.

24
Passado determinado tempo estudando o pergolado, no final de maio, após a
especificação do módulo com qual queríamos trabalhar, buscamos ajuda dos
professores do Canteiro Experimental. Dessa vez, nos reunimos com os professores
Reginaldo Ronconi, José Baravelli e com Fernando Palermo. Fomos questionamos
quanto ao material de execução do pergolado, sua durabilidade e resistência.
A direção da Escola já havia nos informado no início do projeto que, após a
construção de um edifício cultural dentro da Escola em bambu, ocorreram grandes
complicações na manutenção e que, diante disso, preferiam que estruturas
duradouras e de baixa manutenção fossem utilizadas no Memorial.
Ainda assim, o coletivo buscou um meio termo entre a agroecologia e a
preferência da ENFF e, como a geodésica já estava prevista para ser construída em
aço galvanizado, propusemos construir o pergolado em madeira como forma de
minimizar o impacto ambiental da obra.
Ao discorrermos sobre essa proposta para os professores, chegamos à
conclusão que, para o pergolado ter uma durabilidade satisfatória, é necessário
utilizar madeira nativa ou revestir compensados de madeira com determinado tipo de
resina. Essa última opção envolveria provavelmente derivados de petróleo em nosso
projeto e, assim sendo, se distanciaria da postura agroecológica buscada pelo
coletivo. Para mais, consideramos utilização de madeira plástica, uma espécie de
embutido de resíduos plásticos reciclados, material introduzido à nós pela Ilse, ou
mesmo a utilização de algum metal, como alumínio.

amostras da madeira plástica


foto: Coletivo Caetés, março 2019

25
A fim de minimizar nosso impacto ecológico ao máximo, estipulamos como
prioridade fazer uso de madeira nativa no pergolado, ao invés de derivados de
petróleo ou metais.
Para testar a integridade da estrutura e estipular com precisão como será o
formato e a posição dos pilares na planta, surgiu a oportunidade de integração com o
Canteiro Experimental de obras para desenvolver um módulo do pergolado em escala
real. Com esses módulos, pretende-se a realização de oficinas práticas ao longo do
segundo semestre de 2019, na parte externa da FAU, aberta para a participação de
alunos e interessados. Como resultado do experimento, estima-se que seja
construído pelo menos uma parcela do pergolado concebido para a ENFF, de
maneira que este fique exposto por alguns dias ao ar livre, sujeito às intempéries do
ambiente e, portanto, testado de forma mais fiel quanto ao seu desempenho. Esse
desenvolvimento, ao mesmo tempo em que colaboraria com o projeto, também
serviria como material didático para o conjunto de disciplinas de Construção do
Edifício, a ser reutilizado nos próximos anos.

c. geodésica​.

Concepção inicial memorial praça


croqui: Coletivo Caetés, 2018

A geodésica possui 10 metros de diâmetro e sua frequência é 3. A fundação foi


projetada de forma que a transmissão das cargas atuantes na estrutura fosse feita de
uniformemente, respeitando a tensão máxima que o solo suporta. Essa fundação tem
secção como mostra a imagem abaixo, mas percorre todo o diâmetro da geodésica

26
como uma sapata corrida. Com esta secção, a fundação aumenta sua área de
atuação mas também se mantém leve e diminui o uso de concreto.

corte da fundação da geodésica


autoria: Coletivo Caetés, 2018

A vedação inicialmente proposta para a geodésica ​consistia em uma lona


fixada internamente à estrutura, nos pontos de encontro entre suas barras. Essa ideia
foi bem recebida por parte da escola pois, com o uso da lona, uma superfície opaca
ocuparia algumas partes da vedação da geodésica, permitindo assim a projeção de
imagens em seu interior.

27
exterior geodésica com lona, arquivo sketchup
propriedade Coletivo Caetés

interior geodésica vista 1, arquivo sketchup


propriedade Coletivo Caetés

28
interior geodésica vista 2, arquivo sketchup
propriedade Coletivo Caetés

Contudo, a hipótese da lona apresenta fragilidades, como a sujeição a fissuras,


além de um acúmulo de água em sua superfície externa, dependendo da quantidade
de precipitação e da rigidez de seu encaixe, que demandaria manutenção constante.
Dessa forma, faz-se necessário ainda aperfeiçoamento da cobertura, assim como do
método de fixação.
Quanto ao encaixe entre as barras, cogitou-se a possibilidade ser feito através
de dois anéis circulares. As extremidades atravessam um anel cilíndrico de forma
concêntrica, perfurado em sua lateral. No centro deste anel, outro anel menor, com a
mesma quantidade de perfurações, conecta todas as barras através de uma cinta
metálica, que atravessa cada abertura do anel e passa por um buraco feito na
extremidade da propria barra. Considerando a geodésica de frequência 3, cuja
estrutura é composta basicamente por hexágonos e pentágonos, os encontros entre
barras seriam de dois tipos, entre cinco barras e entre seis, como é mostrado na
figura abaixo, de maneira que as perfurações nos dois anéis seriam também de dois
jeitos distintos: pares de anéis com seis furos e outros pares de anéis com cinco
furos.

29
exemplo de encaixe com cinco extremidades
​ ttps://www.youtube.com/watch?v=eTzKYlG6kvQ​ < acesso em 6 de agosto de 2019 >
fonte: h

exemplo de encaixe com seis extremidades feito com amarras de plástico e estrutura de PVC.
​ ttps://www.youtube.com/watch?v=eTzKYlG6kvQ​ < acesso em 6 de agosto de 2019 >
fonte: h

30
geodésica de frequência 3. como se observa, as conexões ocorrem entre seis​ b
​ arras e entre cinco.
​ ttps://www.youtube.com/watch?v=eTzKYlG6kvQ​ < acesso em 6 de agosto de 2019 >
fonte: h

Assim, nos encontros entre seis barras, todas atravessariam um anel circular
com seis furos, da mesma forma que, no encaixe de cinco barras, seria feito com
cinco furos.
Esse modelo de encaixe foi principalmente considerado devido à sua
adequação ao processo de construção coletiva, inclusive com a participação de
pessoas inexperientes. Para iniciar a montagem, faz-se o perímetro da base no solo,
fixando suas barras entre si.

processo de montagem. etapa 1.


​ ttps://www.youtube.com/watch?v=eTzKYlG6kvQ​ < acesso em 6 de agosto de 2019 >
fonte: h

31
Continuando, fixa-se a, em cada anel no solo, as barras verticais.

​ ttps://www.youtube.com/watch?v=eTzKYlG6kvQ​ < acesso em 6


processo de montagem. etapa 2. fonte:h
de agosto de 2019 >

Essas, por sua vez, são conectadas por outras barras horizontais.

processo de montagem. etapa 3. fonte:https://www.youtube.com/watch?v=eTzKYlG6kvQ < acesso em 6


de agosto de 2019 >

32
E o processo se repete até sua conclusão.

processo de montagem. etapa 4. fonte:https://www.youtube.com/watch?v=eTzKYlG6kvQ < acesso em 6


de agosto de 2019 >

Vale destacar que o processo é o mesmo para qualquer tipo de geodésica.


Quanto ao material a ser utilizado na estrutura da geodésica, considerando a
demanda da Escola quanto à baixa manutenção, foi pensado em se utilizar aço
galvanizado, tanto para as barras quanto para os anéis. As amarras, seriam feitas
também com cintas de metal.

​8. Conclusões

No ambiente universitário, por mais que haja esforços de determinados


docentes em romper com tal noção, a arquitetura é ensinada como saber
prioritariamente teórico. Assim, nos formamos arquitetos, detentores do saber
elitizado, alheios a quem, de fato, colocará em prática tudo aquilo que desenhamos
no papel.
Por esse motivo, a extensão tem um papel fundamental em nossa formação
profissional e, ainda mais, como indivíduos. É imprescindível termos noção do

33
contexto social em que vivemos e não estarmos apáticos quanto aos impactos que
nossa atividade provoca na sociedade. É importante ressaltar que a escolha da
técnica tem recorte social pelo trabalho humano que emprega e recorte ambiental
pelo impacto que gera, sendo portanto um ato de alcance que extrapola o canteiro de
obras.
Desse modo, a construção de um Memorial ao Dr. Sócrates, portando a
emancipação do trabalho como um dos principais objetivos, se mostra importante
como um ato contra a arquitetura puramente conceitual. Ademais, nos proporciona a
chance de expressar nosso conhecimento acadêmico na sociedade de forma
conjunta àqueles que estão diariamente fazendo uso do produto final do projeto.
Para a próxima fase do projeto, espera-se que a parceria com o Canteiro
Experimental da FAUUSP prospere, de forma a conseguirmos executar,
primeiramente, parte do pergolado em tamanho real, além de protótipos da
geodésica, com objetivo de experimentarmos as técnicas construtivas propostas e
verificarmos a viabilidade de sua execução. Isso ocorrerá através de oficinas práticas
sobre métodos construtivos, abertas à todo interessados, acarretando uma maior
aproximação com um assunto que, comumente, só vemos em teoria.
Ademais, pretende-se que os estudos sobre a drenagem fluvial e pluvial sejam
aprofundados e detalhados, de forma que a instalação do sistema de drenagem em si
seja efetuada até o final de 2019. Assim, permite-se que no primeiro semestre de
2020, realize-se a obra em forma de canteiro-escola, contando com a participação
dos bolsistas, demais participantes do Coletivo Caetés, funcionários e alunos da
ENFF, brigadistas do MST e indivíduos que tiverem interesse.
Como resultado final, espera-se a realização de um artigo científico com a
sistematização dos principais resultados da experiência, visto como uma contribuição,
tanto para comunidade acadêmica quanto para os que não possuem um contato
direto com esta, para que métodos alternativos, horizontais de se realizar e conceber
uma obra possam ser mais difundidos e aplicados pelo país.

9. Bibliografia

BARROS, Francisco T. Formação Profissional da Construção Civil: experiências em


busca da ‘desalienação’ do trabalho. 2012. 788 f. Dissertação (Mestrado em
34
Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade de São Paulo, São Paulo. 2012.

BOFF, Clodovis. Como trabalhar com o povo: metodologia do trabalho popular.


Petropólis: Vozes, 1985.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa.


São Paulo, Paz e Terra, 1996.

FERRO, Sérgio. Arquitetura e trabalho livre. ARANTES, Pedro Fiori (Organização e


apresentação). Posfácio de Roberto Schwarz. São Paulo: Cosac Naify, 2006. 456 p.
ilustrado

PIZETTA, A. J. A formação política no MST: um processo em construção. Revista


OSAL, Buenos Aires, ano VII, n. 22, set. 2007.

RONCONI, Reginaldo Luiz Nunes (2005). Canteiro experimental: uma proposta


pedagógica para a formação do arquiteto e urbanista. Pós. Revista do Programa de
Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP. [Online]

35
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
Programa Unificado de Bolsas 2019

1. Título

Construção do Memorial-Praça Dr. Sócrates Brasileiro: Projeto de Canteiro-Escola na Escola


Nacional Florestan Fernandes, Guararema-SP. Fase 3.

2. Resumo

O presente projeto de extensão tem como objetivo concluir a realização de um curso de


construção - Canteiro Escola - durante as obras do Memorial-Praça Dr. Sócrates Brasileiro,
que integra o Complexo Esportivo Dr. Sócrates Brasileiro na Escola Nacional Florestan
Fernandes (ENFF), espaço de formação de camponeses e de militantes de movimentos
populares. Dando continuidade ao processo de finalização do desenho projetual base, de
captação de recursos, e de detalhamento técnico-construtivo, o presente projeto abrange
especificamente o momento de construção do memorial-praça, tomando como princípios: a
construção em formato de curso, onde atividades de formação para os educandos devem
estar integradas às tarefas da obra; o projeto elaborado em conjunto com os educandos do
curso - que também serão os construtores -, no próprio canteiro de obras, de modo que se
decida os rumos do projeto coletivamente; e o emprego de técnicas de matriz construtiva de
baixo impacto socioambiental.

3. Justificativa

A Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), localizada em Guararema/SP, atua para


promover a formação de militantes que reivindicam políticas públicas de reforma agrária,
dentre os quais o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a partir de uma
perspectiva do trabalho como dimensão pedagógica permanente. Além disso, a Escola
recebe membros de diversos movimentos sociais da América Latina, conformando, portanto,
um local de intensa troca e convivência política e social.
Dentre os espaços que compõem a escola, requer-se a edificação de um espaço voltado aos
esportes e sua cultura. Nesse sentido é que se faz necessário o desenvolvimento projetual e
a construção de um memorial-praça ao lado do campo de futebol, cujas arquibancadas foram
construídas durante a primeira fase do presente projeto. Ali, para além de um espaço de
homenagem ao jogador Sócrates, onde pretende-se suscitar seu pensamento político,
coletivo e democrático, busca-se erguer um espaço de permanência e apropriação cotidiana
da escola.
A construção do memorial-praça, assim como na primeira etapa de execução do Complexo
Esportivo, será realizada em formato de curso – previsto para ocorrer ao longo do primeiro
semestre de 2020 -, no qual atividades de formação para os educandos devem estar
integradas às tarefas da obra e as decisões relativas ao projeto ocorrerão de forma
participativa e horizontal, numa troca mútua entre estudantes e militantes.
Esse momento de construção finaliza o processo do qual o grupo vem participando desde
2016, a partir da edificação e da realização material do Complexo Esportivo Dr. Sócrates
Brasileiro em sua totalidade. Cabe ressaltar que este projeto de extensão é fundamental para
a permanência e participação de estudantes, e portanto, para a realização do curso-
construção do memorial-praça.
Ademais, o presente projeto de extensão pretende dar continuidade a algumas premissas
norteadoras, tais como:

a) Metodologias participativas de projeto e obra: O curso-construção - Canteiro escola -


possibilita o aprendizado acerca de metodologias participativas de projeto e obra. Por meio
de atividades que instrumentalizam os educadores-educandos, possibilitando a apropriação
do processo por todos envolvidos, o projeto se torna campo livre para proposições coletivas
e troca mútua entre seus diferentes agentes – estudantes e professores da USP, assentados
e acampados do MST, técnicos construtores, entre outros. É importante ressaltar que na
universidade processos que aproximem estudantes de graduação à sociedade civil,
possibilitando troca e aprendizado mútuos entre as duas partes, são escassos. Tratando-se
de uma universidade pública, essa aproximação possibilita o uso de técnicas participativas
de projeto e obra, enriquecedoras para a formação do futuro arquiteto e urbanista ou designer.

b) Aproximação entre desenho e canteiro: No processo histórico da prática profissional da


Arquitetura e da Engenharia Civil, observa-se um gradual distanciamento entre canteiro de
obras e projeto. Disso, coloca-se a crítica frente ao desenho enquanto ferramenta de
dominação no processo construtivo, uma vez que retira dos trabalhadores da construção civil
a possibilidade da proposição e da criação. Esses trabalhadores, tradicionalmente, resumem-
se a executores de tarefas atribuídas pelo desenho, realizado por arquitetos e engenheiros.
Um projeto de desenho aberto, a ser decidido no canteiro, com a participação de todos
trabalhadores envolvidos por meio de uma abordagem participativa, possibilita a produção do
conhecimento para a formação do trabalhador da construção civil de forma a atingir sua
atividade plena, buscando romper com as barreiras entre o pensar e o fazer dos processos
de produção usuais. Dessa forma, a realização de um Curso por meio de um processo
dialógico na construção da segunda etapa do Complexo Esportivo Dr. Sócrates permite tanto
a formação técnica do trabalhador quanto sua reflexão acerca das práticas atreladas à
construção civil. Para o aluno de graduação, permite a aproximação e apropriação da prática
de construção efetiva em um canteiro de obras.

c) Utilização de técnicas construtivas agroecológicas: nenhuma técnica é neutra, mas


sim uma escolha que tem recorte social pelo trabalho humano que emprega e recorte
ambiental pelo impacto que gera. Posto isso, a atividade de elaboração do curso-construção
propõe uma reflexão acerca das técnicas empregadas na obra. A escolha de técnicas de
matriz agroecológica permite o aprendizado e apropriação dessas técnicas pela brigada de
construção. No caso dos militantes do MST, que oferecem trabalho voluntário na obra e se
tornam educandos do curso de construção, essas técnicas têm extrema importância pela
possibilidade de serem reproduzidas na realidade dos seus acampamentos e assentamentos
de origem, uma vez que estas se apropriam de materiais locais para a construção, permitindo,
assim, a autonomia construtiva frente a compra de materiais processados no mercado. Para
os estudantes da USP, por outro lado, possibilita a experimentação de técnicas construtivas
que não são abordadas nas disciplinas do curso de Arquitetura e Urbanismo.

4. Resultados Anteriores

Em 2016, iniciou-se o projeto do Complexo Esportivo Dr. Sócrates Brasileiro na ENFF


realizado por meio da parceria entre a Escola Nacional Florestan Fernandes, o Coletivo
Caetés e o Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos (LabHab) da FAUUSP. Este
se subdividiu em duas grandes etapas. A primeira, já finalizada, consistiu em projetar e
construir um campo de futebol, arquibancadas e vestiários. Nessa época - entre meados de
2016 a julho de 2017 - as obras já foram realizadas por meio de um curso-construção,
abrangendo oficinas de desenho e projeto, discussões sobre a construção civil e práticas de
técnicas construtivas em alvenaria. As obras dessa primeira etapa foram inauguradas em
dezembro de 2017, em um evento aberto, que contou com a presença de ex-jogadores de
futebol e figuras importantes à representação política dos movimentos populares brasileiros.
A segunda etapa do projeto - que se subdivide em três fases - consiste no desenvolvimento
do projeto e realização da obra por meio de um “Canteiro Escola” do memorial-praça, em
homenagem ao jogador Sócrates. Sua primeira fase teve início em agosto de 2017, com um
primeiro projeto do PUB orientado pela Profa. Dra. Maria Beatriz Cruz Rufino, quando foram
elaborados os projetos básicos de arquitetura, onde já foram definidos junto da escola, o
projeto geral do espaço, como pode-se ver a seguir:
Imagem: Projeto para ENFF. Autor: Coletivo Caetés, 2018.

A segunda fase - já sob orientação da Profa. Dra. Karina Leitão avançou no detalhamento -
em desenho - das estruturas e encaixes tanto da cúpula geodésica, que abriga o espaço do
memorial em si, quanto do pergolado que acompanha o espaço adjacente à cúpula. Nessas
primeira e segunda fases, foi definido que tal pergolado será estruturado com vigas recíprocas
de madeira, uma vez que isso possibilitaria um processo coletivo de construção dinâmico,
além de minimizar os materiais necessários para a estrutura, como ilustrado no modelo em
escala produzido junto do Laboratório de Culturas Construtivas - Canteiro Experimental da
FAU, com o apoio do professor Reginaldo Ronconi e Pesquisador Fernando Palermo.

Imagem: Modelo de vigas recíprocas. Autoria: LCC, 2019.


Duas foram as razões principais que justificam a ampliação do projeto para esta terceira - e
última - fase. Em primeiro lugar, surgiu como problemática a ser abordada a drenagem do
terreno, que atualmente impossibilita a construção no espaço do memorial, pois encontra-se
encharcado. Além disso, houve questões relacionadas à dinâmica interna da Escola Nacional
Florestan Fernandes - os recursos financeiros necessários para a execução da obra não
estavam disponíveis no segundo semestre de 2018 - de forma que a construção do memorial
teve de ser adiada para esta nova fase, a ser desenvolvida entre o segundo semestre de
2019 e o primeiro semestre de 2020.

5. Objetivos

O objetivo geral deste projeto de extensão é elaborar e realizar um curso-construção para a


execução do Memorial-Praça do Complexo Esportivo Dr. Sócrates Brasileiro na Escola
Nacional Florestan Fernandes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra.

Os objetivos específicos são:


a) Aplicar metodologias participativas para execução de projetos arquitetônicos e ações
dialógicas no plano de canteiro-escola, visando uma construção coletiva que permita o
envolvimento e aprendizado daqueles sem vínculo direto com o canteiro;
b) Desenvolver e estudar possibilidades de drenagem das águas pluviais e fluviais que
transcorrem no perímetro da Escola Nacional Florestan Fernandes, com o intuito de
requalificar os percursos ali existentes e promover novos espaços de convivência através da
revitalização de uma nascente localizada no perímetro;
c) Realizar cursos e oficinas práticas no Canteiro de Espaços Experimentais para a
Arquitetura da FAUUSP, a fim de verificar a viabilidade de aplicação das técnicas escolhidas
para construção do memorial.

6. Métodos
Este projeto de extensão será realizado pelo Coletivo Caetés – grupo formado por estudantes
de graduação da Universidade de São Paulo, que tem como intuito construir formas mais
horizontais de projetos, ideias e ações e que desde 2016 atua com o MST – e ocorre no
âmbito do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da FAUUSP (LabHab), com
apoio do Laboratório de Culturas Construtivas - Canteiro Experimental (LCC). O LabHab atua
desde 1997, com a intenção de interligar atividades de ensino, pesquisa e extensão
universitária em um mesmo espaço, dando prioridade à formulação de alternativas para as
demandas habitacionais, urbanas e ambientais que visem a inclusão social.
Dessa forma, este projeto de extensão conta com a infraestrutura do laboratório e seu acervo.
Além disso, conta também com a infraestrutura do Canteiro de Espaços Experimentais para
a Arquitetura da FAUUSP, onde é possível a realização de testes e produção de protótipos
construtivos. Como a construção ocorrerá na ENFF, essa disponibilizará todo o material
necessário para a realização da construção, bem como a infraestrutura necessária para a
realização de todas as atividades previstas durante o curso.
Como método, no primeiro semestre do projeto (segundo semestre de 2019), serão
realizadas oficinas abertas no canteiro experimental da FAUUSP com o auxílio de professores
e funcionários da faculdade. Protótipos da geodésica e do pergolado hão de ser executados
de maneira conjunta, como serão feitos no mutirão, por membros do Coletivo Caetés e outros
alunos interessados, com objetivo de experimentarmos as técnicas construtivas propostas e
verificarmos a viabilidade de sua execução.
No segundo semestre (primeiro de 2020), está prevista a realização da obra em forma de
canteiro-escola, contando com a participação dos bolsistas, demais participantes do Coletivo
Caetés, funcionários e alunos da ENFF, brigadistas do MST e demais indivíduos que tiverem
interesse.

7. Detalhamento das atividades a serem desenvolvidas pelos bolsistas


O trabalho dos bolsistas se organiza em três frentes de ação diretamente relacionadas aos
objetivos específicos estabelecidos (a, b e c). a) Metodologias Participativas; b) Especificação
da drenagem e c) Técnicas Construtivas. Cada frente será composta por dois bolsistas,
totalizando seis bolsistas para o projeto. Os bolsistas trabalharão em duplas propiciando o
contínuo diálogo no desenvolvimento das atividades. O compartilhamento de informações
entre todas as frentes deverá ser constante, de forma que todos os integrantes do projeto
estejam a par dos ocorridos.

A seguir, são detalhadas as atividades de cada um dos bolsistas:

Bolsista a1 (Metodologias participativas)

- Participar de reuniões com os diversos agentes envolvidos no projeto do Complexo


Esportivo (professores da FAUUSP, Coletivo Caetés, ENFF, entre outros);
- Formalizar, as metodologias participativas a serem empregadas durante o curso e
concretizar a preparação do material didático desse;
- Estudar, a partir de protótipos realizados no canteiro experimental da FAUUSP, as técnicas
construtivas mais adequadas ao contexto do curso;
- Acompanhar o andamento do curso no momento da construção.

Bolsista a2 (Metodologias participativas)

- Participar de reuniões com os diversos agentes envolvidos no projeto do Complexo


Esportivo (professores da FAUUSP, Coletivo Caetés, ENFF, entre outros);
- Formalizar, as metodologias participativas a serem empregadas durante o curso e
concretizar a preparação do material didático desse;
- Estudar, a partir de protótipos realizados no canteiro experimental da FAUUSP, as técnicas
construtivas mais adequadas ao contexto do curso;
- Apoiar a elaboração e edição de um Diário de Obra.

Bolsista b1e b2 (Especificação da drenagem)

- Desenvolver e estudar possibilidades para drenagem no território da Escola Nacional. Tanto


da área que circunscreve o complexo esportivo quanto ao restante do terreno, de maneira
que seja cogitado a possibilidade de prolongamento de uma nascente localizada próximo ao
campo, formando um canal artificial que se comunica com outro córrego nas imediações do
lote.
-Realização do levantamento topográfico, juntamente com topógrafo da Escola, a fim de que
o projeto de drenagem possa ser executado com precisão.
- Organizar, juntamente com os outros agentes envolvidos no projeto, um oficinas e atividades
que devem ocorrer durante o curso com foco nas estratégias para o ensino de desenho e
representação arquitetônica;
- Organizar o material relativo a todo o processo para subsidiar a elaboração do artigo.

Bolsista c1 e c2 (Técnicas Construtivas)


- Participar de reuniões com os diversos agentes envolvidos no projeto do Complexo
Esportivo (professores da FAUUSP, Coletivo Caetés, ENFF, entre outros);
- Acompanhar o curso de construção e verificar se os materiais escolhidos são os mais
efetivos para o mutirão;
- Elaborar, juntamente com os outros agentes envolvidos no projeto, material didático sobre
técnicas construtivas, que auxilie a formação técnica dos educandos no curso de construção.
- Produzir um Diário de Obra que relate o dia a dia do andamento do curso, com registros
fotográficos e relatos pessoais.
8. Resultados previstos

● Realização de oficinas e atividades que componham o curso para a construção do


Memorial, aberta para outros estudantes da FAUUSP;
● Estudo a partir da realização de testes e construção de protótipos no canteiro
experimental da FAUUSP, acompanhado de sistematização de resultados que
possam auxiliar outros projetos de extensão;
● Revitalização da área da nascente localizada no terreno, de forma que o local possa
ser frequentado e usufruído por alunos e funcionários da Escola;
● Possível projeto paisagístico para a área da nascente, incluindo um projeto de canal
artificial no terreno da escola;
● Construção do memorial em homenagem ao jogador Sócrates, composto de uma
cúpula geodésica e de um pergolado de vigas recíprocas;
● Artigo científico com a sistematização dos principais resultados da experiência.

9. Cronograma de Execução

Primeiro Semestre Segundo


Semestre

1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6

Verificação das técnicas construtivas


escolhidas com protótipos e conclusão do
projeto de drenagem

Realização do projeto executivo

Finalização da drenagem

Preparação das aulas do curso

Curso e construção do Memorial-praça

Finalização da obra

Relatório Final
10. Outras informações relevantes
Ressalta-se que esta é terceira fase da segunda etapa do projeto do Complexo Esportivo Dr.
Sócrates Brasileiro, que já contou com apoios do Programa Unificado de Bolsas da
Universidade de São Paulo (em 2018 e 2019), e que, antes disso, teve início sem recursos
ou apoio financeiro, contando apenas com o trabalho voluntário de extensão do coletivo
Caetés, coordenado pela Profa Karina Leitão.

11. Bibliografia
BARROS, Francisco T. Formação Profissional da Construção Civil: experiências em busca
da ‘desalienação’ do trabalho. 2012. 788 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da
Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São
Paulo, São Paulo. 2012.
BOFF, Clodovis. Como trabalhar com o povo: metodologia do trabalho popular. Petropólis:
Vozes, 1985.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São
Paulo, Paz e Terra, 1996.
FERRO, Sérgio. Arquitetura e trabalho livre. ARANTES, Pedro Fiori (Organização e
apresentação). Posfácio de Roberto Schwarz. São Paulo: Cosac Naify, 2006. 456 p. ilustrado
PIZETTA, A. J. A formação política no MST: um processo em construção. Revista OSAL,
Buenos Aires, ano VII, n. 22, set. 2007.
RONCONI, Reginaldo Luiz Nunes (2005). Canteiro experimental: uma proposta pedagógica
para a formação do arquiteto e urbanista. Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP.
PROJETO DE CULTURA E EXTENSÃO
EDITAL PUB USP 2019-2020 | FAUUSP

Maio de 2019

Docente orientador: José Eduardo Baravelli | FAU – AUT

Pesquisador colaborador: Francisco Toledo Barros Diederichsen | POS DOC FAU USP

Título: Construção agroecológica de espaços para distribuição e comercialização de


alimentos das políticas públicas de reforma agrária

Palavras-chave: Espaços para comercio de alimentos, construção agroecológica.

Resumo .......................................................................................................................2
Justificativa .................................................................................................................2
Objetivo ......................................................................................................................3
Métodos .....................................................................................................................3
Detalhamento das atividades a serem desenvolvidas pelo(s) bolsista(s).......................4
Resultados previstos e seus respectivos indicadores de avaliação ................................4
Cronograma de execução ............................................................................................5
Bibliografia .................................................................................................................5
RESUMO
O presente projeto de extensão universitária busca contribuir com as comunidades de
camponeses da reforma agrária moradoras em assentamentos localizados na Grande São
Paulo – há três deles - para que possam dar vazão – comercializar - sua principal função
social: a produção de alimentos saudáveis para a população em geral. Para tanto, estão
planejadas atividades de elaboração de projetos para a edificação – com técnicas de
baixo impacto ambiental / construção agroecológica - de espaços urbanos para a venda
e distribuição desses produtos. Outra ação também importante é a contribuição interna
aos assentamentos próprios com a elaboração de “planos participativos de turismo
camponês”, onde deverão ser organizados roteiros para visitação de espaços de
interesse, dentre os quais lotes específicos de produção, para comercialização direta, na
porta da casa. Por fim, busca-se avançar na sistematização de um “desenho camponês”
para estes espaços, de modo que se remeta, ao neles adentrar, às benéfices espaciais e
culturais da vida rural.

JUSTIFICATIVA

Este projeto busca suprir antiga lacuna de demanda de trabalhos de extensão


universitária da FAU USP com as comunidades da reforma agrária localizadas na Grande
São Paulo. Desde o início do milênio estudantes, professores e pesquisadores da FAU,
bem como de outras unidades da USP, têm atuado junto destas comunidades – são três:
Assentamento Dom Pedro Casaldáliga, em Cajamar, Assentamento Dom Tomás Balduíno,
em Franco da Rocha e Acampamento Irmã Alberta, em São Paulo / Perus, compondo em
torno de 150 famílias - com projetos de arquitetura e obras no campo da produção de
moradias e de melhorias de espaços coletivos. Já, trabalhos que contribuem com o
desenho de suportes físicos, e de logística, para o escoamento de suas produções – meio
de sobrevivência dessas comunidades – são de pouca presença. Nesse sentido, é de se
perceber, em visitas a esses espaços o grande potencial para ampliação - agregação de
valor - para consequente geração de renda e de ampliação deste valor de uso para estas
famílias. É ainda, de se perceber que alimentos chegam a se estragar devido às
dificuldades para seu escoamento.

Recentemente entidades representativas – cooperativas e associações – dos


assentados destes três espaços procuraram estudantes e pesquisadores da FAU para

2
verificar a possibilidade da realização de atividades conjuntas nesse sentido, de pesquisas
aplicadas com tais fins: melhoria dos espaços nas cidades para se vender, com a melhoria
das soluções arquitetônica para lojas, armazéns e entrepostos moveis de feira, com
projetos e comunicação visual que trouxessem aos compradores melhor compreensão de
que ali se trata de um lugar – específico – de venda de produtos de políticas públicas, com
especial interesse social, da reforma agrária e sem a aplicação de agrotóxicos.

Outro fato de impacto é a atual desarticulação das famílias camponesas, que por
vezes competem – quando poderiam cooperar – para a recepção de visitantes: há uma
demanda por este tipo de turismo. Ou seja, sua organização comunitária e articulada, em
forma de rede tenderia a lhes deixar ainda mais fortes.

OBJETIVO

O objetivo geral é dar início a um novo foco de pesquisa aplicada junto às


comunidades camponesas beneficiárias de políticas públicas estaduais e federais de
reforma agrária da Grande São Paulo, com foco na potencialização das vendas de seus
produtos, por meio de três ações específicas articuladas:

1. Contribuição com a elaboração de estudos e projetos de arquitetura para


novos espaços de comercialização e entreposto para as entidades
cooperadas das famílias assentadas, com o devido engajamento das
culturas construtivas do campo – construção agroecológica.
2. Elaboração de planos locais participativos de turismo para visitação e
acesso direto, organizado, coletivo e qualificado às famílias produtoras,
que se resumiria a produção de material gráfico – mapa / guia – de
visitação.
3. Aprimoramento do que se concebe como um “desenho do espaço
camponês” interno à grandes cidades, para os espaços de comercialização
já existentes e novos.

MÉTODOS

O projeto estrutura-se segundo os três eixos citados e que deverão ser desenvolvidos, em
parte, simultaneamente. Para a consecução dos seus objetivos a pesquisa requer ações
relacionadas à: coleta de dados locais com as populações das comunidades rurais;

3
levantamentos dos possíveis espaços de comercialização; estudo das atuais lojas –
armazéns do campo – para busca de uma padronização estética.

DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS PELO(S) BOLSISTA(S)

Bolsista 1: vinculado ao objetivo 1 – em um primeiro momento, elaboração de estudo


acerca das técnicas alternativas de construção já presentes nos espaços de
comercialização, com fins a embasar novas propostas. Posteriormente deverá elaborar
estudos de propostas de desenhos de arquitetura para os novos espaços a serem
coordenados com as entidades representativas.

Bolsista 2: vinculado ao objetivo 1 – desenvolvimento de protótipos com técnicas


alternativas de construção já em ensaio no Canteiro Experimental da FAU USP. Em um
segundo momento, detalhamento de desenhos executivos dos projetos.

Bolsista 3: vinculado ao objetivo 2 – levantamento da situação atual de comercialização


das famílias nos espaços de reforma agrária e dos potenciais turísticos dos espaços. Em
um segundo momento, participação na condução do plano de turismo de modo
colaborativo com as famílias.

Bolsista 4: vinculado ao objetivo 2 – realização de estudo de repertório de experencias


prévias de “turismo rural”. Em um segundo momento, elaboração de três mapas –
roteiros – de visitação.

Bolsista 5: vinculado ao objetivo 3 – estudos das concepções de desenhos atuais –


logotipos e marcas – já presentes nas lojas base já existentes. Em um segundo momento,
proposição de novas concepções gráficas para o conjunto de lojas articuladas.

Bolsista 6: vinculado ao objetivo 3 – realização de estudos de processos de produção de


novos materiais gráficos junto aos atuais produtores dessas concepções.

RESULTADOS PREVISTOS E SEUS RESPECTIVOS INDICADORES DE AVALIAÇÃO

A presente proposta de projeto de extensão pretende estimular a “construção


agroecológica” desses espaços por meio do intercâmbio de ideias e experiências,
conciliando o conhecimento científico e rigor metodológico da academia ao
conhecimento popular, às práticas sociais e às expectativas das comunidades de
assentados de reforma agrária.

4
Espera-se, portanto, conseguir alcançar contribuição para o “aumento das vendas” das
famílias como um todo, agora fornecedoras de espaços com melhor identificação e
encontro.

Do ponto de vista da formação de recursos humanos, espera-se que o papel formador da


extensão seja reconhecido como importante componente na educação de nível superior
e na atribuição de valor à prática integrada do exercício profissional do arquiteto.

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

MESES
ATIVIDADES
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
OBJETIVO 1 – ETAPA DE LEVANTAMENTOS
OBJETIVO 1 – ETAPA DE PROTÓTIPOS
OBJETIVO 1 – ETAPA DE PROJETO
OBJETIVO 2 – ETAPA DE RECONHECI/O
OBJETIVO 2 – ETAPA DE PLANEJA/O
OBJETIVO 2 – ETAPA DE DESENHO MAPA
OBJETIVO 3 – ETAPA DE RECONHECI/O
OBJETIVO 3 – ETAPA DE PROPOSIÇÃO
OBJETIVO 3 – ETAPA DE PRODUÇÃO GRAF.
ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO FINAL

BIBLIOGRAFIA

KAPP, Silke. Grupos sócio-espaciais ou a quem serve a assessoria técnica. Rev. Bras. Estud.
Urbanos Reg., São Paulo, v.20, n.2, p.221-236, Maio-Ago 2018.

MINKE, Gernot. Building with Earth. Basel, Berlin, London: Birkhäuser, 2006. 198 p.

5
Relatório Final para o Programa Unificado de Bolsas de Estudos
para Apoio e Formação de Estudantes de Graduação (PUB-USP)

TEMA: Transformação de resíduos sólidos da construção civil para a produção de tijolos.

Relatório elaborado pelas alunas: Barbara Camucce Santana, Deborah Oliveira Caseiro e

Lorena Guimarães Ávila Bernardes.

Orientador: Prof. Dr. Reginaldo Luiz Nunes Ronconi - USP 2033442 – Coordenador do LCC

Pós-Doutorando: Chico Barros

1. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa surge da constatação do problema da geração e destinação dos


Resíduos Sólidos da Construção Civil (RCC) na maioria das cidades brasileiras. O RCC
correspondeu a mais de 60% de todo o resíduo gerado no Brasil em 2017, gerando
consequências ambientais e sociais, já que grande parte, quando não coletado, acaba
sendo lançado em pontos de descarte viciados, como margens de rios, terrenos baldios e
áreas públicas muitas vezes protegidas por leis ambientais e em locais que apresentam
carência de infraestrutura e serviços básicos, como saneamento e rede de esgoto.

Muitos dos encaminhamentos dados pelo poder público para essas questões estão
associados à responsabilização das empresas geradoras pela adequada destinação dos
resíduos, o que se configura como uma estratégia importante. No entanto, a correta
destinação por si só ainda não soluciona o problema da existência e o acúmulo desse
material. Por esse motivo, os aterros sanitários de RCC são concebidos como reservas,
onde o material deverá ser recebido, triado e disposto por tempo determinado, para que
pudesse então ser reciclado, por exemplo como agregado, como diz a norma ABNT
15113/2004.

Esse contexto modela a fundamentalidade da reflexão sobre soluções e alternativas que


engendrem essa filosofia de reelaborar o manejo desses materiais e também a própria
prática da produção das cidades. É aqui onde se insere essa pesquisa, que se propõe a
discutir e investigar a reutilização de RCC de tijolos cerâmicos maciços cozidos para a
produção de novos tijolos - retijolos, lidando ao mesmo tempo com toda a problemática
ambiental descrita acima e ensaiando e testando a possibilidade e as condições da
produção de novos tijolos pela população organizada, com autonomia e baixo custo. A
possibilidade de apropriação popular do método de fabricação dos tijolos foi outro princípio
importante para fundamentar essa pesquisa, que se propõe a investigar e desenvolver um
método, com equipamentos presentes em obras de baixo orçamento e ferramentas do
cotidiano dos canteiros, de modo a estabelecer critérios que viabilizem o controle do
processo e de resultados positivos obtidos por práticas comuns.

Os resíduos aqui reciclados foram resultantes de experimentações práticas realizadas pelos


estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo no Canteiro Experimental da FAUUSP. A
cada ano, novos elementos são construídos, colecionados e demolidos como parte da
didática do curso. É interessante ressaltar a importância de apresentar a reutilização de
RCC aos estudantes de arquitetura e urbanismo como parte da própria didática do Canteiro,
introduzindo a discussão sobre os impactos socioambientais da construção civil e a
responsabilidade do arquiteto em refletir também sobre a lógica da produção das cidades e
dos resíduos gerados por ela. Esse princípio foi norteador do projeto, também como um
desejo de sistematizar o manejo e a reutilização dos resíduos produzidos pelos próprios
estudantes no canteiro.

A pesquisa ocorreu de Setembro de 2018 à Agosto de 2019, e se estruturou praticamente


em três momentos: o primeiro de aproximação teórica do tema, o segundo de feitio dos
tijolos e o terceiro de teste e análise dos resultados. Por fim culminou no presente relatório,
onde podem ser encontrados a bibliografia pertinente ao tema e o processo de toda a
pesquisa assim como nossas expectativas e objetivos alcançados.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Gestão Ambiental de Resíduos

_A Resolução nº. 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) de 2002, define
RCC como aquele proveniente de “ construções, reformas, reparos e demolições de obras
de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como:
tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas,
madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras,
caliça ou metralha (ABNT NBR 15114 (2004). Segundo o Art. 3º Os resíduos deverão ser
classificados para fins de reciclagem da seguinte forma:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de


construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de
infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição,
reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas
de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição
de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros
de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos,
papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e gesso;
(Redação dada pela Resolução nº 469/2015).
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
(Redação dada pela Resolução n° 431/11).

IV - Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como


tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos
de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros,
bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos
nocivos à saúde. (Redação dada pela Resolução n° 348/04).

O Gerenciamento de resíduos sólidos deve ser compreendido como o conjunto de ações


exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento
e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos, assim como a disposição
final ambientalmente adequada dos rejeitos. Essas ações devem estar de acordo com plano
municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, cujo planejamento deve levar em
consideração as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, e sob a
premissa do desenvolvimento sustentável. (nova redação dada pela Resolução 448/12)

_A Resolução 307 estabelece também as diretrizes e os procedimentos para cada etapa


que envolve a gestão desses resíduos; em 2002 ela torna obrigatória para todos os
municípios a implantação de um Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da
Construção pelo Poder Público, com planejamento voltado tanto para os pequenos como
para os grandes geradores, de modo a disciplinar a atuação de todos os agentes
envolvidos. Para tanto, as diretrizes técnicas e os procedimentos para o exercício das
responsabilidades dos pequenos geradores, devem estar em conformidade com os critérios
técnicos do sistema de limpeza urbana local e com os Planos de Gerenciamento a serem
elaborados também pelos grandes geradores, possibilitando assim o exercício das
responsabilidades de todos os geradores.

A resolução define também um conjunto de áreas de manejo para os RCC e como deve ser
a destinação de cada tipo de resíduo nessas áreas. (PGIRS da cidade de SP) já que para
esse tipo de resíduo é proibida o descarte em aterros de resíduos sólidos urbanos. Também
é importante ressaltar a proibição de seu descarte em áreas de "bota fora", em encostas,
corpos d'água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei. (nova redação dada pela
Resolução 448/12) artigo 4o § 1º). O RCC, portanto, deve ser destinados à aterros
específicos e tecnicamente adequados para receber resíduos classe A, visando a reserva
dos materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro ou futura utilização da área
- sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente e devidamente licenciado pelo
órgão ambiental competente; (nova redação dada pela Resolução 448/12).

2.2. Normas

Para a produção dos Tijolos de RCC fizemos uso da ABNT NBR 10833/2012 : Fabricação
de tijolo e bloco de solo-cimento com utilização de prensa manual ou hidráulica -
Procedimento. A norma orienta os procedimentos de dosagem, mistura, moldagem, cura,
armazenamento e transporte dos tijolos.
Para o preparo dos prismas para ensaios de compressão obtivemos as informações
necessárias a partir do Item 6 da Norma NBR15812-3 para blocos cerâmicos, que inclui
especificações para: Construção do prisma, Assentamento dos blocos, Grauteamento,
Capeamento, Cura e Transporte. A execução do ensaio está descrita no item 6.3 da mesma
norma, embora, os testes tenham sido operados pelos técnicos do laboratório de
construção civil da escola politécnica, com nosso acompanhamento. Para analisar os
resultados obtidos no teste de compressão, no entanto, fizemos uso da norma ABNT NBR
8491, para solo-cimento.

Para os testes de absorção de água usamos como referência a Norma ABNT NBR 8492:
Tijolo de solo-cimento - Análise dimensional, determinação da resistência à compressão e
da absorção de água - Método de ensaio. Os Itens 3.2 e 4.4 especificam as condições em

que deve estar o tanque para a imersão dos tijolos, como deve ser executado o ensaio e os
materiais necessários. Para analisar os resultados obtidos no teste de absorção de água,
usamos como referência a norma ABNT8491: Tijolo de solo-cimento - requisitos.

2.3. Processo

Antes de iniciar a produção dos tijolos estudados, fizemos o levantamento e a leitura


de outros trabalhos que pudessem orientar nossa prática e encontramos uma vasta
bibliografia tratando, sobretudo, da reutilização de resíduos de origem cimentícia e
da confecção de blocos de concreto e uma quantidade menor de trabalhos que
estudavam a produção de tijolos a partir de RCC de origem cerâmica.

Fizemos uso de dois estudos para orientar nossa produção. O primeiro chamado: A
Produção de elementos construtivos a partir de material reciclado, da estudante
Paula Carneiro Romagnoli e orientação da professora Erica Yukiko Yoshiba, se trata
de um Trabalho Final de Graduação, realizado também no Canteiro Experimental da
FAUUSP e estudou o resíduo cerâmico de construção civil para a produção de
tijolos. O segundo trabalho foi a Dissertação de Mestrado realizado na Universidade
Estadual Júlio de Mesquita Filho, realizado pela Márcia Ikarugi Bomfim de Souza
chamada Análise de Adição de Resíduos de Concreto em Tijolos prensados de
Solo-Cimento. Além disso, para a produção dos tijolos nos orientamos pela
experiência do técnico do canteiro experimental da Fau, o Romerito e de nosso
orientador Reginaldo Ronconi, que já tinham experiência na produção de tijolos de
solo-cimento.

3. METODOLOGIA E PROCESSO

A pesquisa teve como estrutura metodológica a alternância entre o trabalho prático no


canteiro e a pesquisa teórica, complementada pela busca de referências, na medida em que
um requisitava o outro.
O primeiro momento consistiu em um levantamento da bibliografia disponível a respeito da
produção de tijolos a partir de RCC, foram criados três grupos de temas que abrangiam
alguns dos ramos de conhecimento considerados necessários para a contextualização de
nossa pesquisa. Os temas foram Gestão de resíduos – a nível nacional e municipal,
buscando compreender as leis ambientais específicas sobre descarte e ações realizadas
pelo poder público para promover a correta reciclagem desse resíduo; Normas –
investigação sobre a existência ou não de normas específicas para a produção e testes de
aplicabilidade desse tijolo e por último Processos - que consistiu no levantamento sobre
outras experiências de pesquisa com as quais poderíamos dialogar e balizar nossa prática
de produção dos tijolos.

A partir desse levantamento sobre o estado da arte do uso de RCC e os trabalhos que o
utilizavam como matéria de pesquisa, fomos ao canteiro investigar e desenvolver uma
metodologia para a produção desses tijolos prensados. Com o objetivo de conseguir
produzi-los com o menor traço de cimento cumprindo exigências de resistência e absorção
de água, a intenção inicial era fazer testes com tijolos compostos por 4%, 6%, 8% e 10% de
cimento.

Demolimos uma parede, construída por outros estudantes em uma outra atividade no
Canteiro Experimental, de origem e de medidas conhecidas para conseguirmos relacionar o
volume construído, o volume demolido, o volume triturado e a quantidade de tijolos
produzidos. A parede tinha 174 cm de largura, 119 cm de altura e 9cm de profundidade,
com aproximadamente 200 tijolos maciços de barro cozido assentados com argamassa de
cimentos e areia de aproximadamente 2 cm de espessura.

Com uma marreta, demolimos a parede, seus fragmentos foram coletados em latas de tinta
de 18L e pesados. Por estarem presentes em todos os canteiros de obra e já serem itens
de medição incorporados nos trabalhos da construção civil, decidimos incorporá-las também
como nosso medidor padrão.

Todas as latas foram pesadas em uma balança e esses valores, registrados. A parede
demolida resultou em 20 latas de 18 L de entulho (360.000 cm3), ou seja, quase 2 vezes o
volume da parede (186.354 cm3) e um total de 269,55 kg.

O entulho recolhido da demolição foi depositado no moinho, reduzindo-se a pó e pequenos


e médios pedriscos de argamassa. Deixamos a máquina operando por cerca de 5 minutos
até que o material parecesse não mais mudar de aparência. Esse material triturado
chamamos de resíduo bruto.

Devido a deformação que as latas de alumínio estavam sofrendo pelo manuseio do resíduo,
construímos uma caixa de madeirite naval plastificado com o mesmo volume.
Essa deformação não é um problema para a fabricação dos tijolos, mas para fins de
pesquisa acadêmica, optamos por uma "lata" de material mais rígido que garantisse
precisão de medida.

Peneiramos o resíduo bruto em diferentes granulometrias e avaliamos junto aos professores


e ao Romerito, técnico do canteiro, qual a granulometria mais adequada para a prensagem
dos tijolos. Decidimos pelo resíduo da peneira de 5 mm. Decidido isso, peneiramos todo o
resíduo bruto que totalizou em 13 latas (234.000 cm3).

A partir de uma lata de resíduo bruto recém pesada, pesamos sua parte peneirada e a parte
retida na peneira - a qual chamamos de resto. A parte peneirada, aproveitada para
prensagem, resultou em 66,73% do resÌduo bruto, ou seja 156.147,2 cm3, equivalente a 8
latas.

À medida que avançamos com a pesquisa, sentimos a necessidade de mais volumes de


armazenamento para as diferentes partes do resÌduo. Projetamos e construímos 4 caixas
que foram usadas também para a logística e a manipulação. O projeto foi pensado segundo
recomendação do Romerito, de modo que a placa de madeirite naval resinado de 220 x 110
cm fosse aproveitada ao máximo. As caixas foram construídas com 55 x 1,25 x 27,5 cm.
Utilizamos cedrinho para a estrutura externa e para as pegas que permitem o transporte e o
empilhamento das caixas. Parte da produção das caixas teve que ser realizada com
ferramentas manuais pela falta de funcionários no Laboratório de Modelos e Ensaios da
FAU.

Ter recipientes que permitissem a separação adequada


das diferentes partes do resíduo foi importante para a
organização da dinâmica de trabalho. Além disso,
observamos que o resto retido nas peneiras era
constituído predominantemente por pedras de cimento
graúdas, o que não interessavam para a confecção dos
tijolos, mas que poderiam ser aproveitadas para a
produção de argamassa de RCC.

Medimos a umidade do resíduo antes das prensagens dos tijolos para controlar a
quantidade de água adicionada na mistura. A medição foi feita com uma panela de metal,
um maçarico e uma balança. 100 g do resíduo peneirado foi pesado antes e depois de ser
aquecido por 5 minutos e a diferença das massas resultantes de cada pesagem representa
a porcentagem de umidade presente no material. Houve uma variação de 4% de água na
amostra para 5%.

Achamos que a medição de umidade poderia ser interessante depois de duas experiências
de realização da mistura (de resíduo com cimento) em dias diferentes, quando percebemos
que a quantidade de água adicionada às misturas havia sido um pouco diferente de um dia
para o outro. A pequena variação, de 4% para 5%, mostrou que a umidade do ar não
influencia substancialmente nessa parte do processo.

O espaço de trabalho foi organizado para que pudéssemos executar em sequência todas as
etapas que antecedem a prensagem, o que melhorou a produtividade da fabricação.

Usamos uma masseira para fazer a mistura das partes de resíduo, cimento e água até um
ponto relativamente úmido para depositá-la na argamassadeira. O traço de cimento
escolhido para os primeiros tijolos foi de 10% - nove latas de resÌduo para uma de cimento.

Utilizamos a argamassadeira para misturar os materiais de forma homogênea. O estado


adequado para a prensagem foi verificado de forma empírica junto ao Romerito. O toque e a
aparência da mistura foi o que definiu a quantidade de água adicionada - uma consistência
solta e úmida que, quando apertada com as mãos, forma uma bolinha firme. Para as 10
latas de 3,6 L de material seco foram adicionados 11,6 L de água. Essa etapapode levar
algum tempo, pois pode ser necessário que o tijolo volte para a argamassadeira e seja
misturado com mais resíduo ou água, caso não atenda às qualidades necessárias para ser
prensado.

Usamos o triturador para desfazer os torrıes que se formavam da mistura na


argamassadeira. Essa mistura destorroada foi coletada e vertida na prensa.
Masseira Argamassadeira Destorroadeira

Prensa manual

Os tijolos foram compactados na prensa manual. Nas primeiras prensagens foram


quebrados muitos tijolos, tanto no momento de retirada quanto no de transporte até o local
de secagem, algo que foi melhorando com a prática e também com o ajuste da mistura.

Os tijolos devem ser curados por 28 dias em câmara úmida. Colocamos eles, então, em
uma lona impermeável fechada com uma fina camada de água durante esse período.
Para a verificação dos possíveis usos dos tijolos, os submetemos à testes de compressão e
de absorção de água. Os testes foram feitos tanto nos blocos individualmente quanto em
prismas de quatro tijolos. Construímos 4 prismas e os capeamos com uma camada de 3
mm de gesso, segundo a norma técnica NBR15270-2 - Componentes Cerâmicos - Blocos e
Tijolos para Alvenaria - Parte 2: métodos de ensaios.

Os blocos e os prismas foram transportados com o carro da universidade até o laboratório


de testes da Escola Politécnica da USP, seguindo as exigências de transporte da norma
NBR15812-3 - Alvenaria estrutural - Blocos cerâmicos - Parte 3: Métodos de ensaio.

Os testes foram realizados no Laboratório de Microestrutura e ecoeficiência de materiais da


Poli.

O teste de resistência à
compressão foi realizado pela
prensa hidráulica seguindo a
norma técnica NBR15270 - 2.
Foram realizados dois tipos de
ensaios, sobre os tijolos
unitários e os prismas - sendo
estes realizados a fim de
simular os esforços de compressão sobre uma parede.

Devido a um comportamento não esperado nos primeiros tijolos submetidos ao teste de


resistência à compressão - ruptura precoce - percebemos que pequenos desnivelamentos
no capeamento de gesso estavam interferindo na distribuição de carga da chapa da prensa
na superfície dos tijolos, resultando em cargas pontuais. Devido a isso, lixamos todas as
superfícies capeadas dos tijolos unitários e prismas para a regularização da superfícies, o
que nos deu resultados mais satisfatórios nos testes posteriores.

É interessante dizer que essa situação gerada pelo capeamento de gesso desnivelado nos
trouxe o conhecimento do Soft Board, um papel comumente utilizado na realização de
testes de compressão no lugar do gesso. Não encontramos normatização sobre isso e
optamos por continuar com o uso do gesso.

O teste de absorção de água foi realizado segundo a NBR 8491. Para tanto, os tijolos de
5% e 10% foram colocados em câmara de ar durante 24 horas para secagem absoluta, para
então serem pesados. Em seguida, foram submetidos à imersão em água durante 24 horas
e foram pesados novamente.

Todos esses processos também foram realizados na produção de tijolos de 5% de cimento,


ou seja, para cada 9 latas e meia de resíduo, meia de cimento. Diferente do que
imaginávamos no começo, só conseguimos produzir tijolos com dois traços de cimento
diferentes devido à complexidade dessa minuciosa pesquisa laboratorial em busca do tijolo
ótimo (resistência à compressão e absorção de água x custo benefício). De qualquer
maneira, já foram resultados que trouxeram boas reflexões e rumos para a continuidade
dessa pesquisa.

4. RESULTADOS E ANÁLISES

Resistência à compressão - tijolos unitários

máxima força máxima tensão


quantidade cálculo de áreas
parâmetros de cimento cálculo de áreas completas completas
unidades % N N/mm2 ou MPa
1 10 129127 3,84
2 10 122884 3,66
3 10 108689 3,23
4 10 110579 3,29
5 10 121375 3,61
6 10 79654,1 2,37
média - 112051,35 3,33
*valores sublinhados: maior e menor resistência.
Resistência à compressão - prismas de quatro tijolos

máxima força máxima tensão


quantidade cálculo de áreas
parâmetros de cimento cálculo de áreas completas completas
unidades % N N/mm2 ou MPa
1 5 30692,7 0,91
2 5 38778,3 1,15
3 5 23485,2 0,70
média - 30985,4 0,92
4 10 94342,2 2,81
5 10 136003 4,05
6 10 98179,2 2,92
7 10 102324 3,05
média - 107712,1 3,21
*valores sublinhados: maiores e menores resistências.

Segundo os dados dos testes de resistência à compressão, apenas os tijolos de


10% (T10) cumpriram com as exigências de resistências à compressão da norma de
referência NBR8491 - Tijolo de solo cimento - Requisitos. A norma que norteou a
pesquisa foi de tijolos de solo-cimento pela inexistência de normatização de tijolos
de RCC e ter o processo de fabricação bastante similar ao que a pesquisa se
propôs. Os T10 resistiram, em média, à compressão de 3,33MPa, sendo que a
norma exige que em média resistam à 2MPa. Resultado bastante satisfatório e que
nos garante que o uso desse tijolo está assegurado enquanto componente de
construção para sistemas mistos de laje viga e pilar e estrutural para pequenas
edificações - uso similar ao do tijolo maciço queimado, já consolidado nas
construções de todo país.

Absorção de água

Evidentemente o espaço amostral dos testes de absorção para os tijolos de 5% é


muito pequena, não sendo possível obter uma média de valores mais precisa. Havia
a expectativa de realizar o teste de absorção para mais tijolos de 5% em uma segunda
visita ao laboratório, o que não foi possível devido à interdição devido à problemas na
estrutura da cobertura do prédio.
massa (kg)
tijolos % de cimento seco saturado diferença absorção (%)
1 5 2,23 2,74 0,51 18,61
2 5 2,27 2,86 0,59 20,63
3 5 2,29 2,88 0,59 20,49
4 10 2,31 2,97 0,66 22,22
5 10 2,43 3,03 0,60 19,8
6 10 2,29 2,94 0,66 22,27
7 10 2,17 2,84 0,67 23,63
8 10 2,49 2,98 0,48 16,23
9 10 2,28 2,95 0,67 22,64

A norma NBR 8491 também estipula a porcentagem limite de absorção de 20% de


água pelo tijolo e o resultado para o T10 foi de 21% em média. Um resultado muito
próximo do exigido e portanto bastante satisfatório.

Para analisar os resultados obtidos no teste de compressão, no entanto, fizemos uso da


norma ABNT NBR 8491,para solo-cimento. Segundo ela, a amostra ensaiada de acordo
com a ABNT NBR 8492 não pode apresentar a média dos valores de resistência a
compressão menor do que 2,0 MPa (20kgf/cm2) nem valor individual inferior a 1,7 MPa (17
Kgf/cm2), com idade mínima de sete dias.

Observação: O capeamento dos tijolos foi feito segundo a norma NBR 15812-3, onde está
especificado que a espessura do capeamento deve ser homogênea e não exceder 3mm de
espessura. O primeiro prisma testado não apresentava superfície homogênea, de modo que
os esforços aplicados não foram distribuídos ao longo de toda a superfície do tijolo, mas sim
de maneiro desigual nas partes de maior relevo do capeamento. Isso causou a ruptura do
corpo de prova sob uma força de compressão muito abaixo dos resultados apresentados
nos outros prismas testados. Essa primeira experiência nos levou a lixar todos as
superfícies dos outros prismas capeados, garantindo a maior homogeneidade possível. No
laboratório fomos informados sobre a prática do uso do papel Soft Board para substituir a
necessidade de capear os tijolos, já que o papel faria a mesma função de distribuição da
carga ao longo da superfície.

Para os testes de absorção de água usamos como referência a Norma ABNT NBR 8492 :
Tijolo de solo-cimento - Análise dimensional, determinação da resistência à compressão e
da absorção de água - Método de ensaio. Os Itens 3.2 e 4.4 especificam as condições em
que deve estar o tanque para a imersão dos tijolos, como deve ser executado o ensaio e os
materiais necessários.

Para analisar os resultados obtidos no teste de absorção de água, usamos como referência
a norma ABNT8491: Tijolo de solo-cimento - requisitos. Segundo ela, a amostra ensaiada
de acordo com a norma ABNT NBR 8492 não pode apresentar a média dos valores de
absorção de água maior do que 20% nem valores individuais superiores a 22%, com idade
mínima de 7 dias. Portanto, os tijolos produzidos com traço de 10% por apresentarem como
média um valor de 21,13% e valores individuais superiores a 22%, não atendem à
exigência da norma. Já os tijolos de 5% apresentam como média o valor de 19,21% e
valores unitários abaixo de 22% e portanto atendem à exigência determinada pela norma.
No entanto, cabe comentar que embora a norma especifique que o teste de absorção seja
realizado em 3 tijolos, ao avaliar a grande variação de resultados obtidos nos testes dos
tijolos de 10%, seria importante realizar o mesmo teste para um número maior de tijolos,
para assim garantir como resultado uma média mais equilibrada.

5. CONCLUSÕES

Um dos objetivos traçados no início da pesquisa foi a de realizar uma cartilha contendo a
descrição do processo de produção dos tijolos desde a etapa de seleção e triagem do
resíduo a ser utilizado até a descrição do maquinário necessário, a especificação dos tijolos
e sua indicação de uso. Essa cartilha teria a intenção de servir como um material didático
simples e claro que permitisse a difusão e a reprodução do processo pela população. A
cartilha, no entanto, não pôde ser produzida por falta de tempo. Isso, porém, não se
configura como um problema, mas sim como um indício da necessidade de que a pesquisa
tenha continuidade - a partir e com base em toda a experiência acumulada nessa primeira
fase.

Após o ano de trabalho fica, portanto, latente o desejo e a necessidade de que a pesquisa
seja aprofundada e que assim, alguns dos resultados obtidos possam ser melhor
investigados ou revisitados.

Seria interessante, por exemplo, produzir e testar a resistência de misturas com outros
traços de cimento, controlando a variação do preço unitário desse tijolo, de modo a
encontrar a melhor relação custo-benefício entre porcentagem de cimento utilizado (e
portanto, custo adicionado) e a resistência do bloco obtido.

Também surgiu a curiosidade em realizar experimentações na quantidade de prensagens


feitas sobre um mesmo tijolo. Isso aconteceu devido a verificação de que o tijolo adquiriu
aspecto de maior coesão ao ser prensado uma segunda vez após a adição de mais
material.

Outro teste importante seria a utilização de uma prensa hidráulica - ao invés da prensa
manual - de modo que pudéssemos conhecer a diferença na resistência obtida dessa
mesma mistura de tijolo para as duas prensas. A depender dos resultados, talvez se
mostrasse interessante o investimento em uma prensa hidráulica, ainda que isso represente
um custo maior de maquinário.

Por fim, as últimas questões levantadas foram sobre a possibilidade de utilizar outros
agregados de RCC na mistura do tijolo prensado e a possibilidade de passar esse tijolo por
uma segunda queima.
Essas observações ficam aqui registradas para que possam ser incorporadas pelos
próximos estudantes que darão continuidade ao presente trabalho.
artigo em elaboração - estrutura geral
_________________________________________________________________________
“Do entulho de volta ao tijolo: reciclagem de resíduos sóli-
dos da Construção Civil para uso social”
Autores: Barbara Camucce Santana, Deborah Oliveira Caseiro, Francisco Toledo Barros, José Eduardo Bara-
velli, Lorena Ávila Bernardes, Reginaldo Ronconi

Resumo

(elaborar ao final)

Introdução e Justificativa

Diante das duas presentes crises: ambiental1 e social2, e da premente necessidade de


reformas, ampliações e construção de novas edificações, dentre as quais a habitação é a prin-
cipal, é que tornam-se notórias e necessárias pesquisas que abordem alternativas tecnológicas
e sociais que busquem contribuir com respostas à aguda conjuntura.
Nesse campo de investigação é que a presente pesquisa atua - de modo integral e uni-
tário - sobre o campo social do trabalho ao mesmo tempo em que desenvolve tecnologias de
baixo impacto ambiental.
Em sua realização temos observado de modo tácito e objetivo alternativas disponíveis
de modo candente, que emergem do tecido social, impulsionando o avanço de experiências
práticas, aplicadas, com base científica sobre a problemática indicada.
Apesar da atual justificativa para o presente tema de pesquisa, o Canteiro Experimental
da FAU USP tem trabalhado essa questão desde xyz, com a produção experimental de tijolos
com a reutilização do entulho produzido pelos exercícios pedagógicos construtivos internos à
faculdade - ensino de graduação em Arquitetura e Urbanismo - desenvolvendo um processo de
formação integrada reunindo aspectos do projeto e da construção.

imagem 1: estudantes trabalhando na construção de casa cúpula catenária, 1999; imagem 2: estudantes…., xyz.

1
indicar aqui a crise ambiental de aquecimento…. desmatamento…. espécies…. e como a construção civil impacta nesse
quadro…. a indicar que pouco ou quase nada precisa ser “importado do campo”, mas já tem-se o suficiente nas cidades paea
construir. citar dados do entulho produzido pela cidade….
2
falar aqui da redução de postos de trabalho na construção civil nos últimos anos e o desemprego geral na RMSP.
(inserir outra foto de estrutura que foi demolida)
fotos: arquivo LCC

De modo quase intuitivo, a partir da já experimentada técnica de produção do BTC -


Bloco de Terra Comprimido, popularmente chamado de “tijolo ecológico”, é que em 20xyz o
técnico do canteiro experimental Romerito Ferraz, junto do Prof. Dr. Reginaldo Ronconi pro-
duziram cerca de xyz tijolos, com a substituição da terra por entulho3 triturado, adicionados
aproximadamente 20% de cimento.

Imagem 3: detalhe do entulho resultante dos trabalhos demolidos; Imagem 4: pó resultante da trituração dos en-
tulhos, produzido em moinho no Canteiro experimental.

fotos: arquivo LCC

À época, a produção não foi criteriosamente controlada e não foram verificadas e me-
didas suas principais características construtivas, tais como resistência à compressão e índices
de absorção de água. O objetivo era ao menos demonstrar sua exequibilidade, pois os tijolos

3
originários de exercícios erguidos pelos estudantes em alvenaria composta principalmente por material cerâmico cozido de
tijolos maciços e blocos furados assentados com argamassa de cal, areia e cimento.
foram utilizados em paredes da sede - no próprio canteiro experimental - do Laboratório de
Culturas Construtivas - LCC da FAU USP, conforme vê-se nas fotos a seguir.

(colocar aqui fotos da produção do romerito no passado, com as máquinas…. )

Imagem 5: tijolos produzidos em 20xys, com furos; Imagem 6: tijolos assentados em trecho de parede da sede do
LCC no Canteiro Experimental da FAU USP, em 20xyz.

fotos: arquivo LCC

Outra pesquisa, realizada no canteiro experimental, que avançou no entendimento das


potencialidades do reaproveitamento do RCD, Resíduos de Construção e Demolição, foi ela-
borada pela pesquisadora Paula Romagnoli…. TFG….. intitulado A produção de elementos
constru! vos a par! r de material reciclado….. 2010, profa Érica….. verificou a produção de
blocos de concreto estruturais…. com 15% de cimento….

(foto de corpos de prova da Paula e a tabela que ela usou para fazer a comparação com
os blocos).

A atual fase de pesquisa, iniciada em setembro de 2018, com a participação dos autores
do presente artigo, a partir de um projeto…. (O PUB).... é que resolveu-se avançar nas experi-
ências, a buscar, além de um melhor controle do processo de produção, verificar as quantidades
mínimas necessárias de uso do cimento, por duas razões. Primeiramente pelo menor custo final,
com a economia de sua utilização, de modo direto, e pelo interesse de se aplicar apenas o es-
tritamente necessário por questões ambientais, pois o processo produtivo do cimento resulta
em grande impacto ambiental4
Ou seja, o objetivo é aplicar o princípio cunhado pelo arquiteto Tomaz Lotufo: “É
quase como dizer que o cimento é uma tinta de ouro. Vamos utilizar ele como se fosse uma
coisa muito preciosa, com respeito”(vídeo casa sustentável, por sesc TV, 2013). Ou seja, so-
mente onde for estritamente necessário, onde outro material não possa o substituir.
Nesse sentido, na busca do mínimo uso de cimento, é que produzimos três famílias de
tijolos: 0% de cimento, 5% e 10%, a fim de encontramos a capacidade de carga para alvenarias
de vedação, com xyz de Mpa.
Outra diferença desta fase de pesquisa é a produção de tijolos maciços, em vez dos
furados, para poder alcançar mais capacidade de carga, por maior massa distribuída, devido a
maior área de contato.

Em visita à bibliografia pregressa vimos que há experiências prévias de sua aplicação


principalmente para a pavimentação….. e argamassa de revestimentos…. em diversos paí-
ses…. (pesquisa da Paula).

No campo da produção de elementos construtivos, verificamos a constância de elemen-


tos tais como blocos,..... tais como…. Paula…. não é novidade alguma a aplicação de resíduos
adicionados a cimento para a produção de blocos furados. Há o exemplo da Prefeitura Munici-
pal de São carlos, onde produziu…. a prefeitura municipal….. e não tijolos maciços…. Fábrica
de Artefatos de Cimento da PROHAB (F.A.C.),

( colocar fotos das casas e da fábrica)

mas vimos que há ainda grande utilização de cimento…. dado que há grande variabili-
dade da qualidade dos resíduos, assim, como garantia opta-se por colocar mais cimento….
Os blocos são de uma forma alta e fina vazada exige mais cimento…. e é uma boa
alternativa, pois muito se vê nas fábricas de blocos na periferia…. assim optou a Paula.

Há os tipos de resíduo “vermelho” e o “cinza”, optamos pelo vermelho pois….

Mais uma vez, de modo diferente, optamos pelos tijolos maciços…. e o único local
encontrado - que tivemos notícia - que teve aparentemente bons resultados com tijolos maciços
também prensados, assim como fizemos …. foi a prefeitura de xyz….. no sul….
Também, em visita à empresa na zona sul de São Paulo…. pedra verde…. tijolos….
(ver com o André as quantidades).
Como antes indicado, optamos assim fazer pois diante do desenho maciço imaginamos
conseguir taxas de maior resistência… além de trilhar no caminho dos “tijolos ecológicos”....
de terra com cimento - exemplo da ENFF, maior parque construído com terra crua do país, com
xyz m2.

4
colocar aqui trecho do artigo ou da tese mesmo do chicó quando fala da construção agroecológica.
Ou seja, já há uma experiência já difundida culturalmente e com maquinário já bem
desenvolvido…. há diversas empresas que vendem….
a substituição da terra pelo RCD crê-se ser algo simples, e que pode ser alternado. Na
falta de um utiliza-se o outro…. já que ambos materiais são comuns e fartos nas cidades brasi-
leiras (colocar numero que a paula pesquisou).
De modo paralelo à pesquisa de laboratório, ao passo que eram produzidos e testados
os tijolos, a equipe de pesquisadores observou e identificou os custos e os métodos para sua
produção a verificar a compatibilidade para sua real inserção social. Ou seja, com a verificação
dos custos de produção, detalhando-se o valor do trabalho, do maquinário e dos materiais, a
partir de insumos objetivos…. percebemos se sua apropriação por comunidades ou coletivos
de construtores tornar-se-ia em algo viável.
Sua real aplicação foi assunto de diálogos com comunidades urbanas5 e rural6 formadas
por trabalhadores de baixa renda, onde encontra-se mais presente o quadro de desemprego,
bem como da necessidade social de sua utilização para moradia ou equipamentos de uso cole-
tivo, verificou-se haver aderência às condições solidárias de produção ensaiadas.

Método

● produção dos tijolos


● demolição
● trituração
● peneiramento
● mistura com cimento e água
● prensagem
● cura
● testes na Escola Politécnica

Resultados

● processo produtivo
● custos - colocar aqui o valor que o André cobra por um caminhão do entulho peneirado
que chega para eles lá
● resistência física - testes na PCC USP
● crítica à apropriação “popular”

Bibliografia

5
jardim helian, na Zona Leste…. e comunidade do “Jardim União”, na Zona Sul de São Paulo.
6
Comuna da Terra Irmã Alberta, e Assentamento Rural Dom Pedro Casaldáliga, demanda….. habitações e
TARCÍSIO DE PAULA PINTO, METODOLOGIA PARA A GESTÃO DIFERENCIADA DE
RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO URBANA

BARROS, Francisco T. ….. Tese de Doutorado…. 2017….

série Habitar/Habitat do SESCTV. HABITAR/HABITAT é a nova série de 13 episódios de Paulo Markun


e Sérgio Roizenblit, com exibição pelo canal SESCTV.

completar com normas e todos os artigos lidos


AUT0184 _ CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO 2 | 2019

PROFs. Caio Santo Amore, Camila D’O aviano e José Baravelli


Estagiários PAE: Elizabeth Othon e Gabriel Enrique Mafra Cabral
Colab.: Francisco Barros (pós-doc) e Eng. Mec Fernando Palermo

EMENTA

Estudo de soluções constru vas abrangendo as técnicas convencionais, os processos de racionalização e


introdução aos conceitos básicos das técnicas constru vas compostas por componentes pré-fabricados e da
construção industrializada. Estudo sistêmico das primeiras etapas da construção de edificações de pequeno
porte, a saber: serviços preliminares e canteiro de obras. Relação entre os custos admi dos e os
consequentes resultados na organização da produção. Apresentação dos materiais com maior uso de
energia na sua obtenção, técnicas constru vas mais comuns para estes materiais e seu controle tecnológico
como parâmetro de qualidade

OBJETIVOS

A disciplina busca construir junto ao estudante critérios para a escolha de soluções tecnológicas adequadas
e possibilitar a vivência de processos de projeto, planejamento e construção u lizando materiais na sua
escala natural es mulando a visão crí ca do próprio trabalho.

Além disso, visa mostrar materiais cuja fabricação u liza maior quan dade de energia e exige maior
controle tecnológico e, por meio das visitas técnicas, incen var a reflexão sobre aspectos diversos da cadeia
produ va.

PROGRAMA
AULA DATA TEMA CONTEÚDO

1 05/8/19 Apresentação do Programa da Exposição e discussão do programa e sequência das


disciplina: materiais de construção e disciplinas (AUT0182 e 184)
energia.
Apresentação do Exercício Apresentação do exercício no canteiro experimental (T.1)
construtivo - argamassa armada (T.1)
2 12/8/19 Exercício constru vo: cimento e Exercício construtivo no canteiro experimental
argamassa armada Fase 1: armadura, argamassagem e adensamento

3 19/8/19 Exercício constru vo: cimento e Exercício construtivo no canteiro experimental


argamassa armada Fase 2: Desforma e cura
T.1 – grupo de até 6 pessoas: relatório da execução das peças
em argamassa armada (entrega em 26/8/19)
4 26/8/19 Terra crua e cerâmica Aula expositiva e dialogada
Exibição e discussão dos filmes sobre técnicas de construção
com terra crua e cerâmica:
“Em comparação” (de Harun Farocki)
“Taipa de mão, casa de caboclo” (de Luiz Bargmann -
vídeoFAUUSP), disponível em
h p://intermeios.fau.usp.br/midia/51696268
02/9/19 Semana da pátria
1
5 09/9/19 Visita à Cerâmica Selecta (Itu - SP) (a Visita
confirmar) T.2 – individual: relato da visita relacionada aos filmes
(entrega em 16/9/19)
6 16/9/19 Aglomerantes inorgânicos Aula expositiva e dialogada
Gesso, Cal e Cimento – processos de Exibição e discussão do filme sobre processo de fabricação
fabricação tradicional da Cal
“Velhas paredes de pedra e cal: ruínas do tempo” (de Luiz
Bargmann, vídeoFAUUSP), disponível em
h p://intermeios.fau.usp.br/midia/36957642
7 23/9/19 Aglomerantes inorgânicos Aula expositiva e dialogada
Cimento: da rocha ao insumo Exibição e discussão de vídeos ins tucionais sobre produção
industrial de cimento
8 30/9/19 Cimento – Argamassas e concretos: Aula expositiva e dialogada
do insumo industrial ao produto Principais pos de concretos e argamassas, especificações,
edificado controle de qualidade + vídeos sobre controle de aba mento
e resistência
9 7/10/19 Visita à Associação Brasileira de Visita
Cimento Portland (a confirmar) T.3 – individual: relato da visita relacionada a projetos e obras
(entrega em 14/10/19)
10 14/10/19 Concreto Armado – concepção Aula expositiva e dialogada
arquitetônica e estrutural Exibição e discussão de vídeos sobre processos constru vos
de edi cios em concreto armado e protendido.
“MuBE 2 - Concepção arquitetônica”
h p://intermeios.fau.usp.br/midia/40939258
“MuBE 3 - Concepção estrutural”
h p://intermeios.fau.usp.br/midia/41003616
“Sesc Santana, o arquiteto e o projeto de arquitetura”
h p://intermeios.fau.usp.br/midia/36826086
11 21/10/19 Argamassa Armada – concepção Aula expositiva e dialogada
arquitetônica e estrutural - Pré-fabricação e industrialização
- Ciclo de produção do aço
Aço – fabricação, concepção - Lelé e a experiência do CTRS (Centro Tecn. da Rede Sara)
arquitetônica e estrutural
28/10/19 Dia do funcionário público
12 4/11/19 Construção na escala do material – Exercício construtivo no canteiro experimental
técnica da argamassa armada Projeto
13 11/11/19 Construção na escala do material – Exercício construtivo no canteiro experimental
técnica da argamassa armada Formas
14 18/11/19 Construção na escala do material – Exercício construtivo no canteiro experimental
técnica da argamassa armada Argamassagem e vibração
15 25/11/19 Construção na escala do material – Exercício construtivo no canteiro experimental
técnica da argamassa armada Desforma e cura
T.4 – grupo de até 6 pessoas: relatório do processo de projeto
e construção (entrega em 2/12/19)
16 02/12/19 Semana do TFG + Data de entrega do T.4 – grupo
09/12/19 Lançamento das Notas e Frequência

CONSIDERAÇÕES GERAIS

Os grupos de trabalho (formados por 5 ou 6 pessoas cada) serão organizados pelos professores e monitores,
aleatoriamente e podem ser diferentes no T.1 e T.4.

Os relatos individuais são produções escritas de até 2 páginas, incluindo análises de imagens e devem
responder as questões dirigidas sobre os respec vos temas, relacionando as visitas aos conteúdos
trabalhados nas aulas. As questões dirigidas serão formuladas pelos professores e monitores e serão
disponibilizadas oportunamente no ambiente Stoa. As entregas dos arquivos eletrônicos também serão
feitas no Stoa, por meio de tarefas abertas nas datas das entregas.

2
As avaliações seguirão os seguintes pesos:
Trabalhos Tema Peso
T1 (grupo 6p) Exercício constru vo: argamassa armada 25%
T2 (individual) Relato: Terra Crua e Cerâmica 20%
T3 (individual) Relato: Cimento 20%
T4 (grupo 6p) Projeto e Exercício constru vo em argamassa armada 35%
Não haverá recuperação, tendo em vista que a disciplina é pautada pelo processo de trabalho.

BIBLIOGRAFIA
ABCI - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA. Manual Técnico de Alvenaria. São Paulo: Editora
Projeto, 1990.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Construções de Argamassa Armada. São Paulo: ABCP, 1987.
BALLARIN, Adriano Wagner. Argamassa armada definição , histórico e desenvolvimento. São Paulo: ABCP, 1987.
BONDUKI, Nabil. Arquitetura e habitação social em São Paulo - 1989 - 1992. São Carlos: Universidade de São Paulo /
Escola de Engenharia de São Carlos, 1993.
CENTRO DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO - CEPED. Como construir um silo de ferro cimento. São Paulo: ABCP,
1985.
DESIDERI, Paolo; NERVI Jr, Pier Luigi; POSITANO, Giuseppe. Pier Luigi Nervi. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 1981.
DIESTE, Eladio. La estructura ceramica. Colômbia: Editora Escala (Colección SOMOSUR), 1987.
DIRECCIÓN GENERAL DE ARQUITECTURA E VIVIENDA (org.). Eladio Dieste - 1943 - 1996 - Catalogo de la exposición.
Andalucia: s/ed, 1996
DIRECCIÓN GENERAL DE ARQUITECTURA E VIVIENDA (org.) Metodologia del calculo. Andalucia: s/ed, 1996.
FATHY, Hassan. Construindo com o povo. São Paulo: Editora Forense Universitária, 1982
FUNDAÇÃO CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DAS APLICAÇÕES DE MADEIRAS NO BRASIL. Taipa em painéis modulados.
Brasília: MEC/CEDATE, 1988.
GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais e luta pela moradia. São Paulo: Edições Loyola, 1991.
HANAI, João Bento de. Construções em argamassa armada - Fundamentos Tecnológicos para projeto e execução. São
Paulo: Editora Pini, 1992.
HANAI, João Bento de. Construções em argamassa armada : situação perspectivas e pesquisas. São Carlos: EESC-USP
(Tese de doutorado), 1985.
KLICZKOWVIK, Guillermo R. Prefabricación - Sistema Beno. Buenos Aires: Espaço Editorial, 1979.
LATORRACA, Giancarlo (ed.). João Filgueiras Lima, Lelé. São Paulo: Ins tuto Lina Bo e P.M. Bardi; Lisboa: Ed. Blau,
1999.
LUKIANTCHUKI, Marieli Azoia; CAIXETA, Michele Caroline Bueno Ferrari; FABRICIO, Márcio Minto; CARAM, Rosana.
“Industrialização da construção no Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS): A construção dos hospitais da Rede
Sarah: uma tecnologia diferenciada através do Centro de Tecnologia da Rede Sarah – CTRS”. Arquitextos, São Paulo,
ano 12, n. 134.04, Vitruvius, jul. 2011 <h p://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.134/3975>.
PORTO, Cláudia Estrela (org.). Olhares: visões sobre a obra de João Filgueiras Lima. Brasília: Editora da UnB, 2010.
RONCONI, Reginaldo L. N. Habitações construídas com gerenciamento pelos usuários, com organização da força de
trabalho em regime de mutirão. São Carlos: EESC-USP (Dissertação de mestrado), 1995.
STEELE, James. Hassan Fathy. EUA: St. Mar n Press, 1988.
TURNER, John F. C. Vivienda todo el poder para los usuarios. Madrid: H. Blume Ediciones, 1977.
VILLAÇA, Flavio. O que todo o cidadão precisa saber sobre habitação. São Paulo: Global Editora, 1986.
VILLALBA, Antonio Castro. Historia de la construcción arquitectónica. Barcelona: Edicions UPC - Universitat Politècnica
de Catalunya, 1996.

3
PARA PROFESSORES E MONITORES…

FUNDAMENTOS DOS BLOCOS/MÓDULOS DA DISCIPLINA (2019)

Fundamentos gerais

● Apresentação de materiais com maior consumo de energia no seu processo de fabricação.


● Contextualização do processo cria vo arquitetônico aos materiais e técnicas constru vas
disponíveis.
● Relação entre as técnicas e materiais de construção e o trabalho humano empregado na
execução das partes do edi cio.
● Discu r a extensa cadeia produ va da construção civil

Bloco 1 (3 aulas): Técnica e exercício construtivo inicial

Exercício em grupo de até 6 pessoas para execução de peças de argamassa armada, u lizando-se de fôrmas
e armaduras já preparadas pelo técnico do Canteiro Experimental.

Pretende abordar a técnica que se u liza de materiais industrializados (aço, cimento, placas de
componentes de madeira) e outros de extração natural (areia) e relacioná-la a algumas técnicas discu das
no 1º semestre, par cularmente na visita às edificações da ENFF (Escola Nacional Florestan Fernandes -
MST).

Produto (T.1): registro do processo constru vo (mistura dos componentes da argamassa, lançamento,
adensamento; armadura; fôrma e desfôrma; pega e cura) com fotografias e esquemas explica vos.
Formato: relatório A4 de 2 a 4 páginas, entrega de arquivo eletrônico no Stoa.

Bloco 2 (2 aulas): Terra Crua e Cerâmica

Aulas exposi vas, organizadas a par r de dois vídeos - um sobre a taipa de mão e outro sobre diferentes
processos de produção do jolo - e visita à fábrica de blocos estruturais Selecta em Itu – SP.

Pretende-se abordar o processo produ vo de um elemento aparentemente simples - o jolo - que u liza
pra camente a mesma matéria-prima das técnicas em terra crua, mas que já passa por um processo de
padronização e norma zação para produção industrial.

Produto (T.2): registro individual da visita à fábrica de blocos Selecta, abordando as fases do processo
produ vo (da extração das argilas à expedição do produto) e relacionando-o às discussões em sala de aula
feitas a par r dos filmes. Formato: relatório A4 com até 2 páginas, entrega de arquivo eletrônico no Stoa.

Bloco 3 (5 aulas): Aglomerantes inorgânicos, cimento, argamassas e concretos

Aulas exposi vas com u lização de material audiovisual sobre o processo de fabricação tradicional da cal
(no Vale do Ribeira) e processo de fabricação industrial do cimento, bem como sobre sua aplicação em
concretos e argamassas na arquitetura. Visita à ABCP (e ao showroom de exemplos arquitetônicos
existentes no espaço da associação).

Pretende introduzir os estudantes ao cimento e suas aplicações na arquitetura, com ênfase nos processos
de moldagem in-loco e de pré-fabricação.

4
Produto (T.3): registro individual da visita à ABCP, abordando os vários exemplos e vários usos do cimento,
relacionando-os às discussões em sala de aula sobre concreto armado e protendido. Formato: relatório A4
com até 2 páginas, entrega de arquivo eletrônico no Stoa.

Bloco 4: Construção na escala do material

Exercício prá co de mais longa duração (4 semanas), realizado no canteiro experimental e que pretende
tratar da técnica da argamassa armada, desde o processo de projeto da peça, concepção e fabricação da
fôrma na perspec va de uma produção seriada, armação, mistura da argamassa e lançamento,
adensamento, cura e desforma.

Pretende abordar os processos de produção industrializada e seriada, com referências na experiência do


CTRS e do arquiteto Lelé (João Filgueiras Lima) e em obras de argamassa armada e estruturas metálicas.

O exercício deve par r de contextos que estão fora do ambiente da nossa disciplina: ou trabalharemos
soluções para ocupações de edi cios no centro de São Paulo (ocupações ou obras em andamento), ou
soluções de mobiliário urbano, integradas ao trabalho de paisagismo. Nesses contextos externos,
estudantes terão as referências para elaborar os programas e os projetos.

Produto (T.4): relatório do processo de projeto e de produção do objeto (um componente constru vo ou
um mobiliário urbano), com jus fica va da u lidade, desenhos de projeto de concepção e produção
(fôrmas, armadura), imagens do processo e avaliação crí ca. Formato: relatório A4 com até 10 páginas,
entrega de arquivo eletrônico no Stoa.

5
às margens do espaço construído:
o saber renegado dos construtores e sua reprodução social

Danilo S.V. Costa | nºUSP: 4219501


Orientador: Nilton Ricoy
Coorientador: Francisco Barros
Orientadoras metodológicas: Karina
Leitão e Camila D'Ottaviano
Trabalho Final de Graduação (TFG)
1º semestre | 2019
Inquietações iniciais

“Quem construiu a Tebas das sete portas?


Nos livros estão nomes de reis
Reis carregavam pedras?”
Perguntas de um trabalhador que lê
Bertold Brecht

Acredito que faz parte de uma justificativa pertinente a um TFG (Trabalho Final de Graduação)
expor a maneira como entendo este momento no percurso da minha graduação. Em geral o que vejo
entre meus colegas - e que compartilho - é o entendimento de que se trata de um momento de
experimentação, onde convergem as principais inquietações e interesses tanto pessoais quanto
intelectuais. Uma projeção dos elementos selecionados em um vasto universo de conhecimentos e
experiências que atravessamos - e que nos atravessaram - nos anos de formação. Entendo que essa
experimentação pode indicar o desejo de um porvir para si e para o mundo, por meio de uma
elaboração que sintetize elementos antes dispersos.

Por isso resolvi dividir essa justificativa em duas partes, uma de caráter pessoal que espero
poder elucidar a escolha pelo Tema Gerador do presente trabalho, e outra, de ordem intelectual e
política ambas intimamente imbricadas entre si neste trabalho.

Como pretendo explorar mais adiante nessas reflexões elementos biográficos dos
trabalhadores entrevistados que permitam vislumbrar traços gerais do processo de aquisição do saber
construtivo, do campo das trocas simbólicas entre trabalhadores com diferentes experiências etc,
resolvi fazer uma investigação biográfica da minha própria trajetória para entender como cheguei até
esse momento e o que isso significa num contexto mais amplo.

Meu primeiro contato com o universo da construção foi meu avô Januário, que era mestre de
obras e construiu sua casa aos finais de semana e depois ajudou as filhas e filhos a construírem as
suas. Natural de Hidrolândia - CE, veio para São Paulo na década de 1950 em busca de melhores
condições de vida. Começou a trabalhar na construção por indicação de um conterrâneo, aos poucos
foi aprendendo o ofício de pedreiro, eletricista, instalador hidráulico, azulejista, até ser legitimado pelos
pares como mestre de obras.

Eu quando criança acompanhei a construção das casas dos meus tios e tias, vía os pedreiros
que trabalhavam com meu avô e me fascinava a habilidade daqueles trabalhadores que transformavam
aquele material disperso e disforme em casa, igreja, faculdade. Certa vez estava eu e o Josué, um dos
pedreiros que trabalhava com meu avô, ele estava construindo os alicerces para um tanque de lavar
roupas, disse a ele que gostaria de fazer o que ele faz quando crescesse, naquele momento ele sorriu
e respondeu que aquilo não era algo de se escolher, que aconselhou que eu estudasse para ser
alguém na vida. Aquela cena ficou comigo, eu tinha 9 anos. Não sabia o que era arquitetura ou
engenharia mas sabia que não podia querer ser pedreiro. àquela altura minha família havia ascendido
à classe média o que me dava margem para escolher uma vocação, não fazia a menor ideia de que a
estrutura social e a divisão capitalista do trabalho fazem com que construir não seja considerado uma
vocação, um campo de conhecimento.

O fascínio pela construção e a posição na estrutura social colocavam no meu horizonte dos
possíveis cursar engenharia ou arquitetura. TInha vagas ideias sobre ambas, a engenharia me parecia
mais clara, sabia que o domínio sobre a matemática parecia dar ao engenheiro o poder da concessão
ou do veto no canteiro de obras, sendo apenas obrigado a negociar com o mestre em certas ocasiões,
me contava meu avô. Assim como a matemática me afastou da engenharia, o gosto pelo desenho me
aproximou da arquitetura, embora ainda fosse algo demasiado abstrato essa profissão.

Depois de um ano de deslumbramento com a vida universitária, a falta de materialidade e a


abstração sem fim me fizeram duvidar daquela escolha. Me sentia estudando algo inútil, que nunca fez
parte da minha vida e que para ter sucesso naquele meio precisaria ter outras origens. Fui tomado por
uma imensa angústia e muitas dúvidas. Eis que surge Sérgio Ferro com “O canteiro e o desenho”,
Reginaldo Ronconi com o Canteiro Escola, Pedro Arantes com “Arquitetura Nova”, vozes antagônicas
a tudo que eu via de uniforme no discurso único da arquitetura acrítica, ou meramente formalista.

A realidade material da construção e as inquietações sobre a divisão e as relações de trabalho


davam densidade e concretude às questões que me inquietavam as ideias. Foi então que conheci a
extensão universitária, o que representou uma verdadeira mudança de paradigma na minha trajetória,
as experiências em campo que envolviam materialidade, corporeidade, política, reflexão e estudo, me
traziam cada vez mais elementos para acreditar que seria, não apenas possível, mas necessária uma
ruptura com o modo hegemônico de produzir o espaço humano, para isso seria preciso realizar certos
deslocamentos.

Nesta segunda parte das inquietações iniciais por onde estou buscando esclarecer os fatores
que justificam minha inclinação para este Tema Gerador, farei o esforço de esboçar os traços mais
gerais daquilo que me movimenta intelectual e politicamente. Considerando esses universos como
inseparáveis da experiência vivida.

A condição precária do trabalho no setor da construção civil no Brasil está intimamente ligada
ao legado deixado por séculos de trabalho cativo, a consolidação desse campo de trabalho se deu
continuamente por meio do deslocamento de contingentes populacionais e do uso de sua energia vital
(força de trabalho) pelo menor custo possível, o saber-construir parece não ser levado em
consideração como um campo de conhecimento mas meramente como trabalho braçal heterônomo
desprovido de atividade cognitiva.

Dessa forma aquele que constrói não é concebido como sujeito de conhecimento mas como
corpo que organiza a matéria e dá forma ao espaço desprovido de intencionalidade e reflexão, é
portanto desumanizado, substituível e desvalorizado. Ainda que o trabalho dos construtores e seu
saber adquirido na experiência vivida seja imprescindível, assim como sua reprodução social, este se
encontra estruturalmente marginalizado.
A sociedade se desresponsabilizou da formação desses trabalhadores, estes se formam nas
estruturas ocultas da informalidade, onde a ocorrência de acidentes de trabalho não são computados,
tampouco este trabalhador conta com qualquer seguridade social, daí o caráter de marginalidade.
Ainda assim seu trabalho é fundamental, sem seu corpo, habilidades e intelecto não há rua, casa,
escola, faculdade, o espaço não se constrói por decreto, ou numa equação matricial, nem mesmo com
um desenho bem feito, movimentar e moldar a matéria exige a presença física e mental de milhares
de trabalhadores. O desenho, o cálculo e o decreto se tornam então mediadores da produção de valor
que se desdobra da produção do espaço, quanto mais apertado for o nó górdio que desvaloriza,
fragmenta e mecaniza estes trabalhadores e seus saberes, tanto maior será o saque. Daí seu caráter
estrutural.

Não há pretensões aqui em propor uma solução para a questão mas sim, em caráter
experimental, mobilizar um ferramental metodológico para investigar as formas de reprodução social
dos saberes construtivos - de que forma se dão, quais são seus agentes e o lugar onde ocorrem -, a
inter-relação desse saber com aqueles de caráter mais abstrato - projetuais e gerenciais - e a divisão
social do trabalho a interface onde os agentes detentores desses saberes, específicos e
complementares, se encontram e interagem, o canteiro de obras. Trata-se de uma busca por justiça
social, mobilizada pela noção de que no Brasil o caráter marginal, valor social, dado aos trabalhos,
ofícios ou ocupações que tem na corporeidade e no contato direto com a matéria uma característica
marcante (do operário ao artesão), está intimamente relacionado com a herança escravista da
formação econômica e social do país. A marginalidade do fazer se coloca como aspecto estruturante
da divisão do trabalho e da viabilidade da existência das grandes cidades brasileiras.

A investigação sobre as formas de reprodução social desse saber fazer - que consuma o
espaço construído - se faz relevante para a desconstrução da dicotomia entre trabalho intelectual e
trabalho corporal, fundamento da divisão capitalista do trabalho. A partir da valorização do saber dos
construtores, da constituição deste como campo de conhecimento socialmente legítimo poderia ser
possível pensar uma outra divisão de responsabilidades técnicas, uma outra divisão do trabalho e uma
outra divisão dos dividendos.
Metodologia: a caixa de ferramentas e as habilidades para usá-las
O meio para a realização dessas reflexões serão entrevistas semi-estruturadas realizadas com
trabalhadores da construção civil que se encontram em diferentes “estágios de formação” (cadeia
hierárquica do servente ao mestre) procurando observar as representações feitas sobre:

1) o próprio trabalho - com enfoque nos conhecimentos específicos que caracterizam


determinado ofício;

2) a organização do trabalho (relação entre os saberes, seus agentes e interações;

3) o produto (a obra em si como totalidade e materialização da interação dos saberes);

A partir das trajetórias individuais, familiares, escolares e profissionais dos trabalhadores


entrevistados (mini-biografias). Assim como uma revisão bibliográfica buscando caracterizar o campo
de trabalho na construção civil do ponto de vista de sua história e composição social, assim como
reunindo elementos conceituais e metodológicos da etnografia e da sociologia do trabalho e da
educação que serão utilizados na interpretação dos dados levantados - tanto dados estatísticos,
quantitativos, quanto qualitativos, obtidos por meio das entrevistas.
Referências teóricas
Sérgio Ferro: Crítico da arquitetura como mediadora da extração de mais valia por meio da
gestão do trabalho e da forma mercadoria que emana do desenho. Conceito de heteronomia do
canteiro de obras, trabalhador coletivo e trabalho livre

Paulo César Xavier: com a teoria marxista da produção do espaço, das relações de trabalho
imbricadas nesse fenômeno e sua visão histórica panorâmica sobre a construção civil no Brasil de
onde pretendo embasar minha leitura histórica a cerca da construção do espaço.

Ronaldo do Livramento Coutinho: sociólogo estudioso do fenômeno das migrações internas


no Brasil, fez um trabalho etnográfico de caráter exploratório sobre os operários da construção civil
visando lançar luz sobre o processo de adaptação à vida urbana.

Conrado dos Santos Vivaqua: cujo mestrado intitulado “Autonomia do fazer” se tornou uma
grande inspiração para o desenvolvimento deste tema. Em sua tese questiona a necessidade do
diploma para o acesso ao trabalho de arquitetura no Brasil, ao fazer esse movimento ele acaba
trazendo para a cena o saber construtivo como um campo de conhecimento.

Pierre Bourdieu: com os conceitos de campo e habitus, os desdobramentos do conceito de


capital econômico, o capital simbólico e cultural que irão auxiliar na interpretação dos fenômenos
sociais contidos nas biografias dos agentes sociais dos campos de estudo.

Francisco Barros: com seus estudos sobre canteiro escola, sobre as relações de trabalho e os
processos de ensino e aprendizagem transdisciplinar no canteiro de obras enquanto possibilidade de
empoderamento e conscientização de sua condição de classe.

Cornelia Eckert: antropóloga estudiosa do trabalho, de onde pretendo compreender os


conceitos fundamentais que caracterizam determinado campo de trabalho e suas especificidades
sociais e históricas.
Bibliografia justificada
ARANTES, P. F. . Sérgio Ferro: Arquitetura e trabalho livre. Cosac Naify, 1. ed. São Paulo, 2006

- Crítica da arquitetura, com os conceitos fundamentais das teorias de Sérgio Ferro. Conceito
de trabalho livre.

BARROS, Francisco Toledo. Formação profissional dos trabalhadores da construção civil: o canteiro
de obras e a emancipação social. Dissertação (Doutorado), Instituto de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo. São Carlos, 2018.

- Estudo sistemático a respeito da reprodução social dos conhecimentos dos trabalhadores da


construção civil, aproximação do canteiro de obras como possível espaço formativo e
emancipador.

BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. Org. Sérgio Miceli Ed. Perspectiva, 6 ed. São
Paulo, 2007

- Texto que trabalha conceitos fundamentais da teoria da sociologia da educação de Bourdieu


onde ele trata sobre as trocas simbólicas dentro e fora dos espaços institucionais de
educação e formação, exatamente o que eu gostaria de analisar, o fenômeno da obtenção
das competências e saberes necessários para a legitimação social da ascensão na “carreira”
dos trabalhadores da construção nos espaços informais.

___________. Capital simbólico e classes sociais. In. Revista Novos Estudos, n. 96: Bourdieu e a
questão das classes. CEBRAP. São Paulo, 2013.

- Aprofundamento sobre o conceito de capital simbólico e classes sociais na teoria de


Bourdieu, onde o autor investiga as peculiaridades da reprodução do capital simbólico
condicionado à estrutura de classes sociais.

___________. O poder simbólico; Ed. Perspectiva. São Paulo, 1974;

- Procura expor como o símbolo, objetos, conhecimento, modos de vida, competem para a
hierarquização nas relações sociais, além de serem elemento de reprodução das condições
de classe.

COUTINHO, Ronaldo do Livramento. Operário de construção civil: urbanização, migração e classe


operária no Brasil. Ed. Achaimé, 1 ed. Rio de Janeiro, 1975.

- Trata-se de um estudo etnográfico como eu gostaria de fazer, de caráter exploratório, que


abre questões sem necessariamente fechá-las ou propor soluções.

FERRO, Sérgio. O canteiro e o desenho. Ed. Projeto. 2 ed. 1977

- Crítica sobre o desenho e as relações de trabalho no canteiro de obras, Como o saber do


arquiteto interfere e gere o fazer do construtor.

PEREIRA, P.C.X. . Espaço, técnica e construção: o desenvolvimento das técnicas construtivas e a


urbanização do morar em São Paulo. Ed. Nobel, 2 ed. São Paulo, 1988.

- Entrelaçamento entre a história da construção e suas técnicas na formação das cidades


brasileiras, revela camadas que permitem enxergar certas permanências no tempo das
relações de opressão e de peculiaridades da divisão do trabalho da construção no Brasil.

ROCHA, A.L.C. da; ECKERT, Cornelia. Etnografia: saberes e práticas. in: Ciências Humanas:
pesquisa e método. Org. PINTO, Céli R.J. e GUAZZELLI, César A. B.. Porto Alegre: Editora da
Universidade, 2008.

- Contém elementos básicos para o estudo etnográfico

_________. Etnografias do trabalho: narrativas do tempo.. Porto Alegre: Editora Marca Visual, 2015.

- Traz conceitos fundamentais para a análise dos campos de trabalho, suas significações e
representações sociais. A base de onde pretendo colher os conceitos que me permitam
analisar as entrevistas.

SANTOS, Conrado Vivacqua Raymundo dos. Autonomia do fazer: Crítica sobre a obrigatoriedade da
formação universitária para o acesso ao trabalho em arquitetura no Brasil. Dissertação (Mestrado)
Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2018

- Estudo que problematiza a divisão do trabalho na construção civil do ponto de vista da


habilitação do trabalho de arquiteto, enquanto reserva de mercado, contrapondo ao saber
construtivo como possibilidade de emancipação e autonomia, o autor acaba por refletir sobre
a estrutura do saber construtivo numa interface interseccional com o saber projetual.
Cronograma

Tópico Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

Revisão bibliográfica e coleta


de dados quantitativos

Estruturação da metodologia a
ser empregada nas entrevistas

Mapeamento dos lugares onde


serão realizadas as entrevistas

Realização das entrevistas

Transcrição e sistematização

Elaboração das reflexões

Diagramação e impressão
Produtos e metas para o TFG 1
1. Fechar o escopo do trabalho

2. Selecionar a bibliografia básica e fonte de dados quantitativos

3. Iniciar a revisão bibliográfica e a síntese dos dados coletados (fichamentos e resenhas)

4. Estabelecer uma metodologia e estruturar o formato das entrevistas

5. Mapear os lugares onde serão realizadas as entrevistas e entrar em contato


Parecer do orientador

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