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INTRODUÇÃO A COMPETÊNCIA

- Antes de começar a entender a competência é necessário que se relembre o conceito de


jurisdição.
- Jurisdição é o poder que o Estado tem de solucionar os conflitos aplicando o direito ao
caso concreto, que levado ao judiciário p/ provocar o juiz a julga-lo. Deve-se ter em mente que
a jurisdição é UNA, pois há apenas a jurisdição do Poder estatal.

Pequena diferença entre Jurisdição e Competência.

- A jurisdição permite que todo juiz possua jurisdição, mas no caso da competência nem
todo juiz possui competência para julgar qualquer demanda.

CONCEITO DE COMPETÊNCIA = É O PODER DE EXERCER JURISDIÇÃO


DENTRO DOS LIMITES ESTABELECIDOS PELA LEI. - INCIA NO ART. 42, CPC
- Os limites dessa competência será decido com base nas normas constitucionais (entre elas
as estaduais) , legais, regimentais e negociais.
- A Constituição determina a competência em todo Poder judiciário Federal - STF, STJ, e
justiças Federais: justiça militar, justiça Trabalhista, Eleitoral e Federal Comum - assim
sendo a justiça estadual é residual.

* Princípios relacionados a competência = TIPICIDADE (as competências dos órgãos


constitucionais são APENAS determinada pela Constituição). INDISPONIBILIDADE (as
competências determinadas pela Constituição não podem ser tranferidas para órgãos
diferentes daqueles que ja foram estipulados.

REGRAS E CARACTERÍSTICAS
q Em caso de não haver regra expressa para alguma competência concreta, algum órgão
jurisdicional haverá de ter competência para analisar a demanda ( essa situação é
chamada de implied power. De qualquer modo as competências implicitas é fundamental
para manter a completude do ordenamento jurídico.
q Todo juiz tem sua competência predeterminada e limitada.
q É necessário que se saiba qual será o juizo responsavel que vai julgar a demanda ajuizada,
determinado pela sua competência. (art. 43, CPC)
q A competência é gerada a partir do registo ou distribuição (distribuir a ação ao juizo de
acordo com a matéria) da petição inicial. Essa regra é chamda de perpetuatio
jurisdictions, sendo portanto efeito da listispendência (a litispendência ocorre quando os
três elementos da ação forem idênticos: partes, pedido e causa de pedir.)
q Fixada a competência do juízo, alterações ou circunstâncias supervenientes não são
capazes de modificá-la, de forma a proteger as partes no processo, principalmente o autor.
(art. 324)
- EXCEÇÕES P/ A REGRA DE PERPETUAÇÃO

a) Quando houver a extinsão do órgão jurisdicional (vara/comarca) onde tramitava o


feito).
b) A outra exceção é quanto as circunstâncias supervenientes que não podem alterar a
competência ja fixada (tais como alterações relacionados a razão da matéria, da função ou da
pessoa) - Consta da Súmula N. 367. “competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança
os processos já sentenciados.”

Ainda sobre a regra de exceções  podem ocorrer alterações na lei que mexam com a
competência absoluta, estas alterações legislativas implicam em modificação de competência
imediata de processos que estejam pendentes de sentença.  A última vez que isto ocorreu foi
com a EC 45/2004 (reforma do judiciário) que ampliou a competência da Justiça do Trabalho
e diminuiu a competência da Justiça Estadual. As ações de responsabilidade civil que tinham
causa de pedir de acidente do trabalho tramitavam na Justiça do Estado, o art. 114, CRFB
(que fixa a competência da Justiça Trabalhista) estabeleceu que todas as causas envolvendo
empregador e trabalhador, tramitam na Justiça do Trabalho, então todos os feitos que
tramitavam na estadual, foram remetidos à trabalhista. (SÚMULA VINCULANTE 22)

SOBRE A DISTRIBUIÇÃO - A distribuição da competência deve ser feita na mesma


data da ação demandada. - A regra de DISTRIBUIÇÃO serve para definir a competência
onde há mais de um juizo, respeitando a existência do juiz natural, deve-se ter em mente que
as partes não podem escolher o órgão julgador. - em caso de descumprimento da regra, terá
por consequência a incopetência absoluta.

CLASSIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA

1.
- COMPETÊNCIA DE FORO - é o local onde o juiz exerce as suas funções jurisdicionais,
sendo portando o foro competente aquele que possui a seção judiciária territorial, e onde a
causa deve ser proposta. - determinada pelo CPC

- COMPETÊNCIA DE JUIZO - no mesmo local, podem haver diversos juízes com deferentes
capacidades e assim delimita-se aquele que possui a competência necessária p/ acompanhar a
demanda. - determinada pelas leis de organização judiciária

caminho para uma mesma causa - VERIFICA-SE O FORO COMPETENTE - DEFINE-SE O


JUIZO COMPETENTE (vara) - O CARTÓRIO - A UNIDADE ADMINISTRATI VA.

2.
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA e COMPETÊNCIA DERIVADA - são espécies de
competência funcional absoluta.

- COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA - competência que conhece e julga o caso pela primeira


vez, faz então a primeira análise da causa. - pertence ao juizos singulares de primeiro grau ou
ao tribunal ( ex. ação rescisória e mandado de segurança contra ato judicial)

- COMPETÊNCIA DERIVADA ou recursal - é atribuida ao órgão que vai rever a decisão já


proferida, geralmente cabe aos tribunais, mas podem ocorrer do magistrado da primeira
instância cuidar da fase recursal ( ex. como acontece nos embargos infrigentes de alçada
( esses embargos é um recurso julgado pelo próprio prolator da sentença).

3. COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA -

 A competência absoluta não pode ser prorrogada ou modificada, por se tratar de interesse
público, porém a competência relativa pode sofrer prorrogação ou modificação, por se
tratar de interesse particular. (https://annagruner.jusbrasil.com.br/artigos/569402837/diferenca-entre-competencia-absoluta-e-
relativa#:~:text=A%20compet%C3%AAncia%20absoluta%20%C3%A9%20assim,de%20interesse%20privado%2C%20inter%20partes.)
 A competência absoluta é fixada em razão da matéria (cível, penal etc), em razão da
pessoa, e em razão funcional (pela hierarquia do órgão e suas repartições - grau de
jurisdição), já com na fixação da competência relativa, esta é fixada em razão do valor da
causa ( para sua fixação entre o Juizado Especial ou Justiça Comúm; e é fixada em razão
do território/foro. Porém em alguns casos a competência terrritorial também é absoluta,
tais como a ação possesória sobre bem imóvel.

 Em caso de haver reconhecimento de incompetência, para preservar a litispendência e


dos seus efeitos (materiais e processuais) - aplica-se o novo sistema de translatio iudicii - que
seria a transferência de juízo.

REGRAS SOBRE TRANLATIO IUDICII - Incompetência absoluta ou relativa

- A alegação de incompetência, absoluta ou relativa, em preliminar de contestação


(art. 64)
- O conflito de competência (arts. 66 e 951 a 959)

a) A incopetência absoluta ou relativa é um defeito processual, não leva à extinsão do


processo, mas leva a remessa (transferência) ao juizo competente.
- exceto nos casos de incompetência nos Ajuizados Especiais e incompetência internacional.

Em caso de identificar a incompetência do juizo para processar e julgar as demandas


incidentes (reconvenção e embargos de terceiro por ex.) Nesses casos o juízo da causa
principal - geralmente - tem competência funcional [ a competência é funcional quando se
analisa a função que já foi exercida em processo (o último ato feito) e logo é possível
identificar se há competência ou não ] para julgar as demandas incidentais, mas em caso de
haver contrariedade nesse fato, ou seja, o juízo ser incompetente para processar a demanda
por conta da matéria ou pessoa.

Se acontecer na reconvenção, o magistrado vai indeferir ( indeferir = pedido não foi


aceito) a petição inicial, para que não haja continuação do processo, ou seja não houve
remessa para o juizo competente. A remessa só acontece quando existe a ação. - a
reconvenção só é admitida quando houver a ação - logo não pode ser enviada.
Em caso de ocorrer embargos de terceiro proposto por ente federal ou em face de um dos
autos seja proposta uma denunciaçã da lide, em ambos os casos os autos serão remetidos à
Justiça Federal. [ reconhecdido a incopetência absoluta para tratar de embargo ou
denunciaçã, ambos será remetidos ao juízo ocidental, com a demanda principal e incidental.
b) Assim que reconhecida a incompetência, deverá ser resolvida imediatamente após a
manifestação da outra parte, só assima decisão pode ser tomada. [art. 64, § 2º, CPC]

c) Quando reconhecida a incompetência (absoluta ou relativa) os atos decisórios até o


momento continuarão fazendo efeito, preserva a decisão do juízo incompetente, até que
posteriormente a decisão do juízo competente delibere se irá ou não retificar tais fatos. [art. 64,
§ 4°, CPC]

d) Reconhecida a incompetência do tribunal p/ julgar a ação rescisória, o autor será


intimado para emendar ( corrigir) a petição incial. [ art. 968, § 5º ] e logo em seguida após a
emenda da Petição Inicial, o réu poderá complementar os fundamentos de defesa, e em
seguida, os autos serão tranferidos para o juízo competente.
e) A propositura da ação torna litigiosa a coisa para o autor e réu ainda que perante um
juiz incompetente, a litispendência para o autor e réu é eficaz. [ Preservam-se os efeitos do
ato de citação e do despacho citatório, mesmo reconhecida a incompetência do juízo que a determinou ]- [ § 1 º do art.
240 do CPC ]

FOROS CONCORRENTES.
Há situações que vão haver mais de um foro competente parao conhecimento e
processamento de uma demanda - são esses os foros concorrentes.

- Podem ocorrer as seguintes situações - I) Está presente no par. 1º, art. 47, CPC, para
ações fundadas em direitos real sobre imóveis o autor poderá optar pelo foro de domicílio do
réu ou foro de eleição; II) Está presente no art. 53, V, CPC, em caso de acidente ou reparação
de dano, é competente o foro de domicílio do autor ou do local do fato. III) Está presente no
art. 516, Parágrafo único, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio, do local
onde se encontra os bens, onde se deve ser excutada a ação de fazer ou de não fazer.

FORUM SHOPPING (fato da vida) - se trata da escolha do foro pelo demandante, ou seja,
é direito potestativo do autor.

TAG JURISDICTION - Princípio da Competência adequada - se trata então do autor


escolher o juízo adequadamente compentente, mas tendo seu poder de esolha regulado pelo
princípio da boa-fé, para evitar abusos de poder.

FORUM NON CONVENIES (teoria) - é a possibilidade do controle da competência


quanto ao foro escolhido é um juízo inconveniente ou inadequado, deixando para o arbitrio a
tarefa de buscar outra jurisdição mais adequada para atender aos interesses das partes.
No Brasil, o juízo é competente para controlar a sua própria competência, definindo
assim, seus próprios limites, ( ou por razão do direito ou dos fatos rebatidos, ou em razão das
dificuldade de defesa do réu.

OBS. A EXISTÊNCIA DE CERTA DISCRICIONARIEDADE JUDICIAL PODE SER


SOLUCIONADA PELA ADEQUADA FUNDAMENTAÇÃO COMO FORMA DE RESOLVER O
CONFLITO ENTRE SEGURANÇA JURÍDICA E A JUSTIÇA DO CASO CONCRETO
(IMPEDIR O ABUSO DO DIREITO)

4. COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL

- Deve-se ter em mente que qualquer ato jurídico a ser feito pelo juiz, deve estar de acordo
com a Constituição, tendo em vista que ela é a fonte do Poder jurisdicional. Porém a partiri
do momento que se percebe os feitos do juiz fora do limites constitucionais, se torna
diretamente ato inválido jurídicamente do ponto de vista processual. Mas isso, não se deve ao
caso da falta de jurisdição, e sim de incompetência. Extrapolar os limites constitucionais
tornaria a jurisdição pluralistica, gerando 5 jurisdições - eleitoral, trabalhista, estadual,
federal e militar. - incompetência constitucional é causa de ação rescisória (art. 966, II, CPC)

5. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL

- É a limitação dada a jurisdição de um Estado comparado a outro, a competência


internacional brasileira irá decidir quais causas devem ser julgadas pela justiça brasileira - a
competência internacional de autoridade brasileira está prevista nos arts. 22 - 24, CPCP.
- É de competência exclusiva aos tribunais brasileiros as situações apresentadas no art. 23,
CPC, e qualquer sentença estrangeira dada a esses caso, no territorio brasileiro serão
inexistentes.
- Objetivando ainda mais a jurisdição nacional, o CPC art 24, prevê que a ação intentada
perante tribunal estrangeiro não induz litispendência no Brasil.

CRITÉRIOS PARA A DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA

A distribuição da competência acontece seguindo diversos critérios, a doutrina especifica a seguir:

a) o critério objetivo = matéria; pessoa; valor da causa - levando em conta a demanda e seus
elementos.

PESSOA: são as partes envolvidas

MATÉRIA: refere-se diretamente a causa de pedir ( natureza da relaçao jurídica) contem o


direito discutido e o caso a ser identificado pelo juízo, é desse critério que surge as repartições
- [vara de família, vara cível, penal, etc).

VALOR DA CAUSA: Se refere ao valor do pedido, um dos elementos da demanda, um


exemplo de competência em razão do valor da causa, é dos ajuizados especiais, no qual
permite-se a modificação da competência de acordo com art. 63, CPC, [foro de eleição].

Do mesmo modo, quando há competência em razão do valor da causa, o juízo é absolutamente


incompetente para conhecer das causas que extrapolem o limite estabelecido. Assim, por exemplo,
se o juízo somente tiver competência para julgar causas até sessenta ou quarenta salários-mínimos,
se ele conhece e julga uma causa cujo valor é cento e dez salários-mínimos, há incompetência
absoluta. Perceba, portanto, que, abaixo do limite imposto pela lei, está-se diante de uma
competência relativa; acima do limite, de competência absoluta.

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