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Abdul Razak Abdul Gafar

Nelo Júlio Madeira

Samira Abdul Latifo

INSECTIDAS E PULVERIZAÇÃO INTRA-DOMICILIAR CONTRA O


MOSQUITO TRANSMISSOR DA MALÁRIA

(Licenciatura em Ensino Química)

Universidade Rovuma

Nampula

2020
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Abdul Razak Abdul Gafar

Nelo Júlio Madeira

Samira Abdul Latifo

INSECTIDAS E PULVERIZAÇÃO INTRA-DOMICILIAR CONTRA O


MOSQUITO TRANSMISSOR DA MALÁRIA

Trabalho de carácter avaliativo, na cadeira de Química


Orgânica II, apresentado no curso de Licenciatura em
Ensino de Química, 3° ano – regular, 1º Semestre,
leccionado pelo docente,

MSc. Rodolfo Bernardo Chissico

Universidade Rovuma

Nampula

2020
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Índice

Introdução................................................................................................................................... 3

Insecticidas ................................................................................................................................. 4

Classificação dos Insecticidas ..................................................................................................... 4

As técnicas de aplicação de insecticidas ...................................................................................... 4

Pulverização ............................................................................................................................... 4

Impactos ambientais dos insecticidas .......................................................................................... 5

Pulverização intra-domiciliar contra o mosquito transmissor da malária ...................................... 5

Mosquitos transmissores da malária. ........................................................................................... 6

Pulverização intra-domiciliária.................................................................................................... 6

Planificação e preparação para as actividades de pulverização ..................................................... 7

Perigos dos insecticidas usados na pulverização intra-domiciliária .............................................. 7

Toxicidade .................................................................................................................................. 7

Vias de penetração dos insecticidas ............................................................................................. 9

Sintomas e medidas socorro em caso de intoxicação por insecticidas usados na pulverização


Intra-domiciliar ........................................................................................................................... 9

Organoclorados. .......................................................................................................................... 9

Carbonatos .................................................................................................................................. 9

Piritoides................................................................................................................................... 10

Primeiros socorros .................................................................................................................... 10

Medidas de socorro ................................................................................................................... 10

Resistência aos insecticidas ....................................................................................................... 11

Conclusão ................................................................................................................................. 12
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Bibliografia ............................................................................................................................... 13

Introdução

Várias doenças são veiculadas por mosquitos, os quais agem como vectores para a transmissão de
hospedeiro a hospedeiro. O homem usa insecticidas para controlar a quantidade de mosquitos e
evitar que mais pessoas sejam atingidas. Porém, com o passar do tempo e com a contínua
utilização desses insecticidas, são seleccionadas variedades resistentes de mosquitos, que não são
mais afitadas. Como consequência, há necessidade de aumentar constantemente a quantidade de
insecticida para que a eficácia seja mantida.
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Insecticidas

Insecticidas são substâncias usadas para matar insectos, incluindo ovos e larvas de insectos. Os
insecticidas são usados na agricultura, na medicina, na indústria e por consumidores residenciais,
(Wikipédia 2020). Muitos dos insecticidas atacam o sistema nervoso central dos insectos. Eles
bloqueiam o caminho dos impulsos nervosos causando a paralisia e a morte. Alguns deles têm
uma toxicidade para mamíferos muito menor do que para insectos, enquanto outros funcionam de
maneira similar a armas químicas que atacam o sistema nervoso.

Classificação dos Insecticidas

Podem ser subdivididos em diferentes grupos, de acordo com o nível de acção no organismo do
insecto e conforme Melnikov:

✓ Sensíveis: matam insectos por meio do contacto com qualquer parte do corpo;
✓ Estomacais: matam os insectos através da penetração nos órgãos do sistema alimentar;
✓ Sistémicos: envenenam os insectos que se alimentam das plantas, devido à capacidade de
distribuição do insecticida através do sistema vascular das plantas;
✓ Fumegantes: penetram nos insectos através dos órgãos respiratórios.

Os insecticidas que são simultaneamente sensíveis, estomacais, sistémicos e fumegantes


classificam-se de acordo com a característica principal. É o que acontece com o lindano, que é
classificado como sensível, embora apresente todas as características. Existem também os
insecticidas que são considerados letais para os insectos, por obstruírem os canais respiratórios,
causando a morte por asfixia. Para este caso, destacam-se os compostos constituídos de óleo
mineral e o gel de sílica.

As técnicas de aplicação de insecticidas

Pulverização

Usando um pulverizador o insecticida é diluído em água e depois de fechado é feito o


bombeamento através de uma alavanca manual que pressuriza o líquido, apertando-se o gatilho
da lança a calda insecticidas sai através de um bico doseador e pode ser aplicada nas superfícies
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ou nos locais de infestação. Essa técnica permite a aplicação de insecticidas líquidos, formulados
em concentrado emulsionáveis, suspensão concentrada, micro - encapsulado e pó molhável.

Atomização - é quando usa-se um atomizador com motor à gasolina de dois tempos ou motor
eléctrico. O motor faz girar uma ventoinha que gera um turbilhão de vento num ducto e na saída
desse é liberado a calda insecticida que devido a força do vento vindo pelo ducto quebra a calda
insecticida em partículas finas ou seja atomizadas. A vazão é controlada com um registo com
quatro níveis de abertura. Essa técnica também permite a aplicação de insecticidas líquidos,
formulados em concentrado emulsionável, suspensão concentrada, micro - encapsulado e pó
molhável.

Polvilhamento - usando-se uma polvilhadeira pode-se aplicar o insecticida formulado em pó


seco em frestas, ductos de esgoto, etc.

Aplicação de gel - essa técnica é exclusiva da formulação de insecticida em gel, que pode ser
aplicado através de uma pistola aplicadora cuja regulação é feita para que o gel saia em forma de
gotas. Alguns insecticidas nessa formulação são envasados em seringas com a mesma finalidade
de aplicação. Os insecticidas formulados em gel podem ser distintos ou seja existem o gel para
controlo de baratas e o gel para o controle de formigas.

Impactos ambientais dos insecticidas

A exposição a pesticidas pode causar vários problemas de saúde, dependendo do grau de


contaminação, desde irritação da pele e dos olhos até efeitos no sistema nervoso. Além disso, os
pesticidas são levados pela água das chuvas e podem contaminar solos, rios e lagos. Os
insecticidas podem eliminar insectos que não eram o seu alvo, como abelhas. Estes agentes
polinizadores das plantas são fundamentais para a reprodução e a sua diversidade genética.
Alguns pesticidas organoclorados, como o DDT, demoram muito para se decompor no ambiente
e causam danos a espécies no alto da cadeia alimentar.

Pulverização intra-domiciliar contra o mosquito transmissor da malária

Malária é causada por um protozoário do gênero Plasmodium, cujo ciclo de vida ocorre no
homem, de forma assexuada, e no mosquito do gênero Anopheles, de forma sexuada, atingindo
órgãos variados nos doishospedeiros. A transmissão se dá quando, ao crepúsculo, movidas
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pelanecessidade de uma refeição sanguínea, as fêmeas do mosquito partem em busca de seu


alimento (REY, 2001, p. 335-385). A introdução do parasita no hospedeiro humano é efectuada
pela picada de determinadas espécies de mosquitos juntamente com suas secreções salivares no
interior dos capilares cutâneos (RUPPERT; BARNES, 1996, p. 46).

Mosquitos transmissores da malária.

A malária é endémica em todo o país, nas áreas onde o clima favorece a sua transmissão ao
longo de todo o ano, atingindo o seu ponto mais alto após a época chuvosa. A intensidade da
transmissão varia de ano para ano e de região para região, dependendo da precipitação, altitude e
temperaturas. Algumas das áreas secas do país são tidas como propensas à epidemia. O
Plasmodiumfalciparum é o parasita mais frequente, sendo responsável por maior de todas
infecções maláricas, enquanto o Plasmodium.malariae e o Plasmodium ovale são responsáveis
por menor taxa de todas infecções. Para o controlo e prevenção da malária, o Programa Nacional
de Controlo da Malária está rapidamente a aumentar o uso de pulverização intra-domiciliária e de
redes mosquiteiras Tratadas com Insecticidas ou do programa Rede Impregnada de Longa
Duração mais recente MISAU tem programas de pulverização em alguns distritos e mais nas
áreas urbanas com objectivo de não deixar que os mosquitos se reproduzam. sem nos erradicamos
o mosquito produtor da malária erradicarmos a malária, (BROOKER & COSTER, 2009).

Pulverização intra-domiciliária

Pulverização intra-domiciliária refere-se a aplicação de insecticidas às superfícies internas


estáveis das habitações. A real superfície a ser pulverizada pode incluir todos os lugares
potenciais onde repousam os vectores do Paludismo, da Dengue, do Zika, do Chikungunya, da
Febre-amarela, etc. e aqueles lugares que previne a entrada dos mosquitos dentro das casas. Um
aspecto essencial da pulverização intra-domiciliária é que deve haver suficiente contacto entre o
mosquito e o insecticida aplicado.

Durante a pulverização, devem ser facultados aos operadores das bombas de pulverização os
equipamentos de protecção individual (EPI), incluindo fato-macaco, chapéus de aba larga, luvas
esapatos ou botas, máscaras, óculos de sol e visores. Aconselha-se aos supervisores ou
responsáveis de equipas a pautar por um comportamento seguro e a usar correctamente os
aparelhos de protecção. Várias doenças são veiculadas por mosquitos, os quais agem como
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vectores para a transmissão de hospedeiro a hospedeiro. O homem usa insecticidas para controlar
a quantidade de mosquitos e evitar que mais pessoas sejam atingidas. Porém, com o passar do
tempo e com a contínua utilização desses insecticidas, são seleccionadas variedades resistentes de
mosquitos, que não são mais afitadas. Como consequência, há necessidade de aumentar
constantemente a quantidade de insecticida para que a eficácia seja mantida.

Planificação e preparação para as actividades de pulverização

Um programa eficaz de pulverização tem como base um plano de operações que estabelece a área
geográfica, os métodos e procedimentos de pulverização, a duração do programa, as necessidades
em pessoal, os materiais e equipamentos necessários e o custo estimado das operações. O
exercício de planificação deverá incorporar:

O reconhecimento geográfico: Elaborar planos de operação que definam a área geográfica a


pulverizar, o método e os procedimentos a aplicar, a duração da actividade, os recursos humanos
e materiais necessários para a operação e ainda o custo estimado para a sua execução.

Elaboração do orçamento da operação: Deve-se fazer o orçamento dos gastos que todo o
processo de pulverização ira necessitar de acordo com o planificado.

Informação,comunicação e educação a população sobre: Para que um programa de


pulverização atinja os seus objectivos, a população alvo tem de ser informada sobre os benefícios
da protecção contra as doenças de transmissão vectorial através da pulverização intra-
domiciliária.

Perigos dos insecticidas usados na pulverização intra-domiciliária

Toxicidade

A toxicidade é uma propriedade inerente ao potencial tóxico dum dado composto em condições
experimentais. Existem uma gama de factores que influenciam na toxicidade, a saber: o tipo de
formulação, o tipo de empacotamento do pesticida, a concentração do pesticida na formulação, o
método de aplicação, a dosagem e o contacto do homem com as superfícies pulverizadas.

formulação, o tipo de empacotamento do pesticida, a concentração do pesticida na formulação, o


método de aplicação, a dosagem e o contacto do homem com as superfícies pulverizadas.
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Quadro: Insecticidas recomendados pela OMSPES/WHOPES para a pulverização intra-


domiciliária no controlo das doenças de transmissão vectorial.

Inseticida Fórmula Classe Dosagem(gr/m2) Duração do efeito


Malathion WP P 2 2-3 Meses

Alphacypermethrin WP/SC P 0.02 a 0.03 4-6 Meses

Alphacypermethrin WG/SB P
0.02 a 0.03 < 4 Meses

Bendiocarb WP C 0.1 a 0.4 2-6 Meses

Bifenthrin WP P 0.025 a 0.050 3-6 Meses

Cyfluthrin WP P 0.02 a 0.05 3-6 Meses

DDT WP OC 1a2 6-15 Meses

Deltamethrin WP P 0.01 a 0.025 2-3 Meses

Etofenprox WP P 0.1 a 0.3 3-6 Meses

Fenitrothion WP OP 2 3-6 Meses

Lambdacyhalothrin WP P 0.02 a 0.03 3-6 Meses

Pirimiphos methyl WP/EC OP 1a2 2-3 Meses

Propoxur WP C 1a2 3-6 Meses


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P = Piritoides; C = Carbonatos; OP = Organofosfatos; O C = Organoclorados; WP =


hidrossolúveis; EC = Emulsão concentrada; SC = Suspensão concentrada; WG = grânulos
hidrossolúveis

Fonte: WHOPES (World Health Organization – Pesticide Evaluation Scheme), 2015.

Vias de penetração dos insecticidas

A absorção dos insecticidas ocorre através de 3 vias importantes: ingestão, inalação e pele.
Éimportante referir que a absorção pela pele produz a mesma toxicidade sistémica como as outras
vias. A ingestão de insecticidas deriva sempre do hábito de comer, beber e fumar durante a
manipulação dos insecticidas e ainda de falta de cuidado com a higiene das mãos.
A principal via de penetração das formulações de pós molháveis é a pele, durante as misturas.
Durante a pulverização as gotículas do pulverizadorpodempenetrar no organismo por via de
inalação.

Sintomas e medidas socorro em caso de intoxicação por insecticidas usados na pulverização


Intra-domiciliar

Organoclorados.
Os sinais e sintomas de intoxicação nesta classe de insecticidas são provocados pela excitação
nervosa e a vítima inicialmente tem dores de cabeça, vertigens, aparecenormalmente irritado e
demasiado excitado. Mais tarde podem ocorrer vómitos, fraqueza dos braços e das pernas e
desorientação.

Carbonatos
Os sintomas de intoxicação por organofosforados são similares aos dos piritoides. São principais
sinais: sudação excessiva, dores de cabeça, visão turva, redução da abertura da pupila, fraqueza,
vertigens, salivação excessiva ou secreção brônquica excessiva, vómitos e dores estomacais,
podendo ocorrer também a perda de reflexos e controlo dos esfíncteres.
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Piritoides
Os sintomas típicos de intoxicação por piritoides são os seguintes: desordem nervosa,
alucinações, irritação da pele, face, braços e vias respiratórias alta, salivação e ocasionalmente
reacções alérgicas. Em caso de ingestão pode ocorrer náuseas e vómitos.

Primeiros socorros

✓ É importante recolher a história sobre a intoxicação;

✓ Identificar o nome do tóxico envolvido;

✓ Identificar a via de exposição ou penetração no organismo;

✓ Determinar o tempo em que ocorreu a exposição /intoxicação;

✓ Determinar a razão da intoxicação (intencional, acidental, sobredosagem).

Medidas de socorro

✓ Retirar o paciente do local de trabalho;

✓ Proporcionar um banho com água fria e sabão e trocar a roupa;

✓ Lavar os olhos com muita água e sabão;

✓ Provocar vómito caso o tóxico tenha sido ingerido;

✓ Nunca provocar vómitos a pessoas inconscientes;

✓ Evacuar os intestinos por meio de laxativos (não administrar laxantes oleosos porque os
insecticidas podem ser absorvidos).
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Resistência aos insecticidas

Frequentes vezes os mosquitos desenvolvem resistência aos insecticidas devido a exposição


continua. Entre as resistências que normalmente ocorrem, destacam-se: A resistência verdadeira
ou resistência fisiológica que é a habilidade de uma população de vectores tolerar doses letais de
insecticidas para a maioria dos vectores da mesma população. A resistência cruzada que é
desenvolvida numa população de mosquitos por pressão de selecção de outro tipo de insecticida
com o mesmo mecanismo de resistência que não pertence a mesma categoria química.
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Conclusão
A pulverização intra-domiciliária é recomendável nos locais em que a maioria das estruturas das
casas são permanentes - relativamente bem construídas e com superfícies pulverizáveis e em que
dormir ao relento não é prática comum. Os mosquitos vectores de doenças como o Anopheles
gambiaes.s. e o Aedes aegypti, os quais têm tendências endofílicas e endo-exofágicas, facto que
os torna vulneráveis à pulverização intra-domiciliária. O efeito potencial da pulverização Intra-
domiciliária depende da tendência do vector entrar e repousar dentro das casas. O homem usa
insecticidas para controlar a quantidade de mosquitos e evitar que mais pessoas sejam atingidas.
Porém, com o passar do tempo e com a contínua utilização desses insecticidas, são seleccionadas
variedades resistentes de mosquitos, que não são mais afitadas. Como consequência, há
necessidade de aumentar constantemente a quantidade de insecticida para que a eficácia seja
mantida.
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Bibliografia

BROOKER, Rachel & COSTER, Mart De. Livres da Malária: Vamos Erradicar a Malária!

Maputo, 2009. Documento estratégico para o controlo da malária em Moçambique.2009.

MELNIKOV, N.N., Chemistry Pesticides. Academic Press, New York, p.1998. Moçambique

2005- Manual de pulverização intra-domiciliaria: Disponível na Google em PDF. Acesso em

01.05.2020

Química dos pesticidas. Disponível na Google em PDF. Acesso em 01.05.2020.

RUPPERT, Edward E.; BARNES, Robert D. Zoologia dos invertebrados. São Paulo: Roca, 1996.

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