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Aula 1 Inteligência História e Concepções
Aula 1 Inteligência História e Concepções
AULA
Inteligência:
história e concepções
Metas da aula
Apresentar a trajetória dos significados
atribuídos à inteligência e as principais
concepções decorrentes destes
significados.
objetivos
!
Ver a inteligência como patrimônio social nos remete a ser responsáveis
pelo uso e desenvolvimento da potencialidade de todos, inclusive a nossa
(METTRAU, 2000).
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HISTÓRIA E CONCEPÇÕES
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AULA
Mas, afinal, o que é a inteligência?
Na Psicologia, conta-se sempre a mesma história para muitas
gerações de profissionais. Por volta de 1920, um grupo de estudiosos,
preocupados em entender a inteligência, reuniu quase uma centena de
teóricos e pediu para que eles a conceituassem.
No final dos trabalhos, descobriram que havia, praticamente,
quase o mesmo número de definições que o número de pessoas ali
presentes, ou seja, inúmeros conceitos foram elaborados de acordo
com as visões de mundo particulares.
Portanto, definir inteligência é uma tarefa difícil. Para alguns,
WILLIAN STERN
diz respeito à capacidade de se adaptar ao ambiente; para outros,
(1871-1938)
está relacionada ao pensamento abstrato e, ainda, há aqueles que dão
Psicólogo alemão
destaque ao fato de que solucionar problemas com rapidez e originalidade que sugeriu o índice
de inteligência
é uma característica importante. Outras definições dão ênfase, ainda, à (Quociente de
Inteligência, mais
facilidade em adquirir novos conhecimentos.
conhecido como QI).
Podemos depreender que inúmeras “capacidades” foram e são
incluídas nessas definições, em estudos sobre a inteligência e suas ALFRED BINET
concepções ao longo da História. (1857-1911)
Francês, licenciado
Dentre a gama de entendimentos existentes, optamos, então,
em Direito e doutor
por definir inteligência a partir de quatro renomados teóricos que irão em Ciências, é
considerado um dos
ancorar o nosso estudo. mais notáveis teóricos
da Psicologia.
O tema central de
seus estudos foi a
! inteligência.
Capacidade do organismo para se adaptar convenientemente a situações
novas (STERN, 1914). DAVID WECHSLER
Conjunto de processos de pensamento que constituem a adaptação mental
(BINET, 1916).
(1896-1981)
Propriedade de combinar de outro modo as normas de condutas, para poder Romeno, pós-
atuar melhor em situações novas (Walls, 1917). graduado em
Capacidade agrupada ou global para agir intencionalmente, para pensar
Psicologia nos
racionalmente, para lidar de modo eficaz com o meio ambiente (WECHSLER,
1958). Estados Unidos.
Durante a Primeira
Grande Guerra,
testou milhares
de recrutas com
escalas individuais
A inteligência parece quase sempre estar relacionada à nossa esperteza de desempenho e
escalas de inteligência,
ou à forma rápida com que damos soluções às dificuldades apresentadas criando, em 1939,
uma n ova escala
no dia-a-dia ou, ainda, à nossa habilidade para avaliar as situações novas e
de inteligência
nos adaptarmos a elas. Também podemos relacionar a inteligência à nossa denominada Wechsler-
Bellevue.
capacidade de aprender com erros e acertos do passado.
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ATIVIDADE
COMENTÁRIO
Observe, ao final da atividade, que você pode, por exemplo, ter
escolhido uma pessoa por causa de sua memória fantástica, sua
velocidade de raciocínio ou de seu sucesso profissional, e assim por
diante. O que esses fatores têm em comum é o fato de cada um
apontar para um tipo de comportamento inteligente.
UM POUCO DE HISTÓRIA
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traço familiar e citava, como exemplo, sua própria família, enaltecendo
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os parentes mais brilhantes e a si mesmo como parte desse postulado.
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Segundo ele, a inteligência é uma função do aparelho sensorial do
indivíduo e, para provar essa concepção, elaborou uma série de testes
de ACUIDADE SENSORIAL e de TEMPO DE REAÇÃO, para medir a capacidade ACUIDADE SENSORIAL
intelectual das pessoas. Conceito que diz
respeito a quão bem
Embora os testes desenvolvidos por Galton possam parecer ou claramente pode-se
perceber os elementos
ingênuos à luz dos padrões atuais, a relação que esse pesquisador que compõem o
estabelecia, já naquela época, entre a capacidade sensorial e o intelecto ambiente em volta.
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Nesse mesmo material, escrito em 1909, ele recomendava que as
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salas de aula não tivessem mais que quinze ou vinte alunos, em vez dos
AULA
sessenta ou oitenta que freqüentavam as escolas públicas, na maioria,
crianças pobres. Defendia a utilização de métodos educativos especiais,
dentre os quais um programa que ele chamava ortopedia mental:
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!
A abordagem da Psicologia que se ocupa em estudar aquilo que é observável
e mensurável é chamada Psicologia Diferencial. Os testes psicológicos de
inteligência são um de seus instrumentos.
CHARLES SPEARMAN
(1863-1945)
A sistematização dos estudos sobre o tema começou no início do
Psicólogo e
psicometrista inglês século, quando CHARLES SPEARMAN propôs a teoria de que a inteligência
que propôs que a
inteligência não era
era constituída por dois fatores: um fator geral subjacente (fator “g”) e
um processo simples e um conjunto de fatores muito específicos (fator “s”).
unitário, e que podia
ser decomposta em Essa teoria, com abordagem fatorial, entendia que o fator geral
um fator geral e em
uma série de fatores “g” age como força impulsionadora de um conjunto de outras aptidões
específicos. relacionadas a situações específicas, como aptidão verbal, matemática,
musical, dentre outras. Então, o fator “g” seria o responsável pelo
impulso que iria atuar nos outros fatores. Esse fator assumiria, segundo
Spearman, a forma de energia cerebral dinâmica que põe em movimento
os aspectos específicos da aptidão. Spearman acreditava que o fator geral
“g” era hereditário.
Depois dele, muitos teóricos se empenharam em continuar seus
estudos no sentido de comprová-los. Com o passar do tempo, foram
surgindo e sendo identificados diversos fatores, cada um ligado a uma
tarefa específica.
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ATIVIDADE
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2. No texto que acabou de ler, procure identificar qual era o principal objetivo
de Francis Galton e Alfred Binet, ao estudarem a inteligência.
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COMENTÁRIO
Francis Galton (1860) tinha dois objetivos: a aplicação da teoria
darwiniana da sobrevivência do mais apto e a ratificação da
importância da hereditariedade na determinação da inteligência.
A partir desses conceitos, procurava provas para demonstrar a
supremacia de algumas raças sobre outras, dando origem à
eugenia. Para ele, reagir a um estímulo com rapidez é uma forma
de manifestação da inteligência.
Alfred Binet, quase quarenta anos depois, deu início ao estudo da
identificação de crianças mentalmente atrasadas, para ajudá-las com
programas especiais. Acreditava que a inteligência se manifestava
na capacidade de fazer juízos corretos. Contrário à concepção
hereditária, acreditava que a inteligência poderia ser desenvolvida
por meio de educação adequada.
Se sua resposta se aproximou disso, você entendeu o quadro teórico
apresentado. Caso não tenha conseguido identificar como cada um
destes teóricos concebeu a inteligência, seria conveniente que você
voltasse ao texto e observasse esses aspectos detidamente.
HOWARD GARDNER
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Para Gardner, as inteligências funcionam sempre combinadas;
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quanto mais sofisticada for a pessoa, mais fusão terá entre elas. O teórico
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também defende a existência de independência entre as inteligências, isto
é, se uma pessoa tem alto nível de um tipo de inteligência, não significa
que terá o mesmo nível em outra inteligência; portanto, as realizações
talentosas em determinada área não implicam uma realização igualmente
talentosa em outra.
Outro aspecto destacado na compreensão das manifestações dessas
inteligências é que determinadas vocações ou ocupações requerem mais
de uma destreza ou capacidade. Um exemplo é a dança, que requer ca-
pacidades corporal-cinestésica, musical, interpessoal e espacial em graus
variados. Outro exemplo é a política, que requer capacidade interpessoal,
facilidade lingüística e certa aptidão lógica e corporal-cinestésica.
Como você viu até este momento, a forma de entender e con-
ceituar a inteligência, ao longo da História, tem muitas variações e, de
certa forma, apresenta conceitos flexíveis, de acordo com a concepção
que se tem do tema. Então, a compreensão sobre a inteligência, suas
definições e conceitos ampliaram-se sensivelmente no decorrer do sé-
culo passado.
!
A despeito das diferentes abordagens, defende-se aqui que a inteligência é
única, e não múltipla, e que há diferentes formas de expressá-la. Há vários
tipos de comportamento inteligente, e não vários tipos de inteligência.
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CONCLUSÃO
ATIVIDADE FINAL
Quais são os teóricos mencionados na aula que acabou de ler? Procure localizá-los
no tempo, identificando a contribuição de cada um sobre o tema inteligência.
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COMENTÁRIO
Francis Galton (1856), preocupado com o início dos estudos sobre a
eugenia, considerava que a inteligência e a rapidez em reagir a um
estímulo eram determinadas pela hereditariedade, além de ser uma
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forma de manifestá-la. A principal contribuição que este pesquisador
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deixou diz respeito à importância da estimulação sensorial no
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desenvolvimento cognitivo.
Alfred Binet (1905), preocupado em identificar na escola crianças
com atraso, para ajudá-las com programas especiais, considerava a
inteligência como a capacidade em fazer juízos corretos. A principal
contribuição desse importante pesquisador foi acreditar e demonstrar
que a inteligência pode se desenvolver por meio de uma educação
adequada, pois ela não é uma qualidade fixa e herdada.
Howard Gardner (1983), preocupado em esclarecer a natureza
da cognição humana, desenvolveu uma teoria em que discute a
inteligência como pluralidade do intelecto. Relaciona sete tipos de
inteligência e acredita que elas funcionem sempre combinadas, mas
são independentes entre si. A principal contribuição desse autor foi
trazer para o ambiente acadêmico novas e vibrantes discussões sobre
a inteligência.
Se você, ao realizar a atividade proposta, não encontrou ‘qualquer
dificuldade, sua compreensão sobre o tema está completa. Caso con-
trário, se percebeu que alguns aspectos não estão completamente
entendidos, retorne ao texto para esclarecer as suas dúvidas.
RESUMO
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LEITURAS RECOMENDADAS
GOULD, Stephen Jay. A falsa medida do homem. São Paulo: Martins Fontes,
1991.
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