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Rafael

Barreto Ramos
2017

CURSO PROCURADOR DA PREFEITURA DE BELO HORIZONTE


Direito Civil

Professora: Mônica

23/11/16
Ø Direito das Obrigações

1. Relação jurídica obrigacional

Credor (sujeito ativo) ------ objeto ------ devedor (sujeito passivo)

Vínculo Jurídico

No direito das obrigações, há um credor de um lado. Do outro há o devedor. Entre eles há o


objeto e há também o vínculo jurídico que os une.

1.1. Teoria dualista ou binária (alemã)

Teoria alemã que o ordenamento jurídico pátrio recepcionou.

Por esta teoria, a obrigação se desenvolve por meio da relação entre 2 elementos, quais sejam,
o débito (Schuld) e a responsabilidade (Haftung).

Débito em alemão é Schuld.

Crédito em alemão é Haftung.

Débito é a dívida e o dever de pagar.

Responsabilidade é a possibilidade que tem o credor de “invadir” o patrimônio do devedor para


se satisfazer.

Quase todas as obrigações funcionam sob essa relação entre o débito e a responsabilidade.

1.1.1. Obrigações civis/perfeitas (débito + responsabilidade)

Apresentam os dois elementos, ou seja, o débito e a responsabilidade.

Quase todas as obrigações são civis ou perfeitas.

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1.1.2. Obrigações naturais ou imperfeitas (somente o débito)

Apresentam somente o débito.

Ex1. Dívida prescrita. Há a dívida, todavia extinta a pretensão de credor em razão da prescrição.

Ex2. Dívida de jogo proibido ou tolerado

DEVE-SE CONHECER UMA CLASSIFICAÇÃO ACERCA DOS JOGOS:

a) Jogos proibidos: São os jogos ilícitos. Ex. Os que estão no art. 50 da Lei de Contravenção Penal, tais
como o jogo do bicho.

b) Jogos tolerados: Aqueles que a lei não proíbe expressamente, mas não são bem vistos pela sociedade.
Ex. Carteado (jogos de cartas).

c) Jogos permitidos: Aqueles que são autorizados por lei. Ex. Jogos promovidos pelas loterias oficiais.

Nestes exemplos, se o devedor quiser, pode pagar, contudo, se não, o credor não poderá invadir seu
patrimônio.

SOMENTE SÃO OBRIGAÇÕES IMPERFEITAS AS DÍVIDAS DE JOGOS PROIBIDOS OU TOLERADOS.

ATENÇÃO:

Informativo 566 STJ: O jogo decorrente de casas de bingo que funcionavam por decisão liminar NÃO
OBRIGA O PAGAMENTO.

ISTO OCORREU PORQUE AS CASAS DE BINGO NÃO TÊM AUTORIZAÇÃO LEGAL PARA FUNCIONAR (VIDE
CONCEITO ACIMA).

1.2. Objetos das obrigações

a) Dar

Obrigações positivas

b) Fazer

c) Não fazer à Obrigação negativa

coisa certa

1.1.1. Obrigação de dar

coisa incerta

Por meio da obrigação de dar busca-se a entrega ou a restituição de algo.

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a) Obrigação de dar coisa certa

Aquilo que é devido e está perfeitamente individualizado/ESPECIALIZADO.

Ex. João me deve um carro tal, placa tal, ano tal, etc.

Neste caso, o credor NÃO É OBRIGADO A RECEBER PRESTAÇÃO DIVERSA QUE LHE É DEVIDA, AINDA QUE
MAIS VALIOSA.

Art. 313 - CC. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais
valiosa.

Se o credor aceitar, tratar-se-á da dação em pagamento que, por sua vez, ocorre quando o credor
consente em receber prestação diversa da que lhe é devida.

Art. 356 - CC. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.

A prestação pode ter VALOR DIVERSO. Se o credor aceita, A OBRIGAÇÃO É EXTINTA.

1. Acessórios da coisa certa – ACOMPANHAM

PRINCÍPIO DA GRAVITAÇÃO JURÍDICA: Dispõe que os acessórios ACOMPANHAM A COISA CERTA ainda
quando não mencionados (art. 233 CC – primeira figura).

1.1. EXCEÇÃO (art. 233 CC – parte final)

Os acessórios NÃO acompanharão a coisa certa quando houver disposição em contrário no título
(contrato) ou a depender das circunstâncias do caso.

Ex. Devolução de apartamento locado em que há geladeira, fogão e afins NÃO O ACOMPANHARÃO
(circunstâncias do caso).

Art. 233 - CC. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo
se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

2. Perda da coisa certa

Se a coisa que é devida se perder.

- Premissas

a) a coisa móvel se transfere com a TRADIÇÃO, ou seja, a entrega da coisa;

Ex. Torna-se dono de um carro (coisa móvel) COM A TRADIÇÃO, prescindindo da transferência no DETRAN,
posto que esta se destina para fins administrativos. Juridicamente falando o carro muda de dono com a
simples entrega.

b) a coisa se perde para o seu dono – res perit domino

Se a perda se der antes da tradição, será do DEVDEDOR coisa. Caso se dê depois da entrega, será do
CREDOR da coisa.

b.1.) Sem culpa do devedor da coisa

De acordo com o Código Civil, a obrigação será RESOLVIDA, ou seja, extinta. Ou seja, retorna-se ao status
quo.

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Caso já tenha sido adiantada parcela da contraprestação, esta deverá ser DEVOLVIDA.

b.2.) Com culpa do devedor da coisa

In casu, a obrigação também será RESOLVIDA, extinta, todavia o DEVEDOR da coisa deverá indenizar o
CREDOR da coisa com PERDAS E DANOS.

Art. 233 CC. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se
o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

Art. 234 CC. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor (aquele que
ENTREGA A COISA), antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para
ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas
e danos.

Nota:

- Direito das obrigações é DIFERENTE da parte geral do Código Civil, posto que é mais voltado ao
raciocínio.

- A resolução sempre se aplica quando há um descumprimento da obrigação, seja este culposo


ou não.

- EM OBRIGAÇÃO DE COISA CERTA, O CREDOR SOMENTE PODERÁ EXIGIR PERDAS E DANOS


QUANDO HOUVER CULPA NA PERDA DA COISA.

- A INDAGAÇÃO COM CULPA OU SEM CULPA SOMENTE INTERESSA ANTES DA TRADIÇÃO.

IMPORTANTE:

- Um automóvel muda de titularidade com a simples entrega. NÃO É COM A TRANSFERÊNCIA


NO DETRAN.

- Na obrigação de dar a coisa certa, o DEVEDOR é aquele que deve a ENTREGA DA COISA
(alienante) e não aquele que dará o dinheiro.

Em sentido oposto, na obrigação de dar o dinheiro, aquele que dá o dinheiro que será o devedor.

Ex. Até a entrega do veículo este será de propriedade do alienante.

A lei chamará o alienante de DEVEDOR e o adquirente de CREDOR.

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3. Melhoramentos na coisa – Cômodos obrigacionais

Até a tradição, a coisa pertence ao devedor, com os melhoramentos e acrescidos, podendo este exigir
aumento de preço. Em caso de discordância do credor, a obrigação será resolvida/exinta.

Ex. Comprei uma cadela e a paguei, todavia fica avençado que esta será entregue após 10 dias. Até a
entrega da cadela, o DEVEDOR da coisa será o pet shop. No momento da entrega da cadela, esta está
grávida. Neste caso, considerando que houve um melhoramento na cadela, o melhoramento pertencerá
ao pet shop, podendo este exigir um aumento no valor da cadela.

Art. 237 CC. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos
quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.

Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.

b) Obrigação de dar coisa incerta – dívida de gênero (gênero + mais quantidade)

Somente se sabe o gênero e a quantidade da coisa.

Ex. 10 (quantidade) garrafas de vinho (gênero).

Neste caso, caberá uma ESCOLHA, também chamada de CONCENTRAÇÃO.

O CONTRATO informará quem escolherá a coisa.

No SILÊNCIO DO CONTRATO, quem escolherá será o DEVEDOR da coisa, porém este não poderá o que tem
de pior, também não precisará entregar o que tem de melhor.

Art. 244 CC. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se
o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a
prestar a melhor.

A obrigação de dar coisa incerta transforma-se em obrigação de dar coisa certa a partir da CIENTIFICAÇÃO
DA OUTRA PARTE QUANTO À ESCOLHA.

NÃO É NO MOMENTO DA ESCOLHA.

Art. 245 CC. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.

1. Perda da coisa incerta – NÃO ADMITIDA – genus non perit (art. 246 – CC)

Quando se fala de coisa incerta, ESTA NÃO ADMITE A PERDA.

“Nós devemos nos manifestar pela impossibilidade de uma coisa incerta vir a se perder. Isso porque
gênero NÃO SE PERDE (genus non perit).
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Art. 246 - CC. Antes da escolha , não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que
por força maior ou caso fortuito.

(1) Antes da escolha: erro legislativo. Dever-se-ia constar antes da CIENTIFICAÇÃO.

SE, NA PROVA, APARECER A CÓPIA DO ART. 246, DEVE-SE CONSIDERAR A ASSERTIVA COMO VERDADEIRA.

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ATENÇÃO:

- Dívida de gênero limitado

Neste caso, a coisa devida PODE VIR A SE PERDER.

EM CASO DE PERDA, APLICAR-SE-ÃO AS REGRAS DA PERDA REFERENTES À OBRIGAÇÃO DE DAR COISA


CERTA.

“Deve-se perguntar se houve culpa ou não (vide acima)”

Ex. João me deve 10 (quantidade) garrafas de vinho (gênero) de determinada safra (limitação de gênero).

João deve 5 vacas de determinada fazenda.

IMPORTANTE:

GÊNERO NÃO SE PERDE.

1.1.2. Obrigação de fazer

Por meio da obrigação de fazer, busca-se do devedor o desempenho de uma atividade.

- Esta atividade poderá ser:

a) Física;

Ex. Contratação de lavagem de veículo.

b) Intelectual;

c) Declaração de vontade.

Ex. A obrigação que uma das partes (promissário vendedor) tem de, na promessa de compra e venda, ao
término do pagamento das parcelas, outorgar a escritura pública.

1.1.2.1. Classificação

a) Obrigação de fazer fungível

É aquela em que a pessoa do DEVEDOR poderá ser SUBSTITUÍDA.

Ex. Contratação de pessoa para lavagem de carro, pintura de sala, etc.

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ATENÇÃO:

Em se tratando de obrigação de fazer fungível, o credor, mediante requerimento judicial,


poderá solicitar que outra pessoa desempenhe a atividade às custas do devedor inadimplente
(art. 249, caput, CC)

- Autoexecutoriedade da obrigação de fazer (art. 249, par. único – CC)

Entretanto, em caso de URGÊNCIA, o requerimento judicial será DISPENSADO (NOVIDADE DO


CÓDIGO DE 2002 EM FACE DO DE 1976).

Trata-se da autoexecutoriedade da obrigação de fazer.

Art. 249 - CC. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa
do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.

Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial,


executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.

b) Obrigação de fazer infungível ou PERSONALÍSSIMA

É aquela em que a pessoa do devedor NÃO PODERÁ SER SUBSTITUÍDA.

Ex. Contratação do Chico Buarque para composição de música.

da natureza do contrato

- Infungibilidade poderá decorrer

da natureza da obrigação

Ex. Contrata-se o Manuel para pintar uma casa – natureza da obrigação.

1.1.2.2. Descumprimento da obrigação de fazer

Ocorre quando o devedor não desempenha a atividade.

a) Sem culpa

A obrigação será RESOLVIDA/EXTINTA.

Neste caso, o devedor deverá devolver eventual contraprestação antecipada.

Ex. Indivíduo contratado para cantar numa festa estava em cárcere em razão de sequestro.

b) Com culpa

A obrigação será RESOLVIDA/EXTINTA.

Neste caso, o devedor deverá devolver eventual contraprestação antecipada.

O CREDOR PODERÁ EXIGIR INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS.

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1.1.3. Obrigação de não fazer – obrigação negativa (arts. 250 e 251 – CC)

Busca-se do devedor uma ABSTENÇÃO.

1.1.3.1. Classificação

a) Instantânea

É aquela em que, quando há o seu DESCUMPRIMENTO, NÃO é possível DESFAZER aquilo que foi feito.

“Quando o sujeito faz aquilo que não deve ser feito, não há como desfazer.”

Ex. Violar segredo de empresa. Se contar o segredo, não há como voltar atrás.

b) Permanente

É aquela em que, quando há o seu descumprimento, É POSSÍVEL DESFAZER o que foi feito.

Ex. Não parar o carro em determinada vaga de garagem.

Isto é, indivíduo disponibiliza vaga de condomínio para guardar lixo. Desta feita, não poderá parar seu
carro no local. Se eventualmente parar o carro, poderá retirá-lo.

MACETE:

Obrigação de fazer

Instantânea àIrreversível.
Permanente à Reversível.

Art. 250. CC Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.

Art. 251. CC Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o
desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente
de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

1.1.3.2. Descumprimento da obrigação de não fazer/negativa (art. 390 – CC)

Ocorre a partir de quando o indivíduo faz aquilo que não poderia ter feito.

Art. 390. CC Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou
o ato de que se devia abster.

a) Com culpa

A obrigação será RESOLVIDA/EXTINTA.

O CREDOR poderá exigir PERDAS E DANOS.

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ATENÇÃO:

Em se tratando de obrigação de não fazer permanente (reversível), o credor, mediante


requerimento judicial, poderá exigir que seja DESFEITO AQUILO QUE FOI FEITO às custas do
devedor inadimplente.

Obs. Só faz sentido para a obrigação de não fazer permanente, pois somente esta permite a reversão.

- Autoexecutoriedade da obrigação de não fazer

Em caso de URGÊNCIA, o requerimento judicial será DISPENSADO.

Trata-se da autoexecutoriedade na obrigação de NÃO FAZER.

Art. 251 - CC. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o
desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente
de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

b) Sem culpa

A obrigação será RESOLVIDA/EXTINTA.

Ex. Indivíduo conta segredo de empresa mediante coação.

2. Boa-fé

2.1. Boa-fé objetiva (princípio)

Considerada um princípio.

É o PADÃO DE COMPORTAMENTO honesto, probo e leal.

Amplamente adotado no Código Civil.

Possível de ser constatado, por ser externado.

2.2. Boa-fé subjetiva (NÃO É PRINCÍPIO)

É o ESTADO PSICOLÓGICO da pessoa que ignora o vício que macula a negociação.

Comportamento interno, não é externado.

Também adotado no Código Civil (arts. 309, 1.242, 1.561).

Art. 309 - CC O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era
credor.

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3. A obrigação como um processo


Atualmente, a obrigação deve ser vista como um processo.

Isso significa que a obrigação é formada por um antes, um durante e um depoir

Todas essas fases deverão ser permeadas pela boa-fé objetiva.

Assim será alcançada a maior satisfação para o credor com a menor onerosidade para o devedor.

“Conjunto de atos. ‘Um antes, um durante, um depois’. A obrigação não vai se exaurir num único
momento.

A doutrina diz que todos esses momentos deverão ser permeados com a boa-fé objetiva.

Conseguir-se-á a maior satisfação para o credor com a menor onerosidade para o devedor”

Ex. A montadora de veículo deve continuar a produzir peças para carros não mais fabricados por
determinado tempo.

4. A obrigação complexa

É aquela em que NÃO BASTA o cumprimento da OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.

Deverão ser cumpridos os DEVERES LATERAIS OU ANEXOS, quais sejam:

Proteção

Informação

Cooperação

L
(le)aldade

Solidariedade
Ex. Indivíduo pede um sanduíche e um refrigerante. O chão estava molhado sem aviso e o
indivíduo cai.

O indivíduo ajuíza ação contra o estabelecimento, obtendo êxito em sua empreitada, posto que
este cumpriu com a obrigação principal (sanduíche e refrigerante), mas não cumpriu a anexa
(noticiar que o chão estava molhado).

O que liga os deveres laterais ou anexos à obrigação principal é o PRINCÍPIO DA BOA-FÉ


OBJETIVA.

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5. Modalidade das obrigações

5.1. Obrigações simples

Aquela que há um credor, um devedor e, entre eles, um objeto.

5.2. Obrigações plurais/compostas

5.2.1. Subjetivamente plurais (vários sujeitos)

Podem ser vários credores e/ou devedores.

São elas as:

- Fracionárias;

- Solidárias;

- Divisíveis/indivisíveis.

5.2.2. Objetivamente plurais (vários objetos)

São elas as:

- Cumulativas;

- Alternativas.

6. Obrigações subjetivamente plurais

6.1. Obrigações fracionárias (art. 257 – CC)

6.1.1. Pluralidade de credores

Havendo uma pluralidade de credores, em se tratando de prestação divisível, deve-se presumir que
qualquer credor apenas poderá cobrar o valor correspondente à sua fração ou cota parte.

“Decorrem de uma presunção.

Quando o objeto é divisível, presume-se que o credor poderá cobrar somente a sua parcela.”

Ex. Devedor deve 90 reais a três credores.

Cada credor somente poderá cobrar 30 reais.

6.1.2. Pluralidade de devedores

Havendo uma pluralidade de devedores, se a prestação for divisível, qualquer devedor apenas poderá ser
cobrado pela sua fração ou cota parte.

Art. 257. - CC Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-
se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.

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6.2. Obrigações solidárias

6.2.1. Conceito (Art. 264 – CC)

Melhor conceito é extraído do Código Civil. Vejamos:

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um
devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.

6.2.2. Espécies de solidariedade

Solidariedade Ativa (polo ativo) Solidariedade Passiva (polo passivo)

3 credores devem 90 reais a 1 devedor com 3 devedores devem 90 reais a 1 credor com
solidariedade ativa àtodos os credores podem solidariedade passiva à o credor pode cobrar os
cobrar os 90 reais do devedor 90 reais de todos os devedores.

O credor que recebeu os 90 reais tem a obrigação O devedor que pagar poderá cobrar a fração dos
de repassar 30 reais a cada devedor. demais devedores.

- Explicação: - Explicação:

1. Haverá uma pluralidade de credores 1. Haverá uma pluralidade de devedores

2. Qualquer credor pode cobrar a dívida toda 2. Qualquer devedor pode ser cobrado pela
dívida toda
3. Aquele que receber o pagamento dividirá com
os demais aquilo que recebeu. 3. Aquele que pagar poderá se voltar contra os
demais devedores exigindo a fração de cada um.

6.2.3. Observações acerca da solidariedade

a) A solidariedade NÃO SE PRESUME. Decorre da LEI OU DA VONTADE DAS PARTES (CONTRATO) (art.
265 - CC)

A questão deve expressar que a solidariedade decorre da lei ou que foi firmado contrato com cláusula
referente à solidariedade.

Caso contrário, tratar-se-á de obrigação fracionária (vide acima).

Ex. Maria e José devem 1000 reais a João.

Se houver lei ou contrato acerca da solidariedade, João poderá cobrar 1000 a qualquer um dos dois.

Se não houver, somente poderá cobrar 500 de cada um.

Art. 265 - CC. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

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b) Princípio da variabilidade da natureza da obrigação solidária (art. 266 – CC)

É possível que, em uma obrigação solidária, existam algumas variações.

Por exemplo, variação quanto ao local do pagamento, à data do vencimento, etc.

“De acordo com esse princípio, embora sejam devedores solidários, é possível que existam variações nas
obrigações, como, por exemplo, locais de pagamento diferentes, datas de vencimento diferentes.”

Art. 266. - CC A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e
condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.

6.2.4. Regras de solidariedade ativa1 (CAI)

(1) Solidariedade ativa: pluralidade de credores

6.2.4.1. Prevenção judicial (art. 268 – CC)

Em princípio, o devedor poderá escolher a qual credor pretende fazer o pagamento.

Contudo, se um dos credores promover a demanda, o devedor ficará obrigado a pagar a esse que
demandou.

Art. 268. CC Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer
daqueles poderá este pagar.

6.2.4.2. Pagamento parcial (art. 269 – CC)

Se houver um pagamento parcial, o valor recebido pelo credor deverá ser dividido entre os demais e a
dívida permanece quanto ao restante.

“Se um dos credores receber parcela da dívida, terá que DIVIDIR COM O RESTANTE DOS CREDORES.”

Art. 269. CC O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi
pago.

6.2.4.3. Falecimento de um dos credores solidários (art. 270 – CC)

Diante do falecimento de um dos credores solidários, os seus herdeiros apenas poderão cobrar o valor
correspondente ao quinhão hereditário de cada um.

“Um dos credores falece e deixa dois herdeiros. Cada herdeiro poderá cobrar somente a sua parte, pois,
caso contrário, presumir-se-ia a solidariedade, o que é vedado.”

Ex. Devedor deve 90 reais a 3 credores. 1 morre e deixa 2 herdeiros. Cada herdeiro somente poderá cobrar
15 reais.

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6.2.4.3.1. EXCEÇÃO - Obrigação indivisível

Todavia, se a prestação for indivisível, qualquer herdeiro poderá cobrar a dívida toda, NÃO PORQUE HÁ
SOLIDARIEDADE, MAS SIM PORQUE HÁ INDIVISIBILIDADE.

“Em caso de obrigação indivisível, o herdeiro poderá cobrar todo o objeto, haja vista que a prestação é
indivisível.”

Ex. Devedor deve uma vaca a 3 credores. 1 morre e deixa 2 herdeiros. Cada herdeiro poderá cobrar a vaca.

Art. 270. CC Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a
exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível.

6.2.4.4. Conversão em perdas e danos (art. 271 – CC – redação ruim)

Se a prestação se perder, sendo ela substituída por dinheiro, a solidariedade continuará.

Ex. Devedor deve uma vaca a 3 credores. Em caso de morte da vaca, deve esta ser convertida no valor
correspondente em pecúnia, permanecendo, apesar do dinheiro ser divisível, a SOLIDARIEDADE
CONTINUA.
1
Art. 271. CC - Convertendo-se a prestação em perdas e danos , subsiste, para todos os efeitos, a
solidariedade.

(1) Crítica: Deveria dispor “convertendo-se a prestação em pecúnia”, posto que as perdas e danos
somente são válidas quando HÁ CULPA

SE APARECER NA PROVA A REDAÇÃO LITERAL DO ART. 271 – CC, DEVE-SE CONSIDERÁ-LA CORRETA.

6.2.4.5. Remissão (PERDÃO) (art. 272 – CC)

Caso um dos credores solidários perdoe a dívida integralmente, o devedor será liberado e, o credor que
promoveu o perdão, deverá pagar aos demais credores, a fração de cada um.

Art. 272. CC O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela
parte que lhes caiba.

Nota:

- Remissão à perdão à matéria de direito civil.

- Remição à extinção à matéria de direito processual civil.


1
6.2.4.6. Exceções pessoais (art. 273 – CC)

(1) Exceção: defesa

O devedor NÃO poderá opor exceções pessoais oponíveis a outros credores.

Ex. Devedor deve a 3 credores. Um dos credores ajuíza ação contra o devedor. Todavia, um credor diverso
devia ao devedor. Neste caso, por se tratar de exceção pessoal de outro credor, não poderá opor.

Art. 273 - CC. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos
outros.

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6.2.4.7. Julgamento (art. 274 – CC)

O art. 274 foi MODIFICADO PELO NOVO CPC.

O julgamento contrário a um dos credores NÃO PREJUDICA os demais.

Já o julgamento favorável a um dos credores A TODOS BENEFICIA.

“O que é bom, aproveita a todos. O que é ruim, aproveita somente a um”.

Ex. Devedor deve a 3 credores. Um dos credores ajuíza ação contra o devedor e perde a causa. Neste caso,
prejudicará somente ao credor que ajuizou a ação.

Caso contrário, beneficiaria todos os 3 credores.

Art. 274 - CC. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento
favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve. (Vide
Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)

Art. 274 - CC. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o
julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de
invocar em relação a qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)

6.2.5. Regras de solidariedade passiva1 (CAI)

(1) Solidariedade passiva: Pluralidade de devedores.

6.2.5.1. A solidariedade passiva não se confunde com o litisconsórcio passivo necessário (art. 275, par
un – CC)

Se o credor ajuizar a ação contra 1 dos devedores solidários, isso NÃO significa que ele está renunciando
a solidariedade em relação aos demais.

Art. 275 - CC. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam
obrigados solidariamente pelo resto.

Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um
ou alguns dos devedores.

6.2.5.2. Falecimento de um dos devedores (art. 276 – CC)

Se houver o falecimento de um dos devedores solidários, cada um dos seus herdeiros apenas poderá ser
cobrado pelo valor correspondente ao seu quinhão hereditário, SALVO se a prestação for indivisível.

Art. 276 - CC. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a
pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível;
mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.

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2017

30/11/16 (Material gentilmente cedido por Thâmara Laís, Mônica Lins, Yasmin, Liliane e Poliana)
6.2.5.3. Remissão (art. 277 – CC)

Caso o credor perdoe um dos devedores solidários, esse devedor ficará liberado de sua obrigação
enquanto que os demais continuarão vinculados solidariamente.

Entretanto, deverá ser subtraída da dívida a fração remida.

Art. 277 - CC. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam
aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.

6.2.5.4. Renúncia à solidariedade (art. 282 – CC)

Quando o credor renuncia à solidariedade em relação a um dos devedores solidários, esse devedor passa
a ser fracionário, enquanto que os demais continuarão solidário, devendo, evidentemente, ser subtraída
a fração referente ao devedor beneficiado com a renúncia.

Art. 282 - CC. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os
devedores.

Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.

6.2.5.5. Impossibilidade da prestação (art. 279 – CC)

Pelo equivalente, todos os devedores serão responsáveis, porém a indenização por peras e danos
somente poderá ser cobrada do devedor culposo.

Equivalente + perdas e danos

Art. 279 - CC. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para
todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.

6.2.5.6. Insolvência de um dos devedores solidários pela perda (art. 283 – CC)

Caso um dos devedores solidários seja insolvente, a sua fração será dividida entre os devedores que sejam
solventes.

Art. 283 - CC. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores
a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no
débito, as partes de todos os co-devedores.

6.2.5.7. Dívida solidária no interesse exclusivo de um dos devedores solidários (art. 285 – CC)

Art. 285 - CC. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por
toda ela para com aquele que pagar.

Exceção da regra – o devedor que pagou se volta aos demais exigindo a fração.

IMPORTANTE:
O fiador será devedor solidário quando renuncia ao benefício de ordem.

Em uma situação em que o fiador renuncia ao benefício de ordem, ele se torna devedor
solidário. Desse modo, quando ele promove o pagamento integral da dívida, ele pode se voltar
contra o locatário.

Contudo, impende destacar que, como a dívida se deu no interesse exclusivo do locatário, o
fiador exigirá do locatário não a fração, mas sim a dívida toda.

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7. Obrigações indivisíveis1 e divisíveis


(1) Obrigação indivisível: Na verdade, é a prestação que é indivisível.

7.1. Conceito
7.1.1. Obrigação indivisível (art. 258 – CC)
1
A obrigação será indivisível quando a prestação não puder ser dividida por sua natureza , por motivo de
2 3
ordem ou dada a razão determinante do negócio .

(1) A prestação não puder ser dividida por sua natureza: Ex. Vaca, carro.

(2) Por motivo de ordem: Ex. Diamante.

(3) Dada a razão determinante do negócio: Ex. Terreno para a construção de um shopping.

Art. 258 - CC. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante
do negócio jurídico.

7.1.2. Obrigação divisível


A obrigação será divisível quando a prestação puder ser dividida, isto é, quando não restarem
caracterizados os impedimentos elencados no art. 258 – CC (vide acima).

7.2. Obrigações INDIVISÍVEIS e pluralidade de credores (art. 259 – CC)


Numa obrigação indivisível, qualquer devedor pode ser cobrado pela dívida toda, não porque
há solidariedade, mas sim porque há indivisibilidade.

Aquele devedor que pagar – a dívida integralmente, irá se sub-rogar na posição de credor em
relação aos demais.
Art. 259 - CC. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado
pela dívida toda.

Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros
coobrigados.

7.3. Obrigações indivisíveis e a pluralidade de credores (art. 260 – CC)


Quando há pluralidade de credores na obrigação indivisível, qualquer um pode cobrar a dívida toda,
todavia, como deverá ocorrer o pagamento?

a) A todos conjuntamente; ou
1
b) A um dos credores, desde que este apresente um documento denominado CAUÇÃO DE RATIFICAÇÃO .

(1) Caução de ratificação: documento pelo qual os demais (todos) credores consentem que o pagamento
seja feito a um credor determinado.

Art. 260 - CC. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o
devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:

I - a todos conjuntamente;

II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.

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8. Obrigações objetivamente plurais


8.1. Obrigação cumulativa/conjunta
Partícula aditiva “e”.

Ex. Carro “e” moto.

Na obrigação cumulativa, o devedor cumprirá com a sua obrigação apenas se adimplir todas as
prestações.

8.2. Obrigação alternativa/disjuntiva (art. 252 – CC)


Partícula alternativa “ou”.

Ex. Carro “ou” moto.

Na obrigação alternativa, o devedor cumprirá com a sua obrigação com o pagamento de uma
das prestações.

A prestação a ser cumprida deverá ser escolhida.

- A quem caberá a escolha?

O contrato dirá.

No silencia do contrato, caberá a escolha ao devedor.

Art. 252 - CC. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
o
§ 1 Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
o
§ 2 Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada
período.
o
§ 3 No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o
prazo por este assinado para a deliberação.
o
§ 4 Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a
escolha se não houver acordo entre as partes.

IMPORTANTE:
- Obrigação facultativa – NÃO CONFUNDIR COM obrigação alternativa objtetivamente plural

Trata-se de uma obrigação simples.

1 credor – 1 objeto – 1 devedor

Há apenas uma prestação, porém há um direito potestativo de o devedor adimplir a obrigação de maneira
diversa daquela que foi estipulada inicialmente.

9. Classificação das obrigações


9.1. Quanto ao conteúdo
9.1.1. Obrigação de meio/de diligência
É aquela em que o devedor se obriga a empreender a sua atividade sem, contudo, garantir o resultado.

Ex. Obrigação de advogado, médico (obs.: como regra geral).

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9.1.2. Obrigação de fim ou de resultado

É aquela em que o devedor se obriga a alcançar o resultado desejado pelo credor.

Ex. Obrigação de transportador (levar ao destino), de engenheiro.

ATENÇÃO - STJ:
Entendimento STJ:
Estético – obrigação de fim

- Cirurgião plástico

Reparador – obrigação de meio

9.2. Quanto ao momento do cumprimento


9.2.1. Obrigação de execução instantânea

O seu cumprimento ocorre logo após a sua constituição.

continuada

9.2.2. Obrigação de execução futura

diferida

9.2.2.1. Continuada

O cumprimento ocorrerá por meio de subvenções periódicas (pagamento de parcelas).

9.2.2.2. Diferida

O cumprimento ocorrerá no futuro, porém de uma só vez.

IMPORTANTE:
A teoria da imprevisão somente se aplica às obrigações de execução futura continuada ou
diferida.

9.3. Quanto aos elementos acidentais


9.3.1. Obrigação pura ou simples
Aquela que não se submete a nenhum elemento acidental.

Ex. Vou te dar um carro.

9.3.2. Obrigação condicional


1
Submete-se ao implemento de uma condição .

(1) Condição: A cláusula que deriva exclusivamente da vontade das partes e subordina os efeitos do
negócio a um evento futuro e incerto.

Ex. Dar o carro se a Maria se casar (pode ser que se case ou não.

NÃO EXISTE CONDIÇÃO DECORRENTE DE LEI.

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9.3.3. Obrigação a termo


1
Aquela que se subordina a um termo .

(1) Termo: Cláusula acessória que pode decorrer da vontade das partes ou da lei e que subordina a
vontade das partes a evento futuro e certo.

Ex. Vou dar o carro no natal de 2017.

9.3.4. Obrigação com encargo ou modal

Aquela em que há a presença de um encargo que se traduz em um ônus imposto à outra parte.

Ex. Dar o carro se levar os filhos à escola nos próximos 6 meses.

9.4. Quanto à liquidez


9.4.1. Obrigação líquida

É aquela que é certa quanto à existência e determinada quanto ao objeto e valor.

NÃO DEPENDE DE APURAÇÃO.

9.4.2. Obrigação ilíquida


É aquela que é incerta quanto à existência e indeterminada quanto ao objeto e valor.

DEPENDE DE APURAÇÃO.

9.5. Quanto à dependência


9.5.1. Obrigação principal
Aquela que existe independentemente de qualquer outra. Existe por si só.

Ex. Obrigação do locatário no contrato de locação.

9.5.1. Obrigação acessória


Somente existe em virtude da existência de outra obrigação.

Ex. A obrigação de um fiador no contrato de fiança – entre locador e fiador.

Locador à locatário (principal)

Fiador (acessório) à fiança à locador

10. Cessão de crédito (arts. 286 a 298 – CC)


10.1. Conceito
Negócio jurídico em que o credor a título oneroso ou gratuito transfere a um terceiro os seus
direitos na relação jurídica obrigacional.

- O que poderá ser objeto de cessão? Qualquer crédito?

Em regra, qualquer crédito pode ser cedido, SALVO SE A ISSO SE OPUSER (art. 286 – CC):

a) a natureza da obrigação

Ex. Crédito de pensão alimentícia, crédito de salário.

b) a lei

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Ex. um crédito que já foi penhorado.

Art. 298 - CC. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver
conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado,
subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.

c) a convenção

Ex. Previsão contratual.

ATENÇÃO – STJ:
- Informativo 562 – STJ:
É possível a cessão de crédito relativo a indenização do seguro DPVAT decorrente de morte.

Trata-se de direito pessoal disponível.

Não há vedação na lei do DPVAT.

Entretanto, não é possível a cessão de crédito decorrente do seguro DPVAT em relação à hipótese de
reembolso de despesas médico-hospitalares por expressa vedação da lei.

10.2. Observações importantes


a) Não é necessária a anuência do devedor para que ocorra a cessão de crédito;

b) é imprescindível a notificação ao devedor para que a cessão produza efeitos em relação a ele.
Art. 290 - CC. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada;
mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão
feita.

Art. 292 - CC. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor
primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com
o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a
prioridade da notificação.

10.3. Responsabilidade do cedente


10.3.1. Na cessão onerosa
Em regra, o cedente é responsável pela existência do crédito, mas não é responsável pela solvência do
devedor.

Trata-se da cessão PRO SOLUTO.

10.3.2. Na cessão gratuita

O cedente será responsável pela existência do crédito somente se tiver agido de má-fé.

Excepcionalmente, é possível que o cedente seja responsabilizado não apenas pela existência do crédito,
mas também pela solvência do devedor.

Para tanto, deverá haver disposição expressa nesse sentido no instrumento de cessão.

Trata-se da cessão PRO SOLVENDO.

Art. 295 - CC. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável
ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe
nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.

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Art. 296 - CC. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.

10.3.3. Previsão legal


Art. 286 - CC. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou
a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-
fé, se não constar do instrumento da obrigação.

Art. 287 - CC. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus
acessórios.

Art. 288 - CC. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante
o
instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1 do art. 654.

Art. 289 - CC. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do
imóvel.

Art. 290 - CC. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada;
mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão
feita.

Art. 291 - CC. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição
do título do crédito cedido.

Art. 292 - CC. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor
primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com
o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a
prioridade da notificação.

Art. 293 - CC. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer
os atos conservatórios do direito cedido.

Art. 294 - CC. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que,
no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.

Art. 295 - CC. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável
ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe
nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.

Art. 296 - CC. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.

Art. 297 - CC. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais
do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as
que o cessionário houver feito com a cobrança.

Art. 298 - CC. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver
conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado,
subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.

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11. Assunção de dívida


Art. 299 - CC. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do
credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e
o credor o ignorava.

Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da
dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

Art. 300 - CC. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da
assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.

Art. 301 - CC. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas
garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a
obrigação.

Art. 302 - CC. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor
primitivo.

Art. 303 - CC. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito
garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á
dado o assentimento.

12. Adimplemento das obrigações (Cumprimento das obrigações)


12.1. Considerações iniciais
Dar - entrega

- Forma normal: pagamento Fazer – atividade

Não fazer – abstenção

- Formas especiais (arts. 334 a 338 – CC)

12.2. Pagamento – teoria do pagamento


12.2.1. Aspectos subjetivos do pagamento
12.2.1.1. Quem paga? (arts. 304 a 307 – CC)

a) Devedor

b) Terceiro interessado

Possui interesse jurídico (repercutirá no patrimônio de terceiro) na extinção da obrigação.

Ex. Fiador, avalista.


1
Quando o terceiro interessado paga ao credor, se sub-roga na posição de credor (art. 346, III – CC)

(1) Sub-rogação: substituição.

Isso significa que o terceiro interessado passa a ocupar o lugar do credor primitivo com todos os seus
direitos, ações, garantias e privilégios (art. 349 – CC)

Art. 346 - CC. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:

III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.

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Art. 349 - CC. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do
primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

c) Terceiro não interessado

Não tem interesse jurídico, mas tem outros interesses.

Ex. Um pai que, envergonhado, paga a dívida do seu filho.

Pode pagar de 2 formas:

i. Em nome do devedor: mera liberalidade. Não pode cobrar do devedor posteriormente.


1
ii. Em nome próprio: fará jus a reembolso (menos que sub-rogação).

(1) Reembolso: NÃO OCUPA LUGAR DO CREDOR.

Art. 304 - CC. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser,
dos meios conducentes à exoneração do devedor.

Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor,
salvo oposição deste.

Art. 305 - CC. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a
reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.

Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento.

Art. 306 - CC. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga
a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.

Art. 307 - CC. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por
quem possa alienar o objeto em que ele consistiu.

Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de
boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.

12.2.1.2. A quem pagar? (arts. 308 a 312 – CC)

a) Credor

O credor é quem deverá receber, entretanto, para que o pagamento seja considerado válido, o credor
deverá ser capaz parada dar a quitação - recibo (art. 310 – CC – vide abaixo).

Se paga ao credor incapaz, terá que pagar novamente, salvo se provar que o pagamento reverteu em
benefício do credor

a.1.) Credor putativo (art. 309 – CC)

Pessoa que se porta como credor a todas as luzes.

Credor putativo é a pessoa que, estando na posse do título obrigacional, passa aos olhos de todos como
sendo a verdadeira titular do crédito (credor aparente).

A validade do pagamento a ele realizado não depende de que se faça ulteriormente, a prova de não ser o
verdadeiro ou de ser vencido numa ação em que se dispute a propriedade da dívida.

Ex. A deve a B, mas B morre e deixa um testamento nomeando C seu herdeiro, então A paga a C, mas
depois o Juiz anula o testamento, A não vai precisar pagar novamente pois pagou a um credor putativo;
C é que vai ter que devolver o dinheiro ao verdadeiro herdeiro de B.

Fonte: http://www.dicionarioinformal.com.br/credor+putativo/

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PAGAMENTO A CREDOR PUTATIVO É VÁLIDO.

Trata-se de uma exceção à regra de que “quem paga mal, paga duas vezes”.

Caberá ao credor verdadeiro se voltar contra o credor putativo.

ATENÇÃO – STJ:
Para o STJ, para que haja a configuração de um caso de credor putativo, é necessário que o erro
do devedor ao fazer o pagamento seja ESCUSÁVEL (desculpável, não grosseiro – inescusável).

b) Representante do credor

b.1.) Expresso

Aquele que tem em mãos um instrumento de mandato (procuração).

b.2.) Tácito

Aquele que, embora não tenha a procuração, tem o título ou a quitação.

Art. 308 - CC. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só
valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.

Art. 309 - CC. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era
credor.

Art. 310 - CC. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não
provar que em benefício dele efetivamente reverteu.

Art. 311 - CC. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as
circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.

Art. 312 - CC. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da
impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o
devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.

12.2.2. Aspectos objetivos do pagamento


12.2.2.1. Prestação

Art. 313 - CC. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais
valiosa.

Art. 314 - CC. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado
a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.

Princípio da prestação integral

Art. 315 - CC. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor
nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.

Dívidas em dinheiro – princípio da pontualidade – pagamento no vencimento:

- Em moeda corrente (Lei 9.069/95 – real).

- Princípio do nominalismo – deve-se considerar o valor nominal – expresso na moeda, SALVO:

Art. 316 - CC. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.

Cláusula de escala móvel – prevê um reajustamento prévio e automático das prestações.

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Ex.: Aplicação de índices oficiais.

Art. 317 - CC. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da
prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo
que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.

Teoria da imprevisão – art. 478 – CC (contratos).

Art. 478 - CC. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença
que a decretar retroagirão à data da citação.

12.2.2.2. Pagamento em moeda nacional (art. 318 – CC)

O ordenamento brasileiro adota o curso forçado da moeda nacional.

Como decorrência disso, são NULAS as cláusulas da moeda estrangeira e a do ouro, SALVO AS EXCEÇÕES
PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO ESPECIAL.

Art. 318 - CC. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para
compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na
legislação especial.

12.2.2.3. Prova do pagamento

a) Por meio da quitação (recibo) (arts. 319 e 320 – CC)

Direito do devedor que paga.

Art. 319 - CC. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto
não lhe seja dada.

Art. 320 - CC. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a
espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento,
com a assinatura do credor, ou do seu representante.

Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos
ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.

b) Posse do título (art. 324 – CC)

Presunção favorável ao devedor.

Art. 324 - CC. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.

Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta
do pagamento.

12.2.2.4. Pagamento por cotas periódicas (art. 322 – CC)

Norma de natureza privada – pode ser afastada a presunção.

Art. 322 - CC. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova
em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.

ATENÇÃO – STJ:
A presunção do art. 322 – CC (vide acima) NÃO SE APLICA às despesas condominiais, isso porque
cada quota condominial goza de autonomia perante as outras.

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12.2.2.5. Pagamento por medida ou peso (art. 326 – CC)

Ex. Arroba, alqueire.

Compra e venda de uma fazenda em São Paulo, cujo contrato foi firmado em Minas Gerais.

Qual o alqueire a ser adotado? O contrato deve dizer.

Qual alqueire deve ser adotado no silêncio do contrato? Aplica-se o sistema do lugar da execução do
contrato.

Art. 326 - CC. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das
partes, que aceitaram os do lugar da execução.

12.2.2.6. Previsão legal (exceto art. 326 – CC – vide acima)

Art. 313 - CC. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais
valiosa.

Art. 314 - CC. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado
a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.

Art. 315 - CC. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor
nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.

Art. 316 - CC. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.

Art. 317 - CC. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da
prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo
que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.

Art. 318 - CC. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para
compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na
legislação especial.

Art. 319 - CC. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto
não lhe seja dada.

Art. 320 - CC. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a
espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento,
com a assinatura do credor, ou do seu representante.

Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos
ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.

Art. 321 - CC. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o devedor
exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido.

Art. 322 - CC. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova
em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.

Art. 323 - CC. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.

Art. 324 - CC. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.

Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta
do pagamento.

Art. 325 - CC. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer
aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida.

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Rafael Barreto Ramos
2017

05/12/16
12.2.3. Lugar do pagamento

12.2.3.1. Obrigações quesíveis e portáveis

12.2.3.1.1. Quesíveis/QUERABLES

É aquela que o pagamento de ocorrer no domicílio do devedor.

12.2.3.1.2. Portáveis/PORTABLES

É aquela que o pagamento deve ocorrer no domicílio do credor.

12.2.3.2. Regra do pagamento (art. 327 – CC)

A REGRA NO ORDENAMENTO JURÍDICO É QUE AS OBRIGAÇÕES SÃO QUESÍVEIS, ou seja, o pagamento se


dá no domicílio do devedor.

Art. 327 - CC. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem
diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.

Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.

12.2.3.2.1. Imóvel – regra específica (art. 328 – CC)

Em caso de imóvel, há uma regra específica, qual seja, que o pagamento se dá na situação do bem, ou
seja, no local em que este se encontra.

Art. 328 - CC. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel,
far-se-á no lugar onde situado o bem.

12.2.3.3. Pagamento reiterado em local diverso do pactuado (art. 330 – CC)

O pagamento em local diverso do pactuado implica na presunção de renúncia do credor em relação ao


previsto no contrato.

Art. 330 - CC. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor
relativamente ao previsto no contrato.

12.2.3.3.1. Teoria da Supressio (Decorre da boa-fé objetiva)

Trata-se de um exemplo da teoria da supressio.

Por esta teoria, o direito de uma pessoa será suprimido após a sua longa omissão.

A BOA-FÉ DIZ QUE, SE VOCÊ TEM UM DIREITO, EXERCITE-O LOGO, POIS SENÃO PRESUMIR-SE-Á A
RENÚNCIA.

12.2.4.Tempo do pagamento (arts. 331 a 333 – CC)

A importância de se saber ao certo o tempo do pagamento é para se saber a partir de quando


surge a exigibilidade do credor. Ou seja, a partir de quando o credor pode cobrar o pagamento.

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Rafael Barreto Ramos
2017

12.2.4.1. Dia do pagamento (art. 331 – CC)

O dia do pagamento deve ser ajustado no contrato. Caso contrário, o pagamento deve se dar
IMEDIATAMENTE.

A regra, no ordenamento jurídico, é que as obrigações sejam de EXECUÇÃO IMEDIATA/INSTANTÂNEA,


salvo disposição diversa em contrato.

Art. 331 - CC. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode
o credor exigi-lo imediatamente.

12.2.4.2. Obrigações condicionais (art. 332 – CC)

As obrigações condicionais devem ser cumpridas na data do implemento da condição

Art. 332 - CC. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao
credor a prova de que deste teve ciência o devedor.

12.2.4.3. Sanções do credor pela cobrança antecipada ao vencimento (art. 939 – CC)

O art. 939 do Código Civil prevê as sanções para o credor que cobra antecipadamente a dívida, entretanto
existem situações de vencimento antecipado das obrigações em que as sanções do art. 939 não serão
aplicadas que, por sua vez, são previstas no art. 333 do mesmo Codex.

Art. 939 - CC. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, FORA DOS CASOS EM QUE A
LEI O PERMITA, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros
correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.

12.2.4.3.1. Vencimento antecipado (art. 333 – CC)

12.2.4.3.1.1. Falência ou concurso de credores (inciso I)

Falência é um exemplo de concurso de credores.

Assim, deve-se interpretar que é em qualquer caso de concurso de credores.

I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;

12.2.4.3.1.2. Credor hipotecário (hipoteca) e pignoratício (penhor) (inciso II)

O bem hipotecado ou empenhado/apenhado for penhorado, o credor hipotecário/pignoratício poderá


cobrar a divida antes do vencimento (VIDE NOTA ABAIXO).

Isso ocorre para viabilizar o direito de preferência do credor hipotecário (hipoteca) ou credor pignoratício
(penhor).

Ex. Indivíduo penhora uma casa, que estava hipotecada para o credor 1, para o credor 2. O credor 1 poderá
exigir a dívida antes do vencimento.

II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;

IMPORTANTE:
- Hipoteca: Direito real de garantia. Dá-se como garantia um bem IMÓVEL.

- Penhor: Direito real de garantia. Dá-se como garantia um bem MÓVEL.

- Penhora: Ato de constrição judicial.

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12.2.4.3.1.3. Enfraquecimento da garantia e inércia do credor

Se a garantia se enfraquecer e, após o credor chamar a atenção do devedor para reforçar a dívida, e
este nada fazer, a dívida vencerá antecipadamente.

Art. 333 - CC. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no
contrato ou marcado neste Código:

I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;

II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;

III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o


devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará
vencido quanto aos outros devedores solventes.

12.3. Formas especiais de se cumprir com a obrigação

12.3.1. Consignação em pagamento/pagamento por consignação

12.3.1.1. Premissa

É direito do devedor ver-se livre de sua obrigação.

12.3.1.2. Conceito

Trata-se do depósito JUDICIAL OU EXTRAJUDICIAL da quantia ou da coisa devida.

“Devedor que quer se ver livre da obrigação e o credor cria obstáculos.”

12.3.1.3. Procedimento

Procedimento judicial dar-se-á por meio de ação de consignação em pagamento previsto, inclusive, no
novo CPC.

Todavia, pode se dar através da via extrajudicial através do pagamento em banco credenciado.

12.3.1.4. Hipóteses (Dificuldades que o credor pode criar) (art. 335 – CC)

Art. 335 - CC. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida
forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto
ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

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2017

IMPORTANTE:

Para o STJ, admite-se a consignação em pagamento para a revisão de cláusulas contratuais


(Informativo 459 do STJ).

12.3.1.5. Objeto da consignação

Somente pode ser objeto da obrigação de dar a obrigação de dar.

12.3.1.6. Efeito

Libera o devedor do vínculo obrigacional, isentando-o dos riscos de arcar com a multa e com os juros.

12.3.2. Pagamento em sub-rogação1

(1) Sub-rogação: substituição.

12.3.2.1. Hipóteses

2.1.1. Legal (art. 346 – CC)

Art. 346 - CC. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:

I - do credor que paga a dívida do devedor comum;

II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva
o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;

III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no
todo ou em parte.

2.1.2. Convencional (art. 347 – CC)

Art. 347 - CC. A sub-rogação é convencional:

I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;

II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição
expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

12.3.2.2. Efeitos (art. 349 – CC)

A sub-rogação faz com que o novo credor ocupe o lugar do credor primitivo com todos os seus direitos,
ações, garantias e privilégios.

Art. 349 - CC. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do
primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

IMPORTANTE:
Para o STJ, se a mãe, ante o inadimplemento do pai, obrigado a prestar alimentos a seu filho,
assume essas despesas, NÃO É CASO DE SUB-ROGAÇÃO.

Trata-se, na realidade, de caso de GESTÃO DE NEGÓCIOS.

Portanto, o prazo prescricional NÃO será o de 2 anos (art. 206, par. 2º, - CC), mas sim de 10
anos (art. 205 – CC) – Informativo 574 do STJ.

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Art. 205 - CC. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

Art. 206 – CC. Prescreve:

§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem.

12.3.3. Imputação1 de pagamento


(1) Imputação: atribuir/apontar.

12.3.3.1. Premissa

Trata-se de instituto que só faz sentido se o devedor estiver obrigado a vários débitos perante o seu
credor.

Ex. Devedor tem uma dívida de R$200,00, outra de R$300,00 e outra de R$500,00.

12.3.3.2. Conceito

Significa que, havendo vários débitos, O DEVEDOR poderá indicar a qual dos débitos corresponde o
pagamento.

O devedor que imputa o pagamento é que escolherá qual débito será quitado total ou parcialmente.

Art. 352 – CC. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o
direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.

12.3.3.3. Omissão

12.3.3.3.1. Do devedor

Se o devedor não apontar o pagamento, o direito passará ao CREDOR.

12.3.3.3.2. Do devedor e do credor

Se nem devedor nem credor promoverem a imputação, deverão ser aplicadas as regras de imputação
legais (arts. 354 e 355 – CC). São estas:

a) Havendo capital e juros: a imputação ocorrerá em relação aos juros;

b) A imputação ocorrerá em relação às dívidas vencidas em primeiro lugar;

c) Se todas as dívidas se vencerem ao mesmo tempo, a imputação ocorrerá em relação à mais onerosa.

Art. 354 - CC. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois
no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.

Art. 355 - CC. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação,
esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas
ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.

12.3.4. Dação em pagamento


12.3.4.1. Conceito (art. 356 – CC)

Ocorre quando o credor consente em receber prestação diversa da que lhe é devida.

Art. 356 - CC. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.

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12.3.4.2. Evicção (art. 359 – CC)

Se a coisa dada em pagamento se perder por evicção, a obrigação primitiva deverá ser reestabelecida.

Art. 359 - CC. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação
primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

12.3.5. Novação
12.3.5.1. Conceito

É instituto que gera a extinção da obrigação porque, em verdade, outra a substitui, seja porque houve
mudança dos sujeitos ou do objeto.

Trata-se de instituto que apresentar caráter extintivo e gerador ao mesmo.

“Ao mesmo tempo que extingue uma obrigação, cria uma nova”.

12.3.5.2. Espécies

12.3.5.2.1. Novação objetiva (art. 360, inciso I – CC)

Altera-se o objeto da obrigação.

I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;

12.3.5.2.2. Subjetiva

12.3.5.2.1.1. Passiva (art. 360, inciso II – CC)

II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;

12.3.5.2.1.2. Ativa (art. 360, inciso III – CC)

III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite
com este.

Art. 360 - CC. Dá-se a novação:

I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;

II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;

III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite
com este.

12.3.5.3. Fiador sem consentimento – exoneração (art. 366 – CC) (CAI)

Importará exoneração do fiador se a novação for feita SEM O SEU CONSENTIMENTO.

Art. 366 - CC. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal.

12.3.5.4. Obrigação extinta – NÃO PODE SER NOVADA

A obrigação EXTINTA NÃO pode ser novada.

12.3.5.5. Obrigação nula – NÃO PODE SER NOVADA

A obrigação nula não admite a novação, isso porque o negócio nulo NÃO É SUCESTÍVEL DE CONFIRMAÇÃO
(art. 169 – CC).

Art. 169 - CC. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do
tempo.

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2017

Art. 367 - CC. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações
nulas ou extintas.

IMPORTANTE:
O negócio nulo não admite confirmação, pois atinge interesse público.

Todavia, o negócio anulável admite confirmação.

12.3.5.6. Obrigação anulável – PODE SER NOVADA

A obrigação anulável pode ser novada, isso porque o negócio anulável por ser confirmado pelas partes
(art. 172 – CC).

Art. 172 - CC. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.

12.3.6. Compensação (art. 368 – CC)

12.3.6.1. Conceito

Ocorre quando duas pessoas são, ao mesmo tempo, credora e devedora.

Art. 368 - CC. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações
extinguem-se, até onde se compensarem.

12.3.6.2. Requisitos

Para que a compensação se aplique automaticamente, deverão ser preenchidos 3 requisitos:

a) Dívidas líquidas

“Eu sei quanto lhe devo e ele sabe quanto me deve.”

b) Dívidas vencidas

Ambas as dívidas deverão estar vencidas.

c) Dívidas referentes a coisas fungíveis entre si

“Coisas que podem ser compensadas entre si”.

As dívidas deverão ser líquidas, vencidas e dizerem respeito a coisas fungíveis.

12.3.6.3. Art. 374 – CC (REVOGADO)

Art. 374 - CC. A matéria da compensação, no que concerne às dívidas fiscais e parafiscais, é regida pelo
disposto neste capítulo. (Vide Medida Provisória nº 75, de 24.10.2002) (REVOGADO)

“Se você tinha um crédito com o estado e este lhe deve alguma coisa, poder-se-ia compensar a dívida.”

Tratava-se de norma que protegia o contribuinte

FOI REVOGADO!!!

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2017

12.3.7. Confusão (art. 381 – CC)

Ocorre, na mesma pessoa, se concentrem as qualidades de credor e devedor.

Ex. Devo meu pai e, antes do pagamento da dívida, este falece, sendo eu o único herdeiro de meu pai.
Neste caso, serei credor de mim mesmo, devendo a obrigação ser EXTINTA.

Um filho pega emprestado com o pai R$100.000,00. Posteriormente, o pai falece e o filho herda todo o
crédito. Neste caso, houve confusão total.

Art. 381 - CC. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor
e devedor.

IMPORTANTE:
Em prova, invertem-se os conceitos de COMPENSAÇÃO (dois indivíduos credores e devedores
entre si) e CONFUSÃO (indivíduo é devedor e credor de si mesmo).

12.3.7.1. Confusão total e parcial

12.3.7.1.1. Total

É aquela que diz respeito à totalidade da dívida.

12.3.7.1.2. Parcial

É aquela que diz respeito a parte da dívida.

Ex. Um filho pega emprestado com o pai R$100.000,00. Posteriormente, o pai falece e o filho herda o
crédito, JUNTAMENTE COM SEU IRMÃO, OUTRO HERDEIRO.

Neste caso, haverá a confusão parcial, ou seja, somente parte da dívida será extinta. O filho continuará a
dever R$50.000,00, contudo, agora, ao irmão.

12.3.8. RemiSSão

12.3.8.1. Conceito

Ocorre quando o credor, graciosamente, libera o devedor do vínculo obrigacional.

“É o perdão da dívida.”

Art. 385 - CC. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de
terceiro.

12.3.8.2. Anuência do devedor

A remissão é um negócio jurídico bilateral e, por isso, EXIGE A ACEITAÇÃO DO DEVEDOR.

12.3.8.3. Classificação

12.3.8.3.1. Remissão total e parcial

12.3.8.3.1.1. Total

É aquela que diz respeito à totalidade da dívida.

12.3.8.3.1.2. Parcial

É aquela que diz respeito a parte da dívida.

12.3.8.3.2. Remissão expressa e tácita

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2017

12.3.8.3.2.1. Expressa

Ocorre quando há a manifestação expressa do credor no sentido de desobrigar o devedor.

12.3.8.3.2.2. Tácita

Ocorre quando há a entrega voluntária do título da obrigação.

Ex. Nota promissória.

IMPORTANTE:
- A devolução do objeto empenhado/apenhado (penhor) não representa remissão tácita. Indica,
tão somente, que o credor renunciou àquela garantia.
Art. 387 - CC. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real,
não a extinção da dívida.

- A renúncia é um ato UNILATERAL, enquanto que a remissão é um ato BILATERAL.

13. Inadimplemento1 das obrigações


(1) Inadimplemento: descumprimento

13.1. Inadimplemento relativo (MORA)

13.1.1. Conceito

Ocorre quando o credor não quer pagar ou o devedor não quer pagar em tempo, lugar, forma
estabelecido em lei ou contrato.

Devedor à pagar tempo

lugar lei/lugar

Credor à receber forma

Ex (Credor em mora). Credor que receberá um carro e não tem lugar para deixá-lo e, desta feita, esquiva-
se para não receber.

Art. 394 - CC. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser
recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.

13.1.2. Espécies de mora do devedor

13.1.1.1. Mora ex re (art. 397, caput, - CC)

Ocorre nas obrigações com prazo determinado.


1
Tem incidência de pleno direito .

(1) De pleno direito: sinônimo de AUTOMATICAMENTE.

Ex. Tenho uma dívida a vencer em 06/12. Caso não pague, automaticamente (de pleno direito), a partir
de 07/12, estarei em mora.

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2017

Art. 397 - CC. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito
em mora o devedor. (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)

13.1.1.2. Mora ex persona (art. 397, par. único, - CC)

Ocorre nas obrigações com prazo indeterminado.

NÃO INCIDE DE PLENO DIREITO, posto que a pessoa do credor deve fazer algo (notificar) para constituir o
devedor em mora.

Deve haver uma notificação prévia. Transcorrido o prazo constante da notificação, o devedor estará em
mora.

Art. 397 – CC Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou
extrajudicial.

13.1.3. Mora do credor

Dá-se quando o credor se recusa a receber.

NÃO HÁ ESPÉCIES.

13.1.4. Efeitos da mora

13.1.4.1. Do devedor

a) art. 395 – CC

- Juros moratórios;

- Correção monetária;

- Honorários advocatícios (em caso de ação judicial).

Art. 395 - CC. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos
valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir
a satisfação das perdas e danos.

ATENÇÃO – STJ:

Os honorários mencionados no art. 395 – CC, de acordo com o STJ, são os honorários contratuais
ou convencionais e NÃO OS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA (resp 1.134.725 – MG).

b) Art. 399 – CC

Quando a perda da coisa ocorre durante a mora do devedor, INDEPENDENTEMENTE DE O DEVEDOR TER
AGIDO COM CULPA OU SEM CULPA, o devedor arcará com a indenização por perda e danos.

- EXCEÇÕES:

i. Ainda que a obrigação fosse cumprida tempestivamente, a perda se daria;

ii. Se o devedor conseguir provar que a culpa pelo atraso não foi dele, mas sim do credor.

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2017

Art. 399 - CC. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa
impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se
provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente
desempenhada.

13.1.4.2. Do credor (art. 400 – CC)

a) Libera o devedor da responsabilidade pela conservação da coisa;

b) Obriga o credor a ressarcir o devedor pelas despesas empregadas com a conservação da coisa;

c) Se a coisa oscilar de valor, será considerado o valor mais favorável ao devedor.

Art. 400 - CC. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da
coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela
estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e
o da sua efetivação.

13.1.5. A mora decorrente do ato ilícito/MORA PRESUMIDA/MORA IRREGULAR (art. 398 - CC)

A mora decorrente do ato ilícito, também chamada de MORA PRESUMIDA ou mora irregular, constitui-se
DA PRÁTICA DO ATO ILÍCITO.

Art. 398 - CC. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o
praticou. (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) – redação idêntica à súmula 54 do STJ.

ATENÇÃO – STJ:

Para o STJ, considera-se a mora da data do evento danoso se a condenação for fixada em uma
única parcela.

Se a condenação for fixada em várias parcelas, os juros moratórios serão considerados A PARTIR
DO VENCIMENTO DE CADA PARCELA.

- Informativo 580 do STJ.

13.1.6. Purga da mora

Purgar a mora significa SANAR A MORA.

13.1.6.1. Do devedor

Pagando e assumindo os prejuízos corolários da mora.

I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do
dia da oferta;

13.1.6.2. Do credor

Recebendo e assumindo os efeitos de sua mora.

Art. 401 - CC. Purga-se a mora:

I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do
dia da oferta;

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2017

II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora
até a mesma data.

13.2. Inadimplemento absoluto

13.2.1. Conceito

Ocorre quando há o total descumprimento da obrigação.

13.2.2. Hipóteses

a) Ocorre quando há a total perda/destruição da coisa;

Ex. Bate-se o veículo objeto da obrigação, resultando em perda total.

b) Ocorre quando há a total recusa do devedor em cumprir com sua obrigação;

Ex. Pintor se recusa a pintar a casa tal como outrora avençado.

c) Ocorre quando a prestação se torna inútil para o credor. (art. 395, parágrafo único – CC)

Ex. Entrega do vestido de noiva no dia seguinte ao casamento.

Art. 395 – CC Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá
enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.

13.2.3. Efeito

13.2.3.1. Com culpa

Resolução da obrigação.

13.2.3.2. Com culpa

Resolução da obrigação e PERDAS E DANOS.

13.3. Violação positiva do contrato/adimplemento ruim

Ocorre quando, embora tenha havido o cumprimento da obrigação principal, NÃO FORAM
CUMPRIDOS OS DEVERES LATERAIS OU ANEXOS (vide obrigações complexas acima).

Nota:

- Inadimplemento mínimo/adimplemento substancial:

Quando há o inadimplemento da obrigação, em um contrato que haja o pagamento de parcelas,


uma das opções que o credor tem é a de resolver o contrato pegando a coisa de volta.

Acontece que, diante da teoria do adimplemento substancial ou inadimplemento mínimo, essa


opção foi RELATIVIZADA.

Desse modo, caberá ao credor, tão somente, perseguir a tutela cabível para cobrar as poucas
prestações faltantes.

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2017

Ø Teoria Geral dos Contratos

1. Principiologia

1.1. Autonomia privada

É o poder que o ordenamento concede a cada um para criar suas normas dentro de
determinados limites.

1.2. Obrigatoriedade contratual

Por esse princípio, uma vez celebrado o contrato, as partes se tornam obrigadas a cumpri-lo.

No Código Civil de 2002, o pacta sunt servanda é relativizado em alguns dispositivos.

Ex. Arts. 156, 157, 413, 478

Art. 156 - CC. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a
pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa.

Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo
as circunstâncias.

Art. 157 - CC. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se
obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.

§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado
o negócio jurídico.

§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte


favorecida concordar com a redução do proveito.

1.3. Função social (arts. 421 e 2.035, parágrafo único – CC)

Da função social decorre um subprincípio denominado de conservação ou preservação do negócio


jurídico.

A ideia é conservar o contrato para que ele cumpra sua função social.

Art. 421 - CC. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.

Art. 2.035 - CC. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor
deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos,
produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista
pelas partes determinada forma de execução.

Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os
estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.

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2017

1.4. Boa-fé objetiva


1.4.1. Conceito
É o padrão de comportamento/modelo de conduta que impõe às partes uma atuação honesta, proba e
leal.

“Não basta ser honesto, tem que parecer.

IMPORTANTE:
Boa-fé subjetiva é o estado psicológico da pessoa que ignora o vício que macula a obrigação.

É ALGO INTERNO. NÃO É PRINCÍPIO CONTRATURAL.

1.4.2. Funções

1.4.2.1. Interpretativa (art. 113 – CC)

Art. 113 - CC. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua
celebração.

1.4.2.2. Limitativa/controle (art. 187 – CC)

Art. 187 - CC. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

1.4.2.3. Integrativa (art. 422 – CC)

Deve-se cumprir não só a obrigação principal, mas também os deveres laterais ou anexos (vide obrigações
complexas acima).

Art. 422 - CC. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.

1.5. Justiça contratual1


(1) Justiça contratual: Equilíbrio.

Caso ocorra um desequilíbrio superveniente, deverá ser aplicada a teoria da previsão (art. 478
– CC).

- Requisitos teoria da imprevisão:


a) Existência de um contrato de execução futura (continuada ou diferida)

Deve-se ter um contrato que se protaia no tempo.

Ex. Pagarei em várias parcelas.

ASSIM, NÃO SE APLICA AOS CONTRATOS DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA.

b) Acontecimento de evento extraordinário e superveniente que induza uma das partes à situação de
onerosidade excessiva

c) Evento imprevisível

d) Que gere extrema vantagem para a outra parte

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- Efeito

RESOLUÇÃO (alvo de diversas críticas – ex. violação ao princípio da função social – IGNORAR PARA A
PROVA).

Há a possibilidade de REVISÃO com segunda opção somente se o réu quiser (alvo de críticas – IGNORAR
PARA A PROVA).

Art. 478 - CC. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença
que a decretar retroagirão à data da citação.

Art. 479 - CC. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as
condições do contrato.

IMPORTANTE:
Se o desequilíbrio se der em uma relação de consumo, tratar-se-á da teoria da quebra da base
objetiva do negócio jurídico que, por sua vez, possui apenas 2 requisitos:

a) Existência de um contrato de execução futura (continuada ou diferida);

b) Acontecimento de evento extraordinário e superveniente que induza uma das partes a onerosidade
excessiva;

c) Evento imprevisível (NÃO PREVISTO PARA RELAÇÃO DE CONSUMO);

d) Que gere extrema vantagem para a outra parte (NÃO PREVISTO PARA RELAÇÃO DE CONSUMO).

- EFEITO: SOMENTE REVISÃO.

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24/01/17
2. Formação dos contratos

2.1. Negociações preliminares

Trata-se da fase de sondagens/tratativas.

NÃO GERA VINCULAÇÃO.


Ex. Entrar na loja e dizer que quer comprar um perfume. Nesta fase, não se é obrigado a comprar
o perfume.

IMPORTANTE – STJ:

Para o STJ, excepcionalmente, a fase de negociação preliminar pode gerar vinculação quando
há ofensa a boa-fé objetiva.

Ex. Empresa alimentícia, comumente, concedia sementes aos fazendeiros para, posteriormente,
comprar a colheita.

Em determinado ano, a dita empresa concedeu as sementes aos fazendeiros, todavia não
comprou a colheita.

2.2. Proposta/policitação

2.2.1. Considerações e partes

É séria/precisa.

Na fase da policitação, as coisas começam a ficar nítidas.

GERA VINCULAÇÃO PARA O PROPONENTE .


1

(1) Proponente/policitante e oblato/policitado:

- Proponente/policitante: autor da proposta.

- Oblato/policitado: destinatário da proposta.

PROPONENTE OBLATO
Vinculação

Ex. Receber propaganda com a fotografia da mercadoria e o seu respectivo valor.

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2.2.2. Formas

2.2.2.1. Proposta entre presentes

É aquela em que as partes podem se comunicar imediatamente.

IMPORTANTE:

Uma proposta por telefone se reputa entre presentes (art. 428, inciso I – CC)

Art. 428 - CPC. Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a
pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;

2.2.2.2. Proposta entre ausentes

É aquela em que as partes NÃO podem se comunicar imediatamente.

2.2.3. Retratação da proposta (art. 428, inciso IV – CC)

É possível a retratação da proposta SE ESTA CHEGAR ANTES DA PROPOSTA OU SIMULTANEAMENTE A ELA.

“Somente será possível se a retratação chegar antes da proposta ou simultaneamente a ela.

Art. 428 - CC. Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a
pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;

II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao
conhecimento do proponente;

III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;

IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do


proponente.

2.3. Aceitação

2.3.1. Conceito

Ocorre quando o oblato/policitado aceita a proposta.

GERA VINCULAÇÃO PARA O OBLATO.

PROPONENTE OBLATO
Vinculação

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2.3.2. Retratação da aceitação (Art. 433 – CC)

Somente é possível se a retratação chegar ANTES DA ACEITAÇÃO OU SIMULTANEAMENTE A ELA.

Art. 433 - CC. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a
retratação do aceitante.

2.3.3. Formas

2.3.3.1. Entre presentes

Ocorre quando as partes podem se comunicar imediatamente.

2.3.3.2. Entre ausentes

Ocorre quando as partes NÃO PODEM se comunicar imediatamente.

3. Vícios redibitórios (arts. 441 a 446 – CC – relações não consumeristas; arts. 18 a 20 CDC –
denominado vício do produto/serviço – relações de consumo)

3.1. Pelo Código Civil

3.1.1. Conceito
2 1
É o defeito oculto que contém a coisa objeto de contrato oneroso que a torne imprópria
ao uso ou prejudique o seu valor.

Ex. Comprei um carro do vizinho que, por sua vez, veio com um defeito do motor.

(1) Contrato oneroso: é aquele em que AMBAS AS PARTES sofrem sacrifícios patrimoniais.

Ex. Contrato de compra e venda.


1.1
Se o contrato for gratuito , NÃO se poderá reclamar eventual vício redibitório.

(1.1) Contrato gratuito: é aquele em que apenas UMA DAS PARTES sofre sacrifício patrimonial.

Ex. Doação.

- EXCEÇÃO CONTRATO ONEROSO – CONTRATO GRATUITO EM QUE SE PODE RECLAMAR VÍCIO


REDIBITÓRIO:

Doação com encargo/modal/onerosa


Ex. Dou-lhe o meu carro, mas deve levar meu filho à escola por seis meses.

Art. 441 - CC. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.

Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

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(2) Defeito oculto: aquele que não é de fácil constatação para o homem médio.
2.1
Pelo Código Civil, não se pode reclamar vícios aparentes .

(2.1) Defeito aparente: aquele que é de fácil constatação.

IMPORTANTE:

Em relações de consumo, o consumidor poderá reclamar de VÍCIOS OCULTOS E APARENTES.

3.1.2. Efeitos

3.1.2.1. Ação redibitória

Busca-se REDIBIR/RESCINDIR o negócio.

“Devolver a mercadoria e pegar o dinheiro de volta.”

A ação será redibitória será com PERDAS E DANOS se o ALIENANTE CONHECIA O DEFEITO.

Será SEM PERDAS E DANOS se o alienante NÃO conhecia o defeito.

Art. 443 - CC. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e
danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.

3.1.2.2. Ação quanti minoris/estimatória

Busca-se, tão somente, um ABATIMENTO NO PREÇO.

Art. 442 – CC. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar
abatimento no preço.

3.1.3. Prazos

Coisa móvel – 30 dias

contatos a partir da entrega da coisa

Coisa imóvel – 1 ano

- E se o adquirente já estava na posse da coisa?

Coisa móvel – 15 dias

contatos a partir da alienação

Coisa imóvel – 6 meses

Art. 445 – CC. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de
trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na
posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.

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- E se o vício se manifestar tardiamente?

Coisa móvel – 30 dias, não podendo ultrapassar 180 dias da tradição

contatos a partir
da descoberta

Coisa imóvel – 1 ano, não podendo ultrapassar 1 ano da tradição

Entendimento acerca da interpretação dos prazos ratificado pelo STJ (Resp 1.095.882/SP).

“1 ano, não podem ultrapassar 1 ano da tradição” é expressão legal ilógica, posto que dá na mesma.
o
Art. 445 – CC - § 1 Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-
se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando
de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.

IMPORTANTE:

Em relações de consumo, o prazo para reclamar dos vícios do produto ou do serviço está
previsto no art. 26 – CDC.

Art. 26 - CDC. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término


da execução dos serviços.

§ 2° Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e


serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;

II - (Vetado).

III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado
o defeito.

3.1.4. Previsão legal (todos do Código Civil)

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.

Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar
abatimento no preço.

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Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e
danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.

Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se
perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta
dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o
prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
o
§ 1 Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens
móveis; e de um ano, para os imóveis.
o
§ 2 Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em
lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não
houver regras disciplinando a matéria.

Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o
adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob
pena de decadência.

3.2. Pelo Código do Consumidor

3.2.1. Previsão legal (todos do Código do Consumidor)

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações
decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais


perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior,


não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula
de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.

§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em
razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou
características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível
a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos,
mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos
incisos II e III do § 1° deste artigo.

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Rafael Barreto Ramos
2017

§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o


fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.

§ 6° São impróprios ao uso e consumo:

I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;

II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados,


nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de
fabricação, distribuição ou apresentação;

III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre
que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - o abatimento proporcional do preço;

II - complementação do peso ou medida;

III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;

IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais


perdas e danos.

§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior.

§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento


utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as
indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais


perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta
e risco do fornecedor.

§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles
se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade.

Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto
considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais
adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes
últimos, autorização em contrário do consumidor.

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Rafael Barreto Ramos
2017

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer
outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e,
quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo,
serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste
código.

Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e
serviços não o exime de responsabilidade.

Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada
a exoneração contratual do fornecedor.

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação
de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.

§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente


pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.

§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são
responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.

4. Evicção (arts. 447 a 457 – CC)

4.1. Conceito

É a perda da coisa em virtude de sentença judicial ou decisão administrativa1 por quem a


possuía como sua em favor de um terceiro com direito anterior sobre ela.

(1) Perda da coisa em virtude de decisão administrativa: Entendimento solidificado pelo STJ (informativo
414, STJ).

Denunciação da lide



reivindica
Aliente Adquirente (evicto) Terceiro (evictor)
oneroso

- NÃO CABE EVICÇÃO REFERENTE A CONTRATO GRATUITO, SEM EXCEÇÕES.

Denunciação da lide por saltos (per saltum) (art. 456 – CC) NÃO MAIS É CABÍVEL NA EVICÇÃO (REVOGADA
PELO NOVO CPC).

Art. 456 - CC. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o
alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do
processo. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da
evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos. (Revogado pela Lei
n º 13.105, de 2015) (Vigência)

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Rafael Barreto Ramos
2017

- De acordo com o Novo CPC e o STJ, a denunciação da lide não é o único caminho a ser seguido pelo
evicto. É possível também o manejo de uma ação regressiva autônoma (art. 125, §1º - NCPC).

Art. 1.072 - NCPC. Revogam-se: (Vigência)


o
I - o art. 22 do Decreto-Lei n 25, de 30 de novembro de 1937;
o
II - os arts. 227, caput, 229, 230, 456, 1.482, 1.483 e 1.768 a 1.773 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de
2002 (Código Civil);
o
III - os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei n 1.060, de 5 de fevereiro de 1950;
o
IV - os arts. 13 a 18, 26 a 29 e 38 da Lei n 8.038, de 28 de maio de 1990;
o
V - os arts. 16 a 18 da Lei n 5.478, de 25 de julho de 1968; e
o o
VI - o art. 98, § 4 , da Lei n 12.529, de 30 de novembro de 2011.

Art. 125 - CC. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:

I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a
fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de
quem for vencido no processo.
o
§ 1 O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida,
deixar de ser promovida ou não for permitida.
o
§ 2 Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor
imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado
sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por
ação autônoma.

4.2. Pedidos

4.2.1. Evicto de boa-fé

Valor pago + indenização.

4.2.2. Evicto de má-fé

NÃO PODE DEMANDAR PELA EVICÇÃO.

Art. 457 - NCPC. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.

4.3. Cláusula de reforço/diminuição/exclusão

No contrato feito entre o alienante e o adquirente, é possível que haja uma cláusula de reforço,
de diminuição ou, até mesmo, de exclusão da responsabilidade do alienante em caso de evicção.

51

Rafael Barreto Ramos
2017

Nada obstante a existência de uma cláusula de exclusão da responsabilidade do alienante em


caso de evicção, ainda assim, o evicto poderá exigir o valor pago de volta.

Apenas haverá o total afastamento da responsabilidade do alienante se, além da cláusula de


exclusão, no contrato estiver presente uma outra cláusula denominada cláusula de ciência ou
assunção do risco por parte do adquirente.

MESMO QUANDO HÁ A CLÁUSULA DE EXCLUSÃO, O EVICTO PODE EXIGIR DE VOLTA O VALOR


QUE PAGOU, RESTANDO EXCLUÍDA, SOMENTE, A INDENIZAÇÃO.

Art. 448 - CC. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.

Art. 449 - CC. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o
evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado,
não o assumiu.

Ø Responsabilidade civil

Em regra, aplica-se a responsabilidade subjetiva e excepcionalmente a responsabilidade


objetiva.

1. Responsabilidade Civil Subjetiva

1.1. Conceito

É aquela em que o fundamento para o dever de reparar reside na culpa lato sensu.

“A vítima somente ganha a ação se provar a culpa do agente.”

Art. 927 - CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.

COMBINADO COM

Art. 186 - CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

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1.2. Elementos

1. Conduta humana antijurídica

+
2. Dano

+
3. Nexo Causal

1.2.1. Conduta humana antijurídica (ilícita)

1.2.1.1. Conceito
1
A conduta antijurídica ocorre quando há violação ao neminem laedere .

(1) Neminem laedere: ninguém pode lesar ninguém.

“A ninguém é dado o direito de lesar a outra pessoa.”

1.2.1.2. Formas psicológicas de violar o neminem laedere

a) Dolo

negligência CULPA LATO SENSU

b) Culpa em sentido estrito imprudência

imperícia

1.2.1.3. Culpa concorrente/recíproca

Ocorre quando o agente atua com culpa, mas a vítima também contribui com uma parcela de culpa para
a eclosão do evento danoso.

O efeito da culpa concorrente é a REDUÇÃO DE INDENIZAÇÃO.

Ex. A, em alta velocidade, atropela B que, por sua vez, atravessava a rua em local proibido. O motorista
vai pagar, mas pagará menos.

Art. 945 - CC. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será
fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

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Rafael Barreto Ramos
2017

1.2.1.4. Excludentes de ilicitude

Faz com que o ato se torne LÍCITO e, em regra, há o afastamento da responsabilidade civil.

“Em regra, não terei que pagar nada.”

(1) Exceção – excludente de ilicitude que NÃO afasta a responsabilidade civil (art. 929 c/c art. 188, inciso
II – CC – vide abaixo): Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, em estado de necessidade, não forem
culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.

É POSSÍVEL QUE A RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRA DE UM ATO LÍCITO – VERDADEIRO.

- Hipóteses excludentes de ilicitude

a) Legítima defesa (inciso I)


1
b) Exercício regular de um direito reconhecido (inciso I)

c) Estado de necessidade (inciso II)

(1) Reconhecido: Entendem os civilistas que, ao trazer a expressão reconhecido, o Código Civil,
IMPLICITAMENTE, prevê a excludente de ilicitude estrito cumprimento do dever legal.

Art. 188 - CC. Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

Art. 929 - CC. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados
do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.

1.2.2. Dano

1.2.2.1. Conceito
1
Dano é a lesão a um bem jurídico .
1.1
Dano emergente

Bem patrimonial à Dano material


1.2
(1) Bem jurídico: Lucro cessante
2
Bem moral à Dano moral

(1.1) Dano emergente: é aquilo que a vítima efetivamente perdeu.

“É aquilo que saiu do meu bolso.”

(1.2) Lucro cessante: é aquilo que a vítima razoavelmente deixou de ganhar.

“É aquilo que deixou de entrar no meu bolso.”

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2017

Art. 402 - CC. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor
abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

IMPORTANTE:

As perdas e danos são formadas pelo dano emergente e lucros cessantes (vide conceitos acima).

(2) Dano moral:

- Conceito

É o desconforto comportamental gerado na vítima.

- Direitos da Personalidade

Ocorre quando há ofensa aos direitos da personalidade que, a seu turno, são aqueles direitos aos nossos
atributos fundamentais (Exs. Honra, imagem, intimidade, privacidade, etc.). São ILIMITADOS, não há um
rol exaustivo previsto em lei.

AS PESSOAS JURÍDICAS TAMBÉM PODEM SOFRER DANO MORAL.

Art. 52 - CC. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

Súmula: 227 - STJ

A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

- Planos

a) Físico – Dano estético: é um desequilíbrio externo na aparência da vítima.

b) Psíquico

c) Moral

Nota:

- Previsão legal Direitos da Personalidade (todos do Código Civil)

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo
o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.

Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar
diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.

Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida
em lei especial.

Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou
em parte, para depois da morte.

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Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a
intervenção cirúrgica.

Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.

Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que
a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.

Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.

Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem


pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da
imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais. (Vide ADIN 4815)

Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção
o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as
providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. (Vide ADIN 4815)

1.2.2.2. Cumulação de danos

- Material/moral: Possível

Súmula: 37 - STJ

SÃO CUMULAVEIS AS INDENIZAÇÕES POR DANO MATERIAL E DANO MORAL

ORIUNDOS DO MESMO FATO.

- Moral/estético: Possível

Súmula: 387 - STJ

É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.

1.2.2.3. Classificação de dano moral

a) Dano moral provado

É aquele que DEPENDE de produção probatória.

b) Dano moral presumido/”in re ipsa”

É aquele que INDEPENDE de produção probatória. Entretanto, a presunção é RELATIVA (o réu pode
produzir prova em contrário).

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Súmula: 385 – STJ – PRESUNÇÃO RELATIVA DO DANO MORAL

Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando
preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.

“Se o sujeito possui 49 inscrições devidas no SPC. A 50ª, mesmo que indevida, não acarretará em dano
moral.”

Exs DANO MORAL PRESUMIDO.

Súmula: 370 - STJ

Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.

Súmula: 388 - STJ

A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.

Súmula: 403 - STJ

Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com
fins econômicos ou comerciais.

1.2.2.4. Perda de uma chance

1.2.2.4.1. Conceito

Traduz-se na perda de uma oportunidade séria e real.

Ex. Indivíduo passa na 1ª etapa de um concurso brilhantemente, mas não consegue realizar a 2ª em razão
de problemas no ônibus em que se encontrava.

NÃO SÃO CONSIDERADAS MERAS EXPECTATIVAS.

Ex. Não consigo apostar na mega-sena em razão de um acidente veicular.

1.2.2.4.2. Entendimento STJ

Para o STJ, a perda de uma chance aplica-se tanto ao dano moral quanto ao dano material.

1.2.2.4.3. Indenização

Juízo de probabilidade.

Ex. Pergunta de 1 milhão do programa “Show do Milhão” sem resposta. Participante desiste e ganha 500
mil. STJ decidiu que a participante seria indenizada em 125 mil, posto que teria 25% de chance de acertar
a questão, caso esta possuísse resposta.

- PERDA DE UMA CHANCE DE CURA OU DE SOBREVIÊNCIA: APLICA-SE A PERDA DE UMA CHANCE


QUANDO O MÉDICO SE EQUIVOCA EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO DO PACIENTE. (RESP 1.254.141/PR)

- APLICA-SE A TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE EM CASO DE DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO DE


COLETA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS (RESP 1.291.247/RJ)

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1.2.3. Nexo causal

1.2.3.1. Conceito

É a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado.

1.2.3.2. Excludentes do nexo causal

1.2.3.2.1. Afastamento da responsabilidade civil

Quando há uma excludente do nexo causal, AFASTA-SE A RESPONSABILIDADE CIVIL.

“Não se tem que pagar nada.”

1.2.3.2.2. Hipóteses

a) Caso fortuito ou força maior: evento necessário cujos efeitos não se pode impedir.

IMPORTANTE - PARA A DOUTRINA E O STJ, O CASO FORTUITO DE DIVIDE:

- Caso fortuito interno – NÃO EXCLUI O NEXO: o fato está CONEXO à organização e atuação da empresa.

GERA RESPONSABILIDADE CIVIL.

Ex. Infarto que o motorista de ônibus sofra na direção do veículo (deveria ser detectado nos exames
periódicos que a empresa deveria fazer em seus motoristas).

- Caso fortuito externo - EXCLUI O NEXO: o fato NÃO está conexo à atuação e organização da empresa.

AFASTA RESPONSABILIDADE CIVIL.

Ex. Acidente em ônibus decorrente de tremor de terra.

Art. 393 - CC. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era
possível evitar ou impedir.

Súmula 479 - STJ

As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. (Súmula 479,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/06/2012, DJe 01/08/2012)

b) Culpa exclusiva da vítima

Não há previsão expressa em lei, todavia se trata de entendimento pacificado.

AFASTA RESPONSABILIDADE CIVIL.

Ex. Vítima se joga em frente a um carro visando se suicidar e logra êxito em sua empreitada.

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c) Culpa de terceiro

O pretenso agente foi apenas um instrumento para causação do dano.

Ex. Engavetamento.

Nota:

Culpa concorrente Culpa Exclusiva

Não é excludente do nexo causal. Excludente do nexo causal.

Diminui o o valor da indenização. AFASTA RESPONSABILIDADE CIVIL

“Não tem que pagar nada.”

2. Responsabilidade Civil Objetiva

2.1. Conceito

É aquela que é independente de culpa.

É aquela em que o fundamento do dever de reparar reside no DANO.

Art. 927 - CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos


casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Art. 187 - CC. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

E outros

2.2. Elementos

2.2.1. Atividade de risco + dano + nexo causal

1. Atividade de risco1

+
2. Dano (aplica-se o item 1.2.2. supra)

+
3. Nexo Causal (aplica-se o item 1.2.3. supra)

(1) Atividade de risco: Não há previsão legal. O Juiz deve decidir no caso concreto.

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2.2.2. Decorrente de lei

Ex. Código de Defesa do Consumidor quanto ao fornecedor (nesta matéria, foca-se no Código Civil).

A regra, no nosso ordenamento, é que nós somos responsáveis apenas pelos nossos atos.

Excepcionalmente, pode ser que uma pessoa tenha que pagar por um fato de um terceiro.

Em todas estas situações, o que há é RESPONSABILIDADE OBJETIVA por imposição de lei.

2.2.2.1. Responsabilidade por fato de terceiro (outrem)

Art. 932 - CC. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho
que lhes competir, ou em razão dele;

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

Art. 933 - CC. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de
sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

Art. 934 - CC. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele
por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

2.2.2.2. Responsabilidade por fato de coisa

- Dono/detentor de animal:

Art. 936 - CC. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar
culpa da vítima ou força maior.
O dono, ou detentor, do animal SEMPRE ressarcirá o dano por este causado – FALSO.

- Prédio em ruínas – dono da construção (aquele que tem propriedade):

Art. 937 - CC. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

- Prédio “normal” (não é em ruínas ou em construção) – aquele que habitar (não necessariamente
precisa ser dono):

STJ - SE NÃO DESCOBRIR QUEM HABITA, OU DE QUAL APARTAMENTO VEIO O OBJETO QUE ACARRETOU
EM DANO, O CONDOMÍNIO DEVE PAGAR

Art. 938 - CC. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

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2.2.3. Abuso de Direito (art. 187 – CC)

Ocorre quando uma pessoa, ao exercitar um direito, extrapola a determinados limites.

Ex. Indivíduo que escuta música alta na madrugada, atingindo o direito ao repouso dos vizinhos.
1
Art. 187 - CC. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.

(1) Também comete ato ilícito: Expressão atécnica, posto ser referente a requisito para a
responsabilidade subjetiva.

Nada obstante a redação infeliz do art. 187 – CC, trata-se de RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

IMPORTANTE – STJ:

- Informativo 549 – STJ:

Para o STJ, agiu com abuso de direito a instituição de ensino que extinguiu curso superior de forma
ABRUPTA.

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