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3°módulo 2
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PARTE 2
MODALIDADES DAS
OBRIGAÇÕES
As modalidades das obrigações são baseadas no objeto da prestação. A obrigação de dar se divide em dar coisa certa e incerta, sendo que na
obrigação de dar coisa certa existem duas possibilidades: o ato de dar (entregar) e o ato de restituir.
Obrigação de entregar coisa certa
A obrigação de dar coisa certa se refere a algo já determinado e individualizado, é quando o credor determina o objeto pela quantidade, gênero e
qualidade, dentre outras características, veja que nas obrigações de dar coisa certa o credor não é obrigado a aceitar outra coisa diferente do que foi
acordado, ainda que mais valiosa (art. 313 do CC), no entanto, nada impede que o credor consinta em receber coisa diversa, caso o credor aceite
estaremos diante do que chamamos de dação em pagamento, que é justamente o aceite por parte do credor em receber coisa diversa do que foi
acordado para se extinguir a obrigação.
Em regra, pelo princípio da gravitação jurídica, os acessórios seguem o principal, salvo se o contrário for convencionado pelas partes em contrato,
dispõe o art. 233 do CC:
“A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do
caso”.
Importante destacarmos que a pertença, em regra, não segue o principal, o Código Civil em seu art. 93 define pertenças como sendo bens que não
constituem parte integrante do bem principal, se destinam de modo duradouro, apenas ao uso, serviço ou aformoseamento de outro bem, temos
como exemplo o sofá que é uma pertença do bem imóvel (casa), veja que a existência do sofá é autônoma e não depende da casa para existir,
dentro da casa o sofá é uma pertença, as pessoas o usam para se sentar, mas se essa casa é vendida o sofá não a acompanhará, salvo se as partes
convencionarem o contrário. Resta ainda definirmos o que são bens acessórios, se bem principal é aquele que tem existência própria, ou seja,
independe de outro para existir, poderemos definir bem acessório como aquele que depende do bem principal para existir, cuja existência supõe a
do principal.
DO INADIMPLEMENTO
Se extingue a obrigação pela tradição, ou seja, pela entrega da coisa quando esta for móvel, e pelo registro quando se tratar de imóvel, se o devedor
não cumpre com a obrigação surge o inadimplemento, e o que fazer? Analisaremos algumas hipóteses de acordo com a conduta do devedor,
verificado a presença de culpa ou não:
Devemos definir a diferença entre perecimento e deterioração, enquanto no perecimento há a perda total da coisa, na deterioração há a perda
parcial, ou seja, a coisa ainda existe, mas com o estado alterado e danificado.
Perecimento e deterioração antes da tradição (entrega da coisa)
Perecimento – se antes da tradição a coisa perece sem culpa do devedor, a obrigação se resolve (se extingue) e as partes regressam ao status quo
ante, o devedor será obrigado apenas a devolver todos os valores já pagos pelo credor, se este tiver efetuado pagamento antecipado. Se antes da
tradição a coisa perece por culpa do devedor, este deverá pagar ao credor o valor equivalente em dinheiro que corresponde ao valor da coisa, mais
perdas e danos. As perdas e danos compreendem os danos emergências e os lucros cessantes. Danos emergências é o prejuízo sofrido pelo credor,
ou seja, aquilo que ele efetivamente perdeu, enquanto que, os lucros cessantes corresponde àquilo que ele deixou de lucrar em razão do dano,
exemplo: João se obrigou a entregar um carro para Pedro, que queria trabalhar como taxista, ocorre que antes da entrega João bate o carro
embriagado, nesse caso João gerou um dano para Pedro, além do valor equivalente ao carro ele deverá arcar com os danos emergentes, pois houve a
perda da coisa, e os lucros cessantes, pois Pedro deixou de lucrar como taxista por culpa de João. Dispõe o art. 234 do CC:
“Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a
obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos”.
Deterioração – como vimos, a deterioração é perda parcial da coisa, ou seja, aqui a coisa ainda existe. Se houver deterioração da coisa sem culpa
do devedor, o credor terá duas opções, ou resolve a obrigação voltando ao status quo ante, ou aceita a coisa no estado em que se achar, abatido o
valor proporcional à perda, dessa forma prescreve o art. 235 do CC:
“Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que
perdeu”.
No caso de deterioração com culpa do devedor, o credor poderá aceitar a coisa no estado em que se achar, com abatimento do valor proporcional à
perda, ou receber o equivalente em dinheiro que corresponde ao valor do objeto, nesses dois casos, o credor poderá reclamar ainda a indenização
por perdas e danos, dispõe o art. 236 do CC:
“Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em
outro caso, indenização das perdas e danos”.
E se houver perda total ou parcial da coisa depois da tradição? Aí acontece o que chamamos de res perit domino, ou seja, a coisa perece para o
dono que no caso é o credor, mas veja que existem algumas exceções que protegem o credor de má fé por parte do devedor, como é o caso dos
vícios redibitórios, também chamados de vícios ocultos (art. 441 do CC) e os vícios jurídicos, também conhecidos como evicção, que é
basicamente a perda de um bem em decorrência de uma determinação judicial (art. 447 do CC).
Importante destacarmos o art. 237 do CC, que trata dos melhoramentos e acréscimos da coisa antes da tradição:
“Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não
anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes”.
Ou seja, se antes da tradição houver melhoramentos ou acréscimos na coisa, o devedor poderá cobrar por eles, se o credor não aceitar resolve-se a
obrigação. No direito civil a transmissão só ocorre com a entrega da coisa, se for bem móvel, e com o registro se for imóvel, então vamos supor
que Joana pactuou um contrato de compra e venda de um carro com Pedro, essa transmissão só irá se concretizar com a entrega, até lá todos os
melhoramentos, acréscimos e frutos percebidos são do devedor. Evidentemente que esses melhoramentos e acréscimos não podem ocorrer por ato
voluntário do devedor, pois estaria configurando a má fé por parte deste, devendo ocorrer por vontade alheia do devedor.
Obrigação de restituir coisa certa
Como vimos anteriormente, a obrigação de restituir é uma subespécie da obrigação de dar coisa certa. Diferente da obrigação de entregar coisa
certa em que o devedor é o dono da coisa, na obrigação de restituir, o credor é o dono da coisa, o que ocorre aqui é apenas a transmissão da posse
por parte do credor ao devedor, como preleciona Carlos Roberto Gonçalves:
“caracteriza-se pela existência de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono. Tal modalidade impõe àquele a
necessidade de devolver coisa que, em razão de estipulação contratual, encontra-se legitimamente em seu poder”.
É o que ocorre no exemplo do comodatário, depositário e locatário, imaginemos que o devedor alugou um carro, ora, a locadora transferiu a posse,
mas continua sendo a proprietária do carro. Nesse caso o devedor tem a obrigação de restituir o bem no prazo que foi estipulado entre as partes,
mas e se o devedor não puder entregar o bem porque este se perdeu total ou parcialmente? Da mesma forma analisaremos se houve culpa ou não:
Perecimento – se houver perecimento da coisa sem culpa do devedor, a obrigação se resolve sem indenização por perdas e danos, aqui também
ocorrerá o res perit domino, ou seja, a coisa irá perecer com o dono que no caso é o credor, mas veja que o credor tem seus direitos ressalvados até
o dia da perda, no caso da locadora, esta terá direito a todos os aluguéis vencidos, prescreve o art. 238 do CC:
“Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se
resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda”.
Havendo culpa por parte do devedor no perecimento da coisa, já que este não conservou a coisa como deveria, este deverá pagar o equivalente em
dinheiro ao que corresponde o valor do objeto, mais perdas e danos como dispõe o art. 239 do CC:
“Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos”.
Deterioração – não havendo culpa do devedor, estabelece novamente a regra do res perit domino, nesse caso, o credor deverá receber a coisa no
estado em que se ache, sem direito a indenização por perdas e danos, pois a coisa deteriorou para o proprietário, dessa forma dispõe a primeira
parte do art. 240 do CC:
“Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização;”
Mas se houver culpa do devedor temos que considerar algumas ressalvas, pois a parte final do art. 240 dispõe o seguinte:
“se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239”.
Ocorre que essa deterioração pode ser algo ínfimo, se fossemos considerar a parte final deste artigo, se tornaria algo injusto na prática, não seria
justo uma deterioração pequena acarretar o pagamento equivalente ao valor do objeto em sua integralidade, mais perdas e danos, por esse motivo o
enunciado de n° 15 da I jornada de Direito Civil nos traz que “o art. 236 também é aplicável na hipótese do art. 240, in fine”, nesse caso, quando
houver deterioração por culpa do devedor, a depender do caso, o credor poderá receber o equivalente ou aceitar a coisa no estado em que se achar,
podendo ainda nos dois casos reclamar a indenização por perdas e danos.
Incorre ainda na obrigação de restituir, a regra dos melhoramentos e acréscimos, ora, se o credor é o dono, as vantagens obtidas pertencem a ele. O
credor só indenizará o devedor pelos melhoramentos, caso o devedor tenha empregado trabalho ou despesas que eram necessários para o uso da
coisa, útil ou voluptuária, a depender do caso, deve-se analisar se o devedor era possuidor de boa ou má fé (arts. 41 e 42 do CC).
Obrigação de dar coisa incerta
Nas obrigações de dar coisa incerta, o objeto é indeterminado, mas não totalmente, precisa ser ao menos determinável, no entanto, observa-se que
essa obrigação é transitória, em algum momento a incerteza cessará, passando de coisa incerta para coisa certa. Diferente da coisa certa que é algo
individualizado e único, a coisa incerta é individualizada apenas em algumas características, logo não é única, o art. 243 dispõe o seguinte:
“A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”.
Para que exista a obrigação, a coisa incerta precisa ser determinada ao menos quanto ao gênero (alguns doutrinadores preferem se referir como
‘espécie’) e a quantidade. Nessa modalidade, a escolha da coisa pertence ao devedor se o contrário não for estipulado pelas partes em contrato ou
se o devedor não exerceu seu direito de escolha ao tempo da tradição, na escolha, o devedor não poderá entregar algo de menor valor e nem será
obrigado a entregar algo de maior valor (art. 244 do CC). Quando o devedor faz a escolha da coisa e cientifica o credor, ocorre o que chamamos de
concentração, pois bem, no momento em que o credor é notificado sobre a escolha da coisa, esta torna-se coisa certa, passando a vigorar todas as
regras anteriores sobre obrigação de dar coisa certa, dispõe o art. 245 do CC:
“Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente”.
Mas e se coisa se perder antes da concentração, que é a escolha e a notificação ao credor? Nesse caso, pela regra do genus nunquam perit, ‘o
gênero nunca perece’, o devedor não poderá alegar a perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito, pois não é algo
único como na obrigação de dar coisa certa, aqui a coisa pode ser facilmente substituída, assim dispõe o art. 246 do CC:
“Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito”.
OBRIGAÇÕES CESSÃO DE
CRÉDITO
Cessão de crédito nada mais é que a transmissão do direito do credor sobre a dívida a outra pessoa. Neste caso, o credor será tratado como cedente e
é aquele que abre mão da divida. O cessionário se trata a pessoa que adquire direito sobre a dívida, e, por fim, o cedido tratará o devedor que deve
cumprir com a obrigação. No Código Civil está previsto no art.286, e de acordo a este, cessão só não poderá ser realizada se a isso se opuser a
natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor, sendo que nesta última hipótese a cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-
fé, se no instrumento representativo da convenção não constar cláusula vedando-a. Para ser eficaz em relação a terceiros, a cessão deve ser
celebrada mediante instrumento público ou particular que contenha a indicação do lugar em que foi celebrada, a qualificação das partes, a data e o
objetivo da cessão, com a designação e a extensão do crédito conferido, conforme pode se extrair da combinação dos arts. 288 e 654, § 1°, ambos do
Código Civil.
A cessão de crédito é, pois, um negócio jurídico pelo qual o credor transfere a um terceiro seu
direito. O negócio jurídico tem feição nitidamente contratual.
(SILVIO, p.150, 2009)
No direito moderno o devedor não precisa opinar se deseja ou não a cessão, contudo, deverá Ser notificado se a mesma ocorrer. Isso para que possa
saber quem será o credor a quem pagará a divida. Diz que não precisa do consentimento do devedor, pois este não faz parte do negócio que se
estabelece apenas entre o cedente e o cessionário. E, mesmo sem ter o conhecimento por parte do devedor, o cessionário tem direito de “exercer o
atos conservatórios do direito cedido” (art.293, CC). Contudo, se o cedido não for notificado da cessão e pagar ao antigo credor, considera a
obrigação do mesmo, extinta.
A cessão de crédito justifica-se, pois o direito de crédito representa, sob o prisma econômico,
um valor patrimonial: daí sua disponibilidade, podendo ser negociado ou transferido, já que representa promessa de
pagamento futuro. Pode ser indubitavelmente, objeto de contrato, pois sempre haverá quem ofereça certo valor. A
moderna conceituação de obrigação, que a concebe como um vínculo pessoal entre sujeitos substituíveis foi determinado
pelo novo estilo da vida econômica, que impôs a circulação do crédito, de forma que será permitido ao credor dispor dele,
realizando negócio para transferi-lo a outrem. (MARIA HELENA, p.442, 2002)
A cessão de crédito pode ser a título gratuito ou oneroso. Diz-se título oneroso quando retrata uma relação jurídica de que resultam obrigações ou
encargos, que demonstrem obrigações por parte de ambos os acordantes, contratantes ou celebrantes. No caso do gratuito não se estabelece esses
efeitos. Segundo Silvio, não ocorre distinção na lei e os efeitos não se alteram. Há também a existência da cessão pro soluto e pro solvendo.
SOLIDARIEDADE PASSIVA
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver
sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial,
todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Solidariedade Passiva: O credor tem direito a exigir de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum (Art. 275), não
importando renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores (Art. 275, §)
Quanto ao pagamento parcial (se houver concordância do credor) ou a remissão obtida, será descontada no valor da dívida, ou conforme o CC
“obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada” (Art. 277).
Obs. Nesse sentido o CC dispõe que qualquer obrigação adicional estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a
posição dos outros sem consentimento destes (Art. 278).
Atente-se também a diferenciação entre a Impossibilidade de cumprimento e os juros de mora.
Impossibilidade de cumprimento de um dos devedores (Art. 279): A solidariedade persiste, entretanto pelas perdas e danos só responde o
culpado.
Juros de mora (Art. 280): Todos os devedores respondem, mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida (ação de regresso).
Renunciar à solidariedade (Art. 282)
O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um ou alguns dos devedores, subsistindo para os demais.
Importante: A renúncia à solidariedade não se confunde com a remissão de dívida. O que ocorre é que o devedor pagará apenas sua quota e ficará
livre da obrigação.
Pagamento integral por um dos devedores (Art. 283)
Nos termos do Código Civil, o devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota (Sub-rogação
legal).
Titularidade única do débito (Art. 285)
Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores (ex. devedor e fiadores), responderá este (devedor) por toda a dívida para com
aquele que pagar (fiador).
SOLIDARIEDADE ATIVA
Solidariedade Ativa: Ocorre quando cada um dos credores solidários (cocredores) tem direito de exigir do devedor o cumprimento da prestação por
inteiro (Art. 267).
O devedor poderá pagar qualquer um deles antes de ser demandado (Art. 268), extinguindo a dívida (Art. 269). Perceba que diferentemente da
obrigação indivisível, não há necessidade de pagar para todos ou realização caução de ratificação.
Ainda, o credor que remir (perdoar) a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba (Art. 272), diferentemente
do que ocorre na obrigação indivisível.
Não confunda – Credor que remir a dívida:
Obrigação solidária (Art. 272): O credor responderá pela parte dos demais credores
Obrigação indivisível (Art. 262): a obrigação permanecerá, apenas sendo descontada a quota do credor remitente.
Quanto à conversão da prestação em perdas e danos, também temos uma diferença interessante se comparado a obrigação indivisível.
Não confunda – Convertendo-se a prestação em perdas e danos:
Obrigação solidária (Art. 271): subsiste, afinal se trata de uma obrigação pessoal*.
Obrigação indivisível (Art. 263): a obrigação perde a qualidade de indivisível
*Nesse sentido, por se tratar de uma obrigação pessoal, não poderá o devedor opor exceções pessoais aos demais credores (Art. 273).
Em relação ao julgamento de um dos credores solidários (Art. 274)
Contrário -> Não aproveita
Favorável -> Aproveita os demais
OBRIGAÇÕES
As obrigações podem ser simples, cumulativas ou alternativas. Quando seu objeto é apenas uma prestação (entrega de um veículo, por ex.), ela é
simples; quando se trata de mais de um objeto (objeto composto ou plural, ex.: entrega de um veículo e um cavalo), ela é cumulativa ou conjuntiva.
Nos dois casos citados, o credor pode exigir a totalidade das prestações ao devedor, mesmo as obrigações plurais, estas últimas são regidas pelos
princípios gerais das obrigações de dar.
Nas obrigações alternativas, as prestações são ligadas pelo “ou”: entrega de um veículo ou de um cavalo. Diferente das demais obrigações acima
referidas, as obrigações alternativas têm disciplina própria. Essa obrigação diz respeito à várias prestações, sendo que apenas uma será realizada.
A obrigação alternativa é uma forma de aumentar o adimplemento do devedor e a garantia do credor. Por isso, nela se pode combinar várias formas
de prestação: de fazer, não fazer e dar. É possível, por exemplo, o estabelecimento de uma obrigação alternativa de não estabelecer comércio em
determinado local, ou pagar determinado valor, se o estabelecimento acontecer.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
O devedor não pode obrigar o credor a receber parte de uma prestação e parte de outra, como referido supra. Se um dos objetos da prestação se
perde, o devedor poderá entregar o que sobrou (Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível,
subsistirá o débito quanto à outra.), e se houver dano dos dois objetos da prestação, o credor pode pedir um deles, complementado por indenização.
Em caso de perecimento de todos os objetos da obrigação, sem culpa do devedor, e antes de qualquer constituição em mora, extingue-se a
obrigação (Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação). Se perecem os objetos, por
culpa do devedor, sendo ele encarregado da escolha, pode o credor realizar a cobrança sobre a última coisa que se impossibilitou, com perdas e
danos. Essa escolha do legislador se justifica por uma criação ficta: em razão do perecimento do primeiro objeto da prestação, resta a segunda,
como se singular fosse.
Assim, ocorre a concentração (ficta) sob a última coisa que se impossibilitou por culpa do devedor. Se a escolha couber ao credor e uma das
prestações da obrigação alternativa perecer por culpa do devedor, tem o credor direito exigir a prestação que restou ou pedir o valor da outra, mais
perdas e danos. Ainda, se a escolha couber ao credor e todas as prestações da obrigação perecerem, por culpa do devedor, terá o credor direito de
exigir qualquer uma das duas, mais indenização por perdas e danos.
OBRIGAÇÃO DE MEIO E DE RESULTADO
Quando ao fim a que se destina, a obrigação pode ser de meio, de resultado e de garantia.
Diz-se que a obrigação é de meio quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios técnicos para a obtenção de determinado
resultado, sem, no entanto responsabilizar-se por ele. É o caso, por exemplo, dos advogados, que não se obrigam a vencer a causa, mas a bem
defender os interesses dos clientes; bem como o dos médicos, que não se obrigam a curar, mas tratar bem os enfermos, fazendo uso de seus
conhecimentos científicos.
Na obrigação de resultado já o procedimento é um pouco diferente da obrigação de meio, nesta não se garante o resultado, porém na obrigação de
resultado a parte quando celebra um contrato de prestação de serviço de uma cirurgia plástica, por exemplo, a outra parte espera o resultado, esta
obrigação só esta cumprida quando se alcança o resultado.
Desta maneira procurou-se dirimir as dúvidas, que são tão frequentes nesta matéria de obrigações, porém vale salientar que esta busca doutrinária,
poderá não sanar todas as indagações.
OBRIGAÇÃO DE GARANTIA:
É a obrigação que se destina a propiciar maior segurança ao credor ou eliminar risco existente em sua posição, mesmo em hipóteses de fortuito ou
força maior, dada a sua natureza. Constituem exemplos dessa obrigação: a do segurador e a do fiador; a do contratante, no que diz respeito aos
vícios redibitórios, nos contratos comutativos (artigos 441 e seguintes do Código Civil); e a do alienante, em relação à evicção, nos contratos
onerosos que versam sobre transferência de propriedade ou posse (artigos 447 e seguintes do Código Civil). Em regra, a obrigação de garantia se
apresenta como subespécie da obrigação de resultado, pois o vendedor, sem que haja culpa sua, estará adstrito a indenizar o comprador evicto, por
exemplo, bem como a seguradora, ainda que, verbi gratia, o incêndio do bem segurado tenha sido provocado dolosamente por terceiro, deverá
indenizar o segurado. O devedor não se libera da prestação mesmo em caso de força maior, uma vez que o conteúdo da obrigação é a eliminação
de um risco, que, por sua vez, é um acontecimento casual, alheio à vontade do obrigado.
As obrigações possuem, além dos elementos naturais, os elementos acidentais, que acabam muitas vezes por caracterizá-las. Estes elementos são:
a alteração da condição da obrigação, do termo e do encargo ou do modo.
- Obrigações puras e simples são aquelas que não se sujeitam a nenhuma condição, termo ou encargo.Ex.: Obrigação de dar uma maçã sem por
que, para que, por quanto e nem em que tempo.
- Obrigações condicionais são aquelas que se subordinam a ocorrência de um evento futuro e incerto para atingir seus efeitos.Ex.: Obrigação de
dar uma viagem a alguém quando esta pessoa passar no vestibular (condição).
- Obrigações a termo submetem seus efeitos a acontecimentos futuros e certos, em data pré estabelecida. O termo pode ser final ou inicial,
dependendo do acordo produzido.Ex.: Obrigação de dar um carro a alguém no dia em que completar 18 anos de idade.
- Obrigações modais em que o encargo não suspende a "aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio
jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva", de acordo com o artigo 136 do Código Civil.Ex.: Pode figurar na promessa de compra e
venda ou também, mais comum, em doações.