Você está na página 1de 9

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

Campus de Jequié
Departamento de Ciências Humanas e Letras – DCHL
Curso de Letras

RELATÓRIO DE MONITORIA DA DISCIPLINA LITERATURA BRASILEIRA II


PERÍODO LETIVO 2016.1

Jequié – Ba

SETEMBRO/2016
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Campus de Jequié
Departamento de Ciências Humanas e Letras – DCHL
Curso de Letras

RELATÓRIO DE MONITORIA

VANESSA CAROLINE SILVA SANTOS

Relatório apresentando à Pró-reitoria de


Graduação – PROGRAD e à Gerência de
Acesso e Acompanhamento – GAA, para fins
de obtenção do certificado de Bolsista
Monitora da disciplina Literatura Brasileira II,
orientada pelo Prof. Anísio Assis Filho, no
período letivo de 2016.1

Jequié – Ba
SETEMBRO/2016
INTRODUÇÃO

As ideias estão no chão. Você tropeça e acha a solução1.


Titãs

O seguinte relatório tem como objetivo central discorrer acerca das atividades,
estudos e intervenções feitos a partir da disciplina de Literatura Brasileira I, pela
bolsista Vanessa Caroline Silva Santos, durante o período letivo de 2016.1, ministrada
pelo Professor Especialista, Anísio Assis Filho.

No decorrer da disciplina, foram feitas discussões acerca dos períodos históricos e


literários no Brasil República e o período pós independência. Na I unidade, discutiu-se
todo um panorama histórico da Literatura Brasileira e como se conformaram as
produções literárias Realistas, quer seja a ficção machadiana e todo o contexto social
nacional e internacional que veio a influenciar essa estética. A leitura de contos desse
autor, em especial, e as análises feitas pelas/os discentes produziram conclusões à
respeito da influência do autor para o pensamento moral, social e ideológico daquela
época, e na contemporaneidade também, visto que influenciou análises posteriores.

Como amostra prática, a disciplina propiciou com colaboração entre discentes,


professor e monitora, a produção e execução de uma exposição fotográfica com base em
textos Simbolistas e Parnasianos. As ultimas discussões da disciplina, com base em
textos teóricos bastante atuais, tiveram foco para a concepção do Brasil enquanto uma
personagem histórica presente nas narrativas literárias e também apontou para questões
de gênero presentes na escrita feminina, até então pouco visualizada no panorama
literários dos séculos XVIII, XIX e início do século XX. Assim, a Literatura Brasileira
abordada nesta disciplina, evidenciou-se no intercurso de três unidades pelo contato
com o pensamento intelectual brasileiro, suas intervenções na literatura.

Quanto ao caráter do trabalho de monitoria, a atividade propiciou, para além de


aspirações docentes, o gosto pela pesquisa; a escuta ativa; o processo dialético e
dialógico de conhecimento entre docente e discente[s]. Segue, portanto, enquanto
relatório, exposição das atividades executadas na categoria Monitoria – bolsista.
1
A inserção da epígrafe neste relatório de monitoria justifica-se pelo uso da mesma na pichação feita no
chão de entrada na UESB, campus de Jequié, como forma de agitar e propagandear a exposição
literário-poemática realizada pelas/os discentes da turma, com colaboração da monitora.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

RESUMO DAS ATIVIDADES MAIO JUN JUL AGO SET


Reunião com professor orientador; OK OK OK OK OK
Planejamento das aulas e discussão; OK OK OK OK OK
Acompanhamento das aulas em sala; OK OK OK OK OK
Estudo, discussão, análise de textos sobre a OK OK OK OK OK
disciplina;
Aula compartilhada com o professor; OK OK OK OK OK
Acompanhamento de discentes; OK OK OK OK OK
Colaboração/apresentação de conteúdo em LBI OK
Produção/envio de material didático para as OK OK OK
exposições
Preparação e execução de exposição fotografia OK
– atividade de Extensão
Aplicação de prova final – LBI OK
Elaboração do Relatório de Monitoria; OK
DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

a. À metodologia da disciplina de Literatura Brasileira, pensada pelo


professor previamente, bem como as próprias discussões e seu
sul/norte, ocorreu a realização periódica de reuniões entre monitora e
professor orientador. Sendo realizadas, seguindo procedimento
adotado em LBI, no turno vespertino, com duração de 2 a 4 horas,
algumas vezes, a fim de que se pensasse o método, os momentos e
projeto de cada aula, pensando sempre no objetivo estratégico de cada
uma delas no decorrer das unidades, embora com menos freqüência
devido às cargas horárias dedicas a outras atividades curriculares;
b. Entre reuniões de planejamento ou correção de atividades, a duração
da mesma por vezes se tornava extensa, visto que a monitoria, apesar
de atividade discente, não se caracteriza por uma atividade intelectual
passiva. Por isso, todos os processos mediados entre orientador e
orientada, em sala e aula, foram discutidos e pensados de maneira
coletiva;
c. A produção e envio de material didático, quer sejam slides, ou
bibliografia extra para melhor compreensão dos conteúdos estudados,
também fizeram parte da atividade de monitoria em 2016.1.
d. Nas aulas, em momentos de mediações e acompanhamentos, o espaço
tornou-se propicio para a observação atenta da prática de docência, em
seus desafios e potencialidades no ensino de Literatura Brasileira;
e. Os meios utilizados para conferir caráter profundo e de maior
aproveitamento das temáticas referentes à disciplina foram pensados a
partir, e principalmente, da produção textual analítica e sintética, visto
que essa prática (Produção Textual em Língua Portuguesa para
disciplinas de Literatura) hora se configuram como complexas para as
e os discentes. A estrutura das produções solicitadas era explicitada nas
próprias atividades. Para além de uma disciplina de caráter literário, LI
acaba por se evidenciar enquanto uma disciplina transdisciplinar, pois
leva ao treino outras potencialidades dentro do universo das Letras.
f. O caráter extraordinário da Disciplina veio por parte da aceitação ativa
de discentes a participarem da montagem, execução e exposição
fotográfica dentro da atividade do Projeto de Extensão Sarau Dá
Lenda. As estéticas Simbolista e Parnasiana foram o pano de fundo das
fotografias, que também contaram como parte da avaliação da segunda
unidade.
g. Apresentar discussões tecidas na disciplina anteriormente monitorada
se configurou como um teste de sondagem de conhecimento já
adquiridos e também um momento prazerosa de debate com discentes
de LBI, enriquecendo mais ainda a bagagem intelectual da monitora no
tema Mito de fundação, exigido à disciplina para a compreensão do
panorama histórico e literário da escrita de formação e fundação.
h. Quanto à elaboração do RELATÓRIO DE MONITORIA, este passa
por ser um momento de avaliação da própria prática de monitoria, bem
como passa pelo crivo do professor orientador e da GAA e
PROGRAD. Parte-se, então, do pressuposto de que a prática de
monitoria deve levar resultados não apenas no que tange à disciplina e
seus discentes, mas ao crescimento intelectual da monitora e da
experiência compartilhada por parte do orientador.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em seu primeiro RELATÓRIO DE MONITORIA para a disciplina de Literatura
Brasileira I, a discente tratou de aspectos teóricos e práticos da disciplina abordando
questões também do ensino da disciplina e da importância das discussões numa
abrangência mais ampla na universidade. O caráter técnico do relatório, portanto, não
impossibilitou que essas reflexões fossem feitas. Ousa-se continuar, mesclando entre um
parecer técnico e uma amostra afetiva da relação com disciplina, visto que a mediação
da disciplina realizada por monitora com aproximação à temáticas relacionadas aos
Direitos Humanos e Literatura, Gênero, diversidade sexual e Literatura, e etc, facilita o
debate entre docente, discentes e a mesma. Esse aspecto será melhor ressaltado no
decorrer dessa conclusão.
A disciplina de Literatura Brasileira II inicia-se com um processo extenso e tenso
de leituras. O método utilizado para alunas/os do curso de Letras é acertado, pois cabe à
essas/es discentes a leitura exaustiva, comprometida e não obstante, também prazerosa,
dos títulos solicitados. Passasse do período Colonial para o Republicano, para
contextualizar a produção literária que foi estudada. Portanto, há os nomes principais
desse período, enquanto autores de narrativas literárias e destacamos tanto Aluísio
Azevedo, quanto Machado de Assis; tanto Alencar quando Barreto, por compreender
que esses autores traçam um panorama social, moral, ideológico, político e econômico
de nação em seus escritos que dá conta de compreender, para além da estrutura narrativa
presente nos textos, também toda uma estrutura social que é refletida por elas. A
compreensão necessária que se cobra com essas leituras baliza-se, portanto, nesses
aspectos mais gerais e amplos de sociedade, e nos aspectos mais intrínsecos e internos à
narrativa, aspectos esses que são tomados de e retomados nas disciplinas de Teoria da
Literatura. A grande dificuldade, em fazer uma ligação entre as disciplinas do curso (já
mencionado no RELATÓRIO DE MONITORIA – LITERATURA BRASILEIRA I) se
estende pelos semestres subseqüentes, embora o amadurecimento da turma para com
discussões que antes eram difíceis e passíveis de incompreensão, em Literatura
Brasileira II, mostrou-se mais palpáveis. A capacidade de abstração, sempre
recomendada pelo professor Anísio Assis, ainda que seja difícil de executar, mostrou-se
mais presente. Falando desse aspecto, mais detalhadamente, carece também que se fale
de um aspecto importante na disciplina, tanto para a prática da monitora, quanto para a
do docente. Da metodologia adotada pelo docente, também se destaca o método
utilizado e acertado do contato com as obras/narrativas/textos de todas/os autores
usados na disciplina por todas/os discentes, uma vez que a prática de apresentação de
seminário permite que tenham esse contato ainda que a leitura de todas/os não seja
obrigatória. A atividade intelectual de leitura é individual. Cabe às apresentações de
seminário retirar a leitura da individualidade e colocá-la disponível para todas/os.
A turma de Literatura Brasileira II é composta por 98% 2 de mulheres estudantes,
em sua grande maioria de baixa renda, algumas oriundas da Zona Rural ou de distritos
fora de Jequié, trabalhadoras, negras. Esse aspecto aparece no relatório para dar cabo à
discussão que se fez ao final da disciplina, no que tange relacionar a disciplina com a
vida e a capacidade de compreensão de algumas temáticas por essas estudantes,
principalmente, e na capacidade pró-feminista do professor/orientador em trazer à tona
aspectos da escrita, do pensamento e das produções literárias que vinham passando
despercebidas desde outras disciplinas literárias: a presença e ausência da mulher ou
como essa presença é apresentada; a pouca notabilidade da escrita feminina; as
conseqüências dos fatores anteriormente citados para a sociedade de modo geral.
Desde a I unidade, o choque entre pensamentos divergentes - estejam eles
presentes na literatura de Machado ou nas próprias abordagens das/os discentes -
tornou-se aporte norteador importantíssimo na compreensão da própria
contemporaneidade. Do mesmo modo, perceber a ausência das pensadoras e
ficcionistas no panorama nacional da literatura tornou-se mote discursivo, com
conseqüência positivas para a própria prática textual, avaliativa e argumentativa de
discentes da disciplina. Numa retrospectiva, Charllote Perkins, autora de O papel de
parede amarelo, conto lido e comentado em sala na última unidade evidenciou
características da mulher escritora de ficção; Lilia L. Schwarcz & Heloisa M. Starling
mostraram como a personagem Brasil foi montada, desmontada e aparece na
contemporaneidade a partir de muitas narrativas de caráter tanto formador como
formativo; Ian Watt, evidencia um panorama geral do Realismo, da formação da
literatura no início do século XX , do romance, e de como se delineou essa evolução em
autores/as dessa estética; com Alfredo Bosi, velho conhecido das disciplinas de LB I e
II, foram possibilitadas leituras que vão da estética per si até a formação do pensamento
dos intelectuais, engajados ou não, sobre a identidade nacional e os reflexões
eurocêntricos em nossa Literatura; por etapas, o Naturalismo chega como apenas um
episódio, para Nelson Sodré, ainda que, como Bosi, pense numa escala mais ampla as
estéticas realista e naturalista convivendo numa mesma conjuntura, mas tendo a segunda

2
Para atestar o dado apresentado, basta verificar a folha de freqüência da disciplina e até mesmo o
número de matriculadas no curso que são do gênero feminino.
estética menor influência. Eis um resumo das leituras obrigatórias feitas durante a
disciplina, de maneira sintética e analítica.
Por fim, a avaliação que cabe à monitora da disciplina Literatura Brasileira II,
dialoga com a feita na I a partir do momento em que ambas evidenciam o papel da
compreensão e mediação em sala de aula; do estudo coletivo e individual; a importância
do aprofundamento nas leituras, ainda que impossibilitada por vezes, para melhor
auxiliar a turma nas dúvidas no decorrer do semestre letivo; e por fim, a motivação ao
trabalho intelectual e prático possibilitada pela turma (esta, especificamente), regida
pelo docente de maneira atenciosa e rígida. Anseios de que a disciplina cresça tanto em
produção para o curso de Licenciatura em Letras, para formar estudantes pensadores
dentro e fora da literatura, quanto na prática docente evidenciem novos paradigmas
literários antes negligenciados.
A gratidão ao professor Anísio Assis Filho pela confiança e pelo aprendizado que,
acredita-se, foi mútuo. Aos colegas de curso e discentes matriculadas/os na disciplina
pelo companheirismo e pela alegria de compartilhar conhecimento e assimilar muito
mais do que dar; ao DCHL, GAA e PROGRAD – ainda que com ressalvas em relação
aos pagamentos de bolsas; e à Universidade: espaço de disputa ideológica que para além
de ser ocupada por estudantes, também se enraíza em suas práticas, por vezes,
contraditórias ao caráter de universidade enquanto lócus de conhecimento e espaço de
todas e todos.

_________________________________________
VANESSA CAROLINE SILVA SANTOS

Jequié, _____ de setembro de ________

PARECER DO PROFESSOR ORIENTADOR

Você também pode gostar