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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE LETRAS
CURSO DE LETRAS VERNÁCULAS

MARIA EDUARDA SILVA PINTO

RELATÓRIO DE OBSERVAÇÕES PROFICI - UFBA

Salvador
2022
MARIA EDUARDA SILVA PINTO

RELATÓRIO DE OBSERVAÇÕES PROFICI - UFBA

Relatório apresentado como requisito para


obtenção parcial de nota no componente
curricular Introdução ao Estudo de Português
como Língua Estrangeira – LETB12,
ministrada pelo Prof. Lucas Rodrigues, aos
discentes do curso de graduação em letras
durante o semestre letivo de 2022.1.

Salvador
2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 4

2 DESENVOLVIMENTO 5

2.1 Rotina na Sala de Aula de PLE 5

2.1.1 Projeto 4 5

2.1.2 Projeto 5 6

2.2 Participação dos Alunos na Aula 7

2.3 Trabalho em Sala 9

2.4 Avaliação da Aprendizagem 10

3 CONCLUSÃO 12

REFERÊNCIAS
1. INTRODUÇÃO
O presente relatório tem como objetivo relatar a participação e observação
das aulas do Programa de Proficiência em Língua Estrangeira para
Estudantes e Servidores da UFBA (PROFICI), as quais ocorreram nos dias
de 30 de março, 01 de abril e 06 de abril de 2022, no âmbito da disciplina
Introdução ao Estudo de Português como Língua Estrangeira – LETB 12.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Rotina na Sala de Aula PLE
2.1.1 Projeto 4
As aulas dos dias 30 de março e 01 de abril focaram em apresentar
o projeto da semana, o qual teve como objetivo ensinar aos
estudantes de PLE o tema “minha amiga brasileira/meu amigo
brasileiro”. Tendo isso em vista, a professora Ana Meire escolheu
explorar o assunto através da vivência dos alunos do Programa de
Estudantes-Convênio de Graduação da Universidade Federal da
Bahia (PEC-G UFBA) presentes em sala de aula, além fazer a
utilização de slides para a exposição e discussão de textos,
imagens, músicas e vídeos relacionados à amizade.
Nesse sentido, alguns exemplos apresentados pela docente, para
facilitar a compreensão dos discentes em relação ao projeto,
devem ser destacados. Logo, entre esses, é importante citar a
música Canção das Américas, do cantor e compositor Milton
Nascimento, já que a versão escolhida se passava em um show ao
vivo, no qual apenas o público canta a canção. Foi muito
interessante observar a reação dos alunos do PEC-G quanto a esse
fator, já que houve uma grande estranheza por parte dos
presentes, os quais, em sua maioria, alegaram não ter gostado do
fato de que “o cantor, não cantou” – nas palavras de Michela
Rose, cujo país de origem é a Jamaica. Além disso, a professora
também trouxe os quadrinhos da Turma da Mônica, do cartunista
e empresário Mauricio de Souza, o que levou ao
compartilhamento de repertórios socioculturais bem legais, como
Nollywood – Cinema da Nigéria, o qual foi citado por Samuel,
nigeriano que afirmou consumir mais produções do seu país do
que estrangeiras.
2.1.2 Projeto 5
A aula do dia 06 de abril foi iniciada com um novo projeto:
museus e vida cultural em Salvador. Sendo assim, a discente Ana
Meire, mais uma vez, utilizou slides, dessa vez para apresentar os
aspectos culturais de Salvador, expondo o contexto histórico de
cada lugar citado. A partir disso, os estudantes foram
questionados sobre o que eles faziam para aproveitar os seus dias
de lazer, além de serem instigados a compartilhar alguns pontos
turísticos dos seus países.
Nesse contexto, os alunos presentes também foram perguntados
sobre o que eles achavam que os soteropolitanos faziam em seus
dias livres – no que a maioria respondeu que a praia era a melhor
opção para relaxar e curtir. Contudo, Mainá, cujo país de origem
é o Quênia, disse que já foi para um museu no Pelourinho com
um dos seus amigos baianos, afirmou – também – ter curtido
bastante a experiência, além de explicitar o tanto que gostaria de
conhecer outros lugares que contassem a história da Bahia, em
geral.
Outrossim, uma observação importante sobre a forma com que a
aula foi ministrada deve ser pontuada, já que foi crucial para a
compreensão dos estudantes a respeito do tema proposto.
Considera-se, então, o fato de que a docente, durante toda a aula,
a cada palavra não entendida pelos discentes, escrevia o termo no
quadro e explicava de forma lúdica, gestual e interpretativa o seu
significado. Assim, foi possível entender como a didática de PLE
deve ser dinâmica e bem pensada, já que todo o curso é em
português e visa, sobretudo, ensinar a língua para estrangeiros que
vivem em um contexto em que essa é constantemente utilizada.

2.2 Participação dos Alunos na Aula


Durante os três dias de observação ficaram nítidos os esforços da
professora para interagir com seus alunos, já que aquela conseguia
deixar o ambiente bem confortável e aberto para falas, dúvidas e
partilhas. É importante entender como essa interação era iniciada, já
que a condução dos diálogos aconteceu de uma forma muito natural.
Tendo isso em vista, é possível destacar o fato de que as aulas
começavam, sempre, com perguntas relacionadas à data e ao dia da
semana. A partir disso, um dos estudantes ia até o quadro e escrevia as
informações pedidas, desenvolvendo, além da fala, a escrita em
português.
Outrossim, perguntas simples como “como vocês estão?”, “estão
fazendo as atividades?”, “o que jantaram ontem?”, entre outras, foram
realizadas – na intenção de ajudar a desenvolver a comunicação dos
discentes. Nesse viés, os alunos começaram a se sentir mais
confortáveis para dialogar, tanto com a professora quanto com os outros
presentes em sala. Contudo, faz-se necessário compreender como essas
interações eram postas de formas diferentes, até porque uma relação
entre Professor/Estudante é diferente de uma relação
Estudante/Estudante – ou seja, esses conseguiam achar, com facilidade,
assuntos em comum para conduzir diálogos além do que era proposto.
Outra questão que deve ser pontuada são as dificuldades apresentadas,
já que essas raramente estão inseridas em um contexto estritamente
gramatical. É fundamental, portanto, citar uma dúvida levantada pelos
alunos durante a aula do dia 30 de março, a qual possuía como foco o
projeto 4: minha amiga brasileira/meu amigo brasileiro. Sendo assim,
ao levar em consideração o termo “amigo do coração”, o qual foi lido
por um dos estudantes em um dos textos presentes nos slides, alguns
estranharam o seu significado, até porque, segundo eles, em seus países
não existe essa relação tão próxima com as amizades. Não só essa
expressão foi questionada, como também houve estranhamento quanto
ao fato de que os brasileiros consideram alguns amigos como irmãos.
Por outro lado, uma das interações mais interessantes ocorreu na aula
do dia 06 de abril, a qual trabalhou com o projeto 5: museus e vida
cultural em Salvador – até porque foi possível enxergar um pouco mais
o viés crítico presente nos estudantes de português como língua
estrangeira. Logo, destaca-se que o diálogo foi construído acerca da
música “Você tem fome de que?”, da banda Titãs, sendo que a partir
desse repertório a professora Ana perguntou aos seus alunos: o seu país
tem fome de que? Assim, todos contribuíram de alguma forma, com
respostas incisivas como: fome de um sistema de saúde eficiente, boa
economia, educação, empregos, água, saneamento básico e, a que mais
chamou atenção, fome de liberdade expressão.
Além das participações citadas anteriormente, é categórico considerar
algumas formas de interação que foram induzidas pela docente, como,
por exemplo: a formação de duplas para interpretar frases sobre
amizades, a leitura de textos jornalísticos, artigos e trechos de histórias
em quadrinhos, o compartilhamento relacionado ao que os alunos
entenderam dos vídeos e das músicas apresentadas, entre outras.
2.3 Trabalho em Sala
A metodologia utilizada pela docente para guiar as aulas foi,
basicamente, a mesma em todos os dias observados. A partir disso,
ficou possível notar que essa abordagem foi escolhida de uma forma
bem cuidadosa, já que possui um dinamismo latente, visando além do
ensino do português de forma mecânica.

Observamos que a aprendizagem de uma língua não


materna é um processo de contato com uma cultura
ainda não totalmente conhecida por quem aprende. No
caso da língua portuguesa, presente em quatro
continentes de forma oficial, aprender o idioma é uma
oportunidade de transitar em muitas culturas do mundo.
[DE JESUS; DE OLIVEIRA, 2018, p. 1047]

Ou seja, através da apresentação de músicas, vídeos, textos de


diferentes gêneros, imagens – em geral -, e amostras sobre o que é a
cultura do Brasil e da Bahia, a professora Ana Meire conseguiu criar
um ambiente com um repertório sociocultural e linguístico muito vasto
– o que contribui com o ensino de PLE.
É válido, a partir das afirmações anteriores, citar a importância de
trabalhar a interpretação de textos em aulas como essas, e como isso foi
feito de várias formas diferentes. Essa questão ocorreu, principalmente,
porque a educanda conseguiu reunir quadrinhos, artigos, reportagens,
trechos de romances e frases cotidianas para incentivar a leitura dos
seus estudantes, os quais não apresentaram muitas dificuldades quando
atividades como essa eram propostas.
Além disso, é posta em cena a aprendizagem baseada em projetos
(ABP), o que proporciona práticas pedagógicas que visam motivar os
alunos para o ensino do português como língua estrangeira. “Neste
sentido, ao propor um projeto que envolva os alunos, bem como
promova a interação e socialização dos mesmos, o professor poderá
criar condições de uma aprendizagem mais significativa.” (BELÉM,
SANTOS, 2020, p. 132). Em síntese, compreende-se a ABP como uma
metodologia que ultrapassa os moldes clássicos de educação, já que
exige uma postura diferente, tanto por parte dos educadores, quanto por
parte dos estudantes.
As imagens como contribuintes para essa metodologia pedagógica são,
também, cruciais para facilitar o processo de aprendizagem
anteriormente citado. Por isso, a professora separou, por exemplo,
diversas imagens de alguns museus de Salvador, como: a Cidade da
Música, o Museu Carlos Costa Pinto, o Museu do Sorvete, o afro-
brasileiro, o MAB, MAM e o Palacete das Artes. Nota-se como o
estímulo visual é importante para atrair a atenção dos estudantes para a
aula, além de instigar a curiosidade em conhecer lugares culturais e
regionais.
Portanto, considera-se que a principal concepção de língua utilizada no
ensino de PLE é a que entende a linguagem como meio objetivo para a
comunicação. Ou seja, é através da socialização, do conhecimento de
mundo, das vivências cotidianas e da coletividade que os alunos
conseguirão achar soluções e respostas para as questões presentes em
seu dia a dia.

2.4 Avaliação da Aprendizagem


A avaliação da aprendizagem é realizada através de atividades que
promovem o senso de coletividade, já que essas são feitas, em sua
maioria, em grupos ou duplas. Sendo assim, a partir dos projetos, os
estudantes são guiados para a realização dessas atividades, as quais
deverão ser postadas no Instagram da turma. Logo, a produção de
vídeos, de montagens com imagens relacionadas às experiências deles
no Brasil, além da apresentação de músicas e textos que se relacionem
com o que foi proposto são o foco do método de avaliação escolhido
pela professora.

Mendes (2016) entende que essa compreensão pode se


entender à formação de professores em uma espécie de
ciclo virtuoso, no qual um ensino de PLE como língua
pluricêntrica retroalimente práticas pedagógicas com
novo sentido de inclusão e de abertura à diversidade
[...]

Torna-se possível, então, perceber como os aspectos socioculturais e a


língua materna dos alunos são levados em consideração, tanto no
momento de avaliar quanto no de ensinar os projetos. Ou seja, ao
entender a pluralidade presente em sala de aula, entende-se a
necessidade de trabalhar de forma, também, plural – já que as realidades
dos estudantes são completamente diferentes umas das outras.
3. CONCLUSÃO
Ao observar as aulas do PROFICI, faz-se necessário pontuar o ensino por
projetos como crucial para o ensino de PLE, já que trabalha além da sala de
aula, incentivando a leitura de mundo e a independência dos estudantes.
Entende-se como, também, importante, a apresentação dos temas propostos
através de uma visão cultural, com recortes sociais e políticos, visando
incluir os alunos nas mais diversas situações possíveis, para que esses
consigam compreender como o país em que estão inseridos funciona –
nesse caso, o Brasil.
Além disso, a interação entre a professora e os estudantes é um fator
extremamente necessário para que o aprendizado ocorra de uma forma
dinâmica e eficiente. Isso ocorre, principalmente, porque a discente leva em
consideração diferentes fatores externos em suas aulas – como, por
exemplo, os diferentes costumes de cada um dos docentes, já que cada um
vem de uma parte diferente do mundo.
Portanto, a experiência adquirida durante as três aulas observadas é,
essencialmente, única. Analisar, de perto, como o ensino de PLE deve ser
ministrado de forma cuidadosa e diversa é indispensável para a formação
de futuros professores da área.
REFERÊNCIAS

BÉLEM, Breno; DOS SANTOS, Érica. Metodologias e Aprendizados.


In: Aprendizagem baseada em projetos para a língua inglesa. Santa
Catarina: IFC, 2020. e. 2.

DE OLIVEIRA, Gilvan; DE JESUS, Paula. Ensinando línguas em uma


perspectiva pluricêntrica: o Portal do Professor de Português Língua
Estrangeira/Língua Não Materna (PPLE). 2018.

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