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DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES GENITAIS

As infecções genitourinárias podem ser causadas por

• transmissão sexual de microorganismos patogénicos


- parasitas (Trichomonas vaginalis)
- bactérias (Treponema pallidum, Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia
trachomatis, Haemophilus ducreyi),
- virus (Herpes simplex virus, HPV, HIV)

• desiquilíbrios na flora normal (ex: vaginose bacteriana)


- Do tracto genital feminino fazem parte Lactobacilos, Difteróides, Gardnerella
vaginalis, estafilococos coagulase-negativos, Staphylococcus aureus,
Steptococcus agalactiae, Enterococcus spp., estreptococos alfa e beta
hemolíticos, Escherichia coli e leveduras
- No tracto genital masculino encontram-se poucos microorganismos, tais como:
estafilococos, micrococos, corynebacterias e estreptococos alfa hemolíticos

• pelo fungo Candida albicans

Infecções genitais causadas pelo fungo ou por membros da flora bacteriana


endógena não são consideradas sexualmente transmissíveis.

Uma vez realizada a história clínica, incluindo o exame físico, deverá ser possível
classificar o doente de acordo com os seus sintomas e sinais, num dos seguintes síndromes:

SÍNDROMES CLÍNICOS - MULHER SÍNDROMES CLÍNICOS – HOMEM


Vaginite Uretrite
Cervicite Epididimite
Uretrite Úlceras genitais
Doença Inflamatória pélvica Orquite
Úlceras genitais Prostatite
Proctite Proctite

Para os doentes assintomáticos e com um exame normal, é geralmente necessário


aguardar pelo diagnóstico laboratorial, de modo se poder direccionar o tratamento.

Identificar o síndrome clínico mais provável ajuda a reduzir o número de


organismos patogénicos causadores da infecção.

VAGINITE

As infecções vaginais são um dos problemas mais comuns na medicina clínica.


O tratamento efectivo de uma vaginite depende de um dx acertado:
- hx detalhada, características da descarga vaginal (cor, odor, quantidade, prurido) e
examinação dos órgãos genitais externos, vagina, colo uterino.
Doentes com vaginite queixam-se geralmente de: leucorreia, odor anormal, prurido
vaginal, disúria externa e comummente dispareunia.
 Vulvo-vaginites (pesquisa-se por rotina):

 Candida albicans - Candidose


 Trichomonas vaginalis - Tricomoniase
 Vaginose bacteriana

 Actinomyces spp. - associado ao uso de DIU


 Listeria monocytogenes - em abortos de repetição e infecções neonatais
 Staphylococcus aureus - associado ao uso de tampões
 Streptococcus agalactiae - valorizar em grávidas

 Vulvovaginites em crianças
 Enterobacteriaceae
 Streptococcus pyogenes e outros β-hemolíticos

 Vaginites não infecciosas


 Irritantes químicos ou outros
 Alergias
 Hipersensibilidade e dermatite de contacto
 Vaginite traumática/atrófica, etc.

Perante uma suspeita de vaginite, faz-se uma colheita do exsudado vaginal, de


modo a ser possível realizar o diagnóstico e iniciar a terapêutica:

COLHEITA DO EXSUDADO VAGINAL

• Introduzir o espéculo sem lubrificante ou humedecido com soro fisiológico estéril.


• Colher o exsudado do fundo de saco posterior e/ou paredes vaginais com zaragatoa
de alginato de cálcio ou dacron.
• Repetir a operação com uma 2ª zaragatoa e efectuar esfregaço após o acto da
colheita.

VAGINOSE BACTERIANA

É a mais frequente causa de vaginite em mulheres sexualmente activas. Além da


Gardenerella vaginalis outras bactérias estão envolvidas tais como:
• Bacteroides spp.
• Prevotella species
• Mobiluncus species
• Mycoplasma hominis
A vaginose bacteriana representa uma mudança complexa na população microbiana
comensal, caracterizada pela redução da prevalência e concentração de Lactobacilos
produtores de peróxido de hidrogénio e aumento da prevalência e concentração de
Gardnerella vaginalis, Mobilluncos spp., Mycoplasma hominis, bacilos gram -, anaeróbios
principalmente dos géneros Pnevotella, Porphyromonas e Bacteroides.
Diagnóstico Laboratorial
Miscroscopia
• Exame directo do exsudado vaginal – presença de “clue cells”, células do epitélio
vaginal cobertas com bactérias gram variáveis, de modo que os bordos da célula
epitelial perdem a definição, com ausência ou com raros leucócitos.

Exame cultural
• Isolamento em meios selectivos agar vaginalis ou gelose de sangue humano
suplementado com antimicrobianos; incubação a 37ºC, durante 48 horas

Identificação
• Colónias brilhantes com halo de hemólise
• Ausência de hemólise em sangue de carneiro ou cavalo
• Oxidase e catalase negativo

A cultura para Gardnerella vaginalis pode ser detectada em 50-60% de mulheres saudáveis
assintomáticas. Desta forma, a cultura do exsudado vaginal, isoladamente, não deve fazer
parte do diagnóstico de vaginose bacteriana.
No diagnóstico laboratorial os seguintes exames são frequentemente utilizados:

• pH vaginal > 4.5, odor desagradável após a adição de KOH a 10% à secreção
• Coloração pelo Gram: ausência ou diminuição de leucócitos e de lactobacilos,
presença de “clue cells”, grande quantidade de bacilos Gram variáveis
• Cultura: isolamento em meio selectivo
• Pesquisa através de sondas de DNA

CERVICITES (mulheres) e URETRITES (homens)

Mulheres com leucorreia, com ou sem vaginite, devem ser sujeitas a cuidadosa
pesquisa de cervicite.
Uretrite pode ser considerada a dça masculina correspondente à cervicite.

Na suspeita de um cervicite ou de uma uretrite masculina pesquisam-se por rotina:


Neisseria gonorrhoeae
Chlamydia trachomatis

Na cervicite também se pesquisam:


- S. agalactiae - grávidas
- Actinomyces spp. - assoc. ao DIU

A colheita da amostra é diferente para a Neisseria gonorrhoeae e para a Chlamydia


trachomatis.
1.Infecções por Neisseria gonorrhoeae

Factores de risco:
• promiscuidade
• O não uso de preservativo
• Aumento da mobilidade populacional
• Homossexualidade

Nos homens:
• Geralmente restrita à uretra.
• Sintomas: Disúria e exsudado uretral purulento – 2 a 5 dias de incubação
• Complicações: epididimite, prostatite, abcesso periuretral

Nas mulheres:
• Infecção do colo uterino – a bactéria infecta o epitélio colunar endocervical e não o
vaginal.
• Sintomas: exsudado vaginal, disúria e dor abdominal
• Complicações: disseminação para o endométrio, trompas, ovários, superfície
peritoneal e estruturas contíguas, causando a doença inflamatória pélvica (DIP),
salpingites, manifestações cutâneas, articulares e septicemias

Nos recém-nascidos:
• Oftalmia neonatal

Diagnóstico laboratorial

Colheita

Exsudado endocervical
- Introduzir o espéculo sem lubrificante ou humedecido com soro fisiológico estéril
- Limpar o orifício externo do endocolo com compressa esterilizada.
- Introduzir uma zaragatoa de alginato de cálcio ou dacron, cerca de 1 cm no
endocolo e rodar.
- Colocar em meio de transporte com carvão
- Repetir a operação com uma 2ª zaragatoa e efectuar esfregaço após o acto da
colheita.
- O envio da amostra deve ser imediato.

Exsudado uretral
- Fazer a expressão da uretra
- A amostra deve colher-se antes da 1ª micção da manhã. Se não é possível, esperar
pelo menos uma hora após a última micção.
- Limpar cuidadosamente a mucosa circundante com gaze estéril.
- Introduzir uma zaragatoa fina e flexível com um movimento de rotação até 2 cm
dentro da uretra, para o exame directo a realizar no acto da colheita.
- Repetir a operação com uma 2ª zaragatoa para o exame cultural, que se deve
introduzir em meio de transporte com carvão e manter à temperatura ambiente.
- O envio das amostras deve ser imediato.

Miscroscopia:
Coloração de Gram muito sensivel: Ao exame directo, a observação de diplococos Gram
negativo no citoplasma de células inflamatórias é sugestiva de Neisseria.

Cultura
Para o exame cultural pode recorrer-se ao agar-chocolate ou a um caldo com factores de
crescimento (sangue).
Tratando-se de um produto polimicrobiano, usa-se um meio selectivo para Neisseria, por
exemplo, os meios de Thayer-Martin, Martin-Lewis e New York City.
Faz-se incubação a 37º durante 24-48h, com 5 a 10 % de CO2.
Nas colónias suspeitas deverá ser feita a prova das oxidases.
Para identificação das espécies utiliza-se a oxidação dos carbohidratos. A
mplificação de ácidos nucleicos – teste muito sensível, específico e rápido (4 horas).
Testes antigénicos.

2.Infecções por Clamydia


[] Família Chlamydiaceae
o Género Chlamydia – Chlamydia trachomatis
o Género Clamydophila – Clamydophila psittaci e Clamydophila pneumoniae
o Foram em tempos considerados vírus porque são pequenos o suficiente para
passarem por filtros de 0,45 micro e são parasitas intracelulares humanos
o Têm as seguintes características de bactérias:
 Possuem membranas plasmáticas interna e externa semelhantes às gram-
 Contêm DNA e RNA
 Possuem ribossomas procarióticos
 Sintetizem as suas próprias proteínas, ác. nucleicos e lípidos
 São susceptíveis a numerosos antibióticos antibacterianos
o Bacilos gram-, pequenos, sem camada de peptidoglicano na parede celular
o LPS especifico do género que pode ser detectado num teste de fixação do
complemento
o Proteínas da membrana externa especificas da espécie e da estirpe
o Ao contrario das restantes bactérias, as clamídeaceas têm um ciclo de
desenvolvimento único, formando 2 formas:
 Formas infecciosas, metabolicamente inactivas, não replicativas (corpos
elementares EBs)
 Formas não-infecciosas, metabolicamente activas, replicativas (corpos
reticulares RBs)
o A membrana externa contém proteínas com muitas ligações dissulfido cruzadas entre
resíduos de cisteína nos EBS; já nos RBs esta ligação extensa está ausente e esta
forma é osmoticamente frágil
o Ciclo de vida da Clamydia:

 EBs ligam-se às microvilosidades das células susceptíveis (epitélios colunar não


ciliado, cuboidal e de transição)
 Estimlam a penetração activa na célula do hospedeiro
 Após a internalização, as bactérias permanecem no fagossoma, onde o ciclo de
replicação prossegue
 A fusão do fagossoma que contem os EBs com os lisossomas e subsequente morte
intracelular está inibida
 A fusão fagolisossomal é inibida apenas se a membrana externa estiver intacta
 Se membrana externa lesada  bactéria inactivada pelo calor ou rodeada por atc 
fusão fagolisossomal ocorre  morte intracelular da bactéria
 6 a 8 horas apos a entrada na célula, os EBs reorganizam-se em RBs, maiores e
metabolicamente activos (capazes de sintetizar DNA, RNA e proteínas)
 Os RBs dividem-se por fissão binária, que continua nas 18-24h seguintes –
histologicamente detecta-se facilmente o fagossoma com RBs acumulados (inclusão)
 18-24h apos a infecção os RBS reorganizam-se em EBs
 Entre as 48-72h a célula lisa e liberta os EBs infecciosos

o As Clamydiaceas são parasitas energéticos porque usam o ATP do hospedeiro


o Algumas estirpes podem também depender dos a.a. do hospedeiro []

Clamydia trachomatis
As espécies foram divididos em 3 biovars e estes em serótipos, com base nas diferenças
antigénicas na proteína de membrana externa major (MOMP)
Seróticos específicosdoenças especificas

Serótipos Síndromes
A,B,Ba,C Tracoma endémico
D-K Uretrite, epididimite, proctite, conjunivite,
cervicite, endometrite, salpingite,
perihepatite, síndrome Reiter
L1,L2,L2a,L3 linfogranuloma venéreo

As manifestações clínicas das infecções por Clamydia são causadas por:


1. destruição das células durante a replicação
2. resposta inflamatória do hospedeiro.

Infecções urogenitais por Clamydia

• A maioria das infecções urogenitais nas mulheres são assintomáticas.


• As manifs clínicas incluem: bartolinite, cervicite, endometrite, perihepatite, salpingite e
uretrite.
• As mulheres sintomáticas apresentam: exsudado mucopurulento e ectopia hipertrófica.
• As amostras das mulheres sintomáticas têm em geral maior numero de organismos que
as assintomáticas.
• A maioria das infecções nos homens é sintomática (75%)
• Infecções duplas por Clamydia e Neisseria não são incomuns. Os sintomas de uma
infecção por Clamidya podem surgir apos o tratamento eficaz de gonorreia porque:
o O peirodo de incubação da Clamydia é maior
o O uso de B-lactamicos usados no tratamento da gonorreia são ineficazes
contra a clamydia

• Acredita-se que o Síndrome de Reiter (uretrite, conjuntivite, poliartrite e lesões


mucocutaneas) é iniciado por uma infecção genital por Clmaydia
Diagnostico laboratorial:
A infecção pode ser diagnosticada com base em:
1. achados citologicos, serológicos e culturais
2. detecção directa de antigénios nas amostras clínicas
3. através de provas de Bio Molecular

Colheita

- A qualidade da amostra é importante. Como são bactérias intracelulares obrigatórias, têm


de ser obtidas no local envolvido: pus e exsudados são inadequados.

• As amostras adequadas não são as secreções vaginais, mas sim os raspados, já que
a Chlamydia trachomatis afecta as células do epitélio cilíndrico. Não são adequadas
amostras vaginais.

• Esfregaço endocervical - Remover o excesso de muco com zaragatoa de alginato


de cálcio ou dacron. Inserir uma nova zaragatoa no canal endocervical e rodar.
Evitar contacto com a mucosa vaginal. Transportar e conservar a amostra de acordo
com a fonte comercial utilizada.

• Esfregaço uretral - Limpar qualquer exsudado. Inserir uma zaragatoa fina 2 a 4 cm


na uretra e rodar. O doente não deve urinar pelo menos 1 hora antes da colheita.
Restantes procedimentos iguais ao exsudado endocervical.

Nota - Nas técnicas de imunofluorescência, as preparações são realizadas no momento da


colheita.

Citologia

- Coloração Giemsa: pesquisa de inclusões intracelulares no citoplasma da célula.


Insensível.

Culturas celulares

- As colheitas são inoculadas em culturas celulares (células MacCoy, HeLa 229) e


incubadas a 37ºC durante 48 a 72 horas. Identificação por técnicas de
imunofluorescência.
- é o método mais especifico de diagnostico mas relativamente insensivel
- a sensibilidade deste metodo é comprometida se amostras inadequadas sao usadas e se
a viabilidade das bacterias foi perdida por exemplo no transporte
- devido à sua complexidade e custo não são efectuados na rotina da maior parte dos
laboratórios

Detecção Antigénica

- 2 métodos: coloração de imunofluorescencia directa (DFA) e ELISA


- Em ambos os anticorpos usados são ou anti-MOMP clamydia ou anti-LPS
- Os testes que se dirigem contra o LPS sao menos especificos
Provas Bio Mol

- testes de amplificação de ác. Nucleicos (NAAT) – muito sensiveis e especificos:


1. PCR
2. LCR
3. amplificação mediada pela transcrição
4. amplificação por deslocamento da cadeia

Serologia

- testes serologicos de valor limitado nas infecções urogenitais porque os titulos


mantêm-se elevados por um periodo de tempo prolongado.
- O teste nao diferencia entre infecção passada e actual.

PROCTITES

Pesquisa-se por rotina:


Neisseriae gonorrhoae
Chlamydia trachomatis

Exsudado rectal
· Introduzir uma zaragatoa suavemente através do esfíncter anal.
· Rodar contra as criptas rectais, deixar 10-30 segundos para fixar os microrganismos e
retirar.
· Evitar o contacto com matéria fecal. Quando a zaragatoa ficar contaminada com fezes,
deve obter-se nova amostra.
· Introduzir a amostra em meio de transporte com carvão, que se deve manter à temperatura
ambiente.

ENDOMÉTRIO

D. INFLAMATÓRIA PÉLVICA

É um termousado para descrever infecções genitais superiores que frequentemente


envolvem o endométrio (endometrite), as trompas de falópio (salpingite) e o peritoneu
pelvico (peritonite). Estas infecções resultam da ascensão de infecções com origem em
infecções genitais baixas.
Os agentes etiológicos mais comuns são: Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis e
várias especies anaeróbias encontradas na vagina, particularmente Bacteroides spp,
anaeróbiosGram+ e E. coli.
Sintomas sugestivos dePID incluem: dor abdominal, dispareunia, descarga vaginal,
menometrorragia, disúria, febre e por vezes náuseas e vómitos.

Pesquisa-se por rotina:

- Chlamydia trachomatis
- Neisseria gonorrhoae
ENDOMETRITE PÓS-PARTO

Pesquisa-se por rotina:

- Bactérias anaeróbias
- E. coli
- Enteroccocus
- G. vaginalis
- Streptoccocus agalactiae

Colheita:

· Aspiração uterina através de catéter após prévia dilatação e descontaminação do cérvix.


· Enviar a amostra em recipiente estéril.
· No caso de suspeita de anaeróbios, transporte adequado.
· É recomendável realizar simultaneamente hemoculturas.

ABCESSOS ( FUNDOS DE SACO, TROMPAS, GL. BARTHOLI)

Colheita:

· Colheita cirúrgica por aspiração (no caso da Gl. Bartholin, descontaminar a pele com
desinfectante não alcoólico).
· Enviar de imediato amostra até 5 ml num recipiente estéril e no caso de se suspeitar de
anaeróbios, em meio de transporte adequado.

ABCESSOS ( EPIDÍDIMO, PRÓSTATA, TESTÍCULOS )

Colheita:

· Colheita cirúrgica
· Introduzir o aspirado até 5 ml em meio de transporte adequado.
ÚLCERAS GENITAIS

o Podem ser causadas por:


Treponema pallidum
Haemophilus ducreyi
Chlamydia trachomatis
Francisella tularensis
Klebsiella granulomatis
Mycobacterium tuberculosis

1. LINFOGRANULOMA VENÉREO

- DST causada pela C. trachomatis serotipos L1 L2 L2a e L3


- hmossexuais masc são o maior reservatório da dça
- observado mais nos homens porque nas mulheres é comum infecção assintomática
- após um período de incubação de 1 a 4 semanas, uma lesão primaria aparece no local da
infecção (pénis, uretra, glande, escroto, parede vaginal, colo uterino, vulva
- a lesão é pequena e indolor
- o dte pode apresentar febre, dores de cabeça e mialgias quando a lesão está presente
- o biovar responsável pelo LGV replica nos fagócitos mononucleares presentes no sistema
linfático
- numa segunda fase, as lesões formam-se nos gg. Linfáticos que drenam o local da
infecção primaria. A formação de granulomas é característica. As lesões são dolorosas e
podem tornar-se necróticas, atrair PMN e provocar a disseminação da infecção para os
tecidos adjacentes. A ruptura dos gg linfáticos leva à formação de abcessos ou fístulas.
- LGV não tratado pode progredir para uma fase crónica ulcerativa, na qual úlceras genitais,
fistulas ou elefantíase genital podem ocorrer.

Diagnostico laboratorial:
A infecção pode ser diagnosticada com base em:
1. achados citologicos, serológicos e culturais
2. detecção directa de antigénios nas amostras clínicas
3. através de provas de Bio Molecular

Serologia

• Testes serológicos podem ser úteis para o dx de LGV


• Os doentes infectados produzem uma resposta humoral vigorosa que pode ser
detectada por:
o fixação do complemento (teste anti-LPS especifico para o género),
o microimunofluorescencia (confirmatório, anti-MOMPS específicos
para as espécies e serotipos)
o enzime immunoassay (EIA) (específicos para o género)
2. SÍFILIS

o Ordem das Espiroquetas


 Família Leptospiraceae – Género Leptospira
 Família Spirochaetaceae – Géneros Treponema e Borrelia
o Bactérias Gram negativas delgadas e helicoidais
o Anaeróbios estritos, anaérobios facultativos e aeróbios
Género Treponema
o 2 espécies causadoras de doença em humanos: Treponema pallidum (com 3
subspécies) e Treponema carateum
o T. pallidum ssp. Palidum – Sífilis
o T pallidum ssp. Endemicum – Bejel
o T. pallidum ssp. Pertenue – Yams Não são doenças venéreas
o T. pallidum carateum – Pinta

T. pallidum e treponemas patógenicos relacionados

 Espiroquetas delgadas e enroladas, com as extremidades pontiagudas


 Móveis: 3 flagelos periplasmíticos inseridos em cada extremidade
 Não crescem in vitro, excepto em meios de células
 Não coram pelo Gram nem Giemsa

Patogenicidade

 Proteínas membrana externa – aderência à superfície das células do hospedeiro


 Espiroquetas virulentas
o hialuronidase (facilita a infiltração perivascular)
o são recobertas por fibronectina do hospedeiro (antifagocítico)

A destruição de células e as lesões observadas na sífilis resultam da resposta imune do


hospedeiro à infecção.

Epidemiologia

o Humanos são o único reervatório


o Nos EU é a 3ª DST mais comum (a seguir à chlamydia e à N. gonorreia). O T.
pallidum tem distribuição mundial.
o A incidência tem diminuído mas verificam-se aumentos periódicos correspondentes
a mudanças nas práticas sexuais.
o A transmissão da sífilis não é feita através de objectos inanimados (T. pallidum
extremamente sensível à temperatura, secagem e desinfectantes) e requer um
contacto pessoal muito próximo – transmissão sexual é a via mais comum de
propagação (risco de contágio num contacto único: 30%)
o Também pode ser transmitida congenitamente ou através de uma transfusão com
sangue contaminado.
o População de risco: adolescentes e adultos sexualmente activos e crianças de mães
infectadas
o T. pallidum é transferido principalmente nas fases iniciais da doença, quando um
grande numero de organismos estão presentes na lesão cutânea ou mucosa.
o Nas fases inicais o doente tem bacteremia que, se não tratada, pode persistir por 8
anos.
o A incidência de sífilis terciária diminui muito nos últimos anos.
o Quando existem lesões genitais activas  maior risco de transmissão e aquisição de
HIV

Sífilis

A observação histológica das lesões revelam, em todas as fases, endarterite e periarterite


características e infiltração da úlcera com PMN e macrofagos.

Sífilis congénita
o Adquirida após os 3 primeiros meses de gravidez. Pode-se manisfestar como:
o Anormalidades congénitas
o Infecções serias resultando na morte intrauterinaa
o Infecção silenciosa, que so se torna aparente depois dos 2 anos
(deformidades faciais e dentarias)

Diagnostico laboratorial
Colheita

Contactar previamente o laboratório de Microbiologia


o Limpar a superfície da lesão com gazes humedecidas em solução salina.
o Remover a crosta se presente, evitando sangrar.
o Pressionar a base da lesão até surgir um fluido claro e colher com uma pipeta
Pasteur ou capilar.
o Colocar uma gota numa lâmina, cobrir com lamela e examinar imediatamente em
microscópio de fundo escuro.

Microscopia

o Exsudado do cancro primário deve ser examinado por:


o Microscópio de campo escuro imediatamente apos a colheita
- o material tem de ter espiroquetas moveis;
- as espiroquetas não sobrevivem ao transporte;
- detritos tecidulares podem ser confundidos com espiroquetas;
- lesões orais e rectais não devem ser examinadas por este método
porque espiroquetas não-patogenicas podem contaminar a amostra.
o Microscópio UV
- Anticorpos anti-treponema marcados com fluoresceina são utilizados
para corar as bactérias
- este teste é especifico para treponemas patogénicos
- pode ser usado para lesões rectais e orais
- as espiroquetas imóveis também coram logo os especimens não têm de
ser observados imediatamente apos a colheita
o Para biopsias: impregnação com prata

Cultura

o T pallidum não cresce em meios de cultura artificiais

Serologia

Os testes serológicos são essenciais para o dx. São divididos em não específicos e
específicos:

o Testes não específicos:


 Venereal Disease Research Laboratory (VDRL)
 teste Rapid Plasma Reagin (RPR)
o Testes específicos
 Fluorescent Treponemal Antibody Absortion (FTA-ABS)
 Treponema Pallidum Hemaglutination Assay (TPHA)
o EIAS

o Testes não específicos:


- São não específicos porque os antigénios não têm origem no treponema
mas são extractos de tecidos normais de mamíferos. A cardiolipina é o
antigenio usado e é derivado do coração de beef. Permite a detecção de
IgM e IgG anti-lipidos formados no doente, em reposta a material lipidico
antigénico (proveniente da lesão celular causada pela infecção e dos
lipidos superfície do T. pallidum)
- ambos os testes quantificam a floculação do antigenio cardiolipina pelo
soro do paciente. São rápidos, apesar do complemento ter de ser inactivado
30 minutos antes do VDRL ser realizado.
- Só o VDRL deve ser usado no LCR de doentes com suspeita de
neurosífilis

o Testes específicos

- Usam-se para confimar resultados positivos nos testes não específicos

- FTSA-ABS é um teste imunológico indirecto.


T. pallidum é usado como antigenio
é imobilizado numa placa de vidro, que é recoberta com o soro do
doente, que foi previamente misturado com um extracto de
treponemas não patogénicos
anticorpos anti-anticorpos humanos marcados com fluoresceina são
adicionados para detectar a presença de anticorpos específicos no
soro do doente.

- TP-PA é um teste de aglutinação


partículas de gelatina sensibilizadas para antigenios do T. pallidum
são misturadas com diluições do soro do doente. Se os anticorpos
estiverem presentes, ass partículas aglutinam

Testes não específicos Testes específicos

- As reacções com estes testes so - tornam-se positivos nas fases iniciais da


aparecem positivas na fase final de sífilis doença quando os não específicos ainda dão
primaria ou apos tratamento antibiótico um resultado negativo
efectivo de uma sífilis primaria ou
secundaria.
- são úteis para rastreio e para a
monitorização da eficácia da terapêutica

- os títulos de anticorpos diminuiem - permanecem positivos na sífilis terciaria


lentamente nos doentes não tratados 
resultados negativos em 25 a 30 % dos
doentes com sífilis terciaria
- úteis para monitorização da eficácia da - menos influenciados pela terapeutica
terapêutica (diminuição dos títulos
medidos)
- especificidade de 98% mas resultados - especificidade de 97 a 99% com a maioria
positivos transitórios são vistos em dos falso positivos observados em doentes
pacientes com doenças febris agudas, apos com níveis elevados de Igs e dças
imunizações e nas mulheres grávidas e autoimunes
resultados positivos a longo-prazo são
vistos em pacientes com donças utoimunes
crónicas ou infecções fígado.

Tratamento: penicilina

3. ÚLCERA DE BORDOS MOLES

- causado pela bactéria gram negativa Haemophilus ducrey


- manifesta-se como uma ulcera genital mole e dolorosa e linfadenopatia local
- mais comum em Afrixa e Ásia

Diagnóstico laboratorial:

Colheita
Limpar a superfície da lesão com solução salina. Fazer a colheita por aspiração com uma
pipeta Pasteur ou com zaragatoa embebida em solução salina.

Miscroscopia
Aspirados da margem da ulcera ou dos gg linfáticos aumentados apresentam grande
numero de bacilos gram negativos curtos e cadeias, no interior de PMN ou extracelularmente.
Cultura
A cultura é relativamente insensível. Crescem melhor em agar gonocócico suplementado
com 1% a 2% hemoglobina, 5% de soro fetal bovino, IsoVitalex e vancomicina. As culturas
devem ser incubadas a 33ºC numa atmosfera com 5 a 10% CO2 por 7 dias ou mais. (Não tolera
temperaturas elevadas. Crescimento lento.)
O sucesso na recuperação do H. ducrey requer que o microbiologista o pesquise
especificamente.

Identificação:
- Catalase negativo
- Requer o factor de crescimento X mas não o V
- não fermenta a glicose, a sacarose, a lactose, a manose e a xilose.

Tratamento: eritromicina

4. DONOVANOSE OU GRANULOMA INGUINAL

- transmitida por via sexual ou por traumatismo não-sexual nos genitais


- rara em climas temperados, mas comum nas regiões tropicais e subtropicais
- caracterizada por nódulos subcutâneos, a maioria nos genitais e área inguinal, que erodem,
formando úlceras granulomatosas dolorosas que podem coalescer
- causada pela enterobacteriacea Klebesiela granulomatis.
- a bactéria invade e multiplica-se no interior das celulas mononucleares e são libertadas
quando a célula lisa
- incubação prolongada de semanas ou meses

Diagnóstico laboratorial:
- colheita de material nas margens da lesão e realização de um esfregaço
-coloração Giemsa ou coloração de Wright: observam-se os bacilos pequenos no citoplasma de
histiócitos, PMN e plasmócitos. Corpos de Donovan são observados no interior de fagócitos
mononucleares (1 a 25 bactérias por célula fagocitica); observa.se também uma cápsula
proeminente
- não cresce em culturas de células livres
- já foi isolado em culturas de monócitos

Tratamento: tetraciclina, eritromicina, trimetoprimsulfametoxazole. Profilaxia com


antibióticos não demonstrou ser efectiva na prevenção e controlo da infecção.

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