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Sebenta FP David
Sebenta FP David
Índice
Conceito de Finanças Públicas ........................................................................................................ 3
Política Económica do Estado ......................................................................................................... 3
“Quadro Europeu da Política Orçamental” ..................................................................................... 7
União Económica Monetária ...................................................................................................... 7
PEC ............................................................................................................................................. 8
Orçamento do Estado ................................................................................................................. 11
Lei de Enquadramento Orçamental (art. 106º/1 CRP) ............................................................ 11
Lei do Orçamento de Estado ................................................................................................... 12
Organização OE ................................................................................................................... 13
Dinâmica do Estado e Procedimento Orçamental ............................................................ 17
Execução Orçamental ......................................................................................................... 19
Alterações Orçamentais ..................................................................................................... 21
Sector Público e Administrações ................................................................................................ 23
1. Setor Empresarial do Estado / Setor Público Empresarial / Administrações Públicas ........ 25
Contabilidade Nacional ...................................................................................................... 26
2. Setor Público Administrativo............................................................................................... 26
Contabilidade Pública ......................................................................................................... 26
Unidade Institucional .............................................................................................................. 26
Consolidação de Contas .......................................................................................................... 27
Desorçamentação ................................................................................................................... 27
Descentralização e Independência ......................................................................................... 27
Fiscalização Orçamental ............................................................................................................. 29
1. Fiscalização Administrativa ................................................................................................. 29
2. Fiscalização Política ............................................................................................................. 29
3. Fiscalização Jurisdicional ..................................................................................................... 30
Tribunal de Contas .............................................................................................................. 30
Despesas e Receitas Públicas ..................................................................................................... 33
Despesa Pública....................................................................................................................... 33
Receitas Públicas ..................................................................................................................... 34
Receitas Patrimoniais ......................................................................................................... 34
Receitas Tributárias ............................................................................................................ 35
Receitas Creditícias ............................................................................................................. 38
Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
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Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
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Os bens distinguem-se por:
1. Suscetibilidade de exclusão – capacidade para excluir de forma eficiente alguém do
acesso a um bem ou serviço
a. Há exclusividade no uso do bem
2. Rivalidade no uso – utilizador não sai prejudicado por mais pessoas acederem a esse
bem, extrai na totalidade a utilidade desse bem
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No quadro europeu, é importante perceber que a política monetária está no BCE mas a política
orçamental ainda está nos Estados-membros
3 fases da UEM
1ª fase – até 1990/93: Tratado da UE lançou as bases de convergência, com as condições para
os Estados entrarem – reforço das políticas económicas dos Estados para se criar um mercado
único. Começa a livre circulação de capitais
2ª fase – de 1994 a 31/12/98: fase da transição e da convergência nominal dos Estados com
programas de convergência – países que se propunham a aderir convergiram nas taxas de
inflação, de juro, de câmbio e das variáveis orçamentais (regras de défice e dívida pública –
défice não superior a 3%);
Aprovado o Pacto Estabilidade e Crescimento (PEC) – regulamento comunitário vinculativo para
os Estados
Natureza preventiva em que os países submetem programas plurianuais para reduzir
défice – na base desses programas há uma fiscalização multilateral do Eurogrupo,
Comissão Europeia e etc
Natureza sancionatória com instauração de procedimentos por défice excessivo – países
podem justificar-se mas se não progredirem podem ter sanções (multas)
3ª fase – a partir de 1999: quando é adotada a moeda única (adaptação até circulação em 2002);
todos os países apresentam PEC para garantir que sejam cumpridos e que as finanças públicas
a longo prazo são sustentáveis (reformas estruturais em setores estruturantes para reduzir
despesa a longo prazo) – ex: pensões passam para capitalização privada
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PEC
Surge como a necessidade de coordenação das políticas orçamentais - supervisão multilateral
das políticas orçamentais dos Estados: estatuto do programa e conteúdo (quadro global da
política, perspetiva económicas, equilíbrio das contas públicas, análise de cenários alternativos,
qualidade das finanças, sustentabilidade, elementos institucionais)
Vertente Preventiva
Vertente Corretiva (não pode ultrapassar 3% do PIB)
Funcionou bem nos primeiros anos até à crise dos dotcom (2001/2002) em que a Alemanha e a
França foram também afetados e deixaram de cumprir o PEC tal como os países
economicamente mais fracos (que tinham sido ameaçados) embora sem ameaça de sanções.
Chamou-se a atenção para as fragilidades do PEC
o Cegueira dos 3% défice para economias completamente diferentes
o Cegueira de que toda a despesa pública era tratada por igual (até aquela que
era virtuosa e que trazia benefícios) e contabilizada no défice
o Cegueira em que não se ligava ao ciclo económico (pois em recessão o Estado
tem certa despesa, como subsídios de desemprego e etc.)
No saldo orçamental (nominal ou global) tem que se distinguir a parte que não tem a ver com o
ciclo (despesa estrutural do saldo) e a contabilidade do ciclo.
Reforma 2005
Flexibilização das regras do PEC (posição de caráter rígido e ortodoxo, visão estrita com missão
de salvaguardar credibilidade institucional e funcional do PEC vs. Posição de caráter mais
flexível, visão que não se fixa só no plafond nominal do défice de 3%)
Propõe-se a substituição do equilíbrio orçamental contabilístico pela estimação dos
saldos orçamentais corrigidos das variações conjunturais + qualidade das finanças
públicas
o Apenas se acomodou a crítica da dimensão estrutural do saldo orçamental, pois
a outra vertente é exógena em que o Governo não tem responsabilidade
O Saldo Orçamental tem de ser ajustado ao ciclo.
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Atualização anual dos programas que constituem peças centrais de programas de médio prazo
(programação orçamental tout court)
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LEO, art. 12º-E
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Saldo Estrutural – saldo ajustado ao ciclo e que gira em torno do PIB Potencial e a partir
dele sabemos o output gap (parte cíclica) e daí calculamos o saldo estrutural – para onde
passa a valer a regra dos 3% que avalia o progresso dos países quanto ao saldo
orçamental
Saldo nominal = saldo estrutural + saldo cíclico
o Se tornarmos o saldo estrutural positivo ganhamos folga orçamental para em
recessão acomodarmos melhor esse impacte.
Sem folga fazemos políticas pró-cíclicas em vez de contra-cíclicas.
Deve criar-se folga orçamental que permita afetar recursos a
um determinado fim sem prejudicar a sustentabilidade da
posição orçamental do Estado - conceito de espaço orçamental
é estreito com o da sustentabilidade das finanças públicas
Crise 2007/2008
Começa por ser estritamente mercados financeiros, alargou a subprime (crash da bolha
imobiliária) e expandiu para uma crise de dívidas soberanas e crise do euro.
Espanha e Irlanda: ajudaram os bancos e esse saneamento levou a que fossem ajudados
Resposta europeia à crise: Europa lançou pacotes de estímulo orçamental para que os Estados
gastassem para assegurar os empreendimentos imobiliários e o setor da construção civil (que
tinha implodido) – em Portugal criou-se a Parque Escolar
Países foram desonerados do PEC, o saldo estrutural caiu e surgiu a crise da dívida
pública – Estado deixou de poder aceder aos mercados e aí houve uma crise da dívida
soberana (em que Estado não se podia financiar)
Intervenção da Troika e memorando de entendimento – comprometidos com a troika
para refazer a economia
Enviesamento deficitário das políticas com o PEC transitoriamente suspenso que
depois reganhou força como instrumento rígido e implacável.
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Surge o conceito de desvio significativo complementado com mecanismo de sanções, tem como
referência o saldo estrutural - critério quantitativo de 0,5% .
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Orçamento do Estado
Orçamento evoca a previsão, o cálculo antecipado da importância, monetariamente expressa,
que se admite que, em determinado período, atingirão certas receitas e certas despesas inter-
relacionadas – previsão associada a funções económicas que se configura como autorização
política (dos Parlamentos ao Governo) de um documento onde as receitas e as despesas se
encontram previstas, tendo aí funções jurídicas – prevê-se de forma realista com enormes
cálculos financeiros (com base em indicadores económicos e previsão de alteração do consumo,
por modelos e métodos regressivos) – tendo-se também em conta o elemento histórico.
Racionalidade económica numa perspetiva de eficácia como quadro de elaboração das
políticas financeiras
O Orçamento de Estado é lei em sentido formal e material – lei de valor reforçado pela
parametricidade material (não pode ser revogada e pode funcionar como travão – art. 167º/2 e
3) e pelo procedimento agravado (reserva de iniciativa governamental – art. 161º/g)5
Enquadrado pela
Lei de Enquadramento Orçamental (art. 106º/1 CRP)
Lei de valor reforçado, aprovada por maioria simples, mas que é pressuposto normativo para
outras leis (como a LOE). Enquadra a feitura do Orçamento de Estado.
Problema de qual a relação de forças entre leis de valor reforçado – legislador OE pode
alterar LEO (enquadrada pode alterar a que enquadra6)
Sousa Franco: art. 106º/1 CRP, LEO é material e formalmente de
enquadramento (é nominada afirma-se enquanto tal), logo LOE não pode vir a
alterar porque não é lei de enquadramento.
Lei das grandes opções do plano é formalmente lei mas materialmente não – é
um discurso e não tem normas.
LEO é vasta e inclui todo o setor público, exigindo que para além dos mapas orçamentais
(receitas e despesas), LOE tem de ter demonstrações financeiras. Versa sobre a vertente
normativa e vertente contabilística do OE.
Plano de incidência formal: estrutura e procedimentos
Plano de incidência substancial: resultados orçamentais (cada vez mais se preocupa com
este plano dos outcomes)
o 3 eixos: estrutura, conteúdo e resultados + processo orçamental + controlo
orçamental e responsabilidade financeira
Ao longo da história de Portugal e da Europa, a LEO também foi sofrendo vicissitudes e por tal
evoluiu.
Crise + Boas práticas contribuíram para as mais recentes alterações
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Melo Alex
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LEO não é nada blindada e pode ser alterada por maioria simples e a própria lei que a enquadra pode
alterá-la
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Antiga LEO -> Lei 6/91; Lei 91/2001 (muito alterada até 2014) e ainda em vigor para o processo
orçamental
Nova Lei de Enquadramento Orçamental (N LEO, Lei 151/2015) é:
Lei mainstream que vai na linha das influências da orientação internacional – boas
práticas internacionais: antes havia orçamentos com preocupações de forma
(procedimento e “due process of law”); agora preocupa-se com os fiscal outcomes que
passam a ser mais importantes (objetivos de política orçamental em que se preocupa
com a feitura do orçamento: micro-orçamentação subordinada a essas políticas
orçamentais – melhor saldo e sustentabilidade)
Motivada pela crise que explicou as alterações na legislação europeia
Consequência/resultado Memorando da Troika
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Organização OE
Regras do orçamento traduzem vinculações jurídicas internas do orçamento e têm em conta
princípios clássicos e os novos (que têm fundamento nos art. 105º e 106º CRP) – estão
enquadrados pela NLEO
Regras Clássicas
Princípio da Anualidade (art. 14º - 4º ALEO) – votação anual do Orçamento pela AR;
execução anual do OE pelo Governo – sistema de gerência (que gera dificuldade de
responsabilização a cada Governo) com um enquadramento de perspetiva plurianual e
nos orçamentos do setor público há previsão de despesa total (mesmo com mapas
plurianuais as verbas devem de ser incluídas no OE, art. 106º/ CRP).
Período anual (que tem coincidido com o ano civil) é o período mínimo de vigência sendo que o
período máximo é definido pelo poder executivo através de períodos complementares (21
Janeiro ou 15 Fevereiro). AR atribui com o OE um mandato tributário que depende da existência
periódica de uma autorização para cobrança de receitas tributárias e da delimitação da
intervenção administrativa constante das normas que compõe o sistema fiscal em vigor
Princípio da Plenitude/ Unidade e Universalidade (art. 9º - 5º ALEO) – prevendo a
existência de um só orçamento e tudo no orçamento para evitar que haja uma massa
de receitas e despesas que escape ao controlo orçamental e autorização parlamentar.
Serve para que os serviços administrativos tenham conhecimento das receitas que
podem cobrar e despesas que podem realizar – só se aplica às receitas e despesas dos
serviços integrados, serviços e fundos autónomos e segurança social.
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Vs. Orçamento de meios (line-item; modelo Rubrica – no mapa de classificação do OE aparecia só
“remuneração” genérico)
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CRP obriga à especificação e proíbe fundos secretos (art. 105º/3)
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As regras são de conteúdo determinável, exclusivas e definitivas. São também imperfeitas e conjunturais
porque são, na maior parte dos casos, construídas à medida da realidade concreta e heterogénea sendo
instrumentais para a obtenção de determinados fins (como o retorno à normalidade ou perspetiva de
crescimento). Maior parte indicam um restrição permanente devendo uma regra de base financeira se
dotar de: clareza, transparência, simplicidade, flexibilidade, adequação, coercibilidade, consistência e
eficiência.
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Tendem a suplantar as regras clássicas10 e exigem que materialmente estejam enquadradas por
vários instrumentos – NLEO tem formalmente essas características.
Regras de natureza procedimental – visa assegurar a transparência, a “accountability” e a boa
gestão financeira
Princípio da Estabilidade (art. 10º) – equilíbrio orçamental dentro das novas regras
dadas pela Europa, já não é o equilíbrio dos setores por si só mas do todo que enforma
o Estado. Preocupação de maior rigor quanto ao equilíbrio das Administrações Públicas,
calculado nos termos do SEC, estando em causa a noção de saldo global; corolário da
aprovação do PEC.
Princípio da Equidade Intergeracional (art. 13º) – impactos em mais de uma geração e
que a longo prazo põe em causa as Finanças Públicas; distribuição de custos e benefícios
entre gerações; vago e sem concretização sobre como OE deve fazê-lo.
Princípio da Transparência Orçamental (art. 19º) – exigência de bom comportamento
orçamental (através de documentos do FMI e da OCDE) contribui para a disciplina
orçamental financeira e para a afetação adequada de recursos numa abertura
interinstitucional; obrigatoriedade de dar informações (Governo tem que prestar contas
aos deputados regularmente para haver um controlo – gerou um fortalecimento do
Ministro das Finanças que tem de ser regularmente informado pelos setores)
Princípio de Estabilidade Recíproca – apela ao comprometimento de todos os níveis de
decisão num esforço de estabilidade
Princípio da Especificação Lógica – lógica de outputs em que a orçamentação é por
objetivos
Regras de natureza numérica (art. 20º a 26º) – referem-se a alvos específicos quantitativos
impondo limites à política orçamental, geralmente definida tendo por referência um indicador
de performance financeira global. Pouco flexíveis e dadas a engenharias financeiras
Regras gerais (de toda a administração pública)
Regra de Base tende a ser e a incluir o equilíbrio geral. A estas regras de base centradas nos
saldos equilibrados, pode acrescentar-se Regras Adicionais.
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A Clássica que continua com pujança é o da plenitude orçamental.
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Regra de saldo estrutural11 (art. 20º/3) – subjacente tem uma regra de despesa (art.
20º/6)12
Regras de dívida (art. 26º) – concretiza “Six Pack” e Tratado Orçamental; obriga 1/20 de
redução ao ano até se atingir o valor dos 60% no rácio dívida/PIB
o Está associada à Sustentabilidade das Finanças Públicas e da dívida (financeira
– contração de empréstimos e operações de financiamento da economia; e não
financeira)
o Princípio da sustentabilidade das Finanças Públicas (art. 11º/2) – pensado
como a cobrança de receitas necessárias para se pagar a dívida (a valores de
hoje e tendo em conta vários fatores). Pode ser feito por:
Garantir condições de crescimento sustentado
Rigor orçamental com saldos primários positivos (boa gestão
orçamental)
Emissão e gestão de dívida em condições favoráveis
Emissão de moeda
Sustentabilidade depende de 3 fatores:
Taxas de Crescimento assinaláveis
Condições de financiamento favoráveis (via taxa de juro) – ex:
renegociação da dívida
Saldo global estrutural próximo do zero e saldos primários positivos –
retira os juros da dívida pública e estreita a nossa necessidade de
financiamento líquido no futuro (e melhora as condições de pagamento
da dívida que já existe)
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Saldo Estrutural = saldo nominal – saldo cíclico (saldo nominal = saldo estrutural + saldo cíclico) -> Saldo
estrutural é o que corresponde ao PIB potencial. Como se calcula:
1º. Apurar PIB potencial (de acordo com função de produção de raiz Cobb-Douglas)
2º. Calcular output gap (que pode ser positivo ou negativo)
3º. Calcular as receitas e despesas relacionadas com o ciclo económico e subtraí-las
4º. As restantes receitas e sobretudo as despesas serão consideradas de natureza discricionária (logo
concorrem para o cálculo do saldo estrutural)
Ou
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Concretiza “Six Pack” – art. 22º a 25º
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Articulado:
LOE tem conteúdo muito extenso e versa sobre várias matérias (art. 41º NLEO, 31º ALEO –
formatam o conteúdo desejável do OE13) mas que nem só o OE pode regular.
Ex: matérias fiscais podem ser reguladas por diplomas avulsos da AR (introduzidos no
OE para os fazer valer face ao ano fiscal = ano civil). Tem regime caducidade próprio.
OE pode ser veículo de muitas matérias (pois é um OE prolixo) e até não orçamentais –
cavaleiros orçamentais.
Normas de conteúdo não orçamental que integram o OE porque beneficiam da certeza
de aprovação da lei em prazo reduzido, da entrada em vigor em prazo determinado,
devido à diluição política das medidas e etc.
o Discussão se são contaminadas pela natureza orçamental beneficiando de
regras especiais de aprovação, caducidade e blindagem ou não.
Consequência é a não contaminação pelo veículo, podem não ter a
mesma caducidade (reentrando no OE do ano seguinte).
Pode haver autorizações legislativas no âmbito fiscal que surgem como boleias
orçamentais, embora o legislador assuma que esta matéria fiscal é de conteúdo
especificamente orçamental – não podendo ser prorrogadas além do OE (art. 165º/5
CRP + art. 12º-H/3º ALEO)
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Não o concretizando, porque não lhe compete concretizar.
Mas, não pode ser suprimido nada que seja determinado pela LEO – CRP obriga a classificação orgânica
da despesa mas não diz a que nível tem de especificar.
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na classificação orgânica: base do programa – cada uma das funções é base que dá
origem ao programa – missões de base orgânica (como chama a NLEO)
ex: se escolher base a Educação, na classificação orgânica vai ter o Ministério da
Educação mas não o Ministério do Ensino Superior
art. 18º a 20º ALEO – nível mais agregado é missão de base orgânica, depois desce para
parte do programa e daí desagrega para objetivos/ações (já não se usa lógica funcional)
Processo Orçamental
Antes de ser visto como processo legislativo, deve ser visto como processo político com
dimensão económica e financeira – daí que seja mais crucial regular todos os fatores críticos que
o condicionam e não o processo legislativo tout court.
Ao processo orçamental interessa mais os resultados orçamentais do que a questão do
“due process”.
Adquire uma dimensão política com a consideração de situações como a gestão do ciclo político
eleitoral que tem vários modelos, as políticas de pork barrel e logrolling (caso dos Orçamentos
limianos em Portugal – 2000 e 2001), o lobbying, rent-seeking e corrupção.
Tendência para a predominância do papel do Ministro das Finanças, sendo agudizada com a
crise em que há um maior controlo e há maior constrangimento da Administração Pública por
orientações e regras, definidas amiúde pelo serviço central de orçamentação.
Orçamento de Base-Zero
Art. 21º-A a E da ALEO – aparece associada à gestão por objetivos e consiste na justificação
detalhada das despesas que cada serviço pretende inscrever, implicando a obrigatoriedade de
indicação de alternativas e avaliação de todas elas – a partir do 2º ou 3º OE após início de nova
legislatura.
Aprovação OE
É elaborado, organizado e votado anualmente de acordo com LEO (art. 106º/1 CRP)
Iniciativa legislativa da LOE é exclusiva do Governo14 (art. 161º/1/g CRP) e deve ser
apresentada até 15 de outubro de cada ano na AR.
Prazos de votação e onde decorrem na AR estão no art. 12º-E + 12º-F ALEO
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Pois é o principal instrumento de concretização (financeira) da olítica do governo.
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Prorrogação de vigência do OE
Entra em vigor a 1/1 e termina a 31/12
Se for necessário, Governo aprova DL com o regime orçamental transitório. A prorrogação de
vigência (art. 12º-H ALEO) abrange o respetivo articulado e correspondentes mapas
orçamentais, bem como os seus desenvolvimentos e DL de execução orçamental – deve
respeitar o princípio da utilização por duodécimos.
Não abrange as autorizações legislativas contidas no articulado, que caducam no fim
do ano económico. Governos também estão limitados pelo art. 12º-H/5 ALEO.
Pode continuar a cobrar-se receita, nos termos do OE anterior, e despesa, cumprindo
duodécimos.
Pode emitir-se dívida mas com limite de duodécimos.
Sempre que orçamento não é votado a tempo, o OE do ano anterior mantém-se em vigor.
Quando novo OE for aprovado, vai incorporar a parte já executada do OE anterior que estava
em vigor – evita-se vazio jurídico e financeiro (período transitório de execução orçamental) e
restaura-se princípio da anualidade orçamental
Execução Orçamental
Art. 199º/b CRP dá a competência ao Governo.
Vinculações Externas
art. 17º ALEO, traduz um desenvolvimento do art. 195º/2 CRP.
Lei das Grandes Opções do Plano faz parte dessas vinculações externas, dando novo significado
útil, sendo associada ao quadro plurianual de despesa
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Orçamento Despesa
1. Princípio da segregação entre entidade que autoriza despesa e a que autoriza o
pagamento – regras em função do montante no código dos contratos públicos (dupla
verificação da regularidade)
2. Princípio da legalidade genérica – despesas para serem realizadas têm de ser legais
3. Princípio legalidade específica – despesa inscrita e especificada no OE para ser
realidade
Daqui resulta
4. Princípio da tipicidade qualitativa – inscrita em OE
5. Princípio da tipicidade quantitativa – dotação atribuída à despesa é um montante
máximo que se pode ter dessa despesa nesse ano (é diferente pois nas receitas pode
cobrar-se acima, mas na despesa não).
Quando não cabe na dotação, não tem cabimento simples – não pode exceder a
dotação afeta a essa despesa.
6. Princípio da exigência de duplo cabimento orçamental para as receitas consignadas –
Mas em certo tipo de despesa não basta o simples e há duplo cabimento orçamental:
cabimento simples na dotação da despesa + cabimento no produto da receita que lhe é
consignada (depende da dotação e do produto da receita cobrada). Ex: A cobra 500, B
tem dotação de 500; se algo acontece a A e só cobre 400, então B só tem 400
Casos de consignação são exceções e não a regra. Não se pode fazer com que as
despesas obrigatórias fiquem na dependência de certos fatores aleatórios. Só há
certas receitas consignadas: como as taxas.
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Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
Alterações Orçamentais
No desenrolar do OE há possibilidade de ele ser alterado – resulta da execução orçamental
(embora algumas possam ser previamente antecipadas e logo autorizadas no OE).
Iniciativa do Governo, pelo art. 161º/g, por interpretação sistemática recorrendo a argumentos
lógicos e sistemáticos – competência para iniciar o processo é sempre do Governo pois ele é
que sabe quais as alterações a fazer, que surgem dada a execução orçamental – pois já é numa
fase superveniente da execução do orçamento.
As regras de competência de aprovação são definidas a partir de uma escala gradativa – desde
os níveis mais agregados de despesa às bagatelas orçamentais (que atendem a níveis muito
desagregados de despesa).
Na competência AR – art. 50º-A ALEO – regras capítulo II da LEO; competência tipificada
para alterar alguns mapas de base
Na competência do Governo – art. 51º ALEO – modificação na redação da rubrica (sem
alterar designações de classificação económica e seus desenvolvimentos tipificados),
transferências de verbas dentro do mesmo capítulo sem alterar classificação funcional
e etc.; competência residual para alterar todos os mapas (de base não tipificados,
derivados e desenvolvimentos orçamentais), por exclusão de partes – quando não se
implica grandes linhas de despesa e se trate de coisas ínfimas ao nível do gestor.
o Algumas alterações são pelo Governo sem passar pela AR – como aplicação da
dotação provisional (não vai à AR porque tem de ser expedita e reforçar verbas
dos ministérios – é o ministro das Finanças que desbloqueia a verba e aloca ao
que for necessário.
Quando vai à AR, e contrariamente ao que acontece na fase inicial da proposta em que
deputados não têm limites e podem propor alterações a tudo (cujo nível de acolhimento varia
consoante a força política do governo), nesta fase já se está num contexto de execução
orçamental pelo que têm limites – limites da emenda parlamentar.
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Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
Lei-travão – serve para vedar a iniciativa aos deputados e não tem nada a ver com a
competência e as realidades não se podem confundir.
Como atua?
Critério subjetivo: veda projetos leis (dos deputados), nunca propostas do Governo
Critério objetivo: veda conteúdo que envolva aumento de despesa e diminuição de
receitas (não veda o contrário – e mesmo se OE não se alterar, pois tem-se despesa mas
receita compensa, não pode haver esta alteração)
Critério temporal: veda para uma afetação do ano orçamental em curso (não veda se
for para anos subsequentes)
Ocorrendo TC declararia inconstitucionalidade parcial da lei avulsa, por afetar ano económico
em curso (era parcialmente inconstitucional nesse ano e vigoraria no próximo).
Outra doutrina declara a ineficácia dos efeitos.
É relacionado com iniciativas legislativas avulsas e nada tem a ver com alterações orçamentais
– nunca se poderá aplicar lei travão a propostas de alteração pois então nunca se poderia alterar
o OE, pois elas vão afetar o ano económico em curso obrigatoriamente.
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Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
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De âmbito nacional e por onde se repartem as funções do Estado que não devem ser repartidas (Ex:
Defesa). Todo o seu âmbito está no OE.
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Nazaré: como agora o recurso ao crédito depende do Ministro das Finanças, pode-se por em causa a
autonomia desta lógica de descentralização administrativa.
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Há transferência de verbas pois há independência em que estamos numa lógica de autonomia e
descentralização.
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Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
Regime excecional
Regime geral
Autonomia Administrativa,
Autonomia Administrativa
Financeira e Patrimonial
Personalidade
SEM COM – art. 9º Lei 8/90
jurídica
Património
SEM COM – art. 46º DL 155/92
próprio
Autonomia orçamental – elaboração e execução dos seus próprios orçamentos, embora sem
independência orçamental (estão no OE, art. 5º ALEO)
Autonomia patrimonial – gestão, empreendimento e compra de património próprio.
Autonomia de tesouraria – arrecadar fundos autónomos de forma autónoma (agora limitado
por tesouraria nacional/tesouraria única do Estado, única exceção é Segurança Social – art.
48º/4 ALEO)
Autonomia creditícia – recurso ao crédito com ampla liberdade (que era permitido e agora
proibido – art. 26º ALEO)
Autonomia administrativa e financeira já não se faz sentir tanto como no passado desde a
proibição de recurso ao crédito, restrição de oneração e etc. Reduz-se hoje à autonomia
orçamental e patrimonial e, mesmo essas, estão limitadas por regras exigentes atinentes à
execução orçamental (em que muitos atos de gestão estão também dependentes do Ministro
das Finanças).
24
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Consolidam contas
Estado
Setor Empresarial do Estado – art. 4º
DL 133/2013
– art. 4º
DL 133/2013
– art. 4º DL
133/2013
Podemos distinguir18:
1. Setor Empresarial do Estado / Setor Público Empresarial / Administrações
Públicas
Art. 2º DL 133/2013 – ótica económica que caracteriza as instituições que lhe pertencem,
concretizando regras do Sistema Europeu de Contas (contabilidade nacional)
Estado Central
Empresas Públicas (EP) – art. 5º DL 133/2013 – distinção é a forma societária.
Sociedades Comerciais de empresas mercantis (seguem o regime de empresas) regidas
por direito privado. O Estado mesmo assim tem que ter uma influencia dominante
(art.9º).
Empresas Participadas – art. 7º DL 133/2013
Entidades Públicas Empresariais (EPE) – ex: hospitais
Estado Regional e Local
18
Pelo caráter empresarial ou não – art. 56º DL 133/2013
25
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Contabilidade Nacional
Sistema contabilístico orçamental e patrimonial regulado por regras comunitárias, regras SEC19.
Contabilidade de compromissos em que se registam receitas e despesas atendendo ao
momento do seu surgimento do ponto de vista jurídico.
Interesse externo cujos destinatários são entidades europeias competentes e
responsáveis pela monotorização e avaliação das finanças dos Estados membros.
Instrumento de uniformização contabilística produzida e prestada pelos membros.
o Dos dados do INE, corrige-se e envia-se às Instituições Europeias e UE valida
Regras SEC e servem para contabilizar o défice e contam para o procedimento por défice
excessivo.
Contabilidade Pública
Sistema contabilístico orçamental e patrimonial regulado pela Lei 8/90 e pelo DL 155/92 –
aprovou as bases da contabilidade pública e o regime da administração financeira do Estado.
Registo de acordo com Plano Oficial de Contabilidade Pública, DL 232/97
Registo de caixa: despesas e receitas são registadas atendendo ao momento da sua
ocorrência e efetividade financeira – orienta serviços competentes da Administração
Pública portuguesa na elaboração das respetivas contas ou demonstrações financeiras.
Reportam a entidades nacionais – apurada pela Direção Geral de Orçamento que envia
ao INE
Unidade Institucional
Entidade económica capaz de possuir bens e ativos, de contrair passivos e de realizar
operações económicas com outras unidades em seu nome – centro elementar de decisão
económica (tem de ter autonomia decisória/administrativa e uma contabilidade completa de
operações financeiras e económicas com balanço de ativos e passivos).
Forma de integração das atividades – agrupa-se em setores institucionais com base no tipo de
produtor, aferido através da análise da atividade principal e da função da unidade institucional
em causa, indicadores do seu comportamento económico – agrupam-se em 5 setores:
sociedades não financeiras; sociedades financeiras; administrações públicas; famílias;
instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias.
No SEC 95 há 3 produtores:
1. Produtores mercantis privados e públicos20 – produtos vendidos a preços
economicamente significativos21; produtos objeto de troca direta e etc.
19
Estabelecem metodologia relativa às normas, definições, nomenclaturas e regras contabilísticas
comuns de forma a que sejam comparáveis e pormenorizadas.
20
Um produtor é considerado Público se for controlado (capacidade de determinar programa geral) pelas
Administrações Públicas
21
quando mais de 50% dos custos de produção forem cobertos pelas vendas. Noção de produtor
mercantil ou não-mercantil está intrinsecamente ligada à ideia de preço economicamente significativo.
Critério deve ser aplicado tendo em conta uma série de anos
26
Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
2. Produtores privados para utilização final própria – bens ou serviços retidos para
consumo final da própria unidade institucional
3. Produtores não-mercantis privados e públicos.
O primeiro critério para ser incluído na Administração Pública é, portanto, o do valor dos bens e
serviços que prestam e se conseguem cobrir 50% das despesas com as receitas.
SEC 2010 – critério económico exclui das Administrações Públicas/Setor Empresarial
do Estado os produtores não mercantis, financiados tendencialmente pelos impostos
(em que a contrapartida para as atividades não é o pagamento de preço) – enquadram
o SPA
Pelas regras SEC, devem ser incluídas no SPE (e por definição no SEE) as que praticam
atos de comércio, que venderam bens a preços significativos e que cobriram 50% das
despesas com os seus lucros.
Consolidação de Contas
SEC tenta capturar os encargos financeiros associados a transferências financeiras entre as
administrações públicas e o setor empresarial local, fazendo a contabilização não só através de
valores brutos de transferências mas também através de valores líquidos dessas
transferências (valores consolidados).
Permite verificar quais as despesas realizadas diretamente com a economia e quais as
que supõem intermediação de outros setores para as quais o Estado faz transferências.
Tem havido, numa lógica de controlo europeu, uma reclassificação das entidades empresariais.
Tendência para inclusão no perímetro orçamental das contas que precisam de ser consolidadas
– consolidação é bom instrumento de visualização das relações financeiras entre setores e
clarifica a dimensão dos fluxos financeiros entre eles, cada vez mais a informação é relevante
para todo o Estado.
Desorçamentação
Forma de fraude à lei ou manipulação das regras contabilísticas, tendo em vista apenas a
obtenção de certos efeitos contabilísticos (ex: retirada artificial de entidade do setor público e
qualificando-a como privada, sendo apoiada pela via fiscal; retirada artificial do perímetro
orçamental e etc.)
Descentralização e Independência
Descentralização financeira – financiamento segue a função. Primeiro define-se o lado da
despesa e depois o lado da receita, identificando-as e quais os respetivos critérios de afetação.
Acontece sempre que há níveis inferiores de decisão relativamente ao Estado central
e desde que essa existência se traduza num acervo de funções e/ou recursos
financeiros.
Não se confunde com descentralização política nem administrativa.
Descentralização orçamental – Estado faz sair de si as funções que não sejam de âmbito
nacional; para onde sai tem orçamento próprio pelo que gozam de autorização e estão
fora do OE; financiamento deve acompanhar a função (não se confunde com
descentralização política)
27
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Autonomia financeira – Lei 8/90, DL 155/92 e art. 2º ALEO – autonomia mais intensa que a mera
autonomia administrativa de atos de gestão como são os serviços integrados (há dependência
hierárquica do Governo).
No caso dos fundos e serviços autónomos há apenas tutela do Governo e para se ter
esta independência, 2/3 das receitas respetivas têm que ser próprias.
Formalmente o OE é unitário (art. 105º/3 CRP) mas tem vários “micro orçamentos” como o da
Segurança Social, que lá está incorporado, mas tem uma considerável autonomia relativamente
à gestão orçamental do Estado central.
28
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Fiscalização Orçamental
Orçamento mal nasce já está a ser executado – o acompanhamento e fiscalização também
começam.
Celebração de negócios pelo Estado fica sujeita a um escrutínio especial do público, numa ótica
de transparência e clareza financeira – afloramento do princípio da responsabilidade financeira
e accountability.
1. Fiscalização Administrativa
Entidades administrativas dos serviços inspetivos dos Ministérios exercem controlo no âmbito
das suas competências:
Autocontrolo (aqueles que executam diariamente o orçamento),
Heterocontrolo (entidades especializadas, como inspeção geral das Finanças ou outros
serviços de inspeção, como a inspeção geral de ordenamento do território).
2. Fiscalização Política
Compete à AR fiscalizar.
Controlo a posteriori – apreciação e aprovação anual da Conta Geral do Estado (art.
197º/1/h + art. 162º/d) – relato ex post da execução do ano anterior, tendo
consequências políticas se for chumbado.
Controlo concomitante – troca de informações regulares entres os ministérios e os
deputados para apreciarem o modo como os Governos vão executando os Orçamentos
e pondo em prática as suas políticas económico-financeiras.
Controlo a priori – primeira fiscalização da AR ao votar OE (ex ante)
22
Não têm controlo político como AR, mas os partidos aproveitam politicamente as pronúncias desta
entidade.
29
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3. Fiscalização Jurisdicional
Tribunal de Contas, art. 214º CRP e art. 4º Lei TContas, dá parecer sobre a Conta Geral do Estado,
fiscaliza a legalidade das despesas públicas e julga as contas que a lei mande submeter-lhe (art.
214º/1 CRP).
Tribunal de Contas
Tem havido uma densificação do papel deste tribunal integrado no poder judicial (art. 209º/1/c
CRP) que tem uma integração especial no poder judicial, não estando na dependência do
Conselho Superior de Magistratura.
CRP comete-lhe tarefas que se revelam fundamentais no âmbito do Estado de direito e
na prossecução dos objetivos de disciplina e sustentabilidade financeira e orçamental:
o Órgão supremo de controlo, fiscalização e auditoria das contas públicas, dando
parecer sobre a Conta Geral do Estado, incluindo a Segurança Social e as contas
das regiões autónomas;
Art. 107º CRP – parecer obrigatório, mas não vinculativo;
Prazo no art. 66º/6 NLEO
Art. 73º/2, até 31/12 – se não aprovado pode dar responsabilidade
financeira
o fiscalizando previamente a legalidade e o cabimento orçamental dos atos e
contratos de qualquer natureza que sejam geradores de despesa ou
representativos de quaisquer encargos e responsabilidades para as entidades
sujeitas aos seus poderes de controlo e à sua jurisdição;
o julgando a efetivação de responsabilidades financeiras;
o realizando auditorias;
o apreciando a legalidade, bem como a economia, eficiência e eficácia das
entidades sujeitas aos seus poderes de controlo.
30
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a sua competência a utilização de dinheiros públicos por parte das entidades sujeitas ao seu
controlo e jurisdição (ver art. 2º)
Jurisdição material é definida por lei com base no conceito de dinheiros ou valores
públicos.
Jurisdição esgota-se nos dinheiros públicos.
Atos sem dimensão jurisdicional são a auditoria e o visto – atos de natureza múltipla que
congregam competências de várias índoles.
Visto deve ser apreciado à luz do critério do caráter do órgão que produz (CRP dá aos Tribunais
de Contas a natureza de verdadeiro tribunal especializado em matéria financeira) e do conteúdo
próprio da decisão em que se consubstancia (apreciação de legalidade de um ato
administrativo).
31
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procedimentos (ao passo que as avaliações assentam mais na substância das intervenções
políticas e com a sua repercussão na sociedade).
Fiscalização Concomitante: art. 49º e 50º LTC – auditorias que acontecem quando certo ato,
programa ou iniciativa ainda estão a decorrer (pode ser a serviços públicos a toda uma
entidade);
é diferente conforme o objeto – verifica legalidade, regra 3E (fiscalização de mérito),
meio de detetar irregularidades financeiras e apurar responsabilidades e vale por si só,
podendo verificar coisas, mas também sendo veículo pata TContas apurar
responsabilidades (como nos casos a posteriori de verificação da conta geral do Estado)
32
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A principal divisão é entre despesas civis e despesas militares, mas as distinções são muitas.
1. Despesas em bens e serviços – todas aquelas que se fazem diretamente ao assegurar a
criação de utilidades, por meio da compra de bens ou serviços do Estado (que os adquire
diretamente.
2. Despesas de transferência – redistribuem recursos, atribuindo-os a entidades no setor
privado ou no setor público.23
a. Podem ser de a) capital ou correntes (conforme afetem património duradouro
do Estado), b) diretas ou indiretas, c) para entidades do setor público ou do
setor privado.
23
Atribuição de bens e serviços a partir de outras entidades (Estado transfere para setores e esses setores
adquirem bens e serviços – dupla relação – transferências para entidades do setor público, e também
pode ser para entidades privada)
24
O séc. XX registou, na maior parte dos países desenvolvidos um crescimento muito expressivo das
despesas públicas.
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Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
Receitas Públicas
Qualquer recurso mediante o qual um sujeito público pode cobrir as suas necessidades, ou
seja, realizar as suas atividades.
Ficam de fora as receitas de tesouraria – recurso às linhas de crédito de curto prazo;
esta receita entra, mas não é receita pública e é meramente de tesouraria e sem
relevância orçamental.
Atribuição definitiva – referidas a certo período orçamental (soma em numerário) com
expressão monetária
Benefício de sujeito público – numa lógica de alargamento do perímetro orçamental
(com reclassificações e etc.)
Cobrir as despesas públicas – no Estado central e a níveis mais baixos de decisão é a
despesa que determina a receita (primeiro a função e depois o financiamento)
Receitas Patrimoniais
Resultam da gestão do património do Estado ou da disposição de elementos do seu ativo que
não tenham caráter tributário.
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No património há bens do domínio público (art. 84º CRP, com 3 tipos de titularidade de alcance
territorial: nacionais, regionais e municipais – não podem ser sujeitos a gestão privada nem
usucapião; são imprescindíveis) e outros de domínio privado (esses podem ser alienados)
Bens do domínio público estão elencados em lei e estão fora do comércio jurídico, logo,
o Estado não pode adquirir receitas com tal património – são inalienáveis.
Há também património classificado – ver lei de bases do património cultural. Tem
proteção especial e deve ser inventariado e classificado, art. 37º, porque tem um fim de
interesse público (art. 5º). Condiciona a venda.
o Processo de vendas no art. 77º da lei/DL 280/07 e tem lá as condições de venda
– dá as noções do que o Governo pode vender e as condições a que se sujeita.
Receitas Tributárias
Resultam da cobrança de tributos.
Tributos – prestações pecuniárias a favor do Estado25, de natureza obrigatória e sem
caráter sancionatório26.
O destinatário último destes tributos são os serviços públicos.
25
Numa manifestação de soberania e autonomia do Estado
26
A sua natureza não é punir. Embora algumas vezes, atendendo à Curva de Laffer, os impostos
deixam de ter qualquer utilidade e até há uma desutilidade. A partir de determinado montante
de carga fiscal, deixa de ser legítima a cobrança e passa a ter uma natureza de confisco. Além
dos desincentivos da grande carga de impostos.
35
Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
IRS tem tributação progressiva – procura-se garantir que marginalmente pague tanto
ou mais aqueles que mais podem (marginalmente o esforço não diminui) – garante a
justiça socia e a redistribuição (que para a certo momento se não passa a haver caráter
confiscatório na tributação).
Princípio da capacidade contributiva27 é dominante embora possa haver concessões a princípios
de fronteira:
Certos impostos muitas vezes incorrem no princípio do benefício e há lógica de se
tributar pelo benefício e não pela capacidade:
o Impostos Especiais de Consumo – além da mera redistribuição de riqueza,
como fundamento do núcleo essencial do imposto, é a existência dum custo
social associado ao consumo de determinados bens, tendo em vista a
internalização de externalidades negativas geradas, como o prejuízo da saúde
pública ou do meio ambiente, que fundamenta a arrecadação de receita do
Estado. Há uma noção de extra-fiscalidade.
2 – Taxas
Prestações pecuniárias bilaterais – espera-se uma contrapartida específica (tendencialmente
direta e imediata, ainda que possa ser diferida no tempo)
Há sinalagma, que pode ser aferido a 3 níveis:
o Prestação/obtenção de serviços públicos
o Disponibilização/utilização de um bem público
o Remoção de obstáculos jurídicos a atividades económicas para os particulares.
Pressuposto é uma prestação administrativa da qual o sujeito passivo é o
causador/beneficiário.
Princípio da equivalência – tributa-se não quanto às possibilidades, mas sim quanto ao benefício
que se tira.
Falamos de equivalência jurídica. No caso das taxas, não é necessário equivalência
económica e pode ser cobrado a preços inferiores ao de produção. Não há objetivo de
lucro e visa o interesse público sem lógica mercantil.
3 – Contribuições Financeiras
Meio caminho entre impostos e taxas.
Natureza de voluntariedade mas quase que tem caráter coercivo (ex: fatura da água e da luz) –
preços públicos com alguma coercibilidade associada, preços pagos a empresas com finalidade
mercantil mas com uma aproximação às taxas.
27
Capacidade contributiva tem dupla vertente: medida de igualdade e direito fundamental. É o núcleo
essencial do imposto.
36
Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
Não se confundem com contribuições especiais, que são impostos – embora a lógica do benefício
(positivo ou negativo) está presente.
Caso dos Impostos Especiais de Consumo
Podem ser contribuições especiais por externalidades positivas (benefício social; ex:
contribuições de melhoria – alguém nada fez e ao construir-se uma ponte, o terreno
valoriza) ou externalidades negativas (ex: contribuições de especial desgaste; caso dos
camiões que pagavam mais porque estragavam mais a via pública).
37
Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
Receitas Creditícias
Resultam do crédito Público e são receitas não efetivas (ainda têm de ser amortizadas) –
resultam na entrada de ativos na tesouraria do Estado. Dá origem a dívida pública, que obriga o
28
Atendem à capacidade contributiva de forma indireta – essa capacidade só e tida em conta se consegue
comprar o bem ou não.
Não se afere em função do sujeito titular de rendimentos e funda-se na aquisição do
produto (é a manifestação dessa capacidade contributiva)
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Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
Estado a pagar a credores, créditos para pagar défices orçamentais ou dívida já existente;
passivos financeiros públicos.
Há relação entre a dívida pública, as receitas creditícias e as regras de dívida.
Dívida Pública
Dívida do Estado – compromisso ou conjunto de compromissos financeiros vencíveis num
determinado prazo – quando o Estado recorreu ao crédito.
Diferença da dívida soberana é o prazo temporal a que estão sujeitas.
Critério da fonte:
Dívida financeira – empréstimos e emissão de dívida pública – é a que se considera
quando se avalia o peso da dívida pública na sua relação com o PIB;
Dívida não financeira – dívidas a fornecedores e àqueles a quem o Estado adquire bens
e serviços
Critério da moeda:
Dívida interna ou externa
Critério da evidência:
Dívida expressa – evidência imediata e inscrita no balanço do Estado como passivo
financeiro;
Dívida implícita – resulta de assunção de compromissos que no imediato dão receita
mas podem vir a dar despesa. Ex: pensões em que os que estão no ativo pagam e o
Estado assegura-lhes uma pensão no futuro;
Dívida condicional – quando pode vir a não se realizar, caso das garantias pessoas do
Estado, que funciona como fiador de certa empresa (só há dívida se o devedor principal
não pagar – acontece muito nas PPP)
Critério da maturidade:
Dívida curto prazo – inferior a um ano;
Dívida longo prazo – superior a um ano
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Sebenta Finanças Públicas – DNB 2016/2017
Necessita autorização parlamentar – para a dívida fundada, cuja grande condição é o montante
– define também as condições gerais dos empréstimos a emitir. Autorização no OE, logo, anual.
Condições complementares é em Conselho de Ministros (art. 5º/1 da Lei 7/98).
Condições específicas definidas pela Agência de Gestão de Tesouraria e da Dívida Pública
(IGCP, E.P.E.) – e também tem responsabilidades na gestão normal da dívida.
Depois de emitida a dívida ela tem de ser gerida e os juros da dívida pública concorrem para o
saldo nominal (despesa corrente) e a amortização é despesa de capital.
Em relação à dívida acessória – art. 161º/h e art. 7º Lei 112/97 – onde se mencionam os avales,
deve ser feita uma interpretação extensiva e atualista de modo a entender-se de um modo geral
as garantias pessoais do Estado.
Garantias têm limite máximo fixado pela AR a ser concedido ao Governo – sendo que
tal é concedido na LOE, conforme disposto no art. 31º ALEO
Ver também art. 8º + 9º + 15º da Lei 112/97
O Estado funciona como garantia mas não em qualquer circunstância e as condições
estão na Lei 112/97 e no art. 31º ALEO.
29
Embora a amortização antecipada já seja ato de gestão corrente
40