Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB (9) Um livro [AP muito interessante] mas [CP que custa caro]
9) Um livro [AP muito interessante] mas [CP que custa caro] foi recentemente
Departamento de Estudos Lingüísticos e Literários - DELL
Disciplina: Teoria gramatical II Data / /2011
Profa. __________________________________
Aluno __________________________________
Sentenças complexas
Coordenação (continuação)
1. Natureza categorial dos temos coordenados:
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1.1 Os termos coordenados podem ser de diferentes naturezas categoriais:
(1) Ele disse ou [CP que resolveria pessoalmente o assunto] ou [CP que chamava um
eletricista para resolver].
(2) [IP As crianças foram ao cinema] e [IP nós ficamos em casa].
(3) [DP O presidente] e [DP o secretário] cumprimentaram-se na entrada do edifício.
(4) Manuel tinha não só [VP encontrado a solução para aquele problema] mas
também [VP feito todos os exercícios restantes]
(5) Todo mundo gosta [PP de João] e [PP de Maria]
(6) Uma casa [AP antiga] mas [AP confortável] pode atualmente custar caro.
(7) Ele só executa algumas tarefas [AdvP depressa] e [AdvP bem].
1.2. A coordenação pode também partir de combinações de núcleos lexicais, formando
unidades nucleares complexas:
(8) [DP O [NP [N pai] e[N patrão]]] de Antônio é o Sr. Gonçalves.
1.3. Canonicamente, os termos coordenados são da mesma natureza categorial, como
nos exemplos de (1) a (7). Porém, existem coordenação em que os membros
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coordenados podem pertencer a diferentes categorias sintáticas:
1 canônicos, esse paralelismo se manifesta em nível categorial em termos de relações gramaticais
Obs.: Teóricos gerativistas contestam a ideia de que a coordenação de
elementos não frásicos sejam resultado de elipses, argumentando que casos
como o exemplo (3) mostram que os sintagmas nominais coordenados não
provêm de elipses de frases, pois o verbo cumprimentar-se, nesse caso, requer
obrigatoriamente sujeitos plurais, como observamos a seguir.
(1) *o presidente cumprimentou-se na entrada do edifício.
(2) Eles cumprimentaram-se na entrada do edifício.
adquirido pela biblioteca da Faculdade. (AP+CP = adjunto modificador do N
livro)
(10) O repórter comentou quer [DP a eminência da guerra] quer [CP que as
populações civis não sabem onde se refugiam]. (DP + CP = OD do verbo
comentar)
(11) Foi [AdvP lentamente] mas [PP com prazer] que a criança leu o livro. (AdvP +PP=
adjunto de modo do predicado leu o livro)
1.4. Coordenação de constituintes parentéticos: quando a coordenação é estabelecida
pelas conjunções e, ou e mas, o segundo termo coordenado pode ser parentético:
(12) a. João e Maria conhecem bem São Paulo.
b. João, e também Maria, conhece(m) bem São Paulo.
2. Coordenação e concordância verbal
2.1. Com sujeitos nominais coordenados pré-verbais:
- Efetuada pelas conjunções e e ou(com valor inclusivo), a coordenação de
sintagmas singulares refere-se a um conjunto de indivíduos, ficando, portanto, o
verbo no plural:
(13) Eu e tu temos muitas coisas em comum.
* Eu e tu tenho muitas coisas em comum.
* Tu e eu tens muitas coisas em comum.
(14) Ele ou ela têm de resolver esse assunto.
* Ele ou ela tem de resolver esse assunto.
- Efetuada pela conjunção ou(com valor disjuntivo), a concordância verbal pode
realizar-se no singular:
(15) Ou Pedro ou João tem de sair.
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As estruturas sintáticas requerem paralelismos entre os membros coordenados. Nos casos
e semânticas (exemplos de (1) a (7)). Nos casos não canônicos, é possível coordenar constituintes
categorialmente diversos desde que eles mantenham as mesmas relações gramaticais e
semânticas (exemplos de (9) a (11)). Alternativamente, é possível estabelecer entre os membros
coordenados nexos próximos de estruturas subordinadas, desde que os termos coordenados
mantenham paralelismo formal (exemplo abaixo)
(1) Não coma a sopa e não te levo ao cinema/ Se você não comer a sopa, não te levo ao
cinema.
(2) Está um dia quente mas a criança tem frio/ Embora esteja um dia quente, a criança
tem frio.
 * Ou tu ou Pedro tens de sair.
* Ou tu ou Pedro tem de sair.
? Ou tu ou Pedro têm de sair.
- Efetuada por expressões correlativas aditivas ou alternativas, a concordância
verbal refere-se a mais de uma entidade, realizando-se no plural:
(16) Não só o livro mas também a revista chegaram hoje.
* Não só o livro mas também a revista chegou hoje.
- Quando o termo coordenado é parentético, a concordância faz-se: no singular
(apenas com o termo não parentético), se os termos são sentidos como exclusivos
(exemplo (17)); ou é opcional, se os termos coordenados são interpretados como
aditivos ou inclusivos (exemplo (18)):
3.2. Determinadas construções que se assemelham a elipses de coordenação não
(17) Ele, e não ela, foi/*foram a Brasil esse ano. (exclusivo)
(18) A Alemanha, ou a França, lidera/lideram o mercado europeu. (não exclusivo)
2.2. Com sujeitos nominais coordenados pós-verbais:
- Pode desencadear concordância verbal regularmente:
(19) Temos muitas coisas em comum, eu e tu.
(20) Chegaram hoje pelo correio o livro e a revista.
-Pode desencadear concordância parcial, efetuando-se a concordância apenas com
o primeiro termo coordenado.
(21) Chegou hoje pelo correio o livro e a revista.
(22) Ainda bem que veio você e seu irmão.
- Há, porém, limitação para a concordância parcial, a presença de pessoas
pronominais diferentes:
(23) *Tenho muitas coisas em comum, eu e tu.
3. Coordenação e elipse
3.1. A finalidade da elipse na coordenação é eliminar a informação redundante. A
tensão entre redundância e caráter informativo está em todas as estruturas de
coordenação, elípticas e não elípticas.
(24) Paulo apresentou a proposta e Ana também. (não redundante e informativa.
Indica que os predicados são iguais)
(25) Paulo apresentou a proposta e Ana não. (não redundante e informativa. Indica
que os predicados são disjuntos)
(26) #Paulo apresentou a proposta e Ana. (não redundante, mas insuficientemente
informativa)
(27) ?Paulo apresentou a proposta e Ana apresentou a proposta. (redundante, mas
não explica se os predicados são idênticos ou disjuntos)
(28) Paulo apresentou a proposta e Ana não/também apresentou a proposta.
(Informativa e enfática pela redundância)
podem ser assim classificadas:
(29) A criança não levou livro para a sala e brinquedos também não. (coordenação
de frases com elipse de elementos redundantes)
(30) Ana partiu a jarra ontem mas não o vaso! (constituintes não frásicos
descontínuos).
A diferente natureza dessas duas construções evidencia-se, por exemplo, frente à
subordinação. A exclusão da subordinação em (32) sugere que o segundo membro
não participa de uma frase elíptica:
(31) A criança não levou livro para a sala e penso que brinquedos também não.
(aceita subordinação)
(32) *Ana partiu a jarra ontem mas garantiu-nos que não o vaso! (não aceita
subordinação)
O exemplo em (30) se aproximam de coordenação parentética, semelhantemente
à (33):
(33) Ana partiu a jarra, (mas) não o vaso, ontem.
Referência bibliográfica:
Baseado em: MATOS, G. Estruturas de coordenação. In: MATHEUS, M. H. M. et al. Gramática da
língua portuguesa. 63º edição, revista e aumentada. Lisboa: Caminho. 2003.