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Formando Discípulos Com Uma Cosmovisão Cristã
Formando Discípulos Com Uma Cosmovisão Cristã
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INDICE
Introdução
Parte I
1. O que é discipulado
a. Discípulo formando discípulos
2. Discipulado é evangelização
a. Todos pecaram e carecem da glória de Deus
b. A diferença entre discipulado e evangelização
3. Discipulado é maturação
a. O que é um cristão maduro?
b. Somos cristãos confessionais
c. Vivendo relacionamentos saudáveis
4. Discipulado é cosmovisão
a. O que é cosmovisão?
b. A construção da cosmovisão cristã
c. Treinando para defender a fé cristã
Parte II
1. O motivo do discipulado
2. O objetivo do discipulado
3. Os princípios para discipuladores
4. Quem será discipulado
d. O discipulado básico
e. O discipulado avançado
5. Quanto ao material de estudo
a. Material para discipulado básico
b. Material para discipulado avançado
6. O método do discipulado
7. O discipulado e a igreja local
8. Preservando o ministério de discipulado
9. Compromisso permanente do discipulador
10. Conclusão
Apêndice 1 – Um resumo da doutrina da Escritura Sagrada
Apêndice 2 – Princípios básicos para a interpretação bíblica
Apêndice 3 – Cremos e confessamos: resumo da fé reformada
Apêndice 4 – Algumas sugestões para a prática da visitação
Bibliografia
3
Introdução
1
Dietrich Bonhoeffer, Discipulado (São Leopoldo, Ed. Sinodal, 1995), p. 18. Bonhoeffer (1906-1945) foi um jovem
pastor luterano que durante a 2a Guerra Mundial protestou contra o regime Nazista. Ele foi morto aos 39 anos num
campo de concentração alemão. Durante o período de sua prisão escreveu várias cartas e livros na área de Teologia
Pastoral que foram preservados, alguns se encontram traduzidos para o português.
4
PARTE I
Conceitos distorcidos
Creio que antes de dizer o que é discipulado, é necessário
negar as ideias errôneas. O discipulado não é um mero
2
J.J. Von Allmen, ed., Vocabulário Bíblico (São Paulo, ASTE, 1972), pp. 108-109.
3
Colin Brown, ed., Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1981),
vol. 1, p. 666.
4
Desde livros mais antigos como LeRoy Eims, A arte perdida de fazer discípulos (Belo Horizonte, Editora Atos,
2010, publicado originalmente em inglês - em 1978) ao de Francis Chan & Mark Beuving, Multiplique – discípulos
que fazem discípulos (São Paulo, Editora Mundo Cristão, 2015) se limitam ao conceito de evangelizar e oferecer
introdução básica da fé e vida cristã.
5
A sua intenção não era apenas dizer que todos os eventos são
conduzidos por Deus para nos fazer bem, mas que cooperam
entre si cumprindo a finalidade do sumo bem, que é nos tornar
semelhantes à Cristo.
O discipulado apresenta o evangelho e treina os novos
convertidos para que tenham a mente do nosso Redentor. Paulo
nos esclarece que
nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito
procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos
tem dado gratuitamente. Delas também falamos, não com palavras
ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas
pelo Espírito, interpretando verdades espirituais para os que são
espirituais. Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm
do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de
entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas
quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por
ninguém é discernido; pois ‘quem conheceu a mente do Senhor
para que possa instruí-lo?’ Nós, porém, temos a mente de
Cristo. (1 Co 2:12-16, NVI)
Treinando liderança
A preservação saudável de qualquer igreja dependerá da
próxima geração de líderes.16
John R.W. Stott comenta que “‘liderança’ é uma palavra
comum a cristãos e não-cristãos, mas isso não significa que tenha
o mesmo conceito para ambos. Ao contrário, Jesus introduziu no
mundo um novo estilo de liderança servil”. 17 Segundo o modelo
de Cristo o que lidera tem que ser referencial de humildade. Se
liderarmos com arrogância, formaremos discípulos orgulhosos.
Toda ação possui uma reação, e, esta reação pode ser de repúdio,
ou de contaminação. Por isso, John R.W. Stott conclui que o líder
tem que ser “humildade diante de Cristo, de quem somos servos;
15
Recomendo os livros publicados pela Editora NUTRA.
16
Excelente livro-texto para treinamento de liderança é Roberto A. Orr, Liderança (Anápolis, Asas de Socorro, texto
não publicado, revisado 2003).
17
John R.W. Stott, O chamado para líderes cristãos, p. 9.
16
19
Charles Colson & Nancy Pearcey, E agora como viveremos? (Rio de Janeiro, CPAD, 2000), p. 33
20
A minha sugestão é que se crie na Escola Dominical ou se forme um grupo de estudo sobre Cosmovisão Cristã
para estudos e leituras mais avançadas, desta forma intensificando o discipulado mais maduro.
21
O conceito de cosmovisão, ou visão de mundo surgiu entre os pensadores alemães com a palavra Weltanschauung.
O teólogo e historiador escocês James Orr foi um dos primeiros a lidar com o conceito na língua inglesa. No mesmo
período Abraham Kuyper, na Holanda, desenvolvia a mesma sistematização em seu país, e fundou uma
universidade, que foi instrumento para difundir o conceito entre os protestantes e, atualmente é um conceito bem
conhecido.
18
PARTE II
John R.W. Stott comenta que existe uma legítima diferença entre
evangelismo e discipulado, pois
no evangelismo proclamamos a loucura do Cristo crucificado, a
qual é a sabedoria de Deus. Decidimos não saber mais nada e,
mediante a insensatez dessa mensagem, Deus salva aqueles que
nele creem. No discipulado cristão, entretanto, ao levar pessoas à
maturidade, não deixamos a cruz para trás. Longe disso. Antes,
ensinamos a completa implicação da cruz, incluindo nossa
suprema glorificação.31
32
A.G. Simonton, Diário (Casa Editora Presbiteriana, 1982), p. 106.
33
A.A. Hoekema, A Bíblia e o Futuro (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 1989), p. 94.
25
umas com as outras, são pessoas que cuidam umas das outras. O
papel do discipulado é explicar o motivo desse cuidado e
comunhão. A transformação pessoal através de relacionamentos
ocorre quando o amor de Deus é manifestado através dos seus
filhos (Jo 17:20-23).
A Bíblia afirma que os cristãos sobrevivem e crescem nos
relacionamentos mútuos:
4. Amadurecimento espiritual
Esta divisão se refere principalmente a formação de líderes
que estarão discipulando no futuro. Mas haverá também,
multiplicação dos discípulos de Cristo, pessoas que serão
tratadas no seu caráter e transformadas para glória de Deus, a
fim de ocuparem outros lugares na Igreja de Jesus.
É comprovado por pesquisas35 que nos primeiros meses de
conversão o potencial evangelístico do cristão é muito mais
aguçado. Se os que estão no processo inicial de discipulado
35
Lawrence O. Richards, Teologia da Educação Cristã (São Paulo, Edições Vida Nova, 1969, 3ª ed.), p. 156.
27
2. Determinação e compromisso
Aquele que assume o ministério do discipulado deve estar
consciente da sua grande responsabilidade. Este compromisso
pode ser deleitoso, caso seja assumido totalmente, pois é uma
atividade de formação de vidas, o qual poderá ver na prática o
fruto do seu trabalho. Porém, deve ser lembrado que aqueles
discipulados serão pessoas que, veem para a igreja com feridas e
problemas, com conceitos errados e costumes que deverão ser
identificados através de um acompanhamento sincero.
O princípio da identificação precisa reger a relação entre
discipulador e discípulo. Caso o discipulador não se identifique
com o problema do discípulo, este não sentirá segurança em ser
pastoreado, comprometendo assim o objetivo do discipulado. O
discipulador deverá identificar-se com tais pessoas e seus
problemas, não deixando de confrontar o que está errado, tendo
discernimento e moderação para não tomar uma posição
legalista (Tt 2:11-15).
Se o discípulo desanimar isto não pode contagiar o
discipulador. Por isso, não falte aos compromissos e só
desmarque em casos que impossibilitem que você vá ao estudo.
5. Bom testemunho
O discipulador deve ser alguém conhecido por seu bom
testemunho. Por bom testemunho envolve muito mais do que ser
simplesmente um cristão de boa aparência. O testemunho não é
algo mero moralismo externo. É algo que nasce da preocupação
de ser fiel àquilo que é uma cosmovisão bíblica. É o engajamento
por uma mente consistentemente cristã e uma batalha para se
viver coerentemente todas as esferas da vida. Deve ser alguém
que tenha sede de Deus, a fim de aprender, orar e envolver-se na
prática da comunhão da igreja.
6. Saber ouvir
O discipulador é uma pessoa que sabe dar a oportunidade
para que outros falem. Ele se agrada em ver o desenvolvimento
de seus discípulos, e não inibe o crescimento do discípulo, por
causa de seu orgulho. Quem sabe ouvir, saberá que deve fazer o
discípulo pensar e não dar respostas prontas, como se fosse o
dono da verdade. Evite estes três erros:
1. Não ignore o que está sendo falado.
38
Conheça mais sobre o projeto da Escola Bíblica Dominical Formativa no texto disponível na minha página do site
www.academia.edu . É indispensável que o discipulador tenha bom conhecimento dos Padrões de Westminster e leia
literatura sobre Cosmovisão Cristã.
32
DISCIPULADO DE INICIANTES
1. Amigos interessados
É comum que amigos demonstrem interesse em conhecer a
igreja que você frequenta. Além de convidá-lo para uma visita a
um dos cultos ou à Escola Dominical é interessante oferecer-lhe
um estudo bíblico – e assim, iniciando um discipulado.
DISCIPULADO AVANÇADO
40
Lawrence O. Richards, Teologia do Ministério Pessoal (São Paulo, Edições Vida Nova, 1980), p.156.
38
1. Encontros semanais
Estes encontros devem ser num dia e hora que sejam
satisfatórios tanto para o discipulador como para o grupo de
discipulado. A lição anterior precisa estar fresca o suficiente
para fazer a ponte com a lição que será estudada. As lições são
sequenciais, se houver uma distância temporal muito grande,
pode acontecer que o discípulo não consiga fazer a ligação de um
assunto com o outro.
2. Local
Deve ser um local cômodo onde haja liberdade de
expressão. O discípulo não pode ser intimidado a expor as suas
conclusões. Se possível o encontro deve ocorrer na casa dele, na
segurança do seu lar, onde poderá desenvolver-se um maior
vínculo de intimidade entre o discípulo e o discipulador, e entre
os participantes do grupo.
Quando o discipulado acontecer apenas entre duas pessoas:
o discipulado e o aluno, ele deve ser num ambiente que não
ofereça risco de aparência do mal, ou facilite um envolvimento
pecaminoso.
39
3. Tamanho do grupo
Se o discipulado for realizado por várias pessoas
interessadas ao mesmo tempo, então, será melhor que seja
pequeno. Porém, caso tenha um número reduzido de líderes
discipuladores, é necessário que se mantenha numa média de 10
a 15 discípulos, apenas sugerindo pela convicção de que nunca
desenvolveremos um proveitoso relacionamento de ensino
acompanhado num grande grupo.
Recomenda-se quando possível que os discipuladores sejam
um casal. Caso não tenha disponibilidade de casais, também
poderá ser uma dupla de jovens, observando sempre o fator de
faixa etária, ou afinidade entre discipulador e discípulo. O fato de
serem duplas favorecerá a visita ou o discipulado a mulheres ou
famílias, evitando possíveis constrangimentos. Além do mais,
sempre haverá, um, observando o trabalho do outro, podendo
fazer críticas e dando ideias que possam melhorar este trabalho.
Além de aprimorar a visão do trabalho em equipe.
41
Adaptado de William Fay & Ralph Hodge, Testemunhe de Cristo sem medo (São Paulo, LifeWay Brasil, 2003), p.
30.
41
42
O organograma da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho encontra-se no anexo no fim desta apostila.
43
Conclusão
Apêndice 1
45
Benjamin B. Warfield, "God" in: Works of B.B. Warfield (Grand Rapids, Baker Books, 2003), vol. 9, p. 112.
49
56
Aqui me refiro entre os 66 livros conforme encontrados nas traduções adotadas pelos protestantes.
57
Catecismo da Igreja Católica, Parte I, cap. II, art. 3. iv, p. 43.
58
Herminsten M.P. da Costa, A Inspiração e Inerrância das Escrituras Uma Perspectiva Reformada (São Paulo, Ed.
Cultura Cristã, 1998), p. 70.
56
Gálatas Tiago
Lucas Efésios 1 Pedro
Filipenses 2 Pedro
João Colossenses 1 João
1 Tessalonicenses 2 João
Livro Histórico 2 Tessalonicenses 3 João
Atos dos Apóstolos 1 Timóteo Judas
2 Timóteo Livro Profético
Tito Apocalipse de João
Filemom
Apêndice 2
Princípios básicos para a interpretação da Bíblia
61
Citado em Bruce Bickel, ed., Sola Scriptura, p. 210.
58
5. Quanto à mensagem
1. O que o autor quis dizer para a sua época? A intenção do autor determina
o significado do texto.
2. Quem foram os leitores originais? Cada livro tem os seus destinatários.
3. Qual foi o resultado da mensagem naquela época?
4. O que este texto nos diz hoje? Todo texto contém princípios universais,
isto é, uma mensagem para todos os povos de todas as épocas.
Apêndice 3
60
A doutrina do Homem
1. É criado à imagem de Deus
2. É constituído corpo e alma
3. É ordenado formar uma família: homem e mulher
4. É decaído em pecado
5. É escravo do pecado e perdeu o seu livre-arbítrio
6. É imputado o seu pecado sobre toda a sua descendência
61
A doutrina da Salvação
1. É planejada na eternidade
2. É garantida pela graciosa e livre eleição de Deus
3. É fundamentada na obra expiatória de Cristo
4. É exercida na Aliança com o Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo
5. É aplicada em nós pelo Espírito Santo
6. É iniciada em nós na regeneração
7. É proclamada pelo chamado universal do evangelho
8. É evidenciada pela fé e arrependimento
9. É declarada na justificação
10. É familiarizada na adoção
11. É comprovada pela santificação
12. É continuada até o fim pela preservação na poderosa graça
13. É consumada na glorificação, após o juízo final
A doutrina da Igreja
1. É o glorioso corpo de Cristo
2. É composta de todos os eleitos de Deus
3. É visível pela confissão pública de fé em Cristo
4. É una, santa e universal
5. É pura pela fiel pregação da Palavra de Deus
6. É confirmada pura pelo correto exercício dos Sacramentos
7. É selado na Aliança pelo batismo o crente e a sua descendência
8. É na Ceia do Senhor celebrada a comunhão da presença espiritual de
Cristo
9. É purificada pela justa e amorosa aplicação da Disciplina
10. É testemunha da glória de Deus
11. É comunicadora do evangelho da salvação em Cristo Jesus
12. É educadora em treinar discípulos para servir inteligentemente
16. É um instrumento de influência para preservar e transformar a
sociedade
13. É serva num mundo corrompido pelo pecado
14. É adoradora do soberano Deus Trino
15. É governada pela pluralidade de presbíteros numa igreja local
16. É cooperadora em toda obra do Reino de Deus
Apêndice 4
Algumas sugestões para a prática da visitação62
Bibliografia