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DE ACORDO COM O EDITAL N° 01,

DE 25 DE NOVEMBRO DE 2020

PC-RN
POLÍCIA CIVIL DO RIO GRANDE DO NORTE

AGENTE POLICIAL
CONTEÚDO
Volume 1
- Língua Portuguesa
GRÁTIS
- Raciocínio Lógico Matemático CONTEÚDO ONLINE
- Noções de Informática
- Noções de Administração
Português -
Acentuação Gráfica e
Volume 2
- Noções de Contabilidade Ortografia
- Noções de Direito Constitucional Interpretação de Texto
- Noções de Direito Penal, Processual Penal
- Tipologia Textual e
e Legislação Extravagante
Tipos de Discurso
- Leis Penais e Processuais Penais Especiais
- Noções de Direito Administrativo Direito Penal
- Noções de Medicina Legal - Lesão Corporal

Informática
- Windows 10
Polícia Civil do Rio Grande do Norte

PC-RN
Agente de Polícia Civil Substituto

Volume I

NV-006NB-20-A

Cód.: 9088121444881
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
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Obra
Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte - PC-RN
Agente de Polícia Civil Substituto

EDITAL N° 01, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2020

Autores
Língua Portuguesa - Profª Monalisa Costa, Profª Ana Cátia Colares, Profª Giselli Neves,
Profª Gabriela Coelho e Profª Rebecca Soares
Raciocínio Lógico - Profº Bruno Chieregatti e Joao de Sá Brasil
Noções de Informática - Profº Ovidio Lopes da Cruz Netto
Noções de Administração - Profª Nágila Vilela
Noções de Contabilidade - Profª Tatiana Carvalho e Profª Danielle Guimarâes
Noções de Direito Constitucional - Profª Giovana Marques e Profº Eduardo Gigante
Noções de Direito Penal - Profª Karoline Romano e Profº Rodrigo Gonçalves
Noções de Direito Processual Penal - Profª Karoline Romano e Profº Eduardo Gigante
Leis Penais e Processuais Penais Especiais - Profª Karoline Romano e Profº Rodrigo Gonçalves
Noções de Direito Administrativo - Profº Fernando Paternostro Zantedeschi
Noções de Medicina Legal - Profº Ricardo Razaboni

Produção Editorial
Josiane Sarto
Roberth Kairo

Revisão de Conteúdo
Arthur de Carvalho
Carolina Gomes
Clarice Virgilio
Fernanda Silva
Maciel Rigoni

Análise de Conteúdo
Ana Beatriz Mamede
Ana Gabrielly de Souza
Karolaine Assis

Diagramação
Dayverson Ramon
Higor Moreira
Willian Lopes

Capa
Joel Ferreira dos Santos

Edição NOV/2020

www.novaconcursos.com.br

sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO

Este material foi elaborado de acordo com o edital para o concurso da Polícia Civil do Rio
Grande do Norte - Agente de Polícia Civil Substituto, publicado em novembro/2020.
A teoria está subdividida em temas do edital, acompanhada de questões comentadas e,
ao final de cada disciplina, a seção Hora de Praticar, com exercícios gabaritados da banca
organizadora do certame.
No sumário, você encontra o conteúdo didaticamente organizado em assuntos que facilitam
o seu aprendizado, otimizando seu tempo. Nosso propósito é ajudá-lo(a) a se planejar para
alcançar o tão desejado cargo público.
Você poderá intensificar ainda mais a sua preparação por meio de conteúdos suplementares
que disponibilizamos em nosso site. Basta seguir as orientações “Como Acessar meu Bônus”
disponível neste material.
Nosso time editorial e nossos professores fazem tudo pensando no seu sonho de ser
aprovado em um concurso público.
 
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SUMÁRIO

Língua Portuguesa............................................................................................................................................................................. 09
Elementos de Construção do Texto e seu Sentido....................................................................................................................... 09
Gênero do Texto ................................................................................................................................................................................... 09
Literário e não Literário ................................................................................................................................................................ 09
Narrativo............................................................................................................................................................................................. 10
Descritivo............................................................................................................................................................................................ 12
Argumentativo.................................................................................................................................................................................. 13
Interpretação e Organização Interna............................................................................................................................................. 13
Semântica.......................................................................................................................................................................................................... 18
Sentido e Emprego dos Vocábulos................................................................................................................................................ 18
Campos Semânticos............................................................................................................................................................................. 21
Emprego de Tempos e Modos dos Verbos em Português.................................................................................................... 32
Morfologia........................................................................................................................................................................................................ 32
Reconhecimento, Emprego e Sentido das Classes Gramaticais.......................................................................................... 32
Processos de Formação de Palavras.............................................................................................................................................. 56
Mecanismos de Flexão dos Nomes e Verbos............................................................................................................................. 60
Sintaxe................................................................................................................................................................................................................ 67
Frase, Oração, Período e Termos da Oração............................................................................................................................... 67
Processos de Coordenação e Subordinação.............................................................................................................................. 69
Concordância Nominal e Verbal...................................................................................................................................................... 71
Transitividade e Regência de Nomes e Verbos.......................................................................................................................... 71
Padrões Gerais de Colocação Pronominal no Português...................................................................................................... 78
Mecanismos de Coesão Textual....................................................................................................................................................... 79
Ortografia......................................................................................................................................................................................................... 87
Acentuação Gráfica...................................................................................................................................................................................... 91
Emprego do Sinal Indicativo de Crase................................................................................................................................................ 94
Pontuação......................................................................................................................................................................................................... 98
Reescrita de Frases....................................................................................................................................................................................... 101
Substituição e Deslocamento........................................................................................................................................................... 103
Paralelismo............................................................................................................................................................................................... 104
Variação Linguística.............................................................................................................................................................................. 105
Norma Culta...................................................................................................................................................................................... 105
SUMÁRIO

Raciocínio Lógico Matemático......................................................................................................................................... 111


Lógica.................................................................................................................................................................................................................. 111
Proposições............................................................................................................................................................................................. 111
Valores Verdadeiro/Falso.................................................................................................................................................................... 112
Conectivos “E” e “OU”.......................................................................................................................................................................... 112
Implicação................................................................................................................................................................................................ 113
Negação.................................................................................................................................................................................................... 113
Proposições Compostas..................................................................................................................................................................... 114
Proposições Equivalentes................................................................................................................................................................... 115
Tabelas-Verdade..................................................................................................................................................................................... 122
Números Racionais e suas Operações................................................................................................................................................ 131
Porcentagem e Proporcionalidade....................................................................................................................................................... 139
Conjuntos e Suas Operações................................................................................................................................................................... 147
Diagramas Lógicos....................................................................................................................................................................................... 151
Álgebra Básica................................................................................................................................................................................................ 154
Equações e Sistemas do Primeiro Grau........................................................................................................................................ 154
Medidas.............................................................................................................................................................................................................. 157
Comprimento.......................................................................................................................................................................................... 157
Massa......................................................................................................................................................................................................... 158
Área............................................................................................................................................................................................................. 159
Volume....................................................................................................................................................................................................... 160
Tempo........................................................................................................................................................................................................ 161
Geometria Básica............................................................................................................................................................................................. 162
Polígonos.................................................................................................................................................................................................. 162
Ângulos..................................................................................................................................................................................................... 175
Perímetro e Área.................................................................................................................................................................................... 178
Princípios Simples de Contagem........................................................................................................................................................... 181
Princípios Simples de Probabilidade................................................................................................................................................... 189
Problemas de Raciocínio Envolvendo Situações do Cotidiano.............................................................................................. 194

Noções de Informática................................................................................................................................................................. 203


Componentes de um Computador....................................................................................................................................................... 203
Processadores......................................................................................................................................................................................... 206
Memória.................................................................................................................................................................................................... 207
SUMÁRIO

Periféricos mais Comuns..................................................................................................................................................................... 209


Dispositivos de Armazenagem De Dados, Propriedades e Características.................................................................... 223
Arquivos Digitais: Documentos, Planilhas, Imagens, Sons e Vídeos.................................................................................. 225
Principais Padrões e Características............................................................................................................................................... 225
Arquivo PDF..................................................................................................................................................................................................... 226
Sistema Operacional Windows............................................................................................................................................................... 227
Conceitos Gerais, Principais Utilitários e Configurações........................................................................................................ 227
Produção e Edição de Documentos (Microsoft Office 2010 (ou posteriores) e Libre Office 4 (ou posteriores)... 256
Funções para Edição, Buscas, Formatação, Impressão e Manipulação de Arquivos................................................... 258
Controle de Alterações, Uso de Senhas para Proteção, Formatos para Gravação e Integração com Outros
Aplicativos no Ambiente Windows................................................................................................................................................ 289
Produção e Edição de Planilhas (Microsoft Office 2010 (ou posteriores) e Libre Office 4 (ou posteriores). 319
Funções para Edição, Buscas, Formatação, Impressão e Manipulação de Arquivos................................................... 322
Manipulação de Fórmulas, Funções e Gráficos e Importação e Exportação de Dados............................................. 325
Uso de Senhas para Proteção, Formatos para Gravação e Integração com Outros Aplicativos no Ambiente
Windows................................................................................................................................................................................................... 339
Internet............................................................................................................................................................................................................... 370
Conceitos Gerais e Funcionamento................................................................................................................................................ 370
Endereçamento de Recursos............................................................................................................................................................. 370
Navegação Segura................................................................................................................................................................................ 371
Cuidados, Ameaças, Uso De Senhas e Criptografia........................................................................................................... 371
Tokens e Outros Dispositivos de Segurança............................................................................................................................... 383
Transferência de Arquivos e Dados................................................................................................................................................ 385
Upload e Download........................................................................................................................................................................ 387
Banda e Velocidades de Transmissão...................................................................................................................................... 387
Navegadores (Browsers) e Suas Principais Funções................................................................................................................... 388
Google Chrome...................................................................................................................................................................................... 388
Firefox........................................................................................................................................................................................................ 391
Internet Explorer.................................................................................................................................................................................... 395
Buscas, Salva de Páginas, Cache e Configurações.............................................................................................................. 395
E-Mail.................................................................................................................................................................................................................. 401
Utilização e Configurações Usuais.................................................................................................................................................. 401
Noções de Administração........................................................................................................................................................ 415
Aspectos Gerais da Administração....................................................................................................................................................... 415
Papéis e Habilidades do Administrador............................................................................................................................................ 416
Funções Administrativas............................................................................................................................................................................ 418
Planejamento.......................................................................................................................................................................................... 418
Organização............................................................................................................................................................................................. 421
Direção....................................................................................................................................................................................................... 421
Controle.................................................................................................................................................................................................... 422
Organização..................................................................................................................................................................................................... 424
Princípios de Organização................................................................................................................................................................. 424
Tipos de Estrutura Organizacional.................................................................................................................................................. 424
Centralização e Descentralização.................................................................................................................................................... 427
Tipos de Departamentalização......................................................................................................................................................... 428
Controle.............................................................................................................................................................................................................. 429
Tipos de Controle.................................................................................................................................................................................. 429
Controle Por Nível Organizacional................................................................................................................................................. 429
Ferramentas de Controle.................................................................................................................................................................... 430
Comportamento Organizacional........................................................................................................................................................... 430
Motivação................................................................................................................................................................................................. 431
Comprometimento Organizacional................................................................................................................................................ 436
Comunicação ......................................................................................................................................................................................... 436
Liderança................................................................................................................................................................................................... 440
LÍNGUA PORTUGUESA

ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO DO TEXTO E SEU SENTIDO

GÊNERO DO TEXTO

Conhecendo os Tipos Textuais

Tipos ou sequências textuais são unidades que estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVALCANTE, 2013),
“são unidades estruturais, relativamente autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais marcam uma forma de
se expressar que está estruturada semanticamente, por meio de estratégias enunciativas, que marcam a organização
retórica do texto, por isso, podemos identificar os tipos textuais mediante os recursos linguísticos que cada tipologia
resguarda.
Justamente por ter esse caráter mais formal, os tipos textuais sofrem poucas alterações linguísticas e são, predomi-
nantemente, marcados por estratégias linguísticas comuns. Diferenciando-se dos gêneros textuais que, como veremos
em breve, sofrem modificações em sua estrutura, conforme o espaço cultural e social dos falantes, sendo, portanto,
estruturas “relativamente estáveis” (BAKHTIN, 2003).
A fim de conceituar melhor os tipos textuais, inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos essa figura que
demonstra como podemos identificar os tipos textuais e suas principais características, tendo em vista que, cada se-
quência textual apresenta características próprias que, conforme mencionamos, pouco ou nada sofrem em alterações,
mantendo uma estrutura linguística quase rígida que nos permite classificar os tipos textuais em 5 categorias (Narra-
tivo; Descritivo; Expositivo; Instrucional; Argumentativo).

GÊNERO TEXTUAL

FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO

A partir dessa imagem, podemos identificar que a orientação gramatical mantida pelas frases apresenta marcas
linguísticas, assinalando o tipo textual predominante que o texto deve manter, organizado pelas marcas do gênero
textual a qual o texto pertence.

#FicaDica
Tipo Textual
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresentadas no texto. Também é chamado de sequência
textual.

Gênero Textual
Classifica-se conforme a função do texto, atribuída socialmente.

Uma última informação muito importante sobre tipos textuais que devemos considerar é que nenhum texto é com-
posto apenas por um tipo textual, o que ocorre é a existência de predominância de algumas sequências em detrimento
LÍNGUA PORTUGUESA

de outras, de acordo com o texto. Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a diferenciar cada classe de tipos
textuais, reconhecendo suas principais características e marcas linguísticas.

Literário e não Literário

Os textos literários são textos líricos, poéticos e subjetivos, cuja função relaciona-se ao entretenimento. Já os não-li-
terários transmitem informações e não possuem os mesmos elementos artísticos e literários. A diferença fundamental
entre eles consiste no objetivo, na função e na estrutura. Veja a seguir:

9
Texto literário Texto não-literário
Textos narrativos e/ou poéticos que pos-
O que é? suem elementos artísticos e tendem a cau-
sar emoção. São textos informativos e objetivos.
Estética. Destinados ao entretenimento, à Utilitária. Informam, convencem, explicam,
Função arte e à ficção. comunicam.
Linguagem Subjetiva e conotativa. Objetiva e denotativa.
Utiliza elementos artísticos, como a musica-
Características lidade, figuras de linguagem, multissignifi-
cação e liberdade na criação. Linguagem objetiva e clara.
Normas grama-
ticais Costuma subverter a gramática normativa. Adora a gramática normativa.
Elemento de
composição Fictícios, baseados na imaginação do artista. Utiliza fatos e informações.
A interpretação e o entendimento de um Para se compreender um texto não-literário
Análise texto literário incluem a busca de metáforas busca-se as referências em fatos, conheci-
e simbolismos. mentos gerais e o entendimento de dados.
Diários pessoais, notícias, receitas, jornais e
Exemplos Poesias, novelas, histórias e dramas. artigos.

Tabela adaptada de: <https://cutt.ly/0hdCse1>.

• Textos literários:

Construídos por meio da imaginação do escritor/artista e, portanto, são subjetivos. Buscam entreter o leitor e esse
tipo de texto está intimamente relacionado com a arte. Não tem compromisso com a objetividade e com a transpa-
rência das ideias.
Possui aspectos estéticos e não somente linguísticos, sua interpretação e significação variam de acordo com a sub-
jetividade do leitor. É comum o uso de figuras de linguagem, assim como a subversão à gramática normativa. Exem-
plos: Novelas, Contos, Fábulas, Dramas, Poemas.

• Textos não-literários:

Compostos por informações e fatos que apresentam um ponto. A escrita é feita de forma objetiva e a linguagem
é formal. A informação em textos não-literários visa a compreensão da mensagem, portanto são escritos com clareza
para que não se tenha dificuldades de compreensão. Exemplos: Documentos, livros didáticos, manuais de instru-
ções, receitas, informativos, notícias.

Narrativo

Os textos compostos predominantemente por sequências narrativas cumprem o objetivo de contar uma história,
narrar um fato, por isso precisam manter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão de algumas estratégias,
como a organização dos fatos a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão de um momento de tensão, cha-
mado de clímax, e um desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrativo pode ser caracterizado por sete aspectos, são eles:

i) Situação inicial - envolve a “quebra” de um equilíbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
ii) Complicação – desenvolvimento da tensão apresentada inicialmente;
iii) Ações (para o clímax) – Acontecimentos que ampliam a tensão;
iv) Resolução - Momento de solução da tensão;
LÍNGUA PORTUGUESA

v) Situação final – Retorno da situação equilibrada;


vi) Avaliação – Apresentação de uma “opinião” sobre a resolução;
vii) Moral – Apresentação de valores morais que a história possa ter apresentado.

Esses sete passos podem ser encontrados no seguinte exemplo, a canção Era um garoto que como eu...
Vamos ler e identificar essas características, bem como aprender a identificar outros pontos do tipo textual narrativo

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Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones i) Situação inicial: predomínio de equilíbrio;
Girava o mundo sempre a cantar
As coisas lindas da América
Não era belo, mas mesmo assim
Havia uma garota afim
Cantava help and Ticket to Ride
Oh Lady Jane, Yesterday
Cantava viva à liberdade ii) Complicação: início da tensão
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou
Fora chamado na América
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã iii) Clímax;
Lutar com vietcongs
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones iv) Resolução;
Girava o mundo, mas acabou
Fazendo a guerra no Vietnã
Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
Um instrumento que sempre dá v) Situação final;
A mesma nota, vi) Avaliação;
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas
Só gente morta caindo ao chão
Ao seu país não voltará
Pois está morto no Vietnã
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs vii) Moral.
Stop! Com Beatles songs
No peito, um coração não há
Mas duas medalhas sim
Fonte: google.com/letrasdemusica. Acessado em: 05/09/2020.

Essas sete marcas que definem o tipo textual narrativo podem ser resumidas em marcas de organização linguística
que são caracterizadas por: Presença de marcadores temporais e espaciais; verbos, predominantemente, utilizados
no passado; presença de narrador e personagens.

FIQUE ATENTO!
Os gêneros textuais que são, predominantemente, narrativos apresentam outras tipologias textuais em sua
composição, tendo em vista que nenhum texto é composto exclusivamente por uma sequência textual.
Por isso, devemos sempre identificar as marcas linguísticas que são predominantes em um texto, a fim de
classificá-lo.
O que são marcadores temporais e espaciais?
São formas linguísticas que são advérbios, pronomes, locuções, etc. utilizados para demarcar um espaço
físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos, esses elementos são essenciais para marcar o
equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais
e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento, aqui, ali, então...

Um outro indicador do texto narrativo é a presença do narrador da história. Por isso, é importante aprendermos a
identificar os principais tipos de narrador de um texto:
LÍNGUA PORTUGUESA

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NARRADOR: também conhecido como foco
narrativo é o responsável por contar os fatos que
compõem o texto.

NARRADOR ONISCIENTE:
Os fatos podem ser contados
NARRADOR OBSERVADOR:
em 3ª ou 1ª pessoa verbal.
NARRADOR PERSONAGEM: Verbos flexionados em 3ª
O narrador conhece os fatos
Verbos flexionados em 1ª pessoa. O narrador tem
e não participa das ações,
pessoa. O narrador participa dos propriedade dos fatos
porém o fluxo de consciência
fatos. contados, porém não
do narrador pode ser
participa das ações.
exposto, levando o texto para
a 1ª pessoa.

Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas predominantemente narrativas, são eles: notícia, diário, conto,
fábula, entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros serem essencialmente narrativos, não significa
que não possam apresentar outras sequências em sua composição. Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
classificação correta, é sempre essencial prestar atenção nas marcas que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as marcas mais
importantes da sequência textual classificada como descritiva.

Descritivo

O tipo textual descritivo é marcado pelas formas nominais que dominam o texto. Os gêneros que utilizam esse tipo
textual, geralmente, utilizam a sequência descritiva como suporte para um propósito maior, como a manutenção de um
diálogo ou a descrição de uma cena de crime, por exemplo, no caso da narração de uma notícia jornalística.
Conforme Cavalcante (2013, p. 70-71), o tipo textual descritivo: “centra-se na caracterização de objetos ou pessoas,
de modo subjetivo ou objetivo, tendo como peculiaridade a ausência de ações”. A autora divide o processo de identi-
ficação das características do texto descritivo em quatro etapas:

CARACTERÍSTICAS DO TIPO TEXTUAL DESCRITIVO


Tema inspirador da descrição, o que será descri-
Ancoragem to no texto. Delimitado por locuções ou sintag-
mas nominais.
Enumeração das principais relações sobre o tema
Aspectualização
que será abordado.
Associação com outras estruturas, uso de metá-
Relacionamento
foras e comparações.
Menção ao tema que inspirou a descrição, vol-
Reformulação
tando-se para o título do texto.
Fonte: Autoras, 2020 (inspirado em Cavalcante, 2013, p.71).

São exemplos de textos cujo tipo textual predominante é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio, clas-
sificados, lista de compras etc. É importante lembrar que muitos gêneros podem apresentar certa confusão quando
buscamos classificar sua tipologia adequada, por isso, alguns autores classificam a notícia como gênero predominan-
temente narrativo e outros como predominantemente descritivo. O fato é que a notícia apresenta marcas linguísticas
que demarcam as duas tipologias textuais e uma classificação mais precisa depende do texto em análise.
Marcas linguísticas do texto descritivo:

• Presença de muitos adjetivos, locuções, substantivos que buscam levar o leitor a imaginar o objeto ou pessoa
descrita;
• Presença de poucos verbos e, quando usados, dá-se preferência pelos verbos de estado, como: ficar, permanecer,
estar;
LÍNGUA PORTUGUESA

• Presença de figuras de linguagem, como a metáfora e a sinestesia, para aplicar uma comparação entre elementos
físicos e sensoriais.

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Organização do texto descritivo: OPERADORES ARGUMENTATIVOS
É incontestável que...
Tal atitude é louvável, repudiável, notável...
É mister, é fundamental, é essencial...

Essas estruturas utilizadas adequadamente no texto


argumentativo expõem a opinião do autor, ajudando na
defesa de seu ponto de vista e construindo a estrutura
argumentativa desse tipo textual.

FIQUE ATENTO!
O tipo textual argumentativo não pode ser
confundido com o gênero textual disser-
tativo-argumentativo. Esse gênero é com-
posto por sequências argumentativas, mas
também há a apresentação, dissertação de
ideias, a fim de alcançar a persuasão do ou-
vinte/leitor. O Exame Nacional do Ensino
Médio – ENEM é um certame que cobra esse
gênero em sua prova de redação.
Argumentativo

O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais


complexo e, por vezes, pode apresentar um maior grau
INTERPRETAÇÃO E ORGANIZAÇÃO INTERNA
de dificuldade na identificação, bem como em sua análi-
se. O texto argumentativo tem por objetivo a defesa de
Interpretação
um ponto de vista, portanto, envolve a defesa de uma
tese e a apresentação de argumentos que visam susten-
A interpretação e a compreensão textual são aspec-
tar essa tese.
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida-
Conforme Cavalcante (2013), os textos tipicamente
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos
argumentativos apresentam as seguintes etapas:
públicos. Assunto que abrange questões específicas e de
conteúdo geral nas provas, conhecer e dominar estraté-
Apresentação das ideias inicias sobre o as- gias que facilitem a apreensão desse assunto pode ser o
sunto a ser debatido, contextualizando e
Tese grande diferencial entre o quase e a aprovação. Além dis-
apresentando os argumentos a serem de-
so, seja a compreensão ou a interpretação textual, ambas
senvolvidos.
guardam uma relação de proximidade com um assun-
Apresentação de dados que orientem o pon-
Argumentos to nem sempre explorado pelos cursos de português: a
to de vista defendido.
Ratificação dos argumentos e do ponto de semântica, que incide suas relações de estudo sobre as
Conclusão relações de sentido que a forma linguística pode assumir.
vista, consolidação da tese.
Fonte: Cavalcante, 2013, p.67 – Adaptado. Portanto, neste material você encontrará recursos
para solidificar seus conhecimentos em interpretação e
A autora acrescenta, ainda, um outro passo que com- compreensão textual, associando a essas temáticas as
põe a retórica dos textos argumentativos: a contra argu- relações semânticas que permeiam o sentido de todo
mentação, porém julgamos que nem sempre esse passo amontoado de palavras, tendo em vista que, qualquer
está presente nos textos dissertativos mais prototípicos. aglomeração textual é, atualmente, considerada texto e,
Esse mecanismo se caracteriza por apresentar informa- dessa forma, deve ter um sentido que precisa ser reco-
ções que se opõem à argumentação central. nhecido por quem o lê.
É importante não esquecer que os textos argumenta- Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma
tivos são também compostos por estruturas linguísticas breve diferença entre os termos compreensão e inter-
conhecidas como operadores argumentativos, que orga- pretação textual.
nizam as orações subordinadas, estruturas mais comuns Para muitos, essas palavras expressam o mesmo sen-
LÍNGUA PORTUGUESA

nesse tipo textual. tido, mas, como pretendemos deixar claro neste material,
A seguir apresentamos um quadro sintético com al- ainda que existam relações de sinonímia entre palavras
gumas estruturas linguísticas que funcionam como ope- do nosso vocabulário, a opção do autor por um termo
radores argumentativos e que facilitam a escrita e a lei- ao invés de outro reflete um sentido que deve ser inter-
tura de textos argumentativos: pretado no texto, uma vez que a interpretação realiza
ligações com o texto a partir das ideias que o leitor pode
concluir com a leitura.

13
Já a compreensão busca a análise de algo exposto que a ideia de um trecho ou parágrafo pode se relacionar
no texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou com a outra. Observe abaixo alguns dos principais tipos
uma expressão, e apresenta mais relações semânticas e de relações e como identificá-las a partir de conectivos
sintáticas. A compreensão textual estipula aspectos lin- como conjunções, advérbios e pronomes.
guísticos essencialmente relacionados à significação das
palavras e, por isso, envolve uma forte ligação com a se- a) adição ou continuação: ocorre quando o texto
mântica. apenas acrescenta mais informação às ideias já
Sabendo disso, é importante separarmos os conteú- presentes; usa-se os conectivos: e, não apenas, não
dos que tenham mais apelo interpretativo ou compreen- só, também, além disso, ademais, entre outros. Ex:
sivo. Neste material, você encontrará um forte conteúdo “Não apenas no Brasil, mas em todo o mundo a
que relaciona semântica e interpretação, contendo ques- violência contra a mulher é um grande problema.”
tões sobre os assuntos: inferência; figuras de linguagem; b) oposição: ocorre quando uma ideia se opõe à ou-
vícios de linguagem; e intertextualidade. No que se re- tra apresentada inicialmente, trazendo um contra-
fere aos estudos que focam na compreensão e semân- ponto para o que já foi estabelecido durante a lei-
tica, os principais tópicos são: semântica dos sentidos e tura; usa-se os conectivos: mas, porém, entretanto,
suas relações; coerência e coesão; gêneros textuais (mais no entanto, todavia, embora, entre outros. “Não
abordados em provas de concursos); tipos textuais e, ain- há, porém, medidas preventivas contra o abuso.”
da, as variações linguísticas e suas consequências para o c) causa: explicita o motivo de um acontecimento, a
sentido. razão para que se chegue à determinada ideia ou
Todos esses assuntos completam o estudo basilar de fato, está intrinsecamente ligado à consequência;
semântica com foco em provas e concursos, sempre de usa-se os conectivos: em razão de, em virtude de,
olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a es- devido a, já que, entre outros. “Devido ao medo de
tudar com afinco e dedicação, sem esquecer de praticar sofrer ainda mais nas mãos de seus maridos, mui-
seus conhecimentos realizando os exercícios de cada tó- tas mulheres deixam de denunciar os frequentes
pico, bem como, a seleção de exercícios finais, selecio- abusos sofridos.”
nados especialmente para que este material cumpra o d) consequência: refere-se ao resultado ou à conse-
propósito de alcançar sua aprovação. quência de uma ação, fato ou ideia, está intrinse-
camente ligado à relação de causa; usa-se os co-
ORGANIZAÇÃO INTERNA nectivos: tanto... que, de modo que, por isso, de tal
forma que, entre outros. Ex: “Há tanto sofrimento
Coesão Textual e Conectores a Identificação das psicológico envolvido no meio familiar que os pró-
Ideias no Texto, sua Hierarquia e a Relação entre elas prios filhos desenvolvem traumas.”
e) restrição: ocorre quando um conectivo indica
O norte da construção textual está fundamentado na que há uma limitação presente na ideia exposta,
organização das informações. Todo texto deve conter algo que restringe o fato a um só grupo de ideias;
uma introdução ao assunto, um desenvolvimento das usa-se conectivos: somente, apenas, só, exclusiva-
ideias em questão e uma conclusão do tema tratado. Em mente, unicamente. Ex: “Apenas no estado de São
meio à esta construção, o autor pode desenvolver uma Paulo, mais de mil casos foram registrados...”
ou mais ideias, podendo elas serem primárias ou secun- f) exemplificação: quando se pretende esclarecer
dárias dependendo da intenção de quem escreve. Du- um assunto por meio de exemplos; usa-se os co-
rante a leitura, o leitor deve ser capaz de identificar estes nectivos: por exemplo, como, ou seja, a saber, en-
pontos e a relação entre eles. tre outros. Ex: “A existência de órgãos de proteção
Suponha que o tema do texto em questão seja “a re- à mulher, como a Delegacia de Defesa da Mulher,
corrência de abusos sexuais no âmbito familiar no país”, é um grande avanço para a proteção das vítimas.”
diante desta temática tão ampla é possível que o autor
explore diversos vieses durante a construção de seu tex-
to, no entanto, para que ele seja objetivo e ainda assim #FicaDica
completo, faz-se necessário escolher quais são as princi-
Existem diversos outros tipos de conectivos
pais ideias que se pretende explorar. Considere que para
que podem indicar a relação entre um pa-
desenvolver o texto, o autor escolha “índices e dados
rágrafo e outro no texto, faz-se necessário
sobre a violência sexual no âmbito familiar” como ideia
primária a ser explorada no texto, e “o papel do governo apenas identificar os conectivos como di-
em casos de abuso” como ideia secundária a expor. cas das relações que o autor pretende es-
É a partir de uma boa construção textual, hierarqui- tabelecer e conhecer os diversos tipos de
zando e elencando os fatos a serem descritos de ma- elementos da coesão textual que podem
LÍNGUA PORTUGUESA

neira lógica, que o leitor será capaz não apenas de rea- estar presentes no momento da leitura.
lizar uma leitura rápida, mas identificar a ideia primária
e secundária do texto e entender de que maneira elas
se relacionam entre si. Todos os parágrafos de um texto
devem conversar entre si. Os assuntos devem dialogar e
construir uma relação coesa e coerente com o assunto.
Diante deste fato, existem diferentes tipos de relações

14
Vocabulário
Agremia: do verbo agremiar; juntar num mesmo grupo.
EXERCÍCIO COMENTADO Canteiros: pedreiros responsáveis pelas construções com
pedra.
1. (IBFC – 2018) Frontarias: fachada principal; frente.
Melopeia: melodia; canção melodiosa.
A Rua Silfos: seres mágicos do ar presente em mitologias europeias.
(Fragmento) Proteiforme: que muda de forma frequentemente.
Potentados: majestades; maiorais; pessoas de grande poder.
EU AMO A RUA. Esse sentimento de natureza toda
íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, Considere o trecho abaixo para responder à questão:
e razões não tivesse para julgar, que este amor assim
absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. “tão modesta, tão lavada, tão risonha, que parece papa-
Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; guear com o céu e com os anjos...” (3º§)
nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque so-
framos, com a dor e os desprazeres[...], mas porque nos A conjunção destacada na passagem relaciona ideias e
une, nivela e agremia o amor da rua. possui valor semântico de:
(...) a rua é um fator da vida das cidades, a rua tem
alma! (...) a rua é a agasalhadora da miséria. Os desgra- a) causa.
çados não se sentem de todo sem o auxílio dos deuses b) consequência.
enquanto diante dos seus olhos uma rua abre para outra c) conformidade.
rua (...). d) finalidade.
A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo.
Há suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada Resposta: Letra B.
casa que se ergue é feita do esforço exaustivo de mui- Em orações subordinadas adverbiais consecutivas po-
tos seres, e haveis de ter visto pedreiros e canteiros, ao demos observar a presença de um fato como  con-
erguer as pedras para as frontarias, cantarem, cobertos sequência, como efeito do que está expressado na
de suor, uma melopeia tão triste que pelo ar parece um oração principal. Isto pode ser observado a partir
arquejante soluço. A rua sente nos nervos essa miséria da das conjunções e locuções: que, de forma que, tanto
criação, e por isso é a mais igualitária, a mais socialista, a que, etc., e pelas estruturas tão... que, tanto... que, en-
mais niveladora das obras humanas. (...) A rua é a eterna tre outras.
imagem da ingenuidade. Comete crimes, desvaria à noi-
te, treme com a febre dos delírios, para ela como para DÚVIDAS COMUNS DA LÍNGUA PORTUGUESA
as crianças a aurora é sempre formosa, para ela não há
o despertar triste, e quando o sol desponta e ela abre os O mal uso da norma culta pode comprometer qual-
quer pessoa, especialmente em uma prova. Nesse capí-
olhos esquecida das próprias ações, é (...) tão modesta,
tulo, estudaremos alguns termos que são semelhantes
tão lavada, tão risonha, que parece papaguear com o céu
na escrita, mas que possuem um sentido bem diferente.
e com os anjos...
O objetivo aqui é que você compreenda a utilização des-
A rua faz as celebridades e as revoltas, a rua criou um
sas expressões para facilitar a sua relação com a escrita.
tipo universal, tipo que vive em cada aspecto urbano, em
Veja a seguir uma lista de exemplos que poderão ajudar
cada detalhe, em cada praça, tipo diabólico que tem, dos
em seus estudos:
gnomos e dos silfos das florestas, tipo proteiforme, feito
de risos e de lágrimas, de patifarias e de crimes irrespon-
“DEMAIS” E “DE MAIS”
sáveis, de abandono e de inédita filosofia, tipo esquisito
e ambíguo com saltos de felino e risos de navalha, o pro- “De mais” é considerada uma locução adjetiva que
dígio de uma criança mais sabida e cética que os velhos acompanha substantivos; oposto de “de menos”.
de setenta invernos, mas cuja ingenuidade é perpétua, Ex.: Problemas de mais, dinheiro de menos.
voz que dá o apelido fatal aos potentados e nunca teve “Demais”, por sua vez, pode ser utilizada como advér-
preocupações, criatura que pede como se fosse natural bio, indicando excesso, ou também como pronome inde-
pedir, aclama sem interesse, e pode rir, francamente, de- finido, podendo funcionar ou não como sujeito da frase.
pois de ter conhecido todos os males da cidade, poeira Ex.: O garoto perdeu a hora e gritou demais. – Advér-
d’oiro que se faz lama e torna a ser poeira – a rua criou bio/excesso;
o garoto! Era fã do cantor. Achava-o lindo demais. – Advérbio/
LÍNGUA PORTUGUESA

RIO, João do. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Compa-
excesso;
nhia das Letras, 1997, pp. 28–31.
Apenas cem candidatos compareceram, os demais
perderam a chance. – pronome indefinido;
A verba deu apenas para o material de sala de aula, as
demais necessidades se mantiveram. – Pronome indefinido.

15
“ACERCA DE”, “A CERCA DE” E “HÁ CERCA DE” “HÁ” E “A” (EXPRESSÃO DE TEMPO)

Acerca de: locução prepositiva, equivalente a “sobre”, Há: vem do verbo “haver”; seus significados mais co-
“a respeito de”. muns são “existir” e “fazer” (no sentido de tempo).
Ex.: Estávamos conversando acerca de educação. Ex.: Há muitos livros neste quarto (existir/ter);
Eles falavam acerca de política. Há muitos anos que não a vejo (fazem).
A cerca de: indica aproximação. A: é um artigo definido feminino singular; pode ser tam-
Ex.: Minha família mora a cerca de 2 Km daqui. bém utilizada como preposição, dando sentido ao verbo.
Há cerca de: indica tempo decorrido. Ex.: Estivemos em consulta com a especialista (artigo);
Ex.: Compraram aquela casa há cerca de três anos. Eu disse a ela que já voltaria (preposição).
Não nos falamos há cerca de dois meses.
“MAU” E “MAL”
“SEÇÃO”, “SESSÃO” E “CESSÃO”
Mal: é considerado um advérbio de modo, antônimo
Seção: indica repartição, separação. de “bem”; pode significar “incorretamente”, “erradamente”.
Ex.: A loja possui mais de uma seção: masculina, femi- Ex.: Ele se alimentava muito mal.
nina e infantil. Mau: sempre utilizado como adjetivo, antônimo de
Sessão: traz sentido de reunião. “bom”, e pode significar “ruim”, “imperfeito”.
Ex.: Hoje vamos assistir ao filme na sessão das 15h. Ex.: Aquele homem é um sujeito mau.
Cessão: sentido de ceder, doar.
Ex.: Andressa fez uma cessão de suas roupas ao orfanato. “TRÁS”, “ATRÁS” E “TRAZ”

“IR AO ENCONTRO DE” E “IR DE ENCONTRO A” Atrás: é um advérbio de lugar.


Ex.: O livro está atrás da cabeceira da cama.
Ir ao encontro de: significa ir no sentido de algo ou Ele ficou atrás da coluna para se esconder.
Trás: é o mesmo que “na parte superior” ou “na parte
alguém, “em direção à”.
anterior” e sempre uma preposição o precede.
Ex.: Vamos ao encontro de nossa turma.
Ex.: Você esteve por trás de toda essa graça.
Ir de encontro a: significa estar em desacordo com,
Se não apertar o passo, vai ficar para trás.
“em oposição à”.
Ex.: A decisão tomada foi de encontro à necessidade Traz: é o verbo “trazer”, conjugado na terceira pessoa
do povo (a decisão foi oposta). do singular.
Ex.: Ele sempre me traz chocolate aos domingos.
“EM PRINCÍPIO” E “A PRINCÍPIO” Este autor traz uma imagem negativa.

A princípio: tem o mesmo significado de no começo, “EM VEZ DE” E “AO INVÉS DE”
inicialmente, primeiramente, de entrada, etc.
Ex.: A princípio, era secretária. Alguns anos depois, Em vez de: deve ser utilizado quando desejar expres-
tornou-se gerente. sar algo como “no lugar de” ou “em lugar de”.
A princípio era apenas uma gripe, mas posteriormen- Ex.: Em vez de ficar me enrolando, diga logo o que
te diagnosticaram-na com um problema grave. aconteceu!
Em princípio: significa em teoria, em tese, em termos, etc. Em vez de colocar açúcar, use o leite condensado.
Ex.: Em princípio, foi promovida por merecimento. Ao invés de: deve ser utilizado quando quiser ex-
Em princípio, faleceu por um grave problema de saúde. pressar “inverso”, “ao contrário de”.
Ex.: Cuide da sua vida, ao invés de cuidar da minha!
“SENÃO” E “SE NÃO”

Senão: usado para expressar as mesmas ideias que: EXERCÍCIOS COMENTADOS


a) Do contrário: Estude muito, senão será reprovado. 1. (CESPE/CEBRASPE – 2020)
b) Mas sim: Não era ouro, senão uma falsificação.
c) A não ser/exceto: Ninguém, senão você mesmo, Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, ar-
pode te fazer feliz. fava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofe-
d) Mas também: O aprendizado não depende apenas gante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava
LÍNGUA PORTUGUESA

do professor, senão do aluno. outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um
momento. E então parecia tão livre.
Se não: é utilizado como uma conjunção negativa, Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um
digamos assim. Possui significado de “caso não”, “quando galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fa-
não”. zia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não
Ex.: Iremos à praia se não chover. se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria
contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua úni-

16
ca vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo A vírgula empregada na linha 23 separa orações coorde-
uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se nadas cujos sujeitos são distintos.
fora a mesma.
Clarice Lispector. Uma galinha. In: Laços de família: contos. Rio (  ) CERTO   (  ) ERRADO
de Janeiro: Rocco, 1998.
Resposta: Certo.
Considerando as ideias, os sentidos e os aspectos linguís-
Na primeira oração “um terço das crianças morriam”,
ticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
o sujeito é “um terço”; na segunda oração “expectati-
No trecho “pairava ofegante num beiral de telhado” (l. 2
va de vida média era bem baixa”, o sujeito é “expec-
e 3), o verbo pairar está empregado com o mesmo sen-
tativa”. Sendo assim, duas orações coordenadas com
tido de ameaçar.
sujeitos distintos, separadas por vírgula.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
3. (CESPE/CEBRASPE – 2019)
Resposta: Errado.
No trecho “pairava ofegante num beiral de telhado”, 1 Catar feijão se limita com escrever:
“pairava” tem significado de “planava”, “flutuava”. joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
2. (CESPE/CEBRASPE – 2019) 4 e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
Texto 9A2-I água congelada, por chumbo seu verbo:
7 pois para catar esse feijão, soprar nele,
1 Em tempos pré-modernos, os humanos e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
experimentaram uma espantosa variedade de modelos 10 Ora, nesse catar feijão entra um risco:
econômicos. Boiardos russos, marajás indianos, mandarins o de que entre os grãos pesados entre
4 chineses e caciques de tribos ameríndias tinham ideias muito um grão qualquer, pedra ou indigesto,
diferentes sobre dinheiro, comércio, impostos e emprego. Hoje 13 um grão imastigável, de quebrar dente.
em dia, em contraste, quase todo mundo acredita em pequenas Certo não, quando ao catar palavras:
7 variações sobre o mesmo tema capitalista, e somos a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
engrenagens de uma única linha de produção global. Se os 16 obstrui a leitura fluviante, flutual,
ministros da Fazenda de Israel e do Irã se encontrassem num açula a atenção, isca-a como o risco.
10 almoço, eles teriam uma linguagem econômica comum e
João Cabral de Melo Neto. A educação pela pedra.
poderiam facilmente compartilhar agruras.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
Porém a homogeneidade contemporânea é mais
13 evidente quando se trata de nossa maneira de ver o nosso
Considerando as propriedades linguísticas e os sentidos
corpo. Se você ficasse doente mil anos atrás, importaria muito
do poema precedente, julgue o próximo item.
o lugar onde vivesse. Médicos europeus ou chineses, xamãs
No verso 13, o termo “imastigável” funciona como com-
16 siberianos, médicos feiticeiros africanos, curandeiros
plemento nominal de “grão”.
ameríndios — todo império, reino e tribo tinha suas próprias
tradições e seus especialistas, cada um adotando uma visão (  ) CERTO   (  ) ERRADO
19 diferente do corpo humano e da natureza da doença, cada um
oferecendo seu próprio manancial de rituais, preparados e Resposta: Errado.
curas. A única coisa que unia todas essas práticas médicas era O termo “imastigável” funciona, neste caso, como
22 que, em toda parte, no mínimo um terço das crianças morriam adjunto adnominal, pois se trata de um adjetivo que
antes de se tornarem adultas, e a expectativa de vida média era qualifica o “grão”, e não de um complemento.
bem abaixo de cinquenta anos de idade. Hoje, se você adoecer,
25 faz muito menos diferença o lugar onde vive. Em Toronto, 4. (CESPE/CEBRASPE – 2019)
Tóquio, Teerã ou Tel Aviv, será levado a hospitais parecidos,
onde médicos com aventais brancos seguirão protocolos 1 De tanto pegadio com o neto, até nos menores
28 idênticos e farão exames idênticos para chegar a diagnósticos quefazeres fora de hora meu avô me queria com a cara metida
muito semelhantes. Ao que tudo indica, todos acreditam que o nas coisas que as suas mãos manejavam. Era o seu jeito mais
corpo é formado por células, que doenças são causadas por 4 congruente de me passar o afeto calado de sua companhia, e ao
31 patógenos e que antibióticos matam bactérias
LÍNGUA PORTUGUESA

mesmo tempo me adestrar na sabedoria que apanhara dos


Yuval Noah Harari. 21 lições para o século 21. Trad. Paulo Gei- antepassados rurais: pequenos conhecimentos cristalizados em
ger. 1.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 138-41 (com 7 hábitos recorrentes que eram exercidos todos os dias no
adaptações). amanho da terra e no cultivo dos animais, com a entranhada
naturalidade de quem já nasceu posseiro de seus segredos e de
A respeito das propriedades linguísticas do texto 9A2-I, 10 sua magia. Além de lavrar no Engenho Murituba os bens de
julgue o item subsecutivo. consumo que abasteciam a sua gente, meu avô ainda tinha o

17
domínio razoável de todos os pequenos ofícios necessários ao Observação:
13 bom andamento de sua produção A antonímia pode se originar de um prefixo de
sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
Francisco J. C. Dantas. Coivara da memória. simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e
São Paulo: Estação Liberdade, 1991, p. 174. discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista
e anticomunista; simétrico e assimétrico.
Com relação às propriedades linguísticas do texto apre-
sentado, julgue o item que se segue. Homônimos e Parônimos
A palavra “magia” (l.10) está empregada no texto com
sentido denotativo. • Homônimos = palavras que possuem a mesma
grafia ou a mesma pronúncia, mas significados
(  ) CERTO   (  ) ERRADO diferentes. Podem ser

Resposta: Errado. A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e


A palavra “magia” está empregada no sentido conota- diferentes na pronúncia:
tivo, figurado, pois não se trata da magia em seu sen- rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
tido original (aquela do conto de fadas ou da bruxa), (subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.)
apenas se utiliza do termo para expressar uma ima- e denuncia (verbo); providência (subst.) e providencia
gem sutil e fantasiosa. (verbo).

REFERÊNCIA B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e


diferentes na escrita:
PIMENTEL, E. Gramática Pela Prática. 17 ed. Brasília: acender (atear) e ascender (subir); concertar
Vestcon, 2015. (harmonizar) e consertar (reparar); cela (compartimento)
e sela (arreio); censo (recenseamento) e senso (juízo); paço
(palácio) e passo (andar).
SEMÂNTICA
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pro-
SENTIDO E EMPREGO DOS VOCÁBULOS núncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).

• Parônimos = palavras com sentidos diferentes,


Semântica é o estudo da significação das palavras
porém de formas relativamente próximas. São
e das suas mudanças de significação através do tempo
palavras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta
ou em determinada época. A maior importância está em
(receptáculo de vime; cesta de basquete/esporte)
distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e sesta (descanso após o almoço), eminente
e homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). (ilustre) e iminente (que está para ocorrer), osso
(substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo
Sinônimos e/ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo),
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto comprimento (medida) e cumprimento (saudação),
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - autuar (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar
abolir. pena) e infringir (violar), deferir (atender a) e
Duas palavras são totalmente sinônimas quando diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emitir
são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar;
(cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas apropriar-se de), tráfico (comércio ilegal) e
quando, ocasionalmente, podem ser substituídas, tráfego (relativo a movimento, trânsito), mandato
uma pela outra, em deteminado enunciado (aguadar e (procuração) e mandado (ordem), emergir (subir à
esperar). superfície) e imergir (mergulhar, afundar).

Observação: Hiperonímia e Hiponímia


A contribuição greco-latina é responsável pela Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem
existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo
LÍNGUA PORTUGUESA

antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o
contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo; hiperônimo, mais abrangente.
transformação e metamorfose; oposição e antítese. O hiperônimo impõe as suas propriedades ao
hipônimo, criando, assim, uma relação de dependência
Antônimos semântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de
São palavras que se opõem através de seu significado: hiperonímia com carros, já que veículos é uma palavra de
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
mal - bem. Veículos é um hiperônimo de carros.

18
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A um determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes
utilização correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, significados estão interligados porque remetem para o
evita a repetição desnecessária de termos. mesmo conceito, o da escrita.

REFERÊNCIAS Polissemia e ambiguidade


Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma
interpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza colocação específica de uma palavra (por exemplo, um
Cochar - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010. Pessoas que têm uma alimentação equilibrada
frequentemente são felizes.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Neste caso podem existir duas interpretações
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. diferentes:
As pessoas têm alimentação equilibrada porque
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação
Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, equilibrada.
2000. Da mesma forma, quando uma palavra é polissêmica,
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma
Polissemia interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir importante saber qual o contexto em que a frase é
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de proferida.
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
mas que abarca um grande número de significados do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
dentro de seu próprio campo semântico. comicidade. Repare na figura abaixo:
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo
percebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade
de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
ocorrência da polissemia:
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico.

Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de


computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em (http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-cabelo-e-
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido pinto. Acesso em 15/9/2014).
de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” mas duas seriam:
ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
é o formato quadriculado que têm. Corte e coloração capilar
ou
Polissemia e homonímia Faço corte e pintura capilar
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
comum. Quando a mesma palavra apresenta vários REFERÊNCIAS
significados, estamos na presença da polissemia. Por
outro lado, quando duas ou mais palavras com origens CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
LÍNGUA PORTUGUESA

e significados distintos têm a mesma grafia e fonologia, Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed.
temos uma homonímia. Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010.
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
é polissemia porque os diferentes significados para a Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma
palavra polissêmica: pode significar o elemento básico

19
Denotação e Conotação REFERÊNCIAS

Exemplos de variação no significado das palavras: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
literal)
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
figurado) Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform.
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado) – São Paulo: Saraiva, 2010.

As variações nos significados das palavras ocasionam


o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. EXERCÍCIOS COMENTADOS

A) Denotação 1. (FGV-2018) Um ex-governador do estado do


Uma palavra é usada no sentido denotativo quando Amazonas disse o seguinte: “Defenda a ecologia, mas
apresenta seu significado original, independentemente não encha o saco”. (Gilberto Mestrinho) O vocábulo
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado sublinhado, composto do radical-logia (“estudo”), se
mais objetivo e comum, aquele imediatamente refere aos estudos de defesa do meio ambiente; o
reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro vocábulo abaixo, com esse mesmo radical, que tem seu
significado que aparece nos dicionários, sendo o significado corretamente indicado é:
significado mais literal da palavra.
A denotação tem como finalidade informar o receptor a) Antropologia: estudo do homem como representante
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um do sexo masculino;
caráter prático. É utilizada em textos informativos, como b) Etimologia: estudo das raças humanas;
jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de c) Meteorologia: estudo dos impactos de meteoros
medicamentos, textos científicos, entre outros. A palavra sobre a Terra;
“pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas d) Ginecologia: estudo das doenças privativas das
um pedaço de madeira. Outros exemplos: mulheres;
O elefante é um mamífero. e) Fisiologia: estudo das forças atuantes na natureza.
As estrelas deixam o céu mais bonito!
Resposta: Letra D
B) Conotação Em “a”: Antropologia: Ciência que se dedica ao estudo
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando do homem (espécie humana) em sua totalidade
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes Em “b”: Etimologia: Ciência que investiga a origem
interpretações, dependendo do contexto em que esteja das palavras procurando determinar as causas e
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que circunstâncias de seu processo evolutivo
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua Em “c”: Meteorologia: Estudo dos fenômenos
significação mediante a circunstância em que a mesma atmosféricos e das suas leis, principalmente com a
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico. intenção de prever as variações do tempo.
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido Em “d”: Ginecologia: estudo das doenças privativas das
conotativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), mulheres = correta
reprovação (tomei pau no concurso). Em “e”: Fisiologia: Ciência que trata das funções
A conotação tem como finalidade provocar orgânicas pelas quais a vida se manifesta
sentimentos no receptor da mensagem, através da
expressividade e afetividade que transmite. É utilizada 2. (FGV-2018) “Na verdade, todos os anos a imprensa
principalmente numa linguagem poética e na literatura, nacional destaca os inaceitáveis números da violência no
mas também ocorre em conversas cotidianas, em letras país”. O vocábulo “inaceitáveis” equivale ao “que não se
de música, em anúncios publicitários, entre outros.
aceita”. A equivalência correta abaixo indicada é:
Exemplos:
Você é o meu sol!
a) tinta indelével / que não se apaga;
Minha vida é um mar de tristezas.
b) ação impossível / que não se possui;
Você tem um coração de pedra!
c) trabalho inexequível / que não se exemplifica;
d) carro invisível / que não tem vistoria;
#FicaDica e) voz inaudível / que não possui audiência.
LÍNGUA PORTUGUESA

Procure associar Denotação com Dicionário: Resposta: Letra A


trata-se de definição literal, quando o termo Em “a”: tinta indelével / que não se apaga = correta
é utilizado com o sentido que consta no Em “b”: ação impossível = que não é possível
dicionário. Em “c”: trabalho inexequível = que não se executa
Em “d”: carro invisível = que não se vê
Em “e”: voz inaudível = que não se ouve

20
3. (CESPE-2010) A pobreza é um dos fatores Resposta: Errado
mais comumente responsáveis pelo baixo nível de (...) Permite-se a interdição de registros de época, em
desenvolvimento humano e pela origem de uma série prejuízo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
de mazelas, algumas das quais proibidas por lei ou Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o
consideradas crimes. É o caso do trabalho infantil. A chaga relato da vida do poeta Manoel Bandeira e dos
encontra terreno fértil nas sociedades subdesenvolvidas, escritores Mário de Andrade e Guimarães Rosa = o
mas também viceja onde o capitalismo, em seu sentido é o de “impedido”.
ambiente mais selvagem, obriga crianças e adolescentes
a participarem do processo de produção. Foi assim na 5. (VUNESP-2014) O termo destacado na passagem do
Revolução Industrial de ontem e nas economias ditas primeiro parágrafo – Mesmo com tantas opções, ainda há
avançadas. E ainda é, nos dias de hoje, nas manufaturas resistência na hora da compra. – tem sentido equivalente
da Ásia ou em diversas regiões do Brasil. Enquanto, entre a
as nações ricas, o trabalho infantil foi minimizado, já
que nunca se pode dizer erradicado, ele continua sendo a) impetuosidade.
grave problema nos países mais pobres. b) empatia.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações). c) relutância.
d) consentimento.
A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida e) segurança.
social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a
“pobreza”. Resposta: Letra C
Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na
(  ) CERTO   (  ) ERRADO hora da compra.
Em “a”: impetuosidade (força) = incorreto
Resposta: Errado Em “b”: empatia = incorreto
(...) É o caso do trabalho infantil. A chaga encontra Em “c”: relutância (resistência).
terreno = refere-se a “trabalho infantil”. Em “d”: consentimento (aceitação) = incorreto
Em “e”: segurança = incorreto
4. (CESPE-2013) Há um dispositivo no Código Civil A substituição que manteria o sentido do período é
que condiciona a edição de biografias à autorização “ainda há relutância”.
do biografado ou descendentes. As consequências da
norma são negativas. Uma delas é a impossibilidade CAMPOS SEMÂNTICOS
de se registrar e deixar para a posteridade a vida de
personagens importantes na formação do país, em Retomaremos agora alguns conceitos já anteriormen-
qualquer ramo de atividade. Permite-se a interdição te abordados, tendo em vista sua grande incidência em
de registros de época, em prejuízo dos historiadores e Concursos. Veremos agora de maneira mais aprofundada.
pesquisadores do futuro.
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o relato da DENOTAÇÃO
vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores Mário de
Andrade e Guimarães Rosa. Tanto no jornalismo quanto O sentido denotativo da linguagem compreende o
na literatura não pode haver censura prévia. Publicada a significado literal da palavra independente do seu con-
reportagem (ou biografia), os que se sentirem atingidos texto de uso. Preocupa-se com o significado mais objeti-
que recorram à justiça. É preciso seguir o padrão existente vo e literal associado ao significado que aparece nos di-
em muitos países, em que há biografias “autorizadas” e cionários. A denotação tem como finalidade dar ênfase à
“não autorizadas”. informação que se quer passar para o receptor de forma
Reclamações posteriores, quando existem, são mais objetiva, imparcial e prática. Por isso, é muito utili-
encaminhadas ao foro devido, os tribunais. zada em textos informativos, como notícias, reportagens,
O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil jornais, artigos, manuais didáticos, entre outros.
para justificar o veto a que a historiografia do país seja Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo: cha-
enriquecida, como se não bastasse o fato de o poder mas)
de censura concedido a biografados e herdeiros ser um O coração é um músculo que bombeia sangue para o
atentado à Constituição. corpo. (coração: parte do corpo)
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações).
CONOTAÇÃO
LÍNGUA PORTUGUESA

A palavra “sonegado” está sendo empregada com o


sentido de reduzido, diminuído. O sentido conotativo compreende o significado fi-
gurado e depende do contexto em que está inserido. A
(  ) CERTO   (  ) ERRADO conotação põe em evidência os recursos estilísticos dos
quais a língua dispõe para expressar diferentes sentidos
ao texto de maneira subjetiva, afetiva e poética. A cono-
tação tem como finalidade dar ênfase à expressividade

21
da mensagem de maneira que ela possa provocar senti-
mentos ou diferentes sensações no leitor. Por esse mo-
tivo, é muito utilizada em poesias, conversas cotidianas,
letras de músicas, anúncios publicitários e outros.
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
Você mora no meu coração.

O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS

Quando escolhemos determinadas palavras ou ex-


pressões dentro de um conjunto de possibilidades de
uso, estamos levando em conta o contexto que influen-
cia e permite o estabelecimento de diferentes relações
de sentido. Essas relações podem se dar por meio de:
sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, polissemia,
hiponímia e hiperonímia.

Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.


FIQUE ATENTO!
Léxico: Conjunto de todas as palavras e ex- A relação de sentido estabelecida na tirinha é cons-
pressões de um idioma. truída a partir dos sentidos opostos das palavras “prende”
Vocabulário: Conjunto de palavras e expres- e “solta”, marcando o uso de antônimos, nesse contexto.
sões que cada falante seleciona do léxico
para se comunicar. HOMONÍMIA

Homônimos são palavras que têm a mesma pronún-


SINONÍMIA cia ou grafia, porém apresentam significados diferentes.
É importante estar atento a essas palavras e a seus dois
São palavras ou expressões que, empregados em um significados. A seguir listamos alguns homônimos impor-
determinado contexto, têm significados semelhantes. É tantes:
importante entender que a identidade dos sinônimos
é ocasional, ou seja, em alguns contextos uma palavra acender (colocar fogo) ascender (subir)
pode ser empregada no lugar de outra, o que pode não
assento (local onde se
acontecer em outras situações. O uso das palavras “cha- acento (sinal gráfico)
senta)
mar”, “clamar” e “bradar”, como já visto anteriormente,
pode ocorrer de maneira equivocada se utilizadas como acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
sinônimos, uma vez que a intensidade de suas significa- apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
ções é diferente.
buxeiro (pequeno arbus-
bucheiro (tripeiro)
to)
#FicaDica bucho (estômago) buxo (arbusto)
O emprego dos sinônimos é um importante caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
recurso para a coesão textual, uma vez que cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
essa estratégia revela, além do domínio do sela (forma do verbo
vocabulário do falante, a capacidade que ele cela (pequeno quarto)
selar; arreio)
tem de realizar retomadas coesivas, o que
contribuiu para melhor fluidez na leitura do senso (entendimento,
censo (recenseamento)
texto. juízo)
séptico (que causa infec-
céptico (descrente)
ção)
ANTONÍMIA
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
São palavras ou expressões que, empregadas em um cerrar (fechar) serrar (cortar)
LÍNGUA PORTUGUESA

determinado contexto, têm significados opostos. As re- cervo (veado) servo (criado)
lações de antonímia podem ser estabelecidas em gra- xá (antigo soberano do
dações (grande/pequeno; velho/jovem); reciprocidade chá (bebida)
Irã)
(comprar/vender) ou complementaridade (ele é casado/
ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: cheque (ordem de paga- xeque (lance no jogo de
mento) xadrez)

22
círio (vela) sírio (natural da Síria) Cavaleiro/cavalheiro

cito (forma do verbo citar) sito (situado) • Todos os cavaleiros que integravam a cavalaria do
concertar (ajustar, com- consertar (reparar, cor- rei participaram na batalha. (homem que anda de
binar) rigir) cavalo)
concerto (sessão musical) conserto (reparo) • Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre sem-
pre as portas para eu passar. (homem educado e
coser (costurar) cozer (cozinhar) cortês)
exotérico (que se expõe
esotérico (secreto)
em público) Cumprimento/comprimento
expectador (aquele que
espectador (aquele que • O comprimento do tecido que eu comprei é de
tem esperança, que
assiste) 3,50 metros. (tamanho, grandeza)
espera)
• Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação)
experto (experiente,
esperto (perspicaz)
perito)
Delatar/dilatar
espiar (observar) expiar (pagar pena)
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) • Um dos alunos da turma delatou o colega que chu-
tou a porta e partiu o vidro. (denunciar)
estático (imóvel) extático (admirado)
• Comendo tanto assim, você vai acabar dilatando
esterno (osso do peito) externo (exterior) seu estômago. (alargar, estender)
extrato (o que se extrai de
estrato (camada) Dirigente/diligente
algo)
extremar (exaltar, subli-
estremar (demarcar) • O dirigente da empresa não quis prestar declara-
mar)
ções sobre o funcionamento da mesma. (pessoa
incerto (não certo, impre- inserto (inserido, introdu- que dirige, gere)
ciso) zido) • Minha funcionária é diligente na realização de suas
incipiente (principiante) insipiente (ignorante) funções. (expedito, aplicado)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisa-
russo (natural da Rússia)
lho) Discriminar/descriminar
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) • Ela se sentiu discriminada por não poder entrar na-
quele clube. (diferenciar, segregar)
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.
• Em muitos países se discute sobre descriminar o
php. Acessado em: 17/10/2020. uso de algumas drogas. (descriminalizar, inocentar)

PARÔNIMOS POLISSEMIA (PLURISSIGNIFICAÇÃO)

Parônimos são palavras que apresentam sentido dife- Multiplicidade de sentidos encontradas em algumas
rente e forma semelhante, conforme demonstramos nos palavras, dependendo do contexto. As palavras polissê-
exemplos a seguir: micas guardam uma relação de sentido entre si, diferen-
ciando-as das palavras homônimas. A polissemia é en-
Absorver/absolver contrada no exemplo a seguir:

• Tentaremos absorver toda esta água com esponjas.


(sorver)
• Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis de
seus pecados. (inocentar)

Aferir/auferir
LÍNGUA PORTUGUESA

• Realizaremos uma prova para aferir seus conheci-


mentos. (avaliar, cotejar)
• O empresário consegue sempre auferir lucros em
seus investimentos. (obter)
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.

23
HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO 4. (FUNRIO – 2014)

Relação estabelecida entre termos que guardam rela-


ção de sentido entre si e mantém uma ordem gradativa.
Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimo – carro, auto-
móvel, moto, bicicleta, ônibus...
Em seguida, disponibilizamos questões de concurso
que abordam esse assunto para que seu aprendizado
seja, ainda mais, eficiente.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa na qual Para se compreender a mensagem é preciso reconhecer
NÃO haja o emprego de linguagem figurada: que a placa retratada combina de maneira curiosa:

a) “ela estava por dentro de tudo” a) denotação e conotação.


b) “logo se viu nadando em oportunidades”. b) norma culta e norma popular.
c) “a fez embarcar ‘numa viagem bonita e misteriosa’”. c) língua padrão e língua viciosa.
d) “ganhava uma quantia realmente impressionante de d) sinonímia e antonímia.
dinheiro”. e) homonímia e polissemia.
e) “O mercado ficou saturado”.
Resposta: Letra A.
Resposta: Letra D. A placa alerta aos fumantes sobre o risco de incêndio,
A linguagem figurada é também chamada linguagem provocado por bitucas de cigarro, ou seja, utiliza-se do
conotativa, e a única alternativa em que encontramos sentido denotativo e conotativo da expressão “segu-
o oposto, ou seja, linguagem denotativa, é na alter- re as pontas”, causando o efeito “curioso” na placa.
nativa D.
REFERÊNCIAS
2. (FUMARC – 2018) As palavras estão utilizadas em
sentido conotativo em: ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coe-
rência. São Paulo: parábola, 2005.
a) “Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.”
b) “Parecia pronto para morrer, já que sempre estivera
CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Os sentidos do
pronto para amar.”
texto. São Paulo: contexto, 2013.
c) “Se eu fosse rei ou prefeito teria mandado erguer-lhe
FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramática. 4ª
uma estátua.”
d) “Sim, porque sobre o amor há várias frases inquietan- ed. São Paulo: FTD, 2014.
tes por aí...”
KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cognitivos
Resposta: Letra A. da leitura. 16.ed. Campinas: Pontes, 2016.
“Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.” -
temos um sentido figurado, “faca no peito” dá sentido KOCH , Ingedore Grunfed Villaça; EL IAS, Vanda Maria
de cobrança. . Ler e compreender: os sentidos do texto. 3 . ed . São
Paulo: Contexto, 2015.
3. (PREFEITURA DE FORTALEZA-CE – 2016) Conside-
rando-se o conteúdo semântico dos trechos “o dia nasce SACCONI, L.A. Nossa Gramática Completa Sacconi
da noite escura” (linha 02) e “a esperança de encontrar – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo: Nova Geração,
as saídas e soluções fáceis” (linha 05), as palavras des- 2010.
tacadas em cada trecho estabelecem, respectivamente,
entre si a relação de: SCHLITTLER, J.M.M. Recursos de Estilo em Redação
Profissional. Campinas/SP: Servanda, 2008.
a) sinonímia e antonímia.
b) sinonímia e paronímia. ESTILÍSTICA – VÍCIOS DE LINGUAGEM
LÍNGUA PORTUGUESA

c) antonímia e sinonímia.
d) antonímia e paronímia. A Estilística é a parte da Gramática que se dedica ao
uso expressivo da língua sem considerar aspectos de sua
Resposta: Letra C. norma padrão. Como o próprio nome denota, preocupa-
As palavras “dia”, “noite”, “saídas” e “soluções” apre- -se com o estilo do falante em relação as suas intenções
sentam, respectivamente, uma relação de oposição comunicativas, como o estilo está muito relacionado a
(antonímia) e uma relação de semelhança (sinonímia). formas diversas de utilizar a linguagem é muito comum

24
que o falante caia em erros, considerados, sob essa pers- AMBIGUIDADE OU ANFIBOLOGIA
pectiva, vícios de linguagem.
Os vícios de linguagem deixam o texto visualmente Ocorre quando há uma duplicidade de sentido ou
desagradável e ainda interferem na expressividade do uma falta de clareza no enunciado. Ela pode ser de dois
conteúdo. Todavia, os usos desses recursos dependem tipos:
da intenção comunicativa do autor. Em alguns textos
(poesias ou músicas), os neologismos, por exemplo, po- • Sintática (ou estrutural): Ocorre devido a posição
dem ser considerados uma riqueza literária, porém são inadequada de algum elemento na frase.
inadmissíveis se usados em textos que exigem o uso da Ex.: O celular se tornou um grande aliado do ho-
norma padrão da língua, como o texto dissertativo do mem, mas esse nem sempre realiza todas as suas
ENEM. tarefas. (Esse e suas podem se referir ao homem e
ao celular).
BARBARISMO
• Semântica (ou lexical): Ocorre quando determi-
São classificados como erros de pronúncia, grafia, pa- nado vocábulo assume dois ou mais significados.
lavras mal formadas, vocábulos estranhos, ou seja, todos Ex.: O rapaz pediu um prato ao garçom. (Prato
os erros que, de alguma forma atentam contra as regras pode se referir ao objeto ou à refeição).
da língua portuguesa. Esses erros podem ser divididos em:
CACÓFATO OU CACOFONIA
• Cacoépia: É caracterizado como qualquer erro de
pronúncia. É o som desagradável que ocorre quando há junção
Ex.: Areoporto (errado)/ Aeroporto (correto) de duas ou mais palavras na frase. Por descuido ou de-
Mendingo (errado)/ Mendigo (correto) liberadamente, essa junção gera uma palavra que pode
Mortandela (errado)/ Mortadela (correto) ser ridícula, obscena ou ofensiva.
Ex.: Ela tinha muito jeito com crianças.
• Cacografia: Erro de grafia, flexão da palavra, di- Maria nunca ganha.
visão silábica incorreta etc. A boca dela é linda.
Ex.: Magestoso (errado)/ Majestoso (correto) Ela sempre teve fé demais.
Xuxu (errado)/ Chuchu (correto)
Quizer (errado)/ Quiser (correto) PLEONASMO VICIOSO OU TAUTOLOGIA

• Hibridismo: São palavras que, por conterem Ocorre quando há repetição de sons supérfluos ou
elementos de línguas diferentes, tornam-se inúteis no enunciado (diferente do pleonasmo literário).
malformadas. Esse vício é inaceitável tanto para quem fala como para
Ex.: Poliforme (poli – origem grega / forme – origem quem escreve. Repetição desnecessária de ideias e/ou
latina) expressões. Vejamos alguns exemplos de pleonasmos
Hipermercado (hiper – origem grega / mercado – comuns na linguagem cotidiana e que devem ser evita-
origem latina) dos:
Endovenoso (endo – origem grega / venoso – ori-
gem latina) • Baseado em fatos reais.
• Um novo dia nasce a cada novo amanhecer.
SOLECISMO • Consenso geral.
• Conviver junto.
É o desvio sintático quanto à concordância, regência • Novo lançamento.
e colocação. Há três tipos de solecismos: • Prefeitura municipal.
• Surpresa inesperada.
• De concordância: desvio paradigmático de flexão.
Ex.: Nós fez tudo. (Nós fizemos tudo) REFERÊNCIA
Faltou muitos alunos no dia do jogo da Seleção do
Brasil. (Faltaram) Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acesso em:
16/10/2020.
• De regência
Ex.: Assisti o filme. (Assisti ao filme) NEOLOGISMO
LÍNGUA PORTUGUESA

Ela foi no banheiro. (Ela foi ao banheiro)


Consiste na criação e introdução de novas palavras
• De colocação em nosso vocabulário. os neologismos podem ser clas-
Ex.: No sábado ele bebeu tanto que não sustenta-se sificados em literário, científico, popular ou estrangeiro.
em pé. (No sábado ele bebeu tanto que não se sus- Ex.: Inventei o verbo teadorar. Intransitivo. Teadoro,
tentava em pé) Teodora.
Direi-te tudo. (Dir-te-ei tudo)

25
ARCAÍSMO COLISÃO

São expressões antigas que com o passar do tempo É o acúmulo de fonemas consonantais que produz
entram em desuso em determinada língua. um efeito acústico desagradável.
Ex.: “Vosmecê” (por você) Ex.: Viajarei já em janeiro.
“Físico” (em lugar de médico) Sem cessar, só sei sofrer por você.
Magote: grande quantidade.
OBSCURIDADE
ESTRANGEIRISMO
É o vício de linguagem que se constitui pela falta de
Considera-se barbarismo o emprego desnecessário clareza em virtude da inadequada ou má distribuição dos
de palavras estrangeiras, ou seja, quando já existe pala- termos em uma construção frasal. O sentido da frase se
vra ou expressão correspondente na língua. torna, portanto, embaraçado e ininteligível.
Ex.: Minha prima pegou o bouquet no meu casa- Ex.: Foi evitada uma efusão de sangue inútil (Em vez
mento. (buquê) de efusão inútil de sangue)
Vamos tomar um drink? (drinque) Carregar uma pedra do Brasil a Portugal uma andori-
nha não faz verão.
PRECIOCISMO
REGIONALISMO
Ocorre quando há o uso de expressões rebuscadas
- vulgarmente conhecidas como “falar difícil” - sem a Vício de linguagem relacionado a formas de falar ca-
preocupação do emissor em ser didático. O uso desses racterísticas de uma região, caracterizando-se, portanto,
vocábulos excessivamente formais (que não fazem parte como uma palavra característica de determinada região
do cotidiano) pode ser desagradável em várias situações, geográfica. O texto a seguir denota muito bem as marcas
pois retira toda a naturalidade da situação comunicativa, de regionalismo:
visto que esse “linguajar” rebuscado compromete o en- “Se conseguir ler é MINEIRO
tendimento do interlocutor.
Ex.: Eu ainda não entrara no Banco quando aquilo Sapassado, era sessetembro, taveu lemcasa na cuzi-
aconteceu. nha tomanu pincumel e cuzinhanu um kidicarne com
Você ver-se-ia em maus lençóis se continuasse a in- moi ditumati pa faze uma macarronada cum frangas-
sistir naquilo sado, caiscai de susto quando ouvi um barui vindo de
Outrossim, sopitados os ânimos, foi possível consta- dendufornu, parecenu um tidiguerra. A receita mandopô
tar como claudicava aquela pletora léxica da comunica- midipipoca denda galinha prassa, u fornu esquento, o
ção organizacional. mistorô e a galinha ispludiu!!! Nossinhora! Fiquei branco
quineim um lidileiti. Doidimais! Caiscai dendapia! Fiquei
PLEBEÍSTO OU VULGARISMO sensabe doncovin, proncovô, oncotô!! Ói procevê!”
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/305963368405577656/.
Acessado em: 21/10/2020.
O vulgarismo ocorre quando o uso de expressões que
não se enquadram no padrão culto da língua. O plebeís-
PAREQUEMA
mo refere-se a gírias, expressões populares etc.
Ex.: Vamo brincá? (Norma padrão = Vamos brincar?)
É um vício de linguagem marcado pelo encontro de
Custa cinco real! (Norma padrão = Custa cinco reais!)
Fiquei bolado com essa parada. (Plebeísmo) duas consoantes iguais ou semelhantes no final de síla-
bas e início da palavra seguinte.
ECO Ex.: Vaca cara; cone negro; teto torto; pouco caso
Agora vamos colocar nossos conhecimentos em prá-
Ocorre quando há repetição desagradável de termi- tica, exercitando!
nações iguais ou semelhantes dentro de um parágrafo.
Ex.: Falar em desenvolvimento é pensar em alimento,
saúde e educação. EXERCÍCIOS COMENTADOS
O aluno repetente mente alegremente.
A flor tem odor e frescor. 1. (CPCON – 2017) As proposições a seguir são manche-
tes veiculadas pelo Jornal Correio Braziliense. Identifique
LÍNGUA PORTUGUESA

HIATO quais delas apresentam ocorrência de ambiguidade na


sua construção:
É o acúmulo de vogais que produz um efeito acústico
desagradável. I. “São Paulo quebra invencibilidade do Cruzeiro em
Ex.: Vá a aula. casa”.
Assava a asa da ave. II. “Mãe é condenada por matar recém-nascido em cri-
se no pós-parto”.

26
III. “Mãe que jogou bebê no lago é denunciada por ho- Resposta: Letra D.
micídio qualificado”. Frase I: presença de barbarismo na palavra “sútil”. Fra-
IV. “Polícia entra em confronto com manifestantes con- se II: presença de solecismo no uso do pronome “me”.
tra a Copa do Mundo”. Frase III: ambiguidade do pronome “sua”.

a) Apenas II e III. 4. (FEPESE – 2018) Leia a tirinha abaixo:


b) Apenas I, III e IV.
c) Apenas I, II e IV.
d) Apenas I e IV.
e) I, II, III e IV.

Resposta: Letra C.
I- “São Paulo quebra invencibilidade do Cruzeiro em
casa”. (na casa de quem?)
II- “Mãe é condenada por matar recém-nascido em
crise no pós-parto”. (quem estava em crise? O bebê
ou a mãe?)
III- “Mãe que jogou bebê no lago é denunciada por
homicídio qualificado”.
IV- “Polícia entra em confronto com manifestantes
contra a Copa do Mundo”. (quem era contra a copa
do mundo? Os policiais ou os manifestantes?).

2. (CKM Serviços – 2018) Assinale a única alternativa em


que NÃO HÁ vícios de linguagem.

a) No último ano do curso, os alunos criaram entre si um Analise as afirmativas abaixo em relação à tirinha.
elo de ligação muito forte.
b) Só mudaremos os móveis de lugar quando mais al- 1. Na tirinha, há uma ambiguidade e, no contexto, é con-
guém se dispor a ajudar. siderado um vício de linguagem.
c) Hoje, as crianças preferem mais computador do que 2. De acordo com o novo acordo ortográfico em vigên-
televisão. cia, a palavra “pôr” está inadequada, haja vista a queda
d) Ambas as propostas do chefe são benéficas para os dos acentos diferenciais.
funcionários. 3. Na frase: “O médico falou com o paciente caído no
e) Houveram erros na coreografia, mesmo após muitos chão”, temos um exemplo de vício de linguagem cha-
ensaios. mado ambiguidade.
4. Na fala: “não está à venda”, temos o uso adequado
Resposta: Letra D. da crase. Situação idêntica encontramos na expressão:
Letra A está errada, pois a expressão “elo de ligação” é “estou à olhar o nascer do sol”.
um pleonasmo. Letra B errada, há barbarismo no uso 5. Supondo-se que o menino estivesse vendendo o que
do verbo dispor, que deveria estar no subjuntivo. Letra consta na placa, teríamos no verbo “vender” um exem-
C, há solecismo no tocante à regência do verbo prefe- plo de transitividade direta.
rir. Letra E, há solecismo no uso do verbo haver.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas cor-
3. (Instituto Excelência – 2018) Leia as frases abaixo e retas.
indique os respectivos vícios de linguagem que ocorre-
ram: a) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
b) São corretas apenas as afirmativas 4 e 5.
I. O colaborador recebeu uma crítica muito sútil. c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 5.
II. Me empresta o seu celular? d) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 5.
III. O advogado conversou com o cliente em sua casa. e) São corretas apenas as afirmativas 3, 4 e 5.

a) Barbarismo; Metáfora; Morfologia. Resposta: Letra D.


LÍNGUA PORTUGUESA

b) Pleonasmo; Ambiguidade; Semântica. Frase 1: correta; Frase 2: o acento da forma “pôr” é


c) Redundância; Pleonasmo; Estrangeirismo. diferencial e não foi abolido. Frase 3: correta, há am-
d) Barbarismo; Solecismo; Ambiguidade. biguidade. Frase 4: incorreta, não há crase antes de
e) Eufemismo; Solecismo; Ambiguidade. verbo. Frase 5: correta.

27
ESTILÍSTICA: FIGURAS DE LINGUAGEM “Mãe gentil, mas cruel, mas traiçoeira.” (Alberto
Oliveira)
FIGURAS DE SINTAXE
5. Assíndeto
Consiste em uma modificação da estrutura da oração
(ou parte dela) por meio da omissão, inversão ou repe- É a figura que consiste na omissão reiterada de con-
tição de termos. Nesse caso, essas alterações ocorrem junções. Geralmente a conjunção omitida é a coordena-
para conferir mais expressividade ao enunciado. tiva. Essa estratégia torna a leitura do texto mais clara e
dinâmica.
1. Elipse Ex.: “Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se es-
queça”. (Pitty)
Utilizada para omitir termos numa oração que não “Vim, vi, venci”. (Júlio César)
foram mencionados anteriormente e que podem ser
facilmente identificados pelo interlocutor. Essa omissão 6. Anáfora
pode ser percebida por indícios gramaticais ou dentro
do próprio contexto. Consiste na repetição de palavra ou expressões no
Ex.: Ana Rita arrumou-se para o trabalho. Estava atra- início da oração. Esse tipo de recurso é muito comum
sada. (“elipse sujeito -ela”) em textos estruturados em versos consecutivos (poemas,
Os alunos e as alunas, mãos erguidas contra os polí- músicas, entre outros). O propósito é valorizar a mensa-
ticos, caminhavam pelas ruas. (elipse da preposição gem por meio da ênfase ao elemento repetido.
– “de mãos erguidas”) Ex.: “É o pau, é a pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
2. Zeugma É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol.” (Tom
Considerada um caso particular de elipse, o zeugma
Jobim)
consiste na omissão de palavras expressas anteriormente.
“Quando não tinha nada eu quis
Ex.: Eu sou professora; minha amiga, advogada.
Quando tudo era ausência, esperei
Desembrulhe essa caixa enquanto eu desembrulho
Quando tive frio, tremi
a outra.
Quando tive coragem, liguei”. (Daniela Mercury)
3. Pleonasmo
7. Aliteração
Consiste na repetição de termos ou ideias com o ob-
É um recurso sonoro que consiste na repetição de
jetivo de realçá-las, tornando-as mais expressivas.
sons consonantais para intensificar a rima e o ritmo.
Ex.: “É rir meu riso e derramar meu pranto”. (Vinícius
Ex.: “Chove chuva choverando” (Oswald de Andrade)
de Moraes)
“Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a
“Se desmorono ou se edifico,
si mesma.” (Machado de Assis).
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
#FicaDica ou passo. (Cecília Meireles)

Existe o pleonasmo literário, que é um re- 8. Assonância


curso estilístico aceitável e muito explora-
do na literatura e na música. O problema Figura de linguagem que aborda o uso de som em
é quando o pleonasmo se torna vicioso. harmonia. Caracterizada pela repetição de vogais.
Expressões como “fatos reais”, “subir para Ex.: “A pálida lágrima de Flávia” – repetição da vogal a.
cima”, “ganhar de graça”, “cego dos olhos” “Amo muito tudo isso” – repetição do som da vogal u.
e outros constituem um vício de lingua-
gem. A repetição da ideia torna-se, por- 9. Onomatopeia
tanto, desnecessária, pois não traz nenhum
reforço à ideia apresentada. É um recurso sonoro que procura representar os sons
específicos de objetos, animais ou pessoas a partir de
uma percepção aproximada da realidade.
LÍNGUA PORTUGUESA

4. Polissíndeto Ex.: “O tic tac do relógio me deixava mais angustiado


na prova”.
É uma figura que consiste no uso excessivo e repeti- “Psiiiiiu! – Falou o professor no momento da reu-
tivo de conjunções. nião”.
Ex.: “Suspira, e chora, e geme, e sofre, e sua...” (Olavo
Bilac)

28
10. Hipérbato ou inversão FIGURAS DE PALAVRAS

Caracteriza-se pela inversão proposital da ordem di- As figuras de palavras estão associadas ao significa-
reta dos termos da oração. Essa inversão confere maior do das palavras. Elas caracterizam-se por apresentar uma
efeito estilístico na construção do enunciado. substituição ou transposição do sentido real da palavra
Ex.: “Os bons vi sempre passar / no mundo graves para assumir um sentido figurado construído dentro de
tormentos” (Luiz Vaz de Camões) um contexto. A substituição de uma palavra por outra
Na ordem direta seria: Eu sempre vi passar os bons pode acontecer por uma relação muito próxima (conti-
no mundo de graves tormentos. guidade) ou por uma comparação/analogia (similarida-
de).
11. Anástrofe
1. Comparação
Diferentemente do hipérbato, a anástrofe consiste na
inversão mais sutil dos termos da oração, não prejudi- Analogia explícita entre dois termos, a principal di-
cando o entendimento do enunciado. ferença entre a comparação e a metáfora, que é outro
Ex.: tipo de relação de semelhança, é que a comparação se
“Sabes também quanto é passageira essa desavença estabelece com o uso de conectivos.
Não destrates o amor”. (Jacob do Bandolim)
Utilizando a figura de linguagem teríamos: “Sabes Ex.: Minha boca é como um túmulo.
também quanto essa desavença é passageira”. A menina é como um doce.
Seu sorriso é tal qual um raio de sol numa manhã
12. Silepse nublada.

Consiste na concordância com o termo que está 2. Metáfora


subtendido na oração e não com o termo expresso na
oração. (Concordância ideológica). Existem três tipos de Consiste em usar uma palavra ou expressão em lugar
silepse: da outra em razão de algumas semelhanças (analogia)
conceituais. É recurso que está associado ao emprego da
Silepse de Gênero – Há uma discordância entre palavra fora do seu sentido normal.
os gêneros dos artigos, substantivos, pronomes e Ex.: O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais. (Car-
adjetivos. Notamos na oração a presença do con- los Drummond de Andrade)
traste entre os gêneros masculino e feminino. Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernando
Ex.: Vossa Excelência é falso. - O pronome de tra- Pessoa)
tamento certamente se refere a alguma autoridade
do sexo masculino (deputado, prefeito, vereador Observe:
etc.)

Silepse de Número – Há uma discordância entre


o verbo e o sujeito da oração quando ele expres-
sa uma ideia de coletividade. Nesse caso, o verbo
concorda com a ideia que nele está contida.
Ex.: A turma era barulhenta, falavam alto. (falavam
concorda com alunos)

Silepse de Pessoa – Há uma discordância entre o Metáfora: relação de semelhança não explícita.
verbo e a pessoa do discurso expressa pelo sujeito
da oração. Geralmente o emissor se inclui no su-
jeito expresso em 3ª pessoa do plural, realizando a
flexão verbal na primeira pessoa.
Ex.: Dizem que os brasileiros somos amantes do fu-
tebol.
(brasileiros //3ª p. plural) (somos// 1ª p. plural)
LÍNGUA PORTUGUESA

13. Anacoluto

Consiste na quebra ou interrupção da estrutura nor-


mal. Um dos termos da oração fica desvinculado do res-
tante da sentença e não estabelece nenhuma ligação sin-
tática com os demais.
Ex.: Meu vizinho, ouvi dizer que está muito doente.

29
Comparação: relação de semelhança estabelecida por • O proprietário pela propriedade
Ex.: Vou ao médico buscar meus exames (Vou ao
conectivos.
consultório médico buscar meus exames).
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 16/10/2020.
4. Sinédoque
3. Metonímia
Atualmente as gramáticas não realizam a distinção
Consiste na substituição de um termo pelo outro em entre metonímia e sinédoque, todavia a diferença entre
virtude de uma relação de proximidade ou continuidade. essas figuras é tênue. Na sinédoque, a relação que se es-
Essa relação é QUALITATIVA e pode ser realizada dos se- tabelece entre os termos é quantitativa, ou seja, quando
guintes modos: se amplia ou se reduz a significação das palavras. Estas
relações entre os termos são basicamente as seguintes:
• A parte pelo todo: parte pelo todo, singular pelo plural, gênero pela espé-
cie, particular pelo geral (ou vice-versa).
Ex.: O brasileiro trabalha muito para garantir o pão
Ex.: O homem é um ser mortal (os homens).
aos filhos (O brasileiro trabalha muito para garantir
É preciso pensar na criança (nas crianças).
alimento aos filhos).
5. Antonomásia ou perífrase
• O autor pela obra:
Ex.: Os leitores de  Machado de Assis são cultos A antonomásia é uma figura que consiste na substi-
(Os leitores da obra de Machado de Assis são cul- tuição de um nome próprio (de pessoa) por uma expres-
tos). são que lhe confere alguma característica ou atributo
que o distingue (epíteto). É a substituição de um nome
• O continente pelo conteúdo: por outro, o que pode configurar uma espécie de apelido
Ex.: A menina bebeu a jarra de suco inteira (A me- para o ser designado.
nina bebeu todo o suco da jarra). Ex.: O poeta dos escravos é autor do célebre poema
“O navio negreiro”. (Castro Alves)
• A marca pelo produto: Este aeroporto tem o nome do pai da aviação. (Santos
Ex.: Minha filha pediu uma Melissa de aniversário Dumont)
(Minha filha pediu uma sandália de aniversário).
Observação: A antonomásia é uma espécie de perí-
• Singular pelo plural: frase. A diferença é que esta designa um ser (coi-
Ex.: O cidadão deve cumprir seus deveres legais sas, animais ou lugares) por meio de característi-
(Os cidadãos devem cumprir seus deveres legais). cas, atributos ou um fato que o celebrizou.
Ex.: Fomos ao zoológico ver o rei da selva. (leão)
• O concreto pelo abstrato: Adoraria conhecer a cidade luz. (Paris)
Ex.: A juventude está cada vez mais ansiosa (Os jo- Qualquer dúvida consulte o pai dos burros. (dicionário)
vens estão cada vez mais ansiosos).
6. Sinestesia
• A causa pelo efeito:
Ex.: Comprei a casa com o meu suor (Comprei a Consiste no recurso que engloba um conjunto de
casa com o meu trabalho). percepções e sensações interligadas aos processos sen-
soriais provenientes de diferentes sentidos (visão, audi-
• O instrumento pelo agente: ção, olfato, paladar e tato). Na sinestesia, a percepção ou
Ex.: O carro atropelou o cachorro (O motorista do sensação de um sentido é atribuído a outro.
veículo atropelou o cachorro). Ex.: “As falas sentidas, que os olhos falavam. (Casimiro
de Abreu)
• A coisa pela sua representação: “E o pão preserve aquele branco sabor de alvorada”.
Ex.: O sonho de muitos candidatos é chegar ao Pa- (Ferreira Gullar)
lácio do Planalto (O sonho de muitos candidatos
é chegar à Presidência da República). FIGURAS DE PENSAMENTO

• O inventor pelo invento: Constitui um processo expressivo que enfatizam o as-


Ex.: Diego comprou um Picasso no museu (Diego pecto semântico da linguagem. As figuras de pensamen-
LÍNGUA PORTUGUESA

comprou uma obra de Picasso no museu). to introduzem uma ideia diferente daquela que a palavra
em seu sentido real exprime.
• A matéria pelo objeto:
1. Antítese
Ex.: Custou-me apenas algumas pratas aquela mo-
bília. (Custou-me apenas algumas moedas aquela
Consiste no emprego de conceitos que se opõem e
mobília.)
que podem ocorrer de maneira simultânea numa mes-
ma oração. Na antítese, os conceitos antônimos não se

30
contradizem e estão relacionados a referentes distintos. 7. Gradação
Ex.: “Tristeza não tem fim, felicidade sim!” (Vinícius de
Moraes) Consiste na apresentação de ideias sinônimas (ou
“O mito não é nada que é tudo”. (Fernando Pessoa) não) numa escala progressiva de maior ou menor inten-
2. Personificação ou prosopopeia sidade à expressão. Os termos da oração são frutos de
uma hierarquia e podem ser de ordem crescente ou de-
Consiste em atribuir características, sentimentos e crescente.
comportamentos próprios de seres humanos a seres ir- Ex.: “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião,
racionais ou inanimados. É uma figura muito usada em uns cingidos de luz, outros ensanguentados.” (Machado
textos literários, como fábulas e apólogos. de Assis)
Ex.: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma saca- “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro
da...” (cantiga popular). Lobato)
“As pedras andam vagarosamente”.
8. Apóstrofe
3. Paradoxo
Consiste na invocação de alguém ou alguma coisa
Consiste no emprego de conceitos opostos e contra- personificada. Essa figura de linguagem realiza-se por
ditórios na representação de uma ideia. No paradoxo, meio de um vocativo. A apóstrofe é um recurso estilísti-
embora os termos pareçam ilógicos, são perfeitamente co muito utilizado na linguagem informal (cotidiana), nos
aceitáveis no campo da literatura, o que confere ao autor textos religiosos, políticos e poéticos.
uma licença poética. Ex.: “Liberdade, Liberdade! É isso que pretendemos
Ex.: “Se lembra quando a gente chegou um dia a acre- nessa luta”.
ditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sem- “Senhor, tende piedade de nós”.
pre sempre acaba” (Cássia Eller).
“Dor, tu és um prazer!” (Castro Alves).
EXERCÍCIOS COMENTADOS
4. Eufemismo
1. (CONSESP – 2018) Assinale a alternativa que apresen-
Consiste no emprego de uma palavra ou expressão ta a figura de linguagem denominada METÁFORA.
que serve para amenizar/ suavizar uma informação desa-
gradável ou fatídica. É um recurso essencial para validar a) Vossa excelência é pouco conhecido.
a polidez nas relações sociais. b) Meu pensamento é um rio subterrâneo.
Ex.: “Suzanna é uma mulher desprovida de beleza. [feia] c) O pé da mesa estava quebrado.
“Aquele pobre homem entregou a alma a Deus” [mor- d) Um doce abraço ele recebeu da irmã.
reu]
Resposta: Letra B.
5. Hipérbole O item que apresenta uma relação de semelhança sem
apresentar elementos conectivos, caracterizando o
Consiste no uso de expressões intencionalmente exa- uso da metáfora é a letra B. Na letra A, há uma silepse
geradas para dar maior ênfase à mensagem expressa de gênero; na letra C, o uso de catacrese e na letra D,
pelo emissor. encontramos o uso de sinestesia.
Ex.: “Amor da minha vida, daqui até a eternidade
Nossos destinos foram traçados na maternidade”. 2. (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO – RJ – 2020) A
(Cazuza) amizade é tema recorrente na música popular, e as letras
“Vou caçar mais um milhão de vagalumes por aí”. das canções fazem uso, muitas vezes, de recursos da lin-
(Pollo) guagem poética. Há uma hipérbole nos seguintes versos
de uma canção:
6. Ironia
a) “Amigo, você é o mais certo das horas incertas” – Ro-
Consiste em expressar ideias, pensamentos e julga- berto Carlos
mentos com o sentido contrário do que se diz. A ironia b) “Você meu amigo de fé, meu irmão, camarada” – Ro-
tem como objetivo satirizar uma situação desagradável berto Carlos
ou depreciar alguém pelo seu comportamento. c) “Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo
LÍNGUA PORTUGUESA

que precisar” – Roberto Carlos


Ex.: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze d) “Eu quero ter um milhão de amigos / E bem mais forte
contos de réis...” (Machado de Assis) poder cantar” – Roberto Carlos.
“Parece um anjinho, briga com todos”.
Resposta: Letra D.
A única opção em que encontramos um exagero no
uso da linguagem, caracterizado pelo uso de hipérbo-
le, é a letra D.

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3. (INAZ DO PARÁ – 2019) Em “a capa verde da mata se
espreguiçava ao longo das praias” ocorre uma figura de MORFOLOGIA
linguagem denominada:

a) Metáfora. RECONHECIMENTO, EMPREGO E SENTIDO DAS


b) Prosopopeia. CLASSES GRAMATICAIS
c) Gradação.
d) Antítese. Anteriormente, foi possível notar que a morfologia
estuda a estrutura das palavras, sua formação e classifi-
Resposta: Letra B. cação. Certo?
A frase destacada pelo enunciado apresenta caracte- Vimos, também, na seção anterior, como as palavras
rísticas de seres animados em seres inanimados, mar- se estruturam e são formadas. Agora é hora de entender
cando o uso da prosopopeia. melhor como elas são classificadas:

4. (CONSESP – 2018) Assinale a alternativa que apresen- • Pelas classes Gramaticais


ta uma figura de linguagem denominada de: Aliteração.
As classes gramaticais (ou classes de palavras) são
a) “...e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre.” (Clarice os grupos em que as palavras estão classificadas, e isso
Lispector) pode ser de grande ajuda para utilizarmos cada uma de-
b) Suas lágrimas são como cristais. las de maneira correta. Veremos agora mais afundo cada
c) “E rir meu riso e derramar meu pranto...” (Vinícius de uma delas!
Moraes)
d) “Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... ARTIGOS
Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito.”
(Guimarães Rosa) São palavras que antecedem o substantivo, definindo
ou não o seu sentido. Podem ser classificados em defini-
Resposta: Letra D. dos e indefinidos.
É a única em que encontramos aliteração, repetição de Há apenas um artigo definido – o – e um artigo inde-
fonema consonântico (em relação a consoantes) igual finido – um, que depois variam em gênero e número (os,
ou parecido, para descrever ou sugerir acusticamente a, as) para artigos definidos e (uma, uns, umas) para os
o que temos em mente, quer por meio de uma só pa- indefinidos. O artigo definido serve para indicar um ser
lavra, quer por unidades mais extensas. definido entre outros e indicar todo conjunto de seres.
Ex.: A menina saiu contente. / Os garotos adoram jogar
5. (INAZ do Pará – 2019) No trecho “Os pais participam futebol.
de contação de histórias na escola”, a palavra destacada
pode ser entendida, segundo as concepções de língua, Já o artigo indefinido pode ser:
como:
• indefinido entres os outros;
a) Um hibridismo. • subconjunto de seres indefinidos;
b) Uma onomatopeia. • reforço de ideia.
c) Uma redução. Ex.: Uns gostam de cão, outros de gato.
d) Um neologismo. Contaram-me uma história antiga e duvidosa.

Resposta: Letra D. FIQUE ATENTO!


O neologismo é a formação de novas palavras a partir Os artigos indefinidos (um, uma, uns, umas)
de termos lexicais presentes na língua, como o termo podem ser confundidos com o numeral.
contação, criado a partir do verbo contar e do sufixo Como dito, os artigos acompanham substan-
-ção. tivos, enquanto os numerais indicam núme-
ro, ou seja, quantidade. Veja o exemplo:
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS DOS VERBOS EM Nas férias, pretendo ler um livro. > Artigo in-
PORTUGUÊS definido; pode ser um livro qualquer, aqui se
trata do termo “livro” de forma mais geral.
Este assunto será abordado no tópico a seguir. Nas férias, vou ler apenas um livro. > Nume-
LÍNGUA PORTUGUESA

ral; a quantidade de livros a serem lidos nas


férias é apenas um.

NUMERAIS

São as palavras utilizadas para designar posição ou

32
número. Imaginados: saci, fada, Deus.
Ex.: Eu quero um pastel de carne.
Pedro ganhou a corrida em primeiro lugar. b) Abstrato: dá nome a seres/conceitos que não exis-
Milhares de pessoas compareceram ao evento. tem por si só. Aqui vai mais exemplos para ajudar:
Ações: o chute, a entrega;
Os numerais podem ser classificados em cardinais, Sentimentos: amor, compreensão;
ordinais, multiplicativos e fracionários. Qualidades: dureza, feiura;
Estado: desonra, glória.
• Cardinais: expressam quantidade exata de seres
através da palavra
Ex.: Ganhei sete bombons ontem. #FicaDica
Os substantivos abstratos existem apenas
• Ordinais: como o próprio nome diz, expressão or-
em função de outros seres.
dem ou posição dentro de uma sequência.
A feiura, por exemplo, depende de uma pes-
Ex.: João ganhou a corrida em segundo lugar.
soa, um substantivo concreto a quem esteja
Esta foi a primeira vez que consegui compreendê-lo.
associada.
• Multiplicativos: expressam o número de vezes
pelo qual determinada quantidade é multiplicada.
Próprio: dá nome a um ser específico (pessoa, país, etc.)
Dobro > duas vezes; triplo > três vezes; quádruplo >
Ex.: José, Brasil, Carolina, Nova Concursos, São Paulo,
quatro vezes...
Varsóvia.
Ex.: Eu trabalho o dobro de horas que você.
Comum: é o que nomeia um ser como pertencente
• Fracionários: expressam frações, divisões ou dimi-
a uma classe.
nuições proporcionais em quantidade.
Ex.: homem, país, editora.
Ex.: Esse mês já gastei um terço do meu salário.
Coletivo: dá nome comum para um conjunto de seres.
Ex.: constelação (conjunto de estrelas), time, esquadra,
#FicaDica cardume (conjunto de peixes).

Podemos encontrar ainda os numerais cole- Substantivos coletivos mais usados


tivos, isto é, designam um conjunto, porém
expressam uma quantidade exata de seres/ Coletivo de:
conceitos. Veja:
Dúzia = conjunto de doze unidades; abelhas: enxame, colmeia, abelhal
Novena = período de nove dias; alho: réstia, alhada, alhal
Década = período de dez anos; alunos: turma, classe, alunato
Século = período de cem anos; animais: fauna, bando, bicharada, animalada, pandi-
Bimestre = período de dois meses. lha, piara
anjos: legião, falange, coro
artistas: companhia, elenco, trupe, plêiade, academia
SUBSTANTIVOS árvores: arvoredo, renque, mata, floresta, bosque
atores: elenco, companhia, trupe
São palavras que dão nome aos seres em geral, vivos automóveis: frota
ou não vivos, e a conceitos. aves: bando, revoada, bandada
aviões: esquadrilha, frota, aviação
Tipos de substantivos bananas: cacho, bananada
bois: manada, boiada, junta, armento, rebanho
borboletas: panapaná, panapanã
Existem diferentes tipos de substantivos. São eles:
burros: récua, burricada, burrada
cabras: fato, rebanho, cabrada, cabralhada, cabroeira
a) Concreto: dá nome a seres existentes, indepen-
cães: matilha, cachorrada, canzoada
dentes ou que são pensados dessa forma. Veja os camelo: cáfila, catar
exemplos dados pelo autor do livro Gramática pela cavalos: cavalaria, cavalhada, tropa, manada
Prática: cebola: réstia, cebolal
LÍNGUA PORTUGUESA

Pessoas: José, Júlia; chaves: molho, penca, chavaria


Ocupantes de cargos: tesoureiro, professor; discos: discoteca, fonoteca
Animais: tigre, lesma; elefantes: manada
Vegetais: árvore, bambu; estrelas: constelação
Minerais: água, ouro; filhotes: ninhada, redada
Fenômenos: chuva, relâmpago; flores: ramalhete, ramo, buquê, braçada
Lugares: continente, Piauí; formigas: colônia, formigueiro, formigame, carreiro,
Objetos: caneta livro; correição

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gafanhoto: nuvem, gafanhotada, onda, praga Já os substantivos uniformes são aqueles que apre-
galinhas: galinhada, galinhame sentam uma única forma, independente do gênero.
gatos: gataria, bichanada
ilhas: arquipélago • Criança / testemunha / artista.
índios: tribo, aldeia, indiada
insetos: nuvem, colônia, praga, onda Dessa forma, só é possível identificar o gênero desse
tipo de substantivo por meio do artigo, que vem ante-
Compostos posto a ele.
• O estudante / A estudante.
Os substantivos compostos são substantivos forma-
dos por mais de uma palavra ou radical, sendo constituí- Gênero e significação
dos pelo processo de composição (formados pela junção É possível realizar a determinação do gênero pela sig-
de duas palavras). nificação. Veja algumas regrinhas básicas para ajudar a
Ex.: notícia-bomba; bate boca; quinta-feira.
identificar quando o substantivo é feminino e quando é
masculino.
Plural de substantivos compostos

Se o substantivo composto é escrito sem hífen, para Gênero Feminino


utilizá-lo no plural, basta acrescentar a letra “s”. Agora, se São femininos:
ele for escrito com hífen, deve seguir algumas regrinhas.
São elas: a) Nomes de mulheres e as funções exercidas por elas.
• Ana, Helena, Maria, professora, rainha, vendedora.
a) Substantivo + substantivo que especifica o primeiro. b) Nomes de animais do sexo feminino.
Ex.: notícia-bomba, notícias-bomba. • Vaca, anta, galinha, pata.
b) Palavras unidas por preposição.
Ex.: água-de-colônia, águas-de-colônia. c) Nomes de cidades e ilhas em que se subentende
c) Verbo ou advérbio + substantivo ou adjetivo. por gênero feminino.
Ex.: bate-boca, bate-bocas, alto-falante, alto-falantes. • A Veneza, a marcante Florianópolis.
d) Palavras repetidas ou onomatopaicas.
Ex.: tico-tico, tico-ticos. Gênero Masculino
e) Palavra variável + palavra variável. São masculinos:
Ex.: quinta-feira, quintas-feiras.
a) Nomes de homens e suas funções.
Flexão de gênero • Cláudio, José, Henrique, médico, professor, vende-
dor.
Os substantivos podem sofrer flexão de gênero: femi- b) Nomes de animais do sexo masculino.
nino e masculino. • Elefante, leão, boi.
É comum fazermos a associação de que substantivos c) Nomes dos meses e dos pontos cardeais.
masculinos são marcados pela desinência “o” e que os • O mês de janeiro, o mês de maio, o leste, o norte.
substantivos femininos são marcados pela desinência “a”, d) Nomes de lagos, montes, oceanos e rios, em que
porém o mais assertivo é pensar que os substantivos mas- se subentende por ser do gênero masculino.
culinos são aqueles cujo artigo “o” vem anteposto. Veja: • O Amazonas (o rio Amazonas), o Atlântico (o ocea-
no Atlântico).
• O carro / o motor / o cigarro.
Flexão de número
O mesmo com os substantivos femininos, que vem
com o artigo “a” anteposto:
Em relação a número gramatical, existem dois em que
• A cadeira / a maçã / a verdade.
os substantivos sofrem flexão: singular e plural.
Existem alguns substantivos masculinos que possuem O singular indica apenas um ser ou um grupo de seres,
terminações diferentes de “o”, e por isso essa é a “regra” e o plural indica dois ou mais seres ou grupos de seres.
mais confiável. A flexão dos substantivos para o plural possui algu-
mas regrinhas que podem ajudar. Veja:
• O amor / o celular.
a) Substantivos que terminam em vogal, ditongo oral
LÍNGUA PORTUGUESA

Além disso, os substantivos podem ser classificados


em uniformes e biformes. O que é isso? ou com a letra “N” flexionam para o plural com o
Os substantivos biformes apresentam diferentes acréscimo da letra “S”.
formas para o masculino e feminino. • Pai – pais;
Ex.: Menino / menina • Mãe – mães;
Garoto / Garota • Hífen – hifens.
Exceção: Cânon – cânones.

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b) Substantivos terminados em “R” e “Z” fazem o plu- – Nárnia.
ral pelo acréscimo de “-es”. – Nomes de festas e festividades.
• Cobertor – cobertores; – Carnaval;
• Rapaz – rapazes. – Dia das Crianças;
– Natal;
c) Substantivos que terminam em “al”, “el”, “ol”, “ul” – Ano Novo;
sofrem flexão no plural, trocando o “L” por “-is”. – Páscoa.
• Casal – casais; • Nomes de instituições e entidades.
• Quartel – quarteis; – Organização das Nações Unidas;
• Lençol – lençóis; – Cruz Vermelha;
• Azul – azuis. – Sistema Único de Saúde.

Variação de grau nos substantivos • Nome dos pontos cardeais e equivalentes.


– Norte / Sul / Leste / Oeste;
O grau do substantivo é a possibilidade de indicar o – Nordeste / Sudoeste;
tamanho/proporção do ser nomeado, e os substantivos – Oriente / Ocidente
podem ser de três graus: aumentativo, diminutivo e
normal.
O grau normal é o natural do ser. FIQUE ATENTO!
Escrevem-se com maiúsculas apenas quando
• Aumentativo: exprime o aumento do tamanho do utilizados indicando uma região.
ser nomeado. • Este ano vou conhecer o Sul. (O Sul do Brasil);
– Livro – livrão; Quando utilizados indicando uma direção,
– Porta – portão; devem ser escritos com minúsculas.
– Cachorro – cachorrão. • Correu a América de norte a sul.
• Diminutivo: exprime, ao contrário do aumentati-
vo, a diminuição do tamanho/proporção do ser.
– Livro – livrinho; • Títulos de periódicos.
– Porta – portinha; – Veja;
– Cachorro – cachorrinho. – O Globo;
– Correio do Brasil.
Vale ressaltar que a flexão de grau dos substantivos • Em siglas, símbolos ou abreviaturas.
pode ser feita de duas formas diferentes: – ONU / INPS;
– Unesco / Bradesco / Sr.(a);
• Analítica: acrescenta-se um substantivo. – S [Sul] / K [Potássio];
• Cachorro grande/pequeno; livro grande/pequeno. • Além disso, vale ressaltar que substantivos pró-
• Sintética: acrescenta-se um sufixo à palavra. prios também são escritos com maiúscula, por isso
• Cachorrinho/cachorrão; livrinho/livrão. esteja sempre atento!

O novo Acordo Ortográfico e o uso de maiúsculas ADJETIVOS

De acordo com o novo acordo ortográfico, vigente São palavras que qualificam os substantivos, dão ca-
no país desde o início de 2009, utiliza-se maiúsculas em: racterísticas (feliz, gordo, alto, interessante).
• Nome de pessoas reais ou imaginárias (nome, so-
brenome, apelido, seres mitológicos etc.) • Ana é uma menina muito alegre.
– Gabriela; O noticiário de hoje está interessante.
– Tiago;
– Ferreira; Locuções adjetivas
– Magalhães;
– Silva; Trata-se de uma expressão formada por mais de uma
– Xuxa; palavra com o valor/significado de um adjetivo. Em geral,
– Cinderela; costuma ser formada por uma preposição + substantivo.
– Poseidon. Veja:
LÍNGUA PORTUGUESA

• Nomes de cidades, países, continentes (reais ou Lucas tem atitude de criança. > “atitude de criança” =
imaginários). locução adjetiva com valor de “atitude infantil”.
– Cuba; Veja algumas locuções adjetivas e seus correspon-
– Londres; dentes na tabela a seguir:
– Minas Gerais;
– França;
– América;

35
Locução Adjetiva Correspondente Locução Adjetiva Correspondente
de abdômen abdominal de campo rural
de abelha apícola de criança infantil
de abutre vulturino de lua lunar
de aluno discente de mestre magistral
de baço esplênico de neve Níveo
ou nival
de boca bucal, oral de ovelha ovino
de bode hircino de pai paternal
de cabra caprino de rio fluvial

Adjetivos de relação

Os adjetivos de relação possuem algumas características, e são assim classificados por:


a) Ter valor semântico objetivo (não expressa nenhuma subjetividade).
Ex.: Problema mundial = problema relativo ao mundo.
b) Não possui variação de grau (veja no próximo assunto).
Ex.: Vinho chileno = não pode ser: chileníssimo, pouco chileno.
c) Vem após substantivo.
Ex.: Mapa mundial.

Veja alguns exemplos:

• Energia do núcleo = energia nuclear;


• Roteiro de Carnaval = roteiro carnavalesco;
• Vinho do Chile = vinho chileno.

Variação de grau nos adjetivos

Os adjetivos variam em dois graus: comparativo e superlativo.

• Comparativo: como o próprio nome já diz, atua fazendo comparação entre elementos da frase. O grau compa-
rativo possui três graus:

1°. Comparativo de igualdade: compara elementos colocando-os num mesmo patamar.


Ex.: A sua receita é tão saborosa quanto a dela.
2°. Comparativo de superioridade: compara, evidenciando um elemento como superior ao outro.
Ex.: A sua receita é melhor do que a dela.
3° Comparativo de inferioridade: compara, evidenciando um elemento como inferior ao outro.
Ex.: A sua receita é pior do que a dela.

• Superlativo: elevam, intensificam as características dadas aos substantivos. Possui dois tipos:

1°. Superlativo relativo: quando essa elevação se refere a um conjunto.


Ex.: Dentre os discos gravados por você, este é o mais elaborado.
2°. Superlativo absoluto: quando faz referência apenas a um substantivo.
Ex.: Este disco gravado por você é o mais elaborado.

Estes dois tipos podem ser ainda:

• superlativo relativo de superioridade: “Ele é o filho mais obediente.”.


LÍNGUA PORTUGUESA

• superlativo relativo de inferioridade: “Ele é o filho menos desobediente.”.


• superlativo absoluto analítico: “Ele é muito obediente.”
• superlativo absoluto sintético: “Ele é obedientíssimo.”

36
Formação dos adjetivos

Tipos de Adjetivos:

• Adjetivo simples: apresenta somente um radical.


Ex.: pobre, magro, triste, alto, feliz.
• Adjetivo composto: apresenta mais de um radical.
Ex.: afro-brasileiro, superinteressante, super-herói.
• Adjetivo primitivo: é a palavra que dá origem a outros adjetivos.
Ex.: alegre, bom, puro.
• Adjetivo derivado: são palavras que derivam de verbos ou substantivos.
Ex.: escultor (de “esculpir), formoso (de “formosura”).

Adjetivos pátrios

Os adjetivos pátrios são responsáveis por representar a origem das pessoas, objetos e seres em relação ao país,
estado ou à cidade. Veja abaixo alguns deles:

LÍNGUA PORTUGUESA

37
ADVÉRBIOS Ex.: O suspeito permaneceu em silêncio durante
todo o interrogatório.
São palavras que se referem a um adjetivo ou a um Locuções adverbiais de negação: de forma algu-
verbo, modificando-o ou intensificando-o em diferentes ma, de modo algum, de maneira nenhuma...
circunstâncias (tempo, modo e intensidade). Ex.: Não usaria isto de forma alguma.
Locuções adverbiais de afirmação: sem dúvida,
• Tempo: são os advérbios que fornecem informa- de fato, com certeza, por certo...
ções temporais, isto é, indicam o momento em que Ex.: Ele, de fato, amava muito sua namorada.
a ação ocorreu, ocorre ou ocorrerá. Locuções adverbiais de dúvida: com certeza,
São eles: Hoje, logo, já, afinal, amanhã, ontem, quem sabe, por certo...
tarde, breve, depois, cedo, antes, enfim, jamais, Ex.: Quem sabe ele ainda apareça por aqui.
nunca, sempre, doravante, outrora, imediatamen- Locuções adverbiais de intensidade: de muito,
te, antigamente, primeiramente, constantemente, de pouco, em excesso, de todo.
sucessivamente, posteriormente. Ex.: Eles compram roupas em excesso.
• Modo: são os advérbios que fornecem informa-
ções a respeito da maneira com que a ação se dá, Advérbios interrogativos
deu-se ou se dará. Em sua maioria, possuem a ter-
minação –mente. Os advérbios interrogativos introduzem uma pergun-
São eles: rapidamente, bem, mal, devagar, silen- ta, podendo exprimir uma ideia de modo, tempo, lugar
ciosamente, vagarosamente, apressadamente, in- ou de causa (como, quando, onde e porque). Veja abaixo
sistentemente, tristemente, alegremente, etc. nos exemplos:
• Intensidade: são advérbios que ajudam na per-
cepção da intensidade do verbo, e é comumente • Modo: Como se locomoveu até lá?
utilizado com adjetivos e até mesmo com outros • Tempo: Quando ele foi embora?
advérbios.
• Lugar: Onde é que se escondeu?
Alguns deles: meio, menos, mais, muito, pouco,
• Causa: Por que não veio ontem?
demais.
Grau do advérbio
Locuções adverbiais

A locução adverbial é o conjunto de duas ou mais Os advérbios podem se flexionar em dois graus: com-
palavras que pode desempenhar a função de advérbio, parativo e superlativo.
alterando o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais são formadas por • Comparativo: no grau comparativo, pode ser divi-
uma preposição e um substantivo. Há ainda os que são dido em: de igualdade, de superioridade e de infe-
formados por adjetivos ou por advérbios. Veja alguns rioridade.
exemplos: • De igualdade: formado pela palavra “tão” antes
do advérbio e “quanto” ou “como” depois dele, co-
Preposição + substantivo: de novo; locando dois elementos em mesmo nível.
Preposição + adjetivo: em breve; Ex.: Ele chegou tão tarde quanto o pai.
Preposição + advérbio: por ali. Cantava tão bem como a irmã.
• De superioridade: formado pelo “mais” anteposto
Agora, veja a aplicação nas frases: ao advérbio, acrescentado de “que” ou “de que”.
Ex.: Ele chegou mais tarde que [de que] o pai.
Professora, você pode me explicar a matéria de novo?
Cantava melhor que [de que] a irmã.
(de novo = novamente)
Em breve o filme estará em cartaz nos cinemas. (em
breve = brevemente) FIQUE ATENTO!
Acho que eles foram por ali. Os advérbios “bem” e “mal” recebem o grau
comparativo de superioridade irregular, sen-
As locuções adverbiais podem se classificar em:
do “melhor” e “pior”, respectivamente.
• No exame, você se saiu melhor que eu.
Locuções adverbiais de tempo: em breve, à tar-
de, à noite, logo mais, pela manhã, de tempos em • No exame, você se saiu pior que eu.
LÍNGUA PORTUGUESA

tempos, por vezes...


Ex.: À tarde passearemos com as crianças no par-
que. • De inferioridade: formado pelo “antes” anteposto
Locuções adverbiais de lugar: em cima, por perto, ao advérbio, seguido de “que” ou “de que”.
ao lado, à direita, à esquerda, para dentro, para fora... Ex.: Ela andava menos firmemente que [de que] André.
Ex.: Os pais querem sempre os filhos por perto.
Locuções adverbiais de modo: às pressas, ao con-
trário, em silêncio, de cor, às claras, à toa, em geral...

38
Advérbios e adjetivos • explicação: isto é, por exemplo, ou seja, a saber;
• retificação: aliás, ou melhor, digo, isto é;
Existem ainda os adjetivos adverbializados. Do que • realce: lá, cá, é porque, é que;
se trata? • situação: então, afinal, agora;
Trata-se de um fato linguístico em que os adjetivos • designação: eis.
passam a pertencer à classe dos advérbios, conforme sua
utilização dentro da oração. Veja os exemplos: PRONOMES
Os alunos chegaram apressados. > Os alunos chega-
ram apressadamente. São as palavras que substituem ou acompanham os
As alunas chegaram apressadas. > As alunas chega- substantivos.
ram apressadamente. Os pronomes são denominados de distintas manei-
Ou seja, para determinar a função de advérbio no ras, de acordo com o papel que desempenha na oração.
adjetivo, basta transformar seus enunciados, levando em
consideração as mudanças em gênero e número. Pronomes pessoais

Referem-se às pessoas que participam do discurso. O


FIQUE ATENTO! falante corresponde à 1ª pessoa; o ouvinte, à segunda; e
O que vai definir se determinada palavra é o assunto à 3ª. Eles podem se classificar como retos ou
um advérbio ou um adjetivo é o elemento oblíquos, de acordo com sua utilidade na frase.
ao qual ela se refere. Veja o exemplo: Confira a tabela a seguir:
O menino alto cantava alto.
A primeira palavra “alto” é um adjetivo, pois PRONOMES PESSOAIS
qualifica o substantivo “menino”; a segunda Pronome Reto Pronome Oblíquo
palavra “alto” já funciona como advérbio, Tônico Átono Tônico
pois define a forma que o menino canta e Eu Me Mim, comigo
complementa o verbo “cantava”. Tu Te Te, contigo
O mesmo pode ocorrer em relação ao pro- Ele, ela Se, lhe,o, a Si, consigo, ele, ela
nome indefinido. Vamos direto ao exemplo
Nós Nos Nós,conosco
dado pelo autor do livro Gramática pela Prá-
Vós Vos, Vós,convosco
tica:
Eles, elas lhes, os, as Si, consigo,
Era muito problema... x Era problema mui-
eles,elas
to fácil.
O “muito” do primeiro exemplo se refere a PARA SUJEITO PARA OUTRAS FUNÇÕES
um substantivo; em casos como esse, trata-
-se de um pronome indefinido;
O “muito” do segundo exemplo já faz refe- #FicaDica
rência ao adjetivo “fácil”, definindo o subs-
Se liga nessa conclusão:
tantivo “problema”.
“Os pronomes eu e tu são retos.
Nós, vós, ele(s) serão os retos ou oblíquos,
dependendo de seu emprego na frase.” (PI-
Palavras denotativas
MENTEL, 2015, p. 137)
As palavras denotativas se assemelham e muito com
os advérbios, porém não pertencem a nenhuma classe
Pronomes de tratamento
de palavras em específico, segundo a Nomenclatura Gra-
matical Brasileira.
Os pronomes de tratamento são utilizados para se
Vamos ao que interessa!!!
dirigir à pessoa com quem se fala. Existem pronomes de
Sabemos que as palavras, como já visto, podem ter
tratamento bastante específicos. Veja na tabela a seguir,
diferentes significados, de acordo com a situação em que
da esquerda para a direita, pronome de tratamento, sua
são utilizadas. Isso não acontece com as palavras denota-
abreviação e seu uso, respectivamente.
tivas. Palavras denotativas se referem a um sentido literal,
uma significação plena, e são muito úteis na produção de
texto, uma vez que podem funcionar como mecanismo PRONOMES DE TRATAMENTO
LÍNGUA PORTUGUESA

de coesão. Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


As palavras denotativas podem ser classificadas de di- Vossa Eminência V. Ema.(s) Cardeais
ferentes formas, isso de acordo com a ideia que expres- Vossa sacerdotes e
V. Revma.(s)
sam. Veja: Reverendíssima bispos
altas autoridades
• inclusão: até, também, inclusive, ademais; Vossa Excelência V. Ex.ª (s)
e oficiais-generais
• exclusão: apesar, apenas, salvo, exceto, menos;

39
reitores de Pronomes demonstrativos
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s)
universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas Os pronomes demonstrativos são palavras que si-
tuam algo no tempo, espaço e no discurso em relação à
Vossa Majestade
V. M. I. Imperadores pessoa que fala (1ª pessoa), com quem se fala (2ª pessoa)
Imperial
e de quem se fala (3ª pessoa).
Vossa Santidade V. S. Papa Os principais pronomes demonstrativos são: este,
tratamento esse e aquele.
Vossa Senhoria V. S.ª (s)
cerimonioso Este é o meu livro.
Vossa Onipotência V. O. Deus Esse é o seu livro.
Aquele é o livro deles.
Existem ainda os mais frequentes:
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis e
Senhor – Sr. – em tratamento cerimonioso, “formal” invariáveis em gênero e número.
ou mais distante;
Senhora – Sr.ª – em tratamento cerimonioso, “for- Variáveis
mal” ou mais distante;
Você – Você – em tratamento mais familiar, corriquei- 1ª pessoa: este, esta, estes, estas
ro, mais íntimo. 2ª pessoa: esse, essa, esses, essas
3ª pessoa: aquele, aquela, aqueles, aquelas
Pronomes indefinidos Ex.: Esta bolsa é minha. (Indica proximidade com
relação à 1ª pessoa / quem fala).
Referem-se à 3ª pessoa do discurso de modo vago, Essa bolsa é minha. (Indica proximidade com rela-
impreciso. Veja: ção à 2ª pessoa / com quem se fala).
Todos foram à festa ontem. Aquele cachorro fugiu do abrigo. (Indica distância
Muitos pais não se interessam verdadeiramente pela com relação às pessoas do discurso).
educação dos seus filhos.
Os pronomes indefinidos podem ser variáveis, isto é, Invariáveis
sofrem flexão em gênero e número, e também invariá-
veis, que não sofrem essa flexão. 1ª pessoa: isto
2ª pessoa: isso
Principais pronomes indefinidos: 3ª pessoa: aquilo
Ex.: Isto não é meu. (Indica proximidade com rela-
ção à 1ª pessoa / quem fala).
PRONOMES INDEFINIDOS Isso é meu (Indica proximidade com relação à 2ª
Variáveis Invariáveis pessoa / com quem se fala).
Algum, alguma, alguns, Alguém
algumas Pronomes relativos
Nenhum, nenhuma, Ninguém Os pronomes relativos são aqueles utilizados em uma
nenhuns, nenhumas frase para retomar algum termo já citado anteriormente,
Todo, toda, todos, todas Quem evitando uma repetição desnecessária.
Outro, outra, outros, outras Outrem
Muito, muita, muitos, muitas Algo #FicaDica
Pouco, pouca, poucos, Tudo
Estes pronomes podem ser variáveis ou in-
poucas
variáveis, ou seja, podem ou não sofrer alte-
Certo, certa, certos, certas Nada rações de gênero e número.
Vários, várias Cada • Pronomes relativos variáveis: cujo, o qual,
quanto;
Quanto, quanta, quantos, Que
• Pronomes relativos invariáveis: que, quem,
quantas
onde.
Tanto, tanta, tantos, tantas
LÍNGUA PORTUGUESA

Qualquer, quaisquer
Qual, quais Veja, na tabela abaixo, os pronomes relativos e suas
variações.
Um, uma, uns, umas

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Variáveis Quem lhe disse que o gerente de vendas não se
Masculino Feminino interessaria por tal fato?
Invariáveis
3. As orações subordinadas também exigem anteci-
Singular Plural Singular Plural
pação do pronome ao verbo. Ex.:
cujo cujos cuja cujas que Ainda que lhe enviassem relatórios substanciais,
o qual os quais a qual as quais quem não poderia tomar nenhuma decisão.
quanto quantos - quantas onde Quando o office-boy o interrogou, ele levantou a
cabeça.
Pronomes interrogativos Aquela correspondência que te chegou às mãos...
4. Alguns advérbios exercem força atrativa sobre o
São os pronomes utilizados para formular perguntas pronome: mal, ainda, já, sempre, só, talvez, não. Ex.:
diretas ou indiretas. São eles: quem, quanto, que, qual. Mal se despedira...
Ex.:Quem entregará o trabalho hoje? Ainda se ouvirá a voz dos que clamam no deserto.
Quantos alunos chegaram atrasados hoje? Já se falou aqui da inconsequente...
Que é isso? Só se acredita naquilo por que se interessa.
Qual é o resultado desse problema?... Os relatórios talvez se abstenham de informar...
Não se manifestará apoio ao desonesto, corrupto e
Pronomes possessivos politiqueiro idealizador de semelhante comemoração.
5. A palavra ambos, bem como alguns indefinidos
De acordo com o escritor de um blog de língua por- (alguém, todos, tudo, outro, qualquer) também tem
tuguesa, os pronomes possessivos são “palavras que, ao força atrativa. Ex.:
indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam Ambos os empregados me inquiriram sobre suas
a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída). férias.
Ex.: Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa Alguém te dirá aos ouvidos...
do singular)” Todos te olharão de esguelha...
Tudo se transformará com o tempo.
Veja a tabela: Outro secretário se ajustará ao cargo com dificul-
dade.
Qualquer pessoa se persigna quando a situação
PRONOMES POSSESSIVOS
está preta.
NÚMERO PESSOA PRONOME
6. Nas locuções verbais, se houver negação ou pro-
Singular Primeira meu(s), minha(s) nome relativo, interrogativo. Ex.:
Singular Segunda teu(s), tua(s) Não se pode deixar de realizar...
Singular Terceira seu(s), sua(s) Coisas que se podem deixar de realizar...
Plural Primeira nosso(s), nossa(s) Por que se deve realizar esta tarefa?
Plural Segunda vosso(s), vossa(s) 7. Se o verbo estiver no futuro do presente ou futuro
Plural Terceira seu(s), sua(s) do pretérito, pode-se utilizar a antecipação prono-
minal. Ex.:
Colocação pronominal Eu me dedicarei aos estudos gramaticais quando.
Eu me dedicaria aos estudos gramaticais se.
• Próclise: é quando o pronome é colocado antes do Pode-se também utilizar mesóclise, mas não é
verbo. aconselhável, por revelar-se pedante. Embora o
“A próclise é comum nos seguintes casos: pronome pessoal do caso reto não tenha força
atrativa, é recomendável a próclise para evitar o
1. Quando o verbo segue uma partícula negativa: preciosismo da mesóclise.
não, nunca, jamais, nada, ninguém. 8. Se houver vírgula depois do advérbio, deve-se usar
Ex.:Não nos responsabilizaremos por sua atitude ênclise e não próclise.”
rebelde.
Nunca se acusou um cliente por esses motivos. • Ênclise: é quando o pronome é colocado depois
Um vendedor de nossa empresa jamais se conten- do verbo. Esse tipo de colocação pronominal se
tará com níveis de faturamento tão baixos. relaciona aos seguintes casos:
O relatório fora bem escrito, mas nada o recomen-
dava como modelo que devesse ser imitado. 1. Verbo no imperativo afirmativo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ninguém o viu chegar, mas ele já se encontra no Ex.:


escritório. Depois de terminar, chamem-nos.
2. As orações que se iniciam por pronomes e advér- Para começar, joguem-lhes a bola!
bios interrogativos também exigem antecipação
do pronome ao verbo. Ex.: 2. Verbo no infinitivo impessoal.
Por que o diretor se ausentou tão cedo? Ex.:
Como se justificam essas afirmações? Gostaria de pentear-te à minha maneira.
O seu maior sonho é casar-se.

41
3. Verbo inicia a oração.Ex.:
Fiz-lhe a pessoa mais feliz do mundo.
Acordei e surpreendi-me com o café da manhã.

4. Verbo no gerúndio (sem a preposição em, pois quando regido pela preposição em deve ser usada a Próclise).Ex.:
Vive a vida encantando-me com as suas surpresas.
Faço sempre bolos diferentes experimentando-lhes ingredientes novos.

• Mesóclise: quando o pronome é colocado no meio do verbo. Essa colocação só é possível nos tempos verbais
Futuro do Presente ou Futuro do Pretérito. Veja:
Orgulhar-me-ei dos meus alunos.
Orgulhar-me-ia dos meus alunos.

#FicaDica
Existem casos em que o adjetivo pode vir antes dos substantivos, e aí, o que fazer? Devo concordar com
um ou com outro?
A regra é a seguinte: concorde o adjetivo com o substantivo mais próximo, como no exemplo:
Linda filha e bebê.
Perceba que o adjetivo “linda” está concordando em gênero com o substantivo “filha”, neste caso o mais
próximo.

VERBOS

Os verbos indicam ações, fenômenos da natureza ou estado.


Ex.: Chove muito aqui na cidade.
Caminharemos até a cidade vizinha.
Corro muitos quilômetros por dia.

O verbo pode variar em número (singular e plural) e em pessoa (primeira [eu], segunda [tu] e terceira [ele/ela]). Veja
o mesmo verbo, conjugado em diferentes pessoas e número.

Eu gosto de cantar. > 1ª pessoa do singular;


Pedro e Ana gostam de cantar. > 3ª pessoa do plural;
Eu, Pedro e Ana gostamos de cantar. > 1ª pessoa do plural.

Flexões modo-temporais – tempos simples

São os tempos básicos em que o verbo pode ser conjugado. São eles: presente, pretérito imperfeito, pretérito perfei-
to, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito.
Na tabela abaixo, você verá alguns verbos conjugados nos diferentes tempos, modos e pessoas verbais até então
vistos aqui.

Modo Tempo 1.ª conjugação (-ar) 2.ª conjugação (-er) 3.ª conjugação (-ir)
Indicativo Presente ando como divido
Indicativo Pretérito imperfeito andava comia dividia
Indicativo Pretérito perfeito andei comi dividi
Indicativo Pretérito mais-que-perfeito andara comera dividira
Indicativo Futuro do presente andarei comerei dividirei
LÍNGUA PORTUGUESA

Indicativo Futuro do pretérito andaria comeria dividiria


Subjuntivo Presente ande coma divida
Subjuntivo Pretérito imperfeito andasse comesse dividisse
Subjuntivo Futuro andar comer dividir
Imperativo Afirmativo anda come divide
Imperativo Negativo não andes não comas dividas

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Flexões modo-temporais – tempos compostos

São eles: pretérito perfeito composto, pretérito mais-que-perfeito composto, futuro do presente composto, futuro do
pretérito composto.
Trouxemos mais essa tabela para ajudar você!

Modo Tempo 1.ª conjugação (-ar) 2.ª conjugação (-er) 3.ª conjugação (-ir)
Indicativo Pretérito perfeito composto tenho estudado tenho escrito tenho dividido
Indicativo Pretérito mais-que-perfeito tinha estudado tinha escrito tinha dividido
composto
Indicativo Futuro do presente composto terei estudado terei escrito terei dividido
Indicativo Futuro do pretérito composto teria estudado teria escrito teria dividido
Subjuntivo Pretérito perfeito composto tenha estudado tenha escrito tenha dividido
Subjuntivo Pretérito mais-que-perfeito tivesse estudado tivesse escrito tivesse dividido
composto
Subjuntivo Futuro composto tiver estudado tiver escrito tiver dividido

Formas nominais do verbo e locuções verbais

As formas nominais do verbo são: o infinitivo, gerúndio e particípio. Elas possuem tanto função de verbo como
de nome.

• Infinitivo: representa o nome do verbo, livre de conjugação (flexões de tempo, pessoa, número etc.). Correspon-
dem aos verbos terminados em ar, er e ir.
Ex.: Amar, brincar, correr, beber, sorrir, divertir etc.
O infinitivo pode ser pessoal ou impessoal:

• Pessoal: aqui há um sujeito envolvido na ação.


Ex.: Trouxe um trabalho para vocês fazerem.

• Impessoal: não há envolvimento de sujeito na ação.


Ex.: Trouxe um trabalho para fazer.

• Gerúndio: dá uma ideia de ação contínua, e possui a terminação -ndo.


Ex.: Te vi correndo na praça ontem.
Estou andando de bicicleta.
Ele estava sorrindo tão lindamente!

• Particípio: dá ideia de ação terminada, concluída, e para a maioria dos casos, possui a terminação do.
Ex.: Ele já havia finalizado o trabalho.
Quando cheguei, ela já havia partido.
Encerrada a discussão, finalizou a reunião.

Locuções verbais

Locução verbal é o nome dado à junção de dois verbos, um auxiliar e um principal, que quando aparecem juntos
numa oração, desempenham o papel de apenas um verbo. Veja alguns exemplos de locuções verbais:
Estive pensando;
Quero sair;
LÍNGUA PORTUGUESA

Pode ocorrer;
Tem investigado;
Tinha decidido;
Estou esperando;
Vou correndo;
Estou lendo.

43
Tipos de verbos Podem ser classificados em verbos transitivos dire-
tos, verbos transitivos indiretos e verbos transitivos
Intransitivos diretos ou indiretos.

Os verbos intransitivos são aqueles que não depen- • Transitivo Direto: pedem, como complemento,
um objeto direto, indicando quem ou quê. Veja:
dem/necessitam de um complemento, pois possuem Verbo: ler [o quê?]
sentido completo por si mesmos, então podem compor Eu leio notícias.
um predicado sozinhos. Eu leio livros de romance.
Célia morreu. Eu leio revistas.
Ana chegou. – Notícias, romance e revistas são objetos diretos.
Muitas vezes, os verbos intransitivos podem vir acom- Verbo: visitar [quem?]:
panhados de um predicativo e de um adjunto adverbial. Visitar a avó.
É importante relembrar a diferença entre eles, uma vez Visitar uns amigos.
que estes termos costumam trazer bastante confusão Visitar o doente.
para as pessoas: – Avó, uns amigos e “o doente” são objetos diretos.
• Transitivo indireto: pede, como complemento, um
O predicativo, em geral, caracteriza o substantivo, em
objeto indireto (que necessita de preposição). Veja:
grande maioria, através do uso de adjetivos, exprimindo Verbo: precisar [de quê?]
uma qualidade ao sujeito. Precisar de ajuda.
Ex.: Laura é bonita. Precisar de dinheiro.
O adjunto adverbial, por usa vez, remete à ideia de Precisar de um casaco.
circunstância, e modifica um verbo (Mudou imediata- – Ajuda, dinheiro e “um casaco” são objetos in-
mente), um adjetivo (Fiquei muito emocionado) ou o ad- diretos.
vérbio (Estava muito bem). Verbo: concordar [com quem?]
Agora, vamos voltar a tratar dos verbos intransitivos Concordar com a mãe.
e seu acompanhamento. Veja: Concordar com o diretor.
Célia morreu serenamente. Concordar com a amiga.
– A mãe, o diretor e a amiga são objetos indiretos.
Célia = sujeito;
• Transitivo direto e indireto: pede, como comple-
Morreu = verbo intransitivo (possui sentido por si mento, tanto um objeto direto quanto um objeto
mesmo, sem necessidade de complemento); indireto. Veja:
Serenamente = adjunto adverbial (qualifica o verbo, Verbo: agradecer [o quê? A quem?]
indicando o modo como Célia morreu). Agradecer o presente ao namorado.
Ana chegou satisfeita. Agradecer o convite à diretora.
Ana = sujeito; Agradecer a atenção à professora.
Chegou = verbo intransitivo; – O presente, o convite e a atenção são objetos
diretos;
Satisfeita = predicativo (pois caracteriza o substantivo – Ao namorado, à diretora e à professora são
próprio “Ana”, indicando o modo como ela chegou). objetos indiretos.

Além disso, podem ser classificados em:


Veja nessa tabela, alguns exemplos desse tipo de verbo:
Verbos regulares e verbos irregulares:
VERBOS INTRANSITIVOS
Os verbos regulares são aqueles que, ao serem con-
Andar João lê e anda ao mesmo tempo. jugados, não sofrem alterações em seu radical ou em
Brincar Elena brincou com Lucas durante a tarde. suas terminações.
Os verbos irregulares, ao contrário, ao serem conju-
Casar Josi casa amanhã. gados sofrem essas alterações.
Chegar Ainda não cheguei. Um exemplo é o verbo dizer.
Veja: Eu digo, eu direi...
Dormir Vou dormir às 22 horas. Veja essa lista com os principais verbos irregulares:
Errar Nós erramos.
Nascer A filha de Júlia nasceu! VERBOS IRREGULARES
Morrer Sua avó morreu? Ser Trazer
Sofrer Chega de sofrer. Estar Dizer
Viver Minha avó ainda vive. Haver Vir
LÍNGUA PORTUGUESA

Saber Querer
Verbos Transitivos
Poder Pedir
Os verbos transitivos, ao contrário dos intransitivos, Medir Ouvir
são verbos que necessitam de complemento para adqui-
rirem sentido completo. Fazer Caber
Dar

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Não existe uma regra para conjugar estes verbos. Em alguns, as alterações acontecem apenas em seu radical, já em
outros, em suas terminações, e há os que ocorrem em ambos os casos.
Dentro dos verbos irregulares, podemos classificá-los em padrões de irregularidade:
Verbos irregulares fortes: são os verbos que, conjugados no tempo pretérito perfeito do indicativo apresentam
um radical diferente de quando conjugados no presente do indicativo. Veja a tabela abaixo que indica quais são esses
verbos e como se diferem nestas conjugações.

Verbo Caber Dizer Estar Fazer Haver Poder Querer Saber Trazer
Presente eles cabem eles eles estão eles eles hão eles podem eles eles sabem eles
do Indicativo dizem fazem querem trazem
(3ª pessoa
do plural)
Pretérito eles eles eles eles eles eles eles eles eles
Perfeito couberam disseram estiveram fizeram houveram puderam quiseram souberam trouxe-
do Indicativo ram
(3ª pessoa
do plural)

Verbos irregulares fracos: estes podem apresentar mais subgrupos de irregularidades. Veja abaixo, mais uma vez,
com exemplificação nas tabelas inseridas.

• Formas irregulares na 1.ª pessoa do singular do presente do indicativo e em todas as pessoas do presente do
subjuntivo.

Verbo Ansiar Incendiar Medir Mediar Odiar Pedir Remediar Requerer Valer
Presente do eu eu eu eu eu eu eu eu requeiro eu valho
indicativo anseio incendeio meço  medeio odeio peço remedeio
(1ª pessoa
do singular)
Presente do que ele que ele que eu ele eu que eu que ele que ele que ele
subjuntivo anseie incendeie meça medeie odeie peça remedeie requeira valha
(3ª pessoa
do singular)

• Verbos terminados em -iar são conjugadas segundo as regras dos verbos terminados em –ear.

Verbo Ansiar Incendiar Mediar Odiar Remediar


Presente do Indicativo (1ª pessoa eu anseio eu incendeio eu medeio eu odeio eu remedeio
do singular)
Presente do Indicativo (3ª pessoa ele anseia ele incendeia ele medeia ele odeia ele remedeia
do singular)

• Quando não apresentam alteração de “ele” para “tu” em algumas formas conjugadas do presente do indicativo
e do imperativo afirmativo.

Verbo Construir Destruir Sacudir Sumir


Presente do Indicativo (3ª pessoa do singular) ele constrói ele destrói ele sacode ele some
Imperativo Afirmativo (2ª pessoa do singular) constrói tu constrói tu sacode tu some tu
LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos anômalos

Os verbos anômalos correspondem aos “verbos irregulares que apresentam radicais primários diferentes quando
conjugados.”
Os verbos “ser” e “ir” são os principais verbos anômalos. Para deixar bem claro, veja, mais uma vez, na tabela:

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Principais verbos anômalos
Ser Ir
Eu sou feliz contigo. Eu vou embora agora.
Eu fui feliz contigo. Eu fui embora ontem.
Eu era feliz contigo. Eu irei embora amanhã.

Existem, apesar disso, alguns outros verbos anômalos. São eles:

Outros verbos anômalos


Caber Por
Dar Saber
Estar Ter
Haver Ver
Dizer Vir
Poder

Verbos Abundantes

Os verbos abundantes são aqueles que, no particípio, apresentam mais de uma forma aceita pela norma culta, sen-
do uma regular e outra irregular. Observe:

Particípio
Infinitivo Particípio Regular
Irregular
Absolver Absolvido Absolto
Abstrair Abstraído Abstrato
Aceitar Aceitado Aceito
Benzer Benzido Bento
Cobrir Cobrido Coberto
Completar Completado Completo
Confundir Confundido Confuso
Demitir Demitido Demisso
Despertar Despertado Desperto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Encher Enchido Cheio
Entregar Entregado Entregue
Morrer Morrido Morto
Expelir Expelido Expulso
Enxugar Enxugado Enxuto
Findar Findado Findo
Fritar Fritado Frito
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto
LÍNGUA PORTUGUESA

Imprimir Imprimido Impresso


Inserir Inserido Inserto
Isentar Isentado Isento
Juntar Juntado Junto
Limpar Limpado Limpo

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Matar Matado Morto VERBOS REGULARES
Omitir Omitido Omisso Amar Entender
Pagar Pagado Pago Abrir Falar
Prender Prendido Preso Acabar Fingir
Romper Rompido Roto Agradecer Gostar
Salvar Salvado Salvo Almoçar Julgar
Secar Secado Seco Aprender Lavar
Submergir Submergido Submerso Assistir Lembrar
Suspender Suspendido Suspenso Beber Levar
Tingir Tingido Tinto Chorar Mandar
Torcer Torcido Torto Chover Mexer
Colorir Mudar
Particípio Irre- Comer Participar
Infinitivo Particípio Regular
gular
Comprar Partir
Eu já tinha aceitado o O convite foi
Aceitar Compreender Permitir
convite. aceito.
Aviso quando tiver Convidar Pular
Entregar entregado a enco- Está entregue! Cumprir Receber
menda. Decidir Viajar
Quando che- Dever Viver
Morrer Havia morrido há dias. gou encontrou
o animal morto. Dividir Voar
A bala foi expelida Esta é a bala ex- Encontrar Voltar
Expelir
por aquela arma. pulsa.
Verbos auxiliares
Tinha enxugado a
A roupa está
Enxugar louça quando o pro- Os verbos auxiliares são aqueles que auxiliam na con-
enxuta.
grama começou. jugação de outros verbos. Os principais verbos auxilia-
Depois de ter findado res são: ser, estar, ter e haver.
Findar o trabalho, descan- Trabalho findo! Existem ainda os chamados verbos auxiliares de
sou. tempo: ir e andar, ao lado dos verbos auxiliares.
Se tivesse imprimido Onde está o
Imprimir tínhamos como pro- documento im- Sendo assim, neste caso, apenas o verbo auxiliar sofre
var. presso? flexão, e o verbo principal pode aparecer no particípio,
Eu tinha limpado a Que casa tão no gerúndio ou no infinitivo.
Limpar Ex.: Iremos andando enquanto você não vem.
casa. limpa!
Há ainda os verbos auxiliares modais. Esses podem
Dados importantes Informações indicar desejo, intenção e possibilidade (querer, poder,
Omitir tinham sido omitidos estavam omis- tentar, dever, chegar etc.)
por ela. sas. Ex.: Os alunos querem tirar notas altas.
Deixe os legu- Note que, nesse caso, o verbo principal aparece no
Após ter submergido
mes submersos gerúndio (ou pode aparecer também no particípio).
Submergir os legumes, reparou
por alguns mi-
no amigo.
nutos. Vozes verbais
Nunca tinha suspen- Você está sus-
Suspender As vozes verbais correspondem à forma com que os
dido ninguém. penso!
verbos se apresentam na oração, para assim determinar
Vamos agora a alguns exemplos de verbos regulares, se o sujeito pratica ou sofre a ação.
LÍNGUA PORTUGUESA

ou seja, aqueles que não apresentam “exceções” /irregu-


laridades: I. Voz ativa: aqui o sujeito é o agente, ele pratica a
ação. Veja os exemplos:
Eu fiz o trabalho
Bia tomou o café da manhã.
João comprou um carro.

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II. Voz passiva: na voz passiva, o sujeito sofre, recebe – Apassivador: utilizado na voz passiva do verbo,
a ação. Veja: podendo ocorrer apenas em verbos transitivos
O assassino foi preso ontem. diretos.
Aumentou-se a vigilância. Ex.: Alugam-se barcos.
Compra-se roupas.
Lembrando que a voz passiva pode ser classificada – Indefinido: tem função de indeterminação de
em analítica e sintética. sujeito, e pode ocorrer em verbos intransitivos,
A voz passiva analítica é formada por: transitivos indiretos e verbos de ligação.
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, etc.) + ver- Ex.: Ama-se a Deus.
bo principal no particípio + agente da passiva. Aqui se é feliz.
Para facilitar, veja como funciona na prática. Seguem
exemplos: • Partícula expletiva: quando acompanha verbo
O café da manhã foi tomado por Bia logo cedo. intransitivo, com sujeito claro ou oculto, podendo
A casa toda foi aspirada por nós. ser usado apenas para realce.
O trabalho foi feito por mim. Ex.: Acabou-se o mundo.
A voz passiva sintética (ou voz passiva pronominal) Foram-se embora todos os amigos que restavam.
é formada por: • Conjunção:
Verbo na 3ª pessoa (singular ou plural) + pronome “se”
+ sujeito paciente – Causal: usada quando a oração subordinada
Veja nos exemplos: expressa uma causa para a oração principal.
Tomou-se o café da manhã logo cedo. Ex.: Se João demorar, jantaremos apenas nós.
Aspirou-se a casa toda. – Condicional: indica uma condição da oração.
Já se fez o trabalho. Ex.: Se fizer sol, iremos ao parque.
– Integrante: quando integra orações subordi-
III. Voz reflexiva: é formada por: nadas substantivas, completando o sentido da
Verbo na voz ativa + pronome oblíquo (me, te, se, oração principal.
nos, vos), que serve de objeto direto ou, por vezes, Ex.: Não se sabe ao certo qual a verdadeira
de objeto indireto, e representa a mesma pessoa causa de seu falecimento.
que o sujeito. Sabe-se que não são muitos os que realmente
Veja alguns exemplos: se preocupam.
Atropelou-se em suas próprias palavras.
Machucou-se todo naquele jogo de futebol. Conjugação de verbos derivados
Olhei-me ao espelho.
Um verbo derivado, como o próprio nome revela, de-
Para resumir e tornar essa lição mais fácil para você,
riva de um verbo primitivo, e para trabalhar a conjugação
confira a tabela abaixo:
destes verbos, é importante ter clara a conjugação de
seus “originários”.
Sujeito é o agente da Ex.: Vi a É muito comum que em provas e vestibulares os alu-
Voz Ativa
ação. professora. nos se equivoquem na conjugação destes verbos, isto
Voz Ex.: A professora porque não se atentam à conjugação dos verbos primi-
Sujeito sofre a ação.
Passiva foi vista. tivos. Por isso, dê uma conferida nesta lista de verbos
Voz Sujeito pratica e Ex.: Vi-me ao es- irregulares e algumas de suas derivações, e atente-se!!!
Reflexiva sofre a ação. pelho.
• Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor;
Outras funções do “SE” • Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
• Ver: antever, rever, prever;
Vimos anteriormente algumas funções do “se”, po- • Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir.
rém existem outras funções que ela pode exercer nos
textos. Veja algumas delas: Outro problema é quando se precisa conjugá-los em
determinados tempos, como no futuro do subjuntivo.
• Pronome: Veja como ficaria:
– Pessoal reflexivo: nesse caso, pode ser subs-
• Pôr: quando eu puser;
LÍNGUA PORTUGUESA

tituído por “a si mesmo”; a ação recai sobre o


sujeito da oração. • Ter: quando eu tiver;
Ex.: Carlos drogou-se a noite inteira. • Ver: quando eu vir;
– Pessoal recíproco: a ação de um elemento/su- • Vir: quando eu vier.
jeito recai sobre o outro, e vice-versa.
Ex.: Carla e Joaquina abraçaram-se amorosa-
mente.

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Conjugação de alguns verbos

A conjugação do verbo refere-se à sua flexão em modos, pessoa, tempo, número e vozes. Aqui, vamos trazer alguns
verbos conjugados de diferentes formas para que você conheça melhor, e fique craque no assunto:

Verbos regulares

VERBO BEBER

INDICATIVO
Presente Pretérito I Pretérito Pretérito mais Futuro do Futuro do Pretérito
mperfeito Perfeito que perfeito Presente
Eu bebo Eu bebia Eu bebi Eu bebera Eu beberei Eu beberia
Tu bebes Tu bebias Tu bebeste Tu beberas Tu beberás Tu beberias
Ele bebe Ele bebia Ele bebeu Ele bebera Ele beberá Ele beberia
Nós bebemos Nós bebíamos Nós bebemos Nós bebêramos Nós beberemos Nós beberíamos
Vós bebeis Vós bebíeis Vós bebestes Vós bebêreis Vós bebereis Vós beberíeis
Eles bebem Eles bebiam Eles beberam Eles beberam Eles beberão Eles beberiam

SUBJUNTIVO
Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu beba se eu bebesse quando eu beber
que tu bebas se tu bebesses quando tu beberes
que ele beba se ele bebesse quando ele beber
que nós bebamos se nós bebêssemos quando nós bebermos
que vós bebais se vós bebêsseis quando vós beberdes
que eles bebam se eles bebessem quando eles beberem

IMPERATIVO
Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo
Bebe tu -
Beba você Não bebas tu
Bebamos nós Não beba você
Bebei vós Não bebamos nós
Bebam vocês Não bebais vós
Não bebam vocês

INFINITIVO
Infinitivo Pessoal
Por gostar eu
Por gostares tu
Por gostar ele
Por gostarmos nós
Por gostardes vós
Por gostarem eles
LÍNGUA PORTUGUESA

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VERBO GOSTAR

INDICATIVO
Presente Pretérito Pretérito Pretérito mais Futuro do Futuro do
Imperfeito Perfeito que perfeito Presente Pretérito
Eu gosto Eu gostava Eu gostei Eu gostara Eu gostarei Eu gostaria
Tu gostas Tu gostavas Tu gostaste Tu gostaras Tu gostarás Tu gostarias
Ele gosta Ele gostava Ele gostou Ele gostara Ele gostará Ele gostaria
Nós gostamos Nós gostávamos Nós gostamos Nós gostáramos Nós gostaremos Nós gostaríamos
Vós gostais Eles gostavam Vós gostastes Vós gostáreis Vós gostareis Vós gostaríeis
Eles gostam Eles gostaram Eles gostaram Eles gostarão Eles gostariam

SUBJUNTIVO
Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu goste se eu gostasse quando eu gostar
que tu gostes se tu gostasses quando tu gostares
que ele goste se ele gostasse quando ele gostar
que nós gostemos se nós gostássemos quando nós gostarmos
que vós gosteis se vós gostásseis quando vós gostardes
que eles gostem se eles gostassem quando eles gostarem

IMPERATIVO
Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo
Gosta tu -
Goste você Não gostes tu
Gostemos nós Não goste você
Gostai vós Não gostemos nós
Gostem vocês Não gosteis vós
Não gostem vocês

INFINITIVO
Infinitivo Pessoal
Por gostar eu
Por gostares tu
Por gostar ele
Por gostarmos nós
Por gostardes vós
Por gostarem eles

PREPOSIÇÕES

Conceito

São as palavras que têm a função de ligar dois termos, tornando o segundo subordinado ao primeiro.
Algumas preposições essenciais: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, perante, sem, sob,
sobre, trás.

Ex.: Dei um presente a ele.


O evento começará após o jantar.
LÍNGUA PORTUGUESA

Veja essa relação de preposições e o seu valor dentro das orações:

“A”
1. CAUSA OU MOTIVO: acordar aos gritos das crianças.
2. CONFORMIDADE: escrever ao modo clássico.
3. DESTINO (em correlação com a preposição de): DE Santos à Bahia.
4. MEIO: Voltarei a andar a cavalo.

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5. PREÇO: Vendemos o filhote de nosso cachorro a R$ “EM”
300,00. 1. PREÇO: avaliou a propriedade em milhares de dó-
6. DIREÇÃO: levantar as mãos aos céus. lares.
7. DISTÂNCIA: cair a poucos metros da namorada. 2. MEIO: pagou a dívida em cheque.
8. EXPOSIÇÃO: ficar ao sol por um longo tempo. 3. LIMITAÇÃO: aquele aluno em Química nunca foi
9. LUGAR: Ir a Santa Catarina. bom.
10. MODO: falar aos gritos. 4. FORMA OU SEMELHANÇA: as crianças juntaram as
11. SUCESSÃO: dia a dia. mãos em concha.
12. TEMPO: Nasci a três de maio. 5. TRANSFORMAÇÃO OU ALTERAÇÃO: transformou
13. PROXIMIDADE: estar à janela. dólares em reais.
6. ESTADO OU QUALIDADE: foto em preto e branco.
“APÓS” 7. FIM: pedir em casamento.
1. LUGAR: Permaneça na fila após o décimo lugar. 8. LUGAR: ficou muito tempo em Sorocaba.
2. TEMPO: Logo após o almoço descansamos. 9 MODO: escrever em francês.
10. SUCESSÃO: de grão em grão
“COM” 11. TEMPO: o fogo destruiu o edifício em minutos.
1. CAUSA: ficar pobre com a inflação. 12. ESPECIALIDADE: João formou-se em Engenharia.
2. COMPANHIA: ir ao cinema com os amigos.
3. CONCESSÃO: com mais de 80 anos, ainda tem pla- “ENTRE”
nos para o futuro. 1. LUGAR: ele ficou entre os aprovados.
4. INSTRUMENTO: abrir a porta com a chave. 2. MEIO SOCIAL: entre as elites, este é o comportamen-
5. MATÉRIA: vinho se faz com uva. to.
6. MODO: andar com elegância. 3. RECIPROCIDADE: entre mim e ele sempre houve
7. REFERÊNCIA: com sua irmã aconteceu diferente; discórdia.
comigo sempre é assim.
“PARA”
“CONTRA” 1. CONSEQUÊNCIA: você deve ser muito esperto
1. OPOSIÇÃO: jogar contra à seleção brasileira. para não cair em armadilhas.
2. DIREÇÃO: olhar contra o sol. 2. FIM OU FINALIDADE: chegou cedo para a conferência.
3. PROXIMIDADE OU CONTIGUIDADE: apertou o fi- 3. LUGAR: Em 2011, ele foi para Portugal.
lho contra o peito. 4. PROPORÇÃO: as baleias estão para os peixes assim
como nós estamos para as galinhas.
“DE” 5. REFERÊNCIA: para mim, ela está mentindo.
1. CAUSA: chorar de saudade. 6. TEMPO: para o ano irei à praia.
2. ASSUNTO: falar de religião. 7. DESTINO OU DIREÇÃO: olhe para frente!
3. MATÉRIA: material feito de plástico.
4. CONTEÚDO: maço de cigarro. “PERANTE”
5. ORIGEM: você descende de família humilde. 1. LUGAR: ele negou o crime perante o júri.
6. POSSE: este é o carro de João.
7. AUTORIA: esta música é de Chopin. “POR”
8. TEMPO: ela dorme de dia. 1. MODO OU CONFORMIDADE: vamos escolher por
9. LUGAR: veio de São Paulo. sorteio.
10. DEFINIÇÃO: pessoa de coragem. 2. CAUSA: encontrar alguém por coincidência.
11. DIMENSÃO: sala de vinte metros quadrados. 3. CONFORMIDADE: copiar por original.
12. FIM OU FINALIDADE: carro de passeio. 4. FAVOR: lutar por seus ideais.
13. INSTRUMENTO: apanhar de chicote. 5. MEDIDA: vendia banana por quilo.
14. MEIO: viver de ilusões. 6. MEIO: ir por terra.
15. MEDIDA OU EXTENSÃO: régua de 30 cm. 7. MODO: saber por alto o que ocorreu.
16. MODO: olhar alguém de frente. 8. PREÇO: comprar um livro por vinte reais.
17. PREÇO: caderno de 10 reais. 9. QUANTIDADE: chocar por três vezes.
18. QUALIDADE: vender artigo de primeira. 10. SUBSTITUIÇÃO: comprar gato por lebre.
19. SEMELHANÇA OU COMPARAÇÃO: atitudes de im- 11. TEMPO: viver por muitos anos.
becil.
LÍNGUA PORTUGUESA

“SEM”
“DESDE” 1. AUSÊNCIA OU DESACOMPANHAMENTO: estava
1. DISTÂNCIA: dormiu desde o acampamento até sem dinheiro.
aqui.
2. TEMPO: desde ontem ele não aparece. “SOB”
1. TEMPO: houve muito progresso no Brasil sob D.
Pedro II.

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2. LUGAR: ficar sob o viaduto. • com o pronome demonstrativo:
3. MODO: saiu da reunião sob pretexto não convin- a + aquele = àquele
cente. a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela
“SOBRE” a + aquelas = àquelas
1. ASSUNTO: Não gosto de falar sobre política. a + aquilo = àquilo
2. DIREÇÃO: ir sobre o adversário.
3. LUGAR: cair sobre o inimigo. b) Preposição DE:

Locuções prepositivas • com artigo definido masculino e feminino:


de + o/os = do/dos
São locuções (conjunto de duas ou mais palavras) que de + a/as = da/das
possuem a função de preposição. Veja alguns exemplos: • com artigo indefinido:
de + um= dum
• Apesar de: de + uns = duns
Apesar de terem sumido, voltaram logo. de + uma = duma
• A respeito de: de + umas = dumas
Nossa reunião foi a respeito de finanças. • com pronome demonstrativo:
• Graças a: de + este(s)= deste, destes
Graças ao bom Deus, não aconteceu nada grave. de + esta(s)= desta, destas
• De acordo: de + isto= disto
de + esse(s) = desse, desses
De acordo com W. Hamboldt, a língua é indispensá- de + essa(s)= dessa, dessas
vel para que possamos pensar, mesmo que estivéssemos de + isso = disso
sempre sozinhos. de + aquele(s) = daquele, daqueles
de + aquela(s) = daquela, daquelas
• Por causa de: de + aquilo= daquilo
Por causa de poucos pontos, não passei no exame.
• Para com: • com o pronome pessoal:
Minha mãe me ensinou ter respeito para com os de + ele(s) = dele, deles
mais velhos. de + ela(s) = dela, delas
• Por baixo de: • com o pronome indefinido:
Por baixo do vestido, ela usa um short. de + outro(s)= doutro, doutros
de + outra(s) = doutra, doutras
Outras locuções prepositivas que você pode encon- • com advérbio:
trar: abaixo de, diante de, além de, antes de, em cima de, de + aqui= daqui
por cima de, em frente a, ao lado de, junto a, em vez de, de + aí= daí
por trás de. de + ali= dali

Combinações e contrações c) Preposição EM:

As preposições podem se ligar a outras palavras, de • com artigo definido:


outras classes gramaticais por meio de dois processos: em + a(s)= na, nas
combinação e contração. em + o(s)= no, nos
• com pronome demonstrativo:
• Combinação: quando se ligam sem sofrer nenhu- em + esse(s)= nesse, nesses
ma redução. em + essa(s)= nessa, nessas
a + o = ao; em + isso = nisso
a + os = aos. em + este(s) = neste, nestes
• Contração: quando, ao se ligarem, sofrem redução. em + esta(s) = nesta, nestas
em + isto = nisto
Veja a lista a seguir, retirada da internet, que apresen- em + aquele(s) = naquele, naqueles
ta as preposições que se contraem e suas devidas formas: em + aquela(s) = naquelas
LÍNGUA PORTUGUESA

em + aquilo = naquilo
a) Preposição A: • com pronome pessoal
em + ele(s) = nele, neles
• com o artigo definido ou pronome demonstrativo em + ela(s) = nela, nelas
feminino:
a + a= à
a + as= às

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d) Preposição PER b) Adversativas: colocam informações em oposição,
contradição (e, mas, porém, todavia, no entanto,
• com as formas antigas do artigo definido (lo, la): contudo, entretanto).
per + lo(s) = pelo, pelos Ex.: Estudou, mas não aprendeu. > positiva + negativa;
per + la(s) = pela, pelas Não estudou, no entanto, aprendeu. > negativa +
positiva.
e) Preposição PARA (pra) c) Alternativas: ligam orações com ideias que não
acontecem simultaneamente, que se excluem (ou,
• com artigo definido: ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja).
para (pra) + o(s) = pro, pros Ex.: Estudava ou se divertia.
para (pra) + a(s)= pra, pras Ora estudava ora se divertia.
d) Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que a se-
Algumas relações semânticas estabelecidas por gunda conclua o que foi dito na primeira (logo, por
preposições isso, portanto, por conseguinte, então, consequen-
temente).
Para que você possa entender melhor sobre o que va- Ex.: Seu combustível está no fim; portanto, não
mos falar, vale ressaltar o que é semântica! Semântica é conseguirá chegar.
o que relaciona o significado da palavra ao seu contexto. Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-
As preposições estabelecem essa relação semântica -se.
entre o termo que pede preposição (chamado de termo e) Explicativas: ligam orações, de forma que em uma
regente), e o termo que completa seu sentido (termo regi- delas explica o que se afirma na outra (pois – em
do). Veja alguns exemplos práticos para entender melhor: começo de oração –, porque, que, porquanto).
Ex.: Preciso ir, porque já é tarde.
• Peguei o livro do professor com o compromisso de Viva bem, pois isso é o mais importante.
devolvê-lo amanhã - Posse.
• As esculturas de cerâmica fizeram o maior sucesso Conjunções subordinativas
durante a exposição – Matéria.
• Estudar com os amigos é muito mais proveitoso – As conjunções subordinativas ligam duas orações,
Companhia. sendo que uma delas é necessária para o sentido com-
• O conhecimento é a chave para o sucesso – Finalidade. pleto da outra. Podem ser classificadas em:
• Fiz o trabalho conforme você sugeriu – Conformidade.
• Falamos sobre Machado de Assis durante a apre- 1. Conjunções Subordinativas Adverbiais
sentação do seminário – Assunto.
• O garoto se feriu com a faca – Instrumento. f) Temporais: iniciam a oração expressando ideia de
• Aguardávamos com ansiedade o resultado do con- tempo (quando, depois que, antes que, logo que,
curso – Modo. assim que, desde que...).
• O cachorro morreu de uma epidemia desconheci- Ex.: Logo que chegou, fez a alegria das crianças.
da – Causa. g) Causais: iniciam a oração dando ideia de causa.
• A plateia protestou contra o alto preço da mensa- (como, por isso que, porque, pois, visto que…).
lidade – Oposição. Ex.: Como não choveu, a represa secou.
• O orientador estipulou um prazo de vinte dias para h) Condicionais: iniciam uma oração com ideia de hi-
a entrega da tese de dissertação – Tempo. pótese, condição (se, salvo se, caso, contanto que,
a não ser que, a menos que...).
CONJUNÇÕES Ex.: Se quiser, eu vou.
Posso lhe ajudar, caso necessite.
São as palavras que ligam duas orações ou dois ele- i) Proporcionais: ideia de proporcionalidade (à pro-
mentos da frase que tem o mesmo sentido gramatical. porção que, à medida que, ao passo que, quanto
mais, quanto menos).
Conjunções coordenativas Ex.: Quanto mais gritava, menos era entendido.
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela.
As conjunções coordenativas ligam elementos in- j) Finais: expressam ideia de finalidade (a fim de que,
dependentes, isto é, orações ou termos que possuem a para que, etc.).
mesma função gramatical e que, por si só, possuem sen- Ex.: Mentiu para que todos lhe dessem crédito.
LÍNGUA PORTUGUESA

tido completo. Elas podem ser classificadas em: Comprou um computador a fim de que pudesse
trabalhar tranquilamente.
a) Aditivas: somam informações da mesma natureza k) Consecutivas: iniciam a oração expressando ideia
(e, nem, não só.... mas também, etc.). de consequência (que associado a tal, tanto, tão,
Ex.: Ela estudou e aprendeu. > positiva + positiva; tamanho (expressos ou subentendidos na oração
Ela não estudou e não aprendeu. / Ela não estudou anterior); de forma que, de maneira que, de modo
nem aprendeu. > negativa + negativa. que, etc.).

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Ex.: Era tanta beleza que chegava a ofuscar os • Oração subordinada substantiva completiva nomi-
olhos. nal: é aquela que exerce a função de complemento
Fala tanto que o marido decidiu fugir. nominal de um termo da oração principal.
Desde que chegou, todos as cercam. – Tenho esperança de que você venha comigo.
l) Concessivas: iniciam uma oração com uma ideia Tenho esperança = oração principal;
contrária à da oração principal (embora, conquan- De que você venha comigo = complemento
to, ainda que, mesmo que, posto que, se bem que, nominal do substantivo “esperança”.
por mais que, por menos que, apesar de que, nem Conjunção “de que” integrando as orações,
que, que, de todo modo...). atuando como complemento nominal.
Ex.: Trabalhava, por mais que a perna doesse. • Oração subordinada substantiva predicativa: é
m) Comparativas: iniciam orações comparando aquela que exerce função de predicativo do sujeito
ações, e em geral, o verbo fica subentendido (tal... da oração principal.
qual, tanto... quanto..., como, assim como, bem – A dúvida é se ela vem acompanhada.
como, [do] que – relacionado a mais, menos, me- A dúvida é = oração principal;
lhor, pior, maior, menor). Se ela vem acompanhada = predicativo do su-
Ex.: Ela dança tanto quanto Carlos. > Igualdade; jeito “dúvida”.
Ela dança menos [do] que Júlia. > Inferioridade; Conjunção “se” integrando orações, atuando
Ela dança mais [do] que Renata. > Superioridade. como predicativo.
n) Conformativas: expressam, como o próprio nome • Oração subordinada substantiva apositiva: aquela
diz, a conformidade de uma ideia com a da oração que exerce a função de aposto da oração principal.
principal (como, segundo, conforme, etc.). – Apenas quero uma coisa: que sejamos amigos
Ex.: Conforme eu esperava, tudo acabou mal. para sempre.
Amanhã chove, segundo informa a previsão do Apenas quero uma coisa = oração principal;
tempo. Que sejamos amigos para sempre = aposto.
“Que” integrando orações, atuando como
aposto.
Conjunções integrantes

As conjunções integrantes apresentam uma oração INTERJEIÇÕES


que atua como sujeito, objeto direto ou indireto, predi-
cativo, aposto ou complemento nominal de uma outra São palavras que expressam emotividade.
oração (que, se). Ex.: Psiu! A criança está dormindo.
Oi! Que bom que você veio hoje.
Ex.: Tive medo, percebi que cometi um erro.
Bravo! Nosso time foi campeão pela 3ª vez conse-
Veja se compreende.
cutiva!
Veja os diferentes tipos de orações com conjunções
integrantes:
Há também a locução interjetiva, que são duas ou
mais palavras que possuem valor de interjeição.
• Oração subordinada substantiva subjetiva: aquela
Ex.: Poxa vida!
que exerce função de sujeito da oração principal. Nossa senhora!
– É obrigatório que você esteja presente.
É obrigatório = oração principal; Veja algumas classificações de locução interjetiva e
Que você esteja presente = sujeito. seus exemplos:
Perceba: a conjunção “que” atuando como in-
tegrante sujeito. De advertência: Olha lá!; Vê bem!; Presta atenção!;
• Oração subordinada substantiva objetiva direta: Volta aqui!;
aquela que exerce função de objeto direto da ora- De agradecimento: Graças a Deus!; Muito obrigada!;
ção principal. Valeu a pena!;
– Não sei se as inscrições já terminaram. De alegria: Que bom!; Que maravilha!;
Não sei = oração principal; De animação: Vamos lá!; Você consegue!; Tenha co-
Se as inscrições já terminaram = objeto direto. ragem!;
Conjunção “se”, atuando como objeto direto. De concordância: Sem dúvidas!; Com certeza!;
• Oração subordinada substantiva objetiva indireta: De aplauso: Isso aí!; Muito bem!;
aquela que exerce função de objeto indireto da De desejo: Queira Deus!; Quem me dera!;
De dor: Ai de mim!; Que dor!;
oração principal.
De espanto: Nossa mãe!; Meu Deus!; Senhor Jesus!;
– O diretor insistiu em que aquela funcionária
LÍNGUA PORTUGUESA

Crê em Deus Pai!


fosse despedida.
O diretor insistiu = oração principal;
Em que aquela funcionária fosse despedida =
objeto indireto.
Conjunção “em que” integrando orações,
atuando como parte do objeto indireto.

54
os povos vindos do norte do continente africano que buscam
EXERCÍCIOS COMENTADOS residência em países estrangeiros, apenas como exemplos.
25 A visão etnocêntrica caminha na contramão do processo de
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) integração global decorrente da modernização dos meios de
comunicação como a Internet, pois é sinônimo de estranheza e
1 De tanto pegadio com o neto, até nos menores 28 de falta de tolerância.
quefazeres fora de hora meu avô me queria com a cara metida
Internet: <https://brasilescola.uol.com.br>(com adaptações).
nas coisas que as suas mãos manejavam. Era o seu jeito mais
4 congruente de me passar o afeto calado de sua companhia, e ao Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do
mesmo tempo me adestrar na sabedoria que apanhara dos texto CB2A1-I, julgue o próximo item.
antepassados rurais: pequenos conhecimentos cristalizados em Em “servindo-nos” (ℓ.3), o pronome “nos” poderia ser su-
7 hábitos recorrentes que eram exercidos todos os dias no primido, sem prejudicar a correção gramatical e a coesão
amanho da terra e no cultivo dos animais, com a entranhada do texto.
naturalidade de quem já nasceu posseiro de seus segredos e de
10 sua magia. Além de lavrar no Engenho Murituba os bens de (  ) CERTO   (  ) ERRADO
consumo que abasteciam a sua gente, meu avô ainda tinha o
domínio razoável de todos os pequenos ofícios necessários ao Resposta: Certo.
13 bom andamento de sua produção Omitindo o pronome átono “nos”, ainda fica clara a
ideia de que a pessoa em questão é “nós” pela presen-
Francisco J. C. Dantas. Coivara da memória.
ça do pronome possesivo “nosso” (ℓ.3).
São Paulo: Estação Liberdade, 1991, p. 174
3. (CESPE-CEBRASPE – 2019)
Com relação às propriedades linguísticas do texto apre-
sentado, julgue o item que se segue.
As formas pronominais presentes em “seu jeito” (l.3) e 1 De tanto pegadio com o neto, até nos menores
“sua companhia” (l.4) têm como referente “meu avô” (l.2). quefazeres fora de hora meu avô me queria com a cara metida
nas coisas que as suas mãos manejavam. Era o seu jeito mais
(  ) CERTO   (  ) ERRADO 4 congruente de me passar o afeto calado de sua companhia, e ao
mesmo tempo me adestrar na sabedoria que apanhara dos
Resposta: Certo. antepassados rurais: pequenos conhecimentos cristalizados em
Basta fazer a substituição e conferir o sentido: 7 hábitos recorrentes que eram exercidos todos os dias no
Era o seu jeito mais congruente [do meu avô] de me amanho da terra e no cultivo dos animais, com a entranhada
passar o afeto calado de sua companhia [...]. naturalidade de quem já nasceu posseiro de seus segredos e de
10 sua magia. Além de lavrar no Engenho Murituba os bens de
2. (CESPE – 2018)
consumo que abasteciam a sua gente, meu avô ainda tinha o
domínio razoável de todos os pequenos ofícios necessários ao
Texto CB2A1-1
13 bom andamento de sua produção

1 Se a cultura, no que tange a valores e visões de Francisco J. C. Dantas. Coivara da memória.


mundo, é fundamental para nossa constituição enquanto São Paulo: Estação Liberdade, 1991, p. 174
indivíduos (servindo-nos como parâmetro para nosso
Com relação às propriedades linguísticas do texto apre-
4 comportamento moral, por exemplo), limitarmo-nos a ela,
sentado, julgue o item que se segue.
desconhecendo ou depreciando as demais culturas de povos ou
A palavra “magia” (l.10) está empregada no texto com
grupos dos quais não fazemos parte, pode nos levar a uma sentido denotativo.
7 visão estreita das dimensões da vida humana. O etnocentrismo,
dessa forma, representa uma visão de mundo que toma a (  ) CERTO   (  ) ERRADO
cultura do outro (alheia ao observador) como algo menor, sem
10 valor, errado, primitivo. Ou seja, a visão etnocêntrica Resposta: Errado.
desconsidera a lógica de funcionamento de outra cultura, o que Está no sentido conotativo, figurado, pois não se trata
faz o indivíduo limitar-se à visão que possui como referência da magia em seu sentido original (aquela do conto de
13 cultural. A herança cultural que recebemos de nossos pais e fadas ou da bruxa), apenas se utiliza do termo para
antepassados contribui para isso, pois nos condiciona ao expressar uma imagem sutil e fantasiosa.
mesmo tempo em que nos educa.
LÍNGUA PORTUGUESA

16 Tomar conhecimento do outro sem aceitar sua lógica 4. (FCC – 2018) Atenção: Considere o texto abaixo para
de pensamento e seus hábitos acaba por gerar uma visão responder à questão.
etnocêntrica e preconceituosa, o que pode até mesmo se
19 desdobrar em conflitos diretos. O etnocentrismo está, A obra de arte genial dribla de algum modo o efeito
certamente, entre as principais causas da intolerância debilitador da passagem do tempo e adquire o poder de
internacional e da xenofobia. Basta pensarmos nas relações dizer coisas novas a sucessivas gerações de apreciado-
22 entre norte-americanos e latinos imigrantes, entre franceses e
res. As grandes obras da ciência, como os tratados hipo-
cráticos, foram criações que marcaram época, mas que

55
a passagem do tempo reduziu à condição de peça de convivência com modelos inspiradores; um clima cultu-
antiquário. Com a arte é diferente. ral propício e uma energia pessoal vulcânica ligada a um
A obra de arte genial transcende sua época. Mas ela não menos generoso impulso criador. Acidentes felizes
é fruto de uma época. O trabalho do artista inevitavel- acontecem.
mente reflete os valores de uma época - ou aquilo que Mozart certamente não tem a profundidade emotiva
os alemães denominam “zeitgeist”, o espírito definidor de Beethoven. Nem por isso, contudo, é menor que ele.
de um período histórico particular. Na obra de Mozart sentimos pulsar a crença na possi-
bilidade de existência de uma ordem cósmica que nos
Duzentos e cinquenta anos nos separam do nasci-
transcende. Alguma coisa além da nossa capacidade de
mento de Mozart. Os seus 36 anos de intensa ativida- compreensão, mas que nos é facultado entrever ou intuir
de musical transcorreram no século XVIII. Sua morte, em no contato com a música. Que o ânimo luminoso des-
1791, praticamente coincide com o desfecho dramático sa arte esteja conosco na difícil jornada que o século 21
do século das luzes que foi a Revolução Francesa. prenuncia.
De tempos em tempos, surgem artistas que não se (Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. O elogio do vira-lata. São
contentam em fazer escolhas dentro dos marcos defini- Paulo: Cia. das Letras, 2018, edição digital.)
dos pelos adeptos de uma tradição estética − colegas,
a) A frase que pode ser transposta para a voz passiva
críticos e o público −, mas almejam ir além e escolher por está em:
si mesmos as regras do fazer criativo. b) Acidentes felizes acontecem.
Em sua formação musical Mozart assimilou desde c) Mas ela é fruto de uma época.
cedo, sob a rigorosa tutela do pai, a tradição clássica aus- d) Mozart conquistou a expansão de um potencial criati-
tríaca que tinha em Joseph Haydn a sua mais consumada vo... Sua morte, em 1791, praticamente coincide com
expressão. Na juventude, Mozart se empenhou com ex- o desfecho dramático do século das luzes...
traordinário afinco ao desafio de dominar essa tradição. e) De tempos em tempos, surgem artistas que…
Seu reconhecimento definitivo veio do próprio Haydn Resposta: Letra C.
que, em comentário feito ao pai de Mozart, afirmou: “seu Para haver voz passiva, deve haver Objeto Direto.
filho é o maior compositor de que tenho conhecimento”. a) Acidentes felizes acontecem. (Verbo Intransitivo)
Seria difícil pedir mais. b) Mas ela é fruto de uma época. (Verbo de Ligação)
Mozart não foi um revolucionário, como Beethoven. d) O Verbo Coincidir é VTI, pede preposição “com”.
Ele jamais se propôs a subverter os marcos da tradição e) Verbo Surgir é Verbo Intransitivo.
na qual se fez músico. O que é assombroso constatar é
PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS
que Mozart conquistou a expansão de um potencial cria-
tivo sem que precisasse abdicar de uma estrita adesão ao INTRODUÇÃO
rigor formal clássico.
Não seria descabido especular que o peso esmaga- A Morfologia, dentro da Linguística, é o estudo da es-
dor do seu gênio tenha contribuído para impelir Beetho- trutura, formação e classificação das palavras, analisan-
ven a embarcar na aventura radical da ruptura romântica. do-as de forma individual, sem olhar para sua atuação
Pois se é verdade, como dizia Marx, que “a tradição de dentro de uma oração ou período.
Nesta seção, vamos aprofundar mais na estrutura e
todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o formação das palavras, entendendo melhor como se or-
cérebro dos vivos”, o que dizer de uma tradição na qual ganizam e os conceitos importantes dessa área.
floresce um Mozart?
Como entender a gênese de um gênio da estatura ESTRUTURA DAS PALAVRAS
de Mozart? A imagem da criança prodígio, que aos oito
anos arrebatou ao piano as cortes de Londres e Versail- Radical e morfema lexical
les, pode sugerir pistas enganosas - a ideia de dons so-
O morfema é o menor elemento significativo da pa-
brenaturais ou talentos geneticamente determinados. lavra. Faz parte da estrutura lexical e gramatical da pala-
Como pondera o biólogo Edward Wilson, “não existe vra, constituindo o chamado radical.
um gene para tocar bem piano. O que há é uma ampla O radical é o elemento básico e que carrega o signi-
conjunção de genes cujos efeitos favorecem destreza ficado das palavras, sendo fixo, independente das possí-
manual, criatividade, expressão emotiva, foco, espectro veis variações da palavra. Veja:
de atenção e controle de tom, ritmo e timbre. Essa con-
junção também torna a criança bem-dotada propensa a • Livro
Livrinho
tirar proveito da oportunidade certa na hora certa”. Mo-
Livreto
zart foi um prodígio que se fez gênio. O seu caminho
de criança prodígio a gênio maduro revela o acerto do
LÍNGUA PORTUGUESA

Perceba que, nos exemplos acima, existe uma base


verso de Hesíodo: “Ante os portais da excelência, os altos fixa, invariável em todas as palavras e é ela que carrega
deuses puseram o suor”. o significado. Na palavra “livro”, o radical é “-livr”. Veja
O surgimento de um Mozart, em suma, pode ser en- mais um exemplo:
tendido como o efeito da convergência, estatisticamen- • Certo
te improvável, de um grande número de circunstâncias Incerto
felizes: excepcional dotação genética; a fortuna de uma Incerteza
educação exigente numa esplêndida tradição musical; a Radical “-cert”.

56
Afixos ou morfemas derivacionais vogais de ligação são incluídas nas palavras para facilitar
sua pronúncia.
Os afixos seriam elementos complementares das pa- Ex.: Bananeira; maresia; correria.
lavras, podendo aparecer no seu início ou final, mudando
um pouco seu sentido e até formando novas palavras. As consoantes de ligação, assim como as vogais, são
Quando o afixo aparece antes, é chamado de prefixo, e consoantes que facilitam a pronúncia das palavras.
quando aparece no final, sufixo. Veja se você consegue Ex.: Cafeteira; chaleira.
identificar os afixos nas palavras a seguir:
É importante destacar que as vogais e consoantes de
Infeliz -> prefixo “in”, acrescentado à palavra “feliz”; ligação não alteram o sentido das palavras. Trata-se de
Felizardo -> sufixo “ardo”, acrescentado à palavra “fe- um elemento eufônico, ou seja, relacionado à Fonologia
liz”. da palavra.
Desinências ou morfemas flexionais Agora que já aprendemos sobre a estrutura das pala-
vras, vamos passar ao processo de formação das palavras.
Abordaremos agora as desinências, lembre-se que
Conceitualmente, o processo de formação das pala-
alguns autores nomeiam como morfemas flexionais.
vras refere-se à maneira como os morfemas se organi-
Conceitualmente, as desinências são os morfemas acres-
centados ao final das palavras para indicar suas flexões. zam para formarem as palavras. Há uma diversidade de
Podem ser de dois tipos: maneiras de organização dos morfemas, como veremos
adiante.
• Desinência verbal: indica flexão de pessoa, núme-
ro, modo e tempos verbais. Processos de derivação
Ex.: Eu como / Tu comes / Ele come (flexão de pes-
soa e tempo). Através da derivação, um dos processos de formação
• Desinência nominal: indica flexão de gênero (femi- de palavras, formam-se novas palavras a partir de outras,
nino ou masculino) e de número (singular ou plural). sendo que estas novas são palavras derivadas. A deriva-
Ex.: Menino / Menina -> flexão de gênero ção pode ser:
Garoto / Garotos -> flexão de número
• Prefixal: palavras formadas a partir do acréscimo
Vogais temáticas de um ou mais prefixos à palavra primitiva.
Ex.: Refazer -> palavra derivada prefixal de “Fazer”;
Impaciente -> palavra derivada prefixal de “Pacien-
Agora falaremos de Vogal Temática!
te”.
Vogal temática é a vogal que fica junto ao radical da
• Sufixal: palavras formadas a partir do acréscimo de
palavra. Elas podem ser divididas em três tipos, de acor-
um ou mais sufixos à palavra primitiva.
do com sua conjugação:
Ex.: Realmente -> palavra derivada sufixal de
“Real”;
1ª conjugação: “ar” – amar;
Folhagem -> palavra derivada sufixal de “Folha”.
2ª conjugação “er; - correr;
3ª conjugação “ir” – partir.
LISTA DE RADICAIS E PREFIXOS
Tema Separamos alguns radicais e prefixos de origem lati-
na que compõem as palavras da Língua Portuguesa para
No tratante às estruturas das palavras, estudaremos você conferir. Veja abaixo:
o tema.
O tema é formado pelo radical + vogal temática. Para
RADICAL SENTIDO EXEMPLO
compreender o conceito, veja alguns exemplos:
Estuda -> Estud a Agri Campo Agricultor
Corrige -> Corrig e Arbori Árvore Arborizar
No primeiro exemplo, temos a palavra “estuda”, for-
Beli Guerra Beligerante
mada pelo radical “estud” mais a vogal temática “a”. O
tema, nesse caso, é: “estuda”. Utilizando a mesma dinâ- Cruci Cruz Crucificar
mica do primeiro exemplo, pense como ficaria a palavra Cultura Cultivar Apicultura
LÍNGUA PORTUGUESA

“corrige”. Se você pensou em “corrig” como radical e “e” Fero Que contém ou produz Mamífero
como vogal temática, você acertou! Nesse caso, o tema Frater Irmão Fraterno
será “corrige”.
Fugo Que foge Centrífugo
Vogais e consoantes de ligação Herbi Erva Herbicida
Loco Lugar Localizar
Um assunto que deve ser estudado com bastante
Mater Mãe Materno
atenção é a vogal de ligação e a consoante de ligação. As

57
Morti Morte Mortífero Cão de guarda;
Cor de vinho;
Pater Pai Paterno Café com leite.
Pade Pé Pedestre
Puer Criança Pueril Já as palavras derivadas são aquelas que provêm da
Quadri Quatro Quadrilátero mesma palavra (primitiva). Nesse caso, um mesmo radical
forma um ou mais palavras. Veja os exemplos a seguir:
Silvi Floresta Silvícola
Pedra (palavra primitiva) – pedreiro (palavra derivada);
Taur (i) Touro Taurino Flor (palavra primitiva) – floricultura, florista (palavras
Uxor Esposa Uxoricida derivadas).
Vermi Verme Vermífugo Abaixo, trouxemos uma tabela, para você conhecer
melhor quais são as palavras derivadas.
Voro Que come Carnívoro

Processos de composição Palavra Palavra derivada


primitiva
Pela composição, forma-se uma nova palavra, a partir Floração, flora, floral, floreado, floreio,
da junção de dois ou mais radicais. Flor flóreo, florescente, floriano, floricultura,
Ex.: Guarda-chuva. florido, florista, florzinha
Existem dois tipos de composição: Papel Papelada, papelão, papelaria, papeleiro,
Composição por aglutinação: quando, ao unir dois ra- papelinho, papiro
dicais, um deles sofre alteração.
Planalto = plano + alto; Pedra Pedreira, pedreiro, pedregulho, pedra-
Embora = em + boa + hora. ria, pedrinha, pedrisco
Composição por justaposição: quando os radicais, ao Bicicleta Bicicletaria, bicicletário, bicicletista
se unirem, não sofrem alterações. Água Aguaceiro, aguado, aguador
Girassol / passatempo / pé-de-galinha / guarda-sol.
Café Cafeicultor, cafeína, cafezal, cafezinho
Palavras compostas e derivadas Morte Imortal, mortal, morta, mortuário, mor-
tífero
Estudaremos nesse tópico as palavras compostas,
que são aquelas que possuem mais que um radical, po- Uso do Hífen: conforme novo Acordo Ortográfico
dendo ou não ser separadas por hífen. Como o exemplo
abaixo: O hífen é um sinal diacrítico de pontuação. Na Língua
Ex.: Couve-flor, girassol, etc. Portuguesa é utilizado para conectar e formar palavras.
Após o novo acordo ortográfico, ocorreram algumas mu-
Separamos uma lista com alguns exemplos de pa- danças na utilização do hífen nas palavras. Estudaremos
lavras compostas. É importante conhecer, mas não se adiante quais as mudanças e veremos a aplicação das
preocupe em decorá-las. Veja se você já consegue iden- regras. Veja:
tificar os dois radicais presentes nas palavras. Vejamos:
Amor-perfeito; a) Compostos formados por mais de um radical pá-
Arco-íris; trio (afro, anglo, euro, indo, luso, sino e etc.), loca-
Beija-flor; tivo ou gentílico, grafam-se com hífen.
Bem-me-quer;
Ex.: Afro-brasileiro; anglo-brasileiro; euro-asiático;
Cachorro-quente;
franco-germânico.
Cavalo-marinho;
b) Como exceção do uso do hífen, a nova ortografia
Couve-flor;
Guarda-roupa; apresenta girassol, mandachuva, pontapé, para-
Guarda-chuva; quedas, paraquedista, paraquedismo.
Peixe-espada; c) Topônimos (nome derivados de nomes de lugares)
Roda-viva; compostos usam hífen, quando iniciados por Grã,
Passatempo; Grão, por forma verbal ou quando tiverem interna-
Pontapé; mente um artigo, com exceção de: Guiné-Bissau e
Vaivém; Timor-Leste.
LÍNGUA PORTUGUESA

Varapau;
Segunda-feira;
Arco-íris;
Decreto-lei;
Ano-luz;
Fim de semana;
Dia a dia;
Sala de jantar;

58
Ex.: Grã-Bretanha, Grão-Pará, Passa-Quatro, Que- Quando não se utiliza hífen?
bra-Costas, Albergaria-a-Velha.
d) Os topônimos compostos, escritos sem hífen, têm a) Não se usa hífen quando o prefixo termina em vo-
seus gentílicos hifenizados. gal e quando a segunda palavra começa em r ou s.
Ex.: África do Sul -> sul-africano; Rio Grande do Ex.: auto-retrato (incorreto) > autorretrato (correto).
Norte -> norte-rio-grandense, rio-grandense-do-
-norte.
e) Os compostos com elemento de ligação, na nova FIQUE ATENTO!
ortografia, perderam o hífen. Essa regra não vale no caso de palavras liga-
Ex.: mula-sem-cabeça -> mula sem cabeça; Pé-de- das por hiper, inter e super.
-moleque -> pé de moleque. Ex.: Inter-regional (mantém-se o hífen).
f) Encadear palavras é um recurso econômico propi-
ciado pelo uso do hífen.
Ex.: O lema de Liberdade, Igualdade e Fraternidade
-> o lema Liberdade-Igualdade-Fraternidade.
g) Espécies botânicas, zoológicas e produtos deriva- b) Quando o prefixo termina com uma vogal diferente
dos se escrevem com hífen, independentemente da que se inicia a segunda palavra, não se usa o hífen.
de ter ou não elemento de ligação. Exceção: giras- Ex.: auto-estima (incorreto) > autoestima (correto).
sol, madressilva, malmequer. c) Em palavras compostas formadas por uma unida-
Ex.:abóbora-menina, banana-menina, andorinha- de também não se utiliza hífen.
-do-mar, água-de-coco, azeite-de-dendê, formiga- Ex.: manda-chuva (incorreto) > mandachuva (correto).
-branca.
h) Prefixos e falsos prefixos usam hífen antes de “h”,
exceto re, co, des, in, an. #FicaDica
Ex.: Anti-higiênico, contra-harmônico. O “r” e o “s” são dobrados quando estão
Arqui-hipérbole, semi-histeria. perto de vogais, como já vimos. Mas, não se
Reaver, coerdeiro, deserdado, inumano, anistórico. juntam com consoantes.
i) Quando prefixo, ou falso prefixo, termina com a
mesma vogal que inicia o segundo elemento, usa-
-se hífen (exceto ree, pree, coo, proo).
Ex.: Contra-almirante, semi-interno, auto-observa- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ção.
Coopositor, reeducar, preencher.
j) Circum e pan recebem hífen antes de vogal, “m”, “n”. 1. (FGV – 2018)
Ex.: Circum-ambiente, pan-amazônico, circum-mu-
rar, pan-mestiço. TEXTO – Ressentimento e Covardia
k) São separados por hífen: r-r, b-b, d-d, b-r, d-r.
Tenho comentado aqui na Folha, em diversas crôni-
Ex.: Inter-resistente, sub-base, ad-digital, sub-re- cas, os usos da internet, que se ressente ainda da falta
sistente, ad-rogar. de uma legislação específica que coíba não somente os
l) Compostos iniciados por “além”, “aquém”, “re- usos, mas os abusos deste importante e eficaz veículo
cém”, “sem” e “bem” recebem hífen. de comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em
Ex.: Além-Atlântico, além-fronteira, aquém-monta- outros meios, seriam crimes já especificados em lei, como
nha, recém-vindo, sem-fim, bem-vindo. a da imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias,
m) “Ex” (cessamento), “soto/sota” (= sub), “vice/vizo” bem como a violação dos direitos autorais, os plágios e
antecedem hífen. outros recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da
Ex.: Ex-ator, ex-namorado, soto-capitão, vice-rei, vi- informática mais cedo ou mais tarde colocarão a disposi-
zo-rei. ção dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas
n) Depois de “pró”, “pré” e “pós”, utiliza-se hífen. vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está
Ex.: Pré-operatório, pós-graduação, pró-africano. em sua pré-história.
o) Antes de vogal e h, no advérbio mal, tem-se hífen. Atualmente, apesar dos abusos cometidos na inter-
Ex.: mal-educado, mal-humorado, mal-aventurado. net, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e escri-
Também mal como substantivo, no sentido de tores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos
doença, leva hífen. ou deformados que circulam por aí e que não podem
ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jor-
LÍNGUA PORTUGUESA

Mal-americano (sífilis), mal-germânico (sífilis). nal ou revista é processado se publicar sem autorização
p) Sufixos tupis, como: açu (grande), guaçu (grande), dos autos um texto qualquer ainda que em citação longa
mirim (pequeno), ligam-se por hífen quando ante- e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação,
cedidos de vogal acentuada graficamente, ou para também. E em caso de falsear a verdade propositada-
preservar a pronúncia. mente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço
Ex.: Andá-açu, amoré-guaçu, anajá-mirim. ao contraditório.

59
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece Sujeito Simples - Regra Geral
a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que
é mais expressão de ressentidos e covardes do que de O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
liberdade, da verdadeira liberdade. em número e pessoa. Veja os exemplos:
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
A palavra do texto que NÃO segue o mesmo processo de 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
formação que as demais é:
Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
a) Ressentimento; 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
b) Covardia;
c) Legislação; Casos Particulares
d) Importante;
e) Veículo. A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
Resposta: Letra E. metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
A palavra “veículo” é uma palavra primitiva, enquanto parte de...) seguida de um substantivo ou pronome
“ressentimento”, por exemplo, é uma palavra derivada no plural, o verbo pode ficar no singular ou no
por prefixação; assim como todas as outras, também plural.
derivadas de alguma forma. A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
2. (FGV – 2017) Duas palavras que NÃO pertencem à proposta.
mesma família por não possuírem o mesmo radical são: Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
dos coletivos, quando especificados: Um bando de
a) Hemácia/anemia; vândalos destruiu / destruíram o monumento.
b) Decapitar/capital;
c) Cátedra/catedral;
d) Animismo/desanimado; Observação:
e) Depedrar/pedra. Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
Resposta: Letra A. aos elementos que formam esse conjunto.
Para entendermos melhor, vejamos quais os radicais
de cada uma das alternativas: B) Quando o sujeito é formado por expressão que
a) Radical: Hemac/anem (radicais diferentes); indica quantidade aproximada (cerca de, mais
b) Radical: capit/capit (radicais iguais) de, menos de, perto de...) seguida de numeral e
c) Radical: Cated/cated (radicais iguais) substantivo, o verbo concorda com o substantivo.
d) Radical: anim/anim (radicais iguais); Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
e) Radical: pedr/pedr (radicais iguais). Perto de quinhentos alunos compareceram à
solenidade.
MECANISMOS DE FLEXÃO DOS NOMES E VERBOS Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas
últimas Olimpíadas.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Observação:
Os concurseiros estão apreensivos. Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos
Concurseiros apreensivos. que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Mais
de um colega se ofenderam na discussão. (ofenderam um
No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra ao outro)
na terceira pessoa do plural, concordando com o seu
sujeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo C) Quando se trata de nomes que só existem no
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino) plural, a concordância deve ser feita levando-se
e número (plural) com o substantivo a que se refere: em conta a ausência ou presença de artigo. Sem
concurseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo
número e gênero se correspondem. A correspondência no plural, o verbo deve ficar o plural.
LÍNGUA PORTUGUESA

de flexão entre dois termos é a concordância, que pode Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
ser verbal ou nominal. Estados Unidos possui grandes universidades.
Alagoas impressiona pela beleza das praias.
Concordância Verbal As Minas Gerais são inesquecíveis.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
seu sujeito.

60
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou • Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou singular:
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o Nem uma das que me escreveram mora aqui.
pronome pessoal.
Quais de nós são / somos capazes? • Quando “um dos que” vem entremeada de
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? substantivo, o verbo pode:
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que
inovadoras. atravessa o Estado de São Paulo. (já que não há
outro rio que faça o mesmo).
Observação: 2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a poluídos (noção de que existem outros rios na
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém mesma condição).
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada
fizemos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. Vossa Excelência está cansado?
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido Vossas Excelências renunciarão?
estiver no singular, o verbo ficará no singular.
Qual de nós é capaz? I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
Algum de vós fez isso. de acordo com o numeral.
Deu uma hora no relógio da sala.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão Deram cinco horas no relógio da sala.
que indica porcentagem seguida de substantivo, o
Soam dezenove horas no relógio da praça.
verbo deve concordar com o substantivo.
Baterão doze horas daqui a pouco.
25% do orçamento do país será destinado à Educação.
85% dos entrevistados não aprovam a administração
Observação:
do prefeito.
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
1% do eleitorado aceita a mudança.
torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
1% dos alunos faltaram à prova.
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
Soa quinze horas o relógio da matriz.
• Quando a expressão que indica porcentagem não
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
com o número.
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do
25% querem a mudança.
singular. São verbos impessoais: Haver no sentido
1% conhece o assunto.
de existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que
indicam fenômenos da natureza. Exemplos:
• Se o número percentual estiver determinado por
Havia muitas garotas na festa.
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-
Faz dois meses que não vejo meu pai.
se-á com eles:
Chovia ontem à tarde.
Os 30% da produção de soja serão exportados.
Esses 2% da prova serão questionados.
Sujeito Composto
F) O pronome “que” não interfere na concordância; já
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao
o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
verbo, a concordância se faz no plural:
singular.
Fui eu que paguei a conta.
Pai e filho conversavam longamente.
Fomos nós que pintamos o muro.
Sujeito
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Sou eu quem faz a prova.
Pais e filhos devem conversar com frequência.
Não serão eles quem será aprovado.
Sujeito
LÍNGUA PORTUGUESA

G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve


B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
assumir a forma plural.
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais
seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
encantaram os poetas.
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por
Este candidato é um dos que mais estudaram!
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja:
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Primeira Pessoa do Plural (Nós)

61
Tu e teus irmãos tomareis a decisão. Um ou outro compareceu à festa.
Segunda Pessoa do Plural (Vós) Nem um nem outro saiu do colégio.

Pais e filhos precisam respeitar-se. • Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou
Terceira Pessoa do Plural (Eles) no singular: Um e outro farão/fará a prova.

Observação: • Quando os núcleos do sujeito são unidos por


Quando o sujeito é composto, formado por um “com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os
elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), núcleos recebem um mesmo grau de importância
é possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural e a palavra “com” tem sentido muito próximo ao
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar de “e”.
de “tomaríeis”. O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
C) No caso do sujeito composto posposto ao
para o próximo semestre.
verbo, passa a existir uma nova possibilidade de
O professor com o aluno questionaram as regras.
concordância: em vez de concordar no plural com
a totalidade do sujeito, o verbo pode estabelecer
concordância com o núcleo do sujeito mais Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
próximo. a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Faltaram coragem e competência. O pai com o filho montou o brinquedo.
Faltou coragem e competência. O governador com o secretariado traçou os planos
Compareceram todos os candidatos e o banca. para o próximo semestre.
Compareceu o banca e todos os candidatos. O professor com o aluno questionou as regras.
Com o verbo no singular, não se pode falar em
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez que as
concordância é feita no plural. Observe: expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
Abraçaram-se vencedor e vencido. adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. se houvesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Casos Particulares “O governador traçou os planos para o próximo
semestre com o secretariado.”
• Quando o sujeito composto é formado por núcleos “O professor questionou as regras com o aluno.”
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no
singular. Casos em que se usa o verbo no singular:
Descaso e desprezo marca seu comportamento.
A coragem e o destemor fez dele um herói. Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
• Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um expressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
segundo me satisfaz. somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
o verbo ficará no plural.
• Quando os núcleos do sujeito composto são
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
unidos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar
Nordeste.
no plural, de acordo com o valor semântico das
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
conjunções:
Drummond ou Bandeira representam a essência da notícia.
poesia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de é feita com esse termo resumidor.
“adição”. Já em: Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da
Juca ou Pedro será contratado. apatia.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Olimpíada. na vida das pessoas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam Outros Casos


no singular.
O Verbo e a Palavra “SE”
• Com as expressões “um ou outro” e “nem um
nem outro”, a concordância costuma ser feita no Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
singular. duas de particular interesse para a concordância verbal:

62
A) quando é índice de indeterminação do sujeito; B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro no
B) quando é partícula apassivadora. plural, o verbo SER concordará, preferencialmente,
com o que estiver no plural:
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se” Os livros são minha paixão!
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos Minha paixão são os livros!
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na
terceira pessoa do singular: Quando o verbo SER indicar
Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas. • Horas e distâncias, concordará com a expressão
numérica:
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha É uma hora.
verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e São quatro horas.
indiretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Daqui até a escola é um quilômetro / são dois
Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da quilômetros.
oração. Exemplos:
Construiu-se um posto de saúde. • Datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
Construíram-se novos postos de saúde. estar expressa ou subentendida:
Aqui não se cometem equívocos Hoje é dia 26 de agosto.
Alugam-se casas. Hoje são 26 de agosto.

• Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade


#FicaDica e for seguido de palavras ou expressões como
Para saber se o “se” é partícula apassivadora pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER
ou índice de indeterminação do sujeito, ten- fica no singular:
te transformar a frase para a voz passiva. Se Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
a frase construída for “compreensível”, esta-
Duas semanas de férias é muito para mim.
remos diante de uma partícula apassivadora;
se não, o “se” será índice de indeterminação.
• Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
Veja:
for pronome pessoal do caso reto, com este
Precisa-se de funcionários qualificados.
concordará o verbo.
Tentemos a voz passiva:
No meu setor, eu sou a única mulher.
Funcionários qualificados são precisados (ou
Aqui os adultos somos nós.
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se”
destacado é índice de indeterminação do Observação:
sujeito. Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo)
Agora: representados por pronomes pessoais, o verbo concorda
Vendem-se casas. com o pronome sujeito.
Voz passiva: Casas são vendidas. Constru- Eu não sou ela.
ção correta! Então, aqui, o “se” é partícula Ela não é eu.
apassivadora. (Dá para eu passar para a voz
passiva. Repare em meu destaque. Percebeu • Quando o sujeito for uma expressão de sentido
semelhança? Agora é só memorizar!). partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no
plural, o verbo SER concordará com o predicativo.
A grande maioria no protesto eram jovens.
O Verbo “Ser” O resto foram atitudes imaturas.

A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo O Verbo “Parecer”


e o sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa O verbo parecer, quando é auxiliar em uma
concordância pode ocorrer também entre o verbo e o locução verbal (é seguido de infinitivo), admite duas
predicativo do sujeito. concordâncias:

Quando o sujeito ou o predicativo for: • Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
LÍNGUA PORTUGUESA

o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.


A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo
SER concorda com a pessoa gramatical: • A variação do verbo parecer não ocorre e o
Ele é forte, mas não é dois. infinitivo sofre flexão:
Fernando Pessoa era vários poetas. As crianças parece gostarem do desenho.
A esperança dos pais são eles, os filhos. (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
aas crianças)

63
Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER fica O adjetivo concorda com o substantivo, se este
no singular. Por exemplo: As paredes parece que têm for modificado por um artigo ou qualquer outro
ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração determinativo: Esta água é boa para saúde.
subordinada substantiva subjetiva).
D) O adjetivo concorda em gênero e número com
Concordância Nominal os pronomes pessoais a que se refere: Juliana
encontrou-as muito felizes.
A concordância nominal se baseia na relação entre E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes DE + adjetivo, este último geralmente é usado
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: no masculino singular: Os jovens tinham algo de
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um misterioso.
termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal. F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as função adjetiva e concorda normalmente com o
seguintes regras gerais: nome a que se refere:
Cristina saiu só.
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando Cristina e Débora saíram sós.
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
denunciavam o que sentia. Observação:
B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou
a concordância pode variar. Podemos sistematizar “apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto,
essa flexão nos seguintes casos: invariável: Eles só desejam ganhar presentes.

• Adjetivo anteposto aos substantivos:


#FicaDica
O adjetivo concorda em gênero e número com o
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
substantivo mais próximo.
Se a frase ficar coerente com o primeiro,
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
houver coerência com o segundo, função de
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
adjetivo, então varia:
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. Ele está só descansando. (apenas
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. descansando) - advérbio
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.

• Adjetivo posposto aos substantivos: Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
“só”, haverá, novamente, um adjetivo:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural descansando)
se houver substantivo feminino e masculino).
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. G) Quando um único substantivo é modificado por
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. dois ou mais adjetivos no singular, podem ser
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. usadas as construções:
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. • O substantivo permanece no singular e coloca-se
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
Observação: espanhola e a portuguesa.
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, • O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado portuguesa.
no plural masculino, que é o gênero predominante
quando há substantivos de gêneros diferentes. Casos Particulares
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o
adjetivo fica no singular ou plural.
LÍNGUA PORTUGUESA

É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É


A beleza e a inteligência feminina(s). permitido
O carro e o iate novo(s).
• Estas expressões, formadas por um verbo mais
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: um adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a
O adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo que se referem possuir sentido genérico (não vier
não for acompanhado de nenhum modificador: Água é precedido de artigo).
bom para saúde.

64
É proibido entrada de crianças. REFERÊNCIAS
Em certos momentos, é necessário atenção.
No verão, melancia é bom. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
É preciso cidadania. Cochar. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed.
Não é permitido saída pelas portas laterais. Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010.

• Quando o sujeito destas expressões estiver SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
determinado por artigos, pronomes ou adjetivos, Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
tanto o verbo como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
Esta salada é ótima. literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
A educação é necessária.
São precisas várias medidas na educação.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -
Quite
Estas palavras adjetivas concordam em gênero e 1. (CESGRANRIO-2018) A forma verbal em destaque
número com o substantivo ou pronome a que se referem. está empregada de acordo com a norma-padrão em:
Seguem anexas as documentações requeridas.
A menina agradeceu: - Muito obrigada. a) Atualmente, comercializa-se diferentes criptomoedas
Muito obrigadas, disseram as senhoras. mas a bitcoin é a mais conhecida de todas as moedas
Seguem inclusos os papéis solicitados. virtuais.
Estamos quites com nossos credores. b) A especulação e o comércio ilegal, de acordo com
alguns analistas, pode tornar as bitcoins inviáveis.
Bastante - Caro - Barato - Longe c) As notícias informam que até hoje, em nenhuma parte
Estas palavras são invariáveis quando funcionam do mundo, se substituíram totalmente as moedas
como advérbios. Concordam com o nome a que se reais pelas virtuais.
referem quando funcionam como adjetivos, pronomes d) De acordo com as regras do mercado financeiro, criou-
adjetivos, ou numerais. se apenas 21 milhões de bitcoins nos últimos anos.
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) e) O valor dos produtos comercializados seriam
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. determinados por uma moeda virtual se a real fosse
(pronome adjetivo) abolida.
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
As casas estão caras. (adjetivo) Resposta: Letra C
Achei barato este casaco. (advérbio) Em “a”: Atualmente, comercializam-se diferentes
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) criptomoedas mas a bitcoin é a mais conhecida de
todas as moedas virtuais.
Meio - Meia Em “b”: A especulação e o comércio ilegal, de
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, acordo com alguns analistas, podem tornar as bitcoins
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi inviáveis.
meia porção de polentas. Em “c”: As notícias informam que até hoje, em nenhuma
Quando empregada como advérbio permanece parte do mundo, se substituíram totalmente as
invariável: A candidata está meio nervosa. moedas reais pelas virtuais. = correta
Em “d”: De acordo com as regras do mercado
financeiro, criaram-se apenas 21 milhões de bitcoins
#FicaDica nos últimos anos.
Em “e”: O valor dos produtos comercializados seria
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim determinado por uma moeda virtual se a real fosse
saberei que se trata de um advérbio, não abolida.
de adjetivo: “A candidata está um pouco
nervosa”. 2. (CESGRANRIO-2018) A concordância da palavra
destacada atende às exigências da norma-padrão da
língua portuguesa em:
LÍNGUA PORTUGUESA

Alerta - Menos
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem a) Alimentos saudáveis e prática constante de exercícios
sempre invariáveis. são necessárias para uma vida longa e mais
Os concurseiros estão sempre alerta. equilibrada.
Não queira menos matéria! b) Inexistência de esgoto em muitas regiões e falta de
tratamento adequado da água são causadores de
doenças.

65
c) Notícias falsas e boatos perigosos não deveriam se reduza (reduzam) os comportamentos compulsivos
ser reproduzidas nas redes sociais da forma como relacionados ao uso das novas tecnologias.
acontece hoje. Em “e”: Nos países mais industrializados, comprovou-
d) Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos se (comprovaram-se) os danos psicológicos e o
da Região Nordeste foram elogiados por suas consumismo exagerado causados pelo vício da
propriedades alimentares. tecnologia.
e) Profissionais dedicados e pesquisas constantes
precisam ser estimuladas para que se avance na cura 4. (FGV-2017) Observe os seguintes casos de concordância
de algumas doenças. nominal retirados do texto 1:
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e inde-
Resposta: Letra D pendente.
Em “a”: Alimentos saudáveis e prática constante de 2. A agenda pública é determinada pela imprensa tradi-
exercícios são necessárias (necessários) para uma vida cional.
longa e mais equilibrada. 3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de con-
Em “b”: Inexistência de esgoto em muitas regiões e teúdo independentes.
falta de tratamento adequado da água são causadores
(causadoras) de doenças. A afirmação correta sobre essas concordâncias é:
Em “c”: Notícias falsas e boatos perigosos não
deveriam ser reproduzidas (reproduzidos) nas redes a) os dois adjetivos da frase (1) referem-se, respectiva-
sociais da forma como acontece hoje. mente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
Em “d”: Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos b) os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plural por
da Região Nordeste foram elogiados por suas referirem-se a dois substantivos;
propriedades alimentares = correta c) na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’ se re-
Em “e”: Profissionais dedicados e pesquisas constantes fere a ‘imprensa’;
precisam ser estimuladas (estimulados) para que se d) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está correta-
avance na cura de algumas doenças. mente no plural por referir-se a ‘empresas’;
e) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria estar
3. (CESGRANRIO-2018) A concordância do verbo destacado no singular por referir-se ao substantivo ‘conteúdo’.
foi realizada de acordo com as exigências da norma-padrão
da língua portuguesa em: Resposta: Letra D
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e
a) Com a corrida desenfreada pelas versões mais atuais independente.
dos smartphones, evidenciou-se atitudes agressivas e 2. A agenda pública é determinada pela imprensa
violentas por parte dos usuários. tradicional.
b) Devido à utilização de estratégias de marketing, de- 3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de
senvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que a posse conteúdo independentes.
de novos aparelhos eletrônicos é garantia de sucesso. Em “a”: os dois adjetivos da frase (1) referem-se,
c) É necessário que se envie a todas as escolas do país respectivamente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
vídeos educacionais que permitam esclarecer os jo- A democracia reclama um jornalismo vigoroso e
vens sobre o vício da tecnologia. independente = apenas a “jornalismo”
d) É preciso educar as novas gerações para que se redu- Em “b”: os adjetivos da frase (1) deveriam estar no
za os comportamentos compulsivos relacionados ao plural por referirem-se a dois substantivos;
uso das novas tecnologias. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e
e) Nos países mais industrializados, comprovou-se os independente = a um substantivo (jornalismo)
danos psicológicos e o consumismo exagerado causa- Em “c”: na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’
dos pelo vício da tecnologia. se refere a ‘imprensa’;
A agenda pública é determinada pela imprensa
Resposta: Letra B tradicional = refere-se ao termo “agenda pública”
Em “a”: Com a corrida desenfreada pelas versões mais Em “d”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está
atuais dos smartphones, evidenciou-se (evidenciaram- corretamente no plural por referir-se a ‘empresas’;
se) atitudes agressivas e violentas por parte dos Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de
usuários. conteúdo independentes = correta
Em “b”: Devido à utilização de estratégias de Em “e”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’
LÍNGUA PORTUGUESA

marketing, desenvolveu-se, entre os jovens, a ideia de deveria estar no singular por referir-se ao substantivo
que a posse de novos aparelhos eletrônicos é garantia ‘conteúdo’ = incorreta (refere-se a “empresas”)
de sucesso = correta
Em “c”: É necessário que se envie (enviem) a todas as
escolas do país vídeos educacionais que permitam
esclarecer os jovens sobre o vício da tecnologia.
Em “d”: É preciso educar as novas gerações para que

66
5. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015) (  ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado para o
singular, outras quatro palavras deveriam sofrer ajus-
Texto I tes para fins de concordância.
(  ) Mais da metade dos alunos que usam redes sociais
Na organização do poder político no Estado moderno, podem ficar deprimidos.
à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a (  ) O risco de alunos usuários de redes sociais desen-
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir a volverem depressão constante extrapola o índice dos
desordem do estado de natureza, que, em virtude do risco 27%.
da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige
a existência de um poder institucional. Mas a conquista A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de
da liberdade humana também reclama a distribuição do cima para baixo, é:
poder em ramos diversos, com a disposição de meios
que assegurem o controle recíproco entre eles para o a) V – V – V.
advento de um cenário de equilíbrio e harmonia nas b) F – V – F.
sociedades estatais. A concentração do poder em um só c) V – F – F.
órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exercício d) F – F – V.
da liberdade. É que, como observou Montesquieu, “todo e) F – F – F.
homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai até
onde encontra limites. Para que não se possa abusar do Resposta: Letra C
poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder Esses alunos que são usuários constantes de redes sociais
limite o poder”. têm um risco 27% maior de desenvolver depressão
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza Em: ( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado
as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se para o singular, outras quatro palavras deveriam sofrer
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua ajustes para fins de concordância.
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a forma Esse aluno que é usuário constante de redes sociais
de sistema coerente, as consequências de conceitos tem um risco 27% maior de desenvolver depressão
diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu = (verdadeira = haveria quatro alterações)
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo Em: ( ) Mais da metade dos alunos que usam redes
de origem baconiana, não abandonando o rigor das
sociais podem ficar deprimidos.
certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
= falsa (o período em análise não nos transmite tal
refugindo às especulações metafísicas que, no plano da
informação, apenas afirma que usuários constantes
idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a
têm um risco 27% maior que os demais)
explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos. Em: ( ) O risco de alunos usuários de redes sociais
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério
desenvolverem depressão constante extrapola o
Público em função da proteção dos direitos humanos. Tese de índice dos 27%.
doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses. = falsa (“depressão constante” altera o sentido do
usp.br> (com adaptações). período)

A flexão plural em “eram identificadas” decorre da


SINTAXE
concordância com o sujeito dessa forma verbal: “as
esferas de abrangência dos poderes políticos”.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO, E TERMOS DA ORAÇÃO

Resposta: Certo INTRODUÇÃO


(...) Até Montesquieu, não eram identificadas com
clareza as esferas de abrangência dos poderes Sintaxe é o ramo da gramática que se encarrega de
políticos = passando o período para a ordem direta estudar a disposição das palavras nas frases e das frases
(sujeito + verbo), temos: Até Montesquieu, as esferas no discurso/texto, e a relação que estas frases estabele-
de abrangência dos poderes políticos não eram cem entre si.
identificadas com clareza. Acaba sendo, então, essencial para tornar a mensa-
gem transmitida com sentido completo e compreensível.
6. (PC-RS – ESCRIVÃO e Inspetor de Polícia –
LÍNGUA PORTUGUESA

Fundatec-2018 - adaptada) Sobre a frase “Esses alunos PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO
que são usuários constantes de redes sociais têm um risco
27% maior de desenvolver depressão”, avalie as assertivas Só para relembrar, período é uma das unidades sintá-
que seguem, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas. ticas da gramática normativa, sendo um enunciado com
sentido completo, formado por uma ou mais orações.
Período simples: é o período formado por apenas
uma oração, ou seja, um enunciado que possui apenas

67
um único verbo. Ex.: Os dias de verão são muito quentes.
– um verbo = uma oração.
É importante também ressaltar quais são os ter-
mos essenciais, integrantes e acessórios que com-
põem uma oração.

Termos essenciais
• Objeto indireto: complementa a significação de
Os termos essenciais da oração são: sujeito e predi- um verbo transitivo indireto, com a necessidade de
cado. se utilizar preposição.

O que é o sujeito? Aquele que pratica a ação. Veja


quais são os principais tipos de sujeito:

• Determinado simples: apenas um núcleo. • Complemento nominal: é o termo da oração


Ex.: Meu sobrinho nasceu ontem. que está ligado ao sujeito, ao objeto direto, obje-
• Determinado composto: com mais de um núcleo. to indireto, predicativo, vocativo, aposto, adjunto
Ex.: Minha mãe e eu viemos discutindo pelo cami- adnominal ou agente da passiva (veremos mais
nho todo. adiante sobre eles).
• Determinado implícito: é possível identificar o su- Ex.: A mulher tinha necessidade de medicamentos.
jeito, porém ele não aparece na frase. Nome (substantivo): necessidade.
Ex.: Fui resgatar o animal da chuva. (sujeito implíci- Complemento nominal: de medicamentos.
to: eu). Ex.: Sua postura é prejudicial à saúde.
• Indeterminado: não é possível determinar o sujei- Nome (adjetivo): prejudicial.
to. Complemento nominal: à saúde.
Ex.: É essencial lutar contra o racismo. Ex.: Decidiu favoravelmente ao criminoso.
• Inexistente: quando não há sujeito; em geral, são Nome (advérbio): favoravelmente.
fenômenos da natureza. Complemento nominal: ao criminoso.
Ex.: Ontem choveu demais!
Em geral, o complemento nominal é um substantivo
E predicado? O que é? É o termo que indica o que o ou outra palavra que exerça o papel de substantivo den-
sujeito faz, o que lhe acontece, e é formado, obrigatoria- tro da oração. Veja o exemplo:
mente, por um verbo ou locução verbal. Andar a pé lhe era prazeroso.
Ex.: João caiu da escada. Lhe – pronome que, nesta oração, adquire função de
Bia, Larissa e Flávia são minhas primas. substantivo – complemento nominal.

Termos integrantes • Agente da passiva: é o complemento, com pre-


posição, que representa o ser/ coisa que pratica a
Estudaremos agora os termos integrantes da oração, ação expressa na voz passiva.
são eles: o objeto direto, objeto indireto, complemen- Ex.: A criança foi ensinada pelos pais.
to nominal e agente da passiva. Sujeito: A criança;
Agente da passiva: pelos pais.
• Objeto direto: complementa a significação de um
verbo transitivo direto (confira nas seções anterio- Termos acessórios
res) sem precisar de preposições.
Os termos acessórios da oração são: adjunto adno-
minal, adjunto adverbial e aposto.

• Adjunto adnominal: também se refere ao substan-


LÍNGUA PORTUGUESA

tivo da oração, porém caracterizando-o. Ele pode


ser um artigo, um numeral, pronome adjetivo, um
adjetivo ou locução adjetiva.
Pode complementar também um verbo transitivo di- Ex.: A criança adormeceu. (artigo);
reto e indireto. As duas crianças adormeceram. (numeral);
As crianças bonitas adormeceram. (adjetivo);
Aquelas crianças adormeceram. (pronome adjetivo);

68
Aquelas crianças adormeceram muito cedo. (locu- Sindéticas: são orações ligadas por uma conjunção
ção adjetiva). coordenativa, e são classificadas em 5 tipos:
• Adjunto adverbial: é todo termo que aparece na
oração, como advérbios e locuções adverbiais, ex- • Aditivas: e, nem, mas também.
pressando tempo, modo, lugar, causa, afirmação, Ex.: Não quero feijão nem batata. / Eu e meu amigo
negação, dúvida, instrumento e etc. fomos à praia ontem.
Ex.: Moro em Minas Gerais. -> Lugar; • Adversativas: porém, mas, contudo, todavia, en-
Voltei tarde. -> Tempo; tretanto.
Ele escreve bem. -> Modo; Ex.: Iríamos ao clube hoje, porém está chovendo
Come com o garfo. -> Instrumento; muito. / Compramos uma bola de basquete, mas
Falavam sobre a novela. -> Assunto; não sabemos jogar.
Morreu de pneumonia. -> Causa; • Alternativas: ou, nem... nem..., ou... ou..., seja...
Se organizou para a festa. -> Finalidade. seja..., etc.
• Aposto: é o termo da oração que se liga a outro Ex.: Fica de graça e não escolhe nem uma coisa
termo com a função de identificá-lo ou explicá-lo. nem outra! / Ou você come ou você joga.
Ex.: Clara, a moça mais linda da cidade, esteve por • Conclusivas: por isso, logo, portanto, assim, então.
aqui hoje. Ex.: Comi muito bacalhau, por isso estou passando
Levaram tudo: roupas, acessórios, móveis, eletrôni- mal.
cos... • Explicativas: porque, pois, isto é, ou seja.
Ex.: É vegetariano, ou seja, não come carne. / Vamos
Vocativo comemorar, pois nossa filha foi aprovada no exame.

Indica o nome a quem se dirige a oração. Através Orações Subordinadas


dele, o falante chama a pessoa pelo nome, podendo es-
tar no início ou no final da frase. Uma oração subordinada é aquela que dá sentido,
Ex.: Carol, preste atenção! completa a oração principal, dando sentido para o perío-
Não vá agora, Pedro! do. Veja o exemplo:

PROCESSOS DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO A menina gosta | de ter toda atenção para si.
Oração principal: A menina gosta
PERÍODO COMPOSTO [de quê?]
Oração subordinada: de ter toda atenção para si.
Um período composto é aquele formado por mais de
uma oração. O número de verbos indica o número de Orações Reduzidas
orações do período.
São orações que não se introduzem por conjunções e
Ex.: Pedro pegou a chave, abriu o portão e foi correndo
possuem verbos nas formas nominais (infinitivo, gerún-
ao encontro do amigo – Período composto, com 3
dio e particípio).
orações.
• Orações reduzidas no infinitivo:
Orações Coordenadas
Podem aparecer no infinitivo pessoal, sofrendo flexão
de número e pessoa, podendo ser iniciadas por prepo-
Orações coordenadas são orações independentes, isto
sição, ou não.
é, que não estabelecem relação sintática entre si. Veja:
O professor preparou a aula, aplicou as atividades e Oração subordinada substantiva subjetiva
avaliou os alunos. Reduzida: É essencial comparecer no evento.
Desenvolvida: É essencial que você compareça no
Perceba que todas as orações possuem sentido por si evento.
só, sem dependerem uma da outra e sem estabelecerem
uma ligação entre si, não precisando de uma conjunção. Oração subordinada substantiva objetiva direta
Aí você pode se perguntar: mas o “e” não é conjunção? Reduzida: Os alunos não sabiam ser dia de prova.
Sim, porém nesse caso ele atua como conjunção coor- Desenvolvida: Os alunos não sabiam que era dia de prova.
denativa, utilizada para ligar palavras ou orações que
tenham a mesma função gramatical, como é o caso do
LÍNGUA PORTUGUESA

Oração subordinada substantiva objetiva indireta


exemplo acima. Reduzida: O médico insistiu em fazermos uma dieta.
Existem ainda dois tipos de orações coordenadas, as Desenvolvida: O médico insistiu em que nós fizésse-
assindéticas e as sindéticas. mos uma dieta.
Assindéticas: orações sem conjunção coordenativa,
ligadas por uma pausa, que geralmente se dá pelo uso Oração subordinada substantiva completiva nominal
da vírgula. Reduzida: Eu tenho esperança de conseguirem o em-
Ex.: Ele viu, gostou, comprou. prego.

69
Desenvolvida: Eu tenho esperança de que consigam Desenvolvida: Como não foi honesta, só arrumou
o emprego. confusão.
Oração subordinada adverbial condicional
Oração subordinada substantiva predicativa Reduzida: Precisando de ajuda, fale comigo.
Reduzida: O melhor é ser sempre feliz! Desenvolvida: Caso precise de ajuda, fale comigo.
Desenvolvida: O melhor é que eu seja sempre feliz!
Oração subordinada adverbial concessiva
Oração subordinada substantiva apositiva Reduzida: Respeitando o combinado, outros acordos
Reduzida: Apenas quero uma coisa: encontrar o meu serão necessários.
próprio caminho. Desenvolvida: Ainda que respeitem o combinado, ou-
Desenvolvida: Apenas quero uma coisa: que eu en- tros acordos serão necessários.
contre o meu próprio caminho.
Oração subordinada adverbial temporal
Oração subordinada adverbial causal Reduzida: Chegando à entrada do prédio, ele ligou-
Reduzida: Por ser sempre assim, já ninguém dá aten- -me.
ção! Desenvolvida: Quando chegou à entrada do prédio,
Desenvolvida: Porque é sempre assim, já ninguém dá ele ligou-me.
atenção!
Oração subordinada adjetiva
Oração subordinada adverbial condicional Reduzida: Vi cinco atletas da seleção correndo no cal-
Reduzida: Sem arrumarem o quarto, não iremos ao çadão.
cinema. Desenvolvida: Vi cinco atletas da seleção que corriam
Desenvolvida: Caso não arrumem o quarto, não ire- no calçadão.
mos ao cinema.
• Orações reduzidas de particípio:
Oração subordinada adverbial concessiva
Reduzida: Sem saber nada sobre você, eu acredito na No particípio regular, os verbos terminam em -ado
sua honestidade. (1ª conjugação) e -ida (2ª e 3ª conjugação). No particípio
Desenvolvida: Embora eu não saiba nada sobre você, irregular, terminam em -to ou -do.
eu acredito na sua honestidade.
Oração subordinada adverbial causal
Oração subordinada adverbial temporal Reduzida: Arrependido, tentou resolver a situação.
Reduzida: Ao entrar em casa, vi que tinha sido assal- Desenvolvida: Uma vez que se arrependeu, tentou re-
tada. solver a situação.
Desenvolvida: Quando entrei em casa, vi que tinha
sido assaltada. Oração subordinada adverbial condicional
Oração subordinada adverbial final Reduzida: Cumprida a sua promessa, poderá fazer
Reduzida: Para poder descansar, decidi ceder e es- como entender.
quecer o assunto. Desenvolvida: Desde que cumpra a sua promessa,
Desenvolvida: Para que eu pudesse descansar, decidi poderá fazer como entender.
ceder e esquecer o assunto.
Oração subordinada adverbial concessiva
Oração subordinada adverbial consecutiva Reduzida: Resolvido este problema, outras dificulda-
Reduzida: Ela comeu tanto, ao ponto de vomitar tudo. des virão.
Desenvolvida: Ela comeu tanto, ao ponto que vomi- Desenvolvida: Mesmo que resolvam este problema,
tou tudo. outras dificuldades virão.

Oração subordinada adjetiva Oração subordinada adverbial temporal


Reduzida: A patinadora, a rodopiar no meio do palco, Reduzida: Chegada à casa, o telefone tocou.
era a minha filha. Desenvolvida: Assim que cheguei à casa, o telefone
Desenvolvida: A patinadora, que rodopiava no meio tocou.
do palco, era a minha filha.
Oração subordinada adjetiva
LÍNGUA PORTUGUESA

• Orações reduzidas de gerúndio: Reduzida: Já foi usado o material comprado por mim.
Desenvolvida: Já foi usado o material que eu comprei.
No gerúndio, os verbos terminam em -ando (1ª con-
jugação), -endo (2ª conjugação) e -indo (3ª conjugação).

Oração subordinada adverbial causal


Reduzida: Não sendo honesta, só arrumou confusão.

70
Períodos Mistos 3. Substantivas predicativas: são o predicativo do su-
jeito da oração principal. Ex.: O problema era que
Tem-se um período misto quando, num período, apa- não tinha mais desejo algum.
recem orações que se relacionam, seja por coordenação, 4. Substantivas apositivas: têm a função de aposto de
seja por subordinação. Ex.: algum substantivo da primeira oração.
Ex.: Uma só coisa é necessária: respeitar as escolhas
e opiniões do outro.
5. Substantivas subjetivas: são as orações subordina-
das que exercem a função de sujeito.
Ex.: Foi necessário que ele sofresse.
6. Substantivas completivas nominais: são o comple-
Período composto por coordenação mento nominal da primeira oração.
A coordenação entre as orações é uma das formas em Ex.: Seu problema é a fraqueza de ser muito in-
que se dá o período composto. Vamos entender melhor. constante diante das dificuldades.
Os períodos podem ser compostos por coordenação
ou por subordinação (veremos no próximo tópico). • Adjetivas: São as orações que se encaixam na ora-
Um período composto por coordenação trata de ção principal como adjunto adnominal. Podem ser
orações independentes, com sentido completo, porém, divididas em:
que não estabelecem relação sintática, como já vimos – Restritivas: restringem o significado de seu an-
anteriormente ao tratar das orações coordenadas. Po- tecedente e não são separadas por vírgula.
rém, você pode se questionar: por que razão se juntaria Ex.: O penteado que fiz ontem ficou lindo.
duas orações que não dependem uma da outra? A res- – Explicativas: acrescentam uma qualidade ao
posta é: intenção do autor. antecedente e são separadas da oração prin-
Os períodos compostos por coordenação atuam cipal por vírgula.
juntando, somando diferentes informações, de modo a Ex.: Os jogadores de futebol, que são inician-
tornar o período mais preciso e de acordo com a sua tes, não recebem salários.
intenção/propósito. • Adverbiais: Como os próprios advérbios, são as
Veja abaixo: orações subordinadas que expressam causa, con-
Ex.: Os sócios discutiram o plano econômico, votaram sequência, tempo, condição, finalidade, compara-
o orçamento e encerraram a reunião. ção e etc.
Perceba: o assunto é o mesmo, porém com informa- Ex.: Logo que ela apareceu, começaram as confu-
ções diferentes, que agregam sentido e completude ao sões. / À medida que o tempo passava, ele se afas-
período. tava mais.

Período composto por subordinação CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL


O período composto por subordinação necessita de,
ao menos, uma oração principal e uma oração subordi- Este assunto já foi abordado anteriormente em “
nada. MECANISMOS DE FLEXÃO DOS NOMES E VERBOS.”
A oração subordinada, como já visto anteriormente,
tem a função de completar o sentido da oração principal, TRANSITIVIDADE E REGÊNCIA DE NOMES E VERBOS
por isso exerce uma função sintática dentro do período.
As orações subordinadas são divididas em seis tipos: REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

• Substantivas: exercem funções de substantivo, Dá-se o nome de regência à relação de subordinação


objeto e predicativo; em geral, iniciam-se com as que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
conjunções “se” e “que”. (regência nominal) e seus complementos.
Ex.: É possível que esteja enganada.
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
As orações subordinadas substantivas também são
divididas em grupos: A regência verbal estuda a relação que se estabelece
entre os verbos e os termos que os complementam
1. Substantivas objetivas diretas: complementam, (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam
exercendo a função de objeto direto. (adjuntos adverbiais). Há verbos que admitem mais
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Fernanda comprovou que a marca mais barata de uma regência, o que corresponde à diversidade
possuía pouquíssima qualidade. de significados que estes verbos podem adquirir
2. Substantiva objetiva indireta: complementam, dependendo do contexto em que forem empregados.
exercendo a função de objeto indireto.
Ex.: O menino tinha necessitava de que lhe dessem A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
o remédio todos os dias. contentar.

71
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após
agrado ou prazer”, satisfazer. formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de nas (após formas verbais terminadas em sons nasais),
“agradar a alguém”. enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais,
objetos indiretos.
O conhecimento do uso adequado das preposições São verbos transitivos diretos, dentre outros:
é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar,
verbal (e também nominal). As preposições são capazes acusar, admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar,
de modificar completamente o sentido daquilo que está amparar, auxiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar,
sendo dito. convidar, defender, eleger, estimar, humilhar, namorar,
ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer,
Cheguei ao metrô. suportar, ver, visitar.
Cheguei no metrô. Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
como o verbo amar:
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no Amo aquele rapaz. / Amo-o.
segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. Amo aquela moça. / Amo-a.
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
A voluntária distribuía leite às crianças. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
A voluntária distribuía leite com as crianças.
Observação:
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
(objeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo adnominais):
direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
adverbial). Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua
Para estudar a regência verbal, agruparemos os carreira)
verbos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de humor)
diferentes formas em frases distintas.
C) Verbos Transitivos Indiretos
Para aprendermos sobre regência verbal, precisaremos
Os verbos transitivos indiretos são complementados
recapitular alguns conceitos já vistos.
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos
exigem uma preposição para o estabelecimento da
A) Verbos Intransitivos
relação de regência. Os pronomes pessoais do caso
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como
complementos de verbos transitivos indiretos. Com os
Chegar, Ir objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela)
adverbiais de lugar. Na língua culta, as preposições em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
usadas para indicar destino ou direção são: a, para.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Fui ao teatro. Consistir - Tem complemento introduzido pela
Adjunto Adverbial de Lugar preposição “em”: A modernidade verdadeira consiste em
direitos iguais para todos.
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar Obedecer e Desobedecer - Possuem seus
complementos introduzidos pela preposição “a”:
Comparecer Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido Eles desobedeceram às leis do trânsito.
por em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o Responder - Tem complemento introduzido pela
último jogo.
LÍNGUA PORTUGUESA

preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para


indicar “a quem” ou “ao que” se responde.
B) Verbos Transitivos Diretos Respondi ao meu patrão.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Respondemos às perguntas.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição Respondeu-lhe à altura.
para o estabelecimento da relação de regência. Ao
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes Observação:
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses O verbo responder, apesar de transitivo indireto

72
quando exprime aquilo a que se responde, admite voz na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
passiva analítica: de pessoa.
O questionário foi respondido corretamente. Pedi-lhe favores.
Todas as perguntas foram respondidas Objeto Indireto Objeto Direto
satisfatoriamente. Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos Objeto Indireto Oração Subordinada
introduzidos pela preposição “com”. SubstantivaObjetiva Direta
Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que A construção “pedir para”, muito comum na
governam para uma minoria privilegiada. linguagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado
na língua culta. No entanto, é considerada correta
D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos quando a palavra licença estiver subentendida.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em
Os verbos transitivos diretos e indiretos são casa.
acompanhados de um objeto direto e um indireto.
Merecem destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
e pagar. São verbos que apresentam objeto direto uma oração subordinada adverbial final reduzida de
relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
pessoas.
Preferir
Agradeço aos ouvintes a audiência. Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto
Objeto Indireto Objeto Direto indireto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Paguei o débito ao cobrador. Prefiro trem a ônibus.
Objeto Direto Objeto Indireto
Observação:
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado
com particular cuidado:
sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
prefixo existente no próprio verbo (pre).
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Mudança de Transitividade - Mudança de
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Significado
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Há verbos que, de acordo com a mudança de
transitividade, apresentam mudança de significado. O
Informar
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto conhecimento das diferentes regências desses verbos é
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. um recurso linguístico muito importante, pois além de
Informe os novos preços aos clientes. permitir a correta interpretação de passagens escritas,
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os oferece possibilidades expressivas a quem fala ou
novos preços) escreve. Dentre os principais, estão:

Na utilização de pronomes como complementos, veja Agradar


as construções: Agradar é transitivo direto no sentido de fazer
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos carinhos, acariciar, fazer as vontades de.
preços. Sempre agrada o filho quando.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou Aquele comerciante agrada os clientes.
sobre eles)
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
Observação: agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
A mesma regência do verbo informar é usada para os introduzido pela preposição “a”.
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou.
LÍNGUA PORTUGUESA

Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto:
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento O cantor desagradou à plateia.
indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
uma criança. Aspirar
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
Pedir (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar,

73
ter como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. pessoa: Custei para entender o problema.
(Aspirávamos a ele) = Forma correta: Custou-me entender o problema.
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, Implicar
as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
Aspiravam a ela) implicavam um firme propósito.
B) ter como consequência, trazer como consequência,
Assistir acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
assistência a, auxiliar. Como transitivo direto e indireto, significa
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. comprometer, envolver: Implicaram aquele jornalista em
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. questões econômicas.
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
presenciar, estar presente, caber, pertencer. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
Assistimos ao documentário.
quem não trabalhasse arduamente.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.
Namorar
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial anos.
de lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos
numa conturbada cidade. Obedecer - Desobedecer
Sempre transitivo indireto:
Chamar Todos obedeceram às regras.
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, Ninguém desobedece às leis.
solicitar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
chamá-la. “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
Proceder
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
predicativo preposicionado ou não. segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto
A torcida chamou o jogador mercenário. adverbial de modo.
A torcida chamou ao jogador mercenário. As afirmações da testemunha procediam, não havia
A torcida chamou o jogador de mercenário. como refutá-las.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. Você procede muito mal.

Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal: Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide. preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento
introduzido pela preposição “a”) é transitivo indireto.
Custar O avião procede de Maceió.
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado Procedeu-se aos exames.
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
O delegado procederá ao inquérito.
Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Querer
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração
reduzida de infinitivo. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Muito custa viver tão longe da família. Queremos um país melhor.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada
Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
LÍNGUA PORTUGUESA

Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo


estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
Custou-me (a mim) crer nisso.
Objeto Indireto Oração Subordinada Visar
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo Como transitivo direto, apresenta os sentidos de
mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
A Gramática Normativa condena as construções que O homem visou o alvo.
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por O gerente não quis visar o cheque.

74
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
alteração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

Importante:
A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:

Obedecer a algo/ a alguém.


Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
completiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
LÍNGUA PORTUGUESA

Aversão a, para, por Doutor em Obediência a


Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

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Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de
Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS

CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (CESGRANRIO – 2018)

O ano da esperança

O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás do outro.
Nunca fui de botar dinheiro nas relações de amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinheiro e o amigo. Nos
primeiros pedidos, eu ajudava, com a consciência de que era uma doação. A situação foi piorando. Os argumentos
LÍNGUA PORTUGUESA

também. No início era para pagar a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes. Lamentavelmente, aprendi
a não ser generoso. Ajudava um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que sofreu um acidente e não tinha como
pagar a fisioterapia. Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações, remédios. A situação piorando, eu já
estava encomendando missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico, no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso
gratuitamente. Surpresa! O doente não aparecia para a consulta. Até que o coloquei contra a parede. Ou se consultava
ou eu não ajudava mais.

76
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita a) Os consumidores, ao adquirirem um produto que
de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca quase ninguém possui, recém-lançado no mercado,
conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter passam a ter uma sensação de superioridade.
caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o em- b) Muitos aparelhos difundidos no mercado nem sempre
prego após o suposto acidente. Foi por isso que me dei- trazem novidades que justifiquem seu preço elevado
xei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde em relação ao modelo anterior.
também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As c) O estudo de mapeamento cerebral que o pesquisador
pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a realizou foi importante para mostrar que o vício em
indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar. novidades tecnológicas cresce cada vez mais.
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos d) O hormônio chamado dopamina é responsável por
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur- causar sensações de prazer que levam as pessoas a se
gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça sentirem recompensadas.
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova e) As pessoas, na maioria das vezes, gastam muito mais
consciência para votar. Como? Num mundo em que as do que o seu orçamento permite em aparelhos que
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites elas não necessitam.
servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram
cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já Resposta: Letra E
inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre- Em “a”: Os consumidores, ao adquirirem um produto
vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso que (= o qual) quase ninguém possui, recém-lançado no
ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama. mercado, passam a ter uma sensação de superioridade.
Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da Em “b”: Muitos aparelhos difundidos no mercado nem
internet. sempre trazem novidades que (= as quais) justifiquem
Duvidam. Acham que estou mentindo. seu preço elevado em relação ao modelo anterior.
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. 2017, p.97. Em “c”: O estudo de mapeamento cerebral que (= o
Adaptado. qual) o pesquisador realizou foi importante para mos-
trar que o vício em novidades tecnológicas cresce
Considere o trecho “Podemos esperar por um futuro me- cada vez mais.
lhor”. Respeitando-se as regras da norma-padrão e con- Em “d”: O hormônio chamado dopamina é responsá-
servando-se o conteúdo informacional, o trecho acima vel por causar sensações de prazer que (= as quais)
está corretamente reescrito em: levam as pessoas a se sentirem recompensadas.
Em “e”: As pessoas, na maioria das vezes, gastam mui-
a) Podemos esperar para um futuro melhor to mais do que o seu orçamento permite em apare-
b) Podemos esperar com um futuro melhor lhos de que (= das quais) elas não necessitam.
c) Podemos esperar um futuro melhor
d) Podemos esperar porquanto um futuro melhor 3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
e) Podemos esperar todavia um futuro melhor A pobreza é um dos fatores mais comumente respon-
sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano
Resposta: Letra C e pela origem de uma série de mazelas, algumas das
Em “a”: Podemos esperar para um futuro melhor = po- quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso
demos esperar o quê? do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas
Em “b”: Podemos esperar com um futuro melhor = po- sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde
demos esperar o quê? o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga
Em “c”: Podemos esperar um futuro melhor = correta crianças e adolescentes a participarem do processo de
Em “d”: Podemos esperar porquanto um futuro me- produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem
lhor = sentido de “porque” e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
Em “e”: Podemos esperar todavia um futuro melhor = hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
conjunção adversativa (ideia contrária à apresentada Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil
anteriormente) foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado,
A única frase correta – e coerente - é podemos esperar ele continua sendo grave problema nos países mais po-
um futuro melhor. bres.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).
2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
GRANRIO-2018) Considere a seguinte frase: “Os lança- O emprego de preposição em “a participarem” é exigido
LÍNGUA PORTUGUESA

mentos tecnológicos a que o autor se refere podem re- pela regência da forma verbal “obriga”.
sultar em comportamentos impulsivos nos consumidores
desses produtos”. A utilização da preposição destacada (  ) CERTO   (  ) ERRADO
a é obrigatória para atender às exigências da regência
do verbo “referir-se”, de acordo com a norma-padrão da Resposta: Certo
língua portuguesa. É também obrigatório o uso de uma (...) o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem,
preposição antecedendo o pronome que destacado em: obriga crianças e adolescentes a participarem =

77
quem obriga, obriga alguém (crianças e adolescentes –
objeto direto) a algo (a participarem – objeto indireto: #FicaDica
com preposição – no caso, uma oração com a função
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a
de objeto indireto).
função de complemento verbal (objeto). Por
isso, memorize:
4. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2013)
OBlíquo = OBjeto!
Considerando as regras de regência verbal, assinale a al-
ternativa correta.
Embora na linguagem falada a colocação dos
a) Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o amigo
pronomes não seja rigorosamente seguida, algumas
comentou de que o livro estava acabando.
normas devem ser observadas na linguagem escrita.
b) Enquanto seu amigo continua encomendando livros
de papel, o autor aderiu o livro digital.
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
c) Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer seria sair
A próclise é usada:
para jantar.
d) As estantes que o autor aludiu foram projetadas para
• Quando o verbo estiver precedido de palavras que
armazenar livros e CDs.
atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
e) O único detalhe do apartamento que o amigo se ateve
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
foi o número de estantes.
jamais, etc.: Não se desespere!
B) Advérbios: Agora se negam a depor.
Resposta: Letra C
C) Conjunções subordinativas: Espero que me
Em “a”: Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o
expliquem tudo!
amigo comentou de (X) que = comentou que
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
Em “b”: Enquanto seu amigo continua encomendando
esforçou.
livros de papel, o autor aderiu o = aderiu ao
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a
Em “c”: Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer
oportunidade.
seria sair para jantar = correta
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
Em “d”: As estantes que o autor aludiu = às quais/a
que
• Orações iniciadas por palavras interrogativas:
Em “e”: O único detalhe do apartamento que o amigo
Quem lhe disse isso?
se ateve = ao qual/ a que
• Orações iniciadas por palavras exclamativas:
Quanto se ofendem!
5. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTA-
• Orações que exprimem desejo (orações optativas):
DA) Na passagem – ... e ausência de candidatos para
Que Deus o ajude.
preenchê-las. –, substituindo-se o verbo preencher por
• A próclise é obrigatória quando se utiliza o
concorrer e atendendo-se à norma-padrão, obtém-se:
pronome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei
o material amanhã. / Tu sabes cantar?
a) … e ausência de candidatos para concorrer a elas.
b) … e ausência de candidatos para concorrer à elas.
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
c) … e ausência de candidatos para concorrer-lhes.
verbo. A mesóclise é usada:
d) … e ausência de candidatos para concorrê-las.
e) … e ausência de candidatos para lhes concorrer.
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou
futuro do pretérito, contanto que esses verbos não
Resposta: Letra A
estejam precedidos de palavras que exijam a próclise.
Vamos por exclusão: “à elas” está errada, já que não Exemplos: Realizar-se-á, na próxima semana, um grande
temos acento indicativo de crase antes de pronome evento em prol da paz no mundo.
pessoal; quando temos um verbo no infinitivo, po- Repare que o pronome está “no meio” do verbo
demos usar a construção: verbo + preposição + pro- “realizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração
nome pessoal. Por exemplo: Dar a eles (ao invés de alguma palavra que justificasse o uso da próclise, esta
“dar-lhes”). prevaleceria. Veja: Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
PADRÕES GERAIS DE COLOCAÇÃO PRONOMINAL nessa viagem.
NO PORTUGUÊS
LÍNGUA PORTUGUESA

(com presença de palavra que justifique o uso de


próclise: Não fossem os meus compromissos, EU te
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos acompanharia nessa viagem).
pronomes oblíquos átonos na frase. Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:

78
• Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Quando eu avisar, silenciem-se todos. #FicaDica
• Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
Não era minha intenção machucá-la. Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que
• Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não significa “antes”! Pronome antes do verbo!
se inicia período com pronome oblíquo). Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/
(end, em Inglês – que significa “fim, final!).
Vou-me embora agora mesmo. Pronome depois do verbo!
Levanto-me às 6h. Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do
verbo
• Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
• Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a REFERÊNCIAS
proposta fazendo-se de desentendida.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Colocação pronominal nas locuções verbais Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

• Após verbo no particípio = pronome depois do CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
verbo auxiliar (e não depois do particípio): Cochar - Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed.
Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura! MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL
Eu me tenho deliciado com a leitura!
Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi-
• Não convém usar hífen nos tempos compostos e zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e
nas locuções verbais: coerente. Porém, como fazer para que essa organização
mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro é preci-
Vamos nos unir! so esclarecer o que é coesão e o que é coerência e por
Iremos nos manifestar. que buscar esse padrão é importante.
Conforme Antunes (2005, p.47), coesão é a “ proprie-
• Quando há um fator para próclise nos tempos dade pela qual se cria e se sinaliza toda espécie de liga-
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso ção, de laço, que dá ao texto unidade de sentido ou uni-
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = dade temática”, logo, a coesão é a propriedade textual
Não vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos que colabora para a união do texto, de modo a torná-lo
preocupar”). único. Já a coerência, é uma propriedade que não está
apenas ligada a características textuais, mas também se
Emprego de o, a, os, as liga a critérios cognitivos que dizem respeito às ideias
do autor do texto. Nas palavras de Koch e Elias (2016), “a
• Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, coerência não é uma propriedade textual que possa ser
os pronomes: o, a, os, as não se alteram. localizada ou apontada no texto”.
Dessa forma, podemos afirmar que a coerência está
Chame-o agora. relacionada ao processamento cognitivo e escolhas que
Deixei-a mais tranquila. organizam as ideias de um texto, já a coesão se relaciona
com a maneira de organização dessas ideias no texto.
• Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes Podemos usar uma metáfora muito interessante quan-
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: do se trata de compreender os processos de coesão e
coerência.
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. prédio, tal qual uma boa construção precisa de um bom
alicerce para manter-se em pé; um texto bem construí-
• Em verbos terminados em ditongos nasais (am, do depende da organização das nossas ideias, da forma
em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se como elas estão dispostas no texto. Isso significa que
para no, na, nos, nas. precisamos utilizar adequadamente os processos coesi-
LÍNGUA PORTUGUESA

vos, a fim de defendermos nossas ideias adequadamente.


Chamem-no agora. Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as princi-
Põe-na sobre a mesa. pais formas de marcação, em um texto, de processos que
buscam organizar as ideias em um texto, principalmente,
os processos de coesão que, como dissemos, apresen-
tam um apelo mais forte às formas linguísticas que os
processos envolvendo a coerência.

79
Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas A partir da leitura, podemos perceber que todos os
características da coerência em um texto e como esse termos destacados fazem referência a um mesmo refe-
processo liga-se, não apenas às formas gramaticais, mas, rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza-
sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em vista que a do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas
coerência é construída, tal qual o sentido, coletivamente, gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.
não por acaso, o grande linguista e estudioso da língua Já os processos referenciais catafóricos apontam para
portuguesa, Luis Antonio Marcuschi (2007) afirmou que porções textuais que ainda não foram mencionadas an-
a coerência é “algo dinâmico que se encontra mais na teriormente no texto, conforme o exemplo a seguir: “Os
mente que no texto”. documentos requeridos para os candidatos são estes:
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013) Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista”
para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e pas-
sarmos ao estudo detalhado dos processos de coesão. A
autora afirma que a coerência: #FicaDica

[...] Não está no texto em si; não nos é possível apon- Em provas de concursos e seleções ainda se
encontra a terminologia “expressões refe-
tá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói [...]
renciais catafóricas”, remetendo ao uso já in-
numa dada situação comunicativa, na qual o leitor,
dicado no material. No entanto, é importan-
com base em seus conhecimentos sociocognitivos e
te salientar que para linguistas e estudiosos,
interacionais e na materialidade linguística, confere
as anáforas são os processos referenciais
sentido ao que lê (2013, p.31).
que recuperam e/ou apontam para porções
textuais.
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão
importantes para uma boa compreensão e elaboração
textual. É importante destacar que esses processos de
coesão não podem ser dissociados da construção de USO DE PRONOMES OU PRONOMINALIZAÇÃO
sentidos implícita no processo de organização da coe-
rência. No entanto, como nossa finalidade é tornar seu Utilizar pronomes para manter a coesão de um texto é
aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos com essencial, evitando-se repetições desnecessárias que tornam
fins estritamente didáticos. o texto cansativo para o leitor. Como a classe de pronomes é
vasta, vamos enfatizar neste estudo os principais pronomes
COESÃO REFERENCIAL utilizados em recursos textuais para manter a coesão.
A pronominalização é a base de recursos anafóricos e
A coesão marcada por processos referenciais relacio- recuperam porções textuais ou ainda um nome específico a
na termos e ideias a partir de mecanismos que inserem que o autor faz referência no texto, vejamos dois exemplos:
ou retomam uma porção textual. Os processos marcados
pela referenciação caracterizam-se pela ação de referir, O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden
ou seja, são marcados pela construção de referentes em foi quente, com diversas interrupções e acusações pe-
um texto, os quais se relacionam com as ideias defen- sadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indicação
didas no texto. Esse processo é marcado por vocábulos de Trump da juíza conservadora Amy Barrett para a Su-
gramaticais e pode ser reconhecido pelo uso de algumas prema Corte, depois da morte de Ruth Bader Ginsburg.
classes de palavras, das quais falaremos a seguir. O presidente defendeu que tem esse direito, pois os
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os processos republicanos têm maioria no Senado [Casa que ratifica
referenciais que envolvem o uso de expressões anafó- essa escolha] e criticou os democratas, dizendo “que
ricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013), “as ex- eles ainda não aceitaram que perderam a eleição”. […].
pressões que retomam referentes já apresentados no O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA
texto por outras expressões são chamadas de anáforas”. são o país mais atingido pela pandemia - são 7 mi-
Vejamos o exemplo a seguir: lhões de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora
Chris Wallace perguntou aos dois o que eles fariam até
O Rocky Balboa era um humilde lutador de bair- que uma vacina aparecesse. Biden atacou o republica-
ro, que vivia de suas discretas lutas, no início de sua no dizendo que Trump “não tem um plano para essa
carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um tragédia”. Já Trump começou sua resposta atacando a
jovem promissor, mas nunca se interessou realmente China - “deveriam ter fechado suas fronteiras no come-
em evoluir, preferiu trabalhar para um agiota italiano ço” -, colocou em dúvida as estatísticas da Rússia e da
LÍNGUA PORTUGUESA

chamado Tony Gazzo, com quem manteve uma certa própria China e, com pouca modéstia, disse que fez um
amizade. Gazzo gostava de Rocky por ele ser descen- “excelente trabalho” nesse momento dos EUA.
dente de italiano e o ajudou dando US$ 500,00 para o Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
seu treinamento, na primeira luta que fez com Apollo debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.
Creed.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em: Após a leitura do texto, é possível notar que a recupe-
30/09/2020. Adaptado. ração da informação apresentada é feita a partir de mui-

80
tos processos de coesão, porém, o uso dos pronomes espaço podem também ser denominadas de marcadores
destacados recupera o assunto informado e ajudam o dêiticos, caso dos seguintes elementos:
leitor a construir seu posicionamento. É importante bus- Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem... Percebam que es-
car sempre o elemento a que o pronome faz referência, ses advérbios só podem ser associados a um referente
por exemplo, o primeiro pronome pessoal destacado no se forem instaurados no discurso, isto é, se mantiverem
texto, refere-se ao termo “republicanos”, já o segundo, associação com as pessoas que produzem as falas, as-
faz referência aos presidenciáveis que participavam do sim, uma pessoa que lê “hoje não haverá aula”, em um
debate. Nota-se, com isso, que esses pronomes apontam cartaz na porta de uma sala, compreenderá que a mar-
para uma parcela objetiva do texto, diferente do prono- cação temporal refere-se ao momento em que a leitura
me “essa”, associado ao substantivo “tragédia” que re- foi realizada. Por isso, esses elementos são conhecidos
cupera uma parcela textual maior, fazendo referência ao como dêiticos.
momento de pandemia pelo qual o mundo passa. Independentemente de como são chamados, esses
elementos colaboram para a ligação de ideias no texto,
auxiliando também a construção da coesão textual.
FIQUE ATENTO!
O uso de pronomes pode ser um aliado na USO DE NOMINALIZAÇÃO
construção da coesão, porém, o uso inade-
quado pode gerar ambiguidades, ocasionan- As expressões que retomam ideias, nomes, já apre-
do o efeito oposto e prejudicando a coesão. sentados no texto, mediante outras formas de expressão
Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher. podem ser analisadas como processos nominalizadores,
Não é possível saber qual dos homens estava incluindo substantivos, adjetivos e outras classes nomi-
acompanhado. nais.
Essas expressões recuperam informações mediante
novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o uso de
Por fim, destacamos que as classes de palavras re- pronomes, conforme vimos anteriormente. Vejamos um
lacionadas neste capítulo com os processos de coesão exemplo:
não podem ser vistas apenas sob a ótica descritiva-nor-
mativa, amplamente estudada nas gramáticas escolares. Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Bel-
O interesse das principais bancas de concursos públicos chior foi um cantor, compositor, músico, produtor,
é avaliar a capacidade interpretativa e racional dos can- artista plástico e professor brasileiro. Um dos mem-
didatos, dessa feita, a análise de processos coesivos visa bros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner,
analisar a capacidade do candidato de reconhecer a que Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros
e qual elemento está construindo as referências textuais. cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso
internacional, em meados da década de 1970.
USO DE NUMERAIS
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em:
30/09/2020 – Adaptado.
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de ca-
tegorias gramaticais concorre para a progressão textual,
Todas as marcações em negrito fazem referência ao
uma das classes gramaticais que auxilia esse processo é o
nome inicial Antônio Carlos Belchior, os termos que se
uso de numerais. Não iremos nos estender neste tópico
referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
explicando os tipos e classes de numerais que devem ser
dores que servem para ligar ideias e construir o texto.
de conhecimento do candidato e podem ser encontra-
dos em qualquer gramática escolar.
USO DE ADJETIVOS
Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que
essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias em
Os adjetivos também são considerados expressões
um texto. Dessa forma, as expressões quantitativas, em
nominalizadoras que fazem referência a uma porção tex-
algumas circunstâncias, retomam dados anteriores numa
tual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo acima,
relação de coesão.
a oração “Belchior foi um cantor, compositor, músico,
Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri-
produtor, artista plástico e professor” apresenta seis
meiro era para os professores, o segundo para os alu-
nomes que funcionam como adjetivos de Belchior e, ao
nos.
mesmo tempo, acrescentam informações sobre essa per-
As formas destacadas são numerais ordinais que re-
sonalidade, referida anteriormente.
cuperam informação no texto, evitando a repetição de
LÍNGUA PORTUGUESA

termos e auxiliando no desenvolvimento textual.

USO DE ADVÉRBIOS

Muitos advérbios auxiliam no processo de recupera-


ção e instauração de ideias no texto, auxiliando o proces-
so de coesão. As formas adverbias que marcam tempo e

81
“O Brasil evoluiu bastante
#FicaDica desde o início do sécu-
É importante recordar que não podemos lo XXI e proporcionou a
identificar uma classe de palavra sem ava- inclusão social de muitas
liar o contexto em que ela está inserida. pessoas, por causa disso COM ELIPSE
No exemplo mencionado, as palavras can- obteve notoriedade in-
tor, compositor, músico, produtor, artista, ternacional, porém ainda
professor são substantivos que funcionam enfrenta certas adversi-
como adjetivos e colaboram na construção dades...”
textual.
COESÃO SEQUENCIAL

USO DE VERBOS VICÁRIOS A coesão sequencial é responsável por organizar a


progressão temática do texto, isto é, garantir a manu-
O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e signi- tenção do tema tratado pelo texto de maneira a promo-
fica “fazer as vezes”, assim, os verbos vicários são verbos ver a evolução do debate assumido pelo autor. A coesão
usados em substituição de outros que já foram muito uti- sequencial pode ser garantida, em um texto, a partir de
lizados no texto. locuções que marcam tempo, conjunções, desinências
Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós es- e modos verbais. Neste material, iremos nos deter, so-
perávamos. bretudo, aos processos de conjunções que são utilizadas
O verbo “acontecer” foi substituído na segunda ora- para garantir a progressão textual.
ção pelo verbo “foi”.
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
As conjunções coordenativas são aquelas que ligam
Ser - “Ele trabalha, porém não é tanto assim” orações coordenadas, ou seja, orações de valor semânti-
Fazer - “Poderíamos concordar plenamente, mas não co independente. Na construção textual, elas são impor-
o fizemos” tantes, pois, com seus valores, adicionam informações
Aceitar - “Se ele não acatar a promoção não aceita por relevantes ao texto.
falta de interesse” Exemplos de conjunções coordenativas atuando na
Foi - “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais” coesão

USO DE ELIPSE
Não apenas conversava
A elipse é uma forma de omissão de uma informação com os demais alunos
Aditiva
já mencionada no texto, geralmente, estudamos a elipse como também atrapalha-
mais detalhadamente na seção de figuras de linguagem va o professor.
de uma gramática, neste material, iremos nos deter a Eram ideias interessantes,
maiores aspectos da elipse também nessa seção. Aqui Adversativa porém ninguém concor-
é importante salientar as propriedades recategorizado- dou com elas.
ras e referenciais da elipse, com o propósito de manter a Superou o estigma que
coesão textual. pregava “ou estuda, ou
Conforme Antunes (2005, p.118), a elipse como recur- Alternativas
trabalha” e conseguiu ser
so coesivo “corresponde à estratégia de se omitir um ter- aprovada.
mo, uma expressão ou até mesmo uma sequência maior
Ao final, faça os exercícios,
(uma frase inteira, por exemplo) já introduzidos anterior-
Explicativa pois é uma forma de pra-
mente em outro segmento do texto, mas recuperável por
ticar o que aprendeu.
marcas do próprio contexto verbal”. Vejamos como ocor-
re, a partir do segmento abaixo: O candidato não cumpriu
sua promessa. Ficamos,
Conclusiva
portanto, desapontados
“O Brasil evoluiu bastante
com ele.
desde o início do século
LÍNGUA PORTUGUESA

XXI. O país proporcionou


a inclusão social de muitas
pessoas. A nação obteve SEM ELIPSE
notoriedade internacional
por causa disso. A pátria,
porém, ainda enfrenta
certas adversidades...”

82
#FicaDica FIQUE ATENTO!
Perceba que as ideias ligadas pelas conjun- Não confundir:
ções precisam manter uma relação contex- Afim de – Relativo à afinidade, semelhança:
tual, estabelecida pela coerência e demons- “Física e Química são disciplinas afins”.
trada pela coesão. Por isso, orações como A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como
esta: “Não gosto de festas de aniversário, objetivo, com desejo de: “Estou a fim de co-
mas não vou à sua” estão equivocadas, pois mer pastel”.
as ideias ligadas não estabelecem uma rela-
ção de adversidade, como demonstra a con-
junção “mas”. CONJUNÇÕES INTEGRANTES

Na verdade, as conjunções integrantes fazem parte


CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS das orações subordinadas, na realidade, elas apenas in-
tegram, ligam uma oração principal a outra, subordinada.
Tal qual as conjunções coordenativas, as subordina- Como podemos notar, o papel dessas conjunções é es-
tivas estabelecem uma ligação entre as ideias apresen- sencialmente coesivo, tendo em vista que elas são “pe-
tadas num texto, porém, diferentemente daquelas, estas ças” que unem as orações. Existem apenas dois tipos de
ligam ideias apresentadas em orações subordinadas, ou conjunções integrantes: que e se.
seja, orações que precisam de outra para terem o sentido
apreendido. Quando é possível subs- Quero que a prova esteja
Exemplos de conjunções subordinativas atuando na tituir o que pelo pronome fácil.
coesão isso, estamos diante de Quero = isso.
uma conjunção integran-
Como não havia estudado te.
Causal suficiente, resolvi não Sempre haverá conjunção Perguntei se ele estava em
fazer essa prova. integrante em orações casa.
Falaram tão mal do filme substantivas e, conse- Perguntei = isso.
Consecutiva que ele nem entrou em quentemente, em perío-
cartaz. dos compostos.
Trabalhou como um es-
Comparativa COESÃO RECORRENCIAL
cravo.
Conforme o Ministro da 1. Uso de repetições
Conformativa Economia, os concursos
não irão acabar. As recorrências de repetições em textos são comu-
Ainda que vivamos um mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa,
período de poucos con- sobretudo, quando o assunto é redação, muitos profes-
Concessiva sores recomendam em uníssono: evite repetir palavras e
cursos, não podemos de-
sanimar. expressões!
Se estudarmos, consegui- No entanto, a repetição é um recurso coesivo essen-
Condicional cial para manter a progressão temática do texto, isto é,
remos ser aprovados!
para que o tema debatido no texto não seja perdido, le-
À proporção que aumen- vando o escritor a fugir da temática, erro muito pior do
tava seus horários de es- que o uso de repetições.
Proporcional
tudo, mais forte o candi- Embora também não recomendamos as repetições
dato se tornava. exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso adequa-
Estudava sempre com do em um texto, por isso apresentamos, a seguir, alguns
Final afinco, a fim de ser apro- usos comuns dessa estratégia coesiva.
vado.
Quando o edital for publi- Contextos de uso adequado de repetições
LÍNGUA PORTUGUESA

Temporal cado, já estarei adiantado Marcar ênfase O candidato foi encon-


nos estudos. trado com duzentos mi-
lhões de reais na mala,
duzentos milhões!
Marcar contraste Existem Políticos e polí-
ticos.

83
Marcar a continuidade te- “Agora que sentei na mi- “É necessário estudar e que vocês se ajudem” – Errado
mática nha cadeira de madeira, “É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
junto à minha mesa de – Correto
madeira, colocada em Devemos manter a organização das orações, não po-
cima deste assoalho de demos coordenar orações reduzidas com orações desen-
madeira, olho minhas volvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá-las ou
estantes de madeira e somente desenvolvida ou somente reduzidas.
procuro um livro feito de No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é a
polpa de madeira para mesma, porém deixamos de analisar os pares no âmbito
escrever um artigo contra sintático e passamos ao plano das ideias. Vejamos o se-
o desmatamento flores- guinte exemplo:
tal” Millôr Fernandes. “Por um lado, os manifestantes agiram corretamente,
por outro podem não ter agido errado” – Incorreto
2. Uso de paráfrase “Por um lado, os manifestantes agiram corretamente,
por outro podem ter causado prejuízo à população” –
A paráfrase é um recurso de reiteração que propor- Correto
ciona maior esclarecimento sobre o assunto tratado no “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma foi
texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar sobre sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto
algo utilizando-se de outras palavras, conforme Antunes “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma foi
(2005, p.63), “alguma coisa é dita outra vez, em outro sua irmã e a outra foi minha prima” – Correto
ponto do texto, embora com palavras diferentes”. Agora que já aprendemos um pouco mais sobre as
Vejamos o seguinte exemplo: estratégias de coesão textual, vamos praticar nossos co-
nhecimentos com algumas questões de concurso.

CEARÁ GOLEIA FORTALE- FORTALEZA É GOLEADO


ZA NO CASTELÃO. PELO CEARÁ NO CASTE- EXERCÍCIOS COMENTADOS
LÃO.
1. (QUADRIX – 2019) Quanto ao texto, julgue o item:
Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
Na linha 3, o pronome “ele” substitui o termo “modelo”.
da capital cearense. A forma como o texto se apresenta
indica que a ênfase dada ao nome dos times, em po-
sições diferentes, cumpre um papel importante na pro-
1 O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é um
gressão temática do texto. sistema público que organiza os serviços de assistência
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo social no Brasil. Com um modelo de gestão participativa, ele
uso de expressões textuais bem características, como: em 4 articular os esforços e os recursos dos três níveis de governo,
outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
isto é. Os dos municípios, dos estados e da União, para a
resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado no execução e o financiamento da Política Nacional de
texto, garantindo a informatividade do texto. 7 Assistência Social, envolvendo diretamente estruturas e
marcos regulatórios nacionais, estaduais, municipais e do
3. Uso de paralelismo Distrito Federal.
10 O SUAS organiza as ações da assistência social em
As ideias similares devem fazer a correspondência
entre si, a essa organização de ideias no texto, dá-se o dois tipos de proteção social. A primeira é a proteção social
nome de paralelismo. Quando as construções de frases básica, destinada à prevenção de risos sociais e pessoais,
e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sintá- 13 por meio da oferta de programas, projetos, serviços e
tico. Quando há sequência de expressões simétricas no
benefícios a indivíduos e famílias em situação de
plano das ideias e coerência entre as informações, ocorre
vulnerabilidade social. A segunda é a proteção social
o paralelismo semântico ou paralelismo de sentido.
16 especial, destinada a famílias e indivíduos em situação de

Estruturas que sempre devem ser usadas juntas riscos e cujos direitos foram violados por ocorrência de
abandono, maus-tratos, abuso sexual, uso de drogas, entre
Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
LÍNGUA PORTUGUESA

tanto...quanto; ora...ora; seja...seja, etc. 19 outros.


No SUAS também há a oferta de benefícios
Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintática a assistenciais, que, prestados a públicos específicos de forma
qual a frase está inserida, vejamos um exemplo em que 22 integrada aos serviços, contribui para a superação de
houve quebra de paralelismo:
situações de vulnerabilidade. O SUAS também gerencia a
vinculação de entidades e organizações de assistência social

84
25 ao Sistema, mantendo atualizado o Cadastro Nacional de 13 se completar. As bolsas oferecidas pelas privadas têm
Entidades e Organizações de Assistência Social e 14 remediado o problema. Já introduzir dinamismo na gestão
concedendo certificação a entidades beneficentes. 15 pública é bem mais difícil, diante do encruado corporativismo.
28 Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento 16 Sem contar a dificuldade de ter diretores que sejam gestores
Social, o SUAS é composto pelo Poder Público e pela 17 e não executores de instruções. Já no privado, é fundamental
sociedade civil, que participam diretamente do processo de 18 te um controle rígido e punitivo sobre as universidades
31 gestão compartilhada. Nesse modelo de gestão, as ações e 19 caça-níqueis, que roubam e enganam alunos pobres, além
a aplicação de recursos do SUAS são negociadas e pactua- 20 de desqualificar o sistema. (Isto É, 24/04/19)
das
em duas comissões intergestoras. Esses procedimentos são A respeito dos vínculos estabelecidos no texto, eviden-
34 acompanhados e aprovados pelo Conselho Nacional de ciam-se diferentes mecanismos de coesão, pois
Assistência Social e pelos Conselhos Estadual e Municipal de
I. O fato de a educação não ser totalmente pública e
Assistência Social, que desempenham um importante o da presença da iniciativa privada são informações
37 trabalho de controle social. retomadas pelas expressões “dessa impossibilidade”
(2) e “opção” (4), respectivamente, caracterizando
(  ) CERTO   (  ) ERRADO um misto de coesão referencial e lexical.
II. A contraposição entre características atribuídas ao
Resposta: Errado. setor privado (10 e 11), como “ser eficiente” e “res-
A questão requer conhecimentos sobre a articulação tringir-se a quem pode pagar” é sinalizada pela con-
textual, envolvendo aspectos de coesão textual. junção coordenativa “mas”, que atua como elemento
É preciso localizar o elo que envolve o pronome ele e de coesão sequencial.
o termo modelo, por isso, é eficaz retornar ao trecho III. As falhas quanto às gestões pública e privada, no
do texto. caso, diretores não serem gestores, mas executores
“O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é um de instruções (16 e 17), e certas universidades rou-
sistema público que organiza os serviços de assistência barem e enganarem alunos (19) são informações
social no Brasil. Com um modelo de gestão participati- introduzidas por orações adjetivas explicativas, cuja
va, ele articula os esforços e os recursos dos três níveis marca de coesão referencial é o “que”.
de governo [...]”
A partir do trecho, podemos observar que o termo A explicação CORRETA está expressa na(s) proposi-
MODELO faz parte de uma locução prepositiva cujo ção(ões) citada(s) na alternativa:
valor semântico é de POSSE, logo, algo ou alguém
possui um “modelo de gestão participativa”. a) I e III.
Quem possui essa gestão é o SUAS, que é retomado b) II e III.
anaforicamente pelo pronome ELE. c) I.
Portanto, ELE retoma o sintagma Sistema Único de As- d) I e II.
sistência Social. e) II.

2. (CPCON – 2019)
Resposta: Letra E.
O Ministério da Educação defende que a saída está I. A opção está INCORRETA, pois as informações reto-
na iniciativa privada. É por aí? madas são acionadas no texto pelo uso de COESÃO
SEQUENCIAL e lexical. A coesão sequencial é usada
1 Num país tão injusto quanto o nosso, a educação deveria, para manter a articulação textual, ela promove a pro-
2 ser totalmente pública. Mas diante dessa impossibilidade, gressão do texto mediante uso de conjunções, prono-
mes, locuções, etc.
3 não discordo da presença da iniciativa privada e penso nos
II. A opção está CORRETA, pois há uma relação de
4 benefícios que a opção trouxe para países como Chile e oposição na oração: “O setor privado é muito mais
5 Coreia do Sul. Ou nas parcerias público-privadas que eficiente, criativo e flexível, mas está dirigido a quem
6 existem na Holanda. Mas prefiro centrar a resposta nos pode pagar.”. Essa oposição é marcada pela conjun-
ção MAS, que denota o uso de COESÃO SEQUENCIAL.
LÍNGUA PORTUGUESA

7 estilos de gestão que caracterizam os sistemas público e


III. A opção está INCORRETA, pois na oração: “Sem
8 privado. A história demonstra que o ensino público é o
contar a dificuldade de ter diretores que sejam gesto-
9 único que atinge as classes desfavorecidas. Mas o faz de res e não executores de instruções» não encontramos
10 forma ineficiente, e por vezes, excludente. O setor privado é uma oração adjetiva explicativa, mas restritiva, tendo
11 muito mais eficiente, criativo e flexível, mas está dirigido a em vista que compreendemos pelo contexto ser difícil
encontrar diretores que também tenham a caracterís-
12 quem pode pagar. As características de cada setor deveriam
tica de gestores, restringindo a classe.

85
3. (CESPE/CEBRASPE – 2019) As atividades pertinentes quebra de paralelismo.
ao trabalho relacionam-se intrinsecamente com a satis- IV. O enunciado ‘Se eles comparecessem à reunião, fi-
fação das necessidades dos seres humanos — alimen- caremos muito agradecidos.’ tem um problema de
tar-se, proteger-se do frio e do calor, ter o que calçar paralelismo verbal.
etc. Estas colocam os homens em uma relação de depen- V. “não só... mas (como) também” são conectivos que
dência com a natureza, pois no mundo natural estão os auxiliam no estabelecimento do paralelismo.
elementos que serão utilizados para atendê-las.
Julgue o seguinte item, a respeito das ideias e das cons- Assinale a alternativa que apresenta a afirmativa incor-
truções linguísticas do texto apresentado. reta:
As formas pronominais “Estas” e “las” referem-se a “ne-
cessidades dos seres humanos”. a) V;
b) III;
(  ) CERTO   (  ) ERRADO c) I;
d) IV;
Resposta: Certo. e) II.
O pronome “Estas” recupera uma informação anterior.
No trecho “Estas colocam os homens em uma relação Resposta: Letra B.
de dependência com a natureza”, pergunta-se: quem I. O termo paralelismo corresponde a uma relação de
coloca os homens em uma relação de dependência equivalência, por semelhança ou contraste, entre dois
com a natureza? R: as necessidades dos seres huma- ou mais elementos. É um recurso responsável por uma
nos. De fato, as formas pronominais “Estas” e “las” re- boa progressão textual.
ferem-se a “necessidades dos seres humanos”. Correto, o paralelismo é responsável por uma relação
de equivalência nas estruturas textuais e também mar-
4. (FGV – 2014) “Felizmente, a inteligência permite en- ca uma boa progressão textual.
contrar soluções e nos possibilita criar alternativas”; a II. Os conectivos são importantes marcadores textuais
forma de reescrever-se o segmento sublinhado que res- para ajudar a identificar as estruturas que devem per-
peita o paralelismo sintático é: manecer em relação de equivalência.
Correto, os conectivos servem justamente para orga-
a) permite o encontro de soluções e nos possibilita que nizar as ideias e suas relações no texto, mantendo-as
criemos alternativas; em equivalência. Cuidado para não confundir, esse
b) permite o encontro de soluções e a possibilidade de enunciado usa o termo equivalência para se referir
criação de alternativas; às estruturas de modo geral, que devem manter uma
c) permite que encontremos soluções e nos possibilita correspondência, exemplo ideias adversativas devem
que criemos alternativas; ser apresentadas com conectivos dessa ordem. O ter-
d) permite que encontremos soluções e nos possibilita a mo equivalência, portanto, não foi usado para se refe-
criação de alternativas; rir apenas a conectivos dessa natureza.
e) permite o encontro de soluções e a possibilidade de III. No enunciado ‘Durante as quartas de final, o time
criarmos alternativas. do Brasil vai enfrentar a seleção da Holanda.’ não há
quebra de paralelismo.
Respostas: Letra C. Incorreto. Há uma quebra de paralelismo enorme
A letra C é a única que respeita o paralelismo entre as na frase, a seleção brasileira é nomeada como time,
estruturas verbais que estão desenvolvidas e, por isso, enquanto a holandesa apresenta a forma adequada.
precisam utilizar a conjunção integrante “que”. Lembrando que paralelismo é equivalência, logo, ou
autor da frase utilizaria o termo time para ambas as
5. (IBFC – 2017) Alguns recursos linguísticos são extre- seleções ou o termo seleção para ambos os países.
mamente relevantes para a construção e composição IV. O enunciado ‘Se eles comparecessem à reunião,
textual. O paralelismo sintático e semântico é um destes ficaremos muito agradecidos.’ tem um problema de
recursos. Construir um texto com clareza, coesão e coe- paralelismo verbal.
rência não é uma tarefa tão simples a ser executada. A Correto. A opção apresenta um problema de parale-
respeito dos recursos acima, considere: lismo, pois os verbos regidos pela conjunção condi-
cional SE devem ser conjugados no subjuntivo e sua
I. O termo paralelismo corresponde a uma relação de correlação verbal adequada deve ser feita com os ver-
equivalência, por semelhança ou contraste, entre bos conjugados no futuro do pretérito do modo indi-
LÍNGUA PORTUGUESA

dois ou mais elementos. É um recurso responsável cativo. Logo, o correto seria: “Se eles comparecessem
por uma boa progressão textual. à reunião, ficaríamos muito agradecidos”.
II. Os conectivos são importantes marcadores textuais V. “não só..., mas (como) também” são conectivos que
para ajudar a identificar as estruturas que devem auxiliam no estabelecimento do paralelismo.
permanecer em relação de equivalência. Correto. Essas estruturas marcam as bases de constru-
III. No enunciado ‘Durante as quartas de final, o time ções textuais bem equivalentes, respeitando o parale-
do Brasil vai enfrentar a seleção da Holanda.’ não há lismo sintático.

86
B) O fonema z
ORTOGRAFIA
São escritos com S e não Z
• Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da é substantivo, ou em gentílicos e títulos
correta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som nobiliárquicos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa,
devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma baronesa, princesa.
língua são grafados segundo acordos ortográficos. • Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese,
A maneira mais simples, prática e objetiva de aprender metamorfose.
ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, • Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras quiseste.
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções • Nomes derivados de verbos com radicais
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de terminados em “d”: aludir - alusão / decidir -
etimologia (origem da palavra). decisão / empreender - empresa / difundir – difusão.
• Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís
Regras ortográficas - Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
• Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
A) O fonema S • Verbos derivados de nomes cujo radical termina
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar –
São escritas com S e não C/Ç pesquisar.
• Palavras substantivadas derivadas de verbos com
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender São escritos com Z e não S
- pretensão / expandir - expansão / ascender - • Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de
ascensão / inverter - inversão / aspergir - aspersão / adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo –
submergir - submersão / divertir - diversão / impelir beleza.
- impulsivo / compelir - compulsório / repelir - • Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra
repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / de origem não termine com s): final - finalizar /
sentir - sensível / consentir – consensual. concreto – concretizar.
• Consoante de ligação se o radical não terminar
São escritos com SS e não C e Ç com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
• Nomes derivados dos verbos cujos radicais Exceção: lápis + inho – lapisinho.
terminem em gred, ced, prim ou com verbos
terminados por tir ou -meter: agredir - agressivo C) O fonema j
/ imprimir - impressão / admitir - admissão /
ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - São escritas com G e não J
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão • Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
/ comprometer - compromisso / submeter – gesso.
submissão. • Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
• Quando o prefixo termina com vogal que se junta gim.
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a +
simétrico - assimétrico / re + surgir – ressurgir. • Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
• No pretérito imperfeito simples do subjuntivo. poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
Exemplos: ficasse, falasse. bege, foge.
Exceção: pajem.
São escritos com C ou Ç e não S e SS
• Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar. • Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
• Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: litígio, relógio, refúgio.
cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique. • Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger,
• Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, fugir, mugir.
uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, • Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
carniça, caniço, esperança, carapuça, dentuço. surgir.
• Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / • Depois da letra “a”, desde que não seja radical
deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. terminado com j: ágil, agente.
LÍNGUA PORTUGUESA

• Após ditongos: foice, coice, traição.


• Palavras derivadas de outras terminadas em -te, São escritas com J e não G
to(r): marte - marciano / infrator - infração / • Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
absorto – absorção. • Palavras de origem árabe, africana ou exótica:
jiboia, manjerona.
• Palavras terminadas com aje: ultraje.

87
D) O fonema ch O símbolo do real antecede o número sem espaço:
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma
São escritas com X e não CH barra vertical ($).
• Palavras de origem tupi, africana ou exótica:
abacaxi, xucro. Alguns Usos Ortográficos Especiais
• Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
lagartixa. POR QUE / POR QUÊ / PORQUÊ / PORQUE
• Depois de ditongo: frouxo, feixe.
• Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. POR QUE (separado e sem acento)
Exceção: quando a palavra de origem não derive
de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) É usado em:
1. interrogações diretas (longe do ponto de
São escritas com CH e não X interrogação) = Por que você não veio ontem?
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
• Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, por que faltara à aula ontem.
salsicha. 3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
E) As letras “e” e “i”
POR QUÊ (separado e com acento)
• Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. Usos:
• Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar 1. como pronome interrogativo, quando colocado no
são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
Escrevemos com “i”, os verbos com infinitivo em Você faltou. Por quê?
-air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui. 2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
quê?
Há palavras que mudam de sentido quando
substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)
ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
/ emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de Usos:
estância, que anda a pé), pião (brinquedo). 1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na
ortografia de uma palavra, há a possibilidade de consultar escrita (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até
o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ponto final) = Compre agora, porque há poucas
elaborado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra peças.
de referência até mesmo para a criação de dicionários, 2. como conjunção subordinativa causal, substituível
pois traz a grafia atualizada das palavras (sem o por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu
significado). Na Internet, o endereço é www.academia. porque se antecipou.
org.br.

Informações importantes PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)

Formas variantes são as que admitem grafias ou Usos:


pronúncias diferentes para palavras com a mesma 1. como substantivo, com o sentido de “causa”,
significação: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/ “razão” ou “motivo”, admitindo pluralização
quatorze, dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/ (porquês). Geralmente é precedido por artigo =
gérmen, infarto/enfarte, louro/loiro, percentagem/ Não sei o porquê da discussão. É uma pessoa cheia
porcentagem, relampejar/relampear/relampar/ de porquês.
relampadar.
Os símbolos das unidades de medida são escritos ONDE / AONDE
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, Onde = empregado com verbos que não expressam
LÍNGUA PORTUGUESA

a ideia de movimento = Onde você está?


20km, 120km/h.
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
que expressam movimento = Aonde você vai?
Na indicação de horas, minutos e segundos, não
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três
minutos e trinta e quatro segundos).

88
MAU / MAL 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um Hungria, Angola-Brasil, etc.
mau elemento. 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e
super- quando associados com outro termo que é
Mal = pode ser usado como iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, racional, etc.
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi diretor, ex-presidente, vice-governador, vice-
mal na prova? prefeito.
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação,
não compensa. etc.
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
REFERÊNCIAS abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
10. Nas formações em que o prefixo tem como
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa segundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. hepático, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
semi-hospitalar, super-homem.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
Cochar - Português linguagens: volume 1. – 7.ª ed. termina com a mesma vogal do segundo elemento:
Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010. micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-
observação, etc.
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000. O hífen é suprimido quando para formar outros
termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Textos & Gramática. Volume único /
Samira Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – #FicaDica
São Paulo: Saraiva, 2002.
Ao separar palavras na translineação
Hífen (mudança de linha), caso a última palavra a
ser escrita seja formada por hífen, repita-o
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado na próxima linha. Exemplo: escreverei anti-
para ligar os elementos de palavras compostas (como ex- inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
presidente, por exemplo) e para unir pronomes átonos Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente (hífen em ambas as linhas). Devido à
para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de diagramação, pode ser que a repetição do
uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa; hífen na translineação não ocorra em meus
compa-/nheiro). conteúdos, mas saiba que a regra é esta!

A) Uso do hífen que continua depois da Reforma


Ortográfica: B) Não se emprega o hífen:

1. Em palavras compostas por justaposição que 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
formam uma unidade semântica, ou seja, nos termos termina em vogal e o segundo termo inicia-se em
que se unem para formam um novo significado: “r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente- consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação,
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde. autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico,
plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

3. Nos compostos com elementos além, aquém,


recém e sem: além-mar, recém-nascido, sem- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
número, recém-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
algumas exceções continuam por já estarem 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
consagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor,
queima-roupa, deus-dará. coedição, coexistir, etc.

89
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram e) Os participantes compreendiam mau o que estava
noção de composição: pontapé, girassol, sendo discutido, por isso não conseguiam formular
paraquedas, paraquedista, etc. perguntas.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”:
benfeito, benquerer, benquerido, etc. Resposta: Letra A
Mal = advérbio (antônimo de “bem”) / mau = adjetivo
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas (antônimo de “bom”). Para saber quando utilizar um
correspondentes átonas, aglutinam-se com o elemento ou outro, a dica é substituir por seu antônimo. Se a
seguinte, não havendo hífen: pospor, predeterminar, frase ficar coerente, saberemos qual dos dois deve ser
predeterminado, pressuposto, propor. utilizado. Por exemplo: Cigarro faz mal/mau à saúde
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti- = Cigarro faz bem à saúde. A frase ficou coerente –
infeccioso, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, embora errada em termos de saúde! Então, a maneira
sobre-humano, super-realista, alto-mar. correta é “Cigarro faz mal à saúde”.
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, Vamos aos itens:
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, Em “a”: O estagiário foi mal (bem) treinado = correta
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, Em “b”: O time não jogou mau (bem)no último
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi. campeonato = mal
Em “c”: O menino não era mal (bom) aluno = mau
REFERÊNCIA Em “d”: Os funcionários perceberam que o chefe
estava de mal (bom) humor = mau
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Em “e”: Os participantes compreendiam mau (bem) o
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. que estava sendo discutido = mal

3. (CESGRANRIO-2018) Obedecem às regras ortográficas


EXERCÍCIOS COMENTADOS da língua portuguesa as palavras

a) admissão, paralisação, impasse


1. (AOCP-2015) Assinale a alternativa em que as palavras b) bambusal, autorização, inspiração
estão grafadas corretamente. c) consessão, extresse, enxaqueca
d) banalisação, reexame, desenlace
a) Extrovertido – extroverção. e) desorganisação, abstração, cassação
b) Disponível – disponibilisar.
c) Determinado – determinassão. Resposta: Letra A
d) Existir – existência. Em “a”: admissão / paralisação / impasse = corretas
e) Característica – caracterizasão. Em “b”: bambusal = bambuzal / autorização /
inspiração
Resposta: Letra D Em “c”: consessão = concessão / extresse = estresse /
Em “a”: Extrovertido / extroverção = extroversão enxaqueca
Em “b”: Disponível / disponibilisar = disponibilizar Em “d”: banalisação = banalização / reexame /
Em “c”: Determinado / determinassão = determinação desenlace
Em “d”: Existir / existência = corretas Em “e”: desorganisação = desorganização / abstração
Em “e”: Característica / caracterizasão = caracterização / cassação
2. (CESGRANRIO-2018) O termo destacado está grafado 4. (ADAPTADA) Na questão abaixo, baseada em Manuel
de acordo com as exigências da norma-padrão da língua Bandeira, escolha o segmento do texto que não está
portuguesa em: isento de erros gramaticais e de ortografia, considerando-
se a ortodoxia gramatical.
a) O estagiário foi mal treinado, por isso não desempe-
nhava satisfatoriamente as tarefas solicitadas pelos a) Descoberta a conspiração, enquanto os outros não
seus superiores. procuravam outra coisa se não salvar-se, ele revelou
b) O time não jogou mau no último campeonato, apesar a mais heróica força de ânimo, chamando a si toda a
de enfrentar alguns problemas com jogadores des- culpa.
controlados. b) Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da profissão
LÍNGUA PORTUGUESA

c) O menino não era mal aluno, somente tinha dificul- que lhe valera o apelido.
dade em assimilar conceitos mais complexos sobre os c) Não obstante, foi ele talvez o único a demonstrar fé,
temas expostos. entusiasmo e coragem na aventura de 89.
d) Os funcionários perceberam que o chefe estava de d) A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa,
mal humor porque tinha sofrido um acidente de carro Alvarenga eram homens requintados, letrados, a quem
na véspera. a vida corria fácil, ao passo que o alferes sempre lutara
pela subsistência.

90
e) Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, Resposta: Letra D
enfrentou a pena última. “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só
usava meias vermelhas”
Resposta: Letra A Em “a”: empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe
Em “a”: Descoberta a conspiração, enquanto os outros cercaram”; = está correto, pois o “o” funciona como
não procuravam outra coisa se não salvar-se (senão se objeto direto (sem preposição)
salvar) , ele revelou a mais heróica (heroica) força de Em “b”: haver vírgula após a expressão “Um dia”; = está
ânimo, chamando a si toda a culpa. correto, pois separa o advérbio no início do período
Em “b”: Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da Em “c”: usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o
profissão que lhe valera o apelido = correta perguntaram”; = está correto (o “lhe” é objeto indireto
Em “c”: Não obstante, foi ele talvez o único a – perguntaram o que a quem)
demonstrar fé, entusiasmo e coragem na aventura de Em “d”: grafar-se “porque” em vez de “por que”;
89 = correta Em “e”: escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”.
Em “d”: A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da = correto, pois se invertermos haverá mudança de
Costa, Alvarenga eram homens requintados, letrados, sentido (ele usava só meias, nenhuma outra peça de
a quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes roupa).
sempre lutara pela subsistência = correta A incorreção está no uso de “porque” no lugar de “por
Em “e”: Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, que”, já que se trata de uma pergunta indireta.
enfrentou a pena última = correta

5. (CONSULPLAN-2017) Estabeleça a associação correta


entre a 1.ª coluna e a 2.ª considerando o emprego do por ACENTUAÇÃO GRÁFICA
que / porque.
(1) “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas
mulheres [...].” Quanto à acentuação, observamos que algumas
(2) “Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque palavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia,
são mulheres.” ora se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a
outra. Por isso, vamos às regras!
(  ) Faltei _____________ você estava doente.
( ) Todos sabem _____________ não poderei estar presente. Regras básicas
(  ) Não se sabe ____________realizou tal procedimento.
(  ) Este ponto de vista é _________não há manifestação A acentuação tônica está relacionada à intensidade
de outro pensamento. com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
A sequência está correta em: como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
a) 1, 1, 1, 2 com menos intensidade, são denominadas de átonas.
b) 1, 2, 1, 2 De acordo com a tonicidade, as palavras são
c) 2, 1, 1, 2 classificadas como:
d) 2, 2, 2, 1 Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju –
Resposta: Letra C papel
Faltei porque você estava doente. = conjunção causal Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima
Todos sabem por que não poderei estar presente. = dá sílaba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
para substituir por “a causa pela qual” Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúltima
Não se sabe por que realizou tal procedimento. = sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
substituir por “a causa”
Este ponto de vista é porque não há manifestação de Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
outro pensamento. = conjunção causal os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando
Teremos: 2, 1, 1, 2 tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré.

6. (FGV-2018) “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram Os acentos


porque ele só usava meias vermelhas”. Nesse segmento
do texto 1 há um erro gramatical, que é: A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”
LÍNGUA PORTUGUESA

e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas


a) empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe cercaram”; letras representam as vogais tônicas de palavras
b) haver vírgula após a expressão “Um dia”; como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o”
c) usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o perguntaram”; indica, além da tonicidade, timbre aberto: herói –
d) grafar-se “porque” em vez de “por que”; céu (ditongos abertos).
e) escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”.

91
B) acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre FIQUE ATENTO!
fechado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs . Se os ditongos abertos estiverem em uma
C) acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” palavra oxítona (herói) ou monossílaba
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles (céu) ainda são acentuados: dói, escarcéu.
D) trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi
totalmente abolido das palavras. Há uma exceção:
é utilizado em palavras derivadas de nomes Antes Agora
próprios estrangeiros: mülleriano (de Müller)
E) til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam assembléia assembleia
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã idéia ideia
geléia geleia
Regras fundamentais
jibóia jiboia
A) Palavras oxítonas:acentuam-se todas as oxítonas apóia (verbo apoiar) apoia
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não paranóico paranoico
do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos: Acento Diferencial
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”,
seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há Representam os acentos gráficos que, pelas regras
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, de acentuação, não se justificariam, mas são utilizados
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo para diferenciar classes gramaticais entre determinadas
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas palavras e/ou tempos verbais. Por exemplo: Pôr (verbo) X
terminadas em: por (preposição) / pôde (pretérito perfeito do Indicativo do
i, is: táxi – lápis – júri verbo “poder”) X pode (presente do Indicativo do mesmo
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum verbo).
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
fórceps terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
ou não de “s”: água – pônei – mágoa – memória Os demais casos de acento diferencial não são
mais utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo
#FicaDica (substantivo), pelo (preposição). Seus significados e
classes gramaticais são definidos pelo contexto.
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que Polícia para o trânsito para que se realize a operação
esta palavra apresenta as terminações das planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo,
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U conjunção (com relação de finalidade).
(aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO.
Assim ficará mais fácil a memorização!
#FicaDica
Quando, na frase, der para substituir o “por”
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona por “colocar”, estaremos trabalhando com
quando a sua antepenúltima sílaba é tônica um verbo, portanto: “pôr”; nos demais casos,
(mais forte). Quanto à regra de acentuação: “por” é preposição: Faço isso por você. /
todas as proparoxítonas são acentuadas, Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
independentemente de sua terminação: árvore,
paralelepípedo, cárcere.
Regra do Hiato
Regras especiais
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos,
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos segunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”,
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento haverá acento: saída – faísca – baú – país – Luís
LÍNGUA PORTUGUESA

de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
palavras paroxítonas. quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se
estiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.

92
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se REFERÊNCIAS
vierem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-
ba SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
formando hiato quando vierem depois de ditongo (nas
paroxítonas): CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed.
Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Antes Agora
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura EXERCÍCIOS COMENTADOS
Sauípe Sauipe
1. (EXATUS-2015) Assinale a alternativa em que a
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi palavra é acentuada pela mesma razão que “Bíblia”:
abolido:
a) íris.
Antes Agora b) estórias.
c) queríamos.
crêem creem
d) aí.
lêem leem e) páginas.
vôo voo
Resposta: Letra B
enjôo enjoo
“Bíblia” = esta é acentuada por ser uma paroxítona
terminada em ditongo.
#FicaDica Em “a”, íris = paroxítona terminada em i(s)
Em “b”, estórias = paroxítona terminada em ditongo
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os Em “c”, queríamos = proparoxítona
verbos que, no plural, dobram o “e”, mas Em “d”, aí = regra do hiato
que não recebem mais acento como antes: Em “e”, páginas = proparoxítona
CRER, DAR, LER e VER.
Repare: 2. (FADESP-2018) A sequência de palavras cujos acentos
O menino crê em você. / Os meninos creem são empregados pelo mesmo motivo é
em você.
Elza lê bem! / Todas leem bem! a) público, função, dói.
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos b) burocráticos, próximo, século.
que os garotos deem o recado! c) será, aí, é, está.
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! d) glória, exercício, publicação.
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / e) hábito, bancário, poética.
Eles vêm à tarde!
Resposta: Letra B
Em “a”, público = proparoxítona / função = o til tem
As formas verbais que possuíam o acento tônico na função de nasalizar (indicar som fechado) / dói =
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de monossílabo formado por ditongo aberto
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: Em “b”, burocráticos = proparoxítona / próximo =
proparoxítona / século = proparoxítona
Em “c”, será = oxítona terminada em ‘a” / aí = regra do
Antes Agora
hiato / é = (verbo) monossílabo tônico terminado em
apazigúe (apaziguar) apazigue “e” / está = (verbo) oxítona terminada em “a”
averigúe (averiguar) averigue Em “d”, glória = paroxítona terminada em ditongo
/ exercício = paroxítona terminada em ditongo /
argúi (arguir) argui
publicação = o til indica nasalização (som fechado)
Em “e”, hábito = (substantivo) proparoxítona /
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira
bancário = paroxítona terminada em ditongo / poética
LÍNGUA PORTUGUESA

pessoa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles
= proparoxítona
vêm (verbo vir). A regra prevalece também para os verbos
conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm,
3. (CESPE-2014) O emprego do acento gráfico nas palavras
ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
– eles convêm. “metálica”, “acúmulo” e “imóveis” justifica-se com base na
mesma regra de acentuação.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

93
Resposta: Errado 6. (CESPE-2012) As palavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria”
O emprego do acento gráfico nas palavras “metálica”, são acentuadas de acordo com a mesma regra de acentuação
“acúmulo” e “imóveis” justifica-se com base na mesma gráfica.
regra de acentuação.
metálica = proparoxítona / acúmulo = proparoxítona / (  ) CERTO   (  ) ERRADO
imóveis = paroxítona terminada em ditongo
Resposta: Errado
4. (CESGRANRIO-2018) A palavra que precisa ser acentuada “Conteúdo” = regra do hiato / calúnia = paroxítona
graficamente para estar correta quanto às normas em vigor terminada em ditongo / injúria = paroxítona terminada
está destacada na seguinte frase: em ditongo.

a) Todo escritor de novela tem o desejo de criar um 7. (FCC-2011) Entre as frases que seguem, a única
personagem inesquecível. correta é:
b) Os telespectadores veem as novelas como um espelho
da realidade. a) Ele se esqueceu de que?
c) Alguns novelistas gostam de superpor temas sociais b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-
com temas políticos. lo entre os presentes.
d) Para decorar o texto antes de gravar, cada ator rele c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críticas.
sua fala várias vezes. d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos
e) Alguns atores de novela constroem seus personagens funcionários.
fazendo pesquisa. e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
Resposta: Letra D
Em “a”: Todo escritor de novela tem = singular (não Resposta: Letra E
acentuado) Em “a”: Ele se esqueceu de que? = quê?
Em “b”: Os telespectadores veem = correta - plural Em “b”: Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu
dobra o “e” (perdeu o acento com o Acordo) para distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
Em “c”: Alguns novelistas gostam de superpor = Em “c”: Embora devêssemos (devêssemos), não fomos
correta excessivos nas críticas.
Em “d”: Para decorar o texto antes de gravar, cada ator Em “d”: O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às
rele = relê (oxítona) reivindicações dos funcionários.
Em “e”: Alguns atores de novela constroem = correta Em “e”: Não sei por que ele mereceria minha
consideração.
5. (VUNESP/2012) Seguem a mesma regra de acentuação
gráfica relativa às palavras paroxítonas:
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
a) probatório; condenatório; crédito.
b) máquina; denúncia; ilícita.
c) denúncia; funcionário; improcedência. A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
d) máquina; improcedência; probatório. idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
e) condenatório; funcionário; frágil. com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente
aos pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s),
Resposta: Letra C aquilo e com o “a” pertencente ao pronome relativo a
Vamos a elas: qual (as quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se
Em “a”: probatório = paroxítona terminada em ditongo demarcada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele,
/ condenatório = paroxítona terminada em ditongo / àquilo, à qual, às quais.
crédito = proparoxítona. O uso do acento indicativo de crase está condicionado
Em “b”: máquina = proparoxítona / denúncia aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e
= paroxítona terminada em ditongo / ilícita = nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
proparoxítona. regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
Em “c”: Denúncia = paroxítona terminada em ditongo que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
/ funcionário = paroxítona terminada em ditongo / termo regido é aquele que completa o sentido do termo
improcedência = paroxítona terminada em ditongo regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
Em “d”: máquina = proparoxítona / improcedência Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
LÍNGUA PORTUGUESA

= paroxítona terminada em ditongo / probatório = contratada recentemente.


paroxítona terminada em ditongo Após a junção da preposição com o artigo (destacados
Em “e”: condenatório = paroxítona terminada em entre parênteses), temos:
ditongo / funcionário = = paroxítona terminada em Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela
ditongo / Frágil = paroxítona terminada em “l” contratada recentemente.

94
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, A letra “a” que acompanha locuções femininas
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre (adverbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
nos referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da grave:
preposição a + o artigo feminino (à) e com o artigo
feminino a + o pronome demonstrativo aquela (àquela). • locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
pressas, à vontade...
Observações importantes: • locuções prepositivas: à frente, à espera de, à
Alguns recursos servem de ajuda para que possamos procura de...
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns: • locuções conjuntivas: à proporção que, à medida
que.
• Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a Cuidado: quando as expressões acima não exercerem
crase está confirmada. a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
Os dados foram solicitados à diretora. Eu adoro a noite!
Os dados foram solicitados ao diretor. Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
• No caso de nomes próprios geográficos, substitui- preposição.
se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte
na expressão “voltar da”, há a confirmação da Casos passíveis de nota:
crase.
Faremos uma visita à Bahia. • A crase é facultativa diante de nomes próprios
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) femininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
• Também é facultativa diante de pronomes
Não me esqueço da viagem a Roma. possessivos femininos: O diretor fez referência a
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos (à) sua empresa.
jamais vividos. • Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja
ficará aberta até as (às) dezoito horas.
• Constata-se o uso da crase se as locuções
FIQUE ATENTO! prepositivas à moda de, à maneira de apresentarem-
Nas situações em que o nome geográfico se implícitas, mesmo diante de nomes masculinos:
se apresentar modificado por um adjunto Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
adnominal, a crase está confirmada. moda de Luís XV)
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades • Não se efetiva o uso da crase diante da locução
de suas praias. adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; observamos a queima de fogos a distância.
vou A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo:
Vou a Campinas. = Volto de Campinas. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
(crase pra quê?) uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) pedestre foi arremessado à distância de cem metros.

• De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade


Quando o nome de lugar estiver especificado, -, faz-se necessário o emprego da crase.
ocorrerá crase. Veja: Ensino à distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo Ensino a distância.
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado. • Em locuções adverbiais formadas por palavras
repetidas, não há ocorrência da crase.
A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Ela ficou frente a frente com o agressor.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo Eu o seguirei passo a passo.
regente exigir complemento regido da preposição “a”.
Entregamos a encomenda àquela menina. Casos em que não se admite o emprego da crase:
(preposição + pronome demonstrativo)
Antes de vocábulos masculinos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Iremos àquela reunião. As produções escritas a lápis não serão corrigidas.


(preposição + pronome demonstrativo) Esta caneta pertence a Pedro.

Sua história é semelhante às que eu ouvia quando Antes de verbos no infinitivo.


criança. (àquelas que eu ouvia quando criança) Ele estava a cantar.
(preposição + pronome demonstrativo) Começou a chover.

95
Antes de numeral.
O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países.
EXERCÍCIOS COMENTADOS

Observações: 1. (VUNESP–2017) O acento indicativo de crase está


empregado corretamente em:
• Nos casos em que o numeral indicar horas
– funcionando como uma locução adverbial a) O personagem evita considerar à internet responsável
feminina – ocorrerá crase: Os passageiros partirão por suas atitudes.
às dezenove horas. b) O personagem reconheceu que já tinha uma propen-
• Diante de numerais ordinais femininos a crase são à jogar o tempo fora.
está confirmada, visto que estes não podem ser c) O personagem tinha um comportamento indiferente à
empregados sem o artigo: As saudações foram qualquer influência da internet.
direcionadas à primeira aluna da classe. d) O personagem refere-se à uma maneira de se portar
• Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando com relação ao tempo.
essa não se apresentar determinada: Chegamos e) O personagem revelou à pessoa com quem conversa-
todos exaustos a casa. va que jogava o tempo fora.

Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto Resposta: Letra E


adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos Aos itens:
exaustos à casa de Marcela. Em “a”, evita considerar à internet = a internet (objeto
direto)
• Não há crase antes da palavra “terra”, quando Em “b”, tinha uma propensão à jogar = a jogar (sem
essa indicar chão firme: Quando os navegantes acento grave indicativo de crase antes de verbo no
regressaram a terra, já era noite. infinitivo)
Em “c”, tinha um comportamento indiferente à
Contudo, se o termo estiver precedido por um qualquer influência = a qualquer (antes de pronome
determinante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá indefinido)
crase. Em “d”, refere-se à uma maneira = a uma (antes de
Paulo viajou rumo à sua terra natal. artigo indefinido)
O astronauta voltou à Terra. Em “e”, O personagem revelou à pessoa com quem
conversava que jogava o tempo fora = revelou o quê?
• Não ocorre crase antes de pronomes que requerem que jogava o tempo fora; revelou a quem? à pessoa
o uso do artigo. (objeto indireto, com preposição) = correta.
Os livros foram entregues a mim.
Dei a ela a merecida recompensa. 2. (VUNESP–2017) Assinale a alternativa que preenche,
correta e respectivamente, as lacunas do texto a seguir.
• Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, atendimento _____ presos da Casa de Detenção, em São
o uso da crase está confirmado no “a” que os Paulo, o médico oncologista Drauzio Varella chega ao
antecede, no caso de o termo regente exigir a fim de uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de
preposição. “Estação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que
• Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado trabalham no sistema prisional, Varella agora faz um
em sentido genérico ou indeterminado: retrato das detentas da Penitenciária Feminina da Capital,
Estamos sujeitos a críticas. também na capital paulista, onde cumprem pena mais de
Refiro-me a conversas paralelas. duas mil mulheres.
(https://oglobo.globo.com. Adaptado)
REFERÊNCIAS
a) à … às … a
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa b) a … as … a
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. c) a … às … a
LÍNGUA PORTUGUESA

d) à … às … à
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza e) a … as … à
Cochar. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed.
Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Resposta: Letra B
Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de
atendimento a (preposição – regência nominal de

96
“atendimento”, mas sem acento grave por estar diante Resposta: Letra A
de palavra masculina) presos da Casa de Detenção, Em “a”, O leitor aludiu à escrita = correta (regência do
em São Paulo, o médico oncologista Drauzio Varella verbo “aludir” pede preposição)
chega ao fim de uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Em “b”, A escrita deve levar o texto à uma riqueza = a
Depois de “Estação Carandiru” (1999), que mostra as uma (antes de artigo indefinido)
(objeto direto do verbo “mostrar”) entranhas daquela Em “c”, De parte à parte = parte a parte (entre palavras
que foi a (artigo definido) maior prisão da América repetidas)
Latina, e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários Em “d”, Existem aquelas pessoas que chegam à
que trabalham no sistema prisional, Varella agora faz conclusões = a conclusões (antes de palavra no plural
um retrato das detentas da Penitenciária Feminina da e o “a” está “sozinho” = somente preposição)
Capital, também na capital paulista, onde cumprem Em “e”, Estamos nos referindo à pensamento = a
pena mais de duas mil mulheres. pensamento (palavra masculina)
Teremos: a / as / a.
5. (VUNESP – 2018)
3. (VUNESP–2018) Assinale a alternativa em que o acento No começo do século 20, a rápida industrialização nos
indicativo de crase está empregado corretamente. Estados Unidos deu origem _______ algumas das maiores
fortunas que o mundo já viu. Famílias como os Vanderbilt
a) Algumas pessoas com supermemória chegam à sofrer e os Rockefeller investiram em ferrovias, petróleo e
com dores de cabeça. aço, obtendo um grande retorno, e passaram _________
b) Há lembranças tão vivas que nos fazem voltar à ostentar sua riqueza. O período ficou conhecido como
episódios de nosso passado. Era Dourada. A desigualdade nunca foi tão grande – até
c) Lembrar-se do passado pode ser uma tarefa muito agora. É o que mostra um relatório da UBS, companhia de
difícil à determinadas pessoas. serviços financeiros, feito em parceria com a consultora
d) Ela referiu-se à vontade de esquecer completamente PwC.
os momentos dolorosos. Para os autores do documento, a primeira Era Dourada
e) Ao nos atermos à uma experiência ruim, desconsideramos aconteceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a atual
o que ela traz de bom. começou em 1980 e deve se estender pelos próximos 10
a 20 anos, prolongada pelo desempenho econômico da
Resposta: Letra D Ásia e de negócios ligados ________ tecnologia.
Aos itens: (IstoÉ, 15.11.2017. Adaptado)
Em “a”, chegam à sofrer = a sofrer (antes de verbo no
infinitivo não se usa acento grave) Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do
Em “b”, que nos fazem voltar à episódios = a episódios texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
(palavra masculina e no plural)
Em “c”, pode ser uma tarefa muito difícil à determinadas a) a … a … a
= a determinadas (palavra no plural e presença só da b) à … à … à
preposição) c) a … à … à
Em “d”, Ela referiu-se à vontade = correta (quem se d) à … à … a
refere, refere-se a algo ou a alguém) e) a … a … à
Em “e”, Ao nos atermos à uma experiência = a uma
(antes de artigo indefinido) Resposta: Letra E
Vamos aos trechos:
4. ( VUNESP – 2018) De acordo com a norma- a rápida industrialização nos Estados Unidos deu
-padrão, o acento indicativo da crase está corretamente origem a algumas das maiores fortunas = antes de
empregado em: pronome indefinido
e passaram a ostentar sua riqueza = antes de verbo
a) O leitor aludiu à escrita como se ela fosse questão de no infinitivo
talento: quem não tem, não vai nunca aprender. e de negócios ligados à tecnologia = regência nominal
b) A escrita deve levar o texto à uma riqueza, marcada de “ligados” pede preposição
pela clareza e precisão, afastando o leitor da confusão
ou tédio. 6. (VUNESP – 2017) Assinale a alternativa correta quanto
c) De parte à parte, o texto precisa organizar-se como ao emprego do acento indicativo da crase.
um tecido coeso e claro, instigando, assim, o leitor.
LÍNGUA PORTUGUESA

d) Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões a) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
semelhantes, no entanto elas seguem pelo lado chegam à um grande público devido à rapidez
oposto. da internet, é favorável à formação de ondas de
e) Também não estamos falando só de correção credulidade.
gramatical e ortográfica. Estamos nos referindo à b) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
pensamento. chegam à muitas pessoas devido a rapidez da internet,
favorece que se formem ondas de credulidade.

97
c) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão
chegam a muitas pessoas devido à rapidez da internet, Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
é favorável à formação de ondas de credulidade.
d) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais • Os números que identificam o ano não utilizam
chegam a um grande número de pessoas devido à ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem
rapidez da internet, é favorável as ondas de credulidade como os números de CEP: 1975, 2014, 2006,
que se formam. 17600-250.
e) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
chegam a muitas pessoas devido a rapidez da internet, B) Ponto e Vírgula (;)
favorece à formação de ondas de credulidade.
• Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
Resposta: Letra C importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho;
Acertos entre parênteses: os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
Em “a”, as quais chegam à um (a um) grande público generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum
devido à rapidez (ok) da internet, é favorável à espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
formação (ok) • Separa partes de frases que já estão separadas
Em “b”, às quais (as quais) chegam à muitas (a muitas) por vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor;
pessoas devido a rapidez (à rapidez) da internet outros, montanhas, frio e cobertor.
Em “c”, as quais chegam a muitas pessoas devido à • Separa itens de uma enumeração, exposição de
rapidez da internet, é favorável à formação = correta motivos, decreto de lei, etc.
Em “d”, às quais (as quais) chegam a um (ok) grande Ir ao supermercado;
número de pessoas devido à rapidez (ok) da internet, Pegar as crianças na escola;
é favorável as ondas (às ondas) Caminhada na praia;
Em “e”, às quais (as quais) chegam a muitas (ok) Reunião com amigos.
pessoas devido a rapidez (à rapidez) da internet,
favorece à formação (a formação) C) Dois pontos (:)
Observação: quanto à regência verbal de “favorecer”
= pede complemento verbal direto (favorece o quê? • Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
favorece quem?); já a regência nominal de “favorável” Coutinho trata este assunto:
pede preposição (favorável a quem? a quê?). • Antes de um aposto = Três coisas não me agradam:
chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
• Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá
PONTUAÇÃO
estava a deplorável família: triste, cabisbaixa,
vivendo a rotina de sempre.
• Em frases de estilo direto
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
Maria perguntou:
servem para compor a coesão e a coerência textual, além
- Por que você não toma uma decisão?
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
D) Ponto de Exclamação (!)
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
depende, em certos momentos, da intenção do autor do
• Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente
susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me
relacionados ao contexto e ao interlocutor.
casar com você!
• Depois de interjeições ou vocativos
Principais funções dos sinais de pontuação
Ai! Que susto!
João! Há quanto tempo!
A) Ponto (.)
E) Ponto de Interrogação (?)
• Indica o término do discurso ou de parte dele,
encerrando o período.
• Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
• Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur
(Companhia). Se a palavra abreviada aparecer em
Azevedo)
final de período, este não receberá outro ponto;
LÍNGUA PORTUGUESA

neste caso, o ponto de abreviatura marca, também,


F) Reticências (...)
o fim de período. Exemplo: Estudei português,
matemárica, constitucional, etc. (e não “etc..”)
• Indica que palavras foram suprimidas: Comprei
• Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
lápis, canetas, cadernos...
ponto, assim como após o nome do autor de uma
• Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero
citação:
dizer... é verdad... Ah!”
Haverá eleições em outubro
• Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este

98
mal... pega doutor? Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige
• Indica que o sentido vai além do que foi dito: que empreguemos etc. predecido de vírgula: Falamos de
Deixa, depois, o coração falar... política, futebol, lazer, etc.

G) Vírgula (,) As perguntas que denotam surpresa podem ter


combinados o ponto de interrogação e o de exclamação:
Não se usa vírgula Você falou isso para ela?!
Separando termos que, do ponto de vista sintático,
ligam-se diretamente entre si: Temos, ainda, sinais distintivos:

1. Entre sujeito e predicado: • a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014),


separação de siglas (IOF/UPC);
Todos os alunos da sala foram advertidos.
• os colchetes ([ ]) = usados em transcrições
Sujeito predicado
feitas pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como
primeira opção aos parênteses, principalmente na
2. Entre o verbo e seus objetos: matemática;
O trabalho custou sacrifício aos realizadores. • o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
V.T.D.I. O.D. O.I. nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir
um nome que não se quer mencionar.
Usa-se a vírgula:
REFERÊNCIAS
1. Para marcar intercalação:
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed.
abundância, vem caindo de preço. Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010.
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos.
Estão produzindo, todavia, altas quantidades de SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
alimentos. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
C) das expressões explicativas ou corretivas: As
indústrias não querem abrir mão de suas vantagens,
isto é, não querem abrir mão dos lucros altos. EXERCÍCIOS COMENTADOS
2. Para marcar inversão: 1. (FADESP-2018) O enunciado em que a vírgula foi
empregada em desacordo com as regras de pontuação é
A) do adjunto adverbial (colocado no início da
oração): Depois das sete horas, todo o comércio está a) Como esse metal é limitado, isso garantia que a
de portas fechadas. produção de dinheiro fosse também limitada.
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos b) Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão-
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. ouro.
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de c) Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo
maio de 1982. é criado assim, inventado em canetaços a partir da
concessão de empréstimos.
3. Para separar entre si elementos coordenados d) Assim, o sistema monetário atual funciona com uma
(dispostos em enumeração): moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante.
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. e) Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e abundante porque é gerada pela simples manipulação
animais. de bancos de dados.

4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós Resposta: Letra E


queremos comer pizza; e vocês, churrasco. O enunciado pede a alternativa em desacordo:
Em “a”, Como esse metal é limitado, isso garantia
5. Para isolar: que a produção de dinheiro fosse também limitada
= correta
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “b”, Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o


brasileira, possui um trânsito caótico. padrão-ouro = correta
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. Em “c”, Praticamente todo o dinheiro que existe no
mundo é criado assim, inventado em canetaços a
Observações: partir da concessão de empréstimos = correta
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da Em “d”, Assim, o sistema monetário atual funciona
expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”, com uma moeda que é ao mesmo tempo escassa e
seria dispensável o emprego da vírgula antes dele.

99
abundante = correta a) O jeitinho, essa instituição tipicamente brasileira pode
Em “e”, Escassa porque só banqueiros podem criá- ser considerado, sem dúvida, um desvio de caráter.
la, (X) e abundante porque é gerada pela simples b) Apareciam novos problemas, e o funcionário embora
manipulação de bancos de dados = incorreta - a competente, nem sempre conseguia resolvê-los.
vírgula pode ser utilizada antes da conjunção “e”, c) Ainda que os níveis de educação estivessem avançando,
desde que haja mudança de sujeito, por exemplo (o o sentimento geral, às vezes, era de frustração.
que não acontece na questão) d) É claro, que se fôssemos levar a lei ao pé da letra,
muitos sofreriam sanções diariamente.
e) O tempo não para as transformações sociais são
2. (FGV-2018)
urgentes mas há quem não perceba esse fato, que é
evidente.
Texto 1
Resposta: Letra C
Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, 19/3/2018, Indiquei com (X) os lugares inadequados e acrescentei
com o nome Erros do passado, o articulista Paulo a pontuação que faltou:
Guedes escreve o seguinte: “Os regimes trabalhista e Em “a”, O jeitinho, essa instituição tipicamente
previdenciário brasileiros são politicamente anacrônicos, brasileira , pode ser considerado, sem dúvida, um
economicamente desastrosos e socialmente perversos. desvio de caráter.
Arquitetados de início em sistemas políticos fechados Em “b”, Apareciam novos problemas , (X) e o funcionário
(na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista , embora competente, nem sempre conseguia resolvê-
de Mussolini), e desde então cultivados por obsoletos los.
programas socialdemocratas, são hoje armas de Em “c”, Ainda que os níveis de educação estivessem
destruição em massa de empregos locais em meio à avançando, o sentimento geral, às vezes, era de
competição global. Reduzem a competitividade das frustração.= correta
empresas, fabricam desigualdades sociais, dissipam em Em “d”, É claro , (X) que se fôssemos levar a lei ao pé da
consumo corrente a poupança compulsória dos encargos letra, muitos sofreriam sanções diariamente.
recolhidos, derrubam o crescimento da economia e Em “e”, O tempo não para , as transformações sociais
são urgentes , mas há quem não perceba esse fato,
solapam o valor futuro das aposentadorias”. (adaptado)
que é evidente.
No texto 1, os termos inseridos nos parênteses – na
4. (CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão
Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista de da língua portuguesa, a pontuação está corretamente
Mussolini – têm a finalidade textual de: empregada em:

a) enumerar os sistemas políticos fechados do passado; a) O conjunto de preocupações e ações efetivas, quando
b) destacar os sistemas onde se originaram os regimes atendem, de forma voluntária, aos funcionários e
trabalhista e previdenciário; à comunidade em geral, pode ser definido como
c) criticar o atraso político de alguns sistemas da História; responsabilidade social.
d) condenar nossos regimes trabalhista e previdenciário b) As empresas que optam por encampar a prática da
por serem muito antigos; responsabilidade social, beneficiam-se de conseguir
e) exemplificar alguns dos nossos erros do passado. uma melhor imagem no mercado.
c) A noção de responsabilidade social foi muito utilizada
Resposta: Letra B em campanhas publicitárias: por isso, as empresas
Arquitetados de início em sistemas políticos fechados precisam relacionar-se melhor, com a sociedade.
(na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália d) A responsabilidade social explora um leque abrangente
fascista de Mussolini) = os termos entre parênteses de beneficiários, envolvendo assim: a qualidade de
vida o bem-estar dos trabalhadores, a redução de
servem para se referir aos sistemas políticos fechados,
impactos negativos, no meio ambiente.
exemplificando-os.
e) Alguns críticos da responsabilidade social defendem
Em “a”, enumerar os sistemas políticos fechados do
a ideia de que: o objetivo das empresas é o lucro e
passado = incorreta a geração de empregos não a preocupação com a
Em “b”, destacar os sistemas onde se originaram os sociedade como um todo.
regimes trabalhista e previdenciário = correta
Em “c”, criticar o atraso político de alguns sistemas da Resposta: Letra A
História = incorreta Assinalei com (X) as inadequações e destaquei as
Em “d”, condenar nossos regimes trabalhista e inclusões:
LÍNGUA PORTUGUESA

previdenciário por serem muito antigos = incorreta Em “a”: O conjunto de preocupações e ações efetivas,
Em “e”, exemplificar alguns dos nossos erros do quando atendem, de forma voluntária, aos funcionários
passado = incorreta e à comunidade em geral, pode ser definido como
responsabilidade social = correta
3. (FGV-2010) Assinale a alternativa em que a vírgula Em “b”: As empresas que optam por encampar a
está corretamente empregada. prática da responsabilidade social, (X) beneficiam-se
de conseguir uma melhor imagem no mercado.

100
Em “c”: A noção de responsabilidade social foi muito Resposta: Letra A
utilizada em campanhas publicitárias: (X) ; por isso, as É uma situação que contrasta com outros lugares
empresas precisam relacionar-se melhor, (X) com a de Barcelona, uma cidade que vive hoje em duas
sociedade. dimensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas,
Em “d”: A responsabilidade social explora um leque que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade
abrangente de beneficiários, envolvendo , assim: (X) , Os períodos destacados acrescentam informações aos
a qualidade de vida , o bem-estar dos trabalhadores, termos citados anteriormente.
(X) e a redução de impactos negativos, (X) no meio
ambiente.
Em “e”: Alguns críticos da responsabilidade social REESCRITA DE FRASES
defendem a ideia de que: (X) o objetivo das empresas é
o lucro e a geração de empregos , não a preocupação
com a sociedade como um todo. REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE
ESTRUTURAS
5. (VUNESP-2014)
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmente
devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar e,
posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo,
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e
a experiência de vida antecedem o ato de escrever.
(Folha de S.Paulo, 03.01.2014. Adaptado) Obtido um razoável conhecimento sobre o que
iremos escrever, feito o esquema de exposição da
De acordo com a norma-padrão, no primeiro quadrinho, matéria, é necessário saber ordenar as ideias em frases
na fala de Hagar, deve ser utilizada uma vírgula, bem estruturadas. Logo, não basta conhecer bem um
obrigatoriamente, determinado assunto, temos que o transmitir de maneira
clara aos leitores.
a) antes da palavra “olho”. O estudo da pontuação pode se tornar um valioso
b) antes da palavra “e”. aliado para organizarmos as ideias de maneira clara
c) depois da palavra “evitar”. em frases. Para tanto, é necessário ter alguma noção
d) antes da palavra “evitar”. de sintaxe. “Sintaxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a
e) depois da palavra “e”. “parte da gramática que estuda a disposição das palavras
na frase e a das frases no discurso, bem como a relação
Resposta: Letra C lógica das frases entre si”; ou em outras palavras, sintaxe
“Não posso evitar doutor” = no diálogo, Hagar fala com quer dizer “mistura”, isto é, saber misturar as palavras
o doutor (vocativo); portanto, presença obrigatória de de maneira a produzirem um sentido evidente para os
vírgula após o verbo “evitar”. receptores das nossas mensagens. Observe:

6. (VUNESP-2018) No trecho do primeiro parágrafo do 1. A desemprego globalização no Brasil e no na está


texto – Nas escolas da Catalunha, a separação da Espanha Latina América causando.
tem apoio maciço. É uma situação que contrasta com outros 2. A globalização está causando desemprego no Brasil
lugares de Barcelona, uma cidade que vive hoje em e na América Latina.
duas dimensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas,
que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade, … Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
–, empregam-se as vírgulas para separar as expressões frase, as palavras estão amontoadas sem a realização
destacadas porque elas de “uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem
relação inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe
a) acrescem às informações precedentes comentários ocorreu de maneira perfeita e o sentido está claro para
que lhes ampliam o sentido. receptores de língua portuguesa inteirados da situação
b) sintetizam as ideias centrais das informações econômica e cultural do mundo atual.
precedentes.
LÍNGUA PORTUGUESA

c) apresentam informações que se opõem às informações


precedentes.
d) retificam as informações precedentes, dando-lhes o
correto matiz semântico.
e) estabelecem certas restrições de sentido às
informações precedentes.

101
A Ordem dos Termos na Frase Outras frases são construídas com verbos intransitivos,
que não têm complemento:
Leia novamente a frase contida no item 2. Note O menino morreu na Alemanha. (sujeito +verbo+
que ela é organizada de maneira clara para produzir adjunto adverbial)
sentido. Todavia, há diferentes maneiras de se organizar A globalização nasceu no século XX. (idem)
gramaticalmente tal frase, tudo depende da necessidade Há ainda frases nominais que não possuem verbos:
ou da vontade do redator em manter o sentido, ou cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a
mantê-lo, porém, acrescentado ênfase a algum dos seus ordem direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os
termos. Significa dizer que, ao escrever, podemos fazer termos existentes nelas.
uma série de inversões e intercalações em nossas frases,
conforme a nossa vontade e estilo. Tudo depende da Levando em consideração a ordem direta, podemos
maneira como queremos transmitir uma ideia, do nosso estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula:
estilo. Por exemplo, podemos expressar a mensagem da Se os termos estão colocados na ordem direta não
frase 2 da seguinte maneira: haverá a necessidade de vírgulas. A frase 2 é um exemplo
No Brasil e na América Latina, a globalização está disto:
causando desemprego. A globalização está causando desemprego no Brasil e
na América Latina.
Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração
a alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
que, para obter a clareza tivemos que fazer o uso de mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a
vírgulas. regra básica n.º1 para a colocação da vírgula. Veja:
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira”
e o que mais nos auxilia na organização de um período, causam desemprego…
pois facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, (três núcleos do sujeito)
a vírgula ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando
A globalização causa desemprego no Brasil, na América
produzimos frases complexas. Com isto, “entregamos”
Latina e na África.
frases bem organizadas aos nossos leitores.
(três adjuntos adverbiais)
O básico para a organização sintática das frases é
a ordem direta dos termos da oração. Os gramáticos
A globalização está causando desemprego, insatisfação
estruturam tal ordem da seguinte maneira:
e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina.
(três complementos verbais)
SUJEITO + VERBO+ COMPLEMENTO VERBAL+
CIRCUNSTÂNCIAS
B) Em princípio, não devemos, na ordem direta,
separar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o
A globalização + está causando+ desemprego + no verbo e o seu complemento, nem o complemento
Brasil nos dias de hoje. e as circunstâncias, ou seja, não devemos separar
com vírgula os termos da oração. Veja exemplos
Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem de tal incorreção:
todas contêm todos estes elementos, portanto cabem O Brasil, será feliz.
algumas observações: A globalização causa, o desemprego.

A) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.) Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre
normalmente são representadas por adjuntos os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas,
adverbiais de tempo, lugar, etc. Note que, no mais assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
das vezes, quando queremos recordar algo ou a regra básica n.º 2 para a colocação da vírgula. Dito em
narrar uma história, existe a tendência a colocar os outras palavras: quando intercalamos expressões e frases
adjuntos nos começos das frases: entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos
“No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas com vírgulas. Vejamos:
minhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos A globalização, fenômeno econômico deste fim de
e outros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil século XX, causa desemprego no Brasil.
existe…” Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o
sujeito e o verbo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Observações:
Tais construções não estão erradas, mas rompem Outros exemplos:
com a ordem direta; A globalização, que é um fenômeno econômico e
É preciso notar que em Língua Portuguesa, há muitas cultural, está causando desemprego no Brasil e na América
frases que não têm sujeito, somente predicado. Por Latina.
exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
Friburgo. São quatro horas agora; As orações adjetivas explicativas desempenham

102
frequentemente um papel semelhante ao do aposto Além disso, existem outros mecanismos dos quais
explicativo, por isto são também isoladas por vírgula. você pode se utilizar para reescrever seu texto.
A globalização causa, caro leitor, desemprego no
Brasil… • Locução verbal: é um verbo que exerce a mesma
Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o função que dois; Veja como você pode fazer essa
seu complemento. substituição:
Vou assistir a um filme mais tarde. > Assistirei a
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável, um filme mais tarde.
no Brasil… • Trocando substantivo por verbo, ou vice-versa.
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não Estudar é muito importante. > O estudo é muito
pertence ao assunto: globalização, da frase principal, importante.
tal oração é apenas um comentário à parte entre o • Conectivos com mesmo sentido.
complemento verbal e os adjuntos). Por certo, chegaremos tarde. > Certamente che-
garemos tarde.
Observação:
A simples negação em uma frase não exige vírgula: ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO
A globalização não causou desemprego no Brasil e na
América Latina. Quando falamos de reorganização da estrutura de
orações e períodos, estamos tratando de sintaxe. Então
C) Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a, podemos dizer que para reorganizar estruturas assim, é
tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra n.º 3 necessária uma análise sintática, que nada mais é do
da colocação da vírgula. que estudar a função das palavras dentro de uma frase,
No Brasil e na América Latina, a globalização está oração ou período, e sua relação com os outros elemen-
causando desemprego… tos.
No fim do século XX, a globalização causou desemprego E qual a diferença entre frase, oração e período?
no Brasil… Bem, vamos retomar este conceito lá:
Frase: uma sequência de palavras que possuem um
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente sentido, podendo ter ou não verbos nela. Ex.: Que bolo
se dá com a colocação das circunstâncias antes do feio! / Ele foi embora.
sujeito. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, Oração: uma frase que possui um verbo ou uma locu-
em gramática, são representadas pelos adjuntos ção verbal. Ex.: Meu avô foi embora ontem.
adverbiais. Muitas vezes, elas são colocadas em orações Período: composto por uma ou mais orações, po-
chamadas adverbiais que têm uma função semelhante a dendo ser um período simples (apenas uma oração) ou
dos adjuntos adverbiais, isto é, denotam tempo, lugar, composto (duas ou mais orações).
etc. Exemplos:
Quando o século XX estava terminando, a globalização Ex.: Ele volta logo. > período simples;
começou a causar desemprego. Fui ao mercado e comprei fruta. > período composto.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia
desenvolvem-se, a globalização causa desemprego nos E agora, como se estrutura uma oração?
países pobres.
Durante o século XX, a Globalização causou Essencialmente, uma oração necessita de, ao menos,
desemprego no Brasil. um sujeito e predicado.

Observação: Pedro comprou uma bola.


Quanto à equivalência e transformação de estruturas,
um exemplo muito comum cobrado em provas é Pedro > sujeito simples.
o enunciado trazer uma frase no singular e pedir a comprou uma bola. > predicado.
passagem para o plural, mantendo o sentido. Outro
exemplo é a mudança de tempos verbais. Note que essa oração é composta por verbo (com-
prou), substantivo (Pedro) e um objeto direto (uma bola).
SUBSTITUIÇÃO E DESLOCAMENTO Basicamente, essa é a estrutura de uma oração, podendo
ainda apresentar adjunto adverbial e nominal e apostos.
A substituição é uma das formas de se reescrever tex- Estes exercem uma função secundária na oração, isto é,
LÍNGUA PORTUGUESA

tos e pode fazer com que seus argumentos fiquem muito não são obrigatórios e servem apenas para incrementar.
mais interessantes e bem articulados.
Uma das formas de substituição é utilizando sinô- Aquele professor reprovou o aluno propositalmente.
nimos (item abordado anteriormente). Existem diversas
palavras possuindo o mesmo significado, e substituir um Veja que não é necessário dizer que a reprovação foi
“relaxado” por “desinteressado”, por exemplo, pode me- “propositalmente”, porém esse elemento deu ênfase à
lhorar em muito a qualidade do seu texto. mensagem e enriqueceu o texto. Vale a pena investir!

103
PARALELISMO Lançado, desde a infância, no torvelinho da socieda-
de, aprendi cedo, por experiência, que não era feito para
Para introduzir o assunto paralelismo, saiba que esse viver nela, onde nunca conseguiria chegar ao estado de
ocorre quando há uma sequência de expressões com es- que meu coração precisava. Cessando, portanto, de pro-
trutura simétrica, de forma harmoniosa e lógica entre as curar entre os homens a felicidade que sentia não poder
partes da oração/texto. encontrar, minha ardente imaginação já saltava por cima
Para isso, é necessário que as palavras e ideias corres- da recém-iniciada época de minha vida, como sobre um
pondam e sejam semelhantes de forma que possam ser terreno desconhecido, para descansar em uma situação
comparadas entre si. tranquila em que me pudesse me fixar.
(Jean Jacques Rousseau. Terceira caminhada. In: Jean
PARALELISMO SINTÁTICO Jacques Roseau. Os devaneios do caminhante solitátio.
Organização e tradução de Flúvia Maria Luíza Moretto.
Brasília: Editor a da UnB, 1991, p. 16 (com adaptações)).
Em uma estrutura sintática, o paralelismo ocorre
quando há simetria entre as estruturas sintáticas do tex-
Com relação às estruturas linguísticas do texto 6A2AA,
to. Para compreender melhor, vamos ver um exemplo de
julgue o item que se segue.
oração sem paralelismo sintático e outro com paralelis-
A substituição do trecho “bem amadurecido” por “as-
mo sintático.
saz amadurecidas” preservaria a correção gramatical do
texto, apesar de interromper estrutura com paralelismo
• Li toda informação presente no folheto e do site.
sintático.
(sem paralelismo sintático)
• Li toda informação presente no folheto e no site. (  ) CERTO   (  ) ERRADO
(com paralelismo sintático)
Resposta: Certo.
PARALELISMO SEMÂNTICO
O paralelismo ocorre entre “ter feito” e “ter bem
amadurecido”. Nos dois segmentos, vemos expresso
O paralelismo semântico também existe. Ele ocorre
os verbos no infinitivo (ter) e os verbos no particípio
quando existe simetria entre as ideias presentes no tex-
passado (feito/amadurecido). Note que, no caso dos
to/ frase. Vamos mais uma vez ver exemplos de oração
particípios, ambos estão no masculino singular. Caso
com e sem paralelismo semântico.
fosse feita a substituição, perderíamos o paralelismo
entre os verbos no particípio, pois um deles estaria na
• Sou fã de Bossa Nova, MPB e maquiagens. (sem
forma feminina “amadurecidas”.
paralelismo semântico)
• Sou fã de Bossa Nova, MPB e Rock. (com paralelis-
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
mo semântico)
A linguagem é a característica que nos difere dos
demais seres, permitindo-nos a oportunidade de
EXERCÍCIO COMENTADO
expressar sentimentos, revelar conhecimentos, expor
nossa opinião frente aos assuntos relacionados ao nosso
1. (CEBRASPE/CESPE – 2018) cotidiano e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao
convívio social. Dentre os fatores que a ela se relacionam
Entramos na liça ao nascer; dela saímos ao morrer. destacam-se os níveis da fala, que são basicamente dois:
De que vale aprender a conduzir melhor seu carro quan- o nível de formalidade e o de informalidade.
do se está no fim do percurso? Só resta pensar então O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
em como abandoná-lo. O estudo de um Velho, se ainda
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um
lhe resta a fazer, e unicamente o de aprender a morrer
modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da
e é precisamente o que menos se faz na minha idade,
mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante
pensa-se em tudo, menos nisso. Todos os velhos dão
mais apreço a vida do que as crianças e a deixam com para a que a mesma pudesse exercer total soberania
maios má vontade do que os jovens. É que, como todos sobre as demais.
os seus trabalhos tiveram essa mesma vida por objeti- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa
vo, veem, no final, que perderam seus esforços. Todos o estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem
os seus cuidados, todos os seus bens, todos os frutos de gerado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez
suas laboriosas vigílias, tudo deixam quando se vão. Não que, para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve
LÍNGUA PORTUGUESA

pensaram em adquirir alguma coisa, durante a vida, que de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se
possam levar com a morte. desta forma um estigma.
Disse tudo isso a mim mesmo quando era tempo de
mo dizer, e, se não soube tirar melhor partido de minhas
reflexões, não foi por não as ter feito a tempo e por não
as ter bem amadurecido.

104
Compondo o quadro do padrão informal da Norma Culta
linguagem, estão as chamadas variedades linguísticas,
as quais representam as variações de acordo com as A língua é um código de que se serve o homem
condições sociais, culturais, regionais e históricas em que para elaborar mensagens, para se comunicar. Existem
é utilizada. Dentre elas destacam-se: basicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas
línguas funcionais:
A) Variações históricas: Dado o dinamismo que a
língua apresenta, a mesma sofre transformações A) a língua funcional de modalidade culta, língua
ao longo do tempo. Um exemplo bastante repre- culta ou língua-padrão, que compreende a
sentativo é a questão da ortografia, se levarmos língua literária, tem por base a norma culta, forma
em consideração a palavra farmácia, uma vez que linguística utilizada pelo segmento mais culto e
a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à influente de uma sociedade. Constitui, em suma,
linguagem dos internautas, a qual se fundamenta a língua utilizada pelos veículos de comunicação
pela supressão dos vocábulos. Analisemos, pois, o de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais,
fragmento exposto: revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a
de serem aliados da escola, prestando serviço à
Antigamente sociedade, colaborando na educação;
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles B) a língua funcional de modalidade popular;
e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam língua popular ou língua cotidiana, que
anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os apresenta gradações as mais diversas, tem o seu
janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de- limite na gíria e no calão.
alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses
debaixo do balaio.” Norma culta
Carlos Drummond de Andrade
A norma culta, forma linguística que todo povo
civilizado possui, é a que assegura a unidade da língua
Comparando-o à modernidade, percebemos um
nacional. E justamente em nome dessa unidade, tão
vocabulário antiquado.
importante do ponto de vista político--cultural, que é
ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas. Sendo
B) Variações regionais: São os chamados dialetos,
mais espontânea e criativa, a língua popular afigura-se
que são as marcas determinantes referentes a di-
mais expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de
ferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra
exemplificação:
mandioca que, em certos lugares, recebe outras
Estou preocupado. (norma culta)
nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Fi-
Tô preocupado. (língua popular)
gurando também esta modalidade estão os sota- Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)
ques, ligados às características orais da linguagem.
Não basta conhecer apenas uma modalidade de
C) Variações sociais ou culturais: Estão diretamente língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a
ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e espontaneidade, expressividade e enorme criatividade,
também ao grau de instrução de uma determinada para viver; urge conhecer a língua culta para conviver.
pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jar- Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das
gões e o linguajar caipira. normas da língua culta.

As gírias pertencem ao vocabulário específico de O conceito de erro em língua


certos grupos, como os surfistas, cantores de rap,
tatuadores, entre outros. Os jargões estão relacionados Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto
ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técnico. nos casos de ortografia. O que normalmente se comete
Representando a classe, podemos citar os médicos, são transgressões da norma culta. De fato, aquele que,
advogados, profissionais da área de informática, dentre num momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou
outros. ele falar”, não comete propriamente erro; na verdade,
Vejamos um poema sobre o assunto: transgride a norma culta.
Um repórter, ao cometer uma transgressão em
Vício na fala sua fala, transgride tanto quanto um indivíduo que
LÍNGUA PORTUGUESA

comparece a um banquete trajando xortes ou quanto um


Para dizerem milho dizem mio banhista, numa praia, vestido de fraque e cartola.
Para melhor dizem mió Releva considerar, assim, o momento do discurso,
Para pior pió que pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento
Para telha dizem teia íntimo é o das liberdades da fala. No recesso do lar, na
Para telhado dizem teiado fala entre amigos, parentes, namorados, etc., portanto,
E vão fazendo telhados. são consideradas perfeitamente normais construções do
Oswald de Andrade tipo:

105
Eu não vi ela hoje. Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
Ninguém deixou ele falar. uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
Deixe eu ver isso! conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a
Eu te amo, sim, mas não abuse! norma culta.
Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. LÍNGUA ESCRITA E LÍNGUA FALADA - NÍVEL DE
LINGUAGEM
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se falada.
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos
se alteram: no decorrer do discurso), além da possibilidade de
gestos, olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada
Eu não a vi hoje. a modalidade mais expressiva, mais criativa, mais
Ninguém o deixou falar. espontânea e natural, estando, por isso mesmo, mais
Deixe-me ver isso! sujeita a transformações e a evoluções.
Eu te amo, sim, mas não abuses! Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. importância. Nas escolas, principalmente, costuma
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe. se ensinar a língua falada com base na língua escrita,
considerada superior. Decorrem daí as correções, as
Considera-se momento neutro o utilizado nos retificações, as emendas, a que os professores sempre
veículos de comunicação de massa (rádio, televisão, estão atentos.
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades,
jornal, revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem
mostrando as características e as vantagens de uma
deslizes ou transgressões da norma culta na pena ou na
e outra, sem deixar transparecer nenhum caráter de
boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho, que
superioridade ou inferioridade, que em verdade inexiste.
deve refletir serviço à causa do ensino.
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação
poética, caracterizado por construções de rara beleza.
de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
dialetos, consequência natural do enorme distanciamento
Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
entre uma modalidade e outra.
de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-
o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico elaborada que a língua falada, porque é a modalidade
registro de linguagem definitivamente consagrado pelo que mantém a unidade linguística de um povo, além
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos: de ser a que faz o pensamento atravessar o espaço e o
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir) será possível sem a língua escrita, cujas transformações,
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos por isso mesmo, processam-se lentamente e em número
dispersar e Não vamos dispersar-nos) consideravelmente menor, quando cotejada com a
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho modalidade falada.
de sair daqui bem depressa) Importante é fazer o educando perceber que o nível
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo
no seu posto) com a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina o nível da
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos linguagem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são pronúncia e até a entoação variam segundo esse nível.
exemplos também de transgressões ou “erros” que se Um padre não fala com uma criança como se estivesse
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje porque em uma missa, assim como uma criança não fala como
a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que um adulto. Um engenheiro não usará um mesmo
tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou discurso, ou um mesmo nível de fala, para colegas e
para se arcaizarem as formas então legítimas impido, para pedreiros, assim como nenhum professor utiliza o
despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem- mesmo nível de fala no recesso do lar e na sala de aula.
escolarizada tem coragem de usar. Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre
LÍNGUA PORTUGUESA

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário esses níveis, destacam-se em importância o culto e o
escolar palavras como corrigir e correto, quando nos cotidiano, a que já fizemos referência.
referimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão
que deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas
frases da língua popular para a língua culta”.

106
d) O dinheiro é menos precioso que o tempo.
e) O tempo é tão precioso quanto o dinheiro.
HORA DE PRATICAR!
5. (FGV – 2019) Segundo a gramática, os adjetivos po-
1. (FGV – 2019) A frase abaixo em que a grafia do ter- dem indicar estados, qualidades, características ou rela-
mo em negrito está equivocada é: ções. A frase abaixo em que o adjetivo sublinhado indica
uma relação é
a) O atleta genioso deve ter sido mal-educado pelos
pais; a) “As borboletas mostram um voo desengonçado”.
b) Trata-se de pessoa mal-educada; b) “As jabuticabas são frutas brasileiras”.
c) Os mal-educados não são pessoas agradáveis; c) “As goiabas estão nascendo bichadas”.
d) Nenhum mal-educado deve estar presente na festa; d) “As nuvens estavam carregadas”.
e) Os arruaceiros presos são muito mal-educados. e) “As pitangas ficaram vermelhas rapidamente”.

2. (FGV – 2019) O emprego de “se não” na frase “Se não 6. (FGV – 2019) “As coisas, por si sós, não são interes-
vierem todos, como será a festa?” está correto. santes, mas tornam-se interessantes apenas se nos inte-
ressamos por elas.”
As opções a seguir mostram frases em que o emprego
de “se não” está correto, à exceção de uma. Assinale-a. A forma verbal “tornam-se” indica mudança de estado,
o que ocorre de forma semelhante em
a) Aprender a escrever é, em grande parte, se não princi-
a) “As coisas, por si sós, não são interessantes.”
palmente, aprender a pensar.
b) “As coisas ficam interessantes se não nos interessa-
b) O prêmio foi de 170 mil dólares, se não mais.
mos por elas.”
c) O deputado tornou-se rico, se não milionário.
c) “As coisas nem sempre estão interessantes.”
d) Deus ajude a que venha, se não todos perderemos.
d) “As coisas permanecem interessantes em nossa mente.”
e) Se não desejar acompanhar-me, entenderei.
e) “As coisas não andam interessantes ultimamente.”
3. (FGV – 2019) Uma prova de Língua Portuguesa con-
7. (FGV – 2019) Texto III: “O tempo é a coisa mais pre-
tinha uma questão sobre processos de formação de pa-
ciosa que um homem pode gastar.”
lavras. Nessa questão, solicitava-se a indicação de um
vocábulo formado por derivação regressiva – numa lista
No Texto III, a forma “pode gastar” é uma locução ver-
de cinco – e a resposta pretendida era a indicação do
bal, ou seja, forma uma só oração. Assinale a opção que
vocábulo cálculo.
apresenta uma forma verbal que também corresponde a
uma locução verbal.
Ocorre que os dicionários de língua portuguesa infor-
mam que esse vocábulo provém do latim calculus, “pe-
a) manda gastar.
drinha”.
b) deixa gastar.
c) deve gastar.
Nesse caso, a questão
d) sente gastar.
e) vê gastar.
a) deve ser anulada, por estar errada.
b) deve ser anulada, por exigir um conhecimento fora do
8. (FGV – 2019) As preposições são elementos impor-
alcance do aluno/candidato.
tantes no texto. A frase em que a preposição “de” mostra
c) está corretamente formulada, pois não se pode mistu-
valor exclusivamente funcional, sem valor semântico, é:
rar morfologia com etimologia.
d) mostra correção, por ser o vocábulo um derivado de-
a) “No Brasil, a diferença entre viver de ar e viver de arte
verbal: calcular / cálculo.
é a sílaba te”.
e) traz uma incorreção, por não inserir o vocábulo num
b) “Um olhar diferente muda um conceito de cabeça
contexto frasal.
para baixo”.
c) “Só posso escrever o que sou. E se os personagens se
4. (FGV – 2019) Texto III: “O tempo é a coisa mais pre-
comportam de modos diferentes, é porque não sou
ciosa que um homem pode gastar.”
um só”.
LÍNGUA PORTUGUESA

d) “Se você precisar de dinheiro de repente, vá dormir


O Texto III mostra uma forma de superlativo. Assinale a
que a necessidade passa”.
frase em que aparece uma outra forma de superlativo.
e) “Quando a gente acorda de bom humor, é sinal de
que está em Paris”.
a) O tempo é uma coisa bem preciosa.
b) O tempo é mais precioso que o dinheiro.
c) Nada é mais precioso que o tempo.

107
9. (FGV – 2020) Na frase “A natureza faz o homem feliz a) ferro / ferros;
e bom, mas a sociedade o corrompe e torna-o miserá- b) féria / férias;
vel”, a conjunção sublinhada pode ser adequadamente c) cobre / cobres;
substituída por: d) humanidade / humanidades;
e) motivo / motivos.
a) no entretanto;
b) embora; 14. (FGV – 2019) “A banalização das artes e da literatu-
c) visto que; ra, o triunfo do jornalismo sensacionalista e a frivolidade
d) portanto; da política são sintomas de um mal maior que afeta a
e) contudo. sociedade contemporânea: a ideia temerária de conver-
ter em bem supremo nossa natural propensão a nos di-
10. (FGV – 2020) Algumas vezes, para reduzir-se a ex- vertirmos”.
tensão do texto, ocorre a substituição de uma forma ne-
gativa por uma positiva equivalente. A frase abaixo em Mário Vargas Llosa, A civilização do espetáculo.
que isso foi feito de forma semanticamente adequada é:
No texto há cinco termos precedidos da preposição de;
a) Os projetos não avançaram nas Comissões/recuaram. assinale a opção em que os dois termos destacados de-
b) Vejo que os candidatos não foram chamados / desis- sempenham a mesma função.
tiram;
c) Os turistas não foram bem recebidos / foram expul- a) das artes / de um mal maior.
sos; b) da literatura / do jornalismo.
d) Os estudantes não continuaram no curso / fracassa- c) das artes / do jornalismo.
ram; d) da política / da literatura.
e) O presidente não aceitou o convite / declinou do. e) de um mal maior / da política.

11. (FGV – 2020) Em todas as frases abaixo ocorre uma 15. (FGV – 2019) A leitura de todos os bons livros é
troca indevida do vocábulo sublinhado por seu parôni- como uma conversa com todos os homens de melhor
mo; a única das frases cuja forma do vocábulo sublinha- qualidade dos séculos passados. (Descartes)
do está correta é: Os termos que desempenham igual função nessa frase
são:
a) O motorista infligiu as leis do trânsito;
b) O prisioneiro dilatou os comparsas do assalto; a) de todos os bons livros / de melhor qualidade;
c) Nada há que desabone a sua conduta imoral; b) de todos os bons livros / dos séculos passados;
d) A cobrança é bimestral, ou seja, duas vezes por mês; c) com todos os homens / dos séculos passados;
e) Os cumprimentos devem ser dados na entrada da d) com todos os homens / de melhor qualidade;
festa. e) de todos os bons livros / com todos os homens.

12. (FGV – 2019) “Não submeter a saúde a provas es- 16. (FGV – 2019) Na tentativa de dar concisão, muitas
túpidas, mas também não a poupar com mimos exces- orações adjetivas podem ser substituídas por adjetivos; a
sivos. Cavalgar bem a sua saúde para poder fazer com opção abaixo em que essa substituição foi corretamente
ela viagens longas”. Esse pensamento se apoia em uma realizada é:
metáfora de equitação.
Assinale o único termo que não faz parte dessa metáfora. a) Não há bem que sempre dure / efêmero;
b) Nem tudo que reluz é ouro / iluminado;
a) submeter a provas. c) Fatos que se repetem são cansativos / frequentes;
b) poupar. d) Sentimentos que duram pouco trazem dor / passa-
c) mimos excessivos. geiros;
d) fazer com ela viagens longas. e) Muitas moedas que são guardadas perdem valor /
e) cavalgar bem. resguardadas.

13. (FGV – 2019) Uma reportagem que abordava a de- 17. (FGV – 2019) “Nunca houve criança tão amável que
linquência juvenil trazia a seguinte frase: “A maioria des- a própria mãe não ficasse satisfeita ao conseguir ador-
ses jovens vivem à custa dos pais”. mecê-la”.
LÍNGUA PORTUGUESA

A oração sublinhada tem valor de


A palavra custa traz sentido diferente de custas no plural,
empregada na linguagem jurídica; o exemplo abaixo em a) comparação.
que a possível mudança de sentido NÃO ocorre com a b) finalidade.
passagem do singular para o plural é: c) consequência.
d) conclusão.
e) explicação.

108
18. (FGV – 2019) “É natural desejar que se faça justiça”. a) físicas;
Se transformarmos a oração reduzida “desejar” em uma b) psíquicas;
oração desenvolvida, a forma adequada será: c) culturais;
d) afetivas;
a) que se deseje que se faça justiça; e) temporais.
b) o desejo de que se faça justiça;
c) que se desejasse que se faça justiça; 23. (FGV – 2019) “Todos os meus dias são adeuses”.
d) o desejo de que seja feita justiça; Essa frase significa que
e) desejarmos que se faça justiça.
a) a vida é uma trajetória de poucos dias.
19. (FGV – 2019) “Antes de casar, eu tinha três teorias b) a cada dia passado temos menos um dia de vida.
sobre como educar crianças. Agora eu tenho três crian- c) nunca encontramos as mesmas pessoas todos os dias.
ças e nenhum teoria.” A oração reduzida “Antes de ca- d) as coisas são sempre as mesmas todos os dias.
sar” pode ser adequadamente substituída pela seguinte e) sempre mudamos diariamente de lugar.
oração desenvolvida:
24. (FGV – 2019) Considerando que os chamados gê-
a) Antes de meu casamento.” neros textuais são realizações linguísticas concretas, defi-
b) “Antes de que eu me case.” nidas por propriedades sociocomunicativas, não deve ser
c) “Antes de que eu me casasse.” incluído(a) entre os gêneros:
d) “Antes de que eu me casei.”
e) “Antes de eu ser casado.” a) cantiga de roda.
b) bula de remédio.
20. (FGV – 2019) “Pensar mal amiúde significa tornar c) argumentação.
mau. Na vida das nações (1) não menos que na dos indi- d) crônica.
víduos (2) os primeiros momentos de uma trajetória im- e) entrevista.
primem (3) no que está nascendo (4) traços de teimosa
permanência”. 25. (FGV – 2019) Assinale a opção na qual a substituição
(Eduardo Giannetti, O Elogio do Vira-Lata e outros en- do segmento sublinhado foi feita de forma adequada.
saios. 1ª. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p.
13) a) Chapa sem polimento / suja
Nesse segmento inicial de um texto, poderiam ser usadas b) Veículo sem marca / remarcado
vírgulas nas posições dos seguintes números: c) Homem sem emprego / desnorteado
d) Destino sem conhecimento / ignorado
a) apenas em (1) e (2); e) Região sem população / deserta
b) apenas em (2) e (4);
c) apenas em (3) e (4); 26. (FGV – 2019) “Todas as coisas têm seu tempo, existe
d) apenas em (1), (2) e (4); o momento certo para cada uma delas sob o céu.” As-
e) em (1), (2), (3) e (4). sinale a frase em que houve troca indevida entre sob/
sobre.
21. (FGV – 2019) “se ambos devem atingir a mesma
perfeição da qual são capazes.” a) Quem é feliz não repara nas horas que passam sobre
Nesse segmento, emprega-se a preposição de em fun- seus olhos.
ção de um termo posterior: capazes. b) O homem não tem porto, o tempo passa sobre a mar-
O mesmo ocorre na seguinte frase: gem.
c) Os homens muito discutem sobre o tempo.
a) “O esporte necessita de muita dedicação e esforço.” d) Sob o aspecto físico, o tempo não existe.
b) “Os homens de fibra praticam esporte diariamente.” e) Sob o meu ponto de vista, o tempo que passa é o que
c) “Gosto de que todos cheguem na hora marcada.” não vivemos.
d) “Essa é a prática esportiva de que todos necessitam.”
e) “A prática de todos os esportes favorece a boa saúde.”

22. (FGV – 2019) “Todas as formas estão diluídas. Cinco


LÍNGUA PORTUGUESA

horas da manhã. A carroça do padeiro passa estrondan-


do, fazendo tremer a quietude da cidade afundada, mas
um instante depois o seu vulto e o seu ruído se dissol-
vem de novo na cerração. O silêncio torna a cair”. (Graça
Aranha, Canaã)
Nesse texto, o observador da cena NÃO pode descrever
perfeitamente o que vê em função de limitações:

109
ANOTAÇÕES
GABARITO
___________________________________________________________
1 A
2 D ____________________________________________________________
3 A
4 A ____________________________________________________________
5 B
____________________________________________________________
6 B
7 C ____________________________________________________________
8 D
9 E ____________________________________________________________
10 E
11 E ____________________________________________________________
12 C ____________________________________________________________
13 E
14 E ____________________________________________________________
15 E
16 D ____________________________________________________________
17 C
____________________________________________________________
18 A
19 C ____________________________________________________________
20 E
21 D ____________________________________________________________
22 A
23 B ____________________________________________________________
24 C ____________________________________________________________
25 D
26 A ____________________________________________________________

____________________________________________________________
ANOTAÇÕES ____________________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA

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110
As proposições são a base do pensamento lógico.
Este pensamento pode ser composto por uma ou mais
sentenças lógicas, formando uma ideia mais complexa.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO É importante ressaltar que o objetivo fundamental de
uma proposição é transmitir uma tese, que afirmam fa-
tos ou juízos que formamos a respeito das coisas.
Sabendo disso, uma questão importante tem que ser
respondida: como realmente podemos identificar uma
LÓGICA
proposição? A única técnica direta que temos é verifi-
car se podemos atribuir o valor de verdadeiro ou falso a
elas. Entretanto, existe uma técnica indireta que facilita
PROPOSIÇÕES muito o trabalho de identificação de uma proposição e é
frequentemente cobrada em concursos públicos.
No ensino fundamental, nos ensinam que os seres A técnica consiste em sabermos o que não é pro-
humanos são diferentes dos outros animais e a justifica- posição e por eliminação, achar a proposição. A seguir,
tiva é que os humanos pensam e os animais não pensam. seguem exemplos do que não é proposição e a reco-
Porém, temos animais com inteligência suficiente para mendação é que se memorizem esses tipos para facilitar
serem treinados a executar tarefas, como os chimpanzés na hora da prova:
e os golfinhos. Assim, qual é o real motivo que nos dife-
renciam de todos os outros seres vivos? i.) Sentenças Imperativas:  Todas as declarações que
remeterem a uma ordem não são proposições.
A resposta envolve não somente o ato de pensar Ex: “Apague a luz.”, “Observe aquele painel”, “Não
como também o de se comunicar. Primeiro, aprendemos faça isso”.
a falar, depois, a escrita dividiu nossa existência em Pré- ii.) Sentenças Interrogativas: Perguntas não são defi-
-História e História. Os registros por escrito guardaram nidas como proposições:
os pensamentos de nossos antepassados, proporcionan- Ex: “Olá, tudo bem?”, “Qual a raiz quadrada de 5?”,
do as gerações futuras, dados importantíssimos para se “Onde está minha carteira?”
ir além daquilo que já foi feito.
Porém, acabou surgindo o grande desafio que nor- iii.) Sentenças Exclamativas:
teou a disciplina de lógica: Como interpretar esses re- Ex: “Como o dia está lindo!”, “Isto é um absurdo!”,
gistros? “Não concordo com isto!”
A grande diferença do ser humano em relação aos
outros seres vivos está nesse ponto, pois tão importante iv.) Sentenças que não tem verbo: 
é o ato de interpretar uma informação quanto é elaborar Ex: “A bicicleta de Bruno”, “O cartão de João”.
a mesma. Assim, nossa mente é capaz de receber dados
e deles extrair uma conclusão. Essa habilidade está dire- v.) Sentenças abertas:  Este tipo de sentença possui
tamente ligada ao raciocínio lógico. uma grande quantidade de exemplos e os exem-
Muitos pensam que essa disciplina está voltada ape- plos são importantes para sabermos identifica-las:
nas para as pessoas de “exatas”, mas ela é voltada para Ex: “x é menor que 7 ou x < 7” – Essa expressão por
o público em geral e aqui seguem alguns exemplos que si só é genérica pois não temos informações de x
provam nosso conceito: para saber se ele é ou não menor que 7.Entretan-
to, caso seja atribuído um valor a x, essa sentença
• Um advogado reúne todas as informações dos se tornará uma proposição, pois será possível atri-
autos do processo e através do Raciocínio Lógico, buir VERDADEIRO ou FALSO a sentença original.
elabora sua tese de acusação ou defesa; Assim, a expressão “Para x=5, tem-se que: 5 é me-
• Um médico ao estudar todos os exames consegue nor que 7” é uma proposição e é VERDADEIRA. Por
a partir de raciocínio lógico, elaborar um diagnós- outro lado, “Para x=9, tem-se que: 9 é menor que
tico e propor um tratamento; 7” é uma proposição mas é FALSA.
• Um CEO de uma empresa, através dos relatórios
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Ex: “z é a capital da França” – As sentenças abertas


mensais consegue definir o plano de ação para es- não necessariamente são números, como mostra
timular o crescimento da companhia. o exemplo. Se substituirmos “z” por “Toulouse”, a
sentença virará proposição e será FALSA. Se z =
Todos os exemplos acima mostram como será o estu- Paris, a proposição será VERDADEIRA.
do da disciplina, onde receberemos informações e delas
extrairemos respostas ou em outras palavras, conclusões.
No Raciocínio Lógico, essas informações terão uma
particularidade: Elas sempre serão declarações onde po-
deremos classificá-las de duas maneiras, VERDADEIRA
ou FALSA. Essas declarações serão chamadas de PRO-
POSIÇÕES.

111
VALORES VERDADEIRO/FALSO A DISJUNÇÃO – Conectivo “OU”

CONECTIVOS “E” E “OU” O conectivo “ou”, também conhecido como disjun-


ção, segue a mesma linha de pensamento que o conec-
A CONJUNÇÃO – Conectivo “e” tivo “e”, relacionando duas proposições simples, forman-
do uma proposição composta. Vamos manter o exemplo
da seção anterior:
O próximo conectivo lógico certamente é um dos
p : Carlos gosta de jogar badminton.
mais usados dentro do raciocínio lógico e é também um
q : Pablo tomou suco de maçã
dos mais conhecidos. O “e” também é chamado de con-
junção e segue a mesma classificação da própria língua Temos acima duas proposições simples e vamos for-
portuguesa. mar agora uma proposição composta usando o conecti-
Diferentemente do conectivo “não”, a conjunção irá vo “ou”:
relacionar duas proposições simples, formando uma pro- 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo
posição composta. Vamos ao exemplo: tomou suco de maçã.
p : Carlos gosta de jogar badminton.
q : Pablo tomou suco de maçã O símbolo
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒indica a disjunção, ou seja, quando ele
aparecer, estaremos usando o conectivo “ou”. Observe
que ele é o símbolo do conectivo “e” invertido, então,
Temos acima duas proposições simples e podemos muita atenção na hora de identificar um ou o outro.
formar uma proposição composta usando o conectivo Se invertermos a ordem das proposições simples, for-
“e”: maremos outra proposição composta:
𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo 𝑺 = 𝒒 ∨ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã ou Carlos gos-
tomou suco de maçã. ta de jogar badminton.

Seguindo as definições do capítulo 1, a proposição No caso da disjunção, o valor lógico da proposição


composta será indicada com uma letra maiúscula, neste composta também não se altera com a inversão das pro-
caso, R. O símbolo
𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒indica a conjunção, ou seja, quando posições simples (igual a conjunção).
ele aparecer, estaremos usando o conectivo “e”. Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí-
Se invertermos a ordem das proposições simples, for- veis para uma proposição composta formada pelo co-
maremos outra proposição composta: nectivo “ou”. Novamente vale lembrar que no capítulo 3
𝑺 = 𝒒 ∧ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã e Carlos gosta aprenderemos sobre as tabelas-verdade e elas ajudarão
de jogar badminton. (e muito!) na memorização das combinações possíveis
dos conectivos lógicos. Por enquanto, vamos enumerar
No caso da conjunção, o valor lógico da proposição todos os casos para familiarização:
composta não se altera com a inversão das proposições
simples, mas outros conectivos que veremos a seguir po- i) Uma proposição composta formada por uma dis-
dem ter alterações dependendo da ordem das proposi- junção será VERDADEIRA se uma ou mais proposi-
ções simples. ções forem VERDADEIRAS.
Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí- ii) Uma proposição composta formada por uma dis-
veis para uma proposição composta formada pelo co- junção será FALSA se todas as proposições simples
nectivo “e”. No capítulo 3 aprenderemos sobre as tabe- forem FALSAS.
las-verdade e elas ajudarão (e muito!) na memorização
das combinações possíveis dos conectivos lógicos. Por Comparando com a conjunção, observa-se que hou-
enquanto, vamos enumerar todos os casos para familia- ve uma certa “inversão” em relação as combinações das
rização: proposições simples. Enquanto na conjunção precisáva-
mos de todas as proposições simples VERDADEIRAS para
i) Uma proposição composta formada por uma con- que a proposição composta possa ser VERDADEIRA, no
junção será VERDADEIRA se todas as proposições operador “ou” precisamos de apenas 1 delas para tornar
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

simples forem VERDADEIRAS. a proposição composta VERDADEIRA.


ii) Uma proposição composta formada por uma con- No caso do valor lógico FALSO também há inversão,
junção será FALSA se uma ou mais proposições onde no conectivo “e” basta 1 proposição simples ser
simples forem FALSAS. FALSA e na disjunção, precisamos de todas FALSAS.

Recuperando o exemplo anterior: Assim:


𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo
tomou suco de maçã. tomou suco de maçã.

Termos que R será VERDADEIRO somente se p e q Termos que R será VERDADEIRO se uma (ou as duas)
forem VERDADEIROS. Se uma (ou as duas) proposições proposição (ões) sejam VERDADEIRAS e R será FALSO se
simples for (forem) falsa(s), R será FALSO. p e q forem FALSOS.

112
IMPLICAÇÃO p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 =~~𝑝𝒑∨∼ ~p
∧ 𝒒𝑞 ∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞
Além das negações dos operadores lógicos condicio-
nal e bicondicional, existem outras equivalências lógicas V V V F F F F
importantes que estatisticamente são cobradas com cer- V F F V F V V
ta frequência nos concursos públicos e serão apresenta- F V F V V F V
das a seguir:
F F F V V V V
Implicação Material
Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o
A implicação material é uma equivalência lógica apli- mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a
cada ao operador condicional que transforma esse ope- equivalência.
rador em uma disjunção (“ou”): Usando frases como exemplo, se considerarmos p =
“Eu sei nadar” e q = “Eu sei correr”, a negação correta
de “Eu sei nadar e sei correr” será “Eu não sei nadar ou
𝑝 → 𝑞 = ~𝑝 ∨ 𝑞
não sei correr”

Montando a tabela-verdade: Negação da disjunção – Regra de De Morgan

A negação da disjunção também é conhecida como


p q ~p
𝑝 → 𝑞 𝑝 =→~𝑝
𝑞 ∨=𝑞~𝑝 ∨ 𝑞 Regra de De Morgan:
V V V F V
∼ 𝑝 ∨ 𝑞 = ~𝑝 ∧∼ 𝑞
V F F F F
F V V V V A regra nos diz que ao negar uma disjunção, pode-
F F V V V mos negar individualmente cada proposição simples
trocando o operador “ou” por um operador “e”. A prova
A terceira e quinta colunas possuem os mesmos valo- desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:
res lógicos em todas as linhas, podendo afirmar que são,
portanto, proposições equivalentes. p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝 ~p
~ 𝒑∨∼
∧𝒒𝑞 ∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞
Usando frases como exemplo, se considerarmos p =
“Andei distraído” e q = “Tropecei na calçada”, uma V V V F F F F
expressão equivalente a “Se andei distraído então tro-
pecei na calçada” será “Não andei distraído ou tropecei V F V F F V F
na calçada” F V V F V F F
F F F V V V V
NEGAÇÃO

Este tópico provavelmente é o mais importante deste


Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o
capítulo pois apresentará as negações das proposições
mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a
lógicas mais utilizadas: “Disjunção”, “Conjunção”, “Condi-
equivalência.
cional” e “Bicondicional”
Usando frases como exemplo, se considerarmos p =
“Andei de bicicleta” e q = “joguei futebol”, a negação
Negação da conjunção – Regra de De Morgan
correta de “Eu andei de bicicleta ou joguei futebol” será
“Eu não andei de bicicleta e não joguei futebol”.
As negações da conjunção e da disjunção são conhe-
cidas como Regras de De Morgan e são fáceis de memo-
Negação da Condicional
rizar pela sua estrutura simples:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

A negação da condicional é uma expressão que vem


∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞 derivada de outras duas equivalências lógicas: Regra de
De Morgan e Implicação material (apresentada nos tópi-
A regra nos diz que ao negar uma conjunção, po- cos seguintes). Como a ideia não é apresentar deduções,
demos negar individualmente cada proposição simples vamos mostrar a equivalência e prova-la através da ta-
trocando o operador “e” por um operador “ou”. A prova bela-verdade:
desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:
∼ 𝑝 → 𝑞 = 𝑝 ∧∼ 𝑞

113
Montando a tabela-verdade:

p q 𝒑→𝒒 ~ 𝒑→𝒒 ~q 𝒑 ∧∼ 𝒒

V V V F F F
V F F V V V
F V V F F F
F F V F V F

Comparando a quarta e sexta colunas, podemos observar que todas as linhas possuem os mesmos valores lógicos,
comprovando a equivalência desta negação.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Fiz muitos gols” e q = “Sou o artilheiro”, a negação correta
de “Se fiz muitos gols então sou o artilheiro” será “Fiz muitos gols e não sou o artilheiro”.

Negação da Bicondicional

Certamente a negação da bicondicional é a expressão mais difícil dentre as apresentadas na equivalência lógica. Ela
não é simples de deduzir e usaremos a mesma abordagem da negação da condicional, que é apresentar a expressão
e provar com a tabela-verdade:

∼ 𝑝 ↔ 𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)

Montando a tabela-verdade:

p q 𝑝 ↔ 𝑞 =∼(𝑝𝑝∧∼
∼ ↔ 𝑞) ~p
𝑞 ∼∨=(𝑞
𝑝
(𝑝↔ 𝑞~q
∧∧∼
~𝑝)
𝑞)
=∨(𝑝(𝑞∧∼
∧ ~𝑝)
𝑞) ∨∼(𝑞𝑝∧↔
~𝑝)
𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)
V V V F F F F F F
V F F V F V V F V
F V F V V F F V V
F F V F V V F F F

Observando a quarta e nona colunas, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equiva-
lência lógica.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Passei de ano” e q = “Tirei 10 na prova”, a negação correta
de “Passei de ano se e somente se tirei 10 na prova” será “Passei de ano e não tirei 10 na prova ou tirei 10 na prova e
não passei de ano”.

PROPOSIÇÕES COMPOSTAS

nenhuma outra proposição como parte de si mesma. São, geralmente, designadas por letras minúsculas do alfabe-
to (p,q,r,s,...). Uma definição equivalente é de uma proposição que não se consegue dividi-la em partes menores, de tal
maneira que as partes divididas gerem novas proposições. Exemplos:
p – O rato comeu o queijo;
q – Astolfo é advogado;
r – Hermenegildo gosta de pizza;
s – Raimunda adora samba.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Já as proposições compostas são formadas por uma ou mais proposições que podem ser divididas, formando pro-
posições simples. São, geralmente, designadas por letras maiúsculas do alfabeto (P,Q,R,S,...).Exemplos:
P – O rato é branco e comeu o queijo;
Q – Astolfo é advogado e gosta de jogar futebol;
R – Hermenegildo gosta de pizza e de suco de uva;
S – Raimunda adora samba e seu tênis é vermelho.

114
Veja que as proposições acima podem ser divididas Ou seja, os dois operadores lógicos “~” são retirados,
em duas partes. Observe: restando apenas a proposição simples.

• Idempotência: A idempotência trata de duas rela-


ções, uma com o operador “e” (conjunção) e outra
com o operador “ou” (disjunção). A ideia básica é
mostrar que quando se aplica esses operadores na
mesma proposição simples, o resultado é a própria
proposição. Vejam os casos:

(p ∧ q)
(p ∨ q)
As sentenças compostas dos exemplos acima não são
Essa equivalência é fácil verificar na tabela-verdade:
ligadas apenas pela conjunção “e”, podem ser ligadas
por outros CONECTORES LÓGICOS (Capítulo 2). Seguem
alguns exemplos para iniciar sua curiosidade pelo próxi- p (p ∧ q) (p ∨ q)
mo capítulo: V V V
T – Osmar tem uma moto OU Tainá tem um carro.
F F F
U – SE Kléber é asiático ENTÃO eu sou brasileiro.
Tanto na tabela-verdade da disjunção e da conjun-
FIQUE ATENTO! ção, quando ambas as proposições são verdadeiras, o
resultado é verdadeiro e quando ambas são falsas, o
As proposições compostas irão nortear seus
resultado da proposição composta é falso.
estudos nos próximos capítulos, então aten-
Usando frases nas proposições, essa propriedade nos
te-se a saber como dividir as proposições
permite dizer que se p = “João é professor”, temos que:
compostas em duas ou mais proposições
João é professor e João é professor = João é professor
simples!
João é professor ou João é professor = João é
professor
PROPOSIÇÕES EQUIVALENTES
Comutação: A propriedade comutativa da equivalên-
A equivalência lógica é a relação entre duas proposi- cia lógica é análoga a propriedade de mesmo nome da
ções lógicas que serão ditas equivalentes, ou seja, ao se matemática. Ela descreve que podemos mudar a ordem
montar a tabela-verdade de ambas, a distribuição dos das proposições simples sem afetar o resultado final.
valores lógicos será a mesma. Existem três casos:
O domínio desta teoria passará ao candidato a se-
gurança de se manipular expressões lógicas, buscando p∧q=q∧p
a equivalência correta nas alternativas da questão. Na p∨q=q∨p
maioria das vezes, os enunciados das questões de equi- p↔q=q↔p
valência lógica, usando frases simples como: “A negação
da expressão ... é:” ou também “A expressão logicamente Ou seja, para a disjunção, conjunção e bicondicional é
equivalente a ... é:”. possível inverter a ordem das proposições simples, man-
Para resolver esses exercícios, o candidato deverá re- tendo o resultado final da proposição composta. Usando
conhecer na expressão original que tipo de equivalência novamente frases como exemplo, temos que se p = “An-
pode ser usada e é isso que iremos apresentar nas seções dei 5km” e q = “Tomei um suco”:
a seguir. Andei 5km e tomei um suco = Tomei um suco e andei
5 km
Equivalências Lógicas Notáveis Andei 5km ou tomei um suco = Tomei um suco ou
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

andei 5 km
Iniciando pelas equivalências mais simples, apresen- Andei 5km se e somente se tomei um suco = Tomei
taremos os cinco primeiros casos de relações lógicas: um suco se e somente se andei 5 km

Dupla Negação: A dupla negação já foi introduzida


quando se definiu o operador lógico negação, ou o “não” #FicaDica
e se apresentou que “a negação da negação é a própria O leitor mais atento percebeu uma poten-
afirmação”. Em outras palavras, a dupla negação anula cial “pegadinha” nesta propriedade pois ela
dois operadores “não” que estão juntos, como no exem- não vale para o operador “Se...então” que
plo a seguir: é a condicional. Muita atenção quando for
utilizar essa propriedade!
~(~p) = p

115
Associação: A propriedade associativa também tem a mesma característica encontrada na matemática, onde você
pode inverter a ordem das operações lógicas. Isso só pode ser feito caso tenhamos apenas disjunção e conjunção nas
operações, observe:

p ∧ (q ∧ r) = (p ∧ q) ∧ r
p ∨ (q ∨ r) = (p ∨ q) ∨ r

O que a propriedade nos mostrou é que podemos fazer a operação entre p e q antes de realizar a operação entre
q e r.

Distribuição: A propriedade distributiva também segue a analogia da propriedade vista na matemática, sendo co-
nhecida também como a propriedade “chuveirinho” onde a partir de um operador lógico externo aos parênteses, faz-se
a distribuição nos elementos internos, desta forma:

p ∧ (q ∨ r) = (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
p ∨ (q ∧ r) = (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)

Observe novamente que essa propriedade também é válida apenas para os operadores disjunção (“e”) e conjunção
(“ou”), sendo incorreto aplicar na condicional e na bicondicional. Usando frases como exemplo, considere que: p =
“Almir é biólogo”, q = “Joseval é escritor” e r = “Arlequina é bandida”, assim:
A propriedade p ∧ (q ∨ r) = (p ∧ q) ∨ (p ∧ r) nos permite dizer que a proposição: “Almir é biólogo, e Joseval é mé-
dico ou Arlequina é bandida” é equivalente à proposição: “Almir é biólogo e Joseval é escritor, ou Almir é biólogo e
Arlequina é bandida”
Já a propriedade p ∨ (q ∧ r) = (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) nos permite dizer que a proposição: “Almir é biólogo, ou Joseval é
médico e Arlequina é bandida” é equivalente à proposição: “Almir é biólogo ou Joseval é escritor, e Almir é biólogo ou
Arlequina é bandida”

Negação dos operadores lógicos

Este tópico provavelmente é o mais importante deste capítulo pois apresentará as negações das proposições lógi-
cas mais utilizadas: “Disjunção”, “Conjunção”, “Condicional” e “Bicondicional”
Negação da conjunção – Regra de De Morgan: As negações da conjunção e da disjunção são conhecidas como
Regras de De Morgan e são fáceis de memorizar pela sua estrutura simples:

~ (p ∧ q) = ~p ∨ ~q

A regra nos diz que ao negar uma conjunção, podemos negar individualmente cada proposição simples trocando o
operador “e” por um operador “ou”. A prova desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:

p q (p ∧ q) ~(p ∧ q) ~p ~q ~p ∨ ~q
V V V F F F F
V F F V F V V
F V F V V F V
F F F V V V V

Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a
equivalência.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Eu sei nadar” e q = “Eu sei correr”, a negação correta de
“Eu sei nadar e sei correr” será “Eu não sei nadar ou não sei correr”

Negação da disjunção – Regra de De Morgan: A negação da disjunção também é conhecida como Regra de De
Morgan:

~(p ∨ q) = ~p ∧ ~q

116
A regra nos diz que ao negar uma disjunção, podemos negar individualmente cada proposição simples trocando o
operador “ou” por um operador “e”. A prova desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:

p q (p ∨ q) ~(p ∨ q) ~p ~q ~p ∧ ~q
V V V F F F F
V F V F F V F
F V V F V F F
F F F V V V V

Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a
equivalência.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Andei de bicicleta” e q = “joguei futebol”, a negação cor-
reta de “Eu andei de bicicleta ou joguei futebol” será “Eu não andei de bicicleta e não joguei futebol”.

Negação da Condicional: A negação da condicional é uma expressão que vem derivada de outras duas equiva-
lências lógicas: Regra de De Morgan e Implicação material (apresentada nos tópicos seguintes). Como a ideia não é
apresentar deduções, vamos mostrar a equivalência e prova-la através da tabela-verdade:

~(p → q) = p ∧ ~q

Montando a tabela-verdade:

p q (p → q) ~(p → q) ~q p ∧ ~q
V V V F F F
V F F V V V
F V V F F F
F F V F V F

Comparando a quarta e sexta colunas, podemos observar que todas as linhas possuem os mesmos valores lógicos,
comprovando a equivalência desta negação.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Fiz muitos gols” e q = “Sou o artilheiro”, a negação correta
de “Se fiz muitos gols então sou o artilheiro” será “Fiz muitos gols e não sou o artilheiro”.

Negação da Bicondicional: Certamente a negação da bicondicional é a expressão mais difícil dentre as apresen-
tadas na equivalência lógica. Ela não é simples de deduzir e usaremos a mesma abordagem da negação da condicional,
que é apresentar a expressão e provar com a tabela-verdade:

~(p ↔ q) = (p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)


Montando a tabela-verdade:

p q p↔q ~(p ↔ q) ~p ~q (p ∧ ~q) (q ∧ ~p) (p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)


V V V F F F F F F
V F F V F V V F V
F V F V V F F V V
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

F F V F V V F F F

Observando a quarta e nona colunas, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equiva-
lência lógica.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Passei de ano” e q = “Tirei 10 na prova”, a negação correta
de “Passei de ano se e somente se tirei 10 na prova” será “Passei de ano e não tirei 10 na prova ou tirei 10 na prova e
não passei de ano”.

117
Equivalências lógicas da condicional e bicondicional

Além das negações dos operadores lógicos condicional e bicondicional, existem outras equivalências lógicas impor-
tantes que estatisticamente são cobradas com certa frequência nos concursos públicos e serão apresentadas a seguir:

Implicação Material: A implicação material é uma equivalência lógica aplicada ao operador condicional que trans-
forma esse operador em uma disjunção (“ou”):

(p → q) = ~p ∨ q

Montando a tabela-verdade:

p q (p → q) ~p ~p ∨ q
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

A terceira e quinta colunas possuem os mesmos valores lógicos em todas as linhas, podendo afirmar que são, por-
tanto, proposições equivalentes.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Andei distraído” e q = “Tropecei na calçada”, uma expres-
são equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Não andei distraído ou tropecei na calçada”

Transposição: A transposição, como o próprio nome diz, é aplicada ao operador condicional, trocando de posição
as proposições simples, algo que não é permitido diretamente pela propriedade comutativa apresentada anteriormen-
te. A equivalência é a seguinte:

(p → q) = (~q → ~p)

Ou seja, nega-se e inverte-se as proposições simples para formar a equivalência. Comprovando pela tabela-verdade:

p q (p → q) ~p ~q (~q → ~p)
V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V

Assim, como a terceira e sexta colunas são idênticas, temos a equivalência lógica comprovada.
Usando as frases da implicação material como exemplo novamente, se considerarmos p = “Andei distraído” e q
= “Tropecei na calçada”, uma expressão equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Se não
tropecei na calçada, então não andei distraído”.

#FicaDica
Sempre que no enunciado de um exercício de equivalência tivermos o operador condicional, desconfie se
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

não será aplicada as regras de implicação material ou transposição, normalmente elas que serão utilizadas
para resolver a questão!

Equivalência Material: A equivalência material é a última relação que veremos neste capítulo e envolve o operador
bicondicional que sempre irá proporcionar expressões maiores para memorização. Além disso, são dois casos para se
analisar: O primeiro, transforma-se a bicondicional em duas operações condicionais:

(P ↔ Q) = (P → Q) ∧ (Q → P)

118
Intuitivamente essa expressão não é difícil pois o próprio nome “bicondicional” já se refere a “duas condicionais”.
O importante é lembrar que as duas condicionais são ligadas por um operador “e” e não por um operador “ou”. A
tabela-verdade fica:

p q (p ↔ q) (p → q) (q → p) (p → q) ∧ (q → p)
V V V V V V
V F F F V F
F V F V F F
F F V V V V

Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma expressão
equivalente para “A bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “Se a bolsa é azul então o estojo é vermelho
e se o estojo é vermelho então a bolsa é azul”.
O outro caso de equivalência material é a conversão da bicondicional em operadores “ou” e “e”:

(P ↔ Q) = (P ∧ Q) ∨ (~P ∧ ~Q)

Essa expressão não é tão intuitiva como o primeiro caso mas dá para se criar um raciocínio imaginando que a bi-
condicional foi separada em duas conjunções das afirmações e negações ligadas por uma disjunção. A tabela-verdade
fica desta maneira:

p q (p ↔ q) ~p ~q (p ∧ q) (~p ∧ ~q) (p ∧ w) ∨ (~p ∧ ~q)


V V V F F V F V
V F F F V F F F
F V F V F F F F
F F V V V F V V

Com a terceira e oitava coluna idênticas, temos a equivalência comprovada. Usando as mesmas frases como exem-
plo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma outra expressão equivalente para “A
bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “A bolsa é azul e o estojo é vermelho ou a bolsa não é azul e
o estojo não é vermelho”.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (FCC – 2006) Das cinco frases abaixo, quatro delas têm uma mesma característica lógica em comum, enquanto uma
delas não tem essa característica.

I. Que belo dia!


II. Um excelente livro de raciocínio lógico.
III. O jogo terminou empatado?
IV. Existe vida em outros planetas do universo.
V. Escreva uma poesia.
A frase que não possui essa característica comum é a
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

a) I
b) II
c) III
d) IV
e) V

Resposta: Letra D.
O exercício quer a identificação da proposição. As alternativas A, B, C e E são respectivamente sentenças exclama-
tivas, sem verbo, interrogativa e imperativa, o que não as caracterizam como proposições. Já a alternativa D é uma
sentença que pode ser classificada como verdadeira ou falsa, caracterizando uma proposição.

119
2. (GESTÃO CONCURSO – 2018) Para Alencar (2002, p.14), “na tabela verdade figuram todos os possíveis valores
lógicos da proposição composta, correspondentes a todas as possíveis atribuições de valores lógicos às proposições
simples correspondentes.” Considerando duas proposições identificadas como p e q, deseja-se construir a tabela ver-
dade da proposição composta ~(p ∧ ~q), conforme descrito na tabela a seguir.

p q ~q p ∧ ~q ~(p ∧ ~q)
V V
V F
F V
F F

Os valores lógicos da proposição composta ~(p ∧ ~q), descritos de cima para baixo na última coluna da tabela, serão,
respectivamente,

a) (F);(F);(F);(F)
b) (F);(V);(F);(F)
c) (V);(V);(V);(V)
d) (V);(F);(V);(V)

Resposta: Letra D.
O exercício já auxiliou deixando a tabela com todas as colunas organizadas. A “pegadinha” é se você esquecer de
fazer a negação final, que faria você marcar a alternativa B e não a D.

p q ~q (p ∧ ~q) ~(p ∧ ~q)


V V F F V
V F V V F
F V F F V
F F V F V

3. (IBFC – 2017) De acordo com o raciocínio lógico proposicional a proposição composta [p ∨ (~q ↔ r)] → ~p é uma:

a) Contingência
b) Tautologia
c) Contradição
d) Equivalência

Resposta: Letra A.
Construindo a tabela verdade:
p q r ~p ~q (~q ↔ r) p ∨ (~q ↔ r) [p ∨ (~q ↔ r)] → ~p
V V V F F F V F
V V F F F V V F
V F V F V V V F
V F F F V F V F
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

F V V V F F F V
F V F V F V V V
F F V V V V V V
F F F V V F F V

4. (FUNCAB – 2016) Dizer que não é verdade que Francisco é dentista e Tânia é enfermeira, é logicamente equivalente
a dizer que é verdade que:

a) Se Francisco não é dentista, então Tânia não é enfermeira.


b) Francisco não é dentista e Tânia não é enfermeira.

120
c) Se Francisco não é dentista, então Tânia é enfermeira. 8. (ESAF – 2016) A proposição “se o voo está atrasado,
d) Francisco não é dentista ou Tânia não é enfermeira. então o aeroporto está fechado para decolagens” é logi-
e) Francisco é dentista ou Tânia não é enfermeira. camente equivalente à proposição:

Resposta: Letra D. a) o voo está atrasado e o aeroporto está fechado para


Aplicando a regra de De Morgan, a negação da con- decolagens.
junção será a disjunção das negações, então nega-se b) o voo não está atrasado e o aeroporto não está fecha-
ambas as proposições e aplica-se o operador “ou”. do para decolagens.
c) o voo está atrasado, se e somente se, o aeroporto está
5. (VUNESP – 2017). Uma negação lógica para a afirma- fechado para decolagens.
ção “João é rico, ou Maria é pobre” é: d) se o voo não está atrasado, então o aeroporto não
está fechado para decolagens.
e) o voo não está atrasado ou o aeroporto está fechado
a) Se João é rico, então Maria é pobre
para decolagens.
b) João não é rico, e Maria não é pobre
c) João é rico, e Maria não e pobre
Resposta: Letra E.
d) Se João não é rico, então Maria não é pobre
Como a questão envolve condicional, devemos pen-
e) João não é rico, ou Maria não é pobre sar em aplicar a implicação material ou a transposição.
Olhando as alternativas, temos apenas uma delas que
Resposta: Letra B. é condicional, então provavelmente será melhor apli-
Aplicando a regra de De Morgan, a negação da disjun- car a implicação material primeiro, que gera o seguin-
ção será a conjunção das negações. te resultado: “O voo não está atrasado ou o aeroporto
está fechado para decolagens”.
6. (IDECAN – 2016). A negação da proposição composta
“Se goleia o rival, então é campeão” é equivalente a: 9. (PMRJ – 2016) Uma proposição logicamente equiva-
lente a “se eu não posso pagar um táxi, então vou de
a) Não goleia o rival e é campeão. ônibus” é a seguinte:
b) Goleia o rival e não é campeão.
c) Não goleia o rival ou é campeão. a) se eu não vou de ônibus, então posso pagar um táxi
d) Nem goleia o rival, nem é campeão. b) se eu posso pagar um táxi, então não vou de ônibus
c) se eu vou de ônibus, então não posso pagar um táxi
Resposta: Letra B. d) se eu não vou de ônibus, então não posso pagar um táxi
A negação da condicional é uma conjunção da pri-
meira proposição com a negação da segunda, o que Resposta: Letra A.
aparece na alternativa B. Como todas as alternativas são condicionais, provavel-
mente o exercício se resolve aplicando a transposição.
7. (PUC-PR – 2017). Arno, especialista em lógica, per- Negando as duas proposições e invertendo a ordem,
guntou: qual a negação de “hoje é carnaval se, e somente temos que “Se eu não vou de ônibus, então posso pa-
se, for 8 ou 9 de fevereiro”? gar um taxi”. Observe que já temos uma negação na
A resposta CORRETA é: frase original e na hora de negarmos, faremos uma
dupla negação, eliminando os dois “não”.
a) Hoje não é Carnaval se, e somente se, não for 8 ou 9
10. (PMRJ – 2016). A proposição equivalente para “A lua
de fevereiro
é um satélite natural se e somente se Saturno ter anéis” é:
b) Hoje não é Carnaval e não é 8 nem 9 de fevereiro
c) Hoje não é Carnaval e é 8 ou 9 de fevereiro ou hoje é
a) Se a Lua é um satélite natural, então Saturno tem anéis ou
Carnaval e não é nem 8 e nem 9 de fevereiro Se Saturno tem anéis, então a Lua é um satélite natural
d) Hoje é Carnaval e é 8 de fevereiro b) Se a Lua é um satélite natural, então Saturno não tem
e) Hoje é Carnaval e é 8 ou 9 de fevereiro ou hoje não é anéis e Se Saturno não tem anéis, então a Lua é um
Carnaval e não é nem 8 e nem 9 de fevereiro satélite natural
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

c) Se a Lua é um satélite natural, então Saturno tem


Resposta: Letra C. anéis e Se Saturno tem anéis, então a Lua é um satélite
Questão trabalhosa mas possível. Considere p = “Hoje natural
é Carnaval” e q = “É 8 ou 9 de fevereiro”. Aplicando a d) Se a Lua não é um satélite natural, então Saturno não
negação da bicondicional, temos que: (p ∧ ~q) ∨ (q tem anéis e Se Saturno tem anéis, então a Lua é um
∧ ~p) = Hoje é carnaval e não é nem 8 e nem 9 de satélite natural
fevereiro ou é 8 ou 9 de fevereiro e não é carnaval.
Usando a propriedade comutativa onde podemos in- Resposta: Letra C.
verter a ordem das proposições, conseguimos montar Aplicando a equivalência material que transforma a
a alternativa C. bicondicional em duas condicionais, temos que “Se a
Lua é um satélite natural, então saturno tem anéis e se
Saturno tem anéis, então a Lua é um satélite natural”.

121
TABELAS-VERDADE Observe que a tabela possui duas colunas. A primeira
contém os valores possíveis para a proposição simples,
A tabela-verdade é um dispositivo prático muito que pela fundamentação da lógica, é o VERDADEIRO (V)
usado para a organizar os valores lógicos de proposições e o FALSO (F).
compostas pois ela ilustra todos os possíveis valores Já a segunda coluna possui o operador lógico
lógicos da estrutura composta, correspondentes a todas negação. O operador foi aplicado em cada linha da
as possíveis atribuições de valores lógicos às proposições tabela, gerando o resultado correspondente. Ou seja, se
simples. a proposição p é V, sua negação será F e vice-versa.
Para se construir uma tabela verdade, são necessárias É importante frisar que as operações da tabela-
três informações iniciais: O número de proposições que verdade ocorrem de linha em linha, ou seja, se na
compõem a proposição composta, o número de linhas primeira linha temos que a proposição p é V, esse valor
que a tabela-verdade irá ter e a variação dos valores permanecerá assim até que todas as operações daquela
lógicos. linha correspondente tenham terminado.
A primeira informação é puramente visual, basta olhar
a proposição composta e verificar quantas proposições TABELA-VERDADE PARA 2 PROPOSIÇÕES SIMPLES
simples a compõem, contando a quantidade de letras
distintas que existem nela, vejam os exemplos: Chegamos as seções onde a tabela-verdade fará mais
𝒑 ∧ 𝒒 : Temos as proposições simples p e q, ou seja, a sentido, pois ela é aplicada em proposições compostas.
proposição composta possui duas proposições; Iniciando com uma estrutura de duas proposições
(𝒑 ∧ 𝒒) → (~𝒒 ↔ 𝒑) : Esta estrutura possui duas simples, vamos primeiramente explicar a organização
proposições simples também, p e q. Não se deve destas proposições.
considerar a repetição das proposições que no caso de p Como já sabemos que são duas proposições simples,
e q, repetiram duas vezes; que chamaremos de p e q, temos que a tabela-verdade
𝒓 ↔ (𝒑 ∨ 𝒒) : Neste caso, com a presença da terá quatro linhas:
proposição r, temos três proposições simples distintas,
p,q e r. p q
A segunda informação, que é o número de linhas
da tabela verdade, deriva do número de proposições
simples que a estrutura composta possui. Usando essa
conta simples:

𝐿 = 2𝑛

Onde L é o número de linhas da tabela-verdade e n FIQUE ATENTO!


é o número de proposições simples que ela possui. Ou Observe que além das linhas corresponden-
seja, para duas proposições simples, temos 4 linhas na tes da tabela-verdade, nós inserimos uma li-
tabela-verdade, para 3 proposições simples, 8 linhas nha inicial indicando qual a proposição que
na tabela e para 4 proposições simples, a tabela possui estamos atribuindo o valor lógico. Isso é de
16 linhas. Além disso, para o caso de uma proposição suma importância para se dominar esse con-
simples, pode-se aplicar a fórmula também, e teremos teúdo.
duas linhas na tabela-verdade.
Esses valores são derivados da organização da tabela,
para que tenhamos todos os casos possíveis avaliados. Agora temos que combinar os dois valores lógicos
Com essa informação, podemos organizar a tabela e isso possíveis entre as proposições, formando as quatro
será apresentado caso a caso nas seções seguintes. linhas. Para isso, recomenda-se que sigam os seguintes
TABELA-VERDADE DE PROPOSIÇÃO SIMPLES: passos:
NEGAÇÃO
i) Na coluna da primeira proposição, atribua o valor
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Nós iremos seguir a ordem do capítulo anterior e de V para a primeira metade das linhas e F para a
apresentar a montagem das tabelas-verdade para os segunda metade. Ou seja, as duas primeiras linhas
operadores lógicos descritos. Inicia-se pele negação, que são V e as duas últimas são F:
é uma proposição simples e terá apenas duas linhas na
tabela-verdade:
p q
p ~p V
V F V
F V F
F

122
ii)
Para a segunda coluna, repita o mesmo A segunda linha possui p = V e q = F. Para a conjunção
procedimento dentro de cada valor lógico atribuído é necessário que as duas proposições sejam V para ela
para a coluna anterior. Ou seja, como temos V nas ser V, logo, ela será FALSA:
duas primeiras linhas de p, vamos colocar V na
primeira linha e F na segunda. Da mesma forma, p q 𝒑∧𝒒
vamos fazer o mesmo procedimento para as duas
linhas de p que contém F: V V V
V F F
p q F V
V V F F
V F
F V Seguindo o mesmo raciocínio, a terceira linha possui
p = F e q = V, o que faz a conjunção ser FALSA:
F F

Pronto, a tabela-verdade para duas proposições foi p q 𝒑∧𝒒


organizada e agora podemos passar para as proposições
V V V
compostas.
V F F
F V F
Tabela Verdade da Conjunção (“e”)
F F
Seguindo a ordem do capítulo anterior, temos o
Finalmente, a quarta linha possui as duas proposições
operador lógico “e”, ou a conjunção. Para atribuir valores
simples com valor lógico FALSO, o que faz a conjunção
lógicos a essa expressão, cria-se uma terceira coluna na
ser FALSA também:
tabela-verdade e insere no título qual proposição lógica
iremos tratar, desta maneira:
p q 𝒑∧𝒒

p q 𝒑∧𝒒 V V V
V V V F F
V F F V F
F V F F F
F F
Esta é a tabela-verdade para conjunção é deve ser
memorizada ou resolvida de forma rápida no caso de
No caso da conjunção, temos que ela é VERDADEIRA
tabelas maiores.
apenas se as duas proposições compostas, p e q, forem
VERDADEIRAS, caso contrário, ela será FALSA. Usando
Tabela Verdade da Disjunção (“ou”)
essa informação, vamos preencher a tabela:
Passando agora para o próximo conectivo, que é
Na primeira linha, temos que p é VERDADEIRO e
a disjunção (“ou”). Esse operador possui a definição
q é VERDADEIRO, logo, a conjunção nesse caso será
contrária a conjunção, onde ele só será FALSO no caso
VERDADEIRA por definição:
de as duas proposições simples serem FALSAS, caso
contrário, será sempre VERDADEIRO.
p q 𝒑∧𝒒
Montando a tabela:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

V V V
V F
p q 𝒑∨𝒒
F V
F F V V
V F
F V
F F

123
A primeira, segunda e terceira linhas possuem ao Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”)
menos 1 valor lógico VERDADEIRO, ou seja, condição
suficiente para o operador lógico ser VERDADEIRO: O último operador é o Bicondicional (“Se e somente
se”) e a tabela será montada da mesma forma:
p q 𝒑∨𝒒
p q 𝒑↔𝒒
V V V
V F V V V

F V V V F

F F F V
F F
Já a última linha, possui ambas proposições simples
com o valor lógico FALSO, o que faz a disjunção ser Montaremos a tabela usando sua lógica simples:
FALSA também: Ele será VERDADEIRO se as duas proposições simples
tiverem o mesmo valor lógico e FALSO se tiverem valores
diferentes:
p q 𝒑∨𝒒
p q
V V V 𝒑↔𝒒
V F V V V V
F V V V F F
F F F F V F
F F V
Esta é a tabela da disjunção é também deve ser
memorizada. Com essas informações memorizadas é possível
montar QUALQUER tabela-verdade.
Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”)
Montagem de tabelas usando mais de um opera-
O próximo conector lógico é a condicional (“Se... dor lógico
então”) e montaremos a tabela-verdade do mesmo jeito
que os anteriores: Obviamente que as seções acima introduziram as
tabelas-verdade fundamentais, que vão auxiliar na
montagem de tabelas mais complexas. Vamos apresentar
p q 𝒑→𝒒 um exemplo onde isso será aplicado. Considere a
seguinte proposição composta:
V V
V F (𝒑 ∧ 𝒒) ↔ ~𝒑 ∨ 𝒒

F V Observe que a proposição possui duas proposições simples


F F mas possui três operações lógicas. Para montar a tabela-
verdade desta proposição, deveremos fazer combinações dos
O princípio deste operador lógico está na relação resultados fundamentais vistos anteriormente.
entre o antecedente (p) e o consequente (q). Ele será Iniciando, vamos montar a estrutura inicial, com as
FALSO apenas se 𝑝 = 𝑉 e 𝑞 = 𝐹 , o que ocorre na colunas de p e q:
segunda linha. Nos outros casos, ele será VERDADEIRO.
Em caso de dúvidas deste operador, recomenda-se a p q
releitura do capítulo 2.
V V
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

p q 𝒑→𝒒 V F
F V
V V V
F F
V F F
F V V Agora, vamos analisar a expressão: temos dois
parênteses separados por uma bicondicional, portanto,
F F V
teremos que saber os valores lógicos de cada parêntese
antes de resolver o “se e somente se”. Para isso, vamos
criar colunas específicas na tabela para cada informação
e depois agrupá-las.

124
Começando com a conjunção no primeiro parêntese Na segunda linha, temos a quarta e a segunda coluna
e atribuindo os valores lógico de cada linha, cria-se uma com valores lógicos FALSO, o que faz a disjunção FALSA:
terceira coluna a partir da primeira e da segunda:
p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒
p q 𝒑∧𝒒
V V V F V
V V V V F F F F
V F F F V F V
F V F F F F V
F F F
Na terceira linha, temos ambos VERDADEIROS, o que
Agora, vamos resolver o segundo parêntese. Para faz a disjunção VERDADEIRA:
isso, precisaremos da negação de p para fazer uma
disjunção com q. Logo, vamos criar primeiro uma coluna p q ~p
da negação e depois faremos a disjunção: 𝒑∧𝒒

V V V F V
p q ~p
𝒑∧𝒒 V F F F F
V V V F F V F V V
V F F F F F F V
F V F V E na quarta linha, temos a quarta coluna VERDADEIRA
F F F V e a segunda coluna FALSA, o que faz a disjunção ser
VERDADEIRA:
Observe que esta quarta coluna é a negação da
primeira, como deve ser, já que estamos negando a p q ~p
𝒑∧𝒒 ~𝒑 ∨ 𝒒
proposição p. Criaremos agora uma quinta coluna, onde
faremos a disjunção de ~p (quarta coluna) e q (segunda
V V V F V
coluna):
V F F F F
p q ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 F V F V V
𝒑∧𝒒
F F F V V
V V V F
V F F F
FIQUE ATENTO!
F V F V Fizemos uma disjunção entre a quarta e a
F F F V segunda coluna, NESTA ORDEM. No caso da
disjunção, se fizéssemos invertido, não have-
Nós temos que utilizar os valores lógicos da quarta ria problemas, mas nem sempre isso acon-
e segunda colunas em cada linha correspondente da tece. A recomendação é que se mantenha a
tabela. É aqui que muitos candidatos se confundem e ordem da operação lógica.
acabam usando colunas diferentes. Na primeira linha,
temos que a quarta coluna tem valor F e a segunda
coluna tem valor V, assim a disjunção entre elas será V: Finalmente, vamos criar a sexta coluna que será a
bicondicional da terceira e quinta colunas:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒
p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒
V V V F V
V V V F V
V F F F
V F F F F
F V F V
F V F V V
F F F V
F F F V V

125
Na primeira linha, temos a terceira coluna VERDADEIRA Para organizar todas as combinações possíveis dos
e a quinta também, que pela bicondicional, gera um valor valores lógicos, vamos usar o mesmo artifício visto na
VERDADEIRO: tabela com duas proposições simples. Primeiro, vamos
dividir a primeira coluna em dois blocos de 4 linhas, onde
p q ~p o primeiro bloco será VERDADEIRO e o segundo, FALSO:
𝒑∧𝒒 ~𝒑 ∨ 𝒒 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒

V V V F V V p q r
V F F F F V
F V F V V V
F F F V V V
V
Na segunda linha, temos ambas as colunas FALSAS,
F
que pela bicondicional, gera um valor VERDADEIRO:
F
p q ~p 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒 F
𝒑∧𝒒 ~𝒑 ∨ 𝒒
F
V V V F V V
V F F F F V Na segunda coluna, vamos subdividir cada bloco da
primeira coluna em dois novamente, colocando VERDADEIRO
F V F V V
na primeira parte e FALSO na segunda, desta maneira:
F F F V V
Na terceira e quarta linhas temos o mesmo caso, com p q r
a terceira coluna FALSA e a quinta VERDADEIRA, o que
gera um valor FALSO na bicondicional: V V
V V
p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒 V F
V F
V V V F V V
F
V F F F F V
F
F V F V V F
F
F F F V V F
F
Pronto, esses são os resultados possíveis da propo-
sição composta 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒 , variando os valores Veja que o primeiro bloco da primeira coluna, que é
lógicos das proposições simples p e q que a compõem. VERDADEIRO foi dividido em dois blocos de duas linhas
cada, em um, colocamos duas linhas VERDADEIRO e nas
TABELA VERDADE PARA 3 PROPOSIÇÕES SIMPLES outras duas linhas, FALSO. Fazendo o mesmo para o
Vamos agora aumentar a complexidade do problema bloco seguinte:
inserindo uma terceira proposição, que chamaremos de
r. Pela relação de número de linhas da tabela, teremos p q r
então L=23=8 linhas. A tabela fica da seguinte forma: V V
V V
p q r
V F
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

V F
F V
F V
F F
F F

126
A terceira coluna é mais simples, basta subdividir cada bloco de duas linhas em uma linha cada, colocando V e F
intercalado, montando assim todas as combinações possíveis:

p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F

Como exemplo, vamos montar a tabela-verdade da seguinte proposição composta: ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 ↔ 𝑝 ∨ 𝑟 . Com a


tabela acima, vamos organizar quais informações precisamos para montar a expressão final. Observando o primeiro
parênteses, precisaremos da negação de p, ou seja, ~p. Criando uma quarta coluna e preenchendo em função da
primeira:

p q r ~p
V V V F
V V F F
V F V F
V F F F
F V V V
F V F V
F F V V
F F F V

Agora precisaremos fazer a conjunção entre q e r no primeiro parênteses para poder combinar com a negação de
p. Montando a quinta coluna com (q ∧ r), que é a combinação entre a segunda e a terceira coluna, temos que:

p q r ~p (q ∧ r)
V V V F V
V V F F F
V F V F F
V F F F F
F V V V V
F V F V F
F F V V F
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

F F F V F

Interessante observar que ficamos apenas com duas linhas com o valor lógico VERDADEIRO e isso não é nenhum
problema, pois quando se realiza operações lógicas não teremos sempre a divisão de 50% VERDADEIRO e 50% FALSO.
Combinando a quarta e quinta colunas, podemos formar o primeiro parênteses, que é (~p → (q ∧ r)):

127
p q r ~p (p ∨ r) (~p → (q ∧ r))
V V V F V V
V V F F F V
V F V F F V
V F F F F V
F V V V V V
F V F V F F
F F V V F F
F F F V F F

Antes de montarmos a bicondicional entre os dois parênteses, precisamos montar a coluna relativa ao segundo
parênteses da expressão. Colocando a conjunção a partir da primeira e terceira colunas:

p q r ~p (q ∧ r) (~p → (q ∧ r)) (p ∨ r)
V V V F V V V
V V F F F V V
V F V F F V V
V F F F F V V
F V V V V V V
F V F V F F F
F F V V F F V
F F F V F F F

Finalmente, a oitava coluna é montada a partir da combinação entre a sexta e a sétima colunas:

p q r ~p (q ∧ r) (~p → (q ∧ r)) (p ∨ r) (~p → (q ∧ r)) ↔ (p ∨ r)


V V V F V V V V
V V F F F V V V
V F V F F V V V
V F F F F V V V
F V V V V V V V
F V F V F F F V
F F V V F F V F
F F F V F F F V

O resultado é interessante pois apenas a sétima linha da proposição completa possui valor lógico FALSO. Isso pode
ser facilmente uma questão de concurso, onde pergunta-se quais são os valores lógicos para que a proposição acima
seja FALSA. A resposta correta é p e q FALSOS e r VERDADEIRO.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

TABELA VERDADE PARA 4 PROPOSIÇÕES SIMPLES

Os problemas envolvendo 4 proposições simples são mais trabalhosos pois envolvem 16 linhas de análise. Entretanto,
a resolução é a mesma dos problemas de duas ou três proposições simples. Considerando as proposições p, q, r e s, a
tabela fica da seguinte maneira:

p q r s

128
V F
F V
F V
F V
F V
F F
F F
F F
F F

A terceira coluna subdivide a segunda em blocos de


duas linhas, intercalando V e F:

p q r s
V V V
V V V
V V F
V V F
A primeira coluna é dividida em dois blocos de oito V F V
linhas, atribuindo V ao primeiro bloco e F ao segundo. V F V
V F F
p q r s V F F
F V V
V
F V V
V F V F
V F V F
V F F V
F F V
V
F F F
V
F F F
V
V A quarta coluna basta intercalar V e F:

F
p q r s
F
V V V V
F
V V V F
F
V V F V
F
V V F F
F V F V V
F V F V F
F V F F V
V F F F
A segunda coluna subdivide a primeira novamente
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

em dois, formando blocos de quatro linhas, intercalando F V V V


os valores V e F: F V V F
F V F V
p q r s
F V F F
V V
V V F F V V
V V F F V F
V V F F F V
V F F F F F
V F
V F

129
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES SEGUNDO A
TABELA-VERDADE FIQUE ATENTO!
O exemplo de tautologia foi com duas pro-
Após a montagem de qualquer proposição composta posições simples mas considere que a clas-
na tabela-verdade, podemos classificar seu resultado de sificação é válida também para três ou mais
três maneiras: proposições simples.

Tautologia
Contradição
A tautologia ocorre quando todas as linhas da
coluna correspondente a proposição composta seja A contradição é exatamente o contrário da tautologia,
VERDADEIRA. Ou seja, não importa os valores lógicos onde todos os resultados lógicos da operação da
das proposições simples, a proposição composta terá proposição composta devem ser FALSOS. Observe o
sempre o valor lógico V. Observe o exemplo: exemplo:

Tabela-verdade para a proposição 𝑝 ∧ 𝑞 → 𝑝 ∨ 𝑞 . Tabela verdade para 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞)..

São duas proposições simples, o que formará quatro Antes de montarmos a proposição composta,
linhas na tabela: precisaremos montar a negação de q, a bicondicional do
primeiro parênteses e a disjunção do segundo, assim:
p q
V V p q ~q 𝑝𝑝↔
↔~𝑞
~𝑞 ∧∧(𝑝
(𝑝∧∧𝑞).
𝑞).

V F V V F F V
F V V F V V F
F F F V F V F
F F V F F
Inserindo os dois parênteses na terceira e quarta co-
lunas:
Combinando a quarta e quinta colunas para montar a
disjunção entre os dois parênteses:
p q 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞
p q ~q
V V V V 𝑝𝑝 ↔
↔ ~𝑞
~𝑞 ∧∧ (𝑝
(𝑝 ∧∧ 𝑞).
𝑞). 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞).

V F F V V V F F V F
F V F V V F V V F F
F F F F F V F V F F
F F V F F F
Aplicando a condicional entre a terceira e quarta
colunas: Como todas as linhas do resultado final são FALSAS,
temos uma contradição.
p q 𝑝𝑝∧∧𝑞𝑞 →→ 𝑝𝑝∨∨𝑞𝑞 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞
Contingência
V V V V V
V F F V V A contingência é o caso mais simples de todos
pois são as tabelas-verdade que não são tautologia ou
F V F V V contradição, ou seja, possui os dois valores lógicos (V e
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

F F F F V F) no resultado final.

O resultado da proposição composta mostra que


todas as linhas geraram um valor lógico VERDADEIRO.
Assim, podemos classificar essa proposição composta
como Tautologia.

130
• Elemento neutro: Existe em , que adicionado a
NÚMEROS RACIONAIS E SUAS OPERAÇÕES todo em , proporciona o próprio , isto é: q + 0 = q
• Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em
Q, tal que q + (–q) = 0
Um número racional é o que pode ser escrito na for-
m 1.2. Subtração de Números Racionais
ma n , onde m e n são números inteiros, sendo que n
deve ser diferente de zero. Frequentemente usamos m A subtração de dois números racionais e é a própria
para significar a divisão de m por n . n
operação de adição do número com o oposto de q, isto
Como podemos observar, números racionais podem é: p – q = p + (–q)
ser obtidos através da razão entre dois números inteiros,
razão pela qual, o conjunto de todos os números racio- 1.3. Multiplicação (Produto) de Números Racionais
nais é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos na
literatura a notação: Como todo número racional é uma fração ou pode
ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto
Q= { m
n
: m e n em Z,n diferente de zero } de dois números racionais b e d , da mesma forma que o
a c

produto de frações, através de:


No conjunto Q destacamos os seguintes subconjun-
tos: a c a�c

• 𝑄 = conjunto dos racionais não nulos;
� =
b d b� d
• + = conjunto dos racionais não negativos;
𝑄
• 𝑄+∗
= conjunto dos racionais positivos;
O produto dos números racionais a e b também pode
• − = conjunto dos racionais não positivos;
𝑄
ser indicado por a × b, a.b ou ainda ab sem nenhum sinal
• 𝑄−∗ = conjunto dos racionais negativos.
entre as letras.
Para realizar a multiplicação de números racionais,
Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto
devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em
que representa esse número ao ponto de abscissa zero.
toda a Matemática:
3 (+1)�(+1) = (+1) – Positivo � Positivo = Positivo
3 3 3
Exemplo: Módulo de - 2 é 2 . Indica-se − = (+1)�(-1) = (-1) - Positivo � Negativo = Negativo
2 2
(-1)�(+1) = (-1) - Negativo � Positivo = Negativo
3 3 (-1)� (-1) = (+1) – Negativo � Negativo = Positivo
Módulo de+ é . Indica-se 3 =
3
2 2 2 2

3 3
#FicaDica
Números Opostos: Dizemos que− e
são núme-
2 2 O produto de dois números com o mesmo
ros racionais opostos ou simétricos e cada um deles é
sinal é positivo, mas o produto de dois
o oposto do outro. As distâncias dos pontos− 3 e 3 ao
números com sinais diferentes é negativo.
ponto zero da reta são iguais. 2 2

1.1. Soma (Adição) de Números Racionais


1.3.1. Propriedades da Multiplicação de Números
Racionais
Como todo número racional é uma fração ou pode
ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição
a c O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é,
entre os números racionais b e d , , da mesma forma que o produto de dois números racionais resulta em um nú-
a soma de frações, através de: mero racional.

a c a�d+b�c • Associativa: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b ∙ c ) = ( a


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

+ = ∙b)∙c
b d b�d
• Comutativa: Para todos a,b em Q: a ∙ b = b ∙ a
1.1.1. Propriedades da Adição de Números Racio- • Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado por
nais todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q ∙ 1 = q
a b
• Elemento inverso: Para todo q = b em Q, a di-
q−1 =
O conjunto Q é fechado para a operação de adição,
ferente de zero, existe em Q: q � q−1 = 1, ou seja,
isto é, a soma de dois números racionais resulta em um a b
número racional. × =1
b a

• Associativa: Para todos em : a + ( b + c ) = ( a + b ) + c • Distributiva: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b + c ) = (


• Comutativa: Para todos em : a + b = b + a a ∙ b ) + ( a∙ c )

131
1.4. Divisão de Números Racionais • Toda potência com expoente negativo de um nú-
mero racional diferente de zero é igual a outra
A divisão de dois números racionais p e q é a própria potência que tem a base igual ao inverso da base
operação de multiplicação do número p pelo inverso de anterior e o expoente igual ao oposto do expoente
q, isto é: p ÷ q = p × q-1 anterior.

De maneira prática costuma-se dizer que em uma di- −2


25 2
visão de duas frações, conserva-se a primeira fração e
 3  5
−  = −  =
multiplica-se pelo inverso da segunda:  5  3 9
a c a d a�d
∶ = � =
• Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo
b d b c b�c sinal da base.

Observação: É possível encontrar divisão de frações


3
2 2 2 . 2 8
a   =  .     =
da seguinte forma: b .
. O procedimento de cálculo é o 3 3 3 3 27
c
mesmo.
d
• Toda potência com expoente par é um número po-
1.5. Potenciação de Números Racionais sitivo.
𝐧
A potência q do número racional é um produto 2
 1  − 1   1 1
de fatores iguais. O número é denominado a base e o −  =   .−  =
número é o expoente.  5  5  5 25

• Produto de potências de mesma base. Para reduzir


n
q = q � q � q � q � . . .� q, (q aparece n vezes)
um produto de potências de mesma base a uma
só potência, conservamos a base e somamos os
Exs: expoentes.
3
2 2 2 2 8 2+3 5
a)   =   .  .   = 125
3
 2  .  2  =  2 . 2 . 2 . 2 . 2  =  2 
2
2
5 5 5 5     = 
 1
3
 1  1  1 1  5  5 5 55 5 5 5 5
b)  −  =  −  .  −  .  − 2  = −
 2   2   2    8
• Quociente de potências de mesma base. Para re-
c) (– 5)² = (– 5) � ( – 5) = 25 duzir um quociente de potências de mesma base a
uma só potência, conservamos a base e subtraímos
d) (+5)² = (+5) � (+5) = 25 os expoentes.

1.5.1. Propriedades da Potenciação aplicadas a nú- 3 3 3 3 3


meros racionais 5 2 . . . . 5− 2 3
3 3 2 2 2 2 2 3 3
  :  = =  = 
Toda potência com expoente 0 é igual a 1. 2 2 3 3 2 2
.
2 2
0
 2 = 1
+  • Potência de Potência. Para reduzir uma potência de
 5 potência a uma potência de um só expoente, con-
servamos a base e multiplicamos os expoentes.
• Toda potência com expoente 1 é igual à própria
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

base.

1
 9 9
−  =−
 4 4
1.6. Radiciação de Números Racionais

Se um número representa um produto de dois ou


mais fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do
número. Vejamos alguns exemplos:

132
Ex: 2.1. Frações Equivalentes
4 Representa o produto 2. 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz
São frações que, embora diferentes, representam a
quadrada de 4. Indica-se 4 = 2. mesma parte do mesmo todo. Uma fração é equivalente
Ex: a outra quando pode ser obtida multiplicando o nume-
1 1 1  1
2
rador e o denominador da primeira fração pelo mesmo
Representa o produto . ou   . número.
9 3 3 3
Ex: 3 e 6 .
5 10
1 1 1 1
Logo, é a raiz quadrada de .Indica-se = A segunda fração pode ser obtida multiplicando o
3 9 9 3 numerador e denominador de 3 por 2:
5
Ex: 3�2 6
=
0,216 Representa o produto 0,6 � 0,6 � 0,6 ou (0,6)3 . 5 � 2 10
Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 0,216 = 0,6 .
3

6
Assim, diz-se que é uma fração equivalente a 3
Assim, podemos construir o diagrama: 10 5
2.2. Operações com Frações

2.2.1. Adição e Subtração

Frações com denominadores iguais:

Ex: 3
Jorge comeu 8 de um tablete de chocolate e Miguel
5
8
desse mesmo tablete. Qual a fração do tablete de cho-
colate que Jorge e Miguel comeram juntos?

A figura abaixo representa o tablete de chocolate.


Nela também estão representadas as frações do tablete
FIQUE ATENTO! que Jorge e Miguel comeram:
Um número racional, quando elevado ao
quadrado, dá o número zero ou um número
racional positivo. Logo, os números racionais
negativos não têm raiz quadrada em Q.

3 2 5
Observe que = =
100 8 8 8
O número − 9 não tem raiz quadrada em Q, pois
Portanto, Jorge e Miguel comeram juntos 5
do table-
tanto 10
como 10
, quando elevados ao quadrado, dão
+
te de chocolate.
− 8
100 3 3
.
9
Na adição e subtração de duas ou mais frações que
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no têm denominadores iguais, conservamos o denominador
conjunto dos números racionais se ele for um quadrado comum e somamos ou subtraímos os numeradores.
perfeito. Outro Exemplo:

2
O número 3 não tem raiz quadrada em Q, pois não 3 5 7 3+5−7 1
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

2 + − = =
existe número racional que elevado ao quadrado dê . 2 2 2 2 2
3

2. Frações 2.2.2. Frações com denominadores diferentes:

Frações são representações de partes iguais de um 3 5


Calcular o valor de + inicialmente, devemos re-
todo. São expressas como um quociente de dois núme- 8 6
x duzir as frações ao mesmo denominador comum. Para
ros y , sendo x o numerador e y o denominador da isso, encontramos o mínimo múltiplo comum (MMC) en-
fração, com y ≠ 0 . tre os dois (ou mais, se houver) denominadores e, em se-
guida, encontramos as frações equivalentes com o novo
denominador:

133
O produto de duas ou mais frações é uma fração cujo
3 5 9 20 numerador é o produto dos numeradores e cujo deno-
mmc (8,6) = 24 = = =
8 6 24 24 minador é o produto dos denominadores das frações
dadas.
2 4 7 2�4�7 56
24 ∶ 8 � 3 = 9 Outro exemplo: � � = =
3 5 9 3 � 5 � 9 135
24 ∶ 6 � 5 = 20

Devemos proceder, agora, como no primeiro caso, #FicaDica


simplificando o resultado, quando possível:
Sempre que possível, antes de efetuar
a multiplicação, podemos simplificar as
9 20 29 frações entre si, dividindo os numeradores
+ =
24 24 24 e os denominadores por um fator comum.
Esse processo de simplificação recebe o
3 5 9 20 29 nome de cancelamento.
Portanto: + = + =
8 6 24 24 24
Deste modo, é importante lembrar que na adição e
na subtração de duas ou mais frações que têm os deno-
minadores diferentes, reduzimos inicialmente as frações
ao menor denominador comum, após o que procedemos
como no primeiro caso. 2.4. Divisão

2.3. Multiplicação Duas frações são inversas ou recíprocas quando o nu-


merador de uma é o denominador da outra e vice-versa.
Ex:
De uma caixa de frutas, 4 são bananas. Do total de Exemplo
2 5
bananas, estão estragadas. Qual é a fração de frutas 2 é a fração inversa de 3
3
da caixa que estão estragadas? 3 2

5 ou 5 é a fração inversa de 1
1 5

Considere a seguinte situação:


Representa 4/5 do conteúdo da caixa
Lúcia recebeu de seu pai os 4 dos chocolates con-
tidos em uma caixa. Do total de5chocolates recebidos,
Lúcia deu a terça parte para o seu namorado. Que fração
dos chocolates contidos na caixa recebeu o namorado
de Lúcia?
A solução do problema consiste em dividir o total de
Representa 2/3 de 4/5 do conteúdo da caixa. chocolates que Lúcia recebeu de seu pai por 3, ou seja,
4
:3
Repare que o problema proposto consiste em cal- 5
2 4
cular o valor de de que, de acordo com a figura, Por outro lado, dividir algo por 3 significa calcular 1
3 5
equivale a 8 do total de frutas. De acordo com a tabela desse algo. 3
15
2 4
acima, 2 de 4 equivale a � . Assim sendo:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

3 5 3 5
Portanto: : 3 = de 4
4 1
5 3 5
2 4 8 1 4 1 4 4 1
� =
3 5 15 Como de 5= 3 � 5 = 5 � 3 , resulta que
3
Ou seja: 4 4 3 4 1
:3 = : = �
5 5 1 5 3
2 de 4 2 4 2�4 8
= � 5 = 3�5 = 15
3 5 3
3 1
Observando que as frações e são frações inver-
1 3
sas, podemos afirmar que:

134
Para dividir uma fração por outra, multiplicamos a pri- Exemplo
meira pelo inverso da segunda.
2,35 + 14,3 + 0, 0075 + 5
4 4 3 4 1 4
Portanto :3 = ∶ = � =
5 5 1 5 3 15 Disposição prática:
Ou seja, o namorado de Lúcia recebeu 4
do total de
chocolates contidos na caixa.
15 2,3500
14,3000
4 8 41 5 5
: = . = + 0,0075
3 5 3 82 6
Outro exemplo: 5,0000
Observação:
21,6575

3.1.2. Multiplicação
Note a expressão: . Ela é equivalente à expressão
3 1
: Vamos calcular o valor do seguinte produto:
2 5
2,58 � 3,4 .
Transformaremos, inicialmente, os números decimais
Portanto em frações decimais:

258 34 8772
3. Números Decimais
2,58 � 3,4 = � = = 8,772
100 10 1000
De maneira direta, números decimais são números
que possuem vírgula. Alguns exemplos: 1,47; 2,1; 4,9587; Portanto 2,58 � 3,4 = 8,772
0,004; etc.
#FicaDica
3.1. Operações com Números Decimais
Na prática, a multiplicação de números
3.1.1. Adição e Subtração decimais é obtida de acordo com as
seguintes regras:
Vamos calcular o valor da seguinte soma: - Multiplicamos os números decimais como
se eles fossem números naturais.
5,32 + 12,5 + 0, 034 - No resultado, colocamos tantas casas
decimais quantas forem as do primeiro fator
somadas às do segundo fator.
Transformaremos, inicialmente, os números decimais
em frações decimais:
Exemplo:
532 125 34 5320 12500 34 17854
5,32 + 12,5 + 0,034 = + + = + + = = 17,854
100 10 1000 1000 1000
Disposição prática:
1000 1000

532 125 34 5320 12500 34 17854


= 100 + 10
+ 1000 = 1000
+ 1000 + 1000 = 1000
= 17,854
652,2  1 casa decimal

Portanto: 5,32 + 12,5 + 0, 034 = 17, 854 X 2,03  2 casas decimais


19 566
Na prática, a adição e a subtração de números deci-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

mais são obtidas de acordo com a seguinte regra:


1 304 4
• Igualamos o número de casas decimais, acrescen-
tando zeros. 1 323,966  1 + 2 = 3 casas decimais
• Colocamos os números um abaixo do outro, dei-
xando vírgula embaixo de vírgula.
• Somamos ou subtraímos os números decimais
como se eles fossem números naturais.
• Na resposta colocamos a vírgula alinhada com a
vírgula dos números dados.

135
1.3. Divisão Nesse caso, o resto da divisão é diferente de zero.
Assim sendo, a divisão é chamada de divisão aproximada
e o quociente é aproximado.

Se quisermos continuar uma divisão aproximada, de-


vemos acrescentar zeros aos restos e prosseguir dividin-
do cada número obtido pelo divisor. Ao mesmo tempo
em que colocamos o primeiro zero no primeiro resto,
colocamos uma vírgula no quociente.

Vamos, por exemplo, efetuar a seguinte divisão:


24 ∶ 0,5

Inicialmente, multiplicaremos o dividendo e o divisor


da divisão dada por 10.

24 ∶ 0,5 = (24 � 10) ∶ (0,5 � 10) = 240 ∶ 5


Ex: 0,14 ∶ 28

A vantagem de tal procedimento foi a de transformar-


mos em número natural o número decimal que aparecia
na divisão. Com isso, a divisão entre números decimais
se transforma numa equivalente com números naturais.
Ex: 2 ∶ 16
Portanto: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48

#FicaDica
Na prática, a divisão entre números deci-
mais é obtida de acordo com as seguintes
regras:
- Igualamos o número de casas decimais do 2. Representação Decimal das Frações
dividendo e do divisor.
- Cortamos as vírgulas e efetuamos a divisão p
como se os números fossem naturais. Tomemos um número racional q tal que p não seja
múltiplo de q. Para escrevê-lo na forma decimal, basta
efetuar a divisão do numerador pelo denominador.
Ex: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48 Nessa divisão podem ocorrer dois casos:

Disposição prática: 1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,


um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5
1
= 0,25
4
Nesse caso, o resto da divisão é igual à zero. Assim 35
sendo, a divisão é chamada de divisão exata e o quocien-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

= 8,75
4
te é exato.
153
= 3,06
Ex: 9,775 ∶ 4,25 50

Disposição prática:

136
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, Ex:
infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo- Seja a dízima 0,333...
-se periodicamente. Decimais Periódicos ou Dízi- Façamos e multipliquemos ambos os membros por
mas Periódicas: 10:
10x = 0,333
1
= 0,333 … Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade
3 da segunda:

1 3
= 0,04545 … 10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x =
22 9

167 3
= 2,53030 … Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
66 9
Ex:
Seja a dízima 5,1717...
FIQUE ATENTO!
Façamos x = 5,1717. . . e 100x = 517,1717. . .
Se após as vírgulas os algarismos não são pe-
riódicos, então esse número decimal não está Subtraindo membro a membro, temos:
contido no conjunto dos números racionais.
99x = 512 x = 512⁄99
3.Representação Fracionária dos Números Decimais 512
Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração .
99
Trata-se do problema inverso: estando o número ra-
cional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo Ex:
na forma de fração. Temos dois casos: Seja a dízima 1,23434...

1º) Transformamos o número em uma fração cujo nu- Façamos


merador é o número decimal sem a vírgula e o de- x = 1,23434 … ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 …
nominador é composto pelo numeral 1, seguido
de tantos zeros quantas forem asx casas decimais… ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 …
= 1,23434
do número decimal dado:
Subtraindo membro a membro, temos:
9
0,9 = 990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = 1222
10

1222
57
990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = 1222 x =
5,7 = 990
10
611
Simplificando, obtemos x = , a fração geratriz
76 495
0,76 = da dízima 1,23434...
100
Analisando todos os exemplos, nota-se que a ideia
consiste em deixar após a vírgula somente a parte pe-
348
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

riódica (que se repete) de cada igualdade para, após a


3,48 = subtração membro a membro, ambas se cancelarem.
100

5 1
0,005 = =
1000 200

2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada;


para tanto, vamos apresentar o procedimento
através de alguns exemplos:

137
Vejam os exemplos de números racionais a seguir:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
3
= 0,75 = 0, 750000 …
1. (EBSERH – Médico – IBFC/2016) Mara leu 1/5 das 4
2
páginas de um livro numa semana. Na segunda semana, − 3 = −0,666 …
leu mais 2/3 de páginas. Se ainda faltam ler 60 (sessenta) 1
= 0,333 …
páginas do livro, então o total de páginas do livro é de: 3
2
= 2,000 …
a) 300
1
4
b) 360 3
= 1,333 …
c) 400 3
− 2 = −1,5 = −1,500 …
d) 450
e) 480 0 = 0,000 …
Resposta: Letra D.
Existe, entretanto, outra classe de números que não
1 2 3+10 13 podem ser escritos na forma de fração a , conhecidos
Mara leu 5 + = =
3 15 15 do livro. como números irracionais.  b
13 15−13 2
Logo, ainda falta 1 − 15 = 15 = 15 para ser Ex: O número real abaixo é um número irracional, em-
lido. Essa fração que falta ser lida equivale a 60 pá- bora pareça uma dízima periódica:
ginas x = 0,10100100010000100000…
2 1
Assim: 15  60 páginas. Portanto, 15  30 Observe que o número de zeros após o algarismo 1
páginas. aumenta a cada passo. Existem infinitos números reais
que não são dízimas periódicas e dois números irracio-
Logo o livro todo (15/15) possui: 15∙30=450 páginas nais muito importantes, são:
e = 2,718281828459045…
2. Em uma caixa de ferramentas, 4/5 são chaves de fen- π = 3,141592653589793238462643… (Número pi)
da. Do total das chaves, 2/3 estão enferrujadas. Qual é
a fração de chaves da caixa de ferramentas que estão Que são utilizados nas mais diversas aplicações prá-
enferrujadas? ticas como: cálculos de áreas, volumes, centros de gravi-
dade, previsão populacional, etc.
Resposta: 8/15
O problema proposto consiste em calcular o valor de IDENTIFICAÇÃO DE NÚMEROS IRRACIONAIS
2/3 de 4/5, que equivale a 8/15 do total das chaves.
Pode-se afirmar que:
NÚMEROS IRRACIONAIS, REAIS E SUAS OPERA-
ÇÕES FUNDAMENTAIS • Todas as dízimas periódicas são números racionais.
• Todos os números inteiros são racionais.
NÚMEROS IRRACIONAIS • Todas as frações ordinárias são números racionais.
• Todas as dízimas não periódicas são números irra-
Os números racionais, aqueles que podem ser escri- cionais.
a • Todas as raízes inexatas são números irracionais.
tos na forma de uma fração b onde a e b são dois nú-
• A soma de um número racional com um número
meros inteiros, com a condição de que  seja diferente de
irracional é sempre um número irracional.
zero, uma vez que sabemos da impossibilidade matemá-
• A diferença de dois números irracionais, pode ser
tica da divisão por zero.
um número racional.
Vimos também, que todo número racional pode ser
Exemplo: √5 - √5 = 0 e 0 é um número racional.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

escrito na forma de um número decimal periódico, tam-


bém conhecido como dízima periódica.
FIQUE ATENTO!
Tanto o quociente quanto o produto de dois nú-
meros irracionais, pode ser um número racional.

Exemplo: √8 : √2 = √4 = 2 e 2 é um número racional.

Exemplo: √5 ∙ √5 = √25 = 5 e 5 é um número racional.

138
• A união do conjunto dos números irracionais com Cálculo da porcentagem (conheço A e V e quero
o conjunto dos números racionais, resulta num achar p): Utilizaremos a mesma relação para achar o va-
conjunto denominado conjunto R dos números lor de p e apenas precisamos rearranjar a mesma:
reais.
• A interseção do conjunto dos números racionais 𝑝 𝐴
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100
com o conjunto dos números irracionais, não pos- 100 𝑉
sui elementos comuns e, portanto, é igual ao con-
junto vazio (ϕ). Ex. Um time de basquete venceu 10 de seus 16 jogos.
Qual foi sua porcentagem de vitórias?
Simbolicamente, teremos: Neste caso, o exercício quer saber qual a porcenta-
gem de vitórias que esse time obteve, assim:
ℚ∪I = ℝ
ℚ∩I = ϕ 𝐴 10
𝑝= . 100 = . 100 = 62,5%
𝑉 16

PORCENTAGEM E PROPORCIONALIDADE Resp: O time venceu 62,5% de seus jogos.


Ex. Em uma prova de concurso, o candidato acertou
48 de 80 questões. Se para ser aprovado é necessário
A definição de porcentagem passa pelo seu próprio acertar 55% das questões, o candidato foi ou não foi
nome, pois é uma fração de denominador centesimal, ou aprovado?
seja, é uma fração de denominador 100. Representamos Para sabermos se o candidato passou, é necessário
porcentagem pelo % e lê-se: “por cento”. calcular sua porcentagem de acertos:

50 𝐴 48
Deste modo, a fração ou qualquer uma equiva- 𝑝= . 100 = . 100 = 60% > 55%
100
lente a ela é uma porcentagem que podemos represen- 𝑉 80
tar por 50%.
A porcentagem nada mais é do que uma razão, que Logo, o candidato foi aprovado.
representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos
como 100%. Assim, de uma maneira geral, temos que: Cálculo do todo (conheço p e A e quero achar V):
No terceiro caso, temos interesse em achar o total (Nosso
𝑝 100%) e para isso basta rearranjar a equação novamente:
𝐴= .𝑉
100
𝑝 𝐴 𝐴
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100
Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o 100 𝑉 𝑝
todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcenta-
gem se resumem a três tipos: Ex. Um atirador tem taxa de acerto de 75% de seus
tiros ao alvo. Se em um treinamento ele acertou 15 tiros,
Cálculo da parte (Conheço p e V e quero achar A): quantos tiros ele deu no total?
Para calcularmos uma porcentagem de um valor V, bas- Neste caso, o problema gostaria de saber quanto vale
ta multiplicarmos a fração correspondente, ou seja,
𝑝
o “todo”, assim:
por V. Assim:
100
𝑝 𝐴 15
P% de V =A= 100 .V 𝑉= . 100 = . 100 = 0,2.100 = 20 𝑡𝑖𝑟𝑜𝑠
𝑝 75
23
Ex. 23% de 240 = .240 = 55,2 Forma Decimal: Outra forma de representação de
100
porcentagens é através de números decimais, pois to-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Ex. Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que dos eles pertencem à mesma classe de números, que são
67% de uma amostra assistem a certo programa de TV. os números racionais. Assim, para cada porcentagem, há
Se a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas um numero decimal equivalente. Por exemplo, 35% na
assistem ao tal programa? forma decimal seriam representados por 0,35. A conver-
Aqui, queremos saber a “parte” da população que as- são é muito simples: basta fazer a divisão por 100 que
siste ao programa de TV, como temos a porcentagem e está representada na forma de fração:
o total, basta realizarmos a multiplicação:
67 75
67% de 56000=A= 56000=37520 75% = = 0,75
100 100
Resp. 37 520 pessoas.

139
AUMENTO E DESCONTO PERCENTUAL Ex. Uma loja entra em liquidação e pretende abaixar
em 20% o valor de seus produtos. Se o preço de um de-
Outra classe de problemas bem comuns sobre por- les é de R$ 250,00, qual será seu preço na liquidação?
centagem está relacionada ao aumento e a redução per- Aqui, basta calcular o valor de VD :
centual de um determinado valor. Usaremos as defini-
ções apresentadas anteriormente para mostrar a teoria p
VD = (1 – ) .V
envolvida 100
Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial 20
V que deve sofrer um aumento de p% de seu valor. Cha- VD = (1 – ) .250,00
100
memos de VA o valor após o aumento. Assim:
VD = (1 –0,2) .250,00
p VD = (0,8) .250,00
VA = V + .V
100
VD = 200,00
Fatorando:
Resp. R$ 200,00
p
VA = ( 1 + ) .V
100
p FIQUE ATENTO!
Em que (1 + ) será definido como fator de au- Em alguns problemas de porcentagem são
100
mento, que pode estar representado tanto na forma de necessários cálculos sucessivos de aumentos
fração ou decimal. ou descontos percentuais. Nesses casos é
necessário ter atenção ao problema, pois er-
Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial ros costumeiros ocorrem quando se calcula
V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. Cha- as porcentagens do valor inicial para obter
memos de VD o valor após o desconto. todos os valores finais com descontos ou
aumentos. Na verdade, esse cálculo só pode
VD = V –
p
.V ser feito quando o problema diz que TODOS
100 os descontos ou aumentos são dados a uma
porcentagem do valor inicial. Mas em geral,
Fatorando:
os cálculos são feitos como mostrado no
texto a seguir.
p
VD = (1 – ) .V
100
p Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos
Em que (1 – 100 ) será definido como fator de des- um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer
conto, que pode estar representado tanto na forma de dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor
fração ou decimal. após o primeiro aumento, temos:

Ex. Uma empresa admite um funcionário no mês de 𝑝1


janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de au- V1 = V .(1 + )
100
mento. Se a empresa deseja que o salário desse funcio-
nário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário Sendo V2 o valor após o segundo aumento, ou seja,
deve admiti-lo? após já ter aumentado uma vez, temos que:
Neste caso, o problema deu o valor de e gostaria de
saber o valor de V, assim: 𝑝2
V2 = V1 .(1 + )
100
p
VA = ( 1 + ).V Como temos também uma expressão para V1, basta
100
substituir:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

40
3500 = ( 1 + ).V
100 𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1 + ) .(1 + )
3500 =(1+0,4).V 100 100
Assim, para cada aumento, temos um fator corres-
3500 =1,4.V
pondente e basta ir multiplicando os fatores para chegar
ao resultado final.
3500
V= =2500 No caso de desconto, temos o mesmo caso, sendo V
1,4
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois
Resp. R$ 2 500,00 descontos sucessivos de p1% e p2%.

140
Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos: Ou seja, o valor final corresponde a 96% de V e não
100%, assim, eles não são iguais, portanto deve-se assi-
𝑝1 nalar a opção ERRADO.
V1 = V.(1 – )
100
Sendo V2 o valor após o segundo desconto, ou seja,
após já ter descontado uma vez, temos que: EXERCÍCIOS COMENTADOS

𝑝2 1. (UNESP) Suponhamos que, para uma dada eleição,


V2 = V_1 .(1 – ) uma cidade tivesse 18.500 eleitores inscritos. Suponha-
100 mos ainda que, para essa eleição, no caso de se verificar
Como temos também uma expressão para V2, basta um índice de abstenções de 6% entre os homens e de 9%
substituir: entre as mulheres, o número de votantes do sexo mas-
culino será exatamente igual ao número de votantes do
𝑝1 𝑝2 sexo feminino. Determine o número de eleitores de cada
V2 = V .(1 – ) .(1 – ) sexo.
100 100
Além disso, essa formulação também funciona para Resposta:
aumentos e descontos em sequência, bastando apenas Denotamos o número de eleitores do sexo femininos
a identificação dos seus fatores multiplicativos. Sendo V de F e de votantes masculinos de M. Pelo enunciado
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um do exercício, F+M = 18500. Além disso, o índice de
aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%. abstenções entre os homens foi de 6% e de 9% en-
Sendo V1 o valor após o aumento, temos: tre as mulheres, ou seja, 94% dos homens e 91%
das mulheres compareceram a votação, onde 94%M
𝑝1 = 91%F ou 0,94M = 0,91F. Assim, para determinar o
V1 = V .(1+ )
100 número de eleitores de cada sexo temos os seguinte
Sendo V2 o valor após o desconto, temos que: sistema para resolver:

𝑝2 F + M = 18500
V2 = V_1 .(1 – )

0,94M = 0,91F
100 0,91
Como temos uma expressão para V1, basta substituir: Da segunda equação, temos que M = 0,94 F . Agora,
substituindo M na primeira equação do sistema en-
𝑝1 𝑝2 contra-se F = 9400 e por fim determina-se M = 9100
V2 = V .(1+ ) .(1 – )
100 100 2. (UFMG 2017) Uma pessoa comprou, fora do Brasil,
Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois um produto por U$S 80,00 Sobre esse valor foi cobra-
sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará da uma taxa de 45% (frete) para o envio da mercadoria.
ao seu valor original. Chegando ao Brasil, esse produto foi tarifado com 15%
de imposto sobre importação que incidiu sobre o valor
(  ) CERTO   (  ) ERRADO do produto e do frete. Desta forma, o aumento percen-
tual do produto em relação ao preço de compra foi de,
Este problema clássico tem como finalidade concei- aproximadamente,
tuar esta parte de aumento e redução percentual e evitar
o erro do leitor ao achar que aumentando p% e dimi- a) 12
nuindo p%, volta-se ao valor original. Se usarmos o que b) 37
aprendemos, temos que: c) 60
d) 67
𝑝1 𝑝2
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

1+ . 1–
V2 = V . 100 100 Resposta: Letra D.
𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜
Considerando o valor de U$S 80,00 para o produto,
20 20 temos:
V2 = V .(1+ ) .(1 – ) Valor com a taxa de 45%: 80+80∙0,45=80∙1,45
100 100
Valor com a tarifa de 15% 80∙1,45+80∙1,45∙0,15=80∙1,67
V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 ) Portanto, o aumento percentual será dado por:
V2 = V .(1,2) .(0,8) 80∙1,67-80 ou seja 67% de 80.
96
V2 = 0,96.V= V=96% de V
100

141
JUROS SIMPLES
#FicaDica
Toda vez que falamos em juros estamos nos referindo
Para evitar essa sequência de cálculos toda
a uma quantia em dinheiro que deve ser paga por um
vez que vamos calcular os juros simples,
devedor, pela utilização de dinheiro de um credor (aque-
existe uma fórmula que quantifica o total de
le que empresta).
juros simples do período, e ela está apresen-
tada abaixo:
Nomenclatura
J=C ∙ i ∙ t
a) Os juros são representados pela letra J.
b) O dinheiro que se deposita ou se empresta chama-
Além disso, quando quisermos saber o to-
mos de capital e é representado pela letra C.
tal que será pago de um empréstimo, ou o
c) O tempo de depósito ou de empréstimo é repre-
quanto se resgatará do investimento, o qual
sentado pela letra t.
definimos como Montante (M), basta somar
d) A taxa de juros é a razão centesimal que incide so-
o capital com os juros, usando o conceito
bre um capital durante certo tempo. É representa-
fundamental da matemática financeira:
do pela letra i e utilizada para calcular juros.
M=C+J
Chamamos de simples os juros que são somados ao
Ou
capital inicial no final da aplicação.
M=C(1+i . t)

FIQUE ATENTO!
Devemos sempre relacionar taxa e tempo numa
mesma unidade: EXERCÍCIOS COMENTADOS
Taxa anual --------------------- tempo em anos
Taxa mensal-------------------- tempo em meses 1. Um investidor possui R$ 80.000,00. Ele aplica 30% des-
Taxa diária---------------------- tempo em dias se dinheiro em um investimento que rende juros sim-
ples a uma taxa de 3% a.m., durante 2 meses, e aplica
o restante em investimento que rende 2% a.m., durante
Exemplo: Uma pessoa empresta a outra, a juros sim- 2 meses também. Ao fim desse período, esse investidor
ples, a quantia de R$ 3000,00, pelo prazo de 4 meses, à possui:
taxa de 2% ao mês. Quanto deverá ser pago de juros?
Resolução: a) R$ 83.680,00
b) R$ 84.000,00
• Capital aplicado (C): R$ 3.000,00 c) R$ 84.320,00
• Tempo de aplicação (t): 4 meses d) R$ 84.400,00
• Taxa (i): 2% ou 0,02 a.m. (= ao mês) e) R$ 88.000,00

Fazendo o cálculo, mês a mês: Resposta: Letra A Temos neste problema um capital
sendo investido em duas etapas. Vamos realizar os
No final do 1º período (1 mês), os juros serão: 0,02 R$ cálculos separadamente:
3.000,00 = R$ 60,00 1º investimento
No final do 2º período (2 meses), os juros serão: R$ 30% de R$ 80.000,00 = R$ 24.000,00 valor a ser inves-
60,00 + R$ 60,00 = R$ 120,00 tido a uma taxa i = 3% a.m., durante um período t = 2
No final do 3º período (3 meses), os juros serão: R$ meses. Lembrando que i = 3% = 0,03.
120,00 + R$ 60,00 = R$ 180,00 Cálculo dos juros J, onde : J=C ∙ i ∙ t:
No final do 4º período (4 meses), os juros serão: R$ J = 24000 ∙ (0,03) ∙ 2 = 1440.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

180,00 + R$ 60,00 = R$ 240,00 Juros do 1º investimento = R$ 1440,00.

2º investimento
R$ 80.000,00 – R$ 24.000,00 = R$ 56.000,00 valor a ser
investido a uma taxa i = 2% a.m., durante um período
t = 2 meses.
J = 56000 ∙ (0,02) ∙ 2 = 2240.
Juros do 2º investimento = R$ 2.240,00.
Portanto, o montante final será de
R$ 80.00,00 + R$ 1.440,00 + R$ 2.240,00 = R$ 83.680,00.

142
2. Calcule o montante resultante da aplicação de R$70.000,00 à taxa de 10,5% a.a. durante 145 dias.

Resposta:
M = P ∙ ( 1 + (i∙t) )
M = 70000 [1 + (10,5/100)∙(145/360)] = R$72.960,42

Observe que expressamos a taxa i e o período t na mesma unidade de tempo, ou seja, anos. Daí ter dividido 145 dias
por 360, para obter o valor equivalente em anos, já que um ano comercial possui 360 dias.

JUROS COMPOSTOS

O capital inicial (principal) pode crescer como já sabemos, devido aos juros. Basicamente, há duas modalidades de
como se calcular os juros:
Juros simples - ao longo do tempo, somente o principal rende juros.
Juros compostos - após cada período, os juros são incorporados ao principal e passam, por sua vez, a render juros.
Também conhecido como “juros sobre juros”.

Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um capital através juros simples e juros compostos, com um
exemplo: Suponha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10% a.a. (ao ano) Teremos:

Capital = 100 Juros Simples Juros Compostos


N° de Anos Montante Simples Montante Composto
1 100 + 0,1 ∙ 100 = 110 100,00 + 0,1 ∙ (100,00) = 110,00
2 110 + 0,1 ∙ 100 = 120 110,00 + 0,1 ∙ (110,00) = 121,00
3 120 + 0,1 ∙ 100 = 130 121,00 + 0,1 ∙ (121,00) = 133,10
4 130 + 0,1 ∙ 100 = 140 133,10 + 0,1 ∙ (133,10) = 146,41
5 140 + 0,1 ∙ 100 = 150 146,41 + 0,1 ∙ (146,41) = 161,05

Observe que o crescimento do principal segundo juros simples é LINEAR enquanto que o crescimento segundo
juros compostos é EXPONENCIAL, e, portanto tem um crescimento muito mais “rápido”. Isto poderia ser ilustrado gra-
ficamente da seguinte forma:

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Na prática, as empresas, órgãos governamentais e investidores particulares costumam reinvestir as quantias gera-
das pelas aplicações financeiras, o que justifica o emprego mais comum de juros compostos na Economia. Na verdade,
o uso de juros simples não se justifica em estudos econômicos.

Fórmula para o cálculo de Juros compostos

Considere o capital inicial (principal P) $1000,00 aplicado a uma taxa mensal de juros compostos (i) de 10% (i = 10%
a.m.). Vamos calcular os montantes (capital + juros), mês a mês:
Após o 1º mês, teremos: M1 = 1000 ∙ 1,1 = 1100 = 1000(1 + 0,1)

143
Após o 2º mês, teremos: M2 = 1100 ∙1,1 = 1210 = Exemplo: Em quanto tempo devo deixar R$ 3000,00
1000(1 + 0,1)2 em uma aplicação para que renda um montante de R$
Após o 3º mês, teremos: M3 = 1210 ∙ 1,1 = 1331 = 3376,53 a uma taxa de 3% ao mês.
1000(1 + 0,1)3
..................................................................................................... Resolução: Neste caso, precisamos saber n, vamos
Após o nº (enésimo) mês, sendo S o montante, tere- isolá-lo na fórmula do montante:
mos evidentemente: M = 1000(1 + 0,1)n
De uma forma genérica, teremos para um capital C, M M
n n n
aplicado a uma taxa de juros compostos i durante o pe- M=C 1+i →
C
= 1+i → log
C
= log 1 + i
ríodo n :
M = C(1 + i)n
M
Onde M = montante, C = Capital, i = taxa de juros e log = n � log 1 + i →
C
n = número de períodos que o principal C foi aplicado.

#FicaDica
Na fórmula acima, as unidades de tempo
referentes à taxa de juros (i) e do período A fórmula envolve logaritmos e você tem dois cami-
(n), tem de ser necessariamente iguais. Este nhos: Memorize ou sempre lembre da dedução a partir
é um detalhe importantíssimo, que não da fórmula do montante. Substituindo os valores:
pode ser esquecido! Assim, por exemplo, se
a taxa for 2% ao mês e o período 3 anos,
deveremos considerar 2% ao mês durante 3
∙ 12=36 meses.
Exemplo: Calcule o montante de uma apli-
cação financeira de R$ 2000,00 aplicada a
juros compostos de 2% ao mês durante 2
meses: EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (NOVA 2017) Calcule o montante de um empréstimo


Resolução: a juros compostos de R$ 10000,00 a uma taxa de 0,5%
a.m durante 6 meses. Dado: 1,0056 = 1,0304
M = C∙(1 + i)n→M = 2000∙(1 +0,02)2→M =
2000∙(1,02)2=R$ 2080,80 a) R$ 10303,77
b) R$ 10090,90
Com aplicação da fórmula, obtém-se o montante. c) R$ 13030,77
Agora, se quisermos os juros? Como se calcula os juros d) R$ 13250,80
desta aplicação sendo que agora não temos uma fórmula e) NDA
para J como nos juros simples? Para resolver isso, basta
relembrar o conceito fundamental: Resposta: Letra A.
M = C(1 + i)^n→M = 10000∙(1 +0,005)^6→M =
M=C+J→J=M-C 10000∙(1,005)^6=R$ 10303,77
Como calculamos o montante e temos o capital: 2. Calcule o montante de um empréstimo a juros com-
postos de R$ 10000,00 a uma taxa de 0,5% a.m durante 6
J=M-C→2080,80-2000,00=R$ 80,80 meses. Dado: 1,0056 = 1,0304
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Esse exemplo é a aplicação básica de juros compostos. a) R$ 10303,77


b) R$ 10090,90
FIQUE ATENTO! c) R$ 13030,77
d) R$ 13250,80
Alguns concursos podem complicar um
e) NDA
pouco as questões, deixando como incógni-
ta o período da operação “n”.
Resposta: Letra A.
M = C(1 + i)^n→M = 10000∙(1 +0,005)^6→M =
10000∙(1,005)^6=R$ 10303,77

144
REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA Ex. Em uma prova de concurso, o candidato acertou
48 de 80 questões. Se para ser aprovado é necessário
A definição de porcentagem passa pelo seu próprio acertar 55% das questões, o candidato foi ou não foi
nome, pois é uma fração de denominador centesimal, ou aprovado?
seja, é uma fração de denominador 100. Representamos Para sabermos se o candidato passou, é necessário
porcentagem pelo% e lê-se: “por cento”. calcular sua porcentagem de acertos:

50 𝐴 48
Deste modo, a fração ou qualquer uma equiva- 𝑝= . 100 = . 100 = 60% > 55%
100 𝑉 80
lente a ela é uma porcentagem que podemos represen-
tar por 50%.
A porcentagem nada mais é do que uma razão, que Logo, o candidato foi aprovado.
representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos
como 100%. Assim, de uma maneira geral, temos que: Calculo do todo (conheço p e A e quero achar V):
No terceiro caso, temos interesse em achar o total (Nosso
𝑝 100%) e para isso basta rearranjar a equação novamente:
𝐴= .𝑉
100
𝑝 𝐴 𝐴
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100
Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o 100 𝑉 𝑝
todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcenta-
gem se resumem a três tipos: Ex. Um atirador tem taxa de acerto de 75% de seus
tiros ao alvo. Se em um treinamento ele acertou 15 tiros,
Cálculo da parte (Conheço p e V e quero achar A): quantos tiros ele deu no total?
Para calcularmos uma porcentagem de um valor V, bas- Neste caso, o problema gostaria de saber quanto vale
ta multiplicarmos a fração correspondente, ou seja, 𝑝 o “todo”, assim:
por V. Assim: 100
𝑝
P% de V =A= 100 .V 𝐴 15
𝑉= . 100 = . 100 = 0,2.100 = 20 𝑡𝑖𝑟𝑜𝑠
Ex. 23% de 240 = 23 .240 = 55,2 𝑝 75
100
Ex. Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que Forma Decimal: Outra forma de representação de
67% de uma amostra assistem a certo programa de TV. porcentagens é através de números decimais, pois to-
Se a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas dos eles pertencem à mesma classe de números, que são
assistem ao tal programa? os números racionais. Assim, para cada porcentagem, há
Aqui, queremos saber a “parte” da população que as- um número decimal equivalente. Por exemplo, 35% na
siste ao programa de TV, como temos a porcentagem e forma decimal seriam representados por 0,35. A conver-
o total, basta realizarmos a multiplicação: são é muito simples: basta fazer a divisão por 100 que
está representada na forma de fração:
67
67% de 56000=A= 56000=37520
100 75
75% = = 0,75
Resp. 37 520 pessoas. 100
Aumento e desconto percentual
Cálculo da porcentagem (conheço A e V e quero
achar p): Utilizaremos a mesma relação para achar o va- Outra classe de problemas bem comuns sobre por-
lor de p e apenas precisamos rearranjar a mesma: centagem está relacionada ao aumento e a redução per-
centual de um determinado valor. Usaremos as defini-
𝑝 𝐴 ções apresentadas anteriormente para mostrar a teoria
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

100 𝑉 envolvida
Ex. Um time de basquete venceu 10 de seus 16 jogos.
Qual foi sua porcentagem de vitórias? Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial
Neste caso, o exercício quer saber qual a porcenta- V que deve sofrer um aumento de de seu valor. Chame-
gem de vitórias que esse time obteve, assim: mos de VA o valor após o aumento. Assim:

p
𝐴 10 VA = V + .V
𝑝 = . 100 = . 100 = 62,5% 100
𝑉 16
Fatorando:
Resp: O time venceu 62,5% de seus jogos.
p
VA = ( 1 + ) .V
100

145
p
Em que (1 + 100 ) será definido como fator de au- FIQUE ATENTO!
mento, que pode estar representado tanto na forma de Em alguns problemas de porcentagem são
fração ou decimal. necessários cálculos sucessivos de aumen-
tos ou descontos percentuais. Nesses casos
Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial é necessário ter atenção ao problema, pois
V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. Cha- erros costumeiros ocorrem quando se calcu-
memos de VD o valor após o desconto. la a porcentagens do valor inicial para obter
todos os valores finais com descontos ou
VD = V –
p
.V aumentos. Na verdade, esse cálculo só pode
100 ser feito quando o problema diz que TODOS
Fatorando: os descontos ou aumentos são dados a uma
porcentagem do valor inicial. Mas em geral,
p os cálculos são feitos como mostrado no
VD = (1 – ) .V texto a seguir.
100
p
Em que (1 – 100 ) será definido como fator de des-
Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos
conto, que pode estar representado tanto na forma de
um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer
fração ou decimal.
dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor
após o primeiro aumento, temos:
Ex. Uma empresa admite um funcionário no mês de
janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de au-
mento. Se a empresa deseja que o salário desse funcio-
𝑝1
V1 = V .(1 + )
nário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário 100
deve admiti-lo? Sendo V2 o valor após o segundo aumento, ou seja,
Neste caso, o problema deu o valor de e gostaria de após já ter aumentado uma vez, temos que:
saber o valor de V, assim:
𝑝2
p V2 = V1 .(1 + )
VA = ( 1 + ).V 100
100
Como temos também uma expressão para V1, basta
3500 = ( 1 +
40
).V substituir:
100

3500 =(1+0,4).V 𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1 + ) .(1 + )
100 100
3500 =1,4.V Assim, para cada aumento, temos um fator corres-
pondente e basta ir multiplicando os fatores para chegar
3500
V= =2500 ao resultado final.
1,4 No caso de desconto, temos o mesmo caso, sendo V
Resp. R$ 2 500,00 um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois
descontos sucessivos de p1% e p2%.
Ex. Uma loja entra em liquidação e pretende abaixar Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos:
em 20% o valor de seus produtos. Se o preço de um de-
les é de R$ 250,00, qual será seu preço na liquidação? 𝑝1
V1 = V.(1 – )
Aqui, basta calcular o valor de VD : 100
p Sendo V2 o valor após o segundo desconto, ou seja,
VD = (1 – ) .V após já ter descontado uma vez, temos que:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

100

VD = (1 –
20
) .250,00 𝑝2
100 V2 = V_1 .(1 – )
100
VD = (1 –0,2) .250,00 Como temos também uma expressão para , basta
VD = (0,8) .250,00 substituir:
VD = 200,00
Resp. R$ 200,00 𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1 – ) .(1 – )
100 100

146
Além disso, essa formulação também funciona para
aumentos e descontos em sequência, bastando apenas EXERCÍCIOS COMENTADOS
a identificação dos seus fatores multiplicativos. Sendo V
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um
aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%. 1. (UNESP) Suponhamos que, para uma dada eleição,
uma cidade tivesse 18.500 eleitores inscritos. Suponha-
Sendo V1 o valor após o aumento, temos: mos ainda que, para essa eleição, no caso de se verificar
um índice de abstenções de 6% entre os homens e de 9%
𝑝1 entre as mulheres, o número de votantes do sexo mas-
V1 = V .(1+ ) culino será exatamente igual ao número de votantes do
100 sexo feminino. Determine o número de eleitores de cada
Sendo V2 o valor após o desconto, temos que: sexo.

𝑝2 Resposta: Denotamos o número de eleitores do sexo


V2 = V_1 .(1 – )
100 femininos de F e de votantes masculinos de M. Pelo
enunciado do exercícios, F+M = 18500. Além disso, o
Como temos uma expressão para , basta substituir:
índice de abstenções entre os homens foi de 6% e
de 9% entre as mulheres, ou seja, 94% dos homens
𝑝1 𝑝2 e 91% das mulheres compareceram a votação, onde
V2 = V .(1+ ) .(1 – )
100 100 94%M = 91%F ou 0,94M = 0,91F. Assim, para deter-
Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois minar o número de eleitores de cada sexo temos os
sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará seguinte sistema para resolver:
ao seu valor original.
F + M = 18500

(  ) CERTO   (  ) ERRADO 0,94M = 0,91F
0,91
Este problema clássico tem como finalidade concei- Da segunda equação, temos que M = 0,94 F . Agora,
tuar esta parte de aumento e redução percentual e evitar substituindo M na primeira equação do sistema en-
o erro do leitor ao achar que aumentando p% e dimi- contra-se F =  9400 e por fim determina-se M = 9100.
nuindo p%, volta-se ao valor original. Se usarmos o que
aprendemos, temos que:
CONJUNTOS E SUAS OPERAÇÕES
𝑝1 𝑝2
V2 = V . 1+
100
. 1–
100
𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 tanto, não existe uma definição clara para tal. Porém,
conjuntos fazem parte do dia a dia de todas as pessoas
20 20 nas mais diversas situações: conjunto de pessoas, con-
V2 = V .(1+ ) .(1 – ) junto de objetos, conjunto de arquivos em um computa-
100 100
dor, conjunto de fotografias.
V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 ) Considere, em uma empresa, uma equipe de trabalho
com 4 membros. Essa equipe nada mais é do que um
V2 = V .(1,2) .(0,8) conjunto de pessoas, onde cada um dos membros é um
elemento desse conjunto.
V2 = 0,96.V=
96
V=96% de V Os conjuntos podem ser classificados da seguinte
100 maneira:
Ou seja, o valor final corresponde a 96% de V e não
100%, assim, eles não são iguais, portanto deve-se assi- • Conjunto Finito: Um conjunto finito é um conjunto
nalar a opção ERRADO que possui um número limitado (finito) de elemen-
tos. Por exemplo, o conjunto dos números natu-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

rais, ímpares e inferiores a 10. Esse conjunto con-


tém apenas os elementos 1, 3, 5, 7 e 9. O conjunto
é expresso por:

A={1,3,5,7,9}

147
Note que o conjunto é expresso por uma letra maiús- Diagrama de Venn
cula e os elementos são apresentados entre colchetes.
Esse tipo de representação, nada mais é do que uma
• Conjunto Infinito: Um conjunto infinito é um con- representação gráfica onde os elementos do conjunto
junto que possui um número ilimitado (infinito) de são apresentados dentro de uma forma geométrica. Por
elementos. Por exemplo, o conjunto dos números exemplo, o mesmo conjunto apresentado acima (núme-
naturais e pares maiores do que 1. Não há um nú- ros naturais, ímpares e menores do que 10), pode ser ex-
mero limitado de números naturais e pares, co- presso em um diagrama de Venn:
meça com e assim sucessivamente. O conjunto é
expresso por:

B={2,4,6,8…}

• Conjunto Vazio: Um conjunto vazio é um conjunto


que não possui elementos. Por exemplo, o conjun-
to dos números múltiplos de 10, maiores do que 1
e menores do que 2. Como é possível notar, não
há nenhum múltiplo de 10 entre 1 e 9, portanto
esse conjunto não possui elementos. O conjunto é
expresso por:
RELAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E CONJUNTOS
C=ϕ ou C={ }
Aqui são apresentadas as relações: entre elemento e
• Conjunto Unitário: Um conjunto unitário é um con- conjunto e entre conjunto.
junto que possui um único elemento. Por exemplo,
o conjunto dos números pares maiores do que 3 Relação entre elemento e conjunto
e menores do que 5. Nota-se que o único número
par maior do que 3 e menor do que 5 é o número Quando se analisa a relação entre um elemento e um
4 e, portanto, é o único elemento do conjunto. As- conjunto há duas possibilidades: ou o elemento pertence
sim, o conjunto é unitário e expresso por: ao conjunto ou não pertence ao conjunto. A essa relação,
dá-se o nome de pertinência. Abaixo, um exemplo:
D={4} Conjunto X={1,5,10,15,20}
O elemento 1 pertence ao conjunto X. O símbolo que
Há três formas principais para representar conjuntos: indica essa relação é: ∈. Assim, a relação é expressa por:
compreensão, extensão e diagrama de Venn. Cada uma 1∈X.
delas possui características específicas. O elemento 4 não pertence ao conjunto X. O símbolo
que indica essa relação é: ∉. Assim, a relação é expressa
Compreensão por: 4∉X.
Nesse tipo de representação, o conjunto é expresso Relação entre conjuntos
de modo a apresentar uma característica dos seus ele-
mentos. Por exemplo, o conjunto dos números pares, Quando se analisa a relação entre dois conjuntos, há
nessa representação é expresso por: duas possibilidades: ou um conjunto está contido em
outro ou não está contido. A essa relação dá-se o nome
E={y┤|y é um número par} de continência. Para explicar essa relação, é necessário
definir o conceito de subconjunto. A seguir um exemplo:
onde representa qualquer elemento do conjunto. Sejam dois conjuntos Y={1,2,3} e Z={1,2,3,7,8,9}.
Nota-se que todos os elementos do conjunto Y per-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Extensão tencem ao conjunto Z. Assim, diz-se que Y é um subcon-


junto de Z e, portanto, Y está contido em Z. O símbolo
Nesse tipo de representação, o conjunto é apresen- que indica essa relação é: ⊂. Assim a relação é expressa
tado com todos os seus elementos. Os elementos são por: Y⊂Z.
apresentados entre chaves e separados por vírgulas. Por Sejam, agora, dois outros conjuntos W={1,3,5} e
exemplo, o conjunto dos números naturais, ímpares e T={1,2,3,8,10}.
menores do que 10: Nota-se que nem todos os elementos do conjunto W
pertencem ao conjunto T. Assim, W não está contido em
F={1,3,5,7,9} T (pelo menos um elemento de W não pertence a T). O
símbolo que indica essa relação é: ⊄. Assim, a relação é
expressa por: W⊄T.

148
FIQUE ATENTO!
A relação de um conjunto unitário e outro conjunto é de continência e não de pertinência. Seja: A = {2, 4,
6}, diz-se que {4} ⊂ A e não que {4} ∈ A.

Subconjuntos

Da definição de subconjunto, decorrem três premissas:

• Todo conjunto é subconjunto de si mesmo, ou seja, X ⊂ X;


• Se X ⊂ Y e Y ⊂ X, então X ≡ Y:
• O conjunto vazio é subconjunto de todo e qualquer conjunto, ou seja: ϕ ⊂ X

Igualdade de conjuntos

Diz-se que dois conjuntos são iguais se e somente se ambos possuem os mesmos elementos. Se houver ao menos
um elemento diferente em um dos conjuntos, não se pode dizer que ambos são iguais. A seguir, um exemplo:
Sejam os conjuntos: X={1,2,3,4}, Y={1,2,3,4,5} e Z={1,2,3,4}
Os conjuntos X e Z possuem os mesmos elementos e, portanto, são iguais: X≡Z. Já o conjunto Y não é igual a ne-
nhum dos outros dois, pois tem um elemento diferente de ambos (elemento).

OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS

União de Conjuntos

Para explicar a união de conjuntos, será utilizado um exemplo. Sejam dois conjuntos X={10,20,30,40} e Y={30,40,50,60}.
A união desses dois conjuntos resulta em um terceiro conjunto, Z, que é expresso por: Z={10,20,30,40,50,60}. Note que
o conjunto Z contém todos os elementos de X e Y, sem repetir os elementos em comum. Essa operação é representada
por: Z=X∪Y.
É possível visualizar a operação utilizando o diagrama de Venn:

Intersecção de Conjuntos

Para explicar a intersecção de conjuntos, será o exemplo anterior. Sejam dois conjuntos X={10,20,30,40} e
Y={30,40,50,60}. A intersecção desses dois conjuntos resulta em um terceiro conjunto, Z, que é expresso por: Z={30,40}.
Note que o conjunto Z contém todos os elementos que pertencem tanto ao conjunto quanto ao conjunto Y. Essa ope-
ração é representada por: Z=X∩Y.
É possível visualizar a operação utilizando o diagrama de Venn:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

149
Quantidade de elementos no conjunto união

A quantidade de elementos, ou número de elemen-


tos, de qualquer conjunto é denotado da seguinte forma:
n(X) representa o número de elementos do conjunto X. O
número de elementos do conjunto união é calculado por:

n(X∪Y)=n(X)+n(Y)-n(X∩Y)

Ou seja, o número de elementos do conjunto união


consiste na soma do número de elementos de cada um
dos conjuntos subtraído do número de elementos da in- Assim, o total de funcionários da empresa é igual a:
tersecção entre os dois conjuntos. Como os elementos funcionários.
em comum a ambos pertencem aos dois conjuntos, é ne-
cessário subtrair n(X∩Y) para não contar esses elementos 2. (PREF. IVAPORÃ – AGENTE ADMINISTRATIVO – FAU
duas vezes. – 2017) Se considerarmos os nomes RAFAELA e MATHEUS
como sendo um conjunto de letras cada um dos nomes. A
Diferença entre conjuntos intersecção entre estes conjuntos resulta no conjunto forma-
do pelas letras:
Para explicar a diferença entre conjuntos, será dado
um exemplo. Sejam dois conjuntos X={10,20,30,40} e a) {M,T,H,U,S};
Y={30,40,50,60}. A diferença entre esses dois conjuntos, b) {R,A,F,E,L,M,T,H,U,S};
nessa ordem (ou seja, X-Y), resulta em um terceiro con- c) {A,E};
junto, Z, que é expresso por: Z={10,20}. Note que o con- d) {R,F,L};
junto contém todos os elementos que pertencem tanto e) Conjunto vazio.
ao conjunto X excluídos os elementos em comum com
o conjunto Y. Essa operação é representada por: Z=X-Y. Resposta: Letra C.
Se a diferença fosse Z=Y-X, o resultado seria Z={50,60}. O conjunto intersecção será formado pelas letras em
Em resumo, o conjunto diferença contém todos os ele- comum que os dois nomes possuem. Nesse caso, as
mentos do primeiro conjunto excluindo-se os elementos letras A e E. Deve-se observar que apenas uma letra A
em comum com o segundo conjunto. e apenas uma letra E compõem a intersecção, uma vez
Se o segundo conjunto (Y) for um subconjunto do que a palavra Matheus possui apenas 1 dessas letras.
primeiro (X), a diferença X-Y é expressa por CXY, onde lê-
-se complementar de Y em relação a X. 3. (SAEE-BA – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – PLANE-
JAR – 2016) Em uma pesquisa sobre consumo de bebi-
das de café e de chocolate de uma determinada cidade
do interior do Paraná, foram entrevistados 480 habitan-
EXERCÍCIO COMENTADO tes. Sabendo que 280 entrevistados consomem café e
240 consumem chocolate, e que TODOS os entrevistados
1. (AFAP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC – consomem algum dos dois tipos de bebida, a quantidade
2019). Foi feita uma pesquisa entre todos os funcioná- de habitantes que consome os dois produtos é:
rios da empresa X e constatou-se que 50 deles falavam
inglês, 45 espanhol e 15 falavam as duas línguas. Verifi- a) 80 habitantes
cou-se também que 5 dos funcionários não falavam ne- b) 60 habitantes
nhuma língua estrangeira. Então, o número de funcioná- c) 40 habitantes
rios da empresa X é d) 20 habitantes
e) 100 habitantes
a) 95
b) 75 Resposta: Letra C.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

c) 85 Montando o diagrama de conjuntos, tem-se que so-


d) 80 mando as quantidades dos dois conjuntos e subtrain-
e) 90 do a intersecção, tem-se o valor total de entrevistados,
assim: 240 + 280 – x = 480 → x = 40
Resposta: Letra C.
O diagrama de Venn do problema é o seguinte

150
4. (PREFEITURA SÃO JOSÉ DO CERRITO – ASSISTENTE Exemplo:
SOCIAL – IESES – 2017) Sabe-se que 20% dos leitores de (∀x)(x + 2 = 6)
uma cidade assinam o Jornal A, 39% assinam o Jornal B e Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6”
8% assinam ambos os jornais (A e B). Sabe-se que o restante (falsa).
dos leitores assina exclusivamente o Jornal C, ou seja, não É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a
assinam os Jornais A ou B. Qual é o percentual de leitores afirmação ser verdadeira.
que assina o Jornal C?
O quantificador existencial
a) 43
b) 61 O quantificador existencial é indicado pelo símbolo
c) 33 “∃” que se lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe
d) 49 um”.
Exemplos:
Resposta: Letra D. (∃x)(x + 5 = 9)
Pelas informações do enunciado, é possível saber qual Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9”
a porcentagem de pessoas que assinam os jornais A e (verdadeira).
B. Realizando a operação, temos que: 20% + 39% – 8%
= 51%. O restante da cidade assina o jornal C, ou seja, Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem...cla-
49%. ro que existe algum número que essa afirmação será
verdadeira.
5. (MPE-GO – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – MPE-GO Ok??Sem maiores problemas, certo?
– 2019) Uma pesquisa realizada entre os 80 formandos de
uma turma de Direito, constatou que 20 deles cursaram a Representação de uma proposição quantificada
matéria optativa de Criminalística; 30 frequentaram a de
Medicina Legal e 15 estudaram tanto Criminalística quan- (∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15)
to Medicina Legal. Quantos alunos não fizeram nenhuma Quantificador: ∀
das duas matérias? Condição de existência da variável: x ∈ N .
Predicado: x + 3 > 15.
a) 30 (∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)]
b) 40 Quantificador: ∃
c) 45 Condição de existência da variável: não há.
d) 50 Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”.
e) 60 Negações de proposições quantificadas ou funcionais
Seja uma sentença (∀x)(A(x)).
Resposta: Letra C. Negação: (∃x)(~A(x))
Calculando a quantidade de formados que participa- Exemplo
ram das duas disciplinas, tem-se que 20 + 30 – 15 = (∀x)(2x-1=3)
35. De um total de 80, temos que 80 – 35=45 não fize- Negação: (∃x)(2x-1≠3)
ram nenhuma das matérias. Seja uma sentença (∃x)(Q(x)).
Negação: (∀x)(~Q(x)).
(∃x)(2x-1=3)
DIAGRAMAS LÓGICOS Negação: (∀x)(2x-1≠3)

Definição das proposições


As questões de Diagramas lógicos envolvem as pro-
posições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja so- Todo A é B.
lução requer que desenhemos figuras, os chamados
diagramas. O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo
Quantificadores são elementos que, quando asso-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

elemento de A também é elemento de B.


ciados às sentenças abertas, permitem que as mesmas
sejam avaliadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, pas- Podemos representar de duas maneiras:
sam a ser qualificadas como sentenças fechadas.

O quantificador universal

O quantificador universal, usado para transformar


sentenças (proposições) abertas em proposições fecha-
das, é indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer que
seja”, “para todo”, “para cada”.

151
Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como b) Todos os elementos de A estão em B.
ficam os valores lógicos das outras?
Pensemos nessa frase: Toda criança é linda.
Nenhum A é B é necessariamente falsa.
Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar
que TODA criança é linda? Por isso é falsa.
Algum A é B é necessariamente verdadeira
Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são
lindas.
Algum A não é B necessariamente falsa, pois A está
contido em B.
Alguma criança não é linda, bem como já vimos im-
possível, pois todas são.

Nenhum A é B.

A e B não terão elementos em comum c) Todos os elementos de B estão em A.

Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver


como ficam os valores lógicos das outras?
Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase ex-
trema, mas assim é bom para entendermos..hehe)
Todo A é B é necessariamente falsa. d) O conjunto A é igual ao conjunto B.
Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?
Algum A é B é necessariamente falsa.
Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.
Algum A não é B necessariamente verdadeira.
Algum cachorro não é gato, ah sim espero que todos
não sejam mas, se já está dizendo algum vou concordar.

Algum A é B.

Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em


comum com o conjunto B.

Temos 4 representações possíveis


Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como
a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen- ficam os valores lógicos das outras?
tos em comum. Frase: Algum copo é de vidro.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Nenhum A é B é necessariamente falsa.


Nenhum copo é de vidro, com frase fica mais fácil né?
Porque assim, conseguimos ver que é falsa, pois acabei
de falar que algum copo é de vidro, ou seja, tenho pelo
menos 1 copo de vidro.
Todo A é B , não conseguimos determinar, poden-
do ser verdadeira ou falsa (podemos analisar também os
diagramas mostrados nas figuras a e c)
Todo copo é de vidro.
Pode ser que sim, ou não.

152
Algum A não é B não conseguimos determinar, po- Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior.
dendo ser verdadeira ou falsa (contradiz com as figuras Frase: Algum copo não é de vidro.
b e d). Nenhum A é B é indeterminada (contradição com as
Algum copo não é de vidro, como não sabemos se figuras a e b).
todos os copos são de vidros, pode ser verdadeira. Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se
todos não são de vidro.
Algum A não é B. Todo A é B , é necessariamente falsa.
Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo não era.
O conjunto A tem pelo menos um elemento que não Algum A é B é indeterminada.
pertence ao conjunto B. Algum copo é de vidro, não consigo determinar se
tem algum de vidro ou não.
Aqui teremos 3 modos de representar

a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos ele- EXERCÍCIOS COMENTADOS


mentos em comum
1. (FUNDATEC – 2018) Supondo a verdade da sentença
aberta: Alguns investigados são advogados mas nem to-
dos os investigados têm domicílio conhecido. Podemos
deduzir a verdade da alternativa:

a) Todos investigados são advogados e têm domicílio


conhecido.
b) Todos investigados são advogados e não têm domicí-
lio conhecido.
c) Alguns investigados são advogados e têm domicílio
conhecido.
d) Alguns investigados são advogados e alguns investi-
gados têm domicílio conhecido.
b) Todos os elementos de B estão em A. e) Alguns investigados são advogados e alguns investi-
gados não têm domicílio conhecido.
Resposta: Letra E,
Nem todos os investigados têm domicilio=Existem in-
vestigados que não têm domicilio.

2. (UFES – 2017) Em um determinado grupo de pessoas,

• todas as pessoas que praticam futebol também prati-


cam natação,
• algumas pessoas que praticam tênis também praticam
futebol,
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam
natação.

c) Não há elementos em comum entre os dois É correto afirmar que no grupo


conjuntos
a) todas as pessoas que praticam natação também prati-
cam tênis.
b) todas as pessoas que praticam futebol também prati-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

cam tênis.
c) algumas pessoas que praticam natação não praticam
futebol.
d) algumas pessoas que praticam natação não praticam
tênis.
e) algumas pessoas que praticam tênis não praticam
futebol.

Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver


como ficam os valores lógicos das outras?

153
Resposta: Letra E.
#FicaDica
Para resolver uma equação do primeiro grau,
costuma-se concentrar todos os termos que
contenham incógnitas no 1º membro e to-
dos os termos que contenham somente nú-
meros no 2º membro.

FIQUE ATENTO!
3. (FGV – 2017) Considere a afirmação: Há diversas formas de equações do primeiro
“Toda pessoa que faz exercícios não tem pressão alta”. grau e a seguir serão apresentados alguns
De acordo com essa afirmação é correto concluir que deles. Antes, há uma lista de “regras” para a
solução de equações do primeiro grau:
a) se uma pessoa tem pressão alta então não faz
exercícios.
b) se uma pessoa não faz exercícios então tem pressão Regra 1 – Eliminar os parênteses
alta. Regra 2 – Igualar os denominadores de todos os ter-
c) se uma pessoa não tem pressão alta então faz mos caso haja frações
exercícios. Regra 3 – Transferir todos os termos que contenham
d) existem pessoas que fazem exercícios e que têm pres- incógnitas para o 1º membro
são alta. Regra 4 – Transferir todos os termos que contenham
e) não existe pessoa que não tenha pressão alta e não somente números para o 2º membro
faça exercícios. Regra 5 – Simplificar as expressões em ambos os
membros
Resposta: Letra A. Regra 5 – Isolar a incógnita no 1º membro
Se toda pessoa que faz exercício não tem pressão
alta, ora, se a pessoa tem pressão alta, então não faz Exemplo: Resolva a equação 5x − 4 = 2x + 8
exercício.
As regras 1 e 2 não se aplicam pois não há parênteses,
REFERÊNCIAS nem frações. Aplicando a regra 3, transfere-se o termo
“2x” para o 1º membro. Para fazer isso, basta colocá-lo
Carvalho, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série Pro- no 1º membro com o sinal trocado:
vas e Concursos, 2010.
5x − 4 − 2x = 8
ÁLGEBRA BÁSICA
Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “-4” para o
2º membro. Para fazer isso, basta colocá-lo no 1º mem-
bro com o sinal trocado:
EQUAÇÕES E SISTEMAS DO PRIMEIRO GRAU

Uma equação é uma igualdade na qual uma ou mais


5x − 2x = 8 + 4
variáveis, conhecidas por incógnitas, são desconhecidas.
Resolver uma equação significa encontrar o valor das in- Aplicando a regra 5, simplifica-se as expressões em
cógnitas. Equações do primeiro grau são equações onde ambos os membros. Simplificar significa “juntar” todos
há somente uma incógnita a ser encontrada e seu ex- os termos com incógnitas em um único termo no 1º
poente é igual a 1. A forma geral de uma equação do membro e fazer o mesmo com todos os temos que con-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

primeiro grau é: tenham somente números no 2º membro:

ax + b = 0 3x = 12
Onde a e b são números reais.
Aplicando a regra 6, isola-se a incógnita no 1º mem-
O “lado esquerdo” da equação é denominado 1º
bro. Para isso, divide-se ambos os lados da equação por
membro enquanto o “lado direito” é denominado 2º
3, fazendo com que no 1º membro reste apenas :
membro.

3x 12 12
= →x= → x = 4 → S = {4�
3 3 3

154
2x Resposta:
Exemplo: Resolva a equação +2 x−4 = x+1
3
−3x – 5 = 25
Aplicando a regra 1, eliminam-se os parênteses. Para ⟹ −3x − 5 + 5 = 25 + 5
isso, aplica-se a distributiva no termo com parênteses: ⟹ −3x = 30
a)
2x −3x 30
+ 2x − 8 = x + 1 ⟹ = ⟹ x = −10
3 −3 −3
1
2x –=3
Aplicando a regra 2, igualam-se os denominadores 2
de todos os termos. Nessa equação, o denominador co- 1 1
⟹ 2x − + = 3 +
1
mum é “3”: 2 2 2
b)
2x 6x 24 3x 3 7 2x 7
+ − = + ⟹ 2x = ⟹ =
3 3 3 3 3 2 2 4
7
⟹x=
4
Como há o mesmo denominador em todos os ter-
mos, eles podem ser “cortados”: 2. Encontre o valor de x que satisfaz a equação

2x + 6x − 24 = 3x + 3 3x + 24 = −5x

Aplicando a regra 3, transfere-se o termo “3x” para o Resposta:


1º membro:
3x + 24 = −5x
2x + 6x − 3x − 24 = 3 ⟹ 3x + 5x + 24 = 0 − 5x + 5x
⟹ 8x = −24
Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “-24” para ⟹ x = −3
o 2º membro:
EQUAÇÃO DO 2º GRAU
2x + 6x − 3x = 24 + 3
Equações do segundo grau são equações nas quais
Aplicando a regra 5, simplificam-se as expressões em o maior expoente de X é igual a 2. Sua forma geral é
ambos os membros: expressa por:

5x = 27 ax 2 + bx + c = 0

Por fim, aplicando a regra 6, isola-se a incógnita no Onde a, b e c são números reais e a ≠ 0. Os números
1º membro: a, b e c são chamados coeficientes da equação:
• a é sempre o coeficiente do termo em x².
27 27 • b é sempre o coeficiente do termo em x.
x=
5
→S=
5 • c é sempre o coeficiente ou termo independente.

Equação completa e incompleta

EXERCÍCIOS COMENTADOS • Quando b ≠ e c ≠ , a equação do 2º grau se diz


completa.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

1. Calcule:
Exs:
a) −3x – 5 = 25
5x² - 8x + 3 = 0 é uma equação completa (a = 5, b =
1 -8,c = 3).
b) 2x − = 3
2 y² + 12y + 20 = 0 é uma equação completo (a = 1, b
= 12,c - 20).

Quando b=0 ou c=0 ou b=c=0, a equação do 2º grau


se diz incompleta.

155
Exs: Quando b=0 diz-se que as raízes das equações são
simétricas.
2
x – 81 = 0 é uma equação incompleta (a = 1, b = 0 e c = – 81). As regras para solução de uma equação do 2º grau
são as seguintes:
2
10t + 2t = 0 é uma equação incompleta (a = 10, b = 2 e c = 0).
Regra 1 – Identificar os números e
2
5y = 0 é uma equação incompleta (a = 5, b = 0 e c = 0).
Regra 2 – Calcular o discriminante
Todas essas equações estão escritas na forma Regra 3 – Caso o discriminante não seja negativo, uti-
ax 2 + bx + c = 0 , que é denominada forma lizar a Fórmula de Bháskara
normal ou forma reduzida de uma equação do 2º grau Exemplo: Resolva a equação
com uma incógnita. Aplicando a regra 1, identifica-se: , e
Há, porém, algumas equações do 2º grau que não Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
estão escritas na forma ax 2 + bx + c = 0 ; por meio Como o discriminante não é negativo, aplica-se a re-
de transformações convenientes, em que aplicamos o gra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara:
princípio aditivo para reduzi-las a essa forma. Assim,
Exemplo: Resolva a equação x 2 − x − 6 = 0
Ex: Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=-1 e c=-6
Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
Dada a equação: 2x 2 – 7x + 4 = 1 – x 2 , vamos es-
crevê-la na forma normal ou reduzida. Δ = b2 − 4 � a � c = −1 2 − 4 � 1 � −6 = 1 + 24 = 25

2x 2 – 7x + 4 – 1 + x 2 = 0 Como o discriminante não é negativo, aplica-se a re-


2x 2 + x 2 – 7x + 4 – 1 = 0 gra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara:
3x 2 – 7x + 3 = 0

RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DO 2º GRAU: FÓRMU-


LA DE BHÁSKARA

Para encontrar as soluções de equações do segundo


grau, é necessário conhecer seu discriminante, represen- Assim, S= {-2, 3}
tado pela letra grega Δ (delta).
Exemplo: Resolva a equação x2-4x+4=0
Δ = b2 − 4 � a � c Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=-4 e c=4
Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
FIQUE ATENTO!
Δ = b2 − 4 � a � c = −4 2
− 4 � 1 � 4 = 16 − 16 = 0
O discriminante fornece importantes informa-
ções de uma equação do 2ª grau: Como o discriminante não é negativo, aplica-se a re-
gra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara:
Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e distintas
Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e idênticas
Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais −b ± Δ − −4 ± 0 4 ± 0 4
x= = = = =2
2a 2×1 2 2
A solução é dada pela Fórmula de Bháskara:
Assim, S={2}
−b ± Δ
, válida para os casos onde Δ > 0 ou Note que, como o discriminante é nulo, a equação
x=
2a possui duas raízes reais e idênticas iguais a 2.
Δ=0. Exemplo: Resolva a equação x 2 − 4x + 4 = 0
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=2 e c=3


Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
#FicaDica
Para utilizar a Fórmula de Bháskara a equa- Δ = b2 − 4 � a � c = 2 2
− 4 � 1 � 3 = 4 − 12 = −8
ção deve estar obrigatoriamente no formato
ax 2 + bx + c = 0 . Caso não esteja, é Como o discriminante é negativo, a equação não pos-
necessário colocar a equação nesse formato sui raízes reais.
para, em seguida, aplicar a fórmula! Assim, S= ∅ (solução vazia).

156
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. Determine os valores de x que satisfazem:
2
x − 2x − 5 = 0

Resposta:

x ′ = 1 − 6 e x′′ = 1 + 6.
2
x − 2x − 5 = 0
Δ = −2 2 − 4 � −5 � 1 = 4 + 20 = 24
− −2 ± 24 2±2 6
x= = 2 =1± 6
2�1
Assim, as raízes x′ e x′′ são:
x′ = 1 − 6 e x′′ = 1 + 6

2. Determine os valores de x que satisfazem:

x 2 − 2x + 5 = 0

Resposta:

x2 - 2x -5 = 0
Δ=(-2)2-4∙(5)∙(1)=4-20=-16
Então, como não existe solução real para o cálculo da raiz quadrada de 16, nenhum valor de x satistaz a equação.
Não existe solução em R.

MEDIDAS

COMPRIMENTO

A unidade principal (utilizada no sistema internacional de medidas) de comprimento é o metro. Para medir dimen-
sões muito maiores ou muito menores que essa referência, surgiram seis unidades adicionais:

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

A conversão de unidades de comprimento segue potências de 10. Para saber o quanto se deve multiplicar (ou di-
vidir), utiliza-se a regra do 10 c , onde c é o número de casas que se andou na tabela acima. Adicionalmente, se você
andou para a direita, o número deverá ser multiplicado, se andou para a esquerda, será dividido. As figuras a seguir
exemplificam as conversões:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Ex: Conversão de 2,3 metros para centímetros

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você
vai converter.

157
2o passo: Conte a
quantidade de casas
que você anda de uma
unidade para a outra. De
metro para centímetro
foram 2 casas.
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

3° Passo: como foram duas casas (c = 2) e


andou-se para a direita, basta eu pegar o
número em metros e multiplicar por 10² = 100.
Assim 2,3 metros = 2,3 × 100 = 230 cm

Ex: Conversão de 125 000 mm para decâmetro:

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
1º passo: Inicia-se
da unidade que
você vai converter.

2º passo: Conte a quan-


tidade de casas que você
anda de uma unidade para
a outra. De milímetro para
decâmetro são 4 casas.
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

3º Passo: como foram quatro casas (c=4)


e andou-se para a esquerda, basta eu
pegar o número em milímetros e dividir
por 104 = 10000. Assim, 125000 mm =
125000 ÷ 10000 = 12,5 dam
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

MASSA

As medidas de massa segue a base 10, como as medidas de comprimento. A unidade principal é o grama (g) e suas
seis unidades complementares estão apresentadas a seguir:

kg hg dag g dg cg mg
(kilograma) (hectograma) (decagrama) (grama) (decígrama) (centígrama) (milígrama)

Os passos para conversão de unidades segue o mesmo das medidas de comprimento. Utiliza-se a regra do 10c ,
multiplicando se caminha para a direita e divide quando caminha para a esquerda.

158
FIQUE ATENTO!
Outras unidades importantes:
• Massa: A tonelada, sendo que 1 tonelada vale 1000 kg.
• Volume : O litro (l) que vale 1 decímetro cúbico (dm³) e o mililitro, que vale 1 cm³.
• Área: O hectare (ha) que vale 1 hectômetro quadrado (ou 10000 m²) e o alqueire, (varia de região para
região e normalmente a conversão desejada é dada na prova).

ÁREA

As medidas de área seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o metro
quadrado e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de 10c , utiliza-se
a regra de 102c, ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 2. A definição se multiplica ou divide
segue a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:
Ex: Conversão de 2 km² para m²

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você
vai converter.

2º passo: Conte a
quantidade de casas que
você andou. Neste caso,
de km2 para m2, andou-
se 3 casas.
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

3° Passo: como foram 3 casas ( c=3 ) e andou-se para a


direita, basta eu pegar o número em Km² e multiplicar
por 102x3 = 10⁶ = 1000000. Assim, 2 Km² = 2000000 m²
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Ex: Conversão de 20 mm² para cm²

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você vai
converter.

159
2o passo: Conte a quantidade
de casas que você andou.
Neste caso, de mm2 para
cm2, andou-se 1 casa.
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)


3º Passo: Como foi apenas 1 casa (c=1) e andou-se
para a esquerda, basta eu pegar o número em mm²
e dividir por 102x1= 10² = 100. Assim, 20 mm² = 20 ÷
100 = 0,2 cm²

VOLUME

As medidas de volume seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o
metro cúbico e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

c
A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de 10 , utiliza-se
a regra de 103c , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 3. A definição se multiplica ou
divide segue a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:
Ex: Conversão de 3,7 m³ para cm³

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você vai
converter.

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

2o passo: Conte a
quantidade de
casas que você andou.
Neste caso, de m3
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

para cm3, forma2 casas.

3º Passo: Como foram duas casas (c=2) e andou-se


para a direita, bosta eu pegar o número em m3 e
multiplicar por 103x2 = 106 = 1000000. Assim, 3,7 m3
= 3700000 cm3

160
Ex: Conversão de 50000 dm³ para m³

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você vai
converter.

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

2o passo: Conte a
quantidade de
casas que você
andou. Neste caso,
de m3 para dm3,
andou-se 1 casa.

3° Passo: Como foi uma casa (c=1) e andou-se


para a esquerda, basta eu pegar o número
em dm³ e multiplicar por 103x1 = 103 = 1000.
Assim, 50000 dm³ = 50 m³

kL hL dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(quilolitro) (hectolitro) (decalitro) (litro) (decilitro) (centilitro) (mililitro)

Para essa tabela, o roteiro para converter unidades de medidas é o mesmo utilizado para as medidas anteriores. A
diferença é que para cada unidade à direita multiplica-se por 10 e para cada unidade à esquerda divide-se por 10 (igual
para unidades de comprimento).

TEMPO

Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que mede intervalos de tempo, é o mais conhecido.
2h = 2 ∙ 60min = 120 min = 120 ∙ 60s = 7 200s

Para passar de uma unidade para a menor seguinte, multiplica-se por 60.
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1 décimo de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se que 0,3h
= 18min.

Para medir ângulos, também temos um sistema não decimal. Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na astronomia,
na cartografia e na navegação são necessárias medidas inferiores a 1º. Temos, então:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)


1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)

Os minutos e os segundos dos ângulos não são, é claro, os mesmos do sistema hora – minuto – segundo. Há uma
coincidência de nomes, mas até os símbolos que os indicam são diferentes:
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante do dia.
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo.

161
4. Passe 5.200 gramas para quilogramas.
#FicaDica
Resposta: 5,2 kg.
Por motivos óbvios, cálculos no sistema
Para passarmos 5.200 gramas para quilogramas, deve-
hora – minuto – segundo são similares a
cálculos no sistema grau – minuto – segun- mos dividir (porque na tabela grama está à direita de
do, embora esses sistemas correspondam a quilograma) 5.200 por 10 três vezes, pois para passar-
grandezas distintas. mos de gramas para quilogramas saltamos três níveis
à esquerda.
Primeiro passamos de grama para decagrama, depois
de decagrama para hectograma e finalmente de hec-
EXERCÍCIOS COMENTADOS tograma para quilograma:
5200g:10:10:10 ⟹ 5,2Kg
Isto equivale a passar a vírgula três casas para a es-
1. Raquel saiu de casa às 13h 45min, caminhando até o
querda.
curso de inglês que fica a 15 minutos de sua casa, e che-
Portanto, 5.200 g são iguais a 5,2 kg.
gou na hora da aula cuja duração é de uma hora e meia.
A que horas terminará a aula de inglês?
5. Converta 2,5 metros em centímetros.
a) 14h
Resposta: 250 cm.
b) 14h 30min
Para convertermos 2,5 metros em centímetros, deve-
c) 15h 15min
mos multiplicar (porque na tabela  metro  está à es-
d) 15h 30min
querda de centímetro) 2,5 por 10 duas vezes, pois para
e) 15h 45min
passarmos de metros para centímetros saltamos dois
níveis à direita.
Resposta: Letra D. Basta somarmos todos os valores
Primeiro passamos de metros para decímetros e de-
mencionados no enunciado do teste, ou seja:
pois de decímetros para centímetros:
13h 45min + 15 min + 1h 30 min = 15h 30min
2,5m∙10∙10 ⟹ 250cm
Logo, a questão correta é a letra D.
Isto equivale a passar a vírgula duas casas para a di-
reita.
2. 348 mm3 equivalem a quantos decilitros?
Logo, 2,5 m é igual a 250 cm.
Resposta: “0, 00348 dl”.
Como 1 cm3 equivale a 1 ml, é melhor dividirmos 348 GEOMETRIA BÁSICA
mm3  por mil, para obtermos o seu equivalente em
centímetros cúbicos: 0,348 cm3.
Logo 348 mm3 equivalem a 0, 348 ml, já que cm3 e ml se POLÍGONOS
equivalem.
Neste ponto já convertemos de uma unidade de me- Ponto, Reta e Plano
dida de volume, para uma unidade de medida de ca-
pacidade. A definição dos entes primitivos ponto, reta e plano
Falta-nos passarmos de mililitros para decilitros, quan- é quase impossível, o que se sabe muito bem e aqui será
o mais importante é sua representação geométrica e es-
do então passaremos dois níveis à esquerda. Dividire-
pacial.
mos então por 10 duas vezes:
0,348ml:10:100,00348dl
Representação, (notação)
Logo, 348 mm³ equivalem a 0, 00348 dl.
• Pontos serão representados por letras latinas
3. Passe 50 dm2 para hectômetros quadrados.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

maiúsculas; ex: A, B, C,…


• Retas serão representados por letras latinas minús-
Resposta: 0, 00005 hm². culas; ex: a, b, c,…
Para passarmos de decímetros quadrados para hectô- • Planos serão representados por letras gregas mi-
metros quadrados, passaremos três níveis à esquerda. núsculas; ex: β,∞,α,...
Dividiremos então por 100 três vezes:
50dm2:100:100:100 ⟹ 0,00005hm2
Isto equivale a passar a vírgula seis casas para a es-
querda.
Portanto, 50 dm² é igual a 0, 00005 hm².

162
Representação gráfica • Se uma reta contém dois pontos de um plano, esta
reta está contida neste plano.

• Duas retas são concorrentes se tiverem apenas um


ponto em comum.

Postulados primitivos da geometria, qualquer postu-


lado ou axioma é aceito sem que seja necessária a prova,
contanto que não exista a contraprova.
Observe que r ∩ s = {H} . Sendo que H está contido
• Numa reta bem como fora dela há infinitos pontos na reta r e na reta s.
distintos.
• Dois pontos determinam uma única reta (uma e Um plano é um subconjunto do espaço R3 de tal
somente uma reta). modo que quaisquer dois pontos desse conjunto podem
ser ligados por um segmento de reta inteiramente con-
tida no conjunto.
Um plano no espaço pode ser determinado por qual-
quer uma das situações:

• Três pontos não colineares (não pertencentes à


mesma reta);
• Pontos colineares pertencem à mesma reta. • Um ponto e uma reta que não contem o ponto;
• Um ponto e um segmento de reta que não contem
o ponto;
• Duas retas paralelas que não se sobrepõe;
• Dois segmentos de reta paralelos que não se so-
brepõe;
• Duas retas concorrentes;
• Dois segmentos de reta concorrentes.

Duas retas (segmentos de reta) no espaço R3 podem


ser: paralelas, concorrentes ou reversas.
• Três pontos determinam um único plano. Duas retas são ditas reversas quando uma não tem
interseção com a outra e elas não são paralelas. Pode-se
pensar de uma reta r desenhada no chão de uma casa e
uma reta s desenhada no teto dessa mesma casa.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

163
Uma reta é perpendicular a um plano no espaço R3, se Segmentos Proporcionais
ela intersecta o plano em um ponto P e todo segmento
de reta contido no plano que tem P como uma de suas Proporção é a igualdade entre duas razões equiva-
extremidades é perpendicular à reta. lentes. De forma semelhante aos que já estudamos com
números racionais, é possível estabelecer a proporcio-
nalidade entre segmentos de reta, através das medidas
desse segmentos.
Vamos considerar primeiramente um caso particular
com quatro segmentos de reta com suas medidas apre-
sentadas na tabela a seguir:

Uma reta r é paralela a um plano no espaço R3, se


existe uma reta s inteiramente contida no plano que é m(AB) = 2cm m(PQ)
cm
=4

paralela à reta dada. m(CD) = 3cm m(RS) = 6cm


Seja P um ponto localizado fora de um plano. A dis-
A razão entre os segmentos AB e CD e a razão entre
tância do ponto ao plano é a medida do segmento de
os segmentos PQ e RS e , são dadas por frações equivalen-
reta perpendicular ao plano em que uma extremidade é
tes, isto é A B⁄C D = 2⁄3; PQ/RS = 4/6 e como 2/3 = 4/6,
o ponto P e a outra extremidade é o ponto que é a inter-
segue a existência de uma proporção entre esses quatro
seção entre o plano e o segmento.
segmentos de reta. Isto nos conduz à definição de seg-
Se o ponto P estiver no plano, a distância é nula.
mentos proporcionais.
Diremos que quatro segmentos de reta, AB, BC, CD e DE
, nesta ordem, são proporcionais se: A B⁄B C = C D⁄D E .
Os segmentos AB e DE são os segmentos extremos e
os segmentos BC e CD e são os segmentos meios.
A proporcionalidade acima é garantida pelo fato que
existe uma proporção entre os números reais que repre-
Planos concorrentes no espaço são planos cuja inter- sentam as medidas dos segmentos:
seção é uma reta.
Planos paralelos no espaço R3 são planos que não m (AB) m (CD)
=
tem interseção. m (BC) m (DE)
Quando dois planos são concorrentes, dizemos que
tais planos formam um diedro e o ângulo formado en-
Feixe de Retas Paralelas
tre estes dois planos é denominado ângulo diedral. Para
obter este ângulo diedral, basta tomar o ângulo forma-
Um conjunto de três ou mais retas paralelas num pla-
do por quaisquer duas retas perpendiculares aos planos
no é chamado feixe de retas paralelas. A reta que inter-
concorrentes.
cepta as retas do feixe é chamada de reta transversal. As
retas a, b, c e d que aparecem no desenho anexado, for-
mam um feixe de retas paralelas enquanto que as retas s
e t são retas transversais.

Planos normais são aqueles cujo ângulo diedral é um


ângulo reto (90°).

Razão entre Segmentos de Reta


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Segmento de reta é o conjunto de todos os pontos


de uma reta que estão limitados por dois pontos que são
as extremidades do segmento, sendo um deles o ponto
inicial e o outro o ponto final. Denotamos um segmento Teorema de Tales: Um feixe de retas paralelas de-
por duas letras como, por exemplo, AB, sendo A o início termina sobre duas transversais quaisquer, segmentos
e B o final do segmento. proporcionais. A figura abaixo representa uma situação
Ex: AB é um segmento de reta que denotamos por onde aparece um feixe de três retas paralelas cortadas
AB. por duas retas transversais.

164
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CS-UFG-2016) Considere que a figura abaixo repre-
senta um relógio analógico cujos ponteiros das horas
(menor) e dos minutos (maior) indicam 3 h e 40 min.
Nestas condições, a medida do menor ângulo, em graus,
formado pelos ponteiros deste relógio, é:
Identificamos na sequência algumas proporções:

A B⁄B C = DE⁄E F
B C⁄ A B = EF ⁄D E
A B⁄D E = B C⁄ E F
D E⁄ A B = E F ⁄B C

Ex: Consideremos a figura ao lado com um feixe de


retas paralelas, sendo as medidas dos segmentos indica-
das em centímetros.
a) 120°
b) 126°
c) 130°
d) 132°

Resposta: Letra C. Se o ponteiro das horas estivesse


no 4 daria 120 graus. Como ele está antes e se passou
40 minutos (2/3 de uma hora), então ele está 1/3 de
30° (10°) atrás. Se somarmos 120+ 10 = 130°

2. Na imagem a seguir, as retas u, r e s são paralelas e


cortadas por uma reta transversal. Determine o valor dos
ângulos x e y.
Assim:

B C⁄A B = E F⁄D E
A B⁄D E = B C⁄E F
D E⁄A B = E F⁄B C

#FicaDica
Uma proporção entre segmentos pode
ser formulada de várias maneiras. Se um
dos segmentos do feixe de paralelas for
desconhecido, a sua dimensão pode
ser determinada com o uso de razões
proporcionais. Resposta: x = 50° e y = 130°
Facilmente observamos que os ângu-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

los  x  e  50°  são  opostos pelo vértice, logo,  x = 50°.


Podemos constatar também que  y  e  50°  são  suple-
mentares, ou seja:

50° + y = 180°
y = 180° – 50°
y = 130°

Portanto,os ângulos procurados são y = 130° e x = 50°

165
TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO Seno, Co-seno e Tangente de um Ângulo Agudo

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo A figura abaixo ilustra um triângulo retângulo com
suas medidas de lados:
Definiremos algumas relações e números obtidos
a partir dos lados de triângulos retângulos. Antes, po-
rém, precisamos revisar seus conceitos básicos. A figura
abaixo apresenta um triângulo onde um de seus ângulos
π
internos é reto (de medida 90º ou 2 rad), o que nos per-
mite classificá-lo como um triângulo retângulo.

De fato, as medidas de seus lados (3, 4 e 5 unidades


de comprimento) satisfazem a sentença do teorema de
Pitágoras: 52 = 32 + 42.
Agora, definiremos três importantes relações entre
os lados do triângulo, aos quais chamaremos de seno,
Lembremo-nos de que, qualquer que seja o triângulo, a co-seno e tangente. Essas propriedades serão sempre
soma dos seus três ângulos internos vale 180º. Logo, a relativas a um determinado ângulo, assim, precisaremos
respeito do triângulo ABC apresentado, dizemos que: especificar de qual ângulo estamos falando. A expressão
geral é apresentada abaixo, com as abreviações as pro-
priedades:
α + β + 90° = 180° → α + β = 90°
cateto oposto ao ângulo
Com isso, podemos concluir: sen Ângulo =
hipotenusa

a) Que os ângulos α e β são complementares, isto é, cateto adjacente ao ângulo


são ângulos cujas medidas somam 90º; cos Ângulo =
hipotenusa
b) Uma vez que são complementares ambos terão
sempre medida inferior a 90º, ou seja, serão ângu- cateto oposto ao ângulo
tg Ângulo =
los agudos. cateto adjacente ao ângulo

A partir dessas definições, podemos calcular o seno,


FIQUE ATENTO!
co-seno e tangente do ângulo α, do triângulo da figura:
Dizemos que todo triângulo retângulo tem
um ângulo interno reto e dois agudos, com-
plementares entre si. cateto oposto a α
sen α =
hipotenusa

cateto adjacente a α
#FicaDica cos α =
hipotenusa
Vale lembrar que a hipotenusa será sempre
o lado oposto ao ângulo reto e, ainda, o cateto oposto a α
tg α =
lado maior do triângulo. Podemos relacio- cateto adjacente a α
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

ná-los através do Teorema de Pitágoras, o


qual enuncia que o quadrado sobre a hipo- No caso de α , o cateto oposto a ele será aquele que
tenusa de um triângulo retângulo é igual à não forma o ângulo, ou seja, o segmento AC. Já o cateto
soma dos quadrados sobre os catetos. adjacente será o cateto que junto com a hipotenusa, for-
ma o ângulo, assim, ele será AB. Substituindo os valores:

166
Seno, Co-seno e Tangente de 30° e 60°.
cateto oposto a α 3
sen α = = = 0,6
hipotenusa 5 Tomando por base o triângulo equilátero da figura
acima, e conhecendo as medidas de seus lados, temos:
cateto adjacente a α 4
cos α = = = 0,8 cateto oposto a 30° l/2 1
hipotenusa 5
sen 30° = = =
hipotenusa l 2
cateto oposto a α 3 l 3
tg α = = = 0,75 cateto adjacente a 30° 3
cateto adjacente a α 4 cos 30° = hipotenusa
= 2
l
= 2

Seno, Co-seno e Tangente dos Ângulos Notáveis cateto oposto a 30° l/2 3
tg 30° = cateto adjacente a 30° = l 3
= 3
Uma vez definidos os conceitos de seno, co-seno e
2

tangente de ângulos agudos internos a um triângulo re-


E
tângulo, passaremos a determinar seus valores para ân-
gulos de grande utilização em diversas atividades profis-
sionais e encontrados facilmente em situações cotidianas.
Observemos, nas figuras abaixo, que a diagonal de
um quadrado divide ângulos internos opostos, que são
retos, em duas partes de 45 + o+, e que o segmento l
que define a bissetriz (e altura) de um ângulo interno do cateto adjacente a 60° 1
cos 60° = =2=
triângulo equilátero permite-nos reconhecer, em qual- hipotenusa l 2
quer das metades em que este é dividido, ângulos de l 3
medidas 30o e 60o. cateto oposto a 60°
tg 60° = = 2
l = 3
cateto adjacente a 60°
2

Observação Importante: Observe que os ângulos de


30° e 60° são complementares, e isso provoca a troca dos
valores de seno e cosseno. Já a tangente, temos exata-
mente o valor inverso.

Seno, Co-seno e Tangente de 45°

A partir do quadrado representado na figura acima,


Primeiramente, vamos calcular os comprimentos da de lado a e diagonal 𝐚 2 , podemos calcular:
diagonal do quadrado e a altura h, do triângulo equi-
látero. Como já vimos as fórmulas na seção anterior de
triângulos, vamos apenas indicar os valores:

d=a 2
l 3
h= 2

Sabemos, agora, que o triângulo hachurado no inte- cateto oposto a 45° a


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

tg 45° = = =1
rior do quadrado tem catetos de medida 𝐚 e2hipotenusa cateto adjacente a 45° a
𝐚 2 . Para o outro triângulo sombreado, teremos cate-
1 l 3
Note que o ângulo de 45° tem valores iguais de seno
tos e medidas 2 e 2 , enquanto sua hipotenusa tem
e cosseno, o que implica em uma tangente igual a 1. Isso
comprimento 1.
se deve pois o complementar deste ângulo é ele mesmo.
Os resultados que obtivemos nos permitem definir, a
Passemos, agora, ao cálculo de seno, co-seno e tan-
seguir, uma tabela de valores de seno, co-seno e tangen-
gente dos ângulos de 30o, 45o e 60o.
te dos ângulos notáveis, que nos será extremamente útil.

167
30o 45o 60o cateto adjacente ao ângulo
cotg Ângulo =
sen 3 cateto oposto ao ângulo
1 2 hipotenusa
2 sec Ângulo = cateto adjacente ao ângulo
2 2
hipotenusa
cos cossec Ângulo = cateto oposto ao ângulo
3 2 1
2 2 2
Por exemplo, para um triângulo retângulo de lados 3,
tg 4 e 5 unidades de comprimento que apresentamos ante-
3 1 3 riormente, temos para o ângulo α:
3 2
cateto adjacente a α 4
O círculo trigonométrico cotg α = =
cateto oposto a α 3
hipotenusa 5
Definidas principais propriedades e o ângulos notá- sec α = cateto adjacente a α
=4
veis, podemos expandir essa análise para todos os ân- hipotenusa 5
cossec α = cateto oposto a α = 3
gulos de um círculo, indo de 0 a 360° ou de 0 a 2π rad.
Para isso, usamos o circulo trigonométrico apresentado
a seguir: Identidades Trigonométricas

É comum a necessidade de obtermos uma razão tri-


gonométrica, para um ângulo, a partir de outra razão
cujo valor seja conhecido, ou mesmo simplificar expres-
sões extensas envolvendo várias relações trigonométri-
cas para um mesmo ângulo. Nesses casos, as identidades
trigonométricas que iremos deduzir neste tópico são fer-
ramentas de grande aplicabilidade.
Identidade em uma ou mais variáveis é toda igualda-
de verdadeira para quaisquer valores a elas atribuídos,
desde que verifiquem as condições de existência de ex-
pressão.
Vamos iniciar então, mostrando um triângulo retân-
gulo qualquer:

Nele, podemos ver a divisão do círculo em quadran-


tes e em cada quadrante, podemos ver as posições do
seno e cosseno dos ângulos. É importante memorizar os
sinais dos senos e cossenos, pois eles se alteram confor-
me mudamos de quadrante. Aplicando as medidas de seus lados no teorema de
Também é importante notar os limites de valores para Pitágoras, obtemos a seguinte igualdade:
o seno e cosseno. Para qualquer ângulo x, os valores de
seno e cosseno estarão sempre entre -1 e 1 e isto está b2 + c 2 = a2
representado nos valores para os ângulos de Dividindo os seus membros por , não alteraremos a
igualdade. Assim, teremos:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

π 3π
0, , π, e 2π
2 2 2
b2 c 2 a2 b c 2
2
+ 2= 2→ + =1
a a a a a
Outras Razões Trigonométricas – Co-tangente, Se-
cante e Co-secante

Além das razões com que trabalhamos até aqui, são


definidas a co-tangente, secante e co-secante de um ân-
gulo agudo de triângulo retângulo através de relações
entre seus lados, como definimos a seguir, com suas res-
pectivas abreviações

168
Se utilizarmos as relações trigonométricas que defi-
nimos (seno, cosseno e tangente), podemos simplificar a Teríamos encontrado inversões análogas se utilizás-
expressão de duas maneiras possíveis, em função de ou : semos o ângulo β. Assim, essas relações também vale-
rão para qualquer ângulo x, desde que seja respeitada a
2 2 condição de os denominadores dos segundos membros
sen α + cos α = 1
dessas identidades não serem nulos.
ou Aplicando essas relações no teorema de Pitágoras,
chegamos as outras duas importantes identidades trigo-
2 2
cos β + sen β = 1
nométricas:
Logo, como sempre teremos a soma dos quadrados 2
de seno e co-seno de um ângulo. Essa identidade valerá tg x + 1 = sec 2 x
para qualquer ângulo x:
2
cotg x + 1 = cosec2 x

sen2x + cos 2 x = 1 Adição e Subtração de Arcos

Essa relação, é conhecida como relação fundamental Outras identidades trigonométricas estão relaciona-
da trigonometria. das a operações com ângulos. As fórmulas a seguir foram
Façamos agora outro desenvolvimento. Tomemos deduzidas para facilitar algumas operações matemáticas.
um dos ângulos agudos do triângulo ABC, da figura. Por Sejam α e β ângulos quaisquer. Temos que:
exemplo, α. Dividindo-se sen α por cos α, obtemos:
Seno da Soma: sen α + β = sen α � cos β + sen β � cos α
sen α b⁄a b Seno da Diferença: sen α − β = sen α � cos β − sen β � cos α
= = = tg α
cos α c⁄a c Cosseno da Soma: cos α + β = cos α � cos β − sen α � sen β

Cosseno da Diferença: cos α − β = cos α � cos β + sen α � sen β

De forma análoga, o leitor obterá o mesmo resultado Tangente da Soma: tg α + β =


tg α+tg β
1−tgα � tgβ
se tomar o ângulo β. Dizemos, portanto, que, para um
ângulo x, cujo cosseno não será nulo:
tg α−tg β
Tangente da Diferença: tg α − β = 1+tgα.tg β

sen x Dessas fórmulas, podemos deduzir uma variação im-


tg x = portante, que são as fórmulas dos arcos duplos:
cos x

b
sen 2θ = 2 � sen θ � cos θ
Podemos observar, também, que a razão c , que re- cos 2θ = cos2 θ − sen ²θ
c
presenta tg α , se invertida (passando a b ),
vem a consti-
tuir cotg α . Em virtude disso, e aproveitando a identida-
de enunciada anteriormente, podemos dizer que, para
todo ângulo x de seno não-nulo:

1 cos x
cotg x = =
EXERCÍCIOS COMENTADOS
tg x sen x

Tais inversões ocorrem também e se tratando das re-


1. Dado o triângulo a seguir, obtenha os valores dos ca-
lações seno, co-seno, secante e co-secante. Vejamos que:
tetos. Utilize 3 = 1,7
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

a) 10 e 7,5
b) 5 e 8,5
c) 5 e 5

169
d) 8,5 e 7,5 Apresentaremos agora alguns objetos com detalhes
e) 7,5 e 7,5 sobre os mesmos.

Resposta: Letra B. Basta calcular o seno e o cosseno


de 30° e igualar aos valores de ½ e 3⁄2 . Nem sempre
os exercícios passarão os valores dos ângulos notá-
veis, é importante memorizar.

2. Dado o triângulo a seguir, obtenha o valor da hipote-


nusa. Utilize 2 = 1,4
a) Vértices: A,B,C.
b) Lados: AB,BC e AC.
c) Ângulos internos: a, b e c.

Altura: É um segmento de reta traçada a partir de um


vértice de forma a encontrar o lado oposto ao vértice
formando um ângulo reto. BH é uma altura do triângulo.

a) 4,8
b) 5,0
c) 5,5
d) 5,7
e) 6,0
Mediana: É o segmento que une um vértice ao ponto
Resposta: Letra D. Usando o cosseno de 45°, chega- médio do lado oposto. BM é uma mediana.
-se na resposta.

3. Assinale a alternativa que representa os valores de


sen (75°) e cos (75°)

6− 2 6+ 2
a) 2
e 2
6− 2 6+ 2
b) 4
e 4
6+ 2 6− 2 Bissetriz: É a semi-reta que divide um ângulo em duas
c) 4
e 4 partes iguais. O ângulo B está dividido ao meio e neste
6− 2 6+ 2 caso Ê = Ô.
d) 4
e 4

Resposta: Letra C. Usando a fórmula de soma de ar-


cos para seno e cosseno e considerando que 75° =
30° + 45°:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Ângulo Interno: É formado por dois lados do triângu-


lo. Todo triângulo possui três ângulos internos.
TRIÂNGULOS E TEOREMA DE PITÁGORAS

Definição

Triângulo é um polígono de três lados. É o polígono


que possui o menor número de lados. Talvez seja o polí-
gono mais importante que existe. Todo triângulo possui
alguns elementos e os principais são: vértices, lados, ân-
gulos, alturas, medianas e bissetrizes.

170
Ângulo Externo: É formado por um dos lados do triân- Triângulo Obtusângulo: Um ângulo interno é obtuso,
gulo e pelo prolongamento do lado adjacente (ao lado). isto é, possui um ângulo com medida maior do que 90º.

Triângulo Retângulo: Possui um ângulo interno reto


Classificação dos triângulos quanto ao número de (90 graus). Atenção a esse tipo de triângulo pois ele é
lados muito cobrado!

Triângulo Equilátero: Os três lados têm medidas


iguais. .

m(AB) = m(BC) = m(CA)

Medidas dos Ângulos de um Triângulo

Ângulos Internos: Consideremos o triângulo ABC. Po-


deremos identificar com as letras a, b e c as medidas dos
ângulos internos desse triângulo.

Triângulo Isósceles: Dois lados têm medidas iguais. #FicaDica


m(AB) = m(AC).
Em alguns locais escrevemos as letras mai-
úsculas, acompanhadas de acento () para
representar os ângulos.

Triângulo Escaleno: Todos os três lados têm medidas


diferentes.

Seguindo a regra dos polígonos, a soma dos ângu-


los internos de qualquer triângulo é sempre igual a 180
graus, isto é: a + b + c = 180°

Ex: Considerando
o triângulo abai-
Classificação dos triângulos quanto às medidas xo, podemos achar o
valor de x, escrevendo:
dos ângulos 70º + 60º + x = 180º e dessa forma, obtemos
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

x = 180º − 70º − 60º = 50º


Triângulo Acutângulo: Todos os ângulos internos são
agudos, isto é, as medidas dos ângulos são menores do
que 90º.

171
Ângulos Externos: Consideremos o triângulo ABC.
Como observamos no desenho, as letras minúsculas FIQUE ATENTO!
representam os ângulos internos e as respectivas letras Dois triângulos são congruentes, se os seus
maiúsculas os ângulos externos. elementos correspondentes são ordenada-
mente congruentes, isto é, os três lados e
os três ângulos de cada triângulo têm res-
pectivamente as mesmas medidas. Deste
modo, para verificar se um triângulo é con-
gruente a outro, não é necessário saber a
medida de todos os seis elementos, basta
Todo ângulo externo de um triângulo é igual à soma conhecerem três elementos, entre os quais
dos dois ângulos internos não adjacentes a esse ângulo esteja presente pelo menos um lado. Para
facilitar o estudo, indicaremos os lados cor-
externo. Assim: A = b + c, B = a + c, C = a + b
respondentes congruentes marcados com
Ex: No triângulo desenhado, podemos achar
símbolos gráficos iguais.
a medida do ângulo externo x, escrevendo:
x = 50º + 80º = 130°.
Casos de Congruência de Triângulos

LLL (Lado, Lado, Lado): Os três lados são conhecidos.


Dois triângulos são congruentes quando têm, respecti-
vamente, os três lados congruentes. Observe que os ele-
mentos congruentes têm a mesma marca.

Congruência de Triângulos

Duas figuras planas são congruentes quando têm a


mesma forma e as mesmas dimensões, isto é, o mesmo
tamanho. Para escrever que dois triângulos ABC e DEF
são congruentes, usaremos a notação: ABC ~ DEF LAL (Lado, Ângulo, Lado): Dados dois lados e um ân-
Para os triângulos das figuras abaixo, existe a congruên- gulo. Dois triângulos são congruentes quando têm dois
cia entre os lados, tal que: AB ~ RS, BC ~ ST, CA ~ T lados congruentes e os ângulos formados por eles tam-
e entre os ângulos: bém são congruentes.

Se o triângulo ABC é congruente ao triângulo RST, ALA (Ângulo, Lado, Ângulo): Dados dois ângulos e
escrevemos: A�~R � , B� ~ S� , C� ~ �T um lado. Dois triângulos são congruentes quando têm
um lado e dois ângulos adjacentes a esse lado, respecti-
vamente, congruentes.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

172
LAAo (Lado, Ângulo, Ângulo oposto): Conhecido um Dois lados proporcionais: Se dois triângulos tem dois
lado, um ângulo e um ângulo oposto ao lado. Dois triân- lados correspondentes proporcionais e os ângulos for-
gulos são congruentes quando têm um lado, um ângulo, mados por esses lados também são congruentes, então
um ângulo adjacente e um ângulo oposto a esse lado os triângulos são semelhantes.
respectivamente congruente.

Semelhança de Triângulos Como


m(AB) ⁄ m(EF) = m(BC) ⁄ m(FG) = 2
,
então ABC =
� EFG
Duas figuras são semelhantes quando têm a mesma
forma, mas não necessariamente o mesmo tamanho. Se Ex: Na figura abaixo, observamos que um triângulo
duas figuras R e S são semelhantes, denotamos: . pode ser “rodado” sobre o outro para gerar dois triângu-
Ex: As ampliações e as reduções fotográficas são figu- los semelhantes e o valor de x será igual a 8.
ras semelhantes. Para os triângulos:

Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os


três lados correspondentes proporcionais, então os
Os três ângulos são respectivamente congruentes, triângulos são semelhantes.
isto é: A~R, B~S, C~T

Casos de Semelhança de Triângulos

Dois ângulos congruentes: Se dois triângulos tem


dois ângulos correspondentes congruentes, então os
triângulos são semelhantes.

Se A~D e C~F então: ABC =


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

� DEF

173
Teorema de Pitágoras mais conhecidos da matemática, o Teorema de Pitágoras:
c 2 = a2 + b2
Dizem que Pitágoras, filósofo e matemático grego Onde a soma das medidas dos quadrados dos catetos
que viveu na cidade de Samos no século VI a. C., teve a é igual ao quadrado da hipotenusa.
intuição do seu famoso teorema observando um mosai-
co como o da ilustração a seguir. Teorema de Pitágoras no quadrado

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabe-


lecer uma relação importante entre a medida d da diago-
nal e a medida l do lado de um quadrado.

Observando o quadro, podemos estabelecer a se-


guinte tabela:

Triângulo Triângulo Triângulo


ABC A`B`C` A``B``C``
Área do
quadrado d= medida da diagonal
4 8 16 l= medida do lado
construído sobre
a hipotenusa
Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo retân-
Área do
gulo ABC, temos:
quadrado
2 4 8
construído sobre
um cateto d² = l² + l²
Área do d = √2l²
quadrado d=l 2
2 4 9
construído sobre
o outro cateto Teorema de Pitágoras no triângulo equilátero

Como 4 = 2 + 2 � 8 = 4 + 4 � 16 = 8 + 8 , Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabe-


Pitágoras observou que a área do quadrado construído lecer uma relação importante entre a medida h da altura
sobre a hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadra- e a medida l do lado de um triângulo equilátero.
dos construídos sobre os catetos.

A descoberta feita por Pitágoras estava restrita a um


triângulo particular: o triângulo retângulo isósceles. Es-
tudos realizados posteriormente permitiram provar que
a relação métrica descoberta por Pitágoras era válida
para todos os triângulos retângulos. Os lados do triân-
gulo retângulo são identificados a partir a figura a seguir:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

l= medida do lado
h= medida da altura

No triângulo equilátero, a altura e a mediana coinci-


dem. Logo, H é ponto médio do lado BC. No triângulo
Onde os catetos são os segmentos que formam o
retângulo AHC, H � é ângulo reto. De acordo com o teo-
ângulo de 90° e a hipotenusa é o lado oposto a esse
rema de Pitágoras, podemos escrever:
ângulo. Chamando de “a” e “b” as medidas dos catetos e
“c” a medida da hipotenusa, define-se um dos teoremas

174
3l2
h² =
4

l 3
h=
2

EXERCÍCIOS COMENTADOS
A diferença entre a altura da maior estaca e a altura da
1.(VUNESP – 2017) A figura seguinte, cujas dimensões menor estaca, nessa ordem, em cm, é:
estão indicadas em metros, mostra as regiões R1 e R 2 ,
e , ambas com formato de triângulos retângulos, situadas a) 95.
em uma praça e destinadas a atividades de recreação in- b) 75.
fantil para faixas etárias distintas. c) 85.
d) 80.
e) 90.

Resposta: Letra D. Note que x é exatamente a dife-


rença que queremos, e podemos calculá-lo através do
Teorema de Pitágoras:

1,72 = 1,52 + x 2
2,89 = 2,25 + x 2
x 2 = 2,89 – 2,25
x² = 0,64x = 0,8 m ou 80 cm
Se a área de R1 eé R
542 ,m², então o perímetro e R 2 , é, em
R1de
ÂNGULOS
metros, igual a:
Ângulo: Do latim - angulu (canto, esquina), do grego
a) 54 - gonas; reunião de duas semi-retas de mesma origem
b) 48 não colineares.
c) 36
d) 40
e) 42

Resposta: Letra B. Esse problema se resolve tanto por


semelhança de triângulos, quanto pela área de . Em
ambos os casos, encontraremos x = 12 m. Após isso,
pelo teorema de Pitágoras, achamos a hipotenusa do
R1 e R 2 , , que será 20 m. Assim, o perímetro será
triângulo
12+16+20 = 48 m.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


2. (PM SP 2014 – VUNESP). Duas estacas de madei- que 90º.
ra, perpendiculares ao solo e de alturas diferentes, estão
distantes uma da outra, 1,5 m. Será colocada entre elas
uma outra estaca de 1,7 m de comprimento, que ficará
apoiada nos pontos A e B, conforme mostra a figura.

175
Ângulo Central

a) Da circunferência: é o ângulo cujo vértice é o cen-


tro da circunferência;
b) Do polígono: é o ângulo, cujo vértice é o centro do
polígono regular e cujos lados passam por vértices
consecutivos do polígono.

Ângulo Raso:

• É o ângulo cuja medida é 180º;


• É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Ângulo Reto:

• É o ângulo cuja medida é 90º;


• É aquele cujos lados se apóiam em retas perpendi-
culares.

Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não per-


tence à circunferência e os lados são tangentes à ela.

Ângulos Complementares: Dois ângulos são comple-


mentares se a soma das suas medidas é 900.

Ângulo Inscrito: É o ângulo cujo vértice pertence a


uma circunferência e seus lados são secantes a ela.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a


mesma medida.

Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do


que 90º.

176
Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são
opostos pelo vértice se os lados de um são as respectivas
semi-retas opostas aos lados do outro.

Ângulos Suplementares: Dois ângulos são ditos su-


plementares se a soma das suas medidas de dois ângulos
é 180º.

Assim a soma dos ângulos 4 e 5 é 180° e a soma dos


ângulos 3 e 6 também será 180°

Ângulos colaterais externos: O termo colateral signifi-


ca “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma destes
ângulos será sempre 180°
Grau: (º): Do latim - gradu; dividindo a circunferência
em 360 partes iguais, cada arco unitário que corresponde
a 1/360 da circunferência denominamos de grau.

Ângulos formados por duas retas paralelas com


uma transversal

Lembre-se: Retas paralelas são retas que estão no


mesmo plano e não possuem ponto em comum.

Vamos observar a figura abaixo:

Assim a soma dos ângulos 2 e 7 é 180° e a soma dos


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Todos esses ângulos possuem relações entre si, e elas ângulos 1 e 8 também será 180°
estão descritas a seguir:
Ângulos alternos internos: O termo alterno significa
Ângulos colaterais internos: O termo colateral signifi- lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre se-
ca “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma destes rão congruentes
ângulos será sempre 180°

177
Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 5, o ângulo 2 é
igual ao ângulo 6, o ângulo 3 é igual ao ângulo 7 e o
ângulo 4 é igual ao ângulo 8.

Assim, o ângulo 4 é igual ao ângulo 6 e o ângulo 3 é FIQUE ATENTO!


igual ao ângulo 5
Há cinco classificações distintas para os ân-
Ângulos alternos externos: O termo alterno significa gulos formados por duas retas paralelas que
lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre se- intersectam uma transversal. Então, procure
rão congruentes visualizar bem as imagens para associá-las a
cada classificação existente.

PERÍMETRO E ÁREA

Quadriláteros

São figuras que possuem quatro lados dentre os


quais temos os seguintes subgrupos:

Paralelogramo

Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 7 e o ângulo 2 é


igual ao ângulo 8
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Ângulos correspondentes: São ângulos que ocupam


uma mesma posição na reta transversal, um na região Características:
interna e o outro na região externa.
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
AB // DC e AD // BC .
Além de paralelos, os lados paralelos possuem a mes-
ma medida, ou seja: AB = DC e AD = BC
A altura é medida em relação a distância entre os seg-
mentos paralelos, ou seja: BG: altura = h

178
A base é justamente a medida dos lados que se me-
diu a altura: AD: base = b No losango, definem-se diagonais como a distância
A área é calculada como o produto da base pela al- entre vértices opostos, assim:
tura: Área= b∙h BD: diagonal maior = D e AC: diagonal menor = d
O perímetro é calculado como a soma das medidas A área é calculada a partir das diagonais e não dos
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA D�d
lados: Área = 2
Retângulo O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA

Quadrado

Características:

Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:


AB // DC e AD // BC
Além de paralelos, os lados paralelos possuem a mes-
ma medida, ou seja: AB = DC e AD = BC
Diferentemente do paralelogramo, todos os ângulos
Características:
do retângulo medem 90°: A �=B� = C� = D
� = 90°
No retângulo, um par de lados paralelos será a base e Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
o outro será a altura, no desenho:
AB // DC e AD // BC
AB: altura = h e AD: base = b
Possuem os quatro lados com medidas iguais:
A área é calculada como o produto da base pela al-
tura: Área= b∙h AB = DC = AD = BC
O perímetro é calculado como a soma das medidas Diferentemente do losango, todos os ângulos do
de todos os quatro lados: quadrado medem 90°: A �=B � = C� = D
� = 90°
Seguindo a lógica do retângulo, temos o valor da base
e da altura iguais neste caso: BC: lado = L e AB: lado =
Perímetro = AB + BC + CD + DA = 2b + 2h
A área é calculada de maneira simples: Área = L2
Losango
O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados:
Perímetro = AB + BC + CD + DA = 4L

Trapézio
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Características:

Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:


Características:
AB // DC e AD // BC
Possuem os quatro lados com medidas iguais:
Possuirá apenas um par de lados paralelos que serão
AB = DC = AD = BC
chamados de bases maior e menor:

179
AD// BC, AB: base maior = B e CD: base menor = b
#FicaDica
A altura será definida como a distância entre as bases: Em termos práticos, um setor circular é um
BG: altura = h “pedaço” de um círculo.

A área é calculada em função das bases e da altura:


B+b
Área = �h
2
O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA

Circunferência e Círculo

Uma circunferência é definida como o conjunto de


pontos cuja distância de um ponto, denominado de cen-
tro, O é igual a R, definido como raio. Características:
O ângulo α é definido como ângulo central
z
arR
Área do Setor Circular (para α em graus): A =
360 z
aR
Área do Setor Circular (para α em radianos): A =
2
Segmento Circular

Um Segmento Circular é uma região de um círculo


compreendida entre um segmento que liga os pontos de
cruzamento dos segmentos de reta com a circunferência,
Já um círculo é definido como um conjunto de pontos ao qual definimos como corda AB e a circunferência.
cuja distância de O é menor ou igual a R.

Características:

Características: A Área do Setor Circular (para α em radianos):

A medida relevante da circunferência é o raio (R) que R2


é a distância de qualquer ponto da circunferência em re- A= α − sen α
2
lação ao centro C.
A área é calculada em função do raio: Área = πR2
3. Posições Relativas entre Retas e Circunferências
O perímetro, também chamado de comprimento da
circunferência, é calculado em função do raio também:
Dado uma circunferência de raio R e uma reta ‘r’ cuja
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Perímetro = 2πR distância ao centro da circunferência é ‘d’, temos as se-


guintes posições relativas:
Setor Circular
Reta Tangente: Reta e circunferência possuem apenas
Um Setor Circular é uma região de um círculo com-
um ponto em comum (dOP = R)
preendida entre dois segmentos de reta que se iniciam
no centro e vão até a circunferência.

180
Reta Exterior: Reta e circunferência não possuem pon-
tos em comum (dOP > R)

Reta Secante: Reta e circunferência possuem dois


pontos em comum (dOP < R)

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(SEEDUC-RJ – Professor – CEPERJ/2015) O quadrado


MNPQ abaixo tem lado igual a 12cm. Considere que as
curvas MQ e QP representem semicircunferências de diâ-
metros respectivamente iguais aos segmentos MQ e QP.

A área sombreada, em cm2, corresponde a:

a) 30
b) 36
c) 3 46π − 2
d) 6(36π − 1)
e) 2(6π − 1)
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Resposta: Letra B. Aplicando a fórmula do segmen-


to circular, encontra-se a área de intersecção dos dois
círculos. Subtraindo esse valor da área do semicírculo,
chega-se ao resultado.

181
2. A figura abaixo é um losango. Determine o valor de x e y, a medida da diagonal   AC , da diagonal   BD e o perímetro
do triângulo BMC.

Resposta: Aplicando as relações geométricas referentes ao losango, tem-se:

PRINCÍPIOS SIMPLES DE CONTAGEM

CONTAGEM E ANÁLISE COMBINATÓRIA

Um método muito utilizado na resolução de problemas matemáticos e probabilísticos é a teoria de contagem e


análise combinatória. Nela, desenvolvem-se técnicas de contagens de agrupamentos formados sob condições pré-es-
tabelecidas.
À primeira vista pode parecer desnecessário o uso de técnicas de contagem de números ou elementos, mas nem
sempre a quantidade de elementos encontrada é pequena e nem trivial de enumerar, então a aplicação de métodos
de contagem se faz necessário.
Suponha que se queira contar a quantidade de elementos de um conjunto A, sendo ele um conjunto finito de núme-
ros de dois algarismos distintos, formados a partir dos dígitos 1, 2 e 3. Nesse caso, o número de elementos do conjunto
A é de fácil enumeração, bastando formar todos os elementos e depois fazer a contagem. Logo, A={12,13,21,23,31,32}
e assim o número de elementos de A é n(A)=6. O mesmo não ocorre para o número de elementos do conjunto B com
a lei de formação, sendo este um conjunto finito de números de três algarismos distintos, formado pelos dígitos 1, 2,
3, 4, 5, 6, 7 e 8, pois enumerar todos elementos de B, n(B)=?, agora não é trivial B={123, 124, 125, ..., 876}. Por ser muito
grande esse conjunto é necessário utilizar uma técnica de contagem, onde veremos que n(B)=336.

FATORIAL

O fatorial é uma operação matemática utilizada para simplificar a notação de algumas técnicas de contagem, como
permutação, arranjo e combinatória. Sua definição é bem simples: dado um número inteiro e não negativo, ou seja, n
∈ ℕ, define-se o fatorial de n, com notação de n!:

n! = n ∙ (n – 1) ∙ (n – 2) ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1, para n ≥ 2.

Sendo que, para n=0 ou n=1, temos que os fatoriais são, respectivamente, 1! = 1 e 0! = 1.

O cálculo do fatorial de n=5 é 5! ∙4 ∙3 ∙2 ∙1 = 120, mas quando esse n tende a ser grande o cálculo do fatorial torna-se
mais trabalhoso como para n=12, 12! = 12 ∙11 ∙10 ∙ ... ∙3 ∙2 ∙1 = 479001600. Nesses casos podemos simplificar e usar em
algumas operações essa simplificação para facilitar o cálculo. Assim, temos o fatorial para n=12, 12! = 12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... 3
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

∙ 2 ∙ 1 =12 ∙ 11!, generalizando temos:

(n + 1) != (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙3 ∙ 2 ∙ 1 = (n +1) ∙ n!

(n + 1)!
Nesse sentido, a razão simplificada fica:
(n – 1)!

(n + 1)! (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1)!
= = (n + 1) ∙ n = n² +n
(n – 1)! (n – 1)!

13!
Com n ∈ ℕ temos que aplicando essa ideia na razão temos:
11!

182
13! 13 ∙ 12 ∙ 11!
= = 13 ∙ 12 = 156
11! 11!

PRINCÍPIO MULTIPLICATIVO E ADITIVO DA CONTAGEM

O princípio multiplicativo, também conhecido como o princípio fundamental da contagem, é definido em duas
situações diferentes, sendo a primeira quando se deseja fazer a contagem da combinação de elementos entre dois ou
mais conjuntos, ou seja, cruzamento todos com todos. A segunda é quando se quer contar elementos dessas combi-
nações, mas restringindo elementos a serem combinados.
Na primeira situação podemos inicialmente trabalhar com dois conjuntos A e B, sendo, A = {a₁,a₂, ... , am} com m ele-
mentos e B = {b1, b2, ∙ ∙ ∙, bn}com n elementos. Com isso, podemos formar da combinação de A com B uma quantidade
m ∙ n (princípio multiplicativo) de pares ordenados (ai, bj) com ai ∈ A e bj ∈ B. Podemos visualizar melhor descrevendo
tal combinação em forma de diagrama de árvore:

(a1, b1), ∙∙∙ ,(a1, bn) → n pares


(a2, b1), ∙∙∙ ,(a2, bn) → n pares
m linhas ∙


(am, b1), ∙∙∙ ,(am, bn) → n pares
n + n + ∙∙∙ + n =
m∙n

Suponha que em três cidades, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, existam quatro rodovias que ligam Brasília
a Belo Horizonte e outras cinco rodovias que ligam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. Usando o princípio multiplicativo
podemos saber de quantas formas diferentes podemos chegar ao Rio de Janeiro, saindo de Brasília e passando por
Belo Horizonte. Usando a ideia dos conjuntos A e B anteriores temos o conjunto A ligando Brasília a Belo Horizonte e
o conjunto B ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro:
A = {a₁, a₂, a₃, a₄} e B = {b₁, b₂, b₃, b₄, b₅}
(a1, b1), ∙∙∙ ,(a1, b5) → 5 pares
(a2, b1), ∙∙∙ ,(a2, b5) → 5 pares
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

4 linhas ∙


(a4, b1), ∙∙∙ ,(a4, b5) → 5 pares
5 + 5 + ∙∙∙ + 5 = 4 ∙ 5 = 20

Assim, são 20 formas diferentes de chegar ao Rio de Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo Horizonte.
Generalizando o princípio multiplicativo para qualquer quantidade de conjuntos temos:

183
A = {a₁, a₂, ∙∙∙, an₁} n(A) = n₁ (a1, a2, a3), ∙∙∙ ,(a1, a7, a8) → 7 ∙ 6pares (princí-
B = {b₁, b₂, ∙∙∙, bn₂} n(B) = n₂ pio multiplicativo)
(a2, a1, a3), ∙∙∙ ,(a2, a7, a8) → 7 ∙ 6pares

∙ 8 linhas
∙ ∙


Z = {z₁, z₂, ∙∙∙, zn } n(Z) = nr
r

(a8, a1, a2), ∙∙∙ ,(a8, a7, a6) → 7 ∙ 6pares


Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r ele- 7 ∙ 6+7 ∙ 6+ ∙ ∙ ∙ +7 ∙ 6=8 ∙ 7 ∙ 6 = 336
mentos, do tipo (ai, bj, ∙∙∙, zp), onde ai ∈ A, bj ∈ B, ..., zp, ∈ Z
é n1 ∙ n2 ∙ ... ∙ nr (princípio multiplicativo). Assim, são 336 números distintos formados por três
Agora para a segunda situação podemos inicialmente algarismos distintos com os dígitos de 1 a 8.
trabalhar com um conjunto A, A = {a1, a2, ∙∙∙, am} com m Generalizando então o princípio multiplicativo, com
elementos. Com isso, podemos formar da combinação restrição para elementos distintos, para qualquer quanti-
de A com A tais que, ai ∈ A e aj ∈ A, sendo ai ≠ aj (i ≠j) a dade de elementos temos:
quantidade m ∙ (m – 1) (princípio multiplicativo, com
restrição de elementos no par ordenado) de pares or-
Se A = {a₁, a₂, ∙∙∙, am}, n(A) = m
denados (ai, aj) com ai ∈ A e aj ∈ A. Podemos visualizar
melhor descrevendo tal combinação em forma de dia- com sequências do tipo: (ai,al, ∙∙∙,aj, ∙∙∙,ak)
grama de árvore: r elementos

a quantidade de sequência é: m ∙ (m – 1) ∙ (m – 2) ∙ ...


∙[m – (r –1)]

Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r ele-


mentos, formados com elementos distintos dois a dois, é
m ∙ (m – 1) ∙ ... ∙ [m – (r – 1)] (princípio multiplicativo), onde
a1 ∈ A ∀i ∈ {1, 2, ∙∙∙, m} e a1 ≠ ap para i ≠ p.
Até o momento vimos técnicas de contagem envol-
vendo o princípio multiplicativo, já o princípio aditivo é
empregado em situações em que se deseja a união entre
conjuntos de resultados possíveis, onde em cada um de-
les a contagem será feita utilizando o princípio da mul-
tiplicação e pôr fim a soma deles dará o resultado final
(a1, a2), ∙∙∙ ,(a1, am) → m – 1 pares do número de elementos da união desses conjuntos de
interesse. Por exemplo, qual a quantidade de números
(a2, a1), ∙∙∙ ,(a2, am) → m – 1 pares inteiros positivos abaixo de 1000, formado pelos dígitos
∙ {1, 2, 3}. Note que não foi informada a quantidade de
m linhas ∙ algarismos que devem ter esses números inteiros, assim

eles podem ser conjunto de números de 1 algarismo ou
(am, a1), ∙∙∙ ,(am, am–1) → m – 1 pares números de 2 algarismos ou ainda número de 3 algaris-
mos. Não entram números de 4 algarismos pois eles de-
(m – 1)+(m – 1)+ ∙∙∙ +(m – 1) = m ∙ (m – 1)
vem estar abaixo de 1000. Para resolver esse problema,
iremos utilizar primeiro o princípio multiplicativo e logo
Voltando ao exemplo do início da seção temos o con-
após o princípio da adição, onde somaremos os resul-
junto B, com a lei de formação sendo, um conjunto finito
tados de cada um dos possíveis conjuntos de números
de números de três algarismos distintos formado pelos
em relação ao seus algarismos. Onde temos OU entenda
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Para numerar todos elemen-


como SOMA (princípio aditivo), assim temos:
tos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, por ser muito
grande esse conjunto é necessário utilizar uma técnica de
contagem. Aqui podemos usar o princípio da multiplica- 1algarismo: três possíveis: 1,2,3;
ção, com o caso de restrição, onde para serem elemen- 2algarismo: 3 ∙ 3 =9 possíveis (princípio multiplicativo);
tos distintos, o que aparecer no primeiro algarismo não
3algarismos: 3 ∙ 3 ∙ 3=27 possíveis(princípio multipli-
pode aparecer no segundo, nem no terceiro, ou seja, o
cativo);
número 111 não é elemento de B: A união:3+9+27=39 casos (princípio aditivo)
ARRANJOS, PERMUTAÇÕES E COMBINAÇÕES
A = {a₁, a₂, a₃, a₄, a₅, a₆, a₇, a₈} = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} →
B = {123, 124, 125, ∙∙∙, 876} Da definição do princípio fundamental da contagem
(multiplicativo) podemos deduzir algumas fórmulas de

184
agrupamentos, simplificando com notação de fatorial e ARn, r = nr à AR3, 2 = 32 = 9
definindo alguns casos particulares.
Logo, temos nove pares possíveis de números sor-
Arranjos teados.

Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ∙∙∙, an}, Permutação


chamamos de arranjo dos n elementos tomados r a r (1
≤ r ≤ n) a qualquer sequência de r elementos ou toda Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ∙∙∙, an},
r-upla formada com elementos de N todos distintos. De- chamamos de permutação dos n elementos a todo ar-
notado por: ranjo onde r=n. Denotado por:

An, r =n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙[n – (r – 1)]


n! n! n!
r fatores An, n = = = = n! = Pn
(n – n)! 0! 1

Com simplificação fatorial temos:


#FicaDica
n! A permutação é um caso particular do ar-
An, r
(n – r)! ranjo, em que se queira combinar todos
elementos.
Na mesma definição de arranjo, se as r-upla ordena-
das são formadas por elementos de N não necessaria-
mente distintos, temos a definição de arranjo com repe- Assim, a permutação de um conjunto N = {1, 2, 3},
tição: são todos os arranjos constituídos dos 3 elementos, ou
seja, {123,132,213,231,312,321}. Calculado o número de
ARn, r =n ∙ n ∙ ... ∙ n = nr
permutações temos então Pn = n! à P3 = 3! = 3 ∙ 2 ∙ 1=6.
r fatores Em situações que envolvam condições de contagem,
como em anagramas de palavras, em que o conjunto N
Então, no exemplo do início da seção em que o con- = {a1, a2, ∙∙∙, an} de n elementos, irão existir alguns elemen-
junto B, com a lei de formação é um conjunto finito de tos iguais, ai = ajcom i ≠ j. Neste caso, utiliza-se a técnica
números de três algarismos distintos, formado pelos dí- de permutação com elementos repetidos, de forma geral
gitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, enumerando todos os elemen- temos:
tos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, feito com prin-
cípio multiplicativo, temos o resultado n(B)=336; agora
n!
usando a definição de arranjo sem repetição temos: Pnn₁, n₂, ∙ ∙ ∙, nr =
n1!n2! ∙ ∙ ∙nr!
n! 8! 8! 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5! Suponha que se deseja saber quantos anagramas po-
An,r = à A8,3 = = = =
(n – r)! (8 – 3)! 5! 5! dem ser construídos com a palavra ARARAQUARA? En-
tão, usando a definição de permutação com repetição,
8 ∙ 7 ∙ 6 = 336 da palavra temos 10 letras e duas delas com repetição:

FIQUE ATENTO! n = 10
A à n1 = 5
Note que a solução usando o princípio funda- R à n2 = 3
mental da contagem (multiplicativo) foi exa-
tamente o mesmo que usando a definição de
n! 10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
arranjo, veja ainda que a fórmula do arranjo Pnn₁, n₂ = à P105,3 = = =
n1!n2! 5!3! 5!3!
no final caiu no princípio multiplicativo.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6
= 5040
Para exemplificar o arranjo com repetição podemos 3∙2∙1
usar o problema de sorteio com urnas, onde o núme-
ro sorteado é reposto na urna e pode ser sorteado no-
vamente, ou seja, com reposição (repetição). Seja nesse
contexto uma urna com os números 1, 2 e 3, e em se-
guida um número é sorteado, reposto na urna, e o se-
gundo número é sorteado. Quantas formas possíveis de
sequências de números podem ser observadas? Assim,
usando a definição de arranjo com repetição temos:

185
Combinações BINÔMIO DE NEWTON

Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ∙ ∙ ∙,an}, Desenvolvimento, coeficientes binomiais e termo
chamamos de combinações dos n elementos tomados r geral
a r, os subconjuntos de N constituídos de r elementos.
Denotado por: Usamos as técnicas de contagem como o diagrama
de árvore e o princípio fundamental da contagem para
n! obter o desenvolvimento do binômio (x + a)n com n ∈ N
Cn, r = ,r≤n;∀n,r ∈ N e x, a ∈ ℝ.
r!(n – r)!

Alguns casos particulares já são conhecidos:


FIQUE ATENTO!
Como define-se combinação sendo subcon- • (x + a)0 = 1;
juntos, a ordem dos elementos não interfere. • (x + a)1 = x + a;
Assim, os subconjuntos {a,b} e {b,a}são iguais. • (x + a)2 = x2 + 2xa + a2;
• (x + a)3 = x3 + 3x2a + 3xa2 + a3 .

O exemplo clássico de combinações são os proble- Mas para todo n inteiro, positivo, quanto maior o n
mas envolvendo membros de comissões. Suponha que mais trabalhoso fica:
uma empresa tenha 15 funcionários no setor administra-
(x + a)n =(x + a) ∙ (x + a) ∙ ... ∙ (x + a)
tivo, e se queira formar uma comissão com 3 desses fun-
cionários. De quantas formas possíveis pode-se formar r fatores
essa comissão? Assim, essas comissões são subconjuntos
com elementos funcionários e a ordem dos elementos Seguindo essa ideia de distributiva da multiplicação
dentro dela não interfere, ou seja, esses subconjuntos de em relação aos termos (x+a), a cada fator (x+a), sele-
mesmos elementos, mas de ordem distintas, são iguais. cionamos exatamente um termo, podendo ser x ou a, e
Logo, essa contagem pode ser feita a partir da combi- multiplicamos em seguida. Continua-se o processo até
nação: esgotar todas as seleções possíveis de um termo de cada
fator. Toma-se todos os produtos obtidos e calcula-se
n! 15! 15! sua soma (reduzindo os termos semelhantes). Por fim, a
Cn, r = à C15,3 = = = soma obtida é o desenvolvimento do binômio (x+a)n.
r! (n – r)! 3!(15 – 3)! 3!12!
Para (x+a)2 = (x+a) ∙ (x+a), usando o diagrama de ár-
vore para seleção dos termos, e esgotando as possíveis
15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12! 15 ∙ 14 ∙ 13 seleções para cada termo do fator, temos:
= = 455 .
3!12! 3∙2∙1

#FicaDica
Caso usássemos no exemplo anterior a
ideia de arranjo teríamos um número bem
maior de elementos, visto que a ordem
importa no arranjo. Sendo assim, o arran-
jo contaria como diferentes aqueles sub-
conjuntos que a combinação define como
iguais. Logo, a escolha correta da técnica
(arranjo ou combinação) para a condição
definida é essencial!
n! 15! 15!
An, r = à A15,3 = = =
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

(n – r)! (15 – 3)! 12!


Assim, a soma de todos os produtos é: x ∙ x+x ∙ a+a ∙
x+a ∙ a=x2+2xa+a2.
15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12! Para (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), o mesmo raciocínio:
= 15 ∙ 14 ∙ 13 = 2730 .
12!

186
Onde Cn,0, Cn,1, Cn,2, ..., Cn,p, ..., Cn,n são chamados de
coeficientes binomiais.
Por fim, o termo geral a partir do desenvolvimento
do Teorema Binomial é:

(x+a)n = Cn, p xn – p ap
No desenvolvimento do binômio (1 – 2x2)5, qual
o coeficiente de x8? O termo geral do binômio é:

C5, p (–2x2)5 – p 1p = C5,p (–2)5 – p x2(5 – p) = C5,p (-2)5 – p x10 – 2p

10 – 2p = 8 → p = 1

C5,1 (–2)5 – 1 x10 – 2∙1 = C5,1 (–2)4 x8 = C5,1 16x8 = 5 ∙16x8 = 80x8

Logo, o coeficiente do termo x8 é 80.

Assim a soma de todos os produtos é: x ∙ x ∙ x+x ∙ x ∙ a+x ∙ a


∙ x+x ∙ a ∙ a+a ∙ x ∙ x+a ∙ x ∙ a+a ∙ a ∙ x+a ∙ a ∙ a=x3+3x2a+3xa2+a3 EXERCÍCIOS COMENTADOS

( )
Usando o binômio cúbico e reescrevendo ele em for- 1. (IBADE – 2018) O termo independente de x no desen-
9
ma de combinações temos o seguinte: do binômio (x+a)3 1
volvimento do binômio de Newton x + 2 é:
= (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), se escolhermos um termo de cada x
fator, obteremos três termos (um em cada fator), que são
a) 72.
multiplicados entre si: x3, x2a, xa2 e a3, ou seja, o diagrama
de árvore está na coluna “Produto”. Assim, o primeiro de- b) 78.
les x3 só pode ser obtido de uma única forma que é com c) 80.
a escolha de x para os três fatores. Logo, o coeficiente de d) 84.
x3 no desenvolvimento do binômio é 1 ou C3,0. e) 92.
Para o termo x2a, a quantidade de produtos do tipo

( )
x a no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas são
2 Resposta: Letra D.
9
iguais a x e uma igual a a, da permutação com repetição 1
No desenvolvimento do binômio , o x+
temos: x2
termo independente é aquele cuja a potência é nula,
3! assim o termo geral do binômio é:
P32,1 = = C3,1, logo, o coeficiente de x2a é C3,1.

()
2!1! p
1
C9,p x9 – p = C9,p x9 – p (x –2)p = C9,p x9 – p x –2p =
Para o termo xa2, a quantidade de produtos do tipo x2
xa no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas são
2
C9,p x9 – p –2p = C9,p x9 –3p
iguais a a e uma igual a x, da permutação com repetição 9 – 3p = 0 → p = 3
temos: C9,3 x9 – 3∙3 = C9,3x0 = C9,3∙ 1 = 84

3! Logo, o coeficiente do termo independente, x0, é 84.


p31,2 = = C3,2, logo, o coeficiente de xa2 é C3,2.
1!2!
2. (COMPERVE – 2017) Sete amigos montaram um
Por fim, para o termo a3 só pode ser obtido de uma grupo com o objetivo de estudar para um concurso pú-
única forma que é com a escolha de a para os três fa- blico, mas estabeleceram a seguinte ressalva: o estudo
tores. Logo, o coeficiente de a3 no desenvolvimento do só aconteceria se pelo menos três deles estivessem pre-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

binômio é 1 ou C3,3. sentes. O número de maneiras distintas que esse grupo


Finalmente temos o desenvolvimento do binômio cú- pode se reunir e estudar é:
bico:
a) 121.
(x+a)3 = C3,0x3+C3,1x2a+C3,2xa2+C3,3a3. b) 99.
c) 75.
Desse exemplo, podemos definir então o Teorema d) 63.
Binomial. Seja o binômio (x+a)n com n ∈ ℕ e x, a ∈ ℝ, o
desenvolvimento do binômio é dado por: Resposta: Letra B.
Para solução do problema usaremos o princípio mul-
(x+a)n = Cn,0 xn+Cn,1 xn – 1a1+Cn,2 xn – 2a2+ ... +Cn, p xn – p tiplicativo (formado de combinatório) e aditivo da te-
ap+ ... +Cn, n an oria de contagem. Seja o conjunto de amigos A= {a1,

187
a2, a3, a4, a5, a6, a7} , sendo cada elemento um amigo,
sabendo-se que a reunião do grupo acontece com a) Inferior a 150.
pelo menos 3 amigos, assim o conjunto solução será a b) Superior a 150 e inferior a 160.
união de cinco situações possíveis, são elas: 3 amigos c) Superior a 160 e inferior a 170.
entre os 7, 4 amigos entre os 7, 5 amigos entre os 7, d) Superior a 170 e inferior a 180.
6 amigos entre os 7 e por fim com participação de e) Superior a 180.
todos os 7 amigos. Cada situação é considerada uma
combinação, visto que a permuta de posição entre os Resposta: Letra A.
amigos no conjunto não interfere no resultado. Logo Fixando as letras repetidas no anagrama da palavra
temos: TERRACAP, n=8 letras, como as quatro primeiras le-
tras, então temos duas situações de contagem, e após
7! 7! 7! isso o uso do princípio multiplicativo entre eles, devi-
C7,3 + C7,4 + C7,5 + C7,6 + C7,7 = + + + do a interseção dos resultados pedidos. Então fixando
4!3! 3!4! 2!5!
RRAA para as quatro primeiras podemos usar a per-
7! 7! mutação com repetição para ver de quantas formas
+ = 35+35+21+7+1=99
1!6! 0!7! possíveis podemos permutar essas letras nas quatro
primeiras do anagrama:
Assim, o resultado de maneiras distintas que esse gru- n = 4; n1 = 2; n2 = 2
po pode se reunir é 99.
n! 4! 4 ∙ 3 ∙ 2! 4 ∙3
Pnn1,n2 = à P42,2 = = = =6
n1!n2! 2!2! 2 ∙ 1 ∙ 2! 2 ∙1
3. (VUNESP – 2016) Em um município, há dois novos
polos industriais, A e B, com 72 e 54 empresas, respecti-
Assim, temos 6 resultados possíveis para as 4 primei-
vamente. Para efeito de fiscalização, essas empresas de-
ras letras do anagrama. Para as outras 4 letras que
verão ser totalmente divididas em grupos. Todos os gru-
faltam, temos ainda a permutação das letras TECP, Pn
pos deverão ter o mesmo número de empresas, sendo
= n! à P4 = 4! = 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 24. Logo, pelo princípio
esse número o maior possível, de modo que cada grupo
multiplicativo temos 6x24=144, que é inferior a 150.
tenha empresas de um só polo e que não reste nenhuma
fora de um grupo. Nessas condições, o número de gru-
5. (FPS – 2017) Para a realização de certa cirurgia são
pos formados será:
necessários 2 cirurgiões, 1 anestesista e 3 enfermeiros.
Dentre os profissionais de um hospital aptos para reali-
a) 3.
zar a cirurgia, estão 5 cirurgiões, 4 anestesistas e 10 en-
b) 5.
fermeiros. De quantas maneiras pode ser constituída a
c) 6.
equipe que fará a cirurgia?
d) 7.
e) 9.
a) 4700.
b) 4800.
Resposta: Letra D.
c) 4900.
Seja o número de elementos dos conjuntos de empre-
d) 5000.
sas dos polos A e B, respectivamente, n(A) = 72 e n(B)
e) 5100.
= 54, se devemos ter o mesmo número de empresas
em cada grupo e esse número seja o maior possível,
Resposta: Letra B.
então a diferença entre o número de empresas do polo
Nesse caso, temos que para realização da cirurgia são
A em relação a B é de 18. Retirando esses 18 do polo
necessários 6 profissionais, dentre eles 2 cirurgiões, 1
B temos os dois polos com a mesma quantidade de
anestesista e 3 enfermeiros. Dispomos de um total de
empresas, 54 tanto para A quanto para B. Desses 54
19 profissionais, sendo 5 cirurgiões, 4 anestesistas e 10
podemos distribuir grupos de 18 empresas para cada
enfermeiros, logo esses últimos são nossos n, nc = 5;
polo, ficando então 3 grupos de 18 empresas para o
nanest = 4; nenf = 10,, já os necessários na cirurgias nos-
polo A e B, sobrando mais um grupo de 18 empresas
sos r, rc = 2; ranest = 1; renf = 3. Para contar a quantidade
só do polo B, assim, o polo A ficou com 3 grupos de
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

de combinações possíveis em cada grupo de profis-


18 empresas e o polo B com 4 grupos de 18 empresas.
sionais usaremos a técnica de combinatório, visto que
Logo, número de grupos formados por 18 empresas
a troca de posição ou de ordem dos profissionais não
desses polos foi de 7.
interfere, ou seja, são subconjuntos semelhantes ou
iguais. E por fim, aplicamos o princípio multiplicativo
4. (QUADRIX – 2017) Um anagrama de determinada pa-
para obter todos resultados possíveis:
lavra é uma “palavra” — que pode ou não ter significado
— formada pelas mesmas letras da palavra dada inicial- Cir e Cir e Anest e Enf e Enf e Enf
mente. Assim, a quantidade de anagramas que se pode C5,2 C4,1 C10,3
formar com a palavra TERRACAP, de modo que as quatro
primeiras letras sejam os anagramas de RRAA — as letras C5,2 ⨉ C4,1 ⨉ C10,3 = 10 ⨉ 4 ⨉ 120 = 4800
repetidas da palavra dada — é:

188
REFERÊNCIAS mento de uma moeda. Após o lançamento há duas pos-
sibilidades: cara e coroa (espaço amostral). Diz-se, então,
DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e apli- que “sair cara” é um evento do experimento aleatório
cações. 3. ed. São Paulo: Ática, 2016. 3 v. “lançar uma moeda”. Já no lançamento de um dado, “sair
3” é um evento desse experimento. Assim como “sair 4”,
IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de Matemática e todos os outros números.
Elementar. 3. ed. São Paulo: Atual, 1977. 10 v. Geralmente, em um exercício de concurso público o
objetivo é encontrar a probabilidade da ocorrência de
IEZZI, Gelson et al. Matemática: ciência e aplicações. um evento. Se o exercício pede para calcular a proba-
9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 3 v. bilidade de “sair 5 em um lançamento de um dado”, o
evento desejado será “sair 5”.
LEONARDO, Fabio Martins de et al. Conexões com O evento é denotado por E e o número de eventos
a Matemática. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2016. 3 v. possíveis é denotado por n(E). Seguindo no exemplo do
lançamento de um dado, deseja-se saber a probabilida-
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática. 2. ed. São de de “sair um número par”. Os eventos possíveis são
Paulo: Moderna, 2010. 3 v. E={2,4,6} e, portanto, há três possibilidades para esse
evento. Logo, n(E)=3.
SOUZA, Joamir Roberto de; GARCIA, Jacqueline da
Silva Ribeiro. #Contato Matemática. 1. ed. São Pau- PROBABILIDADE DE UM EVENTO QUALQUER
lo: FTD, 2016. 3 v.
A probabilidade da ocorrência de um evento qual-
quer representa a chance de ocorrência desse evento.
PRINCÍPIOS SIMPLES DE PROBABILIDADE
Seja um evento E, contido em um espaço amostral S. A
probabilidade de ocorrência de E é definida por:
No estudo de probabilidade, todos os casos estuda-
dos serão considerados experimentos aleatórios, ou seja, n(E)
P (E) =
experimentos no qual o resultado não seja conhecido n(S)
previamente. Diz-se então que o resultado é imprevisível.
Há alguns exemplos clássicos como o lançamento de É possível ver a aplicação dessa fórmula em situações
um dado (qualquer número pode ser o resultado), reti- simples. Considere o lançamento de um dado não vicia-
rada da carta de um baralho completo, lançamento de do. Calculam-se as seguintes probabilidades:
uma moeda (cara e coroa), entre tantos outros exemplos.
Para iniciar o estudo de probabilidades é necessário • probabilidade do resultado do lançamento ser
definir alguns conceitos fundamentais que serão utiliza- igual a 5;
dos em todos os tópicos desse capítulo. São eles: espaço • probabilidade do resultado do lançamento ser um
amostral e evento. número ímpar

Espaço amostral Solução:


Para ambos os casos, o espaço amostral é
O espaço amostral é definido como o conjunto uni- S={1,2,3,4,5,6} e, consequentemente, n(S)=6. No item a),
verso de um experimento aleatório qualquer. Em resu- para o evento (resultado do lançamento ser igual a 5)
mo, é um conjunto que contém todas as possibilidades há somente uma possibilidade. Portanto, E={5} e, n(E)=1.
de um experimento. Por exemplo, em um lançamento de Assim, nesse caso, a probabilidade do resultado do lan-
uma moeda há duas possibilidades, apenas: cara ou co- çamento ser igual a 5 é:
roa. Portanto, o espaço amostral do lançamento de uma
moeda contém dois elementos (cara e coroa). O espaço n(E) 1
amostral é denotado pela letra S, e o número de elemen- P (E) = = = 0,16,67%
tos por n(S). Assim, nesse caso do lançamento de uma n(S) 6
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

moeda tem-se que: S={Cara, Coroa} e n(S)=2.


Considerando um outro exemplo, o lançamento de Já no item b), para o evento (resultado do lançamento
um dado não viciado (ou seja, no lançamento todo nú- ser um número ímpar) há três possibilidades, E={1,3,5} e,
mero tem a mesma chance de ser o resultado), o espaço n(E)=3. Assim, nesse caso, a probabilidade do resultado
amostral é: S={1,2,3,4,5,6} e, portanto, n(S)=6. do lançamento ser igual a 5 é:

Evento n(E) 3
P (E) = = = 0,5 = 50%
n(S) 6
Evento é um subconjunto do espaço amostral, ou
seja, é uma das possibilidades do experimento aleatório.
Considere o primeiro exemplo da seção anterior, o lança-

189
#FicaDica #FicaDica
A resposta de uma probabilidade pode ser Geralmente utiliza-se essa regra quando
dada tanto na forma de uma fração ou de no enunciado há o conectivo “e”, quando
uma porcentagem. se deseja calcular a probabilidade de que
ambos os eventos ocorram.

Veja um outro exemplo:


Considere um baralho completo (52 cartas, 13 de Considere um dado não viciado. Qual a probabilida-
cada naipe – paus, espadas, ouros e copas). Desse bara- de de que, em dois lançamentos consecutivos, os dois
lho será sorteada uma carta qualquer. Calcule as seguin- números sejam pares? O enunciado deseja calcular a
tes probabilidades: probabilidade de que o primeiro número seja par e o
segundo, também (note o destaque no conectivo “e”).
• probabilidade da carta sorteada ser o número 6. Assim, são considerados os dois eventos:

O espaço amostral corresponde a todas as cartas do • resultado do lançamento ser um número par
baralho (não serão todas escritas aqui para não poluir o • resultado do lançamento ser um número par
texto). Ou seja, n(S)=52, que é o total de cartas do bara-
lho. Já o evento (carta ser igual ao número 6), pode ter Nesse caso, ambos os eventos são iguais então basta
calcular a probabilidade de um deles para utilizar a re-
quatro possibilidades pois em um baralho completo há 4
gra do produto. Vale destacar que não necessariamente
cartas de cada número ou letra, sendo uma de cada nai-
as probabilidades dos eventos independentes serão as
pe. n(E)=4. Logo, a probabilidade pedida é igual a:
mesmas, afinal não é sempre que os eventos serão iguais.
Como já visto em exemplos anteriores, o espaço
n(E) 4 1 amostral no lançamento de um dado é S={1,2,3,4,5,6}
P (E) = = = e n(S)=6. Já para o evento “resultado ser par”, tem-se
n(S) 52 13
A={2,4,6} e, portanto, n(A)=3. Logo, a probabilidade da
• a probabilidade da carta sorteada ser uma letra. ocorrência do evento A (e consequentemente do evento
B) é igual a: P(A)=n(A)/n(S) =3/6=1/2. Agora, aplica-se a
No baralho há cartas com números e letras, sendo elas regra do produto, para calcular a probabilidade de que
ambos os eventos ocorram:
J, Q e K (valete, rainha e rei, respectivamente). Para cada
naipe há três cartas que são letras e como há quatro nai-
pes no baralho, o total de cartas que são letras é igual a 1 1 1
P(∧ ∩ B) = P(A) · P(B) = · = = 0,25 = 25%
4∙3=12. Assim, n(E)=12 e a probabilidade pedida é igual a: 12 2 4

n(E) 12 3 Considere uma urna com 4 bolas verdes e 5 bolas


P (E) = = = amarelas. Uma pessoa irá retirar duas bolas dessa urna,
n(S) 52 13
sem reposição, ou seja, após retirada a bola não retorna
para a urna. Calcule a probabilidade de, em um mesmo
Probabilidade de eventos independentes
sorteio, ambas as bolas sorteadas serem amarelas.
Problemas com sorteio de objetos são comuns. Aqui
Eventos são independentes quando a ocorrência de
é sempre importante saber se há ou não reposição entre
um não interfere na chance do outro ocorrer. Por exem-
um sorteio e outro pois isso afeta diretamente o cálcu-
plo, ao lançar um dado não viciado duas vezes consecu-
lo. Nesse caso não há reposição e, portanto, o espaço
tivas, o resultado do primeiro lançamento não interfere
amostral muda para cada evento. O exercício deseja sa-
em nada o resultado do segundo lançamento. Assim,
ber a probabilidade de que a primeira bola seja amarela
dois lançamentos de um mesmo dado são eventos in-
e a segunda, também. Para o primeiro sorteio, há 9 bolas
dependentes.
na urna e, portanto, n(S)=9. O total de bolas amarelas é
Aqui tem origem o cálculo de probabilidades de even-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

igual a 5. Logo, a probabilidade de, no primeiro sorteio, a


tos independentes e a regra para esse cálculo é conhecida
bola sorteada ser amarela é igual a:
por “regra do produto”. Sejam dois eventos independen-
tes A e B. A probabilidade da ocorrência de ambos é de-
notada por P(A∩B) e o seu cálculo é dado por: n(∧) 5
P (∧) = =
n(S) 9
P(A∪B) = P (A) . P(B)
Para o segundo sorteio, como não há reposição, há
8 bolas na urna sendo 4 delas amarelas. Assim, o espaço
amostral desse evento é igual a n(S)=8 e o total de possi-
bilidades para o evento é igual a n(B)=4. A probabilidade
de uma bola sorteada no segundo sorteio ser amarela é:

190
1
P (B) =
8

Assim, a probabilidade de que ambas as bolas sorteadas sejam amarelas é igual a:

5 4 20 5
P(A ∩ B) = P(A) · P(B) = · = =
9 8 72 18

Probabilidade com união e intersecção de eventos

Nesse caso, serão considerados dois eventos e de um mesmo espaço amostral . É possível que entre esses eventos
haja algum elemento em comum ou não. A probabilidade de ocorrer a união desses dois eventos é calculada por:

P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B)

#FicaDica
Geralmente utiliza-se essa regra quando
no enunciado há o conectivo “ou”, quan-
do deseja-se calcular a probabilidade de
ocorra um evento ou o outro.

Considere um baralho completo. Qual é a probabilidade de, ao sortear uma carta, essa carta ser um valete ou um ás?
Os eventos considerados são os seguintes:

• A: carta ser um valete


• B: carta ser um ás

Nesse caso, os eventos não possuem elementos em comum pois é impossível que a carta sorteada seja, ao mesmo
tempo, um valete e um ás. Assim, na fórmula apresentada acima, o último termo é nulo, P(A∩B)=0. Portanto a proba-
bilidade pedida será, simplesmente:

P(A ∪ B) = P(A) + P(B)

Em um baralho de 52 cartas (n(S) = 52), há 4 valetes (n(A) = 4) e 4 ases (n(B) = 4). Assim, a probabilidade de cada
um dos eventos será igual a:

n(A) 4 1
P( A ) = = =
n(S) 52 13

ou

n(B) 4 1
P( B) = = =
n(S) 52 13
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Portanto, a probabilidade pedida será igual a:

1 1 2
P(A ∪ B) = + =
13 13 13

Considere um baralho completo. Qual é a probabilidade de, ao sortear uma carta, essa carta ser um rei ou uma carta
de espada?
Os eventos considerados são os seguintes:

191
• A: carta ser um rei
• B: carta ser de espadas

Analogamente ao exemplo anterior, em um baralho de 52 cartas (n(S)=52), há 4 reis (n(A)=4) e 13 cartas de espadas
(n(B)=13). Assim, a probabilidade de cada um dos eventos será igual a:

n(A) 4 1
P( A ) = = =
n(S) 52 13

n(B) 13 1
P( B) = = =
n(S) 52 4

Mas nesse caso, os eventos têm um elemento em comum pois, ao sortear uma carta é possível que ela seja ao mes-
mo tempo um rei de espadas e, portanto, pertence aos dois eventos simultaneamente. Nesse caso, o terceiro termo da
expressão para o cálculo da probabilidade com união de eventos, não é nulo e deve ser calculado. Nesse caso, como
há somente um rei de espadas em 52 cartas, a probabilidade da ocorrência simultânea entre os eventos A e B é igual a:

1
P (A ∩ B) =
52

Assim, a probabilidade de carta sorteada ser um rei ou uma carta de espadas é igual a:

1 1 1 16 4
P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P (A ∩ B) = · = = =
13 4 52 52 13

PROBABILIDADE CONDICIONAL

Entende-se por probabilidade condicional a probabilidade da ocorrência de um evento, sabendo-se que um outro
evento dependente já ocorreu. Sejam os eventos A e B, a probabilidade do evento A ocorrer sabendo-se da ocorrência
de B é denotada por P(A/B) e lê-se “probabilidade de A dado B”. O cálculo dessa probabilidade é dado por:

P (A ∩ B)
P(A/B) =
P(B)

Um problema que envolve o cálculo de uma probabilidade condicional pode ser resolvido com o auxílio do Diagra-
ma de Venn. A seguir, um exemplo:
Em uma equipe, todos são formados em administração, porém, cada um tem uma especialização diferente. Dos 20
membros da equipe, 12 possuem especialização em marketing, 8 possuem especialização em finanças e 2 possuem
ambas as especializações. Calcule a probabilidade de um membro da equipe que possui a especialização em finanças
também possuir em marketing.
Solução:
É um problema de probabilidade condicional, pois deseja-se saber a probabilidade de um membro da equipe
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

possuir a especialização em marketing, sabendo que ele possui especialização em finanças. Para auxiliar, monta-se o
diagrama de Venn do problema:

Sejam os eventos

192
A: ter especialização em marketing;
B: ter especialização em finanças.
A probabilidade de que um membro possua ambas a especializações é dada por:

2 1
P(A ∩ B) = =
20 10

A probabilidade de que ele tenha especialização em finanças é igual a

8 2
P(B) = =
20 5

Assim, a probabilidade de um membro ter especialização em marketing, sabendo que ele possui especialização em
finanças é dada por:

P(A ∩ B) 1/2 1 5 5 1
P(A/B) = = = · = =
P(B) 2/5 10 2 20 4

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (UPE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – IAUPE – 2017) Uma loja pretende dar um brinde aos dois primeiros clien-
tes do dia. Qual a probabilidade de esses clientes serem do mesmo sexo?

a) 25%
b) 5%
c) 100%
d) 20%
e) 50%

Resposta: Letra E.
Há duas possibilidades nesse caso: ou ambas as clientes são mulheres ou ambos são homens. A probabilidade de um
1
cliente ser homem ou mulher é de 50%, ou . Assim, a probabilidade de ambas serem mulheres é:
2
1 1 1
P = · =
2 2 4
Que é a mesma probabilidade de ambos serem homens. Como não é possível que um cliente seja homem e mulher
ao mesmo tempo, a probabilidade pedida é igual a:
1 1 2 1
P = P(homens) + p(mulheres) → P = + = = → P = 0,5 = 50%
4 4 4 2

2. (AL-RO – ASSISTENTE LEGISLATIVO – FGV – 2018) Em uma caixa há 4 cartões amarelos e 6 cartões vermelhos.
Foram retirados, aleatoriamente, 2 cartões da caixa. A probabilidade de os dois cartões retirados serem vermelhos é de

a) 1/2
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

b) 1/3
c) 1/4
d) 1/5
e) 1/6

Resposta: Letra B.
Os sorteios, de cada um dos cartões, são eventos independentes. Como não haverá reposição, após o sorteio do
primeiro cartão vermelho, restarão 5 cartões na caixa. A probabilidade pedida é igual a
6 5 30 1
P = · = =
10 9 90 3

193
3. (CÂMARA DE CURRAIS NOVOS – AGENTE – COMPERVE – 2017) Em uma pesquisa realizada com 1.100 moradores
da cidade de Currais Novos, identificou-se que 650 consomem queijo manteiga e 600 consomem queijo coalho. Saben-
do que nesse grupo de moradores existem aqueles que consomem os dois tipos de queijos e que todos os pesquisados
consomem pelo menos um dos tipos, ao se escolher aleatoriamente um morador que gosta de queijo manteiga, a
probabilidade de que ele também consuma queijo coalho é de

a) 3/22
b) 3/13
c) 3/10
d) 3/25

Resposta: Letra B.
Trata-se de um problema de probabilidade condicional, pois deseja-se saber a probabilidade de um morador consu-
mir queijo de coalho sabendo-se que ele gosta de queijo manteiga. O diagrama de Venn do problema é o seguinte
(não é conhecida a quantidade de moradores que consome ambos os queijos):

Como há 1100 moradores: 650 – x + x + 600 – x = 1100 → 1250 – x = 1100 → x = 150. Atualizando o diagrama de
Venn:

Assim, considerando os 650 moradores que consomem queijo manteiga, desses 650, nota-se que 150 também con-
somem queijo de coalho. A probabilidade pedida é, então, igual a:
150 3
P = =
650 13

PROBLEMAS DE RACIOCÍNIO ENVOLVENDO SITUAÇÕES DO COTIDIANO

Raciocínio Lógico Dedutivo

A dedução é uma inferência que parte do universal para o mais particular. Assim considera-se que um raciocínio
lógico é dedutivo quando, de uma ou mais premissas, se conclui uma proposição que é conclusão lógica da(s) premis-
sa(s). A dedução é um raciocínio de tipo mediato, sendo o silogismo uma das suas formas clássicas. Iniciaremos com a
compreensão das sequências lógicas, onde devemos deduzir, ou até induzir, qual a lei de formação das figuras, letras,
símbolos ou números, a partir da observação dos termos dados.
Humor Lógico
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

194
Orientações Espacial e Temporal Sequências Lógicas

Orientação espacial e temporal verifica a capacidade As sequências podem ser formadas por números,
de abstração no espaço e no tempo. Costuma ser co- letras, pessoas, figuras, etc. Existem várias formas de se
brado em questões sobre a disposições de dominós, estabelecer uma sequência, o importante é que existam
dados, baralhos, amontoados de cubos com símbolos pelo menos três elementos que caracterize a lógica de
especificados em suas faces, montagem de figuras com sua formação, entretanto algumas séries necessitam de
subfiguras, figuras fractais, dentre outras. Inclui também mais elementos para definir sua lógica. Algumas sequên-
as famosas sequências de figuras nas quais se pede a cias são bastante conhecidas e todo aluno que estuda
próxima. Serve para verificar a capacidade do candidato lógica deve conhecê-las, tais como as progressões arit-
em resolver problemas com base em estímulos visuais. méticas e geométricas, a série de Fibonacci, os números
primos e os quadrados perfeitos.
Raciocínio Verbal
Sequência de Números
O raciocínio é o conjunto de atividades mentais que
consiste na associação de ideias de acordo com deter- Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um
minadas regras. No caso do raciocínio verbal, trata-se da mesmo número.
capacidade de raciocinar com conteúdos verbais, esta-
belecendo entre eles princípios de classificação, ordena-
ção, relação e significados. Ao contrário daquilo que se
possa pensar, o raciocínio verbal é uma capacidade inte-
lectual que tende a ser pouco desenvolvida pela maioria Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemen-
das pessoas. No nível escolar, por exemplo, disciplinas te um mesmo número.
como as línguas centram-se em objetivos como a orto-
grafia ou a gramática, mas não estimulam/incentivam à
aprendizagem dos métodos de expressão necessários
para que os alunos possam fazer um uso mais completo
da linguagem. Por outro lado, o auge dos computadores Incremento em Progressão: O valor somado é que
e das consolas de jogos de vídeo faz com que as crianças está em progressão.
costumem jogar de forma individual, isto é, sozinhas (ou
com outras crianças que não se encontrem fisicamente
com elas), pelo que não é feito um uso intensivo da lin-
guagem. Uma terceira causa que se pode aqui mencionar
para explicar o fraco raciocínio verbal é o fato de jantar
em frente à televisão. Desta forma, perde-se o diálogo no Série de Fibonacci: Cada termo é igual a soma dos
seio da família e a arte de conversar. dois anteriores.
Entre os exercícios recomendados pelos especialistas
para desenvolver o raciocínio verbal, encontram-se as 1 1 2 3 5 8 13
analogias verbais, os exercícios para completar orações, a
ordem de frases e os jogos onde se devem excluir certos Números Primos: Naturais que possuem apenas dois
conceitos de um grupo. Outras propostas implicam que divisores naturais.
sigam/respeitem certas instruções, corrijam a palavra
inadequada (o intruso) de uma frase ou procurem/des- 2 3 5 7 11 13 17
cubram antônimos e sinônimos de uma mesma palavra.
Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes
Lógica Sequencial são naturais.

O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e 1 4 9 16 25 36 49


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

mental. Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais


proposições, para concluir através de mecanismos de Sequência de Letras
comparações e abstrações, quais são os dados que levam
às respostas verdadeiras, falsas ou prováveis. Foi pelo As sequências de letras podem estar associadas a
processo do raciocínio que ocorreu o desenvolvimento uma série de números ou não. Em geral, devemos escre-
do método matemático, este considerado instrumento ver todo o alfabeto (observando se deve, ou não, contar
puramente teórico e dedutivo, que prescinde de dados com k, y e w) e circular as letras dadas para entender a
empíricos. Logo, resumidamente o raciocínio pode ser lógica proposta.
considerado também um dos integrantes dos mecanis-
mos dos processos cognitivos superiores da formação ACFJOU
de conceitos e da solução de problemas, sendo parte do
pensamento.

195
Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses cionarmos agora um quadrado de lado 3, obtemos um
números estão em progressão. retângulo 5 x 3. Observe a figura a seguir e veja que os
lados dos quadrados que adicionamos para determinar
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU os retângulos formam a sequência de Fibonacci.
B1 2F H4 8L N16 32R T64

Nesse caso, associou-se letras e números (potências


de 2), alternando a ordem. As letras saltam 1, 3, 1, 3, 1, 3
e 1 posições.

ABCDEFGHIJKLMNOPQRST

Sequência de Pessoas
Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto
de circunferência inscrito em cada quadrado, encontra-
Na série a seguir, temos sempre um homem seguido
remos uma espiral formada pela concordância de arcos
de duas mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma
cujos raios são os elementos da sequência de Fibonacci.
posição múltipla de três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulhe-
res e a posição dos braços sempre alterna, ficando para
cima em uma posição múltipla de dois (2º, 4º, 6º, 8º,...).
Sendo assim, a sequência se repete a cada seis termos,
tornando possível determinar quem estará em qualquer
posição.

Sequência de Figuras
O Partenon que foi construído em Atenas pelo céle-
Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão bre arquiteto grego Fidias. A fachada principal do edifí-
visto na sequência de pessoas ou simplesmente sofrer cio, hoje em ruínas, era um retângulo que continha um
rotações, como nos exemplos a seguir. quadrado de lado igual à altura. Essa forma sempre foi
considerada satisfatória do ponto de vista estético por
suas proporções sendo chamada retângulo áureo ou re-
tângulo de ouro.

Sequência de Fibonacci

O matemático Leonardo Pisa, conhecido como Fibo-


nacci, propôs no século XIII, a sequência numérica: (1, 1,
2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, …). Essa sequência tem uma lei
de formação simples: cada elemento, a partir do terceiro,
é obtido somando-se os dois anteriores. Veja: 1 + 1 = 2, 2
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

+ 1 = 3, 3 + 2 = 5 e assim por diante. Desde o século XIII,


muitos matemáticos, além do próprio Fibonacci, dedica- Como os dois retângulos indicados na figura são se-
ram-se ao estudo da sequência que foi proposta, e foram melhantes temos: (1).
encontradas inúmeras aplicações para ela no desenvolvi-
mento de modelos explicativos de fenômenos naturais. Como: b = y – a (2).
Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0.
Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma
das maravilhas da Matemática. A partir de dois quadra- Resolvendo a equação:
dos de lado 1, podemos obter um retângulo de lados
2 e 1. Se adicionarmos a esse retângulo um quadrado
em que não convém.
de lado 2, obtemos um novo retângulo 3 x 2. Se adi-

196
Exemplo 3
Logo:

Esse número é conhecido como número de ouro e


pode ser representado por:

Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor


lado for igual a é chamado retângulo áureo como o caso
da fachada do Partenon.
As figuras a seguir possuem números que represen-
tam uma sequência lógica. Veja os exemplos:
Exemplo 1

Multiplicar os números sempre por 3.

1x3=3
3x3=9
9 x 3 = 27
27 x 3 = 81
81 x 3 = 243
A sequência numérica proposta envolve multiplica- 243 x 3 = 729
ções por 4. 729 x 3 = 2187
6 x 4 = 24
24 x 4 = 96 Exemplo 4
96 x 4 = 384
384 x 4 = 1536

Exemplo 2

A diferença entre os números vai aumentando 2 uni-


dades.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

A diferença entre os números vai aumentando 1 unidade. 24 – 22 = 2


28 – 24 = 4
13 – 10 = 3 34 – 28 = 6
17 – 13 = 4 42 – 34 = 8
22 – 17 = 5 52 – 42 = 10
28 – 22 = 6 64 – 52 = 12
35 – 28 = 7 78 – 64 = 14

197
Se tal critério for mantido, para obter as figuras subse-
quentes, o total de pontos da figura de número 15 de-
EXERCÍCIOS COMENTADOS verá ser:

1. Observe atentamente a disposição das cartas em cada a) 69


linha do esquema seguinte: b) 67
c) 65
d) 63
e) 61

Resposta Letra D.
Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de
simetria, tem-se:
Na figura 1: 01 ponto de cada lado à 02 pontos no
total.
Na figura 2: 02 pontos de cada lado à 04 pontos no
total.
Na figura 3: 03 pontos de cada lado à 06 pontos no
total.
Na figura 4: 04 pontos de cada lado à 08 pontos no
total.
Na figura n: n pontos de cada lado à 2.n pontos no
total.
A carta que está oculta é: Em particular:
Na figura 15: 15 pontos de cada lado à 30 pontos no
a) b) c) total.
Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de sime-
tria, tem-se:
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo à 04 pontos
no total.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo à 06 pontos
no total.
d) e) Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo à 08 pontos
no total.
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo à 10 pontos
no total.
Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo à 2.(n+1)
pontos no total.
Em particular:
Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo à 32 pontos
Resposta: Letra A. no total. Incluindo o ponto central, que ainda não foi
A diferença entre os números estampados nas cartas considerado, temos para total de pontos da figura 15:
1 e 2, em cada linha, tem como resultado o valor da Total de pontos = 30 + 32 + 1 = 63 pontos.
3ª carta e, além disso, o naipe não se repete. Assim,
a 3ª carta, dentro das opções dadas só pode ser a da 3. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000,
opção (A). 990, 970, 940, 900, 850, ...

2. Considere que a sequência de figuras foi construída a) 800


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

segundo um certo critério. b) 790


c) 780
d) 770

Resposta Letra B.
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre
1000 e 990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e
940 é 30, entre 940 e 900 é 40, entre 900 e 850 é 50,
portanto entre 850 e o próximo número é 60, dessa
forma concluímos que o próximo número é 790, pois:
850 – 790 = 60.

198
4. Na sequência lógica de números representados nos A única alternativa cuja figura representa a planificação
hexágonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de desse cubo tal como deseja Ana é:
um deles que pode ser:

a)

b)

c)
a) 76
b) 10
c) 20
d) 78 d)
Resposta Letra D.
Nessa sequência lógica, observamos que a diferença:
entre 24 e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, e)
entre 42 e 34 é 8, entre 52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é
12, portanto entre o próximo número e 64 é 14, dessa Resposta Letra A.
forma concluímos que o próximo número é 78, pois: Na figura apresentada na letra “B”, não é possível ob-
76 – 64 = 14. ter a planificação de um lado, pois o 4 estaria do lado
oposto ao 6, somando 10 unidades. Na figura apre-
5. Uma criança brincando com uma caixa de palitos de sentada na letra “C”, da mesma forma, o 5 estaria em
fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme face oposta ao 3, somando 8, não formando um lado.
indicado abaixo: Na figura da letra “D”, o 2 estaria em face oposta ao 4,
não determinando um lado. Já na figura apresentada
na letra “E”, o 1 não estaria em face oposta ao número
............. 6, impossibilitando, portanto, a obtenção de um lado.
1° 2° 3°
Logo, podemos concluir que a planificação apresen-
tada na letra “A” é a única para representar um lado.
Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?
7. As figuras da sequência dada são formadas por partes
a) 20 palitos iguais de um círculo.
b) 25 palitos
c) 28 palitos
d) 22 palitos

Resposta Letra D. Continuando essa sequência, obtém-se exatamente 16


Observe a tabela: círculos completos na:

Figuras 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª a) 36ª figura


b) 48ª figura
Nº de Palitos 4 7 10 13 16 19 22 c) 72ª figura
d) 80ª figura
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Temos de forma direta, pela contagem, a quantidade e) 96ª figura


de palitos das três primeiras figuras. Feito isto, basta
perceber que cada figura a partir da segunda tem a Resposta Letra B.
quantidade de palitos da figura anterior acrescida de Como na 3ª figura completou-se um círculo, para
3 palitos. Desta forma, fica fácil preencher o restante completar 16 círculos é suficiente multiplicar 3 por 16 :
da tabela e determinar a quantidade de palitos da 7ª 3 . 16 = 48. Portanto, na 48ª figura existirão 16 círculos.
figura.
8. Analise a sequência a seguir:
6. Ana fez diversas planificações de um cubo e escre-
veu em cada um, números de 1 a 6. Ao montar o cubo,
ela deseja que a soma dos números marcados nas faces
opostas seja 7.

199
Admitindo-se que a regra de formação das figuras se-
guintes permaneça a mesma, pode-se afirmar que a figu-
ra que ocuparia a 277ª posição dessa sequência é:
HORA DE PRATICAR!

(A) (B) 1. (FGV – 2019) Em uma urna há 10 bolas brancas nu-


meradas de 1 a 10 e 5 bolas pretas numeradas de 1 a 5.
Retiram-se, em sequência e sem reposição, duas bolas da
urna. A probabilidade de a segunda bola retirada ser uma

bola preta com um número par é
(C) (D) 1
a)
7
3
b)
14

2
c) 15
(E)
4
d)
15
2
e)
7
Resposta Letra B.
2. (FGV – 2019) Entre as pessoas A, B, C, D, E, duas delas
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. As-
serão escolhidas por sorteio para integrarem o conselho
sim, continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A diretor de uma empresa. O diretor da empresa conhece
figura de número 277 ocupa, então, a mesma posição essas cinco pessoas e disse: “Gostaria que A ou B fossem
das figuras que representam número 5n + 2, com n N. sorteados, mas não gostaria que D fosse sorteado”.
Ou seja, a 277ª figura corresponde à 2ª figura, que é A probabilidade de que o desejo do diretor da empresa
representada pela letra “B”. se realize é de:

9. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual é a) 30%;
o próximo número? b) 40%;
c) 50%;
a) 20 d) 60%;
b) 21 e) 70%.
c) 100
d) 200 3. (FGV – 2019) Se a soma das frações 1/4 + 2/5 é igual
a n/100, o valor de n é
Resposta Letra D.
A regularidade que obedece a sequência acima não se a) 55.
dá por padrões numéricos e sim pela letra que inicia b) 65.
cada número. “Dois, Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, c) 75.
Dezoito, Dezenove, ... Enfim, o próximo só pode iniciar d) 85.
também com “D”: Duzentos. e) 95.

10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo 4. (FGV – 2019) Os cinco times de futebol de certo mu-
número? nicípio disputarão um torneio em que cada time jogará
uma vez com cada um dos outros times. O número de
partidas que serão realizadas é
a) 4
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

b) 20
a) 8.
c) 31
b) 9.
d) 21
c) 10.
d) 15.
Resposta Letra C. e) 20.
Esta sequência é regida pela inicial de cada número.
Três, Treze, Trinta,... O próximo só pode ser o número 5. (FGV – 2019) Armando pagou uma prestação após o
Trinta e um, pois ele inicia com a letra “T”. vencimento, com 5% de juros. O valor total pago por Ar-
mando, juros incluídos, foi de R$252,00. O valor original
da prestação, sem os 5% de juros, era de

a) R$242,00.

200
b) R$240,00. partir dos vértices. O número total de árvores que Márcia
c) R$239,40. vai plantar é
d) R$238,20.
e) R$236,60. a) 52.
b) 54.
6. (FGV – 2019) Três funcionários fazem um determina- c) 56.
do trabalho em 60 minutos. Cinco funcionários, com a d) 58.
mesma eficiência, fazem o mesmo trabalho em e) 60.

a) 1 hora e 40 minutos. 11. (FGV – 2019) O triângulo ABC está inscrito na circun-
b) 1 hora e 20minutos. ferência de centro O. O ângulo OAB mede 28º e o ângulo
c) 50 minutos. ABC mede 65º. O ângulo ACB mede
d) 36 minutos.
e) 30 minutos. a) 58º.
b) 60º.
7. (FGV – 2019) Um engenheiro calculou que todo o en- c) 62º.
tulho de certa obra poderia ser retirado por 4 caminhões d) 64º.
trabalhando durante 6 dias. Os caminhões começaram e) 66º.
juntos o trabalho e, no final do segundo dia, um cami-
nhão enguiçou. Os três caminhões restantes trabalharam 12. (FGV – 2019) Considere as proposições a seguir.
mais dois dias e, no final do quarto dia, outro caminhão
enguiçou. Os dois caminhões restantes terminaram o tra- I. 30% de 120 = 36 e 25% de 140 = 36.
balho. O trabalho inteiro foi realizado em II. 30% de 120 = 36 ou 25% de 140 = 36.
III. Se 25% de 140 = 36, então 30% de 120 = 36.
a) 8 dias.
b) 9 dias. É correto concluir que:
c) 10 dias.
d) 11 dias. a) apenas a proposição I é verdadeira;
e) 12 dias. b) apenas a proposição II é verdadeira;
c) apenas as proposições II e III são verdadeiras;
8. (FGV – 2019) Os diâmetros dos parafusos são medi- d) todas são verdadeiras;
dos em polegadas e 1 polegada é equivalente a 25,4mm. e) nenhuma é verdadeira.
A medida, em milímetros, de um parafuso de 5/8 de po-
legada está entre 13. (FGV – 2019) Considere a sentença: “Se não estou
cansado, então vejo televisão ou vou ao cinema”.
a) 15,5 e 15,7. A negação lógica dessa sentença é:
b) 15,7 e 15,9.
c) 15,9 e 16,1. a) Se estou cansado, então não vejo televisão e não vou
d) 16,1 e 16,3. ao cinema;
e) 16,3 e 16,5. b) Se estou cansado, então vejo televisão ou vou ao cinema;
c) Se não vejo televisão e não vou ao cinema, então es-
9. (FGV – 2019) No triângulo ABC os ângulos de vértices tou cansado;
A e C medem, respectivamente, 20º e 40º e o lado AB d) Não estou cansado e não vejo televisão e não vou ao
mede 100 m. cinema;
Dados: e) Estou cansado ou vejo televisão ou vou ao cinema.
sen 20° = 0,342
cos 20° = 0,940 14. (FGV – 2019) Considere a sentença: “Se corro ou faço
tg 20° = 0,364 musculação, então fico cansado”.
sen 2x = 2 sen x cos x Uma sentença logicamente equivalente a essa é:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

O lado BC mede, aproximadamente, a) Se não corro ou faço musculação, então não fico cansado;
b) Se não corro e não faço musculação, então não fico
a) 42 m. cansado;
b) 48 m. c) Não corro e não faço musculação ou fico cansado;
c) 53 m. d) Corro ou faço musculação e não fico cansado;
d) 58 m. e) Não corro ou não faço musculação e fico cansado.
e) 63 m.
15. (FGV – 2019) Considere a sentença:
10. (FGV – 2019) Márcia tem um terreno retangular com “Renato viajou e não telefonou para sua mãe”.
28m de largura e 32m de comprimento. Márcia vai plan- A negação lógica dessa sentença é
tar uma árvore em cada vértice do terreno e também, em
cada lado do terreno, árvores espaçadas de 2m em 2m a

201
a) “Renato viajou e telefonou para sua mãe.” d) 3, 2 e 1.
b) “Renato não viajou e não telefonou para sua mãe.” e) 3, 1 e 2.
c) “Renato não viajou ou telefonou para sua mãe.”
d) “Renato viajou ou não telefonou para sua mãe.” 21. (FGV – 2019) Manoel, Augusto, Joaquim, Carlos e
e) “Renato não viajou ou não telefonou para sua mãe.” Valdo marcaram hora e lugar para uma reunião. Todos
chegaram, mas em horários ligeiramente diferentes. Sa-
16. (FGV – 2019) Considere a sentença: be-se que:
“Se pratico esportes, então fico feliz”. • Augusto chegou antes de Valdo e de Joaquim, mas
A negação lógica dessa sentença é não foi o primeiro a chegar.
• Valdo chegou depois de Joaquim, mas não foi o últi-
a) “Se não pratico esportes, então não fico feliz.” mo a chegar.
b) “Se não pratico esportes, então fico feliz.” • Carlos chegou antes de Valdo.
c) “Se pratico esportes, então não fico feliz.” É correto concluir que
d) “Pratico esportes e não fico feliz.”
e) “Não pratico esportes e fico feliz.” a) Carlos foi o segundo a chegar.
b) Manoel foi o último a chegar.
17. (FGV – 2019) Considere como verdadeiras as sen- c) Augusto foi o terceiro a chegar.
tenças: d) Joaquim foi o último a chegar.
I. Pedro é baiano ou Maria é carioca. e) Valdo foi o terceiro a chegar.
II. Se Maria é carioca, então Sérgio é paulista.
III. Sérgio não é paulista. 22. (FGV – 2019) Chico, Serafim, Juvenal e Dirceu traba-
É verdade concluir que lham juntos e, em certo momento, Dirceu pergunta:
Que dia do mês é hoje?
a) Pedro é baiano. As respostas dos outros três foram:
b) Pedro não é baiano. Chico: hoje não é dia 15. Serafim: ontem foi dia 13. Juve-
c) Maria é carioca. nal: hoje é dia 15.
d) Se Maria não é carioca, então Pedro não é baiano. Sabe-se que um deles mentiu e os outros disseram a verdade.
e) Se Pedro é baiano, então Sérgio é paulista. O dia em que Dirceu fez a pergunta foi dia:

18. (FGV – 2019) Considere as afirmativas a seguir. a) 13;


• “Alguns homens jogam xadrez”. b) 14;
• “Quem joga xadrez tem bomsse raciocínio”. c) 15;
A partir dessas afirmações, é correto concluir que d) 16;
e) 17.
a) “Todos os homens têm bom raciocínio”.
b) “Mulheres não jogam xadrez”.
c) “Quem tem bom raciocínio joga xadrez”.
d) “Homem que não tem bom raciocínio não joga xadrez”.
GABARITO
e) “Quem não joga xadrez não tem bom raciocínio”.
1 C
19. (FGV – 2019) Valter possui seis gatos em sua casa. 2 C
Sabe-se que não é verdade que todos sejam pretos. 3 B
4 C
É correto concluir que, dos gatos de Valter, 5 B
6 D
a) nenhum é de cor preta. 7 B
b) todos são malhados. 8 B
c) pelo menos um é branco. 9 C
d) a maioria não é de cor preta. 10 E
e) pelo menos um não é de cor preta. 11 C
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

12 C
20. (FGV – 2019) Sobre uma mesa, há 3 caixas coloridas: 13 D
uma verde, uma amarela e uma azul. Três bolas, nume- 14 C
radas com 1, 2 e 3, foram colocadas uma em cada caixa. 15 C
Sabe-se que a bola 3 não está na caixa amarela e que a 16 D
bola da caixa azul é a de número par. 17 A
Estão nas caixas verde, amarela e azul, nessa ordem, as 18 D
bolas 19 E
20 E
a) 1, 2 e 3. 21 B
b) 1, 3 e 2. 22 B
c) 2, 1 e 3.

202
MAINFRAMES

NOÇÕES DE INFORMÁTICA Os computadores podem ser classificados pelo porte.


Basicamente, existem os de grande porte ― mainframes
― e os de pequeno porte ― microcomputadores ―
sendo estes últimos divididos em duas categorias: desk-
tops ou torres e portáteis (notebooks, laptops, handhelds
COMPONENTES DE UM COMPUTADOR e smartphones).
Conceitualmente, todos eles realizam funções inter-
nas idênticas, mas em escalas diferentes.
HISTÓRICO Os mainframes se destacam por ter alto poder de
processamento, muita capacidade de memória e por
Os primeiros computadores construídos pelo homem controlar atividades com grande volume de dados. Seu
foram idealizados como máquinas para processar núme- custo é bastante elevado. São encontrados, geralmente,
ros (o que conhecemos hoje como calculadoras), porém, em bancos, grandes empresas e centros de pesquisa.
tudo era feito fisicamente.
Existia ainda um problema, porque as máquinas pro- CLASSIFICAÇÃO DOS COMPUTADORES
cessavam os números, faziam operações aritméticas, mas
depois não sabiam o que fazer com o resultado, ou seja, A classificação de um computador pode ser feita de
eram simplesmente máquinas de calcular, não recebiam diversas maneiras. Podem ser avaliados:
instruções diferentes e nem possuíam uma memória. Até
então, os computadores eram utilizados para pouquíssimas • Capacidade de processamento;
funções, como calcular impostos e outras operações. Os • Velocidade de processamento;
computadores de uso mais abrangente apareceram logo • Capacidade de armazenamento das informações;
depois da Segunda Guerra Mundial. Os EUA desenvolve- • Sofisticação do software disponível e compatibilidade;
ram ― secretamente, durante o período ― o primeiro • Tamanho da memória e tipo de CPU (Central Pro-
grande computador que calculava trajetórias balísticas. A cessing Uni), Unidade
partir daí, o computador começou a evoluir num ritmo cada • Central de Processamento.
vez mais acelerado, até chegar aos dias de hoje.
TIPOS DE MICROCOMPUTADORES
Código Binário, Bit e Byte
O sistema binário (ou código binário) é uma repre- Os microcomputadores atendem a uma infinidade de
sentação numérica na qual qualquer unidade pode ser aplicações. São divididos em duas plataformas: PC (com-
demonstrada usando-se apenas dois dígitos: 0 e 1. Esta putadores pessoais) e Macintosh (Apple).
é a única linguagem que os computadores entendem. Os dois padrões têm diversos modelos, configura-
Cada um dos dígitos utilizados no sistema binário é cha- ções e opcionais. Além disso, podemos dividir os micro-
mado de Binary Digit (Bit), em português, dígito binário computadores em desktops, que são os computadores
e representa a menor unidade de informação do com- de mesa, com uma torre, teclado, mouse e monitor e
putador. portáteis, que podem ser levados a qualquer lugar.

Os computadores geralmente operam com grupos DESKTOPS


de bits. Um grupo de oito bits é denominado Byte. Este
São os computadores mais comuns. Geralmente dis-
pode ser usado na representação de caracteres, como
põem de teclado, mouse, monitor e gabinete separados
uma letra (A-Z), um número (0-9) ou outro símbolo qual-
fisicamente e não são movidos de lugar frequentemen-
quer (#, %, *,?, @), entre outros.
te, uma vez que têm todos os componentes ligados por
cabos.
Assim como podemos medir distâncias, quilos, ta-
São compostos por:
manhos etc., também podemos medir o tamanho das
informações e a velocidade de processamento dos com- • Monitor (vídeo)
putadores. A medida padrão utilizada é o byte e seus • Teclado
múltiplos, conforme demonstramos na tabela abaixo: • Mouse
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Gabinete: Placa-mãe, CPU (processador), memó-


rias, drives, disco rígido
(HD), modem, portas USB etc.

PORTÁTEIS

Os computadores portáteis possuem todas as partes


integradas num só conjunto. Mouse, teclado, monitor e
gabinete em uma única peça. Os computadores portáteis

203
começaram a aparecer no início dos anos 80, nos Estados Software
Unidos e hoje podem ser encontrados nos mais diferen-
tes formatos e tamanhos, destinados a diferentes tipos É toda a parte lógica do sistema de processamento de
de operações. dados. Desde os dados que armazenamos no hardware,
até os programas que os processam.
LAPTOPS
Peopleware
Também chamados de notebooks, são computadores
portáteis, leves e produzidos para serem transportados
Esta é a parte humana do sistema: usuários (aqueles
facilmente. Os laptops possuem tela, geralmente de Li-
que usam a informática como um meio para a sua ativi-
quid Crystal Display (LCD), teclado, mouse (touchpad),
dade fim), programadores e analistas de sistemas (aque-
disco rígido, drive de CD/DVD e portas de conexão. Seu
nome vem da junção das palavras em inglês lap (colo) les que usam a informática como uma atividade fim).
e top (em cima), significando “computador que cabe no Embora não pareça, a parte mais complexa de um sis-
colo de qualquer pessoa”. tema de processamento de dados é, sem dúvida o Peo-
pleware, pois por mais moderna que sejam os equipa-
NETBOOKS mentos, por mais fartos que sejam os suprimentos, e por
mais inteligente que se apresente o software, de nada
São computadores portáteis muito parecidos com adiantará se as pessoas (peopleware) não estiverem de-
o notebook, porém, em tamanho reduzido, mais leves, vidamente treinadas a fazer e usar a informática.
mais baratos e não possuem drives de CD/ DVD. O alto e acelerado crescimento tecnológico vem apri-
morando o hardware, seguido de perto pelo software.
PDA Equipamentos que cabem na palma da mão, softwares
que transformam fantasia em realidade virtual não são
É a abreviação do inglês Personal Digital Assistant e mais novidades. Entretanto ainda temos em nossas em-
também são conhecidos como palmtops. São compu- presas pessoas que sequer tocaram algum dia em um
tadores pequenos e, geralmente, não possuem teclado. teclado de computador.
Para a entrada de dados, sua tela é sensível ao toque. É
Mesmo nas mais arrojadas organizações, o relaciona-
um assistente pessoal com boa quantidade de memória
mento entre as pessoas dificulta o trâmite e consequente
e diversos programas para uso específico.
processamento da informação, sucateando e subutilizan-
SMARTPHONES do equipamentos e softwares. Isto pode ser vislumbrado,
sobretudo nas instituições públicas.
São telefones celulares de última geração. Possuem
alta capacidade de processamento, grande potencial de POR DENTRO DO GABINETE
armazenamento, acesso à Internet, reproduzem músicas,
vídeos e têm outras funcionalidades.

Sistema de Processamento de Dados

Quando falamos em “Processamento de Dados” tra-


tamos de uma grande variedade de atividades que ocor-
re tanto nas organizações industriais e comerciais, quan-
to na vida diária de cada um de nós.
Para tentarmos definir o que seja processamento de
dados temos de ver o que existe em comum em todas
estas atividades. Ao analisarmos, podemos perceber que
em todas elas são dadas certas informações iniciais, as
quais chamamos de dados.
E que estes dados foram sujeitos a certas transforma-
ções, com as quais foram obtidas as informações. Identificaremos as partes internas do computador, lo-
O processamento de dados sempre envolve três fases calizadas no gabinete ou torre:
essenciais: Entrada de Dados, Processamento e Saída da
Informação. • Motherboard (placa-mãe)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para que um sistema de processamento de dados • Processador


funcione ao contento, faz-se necessário que três elemen- • Memórias
tos funcionem em perfeita harmonia, são eles: • Fonte de Energia
• Cabos
Hardware • Drivers
• Portas de Entrada/Saída
Hardware é toda a parte física que compõe o sistema
de processamento de dados: equipamentos e suprimen-
tos tais como: CPU, disquetes, formulários, impressoras.

204
MOTHERBOARD (PLACA-MÃE) O BIOS é a camada (vide diagrama 1.1) que viabiliza
a utilização de Sistemas Operacionais diferentes (Linux,
Unix, Hurd, BSD, Windows, etc.) no microcomputador. É
no BIOS que estão descritos os elementos necessários
para operacionalizar o Hardware, possibilitando aos di-
versos S.O. acesso aos recursos independe de suas carac-
terísticas específicas.

É uma das partes mais importantes do computador.


A motherboard é uma placa de circuitos integrados que
serve de suporte para todas as partes do computador.
Praticamente, tudo fica conectado à placa-mãe de algu-
ma maneira, seja por cabos ou por meio de barramentos.
A placa mãe é desenvolvida para atender às caracte-
rísticas especificas de famílias de processadores, incluin-
do até a possibilidade de uso de processadores ainda
não lançados, mas que apresentem as mesmas caracte- O BIOS é gravado em um chip de memória do tipo
rísticas previstas na placa. EPROM (Erased Programmable Read Only Memory). É
A placa mãe é determinante quanto aos componen- um tipo de memória “não volátil”, isto é, desligando o
tes que podem ser utilizados no micro e sobre as possi- computador não há a perda das informações (progra-
bilidades de upgrade, influenciando diretamente na per- mas) nela contida. O BIOS é contem 2 programas: POST
formance do micro. (Power On Self Test) e SETUP para teste do sistema e
Diversos componentes integram a placa-mãe, como: configuração dos parâmetros de inicialização, respecti-
vamente, e de funções básicas para manipulação do har-
• Chipset dware utilizadas pelo Sistema Operacional.
Quando inicializamos o sistema, um programa cha-
Denomina-se chipset os circuitos de apoio ao micro- mado POST conta a memória disponível, identifica dispo-
computador que gerenciam praticamente todo o fun- sitivos plug-and-play e realiza uma checagem geral dos
cionamento da placa-mãe (controle de memória cache, componentes instalados, verificando se existe algo de
DRAM, controle do buffer de dados, interface com a CPU, errado com algum componente. Após o término desses
etc.). testes, é emitido um relatório com várias informações so-
O chipset é composto internamente de vários outros bre o hardware instalado no micro. Este relatório é uma
pequenos chips, um para cada função que ele executa. maneira fácil e rápida de verificar a configuração de um
Há um chip controlador das interfaces IDE, outro con- computador. Para paralisar a imagem tempo suficiente
trolador das memórias, etc. Existem diversos modelos de para conseguir ler as informações, basta pressionar a te-
chipsets, cada um com recursos bem diferentes. cla “pause/break” do teclado.
Devido à complexidade das motherboards, da sofisti- Caso seja constatado algum problema durante o
cação dos sistemas operacionais e do crescente aumento POST, serão emitidos sinais sonoros indicando o tipo de
do clock, o chipset é o conjunto de CIs (circuitos inte- erro encontrado. Por isso, é fundamental a existência de
grados) mais importante do microcomputador. Fazendo um alto-falante conectado à placa mãe.
uma analogia com uma orquestra, enquanto o processa- Atualmente algumas motherboards já utilizam chips
dor é o maestro, o chipset seria o resto! de memória com tecnologia flash. Memórias que podem
ser atualizadas por software e também não perdem seus
• BIOS dados quando o computador é desligado, sem necessi-
dade de alimentação permanente.
O BIOS (Basic Input Output System), ou sistema bási- As BIOS mais conhecidas são: AMI, Award e Phoenix.
co de entrada e saída, é a primeira camada de software 50% dos micros utilizam BIOS AMI.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

do micro, um pequeno programa que tem a função de


“iniciar” o microcomputador. Durante o processo de ini- • Memória CMOS
cialização, o BIOS é o responsável pelo reconhecimento
dos componentes de hardware instalados, dar o boot, CMOS (Complementary Metal-Oxide Semicondutor)
e prover informações básicas para o funcionamento do é uma memória formada por circuitos integrados de bai-
sistema. xíssimo consumo de energia, onde ficam armazenadas as
informações do sistema (setup), acessados no momento
do BOOT. Estes dados são atribuídos na montagem do
microcomputador refletindo sua configuração (tipo de
winchester, números e tipo de drives, data e hora, confi-

205
gurações gerais, velocidade de memória, etc.) permane- para realizar cálculos e operações. Ele é a parte princi-
cendo armazenados na CMOS enquanto houver alimen- pal do computador, mas está longe de ser uma máquina
tação da bateria interna. Algumas alterações no hardware completa por si só: para interagir com o usuário é neces-
(troca e/ou inclusão de novos componentes) podem im- sário memória, dispositivos de entrada e saída, converso-
plicar na alteração de alguns desses parâmetros. res de sinais, entre outros.
Muitos desses itens estão diretamente relacionados É o processador quem determina a velocidade de
com o processador e seu chipset e portanto é recomen- processamento dos dados na máquina. Os primeiros mo-
dável usar os valores default sugerido pelo fabricante da delos comerciais começaram a surgir no início dos anos
BIOS. Mudanças nesses parâmetros pode ocasionar o 80.
travamento da máquina, intermitência na operação, mau
funcionamento dos drives e até perda de dados do HD. • Clock Speed ou Clock Rate

• Slots para módulos de memória É a velocidade pela qual um microprocessador exe-


cuta instruções. Quanto mais rápido o clock, mais instru-
Na época dos micros XT e 286, os chips de memó- ções uma CPU pode executar por segundo.
ria eram encaixados (ou até soldados) diretamente na Usualmente, a taxa de clock é uma característica fixa
placa mãe, um a um. O agrupamento dos chips de me- do processador. Porém, alguns computadores têm uma
mória em módulos (pentes), inicialmente de 30 vias, e “chave” que permite 2 ou mais diferentes velocidades de
depois com 72 e 168 vias, permitiu maior versatilidade na clock. Isto é útil porque programas desenvolvidos para
composição dos bancos de memória de acordo com as trabalhar em uma máquina com alta velocidade de clock
necessidades das aplicações e dos recursos financeiros podem não trabalhar corretamente em uma máquina
disponíveis. com velocidade de clock mais lenta, e vice versa. Além
Durante o período de transição para uma nova tecno- disso, alguns componentes de expansão podem não ser
logia é comum encontrar placas mãe com slots para mais capazes de trabalhar a alta velocidade de clock.
de um modelo. Atualmente as placas estão sendo pro- Assim como a velocidade de clock, a arquitetura in-
duzidas apenas com módulos de 168 vias, mas algumas terna de um microprocessador tem influência na sua per-
comportam memórias de mais de um tipo (não simulta- formance. Dessa forma, 2 CPUs com a mesma velocidade
neamente): SDRAM, Rambus ou DDR-SDRAM. de clock não necessariamente trabalham igualmente.
Enquanto um processador Intel 80286 requer 20 ciclos
• Clock para multiplicar 2 números, um Intel 80486 (ou superior)
pode fazer o mesmo cálculo em um simples ciclo. Por
Relógio interno baseado num cristal de Quartzo que essa razão, estes novos processadores poderiam ser 20
gera um pulso elétrico. A função do clock é sincronizar vezes mais rápido que os antigos mesmo se a velocidade
todos os circuitos da placa mãe e também os circuitos de clock fosse a mesma. Além disso, alguns microproces-
internos do processador para que o sistema trabalhe har- sadores são superescalar, o que significa que eles podem
monicamente. executar mais de uma instrução por ciclo.
Estes pulsos elétricos em intervalos regulares são me- Como as CPUs, os barramentos de expansão também
didos pela sua frequência cuja unidade é dada em hertz têm a sua velocidade de clock. Seria ideal que as velo-
(Hz). 1 MHz é igual a 1 milhão de ciclos por segundo. cidades de clock da CPU e dos barramentos fossem a
Normalmente os processadores são referenciados pelo mesma para que um componente não deixe o outro mais
clock ou frequência de operação: Pentium IV 2.8 MHz. lento. Na prática, a velocidade de clock dos barramentos
é mais lenta que a velocidade da CPU.
PROCESSADORES
• Overclock

Overclock é o aumento da frequência do processador


para que ele trabalhe mais rapidamente.
A frequência de operação dos computadores domés-
ticos é determinada por dois fatores:

• A velocidade de operação da placa-mãe, conheci-


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

da também como velocidade de barramento, que


nos computadores Pentium pode ser de 50, 60 e 66
MHz.
• Um multiplicador de clock, criado a partir dos 486
que permite ao processador trabalhar interna-
mente a uma velocidade maior que a da placa-
-mãe. Vale lembrar que os outros periféricos do
O microprocessador, também conhecido como pro- computador (memória RAM, cache L2, placa de
cessador, consiste num circuito integrado construído vídeo, etc.) continuam trabalhando na velocidade

206
de barramento. rência direta à ideia do Celeron) e os mais atuais como:
Athlon, Turion, Opteron e Phenom.
Como exemplo, um computador Pentium 166 traba-
lha com velocidade de barramento de 66 MHz e multipli- MEMÓRIA
cador de 2,5x. Fazendo o cálculo, 66 x 2,5 = 166, ou seja,
o processador trabalha a 166 MHz, mas se comunica com
os demais componentes do micro a 66 MHz.
Tendo um processador Pentium 166 (como o do
exemplo acima), pode-se fazê-lo trabalhar a 200 MHz,
simplesmente aumentando o multiplicador de clock de
2,5x para 3x. Caso a placa-mãe permita, pode-se usar um
barramento de 75 ou até mesmo 83 MHz (algumas pla-
cas mais modernas suportam essa velocidade de barra-
mento). Neste caso, mantendo o multiplicador de clock
de 2,5x, o Pentium 166 poderia trabalhar a 187 MHz (2,5 x
75) ou a 208 MHz (2,5 x 83). As frequências de barramen-
to e do multiplicador podem ser alteradas simplesmen-
te através de jumpers de configuração da placa-mãe, o
que torna indispensável o manual da mesma. O aumento
da velocidade de barramento da placa-mãe pode criar
problemas caso algum periférico (como memória RAM, Vamos chamar de memória o que muitos autores de-
cache L2, etc.) não suporte essa velocidade. nominam memória primária, que é a memória interna do
Quando se faz um overclock, o processador passa a computador, sem a qual ele não funciona.
trabalhar a uma velocidade maior do que ele foi proje- A memória é formada, geralmente, por chips e é utili-
tado, fazendo com que haja um maior aquecimento do zada para guardar a informação para o processador num
mesmo. Com isto, reduz-se a vida útil do processador de determinado momento, por exemplo, quando um pro-
cerca de 20 para 10 anos (o que não chega a ser um pro- grama está sendo executado.
blema já que os processadores rapidamente se tornam As memórias ROM (Read Only Memory - Memória
obsoletos). Esse aquecimento excessivo pode causar Somente de Leitura) e RAM (Random Access Memory -
também frequentes “crashes” (travamento) do sistema Memória de Acesso Randômico) ficam localizadas junto
operacional durante o seu uso, obrigando o usuário a à placa-mãe. A ROM são chips soldados à placa-mãe, en-
reiniciar a máquina. quanto a RAM são “pentes” de memória.
Ao fazer o overclock, é indispensável a utilização de
um cooler (ventilador que fica sobre o processador para FONTE DE ENERGIA
reduzir seu aquecimento) de qualidade e, em alguns ca-
sos, uma pasta térmica especial que é passada direta-
mente sobre a superfície do processador.
Atualmente fala-se muito em CORE, seja dual, duo ou
quad, essa denominação refere-se na verdade ao núcleo
do processador, onde fica a ULA (Unidade Aritmética e
Lógica). Nos modelos DUAL ou DUO, esse núcleo é du-
plicado, o que proporciona uma execução de duas ins-
truções efetivamente ao mesmo tempo, embora isto não
aconteça o tempo todo. Basta uma instrução precisar de
um dado gerado por sua “concorrente” que a execução
paralela torna-se inviável, tendo uma instrução que es-
perar pelo término da outra. Os modelos QUAD CORE
possuem o núcleo quadruplicado.
Esses são os processadores fabricados pela INTEL,
empresa que foi pioneira nesse tipo de produto. Temos É um aparelho que transforma a corrente de eletrici-
também alguns concorrentes famosos dessa marca, tais dade alternada (que vem da rua), em corrente contínua,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

como NEC, Cyrix e AMD; sendo que atualmente apenas para ser usada nos computadores. Sua função é alimen-
essa última marca mantém-se fazendo frente aos lança- tar todas as partes do computador com energia elétrica
mentos da INTEL no mercado. Por exemplo, um modelo apropriada para seu funcionamento.
muito popular de 386 foi o de 40 MHz, que nunca foi
feito pela INTEL, cujo 386 mais veloz era de 33 MHz, esse Fica ligada à placa-mãe e aos outros dispositivos por
processador foi obra da AMD. Desde o lançamento da meio de cabos coloridos com conectores nas pontas.
linha Pentium, a AMD foi obrigada a criar também novas
denominações para seus processadores, sendo lançados CABOS
modelos como K5, K6-2, K7, Duron (fazendo concor-

207
de dados. Os computadores de hoje apresentam nor-
malmente as portas USB, VGA, FireWire, HDMI, Ethernet
e Modem.

Veja alguns exemplos de dispositivos ligados ao com-


putador por meio dessas Portas: modem, monitor, pen
drive, HD externo, scanner, impressora, microfone, Caixas
de som, mouse, teclado etc.

Obs.: são dignas de citação portas ainda bastante


usadas, como as portas paralelas (impressoras e scan-
ners) e as portas PS/2(mouses e teclados).

Memórias e Dispositivos
de Armazenamento
Podemos encontrar diferentes tipos de cabos dentro
do gabinete: podem ser de energia ou de dados e co-
nectam dispositivos, como discos rígidos, drives de CDs Memórias
e DVDs, LEDs (luzes), botão liga/desliga, entre outros, à
placa-mãe. Memória ROM
Os tipos de cabos encontrados dentro do PC são: IDE,
SATA, SATA2, energia e som.

DRIVERS

No microcomputador também se encontram as me-


mórias definidas como dispositivos eletrônicos respon-
sáveis pelo armazenamento de informações e instruções
utilizadas pelo computador.
Read Only Memory (ROM) é um tipo de memória em
que os dados não se perdem quando o computador é
desligado. Este tipo de memória é ideal para guardar da-
São dispositivos de suporte para mídias - fixas ou remo- dos da BIOS (Basic Input/Output System - Sistema Básico
víveis - de armazenamento de dados, nos quais a informação de Entrada/Saída) da placa-mãe e outros dispositivos.
é gravada por meio digital, ótico, magnético ou mecânico.
Hoje, os tipos mais comuns são o disco rígido ou HD, Os tipos de ROM usados atualmente são:
os drives de CD/DVD e o pen drive. Os computadores
mais antigos ainda apresentam drives de disquetes, que Electrically-Erasable Programmable Read-Only Me-
são bem pouco usados devido à baixa capacidade de ar- mory (Eeprom)
mazenamento. Todos os drives são ligados ao computa- É um tipo de PROM que pode ser apagada simples-
dor por meio de cabos. mente com uma carga elétrica, podendo ser, posterior-
mente, gravada com novos dados. Depois da NVRAM é o
PORTAS DE ENTRADA/SAÍDA tipo de memória ROM mais utilizado atualmente.

Non-Volatile Random Access Memory (Nvram)


Também conhecida como flash RAM ou memória
flash, a NVRAM é um tipo de memória RAM que não
perde os dados quando desligada. Este tipo de memória
é o mais usado atualmente para armazenar os dados da
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

BIOS, não só da placa-mãe, mas de vários outros disposi-


tivos, como modems, gravadores de CD-ROM etc.
É justamente o fato do BIOS da placa-mãe ser grava-
do em memória flash que permite realizarmos upgrades
de BIOS. Na verdade essa não é exatamente uma memó-
ria ROM, já que pode ser reescrita, mas a substitui com
vantagens.
São as portas do computador nas quais se conectam Programmable Read-Only Memory (Prom)
todos os periféricos. São utilizadas para entrada e saída É um tipo de memória ROM, fabricada em branco,

208
sendo programada posteriormente. Uma vez gravados que, caso posteriormente seja necessário abrir o progra-
os dados, eles não podem ser alterados. Este tipo de me- ma novamente, sua execução seja mais rápida.
mória é usado em vários dispositivos, assim como em Atualmente, a memória cache já é estendida a outros
placas-mãe antigas. dispositivos, a fim de acelerar o processo de acesso aos
dados. Os processadores e os HDs, por exemplo, já utili-
Memoria RAM zam este tipo de armazenamento.

PERIFÉRICOS MAIS COMUNS

OS PERIFÉRICOS

Os periféricos são partes extremamente importantes


dos computadores. São eles que, muitas vezes, definem
sua aplicação.

Entrada

São dispositivos que possuem a função de inserir


Random Access Memory (RAM) - Memória de aces- dados ao computador, por exemplo: teclado, scanner,
so aleatório onde são armazenados dados em tempo de caneta óptica, leitor de código de barras, mesa digitali-
processamento, isto é, enquanto o computador está liga- zadora, mouse, microfone, joystick, CD-ROM, DVD-ROM,
do e, também, todas as informações que estiverem sen- câmera fotográfica digital, câmera de vídeo, webcam etc.
do executadas, pois essa memória é mantida por pulsos
elétricos. Todo conteúdo dela é apagado ao desligar-se a Mouse
máquina, por isso é chamada também de volátil.
O módulo de memória é um componente adicionado à
placa-mãe. É composto de uma série de pequenos circui-
tos integrados, chamados chip de RAM. A memória pode
ser aumentada, de acordo com o tipo de equipamento ou
das necessidades do usuário. O local onde os chips de
memória são instalados chama-se SLOT de memória.
A memória ganhou melhor desempenho com versões
mais poderosas, como DRAM (Dynamic RAM - RAM di-
nâmica), EDO (Extended Data Out - Saída Estendida Da-
dos), entre outras, que proporcionam um aumento no É utilizado para selecionar operações dentro de uma
desempenho de 10% a 30% em comparação à RAM tra- tela apresentada. Seu movimento controla a posição do
dicional. Hoje, as memórias mais utilizadas são do tipo cursor na tela e apenas clicando (pressionando) um dos
DDR2 e DDR3. botões sobre o que você precisa, rapidamente a opera-
ção estará definida.
Memória Cache
O mouse surgiu com o ambiente gráfico das famílias
Macintosh e Windows, tornando-se indispensável para a
utilização do microcomputador.Touchpad
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A memória cache é um tipo de memória de acesso


rápido utilizada, exclusivamente, para armazenamento
de dados que provavelmente serão usados novamente.
Existem alguns modelos diferentes de mouse para
Quando executamos algum programa, por exemplo,
notebooks, como o touchpad, que é um item de fábrica
parte das instruções fica guardada nesta memória para

209
na maioria deles. Câmeras de Vídeo
É uma pequena superfície sensível ao toque e tem a
mesma funcionalidade do mouse. Para movimentar o
cursor na tela, passa-se o dedo levemente sobre a área
do touchpad.

Teclado

As câmeras de vídeo, além de utilizadas no lazer, são


também aplicadas no trabalho de multimídia. As câmeras
de vídeo digitais ligam-se ao microcomputador por meio
de cabos de conexão e permitem levar a ele as imagens
em movimento e alterá-las utilizando um programa de edi-
ção de imagens. Existe, ainda, a possibilidade de transmitir
as imagens por meio de placas de captura de vídeo, que
podem funcionar interna ou externamente no computador.

É o periférico mais conhecido e utilizado para entrada


de dados no computador.
Acompanha o PC desde suas primeiras versões e foi
pouco alterado. Possui teclas representando letras, nú-
meros e símbolos, bem como teclas com funções especí-
ficas (F1... F12, ESC etc.).

Câmera Digital

Scanner

Câmera fotográfica moderna que não usa mais fil-


mes fotográficos. As imagens são capturadas e gravadas
numa memória interna ou, ainda, mais comumente, em
cartões de memória.
O formato de arquivo padrão para armazenar as fotos é
o JPEG (.jpg) e elas podem ser transferidas ao computador
por meio de um cabo ou, nos computadores mais modernos,
colocando-se o cartão de memória diretamente no leitor.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

É um dispositivo utilizado para interpretar e enviar à


memória do computador uma imagem desenhada, pin-
tada ou fotografada. Ele é formado por minúsculos sen-
sores fotoelétricos, geralmente distribuídos de forma li-
near. Cada linha da imagem é percorrida por um feixe de
luz. Ao mesmo tempo, os sensores varrem (percorrem)
esse espaço e armazenam a quantidade de luz refletida
por cada um dos pontos da linha.

210
A princípio, essas informações são convertidas em A qualidade do que é mostrado na tela depende da
cargas elétricas que, depois, ainda no scanner, são trans- resolução do monitor, designada pelos pontos (pixels -
formadas em valores numéricos. O computador decodi- Picture Elements), que podem ser representados na sua
fica esses números, armazena-os e pode transformá-los superfície.
novamente em imagem. Após a imagem ser convertida Todas as imagens que você vê na tela são compostas
para a tela, pode ser gravada e impressa como qualquer de centenas (ou milhares) de pontos gráficos (ou pixels).
outro arquivo. Quanto mais pixels, maior a resolução e mais detalhada
Existem scanners que funcionam apenas em preto será a imagem na tela. Uma resolução de 640 x 480 sig-
e branco e outros, que reproduzem cores. No primeiro nifica 640 pixels por linha e 480 linhas na tela, resultando
caso, os sensores passam apenas uma vez por cada pon- em 307.200 pixels.
to da imagem. Os aparelhos de fax possuem um scanner A placa gráfica permite que as informações saiam do
desse tipo para captar o documento. Para capturar as co- computador e sejam apresentadas no monitor. A placa
determina quantas cores você verá e qual a qualidade
res é preciso varrer a imagem três vezes: uma registra o
dos gráficos e imagens apresentadas.
verde, outra o vermelho e outra o azul.
Os primeiros monitores eram monocromáticos, ou
Há aparelhos que produzem imagens com maior ou
seja, apresentavam apenas uma cor e suas tonalidades,
menor definição. Isso é determinado pelo número de
mostrando os textos em branco ou verde sobre um fun-
pontos por polegada (ppp) que os sensores fotoelétricos do preto. Depois, surgiram os policromáticos, trabalhan-
podem ler. As capacidades variam de 300 a 4800 ppp. do com várias cores e suas tonalidades.
Alguns modelos contam, ainda, com softwares de reco- A tecnologia utilizada nos monitores também tem
nhecimento de escrita, denominados OCR. acompanhado o mercado de informática. Procurou-se
Hoje em dia, existem diversos tipos de utilização para reduzir o consumo de energia e a emissão de radiação
os scanners, que podem ser encontrados até nos caixas eletromagnética. Outras inovações, como controles di-
de supermercados, para ler os códigos de barras dos gitais, tela plana e recursos multimídia contribuíram nas
produtos vendidos. mudanças.

Webcam Nos desktops mais antigos, utilizava-se a Catodic


Rays Tube (CRT), que usava o tubo de cinescópio (o mes-
mo princípio da TV), em que um canhão dispara por trás
o feixe de luz e a imagem é mostrada no vídeo. Uma
grande evolução foi o surgimento de uma tela especial, a
Liquid Crystal Display (LCD) - Tela de Cristal Líquido.
A tecnologia LCD troca o tubo de cinescópio por mi-
núsculos cristais líquidos na formação dos feixes de luz
até a montagem dos pixels. Com este recurso, pode-se
aumentar a área útil da tela.
Os monitores LCD permitem qualidade na visibilidade
da imagem - dependendo do tipo de tela ― que pode ser:
É uma câmera de vídeo que capta imagens e as trans-
fere instantaneamente para o computador. A maioria • Matriz ativa: maior contraste, nitidez e amplo cam-
delas não tem alta resolução, já que as imagens têm a po de visão
finalidade de serem transmitidas a outro computador • Matriz passiva: menor tempo de resposta nos mo-
vimentos de vídeo
via Internet, ou seja, não podem gerar um arquivo muito
grande, para que possam ser transmitidas mais rapida-
Além do CRT e do LCD, uma nova tecnologia esta
mente. ganhando força no mercado, o LED. A principal diferen-
Hoje, muitos sites e programas possuem chats (ba- ça entre LED x LCD está diretamente ligado à tela. Em
te-papo) com suporte para webcam. Os participantes vez de células de cristal líquido, os LED possuem diodos
podem conversar e visualizar a imagem um do outro en- emissores de luz (Light Emitting Diode) que fornecem o
quanto conversam. Nos laptops e notebooks mais mo- conjunto de luzes básicas (verde, vermelho e azul). Eles
dernos, a câmera já vem integrada ao computador. não aquecem para emitir luz e não precisam de uma luz
branca por trás, o que permite iluminar apenas os pon-
Saída tos necessários na tela. Como resultado, ele consume até
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

40% menos energia.


São dispositivos utilizados para saída de dados do A definição de cores também é superior, principal-
computador, por exemplo: monitor, impressora, projetor, mente do preto, que possui fidelidade não encontrada
caixa de som etc. em nenhuma das demais tecnologias disponíveis no
Monitor mercado.
Sem todo o aparato que o LCD precisa por trás, o LED
É um dispositivo físico (semelhante a uma televisão) também pode ser mais fina, podendo chegar a apenas
que tem a função de exibir a saída de dados. uma polegada de espessura. Isso resultado num monitor
de design mais agradável e bem mais leve.

211
Ainda é possível encontrar monitores CRT (que usa- Impressora a Cera
vam o tubo de cinescópio), mas os fabricantes, no entan-
to, não deram continuidade à produção dos equipamen- Categoria de impressora criada para ter cor no impresso
tos com tubo de imagem. com qualidade de laser, porém o custo elevado de manu-
Os primeiros monitores tinham um tamanho de, ge- tenção aliado ao surgimento da laser colorida fizeram essa
ralmente, 13 ou 14 polegadas. Com profissionais traba- tecnologia ser esquecida. A ideia aqui é usar uma sublima-
lhando com imagens, cores, movimentos e animações ção de cera (aquela do lápis de cera) para fazer impressão.
multimídia, sentiu-se a necessidade de produzir telas
maiores. Plotters
Hoje, os monitores são vendidos nos mais diferen-
tes formatos e tamanhos. As televisões mais modernas
apresentam uma entrada VGA ou HDMI, para que com-
putadores sejam conectados a elas.

Impressora Jato de Tinta

Outro dispositivo utilizado para impressão é a plotter,


que é uma impressora destinada a imprimir desenhos
Atualmente, as impressoras a jato de tinta ou inkjet em grandes dimensões, com elevada qualidade e rigor,
(como também são chamadas), são as mais populares do como plantas arquitetônicas, mapas cartográficos, proje-
mercado. Silenciosas, elas oferecem qualidade de im- tos de engenharia e grafismo, ou seja, a impressora plot-
pressão e eficiência. ter é destinada às artes gráficas, editoração eletrônica e
A impressora jato de tinta forma imagens lançando áreas de CAD/CAM.
a tinta diretamente sobre o papel, produzindo os carac- Vários modelos de impressora plotter têm resolução
teres como se fossem contínuos. Imprime sobre papéis de 300 dpi, mas alguns podem chegar a 1.200 pontos
especiais e transparências e são bastante versáteis. Pos- por polegada, permitindo imprimir, aproximadamente,
suem fontes (tipos de letras) internas e aceitam fontes 20 páginas por minuto (no padrão de papel utilizado em
via software. Também preparam documentos em preto e impressoras a laser).
branco e possuem cartuchos de tinta independentes, um Existe a plotter que imprime materiais coloridos com lar-
preto e outro colorido. gura de até três metros (são usadas em empresas que impri-
mem grandes volumes e utilizam vários formatos de papel).
Impressora Laser
Projetor

É um equipamento muito utilizado em apresentações


multimídia.
Antigamente, as informações de uma apresentação
eram impressas em transparências e ampliadas num re-
troprojetor, mas, com o avanço tecnológico, os projeto-
res têm auxiliado muito nesta área.
Quando conectados ao computador, esses equipa-
mentos reproduzem o que está na tela do computador
em dimensões ampliadas, para que várias pessoas vejam
ao mesmo tempo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As impressoras a laser apresentam elevada qualidade


de impressão, aliada a uma velocidade muito superior. Entrada/Saída
Utilizam folhas avulsas e são bastante silenciosas.
Possuem fontes internas e também aceitam fontes via São dispositivos que possuem tanto a função de inse-
software (dependendo da quantidade de memória). Al- rir dados, quanto servir de saída de dados. Exemplos: pen
gumas possuem um recurso que ajusta automaticamente drive, modem, CD-RW, DVD-RW, tela sensível ao toque,
as configurações de cor, eliminando a falta de precisão na impressora multifuncional, etc.
impressão colorida, podendo atingir uma resolução de
1.200 dpi (dots per inch - pontos por polegada).

212
IMPORTANTE: A impressora multifuncional pode Os barramentos têm como principais vantagens o
ser classificada como periférico de Entrada/Saída, pois sua fato de ser o mesmo conjunto de fios que é usado para
principal característica é a de realizar os papeis de impres- todos os periféricos, o que barateia o projeto do compu-
sora (Saída) e scanner (Entrada) no mesmo dispositivo. tador. Outro ponto positivo é a versatilidade, tendo em
vista que toda placa sempre tem alguns slots livres para
BARRAMENTOS – CONCEITOS GERAIS a conexão de novas placas que expandem as possibilida-
des do sistema.
Os barramentos, conhecidos como BUS em inglês, A grande desvantagem dessa idéia é o surgimento
são conjuntos de fios que normalmente estão presentes de engarrafamentos pelo uso da mesma via por muitos
em todas as placas do computador. periféricos, o que vem a prejudicar a vazão de dados
Na verdade existe barramento em todas as placas de (troughput).
produtos eletrônicos, porém em outros aparelhos os téc-
nicos referem-se aos barramentos simplesmente como o Dispositivos conectados ao barramento
“impresso da placa”.
Barramento é um conjunto de 50 a 100 fios que fa- • Ativos ou Mestres - dispositivos que comandam
zem a comunicação entre todos os dispositivos do com- o acesso ao barramento para leitura ou escrita de
putador: UCP, memória, dispositivos de entrada e saída e dados
outros. Os sinais típicos encontrados no barramento são: • Passivos ou Escravos - dispositivos que simples-
dados, clock, endereços e controle. mente obedecem à requisição do mestre.
Os dados trafegam por motivos claros de necessida-
de de serem levados às mais diversas porções do com- Exemplo:
putador. • CPU ordena que o controlador de disco leia ou es-
Os endereços estão presentes para indicar a localiza- creva um bloco de dados.
ção para onde os dados vão ou vêm.
O clock trafega nos barramentos conhecidos como A CPU é o mestre e o controlador de disco é o es-
síncronos, pois os dispositivos são obrigados a seguir cravo.
uma sincronia de tempo para se comunicarem.
O controle existe para informar aos dispositivos en- Barramentos Comerciais
volvidos na transmissão do barramento se a operação
em curso é de escrita, leitura, reset ou outra qualquer. Serão listados aqui alguns barramentos que foram e
Alguns sinais de controle são bastante comuns: alguns que ainda são bastante usados comercialmente.
ISA – Industry Standard Architeture
• Memory Write - Causa a escrita de dados do bar-
ramento de dados no endereço especificado no
barramento de endereços.
• Memory Read - Causa dados de um dado endere-
ço especificado pelo barramento de endereço a ser
posto no barramento de dados.
• I/O Write - Causa dados no barramento de dados
serem enviados para uma porta de saída (disposi-
tivo de I/O).
• I/O Read - Causa a leitura de dados de um disposi-
tivo de I/O, os quais serão colocados no barramen-
to de dados.
• Bus request - Indica que um módulo pede controle Foi lançado em 1984 pela IBM para suportar o novo
do barramento do sistema. PC-AT. Tornou-se, de imediato, o padrão de todos os
• Reset - Inicializa todos os módulos PC-compatíveis. Era um barramento único para todos os
componentes do computador, operando com largura de
Todo barramento é implementado seguindo um con- 16 bits e com clock de 8 MHz.
junto de regras de comunicação entre dispositivos co-
nhecido como BUS STANDARD, ou simplesmente PRO-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

TOCOLO DE BARRAMENTO, que vem a ser um padrão


que qualquer dispositivo que queira ser compatível com
este barramento deva compreender e respeitar. Mas um
ponto sempre é certeza: todo dispositivo deve ser único
no acesso ao barramento, porque os dados trafegam
por toda a extensão da placa-mãe ou de qualquer outra
placa e uma mistura de dados seria o caos para o funcio-
namento do computador.

213
PCI – Peripheral Components Interconnect Esse barramento permite que uma placa controladora
gráfica AGP substitua a placa gráfica no barramento PCI.
O Chip controlador AGP substitui o controlador de E/S
do barramento PCI. O novo conjunto AGP continua com
funções herdadas do PCI. O conjunto faz a transferência
de dados entre memória, o processador e o controlador
ISA, tudo, simultaneamente.
Permite acesso direto mais rápido à memória. Pela
porta gráfica aceleradora, a placa tem acesso direto à
RAM, eliminando a necessidade de uma VRAM (vídeo
RAM) na própria placa para armazenar grandes arquivos
de bits como mapas e textura.
O uso desse barramento iniciou-se através de placas-
-mãe que usavam o chipset i440LX, da Intel, já que esse
chipset foi o primeiro a ter suporte ao AGP. A principal
vantagem desse barramento é o uso de uma maior quan-
tidade de memória para armazenamento de texturas para
objetos tridimensionais, além da alta velocidade no acesso
a essas texturas para aplicação na tela.
PCI é um barramento síncrono de alta performance, indi- O primeiro AGP (1X) trabalhava a 133 MHz, o que
cado como mecanismo entre controladores altamente inte- proporciona uma velocidade 4 vezes maior que o PCI.
grados, plug-in placas, sistemas de processadores/memória. Além disso, sua taxa de transferência chegava a 266 MB
Foi o primeiro barramento a incorporar o conceito por segundo quando operando no esquema de veloci-
plug-and-play. dade X1, e a 532 MB quando no esquema de velocidade
Seu lançamento foi em 1993, em conjunto com o pro- 2X. Existem também as versões 4X, 8X e 16X. Geralmente,
cessador PENTIUM da Intel. Assim o novo processador
só se encontra um único slot nas placas-mãe, visto que o
realmente foi revolucionário, pois chegou com uma série
AGP só interessa às placas de vídeo.
de inovações e um novo barramento. O PCI foi definido
com o objetivo primário de estabelecer um padrão da in-
dústria e uma arquitetura de barramento que ofereça bai- PCI Express
xo custo e permita diferenciações na implementação.

Componente PCI ou PCI master

Funciona como uma ponte entre processador e bar-


ramento PCI, no qual dispositivos add-in com interface
PCI estão conectados.

• Add-in cards interface


Possuem dispositivos que usam o protocolo PCI. São
gerenciados pelo PCI master e são totalmente progra-
máveis.

AGP – Advanced Graphics Port


Na busca de uma solução para algumas limitações
dos barramentos AGP e PCI, a indústria de tecnologia tra-
balha no barramento PCI Express, cujo nome inicial era
3GIO. Trata-se de um padrão que proporciona altas taxas
de transferência de dados entre o computador em si e
um dispositivo, por exemplo, entre a placa-mãe e uma
placa de vídeo 3D.
A tecnologia PCI Express conta com um recurso que
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

permite o uso de uma ou mais conexões seriais, também


chamados de lanes para transferência de dados. Se um
determinado dispositivo usa um caminho, então diz-se
que esse utiliza o barramento PCI Express 1X; se utiliza
4 lanes , sua denominação é PCI Express 4X e assim por
diante. Cada lane pode ser bidirecional, ou seja, recebe e
envia dados. Cada conexão usada no PCI Express traba-
lha com 8 bits por vez, sendo 4 em cada direção. A fre-
qüência usada é de 2,5 GHz, mas esse valor pode variar.

214
Assim sendo, o PCI Express 1X consegue trabalhar com Interface Serial
taxas de 250 MB por segundo, um valor bem maior que
os 132 MB do padrão PCI. Esse barramento trabalha com Conhecida por seu uso em mouse e modems, esta
até 16X, o equivalente a 4000 MB por segundo. A tabela interface no passado já conectou até impressoras. Sua
abaixo mostra os valores das taxas do PCI Express com- característica fundamental é que os bits trafegam em fila,
paradas às taxas do padrão AGP: um por vez, isso torna a comunicação mais lenta, porém
o cabo do dispositivo pode ser mais longo, alguns che-
gam até a 10 metros de comprimento. Isso é útil para
AGP PCI Express usar uma barulhenta impressora matricial em uma sala
AGP 1X: 266 MB por PCI Express 1X: 250 MB por separada daquela onde o trabalho acontece.
segundo segundo As velocidades de comunicação dessa interface va-
riam de 25 bps até 57.700 bps (modems mais recentes).
AGP 4X: 1064 MB por PCI Express 2X: 500 MB por Na parte externa do gabinete, essas interfaces são repre-
segundo segundo sentadas por conectores DB-9 ou DB-25 machos.
AGP 8X: 2128 MB por PCI Express 8X: 2000 MB por
segundo segundo
PCI Express 16X: 4000 MB
por segundo

É importante frisar que o padrão 1X foi pouco utili-


zado e, devido a isso, há empresas que chamam o PC I
Express 2X de PCI Express 1X.
Assim sendo, o padrão PCI Express 1X pode represen-
tar também taxas de transferência de dados de 500 MB
por segundo.
A Intel é uma das grandes precursoras de inovações Interface Paralela
tecnológicas.
No início de 2001, em um evento próprio, a empre- Criada para ser uma opção ágil em relação à serial,
sa mostrou a necessidade de criação de uma tecnolo- essa interface transmite um byte de cada vez. Devido aos
gia capaz de substituir o padrão PCI: tratava-se do 3GIO 8 bits em paralelo existe um RISCo de interferência na
(Third Generation I/O – 3ª geração de Entrada e Saída). corrente elétrica dos condutores que formam o cabo.
Em agosto desse mesmo ano, um grupo de empresas Por esse motivo os cabos de comunicação desta interfa-
chamado de ce são mais curtos, normalmente funcionam muito bem
PCI-SIG (composto por companhias como IBM, AMD até a distância de 1,5 metro, embora exista no mercado
e Microsoft) aprovou as primeiras especificações do cabos paralelos de até 3 metros de comprimento. A ve-
3GIO. locidade de transmissão desta porta chega até a 1,2 MB
Entre os quesitos levantados nessas especificações, por segundo.
estão os que se seguem: suporte ao barramento PCI, pos- Nos gabinetes dos computadores essa porta é en-
sibilidade de uso de mais de uma lane, suporte a outros contrada na forma de conectores DB-25 fêmeas. Nas
tipos de conexão de plataformas, melhor gerenciamento impressoras, normalmente, os conectores paralelos são
de energia, melhor proteção contra erros, entre outros. conhecidos como interface centronics.
Esse barramento é fortemente voltado para uso em
subsistemas de vídeo.

Interfaces – Barramentos Externos

Os barramentos circulam dentro do computador,


cobrem toda a extensão da placa-mãe e servem para
conectar as placas menores especializadas em determi-
nadas tarefas do computador. Mas os dispositivos peri-
féricos precisam comunicarem-se com a UCP, para isso,
historicamente foram desenvolvidas algumas soluções
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de conexão tais como: serial, paralela, USB e Firewire.


Passando ainda por algumas soluções proprietárias, ou USB – Universal Serial Bus
seja, que somente funcionavam com determinado peri-
férico e de determinado fabricante. A tecnologia USB surgiu no ano de 1994 e, desde en-
tão, foi passando por várias revisões. As mais populares
são as versões 1.1 e 2.0, sendo esta última ainda bastante
utilizada. A primeira é capaz de alcançar, no máximo, ta-
xas de transmissão de 12 Mb/s (megabits por segundo),
enquanto que a segunda pode oferecer até 480 Mb/s.

215
Como se percebe, o USB 2.0 consegue ser bem rá- Conectores USB 3.0
pido, afinal, 480 Mb/s correspondem a cerca de 60 me-
gabytes por segundo. No entanto, acredite, a evolução Outro aspecto no qual o padrão USB 3.0 difere do 2.0
da tecnologia acaba fazendo com que velocidades muito diz respeito ao conector. Os conectores de ambos são
maiores sejam necessárias. bastante parecidos, mas não são iguais.
Não é difícil entender o porquê: o número de cone-
xões à internet de alta velocidade cresce rapidamente, Conector USB 3.0 A
o que faz com que as pessoas queiram consumir, por
exemplo, vídeos, músicas, fotos e jogos em alta defini- Como você verá mais adiante, os cabos da tecnologia
ção. Some a isso ao fato de ser cada vez mais comum o USB 3.0 são compostos por nove fios, enquanto que os
surgimento de dispositivos como smartphones e câme- cabos USB 2.0 utilizam apenas 4. Isso acontece para que
ras digitais que atendem a essas necessidades. A conse- o padrão novo possa suportar maiores taxas de transmis-
quência não poderia ser outra: grandes volumes de da-
são de dados. Assim, os conectores do USB 3.0 possuem
dos nas mãos de um número cada vez maior de pessoas.
contatos para estes fios adicionais na parte do fundo. Caso
Com suas especificações finais anunciadas em no-
um dispositivo USB 2.0 seja utilizado, este usará apenas os
vembro de 2008, o USB 3.0 surgiu para dar conta desta e
contatos da parte frontal do conector. As imagens a seguir
da demanda que está por vir. É isso ou é perder espaço
para tecnologias como o FireWire ou Thunderbolt, por mostram um conector USB 3.0 do tipo A:
exemplo. Para isso, o USB 3.0 tem como principal carac-
terística a capacidade de oferecer taxas de transferência
de dados de até 4,8 Gb/s (gigabits por segundo). Mas
não é só isso...

O que é USB 3.0?

Como você viu no tópico acima, o USB 3.0 surgiu por-


que o padrão precisou evoluir para atender novas neces-
sidades. Mas, no que consiste exatamente esta evolução?
O que o USB 3.0 tem de diferente do USB 2.0? A principal
característica você já sabe: a velocidade de até 4,8 Gb/s
(5 Gb/s, arredondando), que corresponde a cerca de 600
megabytes por segundo, dez vezes mais que a velocida- Estrutura interna de um conector USB 3.0 A
de do USB 2.0. Nada mal, não?

Símbolo para dispositivos USB 3.0

Mas o USB 3.0 também se destaca pelo fator “alimen-


tação elétrica”: o USB 2.0 fornece até 500 miliampéres,
Conector USB 3.0 A
enquanto que o novo padrão pode suportar 900 miliam-
Você deve ter percebido que é possível conectar dis-
péres. Isso significa que as portas USB 3.0 podem ali-
positivos USB 2.0 ou 1.1 em portas USB 3.0. Este último
mentar dispositivos que consomem mais energia (como
é compatível com as versões anteriores. Fabricantes tam-
determinados HDs externos, por exemplo, cenário quase
bém podem fazer dispositivos USB 3.0 compatíveis com
impossível com o USB 2.0).
o padrão 2.0, mas neste caso a velocidade será a deste
último. E é claro: se você quer interconectar dois dispo-
É claro que o USB 3.0 também possui as caracterís-
sitivos por USB 3.0 e aproveitar a sua alta velocidade, o
ticas que fizeram as versões anteriores tão bem aceitas,
cabo precisa ser deste padrão.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

como Plug and Play (plugar e usar), possibilidade de


conexão de mais de um dispositivo na mesma porta,
Conector USB 3.0 B
hot-swappable (capacidade de conectar e desconectar
Tal como acontece na versão anterior, o USB 3.0 tam-
dispositivos sem a necessidade de desligá-los) e compa-
bém conta com conectores diferenciados para se ade-
tibilidade com dispositivos nos padrões anteriores.
quar a determinados dispositivos. Um deles é o conector
do tipo B, utilizado em aparelhos de porte maior, como
impressoras ou scanners, por exemplo.

216
Em relação ao tipo B do padrão USB 2.0, a porta USB que serve como “fio terra”, permitindo o fornecimento de
3.0 possui uma área de contatos adicional na parte supe- até 1000 miliampéres a um dispositivo.
rior. Isso significa que nela podem ser conectados tantos Quanto ao tamanho dos cabos, não há um limite
dispositivos USB 2.0 (que aproveitam só a parte inferior) definido, no entanto, testes efetuados por algumas en-
quanto USB 3.0. No entanto, dispositivos 3.0 não pode- tidades especialistas (como a empresa Cable Wholesale)
rão ser conectados em portas B 2.0: recomendam, no máximo, até 3 metros para total apro-
veitamento da tecnologia, mas esta medida pode variar
de acordo com as técnicas empregadas na fabricação.
No que se refere à transmissão de dados em si, o USB
3.0 faz esse trabalho de maneira bidirecional, ou seja,
entre dispositivos conectados, é possível o envio e o re-
cebimento simultâneo de dados. No USB 2.0, é possível
apenas um tipo de atividade por vez.
O USB 3.0 também consegue ser mais eficiente no
controle do consumo de energia. Para isso, o host, isto é,
a máquina na qual os dispositivos são conectados, se co-
munica com os aparelhos de maneira assíncrona, aguar-
Conector USB 3.0 B - imagem por USB.org dando estes indicarem a necessidade de transmissão de
dados. No USB 2.0, há uma espécie de “pesquisa contí-
Micro-USB 3.0 nua”, onde o host necessita enviar sinais constantemente
O conector micro-USB, utilizado em smartphones, para saber qual deles necessita trafegar informações.
por exemplo, também sofreu modificações: no padrão Ainda no que se refere ao consumo de energia, tanto
USB 3.0 - com nome de micro-USB B -, passou a contar o host quanto os dispositivos conectados podem entrar
com uma área de contatos adicional na lateral, o que de em um estado de economia em momentos de ociosida-
certa forma diminui a sua praticidade, mas foi a solução de. Além disso, no USB 2.0, os dados transmitidos aca-
encontrada para dar conta dos contatos adicionais: bam indo do host para todos os dispositivos conectados.
No USB 3.0, essa comunicação ocorre somente com o
dispositivo de destino.

Como saber rapidamente se uma porta é USB 3.0


Em determinados equipamentos, especialmente lap-
tops, é comum encontrar, por exemplo, duas portas USB
2.0 e uma USB 3.0. Quando não houver nenhuma descri-
ção identificando-as, como saber qual é qual? Pela cor
Para facilitar a diferenciação, fabricantes estão ado- existente no conector.
tando a cor azul na parte interna dos conectores USB 3.0 Pode haver exceções, é claro, mas pelo menos boa
e, algumas vezes, nos cabos destes. Note, no entanto, parte dos fabricantes segue a recomendação de identi-
que é essa não é uma regra obrigatória, portanto, é sem- ficar os conectores USB 3.0 com a sua parte plástica em
pre conveniente prestar atenção nas especificações do azul, tal como informado anteriormente. Nas portas USB
produto antes de adquiri-lo. 2.0, por sua vez, os conectores são pretos ou, menos fre-
quentemente, brancos.
Sobre o funcionamento do USB 3.0
Como você já sabe, cabos USB 3.0 trabalham com USB 3.1: até 10 Gb/s
9 fios, enquanto que o padrão anterior utiliza 4: VBus Em agosto de 2013, a USB.org anunciou as especifica-
(VCC), D+, D- e GND. O primeiro é o responsável pela ali- ções finais do USB 3.1 (também chamado deSuperSpeed
mentação elétrica, o segundo e o terceiro são utilizados USB 10 Gbps), uma variação do USB 3.0 que se propõe a
na transmissão de dados, enquanto que o quarto atua oferecer taxas de transferência de dados de até 10 Gb/s
como “fio terra”. (ou seja, o dobro).
No padrão USB 3.0, a necessidade de transmissão de Na teoria, isso significa que conexões 3.1 podem al-
dados em alta velocidade fez com que, no início, fosse cançar taxas de até 1,2 gigabyte por segundo! E não é
considerado o uso de fibra óptica para este fim, mas tal exagero, afinal, há aplicações que podem usufruir desta
característica tornaria a tecnologia cara e de fabricação velocidade. É o caso de monitores de vídeo que são co-
mais complexa. A solução encontrada para dar viabilida- nectados ao computador via porta USB, por exemplo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de ao padrão foi a adoção de mais fios. Além daqueles Para conseguir taxas tão elevadas, o USB 3.1 não faz
utilizados no USB 2.0, há também os seguintes: StdA_ uso de nenhum artefato físico mais elaborado. O “segre-
SSRX- e StdA_SSRX+ para recebimento de dados, StdA_ do”, essencialmente, está no uso de um método de codi-
SSTX- e StdA_SSTX+ para envio, e GND_DRAIN como “fio ficação de dados mais eficiente e que, ao mesmo tempo,
terra” para o sinal. não torna a tecnologia significantemente mais cara.
Vale ressaltar que o USB 3.1 é compatível com conec-
O conector USB 3.0 B pode contar ainda com uma tores e cabos das especificações anteriores, assim como
variação (USB 3.0 B Powered) que utiliza um contato a com dispositivos baseados nestas versões.
mais para alimentação elétrica e outro associado a este

217
Merece destaque ainda o aspecto da alimentação • Transmite diferentes tipos de sinais digitais:
elétrica: o USB 3.1 poderá suportar até de 100 watts na vídeo, áudio, MIDI, comandos de controle de dis-
transferência de energia, indicando que dispositivos mais positivo, etc;
exigentes poderão ser alimentados por portas do tipo. • Totalmente Digital (sem a necessidade de conver-
Monitores de vídeo e HDs externos são exemplos: não sores analógico-digital, e portanto mais seguro e
seria ótimo ter um único cabo saindo destes dispositivos? rápido);
A indústria trabalha com a possiblidade de os primei- • Devido a ser digital, fisicamente é um cabo fino,
ros equipamentos baseados em USB 3.1 começarem a flexível, barato e simples;
chegar ao mercado no final de 2014. Até lá, mais detalhes • Como é um barramento serial, permite conexão
serão revelados. bem facilitada, ligando um dispositivo ao outro,
Novo conector “tipo C”: uso dos dois lados sem a necessidade de conexão ao micro (somente
Em dezembro de 2013, a USB.org anunciou outra no- uma ponta é conectada no micro).
vidade para a versão 3.1 da tecnologia: um conector cha-
mado (até agora, pelos menos) de tipo C que permitirá A distância do cabo é limitada a 4.5 metros antes de
que você conecte um cabo à entrada a partir de qualquer haver distorções no sinal, porém, restringindo a velocida-
lado. de do barramento podem-se alcançar maiores distâncias
Sabe aquelas situações onde você encaixa um cabo de cabo (até 14 metros). Lembrando que esses valores
ou pendrive de um jeito, nota que o dispositivo não fun- são para distâncias “ENTRE PERIFÉRICOS”, e SEM A UTILI-
cionou e somente então percebe que o conectou incorre- ZAÇÃO DE TRANSCEIVERS (com transceivers a previsão é
tamente? Com o novo conector, este problema será coisa
chegar a até 70 metros usando fibra ótica).
do passado: qualquer lado fará o dispositivo funcionar.
Trata-se de um plugue reversível, portanto, semelhan-
O barramento firewire permite a utilização de disposi-
te aos conectores Lightning existentes nos produtos da
tivos de diferentes velocidades (100, 200, 400, 800, 1200
Apple. Tal como estes, o conector tipo C deverá ter tam-
Mb/s) no mesmo barramento.
bém dimensões reduzidas, o que facilitará a sua adoção
O suporte a esse barramento está nativamente em
em smartphones, tablets e outros dispositivos móveis.
Macs, e em PCs através de placas de expansão especí-
Tamanha evolução tem um preço: o conector tipo C
ficas ou integradas com placas de captura de vídeo ou
não será compatível com as portas dos padrões anterio-
de som.
res, exceto pelo uso de adaptadores. É importante relem-
brar, no entanto, que será possível utilizar os conectores
já existentes com o USB 3.1. Os principais usos que estão sendo direcionados a
A USB.org promete liberar mais informações sobre essa interface, devido às características listadas, são na
esta novidade em meados de 2014. área de multimídia, especialmente na conexão de dispo-
sitivos de vídeo (placas de captura, câmeras, TVs digitais,
Firewire setup boxes, home theather, etc).

O barramento firewire, também conhecido como IEEE


1394 ou como i.Link, é um barramento de grande volume
de transferência de dados entre computadores, periféri-
cos e alguns produtos eletrônicos de consumo. Foi de-
senvolvido inicialmente pela Apple como um barramento
serial de alta velocidade, mas eles estavam muito à fren-
te da realidade, ainda mais com, na época, a alternativa
do barramento USB que já possuía boa velocidade, era
barato e rapidamente integrado no mercado. Com isso,
a Apple, mesmo incluindo esse tipo de conexão/portas
INTERFACE DE VIDEO
no Mac por algum tempo, a realidade “de fato”, era a
não existência de utilidade para elas devido à falta de
periféricos para seu uso. Porém o desenvolvimento con- Conector VGA (Video Graphics Array)
tinuou, sendo focado principalmente pela área de vídeo,
que poderia tirar grandes proveitos da maior velocidade Os conectores VGA são bastante conhecidos, pois
que ele oferecia. estão presentes na maioria absoluta dos “grandalhões”
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

monitores CRT (Cathode Ray Tube) e também em alguns


Suas principais vantagens: modelos que usam a tecnologia LCD, além de não ser raro
encontrá-los em placas de vídeos (como não poderia dei-
• São similares ao padrão USB; xar de ser). O conector desse padrão, cujo nome é D-Sub,
• Conexões sem necessidade de desligamento/boot é composto por três “fileiras” de cinco pinos. Esses pinos
do micro (hot-plugable); são conectados a um cabo cujos fios transmitem, de ma-
• Capacidade de conectar muitos dispositivos (até neira independente, informações sobre as cores vermelha
63 por porta); (red), verde (green) e azul (blue) - isto é, o conhecido es-
• Permite até 1023 barramentos conectados entre si; quema RGB - e sobre as frequências verticais e horizontais.

218
Em relação a estes últimos aspectos: frequência horizon- sinais digitais, não é necessário fazer a conversão, por-
tal consiste no número de linhas da tela que o monitor tanto, a qualidade da imagem é mantida. Por essa razão,
consegue “preencher” por segundo. Assim, se um monitor a saída DVI é ótima para ser usada em monitores LCD,
consegue varrer 60 mil linhas, dizemos que sua frequência DVDs, TVs de plasma, entre outros.
horizontal é de 60 KHz. Frequência vertical, por sua vez, É necessário frisar que existe mais de um tipo de co-
consiste no tempo em que o monitor leva para ir do can- nector DVI:
to superior esquerdo da tela para o canto inferior direito. DVI-A: é um tipo que utiliza sinal analógico, porém
Assim, se a frequência horizontal indica a quantidade de oferece qualidade de imagem superior ao padrão VGA;
vezes que o canhão consegue varrer linhas por segundo, DVI-D: é um tipo similar ao DVI-A, mas utiliza sinal di-
a frequência vertical indica a quantidade de vezes que a gital. É também mais comum que seu similar, justamente
tela toda é percorrida por segundo. Se é percorrida, por por ser usado em placas de vídeo;
exemplo, 56 vezes por segundo, dizemos que a frequência DVI-I: esse padrão consegue trabalhar tanto com DVI-
vertical do monitor é de 56 Hz. -A como com DVI-D. É o tipo mais encontrado atualmente.
Há ainda conectores DVI que trabalham com as es-
É comum encontrar monitores cujo cabo VGA possui pecificações Single Link e Dual Link. O primeiro suporta
pinos faltantes. Não se trata de um defeito: embora os resoluções de até 1920x1080 e, o segundo, resoluções
conectores VGA utilizem um encaixe com 15 pinos, nem de até 2048x1536, em ambos os casos usando uma fre-
todos são usados. quência de 60 Hz.

O cabo dos dispositivos que utilizam a tecnologia DVI


é composto, basicamente, por quatro pares de fios tran-
çados, sendo um par para cada cor primária (vermelho,
verde e azul) e um para o sincronismo. Os conectores,
por sua vez, variam conforme o tipo do DVI, mas são pa-
recidos entre si, como mostra a imagem a seguir:

Conector e placa de vídeo com conexão VGA

Conector DVI (Digital Video Interface)

Os conectores DVI são bem mais recentes e propor-


cionam qualidade de imagem superior, portanto, são
considerados substitutos do padrão VGA. Isso ocorre Atualmente, praticamente todas as placas de vídeo e
porque, conforme indica seu nome, as informações das monitores são compatíveis com DVI. A tendência é a de
imagens podem ser tratadas de maneira totalmente digi- que o padrão VGA caia, cada vez mais, em desuso.
tal, o que não ocorre com o padrão VGA. Conector S-Video (Separated Video)

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Padrão S-Video

Para entender o S-Video, é melhor compreender, pri-


Conector DVI-D meiramente, outro padrão: o Compost Video, mais co-
nhecido como Vídeo Composto. Esse tipo utiliza conec-
Quando, por exemplo, um monitor LCD trabalha com tores do tipo RCA e é comumente encontrado em TVs,
conectores VGA, precisa converter o sinal que recebe
aparelhos de DVD, filmadoras, entre outros.
para digital. Esse processo faz com que a qualidade da
imagem diminua. Como o DVI trabalha diretamente com Geralmente, equipamentos com Vídeo Composto
fazem uso de três cabos, sendo dois para áudio (canal

219
esquerdo e canal direito) e o terceiro para o vídeo, sendo cor verde), é responsável pela transmissão do vídeo em
este o que realmente faz parte do padrão. Esse cabo é preto e branco, isto é, pela “estrutura” da imagem. Os
constituído de dois fios, um para a transmissão da ima- demais conectores trabalham com os dados das cores e
gem e outro que atua como “terra”. com o sincronismo.
O S-Video, por sua vez, tem seu cabo formado com Como dito anteriormente, o padrão S-Video é cada
três fios: um transmite imagem em preto e branco; outro vez mais comum em placas de vídeo. No entanto, alguns
transmite imagens em cores; o terceiro atua como terra. modelos são também compatíveis com Vídeo Compo-
É essa distinção que faz com que o S-Video receba essa nente. Nestes casos, o encaixe que fica na placa pode
denominação, assim como é essa uma das características ser do tipo que aceita sete pinos (pode haver mais). Mas,
que faz esse padrão ser melhor que o Vídeo Composto. para ter certeza dessa compatibilidade, é necessário con-
O conector do padrão S-Video usado atualmente é sultar o manual do dispositivo.
conhecido como Mini-Din de quatro pinos (é semelhante Para fazer a conexão de um dispositivo ao computa-
ao usado em mouses do tipo PS/2). Também é possível dor usando o Component Video, é necessário utilizar um
encontrar conexões S-Video de sete pinos, o que indica cabo especial (geralmente disponível em lojas especiali-
que o dispositivo também pode contar com Vídeo Com- zadas): uma de suas extremidades contém os conectores
ponente (visto adiante). Y-Pb-Pr, enquanto a outra possui um encaixe único, que
Muitas placas de vídeo oferecem conexão VGA ou DVI deve ser inserido na placa de vídeo.
com S-Video. Dependendo do caso, é possível encontrar
os três tipos na mesma placa. Assim, se você quiser as- MONITOR DE VÍDEO
sistir na TV um vídeo armazenado em seu computador,
basta usar a conexão S-Video, desde que a televisão seja O monitor é um dispositivo de saída do computador,
compatível com esse conector, é claro. cuja função é transmitir informação ao utilizador através
da imagem.
Os monitores são classificados de acordo com a tec-
nologia de amostragem de vídeo utilizada na formação
da imagem. Atualmente, essas tecnologias são três: CRT,
LCD e plasma. À superfície do monitor sobre a qual se
projecta a imagem chamamos tela, ecrã ou écran.

Tecnologias
CRT

Placa de vídeo com conectores S-Video, DVI e VGA

Component Video (Vídeo Componente)


O padrão Component Video é, na maioria das vezes,
usado em computadores para trabalhos profissionais -
por exemplo, para atividades de edição de vídeo. Seu uso CRT (Cathodic Ray Tube), em inglês, sigla de (Tubo
mais comum é em aparelhos de DVD e em televisores de de raios catódicos) é o monitor “tradicional”, em que a
alta definição (HDTV - High-Definition Television), sendo tela é repetidamente atingida por um feixe de elétrons,
um dos preferidos para sistemas de home theater. Isso que atuam no material fosforescente que a reveste, assim
ocorre justamente pelo fato de o Vídeo Componente formando as imagens.
oferecer excelente qualidade de imagem. Este tipo de monitor tem como principais vantagens:

• longa vida útil;


• baixo custo de fabricação;
• grande banda dinâmica de cores e contrastes; e
• grande versatilidade (uma vez que pode funcionar
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

em diversas resoluções, sem que ocorram grandes


distorções na imagem).
As maiores desvantagens deste tipo de monitor são:
Component Video

• suas dimensões (um monitor CRT de 20 polegadas


A conexão do Component Video é feita através de
pode ter até 50 cm de profundidade e pesar mais
um cabo com três fios, sendo que, geralmente, um é in-
de 20 kg);
dicado pela cor verde, outro é indicado pela cor azul e o
• o consumo elevado de energia;
terceiro é indicado pela cor vermelha, em um esquema
• seu efeito de cintilação (flicker); e
conhecido como Y-Pb-Pr (ou Y-Cb-Cr). O primeiro (de

220
• a possibilidade de emitir radiação que está fora • o contraste não é muito bom como nos monitores
do espectro luminoso (raios x), danosa à saúde no CRT ou de Plasma, assim a imagem fica com menos
caso de longos períodos de exposição. Este último definição, este aspecto vem sendo atenuado com
problema é mais frequentemente constatado em os novos paineis com iluminação por leds e a fide-
monitores e televisores antigos e desregulados, já lidade de cores nos monitores que usam paineis
que atualmente a composição do vidro que reves- do tipo TN (monitores comuns) são bem ruins, os
te a tela dos monitores detém a emissão dessas monitores com paineis IPS, mais raros e bem mais
radiações. caros, tem melhor fidelidade de cores, chegando
• Distorção geométrica. mais proximo da qualidade de imagem dos CRTs;
• um fato não-divulgado pelos fabricantes: se o cris-
LCD tal líquido da tela do monitor for danificado e fi-
car exposto ao ar, pode emitir alguns compostos
tóxicos, tais como o óxido de zinco e o sulfeto de
zinco; este será um problema quando alguns dos
monitores fabricados hoje em dia chegarem ao fim
de sua vida útil (estimada em 20 anos).
• ângulo de visão inferiores: Um monitor LCD, dife-
rente de um monitor CRT, apresenta limitação com
relação ao ângulo em que a imagem pode ser vista
sem distorção. Isto era mais sensível tempos atrás
quando os monitores LCDs eram de tecnologia
passiva, mas atualmente apresentam valores me-
lhores em torno de 160º.

Apesar das desvantagens supra mencionadas, a ven-


da de monitores e televisores LCD vem crescendo bas-
tante.

Um monitor de cristal líquido. Principais características técnicas

LCD (Liquid Cristal Display, em inglês, sigla de tela de Para a especificação de um monitor de vídeo, as ca-
cristal líquido) é um tipo mais moderno de monitor. Nele, racterísticas técnicas mais relevantes são:
a tela é composta por cristais que são polarizados para
gerar as cores. • Luminância;
• Tamanho da tela;
Tem como vantagens: • Tamanho do ponto;
• Temperatura da cor;
• O baixo consumo de energia; • Relação de contraste;
• As dimensões e peso reduzidas; • Interface (DVI ou VGA, usualmente);
• A não-emissão de radiações nocivas; • Frequência de sincronismo horizontal;
• A capacidade de formar uma imagem praticamen- • Frequência de sincronismo vertical;
te perfeita, estável, sem cintilação, que cansa me- • Tempo de resposta; e
nos a visão - desde que esteja operando na resolu- • Frequência de atualização da imagem
ção nativa;
LED
As maiores desvantagens são: Painéis LCD com retro iluminação LED, ou LED TVs, o
mesmo mecanismo básico de um LCD, mas com ilumina-
• o maior custo de fabricação (o que, porém, tenderá ção LED. Ao invés de uma única luz branca que incide so-
a impactar cada vez menos no custo final do pro- bre toda a superfície da tela, encontra-se um painel com
duto, à medida que o mesmo se for popularizan- milhares de pequenas luzes coloridas que acendem de
do); forma independente. Em outras palavras, aplica-se uma
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• o fato de que, ao trabalhar em uma resolução dife- tecnologia similar ao plasma a uma tela de LCD.
rente daquela para a qual foi projetado, o monitor
LCD utiliza vários artifícios de composição de ima- KIT MULTIMÍDIA
gem que acabam degradando a qualidade final da Multimídia nada mais é do que a combinação de tex-
mesma; e tos, sons e vídeos utilizados para apresentar informações
• o “preto” que ele cria emite um pouco de luz, o de maneira que, antes somente imaginávamos, prati-
que confere ao preto um aspecto acinzentado ou camente dando vida às suas apresentação comerciais e
azulado, não apresentando desta forma um preto pessoais. A multimídia mudou completamente a maneira
real similar aos oferecidos nos monitores CRTs; como as pessoas utilizam seus computadores.

221
Kit multimídia nada mais é do que o conjunto que motherboards actuais existem duas portas deste tipo.
compõem a parte física (hardwares) do computador rela-
cionados a áudio e som do sistema operacional.

Podemos citar como exemplo de Kit Multimídia, uma Porta Série


placa de som, um drive de CD-ROM, microfone e um par A saída série de um computador geralmente está lo-
de caixas acústicas. calizada na placa MULTI-IDE e é utilizada para diversos
fins como, por exemplo, ligar um fax modem externo,
ligar um rato série, uma plotter, uma impressora e ou-
tros periféricos. As portas cujas fichas têm 9 ou 25 pinos
são também designadas de COM1 e COM2. As mother-
boards possuem uma ou duas portas deste tipo.

As portas são, por definição, locais onde se entra e Porta Paralela


sai. Em termos de tecnologia informática não é excep- A porta paralela obedece à norma Centronics. Nas
ção. As portas são tomadas existentes na face posterior portas paralelas o sinal eléctrico é enviado em simultâ-
da caixa do computador, às quais se ligam dispositivos neo e, como tal, tem um desempenho superior em rela-
de entrada e de saída, e que são directamente ligados à ção às portas série. No caso desta norma, são enviados
motherboard . 8 bits de cada vez, o que faz com que a sua capacidade
Estas portas ou canais de comunicação podem ser:
de transmisssão atinja os 100 Kbps. Esta porta é utilizada
para ligar impressoras e scanners e possui 25 pinos em
* Porta Dim
* Porta PS/2 duas filas.
* Porta série
* Porta Paralela Porta USB (Universal Serial Bus)
* Porta USB Desenvolvida por 7 empresas (Compaq, DEC, IBM, In-
* Porta FireWire tel, Microsoft, NEC e Northern Telecom), vai permitir co-
nectar periféricos por fora da caixa do computador, sem
Porta DIM a necessidade de instalar placas e reconfigurar o sistema.
É uma porta em desuso, com 5 pinos, e a ela eram li- Computadores equipados com USB vão permitir que os
gados os teclados dos computadores da geração da Intel periféricos sejam automaticamente configurados assim
80486, por exemplo. Como se tratava apenas de ligação que estejam conectados fisicamente, sem a necessidade
para teclados, existia só uma porta destas nas mother- de reboot ou programas de setup. O número de acessó-
boards. Nos equipamentos mais recentes, os teclados
rios ligados à porta USB pode chegar a 127, usando para
são ligados às portas PS/2.
isso um periférico de expansão.
A conexão é Plug & Play e pode ser feita com o com-
putador ligado. O barramento USB promete acabar com
os problemas de IRQs e DMAs.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O padrão suportará acessórios como controles de


monitor, acessórios de áudio, telefones, modems, tecla-
dos, mouses, drives de CD ROM, joysticks, drives de fitas
e disquetes, acessórios de imagem como scanners e im-
Porta PS/2
pressoras. A taxa de dados de 12 megabits/s da USB vai
Surgiram com os IBM PS/2 e nos respectivos teclados.
acomodar uma série de periféricos avançados, incluindo
Também são designadas por mini-DIM de 6 pinos. Os te-
produtos baseados em Vídeo MPEG-2, digitalizadores e
clados e ratos dos computadores actuais são, na maior
interfaces de baixo custo para ISDN (Integrated Services
parte dos casos, ligados através destes conectores. Nas

222
Digital Network) e PBXs digital. DISPOSITIVOS DE ARMAZENAGEM DE DADOS,
PROPRIEDADE E CARACTERÍSTICAS

DISPOSITIVOS DE ARMAZENAMENTO

Disco Rígido (HD)

Porta FireWire
A porta FireWire assenta no barramento com o mes-
mo nome, que representa um padrão de comunicações
recente e que tem várias características em comum como
o USB, mas traz a vantagem de ser muito mais rápido,
permitindo transferências a 400 Mbps e, pela norma IEEE
1394b, irá permitir a transferência de dados a velocida-
des a partir de 800 Mbps.

As ligações FireWire são utilizadas para ligar discos


amovíveis, Flash drives (Pen-Disks), Câmaras digitais, te-
levisões, impressoras, scanners, dispositivos de som, etc. .
Assim como na ligação USB, os dispositivos FireWire O disco rígido é popularmente conhecido como HD
podem ser conectados e desconectados com o compu- (Hard Disk Drive - HDD) e é comum ser chamado, tam-
tador ligado. bém, de memória, mas ao contrário da memória RAM,
quando o computador é desligado, não perde as infor-
FAX/MODEM mações.
O disco rígido é, na verdade, o único dispositivo para
armazenamento de informações indispensável ao fun-
cionamento do computador. É nele que ficam guarda-
dos todos os dados e arquivos, incluindo o sistema ope-
racional. Geralmente é ligado à placa-mãe por meio de
um cabo, que pode ser padrão IDE, SATA ou SATA2.

HD Externo

Placa utilizada para conecção internet pela linha dis-


cada (DIAL UP) geralmente opera com 56 Kbps(velocida-
de de transmissão dos dados 56.000 bits por segundo( 1
byte = 8 bits).Usa interface PCI.

Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta


capacidade de armazenamento, chegando facilmente à
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

casa dos Terabytes. Eles, normalmente, funcionam a par-


tir de qualquer entrada USB do computador.
As grandes vantagens destes dispositivos são:
Alta capacidade de armazenamento;
Facilidade de instalação;
Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qualquer
lugar sem necessidade de abrir o computador.

223
CD, CD-R e CD-RW O nome do disco refere-se à cor do feixe de luz do lei-
tor ótico que, na verdade, para o olho humano, apresen-
O Compact Disc (CD) foi criado no começo da década ta uma cor violeta azulada. O “e” da palavra blue (azul)
de 80 e é hoje um dos meios mais populares de armaze- foi retirado do nome por fins jurídicos, já que muitos paí-
nar dados digitalmente. ses não permitem que se registre comercialmente uma
Sua composição é geralmente formada por quatro palavra comum. O Blu-Ray foi introduzido no mercado
camadas: no ano de 2006.
Uma camada de policarbonato (espécie de plástico), Pen Drive
onde ficam armazenados os dados
Uma camada refletiva metálica, com a finalidade de
refletir o laser

• Uma camada de acrílico, para proteger os dados


• Uma camada superficial, onde são impressos os
rótulos

Na camada de gravação existe uma grande espiral


que tem um relevo de partes planas e partes baixas que É um dispositivo de armazenamento de dados em
representam os bits. Um feixe de laser “lê” o relevo e memória flash e conecta-se ao computador por uma
converte a informação. Temos hoje, no mercado, três ti- porta USB. Ele combina diversas tecnologias antigas com
pos principais de CDs: baixo custo, baixo consumo de energia e tamanho redu-
zido, graças aos avanços nos microprocessadores. Fun-
1. CD comercial ciona, basicamente, como um HD externo e quando co-
(que já vem gravado com música ou dados) nectado ao computador pode ser visualizado como um
drive. O pen drive também é conhecido como thumb-
2. CD-R drive (por ter o tamanho aproximado de um dedo pole-
(que vem vazio e pode ser gravado uma única vez) gar - thumb), flashdrive (por usar uma memória flash) ou,
ainda, disco removível.
3. CD-RW Ele tem a mesma função dos antigos disquetes e dos
(que pode ter seus dados apagados e regravados) CDs, ou seja, armazenar dados para serem transportados,
porém, com uma capacidade maior, chegando a 256 GB.
Atualmente, a capacidade dos CDs é armazenar cer-
ca de 700 MB ou 80 minutos de música. Cartão de Memória
DVD, DVD-R e DVD-RW

O Digital Vídeo Disc ou Digital Versatille Disc (DVD)


é hoje o formato mais comum para armazenamento de
vídeo digital. Foi inventado no final dos anos 90, mas só
se popularizou depois do ano 2000. Assim como o CD, é
composto por quatro camadas, com a diferença de que
o feixe de laser que lê e grava as informações é menor,
possibilitando uma espiral maior no disco, o que propor-
ciona maior capacidade de armazenamento.

Também possui as versões DVD-R e DVD-RW, sendo Assim como o pen drive, o cartão de memória é um
R de gravação única e RW que possibilita a regravação tipo de dispositivo de armazenamento de dados com
de dados. A capacidade dos DVDs é de 120 minutos de memória flash, muito encontrado em máquinas fotográ-
vídeo ou 4,7 GB de dados, existindo ainda um tipo de ficas digitais e aparelhos celulares smartphones.
DVD chamado Dual Layer, que contém duas camadas de Nas máquinas digitais registra as imagens capturadas
gravação, cuja capacidade de armazenamento chega a e nos telefones é utilizado para armazenar vídeos, fotos,
8,5 GB. ringtones, endereços, números de telefone etc.
O cartão de memória funciona, basicamente, como o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Blu-Ray pen drive, mas, ao contrário dele, nem sempre fica apa-
rente no dispositivo e é bem mais compacto.
O Blu-Ray é o sucessor do DVD. Sua capacidade varia
entre 25 e 50 GB. O de maior capacidade contém duas Os formatos mais conhecidos são:
camadas de gravação.
Seu processo de fabricação segue os padrões do CD • Memory Stick Duo
e DVD comuns, com a diferença de que o feixe de laser • SD (Secure Digital Card)
usado para leitura é ainda menor que o do DVD, o que • Mini SD
possibilita armazenagem maior de dados no disco. • Micro SD

224
Na prática, o tipo do arquivo pode ser identificado
ARQUIVOS DIGITAIS: DOCUMENTOS,
pela última palavrinha do nome do arquivo, após o pon-
PLANILHAS, IMAGENS, SONS E VÍDEOS
to, que, em geral consiste em apenas alguns caracteres (
3 ou 4 ) no final do nome.
PRINCIPAIS PADRÕES E CARACTERÍSTICA Assim, os nomes dos arquivos são divididos em duas
partes:
Nos computadores todos os tipos de dados estão Nome dado para o arquivo = antes do ponto . depois
codificados e armazenados dentro de arquivos. Assim, do ponto = tipo, formato, extensão ou terminação
quando se usa um equipamento computacional, o tem- Antes do ponto: quem cria, salva ou renomeia um ar-
po todo se cria, se visualiza, ou seja, se utiliza arquivos. quivo lhe dá um nome, que aparece nessa posição.
Essa parte do nome pode ser modificada em qual-
Arquivos quer momento. Ou seja, o arquivo pode ser renomeado.
Depois do ponto: define o seu formato. Ou seja, infor-
Arquivo é um conjunto de registros agrupados, que ma ao sistema operacional qual é o programa que abre
contém informações sobre uma certa área de atividade e aquele arquivo.
segue uma regra organizacional. Também é chamado de extensão ou tipo ou terminação.
Com uma definição tão geral, é importante é notar
O formato também é chamado de extensão ou tipo
que os arquivos podem armazenar qualquer tipo de in-
ou terminação.
formação: eles podem ser
Exemplos: mp3, zip, txt, bmp, jpg, xls, pps, exe, gif,
doc, html, mpeg,...
• Programas, textos, sons, imagens, vídeos, plani-
lhas, páginas Web... O formato informa ao sistema operacional qual foi o
• Ter tamanhos diferentes. programa que o gerou e que deverá ser executado para
• Permanecer disponível aos programas para utili- que o arquivo possa ser aberto, criado ou modificado.
zação, mesmo após o programa em execução ter Hoje existe um enorme número de formatos de arqui-
sido finalizado. vos para diferentes tipos de dados, sendo que a maioria
é incompatível entre si. Ou seja, se um arquivo for salvo
Portanto, arquivos de computador podem ser consi- em um certo formato, poderá ser aberto apenas por pro-
derados como o equivalente moderno dos documentos gramas que reconvertam suas informações em código
em papel que, tradicionalmente, eram armazenados em binário. Em geral, apenas pelo aplicativo que o criou.
folhetos, revistas e livros em escritórios e bibliotecas. Cada programa tem um formato nativo para atribuir
Um arquivo pode ser considerado como um objeto, aos arquivos, sendo que, teoricamente, esse é o formato
possuindo atributos, valores e um nome que o identifica que garantirá maior fidelidade.
Mas um programa, ao criar um arquivo, pode atribuir
Digital, não virtual a ele um ou mais formatos. Por exemplo, ao salvar uma
imagem muitas vezes pode-se escolher se ela será .jpg,
Com a evolução da Informática, todos os tipos de ar- .gif, .png, .bmp ...
quivos, textos, imagens, sons e vídeos foram transforma- É importante notar que se houver mais de um progra-
dos em sua expressão binária ou digital. ma no computador capaz de abrir um tipo de arquivo, um
Mas, é importante lembrar que um arquivo é digital, deles deve ser definido como o padrão, que abrirá aquela
mas não é virtual. extensão, quando o arquivo for clicado no gerenciador.
Ou seja, ele existe fisicamente. E tem um certo tama- O programa padrão é o que abrirá o arquivo, ou seja,
nho. Ocupa espaço em um disco. executará aquele formato, sem que o usuário necessite
Assim, pode-se perder arquivos se, por um acaso ou procurá-lo e abri-lo, quando, por exemplo, se dá um du-
um descuido, o local onde eles estão (disco rígido, pen- plo clique no arquivo num gerenciador de arquivos.
drive ... ) for danificado.
Assim, o conteúdo de um arquivo lhe confere um cer-
to formato, que pode ser identificado de duas maneiras:
Formatos
• Pelo formato (ou tipo ou terminação ou extensão)
Formatos são as definições para o armazenamento
de dados digitais em um disco, de modo que tais dados ou
possam ser acessados posteriormente. • Pelo ícone que aparece antes do documento.
Na prática, os formatos dizem como converter os da-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dos para zeros e uns, ou seja, para a linguagem binária Certas terminações identificam o programa em que o
do computador. arquivo foi criado. Por exemplo:
Assim, um formato define o modo como a informa- Formato/Programa
ção será guardada, para ser transferida ou acessada no .cdr/Corel Draw
futuro. .ppt/Power Point
Essa noção de extensão do nome de um arquivo foi
criada na época do DOS, para diferenciar os vários tipos,
quanto ao seu conteúdo (texto, som, imagem, compac-
tados, executáveis ...)

225
Como exibir nomes completos de arquivos Uma particularidade é que todo o conteúdo de um
CD ou DVD fica em um único arquivo, juntamente com
Ou seja, como ver o nome do arquivo, incluindo sua outras informações, como código de boot, estruturas e
extensão em um gerenciador de arquivos. atributos, sem nenhum tipo de compressão. Isto é, o ta-
Na instalação típica do Windows, os formatos dos manho desse arquivo representa o tamanho real que é
arquivos não são exibidos, pois o Windows, na configu- ocupado em um CD ou DVD. Portanto, em geral, arqui-
ração padronizada, esconde as extensões dos arquivos. vos ISO são grandes.
Evidentemente, isso pode gerar muita confusão. Assim, um arquivo ISO pode substituir um CD (mídia
Entretanto, é muito importante verificar as termina- física) na distribuição de programas. Basta copiar e exe-
ções, para identificar com facilidade que o tipo de arqui- cutar um ISO para instalar programas.
vo está sendo recebido / criado e evitar o truque, muito Vários programas gravadores abrem esse formato de
explorado por diversos vírus e outros programas inva- arquivo: Daemon tools, Nero imagedrive, WinIso, ...
sores, de confundir as vítimas com extensões falsas de
Basta abrir um ISO em um programa compatível para
arquivo.
poder gravar este conteúdo ou executá-lo sem necessi-
Para exibir os nomes completos dos arquivos, ou seja,
dade de mídia física.
nome e extensão:
Nota 1: Um arquivo com extensão “bc!” é um arquivo
| Windows 98 | Windows XP | Windows Vista / 7 |
temporário que um programa para copiar torrents cria.
Windows XP Assim que concluir o download, a extensão é alterada
para “ISO”.
• Abrir o “Meu Computador” ou o Windows Explorer Nota 2: Este formato também é compatível com o sis-
• Clicar em Ferramentas - “Opções de Pasta”, tema Mac OS X, mas a extensão usada é a CDR.
• Clicar na aba ‘Modo de Exibição”,
• Desmarcar a opção “Ocultar as extensões dos tipos ARQUIVO PDF
de arquivos conhecidos”

Windows Vista / 7 Sobre o formato PDF


PDF ( do inglês, Portable Document Format, Formato
• Clicar em Botão Iniciar, em Painel de Controle, em de Documento Portátil ) refere-se a um tipo de arquivo
Aparência e Personalização e, em seguida, em Op- que permite a qualquer computador visualizar o docu-
ções de Pasta. mento criado, independente do sistema operacional ou
• Clicar na aba Exibir e, em Configurações avançadas. do programa utilizado na sua criação.
• Clicar na aba ‘Modo de Exibição” e para fazer apa- Por exemplo, possibilita que um texto criado no Win-
recer as extensões de arquivos, desmarcar a caixa dows da Microsoft, possa ser visualizado, sem distorções,
de seleção em um computador com qualquer distribuição Linux. Ou
em outra máquina cujo sistema seja da Apple. Sem a ne-
“Ocultar as extensões dos tipos de arquivo conheci- cessidade de ter esses sitemas instalados. Ou seja, é um
dos” e clicar em “OK”. arquivo multiplataforma e o documento aparecerá de
maneira idêntica, qualquer que seja a plataforma onde
Sobre o formato inf ele estiver sendo lido ou impresso.
Devido a essa capacidade, o formato PDF tornou-se
É um arquivo texto do sistema Windows. Dentro dele praticamente um padrão mundial de distribuição de do-
estão o nome do dispositivo, versão, data de criação, lo- cumentos.
calização dos arquivos de instalação na mídia, onde se- É importante notar que é possível converter para PDF
rão copiados no drive C:/, o que será escrito no arquivo vários tipos de arquivos, desde os baseados em texto
de registro, etc. simples, corrido, como documentos que contenham vá-
O arquivo está dividido em grupos, separado pelo rios recursos, como tabelas, gráficos, imagens, etc.
nome entre colchetes [ nome do grupo ]. Deve-se ressaltar que esse é um formato gráfico e
As linhas abaixo do nome do grupo são as entradas não contém apenas texto. Assim, o formato PDF trata o
e comandos. texto como uma imagem, e isso torna difícil sua edição
Note que se o arquivo for renomeado com a termina- por terceiros.
ção .txt poderá ser lido normalmente. Felizmente, isso gera outras possibilidades de mane-
jo. Por exemplo, possibilita zoom, ou diferentes tipos de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Sobre o formato ISO visualização.


ISO ( International Organization for Standardization Como ler pdf
- Organização Internacional para Padronização ) provém Quando se lida com arquivos no formato PDF é preciso
do sistema de arquivos ISO 9660, usado em CDs e em ter instalado um programa específico para a sua leitura.
DVDs. Deve-se ressaltar que há programas gratuitos que
É um formato de arquivo que abriga todo o conteú- simplesmente permitem visualizar os arquivos, como
do de um CD ou DVD, que pode conter áudio, vídeo ou o Foxit (programa rápido e pequeno) além do Acrobat
dados. Reader.

226
Entretanto, para editar um documento em PDF, ou Tipos de arquivos suportados
seja, modificá-lo, é necessário o programa “Acrobat Wri-
ter”, que é proprietário, cuja versão deve ser registrada Áudio: mp3, wav, aac, ac3, flac, ram, wav, wma
(paga). Comprimidos: rar, zip, 7z, tar
Nota: O PDF download é uma extensão do navegador Imagens: bmp, jpg, gif, ico, pcx, gif
Mozilla Firefox que auxilia a ler os arquivos diretamente Textos: doc, docx, csv, html, pdf, pps, rtf, txt
do “browser”. Vídeo: avi, flv, 3gp, asf, ipod, mov, mp4, ogg, rmvb, vob

Como gerar PDF


SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS
Tanto o Calc, como o Impress e também o Writer
conseguem ler, gravar e converter em várias extensões
de texto como .odt, .sxw, .doc, .rtf e .txt. E possuem um
CONCEITOS GERAIS, PRINCIPAIS UTILITÁRIOS E
atalho especial para conversão de arquivos texto em PDF:
CONFIGURAÇÕES
Vantagens em converter outras extensões em PDF
WINDOWS
• É compatível com diversos sistemas operacionais.
O Windows assim como tudo que envolve a informá-
• O arquivo é menor, o que o torna ideal para enviar
tica passa por uma atualização constante, os concursos
via e-mail ou fazer cópias,
públicos em seus editais acabam variando em suas ver-
• É mais seguro: é mais difícil alterar um PDF ou que
sões, por isso vamos abordar de uma maneira geral tanto
ele sofra ataques de vírus,
as versões do Windows quanto do Linux.
• Tem tipos diferentes de visualização,
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um
• Pode-se juntar em um só arquivo diferentes for-
software, um programa de computador desenvolvido por
matos (ou seja, em um arquivo PDF pode-se, por
programadores através de códigos de programação. Os
exemplo, juntar um texto, uma planilha, uma apre-
Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares,
sentação, uma página Web etc...) e
são considerados como a parte lógica do computador,
• Mantém a aparência do documento original, com
uma parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada
as mesmas fontes, imagens e distribuição.
apenas quando o computador está em funcionamento. O
Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é
Sobre programas
o primeiro a ser instalado na máquina.
Quando montamos um computador e o ligamos pela
Programa é um arquivo cujos registros são instruções
primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algu-
ou comandos que o computador executará.
mas rotinas presentes nos chipsets da máquina. Para uti-
Aliás, pode não ser um único arquivo, Na grande
lizarmos todos os recursos do computador, com toda a
maioria das vezes é um conjunto de arquivos.
qualidade das placas de som, vídeo, rede, acessarmos a
No sistema operacional Windows pode ter termina-
Internet e usufruirmos de toda a potencialidade do hard-
ção exe, com ou bat.
ware, temos que instalar o SO.
Alguns programas suportam vários tipos de formatos
Após sua instalação é possível configurar as placas
e possibilitam escolher em qual deles se quer salvar o
para que alcancem seu melhor desempenho e instalar
documento.
os demais programas, como os softwares aplicativos e
É importante notar que todo programa é um arquivo,
utilitários.
mas nem todo arquivo é um programa.
O SO gerencia o uso do hardware pelo software e ge-
Exemplos: O Writer consegue ler, gravar e converter
rencia os demais programas.
em vários tipos de texto como .odt, .sxw, .doc, .rtf e .txt,
A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits
entre outras.
e 64 bits está na forma em que o processador do com-
O IrfanView faz diversas conversões entre arquivos de
putador trabalha as informações. O Sistema Operacional
imagens (Ex: bmp em jpg, jpg em gif, e várias outras).
de 32 bits tem que ser instalado em um computador que
tenha o processador de 32 bits, assim como o de 64 bits
Conversão OnLine entre formatos
tem que ser instalado em um computador de 64 bits.
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows,
Entretanto, nem sempre temos instalado o programa
segundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

que converte arquivos.


memória que as versões de 32 bits do Windows. “Isso
Há um serviço OnLine que pode auxiliar nessas ocasiões:
ajuda a reduzir o tempo despendi- do na permuta de
http://zamzar.com
processos para dentro e para fora da memória, pelo ar-
É uma alternativa gratuita e online, que permite a
mazenamento de um número maior desses processos na
conversão entre muitos tipos de arquivos e não requer
memória de acesso aleatório (RAM) em vez de fazê-lo
downloads.
no disco rígido. Por outro lado, isso pode aumentar o
desempenho geral do programa”.

227
Windows 7 • Na página que tipo de instalação você deseja? cli-
que em Personalizada.
Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta: • Na página onde deseja instalar Windows? clique
1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito em opções da unidade (avançada).
em computador e clique em Propriedades. • Clique na partição que você quiser alterar, clique na
2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema. opção de formatação desejada e siga as instruções.
“Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7, • Quando a formatação terminar, clique em avançar.
você precisará de um processador capaz de executar • Siga asinstruções para concluir a instalação do
uma versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um Windows 7, inclusive a nomenclatura do compu-
sistema operacional de 64 bits ficam mais claros quan- tador e a configuração de uma conta do usuário
do você tem uma grande quantidade de RAM (memória inicial.
de acesso aleatório) no computador, normalmente 4 GB
ou mais. Nesses casos, como um sistema operacional de CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIA-
64 bits pode processar grandes quantidades de memó- MENTO DE INFORMAÇÕES; ARQUIVOS, PASTAS E
ria com mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema PROGRAMAS.
de 64 bits poderá responder melhor ao executar vários
programas ao mesmo tempo e alternar entre eles com Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar
frequência”. arquivos, ícones ou outras pastas.
Arquivos – são registros digitais criados e salvos por
Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é meio de programas aplicativos. Por exemplo, quando
reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse abrimos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a sal-
caso, é possível instalar: vamos no computador, estamos criando um arquivo.
Ícones – são imagens representativas associadas a
• Sobre o Windows XP; programas, arquivos, pastas ou atalhos.
• Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais
(Win Vista), também 32 bits; curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.
• Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
• Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits; Criação de pastas (diretórios)
• Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
• Win 7 em um computador e formatar o HD duran-
te a instalação;
• Win 7 em um computador sem SO;

Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual


tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
chave do produto, que é um código que será solicitado
durante a instalação.

Vamos adotar a opção de instalação com formatação


de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft Cor-
poration:

• Ligue o seu computador, de forma que o Windows


seja inicializado normalmente, insira do disco de
instalação do Windows 7 ou a unidade flash USB e
desligue o seu computador.
• Reinicie o computador. #FicaDica
• Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer Clicando com o botão direito do mouse
isso, e siga as instruções exibidas. em um espaço vazio da área de trabalho
• Na página de Instalação Windows, insira seu idio- ou outro apropriado, podemos encontrar a
ma ou outras preferências e clique em avançar. opção pasta.
• Se a página de Instalação Windows não aparecer Clicando nesta opção com o botão esquerdo
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

e o programa não solicitar que você pressione al- do mouse, temos então uma forma prática
guma tecla, talvez seja necessário alterar algumas de criar uma pasta.
configurações do sistema. Para obter mais infor-
mações sobre como fazer isso, consulte. Inicie o
seu computador usando um disco de instalação do
Windows 7 ou um pen drive USB.
• Na página Leia os termos de licença, se você acei-
tar os termos de licença, clique em aceito os ter-
mos de licença e em avançar.

228
próprio Windows. Ele funciona como uma via de
acesso para todas as opções disponíveis no com-
putador.

Por meio do botão Iniciar, também podemos:


Criamos aqui uma pasta chamada “Trabalho”. • desligar o computador, procedimento que encerra
o Sistema Operacional corretamente, e desliga efe-
tivamente a máquina;
• colocar o computador em modo de espera, que
reduz o consumo de energia enquanto a máquina
estiver ociosa, ou seja, sem uso. Muito usado nos
casos em que vamos nos ausentar por um breve
período de tempo da frente do computador;
• reiniciar o computador, que desliga e liga automa-
ticamente o sistema. Usado após a instalação de
alguns programas que precisam da reinicialização
do sistema para efetivarem sua instalação, durante
congelamento de telas ou travamentos da máquina.
• realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com
nome e senha de outro usuário, tendo assim um
ambiente com características diferentes para cada
Tela da pasta criada usuário do mesmo computador.

Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la


e agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o
procedimento: botão direito, Novo, Pasta.

Área de trabalho:

A figura acima mostra a primeira tela que vemos


quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome
de área de trabalho, pois a ideia original é que ela sir-
va como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e Na figura acima temos o menu Iniciar, acessado com
documentos para dar início ou continuidade ao trabalho. um clique no botão Iniciar.
Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra
de tarefas, que traz uma série de particularidades, como: 2) Ícones de inicialização rápida: São ícones coloca-
dos como atalhos na barra de tarefas para serem
acessados com facilidade.
3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato idioma que está sendo usada pelo teclado.
com todos os outros programas instalados, pro- 4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones são
gramas que fazem parte do sistema operacional configurados para entrar em ação quando o com-
e ambientes de configuração e trabalho. Com um putador é iniciado. Muitos deles ficam em exe-
clique nesse botão, abrimos uma lista, chamada cução o tempo todo no sistema, como é o caso
Menu Iniciar, que contém opções que nos per- de ícones de programas antivírus que monitoram
mitem ver os programas mais acessados, todos constantemente o sistema para verificar se não há
os outros programas instalados e os recursos do invasões ou vírus tentando ser executados.

229
5) Propriedades de data e hora: Além de mostrar o
relógio constantemente na sua tela, clicando duas #FicaDica
vezes, com o botão esquerdo do mouse nesse íco-
Outra forma de restaurar é usar a opção
ne, acessamos as Propriedades de data e hora.
“Restaurar este item”, após selecionar o
objeto.

Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho


muito grande, são excluídos sem irem antes para a Li-
xeira. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma
mensagem, ou perguntando se realmente deseja enviar
aquele item para a Lixeira, ou avisando que o que foi se-
lecionado será permanentemente excluído. Outra forma
de excluir documentos ou pastas sem que eles fiquem
armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shif-
t+Delete.
A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro
cantos da tela para proporcionar melhor visualização de
outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão
Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora, esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e
determinarmos qual é o fuso horário da nossa região e com ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado
especificar se o relógio do computador está sincronizado (canto direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).
automaticamente com um servidor de horário na Inter- Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
net. Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe, que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
que vimos na figura 26. Quando ele começa a mostrar está marcada.
um horário diferente do que realmente deveria mostrar,
na maioria das vezes, indica que a bateria da placa mãe
deve precisar ser trocada. Esse horário também é sincro-
nizado com o mesmo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po-
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura-
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo,
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la,
restaurar o que desejarmos.

Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar:


Por meio do clique com o botão direito do mouse na bar-
ra de tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, podemos
acessar a janela “Propriedades da barra de tarefas e do
menu iniciar”.
A restauração de objetos enviados para a lixeira pode
ser feita com um clique com o botão direito do mouse
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sobre o item desejado e depois, outro clique com o es-


querdo em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente
o arquivo para seu local de origem.

230
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Bo-
tão Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encon-
tramos as seguintes opções:

• Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do


sistema e da segurança”, permite a realização de
backups e restauração das configurações do sis-
tema e de arquivos. Possui ferramentas que per-
mitem a atualização do Sistema Operacional, que
exibem a quantidade de memória RAM instalada
no computador e a velocidade do processador.
Oferece ainda, possibilidades de configuração de
Firewall para tornar o computador mais protegido.
• Rede e Internet: mostra o status da rede e possibili-
ta configurações de rede e Internet. É possível tam-
bém definir preferências para compartilhamento
de arquivos e computadores.
• Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover
Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros: hardwares como impressoras, por exemplo. Tam-
bém permite alterar sons do sistema, reproduzir
• Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela CDs automaticamente, configurar modo de eco-
seja posicionada em outros cantos da tela que não nomia de energia e atualizar drives de dispositivos
seja o inferior, ou seja, impede que seja arrastada instalados.
com o botão esquerdo do mouse pressionado. • Programas: através desta opção, podemos realizar a
• Ocultar automaticamente a barra de tarefas – ocul- desinstalação de programas ou recursos do Windows.
ta (esconde) a barra de tarefas para proporcionar • Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui al-
maior aproveitamento da área da tela pelos pro- teramos senhas, criamos contas de usuários, deter-
gramas abertos, e a exibe quando o mouse é posi- minamos configurações de acesso.
cionado no canto inferior do monitor. • Aparência: permite a configuração da aparência da
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela,
menu iniciar e barra de tarefas.
• Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para
alterar data, hora, fuso horário, idioma, formatação
de números e moedas.
• Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o com-
putador às necessidades visuais, auditivas e moto-
ras do usuário.

Computador

Pela figura acima podemos notar que é possível a #FicaDica


aparência e comportamento de links e menus do menu
Iniciar. Através do “Computador” podemos consul-
tar e acessar unidades de disco e outros dis-
positivos conectados ao nosso computador.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Painel de controle

O Painel de Controle é o local onde podemos alterar


configurações do Windows, como aparência, idioma, confi-
gurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele é possí-
vel personalizar o computador às necessidades do usuário.

231
Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em Charms Bar
Computador. A janela a seguir será aberta:
O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa
e esse recurso possibilita “esconder” algumas configura-
ções e aplicações. É uma barra localizada na lateral que
pode ser acessada colocando o mouse no canto direito e
inferior da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows +
C. Essa função substitui a barra de ferramentas presente
no sistema e configurada de acordo com a página em
que você está.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus-
ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial
e em seguida escolha a cor da tela. O usuário também
pode selecionar desenhos durante a personalização do
Observe que é possível visualizarmos as unidades de papel de parede.
disco, sua capacidade de armazenamento livre e usada.
Vemos também informações como o nome do computa- Redimensionar as tiles
dor, a quantidade de memória e o processador instalado
na máquina. Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou-
tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão di-
Windows 8 reito na divisão entre eles e optando pela opção menor.
Você pode deixar maior os aplicativos que você quiser
É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o destacar no computador.
Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celu-
lares, etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente Grupos de Aplicativos
no layout, que acabou surpreendendo milhares de usuá-
rios acostumados com o antigo visual desse sistema. Pode-se criar divisões e grupos para unir programas
A tela inicial completamente alterada foi a mudança parecidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos
que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas podem ser renomeados.
as aplicações do computador que ficavam no Menu Ini-
ciar e também é possível visualizar previsão do tempo, Visualizar as pastas
cotação da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as
pequenas miniaturas que aparecem em sua tela inicial A interface do programas no computador podem ser
para ter acesso aos programas que mais utiliza. vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado
Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro de a lado. Para passar de um painel para outro é necessário
uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer um usar a barra de rolagem que fica no rodapé.
painel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizando uma
das pastas e não encontre algum comando, clique com o Compartilhar e Receber
botão direito do mouse para que esse painel apareça.
A organização de tela do Windows 8 funciona como Comando utilizado para compartilhar conteúdo, enviar
o antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na opção Com-
imagens animadas. Cada mosaico representa um aplica- partilhar e depois escolha qual meio vai usar. Há também
tivo que está instalado no computador. Os atalhos dessa a opção Dispositivo que é usada para receber e enviar
área de trabalho, que representam aplicativos de versões conteúdos de aparelhos conectados ao computador.
anteriores, ficam com o nome na parte de cima e um pe-
queno ícone na parte inferior. Novos mosaicos possuem Alternar Tarefas
tamanhos diferentes, cores diferentes e são atualizados
automaticamente. Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os
A tela pode ser customizada conforme a conveniência programas abertos no desktop e os aplicativos novos do
do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela, SO. Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma
mas podem ser encontrados clicando com o botão direi- lista na lateral esquerda que mostra os aplicativos mo-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

to do mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que dernos.


um desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique
com o botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar Telas Lado a Lado
na Tela Inicial.
Esse sistema operacional não trabalha com o concei-
to de janelas, mas o usuário pode usar dois programas
ao mesmo tempo. É indicado para quem precisa acom-
panhar o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do
computador.

232
Visualizar Imagens

O sistema operacional agora faz com que cada vez


que você clica em uma figura, um programa específico
abre e isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar
isso é preciso ir em Programas – Programas Default – Se-
lecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this
Program as Default.

Imagem e Senha

O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao


invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso,
acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo Cortana
em seguida clique em More PC settings. Acesse a opção
Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com A assistente pessoal Cortana foi introduzida pela Mi-
imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você crosoft no Windows Phone 8.1. Com o Windows 10, ela
colocar sua senha e redirecionará para uma tela com um também estará presente nos PCs.
pequeno texto e dando a opção para escolher uma foto. A Cortana permite que os usuários façam chama-
Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a das no Skype, verifiquem o calendário, agendem e ve-
imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você rifiquem compromissos agendados, definam lembretes,
terá que desenhar três formas em touch ou com o mou- configurem o alarme, tomem notas e muito mais.
se: uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois, finalize
o processo e sua senha estará pronta. Na próxima vez,
repita os movimentos para acessar seu computador.

Internet Explorer no Windows 8

Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da pá-


gina inicial, você terá acesso ao software sem a barra de
ferramentas e menus.

Windows 10

Windows 10 é a mais recente versão do sistema ope-


racional da Microsoft. Multiplataforma, o download do
software pode ser instalado em PCs (via ISO ou Windo- Microsoft Edge
ws Update) e dispositivos móveis (Windows 10 mobile)
como smartphones e tablets. Une a interface clássica do A terceira das 10 novidades no Windows 10 listadas
Windows 7 com o design renovado do Windows 8 e 8.1, neste artigo é o navegador Microsoft Edge. O navegador
criando um ambiente versátil capaz de se adaptar a telas substituirá o Internet Explorer como o navegador padrão
de todos os tamanhos e perfeito para uso com teclado e do Windows.
mouse, como o tradicional desktop. O novo navegador foi desenvolvido como um app
Universal e receberá novas atualizações através da Win-
Podemos citar, dentre outras, as seguintes novidades: dows Store. Ele utiliza um novo mecanismo de renderi-
zação de páginas conhecido também pelo nome Edge,
Menu Iniciar inclui suporte para HTML5, Dolby Audio e sua interface
se ajusta melhor a diferentes tamanhos de tela.
O Windows 8 introduziu uma tela inicial que ocupava Com ele os usuários também poderão fazer anota-
toda a área do monitor. Muitos usuários não consegui- ções em sites da Web (imagem abaixo) e até mesmo usar
ram se adaptar muito bem e isto fez com que a Microsoft a Cortana. Basicamente a ideia é permitir que a Cortana
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

trouxesse o menu Iniciar de volta no Windows 10. navegue na Web com você e assim encontre informações
Nesta nova versão do menu Iniciar, os usuários po- úteis que podem te ajudar.
dem fixar tanto os aplicativos tradicionais como os apli-
cativos disponibilizados através da Windows Store.
O menu também pode ser expandido automatica-
mente no modo Tablet para se comportar como a tela
inicial do Windows 8 e 8.1.

233
Quando o usuário usa um híbrido como o HP Pavil-
lion x360 ou o Lenovo YOGA, por exemplo, o Windows
10 pode ser configurado para que entre no modo Ta-
blet automaticamente. Com isso não é necessário perder
tempo mexendo nas configurações quando for necessá-
rio usar o híbrido como tablet ou como notebook.
O modo Continuum também estará presente no Win-
dows 10 Mobile, a versão do novo sistema operacional
da Microsoft para smartphones e tablets pequenos.
Durante uma demonstração, a Microsoft conectou
um smartphone Lumia a um monitor e a um teclado
Bluetooth para usar o aparelho em um modo que ofe-
rece mais produtividade. Com isso o smartphone basica-
Por exemplo, se você visita o site de um restauran- mente se transformou em um PC com área de trabalho
te, a Cortana encontrará informações como horários de e tudo.
funcionamento, telefone, endereço e até mesmo reviews.
Você também poderá fazer perguntas para a Cortana Nova Windows Store
durante a navegação.
Além de oferecer aplicativos Universais e jogos, a
Áreas de trabalho virtuais nova Windows Store inclui a nova seção Filmes & TV. A
Microsoft também já confirmou que ela também ofere-
O suporte para áreas de trabalho virtuais é uma das cerá aplicativos Win32 tradicionais.
10 novidades no Windows 10 listadas neste artigo. Com Outra novidade é a nova “Windows Store for Busi-
este recurso, os usuários podem manter múltiplas áreas ness”, que oferecerá aplicativos para usuários finais e
de trabalho com programas específicos abertos em cada aplicativos privados voltados para ambientes corporati-
uma delas. Por exemplo, você pode deixar uma janela vos e organizações.
do Internet Explorer visível em uma área de trabalho en- Por exemplo, uma escola poderá definir um conjunto
quanto trabalha no Word em outra. específico de aplicativos que serão instalados nos com-
Vale lembrar que este recurso já foi oferecido no Win- putadores disponíveis para os alunos.
dows XP através de um Power Toy chamado Virtual Desk-
top Manager. Um detalhe é que este PowerToy suporta Central de Ações
no máximo de quatro áreas de trabalho virtuais, enquan-
to que no Windows 10 é possível criar muitas (20+). A Central de Ações é a nova central de notificações
do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central
Continuum de Ações do Windows Phone 8.1 e também oferece aces-
so rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Ro-
O modo Continuum foi criado para uso em aparelhos tação e VPN.
híbridos que combinam tablet e notebook. Com este
modo o usuário pode alternar facilmente entre o uso
do híbrido como tablet e como notebook, basicamente
combinando a simplicidade do tablet com a experiência
de uso tradicional.

Novos aplicativos Email e Calendário

Os novos aplicativos Email e Calendário trazem uma


interface melhorada e oferecem mais recursos do que as
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

atuais versões para Windows 8.1.


No caso do aplicativo Email, ele conta com um editor
de texto mais rico baseado no app Universal do Word
para Windows 10 e também permite que o usuário utilize
um plano de fundo personalizado para o app.

234
Já o app Calendário ganhou uma interface bem mais
intuitiva que a da versão para Windows 8.1, permitindo
que o usuário crie compromissos e alterne entre modos Veja a seguir algumas alterações importantes para o
dia/semana/mês mais facilmente. Windows 10:

O OneDrive agora faz parte do Explorador de Arquivos.


Quando o Explorador de Arquivos for aberto, você
entrará no Acesso rápido. As pastas usadas com frequên-
cia e os arquivos usados recentemente ficam listados ali,
assim você não precisa procurar por eles uma série de
pastas para encontrá-los.

Novo Painel de Controle moderno

A última das 10 novidades no Windows 10 listadas


neste artigo é o novo Painel de Controle moderno do
sistema operacional. Ele oferece bem mais opções que a
versão moderna presente no Windows 8.1, o que é uma
boa notícia para os usuários.

Agora, você pode usar aplicativos para compartilhar


arquivos e fotos diretamente de Explorador de Arquivos.
Selecione os arquivos que deseja compartilhar, acesse a
guia Compartilhar, selecione o botão Compartilhar e, em
seguida, escolha um aplicativo.
Se você está migrando do Windows 7, veja algumas
diferenças mais:
Meu computador agora é chamado Este Computador
e ele não aparecerá na área de trabalho por padrão.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Como muitas das coisas mais refinadas da vida, o #FicaDica


Explorador de Arquivos ficou melhor com a idade. Para
As bibliotecas não aparecerão no Explora-
verificá-lo no Windows 10, selecione o ícone na barra de
dor de Arquivos, a menos que você queira.
tarefas ou no menu Iniciar ou pressione a tecla do logo-
Para adicioná-las ao painel esquerdo, sele-
tipo do Windows + E no seu teclado.
cione a aba Exibição > Painel de navegação
> Mostrar bibliotecas.

235
Estrutura dos Arquivos Pasta é o nome que damos a certas “gavetas” no dis-
co. Pastas são estruturas que dividem o disco em várias
De uma maneira bem simples, tudo funciona em uma partes de tamanhos variados, como cômodos em uma
espécie de pirâmide, do disco rígido para as pastas mais casa. Uma pasta pode conter arquivos e outras pastas.
específicas do sistema. As pastas são comumente chamadas de Diretórios, nome
Na prática é como se você tivesse um arquivo desses que possuíam antes. Lembre-se bem: Pastas são “gave-
de escritório, com algumas gavetas, várias pastas dentro tas”, arquivos são “documentos”. Portanto, nunca vai
de cada gaveta e assim por diante. No caso do Windows é haver um arquivo que tem uma pasta dentro. As pastas
muito semelhante, como você confere no exemplo abaixo, guardam os arquivos e não o contrário!
que mostra as pastas mais utilizadas pelos usuários: Os arquivos e as pastas devem ter um nome. O nome
é dado no momento da criação. A Regra para nomencla-
tura de arquivos e pastas varia para cada Sistema Ope-
racional.

#FicaDica
No Windows, que vamos estudar neste ma-
terial, os nomes podem conter até 256 ca-
racteres (letras, números, espaço em branco,
símbolos), com exceção destes / \ | > < * ? : “
que são reservados pelo Windows.

Os arquivos são gravados nas unidades de disco, e


ficam lá até que sejam apagados. Quando solicitamos
trabalhar com um arquivo anteriormente gravado (esse
processo chama-se abrir o arquivo), o arquivo permane-
ce no disco e uma cópia de suas informações é jogada na
memória RAM para que possamos editá-lo. Ao abrir um
arquivo, pode-se alterá-lo indiscriminadamente, mas as
alterações só terão efeito definitivo se o salvarmos nova-
mente. Quando salvamos um arquivo pela segunda vez
em diante, ele não nos solicitará mais um nome e um
Conhecer essa estrutura é ideal porque a grande local, isso só acontece na primeira gravação.
maioria dos aplicativos que criam arquivos no PC – músi-
cas, vídeos, downloads – faz uso das pastas principais do ESTRUTURA DE PASTAS DO WINDOWS 10
sistema. A dica aqui é fuçar bastante em todas elas até
que você lembre melhor onde cada diretório fica, o que Quando o Windows 10 é instalado, seus arquivos são
torna bem mais fácil encontrar seus dados no PC. copiados para as unidades de disco rígido do computa-
Todo e qualquer software ou informação gravada em dor normalmente representado pela letra C: nesta uni-
nosso computador será guardada em uma unidade de dade são criadas algumas pastas para guardar arquivos.
disco, que vimos anteriormente (HD, disquete, CD, Zip, Arquivos de Programas - Esta pasta contem diversas ou-
etc..). Essas informações só podem ser gravadas de uma tras, cada uma com os arquivos dos aplicativos instalados
forma: elas são transformadas em arquivos. no Windows. Programas como Office, Outlook, Adobe,
Não se preocupe: Arquivo é apenas a nomenclatura Jogos, Programas antivírus e demais aplicativos.
que usamos para definir Informação Gravada. Quando Arquivos de Programas (X86) - Esta pasta contem di-
digitamos um texto ou quando desenhamos uma figura versas outras, cada uma com os arquivos dos aplicativos
no computador, o programa (software) responsável pela instalados no Windows, ela só existe se o sistema ope-
operação nos dá o direito de gravar a informação com a racional for 64 Bits e foram instalados programados de
qual estamos trabalhando e, após a gravação, ela é trans- 32 bits.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

formada em um arquivo e colocada em algum lugar em Usuários – Pasta onde são armazenadas as configura-
nossos discos. Essa é a operação que chamamos desalvar ções, arquivos e informações de cada usuário. Ex: Área de
um arquivo. Trabalho, Contatos, Documentos, Downloads, Favoritos,
No momento da gravação, ou seja, após solicitarmos etc.
o comando salvar, o computador nos pede duas infor- Windows – Esta pasta guarda os arquivos de configu-
mações para prosseguir com o salvamento: O nome do ração e de programas do sistema operacional.
arquivo e a pasta (diretório) onde ele será salvo.
- RENOMEANDO / COPIANDO / RECORDANDO E CO-
LOCANDO ARQUIVOS E PASTAS

236
As principais operações com arquivos e pastas, nós
poderemos fazer utilizando o Windows Explorer:

Se o arquivos copiado ou recortado já existe no local


de destino a tela abaixo será exibida para que o usuário
possa escolher a ação:

No Windows 10 o ato de mover ou copiar um arquivo


ou pasta pode ser realizado simplesmente com a ação de
arrastar o conteúdo com o mouse.
Se o arquivo for arrastado com o mouse (botão prin-
cipal) da pasta de origem para a pasta de destino e as
duas pastas estão na mesma unidade de disco o resul-
tado desta ação será a retirada do arquivo da pasta de
origem e será guardado na pasta de destino, ou seja, o
arquivo será movido. Ex: O arquivo Provas.doc que está
dentro da pasta C:\Questões\ se for arrastado para a
pasta C:\Concursos\ o resultado desta ação será a mo-
vimentação do arquivo da pasta Questões para a pasta
Concursos.
Se o arquivo for arrastado com o mouse da pasta de Antes de decidir a opção correta é possível comparar os
origem para a pasta de destino e as duas pastas estão
itens copiados para Substituir ou Ignorar de forma classificada.
em unidades diferentes de discos, o resultado desta ação
será a geração de uma copia do na pasta de destino, ou
seja, o arquivo será copiado. Ex: O arquivo Provas.doc JANELAS
que esta dentro da pasta C:\Questões\ se for arrastado
para a pasta F:\Concursos\ o resultado desta ação será O Windows é um sistema operacional que baseia sua
a geração de uma cópia do arquivo da pasta Questões interface gráfica no conceito de janelas. Elas são a alma
para a pasta Concursos. Combinando o arrastar do mou- da interface do Windows. Em princípio, podemos dizer
se com o teclado. que todos os programas que são exibidos pelo sistema,
Se o arquivo/pasta for arrastado com o mouse (botão o são através de janelas.
principal) junto desta ação a tecla SHIFT for pressiona-
da o resultado é sempre mover o arquivo/pasta para ao
destino.
Se o arquivo/pasta for arrastado com o mouse (botão
principal) junto desta ação a tecla CTRL for pressionada o
resultado é sempre a criação de uma cópia para o arqui-
vo/pasta no destino.
Se o arquivo/pasta for arrastado com o mouse (botão
principal) junto desta ação a tecla ALT for pressionada o
resultado é sempre a criação de um atalho para o arqui-
vo/pasta no destino.
Se o arquivo/pasta for arrastado com o botão auxiliar
ao final da ação será aberto um menu solicitando a con-
firmação da operação.
Outra novidade no Windows nas ações de copiar/re-
cortar e colar arquivos e pastas é que nesta ação é possí-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

vel pausar a cópia, conforme tela abaixo:

237
COMPONENTES BÁSICOS DAS JANELAS

1 – BARRA DE TÍTULO

Apresenta o nome da janela (que normalmente é o nome de um arquivo, seguido do nome do programa) e os
botões de

O Ícone mais a esquerda ( ) ao pressionar um clique simples com o botão principal do mouse e aberto um menu
suspenso com opções para controle desta mesma janela.

Um duplo clique sobre este mesmo ícone fecha a janela ativa.

BARRA DE MENU

Apresenta uma lista de menus suspensos agrupados por categorias. Um clique sobre cada menu abre suas opções.
Outra forma de abrir um item do menu é pressionando ALT(Esquerdo) + LETRA SUBLINHADA DO MENU. A partir daí,
podemos navegar pelos itens utilizando as teclas de direção (setas) do teclado e selecionar o item teclando ENTER.

BARRA DE STATUS
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Apresenta algumas informações sobre o conteúdo da janela. Esta barra trás uma serie de informações para resolu-
ções de questões de concursos.

TRABALHANDO COM VÁRIAS JANELAS

Como sistema operacional Windows é multitarefa podemos abrir varias janelas ao mesmo tempo, embora só seja
possível manipular uma janela por vez.

238
ORGANIZAR AS JANELAS

Você pode organizar janelas abertas de uma dessas


três maneiras:
Cascata, que organiza as janelas em uma única pilha
em leque exibindo os títulos das janelas.
Empilhadas, que coloca as janelas em uma ou mais
pilhas verticais dependendo do número de janelas aber-
tas.
Lado a lado, que mostra cada janela - aberta, mas não
maximizada - na área de trabalho para que você possa
ver todas as janelas de uma vez.
Ajustar Janela na Lateral - Arraste a barra de título de
uma janela para a esquerda ou a direita da tela até ser
Passo 2. O assistente da Microsoft vai exibir miniatu-
exibido um contorno da janela expandida
ras das janelas abertas na outra lateral. Clique na que for
Ajustar Janela na Vertical - Aponte para a borda su-
da sua preferência.
perior ou inferior da janela aberta até o ponteiro mudar
para uma seta de duas pontas clique e segure o botão
Dica 2. Atalhos no teclado
do mouse arrastando até a parte superior ou inferir da
Passo 1. Para dividir a tela do Windows usando o te-
área de trabalho.
clado, basta apertar a “tecla Windows” e a seta para a
Minimizar/Restaurar Janelas Abertas: Você pode usar
lateral onde você quer colocar. Como exemplo, usaremos
Aero Shake para minimizar rapidamente todas as jane-
“Windows+Seta para esquerda”;
las abertas exceto a que você quiser. Depois, você pode
Passo 2. O assistente do Windows vai exibir a miniatu-
restaurar todas as janelas, com a mesma facilidade. Na
ra na lateral oposta. Navegue com as setas do teclado e,
janela que você deseja manter aberta, arraste (ou sacuda)
quando escolher, pressione Enter para abrir.
a barra de título de um lado para o outro, rapidamente.
Dica 3. Como abrir três ou quatro janelas
Passo 1. Posicione uma janela normalmente em uma
#FicaDica das laterais utilizando o teclado;
Passo 2. Aperte “Windows+Seta pra cima” para posi-
É possível posicionar até quatro janelas de cioná-la no parte superior ou “Windows+Seta para bai-
forma organizada na área de trabalho. xo” para parte inferior;
Passo 3. Abra outro programa e repita a operação até
que você abra o número de janelas desejado.
FUNÇÃO SNAP
Dica 4. Redimensionando as janelas
O Windows 10 recebeu uma grande atualização na Passo 1. Após o Update 1 do Windows 10, é possível
ferramenta Snap, que divide a tela em mais de um apli- redimensionar ambas as janelas no modo desktop ao mes-
cativo. Embora a função não seja nova, a Microsoft adi- mo tempo. Para isso, coloque o mouse em cima da divisão
cionou atalhos e liberou um recurso para abrir e redi- entre os programas e aguarde que a linha fique sombreada;
mensionar até quatro programas diferentes ao mesmo
tempo.
Confira o passo a passo e aprenda a usar o Snap no
novo sistema operacional da Microsoft no modo desktop
e no modo tablet. A função ajuda a economizar tempo e
aumentar a produção de trabalhos.

Modo desktop
Se você utiliza um computador sem tela sensível ao
toque, o Windows Snap pode ser ativado de diversas for-
mas. Confira as dicas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica 1. Arrastando a janela

Passo 1. Quando quiser dividir a tela do Windows, ar- Passo 2. Arraste para a direita ou esquerda para redi-
raste a primeira janela para uma das laterais do display; mensionar a tela. Quando terminar, solte o Mouse.

Dica 5. Arraste conteúdo entre programas

239
Se quiser, o usuário também pode usar o modo Snap
para arrastar conteúdo entre as janelas abertas. Isso fun- Já o bom e velho Painel de Controle pode ser aberto
ciona, por exemplo, entre janelas do Explorer; navegador por meio de um clique com o botão direito do mouse no
da Web e editor de texto; arquivos PDF e aplicativos de canto inferior esquerdo da tela, sobre o botão do menu
tradução, entre outros. Iniciar. No menu que irá surgir, basta procurar por “Painel
de Controle”. Outra forma de encontrá-lo é digitar “Pai-
Painel de Controle nel de Controle” da barra de pesquisa do Windows.

O Painel de Controle é uma das ferramentas mais


importantes do Windows, pois permite personalizar as
configurações do computador. Com o lançamento do
Windows 8, a Microsoft resolveu apostar em um novo
aplicativo chamado “Configurações do PC” para delegar
algumas tarefas que antes eram feitas apenas no Painel
de Controle.
O Windows 10 manteve o novo aplicativo, simplifi-
cando seu nome para “Configurações” e concedendo
mais responsabilidades a ele. O novo menu adotou o
lado intuitivo do Painel de Controle do Windows 7 e di-
minuiu a necessidade do usuário acessar constantemen-
te a ferramenta para personalizar seu desktop.
No entanto, apesar da mudança benéfica, alguns
usuários – principalmente aqueles que não utilizaram o
Windows 8 – estão um pouco perdidos em relação às
configurações do Windows 10. Acostumados a recorrer
ao Painel de Controle para tudo, os usuários old school
podem precisar de uma ajudinha na hora de utilizar o
app Configurações. Por este motivo, elaboramos um guia Primeiros passos na configuração do Windows 10
que vai ajudá-los a controlar facilmente o novo sistema
operacional da Microsoft. Quando você precisar verificar sua impressora, mou-
se, conexão à internet, ou então personalizar sua tela de
Como acessar as Configurações e o Painel de Controle fundo, entre outras coisas, basta acessar o menu Confi-
gurações. As opções de ajuste encontradas no app são
Vamos começar pelo básico: onde está o novo menu as seguintes:
de Configurações? Existem algumas opções diferentes
para você acessá-lo:
No modo desktop, clique em Iniciar e selecione a op-
ção Configurações no canto inferior esquerdo do menu;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No modo tablet, clique no ícone de Todos os Aplica-


tivos, localizado no canto inferior esquerdo, para exibir a
lista de todos os apps e encontrar a opção Configurações;
Em qualquer um dos modos, você sempre pode re-
correr à Central de Ações, localizada no canto inferior
direito, ao lado do relógio. Nela é possível ver a opção
“Todas as Configurações”;
Você também pode optar pelo atalho de teclado: te-
cla do logotipo do Windows + I.

240
Adequado tanto para uso com mouse quanto para
telas sensíveis ao toque, o app lista as várias configura-
ções que você pode personalizar. Ao selecionar um dos
grupos acima, você irá visualizar as opções de configura-
ção do lado esquerdo da janela e, em seguida, basta to-
car em cada uma delas para ver as diferentes mudanças
que você pode realizar.

Gerenciamento do sistema operacional

Cada botão disponível no app reúne um conjunto de


configurações que vão mudar a maneira como seu PC
funciona. Quando você tiver dúvidas sobre onde encon-
trar alguma configuração específica no seu Windows 10,
basta consultar este guia e utilizar o atalho Ctrl+F para Aplicativos e recursos: Aqui é possível desinstalar ou
localizá-la no texto. mover aplicativos de uma unidade para outra.
Veja quais são as opções de ações encontradas no Multitarefas: Traz opções de ajuste das janelas duran-
app Configurações e o que é possível fazer em cada uma te o modo multitarefa, além de trazer opções de configu-
delas: ração das áreas de trabalho virtuais.
Modo Tablet: Se você está utilizando um dispositivo
SISTEMA híbrido, não deixe de verificar as configurações do Modo
Tablet, ativando o modo touch-friendly e outras opções
úteis que tornarão a interação com o seu display sensível
ao toque muito mais satisfatória.

Tela: Permite que você encontre ferramentas para


ajustar o monitor do seu computador (orientação, ta- Economia de bateria: Além de verificar o uso da ba-
manho do texto, brilho, etc). A opção “Configurações de teria e o tempo restante estimado, neste menu também
vídeo avançadas”, localizada no canto inferior da janela é possível configurar seu notebook ou tablet para ativar
direito, permite alterar a resolução de tela. a economia de bateria automaticamente se ela estiver
abaixo de uma determinada porcentagem – assim como
Notificações e ações: Nesta seção é possível geren- acontece com smartphones e tablets.
ciar as notificações do sistema e de aplicativos especí-
ficos, bem como escolher as ações rápidas que serão
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

exibidas na Central de Ações e selecionar os ícones que


aparecem na barra de tarefas.

241
Aplicativos padrão: Este menu ajuda a configurar
quais aplicativos são usados para quais tarefas, oferecen-
do a possibilidade de acessar a loja do Windows para
encontrar uma alternativa ou selecionar um que já tenha
sido instalado.
Sobre: Aqui você vai encontrar o nome do seu PC,
grupo de trabalho e a versão do Windows que está sen-
do executada, juntamente com informações sobre CPU e
RAM. As informações são praticamente as mesmas en-
contradas anteriormente por meio de um clique com o
botão direito em Computador, no Windows Explorer, e a
escolha da opção Propriedades.

DISPOSITIVOS

Energia e suspensão: Para otimizar ainda mais o uso


da bateria, use este menu para configurar o tempo em
que a tela ficará ativa e também o tempo de uso antes
que o computador seja automaticamente suspenso.
Armazenamento: Descubra o que está ocupando es-
paço no seu computador, a quantidade de espaço res-
tante que você tem no seu HDD ou SSD e altere o local
em que novos apps, músicas, documentos, fotos e vídeos
serão salvos por padrão.
Mapas offline: Este pode parecer um recurso um tan-
to inútil se você não estiver usando um tablet, mas se
você estiver preocupado com o uso de dados, então ele
pode ser extremamente bem-vindo. Baixe mapas de di- Impressoras e scanners: Permite adicionar novos har-
versas regiões do mundo para acessá-los sem a necessi- dwares, além de configurar seu dispositivo para evitar o
dade de uma conexão com a internet. download de drivers, informações e apps durante o uso
de planos de internet limitados. A opção “Configurações
relacionadas” abre janelas do antigo Painel de Controle.
Dispositivos conectados: Supervisiona outros tipos de
hardware, exceto impressoras e scanners, que já estejam co-
nectados.
Bluetooth: Gerencie dispositivos Bluetooth e configu-
rações relacionadas.
Mouse e touchpad: Permite ajustes simples, como a
escolha do principal botão do mouse e tempo de atraso
antes do início dos cliques no touchpad.
Digitação: Configurações relacionadas à verificação e
correção ortográfica.
Reprodução automática: Permite configurar este recur-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

so e definir padrões de ação para drives removíveis e car-


tões de memória. Você pode definir o Explorador de Ar-
quivos para exibir os arquivos sempre que você inserir um
cartão de memória, por exemplo, ou até mesmo importar
automaticamente o conteúdo para seu computador.

242
VPN: Se você estiver usando uma VPN (Rede Privada
Virtual), configure-a clicando em “+ Adicionar uma cone-
xão VPN” e insira os detalhes relevantes.
Conexão discada: No caso improvável de você estar
usando uma conexão discada à Internet, você pode con-
figurá-la neste menu.
Ethernet: Esta seção oferece ferramentas adequadas
para configurar sua conexão de rede local.
Proxy: Permite ajustar configurações de proxy ma-
nuais ou automáticas.

REDE E INTERNET

Wi-Fi: Exibe as configurações de conexões de rede sem


fio, bem como configurações relacionadas (opções de
adaptador, opções avançadas de compartilhamento, etc).
Modo avião: Um simples interruptor permite parar
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

toda a comunicação sem fio do dispositivo.


Uso de dados: Exibe a quantidade de dados consu-
midos pelo PC nos últimos 30 dias, bem como sua fonte
(Wi-Fi ou Ethernet). Clique em “Detalhes de Uso” para ver
informações sobre o consumo de dados de cada aplica-
tivo instalado na máquina.

243
PERSONALIZAÇÃO Temas: Oferece acesso ao menu que permite escolher
um tema para alterar a tela de fundo da área de trabalho,
a cor e os sons de uma só vez.
Iniciar: Aqui você pode escolher mostrar os aplicati-
vos mais utilizados, juntamente com aplicativos adicio-
nados recentemente. Você também pode escolher quais
pastas aparecem no menu Iniciar.

Tela de fundo: Aqui você pode selecionar uma nova


imagem para sua tela de fundo, bem como ajustá-la para
preencher a tela, ficar centralizada, lado a lado, entre ou-
tras opções.
Cores: Escolha a cor de destaque na tela de fundo, do CONTAS
menu Iniciar, barra de tarefas e Central de Ações. Tam-
bém é possível optar por deixá-los transparentes. Acessar um PC equipado com o Windows 10 requer
Tela de bloqueio: A imagem de fundo da tela de blo- uma conta. A principal maneira de fazer isso é usar uma
queio também pode ser facilmente definida neste menu, já existente no Outlook.com, Hotmail, Office 365, One-
que traz ainda opções para escolher aplicativos que se- Drive, Skype, Xbox ou no próprio Windows. Se você não
rão exibidos na tela de bloqueio. Ao todo, oito aplicati- possui nenhuma delas, crie uma conta de e-mail gratuita
vos podem ser destacados nesta seção, sendo que um
no Outlook.com, por exemplo, e torne-a sua nova conta
deles pode oferecer informações mais detalhadas.
da Microsoft. Sua conta da Microsoft oferece acesso a
aplicativos e jogos na Windows Store e permite que você
veja suas configurações e outros conteúdos em vários
dispositivos Windows 10.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Sua conta: Selecione a opção “Entrar com uma conta


da Microsoft” e siga as instruções do sistema para mudar
seu acesso para uma conta da empresa. Sua conta local

244
será alterada para sua conta da Microsoft. Se realizar esta HORA E IDIOMA
mudança, na próxima vez que você entrar no Windows,
use o nome e a senha da sua conta da Microsoft. Seus
aplicativos e arquivos não serão afetados.
Opções de entrada: Permite configurar a senha de
acesso. Para acessar o sistema e seus aplicativos, o Win-
dows 10 suporta senhas de texto, PINs numéricos e se-
nhas com imagem (onde uma foto escolhida pelo usuá-
rio é exibida e ele precisa desenhar em cima dela para
desbloquear o sistema). O uso de um PIN é o mais reco-
mendado para usuários de tablets.
Acesso corporativo: Fornece uma opção para se co- Data e hora: Permite definir automaticamente ou ma-
nectar ao trabalho ou à escola, uma vez que permite nualmente a data e hora do computador ou tablet, es-
acessar recursos compartilhados (como apps, redes e colher o fuso horário desejado, ajustar automaticamente
e-mails). Clique no botão “+ Conectar” para inserir suas para o horário de verão e alterar os formatos de data e
credenciais. hora.
Família e outros usuários: Se você pretende compar- Região e idioma: O Windows e os apps instalados
tilhar seu computador com outras pessoas, considere podem usar seu país ou região para fornecer conteúdo
adicionar contas para elas. Assim seus amigos e familia- local, além de adequar-se ao idioma padrão.
res terão um espaço pessoal, com arquivos separados, Fala: Oferece uma coleção de ferramentas para ge-
favoritos do navegador e uma área de trabalho própria. renciar recursos de voz, como o idioma que você fala
com o dispositivo, a voz padrão dos apps do Windows,
configurações de microfone para reconhecimento de
fala, entre outros.

Sincronizar configurações: Ativando a sincronização,


itens como o tema da área de trabalho, configurações
do navegador e senhas serão exibidos em todos os seus
dispositivos Windows 10 (desde que você entre com sua
conta da Microsoft e ative a sincronização em cada dis-
positivo).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

245
ATUALIZAÇÃO E SEGURANÇA Ativação: Aqui é possível ver se o seu Windows está
ativado ou não. Se você estiver conectado à Internet, o
Windows 10 será ativado automaticamente. Você tam-
bém pode selecionar “Ativar” para tentar ativar manual-
mente o Windows. Caso o estado de ativação informe “O
Windows não está ativado”, selecione “Ir para a Loja” e
verifique se há uma licença válida disponível do Windows
para o dispositivo. Se uma licença não estiver disponível,
você precisará comprar o Windows na loja ou desfazer a
atualização para a versão anterior do sistema.
Para desenvolvedores: Esta guia permite habilitar o
modo de desenvolvedor para abrir alguns aplicativos
com algumas opções extras. Além disso, também é pos-
sível liberar o sideload de aplicativos. No entanto, se você
é um usuário comum, indicamos que a opção “Não usar
recursos de desenvolvedor” fique ativa.

Windows Update: O Windows Update é vital para o


conceito do Windows como um serviço. Nesta guia, você
pode verificar se há novas atualizações disponíveis e
acessar opções avançadas sobre a forma como as atuali-
zações são instaladas no seu dispositivo. Aqui você pode
clicar em “Instalar agora” para instalar todas as atualiza-
ções pendentes.
Windows Defender: Nesta tela, você encontra a ferra-
menta de defesa contra malwares da própria Microsoft.
Deixar o Windows Defender ativado ajuda a localizar e
impedir a instalação ou execução de malwares. Também
é possível optar por enviar ou não para a Microsoft in-
formações sobre os possíveis problemas de segurança Como obter ajuda no Windows 10
encontrados pelo sistema de proteção.
Backup: Pela primeira vez, o Windows 10 inclui uma Veja aqui algumas maneiras diferentes de encontrar
solução de backup simples. Faça backup dos seus arqui- ajuda para o Windows 10:
vos em outra unidade e restaure-os se os originais fo- Procurar ajuda – Insira uma pergunta ou palavra-cha-
ram perdidos, danificados ou excluídos. Nesta guia, você ve na caixa de pesquisa na barra de tarefas para encon-
também pode restaurar um backup antigo. trar apps, arquivos, configurações e obtenha ajuda da
Web.

App Dicas – Descubra as novidades e veja dicas úteis


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sobre como aproveitar ao máximo o Windows.


support.microsoft.com – Acesse support.microsoft.
com/windows para encontrar respostas para problemas
mais complexos, procurar conteúdo de suporte em cate-
gorias diferentes e contatar o suporte.
Recuperação: Caso o seu computador não esteja tão
Obter ajuda – Selecione o link Obter ajuda quando
rápido ou confiável como antes, restaurá-lo pode ser
estiver em Configurações para saber mais sobre a confi-
uma boa opção. A restauração permite que você escolha
guração que está usando e encontrar respostas para suas
entre manter seus arquivos ou removê-los e depois re-
dúvidas.
instala o Windows.

246
APLICATIVO INTRODUÇÃO

Se você for iniciante no Windows, o aplicativo per-


mitirá que você trabalhe como um profissional imedia-
tamente. O aplicativo Introdução irá ajudá-lo com ins-
truções detalhadas, apresentações de slides e vídeos de
como usar o Windows 10.
Para começar a explorar tudo que o Windows 10 tem
a oferecer, é só digitar ‘Introdução’ na caixa de pesqui-
sa e selecione o aplicativo. Você vai várias abas no lado
esquerdo, cada um explicando um recurso ou função no
Windows 10.

CONTATAR O SUPORTE

Use a caixa de pesquisa para localizar o aplicativo


PERGUNTE À CORTANA “Contatar o Suporte”, que vem pré-instalado no Windo-
ws 10. Depois que abrir o aplicativo, clique ‘Introdução’
Cortana é um dos recursos mais falado no Windo- e insira uma descrição da qual você está querendo obter
ws 10, isso porque a assistente virtual não é apenas um ajuda. Uma vez que encontrar uma solução, clique nos
criador de lembretes, agendar reuniões ou contar pia- links para ser redirecionado para o fórum da Microsoft
da — também é ótimo método de encontrar ajuda para contendo a solução para o seu problema.
questões básicas.
Cortana pode ajudá-lo nas tarefas do dia-a-dia usado
apenas sua voz! Você pode deixar que ela encontre do-
cumentos, fotos, músicas e vídeos em seu PC, fazer pes-
quisas na web, realizar cálculos matemáticos, ou saber a
previsão do tempo para o fim de semana.
Para isso, basta dizer “Ei, Cortana” e fazer uma per-
gunta verbalmente como usar atalhos de teclado, por
exemplo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

247
Existem outras opções que você também usar, caso
queira conversar com um técnico da Microsoft:
Retorne a ligação: Há muitos usuários que preferem
falar com alguém, ao invés do chat. Se for o seu caso,
clique nessa opção e espere até que um técnico da Mi-
crosoft esteja pronto para lhe ajudar.
Agendar uma chamada: Felizmente, a Microsoft ofe-
rece a opção “Agendar uma chamada”, para evitar a ne-
cessidade de ter que esperar por um período de tempo
prolongado. Para fazer isso, basta clicar nessa opção, in-
serir um número de telefone, selecionar a data e horários
disponíveis.
Chat: Aqui você pode iniciar um bate-papo em texto
com um dos técnicos disponíveis. Clique nessa opção, se
não quiser conversar por telefone com o suporte técnico.
Pergunte à comunidade: Nesta opção você pode bus-
car suporte para qualquer versão do Windows, fazer e
responder perguntas sobre como usar seus produtos da
Pesquisar no Explorador de Arquivos: abra o Explo-
Microsoft, por exemplo.
rador de Arquivos pela barra de tarefas ou clique com
o botão direito do mouse no menu Iniciar e escolha Ex-
plorador de Arquivos, depois selecione um local no pai-
nel esquerdo para procurar. Por exemplo, selecione Este
computador para olhar em todos os dispositivos e unida-
des no seu computador, ou selecione Documentos para
procurar apenas arquivos armazenados nele.

#FicaDica
Para adicionar um ícone para Este computa-
dor na área de trabalho: selecione Iniciar >
Configurações > Personalização > Temas >
Configurações de ícone da área de trabalho.
Na janela pop-up, marque a caixa de sele-
ção ao lado de Computador e, em seguida,
selecione Aplicar > OK.

Conhecendo – e usando – a Barra de pesquisas

A Barra de pesquisas do Windows 10 está presente ao


lado do ícone do Menu Iniciar, onde é possível ler a frase
Mecanismos de busca “Search the web and Windows” (algo como “Pesquise a
web e o Windows”, em português). Ao simplesmente cli-
Encontre seus arquivos no Windows 10 usando um cá nela, você abre uma coluna que exibe notícias recen-
destes métodos. tes populares e a imagem do dia do Bing, uma fotografia
Pesquisar na barra de tarefas: digite o nome de um aleatória selecionada pela equipe da Microsoft.
documento (ou uma palavra-chave desse documento) na
caixa de pesquisa na barra de tarefas e selecione Você
verá os resultados para documentos em seu computador
e no OneDrive em Melhor correspondência.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

248
resultados da busca para tais palavras-chave. Faça alguns
testes e digite outras coisas na barra de pesquisa para
conferir o que ela exibe. Caso queira, você pode clicar em
“Pesquisar meus itens” ou “Pesquisar na Web” para obter
resultados focados nessas duas categorias.

Mas é ao digitar alguma dentro do campo de busca


que a barrinha mostra seu verdadeiro poder. Ao escrever,
por exemplo, “Word”, nós obtemos quatro categorias de
resultados diferentes: aplicativos já instalados no seu com-
putador (no caso, WordPad), configurações do computador
(realce ou correção automática de palavras com ortografia
incorreta), apps disponíveis para download na Loja e termos As versões do Windows 10
de busca na internet que incluem a palavra digitada.
Windows 10 Home:

Esta é a versão mais simples, destinada aos usuá-


rios domésticos que utilizam PCs, notebooks, tablets e
dispositivos 2 em 1. Será disponibilizada gratuitamente
em formato de atualização (durante o primeiro ano de
lançamento) para usuários do Windows 7 e do Windows
8.1. Haverá também uma segunda versão, destinada ao
varejo, que por enquanto não teve seu preço revelado.
O Windows 10 Home vai contar com a maioria dos fun-
cionalidades apresentadas até agora: Cortana como as-
sistente pessoal (em mercados selecionados), navegador
Microsoft Edge, o recurso Continuum para os aparelhos
compatíveis, Windows Hello (reconhecimento facial, íris
e digitais para autenticação),streaming de jogos do Xbox
One e alguns dos primeiros apps universais, como Pho-
tos, Maps, Mail, Calendar, Music e Vídeo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows 10 Mobile:

Essa é a versão do Windows 10 destinada ao setor


móvel, que engloba os dispositivos de tela pequena sen-
Caso clicássemos na primeira opção, abriríamos o
síveis ao toque, como smartphones e tablets. Disponível
WordPad; na segunda, acessaríamos o Painel de Con- gratuitamente para atualização (durante o primeiro ano
trole na página exata da configuração em questão; na de lançamento) para usuários do Windows Phone 8.1.
terceira, executaríamos a Loja para iniciar o download do Essa versão irá contar com os mesmos aplicativos da ver-
aplicativo sugerido; na quarta, seríamos redirecionados são Home, além de uma versão otimizada do Office.
para o Internet Explorer já aberto no Bing.com e com os

249
Windows 10 Pro: Nos aprofundaremos nas principais diferenças da
versão Windows 10 Pro perante a versão Home.
Assim como a Home, essa versão também é destina- Conforme já dissemos anteriormente, as diferenças
da para os PCs, notebooks, tablets e dispositivos 2 em entre as duas edições ficam por conta de recursos volta-
1. A versão Pro difere-se do Home em relação à certas dos para o público corporativo ou quem deseja ter mais
funcionalidades que não estão presentes na versão mais controle sobre o sistema operacional e seus dados pes-
básica. Essa é a versão recomendada para pequenas em- soais. Isto é o que você perderá ao usar o Windows 10
presas, graças ao seus recursos para segurança digital, Home (em negrito, os recursos que fazem mais sentido
suporte remoto, produtividade e uso de sistemas basea- para usuários domésticos avançados):
dos na nuvem. Disponível gratuitamente para atualiza- Recursos avançados de gerenciamento: ingresso em
ção (durante o primeiro ano de lançamento) para clientes domínio de rede, política de grupo, acesso atribuído
licenciados do Windows 7 e do Windows 8.1. A versão (uma função para restringir determinado usuário a ro-
para varejo ainda não teve seu preço revelado. dar apenas um aplicativo específico) e área de trabalho
remota;
Windows 10 Enterprise: Criptografia de disco com o BitLocker e proteção de
dados sensíveis com o Enterprise Data Protection (per-
A versão Enterprise do Windows 10 é construída so- mite separar arquivos pessoais e profissionais, para evitar
bre o Wndows 10 Pro e é destinada ao mercado corpo- vazamento de informações);
rativo. Conta com recursos de segurança digital que são Internet Explorer em modo de compatibilidade, volta-
prioridade para perfis corporativos. do para empresas que ainda dependem de páginas an-
tigas, que funcionam corretamente apenas com o motor
Essa edição vai estar disponível através do programa antigo do browser da Microsoft;
de Licenciamento por Volume, facilitando a vida dos con- Active Directory do Azure, para gerenciar diretórios
sumidores que têm acesso à essa ferramenta. O Windows de identidade privados na nuvem;
Update for Business também estará presente aqui, jun- Atualização fácil para o Windows 10 Enterprise (os
tamente com o Long Term Servicing Branch, como uma usuários do Windows 10 Home poderão fazer upgrade
opção de distribuição de updates de segurança para si- rápido para o Windows 10 Education, no entanto);
tuações e ambientes críticos. Business Store for Windows 10: uma versão da Loja
do Windows que permitirá às empresas criarem seções
Windows 10 Education: para reunir aplicativos específicos;
Windows Update for Business: download das atuali-
Construído sobre o Windows 10 Enterprise, a versão zações por P2P, janelas de manutenção (para evitar que
Education é destinada a atender as necessidades do meio o Windows instale correções em momentos inoportunos)
educacional. Os funcionários, administradores, professo- e anéis de distribuição (apenas as atualizações já testadas
res e estudantes poderão aproveitar os recursos desse serão instaladas, para garantir a estabilidade).
sistema operacional que terá seu método de distribuição
baseado através da versão acadêmica de licenciamento Gerenciamento de dispositivos móveis
de volume.
O gerenciamento de dispositivos móveis (MDM) do
Windows 10 Mobile Enterprise: Windows 10 oferece uma alternativa aos processos tradi-
cionais de gerenciamento de computadores: faça a tran-
Projetado para smartphones e tablets do setor cor- sição para o gerenciamento baseado em nuvem no seu
porativo. Essa edição também estará disponível através próprio ritmo.
do Licenciamento por Volume, oferecendo as mesmas
vantagens do Windows 10 Mobile com funcionalidades Política de Grupo
direcionadas para o mercado corporativo.
Gerencie computadores, grupos e contas de usuá-
Windows 10 IoT Core: rios e obtenha acesso fácil a arquivos e a impressoras ao
emparelhar o Windows 10 Pro com o Windows Server.**
Claro que a Microsoft não deixaria de pensar no se- Você pode até definir políticas de rede e segurança espe-
tor de IoT (Internet of Things), que nada mais é do que cíficas para seus usuários e dispositivos.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

o grande “boom” no mercado para os próximos anos.


Trata-se da intenção de interligar todos os dispositivos Enterprise State Roaming com Azure15
à rede. A Microsoft prometeu que haverá edições do
Windows 10 baseadas no Enterprise e Mobile Enterprise Disponível para qualquer organização com uma li-
destinados a dispositivos como caixas eletrônicos, termi- cença do Azure AD Premium ou Enterprise Mobility +
nais de autoatendimento, máquina de atendimento para Security (EMS), o Enterprise State Roaming oferece aos
o varejo e robôs industriais. Essa versão IoT Core será usuários uma experiência unificada em seus dispositivos
destinada para dispositivos pequenos e de baixo custo. Windows e reduz o tempo necessário para configurar um
novo dispositivo.

250
Microsoft Store para Empresas16 Ctrl + V (ou Shift + Insert) / Colar o item selecionado.
Ctrl + Z / Desfazer uma ação.
O lugar central para encontrar, gerenciar e distribuir Alt + Tab / Alternar aplicativos abertos.
aplicativos para dispositivos Windows 10 em grande vo- Alt + F4 / Fechar o item ativo ou sair do aplicativo ativo.
lume. Tecla do logotipo do Windows + L / Bloquear seu
computador.
Acesso atribuído Tecla do logotipo do Windows + D / Exibir e ocultar
a área de trabalho.
Com o Acesso atribuído, os dispositivos do Windows F2 / Renomear o item selecionado.
10 Pro executam aplicativos diferentes dependendo do F3 / Procurar um arquivo ou uma pasta no Explorador
usuário e mantêm as identidades individuais separadas de Arquivos.
e seguras. F4 / Exibir a lista da barra de endereços no Explorador
de Arquivos.
Provisionamento dinâmico F5 / Atualizar a janela ativa.
F6 / Percorrer elementos da tela de uma janela ou da
Com o provisionamento dinâmico, você pode tirar área de trabalho.
um novo computador da caixa, ligá-lo e transformá-lo F10 / Ativar a barra de menus no aplicativo ativo.
em um dispositivo produtivo da organização, com o mí- Alt + F8 / Mostrar sua senha na tela de credenciais.
nimo de tempo e esforço. Alt + Esc / Percorrer itens na ordem em que foram
abertos.
Windows Update para Empresas Alt + letra sublinhada / Executar o comando referente
a essa letra.
O Windows Update para Empresas pode ajudar a re- Alt + Enter / Exibir propriedades do item selecionado.
duzir os custos de gerenciamento, fornecer controles so- Alt + Barra de espaço / Abrir o menu de atalho da
bre a implantação de atualizações, oferecer acesso mais janela ativa.
rápido às atualizações de segurança e acesso contínuo às Alt + Seta para a esquerda / Voltar.
últimas inovações da Microsoft. Alt + Seta para a direita / Avançar.
Alt + Page Up / Mover uma tela para cima.
Configuração do modo de quiosque Alt + Page Down / Mover uma tela para baixo.
Ctrl + F4 / Fechar o documento ativo (em aplicativos
Configure um dispositivo no modo de quiosque de que sejam de tela inteira e permitam vários documentos
maneira muito simples. Você pode fazer isso localmente abertos ao mesmo tempo).
no dispositivo ou remotamente usando o Gerenciamento Ctrl + A / Selecionar todos os itens em um documen-
de dispositivos móveis. to ou em uma janela.
Ctrl + D (ou Delete) / Excluir o item selecionado e
Suporte para o Active Directory movê-lo para a Lixeira.
Ctrl + R (ou F5) / Atualizar a janela ativa.
Ingresso em Domínio + Política de Grupo: A equipe Ctrl + Y / Refazer uma ação.
de TI pode gerenciar facilmente computadores, grupos e Ctrl + Seta para a direita / Mover o cursor para o iní-
contas de usuários, políticas de segurança e obter acesso cio da próxima palavra.
fácil a arquivos e a impressoras ao emparelhar o Windo- Ctrl + Seta para a esquerda / Mover o cursor para o
ws 10 Pro com o Windows Server.** Você pode até definir início da palavra anterior.
políticas de rede e segurança específicas para seus usuá- Ctrl + Seta para baixo / Mover o cursor para o início
rios e dispositivos. do próximo parágrafo.
Ctrl + Seta para cima / Mover o cursor para o início do
Suporte para o Azure Active Directory parágrafo anterior.
Ctrl + Alt + Tab / Usar as teclas de direção para alter-
Os funcionários podem usar um único login no Win- nar entre todos os aplicativos abertos.
dows 10, Office 365,*** e outros serviços da Microsoft, Alt + Shift + teclas de direção / Quando um grupo ou
facilitando o gerenciamento de logons e senhas. O logon bloco está em foco no menu Iniciar, movê-lo na direção
compartilhado funciona em computadores, tablets e te- especificada.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

lefones com envolvimento mínimo do setor de TI. Ctrl + Shift + teclas de direção / Quando um bloco es-
tiver em foco no menu Iniciar, mova-o para outro bloco
Principais atalhos de teclado para criar uma pasta.
Ctrl + teclas de direção / Redimensionar o menu Ini-
Copiar, colar e outros atalhos de teclado gerais ciar quando ele estiver aberto.
Ctrl + tecla de direção (para ir até um item) + Barra de
Pressione esta tecla / Para fazer isto espaço / Selecionar vários itens separadamente em uma
Ctrl + X / Recortar o item selecionado. janela ou na área de trabalho.
Ctrl + C (ou Ctrl + Insert) / Copiar o item selecionado.

251
Ctrl + Shift com uma tecla de direção / Selecionar um Tecla do logotipo do Windows + F / Abrir o Hub de
bloco de texto. Feedback e tirar uma captura de tela.
Ctrl + Esc / Abrir Iniciar. Tecla do logotipo do Windows + G / Abrir Barra de
Ctrl + Shift + Esc /Abrir o Gerenciador de Tarefas. jogo quando um jogo é aberto.
Ctrl + Shift / Mudar o layout do teclado quando hou- Tecla do logotipo do Windows + H / Iniciar ditado.
ver vários layouts de teclado disponíveis. Tecla do logotipo do Windows + I / Abrir Configurações.
Ctrl + Barra de espaço / Ativar ou desativar o IME do Tecla do logotipo do Windows + J / Definir o foco
idioma chinês. para uma dica do Windows quando houver uma dispo-
Shift + F10 / Exibir o menu de atalho do item selecionado. nível.
Shift com qualquer tecla de direção / Selecionar mais
de um item em uma janela ou na área de trabalho, ou Quando uma dica do Windows aparecer, leve o foco
selecionar texto em um documento. para a dica. Pressionar os atalhos de teclado novamente
Shift + Delete / Excluir o item selecionado sem movê- leva o foco para o elemento na tela ao qual a dica do
-lo para a Lixeira primeiro. Windows está ancorada.
Seta para a direita / Abrir o próximo menu à direita ou Tecla do logotipo do Windows + K / Abrir a ação rá-
abrir um submenu. pida Conectar.
Seta para a esquerda / Abrir o próximo menu à es- Tecla do logotipo do Windows + L / Bloquear seu
querda ou fechar um submenu. computador ou mudar de conta.
Esc / Parar ou encerrar a tarefa atual. Tecla do logotipo do Windows + M / Minimizar todas
PrtScn / Fazer uma captura da tela inteira e copiá-la as janelas.
para a sua área de transferência. Tecla do logotipo do Windows + O / Bloquear a orien-
tação do dispositivo.
Observação Tecla do logotipo do Windows + P / Escolher um
Você pode alterar esse atalho para que ele também modo de exibição da apresentação.
abra a captura de tela, o que permitirá editá-la. Selecione Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Q / Abrir a
Iniciar > Configurações > Facilidade de Acesso > Teclado Assistência Rápida.
e ative a opção Atalho Print Screen. Tecla do logotipo do Windows + R / Abrir a caixa de
Use a tecla PrtScn para abrir a captura de tela diálogo Executar.
Tecla do logotipo do Windows + S / Abrir a pesquisa.
Atalhos de teclado da tecla do logotipo do Windows Tecla do logotipo do Windows + Shift + S / Fazer uma
Pressione esta tecla / Para fazer isto captura de tela de parte da tela.
Tecla do logotipo do Windows / Abrir ou fechar Iniciar. Tecla do logotipo do Windows + T / Percorrer aplica-
Tecla do logotipo do Windows + A / Abrir a Central tivos na barra de tarefas..
de ações. Tecla do logotipo do Windows + U / Abrir a Central
Tecla do logotipo do Windows + B / Definir o foco na de Facilidade de Acesso.
área de notificação. Tecla do logotipo do Windows + V / Abrir a área de
Tecla do logotipo do Windows + C / Abrir a Cortana transferência.
no modo de escuta.
Observação
Observações Para ativar este atalho, selecione Iniciar > Configura-
Esse atalho é desativado por padrão. Para ativá-lo, ções > Sistema > Área de Transferência e ative a tecla de
selecione Iniciar > Configurações > Cortana e ative o alternância sob Histórico da área de transferência.
botão de alternância em Permitir que a Cortana escute Tecla do logotipo do Windows + Shift + V / Percorrer
meus comandos quando eu pressionar a tecla do logoti- notificações.
po do Windows + C. Tecla do logotipo do Windows + X / Abrir o menu
A Cortana só está disponível em determinados paí- Link Rápido.
ses/regiões, e alguns de seus recursos talvez não estejam Tecla do logotipo do Windows + Y / Alternar entrada
disponíveis em todos os lugares. Se a Cortana não estiver entre o Windows Mixed Reality e a área de trabalho.
disponível ou estiver desativada, ainda assim você pode- Tecla do logotipo do Windows + Z / Mostrar os co-
rá usar a pesquisa. mandos disponíveis em um aplicativo no modo de tela
Tecla do logotipo do Windows + Shift + C / Abrir o inteira.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

menu de botões. Tecla do logotipo do Windows + ponto (.) ou ponto e


Tecla do logotipo do Windows + D / Exibir e ocultar a vírgula (;) / Abrir painel de emojis.
área de trabalho. Tecla do logotipo do Windows + vírgula (,) / Espiar
Tecla do logotipo do Windows + Alt + D / temporariamente a área de trabalho.
Exibir e ocultar data e hora na área de trabalho. Tecla do logotipo do Windows + Pause / Abrir a caixa
Tecla do logotipo do Windows + E / Abrir o Explora- de diálogo Propriedades do Sistema.
dor de Arquivos. Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + F / Procurar
computadores (se você estiver em uma rede).

252
Tecla do logotipo do Windows + Shift + M / Restaurar Atalhos de teclado do prompt de comando
janelas minimizadas na área de trabalho. Pressione esta tecla / Para fazer isto
Tecla do logotipo do Windows + número / Abrir a Ctrl + C (ou Ctrl + Insert) / Copiar o texto selecionado.
área de trabalho e iniciar o aplicativo fixado na barra de Ctrl + V (ou Shift + Insert) / Colar o texto selecionado.
tarefas, na posição indicada pelo número. Se o aplicativo Ctrl + M / Entrar no modo de marca.
já estiver em execução, mudar para esse aplicativo. Alt + tecla de seleção / Começar seleção no modo de
Tecla do logotipo do Windows + Shift + número / bloqueio.
Abrir a área de trabalho e iniciar uma nova instância do Teclas de direção / Mover o cursor na direção especificada.
aplicativo fixado na barra de tarefas, na posição indicada Page Up / Mover o cursor uma página acima.
pelo número. Page Down / Mover o cursor uma página abaixo.
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + número / Ctrl + Home (modo de marca) / Mover o cursor para
Abrir a área de trabalho e mudar para a última janela o início do próximo buffer.
ativa do aplicativo fixado na barra de tarefas, na posição Ctrl + End (modo de marca) / Mover o cursor para o
indicada pelo número. final do próximo buffer.
Tecla do logotipo do Windows + Alt + número / Abrir Ctrl + Seta para cima / Mover uma linha acima no
a área de trabalho e abrir a Lista de Atalhos do aplicati- histórico de saída.
vo fixado na barra de tarefas, na posição indicada pelo Ctrl + Seta para baixo / Mover uma linha abaixo no
número. histórico de saída.
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Shift + núme- Ctrl + Home (navegação no Histórico) / Se a linha de
ro / Abrir a área de trabalho e abrir uma nova instância comando estiver vazia, mova o visor para o início do buf-
do aplicativo localizado na posição especificada, na barra fer. Do contrário, exclua todos os caracteres à esquerda
de tarefas, como um administrador. do cursor na linha de comando.
Tecla do logotipo do Windows + Tab / Abrir a Visão Ctrl + End (navegação no Histórico) / Se a linha de
de tarefas. comando estiver vazia, mova o visor para a linha de co-
Tecla do logotipo do Windows + seta para cima / Ma- mando. Do contrário, exclua todos os caracteres à direita
ximizar a janela. do cursor na linha de comando.
Tecla do logotipo do Windows + seta para baixo /
Remover o aplicativo atual da tela ou minimizar a janela Atalhos de teclado de caixas de diálogo
da área de trabalho. Pressione esta tecla / Para fazer isto
Tecla do logotipo do Windows + seta para a esquerda F4 / Exibir os itens na lista ativa.
/ Maximizar a janela do aplicativo ou da área de trabalho, Ctrl + Tab / Avançar nas guias.
no lado esquerdo da tela. Ctrl + Shift + Tab / Voltar nas guias.
Tecla do logotipo do Windows + seta para a direita / Ctrl + número (número de 1 a 9) / Mover para a ené-
Maximizar a janela do aplicativo ou da área de trabalho, sima guia.
no lado direito da tela. Tab / Avançar nas opções.
Tecla do logotipo do Windows + Home / Minimizar Shift + Tab / Voltar nas opções.
todas as janelas da área de trabalho, exceto a ativa (res- Alt + letra sublinhada / Executar o comando (ou sele-
taura todas as janelas com um segundo pressionamento). cionar a opção) que é usada com essa letra.
Tecla do logotipo do Windows + Shift + Seta para Barra de espaço / Marcar ou desmarcar a caixa de se-
cima / Alongar a janela da área de trabalho até as partes leção caso a opção ativa seja uma caixa de seleção.
superior e inferior da tela. Backspace / Abrir uma pasta um nível acima caso uma
Tecla do logotipo do Windows + Shift + Seta para pasta esteja selecionada na caixa de diálogo Salvar Como
baixo / Restaurar/minimizar janelas ativas da área de tra- ou Abrir.
balho verticalmente, mantendo a largura. Teclas de direção / Selecionar um botão caso a opção
Tecla do logotipo do Windows + Shift + Seta para a ativa seja um grupo de botões de opção.
esquerda ou seta para a direita / Mover um aplicativo
ou uma janela na área de trabalho, de um monitor para Atalhos de teclado do Explorador de Arquivos
outro. Pressione esta tecla / Para fazer isto
Tecla do logotipo do Windows + Barra de espaço / Alt + D / Selecionar a barra de endereços.
Mudar o idioma de entrada e o layout do teclado. Ctrl + E / Selecionar a caixa de pesquisa.
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Barra de espa- Ctrl + F / Selecionar a caixa de pesquisa.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ço / Alterar para uma entrada selecionada anteriormente. Ctrl + N / Abrir uma nova janela.
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Enter / Ligar Ctrl + W / Fechar a janela ativa.
o Narrador. Ctrl + roda de rolagem do mouse / Alterar o tamanho
Tecla do logotipo do Windows + Plus (+) / Abrir a Lupa. e a aparência dos ícones de arquivo e pasta.
Tecla do logotipo do Windows + barra (/) / Iniciar re- Ctrl + Shift + E / Exibir todas as pastas acima da pasta
conversão IME. selecionada.
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + V / Abrir alertas. Ctrl + Shift + N / Criar uma nova pasta.
Tecla do logotipo do Windows + Ctrl + Shift + B / Num Lock + asterisco (*) / Exibir todas as subpastas
Ativar computador de tela preta ou em branco da pasta selecionada.

253
Num Lock + adição (+) / Exibir o conteúdo da pasta Resposta: Letra E.
selecionada. A) Ctrl+V: colar algo que esteja na área de transferência
Num Lock + subtração (-) / Recolher a pasta selecionada. B) Ctrl+C: copiar algo que foi selecionado
Alt + P / Exibir o painel de visualização. C) Ctrl+X: recortar algo que foi selecionado
Alt + Enter / Abrir a caixa de diálogo Propriedades do D) Ctrl+A: selecionar tudo
item selecionado. E) Ctrl+Z: desfazer uma ação
Alt + Seta para a direita / Exibir a próxima pasta.
Alt + Seta para cima / Exibir a pasta na qual a pasta 2. (VUNESP – 2017) Usando o Microsoft Windows 7, em
estava. sua configuração padrão, um usuário abriu o conteúdo
Alt + Seta para a esquerda / Exibir a pasta anterior. de uma pasta no aplicativo Windows Explorer no modo
Backspace / Exibir a pasta anterior. de exibição Detalhes. Essa pasta contém muitos arquivos
Seta para a direita / Exibir a seleção atual (se estiver e nenhuma subpasta, e o usuário deseja rapidamente lo-
recolhida) ou selecionar a primeira subpasta. calizar, no topo da lista de arquivos, o arquivo modifica-
Seta para a esquerda / Recolher a seleção atual (se do mais recentemente. Para isso, basta ordenar a lista de
estiver expandida) ou selecionar a pasta na qual a pasta arquivos, em ordem decrescente, por
atual estava.
End / Exibir a parte inferior da janela ativa. a) Data de modificação.
Home / Exibir a parte superior da janela ativa. b) Nome.
F11 / Maximizar ou minimizar a janela ativa. c) Tipo.
d) Tamanho.
Fonte: e) Ordem.
http://www.baboo.com.br/windows/10-novidades-
-no-windows-10/ Resposta: Letra A.
microsoft.com/pt-br/windows/compare-windows- Na configuração original as únicas opções que apare-
-10-home-vs-pro cem são: Nome, Data de modificação, Tipo e Tamanho.
https://www.hardware.com.br/noticias/2015-05/con- Já é possível descartar a alternativa “E”.
fira-quais-serao-as-sete-versoes-do-windows-10.html Se um usuário deseja ordenar os arquivos de uma de-
https://tecnoblog.net/180910/windows-10-home- terminada pasta mostrando primeiro (topo) os arqui-
-pro-diferenca/ vos mais recentes, é necessário utilizar a opção “Data
https://support.microsoft.com/pt-br/help/17217/ de Modificação”
windows-10-whats-changed-in-file-explorer
https://www.algosobre.com.br/informatica/arquivos- 3. (VUNESP – 2017) Com relação ao Microsoft Windows
-e-pastas-a-organizacao-logica-dos-discos.html 7, em sua configuração original, assinale a alternativa que
http://www.alissoncleiton.com.br/arquivos_material/ indica funções que podem ser realizadas usando apenas
sistema_operacional_windows_10.pdf recursos do aplicativo Windows Explorer.
https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/no-
ticia/2015/11/windows-10-como-usar-funcao-snap-e- a) Navegar na internet.
-abrir-mais-de-um-app-na-tela.html b) Apagar e renomear arquivos e pastas.
https://canaltech.com.br/windows/guia-definitivo- c) Ver o conteúdo da Área de Transferência.
-de-configuracao-do-windows-10/ d) Ligar e desligar o computador.
https://www.tecmundo.com.br/windows-10/ e) Editar textos simples, sem recursos de formatação.
73546-windows-10-utilizar-barra-pesquisas-sistema.htm
https://support.microsoft.com/pt-br/help/4028227/ Resposta: Letra B.
windows-10-how-to-get-help Dentre as diversas funções de administração de arqui-
vos e pastas do Windows Explorer é possível “Apagar
e renomear arquivos e pastas”; Para “Navegar na in-
ternet” é necessário um software web-browser; Por
EXERCÍCIOS COMENTADOS
padrão não é possível ver a “Área de Transferência”
do Windows 7; Para Ligar o computador é necessária
1. (VUNESP – 2018) Na Área de Trabalho do MS-Windo- uma ação física, e para desligar é necessário utilizar o
ws 7, em sua configuração padrão, o usuário pode des- botão iniciar; Para “Editar textos simples sem recursos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

fazer o envio de um arquivo para a Lixeira, que acaba de de formatação” é necessário o Bloco de Notas.
ser realizado, utilizando o atalho de teclado

a) Ctrl+V
b) Ctrl+C
c) Ctrl+X
d) Ctrl+A
e) Ctrl+Z

254
4. (VUNESP – 2018) Observe os ícones a seguir, extraí- 7. (CESPE – 2014) As rotinas de inicialização GRUB e
dos do Windows Explorer do MS-Windows 7, na confi- LILO, utilizadas em diversas distribuições Linux, podem
guração de exibição de Ícones Médios. Os ícones foram ser acessadas por uma interface de linha de comando.
marcados de 1 a 5 e não foram modificados desde a sua
criação. (  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Certo.
É possível acessar as rotinas de inicialização GRUB e
LILO para realizar a sua configuração, assim como é
possível alterar as opções de inicialização do Windows
(em Win+Pause, Configurações Avançadas do Sistema,
Propriedades do Sistema, Inicialização e Recuperação).
Assinale a alternativa que contém o número correspon-
dente ao ícone de um atalho de uma pasta que não está 8. (CESPE – 2013) Considere que um usuário de login
vazia. joao_jose esteja usando o Windows Explorer para nave-
gar no sistema de arquivos de um computador com am-
a) 1 biente Windows 7. Considere ainda que, enquanto um
b) 2 conjunto de arquivos e pastas é apresentado, o usuário
c) 3 observe, na barra de ferramentas do Windows Explorer,
d) 4 as seguintes informações: Bibliotecas > Documentos >
e) 5 Projetos. Nessa situação, é mais provável que tais arqui-
vos e pastas estejam contidos no diretório C:\Bibliote-
Resposta: Letra A. cas\Documentos\Projetos que no diretório C:\Users\
1 - Ícone de atalho para pasta que não está vazia joao_jose\Documents\Projetos.
2 - Ícone de uma pasta que não está vazia, contém
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
vários arquivos
3 - ícone de uma pasta vazia
4 - Ícone de uma pasta que não está vazia, contém Resposta: Errado.
um arquivo O correto é “C:\Users\joao_jose\Documents\Projetos”.
5 - Ícone de atalho para pasta que está vazia Há possibilidade das pastas estarem em outro diretó-
rio, se forem feitas configurações customizadas pelo
5. (CESPE – 2014) No Windows, não há possibilidade de usuário. Mesmo na configuração em português o dire-
o usuário interagir com o sistema operacional por meio tório dos documentos do usuário continua sendo no-
de uma tela de computador sensível ao toque. meado em inglês: “documents”. Portanto, a afirmação
de que o diretório seria “C:\biblioteca\documentos\
(  ) CERTO   (  ) ERRADO projetos” não está correta. O item considera o com-
portamento padrão do sistema operacional Windows
Resposta: Errado. 7, e, portanto, a afirmação não pode ser absoluta, de-
As versões mais recentes do Windows existe este re- vido à flexibilidade inerente a este sistema software. A
curso. Para usá-lo há a necessidade de que a tela seja premissa de que a informação fosse apresentada na
sensível ao toque. barra de ferramentas não compromete o entendimen-
to da questão.”
6. (CESPE – 2014) Comparativamente a computadores
com outros sistemas operacionais, computadores com o 9. (CESPE – 2014) No ambiente Linux, é possível utilizar
sistema Linux apresentam a vantagem de não perderem comandos para copiar arquivos de um diretório para um
dados caso as máquinas sejam desligadas por meio de pen drive.
interrupção do fornecimento de energia elétrica.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
Resposta: Certo.
Resposta: Errado. No ambiente Linux, é permitida a execução de vários
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nenhum sistema operacional possui a vantagem de não comandos por meio de um console. O comando “cp”
perder dados caso a máquina seja desligada por meio é utilizado para copiar arquivos entre diretórios e ar-
de interrupção do fornecimento de energia elétrica. quivos para dispositivos.

10. (CESPE – 2004) Ao se clicar a opção ,


será exibida uma janela por meio da qual se pode verifi-
car diversas propriedades do arquivo, como o seu tama-
nho e os seus atributos.

255
Em computadores do tipo PC, a comunicação com peri- Em B Errado.: A tecla em questão, ao ser pressionada,
féricos pode ser realizada por meio de diferentes interfa- abre o mesmo menu obtido ao se clicar o botão direi-
ces. Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens. to do mouse
Em C Errado.: A tecla Ctrl, ao ser pressionada sozinha,
(  ) CERTO   (  ) ERRADO não surte efeito algum
Em D Errado.: o botão seta acima move o cursor para cima.
Resposta: Certo. Em E Certo.: A tecla com o logotipo do Windows, loca-
Dentre as diversas opções que podem ser consultadas lizada entre o Ctrl e o Alt, dentre outras funções, pode
ao se ativar as propriedades de um arquivo estão as ser utilizada para abrir (mostrar) o menu Iniciar
opções: tamanho e os seus atributos.
PRODUÇÃO E EDIÇÃO DE DOCUMENTOS
11. (FGV – 2019)
(MICROSOFT OFFICE 2010 (OU POSTERIORES)
No Explorador de Arquivos (Windows Explorer) do Win-
E LIBRE OFFICE 4 (OU POSTERIORES)
dows 10 BR, para remover um arquivo previamente sele-
cionado sem enviá-lo para a lixeira, deve ser usado
MICROSOFT OFFICE 2016
a) Alt+Delete.
b) Alt+Shift+Delete. Microsoft Office é uma suite de aplicações (progra-
c) Ctrl+Delete. mas de computador) desenvolvida pela Microsoft Corp.
d) Ctrl+Shift+Delete. (uma empresa norte-americana fundada em 1975). Trata-
e) Shift+Delete. -se de um conjunto de programas informáticos/software
que realizam tarefas de escritório, isto é, que permitem
Resposta: Letra E. automatizar e otimizar as atividades do dia-a-dia de um
Em A Errado.: Alt+Delete Não é um atalho válido den- escritório.
tro do explorador de arquivos A primeira versão do Microsoft Office foi lançada em
Em B Errado.: Alt+Shift+Delete Não é um atalho válido 1989 com dois packs básicos: um formado pelo Micro-
dentro do explorador de arquivos soft Word, pelo Microsoft Excel e pelo Microsoft Power-
Em C Errado.: Ctrl+Delete Não é um atalho válido den- Point, e outro ao qual foram acrescentados os programas
tro do explorador de arquivos Microsoft Access e Schedule Plus.
Em D Errado.: Ctrl+Shift+Delete Não é um atalho váli- O Word é um dos programas mais populares que
do dentro do explorador de arquivos fazem parte do Microsoft Office. Consiste num proces-
Em E Certo.: Shift + Delete apaga o arquivo sem passar sador de textos que inclui um corretor ortográfico, um
pela lixeira. dicionário de sinónimos e a possibilidade de trabalhar
com diversas fontes (tipos de letras).
12. (FGV – 2019) Assinale a opção que indica, no MS-Windows O Excel, por sua vez, é composto por folhas de cál-
10, a tecla utilizada para abrir (mostrar) o menu Iniciar. culo. Tem por principal característica a possibilidade de
realizar cálculos aritméticos de forma automática, facili-
tando assim o desenvolvimento dos balanços e das de-
a) monstrações financeiras.
O PowerPoint é o programa do Office que se utiliza
para criar e exibir apresentações visuais. A sua base está
no desenvolvimento de dispositivos multimídia, que po-
b) dem incluir texto, imagens, vídeos e som.
A administração da informação pessoal e as mensa-
gens de correio electrónico podem ser geridos a partir
do Outlook. O seu principal ponto forte é o correio ele-
c) trônico, embora também disponha de um calendário e
de um diretório de contatos.
O Microsoft Office é um programa que não dispensa
de licença. Por isso, deve ser comprado pelos utilizadores
d) que pretendam usufruir dos serviços propostos.
Os programas do pacote office são amplamente utili-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

zados no ambiente corporativo, mas na maioria dos com-


putadores domésticos, você vai encontrar também pelo
e) menos um processador de texto, um editor de planilhas
e um programa de apresentações, representados pelos
populares Word, Excel e Powerpoint, respectivamente.
Resposta: Letra E. Dominar o básico destes programas não é difícil, com
Em A Errado.: A tecla Alt, ao ser pressionada sozinha, um pouco de pratica e dedicação, você já consegue criar
não surte efeito algum. Dentro do office, por exemplo, documentos, relatórios e planilhas simples, bem como
ativa as dicas de tecla. algumas apresentações a partir de modelos prontos.

256
OFFICE 2016 Encontre os comandos com o Diga-me
É só dizer para o Word, o Excel ou o PowerPoint o que
Lançado em setembro de 2015, é a versão mais re- quer fazer e o Diga-me leva você até o comando.
cente, que veio a substituir o Office2013. Entre os no-
vos recursos estão a possibilidade de criar, abrir, editar Verifique os fatos usando a Pesquisa Inteligente da
e salvar arquivos na nuvem diretamente de seu desktop. plataforma Bing
Há também o recurso “Diga-me”- uma caixa de busca A Pesquisa Inteligente usa os termos destacados por
localizada na porção superior da tela, a partir da qual você e outras informações do contexto do documento
você pode simplesmente digitar o nome de ferramen- para mostrar os resultados da pesquisa na Web dentro
tas e comandos para encontrá-los facilmente. Agora os do próprio documento.
aplicativos do office permitem colaboração de arquivos, Ideias a poucos cliques de distância
com edição em tempo real, permitindo que mais de um Usando a previsão com um clique, você transforma
usuário editem ao mesmo tempo, desde que eles este- rapidamente o histórico de dados em uma análise de
jam conectados on-line em suas contas Microsoft. tendências futuras. Os novos gráficos ajudam a visualizar
A interface do office 2016 também recebeu uma sutil dados complexos.
repaginada. As mudanças visuais são quase imperceptí-
veis, mas o visual está mais plano, seguindo a tendência O Office acompanha você
do windows 10. A porção superior da Ribbon dos aplica- Do trabalho à sua lanchonete preferida, acompanhe
tivos recebeu uma cor solida, que varia conforme o apli- aquilo que importa: amigos, parentes e projetos, em to-
cativo: azul, verde, roxo etc. dos os seus dispositivos.
Há um cinza bem claro na faixa de opções para sepa-
rar o documento aberto das ferramentas disponíveis na Aplicativos do Office otimizados para o toque
porção superior. Toque para ler, editar, mudar o zoom e navegar. Tome
Em caso de telas sensíveis ao toque, aceita-se a pos- notas ou faça anotações usando a tinta digital.
sibilidade de ajustar a interface dos programas para ser
Tudo em um único lugar com o armazenamento em
manipulada pelos dedos. Na verdade, o recurso cria mais
nuvem do OneDrive
espaçamento entre os botões, para facilitar o toque,
Salve o arquivo no armazenamento em nuvem e tro-
mesmo nessa condição, as funcionalidades continuam as
que de dispositivo sem perder o embalo. Os aplicativos
mesmas.
do Office abrem o documento do jeitinho que você dei-
xou, em qualquer um dos seus dispositivos.
Trabalhar em equipe ficou mais fácil
Com o Office 2016, ficou mais fácil compartilhar do-
Perfeito para o Windows 10
cumentos e trabalhar com outras pessoas ao mesmo
Juntos, o Office 2016 e o Windows 10 formam a so-
tempo. lução mais completa do mundo para resolver o que for
necessário.
Colabore em documentos
Veja as edições das outras pessoas com a coautoria Hello
no Word, no PowerPoint e no OneNote. O histórico de É só dizer “Hello” uma única vez, e o Windows faz
versão foi aperfeiçoado e agora permite conferir os ins- logon no PC e no Office.
tantâneos das versões anteriores do documento durante
o processo de edição. Cortana
A Cortana ajuda você a fazer seu trabalho no Office.
Compartilhamento simplificado Integrá-la ao Office 365 facilita diversas tarefas, como a
Compartilhe a partir do próprio documento com ape- preparação de reuniões.
nas um clique. Se preferir, use os novos anexos moder-
nos do Outlook: é só anexar os arquivos do OneDrive e Aplicativos móveis do Office
configurar automaticamente a permissão. Você não pre- Os aplicativos móveis do Office no Windows 10 são
cisa nem sair do Outlook. rápidos, fáceis de usar com a tela de toque e otimizados
para a produtividade em praticamente qualquer lugar.
Office em todos os seus dispositivos
Revise, edite, analise e apresente documentos do Of- Office pelo melhor preço
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

fice 2016 em qualquer um dos seus dispositivos, seja um Com os planos de assinatura flexíveis do Office 365,
PC, um Mac ou telefones e tablets Windows, Apple® e você escolhe a opção ideal para as suas necessidades. As-
Android™. sine o plano individual ou um plano para toda a família.

Colabora com você Instale os aplicativos do Office


O Office 2016 colabora com a sua produtividade ofe- O Office 365 vem com os novos aplicativos do Offi-
recendo jeitos novos e mais rápidos de alcançar os resul- ce 2016 para PC e Mac, como Word, Excel, PowerPoint,
tados que você quer. Outlook e OneNote.

257
1 TB de armazenamento em nuvem do OneDrive
O OneDrive deixa ao seu alcance aquilo que é impor-
tante, como amigos, parentes, projetos e arquivos, em
praticamente qualquer lugar, em qualquer dispositivo.

Acesso ao suporte técnico gratuito


Precisa de ajuda com o Office 2016? Todo assinante
do Office 365 recebe suporte técnico gratuito de espe-
cialistas treinados pela Microsoft.

FUNÇÕES PARA EDIÇÃO, BUSCAS, FORMATAÇÃO,


IMPRESSÃO E MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS

EDITOR DE TEXTO MS WORD 2016

Novidades do Word 2016 para Windows1

O Word 2016 para Windows tem todas as funcionali-


dades e recursos conhecidos, com alguns aprimoramen-
tos e novos recursos do Office 2016.
Veja alguns dos novos recursos.
Realize ações rapidamente com o recurso Diga-me
Observe que há uma caixa de texto na Faixa de Op-
ções do Word 2016 com a mensagem O que você deseja
fazer. Esse é um campo de texto no qual você insere pa-
lavras ou frases relacionadas ao que deseja fazer e obtém
rapidamente os recursos que pretende usar ou as ações
que deseja realizar. Se preferir, use o Diga-me para en-
contrar ajuda sobre o que está procurando ou para usar
a Pesquisa Inteligente para pesquisar ou definir o termo
que você inseriu.

Ideias para o trabalho que está realizando


A Pesquisa Inteligente da plataforma Bing apresenta
as pesquisas diretamente no Word 2016. Quando você
seleciona uma palavra ou frase, clica com o botão direito
do mouse sobre ela e escolhe Pesquisa Inteligente, o Pai-
nel de ideias é exibido com as definições, os artigos Wiki
e as principais pesquisas relacionadas da Web.

Trabalhe em grupo em tempo real


Ao armazenar um documento online no OneDrive ou
no SharePoint e compartilhá-lo com colegas que usam
o Word 2016 ou Word Online, vocês podem ver as alte-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

rações uns dos outros no documento durante a edição.


Após salvar o documento online, clique em Compartilhar
para gerar um link ou enviar um convite por email. Quan-
do seus colegas abrem o documento e concordam em
compartilhar automaticamente as alterações, você vê o
trabalho em tempo real.

1 Fonte: https://support.office.com/pt-br/article/Novi-
d a d e s - d o - Wo r d - 2 0 1 6 - p a r a - W i n d o w s - 4 2 1 9 d f b 5 - 2 3 f c -
-4853-95aa-b13a674a6670?ui=pt-BR&rs=pt-BR&ad=BR

258
Equações à tinta
Incluir equações matemáticas ficou muito mais fácil. Vá até Inserir > Equação > Equação à Tinta sempre que desejar
incluir uma equação matemática complexa em um documento. Se tiver um dispositivo sensível ao toque, use o dedo
ou uma caneta de toque para escrever equações matemáticas à mão, e o Word 2016 vai convertê-las em texto. Caso
não tenha um dispositivo sensível ao toque, use o mouse para escrever. Você pode também apagar, selecionar e fazer
correções à medida que escreve.

Histórico de versões melhorado


Vá até Arquivo > Histórico para conferir uma lista completa de alterações feitas a um documento e para acessar
versões anteriores.

Compartilhamento mais simples


Clique em Compartilhar para compartilhar seu documento com outras pessoas no SharePoint, no OneDrive ou no
OneDrive for Business ou para enviar um PDF ou uma cópia como um anexo de email diretamente do Word.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatação de formas mais rápida


Quando você insere formas da Galeria de Formas, é possível escolher entre uma coleção de preenchimentos pre-
definidos e cores de tema para aplicar rapidamente o visual desejado.

259
Interface

Tela de trabalho do MS Word


No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos do documento ,
que como é um novo documento apresenta como título “Documento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido,
que permite acessar alguns comandos mais rapidamente como salvar, desfazer. Você pode personalizar
essa barra, clicando no menu de contexto (flecha para baixo) à direita dela.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

260
Mais à esquerda tem a ABA Arquivo.

Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, pre-
parar o documento (permite adicionar propriedades ao documento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.).

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos
os grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Página inicial, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visí-
veis para os usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns
destes grupos possuem pequenas marcações na sua direita inferior.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados,
por exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do
elemento selecionado.

261
Explore a galeria de documentos

A galeria de documentos é o local onde você pode criar um documento em branco ou usar um modelo predefinido.
A galeria fica disponível ao abrir o Word ou você pode acessá-la escolhendo Arquivo > Novo se estiver trabalhando
em um documento existente.

Explorar a faixa de opções


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Saiba mais sobre a caixa Diga-me

262
Diga-Me é uma nova ferramenta de pesquisa e está disponível no Word, no PowerPoint e no Excel 2016. Ela exibe
os comandos necessários quando você digita o que deseja fazer. Por exemplo, digite “configurações de fonte” na janela
Diga-me o que você quer fazer. Em seguida, escolha uma das sugestões exibidas ou escolha Obter Ajuda sobre “con-
figurações de fonte” para abrir o visualizador da Ajuda.

Faça um tour do Word 2016

Quando o Word abrir, clique em Faça um tour ou digite “Bem-vindo ao Word” na caixa Pesquisar modelos online.
O modelo Bem-vindo ao Word é aberto.
Este documento permite que você explore cinco áreas:

• Usar guias dinâmicas de layout e alinhamento


• Colaborar no Modo de Exibição Marcação Simples
• Inserir Imagens e Vídeos Online
• Desfrutar da Leitura
• Editar conteúdo em PDF no Word

Criando um documento

Quando você abre o Word, a galeria de documentos é exibida, permitindo que você escolha o modelo de docu-
mento em branco ou um dos vários outros modelos. NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Utilizando um modelo

Quando você inicia um aplicativo do Office, como o Word, o Excel, o PowerPoint, o Visio ou o Access, a primeira
coisa que você vê é uma lista de modelos que podem ser usados para criar seus arquivos e documentos.
Para encontrar modelos para os aplicativos do Office a qualquer momento, selecione Arquivo > Novo. Veja um
exemplo de como isso é exibido no Word:

263
Insira uma pesquisa para o tipo de modelo que você está procurando na caixa de pesquisa que diz Procurar mo-
delos online. Para navegar pelos tipos de modelos populares, selecione qualquer uma das palavras-chave abaixo da
caixa de pesquisa.

Selecione a miniatura de um modelo para ver uma visualização maior de como ele é. Você pode usar as setas em
ambos os lados da visualização para rolar pelos modelos relacionados. Depois de encontrar um modelo de que você
gosta, selecione Criar.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DICA : Se você usa um modelo com frequência, pode fixá-lo para que esteja sempre à mão quando você inicia o
aplicativo do Office. Basta selecionar o ícone de pino que aparece abaixo da miniatura na lista de modelos.

264
Modos de documento e compatibilidade

Quando você abre um documento no Word 2016, ele se encontra em um destes modos:

• Modo Word 2013-2016


• Modo de Compatibilidade do Word 2010
• Modo de Compatibilidade do Word 2007
• Modo de Compatibilidade do Word 97-2003

Caso você veja o Modo de Compatibilidade na barra de título, saiba como descobrir em que modo você está:

• Clique em Arquivo > Informações.


• Na seção Inspecionar Documento, clique em Verificar Problemas e em Verificar Compatibilidade.

Clique em Selecionar versões a exibir para verificar se há uma marca de seleção exibida ao lado do nome do modo
em que o documento se encontra.

Ajustar recuos e espaçamento no Word

Quando você quiser fazer alterações precisas nos recuos e no espaçamento ou quando quiser fazer várias altera-
ções de uma só vez, use as configurações na guia Recuos e Espaçamento na caixa de diálogo Parágrafo.
Selecione o texto que deseja ajustar.
Clique em Layout e clique na seta para o iniciador da caixa de diálogo no grupo Parágrafo.

Na guia Recuos e Espaçamento, escolha as configurações (veja abaixo os detalhes de cada configuração) e clique
em OK.

Opções da caixa de diálogo Parágrafo


Escolha uma destas opções na caixa de diálogo Parágrafo. Na parte inferior da caixa de diálogo, a caixa Visualização
mostra a aparência das opções antes que você as aplique.

Geral
Escolha À Esquerda para alinhar o texto à esquerda com uma margem
Alinhamento
direita irregular (ou use o atalho de teclado CTRL+L).
EscolhaCentralizar para centralizar o texto com uma borda esquerda e
direita irregulares (CTRL+E).
EscolhaÀ Direita para alinhar o texto à direita com uma margem esquerda
irregular (CTRL+R).
EscolhaJustificar para alinhar o texto à esquerda e à direita, adicionando
espaço entre as palavras (CTRL+J).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O nível no qual o parágrafo aparece no modo de exibição de Estrutura


Nível da estrutura de tópicos
de Tópicos.
Escolha Recolhido por padrão se quiser que o documento seja aberto
com os títulos recolhidos por padrão.

265
Recuo

Para a Esquerda Move-se no lado esquerdo do parágrafo de acordo com quantidade que você
escolher.
Para a Direita Move-se no lado direito do parágrafo de acordo com quantidade que você esco-
lher.
Especial Escolha Primeira linha > Por para recuar a primeira linha de um parágrafo.
Escolha Deslocamento > Por para criar um recuo deslocado.

Espelhar recuos Quando você escolher isso, Esquerda e Direita tornam-se Dentro e Fora. Isso é
para impressão de estilo de livro.
Espaçamento
Antes Ajusta a quantidade de espaço antes de um parágrafo.
Depois Ajusta a quantidade de espaço após um parágrafo
Espaçamento entre linhas Escolha Simples para texto com espaçamento simples.
Escolha 1,5 linhas para definir o espaçamento do texto uma vez e meia o do es-
paçamento único.
Escolha Duplo para texto com espaçamento duplo.
Escolha Pelo menos > Em para definir a quantidade mínima de espaçamento ne-
cessário para acomodar a maior fonte ou gráfico na linha.
Escolha Exatamente > Em para definir o espaçamento de linha fixa, expresso em
pontos. Por exemplo, se o texto estiver em fonte de 10 pontos, você pode especi-
ficar 12 pontos como o espaçamento entre linhas.
EscolhaMúltiplo > Em para definir o espaçamento de linha como um múltiplo
expresso em números maiores que 1. Por exemplo, definir o espaçamento entre li-
nhas como 1,15 aumentará o espaço em 15% e definir o espaçamento entre linhas
como 3 aumentará o espaço em 300% (espaçamento triplo).
Não adicionar … Escolha Não adicionar espaço entre parágrafos do mesmo estilo quando não qui-
ser espaço adicional entre os parágrafos.

Se você quiser salvar as configurações como padrão, clique em Definir como padrão.

Clicar em Guias… abre a caixa de diálogo Guias, onde você pode definir precisamente as guias.

Inserir imagens

As imagens podem ser inseridas (ou copiadas) a partir de vários locais diferentes, inclusive de um computador, de
uma fonte online como o Bing.com ou de uma página da Web.
Inserir uma imagem a partir de um computador
Clique no local em que deseja inserir a imagem no documento.
Clique em Inserir > Imagens.

Navegue até a imagem que você deseja inserir, selecione-a e clique em Inserir.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OBSERVAÇÃO: Por padrão, o Word insere a imagem em um documento. Mas você pode, de forma alternativa, vin-
cular seu documento à imagem para reduzir seu tamanho. Para fazê-lo, na caixa de diálogo Inserir Imagem, clique na
seta ao lado de Inserir e clique em Vincular ao Arquivo.
Inserir imagem a partir de uma fonte online
Caso não tenha uma imagem ideal no seu computador, experimente inserir uma a partir de uma fonte online, como
o Bing ou o Flickr.
Clique no local onde deseja inserir a imagem no documento.

266
Clique em Inserir > Imagens Online.

Na caixa de pesquisa, digite uma palavra ou frase que descreva a imagem desejada e pressione Enter.
Na lista de resultados, clique na imagem desejada e em Inserir.
Inserir uma imagem a partir de uma página da Web
Abra seu documento.
Na página da Web, clique com o botão direito do mouse na imagem que deseja e clique em Copiar.
No seu documento, clique com o botão direito do mouse no local que deseja inserir a imagem e clique em Colar.

Inserir uma tabela


Para inserir rapidamente uma tabela, clique em Inserir > Tabela e mova o cursor sobre a grade até realçar o número
correto de colunas e linhas desejado.

Clique na tabela exibida no documento. Caso seja necessário fazer ajustes, você poderá adicionar colunas e linhas
em uma tabela, excluir linhas ou colunas ou mesclar células.
Quando você clica na tabela, as Ferramentas de Tabela são exibidas.

Use as Ferramentas de Tabela para escolher diferentes cores, estilos de tabela, adicionar uma borda a uma página
ou remover bordas de uma tabela. Você pode até mesmo inserir uma fórmula para fornecer a soma de uma coluna ou
linha de números em uma tabela.
Se você tem um texto que ficará melhor em uma tabela, o Word pode convertê-lo em uma tabela.
Inserir tabelas maiores ou tabelas com comportamentos de largura personalizada
Para obter tabelas maiores e mais controle sobre as colunas, use o comando Inserir Tabela.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

267
Assim, você pode criar uma tabela com mais de dez
colunas e oito linhas, além de definir o comportamento
de largura das colunas.
Clique em Inserir > Tabela > Inserir Tabela.
Defina o número de colunas e linhas.

Você mesmo pode desenhar linhas diagonais e célu-


las dentro das células.
Clique em Inserir > Tabela > Desenhar Tabela. O pon-
teiro é alterado para um lápis.
Desenhe um retângulo para fazer as bordas da tabe-
la. Depois, desenhe linhas para as colunas e linhas dentro
do retângulo.

Na seção Comportamento de Ajuste Automático, há


três opções para configurar a largura das colunas:
Largura fixa da coluna: você pode deixar o Word de-
finir automaticamente a largura das colunas com Auto-
mático ou pode definir uma largura específica para todas
as colunas.
Ajustar-se automaticamente ao conteúdo: isso cria
colunas muito estreitas que são expandidas conforme
você adiciona conteúdo. Para apagar uma linha, clique na guia Layout de Fer-
Ajustar-se automaticamente à janela: isso mudará ramentas de Tabela, clique em Borracha e clique na linha
automaticamente a largura de toda a tabela para ajustar- que você quer apagar.
-se ao tamanho de seu documento.
Se quiser que as tabelas criadas tenham uma aparên-
cia semelhante à da tabela que você está criando, mar-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

que a caixa Lembrar dimensões para novas tabelas.


Projetar sua própria tabela
Se quiser ter mais controle sobre a forma das colunas
e linhas de sua tabela ou algo diferente de uma grade
básica, a ferramenta Desenhar Tabela ajuda a desenhar
exatamente a tabela que você deseja.

268
Adicionar um cabeçalho ou rodapé

Você pode adicionar muito mais além de números de página aos seus cabeçalhos ou rodapés. Mas para começar,
veja como criar e personalizar um cabeçalho ou rodapé simples.
Clique em Inserir e depois clique em Cabeçalho ou Rodapé.

Dezenas de layouts internos são exibidos. Percorra-os e clique naquele que você deseja.
O espaço de cabeçalho e rodapé será aberto em seu documento, junto com as Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé.
Você precisa fechar as Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé para poder editar o corpo do seu documento novamente.
Digite o texto desejado no cabeçalho ou no rodapé. A maioria dos cabeçalhos e rodapés tem texto do espaço re-
servado (por exemplo, “Título do documento”) que você pode digitar diretamente sobre.
DICA: Escolha entre as Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé para adicionar mais ao seu cabeçalho ou rodapé, como
data e hora, uma imagem e o nome do autor ou outras informações do documento. Você também pode selecionar
opções para cabeçalhos diferentes em páginas pares e ímpares, além de indicar que não deseja que o cabeçalho ou
rodapé apareça na primeira página.
Quando terminar, clique em Fechar Cabeçalho e Rodapé.

DICA: Sempre que você quiser abrir as Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé, clique duas vezes dentro da área de
cabeçalho ou rodapé.

Adicionar números de página a um cabeçalho ou rodapé no Word

OBSERVAÇÃO: Se você não tiver um cabeçalho ou rodapé, ou se você tiver um cabeçalho ou rodapé que você não
queira manter, para adicionar rapidamente números de página, clique em Inserir > Número de Página e selecione o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tipo de número da página desejado. Isso substituirá qualquer cabeçalho ou rodapé existente.
Se o documento já tem cabeçalhos ou rodapés, você pode usar o código de campo de Número da Página para
adicionar números de página sem substituir os cabeçalhos ou rodapés.
Com mais uma etapa, você poderá exibir o número de página como Página X de Y.
Usar o código Campo de página para adicionar números de página a um cabeçalho ou rodapé
Clique duas vezes na área do cabeçalho ou rodapé (próxima à parte superior da ou inferior da página). Isso abre a
guiaDesign em Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé.

269
Posicione o cursor onde você deseja adicionar o número da página. Para colocar o número da página no centro ou
no lado direito da página, faça o seguinte:
Para colocar o número de página no centro, na guia Design, clique em Inserir Tabulação de Alinhamento >Centra-
lizar > OK.
Para colocar o número de página no lado direito da página, na guia Design, clique em Inserir Tabulação de Alinha-
mento > Direita > OK.
Na guia Inserir, clique em Partes Rápidas e Campo.

Na lista Nomes de campos, clique em Página e em OK.

OBSERVAÇÕES: Para mostrar os números de página como Página X de Y, faça o seguinte:


Digite de após o número de página que você acabou de adicionar.
Na guia Inserir, clique em Partes Rápidas e Campo.
Na lista Nomes de campos, clique em NumPages e em OK.
Para alterar o formato de numeração, na guia Design (em Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé), clique em Número
de Página > Formatar Números de Página.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para retornar ao corpo do documento, clique em Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé > Fechar Cabeçalho e Ro-
dapé.

270
Adicionar números de página no Word

Clique em Inserir > Número de Página, clique em um local (como o Início da Página) e escolha um estilo. O Word
numera as páginas de forma automática.

Quando concluir, clique em Fechar Cabeçalho e Rodapé ou clique duas vezes em qualquer lugar fora da área do
cabeçalho ou do rodapé.

DICA : O Word numera as páginas de forma automática, mas você pode alterar essa opção se preferir. Por exemplo,
caso não pretenda exibir o número da página na primeira página do documento, clique duas vezes ou dê um toque
duplo na parte superior ou inferior da página para abrir as ferramentas de cabeçalho e rodapé na guia Design e marque
a caixa Primeira Página Diferente. Escolha Inserir > Número da Página > Formatar Números de Página para saber mais.

Salvar um documento no Word 2016

O local escolhido para salvar seu documento depende da forma como você planeja usá-lo. Para acessar um do-
cumento em praticamente qualquer lugar, compartilhá-lo com outras pessoas ou trabalhar em conjunto com outras
pessoas em tempo real, salve-o online. Mas onde você deve salvá-lo? Veja algumas dicas para ajudá-lo a decidir:
Use o site de equipe do OneDrive for Business ou do SharePoint para documentos que serão usados por seus
colegas.
Escolha uma pasta pessoal do OneDrive para documentos particulares que somente você pode ver ou que deseja
compartilhar com seus amigos e familiares.
Se pretende trabalhar com um documento no computador que você está usando atualmente, salve em uma pasta
neste computador.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

271
Decida onde salvar seu documento

Use a tabela a seguir para ajudá-lo a escolher um local para salvar seu documento:

LOCAL PARA
USE ESTE PROCEDIMENTO QUANDO QUISER...
SALVAR
Salvar um documento comercial que você provavelmente desejará compartilhar mais tarde
OneDrive -Or-
com parceiros de fora de sua equipe ou organização. As opções de compartilhamento permi-
ganização
tem escolher as pessoas que você deseja permitir que exibam ou editem o documento.
Sites -Organiza- Salvar um documento comercial que você deseja compartilhar com sua equipe. Para man-
ção tê-lo privado, coloque-o em uma biblioteca que não seja compartilhada com outras pessoas.
OneDrive - Pes- Salvar um documento pessoal que você deseja manter privado ou que deseja compartilhar
soal com amigos e familiares.
Salvar um documento em uma pasta no seu computador. Escolha Este PC e escolha uma
Este PC
pasta.
adicionar um Adicionar um novo local online. Escolha Adicionar um Local e toque ou clique em Share-
local Point do Office 365ou OneDrive.

Salvando Arquivos

É importante ao terminar um documento, ou durante a digitação do mesmo, quando o documento a ser criado
é longo, salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar se documento em forma de arquivo em seu computador,
pendrive, ou outro dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, clique no botão salvar no topo da tela.
Será aberta uma tela onde você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.

Observe na janela de salvar que o Word procura salvar seus arquivos na pasta Documents do usuário, você pode
mudar o local do arquivo a ser salvo, pela parte esquerda da janela. No campo nome do arquivo, o Word normalmente
preenche com o título do documento, como o documento não possui um título, ele pega os primeiros 255 caracteres e
atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e que se aproxime do conteúdo de seu texto. “Em Tipo a
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

maior mudança, até versão 2003, os documentos eram salvos no formato”. DOC”, a partir da versão 2010, os documen-
tos são salvos na versão”. DOCX”, que não são compatíveis com as versões anteriores. Para poder salvar seu documento
e manter ele compatível com versões anteriores do Word, clique na direita dessa opção e mude para Documento do
Word 97-2003.

272
Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na barra de títulos.

Abrindo um arquivo do Word

Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Arquivo.

Na esquerda da janela, o botão abrir é o segundo abaixo de novo, observe também que ele mostra uma relação de
documentos recentes, nessa área serão mostrados os últimos documentos abertos pelo Word facilitando a abertura.
Ao clicar em abrir, será necessário localizar o arquivo no local onde o mesmo foi salvo. NOÇÕES DE INFORMÁTICA

273
Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato, outro local ou outro nome, clique no botão Office e escolha
Salvar Como.

Visualização do Documento

Podemos alterar a forma de visualização de nosso documento. No rodapé a direta da tela temos o controle de
Zoom.·. Anterior a este controle de zoom temos os botões de forma de visualização de seu documento, que
podem também ser acessados pela Aba Exibir.

Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos em miniaturas no rodapé.

• Layout de Impressão: Formato atual de seu documento é o formato de como seu documento ficará na folha
impressa.
• Modo de leitura: Ele oculta as barras de seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que no rodapé do
documento à direita, ele possui uma flecha apontado para a próxima página. Para sair desse modo de visualiza-
ção, clique no botão fechar no topo à direita da tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visualização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuários
postam textos produzidos no Word em sites e blogs na Internet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu documento em tópicos, o formato terá melhor compreensão quando
trabalharmos com marcadores.
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar diversos recursos de produção de texto, porém não visualiza como
impressão nem outro tipo de meio.

O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição permite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão
Zoom o Word apresenta a seguinte janela:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido, ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visuali-
zar o documento em várias páginas. E finalizando essa aba temos as formas de exibir os documentos aberto em uma
mesma seção do Word.

274
Configuração de Documentos

Um dos principais cuidados que se deve ter com seus


documentos é em relação à configuração da página. A
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui
um manual de regras para documentações, então é co-
mum escutar “o documento tem que estar dentro das
normas”, não vou me atentar a nenhuma das normas es-
pecificas, porém vou ensinar como e onde estão as op-
ções de configuração de um documento.
No Word 2016 a ABA que permite configurar sua pá-
gina é a ABA Layout da Página.
O grupo “Configurar Página”, permite definir as mar-
gens de seu documento, ele possui alguns tamanhos
pré-definidos, como também personalizá-las.
Ao personalizar as margens, é possível alterar as
margens superior, esquerda, inferior e direita, definir a
orientação da página, se retrato ou paisagem, configu-
rar a fora de várias páginas, como normal, livro, espelho.
Ainda nessa mesma janela temos a guia Papel.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

275
Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte Colunas
de alimentação do papel.

Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as


suas colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-
-definidas, mas você pode colocar em um número maior
de colunas, adicionar linha entre as colunas, definir a lar-
gura e o espaçamento entre as colunas. Observe que se
você pretende utilizar larguras de colunas diferentes é
preciso desmarcar a opção “Colunas de mesma largura”.
Atente também que se preciso adicionar colunas a so-
A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A pri- mente uma parte do texto, eu preciso primeiro selecionar
meira opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define esse texto.
como será uma nova seção do documento, vamos apren-
der mais frente como trabalhar com seções.
Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos
utilizar cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pa-
res e ímpares, e se quero ocultar as informações de cabe-
çalho e rodapé da primeira página. Em Página, pode-se
definir o alinhamento do conteúdo do texto na página. O
padrão é o alinhamento superior, mesmo que fique um
bom espaço em branco abaixo do que está editado. Ao
escolher a opção centralizada, ele centraliza o conteúdo
na vertical. A opção números de linha permite adicionar
numeração as linhas do documento.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

276
Alterar a cor ou a tela de fundo no Word 2016 para
Windows

Para aumentar o apelo visual do documento, adicione


uma cor da tela de fundo usando o botão Cor da Página.
Você também pode adicionar uma imagem como marca
d’água de tela de fundo.
Alterar a cor do plano de fundo
Clique em Design > Cor da Página.
Escolha a cor que deseja em Cores do Tema ou Cores
Padrão.

Adicionar uma imagem de tela de fundo como uma


marca d’água
Este método é rápido, mas ele não lhe dá muitas op-
ções para a formatação da imagem.
Clique em Design > Marca D’água.

Caso não veja a cor desejada, clique em Mais Cores e


Clique em Marca D’água Personalizada.
escolha a cor desejada usando qualquer uma das opções
Clique em Marca d’água de imagem > Selecionar
da caixa Cores.
Imagem.
Para adicionar gradiente, textura, padrão ou imagem,
Procure (ou pesquise) a imagem desejada e clique em
clique em Efeitos de Preenchimento e, em seguida, clique
Inserir.
nas guias Gradiente, Textura, Padrão ou Imagem para se-
Selecione uma porcentagem em Escala para inserir a
lecionar as opções desejadas.
imagem com um tamanho específico. Verifique se colo-
Os padrões e texturas são replicados (ou organizados
cou uma porcentagem grande o suficiente para preen-
lado a lado) para preencher a página toda. Se você salvar
cher a página ou simplesmente selecione Automático.
um documento como página Web, as texturas serão sal-
Marque a caixa de seleção Desbotar para clarear a
vas como arquivos JPEG e os padrões e gradientes como
imagem de modo que não interfira no texto.
arquivos PNG.
Clique em OK.
Remover a cor da tela de fundo
Adicionar uma imagem de tela de fundo com mais
Para remover a cor da página, clique em Design > Cor
opções de formatação
da Página > Sem Cor.
Inserir uma imagem de tela de fundo como um ca-
beçalho é um pouco mais complexo, mas oferece mais
Adicionar uma imagem como marca d’água em
opções de ajuste de fotos.
tela de fundo no Word 2016 para Windows
Clique em Inserir > Cabeçalho > Editar Cabeçalho.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na guia Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé, clique


Adicionar uma marca d’água de imagem é uma ótima
em Imagens.
maneira de aplicar uma marca em seu documento com
Vá até a imagem e clique em Inserir.
um logotipo ou adicionar uma tela de fundo atraente.
Na guia Ferramentas de Imagem, clique em Posição
Para inserir uma imagem de tela de fundo rapidamente,
e clique na opção centralizada em Com Quebra Automá-
adicione-o como uma marca d’água personalizada. Se
tica de Texto.
você quiser mais opções para ajustar a imagem de tela
de fundo, insira-a como um cabeçalho.
Em Ferramentas de Imagem, clique em Quebra de
Texto Automática > Atrás do Texto.

277
Em Ferramentas de Imagem, selecione as opções de- Copiar e Colar
sejadas no grupo Ajustar. Por exemplo, para dar à ima-
gem uma aparência desbotada para que ela não compita O copiar e colar no Word funciona da mesma forma
com o texto, clique em Cor e, em Recolorir, clique na op- que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas
ção Desbotar: de atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+-
V(Colar), ou o primeiro grupo na ABA Pagina Inicial.

Este é um processo comum, porém um cuidado im-


portante é quando se copia texto de outro tipo de meio
como, por exemplo, da Internet. Textos na Internet pos-
suem formatações e padrões deferentes dos editores de
texto. Ao copiar um texto da Internet, se você precisa
adequá-lo ao seu documento, não basta apenas clicar
Clique em Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé > Fe-
em colar, é necessário clicar na setinha apontando para
char Cabeçalho e Rodapé
baixo no botão Colar, escolher Colar Especial.
Selecionando Textos

Embora seja um processo simples, a seleção de textos


é indispensável para ganho de tempo na edição de seu
texto. Através da seleção de texto podemos mudar a cor,
tamanho e tipo de fonte, etc.

Selecionando pelo Mouse


Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o
cursor aponta para a direita.

• Ao dar um clique ele seleciona toda a linha


• Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o parágrafo.
• Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto

Com o cursor no meio de uma palavra: Observe na imagem que ele traz o texto no formato
HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa mani-
• Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi pulá-lo, marque a opção Texto não formatado e clique em OK.
clicado
• Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a palavra. Localizar e Substituir
• Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o parágrafo
Ao final da ABA Pagina Inicial temos o grupo edição,
Podemos também clicar, manter o mouse pressiona- dentro dela temos a opção Localizar e a opção Substituir.
do e arrastar até onde se deseja selecionar. O problema Clique na opção Substituir.
é que se o mouse for solto antes do desejado, é preci-
so reiniciar o processo, ou pressionar a tecla SHIFT no
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

teclado e clicar ao final da seleção desejada. Podemos


também clicar onde começa a seleção, pressionar a tecla
SHIFT e clicar onde termina a seleção. É possível sele-
cionar palavras alternadas. Selecione a primeira palavra,
pressione CTRL e vá selecionando as partes do texto que
deseja modificar.

278
A janela que se abre possui três guias, localizar, Substituir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permite
substituir em seu documento uma palavra por outra. A substituição pode ser feita uma a uma, clicando em substituir,
ou pode ser todas de uma única vez clicando-se no botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra por ela mesma, porém com outra cor, ou então somente
quando escrita em maiúscula, etc., nestes casos clique no botão Mais. As opções são:

• Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção da pesquisa;


• Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será localizada exatamente a palavra como foi digitada na caixa localizar.
• Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
• Usar caracteres curinga: Procura somente as palavras que você especificou com o caractere coringa. Ex. Se você
digitou *ão o Word vai localizar todas as palavras terminadas em ão.
• Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para
palavras em inglês.
• Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas da palavra, não será permitida se as opções usar caractere
coringa e semelhantes estiverem marcadas.
• Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o especificado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa localizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Formatação de texto

Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a possibilidade de se formatar o texto. No Office 2016 a ABA
responsável pela formatação é a Página Inicial e os grupo Fonte, Parágrafo e Estilo.

Formatação de Fonte

A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra, tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc., para
formatar uma palavra, basta apenas clicar sobre ela, para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser forma-
tar somente uma letra também é necessário selecionar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra, tamanho,
botões de aumentar fonte e diminuir fonte, limpar formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao lado de
sublinhado temos uma seta apontando para baixo, ao clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

279
Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Ta-
chado – que coloca um risco no meio da palavra, botão
subscrito e sobrescrito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.

Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento


entre os caracteres que pode ser condensado ou com-
primido, a posição é referente ao sobrescrito e subscrito,
permitindo que se faça algo como: .

Este botão permite alterar a colocação de letras


maiúsculas e minúsculas em seu texto. Após esse botão
temos o de realce – que permite colocar uma cor de fun-
do para realçar o texto e o botão de cor do texto.

Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte.

A janela fonte contém os principais comandos de


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

formatação e permite que você possa observar as alte-


rações antes de aplica. Ainda nessa janela temos a opção
Avançado.

280
Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das pala- Cor do Preenchimento do Parágrafo.
vras, pois algumas vezes acontece de as letras ficaram
com espaçamento entre elas de forma diferente. Uma
ferramenta interessante do Word é a ferramenta pincel,
pois com ela você pode copiar toda a formatação de um
texto e aplicar em outro.

Formatação de parágrafos

A principal regra da formatação de parágrafos é que


independentemente de onde estiver o cursor a formata-
ção será aplicada em todo o parágrafo, tendo ele uma
linha ou mais. Quando se trata de dois ou mais pará-
grafos será necessário selecionar os parágrafos a serem
formatados. A formatação de parágrafos pode ser locali-
zada na ABA Página Inicial, e os recuos também na ABA
Layout da Página.

Bordas no parágrafo.

No grupo da Guia Página Inicial, temos as opções


de marcadores (bullets e numeração e listas de vários
níveis), diminuir e aumentar recuo, classificação e botão
Mostrar Tudo, na segunda linha temos os botões de ali-
nhamentos: esquerda, centralizado, direita e justificado,
espaçamento entre linhas, observe que o espaçamento
entre linhas possui uma seta para baixo, permitindo que Marcadores e Numeração
se possa definir qual o espaçamento a ser utilizado.
Os marcadores e numeração fazem parte do grupo pará-
grafos, mas devido a sua importância, merecem um destaque.
Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e Numeração.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto


tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já
diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos.
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta cli-

281
car antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e
pressionar a tecla TAB no teclado. Bordas e Sombreamento

Podemos colocar bordas e sombreamentos em nos-


so texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e
parágrafos. Bordas na página como vimos quando estu-
damos a ABA Layout da Página e sombreamentos. Se-
lecione o texto ou o parágrafo a ser aplicado à borda e
ao clicar no botão de bordas do grupo Parágrafo, você
Você pode observar que o Word automaticamente pode escolher uma borda pré-definida ou então clicar na
adicionou outros símbolos ao marcador, você pode al- última opção Bordas e Sombreamento.
terar os símbolos dos marcadores, clicando na seta ao Podemos começar escolhendo uma definição de
lado do botão Marcadores e escolhendo a opção Definir borda (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar
Novo Marcador. cada uma das bordas na direita onde diz Visualização.
Pode-se pelo meio da janela especificar cor e largura da
linha da borda. A Guia Sombreamento permite atribuir
um preenchimento de fundo ao texto selecionado. Você
pode escolher uma cor base, e depois aplicar uma textu-
ra junto dessa cor.

Data e Hora

O Word Permite que você possa adicionar um campo


de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no
grupo Texto, temos o botão Data e Hora.

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em


OK. Se precisar que esse campo sempre atualize data,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

marque a opção Atualizar automaticamente.

Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon- Inserindo Elementos Gráficos
selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, O Word permite que se insira em seus documentos arqui-
você poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar vos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as opções
no botão importar, poderá utilizar uma imagem externa. de inserção estão disponíveis na ABA Inserir, grupo ilustrações.

282
Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteúdo do texto

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para definir
as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra passa a ter as propriedades para modificar a forma.

SmartArt

O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas ao seu documento. Basta selecionar o tipo de organograma
a ser trabalhado e clique em OK.

WordArt

Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte Office,
ele ainda mantém a mesma interface desde a versão do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos o botão de
WorArt Selecione um formato de WordArt e clique sobre ele.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt

283
Um dos grupos é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos.
No grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D,
Organizar e Tamanho.

Controlar alterações no Word

Quando quiser verificar quem está fazendo alterações em seu documento, ative o recurso Controlar Alterações.
Clique em Revisar > Controlar Alterações.

Agora, o Word está no modo de exibição Marcação Simples. Ele marca todas as alterações feitas por qualquer pes-
soa no documento e mostra para você onde elas estão, exibindo uma linha ao lado da margem.

O Word mostra um pequeno balão no local em que alguém fez um comentário. Para ver o comentário, clique no
respectivo balão.

Para ver as alterações, clique na linha próxima à margem. Isso alterna para o modo de exibição Toda a Marcação
do Word.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Manter o recurso Controlar Alterações ativado


É possível bloquear o recurso Controlar Alterações com uma senha para impedir que outra pessoa o desative. (Lem-
bre-se da senha para poder desativar esse recurso quando estiver pronto para aceitar ou rejeitar as alterações.)
Clique em Revisar.
Clique na seta ao lado de Controlar Alterações e clique em Bloqueio de Controle.

284
Imprimir um documento no Word

Antes de imprimir, você pode visualizar o documento


e especificar as páginas que você deseja imprimir.
Visualizar o documento
No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Para visualizar cada página, clique nas setas para fren-
te e para trás, na parte inferior da página.

Digite uma senha e depois digite-a mais uma vez na


caixa Redigite para confirmar.
Clique em OK.
Enquanto as alterações controladas estiverem blo-
queadas, você não poderá desativar o controle de alte-
rações, nem poderá aceitar ou rejeitar essas alterações. Quando o texto é pequeno demais e difícil de ler, use
Para liberar o bloqueio, clique na seta ao lado de o controle deslizante de zoom na parte inferior da página
Controlar Alterações e clique novamente em Bloqueio para ampliá-lo.
de Controle. O Word solicitará que você digite sua se-
nha. Depois que você digitá-la e clicar em OK, o recurso
Controlar Alterações continuará ativado, mas agora você
poderá aceitar e rejeitar alterações.

Desativar o controle de alterações Escolha o número de cópias e qualquer outra opção


desejada e clique no botão Imprimir.
Para desativar esse recurso, clique no botão Controlar
Alterações. O Word deixará de marcar novas alterações,
mas todas as alterações já realizadas continuarão marca-
das no documento até que você as remova.
Remover alterações controladas
IMPORTANTE: A única maneira de remover altera-
ções controladas de um documento é aceitá-las ou re-
jeitá-las. Ao escolherSem Marcação na caixa Exibir para
Revisão ajuda a ver qual será a aparência do documento
final, mas isso apenas oculta temporariamente as altera-
ções controladas. As alterações não são excluídas e apa-
recerão novamente da próxima vez em que o documento
for aberto. Para excluir permanentemente as alterações
controladas, aceite-as ou rejeite-as.
Clique em Revisar > Próxima > Aceitar ou Rejeitar.

O Word aceita a alteração ou a remove e depois passa


para a próxima alteração.
Para excluir um comentário, selecione-o e clique em
Revisão > Excluir. Para excluir todos os comentários, cli-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

que em Excluir >Excluir Todos os Comentários do Docu-


mento.
DICA: Antes de compartilhar a versão final do seu do-
cumento, é uma boa ideia executar o Inspetor de Docu-
mento. Essa ferramenta verifica comentários e alterações
controladas, além de texto oculto, nomes pessoais em
propriedades e outras informações que talvez você não
queria compartilhar amplamente. Para executar o Inspe-
tor de Documento,

285
Imprimir páginas específicas Estilos

No menu Arquivo, clique em Imprimir. Os estilos podem ser considerados formatações pron-
Para imprimir apenas determinadas páginas, algumas tas a serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word
das propriedades do documento ou alterações controla- disponibiliza uma grande quantidade de estilos através
das e comentários, clique na seta em Configurações, ao do grupo estilos.
lado de Imprimir Todas as Páginas (o padrão), para ver
todas as opções.

Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você


clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um
estilo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro,
porém se algum texto estiver selecionado o estilo será
aplicado somente ao que foi selecionado.

Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo


Título2 em ambos os textos, mas no de cima como foi
clicado somente no texto, o estilo está aplicado ao pará-
grafo, na linha de baixo o texto foi selecionado, então a
aplicação do estilo foi somente no que estava seleciona-
do. Ao clicar no botão Alterar Estilos é possível acessar a
diversas definições de estilos através da opção Conjunto
de Estilos.

Para imprimir somente determinadas páginas, siga


um destes procedimentos:
Para imprimir a página mostrada na visualização, se-
lecione a opção Imprimir Página Atual.
Para imprimir páginas consecutivas, como 1 a 3, esco-
lha Impressão Personalizada e insira o primeiro e o últi-
mo número das páginas na caixa Páginas.
Para imprimir páginas individuais e intervalo de pági-
nas (como a página 3 e páginas 4 a 6) ao mesmo tempo,
escolhaImpressão Personalizada e digite os números das
páginas e intervalos separados por vírgulas (por exem-
plo, 3, 4-6).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

286
Podemos também se necessário criarmos nossos pró- Criar um sumário no Word 2016
prios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo.
Para criar um sumário que seja fácil de atualizar, apli-
que estilos de título ao texto que deseja incluir no sumá-
rio. Depois disso, o Word vai compilá-lo automaticamen-
te a partir desses títulos.
Aplicar estilos de título
Escolha o texto que você deseja incluir no sumário e,
em seguida, na guia Página Inicial, clique em um estilo do
título, comoTítulo 1.

Faça isso para todo o texto que você deseja exibir no


sumário.

Criar um sumário
O Word usa os títulos no documento para construir
um sumário automático que pode ser atualizado quando
você altera o texto do título, sequência ou nível.
Clique no local que deseja inserir o índice analítico,
normalmente perto do início de um documento.
Será mostrado todos os estilos presentes no docu-
Clique em Referências > Sumário e escolha um estilo
mento em uma caixa à direita. Na parte de baixo da jane-
de Sumário Automático na lista.
la existem três botões, o primeiro deles chama-se Novo OBSERVAÇÃO: Se você usar um estilo de Sumário
Estilo, clique sobre ele. Manual, o Word não utilizará os títulos para criar um su-
mário e não será possível atualizá-lo automaticamente.
Em vez disso, o Word usará o texto do espaço reservado
para criar um sumário fictício, e você deverá preencher as
entradas manualmente.

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo,


defini que ele será aplicado a parágrafos, que a base de
criação dele foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e ini-
ciar um novo parágrafo o próximo será também corpo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Abaixo definir a formatação a ser aplicada no mesmo. Na


parte de baixo mantive a opção dele aparecer nos estilos
rápidos e que o mesmo está disponível somente a este
documento. Ao finalizar clique em OK. Veja um exemplo
do estilo aplicado:

287
Caso prefira formatar ou personalizar o sumário, é Em Exceções para, você pode optar por ocultar os
possível fazê-lo. Por exemplo, você pode alterar a fonte, erros de gramática e de ortografia em seu documento
o número de níveis de título e optar por mostrar linhas aberto ou, se deixar as opções desmarcadas mas manti-
pontilhadas entre as entradas e os números de página. ver qualquer uma das opções acima delas marcada, todos
os documentos novos manterão essas configurações.
Verificar ortografia e gramática no Word 2016 Clique em OK para salvar suas alterações.
para Windows
Verificar a ortografia e a gramática ao mesmo tempo
O Word verifica automaticamente possíveis erros de
ortografia e gramaticais à medida que você digita. Se Verificar a ortografia e a gramática no seu documen-
preferir esperar para verificar a ortografia e a gramática to é útil quando você quer revisar rapidamente seu texto.
quando terminar de escrever, você pode desabilitar a ve- Você pode verificar a existência de possíveis erros e en-
rificação ortográfica e gramatical. tão decidir se concorda com o verificador ortográfico e
Verificar a ortografia e a gramática ao digitar gramatical.
O Word verifica e marca automaticamente possíveis Clique em Revisão > Ortografia e Gramática (ou
erros de ortografia com uma linha ondulada vermelha: pressione F7) para iniciar o verificador ortográfico e gra-
matical e veja os resultados nos painéis de tarefas de Or-
tografia e Gramática.

O Word também verifica e marca possíveis erros gra-


maticais com uma linha ondulada azul:

Se o Word encontrar um possível erro, um painel de


tarefas será aberto e mostrará as opções de ortografia e
gramática:
Se os erros de ortografia e gramática não estiverem
marcados, talvez seja necessário habilitar a verificação
ortográfica e gramatical automática.
Quando você vir erros ortográficos ou gramaticais,
clique com botão direito do mouse ou mantenha pres-
sionada a palavra ou a frase e escolha uma das opções
para corrigir o erro.
Habilitar (ou desabilitar) a verificação ortográfica e
gramatical automática
Clique em Arquivo> Opções> Revisão de Texto.
Você pode optar por verificar a ortografia e a gramá-
tica automaticamente, uma ou outra, ambas ou nenhuma
delas, ou até mesmo outras opções, como a verificação
ortográfica contextual

Para corrigir um erro, siga um destes procedimentos:


Use uma das sugestões Para usar uma das palavras
sugeridas, selecione a palavra na lista de sugestões e
clique em Alterar. (Você também pode clicar em Alterar
tudo, se souber que usou essa palavra incorretamente
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

em todo o documento, para não precisar corrigi-la toda


vez que ela aparecer.)
Adicionar uma palavra ao dicionário Se a palavra
estiver correta e se for uma que você deseja que o Word
e TODOS os programas do Office reconheçam, clique em
Adicionar para adicioná-la ao dicionário. Isso só funciona
para palavras com grafia incorreta. Não é possível adicio-
nar uma gramática personalizada ao dicionário.

288
Ignorar a palavra Clique em Ignorar para ignorar Se você perder ou esquecer uma senha, o Word não
apenas aquela ocorrência ou clique em Ignorar Tudo conseguirá recuperar suas informações. Portanto, guarde
para ignorar todas as ocorrências da palavra. uma cópia da senha em um local seguro ou crie uma
Depois de corrigir ou ignorar algo marcado como senha forte da qual se lembrará.
um possível erro, o Word passa para o próximo. Quando
o Word concluir a revisão do documento, você verá uma Habilitar ou desabilitar macros em arquivos do Office
mensagem informando que a verificação ortográfica ou
gramatical foi concluída. Uma macro é uma série de comandos que podem
Clique em OK para retornar ao documento. ser usados para automatizar uma tarefa repetida e que
Verificar novamente problemas de ortografia e gramática podem ser executados durante a tarefa. Este artigo apre-
Você também pode forçar uma nova verificação das pa- senta informações sobre os riscos envolvidos no trabalho
lavras e da gramática que anteriormente foram ignoradas. com macros, e você poderá saber mais sobre como habi-
Abra o documento que você deseja verificar novamente. litar ou desabilitar macros na Central de Confiabilidade.
Clique em Arquivo> Opções> Revisão de Texto.
Em Ao corrigir ortografia e a gramática no Word, cli- Habilitar macros quando a Barra de Mensagens
que em Verificar Documento Novamente. for exibida
Quando você vir uma mensagem, clique em Sim e
clique em OK para fechar a caixa de diálogo Opções do Quando você abre um arquivo que possui macros, a
Word. barra de mensagens amarela aparece com um ícone de
Em seguida, no seu documento, clique em Revisão > escudo e o botão Habilitar Conteúdo. Se você conhecer
Ortografia e Gramática (ou pressione F7). a(s) macro(s) como sendo de uma fonte confiável, use as
instruções a seguir:
CONTROLE DE ALTERAÇÕES, USO DE SENHAS Na Barra de Mensagens, clique em Habilitar Conteúdo.
PARA PROTEÇÃO, FORMATOS PARA GRAVAÇÃO O arquivo é aberto e se trata de um documento confiável.
E INTEGRAÇÃO COM OUTROS APLICATIVOS NO
A imagem a seguir é um exemplo da Barra de Mensa-
AMBIENTE WINDOWS
gens quando há macros no arquivo.
Proteger um documento com senha

Ajude a proteger um documento confidencial contra


edições indesejadas atribuindo uma senha. Também é Habilitar macros no modo de exibição Backstage
possível evitar que um documento seja aberto. Outra maneira de habilitar macros em um arquivo é
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Docu- possível pelo modo de exibição Microsoft Office Backs-
mento > Criptografar com Senha. tage, o modo de exibição que aparece depois que você
clica na guia Arquivo,quando a Barra de Mensagens
amarela é exibida.
Clique na guia Arquivo.
Na área Aviso de Segurança, clique em Habilitar Conteúdo.
Em Habilitar Todo o Conteúdo, clique em Sempre ha-
bilitar o conteúdo ativo deste documento.
O arquivo se tornará um documento confiável.
A imagem a seguir é um exemplo das opções Habili-
tar Conteúdo. NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha Habilitar macros uma vez quando o Aviso de Segu-
e clique em OK. rança for exibido
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente Use as instruções a seguir para habilitar macros en-
e clique em OK. quanto o arquivo permanecer aberto. Quando o arquivo
Observações : for fechado e, em seguida, reaberto, o aviso aparecerá
Você sempre pode alterar ou remover sua senha. novamente.
As senhas diferenciam maiúsculas de minúsculas. Clique na guia Arquivo.
Verifique se a tecla CAPS LOCK está desativada quando Na área Aviso de Segurança, clique em Habilitar Conteúdo
digitar uma senha pela primeira vez. Selecione Opções Avançadas.

289
Na caixa de diálogo Opções de Segurança do Micro- Confiar no acesso ao modelo de objeto do projeto do
soft Office, clique em Habilitar conteúdo para esta sessão VBA Permitir ou não permitir o acesso programático ao
para cada macro. modelo de objeto do Visual Basic for Applications (VBA)
Clique em OK. de um cliente de automação. Esta opção de segurança
destina-se a código escrito para automatizar um progra-
Alterar configurações de macro na Central de Con- ma do Office e manipular o ambiente e o modelo de ob-
fiabilidade jeto VBA.É uma configuração definida por usuário e por
As configurações de macro estão localizadas na Cen- aplicativo, e nega o acesso por padrão, impedindo que
tral de Confiabilidade. Entretanto, se você trabalha em programas não autorizados compilem código de replica-
uma organização, é possível que o administrador do sis- ção automática prejudicial. Para que os clientes de auto-
tema tenha alterado as configurações padrão para impe- mação acessem o modelo de objeto do VBA, o usuário
dir a alteração das configurações. que executa o código deve conceder acesso. Para ativar
Importante: Quando você altera as configurações de
o acesso, marque a caixa de seleção.
macro na Central de Confiabilidade, elas são alteradas
Observação : O Microsoft Publisher e o Microsoft Ac-
apenas no programa do Office usado no momento. As
cess não têm a opção Confiar no acesso ao modelo de
configurações de macro não são alteradas em todos os
objeto do projeto do VBA.
programas do Office.
Clique na guia Arquivo.
Clique em Opções. O que são macros, quem são suas criadoras e qual é
Clique em Central de Confiabilidade e em Configura- o risco de segurança?
ções da Central de Confiabilidade. As macros automatizam tarefas que são usadas fre-
Na Central de Confiabilidade, clique em Configura- quentemente para economizar o tempo de pressiona-
ções de Macro. mento de teclas e ações do mouse. Muitas macros foram
Faça as seleções desejadas. criadas com o uso do VBA (Visual Basic for Applications)
Clique em OK. e gravadas por desenvolvedores de software. No entan-
A imagem a seguir é a área Configurações de Macro to, algumas macros podem representar um possível risco
da Central de Confiabilidade. para a segurança. Um usuário mal-intencionado, tam-
bém conhecido como hacker, pode introduzir uma ma-
cro destrutiva em um arquivo que possa espalhar vírus
no computador ou na rede da sua organização.

Criar ou executar uma macro

Para poupar tempo em tarefas que você costuma


realizar com frequência, compacte as etapas em uma
macro. Em primeiro lugar, grave a macro. Em seguida,
você poderá executá-la clicando em um botão da Barra
de Ferramentas de Acesso Rápido ou pressionando uma
combinação de teclas. Isso dependerá de como você a
configurar.
Use as informações da seção a seguir para saber mais
Vamos começar com a configuração do botão.
sobre as configurações de macro.
Clique em Exibir > Macros > Gravar Macro.
Configurações de macro explicadas
Desabilitar todas as macros sem notificação As ma-
cros e os alertas de segurança sobre macros serão desa-
bilitados.
Desabilitar todas as macros com notificação As
macros serão desabilitadas, mas os alertas de segurança
serão exibidos, se houverem macros. Habilite-as, uma de
cada vez.
Desabilitar todas as macros, exceto as digitalmente as-
sinadas. As macros são desabilitadas, mas alertas de segu-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

rança serão apresentados se houver macros. No entanto, se


a macro estiver assinada digitalmente por um fornecedor
confiável, ela será executada se você confiar no fornecedor.
Se não confiar no fornecedor, você será notificado para ha-
bilitar a macro assinada e confiar no fornecedor.
Habilitar todas as macros (não recomendável, pois
pode executar um código potencialmente perigoso)
Todas as macros serão executadas. Essa configuração
deixa seu computador vulnerável a códigos potencial-
mente mal intencionados.

290
Digite um nome para a macro. Clique na nova macro (cujo nome é algo do tipo Nor-
mal.NovasMacros.<nome da sua macro>) e clique em
Adicionar.

Para usar essa macro em qualquer novo documento


que você criar, verifique se a caixa Armazenar macro em
exibe Todos os Documentos (Normal.dotm).

Clique em Modificar.

Para executar uma macro quando você clicar em um


botão, clique em Botão.

Escolha uma imagem de botão, digite o nome dese-


jado e clique em OK duas vezes.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

291
Agora, chegou a hora de gravar as etapas. Clique nos Para usar essa macro em qualquer novo documento
comandos ou pressione as teclas para cada etapa na tare- que você criar, verifique se a caixa Armazenar macro em
fa. O Word grava seus cliques e pressionamentos de teclas. exibe Todos os Documentos (Normal.dotm).
Observação : Use o teclado para selecionar texto en-
quanto você grava a macro. Macros não gravam seleções
feitas com o mouse.
Para parar de gravar, clique em Exibir > Macros > Pa-
rar Gravação.

Para executar sua macro quando você pressionar um


atalho do teclado, clique em Teclado.

O botão da sua macro aparece na Barra de Ferramen-


tas de Acesso Rápido.

Digite uma combinação de teclas na caixa Pressione a


nova tecla de atalho.
Para executar a macro, clique no botão. Verifique se essa combinação já não está atribuída a
Criar uma macro com um atalho do teclado outro item. Se estiver, tente uma combinação diferente.
Para usar esse atalho de teclado em qualquer novo
Clique em Exibir > Macros > Gravar Macro. documento criado, verifique se a caixa Salvar alterações
em indica Normal.dotm.
Clique em Atribuir.
Agora, chegou a hora de gravar as etapas. Clique nos
comandos ou pressione as teclas para cada etapa na ta-
refa. O Word grava seus cliques e pressionamentos de
teclas.
Observação: Use o teclado para selecionar texto en-
quanto você grava a macro. Macros não gravam seleções
feitas com o mouse.
Para parar de gravar, clique em Exibir > Macros > Pa-
rar Gravação.

Digite um nome para a macro.


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para executar a macro, pressione as teclas de atalho


do teclado.

Executar uma macro


Para executar uma macro, clique no botão na Barra
de Ferramentas de Acesso Rápido, pressione o atalho de
teclado ou executar a macro a partir da lista de Macros.

292
Clique em Exibir > Macros > Exibir Macros. Se não tiver um grupo personalizado, clique em Novo
Grupo e depois clique em Renomear e digite um nome
para o seu grupo personalizado.
Clique em Adicionar.
Clique em Renomear para escolher uma imagem para
a macro e digitar o nome desejado.
Clique em OK duas vezes.

Integração com planilhas

A integração entre diversos aplicativos, sempre foi


uma das principais características da suíte Office da Mi-
Na lista em Nome da macro, clique na macro a ser crosoft. Na versão 2016, além de importar documentos
executada. prontos, é possível criar pequenas janelas de outros pro-
Clique em Executar. gramas e simular sua funcionalidade plena.
Disponibilizar uma macro em todos os documentos A partir de um documento do Word, por exemplo,
Para disponibilizar uma macro de um documento em você pode criar planilhas usufruindo dos mesmos recur-
todos os novos documentos, adicione-a ao modelo Nor- sos do Excel, contando até com a Barra de tarefas do pro-
mal.dotm. grama. Em vez de abrir dois programas, esta dica permite
Abra o documento que contém a macro. que você permaneça na interface do Word, facilitando
Clique em Exibir > Macros > Exibir Macros. seu trabalho.
Dentro da aba “Inserir”, clique sobre a opção “Tabela”
e escolha “Planilha do Excel”:

Clique em Organizador.

Ao invés de uma tabela comum, o que você encontra


é uma verdadeira miniatura do Excel com todos os recur-
sos do aplicativo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique na macro que você quer adicionar ao modelo


Normal.dotm e clique em Copiar.
Adicionar um botão de macro à faixa de opções
Clique em Arquivo > Opções > Personalizar Faixa de
Opções.
Em Escolher comandos de, clique em Macros.
Clique na macro desejada.
Em Personalizar a faixa de opções, clique na guia e no
grupo personalizado onde você quer adicionar a macro.

293
Repare que até a Barra de ferramentas tradicional do Word dá espaço para a o editor de planilhas. Basta selecionar
uma porção do texto ou da planilha para alternar entre as ferramentas de ambos os programas do Office.

Principais Atalhos

CTRL+O Abrir um novo documento em branco


CTRL+A Abrir um arquivo já existente
CTRL+V Colar o texto selecionado ou movido
CTRL+X Recortar o texto selecionado
CTRL+T Selecionar o documento inteiro
CTRL+ENTER Iniciar uma nova página em um mesmo documento
CTRL+N Formata o texto selecionado negrito
CTRL+I Formata o texto selecionado para itálico
CTRL+S Formata o texto selecionado para sublinhado
CTRL+J Formata o parágrafo para justificado
CTRL+C Copiar o texto selecionado
CTRL+P Imprimir documento
CTRL+E Formata o parágrafo para centralizado
CTRL+Q Formata o parágrafo para alinhamento à esquerda
CTRL+B ou F12 Salvar como..
CTRL+Z Desfazer a última ação
CTRL+Y Refazer a última ação
CTRL+F10 Maximizar ou restaurar a janela
CTRL+D Alterar formatação de caracteres
ALT+F4 Sair do Word
CTRL+SHIFT+> Aumentar o tamanho da fonte do texto selecionado
CTRL+SHIFT+< Diminuir o tamanho da fonte do texto selecionado
CTRL+SHIFT+W Aplicar sublinhado somente em palavras
CTRL+ALT+L Aplicar o estilo lista

LIBRE OFFICE 4 (OU POSTERIORES)

LIBREOFFICE 5

O LibreOffice é uma uma suíte de aplicativos livre para escritório disponível para Windows, Unix, Solaris, Linux e
Mac OS X; sua interface limpa e suas poderosas ferramentas libertam sua criatividade e melhoram sua produtividade.
LibreOffice incorpora várias aplicações que a tornam a mais avançada suite office livre e de código aberto do mercado.
O processador de textos Writer, a planilha Calc, o editor de apresentações Impress, a aplicação de desenho e fluxogra-
mas Draw, o banco de dados Base e o editor de equações Math são os componentes do LibreOffice.

Libre de liberdade, agora e para sempre.

O LibreOffice é um software livre e de código fonte aberto. É desenvolvido de forma colaborativa por todo desen-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

volvedor interessado em desenvolver seus talentos e novas ideias. O software é testado e usado diariamente por uma
ampla e dedicada comunidade de usuários. Você também pode participar e influenciar seu desenvolvimento.

Janela Inicial

A Janela inicial aparece quando não houver documentos abertos no LibreOffice. Ela é dividida em dois painéis. Cli-
que num dos ícones para abrir um novo documento ou para abrir uma caixa de diálogo de arquivo.

294
Surgimento da TDF (The Document Foundation)
Após algum tempo, nova reviravolta: a Sun é com-
prada pela Oracle, a conhecida gigante do mundo dos
Bancos de Dados Corporativos. Com a aquisição da Sun,
no que tange a SL e suas especificidades, a comunidade
internacional se viu compelida a adotar uma nova marca
para a sua suíte, ao mesmo tempo aproveitando todo
o código-fonte existente do OpenOffice.org. Foi criada
assim a OpenDocument Foundation, já contando com o
aporte de importantes programadores de companhias
como a IBM, Canonical, BrOffice.org, Collabora, FSF (Free
Software Foundation), dentre muitas outras, além, é
claro, de toda ajuda desta e de outras companhias em
questões extradesenvolvimento, como, por exemplo,
questões jurídicas. Veja a relação completa de entidades
endossantes do TDF em http://www.documentfounda-
tion.org/supporters/.
Espere-se que o LibreOffice.org difira bastante, no
Cada ícone de documento abre um novo documento decorrer do seu longo e necessário processo de des-
do tipo especificado. membramento e bifurcação (fork), pelas razões aqui
elencadas. A interface do LibreOffice.org já recebe, por
• Documento do Writer abre o LibreOffice Writer ora, inúmeras sugestões de redesenho; o Projeto Renais-
• Planilha do Calc abre o LibreOffice Calc sance, por exemplo, que provê para o LibreOffice.org
• Apresentação do Impress abre o LibreOffice Impress uma interface similar ao Ribbon, da suíte da Microsoft
• Desenho do Draw abre o LibreOffice Draw (Office 2007 em diante).
• Banco de dados do Base abre o LibreOffice Base Dizer que a fundação BrOffice.org apoia a TDF é
• Fórmula do Math abre o LibreOffice Math pouco preciso: o BrOffice.org, junto com a fundação res-
• O ícone Modelos abre a caixa de diálogo Modelos ponsável pela suíte OxigenOfice se fundem ao projeto
e documentos. TDF e passam a ser o mesmo software. Se você executar
• O ícone Abrir Arquivos apresenta uma caixa de o ícone do BrOffice.org e vir, ao invés do logo do próprio,
diálogo para abrir arquivos. o logo com a palavra “LibreOffice.org”, não se assuste,
pois é uma questão meramente cosmética. Na verdade,
O painel da direita contém miniaturas dos documen- são ambos o mesmo software.
tos recém-abertos. Passe o mouse por cima da miniatura Ao visitar o sítio http://www.documentfoundation.
para destacar o documento, exibir uma dica sobre o local org/ ver-se-á o manifesto da fundação, que diz:
onde o documento reside e exibir um ícone em cima à [TDF] É uma organização autônoma, independente e
direita para excluir a miniatura do painel e da lista dos meritocrática, criada pelos líderes da Comunidade Ope-
documentos recentes. Clique na miniatura para abrir o nOffice.org (a fundação, não a Oracle).
documento subjacente. Continuamos o trabalho de dez (10) anos da Comu-
Obs,.: Nem todos os arquivos mostrarão uma minia- nidade OpenOffice.org;
tura do seu conteúdo. No lugar, pode ser mostrado um Fomos criados com a crença de que a cultura gera-
ícone grande que representa o tipo de arquivo. da em uma organização independente agrega que há de
melhor nos desenvolvedores e provê aos clientes o que
Histórico há de melhor em software;
Somos abertos a quem quiser colaborar com as nos-
Uma empresa pequena e produtiva, chamada StarDi- sas atividades, dentro de nossos valores básicos;
vision, da Alemanha, desenvolvia uma suíte de aplicativos Aceitamos colaboração corporativa, por exemplo,
para escritório. A Sun, uma grande companhia de softwa- para nos ajudar no custeio de colaboradores dentro da
re, antevendo a briga pelas suítes de escritório, compra-a comunidade.
e absorve o trabalho da suíte, em 1999. Em 2000, a Sun Pelos motivos aqui elencados, doravante adotare-
liberou o código-fonte da suíte sob as licenças LGPL/SIS- mos LibreOffice.org para nos referimos ao pacote, salvo
SL, com o nome comercial StarOffice 5.0. A comunidade menção em contrário.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Open Source lança, ainda em 2000, a primeira versão li-


vre do pacote (suíte) OpenOffice.org. Formato Open Document
No Brasil, houveram problemas com a marca Ope-
nOffice.org. Em 1998, uma empresa do Rio de Janeiro O openDocument 1.0 foi publicado pelo grupo OA-
(BWS Informática) registrou a marca “Open Office” junto SIS (“Organization for the Advancement of Structured
ao INPI. Dado o sucesso da marca / suíte OpenOffice.org, Information Standards”), como um padrão aberto e pa-
a companhia carioca que havia registrado o nome Open dronizado.
Office perpetrou uma campanha de ameaças de proces- ODF significa Open Document Format (Formato de
sos por uso indevido da sua marca, obrigando a comu- documento aberto) e é um conjunto de regras para a
criação de diversos tipos de arquivos.
nidade brasileira a adotar um novo nome: BrOffice.org.

295
O ODF surgiu quando a Sun Microsystemas comprou Portanto, várias outras empresas e instituições estão
a Star Division, que fabricava a suíte Star Office, e ini- adotando ou estudando adotar o formato ODF para es-
ciou o projeto do OpenOffice. Na época, foi criado um crever documentos. Ou, pelo menos, suportar em seus
subcomitê na OASIS, que incluiu profissionais de soft- programas, evitando o favorecimento de qualquer for-
ware livre e de empresas privadas, para trabalhar com necedor.
armazenamento de documentos, baseado na linguagem É importante lembrar que os formatos de empresas
aberta XML (eXtensible Markup Language) e tem suporte como a Microsoft ( .doc, docx, .xls, xlsx, .ppt, pptx) são
em pacotes como OpenOffice / Br-Office.org, StarOffice, fechados, proprietários, e seguem unicamente os desejos
KOffice e IBM WorkPlace. e prioridades daquela empresa. E que, evidentemente, o
Assim, qualquer empresa pode desenvolver produ- monopólio mundial de software é contrário ao padrão
tos com base nesse padrão e atualmente há mais de 40 aberto. Assim, essas empresas tentam impedir que os
aplicativos que podem manipular o ODF. governos, instituições e quaisquer pessoas ou empresas
Como o ODF é um conjunto de especificações, para adotem o padrão ODF.
cada situação é utilizada uma parte delas. Assim, se apli-
ca a documentos de texto, gerando o formato odt, de Abrir um arquivo do Microsoft Office
cálculo (extensão ods) e de apresentações ( terminação
odp). Escolha Arquivo - Abrir. Selecione um arquivo do Mi-
É norma ISO 26300 e ABNT NBR-26300. crosoft Office na caixa de diálogo do LibreOffice.
Extensões ODF O arquivo do MS Office... ...será aberto no mó-
Um documento ODF pode ter as seguintes extensões: dulo do LibreOffice
MS Word, *.doc, *.docx = LibreOffice Writer
• odt: documentos de texto (text) MS Excel, *.xls, *.xlsx = LibreOffice Calc
• ott: documentos de texto modelo (template text) MS PowerPoint, *.ppt, *.pps, *.pptx = LibreOffice Impress
• ods: planilhas eletrônicas (spreadsheets)
• ots: planilhas eletrônicas - modelo (template
Salvar como arquivo do Microsoft Office
spreadsheets)
• odp: apresentações (presentations)
Escolha Arquivo - Salvar como.
• otp: apresentações - modelo (template presentations)
Na caixa Tipo de arquivo, selecione um formato de
• odg: desenhos vetoriais (draw)
arquivo do Microsoft Office.
• otg: desenhos vetoriais - modelo (template draw)
Sempre salvar documentos em formatos do Micro-
• odf: equações (formulae)
soft Office
• odb: banco de dados (database)
Selecione Ferramentas - Opções - Carregar / Salvar
• odm: documentos mestre (document master)
- Geral.
Vantagens do ODF Na área Formato de arquivo padrão e configurações
A adoção do padrão ODF é uma garantia de preser- ODF, selecione primeiro o tipo de documento e depois
vação de documentos eletrônicos sem restrição no tem- selecione o tipo de arquivo para salvar.
po, um item muito precioso na administração pública e De agora em diante, ao salvar um documento, o Tipo
privada de longo prazo. É só imaginar o que pode acon- de arquivo será definido de acordo com sua escolha.
tecer se documentos não puderem ser lidos após algum Você ainda poderá selecionar outro tipo de arquivo na
tempo, simplesmente porque a empresa proprietária do caixa de diálogo usada para salvar arquivos.
tipo de arquivo resolveu mudar algo na criação ou na
leitura de seus formatos. Converter vários arquivos do Microsoft Office em ar-
Assim, daqui a 100 anos ou mais, certamente será quivos com o formato do OpenDocument
possível abrir documentos armazenados em ODF, o que O Assistente de conversão de documentos copiará e
pode não ocorrer com arquivos binários e proprietários, converterá todos os arquivos do Microsoft Office exis-
que podem se transformar em verdadeiros hieróglifos, tentes em uma pasta em documentos do LibreOffice no
cujo código pode não ser acessível em alguns anos. formato de arquivo do OpenDocument. Você pode es-
Paralelamente, o padrão ODF possibilita a concorrên- pecificar a pasta a ser lida e a pasta em que os arquivos
cia, pois permite adquirir software de mais de um for- convertidos serão salvos.
necedor, já que o formato não é propriedade de uma Escolha Arquivo - Assistentes - Conversor de docu-
empresa. mentos para iniciar o assistente.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Também possibilita que as pessoas tenham comuni-


cabilidade e interoperabilidade na troca de documentos. As novidades do LibreOffice 5.0
Obviamente, quando se usa um padrão aberto a socieda-
de é o maior beneficiário já que o texto digitado poderá Segundo a The Document Foundation, o ramo ante-
ser lido por vários programas. rior do LibreOffice, o 4.x, foi utilizado por 80 milhões de
Vários governos estão aprovando a preferência pelo usuários, de modo que qualquer nova versão lançada, é
uso de formatos abertos para trocar informações e tex- coloca uma enorme pressão sobre a equipe de desen-
tos. O ODF é o formato escolhido para documentos pela volvimento para oferecer a melhor experiência possível.
Comunidade Europeia.

296
“LibreOffice 5.0 possui uma interface de usuário sig- Writer
nificativamente melhorada, com uma melhor gestão do Limite de parágrafos aumentado consideravelmente;
espaço da tela e uma aparência mais limpa. Além disso, Otimização da localização de botões para deixar mais
ele oferece uma melhor interoperabilidade com suítes intuitivo;
de escritório como o Microsoft Office e iWork da Apple, Ajuste no sistema de importação de objetos (gráficos,
graças a filtros novos e melhorados para lidar com for- imagens etc.);
matos que não são padrão. Outras melhorias foram adi- Melhorias no sistema de comentários.
cionadas para todos os módulos da suíte e construídas
versões para o Windows de 64 bits (Vista e posterior)”, Calc
diz o anúncio oficial. Informação mais precisa sobre o número de colunas
Segundo a The Document Foundation, o Writer agora e fileiras adicionadas;
é capaz de lidar melhor com Emojis, os estilos e forma- Adicionada diversas fórmulas extras;
tações agora são exibidos na barra lateral como pré-vi- Gerador de números aleatórios adicionado;
sualização e agora o sombreamento destacado são ago-
ra preservados após a manipulação de documentos do Impress e Draw
Word, da Microsoft. Otimização no visual da seleção de telas;
Outra funcionalidade interessante é a capacidade Agora suporta modelos 3D em qualquer janela, seja
de editar imagens diretamente nos documentos, algo ele um modelo estático ou modelo com animações (faci-
que pode ser extremamente útil. Além disso, também lita a criação de apresentações).
há um melhor gerenciamento para tabelas, correções e
melhorias para arquivos DOC, melhorias para formata- Gerais
ção condicional, melhorias XSLX, melhorias na engine Ícones tiveram o visual atualizado;
de Formula, novas funções de planilha, suporte para Ti- Paleta de cores simplificada, para melhor diferencia-
me-Stamp Protocol em documentos PDF, suporte para ção das cores;
Tela de apresentação melhorada;
Adobe Swatch Exchange (.ase), filtros de importação e
Suporte para mais 11 línguas.
adicionada algumas funcionalidades básicas de edição
de documentos no Android.
Versão para o novo MS Windows 10

Além de ser compatível com o software da Microsoft,


o programa possui uma nova interface, que pretende
gerenciar melhor o espaço ocupado na tela pelos seus
arquivos.

LIBREOFFICE WRITER

O Writer é um aplicativo de processamento de texto


que lhe permite criar documentos, como cartas, currí-
culos, livros ou formulários online. Alternativa gratuita e
open source ao tradicional pacote Microsoft Office. Sur-
gido a partir de um fork do OpenOffice, o LibreOffice traz
soluções completas para edição de texto, criação de pla-
nilhas, apresentações de slides, desenhos, base de dados
e ainda fórmulas matemáticas.
O Writer do LibreOffice suporta os seguintes forma-
tos: ODT, OTT, SXW, STW, DOC (Word), DOCX (Word
2007), RTF, SDW, VOR, TXT, HTML, PDB, XML, PSW e UOT.

Formato Open Document


No Writer o formato padrão dos arquivos passou de
sdw (formato do antigo StarWriter) para odt (Open docu-
ment text), que dota os arquivos de uma estrutura XML,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

permitindo uma maior interoperabilidade entre as várias


aplicações.
Aliás, este foi um dos principais motivos pelos quais
a Microsoft tem mantido o monopólio nas aplicações de
escritório: a compatibilidade ou a falta dela.
Além das melhores de performance e correções de
É importante notar que versões mais antigas do Ope-
bugs, essa suíte teve uma série de melhorias em cada
nOffice já abriam e gravavam arquivos com a terminação
software.
doc. Entretanto, não havia compatibilidade de 100% e os
documentos perdiam algumas formatações.

297
A proposta da Sun, da IBM e de outras empresas foi Arquivo
normalizar os tipos de documento, num formato conhe-
cido por todos, o odt. Esses comandos se aplicam ao documento atual, abre
um novo documento ou fecha o aplicativo.
Layout

O Writer aparece sob a forma de uma janela genérica


de documento em branco, a tela de edição, que é com-
posta por vários elementos:
Barra de Título: Apresenta o nome do arquivo e o
nome do programa que está sendo usado nesse momen-
to. Usando-se os 3 botões no canto superior direito po-
de-se minimizar, maximizar / restaurar ou fechar a janela
do programa.
Barra de Menus: Apresenta os menus suspensos onde
estão as listas de todos os comandos e funções disponí-
veis do programa. • Novo:
Barra de Formatação: Apresenta os atalhos que dão
forma e cor aos textos e objetos. Cria um novo documento do LibreOffice.
Área para trabalho: Local para digitação de texto e Escolha Arquivo - Novo
inserção de imagens e sons. Ícone Novo na Barra de ferramentas (o ícone mostra
Barra de Status: Apresenta o número de páginas / to- o tipo do novo documento)
tal de páginas, o valor percentual do Zoom
e a função inserir / sobrescrever está na parte inferior Novo
e central da tela.
Réguas: Permite efetuar medições e configurar tabu- Tecla Ctrl+N
lações e recuos. Para criar um documento a partir de um modelo, es-
Barra de menus colha Novo - Modelos.
Um modelo é um arquivo que contém os elementos
de design para um documento, incluindo estilos de for-
matação, planos de fundo, quadros, figuras, campos, la-
yout de página e texto.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

298
Ícone Nome Função
Documento de texto Cria um novo documento de texto (LibreOffice Writer).
Planilha Cria um novo documento de planilha (LibreOffice Calc).
Cria um novo documento de apresentação (LibreOffice Impress). Se
Apresentação
ativado, será exibida a caixa de diálogo Assistente de apresentações.
Desenho Cria um novo documento de desenho (LibreOffice Draw).
Abre o Assistente de Bancos de dados para criar um arquivo de banco
Banco de dados
de dados.
Documento HTML Cria um novo documento HTML.
Documento de formulário XML Cria um novo documento XForms.
Documento mestre Cria um novo documento mestre.
Fórmula Cria um novo documento de fórmula (LibreOffice Math).
Abre a caixa de diálogo Etiquetas, para definir as opções para suas
Etiquetas etiquetas e, em seguida, cria um novo documento de texto para as
etiquetas (LibreOffice Writer).
Abre a caixa de diálogo Cartões de visita para definir as opções para
Cartões de visita os cartões de visita e, em seguida, criar um novo documento de texto
(LibreOffice Writer).
Modelos Criar um novo documento a partir de um modelo.

• Abrir

Abre ou importa um arquivo.


Escolha Arquivo - Abrir
Ctrl+O
Na Barra de ferramentas, clique em

Abrir arquivo
Locais: Mostra os locais favoritos. Por exemplo, os atalhos das pastas locais ou remotas.
Área de exibição: Mostra os arquivos e pastas existentes em que você está. Para abrir um arquivo, selecione-o e
clique em Abrir.
Para abrir mais de um documento ao mesmo tempo, cada um em sua própria janela, pressione a tecla Ctrl ao clicar
nos arquivos e, em seguida, clique em Abrir.
Para classificar os arquivos, clique em um cabeçalho de coluna. Para inverter a ordem de classificação, clique novamente.
Para excluir um arquivo, clique com o botão direito do mouse sobre ele e, em seguida, escolha Excluir.
Para renomear um arquivo, dê um clique com o botão direito do mouse sobre ele e, em seguida, escolha Renomear.

Nome do arquivo: Insira um nome de arquivo ou um caminho para o arquivo. Você também pode inserir um URL
que começa com o nome de protocolo ftp, http, ou https.
Caso deseje, utilize caracteres curinga na caixa Nome do arquivo para filtrar a lista de arquivos exibida.

Por exemplo, para listar todos os arquivos de texto em uma pasta, insira o caractere asterisco (*) com a extensão de
arquivo de texto (*.txt) e, em seguida, clique em Abrir. Utilize o caractere curinga ponto de interrogação (?) para repre-
sentar qualquer caractere, como em (??3*.txt), o que só exibe arquivos de texto com um ‘3’ como terceiro caractere no
nome do arquivo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O LibreOffice possui uma função autocompletar que se ativa sozinha em alguns textos e caixas de listagem. Por
exemplo, entre ~/a no campo da URL e a função autocompletar exibe o primeiro arquivo ou o primeiro diretório en-
contrado no seu diretório de usuário que começa com a letra “a”.
Utilize a seta para baixo para rolar para outros arquivos e diretórios. Utilize a seta para a direita para exibir também
um subdiretório existente no campo da URL. A função autocompletar rápida está disponível se você pressionar a tecla
End após inserir parte da URL. Uma vez encontrado o documento ou diretório desejado, pressione Enter.
Versão: Se houver várias versões do arquivo selecionado, selecione a versão que deseja abrir. Você pode salvar e
organizar várias versões de um documento, escolhendo Arquivo - Versões. As versões de um documento são abertas
em modo somente leitura.

299
Tipo de arquivo: Selecione o tipo de arquivo que de- • Fechar
seja abrir ou selecione Todos os arquivos(*) para exibir
uma lista de todos os arquivos na pasta. Fecha o documento atual sem sair do programa.
Abrir: Abre o(s) documento(s) selecionado(s). Escolha Arquivo - Fechar
Inserir: Se você tiver aberto a caixa de diálogo esco- O comando Fechar fecha todas as janelas abertas do
lhendo Inserir - Arquivo, o botão Abrir será rotulado In- documento atual.
serir. Insere no documento atual, na posição do cursor, o Se foram efetuadas alterações no documento atual,
arquivo selecionado. você será perguntado se deseja salvar as lterações.
Somente leitura: Abre o arquivo no modo somente Ao fechar a última janela de documento aberta, apa-
leitura. recerá a Tela inicial.
Abrir documentos com modelos: O LibreOffice reco-
nhece modelos localizados em qualquer uma das seguin- • Salvar
tes pastas:
Salva o documento atual.
• Pasta de modelos compartilhados Escolha Arquivo - Salvar
• Pasta de modelos do usuário em Documents and Ctrl+S
Settingsno diretório inicial do usuário Na Barra de ferramentas ou de tabela de dados, cli-
• Todas as pastas de modelos definidas em Ferra- que em
mentas - Opções - LibreOffice - Caminhos

Ao utilizar Arquivo - Modelo - Salvar como modelo


Salvar
para salvar um modelo, o modelo será armazenado na
Salvar como: Salva o documento atual em outro local
sua pasta de modelos do usuário. Ao abrir um documen-
ou com um nome de arquivo ou tipo de arquivo diferen-
to baseado neste modelo, o documento será verificado
te. Escolha Arquivo - Salvar como
para detectar uma mudança do modelo, como descrito
abaixo. O modelo é associado com o documento e pode
ser chamado de “modelo vinculado”.

Ao utilizar Arquivo - Salvar como e selecionar um fil-


tro de modelo para salvar um modelo em qualquer outra
pasta que não esteja na lista, então os documentos ba-
seados nesse modelo não serão verificados.
Ao abrir um documento criado a partir de um “mode-
lo vinculado” (definido acima), O LibreOffice verifica se o
modelo foi modificado desde a última vez que foi aberto.
Se o modelo tiver sido alterado, uma caixa de diálogo
aparecerá para você poder selecionar os estilos que de-
vem ser aplicados ao documento.
Para aplicar os novos estilos do modelo ao documen-
to, clique em Sim.
Para manter os estilos que estão sendo usados no do-
cumento, clique em Não.
Se um documento tiver sido criado por meio de um
modelo que não possa ser encontrado, será mostrada
uma caixa de diálogo perguntando como proceder na
próxima vez em que o documento for aberto. Nome do arquivo: Insira um nome de arquivo ou um
Para quebrar o vínculo entre o documento e o mo- caminho para o arquivo. Você também pode inserir um URL
delo que está faltando, clique em Não; caso contrário, o
LibreOffice procurará o modelo na próxima vez que você • Tipo de arquivo: Selecione o formato de arquivo
abrir o documento. para o documento que você está salvando. Na área
de exibição, serão exibidos somente os documen-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Documentos recentes tos com esse tipo de arquivo.


• Salvar com senha: Protege o arquivo com uma se-
Lista os arquivos abertos mais recentemente. Para nha que deve ser digitada para que o usuário pos-
abrir um arquivo da lista, clique no nome dele. sa abrir o arquivo.

• Assistentes Salvar tudo: Salva todos os documentos do LibreOffi-


ce que foram modificados.
Guia você na criação de cartas comerciais e pessoais,
fax, agendas, apresentações, etc.

300
• Recarregar • Imprimir

Substitui o documento atual pela última versão salva. Imprime o documento atual, a seleção ou as páginas
Todos as alterações efetuadas após o último salva- que você especificar. Você também pode definir as op-
mento serão perdidas. ções de impressão para o documento atual. Tais opções
Escolha Arquivo - Recarregar variam de acordo com a impressora e com o sistema
operacional utilizado.
• Versões Escolha Arquivo - Imprimir
Ctrl+P
Salva e organiza várias versões do documento atual Na Barra de ferramentas, clique em
no mesmo arquivo. Você também pode abrir, excluir e
comparar versões anteriores. • Configuração da impressora
Escolha Arquivo - Versões
Novas versões - Define as opções para salvar uma Selecione a impressora padrão para o documento
nova versão do documento. atual.
Salvar nova versão - Salva o estado atual do docu- Escolha Arquivo - Imprimir - Configurações da im-
mento como nova versão. Caso deseje, antes de salvar pressora
a nova versão, insira também comentários na caixa de Fecha todos os programas do LibreOffice e pede para
diálogo Inserir comentário da versão. salvar as modificações.
Inserir comentário da versão - Insira um comentário
aqui quando estiver salvando uma nova versão. Se você • Sair
tiver clicado em Mostrar para abrir esta caixa de diálogo,
não poderá editar o comentário. Escolha Arquivo - Sair
Salvar sempre uma versão ao fechar - Se você tiver Ctrl+Q
feito alterações no documento, o LibreOffice salvará au-
tomaticamente uma nova versão quando você o fechar.
Se salvar o documento manualmente, e não alterar o
documento após salvar, não será criada uma nova versão.
Versões existentes - Lista as versões existentes do do-
cumento atual, a data e a hora em que elas foram criadas,
o autor e os comentários associados.

• Exportar

Salva o documento atual com outro nome e formato


em um local a especificar.
Escolha Arquivo – Exportar

• Exportar como PDF

Salva o arquivo atual no formato Portable Document


Format (PDF) versão 1.4. Um arquivo PDF pode ser visto
e impresso em qualquer plataforma com a formatação
original intacta, desde que haja um software compatível
instalado.
Escolha Arquivo - Exportar como PDF

• Visualizar impressão

Exibe uma visualização da página impressa ou fecha


a visualização.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Menu Arquivo - Visualizar impressão


Utilize os ícones na barra Visualização de impressão
para folhear as páginas do documento ou para imprimir
o documento. Editar
Você também pode pressionar as teclas Page Up e
Page Down para folhear as páginas. Este menu contém comandos para editar o conteúdo
Obs: Não é possível editar seu documento enquanto do documento atual.
estiver na visualização de impressão.

301
• Desfazer • Alterações

Desfaz o último comando ou a última entrada digi- Lista os comandos que estão disponíveis para rastrear
tada. Para selecionar o comando que deseja desfazer, as alterações em seu arquivo.
clique na seta ao lado do ícone Desfazer na barra de fer-
ramentas Padrão. • Comparar documento

• Refazer Compara o documento atual com um documento


que você seleciona.
Reverte a ação do último comando Desfazer. Para se-
lecionar a etapa Desfazer que deseja reverter, clique na • Localizar e substituir
seta ao lado do ícone Refazer na barra de ferramentas
Padrão. Procura ou substitui textos ou formatos no documen-
to atual.
• Repetir Escolha Editar - Localizar e substituir
Ctrl+H
Repete o último comando. Esse comando está dispo- Na Barra de ferramentas, clique em
nível no Writer e no Calc.
• Autotexto
• Recortar
Cria, edita ou insere Autotexto. Você pode armaze-
Remove e copia a seleção para a área de transferência. nar texto formatado, texto com figuras, tabelas e campos
como Autotexto. Para inserir Autotexto rapidamente, di-
• Copiar gite o atalho do Autotexto no documento e pressione F3.
Escolha Editar – Autotexto
Copia a seleção para a área de transferência. Ctrl+F3
Escolha Editar - Copiar
Ctrl+C • Trocar banco de dados

• Colar Altera a fonte de dados do documento atual. Para


exibir corretamente o conteúdo dos campos inseridos, o
Insere o conteúdo da área de transferência no local banco de dados que foi substituído deve conter nomes
do cursor, e substitui qualquer texto ou objeto selecio- de campos idênticos.
nado.
Escolha Editar - Colar • Campos
Ctrl+V
Abre um caixa de diálogo na qual você pode editar as
• Colar especial propriedades de um campo. Clique antes de um campo e
selecione este comando. Na caixa de diálogo, você pode
Insere o conteúdo da área de transferência no arqui- usar as setas para ir para o próximo campo ou voltar para
vo atual em um formato que você pode especificar. o anterior.
Escolha Editar - Colar especial
• Notas de rodapé
• Selecionar texto
Edita a âncora de nota de rodapé ou de nota de fim
Você pode ativar um cursor de seleção em um texto selecionada. Clique na frente da nota de rodapé ou da
somente leitura ou na Ajuda. Escolha Editar - Selecionar nota de fim e, em seguida, escolha este comando.
texto ou abra o menu de contexto de um documento
somente leitura e escolha Selecionar texto. O cursor de • Entrada de índice
seleção não fica intermitente.
Use o ícone Editar arquivo para ativar ou desativar o Edita a entrada de índice selecionada. Clique antes da
modo de edição. entrada de índice ou na própria entrada e, em seguida,
escolha este comando.
• Modo de seleção • Entrada bibliográfica
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Escolha o modo de seleção do submenu: modo de Edita a entrada bibliográfica selecionada.


seleção normal, ou modo de seleção por bloco.
• Hiperlink
• Selecionar tudo
Abre uma caixa de diálogo que permite que você crie
Seleciona todo o conteúdo do arquivo, quadro ou e edite hiperlinks.
objeto de texto atual.
Escolha Editar - Selecionar tudo
Ctrl+A • Vínculos

302
• Layout de impressão
Permite a edição das propriedades de cada vínculo no
documento atual, incluindo o caminho para o arquivo de Exibe a forma que terá o documento quando este for
origem. Este comando não estará disponível se o docu- impresso.
mento atual não contiver vínculos para outros arquivos.
• Layout da Web
• Plug-in
Exibe o documento como seria visualizado em um na-
Permite a edição de plug-ins no seu arquivo. Esco-
vegador da Web. Esse recurso é útil ao criar documentos
lha este comando para ativar ou desativar este recurso.
HTML.
Quando ativado, aparecerá uma marca de seleção ao
lado do comando, e você verá comandos para editar o
plug-in em seu menu de contexto. Quando desativado, • Código-fonte HTML
você verá comandos para controlar o plug-in no menu
de contexto. Exibe o código fonte do documento HTML atual. Para
exibir o código fonte HTML de um novo documento, é
• Mapa de imagem necessário primeiro salvar o novo documento como um
documento HTML.
Permite que você anexe URLs a áreas específicas, de-
nominadas pontos de acesso, em uma figura ou em um • Barra de status
grupo de figuras. Um Mapa de imagem é um grupo com
um ou mais pontos de acesso. Mostra ou oculta a barra de status na borda inferior
da janela.
• Objeto
• Status do método de entrada
Permite editar um objeto selecionado no arquivo, in-
serido com o comando Inserir - Objeto. Mostra ou oculta a janela de status do IME (Input Me-
thod Engine).
Exibir

Este menu contém comandos para controlar a exibi- • Régua


ção do documento na tela.
Mostra ou oculta a régua horizontal, que é utilizada
para ajustar as margens da página, paradas de tabulação,
recuos, bordas, células de tabela e para dispor objetos na
página. Para mostrar a régua vertical, escolha Ferramen-
tas - Opções - LibreOffice Writer - Exibir, e selecione a
caixa Régua vertical na área Réguas.

• Limites do texto

Mostra ou oculta os limites da área imprimível da pá-


gina. As linhas de limite não são impressas.

• Sombreamentos de campos

Mostra ou oculta os sombreamentos de campos no


documento, incluindo espaços incondicionais, hifens
personalizados, índices e notas de rodapé.

• Nomes de campos

Alterna a exibição entre o nome e o conteúdo do


campo. A presença de uma marca de seleção indica que
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

os nomes dos campos são exibidos e a ausência dessa


marca indica que o conteúdo é exibido. O conteúdo de
alguns campos não pode ser exibido.

• Caracteres não-imprimíveis

Mostra os caracteres não imprimíveis no texto, como


marcas de parágrafo, quebras de linha, paradas de tabu-
lação e espaços.

303
• Parágrafos ocultos

Mostra ou oculta parágrafos ocultos. Esta opção afeta


somente a exibição de parágrafos ocultos. Ela não afeta a
impressão desses parágrafos.

• Fontes de dados

Lista os bancos de dados registrados para o LibreOffi-


ce e permite que você gerencie o conteúdo deles.

• Navegador

Mostra ou oculta o Navegador. Você pode usá-lo


para acessar rapidamente diferentes partes do documen-
to e para inserir elementos do documento atual ou de
outros documentos abertos, bem como para organizar
documentos mestre. Para editar um item do Navegador,
clique com o botão direito do mouse no item e, em se-
guida, escolha um comando do menu de contexto. Se
preferir, você pode encaixar o Navegador na borda do
espaço de trabalho.

• Tela inteira

Exibe ou oculta os menus e as barras de ferramentas


no Writer ou no Calc. Para sair do modo de tela inteira,
clique no botão Ativar/Desativar tela inteira.

• Zoom • Rodapé

Reduz ou amplia a exibição de tela do LibreOffice. Adiciona ou remove um rodapé do estilo de página
selecionado no submenu. O rodapé é adicionado a todas
Inserir as páginas que usam o mesmo estilo. Em um novo do-
cumento, somente o estilo de página “Padrão” é listado.
O menu Inserir contém os comandos necessários para Outros estilos serão adicionados à lista depois que forem
inserir novos elementos no seu documento. Isso inclui aplicados ao documento.
seções, notas de rodapé, anotações, caracteres especiais,
figuras e objetos de outros aplicativos. • Nota de rodapé / Nota de fim

Insere uma nota de rodapé ou uma nota de fim no


documento. A âncora para a nota será inserida na posi-
ção atual do cursor. Você pode escolher entre numeração
automática ou um símbolo personalizado.

• Legenda

Adiciona uma legenda numerada à figura, tabela,


quadro, quadro de texto ou objeto de desenho selecio-
nado. Você também pode acessar este comando clican-
do com o botão direito do mouse no item ao qual deseja
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

adicionar a legenda.

• Marcador

Insere um indicador na posição do cursor. Use o Na-


vegador para saltar rapidamente para a posição indicada
em outra hora. em um documento HTML, os indicadores
são convertidos em âncoras para você navegar através
de hyperlinks.

304
• Referência • Arquivo

Esta é a posição em que você insere as referências ou Insere um arquivo de texto na posição atual do cursor.
os campos referidos no documento atual. As referências
são os campos referidos no mesmo documento ou em Formatar
subdocumentos de um documento mestre.
Contém comandos para formatar o layout e o con-
• Anotação teúdo de seu documento.

Insere uma anotação.

• Script

Insere um script na posição atual do cursor em um


documento HTML ou de texto.

• Índices e índices gerais

Abre um menu para inserir entradas de índice e inserir


índices e tabelas.

• Envelope

Cria um envelope. Nas três guias, você pode especi-


ficar o destinatário e o remetente, a posição e o formato
de ambos os endereços, o tamanho e a orientação do
envelope.

• Quadro

Insere um quadro que você pode usar para criar um


layout com uma ou mais colunas de texto e objetos.

• Tabela

Insere uma tabela no documento. Você também pode


• Limpar formatação direta
clicar na seta, arrastar o mouse para selecionar o número
de linhas e colunas a serem incluídas na tabela e, em se-
Remove a formatação direta e a formatação por esti-
guida, clicar na última célula.
los de caracteres da seleção.
• Figura
• Caractere
Selecione a origem da figura que deseja inserir.
Muda a fonte e a formatação de fonte dos caracteres
selecionados.
• Objeto de desenho
• Parágrafo
Insere um objeto no documento. Para vídeo e áudio
utilize Inserir - Multimídia - Áudio ou vídeo.
Modifica o formato do parágrafo atual, por exemplo,
alinhamento e recuo.
• Quadro flutuante
• Marcadores e numeração
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Insere um quadro flutuante no documento atual.


Quadros flutuantes são utilizados em documentos HTML
Adiciona marcadores ou numeração ao parágrafo
para exibir conteúdo de outro arquivo.
atual e permite que você edite o formato da numeração
ou dos marcadores.
• Áudio ou vídeo

Insere um arquivo de vídeo ou áudio no documento.

305
• Página • Dispor

Especifique os estilos de formatação e o layout do es- Altera a ordem de empilhamento do(s) objeto(s) se-
tilo de página atual, incluindo margens da página, cabe- lecionado(s).
çalhos, rodapés e o plano de fundo da página.
• Inverter
• Alterar caixa
Inverte o objeto selecionado, horizontalmente ou
Altera a caixa dos caracteres selecionados. Se o cursor verticalmente.
estiver no meio de uma palavra e não houver texto sele-
cionado, então a palavra será a seleção. • Agrupar

• Guia fonético asiático Agrupa os objetos selecionados de forma que pos-


sam ser movidos ou formatados como um único objeto.
Permite que você adicione comentários sobre carac-
teres asiáticos para serem usados como manual de pro- • Objeto
núncia.
Abre um submenu para editar propriedades do obje-
• Colunas to selecionado.

Especifica o número de colunas e o layout de coluna • Quadro


para um estilo de página, quadro ou seção.
Insere um quadro que você pode usar para criar um
• Seções layout com uma ou mais colunas de texto e objetos.

Altera as propriedades das seções definidas no docu- • Imagem


mento. Para inserir uma seção, selecione o texto ou clique
no documento e, em seguida, escolha Inserir - Seção. Formata o tamanho, a posição e outras propriedades
da figura selecionada.
• Estilos e formatação
Tabela
Use a janela Estilos e formatação para aplicar, criar,
editar, adicionar e remover estilos de formatação. Clique
duas vezes para aplicar o estilo.

• Autocorreção

Formata automaticamente o arquivo de acordo com


as opções definidas em Ferramentas - Opções da auto-
correção.

• Ancorar

Define as opções de ancoramento para o objeto se-


lecionado.

• Quebra Automática

Define as opções de quebra automática de texto para


figuras, objetos e quadros.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Alinhar (objetos)

Alinha os objetos selecionados em relação a outro.

• Alinhamento (objetos de texto) • Inserir

Define as opções de alinhamento para a seleção atual. Tabela


Insere uma nova tabela.

306
Colunas Abre a caixa de diálogo Largura da coluna para alterar
Insere colunas. a largura de uma coluna.

Linhas • Largura de coluna ideal


Insere linhas.
Ajusta automaticamente a largura das colunas para
• Excluir coincidir com o conteúdo das células. A alteração da lar-
gura de uma coluna não afeta a largura das outras co-
Tabela lunas na tabela. A largura da tabela não pode exceder a
Exclui a tabela atual. largura da página.

Colunas • Distribuir colunas uniformemente


Exclui as colunas selecionadas.
Ajusta a largura das colunas selecionadas para a lar-
gura da coluna mais larga da seleção. A largura total da
Linhas
tabela não pode exceder a largura da página.
Exclui as linhas selecionadas.
Altura da linha
Selecionar Abre a caixa de diálogo Altura da linha para alterar a
Tabela altura de uma linha.
Seleciona a tabela atual.
• Altura de linha ideal
Coluna
Seleciona a coluna atual. Ajusta automaticamente a altura das linhas para que
corresponda ao conteúdo das células. Esta é a definição
Linha padrão para novas tabelas.
Seleciona a linha atual.
• Distribuir linhas uniformemente
Célula
Seleciona a célula atual. Ajusta a altura das linhas selecionadas para a altura
da linha mais alta na seleção.
• Mesclar células
Permitir quebra de linha em páginas e colunas
Combina o conteúdo das células selecionadas da ta- Permite uma quebra de página na linha atual.
bela em uma única célula.
Repetir linhas de cabeçalho
• Dividir células Repete os cabeçalhos das tabelas nas páginas sub-
sequentes quando a tabela se estende por uma ou mais
Divide a célula ou grupo de células horizontalmente páginas.
ou verticalmente em um número especificado de células. Converter
Texto em tabela
Abre uma caixa de diálogo para poder converter em
• Mesclar tabela
tabela o texto selecionado.
Combina duas tabelas consecutivas em uma única ta-
Tabela para texto
bela. As tabelas devem estar lado a lado, e não separadas
Abre uma caixa de diálogo para converter a tabela
por um parágrafo vazio. atual em texto.
• Dividir tabela Classificar
Classifica alfabeticamente ou numericamente os pa-
Divide a tabela atual em duas tabelas separadas na rágrafos ou linhas de tabela selecionados. Você pode de-
posição do cursor. Você também pode clicar com o bo- finir até três chaves de classificação bem como combinar
tão direito do mouse em uma célula da tabela para aces- chaves alfabéticas com numéricas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sar este comando.


Fórmula
• Autoformatação de tabela Abre a Barra de fórmulas para inserir ou editar uma
fórmula.
Aplica automaticamente formatos à tabela atual, in-
cluindo fontes, sombreamento e bordas. Formato numérico
Abre uma caixa de diálogo para especificar o formato
Autoajustar de números na tabela.
Largura da coluna Limites da tabela

307
Mostra ou oculta os limites em torno das células da • Numeração de linhas
tabela. Os limites só são visíveis na tela e não são im- Adiciona ou remove e formata números de linha no
pressos. documento atual. Para desativar a numeração de linhas
em um parágrafo, clique no parágrafo, escolha Forma-
Propriedades da tabela tar - Parágrafo, clique na guia Numeração e, em seguida,
Especifica as propriedades da tabela selecionada, desmarque a caixa de seleção Incluir este parágrafo na
como, por exemplo, nome, alinhamento, espaçamento, numeração de linhas
largura da coluna, bordas e plano de fundo.
• Notas de rodapé
Ferramentas

Contém ferramentas de verificação ortográfica, uma Especifica as configurações de exibição de notas de


galeria de objetos artísticos que podem ser adicionados rodapé e notas de fim.
ao documento, bem como ferramentas para configurar
menus e definir preferências do programa. • Galeria

Abre a Galeria, onde você poderá selecionar figuras e


sons para inserir em seu documento.

• Banco de dados bibliográfico

Insira, exclua, edite e organize arquivos no banco de


dados bibliográfico.

• Assistente de Mala Direta

Inicia o Assistente de Mala Direta para criar cartas-


-modelo ou enviar mensagens de e-mail a vários desti-
natários.

• Classificar

Classifica alfabeticamente ou numericamente os pa-


rágrafos ou linhas de tabela selecionados. Você pode de-
finir até três chaves de classificação bem como combinar
chaves alfabéticas com numéricas.

• Calcular

Calcula a fórmula selecionada e copia o resultado


para a área de transferência.
• Verificação ortográfica
• Atualizar
Verifica a ortografia manualmente.
Atualiza os itens do documento atual com conteúdo
• Idioma dinâmico, como campos e índices.

Abre um submenu para escolher comandos específi- • Player de mídia


cos do idioma.
Abre a janela do Player de mídia, para poder visuali-
• Contagem de palavras zar arquivos de vídeo e áudio e inseri-los no documento
atual.
Conta as palavras e caracteres, com ou sem espaços,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

na seleção atual, e em todo o documento. A contagem é • Macros


mantida atualizada enquanto digita, ou altera a seleção.
Permite gravar, organizar e editar macros.
• Numeração da estrutura de tópicos
• Gerenciador de extensão
Especifica o formato de número e a hierarquia para a
numeração de capítulos no documento atual. O Gerenciador de extensão adiciona, remove, desati-
va, ativa e atualiza extensões do LibreOffice.

308
• Filtros XML

Abre a caixa de diálogo Configurações do filtro XML,


onde você pode criar, editar, excluir e testar filtros para
importar e exportar arquivos XML.

• Opções da Autocorreção

Configura as opções para substituir texto automatica-


mente ao digitar.

• Personalizar Barras de ferramentas

Personaliza menus, teclas de atalho, barras de fer- Barra de objetos de texto


ramentas e atribuições de macros do LibreOffice para
eventos. Contém comandos de formatação para o texto de
um objeto de desenho. A barra Objetos de texto aparece
• Opções quando você faz um duplo clique dentro de um objeto
de desenho.
Este comando abre uma caixa de diálogo para confi-
guração personalizada do programa. • Nome da fonte

Janela Permite que você selecione um nome de fonte na


lista ou digite um nome de fonte diretamente.
Você pode inserir várias fontes, separadas por ponto-
-e-vírgulas. O LibreOffice usará cada fonte nomeada em
sucessão se as fontes anteriores não estiverem disponíveis.

Nome da fonte
Contém comandos para manipulação e exibição de
janelas de documentos. • Tamanho da fonte

• Nova janela Permite que você escolha entre diferentes tamanhos


de fonte na lista ou que digite um tamanho manualmente.
Abre uma nova janela que exibe os conteúdos da
• Negrito
janela atual. Você pode agora ver diferentes partes do
mesmo documento ao mesmo tempo.
Aplica o formato negrito ao texto selecionado. Se o
cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará toda em ne-
• Fechar a janela
grito. Se a seleção ou a palavra já estiver em negrito, a
formatação será removida.
Fecha a janela atual. Escolha Janela - Fechar janela,
ou pressione Ctrl+F4. Na visualização de impressão do
LibreOffice Writer e Calc, você pode fechar a janela ao Negrito
clicar no botão Fechar visualização.
• Itálico
• Lista de documentos
Aplica o formato itálico ao texto selecionado. Se o
Lista os documentos abertos no momento atual. Se- cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará toda em itáli-
lecione o nome de um documento na lista para alternar co. Se a seleção ou palavra já estiver em itálico, a forma-
para esse documento. tação será removida.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ajuda
Itálico
O menu da Ajuda permite iniciar e controlar o sistema
de Ajuda do LibreOffice.

309
• Sublinhado • Texto escrito da esquerda para a direita

Sublinha o texto selecionado ou remove o sublinhado Especifica a direção horizontal do texto.


do texto selecionado.
Direção do texto da esquerda para a direita
Sublinhado
• Texto escrito de cima para baixo
• Sobrescrito
Especifica a direção vertical do texto.
Reduz o tamanho da fonte do texto selecionado e le-
vanta o texto acima da linha de base.
Texto escrito de cima para baixo

Sobrescrito • Selecionar tudo

• Subscrito Seleciona todo o conteúdo do arquivo, quadro ou


objeto de texto atual.
Reduz o tamanho da fonte do texto selecionado e po-
siciona o texto abaixo da linha de base.
Selecionar tudo

Subscrito • Caractere

• Esquerda Muda a fonte e a formatação de fonte dos caracteres


selecionados.
Alinha o parágrafo selecionado em relação à margem
esquerda da página.
Caractere

Alinhar à esquerda • Parágrafo

• Centralizar Aqui você pode definir recuos, espaçamento, alinhamen-


to e espaçamento de linha para o parágrafo selecionado.
Centraliza na página os parágrafos selecionados.
Parágrafo

Adicionando e editando texto


• Direita
Você pode adicionar texto ao documento das seguin-
Alinha os parágrafos selecionados em relação à mar- tes maneiras:
gem direita da página.
• Digitando texto com o teclado
• Copiando e colando texto de outro documento
Alinhar à direita
• Importando texto de outro arquivo
• Justificar
Digitando texto
A maneira mais fácil de inserir texto no documento é
Alinha os parágrafos selecionados às margens esquer-
digitar o texto. Ao digitá-lo, a ferramenta AutoCorreção
da e direita da página. Se preferir, você pode especificar
corrige automaticamente possíveis erros de ortografia
as opções de alinhamento para a última linha de um pa-
comuns, como “catra” em vez de “carta”.
rágrafo, escolhendo Formatar - Parágrafo - Alinhamento.
Por padrão, a ferramenta Completar palavras coleta
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

palavras longas enquanto você digita. Ao começar a di-


Justificado gitar novamente a mesma palavra, o
LibreOffice.org completa automaticamente a palavra.
• Suporte a idiomas asiáticos Para aceitar a palavra, pressione Enter ou continue digitando.

Esses comandos só podem ser acessados após ativar


o suporte para idiomas asiáticos em Ferramentas - Op-
ções - Configurações de idioma - Idiomas.

310
para a direita ->. Para selecionar mais de um carac-
tere, mantenha pressionada a tecla Shift enquanto
pressiona a tecla de direção.
• Para selecionar o texto restante na linha à esquer-
da do cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e
pressione a tecla Home.
• Para selecionar o texto restante na linha à direi-
ta do cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e
pressione a tecla End.

Copiando, colando e excluindo texto

Dica – Para desativar as ferramentas de completar e Você pode copiar texto de um lugar para outro no
substituir automaticamente procure na ajuda on-line os mesmo documento ou de um documento para outro.
seguintes termos:

• Função de AutoCorreção
• Função de AutoEntrada
• Completar palavras
• Para copiar e colar texto
• Reconhecimento de números
• Função de AutoFormatação
Etapas
Selecionando texto
1. Selecione o texto que deseja copiar e siga um des-
tes procedimentos:
Você pode selecionar texto com o mouse ou com o
- Escolha Editar – Copiar.
teclado.
- Pressione Ctrl+C.
- Clique no ícone Copiar na barra Padrão.
- Clique com o botão direito do mouse no texto
selecionado e escolha Copiar.

O texto continua na área de transferência até você


Selecionando texto com o mouse copiar outra seleção de texto ou item.

• Para selecionar um trecho de texto, clique no início 2. Clique ou mova o cursor para onde deseja colar o
do trecho, mantenha pressionado o botão esquer- texto. Siga um destes procedimentos:
do do mouse e arraste o mouse até o fim do texto. - Escolha Editar – Colar.
- Pressione Ctrl+V.
Pode também clicar na frente do trecho, mover o - Clique no ícone Colar na barra Padrão.
mouse até o fim do texto, manter pressionada a tecla - Clique com o botão direito do mouse onde de-
Shift e clicar novamente. seja colar o texto e escolha Colar.

• Para selecionar uma frase inteira, clique três vezes • Para excluir texto
em qualquer lugar na frase.
• Para selecionar uma única palavra, clique duas ve- Etapas
zes em qualquer lugar na palavra.
• Para acrescentar mais de um trecho a uma seleção, 1. Selecione o texto que deseja excluir.
selecione o trecho, mantenha pressionada a tecla 2. Siga um destes procedimentos:
Ctrl e selecione outro trecho de texto.
• Escolha Editar - Recortar ou pressione Ctrl+X.
Selecionando texto com o teclado O texto é excluído do documento e adicionado à
área de transferência, para você colar o texto onde
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Para selecionar o documento inteiro, pressione pretender.


Ctrl+A.
• Para selecionar uma única palavra em um dos la- • Pressione a tecla Delete ou Backspace.
dos do cursor, mantenha pressionadas as teclas Observação – Você pode usar essas teclas para
Ctrl+Shift e pressione a seta para a esquerda <- ou também excluir caracteres individuais.
a seta para a direita ->. Se desejar desfazer uma exclusão, escolha Editar -
• Para selecionar um único caractere em um dos la- Desfazer ou pressione Ctrl+Z.
dos do cursor, mantenha pressionada a tecla Shift
e pressione a seta para a esquerda <- ou a seta

311
• Para inserir um documento de texto - Para substituir todas as ocorrências do texto en-
Você pode inserir o conteúdo de qualquer docu- contradas pela que você inseriu na caixa Substi-
mento de texto no documento do Writer, desde tuir por, clique em Substituir tudo.
que o formato do arquivo seja conhecido pelo Li- - Para ignorar o texto encontrado e continuar a
breOffice.org. procura, clique em

Etapas Localizar próxima.


6. Clique em Fechar quando concluir a procura.
1. Clique no documento do Writer onde deseja inserir
o texto. Verificando ortografia
2. Escolha Inserir – Arquivo.
3. Localize o arquivo que deseja inserir e clique em O Writer pode verificar possíveis erros ortográficos
Inserir. enquanto você digita ou em um documento inteiro.

Localizando e substituindo texto • Para verificar ortografia enquanto digita


Você pode usar o recurso Localizar e substituir no
LibreOffice.org Writer para procurar e substituir palavras O Writer pode avisar sobre possíveis erros de orto-
em um documento de texto. grafia enquanto você digita.
Para ativar e desativar esse recurso, clique no ícone
• Para localizar e substituir texto AutoOrtografia e gramatica na barra de Ferramentas.
Quando esse recurso está ativado, uma linha vermelha
ondulada marca possíveis erros ortográficos.

1. Clique com o botão direito do mouse em uma pa-


lavra com um sublinhado ondulado em vermelho.
2. Siga um destes procedimentos:
- Escolha uma das palavras de substituição suge-
ridas no alto do menu de contexto.
A palavra incorreta é substituída pela palavra
Etapas que você escolher.
- Escolha uma das palavras de substituição no
1. Escolha Editar – Localizar e substituir. submenu AutoCorreção.
Abre-se a caixa de diálogo Localizar e substituir.
2. Na caixa Pesquisar por, digite o texto que você de- A palavra incorreta é substituída pela palavra que
seja localizar no documento. você escolher.
Pode selecionar também a palavra ou a frase que As duas palavras são acrescentadas automaticamente
deseja procurar no documento de texto e escolher à lista de substituição da ferramenta AutoCorreção. Na
próxima vez que cometer o mesmo erro ortográfico, o
Editar - Localizar e substituir. O texto selecionado é
Writer fará a correção ortográfica automaticamente.
inserido automaticamente na caixa Procurar.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3. Na caixa Substituir por, insira a palavra ou a frase • Escolha Ortografia e gramatica para abrir a caixa
de substituição. de diálogo Ortografia e gramatica.
4. Clique em Localizar para iniciar a procura. • Para adicionar a palavra a um dos dicionários, es-
5. Quando o Writer localizar a primeira ocorrência da colha Adicionar e clique no nome do dicionário.
palavra ou frase, siga um destes procedimentos:
- Para substituir a ocorrência do texto encontrada Observação – O número de entradas em um dicio-
pela que você inseriu na caixa Substituir por, cli- nário definido pelo usuário é limitado, mas você pode
que em Substituir. criar quantos dicionários definidos pelo usuário forem
necessários.

312
• Para verificar a ortografia em um documento inteiro

Se não deseja verificar a ortografia enquanto digita, você pode usar a ferramenta Ortografia e gramatica para corri-
gir erros manualmente. A ferramenta Ortografia e gramatica começa a partir da posição atual do cursor ou a partir do
início do texto selecionado.

Etapas

1. Clique no documento ou selecione o texto que deseja corrigir.


2. Escolha Ferramentas - Ortografia e gramatica.
3. Quando um possível erro de ortografia é localizado, a caixa de diálogo Ortografia e gramatica sugere uma correção.

4. Siga um destes procedimentos:


- Para aceitar uma correção, clique em Corrigir.
- Substitua a palavra incorreta na caixa no alto pela palavra correta e clique em Alterar.
- Para ignorar a palavra atual uma vez e continuar a Ortografia e gramatica, clique em Ignorar uma vez.
- Para ignorar a palavra atual no documento inteiro e continuar a Ortografia e gramatica, clique em Ignorar
sempre.

Formatando texto
O Writer permite-lhe formatar o texto manualmente ou ao usar estilos. Com os dois métodos, você controla tama-
nho, tipo de fonte, cor, alinhamento e espaçamento do texto. A principal diferença é que a formatação manual aplica-se
apenas ao texto selecionado, enquanto a formatação de estilo aplica-se toda vez que o estilo é usado no documento.

Formatando texto manualmente

Para uma formatação simples, como alterar o tamanho e a cor do texto, use os ícones na barra Formatação. Se de-
sejar, pode também usar os comandos de menu no menu Formato, assim como teclas de atalho.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecione o texto que deseja alterar e siga um destes procedimentos:

• Para alterar o tipo de fonte usado, selecione uma fonte diferente na caixa Nome da fonte.
• Para alterar o tamanho do texto, selecione um tamanho na caixa Tamanho da fonte.
• Para alterar o tipo de letra do texto, clique no ícone Negrito, Itálico ou Sublinhado.

Pode também usar as seguintes teclas de atalho: Ctrl+B para negrito, Ctrl+I para itálico ou Ctrl+U para sublinhado.
Para restaurar o tipo de letra padrão, selecione o texto novamente e clique no mesmo ícone, ou pressione as mesmas
teclas de atalho.

313
• Para alterar o alinhamento do texto, clique no íco-
ne Alinhar à esquerda, Centralizar, Alinhar à direita
ou Justificado.
• Para adicionar ou remover marcadores ou núme-
ros de uma lista, clique no ícone Ativar/desativar
numeração ou Ativar/desativar marcadores.
• Para alterar um recuo do texto, use os ícones de
recuo.
• Para alterar a cor do texto, clique no ícone Cor da
fonte.
• Para alterar a cor do plano de fundo do texto, cli-
que no ícone Cor do plano de fundo ou no ícone
Realce.

Dica – Consulte a ajuda on-line para obter informação


sobre a diferença desses dois ícones.

Formatando texto com estilos


No Writer, a formatação padrão de caracteres, pará-
grafos, páginas, quadros e listas é feita com estilos. Um
estilo é um conjunto de opções de formatação, como
tipo e tamanho da fonte. Um estilo define o aspecto ge- Usando o navegador
ral do texto, assim como o layout de um documento.
Você pode selecionar alguns estilos comuns, e todos O Navegador exibe as seguintes categorias de obje-
os estilos aplicados, a partir da lista drop-down Aplicar tos no documento:
estilo na barra Formatar.
• Títulos
• Folhas
• Tabelas
• Quadros de texto
• Gráficos
• Objetos OLE
• Seções
• Hyperlinks
• Referências
• Índices
• Notas

Uma maneira fácil de aplicar um estilo de formatação é


com a janela Estilos e formatação. Para abrir a janela Esti-
los e formatação, escolha Formatar – Estilos e formatação.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

314
• Para visualizar o conteúdo de uma categoria, clique no sinal de mais na frente do nome da categoria.
• Para exibir o conteúdo de uma única categoria no Navegador, selecione a categoria e clique no ícone Exibição do
conteúdo.

Observação – Para exibir todo o conteúdo, clique novamente no ícone Exibição do conteúdo.

• Para saltar rapidamente para o local no documento, clique duas vezes em qualquer entrada na lista do Navega-
dor.
• Para editar propriedades de um objeto, clique no objeto com o botão direito do mouse.

Você pode encaixar o Navegador na borda de qualquer janela do documento.


Para desanexar o Navegador da borda de uma janela, clique duas vezes na área cinza do Navegador encaixado. Para
redimensionar o Navegador, arraste as bordas do Navegador.
Dica – Em um documento de texto, você pode usar o modo Exibição do conteúdo para títulos para arrastar e soltar
capítulos inteiros em outras posições dentro do documento. Para obter mais informações, consulte a ajuda on-line
sobre o Navegador.

Usando tabelas em documentos do Writer

Você pode usar tabelas para apresentar e organizar informações importantes em linhas e colunas, para as informa-
ções serem lidas com facilidade. A interseção de uma linha e uma coluna é chamada de célula.

• Para adicionar uma tabela a um documento do Writer

Etapas

1. Escolha Tabela - Inserir – Tabela.


2. Na área Tamanho, digite o número de linhas e colunas para a tabela.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3. (Opcional) Para usar um layout de tabela predefinido, clique em AutoFormatar, selecione o formato desejado e
clique em OK.

315
4. Na caixa de diálogo Inserir tabela, especifique opções adicionais, como o nome da tabela, e clique em OK.

• Para adicionar uma linha ou coluna a uma tabela

Etapas

1. Clique em qualquer linha ou coluna da tabela.


2. Clique no ícone Inserir coluna ou Inserir linha na barra Tabela.

• Para excluir uma linha ou coluna de uma tabela

Etapas

1. Clique na linha ou coluna que deseja excluir.


2. Clique no ícone Excluir coluna ou Excluir linha na barra Tabela.

Cabeçalho e rodapé

Cabeçalhos e rodapés são áreas nas margens superior e inferior das páginas para adiciona textos ou figuras. Os ca-
beçalhos e rodapés são adicionados ao estilo de página atual. Todas as páginas que usarem o mesmo estilo receberão
automaticamente o cabeçalho ou rodapé adicionado. É possível inserir Campos, tais como números de páginas e títulos
de capítulos, nos cabeçalhos e rodapés de um documento de texto.
Obs.: O estilo de página para a página atual será exibido na Barra de status.
Para adicionar um cabeçalho a uma página, escolha Inserir - Cabeçalho e, em seguida, no submenu, selecione o
estilo de página para a página atual.
Para adicionar um rodapé a uma página, escolha Inserir - Rodapé e, em seguida, selecione o estilo de página para
a página atual no submenu.
Você também pode escolher Formatar - Página, clicar na guia Cabeçalho ou Rodapé, e selecionar Ativar cabeçalho
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ou Ativar rodapé. Desmarque a caixa de seleção Mesmo conteúdo esquerda/direita se desejar definir cabeçalhos e
rodapés diferentes para páginas pares e ímpares.
Para utilizar diferentes cabeçalhos e rodapés documento, adicione-os a diferentes estilos de páginas e, em seguida,
aplique os estilos às páginas nas deseja exibir os cabeçalhos ou rodapés.

Marcadores e numeração

Para adicionar marcadores


Selecione o(s) parágrafo(s) ao(s) qual(is) deseja adicionar marcadores.

316
Na barra de Formatação, clique no ícone Ativar/desa- Para iniciar com um número de página definido
tivar marcadores. Agora você que ter um pouco mais de controle sobre
o número da página. Você está editando um documento
de texto que deve começar com o número de página 12.
Clique no primeiro parágrafo do documento.
Escolha Formatar - Parágrafo - Fluxo de texto.
Para remover marcadores, selecione os parágrafos Em Quebras, ative Inserir. Ative Com estilo de página
com marcadores e, em seguida, clique no ícone Ativar/ para poder definir o novo Número da página. Clique em OK.
Desativar marcadores na barra Formatação.
Para formatar marcadores
Para alterar a formatação da lista com marcadores,
escolha Formatar - Marcadores e numeração.

O novo número da página é um atributo do primeiro


parágrafo da página.

Para formatar o estilo dos números de página


Você deseja que os números da página sejam em nu-
merais romanos: i, ii, iii, iv e assim por diante.
Por exemplo, para mudar o símbolo do marcador, Clique duas vezes imediatamente na frente do campo
clique na guia Opções , clique no botão de seleção (...) de número da página. A caixa de diálogo Editar campos
perto de Caractere, e selecione um caractere especial. se abrirá.
Pode-se também clicar na guia Figura, e clicar num estilo Selecione um formato de número e clique em OK.
de símbolo na área Seleção. Utilizar diferentes estilos de número de página
Você precisa que algumas páginas apresentem o esti-
Números de página lo em numerais romanos e o restante das páginas, outro
estilo.
No Writer, o número da página é um campo que No Writer, serão necessários vários estilos de página.
pode ser inserido no texto. O primeiro estilo de página apresenta um rodapé com
um campo de número de página formatado em nume-
Para inserir números de página rais romanos. O estilo de página seguinte apresenta um
Escolha Inserir - Campos - Número da página para rodapé com um campo de número de página formatado
inserir um número de página na posição atual do cursor. em outro estilo.
Obs.: Se, em vez do número, aparecer o texto “Núme- Ambos estilos de página devem estar separados por
ro da página”, escolha Exibir - Nome de campos. uma quebra de página. No Writer, é possível inserir que-
No entanto, esses campos mudarão de posição quan- bras de página automática ou manualmente.
do um texto for adicionado ou removido. Assim, é me- Uma quebra de página automática aparece no final
de uma página quando o estilo de página possui um
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

lhor inserir o campo de número da página em um cabe-


çalho ou rodapé que se encontram na mesma posição e “próximo estilo” diferente.
se repetem em todas as páginas. Por exemplo, o estilo de página da “Primeira página”
Escolha Inserir - Cabeçalho - (nome do estilo de pá- apresenta “Padrão” como próximo estilo. Para compro-
gina) ou Inserir - Rodapé - (nome do estilo de rodapé) var essa possibilidade, pressione F11 para abrir a janela
para adicionar um cabeçalho ou um rodapé em todas as Estilos e formatação, clique no ícone Estilos de página e
páginas com o estilo de página atual. clique com o botão direito do mouse na entrada Primeira
página. Escolha Modificar no menu de contexto. Na guia
Organizador, pode ser visto o “próximo estilo”.

317
A quebra de página manual pode ser aplicada com ou
sem alterações dos estilos de página.
Se pressionar Ctrl+Enter, será aplicada a quebra de
página sem alterações nos estilos de página.
Se escolher Inserir - Quebra manual, a quebra de pá-
gina pode ser inserida com ou sem alterações no estilo
ou com alterações no número da página.
Dependendo do documento, é melhor: utilizar a que-
bra de página inserida manualmente entre os estilos de
página, ou utilizar uma mudança automática. Se for ne-
cessária apenas uma página de título com estilo diferen-
te, o método automático pode ser utilizado:
Para aplicar um estilo de página diferente na primeira
página
Clique na primeira página do documento.
Escolha Formatar - Estilos e formatação.
Na janela Estilos e formatação, clique no ícone Estilos
de página.
Clique duas vezes no estilo “Primeira página”. Você verá uma visualização do gráfico e o Assistente
A página de título apresentará o estilo “Primeira pági- de gráfico.
na” e as páginas seguintes apresentarão automaticamen- Siga as instruções no Assistente de gráfico para criar
te o estilo “Padrão”. um gráfico.
Você pode agora por exemplo, inserir um rodapé so-
mente para o estilo de página “Padrão”, ou inserir roda- Teclas de atalho do LibreOffice Writer
pés em ambos estilos de página, mas com os campos de
número de página formatados de modo diferente. Você pode utilizar teclas de atalho para executar ra-
pidamente tarefas comuns no LibreOffice. Esta seção re-
Para aplicar uma alteração de estilo de página inseri- laciona as teclas de atalho padrão do LibreOffice Writer.
da manualmente Teclas de função para o LibreOffice Writer
Clique no início do primeiro parágrafo da página Teclas de atalho - Efeito
onde será aplicado um estilo de página diferente. F2 - Barra de fórmulas
Escolha Inserir - Quebra manual. A caixa de diálogo Ctrl+F2 - Insere campos
Editar quebra se abrirá. F3 - Completa o autotexto
Na caixa de listagem Estilo, selecione um estilo de Ctrl+F3 - Edita o autotexto
página. Você pode definir um novo número de página F4 - Abre a exibição da fonte de dados
também. Clique em OK. Shift+F4 - Seleciona o próximo quadro
O estilo de página selecionado será usado a partir do F5 - Ativar/Desativar o Navegador
parágrafo atual até a próxima quebra de página com es- Ctrl+Shift+F5 - Ativar Navegador, vai para número da
tilo. Você pode precisar criar primeiro um novo estilo de página
página. F7 - Verificação ortográfica
Ctrl+F7 - Dicionário de sinônimos
Gráfico em um documento de texto do Writer F8 - Modo de extensão
Ctrl+F8 - Ativar/Desativar sombreamentos de campos
Em um documento do Writer, você pode inserir um Shift+F8 - Modo de seleção adicional
gráfico com valores provenientes de uma tabela do Wri- Ctrl+Shift+F8 - Modo de seleção por bloco
ter.#Clique dentro da tabela do Writer. F9 - Atualiza os campos
Selecione Inserir – Objeto – Gráfico. Ctrl+F9 - Mostra os campos
Shift+F9 - Calcula a tabela
Ctrl+Shift+F9 - Atualiza os campos e as listas de entrada
Ctrl+F10 - Ativar/Desativar caracteres não imprimíveis
F11 - Ativar/Desativar janela Estilos e formatação
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Shift+F11 - Cria um estilo


Ctrl+F11 - Define o foco para a caixa Aplicar estilos
Ctrl+Shift+F11 - Atualiza o estilo
F12 - Ativar numeração
Ctrl+F12 - Insere ou edita a tabela
Shift+F12 - Ativa marcadores
Ctrl+Shift+F12 - Desativa Numeração / Marcadores
Teclas de atalho para o LibreOffice Writer
Teclas de atalho - Efeito

318
Ctrl+A - Selecionar tudo Ctrl+Seta para baixo - Move o cursor para o final do
Ctrl+J - Justificar parágrafo.
Ctrl+D - Sublinhado duplo CtrlShift+Seta para baixo - Seleciona até o fim do pa-
Ctrl+E - Centralizado rágrafo. Ao repetir, estende a seleção até o fim do pró-
Ctrl+H - Localizar e substituir ximo parágrafo
Ctrl+Shift+P - Sobrescrito Home - Vai até o início da linha
Ctrl+L - Alinhar à esquerda Home+Shift - Vai e seleciona até o início de uma linha
Ctrl+R - Alinhar à direita End - Vai até o fim da linha
Ctrl+Shift+B - Subscrito End+Shift - Vai e seleciona até o fim da linha
Ctrl+Y - Refaz a última ação Ctrl+Home - Vai para o início do documento
Ctrl+0 (zero) - Aplica o estilo de parágrafo Padrão Ctrl+Home+Shift - Vai e seleciona o texto até o início
Ctrl+1 - Aplica o estilo de parágrafo Título 1 do documento
Ctrl+2 - Aplica o estilo de parágrafo Título 2 Ctrl+End - Vai para o fim do documento
Ctrl+3 - Aplica o estilo de parágrafo Título 3 Ctrl+End+Shift - Vai e seleciona o texto até o fim do
Ctrl+4 - Aplica o estilo de parágrafo Título 4 documento
Ctrl+5 - Aplica o estilo de parágrafo Título 5 Ctrl+PageUp - Alterna o cursor entre o texto e o ca-
Ctrl + tecla mais - Calcula o texto selecionado e copia beçalho
o resultado para a área de transferência. Ctrl+PageDown - Alterna o cursor entre o texto e o
Ctrl+Hífen(-) - Hifens personalizados; hifenização de- rodapé
finida pelo usuário. Insert - Ativa / Desativa modo de inserção
Ctrl+Shift+sinal de menos (-) - Traço incondicional PageUp - Move uma página da tela para cima
(não utilizado na hifenização) Shift+PageUp - Move uma página da tela para cima
Ctrl+sinal de multiplicação * (somente no teclado nu- com seleção
mérico) - Executar campo de macro PageDown - Move uma página da tela para baixo
Ctrl+Shift+Espaço - Espaços incondicionais. Esses Shift+PageDown - Move uma página da tela para bai-
espaços não serão usados para hifenização nem serão xo com seleção
expandidos se o texto estiver justificado. Ctrl+Del - Exclui o texto até o fim da palavra
Shift+Enter - Quebra de linha sem mudança de parágrafo Ctrl+Backspace - Exclui o texto até o início da palavra
Ctrl+Enter - Quebra manual de página Em uma lista: exclui um parágrafo vazio na frente do
Ctrl+Shift+Enter - Quebra de coluna em textos com parágrafo atual
várias colunas Ctrl+Del+Shift - Exclui o texto até o fim da frase
Alt+Enter - Insere um novo parágrafo sem numera- Ctrl+Shift+Backspace - Exclui o texto até o início da
ção numa lista. Não funciona se o cursor estiver no fim frase
da lista. Ctrl+Tab - Próxima sugestão com Completar palavra
Alt+Enter - Insere um novo parágrafo antes ou depois automaticamente
de uma seção ou antes de uma tabela. Ctrl+Shift+Tab - Utiliza a sugestão anterior com Com-
Seta para a esquerda - Move o cursor para a esquerda pletar palavra automaticamente
Shift+Seta para a esquerda - Move o cursor para a Ctrl+Alt+Shift+V - Cola o conteúdo da área de trans-
esquerda com seleção ferência como texto sem formatação.
Ctrl+Seta para a esquerda - Vai para o início da palavra Ctrl + clique duplo ou Ctrl + Shift + F10 - Utilize esta
Ctrl+Shift+Seta para a esquerda - Seleciona à combinação para encaixar ou desencaixar rapidamente
esquerda, uma palavra de cada vez a janela do Navegador, a janela Estilos e Formatação ou
Seta para a direita - Move o cursor para a direita outras janelas
Shift+Seta para a direita - Move o cursor para a direi-
ta com seleção PRODUÇÃO E EDIÇÃO DE PLANILHAS
Ctrl+Seta para a direita - Vá para o início da próxima (MICROSOFT OFFICE 2010 (OU POSTERIORES)
palavra E LIBRE OFFICE 4 (OU POSTERIORES)
Ctrl+Shift+Seta para a direita - Seleciona à direita,
uma palavra de cada vez
Seta para cima - Move o cursor uma linha acima PLANILHA ELETÔNICA MS EXCEL 2016
Shift+Seta para cima - Seleciona linhas de baixo para
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cima Tarefas básicas no Excel2


Ctrl+Seta para cima - Move o cursor para o começo
do parágrafo anterior O Excel é uma ferramenta incrivelmente poderosa
CtrlShift+Seta para cima - Seleciona até o começo do para tornar significativa uma vasta quantidade de dados.
parágrafo. Ao repetir, estende a seleção até o início do Mas ele também funciona muito bem para cálculos sim-
parágrafo anterior ples e para rastrear de quase todos os tipos de informa-
Seta para baixo - Move o cursor uma linha para baixo ções. A chave para desbloquear todo esse potencial é a
Shift+Seta para baixo - Seleciona linhas de cima para
baixo 2 Fonte: https://support.office.com/pt-br/excel

319
grade de células. As células podem conter números, tex- Somar números é uma das coisas que você poderá
to ou fórmulas. Você insere dados nas células e as agru- fazer, mas o Excel também pode executar outras opera-
pa em linhas e colunas. Isso permite que você adicione ções matemáticas. Experimente algumas fórmulas sim-
seus dados, classifique-os e filtre-os, insira-os em tabelas ples para adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir seus
e crie gráficos incríveis. Vejamos as etapas básicas para valores.
você começar. Escolha uma célula e digite um sinal de igual (=).
Isso informa ao Excel que essa célula conterá uma
Criar uma nova pasta de trabalho fórmula.
Os documentos do Excel são chamados de pastas de Digite uma combinação de números e operadores de
trabalho. Cada pasta de trabalho contém folhas que, nor- cálculos, como o sinal de mais (+) para adição, o sinal de
malmente, são chamadas de planilhas. Você pode adicio- menos (-) para subtração, o asterisco (*) para multiplica-
nar quantas planilhas desejar a uma pasta de trabalho ou ção ou a barra (/) para divisão.
Por exemplo, insira =2+4, =4-2, =2*4 ou =4/2.
pode criar novas pastas de trabalho para guardar seus
Pressione Enter.
dados separadamente.
Isso executa o cálculo.
Clique em Arquivo e em Novo.
Você também pode pressionar Ctrl+Enter (se você
Em Novo, que em Pasta de trabalho em branco
deseja que o cursor permaneça na célula ativa).
Aplicar um formato de número
Para distinguir entre os diferentes tipos de números,
adicione um formato, como moeda, porcentagens ou da-
tas.
Selecione as células que contêm números que você
deseja formatar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique na
seta na caixa Geral.

Insira os dados
Clique em uma célula vazia.
Por exemplo, a célula A1 em uma nova planilha. As
células são referenciadas por sua localização na linha e
Selecione um formato de número
na coluna da planilha, portanto, a célula A1 fica na pri-
meira linha da coluna A.

Inserir texto ou números na célula.


Pressione Enter ou Tab para se mover para a célula
seguinte.

Usar a AutoSoma para adicionar seus dados


Ao inserir números em sua planilha, talvez deseje
somá-los. Um modo rápido de fazer isso é usar o Auto-
Soma.
Selecione a célula à direita ou abaixo dos números
que você deseja adicionar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique em
AutoSoma no grupo Edição.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A AutoSoma soma os números e mostra o resultado


na célula selecionada.
Criar uma fórmula simples

320
Caso você não veja o formato de número que está
procurando, clique em Mais Formatos de Número.

Inserir dados em uma tabela


Um modo simples de acessar grande parte dos re-
cursos do Excel é colocar os dados em uma tabela. Isso
permite que você filtre ou classifique rapidamente os da-
dos.
Selecione os dados clicando na primeira célula e ar-
rastar a última célula em seus dados.
Para usar o teclado, mantenha a tecla Shift pressio-
nada ao mesmo tempo em que pressiona as teclas de
direção para selecionar os dados.
Clique no botão Análise Rápida no canto infe-
rior direito da seleção.

Para classificar os dados, clique em Classificar de A a


Z ou Classificar de Z a A.

Clique em Tabelas, mova o cursor para o botão Ta-


bela para visualizar seus dados e, em seguida, clique no
botão Tabela.

Clique na seta no cabeçalho da tabela de uma


coluna.
Para filtrar os dados, desmarque a caixa de seleção
Selecionar tudo e, em seguida, selecione os dados que
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em OK.
você deseja mostrar na tabela.
Mostrar totais para os números
As ferramentas de Análise Rápida permitem que você
totalize os números rapidamente. Se for uma soma, mé-
dia ou contagem que você deseja, o Excel mostra os re-
sultados do cálculo logo abaixo ou ao lado dos números.
Selecione as células que contêm os números que
você somar ou contar.

321
Clique no botão Análise Rápida no canto infe-
rior direito da seleção.
Clique em Totais, mova o cursos entre os botões para
ver os resultados dos cálculos dos dados e clique no bo-
tão para aplicar os totais.

OBSERVAÇÃO: O Excel mostra diferentes gráficos nesta ga-


leria, dependendo do que for recomendado para seus dados.

Salvar seu trabalho


Clique no botão Salvar na Barra de Ferramentas de
Acesso Rápido ou pressione Ctrl+S.
Adicionar significado aos seus dados
A formatação condicional ou minigráficos podem
destacar os dados mais importantes ou mostrar tendên-
cias de dados. Use a ferramenta Análise Rápida para um
Visualização Dinâmica para experimentar.
Selecione os dados que você deseja examinar mais Se você salvou seu trabalho antes, está pronto.
detalhadamente. Se esta for a primeira vez que você salva este arquivo:
Em Salvar Como, escolha onde salvar sua pasta de
Clique no botão Análise Rápida no canto inferior
trabalho e navegue até uma pasta.
direito da seleção.
Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a
Explore as opções nas guias Formatação e Minigráfi-
pasta de trabalho.
cos para ver como elas afetam os dados.
Clique em Salvar.

Imprimir o seu trabalho


Clique em Arquivo e, em seguida, clique em Imprimir
ou pressione Ctrl+P.
Visualize as páginas clicando nas setas Próxima Pági-
na e Página Anterior.

Por exemplo, selecione uma escala de cores na galeria


Formatação para diferenciar as temperaturas alta, média A janela de visualização exibe as páginas em preto e
e baixa. branco ou colorida, dependendo das configurações de
sua impressora.
Se você não gostar de como suas páginas serão im-
pressas, você poderá mudar as margens da página ou
adicionar quebras de página.
Clique em Imprimir.

FUNÇÕES PARA EDIÇÃO, BUSCAS, FORMATAÇÃO,


IMPRESSÃO E MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS
Quando gostar da opção, clique nela.
Localizar ou substituir texto e números em uma
Mostrar os dados em um gráfico
planilha do Excel 2016 para Windows
A ferramenta Análise Rápida recomenda o gráfico
correto para seus dados e fornece uma apresentação vi-
Localize e substitua textos e números usando curin-
sual com apenas alguns cliques.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

gas ou outros caracteres. Você pode pesquisar planilhas,


Selecione as células contendo os dados que você
linhas, colunas ou pastas de trabalho.
quer mostrar em um gráfico.
Em uma planilha, clique em qualquer célula.
Clique no botão Análise Rápida no canto inferior Na guia Página Inicial, no grupo Edição, clique em Lo-
direito da seleção. calizar e Selecionar.
Clique na guia Gráficos, mova entre os gráficos re-
comendados para ver qual tem a melhor aparência para
seus dados e clique no que desejar.

322
DICA: Quando você clicar em Localizar Tudo, todas
as ocorrências do critério que você estiver pesquisando
serão listadas, e você poderá ir para uma célula clicando
nela na lista. Você pode classificar os resultados de uma
pesquisa Localizar Tudo clicando em um título de coluna.
Para substituir texto ou números, digite os caracte-
res de substituição na caixa Substituir por (ou deixe essa
Siga um destes procedimentos: caixa em branco para substituir os caracteres por nada) e
Para localizar texto ou números, clique em Localizar. clique em Localizar ou Localizar Tudo.
Para localizar e substituir texto ou números, clique em OBSERVAÇÃO: Se a caixa Substituir por não estiver
Substituir. disponível, clique na guia Substituir.
Na caixa Localizar, digite o texto ou os números que Se necessário, você poderá cancelar uma pesquisa em
você deseja procurar ou clique na seta da caixa Localizar andamento pressionando ESC.
e, em seguida, clique em uma pesquisa recente na lista. Para substituir a ocorrência realçada ou todas as ocor-
Você pode usar caracteres curinga, como um aste- rências dos caracteres encontrados, clique em Substituir
risco (*) ou ponto de interrogação (?), nos critérios da ou Substituir tudo.
pesquisa: DICA: O Microsoft Excel salva as opções de formata-
Use o asterisco para localizar qualquer cadeia de ca- ção que você define. Se você pesquisar dados na plani-
racteres. Por exemplo, s*r localizará “ser” e “senhor”. lha novamente e não conseguir encontrar caracteres que
Use o ponto de interrogação para localizar um único você sabe que estão lá, poderá ser necessário limpar as
caractere. Por exemplo, s?m localizará “sim” e “som”. opções de formatação da pesquisa anterior. Na caixa de
diálogo Localizar e Substituir, clique na guia Localizar e
DICA: Você pode localizar asteriscos, pontos de inter- depois em Opções para exibir as opções de formatação.
rogação e caracteres de til (~) nos dados da planilha pre- Clique na seta ao lado de Formato e clique em Limpar
cedendo-os com um til na caixa Localizar. Por exemplo, ‘Localizar formato’.
para localizar dados que contenham “?”, use ~? como
critério de pesquisa. Alterar a largura da coluna e a altura da linha
Clique em Opções para definir ainda mais a pesquisa
e siga um destes procedimentos: Em uma planilha, você pode especificar uma largu-
Para procurar dados em uma planilha ou em uma ra de coluna de 0 (zero) a 255. Esse valor representa o
pasta de trabalho inteira, na caixa Em, clique em Planilha número de caracteres que podem ser exibidos em uma
ou Pasta de Trabalho. célula formatada com a fonte padrãoTE000127106. A lar-
Para pesquisar dados em linhas ou colunas, na caixa gura de coluna padrão é 8,43 caracteres. Se a largura da
Pesquisar, clique em Por Linhas ou Por Colunas. coluna for definida como 0 (zero), a coluna ficará oculta.
Para procurar dados com detalhes específicos, na caixa Você pode especificar uma altura de linha de 0 (zero)
Examinar, clique em Fórmulas, Valores ou Comentários. a 409. Esse valor representa a medida da altura em pon-
tos (1 ponto é igual a aproximadamente 1/72 pol. ou
OBSERVAÇÃO: As opções Fórmulas, Valores e Comen- 0,035 cm). A altura de linha padrão é 12,75 pontos (apro-
tários só estão disponíveis na guia Localizar, e somente ximadamente 1/6 pol. ou 0,4 cm). Se a altura da linha for
Fórmulas está disponível na guia Substituir. definida como 0 (zero), a linha ficará oculta.
Para procurar dados que diferenciam maiúsculas de Se estiver trabalhando no modo de exibição de La-
minúsculas, marque a caixa de seleção Diferenciar maiús- yout da Página (guia Exibir, grupo Modos de Exibição da
culas de minúsculas. Pasta de Trabalho, botão Layout da Página), você poderá
Para procurar células que contenham apenas os ca- especificar uma largura de coluna ou altura de linha em
racteres que você digitou na caixa Localizar, marque a polegadas. Nesse modo de exibição, a unidade de me-
caixa de seleção Coincidir conteúdo da célula inteira. dida padrão é polegada, mas você poderá alterá-la para
Se você deseja procurar texto ou números que tam- centímetros ou milímetros (Na guia Arquivo, clique em
bém tenham uma formatação específica, clique em For- Opções, clique na categoria Avançado e, em Exibir, sele-
mato e faça as suas seleções na caixa de diálogo Localizar cione uma opção na lista Unidades da Régua).
Formato.
DICA: Se você deseja localizar células que correspon- Definir uma coluna com uma largura específica
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dam a uma formato específico, exclua qualquer critério Selecione as colunas a serem alteradas.
da caixa Localizar e selecione a célula que contenha a Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em
formatação que você deseja localizar. Clique na seta ao Formatar.
lado de Formato, clique em Escolher formato da célula e,
em seguida, clique na célula que possui a formatação a
ser pesquisada.
Siga um destes procedimentos:
Para localizar texto ou números, clique em Localizar
Tudo ou Localizar Próxima.

323
Em Tamanho da Célula, clique em Largura da Coluna.
Na caixa Largura da coluna, digite o valor desejado.
Clique em OK.
DICA: Para definir rapidamente a largura de uma úni-
ca coluna, clique com o botão direito do mouse na co- Clique com o botão direito do mouse na coluna de
luna selecionada, clique em Largura da Coluna, digite o destino, aponte paraColar Especial e clique no botão
valor desejado e clique em OK. Manter Largura da Coluna Original
Alterar a largura da coluna para ajustá-la automatica-
mente ao conteúdo (AutoAjuste) Alterar a largura padrão de todas as colunas em uma
Selecione as colunas a serem alteradas. planilha ou pasta de trabalho
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em O valor da largura de coluna padrão indica o número
Formatar. médio de caracteres da fonte padrão que cabe em uma
célula. É possível especificar outro valor de largura de co-
luna padrão para uma planilha ou pasta de trabalho.
Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de coluna padrão de uma plani-
lha, clique na guia da planilha.
Para alterar a largura de coluna padrão da pasta de
trabalho inteira, clique com o botão direito do mouse em
Em Tamanho da Célula, clique em Ajustar Largura da uma guia de planilha e, em seguida, clique em Selecionar
Coluna Automaticamente. Todas as Planilhas no menu de atalhoTE000127572.

OBSERVAÇÃO: Para ajustar automaticamente de for-


ma rápida todas as colunas da planilha, clique no bo-
tão Selecionar Tudo e, em seguida, clique duas vezes em
qualquer limite entre dois títulos de coluna.

Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em


Formatar.

Em Tamanho da Célula, clique em Largura Padrão.


Na caixa Largura padrão da coluna, digite uma nova
Fazer com que a largura da coluna corresponda à de medida e clique em OK.
outra coluna DICA: Para definir a largura de coluna padrão de to-
Selecione uma célula da coluna com a largura desejada. das as novas pastas de trabalho ou planilhas, você pode-
Pressione Ctrl+C ou, na guia Página Inicial, no grupo rá criar um modelo de pasta de trabalho ou de planilha
Área de Transferência, clique em Copiar. e utilizá-lo como base para as novas pastas de trabalho
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ou planilhas.

Alterar a largura das colunas com o mouse


Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de uma coluna, arraste o limite
do lado direito do título da coluna até que ela fique do
tamanho desejado.

324
Para alterar a largura de várias colunas, selecione as
colunas desejadas e arraste um limite à direita do título
de coluna selecionado.
Para alterar a largura das colunas a fim de ajustá-la ao
conteúdo, selecione as colunas desejadas e clique duas
vezes no limite à direita do título de coluna selecionado. Alterar a altura das linhas com o mouse
Para alterar a largura de todas as colunas da plani- Siga um destes procedimentos:
lha, clique no botãoSelecionar Tudo e arraste o limite de Para alterar a altura de uma linha, arraste o limite
qualquer título de coluna. abaixo do título da linha até que ela fique com a altura
desejada.

Para alterar a altura de várias linhas, selecione as li-


nhas desejadas e arraste o limite abaixo de um dos títulos
de linha selecionados.
Para alterar a altura de todas as linhas da planilha,
Definir uma linha com uma altura específica clique no botão Selecionar Tudo e arraste o limite abaixo
Selecione as linhas a serem alteradas. de qualquer título de linha.
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em
Formatar.

Em Tamanho da Célula, clique em Altura da Linha.


Na caixa Altura da linha, digite o valor que você dese-
ja e, em seguida, clique em OK.
Alterar a altura da linha para ajustá-la ao conteúdo Para alterar a altura da linha a fim de ajustá-la ao con-
Selecione as linhas a serem alteradas. teúdo, clique duas vezes no limite abaixo do título da
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em linha.
Formatar.
MANIPULAÇÃO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E GRÁ-
FICOS E IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE DADOS

Formatar números como moeda no Excel 2016


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para exibir números como valores monetários, forma-


te-os como moeda. Para fazer isso, aplique o formato de
número Moeda ou Contábil às células que deseja forma-
Em Tamanho da Célula, clique em AutoAjuste da Al- tar. As opções de formatação de número estão disponí-
tura da Linha. veis na guia Página Inicial, no grupo Número.
DICA: Para ajustar automaticamente de forma rápida
todas as linhas da planilha, clique no botão Selecionar
Tudo e, em seguida, clique duas vezes no limite abaixo
de um dos títulos de linha.

325
Na caixa Números negativos selecione o estilo de exi-
bição que você deseja usar para números negativos.
Se não quiser usar as opções existentes para exibir
números negativos, você pode criar seu próprio formato
de número.
OBSERVAÇÃO: A caixa Números negativos não está
disponível para o formato de número Contábil. O motivo
Formatar números como moeda disso é que constitui prática contábil padrão mostrar nú-
Você pode exibir um número com o símbolo de meros negativos entre parênteses.
moeda padrão selecionando a célula ou o intervalo de Para fechar a caixa de diálogo Formatar Células, cli-
que em OK.
células e clicando em Formato de Número de Contabili-
Se o Excel exibir ##### em uma célula depois que
zação no grupo Número da guia Página Inicial. (Se você aplicar formatação de moeda em seus dados, isso
desejar aplicar o formato Moeda, selecione as células e significará que talvez a célula não seja suficientemente
pressione Ctrl+Shift+$.) larga para exibir os dados. Para expandir a largura da co-
Alterar outros aspectos de formatação luna, clique duas vezes no limite direito da coluna que
Selecione as células que você deseja formatar. contém as células com o erro #####. Esse procedimento
Na guia Página Inicial, clique no Iniciador de Caixa de redimensiona automaticamente a coluna para se ajustar
Diálogo ao lado deNúmero. ao número. Você também pode arrastar o limite direito
até que as colunas fiquem com o tamanho desejado.

DICA: Você também pode pressionar Ctrl+1 para abrir Remover formatação de moeda
a caixa de diálogoFormatar Células. Selecione as células que têm formatação de moeda.
Na guia Página Inicial, no grupo Número, clique na
Na caixa de diálogo Formatar Células, na lista Catego- caixa de listagem Geral.
ria, clique em Moedaou Contábil.
As células formatadas com o formato Geral não têm
um formato de número específico.

Operadores e Funções

A função é um método utilizado para tornar mais fá-


cil e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cál-
culos mais complexos e vários valores. Existem funções
para os cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos.
Por exemplo, na função: =SOMA (A1:A10) seria o mesmo
que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que
com a função o processo passa a ser mais fácil. Ainda
conforme o exemplo pode-se observar que é necessário
sempre iniciar um cálculo com sinal de igual (=) e usa-se
nos cálculos a referência de células (A1) e não somente
valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma
função depende do tipo de função a ser utilizada. Os ar-
gumentos podem ser números, textos, valores lógicos,
Na caixa Símbolo, clique no símbolo de moeda de- referências, etc...
sejado.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OBSERVAÇÃO: Se desejar exibir um valor monetário


Operadores
sem um símbolo de moeda, clique em Nenhum.
Na caixa Casas decimais, insira o número de casas de-
cimais desejadas para o número. Operadores são símbolos matemáticos que permitem
Por exemplo, para exibir R$138.691 em vez de colocar fazer cálculos e comparações entre as células. Os opera-
R$ 138.690,63 na célula, insira 0 na caixa Casas decimais. dores são:
Conforme você faz alterações, preste atenção ao número
na caixa Amostra. Ela mostra como a alteração das casas
decimais afetará a exibição de um número.

326
Dados
Multiplica o valor na cé-
‘=A2*A3 =A2*A3
lula A1 pelo valor em A2
Eleva o valor na célula A1
‘=A2^A3 ao valor exponencial es- =A2^A3
pecificado em A2
Fórmula Descrição Resultado
‘=5+2 Adiciona 5 e 2 =5+2
‘=5-2 Subtrai 2 de 5 =5-2
‘=5/2 Divide 5 por 2 =5/2
Criar uma fórmula simples ‘=5*2 Multiplica 5 vezes 2 =5*2
Eleva 5 à segunda potên-
Você pode criar uma fórmula simples para adicionar, ‘=5^2 =5^2
cia
subtrair, multiplicar ou dividir valores na planilha. As fór-
mulas simples sempre começam com um sinal de igual Usar referências de célula em uma fórmula
(=), seguido de constantes que são valores numéricos e
operadores de cálculo como os sinais de mais (+), menos Ao criar uma fórmula simples ou uma fórmula que usa
(-), asterisco (*) ou barra (/). uma função, você pode fazer referência aos dados das
Por exemplo, quando você inserir a fórmula =5+2*3, células de uma planilha incluindo referências de célula
o Excel multiplicará os últimos dois números e adicionará nos argumentos da fórmula. Por exemplo, quando você
o primeiro número ao resultado. Seguindo a ordem pa- insere ou seleciona a referência de célula A2, a fórmula
drão das operações matemáticas, a multiplicação e exe- usa o valor dessa célula para calcular o resultado. Você
cutada antes da adição. também pode fazer referência a um intervalo de células.
Na planilha, clique na célula em que você deseja in- Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
serir a fórmula.
Digite o = (sinal de igual) seguido das constantes e Na barra de fórmulas , digite = (sinal de
dos operadores que você deseja usar no cálculo. igual).
Você pode inserir quantas constantes e operadores Faça o seguinte: selecione a célula que contém o valor
forem necessários em uma fórmula, até 8.192 caracteres. desejado ou digite sua referência de célula.
DICA : Em vez de digitar as constantes em sua fórmu-
la, você pode selecionar as células que contêm os valores Você pode fazer referência a uma única célula, a um
que deseja usar e inserir os operadores entre as células intervalo de células, a um local em outra planilha ou a um
da seleção. local em outra pasta de trabalho.
Pressione Enter. Ao selecionar um intervalo de células, você pode ar-
Para adicionar valores rapidamente, você pode usar rastar a borda da seleção da célula para mover a seleção
a AutoSoma em vez de inserir a fórmula manualmente ou arrastar o canto da borda para expandir a seleção.
(guia Página Inicial, grupo Edição ).
Para avançar mais uma etapa, você pode usar as re-
ferências de célula e nomes em vez dos valores reais em
uma fórmula simples.
Exemplos
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co-
le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione
F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as
larguras das colunas para ver todos os dados.
1. A primeira referência de célula é B3, a cor é azul
e o intervalo de células tem uma borda azul com
Dados cantos quadrados.
2 2. A segunda referência de célula é C3, a cor é verde
5 e o intervalo de célula tem uma borda verde com
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fórmula Descrição Resultado cantos quadrados.


Adiciona os valores nas
‘=A2+A3 =A2+A3 OBSERVAÇÃO : Se não houver um canto quadrado
células A1 e A2
em uma borda codificada por cor, significa que a refe-
Subtrai o valor na célula
‘=A2-A3 =A2-A3 rência está relacionada a um intervalo nomeado.
A2 do valor em A1
Pressione Enter.
Divide o valor na célula
‘=A2/A3 =A2/A3 DICA : Você também pode inserir uma referência a
A1 pelo valor em A2
um intervalo ou célula nomeada.

327
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co-
le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione
F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as
larguras das colunas para ver todos os dados. Use o co-
mando Definir Nome (guia Formulas, grupo Nomes De-
finidos) para definir “Ativos” (B2:B4) e “Passivos” (C2:C4).

Departamento Ativos Passivos


TI 274000 71000
Administrador 67000 18000
RH 44000 3000
Fórmula Descrição Resultado
Retorna o to-
tal de ativos Se você estiver familiarizado com as categorias de
dos três de- função, também poderá selecionar uma categoria.
partamentos Se você não tiver certeza de qual função usar, poderá
no nome defi- digitar uma pergunta que descreva o que deseja fazer, na
‘=SOMA(Ativos) nido “Ativos”, =SOMA(Ativos) caixa Procure por uma função (por exemplo, “adicionar
que é defi- números” retorna a função SOMA).
nido como o Na caixa Selecione uma função, selecione a função
intervalo de que deseja utilizar e clique em OK.
células B2:B4. Nas caixas de argumento que forem exibidas para a
(385000) função selecionada, insira os valores, as cadeias de carac-
Subtrai a teres de texto ou referências de célula desejadas.
soma do Em vez de digitar as referências de célula, você tam-
nome defini- bém pode selecionar as células que deseja referenciar.
‘=SOMA(Ativos)- do “Passivos” =SOMA(Ativos)
Clique em para expandir novamente a caixa de diá-
-SOMA(Passivos) da soma do -SOMA(Passivos)
logo.
nome defini-
Depois de concluir os argumentos para a fórmula, cli-
do “Ativos”.
que em OK.
(293000)

Criar uma fórmula usando uma função DICA : Se você usar funções frequentemente, poderá
inserir suas fórmulas diretamente na planilha. Depois de
Você pode criar uma fórmula para calcular valores na digitar o sinal de igual (=) e o nome da função, poderá
planilha usando uma função. Por exemplo, as fórmulas obter informações sobre a sintaxe da fórmula e os argu-
=SOMA(A1:A2) e SOMA(A1,A2) usam ambas a função mentos da função pressionando F1.
SOMA para adicionar os valores nas células A1 e A2. As Exemplos
fórmulas sempre começam com um sinal de igual (=) Copie a tabela para a célula A1 em uma planilha em
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula. branco no Excel para trabalhar com esses exemplos de
Para iniciar a fórmula com a função, clique em Inserir fórmulas que usam funções.
Função .
O Excel insere o sinal de igual (=) para você. Dados
Na caixa Ou selecione uma categoria, selecione Tudo. 5 4
2 6
3 8
7 1
Fórmula Descrição Resultado
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adiciona todos
‘=SOMA(A:A) os números na =SOMA(A:A)
coluna A
Calcula a mé-
dia de todos
‘=MÉDIA(A1:B4) =MÉDIA(A1:B4)
os números no
intervalo A1:B4

328
Função Soma cial ou fórmula na faixa de opções, pressione AutoSoma
> soma. O Assistente de AutoSoma automaticamente
A função soma , uma das funções matemáticas e tri- detecta o intervalo para ser somados e criar a fórmula
gonométricas, adiciona os valores. Você pode adicionar para você. Ele também pode trabalhar horizontalmente
valores individuais, referências de células ou intervalos se você selecionar uma célula para a esquerda ou à direi-
ou uma mistura de todos os três. ta do intervalo a serem somados.
Este vídeo faz parte de um curso de treinamento cha-
mado Adicionar números no Excel 2013.
Sintaxe: SOMA(número1,[número2],...)
Por exemplo:
=SUM(A2:A10)
= SUM(A2:A10, C2:C10)

Nome do
Descrição
argumento
O primeiro número que você
deseja somar. O número pode
número1
ser como “4”, uma referência de
(Obrigatório)
célula, como B6, ou um intervalo
de células, como B2:B8.
Este é o segundo número que
número2-255 você deseja adicionar. Você pode
(Opcional) especificar até 255 números des-
sa forma.

Soma rápida com a barra de Status


Se você quiser obter rapidamente a soma de um in- Use o Assistente de AutoSoma para rapidamente os
tervalo de células, tudo o que você precisa fazer é sele- intervalos contíguos de soma
cionar o intervalo e procure no lado inferior direito da A caixa de diálogo de AutoSoma também permite
janela do Excel. que você selecione outras funções comuns, como:
Média
Contar números
Máx
Min
Mais funções
Exemplo 2 – AutoSoma verticalmente

Barra de Status
Esta é a barra de Status e exibe as informações sobre
tudo o que você selecionou, se você tiver uma única célu-
la ou várias células. Se você com o botão direito na barra
de Status de uma caixa de diálogo do recurso será pop-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

-out exibindo todas as opções que você pode selecionar.


Observe que ele também exibe valores para o intervalo AutoSoma verticalmente
selecionado se você tiver esses atributos marcados. O Assistente de AutoSoma detectou automatica-
mente células B2: B5 como o intervalo a serem soma-
Usando o Assistente de AutoSoma dos. Tudo o que você precisa fazer é pressione Enter para
A maneira mais fácil de adicionar uma fórmula de confirmá-la. Se você precisar adicionar/excluir mais célu-
soma à sua planilha é usar o Assistente de AutoSoma. las, você pode manter a tecla Shift > tecla de direção da
Selecione uma célula vazia diretamente acima ou abaixo sua escolha até que corresponde à sua seleção desejado
do intervalo que você quer somar e nas guias página ini- e pressione Enter quando terminar.

329
Guia de função Intellisense: a soma (Número1, C3 é azul e C5: C6 é vermelho. Excel fará isso para to-
[núm2]) flutuantes marca abaixo a função é o guia de In- das as funções, a menos que o intervalo referenciado
tellisense. Se você clicar no nome de função ou soma, ele esteja em uma planilha diferente ou em outra pasta de
se transformará em um hiperlink azul, que o levará para trabalho. Para acessibilidade aprimorada com tecnologia
o tópico de ajuda para essa função. Se você clicar nos assistencial, você pode usar intervalos nomeados, como
elementos de função individual, as peças representantes “Semana1”, “Semana2”, etc. e, em seguida, fazer referên-
cia a eles, sua fórmula:
na fórmula serão realçadas. Nesse caso somente B2: B5
=SUM(Week1,Week2)
seria realçadas como há apenas uma referência numérica
nesta fórmula. A marca de Intellisense será exibido para Práticas Recomendadas
qualquer função. Esta seção aborda algumas práticas recomendadas
Exemplo 3 – AutoSoma horizontalmente para trabalhar com as funções soma. Grande parte desse
pode ser aplicada a trabalhar com outras funções tam-
bém.
♣ a = 1 + 2 ou = A + B Method – enquanto você pode
inserir = 1 + 2 + 3 ou = A1 + B1 + C2 e obter resultados
totalmente precisos, esses métodos estão sujeitos a erros
por vários motivos:
Erros de digitação – Imagine tentando inserir valores
mais e/ou muito maiores assim:
= 14598.93 + 65437.90 + 78496.23

Em seguida, tente validar se suas entradas estão cor-


retas. É muito mais fácil colocar esses valores em células
individuais e usar uma fórmula de soma. Além disso, você
AutoSoma horizontalmente pode formatar os valores quando eles estão nas células,
Exemplo 4 – somar células não-contíguas tornando-as muito mais legível e quando ela estiverem
em uma fórmula.

Somar células não-contíguas


O Assistente de AutoSoma geralmente só funcionará #VALUE! erros de referência de texto em vez de nú-
para intervalos contíguos, portanto se você tiver linhas meros.
ou colunas vazias no seu intervalo de soma, Excel vai pa- Se você usar um fórmula como:
rada o primeiro espaço. Nesse caso você precisaria soma = A1 + B1 + C1 ou = A1 + A2 + A3
por seleção, onde você pode adicionar os intervalos indi-
viduais, um por vez. Neste exemplo se você tivesse dados
na célula B4, o Excel seria gerar =SUM(C2:C6) desde que
ele reconheça um intervalo contíguo.
Você pode selecionar rapidamente vários intervalos
não-contíguas com Ctrl + LeftClick. Primeiro, insira “=
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

soma (“, selecione seu diferentes intervalos e Excel adi-


cionará automaticamente o separador de vírgula entre
intervalos para você. Pressione enter quando terminar.
Dica: você pode usar ALT + = para adicionar rapida-
mente a função soma para uma célula. Tudo o que você Evite usar o = 1 + 2 ou = métodos A + B
precisa fazer é selecionar o intervalo (s). Sua fórmula pode quebrar se houver quaisquer valo-
Observação: você pode perceber como o Excel tem res não numéricos (texto) nas células referenciadas, que
realçado os intervalos de função diferente por cor, e eles retornarão um #VALUE! erro. SOMA ignorará valores de
correspondem dentro da própria fórmula, portanto C2: texto e lhe dar a soma dos valores numéricos.

330
SOMA com referências de célula individuais versus
intervalos

Usando uma fórmula como:


=SUM(A1,A2,A3,B1,B2,B3)
É igualmente erro sujeitos ao inserir ou excluir linhas
dentro do intervalo referenciada pelas mesmas razões. É
muito melhor usar intervalos individuais, como:
SOMA ignora valores de texto =SUM(A1:A3,B1:B3)
#REF! Erro de excluir linhas ou colunas Qual será atualizada ao adicionar ou excluir linhas.
Usando operadores matemáticos com soma
Digamos que você deseja aplicar uma porcentagem de
desconto para um intervalo de células que você já somados.

Se você excluir uma linha ou coluna, a fórmula não


serão atualizados para excluir a linha excluída e retornará
um #REF! erro, onde uma função soma atualizará auto-
maticamente.

Fórmulas não atualizar referências ao inserir linhas ou


colunas

= SUM(A2:A14) *-25%
Resultará em 25% do intervalo somado, entretanto,
que rígido códigos a 25% da fórmula, e pode ser difícil
encontrar mais tarde se precisar alterá-lo. É muito melhor
colocar os 25% em uma célula e referenciando que em
vez disso, onde ele está check-out em Abrir e facilmente
= Style A + B fórmulas não os atualizará ao adicionar alterados, assim:
linhas ou colunas = SUM(A2:A14) * E2
Se você inserir uma linha ou coluna, a fórmula não Dividir em vez de multiplicar você simplesmente
será atualizada para incluir a linha adicionada, onde uma substitua a “*” com “/”: = SUM(A2:A14)/E2
função soma atualizará automaticamente (contanto que Adicionando ou retirando de uma soma
você não estiver fora do intervalo referenciado na fórmu- i. você pode facilmente adicionar ou subtrair de uma
la). Isso é especialmente importante se você esperar sua soma usando + ou - assim:
fórmula para atualizar e não, como ele deixará incomple- = SUM(A1:A10) + E2
= SUM(A1:A10)-E2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tos resultados que você não pode capturar.


SOMA 3D
Às vezes você precisa somar uma determinada cé-
lula em várias planilhas. Pode ser tentador clique em
cada planilha e a célula desejada e use apenas «+»
para adicionar a célula valores, mas que é entediante e
pode ser propensa, muito mais assim que apenas ten-
tando construir uma fórmula que faz referência apenas
uma única folha.

331
i = Planilha1! A1 + Plan2! A1 + Planilha3! A1 Função SE
Você pode fazer isso muito mais fácil com um 3D ou
soma 3 dimensionais: A função SE é uma das funções mais populares do
Excel e permite que você faça comparações lógicas entre
um valor e aquilo que você espera. Em sua forma mais
simples, a função SE diz:
SE(Algo for Verdadeiro, faça tal coisa, caso contrário,
faça outra coisa)
Portanto, uma instrução SE pode ter dois resultados.
O primeiro resultado é se a comparação for Verdadeira, o
segundo se a comparação for Falsa.

Exemplos de SE simples
= SUM(Sheet1:Sheet3! A1)
Qual somará a célula A1 em todas as planilhas da pla-
nilha 1 para a planilha 3.
Isso é especialmente útil em situações em que você
tem uma única folha para cada mês (janeiro a dezembro)
e você precisa total-las em uma planilha de resumo.

=SE(C2=”Sim”;1,2)
No exemplo acima, a célula D2 diz: SE(C2 = Sim, a
fórmula retorna um 1 ou um 2)

= SUM(January:December! A2)
Qual somará célula A2 em cada planilha de janeiro a
dezembro.

Observação: se suas planilhas tem espaços em seus


nomes, como “Janeiro vendas”, então você precisa usar
um apóstrofo ao fazer referência os nomes de planilha
em uma fórmula:
= SUM(‘January Sales:December Sales’! A2)
SOMA com outras funções
Absolutamente, você pode usar soma com outras =SE(C2=1;”Sim”;”Não”)
funções. Aqui está um exemplo que cria um cálculo da Neste exemplo, a fórmula na célula D2 diz: SE(C2 =
média mensal: 1, a fórmula retorna Sim e, caso contrário, retorna Não)
Como você pode ver, a função SE pode ser usada para
avaliar texto e valores. Ela também pode ser usada para
avaliar erros. Você não está limitado a verificar apenas se
um valor é igual a outro e retornar um único resultado;
você também pode usar operadores matemáticos e exe-
cutar cálculos adicionais dependendo de seus critérios.
Também é possível aninhar várias funções SE juntas para
realizar várias comparações.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OBSERVAÇÃO : Se você for usar texto em fórmulas,


=SUM(A2:L2)/COUNTA(A2:L2)
será preciso quebrar o texto entre aspas (por exemplo,
Que usa a soma de A2:L2 dividido pela contagem de
“Texto”). A única exceção é usar VERDADEIRO ou FALSO
células não vazias em A2:L2 (maio a dezembro estão em
que o Excel reconhece automaticamente.
branco).
Introdução
A melhor maneira de começar a escrever uma instru-
ção SE é pensar sobre o que você está tentando realizar.
Que comparação você está tentando fazer? Muitas vezes,

332
escrever uma instrução SE pode ser tão simples quanto =SE(E7=”Sim”;F5*0,0825;0)
pensar na lógica em sua cabeça: “o que aconteceria se Neste exemplo, a fórmula em F7 está dizendo SE(E7 =
essa condição fosse atendida vs. o que aconteceria se “Sim”, calcule o Valor Total em F5 * 8,25%, caso contrário,
não fosse?” Você sempre deve se certificar de que suas nenhum Imposto sobre Vendas é cobrado, retorne 0)
etapas sigam uma progressão lógica; caso contrário, sua Práticas Recomendadas - Constantes
fórmula não executará aquilo que você acha que ela de- No último exemplo, você vê dois “Sim” e a Taxa de
veria executar. Isso é especialmente importante quando Imposto sobre Vendas (0,0825) inseridos diretamente na
você cria instruções SE complexas (aninhadas). fórmula. Geralmente, não é recomendável colocar cons-
Mais exemplos de SE tantes literais (valores que talvez precisem ser alterados
ocasionalmente) diretamente nas fórmulas, pois elas po-
dem ser difíceis de localizar e alterar no futuro. É muito
melhor colocar constantes em suas próprias células, onde
elas ficam fora das constantes abertas e podem ser facil-
mente encontradas e alteradas. Nesse caso, tudo bem,
pois há apenas uma função SE e a Taxa de Imposto sobre
Vendas raramente será alterada. Mesmo se isso acontecer,
será fácil alterá-la na fórmula.
Usar SE para verificar se uma célula está em branco
Às vezes, é preciso verificar se uma célula está em
=SE(C2>B2;”Acima do orçamento”;”Dentro do orça- branco, geralmente porque você pode não querer uma
mento”) fórmula exiba um resultado sem entrada.
No exemplo acima, a função SE em D2 está dizendo
SE(C2 é maior que B2, retorne “Acima do orçamento”,
caso contrário, retorne “Dentro do orçamento”)

Nesse caso, usamos SE com a função ÉCÉL.VAZIA:


= SE(C2>B2,C2-B2,0) =SE(ÉCÉL.VAZIA(D2),”Em branco”,”Não está em branco”)
Na ilustração acima, em vez de retornar um resultado Que diz SE(D2 está em branco, retorne “Em branco”,
de texto, vamos retornar um cálculo matemático. A fór- caso contrário, retorne “Não está em branco”). Você tam-
mula em E2 está dizendo SE(Valor real for maior que o bém poderia facilmente usar sua própria fórmula para
Valor orçado, subtraia o Valor orçado do Valor real, caso a condição “Não está em branco”. No próximo exemplo
contrário, não retorne nada). usamos “” em vez de ÉCÉL.VAZIA. “” basicamente signi-
fica “nada”.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

=SE(D3=””,”Em branco”,”Não está em branco”)


Essa fórmula diz SE(D3 é nada, retorne “Em branco”,
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Veja um
exemplo de um método muito comum de usar “” para
impedir que uma fórmula calcule se uma célula depen-
dente está em branco:

333
=SE(D3=””;””;SuaFórmula()) Função SOMASE
SE(D3 é nada, retorne nada, caso contrário, calcule
sua fórmula). Você pode usar a função SOMASE para somar os va-
Exemplo de SE aninhada lores em uma intervalo que atendem aos critérios que
você especificar. Por exemplo, suponha que, em uma
coluna que contém números, você quer somar apenas
os valores que são maiores do que 5. Você pode usar a
seguinte fórmula: = SOMASE (B2:B25,”> 5”).

Sintaxe
SOMASE(intervalo, critérios, [intervalo_soma])
A sintaxe da função SOMASE tem os seguintes
Em casos onde uma simples função SE tem apenas argumentos:
dois resultados (Verdadeiro ou Falso), as funções se ani- intervalo Necessário. O intervalo de células a ser ava-
nhadas SE podem ter de 3 a 64 resultados. liada por critérios. Células em cada intervalo devem ser nú-
=SE(D2=1;”SIM”;SE(D2=2;”Não”;”Talvez”)) meros ou nomes, matrizes ou referências que contenham
Na ilustração acima, a fórmula em E2 diz: SE(D2 é números. Valores em branco e texto são ignorados. O inter-
igual a 1, retorne “Sim”, caso contrário, SE(D2 é igual a 2, valo selecionado pode conter datas no formato padrão do
retorne “Não”, caso contrário, retorne “Talvez”). Excel (exemplos abaixo).
critérios Obrigatório. Os critérios na forma de um
CONT.SE número, expressão, referência de célula, texto ou função
que define quais células serão adicionadas. Por exemplo,
Use CONT.SE, uma das funções estatísticas, para os critérios podem ser expressos como 32, “>32”, B5,
contar o número de células que atendem a um critério; “32”, “maçãs” ou HOJE().
por exemplo, para contar o número de vezes que uma IMPORTANTE : Qualquer critério de texto ou qualquer
cidade específica aparece em uma lista de clientes. critério que inclua símbolos lógicos ou matemáticos deve
estar entre aspas duplas (“). Se os critérios forem numéri-
Sintaxe cos, as aspas duplas não serão necessárias.
CONT.SE(intervalo, critério) intervalo_soma Opcional. As células reais a serem
Por exemplo: adicionadas, se você quiser adicionar células diferentes
=CONT.SE(A2:A5;”maçãs”) das especificadas no argumento intervalo. Se o argu-
=CONT.SE(A2:A5,A4) mento intervalo_soma for omitido, o Excel adicionará as
células especificadas no argumento intervalo (as mesmas
Nome do argumento Descrição células às quais os critérios são aplicados).
Você pode usar os caracteres curinga – o ponto de in-
O grupo de células que
terrogação (?) e o asterisco (*) – como o argumento cri-
você deseja contar. Inter-
térios. O ponto de interrogação corresponde a qualquer
valo pode conter números,
caractere único; o asterisco corresponde a qualquer se-
intervalo matrizes, um intervalo no-
(obrigatório) meado ou referências que quência de caracteres. Para localizar um ponto de interro-
contenham números. Valo- gação ou asterisco real, digite um til (~) antes do caractere.
res em branco e texto são
ignorados. Comentários
A função SOMASE retorna valores incorretos quando
Um número, expressão, re-
ferência de célula ou cadeia você a utiliza para corresponder cadeias de caracteres
de texto que determina com mais de 255 caracteres ou para a cadeia de caracte-
quais células serão conta- res #VALOR!.
das. O argumento intervalo_soma não precisa ter o mes-
Por exemplo, você pode mo tamanho e forma que o argumento intervalo. As
usar um número como 32, células reais adicionadas são determinadas pelo uso da
critérios (obrigatório) célula na extremidade superior esquerda do argumen-
uma comparação, como “>
32”, uma célula como B4 ou tointervalo_soma como a célula inicial e, em seguida,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

uma palavra como “maçãs”. pela inclusão das células correspondentes em termos de
CONT.SE usa apenas um tamanho e forma no argumento intervalo. Por exemplo:
único critério. Use CONT.
SES se você quiser usar vá- e interva- Então, as células
rios critérios. Se o intervalo for
lo_soma for reais serão
A1:A5 B1:B5 B1:B5
A1:A5 B1:B3 B1:B5
A1:B4 C1:D4 C1:D4

334
e interva- Então, as células MÍNIMO (Função MÍNIMO)
Se o intervalo for
lo_soma for reais serão
A1:B4 C1:C2 C1:D4 Descrição
Retorna o menor número na lista de argumentos.
Porém, quando os argumentos intervalo e intervalo_ Sintaxe
soma na função SOMASE não contêm o mesmo número MÍNIMO(número1, [número2], ...)
de células, o recálculo da planilha pode levar mais tempo A sintaxe da função MÍNIMO tem os seguintes argu-
do que o esperado. mentos:
Núm1, núm2,... Núm1 é obrigatório, números sub-
MÁXIMO (Função MÁXIMO) sequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor
MÍNIMO você deseja saber.
Descrição Comentários
Retorna o valor máximo de um conjunto de valores. Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes
Sintaxe ou referências que contenham números.
MÁXIMO(número1, [número2], ...) Os valores lógicos e representações em forma de tex-
A sintaxe da função MÁXIMO tem os seguintes to de números digitados diretamente na lista de argu-
argumentos: mentos são contados.
Núm1, núm2,... Núm1 é obrigatório, números sub- Se um argumento for uma matriz ou referência, ape-
sequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor nas os números daquela matriz ou referência poderão
máximo você deseja saber. ser usados. Células vazias, valores lógicos ou valores de
Comentários erro na matriz ou referência serão ignorados.
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes Se os argumentos não contiverem números, MÍNIMO
ou referências que contenham números. retornará 0.
Os valores lógicos e representações em forma de tex-
Os argumentos que são valores de erro ou texto que
to de números digitados diretamente na lista de argu-
não podem ser traduzidos em números causam erros.
mentos são contados.
Se você deseja incluir valores lógicos e representa-
Se um argumento for uma matriz ou referência, ape-
ções de texto dos números em uma referência como par-
nas os números nesta matriz ou referência serão usados.
Células vazias, valores lógicos ou texto na matriz ou refe- te do cálculo, utilize a função MÍNIMOA.
rência serão ignorados. Exemplo
Se os argumentos não contiverem números, MÁXIMO Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co-
retornará 0. le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
Os argumentos que são valores de erro ou texto que fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione
não podem ser traduzidos em números causam erros. F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as
Se você deseja incluir valores lógicos e representa- larguras das colunas para ver todos os dados.
ções de texto dos números em uma referência como par-
te do cálculo, utilize a função MÁXIMOA. Dados
Exemplo 10
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co-
7
le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione 9
F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as 27
larguras das colunas para ver todos os dados. 2
Fórmula Descrição Resultado
Dados O menor dos nú-
10 =MÍNIMO(A2:A6) meros no intervalo 2
7 A2:A6.
9 O menor dos nú-
=MIN(A2:A6;0) meros no intervalo 0
27
A2:A6 e 0.
2
Fórmula Descrição Resultado Média
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Maior valor no
=MÁXIMO(A2:A6) 27
intervalo A2:A6. Calcula a média aritmética de uma seleção de valores.
Maior valor no Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna
=MÁXIMO(A2:A6; 30) intervalo A2:A6 30 de idade na linha de valores máximos E17 e monte a se-
e o valor 30. guinte função =MEDIA(E4:E13). Com essa função esta-
mos buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é
valor máximo encontrado.

335
Mesclar células

A mesclagem combina duas ou mais células para criar


uma nova célula maior. Essa é uma excelente maneira de
criar um rótulo que se estende por várias colunas. Por
exemplo, aqui, as células A1, B1 e C1 foram mescladas
para criar o rótulo “Vendas Mensais” e descrever as infor-
mações nas linhas de 2 a 7.
Na guia Gráficos Recomendados, percorra a lista de ti-
pos de gráficos recomendados pelo Excel para seus dados.
Clique em qualquer tipo de gráfico para ver como os
seus dados aparecem naquele formato.

Selecione duas ou mais células adjacentes que você


deseja mesclar.
IMPORTANTE : Verifique se os dados que você deseja
agrupar na célula mesclada estão contidos na célula su-
perior esquerda. Os dados nas outras células mescladas
serão excluídos. Para preservar os dados das outras cé- DICA : Se não vir um tipo de gráfico que agrade você,
lulas, copie-os em outra parte da planilha antes de fazer clique na guia Todos os Gráficos para ver todos os tipos
a mesclagem. de gráfico disponíveis.
Clique em Início > Mesclar e Centralizar. Quando você encontrar o tipo de gráfico desejado,
clique nele e clique emOK.
Use os botões Elementos do Gráfico, Estilos de Gráfi-
co e Filtros de Gráficopróximos ao canto superior direi-
to do gráfico para adicionar elementos de gráfico como
títulos de eixo ou rótulos de dados, para personalizar a
aparência do seu gráfico ou alterar os dados exibidos no
gráfico.

Se o botão Mesclar e Centralizar estiver esmaecido,


verifique se você não está editando uma célula e se as
células que você quer mesclar não estão dentro de uma
tabela.

DICA : Para mesclar células sem centralizar, clique na


seta ao lado de Mesclar e Centralizar e clique em Mesclar
Através ou Mesclar Células.
Se você mudar de ideia, é possível dividir as células
que foram mescladas.

Criar um gráfico no Excel 2016 para Windows


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Use o comando Gráficos Recomendados na guia In- DICAS :


serir para criar rapidamente um gráfico ideal para seus Use as opções nas guias Design e Formatar para per-
dados. sonalizar a aparência do gráfico.
Selecione os dados que você deseja incluir no seu
gráfico.
Clique em Inserir > Gráficos Recomendados.

336
Se você não vir essas guias, adicione as Ferramentas de gráfico à faixa de opções clicando em qualquer lugar no
gráfico.

Criar uma Tabela Dinâmica no Excel 2016 para analisar dados da planilha

A capacidade de analisar todos os dados da planilha pode ajudar você a tomar decisões de negócios melhores.
Porém, às vezes é difícil saber por onde começar, especialmente quando há muitos dados. O Excel pode ajudar, reco-
mendando e, em seguida, criando automaticamente Tabelas Dinâmicas que são um excelente recurso para resumir,
analisar, explorar e apresentar dados. Por exemplo, veja uma lista simples de despesas:

Aqui estão os mesmos dados resumidos em uma Tabela Dinâmica:

Criar uma Tabela Dinâmica Recomendada


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se você tiver experiência limitada com Tabelas Dinâmicas ou não souber como começar, uma Tabela Dinâmica Re-
comendada é uma boa opção. Quando você usa este recurso, o Excel determina um layout significativo, combinando
os dados com as áreas mais adequadas da Tabela Dinâmica. Isso oferece um ponto inicial para experimentos adicionais.
Depois que uma Tabela Dinâmica básica é criada, você pode explorar orientações diferentes e reorganizar os campos
para obter os resultados desejados.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Tabela Dinâmica.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica Recomendada.

337
O Excel cria uma Tabela Dinâmica em uma nova planilha e exibe a Lista de Campos da Tabela Dinâmica.
Siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque a caixa de seleção para o campo. Por
padrão, campos não numéricos são adicionados à áreaLinha, as hierarquias de
Adicionar um campo
data e hora são adicionadas à área Coluna e os campos numéricos são adicio-
nados à área Valores.
Remover um campo Na área NOME DO CAMPO, desmarque a caixa de seleção para o campo.
Arraste o campo de uma área da Lista de Campos da Tabela Dinâmica para
Mover um campo
outra, por exemplo, de Colunas para Linhas.
Atualizar a Tabela Dinâ-
Na guia Analisar Tabela Dinâmica, clique em Atualizar.
mica

Criar uma Tabela Dinâmica manualmente


Se você sabe como organizar seus dados, pode criar uma Tabela Dinâmica manualmente.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Tabela Dinâmica.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica.

Na planilha, os seus dados devem estar envolvidos por uma linha tracejada. Se não estiverem, clique e arraste para
selecionar os dados. Quando você fizer isso, a caixa Tabela/Intervalo será preenchida automaticamente com o intervalo
de células selecionado.
Em Escolher onde deseja que o relatório de tabela dinâmica seja colocado, escolha Nova planilha para colocar a
Tabela Dinâmica em uma nova guia de planilha. Se preferir, clique em Planilha existente e clique na planilha para es-
pecificar o local.
DICA : Para analisar várias tabelas em uma Tabela Dinâmica, marque a caixaAdicionar estes dados ao Modelo de
Dados.
Clique em OK.

Na Lista de Campos da Tabela Dinâmica, siga um destes procedimentos:


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque a caixa de seleção para o campo. Por padrão,
Adicionar um campo campos não numéricos são adicionados à áreaLinha, as hierarquias de data e hora
são adicionadas à área Colunae os campos numéricos são adicionados à área Valores.
Remover um campo Na área NOME DO CAMPO, desmarque a caixa de seleção para o campo.
Arraste o campo de uma área da Lista de Campos da Tabela Dinâmica para outra, por
Mover um campo
exemplo, de Colunas para Linhas.

338
Para Faça isto
Clique na seta ao lado do campo em Valores > Definições do Campo de Valor e, na
caixa Definições do Campo de Valor, altere o cálculo.

Alterar o cálculo usado em


um campo de valor

Atualizar a Tabela Dinâmica Na guia Analisar Tabela Dinâmica, clique em Atualizar.

USO DE SENHAS PARA PROTEÇÃO, FORMATOS PARA GRAVAÇÃO E INTEGRAÇÃO COM OUTROS APLICA-
TIVOS NO AMBIENTE WINDOWS

Proteger com senha uma pasta de trabalho

O Excel oferece várias maneiras de proteger uma pasta de trabalho. Você pode solicitar uma senha para abri-la, uma
senha para alterar dados e uma senha para alterar a estrutura do arquivo (adicionar, excluir ou ocultar planilhas). Você
pode também definir uma senha no modo de exibição Backstage para criptografar a pasta de trabalho.
Lembre-se, no entanto, de que esse tipo de proteção nem sempre criptografa os seus dados. Isso só é possível com
a senha criptografada criada no modo de exibição Backstage. Os usuários podem ainda usar ferramentas de terceiros
para ler dados não criptografados.
Vamos começar solicitando senhas para abrir um arquivo e alterar dados.
Clique em Arquivo > Salvar como.
Clique em um local, como Computador ou a página da Web Meu Site.
Clique em uma pasta, como Documentos ou uma das pastas no seu OneDrive, ou clique em Procurar.
Na caixa de diálogo Salvar como, vá até a pasta que você quer usar, abra a lista Ferramentas e clique em Opções
Gerais.
Insira a sua senha e clique em OK. Insira a mesma senha para confirmar e clique novamente em OK.
OBSERVAÇÃO: Para remover uma senha, siga as etapas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha
em branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de senha usado no Excel. NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode digitar uma das duas senhas aqui, uma para abrir o arquivo, outra para mudar o arquivo.

339
Consulte as anotações abaixo para mais informações.
Para proteger a estrutura da sua pasta de trabalho, faça isto:
Clique em Revisar > Proteger Pasta de Trabalho.
Clique em Estrutura.
Consulte as anotações abaixo para saber mais sobre essa opção e a opçãoWindows.
Digite uma senha na caixa Senha.
Clique em OK e redigite a senha para confirmá-la.
OBSERVAÇÕES :
Se você digitar a mesma senha para abrir e alterar a pasta de trabalho, os usuários somente precisarão digitar a
senha uma vez.
Se você solicitar somente uma senha para alterar a pasta de trabalho, os usuários podem abrir uma cópia somente
leitura do arquivo, salvá-la com outro nome e alterar seus dados.
Selecionar a opção Estrutura previne outros usuários de visualizar planilhas ocultas, adicionar, mover, excluir ou
ocultar planilhas e renomear planilhas.
Você pode ignorar a opção Windows. Ela está desabilitada nessa versão do Excel.
Sempre é possível saber quando a estrutura da pasta de trabalho está protegida. O botão Proteger Pasta de Traba-
lho acende.

Criptografar a pasta de trabalho com uma senha


No modo de exibição Backstage, você pode definir uma senha para a pasta de trabalho que fornece criptografia.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Pasta de Trabalho >Criptografar com Senha.
Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e clique em OK.
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e clique em OK.
OBSERVAÇÃO : Para remover uma senha, siga as etapas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha
em branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de senha usado no Excel.
Por que minha senha desaparece quando salvo no formato do Excel 97-2003?
Você deseja enviar a sua pasta de trabalho protegida por senha para outras pessoas, mas eles ainda estão usando
o Excel 2003, que salva no formato de arquivo Excel 97-2003 (*.xls). Você escolhe “Salvar como” usando o formato 97-
2003, mas então você descobre que a senha definida na pasta de trabalho desapareceu.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Isso acontece porque a sua versão do Excel usa um novo esquema para salvar senhas, e o formato de arquivo an-
terior não o reconhece. Como resultado, a senha é descartada ao salvar seu arquivo para o formato do Excel 97-2003.
Defina a senha no arquivo *.xls para proteger a pasta de trabalho novamente.

Proteger uma planilha com ou sem uma senha no Excel 2016

Para ajudar a proteger seus dados de alterações não intencionais ou intencionais, proteja sua planilha, com ou sem
senha. Ela impede que outras pessoas removam a proteção da planilha: a senha deve ser inserida para desproteger a
planilha.

340
Por padrão, quando você protege uma planilha, o
excel bloqueia todas as células nessa planilha. Antes de
proteger a planilha, desbloqueie quaisquer células que
desejar alterar antes de seguir essas etapas.
Clique na guia Revisão e clique em Proteger Planilha.
Verifique se a caixa de seleção Proteger a planilha e o
conteúdo de células bloqueadas está marcada.
Para usar uma senha, digite-a na caixa Senha para Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de
desproteger a planilha. Preenchimento .
Outros usuários podem remover a proteção se você
não usar uma senha.
IMPORTANTE : Anote sua senha e armazene-a em lo-
cal seguro. Nós sinceramente não podemos ajudar você
a recuperar senhas perdidas.
Se você digitou uma senha na etapa 3, redigite-a para
confirmá-la.

Em Cores do Tema ou Cores Padrão, selecione a cor


desejada.

Marque ou desmarque as caixas de seleção em Per-


mitir que todos os usuários desta planilha possam e cli-
que em OK.

OBSERVAÇÕES :
Para remover a proteção da planilha, clique em Revi- Para utilizar uma cor personalizada, clique em Mais
são, clique emDesproteger Planilha e digite a senha, se Cores, e em seguida, na caixa de diálogo Cores, selecione
necessário. a cor desejada.
Se uma macro não pode executar na planilha protegi- DICA : Para aplicar a cor selecionada mais recente-
da, você verá uma mensagem e a macro será interrompida mente, clique em Cor de Preenchimento . Você tam-
bém encontrará até 10 cores personalizadas seleciona-
Adicionar ou alterar a cor do plano de fundo das das mais recentemente em Cores recentes.
células Aplicar um padrão ou efeitos de preenchimento.
Quando você deseja algo mais do que apenas um
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

É possível realçar dados em células utilizando Cor de preenchimento de cor sólida, experimente aplicar um
preenchimento para adicionar ou alterar a cor do plano padrão ou efeitos de preenchimento.
de fundo ou padrão das células. Veja como: Selecione a célula ou intervalo de células que deseja
Selecione as células que deseja realçar. formatar.
DICAS : Para utilizar uma cor de fundo diferente para Clique em Página Inicial > iniciador da caixa de diálo-
a planilha inteira, clique no botão Selecionar Tudo. Isso go Formatar Células ou pressione Ctrl + Shift + F.
irá ocultar as linhas de grade, mas é possível melhorar
a legibilidade da planilha exibindo bordas ao redor de
todas as células.

341
lhas e gráficos grandes ou complexos que resultaram na
ativação automática do modo de rascunho — não será
possível imprimir as células em cores. Veja aqui como re-
solver isso:
Clique em Layout da Página > iniciador da caixa de
diálogo Configurar Página.

Na guia Preenchimento, em Cor de Fundo, selecione


a cor desejada.

Na guia Folha, em Imprimir, desmarque as caixas de


seleção Preto e branco e Qualidade de rascunho.
OBSERVAÇÃO : Se você não visualizar cores em sua
planilha, talvez esteja trabalho no modo de alto contras-
te. Se não visualizar cores ao visualizar antes de imprimir,
talvez nenhuma impressora colorida esteja selecionada.

Principais atalhos

CTRL+Menos (-) — Exibe a caixa de diálogo Excluir


para excluir as células selecionadas.
CTRL+; — Insere a data atual.
CTRL+` — Alterna entre a exibição dos valores da cé-
lula e a exibição de fórmulas na planilha.
CTRL+’ — Copia uma fórmula da célula que está aci-
ma da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+1 — Exibe a caixa de diálogo Formatar Células.
Para utilizar um padrão com duas cores, selecione CTRL+2 — Aplica ou remove formatação em negrito.
uma cor na caixa Cor do Padrão e, em seguida, selecione CTRL+3 — Aplica ou remove formatação em itálico.
um padrão na caixa Estilo do Padrão. CTRL+4 — Aplica ou remove sublinhado.
Para utilizar um padrão com efeitos especiais, clique CTRL+5 — Aplica ou remove tachado.
em Efeitos de Preenchimento, e, em seguida, selecione as CTRL+6 — Alterna entre ocultar objetos, exibir obje-
opções desejadas. tos e exibir espaços reservados para objetos.
CTRL+8 — Exibe ou oculta os símbolos de estrutura
DICA : Na caixa Amostra, é possível visualizar o plano de tópicos.
de fundo, o padrão e os efeitos de preenchimento sele- CTRL+9 — Oculta as linhas selecionadas.
cionados. CTRL+0 — Oculta as colunas selecionadas.
CTRL+A — Seleciona a planilha inteira. Se a planilha
Remover cores de célula, padrões, ou efeitos de contiver dados, este comando seleciona a região atual.
preenchimento Pressionar CTRL+A novamente seleciona a região atual
e suas linhas de resumo. Pressionar CTRL+A novamente
Para remover quaisquer cores de fundo, padrões ou seleciona a planilha inteira.
efeitos de preenchimento das células, basta selecioná- CTRL+SHIFT+A — Insere os nomes e os parênteses
-las. Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de do argumento quando o ponto de inserção está à direita
Preenchimento, e então selecione Sem Preenchimento. de um nome de função em uma fórmula.
CTRL+N — Aplica ou remove formatação em negrito.
CTRL+C — Copia as células selecionadas.
CTRL+C (seguido por outro CTRL+C) — exibe a Área
de Transferência.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CTRL+D — Usa o comando Preencher Abaixo para


copiar o conteúdo e o formato da célula mais acima de
um intervalo selecionado nas células abaixo.
CTRL+F — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Subs-
Imprimir cores de célula, padrões ou efeitos de preen- tituir com a guia Localizar selecionada.
chimento em cores SHIFT+F5 — Também exibe essa guia, enquanto
Se as opções de impressão estiverem definidas como SHIFT+F4 repete a última ação de Localizar.
Preto e branco ouQualidade de rascunho — seja propo- CTRL+SHIFT+F — Abre a caixa de diálogo Formatar
sitalmente ou porque a pasta de trabalho contém plani- Células com a guia Fonte selecionada.

342
CTRL+G — Exibe a caixa de diálogo Ir para. (F5 também exibe essa caixa de diálogo.)
CTRL+H — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substituir com a guia Substituir selecionada.
CTRL+I — Aplica ou remove formatação em itálico.
CTRL+K — Exibe a caixa de diálogo Inserir Hiperlink para novos hiperlinks ou a caixa de diálogo Editar Hiperlink para
os hiperlinks existentes que estão selecionados.
CTRL+N — Cria uma nova pasta de trabalho em branco
CTRL+O — Exibe a caixa de diálogo Abrir para abrir ou localizar um arquivo.
CTRL+SHIFT+O — Seleciona todas as células que contêm comentários.
CTRL+P — Exibe a caixa de diálogo Imprimir.
CTRL+SHIFT+P — Abre a caixa de diálogo Formatar Células com a guia Fonte selecionada.
CTRL+R — Usa o comando Preencher à Direita para copiar o conteúdo e o formato da célula mais à esquerda de
um intervalo selecionado nas células à direita.
CTRL+B — Salva o arquivo ativo com seu nome de arquivo, local e formato atual.
CTRL+T — Exibe a caixa de diálogo Criar Tabela.
CTRL+S — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+SHIFT+S — Alterna entre a expansão e a redução da barra de fórmulas.
CTRL+V — Insere o conteúdo da Área de Transferência no ponto de inserção e substitui qualquer seleção. Disponí-
vel somente depois de ter recortado ou copiado um objeto, texto ou conteúdo de célula.
CTRL+ALT+V — Exibe a caixa de diálogo Colar Especial, disponível somente depois que você recortar ou copiar um
objeto, textos ou conteúdo de célula em uma planilha ou em outro programa.
CTRL+W — Fecha a janela da pasta de trabalho selecionada.
CTRL+X — Recorta as células selecionadas.
CTRL+Y — Repete o último comando ou ação, se possível.
CTRL+Z — Usa o comando Desfazer para reverter o último comando ou excluir a última entrada digitada.
CTRL+SHIFT+Z — Usa o comando Desfazer ou Refazer para reverter ou restaurar a correção automática quando
Marcas Inteligentes de AutoCorreção são exibidas.
CTRL+SHIFT+( — Exibe novamente as linhas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+) — Exibe novamente as colunas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+& — Aplica o contorno às células selecionadas.
CTRL+SHIFT+_ — Remove o contorno das células selecionadas.
CTRL+SHIFT+~ — Aplica o formato de número Geral.
CTRL+SHIFT+$ — Aplica o formato Moeda com duas casas decimais (números negativos entre parênteses)
CTRL+SHIFT+% — Aplica o formato Porcentagem sem casas decimais.
CTRL+SHIFT+^ — Aplica o formato de número Exponencial com duas casas decimais.
CTRL+SHIFT+# — Aplica o formato Data com dia, mês e ano.
CTRL+SHIFT+@ — Aplica o formato Hora com a hora e os minutos, AM ou PM.
CTRL+SHIFT+! — Aplica o formato Número com duas casas decimais, separador de milhar e sinal de menos (-) para
valores negativos.
CTRL+SHIFT+* — Seleciona a região atual em torno da célula ativa (a área de dados circunscrita por linhas e colunas
vazias).
CTRL+SHIFT+: — Insere a hora atual.
CTRL+SHIFT+” –Copia o valor da célula que está acima da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+SHIFT+Mais (+) — Exibe a caixa de diálogo Inserir para inserir células em branco.

Fórmulas básicas
As primeiras fórmulas aprendidas na escola são as de adição, subtração, multiplicação e divisão. No Excel não é
diferente.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Para aplicar a fórmula
=SOMA(A1;A2).
de soma você preci-
Dica: Sempre separe a
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sa, apenas, selecionar


indicação das células
as células que estarão
com ponto e vírgula (;).
Adição =SOMA(célulaX;célula Y) envolvidas na adição,
Dessa forma, mesmo as
incluindo a sequência
que estiverem em loca-
no campo superior do
lizações distantes serão
programa junto com o
consideradas na adição
símbolo de igual (=)

343
Segue a mesma lógica
da adição, mas des-
sa vez você usa o sinal
correspondente a conta
Subtração =(célulaX-célulaY) =(A1-A2)
que será feita (-) no lu-
gar do ponto e vírgula
(;), e retira a palavra
“soma” da função
Use o asterisco (*) para
Multiplicação = (célulaX*célulaY) indicar o símbolo de = (A1*A2)
multiplicação
A divisão se dá com a
barra de divisão (/) en-
Divisão =(célulaX/célulaY) =(A1/A2)
tre as células e sem pa-
lavra antes da função

Fórmulas bastante requisitadas


Outros algoritmos que são bastante importantes nas planilhas são aqueles que mostram valores de média, máxima
e mínimo. Mas para usar essas funções, você precisa estabelecer um grupo de células.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Você deve usar a palavra
“media” antes das células
indicadas, que são sempre
Média =MEDIA(célula X:célulaY) separadas por dois pontos =MEDIA(A1:A10)
(:) e representam o grupo
total que você precisa cal-
cular
Segue a mesma lógica, mas
Máxima =MAX(célula X:célulaY) =MAX(A1:A10)
usa a palavra “max”
Dessa vez, use a expressão
Mínima =MIN(célula X:célulaY) =MIN(A1:A10)
“min”

Função Se
Essa função trata das condições de valores solicitados. Para que entenda, se você trabalhar em uma loja que precisa
saber se os produtos ainda estão no estoque ou precisam de mais unidades, essa é uma excelente ferramenta. Veja
por que:

Cálculo Fórmula Exemplo


Função Se =se(célulaX<=0 ; “O que =se(B1<=0 ; “a ser enviado” ; “no estoque”)
precisa saber 1” ; “o que Essa linguagem diz ao Excel que se o conteúdo da célula B1 é menor ou
precisa saber 2”) igual a zero ele deve exibir a mensagem “a ser enviado” na célula que
contem a fórmula. Caso o conteúdo seja maior que zero, a mensagem
que aparecerá é “no estoque”

*Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/informatica/artigos/71948/23-formulas-e-atalhos-que-vao-facilitar-sua
-vida-no-excel#ixzz48neY9XBW

LIBRE OFFICE 4 (OU POSTERIORES)


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

LIBREOFFICE CALC

O LibreOffice Calc é um programa de planilha que você pode usar para organizar e manipular dados que contêm
texto, números, valores de data e tempo, e mais, por exemplo para o orçamento doméstico.
O Calc nos permite:

• Aplicar fórmulas e funções a dados numéricos e efetuar cálculos


• Aplicação de uma muitas formatações, como tipo, tamanho e coloração das fontes, impressão em colunas, ali-
nhamento automático etc ...,

344
• Utilização de figuras, gráficos e símbolos,
• Movimentação e duplicação dos dados e fórmulas dentro das planilhas ou para outras planilhas,
• Armazenamento de textos em arquivos, o que permite usá-los ou modificá-los no futuro.

Fundamentos da planilha
Uma planilha (“sheet”) é uma grande tabela, já preparada para efetuar cálculos, operações matemáticas, projeções,
análise de tendências, gráficos ou qualquer tipo de operação que envolva números.
Cada planilha se compõe de colunas e linhas, cuja intersecção delimita as células:
Colunas: Estão dispostas na posição vertical e são identificadas da esquerda para a direita, começando com A até
Z. Depois de Z, são utilizadas 2 letras: AA até AZ, que são seguidas por BA até BZ, e assim por diante, até a última (IV),
num total de 256 colunas.
Linhas: Estão dispostas na posição horizontal e são numeradas. Portanto, a intersecção entre linhas e colunas gera
milhões de células disponíveis.
Cada planilha possui 1.048.576 linhas e as colunas vão até AMJ.
Valores: Um valor pode representar um dado numérico ou textual entrado pelo usuário ou pode ser resultado de
uma fórmula ou função.
Fórmulas: A fórmula é uma expressão matemática dada ao computador (o usuário tem que montar a fórmula) para
calcular um resultado, é a parte inteligente da planilha; sem as fórmulas a planilha seria um amontoado de textos e
números.
Funções: São fórmulas pré-definidas para pouparem tempo e trabalho na criação de uma equação.
Uma célula é identificada por uma referência que consiste na letra da coluna a célula seguida do número da linha
da célula. Por exemplo, a referência de uma célula na interseção da coluna A e da linha 2 é A2. Além disso, a referência
do intervalo de células nas colunas de A a C e linhas 1 a 5 é A1:C5.
Endereço ou Referência: Cada planilha é formada por linhas numeradas e por colunas ordenadas alfabeticamente,
que se cruzam delimitando as células. Quando se clica sobre uma delas, seleciona-se a célula.
Célula: corresponde à unidade básica da planilha, ou seja, cada retângulo da área de edição.
Célula Ativa: É a célula onde os dados serão digitados, ou seja, onde está o cursor no instante da entrada de dados.
Dá-se o nome Endereço ou Referência ao conjunto das coordenadas que uma célula ocupa em uma planilha. Por
exemplo, a intersecção entre a coluna B e a linha 3 é exclusiva da casela B3, portanto é a sua referência ou endereço.
A figura abaixo mostra a célula B3 ativa (ou atual, ou selecionada), ou seja, o cursor está na intersecção da linha 3
com a coluna B. (Notar que tanto a linha 3 como a coluna B destacam-se em alto relevo).

A célula ativa ou célula atual é a que está clicada, ou seja, é aquela na qual serão digitadas os dados nesse momento.
Apenas uma célula pode ficar ativa de cada vez e a seleção é representada pelas bordas da célula que ficam negri-
tadas.
Para mudar a posição da célula ativa pode-se usar o mouse ou as teclas de seta do teclado.
Observação - Você pode também incluir o nome do arquivo e o nome da folha em uma referência a uma célula ou a
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

um intervalo de células. Pode atribuir um nome a uma célula ou intervalo de células, para usar o nome em vez de uma
referência à coluna/número. Para obter detalhes, pesquise o termo eferências na ajuda on-line.

345
Layout

Barra de título
A barra de título, localizada no alto da tela, mostra o nome da planilha atual. Quando a planilha for recém criada,
seu nome é Sem título X, onde X é um número. Quando a planilha é salva pela primeira vez, você é solicitado a dar um
nome a sua escolha.

Barra de Menus
A Barra de Menus é composta por 9 menus, que são: Arquivo, Editar, Exibir, Inserir, Formatar, Tabela, Ferramentas,
Janela e Ajuda. Onde encontra-se todos os comandos do Calc.
Menu Arquivo: Este menu contém os comandos para Criar uma planilha, salva-la, abrir os documentos já salvos e os
mais recentes e por fim fechar a planilha.
Menu Editar: Responsável pelos comando de copiar, mover e excluir os dados, desfazer e refazer uma ação além de
localizar e substituir dados.
Menu Exibir: Esse menu é utilizado para estruturar a área de trabalho. A partir de suas opções, podem ser exibidas
ou ocultadas as barras do LibreOffice.Calc. Ainda podem ser trabalhadas a aparência e o tamanho da tela de trabalho.
Menu Inserir: É responsável pela inserção de elementos como linhas, colunas, comentários nas células, figuras, grá-
ficos, fórmulas músicas, vídeos entre outros.
Menu Formatar: É responsável pela formatação de fontes e números, alinhamento dados nas células inserção de
bordas nas células e alteração de cores tanto de fonte quanto de plano de fundo.
Menu Ferramentas: Possui comandos para proteger o documento impedindo que alterações sejam feitas, persona-
liza menus e as teclas de atalho, além de possuir recurso Galeria, onde podemos selecionar figuras e sons do próprio
LibreOffice para inserir no documento.
Menu Dados: Seleciona um intervalo e Classifica as linhas selecionadas de acordo com as condições especificas
além de outras funções.
Menu Janela: É utilizado para Abrir uma nova janela, Fecha a janela atual, Dividir a janela atual e listar todas as ja-
nelas do documento.
Menu Ajuda: Abre a página principal da Ajuda de OpenOffice.org.br para o aplicativo atual. Você pode percorrer as
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

páginas da Ajuda e procurar pelos termos do índice ou outro texto.


Você pode personalizar a Barra de menu conforme as suas necessidades, para isso, vá em Ferramentas → Persona-
lizar... e vá na guia Menu.
Barra de ferramentas
Três barras de ferramentas estão localizadas abaixo da Barra de menus, por padrão: A Barra de ferramentas padrão,
a Barra de ferramentas de formatação, e a Barra de fórmulas.
Na Barra de ferramentas padrão estão várias opções tais como, gráficos, impressão, ajuda, salvar, outros.
Na Barra de ferramentas de formatação existem opções para alinhamento, numeração, recuo, cor da fonte e o outros.

346
Barra de fórmulas

Apresentando a barra de fórmulas.


À direita da Caixa de nome estão os botões do Assistente de Funções, de Soma, e de Função.
Clicando no botão do Assistente de Funções abre-se uma caixa de diálogo onde pode-se pesquisar em uma lista de
funções disponíveis em várias categorias como data e hora, matemática, financeira, dados, texto e outras. Isso pode ser
muito útil porque também mostra como as funções são formatadas.
Clicando no botão Soma insere-se uma fórmula na célula selecionada que soma os valores numéricos das células
acima dela. Se não houver números acima da célula selecionada, a soma será feita pelos valores das células à esquerda.
Clicando no botão Função insere-se um sinal de igual (=) na célula selecionada e na Linha de Entrada de dados,
ativando a célula para aceitar fórmulas.
Quando você digita novos dados numa célula, os botões de Soma e de Função mudam para os botões Cancelar e
Aceitar.
O conteúdo da célula selecionada (dados, fórmula, ou função) são exibidos na Linha de Entrada de Dados, que é um
lembrete da Barra de Fórmulas. Você pode editar o seu conteúdo na própria Linha de Entrada de Dados. Para editá-la,
clique na Linha de Entrada de Dados e digite suas alterações. Para editar dentro da célula selecionada, clique duas vezes
nela.

Células individuais
A seção principal da tela exibe as células na forma de uma tabela, onde cada célula fica na interseção de uma coluna
com uma linha. É nela que colocaremos valores, referências e formatos.
No alto de cada coluna, e à esquerda de cada linha, há uma célula cinza, contendo letras (colunas) e números (li-
nhas). Esses são os cabeçalhos das colunas e linhas. As colunas começam em A e seguem para a direita, e as linhas
começam em 1 e seguem para baixo.
Os cabeçalhos das colunas e linhas formam a referência da célula que aparece na Caixa de Nome na Barra de Fór-
mulas. Você pode desligar esses cabeçalhos em Exibir → Cabeçalhos de Linhas e Colunas.
Abas de folhas
Abaixo da tabela com as células estão as abas das folhas. Essas abas permitem que você acesse cada folha da pla-
nilha individualmente, com a folha visível (ativa) estando na cor branca. Você pode escolher cores diferentes para cada
folha.
Clicando em outra aba de folha exibe-se outra folha e sua aba fica branca. Você também pode selecionar várias
folhas de uma só vez, pressionando a tecla Ctrl ao mesmo tempo que clica nas abas.

Barra de estado
Na parte inferior da janela do Calc está a barra de estado, que mostra informações sobre a planilha e maneiras con-
venientes de alterar algumas das suas funcionalidades. A maioria dos campos é semelhante aos outros componentes
do LibreOffice.
Partes esquerda e direita da barra de estado, respectivamente:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

347
Criando uma planilha
Para criar uma nova planilha a partir de qualquer pro-
grama do Libreoffice, escolha Arquivo - Novo – Planilha.
Movendo-se em uma folha
Você pode usar o mouse ou o teclado para mover-se
em uma folha do Calc ou para selecionar itens na folha.
Se selecionou um intervalo de células, o cursor permane-
ce no intervalo ao mover o cursor.

• Para mover-se em uma folha com o mouse

Etapa
Use a barra de rolagem horizontal ou vertical para
mover para os lados ou para cima e para baixo em uma
folha.

• Clique na seta na barra de rolagem horizontal ou


vertical.
• Clique no espaço vazio na barra de rolagem. Digitando ou colando dados
• Arraste a barra na barra de rolagem. A maneira mais simples de adicionar dados a uma
folha é digitar, ou copiar e colar dados de outra folha do
Dica – Para mover o cursor para uma célula específi- Calc ou de outro programa.
ca, clique na célula.
• Para digitar ou colar dados em uma planilha
• Para mover-se em uma folha com o teclado
Etapas
Etapa
Use as seguintes teclas e combinações de teclas para 1. Clique na célula à qual deseja adicionar dados.
mover-se em uma folha: 2. Digite os dados.
Se desejar colar dados da área de transferência na
• Para mover uma célula para baixo em uma coluna, célula, escolha Editar - Colar.
pressione a tecla de seta para baixo ou Enter. 3. Pressione Enter.
• Para mover uma célula para cima em uma coluna, Você pode também pressionar uma tecla de dire-
pressione a tecla de seta para cima. ção para inserir os dados e mover a próxima célula
• Para mover uma célula para a direita, pressione a na direção da seta.
tecla de seta para a direita ou Tab.
• Para mover uma célula para a esquerda, pressione Dica – Para digitar texto em mais de uma linha em
a tecla de seta para a esquerda. uma célula, pressione Ctrl+Return no fim de cada linha e,
quando concluir, pressione Return.
Dica – Para mover para a última célula que contém
dados em uma coluna ou linha, mantenha pressionada a • Para inserir rapidamente datas e números consecutivos
tecla Ctrl enquanto pressiona uma tecla de direção.
O Calc oferece um recurso de preenchimento para
Selecionando células em uma folha você inserir rapidamente uma série sucessiva de dados,
Você pode usar o mouse ou o teclado para selecio- como datas, dias, meses e números. O conteúdo de cada
nar células em uma folha do Calc. célula sucessiva na série é incrementado por um. 1 é in-
crementado para 2, segunda-feira é incrementada para
• Para selecionar um intervalo de células com o terceira-feira, e assim por diante.
mouse, clique em uma célula e arraste o mouse Etapas
para outra célula.
• Para selecionar um intervalo de células com o te- 1. Clique em uma célula e digite o primeiro item da
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

clado, certifique-se de que o cursor esteja em uma série, por exemplo, segunda-feira. Pressione Return.
célula, mantenha pressionada a tecla Shift e pres- 2. Clique na célula novamente para ver a alça de pre-
sione uma tecla de direção. enchimento — a caixa preta pequena no canto di-
reito inferior da célula.
3. Arraste a alça de preenchimento até realçar o in-
tervalo de células no qual deseja inserir a série.
4. Solte o botão do mouse.

348
Os itens consecutivos na série são adicionados automaticamente às células realçadas.

Dica – Para copiar sem alterar os valores em uma série, pressione a tecla Ctrl enquanto arrasta.

Editando e excluindo o conteúdo de células


Você pode editar o conteúdo de uma célula ou intervalo de células em uma folha.

• Para editar o conteúdo de células em uma folha

Etapas

1. Clique em uma célula ou selecione um intervalo de células.


Dica – Para selecionar um intervalo de células, clique em uma célula. Em seguida arraste o mouse até cobrir o
intervalo que deseja selecionar.
Para selecionar uma linha ou coluna inteira, clique no rótulo da linha ou coluna.
2. Para editar o conteúdo de uma única célula, clique duas vezes na célula, faça as alterações necessárias e pressione
Return.
Observação – Pode também clicar na célula, digitar as alterações na caixa de Linha de entrada da barra Fórmula
e clicar no ícone verde da marca de seleção.
No entanto, não pode inserir quebras de linha na caixa de Linha de entrada.
3. Para excluir o conteúdo da célula ou do intervalo de células, pressione a tecla Backspace ou Delete.
a. Na caixa de diálogo Excluir conteúdo, selecione as opções que deseja.
b. Clique em OK.

Formatando planilhas
O Calc permite-lhe formatar a folha manualmente ou ao usar estilos. A diferença principal é que a formatação
manual aplica-se apenas às células selecionadas. A formatação de estilo aplica-se toda vez que o estilo é usado no
documento de planilha.

Usando AutoFormatação
A maneira mais fácil de formatar um intervalo de células é usar o recurso AutoFormatação do Calc.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

349
• Para aplicar formatação automática a um intervalo de células

Etapas

1. Selecione o intervalo de células que deseja formatar.


Selecione ao menos um intervalo de células 3 x 3.
2. Escolha Formatar - AutoFormatar.
Abre-se a caixa de diálogo AutoFormatação.
3. Na lista de formatos, clique no formato que deseja usar e clique em OK.

Formatando células manualmente


Para aplicar formatação simples ao conteúdo de uma célula, como alterar o tamanho do texto, use os ícones na
barra Formatar objeto.

• Para formatar células com a barra Formatar objeto

A barra Formatar objetos permite-lhe aplicar formatos rapidamente a células individuais ou intervalos de células.

Etapas

1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja formatar.


2. Na barra Formatar objeto, clique no ícone que corresponde à formatação que deseja aplicar.

Observação – Pode também selecionar uma opção das caixas Nome da fonte ou Tamanho da fonte.

• Para aplicar formatação manual com a caixa de diálogo Formatar células

Se precisar de mais opções de formatação do que a barra Objeto fornece, use a caixa de diálogo Formatar células.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Etapas

1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja formatar e escolha Formatar - Células.

Abre-se a caixa de diálogo Formatar células.

2. Clique em uma das guias e escolha as opções de formatação.

350
Guia Números Etapas
Altera a formatação de números nas células, como a
alteração do número de casas decimais exibidas 1. Escolha Formatar - Estilos e formatação.
2. Para alterar a formatação de células, clique em
Guia Fonte uma célula ou selecione um intervalo de células.
Altera a fonte, o tamanho da fonte e o tipo de letra a. Clique no ícone Estilos de célula na parte supe-
usado na célula rior da janela Estilos e formatação.
b. Clique duas vezes em um estilo na lista.
3. Para alterar o layout de uma folha, clique em qual-
Guia Efeitos de fonte quer lugar na folha.
Altera a cor da fonte e os efeitos de sublinhado, ta- a. Clique no ícone Estilos de página na parte supe-
chado ou alto-relevo do texto rior da janela Estilos e formatação.
b. Clique duas vezes em um estilo na lista.
Guia Alinhamento
Altera o alinhamento do texto e a orientação do texto Usando fórmulas e funções
no interior das células Você pode inserir fórmulas em uma planilha para efe-
tuar cálculos.
Guia Bordas Se a fórmula contiver referências a células, o resulta-
Altera as opções de bordas das células do será atualizado automaticamente toda vez que você
alterar o conteúdo das células. Você pode também usar
Guia Plano de fundo uma das várias fórmulas ou funções pré-definidas que o
Altera o preenchimento do plano de fundo das cé- Calc oferece para efetuar cálculos.
lulas
Criando fórmulas
Guia Proteção de célula Uma fórmula começa com um sinal de igual (=) e
Protege o conteúdo das células no interior de folhas pode conter valores, referências a células, operadores,
protegidas. funções e constantes.

3. Clique em OK. • Para criar uma fórmula

Formatando células e folhas com estilos Etapas


No Calc, a formatação padrão de células e folhas fa-
z-se com estilos. Um estilo é um conjunto de opções de 1. Clique na célula à qual deseja exibir o resultado da
formatação que define o aspecto do conteúdo da célula, fórmula.
assim como o layout de uma folha. Quando você altera a 2. Digite = e, a seguir, digite a fórmula.
formatação de um estilo, as alterações são aplicadas toda Por exemplo, se desejar adicionar o conteúdo da
vez que o estilo é usado na planilha. célula A1 ao conteúdo da célula A2, digite =A1+A2
em outra célula.
3. Pressione Return.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Para aplicar formatação com a janela Estilos e for-


matação

351
Usando operadores 2. Clique na caixa de Linha de entrada e efetue as al-
Você pode usar os seguintes operadores nas fórmulas: terações.
Para excluir parte da fórmula, pressione a tecla De-
lete ou Backspace.
3. Pressione Return ou clique no ícone na barra Fór-
mula para confirmar as alterações.

Para rejeitar as alterações feitas, pressione Esc ou cli-


que no ícone na barra Fórmula.

Usando funções
O Calc é fornecido com várias fórmulas e fun-
ções predefinidas. Por exemplo, em vez de digitar
=A2+A3+A4+A5, você pode digitar =SUM(A2:A5) .

Exemplo de Fórmulas do Calc

=A1+15
Exibe o resultado de adicionar 15 ao conteúdo da cé-
lulas A1
=A1*20%
Exibe 20 por cento do conteúdo da célula A1
=A1*A2
Exibe o resultado da multiplicação do conteúdo das
células A1 e A2
Usando parênteses

O Calc segue a ordem de operações ao calcular uma


• Para usar uma função
fórmula. Multiplicação e divisão são feitas antes de adi-
ção e subtração, independentemente de onde esses ope-
Etapas
radores aparecem na fórmula. Por exemplo, para a fór-
mula =2+5+5*2, o Calc retorna o valor de 17 e não de 24.
1. Clique na célula à qual deseja adicionar uma função.
2. Escolha Inserir – Função.
Editando uma fórmula
Abre-se a caixa de diálogo Assistente de função.
Uma célula que contém uma fórmula exibe apenas
3. Na caixa Categoria, selecione a categoria que con-
o resultado da fórmula. A fórmula é exibida na caixa de
tém o tipo de função que você deseja usar.
Linha de entrada.
4. Na lista Funções, clique na função que deseja usar.
5. Clique em Próximo.
• Para editar uma fórmula
6. Insira os valores necessários ou clique nas células
que contêm os valores que você deseja.
Etapas
7. Clique em OK.
1. Clique em uma célula que contém uma fór-
mula.
Usando gráficos
Gráficos podem ajudar a visualizar padrões e tendên-
A fórmula é exibida na caixa de Linha de entrada da
cias nos dados numéricos.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

barra Fórmula.
O LibreOffice fornece vários estilos de gráfico que
você pode usar para representar os números.
Observação – Gráficos não se restringem a planilhas.
Você pode também inserir um gráfico ao escolher Inserir
- Objeto - Gráfico nos outros programas do LibreOffice.
* Você também pode editar uma célula pressionado
F2 ou dando um clique duplo na célula

352
O Calc exibe uma linha pontilhada do novo tamanho
do gráfico enquanto você arrasta.

• Para mover o gráfico, mova o ponteiro do mouse


para dentro do gráfico, pressione o botão do mou-
se e arraste o mouse para um novo lugar.
• Para excluir o gráfico, pressione a tecla Delete.

• Para alterar a aparência de um gráfico

Você pode usar os ícones na barra de ferramentas


Padrão do gráfico para alterar a aparência do gráfico.
• Para criar um gráfico
Etapas
Etapas
1. Clique duas vezes em um gráfico para exibir a bar-
1. Selecione as células, inclusive os títulos, que con- ra de ferramentas Padrão do gráfico.
têm dados para o gráfico.
2. Escolha Inserir – Gráfico. A barra de ferramentas aparece ao lado da barra pa-
Abre-se a caixa de diálogo Assistente de Graficos. drão do Calc ou Writer.
O intervalo de célula selecionado é exibido na cai-
xa Intervalo.
Observação – Se desejar especificar um intervalo
de célula diferente para os dados, clique no botão 2. Use os ícones na barra de ferramentas para alterar
Encolher ao lado da caixa de texto Intervalo e se-
as propriedades do gráfico.
lecione as células. Clique no botão Encolher nova-
3. Para modificar outras opções do gráfico você pode
mente quando concluir.
dar um clique duplo sobre o respectivo elemento ou
3. Clique em Próximo.
acessar as opções através do menu Inserir e Formatar.
4. Na caixa Escolher tipo de gráfico, clique no tipo de
gráfico que deseja criar.
Navegando dentro das planilhas
5. Clique em Próximo.
6. Na caixa Escolher variante, clique na variante que
O Calc oferece várias maneiras para navegar dentro
deseja usar.
7. Clique em Próximo. de uma planilha de uma célula para outra, e de uma folha
8. Na caixa Título do gráfico, digite o nome do gráfico. para outra. Você pode utilizar a maneira que preferir.
9. Clique em Concluir. Indo para uma célula específica
Utilizando o mouse: posicione o ponteiro do mouse
sobre a célula e clique.
Utilizando uma referência de célula: clique no peque-
no triângulo preto invertido na Caixa de nome. A refe-
rência da célula selecionada ficará destacada. Digite a
referência da célula que desejar e pressione a tecla Enter.
Ou, clique na Caixa de nome, pressione a tecla backspace
para apagar a referência da célula selecionada. Digite a
referência de célula que desejar e pressione Enter.
Utilizando o Navegador: para abrir o Navegador, cli-
que nesse ícone na Barra de ferramentas padrão, ou
pressione a tecla F5, ou clique em Exibir → Navegador na
Barra de menu, ou clique duas vezes no Número Sequen-
Editando gráficos cial das Folhas na Barra de estado. Digite a referência da
Depois de criar um gráfico, poderá voltar e alterar, célula nos dois campos na parte superior, identificados
mover, redimensionar ou excluir o gráfico. como Coluna e Linha, e pressione Enter.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode embutir o Navegador em qualquer lado


• Para redimensionar, mover ou excluir um gráfico da janela principal do Calc, ou deixá-lo flutuando. (Para
embutir ou fazer flutuar o navegador, pressione e segure
Etapa a tecla Ctrl e clique duas vezes em uma área vazia perto
Clique no gráfico e siga um destes procedimentos: dos ícones dentro da caixa de diálogo do Navegador.)
• Para redimensionar o gráfico, mova o ponteiro do
mouse sobre uma das alças, pressione o botão do
mouse e arraste o mouse.

353
Para localizar e substituir escolha o menu Editar→Lo-
calizar e substituir ou pressione Ctrl + H; Você pode so-
mente localizar, ou localizar e substituir;

Apresentando o navegador.

O Navegador exibe listas de todos os objetos em um


documento, agrupados em categorias. Se um indicador (si-
nal de mais (+) ou seta) aparece próximo a uma categoria,
pelo menos um objeto daquele tipo existe. Para abrir uma
categoria e visualizar a lista de itens, clique no indicador.
Para esconder a lista de categorias e exibir apenas os
Trabalhando com colunas e linhas
ícones, clique no ícone de Conteúdo. Clique neste
ícone de novo para exibir a lista.
Inserindo colunas e linhas
Movendo-se de uma célula para outra
Você pode inserir colunas e linhas individualmente
Em uma planilha, normalmente, uma célula possui
ou em grupos.
uma borda preta. Essa borda preta indica onde o foco
Coluna ou linha única
está. Se um grupo de células estiver selecionado, elas são
Utilizando o menu Inserir:
destacadas com a cor azul, enquanto a célula que possui
Selecione a célula, coluna ou linha onde você quer
o foco terá uma borda preta.
inserir a nova coluna ou linha.
Utilizando o mouse: para mover o foco utilizando o
Clique em Inserir → Colunas ou Inserir → Linhas.
mouse, simplesmente coloque o ponteiro dele sobre a
Utilizando o mouse:
célula que deseja e clique com o botão esquerdo. Isso
Selecione a célula, coluna ou linha onde você quer
muda o foco para a nova célula. Esse método é mais útil
inserir a nova coluna ou linha.
quando duas células estão distantes uma da outra.
Clique com o botão direito do mouse no cabeçalho
Utilizando as teclas de Tabulação e Enter
da coluna ou da linha.
Pressionando Enter ou Shift+Enter move-se o foco
Clique em Inserir Linhas ou Inserir Colunas.
para baixo ou para cima, respectivamente.
Múltiplas colunas ou linhas
Pressionando Tab ou Shift+Tab move-se o foco para a
Você pode inserir várias colunas ou linhas de uma só
esquerda ou para a direita, respectivamente.
vez, ao invés de inseri-las uma por uma.
Utilizando as teclas de seta
Selecione o número de colunas ou de linhas pressio-
Pressionando as teclas de seta do teclado move-se o
nando e segurando o botão esquerdo do mouse na pri-
foco na direção das teclas.
meira e arraste o número necessário de identificadores.
Utilizando as teclas Home, End, Page Up e Page Down
Proceda da mesma forma, como fosse inserir uma
A tecla Home move o foco para o início de uma linha.
única linha ou coluna, descrito acima.
A tecla End move o foco para a ultima célula à direita
que contenha dados.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A tecla Page Down move uma tela completa para bai-


xo e a tecla Page Up move uma tela completa para cima.
Combinações da tecla Ctrl e da tecla Alt com as te-
clas Home, End, Page Down, Page Up, e as teclas de seta
movem o foco da célula selecionada de outras maneiras.

Localização e substituição de dados


Este recurso é muito útil quando há a necessidade de
serem localizados e substituídos dados em planilhas.

354
inserir mais de uma planilha, para renomeá-las de uma
só vez, ou para inserir a folha em outro lugar da sequên-
cia. O primeiro passo para esses métodos é selecionar a
folha, próxima da qual, a nova folha será inserida. Depois,
utilize as seguintes opções.
Clique em Inserir → Planilha na Barra de menu.
Clique com o botão direito do mouse e escolha a
opção Inserir Planilha no menu de contexto.
Clique em um espaço vazio no final da fila de abas
de folhas.

Inserindo 3 linhas abaixo da linha 1.

Apagando colunas e linhas


Colunas e linhas podem ser apagadas individual-
mente ou em grupos.
Coluna ou linha única Criando uma nova planilha.
Veja na imagem a seguir, a caixa de diálogo Inse-
Uma única coluna ou linha pode ser apagada utili-
rir Planilha. Nela você pode escolher se as novas folhas
zando-se o mouse:
serão inseridas antes ou depois da folha selecionada, e
Selecione a coluna ou linha a ser apagada.
quantas folhas quer inserir. Se você for inserir apenas
Clique com o botão direito do mouse no identifica- uma folha, existe a opção de dar-lhe um nome.
dor da coluna ou linha.
Selecione Excluir Colunas ou Excluir Linhas no menu
de contexto.

Múltiplas colunas e linhas


Você pode apagar várias colunas ou linhas de uma
vez ao invés de apagá-las uma por uma.
Selecione as colunas que deseja apagar, pressionan-
do o botão esquerdo do mouse na primeira e arraste o
número necessário de identificadores.
Proceda como fosse apagar uma única coluna ou li-
nha acima.

Apagando folhas
As folhas podem ser apagadas individualmente ou
em grupos.
Folha única: clique com o botão direito na aba da fo-
lha que quer apagar e clique em Excluir Planilha no menu
de contexto, ou clique em Editar → Planilha → Excluir na
barra de menu.
Múltiplas folhas: selecione-as como descrito ante-
Trabalhando com folhas riormente, e clique com o botão direito do mouse sobre
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

uma das abas e escolha a opção Excluir Planilha no menu


Como qualquer outro elemento do Calc, as folhas de contexto, ou clique em Editar → Planilha → Excluir na
podem ser inseridas, apagadas ou renomeadas. barra de menu.

Inserindo novas folhas Renomeando folhas


Há várias maneiras de inserir uma folha. A mais rápi- O nome padrão para uma folha nova é PlanilhaX,
da, é clicar com o botão Adicionar folha. Isso insere uma onde X é um número. Apesar disso funcionar para pe-
nova folha naquele ponto, sem abrir a caixa de diálogo quenas planilhas com poucas folhas, pode tornar-se
de Inserir planilha. Utilize um dos outros métodos para complicado quando temos muitas folhas.

355
Para colocar um nome mais conveniente a uma folha,
você pode:

• Digitar o nome na caixa Nome, quando você criar a


folha, ou
• Clicar com o botão direito do mouse e escolher a
opção Renomear Planilha no menu de contexto e
trocar o nome atual por um de sua escolha.
• Clicar duas vezes na aba da folha para abrir a caixa
de diálogo Renomear Planilha.

Mesclando várias células

Um recurso útil do Calc é a possibilidade de mesclar


várias células contíguas para formar um título de uma
folha de planilha, por exemplo. Para isso selecione as cé-
lulas contíguas a serem mescladas e vá em Formatar →
Mesclar células → Mesclar ou Formatar → Mesclar célu-
las → Mesclar e centralizar células, para centralizar e mes-
clar ou ainda botão diretito do mouse/mesclar células. Inserir uma anotação (comentário)
As células podem conter observações de outros
usuários ou lembretes que ficam ocultos, isto é, não são
impressos. Uma célula contendo uma anotação apresen-
ta um pequeno triângulo vermelho no canto superior
direito.
Para inserir uma anotação clique com o botão direito
do mouse na célula que conterá a anotação e selecio-
ne a opção Inserir anotação ou pressione Ctrl + Alt + C.
Em seguida digite o texto e clique fora da caixa de texto
quando tiver terminado.
Para visualizar a anotação, basta posicionar o pon-
teiro do mouse em cima do triângulo vermelho. Você
pode ainda clicar com o botão direito sobre a célula que
possui a anotação e clicar em Mostrar anotação para
deixá-la sempre a amostra ou clicar em Excluir anotação
para excluí-la.

Formatando várias linhas de texto


Múltiplas linhas de texto podem ser inseridas em
uma única célula utilizando a quebra automática de tex-
to, ou quebras manuais de linha. Cada um desses méto-
Ferramenta pincel de estilo dos é útil em diferentes situações.
Serve para copiar a formatação para outras células
da mesma planilha ou para outras planilhas. Utilizando a quebra automática de texto
Para copiar o estilo de uma célula clique uma ou Para configurar a quebra automática no final da cé-
duas vezes no ícone . E clique na célula a ser forma- lula, clique com o botão direito nela e selecione a opção
tada em seguida. Formatar Células (ou clique em Formatar → Células na
barra de menu, ou pressione Ctrl+1). Na aba Alinhamen-
Dividir células to embaixo de Propriedades, selecione Quebra automá-
tica de texto e clique em OK. O resultado é mostrado na
Posicione o cursor na célula a ser dividida. figura abaixo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Escolha Formatar - Mesclar células - Dividir células.


Botão direito do mouse/dividir células.

356
Utilizando quebras manuais de linha
Para inserir uma quebra manual de linha enquanto digita dentro de uma célula, pressione Ctrl+Enter. Quando for
editar o texto, primeiro clique duas vezes na célula, depois um clique na posição onde você quer quebrar a linha. Quan-
do uma quebra manual de linha é inserida, a largura da célula não é alterada.

Encolhendo o texto para caber na célula


O tamanho da fonte pode ser ajustado automaticamente para caber na célula. Para isso, clique com o botão direito na
célula a ser formatada e clique em Formatar Células → na aba Alinhamento marque o campo Reduzir para caber na célula.
Formatando a largura ideal da coluna para exibir todo o conteúdo da célula
A largura da coluna pode ser ajustada automaticamente para que consigamos visualizar todo o conteúdo da célula.
Para isso, clique com o botão direito na coluna a ser formatada e clique em Largura ideal da coluna e aceite clicando
em OK.

Largura ideal de coluna.


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resultado da figura anterior.

357
Congelando linhas e colunas

O congelamento trava um certo número de linhas no alto, ou de colunas à esquerda de uma planilha, ou ambos.
Assim, quando se mover pela planilha, qualquer linha ou coluna congelada permanecerá à vista.
A Figura abaixo mostra algumas linhas e colunas congeladas. A linha horizontal mais forte entre as linhas 1 e 3 e
entre as colunas A e E, denotam áreas congeladas. As linhas de 4 a 6 foram roladas para fora da página. As três primei-
ras linhas e colunas permaneceram porque estão congeladas.

Congelando células.
Congelando uma única coluna ou linha
Clique no cabeçalho da linha abaixo, ou da coluna à esquerda da qual quer congelar.
Clique em Janela → Congelar.
Uma linha escura aparece, indicando onde o ponto de congelamento foi colocado.
Congelando uma coluna ou linha
Clique em uma célula que esteja imediatamente abaixo da linha, ou na coluna imediatamente à direita da coluna
que quer congelar.
Clique em Janela → Congelar.
Duas linhas aparecem na tela, uma horizontal sobre essa célula e outra vertical à esquerda dela. Agora, quando
você rolar a tela, tudo o que estiver acima, ou à esquerda dessas linhas, permanecerá à vista.
Descongelando
Para descongelar as linhas ou colunas, clique em Janela → Congelar. A marca de verificação da opção Congelar
desaparecerá.

Dividindo a tela
Outra maneira de alterar a visualização é dividir a janela, ou dividir a tela. A tela pode ser dividida, tanto na horizon-
tal, quanto na vertical, ou nas duas direções. É possível, além disso, ter até quatro porções da tela da planilha à vista,
ao mesmo tempo.
Por que fazer isso? Imagine que você tenha uma planilha grande, e uma das células tem um número que é utilizado
em outras células. Utilizando a técnica de divisão da tela, você pode alterar o valor da célula que contém o número e
verificar nas outras células as alterações sem perder tempo rolando a barra.

Dividindo células.

Dividindo a tela horizontalmente


Mova o ponteiro do mouse para dentro da barra de rolagem vertical, na lateral direita da tela, e posicione-o sobre
o pequeno botão no alto com um triângulo preto. Imediatamente acima deste botão aparecerá uma linha grossa preta.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de divisão de tela na barra de rolagem vertical.

358
Mova o ponteiro do mouse sobre essa linha, e se transformará em uma linha com duas.
Pressione e segure o botão esquerdo do mouse. Uma linha cinza aparece cruzando a página na horizontal. Arraste
o mouse para baixo, e essa linha seguirá o movimento.
Solte o botão do mouse e a tela será dividida em duas partes, cada uma com sua própria barra de rolagem vertical.
Você pode rolar as partes inferior e superior independentemente.

Dividindo a tela verticalmente


Mova o ponteiro do mouse para dentro da barra de rolagem horizontal, na parte de baixo da tela, e posicione-o
sobre o pequeno botão à direita, com um triângulo preto. Imediatamente, à direita desse botão aparece uma linha
preta grossa.

Barra de divisão de tela na barra de rolagem horizontal.

Mova o ponteiro do mouse sobre essa linha, e se transformará em uma linha com duas setas.
Pressione e segure o botão esquerdo do mouse, e uma linha cinza aparece cruzando a página na vertical. Arraste
o mouse para a esquerda, e essa linha seguirá o movimento.
Solte o botão do mouse e a tela será dividida em duas partes, cada uma com sua barra de rolagem horizontal. Você
pode rolar as partes direita e esquerda independentemente.

Removendo as divisões
Para remover as divisões, siga uma das seguintes instruções:
Clique duas vezes na linha divisória.
Clique na linha divisória e arraste-a de volta ao seu lugar no final das barras de rolagem.
Clique em Janela → Dividir para remover todas as linhas divisórias de uma só vez.

Sintaxe Universal de uma Planilha

Observe a seguinte fórmula para efeito de exemplos de sintaxe:


=B2*(SE(SOMA(C2:C6)>=3;$H$1;SOMA(A3^A5)*5));
repare que há parenteses, sinais de Operadores de Comparação (>, = <, etc.), além de ponto e vírgula e dois pon-
tos. Mesmo sendo possível o uso de fórmulas sofisticadas em planilhas, virtualmente qualquer tipo de planilha pode ser
implementada utilizando-se das quatro operações básicas, por exemplo, seu orçamento mensal (receitas x despesas).
As quatro operações básicas são:
Somar ( + ), Subtrair ( - ); Multiplicar ( * ), Dividir ( / ).
Índice de Referenciação Absoluto ( $ )
Para exponenciação utiliza-se o circunflexo (^).
As tabelas abaixo representam de forma sucinta, a função de cada letra / símbolo / instrução para uma compreen-
são básica do significado destes.

Operadores Aritméticos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

359
Operadores de Comparação

Comandos / Instruções

Comportamento das teclas Convencionais / Especiais

As teclas TAB, Enter e Setas de Cursor, quando utilizadas em edição de dados, apresentam comportamento um
pouco diferente do convencional. TAB, por exemplo, confirma a edição atual e avança lateralmente para a próxima
célula. Neste caso, pode-se pensar na próxima célula como o próximo campo, que e o comportamento natural de TAB,
além da possibilidade de utilizá-la como tabuladora, claro.
Vemos abaixo uma pequena compilação do comportamento destas teclas:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

360
Imprimindo

Imprimir no Calc é bem parecido com imprimir nos


outros componentes do LibreOffice, mas alguns detalhes
são diferentes, especialmente quanto a preparação do
documento para a impressão.
Utilizando intervalos de impressão
Intervalos de impressão possuem várias utilidades,
incluindo imprimir apenas uma parte específica dos da-
dos, ou imprimir linhas ou colunas selecionadas de cada
página.

Definindo um intervalo de impressão


Para definir um intervalo de impressão, ou alterar um
intervalo de impressão existente:
Selecione o conjunto de células que correspondam
ao intervalo de impressão.
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → De-
finir. Selecionando a ordem das páginas
As linhas de quebra de página são exibidas na tela.
Você pode verificar o intervalo de impressão utilizan- Ordem das páginas
do Arquivo → Visualizar página. O LibreOffice exibirá Quando uma folha será impressa em mais de uma
apenas as células no intervalo de impressão. página, é possível ajustar a ordem na qual as páginas se-
rão impressas. Isso é especialmente útil em documentos
Aumentando o intervalo de impressão grandes; por exemplo, controlar a ordem de impressão
Depois de definir um intervalo de impressão, é pos- pode economizar tempo de organizar o documento de
sível incluir mais células a ele. Isso permite a impressão uma maneira determinada. As duas opções disponíveis
de múltiplas áreas separadas na mesma folha da planilha. são mostradas abaixo.
Depois de definir um intervalo de impressão:
Selecione um conjunto de células a ser incluído ao
intervalo de impressão.
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Adi-
cionar. Isso adicionará as células extras ao intervalo de
impressão.
As linhas de quebra de página não serão mais exibi-
das na tela.
O intervalo de impressão será impresso em uma pá-
gina separada, mesmo que ambos os intervalos estejam
na mesma folha. Ordem das páginas 2

Removendo um intervalo de impressão Detalhes


Pode ser necessário remover um intervalo de impres- Você pode especificar os detalhes que serão impres-
são definido anteriormente, por exemplo, se for necessá- sos. Os detalhes incluem:
rio imprimir a página inteira mais tarde. Cabeçalhos das linhas e colunas
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Re- Grade da folha—imprime as bordas das células como
mover. Isso removera todos os intervalos de impressão uma grade
definidos na folha. Feito isso, as quebras de página pa- Comentários—imprime os comentários definidos na
drão aparecerão na tela. sua planilha, em uma página separada, junto com a refe-
rência de célula correspondente
Editando um intervalo de impressão Objetos e imagens
A qualquer tempo, é possível editar diretamente um Gráficos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

intervalo de impressão, por exemplo, removê-lo ou redi- Objetos de desenho


mensionar parte dele. Clique em Formatar → Intervalo de Fórmulas—imprime as fórmulas contidas nas células,
impressão → Editar. ao invés dos resultados
Selecionando a ordem das páginas, detalhes e a escala Valores zero—imprime as células com valor zero
Para selecionar a ordem das páginas, detalhes e a Lembre-se que, uma vez que as opções de impressão
escala da impressão: dos detalhes são partes das propriedades da página, elas
Clique em Formatar → Pagina no menu principal também serão parte das propriedades do estilo da página.
Selecione a aba Planilha Portanto, diferentes estilos de páginas podem ser configu-
Faça as seleções necessárias e clique em OK. rados para alterar as propriedades das folhas na planilha.

361
Escala
Utilize as opções de escala para controlar o número de páginas que serão impressas. Isso pode ser útil se uma
grande quantidade de dados precisa ser impressa de maneira compacta, ou se você desejar que o texto seja aumen-
tado para facilitar a leitura.
Reduzir/Aumentar a impressão—redimensiona os dados na impressão tanto para mais, quanto para menos. Por
exemplo, se uma folha for impressa, normalmente em quatro páginas (duas de altura e duas de largura), um redimen-
sionamento de 50% imprime-a em uma só página (tanto a altura, quanto a largura, são divididas na metade).
Ajustar intervalo(s) de impressão ao número de páginas—define, exatamente, quantas páginas, a impressão terá.
Essa opção apenas reduzirá o tamanho da impressão, mas não o aumentará. Para aumentar uma impressão, a opção
Reduzir/Aumentar deve ser utilizada.
Ajustar intervalo(s) de impressão para a largura/altura—define o tamanho da altura e da largura da impressão,
em páginas.

Imprimindo linhas ou colunas em todas as páginas


Se uma folha for impressa em várias páginas é possível configurá-la para que certas linhas ou colunas sejam repeti-
das em cada página impressa. Por exemplo, se as duas linhas superiores de uma folha, assim como a coluna A, precisam
ser impressas em todas as páginas, faça o seguinte:
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Editar. Na caixa de diálogo Editar Intervalo de Impressão, digite as
linhas na caixa de texto abaixo de Linhas a serem repetidas. Por exemplo, para repetir as linhas de 1 a 4, digite $1:$4.
Isso altera automaticamente as Linhas a serem repetidas de, - nenhum - para – definido pelo usuário-.

Imprimindo linhas ou colunas


Para repetir, digite as colunas na caixa de texto abaixo de Colunas a serem repetidas. Por exemplo, para repetir a
coluna A, digite $A. Na lista de Colunas a serem repetidas, a palavra - nenhum - muda para - definido pelo usuário-.
Clique em OK.
Não é necessário selecionar todo o intervalo de linhas a serem repetidas; selecionar uma célula de cada linha tam-
bém funciona.

Assistente de Funções

Na criação de fórmulas podemos contar com o recurso de assistente de funções, situado na barra de fórmulas do
Calc, onde encontramos todas as funções disponíveis do programa e selecionamos as células que pertencerá determi-
nada função selecionada. Para acionar o assistente de funções execute os seguintes procedimentos:
Primeiramente deve-se selecione a célula a qual deverá conter a fórmula matemática e que posteriormente exibirá
o seu resultado, por exemplo, neste caso selecionaremos a célula F5.
Clique sobre o assistente de funções situado na barra de fórmulas. Veja a figura abaixo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em seguida surgira a guia Assistente de funções nesta guia encontra-se todas a fórmulas matemáticas disponíveis
do LibreOffice.org Calc. Para nosso exemplo criaremos uma função de multiplicação, para isso clique na aba Funções e
selecione MULT para a multiplicação e clique em Próximo. Veja na figura a seguir.

362
Assistente de Funções 2
Selecione as células farão parte da multiplicação, neste caso as células D5 e E5. Para selecionar a célula volte para
a planilha, se preferir clique em cima da opção Encolher figura 34, para diminuir o tamanho da caixa e em seguida se-
lecione a célula de D5 e depois clique no campo abaixo, ou então apenas digite o endereço da célula correspondente
e clique em OK e coloque o valor em formato Moeda.

Opção Encolher.
Repita esse procedimento com as células D6 e E6, D7 e E7, D8 e E8. Ao final a tabela estará conforme a figura abaixo.

Exemplo de tabela Controle de Estoque 3

Fórmulas mais utilizadas do Assistente de Fórmulas:


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nome da fórmula Operação Aritmética

SOMA Adição e Subtração

MULT Multiplicação

QUOCIENTE Divisão

POTÊNCIA Potenciação

363
RAIZ Raiz Quadrada
Retorna a Média de uma
MÉDIA
sequência de valores

Fórmulas mais utilizadas do Assistente de Fórmulas

Obs: a fórmula Quociente retorna apenas a parte in-


teira de uma divisão, ou seja o resultado de 9 dividido
por 2 segundo essa função é 4 e não 4,5. Neste caso é
recomendado fazer a função usando os operadores arit-
méticos conforme o exemplo abaixo.
Tabela de Preços 1

Nome da fórmula Operação Aritmética Primeiro foi digitado =soma(), depois foi pressiona-
Adição = D5+E 5 do e arrastado sobre as células que farão parte da soma
(B3:B7). Não há a necessidade de fechar o parêntese, pois
Subtração = D5-E 5 o Calc fará automaticamente este procedimento, mas é
aconselhável que você sempre faça isto, pois haverá fun-
Multiplicação = D5*E 5 ções que se não fechar dará erro.
Após selecionar as células, basta pressionar a tecla
Divisão = D5/E 5
Enter.
Potenciação = D5^E 5 Agora vá para a célula D3. Digite =B3*C3. Pressione
a tecla Enter, que no caso você já sabe que irá calcular
Raiz Quadrada Não há simbolo que represen- as células.
te essa operação aritmética Selecione novamente a célula e observe que no can-
usamos =RAIZ( o
endereço da célula desejada) to inferior esquerdo da célula há um pequeno quadrado
Fórmulas mais utilizadas da forma livre preto. Este é a Alça de Preenchimento. Coloque o cursor
sobre o mesmo, o cursor irá mudar para uma pequena
Funções cruz. Pressione e arraste para baixo até a célula D7. Veja
a figura mais adiante.
As funções agregam muitos recursos ao software de Para checar se as fórmulas calcularam corretamente,
planilhas. Um software como o LibreOffice – Calc contém basta selecionar uma célula que contenha o resultado e
muitas funções nativas e o usuário é livre para imple- pressionar a tecla F2. Isto é bastante útil quando se quer
mentar as suas próprias funções, há de se imaginar como conhecer as células que originaram o resultado.
sendo quase ilimitado o poder do usuário em estender
a funcionalidade da planilha eletrônica. Exemplo de fun- Funções II
ção nativa é a função SE, que contém a seguinte sintaxe: Vamos ver agora mais funções, bastando usar o mol-
=SE(“Condição a Ser Testada”;Valor_Então;Valor_Senão). de abaixo e não esquecendo de colocar os acentos nos
Decodificando, se a “Condição a Ser Testada” for verda- nomes das funções.
deira, aloque na célula atual o primeiro valor (Valor_En- = Nome da Função (primeira célula a ser calculada:
tão); caso contrario, aloque o segundo valor da função última célula a ser calculada ) Média Máxima
(Valor_Senão).
Funções I Mínima
Funções são na verdade uma maneira mais rápida de
obter resultados em células. Imagine você ter que somar
todos os valores das peças de um veículo dispostos um
abaixo do outro...
A1+B1+C1+D1+E1+F1...

Existem vários tipos de funções, que vão desde as


mais simples até mais complexas. Iremos mostrar as mais
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

comuns. Basicamente, todas elas oferecem o mesmo


“molde”:
= Nome da Função (primeira célula a ser calculada:
Tabela de Preços 2
última célula a ser calculada ) Veja a figura a seguir e de-
pois explicaremos o que está sendo feito:
Funções III
Usaremos agora a função SE. Como o nome já diz, a
função SE será usada quando se deseja checar algo em
uma célula. Acompanhe o molde desta função: =SE (Tes-

364
tar; Valor_então; De outraforma_valor; ou se outra forma: Abra o menu Dados e clique no comando Classificar,
= se (eu for de carro; então vou; se não... não vou ) note que será exibida a caixa Classificar.
Na célula E3 é para descontar R$ 2,00 para produtos
com a Quantidade maior que 20. Vamos juntar as infor-
mações para resolver esta função:
Nome da função: SE
Condição: Quantidade > 20
Valor Verdadeiro: Se a condição for verdadeira, o
que deverá ser descontado R$ 2, 00 Valor Falso: Se a
condição for falsa, não deverá receber desconto.
Então a nossa função deverá ficar assim:
= se (b3>20;d3-2;d 3)
Ou seja: Se a Quantidade for maior que 20, então
desconte R$ 2,00, senão mostre o valor sem desconto.

Caixa classificar

No menu desdobrável Classificar por, selecionamos


o rotulo da coluna que queremos efetuar a classificação,
neste caso selecione o rotulo “Produto”.
Tabela Demonstrativa Em seguida clique na opção Crescente, para efetuar
o classificação na ordem crescente das letras, mais co-
Classificação e filtragem de dados nhecida como ordem alfabética. 5- Por fim clique em OK.
Por mais que a nossa planilha seja bem organizada,
geralmente nos deparamos com algum problema em re-
lação a ordem e a busca dos dados na tabela. Pensando
nisso veremos agora algumas funções que o LibreOffice.
org Calc oferece afim de resolver esses e outros proble-
mas de classificação e filtragem de dados.

Classificação de dados
Classificar dados numa planilha nada mais é do que
Tabela classificada em ordem alfabética
ordená-los de acordo com os nossos critérios. Para que
os dados possam ser classificados, é necessário que es-
Classificação por até três Critérios
tejam dispostos em uma tabela e que tenha sido desen-
volvida na forma de banco de dados, ou seja que cada Podemos também classificar os dados de uma tabela
coluna tenha informações referentes há uma classe ou utilizando-se até de três campos, onde cada campo repre-
tipo, que deverá estar descrita no rotulo de cada coluna. senta uma informação diferente, um exemplo bem básico
dessa função é quando queremos classificar os produtos
em ordem alfabética, esta que realizamos anteriormente
e se caso apareça produtos com o mesmo nome o crité-
rio de classificação é valor total ou qualquer outro cam-
po. Para exemplificar esta função vamos utilizar a tabela
abaixo.

Exemplo de tabela desenvolvida na forma de banco de dados

Classificando
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A classificação pode ser feita através dos critérios de


ordem crescente ou decrescente , lembro que isto vale
tanto para os numero quanto para letras deixando-as em
ordem alfabética. Agora a partir da figura 64 que esta
logo acima, iremos realiza o procedimento de classifica-
ção de dados na ordem alfabética na coluna “Produto”.
Para classificar os dados é necessário, antes de tudo, Tabela exemplo para classificação por três critérios
selecionar corretamente toda a área de dados que será
classificada.

365
Agora iremos classificar a tabela nos seguintes crité- Opções de Classificação
rios: Marca, Modelo e Valor. Para realizar esta classifica- A partir da caixa classificar figura abaixo, podemos
ção devemos seguir os procedimentos abaixo. definir algumas opções de classificação dos dados.
Para classificar os dados é necessário, antes de tudo,
selecionar corretamente toda a área de dados que será
classificada.
Abra o menu Dados e clique no comando Classificar,
note que será exibida a caixa Classificar.

Opções de classificação
Distinção entre maiúsculas e minúsculas: esta opção
considera diferentes as palavras que contenha as mesmas le-
tras porém com a forma maiúsculas e minúsculas diferentes.
O intervalo contém rótulos de coluna/linh a: Omite
da classificação a primeira linha ou a primeira coluna da
Classificação por três critérios. seleção. A opção Direção na parte inferior da caixa de
diálogo define o nome e a função dessa caixa de seleção.
No menu desdobrável Classificar por, selecione o ro- Incluir formatos: Preserva a formatação da célula
tulo “Marca”. atual.
Em seguida clique na opção Crescente, para efetuar o Copiar resultados de classificação em: Copia a lista
classificação na ordem crescente. classificada no intervalo de células que você especificar.
Ao ativar esta opção
Logo abaixo temos o campo Em seguida por, selecio-
Ordem de classificação personalizada: Clique aqui e,
ne o rotulo “Modelo”. em seguida, selecione a ordem de classificação persona-
Em seguida clique na opção Crescente. lizada que deseja.
Logo abaixo temos outro campo Em seguida por, se- Idioma: Selecione o idioma para as regras de classificação.
lecione o rotulo “Valor total”. Opções: Selecione uma opção de classificação para o
Em seguida clique na opção Crescente. 9- Por fim cli- idioma. Por exemplo, selecione a opção de “lista telefôni-
que em OK. ca” para o alemão a fim de incluir um caractere especial
“trema” na classificação.
O resultado final deverá estar semelhante ao da figu- Direção: De cima para baixo (Classificação de linhas),
ra abaixo. Classifica as linhas por valores nas colunas ativas do in-
tervalo selecionado. Esquerda à direita (Classificar colu-
nas), Classifica as colunas por valores nas linhas ativas do
intervalo selecionado.

Filtragem de dados

A filtragem de dados nada mais é do que visualizar


apenas os dados desejados de uma tabela. Existem três
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

métodos de filtragem: o Autofiltro, Fitro padrão e o Filtro


avançado. Suas principais diferenças são:
Autofiltro: Uma das utilizações para a função Auto-
-filtro é a de rapidamente restringir a exibição de regis-
tros com entradas idênticas em um campo de dados.
Tabela após classificação por três critérios. Filtro padrão: Na caixa de diálogo Filtro, você tam-
bém pode definir intervalos que contenham os valores
em determinados campos de dados. É possível utilizar
o filtro padrão para conectar até três condições com um
operador lógico E ou OU.

366
Filtro avançado: excede a restrição de três condições Note que ao final desse procedimento a tabela ocul-
e permite um total de até oito condições de filtro. Com tará a linhas que não pertence a filtragem e destacará a
os filtros avançados, você insere as condições diretamen- seta do cabeçalho utilizada como base da filtragem. Caso
te na planilha. queira realizar outra filtragem basta desfazer a filtragem
anterior e repetir este procedimento em outro cabeçalho.
Aplicando o Autofiltro
O Autofiltro é o tipo de filtragem mais simples e rá- Filtro padrão
pida de ser aplicada. Para uma maior compreensão desta O filtro padrão é uma especialização do autofiltro,
função aplicar o autofiltro na tabela da figura 67 página ele possui algumas funcionalidades a mais, é muito utili-
44 deste modulo. Nesta tabela execute os seguintes pro- zado quando é necessário obedecer um critério de filtra-
cedimentos: gem muito especifico.
Selecione qualquer célula da tabela desde que seja Para melhor exemplificar este procedimento iremos
abaixo da linha do cabeçalhos. realizar a seguinte filtragem na tabela da figura 67, onde
Abra o menu Dados e posicione o mouse sobre Fil- só deverão conter os carros da Marca: “Fiat”, acima do
tro. Ano: 2005 e com o valor inferior a 29.000 mil reais.
Clique sobre o comando Autofiltro. Para criar um filtro padrão basta executar os proce-
Note que foram inseridos botões de seta, que ao cli- dimentos a seguir:
ca-los abra-se uma lista dos dados pertencentes a colu- Selecione qualquer célula da tabela desde que seja
na, cuja a filtragem pode ser aplicada. abaixo da linha do cabeçalhos.
Abra o menu Dados e posicione o mouse sobre Fil-
tro.
Clique sobre o comando Filtro padrão.
Na caixa Nome do campo é onde define qual critério
deverá ser comparado. Em nosso exemplo estamos com-
parando a “Marca”, portanto devemo seleciona-la.
Na caixa seguinte definimos a condição ( maior, me-
nor, igual e etc), neste caso selecione o operador “ = ”
(igual).
A caixa Valor serve como valor de comparação, ou
seja todas as células do campo
“Marca” por exemplo vão ser comparados segundo
a condição estabelecida com esse “Valor” que precisa ser
Para filtrar os dados, basta clicar sobre a seta da co-
necessariamente numérico e conforme for o resultado
luna que contenha os dados que servirá base para a fil-
este campo será ou não exibido.
tragem. Por exemplo agora faremos a seguinte filtragem,
para que só os carros Volkswagen sejam exibidos. Então
A caixa Operador serve para adicionar mais condi-
clique sobre a seta do cabeçalho “Marca” e na lista de
ções na filtragem, através dos operadores ( “E” e “OU”),
dados que aparece, selecione a marca Volkswagen.
podendo conter no máximo três condicionais.
Preencha a Caixa Filtro padrão conforme a figura 74
logo abaixo para ver este exemplo na pratica.

Lista de dados
Se a tabela e a filtragem estiver conforme citadas aci-
ma o resultado será igual ao da figura 75 logo abaixo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resultado da filtragem
Tabela após filtragem de dados
Para Desfazer a filtragem, selecione a tabela, clique
em Dados, vá em filtros e clique sobre Remover filtro.

367
Filtro Avançado
A filtragem avançada nada mais é do que definir os
critérios em um determinado campo da planilha. Para
uma boa compreensão dessa função Iremos repetir a fil-
tragem utilizada no filtro padrão que era a seguinte: de
acordo com a tabela da figura 67, realizar uma filtragem
onde só deverão conter os carros da Marca: “Fiat”, acima
do Ano: 2005 e com o valor inferior a 29.000 mil reais,
Resultado da filtragem avançada
para realizaremos os seguintes passos:
Copie os cabeçalhos de coluna dos intervalos de pla-
Teclas de atalho para planilhas
nilha a serem filtrados para uma área vazia da planilha e,
em seguida, insira os critérios para o filtro em uma linha
Navegar em planilhas
abaixo dos cabeçalhos. Os dados dispostos horizontal-
Teclas de atalho/Efeito
mente em uma linha serão sempre conectados logica-
Ctrl+Home / Move o cursor para a primeira célula
mente com E e dados dispostos verticalmente em uma
na planilha (A1).
coluna serão sempre conectados logicamente com OU.
Ctrl+End / Move o cursor para a última célula que
contém dados na planilha.
Home / Move o cursor para a primeira célula da linha
atual.
End / Move o cursor para a última célula da linha
atual.
Shift+Home / Seleciona todas as células desde a atual
até a primeira célula da linha.
Shift+End / Seleciona todas as células desde a atual
até a última célula da linha.
Shift+Page Up / Seleciona as células desde a atual até
uma página acima na coluna ou extende a seleção exis-
tente uma página para cima.
Cópia dos cabeçalhos da planilha Shift+Page Down / Seleciona as células desde a atual
até uma página abaixo na coluna ou estende a seleção
Uma vez que você criou uma matriz de filtro, selecio- existente uma página para baixo.
ne os intervalos de planilha a serem filtrados. Abra a caixa Ctrl+Seta para a esquerda / Move o cursor para o
de diálogo Filtro avançado escolhendo Dados - Filtro - canto esquerdo do intervalo de dados atual. Se a coluna
Filtro avançado e defina as condições do filtro. à esquerda da célula que contém o cursor estiver vazia, o
cursor se moverá para a esquerda da próxima coluna que
contenha dados.
Ctrl+Seta para a direita / Move o cursor para o canto
direito do intervalo de dados atual. Se a coluna à direita
da célula que contém o cursor estiver vazia, o cursor se
moverá para a direita da próxima coluna que contenha
dados.
Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o canto
superior do intervalo de dados atual. Se a linha acima
Em seguida, clique em OK e você verá que somente da célula que contém o cursor estiver vazia, o cursor se
as linhas da planilha original nas quais o conteúdo satis- moverá para cima da próxima linha que contenha dados.
fez os critérios da pesquisa estarão visíveis. Todas as ou- Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o canto in-
tras linhas estarão temporariamente ocultas e poderão ferior do intervalo de dados atual. Se a linha abaixo da
reaparecer através do comando Formatar - Linha – Mos- célula que contém o cursor estiver vazia, o cursor se mo-
trar ou então desfaça a filtragem. verá para baixo da próxima linha que contenha dados.
Ctrl+Shift+Seta / Seleciona todas as células conten-
do dados da célula atual até o fim do intervalo contínuo
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

das células de dados, na direção da seta pressionada. Um


intervalo de células retangular será selecionado se esse
grupo de teclas for usado para selecionar linhas e colu-
nas ao mesmo tempo.
Ctrl+Page Up / Move uma planilha para a esquerda.
Na visualização de impressão: Move para a página de
impressão anterior.
Ctrl+Page Down / Move uma planilha para a direita.

368
Na visualização de impressão: Move para a página de Shift+F5 / Rastreia dependentes.
impressão seguinte. Shift+F7 / Rastreia precedentes.
Alt+Page Up / Move uma tela para a esquerda. Shift+Ctrl+F5 / Move o cursor da Linha de entrada
Alt+Page Down / Move uma página de tela para a para a caixa Área da planilha.
direita. F7 / Verifica a ortografia na planilha atual.
Shift+Ctrl+Page Up / Adiciona a planilha anterior à Ctrl+F7 / Abre o Dicionário de sinônimos se a célula
seleção de planilhas atual. Se todas as planilhas de um atual contiver texto.
documento de planilha forem selecionadas, esta combi- F8 / Ativa ou desativa o modo de seleção adicional.
nação de teclas de atalho somente selecionará a planilha Nesse modo, você pode usar as teclas de seta para es-
anterior. Torna atual a planilha anterior. tender a seleção. Você também pode clicar em outra cé-
Shift+Ctrl+Page Down / Adiciona a próxima planilha lula para estender a seleção.
à seleção de planilhas atual. Se todas as planilhas de um Ctrl+F8 / Realça células que contém valores.
documento de planilha forem selecionadas, esta combi- F9 / Recalcula as fórmulas modificadas na planilha
nação de teclas de atalho somente selecionará a próxima atual.
planilha. Torna atual a próxima planilha. Ctrl+Shift+F9 / Recalcula todas as fórmulas em todas
Ctrl+ * onde (*) é o sinal de multiplicação no teclado as planilhas.
numérico Ctrl+F9 / Atualiza o gráfico selecionado.
Seleciona o intervalo de dados que contém o cursor. F11 Abre a janela Estilos e formatação para você
Um intervalo é um intervalo de células contíguas que aplicar um estilo de formatação ao conteúdo da célula
contém dados e é delimitado por linhas e colunas vazias. ou à planilha atual.
Ctrl+ / onde (/) é o sinal de divisão no teclado numérico Shift+F11 / Cria um modelo de documento.
Seleciona o intervalo de fórmulas de matriz que con- Shift+Ctrl+F11 / Atualiza os modelos.
tém o cursor. F12 / Agrupa o intervalo de dados selecionado.
Ctrl+tecla de adição / Insere células (como no menu Ctrl+F12 / Desagrupa o intervalo de dados selecionado.
Inserir - Células) Alt+Seta para baixo / Aumenta a altura da linha atual
Ctrl+tecla de subtração / Exclui células (tal como no (somente no Modo de compatibilidade legada do Ope-
menu Editar - Excluir células) nOffice.org).
Enter ( num intervalo selecionado) / Move o cursor Alt+Seta para cima / Diminui a altura da linha atual
uma célula para baixo no intervalo selecionado. Para es- (somente no Modo de compatibilidade legada do Ope-
pecificar a direção do movimento do cursor, selecione nOffice.org).
Ferramentas - Opções - LibreOffice Calc - Geral. Alt+Seta para a direita / Aumenta a largura da coluna
Ctrl+ ` / Exibe ou oculta as fórmulas em vez dos valo- atual.
res em todas as células. Alt+Seta para a esquerda / Diminui a largura da co-
A tecla ` está ao lado da tecla “1” na maioria dos tecla- luna atual.
dos em Inglês. Se seu teclado não possui essa tecla, você Alt+Shift+Tecla de seta / Otimiza a largura da coluna
pode atribuir uma outra tecla: Selecione Ferramentas - ou o tamanho da linha com base na célula atual.
Personalizar, clique na guia Teclado. Selecione a catego-
ria “Exibir” e a função “Exibir fórmula”. Formatar células com as teclas de atalho
Os formatos de célula a seguir podem ser aplicados
Teclas de função utilizadas em planilhas com o teclado:
Teclas de atalho / Efeito Teclas de atalho / Efeito
Ctrl+F1 / Exibe a anotação anexada na célula atual Ctrl+1 (não use o teclado numérico) / Abre a caixa de
F2 / Troca para o modo de edição e coloca o cursor no diálogo Formatar células
final do conteúdo da célula atual. Pressione novamente Ctrl+Shift+1 (não use o teclado numérico) / Duas ca-
para sair do modo de edição. sas decimais, separador de milhar
Se o cursor estiver em uma caixa de entrada de uma Ctrl+Shift+2 (não use o teclado numérico) / Formato
caixa de diálogo que possui o botão Encolher, a caixa de exponencial padrão
diálogo ficará oculta e a caixa de entrada permanecerá Ctrl+Shift+3 (não use o teclado numérico) / Formato
visível. Pressione F2 novamente para mostrar a caixa de de data padrão
diálogo inteira. Ctrl+Shift+4 (não use o teclado numérico) / Formato
monetário padrão
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ctrl+F2 / Abre o Assistente de funções. Ctrl+Shift+5 (não use o teclado numérico) / Formato
Shift+Ctrl+F2 / Move o cursor para a Linha de entrada de porcentagem padrão (duas casas decimais)
onde você pode inserir uma fórmula para a célula atual. Ctrl+Shift+6 (não use o teclado numérico) / Formato
Ctrl+F3 / Abre a caixa de diálogo Definir nomes. padrão
F4 / Mostra ou oculta o Explorador de Banco de dados.
Shift+F4 / Reorganiza as referências relativas ou ab-
solutas (por exemplo, A1, $A$1, $A1, A$1) no campo de
entrada.
F5 / Mostra ou oculta o Navegador.

369
• Provedores de Backbone: São instituições que
INTERNET constroem e administram backbones de longo al-
cance, ou seja, estrutura física de conexão, com o
objetivo de fornecer acesso à Internet para redes
CONCEITOS GERAIS E FUNCIONAMENTO locais;
• Provedores de Acesso: São instituições que se co-
INTERNET nectam à Internet via um ou mais acessos dedica-
dos e disponibilizam acesso à terceiros a partir de
“Imagine que fosse descoberto um continente tão suas instalações;
vasto que suas dimensões não tivessem fim. Imagine • Provedores de Informação: São instituições que
um mundo novo, com tantos recursos que a ganância disponibilizam informação através da Internet.
do futuro não seria capaz de esgotar; com tantas opor-
tunidades que os empreendedores seriam poucos para Endereço Eletrônico ou URL
aproveitá-las; e com um tipo peculiar de imóvel que
se expandiria com o desenvolvimento.” Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se
John P. Barlow conhecer o seu endereço.
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nu- Este endereço, que é único, também é considerado
clear ficassem sem comunicação entre a Casa Branca e sua URL (Uniform Resource Locator), ou Localizador de
o Pentágono. Recursos Universal. Boa parte dos endereços apresenta-
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da dé- -se assim: www.xxxx.com.br
cada de 60, ficou em poder exclusivo do governo conec- Onde:
tando bases militares, em quatro localidades. www = protocolo da World Wide Web
Nos anos 70, seu uso foi liberado para institui- xxx = domínio
ções norte-americanas de pesquisa que desejassem com = comercial
aprimorar a tecnologia, logo vinte e três computadores br = brasil
foram conectados, porém o padrão de conversação en-
tre as máquinas se tornou impróprio pela quantidade de WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial
equipamentos.
Era necessário criar um modelo padrão e universal É um serviço disponível na Internet que possui um
para que as máquinas continuassem trocando dados, conjunto de documentos espalhados por toda rede e
surgiu então o Protocolo Padrão TCP/IP, que permitiria disponibilizados a qualquer um.
portanto que mais outras máquinas fossem inseridas Estes documentos são escritos em hipertexto, que
àquela rede. utiliza uma linguagem especial, chamada HTML.
Com esses avanços, em 1972 é criado o correio ele-
trônico, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre Domínio
as máquinas que compunham aquela rede de pesquisa,
assim no ano seguinte a rede se torna internacional. Designa o dono do endereço eletrônico em ques-
Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do tão, e onde os hipertextos deste empreendimento
Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando estão localizados. Quanto ao tipo do domínio, existem:
aquilo que conhecemos hoje como internet, auxiliando .com = Instituição comercial ou provedor de serviço
portanto o processo de pesquisa em tecnologia e outras .edu = Instituição acadêmica
áreas a nível mundial, além de alimentar as forças arma- .gov = Instituição governamental
das brasileiras de informação de todos os tipos, até que .mil = Instituição militar norte-americana
em 1990 caísse no domínio público. .net = Provedor de serviços em redes
Com esta popularidade e o surgimento de softwares .org = Organização sem fins lucrativos
de navegação de interface amigável, no fim da década de
90, pessoas que não tinham conhecimentos profundos HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de
de informática começaram a utilizar a rede internacional. Trasferência em Hipertexto
É um protocolo ou língua específica da internet,
ENDEREÇAMENTO DE RECURSOS responsável pela comunicação entre computadores.
Um hipertexto é um texto em formato digital, e
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Acesso à Internet pode levar a outros, fazendo o uso de elementos


especiais (palavras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Servi- Mapa Sensitivo o qual leva a outros conjuntos de infor-
ço de Internet, oferece principalmente serviço de acesso mação na forma de blocos de textos, imagens ou sons.
à Internet, adicionando serviços como e-mail, hospeda- Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o
gem de sites ou blogs, ou seja, são instituições que mouse, remete o usuário à outra parte do documento ou
se conectam à Internet com o objetivo de fornecer outro documento.
serviços à ela relacionados, e em função do serviço clas-
sificam-se em:

370
Home Page Recherche Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era
um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre
Sendo assim, home page designa a página inicial, suas pesquisas através da exibição de páginas de tex-
principal do site ou web page. to. Ficou claro, desde o início, o imenso potencial que o
É muito comum os usuários confundirem um Blog ou WWW possuía para diversos tipos de aplicações, inclusi-
Perfil no Orkut com uma Home Page, porém são coisas ve não científicas.
distintas, aonde um Blog é um diário e um Perfil no Orkut O WWW não dispunha de gráficos em seus primór-
é um Profile, ou seja um hipertexto que possui informa- dios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o pro-
ções de um usuário dentro de uma comunidade virtual. jeto WWW ganhou força extra com a inserção de um
visualizador (também conhecido como browser) de pá-
HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de ginas capaz não apenas de formatar texto, mas também
Marcação de Hipertexto de exibir gráficos, som e vídeo. Este browser chamava-se
Mosaic e foi desenvolvido dentro da NCSA, por um time
É a linguagem com a qual se cria as páginas para a chefiado por Mark Andreesen. O sucesso do Mosaic foi
web. espetacular.
Suas principais características são: Depois disto, várias outras companhias passaram a
produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML Mosaic. Mark Andreesen partiu para a criação da Netsca-
devem ter aparência semelhante nas diversas pla- pe Communications, criadora do browser Netscape.
taformas de trabalho); Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic,
• Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos
“customizar” diversos elementos do documento, outros browsers.
como o tamanho padrão da letra, as cores, etc);
• Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter Busca e pesquisa na web
um tamanho reduzido, a fim de economizar
tempo na transmissão através da Internet, evi- Os sites de busca servem para procurar por um deter-
tando longos períodos de espera e congestio- minado assunto ou informação na internet.
namento na rede). Alguns sites interessantes:

Browser ou Navegador • www.google.com.br


• http://br.altavista.com
É o programa específico para visualizar as páginas da • http://cade.search.yahoo.com
web. • http://br.bing.com/
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em
HTML, apresentando as páginas formatadas para os
usuários. Como fazer a pesquisa
Digite na barra de endereço o endereço do site de
NAVEGAÇÃO SEGURA pesquisa. Por exemplo:
www.google.com.br
Cuidados, Ameaças, Uso De Senhas e Criptografia

Navegadores

O navegador de WWW é a ferramenta mais impor-


tante para o usuário de Internet. É com ele que se podem
visitar museus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e
até participar de novelas interativas. As informações na
Web são organizadas na forma de páginas de hipertex-
to, cada um com seu endereço próprio, conhecido como
URL. Para começar a navegar, é preciso digitar um desses
endereços no campo chamado Endereço no navegador.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O software estabelece a conexão e traz, para a tela, a


página correspondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração
especial para exibir uma página da Web, mas é necessá-
rio ajustar alguns parâmetros para que ele seja capaz de
enviar e receber algumas mensagens de correio eletrôni-
co e acessar grupos de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no
Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la

371
Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pesquisa.

Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem palavras
com ou sem acento.

Opções de pesquisa

Web: pesquisa em todos os sites


Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas. Exemplo do resultado se uma pesquisa.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. Exemplo:

372
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organizados por assunto em categorias. Exemplo:

Como escolher palavra-chave

• Busca com uma palavra: retorna páginas que incluam a palavra digitada.
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a
sequência de termos que foram digitadas.
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna páginas que incluam todas
• as palavras aleatoriamente na página.
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que ficam antes do sinal de
• menos são excluídas da pesquisa.
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um cálculo em um site de pesquisa.

Por exemplo: 3+4


Irá retornar:

O resultado da pesquisa
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte forma:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

373
CONCEITOS DE SEGURANÇA Sendo assim, torna-se necessário que vários pontos
sejam observados para garantir a segurança desde a ins-
A Segurança da Informação refere-se à proteção exis- talação do sistema, dos quais podemos destacar:
tente sobre as informações de uma determinada empresa,
instituição governamental ou pessoa, isto é, aplica-se tan- • Seja minimalista: Instale somente os aplicativos ne-
to as informações corporativas quanto as pessoais. cessários, aplicativos com problemas podem facili-
Entende-se por informação todo e qualquer conteú- tar o acesso de um atacante;
do ou dado que tenha valor para alguma organização • Devem ser desativados todos os serviços de siste-
ou pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou ma que não serão utilizados: Muitas vezes o sis-
exposta ao público para consulta ou aquisição. tema inicia automaticamente diversos aplicativos
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não que não são necessários, esses aplicativos também
de ferramentas) para a definição do nível de segurança podem facilitar a vida de um atacante;
existente e, com isto, serem estabelecidas as bases para • Deve-se tomar um grande cuidado com as aplica-
análise da melhoria ou piora da situação de segurança ções de rede: problemas nesse tipo de aplicação
existente. podem deixar o sistema vulnerável a ataques re-
A segurança de uma determinada informação pode motos que podem ser realizados através da rede
ser afetada por fatores comportamentais e de uso de ou Internet;
quem se utiliza dela, pelo ambiente ou infraestrutura que • Use partições diferentes para os diferentes tipos de
a cerca ou por pessoas mal intencionadas que tem o ob- dados: a divisão física dos dados facilita a manu-
jetivo de furtar, destruir ou modificar a informação. tenção da segurança;
Antes de proteger, devemos saber: • Remova todas as contas de usuários não utilizadas:
Contas de usuários sem senha, ou com a senha ori-
• O que proteger. ginal de instalação, podem ser facilmente explora-
• De quem proteger. das para obter-se acesso ao sistema.
• Pontos vulneráveis.
Grande parte das invasões na Internet acontece devi-
• Processos a serem seguidos.
do a falhas conhecidas em aplicações de rede, as quais os
administradores de sistemas não foram capazes de cor-
MECANISMOS DE SEGURANÇA
rigir a tempo. Essa afirmação pode ser confirmada facil-
mente pelo simples fato de que quando uma nova vulne-
O suporte para as recomendações de segurança pode
rabilidade é descoberta, um grande número de ataques é
ser encontrado em:
realizado com sucesso. Por isso é extremamente impor-
tante que os administradores de sistemas se mantenham
• CONTROLES FÍSICOS: são barreiras que limitam atualizados sobre os principais problemas encontrados
o contato ou acesso direto a informação ou a infra- nos aplicativos utilizados, através dos sites dos desen-
estrutura (que garante a existência da informação) volvedores ou específicos sobre segurança da Informa-
que a suporta. ção. As principais empresas comerciais desenvolvedoras
de software e as principais distribuições Linux possuem
Devemos atentar para ameaças sempre presentes, boletins periódicos informando sobre as últimas vulnera-
mas nem sempre lembradas; incêndios, desabamentos, bilidades encontradas e suas devidas correções. Alguns
relâmpagos, alagamentos, problemas na rede elétrica, sistemas chegam até a possuir o recurso de atualização
acesso indevido de pessoas aos servidores ou equipa- automática, facilitando ainda mais o processo.
mentos de rede, treinamento inadequado de funcioná-
rios, etc. Firewalls
Medidas de proteção física, tais como serviços de
guarda, uso de nobreaks, alarmes e fechaduras, circuito Definimos o firewall como sendo uma barreira inteli-
interno de televisão e sistemas de escuta são realmente gente entre duas redes, geralmente a rede local e a In-
uma parte da segurança da informação. As medidas de ternet, através da qual só passa tráfego autorizado. Este
proteção física são frequentemente citadas como “segu- tráfego é examinado pelo firewall em tempo real e a se-
rança computacional”, visto que têm um importante pa- leção é feita de acordo com um conjunto de regras de
pel também na prevenção dos itens citados no parágrafo acesso Ele é tipicamente um roteador (equipamento que
acima. liga as redes com a Internet), um computador rodando
O ponto-chave é que as técnicas de proteção de da- filtragens de pacotes, um software Proxy, um firewall-in-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dos por mais sofisticadas que sejam, não têm serventia -a-box (um hardware proprietário específico para função
nenhuma se a segurança física não for garantida. de firewall), ou um conjunto desses sistemas.
Pode-se dizer que firewall é um conceito ao invés de
Instalação e Atualização um produto. Ele é a soma de todas as regras aplicadas a
rede. Geralmente, essas regras são elaboradas conside-
A maioria dos sistemas operacionais, principalmente rando as políticas de acesso da organização.
as distribuições Linux, vem acompanhada de muitos apli- Podemos observar que o firewall é único ponto de
cativos que são instalados opcionalmente no processo entrada da rede, quando isso acontece o firewall também
de instalação do sistema. pode ser designado como check point.

374
De acordo com os mecanismos de funcionamentos controle no tráfego, já que as aplicações específicas po-
dos firewalls podemos destacar três tipos principais: dem detalhar melhor os eventos associados a um dado
serviço.
• Filtros de pacotes A maior dificuldade na sua implementação é a neces-
• Stateful Firewalls sidade de instalação e configuração de um proxy para
• Firewalls em Nível de Aplicação cada aplicação, sendo que algumas aplicações não tra-
balham corretamente com esses mecanismos.
Filtros de Pacotes
Considerações sobre o uso de Firewalls
Esse é o tipo de firewall mais conhecido e utilizado.
Ele controla a origem e o destino dos pacotes de men- Embora os firewalls garantam uma maior proteção, e
sagens da Internet. Quando uma informação é recebida, são inestimáveis para segurança da informação, existem
o firewall verifica as informações sobre o endereço IP de alguns ataques que os firewalls não podem proteger,
origem e destino do pacote e compara com uma lista de como a interceptação de tráfego não criptografado, ex:
regras de acesso para determinar se pacote está autori- Interceptação de e-mail. Além disso, embora os firewalls
zado ou não a ser repassado através dele. possam prover um único ponto de segurança e auditoria,
Atualmente, a filtragem de pacotes é implementada eles também podem se tornar um único ponto de falha
na maioria dos roteadores e é transparente aos usuários, – o que quer dizer que os firewalls são a última linha de
porém pode ser facilmente contornada com IP Spoofers. defesa. Significa que se um atacante conseguir quebrar a
Por isto, o uso de roteadores como única defesa para segurança de um firewall, ele vai ter acesso ao sistema, e
uma rede corporativa não é aconselhável. pode ter a oportunidade de roubar ou destruir informa-
Mesmo que filtragem de pacotes possa ser feita di- ções. Além disso, os firewalls protegem a rede contra os
retamente no roteador, para uma maior performance e ataques externos, mas não contra os ataques internos.
controle, é necessária a utilização de um sistema espe- No caso de funcionários mal intencionados, os firewalls
cífico de firewall. Quando um grande número de regras não garantem muita proteção. Finalmente, como men-
é aplicado diretamente no roteador, ele acaba perdendo cionado os firewalls de filtros de pacotes são falhos em
performance. Além disso, Firewall mais avançados po- alguns pontos. - As técnicas de Spoofing podem ser um
dem defender a rede contra spoofing e ataques do tipo meio efetivo de anular a sua proteção.
DoS/DDoS. Para uma proteção eficiente contra as ameaças de
segurança existentes, os firewalls devem ser usados em
Stateful Firewalls conjunto com diversas outras medidas de segurança.
Existem, claro, outros mecanismos de segurança que
Outro tipo de firewall é conhecido como Stateful Fi- apoiam os controles físicos: Portas / trancas / paredes /
rewall. Ele utiliza uma técnica chamada Stateful Packet blindagem / guardas / etc.
Inspection, que é um tipo avançado de filtragem de pa-
cotes. Esse tipo de firewall examina todo o conteúdo de • CONTROLES LÓGICOS: são barreiras que impe-
um pacote, não apenas seu cabeçalho, que contém ape- dem ou limitam o acesso à informação, que está
nas os endereços de origem e destino da informação. Ele em ambiente controlado, geralmente eletrônico,
é chamado de ‘stateful’ porque examina os conteúdos e que, de outro modo, ficaria exposta a alteração
dos pacotes para determinar qual é o estado da cone- não autorizada por elemento mal intencionado.
xão, Ex: Ele garante que o computador destino de uma
informação tenha realmente solicitado anteriormente a Existem mecanismos de segurança que apoiam os
informação através da conexão atual. controles lógicos:
Além de serem mais rigorosos na inspeção dos pa-
cotes, os stateful firewalls podem ainda manter as portas Mecanismos de encriptação
fechadas até que uma conexão para a porta específica
seja requisitada. Isso permite uma maior proteção contra A criptografia vem, na sua origem, da fusão de duas
a ameaça de port scanning. palavras gregas:

Firewalls em Nível de Aplicação • CRIPTO = ocultar, esconder.


• GRAFIA = escrever
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nesse tipo de firewall o controle é executado por apli-


cações específicas, denominadas proxies, para cada tipo Criptografia é arte ou ciência de escrever em cifra ou
de serviço a ser controlado. Essas aplicações interceptam em códigos. É então um conjunto de técnicas que tornam
todo o tráfego recebido e o envia para as aplicações cor- uma mensagem incompreensível permitindo apenas que
respondentes; assim, cada aplicação pode controlar o o destinatário que conheça a chave de encriptação possa
uso de um serviço. decriptar e ler a mensagem com clareza.
Apesar desse tipo de firewall ter uma perda maior de Permitem a transformação reversível da informação
performance, já que ele analisa toda a comunicação uti- de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se
lizando proxies, ele permite uma maior auditoria sobre o para tal, algoritmos determinados e uma chave secreta

375
para, a partir de um conjunto de dados não encriptados, a identidade do vendedor e o conteúdo do Certificado
produzir uma sequência de dados encriptados. A opera- por ele apresentado. Da mesma forma, o servidor poderá
ção inversa é a desencriptação. solicitar ao comprador seu Certificado de Identidade Di-
gital, para identificá-lo com segurança e precisão.
Assinatura digital Caso qualquer um dos dois apresente um Certificado
de Identidade Digital adulterado, ele será avisado do fato,
Um conjunto de dados encriptados, associados a um e a comunicação com segurança não será estabelecida.
documento do qual são função, garantindo a integridade O Certificado de Identidade Digital é emitido e assi-
do documento associado, mas não a sua confidencialidade. nado por uma Autoridade Certificadora Digital (Certifi-
A assinatura digital, portanto, busca resolver dois pro- cate Authority). Para tanto, esta autoridade usa as mais
blemas não garantidos apenas com uso da criptografia para avançadas técnicas de criptografia disponíveis e de pa-
codificar as informações: a Integridade e a Procedência. drões internacionais (norma ISO X.509 para Certificados
Ela utiliza uma função chamada one-way hash func- Digitais), para a emissão e chancela digital dos Certifica-
tion, também conhecida como: compression function, dos de Identidade Digital.
cryptographic checksum, message digest ou fingerprint. Podemos destacar três elementos principais:
Essa função gera uma string única sobre uma informação,
se esse valor for o mesmo tanto no remetente quanto des- • Informação de atributo: É a informação sobre o ob-
tinatário, significa que essa informação não foi alterada. jeto que é certificado. No caso de uma pessoa, isto
Mesmo assim isso ainda não garante total integrida- pode incluir seu nome, nacionalidade e endereço
de, pois a informação pode ter sido alterada no seu envio e-mail, sua organização e o departamento da or-
e um novo hash pode ter sido calculado. ganização onde trabalha.
Para solucionar esse problema, é utilizada a cripto- • Chave de informação pública: É a chave pública
grafia assimétrica com a função das chaves num sentido da entidade certificada. O certificado atua para
inverso, onde o hash é criptografado usando a chave pri- associar a chave pública à informação de atributo,
descrita acima. A chave pública pode ser qualquer
vada do remetente, sendo assim o destinatário de posse
chave assimétrica, mas usualmente é uma chave
da chave pública do remetente poderá decriptar o hash.
RSA.
Dessa maneira garantimos a procedência, pois somente
• Assinatura da Autoridade em Certificação (CA): A
o remetente possui a chave privada para codificar o hash
CA assina os dois primeiros elementos e, então,
que será aberto pela sua chave pública. Já o hash, gerado
adiciona credibilidade ao certificado. Quem recebe
a partir da informação original, protegido pela criptogra-
o certificado verifica a assinatura e acreditará na
fia, garantirá a integridade da informação.
informação de atributo e chave pública associadas
se acreditar na Autoridade em Certificação.
Mecanismos de garantia da integridade da informação
Existem diversos protocolos que usam os certificados
Usando funções de “Hashing” ou de checagem, con- digitais para comunicações seguras na Internet:
sistindo na adição.
• Secure Socket Layer ou SSL;
Mecanismos de controle de acesso • Secured Multipurpose Mail Extensions - S/MIME;
• Form Signing;
Palavras-chave, sistemas biométricos, firewalls, car- • Authenticode / Objectsigning.
tões inteligentes.
O SSL é talvez a mais difundida aplicação para os cer-
Mecanismos de certificação tificados digitais e é usado em praticamente todos os
sites que fazem comércio eletrônico na rede (livrarias, lo-
Atesta a validade de um documento. O Certificado jas de CD, bancos etc.). O SSL teve uma primeira fase de
Digital, também conhecido como Certificado de Identi- adoção onde apenas os servidores estavam identificados
dade Digital associa a identidade de um titular a um par com certificados digitais, e assim tínhamos garantido,
de chaves eletrônicas (uma pública e outra privada) que, além da identidade do servidor, o sigilo na sessão. En-
usadas em conjunto, fornecem a comprovação da identi- tretanto, apenas com a chegada dos certificados para os
dade. É uma versão eletrônica (digital) de algo parecido a browsers é que pudemos contar também com a identifi-
uma Cédula de Identidade - serve como prova de identi- cação na ponta cliente, eliminando assim a necessidade
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dade, reconhecida diante de qualquer situação onde seja do uso de senhas e logins.
necessária a comprovação de identidade.
O Certificado Digital pode ser usado em uma gran- O S/Mime é também um protocolo muito popular,
de variedade de aplicações, como comércio eletrônico, pois permite que as mensagens de correio eletrônico tra-
groupware (Intranets e Internet) e transferência eletrôni- feguem encriptadas e/ou assinadas digitalmente. Desta
ca de fundos. forma os e-mails não podem ser lidos ou adulterados
Dessa forma, um cliente que compre em um shopping por terceiros durante o seu trânsito entre a máquina do
virtual, utilizando um Servidor Seguro, solicitará o Certi- remetente e a do destinatário. Além disso, o destinatário
ficado de Identidade Digital deste Servidor para verificar: tem a garantia da identidade de quem enviou o e-mail.

376
O Form Signing é uma tecnologia que permite que os Violação
usuários emitam recibos online com seus certificados di-
gitais. Por exemplo: o usuário acessa o seu Internet Ban- A Violação ocorre quando os dados são alterados:
king e solicita uma transferência de fundos. O sistema
do banco, antes de fazer a operação, pede que o usuário • Alterar dados durante a transmissão;
assine com seu certificado digital um recibo confirmando • Alterar dados em arquivos.
a operação. Esse recibo pode ser guardado pelo banco
para servir como prova, caso o cliente posteriormente Repudiação
negue ter efetuado a transação.
O Authenticode e o Object Signing são tecnologias A Repudiação talvez seja uma das últimas etapas de
que permitem que um desenvolvedor de programas de um ataque bem sucedido, pois é o ato de negar algo que
computador assine digitalmente seu software. Assim, foi feito. Isso pode ser feito apagando as entradas do Log
ao baixar um software pela Internet, o usuário tem cer- após um acesso indevido. Exemplos:
teza da identidade do fabricante do programa e que
o software se manteve íntegro durante o processo de • Excluir um arquivo crítico e negar que excluiu;
download. Os certificados digitais se dividem em ba- • Comprar um produto e mais tarde negar que comprou.
sicamente dois formatos: os certificados de uso geral
(que seriam equivalentes a uma carteira de identidade) Divulgação
e os de uso restrito (equivalentes a cartões de banco,
carteiras de clube etc.). Os certificados de uso geral são A Divulgação das Informações pode ser tão grave e/
emitidos diretamente para o usuário final, enquanto ou custar tão caro quanto um ataque de “Negação de
que os de uso restrito são voltados basicamente para Serviço”, pois informações que não podiam ser acessa-
empresas ou governo. das por terceiros, agora estão sendo divulgadas ou usa-
Integridade: Medida em que um serviço/informação das para obter vantagem em negócios.
é genuino, isto é, esta protegido contra a personificação Dependendo da informação ela pode ser usada como
por intrusos. objeto de chantagem. Abaixo exemplos de Divulgação:

Honeypot: É o nome dado a um software, cuja função • Expor informações em mensagens de erro;
é detectar ou de impedir a ação de um cracker, de um • Expor código em sites.
spammer, ou de qualquer agente externo estranho ao
sistema, enganando-o, fazendo-o pensar que esteja de Negação de Serviço (DoS) (Denial of Service, DoS)
fato explorando uma vulnerabilidade daquele sistema.
A forma mais conhecida de ataque que consiste na
AMEAÇAS À SEGURANÇA perturbação de um serviço, devido a danos físicos ou
lógicos causados no sistema que o suportam. Para pro-
Ameaça é algo que oferece um risco e tem como foco vocar um DoS, os atacantes disseminam vírus, geram
algum ativo. Uma ameaça também pode aproveitar-se grandes volumes de tráfego de forma artificial, ou muitos
de alguma vulnerabilidade do ambiente. pedidos aos servidores que causam subcarga e estes úl-
Identificar Ameaças de Segurança – Identificar os Ti- timos ficam impedidos de processar os pedidos normais.
pos de Ataques é a base para chegar aos Riscos. Lem- O objetivo deste ataque é parar algum serviço. Exemplo:
bre-se que existem as prioridades; essas prioridades são
os pontos que podem comprometer o “Negócio da Em- • “Inundar” uma rede com pacotes SYN (Syn-Flood);
presa”, ou seja, o que é crucial para a sobrevivência da • “Inundar” uma rede com pacotes ICPM forçados.
Empresa é crucial no seu projeto de Segurança.
Abaixo temos um conjunto de ameaças, chamado de O alvo deste tipo de ataque pode ser um Web Server
FVRDNE: contendo o site da empresa, ou até mesmo “inundar” o
Falsificação DHCP Server Local com solicitações de IP, fazendo com
que nenhuma estação com IP dinâmico obtenha ende-
Falsificação de Identidade é quando se usa nome de reço IP.
usuário e senha de outra pessoa para acessar recursos ou
executar tarefas. Seguem dois exemplos: Elevação de Privilégios
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Acontece quando o usuário mal-intencionado quer


• Falsificar mensagem de e-mail; executar uma ação da qual não possui privilégios admi-
• Executar pacotes de autenticação. nistrativos suficientes:

Um ataque de Falsificação pode ter início em um Pos- • Explorar saturações do buffer para obter privilé-
tIt com sua senha, grudado no seu monitor. gios do sistema;
• Obter privilégios de administrador de forma ilegítima.

377
Este usuário pode aproveitar-se que o Administrador • Engenharia Social – O Administrador pode alterar
da Rede efetuou logon numa máquina e a deixou des- uma senha sem verificar a identidade da chamada.
bloqueada, e com isso adicionar a sua própria conta aos • Segurança fraca no Perímetro – Serviços desneces-
grupos Domain Admins, e Remote Desktop Users. Com sários, portas não seguras. Firewall e Roteadores
isso ele faz o que quiser com a rede da empresa, mesmo usados incorretamente.
que esteja em casa. • Transporte de Dados sem Criptografia – Pacotes de
autenticação usando protocolos de texto simples,
Quem pode ser uma ameaça? dados importantes enviados em texto simples pela
Internet.
Quem ataca a rede/sistema são agentes maliciosos,
muitas vezes conhecidos como crackers, (hackers não Identifique, entenda como explorá-las e mesmo que
são agentes maliciosos, tentam ajudar a encontrar possí- não seja possível eliminá-las, monitore e gerencie o risco
veis falhas). Estas pessoas são motivadas para fazer esta de suas vulnerabilidades.
ilegalidade por vários motivos. Os principais motivos são: Nem todos os problemas de segurança possuem uma
notoriedade, autoestima, vingança e o dinheiro. É sabido solução definitiva, a partir disso inicia-se o Gerenciamen-
que mais de 70% dos ataques partem de usuários legíti- to de Risco, analisando e balanceando todas as informa-
mos de sistemas de informação (Insiders) -- o que motiva ções sobre Ativos, Ameaças, Vulnerabilidades, probabili-
corporações a investir largamente em controles de segu- dade e impacto.
rança para seus ambientes corporativos (intranet).
É necessário identificar quem pode atacar a minha NÍVEL DE SEGURANÇA
rede, e qual a capacidade e/ou objetivo desta pessoa.
Depois de identificado o potencial de ataque, as or-
• Principiante – não tem nenhuma experiência em ganizações têm que decidir o nível de segurança a es-
programação e usa ferramentas de terceiros. Ge- tabelecer para um rede ou sistema os recursos físicos e
lógicos a necessitar de proteção. No nível de segurança
ralmente não tem noção do que está fazendo ou
devem ser quantificados os custos associados aos ata-
das consequências daquele ato.
ques e os associados à implementação de mecanismos
• Intermediário – tem algum conhecimento de pro-
de proteção para minimizar a probabilidade de ocorrên-
gramação e utiliza ferramentas usadas por tercei-
cia de um ataque .
ros. Esta pessoa pode querer algo além de testar
um “Programinha Hacker”.
POLÍTICAS DE SEGURANÇA
• Avançado – Programadores experientes, possuem
conhecimento de Infraestrutura e Protocolos. Po-
De acordo com o RFC 2196 (The Site Security Han-
dem realizar ataques estruturados. Certamente
dbook), uma política de segurança consiste num conjun-
não estão só testando os seus programas. to formal de regras que devem ser seguidas pelos usuá-
rios dos recursos de uma organização.
Estas duas primeiras pessoas podem ser funcionários As políticas de segurança devem ter implementação
da empresa, e provavelmente estão se aproveitando de realista, e definir claramente as áreas de responsabilida-
alguma vulnerabilidade do seu ambiente. de dos usuários, do pessoal de gestão de sistemas e re-
des e da direção. Deve também adaptar-se a alterações
VULNERABILIDADES na organização. As políticas de segurança fornecem um
enquadramento para a implementação de mecanismos
Os ataques com mais chances de dar certo são aque- de segurança, definem procedimentos de segurança
les que exploram vulnerabilidades, seja ela uma vulnera- adequados, processos de auditoria à segurança e estabe-
bilidade do sistema operacional, aplicativos ou políticas lecem uma base para procedimentos legais na sequência
internas. de ataques.
Veja algumas vulnerabilidades: O documento que define a política de segurança
deve deixar de fora todos os aspetos técnicos de imple-
• Roubo de senhas – Uso de senhas em branco, se- mentação dos mecanismos de segurança, pois essa im-
nhas previsíveis ou que não usam requisitos míni- plementação pode variar ao longo do tempo. Deve ser
mos de complexidade. Deixar um Postit com a sua também um documento de fácil leitura e compreensão,
senha grudada no monitor é uma vulnerabilidade. além de resumido.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Software sem Patches – Um gerenciamento de Algumas normas definem aspectos que devem ser le-
Service Packs e HotFixes mal feito é uma vulnera- vados em consideração ao elaborar políticas de seguran-
bilidade comum. Veja casos como os ataques do ça. Entre essas normas estão a BS 7799 (elaborada pela
Slammer e do Blaster, sendo que suas respectivas British Standards Institution) e a NBR ISO/IEC 17799 (a
correções já estavam disponíveis bem antes dos versão brasileira desta primeira).
ataques serem realizados. Existem duas filosofias por trás de qualquer política
• Configuração Incorreta – Aplicativos executados de segurança: a proibitiva (tudo que não é expressamen-
com contas de Sistema Local, e usuários que pos- te permitido é proibido) e a permissiva (tudo que não é
suem permissões acima do necessário. proibido é permitido).

378
Enfim, implantar Segurança em um ambiente não de- Em linhas gerais, um vírus completo (entenda-se por
pende só da Tecnologia usada, mas também dos Proces- completo o vírus que usa todas as formas possíveis de
sos utilizados na sua implementação e da responsabili- contaminar e se ocultar) chega até a memória do com-
dade que as Pessoas têm neste conjunto. Estar atento ao putador de duas formas.
surgimento de novas tecnologias não basta, é necessário A primeira e a mais simples é a seguinte: em qualquer
entender as necessidades do ambiente, e implantar polí- disco (tanto disquete quanto HD) existe um setor que é
ticas que conscientizem as pessoas a trabalhar de modo lido primeiro pelo sistema operacional quando o com-
seguro. putador o acessa. Este setor identifica o disco e informa
Seu ambiente nunca estará seguro, não imagine que como o sistema operacional (SO) deve agir. O vírus se
instalando um bom Antivírus você elimina as suas vul- aloja exatamente neste setor, e espera que o computa-
nerabilidades ou diminui a quantidade de ameaças. É dor o acesse.
extremamente necessário conhecer o ambiente e fazer A partir daí ele passa para a memória do computador
um estudo, para depois poder implementar ferramentas
e entra na segunda fase da infecção. Mas antes de falar-
e soluções de segurança.
mos da segunda fase, vamos analisar o segundo método
de infecção: o
NOÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE VÍRUS DE COM-
vírus se agrega a um arquivo executável (fica pendu-
PUTADOR
rado mesmo nesse arquivo). Acessar o disco onde este
DEFINIÇÃO E PROGRAMAS ANTIVÍRUS arquivo está não é o suficiente para se contaminar.
É preciso executar o arquivo contaminado. O vírus se
O que são vírus de computador? anexa, geralmente, em uma parte do arquivo onde não
interfira no seu funcionamento (do arquivo), pois assim o
Os vírus representam um dos maiores problemas usuário não vai perceber nenhuma alteração e vai conti-
para usuários de computador. nuar usando o programa infectado.
Consistem em pequenos programas criados para O vírus, após ter sido executado, fica escondido ago-
causar algum dano ao computador infectado, seja apa- ra na memória do computador, e imediatamente infecta
gando dados, seja capturando informações, seja alteran- todos os discos que estão ligados ao computador, co-
do o funcionamento normal da máquina. Os usuários dos locando uma cópia de si mesmo no tal setor que é lido
sistemas operacionais Windows são vítimas quase que primeiro (chamado setor de boot), e quando o disco for
exclusivas de vírus, já que os sistemas da Microsoft são transferido para outro computador, este ao acessar o
largamente usados no mundo todo. Existem vírus para disco contaminado (lendo o setor de boot), executará o
sistemas operacionais Mac e os baseados em Unix, mas vírus e o alocará na sua memória, o que por sua vez irá
estes são extremamente raros e costumam ser bastan- infectar todos os discos utilizados neste computador, e
te limitados. Esses “programas maliciosos” receberam o assim o vírus vai se alastrando.
nome vírus porque possuem a característica de se multi- Os vírus que se anexam a arquivos infectam também
plicar facilmente, assim como ocorre com os vírus reais, todos os arquivos que estão sendo ou e serão executa-
ou seja, os vírus biológicos. Eles se disseminam ou agem dos. Alguns às vezes re-contaminam o mesmo arquivo
por meio de falhas ou limitações de determinados pro- tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um
gramas, se espalhando como em uma infecção. espaço considerável (que é sempre muito precioso) em
Para contaminarem os computadores, os vírus anti- seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre
gamente usavam disquetes ou arquivos infectados. Hoje, os espaços do programa original, para não dar a menor
os vírus podem atingir em poucos minutos milhares de
pista de sua existência.
computadores em todo mundo. Isso tudo graças à Inter-
Cada vírus possui um critério para começar o ataque
net. O método de propagação mais comum é o uso de
propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa-
e-mails, onde o vírus usa um texto que tenta convencer
gados, o micro começa a travar, documentos que não
o internauta a clicar no arquivo em anexo. É nesse anexo
que se encontra o vírus. Os meios de convencimento são são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mos-
muitos e costumam ser bastante criativos. O e-mail (e até tram mensagens chatas, outros mais elaborados fazem
o campo assunto da mensagem) costuma ter textos que estragos muitos grandes.
despertam a curiosidade do internauta. Muitos exploram
assuntos eróticos ou abordam questões atuais. Alguns TIPOS
vírus podem até usar um remetente falso, fazendo o des-
tinatário do e-mail acreditar que se trata de uma mensa- Cavalo-de-Tróia
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

gem verdadeira. Muitos internautas costumam identificar


e-mails de vírus, mas os criadores destas “pragas digitais” A denominação “Cavalo de Tróia” (Trojan Horse) foi
podem usar artifícios inéditos que não poupam nem o atribuída aos programas que permitem a invasão de
usuário mais experiente. um computador alheio com espantosa facilidade. Nes-
O computador (ou, melhor dizendo, o sistema ope- se caso, o termo é análogo ao famoso artefato militar
racional), por si só, não tem como detectar a existência fabricado pelos gregos espartanos. Um “amigo” virtual
deste programinha. Ele não é referenciado em nenhuma presenteia o outro com um “presente de grego”, que se-
parte dos seus arquivos, ninguém sabe dele, e ele não ria um aplicativo qualquer. Quando o leigo o executa, o
costuma se mostrar antes do ataque fatal. programa atua de forma diferente do que era esperado.

379
Ao contrário do que é erroneamente informado na Os spywares e os keyloggers podem ser identifica-
mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele dos por programas anti-spywares. Porém, algumas des-
não se reproduz e não tem nenhuma comparação com tas pragas são tão perigosas que alguns antivírus podem
vírus de computador, sendo que seu objetivo é totalmen- ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus.
te diverso. Deve-se levar em consideração, também, que No caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma
a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classificam ferramenta desenvolvida especialmente para combater
como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, exclusi- aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar
vamente, como definição para programas que capturam no sistema operacional de uma forma que nem antivírus
dados sem o conhecimento do usuário. nem anti-spywares conseguem “pegar”.
O Cavalo de Tróia é um programa que se aloca como
um arquivo no computador da vítima. Ele tem o intuito Hoaxes, o que são?
de roubar informações como passwords, logins e quais-
quer dados, sigilosos ou não, mantidos no micro da ví- São boatos espalhados por mensagens de correio
tima. Quando a máquina contaminada por um Trojan eletrônico, que servem para assustar o usuário de com-
conectar-se à Internet, poderá ter todas as informações putador. Uma mensagem no e-mail alerta para um novo
contidas no HD visualizadas e capturadas por um intruso vírus totalmente destrutivo que está circulando na rede
qualquer. Estas visitas são feitas imperceptivelmente. Só e que infectará o micro do destinatário enquanto a men-
quem já esteve dentro de um computador alheio sabe as sagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar em
possibilidades oferecidas. determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem hoax
normalmente costuma dizer que a informação partiu de
Worm uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e que tal
vírus poderá danificar a máquina do usuário. Desconsi-
Os worms (vermes) podem ser interpretados como dere a mensagem.
um tipo de vírus mais inteligente que os demais. A prin-
FIREWALL
cipal diferença entre eles está na forma de propagação:
os worms podem se propagar rapidamente para outros
Firewall é um programa que monitora as conexões
computadores, seja pela Internet, seja por meio de uma
feitas pelo seu computador para garantir que nenhum
rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de ma-
recurso do seu computador esteja sendo usado indevi-
neira discreta e o usuário só nota o problema quando o
damente. São úteis para a prevenção de worms e trojans.
computador apresenta alguma anormalidade. O que faz
destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de
ANTIVÍRUS
propagação. O worm pode capturar endereços de e-mail
em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema
Existe uma variedade enorme de softwares antivírus
de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-
que permita a contaminação de computadores (normal- -o sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos
mente milhares) em pouco tempo. todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência
deles para proteger seu sistema operacional.
Spywares, keyloggers e hijackers A maioria dos softwares antivírus possuem serviços
de atualização automática. Abaixo há uma lista com os
Apesar de não serem necessariamente vírus, estes antivírus mais conhecidos:
três nomes também representam perigo. Spywares são Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br
programas que ficam “espionando” as atividades dos - Possui versão de teste.
internautas ou capturam informações sobre eles. Para McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Pos-
contaminar um computador, os spywares podem vir em- sui versão de teste.
butidos em softwares desconhecidos ou serem baixados AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga
automaticamente quando o internauta visita sites de e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun-
conteúdo duvidoso. cionalidades).
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoft-
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, ware.com.br - Possui versão de teste.
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado. É importante frisar que a maioria destes desenvolve-
O objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas. dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a re-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Hijackers são programas ou scripts que “sequestram” mover vírus específicos. Geralmente, tais softwares são
navegadores de Internet, principalmente o Internet Ex- criados para combater vírus perigosos ou com alto grau
plorer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página ini- de propagação.
cial do browser e impede o usuário de mudá-la, exibe
propagandas em pop-ups ou janelas novas, instala bar- PROTEÇÃO
ras de ferramentas no navegador e podem impedir aces-
so a determinados sites (como sites de software antivírus, A melhor política com relação à proteção do seu com-
por exemplo). putador contra vírus é possuir um bom software antiví-
rus original instalado e atualizá-lo com frequência, pois

380
surgem vírus novos a cada dia. Portanto, a regra básica O que acontece se ocorrer uma infecção?
com relação a vírus (e outras infecções) é: Jamais execute Você ficará à mercê de pessoas inescrupulosas quan-
programas que não tenham sido obtidos de fontes abso- do estiver conectado à Internet. Elas poderão invadir seu
lutamente confiáveis. O tema dos vírus é muito extenso e computador e realizar atividades nocivas desde apenas
não se pode pretender abordá-lo aqui senão superficial- ler seus arquivos, até causar danos como apagar arqui-
mente, para dar orientações essenciais. Vamos a algumas vos, e até mesmo roubar suas senhas, causando todo o
recomendações. tipo de prejuízos.
Os processos mais comuns de se receber arquivos
são como anexos de mensagens de e-mail, através de Como me proteger?
programas de FTP, ou por meio de programas de comu-
nicação, como o ICQ, o NetMeeting, etc. Em primeiro lugar, voltemos a enfatizar a atitude bá-
Note que: sica de evitar executar programas desconhecidos ou de
Não existem vírus de e-mail. O que existem são vírus origem duvidosa. Portanto, mais uma vez, Jamais execute
escondidos em programas anexados ao e-mail. Você não programas que não tenham sido obtidos de fontes abso-
infecta seu computador só de ler uma mensagem de cor- lutamente confiáveis.
reio eletrônico escrita em formato texto (.txt). Mas evite Além disto, há a questão das senhas. Se o seu mi-
ler o conteúdo de arquivos anexados sem antes certifi- cro estiver infectado outras pessoas poderiam acessar as
car-se de que eles estão livres de vírus. Salve-os em um suas senhas. E troca-las não seria uma solução definitiva,
diretório e passe um programa antivírus atualizado. Só pois os invasores poderiam entrar no seu micro outra vez
depois abra o arquivo. e rouba-la novamente. Portanto, como medida extrema
Cuidados que se deve tomar com mensagens de cor- de prevenção, o melhor mesmo é NÃO DEIXAR AS SE-
reio eletrônico – Como já foi falado, simplesmente ler a NHAS NO COMPUTADOR. Isto quer dizer que você não
mensagem não causa qualquer problema. No entanto, deve usar, ou deve desabilitar, se já usa, os recursos do
se a mensagem contém anexos (ou attachments, em In- tipo “lembrar senha”. Eles gravam sua senha para evitar
glês), é preciso cuidado. O anexo pode ser um arquivo
a necessidade de digitá-la novamente. Só que, se a sua
executável (programa) e, portanto, pode estar contami-
senha está gravada no seu computador, ela pode ser lida
nado. A não ser que você tenha certeza absoluta da inte-
por um invasor. Atualmente, é altamente recomendável
gridade do arquivo, é melhor ser precavido e suspeitar.
que você prefira digitar a senha a cada vez que faz uma
Não abra o arquivo sem antes passá-lo por uma análise
conexão. Abra mão do conforto em favor da sua segu-
do antivírus atualizado
rança.
Mas se o anexo não for um programa, for um arquivo
apenas de texto, é possível relaxar os cuidados?
CERTIFICAÇÃO E ASSINATURA DIGITAL
Não. Infelizmente, os criadores de vírus são muito ati-
vos, e existem hoje, disseminando-se rapidamente, vírus
que contaminam arquivos do MS Word ou do MS Excel. Um conjunto de dados encriptados, associados a um
São os chamados vírus de macro, que infectam os ma- documento do qual são função, garantindo a integridade
cros (executáveis) destes arquivos. Assim, não abra ane- do documento associado, mas não a sua confidencialidade.
xos deste tipo sem prévia verificação. A assinatura digital, portanto, busca resolver dois
É possível clicar no indicador de anexo para ver do problemas não garantidos apenas com uso da criptogra-
que se trata? E como fazer em seguida? fia para codificar as informações: a Integridade e a Pro-
Apenas clicar no indicador (que no MS Outlook Ex- cedência.
press é uma imagem de um clip), sim. Mas cuidado para Ela utiliza uma função chamada one-way hash func-
não dar um clique duplo, ou clicar no nome do arquivo, tion, também conhecida como: compression function,
pois se o anexo for um programa, será executado. Faça cryptographic checksum, message digest ou fingerprint.
assim: Essa função gera uma string única sobre uma informa-
ção, se esse valor for o mesmo tanto no remetente quan-
1- Abra a janela da mensagem (em que o anexo apa- to destinatário, significa que essa informação não foi al-
rece como um ícone no rodapé); terada.
2- Salve o anexo em um diretório à sua escolha, o que Mesmo assim isso ainda não garante total integrida-
pode ser feito de dois modos: de, pois a informação pode ter sido alterada no seu envio
a) clicar o anexo com o botão direito do mouse e e um novo hash pode ter sido calculado.
em seguida clicar em “Salvar como...”; Para solucionar esse problema, é utilizada a cripto-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

b) sequência de comandos: Arquivo / Salvar anexos... grafia assimétrica com a função das chaves num sentido
3- Passe um antivírus atualizado no anexo salvo para inverso, onde o hash é criptografado usando a chave pri-
se certificar de que este não está infectado. vada do remetente, sendo assim o destinatário de posse
da chave pública do remetente poderá decriptar o hash.
Riscos dos “downloads”- Simplesmente baixar o pro- Dessa maneira garantimos a procedência, pois somente
grama para o seu computador não causa infecção, seja por o remetente possui a chave privada para codificar o hash
FTP, ICQ, ou o que for. Mas de modo algum execute o pro- que será aberto pela sua chave pública. Já o hash, gerado
grama (de qualquer tipo, joguinhos, utilitários, protetores a partir da informação original, protegido pela criptogra-
de tela, etc.) sem antes submetê-lo a um bom antivírus. fia, garantirá a integridade da informação.

381
Mecanismos de garantia da integridade da informação Existem diversos protocolos que usam os certificados
digitais para comunicações seguras na Internet:
Usando funções de “Hashing” ou de checagem, con-
sistindo na adição. • Secure Socket Layer ou SSL;
Mecanismos de controle de acesso • Secured Multipurpose Mail Extensions - S/MIME;
• Form Signing;
Palavras-chave, sistemas biométricos, firewalls, car- • Authenticode / Objectsigning.
tões inteligentes.
Mecanismos de certificação O SSL é talvez a mais difundida aplicação para os cer-
tificados digitais e é usado em praticamente todos os
Atesta a validade de um documento. O Certificado sites que fazem comércio eletrônico na rede (livrarias, lo-
Digital, também conhecido como Certificado de Identi- jas de CD, bancos etc.). O SSL teve uma primeira fase de
dade Digital associa a identidade de um titular a um par adoção onde apenas os servidores estavam identificados
de chaves eletrônicas (uma pública e outra privada) que, com certificados digitais, e assim tínhamos garantido,
usadas em conjunto, fornecem a comprovação da identi- além da identidade do servidor, o sigilo na sessão. En-
dade. É uma versão eletrônica (digital) de algo parecido a tretanto, apenas com a chegada dos certificados para os
uma Cédula de Identidade - serve como prova de identi- browsers é que pudemos contar também com a identifi-
dade, reconhecida diante de qualquer situação onde seja cação na ponta cliente, eliminando assim a necessidade
necessária a comprovação de identidade. do uso de senhas e logins.
O Certificado Digital pode ser usado em uma gran- O S/Mime é também um protocolo muito popular,
de variedade de aplicações, como comércio eletrônico, pois permite que as mensagens de correio eletrônico tra-
groupware (Intranets e Internet) e transferência eletrôni- feguem encriptadas e/ou assinadas digitalmente. Desta
ca de fundos. forma os e-mails não podem ser lidos ou adulterados
Dessa forma, um cliente que compre em um shopping por terceiros durante o seu trânsito entre a máquina do
virtual, utilizando um Servidor Seguro, solicitará o Certi- remetente e a do destinatário. Além disso, o destinatário
ficado de Identidade Digital deste Servidor para verificar: tem a garantia da identidade de quem enviou o e-mail.
a identidade do vendedor e o conteúdo do Certificado O Form Signing é uma tecnologia que permite que os
por ele apresentado. Da mesma forma, o servidor poderá usuários emitam recibos online com seus certificados di-
solicitar ao comprador seu Certificado de Identidade Di- gitais. Por exemplo: o usuário acessa o seu Internet Ban-
gital, para identificá-lo com segurança e precisão. king e solicita uma transferência de fundos. O sistema
Caso qualquer um dos dois apresente um Certifica- do banco, antes de fazer a operação, pede que o usuário
do de Identidade Digital adulterado, ele será avisado do assine com seu certificado digital um recibo confirmando
fato, e a comunicação com segurança não será estabe- a operação. Esse recibo pode ser guardado pelo banco
lecida. para servir como prova, caso o cliente posteriormente
O Certificado de Identidade Digital é emitido e assi- negue ter efetuado a transação.
nado por uma Autoridade Certificadora Digital (Certifi- O Authenticode e o Object Signing são tecnologias
cate Authority). Para tanto, esta autoridade usa as mais que permitem que um desenvolvedor de programas de
avançadas técnicas de criptografia disponíveis e de pa- computador assine digitalmente seu software. Assim, ao
drões internacionais (norma ISO X.509 para Certificados baixar um software pela Internet, o usuário tem certeza
Digitais), para a emissão e chancela digital dos Certifica- da identidade do fabricante do programa e que o softwa-
dos de Identidade Digital. re se manteve íntegro durante o processo de download.
Podemos destacar três elementos principais: Os certificados digitais se dividem em basicamente dois
formatos: os certificados de uso geral (que seriam equiva-
• Informação de atributo: É a informação sobre o ob- lentes a uma carteira de identidade) e os de uso restrito
jeto que é certificado. No caso de uma pessoa, isto (equivalentes a cartões de banco, carteiras de clube etc.).
pode incluir seu nome, nacionalidade e endereço Os certificados de uso geral são emitidos diretamente
e-mail, sua organização e o departamento da or- para o usuário final, enquanto que os de uso restrito são
ganização onde trabalha. voltados basicamente para empresas ou governo.
• Chave de informação pública: É a chave pública
da entidade certificada. O certificado atua para Integridade: Medida em que um serviço/informação
associar a chave pública à informação de atributo, é genuino, isto é, esta protegido contra a personificação
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

descrita acima. A chave pública pode ser qualquer por intrusos.


chave assimétrica, mas usualmente é uma chave
RSA. Honeypot: É o nome dado a um software, cuja função
• Assinatura da Autoridade em Certificação (CA): A é detectar ou de impedir a ação de um cracker, de um
CA assina os dois primeiros elementos e, então, spammer, ou de qualquer agente externo estranho ao
adiciona credibilidade ao certificado. Quem recebe sistema, enganando-o, fazendo-o pensar que esteja de
o certificado verifica a assinatura e acreditará na fato explorando uma vulnerabilidade daquele sistema.
informação de atributo e chave pública associadas
se acreditar na Autoridade em Certificação.

382
Aspectos legais Os usuários de internet banking crescem a cada dia,
bem como as pessoas mal intencionadas e que fariam
A Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de de tudo para roubar senhas e acessar essas contas. Desta
2001 define as regras para a criação da ICP-Brasil e da forma os bancos precisam criar novos mecanismos que
DPC associada bem como a utilização de certificados auxiliem a proteção, como é o caso do token. Hoje exis-
digitais no Brasil, aspectos legais e aspectos necessários tem aplicativos que reconhecem o computador, teclados
para uma entidade se tornar uma AC Intermediária e as- virtuais para a inserção de senhas adicionais e diversas ou-
sim emitir certificados digitais para outras entidades ga- tras ferramentas que visam proteger o usuário do banco.
rantindo autenticidade, integridade, não repúdio e vali-
dade jurídica de trâmites eletrônicos por essas entidades Qual é a ideia?
realizados.
A Lei 11.419 de 19 de dezembro de 2006 fundamenta Antigamente bastava ter o número da conta, da agên-
os processos judiciais eletrônicos no Brasil. Nela, existe o cia e uma senha adicional para realizar diversos tipos de
artigo 20 do capítulo 4, que altera o artigo 38 do Código ações bancárias pela internet. Qualquer um que de al-
de Processo Civil (Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973) de guma forma obtivesse esses dados poderia movimentar
forma que a autenticação por certificados digitais tam- dinheiro, realizar transferências e obviamente prejudicar
bém seja legalmente válida. alguém com isso.
De lá para cá os bancos estão cada vez mais atentos
Criando um certificado digital com as ações dos crackers e criam novos mecanismos
de segurança para dificultar o sucesso dos criminosos.
A entidade que deseja emitir o certificado gera um O token é uma das últimas inovações e promete ajudar
par de chaves criptográficas (uma chave pública e uma ainda mais quem utiliza o internet banking diariamente.
chave privada).
Em seguida a entidade gera um arquivo chamado Tokens
Certificate Signing Request (CSR) composto pela chave
pública da entidade e mais algumas informações que a
A palavra significa “passe” e remete aos dispositivos
AC requer sobre a entidade e é assinado digitalmente
geradores de códigos aleatórios, necessários para aces-
pela chave privada da própria entidade e envia o CSR
sar sua conta bancária juntamente com a senha indivi-
cifrado pela chave pública da AC.
dual. Desta forma, ninguém poderá adivinhar o código,
Então é necessário o comparecimento físico de um
já que ele é gerado instantaneamente.
indivíduo responsável por aquela identidade em uma
O código é valido por poucos segundos, o que dificul-
Autoridade de Registro (AR) (em alguns casos a AR vai
ta ainda mais a ação dos criminosos. Você carrega tudo
até o cliente) para confirmação dos dados contidos no
isso na forma de um pequeno chaveiro, parecido com
CSR e se necessário o acréscimo de mais algum dado
do responsável pelo certificado e emissão do certificado. um pendrive. Essas características somadas ao bom uso
Finalmente o CSR é “transformado” em um certificado do computador – cuidados essenciais com fraudes, spam
digital assinado pela AC e devolvido ao cliente. e phishing, além de evitar fazer uso do internet banking
Então o browser/aplicativo de gerência de certifica- em redes públicas ou com computadores infectados por
dos combina o certificado + a chave privada criando o vírus – são a melhor forma de prevenir os possíveis danos
conceito de “Identidade digital”, normalmente salvando com invasões de contas bancárias.
a chave privada em um cofre protegido por uma frase
senha que será necessária para o posterior acesso a cha-
ve privada.
Os browsers existentes hoje em dia como Internet
Explorer, Firefox e Opera, conhecidos como o sistema
FIOPEX, FI de FIrefox, OP de OPera, e Ex de Internet EX-
plorer fazem a parte do processo que depende do cliente
(até o momento de enviar o CSR à AC) automaticamente. Exemplos de tokens
O processo também pode ser feito manualmente usan-
do alguma biblioteca criptográfica como o OpenSSL por SENHAS
exemplo.
As senhas constituem a primeira linha de defesa con-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

TOKENS E OUTROS DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA tra o acesso não autorizado ao computador. Quanto
mais forte a senha, mais protegido estará o computador
Em termos gerais, tokens são dispositivos físicos que contra os hackers softwares mal-intencionados. É neces-
auxiliam o usuário quanto à segurança pessoal ao gerar sário garantir que existam senhas fortes para todas as
uma senha temporária de proteção para as contas que contas no seu computador. Se você estiver usando uma
ele utiliza. Normalmente o processo é feito através de rede corporativa, o administrador da rede talvez exija o
um aparelho semelhante a um chaveiro, que cria senhas uso de uma senha forte.
especiais com um único clique, ideais para transações
bancárias pela internet.

383
O que torna uma senha forte (ou fraca)? Os caracteres ASCII estão localizados no Mapa de ca-
racteres. Alguns desses caracteres não devem ser usados
Uma senha forte: em senhas. Não use os caracteres para os quais não há
uma tecla definida no canto inferior direito da caixa de
• Tem pelo menos oito caracteres. diálogo Mapa de Caracteres.
• Não contém seu nome de usuário, seu nome real As senhas do Windows podem ser muito mais lon-
ou o nome da empresa. gas que as de oito caracteres recomendadas acima. Na
• Não contém uma palavra completa. verdade, você pode criar senhas de até 127 caracteres.
• É bastante diferente das senhas anteriores.
Contudo, se você estiver trabalhando em uma rede que
• Contém caracteres de cada uma destas quatro ca-
também tenha computadores que executem o Windows
tegorias:
95 ou Windows 98, convém usar senhas que não tenham
Categoria de caracteres mais de 14 caracteres. Se a sua senha tiver mais de 14
caracteres, talvez você não possa fazer logon na rede de
Exemplos computadores executando esses sistemas operacionais.

• Letras maiúsculas = A, B, C O que é um caractere especial?


• Letras minúsculas = a, b, c
• Números = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 Um caractere especial é um caractere que não pode
• Símbolos do teclado (todos os caracteres do tecla- ser encontrado no seu teclado. É possível inserir caracte-
do não definidos como letras ou números) e espa- res especiais usando o Mapa de Caracteres ou pressio-
ços = ` ~ ! @ # $ % ^ & * ( ) _ - + = { } [ ] \ | : ; “ ‘ < > nando uma combinação de teclas no teclado.
,.?/
O que é Mapa de Caracteres?
Uma senha pode cumprir todos os critérios acima e ain-
da ser fraca. Por exemplo, Hello2U! cumpre todos os crité- O Mapa de Caracteres permite visualizar os caracteres
rios de uma senha forte listados acima, mas ainda é fraca disponíveis em uma fonte selecionada. Usando o Mapa
porque contém uma palavra completa. H3ll0 2 U! é uma
de Caracteres, é possível copiar caracteres individuais ou
alternativa melhor, porque substitui algumas das letras da
um grupo de caracteres para a Área de Transferência e
palavra completa por números e também inclui espaços
colá-los em qualquer programa que possa exibi-los.
Facilite a memorização da sua senha forte, seguin-
do estas etapas: Como abrir o Mapa de Caracteres?

Crie uma sigla a partir de uma informação fácil de Para abrir o Mapa de Caracteres, clique no botão Ini-
lembrar. Por exemplo, escolha uma frase significati- ciar. Na caixa de pesquisa, digite Mapa de Caracteres e,
va para você, como Nascimento do meu filho é 12 de na lista de resultados, clique em Mapa de Caracteres.
dezembro de 2004. Usando essa frase como guia, você
pode usar Nmfe12/Dez,4 como senha. Como inserir um caractere especial em um docu-
Substitua números, símbolos e ortografia incorreta mento?
por letras ou palavras em uma frase fácil de lembrar. Por
exemplo, Nascimento do meu filho é 12 de dezembro de Para abrir o Mapa de Caracteres, clique no botão Ini-
2004 pode se tornar NasMe F1lhOeh 12124 (não é erra- ciar. Na caixa de pesquisa, digite Mapa de Caracteres e,
do usar espaços na senha). na lista de resultados, clique em Mapa de Caracteres.
Associe a senha a um hobby ou esporte predileto. Por Clique na lista Fonte e na fonte a ser usada.
exemplo, Eu amo jogar badminton pode ser 4mJo6arB@ Clique no caractere especial que deseja inserir no do-
dm1nt()n.
cumento.
Se você achar que deve anotar a senha para lembrá-
Clique em Selecionar e, em seguida, clique em Copiar.
-la, não a identifique como uma senha e guarde-a em um
Abra o documento e clique no local em que o carac-
lugar seguro.
tere especial deve ser exibido.
Criando senhas mais fortes com caracteres ASCII Clique no menu Editar e em Colar.
Dica
Você também pode criar senhas que utilizem caracte- Muitos programas permitem arrastar caracteres es-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

res ASCII estendidos. O uso de caracteres ASCII estendi- peciais para documentos. Para fazer isso, clique no ca-
dos ajuda a tornar a senha mais segura, aumentando o ractere que deseja copiar. Quando o caractere aparecer
número de caracteres que você pode escolher para criar ampliado, arraste-o para o documento aberto.
uma senha forte. Antes de usar os caracteres ASCII esten-
didos em sua senha, verifique se as senhas formadas são
compatíveis com os programas usados por você ou sua
organização. Tenha bastante cuidado ao usar esse tipo
de caractere em senhas se a organização usar diversos
sistemas operacionais ou versões do Windows diferentes.

384
TRANSFERÊNCIA DE ARQUIVOS E DADOS dados com o servidor.1 Ambos os modos foram atualiza-
dos em Setembro de 1998 para adicionar suporte ao IPv6
FTP significa File Transfer Protocol (Protocolo de e feitas algumas mudanças no modo passivo, tornando-o
Transferência de Arquivos), e é uma forma bastante rápi- modo passivo estendido.
da e versátil de transferir arquivos (Portugal: conhecidos Durante a transferência de dados sobre a rede, quatro
como ficheiros), sendo uma das mais usadas na Internet. representações de dados podem ser utilizadas:
Pode referir-se tanto ao protocolo quanto ao progra- Modo ASCII: usado para texto. Dado é convertido,
ma que implementa este protocolo (Servidor FTP, neste se necessário, da representação de caracteres do host
caso, tradicionalmente aparece em letras minúsculas, por remetente para 8-bit em ASCII antes da transmissão, e
influência do programa de transferência de arquivos do (novamente, se necessário) para a representação de ca-
Unix). racteres do host destinatário. Como consequência, esse
A transferência de dados em redes de computadores modo é inapropriado para arquivos que contenham da-
envolve normalmente transferência de arquivos e acesso dos numéricos em binário, ponto flutuante ou forma de-
a sistemas de arquivos remotos (com a mesma interface cima codificada em binário.
usada nos arquivos locais). O FTP (RFC 959) é baseado Modo imagem (normalmente chamada de modo bi-
no TCP, mas é anterior à pilha de protocolos TCP/IP, sen- nário): a máquina remetente envia cada arquivo byte a
do posteriormente adaptado para o TCP/IP. É o padrão byte e como tal, o destinatário armazena o fluxo de by-
da pilha TCP/IP para transferir arquivos, é um protocolo tes conforme ele os recebe (o suporte ao modo imagem
genérico independente de hardware e do sistema ope- tem sido recomendado para todas as implementações
racional e transfere arquivos por livre arbítrio, tendo em de FTP).
conta restrições de acesso e propriedades dos mesmos. Modo EBCDIC: utilizado para texto simples entre
hosts utilizando o conjunto de caracteres EBCDIC.
Visão geral do protocolo Modo local: permite que dois computadores com
configurações idênticas enviem dados em um formato
O protocolo é especificado na RFC 959, resumida proprietário sem a necessidade de convertê-los para AS-
logo a seguir. CII.
Um cliente realiza uma conexão TCP para a porta 21 Para arquivos texto, são fornecidas opções para dife-
do servidor. Essa conexão, chamada de conexão de con- rentes controles de formato e estrutura de registros. Es-
trole, permanece aberta ao longo da sessão enquanto ses recursos foram projetados para suporte à formatação
uma segunda conexão, chamada conexão de dados, é Telnet ou ASA.
estabelecida na porta 20 do servidor e em alguma porta A transferência de dados pode ser feita em qualquer
do cliente (estabelecida no diálogo entre ambos) como um dos três modos a seguir:
requisitado para a transferência de arquivo. A conexão Modo fluxo: dado é enviado como um fluxo contínuo,
de controle é utilizada para administração da sessão (co- liberando FTP de fazer algum processamento. Ao invés
mandos, identificação, senhas)2 entre cliente e servidor disso, todo processamento é deixado para o TCP. Ne-
utilizando um protocolo semelhante ao Telnet. Por exem- nhum indicador de fim de arquivo é necessário, a menos
plo, “RETR filename” iria transferir o arquivo especificado que o dado esteja dividido dentro de registros.
de um servidor para um cliente. Devido a essa estrutura Modo de bloqueio: FTP quebra o dado dentro de
de duas portas, FTP é considerado out-of-band, ao con- vários blocos (bloco de cabeçalho, contagem de byte e
trário de protocolos in-band, tal como HTTP. campo de dado) e então passa-o para o TCP.
O servidor responde na conexão de controle com três Modo comprimido: dado é comprimido utilizando
dígitos de código de estado em ASCII com uma mensa- um algoritmo simples.
gem de texto opcional. Por exemplo, “200” ou “200 OK”
significa que o último comando obteve sucesso. Os nú- Como ocorre a transferência de arquivos
meros representam o número do código e o texto opcio-
nal representa as explicações ou parâmetros necessários. A transferência de arquivos dá-se entre um compu-
Uma transferência de arquivo em progresso, sobre uma tador chamado “cliente” (aquele que solicita a conexão
conexão de dados, pode ser abortada utilizando uma para a transferência de dados) e um servidor (aquele que
mensagem de interrupção enviada sobre a conexão de recebe a solicitação de transferência). O utilizador, atra-
controle. vés de software específico, pode selecionar quais arqui-
FTP pode ser executado em modo ativo ou passivo, vos enviar ou receber do servidor. Para existir uma cone-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

os quais determinam como a conexão de dados é esta- xão ao servidor, caso o servidor exija, o utilizador informa
belecida. No modo ativo, o cliente envia para o servidor um nome de utilizador (ou username, em inglês) e uma
o endereço IP e o número da porta na qual ele irá ouvir e senha password, bem como o nome correto do servidor
então o servidor inicia a conexão TCP. Em situações onde ou seu endereço IP.
o cliente está atrás de um firewall e inapto para aceitar Se os dados foram informados corretamente, a cone-
entradas de conexões TCP, o modo passivo pode ser uti- xão pode ser estabelecida.
lizado. O cliente envia um comando PASV para o servidor
e recebe um endereço IP e um número de porta como
resposta, os quais o cliente utiliza para abrir a conexão de

385
Acesso aos servidores FTP Mensagens FTP

O acesso a servidores FTP pode ocorrer de dois mo- O FTP permite dois modos de transferência de men-
dos: através de uma interface ou através da linha de co- sagens FTP: texto (com traduções apropriadas) ou biná-
mando, tanto usuários UNIX como usuários Windows rio (sem tradução). Cada mensagem do servidor inclui
podem acessar através dos dois modos. O modo linha de um identificador decimal de 3 dígitos (exemplo: 226
comando está presente em qualquer distribuição UNIX- Transfer complete). Estas mensagens podem ser vistas
-like e Windows, através do telnet. ou não, usando para isso o modo verbose ou quiet, res-
A partir de qualquer browser credenciado (Internet pectivamente.
Explorer, Firefox, ou mesmo no Windows Explorer), con-
forme a norma RFC17386 também é possível aceder a Modo cliente-servidor do FTP
um servidor FTP digitando na barra de endereço:
ftp://[username]:[password]@[servidor] O servidor remoto aceita uma conexão de controle
do cliente local. O cliente envia comandos para o servi-
Modos e interfaces dor e a conexão persiste ao longo de toda a sessão (tra-
tando-se assim de um protocolo que usa o TCP).
O protocolo subjacente ao FTP pode rodar nos mo- O servidor cria uma conexão de dados para a trans-
dos interativo ou batch. O cliente FTP fornece uma inter- ferência de dados, sendo criada uma conexão para cada
face interativa, enquanto que o MIME e o HTTP usam-no arquivo transferido. Estes dados são transferidos do ser-
diretamente. O protocolo permite a gravação e obtenção vidor para o cliente e vice e versa.
de arquivos, a listagem da pasta e a alteração da pasta Os comandos estão separados dos dados e o cliente
de trabalho. pode enviar comandos durante a transferência de dados.
O encerramento da conexão indica o fim do arquivo.
Comandos do cliente FTP
Lista de Comandos FTPs
Os servidores de FTP raramente mudam, mas novos
clientes FTP aparecem com bastante regularidade. Estes
Os comandos abaixo podem ser executados no FTP
clientes variam no número de comandos que implemen-
através da linha de comando. Os comandos do FTP po-
tam, a maioria dos clientes FTP comerciais implementam
dem ser abreviados, desde que não formem expressões
apenas um pequeno subgrupo de comandos FTP. Mes-
ambíguas.
mo que o FTP seja um protocolo orientado a linha de
Os comandos podem estar abreviados. Seguem os
comandos, a nova geração dos clientes FTP esconde esta
comandos:
orientação num ambiente gráfico, muitas vezes, muito
desenvolvido. !: Executa o comando na máquina local.
A interface cliente do FTP do BSD UNIX é um padrão ?: Semelhante a help.
por si mesma, possuindo muitos comandos arcaicos append: Adiciona dados a um arquivo existente.
como tenex ou carriage control, que hoje não têm uso. ascii: Configura o tipo de transferência de arquivos
Os comandos mais usados são o cd, dir, ls,get e put. para ASCII.
O FTP tem particularidades que são hoje pouco co- bell: Emite um bip quando um comando é executado.
muns. Depois da ativação do ftp, é estabelecida uma co- binary: Configura o tipo de transferência de arquivos
nexão ao host remoto. Esta conexão envolve o uso da para binário.
conta do usuário no host remoto, sendo que alguns ser- bye: Encerra a sessão FTP.
vidores FTP disponibilizam anonymous FTP. cd: Seguido de caminho/diretório muda para o dire-
Certos comandos são os que fazem a transferência tório informado.
bidirecional de arquivos, são eles: delete: Apaga um arquivo. Para mais de um arquivo
get do servidor FTP para o host local (mget para mais usa-se mdelete.
que um arquivo) debug: Estabelece a modalidade de depuração.
put para o servidor FTP a partir do host local (mput dir: Mostra o conteúdo do diretório servidor atual.
para mais que um arquivo) disconnect: Semelhante a bye.
Nota: alguns comandos podem não funcionar com o get: Obtêm um arquivo do servidor. Para mais de um
usuário sendo anonymous, pois tal conta tem limitações arquivo usa-se mget.
de direitos a nível do sistema operacional. glob: Seleciona a expansão para nomes de arquivo.
hash: Demonstra cada bloco do arquivo durante a
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tradução de nomes de arquivos transferência. Cada bloco compõe-se de 1024 bytes.


help: Lista sumariamente todos comandos disponíveis.
A sintaxe dos nomes dos arquivos pode ser incompa- literal: Permite enviar comandos arbitrários.
tível entre diferentes Sistemas Operacionais. O UNIX usa ls: Mostra uma lista abreviada do conteúdo do diretó-
128 caracteres, maiúsculas e minúsculas, enquanto que rio servidor. Para mais de uma pasta usa-se*mls.
o DOS usa 8 + 3 caracteres e apenas maiúsculas. Certos mkdir: Cria um diretório ou subdiretório no servidor.
nomes não podem ser usados em alguns sistemas. De- prompt: Ativa/desativa o modo interativo.
vido a isto tudo o BSD ftp define regras para a tradução put: Envia um arquivo ao servidor. Para enviar mais de
de nomes. um arquivo usa-se mput.

386
pwd: Mostra o diretório de trabalho. guinte forma: o usuário que envia o arquivo fornece o
quit: Finaliza a sessão FTP. endereço de e-mail de um destinatário. Este recebe uma
quote: Envia subcomandos do servidor FTP, como se mensagem de e-mail do servidor de upload, informando
encontram no servidor. a disponibilidade do arquivo, junto com uma URL.
recv: Similar a get. Fazer uma transmissão AO VIVO pela web também é
remotehelp: Solicita ajuda do servidor FTP remoto. fazer upload. Pois é feita uma transferência de um fluxo
rename: Renomeia um arquivo. contínuo; como se fosse um arquivo sem fim determina-
send: Semelhante a put. do. Por isso é importante saber a taxa de upload que é
status: Obtem informações de estado do servidor. garantida pelo seu plano ou provedor de Internet, para
trace: Demonstra o caminho percorrido pelo arquivo tentar evitar atrasos indesejados quando estiver transmi-
na transferência. tindo áudio ou vídeo pela Internet, ou participando de
type: Especifica o tipo de representação. videoconferências.
user: Iniciar a sessão no servidor.
verbose: Ativa/desativa a modalidade literal Banda e Velocidades de Transmissão

Upload e Download A Largura de Banda ou Bandwidth (termo original


em inglês) é a medida da capacidade de transmissão de
Em tecnologia, os termos download, descarregar, sa- um determinado meio, conexão ou rede, determinando
car, baixar, puxar, obter, pegar são utilizados para refe- a velocidade que os dados passam através desta rede
renciar a obtenção de dados de um dispositivo através específica.
de um canal de comunicação. A Largura de Banda é medida em bits, e não em by-
O uso mais comum do termo download está relacio- tes, os quais determinam a medida de capacidade de um
nado com a obtenção de conteúdo da Internet, onde um determinado meio de transmissão por certa unidade de
servidor remoto hospeda dados que são acessados pelos tempo (8 bits = 1 byte).
clientes através de aplicativos específicos, como é o caso Todas as medidas de Largura de Banda são basi-
dos navegadores. De fato, o acesso de qualquer informa- camente feitas em bits por segundo. Ex.: Kbits/seg ou
ção na Internet (como uma página da web, por exemplo) Mbits/seg, e em alguns casos também é relacionada à
é feito através do download prévio de seu conteúdo (tex- faixa de frequências, por exemplo, na medida de largura
to, imagens, etc) e posterior exibição do conteúdo que de banda para sinais analógicos.
se encontra localmente disponível no dispositivo. No en- Podemos fazer uma comparação com um cano de
tanto, o uso comum (não-técnico) do termo download se água. Se temos muita água para passar pelo cano e o
limita a referenciar o conteúdo que é obtido da internet cano for fino, o tempo para a quantidade de água pas-
para visualização posterior (offline), como um documen- sar será muito grande. Se trocarmos o cano fino por um
to ou aplicativo. cano grosso, vai levar muito menos tempo para toda a
Em alguns contextos, ainda é possível encontrar o ter- água passar, ou seja, temos uma limitação da quantidade
mo upload, que referencia a disponibilização de dados de água que flui pelo cano por determinada unidade de
para um dispositivo, ou seja, o inverso do que se entende tempo necessário a este processo.
por download. No entanto, a distinção entre tais termos Outro exemplo: se tivermos paralelamente uma autoes-
é uma mera questão de perspectiva pois sempre que um trada com 4 pistas e uma pista de mão única e for trafegar a
dispositivo está fazendo download o dispositivo que in- mesma quantidade de carros na autoestrada e na pista úni-
terage com o mesmo está fazendo upload. Assim, essa ca, todos desenvolvendo a mesma velocidade, obviamente
distinção pode ser feita determinando qual dispositivo teríamos um tempo máximo para um determinado percur-
iniciou a transmissão de dados (seja obtendo ou dispo- so 4 vezes maior para os veículos na pista simples.
nibilizando).
Upload ou carregamento é a transferência de dados a) Menor Banda
de um computador local para outro computador ou para Menos Carros Passando por unidade de tempo.
um servidor.3 Caso ambos estejam em rede, pode-se
usar um servidor de FTP,4 HTTP ou qualquer outro pro- b) Maior Banda
tocolo que permita a transferência. Mais Carros Passando por unidade de tempo.
Upload é a saída de arquivos do seu computador para
a Internet. Em transmissão de dados temos uma situação simi-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Caso o servidor de upload esteja na Internet, o usuá- lar, com diversos tipos de meios de transmissão, cada
rio do serviço passa a dispor de um repositório de arqui- um com uma largura de banda específica de acordo
vos, similar a um disco rígido, disponível para acesso em com suas características construtivas: um cabo coaxial,
qualquer computador que esteja na Internet. Upload é por exemplo, tem uma largura de banda da ordem de
parecido com Download, só que em vez de carregar ar- 5Mbits/seg ou 5MHz.
quivos para a sua máquina, você os envia para o servidor. Já uma fibra ótica tem normalmente uma largura de
Os provedores gratuitos de upload variam bastante banda da ordem de 200 a 10Gbits/seg. Isso significa que
na sua política, as capacidades e o prazo de validade das é possível trafegar muitas vezes mais dados em uma fibra
transferências. Mas em geral, todos funcionam da se- ótica do que em um cabo coaxial, por exemplo.

387
A largura de banda muitas vezes é responsável pela 3. O ícone remete à palavra home (casa) e leva o na-
limitação da taxa de transmissão em sistemas de vídeo e vegador à página inicial do programa. Mais tarde
comunicação de dados. Por exemplo, uma conexão dis- ensinaremos você a modificar esta página para
cada de 56k é limitada pela largura de banda da linha qualquer endereço de sua preferência.
telefônica, que por sinal é muito estreita se comparada 4. A estrela adiciona a página em exibição aos favori-
com uma conexão ADSL. tos, que nada mais são do que sites que você quer
A largura de banda depende estritamente do meio
ter a disposição de um modo mais rápido e fácil de
de transmissão e, na prática, o meio de transmissão com
encontrar.
maior largura de banda atualmente é a fibra óptica.
Voltando ao exemplo do cano, é perfeitamente su- 5. Abre uma nova aba de navegação, o que permite
ficiente para uma residência a utilização de um cano visitar outros sites sem precisar de duas janelas di-
fino, mas se precisarmos fazer a distribuição para um ferentes.
condomínio ou para uma fábrica, não poderemos usar o 6. A barra de endereços é o local em que se encontra
mesmo cano, pois ele não comportaria tal fluxo de água. o link da página visitada. A função adicional dessa
Assim, a solução é bastante simples e óbvia: utilizar um parte no Chrome é que ao digitar palavras-chave
cano com bitola maior. na lacuna, o mecanismo de busca do Google é au-
Em transmissão de dados também seguimos o mes- tomaticamente ativado e exibe os resultados em
mo princípio. Se tivermos necessidade de uma maior questão de poucos segundos.
quantidade de dados trafegando, teremos que escolher 7. Simplesmente ativa o link que você digitar na lacu-
uma conexão ou meio de transmissão com maior largura na à esquerda.
de banda (capacidade). 8. Abre as opções especiais para a página aberta no
navegador. Falaremos um pouco mais sobre elas
NAVEGADORES (BROWSERS) E SUAS em seguida.
PRINCIPAIS FUNÇÕES 9. Abre as funções gerais do navegador, que serão
melhor detalhadas nos próximos parágrafos.
GOOGLE CHROME
Para Iniciantes
O Chrome é o mais novo dos grandes navegadores
e já conquistou legiões de adeptos no mundo todo. O Se você nunca utilizou um navegador ou ainda tem
programa apresenta excelente qualidade em seu desen- dúvidas básicas sobre essa categoria de programas, con-
volvimento, como quase tudo o que leva a marca Goo- tinue lendo este parágrafo. Do contrário, pule para o pró-
gle. O browser não deve nada para os gigantes Firefox e ximo e poupe seu tempo. Aqui falaremos um pouco mais
Internet Explorer e mostra que não está de brincadeira sobre os conceitos e ações mais básicas do programa.
no mundo dos softwares. Confira nas linhas abaixo um Com o Google Chrome, você acessa os sites da mes-
pouco mais sobre o ótimo Google Chrome. ma forma que seus semelhantes – IE, Firefox, Opera. Ao
executar o programa, tudo o que você precisa fazer é
Funções visíveis digitar o endereço do local que quer visitar. Para acessar
Antes de detalhar melhor os aspectos mais complica- o portal Baixaki, por exemplo, basta escrever baixaki.com.
dos do navegador, vamos conferir todas as funções dis- br (hoje é possível dispensar o famoso “www”, inserido
poníveis logo em sua janela inicial. Observe a numeração automaticamente pelo programa.) No entanto nem sem-
na imagem abaixo e acompanhe sua explicação logo em pre sabemos exatamente o link que queremos acessar.
seguida: Para isso, digite o nome ou as palavras-chave do que
você procura na mesma lacuna. Desta forma o Chrome
acessa o site de buscas do Google e exibe os resultados
rapidamente. No exemplo utilizamos apenas a palavra
“Baixaki”.

1. As setas são ferramentas bem conhecidas por to-


dos que já utilizaram um navegador. Elas permitem
avançar ou voltar nas páginas em exibição, sem
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

maiores detalhes. Ao manter o botão pressionado


sobre elas, você fará com que o histórico inteiro
apareça na janela.
2. Reenviar dados, atualizar ou recarregar a página.
Todos são sinônimos desta função, ideal para con-
ferir novamente o link em que você se encontra,
o que serve para situações bem específicas – links
de download perdidos, imagens que não abriram,
erros na diagramação da página.

388
Abas Configuração

A segunda tarefa importante para quem quer usar o Antes de continuar com as outras funções do Google
Chrome é lidar com suas abas. Elas são ferramentas muito Chrome é legal deixar o programa com a sua cara. Para
úteis e facilitam a navegação. Como citado anteriormente, isso, vamos às configurações. Vá até o canto direito da
basta clicar no botão com um “+” para abrir uma nova guia. tela e procure o ícone com uma chave de boca. Clique
Outra forma de abri-las é clicar em qualquer link ao nele e selecione “Opções”.
pressionar a rodinha do mouse, o que torna tudo ainda
mais rápido. Também é possível utilizar o botão direito
sobre o novo endereço e escolher a opção “Abrir link em
uma nova guia”.

Liberdade

É muito fácil manipular as abas no Google Chrome. É


possível arrastá-las e mudar sua ordem, além de arrancar
a aba da janela e desta forma abrir outra independente.
Basta segurar a aba com o botão esquerdo do mouse
para testar suas funções. Clicar nelas com a rodinha do
mouse faz com que fechem automaticamente.

Básicas
O botão direito abre o menu de contexto da aba, em Inicialização: aqui é possível definir a página inicial do
que é possível abrir uma nova, recarregar a atual, fechar navegador. Basta selecionar a melhor opção para você e
a guia ou cancelar todas as outras. No teclado você pode configurar as páginas que deseja abrir.
abrir uma nova aba com o comando Ctrl + T ou simples- Página inicial: caso esta tenha sido a sua escolha na
mente apertando o F1. aba anterior, defina qual será a página inicial do Chro-
me. Também é possível escolher se o atalho para a home
Fechei sem querer! (aquele em formato de casinha) aparecerá na janela do
navegador.
Quem nunca fechou uma aba importante acidental- Pesquisa padrão: como o próprio nome já deixa claro,
mente em um momento de distração? Pensando nisso, aqui você escolhe o site de pesquisas utilizado ao digitar
o Chrome conta com a função “Reabrir guia fechada” no na lacuna do programa. O botão “Gerenciar” mostra a
menu de contexto (botão direito do mouse). Basta sele- lista de mecanismos.
cioná-la para que a última página retorne ao navegador. Navegador padrão: aqui você pode definir o apli-
cativo como seu navegador padrão. Se você optar por
isso, sempre que algum software ou link for executado,
o Chrome será automaticamente utilizado pelo sistema.

Coisas pessoais
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Senhas: define basicamente se o programa salvará


ou não as senhas que você digitar durante a navegação.
A opção “Mostrar senhas salvas” exibe uma tabela com
tudo o que já foi inserido por você.
Preenchimento automático de formulário: define se os
formulários da internet (cadastros e aberturas de contas) se-
rão sugeridos automaticamente após a primeira digitação.

389
Dados de navegação: durante o uso do computador,
o Chrome salva os dados da sua navegação para encon-
trar sites, links e conteúdos com mais facilidade. O botão
“Limpar dados de navegação” apaga esse conteúdo, en-
quanto a função “Importar dados” coleta informações de
outros navegadores.
Temas: é possível modificar as cores e todo o visual
do navegador. Para isso, clique em “Obter temas” e apli-
que um de sua preferência. Para retornar ao normal, se-
lecione “Redefinir para o tema padrão”.

Pesquise dentro dos sites

Outra ferramenta muito prática do navegador é a


possibilidade de realizar pesquisas diretamente dentro
de alguns sites, como o próprio portal Baixaki. Depois
de usar a busca normalmente no nosso site pela primei-
ra vez, tudo o que você precisa fazer é digitar baixaki e
teclar o TAB para que a busca desejada seja feita direta-
mente na lacuna do Chrome.
Configurações avançadas

Rede: configura um Proxy para a sua rede. (Indicado


para usuários avançados)
Privacidade: aqui há diversas funções de privacida-
de, que podem ser marcadas ou desmarcadas de acordo Navegação anônima
com suas preferências.
Downloads: esta é a opção mais importante da aba. Se você quer entrar em alguns sites sem deixar ras-
Em “Local de download” é possível escolher a pasta em tros ou históricos de navegação no computador, utilize a
que os arquivos baixados serão salvos. Você também navegação anônima. Basta clicar no menu com o dese-
pode definir que o navegador pergunte o local para cada nho da chave de boca e escolher a função “Nova janela
novo download. anônima”, que também pode ser aberta com o comando
Ctrl + Shift + N.
Downloads

Todos os navegadores mais famosos da atualidade


contam com pequenos gerenciadores de download, o
que facilita a vida de quem baixa várias coisas ao mesmo
tempo. Com o Google Chrome não é diferente. Ao clicar
em um link de download, muitas vezes o programa per-
guntará se você deseja mesmo baixar o arquivo, como
ilustrado abaixo:

Gerenciador de tarefas

Uma das funções mais úteis do Chrome é o pequeno


gerenciador de tarefas incluso no programa. Clique com
o botão direito no topo da página (como indicado na
figura) e selecione a função “Gerenciador de tarefas”.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Logo em seguida uma pequena aba aparecerá em-


baixo da janela, mostrando o progresso do download.
Você pode clicar no canto dela e conferir algumas fun-
ções especiais para a situação. Além disso, ao selecionar
a função “Mostrar todos os downloads” (Ctrl + J), uma
nova aba é exibida com ainda mais detalhes sobre os
arquivos que você está baixando.

390
Desta forma, uma nova janela aparecerá em sua tela. • Favoritos RSS;
Ela controla todas as abas e funções executadas pelo na- • A integração do RSS nos favoritos permite que
vegador. Caso uma das guias apresente problemas você você fique sabendo das atualizações e últimas no-
pode fechá-la individualmente, sem comprometer todo tícias dos seus sites preferidos cadastrados. Essa
o programa. A função é muito útil e evita diversas dores função é disponibilizada a partir do Firefox 2;
de cabeça. • Downloads sem perturbação;
• Os arquivos recebidos são salvos automaticamente
na área de trabalho, onde são fáceis de achar. Me-
nos interrupções significam downloads mais rápi-
dos. Claro, essa função pode ser personalizada sem
problemas;
• Você decide como deve ser seu navegador;
• O Firefox é o navegador mais personalizável que
existe. Coloque novos botões nas barras de ferra-
mentas, instale extensões que adiciona novas fun-
ções, adicione temas que modificam o visual do Fi-
refox e coloque mais mecanismos nos campos de
pesquisa.
FIREFOX
O Firefox pode se tornar o navegador mais adequado
Firefox (inicialmente conhecido como Phoenix e, pos- para a sua necessidade:
teriormente, como Mozilla Firebird) é um navegador de
código aberto rápido, seguro e eficiente. Desenvolvido • Fácil utilização;
pela Mozilla Foundation com ajuda de centenas de co- • Simples e intuitivo, mas repleto de recursos. O Fire-
laboradores, está sendo usado em diversas plataformas. fox tem todas as funções que você está acostuma-
Como não é software completamente livre (é distri- do - favoritos, histórico, tela inteira, zoom de texto
buído pela licença Mozilla), alguns dos seus componen- para tornar as páginas mais fáceis de ler, e diversas
tes (como ícones e o próprio nome, que é marca registra- outras funcionalidades intuitivas;
da) são propriedades protegidas. • Compacto;
O nome “Firefox”, em inglês, refere-se ao Panda ver- • A maioria das distribuições está em torno dos 5MB.
melho. Foi escolhido por ser parecido com “Firebird” e
Você leva apenas alguns minutos para copiar o
também por ser único na indústria da computação. A
Firefox para o seu computador em uma conexão
fim de evitar uma futura mudança de nome, a Mozilla
Foundation deu início ao processo de registro do nome discada e segunda em uma conexão banda larga.
Firefox como marca registrada no Gabinete Americano A configuração é simples e intuitiva. Logo você es-
de Marcas e Patentes. Apesar de “Firefox” não se referir a tará navegando com essa ferramenta.
uma raposa, a identidade visual do Firefox é uma raposa
estilizada. Abas
O objetivo do Firefox é ser um navegador que inclua
as opções mais usadas pela maioria dos usuários. Para abrir uma nova aba, clique no menu ‘Arquivo’ e
Outras funções não incluídas originalmente encon- depois em ‘Nova Aba’, ou simplesmente <Ctrl + T> (se-
tram-se disponíveis através de extensões e plug-ins. gure a tecla Control e tecle T). Você verá que agora você
tem duas abas na parte de cima do seu Firefox, como na
Principais características figura abaixo:

• Navegação em abas;
• A mesma janela pode conter diversas páginas.
Abrindo os links em segundo plano

Eles já estarão carregados quando você for ler;


Digite o endereço que você quiser no campo de en-
• Bloqueador de popups: dereço, pressione Enter, e assim a sua nova aba mostrará
• O Firefox já vem com um bloqueador embutido de essa nova página.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

popups; Para visualizar páginas que estão abertas em outras


• Pesquisa inteligente; abas, apenas clique na aba desejada, que a mesma ficará
• O campo de pesquisa pelo Google fica na direi- ativa.
ta na barra de ferramentas e abre direto a página Clicando com o botão direito do mouse nas abas,
com os resultados, poupando o tempo de acesso aparece um pequeno menu com várias opções de geren-
à página de pesquisa antes de ter que digitar as ciamento das abas:
palavras chaves. O novo localizador de palavras na
página busca pelo texto na medida em que você as
digita, agilizando a busca;

391
Se você quiser abrir um link, mas quer que ele apare-
ça em uma nova aba, clique no link com o botão direito
do mouse e escolha a opção ‘Abrir em uma nova aba’, ou
simplesmente segure a tecla ‘Ctrl’ enquanto clica no link.

Para salvar o arquivo no seu computador, marque a


caixa ‘Salvar’ e clique no botão ‘OK’. O download iniciará e
a tela do gerenciador de downloads mostrará o progresso
informando o tamanho do arquivo, quanto já foi baixado,
a velocidade do download e o tempo restante estimado.
Por padrão, o Firefox vem configurado para armaze-
nar os downloads na área de trabalho quando solicitado
para salvar o arquivo. Isso pode ser alterado na configu-
ração de “Downloads” em “Editar >> Preferências”.
Você pode fazer vários downloads ao mesmo tempo,
se clicar em vários links de download. Assim, o gerenciador
Gerenciador de Downloads de download irá mostrar o progresso individual de cada
download, e no título do gerenciador ficará a porcenta-
gem total do que já foi concluído de todos os downloads.
Um gerenciador de Download é uma ferramenta que
Quando você tiver terminado algum download, os
controla e lista os downloads solicitados pelo usuário. O
mesmos serão listados:
Firefox conta com um exclusivo gerenciador de down-
loads, uma ferramenta útil e com uma interface amigável.
Clique no menu ‘Ferramentas’ e depois em ‘Downloads’,
ou <Ctrl + Y> para abrir a lista atual de downloads.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos ver algumas das funções que esse gerencia-


dor oferece. Se clicarmos na pasta que aparece depois de
‘Baixar arquivos em: ‘, a mesma será aberta. Se clicarmos
em ‘Limpar Lista’, toda a lista dos downloads será apa-
Quando clicamos em um link de download de um ar- gada (perceba que só a lista será apagada, os arquivos
quivo, aparecerá uma tela perguntando se queremos sal- continuarão existindo). Para excluir apenas certo arquivo
var o arquivo ou simplesmente abri-lo. No último caso, da lista, clique no link ‘Excluir da lista’ correspondente ao
devemos também informar com qual programa quere- arquivo que se deseja excluir. Para abrir um arquivo cujo
mos abrir o arquivo: download já foi concluído, clique no link ‘Abrir’.

392
Tome cuidado ao sair do Firefox. Por padrão, os do-
wnloads não terminados serão cancelados.

Histórico
O Histórico nos permite ver quais páginas acessamos
nos últimos dias. É uma ferramenta que facilita muito a
vida do usuário.
Para abrir o Histórico, clique no menu ‘Ir’ e depois em
‘Histórico’, ou tecle <Ctrl + H>. Uma janela semelhante a
essa irá aparece do lado esquerdo do seu Firefox:

Adicione uma página aos Favoritos para ver o que


acontece.
Primeiramente, entre numa página que você acessa
com muita frequência. Clique no menu ‘Favoritos’ e de-
pois em ‘Adicionar página’, ou simplesmente <Ctrl + D>.
A seguinte tela lhe será mostrada:

Digite um nome que define essa página, escolha uma


pasta para essa página (a pasta ‘Favoritos do Firefox’ é a
pasta padrão) e clique em ‘Adicionar’. Agora clique nova-
mente no menu ‘Favoritos’ para ver o que mudou. Agora
aparece a página que você acabou de adicionar aparece-
Todas as páginas que acessamos desde a última vez rá na área de Favoritos!
que limpamos o Histórico estão divididas de acordo com Para organizar melhor os Favoritos, podemos usar
o dia em que foram acessadas. Para ver as páginas que pastas. Digamos que você possua os seguintes favoritos:
acessamos em certo dia, clique na caixa com um sinal de
‘+’ do lado esquerdo desse dia. · http://cursos.cdtc.org.br
Por padrão, as páginas ficam ordenadas pela data. Se · http://comunidade.cdtc.org.br
você quiser ordená-las de outro jeito, clique em ‘Orde- · http://www.google.com
nar’, e escolha uma das opções que aparecem. · http://www.mozilla.org
Para procurar por certa página, digite uma palavra no
campo ‘Localizar’, e somente serão mostradas as páginas Clique no menu ‘Favoritos’ e depois em ‘Organizar...’.
que contém essa palavra no seu título. A seguinte tela de gerenciamento de Favoritos aparecerá:

Favoritos
O Favoritos é uma funcionalidade que nos ajuda a en-
trar em páginas que acessamos com muita frequência,
economizando tempo.
Clique no menu ‘Favoritos’ e uma lista com as nossas
páginas favoritas será mostrada. Se você não tiver adicio-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

nado nenhuma página aos Favoritos, você verá algo como:

393
Clique no botão ‘Nova pasta...’, escolha um nome e Na aba ‘Margens’, pode-se modificar o tamanho das
uma descrição para essa pasta e clique em ‘OK’. margens e colocar cabeçalhos ou rodapés (podemos con-
Agora a nova pasta também aparece, junto dos Fa- figurar para que no cabeçalho apareça o número da pá-
voritos e das outras pastas. Mova as páginas cursos.cdtc. gina e no rodapé apareça a data e a hora, por exemplo).
org.br e www.cdtc.org.br para essa pasta. Para isso, cli- Quando você clica em ‘Visualizar impressão’, verá
que nessas páginas, depois no botão ‘Mover’, e escolha como vai ficar a nossa impressão. Na parte de cima, po-
a pasta que você criou. Opcionalmente, você pode sim- demos ver uma barra de navegação pelas páginas.
plesmente arrastar as páginas para as respectivas pastas Clicando em ‘Imprimir..’, uma tela semelhante a se-
na tela de gerenciamento de Favoritos. guinte aparece:
Assim, quando você clicar no menu ‘Favoritos’, e co-
locar o cursor do mouse em cima da pasta criada, apa-
recem as duas páginas que você moveu para lá. Se você
clicar em ‘Abrir tudo em abas’, cada página será aberta
em uma aba.

Localizar

Usamos a ferramenta Localizar para achar todas as


vezes que um determinado texto aparece na tela.
É uma ferramenta que nos ajuda muito em várias ta-
refas, como fazer pesquisas na Internet.
Clique no menu ‘Editar’, e depois em ‘Localizar nessa
página’. O atalho do teclado para isso é <Ctrl + F>.
Note a barra que apareceu na parte inferior do Firefox:

Temas
Imprimindo páginas Temas são conjuntos de padrões, como ícones, cores
e fontes. Eles controlam o visual do seu navegador. Você
Muitas vezes, queremos imprimir uma página web. pode mudar o tema do Firefox ajustando-o ao seu gosto.
Para isso, o Firefox conta as opções ‘Configurar página’, Temas são considerados como Add-ons, que são fun-
‘Visualizar Impressão’ e ‘Imprimir...’. cionalidades extras que podem ser adicionadas ao Fire-
Clique em ‘Configurar página’. A seguinte tela irá apa- fox. Mais informações sobre Add-ons serão tratadas mais
recer para você. adiante.
Clique no menu ‘Ferramentas’ e depois em ‘Temas’.
Uma tela semelhante a seguir irá aparecer:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pode-se ver que somente o tema padrão (que vem com


Na aba ‘Geral’, é possível alterar algumas opções de o Firefox) está instalado. Clicando no link ‘Baixar mais te-
impressão, como a orientação (retrato ou paisagem), a mas’, uma nova aba será criada com a seção de downloads
porcentagem que a página vai ocupar no papel e se de- de temas do site https://addons.mozilla.org/firefox/
seja imprimir o plano de fundo.

394
INTERNET EXPLORER:

Buscas, Salva de Páginas, Cache e Configurações

INTERNET EXPLORER

O Windows Internet Explorer 9 possui uma aparência simplificada e muitos recursos novos que aceleram a sua
experiência de navegação na Web.
Os novos recursos gráficos e o melhor desempenho do Internet Explorer 9 possibilitam experiências ricas e intensas.
Texto, vídeo e elementos gráficos acelerados por hardware significam que seus sites têm um desempenho semelhante
ao dos programas instalados no seu computador. Os vídeos de alta definição são perfeitos, os elementos gráficos são
nítidos e respondem positivamente, as cores são fieis e os sites são interativos como jamais foram. Com os aperfeiçoa-
mentos como Chakra, o novo mecanismo JavaScript, os sites e aplicativos são carregados mais rapidamente e respon-
dem melhor. Combine o Internet Explorer 9 com os eficientes recursos gráficos que o Windows 7 tem a oferecer, e você
terá a melhor experiência da Web no Windows até o momento.
A instalação mais curta e simplificada do Internet Explorer 9 é mais rápida do que nas versões anteriores. Ela requer
menos decisões de sua parte, leva menos tempo para carregar páginas e não exige que você instale atualizações sepa-
radamente. Uma vez concluída a instalação, você já pode começar a navegar.

Interface

A primeira alteração que vemos no I.E 9 é a altura do seu cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer
9 se comparado com suas versões anteriores, melhorou muito e sem sombra de dúvida começa a tomar A primeira
alteração que vemos no I.E 9 é a altura do seu cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer 9 se compa-
rado com suas versões anteriores, melhorou muito e sem sombra de dúvida começa a tomar uma forma competitiva.

1-Ícones de Voltar/ Avançar página


2-Ícones de manipulação da URL
3-Abas de conteúdo
4-Ícones de funcionalidades gerais, favoritos e página inicial
5-Ícone para inserir novas aplicações
6-Ícone de aplicação instalada.

1-Ícones de Voltar/ Avançar página

Uma das mudanças vistas em mais de um navegador, é o destaque dado ao botão de “Voltar Página”, muito mais
utilizado que o “Avançar, o destaque dado, foi merecido, assim evita-se possíveis erros e distrações”. Depois de ter feito
alguma transição de página, o botão voltar assume uma cor azul marinho, ganhando ainda mais destaque.

2-Ícones de manipulação da URL

Os ícones de manipulação, são aqueles que permitem o usuário “Favoritos”, “Cancelar” ou “Atualizar” uma página.
No caso do I.E 9, eles foram separados, o “Favoritos” está junto dos ícones de funcionalidade geral (página inicial e
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

opções) enquanto o “Atualizar” e “Fechar” foram posicionados dentro da barra de URL, o que pode dificultar o seu
uso, o “Atualizar” especialmente é bastante utilizado (apesar da tecla de atalho F5) e nesta nova versão ele perdeu seu
destaque e sua facilidade de clique, ficando posicionado entre dois ícones.
Foi inserido nessa mesma área, o ícone de “Compatibilidade”, permitindo que determinadas páginas sejam visuali-
zadas com a tecnologia das versões anteriores do I.E.

395
3-Abas de conteúdo

O posicionamento das abas de conteúdo dentro do cabeçalho do I.E 9 foi mal escolhido, as abas tem que disputar
espaço com o campo de URL. Consegui manter aberto no máximo 4 abas sem que prejudique demais a leitura dos
títulos das abas, depois disso a visualização e a navegação entre as abas fica difícil e desanimador.

4 abas.

Múltiplas abas.

4-Ícones de funcionalidades gerais, favoritos e página inicial

“Pagina Inicial”, “Favoritos” e “Opções” foram agrupados no canto direito da tela, mas sem um objetivo claro, pois os
dois primeiros itens citados são elementos que quando utilizados interagem ou alteram os dados inseridos no campo
de URL. “Opções” por sua vez, se refere a opções de internet, privacidade e etc.…

5-Ícone para inserir novas aplicações

Uma das novidades mais bacanas dos novos navegadores é possibilidade de adquirir aplicativos e plug-ins, permitin-
do ao usuário a customizar o seu navegador e criar um fluxo de utilização diferenciado de navegador para navegador.
Porém, esta nova possibilidade foi mal comunicada, ela é representada por símbolo de mais, muito semelhante ao
utilizado em navegadores como Firefox, para adicionar novas abas. Fica claro no I.E 9, que o símbolo de “+” serve para
adicionar algo ao navegador, mas o que? Existe espaço suficiente na área para trabalhar com uma ancora textual, ao
menos até os usuários criarem um hábito.

6-Ícone de aplicação/plug-in instalado

As aplicações depois de instaladas são alinhadas de forma horizontal no espaço que em versões anteriores perten-
cia às abas.

Usar os novos controles do navegador


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A primeira coisa que você notará ao abrir o Internet Explorer 9 será seu design simplificado.

A maioria das funções da barra de comandos, como Imprimir ou Zoom, pode ser encontrada ao clicar no botão
Ferramentas , e os seus favoritos e os feeds são exibidos ao clicar no botão Centro de Favoritos .

396
Ao lado do endereço da página, há um pequeno íco-
ne com o símbolo do site. Ao arrastá-lo, ele automatica-
mente se transforma em uma espécie de botão. Então
só é preciso que você o envie para a Barra de tarefas do
Windows 7 para que ele vire um rápido atalho.
Para remover um site fixo da barra de tarefas

• Clique com o botão direito do mouse no ícone do


site, na barra de tarefas, e clique em Desafixar esse
programa da barra de tarefas.

Pesquisar na Barra de endereços

Agora, você pode fazer buscas diretamente na Barra


de endereços. Se você inserir o endereço de um site, você
irá diretamente a um site da web. Se você inserir um ter-
mo de pesquisa ou um endereço incompleto, aparecerá
uma pesquisa, usando o mecanismo de pesquisa sele-
cionado. Clique na barra de endereços para selecionar o
As guias são exibidas automaticamente à direita da
mecanismo de pesquisa a partir dos ícones listados ou
Barra de endereços, mas é possível movê-las para que
para adicionar novos mecanismos.
sejam exibidas abaixo da Barra de endereço, da mesma
maneira que em versões anteriores do Internet Explorer.
Você pode exibir as Barras de Favoritos, Comandos, Sta-
tus e Menus clicando com o botão direito do mouse no
botão Ferramentas e selecionando-as em um menu.

Mostrar ou ocultar as Barras de Favoritos, Coman-


dos e Status

Clique com o botão direito do mouse em um espaço


livre à direita do botão Nova Guia e selecione uma barra:

• Barra de Favoritos
• Barra de Comandos
• Barra de Status

Fixar um site da web na barra de tarefas Ao fazer pesquisas na Barra de endereços, você tem a
opção de abrir uma página de resultados da pesquisa ou
Para ter um acesso rápido, você pode fixar um site o principal resultado da pesquisa (se o provedor de pes-
visitado com frequência à barra de tarefas, na área de quisa selecionado oferecer suporte a esse recurso). Você
trabalho do Windows 7, da mesma maneira que você fa- também pode ativar sugestões de pesquisa opcionais na
ria com um programa. Barra de endereços.

Usar o Gerenciador de Download

O Gerenciador de Download mantém uma lista dos


arquivos baixados por você e o notifica quando um ar-
quivo pode ser um malware (software mal-intencionado).
Ele também permite que você pause e reinicie um do-
wnload, além de lhe mostrar onde encontrar os arquivos
baixados em seu computador.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para fixar um site da web

• Clique na guia da página da Web e arraste-a até a


barra de tarefas.

397
• Para abrir novamente as guias que acabou de fe-
char, clique em Reabrir guias fechadas.
• Para reabrir as guias de sua última sessão de nave-
gação, clique em Reabrir última sessão.
• Para abrir Sites Sugeridos em uma página da Web,
clique em Descobrir outros sites dos quais você
pode gostar.

Guias avançadas

Por padrão, as guias são mostradas à direita da Barra


de endereços. Para fazer com que as guias sejam mostra-
das em sua própria linha abaixo da Barra de endereços,
clique com o botão direito do mouse na área aberta à
direita do botão Nova guia e clique em Mostrar guias
abaixo da Barra de endereços.
Abrir o Gerenciador de Downloads
Guias destacáveis
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Ini-
ciar . Na caixa de pesquisa, digite Internet Ex-
plorer e, na lista de resultados, clique em Internet
Explorer.
2. Clique no botão Ferramentas e em Exibir down-
loads.

Trabalhar com guias

Você pode abrir uma guia clicando no botão Nova


Guia à direita da guia aberta mais recentemente.
Use a navegação com guias para abrir várias páginas As guias destacáveis tornam a interação com vários si-
da Web em uma única janela. tes rápida e intuitiva. É possível reorganizar as guias no In-
Para visualizar duas páginas com guias ao mesmo ternet Explorer 9 — da mesma forma que você reorganiza
tempo, clique em um guia e, em seguida, arraste-a para ícones na barra de tarefas no Windows 7 — ou abrir qual-
fora da janela do Internet Explorer para abrir a página da quer guia em uma nova janela do navegador arrastando
Web da guia em uma nova janela. a guia para a área de trabalho. Se precisar exibir mais de
uma página da Web ao mesmo tempo para realizar uma
tarefa, use as guias destacáveis junto com o Ajuste. É uma
ótima forma de mostrar várias páginas da Web lado a lado
na tela.
Facilite o acesso aos seus sites favoritos. Arraste uma
guia e fixe-a diretamente na barra de tarefas ou no menu
Iniciar. Ou arraste uma guia para a barra Favoritos. In-
dependentemente do que escolher, seus sites favoritos
estarão ao seu alcance.

Guias codificadas por cores

Ao abrir uma nova guia no Windows Internet Explorer


9, você pode:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Para abrir uma nova página da Web, digite ou cole


um endereço na Barra de endereços.
• Para ir para um dos dez sites mais utilizados por
você, clique em um link na página.
• Para ocultar informações sobre os dez sites mais
utilizados por você, clique Ocultar sites. Para res-
taurar as informações, clique em Mostrar sites.
• Para ativar a Navegação InPrivate, clique em Nave-
gação InPrivate.

398
Ter várias guias abertas ao mesmo tempo pode ser 2. Na caixa de diálogo do Internet Explorer, clique em
um processo complicado e demorado, principalmente Adicionar à Barra de Favoritos.
quando você tenta voltar e localizar os sites que abriu.
Com o Internet Explorer 9, as guias relacionadas são co- Observação: Quando você habilita o recurso Sites Su-
dificadas por cores, o que facilita sua organização ao na- geridos, o seu histórico de navegação na Web é enviado
vegar por várias páginas da Web. à Microsoft, onde ele é salvo e comparado com uma lis-
Você consegue ver as guias relacionadas instantanea- ta de sites relacionados atualizada com frequência. Você
mente. Quando você abre uma nova guia a partir de ou- pode optar por interromper o envio de seu histórico de
tra, a nova guia é posicionada ao lado da primeira guia navegação na Web pelo Internet Explorer para a Micro-
e é codificada com a cor correspondente. E quando uma soft a qualquer momento. Também é possível excluir en-
guia que faz parte de um grupo é fechada, outra guia tradas individuais do seu histórico a qualquer momento.
desse grupo é exibida, para que você não fique olhando As entradas excluídas não serão usadas para fornecer su-
para uma guia não relacionada. gestões de outros sites, embora elas sejam mantidas pela
Se quiser fechar uma guia ou o grupo inteiro de guias, Microsoft por um período para ajudar a melhorar nossos
ou remover uma guia de um grupo, clique com o botão produtos e serviços, incluindo este recurso.
direito do mouse na guia ou no grupo de guias e escolha
o que deseja fazer. Nesse local também é possível atuali- Recursos de segurança e privacidade no Internet
zar uma ou todas as guias, criar uma guia duplicada, abrir Explorer 9
uma nova guia, reabrir a última guia fechada ou ver uma
lista de todas as guias fechadas recentemente e reabrir O Internet Explorer 9 inclui os seguintes recursos de
qualquer uma ou todas elas. segurança e privacidade:

Como usar os Sites Sugeridos no Internet Explorer 9 • Filtragem ActiveX, que bloqueia os controles Ac-
O recurso Sites Sugeridos é um serviço online usado tiveX de todos os sites e permite que você poste-
pelo Windows Internet Explorer 9 que recomenda sites riormente os ative novamente apenas para os sites
que você talvez goste com base nos sites que você visita nos quais confia.
com frequência. • Realce de domínio, que mostra claramente a você
Para ativar os Sites Sugeridos e exibi-los em uma pá- o verdadeiro endereço Web do site que está vi-
gina da Web sitando. Isso ajuda você a evitar sites que usam
endereços Web falsos para enganá-lo, como sites
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar de phishing. O verdadeiro domínio que você está
. Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, visitando é realçado na barra de endereços.
na lista de resultados, clique em Internet Explorer. • Filtro SmartScreen, que pode ajudar a protegê-lo
2. Clique no botão Favoritos e, na parte inferior do Cen- contra ataques de phishing online, fraudes e sites
tro de Favoritos, clique em Ativar Sites Sugeridos. falsos ou mal-intencionados. Ele também pode ve-
3. Na caixa de diálogo Sites Sugeridos, clique em Sim. rificar downloads e alertá-lo sobre possível malwa-
re (software mal-intencionado).
• Filtro Cross site scripting (XSS), que pode ajudar
Observação: Para desativar os Sites Sugeridos, clique
a evitar ataques de sites fraudulentos que podem
no botão Ferramentas , aponte para Arquivo e des-
tentar roubar suas informações pessoais e finan-
marque a opção Sites Sugeridos.
ceiras.
• Uma conexão SSL (Secure Sockets Layer) de 128
Para adicionar o Web Slice de Sites Sugeridos bits para usar sites seguros. Isso ajuda o Internet
Depois de ativar os Sites Sugeridos, você pode clicar Explorer a criar uma conexão criptografada com si-
no Web Slice de Sites Sugeridos na Barra de favoritos tes de bancos, lojas online, sites médicos ou outras
para verificar sugestões de sites com base na página da organizações que lidam com as suas informações
Web na guia atual. pessoais.
• Notificações que o avisam se as configurações de
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Ini- segurança estiverem abaixo dos níveis recomenda-
ciar . Na caixa de pesquisa, digite Internet Ex- dos.
plorer e, na lista de resultados, clique em Internet • Proteção contra Rastreamento, que limita a co-
Explorer. municação do navegador com determinados sites
2. Clique no botão Favoritos e, na parte inferior do
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- definidos por uma Lista de Proteção contra Ras-


Centro de Favoritos, clique em Exibir Sites Sugeridos. treamento - a fim de ajudar a manter suas informa-
ções confidenciais.
Observação: Se não tiver ativado os Sites Sugeridos, • Navegação InPrivate, que você pode usar para
você deverá clicar em Ativar Sites Sugeridos e em Sim. navegar na Web sem salvar dados relacionados,
como cookies e arquivos de Internet temporários.
1. Na página da Web Sites Sugeridos, role até a parte • Configurações de privacidade que especificam
inferior e clique em Adicionar Sites Sugeridos à sua como o computador lida com cookies.
Barra de Favoritos.

399
Navegação InPrivate Usar a Proteção contra Rastreamento para bloquear
conteúdo de sites desconhecidos
A Navegação InPrivate impede que o Windows Inter- Quando você visita um site, alguns conteúdos podem
net Explorer 9 armazene dados de sua sessão de navega- ser fornecidos por um site diferente. Esse conteúdo pode
ção, além de ajudar a impedir que qualquer pessoa que ser usado para coletar informações sobre as páginas que
utilize o seu computador veja as páginas da Web que você visita na Internet.
você visitou e o conteúdo que visualizou. A Proteção contra Rastreamento bloqueia esse con-
Para ativar a Navegação InPrivate: teúdo de sites que estão em Listas de Proteção contra
Rastreamento. Existe uma Lista de Proteção contra Ras-
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Ini- treamento Personalizada incluída no Internet Explo-
ciar . Na caixa de pesquisa, digite Internet Ex- rer que é gerada automaticamente com base nos sites
plorer e, na lista de resultados, clique em Internet visitados por você. Também é possível baixar Listas de
Explorer. Proteção contra Rastreamento e, dessa maneira, o Inter-
2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Se- net Explorer verificará periodicamente se há atualizações
gurança e clique em Navegação InPrivate. para as listas.

O que faz a Navegação InPrivate: Para ativar a Proteção contra Rastreamento


Quando você inicia a Navegação InPrivate, o Internet
Explorer abre uma nova janela do navegador. A proteção 1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Ini-
oferecida pela Navegação InPrivate tem efeito apenas ciar . Na caixa de pesquisa, digite Internet Ex-
durante o tempo que você usar essa janela. Você pode plorer e, na lista de resultados, clique em Internet
abrir quantas guias desejar nessa janela e todas elas es- Explorer.
tarão protegidas pela Navegação InPrivate. Entretanto, 2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Se-
se você abrir uma segunda janela do navegador, ela não gurança e clique em Proteção contra Rastreamento.
estará protegida pela Navegação InPrivate. Para finalizar 3. Na caixa de diálogo Gerenciar Complemento, cli-
a sessão de Navegação InPrivate, feche a janela do na- que em uma Lista de Proteção contra Rastreamen-
vegador. to e clique em Habilitar.
Quando você navega usando a Navegação InPriva-
te, o Internet Explorer armazena algumas informações, Usar a Filtragem ActiveX para bloquear controles Ac-
como cookies e arquivos de Internet temporários, de for- tiveX
ma que as páginas da Web visitadas funcionem correta- Controles ActiveX e complementos do navegador da
mente. Entretanto, no final de sua sessão de Navegação Web são pequenos programas que permitem que os sites
InPrivate, essas informações são descartadas. forneçam conteúdos como vídeos. Eles também podem
O que a Navegação InPrivate não faz: ser usados para coletar informações, danificar informa-
ções e instalar software em seu computador sem o seu
• Ela não impede que alguém em sua rede, como consentimento ou permitir que outra pessoa controle o
um administrador de rede ou um hacker, veja as computador remotamente.
páginas que você visitou. A Filtragem ActiveX impede que sites instalem e uti-
• Ela não necessariamente proporciona anonimato lizem esses programas.
na Internet. Os sites talvez sejam capazes de iden-
tificá-lo por meio de seu endereço Web e qualquer Ativar a Filtragem ActiveX
coisa que você fizer ou inserir em um site poderá 1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Ini-
ser gravado por ele. ciar . Na caixa de pesquisa, digite Internet Ex-
• Ela não remove nenhum favorito ou feed adiciona- plorer e, na lista de resultados, clique em Internet
do por você quando a sessão de Navegação InPri- Explorer.
vate é fechada. As alterações nas configurações 2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Se-
do Internet Explorer, como a adição de uma nova gurança e clique em Filtragem ActiveX.
home page, também são mantidas após o encerra-
mento da sessão de Navegação InPrivate. Definir exceções para sites confiáveis
Você pode desativar a Proteção contra Rastreamento
Como usar a Proteção contra Rastreamento e a Fil- ou a Filtragem ActiveX para exibir o conteúdo de sites
tragem ActiveX no Internet Explorer 9 específicos em que você confia.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode ativar a Proteção contra Rastreamento no Informações que não causam lentidão
Windows Internet Explorer 9 para ajudar a evitar que si-
tes coletem informações sobre sua navegação na Web. A nova Barra de notificação exibida na parte inferior do
Você também pode ativar a Filtragem ActiveX para aju- Internet Explorer fornece importantes informações de sta-
dar a evitar que programas acessem o seu computador tus quando você precisa delas, mas ela não o força a clicar
sem o seu consentimento. em uma série de mensagens para continuar navegando.
Depois de ativar qualquer um desses recursos, você
pode desativá-lo apenas para sites específicos.

400
Modo de Exibição de Compatibilidade

Há ocasiões em que o site que você está visitando


não tem a aparência correta. Ele é mostrado como um
emaranhado de menus, imagens e caixas de texto fora de
ordem. Por que isso acontece? Uma explicação possível:
o site pode ter sido desenvolvido para uma versão ante-
rior do Internet Explorer. O que fazer? Experimente clicar
no botão Modo de Exibição de Compatibilidade.

O botão do Modo de Exibição de Compatibilidade

No Modo de Exibição de Compatibilidade, os sites


aparecerão como se fossem exibidos em uma versão an-
terior do Internet Explorer, o que geralmente corrige os
problemas de exibição. Você não precisa clicar no botão
para exibir um site depois de já ter feito isso — na próxima
vez que você visitar o site, o Internet Explorer 9 automati-
camente o mostrará no Modo de Exibição de Compatibi-
lidade. (Se você um dia quiser voltar a navegar nesse site
usando o Internet Explorer 9, basta clicar no botão Modo
de Exibição de Compatibilidade novamente.)

Menu Favoritos

Adicionar endereços no Menu Favoritos


Clique no menu Favoritos e em Adicionar Favoritos(C- E-MAIL
TRL+D).

UTILIZAÇÃO E CONFIGURAÇÕES USUAIS

Um Pouco de História

Foi em 1971 que tudo começou (na realidade come-


çou antes, com pesquisas), com um engenheiro de com-
putação da BBN (Bolt Beranek e Newman), chamado Ray
Tomlinson. Utilizando um programa chamado SNDMSG,
abreviação do inglês “Send Message”, e o ReadMail, Ray
conseguiu enviar mensagem de um computador para
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

outro. Depois de alguns testes mandando mensagens


para ele mesmo, Ray tinha criado o maior e mais utilizado
Menu Ferramentas meio de comunicação da Internet, o correio eletrônico
do inglês “eletronic mail” ou simplesmente como todos
Opções da Internet conhecem e-mail.
No menu Ferramentas, na opção opções da internet, O símbolo @ foi utilizado por Tomlinson para separar
na aba geral podemos excluir os arquivos temporários e o nome do computador do nome do usuário, esta con-
o histórico. Além disso, podemos definir a página inicial. venção é utilizada até hoje. Como não poderia deixar de
ser, o primeiro endereço de e-mail foi criado por Tomlin-

401
son, tomlinson@bbn-tenexa. O símbolo @ (arroba) é lido Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão
no inglês com “at”, que significa em, algo como: o ende- presentes:
reço tomlinson está no computador bbn-tenexa.
Durante um bom tempo, o e-mail foi usado, quase » Para – é o campo onde será inserido o endereço do
que exclusivamente, por pesquisadores da área de com- destinatário.
putação e militares. Foi com o desenvolvimento e o au- » Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da
mento de usuários da Internet, que o e-mail se populari- mesma mensagem, ao usar este campo os endere-
zou e passou a ser a aplicação mais utilizada na internet. ços aparecerão para todos os destinatários.
Hoje, até mesmo pessoas que usam a Internet muito » Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior,
pouco, tem um e-mail. no entanto os endereços só aparecerão para os
O correio eletrônico se parece muito com o correio respectivos donos.
tradicional. Todo usuário tem um endereço próprio e » Assunto – campo destinado ao assunto da mensa-
uma caixa postal, o carteiro é a Internet. Você escreve gem.
sua mensagem, diz pra quem que mandar e a Internet » Anexos – são dados que são anexados à mensagem
cuida do resto. Mas por que o e-mail se popularizou tão (imagens, programas, música, arquivos de texto,
depressa? A primeira coisa é pelo custo. Você não paga etc.).
nada por uma comunicação via e-mail, apenas os cus- » Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida
tos de conexão com a Internet. Outro fator é a rapidez, a mensagem.
enquanto o correio tradicional levaria dias para entregar
uma mensagem, o eletrônico faz isso quase que instan- Alguns nomes podem mudar de servidor para ser-
taneamente e não utiliza papel. Por ultimo, a mensagem vidor, porém representando as mesmas funções. Além
vai direto ao destinatário, não precisa passa de mão-em- dos destes campos tem ainda os botões para EVIAR, EN-
-mão (funcionário do correio, carteiro, etc.), fica na sua CAMINHAR e EXCLUIR as mensagens, este botões bem
caixa postal onde somente o dono tem acesso e, ape- como suas funcionalidades veremos em detalhes, mais
sar de cada pessoa ter seu endereço próprio, você pode a frente.
acessar seu e-mail de qualquer computador conectado Para receber seus e-mails você não precisa está co-
à Internet. nectado à Internet, pois o e-mail funciona com prove-
Bem, o e-mail mesclou a facilidade de uso do correio dores. Mesmo você não estado com seu computador
convencional com a velocidade do telefone, se tornando ligado, seus e-mail são recebidos e armazenados na sua
um dos melhores e mais utilizado meio de comunicação. caixa postal, localizada no seu provedor. Quando você
acessa sua caixa postal, pode ler seus e-mail on-line (di-
Estrutura e Funcionalidade do e-mail retamente na Internet, pelo WebMail) ou baixar todos
Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, to- para seu computador através de programas de correio
dos os endereços eletrônicos seguem uma estrutura pa- eletrônico. Um programa muito conhecido é o Outlook
drão, nome do usuário + @ + host, onde: Express, o qual detalhar mais a frente.
A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço
» Nome do Usuário – é o nome de login escolhido de e-mail e qualquer pessoa que souber esse endereço,
pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: pode enviar mensagens para você. Também é possível
sergiodecastro. enviar mensagens para várias pessoas ao mesmo tem-
» @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que sepa- po, para isto basta usar os campos “Cc” e “Cco” descritos
ra o nome do usuário do seu provedor. acima.
» Host – é o nome do provedor onde foi criado o Atualmente, devido a grande facilidade de uso, a
endereço eletrônico. Exemplo: click21.com.br . maioria das pessoas acessa seu e-mail diretamente na
» Provedor – é o host, um computador dedicado ao Internet através do navegador. Este tipo de correio é cha-
serviço 24 horas por dia. mado de WebMail. O WebMail é responsável pela gran-
de popularização do e-mail, pois mesmo as pessoas que
Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21. não tem computador, podem acessar sua caixa postal de
com.br qualquer lugar (um cyber, casa de um amigo, etc.). Para
A caixa postal é composta pelos seguintes itens: ter um endereço eletrônico basta querer e acessar a In-
ternet, é claro. Existe quase que uma guerra por usuários.
» Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as Os provedores, também, disputam quem oferece maior
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

mensagens recebidas. espaço em suas caixas postais. Há pouco tempo encon-


» Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não trar um e-mail com mais de 10 Mb, grátis, não era fácil.
enviadas. Lembro que, quando a Embratel ofereceu o Click21 com
» E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e- 30 Mb, achei que era muito espaço, mas logo o iBest ofe-
-mails que foram enviados. receu 120 Mb e não parou por ai, a “guerra” continuo
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda culminando com o anúncio de que o Google iria oferecer
não terminou de redigir. 1 Gb (1024 Mb). A ultima campanha do GMail, e-mail do
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas. Google, é de aumentar sua caixa postal constantemente,
a ultima vez que acessei estava em 2663 Mb.

402
WebMail 3. Após preencher todo o formulário clique no botão
“Aceito”, pronto seu cadastro estará efetivado.
O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação
acessada diretamente na Internet, sem a necessidade de Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é co-
usar programa de correio eletrônico. Praticamente todos mum que muitos nomes já tenham sido cadastrados por
os e-mails possuem aplicações para acesso direto na In- outros usuários, neste caso será exibida uma mensagem
ternet. É grande o número de provedores que oferecem lhe informando do problema. Isso acontece porque den-
correio eletrônico gratuitamente, logo abaixo segue uma tro de um mesmo provedor não pode ter dois nomes
lista dos mais populares. de usuários iguais. A solução é procurar outro nome que
ainda esteja livre, alguns provedores mostram sugestões
» Hotmail – http://www.hotmail.com como: seunome2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso
» GMail – http://www.gmail.com com você (o que é bem provável que acontecerá) escolha
» iBest Mail – http://www.ibestmail.com.br
uma das sugestões ou informe outro nome (não desista,
» iG Mail – http://www.ig.com.br
você vai conseguir), finalize seu cadastro que seu e-mail
» Yahoo – http://www.yahoo.com.br
vai está pronto para ser usado.
» Click21 – http://www.click21.com.br

Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e » Entendendo a Interface do WebMail
seguir as instruções do site. Outro importante fator a ser
observado é o tamanho máximo permitido por anexo, A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail
este foi outro fator que aumentou muito de tamanho, há que nos liga do mundo externo aos comandos do pro-
pouco tempo a maioria dos provedores permitiam em grama. Estes conhecimentos vão lhe servir para qualquer
torno de 2 Mb, mas atualmente a maioria já oferecem WebMail que você tiver e também para o Outlook Ex-
em média 10 Mb. Porém tem alguns mais generosos que press que é um programa de gerenciamento de e-mails,
chegam a oferecer mais que isso, é o caso do Click21 que vamos ver este programa mais adiante.
oferece 21 Mb, claro que essas limitações são preocu-
pantes quando se trata de e-mail grátis, pois a final de 1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar
contas quando pagamos o bolso é quem manda. Além sua caixa de entrar, verificando se há novas men-
de caixa postal os provedores costumam oferecer servi- sagens no servidor.
ços de agenda e contatos. 2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição
Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a cri- de e-mail será aberta. A janela de edição é o espa-
tério de cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, ço no qual você vai redigir, responder e encami-
eu, por exemplo, procuro aqueles que oferecem uma in- nhar mensagens. Semelhante à função novo e-mail
terface com o menor propaganda possível. do Outlook.
» Criando seu e-mail 3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus
Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamen- endereços de e-mail são previamente guardados
te simples, eu escolhi o iBestMail, pois a interface deste para utilização futura, nesta seção também é possí-
WebMail não tem propagandas e isso ajudar muito os vel criar grupos para facilitar o gerenciamento dos
entendimentos, no entanto você pode acessar qualquer seus contatos.
dos endereços informados acima ou ainda qualquer ou- 4. Configurações – Este botão abre (como o próprio
tro que você conheça. O processo de cadastro é muito nome já diz) a janela de configurações. Nesta ja-
simples, basta preencher um formulário e depois você
nela podem ser feitas diversas configurações, tais
terá sua conta de e-mail pronta para ser usada. Alguns
como: mudar senha, definir número de e-mail por
provedores exigem CPF para o cadastro, o iBest e o iG
página, assinatura, resposta automática, etc.
são exemplos, já outros você informa apenas dados pes-
5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma
soais, o Yahoo e o Gmail são exemplos, este último é pre-
ciso ter um convite. seção com vários tópicos de ajuda.
Vamos aos passos: 6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através
dele que você vai fechar sua caixa postal, muito
1. Acesse a pagina do provedor (www.ibestmail.com. recomendado quando o uso de seu e-mail ocorrer
br) ou qualquer outro de sua preferência. em computadores de terceiros.
2. Clique no botão “CADASTRE-SE JÁ”, será aberto 7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe
um formulário, preencha-o observando todos os seu endereço de e-mail; quantidade total de sua
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

campos. Os campos do formulário têm suas parti- caixa posta; parte utilizada em porcentagem e um
cularidades de provedor para provedor, no entan- pequeno gráfico.
to todos trazem a mesma ideia, colher informações 8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual
do usuário. Este será a primeira parte do seu e-mail você está, no exemplo a Caixa de Entrada.
e é igual a este em qualquer cadastro, no exemplo 9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de men-
temos “@ibest.com.br”. A junção do nome de usu- sagens que estão na tela e também o total da se-
ário com o nome do provedor é que será seu en- ção selecionada.
dereço eletrônico. No exemplo ficaria o seguinte:
seunome@ibest.com.br.

403
10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão MS OUTLOOK
todos os comandos relacionados com as mensa-
gens exibidas. Para usar estes comandos, selecione O Microsoft Outlook oferece excelentes ferramentas
uma ou mais mensagens o comando desejado e de gerenciamento de emails profissionais e pessoais para
clique no botão “OK”. O botão “Bloquear”, blo- mais de 500 milhões de usuários do Microsoft Office no
queia o endereço de e-mail da mensagem, útil para mundo todo. Com o lançamento do Outlook 2010, você
bloquear e-mails indesejados. Já o botão “Contas terá uma série de experiências mais ricas para atender às
externas” abre uma seção para configurar outras suas necessidades de comunicação no trabalho, em casa
contas de e-mails que enviarão as mensagens a e na escola.
sua caixa postal. Para o correto funcionamento Do visual redesenhado aos avançados recursos de
desta opção é preciso que a conta a ser acessada organização de emails, pesquisa, comunicação e redes
tenha serviço POP3 e SMTP. sociais, o Outlook 2010 proporciona uma experiência
11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista fantástica para você se manter produtivo e em contato
de página, que aumenta conforme a quantidade com suas redes pessoais e profissionais.
de e-mails na seção. Para acessar selecione a pági-
na desejada e clique no botão “OK”. Veja que todos Adicionar uma conta de email
os comandos estão disponíveis também na parte
inferior, isto para facilitar o uso de sua caixa postal. Antes de poder enviar e receber emails no Outlook
12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um 2010, você precisa adicionar e configurar uma conta
correio eletrônico. Caixa de Entrada; Mensagens de email. Se tiver usado uma versão anterior do Micro-
Enviadas; Rascunho e Lixeira. Um detalhe impor- soft Outlook no mesmo computador em que instalou o
tante é o estilo do nome, quando está normal sig- Outlook 2010, suas configurações de conta serão impor-
nifica que todas as mensagens foram abertas, po- tadas automaticamente.
rém quando estão em negrito, acusam que há uma Se você não tem experiência com o Outlook ou se
estiver instalando o Outlook 2010 em um computador
ou mais mensagens que não foram lidas, o número
novo, o recurso Configuração Automática de Conta será
entre parêntese indica a quantidade. Este detalhe
iniciado automaticamente e o ajudará a configurar as de-
funciona para todas as pastas e mensagens do cor-
finições de suas contas de email. Essa configuração exige
reio.
somente seu nome, endereço de email e senha. Se não
13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exi-
for possível configurar sua conta de email automatica-
bir as mensagens. Por padrão, ao abrir sua caixa
mente, será necessário digitar as informações adicionais
postal, é exibido o conteúdo da Caixa de Entrada,
obrigatórias manualmente.
mas este painel exibe também as mensagens das
diversas pastas existentes na sua caixa postal. A 1. Clique na guia Arquivo.
observação feita no item anterior, sobre negrito, 2. Em Dados da Conta e clique em Adicionar Conta.
também é válida para esta seção. Observe as caixas
de seleção localizadas do lado esquerdo de cada
mensagem, é através delas que as mensagens são
selecionadas. A seleção de todos os itens ao mes-
mo tempo, também pode ser feito pela caixa de
seleção do lado esquerdo do título da coluna “Re-
metente”. O título das colunas, além de nomeá-las,
também serve para classificar as mensagens que
por padrão estão classificadas através da coluna
“Data”, para usar outra coluna na classificação bas-
ta clicar sobre nome dela. Sobre contas de email
14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível
adicionar, renomear e apagar as suas pastas. As O Outlook dá suporte a contas do Microsoft Exchan-
pastas são um modo de organizar seu conteúdo, ge, POP3 e IMAP. Seu ISP (provedor de serviços de Inter-
armazenando suas mensagens por temas. Quando net) ou administrador de emails pode lhe fornecer as in-
seu e-mail é criado não existem pastas nesta se- formações necessárias para a configuração da sua conta
ção, isso deve ser feito pelo usuário de acordo com de email no Outlook.
suas necessidades. Contas de email estão contidas em um perfil. Um per-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a fil é composto de contas, arquivos de dados e configura-
seção onde pode ser feita uma configuração que ções que especificam onde as suas mensagens de email
permitirá você acessar outras caixas postais direta- são salvas. Um novo perfil é criado automaticamente
mente da sua. O próximo link, como o nome já diz, quando o Outlook é executando pela primeira vez.
abre a janela de configuração dos e-mails bloque- Adicionar uma conta de email ao iniciar o Outlook
ados e mais abaixo o link para baixar um plug-in 2010 pela primeira vez
que lhe permite fazer uma configuração automá- Se você ainda não tem experiência com o Outlook ou
tica do Outlook Express. Estes dois primeiros links se estiver instalando o Outlook 2010 em um computador
são os mesmos apresentados no item 10. novo, o recurso Configuração Automática de Conta será

404
iniciado automaticamente e o ajudará a definir as confi-
gurações das suas contas de email. Esse processo exige
somente seu nome, endereço de email e senha. Se não
for possível configurar a sua conta de email automatica-
mente, você precisará inserir as informações adicionais
obrigatórias manualmente.

1. Inicie o Outlook.
2. Quando solicitado a configurar uma conta de
email, clique em Avançar.

Se a tentativa inicial de configurar a conta falhar, uma


segunda tentativa poderá ser feita com o uso de uma co-
nexão não criptografada com o servidor de email. Se você
vir essa mensagem, clique em Avançar para continuar. Se a
conexão não criptografada também falhar, não será possí-
vel configurar a sua conta de email automaticamente.

3. Para adicionar uma conta de email, clique em Sim


e depois em Avançar.
4. Insira seu nome, endereço de email e senha e cli-
que em Avançar.

Clique em Repetir ou marque a caixa de seleção Con-


figurar servidor manualmente.
Depois que a conta for adicionada com êxito, você
poderá adicionar mais contas clicando em Adicionar ou-
tra conta.

Observação: Quando o seu computador está conec-


tado a um domínio de rede de uma organização que usa
o Microsoft Exchange Server, suas informações de email
são automaticamente inseridas. A senha não aparece
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

porque a sua senha de rede é usada.


Um indicador de progresso é exibido à medida que a
sua conta está sendo configurada. O processo de confi-
guração pode levar vários minutos.

405
5. Para sair da caixa de diálogo Adicionar Nova Con- Configurar manualmente uma conta POP3 ou IMAP
ta, clique em Concluir.
Uma conta POP3 é o tipo mais comum de conta de
Se você tiver adicionado uma conta do Exchange Ser- email.
ver, deverá sair e reiniciar o Outlook para que essa conta Uma conta IMAP é um tipo avançado de conta de
apareça e possa ser usada no Outlook. email que oferece várias pastas de email em um servidor
Observação: Se o seu perfil já tiver uma conta do de emails. As contas do Google GMail e da AOL podem
Microsoft Exchange Server e você quiser adicionar outra, ser usadas no Outlook 2010 como contas IMAP.
será necessário usar a Configuração Automática de Con- Se não souber ao certo qual é o tipo da sua conta,
ta. Para configurar manualmente uma conta adicional do entre em contato com o seu provedor de serviços de In-
Exchange Server, você deve sair do Outlook e depois usar ternet (ISP) ou administrador de email.
o módulo Email no Painel de Controle.
1. Clique em Definir manualmente as configurações
Adicionar uma conta de email manualmente do servidor ou tipos de servidor adicionais e em
Avançar.
Existem três maneiras de adicionar manualmente sua 2. Clique em Email da Internet e em Avançar.
conta de email. A maioria das pessoas só possui um perfil 3. Em Informações do Usuário, faça o seguinte:
e deverá usar a seção Adicionar ao perfil em execução. - Na caixa Nome, digite seu nome da forma que
Observação: A configuração manual de contas do Mi- aparecerá para as outras pessoas.
crosoft Exchange não pode ser feita enquanto o Outlook - Na caixa Endereço de Email, digite o endereço
estiver em execução. Use as etapas das seções Adicionar de email completo atribuído por seu adminis-
a um perfil existente ou Adicionar a um novo perfil. trador de email ou ISP. Não se esqueça de in-
cluir o nome de usuário, o símbolo @ e o nome
Adicionar ao perfil em execução do domínio como, por exemplo, pat@contoso.
com.
1. Clique na guia Arquivo. - Nas caixas Senha e Confirmar Senha, digite a se-
2. Na guia Info, em Informações da Conta, clique em nha atribuída ou criada por você.
Configurações de Conta.
3. Clique em Configurações de Conta. Dica: A senha poderá diferenciar maiúsculas de mi-
4. Clique em Adicionar Conta. núsculas. Verifique se a tecla CAPS LOCK foi pressionada
durante a inserção da sua senha.
Adicionar a um perfil existente
4. Em Informações do Servidor, faça o seguinte:
1. Feche o Outlook. - Na caixa de listagem Tipo de Conta, escolha
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes POP3 ou IMAP.
em Email. - Na caixa Servidor de entrada de emails, digite o
nome completo do servidor fornecido pelo pro-
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email vedor de serviços de Internet ou pelo adminis-
contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil trador de email. Geralmente, é mail. seguido do
diferente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione nome de domínio, por exemplo, mail.contoso.
o nome do perfil e, em seguida, clique em Propriedades. com.
- Na caixa Servidor de saída de emails (SMTP),
3. Clique em Contas de Email. digite o nome completo do servidor fornecido
pelo provedor de serviços de Internet ou pelo
Adicionar a um novo perfil administrador de email. Geralmente, é mail. se-
guido do nome do domínio, por exemplo, mail.
1. Feche o Outlook. contoso.com.
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes 5. Em Informações de Logon, faça o seguinte:
no módulo Email. - Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do
3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis. usuário fornecido pelo provedor ou pelo admi-
4. Clique em Adicionar. nistrador de email. Ele pode fazer parte do seu
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome endereço de email antes do símbolo @, como
para o perfil e, em seguida, clique em OK. pat, ou pode ser o seu endereço de email com-
pleto, como pat@contoso.com.
Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook - Na caixa Senha, digite a senha fornecida pelo
caso configure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado. provedor ou pelo administrador de email ou
uma senha que tenha sido criada por você.
6. Clique em Contas de Email. - Marque a caixa de seleção Lembrar senha.

406
Observação: Você tem a opção de salvar sua senha provedores de serviços de Internet (ISPs) também ofe-
digitando-a na caixa Senha e marcando a caixa de se- recem contas do Exchange hospedadas. Se não estiver
leção Lembrar senha. Se você escolheu essa opção, não certo sobre o tipo de conta que utiliza, entre em contato
precisará digitar a senha sempre que acessar a conta. No com o seu ISP ou administrador de email.
entanto, isso também torna a conta vulnerável a qual- A configuração manual de contas do Microsoft Ex-
quer pessoa que tenha acesso ao seu computador. change não pode ser feita enquanto o Outlook estiver
Opcionalmente, você poderá denominar sua con- em execução. Para adicionar uma conta do Microsoft Ex-
ta de email como ela aparece no Outlook. Isso será útil change, siga as etapas de Adicionar a um perfil existente
caso você esteja usando mais de uma conta de email. ou Adicionar a um novo perfil e siga um destes procedi-
Clique em Mais Configurações. Na guia Geral, em Conta mentos:
de Email, digite um nome que ajudará a identificar a con-
ta, por exemplo, Meu Email de Provedor de Serviços de 1. Clique em Definir manualmente as configurações
Internet Residencial. do servidor ou tipos de servidor adicionais e em
A sua conta de email pode exigir uma ou mais das Avançar.
configurações adicionais a seguir. Entre em contato com 2. Clique em Microsoft Exchange e, em seguida, cli-
o seu ISP se tiver dúvidas sobre quais configurações usar que em Avançar.
para sua conta de email. 3. Digite o nome atribuído pelo administrador de
email para o servidor executando o Exchange.
• Autenticação de SMTP Clique em Mais Configu- 4. Para usar as Configurações do Modo Cache do Ex-
rações. Na guia Saída, marque a caixa de seleção change, marque a caixa de seleção Usar o Modo
Meu servidor de saída de emails requer autentica- Cache do Exchange.
ção, caso isso seja exigido pela conta. 5. Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do usuá-
• Criptografia de POP3 Para contas POP3, clique rio atribuído ao administrador de email. Ele não
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em costuma ser seu nome completo.
Números das portas do servidor, em Servidor de 6. Opcionalmente, siga um destes procedimentos:
entrada (POP3), marque a caixa de seleção O servi- - Clique em Mais Configurações. Na guia Geral
dor requer uma conexão criptografada (SSL), caso em Conta de Email, digite o nome que ajudará
o provedor de serviços de Internet instrua você a a identificar a conta, por exemplo, Meu Email de
usar essa configuração. Trabalho.
• Criptografia de IMAP Para contas IMAP, clique - Clique em Mais Configurações. Em qualquer
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em uma das guias, configure as opções desejadas.
Números das portas do servidor, em Servidor de - Clique em Verificar Nomes para confirmar se o
entrada (IMAP), para a opção Usar o seguinte tipo servidor reconhece o seu nome e se o compu-
de conexão criptografada, clique em Nenhuma, tador está conectado com a rede. Os nomes de
SSL, TLS ou Automática, caso o provedor de ser- conta e de servidor especificados nas etapas 3
viços de Internet instrua você a usar uma dessas e 5 devem se tornar sublinhados. Se isso não
configurações. acontecer, entre em contato com o administra-
• Criptografia de SMTP Clique em Mais Configu- dor do Exchange.
rações. Na guia Avançada, em Números das portas 7. Se você clicou em Mais Configurações e abriu a
do servidor, em Servidor de saída (SMTP), para a caixa de diálogo Microsoft Exchange Server, clique
opção Usar o seguinte tipo de conexão criptogra- em OK.
fada, clique em Nenhuma, SSL, TLS ou Automáti- 8. Clique em Avançar.
ca, caso o provedor de serviços de internet instrua 9. Clique em Concluir.
você a usar uma dessas configurações.
Remover uma conta de email
Opcionalmente, clique em Testar Configurações da
Conta para verificar se a conta está funcionando. Se hou- 1. Clique na guia Arquivo.
ver informações ausentes ou incorretas, como a senha, 2. Em Informações da Conta, clique em Configurações
será solicitado que sejam fornecidas ou corrigidas. Ve- de Conta e depois em Configurações de Conta.
rifique se o computador está conectado com a Internet.
Clique em Avançar.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em Concluir.

Configurar manualmente uma conta do Microsoft


Exchange

As contas do Microsoft Exchange são usadas por or-


ganizações como parte de um pacote de ferramentas de
colaboração incluindo mensagens de email, calendário e
agendamento de reuniões e controle de tarefas. Alguns

407
3. Selecione a conta de email que você deseja remo- Responder ou encaminhar uma mensagem de email
ver e clique em Remover.
4. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim. Quando você responde a uma mensagem de email, o
remetente da mensagem original é automaticamente adi-
Para remover uma conta de email de um perfil dife- cionado à caixa Para. De modo semelhante, quando você
rente, encerre e reinicie o Outlook com o outro perfil e usa Responder a Todos, uma mensagem é criada e ende-
siga as etapas anteriores. Você também pode remover reçada ao remetente e a todos os destinatários adicionais
contas de outros perfis da seguinte forma: da mensagem original. Seja qual for sua escolha, você po-
derá alterar os destinatários nas caixas Para, Cc e Cco.
1. Saia do Outlook. Ao encaminhar uma mensagem, as caixas Para, Cc
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes e Cco ficam vazias e é preciso fornecer pelo menos um
em Email. destinatário.

A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email Responder ao remetente ou a outros destinatários
contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil
diferente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione Você poder responder apenas ao remetente de uma
o nome do perfil e, em seguida, clique em Propriedades. mensagem ou a qualquer combinação de pessoas exis-
tente nas linhas Para e Cc. Pode também adicionar novos
3. Clique em Contas de Email. destinatários.
4. Selecione a conta e clique em Remover.
5. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim. 1. Na guia Página Inicial ou na guia Mensagem, no
grupo Responder, clique em Responder ou em
Observações Responder a Todos.
• A remoção de uma conta de email POP3 ou IMAP
Observação: O nome da guia depende da condição
não exclui os itens enviados e recebidos com o uso
da mensagem, se está selecionada na lista de mensagens
dessa conta. Se você estiver usando uma conta
ou se está aberta na respectiva janela.
POP3, ainda poderá usar o Arquivo de Dados do
Para remover o nome das linhas Para e Cc, clique no
Outlook (.pst) para trabalhar com os seus itens.
nome e pressione DELETE. Para adicionar um destinatário,
• Se estiver usando uma conta do Exchange, seus
clique na caixa Para, Cc ou Cco e especifique o destinatário.
dados permanecerão no servidor de email, a não
ser que eles sejam movidos para um Arquivo de
2. Escreva sua mensagem.
Dados do Outlook (.pst).
3. Clique em Enviar.
Criar uma mensagem de email
Dica Seja cuidadoso ao clicar em Responder a To-
1. Na guia Página Inicial, no grupo Novo, clique em dos, principalmente quando houver listas de distribuição
Novo Email. ou um grande número de destinatários em sua resposta.
Geralmente, o melhor é usar Responder e adicionar so-
mente os destinatários necessários, ou então usar Res-
ponder a Todos, mas remover os destinatários desneces-
sários e as listas de distribuição.

Encaminhar uma mensagem

Ao encaminhar uma mensagem, ela incluirá todos


os anexos que estavam incluídos na mensagem original.
Atalho do teclado Para criar uma mensagem de email Para incluir mais anexos, consulte Anexar um arquivo ou
a partir de qualquer pasta do Outlook, pressione CTR- outro item a uma mensagem de email.
L+SHIFT+M
1. Na guia Página Inicial ou Mensagem, no grupo
2. Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem. Responder, clique em Encaminhar.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3. Insira os endereços de email ou os nomes dos des-


tinatários na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários Observação: O nome da guia depende da condição
destinatários por ponto-e-vírgula. da mensagem, se está selecionada na lista de mensagens
ou se está aberta na respectiva janela.
Para selecionar os nomes dos destinatários em uma
lista no Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou 2. Especifique destinatários nas caixas Para, Cc ou Cco.
Cco e clique nos nomes desejados. 3. Escreva sua mensagem.
4. Clique em Enviar.
4. Depois de redigir a mensagem, clique em Enviar.

408
Dica: Se quiser encaminhar duas ou mais mensagens Observações
para os mesmos destinatários, como se fossem uma só,
em Email, clique em uma das mensagens, pressione CTRL • Você pode visualizar anexos de mensagens HTML
e clique em cada mensagem adicional. Na guia Página ou com texto sem formatação no Painel de Leitura
Inicial, no grupo Responder, clique em Encaminhar. Cada e em mensagens abertas. Clique no anexo a ser
mensagem será encaminhada como anexo de uma nova visualizado e ele será exibido no corpo da mensa-
mensagem. gem. Para voltar à mensagem, na guia Ferramentas
de Anexo, no grupo Mensagem, clique em Mostrar
Adicionar um anexo a uma mensagem de email Mensagem. O recurso de visualização não está dis-
ponível para mensagens RTF.
Arquivos podem ser anexados a uma mensagem de • Por padrão, o Microsoft Outlook bloqueia arqui-
email. Além disso, outros itens do Outlook, como men- vos de anexo potencialmente perigosos (inclusive
sagens, contatos ou tarefas, podem ser incluídos com as os arquivos .bat, .exe, .vbs e .js), os quais possam
mensagens enviadas. conter vírus. Se o Outlook bloquear algum arquivo
de anexo em uma mensagem, uma lista dos tipos
1. Crie uma mensagem ou, para uma mensagem exis- de arquivos bloqueados será exibida na Barra de
tente, clique em Responder, Responder a Todos ou Informações, na parte superior da mensagem.
Encaminhar.
2. Na janela da mensagem, na guia Mensagem, no
grupo Incluir, clique em Anexar Arquivo.

Salvar um anexo
Abrir e salvar anexos Após abrir e exibir um anexo, você pode preferir sal-
vá-lo em uma unidade de disco. Se a mensagem tiver
Anexos são arquivos ou itens que podem ser incluí- mais de um anexo, você poderá salvar os vários anexos
dos em uma mensagem de email. As mensagens com como um grupo ou um de cada vez.
anexos são identificadas por um ícone de clipe de papel Salvar um único anexo de mensagem
na lista de mensagens. Dependendo do formato da Execute um dos seguintes procedimentos:
mensagem recebida, os anexos são exibidos em um de
dois locais na mensagem. • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
texto sem formatação Clique no anexo, no Painel
• Se o formato da mensagem for HTML ou texto sem de Leitura, ou abra a mensagem. Na guia Anexos,
formatação, os anexos serão exibidos na caixa de no grupo Ações, clique em Salvar como. É possível
anexo, sob a linha Assunto. clicar com o botão direito do mouse no anexo e
então clicar em Salvar como.
• Se o formato da mensagem for o formato menos
• Se a mensagem estiver no formato RTF No Painel
comum RTF (Rich Text Format), os anexos serão
de Leitura ou na mensagem aberta, clique com o
exibidos no corpo da mensagem. Mesmo que o
botão direito do mouse no anexo e clique em Sal-
arquivo apareça no corpo da mensagem, ele conti- var como.
nua sendo um anexo separado.
Escolha uma local de pasta e clique em Salvar.
Observação O formato utilizado na criação da men- Salvar vários anexos de uma mensagem
sagem é indicado na barra de título, na parte superior da
mensagem. 1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, se-
lecione os anexos a serem salvos. Para selecionar
Abrir um anexo vários anexos, clique neles mantendo pressionada
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a tecla CTRL.
Um anexo pode ser aberto no Painel de Leitura ou 2. Execute um dos seguintes procedimentos:
em uma mensagem aberta. Em qualquer um dos casos, - Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
clique duas vezes no anexo para abri-lo. texto sem formatação Na guia Anexos, no grupo
Para abrir um anexo na lista de mensagens, clique Ações, clique em Salvar como.
com o botão direito do mouse na mensagem que con- - Se a mensagem estiver no formato RTF Clique
tém o anexo, clique em Exibir Anexos e clique no nome com o botão direito do mouse em uma das
do anexo. mensagens selecionadas e depois clique em
Salvar como.

409
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.

Salvar todos os anexos de uma mensagem

1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, cli-


que em um anexo.
2. Siga um destes procedimentos:
- Se a mensagem estiver no formato HTML ou de Atalho do teclado: Para criar um compromisso, pres-
texto sem formatação Na guia Anexos, no sione CTRL+SHIFT+A.
grupo Ações, clique em Salvar Todos os Anexos. Agendar uma reunião com outras pessoas
- Se a mensagem estiver no formato RTF Clique Uma reunião é um compromisso que inclui outras
na guia Arquivo para abrir o modo de exibição pessoas e pode incluir recursos como salas de conferên-
Backstage. Em seguida, clique em Salvar anexos cia. As respostas às suas solicitações de reunião são exi-
e depois em OK. bidas na Caixa de Entrada.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo
Adicionar uma assinatura de email às mensagens Novo, clique em Nova Reunião.

Você pode criar assinaturas personalizadas para suas


mensagens de email que incluem texto, imagens, seu
Cartão de Visita Eletrônico, um logotipo ou até mesmo
uma imagem da sua assinatura manuscrita.

Criar uma assinatura

• Abra uma nova mensagem. Na guia Mensagem, no Atalho do teclado: Para criar uma nova solicitação de
grupo Incluir, clique em Assinatura e em Assinaturas. reunião de qualquer pasta no Outlook, pressione CTR-
L+SHIFT+Q.

Definir um lembrete

Você pode definir ou remover lembretes para vários


itens, incluindo mensagens de email, compromissos e
contatos.

• Na guia Assinatura de Email, clique em Novo. Para compromissos ou reuniões


Em um item aberto, na guia Compromisso ou Reu-
Adicionar uma assinatura nião, no grupo Opções, na lista suspensa Lembrete, sele-
cione o período de tempo antes do compromisso ou da
• Em uma nova mensagem, na guia Mensagem, no reunião para que o lembrete apareça. Para desativar um
grupo Incluir, clique em Assinatura e clique na as- lembrete, selecione Nenhum.
sinatura desejada.
Para mensagens de email, contatos e tarefas

• Na guia Página Inicial, no grupo Marcas, clique em


Acompanhar e em Adicionar Lembrete.

Criar um compromisso de calendário


Compromissos são atividades que você agenda no
seu calendário e que não envolvem convites a outras
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

pessoas nem reserva de recursos.

• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo


Novo, clique em Novo Compromisso. Como al-
ternativa, você pode clicar com o botão direito do
mouse em um bloco de tempo em sua grade de
Dica: Você pode sinalizar rapidamente mensagens
calendário e clicar em Novo Compromisso.
de email como itens de tarefas pendentes usando lem-
bretes. Clique com o botão direito do mouse na colu-

410
na Status do Sinalizador na lista de mensagens. Ou, se a Atalho do teclado: Para criar uma anotação, pressione
mensagem estiver aberta, na guia Mensagem, no grupo CTRL+SHIFT+N.
Controle, clique em Acompanhamento e, em seguida, cli-
que em Adicionar Lembrete.

Criar um contato
HORA DE PRATICAR!

Contatos podem ser tão simples quanto um nome e 1. (FGV – 2019) Assinale a opção que contém somente
endereço de email ou incluir outras informações detalha- dispositivos que podem ser utilizados para carga do sis-
das, como endereço físico, vários telefones, uma imagem, tema operacional.
datas de aniversário e quaisquer outras informações que
se relacionem ao contato. a) Disco óptico, disco rígido e pen drive.
b) Disco óptico, pen drive e plotter.
• Em Contatos, na guia Página Inicial, no grupo c) Disco óptico, pen drive e scanner.
Novo, clique em Novo Contato. d) Disco rígido, plotter e scanner.
e) Pen drive, plotter e scanner.

2. (FGV – 2018) Quando a alimentação do computador


é desligada, esse tipo de memória perde seu conteúdo.
Esta característica é suficiente para classificar esta me-
mória como

a) dinâmica.
Atalho do teclado: Para criar um contato de qualquer b) estática.
pasta no Outlook, pressione CTRL+SHIFT+C. c) não volátil.
d) regravável.
Criar uma tarefa e) volátil.

Muitas pessoas mantêm uma lista de coisas a fazer — 3. (FGV – 2018) A memória primária, de acesso aleató-
em papel, em uma planilha ou com uma combinação de rio, que armazena dados de programas em execução en-
papel e métodos eletrônicos. No Microsoft Outlook, você quanto o computador está ligado, é a memória
pode combinar várias listas em uma só, receber lembre-
tes e controlar o andamento das tarefas. a) SSD.
b) RAM.
• Em Tarefas, na guia Página Inicial, no grupo Novo, c) ROM.
clique em Nova Tarefa. d) Magnética.
e) Digital.

4. (FGV – 2019) No contexto da resolução da tela de


monitores de vídeo e notebooks, a denominação “Full
HD” refere-se a uma configuração na qual a quantidade
de pixels em cada sentido, horizontal e vertical respecti-
vamente, é:
Atalho do teclado: Para criar uma nova tarefa, pres- a) 1366 e 768;
sione CTRL+SHIFT+K. b) 1920 e 1080;
c) 2180 e 1340;
Criar uma anotação d) 2590 e 3800;
e) 3840 e 2160.
Anotações são o equivalente eletrônico de notas ade-
sivas em papel. Use-as para rascunhar dúvidas, ideias, 5. (FGV – 2019) No Explorador de Arquivos (Windows
lembretes e qualquer coisa que você escreveria em papel.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Explorer) do Windows 10 BR, para remover um arqui-


vo previamente selecionado sem enviá-lo para a lixeira,
• Em Anotações, no grupo Novo, clique em Nova Anotação. deve ser usado

a) Alt+Delete.
b) Alt+Shift+Delete.
c) Ctrl+Delete.
d) Ctrl+Shift+Delete.
e) Shift+Delete.

411
6. (FGV – 2019) Maria procura um arquivo dentre os mi- Para isto, uma fórmula foi digitada na célula D2, copiada
lhares gravados em seu computador e está usando as (Ctrl + C) e colada (Ctrl + V) nas demais células da mesma
“Ferramentas de Pesquisa”, disponíveis no “Explorador coluna D. Assinale a opção que indica a fórmula digitada
de Arquivos” do em D2.
Windows.
Sobre o arquivo procurado, Maria lembra aproximada- a) =SE (B2+C2)/2>5 “APROVADO” SENÃO “REPROVADO”
mente do tamanho, da data da última modificação e do b) =MÉDIA(B2:C2)>5
tipo do arquivo. c) =ÍNDICE({“APROVADO”;”REPROVADO”};(B2+C2)/2>5)
Nesse caso, o processo de busca é capaz de considerar: d) =SE((B2+C2)/2>5;”APROVADO”;”REPROVADO”)
e) =SE B2+C2/2>5 “APROVADO” SENÃO “REPROVADO”
a) apenas a data;
b) apenas a data e o tipo; 10. (FGV – 2018) João abriu uma nova planilha no MS
c) apenas o tamanho e o tipo; Excel e executou os seguintes procedimentos:
d) apenas o tamanho e a data; 1. Digitou o valor “1” na célula A1;
e) o tamanho, a data e o tipo. 2. Digitou a fórmula “ = A1+1” na célula B2;
3. Selecionou a célula B2;
7. (FGV – 2018) João acionou o Explorador de Arquivos 4. Copiou com Ctrl-C;
no Windows, clicou sobre o nome de um arquivo com o 5. Selecionou a região C3 : E5;
botão direito do mouse, e notou no menu imediatamen- 6. Colou com Ctrl-V.
te aberto a opção “Abrir com”. Assinale a opção que contém, na ordem natural e nas de-
Assinale a funcionalidade proporcionada pela referida vidas posições, os valores exibidos nas células da região
opção. C3:E5 após esses procedimentos.

a) Abrir o arquivo com diferentes graus de proteção, tais


como leitura ou escrita.
b) Abrir o arquivo por meio de um aplicativo diferente do
que é automaticamente designado pelo Windows.
c) Acessar o arquivo com o aplicativo operando com um
idioma diferente do padrão corrente do Windows. a)
d) Acessar o arquivo com outro login.
e) Acessar um arquivo criado por uma versão anterior de
um aplicativo.

8. (FGV – 2018) Para utilizarmos um arquivo do MS Excel


como fonte de dados para os destinatários de uma mala
b)
direta no MS Word, os dados do mesmo tipo para desti-
natários diferentes devem estar organizados em

a) colunas.
b) linhas.
c) na mesma coluna, separados por ponto-e-vírgula.
d) na mesma linha, separados por ponto-e-vírgula. c)
e) uma informação em cada planilha do mesmo arquivo.

9. (FGV – 2019) Os alunos de uma escola fazem duas


provas durante o período letivo, P1 e P2, e, serão aprova-
dos, se a média dessas notas for superior a cinco.
A planilha a seguir foi construída no MS Excel 2016 BR d)
para determinar automaticamente o resultado de cada
aluno.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

e)

11. (FGV – 2018) Considere a seguinte fórmula, digitada


na célula B1 de uma planilha do MS Excel.
=SE(A1>1000;SE(A1>2000;A1*0,2-150;A1*0,15-50);A1*
0,1 )

412
Dado que a célula B1 foi copiada e colada (Ctrl-C e Ctrl- No contexto do Chrome, operando sob o Windows 10,
-V) nas células B2, B3 e B4, e que os valores das células esses ajustes devem ser feitos:
A1, A2, A3 e A4, respectivamente, são 450, 1.800, 5.000
e 100, os valores das células B1, B2, B3 e B4, respectiva- a) nas configurações do navegador;
mente, são: b) nas configurações do Windows;
c) nos próprios sites e páginas que são acessados;
a) 55; 440; 800 e 10; d) por meio da edição dos cookies;
b) 100; 220; 1050 e 10; e) por meio do Firewall do Windows.
c) 55; 100; 950 e 15;
d) 45; 220; 850 e 10; 15. (FGV – 2019) O navegador Google Chrome é ampla-
e) 100; 220; 750 e 20. mente utilizado e, como seus similares, oferece a possi-
bilidade de limpar dados de navegação que são acumu-
12. (FGV – 2018) Depois de, a pedido de sua chefe, es- lados ao longo do uso.
crever o código de uma macro no MS Excel 2016, o usuá- Considere a lista a seguir.
rio salvou o seu trabalho com o nome “final.xlsx” (sem I. Arquivos downloaded pelo navegador;
as aspas). Embora tenha aparecido uma mensagem de II. Cookies;
alerta, que ele simplesmente ignorou sem ler, ele enviou III. Histórico de navegação;
o arquivo para a apreciação de sua chefe. Esta, ao receber IV. Imagens e arquivos armazenados no cache do navegador;
o e-mail, percebeu que não havia nenhuma macro no V. Páginas gravadas pelo comando “salvar como...”.
arquivo. No caso do Chrome, especificamente, as opções ofere-
Isto ocorreu porque cidas na limpeza de dados de navegação cobrem, dessa
lista, apenas os casos:
a) arquivos Excel com macros devem ser salvos com a
extensão xlsm. a) I, II, IV, V;
b) não é possível enviar arquivos com macros por e-mail. b) I, III, V;
c) o MS Excel não é compatível com macros. c) II, III, IV;
d) o usuário enviou somente o arquivo com as planilhas d) II, III, V;
e não enviou o arquivo com as macros “final.mcrs”. e) III, IV, V.
e) pela descrição dos fatos, o usuário se esqueceu que as
macros precisam ser salvas em separado das planilhas. 16. (FGV – 2018) A Microsoft incluiu um navegador to-
talmente novo, Microsoft Edge, no Windows 10.
13. (FGV – 2018) No Firefox Mozilla, Favoritos são ata- Sobre este navegador, analise as afirmativas a seguir.
lhos para as páginas da web de maior interesse. I. Oferece suporte a extensões de binários que não são
Os Favoritos podem ser criados ao clicar na estrela na da Microsoft.
barra de endereços, conforme ilustrado a seguir. II. Substitui o Internet Explorer, o qual não está mais dis-
ponível no Windows 10.
III. Permite que sejam feitas anotações diretamente na
página web.
Está correto o que se afirma em

O recurso do Firefox Mozilla que permite categorizar e a) I, apenas.


identificar os Favoritos com palavras-chave, facilitando b) II, apenas.
sua localização, é c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
a) a pasta. e) I, II e III.
b) a etiqueta.
c) a gerência de extensão. 17. (FGV – 2018) Paulo Martins assumiu seu novo tra-
d) o navegador padrão. balho na empresa virtual.com.br e precisa de um correio
e) as preferências. eletrônico (e-mail) para enviar e receber mensagens.
Para isso, uma formação correta do endereço do correio
14. (FGV – 2019) Quando um site da Internet é aberto, eletrônico de Paulo Martins é
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

é comum que surja uma indagação sobre a conveniência


de salvar a senha ou não. Além disso, em alguns casos, a) p.martins@virtual.com.br
o login é feito b) P,Martins@virtual,com,br
automaticamente quando a senha foi armazenada. c) Martins.p.virtual.com.br
Contudo, é possível alterar esse comportamento, tanto d) Martins.p@virtual,com,br
no caso da senha como no caso do login automático. e) @p.martins.virtual.com.br

413
18. (FGV – 2018) Alguns e-mails se assemelham a outras
formas de propaganda, como a carta colocada na caixa
de correio, o panfleto recebido na esquina e a ligação
GABARITO
telefônica ofertando produtos.
1 A
2 E
3 B
4 B
5 E
6 E
7 B
8 A
9 D
10 D
11 D
12 A
13 B
Fonte: CERT.br/NIC.br 14 A
15 C
Os e-mails não solicitados, às vezes com propaganda, 16 C
que geralmente são enviados para um grande número 17 A
de pessoas são denominados 18 C
19 A
20 C
a) Feed RSS.
b) Tópico.
c) Spam.
d) Assinatura.
e) Threading. ANOTAÇÕES
19. (FGV – 2018) Assinale a opção que descreve corre-
tamente o conteúdo da caixa de saída (Outbox) do MS ___________________________________________________________
Outlook.
____________________________________________________________
a) Mensagens cujas solicitações de envio ainda não fo-
ram completadas. ____________________________________________________________
b) Mensagens da caixa de entrada (Inbox) consideradas ____________________________________________________________
spam.
c) Mensagens de fato entregues ao destinatário. ____________________________________________________________
d) Mensagens deletadas da caixa de entrada (Inbox).
e) Rascunhos (drafts) de mensagens que estão sendo ____________________________________________________________
preparadas. ____________________________________________________________
20. (FGV – 2018) Pedro quer anexar seu nome, endere- ____________________________________________________________
ço e telefone às mensagens eletrônicas enviadas em um
formato padrão, para que o destinatário possa adicionar, ____________________________________________________________
rápida e confiavelmente, essas informações de contato ____________________________________________________________
na sua lista de endereços pessoais.
No Thunderbird Mozilla, Pedro deve utilizar o recurso ____________________________________________________________

a) HTML. ____________________________________________________________
b) Texto simples. ____________________________________________________________
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

c) vCard.
d) Perfil. ____________________________________________________________
e) Imagem.
____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

414
pesquisadores têm estudado a administração en-
quanto uma ciência e disciplina. A administração
é formada não apenas pela teoria, mas também
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO pela prática, sendo ambos relacionados, conforme
apresentado na figura a seguir.
ASPECTOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO

Toda organização necessita de pessoas para a sua so-


brevivência e sucesso, ainda que em menor escala. Com
o aumento da competitividade entre as organizações, a
Fonte: adaptado de Maximiano (2000, p. 29).
qualidade da administração realizada tem sido fator fun-
damental para o bom desempenho.
A palavra administração é oriunda do latim ad (dire- Para Chiavenato (2004, p. 11), a tarefa da administra-
ção, tendência para) e minister (subordinação, obediên- ção é “[...] interpretar os objetivos propostos pela organi-
cia) e pode ser definida como aquele que realiza uma zação e transformá-los em ação organizacional por meio
atividade sobre o comando de terceiro. de planejamento, organização, direção e controle de todos
De acordo com Maximiano (2000), administração é: os esforços realizados em todas as áreas e em todos os
níveis da organização, a fim de alcançar tais objetivos da
• Ação: a administração é um processo que envolve maneira mais adequada à situação e garantir a competi-
análise dos ambientes interno e externo, tomada tividade em um mundo de negócios altamente concorren-
de decisão, comunicação, coordenação, participa- cial e complexo”.
ção, entre outras atividades. As principais ações A administração também é considerada por Sobral
do administrador, também conhecido como fun- (2013) como um processo de coordenação do trabalho
ções administrativas ou processo administrativo e alocação de recursos organizacionais com vistas a atin-
são: planejar, organizar, dirigir e controlar (PODC). gir as metas anteriormente definidas de maneira eficaz e
Destaca-se também que as atividades do adminis- eficiente. Trata-se de um processo, pois é uma maneira
trador são diferentes das atividades operacionais e sistemática e organizada de fazer as coisas.
técnicas. Além disso, o ordenamento das atividades é relacio-
• Um grupo de pessoas: aqueles que administram nado com os objetivos organizacionais. Há uma coorde-
conjuntos de recursos (sejam financeiros, huma- nação do trabalho e dos recursos necessários para sua
nos, materiais etc.) são administradores ou ge- execução, garantindo que todas as partes da organiza-
rentes. São eles que executam as atividades do ção caminhem em direção a um único objetivo e funcio-
processo administrativo – PODC. Esses gerentes nem como um todo. A eficácia está associada à capaci-
possuem autoridade e responsabilidade. Autorida- dade de alcançar as metas, enquanto que a eficiência é a
de porque têm o poder de tomar decisões, mobili- capacidade de realizar as atividades (e atingir objetivos)
zar o trabalho dos funcionários e acionar recursos. utilizando o mínimo de recursos.
A responsabilidade está associada à possibilidade Visto que a administração é uma disciplina, o conteú-
de os gerentes serem cobrados por outros geren- do de seu estudo depende da teoria ou escola considera-
tes, acionistas, clientes, trabalhadores e até mesmo da. Isso significa que cada autor busca abordar assuntos
pela sociedade em função da maneira como es- relacionados com sua orientação teórica. As principais
tão administrando e pelas consequências de suas teorias administrativas e seus enfoques são apresentados
decisões. por Chiavenato (2004):
• Uma arte que exige habilidades: a administração
• Administração Científica: racionalização do tra-
é uma arte porque é uma área de ação humana. As
balho no nível operacional.
habilidades requeridas para a administração (espe-
• Teoria Clássica e Teoria Neoclássica: organização
cialmente técnicas, humanas ou conceituais) não
formal, princípios gerais da administração, funções
necessariamente são inatas, mas podem ser adqui-
do administrador.
ridas e aprimoradas a partir de experiências e estu- • Teoria da Burocracia: organização formal buro-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

dos. Ainda que nem sempre saibamos os nomes e crática, racionalidade organizacional.
as características dos administradores das grandes • Teoria Estruturalista: organização formal e in-
empresas, sempre existem talentos humanos asso- formal, análise intra-organizacional e análise
ciados ao sucesso coletivo. interorganizacional.
• Uma disciplina: apesar de presente desde os pri- • Teoria das Relações Humanas: organização infor-
mórdios da humanidade, a administração é uma mal, motivação, liderança, comunicações e dinâmi-
disciplina recente, tendo surgido no início do sé- ca de grupo.
culo XX. A profissionalização dos gestores foi fun- • Teoria do Comportamento Organizacional: es-
damental para que as organizações se tornassem tilos de administração, integração dos objetivos
mais eficientes. Assim, teorias, livros, escolas e organizacionais e individuais.

415
• Teoria do Desenvolvimento Organizacional: d) no desempenho de atividades e processos específicos,
mudança organizacional planejada, abordagem de atribuídos a pessoas ou grupos;
sistema aberto. e) no desempenho financeiro global da organização.
• Teoria Estruturalista: análise intraorganizacional e
análise ambiental, abordagem de sistema aberto. Resposta: Letra B.
• Teoria da Contingência: análise ambiental, abor- O foco dos níveis estratégico, tático e operacional são,
dagem de sistema aberto. respectivamente, a organização como um todo, uni-
• Entre outras. dades ou áreas da organização e atividades ou tarefas
específicas.
Agora veremos alguns conceitos fundamentais da
área de administração, sendo:
PAPÉIS E HABILIDADES DO
• Administração: processo que envolve diferentes ADMINISTRADOR
atividades, sendo as mais comuns as de planeja-
mento, organização, direção e controle. Tais ati- Sobral (2013) destaca que são os administradores
vidades são desenvolvidas com vistas a atingir os que definem os objetivos organizacionais, bem como
objetivos organizacionais. orientam os trabalhadores rumo ao alcance desses obje-
• Organização: conjunto de pessoas e recursos, com tivos. Além disso, diante de um ambiente dinâmico e im-
uma estrutura de divisão do trabalho e propósitos previsível, cabe aos administradores tomar decisões para
comuns. Pode ser formal, como uma empresa, ou enfrentamento das instabilidades. Portanto, uma organi-
informal, como um grupo de amigos que se reúne zação bem-sucedida depende de seus administradores.
para jogar futebol. A tarefa principal do administrador consiste em coor-
• Empresa: é um tipo de organização que busca o denar e dirigir as atividades de outros trabalhadores, aju-
lucro, depende de variáveis externas (econômicas, dando-os a atingir os objetivos e metas pessoais e/ou
sociais etc.), e busca satisfazer seus stakeholders. grupais.
• Stakeholderes: pode ser traduzido como “partes O conjunto das atividades dos todos trabalhadores,
interessadas” e inclui todas as partes que possuem se bem desempenhadas, contribuirá para o alcance dos
interesse no sucesso da organização, tais como: objetivos da organização. Assim, os administradores,
fornecedores, clientes, acionistas, trabalhadores, gestores, supervisores e líderes devem coordenar as ati-
sociedade, governo etc. vidades executadas pelos subordinados, funcionários,
• Administradores de topo ou diretores: profis- operários e outros.
sionais executivos que atuam no nível estratégico, As atividades dos gerentes/administradores são des-
sendo responsáveis por decisões de longo prazo e tacas por Maximiano (2000) como:
que afetam toda a organização.
• Gerentes: profissionais executivos que atuam no • Tomar decisões e resolver problemas: no dia a
nível tático ou intermediário da empresa. Suas dia das organizações o administrador se depara
decisões são focadas em um departamento ou com diversos problemas que requerem decisões,
unidade. algumas rápidas, outras nem tanto. Se o fornece-
• Supervisores de 1ª linha: profissionais executivos dor não entrega o produto solicitado, por exem-
que atuam no nível operacional e são responsáveis plo, é preciso encontrar outro fornecedor que seja
por tarefas ou atividades específicas. capaz de realizar o envio.
• Nível estratégico: nível mais elevado da hierar- • Processar informações: o administrador lê corres-
quia organizacional. pondências, noticiários, livros, conversa com os pa-
• Nível tático: nível intermediário da hierarquia res e subordinados, elabora relatórios, entre outras
organizacional. atividades.
• Nível operacional: nível mais baixo da hierarquia • Representar a empresa: assina documentos em
organizacional. nome da organização, faz apresentações e defen-
de os interesses organizacionais.
• Administrar pessoas: o administrador se comuni-
EXERCÍCIO COMENTADO ca com os trabalhadores, resolve conflitos, selecio-
na novos talentos, toma decisões sobre treinamen-
to, demissão e remuneração.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

1. (FGV-2018) Nas organizações, o controle pode ser • Cuidar da própria carreira: é ainda papel do ad-
aplicado aos três níveis organizacionais: estratégico, táti- ministrador gerenciar a própria carreira por meio
co e operacional. da aquisição de novas habilidades, realização de
No nível tático, o foco do controle está: cursos e treinamentos e ampliação das redes de
contatos.
a) na capacidade de inovação da empresa;
b) no desempenho de unidades ou áreas da organização; De acordo com Katz (apud CHIAVENATO) três tipos
c) no grau de realização da missão, visão, estratégia e de habilidades são fundamentais para o bom desempe-
objetivos; nho administrativo, conforme apresentado no quadro a
seguir.

416
Habilidades Definição
Associa-se ao uso de conhecimento especializado e facilidade na execução de tarefas relacionadas
com o trabalho e com os procedimentos de realização.
Técnicas
Exemplos: habilidades em contabilidade, programação e engenharia.
Tipo de habilidade requerida especialmente no nível operacional.
Associa-se ao trabalho com as pessoas.
Diz respeito à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal.
Humanas
Exemplos: habilidades de comunicar, liderar e resolver conflitos.
Tipo de habilidade requerida especialmente no nível tático.
Associa-se à facilidade de trabalhar com ideias, conceitos e abstrações.
Diz respeito à capacidade de analisar situações, compará-las e, com base nisso, tomar decisões.
Conceituais
Exemplos: diagnosticar situações e formular alternativas para resolução de problemas.
Tipo de habilidade requerida especialmente no nível estratégico.
Fonte: adaptado de Chiavenato (2004).

Henry Mintzberg (apud MAXIMIANO, 2000), por sua vez, propõe oito habilidades que devem ser desenvolvidas
pelos gerentes:

1. Habilidades de relacionamento com os colegas: os gestores devem ser habilitados para manter relações for-
mais e informais com os pares.
2. Habilidades de liderança: saber orientar, treinar e usar a autoridade são habilidades fundamentais para condu-
zir atividades que envolvam um grupo ou uma equipe de trabalho.
3. Habilidades de resolução de conflitos: inclui a capacidade de lidar com conflitos de terceiros e, caso necessá-
rio, tomar decisões para resolvê-los, além da habilidade de tolerância a tensões, já que essa pode ser uma tarefa
estressante.
4. Habilidades de processamento de informações: os administradores devem ser qualificados para construir
redes de relacionamentos, expressar suas ideias e processar informações.
5. Habilidades de tomada de decisões em condições de ambiguidade: inerente a muitas decisões gerenciais, há
ambiguidade quando o administrador não possui informações suficientes para lidar com as situações. Portanto,
ele deve ser capaz de identificar quando é necessário tomar uma decisão, bem como escolher as melhores alter-
nativas em situações de instabilidade e incerteza.
6. Habilidades de alocação de recursos: as organizações frequentemente lidam com um número limitado de re-
cursos, sejam eles financeiros, humanos, materiais, entre outros. O administrador deve ter a habilidade de definir
prioridades de acordo com os recursos disponíveis.
7. Habilidades empresariais: o administrador deve ter capacidade para criar um clima de trabalho agradável e
propício ao desenvolvimento das atividades, bem como gerenciar mudanças organizacionais.
8. Habilidades de introspecção: por último, a habilidade de introspecção está associada à reflexão e autoavalia-
ção. O profissional deve compreender o impacto de suas atividades para a organização além de aprender com
as experiências.

Mintzberg (apud CHIAVENATO, 2004) apresenta ainda 10 papéis do administrador. Os papéis representam as ex-
pectativas da organização em relação ao comportamento do profissional, ou seja, indica as atividades que devem ser
realizadas pelo administrador. Os papéis são divididos em três categorias:

• Interpessoais: estão relacionados com as atividades de interação com outras pessoas.


• Informacionais: dizem respeito às atividades de intercâmbio e processamento das informações.
• Decisórios: indicam como o administrador utiliza as informações quando toma decisões.

Os 10 papéis desempenhados pelo administrador são descritos no quadro a seguir.


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Categoria Papel Atividade


Assume deveres cerimoniais e simbólicos, representa a organização, acom-
Representação
panha visitantes, assina documentos legais.
Dirige e motiva pessoas, treina, aconselha, orienta e se comunica com os
Interpessoal Liderança
subordinados.
Mantém redes de comunicação dentro e fora da organização, envia e-mails,
Ligação
realiza telefonemas e reuniões.

417
Manda e recebe informação, lê revistas e relatórios, mantém contatos
Monitoração
pessoais.
Envia informação para os membros de outras organizações, envia memoran-
Informacional Disseminação
dos e relatórios, e-mails e contatos.
Transmite informações para pessoas de fora por meio de conversas, relató-
Porta-voz
rios e memorandos.
Inicia projetos, identifica novas ideias, assume riscos, delega responsabilida-
Empreendimento
des de ideias para outros.
Toma ação corretiva em disputas ou crises, resolve conflitos entre subordina-
Resolução de conflitos
Decisorial dos, adapta o grupo a crises e a mudanças.
Alocação de recursos Decide a quem atribuir recursos. Programa, orça e estabelece prioridades.
Representa os interesses da organização em negociações com sindicatos, em
Negociação
vendas, compras ou financiamentos.
Fonte: adaptado de Chiavenato (2004, p. 7).

EXERCÍCIO COMENTADO

2. (IPERON–2018) Em relação às habilidades do administrador, é correto afirmar que no nível estratégico:

a) a habilidade técnica é a mais desenvolvida.


b) não se faz necessário o uso dessas habilidades.
c) a habilidade humana deve ser a mais desenvolvida.
d) todas elas devem ser desenvolvidas na mesma proporção.
e) a habilidade conceitual deve ser a mais desenvolvida.

Resposta: Letra E.
A habilidade que deve ser mais desenvolvida no nível estratégico é a conceitual. Isso porque os administradores do
nível estratégico são responsáveis por decisões de longo prazo e que afetam toda a empresa. Por isso, a capacidade
de cognição, visualização de cenários e comparação de situações é fundamental. Nos níveis tático e operacional, as
habilidades mais desenvolvidas devem ser as humanas e técnicas, respectivamente.

FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Henry Fayol, idealizador da Teoria Clássica da Administração, foi quem pela primeira vez definiu as funções uni-
versais do administrador, que hoje são conhecidas como PODC – planejar, organizar, dirigir e controlar. À época,
entretanto, foram definidas cinco funções: prever/planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar.
De acordo com Araújo, a função de prever está associada com a visualização de cenários futuros e ao planejamento
de estratégias. Ao exercer a função de organizar, o administrador deve determinar os recursos materiais e humanos
necessários para o funcionamento da empresa. A função de comandar diz respeito ao direcionamento das pessoas,
ou seja, o gestor deve dirigir e orientar o trabalho de seus subordinados. Coordenar as atividades significa gerenciar
eventuais conflitos, bem como trabalhar para que a execução de todas as atividades ocorra em harmonia. Por último, a
função de controlar ocorre a partir da mensuração dos resultados obtidos e da intervenção por meio de ação corretiva
no caso de os resultados não saírem conforme planejado.
As funções administrativas, também chamadas de processo administrativo, são inter-relacionadas e cada uma delas
é apresentada com mais detalhes a seguir.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

PLANEJAMENTO

A primeira função administrativa é o planejamento. De acordo com Sobral, provavelmente essa função é a mais
significativa para a administração. Isso porque se não há planejamento e definição de objetivo, as funções de organi-
zar recursos, dirigir pessoas e controlar os resultados torna-se mais difícil. O planejamento é essencial para que seja
possível lidar com o futuro. As organizações devem se planejar a curto, médio e longo prazo e por meio dessa função
podem gerenciar suas relações com o futuro.
Sobral destaca que o planejamento tem dupla atribuição:

418
A primeira consiste em definir o que deve ser feito, ou seja, estabelecer objetivos.
A segunda diz respeito a indicar como deve ser feito, isto é, criar planos. A figura abaixo demonstra tais atribuições.

Fonte: adaptado de Sobral (2013).

FIQUE ATENTO!
Alguns conceitos importantes devem ser fixados:
“O planejamento é responsável pela definição dos objetivos da organização e pela concepção de planos
que integram e coordenam suas atividades” (SOBRAL).
“Objetivos são os resultados finais em direção aos quais a atividade é orientada” (MAXIMIANO).
“Um plano é o resultado do processo de planejamento” (MAXIMIANO).

O planejamento é especialmente relevante para as condições ambientais que vivemos hoje. Antes, com as condi-
ções de estabilidade e as vagarosas mudanças, as organizações eram capazes de administrar o presente e o futuro.
Atualmente, as rápidas mudanças no ambiente em que as organizações estão inseridas são razões suficientes para a
busca por melhor compreensão do futuro e da dinamicidade presente na economia, tecnologia, padrões de vida, cul-
tura, entre outros. As vantagens do planejamento são evidenciadas por Sobral:

• Proporciona senso de direção: ao definir objetivos, o planejamento indica para onde a organização deve se di-
rigir, o que consequentemente auxilia no encaminhamento dos esforços dos trabalhadores em um único sentido.
• Focaliza esforços: na ausência de um planejamento, os trabalhadores se comportam de forma individualizada.
A partir da definição de metas, os esforços são integrados e o comportamento passa a ser coletivo, isto é, os
colaboradores se dedicam a questões comuns a todos.
• Maximiza a eficiência: quando os esforços e os recursos são focalizados em um objetivo, a eficiência é maximi-
zada, pois evitam-se desperdícios, retrabalhos e redundâncias.
• Reduz o impacto do ambiente: por meio do planejamento os administradores são capazes de identificar as
mudanças que ocorrem dentro e fora da organização. A partir da análise de tais mudanças, é possível determinar
as medidas eficazes para enfrentá-las, reduzindo seus impactos negativos na organização.
• Define parâmetros de controle: no momento de planejamento, são definidos os critérios de avaliação do de-
sempenho organizacional. Esses critérios são essenciais para que seja possível comparar o desempenho atual e
o desejado na etapa de Controle.
• Atua como fonte de motivação e comprometimento: a concepção de objetivos e planos são importantes para
que cada trabalhador saiba exatamente seu papel na organização. Quando os trabalhadores sabem como devem
se comportar e quais atividades estão sob sua responsabilidade, a identificação dos mesmos com a organização
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

é facilitada, contribuindo para que haja motivação e comprometimento.


• Potencializa o autoconhecimento organizacional: durante o processo de planejamento, os ambientes interno
e externo à organização devem ser analisados. A partir de então, é possível identificar não apenas as oportuni-
dades e ameaças presentes no ambiente externo, mas também as forças e fraquezas da organização (ambiente
interno), possibilitando o autoconhecimento.
• Fornece consistência à ação gerencial: o planejamento propicia fundamentos lógicos para a tomada de deci-
são, indicando que as decisões não serão arbitrárias. Assim, garante-se que as deliberações organizacionais são
consistentes com os resultados esperados.

419
De acordo com Chiavenato, o planejamento pode ser definido em três níveis: estratégico, tático e operacional. O
conteúdo, expansão de tempo e amplitude de cada tipo de planejamento é apresentado no quadro a seguir.

Planejamento Conteúdo Extensão de tempo Amplitude

Genérico, sintético e Macro orientado. Aborda a


Estratégico Longo prazo
abrangente empresa como uma totalidade

Menos genérico e mais Aborda cada unidade da


Tático Médio prazo
detalhado empresa separadamente

Detalhado, específico e Micro orientado. Aborda cada


Operacional Curto prazo
analítico tarefa ou operação apenas
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004, p. 171).

Objetivos

“Os objetivos são resultados, propósitos, intenções ou estados futuros que as organizações pretendem alcançar, por
meio da alocação de esforços e recursos em determinada direção” (SOBRAL).
Os objetivos são apresentados de forma hierárquica, iniciando no mais alto nível da organização.
Segundo Sobra os objetivos estratégicos são referentes à organização como um todo e constituem uma forma de
traduzir a missão e a visão organizacional – isto é, a razão de ser da organização e o que a empresa deseja ser, respecti-
vamente – de maneira mais concreta. Os objetivos táticos são associados às divisões ou departamentos da organização,
sendo desenvolvidos pelos gerentes de nível médio. Por último, os objetivos operacionais se referem aos resultados
esperados de grupos e indivíduos, são elaborados pelos supervisores de primeira linha ou até mesmo pelos próprios
trabalhadores.
Maximiano destaca que os objetivos são formulados a partir de forças externas e internas. Enquanto as forças inter-
nas incluem disponibilidade ou escassez de recursos, motivação dos administradores, forças e fraquezas da organiza-
ção, as forças externas abrangem a concorrência, fornecedores, clientes, oportunidades e ameaças.
Os objetivos eficazes têm as seguintes características (SOBRAL):

• Específicos: os objetivos devem ser específicos no sentido de serem capazes de indicar com clareza o resultado
esperado.
• Mensuráveis: os objetivos devem ser quantificáveis. Assim, torna-se mais fácil transformar os objetivos em
ideias, bem como favorece a avaliação dos resultados em comparação com o que era esperado.
• Desafiadores, porém, alcançáveis: objetivos simples demais não desafiam nem motivam os trabalhadores. Por
outro lado, objetivos impossíveis de serem alcançados com os recursos disponíveis, podem desmotivar os traba-
lhadores. Por isso, devem ser desafiadores na medida certa e realistas.
• Definidos no tempo: na definição de um objetivo é necessário também estabelecer o horizonte temporal para
sua consecução. Só assim é possível avaliar o alcance dos objetivos, além de possibilitar delinear as melhores
ações para atingi-los.
• Coerentes: os objetivos devem ser consistentes entre si. Mesmo que se tratem de objetivos de diferentes depar-
tamentos, eles não podem ser contraditórios.
• Hierarquizáveis: deve ser possível organizar a prioridade de cada objetivo. Isso porque nem todos os objetivos
são igualmente importantes e, em caso de escassez de recursos ou outra situação na organização, os administra-
dores devem priorizar um ou outro objetivo.

Planos

De acordo com Chiavenato o plano é o resultado do planejamento e está entre a elaboração e a implementação
do planejamento. Sendo assim, definidos os objetivos, os administradores devem estruturar os planos para alcançar as
metas estabelecidas. Por meio do plano é possível responder às seguintes questões associadas aos objetivos: o quê?
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Quando? Como? Onde? Por quem?


Existem quatro tipos de planos: procedimentos, orçamentos, programações e regulamentos. As definições desses
planos são apresentadas no quadro a seguir.

420
Planos Definição
São relacionados com os métodos de trabalho ou de como executar o trabalho. Normalmente,
Procedimentos
são planos operacionais e representados por fluxogramas.
São relacionados com dinheiro (receita ou despesa) em determinado período de tempo.
Estratégicos: envolvem a empresa como um todo e sua temporalidade é de longo prazo. Exemplo:
planejamento financeiro estratégico.
Orçamentos Táticos: envolvem determinado departamento da empresa e sua temporalidade é de médio prazo.
Exemplo: orçamento departamental.
Operacionais: envolvem uma única atividade e sua temporalidade é de curto prazo. Exemplo:
orçamento de manutenção.
Também chamadas de programas, as programações são relacionadas com o tempo. De acordo
com o tempo e as atividades que devem ser desempenhadas, as programações são criadas. Os
Programações
métodos de programação podem ser simples (agenda) ou complexos (software). O programa mais
simples é o cronograma.
Também chamados de normas, são relacionados com o comportamento solicitado e esperado das
Regulamentos pessoas. Geralmente são planos operacionais e substituem o processo de decisão individual de
cada trabalhador por um comportamento previamente especificado.
Fonte: adaptado de Chiavenato (2004).

ORGANIZAÇÃO

Estabelecidos os objetivos e os planos da organização, a etapa seguinte do processo administrativo é a organização


e “[...] consiste em reunir e organizar os recursos humanos e materiais da empresa para alcançar as metas desejadas”
(SOBRAL). Trata-se, portanto, da operacionalização do planejamento.
A palavra “organização” além de ser frequentemente utilizada para definir um conjunto de pessoas que desenvol-
vem atividades em busca de um objetivo comum, também trata de uma função administrativa. Neste tópico e também
no Capítulo 3, “organização” assumirá o segundo significado, ou seja, trata-se de estruturar, distribuir e alocar os re-
cursos e tarefas.
Assim como a função de planejamento, a organização abrange os três níveis organizacionais: estratégico, tático e
operacional. Sobral destaca que organizar envolve tomar decisões antagônicas, mas relacionadas. Essas decisões são
nomeadas como diferenciação e integração.

• Processo de diferenciação: diz respeito à divisão das tarefas de acordo com os departamentos especializados.
Quando o trabalho é dividido e agrupado conforme as unidades de trabalho que possuem maior aptidão para
desempenhá-lo, consequentemente os resultados são mais satisfatórios. No entanto, é relevante atentar para
que no processo de diferenciação os departamentos não percam de vista os objetivos da organização de uma
forma geral. Isso porque quando as áreas funcionais se concentram apenas em suas atividades, podem conside-
rar que o que fazem é mais importante, contribuindo para o surgimento de conflitos entre os departamentos.
• Processo de integração: oposto da diferenciação, a integração é a coordenação das atividades desempenhadas
nos diferentes departamentos com vistas à união dos esforços e alcance dos objetivos organizacionais. A integra-
ção contribui para que os possíveis conflitos decorrentes da diferenciação sejam eliminados. A integração eficaz
ocorre por meio da supervisão hierárquica, regras e procedimentos internos, planos e objetivos organizacionais,
comunicação e sistemas de informação.

Como resultado do processo de organização, é estabelecida a estrutura organizacional, isto é, a maneira pela qual
as atividades são estruturadas para o alcance dos objetivos. Os tipos de estrutura organizacional, bem como a centra-
lização e a descentralização e os tipos de departamentalização são discutidos a seguir.

DIREÇÃO
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

A direção é a função administrativa que ocorre após realizados o planejamento e a organização. Essa função remete
à interação entre os trabalhadores e os líderes, ou seja, está diretamente associada com as pessoas.
Sobral aponta que dirigir é unir esforços para que os objetivos da organização sejam atingidos. Não se trata de uma
tarefa simples, pois não raro os objetivos e interesses e individuais não são compatíveis com os objetivos e interesses
da organização.

421
Se os objetivos da organização devem ser alcançados por meio das pessoas que a compõem, então é fundamental
que as relações interpessoais entre líderes e subordinados sejam harmoniosas. Para que isso ocorra, as habilidades
de comunicação e liderança dos gestores devem ser adequadas. Além disso, os gestores devem contribuir para que o
ambiente de trabalho seja agradável e de cooperação entre os colegas. Assim, os trabalhadores podem sentir-se mo-
tivados para o desempenho de suas atividades.

FIQUE ATENTO!
A direção é a função administrativa associada ao direcionamento dos trabalhadores para uma finalidade
comum: o alcance dos objetivos organizacionais.

Na função de direção também está presente o conceito de motivação. Apesar de muitos líderes buscarem formas
de motivar os trabalhadores por meio de palestras e treinamentos, por exemplo, a motivação é intrínseca, ou seja, está
no interior dos indivíduos. É impossível, portanto, que um gestor ou líder seja capaz de motivar os colaboradores. As
questões sobre comunicação, liderança e motivação, associadas à direção, são discutidas com mais profundidade mais
a frente.
A abrangência da direção inclui os níveis estratégico, tático e operacional. Chiavenato indica que os diretores diri-
gem os gerentes (estratégico), os gerentes dirigem os supervisores (tático) e os supervisores dirigem os funcionários
(operacional). O quadro a seguir demonstra esses três níveis.

Níveis de organização Níveis de direção Cargos envolvidos Abrangência


A empresa ou áreas da
Estratégico Direção Diretores e altos executivos
empresa
Gerentes e pessoal do meio Cada departamento ou unida-
Tático Gerência
do campo de da empresa
Cada grupo de pessoas ou
Operacional Supervisão Supervisores e encarregados
tarefas
Fonte: adaptado de Chiavenato (2004).

CONTROLE

Por fim, o controle é a última função da administração e depende do planejamento, organização e direção para que
seja formado o processo administrativo.
Nessa etapa, os resultados alcançados são comparados com os resultados planejados e, caso seja necessário ajustes
são realizados ou até mesmo pode ser constatada a necessidade de realizar um novo planejamento.
De acordo com Sobral “o controle é um esforço sistemático de geração de informações sobre a execução das ativida-
des organizacionais, de forma a torná-las consistentes com as expectativas estabelecidas nos planos e objetivos”. Por meio
do controle, busca-se assegurar que a missão e os objetivos organizacionais estão sendo alcançados de forma eficaz e
eficiente. São duas as atribuições essenciais do processo de controle:

• Monitorar as atividades: consiste em comparar o desempenho atingido em relação com o que era esperado.
• Corrigir os desvios: diz respeito à adoção de medidas corretivas quando erros ou desvios nas atividades podem
prejudicar ou dificultar o alcance dos objetivos previamente definidos.

As funções de planejamento e controle estão intimamente relacionadas, conforme apresentado na figura a seguir.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Fonte: Adaptado de Sobral (2013).

422
De acordo com Chiavenato o controle é um processo
cíclico, composto por quatro fases: EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. Estabelecimento de padrões ou critérios: só será 1. (IBGE– 2020) Em todas as áreas funcionais de uma
possível analisar se os objetivos foram alcançados empresa, os administradores exercem as funções ad-
se houver padrões ou critérios sobre o desempe- ministrativas. São exemplos de desempenho das fun-
nho desejado. Podem ser definidos critérios quan- ções planejamento e controle na área de finanças,
to ao tempo, ao custo, à qualidade, à quantidade respectivamente:
etc.
2. Observação do desempenho: para controlar um a) definição da estrutura de financiamento; aplicação de
resultado, é preciso conhecê-lo, observá-lo. A ob- recursos financeiros;
servação ou verificação do desempenho é funda- b) aplicação de recursos financeiros; análise da rentabili-
mental para que sejam obtidas informações sobre dade da organização;
o que está sendo controlado. c) elaboração de orçamentos; remuneração dos funcio-
3. Comparação do desempenho com o padrão es- nários com opções de ações;
tabelecido: estabelecidos os critérios de desem- d) elaboração de projetos de investimento; monitora-
penho e observado o desempenho do resultado, é mento do desempenho financeiro da organização;
hora de comparar o resultado real com o resultado e) definição da estrutura de financiamento; implementa-
pretendido. É possível que haja algum de tipo de ção de política de participação nos lucros.
desvio ou variação no resultado, no entanto, nem
toda variação requer correção. Por isso, é impor- Resposta: Letra D.
tante também delimitar os limites dentro dos quais A elaboração de projetos de investimento é caracte-
o resultado será considerado aceitável ou suficien- rizada como atividade de planejamento, uma vez que
te. A comparação pode ser realizada por meio são definidos objetivos e um plano para o investimen-
de gráficos, relatórios, medidas estatísticas, entre to. Já o monitoramento do desempenho financeiro da
outros. organização é uma atividade de controle, pois essa
função é responsável, entre outras coisas, por ob-
4. Ação corretiva: os erros e variações que estejam
servar o desempenho e os resultados alcançados na
fora dos limites estabelecidos devem ser corrigi-
organização.
dos. A ação corretiva é fundamental para que o
objetivo previamente definido seja alcançado.
2. (SEPOG-2017) O planejamento, a organização, a dire-
ção e o controle são funções básicas do administrador e
A abrangência do controle, assim como das outras constituem o chamado processo administrativo.
funções administrativas, ocorre nos níveis estratégico, Com relação às descrições das funções administrativas,
tático e operacional. Para finalizar, a importância do con- assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
trole “[...] reside na capacidade de garantir que o ciclo ad-
ministrativo se complete. Sem que haja o controle, todas (  ) Planejamento: formula os objetivos e os meios para
as outras funções da administração perdem sua razão de alcançá-los.
existir” (SOBRAL). O autor também destaca que por meio (  ) Organização: desenha o trabalho, aloca os recursos
do controle os administradores podem acompanhar as e coordena as atividades.
mudanças dos ambientes interno e externo e que afetam (  ) Direção: designa pessoas, dirige seus esforços, as
a consecução dos objetivos organizacionais. Ademais, motiva e lidera.
quando há um controle eficaz, é possível garantir que as (  ) Controle: monitora as atividades e corrige os
atividades estão sendo realizadas conforme o planejado. desafios.
Em síntese, o papel principal do controle é preservar a
organização em conformidade com o padrão de com- As afirmativas são, respectivamente,
portamento e desempenho definido antecipadamente.
Os tipos de controle, o controle por níveis organiza- a) V - V - V - V.
cional e as ferramentas de controle são apresentados no b) V - F - V - V.
Capítulo 4. c) F - V - F - V.
d) V - V - F - F.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

e) V - V - F - V.

Resposta: Letra A.
No planejamento são estabelecidos os objetivos e os
planos para alcançá-los. Na função de organização os
recursos e as atividades são alocados. A função de di-
reção está associada com a comunicação, liderança e
motivação dos trabalhadores. Por fim, o controle con-
siste na análise, monitoramento e correção de possí-
veis falhas e desvios.

423
ORGANIZAÇÃO

PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO

A estrutura organizacional é o resultado do processo de organização e indica como as atividades são ordenadas
visando o alcance dos objetivos. A partir da especificação das tarefas, dos recursos necessários e dos papéis que cada
um deve desempenhar, o resultado das atividades dos trabalhadores tende a ter um desempenho superior. Sobral
destaca as funções básicas da estrutura organizacional:

• Possibilita que os trabalhadores executem variadas atividades, sempre levando em consideração a especialização
necessária (habilidades, competências e conhecimentos, por exemplo), a padronização (os trabalhadores devem
seguir os padrões pré-estabelecidos de desempenho das tarefas) e departamentalização de tarefas e funções
(cada departamento ou unidade funcional é responsável por certos conjuntos de tarefas e cabe a ele realizá-los);
• Permite que os trabalhadores tenham suas atividades organizadas e coordenadas pelos superiores responsá-
veis, além de definir as regras e os procedimentos para realização do trabalho e proporcionar treinamento e
socialização;
• Define até onde vai as responsabilidades da organização e sua relação com o ambiente externo, tais como for-
necedores, parceiros e clientes.

TIPOS DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

As organizações estão em constante crescimento e desenvolvimento. O aumento do número de produtos e serviços


oferecidos ou a abrangência de atuação no mercado pode revelar a necessidade de reestruturação. Sobral aborda três
tipos tradicionais de estruturas: a funcional, a divisional e a matricial. Além dessas, também merece destaque a estru-
tura em rede. Esses quatro tipos de estrutura são apresentados de acordo com o autor.

Estrutura funcional

A estrutura funcional é mais lógica e intuitiva, sendo as tarefas divididas de acordo com a função, tais como recur-
sos humanos, logística, marketing, produção, entre outros. O administrador ou diretor geral é responsável por toda a
organização e os membros são divididos em funções específicas. Logo, a gestão é realizada de forma vertical por meio
de supervisão, regras e procedimentos.
Essa estrutura é apropriada para:

• Organizações que oferecem produtos ou serviços limitados;


• Organizações que estão iniciando suas atividades;
• Grandes organizações com pouca diversificação tecnológica ou de produtos;
• Grandes organizações que vendem/entregam produtos por um ou poucos canais de distribuição;
• Grandes organizações que vendem/entregam produtos em uma única área geográfica;
• Organizações que desenvolvem suas atividades em um ambiente de estabilidade.

Esse tipo de estrutura é ilustrado na figura a seguir.


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 273).

424
Em todos os tipos de estrutura, a departamentalização funcional também está presente. A diferença é que a função
deixa de ser o principal critério para ordenar as tarefas. As vantagens e desvantagens da estrutura funcional são apre-
sentadas no quadro a seguir.

Vantagens Desvantagens
Permite economias e utiliza de forma mais eficiente os Visão limitada dos objetivos organizacionais e foco nos
recursos organizacionais objetivos de cada área funcional
Dificulta a coordenação e comunicação entre as áreas
Cria condições para centralização das decisões
funcionais
Facilita a direção e o controle da organização pelos Em razão da centralização, pode ser demorado respon-
administradores/diretores der às mudanças externas
Dificulta a avaliação da contribuição de cada área fun-
Possibilita treinar e aperfeiçoar os trabalhadores em
cional para o desempenho da organização como um
suas funções
todo
Facilita a comunicação e a coordenação dentro das Dificulta identificar os responsáveis por um problema ou
áreas funcionais decisão
Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 274).

Estrutura divisional

A estrutura divisional “[...] agrega as tarefas em diferentes unidades semiautônomas, segundo o objetivo para o qual
concorrem: produtos, mercados ou clientes” (SOBRAL). Esse tipo de estrutura é organizado de acordo com os resultados
desejados. Em cada divisão estão presentes todos os recursos necessários para a produção de bens ou serviços.
Essa estrutura é apropriada para:

• Organizações de grande porte que vendem/entregam produtos e serviços diversos;


• Organizações que atuam em mercados diferentes e, portanto, exigem diferentes estratégias de comercialização
e marketing, por exemplo;
• Organizações que produzem bens e serviços que demandam tecnologias diferenciadas;
• Organizações que atuam em áreas geográficas distantes.

Esse tipo de estrutura é ilustrado na figura a seguir.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 274).

425
As vantagens e desvantagens da estrutura divisional são apresentadas no quadro a seguir:

Vantagens Desvantagens
Possibilita melhor distribuição dos riscos, uma vez que
Os interesses das divisões podem se sobrepor aos inte-
cada administrador de divisão é responsável por um
resses gerais da organização
produto, mercado ou cliente
Necessita de um maior número de recursos, já que as
Proporciona maior agilidade de resposta em razão da
funções aparecem de forma redundante na organiza-
descentralização da tomada de decisão em cada divisão
ção. Como resultado, há perda de eficiência
Permite manter um alto nível de desempenho, com foco
Tendência à burocratização em cada divisão
em resultados
Facilita a avaliação e o controle do desempenho por Pode estimular a concorrência e rivalidade entre as divi-
divisões sões, especialmente para a obtenção de recursos
Menor competência técnica já que a especialização fun-
Possibilita maior proximidade com o cliente e, conse-
cional ocorre na divisão, onde os departamentos funcio-
quentemente, maior conhecimento de suas necessidades
nais são menores
Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 275).

Estrutura matricial

A estrutura matricial é considerada um modelo híbrido que integra as vantagens das estruturas funcional e divi-
sional. Esse tipo de estrutura reúne os especialistas em cada área funcional, o que contribui para obter os melhores
resultados da divisão do trabalho. Além disso, é possível coordenar as atividades em direção aos objetivos gerais da
organização e adaptar mais rapidamente às condições de mudança do ambiente externo.
Nas organizações com projetos que necessitam de equipes multidisciplinares e temporárias a estrutura matricial
pode ser a mais adequada. É possível ainda que os trabalhadores estejam envolvidos em mais de um projeto ao mesmo
tempo.
Os funcionários possuem dois gerentes na estrutura matricial: gerente da função (produção, marketing, recursos
humanos etc.) e gerente do produto (produto A, produto B, produto C etc.). A estrutura matricial combina uma cadeia
de comando vertical e hierárquica com uma cadeia de comando horizontal ou transversal e é frequentemente encon-
trada em agências de publicidade, consultorias, entre outras.
Esse tipo de estrutura é ilustrado na figura a seguir:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 276).

As vantagens e desvantagens da estrutura matricial são apresentadas no quadro a seguir:

426
Vantagens Desvantagens
Potencializa as vantagens das estruturas funcional e Dificulta a coordenação e controle em razão da duplici-
divisional dade de autoridade
Pode melhorar a eficiência, já que reduz a multiplicação
É uma forma estrutural complexa
e dispersão de recursos

Permite maior flexibilidade e adaptabilidade da organi- Perda de tempo em reuniões para resolução de proble-
zação em ambiente dinâmicos e instáveis mas e conflitos

Facilita a cooperação entre os departamentos Dificulta identificar os responsáveis por um problema

Promove o conflito construtivo entre os membros da Exige que os gestores tenham competências de relacio-
organização namento interpessoal e maturidade

Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 277).

Estrutura em rede

A estrutura em rede é um termo genérico para definir alternativas às estruturas organizacionais tradicionais e bu-
rocráticas apresentadas anteriormente. Envolve as organizações em rede, de clusters e virtuais, estruturas por equipes
de trabalho, entre outras. “Em uma estrutura em rede, a divisão de trabalho pode ser visualizada em termos de conheci-
mento, em que os trabalhadores ou os departamentos organizacionais são definidos pela expertise que oferecem para a
organização” (SOBRAL).
Esse tipo de estrutura é ilustrado na figura a seguir.

As vantagens e desvantagens da estrutura em rede são apresentadas no quadro a seguir.

Vantagens Desvantagens
Permite maior flexibilidade e adaptabilidade da organi-
Dificulta identificar os responsáveis por um problema
zação em ambiente dinâmicos e instáveis
Estimula o desenvolvimento de competitividade em es- Inexistência de um controle ativo em razão da dispersão
cala global das unidades
Possibilidade de perda de uma parte importante da es-
Promove um ambiente de trabalho desafiador e
trutura (um parceiro, por exemplo), o que gera impactos
motivador
imprevisíveis na organização

Dificulta desenvolver uma cultura organizacional forte e,


Reduz os gastos gerais em função da baixa necessidade
consequentemente, diminui a lealdade dos membros à
de supervisão
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

organização
Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 280).

CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO

A centralização e a descentralização indicam o nível hierárquico em que as decisões são tomadas. Quando a au-
toridade é centrada em uma única ou em poucas pessoas, diz-se que a organização é centralizada. Nesse caso, o
poder está no topo da hierarquia organizacional. Quando ocorre o contrário, isto é, quando o poder de decisão está

427
distribuído entre os membros da organização, a organi- • Por localização geográfica: as atividades são
zação é descentralizada. A descentralização ocorre por agrupadas de acordo com o local em que o tra-
meio da delegação de atividades. Assim, a responsabili- balho será realizado e/ou comercializado. “A pre-
dade e as decisões são transferidas para os trabalhadores sunção implícita nessa estratégia é que, onde os
em níveis hierárquicos mais baixos. mercados estão dispersos, a eficiência poderá ser
melhorada se todas as atividades relacionadas com
TIPOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO um produto forem agrupadas em uma área geográ-
fica específica” (CHIAVENATO).
De acordo com Sobral a departamentalização é um Por essa razão, as funções e os produtos devem ser
processo de agrupamento das atividades organizacio- agrupados de acordo com os interesses geográfi-
nais visando a melhor coordenação das mesmas. O de- cos. As vantagens desse tipo de departamentaliza-
partamento é uma unidade da organização composta ção abrangem: maior possibilidade de adaptação
por um conjunto de atividades similares e que atua com às necessidades e condições da região; ênfase no
a supervisão de um gestor. “A departamentalização per- comportamento regional ou local; encoraja os ges-
mite simplificar o trabalho do gestor, aumentando a eficá- tores a pensar sobre o sucesso em uma região e
cia e a eficiência da administração, pois contribui para um não apenas em um departamento; indicado para
aproveitamento mais racional dos recursos disponíveis nas organizações de varejo que tenham algumas fun-
organizações” (SOBRAL, 2013). ções centralizadas. As desvantagens são: em razão
Os tipos de departamentalização mais frequentes, da autonomia das filiais, as atividades de coorde-
bem como suas vantagens e desvantagens são apresen- nação não recebem o foco necessário; cada or-
tados conforme Chiavenato: ganização deve operar de uma forma diferente,
tornando complexa a sua gestão; ocorre principal-
• Por funções: as atividades são agrupadas de mente nas áreas de marketing e produção.
acordo com as principais funções desenvolvidas • Por clientes: nesse caso, as atividades são agru-
na empresa. As funções podem ser: produção, padas de acordo com os clientes destinatários do
vendas, finanças, marketing, entre outras. Dentre produto ou serviço. Diferentes características indi-
as vantagens desse tipo de departamentalização viduais podem ser consideradas nesse tipo de de-
destacam-se: possibilidade de um único supervi- partamentalização, tais como idade, gênero, pre-
sor coordenar vários especialistas; garante que as ferências, nível socioeconômico, entre outras. As
pessoas utilizem toda a sua habilidade técnica no vantagens são: alta preocupação com o cliente, em
desenvolvimento das atividades; adequado para vista de sua relevância para os resultados organi-
condições de estabilidade e empresas que ofe- zacionais; os clientes passam a ser mais importan-
recem produtos ou serviços inalteráveis ao longo tes que os próprios produtos ou serviços; contribui
do tempo. As desvantagens são: reduzida coope- para que todos os membros organizacionais bus-
ração entre os departamentos; não é adequado quem compreender e satisfazer as necessidades
em condições de instabilidade; as pessoas podem dos clientes e, se possível, superá-las. Dentre as
focar em suas próprias habilidades e objetivos de desvantagens, destacam-se: a grande preocupa-
suas funções ao invés de considerar os objetivos ção com o cliente pode reduzir a importância de
organizacionais. outras áreas, tais como produção e finanças; os
• Por produtos ou serviços: o agrupamento das objetivos da organização podem ser colocados em
atividades é realizado de acordo com o produto segundo plano, se o objetivo primário for, única e
ou serviço comercializado. Portanto, todas as ta- exclusivamente, a satisfação dos clientes.
refas necessárias para o desenvolvimento de um • Por processos: o agrupamento das atividades é
produto ou prestação de um serviço devem ser realizado de acordo com as fases do processo pro-
agrupadas em um mesmo departamento. As van- dutivo. “Processo é um conjunto de atividades es-
tagens são: fixação de responsabilidades dos de- truturadas e destinadas a resultar um produto espe-
partamentos para um produto ou serviço como cificada para um determinado cliente ou mercado”
um todo; é mais fácil realizar a coordenação nos (CHIAVENATO). Esse tipo de departamentalização
departamentos; facilita a inovação dos produtos e é utilizado principalmente em empresas indus-
serviços; indicada para condições de incerteza em triais e montadoras de automóveis. As vantagens
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

razão da possibilidade de ser flexível. Já as desvan- são apresentadas por Sobral: busca pela obten-
tagens incluem: dispersão dos especialistas nos di- ção das vantagens associadas às tecnologias uti-
ferentes departamentos de produtos ou serviços; lizadas; maior comunicação entre as unidades em
tem elevando custo quando presente em condi- razão da interpendência dos processos; aumento
ções de estabilidade ou organizações com poucos da eficiência e racionalização nas diversas etapas
produtos ou serviços; em situações de instabilida- do processo. As desvantagens incluem: possibi-
de, os trabalhadores podem sentir-se inseguros lidade de conflito em razão da interdependência
com a possibilidade de desemprego; a coordena- entre as unidades; se a tecnologia utilizada é fre-
ção é mais enfatizada do que a especialização. quentemente atualizada, esse tipo de departamen-
talização pode não ser flexível o suficiente para

428
acompanhar as mudanças; a falha de um proces- • Lucratividade: é importante que a organização
so pode resultar em prejuízo para a organização saiba se está gerando lucro. A lucratividade pode
como um todo. ser mensurada de diversas maneiras, tais como lu-
cro operacional, ativos tangíveis etc.
EXERCÍCIOS COMENTADOS • Produtividade: a partir desse indicador é possí-
vel avaliar se a organização está produzindo sufi-
1. (FGV – 2018) O gerente financeiro de uma organi- cientemente bem ou precisa melhorar em algum
zação dedica boa parte do seu tempo à elaboração de aspecto. A baixa produtividade pode ser resultado
orçamentos e à aplicação de recursos financeiros. da desmotivação dos trabalhadores ou até mesmo
Essas atividades estão relacionadas, respectivamente, às falta de recursos para o bom desempenho das ta-
seguintes funções administrativas: refas do trabalho.
• Qualidade: indica se os produtos e serviços estão
a) planejamento; organização; em conformidade com o planejado. A falta de qua-
b) planejamento; planejamento; lidade pode gerar desperdícios e retrabalho, por
c) organização; organização; isso é importante que a organização defina os er-
d) organização; controle; ros aceitáveis e conduza seus processos visando a
e) planejamento; controle. eliminar as falhas superiores ao limite estabelecido.
• Eficiência: busca avaliar a capacidade da orga-
Resposta: Letra A. nização de forma correta, isto é, mensurar se os
A atividade de elaboração de orçamentos faz parte do resultados dos objetivos pretendidos estão sendo
processo de planejamento, enquanto que a atividade alcançados.
de aplicação de recursos financeiros associa-se à or- • Faturamento: mensura o quanto a organização
ganização. A organização envolve a operacionalização está faturando por mês, trimestre, semestre, ano
do planejamento, determinação dos recursos huma- ou outro período. Com o levantamento das infor-
nos e materiais necessários, determinação das ativida- mações sobre as entradas, é possível analisar se a
des e designação das atividades às pessoas. quantidade de produção e a venda está alinhada
com os objetivos estabelecidos.
2. (FGV – 2016) Um gerente da área de finanças afir- • Crescimento de vendas: é mensurado pela quan-
mou que é responsável pela elaboração de orçamentos, tidade de oportunidades de vendas em relação às
pela composição da estrutura de financiamento e pela vendas efetivadas. O acompanhamento da taxa de
aplicação dos recursos financeiros da empresa em que sucesso nas vendas é importante para avaliar se as
trabalha. Ao realizar essas atribuições, o gerente exerce, estratégias utilizadas estão sendo eficazes.
respectivamente, as seguintes funções administrativas:
CONTROLE POR NÍVEL ORGANIZACIONAL
a) controle; planejamento; direção;
b) organização; planejamento; controle; O controle pode ocorrer nos níveis estratégico, tático
c) direção; organização; direção; e operacional. Maximiano destaca que o controle estra-
d) planejamento; direção; organização; tégico tem o objetivo de:
e) planejamento; organização; organização.
1. Acompanhar e avaliar os resultados da organiza-
Resposta: Letra E. ção em relação à sua missão e objetivos, e
A atividade de elaboração de orçamentos faz parte do 2. Identificar os fatores externos que de alguma for-
processo de planejamento, enquanto que a compo- ma influenciam a organização. Por meio do contro-
sição da estrutura de financiamento e aplicação dos le estratégico são produzidas informações sobre
recursos financeiros associam-se à organização. os pontos fortes e fracos da organização (análi-
se interna), bem como sobre as oportunidades e
ameaças (análise externa) presentes no ambiente
CONTROLE externo.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

O controle tático ocorre nos diferentes departamen-


TIPOS DE CONTROLE
tos da organização como recursos humanos, marketing,
finanças, produção, vendas, entre outros. Nesse nível or-
A fim de identificar se os resultados planejados foram
ganizacional o controle tem o objetivo de produzir in-
alcançados, diferentes tipos de controle podem ser utili-
formações para a tomada de decisões em cada uma das
zados. Esses controles podem ser realizados por meio de
áreas (MAXIMIANO). A organização também pode rea-
alguns indicadores de desempenho, conforme apresenta
lizar benchmarking. Destaca-se que o controle no nível
Dias:
estratégico depende das informações advindas do con-
trole tático.

429
#FicaDica EXERCÍCIOS COMENTADOS
O termo em inglês bechmarking pode ser
traduzido como avaliação comparativa. 1. (FGV – 2018) Uma das funções administrativas refe-
Quando as organizações realizam benchmar- re-se à “geração de informações sobre a execução das
king elas comparam seus processos, práticas atividades organizacionais, de forma a garantir o cum-
e resultados com os de outras organizações primento das metas planejadas” (Sobral e Peci, 2014, p.
concorrentes. É uma forma de a organização 359).
identificar onde está falhando e adotar no- Essa função administrativa e duas de suas atribuições es-
vos métodos no ambiente organizacional e senciais são, respectivamente:
na execução das atividades.
a) planejamento; definição de metas e alocação de
recursos;
Por último, de acordo com Maximiano o controle b) organização; alocação de recursos e monitoramento;
operacional foca em atividades específicas e na utiliza- c) direção; definição de responsabilidades e avaliação do
ção de recursos nas diferentes áreas da organização. Os desempenho;
cronogramas e orçamentos utilizados na etapa de pla- d) controle; monitoramento e correção de desvios;
nejamento também são frequentemente utilizados no e) planejamento-controle; definição de metas e correção
controle operacional. de desvios.
FERRAMENTAS DE CONTROLE
Resposta: Letra D.
Na função administrativa de controle são monitoradas
Para avaliar a qualidade de um processo, algumas e avaliadas as atividades e resultados alcançados para
ferramentas de controle podem ser utilizadas, tais como: assegurar que o planejamento, organização e direção
sejam bem-sucedidos. Assim, o controle mensura o
• Histogramas: são gráficos de barras que mostram desempenho alcançado em relação ao esperado, bem
a dispersão dos dados de acordo com categorias como realiza ações corretivas em caso de desvios.
específicas.
• Folhas de verificação: também chamadas de 2. (FGV – 2015) O diretor de finanças de uma construto-
checklists, as folhas de verificação são úteis para ra recebeu as seguintes incumbências: avaliar o desem-
registrar os dados ou estatísticas de um processo penho financeiro da empresa e elaborar o orçamento
ao longo do tempo. A partir daí é possível identi- para o ano de 2016. Ao realizar essas incumbências, o
ficar os problemas existentes e propor alternativas diretor estará exercendo, respectivamente, as seguintes
para resolvê-los. funções administrativas:
• Diagrama de Ishikawa: é utilizado para identificar
as causas de um problema a partir de 6M’s: méto- a) controle e organização;
do, mão de obra, material, medida, meio ambiente b) organização e planejamento;
e máquina. c) direção e controle;
• Diagrama de Pareto: também chamado de dia- d) controle e planejamento;
grama 80/20, o diagrama de Pareto é um gráfico e) organização e direção.
de barras que ordena as causas de um problema de
forma decrescente. Geralmente são poucas causas Resposta: Letra D.
(20%) que levam à maioria (80%) dos problemas. A avaliação do desempenho financeiro da empresa
• Cartas de controle: são utilizadas para identificar é realizada na função administrativa de controle e
a variabilidade de um processo. São definidos os a elaboração do orçamento faz parte da função de
limites inferior e superior de forma que a variabili- planejamento.
dade presente dentro desses limites é considerada
causa comum e qualquer ponto fora desses limites COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
indica algum tipo de causa especial.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Fluxogramas de processos: são representações


gráficas de um processo. A partir de fluxogramas, a O comportamento organizacional é “[...] uma área de
visualização do início, desenvolvimento e término conhecimento multidisciplinar cujo principal foco de aná-
de um processo é facilitada. lise são as ações e os comportamentos das pessoas nas
• Diagramas de dispersão: demonstram as relações organizações” (SOBRAL). Essa área é fundamentada es-
entre duas variáveis, isto é, auxiliam na compreen- pecialmente nos conhecimentos da Psicologia e da So-
são sobre o que acontece com uma variável quan- ciologia e os focos de análise são os comportamentos
do a outra é alterada. individuais e grupais.

430
Conforme Sobral, compreender o comportamento organizacional é fundamental para que os administradores pos-
sam lidar com as pessoas na organização, bem como entender e prever seus comportamentos. Os recursos humanos
são imprescindíveis para o sucesso da organização e, para além dos aspectos associados à estrutura formal, às tecno-
logias e aos procedimentos, saber administrar os trabalhadores é uma das condições para garantir o bom desempenho
organizacional.
O comportamento das pessoas no trabalho contribui para o aumento da produtividade, redução do absenteísmo
e da rotatividade, melhora no clima de trabalho, entre outras vantagens. Para isso, os administradores devem buscar
entender: (1) as atitudes dos funcionários em relação ao seu trabalho; (2) suas características psicológicas, isto é, sua
personalidade; (3) a percepção que os trabalhadores têm do ambiente de trabalho; e (4) a forma como eles aprendem
novas habilidades e competências (SOBRAL, 2013).

MOTIVAÇÃO

A motivação é o “[...] processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para
o alcance de uma determinada meta” (ROBBINS, 2005, p. 132).
A intensidade diz respeito ao esforço empregado por uma pessoa na realização de um objetivo. A direção indica
“para onde vamos”. Não adianta o trabalhador empregar esforço se não souber em que direção deve caminhar. Por
último, a persistência indica quanto tempo um indivíduo consegue manter seu esforço, isto é, por quanto tempo con-
segue ficar motivado. A motivação e o desempenho estão intimamente relacionados, pois um profissional motivado
tende a ter melhores resultados e bom desempenho em suas tarefas.
Sobral (2013) por sua vez, define motivação como “[...] a predisposição individual para exercer esforços que busquem
o alcance de metas organizacionais, condicionada pela capacidade de esses esforços satisfazerem, simultaneamente, al-
guma necessidade individual”. Sendo assim, a motivação não é uma característica sempre presente no indivíduo, mas
é o resultado da relação entre um indivíduo e determinada situação. O autor destaca ainda três elementos presentes
na definição de motivação: esforço, metas organizacionais e necessidades. O administrador deve ser capaz de mo-
bilizar os esforços dos trabalhadores em direção às metas organizacionais. Ao mesmo tempo em que desenvolve suas
atividades visando ao alcance dos objetivos da organização, o trabalhador também busca satisfazer algum tipo de
necessidade pessoal.
A evolução histórica do conceito de motivação inclui três modelos, conforme destacado por Casado (2002):

1. Modelo tradicional: associado à Administração Científica de Frederick Taylor, o modelo tradicional considera
que os trabalhadores são motivados fundamentalmente por recompensas monetárias. Quando bem recom-
pensados, são motivados a produzir mais e com maior agilidade. Os trabalhadores são considerados pre-
guiçosos e sem anseios de crescimento profissional, por isso suas atividades devem simples, monótonas e
facilmente controláveis.
2. Modelo de relações humanas: nesse modelo a ênfase está nas pessoas. Dois aspectos principais estão pre-
sentes: a adaptação do trabalhador ao trabalho e adaptação do trabalho ao trabalhador. No primeiro, busca-se
realizar testes psicológicos, orientação profissional e treinamento. No segundo, são incluídos temas como
motivação, incentivo e comunicação. A partir desse modelo, o trabalhador passa a ser considerado em sua
completude, pois foi percebido que a desconsideração da natureza humana do trabalho interferia negativa-
mente na qualidade do trabalho e no comprometimento com a organização.
3. Modelo de recursos humanos: trata-se de uma perspectiva mais complexa da natureza do trabalho. Nesse
modelo admite-se que os trabalhadores não possuem necessidades iguais, pelo contrário, cada um deles pos-
suem distintos fatores de satisfação, buscam formas diferentes de satisfazer suas necessidades e contribuem
para o alcance dos objetivos organizacionais de maneiras variadas. Diferentemente do que era considerado
no modelo tradicional, nesse modelo os trabalhadores são vistos como indivíduos que gostam de realizar suas
atividades na organização e querem contribuir com o seu trabalho. Logo, o trabalho não é algo negativo, mas
faz parte da vida dos trabalhadores de uma maneira positiva. Além disso, os trabalhadores têm a possibilidade
de expor suas opiniões no que diz respeito ao seu trabalho, de forma a assegurar maior qualidade na execu-
ção do mesmo. Finalmente, a complexidade, bem como a autonomia nas atividades de trabalho aumentam a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

motivação dos indivíduos.

A seguir, são apresentadas algumas das principais teorias sobre motivação, de acordo com Casado e Sobral.

431
Teoria da Hierarquia das Necessidades – Maslow

A teoria mais conhecida sobre motivação é Teoria da Hierarquia das Necessidades de Abraham Maslow, proposta
em 1943. De acordo com o autor, as necessidades dos indivíduos estão dispostas como que em uma pirâmide, de for-
ma que, em um primeiro momento busca-se atender aos objetivos da base da pirâmide e, em seguida, as necessidades
vão aumentando. A figura abaixo demonstra as necessidades propostas por Maslow.

De acordo com Maslow, o ser humano tem a característica de sempre desejar algo. Por isso, à medida que satisfaz
uma necessidade, outra passa a ser prioridade. Uma observação importante é que uma necessidade de nível mais alto
só surge quando as necessidades dos níveis inferiores são atingidas. Portanto, um indivíduo não possui necessidade de
autorrealização se não se tem o que comer, por exemplo.

Teoria da Hierarquia das Necessidades – Alderfer

Similar à proposta de Maslow, Clayton Alderfer apresentou em 1969 uma nova teoria da hierarquia das necessi-
dades. Ao invés de cinco níveis de necessidades, Alderfer apresenta três: existência, relacionamento e crescimento. A
relação entre as duas teorias de hierarquia das necessidades é apresentada na figura a seguir.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

As necessidades existenciais são relacionadas com o bem-estar físico, as necessidades relacionais dizem respeito às
relações interpessoais e as necessidades de crescimento referem-se ao desenvolvimento e crescimento pessoal.

432
Além da diferença da nomenclatura, em relação à teoria de Maslow, Alderfer também inova no sentido de sugerir
que todos os níveis de necessidade atuam de forma simultânea. Ademais, para o teórico, quando uma necessidade não
é satisfeita, cresce a importância das necessidades de níveis inferiores.

Teoria dos dois fatores – Herzberg

A teoria dos dois fatores foi proposta por Frederick Herzberg em 1959. A teoria foi criada a partir de uma pesquisa
realizada com engenheiros e contadores. Os entrevistados expuseram as situações em que se sentiram excepcional-
mente bem e excepcionalmente mal no ambiente de trabalho.
Foi percebido que as situações positivas destacadas pelos trabalhadores estavam associadas com o próprio traba-
lho e desempenho. Assim, se sentiam bem nas condições associadas às suas próprias ações.
Por outro lado, as situações negativas destacadas pelos trabalhadores, ou seja, os momentos que se sentiram ex-
cepcionalmente mal, eram associadas a condições externas ao indivíduo. Portanto, os fatores alheios aos trabalhadores,
fatores esses que não eram possíveis de participar ativamente ou controlar, geravam um sentimento de insatisfação.
Posto isto, Herzberg identificou que a motivação é composta por dois fatores: intrínsecos e extrínsecos. Enquanto
os fatores intrínsecos promovem a satisfação no cargo, chamados de fatores motivacionais, os fatores extrínsecos po-
dem gerar insatisfação e são nomeados fatores higiênicos.
A figura a seguir apresenta exemplos de fatores motivacionais e higiênicos.

Fonte: Adaptado de <http://tabelasdeconcursos.blogspot.com/2013/05/teoria-dos-dois-fatores-de-herzberg.html>.

Conforme apresentado na figura, percebe-se que a presença dos fatores motivacionais gera satisfação, enquanto
que a sua ausência gera não insatisfação. De forma similar, a presença de fatores higiênicos gera nenhuma satisfação,
enquanto que a sua ausência gera insatisfação. Portanto, o oposto de satisfação não é insatisfação, mas não satisfa-
ção e o oposto de insatisfação não é satisfação, mas nenhuma insatisfação.

Teoria da equidade – Adams

A teoria da equidade foi sugerida por J. Stacy Adams em 1965. De acordo essa teoria, os trabalhadores sentem-se
motivados quando percebem um grau de equidade e justiça na organização. A equidade é percebida na relação entre
as atividades realizadas por cada indivíduo e a retribuição recebida.
Os trabalhadores frequentemente comparam suas realizações e recompensas com as dos outros, seja na mesma
função e organização ou em funções e organizações distintas. Por exemplo, um analista financeiro pode perceber
que os analistas financeiros de outras organizações possuem menos atividades associadas ao cargo e recebem uma
remuneração maior. Consequentemente, esse trabalhador perceberá uma iniquidade. Em outra situação, um gestor
de vendas pode comparar o seu esforço de trabalho com o trabalho realizado pelos gestores das áreas de recursos
humanos e marketing da mesma empresa. Se o gestor de vendas percebe que todos os três possuem equivalência em
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

suas responsabilidades, atribuições e salários, então predominará a ideia de equidade.


Quando um trabalhador se compara com outro(s) e percebe que está sendo menos recompensado, algumas atitu-
des podem ser tomadas para suprimir a inequidade, tais como:

• Reduzir o esforço empregado em suas atividades: se o trabalho realizado não está sendo recompensado,
então o trabalhador pode acreditar que ao reduzir suas contribuições a remuneração recebida será justa.
• Distorcer a própria imagem: como forma de eliminar a inequidade, o trabalhador pode começar a distorcer a
própria imagem, considerando-se um mal profissional e que merece a retribuição que recebe.
• Buscar outras referências: se ao se comparar com determinado indivíduo o trabalhador sente-se injustiçado,
então ele pode buscar outra referência que beneficie sua percepção de justiça.

433
• Sair da empresa: trata-se de uma forma drástica de acabar com a inequidade. Nesse caso, a desmotivação do
trabalhador é tanta, que prefere sair da empresa.

Teoria da determinação de metas – Locke

Idealizada por Edwin Locke, em 1968, a teoria da determinação de metas considera que os trabalhadores têm
necessidade de visualizar objetivos. Em outras palavras, as pessoas gostam de ter objetivos bem definidos pois isso
satisfaz suas necessidades de trabalhar com direcionamento. Sendo assim, os administradores devem ser capazes de
especificar metas suficientemente claras para os seus subordinados.
De acordo com o teórico, o trabalhador se sente motivado no trabalho quando é capaz de perceber os resultados
que devem decorrer de suas atividades de trabalho. Quando os objetivos são compartilhados entre líderes e lidera-
dos e possuem um razoável grau de dificuldade, os resultados provavelmente serão melhores. Por outro lado, metas
consideradas impossíveis de serem alcançadas ou fáceis demais, podem desmotivar os trabalhadores. Para que os
trabalhadores se sintam dispostos a alcançar os objetivos organizacionais, pode ser interessante que eles participem
ativamente da definição dos mesmos.

Teoria da expectativa – Vroom

A teoria da expectativa foi desenvolvida na década de 1960 por Victor Vroom. Apesar disso, estudiosos como David
Nadler e Edward Lawler contribuíram para o desenvolvimento da teoria.
De acordo com Vroom, o esforço aplicado no desenvolvimento de determinada tarefa por um trabalhador depende
da expectativa de retorno que ele possui. Isso significa que os indivíduos avaliam se vale a pena se empenhar na exe-
cução de uma atividade e essa avaliação é feita a partir da análise da recompensa que será obtida.

#FicaDica
Sobral aponta quatro pressupostos da teoria da expectativa:
• O comportamento é influenciado por fatores individuais e contingências ambientais;
• Ao tomar decisões sobre o seu comportamento no trabalho, os indivíduos o fazem de forma consciente
e deliberada;
• Cada indivíduo possui seus próprios objetivos e necessidades;
• Além dos diversos fatores individuais e ambientais, a expectativa sobre o resultado de desempenho
também influencia o comportamento e a tomada de decisão.

Os principais componentes dessa teoria são: expectativa esforço-desempenho, expectativa desempenho-resultado


e valência, conforme apresentado na figura a seguir.

Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 325).

• Expectativa de esforço-desempenho: indica que as expectativas em relação ao grau de dificuldade de um


bom desempenho influenciam as decisões dos indivíduos quanto ao comportamento desejado. Sendo assim,
as pessoas geralmente têm um desempenho que parece ter mais probabilidade de gerar um resultado que elas
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

valorizam. Quanto maior a crença de que é possível obter um bom desempenho, maior a expectativa e a motiva-
ção. Por outro lado, se o indivíduo acredita que não poderá ter desempenho de sucesso, suas expectativas e sua
motivação serão baixas. “A pessoa se pergunta: ‘Quais são as minhas chances de chegar a um resultado que seja
vantajoso para mim?’” (SOBRAL).
• Expectativas de desempenho-resultado: as pessoas têm expectativas de determinados resultados em função de
seu comportamento e tais expectativas influenciam suas decisões de ação. Espera-se que um bom desempenho
seja seguido de um resultado, tal como uma promoção, um reconhecimento público, uma remuneração variável,
uma recompensa simbólica etc. “A pessoa se pergunta: ‘Se eu agir dessa forma, qual será o resultado?’” (SOBRAL).

434
• Valência: a valência indica a atratividade do resul- Delegação de
tado. Os resultados dos comportamentos podem Descrédito nas pessoas
responsabilidade
motivar as pessoas de acordo com seus objetivos
individuais. Para um gestor que prioriza o poder, Centralização das deci-
Descentralização das
por exemplo, ser capaz de influenciar e liderar mui- sões no mais alto nível
decisões
tas pessoas tem valência mais alta do que ter tare- hierárquico
fas complexas para realizar diariamente. Destaca-se Atividades rotineiras para Atividades criativas para
que a atratividade do resultado é variável de acordo as pessoas as pessoas
com a pessoa, já que cada um possui suas próprias
Autocracia e comando Democracia e participação
motivações. “A pessoa se pergunta: ‘O resultado de
meu comportamento vale o esforço despendido?’” Pessoas como recursos Pessoas como parceiros
(SOBRAL). produtivos da organização
Fonte: adaptado de Rchristanelli (2013).
Teoria X e Teoria Y – McGregor
Teorias das três necessidades - McClelland
Douglas McGregor apresenta conceitos opostos so-
bre a administração e os trabalhadores. De forma geral, a
Trata-se de uma teoria mais contemporânea e desen-
Teoria X e a Teoria Y tratam de perfis profissionais distin-
volvida por David McClelland. A teoria é fundamentada
tos: na primeira o trabalhador é visto como preguiçoso,
que trabalha apenas por obrigação e motivado por re- nas ideias de John Atkinson, que relaciona o comporta-
compensas financeiras; na segunda, o trabalhador é con- mento com três tipos de necessidades:
siderado competente, esforçado e comprometido com
as atividades do trabalho. • Necessidades de realização: associadas com o de-
Os princípios das Teorias X e Y são apresentados no sejo de atingir objetivos complexos e superar os
quadro a seguir. outros.
• Necessidades de poder: relacionadas com o desejo
Princípios Teoria X Princípios Teoria Y de influenciar e ter poder sobre os outros.
• Necessidades de afiliação: diz respeito ao desejo
Os indivíduos evitarão,
Os indivíduos gostam de de relacionamento com os outros, incluindo rela-
sempre que possível, o
trabalhar. cionamentos amorosos e de amizade.
trabalho.
Os esforços físico e
Alguns indivíduos só tra-
mental empregados no A respeito dessas necessidades, McClelland defende
balham sob forte pressão.
trabalho são tão naturais que elas não possuem uma progressão hierárquica (o
Os indivíduos preci-
quanto os empregados que a diferencia da teoria da hierarquia das necessidades
sam ser controlados no
em momentos de lazer. de Maslow) e assumem intensidades diferentes em cada
trabalho.
Os indivíduos não só pessoa, a depender de suas características. Enquanto al-
Os indivíduos às vezes
aceitam responsabilidades guns podem ter alta necessidade de realização, outros
precisam ser ameaçados
no trabalho, mas também podem priorizar o poder ou a afiliação.
e punidos para que se
as procuram. Os resultados das pesquisas de McClelland permiti-
esforcem em cumprir os
Os indivíduos são criativos ram chegar aos seguintes resultados:
objetivos estabelecidos
e buscam sempre solu-
pela organização.
ções para os problemas • Os administradores bem-sucedidos possuem
Os indivíduos são
organizacionais. maior necessidade de realização do que os demais
preguiçosos.
Os trabalhadores podem profissionais.
Os indivíduos evitam
ser auto gerenciados em • Os indivíduos com necessidade de afiliação podem
responsabilidades no
suas tarefas. desempenhar bem as atividades associadas com a
trabalho.
gestão de pessoas.
Fonte: adaptado de Periard (2011). • Os administradores nos níveis hierárquicos mais
altos possuem maior necessidade de poder.
Também são visualizadas diferenças na administração
nessas duas teorias, conforme quadro a seguir. Aos líderes e gestores cabe a tarefa de identificar
se o perfil do trabalhador e o cargo por ele desempe-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

A administração pela A administração pela nhado estão adequados. Assim, é mais provável que os
Teoria X Teoria Y trabalhadores tenham um bom desempenho profissio-
Vigilância e fiscalização nal. Aqueles com maior necessidade de realização, por
Autocontrole e direção exemplo, preferem tarefas mais complexas e desafiado-
das pessoas
ras, enquanto que os que possuem menor necessidade
Desconfiança das pessoas Confiança nas pessoas
de realização preferem cargos estáveis.
Imposição de regras e
Liberdade e autonomia
regulamentos

435
COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL O comprometimento instrumental também é cha-
mado de calculativo, já que os trabalhadores calculam
De acordo com Simon e Coltre (2012) o termo “com- se poderão ter os aspectos positivos obtidos na organi-
prometer” pode significar obrigar-se, envolver-se ou ex- zação atual (tais como o cargo, as tarefas, os benefícios
por a um perigo. Por outro lado, pode ser associado a recebidos etc.) caso busquem um trabalho em uma nova
engajamento e envolvimento. organização. Está estritamente associado a um raciocínio
econômico. Alguns dos indicadores do comprometimen-
Quando falamos de comprometimento organizacio-
to instrumental são:
nal estamos tratando do segundo significado. O compro-
metimento organizacional diz respeito a uma aceitação • Necessidade ou desejo de permanecer na organi-
dos objetivos e valores da empresa por parte do empre- zação diante da situação atual;
gado, de forma que ele considera válido esforçar-se na • Dificuldade em abandonar a organização;
realização de suas atividades. • Carência de alternativas de emprego imediatas.

Por último, o comprometimento organizacional nor-


FIQUE ATENTO! mativo está associado a um sentimento de obrigação
Comprometimento organizacional é “[...] o em permanecer na empresa. Isso pode acontecer por-
grau de identificação e lealdade que o tra- que a organização possui estratégias para garantir que
balhador tem com uma organização e com os trabalhadores considerem que a organização precisa
seus objetivos, representando o desejo do deles para a continuidade de suas atividades. A oferta
trabalhador em manter-se como parte des- de benefícios “generosos” e o contato intenso entre os
ta” (SOBRAL). membros da organização podem contribuir para que
os trabalhadores se sintam parte de uma família. Nesse
caso, a possibilidade de sair da organização provoca um
sentimento de culpa no trabalhador, pois ele não acha
O comprometimento pode ser afetivo, instrumental
certo abandonar a organização que o proporciona tantos
ou normativo. Esses três tipos são apresentados confor- privilégios. Alguns dos indicadores do comprometimen-
me as considerações de Simon e Coltre (2012) e Siqueira to normativo são:
(2001).
O comprometimento afetivo decorre de um tipo de • Sentir-se obrigado a permanecer na organização,
afeto, apego, carinho com a organização. Os trabalhado- ainda que seja vantajoso para o trabalhador;
res com esse tipo de comprometimento gostam e que- • Lealdade e sentimento de dever à organização;
rem permanecer na organização porque se identificam • Obrigação moral do indivíduo com os outros
com os valores e metas ou porque se envolveram forte- trabalhadores.
mente com as atividades de trabalho e o papel desem-
penhado. Esse comprometimento é estimulado por ex- COMUNICAÇÃO
periências anteriores de trabalho, principalmente aquelas
que satisfazem as necessidades psicológicas do trabalha- A palavra comunicação é derivada do latim “commu-
dor e o fazem se sentir bem no ambiente de trabalho. Al- nicare” e significa partilhar, tonar algo comum. Trata-se,
guns dos indicadores do comprometimento afetivo são: portanto, do processo de transmitir/partilhar uma men-
sagem com outra(s) pessoa(s) e ser compreendido por
• Grande satisfação em dedicar tempo e esforço nas quem recebe a informação.
atividades organizacionais;
Funções da comunicação
• Percepção de que os problemas organizacionais
também são problemas próprios; A comunicação inclui a transferência e a comunica-
• Senso de integração com a organização; ção dos significados daquilo que se quer expressar. De
• Vínculo emocional com a organização; acordo com Robbins (2005) a comunicação possui qua-
• Significado pessoal proporcionado pela organiza- tro funções em um grupo ou organização:
ção ao trabalhador.
1. Controle: a comunicação serve para controlar, seja
O comprometimento instrumental decorre das re- formal ou informalmente, o comportamento das
compensas e dos custos associados ao trabalho. Esse pessoas no ambiente de trabalho. O controle for-
tipo de comprometimento ocorre porque o trabalhador mal ocorre, por exemplo, quando os trabalhadores
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

investiu significativamente seu tempo e esforços na or- comunicam ao líder algum problema no trabalho e
ganização e porque não existem oportunidades “melho- quando os gerentes comunicam aos seus subordi-
res” no mercado de trabalho. Portanto, os trabalhadores nados que eles devem seguir as políticas organiza-
avaliam os custos associados a abandonar a organização cionais. Por outro lado, o controle informal ocorre,
ao mesmo tempo em que percebem que precisam da por exemplo, quando um grupo de trabalho recla-
remuneração recebida na organização e, por isso, prefe- ma com um membro que não está contribuindo
para a realização das atividades.
rem continuar no trabalho. O comprometimento organi-
2. Motivação: a comunicação pode facilitar a moti-
zacional pode ser caracterizado por uma constante análi-
vação já que por meio dela os trabalhadores são
se da relação entre os custos e os benefícios da saída da capazes de identificar as atividades que devem
organização.

436
fazer, como devem desempenhá-las, recebem feedback sobre o quão bom é o seu trabalho e como podem aper-
feiçoá-lo. Alguns exemplos de situações em que a comunicação desperta a motivação são: definição de metas
claras e específicas (de acordo com a teoria da determinação de metas de Locke, os trabalhadores têm neces-
sidade de visualizar objetivos), feedback sobre os resultados obtidos de acordo com os objetivos previamente
estabelecidos e reforço do comportamento esperado.
3. Expressão emocional: para muitos trabalhadores, a fonte primária de interação ocorre na organização, em seu
grupo de trabalho. Sendo assim, por meio da comunicação que ocorre nos grupos, os membros podem expressar
seus sentimentos, sejam eles de desapontamento ou satisfação.
4. Informação: por meio da comunicação, as pessoas transmitem informações que podem facilitar a tomada de de-
cisões. Isso porque a comunicação de dados e informações podem contribuir para que os tomadores de decisões
visualizem cenários e escolham as melhores alternativas.

Dados ≠ Informações.
Dados: são conteúdos quantificáveis, tais como números, valores e medições. Sozinhos, os dados não são fonte de
conhecimento. Isso significa que um dado, isoladamente, não contribui para a tomada de decisão gerencial. Exemplo:
No mês de janeiro de 2020 a Empresa Delta vendeu 200 aparelhos de TV. Perceba que simplesmente saber a quantida-
de de produtos vendidos não tem significância.
Informações: são dados tratados. Quando os dados são classificados, armazenados, ordenados e relacionados, se
tornam informações. As informações possuem significado, são capazes de transmitir uma mensagem. Exemplo: No mês
de janeiro de 2020 a Empresa Delta vendeu 200 aparelhos de TV. No mês seguinte, a empresa concretizou a venda
de 250 produtos, mesmo tendo um funcionário afastado durante 15 dias. Nesse caso, os dados foram relacionados e,
por isso, tornaram-se informações. A partir dessas informações, a empresa pode criar metas de vendas, por exemplo.
Fonte: UNILAB. Entenda a diferença entre dados e informação. 2019. Disponível em: <https://www.unilab.com.br/
materiais-educativos/artigos/gestao/diferenca-entre-dados-e-informacao/>. Acesso em: 10 nov. 2020.

Componentes do processo de comunicação

O processo de comunicação envolve oito componentes (ROBBINS):

• Fonte da comunicação: também chamado de emissor, é a pessoa que deseja comunicar uma mensagem. A
fonte inicia a mensagem por meio da codificação do pensamento.
• Codificador: mecanismo utilizado para exteriorizar a mensagem;
• Mensagem: expressão daquilo que o emissor pretende comunicar. É o produto codificado pelo emissor. Na co-
municação oral, a mensagem é a própria fala. Na comunicação escrita, a mensagem é o texto. Na comunicação
não-verbal, a mensagem inclui os movimentos e expressões.
• Canal: meio pelo qual a mensagem é conduzida. Pode ser formal ou informal. Os canais formais são definidos
pela organização e disseminam mensagens associadas com as atividades de trabalho; geralmente seguem a es-
trutura hierárquica, o que significa que a comunicação é transmitida de cima para baixo. Os canais informais são
mais espontâneos e servem para conduzir as comunicações pessoais.
• Receptor: pessoa que recebe a mensagem do emissor.
• Decodificador: mecanismo utilizado para decifrar a mensagem.
• Ruído: inclui as barreiras para a comunicação que alteram o sentido da mensagem. Os ruídos podem ser prove-
nientes do emissor ou do receptor e são apresentados mais adiante.
• Feedback: é o elo final do processo de comunicação. Por meio do feedback é possível constatar se a transmissão
da mensagem teve sucesso ou não. A mensagem é transmitida com sucesso quando o receptor entende exata-
mente aquilo que o receptor pretendia comunicar.

O processo de comunicação é apresentado na figura a seguir.


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Fonte: adaptado de Robbins (2005, p. 233).

437
Meios de comunicação geralmente a comunicação não-verbal não é consciente,
o que significa que o estado de espírito das pessoas é
Robbins destaca que os três métodos básicos pelos transmitido pela linguagem corporal não-verbal.
quais as pessoas trocam mensagens entre si incluem a A linguagem corporal, quando somada à comuni-
comunicação oral, comunicação escrita e comunicação cação oral ou escrita pode completar essa última. Um
não-verbal. exemplo disso é a leitura de uma ata. Quando você lê
A comunicação oral é a principal forma de comu- uma ata de reunião não consegue compreender exata-
nicação. Alguns exemplos incluem: diálogos, palestras e mente como as pessoas se expressaram, o que seria di-
debates. As principais vantagens associadas à comunica- ferente se você estivesse presente ou assistisse o vídeo
ção oral são a rapidez de resposta e o feedback. O prazo da reunião. A razão é que na linguagem escrita muitas
de emissão e recebimento de uma mensagem nesse tipo vezes é difícil identificar a ênfase dada às palavras e a
de comunicação pode ser muito curto. Além disso, se o entonação pode transformar completamente o sentido
receptor tiver alguma dúvida sobre a mensagem, igual- de uma mensagem. Na frase “Por que eu não levo você
mente o feedback também poderá ser dado rapidamen- para jantar hoje?” se a ênfase estiver em “jantar”, o foco
te, possibilitando que o emissor formule a mensagem está em sair para jantar hoje e não para almoçar amanhã,
novamente. por exemplo. Por outro lado, se a ênfase estiver em “não”
Apesar das vantagens, quando a mensagem ti- o emissor pode estar procurando um motivo para não
ver que ser enviada a um grande número de pessoas, sair para jantar.
a desvantagem da comunicação oral é a possibilidade Por meio das expressões faciais também é possível
de distorções da informação. Isso pode ocorrer porque transmitir uma mensagem. Acrescida da entonação da
voz, as expressões faciais podem indicar timidez, medo,
cada indivíduo recebe e interpreta a mensagem de uma
agressividade, cinismo etc. Por último, o distanciamento
forma, geralmente conforme seus interesses individuais.
físico entre as pessoas também apresenta uma mensa-
Similarmente, a distorção pode ocorrer quando a comu-
gem, mas esse distanciamento depende muito das nor-
nicação ocorre de cima para baixo (seguindo a estrutura mas culturais de cada empresa ou até mesmo país. Uma
hierárquica) incluindo vários níveis hierárquicos. Ao che- grande distância pode representar desinteresse, enquan-
gar na base da hierarquia a informação pode ter sofrido to que uma pequena distância pode indicar hostilização
diversas alterações, tal como ocorre na brincadeira do ou interesse sexual.
“telefone sem fio”.
Na comunicação escrita é utilizada a linguagem es- Ruídos na comunicação
crita ou simbólica para enviar informações. Alguns exem-
plos abrangem: e-mails, memorandos, mensagens escri- A comunicação é eficaz quando a compreensão da
tas no aplicativo WhatsApp, jornais, boletins, relatórios, mensagem por parte do receptor é compatível com o
redações, entre outros. As vantagens da comunicação significado da mensagem que o emissor desejava trans-
escrita são: tangibilidade da informação; possibilidade de mitir. Quando a compreensão do receptor é diferente
verificar a mensagem; manutenção do registro da men- daquilo que o emissor deseja transmitir, então provavel-
sagem tanto pelo emissor quanto pelo receptor; possibi- mente houve algum tipo de ruído na comunicação. O ruí-
lidade de armazenamento da mensagem por um longo do é qualquer tipo de prejuízo à comunicação. Os ruídos
período de tempo, entre outras. podem advir do emissor ou do receptor.
Essa comunicação é especialmente útil quando se De acordo com Gil (2012) os ruídos decorrentes do
deseja enviar mensagens extremamente longas ou com- emissor envolvem:
plexas. Além disso, as pessoas tendem a ser mais cuida-
1. Falta de clareza nas ideias: o emissor pode pensar
dosas na escolha das palavras e na forma de expressá-las
rapidamente naquilo que deseja expressar e, caso
quando escrevem. Por essa razão, a comunicação escrita
não tenha facilidade de comunicação, pode não
geralmente é mais clara e bem elaborada do que a co- conseguir transmitir a ideia de maneira adequada.
municação oral. Associada a essas vantagens, a desvan- Isso ocorre porque não houve um aperfeiçoamen-
tagem da comunicação escrita é o tempo que demora to da mensagem;
para ser enviada ao receptor. Outra desvantagem é a 2. Comunicação múltipla: não falamos apenas com
ausência de feedback instantâneo. Enquanto na comuni- a voz, mas também com o nosso corpo. É impor-
cação oral basta solicitar ao receptor que faça um resu- tante que a comunicação oral seja condizente com
mo do que foi falado para identificar se a mensagem foi a comunicação corporal. Quando isso não aconte-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

corretamente compreendida, no envio de um e-mail, por ce, a comunicação pode ser falha;
exemplo, não é possível garantir que o receptor recebeu 3. Problemas de codificação: a forma de exterio-
ou compreendeu a informação da forma pretendida pelo rizar a mensagem é tão importante quanto saber
emissor. aquilo que pretende comunicar. Na comunicação
A comunicação não-verbal envolve os movimentos oral é fundamental que a fala possibilite a com-
do corpo, as expressões faciais, a entonação, ênfase nas preensão da mensagem. Portanto, o emissor deve
palavras, as pausas, o distanciamento físico entre o emis- estar atento à velocidade da fala, à altura da fala, às
sor e o receptor, entre outros. Por meio da linguagem pausas etc.;
corporal comunicamos aquilo que queremos dizer, ain-
da que não seja dito em palavras. Destaca-se ainda que

438
4. Bloqueio emocional: algumas emoções como a falar – ao ponto de não conseguir entender (ou até
vergonha ou até mesmo o receio de falar errado se privar de entender) o verdadeiro significado da
pode ser um ruído da comunicação. Além disso, mensagem.
quando o assunto a ser comunicado desperta 10. Comportamento defensivo: quando o receptor
emoções intensas no emissor, a expressão daquilo entende a mensagem do emissor como uma acu-
que se pretende dizer pode ser prejudicada; sação ou crítica, as respostas podem assumir um
5. Hábitos de locução: o uso excessivo de gírias, de formato de autodefesa.
palavras desconhecidas ou de algumas expressões
como “está entendendo?” pode distrair o receptor Direção da comunicação
ou causar irritação;
6. Suposições acerca do receptor: se o emissor su- De acordo com Robbins, a direção da comunicação
põe que o emissor já tem conhecimento de de- pode ser vertical ou horizontal. A comunicação vertical
terminado assunto ou tem uma opinião formada pode ser descendente ou ascendente, enquanto que a
sobre aquilo, a comunicação pode não se comple- comunicação horizontal é chamada de lateral. As carac-
tar. Pode ser que o emissor omita algumas infor- terísticas dessas três direções são apresentadas de acor-
mações de sua fala, pois considera que o receptor do com o autor acima.
já sabe sobre aquilo, mas a suposição pode não ser
verdadeira. • Comunicação descendente: é o tipo de comuni-
cação enviada pelos níveis hierárquicos mais altos
Já os ruídos decorrentes do receptor envolvem, se- para os níveis mais baixos. Ou seja, é o envio de
gundo Gil: mensagens dos gerentes e líderes aos seus subor-
dinados. Alguns exemplos de comunicação des-
1. Audição seletiva: o receptor pode focar sua aten- cendente incluem: atribuição de tarefas aos traba-
ção apenas nos pontos que considera importante, lhadores, indicações sobre a forma de realização
prejudicando o entendimento da mensagem como do trabalho, informações sobre normas e políticas
um todo; organizacionais, envio de feedback a respeito do
2. Desinteresse: apesar de presente fisicamente, desempenho. Não necessariamente a comunica-
o receptor pode estar desinteressado o suficien- ção precisa ser oral ou presencial. Quando o líder
te para não conseguir reter nenhuma informação encaminha um e-mail para os trabalhadores com
transmitida pelo emissor; as novas políticas de agendamento de férias, por
exemplo, está usando a comunicação descendente.
3. Avaliação prematura: ocorre quando o receptor
• Comunicação ascendente: é a comunicação en-
acredita que o fato de ter ouvido com atenção o
viada de baixo para cima, ou seja, os níveis hierár-
início da mensagem é suficiente para compreen-
quicos inferiores transmitem uma mensagem aos
der todo o contexto. No entanto, no decorrer da
níveis mais altos. A comunicação ascendente pode
mensagem, o sentido pode ser alterado, portanto, ser utilizada para enviar feedbacks aos gerentes,
a compreensão do receptor não será compatível informar sobre o atingimento de metas, esclare-
com o significado pretendido pelo emissor; cer sobre os problemas que estão ocorrendo nos
4. Preocupação com a resposta: às vezes o recep- níveis mais baixos, comunicar sobre como os tra-
tor se preocupa tanto com a resposta que deverá balhadores se sentem em relação ao seu trabalho,
apresentar para o receptor, que não se atenta à aos colegas, aos líderes e à organização como um
toda a mensagem; todo, entre outros. Alguns exemplos incluem: re-
5. Crenças e atitudes: cada um de nós possuímos latórios de desempenho dos superiores, espaços
crenças. Se a mensagem que o emissor está pas- de sugestões, pesquisas de satisfação dos traba-
sando for contrária às crenças do receptor, ou lhadores em relação aos seus gerentes, sessões
ainda se o emissor está criticando as crenças do de discussão de problemas em que os funcioná-
receptor, esse último pode se sentir ofendido; rios podem se queixar ou tratar de questões es-
6. Reação ao emissor: a reação ao emissor em razão pecíficas com o superior direto ou os diretores da
do sotaque, vestimenta ou gestos, por exemplo, organização.
pode contribuir para que a mensagem não seja re- • Comunicação lateral: ocorre quando a comuni-
cebida da forma como foi idealizada; cação é entre “[...] membros de um mesmo grupo
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

7. Preconceitos e estereótipos: os preconceitos po- ou de grupos do mesmo nível, entre executivos do


dem impedir a pessoa de falar, pois o receptor an- mesmo nível ou entre quaisquer pessoas que estão
tecipa aquilo que o emissor pretende dizer; em um nível horizontal equivalente dentro da orga-
8. Experiências anteriores: as experiências passadas nização [...]” (ROBBINS). Esse tipo de comunicação
podem contribuir para que o receptor filtre ou dis- pode ser formal ou informal e positiva ou negativa.
torça as mensagens recebidas; A comunicação lateral é formal e positiva quando
9. Atribuição de intenções: o receptor pode estar é utilizada para agilizar o desempenho requerido
pela alta hierarquia. Isso pode ocorrer quando a
preocupado em atribuir intenções ao emissor –
rigidez da estrutura organizacional não propicia
ou seja, tentar deduzir a mensagem que ele quer
a rápida e eficaz transferência de informações.
Nesse caso, a comunicação ocorre com a ciência

439
e aprovação dos supervisores. Por outro lado, a co- notado que o comportamento do líder não necessaria-
municação pode ser informal e negativa quando a mente era inato, mas poderia ser aprendido por meio
comunicação formal é descumprida e os membros de treinamento e desenvolvimento. A partir de então, na
agem e tomam decisões sem o conhecimento dos perspectiva comportamental da liderança as teorias bus-
superiores. Nesses tipos de situações são gerados caram tratar dos estilos de liderança. Esses estilos des-
conflitos entre os liderados e os líderes, pois a co- crevem o que se espera do comportamento dos líderes.
municação ocorre com o intuito de “ultrapassar” as Por último, acompanhando a tendência das mais re-
ordens dos superiores. centes teorias administrativas, especialmente a teoria da
contingência, as teorias da liderança na perspectiva con-
LIDERANÇA tingencial da liderança buscaram compreender de que
forma os fatores situacionais influenciavam na ação dos
Conceito de liderança líderes.
A liderança, conforme apresentada por Robbins, Liderança formal e informal
indica traçar metas, comunicar e engajar os trabalha-
dores de forma que os objetivos sejam alcançados. Os A liderança pode ser formal ou informal (ROBBINS).
líderes inspiram os empregados e os auxiliam na supe- Na liderança formal, a influência sobre um grupo é exer-
ração dos obstáculos e dificuldades. Posto de uma for- cida por alguém que tem um cargo mais alto na hierar-
ma bastante direta, a liderança é a capacidade de um quia da organização. Visto que cargos mais elevados
indivíduo influenciar um grupo no alcance de objetivos indicam certo grau de autoridade, o líder consegue a
pré-estabelecidos. adesão dos subordinados devido ao cargo que ocupa.
De acordo com Sobral “no contexto da administração, Alguns exemplos de liderança formal incluem: gestor de
a liderança pode ser definida como o processo social de projetos, administrador de recursos humanos, gerente
dirigir e influenciar o comportamento dos membros da or- de compras etc. Por outro lado, a liderança informal sur-
ganização, levando-os à realização de determinados obje- ge na organização informal, isto é, nos grupos criados na
tivos”. Nessa definição, três elementos ganham destaque: organização e distintos da organização formal. Robbins
pessoas, poder e influência. afirma que a liderança não sancionada, isto é, que surge
fora da organização formal, é tão ou até mais importante
• A liderança envolve a presença de pessoas que es- que a liderança formal.
tão dispostas a seguir aquilo que é indicado pelo
líder. Se não existem liderados, isto é, pessoas pro- Estilos de liderança e ética
pensas a aceitar as orientações do líder, não existe
também o papel do líder. Independentemente do tipo de liderança (formal ou
• A liderança também envolve poder. O líder utiliza informal), é importante destacar que os indivíduos não
de seu poder junto aos liderados. O poder na rela- devem exercer seus papéis de líderes sem considerar
ção de liderança é desigual, já que uma ou poucas os aspectos éticos. Enquanto líderes éticos incentivam
pessoas detêm a maior parte do poder de influên- os trabalhadores e cobram resultados, líderes antiéticos
cia, ainda que outros membros tenham alguma podem praticar agressões verbais/morais com os subor-
forma de poder. dinados. William Hitt (1990 apud MATTAR, 2010) iden-
• Por último, a liderança diz respeito à utilização do tifica quatro estilos de liderança, que corresponderiam a
poder por parte do líder para influenciar o desem- quatro sistemas éticos distintos, conforme apresentado
penho dos liderados. no quadro a seguir.
Perspectivas das teorias de liderança
Tipo de
Características
Sobral destaca três principais perspectivas das teo- líder
rias de liderança: baseada nos traços, comportamental e Os meios justificam os fins;
contingencial. Preocupa-se meramente com os
As primeiras teorias de liderança, assim como as teo- resultados;
rias clássicas de administração (Administração Científica Manipulador
A autoridade está baseada no poder;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

de Taylor e Teoria Clássica da Administração de Fayol),


estavam preocupadas especialmente com os aspectos Seus subordinados devem ser passi-
internos à organização. Assim, o foco dessas teorias es- vos, dependentes e submissos.
tava nos traços internos dos líderes e suas características
que os diferenciavam daqueles que não eram considera-
dos líderes. Essas teorias são incluídas na perspectiva de
liderança baseada nos traços.
Com o tempo, foi percebido que deveria ser anali-
sado o comportamento dos líderes, e não seus traços e
características intrínsecas. Nesse momento, também foi

440
Principal função: comunicar e fazer • Orientação: o líder supervisiona e oferece fee-
cumprir regras; dbacks constantes aos liderados, além de acei-
tar que esses últimos façam contribuições e
Preocupação com a eficiência; sugestões de melhorias para o trabalho. Apesar
Administrador Racionalização das funções de lideran- de a decisão final ser do líder, toda a equipe é
burocrático ça e da administração (Max Weber); envolvida, o que contribui para o aumento da
As regras são a autoridade, e não os motivação.
líderes • Apoio: o líder assume o papel de apoiar a equi-
pe de liderados. Os subordinados têm grande au-
• estabilidade para a organização in-
tonomia no desenvolvimento de suas tarefas, o
dependentemente do líder.
que contribui para um processo colaborativo mais
Procura conseguir que as coisas sejam próspero.
feitas com o propósito de atingir os • Autonomia: nesse modelo de liderança, os lidera-
objetivos organizacionais; dos tomam grande parte das decisões e assumem
Administrador Seu papel é: planejar, organizar, co- responsabilidades. A maturidade dos liderados é
profissional municar, motivar e mensurar os tão grande que o líder delega tarefas para cada um
deles, ciente de que sabem o que se espera deles.
resultados;
Enxerga seu trabalho como uma car- Estilos de liderança
reira e profissão.
Por meio da motivação, procura retirar Conforme apresentado anteriormente, na perspectiva
o melhor de cada pessoa; comportamental de liderança, busca-se identificar o que
os líderes fazem com o intuito de definir características
A liderança é menos um atributo/fun- comportamentais de líderes eficazes. Com base nisso,
ção e mais uma relação entre líderes e diversos estudos foram realizados, conforme apontado
Transformador colaboradores; por Sobral.
Enxerga o potencial das pessoas e tem Na Universidade de Iowa, Kurt Lewin e outros es-
prazer no seu crescimento; tudiosos identificaram três estilos de liderança dos
administradores:
É um bom treinador e ajuda os outros
a se tornarem líderes. • Estilo autocrático: nesse estilo, o líder centraliza a
Fonte: Hitt (1990 apud MATTAR, 2010). autoridade e o poder de decisão sobre a realização
do trabalho. Consequentemente, a participação
Teoria da liderança situacional – Paul Hersey e Ken dos trabalhadores é baixa.
Blanchard • Estilo democrático: nesse estilo, líderes e lidera-
dos envolvem-se nas decisões e há uma delegação
A teoria da liderança situacional foi desenvolvida por da autoridade no que diz respeito às deliberações
Paul Hersey e Ken Blanchard em 1969. Como o próprio associadas ao conteúdo do trabalho. Esse estilo
nome indica, o líder situacional é aquele capaz de mo- pode ser consultivo ou participativo. O líder con-
sultivo, apesar de ouvir as sugestões e opiniões
dificar e adaptar seu comportamento de acordo com a
dos membros da organização, toma a decisão so-
situação. Camargo afirma que “[...] a eficácia do líder está
zinho. Já o líder participativo permite que os su-
na sua capacidade de adaptar seu comportamento geren- bordinados participem da tomada de decisão.
cial ao nível da maturidade ou sofisticação de seus subor- • Estilo laissez-faire: nesse estilo, os liderados têm
dinados, ou seja, à situação”. total autonomia para decidirem sobre o seu traba-
De acordo com Camargo na teoria situacional não há lho. O papel do líder consiste em atender as dúvi-
tipos melhores e piores de líderes. Pelo contrário, o líder das e proporcionar recursos.
deve identificar as características do grupo e da situação
e assim determinar as melhores estratégias de ação. Por-
tanto, a flexibilidade é imprescindível.
A autora comenta ainda que os líderes bem-sucedi-
dos ajustam a forma como lideram suas equipes de acor-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

do com:

1. A maturidade dos subordinados, ou seja, o grau de


competência para realização das tarefas, e
2. Os detalhes da tarefa. Como resultado, quatro mo-
delos de liderança podem ser percebidos:
• Direção: o líder deve comunicar aos subordina-
dos o que fazer e de que forma fazer, acompa-
nhando desde o início do desenvolvimento das
atividades até a sua conclusão.

441
Os três estilos de liderança podem ser visualizados em um continuum de comportamento de liderança, conforme
figura a seguir.

Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 333).

Outros tipos de estilos de liderança são apresentados por meio da grade gerencial de Robert Blake e Jane Mouton.
De acordo com Sobral, a grande gerencial é uma ferramenta que busca posicionar o líder em duas dimensões compor-
tamentais: preocupação com as pessoas e preocupação com a produção. Como resultado, cinco estilos de liderança
são identificados:

• Líder de pessoas: busca criar um ambiente de trabalho leve e amigável, além de focar na necessidade dos
liderados.
• Líder de tarefa: é orientado para a produtividade e eficiência das tarefas, além de considerar que o elemento
humano deve interferir o mínimo possível na organização.
• Líder negligente: não se preocupa com as atividades relacionadas ao seu papel de líder. Trabalha empregando
o mínimo esforço possível e apenas o faz para justificar sua permanência na organização.
• Líder meio-termo: busca um equilíbrio entre a satisfação dos liderados e as necessidades associadas à produ-
ção, já que se preocupa de forma moderada com cada uma das partes.
• Líder de equipe: orientado para as pessoas e para produção, o líder de equipe busca o comprometimento dos
liderados com os objetivos organizacionais e possui relações amistosas com os liderados.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Conforme aponta Sobral, Blake e Mouton concluíram que o estilo de liderança mais eficaz é o líder de equipe, já que
esses líderes possuem desempenho mais elevado, maior satisfação e menores índices de rotatividade e absenteísmo.

442
e) o tipo de negócio.
#FicaDica
Resposta: Letra D.
Rotatividade: indica a quantidade de cola-
De acordo com a teoria situacional ou teoria da lide-
boradores que saem e entram na empresa,
rança situacional de Hersey e Blanchard, os líderes
em um determinado período. Altas taxas de
bem-sucedidos adequam a forma como lideram suas
rotatividade, além de indicar que a organiza-
equipes de com
ção não possui um bom clima de trabalho e
capacidade de reter os colaboradores, tam- I - a maturidade dos subordinados que estão realizan-
bém aumenta os custos da organização. Isso do as tarefas e
porque frequentemente a organização pos- II - os detalhes da tarefa.
sui gastos com rescisões e novos processos
seletivos. 2. (FGV – 2016) Com relação ao ambiente de trabalho
Absenteísmo: indica um padrão de ausên- e à produção, Herzberg constatou a existência de dois
cias do funcionário ao trabalho. As causas fatores que atuam de forma particular sobre a motivação
podem ser variadas, incluindo problemas do ser humano nas empresas.
pessoais, desavenças com os colegas de tra- A esse respeito, analise as afirmativas a seguir:
balho ou chefe e até mesmo dependência
química. O alto índice de absenteísmo pode I. Os fatores higiênicos são capazes de desmotivar o
prejudicar o alcance dos objetivos da em- trabalhador.
presa, já que as tarefas sob responsabilidade II. Os fatores higiênicos, uma vez resolvidos, promovem
dos trabalhadores faltantes ficarão atrasadas a motivação do trabalhador.
ou pendentes. III. Os fatores satisfacientes permitem remover a insatis-
fação do trabalhador.

Por último, pesquisa realizada pelo Hay Group com Assinale:


executivos brasileiros demonstrou os estilos de liderança
predominantes na visão dos subordinados e do próprio a) se somente a afirmativa I estiver correta.
líder. Seis estilos foram medidos (SOBRAL): b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
• Coercitivo: exige submissão dos trabalhadores. d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
• Dirigente: é capaz de mobilizar os esforços e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
dos trabalhadores em direção aos objetivos da
organização. Resposta: Letra A.
• Afetivo: cria um ambiente de trabalho harmo- A afirmativa I está correta, pois os fatores higiênicos,
nioso e possui bons relacionamentos com os quando não atendidos, podem gerar insatisfação e
subordinados. desmotivação no trabalhador. A afirmativa II está in-
• Democrático: aceita a participação de todos correta, pois quando os fatores higiênicos são resolvi-
no processo de tomada de decisão, buscando o dos não é possível que haja promoção da motivação
consenso. do trabalhador. O que acontece é que não há insatis-
• Modelador: determina altos padrões de fação ou desmotivação. A afirmativa III está incorre-
desempenho. ta, pois os fatores satisfacentes, isto é, os fatores in-
• Treinador: treina e desenvolve os trabalhadores trínsecos ou motivacionais geram motivação quando
para o futuro. presentes, mas quando ausentes o resultado é a não
satisfação (que é diferente de insatisfação). Portanto,
Apesar de todos os estilos terem sido citados na pes- como vimos, o oposto de satisfação não é insatisfação,
quisa, prevaleceu o estilo democrático, considerado por mas não satisfação e o oposto de insatisfação não é
75% dos executivos e 71% das equipes de trabalho. satisfação, mas nenhuma insatisfação.

REFERÊNCIAS
EXERCÍCIOS COMENTADOS
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ARAUJO, L. C. G. Teoria geral da administração: apli-


1. (FGV – 2018) Um dos principais modelos de liderança cação e resultados nas empresas brasileiras. São Paulo,
organizacional é apresentado pela teoria situacional de SP: Atlas, 2004.
Hersey e Ken Blanchard, que preconiza a ideia de que os
líderes devem ajustar suas características de acordo com CAMARGO, R. F. Você conhece a Teoria da Liderança
Situacional? Conheça esse estilo de liderança que torna
a) a influência dos acionistas. você um líder melhor. 2018. Disponível em: <https://
b) a competitividade do setor. www.treasy.com.br/blog/lideranca-situacional/>.
c) o tamanho da organização. Acesso em: 06 dez. 2020.
d) a maturidade dos subordinados.

443
CASADO, T. A motivação e o trabalho. In: FLEURY, M.
T. L. (Coord.). As pessoas na organização. 12. ed. São HORA DE PRATICAR
Paulo: Editora Gente. p. 247-258.
1. (FGV – 2018) Em relação às funções da Administração
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da adminis-
e as respectivas abrangências, está correto afirmar que:
tração: uma visão abrangente da moderna adminis-
tração das organizações. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
a) variam de acordo com o nível hierárquico do
2004.
administrador.
b) variam de acordo com o tipo de organização.
DIAS, M. 10 indicadores de desempenho organizacio-
c) variam de acordo com as recompensas.
nal para gestores. 2020. Disponível em: <https://www.
d) variam de acordo com o ambiente de trabalho.
gupy.io/blog/indicadores-de-desempenho-organiza-
e) são as mesmas, independentemente do contexto.
cional>. Acesso em: 06 dez. 2020.
2. (FGV – 2018) Demócrito, administrador de uma gran-
GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profis-
de rede de restaurantes, decide ampliar suas operações
sionais. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
no Brasil, abrindo filiais em numerosos estados do país,
estabelecendo a meta de ser a maior empresa no ramo,
MATTAR, J. Filosofia e ética na Administração. 2. ed.
em até 5 anos.
São Paulo: Saraiva, 2010.
Concernente às funções básicas da administração, De-
mócrito está exercendo a função de
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 5.
ed. São Paulo: Atlas, 2000.
a) planejamento.
b) coordenação.
PERIARD, G. Tudo sobre as Teorias X e Y de Douglas
c) liderança.
McGregor. 2011. Disponível em: <http://www.so-
d) direção.
breadministracao.com/tudo-sobre-as-teorias-x-e-y-
e) organização.
-de-douglas-mcgregor/>. Acesso em: 5 dez. 2020.
3. (FGV – 2018) O funcionário que ocupava um cargo
RCHRISTANELLI, R. A Teoria X e Y. 2013. Disponível em: de gerente na área de relações institucionais de uma or-
<https://rbchristanelli.wordpress.com/2013/09/19/a- ganização de grande porte dedicava boa parte do seu
-teoria-x-e-y/>. Acesso em: 5 dez. 2020. tempo à elaboração de comunicados e à concessão de
entrevistas à imprensa. Ao ser promovido ao cargo de
ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. 11. diretor da área, passou a dedicar a maior parte do tempo
ed. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2005. à representação da organização em cerimônias e soleni-
dades externas.
SIMON, J.; COLTRE, S. M. O comprometimento orga- O papel desempenhado pelo funcionário como ge-
nizacional afetivo, instrumental e normativo: estudo rente e o papel desempenhado como diretor são,
de caso de uma empresa familiar. Qualitas Revista respectivamente:
Eletrônica, v. 13, n. 1, p. 4-23, 2012.
a) informacional, de disseminador; interpessoal, de líder;
SIQUEIRA, M. M. M. Comprometimento Organizacio- b) interpessoal, de porta-voz; interpessoal, de líder;
nal Afetivo, Calculativo e Normativo: Evidências Acerca c) informacional, de elemento de ligação; interpessoal,
de símbolo;
da Validade Discriminante de Três Medidas Brasileiras.
d) informacional, de disseminador; interpessoal, de ele-
Encontro da ANPAD (EnANPAD), 2001.
mento de ligação;
e) informacional, de porta-voz; interpessoal, de símbolo.
SOBRAL, F. Administração: teoria e prática no contex-
to brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do 4. (FGV – 2019) Um funcionário está se candidatando,
Brasil, 2013. em uma seleção interna da organização em que traba-
UNILAB. Entenda a diferença entre dados e informa- lha, a uma vaga de coordenador na área de recursos
ção. 2019. Disponível em: <https://www.unilab.com. humanos, cujas atribuições estão descritas como “de-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

br/materiais-educativos/artigos/gestao/diferenca- senho de programas de treinamento; definição das ta-


-entre-dados-e-informacao/>. Acesso em: 10 nov. refas dos subordinados; avaliação do desempenho dos
2020. subordinados”.
Essas atribuições estão relacionadas, respectivamente, às
seguintes funções administrativas:

a) planejamento; direção; direção;


b) organização; organização; controle;
c) organização; direção; controle;
d) planejamento; organização; controle;

444
e) direção; planejamento; direção. e) índice de satisfação dos clientes; grau de satisfação
com a liderança.
5. (FGV – 2018) Uma das funções administrativas refe-
re-se à “geração de informações sobre a execução das 8. (FGV – 2018) Em relação ao conceito de cultura orga-
atividades organizacionais, de forma a garantir o cum- nizacional, assinale a afirmativa correta.
primento das metas planejadas” (Sobral e Peci, 2014, p.
359). a) Abrange os elementos não observáveis, como histó-
Essa função administrativa e duas de suas atribuições es- rias e heróis.
senciais são, respectivamente:
b) Representa apenas os aspectos tangíveis de uma or-
ganização, como artefatos e símbolos.
a) planejamento; definição de metas e alocação de
c) Consiste em características únicas e imutáveis de uma
recursos;
b) organização; alocação de recursos e monitoramento; organização.
c) direção; definição de responsabilidades e avaliação do d) Possui como essência os pressupostos básicos e cren-
desempenho; ças estabelecidas pela organização.
d) controle; monitoramento e correção de desvios; e) Manifesta-se fundamentalmente em organizações da
e) planejamento-controle; definição de metas e correção indústria criativa.
de desvios.
9. (FGV – 2018) Em um órgão público, uma gerente
6. (FGV – 2018) De acordo com Robbins et al. (2011), va- lidera uma equipe de seis funcionários que lidam com
riáveis independentes são as determinantes do compor- atendimento ao público. A gerente percebe que o grupo
tamento humano nas organizações, e as dependentes está desmotivado e vem trabalhando de forma desinte-
são as determinadas. O comportamento organizacional é ressada. Uma pesquisa recente realizada pela área de re-
um campo de estudos que investiga o impacto que os in- cursos humanos mostrou que os funcionários da equipe
divíduos, os grupos e o sistema organizacional (estrutura consideram que seu trabalho é muito repetitivo e que
e dinâmica da organização) têm sobre os componentes não têm autonomia para realizá-lo, apesar de já conta-
humanos no trabalho (tais como produtividade, rotati- rem com muito tempo de experiência. A gerente gostaria
vidade, entre outros), com o propósito de promover a
de efetuar mudanças nos cargos e atribuições da equipe
melhoria da eficácia organizacional.
que permitissem estimular a motivação dos funcionários.
Sobre as variáveis do comportamento organizacional, é
Para tal, na situação descrita, seria mais adequado ado-
correto afirmar que:
tar, de acordo com as teorias de motivação:
a) a produtividade é uma variável independente, pois ela
a) combinação de tarefas e expansão vertical das tarefas;
é uma suposta causa de mudanças nos grupos;
b) abertura de canais de feedback e expansão vertical
b) o sistema organizacional é uma variável independen-
das tarefas;
te, pois ele é determinante, entre outros fatores, da
c) formação de unidades naturais de trabalho e combi-
produtividade das pessoas;
nação de tarefas;
c) o grupo é uma variável dependente, pois ele é um fa-
d) formação de unidades naturais de trabalho e abertura
tor-chave que o comportamento organizacional pre-
de canais de feedback;
tende explicar;
e) abertura de canais de feedback e combinação de
d) a produtividade do pessoal é determinante da rela-
tarefas.
ção entre pessoas, grupos, e estrutura e dinâmica da
organização;
10. (FGV – 2018) Um funcionário da empresa “X” possui
e) a produtividade é uma variável dependente, pois
comportamento influenciado, conforme explicado pela
constitui um fator que condiciona o comportamento
“Pirâmide Maslow”. Dessa maneira, uma importante ação
organizacional.
motivacional após para a satisfação de suas necessidades
fisiológicas, seria
7. (FGV – 2018) A diretora de recursos humanos de uma
fundação privada está organizando a primeira pesquisa
a) a premiação de funcionário do mês.
de clima organizacional da fundação. Ela quer escolher
b) a concessão de equipamentos de segurança.
indicadores que permitam avaliar o clima organizacional,
c) a delegação de tarefas desafiadoras.
a fim de propor futuras ações de melhoria. São indicado-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

d) a estipulação de horário de trabalho adequado.


res do clima organizacional:
e) a oportunidade de maior interação com a clientela.
a) grau de satisfação com os pares; grau de satisfação
com as políticas e práticas de recursos humanos;
b) índice de qualidade do trabalho em equipe; absenteís-
mo total;
c) turnover; grau de satisfação com a organização;
d) índice de adequação do empregado à vaga; índice de
retenção;

445
11. (FGV – 2018) Leia o fragmento a seguir.
“O gestor, para promover o engajamento da força de
ANOTAÇÕES
trabalho, utiliza a prática conhecida por ____________, que
permite maior autonomia de decisão aos colaboradores.”
Assinale a opção que apresenta o termo que completa ___________________________________________________________
corretamente a lacuna do fragmento.
____________________________________________________________
a) empowerment. ___________________________________________________________
b) downsizing.
c) remoção. ___________________________________________________________
d) dramatização.
___________________________________________________________
e) jogo de interpretação de personagens.
____________________________________________________________
12. (FGV – 2018) Um servidor administrativo foi convida-
do a assumir a chefia do departamento de atendimento ____________________________________________________________
a clientes. Após sua apresentação aos subordinados, ele
____________________________________________________________
disse que acredita no potencial do trabalho em grupo.
Em relação a equipes e grupos de trabalho, é correto afir- ____________________________________________________________
mar que:
____________________________________________________________
a) o trabalho em grupo gera sinergia positiva por meio
____________________________________________________________
do esforço coordenado;
b) o trabalho em equipe costuma tomar mais tempo e ____________________________________________________________
consumir mais recursos que o trabalho individual;
c) o trabalho em equipe é aquele em que se interage ____________________________________________________________
basicamente para compartilhar dados, informações e
____________________________________________________________
auxiliar cada membro a atingir suas próprias metas;
d) nos grupos de trabalho, as habilidades são comple- ____________________________________________________________
mentares e a responsabilidade pode ser individual ou
mútua; ____________________________________________________________
e) as equipes multifuncionais são grupos de funcionários
____________________________________________________________
que realizam trabalhos muito relacionados ou interde-
pendentes e assumem muitas das responsabilidades ____________________________________________________________
que cabiam a seus superiores hierárquicos.
____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________
GABARITO
____________________________________________________________
1 E ____________________________________________________________
2 A
3 E ___________________________________________________________
4 B
___________________________________________________________
5 D
6 B ___________________________________________________________
7 A
8 D ___________________________________________________________
9 A
10 D ___________________________________________________________
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

11 A
___________________________________________________________
12 B
___________________________________________________________

___________________________________________________________

___________________________________________________________

___________________________________________________________

___________________________________________________________

446
Polícia Civil do Rio Grande do Norte

PC-RN
Agente de Polícia Civil Substituto

Volume II

NV-006NB-20-B

Cód.: 9088121444966
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
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Obra
Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte - PC-RN
Agente de Polícia Civil Substituto

EDITAL N° 01, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2020

Autores
Língua Portuguesa - Profª Monalisa Costa, Profª Ana Cátia Colares, Profª Giselli Neves,
Profª Gabriela Coelho e Profª Rebecca Soares
Raciocínio Lógico - Profº Bruno Chieregatti e Joao de Sá Brasil
Noções de Informática - Profº Ovidio Lopes da Cruz Netto
Noções de Administração - Profª Nágila Vilela
Noções de Contabilidade - Profª Tatiana Carvalho e Profª Danielle Guimarâes
Noções de Direito Constitucional - Profª Giovana Marques e Profº Eduardo Gigante
Noções de Direito Penal - Profª Karoline Romano e Profº Rodrigo Gonçalves
Noções de Direito Processual Penal - Profª Karoline Romano e Profº Eduardo Gigante
Leis Penais e Processuais Penais Especiais - Profª Karoline Romano e Profº Rodrigo Gonçalves
Noções de Direito Administrativo - Profº Fernando Paternostro Zantedeschi
Noções de Medicina Legal - Profº Ricardo Razaboni

Produção Editorial
Josiane Sarto
Roberth Kairo

Revisão de Conteúdo
Arthur de Carvalho
Carolina Gomes
Clarice Virgilio
Fernanda Silva
Maciel Rigoni

Análise de Conteúdo
Ana Beatriz Mamede
Ana Gabrielly de Souza
Karolaine Assis

Diagramação
Dayverson Ramon
Higor Moreira
Willian Lopes

Capa
Joel Ferreira dos Santos

Edição NOV/2020

www.novaconcursos.com.br

sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO

Este material foi elaborado de acordo com o edital para o concurso da Polícia Civil do Rio
Grande do Norte - Agente de Polícia Civil Substituto, publicado em novembro/2020.
A teoria está subdividida em temas do edital, acompanhada de questões comentadas e,
ao final de cada disciplina, a seção Hora de Praticar, com exercícios gabaritados da banca
organizadora do certame.
No sumário, você encontra o conteúdo didaticamente organizado em assuntos que facilitam
o seu aprendizado, otimizando seu tempo. Nosso propósito é ajudá-lo(a) a se planejar para
alcançar o tão desejado cargo público.
Você poderá intensificar ainda mais a sua preparação por meio de conteúdos suplementares
que disponibilizamos em nosso site. Basta seguir as orientações “Como Acessar meu Bônus”
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SUMÁRIO

Noções de Contabilidade......................................................................................................................................................... 11
Conceitos, Objetivos e Finalidades da Contabilidade................................................................................................................. 11
Patrimônio................................................................................................................................................................................................ 13
Componentes.......................................................................................................................................................................................... 13
Equação Fundamental do Patrimônio........................................................................................................................................... 14
Situação Líquida..................................................................................................................................................................................... 15
Representação Gráfica......................................................................................................................................................................... 16
Atos e Fatos Administrativos.................................................................................................................................................................. 17
Conceitos, Fatos Permutativos, Modificativos e Mistos......................................................................................................... 17
Contas................................................................................................................................................................................................................. 18
Conceitos.................................................................................................................................................................................................. 18
Contas de Débitos, Contas de Créditos e Saldos...................................................................................................................... 19
Plano de Contas............................................................................................................................................................................................. 20
Conceitos.................................................................................................................................................................................................. 20
Elenco de Contas................................................................................................................................................................................... 20
Função e Funcionamento das Contas........................................................................................................................................... 22
Escrituração...................................................................................................................................................................................................... 22
Conceitos, Regime de Competência e Regime de Caixa....................................................................................................... 22
Lançamentos Contábeis, Livros de Escrituração e Métodos e Processos....................................................................... 24
Elementos Essenciais e Fórmulas de Lançamentos.................................................................................................................. 24
Contabilização de Operações Contábeis Diversas........................................................................................................................ 28
Juros............................................................................................................................................................................................................ 30
Descontos................................................................................................................................................................................................. 30
Tributos...................................................................................................................................................................................................... 30
Aluguéis..................................................................................................................................................................................................... 30
Variação Monetária/ Cambial........................................................................................................................................................... 30
Folha de Pagamento............................................................................................................................................................................ 31
Compras.................................................................................................................................................................................................... 33
Vendas e Provisões............................................................................................................................................................................... 33
Depreciações........................................................................................................................................................................................... 34
Baixa de Bens.......................................................................................................................................................................................... 34
Balancete de Verificação............................................................................................................................................................................ 34
Conceitos, Modelos e Técnicas de Elaboração.......................................................................................................................... 34
Balanço Patrimonial..................................................................................................................................................................................... 39
SUMÁRIO

Conceitos.................................................................................................................................................................................................. 39
Objetivo..................................................................................................................................................................................................... 39
Composição............................................................................................................................................................................................. 39
Demonstração de Resiltado de Exercício.......................................................................................................................................... 40
Conceito, Objetivo e Composição.................................................................................................................................................. 40
Lei Nº 6.404/1976 e Suas Alterações.................................................................................................................................................. 44
Dispõe Sobre as Sociedades por Ações....................................................................................................................................... 44
Legislação Complementar e Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).................................................................. 101
Norma Brasileira de Contabilidade - NBC TSP.............................................................................................................................. 107
Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral Pelas
Entidades do Setor Público, De 23 de Setembro de 2016.................................................................................................... 107

Noções de Direito Constitucional................................................................................................................................. 115


Direitos e Garantias Fundamentais...................................................................................................................................................... 115
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos................................................................................................................................... 115
Direito à Vida, Direito à Liberdade, Direito à Igualdade, Direito à Segurança e Direito à Propriedade........ 115
Direitos Sociais................................................................................................................................................................................. 120
Mandado de Segurança................................................................................................................................................................ 122
Mandado de Injunção.................................................................................................................................................................... 123
Ação Popular..................................................................................................................................................................................... 125
Habeas Data...................................................................................................................................................................................... 127
Habeas Corpus.................................................................................................................................................................................. 128
Nacionalidade................................................................................................................................................................................... 129
Cidadania e Direitos Políticos..................................................................................................................................................... 130
Partidos Políticos.............................................................................................................................................................................. 131
Organização do Estado............................................................................................................................................................................... 132
Organização Político-Administrativa............................................................................................................................................. 132
Divisão de Competências................................................................................................................................................................... 132
União.................................................................................................................................................................................................... 132
Estados................................................................................................................................................................................................. 135
Distrito Federal................................................................................................................................................................................. 135
Municípios.......................................................................................................................................................................................... 136
Administração Pública................................................................................................................................................................................ 136
Disposições Gerais................................................................................................................................................................................ 136
Servidores Públicos............................................................................................................................................................................... 140
SUMÁRIO

Poder Executivo............................................................................................................................................................................................. 141


Formas e Sistema de Governo................................................................................................................................................................ 144
Ministério Público......................................................................................................................................................................................... 144
Defesa do Estado e das Instituições Democráticas...................................................................................................................... 145
Segurança Pública................................................................................................................................................................................. 145
Ordem Social................................................................................................................................................................................................... 145
Seguridade Social.................................................................................................................................................................................. 146
Meio Ambiente....................................................................................................................................................................................... 149
Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso........................................................................................... 150
Constituição do Estado do Rio Grande do Norte......................................................................................................................... 151

Noções de Direito Penal............................................................................................................................................................. 163


Princípios Básicos.......................................................................................................................................................................................... 163
Aplicação da Lei Penal................................................................................................................................................................................ 167
A Lei Penal no Tempo e no Espaço................................................................................................................................................. 167
Tempo e Lugar do Crime.................................................................................................................................................................... 169
Territorialidade e Extraterritorialidade da Lei Penal................................................................................................................. 170
Crimes................................................................................................................................................................................................................. 170
Classificação............................................................................................................................................................................................ 170
Dolo e Culpa............................................................................................................................................................................................ 171
Crime Consumado e Tentado........................................................................................................................................................... 175
Ilicitude e Causas de Exclusão.......................................................................................................................................................... 180
Excesso Punível....................................................................................................................................................................................... 182
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz...................................................................................................................... 182
Culpabilidade.......................................................................................................................................................................................... 183
Crimes Impossíveis................................................................................................................................................................................ 183
Erro.............................................................................................................................................................................................................. 183
Teoria do Crime.............................................................................................................................................................................................. 187
O Fato Típico e Seus Elementos........................................................................................................................................................................ 187
Concurso de Pessoas.................................................................................................................................................................................... 187
Concurso de Crimes..................................................................................................................................................................................... 190
Teoria Geral da Pena.................................................................................................................................................................................... 191
Espécies e Aplicação............................................................................................................................................................................. 191
Extinção da Punibilidade........................................................................................................................................................................... 198
SUMÁRIO

Crimes Contra a Pessoa.............................................................................................................................................................................. 202


Crimes Contra o Patrimônio.................................................................................................................................................................... 210
Crimes Contra a Propriedade Imaterial............................................................................................................................................. 222
Crimes Contra a Dignidade Sexual....................................................................................................................................................... 224
Crimes Contra a Incolumidade Pública.............................................................................................................................................. 226
Crimes Contra a Paz Pública.................................................................................................................................................................... 230
Crimes Contra a Fé Pública....................................................................................................................................................................... 231
Crimes Contra a Administração Pública............................................................................................................................................ 234

Noções de Direito Processual Penal.......................................................................................................................... 265


Inquérito Policial........................................................................................................................................................................................... 265
Histórico, Natureza e Conceito........................................................................................................................................................ 265
Finalidade, Características, Fundamento e Titularidade......................................................................................................... 265
Grau de Cognição.................................................................................................................................................................................. 265
Valor Probatório..................................................................................................................................................................................... 266
Formas de Instauração........................................................................................................................................................................ 266
Notitia Criminis...................................................................................................................................................................................... 269
Delatio Criminis...................................................................................................................................................................................... 269
Procedimentos Investigativos........................................................................................................................................................... 269
Indiciamento............................................................................................................................................................................................ 270
Garantias do Investigado................................................................................................................................................................... 270
Conclusão................................................................................................................................................................................................. 271
Prova.................................................................................................................................................................................................................... 271
Preservação de Local de Crime........................................................................................................................................................ 271
Requisitos e Ônus da Prova............................................................................................................................................................... 271
Nulidade da Prova................................................................................................................................................................................. 272
Documentos de Prova......................................................................................................................................................................... 272
Reconhecimento de Pessoas e Coisas........................................................................................................................................... 272
Acareação................................................................................................................................................................................................. 274
Indícios...................................................................................................................................................................................................... 276
Busca e Apreensão................................................................................................................................................................................ 276
Restrição de Liberdade............................................................................................................................................................................... 277
Prisão em Flagrante.............................................................................................................................................................................. 277
Prisão Preventiva................................................................................................................................................................................... 281
SUMÁRIO

Liberdade Provisória............................................................................................................................................................................. 284


Cautelares Diversas............................................................................................................................................................................... 288

Leis Penais e Processuais Penais Especiais....................................................................................................... 293


Lei N. 7.210, de 11 de Julho de 1984 (Execução Penal)............................................................................................................ 293
Lei N. 8.072, de 25 de Julho de 1990 (Lei de Crimes Hediondos)........................................................................................ 305
Lei N. 8.137, de 27 de Dezembro de 1990 (Crimes Contra a Ordem Econômica e Tributária e as Relações
de Consumo).................................................................................................................................................................................................... 306
Lei N. 9.296, de 24 de Julho de 1996 (Lei de Interceptação Telefônica).......................................................................... 312
Lei N. 9.503, de 23 de Setembro de 1997 (CTB)............................................................................................................................ 314
Lei N. 10.826, de 22 de Dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento)..................................................................... 318
Lei N. 11.340, de 7 de Agosto de 2006 (Lei Maria da Penha)................................................................................................. 325
Lei N. 11.343, de 23 de Agosto de 2006 (Lei de Drogas).......................................................................................................... 333
Lei N. 12.850, de 2 de Agosto de 2013 (Crime Organizado)................................................................................................... 345
Lei N. 13.869, de 5 de Setembro de 2019 (Lei de Abuso de Autoridade)........................................................................ 351
Lei N. 13.964, de 24 de Dezembro de 2019 (Pacote Anticrime)........................................................................................... 359

Noções de Direito Administrativo............................................................................................................................... 395


Estado, Governo e Administração Pública....................................................................................................................................... 395
Conceitos, Elementos, Poderes e Organização, Natureza, Fins e Princípios.................................................................. 395
Direito Administrativo................................................................................................................................................................................ 397
Conceito, Fontes e Princípios............................................................................................................................................................ 397
Administração Direta e Indireta: Órgãos Públicos....................................................................................................................... 401
Agentes Públicos........................................................................................................................................................................................... 411
Processo Administrativo............................................................................................................................................................................ 412
Poderes Administrativos........................................................................................................................................................................... 413
Ato Administrativo....................................................................................................................................................................................... 419
Serviços Públicos........................................................................................................................................................................................... 424
Bens Públicos................................................................................................................................................................................................... 435
Controle da Administração...................................................................................................................................................................... 441
Tribunais de Contas e Ministério Público......................................................................................................................................... 444
Improbidade Administrativa................................................................................................................................................................... 446
Responsabilidade Civil do Estado......................................................................................................................................................... 450
Licitação............................................................................................................................................................................................................. 456
SUMÁRIO

Contratos Administrativos....................................................................................................................................................................... 462


Lei Orgânica e Estatuto da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte (Lei Complementar Estadual
Nº 270/2004 e Suas Alterações)............................................................................................................................................................ 464
Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei Nº 13.146/2015)...................................................................................................... 477

Noções de Medicina Legal...................................................................................................................................................... 485


Conceitos Importâncias e Divisões da Medicina Legal.............................................................................................................. 485
Corpo de Delito, Perícia e Peritos em Medicina Legal............................................................................................................... 486
Documentos Médico‐Legais.................................................................................................................................................................... 488
Conceitos de Identidade, de Identificação e de Reconhecimento....................................................................................... 488
Principais Métodos de Identificação................................................................................................................................................... 488
Lesões e Mortes Por Ação Contundente, Por Armas Brancas e Por Projéteis de Arma de Fogo Comuns e
de Alta Energia............................................................................................................................................................................................... 492
Conceito e Diagnóstico da Morte......................................................................................................................................................... 496
Fenômenos Cadavéricos............................................................................................................................................................................ 496
Cronotanatognose, Comoriência e Promoriência........................................................................................................................ 497
Exumação.......................................................................................................................................................................................................... 498
Causa Jurídica da Morte............................................................................................................................................................................ 498
Morte Súbita e Morte Suspeita.............................................................................................................................................................. 498
Exame de Locais de Crime........................................................................................................................................................................ 499
Aspectos Médico‐Legais das Toxicomanias e da Embriaguez................................................................................................ 499
Lesões e Morte Por Ação Térmica, Por Ação Elétrica, Por Baropatias e Por Ação Química.................................... 500
Aspectos Médico‐Legais dos Crimes Contra a Liberdade Sexual......................................................................................... 503
Asfixias Por Constrição Cervical, Por Sufocação, Por Restrição aos Movimentos do Tórax e Por Modificações
do Meio Ambiente........................................................................................................................................................................................ 505
Aspectos Médico‐Legais do Aborto, Infanticídio e Abandono de Recém‐Nascido.................................................... 507
Modificadores e Avaliação Pericial da Imputabilidade Penal e da Capacidade Civil. Doença Mental,
Desenvolvimento Mental Incompleto ou Retardado, Perturbação Mental.................................................................... 508
Aspectos Médico Legais do Testemunho, Da Confissão e da Acareação......................................................................... 510
Aspectos Médico‐Legais das Lesões Corporais e dos Maus-Tratos a Menores e Idosos.......................................... 513
A contabilidade integra o rol das ciências exatas por estar
dedicada à mensuração da riqueza do ente contábil.

NOÇÕES DE CONTABILIDADE ( ) CERTO  ( ) ERRADO

Ao ler o item acima, notamos que ele é errado, pois a


CONCEITOS, OBJETIVOS E FINALIDADES DA Contabilidade é uma Ciência e, como tal, integra o ramo
CONTABILIDADE das Ciências sociais, assim como a Economia e a Admi-
nistração. Portanto não é de exatas, pois as modificações
patrimoniais são resultados de ações humanas, ainda
CONTABILIDADE que use de métodos quantitativos como ferramenta.

Considerações Iniciais 2. (AOCP-2012) Com relação ao conceito, objetivo e fi-


nalidade da contabilidade, analise as assertivas e assinale
Olá, futuro(a) Concursado!!! Apesar da suspensão a alternativa que aponta as alternativas corretas:
temporária das provas, o momento é de reorganizar seu
cronograma de estudos, avaliar deficiências, destacar I. O objetivo da contabilidade consiste em gerar infor-
prioridades e, principalmente, persistir. mações para o controle e a tomada de decisões.
Esse material foi elaborado com o intuito de ser um II. As três finalidades básicas para as quais se usa infor-
material de revisão geral e também de aprendizado ace- mações contábeis são: planejamento, controle e auxí-
lerado por aprofundar aquilo que é mais importante para lio no processo decisório.
você fazer uma excelente prova e ganhar muitos pontos III. O objeto de estudo da contabilidade, no seu sentido
nesta matéria. Portanto, serão destacados os principais mais amplo da ciência social, é o registro contábil e a
pontos do edital, pois os acertos em Contabilidade e Es- transferência de propriedades.
tatística, com certeza irão fazer um diferencial gigantesco IV. A contabilidade pode ser conceituada como ciência
na sua aprovação, para alavancar sua posição. Pois, acer- que estuda, registra, controla e interpreta os fatos
tando questões nessas matérias (levando em conta que ocorridos no patrimônio das entidades com fins lucra-
você está “voando” nas demais), é possível conseguir a tivos ou não.
tão sonhada aprovação e posse nesses cargos. Isso por-
que a maioria dos candidatos negligenciam essas maté- a) Apenas I, II e IV.
rias. b) Apenas II, III e IV.
Diante o exposto, mantenha-se focado(a), continue c) Apenas I, II e III.
estudando, e nada de desânimo!!! d) Apenas I, III e IV.
e) I, II, III e IV.
CONCEITOS BÁSICOS
Ao ler as assertivas acima, notamos que a letra A é a
Conceitos acerca da contabilidade correta e para um melhor entendimento, vamos analisar
cada item:
Nesse tópico, o costuma cobrar questões conceituais
e exige do candidato saber, principalmente, as defini- I. O objetivo da contabilidade consiste em gerar infor-
ções trazidas pelos CPC 00 – Estrutura Conceitual e Lei mações para o controle e a tomada de decisões. certo.
6.404/76. Vamos lá!
Embora o objetivo seja o controle do patrimônio, al-
• Contabilidade: é uma ciência que tem por objeto gumas bancas têm considerado que o fornecimento de
o patrimônio das entidades e por objetivo o con- informações como sendo o objetivo da Contabilidade.
trole desse patrimônio, com a finalidade de forne-
cer informações a seus usuários.
• Objeto: Patrimônio das entidades; #FicaDica
• Objetivo: Controle do patrimônio;
• Finalidade: Fornecer informações úteis aos usuários. Leve para sua prova que a AOCP possui
• Campo de Aplicação: Entidades que possuam pa- esse entendimento.
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

trimônio ou aziendas.

Veja como foi cobrado: II. As três finalidades básicas para as quais se usa in-
formações contábeis são: planejamento, controle e
1. (CESPE-2018) Considerando que a contabilidade é auxílio no processo decisório: certo.
a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais sob o
aspecto da finalidade organizacional, julgue o item a se- Vimos que a finalidade da Contabilidade é fornecer
guir, no que se refere a conceitos, objetivos e finalidades informações úteis aos usuários. E ser útil abrange o pla-
da contabilidade: nejamento, o controle e o auxílio no processo decisório,

11
pois, veremos na próxima definição de Relatório Contá-
bil, justamente isso: o usuário poder utilizar as informa- FIQUE ATENTO!
ções contábeis no seu processo decisório, que envolve: Embora existam destinatários primários, eles
planejar, controlar e decidir suas ações a partir dos dados não são os únicos, pois as DCs se destinam a
informados.
usuários externos em geral.
III. O objeto de estudo da contabilidade, no seu sentido
mais amplo da ciência social, é o registro contábil e a
transferência de propriedades: errado. • Não existe possibilidade de postergação de di-
vulgação de informações! A banca vai tentar te
Já poderíamos “de cara” descartar o item III, pois o enrolar, contar uma história quase convincente,
objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio da mas você não vai cair nessa! Fornecer prontamente
entidade e não o registro contábil ou transferência de informação fidedigna e relevante é a prioridade!
propriedades, como afirma o item, e apenas com essa
definição, já eliminamos os itens b, c, d e e. Restando Veja como foi cobrado:
apenas o nosso gabarito, letra a.
3. (CESPE-2016) De acordo com o pronunciamen-
Mas, vamos comentar o último item: to técnico CPC 00 (R1) — estrutura conceitual para ela-
boração e divulgação de relatórios contábil-financeiros
IV. A contabilidade pode ser conceituada como ciên- —, julgue o item a seguir, referente a conceito, objetivos
cia que estuda, registra, controla e interpreta os fatos e usuários da contabilidade:
ocorridos no patrimônio das entidades com fins lucra- O objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito
tivos ou não: certo. geral é fornecer informações contábil-financeiras úteis
acerca da entidade para a tomada de decisão por parte
Não se engane! A Contabilidade é uma ciência, não de usuários internos, como os gerentes de produção, e
é uma matéria de exatas, como muitos pensam. E o item de usuários externos, como os acionistas.
retrata perfeitamente o conceito básico da Contabilidade
que vimos anteriormente. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Portanto, o gabarito é Letra A.
Ao ler o item acima, notamos que ele está errado.
Resolução: Vamos desmembrar a assertiva e analisar
Relatório contábil-financeiro de propósito geral
todas as partes, pois as bancas adoram esconder pegadi-
(rcpg)
nhas no meio delas.
• Relatório Contábil-Financeiro de Propósito Ge- “O objetivo do relatório contábil-financeiro de pro-
ral (RCPG) ou Relatório Financeiro para Fins Ge- pósito geral é fornecer informações contábil-financeiras
rais é a própria Demonstração Contábil (DC). úteis acerca da entidade...: Correta essa parte, pois o
• O objetivo do RCPG é fornecer informações so- objetivo do RCPG é fornecer informações úteis sobre
bre a entidade. Essas informações devem ser úteis a entidade.
para investidores existentes e em potencial, a ... para a tomada de decisão por parte de usuários in-
credores por empréstimos e a outros credores, ternos, como os gerentes de produção, e de usuários ex-
na tomada de decisões referentes à oferta de re- ternos, como os acionistas.”: Errado esse trecho, pois os
cursos para a entidade. RCPGs se destinam aos usuários externos em geral, pois
• A tomada de decisões se refere às decisões sobre: os usuários internos (gerentes de produção) não são
(a) comprar, vender ou manter instrumento de os destinatários primários dos RCPGs, pois, estando
patrimônio e de dívida; dentro da empresa, podem conseguir informações além
(b) conceder ou liquidar empréstimos ou outras daquelas disponibilizadas em tais relatórios. Mas, os
formas de crédito; ou acionistas precisam de informações para tomarem suas
(c) exercer direitos de votar ou de outro modo decisões, logo são um dos destinatários, assim como os
influenciar os atos da administração que afetam investidores, financiadores e outros credores.
o uso dos recursos econômicos da entidade.
• Demonstrações contábeis para fins gerais – For-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

ma específica de relatórios financeiros para fins


gerais que fornecem informações sobre os ativos,
EXERCÍCIOS COMENTADOS
passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas
da entidade que reporta. 1. (CESPE-2016) De acordo com o pronunciamento téc-
• Os relatórios contábil-financeiros (RCPGs) se des- nico CPC 00 (R1) — estrutura conceitual para elaboração
tinam primariamente aos seguintes usuários ex- e divulgação de relatórios contábil-financeiros —, julgue
ternos, sem hierarquia de prioridade: o item a seguir, referente a conceito, objetivos e usuários
- Investidores (atuais ou potenciais), da contabilidade.
- Financiadores (credores por empréstimos), Os relatórios contábil-financeiros de propósitos gerais
- Outros credores. não são os instrumentos que atendem a todas as infor-

12
mações de que os usuários externos — investidores, cre- 2. (CESPE – 2018) Considerando que a contabilidade é
dores por empréstimos e outros credores, existentes e a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais sob o
em potencial — necessitam. aspecto da finalidade organizacional, julgue o item a se-
guir, no que se refere a conceitos, objetivos e finalidades
( ) CERTO  ( ) ERRADO da contabilidade:
Sob a ótica citada, o objeto da contabilidade é o patri-
Resposta: Certo mônio do ente contábil específico.
OPA! Apareceu a palavra “todas” e você já ligou seu ( ) CERTO  ( ) ERRADO
sinal de alerta, né!? Mas aqui ele está corretíssimo!
Exatamente, como constava na versão anterior do CPC Resposta: Certo
00 (R1) e ainda continua semelhante na versão R2 - De fato, o objeto da Contabilidade é o Patrimônio
CPC00 (R2), os relatórios contábil-financeiros de pro- da entidade ou ente contábil específico.
pósitos gerais (RCPGs) não são os instrumentos que
atendem a todas as informações de que os usuários
PATRIMÔNIO
externos precisam. Principalmente, porque isso seria
impossível: Os usuários tem as mais diversas neces-
sidades.
COMPONENTES
Vejamos o trecho da norma que trata sobre o assunto:
O Patrimônio é um conjunto de Bens, Direitos e Obri-
“CPC 00 (R2): 1.6 Contudo, relatórios financeiros para
gações de uma pessoa ou empresa, avaliado em moeda.
fins gerais não fornecem nem podem fornecer todas
as informações de que necessitam investidores, cre-
COMPONENTES DO PATRIMÔNIO
dores por empréstimos e outros credores, existentes
e potenciais. Esses usuários precisam considerar in-
Assim, imaginamos o Patrimônio da seguinte maneira:
formações pertinentes de outras fontes, como, por
exemplo, condições e expectativas econômicas gerais,
eventos políticos e ambiente político e perspectivas Bens
do setor e da empresa.” Direitos
Patrimônio =
Mas, o que isso quer dizer, afinal? Caro(a) aluno(a), Obrigações
Patrimônio Líquido
muitos examinadores vão tentar te convencer de que
os RCPGs devem atender as necessidades específicas
dos Agentes Tributários, Auditores Fiscais, etc., vão te Bens: tudo o que uma empresa possui para seu uso,
contar uma história quase convincente, mas você não troca, venda; desde que estejam relacionados com sua
cairá nessa! Os RCPGs são elaborados para atender atividade econômica.
as necessidades dos usuários externos, mas segundo Os Bens podem ser classificados como:
padrões internacionais de contabilidade, seguindo o Bens materiais: Que possuem corpo, matéria.
que consta na estrutura conceitual. Bens móveis: aqueles que podem ser removidos de
Logo, é inviável adaptar esses mesmos RCPGs para fi- lugar, sem que altere sua estrutura ou característica. Ex.
nalidades específicas. Qualquer outro órgão, por mais Carro, mesa, computador, mercadorias, etc.
poder que ele tenha, vai encontrar outro meio de soli- Bens imóveis: os que não podem ser deslocados. Ex.
citar as informações específicas deles. Casas, edifícios, etc.
Portanto, responda sem medo, e não caia na conversa Bens imateriais: Aqueles que não possuem corpo, não
fiada do examinador! têm matéria. Ex. Direitos autorais, marcas, patentes, etc.
Se liga!
• RCPG’s não atendem a todas as necessidades dos #FicaDica
usuários externos;
• RCPG’s não atendem a nenhuma necessidade adi- Os animais são considerados Bens semo-
cional específica; ventes e se enquadram no grupo dos Bens
• RCPG’s não fornecem o valor da entidade que re- móveis. Bens imateriais, só existem no papel.
porta a informação.
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Veja como foi cobrado: Direitos: todos os valores que a empresa tem a re-
ceber por um determinado motivo, estão em poder de
terceiros.

13
Aspectos Quantitativos: Este aspecto consiste em das
#FicaDica a esses Bens, Direitos e Obrigações seus respectivos va-
lores.
Esses Direitos geralmente aparecem com a
denominação dos elementos, seguidos da Bens:
expressão a receber: Duplicatas a receber,
promissórias a receber, aluguéis a receber, • Dinheiro: R$ 50.000,00
etc. • Veículos: R$ 500.000,00
• Máquinas: R$ 800.000,00

Obrigações: todos os valores que a empresa tem a Direitos:


pagar para pagamento a terceiros.
• Duplicatas a receber: R$ 30.000,00
• Promissórias a receber: R$ 20.000,00
#FicaDica
Essas Obrigações geralmente aparecem Obrigações:
com a denominação dos elementos, segui-
dos da expressão a pagar ou a recolher. • Duplicatas a pagar: R$ 80.000,00
• Impostos a recolher: R$ 5.000,00

EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DO PATRIMÔNIO


Patrimônio Líquido: Também chamado por alguns
profissionais da área de Contabilidade de “a verdadeira
O conceito Balanço Patrimonial é a representação
riqueza da empresa”, é a diferença entre o valor do Ativo
quantitativa do patrimônio de uma entidade. Devido o
e do Passivo. Depois de realizar esse cálculo, para efei-
Patrimônio ser o conjunto de Bens, Direitos e Obrigações
to de encerramento definitivo das atividades, seu saldo
de uma empresa, o balanço recebeu esta denominação.
seria o que o que teriam disponíveis para recebimentos Grande parte das empresas faz o possível para que
(caso positivo) sócios, acionistas, investidores, etc. No o Ativo (Bens e Direitos) supere o Passivo (Obrigações),
entanto, é uma Obrigação devida aos investidores. neste caso, a representação de seu patrimônio, ou seja, o
Balanço Patrimonial será:
Aspectos qualitativos e quantitativos do patrimônio
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
O Patrimônio é composto por Bens, Direitos e Obri- (Lado esquerdo) (Lado direito)
gações. Porém, apenas com essas informações não é
possível avaliar o tamanho do Patrimônio de uma empre- Porém, em casos que o Passivo superar o Ativo, have-
sa. Neste caso, há necessidade de destacar dois aspectos rá a situação de Patrimônio Líquido Negativo, ou Passivo
que a Contabilidade leva em consideração para repre- a Descoberto. O Balanço Patrimonial será assim:
sentar de forma adequada os elementos que compõem
o Patrimônio: o Qualitativo e o Quantitativo. ATIVO + PASSIVO A DESCOBERTO = PASSIVO ou
Aspectos Qualitativos: Este aspecto consiste em qua- ATIVO = PASSIVO + PASSIVO A DESCOBERTO (PATRI-
lificar os Bens, Direitos e Obrigações. MÔNIO LÍQUIDO NEGATIVO)
Bens:
Representação gráfica do patrimônio
• Dinheiro
• Veículos O Patrimônio tem sua representação gráfica no for-
• Máquinas mato de T:

Direitos: Patrimônio

• Duplicatas a receber Obrigações Bens


• Promissórias a receber Direitos
NOÇÕES DE CONTABILIDADE


Obrigações:

• Duplicatas a pagar
• Impostos a recolher

No gráfico temos, de um lado, os Bens e os Direitos;


que formam o grupo dos Elementos Positivos e do outro
lado, as Obrigações, que formam então, o grupo dos Ele-
mentos Negativos.

14
Os Elementos Positivos são chamados de Componen- Agora que nossa representação gráfica já está estru-
tes Ativos e seu conjunto forma o Ativo. São os Bens e turada com a Situação Líquida Patrimonial, passaremos a
os Direitos da entidade discriminados em moeda. Caixa, chamá-la de Balanço Patrimonial.
Bancos, Imóveis, Veículos, Equipamentos, Mercadorias, Ativo < Passivo:
Contas a Receber são alguns dos Bens e Direitos que
uma empresa geralmente dispõe. Balanço patrimonial
Os Elementos Negativos são denominados Compo- Ativo Passivo
nentes Passivos e sua composição forma o Passivo. São
as Obrigações a pagar, ou seja, os valores que as em-
Bens 110,00 Obrigações 430,00
presas devem a terceiros. Contas a Pagar, Fornecedores,
Salários a Pagar, Impostos a Pagar são algumas das Obri- Direitos 120,00
gações assumidas por uma empresa.
Total 230,00 Total 430,00
Ativo Passivo
A Situação Líquida Patrimonial é de R$ 200,00. Deve-
Bens Obrigações
rá ser colocada ao lado do Passivo e subtraída ao valor
Móveis e Utensílios Salários a Pagar das Obrigações. Temos uma Situação Líquida Patrimonial
Estoque de Mercadorias Duplicatas a Pagar Negativa.
Direitos
Duplicatas a Receber Balanço patrimonial
Promissórias a Receber
ATIVO PASSIVO
SITUAÇÃO LÍQUIDA
Bens 110,00 Obrigações 430,00
O total dos Bens (+) o total dos Direitos (–) o total das
(-) Situação Líquida
Obrigações é chamado de Situação Líquida Patrimonial. Direitos 120,00
Patrimonial 200,00
No Gráfico Patrimonial, a Situação Líquida Patrimonial é
colocada ao lado direito. Ela será somada ou subtraída
das Obrigações, de modo a igualar o Passivo com o Ativo. Total 430,00 Total 430,00
Conforme for estruturando nosso gráfico, receberá o
nome de Patrimônio Líquido, que são as Obrigações com Ativo = Passivo:
os sócios: capital, reservas, resultados.
Balanço patrimonial
Ativo Passivo
Ativo Passivo

Bens Obrigações
Bens 210,00 Obrigações 370,00
Duplicatas a pagar
Caixa 40.000 Direitos 160,00
65.000
Salários a pagar
Móveis 80.000 Total 370,00 Total 370,00
10.000
Impostos a pagar
Estoque de mercadorias 30.000 Neste caso, não há lucro ou prejuízo a ser registrado,
60.000
pois a Situação Patrimonial Líquida é Nula.

(+) Situação Ativo > Passivo:


Direitos
Líquida 55.000
Duplicatas a receber 20.000 Balanço patrimonial
Promissórias a receber 20.000 Ativo Passivo
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Total 190.000 Total 190.000 Bens 300,00 Obrigações 130,00


Direitos 90,00
Situações Líquidas Possíveis:
Positiva – Ativa - Superavitária: Ativo > Passivo
Negativa – Passiva – Deficitária – Passivo a Descober- Total 390,00 Total 130,00
to: Ativo < Passivo
Nula: Ativo = Passivo

15
A Situação Líquida Patrimonial é de R$ 260,00. Deverá Os Elementos Negativos são denominados Compo-
ser colocada ao lado do Passivo e adicionada ao valor nentes Passivos e sua composição forma o Passivo. São
das Obrigações. Temos uma Situação Líquida Patrimonial as Obrigações a pagar, ou seja, os valores que as em-
Positiva. presas devem a terceiros. Contas a Pagar, Fornecedores,
Salários a Pagar, Impostos a Pagar são algumas das Obri-
Balanço patrimonial gações assumidas por uma empresa.
Ativo Passivo
Ativo Passivo
Bens Obrigações
Bens 300,00 Obrigações 130,00
Móveis e Utensílios Salários a Pagar
(+) Situação Líquida
Direitos 90,00 Estoque de Mercadorias Duplicatas a Pagar
Patrimonial 260,00
Direitos
Total 390,00 Total 390,00 Duplicatas a Receber
Promissórias a Receber
Patrimônio líquido

O Patrimônio Líquido é a diferença de valor entre o EXERCÍCIOS COMENTADOS


Ativo e o Passivo, em determinado momento.
Vamos conhecer o Patrimônio Líquido de uma supos-
ta empresa: 1. (CESPE - 2016) Deve-se reconhecer um passivo, caso
haja uma obrigação futura da entidade, derivada de
Ativo 20.000 eventos passados, cuja liquidação resultará na saída de
Passivo 10.300 recursos da entidade capazes de gerar benefícios eco-
nômicos.
Patrimônio Líquido 9.700
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
As principais fontes do Patrimônio Líquido são:
Investimento dos sócios: realizados pelos proprietá-
Resposta: Errado.
rios em troca de ações, quotas ou demais participações.
Passivo é uma obrigação presente da entidade, deriva-
Lucros: Acumulados e não distribuídos aos sócios.
da de eventos passados, cuja liquidação se espera que
Capital social: Investimento inicial na abertura da em-
resulte na saída de recursos da entidade capazes de
presa ou na integralização de um novo sócio. gerar benefícios econômicos. Conforme RESOLUÇÃO
CFC N.º 1.374/11 4.16. PASSIVO Deve-se fazer uma
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA distinção entre obrigação presente e compromisso
futuro. A decisão da administração de uma entidade
O Patrimônio tem sua representação gráfica no for- para adquirir ativos no futuro não dá origem, por si só,
mato de T: a uma obrigação presente. A obrigação normalmente
surge somente quando um ativo é entregue ou a en-
Patrimônio tidade ingressa em acordo irrevogável para adquirir
o ativo. Nesse último caso, a natureza irrevogável do
Bens Obrigações acordo significa que as consequências econômicas de
Direitos deixar de cumprir a obrigação, como, por exemplo, em
função da existência de penalidade contratual signifi-
cativa, deixam a entidade com pouca, caso haja algu-
ma, liberdade para evitar o desembolso de recursos
em favor da outra parte.

No gráfico temos, de um lado, os Bens e os Direitos; 2. (CESPE - 2016) Havendo liquidação de empresa em
que formam o grupo dos Elementos Positivos e do outro situação líquida nula ou equilibrada, o seu ativo será su-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

lado, as Obrigações, que formam então, o grupo dos Ele- ficiente apenas para o pagamento das dívidas com ter-
mentos Negativos. ceiros, não sendo suficiente para o pagamento do capital
Os Elementos Positivos são chamados de Componen- próprio.
tes Ativos e seu conjunto forma o Ativo. São os Bens e
os Direitos da entidade discriminados em moeda. Caixa, (  ) CERTO   (  ) ERRADO
Bancos, Imóveis, Veículos, Equipamentos, Mercadorias,
Contas a Receber são alguns dos Bens e Direitos que Resposta: Certo.
uma empresa geralmente dispõe. Esta Situação Líquida ocorre quando os valores do Ati-
vo e Passivo se igualam. Não há riqueza alguma para
a empresa

16
modifica apenas a composição do ativo circulante com
ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS o aumento das disponibilidades (Caixa/Bancos) e dimi-
nuição da Conta Clientes. Aqui o lançamento seria de 1ª
fórmula, com 1 lançamento a débito e 1 lançamento a
CONCEITOS, FATOS PERMUTATIVOS, MODIFICATI- crédito (11 ou 1D1C).
VOS E MISTOS

• Fato Contábil ou Administrativo: Acontecimen- EXERCÍCIOS COMENTADOS


tos que provocam alterações qualitativas e/ou
quantitativas no patrimônio da empresa, poden-
1. (UFPR – 2019) Os fatos contábeis são aqueles que
do alterar, ou não, a situação líquida patrimonial.
têm por escopo promover alteração no patrimônio de
• Atos Administrativos: não provocam nenhuma
uma entidade. A respeito do assunto, considere as se-
alteração no patrimônio da empresa, por isso, não
guintes afirmativas:
são contabilizados. Ex.: falta de um colaborador.
1. Os sistemas de contabilidade registram fatos que po-
dem afetar o patrimônio das entidades qualitativa ou
Desse modo, o que interessa para a Contabilidade
quantitativamente.
Geral são os Fatos contábeis. Ainda, podemos segregá-
2. Os fatos contábeis podem ser segregados em três gru-
-los nos três grupos abaixo, quais sejam: modificativos,
pos: modificativos, permutativos e mistos.
permutativos e mistos.
3. Os fatos permutativos podem ser entre elementos do
ativo, passivo, de ambos, ou entre elementos da situação
• Fatos Permutativos (qualitativos): aqueles que
líquida.
não alteram o valor do patrimônio líquido.
4. Os atos contábeis são os atos mais relevantes que al-
• Fatos Modificativos (quantitativos): aqueles que
teram o patrimônio da entidade.
alteram o valor do patrimônio líquido.
Assinale a alternativa correta.
• Fatos Mistos (compostos): são aqueles que são si-
multaneamente permutativos e modificativos.
a) Somente a afirmativa 4 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
Vejamos alguns exemplos:
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
Vendas de mercadorias a prazo no valor de R$ 100
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
– Lançamentos:
e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
No momento da venda a prazo: (fato contábil misto
– altera contas tanto de resultado, quanto patrimoniais)
Resposta: Letra C.
Item 1) certo: Como o próprio enunciado traz: “Os fa-
D – Clientes (AC) 100 (aumenta o saldo de um direito
tos contábeis são aqueles que têm por escopo promo-
da empresa – patrim).
ver alteração no patrimônio de uma entidade”, logo, os
C – Receita de Vendas (RES.) 60 (aumenta o resultado
sistemas de contabilidade registram fatos que podem
– por competência).
afetar o patrimônio das entidades qualitativa ou quan-
C – Estoques (AC) 40 (diminui o saldo da conta Esto-
titativamente.
ques – patrim).
Item 2) certo: Lembrando das características dos Fatos
Contábeis:
No recebimento de vendas a prazo (fato contábil
Fatos Permutativos (qualitativos): aqueles que não
permutativo – apenas contas patrimoniais)
alteram o valor do patrimônio líquido.
Fatos Modificativos (quantitativos): aqueles que alte-
D - Caixa ou Bancos (AC) 100 (Aumenta as disponibi-
ram o valor do patrimônio líquido.
lidades em caixa)
Fatos Mistos (compostos): são aqueles que são simul-
C – Clientes (AC) 100 (baixa do direito de receber dos
taneamente permutativos e modificativos.
clientes)
Desse modo, os fatos contábeis podem sim ser segre-
gados nos três grupos acima, quais sejam: modificati-
Assim, na venda, ocorre um aumento do Patrimônio
vos, permutativos e mistos.
Líquido com a Receita de Vendas, em função do regime
Item 3) certo: Como, pela definição, os fatos permu-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

de competência (ocorrência do fato gerador), ao mes-


tativos não alteram o valor do PL, logo, os registros
mo tempo em que ocorre alterações patrimoniais (entre
ocorreram somente em contas do Ativo, do Passivo ou
contas do Ativo – Clientes e Estoques). Sendo, portanto
em ambos, como uma compensação entre elementos,
um fato misto. Podemos classifica-lo também como um
tanto do Ativo, quanto do Passivo e do Patrimônio Lí-
Lançamento de 2ª fórmula, com 1 débito e 2 créditos (12
quido, mas sem aumentar, nem diminuir a Situação
ou 1D2C).
Líquida da entidade.
Item 4) errado: Atos Contábeis, são aqueles eventos
Entretanto, no recebimento, não ocorre alteração
que não ocasionam alteração de patrimônio (ativos,
no patrimônio líquido da entidade, pois já ocorreu no
passivos e PL) da entidade. Podemos exemplificar
momento da venda. Temos então, um fato permutativo:

17
como atos: a contratação ou demissão de funcioná-
rios, mas que ainda não geraram um lançamento con-
tábil imediato, pois, lembremos que utilizamos o re- EXERCÍCIOS COMENTADOS
gime de competência (quando ocorre o referido fato
gerador). Assim, os Atos Contábeis não são os mais 1. (CESPE-2018) A respeito de contas, julgue o item se-
relevantes, mas sim os fatos contábeis. guinte:
Logo, somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. As contas permitem o registro dos fatos administrativos
do dia a dia da entidade, os quais, por sua vez, são funda-
Escrituração, plano de contas e contabilização mentais para a elaboração das demonstrações contábeis
e para o cumprimento dos objetivos da contabilidade.
O lançamento (registro contábil) é o meio pelo qual
ficam registrados os fatos contábeis do período, pode ( ) CERTO  ( ) ERRADO
envolver mais de duas contas, podendo ser classificado
Resposta: Certo.
como lançamentos de 1ª, 2ª, 3ª ou 4ª fórmula.
As contas são os nomes que qualificam os elementos
patrimoniais, logo permitem o registro dos fatos ad-
Fórmulas de lançamento ministrativos do dia a dia da entidade. Tudo isso para
atingir o objetivo da Contabilidade, que é controlar o
As fórmulas de lançamento nada mais são do que patrimônio.
uma convenção, são utilizadas para identificar a quanti-
dade de contas debitadas e/ou creditadas em um regis- 2. (CESPE – 2018) Julgue o seguinte item, que trata do
tro contábil. plano de contas:
Existem quatro fórmulas: A conta perdas estimadas por redução ao valor realizável
líquido, componente do subgrupo estoques, tem nature-
za credora, apesar de figurar no ativo.
FIQUE ATENTO!
Para identificar cada uma delas, recomendo ( ) CERTO  ( ) ERRADO
decorar a seguinte sequência de débitos e
créditos: 11, 12, 21, 22, para definir os res- Resposta: Certo.
pectivos lançamentos de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª fór- A conta “perdas estimadas por redução ao valor rea-
mula. lizável líquido” é uma conta retificadora do subgrupo
“Estoques” pertencente ao Ativo. Por sua natureza, é
uma conta credora, isto é, aumenta o seu saldo a cré-
dito, apesar de estar no grupo Ativo, faz com que o
Vejamos um resumo desse assunto na tabela a seguir: saldo do ativo seja diminuído.

FÓRMULAS DE LANÇAMENTO 3. (CESPE-2018) Considere os dados da tabela a seguir,


1 (uma) conta debitada e 1 retidos da contabilidade de determinada sociedade em-
1° Fórmula: 11 1D1C presarial, com valores em reais:
(uma) conta creditada;
1 (uma) conta debitada e 2
2° Fórmula: (duas ou mais) contas credita- 12 1D2C caixa e equivalentes 10.000
das; duplicatas a receber 80.000
2 (duas ou mais) contas de- estoques 50.000
3° Fórmula: bitadas e 1 (uma) uma conta 21 2D1C máquinas 100.000
creditada; terrenos 160.000
2 (duas ou mais) contas debi- marcas e patentes 100.000
4° Fórmula: tadas e 2 (duas ou mais) contas 22 2D2C fornecedores 200.000
creditadas. duplicatas descontadas 40.000
salários e encargos a pagar 200.000
capital social 150.000
CONTAS vendas de mercadorias 1.000.000
custo das mercadorias vendidas 600.000
despesas administrativas 90.000
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

CONCEITOS despesas comerciais 160.000


despesas financeiras 33.000
Contas são nomes que qualificam os elementos pa- outras despesas 41.000
trimoniais (bens, direitos, obrigações,...) e os quantifi- IR e CSLL 26.000
cam por meio dos saldos devedores e credores. Como o
objetivo da Contabilidade é o controle do patrimônio Com base nessas informações, julgue o item que se se-
de uma empresa, esse controle é exercido através dos gue:
lançamentos contábeis realizados nas respectivas contas As contas do ativo dessa empresa somam R$ 500.000.
que representam esses elementos patrimoniais e, analo-
gamente, nas contas de resultado (receitas e despesas). (  ) CERTO  ( ) ERRADO

18
Resposta: Certo. Contas Número ou Código
As contas do Ativo compreendem tanto o Ativo circu-
lante quanto o Ativo não circulante. Vamos classificar Ativo
Caixa 10.1
cada conta, adicionando uma coluna a mais na tabela Contas a receber 10.2
apresentada. Na hora da prova, isso te ajuda a econo- Estoques 10.3
mizar tempo. Terrenos 10.4
Passivo
caixa e equivalentes 10.000 AC Contas a Pagar 20.1
Patrimônio Líquido
duplicatas a receber 80.000 AC Capital 30.1
estoques 50.000 AC
máquinas 100.000 ANC-imobilizado Razonetes
terrenos 160.000 ANC-imobilizado
marcas e patentes 100.000 ANC-intangível Há algum tempo, as contas eram registradas em um
fornecedores 200.000 PC livro chamado Razão. Atualmente, as movimentações
duplicatas descontadas 40.000 PC são registradas e armazenadas em Softwares e progra-
salários e encargos a pa- PC mas ERP. Ainda assim, a estrutura de contas é conhecida
200.000
gar como Razonete. Sua representação gráfica é apresentada
capital social 150.000 PL em forma de T.
vendas de mercadorias 1.000.000 DRE – REC Contas de débitos, contas de créditos e saldos
custo das mercadorias DRE – DESP Todo lançamento realizado no lado esquerdo de uma
600.000
vendidas conta é denominado Débito e os lançamentos realiza-
despesas administrativas 90.000 DRE – DESP dos do lado direito da conta são chamados Crédito. Para
despesas comerciais 160.000 DRE – DESP quem não entende bem esses conceitos, pensaram que
despesas financeiras 33.000 DRE – DESP débito seria algo prejudicial à empresa e crédito algo
outras despesas 41.000 DRE – DESP favorável. Porém, essas denominações são convenções
IR e CSLL 26.000 DRE contábeis, ou seja, uma espécie de regra da Contabili-
Nem sempre as contas do Ativo, Passivo, PL e resulta- dade.
do irão aparecer ordenados em sequência. Por isso, é A diferença entre o total de débitos e o total de crédi-
bom analisar todas as contas. Nesse caso, iremos so- tos realizados em uma conta, é denominada saldo. Caso
mar as 6 primeiras contas, que compreendem o AC e os débitos sejam superiores aos créditos, a conta terá um
ANC: saldo devedor; na situação contrária, a conta terá seu sal-
do credor.
caixa e equivalentes 10.000 AC
duplicatas a receber 80.000 AC Título da conta
estoques 50.000 AC
máquinas 100.000 ANC-imobilizado Lado do débito Lado do crédito
terrenos 160.000 ANC-imobilizado
marcas e patentes 100.000 ANC-intangível
Total do Ativo 500.000
Logo, Correta a assertiva: As contas do ativo dessa
empresa somam R$ 500.000.

CONTAS DE DÉBITOS, CONTAS DE CRÉDITOS E


SALDOS
Método das partidas dobradas
Conceitos
O conceito universal desse método é que o registro
As operações contábeis provocam aumentos e dimi- de qualquer operação implica que para um débito em
nuições no Ativo, Passivo e no Patrimônio Líquido. Essas uma ou mais contas, deverá existir um crédito de valor
variações são registradas cada qual em sua Conta, que é igual em uma ou mais contas. Dessa maneira, a soma
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

a identificação técnica que recebe os elementos do Pa- dos valores debitados sempre será a mesma dos valores
trimônio. debitados.
As contas devem ser numeradas ou codificadas de
acordo com suas características dos elementos que re-
presentam.

19
1.Ativo
EXERCÍCIOS COMENTADO 1.1 Ativo circulante

1 - (CESPE - 2013) Com relação aos componentes do


patrimônio e suas modificações e as contas representati- 1.1.1 Disponível
vas do resultado das companhias, julgue o item seguinte. 1.1.1.01 Caixa
Conta é o conjunto de levantamentos que reflete um ele- 1.1.1.02 Banco c/Movimento
mento ou componente de um patrimônio social, expri- 1.1.1.02.01 Banco X
mindo, em geral, sua grandeza monetária. 1.1.1.02.02 Banco Y
1.1.1.03 Aplicação de Liquidez Imediata
(  ) CERTO   (  ) ERRADO 1.1.1.04 Cheques em Cobrança
1.1.1.05 Numerários em Trânsito
Resposta: Certa 1.1.2 Realizável a Curto Prazo
A resposta nos dá mais de um entendimento sobre as 1.1.2.01 Duplicatas a Receber
contas, que inclusive, estão corretos. Quando afirma que 1.1.2.02 (-) Duplicatas Descontadas
reflete um elemento do patrimônio social, explica o as-
1.1.2.03 (-) Provisão p/Devedores Duvidosos
pecto qualitativo, já sua grandeza monetária expressa o
aspecto quantitativo. 1.1.2.04 Impostos a Recuperar
1.1.2.04.01 ICMS a Recuperar
2 - (CESPE -2016) Pelo sistema de partidas dobradas, a con- 1.1.2.05 Cheques a Receber
ta caixa e equivalentes é debitada pelo ingresso de recursos 1.1.2.06 Adiantamento a Fornecedores
financeiros na entidade, e creditada por ocasião dos paga- 1.1.2.07 Adiantamento a Empregados
mentos em caixa.
1.1.3 Estoque
(  ) CERTO   (  ) ERRADO 1.1.3.01 Matérias – Primas
Resposta: Certo 1.1.3.02 Material Secundário
O método das partidas dobradas tem como conceito uni- 1.1.3.03 Produtos em Elaboração
versal que para todo lançamento a débito, deverá existir
um ou mais a crédito que resulte no mesmo valor. As
contas do ativo aumentam com um lançamento a débito 1.1.3.04 Produtos Acabados
e diminuem com lançamento a crédito, ou seja, a afirma- 1.1.3.05 Mercadorias
ção está correta. 1.1.3.06 Material de Expediente

1.1.4 Despesas Antecipadas


PLANO DE CONTAS 1.1.4.01 Seguros a Vencer
1.1.4.02 Encargos Financeiros a Apropriar
1.1.4.03 Assinaturas e Anuidades
CONCEITOS
1.2 Ativo não circulante
O Plano de Contas é o conjunto de contas contábeis
de uma empresa. Elaborado para registrar os fatos con-
tábeis, o plano é criado de acordo com as necessidades 1.2.1 Realizável a Longo Prazo
individuais de cada entidade, por isso, é necessário seu 1.2.2 Títulos a Receber
planejamento e estruturação bem antecipado a ocorrên- 1.2.3 Depósitos Judiciais
cia das operações. 1.2.4 Adiantamentos a Sócios
1.2.5 Adiantamentos a Acionistas
ELENCO DE CONTAS 1.2.6 Empréstimos a Coligadas
1.2.7 Empréstimos a Controladas
O Elenco de Contas determina as regras para o regis-
tro das operações e tem como base, três características
fundamentais: 1.2.8 Investimentos
1.2.8.01 Ações de Controladas
• Apresentar as informações de forma organizada 1.2.8.02 Ações de Coligadas
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

para que a empresa possa utilizá-las quando for 1.2.8.03 Ações de Outras Empresas
necessário.
• Exibir o formato conforme os princípios da Conta-
bilidade.
• Estar em concordância com as exigências dos
agentes externos, de preferência com as leis refe-
rentes à Receita Federal.

20
1.2.9 Imobilizado 2.3.2 Reservas de Capital
1.2.9.01 Edificações 2.3.3 Ajustes de Avaliação Patrimonial
1.2.9.02 Móveis e Utensílios 2.3.4 Reservas de Lucros
1.2.9.03 Veículos 2.3.4.01 Reserva Legal
1.2.9.04 Ferramentas 2.3.4.02 Reserva de Incentivos Fiscais
1.2.9.05 Máquinas e Equipamentos 2.3.4.03 Reserva Estatutária
1.2.9.06 Reflorestamentos 2.3.4.04 Reserva para expansão
1.2.10 Intangível 2.3.4.05 Reserva para contingências
1.2.10.01 Fundo de Comércio Adquirido 2.3.5 (-) Ações em Tesouraria
1.2.10.02 Marcas e Patentes 2.3.6 (-) Prejuízos Acumulados
1.2.10.03 Benfeitorias em Prédios de terceiros 2.3.7 Resultado Transitório do Exercício em Curso
1.2.10.04 Demais bens incorpóreos
1.2.10.XX (-) Amortização Acumulada 3. Receitas

2.Passivo 3.1 Receitas Operacionais


3.1.1 Vendas
2.1 Passivo circulante 3.1.1.01 Receita de Vendas de Produtos
3.1.1.02 Receita de Vendas de Mercadorias
2.1.1 Fornecedores 3.1.1.03 Receita de Prestação de Serviços
2.1.2 Duplicatas a Pagar 3.1.2 Financeiras
2.1.3 Salários a Pagar 3.1.2.01 Juros Ativos
2.1.4 INSS a Recolher 3.1.2.02 Juros de Aplicações Financeiras
2.1.5 FGTS a Recolher 3.1.2.03 Descontos Obtidos
2.1.6 Provisão p/ 13º Salário 3.1.2.04 Variação Monetária Ativa
2.1.7 Dividendos a Pagar 3.1.3 Outras Receitas Operacionais
2.1.8 Imposto de Renda a Recolher 3.1.3.01 aluguéis e Arrendamentos
2.1.9 Contribuição Social a Recolher 3.1.3.02 Vendas Acessórias
2.1.10 Provisão p /Férias 3.1.3.03 Dividendos e Lucros Recebidos
2.1.11 ICMS a Recolher
3.2 Receitas Não-Operacionais
2.1.12 PIS Receita Bruta a Recolher
2.1.13 Cofins Receita Bruta a Recolher 3.2.1 Diversas
2.1.14 PIS Importação a Recolher 3.2.1.01 Lucro na Venda de Bens
2.1.15 Cofins Importação a Recolher 3.2.1.02 Lucro na Alienação de Imóveis
2.1.16 Empréstimos Bancários 3.2.1.03 Lucro na Alienação de Veículos
3.2.1.03 Lucro na Alienação de Móveis e Utensílios
2.2 Passivo não circulante 3.2.1.03 Indenizações Recebidas

4. Despesas
2.2.1 Adiantamento de Sócios
2.2.2 Adiantamento de Acionistas
4.1 Despesas operacionais
2.2.3 Empréstimos de Coligadas
2.2.4 Empréstimos de Controladas
4.1.1 Despesas Administrativas
4.1.1.01 Honorários da Diretoria
2.3 Patrimônio líquido
4.1.1.02 Salários e Ordenados
4.1.1.03 Encargos Sociais
2.3.1 Capital Social Subscrito e Integralizado 4.1.1.04 Energia Elétrica
2.3.1.01 Capital Subscrito 4.1.1.05 Material de Expediente
2.3.1.02 (—) Capital a Integralizar 4.1.1.06 Indenizações e Aviso Prévio
2.3.1.02.01 (—) Sócio 1 4.1.1.07 Manutenção e Reparos
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

2.3.1.02.02 (—) Sócio 2 4.1.1.08 Serviços Prestados por Terceiros


4.1.1.09 Seguros
4.1.1.10 Telefone
4.1.1.11 Propaganda e Publicidade

21
4.1.2 Despesas com Vendas
ESCRITURAÇÃO
4.1.2.01 Honorários da Diretoria
4.1.2.02 Salários e Ordenados
4.1.2.03 Encargos Sociais CONCEITOS, REGIME DE COMPETÊNCIA E REGIME
4.1.2.04 Energia Elétrica DE CAIXA
4.1.2.05 Material de Expediente
4.1.2.06 Indenizações e Aviso Prévio A Escrituração Contábil é uma das 4 Técnicas Con-
4.1.2.07 Manutenção e Reparos tábeis que registra os fatos contábeis através das De-
4.1.2.08 Serviços Prestados por Terceiros monstrações Contábeis, onde são contabilizadas as alte-
4.1.2.09 Seguros rações qualitativas ou quantitativas do patrimônio.
4.1.2.10 Telefone A obrigatoriedade da Escrituração Contábil advém
4.1.2.11 Propaganda e Publicidade da Lei 10.406/02 (Código Civil) em seu Art. 1.179. Mas,
4.2 Despesas Não-Operacionais ainda de acordo coma mesma lei, estão dispensados
4.2.1. Perdas na Alienação de Imóveis apenas: o produtor rural e o pequeno empresário (aque-
4.2.2 Perdas na Alienação de Móveis e Utensílios le que aufere receita bruta anual de até R$ 81.000,00 (oi-
4.2.3 Perdas na Alienação de Veículos tenta e um mil reais).
4.2.3 Outras Baixas do Ativo Não Circulante
4.2.4 Provisões para Perdas Permanentes Regime de competência

FUNÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS CONTAS No regime de competência reconhecemos a receita e


despesa de acordo como seu fato gerador. As receitas
A Função do plano de contas é orientar o desenvolvi- são reconhecidas (contabilizadas) quando são geradas
mento do trabalho da Contabilidade no registro de fatos, (ganhas) e as despesas, quando são incorridas, indepen-
além de ser fundamental na elaboração das demonstra- dentemente de seu recebimento ou pagamento, res-
ções financeiras (DRE, Fluxo de Caixa e Balanço Patrimo- pectivamente.
nial). Via de regra, iremos utilizar o Regime de Competên-
cia para registro dos Fatos Contábeis. Vejamos como a
Funcionamento das contas Lei 6.404/76 trata desse assunto:

Contas Patrimoniais: é o conjunto de contas que apre- “Art. 177. A escrituração da companhia será manti-
sentam o Ativo (Bens e Direitos) e o Passivo (Obrigações da em registros permanentes, com obediência aos pre-
e Patrimônio Líquido – capital social, reservas e lucros ou ceitos da legislação comercial e desta Lei e aos prin-
prejuízos acumulados). Essas contas representam o Patri- cípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo
mônio da empresa, através do Balanço Patrimonial. observar métodos ou critérios contábeis uniformes
Contas de Resultado: Receitas e Despesas de um de- no tempo e registrar as mutações patrimoniais se-
terminado período e devem ser encerradas no final do gundo o regime de competência.
exercício da empresa para que se apure o resultado (lu- § 1º As demonstrações financeiras do exercício em que
cro ou prejuízo). Essas contas não são demonstradas no houver modificação de métodos ou critérios contábeis,
Balanço Patrimonial. de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e res-
saltar esses efeitos.
§ 2° A companhia observará exclusivamente em li-
vros ou registros auxiliares, sem qualquer modifi-
EXERCÍCIO COMENTADO cação da escrituração mercantil e das demonstrações
reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou
1. (CESPE – 2002) Considerando a contabilidade geral, de legislação especial sobre a atividade que constitui
julgue o item a seguir. A contabilidade depende de um seu objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem
plano para a sua escrituração, que é um conjunto de a utilização de métodos ou critérios contábeis diferen-
contas compatível com as necessidades de registro das tes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes
transações da empresa em que cada conta deve ter uma ou a elaboração de outras demonstrações financei-
função e as condições de funcionamento (quando deve ras. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

ser debitada e creditada). § 3o  As demonstrações financeiras das companhias


abertas observarão, ainda, as normas expedidas
(  ) CERTO   (  ) ERRADO pela Comissão de Valores Mobiliários e serão
obrigatoriamente submetidas a auditoria por
Resposta: Certo. auditores independentes nela registrados.  (Redação
A função do plano de contas é reunir as contas exis- dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
tentes em uma entidade para organizar e estruturar os § 4º As demonstrações financeiras serão assinadas
registros contábeis. pelos administradores e por contabilistas legal-
mente habilitados.”

22
Regime de caixa:

As receitas e as despesas são contabilizadas/registra-


EXERCÍCIOS COMENTADOS
das com as entradas ou saídas de dinheiro no caixa da
empresa, respectivamente. Assim, a receita é considera- 1. (AOCP - 2016) Uma determinada empresa efetuou,
da ganha/realizada quando for efetivamente recebida em 30/10/2015, um desconto de duplicatas no valor de
em caixa. Já a despesa é considerada incorrida, quando R$ 60.000,00. Nessa operação, houve o desconto de R$
for realmente paga. 1.800,00 a título de juros. Sabe-se que a empresa apura
Agora vou apresentar algumas contas que as bancas mensalmente o seu resultado. Considerando essas
costumam cobrar, das quais os alunos ficam em dúvida, informações, qual é o lançamento que deveria ter sido
e você precisa estar atento(a): feito no momento do desconto da duplicata?

• Duplicata: é um título de crédito utilizado em a) Débito – Banco Conta Movimento (Ativo) R$ 58.200,00.
operações de compra e venda a prazo. Representa Débito – Juros a Transcorrer (Ativo) R$ 1.800,00.
uma ordem de pagamento, que resulta da dupli- Crédito – Duplicata Descontada (Passivo) R$ 60.000,00.
cação da fatura (Souza, Sérgio Adriano – CGERAL b) Débito – Banco Conta Movimento (Ativo) R$ 58.200,00.
3D-2016). Débito – Juros a Transcorrer (Ativo) R$ 1.800,00.
• Duplicatas a receber: é um (Ativo) direito da Crédito – Duplicata Descontada (Ativo) R$ 60.000,00.
empresa a receber um valor em dinheiro. Seus c) Débito – Banco Conta Movimento (Ativo) R$ 58.200,00.
sinônimos são: Duplicatas a receber = Clientes Débito – Despesas Financeiras (Resultado) R$ 1.800,00.
= Devedores por Duplicatas = Duplicatas Emiti- Crédito – Duplicata Descontada (Ativo) R$ 60.000,00.
das (Direito). d) Débito – Banco Conta Movimento (Ativo) R$ 58.500,00.
• Duplicatas a pagar: é uma obrigação da entidade Débito – Juros a Transcorrer (Passivo) R$ 1.500,00.
com terceiros (Passivo). Seus sinônimos são: Du- Crédito – Duplicata Descontada (Passivo) R$ 60.000,00.
plicatas a pagar = Fornecedores = Credores por e) Débito – Banco Conta Movimento (Ativo) R$ 58.200,00.
Duplicatas = Duplicatas Aceitas (Obrigação). Débito – Juros a Transcorrer (Passivo) R$ 1.800,00.
• Duplicatas descontadas: Após a Lei 11.941/09, as Crédito – Duplicata Descontada (Passivo) R$ 60.000,00.
duplicatas descontadas passaram a ser classifica-
das no Passivo Circulante. Sendo uma conta reti- Resposta: Letra E.
ficadora desse, devido ao fato de que a essência Após a Lei 11.941/09, as duplicatas descontadas pas-
das duplicatas descontadas é a de um financia- saram a ser classificadas no Passivo Circulante. Sendo
mento bancário (passivo) por antecipação do seu uma conta retificadora desse, devido ao fato de que a
recebimento junto ao banco. essência das duplicatas descontadas é a de um fi-
• Adiantamento a Fornecedores: é um direito da nanciamento bancário (passivo) por antecipação do
empresa com o fornecedor, pois a empresa paga seu recebimento junto ao banco.
antecipadamente ao fornecedor e esse fica na Assim, o banco antecipa esse valor, fazendo a reten-
obrigação de entregar a mercadoria ou realizar o ção dos juros negociados na operação do desconto.
serviço para a empresa. Logo, trata-se de uma con- O valor líquido recebido pela empresa será o valor do
ta de Ativo para a empresa. título (valor de face) menos os juros aplicados.
• Adiantamento de Clientes: é uma obrigação da A contabilização no dia do desconto da duplicata se-
empresa, pois o Cliente pagou antecipadamente a ria:
empresa por uma mercadoria ou serviço a ser en- Débito – Banco Conta Movimento (Ativo)     R$
tregue/prestado posteriormente. Logo, trata-se de 58.200,00.
um Passivo para a Empresa. Débito – Juros a Transcorrer (Passivo)       R$ 1.800,00.
• Juros Passivos a transcorrer: é uma conta reti- Crédito – Duplicata Descontada (Passivo)   R$
ficadora do Passivo. São despesas que a empre- 60.000,00.
sa já pagou, mas que ainda não foram incorridas. Juros a Transcorrer é uma conta retificadora do Pas-
Isso porque segue o regime de competência e será sivo (muito cobrada, por sinal) decorrente da apro-
apropriada ao longo do tempo. Logo, fica no lado priação dos juros pelo regime de competência, sendo
direito do Balanço Patrimonial, na conta do Pas- portanto, de natureza Devedora.
Já a conta Duplicata Descontada, também é um Pas-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

sivo, retificando seu saldo, ou seja, terá seu saldo


aumentado a débito (conta Juros passivos a trans- sivo, uma vez que gera uma obrigação da empresa
correr – natureza devedora). em pagar o valor desta ao banco, pois o banco está
adiantando o valor de face da duplicata à empresa e,
ao mesmo tempo, retendo os juros referentes a essa
operação.
Assim, vai entrar “efetivamente” no caixa da empresa
apenas R$58.200,00, pois o banco já reteve o valor re-
ferente aos juros dessa transação (R$1.800,00). Assim,
ocorre um débito no valor de R$ 58.200,00 na conta

23
Banco Conta Movimento (Ativo), pois o Ativo tem seu saldo aumentado a débito.   
Mas, como utilizamos o Regime de Competência, o valor dos juros R$1.800,00 só vai ser apropriado ao resultado,
como despesa, posteriormente, conforme manda o regime.
Logo, o lançamento que deveria ter sido feito no momento do desconto da duplicata seria o disposto na Letra E:

Agora, vejamos um esquema acerca das formalidades da Escrituração:

LANÇAMENTOS CONTÁBEIS, LIVROS DE ESCRITURAÇÃO E MÉTODOS E PROCESSOS

Livros Contábeis

São livros nos quais a entidade registra a ocorrência de todos os fatos contábeis. Para sua prova, é necessário apren-
der os mais cobrados: Livro Razão e Livro Diário.
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Plano de contas

Apesar da doutrina dominante utilizar como sinônimos o Plano de Contas e o Elenco de Contas, as bancas, como
você já deve ter ouvido dizer, possuem uma jurisprudência própria em alguns assuntos e esse é um deles. Assim, levan-
do isso para sua prova, temos que:

24
• plano de contas constitui um conjunto de nor-
mas ou relação padronizada que descreve o fun- #FicaDica
cionamento de cada conta. Compõem-se do Elen-
• Contas Analíticas: discriminam de forma
co de Contas e do Manual de Contas.
clara e bem detalhada as contas lançadas
• elenco de contas: é uma relação das contas uti-
no livro razão. Ex.: Conta Banco Bradesco
lizadas por uma entidade ou empresa na sua es-
(discrimina cada débito e crédito, dupli-
crituração contábil. Não indica a função ou fun-
catas a receber/recebidas etc);
cionamento das contas. Trata-se de uma relação
• Contas Sintéticas: resumem ou sinteti-
das contas com seu respectivo código e título
zam o saldo de uma série de contas de
(nome) que compõem um plano.
mesma natureza. Ex.: Conta Bancos (resu-
mem o somatório da movimentação de
todas as contas bancárias movimentadas
EXERCÍCIOS COMENTADOS no período).

1. (AOCP – 2009) Qual é o significado do plano de


contas? Outro conceito importante é referente às contas re-
tificadoras, pois são contas que funcionam de forma
a) Utilizam-se equipamentos (máquinas) contábeis para oposta às respectivas contas das quais se propõem a re-
a elaboração da contabilidade. tificar. Podem ser contas do ativo, do passivo e do pa-
b) Uniformização dos nomes das contas a serem movi- trimônio líquido. Nesses casos, possuem saldo e com-
mentadas pela contabilidade; uniformização de no- portamento inverso aos das contas que retificam.
menclaturas. Exemplo: a conta duplicatas descontadas é uma con-
c) Analisa a apuração do resultado dos negócios, abran- ta retificadora do passivo. Como o passivo é de natureza
gendo toda a movimentação do caixa, inclusive de fi- credora, a conta duplicatas descontadas é de natureza
nanciamento e investimento. devedora, isto é, tem seu saldo aumentado a débito.
d) Evidencia a distribuição do lucro do período somado
com saldos de lucros anteriores.
e) Elenco das contas que serão movimentadas pela con- EXERCÍCIOS COMENTADOS
tabilidade em virtude das operações realizadas pela
empresa.
1. (CESPE- 2018) Julgue o seguinte item, que trata do
Resposta: Letra E. plano de contas:
Nessa questão da AOCP, evidenciamos que a banca Um plano de contas consiste em uma relação com o có-
segue a doutrina dominante, na qual o plano de digo de cada conta e o respectivo título.
conta e elenco de contas são considerados como si-
nônimos. Portanto, leve esse entendimento para sua ( ) CERTO  ( ) ERRADO
prova!
As demais alternativas não contêm nenhuma relação Resposta: Errado.
com o Plano de Contas, sendo que cada entidade ado- O examinador inverteu as definições, pois tratou do
ta um Plano de Contas de acordo com suas neces- elenco de contas, uma vez que o plano de contas
sidades. Por exemplo, uma concessionária de carros constitui um conjunto de normas ou relação padroni-
terá um Plano/Elenco de Contas bem diferente de um zada que descreve o funcionamento de cada conta. Já
Supermercado. o elenco de contas que vai descrever a relação de cada
conta a partir de seu código e título.
Contas Analíticas e Sintéticas
2. (CESPE-2013) Em relação às contas e à escrituração
Ainda podemos classificar as contas em dois níveis, contábil, julgue o item seguinte:
que as bancas adoram cobrar em prova. As contas analíticas são a base do sistema de acumula-
ção contábil e têm o maior grau de detalhamento das
informações contábeis.
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Resposta: Certo.
As contas analíticas possuem maior grau de detalha-
mento das informações contábeis, de fato, e também
são a base do sistema de acumulação contábil, jus-
tamente por discriminar minuciosamente cada conta.

25
Leia o texto abaixo para responder as questões a, b e c: Lançamento Contábil a prazo:
D Estoques em trânsito 50.000
3. (CESPE-2018) Determinada sociedade comercial criou C Fornecedores 50.000
uma rubrica contábil para abrigar os valores dos esto-
ques em trânsito. Na abertura do exercício corrente, essa Lançamento à vista:
rubrica possuía saldo de R$ 50.000. A respeito dessa situ- D Estoques em trânsito 50.000
ação hipotética, julgue as questões seguintes. C Caixa ou Equivalentes de caixa 50.000

a) A referida conta é de natureza credora. 4. (CESPE-2018) Nas demonstrações contábeis de deter-


minada empresa, foram selecionadas as contas a seguir,
( ) CERTO  ( ) ERRADO reunidas em quatro grupos, e seus respectivos saldos.

Resposta: Errado. Grupo 1:


A conta Estoques é uma conta de natureza devedora, caixa e equivalentes R$ 10.000
por ser uma conta do Ativo Circulante. Mas, o que se- créditos contra clientes R$ 350.000
riam os Estoques em trânsito? Essa é uma conta utili- estoques para revenda R$ 250.000
zada quando as mercadorias adquiridas para estoques veículos R$ 120.000
estão em movimentação entre a indústria e um centro Grupo 2:
de distribuição, devido a condições logísticas. Logo, a duplicatas descontadas R$ 100.000
Conta “Estoques em Trânsito” é também de natureza fornecedores R$ 80.000
devedora, pois seu saldo é aumentado a débito. salários e encargos a pagar R$ 50.000
Grupo 3:
b) No plano de contas da sociedade, a conta descrita in- capital social R$ 400.000
tegra o ativo disponível. reservas de lucros R$ 100.000
Grupo 4:
( ) CERTO  ( ) ERRADO
depreciação R$ 15.000
vendas líquidas R$ 2.000.000
Resposta: Errado
salários e encargos R$ 450.000
No plano de contas, a conta estoques em trânsito in-
tegra o ativo circulante, mas não o ativo disponível.
Com base nessas informações, julgue as questões a e b
Mas o que seria o ativo disponível? É composto pelas
abaixo:
disponibilidades imediatas, como por exemplo: caixa
e equivalentes de caixa, Bancos conta movimento, ou
a) Um fato modificativo exige um registro contábil em
seja, todo numerário que está prontamente disponí-
vel para uso, com uma liquidez mais imediata que o conta do grupo 4.
ativo circulante “Comum”. Pense por exemplo, em um
cheque de R$ 50.000 no caixa da empresa e um lote ( ) CERTO  ( ) ERRADO
de mercadorias no valor de R$ 50.000, qual você acha
que tem maior disponibilidade, no caso de a empre- Resposta: Certo.
sa precisar desse valor em dinheiro? Do cheque, não Primeiro vamos relembrar a definição de fato modifi-
é mesmo? Pois a mercadoria depende da sua venda cativo: São fatos quantitativos, uma vez que alteram
a terceiros, e pode ser que nem aconteça de vender o valor do patrimônio líquido. Desse modo, sempre
todo esse valor. envolverão contas de Receita ou de Despesa. Logo,
Na verdade, o examinador tentou criar uma confusão vamos aos grupos destacados na questão.
entre as contas “Estoques em trânsito” e “Numerários O grupo 1 possui apenas contas do Ativo, o Grupo
em trânsito”, essa última sim, trata-se de uma disponi- 2: do Passivo, Grupo 3: Patrimônio Líquido, Grupo 4:
bilidade, isto é, integra o ativo disponível. Contas de resultado, ou seja, de receitas (vendas líqui-
Portanto, a conta “Estoques em trânsito” não integra das) e de despesas (depreciação e salários e encargos).
o ativo disponível. Portanto, para ocorrer um fato modificativo, deverá
haver um registro em contrapartida a uma conta do
c) A aquisição de mercadorias para revenda, quando grupo 4, como por exemplo:
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

classificável na conta mencionada, gerará uma contra- D Depreciação 15.000 (grupo 4)


partida em conta de fornecedores ou de caixa e equi- C Veículos 15.000 (grupo 1)
valentes.
Se a empresa realizar um crédito em conta do grupo 1,
( ) CERTO  ( ) ERRADO em contrapartida a um débito em contas dos grupos 2 e
4, ela estará representando um fato misto.
Resposta: Certo.
Pois, se for adquirido a prazo, a contrapartida será em ( ) CERTO  ( ) ERRADO
fornecedores. Caso seja à vista, será em Caixa ou Equi-
valentes de Caixa.

26
Resposta: Certo. ELEMENTOS ESSENCIAIS E FÓRMULAS DE LANÇA-
Um fato misto é um fato composto, isto é, aquele que MENTOS
é simultaneamente permutativo e modificativo. Logo,
teremos lançamentos em contas patrimoniais e de re- O lançamento, de acordo com o método das partidas
sultado. dobradas, é realizado em ordem cronológica e os ele-
Vamos elaborar um exemplo para ficar mais claro: mentos que o compõem obedecem a uma determinada
D salários e encargos a pagar 10.000 (passivo – grupo 2) disposição:
D salários e encargos 10.000 (despesa – grupo 4) Local e data da ocorrência do fato.
C caixa e equivalentes 10.000 (ativo – grupo 1) Comprovar a veracidade do documento que foi emi-
tido na operação.
5. (AOCP-2018) Segundo a Lei 6404/76, a conta Reserva Identificar elementos envolvidos na operação.
para Contingências Futuras deverá figurar no balanço, no Identificar qual conta será utilizada para registrar
cada um dos elementos da operação.
a) Ativo Circulante.
Preparar o histórico de lançamento.
b) Ativo Não Circulante.
Identificar a conta em quais contas o lançamento será
c) Passivo Circulante.
debitado e creditado.
d) Passivo Não Circulante.
e) Patrimônio Líquido. Efetuar o lançamento.

Resposta: Letra E. Com relação às fórmulas de lançamentos utilizadas,


De acordo com a Lei 6.404/76: são quatro:
“Reservas para Contingências
Art. 195. A assembléia-geral poderá, por proposta dos 1ª) Fórmula simples: uma conta devedora e uma cre-
órgãos da administração, destinar parte do lucro líqui- dora. Pode ser empregada em todas as operações
do à formação de reserva com a finalidade de compen- da empresa desde que sejam escrituradas opera-
sar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decor- ção uma a uma.
rente de perda julgada provável, cujo valor possa ser
estimado. Fato: recebimento de uma duplicata no valor de R$
§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá 700,00.
indicar a causa da perda prevista e justificar, com as
razões de prudência que a recomendem, a constituição Data
da reserva.
§ 2º A reserva será revertida no exercício em que deixa- Caixa (Débito)
rem de existir as razões que justificaram a sua constitui- a Duplicatas a receber (Crédito)
ção ou em que ocorrer a perda.”
A Banca denominou essa Reserva de “reserva para Recebimento de duplicata nº 1210
contingências futuras”, que não macula em nada a de Alpha e Cia. R$700,00
questão, uma vez que é uma reserva a ser utilizada
futuramente, se necessário. 2ª) Fórmula composta: uma conta devedora e diver-
A reserva para contingências futuras compõe a conta sas credoras.
reserva de lucros, que você deve ter bem fresco em
sua memória: figura no conjunto das Contas do Patri- Fato: recebimento de uma duplicata no valor de R$
mônio Líquido. 700,00. Vendas de mercadorias à vista no valor de R$
Vamos deixar registrada uma importante lição ensina- 400,00.
da pelo ilustre Prof. Sérgio Adriano em seu Livro Con-
tabilidade Geral 3D:
“As Reservas de Lucros são valores acumulados no Pa- Data
trimônio Líquido da Empresa para utilização posterior, Caixa (Débito)
que transitam pelo resultado de exercício. De acordo a Diversos (Crédito)
com as leis 6.404/76 e 11.941/09 compõem as Reservas
de Lucros: a Duplicatas a receber
Art. 193 Reserva Legal; Recebimento de duplicata nº 1210
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Art. 194 Reserva Estatutária;


de Alpha e Cia. R$700,00
Art. 195 Reserva para Contingências;
Art.195-A Reserva de Incentivos Fiscais; a Vendas
Art. 196 Reserva de Retenção de Lucros; Vendas de mercadorias à vista
Art. 197 Reserva de Lucros a Realizar;
Conf. Nf. 8200 R$ 400,00 R$ 1.100,00
Art. 202, §5º: Reserva Especial para Dividendos
Obrigatórios; e
Art. 19 Lei 11.941/09 Reserva de Lucros Específica.”
Logo, a Reserva de Contingências faz parte do conjun-
to de contas do PL da entidade.

27
3ª) Fórmula composta: diversas contas devedoras e CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES
uma conta credora. CONTÁBEIS DIVERSAS
Fato: pagamento da duplicata nº 1330 no valor de R$
300,00. Pagamento do imposto predial no valor de R$ Contabilização
200,00.
Temos que partir da premissa que a Contabilidade se-
gue o método das Partidas Dobradas.
Data Vamos analisar sua definição:
Diversos (Débito)
a Caixa (Crédito) Método das partidas dobradas
Duplicatas a pagar
A essência do método das partidas dobradas é que o
Pagamento de duplicata registro de qualquer operação contábil implica que um
nº 1330 R$ 300,00 débito, em uma ou mais contas, deve corresponder a
Impostos e Taxas Diversas um crédito de igual valor, em uma ou mais contas. Desta
Pagamento de imposto predial forma, a soma dos valores creditados será sempre igual
Conf. Guia nº 223 R$ 200,00 R$ 500,00 à soma dos valores debitados. Nunca haverá um débito
sem crédito correspondente.
4ª) Fórmula complexa: diversas contas devedoras e
diversas contas credora. Esta fórmula possibilita o NATUREZA DA CONTAS
registro de todas as operações em um só lança- Isso significa
mento. que quando tais
contas são debi-
As contas do natureza deve-
Fato: pagamento de duplicata nº 3332 no valor de tadas seu valor
ativo dora
R$ 450,00. Recebimento de duplicata nº 55 no valor de é aumentado, e
R$ 520,00. Vendas de mercadorias a vista no valor de R$ quando credita-
420,00. Pagamento de imposto predial no valor de R$ das é diminuído.
310,00. Desta forma,
quando tais
As contas do
Data contas são cre-
passivo (passivo
Diversos (Débito) natureza credora ditadas seu valor
exigível e patri-
a Diversos (Crédito) é aumentado e
mônio líquido)
quando debita-
Duplicatas a pagar
das é diminuído.
Lançamentos da data / /
Aumenta o saldo
Duplicatas a pagar Contas que re-
natureza deve- a Débito
a Caixa presentam des-
dora Diminui o saldo a
Pagamento de duplicata nº 3332 pesas
Crédito
Betys e Cia. R$ 450,00 Aumenta o saldo
Caixa Contas que
a Crédito
representam natureza credora
a Duplicatas a receber Diminui o saldo a
receitas
Recebimento da duplicata nº 55 Débito
Xfactor ME R$ 520,00
Caixa
a Mercadorias EXERCÍCIOS COMENTADOS
Vendas a vista Conf. Nf. 3321 à 3328 R$ 420,00
Impostos e taxas diversas 1. (UNILAB-2014)
O lançamento contábil da compra de um imóvel, cuja
a Caixa forma de pagamento tenha sido 50% à vista e 50% a pra-
Pagamento de imposto predial guia 4567 R$ 310,00 zo, corresponde a um fato contábil permutativo e a uma
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

R$ 1.700,00 partida de diário de terceira fórmula.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Resposta: Errado.
Suponha que o imóvel comprado seja no valor de
500.000. Logo, iremos ter um aumento do nosso Ati-
vo Imobilizado – ANC nesse valor. Em contrapartida,
haverá um pagamento à vista pela entidade, em 50%
desse valor total.

28
No caso hipotético: II A aquisição de bens para comercialização a prazo e
50% de R$ 500.000 = R$ 250.000. Sendo a outra me- com juros é um exemplo de partida de segunda fór-
tade, a prazo, na conta do Passivo - Financiamento. mula. errado.
Logo, teremos o seguinte lançamento contábil:
Os bens para comercialização, geralmente são conta-
D –imobilizado – 500.000 (aumenta o saldo do ativo bilizados na conta estoques – AC (natureza devedora),
imobilizado) mas o pagamento desses bens será a prazo na conta
C – caixa – 250.000 (diminui o saldo da conta Caixa) fornecedores (passivo – natureza credora) com juros
C – financiamento – 250.000 (aumenta o saldo do Pas- contabilizados na conta Juros Passivos a Transcorrer
sivo, obrigação de pagamento). (retificadora do passivo – natureza devedora). Veja-
De fato, trata-se de um fato contábil permutativo, pois mos um exemplo de contabilização:
altera contas do Ativo e Passivo, sem alterar o Patri-
mônio Líquido. Contudo, temos 1 Débito e 2 Créditos D – Estoques 40.000 (aumenta a débito)
(12), resultando em um lançamento de 2ª fórmula e D – Juros passivos a transcorrer 10.000 (retifica a con-
não de 3ª fórmula, como foi afirmado pela banca. ta fornecedores)
Portanto, errada a assertiva. C – Fornecedores 50.000 (aumenta a dívida/pas-
sivo com os fornecedores)
2. (CESPE- 2018) A respeito do método das partidas Logo, temos 2D1C ou na fórmula de lançamento: 21 –
dobradas e de seus desdobramentos na ciência contábil, que corresponde ao lançamento de 3ª fórmula, e não
julgue os itens seguintes: de 2ª, como foi erroneamente afirmado.

I. As aplicações de recursos são representadas por meio III Em uma venda de mercadoria, ocorre a baixa, a
de débitos em determinadas rubricas contábeis, en- crédito, da mercadoria vendida, em contrapartida à
quanto as origens dos recursos aplicados provocam correspondente conta de receita por venda de mer-
cadorias. errado.
registro a crédito em outras rubricas.
No lançamento da venda:
II. A aquisição de bens para comercialização a prazo e
D – caixa/bancos (AC)
com juros é um exemplo de partida de segunda fór-
C – receita de venda (receita – DRE)
mula.
III. Em uma venda de mercadoria, ocorre a baixa, a crédi-
Na baixa da mercadoria:
to, da mercadoria vendida, em contrapartida à corres-
D – CMV (despesa – DRE)
pondente conta de receita por venda de mercadorias.
C – estoques (AC)
IV. A existência de um conjunto de levantamentos refle-
tindo um elemento ou componente formado ou em
Nesse caso, houve a baixa da mercadoria vendida me-
formação pertencente a um patrimônio, expresso ge- diante um Crédito, diminuindo a conta Estoques (saiu
ralmente em moeda corrente, é inerente ao método mercadoria) em contrapartida à conta de resultado:
das partidas dobradas. CMV – Custo da Mercadoria Vendida (Despesa – débi-
to), pois a contrapartida da Receita dessa venda será
Estão certos apenas os itens: na conta Caixa/Bancos, aumentando as disponibilida-
des da empresa ou entidade.
a) I e II.
b) I e IV. IV A existência de um conjunto de levantamentos re-
c) II e III. fletindo um elemento ou componente formado ou em
d) I, III e IV. formação pertencente a um patrimônio, expresso ge-
e) II, III e IV. ralmente em moeda corrente, é inerente ao método
das partidas dobradas. CERTO.
Resposta: Letra B. Aqui, nesse item, é mais um caso de interpretação da
Apenas os itens I e IV. Vamos analisar um por um: palavra “inerente”. Ou seja, Inerente: intrínseco, pró-
I As aplicações de recursos são representadas por prio. Logo, vamos dispor da definição do método das
meio de débitos em determinadas rubricas contábeis, partidas dobradas, cuja essência é que o registro de
enquanto as origens dos recursos aplicados provocam qualquer operação contábil implica que um débito,
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

registro a crédito em outras rubricas. certo. em uma ou mais contas, deve corresponder a um cré-
As aplicações de recursos (lado esquerdo) são os bens dito de igual valor, em uma ou mais contas. Desta for-
e direitos de uma entidade. Logo são de natureza De- ma, a soma dos valores creditados será sempre igual
vedora, isto é, tem seus saldos aumentados por meio à soma dos valores debitados. Portanto, A existência
de débitos. Já as origens (lado direito) são represen- de um conjunto de levantamentos refletindo um ele-
tados pelas obrigações, de natureza credora, ou seja, mento ou componente formado ou em formação per-
provocam um aumento a crédito em suas contas (ru- tencente a um patrimônio, expresso geralmente em
bricas) moeda corrente, é PRÓPRIO ao método das partidas
dobradas.
Portanto, a alternativa B é mesmo a Correta.

29
JUROS ALUGUÉIS

Recebimento de juros de clientes Provisão


D – Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante)
C – Juros Recebidos (Resultado) D: Despesas com aluguéi (contas de resultado des-
Juros sobre empréstimo bancário: pesas)
D – Juros Passivos (Resultado) C: aluguéi a pagar (passivo circulante)
C - Empréstimo Bancário (Passivo Circulante) 1.000,00
Pagamento
DESCONTOS D: aluguéi a pagar (passivo circulante)
C: Caixa ou bancos (Ativo circulante)
Desconto concedido 1.000,00
D – Caixa ou Bancos Conta Movimento (Ativo
Circulante – Disponibilidades) R$ 47.500,00 VARIAÇÃO MONETÁRIA/ CAMBIAL
D – Descontos Concedidos (Conta de Resultado –
Despesas financeiras) R$ 2.500,00 Devemos utilizar as taxas cambiais verificadas no
C – Clientes (Ativo Circulante – Contas a receber) R$ fechamento do mercado de câmbio, no último dia útil
50.000,00 de cada mês, que são fornecidas pelo Banco Central do
Brasil (site www.bcb.gov.br, seção “Câmbio e Capitais Es-
trangeiros”).
Desconto obtido A Receita Federal, através da Coordenadoria-Geral de
D – Fornecedores (Passivo Circulante – Contas a Tributação, também divulga, ao final de cada mês, o valor
pagar) R$ 50.000,00 das taxas cambiais a serem aplicadas nos balanços (site:
C – Caixa ou Bancos (Ativo Circulante – www.receita.fazenda.gov.br, seção “legislação”).
Disponibilidades) R$ 47.500,00 Contabilização das atualizações monetárias dos cré-
C – Descontos Obtidos (Conta de Resultado – Receitas ditos e obrigações em moeda estrangeira de uma em-
financeiras) R$ 2.500,00 presa que, em determinada data registra:

TRIBUTOS a) valor a receber de cliente: US$ 10.000,00;


b) empréstimo a pagar: US$ 5.000,00;
c) valores registrados na contabilidade:
Valor dos produtos – R$ 100.000,00
IPI Destacado – R$ 20.000,00
Valor total da NF – R$ 220.000,00 Ativo Circulante
ICMS – R$ 36.000,00 Cliente do Exterior – R$ 17.250,00
Passivo Circulante
D – Clientes (Ativo Circulante – Contas a receber) R$
Empréstimos no Exterior – R$ 8.700,00
220.000,00
C – Faturamento Bruto (Resultado – Receita de
Como a cotação do dólar em determinada data foi
vendas) R$ 220.000,00
de R$ 1,8007 para compra, e de R$ 1,8015 para venda,
D – IPI Faturado (Resultado – Deduções da receita obtemos as seguintes variações cambiais:
bruta) R$ 20.000,00
C – IPI a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a
Clientes do Exterior:
recolher) R$ 20.000,00
US$ 10.000,00 X R$ 1,8007 = R$ 18,007,00 – R$
D – ICMS sobre Vendas (Conta de Resultado – 17.250,00 = R$ 757,00
Deduções da receita) R$ 36.000,00 Empréstimos no Exterior:
C – ICMS a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a US$ 5.000,00 X R$ 1,8015 = R$ 9.007,50 – R$ 8.700,00
recolher) R$ 36.000,00 = R$ 307,50
Valor da Nota Fiscal de Serviços: R$ 10.000,00
Valor do ISS devido: R$ 500,00 Então, os lançamentos contábeis com base na varia-
ção cambial são:
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

D – Clientes (Ativo Circulante – Contas a receber) R$


10.000,00
C – Receita de Serviços (Resultado) R$ 10.000,00
D – ISS sobre Serviços (Resultado – Dedução da
receita) R$ 500,00
C – ISS a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a
recolher) R$ 500,00

30
D – Clientes do Exterior (Ativo Circulante – Contas a 3) Demonstrativo do FGTS
Receber) R$ 757,00
C – Variação Monetária Ativa (Resultado – Receitas) R$ Parcela incidente sobre a
757,00 folha de pagamento
R$ 1.324,00
D – Variação Monetária Passiva (Resultado – Despesas) (+) Contribuição ao FGTS
R$ 307,50 sobre 13º salário – rescisão:
R$ 42,50
C – Empréstimos No Exterior (Passivo Circulante – (=) Valor da contribuição ao
Contas a Pagar) R$ 307,50 FGTS devida
R$ 1.366,50
Fonte: www.comocontabilizar.com.br
Dados complementares ao fechamento da folha:
FOLHA DE PAGAMENTO A rescisão de contrato de trabalho é por dispensa
sem justa causa, ocorrida no último dia do mês, e os pa-
1) Folha de pagamento gamentos serão realizados até o 2º dia útil subsequente.
A contribuição ao FGTS sobre os salários e sobre os
PROVENTOS VALOR – R$ valores devidos na rescisão foi depositada nas respecti-
Salários 15.000,00 vas contas vinculadas.
Foi pago o adiantamento de salário (adiantamento
Aviso Prévio indenizado 800,00 quinzenal), e sobre esse valor foi retido o IRRF no valor
Férias indenizadas 700,00 de R$ 150,00.
Salário maternidade 1.800,00 A empresa provisiona mensalmente o valor das férias,
Salário família 30,00 o 13º salário e os encargos sociais.
Os lançamentos contábeis são os seguintes:
13º salário – quitação 500,00
Total das verbas 18.830,00 Adiantamento de salário:

DESCONTOS VALOR – R$ D – Adiantamento de Salários (Ativo Circulante –


Adiantamento de salário 6.000,00 Adiantamento a empregados) R$ 6.000,00
INSS sobre salários 1.425,00 C – IRRF a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a
recolher) R$ 150,00
INSS sobre 13º salário 40,00 C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante –
Vale-transporte 740,00 Disponibilidades) R$ 5.850,00
Plano de Alimentação do
Trabalhador
980,00 Pagamento do IRRF sobre o adiantamento:
Assistência Médica 630,00
Faltas e atrasos 90,00 D – IRRF a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a
recolher) R$ 150,00
IRRF sobre salários 710,00
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante –
Contribuição Sindical 30,00 Disponibilidades) R$ 150,00
Total dos descontos 10.645,00
Valor líquido da folha de Provisão da folha de pagamento de salários e do
pagamento
R$ 8.185,00 aviso prévio indenizado:

2) Demonstrativo do INSS D – Folha de Pagamento (Resultado – Despesa com


pessoal) R$ 15.800,00
INSS sobre salários R$ 4.200,00 C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante –
INSS sobre 13º salário R$ 130,00 Obrigações trabalhistas) R$ 15.800,00
(=) INSS devido pela
empresa
R$ 4.330,00 Baixa da provisão de férias e encargos, pelo valor
a ser pago na rescisão:
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

(+) INSS descontado dos


empregados
R$ 1.465,00
D – Provisão de Férias (Passivo Circulante – Provisões
(-) Salário família R$ 30,00
trabalhistas) R$ 700,00
(-) Salário maternidade R$ 1.800,00 C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante –
(=) Valor líquido a reco- Obrigações trabalhistas) R$ 700,00
lher na GPS
R$ 3.965,00

31
Baixa da provisão de 13º salário e encargos, pelo Assistência médica, vale-transporte e plano de
valor a ser pago na rescisão: alimentação do trabalhador (PAT), descontados dos
funcionários:
D – Provisão 13º Salário (Passivo Circulante –
Provisões trabalhistas) R$ 500,00 A) assistência médica:
C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante –
Obrigações trabalhistas) R$ 500,00 D – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante –
Obrigações trabalhistas) R$ 630,00
FGTS incidente sobre a parcela do 13º salário pago C – Assistência Médica (Conta de resultado – Despesa
na rescisão: com pessoal) R$ 630,00

D – Provisão 13º Salário (Passivo Circulante – B) vale transporte:


Provisões trabalhistas) R$ 42,50
C – FGTS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos D – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante –
trabalhistas a pagar) R$ 42,50 Obrigações trabalhistas) R$ 740,00
C – Vale Transporte (Conta de Resultado – Despesa
FGTS sobre a folha de pagamento de salários: com pessoal) R$ 740,00

D – FGTS sobre Folha de Pagamento (Resultado – C) plano de alimentação do trabalhador:


Despesa com encargos trabalhistas) R$ 1.324,00
C – FGTS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos D – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante –
trabalhistas a pagar) R$ 1.324,00 Obrigações trabalhistas) R$ 980,00
C – Programa de Alimentação dos Empregados (Conta
Salário-família e salário maternidade, que são de- de Resultado – Despesa com pessoal) R$ 980,00
duzidos do valor do “INSS a recolher”:
Baixa dos adiantamentos concedidos:
D – INSS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos
trabalhistas a pagar) R$ 1.830,00 D – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante –
C – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante Obrigações trabalhistas) R$ 6.000,00
– Obrigações trabalhistas) R$ 1.830,00 C – Adiantamento de Salários (Ativo Circulante –
Salário-Família R$ 30,00 Adiantamentos a empregados) R$ 6.000,00
Salário Maternidade R$ 1.800,00
INSS parte empresa sobre os salários e o 13º pago
Contribuição sindical, INSS sobre salários e 13º sa- na rescisão:
lário e IRRF descontados na folha:
D – INSS – Folha de Pagamento (Resultado – Despesa
D – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – com encargos trabalhistas) R$ 4.200,00
Obrigações trabalhistas) R$ 2.205,00 D – Provisão 13º Salário (Passivo Circulante –
C – Contribuição Sindical a Recolher (Passivo Provisões trabalhistas) R$ 130,00
Circulante – Encargos trabalhistas a pagar) R$ 30,00 C – INSS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos
C – IRRF a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a trabalhistas a pagar) R$ 4.330,00
recolher) R$ 710,00
C – INSS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos Pagamento dos salários:
trabalhistas a pagar) R$ 1.465,00
Obs: líquido da folha de R$ 8.185,00 menos os valores
Faltas e atrasos: a pagar em rescisão de contrato de R$ 2.000,00:

D – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – D – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Obrigações trabalhistas) R$ 90,00 – Obrigações trabalhistas) R$ 6.185,00


C – Folha de Pagamento (Resultado – Despesa com C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante –
pessoal) R$ 90,00 Disponibilidades) R$ 6.185,00

32
Pagamento das verbas rescisórias: Observe que o “contas a pagar”, no Passivo Circulan-
te, deve ser aberta em nome da administradora do cartão
Aviso prévio, 13º salário e férias; de crédito, e não em nome do fornecedor da mercadoria.
Isso porque a administradora é responsável por receber
D – Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante – o valor do comprador e repassá-lo ao fornecedor. Refor-
Obrigações trabalhistas) R$ 2.000,00 ço que a empresa vendedora está livre de qualquer ônus
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – ou perda com a operação caso o comprador não venha a
Disponibilidades) R$ 2.000,00 liquidar seu débito com o cartão de crédito.
Compra de matéria-prima
Pagamento do FGTS:
Matéria Prima (com ICMS incluso): R$ 100.000,00
D – FGTS a Recolher (Passivo Circulante – Encargos IPI (R$ 100.00,00 x 10%): R$ 10.000,00
trabalhistas a pagar) R$ 1.366,50 Total: R$ 110.000,00
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – ICMS (R$ 100.000,00 x 18%): R$ 18.000,00
Disponibilidades) R$ 1.366,50
Contabilização da compra da matéria-prima
Pagamento do INSS:
D – Estoques de Matéria-Prima (Ativo Circulante)
D – INSS a Pagar (Passivo Circulante – Encargos R$ 82.000,00
trabalhistas a pagar) R$ 3.965,00 D – ICMS a Recuperar (Impostos a Recuperar –
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – Ativo Circulante) R$ 18.000,00
Disponibilidades) R$ 3.965,00 D – IPI a Recuperar (Impostos a Recuperar – Ativo
Circulante) R$ 10.000,00
Pagamento da contribuição sindical: C – Fornecedores (Passivo Circulante) R$
110.000,00
www.comocontabilizar.com.br
D – Contribuição Sindical a Pagar (Passivo Circulante –
Encargos trabalhistas a pagar) R$ 30,00
VENDAS E PROVISÕES
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante –
Disponibilidades) R$ 30,00
Venda de mercadorias:
Pagamento do IRRF:
D – Clientes (Ativo Circulante ou Realizável a Longo
D – IRRF a Recolher (Passivo Circulante – Impostos a Prazo – Contas a receber)
recolher) R$ 710,00 C – Vendas de Mercadorias (Conta de Resultado –
C – Banco Conta Movimento (Ativo Circulante – Receita com vendas)
Disponibilidades) R$ 710,00
Fonte: www.comocontabilizar.com.br Vendas de serviços:

COMPRAS D – Clientes (Ativo Circulante ou Realizável a Longo


Prazo – Contas a receber)
Com cartão de crédito C – Vendas de Serviços (Conta de Resultado – Receita
com vendas)
Contabilização da compra do material de escritório
Venda de produtos:
D – Material de Escritório (Conta de Resultado) R$
2.000,00 D – Clientes (Ativo Circulante ou Realizável a Longo
C – Contas a Pagar – Administradora “Compre com Prazo – Contas a receber)
cartão” (Passivo Circulante) R$ 2.000,00 C – Vendas de Produtos (Conta de Resultado – Receita
com vendas)
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Contabilização do pagamento da fatura do cartão www.comocontabilizar.com.br


de crédito
Bônus de PPR aos funcionários
D – Contas a Pagar – Administradora “Compra com
cartão” (Passivo Circulante) R$ 2.000,00 D – Participação dos Trabalhadores nos Resultados
C – Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante – (Conta de Resultado)
Disponibilidades) R$ 2.000,00
C – Participações nos Resultados – Empregados
(Passivo Circulante)

33
DEPRECIAÇÕES
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO
Principais taxas de depreciação
Imóveis: taxa anual de 4%; vida útil de 25 anos.
Instalações: taxa anual de 10%; vida útil de 10 anos. CONCEITOS, MODELOS E TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO
Máquinas e Equipamentos: taxa anual de 10%; vida
útil de 10 anos. Balancete de Verificação, Balanço Patrimonial e Dre
Móveis e Utensílios: taxa anual de 10%; vida útil de
10 anos. O Balancete de Verificação é quase sempre certo de
Veículos: taxa anual de 20%; vida útil de 5 anos. aparecer nas questões do CESPE! Segue abaixo um resu-
Equipamentos de Informática: taxa anual de 20%; vida mo com os conceitos mais recorrentes nas provas.
útil de 5 anos.
Suponhamos que a Empresa X tenha um veícu- Balancete de Verificação
lo que foi adquirido em janeiro/2017 pelo preço de R$
• É um demonstrativo auxiliar: logo não é uma
48.000,00.
Demonstração Contábil (não consta no conjunto
Passado um mês da aquisição, a Empresa X calcula o
completo das DCs nem na Lei 6.404/76, nem no
valor da depreciação relativa a esse bem, para proceder
CPC 26);
com a devida contabilização.
• Não é obrigatório;
Nessa hipótese, o cálculo do encargo relativo ao mês
• Não tem obrigatoriedade fiscal;
de janeiro/2017, considerando tratar-se de bem depre-
• É extraído do Livro Razão;
ciável à taxa anual de 20%, é o seguinte:
• Utilizado para fins operacionais: resume as con-
Quota anual: 20% de R$ 48.000,00 = R$ 9.600,00
tas utilizadas no período;
Duodécimo: R$ 9.600,00 ÷ 12 = R$ 800,00 • Verifica se o total de débitos é exatamente igual
Para o registro contábil da depreciação do mês de ao total de créditos: (D = C), isto é: confirma se o
janeiro/2017, deve ser feito o seguinte lançamento: método das partidas dobradas está correto/fecha-
do;
D – Depreciação (Conta de Resultado) R$ 800,00 - Não evidencia erro de escrituração quando seus
C – Depreciação Acumulada (Conta Redutora do Ativo saldos finais estão iguais;
Imobilizado) R$ 800,00 • Pode ter de 2 a 8 colunas (sem contar a coluna da
descrição das contas);
Nos meses seguintes, os lançamentos relativos à de- • Para fins externos – são necessários o nome e a as-
preciação serão idênticos ao demonstrado. Caso a em- sinatura do contabilista, nº e registro no CRC. Para
presa contabilize o encargo somente em 31/12/2017, a fins internos – pode omitir;
quota anual de depreciação do bem adquirido deve ser • Existem dois tipos de Balancete: O inicial (compos-
proporcional em relação aos meses de janeiro a dezem- to por todas as contas de Resultado e patrimoniais)
bro: R$ 800,00 x 12 = R$ 9.600,00. e o Final (apenas contas patrimoniais)
www.comocontabilizar.com.br

BAIXA DE BENS #FicaDica


Balancete de verificação: Livro de razão
Doação Balanço patrimonial: Livro Diário

As doações estão previstas no art. 13 da Lei 9.249/95


e art. 365 do RIR/99 e somente são dedutíveis (de acor-
do com os termos da Lei) se forem doações de caráter
filantrópico. EXERCÍCIOS COMENTADOS

Imobilizado – R$ 25.000,00 1. (CESPE-2018) No que se refere ao balancete de verifi-


Depreciação acumulada – R$ 20.000,00 cação contábil, julgue o item subsequente.
Valor contábil – R$ 5.000,00 O balancete de verificação é um resumo ordenado de
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

todas as contas utilizadas pela contabilidade da entidade


D – Doação dedutível (ou indedutível) R$ 5.000,00 que o apresenta, destinando-se a detectar todos os pos-
C – Depreciação Acumulada (Conta Redutora do Ativo síveis erros de contabilização eventualmente ocorridos.
Imobilizado) R$ 20.000,00
C – Imobilizado R$ 20.000,00 ( ) CERTO  ( ) ERRADO

Resposta: Errado.
Como o balancete de verificação verifica-se que o to-
tal de débitos é exatamente igual ao total de créditos,
ele apenas confirma se o método das partidas dobra-

34
das está correto, portanto, não evidencia erro de escrituração/contabilização quando seus saldos finais estão iguais.

2. (CESPE-2018) No que se refere ao balancete de verificação contábil, julgue o item subsequente;


Em um balancete de seis colunas, apresentam-se, inicialmente, os saldos existentes nas rubricas contábeis no final do
período anterior, seguidos da letra D ou C, que indicam se o referido saldo é devedor ou credor, respectivamente.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Resposta: Errado.
Abaixo, coloquei um exemplo de um balancete de 6 colunas, extraído do site: https://www.juliobattisti.com.br, na
qual é possível analisar que os saldos apresentados não são seguidos de letras D ou C, mas ficam separados em
colunas específicas, de natureza devedora ou credora.

Saldo anterior Movimentos Saldo atual


Nome da Conta
Devedor Credor A débito A crédito Devedor Credor
Caixa - - 500,00 200,00 300,00 -
Bancos 13.000,00 - - 1.100,00 11.900,00 -
Móveis 3.000,00 - 200,00 - 3.200,00 -
Veículos 10.000,00 - - - 10.000,00 -
Mercadorias 1.500,00 - - 100,00 1.400,00 -
Clientes - - 300,00 - 300,00 -
Fornecedores - 500,00 100,00 - - 400,00
Financiamentos - 7.000,00 500,00 - - 6.500,00
Capital Social - 20.000,00 - - - 20.000,00
Receita Vendas - - - 300,00 - 300,00
CMV - - 100,00 - 100,00 -
TOTAL 27.500,00 27.500,00 1.700,00 1.700,00 27.200,00 27.200,00
Figura 1: Balancete 6 colunas

3. (CESPE-2018) Em relação ao balancete de verificação, julgue o item seguinte:


Na elaboração do balancete, o livro diário é a fonte de informações do contabilista para a realização dos trabalhos
relacionados à referida demonstração contábil.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Resolução: Errado.
A questão apresenta dois erros:
1) O Balancete de Verificação é extraído do Livro Razão, não sendo, portanto, utilizado o Livro diário na elaboração
deste.
2) É um demonstrativo auxiliar: logo, não é uma Demonstração Contábil.

Balanço Patrimonial

O balanço patrimonial – BP contém informações sobre a posição patrimonial e financeira da entidade em uma
determinada data (normalmente em 31 de dezembro).
Segundo a Lei 6.404/76 - Art. 178, as contas do BP serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.

No ativo as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados,
nos seguintes grupos: ativo circulante (AC) e ativo não circulante (ANC).
No passivo, as contas serão classificadas em ordem decrescente de grau de exigibilidade nos grupos: passivo
circulante (PC), passivo não circulante (PNC) e patrimônio líquido (PL).

35
BALANÇO PATRIMONIAL
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Ativo (a) Passivo (p)
capital total capital de terceiros
1.(AOCP-2009)
Qual é a ordem de grau de liquidez que as contas do Ati- Passivo circulante (PC)
Ativo circulante (AC)
vo deverão estar dispostas? Assinale a alternativa correta. Obrigações de Curto pra-
Bens + Direitos
zo
a) Crescente. Passivo não circulante
b) Alfabética. (PNC)
c) Decrescente. • Obrigações de Longo
d) Cronológica. Prazo
e) Maior detalhamento. Ativo não circulante (ANC)
• realizável a longo prazo Patrimônio líquido (PL)
• investimentos • capital social
( ) CERTO  ( ) ERRADO • reservas de capital
• imobilizado
• intangível • reservas de lucros
Resposta: Letra C. • ajustes de avaliação pa-
De acordo com o Art. 178, §1º da Lei das S/A: trimonial
“§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem de- • ações em tesouraria
crescente de grau de liquidez dos elementos nelas • prejuízos acumulados
registrados, nos seguintes grupos:
I – ativo circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 3. (CESPE-2019) Com base nos pronunciamentos técni-
2009) cos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis e nas dis-
II – ativo não circulante, composto por ativo reali- posições da Lei n.º 6.404/1976 e suas alterações acerca
zável a longo prazo, investimentos, imobilizado e in- de demonstrações contábeis, julgue o item:
tangível.” A classificação de ativos e passivos como circulantes ou
não circulantes deve obedecer ao ciclo operacional da
2. (CESPE-2019) Com base nos pronunciamentos técni- empresa.
cos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis e nas dis-
posições da Lei n.º 6.404/1976 e suas alterações acerca ( ) CERTO  ( ) ERRADO
de demonstrações contábeis, julgue o item.
Com as alterações implementadas na Lei n.º 6.404/1976 Resposta: ERRADO.
pela Lei n.º 11.941/2009, o patrimônio líquido deixou de Comecemos pela definição de Ciclo Operacional: é o
ser considerado como um grupo do passivo. tempo entre o recebimento do material da compra
até o momento do recebimento da venda, ou seja,
( ) CERTO  ( ) ERRADO é o período de operação de compra, venda, recebi-
mento de mercadorias ou serviços, repetido continua-
Resposta: Errado. mente em uma empresa. Por isso, recebe o nome Ciclo
As alterações promovidas pela Lei 11.941/2009 ape- Operacional.
nas dividiu o passivo (e também o ativo) em circulante De acordo com a Lei 6.404/76 em seu arts. 175 e 179
e não circulante. Como podemos inferir, da integrali- (p.ú): Se o ciclo operacional da empresa for superior
dade da Lei 6.404/76, o Patrimônio Líquido está in- a um ano, a classificação de ativos e passivos como
cluído no Passivo. circulantes ou não circulantes deverá obedecer a esse
Vejamos o trecho da lei: ciclo operacional “estendido”. Entretanto, caso o Ciclo
“Art. 178 § 2º No passivo, as contas serão classificadas Operacional seja menor que 1 ano, a Lei estabelece
nos seguintes grupos: que a duração de exercício social será de 1 (um) ano.
I – passivo circulante; (Incluído pela Lei nº 11.941, de Logo, nem sempre a classificação de ativos e passivos
2009) obedecerão ao ciclo operacional, como tentou afirmar
II – passivo não circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, o examinador. Portanto, incorreta a assertiva.
de 2009) Vejamos a letra da lei:
III – patrimônio líquido, dividido em capital social, re-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um) ano


servas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, re- e a data do término será fixada no estatuto. [...]
servas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acu- Art. 179 [...] Parágrafo único. Na companhia em que
mulados. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)” o ciclo operacional da empresa tiver duração maior
Agora vamos analisar a tabela que dispõe sobre a es- que o exercício social, a classificação no circulante ou
trutura do BP: longo prazo terá por base o prazo desse ciclo.

36
4. (AOCP-2016) Faça a análise do balanço patrimonial a c) Reservas de lucros.
seguir e assinale a alternativa correta: d) Prejuízos acumulados.
e) Intangível.
ATIVO PASSIVO e PL
Circulante Circulante Resposta: Letra E.
O ativo não circulante é composto pelas contas ativo
Disponibili- Fornecedo-
30.000,00 16.000,00 realizável a longo prazo, imobilizado, investimento e
dades res
intangível, nessa ordem decrescente de Liquidez.
Duplicatas a Impostos a
5.000,00 5.500,00 Vamos analisar as demais contas:
Receber Pagar
a) Capital social. errado. Trata-se de uma conta do Pa-
Outras Obri- trimônio Líquido.
Estoques 10.000,00 8.500,00
gações b) Reservas de capital. errado. É conta do Patrimônio
Não circulante Não circulante Líquido.
Realizável a Financia- c) Reservas de lucros. errado. Trata-se de uma conta
12.000,00 29.000,00
Longo Prazo mentos do Patrimônio Líquido.
Investimen- Patrimônio d) Prejuízos acumulados. errado. Também é uma con-
10.000,00  
tos líquido ta do Patrimônio Líquido.
Capital So- Portanto, o gabarito é letra E. 
Imobilizado 45.000,00 63.000,00
cial
Prej. Acumu- 6.(AOCP-2012) Assinale a alternativa que apresenta ape-
Intangível 5.000,00 (5.000,00) nas contas do Passivo circulante:
lados
Total do ati- Total passivo
117.000,00 117.000,00 a) Fornecedores, Adiantamento de clientes, Depreciação,
vo + PL
Ações em tesouraria.
a) O Passivo exigível é de R$ 30.000,00.  b) Provisões fiscais, Juros passivos a transcorrer, Duplica-
b) O Capital de terceiros é de R$ 117.000,00.  tas descontadas, Dividendos a pagar.
c) As imobilizações do ativo são de R$ 50.000,00. c) Provisões fiscais, Ações em tesouraria, Juros passivos a
d) O Valor residual é de R$ 58.000,00. transcorrer, Provisão para garantias.
e) O Capital Circulante Líquido é de R$14.000 negativo. d) Salários a pagar, Dividendos a pagar, Parcela de curto
prazo de financiamento, Perdas estimadas para crédi-
Resposta: Letra D. tos de liquidação duvidosa.
De acordo como CPC 00 (R2): PL é a participação resi- e) Juros passivos a transcorrer, Dividendos a pagar, Ga-
dual nos ativos da entidade após a dedução de todos nhos na venda de imobilizado, Duplicatas descontadas.
os seus passivos.
Usando a equação fundamental do Patrimônio: Resposta: Letra B.
PL = Ativo – Passivo Exigível Vamos analisar a classificação daquelas que não são
PL = Ativo Total – Passivo Circulante – Passivo Não Cir- contas do Passivo:
culante a) errado. Ações em tesouraria é uma conta redutora
PL = 117.000 (-- ) do PL.
PL = 117.000 – 59.000 Despesa de depreciação é uma conta de resultado –
PL = 58.000,00 = Valor Residual Despesa,
Assim, a alternativa correta é o item D, pois o Valor Depreciação Acumulada é uma conta redutora do Ativo.
Residual (PL) é de R$ 58.000,00.
Vamos analisar os erros das demais: b) Provisões fiscais, Juros passivos a transcorrer, Dupli-
a) O Passivo exigível é de R$ 59.000,00. catas descontadas, Dividendos a pagar: correto, pois
b) O Capital de terceiros é também de R$ 59.000,00 tais itens são contas do passivo, no entanto poderia
pois é um dos sinônimos do passivo exigível. ser também do passivo não circulante, a depender do
c) As imobilizações do ativo são de R$ 45.000,00, prazo de exigibilidade. Mas como as demais estão er-
pois é o valor registrado no ativo Imobilizado. radas, esta é o nosso gabarito.
e) O capital circulante líquido é calculado pela seguinte c) errado. Ações em tesouraria é conta retificadora do PL,
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

fórmula: d) errado. Perdas estimadas para créditos de liquidação


CCL = Ativo Circulante - Passivo Circulante = 45.000 - duvidosa é classificada como conta retificadora do ativo.
30.000 = + 15.000 (positivo) e) errado. Ganhos na venda de imobilizado é conta de
Portanto, o gabarito é mesmo Letra D. resultado – receita.
Portanto, nosso gabarito é a Letra B.
5. (AOCP-2013) Assinale a alternativa que apresente uma
conta do ativo não circulante:

a) Capital social.
b) Reservas de capital.

37
7. (AOCP-2016) São características de um Ativo Imobi- A definição de Ativo intangível é encontrada no CPC
lizado: 04:
“Ativo intangível é um ativo não monetário identificá-
a) de propriedade da empresa, não ter substância eco- vel sem substância física.”
nômica e poder gerar benefícios econômicos futuros. Portanto:
b) tangível, ter substância econômica e poder gerar be- Ativo intangível é um ativo
nefícios futuros. • não monetário,
c) Intangível, ter substância econômica e vida útil supe- • identificável e
rior a um ano. • sem substância física.
d) tangível, poder ou não gerar benefícios econômicos
futuros e ter vida útil não superior a um ano. a) errado. Máquinas e equipamentos são do Ativo
e) destinado ao negócio da empresa, ter vida útil supe- imobilizado (tangível)
rior a um ano e não gerar benefícios econômicos futu- b) errado. Construções e veículos também são do Ati-
ros. vo imobilizado (tangível)
c) errado. Prédios arrendados e/ou veículos alugados
Resposta: Letra B. são propriedades para Investimento, logo pertencem
De acordo com o CPC 27, que trata do Ativo Imobili- ao Ativo – Investimento.
zado: d) errado. Veículos, máquinas e equipamentos, pré-
“Ativo imobilizado é o item tangível que: dios pertencem ao subgrupo Ativo Imobilizado.
(a) é mantido para uso na produção ou fornecimento e) Desenvolvimento de software, direitos autorais,
de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou fundo de comércio, patentes.
para fins administrativos; e correta. Todos os itens descritos nesta alternativa per-
(b) se espera utilizar por mais de um período. tencem ao subgrupo Ativo intangível, pois são não
Correspondem aos direitos que tenham por objeto monetários, identificáveis e sem substância física.
bens corpóreos destinados à manutenção das ativi-
dades da entidade ou exercidos com essa finalidade, Redução ao valor recuperável
inclusive os decorrentes de operações que transfiram
a ela os benefícios, os riscos e o controle desses bens.: Vejamos algumas definições do CPC 01 que trata da
[...] Redução ao valor recuperável de ativos sempre pre-
Reconhecimento sente nas provas do CESPE:
7. O custo de um item de ativo imobilizado deve ser
reconhecido como ativo se, e apenas se: • Valor depreciável, amortizável e exaurível é o
(a) for provável que futuros benefícios econômicos custo de um ativo, ou outra base que substitua o
associados ao item fluirão para a entidade; e custo nas demonstrações contábeis, menos seu
(b) o custo do item puder ser mensurado confiavel- valor residual.
mente.” • Depreciação, amortização e exaustão é a aloca-
Portanto, o gabarito é a  Letra B. O ativo imobilizado ção sistemática do valor depreciável, amortizável e
deve ser tangível, ter substância econômica e poder exaurível de ativos durante sua vida útil.
gerar benefícios futuros. • Perda por desvalorização (Impairment) é o mon-
tante pelo qual o valor contábil de um ativo ou
8. (AOCP-2012) Assinale a alternativa que apresenta de unidade geradora de caixa excede seu valor
apenas ativos intangíveis sujeitos à amortização. recuperável.
• Valor recuperável de um ativo ou de unidade ge-
a) Desenvolvimento de software, fundos de comércio, radora de caixa é o maior montante entre o seu
máquinas e equipamentos. valor justo líquido de despesa de venda e o seu
b) Patentes, marcas, construções, veículos. valor em uso.
c) Fundos de comércio, direitos autorais, prédios arren-
dados, veículos alugados.
d) Veículos, máquinas e equipamentos, prédios, marcas. EXERCÍCIO COMENTADO
e) Desenvolvimento de software, direitos autorais, fundo
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

de comércio, patentes.
1. (AOCP-2018) Não estão sujeitos ao regime de depre-
Resposta: Letra E. ciação, exceto:
Preste atenção ao comando da questão “apenas ativos
intangíveis”: a) bens móveis de natureza cultural, tais como obras de
O ativo é dividido em dois grupos: Ativo circulante e arte, antiguidades, documentos, bens com interesse
ativo não circulante. O ativo não circulante é subdivi- histórico, bens integrados em coleções, entre outros.
dido em quatro subgrupos: Ativo realizável a longo b) bens de uso comum que absorveram ou absorvem re-
prazo, investimentos, imobilizado e intangível. cursos públicos, considerados, tecnicamente, de vida
útil indeterminada.

38
c) animais utilizados na prestação de serviços. b) uma obrigação presente que resulta de eventos
d) animais que se destinam à exposição e à preservação. passados, mas que não é reconhecida porque:
e) terrenos rurais e urbanos. - (i) não é provável que uma saída de recursos
que incorporam benefícios econômicos seja exi-
Resposta: Letra C. gida para liquidar a obrigação; ou
A questão requer a opção na qual os elementos este- - (ii) o valor da obrigação não pode ser mensura-
jam sujeitos ao regime de depreciação. Ela foi elabo- do com suficiente confiabilidade.
rada de acordo com NBC T 16.9, que trata da Depre-
ciação, logo, exigiu a literalidade da lei. A entidade não deve reconhecer um passivo contin-
gente.
Vejamos abaixo:
“12. Não estão sujeitos ao regime de depreciação: • Ativo contingente: é um ativo possível que re-
sulta de eventos passados e cuja existência será
(a) bens móveis de natureza cultural, tais como obras confirmada apenas pela ocorrência ou não de um
de artes, antiguidades, documentos, bens com interesse ou mais eventos futuros incertos não totalmente
histórico, bens integrados em coleções, entre outros; sob controle da entidade.
(b) bens de uso comum que absorveram ou absorvem
recursos públicos, considerados tecnicamente, de vida A entidade não deve reconhecer um ativo contingen-
útil indeterminada; te. Ex.: reivindicação que a entidade esteja reclamando
(c) animais que se destinam à exposição e à preservação; por meio de processos legais, em que o desfecho seja
(d) terrenos rurais e urbanos” incerto.

Assim, de todas as alternativas, a única que está em


BALANÇO PATRIMONIAL
desacordo com o que consta na norma é o item C.
Pode parecer estranho que os animais utilizados nas
prestações de serviços sejam depreciados, mas esse é
CONCEITOS
realmente o nosso gabarito.
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que
Logo, o gabarito é Letra C.
apresenta a situação do patrimônio da empresa dentro
de um período específico, para determinados critérios de
CPC 25: PROVISÕES, PASSIVOS CONTINGENTES E
avaliação.
ATIVOS CONTINGENTES.
É a demonstração que finaliza a sequência de proce-
dimentos contábeis, indicando de maneira ordenada os
FIQUE ATENTO! elementos que compõem o Patrimônio: Ativo, Passivo e
Patrimônio Líquido.
Esse assunto despenca em prova
OBJETIVO

• Provisão: é um passivo de prazo ou de valor incertos. O objetivo do Balanço é disponibilizar informações fi-
nanceiras e patrimoniais para que sejam traçados planos
Uma provisão deve ser reconhecida quando: para a organização. Quando analisado junto a outras de-
monstrações contribui na geração de dados sobre fatu-
a) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não ramento, recebimento e demais conforme a necessidade
formalizada) como resultado de evento passado; dos administradores.
b) seja provável que será necessária uma saída de
recursos que incorporam benefícios econômicos COMPOSIÇÃO
para liquidar a obrigação; e
c) possa ser feita uma estimativa confiável do valor As contas do Balanço Patrimonial devem ser classifi-
da obrigação. cadas de acordo com os elementos do patrimônio, a fim
de facilitar sua análise.
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Se essas condições não forem satisfeitas, nenhuma


provisão deve ser reconhecida. Ativo

• Passivo contingente é: Ativo circulante: São contas que representam os bens


e direitos que estão em constante circulação na entidade.
a) uma obrigação possível que resulta de eventos Bens que possam ser vendidos ou consumidos durante o
passados e cuja existência será confirmada apenas exercício social subsequente e direitos realizáveis a curto
pela ocorrência ou não de um ou mais eventos prazo, ou seja, com vencimento inferior a um ano.
futuros incertos não totalmente sob controle da
entidade; ou

39
(-) Gastos com Emissão de
#FicaDica Imobilizado
Ações
Imagine o ativo circulante como dinheiro por Intangível Reservas de Capital
enquanto, sob os cuidados de outros. Opções Outorgadas Reco-
nhecidas
Reservas de Lucros
Ativo não circulante - Ativo realizável a longo pra- (-) Ações em Tesouraria
zo: classificados os direitos com vencimentos em prazo Ajustes de Avaliação Patri-
superior a um ano, contados a partir da elaboração do monial
balanço. Ajustes Acumulados de
São direitos derivados de vendas, adiantamentos ou Conversão
empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, di- Prejuízos Acumulados
retores, acionistas ou participantes no lucro da compa-
nhia, que não constituírem negócios usuais na explora-
ção do objeto social da entidade, independente do prazo
de vencimento. EXERCÍCIO COMENTADO
Investimentos: estão classificadas as contas que re-
gistram as aplicações que a entidade faz em caráter per- 1. (CESPE – 2015) No balanço patrimonial, o ativo deve
manente, aquelas que não tem prazo de vencimento; ser dividido em circulante e não circulante, e este apre-
como investimento em coligadas, controladas, etc. senta os grupos realizável a longo prazo, investimentos
Imobilizado: são classificadas as contas que represen- e intangível.
tam aplicações de recursos em bens de uso da entidade.
Essas aplicações podem ocorrer em bens materiais ou (  ) CERTO   (  ) ERRADO
bens imateriais.
Intangível: estão classificados os bens que não pos- Resposta: Errado.
suem corpo ou matéria, mas participam da atividade O ativo não circulante é composto pelos subgrupos: in-
econômica da empresa. Ex. Marcas, patentes, prestígio. vestimentos, imobilizado e intangível.

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DE
#FicaDica EXERCÍCIO
O prestígio pode ser descrito como o valor
do bom nome da empresa, sua reputação e CONCEITO, OBJETIVO E COMPOSIÇÃO
sua clientela. Representa algo de valor intan-
gível que deve ser incluído no balanço como Demonstração do Resultado do Exercício - Dre
o valor necessário para tê-lo.
Nesse momento você já teve um contato bem mais
próximo com a nossa querida Contabilidade e deve ter
Passivo percebido que apesar da dificuldade em alguns temas,
principalmente nos lançamentos contábeis, a matéria vai
Passivo circulante: neste grupo estão classificadas as ganhando forma e fazendo sentido, não é mesmo? Mes-
contas que correspondem as obrigações de curto prazo, mo assim, refaça novamente aqueles exercícios que você
ou seja, aquelas com cujos vencimentos não ultrapassam mais teve dificuldade ou errou, mas continue em frente,
a um ano a contar da data do balanço. avançado nos demais tópicos.
Passivo não circulante: estão classificadas as obriga- Com a familiaridade com os conceitos contábeis e
ções da entidade, que vencem após o término do pró- depois de algumas dezenas de questões na conta, estu-
ximo exercício, contando a partir do encerramento do dar a DRE vai ser bem suave! Isso porque, além de muitas
balanço. questões conceituais, tenho um presente para você: Um
Patrimônio Líquido: são as Obrigações com os sócios: roteiro de como montar a DRE, do qual você poderá utili-
capital, reservas, resultados. zar na grande maioria das questões que cobram o assun-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

De acordo com a Lei nº 11.638/07, MP nº 449/08 e to. No começo é normal sentir um pouco de dificuldade,
Resolução CFC nº 1.121/08, a nova estrutura do Balanço mas depois irá fluir naturalmente.
Patrimonial passa a ser a seguinte: Mas, para isso acontecer, você tem que fazer a sua
parte: Resolver muitas questões sobre DRE! Não adianta
Ativo Passivo eu ficar te enchendo de teoria aqui, pois o aprendizado
Ativo Circulante Passivo Circulante desse tópico é assimilado na prática.
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante Portanto, já separa um chocolatinho para dar aquela
energia, um copo com água, senta na cadeira e comece
Realizável a Longo Prazo Patrimônio líquido
a resolver questões sobre DRE, principalmente da Banca
Investimento Capital Social
CESPE, no estilo Certo/Errado, que é o estilo que vai ser

40
cobrado no dia da sua prova. Sem medo de errar! Agora (-) participações de fundos de assistência e
é a hora que você pode errar, mas também é a hora que previdência empregados
você mais vai aprender, pois vai entender como a banca
pensa e, assim, vai ganhar velocidade na resolução de = Lucro líquido do exercício (LLEx) ou Prejuí-
questões. zo líquido do exercício
Vamos à definição: Lucro ou prejuízo por ação do Capital social
A DRE é a apresentação reduzida de todas as opera- (LLEx/total de ações)
ções de receitas ganhas e despesas incorridas durante
o exercício social. Também é classificada como Dedutível A destinação do lucro somente pode ter a seguinte
e Dinâmica. Através da DRE podemos encontrar o Lucro destinação:
(ou Prejuízo) Bruto e/ou Operacional e o Lucro (ou Pre-
juízo) Líquido do exercício e ainda, o montante por ação • Absorção de Prejuízos (obrigatória! E precede
do Capital Social. qualquer outra destinação)
A tabela a seguir pode te ajudar na hora de colocar • Reservas de Lucros
os valores apresentados na questão em ordem correta, • Aumento de Capital
para posterior dedução dos valores, a fim de encontrar • Distribuição de dividendos
os resultados almejados.
Roteiro de como a DRE deverá ser elaborada de acor- Os lucros que, eventualmente, não forem destinados
do com a Lei 6.404/76: deverão ser distribuídos como dividendos aos acionistas.

DRE conforme Lei nº 6.404/76 Valores Agora, de acordo com o CPC 26, o conjunto comple-
to das Demonstrações Contábeis inclui:
Receita bruta de vendas e serviços
(-) Deduções da receita bruta: a) balanço patrimonial ao final do período; (BP)
(-) Vendas canceladas ou devoluções de b1) demonstração do resultado do período; (DRE)
vendas b2) demonstração do resultado abrangente do perí-
odo; (DRA)
(-) Descontos incondicionais (comerciais)
c) demonstração das mutações do patrimônio líqui-
concedidos
do do período; (DMPL)
(-) Abatimentos sobre vendas d) demonstração dos fluxos de caixa do período;
(-) Impostos sobre vendas e serviços (DFC)
e) notas explicativas, compreendendo as políticas
(-) Ajuste a valor presente de receitas
contábeis significativas e outras informações elu-
= Receita líquida de vendas cidativas; (Alterada pela Revisão CPC 08) (NEx)
(-) Custo das mercadorias vendidas e1) informações comparativas com o período ante-
= Resultado operacional bruto (lucro bruto) rior, conforme especificado nos itens 38 e 38A;
(Incluída pela Revisão CPC 03)
(-) Despesas com comissão de vendas f) balanço patrimonial do início do período mais an-
(-) Despesa com seguros tigo, comparativamente apresentado, quando a
(-) Despesas administrativas entidade aplicar uma política contábil retrospec-
tivamente ou proceder à reapresentação retros-
(-) Despesas financeiras, líquidas das receitas pectiva de itens das demonstrações contábeis, ou
financeiras quando proceder à reclassificação de itens de suas
(+) outras receitas operacionais demonstrações contábeis de acordo com os itens
(-) outras despesas operacionais 40A a 40D; e (Alterada pela Revisão CPC 03)
(f1) demonstração do valor adicionado do perío-
= Lucro ou prejuízo operacional
do, conforme Pronunciamento Técnico CPC 09,
(+) Outras receitas (antigo não operacional) se exigido legalmente ou por algum órgão re-
(-) Outras despesas (antigo não operacional) gulador ou mesmo se apresentada voluntaria-
mente. (Alterada pela Revisão CPC 03) (DVA)
= Resultado antes da contribuição social
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

(-) Contribuição social sobre o lucro Nesse momento, bora resolver mais questões!
= Resultado antes do IR/CSLL
(-) Imposto de renda
(-) participações de debêntures (DEAPF)
(-) participações de empregados
(-) participações de administradores
(-) participações de partes beneficiárias

41
Resposta: Letra B.
Dentre as opções apresentadas, a única que não com-
EXERCÍCIOS COMENTADOS põe o rol das Demonstrações Contábeis, de acordo
com a Lei 6.404/76 e CPC 26, é a Demonstração das
1. (AOCP-2018) A demonstração contábil destinada a Comissões Ativas.
evidenciar, num determinado período, a movimentação
das contas que integram o patrimônio da Entidade é de- 3. (AOCP – 2010)
nominada Quais das demonstrações financeiras abaixo não são atu-
almente exigidas pela Lei 6.404/76?
a) Balanço Patrimonial.
b) Demonstração do Resultado do Exercício. a) Balanço Patrimonial.
c) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. b) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados.
d) Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados. c) Demonstração do Resultado do Exercício.
e) Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos. d) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.
e) Demonstração do Valor Adicionado.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Resposta: Letra D.
Resposta: Letra C. Antes das alterações trazidas pela Lei nº 11.638/2007,
a) Errado: O BP é a demonstração estática, como se a demonstração financeira que não é atualmente exi-
fosse uma foto, que evidencia, qualitativa e quantita- gida pela Lei 6.404/76 é a Demonstração das Origens
tivamente, numa determinada data, a posição patri- e Aplicações e Recursos (DOAR).
monial e financeira da entidade, organizado pelos
ativos, passivos e patrimônio líquido. As aplicações Vejamos como está em vigor atualmente na refe-
são o ativo, e as origens são o passivo e o PL da en- rida lei:
tidade.
b) Errado: Segundo a lei 6.404/76, DRE é a demons- “Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria
tração dinâmica e dedutiva que evidencia a formação fará elaborar, com base na escrituração mercantil da
de lucro líquido do exercício, diante do confronto das companhia, as seguintes demonstrações financeiras,
receitas, custos e despesas apuradas segundo o regi- que deverão exprimir com clareza a situação do pa-
me de competência. trimônio da companhia e as mutações ocorridas no
c) Demonstração das Mutações do Patrimônio Lí- exercício:
quido:   I - balanço patrimonial;
II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
Certo: A DMPL é a demonstração que evidencia a
III - demonstração do resultado do exercício; e
movimentação ocorrida durante os exercícios nas
IV - demonstração das origens e aplicações de recur-
contas componentes do Patrimônio Líquido, ou seja,
sos.
nas contas pertencentes aos sócios da entidade.
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e  (Redação
d) Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumu-
dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
lados. Errado: DLPA demonstra a movimentação da
V – se companhia aberta, demonstração do valor adi-
conta de lucros ou prejuízos acumulados, ainda não
cionado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)”
distribuídos aos sócios titular ou aos acionistas, reve-
lando os eventos que influenciaram a modificação do
seu saldo.
e) Demonstração de Origens e Aplicações de Re- EXERCÍCIOS COMENTADOS
cursos. Errado: DOAR é uma demonstração que evi-
denciada as origens dos recursos e comparava com as 1. (CESPE-2018) Previstas na Lei n.º 6.404/1976, as de-
aplicações de recursos. Trata-se de uma demonstração monstrações contábeis obrigatórias para sociedades
que foi extinta. anônimas incluem o balanço patrimonial (BP) e a de-
monstração do resultado do exercício (DRE). Acerca des-
2. (AOCP -2013) ses demonstrativos, julgue o item seguinte:
Assinale a alternativa que não apresenta uma demons- A estrutura da DRE é delineada a partir da apresentação
tração contábil. das receitas brutas, que, deduzidas de impostos, inclusi-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

ve de imposto de renda, determinam o lucro operacional


a) Balanço patrimonial. da entidade.
b) Demonstração das comissões ativas.
c) Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
d) Fluxo de caixa.
e) Demonstração do resultado do exercício. Resposta: errado.
Nessa questão, bastava lembrar da estrutura da DRE,
segundo a Lei 6.404/76. Perceba, na tabela, que ela
começa com a “receita bruta de vendas e serviços”

42
e, a partir dela, vão sendo deduzidos diversos valores, outras despesas 41.000
inclusive o “Impostos sobre Vendas e Serviços”, e não IR e CSLL 26.000
é deduzido, neste momento, o “(-) Imposto de Renda”.
Outro erro da questão é que, ao deduzir os valores Com base nessas informações, julgue o item que se segue:
exigidos por lei da receita bruta, chegamos à receita O lucro bruto do exercício da referida empresa foi de R$
líquida de vendas. Já o lucro operacional da entidade 50.000.
(= lucro ou prejuízo operacional) vai estar beeem mais
abaixo da DRE, e antes do Imposto de rendas. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Portanto, errada a questão!
Resposta: Errado.
#FicaDica Para calcular o Lucro Bruto iremos utilizar apenas con-
tas de Resultado, isto é, contas de Receitas e Despesas,
Aconselho, nesse momento, imprimir ape- aqui não utilizaremos as contas patrimoniais. Colocan-
nas a tabela da estrutura da DRE, segundo do os valores na nossa tabela temos:
a Lei 6.404/76, pois você irá precisar dela na
maioria das questões sobre esse assunto. DRE conforme Lei nº 6.404/76 Valores
Receita bruta de vendas e serviços 1.000.000
2. (CESPE-2018) A respeito da demonstração do resulta- (-) Deduções da receita bruta: (0,00)
do do exercício, julgue o item que se segue: = Receita líquida de vendas 1.000.000
Se uma entidade obtiver receitas provenientes de vendas
(-) Custo das mercadorias vendidas 600.000
de mercadorias, de serviços e de produtos de sua fabri-
cação, ela deverá elaborar uma demonstração de resul- = Resultado operacional bruto (lucro bruto) = 400.000
tados distinta para cada atividade. (-) Despesa comerciais (160.000)
(-) Despesas administrativas (90.000)
( ) CERTO  ( ) ERRADO
(-) Despesas financeiras, líquidas das re- (33.000)
Resposta: Errado. ceitas financeiras
Segundo a Lei nº 6.404/1976: = Lucro ou prejuízo operacional = 117.000
“Art. 187. A demonstração do resultado do exercício (-) Outras despesas (antigo não operacional) (41.000)
discriminará:
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções = Resultado antes do IR/CSLL = 76.000
das vendas, os abatimentos e os impostos;” (-) Imposto de renda 26.000
Isto é, a entidade não precisa elaborar uma DRE dis- = Lucro líquido do exercício (llex) ou pre- = 50.000
tinta para cada atividade. Tudo vai estar contabilizado juízo líquido do exercício
junto na primeira linha da nossa tabela (receita bruta
de vendas e serviços). Desse modo, é possível inferir que o examinador ten-
tou confundir o candidato colocando o valor do LLEx
3. (CESPE-2018) Considere os dados da tabela a seguir, = R$ 50.000 quando, na verdade, solicitou o lucro
retidos da contabilidade de determinada sociedade em- bruto. Assim, podemos ver, a partir da tabela, que tal
presarial, com valores em reais (R$). valor é obtido deduzindo a Receita líquida de venda
do custo da mercadoria vendida, sendo portanto: lu-
caixa e equivalentes 10.000 cro bruto = R$ 400.000.
duplicatas a receber 80.000 Logo, Errada a assertiva.
estoques 50.000
máquinas 100.000
terrenos 160.000
marcas e patentes 100.000
fornecedores 200.000
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

duplicatas descontadas 40.000


salários e encargos a pagar 200.000
capital social 150.000
vendas de mercadorias 1.000.000
custo das mercadorias vendidas 600.000
despesas administrativas 90.000
despesas comerciais 160.000
despesas financeiras 33.000

43
§ 1o Somente os valores mobiliários de emissão de
LEI Nº 6.404/1976 E SUAS ALTERAÇÕES companhia registrada na Comissão de Valores Mo-
biliários podem ser negociados no mercado de valo-
res mobiliários. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de
DISPÕE SOBRE AS SOCIEDADES POR AÇÕES 2001)
§ 2o Nenhuma distribuição pública de valores mobi-
LEI No 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976. liários será efetivada no mercado sem prévio registro
na Comissão de Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- nº 10.303, de 2001)
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 3o A Comissão de Valores Mobiliários poderá clas-
sificar as companhias abertas em categorias, segundo
CAPÍTULO I as espécies e classes dos valores mobiliários por ela
emitidos negociados no mercado, e especificará as
Características e Natureza da Companhia ou So- normas sobre companhias abertas aplicáveis a cada
ciedade Anônima categoria. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 4o O registro de companhia aberta para negociação
Características de ações no mercado somente poderá ser cancelado
se a companhia emissora de ações, o acionista con-
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o trolador ou a sociedade que a controle, direta ou in-
capital dividido em ações, e a responsabilidade dos diretamente, formular oferta pública para adquirir a
sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão totalidade das ações em circulação no mercado, por
das ações subscritas ou adquiridas. preço justo, ao menos igual ao valor de avaliação da
companhia, apurado com base nos critérios, adotados
Objeto Social de forma isolada ou combinada, de patrimônio líqui-
do contábil, de patrimônio líquido avaliado a preço
Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer em- de mercado, de fluxo de caixa descontado, de com-
presa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem paração por múltiplos, de cotação das ações no mer-
pública e aos bons costumes. cado de valores mobiliários, ou com base em outro
§ 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mer- critério aceito pela Comissão de Valores Mobiliários,
cantil e se rege pelas leis e usos do comércio. assegurada a revisão do valor da oferta, em conformi-
§ 2º O estatuto social definirá o objeto de modo pre- dade com o disposto no art. 4o-A. (Incluído pela Lei nº
ciso e completo. 10.303, de 2001)
§ 3º A companhia pode ter por objeto participar de ou- § 5o Terminado o prazo da oferta pública fixado na
tras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a regulamentação expedida pela Comissão de Valores
participação é facultada como meio de realizar o objeto Mobiliários, se remanescerem em circulação menos de
social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. 5% (cinco por cento) do total das ações emitidas pela
companhia, a assembléia-geral poderá deliberar o
Denominação resgate dessas ações pelo valor da oferta de que trata
o § 4o, desde que deposite em estabelecimento bancá-
Art. 3º A sociedade será designada por denominação rio autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários,
acompanhada das expressões “companhia” ou “socie- à disposição dos seus titulares, o valor de resgate, não
dade anônima”, expressas por extenso ou abreviada- se aplicando, nesse caso, o disposto no § 6o do art. 44.
mente mas vedada a utilização da primeira ao final. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 1º O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por § 6o O acionista controlador ou a sociedade contro-
qualquer outro modo tenha concorrido para o êxito da ladora que adquirir ações da companhia aberta sob
empresa, poderá figurar na denominação. seu controle que elevem sua participação, direta ou
§ 2º Se a denominação for idêntica ou semelhante a indireta, em determinada espécie e classe de ações à
de companhia já existente, assistirá à prejudicada o porcentagem que, segundo normas gerais expedidas
direito de requerer a modificação, por via administra- pela Comissão de Valores Mobiliários, impeça a liqui-
tiva (artigo 97) ou em juízo, e demandar as perdas e dez de mercado das ações remanescentes, será obri-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

danos resultantes. gado a fazer oferta pública, por preço determinado


nos termos do § 4o, para aquisição da totalidade das
Companhia Aberta e Fechada ações remanescentes no mercado. (Incluído pela Lei nº
10.303, de 2001)
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é aber-
ta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua Art. 4o-A. Na companhia aberta, os titulares de, no
emissão estejam ou não admitidos à negociação no mínimo, 10% (dez por cento) das ações em circulação
mercado de valores mobiliários. (Redação dada pela no mercado poderão requerer aos administradores da
Lei nº 10.303, de 2001) companhia que convoquem assembléia especial dos
acionistas titulares de ações em circulação no mer-

44
cado, para deliberar sobre a realização de nova ava- Avaliação
liação pelo mesmo ou por outro critério, para efeito
de determinação do valor de avaliação da companhia, Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três)
referido no § 4o do art. 4o. (Incluído pela Lei nº 10.303, peritos ou por empresa especializada, nomeados em
de 2001) assembléia-geral dos subscritores, convocada pela
§ 1o O requerimento deverá ser apresentado no prazo imprensa e presidida por um dos fundadores, insta-
de 15 (quinze) dias da divulgação do valor da oferta lando-se em primeira convocação com a presença
pública, devidamente fundamentado e acompanhado desubscritores que representem metade, pelo menos,
de elementos de convicção que demonstrem a falha do capital social, e em segunda convocação com qual-
ou imprecisão no emprego da metodologia de cálculo quer número. (Vide Decreto-lei nº 1.978,
ou no critério de avaliação adotado, podendo os acio- de 1982)
nistas referidos no caput convocar a assembléia quan- § 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apre-
do os administradores não atenderem, no prazo de 8 sentar laudo fundamentado, com a indicação dos cri-
(oito) dias, ao pedido de convocação. (Incluído pela Lei térios de avaliação e dos elementos de comparação
nº 10.303, de 2001) adotados e instruído com os documentos relativos aos
§ 2o Consideram-se ações em circulação no mercado bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que
todas as ações do capital da companhia aberta menos conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações
as de propriedade do acionista controlador, de direto- que lhes forem solicitadas.
res, de conselheiros de administração e as em tesoura- § 2º Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela as-
ria. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) sembléia, os bens incorporar-se-ão ao patrimônio da
§ 3o Os acionistas que requererem a realização de companhia, competindo aos primeiros diretores cum-
nova avaliação e aqueles que votarem a seu favor de- prir as formalidades necessárias à respectiva trans-
verão ressarcir a companhia pelos custos incorridos, missão.
caso o novo valor seja inferior ou igual ao valor ini- § 3º Se a assembléia não aprovar a avaliação, ou o
cial da oferta pública. (Incluído pela Lei nº 10.303, de
subscritor não aceitar a avaliação aprovada, ficará
2001)
sem efeito o projeto de constituição da companhia.
§ 4o Caberá à Comissão de Valores Mobiliários dis-
§ 4º Os bens não poderão ser incorporados ao patri-
ciplinar o disposto no art. 4o e neste artigo, e fixar
mônio da companhia por valor acima do que lhes ti-
prazos para a eficácia desta revisão. (Incluído pela Lei
ver dado o subscritor.
nº 10.303, de 2001)
§ 5º Aplica-se à assembléia referida neste artigo o dis-
posto nos §§ 1º e 2º do artigo 115.
CAPÍTULO II
§ 6º Os avaliadores e o subscritor responderão peran-
te a companhia, os acionistas e terceiros, pelos danos
Capital Social
que lhes causarem por culpa ou dolo na avaliação dos
SEÇÃO I bens, sem prejuízo da responsabilidade penal em que
tenham incorrido; no caso de bens em condomínio, a
Valor responsabilidade dos subscritores é solidária.

Fixação no Estatuto e Moeda Transferência dos Bens

Art. 5º O estatuto da companhia fixará o valor do Art. 9º Na falta de declaração expressa em contrário,
capital social, expresso em moeda nacional. os bens transferem-se à companhia a título de pro-
Parágrafo único. A expressão monetária do valor do priedade.
capital social realizado será corrigida anualmente (ar-
tigo 167). Responsabilidade do Subscritor

Alteração Art. 10. A responsabilidade civil dos subscritores ou


acionistas que contribuírem com bens para a forma-
Art. 6º O capital social somente poderá ser modifica- ção do capital social será idêntica à do vendedor.
do com observância dos preceitos desta Lei e do esta- Parágrafo único. Quando a entrada consistir em crédi-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

tuto social (artigos 166 a 174). to, o subscritor ou acionista responderá pela solvência
do devedor.
SEÇÃO II

Formação
Dinheiro e Bens

Art. 7º O capital social poderá ser formado com con-


tribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de
bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.

45
CAPÍTULO III SEÇÃO III

Ações Espécies e Classes


Espécies
SEÇÃO I
Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou
Número e Valor Nominal vantagens que confiram a seus titulares, são ordiná-
Fixação no Estatuto rias, preferenciais, ou de fruição.
§ 1º As ações ordinárias da companhia fechada e as
Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que ações preferenciais da companhia aberta e fechada
se divide o capital social e estabelecerá se as ações poderão ser de uma ou mais classes.
terão, ou não, valor nominal. § 2o O número de ações preferenciais sem direito a
§ 1º Na companhia com ações sem valor nominal, o voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito,
estatuto poderá criar uma ou mais classes de ações não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do
preferenciais com valor nominal. total das ações emitidas. (Redação dada pela Lei nº
§ 2º O valor nominal será o mesmo para todas as 10.303, de 2001)
ações da companhia.
§ 3º O valor nominal das ações de companhia aberta Ações Ordinárias
não poderá ser inferior ao mínimo fixado pela Comis-
são de Valores Mobiliários. Art. 16. As ações ordinárias de companhia fechada
poderão ser de classes diversas, em função de:
Alteração I - conversibilidade em ações preferenciais; (Redação
dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
Art. 12. O número e o valor nominal das ações so- II - exigência de nacionalidade brasileira do acionista;
mente poderão ser alterados nos casos de modificação ou (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
do valor do capital social ou da sua expressão mone- III - direito de voto em separado para o preenchimen-
tária, de desdobramento ou grupamento de ações, ou to de determinados cargos de órgãos administrativos.
de cancelamento de ações autorizado nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
Parágrafo único. A alteração do estatuto na parte em
SEÇÃO II que regula a diversidade de classes, se não for expres-
samente prevista, e regulada, requererá a concordân-
Preço de Emissão cia de todos os titulares das ações atingidas.
Ações com Valor Nominal
Ações Preferenciais
Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço infe-
rior ao seu valor nominal. Art. 17. As preferências ou vantagens das ações pre-
§ 1º A infração do disposto neste artigo importará ferenciais podem consistir: (Redação dada pela Lei nº
nulidade do ato ou operação e responsabilidade dos 10.303, de 2001)
infratores, sem prejuízo da ação penal que no caso I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou
couber. mínimo;(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 2º A contribuição do subscritor que ultrapassar o va- II - em prioridade no reembolso do capital, com prê-
lor nominal constituirá reserva de capital (artigo 182, mio ou sem ele; ou (Redação dada pela Lei nº 10.303,
§ 1º). de 2001)
III - na acumulação das preferências e vantagens de
Ações sem Valor Nominal que tratam os incisos I e II.(Incluído pela Lei nº 10.303,
de 2001)
Art. 14. O preço de emissão das ações sem valor no- § 1o Independentemente do direito de receber ou não
minal será fixado, na constituição da companhia, pe- o valor de reembolso do capital com prêmio ou sem
los fundadores, e no aumento de capital, pela assem- ele, as ações preferenciais sem direito de voto ou com
bléia-geral ou pelo conselho de administração (artigos restrição ao exercício deste direito, somente serão ad-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

166 e 170, § 2º). mitidas à negociação no mercado de valores mobili-


Parágrafo único. O preço de emissão pode ser fixado ários se a elas for atribuída pelo menos uma das se-
com parte destinada à formação de reserva de capital; guintes preferências ou vantagens:(Redação dada pela
na emissão de ações preferenciais com prioridade no Lei nº 10.303, de 2001)
reembolso do capital, somente a parcela que ultrapas- I - direito de participar do dividendo a ser distribuído,
sar o valor de reembolso poderá ter essa destinação. correspondente a, pelo menos, 25% (vinte e cinco por
cento) do lucro líquido do exercício, calculado na forma
do art. 202, de acordo com o seguinte critério:(Incluído
dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

46
a) prioridade no recebimento dos dividendos men- Parágrafo único. O estatuto pode subordinar as alte-
cionados neste inciso correspondente a, no mínimo, rações estatutárias que especificar à aprovação, em
3% (três por cento) do valor do patrimônio líquido da assembléia especial, dos titulares de uma ou mais
ação; e (Incluída dada pela Lei nº 10.303, de 2001) classes de ações preferenciais.
b) direito de participar dos lucros distribuídos em
igualdade de condições com as ordinárias, depois de a Regulação no Estatuto
estas assegurado dividendo igual ao mínimo prioritá-
rio estabelecido em conformidade com a alínea a; ou Art. 19. O estatuto da companhia com ações prefe-
(Incluída dada pela Lei nº 10.303, de 2001) renciais declarará as vantagens ou preferências atri-
II - direito ao recebimento de dividendo, por ação pre- buídas a cada classe dessas ações e as restrições a que
ferencial, pelo menos 10% (dez por cento) maior do ficarão sujeitas, e poderá prever o resgate ou a amor-
que o atribuído a cada ação ordinária; ou (Incluído tização, a conversão de ações de uma classe em ações
dada pela Lei nº 10.303, de 2001) de outra e em ações ordinárias, e destas em preferen-
III - direito de serem incluídas na oferta pública de ciais, fixando as respectivas condições.
alienação de controle, nas condições previstas no
art. 254-A, assegurado o dividendo pelo menos igual SEÇÃO IV
ao das ações ordinárias. (Incluído dada pela Lei nº
10.303, de 2001) Forma
§ 2o Deverão constar do estatuto, com precisão e mi-
núcia, outras preferências ou vantagens que sejam Art. 20. As ações devem ser nominativas. (Redação
atribuídas aos acionistas sem direito a voto, ou com dada pela Lei nº 8.021, de 1990)
voto restrito, além das previstas neste artigo.(Redação
dada pela Lei nº 10.303, de 2001) Ações Não-Integralizadas
§ 3o Os dividendos, ainda que fixos ou cumulativos,
não poderão ser distribuídos em prejuízo do capital Art. 21. Além dos casos regulados em lei especial,
social, salvo quando, em caso de liquidação da com- as ações terão obrigatoriamente forma nominativa
panhia, essa vantagem tiver sido expressamente as- ou endossável até o integral pagamento do preço de
segurada.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) emissão.
§ 4o Salvo disposição em contrário no estatuto, o divi-
dendo prioritário não é cumulativo, a ação com divi- Determinação no Estatuto
dendo fixo não participa dos lucros remanescentes e a
ação com dividendo mínimo participa dos lucros dis- Art. 22. O estatuto determinará a forma das ações e a
tribuídos em igualdade de condições com as ordiná- conversibilidade de uma em outra forma.
rias, depois de a estas assegurado dividendo igual ao Parágrafo único. As ações ordinárias da companhia
mínimo.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) aberta e ao menos uma das classes de ações ordiná-
§ 5o Salvo no caso de ações com dividendo fixo, o esta- rias da companhia fechada, quando tiverem a forma
tuto não pode excluir ou restringir o direito das ações ao portador, serão obrigatoriamente conversíveis, à
preferenciais de participar dos aumentos de capital vontade do acionista, em nominativas endossáveis.
decorrentes da capitalização de reservas ou lucros
(art. 169).(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) SEÇÃO V
§ 6o O estatuto pode conferir às ações preferenciais
com prioridade na distribuição de dividendo cumu- Certificados
lativo, o direito de recebê-lo, no exercício em que o Emissão
lucro for insuficiente, à conta das reservas de capital
de que trata o § 1o do art. 182.(Redação dada pela Lei Art. 23. A emissão de certificado de ação somente
nº 10.303, de 2001) será permitida depois de cumpridas as formalidades
§ 7o Nas companhias objeto de desestatização pode- necessárias ao funcionamento legal da companhia.
rá ser criada ação preferencial de classe especial, de § 1º A infração do disposto neste artigo importa nuli-
propriedade exclusiva do ente desestatizante, à qual dade do certificado e responsabilidade dos infratores.
o estatuto social poderá conferir os poderes que es- § 2º Os certificados das ações, cujas entradas não con-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

pecificar, inclusive o poder de veto às deliberações da sistirem em dinheiro, só poderão ser emitidos depois
assembléia-geral nas matérias que especificar.(Incluí- de cumpridas as formalidades necessárias à transmis-
do pela Lei nº 10.303, de 2001) são de bens, ou de realizados os créditos.
§ 3º A companhia poderá cobrar o custo da substi-
Vantagens Políticas tuição dos certificados, quando pedida pelo acionista.

Art. 18. O estatuto pode assegurar a uma ou mais Requisitos


classes de ações preferenciais o direito de eleger, em
votação em separado, um ou mais membros dos ór- Art. 24. Os certificados das ações serão escritos em
gãos de administração. vernáculo e conterão as seguintes declarações:

47
I - denominação da companhia, sua sede e prazo de Agente Emissor de Certificados
duração;
II - o valor do capital social, a data do ato que o tiver Art. 27. A companhia pode contratar a escrituração
fixado, o número de ações em que se divide e o valor e a guarda dos livros de registro e transferência de
nominal das ações, ou a declaração de que não têm ações e a emissão dos certificados com instituição fi-
valor nominal; nanceira autorizada pela Comissão de Valores Mobili-
III - nas companhias com capital autorizado, o limite ários a manter esse serviço.
da autorização, em número de ações ou valor do ca- § 1º Contratado o serviço, somente o agente emissor
pital social; poderá praticar os atos relativos aos registros e emitir
IV - o número de ações ordinárias e preferenciais das certificados.
diversas classes, se houver, as vantagens ou preferên- § 2º O nome do agente emissor constará das publi-
cias conferidas a cada classe e as limitações ou restri- cações e ofertas públicas de valores mobiliários feitas
ções a que as ações estiverem sujeitas; pela companhia.
V - o número de ordem do certificado e da ação, e a § 3º Os certificados de ações emitidos pelo agente
espécie e classe a que pertence; emissor da companhia deverão ser numerados segui-
VI - os direitos conferidos às partes beneficiárias, se damente, mas a numeração das ações será facultativa.
houver;
VII - a época e o lugar da reunião da assembléia-geral SEÇÃO VI
ordinária;
VIII - a data da constituição da companhia e do arqui- Propriedade e Circulação
vamento e publicação de seus atos constitutivos; Indivisibilidade
IX - o nome do acionista; (Redação dada pela Lei nº
9.457, de 1997) Art. 28. A ação é indivisível em relação à companhia.
X - o débito do acionista e a época e o lugar de seu Parágrafo único. Quando a ação pertencer a mais de
pagamento, se a ação não estiver integralizada; (Re- uma pessoa, os direitos por ela conferidos serão exer-
dação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) cidos pelo representante do condomínio.
XI - a data da emissão do certificado e as assinaturas
de dois diretores, ou do agente emissor de certificados Negociabilidade
(art. 27). (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
§ 1º A omissão de qualquer dessas declarações dá ao Art. 29. As ações da companhia aberta somente po-
acionista direito à indenização por perdas e danos derão ser negociadas depois de realizados 30% (trinta
contra a companhia e os diretores na gestão dos quais por cento) do preço de emissão.
os certificados tenham sido emitidos. Parágrafo único. A infração do disposto neste artigo
§ 2o Os certificados de ações emitidas por companhias importa na nulidade do ato.
abertas podem ser assinados por dois mandatários
com poderes especiais, ou autenticados por chancela Negociação com as Próprias Ações
mecânica, observadas as normas expedidas pela Co-
missão de Valores Mobiliários.(Redação dada pela Lei Art. 30. A companhia não poderá negociar com as
nº 10.303, de 2001) próprias ações.
§ 1º Nessa proibição não se compreendem:
Títulos Múltiplos e Cautelas a) as operações de resgate, reembolso ou amortização
previstas em lei;
Art. 25. A companhia poderá, satisfeitos os requisitos b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou
do artigo 24, emitir certificados de múltiplos de ações cancelamento, desde que até o valor do saldo de lu-
e, provisoriamente, cautelas que as representam. cros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do
Parágrafo único. Os títulos múltiplos das companhias capital social, ou por doação;
abertas obedecerão à padronização de número de c) a alienação das ações adquiridas nos termos da alí-
ações fixada pela Comissão de Valores Mobiliários. nea b e mantidas em tesouraria;
d) a compra quando, resolvida a redução do capital
Cupões mediante restituição, em dinheiro, de parte do valor
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

das ações, o preço destas em bolsa for inferior ou igual


Art. 26. Aos certificados das ações ao portador podem à importância que deve ser restituída.
ser anexados cupões relativos a dividendos ou outros § 2º A aquisição das próprias ações pela companhia
direitos. aberta obedecerá, sob pena de nulidade, às normas
Parágrafo único. Os cupões conterão a denominação expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, que
da companhia, a indicação do lugar da sede, o nú- poderá subordiná-la à prévia autorização em cada
mero de ordem do certificado, a classe da ação e o caso.
número de ordem do cupão. § 3º A companhia não poderá receber em garantia as
próprias ações, salvo para assegurar a gestão dos seus
administradores.

48
§ 4º As ações adquiridas nos termos da alínea b do § Art. 35. A propriedade da ação escritural presume-se
1º, enquanto mantidas em tesouraria, não terão direi- pelo registro na conta de depósito das ações, aberta em
to a dividendo nem a voto. nome do acionista nos livros da instituição depositária.
§ 5º No caso da alínea d do § 1º, as ações adquiridas § 1º A transferência da ação escritural opera-se pelo
serão retiradas definitivamente de circulação. lançamento efetuado pela instituição depositária em
seus livros, a débito da conta de ações do alienante e
Ações Nominativas a crédito da conta de ações do adquirente, à vista de
ordem escrita do alienante, ou de autorização ou or-
Art. 31. A propriedade das ações nominativas presu- dem judicial, em documento hábil que ficará em poder
me-se pela inscrição do nome do acionista no livro de da instituição.
“Registro de Ações Nominativas” ou pelo extrato que § 2º A instituição depositária fornecerá ao acionista
seja fornecido pela instituição custodiante, na quali- extrato da conta de depósito das ações escriturais,
dade de proprietária fiduciária das ações.(Redação sempre que solicitado, ao término de todo mês em que
dada pela Lei nº 10.303, de 2001) for movimentada e, ainda que não haja movimenta-
§ 1º A transferência das ações nominativas opera-se ção, ao menos uma vez por ano.
por termo lavrado no livro de “Transferência de Ações § 3º O estatuto pode autorizar a instituição depositá-
Nominativas”, datado e assinado pelo cedente e pelo ria a cobrar do acionista o custo do serviço de trans-
cessionário, ou seus legítimos representantes. ferência da propriedade das ações escriturais, obser-
§ 2º A transferência das ações nominativas em virtu- vados os limites máximos fixados pela Comissão de
de de transmissão por sucessão universal ou legado, Valores Mobiliários.
de arrematação, adjudicação ou outro ato judicial, ou
por qualquer outro título, somente se fará mediante Limitações à Circulação
averbação no livro de “Registro de Ações Nominati-
vas”, à vista de documento hábil, que ficará em poder Art. 36. O estatuto da companhia fechada pode im-
da companhia. por limitações à circulação das ações nominativas,
§ 3º Na transferência das ações nominativas adqui- contanto que regule minuciosamente tais limitações e
ridas em bolsa de valores, o cessionário será repre- não impeça a negociação, nem sujeite o acionista ao
sentado, independentemente de instrumento de pro- arbítrio dos órgãos de administração da companhia
curação, pela sociedade corretora, ou pela caixa de ou da maioria dos acionistas.
liquidação da bolsa de valores. Parágrafo único. A limitação à circulação criada por
alteração estatutária somente se aplicará às ações
Ações Endossáveis cujos titulares com ela expressamente concordarem,
mediante pedido de averbação no livro de “Registro de
Art. 32. (Revogado pela Lei nº 8.021, de 1990) Ações Nominativas”.

Ações ao Portador Suspensão dos Serviços de Certificados

Art. 33. (Revogado pela Lei nº 8.021, de 1990) Art. 37. A companhia aberta pode, mediante comu-
nicação às bolsas de valores em que suas ações forem
Ações Escriturais negociadas e publicação de anúncio, suspender, por
períodos que não ultrapassem, cada um, 15 (quinze)
Art. 34. O estatuto da companhia pode autorizar ou dias, nem o total de 90 (noventa) dias durante o ano,
estabelecer que todas as ações da companhia, ou uma os serviços de transferência, conversão e desdobra-
ou mais classes delas, sejam mantidas em contas de mento de certificados.
depósito, em nome de seus titulares, na instituição que Parágrafo único. O disposto neste artigo não prejudi-
designar, sem emissão de certificados. cará o registro da transferência das ações negociadas
§ 1º No caso de alteração estatutária, a conversão em em bolsa anteriormente ao início do período de sus-
ação escritural depende da apresentação e do cance- pensão.
lamento do respectivo certificado em circulação.
§ 2o Somente as instituições financeiras autorizadas Perda ou Extravio
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

pela Comissão de Valores Mobiliários podem manter


serviços de escrituração de ações e de outros valores Art. 38. O titular de certificado perdido ou extraviado
mobiliários. (Redação dada pela Lei nº 12.810, de de ação ao portador ou endossável poderá, justifican-
2013) do a propriedade e a perda ou extravio, promover, na
§ 3º A companhia responde pelas perdas e danos cau- forma da lei processual, o procedimento de anulação e
sados aos interessados por erros ou irregularidades no substituição para obter a expedição de novo certificado.
serviço de ações escriturais, sem prejuízo do eventual § 1º Somente será admitida a anulação e substituição
direito de regresso contra a instituição depositária. de certificado ao portador ou endossado em branco à
vista da prova, produzida pelo titular, da destruição ou
inutilização do certificado a ser substituído.

49
§ 2º Até que o certificado seja recuperado ou subs- § 3o A instituição depositária ficará obrigada a co-
tituído, as transferências poderão ser averbadas sob municar à companhia emissora:(Incluído pela Lei nº
condição, cabendo à companhia exigir do titular, para 10.303, de 2001)
satisfazer dividendo e demais direitos, garantia idônea I - imediatamente, o nome do proprietário efetivo
de sua eventual restituição. quando houver qualquer evento societário que exija
a sua identificação; e (Incluído pela Lei nº 10.303, de
SEÇÃO VII 2001)
II - no prazo de até 10 (dez) dias, a contratação da cus-
Constituição de Direitos Reais e Outros Ônus tódia e a criação de ônus ou gravames sobre as ações.
Penhor (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 4o A propriedade das ações em custódia fungível
Art. 39. O penhor ou caução de ações se constitui pela será provada pelo contrato firmado entre o proprietá-
averbação do respectivo instrumento no livro de Re- rio das ações e a instituição depositária.(Incluído pela
gistro de Ações Nominativas. (Redação dada pela Lei Lei nº 10.303, de 2001)
nº 9.457, de 1997) § 5o A instituição tem as obrigações de depositária
§ 1º O penhor da ação escritural se constitui pela aver- e responde perante o acionista e terceiros pelo des-
bação do respectivo instrumento nos livros da insti- cumprimento de suas obrigações.(Incluído pela Lei nº
tuição financeira, a qual será anotada no extrato da 10.303, de 2001)
conta de depósito fornecido ao acionista.
§ 2º Em qualquer caso, a companhia, ou a instituição Representação e Responsabilidade
financeira, tem o direito de exigir, para seu arquivo,
um exemplar do instrumento de penhor. Art. 42. A instituição financeira representa, perante a
companhia, os titulares das ações recebidas em custó-
Outros Direitos e Ônus dia nos termos do artigo 41, para receber dividendos e
ações bonificadas e exercer direito de preferência para
Art. 40. O usufruto, o fideicomisso, a alienação fidu- subscrição de ações.
ciária em garantia e quaisquer cláusulas ou ônus que § 1º Sempre que houver distribuição de dividendos ou
gravarem a ação deverão ser averbados: bonificação de ações e, em qualquer caso, ao menos
I - se nominativa, no livro de “Registro de Ações No- uma vez por ano, a instituição financeira fornecerá à
minativas”; companhia a lista dos depositantes de ações recebidas
II - se escritural, nos livros da instituição financeira, nos termos deste artigo, assim como a quantidade de
que os anotará no extrato da conta de depósito for- ações de cada um. (Redação dada pela Lei nº 9.457,
necida ao acionista. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
de 1997) § 2º O depositante pode, a qualquer tempo, extinguir
Parágrafo único. Mediante averbação nos termos des- a custódia e pedir a devolução dos certificados de suas
te artigo, a promessa de venda da ação e o direito de ações.
preferência à sua aquisição são oponíveis a terceiros. § 3º A companhia não responde perante o acionista
nem terceiros pelos atos da instituição depositária das
SEÇÃO VIII ações.

Custódia de Ações Fungíveis SEÇÃO IX

Art. 41. A instituição autorizada pela Comissão de Certificado de Depósito de Ações


Valores Mobiliários a prestar serviços de custódia de
ações fungíveis pode contratar custódia em que as Art. 43. A instituição financeira autorizada a funcio-
ações de cada espécie e classe da companhia sejam nar como agente emissor de certificados (art. 27) pode
recebidas em depósito como valores fungíveis, adqui- emitir título representativo das ações que receber em
rindo a instituição depositária a propriedade fiduciária depósito, do qual constarão: (Redação dada pela Lei
das ações.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) nº 9.457, de 1997)
§ 1o A instituição depositária não pode dispor das I - o local e a data da emissão;
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

ações e fica obrigada a devolver ao depositante a II - o nome da instituição emitente e as assinaturas de


quantidade de ações recebidas, com as modificações seus representantes;
resultantes de alterações no capital social ou no nú- III - a denominação “Certificado de Depósito de Ações”;
mero de ações da companhia emissora, independen- IV - a especificação das ações depositadas;
temente do número de ordem das ações ou dos certi- V - a declaração de que as ações depositadas, seus
ficados recebidos em depósito. (Redação dada pela Lei rendimentos e o valor recebido nos casos de resgate
nº 10.303, de 2001) ou amortização somente serão entregues ao titular do
§ 2o Aplica-se o disposto neste artigo, no que couber, certificado de depósito, contra apresentação deste;
aos demais valores mobiliários.(Incluído pela Lei nº VI - o nome e a qualificação do depositante;
10.303, de 2001)

50
VII - o preço do depósito cobrado pelo banco, se devi- deliberar essa matéria específica, for aprovado por
do na entrega das ações depositadas; acionistas que representem, no mínimo, a metade das
VIII - o lugar da entrega do objeto do depósito. ações da(s) classe(s) atingida(s).(Incluído pela Lei nº
§ 1º A instituição financeira responde pela origem e 10.303, de 2001)
autenticidade dos certificados das ações depositadas.
§ 2º Emitido o certificado de depósito, as ações de- Reembolso
positadas, seus rendimentos, o valor de resgate ou de
amortização não poderão ser objeto de penhora, arres- Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos ca-
to, seqüestro, busca ou apreensão, ou qualquer outro sos previstos em lei, a companhia paga aos acionistas
embaraço que impeça sua entrega ao titular do cer- dissidentes de deliberação da assembléia-geral o valor
tificado, mas este poderá ser objeto de penhora ou de de suas ações.
qualquer medida cautelar por obrigação do seu titular. § 1º O estatuto pode estabelecer normas para a de-
§ 3º Os certificados de depósito de ações serão nomi- terminação do valor de reembolso, que, entretanto,
nativos, podendo ser mantidos sob o sistema escritu- somente poderá ser inferior ao valor de patrimônio
ral. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) líquido constante do último balanço aprovado pela
§ 4º Os certificados de depósito de ações poderão, a assembléia-geral, observado o disposto no § 2º, se es-
pedido do seu titular, e por sua conta, ser desdobrados tipulado com base no valor econômico da companhia,
ou grupados. a ser apurado em avaliação (§§ 3º e 4º). (Redação
§ 5º Aplicam-se ao endosso do certificado, no que dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
couber, as normas que regulam o endosso de títulos § 2º Se a deliberação da assembléia-geral ocorrer mais
cambiários. de 60 (sessenta) dias depois da data do último balanço
aprovado, será facultado ao acionista dissidente pedir,
SEÇÃO X juntamente com o reembolso, levantamento de balan-
ço especial em data que atenda àquele prazo.
Resgate, Amortização e Reembolso
Resgate e Amortização Nesse caso, a companhia pagará imediatamente 80%
(oitenta por cento) do valor de reembolso calculado com
Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordi- base no último balanço e, levantado o balanço especial,
nária pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas pagará o saldo no prazo de 120 (cento e vinte), dias a
no resgate ou na amortização de ações, determinando contar da data da deliberação da assembléia-geral.
as condições e o modo de proceder-se à operação.
§ 1º O resgate consiste no pagamento do valor das § 3º Se o estatuto determinar a avaliação da ação
ações para retirá-las definitivamente de circulação, para efeito de reembolso, o valor será o determinado
com redução ou não do capital social, mantido o mes- por três peritos ou empresa especializada, mediante
mo capital, será atribuído, quando for o caso, novo va- laudo que satisfaça os requisitos do § 1º do art. 8º e
lor nominal às ações remanescentes. com a responsabilidade prevista no § 6º do mesmo
§ 2º A amortização consiste na distribuição aos acio- artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
nistas, a título de antecipação e sem redução do ca- § 4º Os peritos ou empresa especializada serão indica-
pital social, de quantias que lhes poderiam tocar em dos em lista sêxtupla ou tríplice, respectivamente, pelo
caso de liquidação da companhia. Conselho de Administração ou, se não houver, pela
§ 3º A amortização pode ser integral ou parcial e diretoria, e escolhidos pela Assembléia-geral em de-
abranger todas as classes de ações ou só uma delas. liberação tomada por maioria absoluta de votos, não
§ 4º O resgate e a amortização que não abrangerem se computando os votos em branco, cabendo a cada
a totalidade das ações de uma mesma classe serão ação, independentemente de sua espécie ou classe, o
feitos mediante sorteio; sorteadas ações custodiadas direito a um voto. (Redação dada pela Lei nº 9.457,
nos termos do artigo 41, a instituição financeira es- de 1997)
pecificará, mediante rateio, as resgatadas ou amorti- § 5º O valor de reembolso poderá ser pago à conta
zadas, se outra forma não estiver prevista no contrato de lucros ou reservas, exceto a legal, e nesse caso as
de custódia. ações reembolsadas ficarão em tesouraria. (Redação
§ 5º As ações integralmente amortizadas poderão ser dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

substituídas por ações de fruição, com as restrições § 6º Se, no prazo de cento e vinte dias, a contar da pu-
fixadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral que blicação da ata da assembléia, não forem substituídos
deliberar a amortização; em qualquer caso, ocorren- os acionistas cujas ações tenham sido reembolsadas à
do liquidação da companhia, as ações amortizadas só conta do capital social, este considerar-se-á reduzido
concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às no montante correspondente, cumprindo aos órgãos
ações não a amortizadas valor igual ao da amortiza- da administração convocar a assembléia-geral, den-
ção, corrigido monetariamente. tro de cinco dias, para tomar conhecimento daquela
§ 6o Salvo disposição em contrário do estatuto social, redução. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
o resgate de ações de uma ou mais classes só será
efetuado se, em assembléia especial convocada para

51
§ 7º Se sobrevier a falência da sociedade, os acionis- § 1º O prazo de duração das partes beneficiárias atri-
tas dissidentes, credores pelo reembolso de suas ações, buídas gratuitamente, salvo as destinadas a socieda-
serão classificados como quirografários em quadro se- des ou fundações beneficentes dos empregados da
parado, e os rateios que lhes couberem serão imputa- companhia, não poderá ultrapassar 10 (dez) anos.
dos no pagamento dos créditos constituídos anterior- § 2º O estatuto poderá prever a conversão das partes
mente à data da publicação da ata da assembléia. As beneficiárias em ações, mediante capitalização de re-
quantias assim atribuídas aos créditos mais antigos serva criada para esse fim.
não se deduzirão dos créditos dos ex-acionistas, que § 3º No caso de liquidação da companhia, solvido o
subsistirão integralmente para serem satisfeitos pelos passivo exigível, os titulares das partes beneficiárias te-
bens da massa, depois de pagos os primeiros. (Incluído rão direito de preferência sobre o que restar do ativo até
pela Lei nº 9.457, de 1997) a importância da reserva para resgate ou conversão.
§ 8º Se, quando ocorrer a falência, já se houver efe-
tuado, à conta do capital social, o reembolso dos ex- Certificados
-acionistas, estes não tiverem sido substituídos, e
a massa não bastar para o pagamento dos créditos Art. 49. Os certificados das partes beneficiárias conterão:
mais antigos, caberá ação revocatória para restituição I - a denominação “parte beneficiária”;
do reembolso pago com redução do capital social, até II - a denominação da companhia, sua sede e prazo
a concorrência do que remanescer dessa parte do pas- de duração;
sivo. A restituição será havida, na mesma proporção, III - o valor do capital social, a data do ato que o fixou
de todos os acionistas cujas ações tenham sido reem- e o número de ações em que se divide;
bolsadas. (Incluído pela Lei nº 9.457, de 1997) IV - o número de partes beneficiárias criadas pela
companhia e o respectivo número de ordem;
CAPÍTULO IV V - os direitos que lhes serão atribuídos pelo estatu-
to, o prazo de duração e as condições de resgate, se
Partes Beneficiárias houver;
VI - a data da constituição da companhia e do arqui-
Características vamento e publicação dos seus atos constitutivos;
VII - o nome do beneficiário; (Redação dada pela Lei
Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, nº 9.457, de 1997)
títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao VIII - a data da emissão do certificado e as assinaturas
capital social, denominados “partes beneficiárias”. de dois diretores. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de
§ 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titu- 1997)
lares direito de crédito eventual contra a companhia,
consistente na participação nos lucros anuais (artigo Forma, Propriedade, Circulação e Ônus
190).
§ 2º A participação atribuída às partes beneficiárias, Art. 50. As partes beneficiárias serão nominativas e a
inclusive para formação de reserva para resgate, se elas se aplica, no que couber, o disposto nas seções V
houver, não ultrapassará 0,1 (um décimo) dos lucros. a VII do Capítulo III. (Redação dada pela Lei nº 9.457,
§ 3º É vedado conferir às partes beneficiárias qualquer de 1997)
direito privativo de acionista, salvo o de fiscalizar, nos § 1º As partes beneficiárias serão registradas em livros
termos desta Lei, os atos dos administradores. próprios, mantidos pela companhia. (Redação dada
§ 4º É proibida a criação de mais de uma classe ou pela Lei nº 9.457, de 1997)
série de partes beneficiárias. § 2º As partes beneficiárias podem ser objeto de depó-
sito com emissão de certificado, nos termos do artigo
Emissão 43.

Art. 47. As partes beneficiárias poderão ser alienadas Modificação dos Direitos
pela companhia, nas condições determinadas pelo es-
tatuto ou pela assembléia-geral, ou atribuídas a fun- Art. 51. A reforma do estatuto que modificar ou redu-
dadores, acionistas ou terceiros, como remuneração zir as vantagens conferidas às partes beneficiárias só
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

de serviços prestados à companhia. terá eficácia quando aprovada pela metade, no míni-
Parágrafo único. É vedado às companhias abertas mo, dos seus titulares, reunidos em assembléia-geral
emitir partes beneficiárias.(Redação dada pela Lei nº especial.
10.303, de 2001) § 1º A assembléia será convocada, através da impren-
sa, de acordo com as exigências para convocação das
Resgate e Conversão assembléias de acionistas, com 1 (um) mês de ante-
cedência, no mínimo. Se, após 2 (duas) convocações,
Art. 48. O estatuto fixará o prazo de duração das par- deixar de instalar-se por falta de número, somente 6
tes beneficiárias e, sempre que estipular resgate, deve- (seis) meses depois outra poderá ser convocada.
rá criar reserva especial para esse fim.

52
§ 2º Cada parte beneficiária dá direito a 1 (um) voto, § 2o O resgate parcial de debêntures da mesma série
não podendo a companhia votar com os títulos que deve ser feito: (Redação dada pela Lei nº 12.431, de
possuir em tesouraria. 2011).
§ 3º A emissão de partes beneficiárias poderá ser feita I - mediante sorteio; ou (Incluído pela Lei nº 12.431,
com a nomeação de agente fiduciário dos seus titula- de 2011).
res, observado, no que couber, o disposto nos artigos II - se as debêntures estiverem cotadas por preço in-
66 a 71. ferior ao valor nominal, por compra no mercado or-
ganizado de valores mobiliários, observadas as regras
CAPÍTULO V expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. (In-
cluído pela Lei nº 12.431, de 2011).
Debêntures § 3o É facultado à companhia adquirir debêntures
de sua emissão: (Redação dada pela Lei nº 12.431, de
Características
2011).
I - por valor igual ou inferior ao nominal, devendo
Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que
o fato constar do relatório da administração e das
conferirão aos seus titulares direito de crédito contra
demonstrações financeiras; ou (Incluído pela Lei nº
ela, nas condições constantes da escritura de emissão
e, se houver, do certificado.(Redação dada pela Lei nº 12.431, de 2011).
10.303, de 2001) II - por valor superior ao nominal, desde que observe
as regras expedidas pela Comissão de Valores Mobili-
SEÇÃO I ários. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011).
§ 4o A companhia poderá emitir debêntures cujo ven-
Direito dos Debenturistas cimento somente ocorra nos casos de inadimplência
Emissões e Séries da obrigação de pagar juros e dissolução da compa-
nhia, ou de outras condições previstas no título. (Inclu-
Art. 53. A companhia poderá efetuar mais de uma ído pela Lei nº 12.431, de 2011).
emissão de debêntures, e cada emissão pode ser divi-
dida em séries. Juros e Outros Direitos
Parágrafo único. As debêntures da mesma série terão
igual valor nominal e conferirão a seus titulares os Art. 56. A debênture poderá assegurar ao seu titular
mesmos direitos. juros, fixos ou variáveis, participação no lucro da com-
panhia e prêmio de reembolso.
Valor Nominal
Conversibilidade em Ações
Art. 54. A debênture terá valor nominal expresso em
moeda nacional, salvo nos casos de obrigação que, Art. 57. A debênture poderá ser conversível em ações
nos termos da legislação em vigor, possa ter o paga- nas condições constantes da escritura de emissão, que
mento estipulado em moeda estrangeira. especificará:
§ 1o A debênture poderá conter cláusula de correção I - as bases da conversão, seja em número de ações em
monetária, com base nos coeficientes fixados para que poderá ser convertida cada debênture, seja como
correção de títulos da dívida pública, na variação da relação entre o valor nominal da debênture e o preço
taxa cambial ou em outros referenciais não expres-
de emissão das ações;
samente vedados em lei. (Redação dada pela Lei nº
II - a espécie e a classe das ações em que poderá ser
10.303, de 2001)
convertida;
§ 2o A escritura de debênture poderá assegurar ao
III - o prazo ou época para o exercício do direito à
debenturista a opção de escolher receber o pagamen-
to do principal e acessórios, quando do vencimen- conversão;
to, amortização ou resgate, em moeda ou em bens IV - as demais condições a que a conversão acaso fi-
avaliados nos termos do art. 8o. (Incluído pela Lei nº que sujeita.
10.303, de 2001) § 1º Os acionistas terão direito de preferência para
subscrever a emissão de debêntures com cláusula de
Vencimento, Amortização e Resgate conversibilidade em ações, observado o disposto nos
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

artigos 171 e 172.


Art. 55. A época do vencimento da debênture deverá § 2º Enquanto puder ser exercido o direito à conversão,
constar da escritura de emissão e do certificado, po- dependerá de prévia aprovação dos debenturistas, em
dendo a companhia estipular amortizações parciais assembléia especial, ou de seu agente fiduciário, a al-
de cada série, criar fundos de amortização e reservar- teração do estatuto para:
-se o direito de resgate antecipado, parcial ou total, a) mudar o objeto da companhia;
dos títulos da mesma série. b) criar ações preferenciais ou modificar as vantagens
§ 1o A amortização de debêntures da mesma série das existentes, em prejuízo das ações em que são con-
deve ser feita mediante rateio. (Redação dada pela Lei versíveis as debêntures.
nº 12.431, de 2011).

53
SEÇÃO II § 2o O estatuto da companhia aberta poderá auto-
rizar o conselho de administração a, dentro dos limi-
Espécies tes do capital autorizado, deliberar sobre a emissão
de debêntures conversíveis em ações, especificando o
Art. 58. A debênture poderá, conforme dispuser a es- limite do aumento de capital decorrente da conver-
critura de emissão, ter garantia real ou garantia flutu- são das debêntures, em valor do capital social ou em
ante, não gozar de preferência ou ser subordinada aos número de ações, e as espécies e classes das ações
demais credores da companhia. que poderão ser emitidas. (Redação dada pela Lei nº
§ 1º A garantia flutuante assegura à debênture privi- 12.431, de 2011).
légio geral sobre o ativo da companhia, mas não im- § 3o A assembleia geral pode deliberar que a emissão
pede a negociação dos bens que compõem esse ativo. terá valor e número de série indeterminados, dentro
§ 2º As garantias poderão ser constituídas cumulati- dos limites por ela fixados. (Redação dada pela Lei nº
vamente. 12.431, de 2011).
§ 3º As debêntures com garantia flutuante de nova § 4o Nos casos não previstos nos §§ 1o e 2o, a assem-
emissão são preferidas pelas de emissão ou emissões bleia geral pode delegar ao conselho de administra-
anteriores, e a prioridade se estabelece pela data da ção a deliberação sobre as condições de que tratam
inscrição da escritura de emissão; mas dentro da mes- os incisos VI a VIII do caput e sobre a oportunidade da
ma emissão, as séries concorrem em igualdade. emissão. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011).
§ 4º A debênture que não gozar de garantia poderá
conter cláusula de subordinação aos credores quiro- Limite de Emissão
grafários, preferindo apenas aos acionistas no ativo
remanescente, se houver, em caso de liquidação da Art. 60. (Revogado pela Lei nº 12.431, de 2011).
companhia.
§ 5º A obrigação de não alienar ou onerar bem imóvel Escritura de Emissão
ou outro bem sujeito a registro de propriedade, assu-
mida pela companhia na escritura de emissão, é opo-
Art. 61. A companhia fará constar da escritura de
nível a terceiros, desde que averbada no competente
emissão os direitos conferidos pelas debêntures, suas
registro.
garantias e demais cláusulas ou condições.
§ 6º As debêntures emitidas por companhia integrante
§ 1º A escritura de emissão, por instrumento público
de grupo de sociedades (artigo 265) poderão ter ga-
ou particular, de debêntures distribuídas ou admiti-
rantia flutuante do ativo de 2 (duas) ou mais socieda-
das à negociação no mercado, terá obrigatoriamente
des do grupo.
a intervenção de agente fiduciário dos debenturistas
(artigos 66 a 70).
SEÇÃO III
§ 2º Cada nova série da mesma emissão será objeto de
Criação e Emissão aditamento à respectiva escritura.
Competência § 3º A Comissão de Valores Mobiliários poderá apro-
var padrões de cláusulas e condições que devam ser
Art. 59. A deliberação sobre emissão de debêntures adotados nas escrituras de emissão de debêntures
é da competência privativa da assembléia-geral, que destinadas à negociação em bolsa ou no mercado de
deverá fixar, observado o que a respeito dispuser o es- balcão, e recusar a admissão ao mercado da emissão
tatuto: que não satisfaça a esses padrões.
I - o valor da emissão ou os critérios de determinação
do seu limite, e a sua divisão em séries, se for o caso; Registro
II - o número e o valor nominal das debêntures;
III - as garantias reais ou a garantia flutuante, se hou- Art. 62. Nenhuma emissão de debêntures será feita
ver; sem que tenham sido satisfeitos os seguintes requisi-
IV - as condições da correção monetária, se houver; tos: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
V - a conversibilidade ou não em ações e as condições I - arquivamento, no registro do comércio, e publica-
a serem observadas na conversão; ção da ata da assembléia-geral, ou do conselho de ad-
VI - a época e as condições de vencimento, amortiza- ministração, que deliberou sobre a emissão; (Redação
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

ção ou resgate; dada pela Lei nº 10.303, de 2001)


VII - a época e as condições do pagamento dos juros, II - inscrição da escritura de emissão no registro do
da participação nos lucros e do prêmio de reembolso, comércio; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
se houver; III - constituição das garantias reais, se for o caso.
VIII - o modo de subscrição ou colocação, e o tipo das § 1º Os administradores da companhia respondem
debêntures. pelas perdas e danos causados à companhia ou a ter-
§ 1o Na companhia aberta, o conselho de administra- ceiros por infração deste artigo.
ção pode deliberar sobre a emissão de debêntures não § 2º O agente fiduciário e qualquer debenturista po-
conversíveis em ações, salvo disposição estatutária em derão promover os registros requeridos neste artigo e
contrário. (Redação dada pela Lei nº 12.431, de 2011). sanar as lacunas e irregularidades porventura existen-

54
tes nos registros promovidos pelos administradores da XIII - a autenticação do agente fiduciário, se for o caso.
companhia; neste caso, o oficial do registro notificará (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
a administração da companhia para que lhe forneça
as indicações e documentos necessários. Múltiplos e Cautelas
§ 3º Os aditamentos à escritura de emissão serão
averbados nos mesmos registros. Art. 65. A companhia poderá emitir certificados de múl-
§ 4o Os registros do comércio manterão livro especial tiplos de debêntures e, provisoriamente, cautelas que as
para inscrição das emissões de debêntures, no qual se- representem, satisfeitos os requisitos do artigo 64.
rão anotadas as condições essenciais de cada emissão. § 1º Os títulos múltiplos de debêntures das compa-
(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) nhias abertas obedecerão à padronização de quanti-
dade fixada pela Comissão de Valores Mobiliários.
SEÇÃO IV § 2º Nas condições previstas na escritura de emissão
com nomeação de agente fiduciário, os certificados
Forma, Propriedade, Circulação e Ônus poderão ser substituídos, desdobrados ou grupados.

Art. 63. As debêntures serão nominativas, aplicando- SEÇÃO VI


-se, no que couber, o disposto nas seções V a VII do
Capítulo III. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) Agente Fiduciário dos Debenturistas
§ 1o As debêntures podem ser objeto de depósito com Requisitos e Incompatibilidades
emissão de certificado, nos termos do art. 43. (Reda-
ção dada pela Lei nº 10.303, de 2001) Art. 66. O agente fiduciário será nomeado e deverá
§ 2o A escritura de emissão pode estabelecer que as aceitar a função na escritura de emissão das debên-
debêntures sejam mantidas em contas de custódia, tures.
em nome de seus titulares, na instituição que desig- § 1º Somente podem ser nomeados agentes fiduciá-
nar, sem emissão de certificados, aplicando-se, no rios as pessoas naturais que satisfaçam aos requisitos
que couber, o disposto no art. 41.(Incluído pela Lei nº para o exercício de cargo em órgão de administração
10.303, de 2001) da companhia e as instituições financeiras que, espe-
cialmente autorizadas pelo Banco Central do Brasil,
SEÇÃO V tenham por objeto a administração ou a custódia de
bens de terceiros.
Certificados § 2º A Comissão de Valores Mobiliários poderá esta-
Requisitos belecer que nas emissões de debêntures negociadas
no mercado o agente fiduciário, ou um dos agentes
Art. 64. Os certificados das debêntures conterão: fiduciários, seja instituição financeira.
I - a denominação, sede, prazo de duração e objeto da § 3º Não pode ser agente fiduciário:
companhia; a) pessoa que já exerça a função em outra emissão
II - a data da constituição da companhia e do arquiva- da mesma companhia, a menos que autorizado, nos
mento e publicação dos seus atos constitutivos; termos das normas expedidas pela Comissão de Va-
III - a data da publicação da ata da assembléia-geral lores Mobiliários; (Redação dada pela Lei nº 12.431,
que deliberou sobre a emissão; de 2011).
IV - a data e ofício do registro de imóveis em que foi b) instituição financeira coligada à companhia emis-
inscrita a emissão; sora ou à entidade que subscreva a emissão para dis-
V - a denominação “Debênture” e a indicação da sua tribuí-la no mercado, e qualquer sociedade por elas
espécie, pelas palavras “com garantia real”, “com ga- controlada;
rantia flutuante”, “sem preferência” ou “subordinada”; c) credor, por qualquer título, da sociedade emissora,
VI - a designação da emissão e da série; ou sociedade por ele controlada;
VII - o número de ordem; d) instituição financeira cujos administradores tenham
VIII - o valor nominal e a cláusula de correção mone- interesse na companhia emissora;
tária, se houver, as condições de vencimento, amorti- e) pessoa que, de qualquer outro modo, se coloque
zação, resgate, juros, participação no lucro ou prêmio em situação de conflito de interesses pelo exercício da
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

de reembolso, e a época em que serão devidos; função.


IX - as condições de conversibilidade em ações, se for § 4º O agente fiduciário que, por circunstâncias poste-
o caso; riores à emissão, ficar impedido de continuar a exercer
X - o nome do debenturista; (Redação dada pela Lei nº a função deverá comunicar imediatamente o fato aos
9.457, de 1997) debenturistas e pedir sua substituição.
XI - o nome do agente fiduciário dos debenturistas,
se houver; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
XII - a data da emissão do certificado e a assinatura de
dois diretores da companhia; (Redação dada pela Lei
nº 9.457, de 1997)

55
Substituição, Remuneração e Fiscalização § 4º O agente fiduciário responde perante os deben-
turistas pelos prejuízos que lhes causar por culpa ou
Art. 67. A escritura de emissão estabelecerá as condi- dolo no exercício das suas funções.
ções de substituição e remuneração do agente fiduci- § 5º O crédito do agente fiduciário por despesas que
ário, observadas as normas expedidas pela Comissão tenha feito para proteger direitos e interesses ou rea-
de Valores Mobiliários. lizar créditos dos debenturistas será acrescido à dívida
Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários da companhia emissora, gozará das mesmas garan-
fiscalizará o exercício da função de agente fiduciário tias das debêntures e preferirá a estas na ordem de
das emissões distribuídas no mercado, ou de debên- pagamento.
tures negociadas em bolsa ou no mercado de balcão, § 6º Serão reputadas não-escritas as cláusulas da es-
podendo: critura de emissão que restringirem os deveres, atri-
a) nomear substituto provisório, nos casos de vacância; buições e responsabilidade do agente fiduciário pre-
b) suspender o agente fiduciário de suas funções e dar- vistos neste artigo.
-lhe substituto, se deixar de cumprir os seus deveres.
Outras Funções
Deveres e Atribuições
Art. 69. A escritura de emissão poderá ainda atribuir
Art. 68. O agente fiduciário representa, nos termos ao agente fiduciário as funções de autenticar os certi-
desta Lei e da escritura de emissão, a comunhão dos ficados de debêntures, administrar o fundo de amor-
debenturistas perante a companhia emissora. tização, manter em custódia bens dados em garantia
§ 1º São deveres do agente fiduciário: e efetuar os pagamentos de juros, amortização e res-
a) proteger os direitos e interesses dos debenturistas, gate.
empregando no exercício da função o cuidado e a di-
ligência que todo homem ativo e probo costuma em- Substituição de Garantias e Modificação da Escritura
pregar na administração de seus próprios bens;
b) elaborar relatório e colocá-lo anualmente a dispo- Art. 70. A substituição de bens dados em garantia,
sição dos debenturistas, dentro de 4 (quatro) meses quando autorizada na escritura de emissão, depende-
do encerramento do exercício social da companhia, rá da concordância do agente fiduciário.
informando os fatos relevantes ocorridos durante o Parágrafo único. O agente fiduciário não tem poderes
exercício, relativos à execução das obrigações assu- para acordar na modificação das cláusulas e condi-
midas pela companhia, aos bens garantidores das ções da emissão.
debêntures e à constituição e aplicação do fundo de
amortização, se houver, do relatório constará, ainda, SEÇÃO VII
declaração do agente sobre sua aptidão para continu-
ar no exercício da função; Assembléia de Debenturistas
c) notificar os debenturistas, no prazo máximo de 60
(sessenta) dias, de qualquer inadimplemento, pela Art. 71. Os titulares de debêntures da mesma emissão
companhia, de obrigações assumidas na escritura da ou série podem, a qualquer tempo, reunir-se em as-
emissão.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) sembléia a fim de deliberar sobre matéria de interesse
§ 2º A escritura de emissão disporá sobre o modo de da comunhão dos debenturistas.
cumprimento dos deveres de que tratam as alíneas b § 1º A assembléia de debenturistas pode ser convo-
e c do parágrafo anterior. cada pelo agente fiduciário, pela companhia emisso-
§ 3º O agente fiduciário pode usar de qualquer ação ra, por debenturistas que representem 10% (dez por
para proteger direitos ou defender interesses dos de- cento), no mínimo, dos títulos em circulação, e pela
benturistas, sendo-lhe especialmente facultado, no Comissão de Valores Mobiliários.
caso de inadimplemento da companhia: § 2º Aplica-se à assembléia de debenturistas, no que
a) declarar, observadas as condições da escritura de couber, o disposto nesta Lei sobre a assembléia-geral
emissão, antecipadamente vencidas as debêntures e de acionistas.
cobrar o seu principal e acessórios; § 3º A assembléia se instalará, em primeira convoca-
b) executar garantias reais, receber o produto da co- ção, com a presença de debenturistas que representem
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

brança e aplicá-lo no pagamento, integral ou propor- metade, no mínimo, das debêntures em circulação, e,
cional, dos debenturistas; em segunda convocação, com qualquer número.
c) requerer a falência da companhia emissora, se não § 4º O agente fiduciário deverá comparecer à assem-
existirem garantias reais; bléia e prestar aos debenturistas as informações que
d) representar os debenturistas em processos de fa- lhe forem solicitadas.
lência, concordata, intervenção ou liquidação extraju- § 5º A escritura de emissão estabelecerá a maioria ne-
dicial da companhia emissora, salvo deliberação em cessária, que não será inferior à metade das debên-
contrário da assembléia dos debenturistas; tures em circulação, para aprovar modificação nas
e) tomar qualquer providência necessária para que os condições das debêntures.
debenturistas realizem os seus créditos.

56
§ 6º Nas deliberações da assembléia, a cada debêntu- exterior e acompanhados de tradução em vernáculo,
re caberá um voto. feita por tradutor público juramentado; e, no caso de
companhia estrangeira, o arquivamento no registro
SEÇÃO VIII do comércio e publicação do ato que, de acordo com
o estatuto social e a lei do local da sede, tenha auto-
Cédula de debêntures rizado a emissão.
(Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) § 4º A negociação, no mercado de capitais do Brasil,
de debêntures emitidas no estrangeiro, depende de
Art. 72. As instituições financeiras autorizadas pelo prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliá-
Banco Central do Brasil a efetuar esse tipo de opera- rios.
ção poderão emitir cédulas lastreadas em debêntures,
com garantia própria, que conferirão a seus titulares SEÇÃO X
direito de crédito contra o emitente, pelo valor nomi-
nal e os juros nela estipulados. (Redação dada pela Lei Extinção
nº 9.457, de 1997)
§ 1º A cédula será nominativa, escritural ou não. (Re- Art. 74. A companhia emissora fará, nos livros pró-
dação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) prios, as anotações referentes à extinção das debên-
§ 2º O certificado da cédula conterá as seguintes de- tures, e manterá arquivados, pelo prazo de 5 (cinco)
clarações: anos, juntamente com os documentos relativos à ex-
a) o nome da instituição financeira emitente e as assi- tinção, os certificados cancelados ou os recibos dos ti-
naturas dos seus representantes; tulares das contas das debêntures escriturais.
b) o número de ordem, o local e a data da emissão; § 1º Se a emissão tiver agente fiduciário, caberá a este
c) a denominação Cédula de Debêntures; (Redação fiscalizar o cancelamento dos certificados.
dada pela Lei nº 9.457, de 1997) § 2º Os administradores da companhia responderão
d) o valor nominal e a data do vencimento; solidariamente pelas perdas e danos decorrentes da
e) os juros, que poderão ser fixos ou variáveis, e as infração do disposto neste artigo.
épocas do seu pagamento;
f) o lugar do pagamento do principal e dos juros; CAPÍTULO VI
g) a identificação das debêntures-lastro, do seu valor
e da garantia constituída; (Redação dada pela Lei nº Bônus de Subscrição
9.457, de 1997)
h) o nome do agente fiduciário dos debenturistas; Características
i) a cláusula de correção monetária, se houver;
j) o nome do titular. (Redação dada pela Lei nº 9.457, Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite
de 1997) de aumento de capital autorizado no estatuto (arti-
go 168), títulos negociáveis denominados “Bônus de
SEÇÃO IX Subscrição”.
Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão
Emissão de Debêntures no Estrangeiro aos seus titulares, nas condições constantes do certifi-
cado, direito de subscrever ações do capital social, que
Art. 73. Somente com a prévia aprovação do Banco será exercido mediante apresentação do título à com-
Central do Brasil as companhias brasileiras poderão panhia e pagamento do preço de emissão das ações.
emitir debêntures no exterior com garantia real ou flu-
tuante de bens situados no País. Competência
§ 1º Os credores por obrigações contraídas no Bra-
sil terão preferência sobre os créditos por debêntures Art. 76. A deliberação sobre emissão de bônus de
emitidas no exterior por companhias estrangeiras au- subscrição compete à assembléia-geral, se o estatuto
torizadas a funcionar no País, salvo se a emissão tiver não a atribuir ao conselho de administração.
sido previamente autorizada pelo Banco Central do
Brasil e o seu produto aplicado em estabelecimento Emissão
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

situado no território nacional.


§ 2º Em qualquer caso, somente poderão ser remetidos Art. 77. Os bônus de subscrição serão alienados pela
para o exterior o principal e os encargos de debêntures companhia ou por ela atribuídos, como vantagem
registradas no Banco Central do Brasil. adicional, aos subscritos de emissões de suas ações ou
§ 3º A emissão de debêntures no estrangeiro, além de debêntures.
observar os requisitos do artigo 62, requer a inscrição, Parágrafo único. Os acionistas da companhia goza-
no registro de imóveis, do local da sede ou do estabe- rão, nos termos dos artigos 171 e 172, de preferência
lecimento, dos demais documentos exigidos pelas leis para subscrever a emissão de bônus.
do lugar da emissão, autenticadas de acordo com a
lei aplicável, legalizadas pelo consulado brasileiro no

57
Forma, Propriedade e Circulação Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua
dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, o ban-
Art. 78. Os bônus de subscrição terão a forma nomi- co restituirá as quantias depositadas diretamente aos
nativa. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) subscritores.
Parágrafo único. Aplica-se aos bônus de subscrição,
no que couber, o disposto nas Seções V a VII do Ca- SEÇÃO II
pítulo III.
Constituição por Subscrição Pública
Certificados Registro da Emissão

Art. 79. O certificado de bônus de subscrição conterá Art. 82. A constituição de companhia por subscrição
as seguintes declarações: pública depende do prévio registro da emissão na Co-
I - as previstas nos números I a IV do artigo 24; missão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente
II - a denominação “Bônus de Subscrição”; poderá ser efetuada com a intermediação de institui-
III - o número de ordem; ção financeira.
IV - o número, a espécie e a classe das ações que po- § 1º O pedido de registro de emissão obedecerá às
derão ser subscritas, o preço de emissão ou os critérios normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliá-
para sua determinação; rios e será instruído com:
V - a época em que o direito de subscrição poderá a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do
ser exercido e a data do término do prazo para esse empreendimento;
exercício; b) o projeto do estatuto social;
VI - o nome do titular; (Redação dada pela Lei nº c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundado-
9.457, de 1997) res e pela instituição financeira intermediária.
VII - a data da emissão do certificado e as assinaturas § 2º A Comissão de Valores Mobiliários poderá con-
de dois diretores. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de dicionar o registro a modificações no estatuto ou no
1997) prospecto e denegá-lo por inviabilidade ou temerida-
de do empreendimento, ou inidoneidade dos funda-
CAPÍTULO VII dores.

Constituição da Companhia Projeto de Estatuto

SEÇÃO I Art. 83. O projeto de estatuto deverá satisfazer a todos


os requisitos exigidos para os contratos das sociedades
Requisitos Preliminares mercantis em geral e aos peculiares às companhias, e
conterá as normas pelas quais se regerá a companhia.
Art. 80. A constituição da companhia depende do
cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: Prospecto
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de to-
das as ações em que se divide o capital social fixado Art. 84. O prospecto deverá mencionar, com precisão
no estatuto; e clareza, as bases da companhia e os motivos que
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), justifiquem a expectativa de bom êxito do empreendi-
no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas mento, e em especial:
em dinheiro; I - o valor do capital social a ser subscrito, o modo de
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro sua realização e a existência ou não de autorização
estabelecimento bancário autorizado pela Comissão para aumento futuro;
de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado II - a parte do capital a ser formada com bens, a discri-
em dinheiro. minação desses bens e o valor a eles atribuídos pelos
Parágrafo único. O disposto no número II não se apli- fundadores;
ca às companhias para as quais a lei exige realização III - o número, as espécies e classes de ações em que se
inicial de parte maior do capital social. dividirá o capital; o valor nominal das ações, e o preço
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

da emissão das ações;


Depósito da Entrada IV - a importância da entrada a ser realizada no ato
da subscrição;
Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 V - as obrigações assumidas pelos fundadores, os con-
deverá ser feito pelo fundador, no prazo de 5 (cinco) tratos assinados no interesse da futura companhia e
dias contados do recebimento das quantias, em nome as quantias já despendidas e por despender;
do subscritor e a favor da sociedade em organização, VI - as vantagens particulares, a que terão direito os
que só poderá levantá-lo após haver adquirido perso- fundadores ou terceiros, e o dispositivo do projeto do
nalidade jurídica. estatuto que as regula;

58
VII - a autorização governamental para constituir-se a Assembléia de Constituição
companhia, se necessária;
VIII - as datas de início e término da subscrição e as Art. 87. A assembléia de constituição instalar-se-á,
instituições autorizadas a receber as entradas; em primeira convocação, com a presença de subscri-
IX - a solução prevista para o caso de excesso de subs- tores que representem, no mínimo, metade do capital
crição; social, e, em segunda convocação, com qualquer nú-
X - o prazo dentro do qual deverá realizar-se a assem- mero.
bléia de constituição da companhia, ou a preliminar § 1º Na assembléia, presidida por um dos fundado-
para avaliação dos bens, se for o caso; res e secretariada por subscritor, será lido o recibo de
XI - o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e re- depósito de que trata o número III do artigo 80, bem
sidência dos fundadores, ou, se pessoa jurídica, a firma como discutido e votado o projeto de estatuto.
ou denominação, nacionalidade e sede, bem como o § 2º Cada ação, independentemente de sua espécie ou
número e espécie de ações que cada um houver subs- classe, dá direito a um voto; a maioria não tem poder
crito, para alterar o projeto de estatuto.
XII - a instituição financeira intermediária do lança- § 3º Verificando-se que foram observadas as formali-
mento, em cujo poder ficarão depositados os originais dades legais e não havendo oposição de subscritores
do prospecto e do projeto de estatuto, com os docu- que representem mais da metade do capital social, o
mentos a que fizerem menção, para exame de qual- presidente declarará constituída a companhia, pro-
quer interessado. cedendo-se, a seguir, à eleição dos administradores e
fiscais.
Lista, Boletim e Entrada § 4º A ata da reunião, lavrada em duplicata, depois
de lida e aprovada pela assembléia, será assinada por
Art. 85. No ato da subscrição das ações a serem re- todos os subscritores presentes, ou por quantos bas-
alizadas em dinheiro, o subscritor pagará a entrada tem à validade das deliberações; um exemplar ficará
e assinará a lista ou o boletim individual autentica- em poder da companhia e o outro será destinado ao
dos pela instituição autorizada a receber as entradas, registro do comércio.
qualificando-se pelo nome, nacionalidade, residência,
estado civil, profissão e documento de identidade, ou, SEÇÃO III
se pessoa jurídica, pela firma ou denominação, na-
cionalidade e sede, devendo especificar o número das Constituição por Subscrição Particular
ações subscritas, a sua espécie e classe, se houver mais
de uma, e o total da entrada. Art. 88. A constituição da companhia por subscrição
§ 1º A subscrição poderá ser feita, nas condições pre- particular do capital pode fazer-se por deliberação dos
vistas no prospecto, por carta à instituição, acompa- subscritores em assembléia-geral ou por escritura pú-
nhada das declarações a que se refere este artigo e do blica, considerando-se fundadores todos os subscritores.
pagamento da entrada. (Incluído pela Lei nº 13.874, § 1º Se a forma escolhida for a de assembléia-geral,
de 2019) observar-se-á o disposto nos artigos 86 e 87, deven-
§ 2º Será dispensada a assinatura de lista ou de bo- do ser entregues à assembléia o projeto do estatuto,
letim a que se refere o caput deste artigo na hipótese assinado em duplicata por todos os subscritores do
de oferta pública cuja liquidação ocorra por meio de capital, e as listas ou boletins de subscrição de todas
sistema administrado por entidade administradora de as ações.
mercados organizados de valores mobiliários. (Inclu- § 2º Preferida a escritura pública, será ela assinada
ído pela Lei nº 13.874, de 2019) por todos os subscritores, e conterá:
a) a qualificação dos subscritores, nos termos do ar-
Convocação de Assembléia tigo 85;
b) o estatuto da companhia;
Art. 86. Encerrada a subscrição e havendo sido subs- c) a relação das ações tomadas pelos subscritores e a
crito todo o capital social, os fundadores convocarão a importância das entradas pagas;
assembléia-geral que deverá: d) a transcrição do recibo do depósito referido no nú-
I - promover a avaliação dos bens, se for o caso (artigo mero III do artigo 80;
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

8º); e) a transcrição do laudo de avaliação dos peritos,


II - deliberar sobre a constituição da companhia. caso tenha havido subscrição do capital social em
Parágrafo único. Os anúncios de convocação mencio- bens (artigo 8°);
narão hora, dia e local da reunião e serão inseridos f) a nomeação dos primeiros administradores e, quan-
nos jornais em que houver sido feita a publicidade da do for o caso, dos fiscais.
oferta de subscrição.

59
SEÇÃO IV Companhia Constituída por Escritura Pública

Disposições Gerais Art. 96. Se a companhia tiver sido constituída por es-
critura pública, bastará o arquivamento de certidão
Art. 89. A incorporação de imóveis para formação do do instrumento.
capital social não exige escritura pública.
Registro do Comércio
Art. 90. O subscritor pode fazer-se representar na as-
sembléia-geral ou na escritura pública por procurador Art. 97. Cumpre ao registro do comércio examinar se
com poderes especiais. as prescrições legais foram observadas na constitui-
ção da companhia, bem como se no estatuto existem
Art. 91. Nos atos e publicações referentes a compa- cláusulas contrárias à lei, à ordem pública e aos bons
nhia em constituição, sua denominação deverá ser costumes.
aditada da cláusula “em organização”. § 1º Se o arquivamento for negado, por inobservância
de prescrição ou exigência legal ou por irregularidade
Art. 92. Os fundadores e as instituições financeiras verificada na constituição da companhia, os primeiros
que participarem da constituição por subscrição pú- administradores deverão convocar imediatamente a
blica responderão, no âmbito das respectivas atribui- assembléia-geral para sanar a falta ou irregularida-
ções, pelos prejuízos resultantes da inobservância de de, ou autorizar as providências que se fizerem neces-
preceitos legais. sárias. A instalação e funcionamento da assembléia
Parágrafo único. Os fundadores responderão, solida- obedecerão ao disposto no artigo 87, devendo a de-
riamente, pelo prejuízo decorrente de culpa ou dolo liberação ser tomada por acionistas que representem,
em atos ou operações anteriores à constituição. no mínimo, metade do capital social. Se a falta for do
estatuto, poderá ser sanada na mesma assembléia,
Art. 93. Os fundadores entregarão aos primeiros ad-
a qual deliberará, ainda, sobre se a companhia deve
ministradores eleitos todos os documentos, livros ou
promover a responsabilidade civil dos fundadores (ar-
papéis relativos à constituição da companhia ou a
tigo 92).
esta pertencentes.
§ 2º Com a 2ª via da ata da assembléia e a prova de
ter sido sanada a falta ou irregularidade, o registro do
CAPÍTULO VIII
comércio procederá ao arquivamento dos atos consti-
tutivos da companhia.
Formalidades Complementares da Constituição,
§ 3º A criação de sucursais, filiais ou agências, obser-
vado o disposto no estatuto, será arquivada no regis-
Arquivamento e Publicação
tro do comércio.
Art. 94. Nenhuma companhia poderá funcionar sem
que sejam arquivados e publicados seus atos consti- Publicação e Transferência de Bens
tutivos.
Art. 98. Arquivados os documentos relativos à consti-
Companhia Constituída por Assembléia tuição da companhia, os seus administradores provi-
denciarão, nos 30 (trinta) dias subseqüentes, a publi-
Art. 95. Se a companhia houver sido constituída por cação deles, bem como a de certidão do arquivamento,
deliberação em assembléia-geral, deverão ser arqui- em órgão oficial do local de sua sede.
vados no registro do comércio do lugar da sede: § 1° Um exemplar do órgão oficial deverá ser arquiva-
I - um exemplar do estatuto social, assinado por to- do no registro do comércio.
dos os subscritores (artigo 88, § 1º) ou, se a subscri- § 2º A certidão dos atos constitutivos da companhia,
ção houver sido pública, os originais do estatuto e do passada pelo registro do comércio em que foram ar-
prospecto, assinados pelos fundadores, bem como do quivados, será o documento hábil para a transferên-
jornal em que tiverem sido publicados; cia, por transcrição no registro público competente,
II - a relação completa, autenticada pelos fundadores dos bens com que o subscritor tiver contribuído para a
ou pelo presidente da assembléia, dos subscritores do formação do capital social (artigo 8º, § 2º).
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

capital social, com a qualificação, número das ações e § 3º A ata da assembléia-geral que aprovar a incor-
o total da entrada de cada subscritor (artigo 85); poração deverá identificar o bem com precisão, mas
III - o recibo do depósito a que se refere o número III poderá descrevê-lo sumariamente, desde que seja su-
do artigo 80; plementada por declaração, assinada pelo subscritor,
IV - duplicata das atas das assembléias realizadas contendo todos os elementos necessários para a trans-
para a avaliação de bens quando for o caso (artigo crição no registro público.
8º);
V - duplicata da ata da assembléia-geral dos subscri-
tores que houver deliberado a constituição da compa-
nhia (artigo 87).

60
Responsabilidade dos Primeiros Administradores § 2o Nas companhias abertas, os livros referidos nos
incisos I a V do caput deste artigo poderão ser substi-
Art. 99. Os primeiros administradores são solidaria- tuídos, observadas as normas expedidas pela Comis-
mente responsáveis perante acompanhia pelos preju- são de Valores Mobiliários, por registros mecanizados
ízos causados pela demora no cumprimento das for- ou eletrônicos. (Redação dada pela Lei nº 12.431, de
malidades complementares à sua constituição. 2011).
Parágrafo único. A companhia não responde pelos
atos ou operações praticados pelos primeiros admi- Escrituração do Agente Emissor
nistradores antes de cumpridas as formalidades de
constituição, mas a assembléia-geral poderá deliberar Art. 101. O agente emissor de certificados (art. 27)
em contrário. poderá substituir os livros referidos nos incisos I a III
do art. 100 pela sua escrituração e manter, median-
CAPÍTULO IX te sistemas adequados, aprovados pela Comissão de
Valores Mobiliários, os registros de propriedade das
Livros Sociais ações, partes beneficiárias, debêntures e bônus de
subscrição, devendo uma vez por ano preparar lista
Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros obri- dos seus titulares, com o número dos títulos de cada
gatórios para qualquer comerciante, os seguintes, re- um, a qual será encadernada, autenticada no regis-
vestidos das mesmas formalidades legais: tro do comércio e arquivada na companhia. (Redação
I - o livro de Registro de Ações Nominativas, para ins- dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
crição, anotação ou averbação: (Redação dada pela § 1° Os termos de transferência de ações nominativas
Lei nº 9.457, de 1997) perante o agente emissor poderão ser lavrados em fo-
a) do nome do acionista e do número das suas ações; lhas soltas, à vista do certificado da ação, no qual se-
b) das entradas ou prestações de capital realizado; rão averbados a transferência e o nome e qualificação
c) das conversões de ações, de uma em outra espécie do adquirente.
ou classe; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) § 2º Os termos de transferência em folhas soltas se-
d) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou rão encadernados em ordem cronológica, em livros
de sua aquisição pela companhia; autenticados no registro do comércio e arquivados no
e) das mutações operadas pela alienação ou transfe- agente emissor.
rência de ações;
f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fidu- Ações Escriturais
ciária em garantia ou de qualquer ônus que grave as
ações ou obste sua negociação. Art. 102. A instituição financeira depositária de ações
II - o livro de “Transferência de Ações Nominativas”, escriturais deverá fornecer à companhia, ao menos
para lançamento dos termos de transferência, que de- uma vez por ano, cópia dos extratos das contas de de-
verão ser assinados pelo cedente e pelo cessionário ou pósito das ações e a lista dos acionistas com a quan-
seus legítimos representantes; tidade das respectivas ações, que serão encadernadas
III - o livro de “Registro de Partes Beneficiárias Nomi- em livros autenticados no registro do comércio e ar-
nativas” e o de “Transferência de Partes Beneficiárias quivados na instituição financeira.
Nominativas”, se tiverem sido emitidas, observando-
-se, em ambos, no que couber, o disposto nos números Fiscalização e Dúvidas no Registro
I e II deste artigo;
IV - o livro de Atas das Assembléias Gerais; (Redação Art. 103. Cabe à companhia verificar a regularida-
dada pela Lei nº 9.457, de 1997) de das transferências e da constituição de direitos ou
V - o livro de Presença dos Acionistas; (Redação dada ônus sobre os valores mobiliários de sua emissão; nos
pela Lei nº 9.457, de 1997) casos dos artigos 27 e 34, essa atribuição compete,
VI - os livros de Atas das Reuniões do Conselho de respectivamente, ao agente emissor de certificados e à
Administração, se houver, e de Atas das Reuniões de instituição financeira depositária das ações escriturais.
Diretoria; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) Parágrafo único. As dúvidas suscitadas entre o acio-
VII - o livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal. nista, ou qualquer interessado, e a companhia, o
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

(Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) agente emissor de certificados ou a instituição finan-
§ 1º A qualquer pessoa, desde que se destinem a defe- ceira depositária das ações escriturais, a respeito das
sa de direitos e esclarecimento de situações de interes- averbações ordenadas por esta Lei, ou sobre anota-
se pessoal ou dos acionistas ou do mercado de valores ções, lançamentos ou transferências de ações, partes
mobiliários, serão dadas certidões dos assentamentos beneficiárias, debêntures, ou bônus de subscrição, nos
constantes dos livros mencionados nos incisos I a III, e livros de registro ou transferência, serão dirimidas pelo
por elas a companhia poderá cobrar o custo do servi- juiz competente para solucionar as dúvidas levanta-
ço, cabendo, do indeferimento do pedido por parte da das pelos oficiais dos registros públicos, excetuadas as
companhia, recurso à Comissão de Valores Mobiliá- questões atinentes à substância do direito.
rios. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)

61
Responsabilidade da Companhia II - mandar vender as ações em bolsa de valores, por
conta e risco do acionista.
Art. 104.A companhia é responsável pelos prejuízos § 1º Será havida como não escrita, relativamente à
que causar aos interessados por vícios ou irregularida- companhia, qualquer estipulação do estatuto ou do
des verificadas nos livros de que tratam os incisos I a III boletim de subscrição que exclua ou limite o exercí-
do art. 100. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) cio da opção prevista neste artigo, mas o subscritor de
Parágrafo único. A companhia deverá diligenciar para boa-fé terá ação, contra os responsáveis pela estipula-
que os atos de emissão e substituição de certificados, ção, para haver perdas e danos sofridos, sem prejuízo
e de transferências e averbações nos livros sociais, da responsabilidade penal que no caso couber.
sejam praticados no menor prazo possível, não exce- § 2º A venda será feita em leilão especial na bolsa de
dente do fixado pela Comissão de Valores Mobiliários, valores do lugar da sede social, ou, se não houver, na
respondendo perante acionistas e terceiros pelos pre- mais próxima, depois de publicado aviso, por 3 (três)
juízos decorrentes de atrasos culposos. vezes, com antecedência mínima de 3 (três) dias. Do
produto da venda serão deduzidos as despesas com a
Exibição dos Livros operação e, se previstos no estatuto, os juros, correção
monetária e multa, ficando o saldo à disposição do
Art. 105. A exibição por inteiro dos livros da compa- ex-acionista, na sede da sociedade.
nhia pode ser ordenada judicialmente sempre que, § 3º É facultado à companhia, mesmo após iniciada
a requerimento de acionistas que representem, pelo a cobrança judicial, mandar vender a ação em bolsa
menos, 5% (cinco por cento) do capital social, sejam de valores; a companhia poderá também promover a
apontados atos violadores da lei ou do estatuto, ou cobrança judicial se as ações oferecidas em bolsa não
haja fundada suspeita de graves irregularidades prati- encontrarem tomador, ou se o preço apurado não bas-
cadas por qualquer dos órgãos da companhia. tar para pagar os débitos do acionista.
§ 4º Se a companhia não conseguir, por qualquer
CAPÍTULO X dos meios previstos neste artigo, a integralização das
ações, poderá declará-las caducas e fazer suas as en-
Acionistas tradas realizadas, integralizando-as com lucros ou re-
servas, exceto a legal; se não tiver lucros e reservas
SEÇÃO I suficientes, terá o prazo de 1 (um) ano para colocar as
ações caídas em comisso, findo o qual, não tendo sido
Obrigação de Realizar o Capital encontrado comprador, a assembléia-geral deliberará
Condições e Mora sobre a redução do capital em importância correspon-
dente.
Art. 106. O acionista é obrigado a realizar, nas con-
dições previstas no estatuto ou no boletim de subscri- Responsabilidade dos Alienantes
ção, a prestação correspondente às ações subscritas
ou adquiridas. Art. 108. Ainda quando negociadas as ações, os alie-
§ 1° Se o estatuto e o boletim forem omissos quanto nantes continuarão responsáveis, solidariamente com
ao montante da prestação e ao prazo ou data do pa- os adquirentes, pelo pagamento das prestações que
gamento, caberá aos órgãos da administração efetuar faltarem para integralizar as ações transferidas.
chamada, mediante avisos publicados na imprensa, Parágrafo único. Tal responsabilidade cessará, em re-
por 3 (três) vezes, no mínimo, fixando prazo, não infe- lação a cada alienante, no fim de 2 (dois) anos a con-
rior a 30 (trinta) dias, para o pagamento. tar da data da transferência das ações.
§ 2° O acionista que não fizer o pagamento nas condi-
ções previstas no estatuto ou boletim, ou na chamada, SEÇÃO II
ficará de pleno direito constituído em mora, sujeitan-
do-se ao pagamento dos juros, da correção monetária Direitos Essenciais
e da multa que o estatuto determinar, esta não supe-
rior a 10% (dez por cento) do valor da prestação. Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-
-geral poderão privar o acionista dos direitos de:
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Acionista Remisso I - participar dos lucros sociais;


II - participar do acervo da companhia, em caso de
Art. 107. Verificada a mora do acionista, a compa- liquidação;
nhia pode, à sua escolha: III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos
I - promover contra o acionista, e os que com ele fo- negócios sociais;
rem solidariamente responsáveis (artigo 108), proces- IV - preferência para a subscrição de ações, partes be-
so de execução para cobrar as importâncias devidas, neficiárias conversíveis em ações, debêntures conver-
servindo o boletim de subscrição e o aviso de chamada síveis em ações e bônus de subscrição, observado o
como título extrajudicial nos termos do Código de Pro- disposto nos artigos 171 e 172; (Vide Lei nº 12.838,
cesso Civil; ou de 2013)

62
V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Voto das Ações Empenhadas e Alienadas Fiduciaria-
Lei. mente
§ 1º As ações de cada classe conferirão iguais direitos
aos seus titulares. Art. 113. O penhor da ação não impede o acionista
§ 2º Os meios, processos ou ações que a lei confere ao de exercer o direito de voto; será lícito, todavia, esta-
acionista para assegurar os seus direitos não podem belecer, no contrato, que o acionista não poderá, sem
ser elididos pelo estatuto ou pela assembléia-geral. consentimento do credor pignoratício, votar em certas
§ 3o O estatuto da sociedade pode estabelecer que as deliberações.
divergências entre os acionistas e a companhia, ou Parágrafo único. O credor garantido por alienação fi-
entre os acionistas controladores e os acionistas mi- duciária da ação não poderá exercer o direito de voto;
noritários, poderão ser solucionadas mediante arbitra- o devedor somente poderá exercê-lo nos termos do
gem, nos termos em que especificar.(Incluído pela Lei contrato.
nº 10.303, de 2001)
Voto das Ações Gravadas com Usufruto
SEÇÃO III
Art. 114. O direito de voto da ação gravada com usu-
Direito de Voto fruto, se não for regulado no ato de constituição do
Disposições Gerais gravame, somente poderá ser exercido mediante pré-
vio acordo entre o proprietário e o usufrutuário.
Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um)
voto nas deliberações da assembléia-geral. Abuso do Direito de Voto e Conflito de Interesses
§ 1º O estatuto pode estabelecer limitação ao número
de votos de cada acionista. Art. 115. O acionista deve exercer o direito a voto no
§ 2º É vedado atribuir voto plural a qualquer classe interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o
de ações. voto exercido com o fim de causar dano à companhia
ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para
Ações Preferenciais outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte,
ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para
Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações outros acionistas.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de
preferenciais algum ou alguns dos direitos reconheci- 2001)
dos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi- § 1º o acionista não poderá votar nas deliberações da
-lo com restrições, observado o disposto no artigo 109. assembléia-geral relativas ao laudo de avaliação de
§ 1º As ações preferenciais sem direito de voto adqui- bens com que concorrer para a formação do capital
rirão o exercício desse direito se a companhia, pelo social e à aprovação de suas contas como administra-
prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exer- dor, nem em quaisquer outras que puderem beneficiá-
cícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos -lo de modo particular, ou em que tiver interesse con-
ou mínimos a que fizerem jus, direito que conserva- flitante com o da companhia.
rão até o pagamento, se tais dividendos não forem § 2º Se todos os subscritores forem condôminos de
cumulativos, ou até que sejam pagos os cumulativos bem com que concorreram para a formação do ca-
em atraso. pital social, poderão aprovar o laudo, sem prejuízo da
§ 2º Na mesma hipótese e sob a mesma condição do responsabilidade de que trata o § 6º do artigo 8º.
§ 1º, as ações preferenciais com direito de voto res- § 3º o acionista responde pelos danos causados pelo
trito terão suspensas as limitações ao exercício desse exercício abusivo do direito de voto, ainda que seu
direito. voto não haja prevalecido.
§ 3º O estatuto poderá estipular que o disposto nos §§ § 4º A deliberação tomada em decorrência do voto de
1º e 2º vigorará a partir do término da implantação acionista que tem interesse conflitante com o da com-
do empreendimento inicial da companhia. panhia é anulável; o acionista responderá pelos danos
causados e será obrigado a transferir para a compa-
Não Exercício de Voto pelas Ações ao Portador nhia as vantagens que tiver auferido.
§ 5o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Art. 112. Somente os titulares de ações nominativas § 6o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
endossáveis e escriturais poderão exercer o direito de § 7o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
voto. § 8o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
Parágrafo único. Os titulares de ações preferenciais § 9o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
ao portador que adquirirem direito de voto de acordo § 10. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
com o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 111, e en-
quanto dele gozarem, poderão converter as ações em
nominativas ou endossáveis, independentemente de
autorização estatutária.

63
SEÇÃO IV d) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, mo-
ral ou tecnicamente;
Acionista Controlador e) induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal
Deveres a praticar ato ilegal, ou, descumprindo seus deveres
definidos nesta Lei e no estatuto, promover, contra o
Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pes- interesse da companhia, sua ratificação pela assem-
soa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vincu- bléia-geral;
ladas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: f) contratar com a companhia, diretamente ou através
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de de outrem, ou de sociedade na qual tenha interesse,
modo permanente, a maioria dos votos nas delibera- em condições de favorecimento ou não equitativas;
ções da assembléia-geral e o poder de eleger a maio- g) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de ad-
ria dos administradores da companhia; e ministradores, por favorecimento pessoal, ou deixar de
b) usa efetivamente seu poder para dirigir as ativida- apurar denúncia que saiba ou devesse saber proce-
des sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da dente, ou que justifique fundada suspeita de irregu-
companhia. laridade.
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o h) subscrever ações, para os fins do disposto no art.
poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu 170, com a realização em bens estranhos ao objeto
objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e social da companhia. (Incluída dada pela Lei nº 9.457,
responsabilidades para com os demais acionistas da de 1997)
empresa, os que nela trabalham e para com a comu- § 2º No caso da alínea e do § 1º, o administrador ou
nidade em que atua, cujos direitos e interesses deve fiscal que praticar o ato ilegal responde solidariamen-
lealmente respeitar e atender. te com o acionista controlador.
§ 3º O acionista controlador que exerce cargo de ad-
Art. 116-A. O acionista controlador da companhia ministrador ou fiscal tem também os deveres e res-
aberta e os acionistas, ou grupo de acionistas, que ponsabilidades próprios do cargo.
elegerem membro do conselho de administração ou
membro do conselho fiscal, deverão informar imedia- SEÇÃO V
tamente as modificações em sua posição acionária na
companhia à Comissão de Valores Mobiliários e às Acordo de Acionistas
Bolsas de Valores ou entidades do mercado de balcão
organizado nas quais os valores mobiliários de emis- Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra
são da companhia estejam admitidos à negociação, e venda de suas ações, preferência para adquiri-las,
nas condições e na forma determinadas pela Comis- exercício do direito a voto, ou do poder de controle de-
são de Valores Mobiliários.(Incluído pela Lei nº 10.303, verão ser observados pela companhia quando arqui-
de 2001) vados na sua sede.(Redação dada pela Lei nº 10.303,
de 2001)
Responsabilidade § 1º As obrigações ou ônus decorrentes desses acordos
somente serão oponíveis a terceiros, depois de averba-
Art. 117. O acionista controlador responde pelos da- dos nos livros de registro e nos certificados das ações,
nos causados por atos praticados com abuso de poder. se emitidos.
§ 1º São modalidades de exercício abusivo de poder: § 2° Esses acordos não poderão ser invocados para
a) orientar a companhia para fim estranho ao objeto eximir o acionista de responsabilidade no exercício do
social ou lesivo ao interesse nacional, ou levá-la a fa- direito de voto (artigo 115) ou do poder de controle
vorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em (artigos 116 e 117).
prejuízo da participação dos acionistas minoritários § 3º Nas condições previstas no acordo, os acionistas
nos lucros ou no acervo da companhia, ou da econo- podem promover a execução específica das obrigações
mia nacional; assumidas.
b) promover a liquidação de companhia próspera, ou a § 4º As ações averbadas nos termos deste artigo não
transformação, incorporação, fusão ou cisão da com- poderão ser negociadas em bolsa ou no mercado de
panhia, com o fim de obter, para si ou para outrem, balcão.
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

vantagem indevida, em prejuízo dos demais acionis- § 5º No relatório anual, os órgãos da administração
tas, dos que trabalham na empresa ou dos investido- da companhia aberta informarão à assembléia-geral
res em valores mobiliários emitidos pela companhia; as disposições sobre política de reinvestimento de lu-
c) promover alteração estatutária, emissão de valores cros e distribuição de dividendos, constantes de acor-
mobiliários ou adoção de políticas ou decisões que dos de acionistas arquivados na companhia.
não tenham por fim o interesse da companhia e visem § 6o O acordo de acionistas cujo prazo for fixado em
a causar prejuízo a acionistas minoritários, aos que função de termo ou condição resolutiva somente pode
trabalham na empresa ou aos investidores em valores ser denunciado segundo suas estipulações. (Incluído
mobiliários emitidos pela companhia; pela Lei nº 10.303, de 2001)

64
§ 7o O mandato outorgado nos termos de acordo de CAPÍTULO XI
acionistas para proferir, em assembléia-geral ou espe-
cial, voto contra ou a favor de determinada delibera- Assembléia-Geral
ção, poderá prever prazo superior ao constante do §
1o do art. 126 desta Lei.(Incluído pela Lei nº 10.303, SEÇÃO I
de 2001)
§ 8o O presidente da assembléia ou do órgão cole- Disposições Gerais
giado de deliberação da companhia não computará
o voto proferido com infração de acordo de acionistas Art. 121. A assembléia-geral, convocada e instalada
devidamente arquivado.(Incluído pela Lei nº 10.303, de acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para
de 2001) decidir todos os negócios relativos ao objeto da com-
§ 9o O não comparecimento à assembléia ou às reu- panhia e tomar as resoluções que julgar convenientes
niões dos órgãos de administração da companhia, à sua defesa e desenvolvimento.
bem como as abstenções de voto de qualquer parte de Parágrafo único. Nas companhias, abertas e fechadas,
acordo de acionistas ou de membros do conselho de o acionista poderá participar e votar a distância em
administração eleitos nos termos de acordo de acio- assembleia geral, nos termos do regulamento da Co-
nistas, assegura à parte prejudicada o direito de votar missão de Valores Mobiliários e do órgão competente
com as ações pertencentes ao acionista ausente ou do Poder Executivo federal, respectivamente. (Re-
omisso e, no caso de membro do conselho de adminis- dação dada pela Lei nº 14.030, de 2020).
tração, pelo conselheiro eleito com os votos da parte
prejudicada.(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) Competência Privativa
§ 10. Os acionistas vinculados a acordo de acionistas
deverão indicar, no ato de arquivamento, representan- Art. 122. Compete privativamente à assembleia ge-
te para comunicar-se com a companhia, para prestar ral: (Redação dada pela Lei nº 12.431, de 2011).
ou receber informações, quando solicitadas.(Incluído I - reformar o estatuto social;(Redação dada pela Lei
pela Lei nº 10.303, de 2001) nº 10.303, de 2001)
§ 11. A companhia poderá solicitar aos membros do II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os adminis-
acordo esclarecimento sobre suas cláusulas.(Incluído tradores e fiscais da companhia, ressalvado o dispos-
pela Lei nº 10.303, de 2001) to no inciso II do art. 142;(Redação dada pela Lei nº
10.303, de 2001)
SEÇÃO VI III - tomar, anualmente, as contas dos administrado-
res e deliberar sobre as demonstrações financeiras por
Representação de Acionista Residente ou Domiciliado eles apresentadas;(Redação dada pela Lei nº 10.303,
no Exterior de 2001)
IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o
Art. 119. O acionista residente ou domiciliado no ex- disposto nos §§ 1o, 2o e 4o do art. 59; (Redação dada
terior deverá manter, no País, representante com po- pela Lei nº 12.431, de 2011). (Vide Lei nº 12.838,
deres para receber citação em ações contra ele, pro- de 2013)
postas com fundamento nos preceitos desta Lei. V - suspender o exercício dos direitos do acionista (art.
Parágrafo único. O exercício, no Brasil, de qualquer 120);(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
dos direitos de acionista, confere ao mandatário ou VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que
representante legal qualidade para receber citação o acionista concorrer para a formação do capital
judicial. social;(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias;(Redação
SEÇÃO VII dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorpo-
Suspensão do Exercício de Direitos ração e cisão da companhia, sua dissolução e liqui-
dação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as
Art. 120. A assembléia-geral poderá suspender o contas; e (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
exercício dos direitos do acionista que deixar de cum- IX - autorizar os administradores a confessar falência
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

prir obrigação imposta pela lei ou pelo estatuto, ces- e pedir concordata.(Redação dada pela Lei nº 10.303,
sando a suspensão logo que cumprida a obrigação. de 2001)
Parágrafo único. Em caso de urgência, a confissão de
falência ou o pedido de concordata poderá ser for-
mulado pelos administradores, com a concordância
do acionista controlador, se houver, convocando-se
imediatamente a assembléia-geral, para manifestar-
-se sobre a matéria.(Redação dada pela Lei nº 10.303,
de 2001)

65
Competência para Convocação de que o tenha solicitado, por escrito, à companhia,
com a indicação do endereço completo e do prazo de
Art. 123. Compete ao conselho de administração, se vigência do pedido, não superior a 2 (dois) exercícios
houver, ou aos diretores, observado o disposto no es- sociais, e renovável; essa convocação não dispensa a
tatuto, convocar a assembléia-geral. publicação do aviso previsto no § 1º, e sua inobser-
Parágrafo único. A assembléia-geral pode também ser vância dará ao acionista direito de haver, dos admi-
convocada: nistradores da companhia, indenização pelos prejuí-
a) pelo conselho fiscal, nos casos previstos no número zos sofridos.
V, do artigo 163; § 4º Independentemente das formalidades previstas
b) por qualquer acionista, quando os administradores neste artigo, será considerada regular a assembléia-
retardarem, por mais de 60 (sessenta) dias, a convoca- -geral a que comparecerem todos os acionistas.
ção nos casos previstos em lei ou no estatuto; § 5o A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu
c) por acionistas que representem cinco por cento, no exclusivo critério, mediante decisão fundamentada de
mínimo, do capital social, quando os administradores seu Colegiado, a pedido de qualquer acionista, e ouvi-
não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de da a companhia: (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
convocação que apresentarem, devidamente funda- I - aumentar, para até 30 (trinta) dias, a contar da
mentado, com indicação das matérias a serem trata- data em que os documentos relativos às matérias a
das; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) serem deliberadas forem colocados à disposição dos
d) por acionistas que representem cinco por cento, no acionistas, o prazo de antecedência de publicação do
mínimo, do capital votante, ou cinco por cento, no mí- primeiro anúncio de convocação da assembléia-geral
nimo, dos acionistas sem direito a voto, quando os ad- de companhia aberta, quando esta tiver por objeto
ministradores não atenderem, no prazo de oito dias, a operações que, por sua complexidade, exijam maior
pedido de convocação de assembléia para instalação prazo para que possam ser conhecidas e analisadas
do conselho fiscal. (Incluída pela Lei nº 9.457, de 1997) pelos acionistas;(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
II - interromper, por até 15 (quinze) dias, o curso do
Modo de Convocação e Local prazo de antecedência da convocação de assembléia-
-geral extraordinária de companhia aberta, a fim de
Art. 124. A convocação far-se-á mediante anúncio conhecer e analisar as propostas a serem submetidas
publicado por 3 (três) vezes, no mínimo, contendo, à assembléia e, se for o caso, informar à companhia,
além do local, data e hora da assembléia, a ordem do até o término da interrupção, as razões pelas quais
dia, e, no caso de reforma do estatuto, a indicação da entende que a deliberação proposta à assembléia vio-
matéria. la dispositivos legais ou regulamentares.(Incluído pela
§ 1o A primeira convocação da assembléia-geral de- Lei nº 10.303, de 2001)
verá ser feita: (Redação da pela Lei nº10.303, de 2001) § 6o As companhias abertas com ações admitidas à
I - na companhia fechada, com 8 (oito) dias de ante- negociação em bolsa de valores deverão remeter, na
cedência, no mínimo, contado o prazo da publicação data da publicação do anúncio de convocação da as-
do primeiro anúncio; não se realizando a assembléia, sembléia, à bolsa de valores em que suas ações forem
será publicado novo anúncio, de segunda convocação, mais negociadas, os documentos postos à disposição
com antecedência mínima de 5 (cinco) dias; (Incluído dos acionistas para deliberação na assembléia-geral.
pela Lei nº 10.303, de 2001) (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
II - na companhia aberta, o prazo de antecedência da
primeira convocação será de 15 (quinze) dias e o da “Quorum” de Instalação
segunda convocação de 8 (oito) dias. (Incluído pela Lei
nº 10.303, de 2001) Art. 125. Ressalvadas as exceções previstas em lei, a
§ 2º A assembleia geral deverá ser realizada, prefe- assembléia-geral instalar-se-á, em primeira convoca-
rencialmente, no edifício onde a companhia tiver sede ção, com a presença de acionistas que representem,
ou, por motivo de força maior, em outro lugar, desde no mínimo, 1/4 (um quarto) do capital social com di-
que seja no mesmo Município da sede e seja indicado reito de voto; em segunda convocação instalar-se-á
com clareza nos anúncios. (Redação dada pela Lei com qualquer número.
nº 14.030, de 2020). Parágrafo único. Os acionistas sem direito de voto po-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

§ 2º-A. Sem prejuízo do disposto no § 2º deste artigo, dem comparecer à assembléia-geral e discutir a ma-
as companhias, abertas e fechadas, poderão realizar téria submetida à deliberação.
assembleia digital, nos termos do regulamento da Co-
missão de Valores Mobiliários e do órgão competente Legitimação e Representação
do Poder Executivo federal, respectivamente. (In-
cluído pela Lei nº 14.030, de 2020) Art. 126. As pessoas presentes à assembléia deverão
§ 3º Nas companhias fechadas, o acionista que repre- provar a sua qualidade de acionista, observadas as se-
sentar 5% (cinco por cento), ou mais, do capital social, guintes normas:
será convocado por telegrama ou carta registrada, I - os titulares de ações nominativas exibirão, se exigi-
expedidos com a antecedência prevista no § 1º, des- do, documento hábil de sua identidade;

66
II - os titulares de ações escriturais ou em custódia nos “Quorum” das Deliberações
termos do art. 41, além do documento de identidade,
exibirão, ou depositarão na companhia, se o estatuto Art. 129. As deliberações da assembléia-geral, res-
o exigir, comprovante expedido pela instituição finan- salvadas as exceções previstas em lei, serão tomadas
ceira depositária.(Redação dada pela Lei nº 9.457, de por maioria absoluta de votos, não se computando os
1997) votos em branco.
III - os titulares de ações ao portador exibirão os res- § 1º O estatuto da companhia fechada pode aumentar
pectivos certificados, ou documento de depósito nos o quorum exigido para certas deliberações, desde que
termos do número II; especifique as matérias.
IV - os titulares de ações escriturais ou em custódia § 2º No caso de empate, se o estatuto não estabele-
nos termos do artigo 41, além do documento de iden- cer procedimento de arbitragem e não contiver norma
tidade, exibirão, ou depositarão na companhia, se o diversa, a assembléia será convocada, com intervalo
estatuto o exigir, comprovante expedido pela institui- mínimo de 2 (dois) meses, para votar a deliberação;
ção financeira depositária. se permanecer o empate e os acionistas não concor-
§ 1º O acionista pode ser representado na assembléia- darem em cometer a decisão a um terceiro, caberá ao
-geral por procurador constituído há menos de 1 (um) Poder Judiciário decidir, no interesse da companhia.
ano, que seja acionista, administrador da companhia
ou advogado; na companhia aberta, o procurador Ata da Assembléia
pode, ainda, ser instituição financeira, cabendo ao ad-
ministrador de fundos de investimento representar os Art. 130. Dos trabalhos e deliberações da assembléia
condôminos. será lavrada, em livro próprio, ata assinada pelos
§ 2º O pedido de procuração, mediante correspon- membros da mesa e pelos acionistas presentes. Para
dência, ou anúncio publicado, sem prejuízo da regu- validade da ata é suficiente a assinatura de quantos
lamentação que, sobre o assunto vier a baixar a Co- bastem para constituir a maioria necessária para as
missão de Valores Mobiliários, deverá satisfazer aos
deliberações tomadas na assembléia. Da ata tirar-se-
seguintes requisitos:
-ão certidões ou cópias autênticas para os fins legais.
a) conter todos os elementos informativos necessários
§ 1º A ata poderá ser lavrada na forma de sumário
ao exercício do voto pedido;
dos fatos ocorridos, inclusive dissidências e protestos, e
b) facultar ao acionista o exercício de voto contrário
conter a transcrição apenas das deliberações tomadas,
à decisão com indicação de outro procurador para o
desde que:
exercício desse voto;
a) os documentos ou propostas submetidos à assem-
c) ser dirigido a todos os titulares de ações cujos ende-
bléia, assim como as declarações de voto ou dissidên-
reços constem da companhia. (Redação dada pela Lei
cia, referidos na ata, sejam numerados seguidamente,
nº 9.457, de 1997)
§ 3º É facultado a qualquer acionista, detentor de autenticados pela mesa e por qualquer acionista que
ações, com ou sem voto, que represente meio por cen- o solicitar, e arquivados na companhia;
to, no mínimo, do capital social, solicitar relação de b) a mesa, a pedido de acionista interessado, auten-
endereços dos acionistas, para os fins previstos no § tique exemplar ou cópia de proposta, declaração de
1º, obedecidos sempre os requisitos do parágrafo an- voto ou dissidência, ou protesto apresentado.
terior. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) § 2º A assembléia-geral da companhia aberta pode
§ 4º Têm a qualidade para comparecer à assembléia autorizar a publicação de ata com omissão das assi-
os representantes legais dos acionistas. naturas dos acionistas.
§ 3º Se a ata não for lavrada na forma permitida pelo
Livro de Presença § 1º, poderá ser publicado apenas o seu extrato, com
o sumário dos fatos ocorridos e a transcrição das deli-
Art. 127. Antes de abrir-se a assembléia, os acionistas berações tomadas.
assinarão o “Livro de Presença”, indicando o seu nome,
nacionalidade e residência, bem como a quantidade, Espécies de Assembléia
espécie e classe das ações de que forem titulares.
Parágrafo único. Considera-se presente em assem- Art. 131. A assembléia-geral é ordinária quando tem
bleia geral, para todos os efeitos desta Lei, o acionista por objeto as matérias previstas no artigo 132, e extra-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

que registrar a distância sua presença, na forma pre- ordinária nos demais casos.
vista em regulamento da Comissão de Valores Mobili- Parágrafo único. A assembléia-geral ordinária e a
ários. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). assembléia-geral extraordinária poderão ser, cumula-
tivamente, convocadas e realizadas no mesmo local,
Mesa data e hora, instrumentadas em ata única.

Art. 128. Os trabalhos da assembléia serão dirigidos


por mesa composta, salvo disposição diversa do esta-
tuto, de presidente e secretário, escolhidos pelos acio-
nistas presentes.

67
SEÇÃO II conselho fiscal, se houver, os quais serão submetidos
pela mesa à discussão e votação.
Assembléia-Geral Ordinária § 1° Os administradores da companhia, ou ao me-
Objeto nos um deles, e o auditor independente, se houver,
deverão estar presentes à assembléia para atender a
Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses pedidos de esclarecimentos de acionistas, mas os ad-
seguintes ao término do exercício social, deverá haver ministradores não poderão votar, como acionistas ou
1 (uma) assembléia-geral para: procuradores, os documentos referidos neste artigo.
I - tomar as contas dos administradores, examinar, § 2º Se a assembléia tiver necessidade de outros es-
discutir e votar as demonstrações financeiras; clarecimentos, poderá adiar a deliberação e ordenar
II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do diligências; também será adiada a deliberação, salvo
exercício e a distribuição de dividendos; dispensa dos acionistas presentes, na hipótese de não
III - eleger os administradores e os membros do conse- comparecimento de administrador, membro do conse-
lho fiscal, quando for o caso; lho fiscal ou auditor independente.
IV - aprovar a correção da expressão monetária do § 3º A aprovação, sem reserva, das demonstrações fi-
capital social (artigo 167). nanceiras e das contas, exonera de responsabilidade
os administradores e fiscais, salvo erro, dolo, fraude ou
Documentos da Administração simulação (artigo 286).
§ 4º Se a assembléia aprovar as demonstrações fi-
Art. 133. Os administradores devem comunicar, até 1 nanceiras com modificação no montante do lucro do
(um) mês antes da data marcada para a realização da exercício ou no valor das obrigações da companhia,
assembléia-geral ordinária, por anúncios publicados os administradores promoverão, dentro de 30 (trinta)
na forma prevista no artigo 124, que se acham à dis- dias, a republicação das demonstrações, com as reti-
posição dos acionistas: ficações deliberadas pela assembléia; se a destinação
I - o relatório da administração sobre os negócios so- dos lucros proposta pelos órgãos de administração
ciais e os principais fatos administrativos do exercício não lograr aprovação (artigo 176, § 3º), as modifica-
findo; ções introduzidas constarão da ata da assembléia.
II - a cópia das demonstrações financeiras; § 5º A ata da assembléia-geral ordinária será arquiva-
III - o parecer dos auditores independentes, se houver. da no registro do comércio e publicada.
IV - o parecer do conselho fiscal, inclusive votos dis- § 6º As disposições do § 1º, segunda parte, não se apli-
sidentes, se houver; e (Incluído pela Lei nº 10.303, de cam quando, nas sociedades fechadas, os diretores fo-
2001) rem os únicos acionistas.
V - demais documentos pertinentes a assuntos inclu-
ídos na ordem do dia. (Incluído pela Lei nº 10.303, de SEÇÃO III
2001)
§ 1º Os anúncios indicarão o local ou locais onde os Assembléia-Geral Extraordinária
acionistas poderão obter cópias desses documentos. Reforma do Estatuto
§ 2º A companhia remeterá cópia desses documentos
aos acionistas que o pedirem por escrito, nas condi- Art. 135. A assembléia-geral extraordinária que tiver
ções previstas no § 3º do artigo 124. por objeto a reforma do estatuto somente se instalará
§ 3o Os documentos referidos neste artigo, à exceção em primeira convocação com a presença de acionis-
dos constantes dos incisos IV e V, serão publicados até tas que representem 2/3 (dois terços), no mínimo, do
5 (cinco) dias, pelo menos, antes da data marcada capital com direito a voto, mas poderá instalar-se em
para a realização da assembléia-geral. (Redação dada segunda com qualquer número.
pela Lei nº 10.303, de 2001) § 1º Os atos relativos a reformas do estatuto, para va-
§ 4º A assembléia-geral que reunir a totalidade dos lerem contra terceiros, ficam sujeitos às formalidades
acionistas poderá considerar sanada a falta de pu- de arquivamento e publicação, não podendo, todavia,
blicação dos anúncios ou a inobservância dos prazos a falta de cumprimento dessas formalidades ser opos-
referidos neste artigo; mas é obrigatória a publicação ta, pela companhia ou por seus acionistas, a terceiros
dos documentos antes da realização da assembléia. de boa-fé.
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

§ 5º A publicação dos anúncios é dispensada quando § 2º Aplica-se aos atos de reforma do estatuto o dis-
os documentos a que se refere este artigo são publi- posto no artigo 97 e seus §§ 1º e 2° e no artigo 98 e
cados até 1 (um) mês antes da data marcada para a seu § 1º.
realização da assembléia-geral ordinária. § 3o Os documentos pertinentes à matéria a ser de-
batida na assembléia-geral extraordinária deverão ser
Procedimento postos à disposição dos acionistas, na sede da compa-
nhia, por ocasião da publicação do primeiro anúncio
Art. 134. Instalada a assembléia-geral, proceder-se- de convocação da assembléia-geral. (Incluído
-á, se requerida por qualquer acionista, à leitura dos pela Lei nº 10.303, de 2001)
documentos referidos no artigo 133 e do parecer do

68
“Quorum” Qualificado eficácia após a sua ratificação pela assembléia espe-
cial prevista no § 1º. (Incluído pela Lei nº 9.457,
Art. 136. É necessária a aprovação de acionistas que de 1997)
representem metade, no mínimo, das ações com direi-
to a voto, se maior quorum não for exigido pelo esta- Art. 136-A. A aprovação da inserção de convenção
tuto da companhia cujas ações não estejam admitidas de arbitragem no estatuto social, observado o quorum
à negociação em bolsa ou no mercado de balcão, para do art. 136, obriga a todos os acionistas, assegurado
deliberação sobre: (Redação dada pela Lei nº ao acionista dissidente o direito de retirar-se da com-
9.457, de 1997) panhia mediante o reembolso do valor de suas ações,
I - criação de ações preferenciais ou aumento de clas- nos termos do art. 45. (Incluído pela Lei nº
se de ações preferenciais existentes, sem guardar pro- 13.129, de 2015) (Vigência)
porção com as demais classes de ações preferenciais, § 1o A convenção somente terá eficácia após o decurso
do prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação da
salvo se já previstos ou autorizados pelo estatuto;
ata da assembleia geral que a aprovou. (Incluído
(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)
II - alteração nas preferências, vantagens e condições
§ 2o O direito de retirada previsto no caput não será
de resgate ou amortização de uma ou mais classes
aplicável: (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015)
de ações preferenciais, ou criação de nova classe mais (Vigência)
favorecida; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de I - caso a inclusão da convenção de arbitragem no
1997) estatuto social represente condição para que os va-
III - redução do dividendo obrigatório; (Redação lores mobiliários de emissão da companhia sejam
dada pela Lei nº 9.457, de 1997) admitidos à negociação em segmento de listagem de
IV - fusão da companhia, ou sua incorporação em ou- bolsa de valores ou de mercado de balcão organizado
tra; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) que exija dispersão acionária mínima de 25% (vinte e
V - participação em grupo de sociedades (art. 265); cinco por cento) das ações de cada espécie ou classe;
(Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)
VI - mudança do objeto da companhia; (Redação II - caso a inclusão da convenção de arbitragem seja
dada pela Lei nº 9.457, de 1997) efetuada no estatuto social de companhia aberta
VII - cessação do estado de liquidação da companhia; cujas ações sejam dotadas de liquidez e dispersão no
(Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) mercado, nos termos das alíneas “a” e “b” do inciso II
VIII - criação de partes beneficiárias; (Redação do art. 137 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.129,
dada pela Lei nº 9.457, de 1997) de 2015) (Vigência)
IX - cisão da companhia; (Incluído pela Lei nº
9.457, de 1997) Direito de Retirada
X - dissolução da companhia. (Incluído pela Lei nº
9.457, de 1997) Art. 137. A aprovação das matérias previstas nos in-
§ 1º Nos casos dos incisos I e II, a eficácia da delibe- cisos I a VI e IX do art. 136 dá ao acionista dissidente
ração depende de prévia aprovação ou da ratificação, o direito de retirar-se da companhia, mediante reem-
em prazo improrrogável de um ano, por titulares de bolso do valor das suas ações (art. 45), observadas as
mais da metade de cada classe de ações preferenciais seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº 10.303,
prejudicadas, reunidos em assembléia especial convo- de 2001)
I - nos casos dos incisos I e II do art. 136, somente
cada pelos administradores e instalada com as forma-
terá direito de retirada o titular de ações de espécie
lidades desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.457,
ou classe prejudicadas; (Incluído pela Lei nº 9.457, de
de 1997)
1997)
§ 2º A Comissão de Valores Mobiliários pode autorizar
II - nos casos dos incisos IV e V do art. 136, não terá
a redução do quorum previsto neste artigo no caso de direito de retirada o titular de ação de espécie ou clas-
companhia aberta com a propriedade das ações dis- se que tenha liquidez e dispersão no mercado, consi-
persa no mercado, e cujas 3 (três) últimas assembléias derando-se haver: (Redação dada pela Lei nº 10.303,
tenham sido realizadas com a presença de acionistas de 2001)
representando menos da metade das ações com di- a) liquidez, quando a espécie ou classe de ação, ou
reito a voto. Neste caso, a autorização da Comissão certificado que a represente, integre índice geral re-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

de Valores Mobiliários será mencionada nos avisos presentativo de carteira de valores mobiliários admi-
de convocação e a deliberação com quorum reduzido tido à negociação no mercado de valores mobiliários,
somente poderá ser adotada em terceira convocação. no Brasil ou no exterior, definido pela Comissão de Va-
§ 3o O disposto no § 2o deste artigo aplica-se também lores Mobiliários; e (Redação dada pela Lei nº 10.303,
às assembléias especiais de acionistas preferenciais de de 2001)
que trata o § 1o. (Redação dada pela Lei nº b) dispersão, quando o acionista controlador, a socie-
10.303, de 2001) dade controladora ou outras sociedades sob seu con-
§ 4º Deverá constar da ata da assembléia-geral que trole detiverem menos da metade da espécie ou classe
deliberar sobre as matérias dos incisos I e II, se não de ação; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
houver prévia aprovação, que a deliberação só terá

69
III - no caso do inciso IX do art. 136, somente haverá CAPÍTULO XII
direito de retirada se a cisão implicar: (Redação dada
pela Lei nº 10.303, de 2001) Conselho de Administração e Diretoria
a) mudança do objeto social, salvo quando o patrimô-
nio cindido for vertido para sociedade cuja atividade Administração da Companhia
preponderante coincida com a decorrente do obje-
to social da sociedade cindida; (Incluída pela Lei nº Art. 138. A administração da companhia competirá,
10.303, de 2001) conforme dispuser o estatuto, ao conselho de adminis-
b) redução do dividendo obrigatório; ou (Incluída pela tração e à diretoria, ou somente à diretoria.
Lei nº 10.303, de 2001) § 1º O conselho de administração é órgão de delibe-
c) participação em grupo de sociedades; (Incluída pela ração colegiada, sendo a representação da companhia
Lei nº 10.303, de 2001) privativa dos diretores.
IV - o reembolso da ação deve ser reclamado à com- § 2º As companhias abertas e as de capital autorizado
panhia no prazo de 30 (trinta) dias contado da pu- terão, obrigatoriamente, conselho de administração.
blicação da ata da assembléia-geral; (Redação dada
pela Lei nº 10.303, de 2001) Art. 139. As atribuições e poderes conferidos por lei
V - o prazo para o dissidente de deliberação de as- aos órgãos de administração não podem ser outorga-
sembléia especial (art. 136, § 1o) será contado da pu- dos a outro órgão, criado por lei ou pelo estatuto.
blicação da respectiva ata; (Redação dada pela Lei nº
10.303, de 2001) SEÇÃO I
VI - o pagamento do reembolso somente poderá ser
exigido após a observância do disposto no § 3o e, se Conselho de Administração
for o caso, da ratificação da deliberação pela assem- Composição
bléia-geral. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 1º O acionista dissidente de deliberação da assem- Art. 140. O conselho de administração será composto
bléia, inclusive o titular de ações preferenciais sem di- por, no mínimo, 3 (três) membros, eleitos pela assem-
reito de voto, poderá exercer o direito de reembolso bléia-geral e por ela destituíveis a qualquer tempo,
das ações de que, comprovadamente, era titular na devendo o estatuto estabelecer:
data da primeira publicação do edital de convocação I - o número de conselheiros, ou o máximo e mínimo
da assembléia, ou na data da comunicação do fato permitidos, e o processo de escolha e substituição do
relevante objeto da deliberação, se anterior. (Redação presidente do conselho pela assembléia ou pelo pró-
dada pela Lei nº 9.457, de 1997) prio conselho; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de
§ 2o O direito de reembolso poderá ser exercido no 2001)
prazo previsto nos incisos IV ou V do caput deste ar- II - o modo de substituição dos conselheiros;
tigo, conforme o caso, ainda que o titular das ações III - o prazo de gestão, que não poderá ser superior a
tenha se abstido de votar contra a deliberação ou não 3 (três) anos, permitida a reeleição;
tenha comparecido à assembléia. (Redação dada pela IV - as normas sobre convocação, instalação e funcio-
Lei nº 10.303, de 2001) namento do conselho, que deliberará por maioria de
§ 3o Nos 10 (dez) dias subseqüentes ao término do votos, podendo o estatuto estabelecer quorum quali-
prazo de que tratam os incisos IV e V do caput des- ficado para certas deliberações, desde que especifique
te artigo, conforme o caso, contado da publicação da as matérias. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de
ata da assembléia-geral ou da assembléia especial 2001)
que ratificar a deliberação, é facultado aos órgãos da Parágrafo único. O estatuto poderá prever a partici-
administração convocar a assembléia-geral para ra- pação no conselho de representantes dos empregados,
tificar ou reconsiderar a deliberação, se entenderem escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, orga-
que o pagamento do preço do reembolso das ações nizada pela empresa, em conjunto com as entidades
aos acionistas dissidentes que exerceram o direito de sindicais que os representem. (Incluído pela Lei nº
retirada porá em risco a estabilidade financeira da 10.303, de 2001)
empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 4º Decairá do direito de retirada o acionista que não Voto Múltiplo
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

o exercer no prazo fixado. (Incluído pela Lei nº 9.457,


de 1997) Art. 141. Na eleição dos conselheiros, é facultado aos
acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um déci-
mo) do capital social com direito a voto, esteja ou não
previsto no estatuto, requerer a adoção do processo de
voto múltiplo, atribuindo-se a cada ação tantos votos
quantos sejam os membros do conselho, e reconheci-
do ao acionista o direito de cumular os votos num só
candidato ou distribuí-los entre vários.

70
§ 1º A faculdade prevista neste artigo deverá ser exer- § 8o A companhia deverá manter registro com a iden-
cida pelos acionistas até 48 (quarenta e oito) horas tificação dos acionistas que exercerem a prerrogativa
antes da assembléia-geral, cabendo à mesa que dirigir a que se refere o § 4o. (Incluído pela Lei nº 10.303, de
os trabalhos da assembléia informar previamente aos 2001)
acionistas, à vista do “Livro de Presença”, o número de § 9o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
votos necessários para a eleição de cada membro do
conselho. Competência
§ 2º Os cargos que, em virtude de empate, não forem
preenchidos, serão objeto de nova votação, pelo mes- Art. 142. Compete ao conselho de administração:
mo processo, observado o disposto no § 1º, in fine. I - fixar a orientação geral dos negócios da compa-
§ 3º Sempre que a eleição tiver sido realizada por esse nhia;
processo, a destituição de qualquer membro do con- II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-
selho de administração pela assembléia-geral impor- -lhes as atribuições, observado o que a respeito dispu-
tará destituição dos demais membros, procedendo-se ser o estatuto;
a nova eleição; nos demais casos de vaga, não haven- III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qual-
do suplente, a primeira assembléia-geral procederá à quer tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar
nova eleição de todo o conselho. informações sobre contratos celebrados ou em via de
§ 4o Terão direito de eleger e destituir um membro celebração, e quaisquer outros atos;
e seu suplente do conselho de administração, em vo- IV - convocar a assembléia-geral quando julgar con-
tação em separado na assembléia-geral, excluído o veniente, ou no caso do artigo 132;
acionista controlador, a maioria dos titulares, respec- V - manifestar-se sobre o relatório da administração e
tivamente: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) as contas da diretoria;
I - de ações de emissão de companhia aberta com di- VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contra-
reito a voto, que representem, pelo menos, 15% (quin- tos, quando o estatuto assim o exigir;
ze por cento) do total das ações com direito a voto; e VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre
(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) a emissão de ações ou de bônus de subscrição; (Vide
II - de ações preferenciais sem direito a voto ou com Lei nº 12.838, de 2013)
voto restrito de emissão de companhia aberta, que re- VIII – autorizar, se o estatuto não dispuser em con-
presentem, no mínimo, 10% (dez por cento) do capital trário, a alienação de bens do ativo não circulante, a
social, que não houverem exercido o direito previsto constituição de ônus reais e a prestação de garantias
no estatuto, em conformidade com o art. 18. (Incluído a obrigações de terceiros; (Redação dada pela Lei nº
pela Lei nº 10.303, de 2001) 11.941, de 2009)
§ 5o Verificando-se que nem os titulares de ações com IX - escolher e destituir os auditores independentes,
direito a voto e nem os titulares de ações preferen- se houver.
ciais sem direito a voto ou com voto restrito perfize- § 1o Serão arquivadas no registro do comércio e publi-
ram, respectivamente, o quorum exigido nos incisos I cadas as atas das reuniões do conselho de administra-
e II do § 4o, ser-lhes-á facultado agregar suas ações ção que contiverem deliberação destinada a produzir
para elegerem em conjunto um membro e seu suplen- efeitos perante terceiros. (Redação dada pela Lei nº
te para o conselho de administração, observando-se, 10.303, de 2001)
nessa hipótese, o quorum exigido pelo inciso II do § 4o. § 2o A escolha e a destituição do auditor independente
(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) ficará sujeita a veto, devidamente fundamentado, dos
§ 6o Somente poderão exercer o direito previsto no § conselheiros eleitos na forma do art. 141, § 4o, se hou-
4o os acionistas que comprovarem a titularidade inin- ver. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
terrupta da participação acionária ali exigida durante
o período de 3 (três) meses, no mínimo, imediatamen- SEÇÃO II
te anterior à realização da assembléia-geral. (Incluído
pela Lei nº 10.303, de 2001) Diretoria
§ 7o Sempre que, cumulativamente, a eleição do con- Composição
selho de administração se der pelo sistema do voto
múltiplo e os titulares de ações ordinárias ou prefe- Art. 143. A Diretoria será composta por 2 (dois) ou
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

renciais exercerem a prerrogativa de eleger conselhei- mais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tem-
ro, será assegurado a acionista ou grupo de acionistas po pelo conselho de administração, ou, se inexistente,
vinculados por acordo de votos que detenham mais do pela assembléia-geral, devendo o estatuto estabelecer:
que 50% (cinqüenta por cento) das ações com direito I - o número de diretores, ou o máximo e o mínimo
de voto o direito de eleger conselheiros em número permitidos;
igual ao dos eleitos pelos demais acionistas, mais um, II - o modo de sua substituição;
independentemente do número de conselheiros que, III - o prazo de gestão, que não será superior a 3 (três)
segundo o estatuto, componha o órgão. (Incluído pela anos, permitida a reeleição;
Lei nº 10.303, de 2001) IV - as atribuições e poderes de cada diretor.

71
§ 1º Os membros do conselho de administração, até peita ou suborno, concussão, peculato, contra a eco-
o máximo de 1/3 (um terço), poderão ser eleitos para nomia popular, a fé pública ou a propriedade, ou a
cargos de diretores. pena criminal que vede, ainda que temporariamente,
§ 2º O estatuto pode estabelecer que determinadas o acesso a cargos públicos.
decisões, de competência dos diretores, sejam toma- § 2º São ainda inelegíveis para os cargos de adminis-
das em reunião da diretoria. tração de companhia aberta as pessoas declaradas ina-
bilitadas por ato da Comissão de Valores Mobiliários.
Representação § 3o O conselheiro deve ter reputação ilibada, não po-
dendo ser eleito, salvo dispensa da assembléia-geral,
Art. 144. No silêncio do estatuto e inexistindo deli- aquele que: (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
beração do conselho de administração (artigo 142, n. I - ocupar cargos em sociedades que possam ser con-
II e parágrafo único), competirão a qualquer diretor sideradas concorrentes no mercado, em especial, em
a representação da companhia e a prática dos atos conselhos consultivos, de administração ou fiscal; e
necessários ao seu funcionamento regular. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
Parágrafo único. Nos limites de suas atribuições e po- II - tiver interesse conflitante com a sociedade. (Incluí-
deres, é lícito aos diretores constituir mandatários da do pela Lei nº 10.303, de 2001)
companhia, devendo ser especificados no instrumento § 4o A comprovação do cumprimento das condições
os atos ou operações que poderão praticar e a duração previstas no § 3o será efetuada por meio de declara-
do mandato, que, no caso de mandatojudicial, poderá ção firmada pelo conselheiro eleito nos termos defini-
ser por prazo indeterminado. dos pela Comissão de Valores Mobiliários, com vistas
ao disposto nos arts. 145 e 159, sob as penas da lei.
SEÇÃO III (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

Administradores Garantia da Gestão


Normas Comuns
Art. 148. O estatuto pode estabelecer que o exercício
do cargo de administrador deva ser assegurado, pelo
Art. 145. As normas relativas a requisitos, impedi-
titular ou por terceiro, mediante penhor de ações da
mentos, investidura, remuneração, deveres e respon-
companhia ou outra garantia.
sabilidade dos administradores aplicam-se a conse-
Parágrafo único. A garantia só será levantada após
lheiros e diretores.
aprovação das últimas contas apresentadas pelo ad-
ministrador que houver deixado o cargo.
Requisitos e Impedimentos
Investidura
Art. 146. Poderão ser eleitas para membros dos ór-
gãos de administração pessoas naturais, devendo os Art. 149. Os conselheiros e diretores serão investidos
diretores ser residentes no País. (Redação dada pela nos seus cargos mediante assinatura de termo de pos-
Lei nº 12.431, de 2011). se no livro de atas do conselho de administração ou da
§ 1o A ata da assembléia-geral ou da reunião do con- diretoria, conforme o caso.
selho de administração que eleger administradores § 1o Se o termo não for assinado nos 30 (trinta) dias
deverá conter a qualificação e o prazo de gestão de seguintes à nomeação, esta tornar-se-á sem efeito,
cada um dos eleitos, devendo ser arquivada no regis- salvo justificação aceita pelo órgão da administração
tro do comércio e publicada. (Redação dada pela Lei para o qual tiver sido eleito. (Redação dada pela Lei nº
nº 10.303, de 2001) 10.303, de 2001)
§ 2o A posse do conselheiro residente ou domiciliado § 2o O termo de posse deverá conter, sob pena de nuli-
no exterior fica condicionada à constituição de repre- dade, a indicação de pelo menos um domicílio no qual
sentante residente no País, com poderes para receber o administrador receberá as citações e intimações em
citação em ações contra ele propostas com base na processos administrativos e judiciais relativos a atos
legislação societária, mediante procuração com prazo de sua gestão, as quais reputar-se-ão cumpridas me-
de validade que deverá estender-se por, no mínimo, 3 diante entrega no domicílio indicado, o qual somente
(três) anos após o término do prazo de gestão do con- poderá ser alterado mediante comunicação por escrito
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

selheiro. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) à companhia. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

Art. 147. Quando a lei exigir certos requisitos para a Substituição e Término da Gestão
investidura em cargo de administração da companhia,
a assembléia-geral somente poderá eleger quem te- Art. 150. No caso de vacância do cargo de conselhei-
nha exibido os necessários comprovantes, dos quais se ro, salvo disposição em contrário do estatuto, o subs-
arquivará cópia autêntica na sede social. tituto será nomeado pelos conselheiros remanescentes
§ 1º São inelegíveis para os cargos de administração e servirá até a primeira assembléia-geral. Se ocorrer
da companhia as pessoas impedidas por lei especial, vacância da maioria dos cargos, a assembléia-geral
ou condenadas por crime falimentar, de prevaricação, será convocada para proceder a nova eleição.

72
§ 1º No caso de vacância de todos os cargos do conse- Finalidade das Atribuições e Desvio de Poder
lho de administração, compete à diretoria convocar a
assembléia-geral. Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições
§ 2º No caso de vacância de todos os cargos da direto- que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins
ria, se a companhia não tiver conselho de administra- e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências
ção, compete ao conselho fiscal, se em funcionamento, do bem público e da função social da empresa.
ou a qualquer acionista, convocar a assembléia-geral, § 1º O administrador eleito por grupo ou classe de
devendo o representante de maior número de ações acionistas tem, para com a companhia, os mesmos
praticar, até a realização da assembléia, os atos ur- deveres que os demais, não podendo, ainda que para
gentes de administração da companhia. defesa do interesse dos que o elegeram, faltar a esses
§ 3º O substituto eleito para preencher cargo vago deveres.
completará o prazo de gestão do substituído. § 2° É vedado ao administrador:
a) praticar ato de liberalidade à custa da companhia;
§ 4º O prazo de gestão do conselho de administração
b) sem prévia autorização da assembléia-geral ou do
ou da diretoria se estende até a investidura dos novos
conselho de administração, tomar por empréstimo re-
administradores eleitos.
cursos ou bens da companhia, ou usar, em proveito
próprio, de sociedade em que tenha interesse, ou de
Renúncia terceiros, os seus bens, serviços ou crédito;
c) receber de terceiros, sem autorização estatutária ou
Art. 151. A renúncia do administrador torna-se efi- da assembléia-geral, qualquer modalidade de vanta-
caz, em relação à companhia, desde o momento em gem pessoal, direta ou indireta, em razão do exercício
que lhe for entregue a comunicação escrita do renun- de seu cargo.
ciante, e em relação a terceiros de boa-fé, após ar- § 3º As importâncias recebidas com infração ao dis-
quivamento no registro de comércio e publicação, que posto na alínea c do § 2º pertencerão à companhia.
poderão ser promovidos pelo renunciante. § 4º O conselho de administração ou a diretoria po-
dem autorizar a prática de atos gratuitos razoáveis
Remuneração em benefício dos empregados ou da comunidade de
que participe a empresa, tendo em vista suas respon-
Art. 152. A assembléia-geral fixará o montante glo- sabilidades sociais.
bal ou individual da remuneração dos administrado-
res, inclusive benefícios de qualquer natureza e verbas Dever de Lealdade
de representação, tendo em conta suas responsabili-
dades, o tempo dedicado às suas funções, sua com- Art. 155. O administrador deve servir com lealdade à
petência e reputação profissional e o valor dos seus companhia e manter reserva sobre os seus negócios,
serviços no mercado. (Redação dada pela Lei nº 9.457, sendo-lhe vedado:
de 1997) I - usar, em benefício próprio ou de outrem, com ou
§ 1º O estatuto da companhia que fixar o dividendo sem prejuízo para a companhia, as oportunidades
obrigatório em 25% (vinte e cinco por cento) ou mais comerciais de que tenha conhecimento em razão do
do lucro líquido, pode atribuir aos administradores exercício de seu cargo;
participação no lucro da companhia, desde que o seu II - omitir-se no exercício ou proteção de direitos da
total não ultrapasse a remuneração anual dos admi- companhia ou, visando à obtenção de vantagens, para
si ou para outrem, deixar de aproveitar oportunidades
nistradores nem 0,1 (um décimo) dos lucros (artigo
de negócio de interesse da companhia;
190), prevalecendo o limite que for menor.
III - adquirir, para revender com lucro, bem ou direito
§ 2º Os administradores somente farão jus à parti-
que sabe necessário à companhia, ou que esta tencio-
cipação nos lucros do exercício social em relação ao
ne adquirir.
qual for atribuído aos acionistas o dividendo obrigató- § 1º Cumpre, ademais, ao administrador de compa-
rio, de que trata o artigo 202. nhia aberta, guardar sigilo sobre qualquer informação
que ainda não tenha sido divulgada para conheci-
SEÇÃO IV mento do mercado, obtida em razão do cargo e capaz
de influir de modo ponderável na cotação de valores
Deveres e Responsabilidades mobiliários, sendo-lhe vedado valer-se da informação
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Dever de Diligência para obter, para si ou para outrem, vantagem me-


diante compra ou venda de valores mobiliários.
Art. 153. O administrador da companhia deve empre- § 2º O administrador deve zelar para que a violação
gar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligên- do disposto no § 1º não possa ocorrer através de su-
cia que todo homem ativo e probo costuma empregar bordinados ou terceiros de sua confiança.
na administração dos seus próprios negócios. § 3º A pessoa prejudicada em compra e venda de va-
lores mobiliários, contratada com infração do disposto
nos §§ 1° e 2°, tem direito de haver do infrator indeni-
zação por perdas e danos, a menos que ao contratar
já conhecesse a informação.

73
§ 4o É vedada a utilização de informação relevante § 3º A revelação dos atos ou fatos de que trata este
ainda não divulgada, por qualquer pessoa que a ela artigo só poderá ser utilizada no legítimo interesse da
tenha tido acesso, com a finalidade de auferir vanta- companhia ou do acionista, respondendo os solicitan-
gem, para si ou para outrem, no mercado de valores tes pelos abusos que praticarem.
mobiliários. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) § 4º Os administradores da companhia aberta são
obrigados a comunicar imediatamente à bolsa de
Conflito de Interesses valores e a divulgar pela imprensa qualquer delibe-
ração da assembléia-geral ou dos órgãos de adminis-
Art. 156. É vedado ao administrador intervir em qual- tração da companhia, ou fato relevante ocorrido nos
quer operação social em que tiver interesse conflitante seus negócios, que possa influir, de modo ponderável,
com o da companhia, bem como na deliberação que na decisão dos investidores do mercado de vender ou
a respeito tomarem os demais administradores, cum- comprar valores mobiliários emitidos pela companhia.
prindo-lhe cientificá-los do seu impedimento e fazer § 5º Os administradores poderão recusar-se a prestar
consignar, em ata de reunião do conselho de adminis- a informação (§ 1º, alínea e), ou deixar de divulgá-la
tração ou da diretoria, a natureza e extensão do seu (§ 4º), se entenderem que sua revelação porá em risco
interesse. interesse legítimo da companhia, cabendo à Comissão
§ 1º Ainda que observado o disposto neste artigo, o de Valores Mobiliários, a pedido dos administradores,
administrador somente pode contratar com a compa- de qualquer acionista, ou por iniciativa própria, deci-
nhia em condições razoáveis ou eqüitativas, idênticas dir sobre a prestação de informação e responsabilizar
às que prevalecem no mercado ou em que a compa- os administradores, se for o caso.
nhia contrataria com terceiros. § 6o Os administradores da companhia aberta deve-
§ 2º O negócio contratado com infração do disposto rão informar imediatamente, nos termos e na forma
no § 1º é anulável, e o administrador interessado será determinados pela Comissão de Valores Mobiliários, a
obrigado a transferir para a companhia as vantagens esta e às bolsas de valores ou entidades do mercado
que dele tiver auferido. de balcão organizado nas quais os valores mobiliários
de emissão da companhia estejam admitidos à nego-
Dever de Informar ciação, as modificações em suas posições acionárias
na companhia. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
Art. 157. O administrador de companhia aberta
deve declarar, ao firmar o termo de posse, o número Responsabilidade dos Administradores
de ações, bônus de subscrição, opções de compra de
ações e debêntures conversíveis em ações, de emissão Art. 158. O administrador não é pessoalmente res-
da companhia e de sociedades controladas ou do mes- ponsável pelas obrigações que contrair em nome da
mo grupo, de que seja titular. (Vide Lei nº 12.838, sociedade e em virtude de ato regular de gestão; res-
de 2013) ponde, porém, civilmente, pelos prejuízos que causar,
§ 1º O administrador de companhia aberta é obriga- quando proceder:
do a revelar à assembléia-geral ordinária, a pedido de I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa
acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou ou dolo;
mais do capital social: II - com violação da lei ou do estatuto.
a) o número dos valores mobiliários de emissão da § 1º O administrador não é responsável por atos ilí-
companhia ou de sociedades controladas, ou do mes- citos de outros administradores, salvo se com eles for
mo grupo, que tiver adquirido ou alienado, diretamen- conivente, se negligenciar em descobri-los ou se, deles
te ou através de outras pessoas, no exercício anterior; tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a
b) as opções de compra de ações que tiver contratado sua prática. Exime-se de responsabilidade o adminis-
ou exercido no exercício anterior; trador dissidente que faça consignar sua divergência
c) os benefícios ou vantagens, indiretas ou comple- em ata de reunião do órgão de administração ou, não
mentares, que tenha recebido ou esteja recebendo da sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito
companhia e de sociedades coligadas, controladas ou ao órgão da administração, no conselho fiscal, se em
do mesmo grupo; funcionamento, ou à assembléia-geral.
d) as condições dos contratos de trabalho que tenham § 2º Os administradores são solidariamente responsá-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

sido firmados pela companhia com os diretores e em- veis pelos prejuízos causados em virtude do não cum-
pregados de alto nível; primento dos deveres impostos por lei para assegurar
e) quaisquer atos ou fatos relevantes nas atividades o funcionamento normal da companhia, ainda que,
da companhia. pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos eles.
§ 2º Os esclarecimentos prestados pelo administrador § 3º Nas companhias abertas, a responsabilidade de
poderão, a pedido de qualquer acionista, ser reduzidos que trata o § 2º ficará restrita, ressalvado o disposto
a escrito, autenticados pela mesa da assembléia, e for- no § 4º, aos administradores que, por disposição do
necidos por cópia aos solicitantes. estatuto, tenham atribuição específica de dar cumpri-
mento àqueles deveres.

74
§ 4º O administrador que, tendo conhecimento do não § 2º O conselho fiscal, quando o funcionamento não
cumprimento desses deveres por seu predecessor, ou for permanente, será instalado pela assembléia-geral
pelo administrador competente nos termos do § 3º, a pedido de acionistas que representem, no mínimo,
deixar de comunicar o fato a assembléia-geral, tornar- 0,1 (um décimo) das ações com direito a voto, ou 5%
-se-á por ele solidariamente responsável. (cinco por cento) das ações sem direito a voto, e cada
§ 5º Responderá solidariamente com o administrador período de seu funcionamento terminará na primeira
quem, com o fim de obter vantagem para si ou para assembléia-geral ordinária após a sua instalação.
outrem, concorrer para a prática de ato com violação § 3º O pedido de funcionamento do conselho fiscal,
da lei ou do estatuto. ainda que a matéria não conste do anúncio de convo-
cação, poderá ser formulado em qualquer assembléia-
Ação de Responsabilidade -geral, que elegerá os seus membros.
§ 4º Na constituição do conselho fiscal serão observa-
Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia das as seguintes normas:
deliberação da assembléia-geral, a ação de respon- a) os titulares de ações preferenciais sem direito a
sabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger, em
causados ao seu patrimônio. votação em separado, 1 (um) membro e respectivo su-
§ 1º A deliberação poderá ser tomada em assembléia- plente; igual direito terão os acionistas minoritários,
-geral ordinária e, se prevista na ordem do dia, ou desde que representem, em conjunto, 10% (dez por
for conseqüência direta de assunto nela incluído, em cento) ou mais das ações com direito a voto;
assembléia-geral extraordinária. b) ressalvado o disposto na alínea anterior, os demais
§ 2º O administrador ou administradores contra os acionistas com direito a voto poderão eleger os mem-
quais deva ser proposta ação ficarão impedidos e de- bros efetivos e suplentes que, em qualquer caso, serão
verão ser substituídos na mesma assembléia. em número igual ao dos eleitos nos termos da alínea
§ 3º Qualquer acionista poderá promover a ação, se a, mais um.
não for proposta no prazo de 3 (três) meses da delibe-
§ 5º Os membros do conselho fiscal e seus suplentes
ração da assembléia-geral.
exercerão seus cargos até a primeira assembléia-geral
§ 4º Se a assembléia deliberar não promover a ação,
ordinária que se realizar após a sua eleição, e poderão
poderá ela ser proposta por acionistas que represen-
ser reeleitos.
tem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social.
§ 6o Os membros do conselho fiscal e seus suplentes
§ 5° Os resultados da ação promovida por acionista
exercerão seus cargos até a primeira assembléia-geral
deferem-se à companhia, mas esta deverá indenizá-
ordinária que se realizar após a sua eleição, e poderão
-lo, até o limite daqueles resultados, de todas as des-
ser reeleitos. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
pesas em que tiver incorrido, inclusive correção mone-
tária e juros dos dispêndios realizados. § 7o A função de membro do conselho fiscal é indele-
§ 6° O juiz poderá reconhecer a exclusão da responsa- gável. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
bilidade do administrador, se convencido de que este
agiu de boa-fé e visando ao interesse da companhia. Requisitos, Impedimentos e Remuneração
§ 7º A ação prevista neste artigo não exclui a que cou-
ber ao acionista ou terceiro diretamente prejudicado Art. 162. Somente podem ser eleitos para o conselho
por ato de administrador. fiscal pessoas naturais, residentes no País, diplomadas
em curso de nível universitário, ou que tenham exerci-
Órgãos Técnicos e Consultivos do por prazo mínimo de 3 (três) anos, cargo de admi-
nistrador de empresa ou de conselheiro fiscal.
Art. 160. As normas desta Seção aplicam-se aos § 1º Nas localidades em que não houver pessoas ha-
membros de quaisquer órgãos, criados pelo estatuto, bilitadas, em número suficiente, para o exercício da
com funções técnicas ou destinados a aconselhar os função, caberá ao juiz dispensar a companhia da sa-
administradores. tisfação dos requisitos estabelecidos neste artigo.
§ 2º Não podem ser eleitos para o conselho fiscal,
CAPÍTULO XIII além das pessoas enumeradas nos parágrafos do ar-
tigo 147, membros de órgãos de administração e em-
Conselho Fiscal pregados da companhia ou de sociedade controlada
ou do mesmo grupo, e o cônjuge ou parente, até ter-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Composição e Funcionamento ceiro grau, de administrador da companhia.


§ 3º A remuneração dos membros do conselho fiscal,
Art. 161. A companhia terá um conselho fiscal e o além do reembolso, obrigatório, das despesas de loco-
estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo moção e estada necessárias ao desempenho da fun-
permanente ou nos exercícios sociais em que for ins- ção, será fixada pela assembléia-geral que os eleger, e
talado a pedido de acionistas. não poderá ser inferior, para cada membro em exercí-
§ 1º O conselho fiscal será composto de, no mínimo, cio, a dez por cento da que, em média, for atribuída a
3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplen- cada diretor, não computados benefícios, verbas de re-
tes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela presentação e participação nos lucros. (Redação dada
assembléia-geral. pela Lei nº 9.457, de 1997)

75
Competência § 5º Se a companhia não tiver auditores independen-
tes, o conselho fiscal poderá, para melhor desempenho
Art. 163. Compete ao conselho fiscal: das suas funções, escolher contador ou firma de audi-
I - fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos toria e fixar-lhes os honorários, dentro de níveis razoá-
dos administradores e verificar o cumprimento dos veis, vigentes na praça e compatíveis com a dimensão
seus deveres legais e estatutários; (Redação dada pela econômica da companhia, os quais serão pagos por
Lei nº 10.303, de 2001) esta.
II - opinar sobre o relatório anual da administração, § 6º O conselho fiscal deverá fornecer ao acionista, ou
fazendo constar do seu parecer as informações com- grupo de acionistas que representem, no mínimo 5%
plementares que julgar necessárias ou úteis à delibe- (cinco por cento) do capital social, sempre que solicita-
ração da assembléia-geral; das, informações sobre matérias de sua competência.
III - opinar sobre as propostas dos órgãos da adminis- § 7º As atribuições e poderes conferidos pela lei ao
tração, a serem submetidas à assembléia-geral, relati- conselho fiscal não podem ser outorgados a outro ór-
vas a modificação do capital social, emissão de debên- gão da companhia.
tures ou bônus de subscrição, planos de investimento § 8º O conselho fiscal poderá, para apurar fato cujo es-
ou orçamentos de capital, distribuição de dividendos, clarecimento seja necessário ao desempenho de suas
transformação, incorporação, fusão ou cisão; (Vide funções, formular, com justificativa, questões a serem
Lei nº 12.838, de 2013) respondidas por perito e solicitar à diretoria que in-
IV - denunciar, por qualquer de seus membros, aos dique, para esse fim, no prazo máximo de trinta dias,
órgãos de administração e, se estes não tomarem as três peritos, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas,
providências necessárias para a proteção dos interes- de notório conhecimento na área em questão, entre
ses da companhia, à assembléia-geral, os erros, frau- os quais o conselho fiscal escolherá um, cujos hono-
des ou crimes que descobrirem, e sugerir providências rários serão pagos pela companhia. (Incluído pela Lei
úteis à companhia; (Redação dada pela Lei nº 10.303, nº 9.457, de 1997)
de 2001)
V - convocar a assembléia-geral ordinária, se os ór-
Pareceres e Representações
gãos da administração retardarem por mais de 1 (um)
mês essa convocação, e a extraordinária, sempre que
Art. 164. Os membros do conselho fiscal, ou ao me-
ocorrerem motivos graves ou urgentes, incluindo na
nos um deles, deverão comparecer às reuniões da
agenda das assembléias as matérias que considera-
assembléia-geral e responder aos pedidos de informa-
rem necessárias;
ções formulados pelos acionistas.
VI - analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e
Parágrafo único. Os pareceres e representações do
demais demonstrações financeiras elaboradas perio-
conselho fiscal, ou de qualquer um de seus membros,
dicamente pela companhia;
VII - examinar as demonstrações financeiras do exer- poderão ser apresentados e lidos na assembléia-geral,
cício social e sobre elas opinar; independentemente de publicação e ainda que a ma-
VIII - exercer essas atribuições, durante a liquidação, téria não conste da ordem do dia. (Redação dada pela
tendo em vista as disposições especiais que a regulam. Lei nº 10.303, de 2001)
§ 1º Os órgãos de administração são obrigados, atra-
vés de comunicação por escrito, a colocar à disposição Deveres e Responsabilidades
dos membros em exercício do conselho fiscal, dentro
de 10 (dez) dias, cópias das atas de suas reuniões e, Art. 165. Os membros do conselho fiscal têm os mes-
dentro de 15 (quinze) dias do seu recebimento, cópias mos deveres dos administradores de que tratam os
dos balancetes e demais demonstrações financeiras arts. 153 a 156 e respondem pelos danos resultantes
elaboradas periodicamente e, quando houver, dos re- de omissão no cumprimento de seus deveres e de atos
latórios de execução de orçamentos. praticados com culpa ou dolo, ou com violação da lei
§ 2o O conselho fiscal, a pedido de qualquer dos seus ou do estatuto.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de
membros, solicitará aos órgãos de administração es- 2001)
clarecimentos ou informações, desde que relativas à § 1o Os membros do conselho fiscal deverão exercer
sua função fiscalizadora, assim como a elaboração suas funções no exclusivo interesse da companhia;
de demonstrações financeiras ou contábeis especiais. considerar-se-á abusivo o exercício da função com o
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) fim de causar dano à companhia, ou aos seus acionis-
§ 3° Os membros do conselho fiscal assistirão às reu- tas ou administradores, ou de obter, para si ou para
niões do conselho de administração, se houver, ou da outrem, vantagem a que não faz jus e de que resul-
diretoria, em que se deliberar sobre os assuntos em te, ou possa resultar, prejuízo para a companhia, seus
que devam opinar (ns. II, III e VII). acionistas ou administradores. (Redação dada pela Lei
§ 4º Se a companhia tiver auditores independentes, o nº 10.303, de 2001)
conselho fiscal, a pedido de qualquer de seus mem- § 2o O membro do conselho fiscal não é responsável
bros, poderá solicitar-lhes esclarecimentos ou infor- pelos atos ilícitos de outros membros, salvo se com
mações, e a apuração de fatos específicos. (Redação eles foi conivente, ou se concorrer para a prática do
dada pela Lei nº 9.457, de 1997) ato. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)

76
§ 3o A responsabilidade dos membros do conselho § 1º Na companhia aberta, a capitalização prevista
fiscal por omissão no cumprimento de seus deveres neste artigo será feita sem modificação do número de
é solidária, mas dela se exime o membro dissidente ações emitidas e com aumento do valor nominal das
que fizer consignar sua divergência em ata da reunião ações, se for o caso.
do órgão e a comunicar aos órgãos da administração § 2º A companhia poderá deixar de capitalizar o saldo
e à assembléia-geral. (Incluído pela Lei nº 10.303, de da reserva correspondente às frações de centavo do
2001) valor nominal das ações, ou, se não tiverem valor no-
minal, à fração inferior a 1% (um por cento) do capital
Art. 165-A. Os membros do conselho fiscal da com- social.
panhia aberta deverão informar imediatamente as § 3º Se a companhia tiver ações com e sem valor no-
modificações em suas posições acionárias na compa- minal, a correção do capital correspondente às ações
nhia à Comissão de Valores Mobiliários e às Bolsas com valor nominal será feita separadamente, sendo
de Valores ou entidades do mercado de balcão orga-
a reserva resultante capitalizada em benefício dessas
nizado nas quais os valores mobiliários de emissão
ações.
da companhia estejam admitidos à negociação, nas
condições e na forma determinadas pela Comissão de
Capital Autorizado
Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei nº 10.303, de
2001)
Art. 168. O estatuto pode conter autorização para
CAPÍTULO XIV aumento do capital social independentemente de re-
forma estatutária.
Modificação do Capital Social § 1º A autorização deverá especificar:
a) o limite de aumento, em valor do capital ou em
SEÇÃO I número de ações, e as espécies e classes das ações que
poderão ser emitidas;
Aumento b) o órgão competente para deliberar sobre as emis-
Competência sões, que poderá ser a assembléia-geral ou o conselho
de administração;
Art. 166. O capital social pode ser aumentado: c) as condições a que estiverem sujeitas as emissões;
I - por deliberação da assembléia-geral ordinária, d) os casos ou as condições em que os acionistas terão
para correção da expressão monetária do seu valor direito de preferência para subscrição, ou de inexistên-
(artigo 167); cia desse direito (artigo 172).
II - por deliberação da assembléia-geral ou do conse- § 2º O limite de autorização, quando fixado em va-
lho de administração, observado o que a respeito dis- lor do capital social, será anualmente corrigido pela
puser o estatuto, nos casos de emissão de ações dentro assembléia-geral ordinária, com base nos mesmos ín-
do limite autorizado no estatuto (artigo 168); dices adotados na correção do capital social.
III - por conversão, em ações, de debêntures ou parte § 3º O estatuto pode prever que a companhia, dentro
beneficiárias e pelo exercício de direitos conferidos por do limite de capital autorizado, e de acordo com plano
bônus de subscrição, ou de opção de compra de ações; aprovado pela assembléia-geral, outorgue opção de
(Vide Lei nº 12.838, de 2013) compra de ações a seus administradores ou empre-
IV - por deliberação da assembléia-geral extraordiná- gados, ou a pessoas naturais que prestem serviços à
ria convocada para decidir sobre reforma do estatuto
companhia ou a sociedade sob seu controle.
social, no caso de inexistir autorização de aumento, ou
de estar a mesma esgotada.
Capitalização de Lucros e Reservas
§ 1º Dentro dos 30 (trinta) dias subseqüentes à efeti-
vação do aumento, a companhia requererá ao registro
do comércio a sua averbação, nos casos dos números Art. 169. O aumento mediante capitalização de lucros
I a III, ou o arquivamento da ata da assembléia de ou de reservas importará alteração do valor nominal
reforma do estatuto, no caso do número IV. (Vide Lei das ações ou distribuições das ações novas, correspon-
nº 12.838, de 2013) dentes ao aumento, entre acionistas, na proporção do
§ 2º O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá, número de ações que possuírem.
salvo nos casos do número III, ser obrigatoriamente § 1º Na companhia com ações sem valor nominal, a
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

ouvido antes da deliberação sobre o aumento de capi- capitalização de lucros ou de reservas poderá ser efe-
tal. (Vide Lei nº 12.838, de 2013) tivada sem modificação do número de ações.
§ 2º Às ações distribuídas de acordo com este artigo
Correção Monetária Anual se estenderão, salvo cláusula em contrário dos instru-
mentos que os tenham constituído, o usufruto, o fi-
Art. 167. A reserva de capital constituída por ocasião deicomisso, a inalienabilidade e a incomunicabilidade
do balanço de encerramento do exercício social e re- que porventura gravarem as ações de que elas forem
sultante da correção monetária do capital realizado derivadas.
(artigo 182, § 2º) será capitalizada por deliberação da
assembléia-geral ordinária que aprovar o balanço.

77
§ 3º As ações que não puderem ser atribuídas por in- a) no caso de aumento, na mesma proporção, do nú-
teiro a cada acionista serão vendidas em bolsa, divi- mero de ações de todas as espécies e classes existen-
dindo-se o produto da venda, proporcionalmente, pe- tes, cada acionista exercerá o direito de preferência
los titulares das frações; antes da venda, a companhia sobre ações idênticas às de que for possuidor;
fixará prazo não inferior a 30 (trinta) dias, durante b) se as ações emitidas forem de espécies e classes
o qual os acionistas poderão transferir as frações de existentes, mas importarem alteração das respectivas
ação. proporções no capital social, a preferência será exer-
cida sobre ações de espécies e classes idênticas às de
Aumento Mediante Subscrição de Ações que forem possuidores os acionistas, somente se es-
tendendo às demais se aquelas forem insuficientes
Art. 170. Depois de realizados 3/4 (três quartos), no para lhes assegurar, no capital aumentado, a mesma
mínimo, do capital social, a companhia pode aumen- proporção que tinham no capital antes do aumento;
tá-lo mediante subscrição pública ou particular de
c) se houver emissão de ações de espécie ou classe
ações.
diversa das existentes, cada acionista exercerá a prefe-
§ 1º O preço de emissão deverá ser fixado, sem di-
rência, na proporção do número de ações que possuir,
luição injustificada da participação dos antigos acio-
sobre ações de todas as espécies e classes do aumento.
nistas, ainda que tenham direito de preferência para
subscrevê-las, tendo em vista, alternativa ou conjun- § 2º No aumento mediante capitalização de créditos
tamente: (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) ou subscrição em bens, será sempre assegurado aos
I - a perspectiva de rentabilidade da companhia; (In- acionistas o direito de preferência e, se for o caso, as im-
cluído pela Lei nº 9.457, de 1997) portâncias por eles pagas serão entregues ao titular do
II - o valor do patrimônio líquido da ação; (Incluído crédito a ser capitalizado ou do bem a ser incorporado.
pela Lei nº 9.457, de 1997) § 3º Os acionistas terão direito de preferência para
III - a cotação de suas ações em Bolsa de Valores ou no subscrição das emissões de debêntures conversíveis
mercado de balcão organizado, admitido ágio ou de- em ações, bônus de subscrição e partes beneficiárias
ságio em função das condições do mercado. (Incluído conversíveis em ações emitidas para alienação onero-
pela Lei nº 9.457, de 1997) sa; mas na conversão desses títulos em ações, ou na
§ 2º A assembléia-geral, quando for de sua competên- outorga e no exercício de opção de compra de ações,
cia deliberar sobre o aumento, poderá delegar ao con- não haverá direito de preferência.
selho de administração a fixação do preço de emissão § 4º O estatuto ou a assembléia-geral fixará prazo de
de ações a serem distribuídas no mercado. decadência, não inferior a 30 (trinta) dias, para o exer-
§ 3º A subscrição de ações para realização em bens cício do direito de preferência.
será sempre procedida com observância do disposto § 5º No usufruto e no fideicomisso, o direito de pre-
no artigo 8º, e a ela se aplicará o disposto nos §§ 2º e ferência, quando não exercido pelo acionista até 10
3º do artigo 98. (dez) dias antes do vencimento do prazo, poderá sê-lo
§ 4º As entradas e as prestações da realização das pelo usufrutuário ou fideicomissário.
ações poderão ser recebidas pela companhia indepen- § 6º O acionista poderá ceder seu direito de preferência.
dentemente de depósito bancário. § 7º Na companhia aberta, o órgão que deliberar so-
§ 5º No aumento de capital observar-se-á, se me- bre a emissão mediante subscrição particular deve-
diante subscrição pública, o disposto no artigo 82, e rá dispor sobre as sobras de valores mobiliários não
se mediante subscrição particular, o que a respeito for subscritos, podendo:
deliberado pela assembléia-geral ou pelo conselho de
a) mandar vendê-las em bolsa, em benefício da com-
administração, conforme dispuser o estatuto.
panhia; ou
§ 6º Ao aumento de capital aplica-se, no que couber, o
b) rateá-las, na proporção dos valores subscritos, entre
disposto sobre a constituição da companhia, exceto na
os acionistas que tiverem pedido, no boletim ou lista
parte final do § 2º do artigo 82.
§ 7º A proposta de aumento do capital deverá escla- de subscrição, reserva de sobras; nesse caso, a con-
recer qual o critério adotado, nos termos do § 1º deste dição constará dos boletins e listas de subscrição e o
artigo, justificando pormenorizadamente os aspectos saldo não rateado será vendido em bolsa, nos termos
econômicos que determinaram a sua escolha. (Incluí- da alínea anterior.
do pela Lei nº 9.457, de 1997) § 8° Na companhia fechada, será obrigatório o ra-
teio previsto na alínea b do § 7º, podendo o saldo, se
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Direito de Preferência houver, ser subscrito por terceiros, de acordo com os


critérios estabelecidos pela assembléia-geral ou pelos
Art. 171. Na proporção do número de ações que pos- órgãos da administração.
suírem, os acionistas terão preferência para a subs-
crição do aumento de capital. (Vide Lei nº 12.838, de Exclusão do Direito de Preferência
2013)
§ 1º Se o capital for dividido em ações de diversas es- Art. 172. O estatuto da companhia aberta que conti-
pécies ou classes e o aumento for feito por emissão ver autorização para o aumento do capital pode pre-
de mais de uma espécie ou classe, observar-se-ão as ver a emissão, sem direito de preferência para os anti-
seguintes normas: gos acionistas, ou com redução do prazo de que trata

78
o § 4o do art. 171, de ações e debêntures conversíveis CAPÍTULO XV
em ações, ou bônus de subscrição, cuja colocação seja
feita mediante: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de Exercício Social e Demonstrações Financeiras
2001) (Vide Lei nº 12.838, de 2013)
I - venda em bolsa de valores ou subscrição pública; ou SEÇÃO I
II - permuta por ações, em oferta pública de aquisição
de controle, nos termos dos arts. 257 e 263. (Redação Exercício Social
dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
Parágrafo único. O estatuto da companhia, ainda que Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um)
fechada, pode excluir o direito de preferência para ano e a data do término será fixada no estatuto.
subscrição de ações nos termos de lei especial sobre Parágrafo único. Na constituição da companhia e nos
incentivos fiscais. casos de alteração estatutária o exercício social pode-
rá ter duração diversa.
SEÇÃO II
SEÇÃO II
Redução
Demonstrações Financeiras
Art. 173. A assembléia-geral poderá deliberar a redu- Disposições Gerais
ção do capital social se houver perda, até o montante
dos prejuízos acumulados, ou se julgá-lo excessivo. Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria
§ 1º A proposta de redução do capital social, quan- fará elaborar, com base na escrituração mercantil da
do de iniciativa dos administradores, não poderá ser companhia, as seguintes demonstrações financeiras,
submetida à deliberação da assembléia-geral sem o que deverão exprimir com clareza a situação do pa-
parecer do conselho fiscal, se em funcionamento. trimônio da companhia e as mutações ocorridas no
§ 2º A partir da deliberação de redução ficarão sus- exercício:
pensos os direitos correspondentes às ações cujos cer- I - balanço patrimonial;
tificados tenham sido emitidos, até que sejam apre- II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
sentados à companhia para substituição. III - demonstração do resultado do exercício; e
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação
Oposição dos Credores dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
V – se companhia aberta, demonstração do valor adi-
Art. 174. Ressalvado o disposto nos artigos 45 e 107, cionado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
a redução do capital social com restituição aos acio- § 1º As demonstrações de cada exercício serão publi-
nistas de parte do valor das ações, ou pela diminuição cadas com a indicação dos valores correspondentes
do valor destas, quando não integralizadas, à impor- das demonstrações do exercício anterior.
tância das entradas, só se tornará efetiva 60 (sessen- § 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes po-
ta) dias após a publicação da ata da assembléia-geral derão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser
que a tiver deliberado. agregados, desde que indicada a sua natureza e não
§ 1º Durante o prazo previsto neste artigo, os credores ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo
quirografários por títulos anteriores à data da publi- grupo de contas; mas é vedada a utilização de desig-
cação da ata poderão, mediante notificação, de que nações genéricas, como “diversas contas” ou “contas-
se dará ciência ao registro do comércio da sede da -correntes”.
companhia, opor-se à redução do capital; decairão § 3º As demonstrações financeiras registrarão a des-
desse direito os credores que o não exercerem dentro tinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da
do prazo. administração, no pressuposto de sua aprovação pela
§ 2º Findo o prazo, a ata da assembléia-geral que assembléia-geral.
houver deliberado à redução poderá ser arquivada se § 4º As demonstrações serão complementadas por
não tiver havido oposição ou, se tiver havido oposição notas explicativas e outros quadros analíticos ou de-
de algum credor, desde que feita a prova do pagamen- monstrações contábeis necessários para esclarecimen-
to do seu crédito ou do depósito judicial da importân- to da situação patrimonial e dos resultados do exer-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

cia respectiva. cício.


§ 3º Se houver em circulação debêntures emitidas pela § 5o As notas explicativas devem: (Redação dada pela
companhia, a redução do capital, nos casos previstos Lei nº 11.941, de 2009)
neste artigo, não poderá ser efetivada sem prévia I – apresentar informações sobre a base de prepa-
aprovação pela maioria dos debenturistas, reunidos ração das demonstrações financeiras e das práticas
em assembléia especial. contábeis específicas selecionadas e aplicadas para
negócios e eventos significativos; (Incluído pela Lei nº
11.941, de 2009)

79
II – divulgar as informações exigidas pelas práticas § 2o A companhia observará exclusivamente em livros
contábeis adotadas no Brasil que não estejam apre- ou registros auxiliares, sem qualquer modificação da
sentadas em nenhuma outra parte das demonstrações escrituração mercantil e das demonstrações reguladas
financeiras; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de legisla-
III – fornecer informações adicionais não indicadas ção especial sobre a atividade que constitui seu objeto,
nas próprias demonstrações financeiras e considera- que prescrevam, conduzam ou incentivem a utilização
das necessárias para uma apresentação adequada; e de métodos ou critérios contábeis diferentes ou deter-
(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) minem registros, lançamentos ou ajustes ou a elabo-
IV – indicar: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) ração de outras demonstrações financeiras. (Redação
a) os principais critérios de avaliação dos elementos dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de
depreciação, amortização e exaustão, de constituição 2009)
de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes
II – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de
para atender a perdas prováveis na realização de ele-
2009)
mentos do ativo; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 3o As demonstrações financeiras das companhias
b) os investimentos em outras sociedades, quando re-
abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela
levantes (art. 247, parágrafo único); (Incluído pela Lei
nº 11.941, de 2009) Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoria-
c) o aumento de valor de elementos do ativo resultan- mente submetidas a auditoria por auditores indepen-
te de novas avaliações (art. 182, § 3o ); (Incluído pela dentes nela registrados. (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 11.941, de 2009) 11.941, de 2009)
d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, § 4º As demonstrações financeiras serão assinadas
as garantias prestadas a terceiros e outras responsa- pelos administradores e por contabilistas legalmente
bilidades eventuais ou contingentes; (Incluído pela Lei habilitados.
nº 11.941, de 2009) § 5o As normas expedidas pela Comissão de Valores
e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garan- Mobiliários a que se refere o § 3o deste artigo deverão
tias das obrigações a longo prazo; (Incluído pela Lei nº ser elaboradas em consonância com os padrões inter-
11.941, de 2009) nacionais de contabilidade adotados nos principais
f) o número, espécies e classes das ações do capital mercados de valores mobiliários. (Incluído pela Lei nº
social; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 11.638,de 2007)
g) as opções de compra de ações outorgadas e exerci- § 6o As companhias fechadas poderão optar por ob-
das no exercício; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) servar as normas sobre demonstrações financeiras ex-
h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1o); e pedidas pela Comissão de Valores Mobiliários para as
(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) companhias abertas. (Incluído pela Lei nº 11.638,de
i) os eventos subsequentes à data de encerramento 2007)
do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito § 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941,
relevante sobre a situação financeira e os resultados de 2009)
futuros da companhia. (Incluído pela Lei nº 11.941, de
2009) SEÇÃO III
§ 6o A companhia fechada com patrimônio líquido,
na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois Balanço Patrimonial
milhões de reais) não será obrigada à elaboração e
Grupo de Contas
publicação da demonstração dos fluxos de caixa. (Re-
dação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas
§ 7o A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu
segundo os elementos do patrimônio que registrem,
critério, disciplinar de forma diversa o registro de que
trata o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a
de 2009) análise da situação financeira da companhia.
§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem
Escrituração decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas
registrados, nos seguintes grupos:
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida I – ativo circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

em registros permanentes, com obediência aos pre- 2009)


ceitos da legislação comercial e desta Lei e aos prin- II – ativo não circulante, composto por ativo realizável
cípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível.
observar métodos ou critérios contábeis uniformes no (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos se-
regime de competência. guintes grupos:
§ 1º As demonstrações financeiras do exercício em que I – passivo circulante; (Incluído pela Lei nº 11.941, de
houver modificação de métodos ou critérios contábeis, 2009)
de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e res- II – passivo não circulante; e (Incluído pela Lei nº
saltar esses efeitos. 11.941, de 2009)

80
III – patrimônio líquido, dividido em capital social, re- Resultados de Exercícios Futuros
servas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, re-
servas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acu- Art. 181. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
mulados. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 3º Os saldos devedores e credores que a companhia Patrimônio Líquido
não tiver direito de compensar serão classificados se-
paradamente. Art. 182. A conta do capital social discriminará o
montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda
Ativo não realizada.
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte contas que registrarem:
modo: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapas-
I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos sar o valor nominal e a parte do preço de emissão das
realizáveis no curso do exercício social subseqüente e ações sem valor nominal que ultrapassar a importân-
as aplicações de recursos em despesas do exercício se- cia destinada à formação do capital social, inclusive
guinte; nos casos de conversão em ações de debêntures ou
II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos rea- partes beneficiárias;
lizáveis após o término do exercício seguinte, assim b) o produto da alienação de partes beneficiárias e
como os derivados de vendas, adiantamentos ou em- bônus de subscrição;
préstimos a sociedades coligadas ou controladas (arti- c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.638,de
go 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007)
da companhia, que não constituírem negócios usuais d) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 11.638,de
na exploração do objeto da companhia; 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007)
III - em investimentos: as participações permanentes § 2° Será ainda registrado como reserva de capital o
resultado da correção monetária do capital realizado,
em outras sociedades e os direitos de qualquer nature-
enquanto não-capitalizado.
za, não classificáveis no ativo circulante, e que não se
§ 3o Serão classificadas como ajustes de avaliação
destinem à manutenção da atividade da companhia
patrimonial, enquanto não computadas no resultado
ou da empresa;
do exercício em obediência ao regime de competên-
IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por
cia, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de
objeto bens corpóreos destinados à manutenção das
valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em
atividades da companhia ou da empresa ou exerci-
decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos
dos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de
previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pela Co-
operações que transfiram à companhia os benefícios,
missão de Valores Mobiliários, com base na compe-
riscos e controle desses bens; (Redação dada pela Lei tência conferida pelo § 3o do art. 177 desta Lei. (Reda-
nº 11.638,de 2007) ção dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
V – (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 4º Serão classificados como reservas de lucros as
VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto contas constituídas pela apropriação de lucros da
bens incorpóreos destinados à manutenção da com- companhia.
panhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive § 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no
o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei nº balanço como dedução da conta do patrimônio líqui-
11.638,de 2007) do que registrar a origem dos recursos aplicados na
Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo ope- sua aquisição.
racional da empresa tiver duração maior que o exercí-
cio social, a classificação no circulante ou longo prazo Critérios de Avaliação do Ativo
terá por base o prazo desse ciclo.
Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão
Passivo Exigível avaliados segundo os seguintes critérios:
I - as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive fi- derivativos, e em direitos e títulos de créditos, classi-
nanciamentos para aquisição de direitos do ativo não ficados no ativo circulante ou no realizável a longo
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

circulante, serão classificadas no passivo circulante, prazo: (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
quando se vencerem no exercício seguinte, e no pas- a) pelo seu valor justo, quando se tratar de aplicações
sivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo destinadas à negociação ou disponíveis para venda; e
maior, observado o disposto no parágrafo único do (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
art. 179 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emis-
de 2009) são, atualizado conforme disposições legais ou contra-
tuais, ajustado ao valor provável de realização, quan-
do este for inferior, no caso das demais aplicações e
os direitos e títulos de crédito; (Incluída pela Lei nº
11.638,de 2007)

81
II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias § 2o A diminuição do valor dos elementos dos ati-
e produtos do comércio da companhia, assim como vos imobilizado e intangível será registrada periodi-
matérias-primas, produtos em fabricação e bens em camente nas contas de: (Redação dada pela Lei nº
almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção, 11.941, de 2009)
deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mer- a) depreciação, quando corresponder à perda do valor
cado, quando este for inferior; dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a
III - os investimentos em participação no capital social desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natu-
de outras sociedades, ressalvado o disposto nos arti- reza ou obsolescência;
gos 248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzido de b) amortização, quando corresponder à perda do valor
provisão para perdas prováveis na realização do seu do capital aplicado na aquisição de direitos da pro-
valor, quando essa perda estiver comprovada como priedade industrial ou comercial e quaisquer outros
permanente, e que não será modificado em razão do com existência ou exercício de duração limitada, ou
recebimento, sem custo para a companhia, de ações cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal
ou quotas bonificadas; ou contratualmente limitado;
IV - os demais investimentos, pelo custo de aquisição, c) exaustão, quando corresponder à perda do valor,
deduzido de provisão para atender às perdas prová- decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto
veis na realização do seu valor, ou para redução do sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplica-
custo de aquisição ao valor de mercado, quando este dos nessa exploração.
for inferior; § 3o A companhia deverá efetuar, periodicamente,
V - os direitos classificados no imobilizado, pelo custo análise sobre a recuperação dos valores registrados no
de aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de imobilizado e no intangível, a fim de que sejam: (Re-
depreciação, amortização ou exaustão; dação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
VI – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de I – registradas as perdas de valor do capital aplicado
2009) quando houver decisão de interromper os empreendi-
VII – os direitos classificados no intangível, pelo cus- mentos ou atividades a que se destinavam ou quan-
to incorrido na aquisição deduzido do saldo da res- do comprovado que não poderão produzir resultados
pectiva conta de amortização; (Incluído pela Lei nº suficientes para recuperação desse valor; ou (Incluído
11.638,de 2007) pela Lei nº 11.638,de 2007)
VIII – os elementos do ativo decorrentes de operações II – revisados e ajustados os critérios utilizados para
de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo determinação da vida útil econômica estimada e para
os demais ajustados quando houver efeito relevante. cálculo da depreciação, exaustão e amortização. (In-
(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) cluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
§ 1o Para efeitos do disposto neste artigo, considera- § 4° Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas
-se valor justo: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de à venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado,
2009) quando esse for o costume mercantil aceito pela téc-
a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, nica contábil.
o preço pelo qual possam ser repostos, mediante com-
pra no mercado; Critérios de Avaliação do Passivo
b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço
líquido de realização mediante venda no mercado, Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão
deduzidos os impostos e demais despesas necessárias avaliados de acordo com os seguintes critérios:
para a venda, e a margem de lucro; I - as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou cal-
c) dos investimentos, o valor líquido pelo qual possam culáveis, inclusive Imposto sobre a Renda a pagar com
ser alienados a terceiros. base no resultado do exercício, serão computados pelo
d) dos instrumentos financeiros, o valor que pode se valor atualizado até a data do balanço;
obter em um mercado ativo, decorrente de transação II - as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula
não compulsória realizada entre partes independen- de paridade cambial, serão convertidas em moeda na-
tes; e, na ausência de um mercado ativo para um de- cional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço;
terminado instrumento financeiro: (Incluída pela Lei III – as obrigações, os encargos e os riscos classificados
nº 11.638,de 2007) no passivo não circulante serão ajustados ao seu valor
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

1) o valor que se pode obter em um mercado ativo presente, sendo os demais ajustados quando houver
com a negociação de outro instrumento financeiro de efeito relevante. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de
natureza, prazo e risco similares; (Incluído pela Lei nº 2009)
11.638,de 2007)
2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros Critérios de Avaliação em Operações Societárias
para instrumentos financeiros de natureza, prazo e ris- (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
co similares; ou (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
3) o valor obtido por meio de modelos matemático- Art. 184-A. A Comissão de Valores Mobiliários esta-
-estatísticos de precificação de instrumentos financei- belecerá, com base na competência conferida pelo §
ros. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) 3o do art. 177 desta Lei, normas especiais de avalia-

82
ção e contabilização aplicáveis à aquisição de contro- a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, in-
le, participações societárias ou negócios. (Incluído pela dependentemente da sua realização em moeda; e
Lei nº 11.941, de 2009) b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou
incorridos, correspondentes a essas receitas e rendi-
Correção Monetária mentos.
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.638,de
Art. 185. (Revogado pela Lei nº 7.730, de 1989) 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007)

SEÇÃO IV SEÇÃO VI

Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados Demonstrações dos Fluxos de Caixa e do Valor Adi-
cionado
Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acu- (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
mulados discriminará:
I - o saldo do início do período, os ajustes de exercícios Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e
anteriores e a correção monetária do saldo inicial; V do caput do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo:
II - as reversões de reservas e o lucro líquido do exer- (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
cício; I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações
III - as transferências para reservas, os dividendos, a ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e
parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações
fim do período. em, no mínimo, 3 (três) fluxos: (Redação dada pela Lei
§ 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão consi- nº 11.638,de 2007)
derados apenas os decorrentes de efeitos da mudança a) das operações; (Redação dada pela Lei nº 11.638,de
de critério contábil, ou da retificação de erro imputá- 2007)
b) dos financiamentos; e (Redação dada pela Lei nº
vel a determinado exercício anterior, e que não pos-
11.638,de 2007)
sam ser atribuídos a fatos subseqüentes.
c) dos investimentos; (Redação dada pela Lei nº
§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumula-
11.638,de 2007)
dos deverá indicar o montante do dividendo por ação
II – demonstração do valor adicionado – o valor da
do capital social e poderá ser incluída na demonstra-
riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição
ção das mutações do patrimônio líquido, se elaborada
entre os elementos que contribuíram para a geração
e publicada pela companhia.
dessa riqueza, tais como empregados, financiadores,
acionistas, governo e outros, bem como a parcela da
SEÇÃO V
riqueza não distribuída. (Redação dada pela Lei nº
11.638,de 2007)
Demonstração do Resultado do Exercício III - (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
IV - (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício
discriminará: CAPÍTULO XVI
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções
das vendas, os abatimentos e os impostos; Lucro, Reservas e Dividendos
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das
mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; SEÇÃO I
III - as despesas com as vendas, as despesas financei-
ras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e admi- Lucro
nistrativas, e outras despesas operacionais; Dedução de Prejuízos e Imposto sobre a Renda
IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras recei-
tas e as outras despesas; (Redação dada pela Lei nº Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzidos,
11.941, de 2009) antes de qualquer participação, os prejuízos acumula-
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a dos e a provisão para o Imposto sobre a Renda.
Renda e a provisão para o imposto; Parágrafo único. o prejuízo do exercício será obriga-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

VI – as participações de debêntures, empregados, ad- toriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas
ministradores e partes beneficiárias, mesmo na forma reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem.
de instrumentos financeiros, e de instituições ou fun-
dos de assistência ou previdência de empregados, que Participações
não se caracterizem como despesa; (Redação dada
pela Lei nº 11.941, de 2009) Art. 190. As participações estatutárias de emprega-
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu dos, administradores e partes beneficiárias serão de-
montante por ação do capital social. terminadas, sucessivamente e nessa ordem, com base
§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão nos lucros que remanescerem depois de deduzida a
computados: participação anteriormente calculada.

83
Parágrafo único. Aplica-se ao pagamento das partici- § 2º A reserva será revertida no exercício em que dei-
pações dos administradores e das partes beneficiárias xarem de existir as razões que justificaram a sua cons-
o disposto nos parágrafos do artigo 201. tituição ou em que ocorrer a perda.

Lucro Líquido Reserva de Incentivos Fiscais


(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
Art. 191. Lucro líquido do exercício é o resultado do
exercício que remanescer depois de deduzidas as par- Art. 195-A. A assembléia geral poderá, por proposta
ticipações de que trata o artigo 190. dos órgãos de administração, destinar para a reserva
de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decor-
Proposta de Destinação do Lucro rente de doações ou subvenções governamentais para
investimentos, que poderá ser excluída da base de cál-
Art. 192. Juntamente com as demonstrações finan- culo do dividendo obrigatório (inciso I do caput do art.
ceiras do exercício, os órgãos da administração da 202 desta Lei). (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
companhia apresentarão à assembléia-geral ordiná-
ria, observado o disposto nos artigos 193 a 203 e no Retenção de Lucros
estatuto, proposta sobre a destinação a ser dada ao
lucro líquido do exercício. Art. 196. A assembléia-geral poderá, por proposta
dos órgãos da administração, deliberar reter parcela
SEÇÃO II do lucro líquido do exercício prevista em orçamento de
capital por ela previamente aprovado.
Reservas e Retenção de Lucros § 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da admi-
Reserva Legal nistração com a justificação da retenção de lucros pro-
posta, deverá compreender todas as fontes de recursos
Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter
cento) serão aplicados, antes de qualquer outra desti- a duração de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de
nação, na constituição da reserva legal, que não exce- execução, por prazo maior, de projeto de investimento.
derá de 20% (vinte por cento) do capital social. § 2o O orçamento poderá ser aprovado pela assem-
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a re- bléia-geral ordinária que deliberar sobre o balanço do
serva legal no exercício em que o saldo dessa reserva, exercício e revisado anualmente, quando tiver dura-
acrescido do montante das reservas de capital de que ção superior a um exercício social. (Redação dada pela
trata o § 1º do artigo 182, exceder de 30% (trinta por Lei nº 10.303, de 2001)
cento) do capital social.
§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integri- Reserva de Lucros a Realizar
dade do capital social e somente poderá ser utilizada
para compensar prejuízos ou aumentar o capital. Art. 197. No exercício em que o montante do divi-
dendo obrigatório, calculado nos termos do estatuto
Reservas Estatutárias ou do art. 202, ultrapassar a parcela realizada do lu-
cro líquido do exercício, a assembléia-geral poderá,
Art. 194. O estatuto poderá criar reservas desde que, por proposta dos órgãos de administração, destinar o
para cada uma: excesso à constituição de reserva de lucros a realizar.
I - indique, de modo preciso e completo, a sua finali- (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
dade; § 1o Para os efeitos deste artigo, considera-se realiza-
II - fixe os critérios para determinar a parcela anual da a parcela do lucro líquido do exercício que exceder
dos lucros líquidos que serão destinados à sua cons- da soma dos seguintes valores: (Redação dada pela Lei
tituição; e nº 10.303, de 2001)
III - estabeleça o limite máximo da reserva. I - o resultado líquido positivo da equivalência patri-
monial (art. 248); e (Incluído pela Lei nº 10.303, de
Reservas para Contingências 2001)
II – o lucro, rendimento ou ganho líquidos em opera-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Art. 195. A assembléia-geral poderá, por proposta ções ou contabilização de ativo e passivo pelo valor de
dos órgãos da administração, destinar parte do lucro mercado, cujo prazo de realização financeira ocorra
líquido à formação de reserva com a finalidade de após o término do exercício social seguinte. (Redação
compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa § 2o A reserva de lucros a realizar somente poderá ser
ser estimado. utilizada para pagamento do dividendo obrigatório e,
§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá para efeito do inciso III do art. 202, serão considerados
indicar a causa da perda prevista e justificar, com as como integrantes da reserva os lucros a realizar de
razões de prudência que a recomendem, a constitui- cada exercício que forem os primeiros a serem realiza-
ção da reserva. dos em dinheiro. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

84
Limite da Constituição de Reservas e Retenção de Lucros Dividendo Obrigatório

Art. 198. A destinação dos lucros para constituição Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como
das reservas de que trata o artigo 194 e a retenção nos dividendo obrigatório, em cada exercício, a parce-
termos do artigo 196 não poderão ser aprovadas, em la dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for
cada exercício, em prejuízo da distribuição do dividen- omisso, a importância determinada de acordo com as
do obrigatório (artigo 202). seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº 10.303,
de 2001) (Vide Lei nº 12.838, de 2013)
Limite do Saldo das Reservas de Lucro I - metade do lucro líquido do exercício diminuído ou
(Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) acrescido dos seguintes valores: (Redação dada pela
Lei nº 10.303, de 2001)
Art. 199. O saldo das reservas de lucros, exceto as a) importância destinada à constituição da reserva le-
para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a gal (art. 193); e (Incluída pela Lei nº 10.303, de 2001)
realizar, não poderá ultrapassar o capital social. Atin- b) importância destinada à formação da reserva para
gindo esse limite, a assembléia deliberará sobre apli- contingências (art. 195) e reversão da mesma reserva
cação do excesso na integralização ou no aumento do formada em exercícios anteriores; (Incluída pela Lei nº
capital social ou na distribuição de dividendos. (Reda- 10.303, de 2001)
ção dada pela Lei nº 11.638,de 2007) II - o pagamento do dividendo determinado nos ter-
mos do inciso I poderá ser limitado ao montante do lu-
Reserva de Capital cro líquido do exercício que tiver sido realizado, desde
que a diferença seja registrada como reserva de lucros
Art. 200. As reservas de capital somente poderão ser a realizar (art. 197); (Redação dada pela Lei nº 10.303,
utilizadas para: de 2001)
I - absorção de prejuízos que ultrapassarem os lucros III - os lucros registrados na reserva de lucros a reali-
acumulados e as reservas de lucros (artigo 189, pará- zar, quando realizados e se não tiverem sido absorvi-
grafo único); dos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão
II - resgate, reembolso ou compra de ações; ser acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a
III - resgate de partes beneficiárias; realização. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
IV - incorporação ao capital social; § 1º O estatuto poderá estabelecer o dividendo como
V - pagamento de dividendo a ações preferenciais, porcentagem do lucro ou do capital social, ou fixar
quando essa vantagem lhes for assegurada (artigo 17, outros critérios para determiná-lo, desde que sejam
§ 5º). regulados com precisão e minúcia e não sujeitem os
Parágrafo único. A reserva constituída com o produto acionistas minoritários ao arbítrio dos órgãos de ad-
da venda de partes beneficiárias poderá ser destinada ministração ou da maioria.
ao resgate desses títulos. § 2o Quando o estatuto for omisso e a assembléia-
-geral deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre
SEÇÃO III a matéria, o dividendo obrigatório não poderá ser in-
ferior a 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido
Dividendos ajustado nos termos do inciso I deste artigo. (Redação
Origem dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 3o A assembléia-geral pode, desde que não haja
Art. 201. A companhia somente pode pagar dividen- oposição de qualquer acionista presente, deliberar a
dos à conta de lucro líquido do exercício, de lucros distribuição de dividendo inferior ao obrigatório, nos
acumulados e de reserva de lucros; e à conta de reser- termos deste artigo, ou a retenção de todo o lucro lí-
va de capital, no caso das ações preferenciais de que quido, nas seguintes sociedades: (Redação dada pela
trata o § 5º do artigo 17. Lei nº 10.303, de 2001)
§ 1º A distribuição de dividendos com inobservância I - companhias abertas exclusivamente para a capta-
do disposto neste artigo implica responsabilidade soli- ção de recursos por debêntures não conversíveis em
dária dos administradores e fiscais, que deverão repor ações; (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
à caixa social a importância distribuída, sem prejuízo II - companhias fechadas, exceto nas controladas por
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

da ação penal que no caso couber. companhias abertas que não se enquadrem na con-
§ 2º Os acionistas não são obrigados a restituir os di- dição prevista no inciso I. (Incluído pela Lei nº 10.303,
videndos que em boa-fé tenham recebido. Presume-se de 2001)
a má-fé quando os dividendos forem distribuídos sem § 4º O dividendo previsto neste artigo não será obri-
o levantamento do balanço ou em desacordo com os gatório no exercício social em que os órgãos da ad-
resultados deste. ministração informarem à assembléia-geral ordiná-
ria ser ele incompatível com a situação financeira da
companhia. O conselho fiscal, se em funcionamento,
deverá dar parecer sobre essa informação e, na com-
panhia aberta, seus administradores encaminharão à

85
Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5 (cinco) CAPÍTULO XVII
dias da realização da assembléia-geral, exposição jus-
tificativa da informação transmitida à assembléia. Dissolução, Liquidação e Extinção
§ 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos
termos do § 4º serão registrados como reserva especial SEÇÃO I
e, se não absorvidos por prejuízos em exercícios subse-
qüentes, deverão ser pagos como dividendo assim que Dissolução
o permitir a situação financeira da companhia.
§ 6o Os lucros não destinados nos termos dos arts. Art. 206. Dissolve-se a companhia:
193 a 197 deverão ser distribuídos como dividendos. I - de pleno direito:
(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) a) pelo término do prazo de duração;
b) nos casos previstos no estatuto;
Dividendos de Ações Preferenciais c) por deliberação da assembléia-geral (art. 136, X);
(Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
Art. 203. O disposto nos artigos 194 a 197, e 202, d) pela existência de 1 (um) único acionista, verifica-
não prejudicará o direito dos acionistas preferenciais da em assembléia-geral ordinária, se o mínimo de 2
de receber os dividendos fixos ou mínimos a que te- (dois) não for reconstituído até à do ano seguinte, res-
nham prioridade, inclusive os atrasados, se cumulati- salvado o disposto no artigo 251;
vos. (Vide Lei nº 12.838, de 2013) e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para
funcionar.
Dividendos Intermediários II - por decisão judicial:
a) quando anulada a sua constituição, em ação pro-
Art. 204. A companhia que, por força de lei ou de dis- posta por qualquer acionista;
posição estatutária, levantar balanço semestral, pode- b) quando provado que não pode preencher o seu fim,
rá declarar, por deliberação dos órgãos de administra- em ação proposta por acionistas que representem 5%
ção, se autorizados pelo estatuto, dividendo à conta (cinco por cento) ou mais do capital social;
do lucro apurado nesse balanço. c) em caso de falência, na forma prevista na respectiva
§ 1º A companhia poderá, nos termos de disposição lei;
estatutária, levantar balanço e distribuir dividendos III - por decisão de autoridade administrativa compe-
em períodos menores, desde que o total dos dividen- tente, nos casos e na forma previstos em lei especial.
dos pagos em cada semestre do exercício social não
exceda o montante das reservas de capital de que tra- Efeitos
ta o § 1º do artigo 182.
§ 2º O estatuto poderá autorizar os órgãos de admi- Art. 207. A companhia dissolvida conserva a persona-
nistração a declarar dividendos intermediários, à con- lidade jurídica, até a extinção, com o fim de proceder
ta de lucros acumulados ou de reservas de lucros exis- à liquidação.
tentes no último balanço anual ou semestral.
SEÇÃO II
Pagamento de Dividendos
Liquidação
Art. 205. A companhia pagará o dividendo de ações Liquidação pelos Órgãos da Companhia
nominativas à pessoa que, na data do ato de declara-
ção do dividendo, estiver inscrita como proprietária ou Art. 208. Silenciando o estatuto, compete à assem-
usufrutuária da ação. bléia-geral, nos casos do número I do artigo 206, de-
§ 1º Os dividendos poderão ser pagos por cheque no- terminar o modo de liquidação e nomear o liquidante
minativo remetido por via postal para o endereço co- e o conselho fiscal que devam funcionar durante o pe-
municado pelo acionista à companhia, ou mediante ríodo de liquidação.
crédito em conta-corrente bancária aberta em nome § 1º A companhia que tiver conselho de administração
do acionista. poderá mantê-lo, competindo-lhe nomear o liquidan-
§ 2º Os dividendos das ações em custódia bancária ou te; o funcionamento do conselho fiscal será perma-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

em depósito nos termos dos artigos 41 e 43 serão pa- nente ou a pedido de acionistas, conforme dispuser o
gos pela companhia à instituição financeira depositá- estatuto.
ria, que será responsável pela sua entrega aos titulares § 2º O liquidante poderá ser destituído, a qualquer
das ações depositadas. tempo, pelo órgão que o tiver nomeado.
§ 3º O dividendo deverá ser pago, salvo deliberação
em contrário da assembléia-geral, no prazo de 60 Liquidação Judicial
(sessenta) dias da data em que for declarado e, em
qualquer caso, dentro do exercício social. Art. 209. Além dos casos previstos no número II do ar-
tigo 206, a liquidação será processada judicialmente:

86
I - a pedido de qualquer acionista, se os administrado- Assembléia-Geral
res ou a maioria de acionistas deixarem de promover
a liquidação, ou a ela se opuserem, nos casos do nú- Art. 213. O liquidante convocará a assembléia-geral
mero I do artigo 206; cada 6 (seis) meses, para prestar-lhe contas dos atos
II - a requerimento do Ministério Público, à vista de e operações praticados no semestre e apresentar-lhe
comunicação da autoridade competente, se a compa- o relatório e o balanço do estado da liquidação; a
nhia, nos 30 (trinta) dias subseqüentes à dissolução, assembléia-geral pode fixar, para essas prestações de
não iniciar a liquidação ou, se após iniciá-la, a inter- contas, períodos menores ou maiores que, em qual-
romper por mais de 15 (quinze) dias, no caso da alínea quer caso, não serão inferiores a 3 (três) nem superio-
e do número I do artigo 301. res a 12 (doze) meses.
Parágrafo único. Na liquidação judicial será observa- § 1º Nas assembléias-gerais da companhia em liqui-
do o disposto na lei processual, devendo o liquidante dação todas as ações gozam de igual direito de voto,
ser nomeado pelo Juiz. tornando-se ineficazes as restrições ou limitações por-
ventura existentes em relação às ações ordinárias ou
Deveres do Liquidante preferenciais; cessando o estado de liquidação, restau-
ra-se a eficácia das restrições ou limitações relativas
Art. 210. São deveres do liquidante: ao direito de voto.
I - arquivar e publicar a ata da assembléia-geral, ou § 2º No curso da liquidação judicial, as assembléias-
certidão de sentença, que tiver deliberado ou decidido -gerais necessárias para deliberar sobre os interesses
a liquidação; da liquidação serão convocadas por ordem do juiz, a
II - arrecadar os bens, livros e documentos da compa- quem compete presidi-las e resolver, sumariamente,
nhia, onde quer que estejam; as dúvidas e litígios que forem suscitados. As atas das
III - fazer levantar de imediato, em prazo não superior assembléias-gerais serão, por cópias autênticas, apen-
ao fixado pela assembléia-geral ou pelo juiz, o balan- sadas ao processo judicial.
ço patrimonial da companhia;
Pagamento do Passivo
IV - ultimar os negócios da companhia, realizar o ati-
vo, pagar o passivo, e partilhar o remanescente entre
Art. 214. Respeitados os direitos dos credores prefe-
os acionistas;
renciais, o liquidante pagará as dívidas sociais propor-
V - exigir dos acionistas, quando o ativo não bastar
cionalmente e sem distinção entre vencidas e vincen-
para a solução do passivo, a integralização de suas
das, mas, em relação a estas, com desconto às taxas
ações;
bancárias.
VI - convocar a assembléia-geral, nos casos previstos
Parágrafo único. Se o ativo for superior ao passivo, o
em lei ou quando julgar necessário;
liquidante poderá, sob sua responsabilidade pessoal,
VII - confessar a falência da companhia e pedir con- pagar integralmente as dívidas vencidas.
cordata, nos casos previstos em lei;
VIII - finda a liquidação, submeter à assembléia-geral Partilha do Ativo
relatório dos atos e operações da liquidação e suas
contas finais; Art. 215. A assembléia-geral pode deliberar que antes
IX - arquivar e publicar a ata da assembléia-geral que de ultimada a liquidação, e depois de pagos todos os
houver encerrado a liquidação. credores, se façam rateios entre os acionistas, à pro-
porção que se forem apurando os haveres sociais.
Poderes do Liquidante § 1º É facultado à assembléia-geral aprovar, pelo voto
de acionistas que representem 90% (noventa por cen-
Art. 211. Compete ao liquidante representar a com- to), no mínimo, das ações, depois de pagos ou garan-
panhia e praticar todos os atos necessários à liquida- tidos os credores, condições especiais para a partilha
ção, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transi- do ativo remanescente, com a atribuição de bens aos
gir, receber e dar quitação. sócios, pelo valor contábil ou outro por ela fixado.
Parágrafo único. Sem expressa autorização da as- § 2º Provado pelo acionista dissidente (artigo 216, §
sembléia-geral o liquidante não poderá gravar bens e 2º) que as condições especiais de partilha visaram a
contrair empréstimos, salvo quando indispensáveis ao favorecer a maioria, em detrimento da parcela que lhe
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

pagamento de obrigações inadiáveis, nem prosseguir, tocaria, se inexistissem tais condições, será a partilha
ainda que para facilitar a liquidação, na atividade social. suspensa, se não consumada, ou, se já consumada, os
acionistas majoritários indenizarão os minoritários
Denominação da Companhia pelos prejuízos apurados.

Art. 212. Em todos os atos ou operações, o liquidante Prestação de Contas


deverá usar a denominação social seguida das pala-
vras “em liquidação”. Art. 216. Pago o passivo e rateado o ativo remanes-
cente, o liquidante convocará a assembléia-geral para
a prestação final das contas.

87
§ 1º Aprovadas as contas, encerra-se a liquidação e a Direito dos Credores
companhia se extingue.
§ 2º O acionista dissidente terá o prazo de 30 (trinta) Art. 222. A transformação não prejudicará, em caso
dias, a contar da publicação da ata, para promover a algum, os direitos dos credores, que continuarão, até
ação que lhe couber. o pagamento integral dos seus créditos, com as mes-
mas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes
Responsabilidade na Liquidação oferecia.
Parágrafo único. A falência da sociedade transforma-
Art. 217. O liquidante terá as mesmas responsabili- da somente produzirá efeitos em relação aos sócios
dades do administrador, e os deveres e responsabili- que, no tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pe-
dades dos administradores, fiscais e acionistas subsis- direm os titulares de créditos anteriores à transforma-
tirão até a extinção da companhia. ção, e somente a estes beneficiará.

Direito de Credor Não-Satisfeito SEÇÃO II

Art. 218. Encerrada a liquidação, o credor não-satis- Incorporação, Fusão e Cisão


feito só terá direito de exigir dos acionistas, individu- Competência e Processo
almente, o pagamento de seu crédito, até o limite da
soma, por eles recebida, e de propor contra o liquidan- Art. 223. A incorporação, fusão ou cisão podem ser
te, se for o caso, ação de perdas e danos. O acionista operadas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes
executado terá direito de haver dos demais a parcela e deverão ser deliberadas na forma prevista para a al-
que lhes couber no crédito pago. teração dos respectivos estatutos ou contratos sociais.
§ 1º Nas operações em que houver criação de socieda-
SEÇÃO III de serão observadas as normas reguladoras da consti-
tuição das sociedades do seu tipo.
Extinção § 2º Os sócios ou acionistas das sociedades incorpora-
das, fundidas ou cindidas receberão, diretamente da
Art. 219. Extingue-se a companhia: companhia emissora, as ações que lhes couberem.
I - pelo encerramento da liquidação; § 3º Se a incorporação, fusão ou cisão envolverem
II - pela incorporação ou fusão, e pela cisão com ver- companhia aberta, as sociedades que a sucederem
são de todo o patrimônio em outras sociedades. serão também abertas, devendo obter o respectivo
registro e, se for o caso, promover a admissão de ne-
CAPÍTULO XVIII gociação das novas ações no mercado secundário, no
prazo máximo de cento e vinte dias, contados da data
Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão da assembléia-geral que aprovou a operação, obser-
vando as normas pertinentes baixadas pela Comissão
SEÇÃO I de Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei nº 9.457, de
1997)
Transformação § 4º O descumprimento do previsto no parágrafo an-
Conceito e Forma terior dará ao acionista direito de retirar-se da com-
panhia, mediante reembolso do valor das suas ações
Art. 220. A transformação é a operação pela qual a (art. 45), nos trinta dias seguintes ao término do prazo
sociedade passa, independentemente de dissolução e nele referido, observado o disposto nos §§ 1º e 4º do
liquidação, de um tipo para outro. art. 137. (Incluído pela Lei nº 9.457, de 1997)
Parágrafo único. A transformação obedecerá aos pre-
ceitos que regulam a constituição e o registro do tipo Protocolo
a ser adotado pela sociedade.
Art. 224. As condições da incorporação, fusão ou cisão
Deliberação com incorporação em sociedade existente constarão
de protocolo firmado pelos órgãos de administração
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Art. 221. A transformação exige o consentimento ou sócios das sociedades interessadas, que incluirá:
unânime dos sócios ou acionistas, salvo se prevista no I - o número, espécie e classe das ações que serão atri-
estatuto ou no contrato social, caso em que o sócio buídas em substituição dos direitos de sócios que se
dissidente terá o direito de retirar-se da sociedade. extinguirão e os critérios utilizados para determinar as
Parágrafo único. Os sócios podem renunciar, no con- relações de substituição;
trato social, ao direito de retirada no caso de transfor- II - os elementos ativos e passivos que formarão cada
mação em companhia. parcela do patrimônio, no caso de cisão;
III - os critérios de avaliação do patrimônio líquido, a
data a que será referida a avaliação, e o tratamento
das variações patrimoniais posteriores;

88
IV - a solução a ser adotada quanto às ações ou quo- Incorporação
tas do capital de uma das sociedades possuídas por
outra; Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma
V - o valor do capital das sociedades a serem criadas ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes
ou do aumento ou redução do capital das sociedades sucede em todos os direitos e obrigações.
que forem parte na operação; § 1º A assembléia-geral da companhia incorporadora,
VI - o projeto ou projetos de estatuto, ou de alterações se aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar
estatutárias, que deverão ser aprovados para efetivar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela
a operação; incorporada mediante versão do seu patrimônio líqui-
VII - todas as demais condições a que estiver sujeita do, e nomear os peritos que o avaliarão.
a operação. § 2º A sociedade que houver de ser incorporada, se
Parágrafo único. Os valores sujeitos a determinação aprovar o protocolo da operação, autorizará seus ad-
serão indicados por estimativa. ministradores a praticarem os atos necessários à in-
corporação, inclusive a subscrição do aumento de ca-
Justificação pital da incorporadora.
§ 3º Aprovados pela assembléia-geral da incorporado-
Art. 225. As operações de incorporação, fusão e cisão ra o laudo de avaliação e a incorporação, extingue-se
serão submetidas à deliberação da assembléia-geral a incorporada, competindo à primeira promover o ar-
das companhias interessadas mediante justificação, quivamento e a publicação dos atos da incorporação.
na qual serão expostos:
I - os motivos ou fins da operação, e o interesse da Fusão
companhia na sua realização;
II - as ações que os acionistas preferenciais receberão Art. 228. A fusão é a operação pela qual se unem
e as razões para a modificação dos seus direitos, se duas ou mais sociedades para formar sociedade nova,
prevista; que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.
III - a composição, após a operação, segundo espécies § 1º A assembléia-geral de cada companhia, se aprovar
e classes das ações, do capital das companhias que o protocolo de fusão, deverá nomear os peritos que ava-
deverão emitir ações em substituição às que se deve- liarão os patrimônios líquidos das demais sociedades.
rão extinguir; § 2º Apresentados os laudos, os administradores con-
IV - o valor de reembolso das ações a que terão direito vocarão os sócios ou acionistas das sociedades para
os acionistas dissidentes. uma assembléia-geral, que deles tomará conhecimen-
to e resolverá sobre a constituição definitiva da nova
Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão sociedade, vedado aos sócios ou acionistas votar o
(Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) laudo de avaliação do patrimônio líquido da socieda-
de de que fazem parte.
Art. 226. As operações de incorporação, fusão e cisão § 3º Constituída a nova companhia, incumbirá aos
somente poderão ser efetivadas nas condições aprova- primeiros administradores promover o arquivamento
das se os peritos nomeados determinarem que o valor e a publicação dos atos da fusão.
do patrimônio ou patrimônios líquidos a serem ver-
tidos para a formação de capital social é, ao menos, Cisão
igual ao montante do capital a realizar.
§ 1º As ações ou quotas do capital da sociedade a ser Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia
incorporada que forem de propriedade da companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou
incorporadora poderão, conforme dispuser o protoco- mais sociedades, constituídas para esse fim ou já exis-
lo de incorporação, ser extintas, ou substituídas por tentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver
ações em tesouraria da incorporadora, até o limite dos versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu
lucros acumulados e reservas, exceto a legal. capital, se parcial a versão.
§ 2º O disposto no § 1º aplicar-se-á aos casos de fusão, § 1º Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a socie-
quando uma das sociedades fundidas for proprietária dade que absorver parcela do patrimônio da compa-
de ações ou quotas de outra, e de cisão com incor- nhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

poração, quando a companhia que incorporar parcela relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com
do patrimônio da cindida for proprietária de ações ou extinção, as sociedades que absorverem parcelas do
quotas do capital desta. patrimônio da companhia cindida sucederão a esta,
§ 3o A Comissão de Valores Mobiliários estabelecerá na proporção dos patrimônios líquidos transferidos,
normas especiais de avaliação e contabilização apli- nos direitos e obrigações não relacionados.
cáveis às operações de fusão, incorporação e cisão que § 2º Na cisão com versão de parcela do patrimônio
envolvam companhia aberta. (Redação dada pela Lei em sociedade nova, a operação será deliberada pela
nº 11.941, de 2009) assembléia-geral da companhia à vista de justificação
que incluirá as informações de que tratam os números
do artigo 224; a assembléia, se a aprovar, nomeará os

89
peritos que avaliarão a parcela do patrimônio a ser § 3º Ocorrendo, no prazo deste artigo, a falência da
transferida, e funcionará como assembléia de consti- sociedade incorporadora ou da sociedade nova, qual-
tuição da nova companhia. quer credor anterior terá o direito de pedir a separa-
§ 3º A cisão com versão de parcela de patrimônio em ção dos patrimônios, para o fim de serem os créditos
sociedade já existente obedecerá às disposições sobre pagos pelos bens das respectivas massas.
incorporação (artigo 227).
§ 4º Efetivada a cisão com extinção da companhia Direitos dos Credores na Cisão
cindida, caberá aos administradores das sociedades
que tiverem absorvido parcelas do seu patrimônio Art. 233. Na cisão com extinção da companhia cin-
promover o arquivamento e publicação dos atos da dida, as sociedades que absorverem parcelas do seu
operação; na cisão com versão parcial do patrimônio, patrimônio responderão solidariamente pelas obriga-
esse dever caberá aos administradores da companhia ções da companhia extinta. A companhia cindida que
cindida e da que absorver parcela do seu patrimônio. subsistir e as que absorverem parcelas do seu patri-
§ 5º As ações integralizadas com parcelas de patrimô- mônio responderão solidariamente pelas obrigações
nio da companhia cindida serão atribuídas a seus ti- da primeira anteriores à cisão.
tulares, em substituição às extintas, na proporção das Parágrafo único. O ato de cisão parcial poderá esti-
que possuíam; a atribuição em proporção diferente pular que as sociedades que absorverem parcelas do
requer aprovação de todos os titulares, inclusive das patrimônio da companhia cindida serão responsáveis
ações sem direito a voto. (Redação dada pela Lei nº apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas,
9.457, de 1997) sem solidariedade entre si ou com a companhia cindi-
da, mas, nesse caso, qualquer credor anterior poderá
Direito de Retirada se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde
que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa)
Art. 230. Nos casos de incorporação ou fusão, o prazo dias a contar da data da publicação dos atos da cisão.
para exercício do direito de retirada, previsto no art.
137, inciso II, será contado a partir da publicação da Averbação da Sucessão
ata que aprovar o protocolo ou justificação, mas o pa-
gamento do preço de reembolso somente será devido Art. 234. A certidão, passada pelo registro do comér-
se a operação vier a efetivar-se. (Redação dada pela cio, da incorporação, fusão ou cisão, é documento há-
Lei nº 9.457, de 1997) bil para a averbação, nos registros públicos compe-
tentes, da sucessão, decorrente da operação, em bens,
Direitos dos Debenturistas direitos e obrigações.

Art. 231. A incorporação, fusão ou cisão da compa- CAPÍTULO XIX


nhia emissora de debêntures em circulação dependerá
da prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em Sociedades de Economia Mista
assembléia especialmente convocada com esse fim. Legislação Aplicável
§ 1º Será dispensada a aprovação pela assembléia se
for assegurado aos debenturistas que o desejarem, du- Art. 235. As sociedades anônimas de economia mista
rante o prazo mínimo de 6 (seis) meses a contar da estão sujeitas a esta Lei, sem prejuízo das disposições
data da publicação das atas das assembléias relativas especiais de lei federal.
à operação, o resgate das debêntures de que forem § 1º As companhias abertas de economia mista estão
titulares. também sujeitas às normas expedidas pela Comissão
§ 2º No caso do § 1º, a sociedade cindida e as socieda- de Valores Mobiliários.
des que absorverem parcelas do seu patrimônio res- § 2º As companhias de que participarem, majoritária
ponderão solidariamente pelo resgate das debêntures. ou minoritariamente, as sociedades de economia mis-
ta, estão sujeitas ao disposto nesta Lei, sem as exce-
Direitos dos Credores na Incorporação ou Fusão ções previstas neste Capítulo.

Art. 232. Até 60 (sessenta) dias depois de publicados Constituição e Aquisição de Controle
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

os atos relativos à incorporação ou à fusão, o credor


anterior por ela prejudicado poderá pleitear judicial- Art. 236. A constituição de companhia de economia
mente a anulação da operação; findo o prazo, decairá mista depende de prévia autorização legislativa.
do direito o credor que não o tiver exercido. Parágrafo único. Sempre que pessoa jurídica de di-
§ 1º A consignação da importância em pagamento reito público adquirir, por desapropriação, o controle
prejudicará a anulação pleiteada. de companhia em funcionamento, os acionistas terão
§ 2º Sendo ilíquida a dívida, a sociedade poderá ga- direito de pedir, dentro de 60 (sessenta) dias da publi-
rantir-lhe a execução, suspendendo-se o processo de cação da primeira ata da assembléia-geral realizada
anulação. após a aquisição do controle, o reembolso das suas
ações; salvo se a companhia já se achava sob o con-

90
trole, direto ou indireto, de outra pessoa jurídica de CAPÍTULO XX
direito público, ou no caso de concessionária de ser-
viço público. Sociedades Coligadas, Controladoras e Controladas

Objeto SEÇÃO I

Art. 237. A companhia de economia mista somente Informações no Relatório da Administração


poderá explorar os empreendimentos ou exercer as
atividades previstas na lei que autorizou a sua cons- Art. 243. O relatório anual da administração deve
tituição. relacionar os investimentos da companhia em socie-
§ 1º A companhia de economia mista somente pode- dades coligadas e controladas e mencionar as modifi-
rá participar de outras sociedades quando autorizada cações ocorridas durante o exercício.
por lei no exercício de opção legal para aplicar Impos- § 1o São coligadas as sociedades nas quais a inves-
to sobre a Renda ou investimentos para o desenvolvi- tidora tenha influência significativa. (Redação dada
mento regional ou setorial. pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 2º As instituições financeiras de economia mista po- § 2º Considera-se controlada a sociedade na qual a
derão participar de outras sociedades, observadas as controladora, diretamente ou através de outras con-
normas estabelecidas pelo Banco Central do Brasil. troladas, é titular de direitos de sócio que lhe asse-
gurem, de modo permanente, preponderância nas
Acionista Controlador deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos
administradores.
Art. 238. A pessoa jurídica que controla a companhia § 3º A companhia aberta divulgará as informações
de economia mista tem os deveres e responsabilidades adicionais, sobre coligadas e controladas, que forem
do acionista controlador (artigos 116 e 117), mas po- exigidas pela Comissão de Valores Mobiliários.
derá orientar as atividades da companhia de modo a § 4º Considera-se que há influência significativa
atender ao interesse público que justificou a sua criação. quando a investidora detém ou exerce o poder de par-
ticipar nas decisões das políticas financeira ou opera-
Administração cional da investida, sem controlá-la. (Incluído pela Lei
nº 11.941, de 2009)
Art. 239. As companhias de economia mista terão § 5o É presumida influência significativa quando a in-
obrigatoriamente Conselho de Administração, asse- vestidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais
gurado à minoria o direito de eleger um dos conse- do capital votante da investida, sem controlá-la. (In-
lheiros, se maior número não lhes couber pelo proces- cluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
so de voto múltiplo.
Parágrafo único. Os deveres e responsabilidades dos SEÇÃO II
administradores das companhias de economia mista
são os mesmos dos administradores das companhias Participação Recíproca
abertas.
Art. 244. É vedada a participação recíproca entre a
Conselho Fiscal companhia e suas coligadas ou controladas.
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica ao caso em
Art. 240. O funcionamento do conselho fiscal será que ao menos uma das sociedades participa de outra
permanente nas companhias de economia mista; um com observância das condições em que a lei autoriza a
dos seus membros, e respectivo suplente, será elei- aquisição das próprias ações (artigo 30, § 1º, alínea b).
to pelas ações ordinárias minoritárias e outro pelas § 2º As ações do capital da controladora, de proprie-
ações preferenciais, se houver. dade da controlada, terão suspenso o direito de voto.
§ 3º O disposto no § 2º do artigo 30, aplica-se à aqui-
Correção Monetária sição de ações da companhia aberta por suas coliga-
das e controladas.
Art. 241. (Revogado pelo Decreto-lei nº 2.287, de § 4º No caso do § 1º, a sociedade deverá alienar, den-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

1986) tro de 6 (seis) meses, as ações ou quotas que excede-


rem do valor dos lucros ou reservas, sempre que esses
Falência e Responsabilidade Subsidiária sofrerem redução.
§ 5º A participação recíproca, quando ocorrer em vir-
Art. 242. (Revogado pela Lei nº 10.303, de 2001) tude de incorporação, fusão ou cisão, ou da aquisição,
pela companhia, do controle de sociedade, deverá ser
mencionada nos relatórios e demonstrações financei-
ras de ambas as sociedades, e será eliminada no prazo
máximo de 1 (um) ano; no caso de coligadas, salvo
acordo em contrário, deverão ser alienadas as ações

91
ou quotas de aquisição mais recente ou, se da mesma V - o montante das receitas e despesas em operações
data, que representem menor porcentagem do capital entre a companhia e as sociedades coligadas e con-
social. troladas.
§ 6º A aquisição de ações ou quotas de que resulte Parágrafo único. Considera-se relevante o investimento:
participação recíproca com violação ao disposto nes- a) em cada sociedade coligada ou controlada, se o va-
te artigo importa responsabilidade civil solidária dos lor contábil é igual ou superior a 10% (dez por cento)
administradores da sociedade, equiparando-se, para do valor do patrimônio líquido da companhia;
efeitos penais, à compra ilegal das próprias ações. b) no conjunto das sociedades coligadas e controladas,
se o valor contábil é igual ou superior a 15% (quinze por
SEÇÃO III cento) do valor do patrimônio líquido da companhia.

Responsabilidade dos Administradores e das Socie- Avaliação do Investimento em Coligadas e Controladas


dades Controladoras
Administradores Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os
investimentos em coligadas ou em controladas e em
Art. 245. Os administradores não podem, em prejuízo outras sociedades que façam parte de um mesmo gru-
da companhia, favorecer sociedade coligada, contro- po ou estejam sob controle comum serão avaliados
ladora ou controlada, cumprindo-lhes zelar para que pelo método da equivalência patrimonial, de acordo
as operações entre as sociedades, se houver, observem com as seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº
condições estritamente comutativas, ou com paga- 11.941, de 2009)
mento compensatório adequado; e respondem peran- I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da
te a companhia pelas perdas e danos resultantes de controlada será determinado com base em balanço
atos praticados com infração ao disposto neste artigo. patrimonial ou balancete de verificação levantado,
com observância das normas desta Lei, na mesma
Sociedade Controladora data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da
data do balanço da companhia; no valor de patrimô-
Art. 246. A sociedade controladora será obrigada a nio líquido não serão computados os resultados não
reparar os danos que causar à companhia por atos realizados decorrentes de negócios com a companhia,
praticados com infração ao disposto nos artigos 116 ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou
e 117. por ela controladas;
§ 1º A ação para haver reparação cabe: II - o valor do investimento será determinado median-
a) a acionistas que representem 5% (cinco por cento) te a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido re-
ou mais do capital social; ferido no número anterior, da porcentagem de partici-
b) a qualquer acionista, desde que preste caução pelas pação no capital da coligada ou controlada;
custas e honorários de advogado devidos no caso de III - a diferença entre o valor do investimento, de acor-
vir a ação ser julgada improcedente. do com o número II, e o custo de aquisição corrigido
§ 2º A sociedade controladora, se condenada, além de monetariamente; somente será registrada como resul-
reparar o dano e arcar com as custas, pagará hono- tado do exercício:
rários de advogado de 20% (vinte por cento) e prêmio a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coliga-
de 5% (cinco por cento) ao autor da ação, calculados da ou controlada;
sobre o valor da indenização. b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou
perdas efetivos;
SEÇÃO IV c) no caso de companhia aberta, com observância das
normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários.
Demonstrações Financeiras § 1º Para efeito de determinar a relevância do inves-
Notas Explicativas timento, nos casos deste artigo, serão computados
como parte do custo de aquisição os saldos de créditos
Art. 247. As notas explicativas dos investimentos a da companhia contra as coligadas e controladas.
que se refere o art. 248 desta Lei devem conter infor- § 2º A sociedade coligada, sempre que solicitada pela
mações precisas sobre as sociedades coligadas e con- companhia, deverá elaborar e fornecer o balanço ou
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

troladas e suas relações com a companhia, indicando: balancete de verificação previsto no número I.
(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
I - a denominação da sociedade, seu capital social e Demonstrações Consolidadas
patrimônio líquido;
II - o número, espécies e classes das ações ou quotas Art. 249. A companhia aberta que tiver mais de 30%
de propriedade da companhia, e o preço de mercado (trinta por cento) do valor do seu patrimônio líquido
das ações, se houver; representado por investimentos em sociedades contro-
III - o lucro líquido do exercício; ladas deverá elaborar e divulgar, juntamente com suas
IV - os créditos e obrigações entre a companhia e as demonstrações financeiras, demonstrações consolida-
sociedades coligadas e controladas; das nos termos do artigo 250.

92
Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários Incorporação de Ações
poderá expedir normas sobre as sociedades cujas de-
monstrações devam ser abrangidas na consolidação, e: Art. 252. A incorporação de todas as ações do capital
a) determinar a inclusão de sociedades que, embora social ao patrimônio de outra companhia brasileira,
não controladas, sejam financeira ou administrativa- para convertê-la em subsidiária integral, será subme-
mente dependentes da companhia; tida à deliberação da assembléia-geral das duas com-
b) autorizar, em casos especiais, a exclusão de uma ou panhias mediante protocolo e justificação, nos termos
mais sociedades controladas. dos artigos 224 e 225.
§ 1º A assembléia-geral da companhia incorporadora,
Normas sobre Consolidação se aprovar a operação, deverá autorizar o aumento
do capital, a ser realizado com as ações a serem in-
Art. 250. Das demonstrações financeiras consolidadas corporadas e nomear os peritos que as avaliarão; os
serão excluídas: acionistas não terão direito de preferência para subs-
I - as participações de uma sociedade em outra; crever o aumento de capital, mas os dissidentes po-
II - os saldos de quaisquer contas entre as sociedades; derão retirar-se da companhia, observado o disposto
III – as parcelas dos resultados do exercício, dos lucros no art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas
ou prejuízos acumulados e do custo de estoques ou do ações, nos termos do art. 230. (Redação dada pela Lei
ativo não circulante que corresponderem a resultados, nº 9.457, de 1997)
ainda não realizados, de negócios entre as sociedades. § 2º A assembléia-geral da companhia cujas ações
(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) houverem de ser incorporadas somente poderá apro-
§ 1º A participação dos acionistas não controladores var a operação pelo voto de metade, no mínimo, das
no patrimônio líquido e no lucro do exercício será des- ações com direito a voto, e se a aprovar, autorizará a
tacada, respectivamente, no balanço patrimonial e diretoria a subscrever o aumento do capital da incor-
na demonstração do resultado do exercício. (Redação poradora, por conta dos seus acionistas; os dissidentes
dada pela Lei nº 9.457, de 1997) da deliberação terão direito de retirar-se da compa-
§ 2o A parcela do custo de aquisição do investimento nhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante o
em controlada, que não for absorvida na consolida- reembolso do valor de suas ações, nos termos do art.
ção, deverá ser mantida no ativo não circulante, com 230. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
dedução da provisão adequada para perdas já com- § 3º Aprovado o laudo de avaliação pela assembléia-
provadas, e será objeto de nota explicativa. (Redação -geral da incorporadora, efetivar-se-á a incorporação
dada pela Lei nº 11.941, de 2009) e os titulares das ações incorporadas receberão direta-
§ 3º O valor da participação que exceder do custo de mente da incorporadora as ações que lhes couberem.
aquisição constituirá parcela destacada dos resultados § 4o A Comissão de Valores Mobiliários estabelecerá
de exercícios futuros até que fique comprovada a exis- normas especiais de avaliação e contabilização apli-
tência de ganho efetivo. cáveis às operações de incorporação de ações que en-
§ 4º Para fins deste artigo, as sociedades controladas, volvam companhia aberta. (Redação dada pela Lei nº
cujo exercício social termine mais de 60 (sessenta) dias 11.941, de 2009)
antes da data do encerramento do exercício da com-
panhia, elaborarão, com observância das normas des- Admissão de Acionistas em Subsidiária Integral
ta Lei, demonstrações financeiras extraordinárias em
data compreendida nesse prazo. Art. 253. Na proporção das ações que possuírem no
capital da companhia, os acionistas terão direito de
SEÇÃO V preferência para:
I - adquirir ações do capital da subsidiária integral, se
Subsidiária Integral a companhia decidir aliená-las no todo ou em parte; e
II - subscrever aumento de capital da subsidiária inte-
Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante gral, se a companhia decidir admitir outros acionistas.
escritura pública, tendo como único acionista socieda- Parágrafo único. As ações ou o aumento de capital de
de brasileira. subsidiária integral serão oferecidos aos acionistas da
§ lº A sociedade que subscrever em bens o capital de companhia em assembléia-geral convocada para esse
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

subsidiária integral deverá aprovar o laudo de avalia- fim, aplicando-se à hipótese, no que couber, o disposto
ção de que trata o artigo 8º, respondendo nos termos no artigo 171.
do § 6º do artigo 8º e do artigo 10 e seu parágrafo
único. SEÇÃO VI
§ 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária
integral mediante aquisição, por sociedade brasileira, Alienação de Controle
de todas as suas ações, ou nos termos do artigo 252. Divulgação

Art. 254. (Revogado pela Lei nº 9.457, de 1997)

93
Art. 254-A. A alienação, direta ou indireta, do con- a) cotação média das ações em bolsa ou no mercado
trole de companhia aberta somente poderá ser con- de balcão organizado, durante os noventa dias ante-
tratada sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de riores à data da contratação; (Redação dada pela Lei
que o adquirente se obrigue a fazer oferta pública de nº 9.457, de 1997)
aquisição das ações com direito a voto de proprieda- b) valor de patrimônio líquido (artigo 248) da ação
de dos demais acionistas da companhia, de modo a ou quota, avaliado o patrimônio a preços de mercado
lhes assegurar o preço no mínimo igual a 80% (oitenta (artigo 183, § 1º);
por cento) do valor pago por ação com direito a voto, c) valor do lucro líquido da ação ou quota, que não
integrante do bloco de controle. (Incluído pela Lei nº poderá ser superior a 15 (quinze) vezes o lucro líquido
10.303, de 2001) anual por ação (artigo 187 n. VII) nos 2 (dois) últimos
§ 1o Entende-se como alienação de controle a transfe- exercícios sociais, atualizado monetariamente.
rência, de forma direta ou indireta, de ações integran- § 1º A proposta ou o contrato de compra, acompa-
tes do bloco de controle, de ações vinculadas a acordos nhado de laudo de avaliação, observado o disposto no
de acionistas e de valores mobiliários conversíveis em art. 8º, §§ 1º e 6º, será submetido à prévia autorização
ações com direito a voto, cessão de direitos de subscri- da assembléia-geral, ou à sua ratificação, sob pena de
ção de ações e de outros títulos ou direitos relativos a responsabilidade dos administradores, instruído com
valores mobiliários conversíveis em ações que venham todos os elementos necessários à deliberação. (Reda-
a resultar na alienação de controle acionário da socie- ção dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
dade. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) § 2º Se o preço da aquisição ultrapassar uma vez e
§ 2o A Comissão de Valores Mobiliários autorizará a meia o maior dos três valores de que trata o inciso
alienação de controle de que trata o caput, desde que II do caput, o acionista dissidente da deliberação da
verificado que as condições da oferta pública atendem assembléia que a aprovar terá o direito de retirar-se
aos requisitos legais. (Incluído pela Lei nº 10.303, de da companhia mediante reembolso do valor de suas
2001) ações, nos termos do art. 137, observado o disposto
§ 3o Compete à Comissão de Valores Mobiliários esta- em seu inciso II. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de
belecer normas a serem observadas na oferta pública 1997)
de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 10.303, de
2001) SEÇÃO VII
§ 4o O adquirente do controle acionário de compa-
nhia aberta poderá oferecer aos acionistas minoritá- Aquisição de Controle Mediante Oferta Pública
rios a opção de permanecer na companhia, mediante Requisitos
o pagamento de um prêmio equivalente à diferença
entre o valor de mercado das ações e o valor pago por Art. 257. A oferta pública para aquisição de controle
ação integrante do bloco de controle. (Incluído pela Lei de companhia aberta somente poderá ser feita com a
nº 10.303, de 2001) participação de instituição financeira que garanta o
§ 5o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) cumprimento das obrigações assumidas pelo ofertante.
§ 1º Se a oferta contiver permuta, total ou parcial, dos
Companhia Aberta Sujeita a Autorização valores mobiliários, somente poderá ser efetuada após
prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários.
Art. 255. A alienação do controle de companhia § 2º A oferta deverá ter por objeto ações com direito a
aberta que dependa de autorização do governo para voto em número suficiente para assegurar o controle
funcionar está sujeita à prévia autorização do órgão da companhia e será irrevogável.
competente para aprovar a alteração do seu estatuto. § 3º Se o ofertante já for titular de ações votantes do
(Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) capital da companhia, a oferta poderá ter por objeto
§§ 1º e 2º (Revogados pela Lei nº 9.457, de 1997) o número de ações necessário para completar o con-
trole, mas o ofertante deverá fazer prova, perante a
Aprovação pela Assembléia-Geral da Compradora Comissão de Valores Mobiliários, das ações de sua
propriedade.
Art. 256. A compra, por companhia aberta, do con- § 4º A Comissão de Valores Mobiliários poderá expedir
trole de qualquer sociedade mercantil, dependerá de normas sobre oferta pública de aquisição de controle.
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

deliberação da assembléia-geral da compradora, es-


pecialmente convocada para conhecer da operação, Instrumento da Oferta de Compra
sempre que:
I - O preço de compra constituir, para a compradora, Art. 258. O instrumento de oferta de compra, firmado
investimento relevante (artigo 247, parágrafo único); pelo ofertante e pela instituição financeira que garan-
ou te o pagamento, será publicado na imprensa e deverá
II - o preço médio de cada ação ou quota ultrapassar indicar:
uma vez e meia o maior dos 3 (três) valores a seguir I - o número mínimo de ações que o ofertante se pro-
indicados: põe a adquirir e, se for o caso, o número máximo;
II - o preço e as condições de pagamento;

94
III - a subordinação da oferta ao número mínimo de § 1º A publicação de oferta concorrente torna nulas
aceitantes e a forma de rateio entre os aceitantes, se o as ordens de venda que já tenham sido firmadas em
número deles ultrapassar o máximo fixado; aceitação de oferta anterior.
IV - o procedimento que deverá ser adotado pelos § 2º É facultado ao primeiro ofertante prorrogar o pra-
acionistas aceitantes para manifestar a sua aceitação zo de sua oferta até fazê-lo coincidir com o da oferta
e efetivar a transferência das ações; concorrente.
V - o prazo de validade da oferta, que não poderá ser
inferior a 20 (vinte) dias; Negociação Durante a Oferta
VI - informações sobre o ofertante.
Parágrafo único. A oferta será comunicada à Comis- Art. 263. A Comissão de Valores Mobiliários pode-
são de Valores Mobiliários dentro de 24 (vinte e qua- rá expedir normas que disciplinem a negociação das
tro) horas da primeira publicação. ações objeto da oferta durante o seu prazo.

Instrumento de Oferta de Permuta SEÇÃO VIII

Art. 259. O projeto de instrumento de oferta de per- Incorporação de Companhia Controlada


muta será submetido à Comissão de Valores Mobiliá-
rios com o pedido de registro prévio da oferta e deverá Art. 264. Na incorporação, pela controladora, de
conter, além das referidas no artigo 258, informações companhia controlada, a justificação, apresentada à
sobre os valores mobiliários oferecidos em permuta e assembléia-geral da controlada, deverá conter, além
as companhias emissoras desses valores. das informações previstas nos arts. 224 e 225, o cál-
Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários culo das relações de substituição das ações dos acio-
poderá fixar normas sobre o instrumento de oferta de nistas não controladores da controlada com base no
permuta e o seu registro prévio. valor do patrimônio líquido das ações da controladora
e da controlada, avaliados os dois patrimônios segun-
do os mesmos critérios e na mesma data, a preços de
Sigilo
mercado, ou com base em outro critério aceito pela
Comissão de Valores Mobiliários, no caso de compa-
Art. 260. Até a publicação da oferta, o ofertante, a
nhias abertas. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de
instituição financeira intermediária e a Comissão de
2001)
Valores Mobiliários devem manter sigilo sobre a ofer-
§ 1o A avaliação dos dois patrimônios será feita por 3
ta projetada, respondendo o infrator pelos danos que
(três) peritos ou empresa especializada e, no caso de
causar.
companhias abertas, por empresa especializada. (Re-
dação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
Processamento da Oferta § 2o Para efeito da comparação referida neste arti-
go, as ações do capital da controlada de propriedade
Art. 261. A aceitação da oferta deverá ser feita nas da controladora serão avaliadas, no patrimônio desta,
instituições financeiras ou do mercado de valores em conformidade com o disposto no caput. (Redação
mobiliários indicadas no instrumento de oferta e os dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
aceitantes deverão firmar ordens irrevogáveis de ven- § 3o Se as relações de substituição das ações dos acio-
da ou permuta, nas condições ofertadas, ressalvado o nistas não controladores, previstas no protocolo da
disposto no § 1º do artigo 262. incorporação, forem menos vantajosas que as resul-
§ 1º É facultado ao ofertante melhorar, uma vez, as tantes da comparação prevista neste artigo, os acio-
condições de preço ou forma de pagamento, desde nistas dissidentes da deliberação da assembléia-geral
que em porcentagem igual ou superior a 5% (cinco da controlada que aprovar a operação, poderão optar,
por cento) e até 10 (dez) dias antes do término do no prazo previsto no art. 230, entre o valor de reem-
prazo da oferta; as novas condições se estenderão aos bolso fixado nos termos do art. 45 e o valor apurado
acionistas que já tiverem aceito a oferta. em conformidade com o disposto no caput, observado
§ 2º Findo o prazo da oferta, a instituição financeira o disposto no art. 137, inciso II. (Redação dada pela Lei
intermediária comunicará o resultado à Comissão de nº 10.303, de 2001)
Valores Mobiliários e, mediante publicação pela im- § 4o Aplicam-se as normas previstas neste artigo à
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

prensa, aos aceitantes. incorporação de controladora por sua controlada, à


§ 3º Se o número de aceitantes ultrapassar o máximo, fusão de companhia controladora com a controlada,
será obrigatório o rateio, na forma prevista no instru- à incorporação de ações de companhia controlada ou
mento da oferta. controladora, à incorporação, fusão e incorporação de
ações de sociedades sob controle comum. (Redação
Oferta Concorrente dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica no caso de
Art. 262. A existência de oferta pública em curso não as ações do capital da controlada terem sido adquiri-
impede oferta concorrente, desde que observadas as das no pregão da bolsa de valores ou mediante oferta
normas desta Seção. pública nos termos dos artigos 257 a 263.

95
CAPÍTULO XXI III - as condições de participação das diversas sociedades;
IV - o prazo de duração, se houver, e as condições de
Grupo de Sociedades extinção;
V - as condições para admissão de outras sociedades e
SEÇÃO I para a retirada das que o componham;
VI - os órgãos e cargos da administração do grupo, suas
Características e Natureza atribuições e as relações entre a estrutura administra-
Características tiva do grupo e as das sociedades que o componham;
VII - a declaração da nacionalidade do controle do
Art. 265. A sociedade controladora e suas contro- grupo;
ladas podem constituir, nos termos deste Capítulo, VIII - as condições para alteração da convenção.
grupo de sociedades, mediante convenção pela qual Parágrafo único. Para os efeitos do número VII, o gru-
se obriguem a combinar recursos ou esforços para a po de sociedades considera-se sob controle brasileiro
realização dos respectivos objetos, ou a participar de se a sua sociedade de comando está sob o controle de:
atividades ou empreendimentos comuns. a) pessoas naturais residentes ou domiciliadas no Brasil;
§ 1º A sociedade controladora, ou de comando do b) pessoas jurídicas de direito público interno; ou
grupo, deve ser brasileira, e exercer, direta ou indire- c) sociedade ou sociedades brasileiras que, direta ou
tamente, e de modo permanente, o controle das so- indiretamente, estejam sob o controle das pessoas re-
ciedades filiadas, como titular de direitos de sócio ou feridas nas alíneas a e b.
acionista, ou mediante acordo com outros sócios ou
acionistas. Aprovação pelos Sócios das Sociedades
§ 2º A participação recíproca das sociedades do grupo
obedecerá ao disposto no artigo 244. Art. 270. A convenção de grupo deve ser aprovada
com observância das normas para alteração do con-
Natureza trato social ou do estatuto (art. 136, V). (Redação dada
pela Lei nº 9.457, de 1997)
Art. 266. As relações entre as sociedades, a estrutura Parágrafo único. Os sócios ou acionistas dissidentes
administrativa do grupo e a coordenação ou subor- da deliberação de se associar a grupo têm direito, nos
dinação dos administradores das sociedades filiadas termos do artigo 137, ao reembolso de suas ações ou
serão estabelecidas na convenção do grupo, mas cada quotas.
sociedade conservará personalidade e patrimônios
distintos. Registro e Publicidade

Designação Art. 271. Considera-se constituído o grupo a partir da


data do arquivamento, no registro do comércio da sede
Art. 267. O grupo de sociedades terá designação de da sociedade de comando, dos seguintes documentos:
que constarão as palavras “grupo de sociedades” ou I - convenção de constituição do grupo;
“grupo”. II - atas das assembléias-gerais, ou instrumentos de
Parágrafo único. Somente os grupos organizados de alteração contratual, de todas as sociedades que tive-
acordo com este Capítulo poderão usar designação rem aprovado a constituição do grupo;
com as palavras “grupo” ou “grupo de sociedade”. III - declaração autenticada do número das ações ou
quotas de que a sociedade de comando e as demais
Companhias Sujeitas a Autorização para Funcionar sociedades integrantes do grupo são titulares em cada
sociedade filiada, ou exemplar de acordo de acionistas
Art. 268. A companhia que, por seu objeto, depende que assegura o controle de sociedade filiada.
de autorização para funcionar, somente poderá par- § 1º Quando as sociedades filiadas tiverem sede em
ticipar de grupo de sociedades após a aprovação da locais diferentes, deverão ser arquivadas no registro
convenção do grupo pela autoridade competente para do comércio das respectivas sedes as atas de assem-
aprovar suas alterações estatutárias. bléia ou alterações contratuais que tiverem aprovado
a convenção, sem prejuízo do registro na sede da so-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

SEÇÃO II ciedade de comando.


§ 2º As certidões de arquivamento no registro do co-
Constituição, Registro e Publicidade mércio serão publicadas.
§ 3º A partir da data do arquivamento, a sociedade de
Art. 269. O grupo de sociedades será constituído por comando e as filiadas passarão a usar as respectivas
convenção aprovada pelas sociedades que o compo- denominações acrescidas da designação do grupo.
nham, a qual deverá conter: § 4º As alterações da convenção do grupo serão arqui-
I - a designação do grupo; vadas e publicadas nos termos deste artigo, observan-
II - a indicação da sociedade de comando e das filiadas; do-se o disposto no § 1º do artigo 135.

96
SEÇÃO III SEÇÃO V

Administração Prejuízos Resultantes de Atos Contrários à Convenção


Administradores do Grupo
Art. 276. A combinação de recursos e esforços, a su-
Art. 272. A convenção deve definir a estrutura ad- bordinação dos interesses de uma sociedade aos de
ministrativa do grupo de sociedades, podendo criar outra, ou do grupo, e a participação em custos, recei-
órgãos de deliberação colegiada e cargos de direção- tas ou resultados de atividades ou empreendimentos
-geral. somente poderão ser opostos aos sócios minoritários
Parágrafo único. A representação das sociedades pe- das sociedades filiadas nos termos da convenção do
rante terceiros, salvo disposição expressa na conven- grupo.
ção do grupo, arquivada no registro do comércio e § 1º Consideram-se minoritários, para os efeitos deste
publicada, caberá exclusivamente aos administrado- artigo, todos os sócios da filiada, com exceção da so-
res de cada sociedade, de acordo com os respectivos ciedade de comando e das demais filiadas do grupo.
estatutos ou contratos sociais. § 2º A distribuição de custos, receitas e resultados e as
compensações entre sociedades, previstas na conven-
Administradores das Sociedades Filiadas ção do grupo, deverão ser determinadas e registradas
no balanço de cada exercício social das sociedades in-
Art. 273. Aos administradores das sociedades filiadas, teressadas.
sem prejuízo de suas atribuições, poderes e responsa- § 3º Os sócios minoritários da filiada terão ação con-
bilidades, de acordo com os respectivos estatutos ou tra os seus administradores e contra a sociedade de
contratos sociais, compete observar a orientação geral comando do grupo para haver reparação de prejuízos
estabelecida e as instruções expedidas pelos adminis- resultantes de atos praticados com infração das nor-
tradores do grupo que não importem violação da lei mas deste artigo, observado o disposto nos parágrafos
ou da convenção do grupo. do artigo 246.

Remuneração Conselho Fiscal das Filiadas

Art. 274. Os administradores do grupo e os investidos Art. 277. O funcionamento do Conselho Fiscal da
em cargos de mais de uma sociedade poderão ter a companhia filiada a grupo, quando não for perma-
sua remuneração rateada entre as diversas socieda- nente, poderá ser pedido por acionistas não contro-
des, e a gratificação dos administradores, se houver, ladores que representem, no mínimo, 5% (cinco por
poderá ser fixada, dentro dos limites do § 1º do artigo cento) das ações ordinárias, ou das ações preferenciais
152 com base nos resultados apurados nas demons- sem direito de voto.
trações financeiras consolidadas do grupo. § 1º Na constituição do Conselho Fiscal da filiada se-
rão observadas as seguintes normas:
SEÇÃO IV a) os acionistas não controladores votarão em sepa-
rado, cabendo às ações com direito a voto o direito
Demonstrações Financeiras de eleger 1 (um) membro e respectivo suplente e às
ações sem direito a voto, ou com voto restrito, o de
Art. 275. O grupo de sociedades publicará, além das eleger outro;
demonstrações financeiras referentes a cada uma das b) a sociedade de comando e as filiadas poderão ele-
companhias que o compõem, demonstrações consoli- ger número de membros, e respectivos suplentes, igual
dadas, compreendendo todas as sociedades do grupo, ao dos eleitos nos termos da alínea a, mais um.
elaboradas com observância do disposto no artigo 250. § 2º O Conselho Fiscal da sociedade filiada poderá so-
§ 1º As demonstrações consolidadas do grupo serão pu- licitar aos órgãos de administração da sociedade de
blicadas juntamente com as da sociedade de comando. comando, ou de outras filiadas, os esclarecimentos ou
§ 2º A sociedade de comando deverá publicar de- informações que julgar necessários para fiscalizar a
monstrações financeiras nos termos desta Lei, ainda observância da convenção do grupo.
que não tenha a forma de companhia.
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

§ 3º As companhias filiadas indicarão, em nota às CAPÍTULO XXII


suas demonstrações financeiras publicadas, o órgão
que publicou a última demonstração consolidada do Consórcio
grupo a que pertencer.
§ 4º As demonstrações consolidadas de grupo de so- Art. 278. As companhias e quaisquer outras socieda-
ciedades que inclua companhia aberta serão obriga- des, sob o mesmo controle ou não, podem constituir
toriamente auditadas por auditores independentes consórcio para executar determinado empreendimen-
registrados na Comissão de Valores Mobiliários, e ob- to, observado o disposto neste Capítulo.
servarão as normas expedidas por essa comissão.

97
§ 1º O consórcio não tem personalidade jurídica e as Art. 282. Apenas o sócio ou acionista tem qualidade
consorciadas somente se obrigam nas condições pre- para administrar ou gerir a sociedade, e, como diretor
vistas no respectivo contrato, respondendo cada uma ou gerente, responde, subsidiária mas ilimitada e soli-
por suas obrigações, sem presunção de solidariedade. dariamente, pelas obrigações da sociedade.
§ 2º A falência de uma consorciada não se estende às § 1º Os diretores ou gerentes serão nomeados, sem li-
demais, subsistindo o consórcio com as outras contra- mitação de tempo, no estatuto da sociedade, e somen-
tantes; os créditos que porventura tiver a falida serão te poderão ser destituídos por deliberação de acionis-
apurados e pagos na forma prevista no contrato de tas que representem 2/3 (dois terços), no mínimo, do
consórcio. capital social.
§ 2º O diretor ou gerente que for destituído ou se exo-
Art. 279. O consórcio será constituído mediante con- nerar continuará responsável pelas obrigações sociais
trato aprovado pelo órgão da sociedade competente contraídas sob sua administração.
para autorizar a alienação de bens do ativo não-circu-
lante, do qual constarão: (Redação dada pela Medida Art. 283. A assembléia-geral não pode, sem o con-
Provisória nº 449, de 2008) sentimento dos diretores ou gerentes, mudar o objeto
essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de du-
Art. 279. O consórcio será constituído mediante con- ração, aumentar ou diminuir o capital social, emitir
trato aprovado pelo órgão da sociedade competente debêntures ou criar partes beneficiárias nem aprovar
para autorizar a alienação de bens do ativo não cir- a participação em grupo de sociedade. (Redação dada
culante, do qual constarão: (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 9.457, de 1997)
11.941, de 2009)
I - a designação do consórcio se houver; Art. 284. Não se aplica à sociedade em comandita por
II - o empreendimento que constitua o objeto do con- ações o disposto nesta Lei sobre conselho de adminis-
sórcio; tração, autorização estatutária de aumento de capital
e emissão de bônus de subscrição.
III - a duração, endereço e foro;
IV - a definição das obrigações e responsabilidade de
CAPÍTULO XXIV
cada sociedade consorciada, e das prestações específicas;
V - normas sobre recebimento de receitas e partilha
Prazos de Prescrição
de resultados;
VI - normas sobre administração do consórcio, conta-
Art. 285. A ação para anular a constituição da com-
bilização, representação das sociedades consorciadas
panhia, por vício ou defeito, prescreve em 1 (um) ano,
e taxa de administração, se houver;
contado da publicação dos atos constitutivos.
VII - forma de deliberação sobre assuntos de interes-
Parágrafo único. Ainda depois de proposta a ação, é
se comum, com o número de votos que cabe a cada lícito à companhia, por deliberação da assembléia-
consorciado; -geral, providenciar para que seja sanado o vício ou
VIII - contribuição de cada consorciado para as despe- defeito.
sas comuns, se houver.
Parágrafo único. O contrato de consórcio e suas alte- Art. 286. A ação para anular as deliberações tomadas
rações serão arquivados no registro do comércio do em assembléia-geral ou especial, irregularmente con-
lugar da sua sede, devendo a certidão do arquivamen- vocada ou instalada, violadoras da lei ou do estatuto,
to ser publicada. ou eivadas de erro, dolo, fraude ou simulação, prescre-
ve em 2 (dois) anos, contados da deliberação.
CAPÍTULO XXIII
Art. 287. Prescreve:
Sociedades em Comandita por Ações I - em, 1 (um) ano:
a) a ação contra peritos e subscritores do capital, para
Art. 280. A sociedade em comandita por ações terá o deles haver reparação civil pela avaliação de bens,
capital dividido em ações e reger-se-á pelas normas contado o prazo da publicação da ata da assembléia-
relativas às companhias ou sociedades anônimas, sem -geral que aprovar o laudo;
prejuízo das modificações constantes deste Capítulo. b) a ação dos credores não pagos contra os acionistas
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata


Art. 281. A sociedade poderá comerciar sob firma de encerramento da liquidação da companhia.
ou razão social, da qual só farão parte os nomes dos II - em 3 (três) anos:
sócios-diretores ou gerentes. Ficam ilimitada e soli- a) a ação para haver dividendos, contado o prazo da data
dariamente responsáveis, nos termos desta Lei, pelas em que tenham sido postos à disposição do acionista;
obrigações sociais, os que, por seus nomes, figurarem b) a ação contra os fundadores, acionistas, adminis-
na firma ou razão social. tradores, liquidantes, fiscais ou sociedade de comando,
Parágrafo único. A denominação ou a firma deve ser para deles haver reparação civil por atos culposos ou
seguida das palavras “Comandita por Ações”, por ex- dolosos, no caso de violação da lei, do estatuto ou da
tenso ou abreviadamente. convenção de grupo, contado o prazo:

98
1 - para os fundadores, da data da publicação dos atos § 4º O disposto no final do § 3º não se aplica à even-
constitutivos da companhia; tual publicação de atas ou balanços em outros jornais.
2 - para os acionistas, administradores, fiscais e so- § 5º Todas as publicações ordenadas nesta Lei deverão
ciedades de comando, da data da publicação da ata ser arquivadas no registro do comércio.
que aprovar o balanço referente ao exercício em que a § 6º As publicações do balanço e da demonstração de
violação tenha ocorrido; lucros e perdas poderão ser feitas adotando-se como
3 - para os liquidantes, da data da publicação da ata expressão monetária o milhar de reais. (Redação dada
da primeira assembléia-geral posterior à violação. pela Lei nº 9.457, de 1997)
c) a ação contra acionistas para restituição de dividen- § 7o Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo, as
dos recebidos de má-fé, contado o prazo da data da companhias abertas poderão, ainda, disponibilizar as
publicação da ata da assembléia-geral ordinária do referidas publicações pela rede mundial de computa-
exercício em que os dividendos tenham sido declarados; dores. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)
d) a ação contra os administradores ou titulares de
partes beneficiárias para restituição das participações Art. 290. A indenização por perdas e danos em ações
no lucro recebidas de má-fé, contado o prazo da data com fundamento nesta Lei será corrigida monetaria-
da publicação da ata da assembléia-geral ordinária do mente até o trimestre civil em que for efetivamente
exercício em que as participações tenham sido pagas; liquidada.
e) a ação contra o agente fiduciário de debenturistas
ou titulares de partes beneficiárias para dele haver re- Art. 291. A Comissão de Valores Mobiliários poderá
paração civil por atos culposos ou dolosos, no caso de reduzir, mediante fixação de escala em função do va-
violação da lei ou da escritura de emissão, a contar lor do capital social, a porcentagem mínima aplicável
da publicação da ata da assembléia-geral que tiver às companhias abertas, estabelecida no art. 105; na
tomado conhecimento da violação; alínea c do parágrafo único do art. 123; no caput do
f) a ação contra o violador do dever de sigilo de que art. 141; no § 1o do art. 157; no § 4o do art. 159; no §
trata o artigo 260 para dele haver reparação civil, a 2o do art. 161; no § 6o do art. 163; na alínea a do § 1o
contar da data da publicação da oferta. do art. 246; e no art. 277. (Redação dada pela Lei nº
g) a ação movida pelo acionista contra a companhia, 10.303, de 2001)
qualquer que seja o seu fundamento. (Incluída pela Lei Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários
nº 10.303, de 2001) poderá reduzir a porcentagem de que trata o artigo
249.
Art. 288. Quando a ação se originar de fato que deva
ser apurado no juízo criminal, não ocorrerá a pres- Art. 292. As sociedades de que trata o artigo 62 da Lei
crição antes da respectiva sentença definitiva, ou da n. 4.728, de 14 de julho de 1965, podem ter suas ações
prescrição da ação penal. ao portador.

CAPÍTULO XXV Art. 293. A Comissão de Valores Mobiliários autoriza-


rá as bolsas de valores a prestar os serviços previstos
Disposições Gerais nos artigos 27; 34, § 2º; 39, § 1°; 40; 41; 42; 43; 44; 72;
102 e 103.
Art. 289. As publicações ordenadas pela presente Lei Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.810, de
serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado ou 2013)
do Distrito Federal, conforme o lugar em que esteja si-
tuada a sede da companhia, e em outro jornal de gran- Art. 294. A companhia fechada que tiver menos de 20
de circulação editado na localidade em que está situ- (vinte) acionistas, com patrimônio líquido de até R$
ada a sede da companhia. (Redação dada pela Lei nº 10.000.000,00 (dez milhões de reais), poderá: (Reda-
9.457, de 1997) (Vide Lei nº 13.818, de 2019) (Vigência) ção dada pela Lei nº 13.818, de 2019)
§ 1º A Comissão de Valores Mobiliários poderá de- I - convocar assembléia-geral por anúncio entregue a
terminar que as publicações ordenadas por esta Lei todos os acionistas, contra-recibo, com a antecedência
sejam feitas, também, em jornal de grande circulação prevista no artigo 124; e
nas localidades em que os valores mobiliários da com- II - deixar de publicar os documentos de que trata o
panhia sejam negociados em bolsa ou em mercado artigo 133, desde que sejam, por cópias autenticadas,
de balcão, ou disseminadas por algum outro meio arquivados no registro de comércio juntamente com a
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

que assegure sua ampla divulgação e imediato acesso ata da assembléia que sobre eles deliberar.
às informações. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de § 1º A companhia deverá guardar os recibos de entre-
1997) ga dos anúncios de convocação e arquivar no registro
§ 2º Se no lugar em que estiver situada a sede da com- de comércio, juntamente com a ata da assembléia, có-
panhia não for editado jornal, a publicação se fará em pia autenticada dos mesmos.
órgão de grande circulação local. § 2º Nas companhias de que trata este artigo, o pa-
§ 3º A companhia deve fazer as publicações previstas gamento da participação dos administradores poderá
nesta Lei sempre no mesmo jornal, e qualquer mu- ser feito sem observância do disposto no § 2º do ar-
dança deverá ser precedida de aviso aos acionistas no tigo 152, desde que aprovada pela unanimidade dos
extrato da ata da assembléia-geral ordinária. acionistas.

99
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica à companhia § 5º O disposto no artigo 199 não se aplica às reservas
controladora de grupo de sociedade, ou a ela filiadas. constituídas e aos lucros acumulados em balanços le-
vantados antes de 1º de janeiro de 1977.
CAPÍTULO XXVI § 6º O disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 237 não se
aplica às participações existentes na data da publica-
Disposições Transitórias ção desta Lei.

Art. 295. A presente Lei entrará em vigor 60 (sessenta) Art. 297. As companhias existentes que tiverem ações
dias após a sua publicação, aplicando-se, todavia, a preferenciais com prioridade na distribuição de divi-
partir da data da publicação, às companhias que se dendo fixo ou mínimo ficarão dispensadas do disposto
constituírem. no artigo 167 e seu § 1º, desde que no prazo de que
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica às disposi- trata o artigo 296 regulem no estatuto a participação
ções sobre: das ações preferenciais na correção anual do capital
a) elaboração das demonstrações financeiras, que se- social, com observância das seguintes normas:
rão observadas pelas companhias existentes a partir I - o aumento de capital poderá ficar na dependência
do exercício social que se iniciar após 1º de janeiro de deliberação da assembléia-geral, mas será obriga-
de 1978; tório quando o saldo da conta de que trata o § 3º do
b) a apresentação, nas demonstrações financeiras, de artigo 182 ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do
valores do exercício anterior (artigo 176, § 1º), que capital social;
será obrigatória a partir do balanço do exercício social II - a capitalização da reserva poderá ser procedida
subseqüente ao referido na alíne a anterior; mediante aumento do valor nominal das ações ou
c) elaboração e publicação de demonstrações finan- emissões de novas ações bonificadas, cabendo à as-
ceiras consolidadas, que somente serão obrigatórias sembléia-geral escolher, em cada aumento de capital,
para os exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro o modo a ser adotado;
de 1978.
III - em qualquer caso, será observado o disposto no §
§ 2º A participação dos administradores nos lucros so-
4º do artigo 17;
ciais continuará a regular-se pelas disposições legais e
IV - as condições estatutárias de participação serão
estatutárias em vigor, aplicando-se o disposto nos §§
transcritas nos certificados das ações da companhia.
1º e 2º do artigo 152 a partir do exercício social que se
iniciar no curso do ano de 1977.
Art. 298. As companhias existentes, com capital infe-
§ 3º A restrição ao direito de voto das ações ao porta-
rior a Cr$ 5.000.000,00 (cinco milhões de cruzeiros),
dor (artigo 112) só vigorará a partir de 1 (um) ano a
poderão, no prazo de que trata o artigo 296 deliberar,
contar da data em que esta Lei entrar em vigor.
pelo voto de acionistas que representem 2/3 (dois ter-
Art. 296. As companhias existentes deverão proceder ços) do capital social, a sua transformação em socie-
à adaptação do seu estatuto aos preceitos desta Lei dade por quotas, de responsabilidade limitada, obser-
no prazo de 1 (um) ano a contar da data em que ela vadas as seguintes normas:
entrar em vigor, devendo para esse fim ser convocada I - na deliberação da assembléia a cada ação caberá
assembléia-geral dos acionistas. 1 (um) voto, independentemente de espécie ou classe;
§ 1º Os administradores e membros do Conselho Fis- II - a sociedade por quotas resultante da transforma-
cal respondem pelos prejuízos que causarem pela ino- ção deverá ter o seu capital integralizado e o seu con-
bservância do disposto neste artigo. trato social assegurará aos sócios a livre transferência
§ 2º O disposto neste artigo não prejudicará os direi- das quotas, entre si ou para terceiros;
tos pecuniários conferidos por partes beneficiárias e III - o acionista dissidente da deliberação da assem-
debêntures em circulação na data da publicação desta bléia poderá pedir o reembolso das ações pelo valor
Lei, que somente poderão ser modificados ou reduzi- de patrimônio líquido a preços de mercado, observado
dos com observância do disposto no artigo 51 e no § o disposto nos artigos 45 e 137;
5º do artigo 71. IV - o prazo para o pedido de reembolso será de 90
§ 3º As companhias existentes deverão eliminar, no (noventa) dias a partir da data da publicação da ata
prazo de 5 (cinco) anos a contar da data de entrada da assembléia, salvo para os titulares de ações nomi-
em vigor desta Lei, as participações recíprocas veda- nativas, que será contado da data do recebimento de
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

das pelo artigo 244 e seus parágrafos. aviso por escrito da companhia.
§ 4º As companhias existentes, cujo estatuto for omis-
so quanto à fixação do dividendo, ou que o estabelecer Art. 299. Ficam mantidas as disposições sobre so-
em condições que não satisfaçam aos requisitos do § ciedades por ações, constantes de legislação especial
1º do artigo 202 poderão, dentro do prazo previsto sobre a aplicação de incentivos fiscais nas áreas da
neste artigo, fixá-lo em porcentagem inferior à previs- SUDENE, SUDAM, SUDEPE, EMBRATUR e Refloresta-
ta no § 2º do artigo 202, mas os acionistas dissidentes mento, bem como todos os dispositivos das Leis nºs.
dessa deliberação terão direito de retirar-se da com- 4.131, de 3 de dezembro de 1962, e 4.390, de 29 de
panhia, mediante reembolso do valor de suas ações, agosto de 1964.
com observância do disposto nos artigos 45 e 137.

100
Art. 299-A. O saldo existente em 31 de dezembro de Vejamos um breve resumo de seus aspectos:
2008 no ativo diferido que, pela sua natureza, não
puder ser alocado a outro grupo de contas, poderá
RCPG’s ou DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
permanecer no ativo sob essa classificação até sua
completa amortização, sujeito à análise sobre a re- fornecer informações que sejam úteis
cuperação de que trata o § 3o do art. 183 desta Lei. na tomada de decisões econômicas e
(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Objetivo avaliações diversas por parte dos usuá-
rios em geral, sem atender a nenhuma
Art. 299-B. O saldo existente no resultado de exer- necessidade específica.
cício futuro em 31 de dezembro de 2008 deverá ser • DC’s não se destinam aos usuários
reclassificado para o passivo não circulante em conta internos
representativa de receita diferida. (Incluído pela Lei nº • As autoridades tributárias não podem
11.941, de 2009) determinar que as demonstrações se-
Parágrafo único. O registro do saldo de que trata o jam feitas da maneira específica para
caput deste artigo deverá evidenciar a receita diferi- elas. #cuidado!
da e o respectivo custo diferido. (Incluído pela Lei nº • Os relatórios (DC’s) não atendem a
11.941, de 2009) todas as informações de que os usuá-
rios necessitam. É necessário que os
Art. 300. Ficam revogados o Decreto-Lei n. 2.627, de usuários considerem informação de
26 de setembro de 1940, com exceção dos artigos 59 a outras fontes para completar a forma-
73, e demais disposições em contrário. ção de suas opiniões.
• A administração da entidade não é
Brasília, 15 de dezembro de 1976; 155º da Indepen- Fique Atento! considerada um usuário externo, pois
dência e 88º da República. podem obter quaisquer informações
internamente.
ERNESTO GEISEL • Os relatórios não são elaborados para
Mário Henrique Simonsen se chegar ao valor da entidade, apenas
fornecem informações para ajudar os
LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR E COMITÊ DE usuários primários a estimarem o valor
PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC) da entidade que reporta.
• O intuito das normas contidas nos
CPC’s é proporcionar um conjunto de
Estrutura Conceitual (CPC 00) e NBC TSP – Estru- informações que atenda às necessida-
tura ConceituaL des do número máximo de usuários
primários. Contudo, nada impede que a
Agora vamos abordar o assunto mais cobrado pe- entidade preste informações adicionais.
las bancas, pois o tema CPC insere-se na Contabilidade
avançada, e aí já viu, né?
FIQUE ATENTO!
Os examinadores adoram cobrar, mas não se preo-
cupem, com muita leitura e treino nas questões você vai A Estrutura Conceitual não é um pronuncia-
ter uma base maior para o que está por vir. mento propriamente dito. Nada contido na
O CPC 00 ou Estrutura Conceitual (EC) tem como fi- Estrutura Conceitual se sobrepõe a qualquer
nalidade ditar o regramento básico a ser observado na pronunciamento ou qualquer requisito em
elaboração das demonstrações contábeis (DC’s). As DC’s pronunciamento.
são elaboradas para usuários externos em geral, com fi-
nalidades distintas e necessidades diversas.
Vamos revisar aqueles principais pontos que as ban- Finalidade da Estrutura Conceitual:
cas adoram cobrar e tentar confundir os candidatos:
Segundo as normas, as finalidades da estrutura con-
• O CPC 00 – estrutura conceitual não é um ceitual são:
pronunciamento propriamente dito. É como o pró-
a) auxiliar o desenvolvimento das normas internacio-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

prio nome diz, um documento em uma estrutura


nais de contabilidade (IFRS) para que tenham base
que traz conceitos importantes, debatidos com
em conceitos consistentes;
vários órgãos internacionais e nacionais de conta- b) auxiliar os responsáveis pela elaboração (prepa-
bilidade, com a finalidade de unificar conceitos e radores) dos relatórios financeiros a desenvolver
padrões de apresentação dos RCPG’s. políticas contábeis consistentes quando nenhum
• A sigla CPC significa Comitê de Pronunciamentos pronunciamento se aplica à determinada transa-
Contábeis, e tem como objetivo: promover e man- ção ou outro evento, ou quando o pronunciamen-
ter a plena convergência das práticas contábeis to permite uma escolha de política contábil; e
adotadas no Brasil às Normas Internacionais de c) auxiliar todas as partes a entender e interpretar os
Contabilidade. Pronunciamentos.

101
Premissa de continuidade operacional:

As demonstrações contábeis são normalmente elaboradas com base na suposição de que a entidade que reporta
está em continuidade operacional e continuará em operação no futuro previsível.
Assim, presume-se que a entidade não tem a intenção nem a necessidade de entrar em liquidação ou deixar de
negociar. Se existe essa intenção ou necessidade, as demonstrações contábeis podem ter que ser elaboradas em base
diferente. Em caso afirmativo, as demonstrações contábeis descrevem a base utilizada.

• Os elementos das demonstrações contábeis definidos nesta Estrutura conceitual são:

(a) ativos, passivos e patrimônio líquido, que se referem à posição financeira da entidade que reporta; e
(b) receitas e despesas, que se referem ao desempenho financeiro da entidade que reporta.

A prevalência da essência sobre a forma é princípio basilar das regras internacionais de contabilidade, e foi adota-
da pelo Brasil. Significa abandonar, quando necessário, a forma legal do evento, e retratar a sua essência econômica de
forma pura.
Contudo, a Prevalência da essência sobre a forma não é uma característica, trata-se de um princípio.

Como é cobrado:

(CESPE-2020) Com relação aos conceitos de ativos, passivos e patrimônio líquido, julgue o item a seguir:
Ao avaliar se um item se enquadra na definição de ativo, passivo ou patrimônio líquido, deve-se atentar para a sua
essência subjacente e sua realidade econômica, e não apenas para sua forma legal.
Ao analisarmos essa questão, vemos que se trata de um item correto, tendo a seguinte justificativa da banca:. Pre-
valência da essência sobre a forma (Resolução CFC n.º 1.374/2011, 4.6).

MUDANÇAS NAS DEFINIÇÕES SEGUNDO CPC 00 (R2)


Nova definição, depois da revisão Antiga revisão (R1)*
Elementos
(R2)
Ativo é um recurso econômico pre- Ativo é um recurso controlado pela
sente controlado pela entidade como entidade como resultado de eventos
resultado de eventos passados. passados e do qual se espera que
Ativo Recurso econômico é um direito que fluam futuros benefícios econômicos
tem o potencial de produzir benefí- para a entidade;
cios econômicos.
Passivo é uma obrigação presente Passivo é uma obrigação presente da
da entidade de transferir um recurso entidade, derivada de eventos passa-
Passivo econômico como resultado de even- dos, cuja liquidação se espera que resul-
tos passados. te na saída de recursos da entidade ca-
pazes de gerar benefícios econômicos;
PL é a participação residual nos ati- Patrimônio líquido é o interesse re-
Patrimônio líquido vos da entidade após a dedução de sidual nos ativos da entidade depois
todos os seus passivos. de deduzidos todos os seus passivos.
Receitas são aumentos nos ativos, Receitas são aumentos nos benefí-
ou reduções nos passivos, que re- cios econômicos durante o período
sultam em aumento no patrimônio contábil, sob a forma da entrada de
líquido, exceto aqueles referentes a recursos ou do aumento de ativos ou
Receitas contribuições de detentores de direi- diminuição de passivos, que resultam
tos sobre o patrimônio. em aumentos do patrimônio líquido,
e que não estejam relacionados com
a contribuição dos detentores dos
instrumentos patrimoniais;
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Despesas são reduções nos ativos, Despesas são decréscimos nos bene-
ou aumentos nos passivos, que re- fícios econômicos durante o período
sultam em reduções no patrimônio contábil, sob a forma da saída de re-
líquido, exceto aqueles referentes a cursos ou da redução de ativos ou as-
Despesas distribuições aos detentores de direi- sunção de passivos, que resultam em
tos sobre o patrimônio. decréscimo do patrimônio líquido, e
que não estejam relacionados com
distribuições aos detentores dos ins-
trumentos patrimoniais.

102
Na tabela acima, elaborei um paralelo entre o
que contava na redação anterior e como foi definida
agora, na segunda revisão, que entrou em vigor a par-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
tir de 01/01/2020, pois as questões anteriores eram ba- 1.(AOCP-2016) A definição de Patrimônio Líquido pelo
seadas no CPC 00 (R1). Assim, é possível inferir que não Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é:
houveram mudanças significativas, mas é bom você levar
para a prova esses novos conceitos. a) o total de lucros obtidos pelos acionistas.
b) o valor residual dos ativos da entidade depois de de-
duzidos todos os passivos.
c) o conjunto de bens e direitos menos as obrigações
EXERCÍCIO COMENTADO
com terceiros.
d) o conjunto de obrigações para com os sócios da em-
1. (CESPE–2019) Com base no Pronunciamento Concei- presa.
tual Básico (R1) — Estrutura Conceitual para Elaboração e) o total de recursos aportados pelos sócios/ acionistas
e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro — do Co- da empresa.
mitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), julgue o item
seguinte: Resposta: Letra B.
Uma entidade que controla determinado recurso, mas Na época do certame, vigorava o CPC 00 na sua pri-
que não detém a sua propriedade, não deve reconhece- meira versão.
-lo como ativo na contabilidade, pois, independente- Hoje, temos a segunda versão desse mesmo pronun-
mente de qualquer condição, tal recurso não se enqua- ciamento, em vgor a aprtir de 1° de janeiro de 2020.
dra na definição de ativo. Pelo paralelo que tracei na tabela acima, verifica-se
que a definição de Patrimônio Líquido não teve ne-
( ) CERTO  ( ) ERRADO nhuma grande mudança, mas pelo histórico de AOCP
não estar muito atenta às atualizações, leve os dois
Resposta: Errado. conceitos para sua prova.
Essa você conseguiria responder partindo diretamente Mas, lembre-se: em caso de confronto entre as duas, a
da definição acima de ativos: “Ativo é um recurso eco- banca já está sinalizando que ela quer o entendimento
nômico presente controlado pela entidade como resul- atual, ou seja a versão em vigor do CPC 00 – EC (R2).
tado de eventos passados.”
Perceba, que em nenhum momento foi cogitado que a) Errado. Lucro destinado aos acionistas se chama
o ativo seria de propriedade da entidade, mas sim, ‘’dividendos’’.
controlado por ela.
c) Errado. Embora tenha utilizado sinônimos para o
‘’ativo’’ e o ‘’passivo’’, não é a classificação correta de
#FicaDica
acordo com o CPC 00.
Guardem essa máxima: O Direito de pro-
priedade e a forma física não são essenciais d) Errado. Embora seja sinônimo de PL, não é a classi-
para a definição de ativo! Portanto, se a en- ficação correta de acordo com o CPC 00.
tidade controla, ela deve reconhecer conta-
bilmente o ativo. e) Errado. Os recursos aportados pelos sócios e acio-
nistas se chama ‘’capital social’’.

Ainda ficou na dúvida? Analise o exemplo a seguir Portanto, correta a Letra B.


para que a compreensão seja excelente: Seja um veícu-
lo que uma determinada entidade obteve através de um
arrendamento mercantil financeiro e que na essência
refere-se à compra do bem e não à locação como ocor-
re no leasing operacional. Nesta situação, mesmo que o
veículo não esteja em nome da empresa, ela deve re-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

conhecer o ativo, pela essência da operação e por ter


o controle efetivo dos benefícios econômicos que serão
esperados com o uso do bem.
Ao analisarmos esse item e com os estudos realizados
vemos que está errado a assertiva, pois a entidade deve
reconhecer o ativo.

103
BASES DE MENSURAÇÃO SEGUNDO CPC 00 (R2)
É o valor registrado na data de Aqui- Ativo: adquirido ou criado (-) o valor
sição. dos custos incorridos (+) os custos de
transação.
Não reflete as mudanças posteriores
Custo histórico
nos valores. Passivo: incorrido ou assumido (-) valor
da contraprestação recebida para incor-
rer ou assumir o passivo (-) custos de
transação.
Fornecem informações monetárias As bases de mensuração incluem:
sobre ativos, passivos e respectivas (a) valor justo;
Valor atual receitas e despesas. (b) valor em uso de ativos e valor de
cumprimento de passivos;
(c) custo corrente
É o preço que seria recebido pela O ativo ou passivo é mensurado utili-
venda de ativo ou que seria pago zando as mesmas premissas que os
pela transferência de passivo em participantes do mercado utilizariam
Valor justo
transação ordenada entre partici- ao precificar o ativo ou passivo se esses
pantes do mercado na data de men- participantes do mercado agirem em
suração. seu melhor interesse econômico.
É o valor presente dos fluxos de cai- Valor Presente do Ativo + Alienação Fi-
xa, ou outros benefícios econômicos, nal
Valor em uso
que a entidade espera obter do uso
de ativo e de sua alienação final.
É o valor presente do caixa, ou de Valor Presente para Cumprir a obrigação
Valor de Cumpri- outros recursos econômicos, que a
mento entidade espera ser obrigada a trans-
ferir para cumprir a obrigação.
Reflete preços no mercado em que a Ativo: custo de ativo equivalente na
entidade adquiriria o ativo ou incor- data de mensuração, compreendendo
reria no passivo. a contraprestação que seria paga na
Também é considerado como custo data de mensuração + os custos de
de reposição, sendo um valor de transação que seriam incorridos nessa
entrada. data.
Custo Corrente
Passivo: valor da contraprestação que
seria recebida pelo passivo equivalente
na data de mensuração (-) os custos de
transação que seriam incorridos nessa
data.

• Um elemento deve ser reconhecido se:

a) For provável que algum benefício econômico flua para a entidade (entre ou saia); e
b) Se o item tiver custo ou valor que possa ser mensurado com confiabilidade.

• Mensurar consiste em determinar os montantes monetários por meio dos quais os elementos das demonstra-
ções devem ser reconhecidos, ou seja, encontrar o seu valor.
• Reconhecer é fazer o lançamento contábil, incorporando o item ao balanço patrimonial ou à demonstração do
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

resultado. Envolve a descrição e mensuração de valor.

104
CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS (RRF)
RRF ASPECTOS ATRIBUTOS
Relevância Capaz de fazer diferença nas decisões • Valor preditivo: podem ser utilizadas
tomadas pelos usuários. como informações para prever resul-
• Materialidade é um aspecto da rele- tados futuros;
vância. • Valor confirmatório: fornece feedback;
• ou ambos.
Representação fi- Não devem apenas representar fenô- • completa
dedigna menos relevantes, mas também repre- • neutra
sentar de forma fidedigna a essência • livre de erro
dos fenômenos que pretendem repre-
sentar.
• Confiabilidade é um aspecto da RF

• Informação útil: Para ser considerada útil, a informação deve possuir, obrigatoriamente as características fun-
damentais de Relevância e de Representação Fidedigna (RRF).

Portanto:

• Características qualitativas fundamentais são (RRF):


- Relevância e a
- Representação Fidedigna.
• Informação relevante é aquela capaz de fazer diferença nas decisões dos usuários.
• Materialidade não é uma característica fundamental, mas sim um aspecto da relevância. A informação é ma-
terial se a sua omissão ou sua divulgação distorcida puder influenciar decisões. A materialidade é um conceito
baseado na natureza e na magnitude dos valores no contexto de uma entidade em particular.
• Representação fidedigna é uma representação: Completa, neutra e livre de erro.
• Se a informação for útil, ou seja, for relevante e for representada com fidedignidade, ela poderá ser melhorada
com a aplicação das características de melhoria.
• Características qualitativas de Melhoria são (CCVT):
- Comparabilidade,
- Compreensibilidade,
- Verificabilidade, e
- Tempestividade.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (CESPE–2020) Com base nas Normas Brasileiras de Contabilidade Geral (NBC TG), julgue o próximo item:
Uma das características qualitativas fundamentais da informação financeira é a representação fidedigna, que preco-
niza que as informações financeiras sejam representações fiéis da forma legal dos fenômenos que elas se propõem a
representar.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Resposta: Errado
Nessa questão, o examinador trata da representação fidedigna (RF) que é, de fato, uma característica qualitativa
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

fundamental, segundo o CPC 00 – EC, mas tem uma pegadinha substancial escondida bem no meio da assertiva.
Lembra-se da prevalência da essência sobre a forma? Pois é, esse princípio basilar sempre aparece em provas.
Assim, vamos desmembrar a assertiva para analisar melhor:
“Uma das características qualitativas fundamentais da informação financeira é a representação fidedigna”. Correto.
“que preconiza que as informações financeiras sejam representações fiéis da forma legal dos fenômenos que elas se
propõem a representar”. incorreto!
Isso decorre do item 2.12 do CPC 00 que afirma que as informações financeiras não devem apenas representar
fenômenos relevantes, mas também representar de forma fidedigna a essência dos fenômenos que pretendem
representar. Muitas vezes a essência de fenômeno econômico e sua forma legal são as mesmas, mas quando isso
não acontece, a prevalência da essência sobre a forma se sobressai.

105
Logo, a questão estaria correta se fosse reescrita da ver receitas em anos futuros, também podem ser com-
seguinte forma: paradas a previsões de receitas para o ano corrente que
“Uma das características qualitativas fundamentais da tenham sido feitas em anos anteriores. Os resultados
informação financeira é a representação fidedigna, que dessas comparações podem ajudar o usuário a corrigir
preconiza que as informações financeiras sejam repre- e a melhorar os processos que foram utilizados para
sentações fiéis da forma legal retratem a essência fazer essas previsões anteriores.”
econômica dos fenômenos que elas se propõem a re-
presentar e não apenas a sua forma legal.” 4. (CESPE -2016) Acerca da estrutura conceitual básica
da contabilidade, dos planos de contas, dos lançamentos
Vejamos a EC: e da apuração de resultados bem como da estrutura das
demonstrações contábeis, julgue o item que se segue.
CPC 00 – EC: item “2.12 [...] Em muitas circunstâncias, a Considera-se fidedigna a informação livre de erros e que
essência de fenômeno econômico e sua forma legal são possua os atributos da neutralidade e da completude.
as mesmas. Se não forem as mesmas, fornecer infor-
mações apenas sobre a forma legal não representaria ( ) CERTO  ( ) ERRADO
fidedignamente o fenômeno econômico.”
Resposta: Certo.
2. (CESPE- 2016) Acerca da estrutura conceitual básica Exatamente conforme consta no pronunciamento e
da contabilidade, dos planos de contas, dos lançamentos destacado em nossa tabela acima.
e da apuração de resultados bem como da estrutura das
demonstrações contábeis, julgue o item que se segue: CPC 00 – EC (R2): 2.13 Para ser representação perfei-
A relevância, característica fundamental da informação tamente fidedigna, a representação tem três caracte-
contábil-financeira, representa a confiabilidade dos rela- rísticas. Ela é completa, neutra e isenta de erros. Ob-
tórios contábeis. viamente, a perfeição nunca ou raramente é atingida.
O objetivo é maximizar essas qualidades tanto quanto
( ) CERTO  ( ) ERRADO possível.

Resposta: Errado. Fique Atento, alteração do CPC00(R2):


Vamos analisar por partes:
“A relevância, característica fundamental da informa- 2.16 A neutralidade é apoiada pelo exercício da pru-
ção contábil-financeira”. Certo. Uma vez que as carac- dência. Prudência é o exercício de cautela ao fazer
terísticas fundamentais são RRF: Relevância e Repre- julgamentos sob condições de incerteza. O exercício
sentação Fidedigna. de prudência significa que ativos e receitas não es-
“(a relevância)... representa a confiabilidade dos rela- tão superavaliados e passivos e despesas não es-
tórios contábeis.”. Errado. Pois a Confiabilidade é um tão subavaliados. Da mesma forma, o exercício de
aspecto da Representação Fidedigna, e não da Rele- prudência não permite a subavaliação de ativos ou
vância. Erro bem sutil, não é mesmo? receitas ou a superavaliação de passivos ou despesas.
Essas divulgações distorcidas podem levar à supera-
3. (CESPE-2016) Acerca da estrutura conceitual básica valiação ou subavaliação de receitas ou despesas em
da contabilidade, dos planos de contas, dos lançamentos períodos futuros.
e da apuração de resultados bem como da estrutura das 2.17 O exercício de prudência não implica necessi-
demonstrações contábeis, julgue o item que se segue: dade de assimetria, por exemplo, a necessidade sis-
Os valores preditivo e confirmatório de uma informação temática de evidência mais convincente para dar su-
contábil-financeira não estão inter-relacionados, visto porte ao reconhecimento de ativos ou receitas do que
que a predição é individual e a confirmação é geral, ad- ao reconhecimento de passivos ou despesas. Essa assi-
vinda da divulgação das demonstrações a todos os usu- metria não é característica qualitativa de informações
ários. financeiras úteis. Não obstante, determinados pro-
nunciamentos podem conter requisitos assimétricos se
( ) CERTO  ( ) ERRADO isso for consequência de decisões que se destinam a
selecionar as informações mais relevantes que repre-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Resposta: Errado. Os valores preditivos e confirmató- sentam fidedignamente o que pretendem representar.
rios estão inter-relacionados sim!
Vejamos como consta no CPC 00:

“CPC 00 – EC (R2): 2.10 Os valores preditivo e confir-


matório das informações financeiras estão inter-re-
lacionados. Informações que possuem valor preditivo
frequentemente possuem também valor confirmatório.
Por exemplo, informações sobre receitas para o ano
corrente, que podem ser utilizadas como base para pre-

106
“1. A Estrutura Conceitual para Elaboração e Divul-
FIQUE ATENTO! gação de Informação Contábil de Propósito Geral pe-
Preste bastante atenção nesse assunto: las Entidades do Setor Público (Estrutura Conceitual)
O princípio da Prudência era embasado estabelece os conceitos que devem ser aplicados no
pela Resolução nº750/93 que foi revoga- desenvolvimento das demais Normas Brasileiras de
da pela NBC TSP estrutura conceitual - em Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCs TSP)
04/10/2016 e, na revisão anterior do CP- do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) destina-
C00(R1) constava a seguinte redação: dos às entidades do setor público. Além disso, tais
conceitos são aplicáveis à elaboração e à divulgação
“A característica prudência (conservado-
formal dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral
rismo) foi também retirada da condição de
das Entidades do Setor Público (RCPGs).
aspecto da representação fidedigna por ser
2. O objetivo principal da maioria das entidades
inconsistente com a neutralidade. Subavalia-
do setor público é prestar serviços à sociedade,
ções de ativos e superavaliações de passivos em vez de obter lucros e gerar retorno financeiro aos
tem consequentes registros de desempe- investidores. Consequentemente, o desempenho de
nhos posteriores inflados, sendo são incom- tais entidades pode ser apenas parcialmente avalia-
patíveis com a informação que pretende ser do por meio da análise da situação patrimonial, do
neutra.” desempenho e dos fluxos de caixa. Os RCPGs forne-
cem informações aos seus usuários para subsidiar
E agora, a Prudência veio expressamente os processos decisórios e a prestação de contas e
prevista na última revisão – CPC00(R2), responsabilização (accountability). Portanto, os
afirmando que a neutralidade é apoiada usuários dos RCPGs das entidades do setor público
pelo exercício da prudência. precisam de informações para subsidiar as avaliações
Por isso, esse assunto possui grandíssimas de algumas questões, tais como:
chances de aparecer na sua prova, pois as (a) se a entidade prestou seus serviços à sociedade de
bancas amam uma alteração novinha como maneira eficiente e eficaz;
essa. (b) quais são os recursos atualmente disponíveis para
Desse modo, não faça a prova sem saber o gastos futuros, e até que ponto há restrições ou condi-
novo texto (itens 2.16 e 2.17 destacado aci- ções para a utilização desses recursos;
ma) do CPC 00(R2), pois é bem certo de apa- (c) a extensão na qual a carga tributária, que recai
recer na sua prova. sobre os contribuintes em períodos futuros para pagar
por serviços correntes, tem mudado; e
(d) se a capacidade da entidade para prestar serviços
melhorou ou piorou em comparação com exercícios
NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE - NBC anteriores.”
TSP
Portanto, perceba que devido à peculiaridade do Se-
ESTRUTURA CONCEITUAL PARA ELABORAÇÃO tor Público em prestar serviços à sociedade, ao invés de
E DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL DE obter lucros e gerar retorno financeiro aos investidores,
PROPÓSITO GERAL PELAS ENTIDADES DO SETOR foi necessário editar uma norma específica para cobrir
as particularidades do setor e subsidiar a prestação de
PÚBLICO, DE 23 DE SETEMBRO DE 2016
contas e responsabilização (accountability) das entidades
públicas.
Norma Brasileira de Contabilidade - NBC TSP Es-
trutura Conceitual
NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL X CPC 00
Vamos lá, agora falta pouco! O mais difícil, com cer- Estabelece conceitos que devem ser
teza, você já passou! Esse tópico é só a “cereja do bolo”.
aplicados no desenvolvimento das de-
Esse tema veio escondidinho nas últimas provas, mas
mais NBCs TSP.
você não vai deixá-lo passar despercebido, pois está en-
NBC TSP - EC Também vai orientar a elaboração e
tre os itens mais relevantes da matéria. Na verdade esse
assunto é estudado na Contabilidade Pública, mas não divulgação de Relatórios de Propósito
Geral das entidades do Setor Público
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

precisa temê-lo, pois a NBC TSP estrutura conceitual se-


gue os ditames legislativos e se assemelha, e muito ao (RCPGs)
CPC 00 Estrutura conceitual! A Estrutura Conceitual para Relatório
Mas afinal, o que é essa sigla – NBC TSP? Financeiro descreve o objetivo e os
conceitos do relatório financeiro para
Ela se refere às Normas Brasileiras de Contabili- CPC 00 - EC fins gerais.
dade Aplicadas ao Setor Público. Segundo o prefácio Isto é: Orienta a elaboração e divulga-
dessa norma: ção de Relatórios de Propósito Geral
das entidades em geral (RCPGs).

107
• Os requisitos obrigatórios relacionados ao reco- a prestação de contas e responsabilização (accoun-
nhecimento, mensuração e apresentação das tran- tability) e tomada de decisão.
sações e outros eventos e atividades evidenciados • São usuários primários dos RCPGs: Os cidadãos,
nos RCPGs são especificados nas demais NBCs TSP, pois recebem os serviços do governo e de outras
aplicando-se, subsidiariamente, os conceitos des- entidades do setor público e proveem parte dos
critos nesta NBC TSP - Estrutura Conceitual. recursos para esse fim.
• As NBCs TSP específicas devem prevalecer sobre • Usuários primários dos RCPGs do setor público:
a estrutura conceitual em caso de eventual con- Usuários dos serviços; Provedores de recursos; e
flito (soa familiar, não?). Pois é, a mesma ideia do membros do Poder Legislativo.
que estudamos láaaa no início, para a Contabilida- • A característica-chave da entidade do setor pú-
de Geral. Só fazer as devidas adaptações. blico que reporta a informação é a existência de
• A Estrutura Conceitual e as demais NBCs TSP apli- usuários de serviços ou provedores de recursos
cam-se, obrigatoriamente, às entidades do setor que são dependentes dos RCPGs para fins de pres-
público quanto à elaboração e divulgação dos tação de contas e responsabilização (accountabili-
RCPGs. ty) e tomada de decisão.
• Usuários primários dos RCPGs do setor público: A principal função dos governos e de outras entida-
- Usuários dos serviços;
des do setor público é a de fornecer serviços que apri-
- Provedores de recursos; e
morem ou mantenham o bem-estar dos cidadãos e dos
- Representantes dos dois (membros do Poder Le-
outros indivíduos.
gislativo).
Esses serviços incluem, por exemplo: programas e
políticas de bem-estar, educação pública, segurança na-
cional e defesa nacional. Na maioria dos casos, esses ser-
EXERCÍCIO COMENTADO viços são fornecidos como resultado de transação sem
contraprestação em ambiente não competitivo.
1. (CESPE-2020) Relativamente à natureza e ao propó-
sito dos ativos e passivos do setor público, julgue o item Tendo tudo isso em vista:
que se segue:
Para que uma entidade do setor público seja capaz de Natureza e propósito dos ativos e passivos no setor
acessar o potencial de serviços associado a um recurso, público:
é necessário que essa entidade obtenha direitos jurídicos
sobre ele. • No setor público, a principal razão de se manterem
ativos imobilizados e outros ativos é voltada para
( ) CERTO  ( ) ERRADO o potencial de serviços desses ativos e não para a
sua capacidade de gerar fluxos de caixa.
Resposta: Errado. • No setor público, a maioria dos ativos é mantida
Justificativa da banca: A entidade pode ser capaz de com o objetivo primordial de contribuir para o for-
acessar o potencial de serviços ou a capacidade de ge- necimento de serviços em vez da geração de retor-
rar benefícios econômicos associados ao recurso inde- no comercial, sendo que tais ativos são referidos
pendentemente da obtenção de direitos jurídicos. como ativos não geradores de caixa.
É basicamente o princípio da Essência sobre a forma,
tal qual vimos na Contabilidade Geral. Materialidade ou Informação Material:

Esta Estrutura Conceitual aplica-se, obrigatoriamen- • É específica para cada entidade;


te, às entidades do setor público quanto à elaboração • Depende da natureza e do montante analisado;
e divulgação dos RCPGs. Vamos destacar os principais • Não é possível especificar um limite quantitativo
pontos e definições desta norma: uniforme no qual determinada informação se tor-
na material;
• Estabelece conceitos que devem ser aplicados no
• É uma das Restrições acerca da informação incluída
desenvolvimento das demais NBCs TSP. E orienta a
nos RCPGs.
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

elaboração e divulgação de Relatórios de Propósi-


to Geral das entidades do Setor Público (RCPGs). • não é característica Qualitativa da Informação.
• O objetivo principal da maioria das entidades do • A informação é material se a sua omissão ou sua
setor público é prestar serviços à sociedade, em divulgação distorcida puder influenciar decisões.
vez de obter lucros e gerar retorno financeiro aos • A materialidade é um conceito baseado na nature-
investidores. za e na magnitude dos valores no contexto de uma
• Os objetivos da elaboração e divulgação da in- entidade em particular.
formação contábil estão relacionados ao forneci-
mento de informações sobre a entidade do setor Temos também outro assunto queridinho das bancas:
público que são úteis aos usuários dos RCPGs para Restrições das Informações!

108
São 3 Restrições acerca da informação incluída nos No setor público há diferentes bases de mensuração,
RCPGs, segundo a NBC TSP – EC: tanto para os ativos, quanto para os passivos. As bancas
costumam cobrar as semelhanças e diferenças entre es-
1. Materialidade (elencada acima); sas bases para os Ativos e Passivos. A tabela abaixo traz
2. Custo-benefício: avaliar se os benefícios de divul- uma relação das duas:
gar a informação provavelmente justificam os cus-
tos incorridos para fornecê-la e utilizá-la; Base de mensuração – Base de mensuração - passivo
3. Equilíbrio entre as características qualitativas: A ativo
importância relativa das características qualitativas
em cada situação é uma questão de julgamento Custo histórico Custo histórico
profissional. A meta é alcançar o equilíbrio apro- Mensuração a valor cor- Custo de cumprimento da
priado entre as características para satisfazer aos rente obrigação
objetivos da elaboração e da divulgação da infor- Valor de mercado Valor de mercado
mação contábil.
Custo de reposição ou Custo de liberação
substituição
• As características qualitativas da informação inclu-
ída nos RCPGs são a relevância, a representação Preço líquido de venda Preço presumido
fidedigna, a compreensibilidade, a tempestivida- Valor em uso
de, a comparabilidade e a verificabilidade. (RRF e
CCVT) Podemos inferir que os Ativos e Passivos do Setor Pú-
• Cada uma das características qualitativas é integra- blico possuem, como mesma base de mensuração, ape-
da e funciona em conjunto com as outras carac- nas o Custo histórico e o Valor de Mercado.
terísticas, de modo a fornecer informação útil nos
RCPGs para cumprir os objetivos da informação No Capítulo 8 da referida norma, ainda temos alguns
contábil. princípios aplicados à organização da informação. Veja-
mos:
CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS (CCVT) Princípios aplicáveis à organização da informação
Permite que os usuários enten-
dam seu significado. A organização da informação:
A compreensão é aprimorada
Compreensibilidade • dá suporte ao alcance dos objetivos da elaboração
quando a informação é classifi-
cada e apresentada de maneira e da divulgação da informação contábil; e
clara e sucinta. • auxilia a informação evidenciada a satisfazer as ca-
racterísticas qualitativas.
Possibilita aos usuários identi- • busca assegurar que as mensagens-chave sejam
ficar semelhanças e diferenças compreensíveis;
entre dois conjuntos de fenô- • identifica claramente as relações importantes;
menos. (é a única que requer • fornece o destaque apropriado à informação que
dois itens!) transmite mensagens-chave; e
Comparabilidade É diferente da Consistência, pois • facilita as comparações.
essa utiliza os mesmos métodos
para os mesmos itens. A com-
parabilidade é o objetivo, en- Vamos resolver duas questões que caíram em concur-
quanto que a consistência auxi- so para que seu entendimento seja excelente:
lia a atingi-lo.
1. Com base no disposto na Lei n.º 6.404/1976 e suas
Qualidade da informação que alterações e na Norma Brasileira de Contabilida-
ajuda a assegurar aos usuários de – NBC TSP Estrutura Conceitual/2016, julgue os
que a informação contida nos itens subsecutivos:
Verificabilidade RCPGs representa fielmente os - A lei das sociedades por ações aplica-se a todas
fenômenos econômicos ou de as companhias ou sociedades anônimas, inde-
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

outra natureza que se propõe a pendentemente de suas ações serem, ou não,


representar. comercializadas em bolsa de valores.
Significa ter informação dispo-
nível para os usuários antes que ( ) CERTO  ( ) ERRADO
ela perca a sua capacidade de
Ao analisarmos essa questão, notamos que ela está
Tempestividade ser útil para fins de prestação
certa. A Lei das Sociedades por Ações é a nossa Lei
de contas e responsabilização
6.404/76, e aplica-se à companhia ou sociedade anôni-
(accountability) e tomada de
ma que terá o capital dividido em ações, com a respon-
decisão.
sabilidade dos sócios ou acionistas limitada ao preço de

109
emissão das ações subscritas ou adquiridas.
Segundo o Art. 4º da referida lei, ela se aplica tanto Ao analisarmos esse item, notamos que ele está er-
às companhias abertas ou fechadas, isto é, independen- rado, pois a materialidade não é uma característica qua-
temente de suas ações serem negociadas em Bolsa de litativa fundamental, mas sim, uma restrição à Informa-
Valores. Vejamos o artigo 4º: ção, ou seja, é um aspecto da relevância. A informação
é material se a sua omissão ou sua divulgação distorcida
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta puder influenciar decisões.
ou fechada conforme os valores mobiliários de sua A materialidade é um conceito baseado na natureza
emissão estejam ou não admitidos à negociação no e na magnitude dos valores no contexto de uma entida-
mercado de valores mobiliários. de em particular. Não é somente porque a materialidade
§ 1o Somente os valores mobiliários de emissão não é característica qualitativa da informação fundamen-
de companhia registrada na Comissão de Valores tal.
Mobiliários podem ser negociados no mercado de Já a Relevância e a Representação Fidedigna são ca-
valores mobiliários. racterísticas qualitativas fundamentais (RRF).
Por outro lado, como a questão menciona a NBC TSP
• De acordo com a Norma Brasileira de Contabilida- - Estrutura Conceitual, para essa norma, não existe divi-
de, para que uma informação contábil seja capaz são entre características qualitativa fundamentais (RRF)
de fazer a diferença nas decisões, ela deve ter valor e de melhoria (CCVT). Mas, nada que atrapalhe a obje-
preditivo, confirmatório ou ambos. tividade da questão. Vejamos como consta na Estrutura:

( ) CERTO  ( ) ERRADO “3.2 As características qualitativas da informação in-


cluída nos RCPGs são a relevância, a representação
Ao analisarmos esse item, notamos que ele está certo. fidedigna, a compreensibilidade, a tempestividade, a
Veja que, nessa questão, não faria diferença se você não comparabilidade e a verificabilidade.
se lembrasse da NBC TSP Estrutura Conceitual, pois ela 3.3 As restrições inerentes à informação contida
reproduz, muito semelhantemente, o disposto no CPC nos RCPGs são a materialidade, o custo-benefício
00, já estudado inicialmente, e você acertaria essa ques- e o alcance do equilíbrio apropriado entre as
tão mesmo sem ter lido a estrutura conceitual do setor características qualitativas.”
público. Mas, vejamos a íntegra:
2. (CESPE-2020) Conforme o disposto na NBC TSP
NBC TSP Estrutura Conceitual/2016: Relevância — estrutura conceitual, julgue o item a seguir acer-
“3.6 As informações financeiras e não financeiras são ca das restrições da informação a ser incluída nos
relevantes caso sejam capazes de influenciar signifi- relatórios contábeis de propósito geral das entida-
cativamente o cumprimento dos objetivos da elabora- des do setor público (RCPG).
ção e da divulgação da informação contábil. As infor- - É material a informação cujo valor seja superior a
mações financeiras e não financeiras são capazes de 10% do grupo contábil do qual essa informação
exercer essa influência quando têm valor confirmató- faça parte.
rio, preditivo ou ambos. A informação pode ser capaz
de influenciar e, desse modo, ser relevante, mesmo se ( ) CERTO  ( ) ERRADO
alguns usuários decidirem não considerá-la ou já esti-
verem cientes dela. Ao analisarmos esse item, vemos que está errado. A
NBC TSP — estrutura conceitual não estabelece um limi-
CPC 00 Relevância te percentual ou valor do qual uma informação possa ser
2.6 Informações financeiras relevantes são capazes de considerada, ou não, material. Pelo contrário, de acordo
fazer diferença nas decisões tomadas pelos usuários. com o item 3.32 da norma, é material a informação cuja
Informações podem ser capazes de fazer diferença em omissão ou distorção puder influenciar o cumprimento
uma decisão ainda que alguns usuários optem por do dever de prestação de contas e responsabilização, ou
não tirar vantagem delas ou já tenham conhecimento decisão dos usuários.
delas a partir de outras fontes. Ou seja, para uma entidade cujo Patrimônio é Avalia-
2.7 Informações financeiras são capazes de fazer dife- do em R$1.000.000 (um milhão de reais), R$100.000 (cem
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

rença em decisões se tiverem valor preditivo ou valor mil reais) = 10% de R$ 1 milhão, pode não ser conside-
confirmatório, ou ambos.” rado material, segundo julgamento profissional de um
auditor. Mas, pode ser material, por exemplo, pequenas
• Relevância, materialidade e fidedignidade são as distorções de 20.000 reais espalhadas pelas contas como
características qualitativas fundamentais da infor- um todo, o que corresponderia a 2% de R$1 milhão, no
mação contábil útil. caso hipotético.
Resumindo:
( ) CERTO  ( ) ERRADO

110
A Materialidade: 2. (FGV – 2018) O Balanço Patrimonial é a demonstração
contábil que evidencia, qualitativa e quantitativamente,
• É específica para cada entidade; a situação patrimonial da entidade pública por meio de
• Depende da natureza e do montante analisado; contas representativas do patrimônio público.
De acordo com as disposições do Manual de Contabili-
• Não é possível especificar um limite quantitativo
dade Aplicada ao Setor Público (MCASP) para elaboração
uniforme no qual determinada informação se tor-
do Balanço Patrimonial:
na material;
a) ativos e passivos devem ser segregados em financeiro
• É uma das Restrições acerca da informação incluí- e permanente;
da nos RCPGs. b) aos municípios com menos de 50 mil habitantes é fa-
• não é característica Qualitativa da Informação. cultado apresentar exercício anterior para fins compa-
rativos;
Vejamos o trecho da norma: c) a apuração do superávit ou déficit financeiro é apre-
sentada em quadro auxiliar;
“Materialidade d) a apresentação de notas explicativas é obrigatória
3.32 A informação é material se a sua omissão ou apenas para saldos apurados por estimativa;
distorção puder influenciar o cumprimento do dever e) o ente pode optar por apresentar o modelo analítico
de prestação de contas e responsabilização (accoun- ou sintético do balanço.
tability), ou as decisões que os usuários tomam com
base nos RCPGs elaborados para aquele exercício. A 3. (FGV – 2018) O Balanço Patrimonial evidencia quali-
materialidade depende tanto da natureza quanto do tativa e quantitativamente a situação patrimonial da en-
montante do item analisado dentro das particulari- tidade pública.
dades de cada entidade. Os RCPGs podem englobar Sobre Balanço Patrimonial, assinale a afirmativa correta.
informação qualitativa e quantitativa acerca do cum-
primento da prestação de serviços durante o período a) O Balanço Patrimonial é estruturado em ativo, passivo,
de referência e das expectativas sobre a prestação de patrimônio líquido e contas de compensação.
serviço e o desempenho no futuro. Consequentemen- b) Os ativos são classificados como circulante quando
te, não é possível especificar um limite quantitativo estão disponíveis para realização imediata ou quando
uniforme no qual determinada informação se torna têm expectativa de realização em até doze meses da
material.” data da transação.
c) No Patrimônio Líquido deve ser evidenciado o resul-
Vou ficando por aqui, futuro(a) concursado(a). Espero tado do período junto aos resultados acumulados de
ter ajudado você a entender um pouco dessa importan- períodos anteriores.
te matéria do seu concurso e estou na torcida para que d) As contas de compensação compreendem atos que
você arrase no dia da prova! Bons estudos e Boa prova! não afetam o patrimônio.
e) As contas do ativo devem ser dispostas em ordem de-
crescente de grau de conversibilidade e, as contas do
HORA DE PRATICAR! passivo, em ordem decrescente de grau de exigibilida-
de.
1. (FGV – 2018) Para garantir a integridade dos procedi-
4. (FGV – 2018) Ao analisar diversos Balanços Patrimo-
mentos contábeis, o PCASP dispõe sobre algumas regras
niais de empresas, um analista percebe que tanto o lado
de integridade.
esquerdo como o lado direito desse tipo de relatório
Com relação a lançamentos contábeis, é correto afirmar
contábil sempre
que:
apresentam o mesmo total em unidades monetárias.
Uma maneira de entender essa constatação é que tanto
a) os de natureza patrimonial apenas debitam e creditam
as aplicações como as origens de recursos da empresa
contas das classes 1, 2, 3 e 4;
são sempre retratadas, respectivamente, como:
b) os de natureza de controle apenas debitam e creditam
contas das classes 5 e 6;
a) “Ativo” e “Passivo + Patrimônio Líquido”;
c) os de natureza patrimonial apenas debitam e creditam
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

b) “Passivo + Patrimônio Líquido” e “Ativo”;


contas das classes 1 e 2;
c) “Patrimônio Líquido” e “Ativo”;
d) os de natureza orçamentária apenas debitam e credi-
d) “Patrimônio Líquido” e “Passivo”;
tam contas das classes 7 e 8;
e) “Passivo” e “Patrimônio Líquido”.
e) os de natureza orçamentária apenas debitam e credi-
tam contas das classes 1, 2, 3 e 4.

111
5. (FGV – 2018) Em relação ao campo de aplicação da c) Custos de Transação na Demonstração dos Resultados
contabilidade, assinale a afirmativa correta. do Exercício.
d) Reserva de Lucros no Balanço Patrimonial.
a) A contabilidade financeira tem como função gerar in- e) Redutor do patrimônio líquido no Balanço Patrimonial.
formações que permitam o planejamento das ações
no ambiente operacional. 9. (FGV – 2018) Uma entidade brasileira de capital fe-
b) A contabilidade financeira inclui fatores como consi- chado, especializada em pesquisas, atinge resultados
derações políticas e ambientais. positivos apenas em anos de eleição para presidente,
c) A contabilidade gerencial abrange as informações a portanto, de quatro em quatro anos.
serem fornecidas aos gestores da entidade. Em 2018, a direção da entidade deseja separar uma parte
d) A contabilidade tributária fornece informações que re- de seu lucro para compensar as perdas nos exercícios
latam a essência econômica das transações. seguintes e propõe à assembleia a não distribuição de
e) A contabilidade tributária busca orientar investidores dividendos sobre os resultados de 2018.
e credores ao decidirem onde alocar seus recursos. Assinale a opção que indica o procedimento contábil
proposto para a assembleia.
6. (FGV – 2018) Em relação ao patrimônio líquido de
uma entidade, o valor que deve compor o saldo da conta a) Constituição de reserva de capital.
de Capital Social é o capital b) Constituição de reserva para contingências.
c) Constituição de provisão para contingências.
a) subscrito. d) Constituição de passivo contingente.
b) líquido. e) Constituição de ativo contingente.
c) realizado.
d) acumulado. 10. (FGV – 2018) As reservas de capital são constituídas
e) autorizado. de valores recebidos por uma companhia e que não tran-
sitam pelo resultado como receitas.
7. (FGV – 2018) No ano de 2016, a Cia. ABC abriu seu As reservas de capital podem ter as utilizações a seguir, à
capital por meio da emissão de títulos patrimoniais. Os exceção de uma. Assinale-a.
custos de transação, diretamente atribuíveis à emissão,
foram de R$ 10.000. a) Incorporação ao capital.
Assinale a opção que indica onde foram reconhecidos b) Resgate de partes beneficiárias.
os custos de transação nas Demonstrações Contábeis, de c) Resgate, reembolso ou compra de ações.
31/12/2016, da Cia. ABC. d) Absorção de prejuízo, quando esses forem inferiores a
reservas de lucros.
a) Na Demonstração do Resultado do Exercício como e) Pagamento de dividendo cumulativo a ações prefe-
Outras Despesas Operacionais. renciais, com prioridade no seu recebimento, quando
b) Na Demonstração do Resultado do Exercício como a vantagem for assegurada no estatuto social.
Despesa Financeira.
c) No Balanço Patrimonial como Despesa Antecipada.
d) No Balanço Patrimonial como Reserva de Capital.
e) no Balanço Patrimonial, como redutor do Patrimônio
Líquido, na conta Custo com a emissão de Ações.

8. (FGV – 2018) Uma entidade abriu o seu capital em


2017, por meio da emissão de títulos patrimoniais. A
abertura foi autorizada pela Comissão de Valores Mobi-
liários (CVM).
No processo, a entidade incorreu em custos de transação
diretamente atribuíveis à emissão, no valor de R$100.000.
A emissão foi bem sucedida.
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 08 (R1) -
NOÇÕES DE CONTABILIDADE

Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e


Valores Mobiliários, assinale a opção que indica a correta
classificação dos custos de transação nas demonstrações
contábeis da entidade.

a) Outras Despesas Operacionais na Demonstração do


Resultado do Exercício.
b) Despesa Financeira na Demonstração do Resultado do
Exercício.

112
____________________________________________________________
GABARITO ____________________________________________________________

____________________________________________________________
1 A
2 C ____________________________________________________________
3 E
4 A ____________________________________________________________
5 C
____________________________________________________________
6 C
7 E ____________________________________________________________
8 E
9 B ____________________________________________________________
10 D
____________________________________________________________

____________________________________________________________

ANOTAÇÕES ____________________________________________________________

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NOÇÕES DE CONTABILIDADE

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113
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE CONTABILIDADE

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114
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares de
NOÇÕES DE DIREITO internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
CONSTITUCIONAL crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al-
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ternativa, fixada em lei;

Liberdade de expressão e proibição de censura:


DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
Direito à vida, direito à liberdade, direito à igual-
tica, científica e de comunicação, independentemente
dade, direito à segurança e direito à propriedade
de censura ou licença;
Os direitos e deveres individuais e coletivos encon-
Proteção à imagem, honra e intimidade da pes-
tram-se elencados no art. 5º da Constituição.
soa humana:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à seguran- indenização pelo dano material ou moral decorrente
ça e à propriedade, nos termos seguintes: de sua violação;

Princípio da igualdade entre homens e mulheres: Proteção do domicílio do indivíduo:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
ções, nos termos desta Constituição; nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
Princípio da legalidade e liberdade de ação: para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi-
nação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei; Proteção do sigilo das comunicações:

Vedação de práticas de tortura física e moral, tra- XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
tamento desumano e degradante: municações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata- nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
mento desumano ou degradante; fins de investigação criminal ou instrução processual
penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
Liberdade de manifestação do pensamento e ve-
dação do anonimato, visando coibir abusos e não Liberdade de profissão:
responsabilização pela veiculação de ideias e práti-
cas prejudiciais: XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve- a lei estabelecer;
dado o anonimato;
Acesso à informação:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Direito de resposta e indenização:


XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
ao agravo, além da indenização por dano material, exercício profissional;
moral ou à imagem;
Liberdade de locomoção, direito de ir e vir:
Liberdade religiosa e de consciência:
XV - é livre a locomoção no território nacional em
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de cren- tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
ça, sendo assegurado o livre exercício dos cultos re- da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
ligiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos bens;
locais de culto e a suas liturgias;

115
Direito de reunião: b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô-
mico das obras que criarem ou de que participarem
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar- aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
mas, em locais abertos ao público, independente- sentações sindicais e associativas;
mente de autorização, desde que não frustrem outra XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus-
reunião anteriormente convocada para o mesmo lo- triais privilégio temporário para sua utilização, bem
cal, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade como proteção às criações industriais, à propriedade
competente; das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
Liberdade de associação: volvimento tecnológico e econômico do País;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci- Direito de herança:


tos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, XXX - é garantido o direito de herança;
a de cooperativas independem de autorização, sendo XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; País será regulada pela lei brasileira em benefício do
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
em julgado; Direito do consumidor:
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou
a permanecer associado; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
XXI - as entidades associativas, quando expressamen- do consumidor;
te autorizadas, têm legitimidade para representar
seus filiados judicial ou extrajudicialmente; Direito de informação, petição e obtenção de cer-
tidão junto aos órgãos públicos:
Direito de propriedade e sua função social:
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos pú-
XXII - é garantido o direito de propriedade; blicos informações de seu interesse particular, ou de
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalva-
Intervenção do Estado na propriedade: das aquelas cujo sigilo seja imprescindível à seguran-
ça da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa- nº 12.527, de 2011).
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
por interesse social, mediante justa e prévia indeniza- do pagamento de taxas:
ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
Constituição; de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida- b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
de competente poderá usar de propriedade particular, para defesa de direitos e esclarecimento de situações
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se de interesse pessoal;
houver dano;
Princípio da proteção judiciária ou da inafastabi-
Pequena propriedade rural: lidade do controle jurisdicional:

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Ju-
em lei, desde que trabalhada pela família, não será diciário lesão ou ameaça a direito;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

objeto de penhora para pagamento de débitos decor-


rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre Segurança jurídica:
os meios de financiar o seu desenvolvimento;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
Direitos autorais: jurídico perfeito e a coisa julgada;

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de Direito adquirido é aquele incorporado ao patri-
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, mônio jurídico de seu titular, cujo começo do exercício
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; tenha termo pré-fixado ou condição pré-estabelecida
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: inalterável, a arbítrio de outrem, nos termos do § 2º,
a) a proteção às participações individuais em obras do art. 6º, da Lei de Introdução às normas do Direito
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, Brasileiro.
inclusive nas atividades desportivas;

116
Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consu-
Crimes inafiançáveis e
mado e definitivamente exercido, sem quaisquer vícios Crimes inafiançáveis e
insuscetíveis de graça e
ou nulidades, segundo a lei vigente ao tempo em que imprescritíveis
anistia
se efetuou.
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, Racismo Prática de Tortura
cuja sentença proferida transitou em julgado e não cabe Tráfico de drogas e
mais recurso, não podendo, portanto, ser modificada. Ação de grupos armados
entorpecentes
contra a ordem cons-
Tribunal de exceção: titucional e o Estado Terrorismo
Democrático.
Crimes hediondos
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado
Princípio da intranscendência da pena:
exclusivamente para o julgamento de um fato específico
já acontecido, onde os julgadores são escolhidos arbi-
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condena-
trariamente. A Constituição veda tal prática, pois todos
do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre-
os casos devem se submeter a julgamento dos juízos
tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
e tribunais já existentes, conforme suas competências
estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
pré-fixadas.
até o limite do valor do patrimônio transferido;
Tribunal do Júri:
Individualização da pena:
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado-
organização que lhe der a lei, assegurados:
tará, entre outras, as seguintes:
a) a plenitude de defesa;
a) privação ou restrição da liberdade;
b) o sigilo das votações;
b) perda de bens;
c) a soberania dos veredictos;
c) multa;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolo-
d) prestação social alternativa;
sos contra a vida;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Princípio da legalidade, da anterioridade e da re-
Proibição de penas:
troatividade da lei penal:
XLVII - não haverá penas:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
nem pena sem prévia cominação legal;
termos do art. 84, XIX;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
b) de caráter perpétuo;
o réu;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
Princípio da não discriminação:
e) cruéis.
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
Estabelecimentos para cumprimento de pena:
dos direitos e liberdades fundamentais;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetí-
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade
veis de graça e anistia:
e o sexo do apenado;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável
Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos:
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

da lei;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida-
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insus-
de física e moral;
cetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terro-
Direito de permanência e amamentação dos fi-
rismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
lhos pela presidiária mulher:
respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
L - às presidiárias serão asseguradas condições para
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
que possam permanecer com seus filhos durante o pe-
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
ríodo de amamentação;
ordem constitucional e o Estado Democrático.

117
Extradição: Comunicabilidade da prisão:

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu- LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
da naturalização, ou de comprovado envolvimento competente e à família do preso ou à pessoa por ele
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na indicada;
forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por Informação ao preso:
crime político ou de opinião;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
Direito ao julgamento pela autoridade
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada
competente:
a assistência da família e de advogado;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado se-
não pela autoridade competente; Identificação dos responsáveis pela prisão:

Devido Processo Legal: LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon-
sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal; Relaxamento da prisão ilegal:

Contraditório e a ampla defesa: LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada


pela autoridade judiciária;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis-
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o Garantia da liberdade provisória:
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
Provas ilícitas:
sem fiança;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
por meios ilícitos; Prisão civil:

Presunção de inocência: LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e ines-
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsi- cusável de obrigação alimentícia e a do depositário
to em julgado de sentença penal condenatória; infiel;

Identificação criminal: Habeas corpus:

LVIII - o civilmente identificado não será submetido LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
em lei; (Regulamento). ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
lidade ou abuso de poder;
Ação Privada Subsidiária da Pública:
Mandado de Segurança:
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
pública, se esta não for intentada no prazo legal;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por
A publicidade dos atos processuais e o segredo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de Justiça: habeas corpus ou habeas data, quando o responsá-


vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte- atribuições do Poder Público;
resse social o exigirem; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
petrado por:
Legalidade da prisão: a) partido político com representação no Congresso
Nacional;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito b) organização sindical, entidade de classe ou asso-
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade ciação legalmente constituída e em funcionamento há
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
militar ou crime propriamente militar, definidos em membros ou associados;
lei;

118
Mandado de Injunção: Aplicabilidade das normas de direitos e garantias
fundamentais
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
que a falta de norma regulamentadora torne inviável § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e fundamentais têm aplicação imediata.
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera- Assim, todas as normas relativas aos direitos e garan-
nia e à cidadania; tias fundamentais são autoaplicáveis.

Habeas data: Rol é exemplificativo

LXXII - conceder-se-á habeas data: § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui-


a) para assegurar o conhecimento de informações re- ção não excluem outros decorrentes do regime e dos
lativas à pessoa do impetrante, constantes de regis- princípios por ela adotados, ou dos tratados interna-
tros ou bancos de dados de entidades governamentais cionais em que a República Federativa do Brasil seja
ou de caráter público; parte.
b) para a retificação de dados, quando não se prefira
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é
taxativo, mas sim exemplificativo. Os direitos e garan-
Ação Popular: tias ali expressos não excluem outros de caráter cons-
titucional, decorrentes de princípios constitucionais,
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para pro- do regime democrático, ou de tratados internacionais.
por ação popular que vise a anular ato lesivo ao patri-
mônio público ou de entidade de que o Estado parti- Tratados e Convenções Internacionais de Direitos
cipe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente Humanos
e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di-
do ônus da sucumbência; reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin-
Assistência Judiciária: tos dos votos dos respectivos membros, serão equi-
valentes às emendas constitucionais. (Incluído pela
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica inte- Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprova-
gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de dos na forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008,
recursos; DEC 6.949, de 2009, DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de
2018).
Indenização por erro judiciário:
Sanando discussões sobre a hierarquia desses dispo-
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju- sitivos, com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as
diciário, assim como o que ficar preso além do tempo normas de tratados internacionais sobre direitos huma-
fixado na sentença; nos passam a ser reconhecidas como normas de hierar-
quia constitucional, porém, somente se aprovadas pelas
Gratuidade de serviços públicos: duas casas do Congresso por 3/5 de seus membros em
dois turnos de votação.
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
bres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal
a) o registro civil de nascimento; Internacional
b) a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao Internacional a cuja criação tenha manifestado ade-
exercício da cidadania (Regulamento). são. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004).
Princípio da Celeridade Processual:
O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, Tribunal Penal Internacional, também conhecido por
são assegurados a razoável duração do processo e os Corte ou Tribunal de Haia, instituído pelo Estatuto de
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Roma e ratificado em 20 de junho de 2002 pelo Brasil.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). A Emenda Constitucional n° 45/2004, deu a esta adesão
força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e pu-
nir autores de crimes contra a humanidade.

119
Direitos Sociais Piso salarial:

Os chamados direitos sociais são aqueles que visam V - piso salarial proporcional à extensão e à comple-
garantir qualidade de vida ou pelo menos, a melhoria xidade do trabalho;
de suas condições através do bem-estar social e o ple-
no desenvolvimento da personalidade. São meios de se Irredutibilidadade do salário:
atender ao princípio basilar da dignidade humana.
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a convenção ou acordo coletivo;
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à Proteção aos que percebem remuneração
maternidade e à infância, a assistência aos desam- variável:
parados, na forma desta Constituição (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
para os que percebem remuneração variável;
Do direito ao trabalho

Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
duas ordens:
VIII - décimo terceiro salário com base na remunera-
• Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF; ção integral ou no valor da aposentadoria;
• Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos
arts. 9º a 11, CF. Remuneração superior por trabalho noturno:

Os direitos individuais dos trabalhadores são IX - remuneração do trabalho noturno superior à do


aqueles destinados a proteger a relação de trabalho diurno;
contra uma profunda desigualdade, que resultaria da
não-observância de preceitos mínimos destinados a Proteção do salário contra retenção dolosa:
compatibilizar a função laboral com a dignidade e o
bem-estar do trabalhador, este, parte hipossuficiente da X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
relação trabalhista. crime sua retenção dolosa;

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e ru- Participação nos lucros:
rais, além de outros que visem à melhoria de sua con-
dição social: XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu-
lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa-
Proteção contra despedida arbitrária ou sem jus- ção na gestão da empresa, conforme definido em lei;
ta causa:
Salário-família:
I - relação de emprego protegida contra despedida
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com- XII - salário-família pago em razão do dependente do
plementar, que preverá indenização compensatória,
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Reda-
dentre outros direitos;
ção dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
Seguro-Desemprego:
Jornada de Trabalho:
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
involuntário; XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS): a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
III - fundo de garantia do tempo de serviço; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).

Salário mínimo: Jornada especial para turnos ininterruptos de


revezamento:
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente uni-
ficado, capaz de atender a suas necessidades vitais XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego-
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte ciação coletiva;
e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin-
culação para qualquer fim;

120
Repouso (ou descanso) semanal remunerado Reconhecimento das convenções e acordos cole-
(DSR): tivos de trabalho:

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmen- XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co-
te aos domingos; letivos de trabalho;

Pagamentos de horas extras: Proteção em face da automação:

XVI - remuneração do serviço extraordinário supe- XXVII - proteção em face da automação, na forma
rior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; da lei;
(Vide Del 5.452, art. 59 § 1º).
Seguro contra acidentes de trabalho:
Férias remuneradas:
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo do empregador, sem excluir a indenização a que este
menos, um terço a mais do que o salário normal; está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

Licença à gestante: Ação trabalhista nos prazos prescricionais:

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das re-
do salário, com a duração de cento e vinte dias; lações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
Licença-paternidade: limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; nº 28, de 2000).

Proteção da mulher no mercado de trabalho: Não discriminação:

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me- XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
diante incentivos específicos, nos termos da lei; de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil;
Aviso Prévio: XXXI - proibição de qualquer discriminação no to-
cante a salário e critérios de admissão do trabalhador
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, portador de deficiência;
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Proibição de distinção do trabalho:
Redução dos riscos do trabalho:
XXXII - proibição de distinção entre trabalho ma-
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por nual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
meio de normas de saúde, higiene e segurança; respectivos;

Adicional por atividades penosas, insalubres ou Trabalho do menor:


perigosas:
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
XXIII - adicional de remuneração para as atividades insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Aposentadoria: pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).

XXIV - aposentadoria; De 14 a 16 Só pode trabalhar na condição de


anos aprendiz.
Assistência aos filhos pequenos:
De 16 a 18 É vedado o exercício de trabalho
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes anos noturno, perigoso ou insalubre.
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda A partir de 18
Constitucional nº 53, de 2006). Trabalho normal.
anos

121
Igualdade ao trabalhador avulso: O Mandado de Segurança (MS) é um remédio cons-
titucional que visa proteger direito líquido e certo, não
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador amparado por habeas corpus (locomoção) nem habeas
com vínculo empregatício permanente e o trabalha- data (informação). O MS vai contra ilegalidades/abuso de
dor avulso poder cometidos por autoridade pública ou agente no
exercício de atribuições do Poder Público.
Empregados domésticos:

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra- #FicaDica


balhadores domésticos os direitos previstos nos inci-
O MS é ação autônoma de impugnação de
sos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
natureza cível, com status constitucional.
XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas
as condições estabelecidas em lei e observada a sim-
plificação do cumprimento das obrigações tributárias,
principais e acessórias, decorrentes da relação de tra- O prazo para o ajuizamento do MS é decadencial de
balho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, 120 dias, contados da ciência do ato pelo interessado. O
II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integra- pedido de mandado de segurança poderá ser renovado
ção à previdência social (Redação dada pela Emenda dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória
Constitucional nº 72, de 2013). não lhe houver apreciado o mérito. 

Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são Art. 1o  Conceder-se-á mandado de segurança para
aqueles exercidos pelos trabalhadores, coletivamente proteger direito líquido e certo, não amparado por ha-
ou no interesse de uma coletividade” (LENZA, 2019, p. beas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente
2038) e compreendem: ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurí-
Liberdade de Associação Profissional Sindical: dica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
prerrogativa dos trabalhadores para defesa de seus in- por parte de autoridade, seja de que categoria for e
teresses profissionais e econômicos. sejam quais forem as funções que exerça. 
Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e si- § 1o  Equiparam-se às autoridades, para os efeitos des-
multânea do trabalho, de modo organizado para defesa ta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos
de interesses dos trabalhadores. Importante mencionar e os administradores de entidades autárquicas, bem
que serviços considerados essenciais e inadiáveis à so- como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas
ciedade não podem ser paralisados totalmente para o naturais no exercício de atribuições do poder público,
exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017) en- somente no que disser respeito a essas atribuições. 
tende que servidores que atuam diretamente na área de § 2o  Não cabe mandado de segurança contra os atos
segurança pública não podem entrar em greve em ne- de gestão comercial praticados pelos administradores
nhuma hipótese, por desempenharem atividade essen- de empresas públicas, de sociedade de economia mis-
cial à manutenção da ordem pública, e a manutenção da ta e de concessionárias de serviço público. 
segurança e da paz social deve estar acima dos interes- § 3o  Quando o direito ameaçado ou violado couber
ses de determinadas categorias de servidores públicos. a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o
Direito de Participação Laboral: assegura a partici- mandado de segurança. 
pação dos trabalhadores e empregadores nos colegia- Art. 2o  Considerar-se-á federal a autoridade coato-
dos dos órgãos públicos em que interesses profissionais ra se as consequências de ordem patrimonial do ato
ou previdenciários sejam objeto de discussão. contra o qual se requer o mandado houverem de ser
Direito de Representação na Empresa: Nos termos suportadas pela União ou entidade por ela controlada. 
do art. 11, CF: nas empresas de mais de duzentos em-
pregados, é assegurada a eleição de um representante Não cabe MS
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o
entendimento direto com os empregadores. • ato do qual caiba recurso administrativo com efei-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

to suspensivo, independentemente de caução; 


Mandado De Segurança • de decisão judicial da qual caiba recurso com efei-
to suspensivo; 
A Lei nº 12.016/09 regulamenta o Mandado de Segu- • de decisão judicial transitada em julgado.
rança, disposto no art. 5º da CF:
Não cabe liminar
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por ha- • que tenha por objeto a compensação de créditos
beas corpus  ou  habeas data  , quando o responsável tributários, a entrega de mercadorias e bens pro-
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade venientes do exterior, a reclassificação ou equipa-
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de ração de servidores públicos e a concessão de au-
atribuições do Poder Público; mento ou a extensão de vantagens ou pagamento
de qualquer natureza.

122
Art. 8o  Será decretada a perempção ou caducidade • Legitimidade Ativa: Partido político com represen-
da medida liminar  ex officio  ou a requerimento do tação no Congresso Nacional e Organização Sindi-
Ministério Público quando, concedida a medida, o cal, entidade de classe ou associação legalmente
impetrante criar obstáculo ao normal andamento do constituída e em funcionamento há pelo menos 1
processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem.  associados (não precisa de autorização).
Art. 9o  As autoridades administrativas, no prazo de • Pela literalidade da lei não cabe na defesa dos inte-
48 (quarenta e oito) horas da notificação da medida resses difusos.
liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se • Se a ordem for concedida faz coisa julgada, se for
acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União denegada por insuficiência de provas não haverá
ou a quem tiver a representação judicial da União, do coisa julgada material.
Estado, do Município ou da entidade apontada como
coatora cópia autenticada do mandado notificatório,
assim como indicações e elementos outros necessá- EXERCÍCIO COMENTADO
rios às providências a serem tomadas para a eventual
suspensão da medida e defesa do ato apontado como 1. (IADES – 2016) Com base nos direitos e nos deve-
ilegal ou abusivo de poder.  res coletivos previstos na Constituição Federal, quando o
Art. 15.  Quando, a requerimento de pessoa jurídica responsável por ilegalidade ou abuso de poder for auto-
de direito público interessada ou do Ministério Público ridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segu- de atribuições do poder público, a solução correta de
rança e à economia públicas, o presidente do tribunal ajuizamento será a (o)
ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso
suspender, em decisão fundamentada, a execução da a) arguição de descumprimento de preceito fundamental.
liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, b) mandado de injunção.
sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que c) mandado de segurança.
será levado a julgamento na sessão seguinte à sua d) ação direta de inconstitucionalidade.
interposição.  e) ação direta de constitucionalidade.
§ 1o  Indeferido o pedido de suspensão ou provido o
agravo a que se refere o  caput  deste artigo, caberá Resposta: Letra C.
novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal Pois o Mandado de Segurança serve para proteger
competente para conhecer de eventual recurso espe- direito líquido e certo, não amparado por habeas cor-
cial ou extraordinário.  pus ou habeas data, quando o responsável pela ilega-
§ 2o  É cabível também o pedido de suspensão a que se lidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
refere o § 1o deste artigo, quando negado provimento agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
a agravo de instrumento interposto contra a liminar a do Poder Público.
que se refere este artigo. 
§ 3o  A interposição de agravo de instrumento contra Mandado de Injunção
liminar concedida nas ações movidas contra o poder
público e seus agentes não prejudica nem condiciona A Lei nº 13.300/16 disciplina o Mandado de Injunção,
o julgamento do pedido de suspensão a que se refere que vem disposto no art. 5º da CF:
este artigo. 
§ 4o  O presidente do tribunal poderá conferir ao pedi- LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
do efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo pré- que a falta de norma regulamentadora torne inviável
vio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
na concessão da medida.  das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera-
§ 5o  As liminares cujo objeto seja idêntico poderão nia e à cidadania;
ser suspensas em uma única decisão, podendo o pre-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

sidente do tribunal estender os efeitos da suspensão No mesmo sentido vem disposto na lei:
a liminares supervenientes, mediante simples adita-
mento do pedido original.  Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre
que a falta total ou parcial de norma regulamentado-
Quanto ao efeito da sentença a lei determina que: ra torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacio-
Art. 19.  A sentença ou o acórdão que denegar man- nalidade, à soberania e à cidadania.
dado de segurança, sem decidir o mérito, não impedi- Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamen-
rá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus tação quando forem insuficientes as normas editadas
direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. pelo órgão legislador competente.

Sobre o Mandado de Segurança Coletivo é importan-


te saber:

123
Algumas normas da Constituição Federal pos- § 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de
suem eficácia limitada, isto é, precisam de regulamen- prova não impede a renovação da impetração funda-
tação infraconstitucional. Caso o indivíduo não consiga da em outros elementos probatórios.
exercer um direito em razão desta ausência ou insufi-
ciência legislativa é viável o ajuizamento deste remédio Sobre o mandado de injunção coletivo é importante
constitucional. memorizar que:
Quanto a legitimidade a lei estabelece que:
• Possui Legitimidade Ativa o Ministério Público, a
Art. 3º São legitimados para o mandado de injunção, Defensoria Pública, partido político com represen-
como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas tação no Congresso Nacional, Organização Sindi-
que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades cal, entidade de classe ou associação legalmente
ou das prerrogativas referidos no art. 2º e, como im- constituída e em funcionamento há pelo menos 1
petrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribui- ano.
ção para editar a norma regulamentadora. • Tutela direitos/liberdades/prerrogativas que per-
Art. 5º Recebida a petição inicial, será ordenada: tençam indistintamente a uma coletividade inde-
I - a notificação do impetrado sobre o conteúdo da terminada de pessoas ou determinada por grupo/
petição inicial, devendo-lhe ser enviada a segunda via classe/categoria.
apresentada com as cópias dos documentos, a fim de • Se a ordem for concedida fará coisa julgada, limita-
que, no prazo de 10 (dez) dias, preste informações; da às pessoas substituídas pelo impetrante; se for
II - a ciência do ajuizamento da ação ao órgão de re- denegada por insuficiência de provas, não haverá
presentação judicial da pessoa jurídica interessada, coisa julgada material.
devendo-lhe ser enviada cópia da petição inicial, para
que, querendo, ingresse no feito.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
A lei determina que o Ministério Público opine em 10
dias, de maneira que com ou sem o seu parecer, os autos 1. (IADES – 2018) Acerca do mandado de injunção, assi-
serão conclusos para a decisão judicial. nale a alternativa correta.
Atualmente o mandado de injunção segue a teoria
concretista individual intermediária, uma vez que, o juiz a) o mandado de injunção coletivo não induz litispen-
oferece a oportunidade à esfera competente de redigir a dência em relação aos individuais, mas os efeitos da
norma, mas caso esta não o faça, o próprio juiz oportu- coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não
niza o direito. requerer a desistência da demanda individual no pra-
zo de 30 dias a contar da ciência comprovada da im-
Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será petração coletiva.
deferida a injunção para: b) a decisão proferida em sede de mandado de injunção
I - determinar prazo razoável para que o impetrado terá apenas eficácia subjetiva limitada às partes (inter
promova a edição da norma regulamentadora; partes), produzindo efeitos até o advento da norma
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício regulamentadora.
dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas recla- c) o indeferimento do pedido por insuficiência de prova
mados ou, se for o caso, as condições em que poderá o impede a renovação da impetração de mandado de
interessado promover ação própria visando a exercê- injunção fundada em outros elementos probatórios.
-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo d) o mandado de injunção coletivo poderá ser promovi-
determinado. do por qualquer cidadão.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a e) o mandado de injunção só terá lugar quando se tratar
que se refere o inciso I do caput quando comprovado de falta total de norma regulamentadora, que torne
que o impetrado deixou de atender, em mandado de inviável o exercício dos direitos e das liberdades cons-
injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição titucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalida-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

da norma. de, à soberania e à cidadania.


Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às
partes e produzirá efeitos até o advento da norma Resposta: Letra A.
regulamentadora. Nos termos da Lei 13.300/16, o mandado de injun-
§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga ção coletivo não induz litispendência em relação aos
omnes  à decisão, quando isso for inerente ou indis- individuais, mas os efeitos da coisa julgada não bene-
pensável ao exercício do direito, da liberdade ou da ficiarão o impetrante que não requerer a desistência
prerrogativa objeto da impetração. da demanda individual no prazo de 30 (trinta) dias a
§ 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos po- contar da ciência comprovada da impetração coletiva.
derão ser estendidos aos casos análogos por decisão
monocrática do relator. 2. (IADES – 2010) Assinale a alternativa que não repre-
senta remédio constitucional expressamente previsto na
Constituição Federal de 1988.

124
a) a ação popular. O polo passivo da ação é composto de pessoas pú-
b) o habeas data. blicas ou privadas e as entidades mencionadas no art. 1º,
c) o mandado de segurança coletivo. as autoridades que houverem autorizado/aprovado/ra-
d) o mandado de injunção coletivo. tificado/praticado o ato impugnado, bem como aqueles
que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e
Resposta: Letra D. os beneficiários do ato.
Pois o mandado de injunção decorre de uma inter-
pretação judicial do mandado de injunção previsto no Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para
inciso LXXI do artigo 5o da Constituição Federal, pos- pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de
teriormente positivada em lei (Lei 13.300/16). atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Fede-
ral, dos Estados, dos Municípios, de entidades autár-
Ação Popular quicas, de sociedades de economia mista (Constitui-
ção, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro
A Lei nº 4.717/65 regulamenta a ação popular, dis- nas quais a União represente os segurados ausentes,
posta no art. 5º da Constituição Federal: de empresas públicas, de serviços sociais autônomos,
de instituições ou fundações para cuja criação ou cus-
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor teio o tesouro público haja concorrido ou concorra
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô- com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou
nio público ou de entidade de que o Estado participe, da receita ânua, de empresas incorporadas ao patri-
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao mônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal- Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou enti-
vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do dades subvencionadas pelos cofres públicos.
ônus da sucumbência; § 1º - Consideram-se patrimônio público para os fins
referidos neste artigo, os bens e direitos de valor eco-
A ação popular é conhecida como ação coletiva de nômico, artístico, estético, histórico ou turístico.
legitimidade do cidadão (provada com a juntada do títu- § 2º Em se tratando de instituições ou fundações, para
lo de eleitor), na defesa dos interesses difusos ligados à:
cuja criação ou custeio o tesouro público concorra com
menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da
• Moralidade
receita ânua, bem como de pessoas jurídicas ou enti-
• Eficiência
dades subvencionadas, as consequências patrimoniais
• Probidade administrativa
da invalidez dos atos lesivos terão por limite a reper-
• Tutela do meio ambiente
cussão deles sobre a contribuição dos cofres públicos.
• Tutela do patrimônio histórico e cultural
§ 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será
feita com o título eleitoral, ou com documento que a
O objetivo é a anulação do ato lesivo e ilegal,
bem como a condenação dos beneficiários e responsá- ele corresponda.
veis pelo ressarcimento. § 4º Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer
às entidades, a que se refere este artigo, as certidões
Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação e informações que julgar necessárias, bastando para
popular, decretar a invalidade do ato impugnado, con- isso indicar a finalidade das mesmas.
denará ao pagamento de perdas e danos os responsá- § 5º As certidões e informações, a que se refere o pa-
veis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada rágrafo anterior, deverão ser fornecidas dentro de 15
a ação regressiva contra os funcionários causadores (quinze) dias da entrega, sob recibo, dos respectivos
de dano, quando incorrerem em culpa. requerimentos, e só poderão ser utilizadas para a ins-
Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação trução de ação popular.
dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais § 6º Somente nos casos em que o interesse público,
despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente rela- devidamente justificado, impuser sigilo, poderá ser ne-
cionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos gada certidão ou informação.
honorários de advogado. § 7º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ação poderá ser proposta desacompanhada das cer-


Em caso de desistência da ação pelo cidadão, tidões ou informações negadas, cabendo ao juiz, após
serão publicados editais para que em 90 dias qualquer apreciar os motivos do indeferimento, e salvo em se
outro cidadão ou o Ministério Público possam assumir tratando de razão de segurança nacional, requisitar
o polo ativo. umas e outras; feita a requisição, o processo correrá
em segredo de justiça, que cessará com o trânsito em
Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à julgado de sentença condenatória.
absolvição da instância, serão publicados editais nos
prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, fican- O Ministério Público atua como fiscal da ordem jurí-
do assegurado a qualquer cidadão, bem como ao re- dica, fiscaliza o cumprimento da lei, apressa a produção
presentante do Ministério Público, dentro do prazo de de provas, promove a responsabilidade civil ou criminal.
90 (noventa) dias da última publicação feita, promo- Inclusive, promove a execução da sentença, após decor-
ver o prosseguimento da ação. rido 60 dias sem que o autor a promova.

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Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas pú- § 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da
blicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, União, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municí-
contra as autoridades, funcionários ou administrado- pios os atos das pessoas criadas ou mantidas por essas
res que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou pessoas jurídicas de direito público, bem como os atos
praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tive- das sociedades de que elas sejam acionistas e os das
rem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiá- pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em
rios diretos do mesmo. relação às quais tenham interesse patrimonial.
§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou § 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à
se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será União e a qualquer outra pessoa ou entidade, será
proposta somente contra as outras pessoas indicadas competente o juiz das causas da União, se houver;
neste artigo. quando interessar simultaneamente ao Estado e ao
§ 2º No caso de que trata o inciso II, item «b», do art. Município, será competente o juiz das causas do Es-
4º, quando o valor real do bem for inferior ao da ava- tado, se houver.
liação, citar-se-ão como réus, além das pessoas pú- § 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do
blicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º, juízo para todas as ações, que forem posteriormente
apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos
beneficiários da mesma. fundamentos.
§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito § 4º Na defesa do patrimônio público caberá a sus-
privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá pensão liminar do ato lesivo impugnado.
abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao
lado do autor, desde que isso se afigure útil ao inte- Quanto a competência, será:
resse público, a juízo do respectivo representante legal
ou dirigente. • Justiça Federal: se for do interesse da União, enti-
§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, dades autárquicas, fundações públicas ou empre-
cabendo-lhe apressar a produção da prova e pro- sas públicas federais.
mover a responsabilidade, civil ou criminal, dos • Se o ato impugnado tiver sido praticado pela ad-
ministração estadual ou do DF, a ação pode ser
que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qual-
proposta no foro de domicílio do autor, no de
quer hipótese, assumir a defesa do ato impugna-
ocorrência do fato, no de situação da coisa ou na
do ou dos seus autores.
capital do ente federado.
§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como
• Se a ação disser respeito aos interesses do Municí-
litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
pio, será proposta no foro da comarca, em Vara da
Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publi-
Fazenda Pública, se houver, ou em Vara Cível.
cação da sentença condenatória de segunda instância,
• A propositura prevenirá a competência para o pro-
sem que o autor ou terceiro promova a respectiva exe-
cessamento de ações posteriores.
cução. o representante do Ministério Público a promo- • A competência é da 1ª instância, mesmo que o jul-
verá nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta gamento seja contra o Presidente da República.
grave. • A competência é do STF se há conflito entre a
União e o Estado-membro.
A Pessoa Jurídica pode: • A competência é da Justiça Federal se há interes-
se de todos os membros da magistratura, bem
• Abster-se de contestar o pedido como quando mais da metade dos membros do
• Atuar do lado do autor tribunal de origem estejam impedidos ou sejam
• Contestar a ação interessados.

Em suma, contestará a ação caso seus dirigentes ou Quanto ao procedimento, destaca-se o prazo de
representantes legais entenderem que é uma ação sem contestação de 20 dias, prorrogável pelo mesmo perío-
fundamento e o ato é lícito, ou, irá se silenciar, ou, então, do quando houver dificuldade na produção de prova
atuará do lado do autor da ação, como um assistente documental.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

simples.
Vale lembrar que ainda que haja contestado a ação, Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário,
a PJ pode promover, em qualquer tempo, e no que as previsto no Código de Processo Civil, observadas as
beneficiar, a execução da sentença contra os demais réus seguintes normas modificativas:
(art.17). I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
A lei traz, além das tutelas, a possibilidade de liminar a) além da citação dos réus, a intimação do represen-
para suspender o ato lesivo impugnado. tante do Ministério Público;
b) a requisição, às entidades indicadas na petição ini-
Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é com- cial, dos documentos que tiverem sido referidos pelo
petente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la autor (art. 1º, § 6º), bem como a de outros que se lhe
o juiz que, de acordo com a organização judiciária de afigurem necessários ao esclarecimento dos fatos, fi-
cada Estado, o for para as causas que interessem à cando prazos de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias para o
União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município. atendimento.

126
§ 1º O representante do Ministério Público providen- Vale ressaltar que as custas são pagas apenas ao final
ciará para que as requisições, a que se refere o inciso da ação. E aquele que agiu de má-fé é severamente pu-
anterior, sejam atendidas dentro dos prazos fixados nido, pagando o décuplo das custas.
pelo juiz.
§ 2º Se os documentos e informações não puderem ser Art. 10. As partes só pagarão custas e preparo a final.
oferecidos nos prazos assinalados, o juiz poderá au- Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de
torizar prorrogação dos mesmos, por prazo razoável. direito do pedido, julgar a lide manifestamente teme-
II - Quando o autor o preferir, a citação dos benefi- rária, condenará o autor ao pagamento do décuplo
ciários far-se-á por edital com o prazo de 30 (trinta) das custas.
dias, afixado na sede do juízo e publicado três vezes no
jornal oficial do Distrito Federal, ou da Capital do Es- Quanto aos efeitos da sentença, esta vale contra to-
tado ou Território em que seja ajuizada a ação. A pu- dos, exceto se houve improcedência por ausência de
blicação será gratuita e deverá iniciar-se no máximo 3 provas, caso no qual é admitido o ajuizamento de nova
(três) dias após a entrega, na repartição competente, ação.
sob protocolo, de uma via autenticada do mandado.
III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada
ato impugnado, cuja existência ou identidade se torne oponível “erga omnes”, exceto no caso de haver sido
conhecida no curso do processo e antes de proferida a a ação julgada improcedente por deficiência de prova;
sentença final de primeira instância, deverá ser citada neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra
para a integração do contraditório, sendo-lhe restituí- ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova
do o prazo para contestação e produção de provas, prova.
Salvo, quanto a beneficiário, se a citação se houver
feito na forma do inciso anterior. Habeas Data
IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, pror-
rogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do in- A Lei nº 9.507/97 regulamenta o Habeas Data, remé-
teressado, se particularmente difícil a produção de dio constitucional previsto no art. 5º da CF:
prova documental, e será comum a todos os interes-
sados, correndo da entrega em cartório do mandado LXXII - conceder-se-á habeas data:
cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo a) para assegurar o conhecimento de informações re-
assinado em edital. lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
V - Caso não requerida, até o despacho saneador, a ou bancos de dados de entidades governamentais ou
produção de prova testemunhal ou pericial, o juiz or- de caráter público;
denará vista às partes por 10 (dez) dias, para alega- b) para a retificação de dados, quando não se prefira
ções, sendo-lhe os autos conclusos, para sentença, 48 fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
(quarenta e oito) horas após a expiração desse prazo;
havendo requerimento de prova, o processo tomará o Portanto, o HD assegura o conhecimento de infor-
rito ordinário. mações pessoais constantes em registros ou bancos de
VI - A sentença, quando não prolatada em audiência dados públicos ou de caráter público. Considera-se de
de instrução e julgamento, deverá ser proferida dentro caráter público todo registro ou banco de dados con-
de 15 (quinze) dias do recebimento dos autos pelo juiz. tendo informações que sejam ou que possam ser trans-
Parágrafo único. O proferimento da sentença além do mitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo
prazo estabelecido privará o juiz da inclusão em lis- do órgão ou entidade produtora ou depositária das
ta de merecimento para promoção, durante 2 (dois) informações.
anos, e acarretará a perda, para efeito de promoção Quando o objetivo é obter informação que não seja
por antiguidade, de tantos dias quantos forem os do de caráter público, o remédio constitucional adequado é
retardamento, salvo motivo justo, declinado nos autos o mandado de segurança.
e comprovado perante o órgão disciplinar competente. O HD tem como finalidade (art. 7):
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O prazo de contestação é comum, ainda que os litis- 1. Assegurar o conhecimento de informações relati-
consortes tenham advogados diferentes. Ademais, não vas à pessoa do impetrante, constantes de registro
cabe reconvenção. ou banco de dados de entidades governamentais
A sentença tem o prazo de 15 dias para ser proferida, ou de caráter público;
e em caso de improcedência haverá remessa necessária 2. Retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
(reexame necessário). por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
3. Anotação nos assentamentos do interessado, de
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela contestação ou explicação sobre dado verdadeiro
improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de mas justificável e que esteja sob pendência judicial
jurisdição, não produzindo efeito senão depois de con- ou amigável.
firmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente
caberá apelação, com efeito suspensivo.

127
De acordo com a Lei nº 9.507/97, o procedimento ad- Gratuidade
ministrativo do HD deve respeitar o seguinte prazo:
Art. 21. São gratuitos o procedimento administrati-
Art. 2° O requerimento será apresentado ao órgão ou vo para acesso a informações e retificação de dados
entidade depositária do registro ou banco de dados e para anotação de justificação, bem como a ação
e será deferido ou indeferido no prazo de quarenta e de habeas data.
oito horas.
Parágrafo único. A decisão será comunicada ao reque- Habeas Corpus
rente em vinte e quatro horas.
De acordo com o art. 5º da Constituição Federal:
Na petição inicial, via judicial, precisa ser provada a
recusa ou o excesso de demora do órgão administrativo: LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
Recusa ao acesso Recusa em fazer Recusa em fa- ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
à informação ou a retificação ou zer anotação ou lidade ou abuso de poder;
morosidade su- morosidade su- morosidade su-
perior de 10 dias, perior a 15 dias, perior a 15 dias, Consiste em remédio constitucional gratuito, que
sem decisão. sem decisão. sem decisão. protege a liberdade de locomoção. É mais comum o seu
uso no processo penal, mas em algumas situações civi-
O coator é notificado para prestar informações no listas, também pode ser empregado. Por exemplo, pri-
prazo de 10 dias: são do depositário infiel, que não é mais admitida no
ordenamento jurídico, em razão do Pacto de São José
Art. 9° Ao despachar a inicial, o juiz ordenará que da Costa Rica.
se notifique o coator do conteúdo da petição, entre- O HC consiste em ação autônoma de impugnação,
gando-lhe a segunda via apresentada pelo impetran- de natureza constitucional. Para que seja utilizado exi-
te, com as cópias dos documentos, a fim de que, no ge-se que alguém sofra ou se ache ameaçado de sofrer
prazo de dez dias, preste as informações que julgar violência ou coação em sua liberdade de locomoção, em
necessárias. virtude de constrangimento ilegal.
Art. 12. Findo o prazo a que se refere o art. 9°, e ou-
vido o representante do Ministério Público dentro de #FicaDica
cinco dias, os autos serão conclusos ao juiz para deci-
são a ser proferida em cinco dias. Não caberá habeas corpus em relação a pu-
nições disciplinares militares (mérito). Exce-
A apelação é o recurso cabível para impugnar a deci- ção: pode ser analisado aspectos legais da
são judicial no processo de HD: medida.

Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas


data cabe apelação. O impetrante é quem pede a concessão da ordem,
Parágrafo único. Quando a sentença conceder o  ha- ao passo que o paciente é quem sofre ou está ameaçado
beas data, o recurso terá efeito meramente devolutivo. a sofrer violência ou coação em sua liberdade de loco-
moção por ilegalidade ou abuso de poder. Podem ser a
Ademais, havendo novas provas o HD pode ser reno- mesma pessoa ou não.
vado, salvo já tenha tido decisão de mérito. Nos últimos tempos tem se discutido a possibilidade
de habeas corpus coletivo, isto é, o paciente é uma co-
Art. 18. O pedido de habeas data poderá ser renovado letividade determinada. Algumas decisões realçaram que
se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o esse instrumento é capaz de garantir acesso à justiça aos
mérito. grupos mais vulneráveis da sociedade.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O legitimado passivo é a autoridade coatora, que não


Prioridade precisa ser necessariamente uma autoridade pública, vis-
to que há casos de particulares que cerceiam a liberdade
Art. 19. Os processos de habeas data terão prioridade de ir e vir de outrem. Ex.: HC para sair de um hospital que
sobre todos os atos judiciais, exceto habeas-corpus e prende o paciente por falta de pagamento.
mandado de segurança. Na instância superior, deve-
rão ser levados a julgamento na primeira sessão que #FicaDica
se seguir à data em que, feita a distribuição, forem
conclusos ao relator. No HC preventivo a ordem de é de salvo-
Parágrafo único. O prazo para a conclusão não po- -conduto, no HC repressivo a ordem é alvará
derá exceder de vinte e quatro horas, a contar da de soltura.
distribuição.

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Nacionalidade Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele
que não possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida
A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Es- é aquele que tem mais de uma nacionalidade.
tado, que pode participar dos atos pertinentes à nação. A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração
A atribuição da nacionalidade se dá por dois critérios: trata de diversas questões acerca da nacionalidade e do
Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em ter- processo de naturalização.
ritório nacional; É vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, natos e naturalizados.
mesmo nascido no exterior.
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mi- § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre bra-
tigado por critérios do jus sanguinis. O art. 12 da Cons- sileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previs-
tituição Federal elenca os direitos da nacionalidade, tos nesta Constituição.
dividindo os brasileiros em dois grandes grupos: os bra-
sileiros natos e os naturalizados. Portugueses:

Art. 12. São brasileiros: Aos portugueses com residência permanente no país
I - natos: serão atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, des-
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ain- de que haja reciprocidade.
da que de pais estrangeiros, desde que estes não este-
jam a serviço de seu país; Art. 12
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe § 1º Aos portugueses com residência permanente no
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
da República Federativa do Brasil; serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro,
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de salvo os casos previstos nesta Constituição (Redação
mãe brasileira, desde que sejam registrados em re- dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
partição brasileira competente ou venham a residir 1994).
na República Federativa do Brasil e optem, em qual-
quer tempo, depois de atingida a maioridade, pela Perda da Nacionalidade:
nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 54, de 2007). § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do bra-
II - naturalizados: sileiro que:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença
brasileira, exigidas aos originários de países de língua judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
portuguesa apenas residência por um ano ininterrup- nacional;
to e idoneidade moral; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Re-
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi- dação dada pela Emenda Constitucional de Revisão
dentes na República Federativa do Brasil há mais de nº 3, de 1994).
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, a) de reconhecimento de nacionalidade originária
desde que requeiram a nacionalidade brasileira (Re- pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitu-
dação dada pela Emenda Constitucional de Revisão cional de Revisão nº 3, de 1994).
nº 3, de 1994). b) de imposição de naturalização, pela norma estran-
geira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
Cargos privativos do brasileiro nato: como condição para permanência em seu território ou
para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emen-
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: da Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; Extradição, repatriação, deportação e expulsão
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III - de Presidente do Senado Federal;


IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; Todas essas medidas são instrumentos do Estado so-
V - da carreira diplomática; berano para enviar uma pessoa que se encontra refugia-
VI - de oficial das Forças Armadas. da em seu território a outro Estado estrangeiro.
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Segundo o Ministério da Justiça (2020), a extradição
Emenda Constitucional nº 23, de 1999). é um ato de cooperação internacional que consiste na
entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um
Naturalização ou mais crimes, ao país que a reclama. Não haverá ex-
tradição de brasileiro nato. Também não será concedi-
A naturalização é um meio derivado de aquisição da da extradição de estrangeiro por crime político ou de
nacionalidade. É o modo de aquisição secundária da na- opinião.
cionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apá-
trida que preencher os requisitos.

129
A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da
ou estada irregular de estrangeiros no território nacional população (1% do eleitorado) apresentar ao Poder Le-
e a repatriação ocorre quando o clandestino é impedi- gislativo um projeto de lei que deverá ser examinado e
do de ingressar em território nacional pela fiscalização votado. Os eleitores também podem usar deste instru-
fronteiriça e aeroportuária brasileira. A expulsão consis- mento em nível estadual e municipal.
te em medida administrativa de retirada compulsória de
migrante ou visitante do território nacional, conjugada Direitos Políticos Ativos: alistamento eleitoral
com o impedimento de reingresso por prazo determi-
nado, configurado pela prática de crimes em território Consiste na capacidade de votar, participar de plebis-
brasileiro. cito e referendo, subscrever projeto de lei de iniciativa
O banimento, que é a entrega de um brasileiro para popular e de propor ação popular e se dá através do
julgamento no exterior, prática comum na época da di- alistamento eleitoral, obrigatório para os maiores de de-
tadura militar, é vedado pela Constituição. zoito anos e facultativo para os maiores de dezesseis e
menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio-
Idioma e símbolos nacionais: res de setenta anos.
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos du-
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da rante serviço militar obrigatório, ou seja, aqueles que se
República Federativa do Brasil. alistaram no exército e foram convocados a prestar ser-
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a viço militar.
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po- Direitos Políticos Passivos: elegibilidade eleitoral
derão ter símbolos próprios.
Os direitos políticos passivos consistem na possibili-
Cidadania e Direitos Políticos dade de ser votado, ou seja, na elegibilidade que é a ca-
pacidade eleitoral passiva consistente na possibilidade
Os Direitos Políticos são medidas assecuratórias da de o cidadão pleitear determinados mandatos políticos,
participação do indivíduo na vida política e estrutural de mediante eleição popular, desde que preenchidos os de-
seu próprio Estado, garantindo-lhe a possibilidade de vidos requisitos.
acesso à condução da coisa pública e participação na
vida política. Abrangem o poder que qualquer cidadão § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
tem na condução dos destinos de sua coletividade, de I - a nacionalidade brasileira;
uma forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou II - o pleno exercício dos direitos políticos;
elegendo representantes junto aos poderes públicos. III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
Cidadania e Nacionalidade: V - a filiação partidária; Regulamento.
VI - a idade mínima de:
Nacional é diferente de cidadão. A condição de na- a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden-
cional é um pressuposto para a de cidadão. A cidadania te da República e Senador;
em sentido estrito é o status de nacional acrescido dos b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
direitos políticos, isto é, poder participar do processo Estado e do Distrito Federal;
governamental, sobretudo pelo voto. Assim, a nacio- c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
nalidade é condição necessária, mas não suficiente da Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
cidadania. paz;
d) dezoito anos para Vereador.
Democracia Semidireta:
Inelegibilidades:
Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a so-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

berania popular é exercida pelo sufrágio universal, di- A Constituição não menciona exaustivamente todas
reto e secreto, com valor igual para todos. Ademais, hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa algumas dei-
estabelece também os instrumentos de participação xando à lei complementar o desdobramento dos casos.
semidireta pelo povo. As hipóteses a serem previstas pela lei complementar
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado deci- relacionam-se à proteção da “normalidade e legitimida-
de acerca de uma determinada questão. Assim, em ter- de das eleições contra a influência do poder econômico
mos práticos, é feita uma pergunta à qual responde o ou abuso do exercício de função, cargo, ou emprego na
eleitor. É uma consulta prévia à elaboração da lei. administração direta ou indireta”, devendo, outrossim,
Referendo: manifestação popular, em que o eleitor fixar os prazos de cessação das inelegibilidades.
aprova ou rejeita uma atitude governamental, normal-
mente uma lei ou projeto de lei já existente.

130
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de § 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da
proteger a probidade administrativa, a moralidade lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
para exercício de mandato considerada vida pregres-
sa do candidato, e a normalidade e legitimidade das Suspensão e Perda dos Direitos Políticos
eleições contra a influência do poder econômico ou o
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na A perda e a suspensão dos direitos políticos po-
administração direta ou indireta (Redação dada pela dem-se dar, respectivamente de forma definitiva ou
Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994). temporária.
Em regra: Ocorrerá a perda quando: houver cancelamento da
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. naturalização por sentença transitada em julgado e no
Há também a inelegibilidade derivada do casamento caso de recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
ou do parentesco com o Presidente da República, com
prestação alternativa (é o caso do serviço militar obri-
os Governadores de Estado e do Distrito Federal e com
gatório). Por sua vez, A suspensão dos direitos políticos
os Prefeitos, ou com quem os haja substituído dentro
se dá enquanto persistirem os motivos desta, ou seja,
dos seis meses anteriores ao pleito.
enquanto não retoma a capacidade civil, o indivíduo
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do ti-
tular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, terá seus direitos políticos suspensos; readquirindo-a,
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da alcançará, novamente o status de cidadão. Também são
República, de Governador de Estado ou Território, passíveis de suspensão os condenados criminalmente
do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja (com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena,
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, readquirem os direitos políticos; no caso de improbida-
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à de administrativa, a suspensão será, da mesma forma,
reeleição. temporária.

Quanto à Reeleição e desincompatibilização, a Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
Emenda Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade de perda ou suspensão só se dará nos casos de:
reeleição para o chefe dos Poderes Executivos federal, I - cancelamento da naturalização por sentença tran-
estadual, distrital e municipal. Ao contrário do sistema sitada em julgado;
americano de reeleição, que permite apenas a recondu- II - incapacidade civil absoluta;
ção por um período somente, no Brasil, após o período III - condenação criminal transitada em julgado, en-
de um mandato, o governante pode voltar a se candida- quanto durarem seus efeitos;
tar para o posto. IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os § 4º.
houver sucedido, ou substituído no curso dos manda-
tos poderão ser reeleitos para um único período sub- Partidos Políticos
sequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 16, de 1997). Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e ex-
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
tinção de partidos políticos, resguardados a soberania
da República, os Governadores de Estado e do Distrito
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo,
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
os direitos fundamentais da pessoa humana e obser-
mandatos até seis meses antes do pleito.
vados os seguintes preceitos: Regulamento
Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns I - caráter nacional;
requisitos: II - proibição de recebimento de recursos financeiros
de entidade ou governo estrangeiros ou de subordi-
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguin- nação a estes;
tes condições: III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
afastar-se da atividade; § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre- para definir sua estrutura interna e estabelecer regras
gado pela autoridade superior e, se eleito, passa- sobre escolha, formação e duração de seus órgãos
rá automaticamente, no ato da diplomação, para a permanentes e provisórios e sobre sua organização e
inatividade. funcionamento e para adotar os critérios de escolha e
o regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
O Mandato Eletivo pode ser impugnado: vedada a sua celebração nas eleições proporcionais,
sem obrigatoriedade de vinculação entre as candida-
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a turas em âmbito nacional, estadual, distrital ou mu-
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da nicipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela
poder econômico, corrupção ou fraude; Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

131
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem persona- Privativa, que é aquela enumerada como própria de
lidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus um ente, com possibilidade, entretanto, de delegação
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. para outro.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo parti- Concorrente, que é a competência legislativa confe-
dário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na for- rida em comum a mais de um ente federativo.
ma da lei, os partidos políticos que alternativamente: Na complementar, o ente federativo tem competên-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de cia naquilo que a norma federal (superior) lhe dê condi-
2017) ção de atuar e na suplementar, por sua vez, o ente fede-
rativo supre a competência federal não exercida, porém,
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputa-
se esta o exercer, o ato aditado com base na competên-
dos, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
cia suplementar perde a eficácia.
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Sempre que falarmos em competência comum ou
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) exclusiva, devemos excluir a ideia de “legislar”. Sempre
dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído que falarmos em legislar, estaremos tratando necessa-
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) riamente de uma competência privativa ou concorrente.
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Fe-
derais distribuídos em pelo menos um terço das uni-
Competências Comuns e
dades da Federação. (Incluído pela Emenda Constitu- Arts. 21 e 23, CF
Administrativas Exclusivas
cional nº 97, de 2017)
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de Competências Privativas e
Arts. 22 e 24, CF
organização paramilitar. Legislativas Concorrentes
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os re-
quisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o União
mandato e facultada a filiação, sem perda do manda-
to, a outro partido que os tenha atingido, não sendo A União é o ente federativo com dupla personalida-
essa filiação considerada para fins de distribuição dos de. Internamente, é uma pessoa jurídica de direito pú-
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao blico interno, com autonomia financeira, administrativa
e política e capacidade de auto-organização, autogo-
tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda
verno, autolegislação e autoadministração. Internacio-
Constitucional nº 97, de 2017)
nalmente, a União representa a República Federativa do
Brasil a quem cabe exercer as prerrogativas da soberania
do Estado brasileiro.
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Bens da União:
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO -ADMINISTRATIVA São bens da União os previstos no art. 20, CF:
DIVISÃO DE COMPETÊNCIAS: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie-
rem a ser atribuídos;
Competência é o poder, normalmente legal, de uma II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
autoridade pública para a prática de atos administrativos fronteiras, das fortificações e construções militares,
e tomada de decisões. das vias federais de comunicação e à preservação am-
biental, definidas em lei;
#FicaDica Terras devolutas são terras públicas sem destina-
ção pelo Poder Público e que em nenhum momento
Embora muito semelhantes, Competência é
integraram o patrimônio de um particular, ainda que es-
≠ Atribuição ≠ Capacidade.
tejam irregularmente sob sua posse. O termo “devoluta”
A atribuição pode decorrer de uma função
relaciona-se ao conceito de terra devolvida (CÂMARA
específica dentro de determinada compe-
DOS DEPUTADOS, 2020).
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tência. A capacidade decorre da condição


necessária para prática de determinado ato. III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se es-
As competências dos entes federativos podem ser: tendam a território estrangeiro ou dele provenham,
Materiais ou administrativas, que se dividem em: bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
exclusivas e comuns; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
Legislativas, que compreedem as privativas e as outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
concorrentes, complementares e suplementares; e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a
Exclusiva, que é aquela conferida exclusivamente a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao
um dos entes federativos (União, Estados, Distrito Fede- serviço público e a unidade ambiental federal, e as
ral e Municípios), com exclusão dos demais. referidas no art. 26, II; Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 46, de 2005).

132
V - os recursos naturais da plataforma continental e • Administrar as reservas cambiais do País e fiscali-
da zona econômica exclusiva; zar as operações de natureza financeira, especial-
mente as de crédito, câmbio e capitalização, bem
A plataforma continental compreende o leito e o como as de seguros e de previdência privada;
subsolo das áreas submarinas que se estendem além • Elaborar e executar planos nacionais e regionais
do seu mar territorial, em toda a extensão do prolonga- de ordenação do território e de desenvolvimento
mento natural do seu território terrestre, até ao bordo econômico e social;
exterior da margem continental, ou até uma distância • Manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das • Explorar, diretamente ou mediante autorização,
quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em concessão ou permissão, os serviços de telecomu-
que o bordo exterior da margem continental não atin- nicações, nos termos da lei, que disporá sobre a
ja essa distância, nos termos da Convenção das Nações organização dos serviços, a criação de um órgão
Unidas sobre o Direito do Mar. regulador e outros aspectos institucionais;
A zona econômica exclusiva é a zona marítima ad- • Explorar, diretamente ou mediante autorização,
jacente ao mar territorial compreende a distância de 200 concessão ou permissão:
milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
mede a largura do mar territorial. imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
VI - o mar territorial; aproveitamento energético dos cursos de água,
em articulação com os Estados onde se situam
O mar territorial compreende a faixa de mar adja- os potenciais hidroenergéticos;
cente com dimensão de até 12 milhas marítimas (22km), c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestru-
a partir da costa litorânea brasileira, sobre a qual incide tura aeroportuária;
a soberania do Estado brasileiro, nos termos da Conven- d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviá-
ção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. rio entre portos brasileiros e fronteiras nacio-
nais, ou que transponham os limites de Estado
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; ou Território;
VIII - os potenciais de energia hidráulica; e) os serviços de transporte rodoviário interesta-
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; dual e internacional de passageiros;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar- f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
queológicos e pré-históricos; • Organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministé-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. rio Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
Defensoria Pública dos Territórios;
Competências da União • Organizar e manter a polícia civil, a polícia penal,
a polícia militar e o corpo de bombeiros militar
Competência administrativa exclusiva da União: do Distrito Federal, bem como prestar assistência
art. 21, CF. financeira ao Distrito Federal para a execução de
serviços públicos, por meio de fundo próprio;
Nos termos do art. 21, CF são competências exclusi- • Organizar e manter os serviços oficiais de estatís-
vas da União: tica, geografia, geologia e cartografia de âmbito
nacional;
• Manter relações com Estados estrangeiros e parti- • Exercer a classificação, para efeito indicativo, de
cipar de organizações internacionais; diversões públicas e de programas de rádio e
• Declarar a guerra e celebrar a paz; televisão;
• Assegurar a defesa nacional; • Conceder anistia;
• Permitir, nos casos previstos em lei complementar,
que forças estrangeiras transitem pelo território A anistia é o perdão de dívida ou extinção da punibi-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nacional ou nele permaneçam temporariamente; lidade pela prática de determinadas infrações.


• Decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a
intervenção federal; • Planejar e promover a defesa permanente contra
as calamidades públicas, especialmente as secas e
O estado de sítio, o estado de defesa e a inter- as inundações;
venção federal fazem parte do Sistema Constitucional • Instituir sistema nacional de gerenciamento de
de Crise e são medidas constitucionais de exceção que recursos hídricos e definir critérios de outorga de
visam restabelecer a ordem democrática e a normalida- direitos de seu uso;
de da nação. • Instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano,
inclusive habitação, saneamento básico e trans-
• Autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de portes urbanos;
material bélico; • Estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
• Emitir moeda; nacional de aviação;

133
• Executar os serviços de polícia marítima, aeropor- • Combater as causas da pobreza e os fatores de
tuária e de fronteiras; marginalização, promovendo a integração social
• Explorar os serviços e instalações nucleares de dos setores desfavorecidos;
qualquer natureza e exercer monopólio estatal • Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e re- de direitos de pesquisa e exploração de recursos
processamento, a industrialização e o comércio de hídricos e minerais em seus territórios;
minérios nucleares e seus derivados, atendidos os • Estabelecer e implantar política de educação para
seguintes princípios e condições: a segurança do trânsito.
a) toda atividade nuclear em território nacional
somente será admitida para fins pacíficos e me- Leis complementares fixarão normas para a coope-
diante aprovação do Congresso Nacional; ração entre a União e os Estados, o Distrito Federal e
b) sob regime de permissão, são autorizadas a os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvol-
comercialização e a utilização de radioisóto- vimento e do bem-estar em âmbito nacional (BRASIL,
pos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas 2020).
e industriais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a Competência Legislativa privativa da União: art.
produção, comercialização e utilização de ra- 22, CF:
dioisótopos de meia-vida igual ou inferior a
duas horas; Nos termos do que preceitua o art. 22 da Constitui-
d) a responsabilidade civil por danos nucleares in- ção Federal compete privativamente à União legislar
depende da existência de culpa; sobre:
• Organizar, manter e executar a inspeção do
trabalho; • Direito civil, comercial, penal, processual, eleito-
• Estabelecer as áreas e as condições para o exercí- ral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
cio da atividade de garimpagem, em forma asso- trabalho;
ciativa (BRASIL, 2020). • Desapropriação;
• Requisições civis e militares, em caso de iminente
Competências administrativas comuns da União, perigo e em tempo de guerra;
Estados, Distrito Federal e Municípios: art. 23, CF: • águas, energia, informática, telecomunicações e
radiodifusão;
Conforme estabelece o art. 23 da Constituição Fe- • Serviço postal;
deral, é competência comum da União, dos Estados, do • Sistema monetário e de medidas, títulos e garan-
Distrito Federal e dos Municípios: tias dos metais;
• Política de crédito, câmbio, seguros e transferên-
• Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das cia de valores;
instituições democráticas e conservar o patrimô- • Comércio exterior e interestadual;
nio público; • Diretrizes da política nacional de transportes;
• Cuidar da saúde, assistência e proteção das pes- • Regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
soas com deficiência; marítima, aérea e aeroespacial;
• Proteger os documentos, as obras e outros bens • Trânsito e transporte;
de valor histórico, artístico e cultural, os monu- • Jazidas, minas, outros recursos minerais e
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios metalurgia;
arqueológicos; • Nacionalidade, cidadania e naturalização;
• Impedir a evasão, a destruição e a descaracteri- • Populações indígenas;
zação de obras de arte e de outros bens de valor • Emigração e imigração, entrada, extradição e ex-
histórico, artístico ou cultural; pulsão de estrangeiros;
• Proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu- • Organização do sistema nacional de emprego e
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à ino- condições para o exercício de profissões;


vação (Redação dada pela Emenda Constitucional • Organização judiciária, do Ministério Público do
nº 85, de 2015); Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
• Proteger o meio ambiente e combater a poluição Pública dos Territórios, bem como organização
em qualquer de suas formas; administrativa destes;
• Preservar as florestas, a fauna e a flora; • Sistema estatístico, sistema cartográfico e de geo-
• Fomentar a produção agropecuária e organizar o logia nacionais;
abastecimento alimentar; • Sistemas de poupança, captação e garantia da
• Promover programas de construção de moradias poupança popular;
e a melhoria das condições habitacionais e de sa- • Sistemas de consórcios e sorteios;
neamento básico;

134
• Normas gerais de organização, efetivos, material No âmbito da legislação concorrente, a competência
bélico, garantias, convocação, mobilização, inati- da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
vidades e pensões das polícias militares e dos cor- A competência da União para legislar sobre nor-
pos de bombeiros militares; mas gerais não exclui a competência suplementar dos
• Competência da polícia federal e das polícias ro- Estados.
doviária e ferroviária federais; Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Es-
• Seguridade social; tados exercerão a competência legislativa plena, para
• Diretrizes e bases da educação nacional; atender a suas peculiaridades.
• Registros públicos; A superveniência de lei federal sobre normas gerais
• Atividades nucleares de qualquer natureza; suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for con-
• Normas gerais de licitação e contratação, em to- trário (BRASIL, 2020).
das as modalidades, para as administrações públi-
cas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido
o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas pú- O Brasil é composto de estados federados que go-
blicas e sociedades de economia mista, nos ter- zam de uma autonomia, consubstancianda na capacida-
mos do art. 173, § 1°, III; de de auto-organização, auto-legislação, auto-governo
• Defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa ma- e auto-administração. Os Estados podem se formar a
rítima, defesa civil e mobilização nacional; partir de fusão, cisão ou desmembramento.
• Propaganda comercial.
Competências Estaduais:
A Constituição Federal preceitua ainda que lei com-
plementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
questões específicas das matérias relacionadas neste ar- Constituições e leis que adotarem, observados os prin-
tigo (BRASIL, 2020). cípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que
Competência Legislativa concorrente da União, não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
Estados e Distrito Federal: art. 24, CF: § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me-
diante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal na forma da lei, vedada a edição de medida provisó-
legislar concorrentemente sobre: ria para a sua regulamentação. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 5, de 1995).
• Direito tributário, financeiro, penitenciário, econô- § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar,
mico e urbanístico; instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba-
• Orçamento; nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos
• Juntas comerciais; de municípios limítrofes, para integrar a organização,
• Custas dos serviços forenses; o planejamento e a execução de funções públicas de
• Produção e consumo; interesse comum.
• Florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, pro- Bens dos Estados-Membros:
teção do meio ambiente e controle da poluição;
• Proteção ao patrimônio histórico, cultural, artísti- Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
co, turístico e paisagístico; I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
• Responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, es- forma da lei, as decorrentes de obras da União;
tético, histórico, turístico e paisagístico; II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti-
• Educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec- verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; da União, Municípios ou terceiros;


• Criação, funcionamento e processo do juizado de III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
pequenas causas; União;
• Procedimentos em matéria processual; IV - as terras devolutas não compreendidas entre as
• Previdência social, proteção e defesa da saúde; da União.
• Assistência jurídica e Defensoria pública;
• Proteção e integração social das pessoas portado- Distrito Federal
ras de deficiência;
• Proteção à infância e à juventude; O Distrito Federal é reconhecido como ente integran-
• Organização, garantias, direitos e deveres das po- te da Federação e goza de autonomia política, embora
lícias civis. não se enquadre nem como estado-membro ou municí-
pio. Sua principal função é servir como sede do Governo
Federal e não pode haver divisões em municípios.

135
Organização do Distrito Federal: II - suplementar a legislação federal e a estadual no
que couber;
O Distrito Federal não possui constituição, mas lei or- III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên-
gânica própria, que define os princípios básicos de sua cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da
organização, suas competências e a organização de seus obrigatoriedade de prestar contas e publicar balance-
poderes governamentais, nos termos do art. 32, CF. tes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em legislação estadual;
Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e concessão ou permissão, os serviços públicos de inte-
aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que resse local, incluído o de transporte coletivo, que tem
a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos caráter essencial;
nesta Constituição. VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competên- União e do Estado, programas de educação infantil e
cias legislativas reservadas aos Estados e Municípios. de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, Constitucional nº 53, de 2006)
observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Dis- VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da
tritais coincidirá com a dos Governadores e Deputa- União e do Estado, serviços de atendimento à saúde
dos Estaduais, para mandato de igual duração. da população;
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen-
aplica-se o disposto no art. 27. to territorial, mediante planejamento e controle do
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Gover- uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
no do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia pe- IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul-
nal, da polícia militar e do corpo de bombeiros militar tural local, observada a legislação e a ação fiscaliza-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, dora federal e estadual.
de 2019).
Fiscalização financeira e orçamentária
Hoje, não existe no Brasil nenhum Território. Com o
advento da CF/88 Roraima e Amapá foram transforma- A fiscalização financeira e orçamentária dos Muni-
dos em Estados e Fernando de Noronha foi incorporado cípios se dá sob duas modalidades: controle externo,
ao Estado de Pernambuco. exercido pela Câmara Municipal e o controle interno,
exercido pelo próprio executivo municipal, nos termos
Municípios do art. 31, CF.

O Município, que também é um ente federado que


possui autonomia administrativa (autoadministração) e ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
política (auto-organização, autogoverno e capacidade
normativa própria), tendo vinculação ao Estado onde
se localiza, depende na sua criação, incorporação, fusão DISPOSIÇÕES GERAIS
ou desmembramento, de lei estadual dentro do período
determinado por lei complementar federal, além da rea- A Administração Pública compreende o conjunto de
lização de plebiscito. meios institucionais, materiais, financeiros e humanos
Sua capacidade de auto-organização consiste na do Estado, preordenado à realização de seus serviços,
possibilidade da elaboração da lei orgânica própria. O visando a satisfação das necessidades coletivas e a su-
município possui o Poder Executivo, exercido pelo Pre- premacia do interesse público.
feito e o Poder Legislativo, exercido pela Câmara Munici- A administração pública pode ser definida objeti-
pal. Entretanto, não há Poder Judiciário na esfera munici- vamente como a atividade concreta e imediata que o
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pal, sendo regido por lei orgânica, nos termos do art. 29, Estado desenvolve para a consecução dos interesses co-
CF. A Constituição prevê ainda a composição das Câma- letivos e subjetivamente como o conjunto de órgãos e
ras Municipais e o subsídio dos vereadores, de acordo de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da
com a quantidade de habitantes do município. função administrativa do Estado (MORAES, 2018, p. 476).
A função administrativa é institucionalmente impu-
Competência: tada a diversas entidades governamentais autônomas,
expressas no art. 37 da Constituição Federal.
A competência dos municípios está elencada no art. O art. 37 da Constituição Federal é um importante
30, CF. norteador da administração pública. O seu caput nos
traz os princípios da Administração Pública – legalidade,
Art. 30. Compete aos Municípios: impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência,
I - legislar sobre assuntos de interesse local; que serão abordados a seguir:

136
Princípios Específicos da Administração Pública:
#FicaDica
Legalidade: todo o ato administrativo deve ser an-
Não há cargo sem função; mas pode haver
tecedido de lei; função sem cargo (função autônoma).
Impessoalidade: todos atos e provimentos admi-
nistrativos não são imputáveis ao agente político que o
realiza, mas sim ao órgão ou entidade pública em nome Administração Pública Direta e Indireta:
da qual atuou.
Moralidade: impõe a obediência à lei, não só no que A administração pública direta é a administração
ela tem de formal, mas como na sua teleologia. Não bas- centralizada, definida como o conjunto de órgãos admi-
tará ao administrador o estrito cumprimento da legali- nistrativos subordinados diretamente ao Poder Executi-
dade, devendo ele, no exercício de sua função pública, vo de cada entidade. Ex.: Ministérios, as Forças Armadas,
respeitar os princípios éticos de razoabilidade e justiça. a Receita Federal, os próprios Poderes Executivo, Legis-
Publicidade: todos os atos administrativos devem lativo, Judiciário etc.
ser públicos, vedado o sigilo e o segredo, salvo em hipó- Por sua vez, a administração indireta é a descentra-
teses restritas que envolvam a segurança nacional. lizada, composta por entidades personalizadas de pres-
Eficiência: trazido pela Emenda Constitucional nº 19, tação de serviço ou exploração de atividades econômi-
este princípio estabelece que os atos administrativos de- cas, mas vinculadas aos Poderes Executivos da entidade
vem cumprir os seus propósitos de forma eficaz. pública. Ex.: Autarquias: Agência Nacional de Aviação
Civil – ANAC, Instituto Nacional de Colonização e Re-
Art. 37. A administração pública direta e indireta de forma Agrária – INCRA e outras agências reguladoras,
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri- Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG e outras
to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios universidades federais, Centros e Institutos Federais de
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida- Educação Tecnológica, Banco Central do Brasil – BACEN;
de e eficiência e, também, ao seguinte (Redação dada Conselho Federal de Medicina e outros Conselhos Pro-
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): fissionais etc; Empresas Públicas: BNDES, Caixa Econô-
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessí- mica Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
veis aos brasileiros que preencham os requisitos esta- etc; Sociedades de economia mista: Petrobrás, Banco
belecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na for- do Brasil etc; Fundações públicas: Funai, Funasa, IBGE
ma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional etc.
nº 19, de 1998);

Cargo público designa o lugar instituído no órgão #FicaDica


público com denominação própria, atribuições e res-
ponsabilidades específicas a ser ocupado por servidor Embora seja um Conselho profissional ou
público. O emprego público é aquele ocupado por em- de Classe, a Ordem dos Advogados do Bra-
pregado público que pode atuar em entidade privada sil (OAB) deixou de ser uma autarquia ao ser
ou pública da Administração indireta. reconhecida pelo STF como uma entidade
sui generis. Por sua função institucional e seu
Tanto os cargos públicos como os empregos públi-
importante papel na defesa das instituições
cos são preenchidos por meio de aprovação em concur-
do Estado Democrático e de Direito, com
so público. O que muda, basicamente, são os regimes
legitimidade inclusive para propor as ações
de contratação. Enquanto o ocupante de cargo público
do controle concentrado de constitucionali-
efetivo é subordinado ao seu respectivo estatuto e tem dade, o STF considerou a OAB como um ser-
estabilidade, o ocupante de emprego público é regula- viço público independente, categoria ímpar
do pela conhecida CLT e não possui garantia de estabili- dentre as personalidades jurídicas do direito
dade. Importante mencionar que a aplicação do regime brasileiro.
celetista aos empregados públicos não afasta necessa-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

riamente a aplicação das mesmas normas constitucio-


nais dos servidores estatutários. Exemplos de emprega- Servidores públicos civis e militares
dos públicos: servidores da Caixa Econômica, Banco do
Brasil, Correios etc. Concurso Público:
Por sua vez, a função pública diz respeito a um con-
junto de atribuições e encargos a serem desempenha- O requisito primordial para investidura em cargo ou
das pelos agentes públicos. Pode ser temporária ou de emprego público é a aprovação em concurso público,
confiança. As funções de confiança só podem se desti- que tem validade de até dois anos, prorrogáveis por
nar às atribuições de direção, chefia e assessoramento. mais dois e devem ser realizados dentro dos parâmetros
da administração pública, com reserva de vagas às pes-
soas com deficiência. Assim, a investidura em cargo ou
emprego público só se pode dar por meio de concurso
público.

137
Art. 37. XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
II - a investidura em cargo ou emprego público de- cargos, funções e empregos públicos da administra-
pende de aprovação prévia em concurso público de ção direta, autárquica e fundacional, dos membros
provas ou de provas e títulos, de acordo com a nature- de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
za e a complexidade do cargo ou emprego, na forma Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
em comissão declarado em lei de livre nomeação e proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
exoneração (Redação dada pela Emenda Constitucio- percebidos cumulativamente ou não, incluídas as van-
nal nº 19, de 1998); tagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
III - o prazo de validade do concurso público será de poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e
de convocação, aquele aprovado em concurso público nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
de provas ou de provas e títulos será convocado com Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio
prioridade sobre novos concursados para assumir car- dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po-
go ou emprego, na carreira; der Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
em comissão, a serem preenchidos por servidores de espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de aos membros do Ministério Público, aos Procuradores
direção, chefia e assessoramento (Redação dada pela e aos Defensores Públicos (Redação dada pela Emen-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998); da Constitucional nº 41, 19.12.2003);
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo
livre associação sindical; e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos pagos pelo Poder Executivo;
limites definidos em lei específica (Redação dada pela XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998); quer espécies remuneratórias para o efeito de remu-
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos neração de pessoal do serviço público (Redação dada
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
definirá os critérios de sua admissão; XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por ser-
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por vidor público não serão computados nem acumula-
tempo determinado para atender a necessidade tem- dos para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
porária de excepcional interesse público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998);
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
#FicaDica cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalva-
Enquanto não há a posse, os aprovados têm do o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos
apenas uma expectativa de direito. Não há arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação
direito adquirido em relação ao cargo pela dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
simples aprovação em concurso público. XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
horários, observado em qualquer caso o disposto no
O art. 37 da Constituição Federal estabelece ainda inciso XI (Redação dada pela Emenda Constitucional
as regras quanto a valores, limitações e formas de re- nº 19, de 1998):
cebimento de remuneração e subsídios dos servidores a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela
públicos, bem como condições sobre acúmulo de cargos Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e funções: b) a de um cargo de professor com outro técnico ou


científico (Redação dada pela Emenda Constitucional
Art. 37. nº 19, de 1998);
X - a remuneração dos servidores públicos e o sub- c) a de dois cargos ou empregos privativos de pro-
sídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão fissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
ser fixados ou alterados por lei específica, observada a (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão 2001);
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos
de índices (Redação dada pela Emenda Constitucional e funções e abrange autarquias, fundações, empresas
nº 19, de 1998) (Regulamento); públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
diárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
mente, pelo poder público (Redação dada pela Emen-
da Constitucional nº 19, de 1998);

138
XVIII - a administração fazendária e seus servidores § 3º A lei disciplinará as formas de participação do
fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e usuário na administração pública direta e indireta, re-
jurisdição, precedência sobre os demais setores admi- gulando especialmente (Redação dada pela Emenda
nistrativos, na forma da lei; Constitucional nº 19, de 1998):
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
Criação de autarquias e instituição de empresas públicos em geral, asseguradas a manutenção de
públicas, fundações e sociedades de economia mista: serviços de atendimento ao usuário e a avaliação pe-
riódica, externa e interna, da qualidade dos serviços
Art. 37. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
XIX - somente por lei específica poderá ser criada au- II - o acesso dos usuários a registros administrativos
tarquia e autorizada a instituição de empresa pública, e a informações sobre atos de governo, observado o
de sociedade de economia mista e de fundação, ca- disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda
bendo à lei complementar, neste último caso, definir Constitucional nº 19, de 1998) (Vide Lei nº 12.527, de
as áreas de sua atuação (Redação dada pela Emenda 2011);
Constitucional nº 19, de 1998); III - a disciplina da representação contra o exercício
XX - depende de autorização legislativa, em cada negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função
caso, a criação de subsidiárias das entidades mencio- na administração pública. (Incluído pela Emenda
nadas no inciso anterior, assim como a participação Constitucional nº 19, de 1998)
de qualquer delas em empresa privada;
Improbidade Administrativa:
Licitação:
A improbidade administrativa é espécie de ilegalida-
Todas as obras, serviços e compras da Administração, de praticada pelo servidor, qualificada pela finalidade de
nos termos do que preceitua o art. 37 da Constituição, atribuir situação de vantagem a si ou a outrem. A Lei n°
deverão ser contratadas por meio de licitação pública. 8.429/92, chamada de Lei de Improbidade Administrati-
va, disciplina este dispositivo constitucional, previsto no
Art. 37. art. 37, § 4º. Nos termos deste dispositivo, a improbida-
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, de administrativa pode acarretar suspensão dos direitos
as obras, serviços, compras e alienações serão con- políticos, perda da função pública, indisponibilidade de
tratados mediante processo de licitação pública que bens e no ressarcimento ao erário, além da ação penal.
assegure igualdade de condições a todos os concor-
rentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de Art. 37.
pagamento, mantidas as condições efetivas da pro- § 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
exigências de qualificação técnica e econômica indis- função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
pensáveis à garantia do cumprimento das obrigações sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
(Regulamento). em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
As informações na Administração Pública: ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
XXII - as administrações tributárias da União, dos Es- respectivas ações de ressarcimento.
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de di-
essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por reito privado prestadoras de serviços públicos respon-
servidores de carreiras específicas, terão recursos prio- derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
ritários para a realização de suas atividades e atuarão causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
de forma integrada, inclusive com o compartilhamen- contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
to de cadastros e de informações fiscais, na forma da § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

lei ou convênio (Incluído pela Emenda Constitucional ocupante de cargo ou emprego da administração di-
nº 42, de 19.12.2003); reta e indireta que possibilite o acesso a informações
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, servi- privilegiadas (Incluído pela Emenda Constitucional nº
ços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter ca- 19, de 1998).
ráter educativo, informativo ou de orientação social, § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financei-
dela não podendo constar nomes, símbolos ou ima- ra dos órgãos e entidades da administração direta e
gens que caracterizem promoção pessoal de autori- indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
dades ou servidores públicos. firmado entre seus administradores e o poder público,
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III que tenha por objeto a fixação de metas de desempe-
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade nho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor
responsável, nos termos da lei. sobre (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998) (Regulamento) (Vigência) :

139
I - o prazo de duração do contrato (Incluído pela Art. 38. Ao servidor público da administração dire-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) ta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
II - os controles e critérios de avaliação de desempe- eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação
nho, direitos, obrigações e responsabilidade dos diri- dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
gentes (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
1998); ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou
III - a remuneração do pessoal (Incluído pela Emenda função;
Constitucional nº 19, de 1998); II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar
públicas e às sociedades de economia mista, e suas pela sua remuneração;
subsidiárias, que receberem recursos da União, dos III - investido no mandato de Vereador, havendo com-
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para patibilidade de horários, perceberá as vantagens de
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu-
geral (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili-
1998).
dade, será aplicada a norma do inciso anterior;
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para
de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts.
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço
função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na será contado para todos os efeitos legais, exceto para
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os car- promoção por merecimento;
gos em comissão declarados em lei de livre nomeação V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de
e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional previdência social, permanecerá filiado a esse regime,
nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 20, no ente federativo de origem. (Redação dada pela
de 1998); Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste SERVIDORES PÚBLICOS
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas
em lei (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de Entende-se por regime jurídico dos servidores públi-
2005). cos o conjunto de princípios e regras destinadas à regu-
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput lação das relações funcionais da administração pública e
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distri- seus agentes. O Regime Jurídico dos Servidores Públicos
to Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda pode ser geral, aplicável a todos os servidores de uma
às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como li- determinada pessoa política (da Administração Pública
mite único, o subsídio mensal dos Desembargadores Federal, Estadual, Municipal, por exemplo) ou específico,
do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa como é o caso de algumas carreiras, como a Magistra-
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsí- tura, Ministério Público, em cujas leis orgânicas encon-
dio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Fede- tram-se regras peculiares.
ral, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos O Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos é estatutário e regido pela Lei nº 8.112 de 1990. Nas esfe-
Vereadores (Incluído pela Emenda Constitucional nº ras distrital, estaduais e municipais podem ser adotados
47, de 2005). estatutos próprios, desde compatíveis com os preceitos
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo pode-
da Constituição Federal e da Lei 8.112/90. No regime es-
rá ser readaptado para exercício de cargo cujas atri-
tatutário não há relação contratual empregatícia.
buições e responsabilidades sejam compatíveis com a
A Constituição Federal prevê todo o regime jurídico
limitação que tenha sofrido em sua capacidade físi-
dos Servidores Públicos, com sistema remuneratório, re-
ca ou mental, enquanto permanecer nesta condição,
desde que possua a habilitação e o nível de escolari- gime previdenciário e regra geral de aposentadoria, nos
dade exigidos para o cargo de destino, mantida a re- termos do art. 40, CF.
muneração do cargo de origem (Incluído pela Emenda A estabilidade é uma das garantias do serviço pú-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constitucional nº 103, de 2019). blico, prevista constitucionalmente. É adquirida pelo


§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de funcionário concursado após três anos de estágio pro-
tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego batório, ou seja, de efetivo exercício da função pública
ou função pública, inclusive do Regime Geral de Pre- e impede que ele seja desvinculado do serviço público
vidência Social, acarretará o rompimento do vínculo arbitrariamente, a não ser por sentença transitada em
que gerou o referido tempo de contribuição. (Incluído julgado ou decisão administrativa em que lhe foi dado
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) amplo direito de defesa, aposentadoria compulsória,
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias exoneração a pedido ou morte:
de servidores públicos e de pensões por morte a seus
dependentes que não seja decorrente do disposto nos Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercí-
§§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei cio os servidores nomeados para cargo de provimento
que extinga regime próprio de previdência social (In- efetivo em virtude de concurso público (Redação dada
cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019). pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

140
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de PODER EXECUTIVO
1998):
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul-
gado (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja fun-
1998); ção principal ou típica é a prática dos atos de chefia de
II - mediante processo administrativo em que lhe Estado, de Governo e de Administração, mas de forma
seja assegurada ampla defesa (Incluído pela Emenda atípica, também legisla através da edição de Medidas
Constitucional nº 19, de 1998); Provisórias e julga contenciosos administrativos.
III - mediante procedimento de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei complementar, assegu- Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente
rada ampla defesa (Incluído pela Emenda Constitu- da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
cional nº 19, de 1998);
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do Chefe de Estado e Chefe de Governo
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo O Brasil adota o presidencialismo, que tem unifi-
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em cadas na figura do Presidente da República as funções
outro cargo ou posto em disponibilidade com remu- do Chefe de Estado e Chefe de Governo. Portanto, o
neração proporcional ao tempo de serviço (Redação Poder Executivo brasileiro é monocrático.
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); Como chefe de Estado, o presidente representa o
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessida- país nas suas relações internacionais e como chefe de
de, o servidor estável ficará em disponibilidade, com governo exerce a liderança nacional, gerindo o país po-
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até lítica e administrativamente.
seu adequado aproveitamento em outro cargo (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); Eleição do Presidente e Vice-presidente da
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, República
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
comissão instituída para essa finalidade (Incluído pela O presidente será eleito por maioria absoluta de vo-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) tos, não computados os em branco e os nulos. Entende-
-se por maioria absoluta, mais que a metade, o número
São militares dos Estados, do Distrito Federal e dos subsequente à metade, ou a metade +1 do número total
Territórios, os membros das polícias militares e corpos de votantes. Quando o candidato mais votado não al-
de bombeiros militares, instituições organizadas com cança a maioria absoluta, realiza-se segundo turno entre
base na hierarquia e disciplina, nos termos do art. 42, CF. os dois mais votados.
Aos militares são proibidas a sindicalização e a greve,
em face das funções por eles desempenhadas.
#FicaDica
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos A maioria absoluta é diferente da maioria
de Bombeiros Militares, instituições organizadas com simples, que consiste no maior resultado da
base na hierarquia e disciplina, são militares dos Es- votação, independentemente de exigência
tados, do Distrito Federal e dos Territórios (Redação de quórum percentual relacionado à quanti-
dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998). dade total de votantes.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado
em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; Requisitos de elegibilidade do Presidente e
e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual espe- Vice-Presidente:
cífica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos res- • Ser brasileiro nato;
pectivos governadores (Redação dada pela Emenda • Estar no gozo dos direitos políticos;
Constitucional nº 20, de 15/12/98). • Ter mais de trinta e cinco anos;
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Dis- • Não ser inelegível;
trito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado • Possuir filiação partidária.
em lei específica do respectivo ente estatal (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003). Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presiden-
§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito te da República realizar-se-á, simultaneamente, no
Federal e dos Territórios o disposto no art. 37, inciso primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e
XVI, com prevalência da atividade militar (Incluído no último domingo de outubro, em segundo turno,
pela Emenda Constitucional nº 101, de 2019). se houver, do ano anterior ao do término do manda-
to presidencial vigente  (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 16, de 1997).

141
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a § 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com-
do Vice-Presidente com ele registrado. pletar o período de seus antecessores.
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato Art. 82. O mandato do Presidente da República é de
que, registrado por partido político, obtiver a maioria quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do
absoluta de votos, não computados os em branco e ano seguinte ao da sua eleição  (Redação dada pela
os nulos. Emenda Constitucional nº 16, de 1997).
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da Repú-
na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vin- blica não poderão, sem licença do Congresso Nacio-
te dias após a proclamação do resultado, concorrendo nal, ausentar-se do País por período superior a quinze
os dois candidatos mais votados e considerando-se dias, sob pena de perda do cargo.
eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer Atribuições do Presidente da República
morte, desistência ou impedimento legal de candi-
dato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de Como chefe de Governo e Estado, compete ao Pre-
maior votação. sidente da República as atribuições e responsabilidades
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema- trazidas no artigo 84, CF:
nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com
a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. • Nomear e exonerar os Ministros de Estado;
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli- • Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
ca tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, direção superior da administração federal;
prestando o compromisso de manter, defender e cum- • Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
prir a Constituição, observar as leis, promover o bem previstos nesta Constituição;
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integri- • Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
dade e a independência do Brasil. como expedir decretos e regulamentos para sua
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fi- fiel execução;
xada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, • Vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
salvo motivo de força maior, não tiver assumido o car- • Dispor, mediante decreto, sobre:
go, este será declarado vago. a) organização e funcionamento da administra-
ção federal, quando não implicar aumento de
Ordem de sucessão presidencial no caso de impe- despesa nem criação ou extinção de órgãos
dimento ou vacância: públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quan-
Em caso de impedimento ou vacância do cargo de do vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional
Presidente, este será substituído pelo: nº 32, de 2001).
• Manter relações com Estados estrangeiros e acre-
1) Vice-presidente, ditar seus representantes diplomáticos;
2) Presidente da Câmara dos Deputados, • Celebrar tratados, convenções e atos internacio-
3) Presidente do Senado Federal e nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
4) Presidente do Supremo Tribunal Federal, nesta • Decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
ordem. • Decretar e executar a intervenção federal;
• Remeter mensagem e plano de governo ao Con-
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedi- gresso Nacional por ocasião da abertura da ses-
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. são legislativa, expondo a situação do País e soli-
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, citando as providências que julgar necessárias;
além de outras atribuições que lhe forem conferidas • Conceder indulto e comutar penas, com audiên-
por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
que por ele convocado para missões especiais. • Exercer o comando supremo das Forças Armadas,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do nomear os Comandantes da Marinha, do Exército


Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais
serão sucessivamente chamados ao exercício da Pre- e nomeá-los para os cargos que lhes são privati-
sidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do vos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. 23, de 02/09/99)
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pre- • Nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
sidente da República, far-se-á eleição noventa dias Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tri-
depois de aberta a última vaga. bunais Superiores, os Governadores de Territórios,
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do o Procurador-Geral da República, o presidente e
período presidencial, a eleição para ambos os cargos os diretores do banco central e outros servidores,
será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Con- quando determinado em lei;
gresso Nacional, na forma da lei. • Nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi-
nistros do Tribunal de Contas da União;

142
• Nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente
Constituição, e o Advogado-Geral da União; da República, por dois terços da Câmara dos Depu-
• Nomear membros do Conselho da República, nos tados, será ele submetido a julgamento perante o
termos do art. 89, VII; Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais co-
• Convocar e presidir o Conselho da República e o muns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de
Conselho de Defesa Nacional; responsabilidade.
• Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, § 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
autorizado pelo Congresso Nacional ou referen- I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún-
dado por ele, quando ocorrida no intervalo das cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
sessões legislativas, e, nas mesmas condições, II - nos crimes de responsabilidade, após a instaura-
decretar, total ou parcialmente, a mobilização ção do processo pelo Senado Federal.
nacional; § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o
• Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do julgamento não estiver concluído, cessará o afasta-
Congresso Nacional; mento do Presidente, sem prejuízo do regular prosse-
• Conferir condecorações e distinções honoríficas; guimento do processo.
• Permitir, nos casos previstos em lei complementar, § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória,
que forças estrangeiras transitem pelo território nas infrações comuns, o Presidente da República não
nacional ou nele permaneçam temporariamente; estará sujeito a prisão.
• Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro- mandato, não pode ser responsabilizado por atos es-
postas de orçamento previstos nesta Constituição; tranhos ao exercício de suas funções.
• Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, den-
tro de sessenta dias após a abertura da sessão le- Os Ministros de Estado
gislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
• Prover e extinguir os cargos públicos federais, na Os Ministros de Estado são membros auxiliares do
forma da lei; Executivo livremente nomeados pelo Presidente, desde
• Editar medidas provisórias com força de lei, nos que maiores de 21 anos e em pleno exercício de seus
termos do art. 62; direitos políticos.
• Exercer outras atribuições previstas na CF/88. Competem aos Ministros a direção do Ministério ou
seção administrativa que lhe houver sido confiada. Po-
O Presidente da República poderá ainda delegar as dem também referendar atos presidenciais, expedir ins-
atribuições previstas nos incisos VI, XII e XXV, primeira truções para a boa execução das leis, decretos e regula-
parte, do art. 84, CF aos Ministros de Estado, ao Pro- mentos e inclusive, receber delegação do Presidente da
curador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da República para a realização de atos próprios da chefia
União, que observarão os limites traçados nas respecti- do Poder Executivo.
vas delegações.
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos den-
Responsabilidade do Presidente da República tre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercí-
cio dos direitos políticos.
Os arts. 85 e 86 da Constituição Federal tratam sobre Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado,
os atos do Presidente da República que consistem em além de outras atribuições estabelecidas nesta Cons-
crimes de responsabilidade. tituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do órgãos e entidades da administração federal na área
Presidente da República que atentem contra a Consti- de sua competência e referendar os atos e decretos
tuição Federal e, especialmente, contra: assinados pelo Presidente da República;
I - a existência da União; II - expedir instruções para a execução das leis, decre-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju- tos e regulamentos;


diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitu- III - apresentar ao Presidente da República relatório
cionais das unidades da Federação; anual de sua gestão no Ministério;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe
sociais; forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da
IV - a segurança interna do País; República.
V - a probidade na administração; Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de
VI - a lei orçamentária; Ministérios e órgãos da administração pública (Reda-
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. ção dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei
especial, que estabelecerá as normas de processo e
julgamento.

143
Do Conselho da República e do Conselho de De- “O Ministério Público é instituição permanente, es-
fesa Nacional sencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe
a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
O Conselho da Repúbica é órgão consultivo do Pre- dos interesses sociais e individuais indisponíveis” (MO-
sidente sobre intervenção federal, estado de defesa, es- RAES, 2018, p. 791).
tado de sítio e questões relevantes para a estabilidade Assim, constitucionalmente, o Ministério Público
das instituições democráticas. O Presidente não poderá abrange duas grandes Instituições, sem que haja qual-
tomar qualquer decisão sobre tais questões sem a au- quer relação de hierarquia e subordinação entre elas: o
diência do Conselho da República. Entretanto, sua fun- Ministério Público da União, que compreende o Mi-
ção é apenas consultiva e não deliberativa, e não vincula nistério Público Federal, o Ministério Público do Traba-
necessariamente a atuação presidencial. lho; o Ministério Público Militar, o Ministério Público do
O Conselho de Defesa Nacional é o órgão destinado Distrito Federal e Territórios; e o Ministério Público dos
a assessorar o Presidente da República nas questões re- Estados (MORAES, 2018).
lativas à defesa do território nacional. Os membros do Ministério Público Federal são os
procuradores da República e os do Ministério Público
dos Estados e do Distrito Federal são os Promotores e
FORMAS E SISTEMA DE GOVERNO Procuradores de Justiça.
São princípios institucionais do Ministério Público: a
unidade, a indivisibilidade, a independência funcional e
São elementos do Estado: a soberania, a finalidade, o o princípio do promotor natural. Ao Ministério Público
povo e o território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud compete a função de custos legis (fiscal da lei), a defesa
Lenza, 2019, p. 719) define Estado como “a ordem jurídi- do patrimônio público e os direitos constitucionais do
ca soberana que tem por fim o bem comum de um povo cidadão, além de ter poder investigativo, dentre tantas
situado em determinado território”. outras funções de grande relevância elencadas no art.
A Constituição de 1988 adotou a forma republicana 129, CF e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público
de governo, o sistema presidencialista de governo e (Lei nº 8.625/93).
a forma federativa de Estado. Note tratar-se de três
definições distintas. Art. 129. São funções institucionais do Ministério
Público:
FEDERAÇÃO I - promover, privativamente, a ação penal pública, na
forma da lei;
O federalismo é marcado pela união indissolúvel de II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e
estados com autonomia política. São entes da federação dos serviços de relevância pública aos direitos asse-
brasileira: a União; os Estados-Membros; o Distrito Fe- gurados nesta Constituição, promovendo as medidas
deral e os Municípios. necessárias a sua garantia;
Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é con- III - promover o inquérito civil e a ação civil públi-
siderado laico, mantendo uma posição de neutralidade ca, para a proteção do patrimônio público e social,
em matéria religiosa, admitindo o culto de todas as reli- do meio ambiente e de outros interesses difusos e
giões, sem qualquer intervenção. coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou re-
FORMA DE ESTADO Federação presentação para fins de intervenção da União e dos
Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
FORMA DE GOVERNO República V - defender judicialmente os direitos e interesses das
populações indígenas;
REGIME DE GOVERNO Democrático VI - expedir notificações nos procedimentos adminis-
trativos de sua competência, requisitando informa-
SISTEMA DE GOVERNO Presidencialismo ções e documentos para instruí-los, na forma da lei
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial,
MINISTÉRIO PÚBLICO na forma da lei complementar mencionada no artigo
anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instau-
O MP está fora da estrutura dos demais poderes da ração de inquérito policial, indicados os fundamentos
República, consagrando sua total autonomia e inde- jurídicos de suas manifestações processuais;
pendência para o cumprimento de suas funções sem- IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas,
pre em defesa dos direitos, garantias e prerrogativas da desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe
sociedade. vedada a representação judicial e a consultoria jurídi-
ca de entidades públicas.

144
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente,
ações civis previstas neste artigo não impede a de organizado e mantido pela União e estruturado em
terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamen-
nesta Constituição e na lei. to ostensivo das ferrovias federais. (Redação dada
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
exercidas por integrantes da carreira, que deverão § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia
residir na comarca da respectiva lotação, salvo auto- de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
rização do chefe da instituição  (Redação dada pela União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
infrações penais, exceto as militares.
Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-
a preservação da ordem pública; aos corpos de bom-
-se-á mediante concurso público de provas e títulos,
beiros militares, além das atribuições definidas em lei,
assegurada a participação da Ordem dos Advogados incumbe a execução de atividades de defesa civil.
do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacha- § 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão admi-
rel em direito, no mínimo, três anos de atividade ju- nistrador do sistema penal da unidade federativa a
rídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimen-
classificação.    tos penais. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 104, de 2019)
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros
DEMOCRÁTICAS militares, forças auxiliares e reserva do Exército subor-
dinam-se, juntamente com as polícias civis e as polí-
cias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos
SEGURANÇA PÚBLICA Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, di- § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamen-
reito e responsabilidade de todos, é exercida para a to dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de
preservação da ordem pública e da incolumidade das maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: § 8º Os Municípios poderão constituir guardas muni-
I - polícia federal; cipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
II - polícia rodoviária federal; instalações, conforme dispuser a lei.
III - polícia ferroviária federal; § 9º A remuneração dos servidores policiais integran-
IV - polícias civis; tes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada
na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Constitucional nº 19, de 1998)
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Re-
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação
dação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
2019) seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emen-
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão da Constitucional nº 82, de 2014)
permanente, organizado e mantido pela União e es- I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
truturado em carreira, destina-se a:” (Redação dada de trânsito, além de outras atividades previstas em lei,
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade ur-
I - apurar infrações penais contra a ordem política e bana eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitucional
social ou em detrimento de bens, serviços e interesses nº 82, de 2014)
da União ou de suas entidades autárquicas e empre- II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Fede-
sas públicas, assim como outras infrações cuja prática ral e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entida-
tenha repercussão interestadual ou internacional e des executivos e seus agentes de trânsito, estruturados
exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes Constitucional nº 82, de 2014)
e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públi-


ORDEM SOCIAL
cos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeropor-
tuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda
BASE E OBJETIVOS DA ORDEM SOCIAL
Constitucional nº 19, de 1998)
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia
TÍTULO VIII
judiciária da União.
DA ORDEM SOCIAL
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente,
CAPÍTULO I
organizado e mantido pela União e estruturado em
DISPOSIÇÃO GERAL
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamen-
to ostensivo das rodovias federais. (Redação dada pela
Art. 193. A ordem social tem como base o primado
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça
sociais.

145
Parágrafo único. O Estado exercerá a função de pla- III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
nejamento das políticas sociais, assegurada, na forma IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou
da lei, a participação da sociedade nos processos de de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda
formulação, de monitoramento, de controle e de ava- Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
liação dessas políticas. (Incluído pela Emenda Consti- § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos
tucional nº 108, de 2020) Municípios destinadas à seguridade social constarão
dos respectivos orçamentos, não integrando o orça-
SEGURIDADE SOCIAL
mento da União.
CAPÍTULO II § 2º A proposta de orçamento da seguridade social
DA SEGURIDADE SOCIAL será elaborada de forma integrada pelos órgãos res-
SEÇÃO I ponsáveis pela saúde, previdência social e assistência
DISPOSIÇÕES GERAIS social, tendo em vista as metas e prioridades estabe-
lecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada
Art. 194. A seguridade social compreende um conjun- a cada área a gestão de seus recursos.
to integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públi- § 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da
cos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos seguridade social, como estabelecido em lei, não po-
relativos à saúde, à previdência e à assistência social. derá contratar com o Poder Público nem dele receber
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos ter- benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. (Vide
mos da lei, organizar a seguridade social, com base Emenda constitucional nº 106, de 2020)
nos seguintes objetivos: § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
garantir a manutenção ou expansão da seguridade
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e servi-
ços às populações urbanas e rurais; social, obedecido o disposto no art. 154, I.
III - seletividade e distributividade na prestação dos § 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade so-
benefícios e serviços; cial poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; correspondente fonte de custeio total.
V - eqüidade na forma de participação no custeio; § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo
VI - diversidade da base de financiamento, identifi- só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias
cando-se, em rubricas contábeis específicas para cada da data da publicação da lei que as houver instituído
área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no
saúde, previdência e assistência social, preservado o art. 150, III, “b”.
caráter contributivo da previdência social; (Redação § 7º São isentas de contribuição para a seguridade
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) social as entidades beneficentes de assistência social
VII - caráter democrático e descentralizado da admi- que atendam às exigências estabelecidas em lei.
nistração, mediante gestão quadripartite, com par-
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário
ticipação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. rurais e o pescador artesanal, bem como os respecti-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de vos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime
1998) de economia familiar, sem empregados permanentes,
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda contribuirão para a seguridade social mediante a apli-
a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da cação de uma alíquota sobre o resultado da comer-
lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos cialização da produção e farão jus aos benefícios nos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitu-
cípios, e das seguintes contribuições sociais: cional nº 20, de 1998)
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do
equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Reda- caput deste artigo poderão ter alíquotas diferencia-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) das em razão da atividade econômica, da utilização
a) a folha de salários e demais rendimentos do traba- intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou
lho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
da condição estrutural do mercado de trabalho, sen-
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo em-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

do também autorizada a adoção de bases de cálculo


pregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998) diferenciadas apenas no caso das alíneas “b” e “c” do
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda inciso I do caput. (Redação dada pela Emenda Consti-
Constitucional nº 20, de 1998) tucional nº 103, de 2019)
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, § 10. A lei definirá os critérios de transferência de
de 1998) recursos para o sistema único de saúde e ações de
II - do trabalhador e dos demais segurados da pre- assistência social da União para os Estados, o Dis-
vidência social, podendo ser adotadas alíquotas trito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
progressivas de acordo com o valor do salário de Municípios, observada a respectiva contrapartida de
contribuição, não incidindo contribuição sobre apo- recursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20,
sentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de de 1998)
Previdência Social; (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 103, de 2019)

146
§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em I - no caso da União, a receita corrente líquida do res-
prazo superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de pectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior
lei complementar, a remissão e a anistia das contri- a 15% (quinze por cento); (Redação dada pela Emenda
buições sociais de que tratam a alínea “a” do inciso Constitucional nº 86, de 2015)
I e o inciso II do caput. (Redação dada pela Emenda II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produ-
Constitucional nº 103, de 2019) to da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômi- 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159,
ca para os quais as contribuições incidentes na forma inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que
dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulati- forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluí-
vas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de do pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
19.12.2003) III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o
§ 13. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Cons- produto da arrecadação dos impostos a que se refere
titucional nº 103, de 2019) (Revogado pela Emenda o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158
Constitucional nº 103, de 2019) e 159, inciso I, alínea b e § 3º. (Incluído pela Emenda
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como Constitucional nº 29, de 2000)
tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdên- § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo me-
cia Social a competência cuja contribuição seja igual nos a cada cinco anos, estabelecerá: (Incluído pela
ou superior à contribuição mínima mensal exigida Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
para sua categoria, assegurado o agrupamento de I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do §
contribuições. (Incluído pela Emenda Constitucional 2º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86,
nº 103, de 2019) de 2015)
II – os critérios de rateio dos recursos da União vin-
SEÇÃO II culados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
DA SAÚDE Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a
seus respectivos Municípios, objetivando a progressi-
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Esta- va redução das disparidades regionais; (Incluído pela
do, garantido mediante políticas sociais e econômicas Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
que visem à redução do risco de doença e de outros III – as normas de fiscalização, avaliação e controle
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e das despesas com saúde nas esferas federal, estadual,
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. distrital e municipal; (Incluído pela Emenda Constitu-
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços cional nº 29, de 2000)
de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos ter- IV - (revogado). (Redação dada pela Emenda Consti-
mos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e tucional nº 86, de 2015)
controle, devendo sua execução ser feita diretamente § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou poderão admitir agentes comunitários de saúde e
jurídica de direito privado. agentes de combate às endemias por meio de proces-
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde inte- so seletivo público, de acordo com a natureza e com-
gram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons- plexidade de suas atribuições e requisitos específicos
tituem um sistema único, organizado de acordo com para sua atuação. (Incluído pela Emenda Constitucio-
as seguintes diretrizes: (Vide ADPF 672) nal nº 51, de 2006)
I - descentralização, com direção única em cada esfe- § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
ra de governo; salarial profissional nacional, as diretrizes para os
II - atendimento integral, com prioridade para as Planos de Carreira e a regulamentação das atividades
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços de agente comunitário de saúde e agente de combate
assistenciais; às endemias, competindo à União, nos termos da lei,
III - participação da comunidade. prestar assistência financeira complementar aos Esta-
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos dos, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cum-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

termos do art. 195, com recursos do orçamento da primento do referido piso salarial. (Redação dada pela
seguridade social, da União, dos Estados, do Distri- Emenda Constitucional nº 63, de 2010) Regulamento
to Federal e dos Municípios, além de outras fontes. § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e
(Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor
Constitucional nº 29, de 2000) que exerça funções equivalentes às de agente comuni-
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- tário de saúde ou de agente de combate às endemias
nicípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços poderá perder o cargo em caso de descumprimento
públicos de saúde recursos mínimos derivados da apli- dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu
cação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51,
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) de 2006)
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa
privada.

147
§ 1º As instituições privadas poderão participar de IV - salário-família e auxílio-reclusão para os depen-
forma complementar do sistema único de saúde, se- dentes dos segurados de baixa renda; (Redação dada
gundo diretrizes deste, mediante contrato de direito pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
público ou convênio, tendo preferência as entidades V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
filantrópicas e as sem fins lucrativos. ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observa-
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para do o disposto no § 2º. (Redação dada pela Emenda
auxílios ou subvenções às instituições privadas com Constitucional nº 20, de 1998)
fins lucrativos. § 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios di-
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de ferenciados para concessão de benefícios, ressalvada,
empresas ou capitais estrangeiros na assistência à nos termos de lei complementar, a possibilidade de
saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. previsão de idade e tempo de contribuição distintos
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos da regra geral para concessão de aposentadoria ex-
que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e subs- clusivamente em favor dos segurados: (Redação dada
tâncias humanas para fins de transplante, pesquisa pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
e tratamento, bem como a coleta, processamento e I - com deficiência, previamente submetidos a avalia-
transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado ção biopsicossocial realizada por equipe multiprofis-
todo tipo de comercialização. sional e interdisciplinar; (Incluído pela Emenda Cons-
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além titucional nº 103, de 2019)
de outras atribuições, nos termos da lei: II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva ex-
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e posição a agentes químicos, físicos e biológicos preju-
substâncias de interesse para a saúde e participar da diciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada
produção de medicamentos, equipamentos, imuno- a caracterização por categoria profissional ou ocupa-
biológicos, hemoderivados e outros insumos; ção. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
II - executar as ações de vigilância sanitária e epide- 2019)
miológica, bem como as de saúde do trabalhador; § 2º Nenhum benefício que substitua o salário de con-
III - ordenar a formação de recursos humanos na área tribuição ou o rendimento do trabalho do segurado
de saúde; terá valor mensal inferior ao salário mínimo. (Reda-
IV - participar da formulação da política e da execu- ção dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
ção das ações de saneamento básico; § 3º Todos os salários de contribuição considerados
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvol- para o cálculo de benefício serão devidamente atua-
vimento científico e tecnológico e a inovação; (Reda- lizados, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda
ção dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) Constitucional nº 20, de 1998)
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
e águas para consumo humano; conforme critérios definidos em lei. (Redação dada
VII - participar do controle e fiscalização da produção, pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
transporte, guarda e utilização de substâncias e pro- § 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdên-
dutos psicoativos, tóxicos e radioativos; cia social, na qualidade de segurado facultativo, de
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele pessoa participante de regime próprio de previdência.
compreendido o do trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
SEÇÃO III § 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensio-
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL nistas terá por base o valor dos proventos do mês de
dezembro de cada ano. (Redação dada pela Emenda
Art. 201. A previdência social será organizada sob a Constitucional nº 20, de 1998)
forma do Regime Geral de Previdência Social, de ca- § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de
ráter contributivo e de filiação obrigatória, observados previdência social, nos termos da lei, obedecidas as
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atua- seguintes condições: (Redação dada pela Emenda
rial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada Constitucional nº 20, de 1998)
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporá- (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado
ria ou permanente para o trabalho e idade avançada; tempo mínimo de contribuição; (Redação dada pela
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de 2019) II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cin-
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; quenta e cinco) anos de idade, se mulher, para os tra-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de balhadores rurais e para os que exerçam suas ativida-
1998) des em regime de economia familiar, nestes incluídos
III - proteção ao trabalhador em situação de de- o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
semprego involuntário; (Redação dada pela Emenda (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
Constitucional nº 20, de 1998) de 2019)

148
§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do Art. 202. O regime de previdência privada, de cará-
§ 7º será reduzido em 5 (cinco) anos, para o professor ter complementar e organizado de forma autônoma
que comprove tempo de efetivo exercício das funções em relação ao regime geral de previdência social, será
de magistério na educação infantil e no ensino funda- facultativo, baseado na constituição de reservas que
mental e médio fixado em lei complementar. (Redação garantam o benefício contratado, e regulado por lei
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) complementar. (Redação dada pela Emenda Constitu-
§ 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a cional nº 20, de 1998)
contagem recíproca do tempo de contribuição entre o § 1° A lei complementar de que trata este artigo as-
Regime Geral de Previdência Social e os regimes pró- segurará ao participante de planos de benefícios de
prios de previdência social, e destes entre si, observa- entidades de previdência privada o pleno acesso às
da a compensação financeira, de acordo com os crité- informações relativas à gestão de seus respectivos
rios estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda planos. (Redação dada pela Emenda Constitucional
Constitucional nº 103, de 2019) nº 20, de 1998)
§ 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas ativi- § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e
dades de que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo as condições contratuais previstas nos estatutos, re-
de contribuição ao Regime Geral de Previdência So- gulamentos e planos de benefícios das entidades de
cial ou a regime próprio de previdência social terão previdência privada não integram o contrato de tra-
contagem recíproca para fins de inativação militar ou balho dos participantes, assim como, à exceção dos
aposentadoria, e a compensação financeira será de- benefícios concedidos, não integram a remuneração
vida entre as receitas de contribuição referentes aos dos participantes, nos termos da lei. (Redação dada
militares e as receitas de contribuição aos demais re- pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
gimes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de pre-
de 2019) vidência privada pela União, Estados, Distrito Federal
§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a cobertura e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas
de benefícios não programados, inclusive os decorren- públicas, sociedades de economia mista e outras en-
tes de acidente do trabalho, a ser atendida concor- tidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador,
rentemente pelo Regime Geral de Previdência Social e situação na qual, em hipótese alguma, sua contribui-
pelo setor privado. (Redação dada pela Emenda Cons- ção normal poderá exceder a do segurado. (Incluído
titucional nº 103, de 2019) pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer § 4º Lei complementar disciplinará a relação entre
título, serão incorporados ao salário para efeito de a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, in-
contribuição previdenciária e conseqüente repercus- clusive suas autarquias, fundações, sociedades de
são em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluí- economia mista e empresas controladas direta ou
do dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) indiretamente, enquanto patrocinadores de planos
§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão previ- de benefícios previdenciários, e as entidades de pre-
denciária, com alíquotas diferenciadas, para atender vidência complementar. (Redação dada pela Emenda
aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os que se Constitucional nº 103, de 2019)
encontram em situação de informalidade, e àqueles § 5º A lei complementar de que trata o § 4º aplicar-
sem renda própria que se dediquem exclusivamente -se-á, no que couber, às empresas privadas permissio-
ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, nárias ou concessionárias de prestação de serviços pú-
desde que pertencentes a famílias de baixa renda. blicos, quando patrocinadoras de planos de benefícios
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, em entidades de previdência complementar. (Redação
de 2019) dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que § 6º Lei complementar estabelecerá os requisitos para
trata o § 12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo. (Reda- a designação dos membros das diretorias das entida-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) des fechadas de previdência complementar instituídas
§ 14. É vedada a contagem de tempo de contribuição pelos patrocinadores de que trata o § 4º e disciplinará
fictício para efeito de concessão dos benefícios pre- a inserção dos participantes nos colegiados e instân-
videnciários e de contagem recíproca. (Incluído pela cias de decisão em que seus interesses sejam objeto de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Emenda Constitucional nº 103, de 2019) discussão e deliberação. (Redação dada pela Emenda
§ 15. Lei complementar estabelecerá vedações, regras Constitucional nº 103, de 2019)
e condições para a acumulação de benefícios previ-
denciários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº MEIO AMBIENTE
103, de 2019)
§ 16. Os empregados dos consórcios públicos, das em- CAPÍTULO VI
presas públicas, das sociedades de economia mista e DO MEIO AMBIENTE
das suas subsidiárias serão aposentados compulsoria-
mente, observado o cumprimento do tempo mínimo Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
de contribuição, ao atingir a idade máxima de que gicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma estabele- e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
cida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
103, de 2019) e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

149
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incum- DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO
be ao Poder Público: JOVEM E DO IDOSO
I - preservar e restaurar os processos ecológicos es-
senciais e prover o manejo ecológico das espécies e CAPÍTULO VII
ecossistemas; (Regulamento) DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO
II - preservar a diversidade e a integridade do patri- JOVEM E DO IDOSO
mônio genético do País e fiscalizar as entidades dedi- (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº
cadas à pesquisa e manipulação de material genético; 65, de 2010)
(Regulamento) (Regulamento)
III - definir, em todas as unidades da Federação, es- Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial
paços territoriais e seus componentes a serem espe- proteção do Estado.
cialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
permitidas somente através de lei, vedada qualquer § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos
utilização que comprometa a integridade dos atribu- da lei.
tos que justifiquem sua proteção; (Regulamento) § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra a união estável entre o homem e a mulher como en-
tidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão
ou atividade potencialmente causadora de signifi-
em casamento.
cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a
de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
comunidade formada por qualquer dos pais e seus
(Regulamento) descendentes.
V - controlar a produção, a comercialização e o em- § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade con-
prego de técnicas, métodos e substâncias que com- jugal são exercidos igualmente pelo homem e pela
portem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio mulher.
ambiente; (Regulamento) § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divór-
VI - promover a educação ambiental em todos os ní- cio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66,
veis de ensino e a conscientização pública para a pre- de 2010)
servação do meio ambiente; § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma humana e da paternidade responsável, o planejamen-
da lei, as práticas que coloquem em risco sua função to familiar é livre decisão do casal, competindo ao Es-
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou sub- tado propiciar recursos educacionais e científicos para
metam os animais a crueldade. (Regulamento) o exercício desse direito, vedada qualquer forma coer-
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obri- citiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
gado a recuperar o meio ambiente degradado, de § 8º O Estado assegurará a assistência à família na
acordo com solução técnica exigida pelo órgão públi- pessoa de cada um dos que a integram, criando me-
co competente, na forma da lei. canismos para coibir a violência no âmbito de suas
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao relações.
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Esta-
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, in- do assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
dependentemente da obrigação de reparar os danos com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
causados. alimentação, à educação, ao lazer, à profissionaliza-
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlân- ção, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
tica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los
Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utiliza- a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação
ção far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que
dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência in-
quanto ao uso dos recursos naturais.
tegral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arreca- admitida a participação de entidades não governa-
dadas pelos Estados, por ações discriminatórias, ne- mentais, mediante políticas específicas e obedecendo
cessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela Emenda


§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão Constitucional nº 65, de 2010)
ter sua localização definida em lei federal, sem o que I - aplicação de percentual dos recursos públicos desti-
não poderão ser instaladas. nados à saúde na assistência materno-infantil;
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII II - criação de programas de prevenção e atendi-
do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as prá- mento especializado para as pessoas portadoras de
ticas desportivas que utilizem animais, desde que se- deficiência física, sensorial ou mental, bem como de
jam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. integração social do adolescente e do jovem portador
215 desta Constituição Federal, registradas como bem de deficiência, mediante o treinamento para o traba-
de natureza imaterial integrante do patrimônio cul- lho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens
tural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos
específica que assegure o bem-estar dos animais en- arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
volvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de
de 2017 2010)

150
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos lo-
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO
gradouros e dos edifícios de uso público e de fabrica-
ção de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir GRANDE DO NORTE
acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os se- CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
guintes aspectos: NORTE
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao
trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; A Constituição do Rio Grande do Norte norteia as re-
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
gras gerais do Estado, e deve estar em consonância com
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e
jovem à escola; (Redação dada Pela Emenda Constitu- a Constituição Federal. Vale lembrar que o Estado do Rio
cional nº 65, de 2010) Grande do Norte é ente federativo autônomo, e assim
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atri- sendo, tem competência legislativa para editar leis e a
buição de ato infracional, igualdade na relação pro- sua própria Constituição estadual.
cessual e defesa técnica por profissional habilitado,
segundo dispuser a legislação tutelar específica; Fundamentos
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcio-
nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em • Autonomia do Estado e seus Municípios;
desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer • Cidadania;
medida privativa da liberdade; • Dignidade da pessoa humana;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da • Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança • Pluralismo político.
ou adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especia- O Estado tem 3 Poderes: Legislativo, Executivo, Judi-
lizado à criança, ao adolescente e ao jovem depen- ciário. Todos são independentes e harmônicos entre si.
dente de entorpecentes e drogas afins. (Redação dada Brasileiros e estrangeiros possuem direitos e garantias
Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
fundamentais.
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
exploração sexual da criança e do adolescente. Conforme o art. 4º da carta constitucional, adota-se
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na procedimento sumário de apuração de responsabilidade
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de por desrespeito à integridade física e moral dos presos,
sua efetivação por parte de estrangeiros. cominando penas disciplinares ao servidor estadual, civil
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamen- ou militar, encontrado em culpa.
to, ou por adoção, terão os mesmos direitos e quali- Compete à Lei complementar regular as condições
ficações, proibidas quaisquer designações discrimina- de cumprimento de pena no Estado, criar Fundo Peni-
tórias relativas à filiação. tenciário com a finalidade de assegurar a efetividade do
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do ado- tratamento legal previsto aos reclusos e dispor sobre a
lescente levar-se- á em consideração o disposto no instalação de comissões técnicas de classificação.
art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda Consti-
tucional nº 65, de 2010) FIQUE ATENTO!
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os di-
reitos dos jovens; (Incluído Pela Emenda Constitucio- Quem não receber, no prazo de dez (10)
nal nº 65, de 2010) dias, informações, requeridas a órgãos pú-
II - o plano nacional de juventude, de duração dece- blicos estaduais, pode, não sendo hipótese
nal, visando à articulação das várias esferas do poder de “habeas-data”, exigi-las, judicialmente,
público para a execução de políticas públicas. (Incluí- devendo o Juiz competente, ouvido quem as
do Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) deva prestar, no prazo de vinte e quatro (24)
Art. 228. São penalmente inimputáveis os meno- horas, decidir, em cinco (5) dias, intimando
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

res de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação o responsável pela recusa ou omissão a for-
especial. necer as informações requeridas, sob pena
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e edu- de desobediência, salvo a hipótese de sigilo
car os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever imprescindível à segurança da sociedade ou
de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou do Estado.
enfermidade.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o de-
ver de amparar as pessoas idosas, assegurando sua
participação na comunidade, defendendo sua digni- A soberania popular é exercida pelo sufrágio univer-
dade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para to-
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão execu- dos. A soberania popular também se manifesta de forma
tados preferencialmente em seus lares. direta, pelo plebiscito, referendo e pela iniciativa popular.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida
a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.

151
Para ser eleito é necessário: ser brasileiro, estar no • Explorar, diretamente ou mediante concessão, per-
pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleito- missão ou autorização, os serviços de transporte
ral, domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidá- rodoviário de passageiros, ferroviário e aquaviário
ria, idade mínima de trinta (30) anos para Governador e de qualquer espécie, que não ultrapassem os limi-
Vice-Governador do Estado; vinte e um (21) anos para tes do território estadual;
Deputado Estadual, Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz; • Instituir, mediante lei complementar, regiões me-
dezoito (18) anos para Vereador. tropolitanas, aglomerações urbanas e microrre-
giões, constituídas por agrupamentos de Muni-
• São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. cípios limítrofes, para integrar a organização, o
• O Governador do Estado, os Prefeitos e quem planejamento e a execução de funções públicas de
os houver sucedido, ou substituído no curso dos interesse comum;
mandatos poderão ser reeleitos para um único pe- • Celebrar convênios com a União, outros Estados
ríodo subsequente. ou Municípios, para execução de leis, serviços ou
• Para concorrerem a outros cargos, o Governador decisões, por servidores federais, estaduais ou
do Estado e os Prefeitos devem renunciar aos res- municipais;
pectivos mandatos até seis (6) meses antes do • Cooperar com a União, Estados e Municípios para
pleito. o desenvolvimento nacional equilibrado e o fo-
• São inelegíveis, no território de jurisdição do ti- mento de bem-estar de todo o povo brasileiro.
tular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
afins, até o segundo grau, ou por adoção, do Go- Vale lembrar que o Estado possui competência resi-
vernador do Estado ou do Prefeito ou de quem os dual, de maneira que, exerce em seu território todo o
haja substituído dentro dos seis (6) meses anterio- poder que lhe não seja vedado pela Constituição Federal.
res ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo Quanto a competência comum do Estado e dos Mu-
e candidato à reeleição. nicípios, destaca-se:

Organização Político Administrativa • zelar pela guarda da Constituição Federal, desta


Constituição, das leis e das instituições democrá-
A cidade de Natal é a capital do Estado. ticas e conservar o patrimônio público;
A organização político-administrativa do Estado do • cuidar da saúde e da assistência pública, da pro-
Rio Grande do Norte compreende o Estado e seus Mu- teção e garantia das pessoas portadoras de
deficiência;
nicípios, todos autônomos.
• proteger os documentos, as obras e outros bens
A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramen- de valor histórico, artístico e cultural, os monu-
to de Municípios, devem preservar a continuidade e a mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
unidade histórico-cultural do ambiente urbano, e são arqueológicos;
• impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza-
feitas por lei estadual, dentro do período determinado
ção de obras de arte e de outros bens de valor his-
por Lei Complementar Federal, e dependerão de con- tórico, artístico ou cultural;
sulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos • proporcionar os meios de acesso à cultura, à
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à
inovação;
de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
• proteger o meio ambiente e combater a poluição
na forma da lei. em qualquer de suas formas;
É vedado ao Estado e aos Municípios: I – estabelecer • preservar as florestas, a fauna e a flora;
cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar • fomentar a produção agropecuária e organizar o
abastecimento alimentar;
o funcionamento ou manter com eles ou seus
• promover programas de construção de moradias
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

representantes relações de dependência ou aliança, e a melhoria das condições habitacionais e de sa-


ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse neamento básico, inclusive no meio rural;
público; II – recusar fé aos documentos públicos; III – • combater as causas da pobreza e os fatores de
marginalização, promovendo a integração social
criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
dos setores desfavorecidos;
• registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
A competência do Estado do Rio Grande do Norte direitos de pesquisa e exploração de recursos hí-
abrange: dricos e minerais em seu território;
• estabelecer e implantar política de educação para
• Explorar, diretamente ou mediante concessão, os a segurança do trânsito.
serviços locais de gás canalizado, na forma da lei;

152
Compete ao Estado, concorrentemente com a União, exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado.
legislar sobre: O parecer prévio, emitido pelo Tribunal de Contas do Es-
tado sobre as contas que o Prefeito deve, anualmente,
• direito tributário, financeiro, penitenciário, econô- prestar, só deixa de prevalecer por decisão de dois terços
mico e urbanístico; (2/3) dos membros da Câmara Municipal.
• orçamento; As contas dos Municípios ficam, durante sessenta (60)
• junta comercial; dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte,
• custas dos serviços forenses; para exame e apreciação, o qual pode questionar-lhes a
• produção e consumo; legitimidade, nos termos da lei.
• florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, prote- Militares do Estado
ção do meio ambiente e controle da poluição;
• proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, Os membros da Polícia Militar e do Corpo de Bombei-
turístico e paisagístico; ros Militar são instituições organizadas com base na
• responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao hierarquia e disciplina.
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, es-
O acesso aos Quadros de Oficiais da Polícia Militar e
tético, histórico, turístico e paisagístico;
• educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecno- do Corpo de Bombeiros Militar exige, entre outros re-
logia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; quisitos, a aprovação em curso de formação de oficiais.
• criação, funcionamento e processo dos Juizados Ao aluno-soldado é garantido soldo nunca inferior ao
Especiais;
salário-mínimo vigente.
• procedimentos em matéria processual;
• previdência social, proteção e defesa da saúde;
O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Le-
• assistência judiciária e defensoria pública;
gislativa, com sede na Capital do Estado. Ao Poder Le-
• proteção e integração social das pessoas portado-
gislativo é assegurada autonomia financeira, mediante
ras de deficiência;
percentual da receita orçamentária do Estado, fixado em
• proteção à infância e à juventude;
lei complementar. Da Assembleia Legislativa se compõe
• organização, garantias, direitos e deveres da polí-
de Deputados, representantes do povo do Estado do Rio
cia civil.
Grande do Norte, eleitos por sufrágio universal e voto di-
reto e secreto. Cada legislatura tem a duração de quatro
Na competência concorrente, compete ao Estado
(4) anos.
legislar, suplementarmente, sobre normas gerais. Toda-
via, inexistindo lei federal sobre normas gerais, o Estado
exerce a competência legislativa plena, para atender a FIQUE ATENTO!
suas peculiaridades. A superveniência de lei federal sobre
O número de Deputados à Assembleia Le-
normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
gislativa corresponde ao triplo da represen-
que lhe for contrária.
tação do Estado na Câmara dos Deputados
Os Municípios se regem por suas leis orgânicas res-
e, atingido o número de trinta e seis (36), é
pectivas, votadas em dois (2) turnos, com o interstício mí-
acrescido de tantos quantos forem os Depu-
nimo de dez (10) dias, e aprovadas por dois terços (2/3)
tados Federais acima de doze (12).
dos membros da Câmara Municipal, que a promulgam.
Existe a inviolabilidade (imunidade) dos Vereadores por
suas opiniões, palavras e votos, no exercício do mandato
e na circunscrição do Município. Em razão do foro por • Imunidade material: Os Deputados Estaduais são
prerrogativa de função, o julgamento do Prefeito é feito invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de
perante o Tribunal de Justiça. A Câmara Municipal possui suas opiniões, palavras e votos.
função legislativa e fiscalizadora. • Imunidade formal em relação à prisão: Desde a ex-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pedição do diploma, os Deputados Estaduais não


poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
FIQUE ATENTO! inafiançável. Neste caso, os autos serão remetidos
Iniciativa popular: necessita de manifesta- dentro de vinte e quatro horas à Assembleia Le-
ção de, pelo menos, cinco por cento (5%) do gislativa, para que, pelo voto da maioria de seus
eleitorado. membros, em votação nominal, resolva sobre a
prisão.
• Imunidade formal em relação ao processo: Recebi-
da denúncia contra Deputado Estadual, por crime
A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope-
ocorrido após a diplomação, o Tribunal de Justiça
racional e patrimonial de Município é exercida pelo Poder
ou o Órgão Judiciário competente darão ciência à
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelo
Assembleia Legislativa, que, por iniciativa de par-
sistema de controle interno do Poder Executivo Munici-
tido político nela representado, ou no Congresso
pal. O controle externo do Poder Legislativo Municipal é

153
Nacional, e pelo voto nominal da maioria de seus II – cujo procedimento for declarado incompatível com
membros, poderá, até a decisão final, sustar o an- o decoro parlamentar; III – que deixar de comparecer,
damento da ação. A sustação do processo suspen- em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões
de a prescrição, enquanto durar o mandato. ordinárias da Assembleia Legislativa, salvo licença ou
• Foro por prerrogativa de função: Os Deputados, missão por esta autorizada;
desde a expedição do diploma, são submetidos IV – que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
a julgamento perante o Tribunal de Justiça do V – quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos
Estado. previstos na Constituição Federal ou nesta;
• Os Deputados não são obrigados a testemu- VI – que sofrer condenação criminal em sentença
nhar sobre informações recebidas ou prestadas transitada em julgado.
em razão do exercício do mandato nem sobre as
pessoas que lhes confiaram ou deles receberam Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato
informações. será decidida pela Assembleia Legislativa, por maioria
• A incorporação de Deputado às Forças Arma- absoluta e votação nominal, mediante provocação da
das, embora militar e ainda que em tempo de respectiva Mesa ou de partido político representado no
guerra, depende de prévia licença da Assembleia Congresso Nacional ou na própria Assembleia, assegura-
Legislativa. da ampla defesa.
• As imunidades dos Deputados subsistem durante
o estado de sítio, só podendo ser suspensas me- Nos casos previstos nos incisos III, IV e V, a perda é
diante o voto de dois terços (2/3) dos membros da declarada pela Mesa da Assembleia Legislativa, de ofício
Assembleia Legislativa, nos casos de atos pratica- ou mediante provocação de qualquer de seus membros,
dos fora do recinto da Casa, que sejam incompatí- ou de partido político representado na Casa, ou no Con-
veis com a execução da medida. gresso Nacional, assegurada ampla defesa.
• Os Deputados que forem demandados judicial-
mente podem requerer à Mesa que a consultoria Para evitar a impunidade, a renúncia de parlamentar
jurídica e a representação judicial sejam feitas pela submetido a processo que vise ou possa levar à perda do
Procuradoria-Geral da Assembleia Legislativa, caso mandato terá seus efeitos suspensos até as deliberações
a ação judicial se refira ao exercício da atividade finais.
parlamentar ou dela decorra, observadas as atri-
buições, competências e forma que serão regula- Não perde o mandato o deputado
mentadas por Resolução.
I – investido no cargo de Ministro de Estado, Secretá-
Os deputados não podem rio deste Estado, da Prefeitura da Capital ou chefe de
missão diplomática temporária;
I – desde a expedição do diploma: II – licenciado pela Assembleia Legislativa, por motivo
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de de doença, ou para tratar, sem remuneração, de inte-
direito público, autarquia, empresa pública, socieda- resse particular, desde que, neste caso, o afastamen-
de de economia mista, fundação instituída pelo Poder to não ultrapasse cento e vinte (120) dias por sessão
Público, ou empresa concessionária de serviço pú- legislativa.
blico, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas
uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego re- FIQUE ATENTO!
munerado, inclusive os de que sejam demissíveis “ad A Assembleia Legislativa reunir-se-á, anual-
nutum”, nas entidades constantes da alínea anterior; mente, na Capital do Estado, de 2 de feve-
II – desde a posse: reiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de
a) ser proprietários, controladores ou diretores de em- dezembro.
presas que gozem de favor decorrente de contrato
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

com pessoa jurídica de direito público, ou nelas exer-


cer função remunerada; É incidente em provas perguntas sobre a CPI, assim,
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis vale conhecer a literalidade do art. 43, § 3º:
“ad nutum’’, nas entidades referidas no inciso I, “a”;
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer § 3º As Comissões Parlamentares de Inquérito
das entidades a que se refere o inciso I, “a”; têm poderes de investigação, próprios das auto-
d) ser titulares de mais de um (1) cargo ou mandato ridades judiciais, além de outros previstos no re-
público eletivo. gimento, são criadas pela Assembleia Legislativa,
mediante requerimento de um terço (1/3) de seus
Perde o mandato o deputado membros, para a apuração de fato determinado
e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for
I – que infringir qualquer das proibições estabelecidas;

154
o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para Secretarias de Estado, Polícia Militar, Polícia Civil
que promova a responsabilidade civil ou criminal e Corpo de Bombeiros Militar. A iniciativa popular
dos infratores. pode ser exercida pela apresentação à Assembleia
Legislativa de projeto de lei subscrito por, no mí-
Recapitulando, é necessário o requerimento de 1/3 nimo, um por cento do eleitorado estadual. As leis
dos membros para a apuração de fato determinado, por complementares são aprovadas por maioria abso-
prazo certo. As conclusões da Comissão são enviadas ao luta. Ex.: organização do Poder Executivo; organi-
Ministério Público, para que promova a responsabiliza- zação e divisão judiciárias; organização do Ministé-
ção civil e criminal. rio Público, da Defensoria Pública e do Tribunal de
A Procuradoria-Geral da Assembleia Legislativa é ins- Contas; organização da Polícia Militar e do Corpo
tituição permanente, vinculada à Mesa, é o órgão supe- de Bombeiros Militar, bem como estatuto e remu-
rior de assessoramento e consultoria jurídica do Poder neração dos policiais militares e dos bombeiros
Legislativo, incumbindo-lhe ainda as atividades de repre- militares; estatuto dos servidores públicos civis.
sentação judicial e assistência técnica legislativa à Mesa, • Leis delegadas: As leis delegadas são elaboradas
às Comissões, às Diretorias e aos Deputados. pelo Governador do Estado, que deve solicitar a
O processo legislativo estadual compreende a elabo- delegação à Assembleia Legislativa. Não podem
ração de: ser objeto de delegação os atos de competência
exclusiva da Assembleia Legislativa, matéria reser-
• Emendas à Constituição: A Constituição pode vada a lei complementar, nem a legislação sobre:
ser emendada mediante proposta: I – de um ter- I – organização do Poder Judiciário, do Ministério
ço (1/3), no mínimo, dos membros da Assembleia Público e da Defensoria Pública, a carreira e a ga-
Legislativa; II – do Governador do Estado; III – de rantia de seus membros; II – planos plurianuais, di-
iniciativa popular, subscrita por, no mínimo, três retrizes orçamentárias e orçamentos. A delegação
por cento do eleitorado estadual, distribuídos, pelo ao Governador do Estado tem forma de resolução
menos, em três quintos dos Municípios do Estado. da Assembleia Legislativa, que deve especificar seu
A Constituição não pode ser emendada na vigên- conteúdo e os termos de seu exercício. Se a reso-
cia de intervenção federal, de estado de defesa ou lução determinar a apreciação do projeto pela As-
de estado de sítio. A proposta de emenda é discu- sembleia Legislativa, esta o faz, em votação única,
tida e votada em dois (2) turnos, considerando-se vedada qualquer emenda.
aprovada se obtiver, em ambos, três quintos (3/5) • Decretos legislativos: Possui efeitos externos,
dos votos dos membros da Assembleia. A emen- para além da Assembleia.
da à Constituição é promulgada pela Mesa da As- • Resoluções: Possui efeitos internos, ex.: normas
sembleia Legislativa, com o respectivo número de destinadas à Assembleia.
ordem. Não é objeto de deliberação a proposta de
emenda que atente contra os princípios da Cons- A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope-
tituição Federal. A matéria constante de proposta racional e patrimonial do Estado e de todas as entidades
de emenda, rejeitada ou havida por prejudicada, da administração direta e indireta, quanto aos aspec-
não pode ser objeto de nova proposta na mesma tos de legalidade, legitimidade e economicidade, assim
sessão legislativa. como a aplicação das subvenções e renúncias de recei-
• Leis complementares e Leis Ordinárias: A ini- tas, é exercida pela Assembleia Legislativa, mediante o
ciativa das leis complementares e ordinárias cabe controle externo e pelo sistema de controle interno de
a qualquer Deputado, Comissão ou Mesa da As- cada um dos Poderes.
sembleia Legislativa, ao Governador do Estado, ao Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pú-
Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas, ao Procu- blica ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie
rador-Geral de Justiça, ao Defensor Público-Geral ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos
do Estado e aos cidadãos, na forma e nos casos quais o Estado responda, ou que, em nome deste, assu-
previstos na Constituição. São de iniciativa privati- ma obrigações de natureza pecuniária.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

va do Governador do Estado as leis que: I – fixem


ou modifiquem o efetivo da Polícia Militar ou do
Corpo de Bombeiros Militar; II – disponham so- FIQUE ATENTO!
bre: a) criação de cargos, funções ou empregos O controle externo, a cargo da Assembleia
públicos na administração direta e autárquica, ou Legislativa, é exercido com o auxílio do Tri-
aumento de sua remuneração; b) servidores públi- bunal de Contas do Estado.
cos do Estado, seu regime jurídico, provimento de
cargos, estabilidade e aposentadoria; c) militares
do Estado e respectivo regime jurídico, provimen- No exercício do controle externo, a Assembleia Le-
to de cargos, promoções, estabilidade, remunera- gislativa poderá, por aprovação de 2/3 (dois terços) de
ção, reforma e condições de transferência para a seus membros, sustar os efeitos das decisões cautela-
reserva; d) criação e extinção de Órgãos e Entes da res, inclusive as que versarem sobre imposição de multa,
Administração Pública Estadual, notadamente de proferidas pelo Tribunal de Contas do Estado e por seus

155
membros, até o julgamento do mérito do processo, a • Ocorrendo a vacância no último ano do período
fim de resguardar sua missão constitucional, operando, governamental, o cargo é exercido pelo Presiden-
sempre, sob a orientação da razoabilidade e da propor- te da Assembleia Legislativa e, na sua recusa, pelo
cionalidade e sem prejuízo do controle judicial dos atos Presidente do Tribunal de Justiça.
administrativos já realizado pelo Poder Judiciário.
A Comissão Permanente de Finanças da Assembleia É vedado ao Governador e ao Vice-Governador,
Legislativa, diante de indícios de despesa não autorizada, bem assim aos seus ascendentes, descendentes, irmãos,
ainda que sob forma de investimentos não programados cunhados, durante o cunhadio, e cônjuges, ou a empre-
ou de subsídios não aprovados, pode solicitar à autorida- sas de que participem, contrair empréstimo em institui-
de governamental responsável que, no prazo de cinco (5) ção financeira na qual o Estado seja detentor de mais da
dias, preste os esclarecimentos necessários. metade das respectivas ações, com direito a voto.
O Governador é submetido a julgamento perante o
• Não prestados os esclarecimentos, ou considera- Superior Tribunal de Justiça, nos crimes comuns, ou pe-
dos insuficientes, a Comissão solicita ao Tribunal rante tribunal especial, nos crimes de responsabilidade, e,
de Contas pronunciamento conclusivo sobre a ma- quando conexos com aqueles, os Secretários de Estado.
téria, no prazo de trinta (30) dias. O Tribunal Especial se constitui de cinco (5) Deputa-
• Entendendo o Tribunal de Contas irregular a des- dos eleitos pela Assembleia e cinco (5) Desembargado-
pesa, a Comissão, se julgar que o gasto pode res, sorteados pelo Presidente do Tribunal de Justiça, que
causar dano irreparável ou grave lesão à econo- o preside.
mia pública, propõe à Assembleia Legislativa sua O Governador fica suspenso de suas funções nos cri-
sustação. mes de responsabilidade, após a instauração do proces-
so pelo Tribunal Especial. Se, decorrido o prazo de cento
Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem e oitenta (180) dias, o julgamento não estiver concluído,
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, cessa o afastamento do Governador, sem prejuízo do re-
dela dão ciência ao Tribunal de Contas do Estado, sob gular prosseguimento do processo.
pena de responsabilidade solidária. Os Secretários de Estado são escolhidos dentre brasi-
Qualquer cidadão, partido político, associação ou leiros maiores de vinte e um (21) anos e no exercício dos
sindicato, é parte legítima para, na forma da lei, denun- direitos políticos. Entre outras funções, a ele compete
ciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de exercer a orientação, coordenação e supervisão dos ór-
Contas do Estado. gãos e entidades da administração estadual e referendar
Os Conselheiros do Tribunal de Contas, em número os atos e decretos assinados pelo Governador do Estado.
de sete (7), são escolhidos dentre brasileiros com mais de
trinta e cinco (35) e menos de sessenta e cinco (65) anos Órgãos do Poder Judiciário
de idade, de idoneidade moral, reputação ilibada e notó-
rios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos, fi- • O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do
nanceiros ou de administração pública, com mais de dez Norte;
(10) anos de exercício de função ou de efetiva atividade • Os Tribunais de Júri;
profissional que exija os conhecimentos mencionados. • Os Juízes de Direito;
O Poder Executivo, com sede na Capital do Estado, é • Os Juizados Especiais;
exercido pelo Governador, auxiliado pelos Secretários de • O Conselho de Justiça Militar;
Estado. Substitui o Governador, no caso de impedimen- • Os Juízes de Paz.
to, e o sucede, no caso de vaga, o Vice-Governador.
O Vice-Governador do Estado, além de outras atri- O Tribunal de Justiça compõe-se de 15 (quinze) de-
buições que lhe forem conferidas por lei complementar, sembargadores, tem sede na Capital e jurisdição em todo
auxilia o Governador, sempre que por ele convocado o território estadual, competindo-lhe, precipuamente, a
para missões especiais. Em caso de impedimento do Go- guarda desta Constituição, com observância da Consti-
vernador e do Vice-Governador, ou vacância dos respec- tuição Federal.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tivos cargos, são sucessivamente chamados ao exercício O Conselho de Justiça Militar, com a participação de
do cargo o Presidente da Assembleia Legislativa e o do Juiz Auditor, organizado nos termos de lei complemen-
Tribunal de Justiça. tar, tem sede na Capital e jurisdição em todo o território
do Estado, com competência para processar e julgar os
• Vagando os cargos de Governador e Vice-Gover- servidores militares nos crimes militares e as ações ju-
nador do Estado, nos dois (2) primeiros anos do diciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
período governamental faz-se eleição direta, no- competência do júri quando a vítima for civil, cabendo
venta (90) dias depois de aberta a última vaga. ao Tribunal de Justiça decidir sobre a perda do posto e da
• Ocorrendo a vacância no terceiro ano do período patente dos oficiais e da graduação das praças, quando
governamental, a eleição para ambos os cargos é condenados na Justiça Comum ou Militar à pena priva-
feita, trinta (30) dias depois da última vaga, pela tiva de liberdade superior a 02 (dois) anos, com decisão
Assembleia Legislativa, na forma da lei. transitada em julgado.

156
O Tribunal de Justiça é a instância recursal da Justiça A Procuradoria-Geral do Estado é instituição compos-
Militar Estadual. Ademais, compete aos Juízes Auditores ta pelos Procuradores do Estado, organizados em carrei-
do juízo militar processar e julgar, singularmente, os cri- ra, na qual o ingresso dependerá de concurso público
mes militares cometidos contra civis e as ações judiciais de provas e títulos, com a participação da Ordem dos
contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerá a
de Justiça Militar, sob a presidência de Juiz Auditor, pro- representação judicial, extrajudicial e a consultoria jurí-
cessar e julgar os demais crimes militares. dica do Estado, das autarquias e das fundações públicas,
Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia admi- cabendo-lhe, ainda, as atividades de assessoramento ju-
nistrativa e financeira. O Tribunal de Justiça elabora a rídico ao Poder Executivo.
proposta orçamentária do Poder Judiciário, dentro dos A Defensoria Pública é instituição permanente, es-
limites estipulados conjuntamente com os demais Pode- sencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe,
res na lei de diretrizes orçamentárias, cabendo-lhe, ainda, como expressão e instrumento do regime democrático,
propor à Assembleia Legislativa os créditos adicionais,
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção
suplementares e especiais de que necessitar.
dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, ju-
Se o Tribunal de Justiça não encaminhar a propos-
dicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos,
ta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de
de forma integral e gratuita, aos necessitados.
diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considera-
rá, para fins de consolidação da proposta orçamentária A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente. ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação
O Poder Executivo procederá aos ajustes necessá- da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
rios para fins de consolidação da proposta orçamentária patrimônio. São órgãos da segurança pública:
anual.
Durante a execução orçamentária do exercício, não • Polícia Civil
poderá haver a realização de despesas ou a assunção de • Polícia Militar
obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na • Corpo de Bombeiros Militar
lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente
autorizadas, mediante a abertura de créditos suplemen- À Polícia Civil, dirigida por Delegado de Polícia de
tares ou especiais. carreira escolhido e nomeado pelo Governador do
Os recursos consignados no orçamento, bem como Estado, dentre os integrantes da última classe, incumbe,
aqueles correspondentes aos créditos adicionais, suple- ressalvada a competência da União, as funções de polícia
mentares e especiais, destinados ao Poder Judiciário, são judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
entregues ao Tribunal de Justiça. militares.
O cargo de Delegado de Polícia Civil, privativo de ba-
charel em Direito, integra as carreiras jurídicas típicas de
FIQUE ATENTO!
Estado. O Delegado de Polícia reside no Município de sua
Cabe ao Tribunal de Justiça gerir o Fundo lotação.
de Desenvolvimento da Justiça, ao qual são A Polícia Militar é comandada por oficial da ativa, do
recolhidas as custas judiciais, os depósitos último posto da Corporação. À Polícia Militar cabe o poli-
prévios decorrentes de ajuizamento, nunca ciamento ostensivo e a preservação da ordem pública. A
inferiores a um por cento (1%) sobre o valor Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar constituem
da causa, bem como as multas impostas na forças auxiliares e reservas do Exército, ficando subordi-
jurisdição criminal, além de outros recursos nadas, juntamente com a Polícia Civil, ao Governador do
definidos em lei, destinando-se à melhoria Estado.
dos serviços judiciários.

FIQUE ATENTO!
O Ministério Público é instituição permanente, essen- Os Municípios podem constituir guardas mu-
cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a nicipais destinadas à proteção de seus bens,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos serviços e instalações, conforme dispuser a
interesses sociais e individuais indisponíveis. lei complementar.
O Ministério Público do Estado tem por chefe o Pro-
curador-Geral de Justiça, nomeado pelo Governador do
Estado, dentre integrantes da carreira, indicados em lis- Cabe ao Corpo de Bombeiros Militar a coordenação,
ta tríplice formada por seus membros, para mandato de o controle e a execução das atividades de defesa civil
dois (2) anos, permitida uma recondução. e de atendimento pré-hospitalar. O Corpo de Bombei-
A destituição do Procurador-Geral de Justiça, por ini- ros Militar é comandado por Oficial da ativa, ocupante
ciativa do Governador, depende de prévia autorização do último posto do Quadro de Oficiais combatentes da
da maioria absoluta da Assembleia Legislativa. Em linhas Corporação.
gerais, o Procurador-Geral de Justiça pode ser destituído A segurança viária, exercida para a preservação da
por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislati- ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu
vo, na forma da lei complementar. patrimônio nas vias públicas:

157
• compreende a educação, engenharia e fiscalização e) a emenda constitucional, se cada Casa do Congresso
de trânsito, além de outras atividades previstas em aprová-lo, em dois turnos, por dois terços dos votos
lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilida- dos membros.
de urbana eficiente; e
• compete, no âmbito do Estado e dos Municípios, 3. (FGV – 2019) O Presidente da República delegou ao
aos respectivos órgãos ou entidades executivos e Ministro de Estado da Pasta WW a competência para
seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, editar decreto visando à extinção de cargos públicos,
na forma da lei. quando vagos.
À luz da sistemática constitucional e da competência
atribuída ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Supe-
FIQUE ATENTO! rior Tribunal de Justiça (STJ) para o julgamento de man-
O Estado aplicará, anualmente, 9,5% (nove dados de segurança, é correto afirmar que a delegação
inteiros e cinco décimos por cento), no mí- foi:
nimo, da receita corrente orçamentária nos
órgãos integrantes do Sistema de Segurança a) irregular, considerando que a matéria era insuscetível
Pública do Estado, podendo estender estes de delegação, e os mandados de segurança impetra-
recursos assegurados ao Fundo Penitenciário dos contra os atos do Ministro são julgados pelo STJ;
do Rio Grande do Norte. b) regular, considerando que a matéria era suscetível de
delegação, e os mandados de segurança impetrados
contra os atos do Ministro são julgados pelo STJ;
c) irregular, considerando que a delegação não foi rati-
HORA DE PRATICAR ficada pelo Legislativo, e os mandados de segurança
impetrados contra os atos do Ministro são julgados
1. (FGV – 2019) Maria procurou a Defensoria Pública e pelo STF;
informou que foi surpreendida, às 12h, com o ingresso d) regular, considerando que a extinção de cargos vagos
de agentes públicos armados em sua residência, contra já é de competência dos Ministros, e os mandados de
a sua vontade, sob a alegação de que estavam procuran- segurança impetrados contra os atos do Ministro são
do um criminoso. julgados pelo STF;
Considerando a sistemática constitucional, o Defen- e) irregular, considerando que os cargos vagos, criados
sor Público informou corretamente que a conduta dos por lei, devem ser extintos por lei, e os mandados de
agentes públicos era: segurança impetrados contra os atos do Ministro são
julgados pelo STJ.
a) ilícita, pois os agentes públicos nunca podem ingres-
sar na casa alheia sem o consentimento do morador; 4. (FGV – 2019) Joana, Prefeita Municipal, praticou di-
b) lícita, pois os agentes públicos sempre podem ingres- versos ilícitos em detrimento do respectivo Município,
sar na casa alheia, sem o consentimento do morador, os quais redundaram em dano ao patrimônio público.
para procurar um criminoso; Maria, cidadã brasileira, economicamente hipossuficien-
c) lícita, pois os agentes públicos podem ingressar na te, procurou a Defensoria Pública e informou que dese-
casa alheia, sem o consentimento do morador, sempre java ajuizar a ação constitucional cabível para obter, de
que entenderem necessário; Joana, o ressarcimento dos danos causados ao patrimô-
d) ilícita, pois os agentes públicos não podem ingressar nio público.
na casa alheia, sem o consentimento do morador, para Essa ação é:
procurar um criminoso, sem ordem judicial;
e) lícita, pois os agentes públicos somente podem in- a) a ação penal;
gressar na casa alheia, sem o consentimento do mora- b) a ação popular;
dor, se estiver sendo praticado um crime no local. c) o mandado de segurança;
d) a ação coletiva;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2. (FGV – 2019) A República Federativa do Brasil cele- e) a ação difusa.


brou tratado internacional sobre Direitos Humanos. A
respeito da incorporação desse tratado à ordem jurídica 5. (FGV – 2019) Antônio, pessoa hipossuficiente no pla-
interna, é correto afirmar, considerando a sistemáti- no econômico e morador de uma área carente do Esta-
ca estabelecida na Constituição da República, que ele do, procurou a Defensoria Pública e solicitou que fosse
equivalerá ajuizada uma ação judicial para obrigar o Poder Público
a lhe fornecer certo medicamento indispensável à sua
a) sempre à lei ordinária. sobrevivência.
b) sempre à lei complementar. À luz da sistemática constitucional, a ação a ser ajuizada
c) sempre à emenda constitucional. buscará tutelar:
d) a emenda constitucional, se cada Casa do Congresso
aprová-lo, em dois turnos, por três quintos dos votos a) um direito social;
dos membros. b) um direito coletivo;

158
c) uma garantia coletiva; b) incorreta, pois a ampliação de suas competências
d) uma garantia individual; deve ser disciplinada na Constituição Estadual;
e) uma liberdade individual. c) incorreta, pois o processo legislativo deveria ter sido
iniciado por provocação do Tribunal de Justiça;
6. (FGV – 2019) Pedro, após o trâmite do processo judi- d) correta, desde que o Tribunal de Justiça tenha sido
cial de interdição, teve a sua incapacidade civil absoluta previamente ouvido a respeito da iniciativa;
reconhecida. Apesar disso, tinha o sonho de infância de e) incorreta, pois suas competências estão previstas ex-
concorrer ao cargo eletivo de vereador. Por tal razão, clusivamente na Constituição da República de 1988.
procurou o seu advogado e perguntou se haveria óbice
a que se candidatasse nas próximas eleições. 10. (FGV – 2019) Determinado vereador almejava apre-
À luz da sistemática constitucional, o advogado respon- sentar projeto de lei fixando o subsídio a ser pago aos
deu corretamente que Pedro: integrantes da Câmara Municipal, tendo solicitado que
sua assessoria se pronunciasse sobre a existência de al-
a) somente poderia concorrer se tivesse autorização ex- gum limite constitucional a esse respeito.
pressa do seu curador; A assessoria respondeu corretamente que, à luz da siste-
b) poderia concorrer, pois as instâncias civil e política são mática constitucional:
independentes;
c) embora pudesse votar, não poderia concorrer nas a) não existem limites a serem observados;
eleições, pois estava inelegível; b) os limites existentes somente estão relacionados à po-
d) embora pudesse votar, não poderia concorrer nas pulação do Município;
eleições, pois estava inabilitado; c) os limites existentes somente estão relacionados ao
e) não poderia concorrer nas eleições, pois não estava no subsídio dos deputados estaduais;
exercício dos seus direitos políticos. d) os limites existentes estão relacionados à população
do Município e ao subsídio dos deputados estaduais;
7. (FGV – 2019) Maria, esposa do Prefeito João, que e) os limites existentes somente estão relacionados ao
exercia a chefia do Poder Executivo no Município Gama, subsídio dos deputados federais.
foi informada pelo advogado da família que, de acordo
com a ordem constitucional, não poderia candidatar-se 11. (FGV – 2019) Governador do Estado Alfa expediu
ao cargo eletivo de Vereador no mesmo Município. decreto, no qual dispensava determinados estabeleci-
Essa vedação é denominada: mentos industriais de cumprirem as rígidas regras am-
bientais estatuídas pela Lei federal nº 123 e determinava
a) perda dos direitos políticos; que os seus comandos não deveriam ser observados
b) vedação eleitoral; pela fiscalização promovida pelos órgãos estaduais.
c) inabilitação; Considerando a recusa na execução de lei federal e a
d) suspensão dos direitos políticos; necessidade de decretação de intervenção da União no
e) inelegibilidade. Estado Alfa, de modo a suspender a execução do decre-
to estadual, é correto afirmar que tal será possível com
8. (FGV – 2019) Na sistemática constitucional, existem
matérias que podem ser disciplinadas por leis da União, a) o provimento de representação pelo Supremo Tribu-
dos Estados e do Distrito Federal. Nesse caso, a União se nal Federal e a edição de decreto de intervenção pelo
limita à edição de normas gerais. Presidente da República, a ser apreciado pelo Con-
Trata-se de competência legislativa: gresso Nacional.
b) o provimento de representação pelo Supremo Tribu-
a) concorrente; nal Federal e a edição de decreto de intervenção pelo
b) privativa; Presidente da República, dispensada a aprovação do
c) exclusiva; Congresso Nacional.
d) livre; c) a edição imediata de decreto de intervenção pelo Pre-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e) partilhada. sidente da República, a ser apreciado, incontinenti,


pelo Congresso Nacional.
9. (FGV – 2020) Após amplos debates entre as lideran- d) a edição imediata de decreto de intervenção pelo Pre-
ças parlamentares de certo Estado da Federação, um sidente da República, dispensada a apreciação pelo
grupo de deputados estaduais apresentou projeto de lei Congresso Nacional.
ampliando as competências do Tribunal de Justiça. Do e) a aprovação da intervenção pelo Congresso Nacional
processo legislativo resultou a promulgação da Lei nº e a posterior edição de decreto de intervenção pelo
XX/2018. Presidente da República.
A forma utilizada para dispor sobre as competências do
Tribunal é:

a) correta, pois, por se tratar de matéria local, a lei esta-


dual pode discipliná-la;

159
12. (FGV – 2019) Maria, servidora pública, foi informada 15. (FGV – 2019) Maria, logo após tomar posse no car-
por seu superior hierárquico que determinada conduta go eletivo de Senadora, foi procurada pelas autoridades
por ela praticada, apurada em sindicância interna, seria competentes e informada sobre a existência de provas
comunicada ao órgão competente para fins de ajuiza- de que teria praticado um crime contra o patrimônio de
mento de ação por ato de improbidade administrativa. João.
Considerando a sistemática vigente, o referido órgão: À luz da sistemática constitucional, o Ministério Público:

a) só pode ser o Ministério Público, tendo a ação nature- a) não pode apresentar a acusação, perante o Poder Ju-
za extrapenal; diciário, durante o mandato de Maria;
b) só pode ser a Procuradoria do ente lesado, tendo a b) pode apresentar a acusação, perante o Poder Judiciá-
ação natureza extrapenal; rio, desde que haja concordância de Maria;
c) só pode ser o Ministério Público, tendo a ação nature- c) pode apresentar a acusação, perante o Poder Judiciá-
za penal; rio, desde que haja autorização do Senado Federal;
d) pode ser o Ministério Público ou a Procuradoria do d) pode apresentar a acusação, perante o Poder Judiciá-
ente lesado, tendo a ação natureza extrapenal; rio, não dependendo de autorização;
e) pode ser o Ministério Público, a Defensoria Pública ou e) pode apresentar a acusação, perante o Poder Ju-
a Procuradoria do ente lesado, tendo a ação natureza diciário, desde que haja autorização do Congresso
extrapenal. Nacional.

13. (FGV – 2019) João, servidor público ocupante do 16. (FGV – 2019) Pedro, Promotor de Justiça da Comar-
cargo de provimento efetivo de engenheiro de radiação, ca Alfa, ajuizou ação civil por ato de improbidade admi-
desejava realizar um novo concurso público, de modo nistrativa em face do Prefeito do Município Alfa. Irresig-
a vir a ocupar dois cargos de provimento efetivo, caso nado, o Prefeito requereu ao diretório nacional do seu
houvesse compatibilidade de horários. partido político que adotasse as providências necessá-
À luz da sistemática constitucional, assinale a afirmativa rias para que Pedro fosse removido da comarca.
correta. À luz da sistemática constitucional, Pedro:

a) João não pode ocupar outro cargo de provimento a) pode ser removido compulsoriamente, por livre deci-
efetivo. são do Procurador-Geral de Justiça;
b) João somente pode vir a ocupar um cargo de professor. b) pode ser removido compulsoriamente, por livre deci-
c) João somente pode vir a ocupar um cargo técnico. são da maioria simples do colegiado competente;
d) João pode vir a ocupar um cargo de professor ou de c) somente pode ser removido de modo voluntário, con-
técnico. forme lhe assegura a garantia da inamovibilidade;
e) João pode vir a ocupar um cargo na área de saúde. d) pode ser removido compulsoriamente, por interes-
se público, pelo voto de dois terços do colegiado
14. (FGV – 2019) Maria, recém-empossada Ministra de competente;
Estado, foi informada por um assessor próximo que lhe e) pode ser removido compulsoriamente, por interesse
competiria (1) expedir instruções para a execução das público, pelo voto da maioria absoluta do colegiado
leis, (2) exercer a coordenação dos órgãos e entidades competente.
da Administração Indireta e (3) nomear os membros do
Conselho da República. 17. (FGV – 2019) Segundo o Art. 144, § 10, da Constitui-
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar, em ção da República Federativa do Brasil/88, a segurança
relação às competências acima descritas, que: viária, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compete
a) todas devem ser exercidas pelo Ministro de Estado;
b) apenas a referida em (1) não deve ser exercida pelo a) ao governo federal, pelo seu Departamento Nacional
Ministro de Estado, pois é privativa do Presidente da de Trânsito.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

República; b) aos agentes de segurança privados contratados pelas


c) apenas a referida em (2) não deve ser exercida pelo concessionárias das vias públicas.
Ministro de Estado, pois é privativa do Presidente da c) às guardas estadual e municipal, regulamentadas na
República; forma da lei.
d) apenas a referida em (3) não deve ser exercida pelo d) à polícia estadual, municipal ou do Distrito Federal,
Ministro de Estado, pois é privativa do Presidente da conforme o caso.
República; e) aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus
e) nenhuma delas deve ser exercida pelo Ministro de Es- agentes de trânsito.
tado, pois são privativas do Presidente da República.

160
18. (FGV – 2019) O Prefeito do Município Beta foi co-
municado da subtração de diversos computadores ins- GABARITO
talados em uma repartição do Município, o que o levou
a requisitar a instauração de uma investigação penal
pela Guarda Municipal, com o objetivo de identificar os 1 D
2 D
criminosos.
3 B
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que
4 B
a Guarda Municipal
5 A
6 E
a) somente está autorizada a investigar crimes pratica-
7 E
dos contra bens, serviços e instalações do Município, a
8 A
exemplo daquele referido pelo Prefeito. 9 B
b) não está autorizada a investigar nenhuma espécie de 10 D
crime, incluindo aquele informado pelo Prefeito. 11 B
c) somente está autorizada a investigar o crime referido 12 D
pelo Prefeito caso seja autorizada pelo Governador do 13 B
Estado. 14 D
d) está autorizada a realizar a investigação de qualquer 15 D
crime, incluindo aquele informado pelo Prefeito. 16 E
e) somente está autorizada a investigar o crime refe- 17 E
rido pelo Prefeito caso seja autorizada pela Polícia 18 B
Judiciária. 19 C
20 A
19. (FGV – 2019) Antônio, servidor público municipal, foi
informado que o Município era responsável pelo aten-
dimento de diversos direitos relacionados à seguridade
social.
ANOTAÇÕES
Ao questionar seu superior hierárquico sobre que direi-
tos seriam estes, foi-lhe informado corretamente que, à
luz da Constituição da República, eles abrangeriam ___________________________________________________________

____________________________________________________________
a) educação, previdência e assistência social.
b) saúde, segurança pública e seguros. ____________________________________________________________
c) previdência, saúde e assistência social.
d) assistência social, seguros e educação. ____________________________________________________________
e) segurança pública, previdência e saúde.
____________________________________________________________
20. (FGV – 2019) Uma organização da sociedade civil, ____________________________________________________________
sem fins lucrativos, com forte atuação junto às camadas
mais carentes da população, consultou sua assessoria ____________________________________________________________
jurídica sobre (1) a forma de organização do serviço pú-
____________________________________________________________
blico de saúde e (2) a possibilidade de as pessoas com as
quais interage participarem da gestão do serviço. ____________________________________________________________
À luz da sistemática constitucional, a assessoria respon-
deu corretamente que deve ser ____________________________________________________________

____________________________________________________________
a) adotada a descentralização, mas com direção única
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

em cada esfera de governo, sendo assegurada a parti- ____________________________________________________________


cipação da comunidade.
b) adotada a centralização, não sendo permitida a parti- ____________________________________________________________
cipação da comunidade.
____________________________________________________________
c) adotada a descentralização, mas com direção única
em cada esfera de governo, não sendo permitida a ____________________________________________________________
participação da comunidade.
d) adotada a centralização, sendo assegurada a partici- ____________________________________________________________
pação da comunidade.
____________________________________________________________
e) a forma seguirá a centralização ou a descentralização
conforme a opção de cada governo, sendo assegura- ____________________________________________________________
da a participação popular na definição desse modelo.
____________________________________________________________

161
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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162
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

PRINCÍPIOS BÁSICOS

O Direito Penal está interligado a todos os ramos do Direito, especialmente Direito Constitucional, que se traduz no
estatuto máximo de uma sociedade politicamente organizada.
Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena eficácia quando compatível com os Princípios e Normas des-
critos na Constituição Federal abstraindo-a como um todo.
As disposições constitucionais aplicáveis ao Direito Penal também são chamadas de princípios constitucionais do
Direito Penal. Enfim, esse estudo tem de passar pelos princípios constitucionais e assim avançar neste ramo do direito.
Tenha a ideia de que os princípios são o alicerce de todo sistema normativo, fundamentam todo o sistema de direito
e estabelecem os direitos fundamentais do homem.
O Direito Penal moderno se assenta em determinados princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito de-
mocrático, entre os quais sobreleva o da legalidade dos delitos e das penas, da reserva legal ou da intervenção legali-
zada, que tem base constitucional expressa.
Nasce, então, os princípios do Direito Penal.

Princípio da Legalidade

A sua dicção legal tem sentido amplo: não há crime (infração penal), nem pena ou medida de segurança (sanção
penal) sem prévia lei (stricto sensu). Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções fundamentais:

Princípio da legalidade

Proibir a Proibir a criação de Proibir o emprego Proibir


retroatividade da lei crimes e penas pelo da analogia para incriminações vaga e
penal costume criar crimes, indeterminadas
fundamentar ou
(nullum crimen nulla (nullum crimen nulla agravar penas (nullum crimen nulla
poena sine lege poena sine lege poena sine lege certa)
praevia) scripta) (nullum crimen nulla
poena sine lege stricta)

Princípio da aplicação da lei mais favorável

A regra do direito penal é a irretroatividade da lei penal, ressalvada a retroatividade favorável ao acusado, funda-
mentam-se a regra geral nos princípios da reserva legal, da taxatividade e da segurança jurídica (princípio do favor
libertatis), e a hipótese excepcional em razões de política criminal (justiça). Trata-se de restringir o arbítrio legislativo e
judicial na elaboração e aplicação de lei retroativa prejudicial.
A regra constitucional (art. 5°, XL, da CF) é no sentido da irretroatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade,
desde que seja para beneficiar o réu.
Com essa vertente do princípio da legalidade tem-se a certeza de que ninguém será punido por um fato que,
ao tempo da ação ou omissão, era tido como um indiferente penal, haja vista a inexistência de qualquer lei penal
incriminando-o.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Taxatividade ou da determinação

Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que deve ser suficientemente clara e precisa na formulação do
conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção para que exista real segurança jurídica.
Tal assertiva constitui postulado indeclinável do Estado de direito material - democrático e social.
O princípio da reserva legal implica a máxima determinação e taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Poder
Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipos penais com a máxima precisão de seus elementos, bem como ao
Judiciário que as interprete restritivamente, de modo a preservar a efetividade do princípio.

163
Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos

O pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo imediato e primordial do Direito Penal reside na proteção
de bens jurídicos essenciais ao indivíduo e à comunidade, dentro do quadro axiológico constitucional ou decorrente da
concepção de Estado de Direito democrático (teoria constitucional eclética).

Princípio da intervenção mínima ou da subsidiariedade ou do Direito Penal Mínimo

Estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica
das pessoas e que não podem ser eficazmente protegidos de forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só deverá
intervir quando for absolutamente necessário para a sobrevivência da comunidade, como ultima ratio.
O princípio da intervenção mínima é o responsável não só pelos bens de maior relevo que merecem a especial pro-
teção do Direito Penal, mas se presta, também, a fazer com que ocorra a chamada descriminalização.
Se é com base neste princípio que os bens são selecionados para permanecer sob a tutela do Direito Penal, porque
considerados como de maior importância, também será com fundamento nele que o legislador, atento às mutações
da sociedade, que com sua evolução deixa de dar importância a bens que, no passado, eram da maior relevância, fará
retirar do ordenamento jurídico-penal certos tipos incriminadores.

Princípio da pessoalidade da pena ou da responsabilidade pessoal ou da intrancendência da pena

Impede-se a punição por fato alheio, vale dizer, só o autor da infração penal pode ser apenado (CF, art. 5°, XLV).
Havendo falecimento do condenado, a pena que lhe fora infligida, mesmo que seja de natureza pecuniária, não
poderá ser estendida a ninguém, tendo em vista seu caráter personalíssimo, quer dizer, somente o autor do delito é
que pode submeter-se às sanções penais a ele aplicadas.
Todavia, se estivermos diante de uma responsabilidade não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada im-
pede que, no caso de morte do condenado e tendo havido bens para transmitir aos seus sucessores, estes respondem
até as forças da herança. A pena de multa, apesar de ser considerada agora dívida de valor, não deixou de ter caráter
penal e, por isso, continua obedecendo a este princípio.

#FicaDica
• Com o falecimento do condenado, a pena que lhe fora infligida, mesmo que seja de natureza pecuniá-
ria, não poderá ser estendida a ninguém. Pena de multa tem natureza penal, não pode ser transferida.
• A responsabilidade não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada impede que, no caso de
morte do condenado e tendo havido bens para transmitir aos seus sucessores, estes respondem até
as forças da herança.

Individualização da pena

A individualização da pena ocorre em três momentos:

COMINAÇÃO APLICAÇÂO EXECUÇÃO PENAL

A primeira fase de individua- Tendo o julgador chegado à A execução não pode igual
lização da pena se inicia com conclusão de que o fato prati- para todos os presos, justa-
a seleção feita pelo legislador, cado é típico, ilícito e culpável, mente porque as pessoas não
quando escolhe para fazer dirá qual a infração praticada e são iguais, mas sumamente
parte do pequeno âmbito de começará, agora, a individua- diferentes, e tampouco a exe-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

abrangência do Direito Penal lizar a pena a ele correspon- cução pode ser homogênea
aquelas condutas, positivas dente, observando as determi- durante todo período de seu
ou negativas, que atacam nos- nações contidas no art. 59 do cumprimento. Individualizar
sos bens mais importantes. Código Penal (método trifásico). a pena, na execução consiste
Uma vez feita essa seleção, o em dar a cada preso as opor-
legislador valora as condu- tunidades para lograr a sua
tas, cominando-lhe penas de reinserção social, posto que é
acordo com a importância do pessoa, ser distinto.
bem a ser tutelado.

164
Proporcionalidade da pena

Deve existir sempre uma medida de justo equilíbrio entre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta.
A pena deve ser proporcionada ou adequada à magnitude da lesão ao bem jurídico representada pelo delito e a
medida de segurança à periculosidade criminal do agente.
O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto, o estabelecimento de cominações legais (proporcionalidade
em abstrato) e a imposição de penas (proporcionalidade em concreto) que careçam de relação valorativa com o fato
cometido considerado em seu significado global.

#FicaDica

o poder legislativo (que tem de estabelecer penas


proporcionadas, em abstrato, à gravidade do delito)
Tem duplo
destinatário
o juiz (as penas que os juízes impõem ao autor do delito tem
de ser proporcionais à sua concreta gravidade)

Princípio da humanidade ou da limitação das penas

Em um Estado de Direito democrático veda-se a criação, a aplicação ou a execução de pena, bem como de qualquer
outra medida que atentar contra a dignidade humana. Apresenta-se como uma diretriz garantidora de ordem material
e restritiva da lei penal, verdadeira salvaguarda da dignidade pessoal, relaciona-se de forma estreita com os princípios
da culpabilidade e da igualdade.

Está previsto no art. 5°, XLVII, CF, que proíbe as seguintes penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada;


b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis.

Um Estado que mata, que tortura, que humilha o cidadão não só perde qualquer legitimidade, senão que contradiz
sua razão de ser, colocando-se ao nível dos mesmos delinquentes (FERRAJOLI, 2014).

Princípio da adequação social

Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será tida como típica se for socialmente adequada ou
reconhecida, isto é, se estiver de acordo da ordem social da vida historicamente condicionada.
Outro aspecto é o de conformidade ao Direito, que prevê uma concordância com determinações jurídicas de com-
portamentos já estabelecidos.
O princípio da adequação social possui dupla função, acompanhe:
Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangência do tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo
as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade.
A segunda função é dirigida ao legislador em duas vertentes.
A primeira delas o orienta quando da seleção das condutas que deseja proibir ou impor, com a finalidade de pro-
teger os bens considerados mais importantes.
Se a conduta que está na mira do legislador for considerada socialmente adequada, não poderá ele reprimi-la va-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

lendo-se do Direito Penal. A segunda vertente destina-se a fazer com que o legislador repense os tipos penais e retire
do ordenamento jurídico a proteção sobre aqueles bens cujas condutas já se adaptaram perfeitamente à evolução da
sociedade.

Princípio da insignificância ou da bagatela

Este princípio, enquanto manifestação contrária ao uso excessivo da sanção penal, postula que devem ser tidas
como atípicas as ações ou omissões que afetam muito infimamente a um bem jurídico-penal.

165
A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não Princípio da mera legalidade
justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir a
tipicidade em caso de danos de pouca importância. Exige a lei como condição necessária da pena e do
delito. A lei é condicionante. A simples legalidade da for-
A insignificância da afetação [do bem jurídico] exclui ma e da fonte é condição da vigência ou da existência
a tipicidade, mas só pode ser estabelecida através das normas que preveem penas e delitos, qualquer que
da consideração conglobada da norma: toda ordem seja seu conteúdo. O princípio convencionalista da mera
normativa persegue uma finalidade, tem um sentido, legalidade é norma dirigida aos juízes, aos quais prescre-
que é a garantia jurídica para possibilitar uma coe- ve que considera delito qualquer fenômeno livremente
xistência que evite a guerra civil (a guerra de todos qualificado como tal na lei.
contra todos). A insignificância só pode surgir à luz da
finalidade geral que dá sentido à ordem normativa, Princípio da legalidade estrita
e, portanto, à norma em particular, e que nos indica
que essas hipóteses estão excluídas de seu âmbito de
Exige todas as demais garantias como condições ne-
proibição, o que não pode ser estabelecido à luz de
cessárias da legalidade penal. A lei é condicionada. A le-
sua consideração isolada. (ZAFFARONI e PIERANGELI
galidade estrita ou taxatividade dos conteúdos resulta de
- 2015)
sua conformidade com as demais garantias e, por hipó-
Especialidade tese de hierarquia constitucional, é condição de validade
ou legitimidade das leis vigentes. O pressuposto neces-
Especial é a norma que possui todos os elementos da sário da verificabilidade ou da falseabilidade jurídica é
geral e mais alguns, denominados especializantes, que que as definições legais que estabeleçam as conotações
trazem um minus ou um plus de severidade. A lei espe- das figuras abstratas de delito e, mais em geral, dos con-
cial prevalece sobre a geral. Afasta-se, dessa forma, o bis ceitos penais sejam suficientemente precisas para per-
in idem, pois o comportamento do sujeito só é enqua- mitir, no âmbito de aplicação da lei, a denotação jurídica
drado na norma incriminadora especial, embora também (ou qualificação, classificação ou subsunção judicial) de
estivesse descrito na geral. fatos empíricos exatamente determinados.

Subsidiariedade Princípio da lesividade ou da ofensividade do


evento
Subsidiária é aquela norma que descreve um graus
menor de violação do mesmo bem jurídico, isto é, um A lei penal tem o dever de prevenir os mais altos cus-
fato menos amplo e menos grave, o qual, embora defi- tos individuais representados pelos efeitos lesivos das
nido como delito autônomo, encontra-se também com- ações reprováveis e somente eles podem justificar o cus-
preendido em outro tipo como fase normal de execução to das penas e das proibições.
do crime mais grave. Define, portanto, como delito in- O princípio axiológico da separação entre direito e
dependente, conduta que funciona como parte de um moral veta, por sua vez, a proibição de condutas mera-
crime maior. mente imorais ou de estados de ânimo pervertidos, hos-
tis, ou, inclusive, perigosos.
Consunção
Princípio da razoabilidade
É o princípio segundo o qual um fato mais grave e
mais amplo consome, isto é, absorve, outros fatos me-
De todos os princípios estudados, este é o único que
nos amplos e graves, que funcionam como fase normal
não é constitucional.
de preparação ou execução ou como mero exaurimento.
Mas, não podemos deixar de estudá-lo neste
Hipóteses em que se verifica a consunção: crime pro-
gressivo (ocorre quando o agente, objetivando desde o momento.
início, produzir o resultado mais grave, pratica, por meio Segunda a doutrina, o razoável sobrepõe o que é le-
de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico); gal. Faz com que a lei seja interpretada e aplicada em
crime complexo (resulta da fusão de dois ou mais delitos harmonia com a realidade, de modo social e juridica-
autônomos, que passam a funcionar como elementares mente razoável., buscando aquilo que é justo.
ou circunstâncias no tipo complexo).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Alternatividade EXERCÍCIOS COMENTADOS


Ocorre quando a norma descreve várias formas de 1. (CESPE – 2018) O princípio da legalidade compreende
realização da figura típica, em que a realização de uma
ou de todas configura um único crime. São os chama- a) A capacidade mental de entendimento do caráter ilíci-
dos tipos mistos alternativos, os quais descrevem crimes to do fato no momento da ação ou da omissão, bem
de ação múltipla ou de conteúdo variado. Não há pro- como da ciência desse entendimento.
priamente conflito entre normas, mas conflito interno na
própria norma.

166
b) O juízo de censura que incide sobre a formação e a 4. (CESPE – 2011) Com relação aos princípios de direito
exteriorização da vontade do responsável por um fato penal, à aplicação da lei penal e ao crime, julgue os itens
típico e ilícito, com o propósito de aferir a necessidade subsecutivos.
de imposição de pena. Uma das funções do princípio da legalidade refere-se à
c) A oposição entre o ordenamento jurídico vigente e proibição de se realizar incriminações vagas e indeter-
um fato típico praticado por alguém capaz de lesionar minadas, visto que, no preceito primário do tipo penal
ou expor a perigo de lesão bens jurídicos penalmente incriminador, é obrigatória a existência de definição pre-
protegidos. cisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com
d) A obediência às formas e aos procedimentos exigidos base em tal princípio, a criação de tipos que contenham
na criação da lei penal e, principalmente, na elabora- conceitos vagos e imprecisos.
ção de seu conteúdo normativo.
e) A conformidade da conduta reprovável do agente ao (  ) CERTO (  ) ERRADO
modelo descrito na lei penal vigente no momento da
ação ou da omissão. Resposta: Certo.
Segundo posicionamento doutrinário, o princípio da
Resposta: Letra D. legalidade é desdobrado nas seguintes vertentes. O
O princípio da legalidade penal também está relacio- princípio da taxatividade proíbe a criação de tipos pe-
nado ao devido respeito às normas e procedimentos nais que contenham condutas indeterminadas, impre-
que devem ser respeitados para a produção das nor- cisas. O seguinte tipo penal seria vedado em nosso
mas penais, assim como, também, com o conteúdo ordenamento jurídico: Violar a moralidade pública.
normativo das disposições sobre Direito Penal. Reclusão, de 5 a 8 anos. O que vem a ser moralida-
de administrativa é um conceito vago, indeterminado,
2. ( CESPE – 2013) O princípio da legalidade é parâmetro que pode ser interpretado de inúmeras maneiras con-
fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, forme a análise de cada indivíduo.
ou seja, os tipos penais de tal natureza somente pode ser
criados por meio de lei em sentido estrito. 5. (CESPE – 2009) Acerca do direito penal, julgue os itens
que se seguem. O princípio da legalidade veda o uso de
(  ) CERTO (  ) ERRADO analogia in malam partem e a criação de crimes e penas
pelos costumes.
Resposta: Certo.
O princípio da legalidade serve de parâmetro para fi- (  ) CERTO (  ) ERRADO
xação das normas penais incriminadoras (aquelas que
criam crimes e suas respectivas penas). Não é possível Resposta: Certo.
a criação de tipos penais incriminadoras de nenhuma Dentre as características do princípio da legalidade, a
outra forma que não seja por meio de lei em sentido alternativa apresenta duas delas: Vedação de se utili-
estrito (Lei Ordinária e Lei Complementar). Nenhum zar analogia para prejudicar o agente (in malam par-
outro diploma normativo poderá criar crime e comi- tem); Vedação de se criar crimes e penas pelos cos-
nar penas. Previsão Legal: Artigo 1º do Código Penal e tumes. É importante mencionar que a analogia não
Artigo 5º, XXXIX, da Constituição Federal. é amplamente proibida no Direito Penal Brasileiro, já
que, se for para beneficiar (in bonam partem) o agen-
3. (CESPE – 2013) É permitida a criação de tipos penais te, ela será admitida.
por meio de medida provisória.

(  ) CERTO (  ) ERRADO APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Resposta: Errado.
Vigora no nosso ordenamento jurídico o princípio da A LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO
reserva legal, desdobramento do princípio da legali-
dade, juntamente com o princípio da anterioridade. O Código Penal, logo no art. 1º dispõe que não há
O princípio da reserva legal estabelece que somente crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
lei em sentido estrito pode criar crimes e cominar pe- prévia cominação legal.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

nas. Segundo a Constituição Federal, em seu Artigo A lei penal não pode retroagir, o que é denominado
62, § 1º, I, b, é vedado a edição de Medida Provisó- como irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à
ria sobre Direito Penal. Parte da doutrina e também norma, a Lei poderá retroagir quando trouxer benefício
a jurisprudência do STF, admitem a possibilidade de ao réu.Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos
Medida Provisória em matéria penal, desde que seja durante sua vigência, porém, por vezes, verificamos a ex-
para beneficiar o agente, mas eles também entender tratividade da lei penal.
não poder a Medida Provisória criar crimes ou penas. A extratividade da lei penal se manifesta de duas ma-
neiras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da
lei.

167
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal Dissentindo desse entendimento o professor Fernan-
é o seu poder de regular situações fora de seu período do Capez diz que o princípio da legalidade é gênero que
de vigência, podendo ocorrer seja em relação a situações compreende duas espécies: reserva legal e anterioridade
passadas, seja em relação a situações futuras. da lei penal. Com efeito, o princípio da legalidade corres-
Quando a lei regula situações passadas, fatos anterio- ponde aos enunciados dos arts. 5º, XXXIX, da Constitui-
res a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade. ção Federal e 1º do Código Penal (“não há crime sem lei
Já, se sua aplicação se der para fatos após a cessação de anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
sua vigência, será chamada ultratividade. legal”) e contém, nele embutidos, dois princípios diferen-
Em se tratando de extratividade da lei penal, observa- tes: o da reserva legal, reservando para o estrito campo
-se a ocorrência das seguintes situações: da lei a existência do crime e sua correspondente pena
(não há crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia
a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da figura cominação legal), e o da anterioridade, exigindo que a lei
criminosa; esteja em vigor no momento da prática da infração penal
b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei (lei anterior e prévia cominação). Assim, a regra do art.
penal mais benigna; 1º, denominada princípio da legalidade, compreende os
princípios da reserva legal e da anterioridade.
Tanto a abolitio criminis como a novatio legis in me-
lius, aplica-se o princípio da retroatividade da Lei penal LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA
mais benéfica.
A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descrimina- Vamos ver o que dispõe o Código Penal:
lizou os artigos 217 e 240, do Código Penal, respectiva-
mente, os crimes de “sedução” e “adultério”, de modo Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora
que o sujeito que praticou uma destas condutas em fe- decorrido o período de sua duração ou cessadas as
vereiro de 2006, por exemplo, não será responsabilizado circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
na esfera penal. praticado durante sua vigência.
Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 11.106
de 28 de março de 2006, não descriminalizou o crime de Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas
rapto, previsto anteriormente no artigo 219 e seguintes especiais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para
do Código Penal, mas somente deslocou sua tipicida- vigorar enquanto perdurar o período excepcional.
de para o artigo 148 e seguintes (“sequestro” e “cárce- Lei temporária é aquela feita para vigorar por deter-
re privado”), houve, assim, uma continuidade normativa minado tempo, estabelecido previamente na própria lei.
atípica. Assim, a lei traz em seu texto a data de cessação de sua
A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e vigência.
todos os efeitos penais da sentença. Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Pe-
A Lei nº 9.099/1999 trouxe novas formas de substitui- nal que, embora cessadas as circunstâncias que a deter-
ção de penas e, por consequência, considerando que se minaram (lei excepcional) ou decorrido o período de sua
trata de novatio legis in melius ocorreu retroatividade de duração (lei temporária), aplicam-se elas aos fatos prati-
sua vigência a fatos anteriores a sua publicação. cados durante sua vigência. São, portanto, leis ultra ati-
vas, pois regulam atos praticados durante sua vigência,
c) Novatio legis in pejus – é a lei posterior que agrava mesmo após sua revogação.
a situação;
d) Novatio legis incriminadora – é a lei posterior que A LEI PENAL NO ESPAÇO
cria um tipo incriminador, tornando típica a condu-
ta antes considerada irrelevante pela lei penal. Art. 6º, do CP. Considera-se praticado o crime no lu-
gar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
A lei posterior não retroage para atingir os fatos pra- parte, bem como onde se produziu ou deveria produ-
ticados na vigência da lei mais benéfica (Irretroatividade zir-se o resultado.
da lei penal). Contudo, haverá extratividade da lei mais
benéfica, pois será válida mesmo após a cessação da vi-
gência (Ultratividade da Lei Penal).
#FicaDica
Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e O fato mais relevante sobre o tempo e lu-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

continuados, aplica-se a lei nova ainda que mais grave, gar do crime reside no conflito aparente de
nos termos da Súmula 711 do STF. normas.
Ainda no art. 1º, do CP, há o princípio da legalidade, O conflito aparente de normas é o conflito
em que a maioria dos nossos autores considera o princí- que se estabelece entre duas ou mais nor-
pio da legalidade sinônimo de reserva legal. mas aparentemente aplicáveis ao mesmo
A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de fato.
não haver diferença conceitual entre legalidade e reserva
legal.

168
Há conflito porque mais de uma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, com efeito, apenas uma delas
acaba sendo aplicada à hipótese.
Fernando Capez nos ensina que para que se configure o conflito aparente de normas é necessária a presença de
certos elementos:

• unidade do fato (há somente uma infração penal);


• pluralidade de normas (duas ou mais normas pretendendo regulá-lo);
• aparente aplicação de todas as normas à espécie (a incidência de todas é apenas aparente);
• efetiva aplicação de apenas uma delas (somente uma é aplicável, razão pela qual o conflito é aparente).

A solução dá-se pela aplicação de alguns princípios, os quais, ao mesmo tempo em que afastam as normas não
incidentes, apontam aquela que realmente regulamenta o caso concreto.

TEMPO E LUGAR DO CRIME

O Código Penal dispõe que:

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.

A respeito do tempo do crime, existem três teorias:

a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste no momento em que ocorre a conduta criminosa;
b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consiste no momento do resultado advindo da conduta criminosa;
c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime consiste no momento tanto da conduta como do resultado
que adveio da conduta criminosa.

Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado
(tempus regit actum). Assim, aplica-se a teoria da atividade, nos termos do sistema jurídico instituído pelo Código Penal.
O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código Penal português em que também é adotada a Teoria da
Atividade para o tempo do crime. Em decorrência disso, aquele que praticou o crime no momento da vigência da lei
anterior terá direito a aplicação da lei mais benéfica. O menor de 18 anos, por exemplo, não será considerado imputá-
vel mesmo que a consumação ocorrer quando tiver completado idade equivalente a maioridade penal. E, também, o
deficiente mental será imputável, se na época da ação era consciente, tendo sofrido moléstia mental tão somente na
época do resultado.
Novamente, observa-se a respeito dos crimes permanentes, tal como o sequestro, nos quais a ação se prolonga
no tempo, de modo que em se tratando de “novatio legis in pejus”, nos termos da Súmula 711 do STF, a lei mais grave
será aplicada.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

169
Princípio da justiça universal: Todo Estado tem o direi-
TERRITORIALIDADE E
to de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade
EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL
do sujeito ativo e passivo, e o local da infração, desde
que o agente esteja dentro de seu território (que tenha
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de voltado a seu país, p. ex.).
convenções, tratados e regras de direito internacional, Princípio da representação: A lei nacional é aplicável
ao crime cometido no território nacional. aos crimes cometidos no estrangeiro em aeronaves e
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como embarcações privadas, desde que não julgados no local
extensão do território nacional as embarcações e ae- do crime.
ronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
Ainda sobre a extraterritorialidade é importante saber:
do governo brasileiro onde quer que se encontrem,
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, • Os crimes (hipóteses, o agente é punido segundo
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado
em alto-mar. no estrangeiro):
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações es- República;
trangeiras de propriedade privada, achando-se aque- b) contra o patrimônio ou a fé pública da União,
las em pouso no território nacional ou em voo no es- do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
paço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar Município, de empresa pública, sociedade de
territorial do Brasil. economia mista, autarquia ou fundação instituí-
da pelo Poder Público;
Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da c) contra a administração pública, por quem está a
norma penal a fatos cometidos no Brasil: seu serviço;
Princípio da territorialidade: A lei penal só tem aplica-
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
ção no território do Estado que a editou, pouco impor-
tando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo. domiciliado no Brasil.
Princípio da territorialidade absoluta: Só a lei nacional
é aplicável a fatos cometidos em seu território. • Os crimes:
Princípio da territorialidade temperada: A lei nacional a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri-
se aplica aos fatos praticados em seu território, mas, ex- gou a reprimir;
cepcionalmente, permite-se a aplicação da lei estrangei- b) praticados por brasileiro;
ra, quando assim estabelecer algum tratado ou conven- c) praticados em aeronaves ou embarcações bra-
ção internacional. Foi este o princípio adotado pelo art. sileiras, mercantes ou de propriedade privada,
5º do Código Penal: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuí- quando em território estrangeiro e aí não sejam
zo de convenções, tratados e regras de direito interna- julgados.
cional, ao crime cometido no território nacional.
O Território nacional abrange todo o espaço em que Nestes casos, a aplicação da lei brasileira depende do
o Estado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares
concurso das seguintes condições:
interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa
(12 milhas) e espaço aéreo.
Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no a) entrar o agente no território nacional;
estrangeiro. A lei brasileira aplica-se também ao crime b) ser o fato punível também no país em que foi
cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, praticado;
se, reunidas as condições previstas acima: c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a
lei brasileira autoriza a extradição;
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
b) houve requisição do Ministro da Justiça. não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
É a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
fatos criminosos ocorridos no exterior. segundo a lei mais favorável
A extraterritorialidade possui os seguintes princípios
norteadores:
Princípio da nacionalidade ativa: Aplica-se a lei nacio- CRIMES
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

nal do autor do crime, qualquer que tenha sido o local


da infração.
Princípio da nacionalidade passiva: A lei nacional do
CLASSIFICAÇÃO
autor do crime aplica-se quando este for praticado con-
tra bem jurídico de seu próprio Estado ou contra pessoa
de sua nacionalidade. O crime ocorre quando uma pessoa pratica qualquer
Princípio da defesa real: Prevalece a lei referente à na- conduta descrita na lei e, através dessa conduta, ofende
cionalidade do bem jurídico lesado, qualquer que tenha um bem jurídico de uma terceira pessoa. Constituem de-
sido o local da infração ou a nacionalidade do autor do terminados comportamentos humanos proibidos por lei,
delito. É também chamado de princípio da proteção. sob a ameaça de uma pena.

170
A legislação brasileira, apresenta um sistema bipartido sobre as espécies de infração penal, uma vez que existem
apenas duas espécies (crime = delito ≠ contravenção). Situação diferente ocorre com alguns países tais como a França
e a Espanha que adotaram o sistema tripartido (crime ≠ delito ≠ contravenção).

“A“ mata “B“


“A“ Prática conduta Art. 121 “A” com uso de “B“ morre en CRIME
descrita na lei Código ⟶ Matar alguém ⟶ uma arma, dispara ⟶ decorrência ⟶ Descrito no
Penal) e mata “B” dos disparos Art.121, do
efetuados por “A” Código Penal

As duas espécies de infração penal são: o crime, considerado o mesmo que delito, e a contravenção. Ilustre-se, po-
rém que, apesar de existirem duas espécies, os conceitos são bem parecidos, diferenciando-se apenas na gravidade da
conduta e no tipo (natureza) da sanção ou pena.
No que diz respeito à gravidade da conduta, os crimes e delitos se distinguem por serem infrações mais graves,
enquanto a contravenção refere-se às infrações menos graves.
Em relação ao tipo da sanção, a diferença tem origem no art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei
3.914/41).

Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente,
quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isola-
damente, penas de prisão simples ou de multa, ou ambas. Alternativa ou cumulativamente.

Em razão dos crimes serem condutas mais graves, então eles são repelidos através da imposição de penas mais
graves (reclusão ou detenção e/ou multa).
As contravenções, todavia, por serem condutas menos graves, são sancionadas com penas menos graves (prisão
simples e/ou multa).
A escolha se determinada infração penal será crime/delito ou contravenção é puramente política, da mesma forma
que o critério de escolha dos bens que devem ser protegidos pelo Direito Penal. Além disso, o que hoje é considerado
crime pode vir, no futuro, a ser considerada infração e vice-versa. O exemplo disso aconteceu com a conduta de por-
tar uma arma ilegalmente. Até 1997, tal conduta caracterizava uma mera contravenção, porém, com o advento da Lei
9.437/97, esta infração passou a ser considerada crime/delito.

DOLO E CULPA

Sempre que estudamos os elementos subjetivos do tipo vem à memória “dolo” e “culpa”, e junto uma tentativa de
simplificar ao máximo para passar a matéria adiante.
Depois ficamos surpresos com as questões elaboradas pelas bancas dos concursos.
Primeiro, vamos a lei seca, Código Penal e verificar o que está disposto sobre o dolo e a culpa.

Art. 18. Diz-se o crime:


Crime doloso
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão
quando o pratica dolosamente.

Essa é a definição que encontramos no Código Penal.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Vamos estudar o DOLO.

• quis o resultado
O DOLO é quando o agente ou
• assumiu o risco de produzi-lo

171
São elementos do DOLO:

Elementos do dolo

consciência da consciência da relação vontade de realizar


conduta e do causal objetiva entre a a conduta e de
resultado conduta e o resultado produzir o resultado

O DOLO pode ser direto, indireto alternativo ou indireto eventual.

Dolo direto: quer o resultado.


Dolo indireto alternativo: quer um ou outro resultado previsto.
Dolo indireto eventual: não quer diretamente o resultado, mas assume o risco.

Agora vamos estudar a CULPA.

A CULPA é quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Quando estudamos CULPA, não podemos deixar de lado a imprudência, negligência e imperícia.

O agente que, deixando de empregar a cautela a que estava


Imprudência obrigado pelas circunstâncias, não prevê o resultado que podia
prever dá causa ao resultado.

O agente que, deixando de empregar a atenção a que estava


Negligência obrigado pelas circunstâncias, não prevê o resultado que podia
prever e dá causa ao resultado, desatenção.

O agente pretica a conduta sem possuir conhecimentos técnico


Imperícia no exercício de qualquer conduta.

Culpa inconsciente: não prevê o resultado que podia prever.


Culpa consciente: prevendo-o supõe levianamente que não se realizaria ou
que poderia evitá-lo.

Sempre nas questões que envolve dolo eventual e culpa consciente, numa leitura rápida ficamos com dúvida.
Portanto, vamos fazer a segunda leitura da questão e identificar as palavras que diferenciam o dolo eventual da culpa
consciente.

#FicaDica

DOLO EVENTUAL X CULPA CONSCIENTE


Dolo eventual: o agente tem a precisão do Culpa consciente: o agente tem a previsão do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

resultado e consente na sua produção, não resultado e supõe que não se realizará.
desiste, prefere se arriscar a interromper a
sua ação.

Vamos avançar mais um pouco.


Estudaremos as TEORIAS DO DOLO.
Teoria da vontade: dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal.

172
Teoria da Representação: ocorre dolo, toda vez que o Dolo cumulativo
agente prevendo o resultado como possível, continua a
sua conduta. O agente pretende alcançar dois resultados em
Teoria do consentimento (ASSENTIMENTO): é como sequência.
se fosse um corretivo da anterior – ocorre dolo toda vez Exemplo: quero ferir e depois quero matar.
que o agente prevendo o resultado como possível, de-
cide prosseguir com a conduta, assumindo o risco de Dolo de dano
produzi-lo.
Previsão + prosseguir = assumindo risco. A vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem
Prevalece que o Brasil adota a Teoria da vontade + jurídico tutelado.
Teoria do assentimento. Exemplo: quando eu falo em bem jurídico vida = a
intenção do agente é matar.
Quais são as espécies de dolo?
Dolo de perigo
Vejamos:
O agente atua com a intenção de expor a risco o bem
Dolo direto (determinado) jurídico tutelado.
Exemplo: se eu tenho o bem jurídico vida = a inten-
Ocorre quando o agente prevê determinado resulta- ção é periclitar a vida de outrem.
do, dirigindo sua conduta na busca de realizar esse mes-
mo resultado. Dolo genérico
Tem duas espécies: O agente tem vontade de realizar a conduta descrita
no tipo penal, sem fim específico.
Dolo de primeiro grau: conduta dirigida a determina- Exemplo: o interesse é querer matar, basta esta von-
do resultado. tade, não interessa para quê.
Dolo de segundo grau (ou dolo necessário): neste
dolo, o agente produz resultado paralelo ao visado, pois
Dolo específico
necessário à realização deste. Consiste na vontade do
agente dirigida a determinado resultado, efetivamente
O agente tem vontade de realizar a conduta descrita
desejado, em que a utilização dos meios para alcançá-lo,
no tipo penal COM fim específico.
inclui, obrigatoriamente, efeitos colaterais de verificação
Exemplo: importa o fim com que o agente agiu, fal-
praticamente certa (o agente não deseja imediatamente
sidade ideológica “com o fim de prejudicar direito, criar
os efeitos colaterais, mas tem por certa sua ocorrência
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
caso concretize o resultado pretendido – o dolo dele
quanto aos efeitos colaterais é de segundo grau). relevante”.
Exemplo: irmãos siameses. Quero matar um, acabo
matando os dois. Respondo por 121 com dolo de 1º Dolo geral (ou ‘erro sucessivo’, espécie de erro so-
grau, quanto ao que eu queria matar; e 121 com dolo bre o nexo causal)
de 2º grau, quanto ao irmão. Concurso formal impróprio
(Cezar Bitencourt). Ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado
um resultado por ele visado, pratica nova ação que efe-
Dolo indireto (indeterminado) tivamente o provoca. É uma espécie de erro de tipo aci-
dental, não isentando o agente de pena.
O agente com sua conduta, não busca realizar resul- Exemplo: pai e mãe esganam uma filha, achando que
tado determinado. ela está morta, jogam-na pela janela, quando então, efe-
tivamente ela morre na queda.
Dolo alternativo: o agente prevê pluralidade de resul-
tados, porém, dirigindo sua conduta na busca de realizar Dolo normativo
qualquer um deles.
Exemplo: o agente vai para cometer homicídio ou Adotado pela teoria psicológica normativa da culpa-
lesão corporal, está com certeza que praticará um dos bilidade, este dolo integra a culpabilidade tendo como
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

crimes, pois “ele quer”. requisitos:

Dolo eventual: o agente prevê pluralidade de resulta- • Consciência


dos, porém dirige sua conduta na realização de um deles. • Vontade
Quer um resultado, mas aceita o outro resultado. • Consciência atual da ilicitude
Exemplo: agente prevê lesão e homicídio, ele dirige
a conduta na lesão, é o que ele quer, porém se ocorrer
um homicídio, ele aceita, assume o risco de produzir um
homicídio.

173
Dolo natural O que entendemos por violação do dever de cuidado
(modalidades da culpa)?
Adotado pela teoria normativa pura da culpabilidade, A violação do dever de cuidado está contido na im-
de base finalista, este dolo integra o fato típico, tendo prudência, negligência e imperícia.
como requisitos: Imprudência: afoiteza. Comissiva.
Negligência: ausência de precaução. Omissiva.
• Consciência Imperícia: falta de aptidão técnica para o exercício de
• Vontade profissão, arte ou ofício.

Dolo antecedente/concomitante/subsequente Previsibilidade

Analisa-se o dolo no momento da conduta. Nucci Previsibilidade é diferente de previsão. Previsibilidade


(2014) esclarece que para haver o crime só nos interessa é a possibilidade de o agente conhecer o perigo. Diferen-
o dolo concomitante. O dolo antecedente é mera cogi- te de previsão, onde há efetivo conhecimento do perigo.
tação, o dolo subsequente também não nos interessa se Na culpa consciente tem conduta, violação de dever,
não estava presente desde a conduta. resultado, nexo, e tem mais que previsibilidade, tem pre-
visão. O perigo na culpa consciente não é previsível, ele
Dolo de propósito ou refletido foi previsto.
A previsibilidade se divide em:
Pode configurar agravante. Nem sempre majora a Previsibilidade subjetiva - analisada sobre o prisma
pena. subjetivo do autor do fato, levando em consideração
seus dotes intelectuais, sociais e culturais, não é elemen-
Dolo de ímpeto ou repentino to da culpa, mas será considerada pelo magistrado no
juízo da culpabilidade (aqui analisará a exigibilidade ou
Configura atenuante de pena. inexigibilidade de conduta diversa).
Exemplo: crimes multitudinários, seguindo a onda. Previsibilidade objetiva – analisada sob o ponto de
O crime dolo tem outras relevâncias no direito penal. vista objetivo, se aquilo era objetivamente previsível, no
Neste momento, apenas para exemplificar, assunto comum, no geral.
que será tratado em outra aula, no concurso formal de
crime, art. 70, do CP, quando o agente, mediante uma só Tipicidade
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos
ou não, será aplicada a mais grave das penas cabíveis No silêncio da lei não se pune a modalidade culposa,
ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em somente a dolosa.
qualquer caso, de um sexto até metade. Porém, as pe-
nas se aplicam cumulativamente se a ação ou omissão é Art. 18, Parágrafo único, do CP - Salvo os casos expres-
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios sos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
autônomos. como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Vamos estudar um pouco mais os elementos do cri-
me culposo. Quais são as espécies de dolo?

Conduta humana voluntária Vejamos:

A vontade do agente circunscreve-se à realização da Culpa consciente


conduta – não quer nem assume o risco do resultado.
O agente prevê o resultado decidindo prosseguir
Violação de um dever de cuidado objetivo com sua conduta, acredita que pode evitar o perigo ou
que nunca ocorrerá, culpa com previsão.
O agente atua em desacordo com o que esperado
pela lei e pela sociedade. Culpa inconsciente

Nexo causal O agente não prevê o resultado que, entretanto, lhe


NOÇÕES DE DIREITO PENAL

era inteiramente previsível, culpa sem previsão, culpa


Deve haver a relação de causalidade entre a conduta com previsibilidade.
do agente e o resultado crime.
Resultado (involuntário) em regra, naturalístico. Culpa própria
Previsão/Previsibilidade (ou previsibilidade objetiva e
subjetiva) É gênero do qual são espécies, culpa consciente e cul-
Tipicidade culposa (deve ser previsto como crime pa inconsciente.
culposo) O agente não quer e nem assume o risco de produzir
o resultado.

174
Esta é a culpa propriamente dita. Qual das hipóteses se encaixa no crime
preterdoloso?
Culpa imprópria
Crime PRETERDOLOSO ou PRETERINTENCIONAL,
A culpa imprópria, culpa por extensão, assimilação encaixa-se na hipótese do crime doloso agravado
ou equiparação, decorre do erro de tipo evitável nas culposamente.
descriminantes putativas ou do excesso nas causas de Assim, podemos afirmar que crime preterdoloso é
justificação. uma espécie de crime agravado pelo resultado, consti-
Nessas circunstâncias, o agente quer o resultado em tuído de dolo no antecedente e culpa no consequente.
razão de a sua vontade encontrar-se viciada por um erro
que, com mais cuidado poderia ser evitado. Quais são os elementos do crime preterdoloso?

CONDUTA PRETERDOLOSA Conduta dolosa visando determinado resultado.

É uma espécie de crime agravado pelo resultado, ha- Provocação de resultado culposo + grave do que
vendo verdadeiro concurso de dolo e culpa no mesmo o desejado.
fato (dolo no antecedente – conduta + culpa no conse- Nexo causal entre conduta e resultado.
quente – resultado).
Quando o resultado mais grave advém de caso fortui-
Dolo + Culpa = Preterdolo to ou força maior não se imputa a agravação ao agente.
O resultado mais grave deve ser pelo menos culposo.
Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a Exemplo 1: “A” desfere um soco em “B” num ambien-
pena, só responde o agente que o houver causado ao te lotado de mesas.
menos culposamente. “A” cai, bate a cabeça e morre. Lesão corporal seguida
de morte (art. 129, §3º, do CP).
O que são crimes agravados pelo resultado? Exemplo 2: “A” empurra “B” em lugar cheio de cadei-
ras e obstáculos, e na queda, “B” bate a cabeça e morte.
Vamos exemplificar para facilitar: Aqui temos vias de fato, contravenção (dolo) e morte
culposa. Estamos diante do Art. 121, §3º, do CP, homicí-
Crime doloso agravado dolosamente dio culposo, ficando a contravenção absorvida.

Art. 121, §2º, do CP – homicídio qualificado, ou art. CRIME CONSUMADO E TENTADO


123, § 2º, IV, do CP, lesão grave qualificado pela
deformidade. Para estudarmos os crimes consumados e os crimes
tentados, é importante conhecermos a iter criminis.
Isso é chamado de dupla tipicidade dolosa. Segundo Cleber Masson, iter criminis é o caminho do
crime, corresponde às etapas percorridas pelo agente
Crime culposo agravado culposamente para a prática de um fato previsto em lei como infração
penal.
Incêndio culposo qualificado culposamente pela Considerando que já estudamos crime doloso, pode-
morte culposa de alguém, art. 250, combinado com o art. mos concluir que iter criminis é um instituto exclusivo
258, do CP. dos crimes dolosos.
Isso é chamado de dupla tipicidade culposa. Os crimes possuem as seguintes fases:

Crime culposo agravado dolosamente É a fase mental de preparação


do crime: idealização, delibera-
Art. 121, § 4º, 2ª figura, do CP - homicídio culposo, Cogitação ou
ção e resolução.
agravado por omissão de socorro, ou art. 267, § 2º, fase interna
Não há conduta penalmente
do CP - epidemia com resultado morte, ou art. 302, relevante.
parágrafo único, III, da Lei nº 9.503/1997, homicídio
culposo de trânsito majorado pela omissão de socorro.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

O crime começa a se prejetar no


Crime doloso agravado culposamente mundo exterior, o agente adqui-
Atos
re arma de fogo. Em regra não
preparatórios
Art. 129, § 3º, do CP - lesão corporal seguida de são puníveis, salvo nos crimes
morte. obstáculos.

E agora que sabemos, pelos exemplos, o que são cri-


mes agravados pelo resultado.

175
O agente começa a realizar o
núcleo do tipo penal, de for-
Atos de
ma idônea e inequívoca. Essa
execução
fase pode haver punição pela
tentativa

Crime consumado é quando nele


se reúne todos os elementos de
Consumação
sua definição legal. Fim do iter
criminis.

Não influi na tipicidade, mas


pode influenciar na dosimetria
exaurimento da pena, ser reconhecido como
qualificadora ou configurar crime
autônomo

O que é crime-obstáculo?
Classifica-se de crime-obstáculo quando os atos preparatórios são punidos como crime autônomo, por exemplo,
associação criminosa, art. 288, do CP.
Atos preparatórios e atos de execução.

Teoria Subjetiva
• Importa a extoriorização da vontade criminosa pelo agente.
• Não distingue atos preparatórios de atos executórios.

Teoria Objetiva-formal (mojoritária)


• A execução inicia-se quando o agente começa a praticar o núicleo contido no tipo penal
• Antes disso, os atos são preparatórios.

Teoria objetiva-material
• São atos executórios aqueles em que se inicia a prática do núcleo do tipo, bem como os atos imediatamente
anteriores, com base na visão de terceira pessoa alheia à conduta cruminosa. (Rogério Cunha Sanches)

Teoria objetiva-individual
• São atos executórios aqueles em que se inicia a prática do núcleo do tipo, bem como os atos imediatamente
anteriores, com base no plano concreto do agente.

Teoria da hostilidade ao bem jurídico


• A execução inicia-se quando o agente ataca o bem jurídico.

E se persistirem a dúvida se o ato é preparatório ou de execução?


Deve considerar, neste caso, o ato preparatório, por ser mais benéfico ao agente.
Para cada classificação do crime há o momento da consumação.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

176
Consumação de crime de ROUBO X LATROCÍNIO

Súmula 582, STJ: cunsuma-se o crime Súmula 610, STF: Há crime de latrocínio,
Crime de Roubo

Crime de Latrocínio
de roubo com a inversão da posse do quando o homicídio se consuma, ainda
bem mediante emprego de vioência que não realize a agente a subtração de
ou grave ameaça, ainda que breve bens da vítima.
tempo e em seguida á perseguição Há tentativa de latrocínio quando o
imediata ao agente e recuperação da sujeuito age com dolo de subtrair e dolo
coisa roubada, sendo prescindível a de matar, mas o resultado morte não
posse mansa e pacífica ou desvigiada ocorre por circunstâncias alheia à sua

⇒ vontade
O fator determinante para a consumação
do latrocínio é a ocorrência do resultado
morte, sendo dispensada a efetiva
inversão da posse.

ROUBO MORTE LATROCÍNIO


Consumado Consumada Consumado
Tentado Tentada Tentado
Consumado Tentada Tentado
Tentado Consumada Consumada

O crime é consumado, quando nele se reúnem todos os elementos da sua definição legal.
A tentativa ocorre, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstância alheias à vontade do agente.

Tentativa

Branca ou incruenta Vermelha ou cruenta


(Improfícua)

O bjetivo do crime não é atingido pela O bjetivo do crime não é atingido pela
conduta. O iter criminis percorrido, o conduta. Considerando o iter criminis
quantum de redução deve se aproximar da percorrido, o quantum de redução da
fração máxima (2/3) tentativa deve se aproximar do mínimo
(1/3)

Tentativa

Perfeita ou acabada Imperfeita ou inacabada


Crime falho Tentativa propriamente dita

O agente esgota todos os meios de O agente, por fatores alheios a sua


execução à sua disposição e, mesmo assim, a vontade, não esgota os meios de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

consumação não sobrevém por circunstância execução ao seu alcance, dentro daquilo
alheias a sua vontade. que considera sufuciente, em seu projeto
criminoso, para alcançar resultado.

Agente dispara tiros na vítima, mas é Agente, no segundo disparo, é


socorrida e sobrevive. interrompido pela chegada de
policiais e o crime não se consuma por
circunstância alheia à sua vontade.

177
Quais são os crimes que admitem tentativa?

Crimes dolosos

Crimes plurissubsistentes (formais e de mera conduta)

ADMITEM TENTATIVA Omissivos impróprios

Crimes de perigo concreto

Crimes permanetes

Quais os crimes que não admitem tentativa?

Crimes culposos, exceto a culpa imprópria

Contravenções penais

Crimes habituais

Crimes omissivos próprios

Crimes unissubjetivos

Crimes preterdolosos

NÃO ADMITEM TENTATIVA

Crimes de resultado

Crimes de empreendimento (atentodo)

Crimes impossíveis
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Crimes de perigo comum

Crimes subordinados a uma condição objetiva de punibilidade

Crimes-obstáculos

178
Pena da tentativa
#FicaDica
Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa
com a pena correspondente ao crime consumado, dimi- A lei penal (CP ou lei extravagante) não
nuída de 1 a 2/3. prevê a tentativa para cada crime, mas de-
A tentativa é uma causa de diminuição de pena. fine o delito e prevê a pena para o caso de
A redução deve ser basear no iter criminis percorrido consumação.
pelo agente. Por isso, todo o crime tentado deve incluir
A definição do crime tentado (at. 14, II, do CP) é uma na descrição do delito o art. 14, II, do CP.
norma de extensão ou de ampliação, uma vez que, o tipo
penal deve ser conjugado com o art. 14, II, do CP.
O art. 14, II, do CP, dispõe que a tentativa é o início de E a pena para o caso de crime tentado?
execução de um crime que somente não se consuma por A punibilidade da tentativa é disciplinada pelo art. 14,
circunstâncias alheias à vontade do agente. parágrafo único, do CP.
O ato de tentativa é um ato de execução. O CP acolheu como regra a teoria objetiva, realística
Exige-se que o sujeito tenha praticado atos executó- ou dualista.
rios, daí não sobrevindo a consumação por forças estra- Quando falamos das teorias assusta. Mas fique
nhas ao seu propósito, o que acarreta em tipicidade não tranquilo...
finalizada, sem conclusão. Teoria objetiva, realística ou dualista significa que
ao determinar a pena da tentativa deve corresponder à
A tentativa tem três elementos na sua estrutura pena do crime consumado, diminuída de 1 (um) a 2/3
(dois terços).
1) Início da execução do crime Como o desvalor do resultado é menor quando com-
2) Ausência de consumação por circunstâncias alheias parado ao do crime consumado, o agente deve suportar
à vontade do agente uma punição mais branda.
3) Dolo de consumação Vamos exemplificar:

1. “A” subtrai o celular de “B” e foi condenado a pena


de 2 anos.
#FicaDica 2. “A” tentou subtrair o celular de “B” e foi condenado
a pena de 1 ano e 4 meses.
Não esqueça que o dolo da tentativa é
igual ao dolo da consumação. No exemplo 1 o crime foi consumado, por isso foi
O sujeito quer o resultado! aplicada a pena de 2 anos (lembrando que a pena previs-
ta para furto é de um a quatro anos, e multa).
“A” quer subtrair o celular de “B”. Na consumação, “A” No exemplo 2 o crime foi tentado, motivo pelo qual
consegue subtrair. Na tentativa, quando “A” consegue a pena de 2 anos foi diminuída de 2/3, resultando em 1
colocar a mão no celular, é surpreendido por “C” que à ano e 4 meses.
distância, percebeu a ação de “A”. Neste momento, “A” A tentativa constitui-se em causa obrigatória de dimi-
deixa o celular e foge do local. A vontade de “A” era: nuição da pena.
subtrair o celular. Incide na terceira fase de aplicação da pena privativa
O art. 14, II, do CP não tem autonomia, pois a tentati- de liberdade, e sempre a reduz.
va não existe por si só, isoladamente. A liberdade do magistrado repousa unicamente no
Sua aplicação exige a realização de um tipo incrimi- quantum da diminuição, balizando-se entre os limites
nador, previsto na Parte Especial do CP ou pela legislação legais, de 1 (um) a 2/3 (dois terços). Deve reduzi-la, po-
penal especial. dendo somente escolher o montante da diminuição. E,
O CP e a legislação extravagante não preveem, para para navegar entre tais parâmetros, o critério decisivo é a
cada crime, a figura da tentativa, nada obstante a maioria maior ou menor proximidade da consumação, é dizer, a
deles seja com ela compatível. distância percorrida do iter criminis.
Isso explica o motivo pelo qual não encontramos a Excepcionalmente, entretanto, é aceita a teoria subje-
descrição do crime, a pena prevista em caso de consu- tiva, voluntarística ou monista, consagrada pela expres-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

mação e outra pena para a hipótese de tentativa. são “salvo disposição em contrário”.
A tentativa de furto é a combinação de “subtrair, para Olhe as teorias novamente.
si ou para outrem, coisa alheia móvel” com iniciada a Essas teorias têm a tese de que a pena para os crimes
execução, não se consuma por circunstâncias alheias à consumados são as mesmas para os crimes tentados.
vontade do agente”, certo! Aplica-se essas teorias em alguns casos.
Furto tentado é: art. 155, caput, c/c o art. 14, II, ambos Há casos, restritos, em que o crime consumado e o
do CP. crime tentado comportam igual punição: são os delitos
de atentado ou de empreendimento. Por exemplo:

179
1) evasão mediante violência contra a pessoa (art. 352 ILICITUDE E CAUSAS DE EXCLUSÃO
do CP), em que o preso ou indivíduo submetido à
medida de segurança detentiva, usando de violên- Para que haja ilicitude em uma conduta típica, inde-
cia contra a pessoa, recebe igual punição quando pendentemente do seu elemento subjetivo, é necessário
se evade ou tenta evadir-se do estabelecimento que inexistam causas justificantes. Isto porque estas cau-
em que se encontra privado de sua liberdade; sas tornam lícita a conduta do agente.
2) Lei nº 4.737/1965 – Código Eleitoral, art. 309, no As causas justificantes têm o condão de tornar líci-
qual se sujeita a igual pena o eleitor que vota ta uma conduta típica praticada por um sujeito. Assim,
ou tenta votar mais de uma vez, ou em lugar de aquele que pratica fato típico acolhido por uma exclu-
outrem. dente, não comete ato ilícito, constituindo uma exceção
à regra que todo fato típico será sempre ilícito.
Crimes punidos apenas na forma tentada As excludentes de ilicitude estão previstas no artigo
23 do Código Penal brasileiro. São elas: o estado de ne-
A regra vigente no sistema penal brasileiro é a puni- cessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do
ção dos crimes nas modalidades consumada e tentada. dever legal e o exercício regular de direito.
Mas em algumas situações não se admite a tendência,
seja pela natureza da infração penal, seja em obediência Estado de necessidade
a determinado mandamento legal, razão pela qual ape-
nas é possível a imposição de sanção penal para a forma Trata-se de uma excludente de ilicitude que constitui
consumada do delito ou da contravenção penal. no sacrifício de um bem jurídico penalmente protegido,
É o que se verifica, a título ilustrativo, nos cri- visando salvar de perigo atual e inevitável direito pró-
mes culposos (salvo na culpa imprópria) e nos crimes prio do agente ou de terceiro - desde que no momento
unissubsistentes. da ação não for exigido do agente uma conduta menos
lesiva. Nesta causa justificante, no mínimo dois bens ju-
Relembrando:
rídicos estarão postos em perigo, sendo que para um ser
Culpa: O agente não quer e nem assume o risco de
protegido, o outro será prejudicado.
produzir o resultado.
Para que se caracterize a excludente de estado de
Culpa imprópria: decorre do erro de tipo evitável
necessidade exige dois requisitos: existência de perigo
nas descriminantes putativas ou do excesso nas causas
atual e inevitável e a não provocação voluntária do peri-
de justificação. O agente quer o resultado em razão de a
go pelo agente. Quanto ao primeiro, importante destacar
sua vontade encontrar-se viciada por um erro que, com
que se trata do que está acontecendo, ou seja, o perigo
mais cuidado poderia ser evitado.
não é remoto ou incerto além disso, o agente não pode
ter opção de tomar outra atitude, pois caso contrário,
Crime unissubsistente: é realizado por ato único, não não se justifica a ação. Enquanto o segundo requisito
sendo admitido o fracionamento da conduta, como, significa que o agente não pode ter provocado o perigo
por exemplo, no desacato (art. 331, do CP) praticado intencionalmente. A doutrina majoritária entende que se
verbalmente. o agente cria a situação de perigo de forma culposa, ain-
da assim poderá se utilizar da excludente.
Entretanto, em hipóteses raríssimas somente é cabí- Vale observar o tema abordado por Rogério Greco
vel a punição de determinados delitos na forma tenta- quanto ao estado de necessidade relacionado a neces-
da, pois nesse sentido orientou-se a previsão legislativa sidades econômicas. Trata-se de casos em que devido a
quando da elaboração do tipo penal. grandes dificuldades financeiras, o agente comete crimes
Exemplos disso encontram-se nos arts. 9º e 11 da Lei em virtude de tal situação.
7.170/1983 – Crimes contra a Segurança Nacional. Conforme o doutrinador, não é qualquer dificuldade
econômica que autoriza o agente a agir em estado de
Art. 9º - Tentar submeter o território nacional, ou necessidade, somente se permitindo quando a situa-
parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país. ção afete sua própria sobrevivência. Como é o caso, por
Pena: reclusão, de 4 a 20 anos. exemplo, do pai que vendo seus familiares com fome e
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal não sem condições de prover sustento, furta alimentos
grave, a pena aumenta-se até um terço; se resulta num mercado. É razoável que prevaleça o direito à vida
morte aumenta-se até a metade. do pai e de sua família ante ao patrimônio do mercado.
Art. 10 - Aliciar indivíduos de outro país para invasão [4]
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

do território nacional.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. Legítima Defesa
Parágrafo único - Ocorrendo a invasão, a pena au-
menta-se até o dobro. O conceito de legítima defesa, esta que é a excluden-
Art. 11 - Tentar desmembrar parte do território na- te mais antiga de todas, está baseado no fato de que o
cional para constituir país independente. Estado não pode estar presente em todos os lugares pro-
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos. tegendo os direitos dos indivíduos, ou seja, permite que
o agente possa, em situações restritas, defender direito
seu ou de terceiro.

180
Assim sendo, a legítima defesa nada mais é do que Estrito cumprimento do dever legal
a ação praticada pelo agente para repelir injusta agres-
são a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios necessários O agente que cumpre o seu dever proveniente da lei,
com moderação. não responderá pelos atos praticados, ainda que consti-
A formação da legítima defesa depende de alguns re- tuam um ilícito penal. Isto porque o estrito cumprimento
quisitos objetivos. São eles: de dever legal constitui outra espécie de excludente de
ilicitude, ou causa justificante.
a) Agressão injusta, atual ou iminente; O primeiro requisito para formação desta excludente
b) Direito próprio ou alheio; de ilicitude é a existência prévia de um dever legal. Este
c) Utilização de meios necessários com moderação. requisito engloba toda e qualquer obrigação direta ou
indireta que seja proveniente de norma jurídica. Dessa
O elemento subjetivo existente na legítima defesa forma, pode advir de qualquer ato administrativo infrale-
é a vontade de se defender ou defender direito alheio.
gal, desde que tenham sua base na lei. Também pode ter
Além de preencher os requisitos objetivos, o agente pre-
sua origem em decisões judiciais, já que são proferidas
cisa ter o animus defendendi no momento da ação. Se
pelo Poder Judiciário no cumprimento de ordens legais.
o agente desconhecia a agressão que estava por vir e
Outro requisito é o cumprimento estrito da ordem.
age com intuito de causar mal ao agressor, não haverá
exclusão da ilicitude da conduta, pois haverá mero caso Para que se configure esta causa justificante, é neces-
de coincidência. sário que o agente se atenha aos limites presentes em
Ponto bastante discutido entre os doutrinadores é seu dever, não podendo se exceder no seu cumprimento.
o que trata de ofendículos. Para alguns autores, consti- Aquele que ultrapassa os limites da ordem legal poderá
tuem legítima defesa preordenada e para outros, exercí- responder por crime de abuso de autoridade ou algum
cio regular de direito, embora ambos se enquadrem na outro específico no código Penal. Por fim, o último re-
exclusão da antijuricidade da conduta. Ofendículos são quisito é a execução do ato por agente público, e ex-
aparatos que visam proteger o patrimônio ou qualquer cepcionalmente, por particular. Para que se caracterize
outro bem sujeito a invasões, como por exemplo, as cer- a causa justificante, o agente precisa ter consciência de
cas elétricas em cima de um muro de uma casa. A juris- que pratica o ato em cumprimento de dever legal a ele
prudência entende que todos os aparatos dispostos para incumbido, pois, do contrário, o seu ato configuraria um
defender o patrimônio devem ser visíveis e inacessíveis ilícito. Trata-se do elemento subjetivo desta excludente,
a terceiros inocentes, somente afetando aquele que visa que é a ação do agente praticada no intuito de cumprir
invadir ou atacar o bem tutelado alheio. Preenchendo ordem legal.
estes requisitos, o agente não responderá pelos danos Ao tratar de coautores e partícipes, Fernando Capez
causados ao agressor, pois configurará caso de legítima suscita uma questão interessante. Para ele, ambos não
defesa preordenada. Só serão conceituados como exer- poderiam ser responsabilizados, pois não como falar em
cício regular de direito quando levados em consideração ato lícito para, e para o outro ilícito. Porém, se um de-
o momento de sua instalação. les desconhecer a situação justificante que enseja o uso
Por fim, faz-se necessário analisar quando o agente a excludente de ilicitude, e age com propósito de lesar
deverá responder por excesso, em caso de legítima de- direito alheio, respondera pelo delito praticado, mesmo
fesa. São três as situações: a primeira refere-se à forma isoladamente.
dolosa, a segunda culposa e a última é aquela que se
origina de erro.
Exercício regular do direito
A primeira o agente tem ciência de que a agressão
cessou, mesmo assim, continua com sua conduta, lesan-
Aquele que exerce um direito garantido por lei não
do o bem jurídico do agressor inicial. Neste caso, o agen-
comete ato ilícito. Uma vez que o ordenamento jurídi-
te que inicialmente se encontra em estado de legítima
defesa e excede conscientemente seus limites, respon- co permite determinada conduta, se dá a excludente do
derá pelos resultados do excesso a título de dolo. A se- exercício regular do direito.
gunda se configura quando o agente que age reagindo O primeiro requisito exigido por esta causa justifican-
contra a agressão, excede os limites da causa justificante te é a existência de um direito, podendo ser de qualquer
por negligência, imprudência ou imperícia. O resultado natureza, desde que previsto no ordenamento jurídico. O
lesivo causado deve estar previsto em lei como crime segundo requisito é a regularidade da conduta, isto é, o
culposo, para que o agente possa responder. E a últi- agente deve agir nos limites que o próprio ordenamento
ma, que é proveniente do erro, se configura no caso de jurídico impõe aos direitos. Do contrário haveria abuso
legítima defesa subjetiva. Aqui, o agente incide em erro de direito, configurando excesso doloso ou culposo.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

sobre a situação que ocorreu, supondo que a agressão Também se faz necessário que o agente tenha conhe-
ainda existe. Responderá por culpa, caso haja previsão e cimento da situação em que se encontra para poder se
se for evitável. valer desta excludente de ilicitude. É preciso saber que
Foi acrescido ao art. 25, do CP, o parágrafo único que, está agindo conforme um direito a ele garantido, pois do
em síntese, dispõe que considera legítima defesa o agen- contrário, subsistiria a ilicitude da ação. Fernando Capez
te de segurança pública que repele agressão ou risco de traz o exemplo do pai que pratica vias de fato ou lesão
agressão a vítima mantida refém durante a prática de cri- corporal leve contra seu filho, mas sem o intuito de cor-
mes. Reafirma que a legítima defesa não necessariamen- reção, tendo dentro de si a intenção de lhe ofender a
te é a própria, mas inclui a legítima defesa de terceiros. integridade física.

181
Algumas situações são relevantes merecem ser mencionadas quanto ao alcance do exercício regular do direito. Uma
delas é a intervenção médica e cirúrgica. Seria incompreensível considerar atos de médicos que salvam vidas como
ilícitos. Porém, para que haja exercício regular do direito, é necessário que exista a anuência do paciente, pois, do con-
trário, haveria estado de necessidade praticado em favor de terceiro, podendo restar responsabilidade no âmbito civil.

EXCESSO PUNÍVEL

Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou em vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agente pode
encontrar-se em três situações diferentes:

• usa de um meio moderado e dentro do necessário para repelir à agressão;

Haverá necessariamente o reconhecimento da legítima defesa.

• de maneira consciente emprega um meio desnecessário ou usa imoderadamente o meio necessário;


A legítima defesa fica afastada por excluído um dos seus requisitos essenciais.

• após a reação justa (meio e moderação) por imprevidência ou conscientemente continua desnecessariamente na
ação.

No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifica demasiada e desnecessariamente a reação inicialmente
justificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O agente responderá pela conduta constitutiva do excesso.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ

Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Se o sujeito inicia o processo executório, mas desiste voluntariamente de nele prosseguir, evitando a consumação,
há desistência voluntária.
Se o sujeito já esgotou o processo executório imaginado, mas resolve voluntariamente atuar para evitar a consuma-
ção, com sucesso, há arrependimento eficaz.
Nos dois casos, conforme art. 15, do CP, a consequência é que o sujeito deve responder apenas pelos resultados já
produzidos.
Basta desistir da execução para
Desistência Voluntária
impedir a consumação

Necessária ação salvadora para


Arrependimento Eficaz
impedir a consumação

Antes de esgotar a execução Depois de esgotar a Execução Consequência jurídica


Motivos alheios à Tentativa imperfeita ou Tentativa perfeita ou acabada Responde pela tentativa:
vontade do agente inacabada ou crime falho pena do crime consumado
reduzida de 1/3 (um terço)
a 2/3 (dois terços)
Modificação da Desistência voluntária Arrependimento eficaz Só responde pelos atos já
vontade do agente praticados

Arrependimento posterior
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Causa de diminuição de pena para os crimes praticados sem violência ou grave ameaça dolosa à pessoa, nos quais
o prejuízo é reparado por ato voluntário do infrator até o momento do recebimento da denúncia ou queixa.
O art. 16, do CP, estabelece redução de um a dois terços, e prevalece que a redução será tanto maior quando mais
célere a reparação.
Casos excepcionais de arrependimento posterior no Código Penal:

a) a reparação do dano no crime de estelionato por meio de cheque, até o recebimento da denúncia, tem efeito
diverso.

182
Conforme interpretação da Súmula 554 do STF não há justa causa para a ação penal nos casos em que, no crime
previsto no art. 171, § 2.º, VI, do CP, há reparação do dano antes do recebimento da denúncia.

b) no peculato culposo (art. 312, § 2.º, do CP), a reparação do dano até a sentença definitiva extingue a punibilidade,
e se posterior ainda reduz a pena em metade (art. 312, § 3.º, do CP).

CULPABILIDADE

Definidor de uma infração penal. A motivação e objetivos subjetivos do agente praticante da conduta ilegal. A
culpabilidade aufere, a princípio, se o agente da conduta ilícita é penalmente culpável, isto é, se ele agiu com dolo
(intenção), ou pelo menos com imprudência, negligência ou imperícia, nos casos em que a lei prever como puníveis
tais modalidades

CRIMES IMPOSSÍVEIS

Crime impossível

Crime impossível: se, nas circunstâncias, o crime é impossível, não há relevância penal na conduta, pois não há risco
ao bem jurídico.

Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.

CRIME IMPOSSÍVEL
Inidoneidade absoluta do Impropriedade absoluta do objeto: Obra do agente provocador:
meio: meio escolhido não o objeto material não reveste o bem flagrante preparado, ou seja,
tem qualquer possibilidade jurídico protegido pela norma penal, quando o Estado instiga o
razoável de lesar o bem como tentar matar alguém já morto. crime para que o sujeito caia
jurídico (matar alguém com em uma “armadilha”, tendo
“poder da mente”) tomado providências para que
o bem jurídico não sofra risco.

ERRO

É a falsa percepção da realidade (estado positivo).


Entende-se por erro de tipo aquele que recai sobre as elementares, as circunstâncias ou qualquer dado que se
agregue a determinada figura típica.
Rogério Greco ensina que falta na verdade, a consciência de que pratica uma infração penal e, dessa forma, resta
afastado o dolo que, como vimos, é a vontade e consciência de praticar a conduta incriminada.
Recai sobre dados principais, constitutivos do tipo penal. Se avisado do erro, o agente para de agir criminosamente.
Exemplo: estou caçando, acho que tem um animal atrás do arbusto, mas depois do disparo vejo que era uma pes-
soa. NÃO sabia que estava matando alguém.
O agente NÃO sabe o que faz.
O fato de ser alguém é um dado PRINCIPAL do tipo.
Então erro de tipo ESSENCIAL pode ser Inevitável ou Evitável:
Vamos exemplificar:
Primeira hipótese:
Dois caçadores amigos vão para a mata caçar, uma suposta fera, que está comendo o gado.
Separam-se para caçar.
Um caçador escuta um barulho na moita e atira.
Ora, poderia ter averiguado antes a possibilidade de ser ou não o companheiro.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Aqui é um erro vencível, neste caso, há homicídio.


O verbo matar está configurado.
Mas o dolo não, como existe homicídio culposo, ele responderá por este crime.
Segunda hipótese;
Transportador, o caminhoneiro transporta supostamente uma tonelada de sal de frutas ENO.
Parado pela polícia percebe-se que era uma tonelada de cocaína.
Como não existe tráfico culposo, ele não responderá por nada.
Então, se estou falando de erro, não existe vontade (por isso exclui o dolo), diante de um erro, não existe previsão,
tanto no inevitável, como no evitável.

183
Porém no evitável, ao contrário do inevitável, há pre- Conceito: representação equivocada do objeto mate-
visibilidade, por isso permanece a punição para a moda- rial (pessoa) visado pelo agente.
lidade culposa. Não há erro de execução, e sim de representação, ou
Rogério Greco destaca que sem vontade e sem cons- seja, a execução é perfeita, entretanto o agente represen-
ciência, não se pode falar em dolo. Embora não possa ta erroneamente a vítima.
o agente responder pelo delito a título de dolo, sendo Exemplo1:
inescusável o erro, deverá, de acordo com a segunda Quero matar meu pai, porém, representando equi-
parte do art. 20 do CP, ser responsabilizado a título de vocadamente a pessoa que entra na casa, mato o meu
culpa, havendo previsão para tanto. tio (não há erro de execução, somente de representação,
Agora estamos diante da prova do concurso. executo bem, com um alvo mal representado).
Como saber se é evitável ou inevitável? Responderei por PARRICÍDIO, mesmo o pai estando
Primeira corrente: vivo
Trabalha com a figura do homem médio. Exemplo2: traficante deseja matar Pedrinho que tem
Homem de diligência mediana. Inevitabilidade ou 13 anos.
evitabilidade considerando o homem médio. Acredita que ele o traiu com policiais. Mata Mário que
Prevalece entre os doutrinadores clássicos. tem 17, por engano.
Segunda corrente: quem é o homem médio? Responde por homicídio circunstanciado, pena au-
Trabalha com o caso concreto, com as circunstâncias mentada por ser contra menor de 14 anos.
do caso concreto, previsibilidade do caso concreto levan- Responde pela vítima virtual.
do em consideração o agente deste caso.
Analisa a evitabilidade ou inevitabilidade do caso Consequências:
concreto, do ponto de vista do agente do caso concreto
(grau de instrução, etc.). Não exclui dolo/não exclui culpa;
Prevalece na doutrina moderna. Não isenta o agente de pena;
As duas correntes devem ser lembradas na hora de
Responde pelo crime considerando-se a VÍTIMA VIR-
responder as questões!
TUAL pretendida e NÃO a vítima real.
Erro de tipo ‘acidental’
3. Erro na execução (“aberratio ictus”)
Recai sobre dados secundários do tipo.
Previsão legal: art. 73 CP.
Se avisado, o agente corrige o erro, mas continua
Erro na execução
agindo criminosamente.
Espécies de erro de tipo acidental:
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos
1. Erro sobre o objeto (“aberratio in objectum”) meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pes-
soa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, res-
Conceito: O agente, por erro, representa equivocada- ponde como se tivesse praticado o crime contra aque-
mente o objeto material (coisa), atingindo outro que não la, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste
o desejado. Código. No caso de ser também atingida a pessoa que
Exemplo: quero subtrair o relógio de ouro, mas acabo o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art.70
furtando um relógio de latão, decorrência da má repre- deste Código.
sentação do objeto.
Previsão legal: não tem. Criação doutrinária. Conceito: o agente, por acidente ou erro no uso dos
meios de execução, atinge pessoa diversa da pretendida,
Consequência: apesar de corretamente representá-la.
Não exclui dolo/não exclui culpa. A vítima é corretamente representada, entretanto
Não isenta o agente de pena. houve falha na execução do crime.
Responde pelo crime, considerando-se o objeto ma- Exemplo:
terial (coisa) efetivamente atingido (Prevalece). Eu miro o meu pai, porém, por inabilidade minha,
No exemplo, ele responderá pelo furto do relógio de acabo atingindo o meu vizinho, que se postava ao lado
latão, podendo o juiz utilizar o princípio da insignificância. do meu pai.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

2. Erro sobre a pessoa (“aberratio in persona”) Consequências:

Previsão legal: art. 20, §3º do CP. As mesmas do art. 20, §3º (respondo pelo crime con-
siderando as qualidades da vítima VIRTUAL).
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime Se atingida também pessoa visada = concurso formal
é praticado não isenta de pena. Não se consideram, (próprio) de delitos, art. 70. É chamado de unidade com-
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, se- plexa ou resultado duplo.
não as da pessoa contra quem o agente queria prati-
car o crime.

184
Só se aplica para o erro na execução, o erro envolven- Zaffaroni ensina que não se aplica o art. 74, do CP,
do PESSOA-PESSOA (art. 73), eventualmente o 20, §3º, se o resultado produzido é menos grave (bem jurídico
do CP. menos valioso) que o resultado pretendido, sob pena
Doutrina moderna diferencia duas espécies de aber- de prevalecer a impunidade. Neste caso, o agente deve
ratio ictus: erro no uso dos meios de execução responder pela tentativa do resultado pretendido não
Execução pressupõe vítima pretendida no local: por alcançado.
acidente
Execução não exige a vítima pretendida no local. 5. Erro sobre o nexo causal (“aberratio causae”)
Tem a mesma consequência.
Exemplo: Previsão legal: NÃO tem previsão legal. Criação
Quero matar pai, erro, mato tio, erro no uso dos doutrinária.
meios. Já no acidente, mãe envenena comida para o ma- Fundamento: conditio sine qua non.
O erro sobre o nexo causal tem duas espécies:
rido comer, mas quem acaba comendo é o filho. Mesma
Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: o agente,
consequência.
mediante UM só ato, provoca o resultado visado, porém
com outro nexo de causalidade.
4. Resultado diverso do pretendido (“aberratio Exemplo:
criminis”) Empurro a vítima de um penhasco, para que morra
afogada, porém durante a queda ela bate a cabeça con-
Previsão Legal: art. 74 CP. tra uma rocha, morrendo em razão de um traumatismo
craniano).
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, Dolo geral (erro sucessivo): o agente, mediante con-
por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém duta desenvolvida em DOIS OU MAIS atos, provoca o re-
resultado diverso do pretendido, o agente responde sultado visado, porém, com nexo de causalidade diverso.
por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; No erro sobre o nexo causal em sentido estrito, temos
se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a um só ato, aqui temos uma pluralidade de atos gerando
regra do art. 70 deste Código. um nexo de causalidade diverso.
Exemplo1:
É uma espécie de erro na execução. Atiro na vítima, e imaginando estar morta, jogo o cor-
Conceito: o agente, por acidente ou erro na execu- po no mar, vindo então a morrer afogada.
ção do crime, provoca lesão em bem jurídico diverso do Exemplo2:
pretendido. Caso da Isabela, mãe esgana, imaginando que está
Exemplo: morta, joga pela janela aí sim morrendo de traumatismo.
Quero danificar a viatura de X, porém, por erro na Porém, promotor no caso alegou que a eles sabiam que
execução, acabo por atingir e matar o motorista. ela estava viva.

Consequências: Consequências:

Não isenta o agente de pena. Não exclui dolo/ não exclui culpa;
Responde pelo resultado DIVERSO do pretendido, a Não isenta o agente de pena;
O agente responde pelo crime considerando o resul-
título de culpa.
tado provocado (queria matar, responde por homicídio).
Responde pelo resultado PRODUZIDO. No exemplo,
Responde pelo nexo pretendido ou pelo nexo pro-
homicídio culposo.
vocado? Importância: dependendo do nexo pode gerar
Se provocar também o resultado pretendido, concur-
uma qualificadora.
so formal de delitos (art. 70 CP). Homicídio no exemplo anterior: respondo pelo tiro
Exemplo1: ou pela asfixia?
Resultado pretendido, dano em carro (art. 165, do Três correntes:
CP), porém, por acidente, o resultado produzido foi a
morte do motorista (art. 121, do CP). Primeira corrente:
Houve erro na execução.
O agente responde pelo crime considerando o nexo
Art. 74: responde por resultado produzido a título de visado (pretendido), evitando a responsabilidade penal
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

culpa. objetiva.

Exemplo2: Segunda correte:


Resultado pretendido é a morte, o resultado produ-
zido é o dano. Houve erro na execução, atingiu bem ju- O agente responde pelo crime considerando o nexo
rídico diverso. ocorrido (REAL), suficiente para a provocação do resul-
Não posso aplicar o art. 73, do CP (aberratio ictus: tado desejado. “Eu aceito, assumo qualquer meio para
pessoa-pessoa), e se aplicássemos o art. 74, do CP (aber- atingir o meu fim” (o agente de modo feral aceita qual-
ratio criminis), teríamos impunidade. quer meio para atingir o fim). PREVALECE na doutrina.

185
Terceira corrente: O processo penal para fins de competência considera
a vítima real.
O agente responde pelo crime, considerando o nexo Erro de tipo não interfere na competência, matéria
mais benéfico. Ela aplica o in dubio pro reo. processual penal.

6. “Erro de subsunção” 7. Erro provocado por terceiro

Pessoa falsifica um cheque. Foi surpreendido falsifi- Previsão legal: art. 20, §2º do CP.
cando um cheque. O promotor vai denunciar. Denuncia
pelo crime de falsidade de documento público (art. 297, Art. 20, § 2º - Responde pelo crime o terceiro que de-
do CP, pena de 2 a 6 anos) ou documento particular (298, termina o erro.
do CP, pena de 1 a 5 anos)?
Documento público, cheque é documento público Conceito: no erro de tipo, o agente erra por conta
por equiparação (art. 297, § 2º, do CP). própria, por si só.
Já no erro determinado por terceiro, há uma terceira
Art. 297, § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a pessoa, que induz o agente a erro, trata-se de erro não
documento público o emanado de entidade paraesta- espontâneo.
tal, o título ao portador ou transmissível por endosso,
as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e Consequência:
o testamento particular.
Quem determina dolosamente o erro de outrem, res-
Então, este indivíduo denunciado por falsificação de ponde por crime doloso.
documento público, na audiência diz que NÃO SABIA Exemplo:
que era equiparado a documento público. Médico quer matar o paciente, ele dolosamente in-
É o chamado ‘erro de subsunção’, não tem previsão
duz, enganando a enfermeira a ministrar dose errada de
legal, criação doutrinária.
medicamento. Responde por homicídio doloso.
Conceito: Não se confunde com erro de tipo, pois
Quem determina culposamente o erro, responde por
NÃO HÁ falsa percepção da realidade. Também não se
crime culposo.
confunde com erro de proibição, uma vez que o agente
Exemplo:
SABE da ilicitude de seu comportamento.
O médico negligentemente deu a dose errada a ser
Trata-se de erro que recai sobre valorações jurídicas
ministrada pela enfermeira, responde por crime culposo.
equivocadas, sobre interpretações jurídicas errôneas.
O agente interpreta equivocadamente o sentido jurí- Nas duas hipóteses temos o médico agindo como o
dico de seu comportamento. autor mediato.
Funcionário público para fins penais: dar dinheiro a Conclusão: o erro acidental nunca afasta a imputação.
jurado, mas sem saber que era equiparado funcionário.
ERRO DE TIPO X DELITO DELITO PUTATIVO POR
Consequência PUTATIVO POR ERRO ERRO DE TIPO
DE TIPO ERRO DE TIPO
Não exclui dolo/não exclui culpa.
O agente não sabe o que O agente não sabe o que
Não isenta o agente de pena.
Pode gerar no máximo uma atenuante inominada. faz (falsa percepção da faz (falsa percepção da
(art. 66, do CP). realidade). realidade).
O agente imagina estar Ele imagina estar agindo
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em ra- agindo licitamente. Exem- ilicitamente. Exemplo:
zão de circunstância relevante, anterior ou posterior plo: atirar contra um ani- imagina estar atirando
ao crime, embora não prevista expressamente em lei. mal em uma caça, porém contra a pessoa, porém,
atinge uma pessoa. está atirando contra
Observação quanto à competência: animal.
Agente federal e investigador de polícia civil.
Quero matar o investigador da civil, por erro acabo O agente ignora a presen- O agente ignora a ausên-
matando o agente federal. ça de uma elementar. (“al- cia da elementar. (Ele ig-
Houve erro na execução – art. 73 do CP. guém”, imaginava ser um nora a AUSÊNCIA de “al-
animal) guém” ele imagina que
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Consequência: tinha alguém).


Ele pratica fato típico, sem Ele pratica fato atípico,
Respondo como se eu tivesse atingido a vítima virtual querer. sem querer.
pretendida. Responde pelo homicídio do investigador, a
vítima virtual. Exemplo: Atiro contra ar- Exemplo: Atiro contra
Onde será o processo e julgamento? busto, imaginando escon- arbusto, imaginando es-
A Justiça Federal, visto que as consequências da aber- der um animal. Realidade: conder uma pessoa. Rea-
ratio ictus são apenas para fins penais, não para fins pro- lá se escondia uma pessoa. lidade: lá se encontra um
cessuais penais. animal.

186
Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descum- Fato típico é denominado como o comportamen-
primento de um dever jurídico imposto por normas de to humano que se molda perfeitamente aos elementos
direito público, sujeitando o agente a uma pena. constantes do modelo previsto na lei penal.
Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição A primeira característica do crime é ser um fato típico,
entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típi- descrito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da
co, até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a vida que corresponde exatamente a um modelo de fato
um tipo penal, é antijurídico. contido numa norma penal incriminadora, a um tipo.
Para que o operador do Direito possa chegar à con-
clusão de que determinado acontecimento da vida é um
TEORIA DO CRIME fato típico, deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o,
decompô-lo em suas faces mais simples, para verificar,
com certeza absoluta, se entre o fato e o tipo existe re-
lação de adequação exata, fiel, perfeita, completa, total e
O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS
absoluta. Essa relação é a tipicidade.
Para que determinado fato da vida seja considerado
A teoria do delito é uma das mais importantes para o típico, é preciso que todos os seus componentes, todos
direito penal, pois ela traçara o caminho a ser verificado os seus elementos estruturais sejam, igualmente, típicos.
para o correto enquadramento da ação praticada pelo Os componentes de um fato típico são a conduta hu-
autor dentro do conceito de crime. Zaffaroni (1996) diz mana, a consequência dessa conduta se ela a produzir (o
que a teoria do delito se preocupa em explicar o que é o resultado), a relação de causa e efeito entre aquela e esta
delito e quais são as suas características. (nexo causal) e, por fim, a tipicidade.
Atualmente, a teoria finalista da ação é a teoria do
delito que tem a maior aceitação entre os criminalistas, Conduta
sendo estudada e difundida por Welzel no século passa-
do. Essa teoria trouxe grandes avanços ao direito penal Considera-se conduta a ação ou omissão humana
ao corrigir alguns pontos da teoria anterior, conhecida consciente e voluntária dirigida a uma finalidade.
como causalista. Em ambas, o estudo do fato criminoso
passa a se preocupar primeiramente com a conduta pra- Resultado
ticada, sendo considerado um direito penal do fato.
A teoria causalista do delito foi elaborada em conjun- A expressão resultado tem natureza equívoca, já que
to por Franz Von Liszt e Ernest Beling. Segundo o Causa- possui dois significados distintos em matéria penal. Pode
lismo, o crime deve ser entendido como uma lesão (ou se falar, assim, em resultado material ou naturalístico e
perigo de lesão) de um bem jurídico provocada por uma em resultado jurídico ou normativo.
conduta. A partir desse entendimento nota-se que este O resultado naturalístico ou material consiste na mo-
sistema constrói uma acepção formal e objetiva acerca dificação no mundo exterior provocada pela conduta.
do comportamento humano tido como delituoso, pois se Trata-se de um evento que só se faz necessário em cri-
preocupa principalmente com a constatação do nexo de mes materiais, ou seja, naquele cujo tipo penal descreva
causalidade do delito. a conduta e a modificação no mundo externo, exigindo
Sob a influência do positivismo naturalista, Von Liszt ambas para efeito de consumação.
definiu ação como a inervação muscular produzida por O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou
energias de um impulso cerebral, que comandadas pelas ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma
leis da natureza, provoca uma transformação no mundo penal. Todas as infrações devem conter, expressa ou im-
exterior. A ação é vista de uma forma puramente obje- plicitamente, algum resultado, pois não há delito sem
tiva, causal e naturalista. Reconhece-se que toda ação que ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a al-
se inicia com a vontade, no entanto o conteúdo desta gum bem penalmente protegido.
é irrelevante para a teoria causalista, bastando apenas a A doutrina moderna dá preferência ao exame do
verificação da relação causal entre o ato e o resultado, resultado jurídico. Este constitui elemento implícito de
que é o crime propriamente dito. todo fato penalmente típico, pois se encontra ínsito na
Porém, deve se ressaltar que a concepção clássica do noção de tipicidade material.
delito também leva em consideração o aspecto subje- O resultado naturalístico, porém, não pode ser me-
tivo. Isto porque, baseando-se no conceito analítico de nosprezado, uma vez que se cuida de elementar presente
crime (ação típica, antijurídica e culpável), o Causalismo em determinados tipos penais, de tal modo que despre-
identifica tanto elementos objetivos, representados pela zar sua análise seria malferir o princípio da legalidade.
tipicidade e pela antijuricidade, quanto um elemento
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

subjetivo, a saber, a culpabilidade (dolo ou culpa).


A tipicidade se refere ao aspecto externo da ação e à CONCURSO DE PESSOAS
subsunção desta à letra da lei. A antijuricidade, por sua
vez, realiza uma valoração negativa da ação, identifican-
do se a conduta é realmente típica ou se há alguma cau- O concurso de pessoas é o cometimento da infração
sa de justificação ou excludente de culpabilidade. Já a penal por mais de uma pessoa. Tal cooperação da prática
culpabilidade é concebida como uma relação psicológica da conduta delitiva pode se dar por meio da coautoria,
entre a ação e o autor, sendo que a intensidade desse participação, concurso de delinquentes ou de agentes,
vínculo irá determinar a forma de culpabilidade, como entre outras formas. Existem ainda três teorias sobre o
dolosa ou culposa. concurso de pessoas, vejamos:

187
a) teoria unitária: quando mais de um agente concorre para a prática da infração penal, mas cada um praticando
conduta diversa do outro, obtendo, porém, um só resultado. Neste caso, haverá somente um delito. Assim, todos
os agentes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é adotada pelo Código Penal.
b) teoria pluralista: quando houver mais de um agente, praticando cada uma conduta diversa dos demais, ainda que
obtendo apenas um resultado, cada qual responderá por um delito. Esta teoria foi adotada pelo Código Penal
ao tratar do aborto, pois quando praticado pela gestante, esta incorrerá na pena do art. 124, se praticado por
outrem, aplicar-se-á a pena do art. 126. O mesmo procedimento ocorre na corrupção ativa e passiva.
c) teoria dualista: segundo tal teoria, quando houver mais de um agente, com diversidades de conduta, provo-
cando-se um resultado, deve-se separar os coautores e partícipes, sendo que cada “grupo” responderá por um
delito.

Autoria e participação

Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora ambos dentro da teoria objetiva:

a) teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor é o agente que pratica a figura típica descrita no tipo penal,
e partícipe é aquele que comete ações não contidas no tipo, respondendo apenas pelo auxílio que prestou (en-
tendimento majoritário). Exemplo: o agente que furta os bens de uma pessoa, incorre nas penas do art. 155 do
CP, enquanto aquele que o aguarda com o carro para ajudá-lo a fugir, responderá apenas pela colaboração.
b) teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além de praticar a figura típica, comanda a ação dos demais (“autor
executor” e “autor intelectual”). Já o partícipe é aquele colabora para a prática da conduta delitiva, mas sem rea-
lizar a figura típica descrita, e sem ter controle das ações dos demais. Assim, aquele que planeja o delito e aquele
que o executa são coautores.

Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária - teoria formal, o executor de reserva é apenas partícipe, ou seja,
se João atira em Pedro e o mata, e logo após Mario também desfere tiros em Pedro, Mario (executor de reserva) res-
ponderá apenas pela participação, pois não praticou a conduta matar, já que atirou em um cadáver. Ressalta-se, porém,
que o juiz poderá aplicar penas iguais para autor e partícipe, e até mesmo pena mais gravosa a este último, quando,
por exemplo, for o mentor do crime.
Sobre o assunto, preceitua o art. 29 do CP que, “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade”, dessa forma deve-se analisar cada caso concreto de modo a verificar
a proporção da colaboração. Além disso, se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço, segundo disposição do § 1º do artigo supramencionado, e se algum dos concorrentes quis participar
de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave (art. 29, § 2º, do CP).
Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se não houver antijuridicidade, não há o que se falar em punição
ao partícipe - teoria da acessoriedade limitada.

Coautoria e concurso de pessoas

Crimes próprios Crimes de mão própria

Admitem coautoria: dois funcionários, juntos,


praticam peculato Não dmitem coautoria: o crime só pode ser
praticado pelo agente indicado no tipo penal.
Exceção: falsa perícia, pode ser praticado em
conscurso
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Participação

O Código Penal não distingue autoria e participação.


Na participação, unem-se o propósito de colaborar (elemento subjetivo) e a colaboração efetiva (participação moral
ou material).

188
Induzimento e instigação: Induzir é fazer surgir a ideia criminosa na
Moral mente do autor. Instigar é estimular uma ideia criminosa que já existe
na mente do autor.

PARTICIPAÇÃO

Auxílio material: O partícipe, de algum modo,facilita a prática do


Material crime. “A” empresta seu carro para que “B” encontre um ponto de
venda de drogas.

Participação de menor importância

Art. 29, § 1º, do CP, se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de 1/6 a 1/3.
Esse dispositivo somente se aplica à participação.
A atuação do coautor é sempre relevante.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (VUNESP – 2018) Sobre o concurso de pessoas e as previsões expressas da legislação penal, assinale a alternativa
correta.

a) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
b) Se a participação for de menor importância, será aplicada atenuante genérica.
c) Ao concorrente que quis participar de crime menos grave, será aplicada a mesma pena do concorrente, diminuída,
no entanto, de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço).
d) As circunstâncias e as condições de caráter pessoal, mesmo quando elementares do crime, são incomunicáveis aos
coautores.
e) O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio são puníveis ainda que o crime não chegue a ser tentado.

Resposta: Letra A.
Observe o que diz o art. 29, do CP, pois, quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.

2. (VUNESP – 2018) A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar que:

a) Mévio e Caio, pelo ajuste da prática de furto à residência de Tício, uma vez descoberto o plano, serão punidos, ainda
que o crime não chegue a ser tentado.
b) Mévio e Caio, tendo furtado a residência dos pais de Caio, são isentos de pena, aplicando-se a ambos o perdão legal
que exime de pena os crimes patrimoniais, cometidos sem violência, em detrimento de ascendentes.
c) Mévio, tendo ajustado com Caio apenas a prática de furto à residência de Tício, responderá pelos demais crimes
eventualmente praticados por Caio, ainda que não previsíveis.
d) Caio, empresário, ciente da condição de funcionário público de Mévio, tendo o auxiliado na prática de peculato-fur-
to, não responderá pelo crime funcional, já que a condição pessoal de funcionário público de Mévio a ele não se
comunica.
e) Mévio, pela participação de menor importância na prática de furto à residência de Tício, poderá ter a pena diminuída.

Resposta: Letra E.
De acordo com o art. 29, § 1º, do CP, se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

sexto a um terço.

3. (MPE-MS – 2018) Analise as proposições a seguir sobre concurso de pessoas.

I. Adota-se, no ordenamento penal brasileiro, a teoria da participação integrada, exigindo-se do partícipe apenas en-
volvimento objetivo com o resultado ocorrido.
II. O ordenamento jurídico brasileiro permite a responsabilização penal da participação negativa nos crimes ambien-
tais, que ocorre quando o agente, mesmo que não tenha o dever de evitar o resultado, não adota medidas para fazer
cessar a prática de infração penal que tomou conhecimento.

189
III. O desvio subjetivo de conduta não é alcançado pe- c) responderá pelo crime de homicídio culposo.
las disposições do Código Penal sobre concurso de d) responderá pelo crime de favorecimento pessoal.
pessoas. e) não responderá por nenhum crime.
IV. Caso ocorra o arrependimento do partícipe que tenha
instigado o agente à prática da infração, o partícipe Resposta: Letra E.
somente não será responsabilizado se impedir que o “Ainda quanto à participação, temos a chamada par-
agente realize a conduta criminosa. ticipação negativa (ou conivência), situação em que
o agente não tem qualquer vínculo com a conduta
Assinale a alternativa correta. criminosa (não induziu, instigou ou auxiliou o autor),
nem tampouco a obrigação de impedir o resultado.
a) Somente os itens II e IV estão corretos Não há, na realidade, participação, pois a simples con-
b) Somente o item I está correto. templação de um crime por alguém que não adota
c) Somente os itens III e IV estão corretos. medidas para evitá-lo, e nem era obrigado a fazê-lo,
d) Somente o item IV está correto. não caracteriza  o concurso de pessoas, que exige,
e) Todos os itens estão corretos. dentre outros requisitos, conduta que apresente re-
levância causal para o alcance do resultado”. (Rogério
Resposta: Letra D. Sanches Cunha)
Afirmativa I – Incorreta – Adota-se no Brasil a teoria
da acessoriedade média ou limitada, segundo a qual 5. (FCC – 2018) É certo que um crime pode ser praticado
é exigível para a punição da participação tão somente por uma ou mais pessoas. Quando isso acontece, está-se
que o fato seja típico e ilícito. diante da hipótese de concurso de pessoas, também co-
Afirmativa II – Incorreta – “(...) é  a participação que nhecido como concurso de agentes. Nesse caso.
ocorre nas situações em que o sujeito não está vin-
culado à conduta criminosa e não possui o dever de a) ainda que algum dos concorrentes tenha querido par-
ticipar de crime menos grave, ser-lhe-á, obrigatoria-
agir para impedir o resultado. Exemplo: um transeunte
mente, aplicada a pena idêntica do crime praticado
assiste ao roubo de uma pessoa desconhecida e nada
pelo seu comparsa, ante a adoção pelo Código Penal
faz. Não é partícipe. Portanto, o mero conhecimento
da teoria monista.
de um fato criminoso não confere ao indivíduo a po-
b) em hipótese alguma se comunicam as circunstâncias e
sição de partícipe por força de sua omissão, salvo se
as condições de caráter pessoal na coautoria.
presente o dever de agir para impedir a produção do
c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio são
resultado.” (MASSON)
sempre puníveis, ainda que o crime não venha a ser
Afirmativa III – Incorreta – De acordo com o art. 29, §
tentado.
2º, do CP, se algum dos concorrentes quis participar
d) os crimes plurissubjetivos não admitem a coautoria e
de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena des- a participação.
te; essa pena será aumentada até a 1/2 (metade), na e) se a participação for de menor importância, a pena
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. pode ser diminuída de um sexto a um terço.
Afirmativa IV – Correta – “Entendemos que se o partí-
cipe houver induzido ou instigado o autor, incutindo- Resposta: Letra E.
-lhe a ideia criminosa ou reforçando-a a ponto de este Art. 29, § 1º, do CP, quem, de qualquer modo, concor-
sentir-se decidido pelo cometimento do delito, e vier re para o crime incide nas penas a este cominadas, na
a  se arrepender,  somente não será responsabilizado medida de sua culpabilidade. Se a participação for de
penalmente se conseguir fazer com que o autor não menor importância, a pena pode ser diminuída de um
pratique a conduta criminosa.” (GRECCO) sexto a um terço.

4. (FCC – 2018) Hamilton resolve chamar um táxi pelo


aplicativo do celular a fim de conduzi-lo até determina- CONCURSO DE CRIMES
do endereço. Após ingressar no veículo, Hamilton recebe
uma ligação em seu telefone, ocasião em que diz a pes-
soa que está do outro lado da linha que está se dirigindo A regra vigente no sistema penal brasileiro é a punição
até o endereço do amante de sua esposa a fim de ma- dos crimes nas modalidades consumada e tentada.
tá-lo. O motorista do táxi, mesmo após ouvir a conver- Mas em algumas situações não se admite a tendência,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

sa de seu passageiro, o conduz até seu destino. No dia seja pela natureza da infração penal, seja em obediência
seguinte, o motorista toma conhecimento pelo noticiário a determinado mandamento legal, razão pela qual ape-
televisivo de que Hamilton realmente matou o amante nas é possível a imposição de sanção penal para a forma
de sua mulher. Diante do caso hipotético, o taxista. consumada do delito ou da contravenção penal.
É o que se verifica, a título ilustrativo, nos crimes culposos
a) responderá pelo crime de homicídio doloso como (salvo na culpa imprópria) e nos crimes unissubsistentes.
partícipe. Relembrando:
b) responderá pelo crime de homicídio doloso como Culpa: o agente não quer e nem assume o risco de
coautor. produzir o resultado.

190
Culpa imprópria: decorre do erro de tipo evitável nas descriminantes putativas ou do excesso nas causas de justifi-
cação. O agente quer o resultado, em razão de sua vontade, encontrar-se viciada por um erro que, com mais cuidado
poderia ser evitado.
Crime unissubsistente: é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta, como, por exem-
plo, no desacato (art. 331, do CP) praticado verbalmente.
Entretanto, em hipóteses raríssimas somente é cabível a punição de determinados delitos na forma tentada, pois
nesse sentido orientou-se a previsão legislativa quando da elaboração do tipo penal.
Exemplos disso encontram-se nos arts. 9º e 11 da Lei 7.170/1983. Crimes contra a Segurança Nacional.

Art. 9º - Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país.
Pena: reclusão, de 4 a 20 anos.
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até um terço; se resulta morte aumen-
ta-se até a metade.
Art. 10. Aliciar indivíduos de outro país para invasão do território nacional.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
Parágrafo único - Ocorrendo a invasão, a pena aumenta-se até o dobro.
Art. 11. Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente.
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos.

TEORIA GERAL DA PENA

ESPÉCIES E APLICAÇÃO

O Código Penal reserva um título somente para tratar das penas.


E isso não poderia deixar de existir.
Para o agente que pratica uma conduta que seja tipificada na lei penal, o resultado do processo penal é julgar pro-
cedente ou não o fato descrito na denúncia ou queixa.
A simplicidade em responder com segurança esses ou outros questionamentos sobre o tema (penas), está no fato
de conhecer bem o Código Penal.
O art. 32, do CP, diz que as penas são privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa.

ESPÉCIES DE PENA

As PENAS são

PRIVATIVAS DE RESTRITIVAS DE
MULTA
LIBERDADE DIREITO

Penas privativas de liberdade

As penas privativas de liberdade são: reclusão e detenção.

RECLUSÃO

Penas privativas de
DETENÇÃO
liberdade

PRISÃOSIMPLES
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

aplicada nos casos de


contravenções penais

#FicaDica
Uma regra básica sobre as penas de RECLUSÃO e DETENÇÃO:
A pena de RECLUÇÃO deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto.
A pena de DETENÇÃO deve ser cumprida em regime semiaberto ou aberto, SALVO necessidade de
transferência para regime fechado.

191
Considera-se:

Regime penitenciário
art. 33, § 1°, do CP

FECHADO SEMIABERTO ABERTO

Estabelecimento de Colônia agrícola, industrial ou Casa de albergado ou


segurança máxima ou média estabelecimento similar estabelecimento adequado

Para a fixação do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade, fixa-se a PENA DEFINITIVA e apli-
ca-se a DETRAÇÃO.
O próximo passo é definir o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade.
Leva-se em consideração 3 fatores: QUANTIDADE DE PENA, REINCIDÊNCIA e CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
Antes, vamos definir a DETRAÇÃO.
A DETRAÇÃO não cabe na penal de multa, pois não pode ser convertida em privativa de liberdade.
A DETRAÇÃO é cabível nas penas restritivas de direito de prestação de serviços à comunidade, interdição tempo-
rária de direitos e limitação de fim de semana.
De acordo com o art. 42, do CP:

Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no
Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no
artigo anterior.

Exemplo:
“A” ficou preso preventivamente pelo período de 1 ano. Depois, foi condenado à pena de 6 anos de reclusão. Com
a DETRAÇÃO, resta-se 5 anos de pena a cumprir.

Nos casos de fixação do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade na hipótese de concurso de
crimes, observa-se o seguinte:

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime
semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado,
observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o
princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la
em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no
art. 59 deste Código.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

As penas restritivas de direitos são:

Prestação pecuniária
Perda de bens e valores
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Limitação de fim de semana


Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas
Interdição temporária de direitos
Limitação de fim de semana

As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:

192
Aplicada pena privativa de liberdade não superior a Prestação de serviços à comunidade ou a entida-
quatro anos e o crime não for cometido com violên- des públicas
cia ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja
a pena aplicada, se o crime for culposo A prestação de serviços à comunidade ou a entidades
públicas é aplicável às condenações superiores a seis me-
o réu não for reincidente em crime doloso ses de privação da liberdade.
a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e A prestação de serviços à comunidade ou a entida-
a personalidade do condenado, bem como os moti- des públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas
vos e as circunstâncias indicarem que essa substitui- ao condenado.
ção seja suficiente
A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em:
Na condenação igual ou inferior a um ano, a substi-
tuição pode ser feita por multa ou por uma pena restri- • entidades assistenciais
tiva de direitos. • hospitais
Na condenação superior a um ano, a pena privativa • escolas
de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva • orfanatos
de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. • outros estabelecimentos congêneres, em progra-
Uma regra do Código Penal diz que as penas restriti- mas comunitários ou estatais.
vas de direitos substituem as privativas de liberdade des-
de que o réu não seja reincidente em crime doloso.
Se a pena substituída for superior a um ano, é facul-
Isso significa, que cabe substituição de pena privativa
tado ao condenado cumprir a pena substitutiva em me-
de liberdade por restritiva de direitos, tanto que o CP
afirma: nor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de
Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar liberdade fixada.
a substituição, desde que, em face de condenação ante-
rior, a medida seja socialmente recomendável e a reinci- Interdição temporária de direitos
dência não se tenha operado em virtude da prática do
mesmo crime. As penas de interdição temporária de direitos são:
A pena restritiva de direitos converte-se em privativa
de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustifi- Proibição do exercício de cargo, função ou atividade
cado da restrição imposta. pública, bem como de mandato eletivo
No cálculo da pena privativa de liberdade a executar
será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício
direitos, respeitado o saldo mínimo de 30 dias de deten- que dependam de habilitação especial, de licença ou
ção ou reclusão. autorização do poder público
Em caso de prisão simples decorrente da condenação Suspensão de autorização ou de habilitação para diri-
pela prática de contravenção penal, convertida para pena gir veículo
restritiva de direitos, não há a observância do período
mínimo de 30 dias na hipótese de reconversão para pri- Proibição de frequentar determinados lugares
vativa de liberdade. Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou
Sobrevindo condenação a pena privativa de liberda- exame públicos
de, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá so-
bre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for pos- Limitação de fim de semana
sível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
A limitação de fim de semana consiste na obrigação
Conversão das penas restritivas de direitos
de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco)
horas diárias, em casa de albergado ou outro estabeleci-
A prestação pecuniária consiste no pagamento em
dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pú- mento adequado.
blica ou privada com destinação social, de importância Durante a permanência poderão ser ministrados ao
fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades
superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. educativas.
O valor pago será deduzido do montante de eventual
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

condenação em ação de reparação civil, se coincidentes PENA DE MULTA


os beneficiários.
Se houver aceitação do beneficiário, a prestação pe- A pena de multa consiste no pagamento ao fundo
cuniária pode consistir em prestação de outra natureza. penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada
A perda de bens e valores pertencentes aos condena- em dias-multa.
dos dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360
do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como (trezentos e sessenta) dias-multa.
teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado
ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em
consequência da prática do crime.

193
O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não poden- Se a pena substituída for superior a um ano, é faculta-
do ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo do ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor
mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cin- tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa
co) vezes esse salário. de liberdade fixada.
O valor da multa será atualizado, quando da execu-
ção, pelos índices de correção monetária. As penas de interdição:

Pagamento da multa proibição do exercício de cargo, função ou atividade


pública, bem como de mandato eletivo
A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois
de transitada em julgado a sentença. proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício
A requerimento do condenado e conforme as cir- que dependam de habilitação especial, de licença ou
cunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se autorização do poder público
realize em parcelas mensais.
A cobrança da multa pode efetuar-se mediante des- ... aplicam-se para todo o crime cometido no exercício
conto no vencimento ou salário do condenado quando: de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre
que houver violação dos deveres que lhes são inerentes.

aplicada isoladamente A pena de interdição:


aplicada cumulativamente com pena restritiva de
direitos suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir
concedida a suspensão condicional da pena veículo

O desconto não deve incidir sobre os recursos indis- ... aplica-se aos crimes culposos de trânsito.
pensáveis ao sustento do condenado e de sua família.
Transitada em julgado a sentença condenatória, a O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes,
multa será considerada dívida de valor, sendo aplicadas à conduta social, à personalidade do agente, aos mo-
as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda tivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem
Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas como ao comportamento da vítima, estabelecerá, con-
e suspensivas da prescrição. forme seja necessário e suficiente para reprovação e pre-
venção do crime:
Suspensão da execução da multa
as penas aplicáveis dentre as cominadas
É suspensa a execução da pena de multa, se sobre-
vém ao condenado doença mental. a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites
previstos
SUBSTITUIÇÕES DA PENA o regime inicial de cumprimento da pena privativa de
liberdade
Para entender a substituição de pena, devemos estu- a substituição da pena privativa da liberdade aplicada,
dar a cominação, ou seja, a aplicação da pena. por outra espécie de pena, se cabível
As penas privativas de liberdade têm seus limites es-
tabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal Critérios especiais da pena de multa
de crime.
As penas restritivas de direitos são aplicáveis, inde- Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, prin-
pendentemente de cominação na parte especial, em cipalmente, à situação econômica do réu.
substituição à pena privativa de liberdade, fixada em A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz
quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos. considerar que, em virtude da situação econômica do
As penas restritivas de direitos: réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.

limitação de fim de semana Circunstâncias agravantes


NOÇÕES DE DIREITO PENAL

prestação de serviço à comunidade ou a entidades


públicas São circunstâncias que sempre agravam a pena,
quando não constituem ou qualificam o crime:
interdição temporária de direitos
limitação de fim de semana a reincidência
ter o agente cometido o crime:
Terão a mesma duração da pena privativa de liberda-
de substituída, ressalvado: a) por motivo fútil ou torpe;

194
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a Circunstâncias atenuantes
impunidade ou vantagem de outro crime;
São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação,
ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a
defesa do ofendido; ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato,
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença
outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar o desconhecimento da lei
perigo comum; ter o agente:
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; a) cometido o crime por motivo de relevante valor so-
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de cial ou moral;
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalida- b) procurado, por sua espontânea vontade e com efi-
de, ou com violência contra a mulher na forma da lei ciência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as
específica; consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a o dano;
cargo, ofício, ministério ou profissão;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou
ou mulher grávida; sob a influência de violenta emoção, provocada por ato
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção injusto da vítima;
da autoridade; d) confessado espontaneamente, perante a autoridade,
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou a autoria do crime;
qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular
e) cometido o crime sob a influência de multidão em
do ofendido;
tumulto, se não o provocou.
l) em estado de embriaguez preordenada.
A pena poderá ser ainda atenuada em razão de cir-
Agravantes no caso de concurso de pessoas cunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, em-
bora não prevista expressamente em lei.
A pena será ainda agravada em relação ao agente
que: Concurso de circunstâncias agravantes e
atenuantes
promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige
a atividade dos demais agentes No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve
coage ou induz outrem à execução material do crime aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias pre-
ponderantes, entendendo-se como tais as que resultam
instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito dos motivos determinantes do crime, da personalidade
à sua autoridade ou não-punível em virtude de condi- do agente e da reincidência.
ção ou qualidade pessoal
executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou Cálculo da pena
promessa de recompensa.
A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do
Reincidência art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as
circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as
Verifica-se a reincidência quando o agente comete causas de diminuição e de aumento.
novo crime, depois de transitar em julgado a sentença No concurso de causas de aumento ou de diminuição
que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só
crime anterior. aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia,
a causa que mais aumente ou diminua.
Para efeito de reincidência:
Concurso material
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

não prevalece a condenação anterior, se entre a data


do cumprimento ou extinção da pena e a infração pos- Quando o agente, mediante mais de uma ação ou
terior tiver decorrido período de tempo superior a 5 omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
(cinco) anos, computado o período de prova da sus- aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liber-
pensão ou do livramento condicional, se não ocorrer dade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumu-
revogação lativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se
primeiro aquela.
não se consideram os crimes militares próprios e
políticos

195
Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um
dos crimes, para os demais será incabível a substituição da pena.
Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem com-
patíveis entre si e sucessivamente as demais.

Concurso formal

Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, será apli-
cada a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de
um sexto até metade.
As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorr0entes resul-
tam de desígnios autônomos.

Crime continuado

Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro.
Em consequência, aplica-se a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada,
em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e
as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo.

Multas no concurso de crimes

No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.

Erro na execução

Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela.

Resultado diverso do pretendido

Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso
do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo

Limite das penas

O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos.
Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem
elas ser unificadas para atender ao limite máximo.
Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, será feita nova unificação, despre-
zando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.

Concurso de infrações

No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais grave.

REGIMES DE PENA
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Regime incial - RECLUSÃO

FECHADO SEMIABERTO ABERTO


PRIMÁRIO Superior a 8 anos Superior a 4 anos e que não exceda 8 anos Até 4 anos
REINCIDENTE Regra geral Aquele que deveria cumprir em regime inicial aberto, se favoráveis Nunca
as circunstâncias judiciais (súmula 269 do STJ)

196
Regime inicial – DETENÇÃO Trabalho do preso

SEMIABERTO ABERTO O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-


-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social.
PRIMÁRIO Superior a 4 anos Até 4 anos
REINCIDENTE Regra geral Nunca Legislação especial

Regime A legislação especial regulará a matéria referente aos


direitos do preso e o trabalho do preso, bem como es-
Fechado pecificará os deveres e direitos do preso, os critérios para
revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as
Art. 34. O condenado será submetido, no início do infrações disciplinares e correspondentes sanções.
cumprimento da pena, a exame criminológico de clas-
sificação para individualização da execução. Superveniência de doença mental
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período
diurno e a isolamento durante o repouso noturno. O condenado a quem sobrevém doença mental deve
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabele- ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psi-
cimento, na conformidade das aptidões ou ocupações quiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado.
anteriores do condenado, desde que compatíveis com
a execução da pena.
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fe- EXERCÍCIOS COMENTADOS
chado, em serviços ou obras públicas.
1. (FURMAC – 2011) Parte inferior do formulário
Semiaberto Com relação às penas e sua aplicação, é CORRETO afir-
mar que
Art. 35. Aplica-se a norma do art. 34 deste Código,
caput, ao condenado que inicie o cumprimento da a) conforme a regra geral do Código Penal, o regime
pena em regime semiaberto. inicialmente fechado é cabível sempre que for o réu
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum reincidente em crime doloso.
durante o período diurno, em colônia agrícola, indus- b) para fins de detração penal, o tempo de prisão provi-
trial ou estabelecimento similar. sória não se computa no do tratamento ambulatorial,
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a por possuir a medida de segurança prazo indetermi-
frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de nável e natureza jurídica diversa da pena.
instrução de segundo grau ou superior. c) nos crimes que envolvam violência doméstica, a Lei
nº 11.340/2006 veda a substituição da pena privativa
Aberto de liberdade pela restritiva de direitos de prestação
pecu0niária ou o pagamento isolado de multa.
Art. 36. O regime aberto baseia-se na autodisciplina e d) apesar de não previsto expressamente pela Lei nº
senso de responsabilidade do condenado. 9.605/98, a possibilidade de aplicação de pena à pes-
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e soa jurídica, condenada por crime ambiental, aplicam-
sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer -se a elas, subsidiariamente, no que couber, o disposto
outra atividade autorizada, permanecendo recolhido no art. 44 do Código Penal.
durante o período noturno e nos dias de folga.
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, Resposta: Letra A.
se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar Segundo o art. 88, da Lei nº 9.099/1995, além das hi-
os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa póteses do Código Penal e da legislação especial, de-
cumulativamente aplicada. penderá de representação a ação penal relativa aos
crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Regime especial
2. (VUNESP – 2014) Marlene, na qualidade de cuidadora
As mulheres cumprem pena em estabelecimento pró- de dona Ana Rosa, uma senhora de 77 anos de idade e
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

prio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua que necessita de cuidados especiais, foi filmada, por câ-
condição pessoal. meras colocadas no quarto da idosa, causando-lhe sofri-
mento físico durante vários dias, consistindo em puxões
Direitos do preso de cabelo, beliscões, arranhões, tapas e outras barbáries.
Havendo condenação por crime de tortura, é correto
O preso conserva todos os direitos não atingidos pela afirmar que Marlene
perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades
o respeito à sua integridade física e moral. a) terá sua pena aumentada de um sexto até um terço.

197
b) durante a execução da pena poderá ser beneficiada e) deverá começar a cumpri-la em regime aberto, não
pelo instituto da graça. podendo o Magistrado optar por outro regime, ainda
c) durante a execução da pena poderá ser beneficiada, que elevadas as penas básicas por conta de circuns-
apenas, pelo instituto da anistia tâncias judiciais desfavoráveis.
d) poderá, nos termos da sentença condenatória, iniciar
o cumprimento da pena no regime semiaberto. Resposta: Letra D.
e) estará sujeita à pena máxima de seis anos de detenção. Vejamos: Súmula 269 do STJ: É admissível a adoção do
regime prisional semiaberto aos reincidentes conde-
Resposta: Letra D.
nados a pena igual ou inferior a 4 anos se favoráveis
Com a alteração dada pela Lei nº 11.313/2006, mante-
as circunstâncias judiciais.
ve a redação do art. 88, da Lei nº 9.099/1999, além das
hipóteses do Código Penal e da legislação especial,
dependerá de representação a ação penal relativa aos
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.

3. (FCC – 2016) Sobre os efeitos da condenação,


A Extinção de punibilidade é a impossibilidade de pu-
a) a estigmatização do condenado é um efeito declarado nir o autor de um crime.
da sentença penal condenatória. Punibilidade é a possibilidade subjetiva do Estado
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por punir o autor de um Crime. Não se deve confundir Pu-
tempo superior a 4 anos é automática a perda de car- nibilidade, que é uma situação ou característica que pro-
go, função pública ou mandato eletivo. duz efeito posterior ao crime consumado e reconhecido,
c) a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime é característica que impede que o autor seja punido; com
efeito automático da sentença penal condenatória. a Culpabilidade, que é um pressuposto de Autoria (di-
d) o perdão tácito do ofendido não é admissível no direi- reito penal), pressuposto sem a qual, mesmo já estando
to penal brasileiro. efetivado o crime, não se reconhece a sua autoria pois o
e) o perdão judicial exclui os efeitos da condenação, sal- agente não possui culpa, não pode ser responsabilizado
vo a reincidência. por seus atos.
A extinção da punibilidade é a perda do direito do
Resposta: Letra C. Estado de punir o agente autor de fato típico e ilícito,
Conforme disposto no art. 91, I, do CP, são efeitos da ou seja, é a perda do direito de impor sanção penal. As
condenação, dentre outros, tornar certa a obrigação causas de extinção da punibilidade estão espalhadas no
de indenizar o dano causado pelo crime. ordenamento jurídico brasileiro.
Dispõe o Código Penal:
4. (FCC – 2018) É circunstância que, por si só, não in-
fluencia na determinação do regime inicial de cumpri- Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
mento de pena. I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
a) ser o crime punido com detenção. III - pela retroatividade de lei que não mais considera
b) ser o crime cometido com violência ou grave ameaça o fato como criminoso;
contra a pessoa. IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
c) os motivos e as consequências do crime.
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
d) os maus antecedentes e a reincidência.
aceito, nos crimes de ação privada;
e) o tempo de prisão preventiva cumprido até a sentença.
(...) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Resposta: Letra B.
Não é relevante para fixar o regime de pena inicial se PRESCRIÇÃO
o crime for cometido com violência ou grave ameaça.
De modo geral prescrição significa a perda de uma
5. (FCC – 2015) O condenado à pena inferior a quatro pretensão, pelo decurso do tempo. Assim sendo, no cam-
anos de reclusão. po do Direito Penal a prescrição pode ser conceituada
como a perda da pretensão punitiva estatal, pelo decurso
a) não poderá cumpri-la, inicialmente, em regime fecha- de determinado lapso temporal previsto em lei. BASILEU
do, ainda que reincidente e desfavoráveis as circuns- GARCIA (2012) definiu a prescrição como a renúncia do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

tâncias judiciais. Estado a punir a infração, em face do decurso do tempo.


b) deverá começar a cumpri-la em regime fechado, se Sob um aspecto amplo, decadência significa a perda
reincidente. de um direito potestativo, pelo decurso de um prazo fi-
c) não poderá cumpri-la, desde o início, em regime aber- xado em lei ou convencionado entre as partes. No Direito
to, ainda que primário e favoráveis as circunstâncias Penal, em seu sentido mais estrito, decadência traduz o
judiciais. perecimento do direito da ação penal de exercício pri-
d) poderá cumpri-la, inicialmente, em regime semiaber- vado, ou do direito de representação nos casos de ação
to, ainda que reincidente, se favoráveis as circunstân- penal pública de exercício condicionado, pelo decurso
cias judiciais. do prazo de seis meses (artigo 103, do Código Penal).

198
Por derradeiro, a perempção é definida por JUAREZ Segundo o Superior Tribunal de Justiça, “a prescrição
CIRINO DOS SANTOS (2007) como: fenômeno proces- penal é aplicável nas medidas socioeducativas” (Súmula
sual extintivo da punibilidade em ações penais de inicia- 338).
tiva privada, caracterizado pela inatividade, pela omissão
ou pela negligência do autor na realização de atos pro- Prescrição superveniente ou intercorrente
cessuais específicos.
Para se dar a prescrição é necessário que: Pode ser conceituada como aquela que ocorre entre
a data da publicação da sentença penal condenatória e
a) exista o direito material da parte a uma prestação o trânsito em julgado para a acusação. A prescrição su-
a ser cumprida, a seu tempo, por meio de ação ou perveniente ou intercorrente é regida pela pena aplicada,
omissão do devedor; tendo como marco inicial a publicação da sentença penal
b) ocorra a violação desse direito material por parte condenatória.
do obrigado, configurando o inadimplemento da Envolvendo o tema, BASILEU GARCIA (2007) comen-
prestação devida; tou que: “a proibição legal de reformatio in pejus, as-
c) surja, então, a pretensão, como consequência da segurando a impraticabilidade da exacerbação da pena
violação do direito subjetivo, isto é, nasça o po- sem recurso do acusador, permite basear a prescrição na
der de exigir a prestação pelas vias judiciais; e, quantidade fixada na sentença”.
finalmente;
d) se verifique a inércia do titular da pretensão em Prescrição retroativa
fazê-la exercitar durante o prazo extintivo fixado
em lei. A prescrição retroativa é a espécie de prescrição que
determina a recontagem dos prazos anteriores à sen-
Espécies de prescrição. tença penal com trânsito em julgado para a acusação,
O Código Penal ao tratar do tema divide a prescrição ou depois de improvido seu recurso. A prescrição re-
em duas espécies: troativa é igualmente regulada pela pena aplicada, ten-
do como marco inicial a publicação da sentença penal
a) prescrição antes de transitar em julgado a senten- condenatória.
ça (art. 109, do CP); A prescrição, depois da sentença condenatória com
b) prescrição depois de transitar em julgado sentença trânsito em julgado para a acusação ou depois de impro-
final condenatória (art. 110, do CP). vido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não po-
dendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data
Doutrinariamente, a prescrição é dividida em prescri- anterior à da denúncia ou queixa”. Com esta modificação,
ção da pretensão punitiva e prescrição da pretensão exe- a prescrição retroativa somente ocorre entre o recebi-
cutória. A prescrição da pretensão punitiva desdobra-se mento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença
em: prescrição da pretensão punitiva propriamente dita; condenatória. Ressalta-se que a nova lei, que se mostra
prescrição superveniente ou intercorrente; prescrição menos benéfica ao réu, somente pode ser aplicada a fa-
retroativa; e prescrição antecipada, projetada, virtual ou tos posteriores à data de sua publicação.
retroativa em perspectiva.
Prescrição antecipada, projetada, virtual ou re-
Prescrição da pretensão punitiva propriamente troativa em perspectiva
dita
Esta espécie de prescrição não encontra previsão le-
Esta espécie tem lugar antes de transitar em julgado gal, sendo uma construção doutrinária e jurisprudencial,
a sentença penal, devendo ser regulada pelo máximo da tendo como fundamentos a economia e falta de interesse
pena privativa de liberdade ao crime. Os prazos em que processual. Ela seria verificada ainda em sede de inqué-
é verificada são os constantes no rol do art. 109, do CP. rito policial, ou seja, antecipadamente, sendo regulada
Regra geral, o termo inicial da prescrição da preten- pela provável pena em concreto que seria estabelecida
são punitiva propriamente dita deve ser contado a partir pelo magistrado por ocasião da condenação.
do dia da consumação do delito (art. 111, I, do CP). Este Como assinalou JUAREZ CIRINO DOS SANTOS (2008),
dispositivo legal traz outros marcos iniciais para fins de a prescrição pela pena virtual seria “outra generosa in-
contagem de prazo prescricional: venção da jurisprudência brasileira, amplamente empre-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

gada por segmentos liberais do Ministério Público e da


a) no caso de tentativa, do dia em que cessou a ativi- Magistratura nacionais”.
dade criminosa (art. 111, II, do CP); O Superior Tribunal de Justiça se posicionou contrário
b) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a a esta criação jurisprudencial ao editar a Súmula 438: “é
permanência (art. 111, III, do CP); inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição
c) nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração da pretensão punitiva com fundamento em pena hipoté-
de assentamento do registro civil, da data em que tica, independentemente da existência ou sorte do pro-
o fato se tornou conhecido (art. 111, IV, do CP). cesso penal”.

199
Prescrição da pretensão executória Prescrição das penas restritivas de direito

A prescrição da pretensão executória é aquela que Os prazos prescricionais das penas restritivas de di-
implica na perda da possibilidade de aplicação da san- reito seguem a sorte dos prazos prescricionais das penas
ção penal, em face do decurso do tempo. Ela deve ser privativas de liberdade, conforme se verifica pelo dis-
regulada pela pena fixada na sentença condenatória ou posto no art. 109, parágrafo único, aplicam-se às penas
acórdão. Neste sentido dispõe a Súmula 604 do STF: “A restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
prescrição pela pena em concreto é somente da preten- privativas de liberdade.
são executória da pena privativa de liberdade”.
Começa a correr a prescrição da pretensão executória: Prescrição da pena de multa

a) do dia em que transita em julgado a sentença A prescrição da pretensão punitiva da pena de multa
condenatória, para a acusação, ou a que revoga ocorrerá:
a suspensão condicional da pena ou o livramento
condicional; a) em 2 (dois) anos, quando a multa for a única comi-
b) do dia em que se interrompe a execução, salvo nada ou aplicada;
quando o tempo da interrupção deva computar-se b) no mesmo prazo estabelecido para prescrição da
na pena. pena privativa de liberdade, quando a multa for al-
ternativa ou cumulativamente cominada ou cumu-
A prescrição no caso de evasão do condenado ou de lativamente aplicada.
revogação do livramento condicional é regulada pelo
tempo que resta da pena. Nestas hipóteses são aplicadas as mesmas causas
suspensivas e interruptivas da prescrição de pena priva-
Redução e aumento dos prazos de prescrição. tiva de liberdade.
Em relação à prescrição da pretensão executória da
Os prazos de prescrição são reduzidos à metade pena de multa, convém lembrar que, com o advento da
quando o criminoso era: Lei nº 9.268/1996, que passou a considerar a pena pe-
cuniária como dívida de valor, seu prazo passou a ser de
a) ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, cinco anos, e são aplicadas as causas suspensivas e inter-
ou; ruptivas da legislação tributária para a hipótese.
b) na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos
(artigo 115, do Código Penal). Prazos

Sobre o disposto, JUAREZ CIRINO DOS SANTOS O prazo prescricional sempre dependerá da pena
(20108) ensina que: “a definição legal da capacidade civil abstrata ou da que foi aplicada. Em geral, deverá obser-
aos 18 anos (art. 5º, caput, do CC), não exclui a redução var os intervalos do art. 109 do CP. Entretanto, algumas
dos prazos de prescrição para agentes menores de 21 legislações especiais preveem prazos próprios para suas
anos: a redução dos prazos prescricionais tem por fun- matérias.
damento idade inferior a 21 anos – não a incapacidade
civil do agente na data do fato. Além disso, decisões do Causas impeditivas ou suspensivas da prescrição
legislador civil não podem invalidar critérios do legisla-
dor penal – e qualquer outra interpretação representaria Enquanto o impedimento da prescrição inibe o iní-
analogia in malam partem, proibida pelo princípio da le- cio do curso do prazo prescricional, a suspensão leva à
galidade penal. paralização do prazo já em curso. As causas impeditivas
Na forma do art. 1º, da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto ou suspensivas dizem respeito à prescrição da pretensão
do Idoso), o limite etário de 70 (setenta) anos (na data punitiva propriamente dita.
da sentença), como fundamento para redução dos pra- Estabelece-se, portanto, que não corre a prescrição:
zos prescricionais, deve ser alterado para 60 (sessenta)
anos, pela mesma razão que determinou a fixação desse a) enquanto não resolvida, em outro processo, ques-
marco etário para definir o cidadão idoso, alterando ex- tão de que dependa o reconhecimento da existên-
pressamente a circunstância agravante do art. 61, h, CP, cia do crime;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

na hipótese de ser vítima de crime: a analogia in bonam b) enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
partem é autorizada pelo princípio da legalidade penal e,
portanto, constitui direito do réu. Sobre a matéria, a Súmula 415 do Superior Tribu-
Caso o condenado seja reincidente, o prazo prescri- nal de Justiça orienta que: “o período de suspensão do
cional da pretensão executória deverá ser ampliado em prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
um terço. Frisa-se que a predita ampliação de prazo só cominada”.
tem lugar na prescrição da pretensão executória, confor-
me se extrai da Súmula 220 do STJ: “a reincidência não
influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva”.

200
Causas interruptivas da prescrição c) tem seu curso interrompido pelo oferecimento da de-
núncia ou queixa.
As causas interruptivas da prescrição são: d) no concurso de crimes incide sobre a pena somada de
todos eles.
a) pelo recebimento da denúncia ou da queixa; e) da pena de multa ocorrerá em 3 anos quando for a
b) pela pronúncia; única aplicada ou cominada.
c) pela decisão confirmatória da pronúncia;
d) pela publicação da sentença ou acórdão condena- Resposta: Letra A.
tórios recorríveis; Conforme o art. 116, II, do CP, antes de passar em jul-
e) pelo início ou continuação do cumprimento da gado a sentença final, a prescrição não corre enquanto
pena; o agente cumpre pena no estrangeiro.
f) pela reincidência.
3. (FCC – 2018) Extingue-se a punibilidade do agente:
A Súmula 191 do Superior Tribunal de Justiça enun-
ciou que: “a pronúncia é causa interruptiva da prescri- a) pela retroatividade da lei que diminui a pena do crime.
ção, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar b) pela superveniência de doença mental do autor do
o crime”. ilícito.
As causas interruptivas da prescrição fazem o prazo c) pela reparação do dano ou restituição da coisa objeto
voltar a correr do início, ou seja, possuem o condão de do ilícito, em qualquer crime.
determinar o reinício da contagem do prazo prescricio- d) pelo perdão do ofendido, em qualquer crime.
nal, vertendo em sua integralidade a partir do dia da in- e) pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
terrupção. No caso de continuação do cumprimento de
pena, há uma exceção à regra geral, uma vez que a pres- Resposta: Letra E.
crição deverá ser regulada pelo tempo restante da pena. Extingue-se a punibilidade, art. 107, IX, do CP, pelo
A interrupção da prescrição produz efeitos relativa- perdão judicial, nos casos previstos em lei.
mente a todos os autores do crime, salvo nos casos de
início e continuação da pena e reincidência. Por fim, nos 4. (FCC – 2018) Sobre a prescrição, é correto afirmar que:
crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo,
estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer a) em caso de revogação do livramento condicional, a
deles. prescrição é regulada pelo resto de pena a cumprir.
Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a sentença b) o prazo mínimo de prescrição na legislação penal bra-
concessiva de perdão judicial não tem o condão de inter- sileira é de 3 anos.
romper a prescrição, uma vez que ela é apenas declara- c) a decisão confirmatória de pronúncia nos crimes sub-
tória de extinção da punibilidade (Súmula 18). metidos ao Tribunal do Júri é causa suspensiva da
prescrição.
d) a decisão confirmatória de pronúncia nos crimes sub-
EXERCÍCIOS COMENTADOS metidos ao Tribunal do Júri é causa suspensiva da
prescrição.
1. (CESPE – 2018) Julgue o item que se segue, acerca de e) o crime de tráfico de drogas por ser equiparado a he-
extinção da punibilidade no direito penal brasileiro. diondo é imprescritível.
Perempção e renúncia ao direito de queixa são causas
de extinção da punibilidade relacionadas à ação penal Resposta: Letra A.
privada. De acordo com o art. 113, do CP, no caso de evadir-se
o condenado ou de revogar-se o livramento condi-
(  ) CERTO (  ) ERRADO cional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta
da pena.
Resposta: Errado.
A extinção da punibilidade, no caso apresentado na 5. (FCC – 2018) A extinção da punibilidade pode ser
questão, está no art. 107, IV, V, do CP: Extingue-se a compreendida como sendo a perda do direito do Estado
punibilidade pela prescrição, decadência ou peremp- de impor sanção penal ao autor de fato típico e ilícito. É
ção, e pela renúncia do direito de queixa ou pelo per- possível, assim, encontrar hipóteses de extinção da pu-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

dão aceito, nos crimes de ação privada. nibilidade no Código Penal, bem como nas legislações
extravagantes. Acerca do tema, é correto afirmar:
2. (FCC – 2018) A prescrição:
a) Na hipótese de abolitio criminis (abolição do crime)
a) da pretensão punitiva não corre enquanto o agente permanece a reincidência como efeito secundário da
cumpre pena no estrangeiro. infração penal.
b) tem seu prazo reduzido em um terço quando o crimi- b) As causas de extinção de punibilidade sempre se co-
noso era menor de 21 anos na data do fato. municam aos coautores e partícipes, em razão de se
tratar de matéria de ordem pública.

201
c) A sentença que conceder perdão judicial não será con- 1.1 Homicídio simples
siderada para efeitos de reincidência.
d) A anistia, graça ou indulto não são hipóteses de extin- O Homicídio simples está previsto no caput do artigo
ção da punibilidade, por serem atos concedidos pelo 121. Ele é bastante difícil de ser configurado, já que difi-
chefe do Poder Executivo, e não pelo Judiciário. cilmente ocorre este crime sem que alguma qualificadora
e) Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um (que veremos a seguir) seja aplicada.
deles impede, quanto aos outros, a agravação da pena Podemos entender, então, que o homicídio simples
resultante da conexão. é residual.
Será simples o homicídio quando ele não for
qualificado.
Resposta: Letra C.
Sobre o homicídio simples, a informação mais impor-
Diz o art. 120, do CP, que a sentença que conceder
tante é que, em regra, ele não é crime hediondo, entre-
perdão judicial não será considerada para efeitos de tanto, se for praticado em atividade típica de grupo de
reincidência. extermínio, ainda que cometido por um só agente, será,
sim, crime hediondo.
O homicídio simples só será crime hediondo quando
CRIMES CONTRA A PESSOA praticado em atividade típica de grupo de extermínio,
ainda que cometido por um só agente.
Os crimes contra a vida são divididos da seguinte 1.2 Homicídio privilegiado
forma:
Os crimes contra a vida tutelam o bem jurídico mais Segundo Nucci, privilégios são circunstâncias legais
relevante que temos: a vida, nas suas modalidades in- específicas, vinculadas ao tipo penal incriminador, provo-
trauterina ou extrauterina. cadoras da diminuição da faixa de aplicação da pena, em
A vida intrauterina é aquela que ocorre dentro do patamares prévia e abstratamente estabelecidas pelo le-
útero. Já a vida extrauterina, fora do útero. gislador, alterando o mínimo e o máximo previstos para
O crime de aborto protege a vida intrauterina; já o o crime.
homicídio, o induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Para fins do nosso estudo, vamos entender o homicí-
e o infanticídio protegem a vida extrauterina. dio privilegiado como uma modalidade mais branda do
crime de homicídio.
1. Homicídio O homicídio privilegiado está previsto no Artigo 121,
§ 1º, e se configura em uma das seguintes situações:
O crime de homicídio tem como ação a seguinte con-
• Relevante valor social;
duta: Matar Alguém.
• Relevante valor moral;
O verbo descrito no tipo penal é matar, que fica confi-
• Sob o domínio de violenta emoção, logo em segui-
gurado quando se faz interromper ou cessar a vida. da a injusta provocação da vítima.
O alguém, previsto na conduta, necessariamente,
deve ser a pessoa humana. Quando reconhecido o privilégio, no crime de ho-
É um crime classificado de diversas modalidades. As micídio, quais as consequências? O juiz pode reduzir a
principais classificações são: pena do agente de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço). Muita
atenção com o patamar de redução.
• É crime comum: pode ser praticado por qualquer Sobre o homicídio privilegiado, algumas considera-
pessoa, sem que necessite de quaisquer condições ções são muito importantes para a sua prova:
especiais;
• É crime material: para sua consumação, é exigida a • Não é considerado crime hediondo;
ocorrência do resultado morte; • Não se comunica para coautores ou partícipes.
• É crime de forma livre: pode ser praticado com Como assim?
qualquer modo de execução (a tiros, facadas, pau-
ladas, por meio de veneno, entre outros); O crime de homicídio é cometido por 2 (dois) agentes
• É crime instantâneo de efeitos permanentes: a con- (Vicente e Gabriel). Gabriel o pratica sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
duta delituosa não se prolonga no tempo e, após a
da vítima; Vicente, não. Nesta hipótese, Gabriel respon-
consumação, os efeitos são irreversíveis;
derá por homicídio privilegiado e Vicente por Homicídio.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

• É crime plurissubsistente: pode ser praticado por


meio de um ou mais atos de execução; 1.3 Homicídio qualificado
• É crime unissubjetivo: pode ser praticado por um
ou mais agentes. No homicídio qualificado, o agente estará submeti-
• É importante que você saiba as classificações des- do a uma pena maior, mais grave. As qualificadoras são
critas acima, já que elas são bastante cobradas em fatores que tornam a conduta praticada pelo agente, de
provas. alguma forma, mais reprováveis por parte da sociedade.
A pena do homicídio qualificado vai de 12 (doze) a 30
(trinta) anos.

202
O Código Penal, em seu Artigo 121, § 2º, estabelece À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação
as seguintes qualificadoras. ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a de-
Se o homicídio é cometido mediante paga ou pro- fesa do ofendido.
messa de recompensa, ou por outro motivo torpe. As qualificadoras acima também estão relacionadas
Motivo torpe é algo repugnante, nojento, abjeto. aos meios empregados pelo agente. Quando o agente
O Código Penal nos exemplifica o que vem a ser mo- comete um homicídio, praticando-o de forma que a de-
tivo torpe: mediante paga ou promessa de recompensa. fesa da vítima seja dificultada ou se torne impossível, ele
Os demais casos de torpeza serão interpretados analogi- responderá na modalidade qualificada.
camente pela autoridade judicial. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade
O homicídio praticado mediante paga ou promessa ou a vantagem de outro crime.
de recompensa é conhecido doutrinariamente como ho- Nesta forma qualificada, o agente pratica o homicídio
micídio mercenário. para, de alguma forma, garantir uma vantagem relacio-
Ele fica configurado quando o agente pratica o crime nado a um outro crime. A doutrina chama esta qualifica-
motivado por alguma recompensa (segundo a doutrina, dora de conexão instrumental, que pode ser teleológica
deve ser de natureza econômica), que pode ser anterior ou consequencial. Segundo a doutrina majoritária, não é
(na modalidade paga) ou posterior (na modalidade pro- necessário que o crime anterior ou posterior pode ter sido
messa de recompensa). praticado por uma outra pessoa, não existindo a obriga-
Recentemente, entendeu o STJ que a comunicabili- toriedade de que seja o próprio autor do homicídio.
dade da qualificadora “mediante paga ou promessa de Contra a mulher por razões da condição de sexo
recompensa” não é automática, tratando-se de qualifica- feminino.
dora de natureza pessoal, que não irá se comunicar auto- Este dispositivo tem sido exaustivamente cobrado em
maticamente ao mandante do crime, respondendo este, provas de concursos públicos.
na modalidade qualificada se torpe for o motivo que o Estamos falando do feminicídio.
levou a pagar pela morte da vítima. Você acertará todos os itens correspondentes quan-
Assim, por exemplo, se Alessandro, que tem a inten- do entender que nem toda morte de mulher será consi-
ção de matar um desafeto, chamado Antoniel, pagar R$ derada feminicídio, mas tão somente a morte de mulher,
1.000,00 (mil reais) a Fabrício, para que este mate An- praticada devido a sua condição de sexo feminino.
toniel, a qualificadora será aplicada a Fabrício, já para O Código Penal estabelece que se considera que há
Alessandro, o mandante, o homicídio não será necessa- razões de condição de sexo feminino quando a morte da
riamente qualificado. mulher envolver violência doméstica ou familiar ou me-
Por motivo fútil: motivo fútil é o motivo pequeno, nosprezo ou discriminação à condição de mulher.
desproporcional, banal. Há desproporcionalidade entre
a conduta praticado e a motivação.
O homicídio será qualificado por motivo fútil quando,
#FicaDica
por exemplo, for motivado por uma dívida de uma car- O feminicídio ficará configurado com a
teira de cigarro. morte da mulher devido à violência de gê-
Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tor- nero e não quando ocorrer a morte da mu-
tura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa lher em qualquer situação.
resultar perigo comum.
Temos aqui qualificadoras relacionadas aos meios
empregados pelo agente para praticar o crime, que po- Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142
dem estar relacionadas a meios insidiosos (emprego de e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
veneno) ou cruéis (asfixia, tortura) ou que possam resul- prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
tar em perigo comum (fogo, explosivo). exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
Em relação ao emprego de veneno, segundo a dou- seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
trina majoritária, tal qualificadora só irá se configurar se terceiro grau, em razão dessa condição.
ficar comprovado que a vítima ingeriu o veneno sem sa- O homicídio será qualificado quando praticado con-
ber que o fazia. Caso a vítima saiba que está ingerindo tra os seguintes agentes ou autoridades:
veneno, outra qualificadora poderá ser aplicada, a de
meio cruel. • Integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exército
É muito importante que você compreenda que, no ou Aeronáutica).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Direito Penal, o agente é punido, em regra, pelo crime • Integrantes dos órgãos de segurança pública: Po-
que queria praticar. Assim, caso o agente queira torturar, lícia federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Fer-
mas se exceda e acabe matando a vítima, irá responder roviária Federal; Policiais Civis; Policiais Militares;
por tortura qualificada pelo resultado morte. Se o agente Corpo de Bombeiros Militares.
queria matar e usa a tortura como meio para atingir a • Integrantes do Sistema Penitenciário.
sua finalidade, irá responder por homicídio qualificado • Integrantes da Força Nacional.
pela tortura.

203
Mais uma vez, você deve ficar atento e levar para a No segundo exemplo: Teobaldo irá responder por
sua prova que não é a morte de qualquer dos agentes homicídio culposo por imperícia, já que faltava a ele ap-
ou autoridades descritas acima que irá qualificar o ho- tidão necessária para realizar perícias.
micídio, mas tão somente se a morte deles for praticada No caso do homicídio culposo, é possível a aplicação
no exercício da função (enquanto eles trabalham) ou em do instituto do perdão judicial, previsto no Artigo 121,
razão da função (devido ao cargo que eles ocupam ou § 5° do Código Penal: o juiz poderá deixar de aplicar a
função que eles exercem). pena, se as consequências da infração atingirem o pró-
A qualificadora também será aplicada se o homicídio prio agente de forma tão grave que a sanção penal se
for praticado contra o cônjuge, companheiro ou parente torne desnecessária.
consanguíneo até o 3º (terceiro) grau dos agentes ou au- Você pode entender a aplicação do perdão judicial
toridades que vimos acima, também motivado pela fun- ao seguinte caso: pai que, por imprudência, provoca um
ção que os agentes ou autoridades exercem. acidente de trânsito e mata o próprio filho. Neste caso,
Agora, que estudamos todas as qualificadoras do as consequências da infração penal (homicídio) atingem
crime de homicídio. Pode ter surgido a seguinte dúvida o pai de forma tão grave (o seu filho morreu) que é des-
para você: é possível que o homicídio seja privilegiado e necessária a aplicação de sanção penal, podendo o juiz
qualificado ao mesmo tempo? deixar de aplicar a pena.
A resposta é positiva. É possível, porém, é necessário O instituto do perdão judicial se aplica apenas aos
que a qualificadora seja de natureza objetiva (relaciona- casos de homicídio culposo.
da aos meios empregados pelo agente para executar o Vamos falar agora das causas de aumento de pena
crime). aplicadas ao homicídio.
Segundo doutrina majoritária, o homicídio privilegia- A doutrina chama essas hipóteses de homicídio
do-qualificado não será considerado hediondo, porque o majorado.
privilégio (motivo) afasta a hediondez. Para facilitar nosso estudo, veremos as causas de au-
mento de pena aplicadas ao homicídio doloso e, em se-
1.4 Homicídio culposo guida, as aplicadas ao homicídio culposo.
Causas de aumento de pena aplicáveis ao homicídio
O homicídio culposo é aquele que o agente não quer doloso:
o resultado morte, nem assume o risco de assumi-lo, mas
acaba causando a morte de alguém por imprudência, ne- • Se praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze)
gligência ou imperícia. anos ou maior de 60 (sessenta) anos – aumento de
A imprudência fica configurada quando o agente é 1/3 (um terço);
afoito, praticando conduta não recomendada pela vida • Se praticado por milícia privada, sob o pretexto de
em sociedade. Exemplo: Josivaldo está mudando alguns prestação de serviço de segurança ou por grupo
móveis em apartamento, que fica no 4º andar. Ele decide de extermínio – aumento de 1/3 (um terço) até a
que não quer mais um jarro de plantas e, para se livrar do metade.
objeto, joga-o pela janela. O jarro cai na cabeça de Silvio, • Nos casos de feminicídio, se o crime for praticado
que morre imediatamente. durante a gestação ou nos 3 (três) meses posterio-
Observe que Josivaldo não queria a morte de Silvio, res ao parto; se praticado contra pessoa menor de
nem assumiu o risco de matá-lo, mas, por ter sido impru- 14 (quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos,
dente (praticado uma ação não recomendável), acabou ou com deficiência, ou se praticado na presença de
causando a morte da vítima. descendente ou ascendente da vítima – aumento
A negligência fica configurada quando o agente é de 1/3 (um terço) até a metade.
omisso ou relapso. Ele não faz algo que a vida em socie-
dade recomenda. Causas de aumento de pena aplicáveis ao homicídio
A imperícia é a falta de aptidão técnica para o desem- culposo:
penho de determinada atividade.
Nos exemplos a seguir, que a doutrina apresenta com • Se o crime resulta de inobservância de regra téc-
mais frequência, poderemos ver a diferença entre a ne- nica de profissão, arte ou ofício – aumento de 1/3
gligência e a imperícia. (um terço);
Exemplo 1: Adolfo é médico cirurgião. Certo dia, ao • Se o agente deixa de prestar imediato socorro à
fazer uma cirurgia renal, ele deixa um bisturi dentro do vítima, não procura diminuir as consequências do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

paciente, que vem a óbito. seu ato ou foge para evitar prisão em flagrante –
Exemplo 2: Teobaldo é médico clínico geral em perío- aumento de 1/3 (um terço).
do de residência. Ele vai fazer uma cirurgia renal, erra no
procedimento e a vítima morre. 2. Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou
No primeiro exemplo: Adolfo irá responder por homi- a automutilação
cídio culposo por negligência. Observe que ele é médico
cirurgião, logo, tem perícia para a realização de cirurgias, No Direito Penal Brasileiro, não se pune a autolesão,
mas foi omisso ao esquecer o equipamento dentro do ou seja, uma pessoa não será punida penalmente caso
paciente. provoque mal somente a si próprio.

204
O tipo penal que iremos estudar não pune o suicídio,
que consiste na eliminação da própria vida, mas sim a FIQUE ATENTO!
conduta daquele que induz, instiga ou auxilia a prática de A pena é aumentada até o dobro se a con-
um suicídio ou a automutilação. duta é realizada por meio da rede de com-
putadores, de rede social ou transmitida
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a em tempo real.
praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material Aumenta-se a pena em metade se o agen-
para que o faça: te é líder ou coordenador de grupo ou de
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. rede virtual.

Inicialmente, devemos entender o que significa cada


um dos verbos que configuram o tipo penal: Se o crime de automutilação ou tentativa de suicídio
resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é co-
• Induzir: é criar uma ideia que não existe. A vítima metido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
nunca pensou em se suicidar e o agente faz surgir quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
esta ideia na cabeça dela; necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
• Instigar: é reforçar uma ideia que já existe. A vítima por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
pensa ou já pensou em se suicidar e o agente re- responde o agente pelo crime lesão corporal gravíssima.
força essa ideia; Se consuma o crime de suicídio ou da automutilação
• Auxiliar: o agente presta auxílio material à vítima. resulta a morte e é cometido contra menor de 14 (qua-
Por exemplo, emprestando uma arma, uma corda, torze) anos ou contra quem não tem o necessário dis-
entre outras formas de auxílio. cernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência, responde o
A doutrina majoritária exige, para configuração deste agente pelo crime de homicídio simples.
tipo penal, que a vítima tenha algum discernimento para
a prática do suicídio. Caso a conduta seja praticada con- 3. Infanticídio
tra alguém sem qualquer discernimento, não estaremos
diante do crime de induzir, instigar ou auxiliar a prática O infanticídio é classificado pela doutrina como crime
de suicídio, mas sim diante do crime de homicídio. bi próprio, já que ele exige qualidades especiais tanto do
Sempre houve muita discussão doutrinária sobre a sujeito ativo quanto do sujeito passivo.
possibilidade de caber tentativa a este tipo penal. É necessário que o sujeito ativo seja a própria mãe e
Hoje, prevalece o entendimento de que o crime de in- que o sujeito passivo seja o próprio filho, para que este
duzimento, instigação ou auxílio ao suicídio não admite tipo penal fique configurado.
tentativa, podendo ocorrer 3 (três) possibilidades: São outros requisitos que devem estar presentes para
configuração do crime de infanticídio:
• Se o suicídio se consuma (crime consumado), pena
de reclusão de dois a seis anos; • Que a mãe esteja sob a influência do estado
• Se da tentativa de suicídio não ocorre a morte, mas puerperal;
resulta em lesão corporal de natureza grave (crime
consumado), pena de reclusão de um a três anos; O estado puerperal é uma alteração emocional pela
• Se da tentativa de suicídio, não ocorre a morte, não qual passam algumas mães durante o período corres-
ocorre lesão corporal de natureza grave (indiferen- pondente ao parto.
te penal), não haverá conduta típica. Não existe prazo definido em lei, na doutrina ou na
jurisprudência, sobre quanto tempo dura este estado
Se da tentativa de suicídio resultar apenas lesão cor- puerperal. Logo, qualquer alternativa que tente definir
poral de natureza leve, aquele que induziu, instigou ou um prazo estará incorreta.
auxiliou não será responsabilizado penalmente. O fato
será atípico. • Que a conduta seja praticada durante ou logo após
Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resul- o parto.
ta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena
cominada é de reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. O infanticídio admite tentativa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Se o suicídio se consuma ou se da automutilação re-


sulta morte, sanção prevista de reclusão, de 2 (dois) a 6 4. Aborto
(seis) anos.
A pena é duplicada: O Código Penal estabelece três modalidades de abor-
to, previstos nos artigos 124, 125 e 126.
• se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe O crime de aborto tem como sujeito passivo o feto.
ou fútil; Quando praticado sem o consentimento da gestante,
• se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual- esta também será o sujeito passivo.
quer causa, a capacidade de resistência.

205
No primeiro caso, aborto praticado pela gestante ou LESÕES CORPORAIS
com o seu consentimento, temos uma hipótese de crime
próprio, já que só pode ser praticado pela gestante. Você pode entender lesão corporal como qualquer
No segundo caso, aborto praticado por terceiro sem alteração provocada na integridade corporal ou na saúde
o consentimento da gestante, temos um crime comum, de uma pessoa.
que pode ser praticado por qualquer pessoa. É um crime A lesão corporal é comum, material, instantâneo e de
de mão livre, que pode ser praticado de qualquer forma, forma livre, portanto, pode ser praticado por qualquer
desde que o agente saiba que a vítima está grávida e pessoa, exige a ocorrência do resultado para fins de con-
destine sua conduta a atingir a finalidade aborto. sumação, a conduta não se prolonga no tempo e pode
É importante mencionar que se a gestante não é ser praticada de qualquer maneira (pedradas, pauladas,
maior de 14 (quatorze) anos, é alienada ou débil mental tiros, socos, chutes, arranhões etc).
ou se o consentimento for obtido mediante fraude, grave As lesões corporais estão previstas no Artigo 129 do
ameaça ou violência, o agente irá responder pela segun- Código Penal e podem ser divididas da seguinte forma:
da modalidade de aborto – praticado por terceiro sem o
consentimento da gestante. • Lesão corporal simples
No terceiro caso, aborto praticado por terceiro com • Lesão corporal grave;
o consentimento da gestante, também temos um crime • Lesão corporal gravíssima;
comum, praticável por qualquer pessoa, que pratica o • Lesão corporal seguida de morte;
fato, mas a gestante consente. • Lesão corporal culposa;
É importante mencionar que, neste caso, o terceiro • Lesão corporal privilegiada.
responde pelo artigo 126, ao passo que a mãe responde
pelo artigo 124, constituindo, assim, uma exceção plura- As lesões corporais graves, gravíssimas e seguida de
lística à teoria monista aplicada como regra aos casos de morte compõem o grupo lesões corporais qualificadas,
concurso de pessoas. segundo a doutrina penalista.
É importante que a gestante tenha a capacidade ne- Antes de analisarmos cada uma das lesões, vamos fa-
cessária para prestar o seu consentimento, caso não a te- lar da ação penal.
nha, o agente responderá pelo crime de aborto praticado O crime de lesão corporal é classificado como delito
sem o consentimento da gestante. não-transeunte, que é aquele que deixa vestígios, sendo
As penas serão aumentadas no caso de aborto prati- necessário a realização de exame de corpo de delito.
cado por terceiro com ou sem o consentimento da ges-
tante (Artigo 125 e Artigo 126). 1. Lesão corporal leve
O assunto a seguir, é sempre muito cobrado em pro-
vas de concursos públicos. A lesão leve, também chamada de simples, prevista
Não será punido o aborto, segundo o Código Penal, no Caput do Artigo 129, é residual. Teremos configurada
caso praticado por médico, nos seguintes casos: tal modalidade de lesão, caso não se configure nenhuma
das outras.
• Se não há outro meio de salvar a vida da gestante A lesão corporal qualificada está prevista nos pará-
(a doutrina chama de aborto necessário); grafos 1º, 2º e 3º do Artigo 129.
• Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre-
cedido de consentimento da gestante ou, quando 2. Lesão corporal grave
incapaz, de seu representante legal (a doutrina
chama de aborto humanitário). A lesão corporal grave irá se configurar se resultar:

Para finalizar os crimes contra a vida, é importante • Incapacidade para as ocupações habituais, por
que você saiba que todos são processados median- mais de 30 (trinta) dias;
te ação penal pública incondicionada, e que você fique
atento às seguintes informações: É necessário que a incapacidade dure mais de 30
(trinta) dias, ou seja, a partir do 31º dia, caso contrá-
Modalidade rio, a lesão corporal não será grave.
Crime Tentativa
Culposa
A incapacidade está relacionada a qualquer ocupação
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Homicídio SIM SIM habitual, como estudo, treinos, rotinas domésticas, e não
Induzimento, somente ao trabalho;
Instigação ou NÃO NÃO
Auxílio a Suicídio
• Perigo de vida;
• Debilidade permanente de membro, sentido ou
Infanticídio NÃO SIM função;
Aborto NÃO SIM • Aceleração do parto;

206
3. Lesão corporal gravíssima No caso de lesão corporal culposa, é aplicável o insti-
tuto do perdão judicial, podendo o juiz deixar de aplicar
A lesão corporal gravíssima irá se configurar se a pena se as consequências da infração penal atingirem
resultar: o agente de forma que a aplicação de sanção penal se
torne desnecessária.
• Incapacidade permanente para o trabalho; Aplica-se o perdão judicial ao crime de lesão corporal
• Enfermidade incurável; culposa.
• Perda ou inutilização do membro, sentido ou
função; 6. Lesão corporal privilegiada
• Deformidade permanente;
• Aborto. Os motivos que levam o agente a praticar a le-
são corporal privilegiada são os mesmos do homicídio
Tome cuidado para não se confundir: privilegiado.
Se o agente comete o crime impelido por motivo de
Lesão Grave Lesão Gravíssima relevante valor social ou moral ou sob o domínio de vio-
lenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
Debilidade permanente Perda ou inutilização vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um sexto) a 1/3
de membro, sentido ou do membro sentido (um terço).
função. ou função. É aplicável o instituto da substituição de pena nos ca-
Exemplo: Devido às le- sos de lesão corporal.
Exemplo: Devido às le-
sões sofridas, a vítima Não sendo graves as lesões, nos casos de lesão privi-
sões sofridas, a vítima
perde 1 (um) dos olhos, legiada ou nos casos de lesão recíproca (duas pessoas se
perde a visão.
mas ainda enxerga. lesionam umas às outras), o juiz poderá ainda substituir a
pena de detenção pela de multa.
O Código Penal não divide as lesões em graves ou O Código Penal traz disposições específicas para os
gravíssimas. Para o CPB, todas elas são graves. Esta divi- casos de lesão corporal praticada no âmbito de violência
são é uma construção doutrinária. Cuidado. doméstica. Neste caso, a pena do agente será mais grave,
estando ele submetido a auto de prisão em flagrante e
4. Lesão corporal seguida de morte não somente a mero termo circunstanciado (salvo nos
casos de lesão grave, gravíssima ou seguida de morte).
A lesão corporal seguida de morte irá ficar configu- Considera-se lesão corporal no âmbito de violência
rada quando ficar configurado que o agente não queria doméstica se praticada contra as seguintes pessoas ou
o resultado morte (dolo direto no resultado morte) ou nos seguintes casos:
assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual no resulta-
do morte). • Ascendente;
Se o agente quer matar, ele responderá pelo homi- • Descendente;
cídio. Porém, caso o agente queira apenas causar lesões • Cônjuge ou companheiro;
corporais, mas, por algum motivo, acabe se excedendo, • Quem conviva ou tenha convivido.
provocando a morte da vítima, ele irá responder por le-
são corporal seguida de morte, desde que fique eviden- É importante mencionar que, caso a vítima seja mu-
ciado que ele não quis nem assumiu o risco de produzir lher, teremos a aplicação da Lei Maria da Penha e, mes-
o resultado morte. mo que seja caso de lesão corporal leve, a ação penal
O crime de lesão corporal seguida de morte é um cri- será pública incondicionada.
me preterdoloso, ou seja, é um crime qualificado pelo Agora, veremos as hipóteses majoradas do crime de
resultado, em que temos dolo na conduta inicial e culpa lesões corporais. Há diversas causas de aumento de pena
no resultado produzido. para este crime, portanto, leia-as com bastante atenção.
Nos casos de lesão corporal culposa:
5. Lesão corporal culposa A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se:

A lesão corporal culposa é aquela que o agente não • Se o crime resulta de inobservância de regra técni-
quer causar lesão corporal na vítima, mas a produz por ca de profissão, arte ou ofício;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ter sido imprudente, negligente ou imperito. • Se o agente deixa de prestar imediato socorro à
É importante que você compreende que não há gra- vítima;
dações na lesão corporal culposa, ou seja, ela não se di- • Se o autor não procura diminuir as consequências
vide em leve, grave ou gravíssima, mas tão somente irá do seu ato;
ser lesão corporal culposa. • Se o agente foge para evitar prisão em flagrante.

Nos casos de lesão corporal dolosa:


A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se:

207
• A vítima é menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 A forma qualificada deste crime se dá se o agente tem
(sessenta) anos; a intenção de transmitir a moléstia venérea.
• For hipótese de lesão corporal grave, gravíssima Este crime somente se procede mediante representa-
ou seguida de morte, praticada em quaisquer dos ção, ou seja, trata-se de crime promovido mediante ação
casos de violência doméstica vistas acima; penal pública condicionada.
• Se a vítima, enquadrada em um dos casos de vio- O que é moléstia venérea: Segundo a doutrina, é o
lência doméstica vistas logo acima, for pessoa por- nome genérico dado a qualquer doença que possa ser
tadora de deficiência. transmitida por meio de relação sexual, como sifilis.
O crime se consuma com a prática do ato sexual, ca-
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a paz de transmitir a moléstia venérea. Caso a vítima seja
metade: contaminada, tal fato será mero exaurimento do crime.

• Se a lesão corporal for praticada por milícia pri-


vada, sob o pretexto de prestação de serviço de
#FicaDica
segurança, ou por grupo de extermínio; É importante mencionar, pela própria natu-
reza do tipo penal, que não se exige, para
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois a sua configuração simples, dolo específico
terços): do agente em transmitir a doença venérea
(caso ocorra esta hipótese, o crime será
• Se a lesão for praticada contra autoridade ou qualificado), bastando que ele tenha a in-
agente das forças armadas (Marinha, Exército ou tenção de ter a relação sexual, sabendo ou
Aeronáutica), das forças de segurança pública devendo saber que está contaminado.
(Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia
Ferroviária Federal, Policiais Civis, Policias Militares
ou Corpo de Bombeiros Militares), integrantes do Segundo a doutrina majoritária, é crime comum, que
sistema prisional (agentes penitenciários) e da For- pode ser praticado por qualquer pessoa.
ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em razão dela, ou contra seu cônjuge, 2. Perigo de contágio de moléstia grave
companheiro ou parente consanguíneo até o ter-
ceiro grau, em razão dessa condição. Este crime se configura quando o agente praticar,
com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que
PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE está contaminado, ato capaz de transmitir o contágio.
É necessário que o sujeito passivo, que pode ser qual-
A periclitação da vida e da saúde são considerados quer pessoa, não seja contaminado pela moléstia grave
crimes de perigo, sendo criada, pelo autor do fato, uma que o sujeito ativo pretende transmitir.
situação de perigo a que é exposta a vítima. A moléstia grave, neste caso, não precisa, necessa-
Crimes de perigo são aqueles que não exigem a efe- riamente, ser transmitida por meio de relação sexual,
tiva ocorrência de dano, apesar de poder acontecer, para podendo, entretanto, ser transmitida por qualquer outro
que se configurem. meio.
Os crimes de perigo são divididos em: Temos como exemplo o agente que, de qualquer for-
ma ou por qualquer meio, intencionalmente (exige-se o
• Crimes de perigo concreto: é exigida uma com- dolo específico de transmitir a doença) transmite à vítima
provação de que realmente aconteceu um risco a tuberculose (moléstia grave).
de perigo ou lesão ao bem jurídico protegido pela Trata-se de norma penal em branco, complementada
norma penal. por meio dos atos praticados por órgãos administrativos
• Crimes de perigo abstrato: Não se exige nenhuma da área de saúde.
comprovação, já que o perigo é presumido. Mais uma vez, reitero: exige-se para a configuração
deste tipo penal o dolo específico, que consiste na inten-
Iremos analisar os seguintes crimes: perigo de con- ção do agente de transmitir a moléstia grave.
tágeo venéreo, perigo de contágio de moléstia grave; A doutrina não admite, para este crime, o dolo even-
abandono de incapaz; exposição ou abandono de re- tual, quando o agente não quer diretamente transmitir a
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

cém-nascido e omissão de socorro. doença, mas assume o risco de transmiti-la.


Trata-se de crime formal, que se consuma com a prá-
1. Perigo de contágio venéreo tica do ato destinado a transmitir a moléstia grave, não
se exigindo, para fins de consumação, a efetiva transmis-
Este crime fica configurado quando o agente expõe são da moléstia.
alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato Ao contrário do crime de Perigo de Contágeo Venéreo,
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe procede-se mediante ação penal pública incondicionada.
ou deve saber que está contaminado.

208
Antes de passarmos para a análise de outros tipos pe- 4. Exposição ou abandono de recém nascido
nais, é importante que façamos uma distinção entre os
dois tipos penais que acabamos de ver: O crime de exposição ou abandono de recém-nas-
cido se configura quando o agente expõe ou abandona
recém-nascido, para ocultar desonra própria.
PERIGO DE CONTÁGIO PERIGO DE CONTÁGIO
Este crime será praticado na modalidade qualificada
VENÉREO DE MOLÉSTIA GRAVE se do fato resultar:
A transmissão deve se
A transmissão se dá por • Lesão corporal de natureza grave;
dar por meio de relação
qualquer meio • Morte.
sexual
Transmite-se moléstia Transmite-se moléstia Este crime exige dolo específico, ou seja, um especial
venérea grave fim de agir, que consiste na prática da conduta para ocul-
É norma penal em branco É norma penal em branco tar desonra própria.
Segundo a doutrina majoritária, é exigido que o re-
Não se exige dolo cém-nascido fique exposto à situação concreta de perigo
Exige-se dolo específico
específico para que o crime se consume.
Ação penal pública Ação penal pública
condicionada incondicionada #FicaDica
3. Abandono de incapaz Ainda, conforme doutrina majoritária, tra-
ta-se de crime próprio, que somente pode-
O crime de abandono de incapaz se configura quan- rá ser praticado pelo pai ou pela mãe que
do o agente abandona pessoa que está sob seu cuidado, buscam ocultar desonra própria. Leve como
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer mo- exemplo a mãe que expõe ou abandono o
tivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do filho recém-nascido numa lata de lixo para
abandono. ocultar uma desonra (sua infidelidade).
São formas qualificadas do crime de abandono de
incapaz:
O crime será promovido mediante ação penal pública
• Se do abandono, resulta lesão corporal de nature- incondicionada.
za grave;
• Se do abandono, resulta a morte. 5. Omissão de socorro

Quem é o incapaz: Entenda incapaz como qualquer O crime de omissão de socorro está previsto no artigo
pessoa que não tenha condições de se proteger sozinha, 135 do Código Penal. Irá se configurar quando o agente
podendo ficar exposta, em razão do abandono, a situa- deixar de prestar assitência, quando possível fazê-lo sem
ção de perigo. Tenha como exemplo o pai que deixa o risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
filho, de apenas 2 (dois) anos de idade, sozinha em casa. pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
Esta criança não tem capacidade de se defender sozi- iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da
nha, configurando, assim, o tipo penal de abandono de autoridade competente.
incapaz. Não se aplica este tipo penal ao agente que causou o
Para que o crime de abandono de incapaz seja qua- perigo. Assim, se um indivíduo, com a intenção de causar
lificado, é necessário que o resultado seja lesão corporal lesões corporais, arremessa uma pedra na vítima e foge,
não poderá ele ser responsabilizado por omissão de so-
grave ou a morte. Caso resulte apenas lesão corporal de
corro por não ter prestado socorro à vítima ou por não
natureza leve (bastante explorado pelas bancas), o crime
ter comunicado o fato à autoridade.
será configurado em sua modalidade simples.
Fique atento às seguintes informações sobre a omis-
Analise com bastante cuidado as causas de aumento
são de socorro:
de pena.
• Não admite tentativa (é crime omissivo próprio);
Veja características do crime de abandono de incapaz:
• Não admite a modalidade culposa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

• É crime próprio, já que se exige uma condição es-


Fique bastante atento às causas de aumento de pena
pecial do agente: ser pessoa que tem o cuidado, do crime de omissão de socorro.
guarda, vigilância ou autoridade sobre a vítima; Em 2012, foi inserido no Código Penal um novo tipo
• É crime formal, que não exige que ocorra qualquer penal, chamado de condicionamento de atendimento
coisa com o abandonado (vítima) para fins de con- médico-hospitalar emergencial, que irá se configurar
sumação do crime. quando o agente exigir cheque-caução, nota promissória
ou qualquer garantia, bem como o preenchimento pré-
vio de formulários administrativos, como condição para
o atendimento médico-hospitalar emergencial.

209
Suponha que um indivíduo ingresse em um hospi-
tal necessitando de atendimento médico emergencial. O CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
funcionário do hospital exige que ele deixe um cheque-
-caução para que o atendimento médico seja realizado.
Pronto, configurou-se o tipo penal de condicionamento FURTO
de atendimento médico-hospitalar emergencial.
É necessário que o atendimento médico seja emer- Este crime pode ser dividido da seguinte forma:
gencial. Assim, este crime não ira se configurar caso o
atendimento médico seja algo rotineiro, com uma sim- • Simples;
ples consulta, por exemplo. • Qualificado;
Este tipo penal também apresenta causas de aumen- • Majorado; e
to de pena. A pena será aumentada até o dobro se da • Privilegiado.
negativa de atendimento resulta:
Furto simples
• Lesão corporal grave.
O crime de furto irá se configurar quando o agente
A pena será aumentada até o triplo se da negativa de subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
atendimento resulta: Como foi possível se observar, este crime possui 3
(três) partes elementares:
• Morte. Verbo: subtrair – que consiste no ato de se apossar
de propriedade de outra pessoa; para si ou para outra
RIXA pessoa;
Coisa alheia móvel – é necessário que o objeto mate-
A rixa está prevista no artigo 137 do Código Penal. rial do crime de furto seja coisa móvel e que pertença a
O crime irá ocorrer quando o agente participar de outra pessoa; caso seja coisa imóvel, ou que pertença ao
rixa, salvo para separar os contendores.
autor, este crime não estará configurado.
Estamos diante de crime de concurso necessário, que
O furto tem as seguintes características:
só irá existir caso presente no mínimo 3 (três) pessoas,
umas contra as outras. Caso seja possível definir dois
• É crime comum, que pode ser praticado por qual-
grupos específicos (grupo A x grupo B), este tipo penal
quer pessoa;
não irá existir.
• É crime material, que exige a ocorrência do resulta-
Para que a rixa se configure, exige-se que haja no
do naturalístico para fins de consumação;
mínimo três grupos distintos (independentemente da
• Não admite a modalidade culposa – muita atenção
quantidade de pessoas que integre cada grupo) se agre-
dindo mutuamente. com esta característica (as bancas adoram): o furto
No caso de ocorrer uma briga entre a torcida do Co- só se pratica dolosamente;
rinthians e a torcida do Palmeiras, não há que se falar no • É crime plurissubsistente, que, portanto, admite a
crime de rixa, já que temos 2 (dois) grupos bem definidos. modalidade tentada.
Aquele que participa da rixa, apenas com a finalidade
de separar os contendores não irá responder por este Sobre a consumação deste crime, é importante que
tipo penal. você leve para a sua prova o posicionamento adotado
O crime de rixa não admite a forma culposa. pelas cortes superiores (STF e STJ). Os tribunais superio-
Sobre este crime, é importante que você fique atento res adotam a teoria da apprehensio, também chamada
aos posicionamentos da doutrina dominante. de amotio, que considera consumado o crime de furto
(e também o roubo) quando o agente se apossa da coi-
• Não admite tentativa; sa alheia móvel, mesmo que por um breve período de
• Consuma-se quando se inicia a rixa ou, caso já ini- tempo, não sendo necessário que a coisa saia da área de
ciada, quando o agente entra na rixa; vigilância da vítima.
• Pode ser praticado à distância, não se exigindo que
necessariamente ocorre contato físico. Por exem- Furto qualificado
plo: rixa em que os agentes jogam pedras, garrafas
ou mesas uns nos outros. O furto qualificado é aquele que as suas penas são
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

modificadas nos patamares mínimos e máximo, aumen-


A rixa será qualificada quando ocorrer, devido à rixa, tando consideravelmente. As qualificadoras são sempre
lesão corporal de natureza grave ou a morte. Segundo muito cobradas pelas bancas, portanto, preste bastante
a doutrina majoritária, salvo no caso de ser possível se atenção nesta parte de nosso estudo.
identificar corretamente o autor da lesão grave ou da O furto será qualificado nas seguintes hipóteses.
morte, todos os agentes que participaram da rixa irão A reclusão será de 2 (dois) a 8 (oito) anos, se cometido:
responder pela modalidade qualificada, exceto, também,
se tiverem ingressado na rixa após a ocorrência da lesão • Com destruição ou rompimento de obstáculo à
grave ou da morte. subtração da coisa.

210
• Com abuso de confiança, ou mediante fraude, es- A reclusão será de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, se a
calada ou destreza. subtração:
• Com emprego de chave falsa.
• For de semovente domesticável (animais, como:
Mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas bovinos, suínos, equinos) de produção, ainda
que abatido ou dividido em partes no local de
Na destruição ou rompimento de obstáculo, o agen- subtração.
te destrói algo para subtrair a coisa, a exemplo daquele
que arromba o portão de uma casa, para entrar e subtrair A reclusão será de 4 (quatro) a 10 (dez) anos:
uma televisão.
No abuso de confiança, o agente se vale da confiança • Se houver emprego de explosivo ou de artefato
que o dono da coisa tem nele, para poder subtrair, como, análogo que cause perigo comum;
por exemplo, quando o agente é amigo do dono da casa, • A subtração for de substâncias explosivas ou de
que deixa sua carteira sobre a mesa e vai ao banheiro acessórios que, conjunta ou isoladamente, possi-
despreocupado, momento em que o agente, aproveitan- bilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
do desta confiança, subtrai a carteira.
O uso de fraude fica configurado quando o agente Furto majorado
usa de artifício para enganar a vítima, para subtrair a coi-
sa, a exemplo do agente que se passa por funcionário de O furto será majorado quando a ele for aplicado a
empresa de telefonia para conseguir entrar numa casa e causa de aumento de pena prevista no Artigo 155, § 1º,
subtrai um aparelho celular que nela estava. do Código Penal.
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o crime
de furto for praticado durante o repouso noturno.
#FicaDica Sobre o repouso noturno, considere que, segundo o
Você não pode confundir o furto mediante STJ (jurisprudência atual), a causa de aumento de pena se
fraude com o estelionato. Naquele, o agen- aplica ao furto simples e ao furto qualificado. Aplica-se
te usa a fraude sobre a vítima para subtrair também mesmo se o local for comercial ou desabitado.
a coisa; neste, o agente emprega a fraude
para ludibriar a vítima e fazer com que ela Furto privilegiado
mesma entregue a coisa.
O furto privilegiado é assunto sempre muito presente
em questões de concurso, tendo sido, inclusive, cobrado
No furto qualificado pela escalada, segundo o STJ, a em prova discursiva do cargo de Escrivão de Polícia da
entrada em um local se dá por um meio anormal, que Polícia Civil do Distrito Federal do concurso de 2013.
exige do agente esforço físico incomum. Para a doutrina Está previsto no Artigo 155, § 2º, do Código Penal.
majoritária, não é relevante se ocorre por cima ou por São características do furto privilegiado:
baixo, desde que o agente não pratique nenhuma forma
de destruição ou rompimento de obstáculo, quando apli- • Réu primário;
caremos outra qualificadora ao fato. • Coisa furtada de pequeno valor – Segundo a juris-
No furto qualificado pela destreza, o agente faz uso prudência, até 1 (um) salário mínimo.
de alguma habilidade especial. Segundo a doutrina, o No caso do furto privilegiado, o juiz poderá adotar
exemplo clássico é o batedor de carteira. uma das seguintes medidas:
No emprego de chave falsa, o agente faz uso de cha-
ve distinta da chave original para subtrair a coisa ou ob- • Substituir a pena de reclusão pela de detenção;
jeto capaz de abrir um cadeado ou fechadura. • Diminuir a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
Sobre o concurso de pessoas, o STJ editou a Súmula terços);
442, que diz: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, • Aplicar somente a pena de multa.
pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
Esta súmula foi editada para sanar divergência dou- Segundo o STJ, é possível o reconhecimento privi-
trinária sobre a aplicação da qualificadora, já que o con- légio para o furto simples ou para o furto qualificado,
curso de pessoas constitui apenas causa de aumento de entretanto, neste caso, as qualificadoras têm que ser de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

pena no crime de roubo, deveria ser assim também com natureza objetiva (emprego de chave falsa, por exemplo).
o crime de furto.
Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do
A reclusão será de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a privilégio previsto no § 2º do art. 155 o CP nos casos
subtração: de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a
• For de veículo automotor que venha a ser trans- qualificadora for de ordem subjetiva.
portado para outro Estado ou para o exterior.

211
O furto de uso constitui fato atípico Temos aqui um crime próprio, que somente poderá
ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio.
Sendo assim, se o agente subtrai a coisa, com a in-
tenção de usar e devolver depois, não cometerá o crime É crime de ação penal pública condicionada à
de furto. representação.
Este crime exige a intenção de se apoderar, para
si ou para outra pessoa, da coisa alheia móvel que foi O Código Penal é expresso ao fixar que se a coisa
subtraída. comum for fungível (substituível por outra da mesma
Já vi questões de prova que tentaram cobrar do can- espécie, a exemplo do dinheiro), não será punível a sua
didato a aplicação do instituto do “uso” ao roubo. Está subtração caso o valor não exceda a quota a que tem
incorreto. direito o agente.
O furto de uso é fato atípico, tal instituto não se aplica Suponha que Alessandro, Fabrício e Diego sejam só-
ao crime de roubo. cios. A sociedade é avaliada no valor de R$ 150.000,00
Segundo jurisprudência, tanto do STF quanto do STJ, (cento e cinquenta mil reais). As partes na sociedade são
o uso de sistema de monitoramento eletrônico e de vi- iguais.
gilância no local em que se pratica o crime de furto não Assim, caso Alessandro subtraia R$ 50.000,00 (cin-
torna, por si só, o fato como crime impossível. quenta mil), não cometerá crime, já que o valor subtraído
não é superior à sua quota.
Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado O furto de coisa comum não é tão cobrado em provas
por monitoramento eletrônico ou por existência de se- de concursos públicos, porém, quando cobrado, tentam
gurança no interior de estabelecimento comercial, por misturar suas características com as características do
si só, não torna impossível a configuração do crime furto tradicional.
de furto. É importante que você fique atento a essas diferenças:
Furto: coisa alheia, crime comum e ação penal
incondicionada.
FIQUE ATENTO!
Furto de coisa comum: coisa comum, crime próprio e
Por fim, para encerrarmos as disposições ação penal condicionada.
do crime de furto, é importante que você
saiba que o Código Penal equipara à coisa ROUBO
móvel a energia elétrica ou qualquer outra
coisa que possua valor econômico. O roubo pode ser dividido da seguinte forma:

• Simples;
Assim, o agente que subtrai energia elétrica cometerá • Majorado; e
o crime de furto. Porém, saiba que a doutrina dominante • Qualificado.
entende que se faz necessário que a subtração se dê so-
bre a energia elétrica de outra pessoa, não constituindo Roubo simples
este crime se o agente se apoderar da energia elétrica
que se encontra em seu nome (sob sua posse). Irá praticar o crime de roubo o agente que subtrair
Sobre a subtração de sinal de TV a cabo, a jurispru- coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante
dência do STF entende que se trata de fato atípico, po- grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de ha-
rém, para o STJ, entende que pode ser equiparada ao fur- vê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
to de energia elétrica a subtração de sinal de TV a cabo. resistência.
É muito importante que você se atenha ao enunciado Também irá praticar o crime de roubo o agente que,
da questão, para verificar qual o posicionamento a banca logo depois de subtraída a coisa, emprega violência con-
está cobrando. Caso o enunciado seja vago, adote o po- tra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impu-
sicionamento do STF. nidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para
terceiro.
Furto de coisa comum O roubo, previsto no Artigo 157 do Código Penal, é
dividido de 3 (três) formas:
Mas, você acabou de dizer que é necessário que a Roubo próprio: antes ou durante a subtração da coisa
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

coisa seja alheia no crime de furto! móvel, o agente emprega violência ou grave ameaça;
Agora estamos diante de um crime específico: Roubo impróprio: o agente subtrai a coisa móvel, em
seguida, a fim de assegurar a impunidade do crime ou
• o furto de coisa comum, que irá se configurar a detenção da coisa para si ou para terceiro, emprega
quando o agente for condômino, coerdeiro ou violência contra pessoa ou grave ameaça;
sócio, e subtrair, para si ou para outrem, a quem Roubo com violência imprópria: o agente subtrai coisa
legitimamente a detém, coisa comum. móvel alheia, depois de havê-la, por qualquer meio, re-
duzido à impossibilidade de resistência.

212
Exemplo 1: Tício, fazendo uso de arma de fogo para O roubo praticado com restrição da liberdade é aque-
intimidar a vítima, anuncia um assalto e subtrai a mochila le que o agente mantém a vítima em seu poder, restrin-
de Mévio – temos aqui o roubo próprio. gindo a sua liberdade. Por exemplo, imagine que Tiago,
Exemplo 2: Tício subtrai uma garrafa de vinho cara em portando uma faca, anuncie um assalto para subtrair o
um supermercado. Ao sair, verifica que o segurança está veículo de Diego. O autor subtrai o veículo, coloca a víti-
vindo em sua direção. Neste momento, Tício, para poder ma no porta-malas e o leva por 10 quilômetros, liberan-
fugir com a garrafa de vinho, desfere um soco no rosto
do-o em seguida.
do segurança, que cai – temos aqui o roubo impróprio.
Exemplo 3: Tício conhece Mévia em uma festa. Os No exemplo acima, será aplicada a causa de aumento
dois vão para a casa dela. Ele coloca sonífero na bebida de pena a Tiago, já que ele restringiu a liberdade de Die-
dela, que entra em sono profundo, em seguida, o agente go, vítima do roubo.
subtrai todo o dinheiro existente na carteira de Mévia – A pena será aumentada de 2/3 (dois terços):
temos aqui o roubo com violência imprópria.
Vamos falar das características do crime de roubo: • Se a violência ou ameaça é exercida com empre-
go de arma de fogo – causa de aumento de pena
• É crime comum, já que pode ser praticado por acrescida pela Lei 13.654/2018;
qualquer pessoa; • Se há destruição ou rompimento de obstáculo me-
• É crime complexo, já que atinge mais de um bem diante o emprego de explosivo ou de artefato aná-
jurídico penalmente relevante (há mais de um cri- logo que cause perigo comum – causa de aumento
me configurando o tipo penal do crime de roubo): de pena acrescida pela Lei 13.654/2018.
furto mais (+) ameaça ou violência;
• Não admite a modalidade culposa;
Se a violência ou grave ameaça é exercida com em-
• É crime material, que exige a ocorrência do resulta-
do para fins de consumação; prego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, apli-
• Para consumação, adota-se, assim como o furto, a ca-se em dobro a pena.
teoria da apprehensio, ou amotio. Pena prevista: reclusão de quatro a dez anos, e multa.
Aplica-se a pena e multiplica por dois.
Roubo majorado O emprego de arma de brinquedo não caracteriza
a aplicação da causa de aumento de pena, entretanto,
Vejamos as causas de aumento de pena aplicáveis ao pode contribuir para a configuração do crime de roubo,
crime de roubo. já que pode caracterizar a grave ameaça.
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até metade:
Roubo qualificado
• Se há concurso de duas ou mais pessoas;
• Se a vítima está em serviço de transporte de valo- O roubo será qualificado pelo resultado em duas
res e o agente conhece tal circunstância;
hipóteses:
• Se a subtração for de veículo automotor que ve-
nha a ser transportado para outro Estado ou para
o exterior; • Lesão corporal grave;
• Se o agente mantém a vítima em seu poder, res- • Morte – latrocínio.
tringindo sua liberdade;
• Se a subtração for de substâncias explosivas ou de A doutrina majoritária entende que a lesão corporal
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possi- grave e a morte não precisam ser praticadas intencional-
bilitem sua fabricação, montagem ou emprego mente pelo agente, ou seja, é possível que o roubo seja
– causa de aumento de pena acrescida pela Lei qualificado pelo resultado, mesmo se o resultado tiver
13.654/2018; sido provocado pelo agente culposamente, quando ele
• Se a subtração for de substâncias explosivas ou de faz uso de violência.
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possi- O latrocínio é um crime qualificado pelo resultado
bilitem sua fabricação, montagem ou emprego. morte.
Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018;
Por incrível que pareça, não se trata de crime contra
• Se a violência ou grave ameaça é exercida com em-
prego de arma branca. Incluído pela Lei nº 13.964, vida, mas sim de crime contra o patrimônio.
de 2019, Pacote Anticrimes. Constitui crime hediondo.
Para compreendermos o momento de consumação
do latrocínio, é necessário que você conheça a Súmula
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

FIQUE ATENTO! 610 do STF.


Em relação à causa de aumento de pena
referente ao concurso de duas ou mais Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando o
pessoas, entende o STJ, em se tratando de homicídio se consuma, ainda que não realize o agente
hipótese de associação criminosa, que os a subtração de bens da vítima.
agentes respondem pelo roubo com au-
mento de pena e pelo crime de associação Sendo assim, amigos, apesar de ser crime contra o
criminosa, em concurso material. patrimônio, o marco para consumação do crime de latro-
cínio é a morte da vítima.

213
Subtração Morte Latrocínio Extorsão: o agente emprega a violência ou grave
ameaça para determinar um comportamento da vítima
Consumada Tentada Latrocínio tentado e obter indevida vantagem econômica; a participação da
Tentada Tentada vítima é indispensável, sem ela, o autor não consegue
Consumada Consumada Latrocínio consumado obter a indevida vantagem econômica.
A extorsão apresenta as seguintes causas de aumento
Tentada Consumada de pena.
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a
FIQUE ATENTO! metade:
Caso o agente mate o seu comparsa, após a
• Se cometido por 2 (duas) ou mais pessoas;
prática do roubo, para ficar com a vantagem • Se cometido com o emprego de arma.
com crime somente para si, não há que se
falar, neste caso, em crime de latrocínio. Vejamos as formas qualificadas do crime de extorsão:

• Lesão corporal de natureza grave;


Estaremos diante da prática do crime de homicídio
• Morte.
qualificado.
Por fim, para encerrarmos o crime de roubo, sobre o
Em 2009, foi inserido no nosso ordenamento jurídico
latrocínio, fique atento ao seguinte: o latrocínio é o rou-
uma nova modalidade de extorsão qualificada.
bo qualificado pelo resultado que da violência emprega-
Estamos falando da extorsão praticada mediante res-
da pelo agente, resultou-se uma morte.
trição da liberdade da vítima, chamada pela doutrina de
Logo, se a morte resultar de outro elemento que sequestro relâmpago.
não seja a violência empregada, não há que se falar em Para que o sequestro relâmpago fique configurado,
latrocínio. o Código Penal exige a restrição da liberdade da vítima
e que essa condição seja necessária para a obtenção da
EXTORSÃO vantagem econômica.
Exemplo: “A”, criminoso conhecido na Cidade, aborda
O crime de extorsão, previsto no Artigo 158 do Códi- “B”, apontando uma arma de fogo para ela, ameaçan-
go Penal, irá se configurar quando o agente constranger do-a. Com a intenção de obter indevida vantagem eco-
alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o nômica, “A” a conduz, forçadamente, em um veículo de
intuito de obter para si ou para outrem indevida vanta- origem duvidosa, ao Banco, constrangendo a vítima, que
gem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de sacar R$ 1.000,00 para o autor.
fazer alguma coisa. No exemplo acima, ficou configurado o crime de
Neste crime, amigos, observe que não se fala em coi- extorsão mediante restrição da liberdade. Analise os
sa móvel, mas sim em indevida vantagem econômica. elementos:
Logo, para a configuração da extorsão, é possível que a
vantagem econômica seja coisa imóvel. • Emprego de grave ameaça;
Características da Extorsão: • Constrangimento à vítima;
• Objetivo de obter indevida vantagem econômica;
• É crime comum, que pode ser praticado por qual- • Restrição da liberdade, que foi condição necessária
quer pessoa; para obtenção da vantagem.
• É crime complexo, já que tutela tanto o patrimônio
quanto a liberdade individual; Se, no caso de sequestro relâmpago, ocorrer o re-
• Não admite a modalidade culposa (só pode ser sultado morte ou o resultado lesão corpora de natureza
praticado dolosamente); grave, o agente será punido com as mesmas penas apli-
• É crime formal, que se consuma com o constran- cadas ao crime de extorsão mediante sequestro qualifi-
gimento, mediante violência ou grave ameaça, in- cada (24 a 30 anos; 16 a 24 anos, respectivamente).
dependentemente de o agente conseguir ou não
obter a indevida vantagem econômica. Extorsão mediante sequestro

Súmula 96 do STJ: O crime de extorsão consuma- A extorsão mediante sequestro, prevista no Artigo
-se independentemente da obtenção da vantagem 159 do Código Penal, configurar-se-á quando o agente
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

indevida. sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para


outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço de
É importante que você não confunda o crime de resgate.
extorsão com o crime de roubo, que acabamos de Neste crime, amigos, temos a restrição da liberdade
estudar: da vítima (mediante sequestro ou cárcere privado), só
Roubo: o agente emprega a violência ou grave amea- que o agente possui uma finalidade específica (exige-se
ça visando à subtração; a participação da vítima é dispen- dolo específico): obter qualquer vantagem (segundo a
sável (caso ela nada faça, o agente pode simplesmente doutrina deve ser vantagem indevida e de natureza pa-
pegar a coisa); trimonial), como condição ou preço de resgate.

214
Características da extorsão mediante sequestro: É um crime que exige dolo específico, já que o agente
pratica os verbos descritos no tipo penal (exigir ou rece-
• É crime comum – qualquer pessoa pode cometê-lo; ber) como garantia de dívida.
• É crime complexo (junção de 2 (dois) crimes – ex- É necessário que o agente abuse da condição de
torsão mais sequestro ou cárcere privado; alguém, assim, por exemplo, suponha que um agiota,
• É crime permanente, já que sua conduta se protrai aproveitando-se da condição de desespero pela qual se
(prolonga) – atenção com a aplicação da súmula passa aquele que solicita um empréstimo, já que o filho
711 do STF; deste se encontra internado em estado grave e ele preci-
• É crime formal, que se consuma com a restrição da se do dinheiro para pagar o tratamento, exija documento
liberdade, desde que motivada pela obtenção de que possa dar causa a procedimento criminal – pronta,
condição ou preço de resgate. teremos configurada a extorsão indireta, já que o agiota
• Não admite a modalidade culposa; abusou da condição da vítima.
• Admite tentativa. No verbo exigir, este crime é formal, consumando-se
com a exigência do documento.
É importante mencionar que o agente deve seques- Já no verbo receber, é crime material, consumando-se
trar “pessoa”. Caso seja um animal (parece bobo, mas já com o efetivo recebimento do documento.
foi cobrado em prova), não haverá o crime de extorsão É admitida a tentativa, já que pode ter seu iter criminis
mediante sequestro. fracionado.
É crime comum, já que não se exige qualquer condi-
ção especial do sujeito.
#FicaDica
É importante mencionar um entendimento DANO
defendido pela doutrina majoritária: sobre
o resultado morte, não é necessário que O crime de dano, previsto no Artigo 163 do Código
seja a vítima, podendo ser qualquer pes- Penal, poderá ser praticado, mediante a execução das se-
soa em decorrência da extorsão mediante guintes condutas: destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
sequestro. Assim, por exemplo, se um em- alheia.
pregado for ao local combinado com os Verbos do crime de dano (observe o que a doutrina
sequestradores, a pedido de seus patrões, estabelece sobre cada um dos verbos):
entregar o resgate e seja morto pelos auto- Destruir – dano total da coisa alheia;
res, a qualificadora será aplicada da mesma Inutilizar – dano parcial, mas que torna a coisa alheia
forma (observe que o empregado não é ví- sem utilidade;
tima do crime – não foi sequestrado e nem Deteriorar – dano parcial da coisa alheia, que fica es-
pagou o resgate). tragado, por exemplo.
Preste bastante atenção: o tipo penal fala em coisa
alheia, sem exigir que seja móvel. Portanto, caso o agen-
A pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão me- te destrua, por exemplo, uma casa, praticará o crime de
diante sequestro, segundo entendimento doutrinário dano.
dominante, quando dela for exigida a vantagem corres- Características do crime de dano:
pondente ao resgate.
A extorsão mediante sequestro traz em suas disposi- • É crime simples – pode ser praticado por qualquer
ções a possibilidade de aplicação do instituto da delação pessoa;
premiada. • Não admite a forma culposa. O dano culposo
A deleção será aplicada no caso de o crime ser come- constitui ilícito de ordem civil;
tido em concurso de pessoas, ao concorrente que denun- • É crime material, que exige a ocorrência do resulta-
ciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado. do (destruição, inutilização ou deterioração);
Neste caso, o concorrente que denunciou terá a pena • Admite a tentativa.
reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços).
Dano qualificado
Extorsão indireta
O dano será praticado na modalidade qualificada, se
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A extorsão indireta constitui forma mais branda de o dano for cometido em uma das hipóteses a seguir:
extorsão, que se configurará quando o agente exigir ou
receber, como garantia de dívida, abusando da situação • Com violência à pessoa ou grave ameaça.
de alguém, documento que pode dar causa a procedi- • Com emprego de substância inflamável ou explo-
mento criminal contra a vítima ou contra terceiro. siva, se o fato não constitui crime mais grave (caso
Como dito acima, é uma forma mais branda de extor- constitua crime mais grave, o agente responderá
são, já que tem como pena a reclusão, de 1 (um) a 3 (três) por ele e não pelo dano).
anos, enquanto a extorsão, em sua modalidade simples,
tem como pena a reclusão, de 4 (quatro) a 10 (anos).

215
• Contra patrimônio da União, de Estado, do Distrito A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando o
Federal, de Município ou de autarquia, fundação agente receber a coisa:
pública, empresa pública, sociedade de econo-
mia mista ou empresa concessionária de serviços • Em depósito necessário;
públicos. • Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquida-
• Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável tário, inventariante, testamenteiro ou depositário
para a vítima. judicial;
• Em razão de ofício, emprego ou profissão.
Caso o crime de dano seja praticado com violência
à pessoa (forma qualificada vista acima), o agente res- Apropriação indébita previdenciária
ponderá pelo crime de dano em concurso com a pena
correspondente à violência. Este é um crime que possui muito posicionamento
O crime de dano será de ação penal privada, proces- jurisprudencial importante. Apesar de não ser cobrado
sando-se mediante queixa, tanto na sua modalidade sim- em provas com tanta frequência, como os crimes que já
ples quanto na sua modalidade qualificada por motivo vimos, é bastante importante para o seu estudo.
egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima. É importante que você conheça a conduta principal e
Nas demais hipóteses qualificadas, a ação penal será as condutas equiparadas.
pública incondicionada.
FIQUE ATENTO!
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Conduta principal: ficará configurada
O crime de apropriação indébita está previsto no Ar- quando o agente deixar de repassar à pre-
tigo 168 do Código Penal. Este crime irá se configurar vidência social as contribuições recolhidas
quando o agente se apropriar de coisa alheia móvel, de dos contribuintes, no prazo e forma legal
que tem a posse ou a detenção. ou convencional.
Neste crime, exige-se que a coisa alheia seja móvel.
Para que você compreenda a apropriação indébita, é
necessário que você saiba que o agente já tem a posse Observe que o tipo penal principal é praticado na
ou a detenção da coisa, passando, posteriormente, a se modalidade omissiva, deixando o agente de praticar uma
agir como se dono da coisa fosse. conduta que deveria (repassar à previdência as contribui-
Você não pode confundir a apropriação indébita com ções recolhidas após reter os valores).
o crime de estelionato. Condutas equiparadas: receberá a mesma pena do
Veja a diferença: crime principal o agente que:

• Apropriação Indébita: o agente recebe a coisa de • Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
boa-fé, depois, muda seu dolo e passa a agir como portância destinada à previdência social que tenha
se fosse dono da coisa (passa a ter má-fé). sido descontada de pagamento efetuado a segu-
• Estelionato: o agente já recebe a coisa de má-fé, rados, a terceiros ou arrecadada do público.
com a intenção de ficar com ela desde o início. • Recolher contribuições devidas à previdência so-
cial que tenham integrado despesas contábeis ou
A apropriação indébita é crime que decorre de uma custos relativos à venda de produtos ou à presta-
relação de confiança entre o autor e a vítima. Esta en- ção de serviços.
trega a coisa móvel ao agente, devido à confiança que • Pagar benefício devido a segurando, quando as
deposita nele. respectivas cotas ou valores já tiverem sido reem-
O agente recebe a coisa com boa intenção, mas, de- bolsados à empresa pela previdência social.
pois (parte da doutrina chama de dolo subsequente),
altera sua intenção, apropria-se da coisa e passa a agir Trata-se de norma penal em branco, complemen-
como dono dela. tada em diversos dispositivos pela lei previdenciária
Veja as principais características da apropriação correspondente.
indébita: Veja as características do crime de apropriação indé-
bita previdenciária:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

• É crime comum, que pode ser praticado por qual-


quer pessoa; • É crime omissivo, como falado acima, já que o
• Não admite a forma culposa; agente não pratica a conduta que se espera dele
• Não admite tentativa, conforme doutrina majoritá- (repassar);
ria, tratando-se de crime unissubsistente; • Não admite a modalidade culposa;
• É crime material, que se consuma quando o agente • Deverá ser praticado de forma dolosa. Segundo o
inverte a posse da coisa alheia móvel. STF, não é necessário dolo específico (especial fim
de agir);
• Não admite tentativa;

216
• Segundo a jurisprudência, tanto do STF quanto do Exemplo: “A” recebe em sua casa, por erro do entre-
STJ, é crime material; gador das Casas Bahia, uma televisão de 50 polegadas. O
• O STJ admite a aplicação do princípio da insignifi- agente se apropria da coisa havida por erro.
cância ao delito de apropriação indébita previden- Caso “A” tenha recebido a coisa de boa-fé, mas, pos-
ciária, quando o valor do débito com a Previdência teriormente, altere a posse da coisa, apropriando-se dela,
Social não ultrapassar o valor de R$ 10.000,00 (dez irá cometer o crime de apropriação de coisa havida por
mil reais); erro, caso fortuito ou força da natureza.
• O STF também admite a aplicação do princípio da Este crime não admite a modalidade culposa, poden-
insignificância ao crime de apropriação indébita do ser praticado apenas a título de dolo.
previdenciária, entretanto, a Corte Suprema tem É crime comum, podendo ser praticado por qualquer
sido bem mais rigorosa para com a aplicação. pessoa.
O Código Penal apresenta duas hipóteses asseme-
A pena deste crime poderá ser extinta (extinção da lhadas, punidas com a mesma pena: a apropriação de
punibilidade), caso o agente, espontaneamente, declare, tesouro e a apropriação de coisa achada.
confesse e efetue o pagamento das contribuições, im-
portâncias ou valores e preste as informações devidas à Apropriação de tesouro
previdência social, na forma definida em lei ou regula-
mento, antes do início da ação fiscal. Irá praticar este crime o agente que acha tesouro em
Apesar de o Código Penal estabelecer que a conduta prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quo-
do agente, para que sua punibilidade seja extinta, seja ta a que tem direito o proprietário do prédio.
praticada antes do início da ação fiscal, o STF e o STJ têm Aqui, pune-se a conduta do indivíduo que acha te-
admitido a aplicação da exclusão da punibilidade com o souro em prédio que pertence a outra pessoa e se apro-
pagamento efetuado a qualquer tempo, desde que antes pria da quota-parte que o proprietário do prédio tem
do trânsito em julgado (sentença definitiva). direito, de acordo com o Código Civil, que estabelece
Para encerrarmos o crime de apropriação indébita
que o tesouro deve ser dividido igualmente entre aquele
previdenciária, vamos verificar uma hipótese de perdão
que achou e entre o proprietário do local em que ele foi
judicial e de crime privilegiado.
achado.
A Lei nº 13.606/2018, lei bastante atual, diga-se de
O Código Civil conceitua tesouro como depósito an-
passagem (importante que você preste bastante aten-
tigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja
ção), acrescentou dispositivo ao Código Penal que es-
memória.
tabelece que a faculdade atribuída ao juiz de deixar de
O tipo penal não se caracteriza com o verbo “achar”.
aplicar a pena ou de aplicar somente a pena de multa
Tome cuidado. Aquele que acha tesouro não comete
não se aplica aos casos de parcelamento de contribui-
crime algum. A conduta criminosa se encontra no verbo
ções cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior
àquele estabelecido, administrativamente, como sendo “apropriar-se”, quando o agente se apropria da parte a
mínimo para ajuizamento de suas execuções fiscais. que tem direito o proprietário do prédio.
Faculta-se ao juiz: Para que este crime se configure, é necessário que
o tesouro tenha sido localizado em prédio que possua
• Deixar de aplicar a pena (perdão judicial); proprietário.
• Aplicar somente a pena de multa (crime
privilegiado). Apropriação de coisa achada

Se o agente for primário e de bons antecedentes, E aquele lance do “achado não é roubado”, ditado
desde que o agente: popular muito do dito?
O crime de apropriação de coisa achada não é muito
• Tenha promovido, após o início da ação fiscal e an- conhecido, mas existe.
tes de oferecida a denúncia, o pagamento da con- Este crime será aplicado a quem achar coisa alheia
tribuição social previdenciária, inclusive acessórios; perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, dei-
• O valor das contribuições devidas, inclusive aces- xando de restitui-la ao dono ou legítimo possuidor ou de
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de
pela previdência social, administrativamente, como 15 (quinze) dias.
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas exe- Trata-se de crime a prazo, que é aquele que, para sua
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

cuções fiscais. consumação, exige que transcorra determinado período


(15 dias).
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortui- É crime comum, que pode ser praticado por qualquer
to ou força da natureza pessoa. O crime de apropriação de coisa achada poderá
se configurar:
Neste crime, a apropriação se dá, não devido a rela-
ção de confiança existente entre autor e vítima, mas sim, • Se o agente deixa de restituir a coisa achada ao
porque a coisa chegou ao poder do agente por erro, caso dono ou legítimo possuidor
fortuito ou força da natureza.

217
• Se o agente deixa de entregar a coisa achada à au- Nas mesmas penas incorre quem:
toridade competente.
• Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
Por fim, o Código Penal estabelece a possibilidade de em garantia coisa alheia como própria – disposição
se aplicar aos crimes previstos no capítulo da apropria- de coisa alheia como própria.
ção indébita, os institutos aplicáveis ao furto privilegiado.
Logo: O agente, neste crime, faz com que coisa alheia se
passe como dele, enganando outrem. Os verbos previs-
• Se o criminoso é primário; tos no tipo são: vender, permutar (trocar), dar como pa-
• Se é de pequeno valor a coisa. gamento, locação ou garantia.

O juiz poderá: • Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia


coisa própria inalienável, gravada de ônus ou liti-
giosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro,
• Substituir a pena de reclusão pela pena de
mediante pagamento em prestações, silenciando
detenção;
sobre qualquer dessas circunstâncias – alienação
• Diminuir a pena de 1/3 a 2/3;
ou oneração fraudulenta de coisa própria;
• Aplicar somente a pena de multa. • Defrauda, mediante alienação não consentida pelo
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia,
ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES quando tem a posse do objeto empenhado – de-
fraudação de penhor;
Estelionato • Defrauda substância, qualidade ou quantidade, de
coisa que deve entregar a alguém – fraude na en-
O crime de estelionato será praticado quando o trega de coisa;
agente obtiver, para si ou para outrem, vantagem ilíci- • Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró-
ta, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
em erro, mediante artifício ardil ou qualquer outro meio as consequências da lesão ou doença, com o intui-
fraudulento. to de haver indenização ou valor de seguro – frau-
Observe que o crime fala em vantagem ilícita (segun- de para recebimento de indenização ou valor de
do a doutrina majoritária, deve ser vantagem de natureza seguro.
patrimonial), podendo ser coisa móvel ou imóvel.
A vantagem ilícita é obtida pelo agente, que se utiliza O crime de fraude para recebimento de indenização
de artificio ardil (método de enganar) ou qualquer outro ou valor de seguro, segundo a doutrina majoritária, é cri-
tipo de fraude. me formal, que se consuma com a prática da conduta, in-
Ele induz a vítima em erro (ela não estava em erro e o dependentemente de o agente conseguir ou não receber
agente o faz) ou mantém a vítima em erro (ela estava em os valores referentes a indenização ou valor de seguro.
erro, o agente, de má-fé, faz com que ela permaneça). Lembre-se que o agente não é punido penalmente
No estelionato, a vítima, devido ao fato de ter sido por causar mal somente a si mesmo, sendo assim, caso
enganada, colabora com o agente, entregando-lhe, de ele se lesione com o fim de receber seguro, ele não
alguma forma, a vantagem. será sujeito passivo do crime. O sujeito passivo será a
A condição acima, inclusive, é fator que serve para seguradora.
diferenciar o estelionato de outros tipos penais que com
• Emite cheque, sem suficiente prisão de fundos em
ele possam se confundir.
poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento –
Características do crime de estelionato:
fraude no pagamento por meio de cheque.
• Crime comum: não se exige características especí- Leve em consideração que, para configuração des-
ficas do sujeito ativo; ta forma equiparada de estelionato é necessário que o
• É crime material: o crime se consuma com a ocor- agente saiba desde o início que não dispõe de fundos
rência do resultado obtenção da vantagem ilícita, para cobrir o cheque, não se englobando nesta modali-
acarretando prejuízo a terceiro; dade criminosa os casos de não pagamento de cheque
• Não admite a forma culposa: só se pratica a título por motivos cotidianos (sem má-fé).
de dolo;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

• Admite a modalidade tentada. É importante que você conheça duas súmulas do


STF, referentes ao crime de fraude no pagamento por
O estelionato privilegiado é aquele em que o agente meio de cheque.
é primário e é de pequeno valor o prejuízo, poderá o juiz,
neste caso, substituir a pena de reclusão pela pena de Súmula 521: O foro competente para o processo e jul-
detenção; diminuir a pena de 1/3 a 2/3 ou aplicar somen- gamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade
te a pena de multa. da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos,
Vejamos as formas equiparadas do crime de estelio- é o local onde se deu a recusa do pagamento pelo
nato, que serão submetidas às mesmas penas. sacado.

218
Súmula 554: O pagamento de cheque emitido sem Admite-se a aplicação do instituto do perdão judicial,
provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, já que o juiz, conforme as circunstâncias, poderá deixar
não obsta ao prosseguimento da ação penal. de aplicar a pena.

Podemos concluir, pela leitura da Súmula 554, que se RECEPTAÇÃO


o agente pagar os valores referentes ao cheque emitido
sem fundos, antes do recebimento da denúncia, será im- O crime de receptação pode ser dividido em:
pedido o início da ação penal.
Para responder esta pergunta, você deve conhecer a • Receptação simples;
Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no esteliona- • Receptação qualificada;
to, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. • Receptação culposa;
Entenda da seguinte forma: se o uso do documento • Receptação de animal.
falso se exaurir (extinguir) na prática do estelionato, este
crime absorverá aquele. Antes de iniciarmos a análise de cada uma das divi-
Se não se exaurir, o agente responderá pelos dois cri- sões feitas acima, é importante mencionar que, segundo
mes em concurso formal. posicionamento doutrinário majoritária, confirmada pela
Observe as causas de aumento de pena previstas no jurisprudência do STF, a coisa deve ser móvel.
Código Penal para o estelionato. É importante que você saiba, também, que a recepta-
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o crime ção é punível ainda que desconhecido ou isento de pena
é praticado: o autor do crime de que proveio a coisa.
Logo, a punição da receptação não depende da puni-
• Em detrimento de entidade de direito público ou ção do crime anterior, de que se obteve a coisa.
de instituto de economia popular, assistência so-
cial ou beneficência; Receptação simples
• É chamado de estelionato previdenciário.
O crime de receptação, previsto no Artigo 180 do Có-
A pena será aplicada em dobro: digo Penal, pratica-se quando o agente adquirir, receber,
transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou
• Se o crime de estelionato for praticado contra alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir
idoso. para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
A doutrina divide a receptação simples em própria ou
Somente se procede mediante representação, salvo imprópria. Conheça tal divisão:
se a vítima for:
• Receptação Própria: adquirir, receber, transportar,
• A Administração Pública, direta ou indireta; conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio,
• Criança ou adolescente; coisa que sabe ser produto de crime.
• Pessoa com deficiência mental; ou • Receptação Imprópria: influir para que terceiro, de
• Maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. boa-fé, a adquira, receba ou oculte.

Outras fraudes A receptação é crime de tipo misto alternativo, po-


dendo o agente ser responsabilizado penalmente caso
O crime fica configurado quando o agente tomar re- pratique qualquer um dos verbos descritos no tipo penal.
feição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se
de meio de transporte sem dispor de recursos para efe- Receptação qualificada
tuar o pagamento.
É necessário (elementar do tipo penal) que o agente A receptação qualificada é aquela praticada no exer-
não tenha recursos para pagar a refeição, o alojamento cício de atividade comercial ou industrial.
ou o meio de transporte. Será qualificada a receptação quando o agente ad-
Caso o agente tenha os recursos necessários, entre- quirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em de-
tanto, recuse-se a efetuar o pagamento, não cometerá o pósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à
crime de outras fraudes. venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito pró-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Deve-se se identificar a má-fé do agente, quando da prio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
prática da conduta descrita no tipo penal. Ele deve saber industrial, coisa que deve saber ser produto de crime.
que não dispõe de recursos para pagar e mesmo assim A pena no caso da modalidade qualificada será de 3
utiliza dos serviços descritos. Caso ocorra um imprevisto, (três) a 8 (oito) anos. É admitido, na receptação qualifica-
o agente perde seu dinheiro sem saber, por exemplo, ele da, tanto o dolo direto quanto o dolo eventual (coisa que
não será responsabilizado penalmente. deve saber ser produto de crime).
Trata-se de crime promovido mediante ação penal
pública condicionada à representação da vítima.

219
Será equiparada à atividade comercial, para fins de Aqui, também é admitido o dolo eventual (que deve
receptação qualificada, qualquer forma de comércio ir- saber ser produto de crime).
regular ou clandestino, inclusive aquele exercido em Semovente domesticável de produção pode ser en-
residência. tendido como o animal de bando, como bovinos e suí-
nos, que constituem patrimônio de alguém, domestica-
Receptação culposa dos com finalidade produtiva.
Exemplo: Fulano adquiri, no exercício do comércio em
Segundo entendimento doutrinário majoritário, a re- seu açougue, gado abatido após ser furtado em uma fa-
ceptação será culposa quando o agente adquirir ou re- zenda, com a finalidade de comercializar a carne.
ceber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção Fulano praticou o crime de receptação de animal.
entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a ofe-
rece, deve presumir-se obtida por meio criminoso. DISPOSIÇÕES GERAIS
Exemplo: Fulano adquiri uma motocicleta, avaliada
As informações que veremos a seguir se aplicam aos
em R$ 10.000,00, de Ciclano, que pediu por ela o valor de
crimes contra o patrimônio de maneira geral.
R$ 2.500,00. Fulano é abordado por policiais civis, iden-
As disposições gerais dos crimes contra o patrimô-
tificando-se, posteriormente, que a motocicleta é objeto
nio apresentam hipóteses de isenção de pena, em que o
de furto. crime se procederá mediante ação penal condicionada à
É possível que Fulano seja responsabilizado crimi- representação.
nalmente por receptação culposa, já que há muita des- Nos casos das hipóteses de isenção de pena, estare-
proporção entre o valor da coisa e o preço pedido pelo mos diante da doutrina chamada de escusas absolutórias.
agente, tendo ele elementos para presumir que a coisa O caso de ação penal condicionada é importante, já
foi obtida por meio criminoso. que, em regra, os crimes contra o patrimônio se promo-
À receptação culposa se aplica o instituto do perdão vem mediante ação pública incondicionada.
judicial, podendo o juiz deixar de aplicar a pena, levando Será isento de pena quem cometer qualquer crime
em consideração as circunstâncias do fato e caso o crimi- contra o patrimônio em prejuízo:
noso seja primário.
No caso de receptação dolosa, aplica-se o instituto • Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
do privilégio, podendo o juiz, caso o agente seja primá- • De ascendente ou descendente, seja o parentesco
rio e seja de pequeno valor a coisa, substituir a pena de legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
reclusão pela pena de detenção, reduzir a pena de 1/3 a
2/3; ou aplicar somente a pena de multa. Os crimes contra o patrimônio somente se procede-
Em 2017, por meio da Lei 13.531, foi inserido impor- rão mediante representação se cometido em prejuízo:
tante dispositivo ao Código Penal, que aumenta a pena Não se aplica as disposições ao lado:
do agente do dobro.
A pena prevista para a receptação simples (própria ou • Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,
imprópria) será aplicada em dobro, tratando-se de bens quando haja emprego de grave ameaça ou violên-
do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, cia à pessoa;
de Município ou de autarquia, fundação pública, empre- • Ao estranho que participa do crime;
sa pública, sociedade de economia mista ou empresa • Se o crime é praticado contra pessoa com idade
concessionária de serviços públicos. igual ou superior a 60 (sessenta) anos;
• Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
• De irmão, legítimo ou ilegítimo;
Receptação de animal
• De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Podemos entender este crime como uma forma qua-
É fundamental que você compreenda a aplicação
lificada de receptação, já que se altera os patamares mí- das disposições gerais.
nimos e máximos da pena.
A receptação simples tem a pena de reclusão, de 1 a Exemplo 1: Sandro subtrai, para si, R$ 1.500,00 na car-
4 anos, e multa; já a receptação de animal tem a pena de teira de sua esposa, com quem é casado há 5 anos.
reclusão, de 2 a 5 anos e multa. No exemplo 1, será possível aplicar a Sandro a escu-
O crime de receptação de animal está previsto no Ar- sa absolutória, ficando ele isento de pena, já que prati-
tigo 180-A do Código Penal. cou crime de furto contra a sua esposa na constância do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Foi inserido pela Lei 13.330/2016, sendo, portanto, casamento.


um tipo penal bastante recente. Exemplo 2: Barros, mediante uso de artifício ardil, in-
Este crime será praticado quando o agente adquirir, duzindo a vítima a erro, obtém o aparelho celular do seu
receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito tio Francisco, com quem mora junto há 10 anos.
ou vender, com a finalidade de produção ou de comer- No exemplo 2, Barros poderá ser processado pelo
cialização, semovente domesticável de produção, ainda crime de estelionato, porém, o crime irá se proceder me-
que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser diante ação penal pública condicionada (o estelionato é
produto de crime. crime de ação incondicionada), já que Francisco é tio e
coabita com o agente.

220
Exemplo 3: Jefferson pretende subtrair R$ 5.000,00 de STF entende que “o sinal de TV a cabo não é energia,
seu pai Zé Maria, idoso de 65 anos de idade. Para praticar e assim, não pode ser objeto material do delito previsto
o crime, Jefferson chama seu vizinho e amigo Hudson. no art. 155, § 3º, do Código Penal”.
Ambos entram na casa de Jefferson e, aproveitando que STJ entende que sinal de TV é energia, punindo-se na
Zé Maria está dormindo, subtraem os valores menciona- forma do art. 155, § 3º, do Código Penal.
dos que estava guardado dentro de uma gaveta.
No exemplo 3, não poderá ser aplicada a escusa abso- 3. (CESPE – 2015) A respeito dos crimes contra o patri-
lutório a Jefferson e a Hudson, porque a vítima é pessoa mônio, julgue o item a seguir. O crime de extorsão me-
que conta com mais de 60 anos de idade. Caso a idade diante sequestro, desde que se prove que a intenção do
da vítima fosse inferior a 60 anos, poderia ser aplicada a agente era, de fato, sequestrar a vítima, se consuma no
escusa absolutória a Jefferson, mas a Hudson não, já que exato instante em que a pessoa é sequestrada, privada
este é terceiro estranho que participa do crime. de sua liberdade, independentemente de o(s) seques-
trador(es) conseguir(em) solicitar(em) ou receber(em) o
resgate.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
(  ) CERTO (  ) ERRADO
1. (CESPE – 2018) Com relação aos crimes em espécie, Resposta: Certo.
julgue o item que se segue, considerando o entendi- O crime de extorsão, mediante sequestro, art. 159, do
mento firmado pelos tribunais superiores e a doutrina Código Penal, consuma-se com a realização da priva-
majoritária. ção da liberdade da vítima, pois se trata de crime for-
Situação hipotética: Um indivíduo, penalmente impu- mal. Fique atento que o recebimento da quantia exi-
tável, ameaçou com arma de fogo um adolescente e
gida pelo sequestrador, é mero exaurimento do crime.
subtraiu-lhe todos os pertences, incluindo-se valores e
objetos pessoais. O autor foi preso logo depois, em fla-
4. (CESPE – 2015) A respeito dos crimes contra o patri-
grante delito, todavia, quando da abordagem policial, já
mônio, julgue o item a seguir.
não mais portava a arma utilizada no roubo.
Considere que um indivíduo tenha encontrado, na rua,
Assertiva: Nessa situação, o agente responderá pelo
um celular identificado e totalmente desbloqueado. Con-
roubo na forma simples, sendo indispensável a apreen-
sidere, ainda, que esse indivíduo tenha mantido o objeto
são da arma de fogo pela autoridade policial para a ca-
racterização da correspondente majorante do crime. em sua posse, deixando de restituí-lo ao dono. Nessa si-
tuação, só existirá infração penal se o legítimo dono do
(  ) CERTO (  ) ERRADO objeto tiver reclamado a sua posse e o objeto não lhe
tiver sido devolvido.
Resposta: Errado.
Neste caso, o agente responderá por roubo majorado, (  ) CERTO (  ) ERRADO
pois, de acordo com os tribunais superiores, dispensa-
-se a apreensão da arma quando possível comprovar Resposta: Errado.
o seu uso por outros meios de prova. A questão trata do crime de apropriação de coisa
Informativo 536: Não é obrigatório que a arma de fogo achada, art. 168, II, do Código Penal. O sujeito que
seja periciada ou apreendida, desde que, outros meios acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou
de prova demonstrem seu potencial lesivo. Exemplos de parcialmente, deixando de restitui-la ao dono ou legí-
provas: testemunhas, imagens de câmera de segurança. timo possuidor, ou de entregá-la à autoridade compe-
tente, dentro do prazo de quinze dias, pratica o crime
2. (CESPE – 2018) Cada um do item a seguir apresenta de apropriação de coisa achada.
uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser
julgada, a respeito da aplicação e da interpretação da lei 5. (CESPE – 2013) Em cada item a seguir, é apresentada
penal, do concurso de pessoas e da culpabilidade. uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser
Um indivíduo, penalmente imputável, em continuidade julgada com base no direito penal.
delitiva, foi flagrado por autoridade policial no decorrer Três criminosos interceptaram um carro forte e domina-
da prática criminosa de furtar sinal de TV a cabo. Nessa ram os seguranças, reduzindo-lhes por completo qual-
situação, de acordo com o atual entendimento do Supre- quer possibilidade de resistência, mediante grave ameaça
mo Tribunal Federal, aplica-se a analogia ao caso concre- e emprego de armamento de elevado calibre. O grupo,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

to, no sentido de imputar ao agente a conduta típica do entretanto, encontrou vazio o cofre do veículo, pois, por
crime de furto de energia elétrica. erro de estratégia, efetuara a abordagem depois que os
valores e documentos já haviam sido deixados na agên-
(  ) CERTO (  ) ERRADO cia bancária. Por fim, os criminosos acabaram fugindo
sem nada subtrair. Nessa situação, ante a inexistência
Resposta: Errado. de valores no veículo e ante a ausência de subtração de
Vamos ser bem objetivos: bens, elementos constitutivos dos delitos patrimoniais,

221
ficou descaracterizado o delito de roubo, subsistindo o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998,
apenas o crime de constrangimento ilegal qualificado nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em
pelo concurso de pessoas e emprego de armas. um só exemplar, para uso privado do copista, sem in-
tuito de lucro direto ou indireto. (Incluído pela Lei nº
(  ) CERTO (  ) ERRADO 10.695, de 1º.7.2003)
Resposta: Errado. Usurpação de nome ou pseudônimo alheio
Muita atenção nesta questão. Segundo o STF, “A ine-
xistência de bens ou dinheiro em poder da vítima de Art. 185 - (Revogado pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
roubo não caracteriza a hipótese de crime impossível, Art. 186. Procede-se mediante: (Redação dada pela
uma vez que o delito de roubo é complexo, cuja exe- Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
cução inicia-se com a violência ou grave ameaça à ví- I – queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184;
tima” (HC 78.700-SP, rel. Min. Ilmar Galvão, 16.3.99). (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
II – ação penal pública incondicionada, nos crimes
previstos nos §§ 1o e 2o do art. 184; (Incluído pela Lei
CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE
nº 10.695, de 1º.7.2003)
IMATERIAL
III – ação penal pública incondicionada, nos crimes co-
metidos em desfavor de entidades de direito público,
TÍTULO III autarquia, empresa pública, sociedade de economia
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL mista ou fundação instituída pelo Poder Público; (In-
cluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
CAPÍTULO I IV – ação penal pública condicionada à representação,
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL
nos crimes previstos no § 3o do art. 184. (Incluído pela
Violação de direito autoral Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são co- CAPÍTULO II
nexos: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) DOS CRIMES CONTRA O PRIVILÉGIO DE INVENÇÃO
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou
multa. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Violação de privilégio de invenção
§ 1º Se a violação consistir em reprodução total ou
parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por Art. 187. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
qualquer meio ou processo, de obra intelectual, inter-
pretação, execução ou fonograma, sem autorização Falsa atribuição de privilégio
expressa do autor, do artista intérprete ou executante,
do produtor, conforme o caso, ou de quem os repre- Art. 188. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
sente: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Usurpação ou indevida exploração de modelo ou de-
§ 2º Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o senho privilegiado
intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, ex-
põe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, Art. 189. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual
ou fonograma reproduzido com violação do direito de Falsa declaração de depósito em modelo ou desenho
autor, do direito de artista intérprete ou executante ou
do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga Art. 190. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, Art. 191. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
sem a expressa autorização dos titulares dos direitos
ou de quem os represente. (Redação dada pela Lei nº CAPÍTULO III
10.695, de 1º.7.2003) DOS CRIMES CONTRA AS
§ 3º Se a violação consistir no oferecimento ao públi-
MARCAS DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO
co, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qual-
quer outro sistema que permita ao usuário realizar a
seleção da obra ou produção para recebê-la em um Violação do direito de marca
tempo e lugar previamente determinados por quem
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou in- Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
direto, sem autorização expressa, conforme o caso, do
autor, do artista intérprete ou executante, do produtor Uso indevido de armas, brasões e distintivos públicos
de fonograma, ou de quem os represente: (Redação
dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Marca com falsa indicação de procedência
§ 4º O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quan-
do se tratar de exceção ou limitação ao direito de au- Art. 194. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
tor ou os que lhe são conexos, em conformidade com

222
Art. 195. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996) Paralisação de trabalho de interesse coletivo

CAPÍTULO IV Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono co-


DOS CRIMES DE CONCORRÊNCIA DESLEAL letivo de trabalho, provocando a interrupção de obra
pública ou serviço de interesse coletivo:
Concorrência desleal Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 196. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996) Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou
agrícola. Sabotagem
TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento indus-
A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO trial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir
ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o
Atentado contra a liberdade de trabalho mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas
nele existentes ou delas dispor:
Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
ou grave ameaça:
Frustração de direito assegurado por lei trabalhista
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou in-
dústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, di-
período ou em determinados dias: reito assegurado pela legislação do trabalho:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além
da pena correspondente à violência; da pena correspondente à violência. (Redação dada
II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de traba-
pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
lho, ou a participar de parede ou paralisação de ativi-
§ 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela Lei
dade econômica:
nº 9.777, de 1998)
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de de-
além da pena correspondente à violência.
terminado estabelecimento, para impossibilitar o des-
Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e ligamento do serviço em virtude de dívida; (Incluído
boicotagem violenta pela Lei nº 9.777, de 1998)
II - impede alguém de se desligar de serviços de qual-
Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência quer natureza, mediante coação ou por meio da re-
ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou tenção de seus documentos pessoais ou contratuais.
a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
matéria-prima ou produto industrial ou agrícola: § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante,
da pena correspondente à violência. indígena ou portadora de deficiência física ou mental.
(Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
Atentado contra a liberdade de associação
Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho
Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência
ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência,
de determinado sindicato ou associação profissional: obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além
da pena correspondente à violência. da pena correspondente à violência.

Paralisação de trabalho, seguida de violência ou per- Exercício de atividade com infração de decisão
turbação da ordem administrativa
Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono co- Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por
letivo de trabalho, praticando violência contra pessoa decisão administrativa:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ou contra coisa:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além
da pena correspondente à violência.
Aliciamento para o fim de emigração
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o
abandono de trabalho é indispensável o concurso de,
pelo menos, três empregados. Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude,
com o fim de levá-los para território estrangeiro. (Re-
dação dada pela Lei nº 8.683, de 1993)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
(Redação dada pela Lei nº 8.683, de 1993)

223
Aliciamento de trabalhadores de um local para outro Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de
do território nacional obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los
de uma para outra localidade do território nacional: Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de
Pena - detenção de um a três anos, e multa. (Redação 2018)
dada pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar traba- Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua
lhadores fora da localidade de execução do trabalho, anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a
dentro do território nacional, mediante fraude ou co- própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº
brança de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, 13.718, de 2018)
não assegurar condições do seu retorno ao local de Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato
origem. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998) não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço 13.718, de 2018)
se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
indígena ou portadora de deficiência física ou mental.
(Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998) Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de
2001)

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de ob-
ter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-
-se o agente da sua condição de superior hierárquico
TÍTULO VI ou ascendência inerentes ao exercício de emprego,
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL cargo ou função. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) de 2001)
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído
CAPÍTULO I pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 10.224, de 15 de 2001)
§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a víti-
Estupro ma é menor de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou CAPÍTULO I-A
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL
dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza Registro não autorizado da intimidade sexual
grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar,
de 14 (catorze) anos:(Incluído pela Lei nº 12.015, de
por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou
2009)
ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído
sem autorização dos participantes: (Incluído pela Lei
pela Lei nº 12.015, de 2009)
nº 13.772, de 2018)
§ 2º Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
12.015, de 2009)
multa.
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluí-
do pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem reali-
Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) za montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer
outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de
Violação sexual mediante fraude nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato CAPÍTULO II
libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015,
de 2009) Sedução
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

224
Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de § 2º Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº
2009) 12.015, de 2009)
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidi-
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro noso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de
ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (In- 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste
cluído pela Lei nº 12.015, de 2009) artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluí- II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo lo-
do pela Lei nº 12.015, de 2009) cal em que se verifiquem as práticas referidas no caput
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
descritas no caput com alguém que, por enfermidade § 3º Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito
ou deficiência mental, não tem o necessário discer- obrigatório da condenação a cassação da licença de
nimento para a prática do ato, ou que, por qualquer localização e de funcionamento do estabelecimento.
outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia (In-
grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) cluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmi-
§ 4º Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº tir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
12.015, de 2009) divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (In- comunicação de massa ou sistema de informática ou
cluído pela Lei nº 12.015, de 2009) telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audio-
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º visual que contenha cena de estupro ou de estupro de
deste artigo aplicam-se independentemente do con-
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prá-
sentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido re-
tica, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo,
lações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela
nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de
Lei nº 13.718, de 2018)
2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
Corrupção de menores
não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº
13.718, de 2018)
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos
a satisfazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela
Lei nº 12.015, de 2009) Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação 2018)
dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
12.015, de 2009) terços) se o crime é praticado por agente que man-
Satisfação de lascívia mediante presença de criança tém ou tenha mantido relação íntima de afeto com
ou adolescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, con-
junção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfa- Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de
zer lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 2018)
12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Incluído § 2º Não há crime quando o agente pratica as condu-
pela Lei nº 12.015, de 2009) tas descritas no caput deste artigo em publicação de
natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de com a adoção de recurso que impossibilite a identifi-
exploração sexual de criança ou adolescente ou de cação da vítima, ressalvada sua prévia autorização,
vulnerável. (Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014) caso seja maior de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei
nº 13.718, de 2018)
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição
ou outra forma de exploração sexual alguém menor CAPÍTULO III
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou de- DO RAPTO


ficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar Rapto violento ou mediante fraude
que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluí- Art. 219 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
do pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter van- Rapto consensual
tagem econômica, aplica-se também multa. (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 220 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

225
Diminuição de pena Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

Art. 221 -(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) Aumento de pena

Concurso de rapto e outro crime § 1º - As penas aumentam-se de um terço:


I - se o crime é cometido com intuito de obter vanta-
Art. 222 -(Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) gem pecuniária em proveito próprio ou alheio;
II - se o incêndio é:
CAPÍTULO IV a) em casa habitada ou destinada a habitação;
DISPOSIÇÕES GERAIS b) em edifício público ou destinado a uso público ou a
obra de assistência social ou de cultura;
Art. 223 -(Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de
Art. 224 -(Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) transporte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
Ação penal e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
deste Título, procede-se mediante ação penal pública h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de
2018) Incêndio culposo
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei
nº 13.718, de 2018) § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de
seis meses a dois anos.
Aumento de pena
Explosão
Art. 226. A pena é aumentada:(Redação dada pela Lei
nº 11.106, de 2005) Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o con- ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arre-
curso de 2 (duas) ou mais pessoas;(Redação dada pela messo ou simples colocação de engenho de dinamite
Lei nº 11.106, de 2005) ou de substância de efeitos análogos:
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou ex-
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por plosivo de efeitos análogos:
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela; (Re- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
dação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) Aumento de pena
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
praticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) § 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre
qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo
Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; (In-
cluído pela Lei nº 13.718, de 2018) Modalidade culposa
Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
b) para controlar o comportamento social ou sexual § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite
da vítima. ou substância de efeitos análogos, a pena é de deten-
ção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de
CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE detenção, de três meses a um ano.
PÚBLICA
Uso de gás tóxico ou asfixiante
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

TÍTULO VIII Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física


DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou
CAPÍTULO I asfixiante:
DOS CRIMES DE PERIGO COMUM Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Incêndio Modalidade Culposa

Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a Parágrafo único - Se o crime é culposo:
integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano.

226
Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa cau-
de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante sar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade
econômica:
Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
transportar, sem licença da autoridade, substância ou
engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou mate- Modalidade culposa
rial destinado à sua fabricação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de de-
tenção, de um a seis meses, ou multa.
Inundação
CAPÍTULO II
Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a DOS CRIMES CONTRA A
vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no
caso de culpa. Perigo de desastre ferroviário

Perigo de inundação Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de


ferro:
Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou
próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integri- parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tra-
dade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo na- ção, obra-de-arte ou instalação;
tural ou obra destinada a impedir inundação: II - colocando obstáculo na linha;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos
veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcio-
Desabamento ou desmoronamento namento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia;
IV - praticando outro ato de que possa resultar
Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, desastre:
expondo a perigo a vida, a integridade física ou o pa- Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
trimônio de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Desastre ferroviário

Modalidade culposa § 1º - Se do fato resulta desastre:


Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.
Parágrafo único - Se o crime é culposo: § 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Pena - detenção, de seis meses a um ano. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por es-
Subtração, ocultação ou inutilização de material de trada de ferro qualquer via de comunicação em que
salvamento circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou
por meio de cabo aéreo.
Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião
de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre Atentado contra a segurança de transporte marítimo,
ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio fluvial ou aéreo
destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro
ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave,
natureza: própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou
aérea:
Formas qualificadas de crime de perigo comum Pena - reclusão, de dois a cinco anos.

Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resul- Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa


de liberdade é aumentada de metade; se resulta mor- § 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou en-
te, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato calhe de embarcação ou a queda ou destruição de
resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; aeronave:
se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homi- Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
cídio culposo, aumentada de um terço.

Difusão de doença ou praga

227
Prática do crime com o fim de lucro Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena quem interrompe serviço
§ 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente telemático ou de informação de utilidade pública, ou
pratica o crime com intuito de obter vantagem econô- impede ou dificulta-lhe o restabelecimento. (Incluído
mica, para si ou para outrem. pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 2º Aplicam-se as penas em dobro se o crime é come-
Modalidade culposa tido por ocasião de calamidade pública. (Incluído pela
Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
Atentado contra a segurança de outro meio de
Epidemia
transporte
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação
Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte pú-
de germes patogênicos:
blico, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento:
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada
Pena - detenção, de um a dois anos. pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, § 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em
de dois a cinco anos. dobro.
§ 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre: § 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a
Pena - detenção, de três meses a um ano. dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.

Forma qualificada Infração de medida sanitária preventiva

Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos Art. 268 - Infringir determinação do poder público,
arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta destinada a impedir introdução ou propagação de
lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. doença contagiosa:
258. Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço,
Arremesso de projétil se o agente é funcionário da saúde pública ou exer-
ce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou
Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em mo- enfermeiro.
vimento, destinado ao transporte público por terra,
por água ou pelo ar: Omissão de notificação de doença
Pena - detenção, de um a seis meses.
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade
a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; se pública doença cuja notificação é compulsória:
resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
de um terço.
Envenenamento de água potável ou de substância ali-
mentícia ou medicinal
Atentado contra a segurança de serviço de utilidade
pública
Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum
ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal
Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funcio-
destinada a consumo:
namento de serviço de água, luz, força ou calor, ou Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada
qualquer outro de utilidade pública: pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. § 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a con-
Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um sumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuí-
terço) até a metade, se o dano ocorrer em virtude de da, a água ou a substância envenenada.
subtração de material essencial ao funcionamento dos
serviços. (Incluído pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967) Modalidade culposa
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, te- § 2º - Se o crime é culposo:


lefônico, informático, telemático ou de informação de Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
utilidade pública (Redação dada pela Lei nº 12.737, de
2012) Vigência Corrupção ou poluição de água potável

Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfi- Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso
co, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou dificul- comum ou particular, tornando-a imprópria para con-
tar-lhe o restabelecimento: sumo ou nociva à saúde:

228
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilân-
cia sanitária competente; (Incluído pela Lei nº 9.677,
Modalidade culposa de 2.7.1998)
II - em desacordo com a fórmula constante do registro
Parágrafo único - Se o crime é culposo: previsto no inciso anterior; (Incluído pela Lei nº 9.677,
Pena - detenção, de dois meses a um ano. de 2.7.1998)
III - sem as características de identidade e qualidade
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de admitidas para a sua comercialização; (Incluído pela
substância ou produtos alimentícios (Redação dada Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua
atividade; ((Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº
substância ou produto alimentício destinado a con- 9.677, de 2.7.1998)
sumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da
valor nutritivo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de autoridade sanitária competente. (Incluído pela Lei nº
2.7.1998) 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Modalidade culposa
§ 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica,
vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para § 2º - Se o crime é culposo:
vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
consumo a substância alimentícia ou o produto falsifi- (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
cado, corrompido ou adulterado. (Incluído pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998) Emprego de processo proibido ou de substância não
§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as permitida
ações previstas neste artigo em relação a bebidas,
com ou sem teor alcoólico. (Redação dada pela Lei nº Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destina-
9.677, de 2.7.1998) do a consumo, revestimento, gaseificação artificial,
matéria corante, substância aromática, anti-séptica,
Modalidade culposa conservadora ou qualquer outra não expressamente
permitida pela legislação sanitária:
§ 2º - Se o crime é culposo: (Redação dada pela Lei nº Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
9.677, de 2.7.1998) (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Invólucro ou recipiente com falsa indicação

Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de


produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a
(Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) existência de substância que não se encontra em seu
conteúdo ou que nele existe em quantidade menor
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar que a mencionada: (Redação dada pela Lei nº 9.677,
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: de 2.7.1998)
(Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e mul- (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
ta. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, ven- Produto ou substância nas condições dos dois artigos
de, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, anteriores
de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o
produto falsificado, corrompido, adulterado ou altera- Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito
do. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) para vender ou, de qualquer forma, entregar a consu-
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere mo produto nas condições dos arts. 274 e 275.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
os de uso em diagnóstico. (Incluído pela Lei nº 9.677,
de 2.7.1998) Substância destinada à falsificação
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pra-
tica as ações previstas no § 1º em relação a produtos Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou
em qualquer das seguintes condições: (Incluído pela ceder substância destinada à falsificação de produ-
Lei nº 9.677, de 2.7.1998) tos alimentícios, terapêuticos ou medicinais:(Redação
dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

229
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. III - fazendo diagnósticos:
(Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante
Outras substâncias nocivas à saúde pública remuneração, o agente fica também sujeito à multa.

Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em de- Forma qualificada
pósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a
consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes
que não destinada à alimentação ou a fim medicinal: previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. art. 267.

Modalidade culposa
CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
TÍTULO I
Substância avariada DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

Art. 279 - (Revogado pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Incitação ao crime

Medicamento em desacordo com receita médica Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacor-
do com receita médica: Apologia de crime ou criminoso
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa.
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato cri-
Modalidade culposa minoso ou de autor de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Associação Criminosa

COMÉRCIO, POSSE OU USO DE ENTORPECENTE OU Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para
SUBSTÂNCIA QUE DETERMINE DEPENDÊNCIA FÍSICA o fim específico de cometer crimes: (Redação dada
OU PSÍQUICA. (Redação dada pela Lei nº 5.726, de pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
1971) (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação
dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
Art. 281. (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976) Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se
a associação é armada ou se houver a participação
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº
farmacêutica 12.850, de 2013) (Vigência)

Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a pro- Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei
fissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem auto- nº 12.720, de 2012)
rização legal ou excedendo-lhe os limites:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de ou custear organização paramilitar, milícia particu-
lucro, aplica-se também multa. lar, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar
qualquer dos crimes previstos neste Código: (Incluído
Charlatanismo dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído
Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ou infalível:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Curandeirismo

Art. 284 - Exercer o curandeirismo:


I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitual-
mente, qualquer substância;
II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;

230
Emissão de título ao portador sem permissão legal
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete,
ficha, vale ou título que contenha promessa de paga-
TÍTULO X mento em dinheiro ao portador ou a que falte indica-
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA ção do nome da pessoa a quem deva ser pago:
CAPÍTULO I Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
DA MOEDA FALSA Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como di-
nheiro qualquer dos documentos referidos neste arti-
Moeda Falsa go incorre na pena de detenção, de quinze dias a três
meses, ou multa.
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a,
moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no CAPÍTULO II
país ou no estrangeiro: DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚ-
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. BLICOS
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, Falsificação de papéis públicos
troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circula-
ção moeda falsa. Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verda- I – selo destinado a controle tributário, papel selado
deira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, ou qualquer papel de emissão legal destinado à arre-
depois de conhecer a falsidade, é punido com deten- cadação de tributo; (Redação dada pela Lei nº 11.035,
ção, de seis meses a dois anos, e multa. de 2004)
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, II - papel de crédito público que não seja moeda de
e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou curso legal;
fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou auto- III - vale postal;
riza a fabricação ou emissão: IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa
I - de moeda com título ou peso inferior ao determi- econômica ou de outro estabelecimento mantido por
nado em lei; entidade de direito público;
II - de papel-moeda em quantidade superior à V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro do-
autorizada. cumento relativo a arrecadação de rendas públicas
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz ou a depósito ou caução por que o poder público seja
circular moeda, cuja circulação não estava ainda responsável;
autorizada. VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
transporte administrada pela União, por Estado ou por
Crimes assimilados ao de moeda falsa Município:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete represen- § 1º Incorre na mesma pena quem: (Redação dada
tativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas pela Lei nº 11.035, de 2004)
ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis
bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circu- falsificados a que se refere este artigo; (Incluído pela
lação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à Lei nº 11.035, de 2004)
circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, em-
ou já recolhidos para o fim de inutilização: presta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. falsificado destinado a controle tributário; (Incluído
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a pela Lei nº 11.035, de 2004)
doze anos e multa, se o crime é cometido por funcio- III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
nário que trabalha na repartição onde o dinheiro se mantém em depósito, guarda, troca, cede, empres-
achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão ta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em
do cargo.(Vide Lei nº 7.209, de 11.7.1984) proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (In-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Petrechos para falsificação de moeda cluído pela Lei nº 11.035, de 2004)


a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso controle tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº
ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, apare- 11.035, de 2004)
lho, instrumento ou qualquer objeto especialmente b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tri-
destinado à falsificação de moeda: butária determina a obrigatoriedade de sua aplicação.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)

231
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando le- § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a docu-
gítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, mento público o emanado de entidade paraestatal,
carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: o título ao portador ou transmissível por endosso, as
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de testamento particular.
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o pará- § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
grafo anterior. inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora reci- I – na folha de pagamento ou em documento de in-
bo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alte- formações que seja destinado a fazer prova perante a
rados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois previdência social, pessoa que não possua a qualidade
de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de
de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 2000)
§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular empregado ou em documento que deva produzir efei-
ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou to perante a previdência social, declaração falsa ou
outros logradouros públicos e em residências. (Incluí- diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela
do pela Lei nº 11.035, de 2004) Lei nº 9.983, de 2000)
III – em documento contábil ou em qualquer outro do-
Petrechos de falsificação cumento relacionado com as obrigações da empresa
perante a previdência social, declaração falsa ou di-
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou versa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei
guardar objeto especialmente destinado à falsificação nº 9.983, de 2000)
de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: § 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos do-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. cumentos mencionados no § 3o, nome do segurado
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete
e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(In-
de sexta parte.
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
CAPÍTULO III
Falsificação de documento particular (Redação dada
DA FALSIDADE DOCUMENTAL
pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Falsificação do selo ou sinal público
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
particular ou alterar documento particular verdadeiro:
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
União, de Estado ou de Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737, de
público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: 2012) Vigência
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equi-
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; para-se a documento particular o cartão de crédito ou
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verda- débito. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
deiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio
ou alheio. Falsidade ideológica
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de mar-
cas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos uti- Art. 299 - Omitir, em documento público ou parti-
lizados ou identificadores de órgãos ou entidades da cular, declaração que dele devia constar, ou nele in-
Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de serir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da
2000) que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridi-
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena camente relevante:
de sexta parte. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

documento é público, e reclusão de um a três anos, e


Falsificação de documento público multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se
o documento é particular. (Vide Lei nº 7.209, de 1984)
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e
público, ou alterar documento público verdadeiro: comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a fal-
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. sificação ou alteração é de assentamento de registro
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
de sexta parte.

232
Falso reconhecimento de firma ou letra Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o do-
cumento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício multa, se o documento é particular.
de função pública, firma ou letra que o não seja:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o CAPÍTULO IV
documento é público; e de um a três anos, e multa, se DE OUTRAS FALSIDADES
o documento é particular.
Falsificação do sinal empregado no contraste de me-
Certidão ou atestado ideologicamente falso tal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para
outros fins
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em ra-
zão de função pública, fato ou circunstância que ha- Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o,
bilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus marca ou sinal empregado pelo poder público no con-
ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra traste de metal precioso ou na fiscalização alfandegá-
vantagem: ria, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado
Pena - detenção, de dois meses a um ano. por outrem:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Falsidade material de atestado ou certidão Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é
o que usa a autoridade pública para o fim de fisca-
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou lização sanitária, ou para autenticar ou encerrar de-
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado terminados objetos, ou comprovar o cumprimento de
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que formalidade legal:
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e
ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra multa.
vantagem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos. Falsa identidade
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, apli-
ca-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa iden-
tidade para obter vantagem, em proveito próprio ou
Falsidade de atestado médico alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa,
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
atestado falso: Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de
Pena - detenção, de um mês a um ano. eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documen-
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de to de identidade alheia ou ceder a outrem, para que
lucro, aplica-se também multa. dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou
de terceiro:
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa,
se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica
que tenha valor para coleção, salvo quando a repro- Fraude de lei sobre estrangeiro
dução ou a alteração está visivelmente anotada na
face ou no verso do selo ou peça: Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou perma-
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. necer no território nacional, nome que não é o seu:
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualida-
de para promover-lhe a entrada em território nacio-
Uso de documento falso nal: (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Incluí-
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsifica- do pela Lei nº 9.426, de 1996)
dos ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. possuidor de ação, título ou valor pertencente a es-
trangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a
Supressão de documento propriedade ou a posse de tais bens: (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, docu- (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
mento público ou particular verdadeiro, de que não
podia dispor:

233
Adulteração de sinal identificador de veículo automo- Os crimes praticados por funcionário público con-
tor (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) tra a administração em geral são chamados de crimes
funcionais.
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou Crimes funcionais são aqueles praticados contra a ad-
qualquer sinal identificador de veículo automotor, de ministração pública por indivíduo que se encontra inves-
seu componente ou equipamento:(Redação dada pela tido em uma função pública.
Lei nº 9.426, de 1996)) Os crimes funcionais são divididos em funcionais pró-
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação prios ou puros e funcionais impróprios ou impuros.
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Os crimes funcionais próprios são aqueles que se-
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da fun- rão atípicos caso não sejam praticados por funcionários
ção pública ou em razão dela, a pena é aumentada de públicos.
um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Segundo a doutrina, neste caso, ocorrerá uma hipóte-
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário públi- se de atipicidade absoluta.
co que contribui para o licenciamento ou registro do Vejamos, a conduta que define o crime de prevarica-
veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevi- ção será atípica caso não seja praticada por um funcioná-
damente material ou informação oficial. (Incluído pela rio público. Os crimes funcionais impróprios são aqueles
Lei nº 9.426, de 1996) que serão desclassificados para outras infrações penais
caso não sejam praticados por funcionários públicos.
CAPÍTULO V Segundo a doutrina, neste caso, ocorrerá uma hipóte-
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) se de atipicidade relativa.
Já a conduta que define o crime de peculato, pratica-
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO da por meio do verbo subtrair, será desclassificada para
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) o crime de furto, caso não seja praticada por um funcio-
nário público. O Código Penal responde a esta pergunta
Fraudes em certames de interesse público (Incluído
em seu Artigo 327.
pela Lei 12.550. de 2011)

Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com #FicaDica


o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprome-
ter a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: Considera-se funcionário público, para
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) os efeitos penais, quem, embora transi-
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) toriamente ou sem remuneração, exerce
II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei cargo, emprego ou função pública.
12.550. de 2011) Como é possível de se observar, o con-
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ceito de funcionário público é bastante
ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) amplo.
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (In- No artigo 327, § 1º, o Código Penal equi-
cluído pela Lei 12.550. de 2011) para a funcionário público quem exerce
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. cargo, emprego ou função em entidade
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) paraestatal, e quem trabalha para em-
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou presa prestadora de serviço contratada
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não ou conveniada para a execução de ati-
autorizadas às informações mencionadas no caput. vidade típica da Administração Pública.
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à administra-
ção pública: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Nesta situação, é necessário que a entidade ou em-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. presa executem atividades típicas da administração pú-
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) blica, para que o agente venha a ser equiparado a fun-
§ 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato cionário público. No § 2º do Artigo 327, o Código Penal
é cometido por funcionário público. (Incluído pela Lei apresenta uma causa de aumento de pena aplicável a to-
12.550. de 2011) dos os crimes praticados por funcionário público contra
a administração em geral. Observe:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO A pena será aumentada de 1/3 (terça parte) quando
PÚBLICA os autores dos crimes praticados por funcionário públi-
co contra a administração em geral forem ocupantes de
cargos em comissão ou de função de direção ou assesso-
CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLI- ramento de órgão da administração direta, sociedade de
COS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL economia mista, empresa pública ou fundação instituída
pelo poder público.
Trata-se de crimes próprios, que exigem uma condi-
ção especial do sujeito ativo: ser funcionário público.

234
É importante saber que a pena não será aumentada O peculato-desvio irá se configurar quando o fun-
caso o funcionário público ocupe cargo em comissão ou cionário público desviar, em proveito próprio ou alheio,
função de direção ou assessoramento em autarquias, por dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
falta de previsão legal. Lembre-se que o nosso ordena- particular.
mento jurídico não admite a analogia para prejudicar o Segundo posicionamento majoritário, apesar de algu-
agente. mas posições jurisprudenciais em sentido contrário, para
Os crimes funcionais admitem a coautoria de particu- que se configure o peculato-desvio, é necessário que o
lar, sendo possível que este venha a ser responsabiliza- bem seja desviado para integrar o patrimônio do próprio
do por delito funcional contra a administração pública, funcionário público ou de terceiros, não se configurando
desde que pratique a infração penal em concurso com o tipo penal caso ocorra mero desvio de finalidade.
funcionário público e conheça esta qualidade.
Vamos exemplificar: José, funcionário público, convi-
FIQUE ATENTO!
da seu amigo de infância, Jonas, para juntos, subtraírem
um computador na repartição pública que aquele traba- É importante que você saiba que parte da
lha. O funcionário público obteria facilidades para prati- doutrina, minoritária, defende que, para
car o crime, já que havia ficado com a chave da repartição que se configure o peculato-desvio, não é
naquele período. No dia determinado, os agentes vão ao necessário a intenção de assenhoramento
local e subtraem o computador. (apoderar-se) por parte do funcionário pú-
No exemplo apresentado, tanto José quanto Jonas blico, podendo se configurar com o mero
responderão pelo crime de peculato (vamos estudar suas uso irregular da coisa pública, em proveito
características a seguir), já que praticaram a conduta em próprio ou alheio.
concurso de pessoas e a condição de caráter pessoal (ser
funcionário público) se comunica aos demais agentes (é
Com base no que foi exposto logo acima, é importan-
necessário que eles conheçam a condição).
te mencionar que: o peculato de uso, em regra, é consi-
derado figura atípica.
1. Peculato
Segundo Cleber Masson, o uso momentâneo de coisa
infungível, sem a intenção de incorporá-lo ao patrimônio
O crime de peculato, previsto no Artigo 312, é dividi-
pessoal ou de terceiro, seguido da sua integral restitui-
do da seguinte forma:
ção a quem de direito é atípico.
É importante mencionar que é necessário, para que
• Peculato-apropriação;
não seja típica a conduta do peculato de uso, que o bem
• Peculato-desvio;
seja infungível e não consumível, a exemplo de um carro
• Peculato-furto;
oficial ou de um computador.
• Peculato culposo;
Caso o bem seja fungível e consumível, a exemplo do
• Peculato mediante erro de outrem.
dinheiro, a conduta será típica.
Se a conduta relacionada ao Peculato de Uso for pra-
Parte da doutrina apresenta, ainda, a seguinte divisão
ticada por Prefeito, o fato será típico, independentemen-
para o crime de peculato:
te da natureza do bem, por expressa previsão legal no
Artigo 1º, II, do Decreto-Lei nº 201/1967.
• PRÓPRIO: peculato-apropriação e peculato-desvio;
O Peculato-furto irá se configurar quando o funcioná-
• IMPRÓPRIO: peculato-furto.
rio público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
O peculato-apropriação irá se configurar quando o
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade
funcionário público se apropriar de dinheiro, valor ou
que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
O peculato-furto pode ser praticado de duas formas:
tem a posse em razão do cargo
É muito importante que você fique atento, em relação
• Subtraindo o dinheiro, valor ou bem;
ao peculato apropriação, ao seguinte:
• Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro,
valor ou bem.
• Para que se configure, é necessário que o agente
tenha a posse do bem em razão do seu cargo;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

É importante mencionar que:


• O bem pode ser público ou particular (imagine um
objeto particular apreendido numa delegacia de
• Para que se configure este crime, é necessário que
polícia);
o funcionário público não tenha a posse da coisa;
• O sujeito passivo é a administração pública, con-
• Para que se configure o peculato-furto na modali-
tudo, no caso de bem particular, o dono do bem
dade “concorrer para que seja subtraído”, é neces-
também será sujeito passivo do delito.
sário que o ato seja doloso;

235
• A qualidade de funcionário público deve acarretar Sobre o peculato culposo, as bancas cobram inten-
alguma facilidade para a subtração da coisa. Caso samente as disposições previstas no § 3º do Artigo 312:
não haja facilidade, o agente responderá por furto a reparação do dano, se precede a sentença irrecorrível,
normalmente. extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de me-
tade a pena imposta.
Vamos trazer dois exemplos: O peculato mediante erro de outrem está previsto no
Exemplo 1: Carlos é funcionário público. Aos finais de Artigo 313 do Código Penal, configurando-se quando o
semana, ele é responsável por trancar a repartição públi- funcionário público se apropriar de dinheiro ou qualquer
ca, sendo ele o último a sair. Certo dia, na hora de sair, utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
valendo-se do fato de estar sozinho na repartição, Carlos outrem
subtrai um notebook do órgão público. Está certamente Parte da doutrina chama esta modalidade de pecula-
configurado o crime de peculato-furto, já que a condição to de peculato-estelionato.
de funcionário público de Carlos foi uma facilidade para É importante levar em consideração as seguintes
que ele subtraísse o bem. características do crime de peculato mediante erro de
Exemplo 2: Michele é funcionária pública de Tribunal outrem:
Federal. Certo dia, ao passar em frente a uma escola que
se encontra próxima a sua casa, Michele percebe que o • É crime material, que se consuma quando o agente
vigilante esqueceu a porta dos fundos aberta, estando inverte a propriedade do dinheiro ou outra utili-
próximo um aparelho celular da escola. Michele entra dade, sabendo que eles chegaram ao seu poder
pela porta e subtrai o aparelho. Não há que se falar em por erro de outra pessoa, passando a agir como se
peculato-furto, já que a qualidade de funcionária pública dono fosse;
de Michele em nada contribuiu para a prática da sub- • Segundo a doutrina majoritária, admite a modali-
tração, podendo qualquer pessoa, na mesma situação, dade tentada;
praticar a conduta delituosa apresentada pelo exemplo. • O funcionário público deve receber a coisa em ra-
Michele responderá pelo crime de furto. zão do cargo que exerce;
Observe que: • O sujeito passivo é a administração pública. Caso o
bem seja particular, também será sujeito passivo o
• Admite a modalidade tentada, já que se trata de dono do bem.
crime plurissubsistente; • Parte da doutrina entende que se a pessoa for in-
• O bem subtraído pode ser público ou particular. duzida a erro, irá se configurar o crime de este-
• O sujeito passivo é a administração pública. Caso lionato, previsto no Artigo 171, sendo necessário,
o bem seja particular, também será sujeito passivo portanto, para caracterização do crime de peculato
da infração penal o dono do bem. mediante erro de outrem, que a vítima entregue a
• É crime material. coisa por erro próprio.

O peculato culposo, previsto no Artigo 312, § 2º, con- 2. Inserção de dados falsos em sistemas de
figura-se quando o funcionário público concorre culpo- informação
samente para o crime de outrem.
Dos crimes praticados por funcionário público contra O crime de inserção de dados falsos em sistemas de
a administração em geral, o peculato é o único que prevê informação está previsto no Artigo 313-A do Código
expressamente a possibilidade de ser cometido na mo- Penal.
dalidade culposa.
No peculato culposo, o funcionário público não tem
intenção em praticar o crime, contudo, por culpa, acaba
#FicaDica
concorrendo para a subtração da coisa. É chamado por parte da doutrina de pecu-
Vejamos: José, agente de polícia legislativa, esquece, lato eletrônico.
por omissão, já que queria assistir a um jogo de futebol,
de trancar uma porta da Câmara Legislativa do Distrito
Federal, ao qual somente ele tem acesso. No ambiente Inserção de dados falsos em sistemas de informação
em que a porta se encontra, há vários objetos de valor é chamado de peculato eletrônico.
considerável para o Poder Legislativo distrital. Simba, A conduta que define este tipo penal é a seguinte:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

também policial legislativo, aproveitando-se do fato de a


porta estar aberta, ingressa no local e subtrai uma câme- • Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a in-
ra fotográfica. Neste exemplo, José poderá ser responsa- serção de dados falsos, alterar ou excluir indevida-
bilizado criminalmente pelo crime de peculato culposo, mente dados corretos nos sistemas informatizados
já que concorreu culposamente para o crime de outrem ou bancos de dados da Administração Pública com
(peculato-furto de Simba). O agente foi omisso ao deixar o fim de obter vantagem indevida para si ou para
de trancar a porta, fator que contribuiu para a prática da outrem ou para causar dano.
subtração.

236
Para que este crime se configure, é necessário que • Deve ser praticado por funcionário autorizado
as condutas descritas no tipo penal sejam praticadas • Exige dolo específico de obter vantagem indevida
por funcionário público autorizado a operar os sistemas ou de causar dano
informatizados ou bancos de dados da administração
pública. Modificação ou Alteração não Autorizada de Siste-
Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal mas de Informação:
descreve vários verbos que podem ser praticados para a
sua configuração. • Verbos: modificar ou alterar
Condutas: • Se praticado por funcionário autorizado, será fato
atípico
• Inserir dados falsos; • Não exige dolo específico
• Facilitar a inserção de dados falsos;
4. Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou
• Alterar dados corretos;
documento
• Excluir indevidamente dados corretos.
Está previsto no artigo 314 do Código Penal.
Objeto Material:
Este crime se configurará quando o agente extraviar
livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guar-
• Sistemas informatizados ou bancos de dados da da em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
Administração Pública parcialmente.
Sobre este crime, é importante que você saiba:
Finalidade (dolo específico):
• Trata-se de crime subsidiário, respondendo por
• Obter vantagem indevida para si ou para outrem; ele, o funcionário público, apenas se não se confi-
• Causar dano. gurar crime mais grave;
• Não admite a modalidade culposa;
As características a seguir são importantes: • Admite tentativa.
• O extravio, a sonegação e inutilização podem ser
• Segundo entendimento dominante, trata-se de cri- parciais ou totais.
me formal, que se consuma no momento em que o
agente pratica as condutas previstas no tipo penal, 5. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
independentemente de conseguir efetivamente
obter a vantagem indevida ou causar dano; Previsto no Artigo 316 do Código Penal, o crime de
• Admite a tentativa; emprego irregular de verbas ou rendas públicas irá se
• Só pode ser praticado dolosamente, exigindo-se, configurar com a prática da seguinte conduta: dar às ver-
ainda, uma finalidade específica: obter vantagem bas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida
indevida ou causar dano. em lei:
Este crime não se aplica ao Prefeito Municipal, res-
3. Modificação ou alteração não autorizada de sis- pondendo este pelo crime previsto em lei específica, o
temas de informação Decreto 201/1967.
Exige que o emprego irregular se dê em benefício da
própria administração pública, contrariando a legisla-
O crime de modificação ou alteração não autorizada
ção, não podendo o agente desviar as verbas ou rendas
de sistemas de informação está previsto no Artigo 313-B,
em benefício próprio, sob pena de responder por outro
do Código Penal.
crime.
Este tipo penal irá se configurar quando o agente mo- Vamos exemplificar: a Câmara Legislativa do Municí-
dificar ou alterar sistema de informações ou programa de pio XYZ aprova a utilização de um milhão de reais para
informática sem autorização ou solicitação de autoridade construção de uma passarela. A autoridade pública com-
competente. petente utiliza a verba mencionada para a construção de
Caso o funcionário público seja autorizado ou prati- uma escola.
que a conduta por solicitação da autoridade competente, Pronto, configurou-se o crime de emprego irregular
o fato será atípico. de verbas ou rendas públicas. O agente deu às verbas
A pena deste crime será aumentada de 1/3 (um ter- públicas destinação diversa daquela estabelecida em lei.
ço) até metade: caso da modificação ou alteração resulte Observe que a destinação da verba se deu no inte-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

dano para a Administração Pública ou para o adminis- resse da administração, já que, caso se dê em benefício
trado. Fique atento às diferenças entre os tipos penais próprio, o agente responderá por outro crime.
do crime de inserção de dados falsos em sistemas de in- É importante mencionar a aplicação da excludente de
formação e do crime de modificação ou alteração não ilicitude do estado de necessidade: caso o emprego se
autorizada de sistemas de informação. dê devido a uma situação de perigo iminente (utilizou-
Inserção de Dados Falsos em Sistemas de Informação: -se verba pública destinada ao esporte, para se construir
um abrigo durante perigo de chuvas que desabrigaram
• Verbos: Inserir, facilitar a inserção, alterar, excluir grande parte da população), o fato será típico, mas não
indevidamente será antijurídico.

237
Sobre o emprego irregular de verbas ou rendas públi- • É possível se praticar a concussão indiretamente,
cas, é importante mencionar: quando, por exemplo, o funcionário público exi-
ge a vantagem indevida por intermédio de outra
• Este crime será praticado pelo funcionário público pessoa.
que tem poder de decisão sobre as verbas ou ren-
das públicas, podendo delas dispor; 7. Excesso de exação
• Não exige nenhum fim específico;
• Não admite a modalidade culposa; O excesso de exação, previsto no Artigo 316, § 1º, do
• Admite a tentativa; Código Penal, é uma forma de concussão. Configura-se
• Não exige a ocorrência de dano pela administra- quando o funcionário público exige tributo ou contri-
ção pública para a sua configuração. buição social, que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
6. Concussão gravoso, que a lei não autoriza.
Vajamos:
Previsto no Artigo 316 do Código Penal, a concussão José, funcionário público da prefeitura do Município
é praticada quando o agente público exigir, para si ou de Simplicidade, sabendo que seu vizinho, Márcio, deve
para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da dez mil reais em tributo, para cobrá-lo, coloca uma faixa
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vanta- enorme na entrada da rua, com a seguinte escrita: Már-
gem indevida. cio, deixe de ser irresponsável e pague os dez mil reais
No crime de concussão, o funcionário público, valen- que você deve de tributo à prefeitura.
do-se de sua autoridade, exige (conduta mais forte do No exemplo, José cobrou imposto devido, fazendo
que apenas pedir) o pagamento de vantagem, não devi- uso de meio vexatório, não autorizado por lei, configu-
da pela pessoa. O particular, por temer qualquer represá- rando-se, assim, o excesso de exação.
lia por parte do funcionário público pode ou não pagar a Sobre o excesso de exação, é importante mencionar:
vantagem indevida.
Vamos exemplificar: funcionário público, agente de • Não admite a modalidade culposa;
trânsito, exige de particular a quantia de R$ 2.000,00 para • Admite a tentativa quando for possível fracionar o
que libere o seu veículo, sob pena de levá-lo indevida- iter criminis, a exemplo do excesso de exação pra-
mente ao pátio do Detran. ticado mediante carta endereçada à vítima;
A vantagem indevida, segundo posicionamento ma- • Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou
joritário, não necessita ser patrimonial, podendo ser de outrem, o que recebeu indevidamente para re-
qualquer outra vantagem. colher aos cofres públicos, responderá por excesso
É importante mencionar que a concussão se dará em de exação na modalidade qualificada.
razão da função do agente público, não se exigindo que Quando observamos a forma qualificada do excesso
o fato seja praticado no efetivo desempenho das atribui- de exação, é possível compreender que o tipo penal não
ções do cargo. Sendo assim, este crime pode ser come- exige que o funcionário público tenha a intenção de ficar
tido por funcionário público de férias e, segundo a dou- para si ou para outro aquilo que recebeu. Caso o faça,
trina dominante, nomeado, mas não empossado (antes responderá pelo crime na forma qualificada.
de assumi-la). Na concussão propriamente dita, exige-se que o fun-
A violência ou grave ameaça não são elementos inte- cionário público pratique a conduta visando obter a van-
grantes do crime de concussão. tagem indevida para si ou para outrem, constituindo-se,
Se o funcionário público exigir o pagamento de van- assim, elemento de distinção entre os tipos penais.
tagem indevida, mediante violência ou grave ameaça, es-
tará cometendo o crime de extorsão, previsto no Artigo 8. Corrupção passiva
158 do Código Penal.
Sobre a concussão, é importante que você conheça A corrupção passiva, prevista no Artigo 317 do Códi-
as seguintes informações, frequentemente cobradas em go Penal, irá se configurar quando o funcionário público
prova: solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou in-
diretamente, ainda que fora da função ou antes de assu-
• Não pode ser praticada na modalidade culposa; mi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
• Trata-se de crime formal, que se consuma com a promessa de tal vantagem.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

prática da exigência, sendo o recebimento da van- A doutrina classifica a corrupção passiva em própria
tagem mero exaurimento do crime; ou imprópria, antecedente ou subsequente.
• O particular, de quem se exigiu a vantagem inde- Corrupção passiva:
vida, é sujeito passivo secundário deste crime. A
administração pública é o sujeito passivo primário. • Própria: Quando o funcionário público pratica os
• Em regra, não admite a tentativa, salvo quando verbos do tipo penal para praticar ato ilícito.
for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da • Imprópria: Quando o funcionário público pratica
concussão praticada mediante carta endereçada à os verbos do tipo penal para praticar ato lícito.
vítima;

238
• Antecedente: Quando a vantagem indevida é en- É possível se extrair da leitura do tipo penal que o
tregue ao funcionário público antes de sua ação ou crime será praticado pelo funcionário público que tem o
omissão. dever funcional de evitar a prática dos crimes de contra-
• Subsequente: Quando a vantagem indevida é en- bando e descaminho.
tregue ao funcionário público depois de sua ação A doutrina dominante entende que, caso o funcio-
ou omissão. nário público não tenha o dever funcional de evitar a
prática do contrabando ou descaminho, responderá
Entende a doutrina majoritária que o mero presen- como partícipe do crime de contrabando ou do crime de
te recebido pelo funcionário público, a exemplo de uma descaminho.
lembrancinha de natal, não configura o crime de corrup- Sobre este crime, é pertinente saber:
ção passiva.
A vantagem indevida, segundo posicionamento ma- • Pode ser praticado de forma comissiva ou omissiva;
joritário, não necessita ser patrimonial, podendo ser • Não admite a modalidade culposa;
qualquer outra vantagem. • É crime formal, que se consuma com a facilitação,
Sobre a corrupção passiva, leve em consideração que: independente ou não de o agente conseguir prati-
car o contrabando ou o descaminho;
• Não pode ser praticada na modalidade culposa; • Admite a tentativa.
• Trata-se de crime formal, quando praticada por
meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que 10. Prevaricação
se consuma com a conduta, sendo o efetivo rece-
bimento da vantagem mero exaurimento do cri- O crime de prevaricação é dividido em:
me. Quando praticada por meio do verbo receber,
é crime material, que exige o efetivo recebimento • Própria – prevista no Artigo 319 do Código Penal;
para se consumar. • Imprópria – prevista no Artigo 319-A do Código
• Em regra, não admite a tentativa, salvo quando Penal.
for possível fracionar o iter criminis, a exemplo da
corrupção passiva praticada mediante emprego de A prevaricação própria irá se configurar quando o
carta; funcionário público retardar ou deixar de praticar, inde-
• É possível se praticar a corrupção passiva indireta- vidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
mente, quando, por exemplo, o funcionário públi- expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
co exige a vantagem indevida por meio de outra pessoal.
pessoa. A prevaricação poderá ser praticada de 3 (três) formas
diferentes:
O particular que paga a vantagem indevida solicita-
da pelo funcionário público não pratica crime algum, por • Retardar indevidamente a prática de ato de ofício;
falta de tipicidade penal. • Deixar de praticar indevidamente ato de ofício;
A corrupção passiva possui uma forma privilegiada. • Praticar ato de ofício contra disposição expressa de
Observe que na corrupção passiva privilegiada, o lei.
agente pratica a conduta não com a finalidade de conse- O crime de prevaricação exige um fim específico de
guir alguma vantagem indevida, mas sim com a finalida- agir: satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
de de ceder a pedido ou influência de outro. Você pode entender interesse ou sentimento pessoal
A pena da corrupção passiva será aumentada de 1/3 de diversas formas: vingança, compaixão, ódio, amizade,
(um terço): se, em consequência da vantagem ou pro- preguiça, entre outros.
messa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qual- Sobre a prevaricação, leve para a sua prova:
quer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcio-
nal. Não seja surpreendido por peguinhas em prova, a • Não admite a forma culposa;
corrupção passiva e a concussão se diferenciam nos ver- • Pode ser praticado de forma omissiva (retardar ou
bos que configuram o tipo penal incriminador. deixar de praticar) ou comissiva (praticar);
• Admite tentativa apenas quando praticado de for-
• CORRUPÇÃO PASSIVA: solicitar, receber ou aceitar ma comissiva.
promessa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

• CONCUSSÃO: exigir. Tentativa na prevaricação:


Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
9. Facilitação de contrabando ou descaminho ofício: não admite tentativa:

O crime de facilitação de contrabando ou descami- • Praticar ato de ofício contra disposição expressa de
nho está previsto no Artigo 318 do Código Penal. Irá se lei: admite tentativa.
configurar quando o funcionário público facilitar, com
infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho.

239
A prevaricação imprópria irá se configurar quando o Como é possível observar, os crimes de corrupção
diretor de penitenciária e/ou agente público deixar de passiva privilegiada, prevaricação e condescendência cri-
cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho minosa possuem características similares.
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunica- Vejamos as diferenças:
ção com outros presos ou com o ambiente externo.
• Corrupção Passiva Privilegiada: O agente deixa
de praticar ato de ofício cedendo a pedido ou in-
FIQUE ATENTO!
fluência de outrem.
A prevaricação imprópria só poderá ser • Prevaricação: O agente deixa de praticar ato
praticada pelo diretor de penitenciária ou de ofício para satisfazer sentimento ou interesse
pelo funcionário público que tem o dever pessoal.
funcional de impedir que o preso tenha • Condescendência criminosa: O agente deixa de
acesso a aparelho de comunicação com praticar ato de ofício (responsabilizar o subalterno)
outros presos ou com o ambiente externo. por indulgência.

12. Advocacia administrativa


Sobre a prevaricação imprópria, é importante
ressaltar: O crime de advocacia administrativa, previsto no Ar-
tigo 321 do Código Penal, pode ser praticado na modali-
• Não admite a forma culposa; dade simples ou qualificada.
• Não admite tentativa. Modalidade simples: configura-se quando o funcio-
nário público patrocinar, direta ou indiretamente, inte-
11. Condescendência criminosa resse privado perante a administração pública, valendo-
-se da qualidade de funcionário.
A condescendência criminosa está prevista no Artigo É necessário que a condição de funcionário público
320 do Código Penal. proporcione alguma facilidade ao sujeito ativo, que pa-
Observe a conduta que configura este tipo penal: trocina interesse de terceiro, pessoa privada, caso não
haja facilidade alguma proporcionada pelo cargo, o fato
• Deixar o funcionário, por indulgência, de responsa- será atípico.
bilizar subordinado que cometeu infração no exer- O agente pode praticar este crime de diversas manei-
cício do cargo ou, quando lhe falte competência, ras, como, por exemplo, fazendo uma petição, solicitan-
não levar o fato ao conhecimento da autoridade do um benefício.
competente Modalidade qualificada: o crime de advocacia admi-
nistrativa será qualificado caso o interesse privado seja
Este crime pode ser praticado de duas formas: ilegítimo.

• Quando o funcionário público, por indulgência, • Forma Simples: interesse privado legítimo.
deixa de responsabilizar o subordinado que come- • Forma Qualificada: interesse privado ilegítimo.
teu infração no exercício do cargo;
• Quando o funcionário público, que não é com- Sobre a advocacia administrativa, fique atento em sua
petente para responsabilizar aquele que cometeu prova:
infração no exercício do cargo, por indulgência,
não levar o fato ao conhecimento da autoridade • Não admite a modalidade culposa;
competente. • É crime formal, que se consuma com a conduta,
não se exigindo que se atinja o interesse privado
A doutrina majoritária entende que o crime de con- pleiteado;
descendência criminosa só pode ser praticado por supe- • Segundo doutrina majoritária, admite tentativa
rior hierárquico. quando for possível se fracionar o iter criminis.
Você pode entender indulgência como compaixão,
pena, piedade. 13. Violência arbitrária
Há um requisito que deve ser cumprido para a prática
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

da condescendência criminosa: uma infração funcional Este crime, previsto no Artigo 322 do Código Pe-
(que pode ser uma violação administrativa ou penal) pra- nal, configurar-se-á quando o funcionário público pra-
ticada por subordinado no exercício das atribuições do ticar violência no exercício de função ou a pretexto de
seu cargo. exercê-la.
Sobre a condescendência criminosa, fique atento: Conforme posicionamento doutrinário majoritá-
rio, este tipo penal foi revogado tacitamente pela Lei
• Não admite a forma culposa; 4.898/1965 (Lei de Abuso de Autoridade).
• É crime omissivo;
• Não admite tentativa.

240
É possível encontrar alguns posicionamentos juris- Sobre o crime de abandono de função, leve para a
prudenciais, tanto do STF quanto do STJ, entendendo sua prova:
que este crime continua em vigência.
A prática da violência deve se dar em razão da função • É crime omissivo;
pública, não havendo a exigência de que seja praticado • Não admite tentativa;
no efetivo desempenho das funções do cargo, podendo, • Só pode ser praticado dolosamente – não admite a
portanto, ser praticada, por exemplo, por um funcionário culpa.
público que se encontre de folga.
O agente que fizer uso de violência arbitrária respon- 15. Exercício funcional ilegalmente antecipado ou
derá por este crime e pelo crime correspondente a vio- prolongado
lência praticada.
Apesar da divergência existente sobre a revogação ou Este crime está previsto no Artigo 324 do Código
não deste tipo penal, leve em consideração que: Penal.
Conduta típica: entrar no exercício de função pública
• A violência arbitrária não admite a forma culposa, antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a
devendo ser praticado dolosamente; exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente
• Admite tentativa; que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
• Segundo Rogério Greco, o objeto material será o Este crime pode ser praticado de duas formas:
administrado contra o qual é praticada a violência
arbitrária; • Entrar no exercício de função pública antes de sa-
• A violência tem que ser praticada arbitrariamente, tisfeitas as exigências legais;
não se enquadrando neste tipo penal as hipóteses • Continuar a exercer a função pública, sem autori-
de uso necessário e progressivo da força, admiti- zação, depois de saber oficialmente que foi exone-
dos em lei. rado, removido, substituído ou suspenso. É exigido
que o funcionário público tenha sido oficialmen-
14. Abandono de função te comunicado sobre sua exoneração, remoção,
substituição ou suspensão.
O crime de abandono de função está tipificado no
Artigo 323 do Código Penal. Sobre o tipo penal em comento, é importante saber:
A sua conduta típica é: abandonar cargo público, fora
dos casos permitidos em lei. • Não admite a forma culposa;
O nome do crime é abandono de função, porém, o • Admite tentativa.
tipo penal fala em abandono de cargo público. É impor-
tante que você saiba que o conceito de função pública é 16. Violação de sigilo funcional
mais amplo que o de cargo público (não há cargo sem
função, mas há função sem cargo). O crime de violação de sigilo funcional se encontra
Sendo assim, não haverá crime se ocorrer mero aban- previsto no Artigo 325 do Código Penal.
dono de função pública (apesar do nome) ou de emprego Este delito irá se configurar quando o agente públi-
público, mas tão somente no caso de abandono de cargo co revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
público (não se admite a analogia in malam partem). e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a
De acordo com posicionamento doutrinário majo- revelação.
ritário, as hipóteses de greve não configuram este tipo Este crime pode ser praticado de duas formas:
penal.
As hipóteses em que o agente abandona o cargo pú- • Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
blico, admitidas em lei, não configuram o crime de aban- e que deva permanecer em segredo;
dono de função. • Facilitar a revelação de fato de que tem ciência
O crime de abandono de função tem circunstâncias em razão do cargo e que deva permanecer em
que o qualificam: segredo.

• Se o fato resulta prejuízo público; É importante mencionar que o agente toma conhe-
• Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa cimento do fato que deve permanecer em segredo em
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

de fronteira. razão do cargo que ocupa, não se exigindo que tenha


sido no efetivo desempenho das atribuições do cargo.
Exige-se que o abandono se dê por um prazo rele- Logo, o crime pode ser praticado no caso de o agente
vante, apesar de o Código Penal não fixar prazo deter- tomar conhecimento do fato durante período de licença,
minado. Entende a doutrina que o prazo será fixado pelo mas em razão do cargo.
estatuto a que estiver submetido o funcionário público. O Código Penal apresenta duas formas equiparada
Em regra: o prazo será de 30 (trinta) dias – prazo pre- do crime de violação de sigilo funcional.
visto na maioria dos estatutos de servidores públicos. Observe:

241
Incorrerá nas mesmas penas o funcionário público
que: FIQUE ATENTO!
Segundo posicionamento doutrinário ma-
• Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci- joritário, é necessário, para fins de consu-
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra mação, que o agente execute algum ato
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sis- inerente ao exercício da função, não con-
temas de informações ou banco de dados da Ad- figurando o crime a mera apresentação a
ministração Pública; terceiros como funcionário público.
• Utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito.

Forma qualificada: se da ação ou omissão resulta Vamos exemplificar:


dano à Administração Pública ou a outrem.
Sobre este crime, fique atento: Exemplo 1: Antônio se apresenta como policial militar
para seus conhecidos como forma de se autovalorizar.
• Só será praticado dolosamente – não admite forma Não há que se falar em configuração do crime de usur-
culposa; pação de função pública, já que o agente não praticou
• Em regra, não admite tentativa, salvo casos ex- nenhum ato inerente ao exercício da função policial mili-
cepcionais, a exemplo de ser praticado na forma tar, podendo, conforme o caso, configurar outra infração
escrita. penal.
Exemplo 2: Antônio adquire, fraudulentamente, uma
17. Violação de sigilo de proposta de concorrência farda da polícia militar. Em determinado dia, ele promove
uma falsa barreira e passa a abordar as pessoas que nela
Este tipo penal está previsto no Artigo 326 do Código passam. Há a prática do crime de usurpação de função
Penal. pública, já que o agente praticou ato inerente ao exercí-
Conduta típica: devassar o sigilo de proposta de con- cio da função policial militar.
corrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de Você não pode confundir o crime de usurpação de
devassá-lo. função pública com o crime exercício funcional ilegal-
É um crime relacionado ao procedimento licitatório. mente antecipado ou prolongado.
A doutrina dominante entende que o crime de viola- Usurpação de Função Pública:
ção de sigilo de proposta de concorrência foi revogado
tacitamente pela Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações). • O agente não possui vínculo algum com a adminis-
tração pública (em relação à função usurpada)
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA • É crime praticado por particular contra a adminis-
A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL tração pública

Os crimes praticados por particular contra a adminis- Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou
tração pública estão previstos entre os Artigos 328 e 337- Prolongado
A do Código Penal.
Trata-se de crimes comuns, que não exigem nenhu- • O agente possui algum tipo de vínculo com a ad-
ma condição ou qualidade especial do sujeito ativo, po- ministração pública
dendo ser praticados por qualquer pessoa. • É crime praticado por funcionário público contra a
administração pública
1. Usurpação de função pública
Há uma forma qualificada do crime de usurpação de
O crime de usurpação de função pública irá se con- função pública:
figurar quando o agente usurpar o exercício de função
pública. • Usurpação de função pública qualificada
Usurpar = apoderar-se.
Inicialmente, é importante que você não confun- Se do fato, o agente auferir vantagem (qualquer tipo
da o usurpador de função com o funcionário ou agen- de vantagem e não necessariamente financeira).
te público de fato. (Assunto bastante cobrado, tanto Sobre o crime de usurpação de função pública, é im-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

na disciplina Direito Penal, quanto na disciplina Direito portante que você leve em consideração:
Administrativo).
• Não admite a modalidade culposa;
• Usurpação de função pública: o agente exerce a • Admite tentativa;
função sem nenhum tipo de investidura, apode- • Pode ser praticado por funcionário público, segun-
rando-se dela. É crime. do posicionamento que prevalece, mas a função
• Funcionário ou agente de fato: o Agente exerce a usurpada deve ser totalmente alheia à função dele
função pública, por ter ocorrido alguma irregulari- (sendo ele considerado particular);
dade. Não é crime

242
• É crime formal, não se exigindo para a sua configu- A ordem deve ser legal. Caso de trate de ordem ilegal,
ração prejuízo ou dano à administração pública. não há que se falar na configuração deste tipo penal.
Sobre a desobediência, é importante que você leve
2. Resistência em consideração:

O crime de resistência está previsto no Artigo 329 do • Não admite a culpa;


Código Penal. • Pode ser praticado tanto na forma omissiva quanto
A conduta típica deste crime é: opor-se à execução na forma comissiva;
de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário • Na forma omissiva, não admite tentativa, na forma
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja pres- comissiva, admite;
tando auxílio. • Deve haver ordem emanada por funcionário
Sobre a conduta típica, três informações são muito público, não caracterizando este crime a mera
importantes: solicitação.

• Exige-se que o ato praticado pelo funcionário pú- 3. Desacato


blico seja legal;
• Se o ato praticado por funcionário público for ile- O crime de desacato, previsto no Artigo 331 do Có-
gal, não há que se falar em resistência. digo Penal, tem como conduta típica: desacatar funcio-
• Exige-se que o funcionário público seja competen- nário público no exercício da função ou em razão dela.
te para executar o ato; Desacatar = ofender, faltar com respeito.
• Não se exige que a violência ou ameaça seja em- Não se exige que o funcionário público esteja no efe-
pregada diretamente contra o funcionário compe- tivo desempenho das atribuições do seu cargo para ca-
tente, podendo ser empregada contra o terceiro racterização do crime de desacato, mas sim que a ofensa
que esteja auxiliando o funcionário. se dê em razão da função pública.
Exemplo 1: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,
Sobre a resistência, é importante que você leve em
que estava no exercício de sua função, de “policialzinho
consideração:
de merda”, quando este estava prestes a prender aquele.
Exemplo 2: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,
• Deve ser praticado dolosamente;
num restaurante em Porto Seguro, durante as férias de-
• A oposição constitui um ato positivo, devendo o
les, de “policialzinho de merda”, pelo fato de Cássio tê-lo
agente empregar violência ou grave ameaça.
prendido no passado.
Exemplo 3: Diego Souza xinga Cássio, policial civil, de
O direito brasileiro não pune a resistência passiva,
“babaca sem noção”, numa partida de futebol, pelo fato
que é aquela em que o agente resiste ao ato sem o uso
de violência ou ameaça, a exemplo daquele que, ao ser deste ter pegado um pênalti daquele.
preso, deita-se no chão para impedir o ato. Nos exemplos 1 e 2, configura-se o crime de desaca-
to, já que a ofensa proferida pelo agente se deu em razão
• A violência ou ameaça deve ser empregada contra da função exercida pelo funcionário público.
pessoa, não constituindo o crime se empregada No exemplo 3, não há que se falar em desacato. Em-
contra coisa (posição dominante); bora Cássio seja funcionário público, a ofensa proferida
• É crime formal, que se consuma com a prática da pelo agente em nada tem a ver com a função pública.
violência ou ameaça; Sobre o desacato, é importante que você fique atento
• Admite tentativa, nas hipóteses de fracionamento às seguintes considerações:
do iter criminis.
• O desacato pode se dar por qualquer meio: insul-
Resistência Qualificada: tos, vias de fato, gestos, entre outros;
• O desacato deve ser praticado contra funcionário
• Se, em razão da resistência, o ato não se executa. público, não caracterizando este tipo penal a críti-
ca ou ofensa à repartição pública;
Por fim, leve para a sua prova: o agente responderá • É crime formal, que se consuma com a prática da
pela resistência e pela violência empregada. conduta descrita no tipo penal, independentemen-
Vejamos: se, para se opor à execução de ato legal te de o funcionário público se considerar ofendido
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

praticado por funcionário competente, o particular usa ou não;


de violência, causando lesão corporal de natureza grave, • Só pode ser praticado dolosamente;
responderá pelos dois crimes: resistência e lesão grave. • Deve ser praticado na presença do funcionário pú-
blico – doutrina dominante.
3. Desobediência
Em dezembro de 2016, a 5ª turma do STJ decidiu pela
Este crime está previsto no Artigo 330 do Código Pe- descriminalização do crime de desacato, por entender
nal. Irá se configurar quando o agente desobedecer a or- que este crime viola a liberdade de expressão do indiví-
dem legal de funcionário público. duo, em julgamento de Habeas Corpus.

243
Contudo, a 3ª seção do STJ pacificou posicionamento • É crime formal, que se consuma com a prática da
do tribunal no sentido de que o desacato continua sendo conduta delituosa, não se exigindo que o funcio-
crime, que não viola a liberdade de expressão. nário público aceite a vantagem ou promessa de
vantagem;
4. Tráfico de influência • Não admite a forma culposa;
• Exige-se dolo específico: a intenção de determinar
O crime de tráfico de influência está previsto no Arti- o funcionário público a praticar, omitir ou retardar
go 332 do Código Penal. ato de ofício;
Conduta típica: solicitar, exigir, cobrar ou obter, para • O verbo pagar não faz parte do tipo penal. Por-
si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, tanto, caso o particular pague vantagem solicitada
a pretexto de influir em ato praticado por funcionário pú- ou exigida por funcionário público, não praticará
blico no exercício da função. crime algum.
Trata-se de crime plurinuclear, que pode ser pratica- • A pena da corrupção ativa será aumentada de 1/3
do com o exercício de qualquer um dos verbos previstos (um terço): se em razão da vantagem ou promessa,
no tipo penal: o funcionário público retarda ou omite ato de ofí-
cio, ou o pratica infringindo dever funcional
• Solicitar
• Exigir Você não pode confundir os crimes de corrupção ati-
• Cobrar va, corrupção passiva e concussão:
• Obter
Corrupção Ativa:
O agente não tem influência sobre o funcionário pú-
blico, mas passa a impressão de que a tem, com a finali- • Verbos: oferecer e prometer;
dade de obter vantagem ou promessa de vantagem. • Crime praticado por particular contra a administra-
Caso o agente realmente tenha poder de influência ção da justiça.
sobre o funcionário público que praticará o ato, não há
que se falar em tráfico de influência, podendo, no entan- Corrupção Passiva:
to, configurar-se outro crime.
Sobre o tráfico de influência, é importante que você • Verbos: solicitar, receber e aceitar promessa;
tome cuidado com as seguintes informações: • Crime praticado por funcionário público contra a
administração pública.
• A pessoa que paga a vantagem pratica indiferente
penal, por falta de previsão legal desta conduta; Concussão:
• Em regra, é crime formal, consumando-se com a
solicitação, exigência ou cobrança. • Verbo: exigir;
• No caso do verbo obter, o crime é material; • Crime praticado por funcionário público contra a
• Só pode ser praticado dolosamente; administração pública.
• Exige um especial fim de agir: obter vantagem ou
promessa de vantagem para si ou para outrem. 6. Descaminho e contrabando

A pena do crime de tráfico de influência será aumen- Os crimes de descaminho e contrabando, previstos
tada de metade: nos Artigos 334 e 334-A, respectivamente, do Código
Se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam- Penal, constituem práticas distintas, que devem ser ob-
bém destinada ao funcionário. servadas por vocês.
Vamos simplificar estes crimes:
5. Corrupção ativa Descaminho: consiste em não pagar direito ou impos-
to devido pela entrada, saída ou consumo de mercadoria;
O crime de corrupção ativa, previsto no Artigo 333 do Contrabando: consiste na importação ou exportação
Código Penal, é um dos tipos penais mais cobrados em de mercadoria proibida.
relação aos crimes contra a administração pública. No descaminho, a mercadoria não tem a comerciali-
Conduta típica: oferecer ou prometer vantagem inde- zação proibida no território brasileiro, já no contrabando,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

vida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, sim.


omitir ou retardar ato de ofício. No passado, os dois tipos penais estavam previstos
Fique atento às informações a seguir, muito impor- no mesmo dispositivo. Contudo, houve alteração e, no
tantes em relação à corrupção ativa: momento, cada um destes crimes integra um tipo penal
distinto.
• Trata-se de crime plurinuclear, já que o tipo penal
prevê mais de um verbo para sua prática: oferecer
e prometer;

244
DESCAMINHO São figuras equiparadas ao crime de contrabando, in-
correndo nas mesmas penas quem:
Conduta típica: iludir, no todo ou em parte, o paga-
mento de direito ou imposto devido pela entrada, pela • Pratica fato assimilado, em lei especial, a
saída ou pelo consumo de mercadoria. contrabando;
São figuras equiparadas ao crime de descaminho, in- • Importa ou exporta clandestinamente mercadoria
correndo nas mesmas penas quem: que dependa de registro, análise ou autorização de
órgão público competente;
• Pratica navegação de cabotagem, fora dos casos • Reinsere no território nacional mercadoria brasilei-
permitidos em lei; ra destinada à exportação;
• Pratica fato assimilado, em lei especial, a • Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou,
descaminho; de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
• Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, alheio, no exercício de atividade comercial ou in-
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou dustrial, mercadoria proibida pela lei brasileira;
alheio, no exercício de atividade comercial ou in- • Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
dustrial, mercadoria de procedência estrangeira alheio, no exercício de atividade comercial ou in-
que introduziu clandestinamente no País ou im- dustrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
portou fraudulentamente ou que sabe ser produto
de introdução clandestina no território nacional ou O Código Penal equipara, para os efeitos do crime
de importação fraudulenta por parte de outrem; de contrabando, à atividade comercial qualquer forma
• Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio de comércio irregular ou clandestino de mercadorias es-
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou trangeiras, inclusive o exercido em residências.
industrial, mercadoria de procedência estrangei- O crime de contrabando apresenta, também, uma
ra, desacompanhada de documentação legal ou causa que aumenta a pena pelo dobro para o caso de
acompanhada de documentos que sabe serem o crime ser praticado em transporte aéreo, marítimo ou
falsos. fluvial.
Sobre o crime de contrabando, é importante que
O Código Penal estabelece que a atividade comercial você leve para a sua prova:
é equiparada, para os efeitos do crime de descaminho,
a qualquer forma de comércio irregular ou clandestino • Trata-se de crime comum, que pode ser praticado
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em por qualquer pessoa;
residências. • Não admite a modalidade culposa;
A pena do crime de descaminho será aplicada em do- • Admite tentativa;
bro se o crime é praticado em transporte aéreo, marítimo • Não admite a aplicação do princípio da
ou fluvial. insignificância.
Sobre o crime de descaminho, é importante que você
leve em consideração: É importante mencionar que no caso de produtos es-
pecíficos, a exemplo de armas de fogo ou substâncias
• Trata-se de crime comum, que pode ser praticado entorpecentes, irá prevalecer a aplicação da legislação
por qualquer pessoa; especial, aplicando-se, respectivamente, o estatuto do
• Admite a forma tentada; desarmamento (Lei 10.826/2003) e a Lei de Drogas (Lei
• A fraude utilizada pelo agente para iludir o paga- 11.343/2006).
mento de imposto pode se dar tanto em relação
à quantidade quanto em relação à qualidade do 7.
Impedimento, perturbação ou fraude de
produto; concorrência
• Não admite a modalidade culposa;
• Admite a aplicação do princípio da insignificância, Praticará o crime de impedimento, perturbação ou
nos casos em que o valor seja inferior àquele con- fraude de concorrência, previsto no Artigo 335 do Có-
siderado irrelevante para fins de execução fiscal; digo Penal, o agente que impedir, perturbar ou fraudar
concorrência pública ou venda em hasta pública, promo-
Tanto para o STF quanto para o STJ, atualmente, po- vida pela administração federal, estadual ou municipal,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

derá ser aplicado o princípio da insignificância ao crime ou por entidade paraestatal.


de descaminho que não exceda o valor de R$ 20.000,00 Afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante,
(vinte mil reais). por meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofereci-
mento de vantagem.
CONTRABANDO Trata-se de tipo penal misto alternativo (crime de
ação múltipla), que poderá ser praticado mediante a exe-
Conduta típica: importar ou exportar mercadoria cução de vários verbos:
proibida.
• Impedir;

245
• Perturbar; • Segundo posicionamento doutrinário dominante,
• Fraudar; caso a conduta seja praticada quando não mais
• Afastar; produz efeito o edital (fora do seu prazo de vali-
• Procurar afastar. dade, por exemplo), não irá se configurar este tipo
penal;
Caso o crime seja praticado mediante violência, o
agente responderá também por ela (detenção, de seis 9. Subtração ou inutilização de livro ou documento
meses a dois anos, ou multa, além da pena correspon-
dente à violência). O crime de subtração ou inutilização de livro ou do-
Forma equiparada: responderá com a mesma pena cumento, previsto no Artigo 337 do Código Penal.
do impedimento, perturbação ou fraude de concorrência Conduta típica: subtrair, ou inutilizar, total ou parcial-
o agente que se abstém de concorrer ou licitar, em razão mente, livro oficial, processo ou documento confiado à
custódia de funcionário, em razão de ofício ou de parti-
da vantagem oferecida.
cular em serviço público.
Responderá pelo crime em sua forma equiparada o
Sobre o este tipo penal, é importante que você fique
agente que se abster de concorrer ou licitar, devido à
atento ao seguinte:
vantagem oferecida. Caso seja por algum outro motivo,
como por violência ou grave ameaça, aquele que se abs- • É crime comum;
ter não será responsabilizado criminalmente. • Admite tentativa;
Sobre este crime, é importante que você fique atento • É crime subsidiário, respondendo o agente por ele
ao seguinte: apenas caso não se configure um crime mais grave;
• Somente será praticado na modalidade dolosa.
• Não admite forma culposa;
• É crime comum; 10. Sonegação de contribuição previdenciária
• É crime material nas seguintes condutas: impedir,
perturbar ou fraudar concorrência pública ou ven- O crime de sonegação de contribuição previdenciária
da em hasta pública, promovida pela administra- está previsto no Artigo 337-A, do Código Penal.
ção federal, estadual ou municipal, ou por entida- Conduta típica: Suprimir ou reduzir contribuição so-
de paraestatal; cial previdenciária e qualquer acessório, por meio das
• É crime formal nas seguintes condutas: afastar ou seguintes condutas:
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio
de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimen- • Omitir de folha de pagamento da empresa ou de
to de vantagem; documento de informações previsto pela legisla-
• Admite tentativa. ção previdenciária segurados empregado, empre-
sário, trabalhador avulso ou trabalhador autôno-
8. Inutilização de edital ou de sinal mo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
• Deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios
Conduta típica: rasgar ou, de qualquer forma inutilizar da contabilidade da empresa as quantias descon-
ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário tadas dos segurados ou as devidas pelo emprega-
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por dor ou pelo tomador de serviços;
determinação legal ou por ordem de funcionário público, • Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e
para identificar ou cerrar qualquer objeto.
demais fatos geradores de contribuições sociais
O crime de inutilização de edital ou de sinal, previsto
previdenciárias.
no Artigo 336 do Código Penal, é de ação múltipla, po-
dendo ser praticado da seguinte forma:
Extinção da punibilidade: caso o agente, de forma es-
pontânea, declare ou confesse as contribuições, impor-
• Rasgar ou, de qualquer forma inutilizar ou cons- tâncias ou valores e preste as informações devidas à pre-
purcar (manchar ou tornar sujo, de forma que não vidência social, na forma definida em lei ou regulamento,
possa ser utilizado) edital afixado por ordem de antes do início da ação fiscal (não se exige o pagamento
funcionário público; do tributo sonegado).
• Violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por A declaração ou confissão e a prestação das informa-
determinação legal ou por ordem de funcionário ções deverão ocorrer antes do início da ação fiscal.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

público, para identificar ou cerrar (encobrir) qual- Sobre o crime de sonegação de contribuição previ-
quer objeto. denciária, é importante ficar atento ao seguinte:

Sobre o crime de inutilização de edital ou de sinal, • Não admite a modalidade culposa;


leve em consideração: • De acordo com o Artigo 34 da Lei 9.249/95, con-
firmado pela doutrina majoritária, o pagamento
• É crime comum; integral do tributo ou contribuição social, após a
• Só pode ser praticado dolosamente; ação fiscal, mas antes do recebimento da denún-
• Admite tentativa; cia, também acarretará a extinção da punibilidade;

246
Lei 9.249/1995 Veja a figura típica: prometer, oferecer ou dar, direta
ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário pú-
Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes defi- blico estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo
nidos na Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à
Lei 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente transação comercial internacional:
promover o pagamento do tributo ou contribuição Corrupção Ativa em Transação Comercial
social, inclusive acessórios, antes do recebimento da Internacional:
denúncia.
• Verbos: prometer, oferecer e dar;
Segundo posicionamento adotado pelo STF, haverá a • Fim específico: determinar o funcionário público es-
extinção da punibilidade deste crime caso ocorra o pa- trangeiro a praticar, omitir ou retardar ato de ofício
gamento do débito desde que ocorra antes da sentença relacionado à transação comercial internacional.
penal definitiva:
Corrupção Ativa:
• A competência para julgar o crime de sonegação Verbos: oferecer e prometer;
de contribuição previdenciária é da justiça federal; Fim específico: determinar o funcionário público a
• Admite a forma tentada; praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
• É crime material; O crime de corrupção ativa em transação comercial
• Este tipo penal admite a aplicação do princípio da internacional terá sua pena aumentada de 1/3 (um terço)
insignificância, excluindo-se, assim, a tipicidade se:
material do crime.
• Em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofí-
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA cio, ou o pratica infringindo dever funcional.

Dividem-se em dois tipos penais: Sobre este crime, é importante mencionar que:

• Corrupção ativa em transação comercial • Só poderá ser praticado dolosamente;


internacional; • É crime comum;
• Tráfico de influência em transação comercial • Nos verbos oferecer e prometer, trata-se de crime
internacional. formal, de consumação antecipada;
• No verbo dar, trata-se de crime material, que se
Inicialmente, é importante destacar quem é o funcio- consuma com a obtenção do resultado;
nário público estrangeiro e quem se equipara a funcioná- • Admite tentativa, quando for possível fracionar o
rio público estrangeiro. iter criminis.

Funcionário Público Estrangeiro: 2. Tráfico de influência em transação comercial


internacional
• Quem, ainda que transitoriamente ou sem remu-
neração, exerce cargo, emprego ou função pública O crime de tráfico de influência em transação comer-
em entidades estatais ou em representações diplo- cial internacional, previsto no Artigo 337-C do Código
máticas de país estrangeiro. Penal, é muito parecido com o crime de tráfico de in-
fluência, crime praticado por particular contra a adminis-
Equipara-se a Funcionário Público Estrangeiro: tração em geral, previsto no Artigo 332 do Código Penal.
Figura típica do tráfico de influência em transação
• Quem exerce cargo, emprego ou função em em- comercial internacional: solicitar, exigir, cobrar ou obter,
presas controladas, diretamente ou indiretamente, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, van-
pelo Poder Público de país estrangeiro ou em or- tagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir
ganizações públicas internacionais. em ato praticado por funcionário público estrangeiro no
exercício de suas funções, relacionado a transação co-
1. 
Corrupção ativa em transação comercial mercial internacional.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

internacional Tráfico de Influência em Transação Comercial


Internacional:
O crime de corrupção ativa em transação comercial
internacional, previsto no Artigo 337-B do Código Penal, • Verbos: solicitar, exigir, cobrar ou obter;
é bastante parecido com o tipo penal de corrupção ativa, • Pretexto: influir em ato praticado por funcionário
crime praticado por particular contra a administração em público estrangeiro no exercício de suas funções,
geral, que já analisamos. relacionado a transação comercial internacional.

247
Tráfico de Influência: • Admite tentativa;
• É crime material, que se consuma com o devido
• Verbos: solicitar, exigir, cobrar ou obter; reingresso ao território nacional;
• Pretexto: influir em ato praticado por funcionário • Trata-se de crime de competência da justiça
público no exercício da função. federal.

O crime de tráfico de influência em transação comer- 3. Denunciação caluniosa


cial internacional terá sua pena aumentada da metade se:
A denunciação caluniosa está prevista no Artigo 339
• Se o agente alega ou insinua que a vantagem é do Código Penal.
também destinada ao funcionário Tem como figura típica a seguinte conduta: dar causa
à instauração de investigação policial, de processo judi-
Em relação a este tipo penal, é importante ficar atento cial, instauração de investigação administrativa, inqué-
ao seguinte: rito civil ou ação de improbidade administrativa contra
alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente.
• Só poderá ser praticado dolosamente; Como é possível se extrair pela leitura da figura típi-
• É crime comum; ca que o crime pode ser praticado mesmo que o agen-
• Nos verbos solicitar, exigir e cobrar, trata-se de cri- te dê causa a outro procedimento, ainda que não seja
me formal, de consumação antecipada; processo judicial, a exemplo de investigação policial ou
• No verbo obter, trata-se de crime material, que se administrativa. É importante compreender isso. Muitas
consuma com a obtenção do resultado; questões abordam esta situação.
• Admite tentativa, quando for possível fracionar o Sobre o crime de denunciação caluniosa, é importan-
iter criminis; te ficar atento ao seguinte:

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA • Só pode ser praticado dolosamente;

Os crimes contra a administração da justiça têm como Parte da doutrina não admite o dolo eventual neste
finalidade proteger uma regular fruição da atividade ju- crime, já que o tipo penal exige que o agente saiba que o
dicial brasileira, incluindo atividades de natureza policial. fato é imputado contra pessoa inocente.
A atividade judicial é de fundamental importância A denunciação caluniosa poderá se configurar quan-
para a sociedade, necessitando, assim, de proteção por do o agente imputa crime que realmente aconteceu con-
parte do Direito Penal. tra pessoa que sabe ser inocente ou quando imputa a
alguém a prática de crime que não existiu (neste caso
1. Reingresso de estrangeiro expulso não há dúvidas sobre a inocência da pessoa, já que o fato
sequer aconteceu).
Este crime, previsto no Artigo 338 do Código Penal,
irá se configurar quando o estrangeiro que foi expulso do • É necessário que o fato imputado seja CRIME ou
Brasil reingressar ao território nacional. CONTRAVENÇÃO PENAL (no caso de contraven-
ção penal, a pena será reduzida de metade), não se
configurando este tipo penal caso o agente impute
FIQUE ATENTO!
infração administrativa ou civil;
O agente será responsabilizado penal- • É crime comum;
mente, podendo, ainda, sofrer nova expul- • Admite a forma tentada;
são do território brasileiro. • A pessoa contra quem se imputa o crime deve ser
determinada, sendo ela, assim como o Estado, su-
jeito passivo da prática delituosa;
Sobre o crime de reingresso de estrangeiro expulso, é • Em regra, a denunciação caluniosa absorve o crime
importante ficar atento ao seguinte: de calúnia.

• É crime de mão própria, praticado pelo estrangeiro A pena será aumentada de 1/6 (sexta parte).
expulso, não podendo a figura típica ser praticada Caso o agente se sirva de anonimato ou de nome
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

por intermédio de terceira pessoa. suposto.


A pena será diminuída de metade.
O fato de o crime ser de mão própria não exclui a Caso a imputação seja de prática de contravenção
possibilidade de concurso de pessoas na modalidade penal.
participação. Observe as principais diferenças entre a denunciação
É necessário, para configuração do crime, que o es- caluniosa e o crime de calúnia.
trangeiro tenha ciência de que foi expulso do território Denunciação Caluniosa:
brasileiro.
• É crime contra a administração da justiça

248
• A ação penal é pública incondicionada Não há que se falar em figura típica da comunicação
• Punida pelo fato de o agente movimentar falsa- falsa de crime, já que o agente não teve dolo de comuni-
mente o aparato estatal, tentando prejudicar a víti- car falsamente o fato que não existiu.
ma perante o Estado
• É admitida a imputação falsa de crime ou contra- 5. Autoacusação falsa
venção penal
Este crime se configura quando o agente se acusar,
Calúnia: perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado
por outrem.
• É crime contra a honra É possível a configuração deste tipo penal quando o
• A ação penal é privada agente se acusar de:
• Punida pelo fato de o agente ofender a honra ob-
jetiva da vítima
• Crime não existente (a conduta criminosa sequer
• É admitida a imputação falsa apenas de crime
foi praticada, sequer existiu);
• Crime existente, mas praticado por outra pessoa (a
4. Comunicação falsa de crime ou contravenção
conduta criminosa foi realmente realizada, mas foi
Configura-se este tipo penal quando o agente provo- outro indivíduo que a praticou).
car a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência
de crime ou de contravenção penal que sabe não se ter Sobre a autoacusação falsa, é importante levar em
verificado. consideração:

• Só pode ser praticado dolosamente;


FIQUE ATENTO! • Admite a modalidade tentada;
• Não se exige que seja praticado apenas perante
Ao contrário do que ocorre no crime de
a autoridade policial, mas na presença de qual-
denunciação caluniosa, no crime de falsa
quer autoridade competente (delegado de polícia,
comunicação de crime ou contravenção, o
membro do Ministério Público, autoridade judicial,
agente não individualiza o autor, imputando
etc.);
a alguém o fato que não existiu, mas apenas
• Não se exige a prática de qualquer ato por parte da
comunica à autoridade crime ou contraven-
autoridade para a consumação do crime, bastando
ção penal que sabe não ter ocorrido.
a autoacusação falsa.

6. Falso testemunho ou falsa perícia


Sobre este crime, é importante mencionar que:

• Não admite a forma culposa. Assim, se o agente O crime de falso testemunho ou falsa perícia está pre-
comunica à autoridade, sem intenção, crime ou visto no Artigo 342 do Código Penal.
contravenção penal, provocando a ação desta, este O crime tem a seguinte conduta típica: fazer afirma-
tipo penal não estará configurado. ção falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha,
• É crime comum; perito, contador, tradutor ou intérprete em processo ju-
• Admite tentativa; dicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo
• Se o fato imputado for infração administrativa ou arbitral.
civil, não irá se configurar o crime. Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser prati-
cado mediante a execução de quaisquer um dos verbos
Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção: previstos no tipo penal.
O tipo penal apresenta hipóteses que aumentarão a
• O agente não aponta pessoa certa e determinada pena do agente. As penas aumentam-se de 1/6 (um sex-
como autora da infração penal, mas apenas comu- to) a um terço, se o crime é
nica fato inexistente
• Praticado mediante suborno
Denunciação Caluniosa • Cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

• O agente aponta pessoa certa e determinada como


• Cometido com o fim de obter prova destinada a
autora da infração penal
produzir efeito em processo civil em que for par-
Exemplo: José Carlos viu uma publicação no Face- te entidade da administração pública direta ou
book relacionada a um aborto. De imediato, ligou em indireta.
uma delegacia de polícia e comunicou o crime ao de-
legado de polícia, que iniciou as investigações sobre o Sobre o crime de falso testemunha ou falsa perícia, é
fato. Entretanto, não sabia José Carlos que o aborto não importante levar para a sua prova:
existiu, já que a publicação se tratava de uma brincadeira
por parte daquele que a realizou. • Não admite a forma culposa;

249
• É crime de mão própria, que só poderá ser pratica- 7. Coação no curso do processo
do por uma das pessoas previstas no tipo penal;
Este crime, previsto no Artigo 344 do Código Penal,
Segundo posicionamento doutrinário dominante: configura-se com a seguinte conduta típica: usar de vio-
lência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse
• O falso testemunho não admite coautoria, mas é próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer
possível a participação; outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
• A falsa perícia admite coautoria e participação. processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo
O ofendido (vítima) que praticar quaisquer dos ver- arbitral.
bos previstos no tipo penal não pratica o crime de falso O crime de coação no curso do processo é aquele em
testemunho, já que ele não é testemunha; que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente emprega
Se o agente se retratar ou falar a verdade poderá ter de violência ou grave ameaça contra pessoas que partici-
extinta a punibilidade do crime, desde que: pam do processo ou juízo arbitral.
Suponha que André tenha praticado um crime de
• Seja realizada no processo em que ocorreu o ilícito roubo a um supermercado, estando ele sendo proces-
(no processo em que se deu o falso e não no pro- sado por isso. Thais, funcionária do supermercado, é
cesso referente ao falso); testemunha, tendo sido marcado um dia para que ela
• Se realizada antes da sentença (ainda prevale- comparecesse em juízo para dar seu depoimento. André,
ce o entendimento de que se trata da sentença com a finalidade de favorecer seus próprios interesses,
recorrível). vai à casa de Thais e, utilizando-se de uma arma de fogo
para ameaçá-la, exige que ela diga que não foi ele quem
Não irá responder pelo crime de falso testemunho a praticou o fato, mas outra pessoa.
pessoa que praticar as condutas descritas no tipo penal André praticou o crime de coação no curso do pro-
incriminador com a finalidade de não se autoincriminar. cesso, já que empregou de grave ameaça contra pessoa
Lembre-se que ninguém será prejudicado por não pro-
chamada a intervir em processo judicial.
duzir provas contra si mesmo.
Caso o agente utilize de violência para praticar o
O Artigo 343 do Código Penal apresenta um outro
crime de coação no curso do processo, responderá por
tipo penal, chamado por parte da doutrina de corrup-
este, além da pena correspondente à violência.
ção ativa de testemunha contador, perito, intérprete ou
Sobre a coação no curso do processo, fique atento às
tradutor.
seguintes informações:
A figura típica é: dar, oferecer ou prometer dinheiro
ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, con-
• Pode ser praticado contra as autoridades respon-
tador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa,
negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálcu- sáveis pela condução do processo, como: juízes,
los, tradução ou interpretação. promotores, delegados de polícia, entre outros;
• Só pode ser praticado dolosamente;
• Verbos: dar, oferecer ou prometer; • Exige-se o dolo específico por parte do agente de
• Destinatário: testemunha, perito, contador, tradu- favorecer interesse próprio ou alheio;
tor ou intérprete; • É crime formal, que se consuma com o uso de vio-
• Finalidade: fazer com que as pessoas façam afirma- lência ou grave ameaça, independentemente de o
ção falsa, neguem ou calem a verdade em depoi- coagido ceder;
mento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação. • Admite a forma tentada;

As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3 (um sexto a um 8. Exercício arbitrário das próprias razões
terço), se o crime é:
Com previsão no Artigo 345 do Código Penal, o cri-
• Cometido com o fim de obter prova destinada a me de exercício arbitrário das próprias razões tem como
produzir efeito em processo penal; figura típica a seguinte conduta: fazer justiça pelas pró-
• Cometido com o fim de obter prova destinada a prias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima,
produzir efeito em processo civil em que for par- salvo quando a lei o permite.
te entidade da administração pública direta ou Observe a parte final da figura típica: salvo quando a
indireta. lei o permite.
Pode-se concluir que, quando houver permissão
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Sobre o crime de corrupção ativa de testemunha con- legal, o agente que fizer justiça com as próprias mãos
tador, perito, intérprete ou tradutor, é importante ficar não será responsabilizado criminalmente. Assim, caso
atento ao seguinte: o agente mate alguém em legítima defesa, não será ele
responsabilizado criminalmente.
• Não pode ser praticado culposamente; Kelmon é proprietário de uma casa, que se encon-
• Nos verbos oferecer ou prometer, é crime formal; tra alugada para Diogo. O inquilino está devendo 6 (seis)
• No verbo dar, é crime material; meses de aluguel. Kelmon, indignado com a situação, vai
• Admite tentativa, quando for possível fracionar o até o local, troca todas as fechaduras e coloca os objetos
iter criminis. pessoais de Diogo do lado de fora.

250
Kelmon praticou o crime de exercício arbitrário das • Exige dolo específico: fim de induzir a erro juiz ou
próprias razões, já que fez justiça com as próprias mãos, perito;
para satisfazer pretensão legítima (ele tinha o direito de • É crime formal, que se consuma com a prática da
receber os valores correspondentes ao aluguel de seu conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja
imóvel). efetivamente induzido a erro o juiz ou o perito;
A pretensão do agente deveria ter sido solucionada • Admite a modalidade tentada;
pelos meios legais pertinentes.
Sobre o exercício arbitrário das próprias razões, deve- 10. Favorecimento pessoal
-se ficar atento ao seguinte:
O favorecimento pessoal, previsto no Artigo 348 do
• É crime comum, que pode ser praticado por qual- Código Penal, irá se configurar quando o agente auxiliar
quer pessoa; a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime
• Só poderá ser praticado dolosamente; a que é cominada pena de reclusão.
• Admite tentativa; Este tipo penal pode gerar algumas dúvidas em você.
• Caso o agente pratique o crime com emprego de Para esclarecê-las, vamos analisar alguns exemplos:
violência, responderá também por ela. Exemplo 1: Junior pratica o crime de roubo. O dele-
gado de polícia da região está a sua procura. O autor do
No Artigo 346 do Código Penal, há uma outra figura crime pede para se esconder do delegado na casa de Da-
típica, bastante parecida com o crime de exercício arbi- nilo, seu amigo. Danilo, em sua casa, esconde Junior. Ju-
trário das próprias razões. nior responderá pelo crime de roubo; Danilo, pelo crime
Observe: tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa de favorecimento pessoal, já que auxiliou a se subtrair
própria, que se acha em poder de terceiro por determi- da ação de autoridade pública autor de crime a que se
nação judicial ou convenção comina pena de reclusão.
Sobre este tipo penal, é importante salientar: Exemplo 2: Francisco, Jefferson e César combinam um
crime de roubo. Francisco e Jefferson vão praticar o ver-
• Só pode ser praticado dolosamente; bo descrito no tipo penal, César irá dar fuga aos agen-
• É crime de ação múltipla, que irá se configurar com tes. O crime é praticado, os policiais acabam tomando
a prática de quaisquer um dos verbos previstos no conhecimento da prática delituosa e vão atrás dos cri-
tipo penal: tirar, suprimir, destruiu ou danificar; minosos, contudo, eles conseguem se evadir. todos os
• Exige-se que a coisa seja própria do agente que agentes responderão apenas pelo crime de roubo. Não
praticou a conduta delituosa; se aplicando a César, responsável pela fuga, o crime de
• O objeto deve estar em poder de terceiro por de- favorecimento pessoal, porque, para que se configure
terminação judicial ou convenção. Se for por outro este crime, não pode o agente ter participado do crime
motivo, não se configurará este crime; anterior e nem pode haver liame subjetivo prévio entre
• Admite tentativa. os agentes.
Este crime apresenta uma forma privilegiada, ao qual
9. Fraude processual se comina uma pena mais branda: se ao crime pratica-
do não é cominada pena de reclusão (detenção, por
Com previsão legal no Artigo 347 do Código Penal, exemplo).
o crime de fraude processual irá se configurar quando o Ficará isento de pena (escusa penal absolutória), caso
agente inovar artificiosamente, na pendência de proces- a conduta que configura o favorecimento pessoal seja
so civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou praticado pelo:
de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito.
Aplica-se a pena em dobro. • Ascendente;
Se a inovação se destina a produzir efeito em proces- • Descendente;
so penal, ainda que não indiciado o agente. • Cônjuge;
Carlos praticou o crime de homicídio, ao matar Cláu- • Irmão.
dio, que lhe devia uma quantia em dinheiro. Com a fina-
lidade de simular uma hipótese de legítima defesa, para Sobre o favorecimento pessoal, leve para a sua prova
induzir o perito a erro, Carlos coloca, fraudulentamente, o seguinte:
nas mãos da vítima, uma arma de fogo, modificando o
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

estado de pessoa. • Não pode ser praticado culposamente;


Carlos praticou o crime de fraude processual, respon- • É crime comum;
dendo pelo crime com a pena dobrada, já que inovou • O crime se consuma com o êxito na subtração do
artificiosamente, na pendência de processo penal. criminoso;
Sobre o crime de fraude processual, fique atento ao • Caso não ocorra êxito na subtração, haverá a mo-
seguinte: dalidade tentada;
• É crime acessório, que exige a ocorrência de delito
• É crime comum; anterior;
• Não admite a modalidade culposa;

251
• Não pratica o crime o agente que auxiliar a sub- Com a Lei nº 13.964/2019, o crime foi expressamente
trair-se à ação de autoridade pública autor de con- revogado.
travenção penal.
13. Fuga de pessoa presa ou submetida à medida
11. Favorecimento real de segurança

Previsto no Artigo 349 do Código Penal, o favoreci- Previsto no Artigo 351 do Código Penal, este crime
mento real tem como figura típica a seguinte conduta: tem a seguinte figura típica:
prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de
receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito • promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmen-
do crime. te presa ou submetida a medida de segurança
Requisitos do favorecimento real: detentiva.

• Prestar auxílio a criminoso; Como se pode observar. Pela leitura da figura típica,
• O auxílio é destinado a tornar seguro o proveito do este tipo penal poderá ser praticado de 2 (duas) formas:
crime (que já ocorreu);
• Aquele que presta auxílio não pode ser coautor ou • Com a promoção da fuga;
receptador do crime praticado anteriormente. • Com a facilitação da fuga.

Ao favorecimento real, não se aplica a escusa penal Este crime apresenta, também, formas qualificadas e
absolutória mesmo que a conduta seja praticada pelo as- uma forma culposa.
cendente, descendente, cônjuge ou irmão. Na forma culposa, é crime próprio, que será pratica-
Sobre o favorecimento real, é importante mencionar do pelo funcionário incumbido da guarda ou custódia da
que: pessoa presa
Sobre o crime de fuga de pessoa presa ou subme-
• Não admite a culpa.
tida à medida de segurança, é importante levar em
• Admite tentativa;
consideração:
• O auxílio não pode ter sido combinado previamen-
te pelos agentes, caso seja, não haverá o crime de
• Pode ser praticado tanto intramuros (no interior
favorecimento real, mas sim participação;
de estabelecimento de natureza prisional) quando
• É crime comum.
extramuros (durante procedimento de escolta ou
• Há uma conduta típica, prevista no Artigo 349-A
condução);
do Código Penal, inserida no ano de 2009, cha-
• Em regra, trata-se de crime comum, que pode ser
mado por parte da doutrina de favorecimento real
impróprio. praticado por qualquer pessoa.
• Entretanto, em uma de suas formas qualificadas (se
Observe: ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia
facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunica- ou guarda está o preso ou internado) e na modali-
ção móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em dade culposa, será crime próprio;
estabelecimento prisional. • Admite a forma culposa;
Trata-se de crime plurinuclear, que poderá ser prati- • É necessário, para configuração do crime, que a
cado mediante a execução de quaisquer um dos verbos prisão a que está submetida a pessoa seja legal;
descritos no tipo penal incriminador. • Trata-se de crime material, que se consuma com a
Sobre este crime, é importante levar para a sua prova: efetiva fuga;
• Admite a forma tentada;
• Não admite a culpa; • Caso seja praticado mediante violência contra pes-
• Caso haja autorização legal para ingresso do apa- soa, responderá o agente também pela violência.
relho, o fato será atípico;
• É crime comum; 14. Evasão mediante violência contra pessoa
• A pessoa que se encontra presa poderá responder
por este tipo penal, contudo, caso apenas utilize Previsto no Artigo 352 do Código Penal, este crime
o aparelho que ingressou no estabelecimento pri- irá se configurar quando o preso ou indivíduo submetido
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

sional, não será punido por este crime, cometendo a medida de segurança detentiva se evadir ou tentar se
apenas falta grave, de acordo com a Lei de Execu- evadir, usando de violência contra a pessoa.
ções Penais. Sobre este crime, é muito importante que você leve
em consideração:
12. Exercício arbitrário ou abuso de poder
• Trata-se de crime próprio, que só poderá ser prati-
Este crime, previsto no Artigo 350 do Código Penal, cado por pessoa presa ou submetida a medida de
encontrava-se revogado tacitamente pela Lei de Abuso segurança detentiva;
de Autoridade, Lei 4.898/1965. • Só pode ser praticado dolosamente;

252
• É crime de atentado ou de empreendimento, que • Não é relevante, para fins de caracterização des-
não admite a tentativa; te crime, se o interesse dos presos é legítimo ou
• Exige-se o emprego de violência contra pessoa. ilegítimo;
• Caso seja praticado com emprego de violência,
Caso não haja emprego de violência ou se esta for responderá os agentes, também, por ela.
empregada contra coisa, não irá se configurar este crime. • Admite a forma tentada.
Exemplo 1: Michele, presa em uma penitenciária fe-
minina, para fugir, emprega violência contra uma agente 17. Patrocínio infiel
prisional, conseguindo, assim, evadir-se.
Exemplo 2: Michele, presa em uma penitenciária fe- No Artigo 355 do Código Penal, temos 2 (dois) crimes
minina, aproveitando de um momento de descuido dos distintos, com as seguintes condutas típicas.
agentes prisionais, quebra uma janela com um soco e Patrocínio Infiel: trair, na qualidade de advogado ou
procurador, o dever profissional, prejudicando interesse,
foge do estabelecimento prisional.
cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado.
Exemplo 3: Michele, presa em uma penitenciária femi-
nina, ao verificar que os agentes prisionais estão distraí-
• O patrocínio simultâneo se configura quan-
dos, foge, pulando o muro do estabelecimento prisional.
do o advogado patrocinar as partes contrárias
Apenas no exemplo 1, haverá a configuração do cri- simultaneamente;
me de evasão mediante violência contra pessoa, já que • Patrocínio simultâneo ou tergiversação: defender,
no exemplo 2 a violência foi empregada contra coisa e no na mesma causa, o advogado ou procurador judi-
exemplo 3 não houve emprego de violência. cial, simultânea (patrocínio simultâneo) ou suces-
sivamente (tergiversação ou patrocínio sucessivo),
15. Arrebatamento de preso partes contrárias.
• A tergiversação se configura quando o advogado
O crime de arrebatamento de preso, previsto no Ar- deixa de patrocinar o seu cliente para patrocinar a
tigo 353 do Código Penal, tem como figura típica a se- parte contrária.
guinte conduta: arrebatar preso, afim de maltratá-lo, do
poder de quem o tenha sob custódia ou guarda. Sobre o crime de patrocínio infiel, é importante que
Sobre este crime, são relevantes as seguintes você saiba que:
informações:
• É crime próprio, que só será praticado pelo advo-
• Não admite a modalidade culposa; gado ou procurador que trair o dever funcional;
• Exige dolo específico: fim de maltratar o preso • É crime material, que se consuma quando se preju-
(aplicar-lhe uma surra, por exemplo); dicar o interesse do representado;
• É crime comum; • Não admite forma culposa;
• O preso arrebatado é sujeito passivo secundário; • Admite tentativa;
• É crime formal, que se consuma com o arrebata- • É crime próprio;
mento, independentemente de se conseguir mal- • Não admite a forma culposa;
tratar o preso; • É crime formal, que não exige o prejuízo;
• Admite a forma tentada; • Admite tentativa.
• O agente também responde pela pena relaciona-
18.
Sonegação de papel ou objeto de valor
da à violência que for empregada contra a pessoa
probatório
presa.
Previsto no Artigo 356 do Código Penal, este crime
16. Motim de presos
se configura quando o agente inutilizar, total ou parcial-
mente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto
O crime de motim de presos, previsto no Artigo 354 de valor probatório, que recebeu na qualidade de advo-
do Código Penal, irá se configurar quando se amotina- gado ou procurador.
rem presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão. Este crime pode ser praticado de 2 (duas) formas:
Sobre este crime, fique atento ao seguinte:
• Inutilizar, total ou parcialmente, autos, documento
• É crime plurissubjetivo ou de concurso necessário, ou objeto de valor probatório (forma comissiva);
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

já que será praticado por “presos”; • Deixar de restituir autos, documento ou objeto de
• É crime próprio, que só poderá ser praticado por valor probatório (forma omissiva).
pessoas presas;
• Só pode ser praticado dolosamente; Sobre este tipo penal, é importante ficar atento ao
• O Código Penal não faz referência ao número de seguinte:
presos que são necessários para a configuração do
tipo penal, mas deixa claro se tratar de um crime • É crime próprio, que só pode ser praticado pelo
coletivo; advogado ou procurador que recebeu os autos,
documento ou objeto de valor probatório;

253
• Não é punido na modalidade culposa; Sobre este crime, é importante que você leve em con-
• A doutrina dominante admite a tentativa na moda- sideração as seguintes informações:
lidade comissiva, mas não admite na modalidade
omissiva. • Só poderá ser praticado dolosamente;
• Admite a modalidade tentada;
19. Exploração de prestígio • Exige-se que a suspensão ou privação se dê por
decisão judicial. Caso se trate de decisão adminis-
Está previsto no Artigo 357 do Código Penal. trativa, não irá se configurar este tipo penal.
O crime de exploração de prestígio tem como figura
típica a seguinte conduta: solicitar ou receber dinheiro CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz,
jurado, órgão do ministério público, funcionário de justi- Os crimes contra as finanças públicas foram acres-
ça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. cidos ao Código Penal, em capítulo próprio dos crimes
De forma alguma, você poderá confundir este tipo contra a administração pública, no ano 2000.
penal com o crime de tráfico de influência, previsto no Estão previstos do Artigo 359-A ao Artigo 359-H.
Artigo 332 do CP.
A pena do crime de exploração de prestígio será au-
mentada de 1/3 (um terço):
#FicaDica
Já adianto que os crimes contra as finanças
• Se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou públicas são próprios, praticados por fun-
utilidade também se destina ao juiz, ao jurado, cionário público (crimes funcionais), exi-
ao órgão do ministério público, ao funcionário de gindo-se que este funcionário possa dispor
justiça, ao perito, ao tradutor, ao intérprete ou à sobre as finanças públicas.
testemunha. Parte considerável da doutrina entende ser
possível que o particular seja sujeito ativo
Sobre o crime de exploração de prestígio, leve para dos crimes contra as finanças públicas, mas
a sua prova: desde que, por força de lei, tenha dispo-
nibilidade sobre elas. Entretanto, tal pos-
• É crime comum, que poderá ser praticado por sibilidade se trata de caso extremamente
qualquer pessoa; excepcional.
• Só poderá ser praticado dolosamente; Todos os crimes contra as finanças públicas
• No verbo solicitar é crime formal; são processados mediante ação penal pú-
• No verbo receber é crime material; blica incondicionada.
• Admite tentativa.

20. Violência ou fraude em arrematação judicial 1. Contratação de operação de crédito

Previsto no Artigo 358, este crime irá se configurar Este crime se encontra previsto no Artigo 359-A do
quando o agente impedir, perturbar ou fraudar arrema- Código Penal.
tação judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou Conduta típica: ordenar, autorizar ou realizar opera-
licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou ção de crédito, interno ou externo, sem prévia autoriza-
oferecimento de vantagem. ção legislativa.
Sobre este crime, é importante ficar atento ao Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser
seguinte: praticado mediante a execução de qualquer um dos ver-
bos previstos no tipo penal. Respondendo por este crime
• É crime comum, que pode ser praticado por qual- aquele que:
quer pessoa; Há formas equiparadas do crime de contratação
• Não admite a forma culpada; de operação de crédito, incorrendo nas mesmas penas
• As condutas relacionadas ao licitante foram revo- aquele que ordena, autoriza ou realiza, operação de cré-
gadas pela Lei 8.666/93 (lei de licitação); dito, interno ou externo:
• No caso de emprego de violência, responderá o
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

agente, também, por ela. • Com inobservância de limite, condição ou montan-


te estabelecido em lei ou em resolução do Senado
21. Desobediência a decisão judicial sobre perda ou Federal;
suspensão de direito • Quando o montante da dívida consolidada ultra-
passa o limite máximo autorizado por lei.
Este crime está previsto no Artigo 359 do Código Pe-
nal e irá se configurar quando o agente exercer função,
atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi sus-
penso ou privado por decisão judicial.

254
Sobre este crime, é importante que você leve em • Este crime só se configura se as condutas típicas
consideração: forem praticadas nos dois últimos quadrimestres
(oito meses anteriores ao término do mandato) do
• Não admite a modalidade culposa; último ano do mandato ou legislatura.
• Caso o agente pratique as condutas com autoriza- • É crime de ação múltipla; e
ção legislativa prévia, o fato será atípico; • Admite a modalidade tentada, apesar de ser de di-
• Nos verbos ordenar e autorizar, o crime é formal; fícil comprovação, segundo posicionamento dou-
• No verbo realizar, o crime é material. trinário majoritário.

2. Inscrição de despesas não empenhadas em res- 4. Ordenação de despesa não autorizada


tos a pagar
O crime de ordenação de despesa não autorizada
Este crime está previsto no Artigo 359-B do Código está previsto no Artigo 359-D. Irá se configurar quando o
Penal. Irá se configurar quando o agente ordenar ou au- agente ordenar despesa não autorizada por lei.
torizar a inscrição em restos a pagar de despesa que não Sobre este tipo penal, é importante mencionar que:
tenha sido previamente empenhada ou que exceda limi-
te estabelecido em lei. • Não admite a forma culposa;
Pode ser praticado de duas formas (Inscrição de des- • É crime de ação simples;
pesas não empenhadas em restos a pagar: • Caso a despesa seja ordenada com autorização le-
gislativa, o fato será atípico;
• Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pa- • É crime formal, segundo Nucci.
gar de despesa que não tenha sido previamente
empenhada; 5. Prestação de garantia graciosa
• Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar
de despesa que exceda limite estabelecido em lei Está previsto no Artigo 359-E do Código Penal.
Conduta típica: prestar garantia em operação de cré-
Sobre este crime, é importante levar em consideração: dito sem que tenha sido constituída contragarantia em
valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na
• Não admite a modalidade culposa; e forma da lei.
• Trata-se de crime de ação múltipla. Sobre este crime, fique atento:

3. Assunção de obrigação no último ano do man- • Este crime não admite a modalidade culposa.
dato ou legislatura • Não basta que seja constituída a contragarantia,
exige-se que ela seja igual ou superior ao valor da
Este crime, previsto no Artigo 359-C do Código Pe- garantia prestada.
nal, tem como figura típica a seguinte conduta: ordenar
ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos Caso a contragarantia seja inferior ou não seja presta-
quadrimestres do último ano do mandato ou legislatu- da, este crime estará configurado.
ra, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício
financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício 6. Não cancelamento de restos a pagar
seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de dis-
ponibilidade de caixa. Previsto no Artigo 359-F do Código Penal, o crime
Pode ser praticado de 2 (duas) formas: de não cancelamento de restos a pagar irá se configurar
quando o agente deixar de ordenar, de autorizar ou de
• Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos promover o cancelamento do montante de restos a pa-
dois últimos quadrimestres do último ano do man- gar inscrito em valor superior ao permitido em lei.
dato ou legislatura, cuja despesa não possa ser Sobre este crime, fique atento ao seguinte:
paga no mesmo exercício financeiro;
• Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, • Só pode ser praticado dolosamente;
nos dois últimos quadrimestres do último ano do • É crime omissivo;
mandato ou legislatura, se restar parcela a ser paga • Não admite tentativa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

no exercício seguinte, que não tenha contrapartida


suficiente de disponibilidade de caixa. 7. Aumento de despesa total com pessoal no últi-
mo ano do mandato ou legislatura
Sobre este crime, é importante que você fique atento
às seguintes disposições: Previsto no Artigo 359-G, este crime tem como figura
típica a seguinte conduta: ordenar, autorizar ou executar
• Só pode ser praticado dolosamente; ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal,
nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato
ou da legislatura.

255
Este crime tem como finalidade evitar que se aumente b) foi praticado crime de furto, mas deverá ser reconheci-
as despesas totais com pessoal, concedendo aumentos, da a causa de diminuição de pena do arrependimento
contratando, alterações na carreira, entre outras formas, posterior;
nos últimos dias do mandato ou legislatura, deixando c) houve erro sobre a pessoa, devendo ser consideradas
para outro funcionário público a responsabilidade de ar- as características daquele que se pretendia atingir;
car com os compromissos. d) ocorreu erro de tipo, o que faz com que, no caso con-
Sobre este crime, leve em consideração o seguinte: creto, sua conduta seja considerada atípica;
e) houve erro na execução (aberratio ictus), logo a con-
• Só pode ser praticado dolosamente; duta deverá ser considerada atípica.
• É crime de ação múltipla;
• Para sua configuração, deve ser praticado nos 180 2. (FGV – 2019) Antony, estrangeiro que reside no Brasil
dias que antecedem o fim do mandato ou legisla- há dois meses, inicia em seu quintal uma plantação de
tura. Caso realizado em outro período, não irá se maconha, com a intenção de utilizar aquele material para
configurar; fins medicinais, já que sua doença respiratória melhora
• Admite tentativa. com o uso da droga. Ao tomar conhecimento de que seu
vizinho, João, possui a mesma doença, decide transpor-
8. Oferta pública ou colocação de títulos no tar o material até a residência de João, mas vem a ser
mercado abordado por policiais civis. Após denúncia pela prática
do crime de tráfico, durante seu interrogatório, Antony
Este crime se encontra previsto no Artigo 359-H do esclarece que tinha conhecimento de que transportar
Código Penal. maconha no Brasil era crime, mas acreditava na licitude
A conduta típica é: ordenar, autorizar ou promover a de sua conduta diante da intenção de utilizar o material
oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de para fins medicinais, esclarecendo, ainda, que essa con-
títulos da dívida pública sem que tenham sido criados duta seria válida em seu país de origem.
por lei ou sem que estejam registrados em sistema cen- Com base apenas nas informações expostas, Antony
tralizado de liquidação e de custódia. agiu:
Sobre este crime, é importante mencionar:
a) em erro de proibição, podendo gerar reconhecimen-
• Só pode ser praticado dolosamente; to de causa de redução de pena ou afastamento da
• É crime de ação múltipla; culpabilidade;
• Caso os títulos da dívida pública tenham sido cria- b) em erro de tipo, o que gera o reconhecimento de cau-
dos por lei ou estejam registrados no sistema cen- sa de diminuição de pena;
tralizado de liquidação e de custódia, a prática da c) com desconhecimento da lei, o que não afasta a
conduta prevista no tipo penal irá ser atípico. culpabilidade;
d) em erro de proibição, afastando a tipicidade da
conduta;
HORA DE PRATICAR e) em erro de tipo, afastando a tipicidade da conduta.

1. (FGV – 2019) Ao final das comemorações da noite 3. (FGV – 2019) Lúcio, reincidente em razão de conde-
de Natal com sua família, Paulo, quando deixava o lo- nação definitiva anterior pela prática de crime de uso de
cal, acabou por levar consigo o presente do seu primo documento falso, foi denunciado pela suposta prática
Caio, acreditando ser o seu, tendo em vista que as caixas de dois crimes de furto simples tentados, em concurso
dos presentes eram idênticas. Após perceber o sumiço formal. Encerrada a instrução, após confissão do réu em
do seu presente e acreditando ter sido vítima de crime interrogatório, e estando o processo com o juiz para a
patrimonial, Caio compareceu à Delegacia para registrar sentença, Lúcio procura o Defensor Público para escla-
o ocorrido, ocasião em que foram ouvidas testemunhas recimentos acerca do processo dosimétrico e da forma
presenciais, que afirmaram ter visto Paulo sair com aque- como será executada a pena no caso de procedência da
le objeto. Paulo, ao tomar conhecimento da investigação, pretensão punitiva, esclarecendo que os fatos ocorreram
compareceu em sede policial e indicou onde o objeto dois anos antes e que, atualmente, encontra-se casado,
estava, sendo o bem apreendido no dia seguinte em sua com filho bebê e trabalhando com carteira assinada.
residência. Preocupado com sua situação jurídica, Paulo Considerando apenas as informações expostas, na opor-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

procurou a Defensoria Pública. tunidade, deverá ser esclarecido por sua defesa técnica
Sob o ponto de vista jurídico, sua conduta impõe o reco- que:
nhecimento de que:
a) o aumento da pena em razão do concurso formal de
a) ocorreu erro de proibição, afastando a culpabilidade crimes deve ocorrer antes da redução realizada pela
ou gerando causa de redução de pena, a depender de tentativa, e a definição do quantum a ser majorado
ser considerado vencível ou invencível; em razão dessa causa de aumento deve ter por base
as circunstâncias judiciais do Art. 59 do Código Penal;

256
b) a aplicação da pena privativa de liberdade e de mul- b) a sentença que conceder o perdão judicial, após reco-
ta, em não havendo desígnios autônomos, no con- nhecimento da materialidade e autoria, não será con-
curso formal de crimes, de acordo com as previsões siderada para efeitos de reincidência;
do Código Penal, se dará com base no princípio da c) a anistia, concedida através de decreto presidencial,
exasperação; afasta os efeitos penais, primários e secundários, e ex-
c) a sua condição de tecnicamente reincidente, por si só, trapenais da condenação;
não impede de forma absoluta a substituição da pena d) a prescrição, a decadência e a perempção são causas
privativa de liberdade por pena restritiva de direitos; de extinção da punibilidade do agente nos crimes de
d) a presença de uma circunstância agravante e de uma ação penal pública;
causa de diminuição da pena faz com que o juiz e) o curso do prazo prescricional interrompe-se com o
deva compensá-las na segunda fase do processo oferecimento da denúncia.
dosimétrico;
e) a reincidência, como circunstância agravante prepon- 6. (FGV – 2019) João, por força de divergência ideológi-
derante, não poderá ser compensada com eventual ca, publicou, em 03 de fevereiro de 2019, artigo ofensivo
confissão. à honra de Mário, dizendo que este, quando no exercí-
cio de função pública na Prefeitura do município de São
4. (FGV – 2019) Analise as situações a seguir. Caetano, desviou verba da educação em benefício de
Pedro, reincidente específico em crimes hediondos, foi empresa de familiares.
condenado definitivamente pela nova prática de crime Mário, inconformado com a falsa notícia, apresentou
de estupro de vulnerável. queixa-crime em face de João, sendo a inicial recebida
José, primário, foi condenado definitivamente pela práti- em 02 de maio de 2019. Após observância do procedi-
ca do crime de associação para o tráfico. mento adequado, o juiz designou data para a realização
Carlos, reincidente em razão de anterior punição pela da audiência de instrução e julgamento, sendo as parte
prática do crime de furto, foi condenado definitivamente intimadas. No dia da audiência, apenas o querelado João
pela prática do crime de extorsão simples.
e sua defesa técnica compareceram.
Com base nas informações expostas, em relação ao livra-
Diante da ausência injustificada do querelante, poderá a
mento condicional, é correto afirmar que:
defesa de João requerer ao juiz o reconhecimento
a) Pedro terá direito ao benefício após cumprir mais de
a) da decadência, que é causa de extinção da punibilidade.
2/3 da pena imposta, José após o cumprimento de
b) do perdão do ofendido, que é causa de extinção da
mais de 1/3 da sanção aplicada, enquanto para Carlos
punibilidade.
será necessário o cumprimento de mais de metade da
c) do perdão judicial, que é causa de exclusão da
pena;
culpabilidade.
b) José terá direito ao benefício após cumprir mais de
2/3 da pena aplicada, e Carlos, após o cumprimento d) da perempção, que é causa de extinção da punibilidade.
de mais de metade da sanção, enquanto Pedro não
fará jus ao benefício; 7. (FGV – 2019) João é o engenheiro civil responsável
c) José terá direito ao benefício após cumprir mais de pela elaboração do projeto e pela execução da obra de
1/3 da pena aplicada, e Carlos, após o cumprimento construção de um prédio de três pavimentos. O projeto
de mais de metade da sanção, enquanto Pedro não estava eivado de falhas técnicas e a execução das obras
fará jus ao benefício; não contou com as cautelas previstas nas normas de re-
d) José terá direito ao benefício após cumprir mais de gência. Assim, em razão da conduta imperita do enge-
2/3 da pena aplicada, e Carlos, após o cumprimento nheiro, no curso da obra, a construção entrou em co-
de mais de 1/3 da sanção, enquanto Pedro não fará jus lapso e desabou, ocasionando a morte do pedreiro José.
ao benefício; No caso em tela, João:
e) José e Pedro terão direito ao benefício após cum-
primento de mais de 2/3 da pena aplicada, enquan- a) não pode ser responsabilizado pelo crime de homi-
to Carlos precisará cumprir mais de metade da pena cídio, pois não teve a intenção de causar a morte do
imposta. pedreiro;
b) não pode ser responsabilizado pelo crime de homi-
5. (FGV – 2019) Reconhecida a prática de um fato típico, cídio, por ausência de dolo, mas responde por lesão
ilícito e culpável, o Estado tem o poder/dever de punir o corporal grave;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

seu infrator. c) deve ser responsabilizado por homicídio doloso, pois


Todavia, há situações que fazem desaparecer o poder sua incompetência no exercício da profissão causou a
punitivo estatal, sendo correto afirmar, de acordo com o morte do pedreiro;
Código Penal, que: d) deve ser responsabilizado por homicídio culposo, com
aumento de pena porque o crime resultou de inobser-
a) os prazos das prescrições da pretensão punitiva e da vância de regra técnica de profissão;
pretensão executória serão reduzidos pela metade nos e) deve ser responsabilizado por homicídio doloso, com
casos em que o agente era, ao tempo do crime, menor diminuição de pena porque o crime resultou de inob-
de 21 anos, ou maior de 60 na data da sentença; servância de regra técnica de profissão.

257
8. (FGV – 2019) Sandra, mãe de Enrico, de 4 anos de 10. (FGV – 2019) Adelaide e Walter vivem juntos há oito
idade, fruto de relacionamento anterior, namorava Fábio. anos. Possuem uma filha dessa união, e Adelaide está no
Após conturbado término do relacionamento, cujas dis- 4º mês de gestação de outra criança. Desempregado,
cussões tinham como principal motivo a criança e a rela- Walter começa a beber, chegando, um dia, à casa, extre-
ção de Sandra com o ex-companheiro, Fábio comparece mamente agressivo com a filha. Temendo uma agressão
à residência de Sandra, enquanto esta trabalhava, para física contra a filha, Adelaide tenta conter o companhei-
buscar seus pertences. Na ocasião, ele encontrou Enrico ro, mas este a empurra violentamente, passando a es-
e uma irmã de Sandra, que cuidava da criança. pancá-la. Como consequência, Adelaide sofre um aborto.
Com raiva pelo término da relação, Fábio, aproveitan- De acordo com a Lei Maria da Penha, com base no Có-
do-se da distração da tia, conversa com a criança so- digo Penal brasileiro, a atitude de Walter é qualificada
bre como seria legal voar do 8º andar apenas com uma como:
pequena toalha funcionando como paraquedas. Diante
a) tentativa de homicídio;
do incentivo de Fábio, Enrico pula da varanda do apar-
b) agressão qualificada;
tamento com a toalha e vem a sofrer lesões corporais de
c) violência injustificada;
natureza grave, já que cai em cima de uma árvore.
d) lesão corporal grave;
Descobertos os fatos, a família de Fábio procura advo-
e) homicídio culposo.
gado para esclarecimentos sobre as consequências jurí-
dicas do ato. 11. (FGV – 2019) Enquanto Larissa estudava para prova
Considerando as informações narradas, sob o ponto de de concurso público, Tatiana, sua vizinha, realizava uma
vista técnico, deverá o advogado esclarecer que a condu- festa em sua residência, com música em alto volume.
ta de Fábio configura Incomodada com o barulho que vinha da casa da vizinha,
Larissa se dirigiu ao local para reclamar, iniciando-se uma
a) conduta atípica, já que não houve resultado de morte intensa discussão. Durante a discussão, Tatiana se alterou
a partir da instigação ao suicídio. e jogou a garrafa de cerveja que segurava em sua mão
b) crime de instigação ao suicídio consumado, com pena na direção dos braços de Larissa, com a intenção de cau-
inferior àquela prevista para quando há efetiva morte. sar-lhe lesão.
c) crime de instigação ao suicídio na modalidade tentada. Larissa se abaixou e a garrafa acabou atingindo sua ca-
d) crime de homicídio na modalidade tentada. beça, causando-lhe grave ferimento, que, embora não
gerasse risco à sua vida, fez com que ficasse internada no
9. (FGV – 2019) Regina dá à luz seu primeiro filho, Davi. hospital por dois meses.
Logo após realizado o parto, ela, sob influência do es- Descobertos os fatos, Tatiana deverá ser indiciada pela
tado puerperal, comparece ao berçário da maternidade, prática do(s) crime(s) de
no intuito de matar Davi. No entanto, pensando tratar-se
de seu filho, ela, com uma corda, asfixia Bruno, filho re- a) tentativa de homicídio culposo, apenas.
cém-nascido do casal Marta e Rogério, causando-lhe a b) lesão corporal de natureza gravíssima e tentativa de
morte. Descobertos os fatos, Regina é denunciada pelo homicídio doloso, em razão do dolo eventual.
crime de homicídio qualificado pela asfixia com causa de c) tentativa de homicídio doloso, apenas, absorvendo o
aumento de pena pela idade da vítima. crime de lesão corporal, em razão do dolo direto de
Diante dos fatos acima narrados, o(a) advogado(a) de segundo grau, porque, embora não desejasse o resul-
Regina, em alegações finais da primeira fase do procedi- tado, assumiu seu risco com sua conduta.
d) lesão corporal de natureza leve, apenas, pois a vida de
mento do Tribunal do Júri, deverá requerer
Larissa não foi colocada em risco.
e) lesão corporal de natureza grave, apenas, em razão da
a) o afastamento da qualificadora, devendo Regina res-
incapacidade de Larissa para exercer suas ocupações
ponder pelo crime de homicídio simples com causa de
habituais durante o período de internação.
aumento, diante do erro de tipo.
b) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante 12. (FGV – 2019) No dia 3 de junho de 2019, Vitor, revol-
do erro sobre a pessoa, não podendo ser reconhecida tado com a intenção de sua companheira Rosa de termi-
a agravante pelo fato de quem se pretendia atingir ser nar o relacionamento, faz um grande buraco no quintal
descendente da agente. da residência e surpreende sua companheira com um
c) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante forte golpe de pá na sua cabeça. Em seguida, apesar de
do erro na execução (aberratio ictus), podendo ser re- saber que aquele golpe não seria suficiente para causar
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

conhecida a agravante de o crime ser contra descen- a morte de Rosa, a joga no interior do buraco, com a
dente, já que são consideradas as características de intenção de persistir nos golpes, causar sua morte e, em
quem se pretendia atingir. seguida, esconder o corpo. Ocorre que Rosa começa a
d) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante chorar e implora para que Vitor pense na filha do casal.
do erro sobre a pessoa, podendo ser reconhecida a Vitor, então, cessa sua conduta, ajuda Rosa a sair do bu-
agravante de o crime ser contra descendente, já que raco e permite que ela vá se limpar, ocasião em que a
são consideradas as características de quem se pre- vítima pula pela janela do banheiro e informa os fatos a
tendia atingir. policiais militares que passavam pela localidade. É cons-
tatada a existência de lesões de natureza leve na vítima.

258
Considerando apenas as informações expostas, a condu- 15. (FGV – 2019) Em 07 de julho de 2017, Márcio, primá-
ta de Vitor configura: rio e de bons antecedentes, subtraiu a carteira de Antô-
nio, mediante grave ameaça exercida com o emprego de
a) tentativa de homicídio qualificado por ser contra a uma faca. Ainda na execução, para assegurar que Antônio
mulher, por condição do sexo feminino; não fugisse durante o ato de subtração, Márcio segurou
b) lesão corporal qualificada por ser contra companheira, a vítima pelo braço por cerca de 1 minuto, impedindo-a
em razão do arrependimento eficaz; de deixar o local dos fatos. Logo após a subtração, po-
c) lesão corporal qualificada por ser contra companheira, liciais militares passaram pelo local e foram informados
em razão da desistência voluntária; por Antônio sobre o ocorrido, iniciando uma perseguição
d) fato atípico, em razão do arrependimento eficaz; ao autor do fato na direção apontada pela vítima, vindo
e) fato atípico, em razão da desistência voluntária. Márcio a ser preso, cerca de 10 minutos depois, ainda na
posse da coisa subtraída e com a faca utilizada na ação
13. (FGV – 2020) Durante uma reunião de condomínio, criminosa. Foi constatado que a res furtiva constante no
Paulo, com o animus de ofender a honra objetiva do con- interior da carteira era de aproximadamente R$ 20,00
dômino Arthur, funcionário público, mesmo sabendo que (vinte reais). Após seu curso regular, com integral confir-
o ofendido foi absolvido daquela imputação por decisão mação dos fatos, em 13 de fevereiro de 2019, o processo
transitada em julgado, afirmou que Artur não tem condi- foi encaminhado ao magistrado para sentença.
ções morais para conviver naquele prédio, porquanto se Considerando a situação narrada e a jurisprudência que
apropriara de dinheiro do condomínio quando exercia a prevalece nos Tribunais Superiores, Márcio deverá ser:
função de síndico.
Inconformado com a ofensa à sua honra, Arthur ofereceu a) condenado pelo crime de roubo majorado apenas
queixa-crime em face de Paulo, imputando-lhe a prática pelo emprego de arma, podendo, porém, haver redu-
do crime de calúnia. Preocupado com as consequências ção da pena em razão da tentativa;
de seu ato, após ser regularmente citado, Paulo procura b) condenado pelo crime de roubo majorado apenas pela
você, como advogado(a), para assistência técnica. restrição da liberdade da vítima, na forma consumada;
Considerando apenas as informações expostas, você de- c) absolvido em razão do reconhecimento da atipici-
verá esclarecer que a conduta de Paulo configura crime dade da conduta, com fundamento no princípio da
de insignificância;
d) condenado pelo crime de roubo simples, na forma
a) difamação, não de calúnia, cabendo exceção da verda- tentada;
de por parte de Paulo. e) condenado pelo crime de roubo simples, na forma
b) injúria, não de calúnia, de modo que não cabe exceção consumada.
da verdade por parte de Paulo.
c) calúnia efetivamente imputado, não cabendo exceção 16. (FGV – 2019) Em 05/10/2018, Lúcio, com o intuito
da verdade por parte de Paulo. de obter dinheiro para adquirir uma moto em comemo-
d) calúnia efetivamente imputado, sendo possível o ofe- ração ao seu aniversário de 18 anos, que aconteceria em
recimento da exceção da verdade por parte de Paulo. 09/10/2018, sequestra Danilo, com a ajuda de um amigo
ainda não identificado. No mesmo dia, a dupla entra em
14. (FGV – 2019) Carlos, guarda municipal, durante seu contato com a família da vítima, exigindo o pagamento
horário de trabalho, verifica que Joana, declarando-se da quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para sua
vendedora de roupas, aproxima-se de Marta e passa a liberação. Duas semanas após a restrição da liberdade da
lhe mostrar as saias que teria para venda. vítima, período durante o qual os autores permaneceram
Enquanto Marta analisava as roupas apresentadas, Joa- em constante contato com a família da vítima exigindo
na, aproveitando-se da situação criada, pega o telefo- o pagamento do resgate, a polícia encontrou o local do
ne celular de Marta, que estava em cima do banco. Em cativeiro e conseguiu libertar Danilo, encaminhando, de
seguida, Joana tenta deixar o local dos fatos, levando o imediato, Lúcio à Delegacia. Em sede policial, Lúcio entra
telefone e as saias, pois, na verdade, não era vendedora, em contato com o advogado da família.
mas vem a ser presa em flagrante por Carlos. Considerando os fatos narrados, o(a) advogado(a) de Lú-
Encaminhada à Delegacia e confirmados os fatos, Joana cio, em entrevista pessoal e reservada, deverá esclarecer
deverá ser responsabilizada pelo crime de que sua conduta
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

a) furto simples. a) não permite que seja oferecida denúncia pelo Minis-
b) furto mediante fraude. tério Público, pois o Código Penal adota a Teoria da
c) estelionato simples. Ação para definição do tempo do crime, sendo Lúcio
d) apropriação indébita simples. inimputável para fins penais.
e) apropriação indébita majorada pela fraude. b) não permite que seja oferecida denúncia pelo órgão
ministerial, pois o Código Penal adota a Teoria do
Resultado para definir o tempo do crime, e, sendo
este de natureza formal, sua consumação se deu em
05/10/2018.

259
c) configura fato típico, ilícito e culpável, podendo Lúcio b) do concurso formal entre os crimes de estelionato
ser responsabilizado, na condição de imputável, pelo tentado e falsificação de documento particular.
crime de extorsão mediante sequestro qualificado na c) de crime único de estelionato, na forma consumada,
forma consumada. afastando-se o concurso de crimes.
d) configura fato típico, ilícito e culpável, podendo Lúcio d) de crime único de estelionato, na forma tentada, afas-
ser responsabilizado, na condição de imputável, pelo tando-se o concurso de crimes.
crime de extorsão mediante sequestro qualificado na
forma tentada, já que o crime não se consumou por 19. (FGV – 2019) Hugo estava em via pública com seu
circunstâncias alheias à sua vontade, pois não houve currículo na mão, considerando o fato de estar desem-
obtenção da vantagem indevida. pregado. Ao observar aquela situação, Carlos apresen-
tou-se como funcionário da sociedade empresária que
17. (FGV – 2019) Durante a madrugada, Lucas ingressou funcionava naquela rua e afirmou que teria um empre-
em uma residência e subtraiu um computador. Quando go para oferecer a Hugo. Para isso, Hugo precisaria ini-
se preparava para sair da residência, ainda dentro da cialmente apresentar seus documentos. Posteriormente,
casa, foi surpreendido pela chegada do proprietário. As- Carlos solicitou que Hugo lhe entregasse seu aparelho
sustado, ele o empurrou e conseguiu fugir com a coisa de telefonia celular, afirmando que iria ao interior do
subtraída. estabelecimento comercial para registrar o wi-fi no apa-
Na manhã seguinte, arrependeu-se e resolveu devolver relho. Hugo, então, entregou a Carlos seu celular e per-
a coisa subtraída ao legítimo dono, o que efetivamente mitiu que ele fosse ao estabelecimento, combinando de
veio a ocorrer. O proprietário, revoltado com a conduta aguardá-lo em via pública. Uma hora depois, entenden-
anterior de Lucas, compareceu em sede policial e narrou do que Carlos estava demorando, Hugo o procurou no
o ocorrido. Intimado pelo Delegado para comparecer estabelecimento, descobrindo que, na verdade, Carlos
em sede policial, Lucas, preocupado com uma possível nunca trabalhara no local e que deixara a localidade na
responsabilização penal, procura o advogado da famí- posse do seu telefone assim que o recebeu. Os fatos são
lia e solicita esclarecimentos sobre a sua situação jurí- informados ao Ministério Público.
dica, reiterando que já no dia seguinte devolvera o bem Com base apenas nas informações expostas, a conduta
subtraído. de Carlos condiz com a figura típica do crime de:
Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) de-
verá informar a Lucas que poderá ser reconhecido(a) a) apropriação indébita majorada em razão do ofício,
emprego ou profissão;
a) a desistência voluntária, havendo exclusão da tipicida- b) furto qualificado pelo emprego de fraude;
de de sua conduta. c) apropriação indébita simples;
b) o arrependimento eficaz, respondendo o agente ape- d) furto simples;
nas pelos atos até então praticados. e) estelionato.
c) o arrependimento posterior, não sendo afastada a ti-
picidade da conduta, mas gerando aplicação de causa 20. (FGV – 2020) Yuri foi denunciado pela suposta prá-
de diminuição de pena. tica de crime de estupro qualificado em razão da idade
d) a atenuante da reparação do dano, apenas, não sendo, da vítima, porque teria praticado conjunção carnal con-
porém, afastada a tipicidade da conduta. tra a vontade de Luana, de 15 anos, mediante emprego
de grave ameaça. No curso da instrução, Luana mudou
18. (FGV – 2020) Maria, em uma loja de departamento, sua versão e afirmou que, na realidade, havia consentido
apresentou roupas no valor de R$ 1.200 (mil e duzentos na prática do ato sexual, sendo a informação confirmada
reais) ao caixa, buscando efetuar o pagamento por meio por Yuri em seu interrogatório.
de um cheque de terceira pessoa, inclusive assinando Considerando apenas as informações expostas, no mo-
como se fosse a titular da conta. Na ocasião, não foi exi- mento de apresentar alegações finais, a defesa técnica
gido qualquer documento de identidade. Todavia, o caixa de Yuri deverá pugnar por sua absolvição, sob o funda-
da loja desconfiou do seu nervosismo no preenchimen- mento de que o consentimento da suposta ofendida, na
to do cheque, apesar da assinatura perfeita, e consultou hipótese, funciona como
o banco sacado, constatando que aquele documento
constava como furtado. a) causa supralegal de exclusão da ilicitude.
Assim, Maria foi presa em flagrante naquele momento b) causa legal de exclusão da ilicitude.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

e, posteriormente, denunciada pelos crimes de estelio- c) fundamento para reconhecimento da atipicidade da


nato e falsificação de documento público, em concurso conduta.
material. d) causa supralegal de exclusão da culpabilidade.
Confirmados os fatos, o advogado de Maria, no momen-
to das alegações finais, sob o ponto de vista técnico, de- 21. (FGV – 2019) Tício, padrasto de Lourdes, criança de
verá buscar o reconhecimento 11 anos de idade, praticou, mediante violência consisten-
te em diversos socos no rosto, atos libidinosos diversos
a) do concurso formal entre os crimes de estelionato da conjunção carnal com sua enteada.
consumado e falsificação de documento público.

260
A vítima contou o ocorrido à sua mãe, apresentando le- (  ) O crime de desabamento é classificado pela doutri-
sões no rosto, de modo que a genitora de Lourdes, de na como de dano, exigindo que cause efetivo dano
imediato, compareceu com a filha em sede policial e nar- à vida, integridade física ou patrimônio de outrem.
rou o ocorrido. Recebidos os autos do inquérito policial, (  ) O crime de desabamento pode ser punido na moda-
o promotor de justiça com atribuição deverá oferecer de- lidade dolosa ou na culposa.
núncia imputando a Tício o crime de: (  ) Ao crime de desabamento culposo, com resultado
morte, se aplica a pena do homicídio culposo au-
a) estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), podendo o mentada de 1/3.
emprego de violência real ser considerado na pena
base para fins de aplicação da sanção penal, bem As afirmativas são, na ordem apresentada,
como cabendo reconhecimento da causa de aumento respectivamente,
de pena pelo fato de o autor ser padrasto da ofendida;
b) estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), não podendo a) F – V – F.
o emprego de violência real ser considerado na pena b) V – F – F.
base por já funcionar como elementar do delito, mas c) F – V – V.
cabendo reconhecimento da causa de aumento de d) V – V – V.
pena pelo fato de o autor ser padrasto da ofendida; e) V – V – F.
c) estupro qualificado pela idade da vítima (art. 213, §1º
do CP), diante da violência real empregada, de modo 24. (FGV – 2019) Com relação ao crime de incêndio, ana-
que a idade da vítima não poderá funcionar como lise as afirmativas a seguir.
agravante, apesar de presente a causa de aumento
pelo fato de o autor ser padrasto da ofendida; I. Não admite a forma tentada.
d) estupro simples (art. 213 do CP), diante da violência II. A pena será aumentada se o crime for cometido com
real empregada, funcionando a idade da vítima como o intuito de obter vantagem pecuniária em proveito
agravante da pena, não havendo previsão de causa de próprio ou alheio e se o incêndio for em casa efe-
aumento de pena, que somente seria aplicável se o tivamente habitada, sendo insuficiente, porém, para
autor fosse pai da ofendida; o aumento da pena, a casa ser apenas destinada a
e) estupro qualificado pela idade da vítima (art. 213, §1º habitação.
do CP), sem causa de aumento por ser o autor padras- III. Se for colocado em perigo apenas patrimônio pró-
to da ofendida, diante da violência real empregada, prio, sem causar risco ao patrimônio alheio, não se
podendo a idade da vítima funcionar também como caracteriza o crime de incêndio.
agravante da pena.
Está correto o que afirma em
22. (FGV – 2019) Frederico, de maneira intencional,
colocou fogo no jardim da residência de seu chefe de a) I, apenas.
trabalho, causando perigo ao patrimônio deste e dos b) II, apenas.
demais vizinhos da região, já que o fogo se alastrou rapi- c) III, apenas.
damente, aproximando-se da rede elétrica e de pessoas d) I e III, apenas.
que passavam pelo local. Ocorre que Frederico não se e) II e III, apenas.
certificou, com as cautelas necessárias, que não have-
ria ninguém no jardim, de modo que a conduta por ele
adotada causou a morte de uma criança, queimada, que 25. (FGV – 2019) Após ingerir intencionalmente bebi-
brincava no local. da alcoólica, Jorge arremessa, contra um ônibus desti-
Desesperado, Frederico procura você, como advoga- nado ao transporte coletivo de passageiros, que estava
do(a), e admite os fatos, indagando sobre eventuais con- estacionado e parado dentro do terminal, uma garrafa
sequências penais de seus atos. de vidro vazia. O objeto atinge o vidro do coletivo, mas
Considerando apenas as informações narradas, o(a) ad- não chega a quebrar o vidro ou causar lesão nos três
vogado(a) de Frederico deverá esclarecer que a conduta passageiros que estavam em seu interior, aguardando o
praticada configura crime de horário de saída do veículo. Ocorre que agentes públi-
cos presenciaram os fatos e encaminharam Jorge para
a) homicídio doloso qualificado pelo emprego de fogo. Delegacia.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

b) incêndio doloso simples. Considerando apenas as informações narradas, é correto


c) homicídio culposo. afirmar que a conduta de Jorge
d) incêndio doloso com aumento de pena em razão do
resultado morte. a) não configura crime de “arremesso de projétil”, tendo
em vista que o veículo não estava em movimento.
23. (FGV – 2019) Com relação ao crime de desabamen- b) não configura crime de “arremesso de projétil”, uma
to, analise as afirmativas a seguir e assinale V para a ver- vez que havia três passageiros no interior do coletivo,
dadeira e F para a falsa. o que é insuficiente para configuração da elementar
“transporte público”.

261
c) configura crime de “arremesso de projétil”, sendo apli- d) Foi praticado crime de exercício ilegal da medicina,
cável causa de aumento de pena pelo fato de haver que poderá ser tipificado a parte de conduta dolosa
pessoas no interior do coletivo. ou culposa do agente.
d) Não configura crime de “arremesso de projétil”, tendo e) Não foi praticado crime de exercício ilegal da medi-
em vista que a garrafa de cerveja não pode ser consi- cina, que exige a presença de habitualidade para sua
derada “projétil”. tipificação.
e) configura crime de “arremesso de projétil”, que é pu-
nível tanto diante da conduta culposa como dolosa do 28. (FGV – 2019) Caio, proprietário de uma farmácia,
agente. com o intuito de auferir lucro, adquiriu de Gilberto pro-
dutos cosméticos adulterados e os colocou à venda em
26. (FGV – 2019) O Código Penal, em seu Título VIII da seu estabelecimento.
Parte Especial, traz os chamados Crimes contra a Incolu- Considerando os fatos acima, acerca do crime de falsifi-
midade Pública, que podem ser de perigo comum; con- cação, corrupção, adulteração ou alteração de produto
tra a segurança dos meios de comunicação e transpor- destinado a fins terapêuticos ou medicinais, assinale a
te e outros serviços públicos; ou crimes contra a saúde afirmativa correta.
pública.
Dentre os crimes contra a saúde pública destaca-se o cri- a) Gilberto poderá responder pelo crime em questão,
me de epidemia. Em relação ao crime de epidemia, assi- mas não Caio, uma vez que foi aquele o único respon-
nale a afirmativa correta. sável pela adulteração do produto.
b) Caio e Gilberto poderão responder pelo crime em
a) Poderá ser praticado na forma dolosa e, caso resulte questão, ambos na modalidade dolosa, sendo apli-
morte a título de culpa, poderá a pena ser aplicada em cável, além da pena privativa de liberdade, pena de
dobro. multa.
b) É classificado pela doutrina como próprio em relação c) Caio e Gilberto não poderão ser punidos pelo crime,
ao sujeito ativo, somente podendo ser praticado por pois os produtos adulterados não se destinavam a fins
pessoas com determinadas características. terapêuticos ou medicinais.
c) É punível apenas na forma dolosa, não havendo tipi- d) Caio e Gilberto poderão responder pelo crime, sen-
ficação da conduta de causar epidemia de forma cul- do o primeiro na modalidade culposa e o segundo na
posa, ou seja, a partir de violação do dever objetivo de modalidade dolosa.
cuidado. e) Gilberto, ao realizar a venda para Caio, praticou o cri-
d) Restará configurado com a transmissão de qualquer me em questão, mas Caio apenas responderá pelo
moléstia, ainda que não infecciosa. mesmo delito se algum cliente adquirir o produto
e) Tem como sujeito passivo pessoa determinada. adulterado de seu estabelecimento.

27. (FGV – 2019) Hugo, estudante de enfermagem, com 29. (FGV – 2019) Determinado vereador faz uso de sua
o conhecimento já adquirido no curso, presta, em deter- secretária parlamentar, paga pelo Erário Público, para
minada data, atendimento médico a um casal de mora- tratar, entre outras atividades vinculadas ao seu cargo e
dores da comunidade em que residia, realizando diag- função, dos seus interesses particulares.
nóstico e receitando medicamentos. Neste caso, pratica
Para garantir a confiança do casal, Hugo esclareceu que
tinha conhecimentos em razão de cursos na área da saú- a) fato penalmente atípico.
de, mas admitiu que era a primeira vez que praticava b) crime de corrupção passiva.
conduta típica do exercício da medicina. Ademais, infor- c) crime de corrupção ativa.
mou que não cobraria qualquer valor do casal, já que seu d) crime de peculato.
objetivo era verificar se teria prazer em realizar atendi- e) fato penalmente imune.
mentos a pessoas com problemas de saúde.
Considerando apenas as informações expostas, assinale 30. (FGV – 2019) Rogério, funcionário público municipal,
a afirmativa correta. no exercício de cargo em comissão, por ser pessoa de
confiança dentro da estrutura da Administração Pública
a) Não foi praticado crime de exercício ilegal da medi- Direta, subtraiu, fora do horário de serviço, o laptop da
cina, tendo em vista que o fato foi praticado a título repartição em que trabalhava.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

gratuito. Para tanto, ele contou com a ajuda do primo João, que
b) Foi praticado crime de exercício ilegal da medicina, já não tinha qualquer vínculo com o Poder Público, mas
que dispensável a intenção de lucro, que, se presen- que, certamente, tinha conhecimento do cargo que Ro-
te, apenas permite que seja também aplicada pena de gério exercia e da facilidade que teriam em razão do
multa. acesso ao local dos fatos.
c) Somente restará praticado o crime de exercício ilegal Ocorre que a conduta dos primos foi registrada pelas
da medicina, se a conduta do agente causar dano di- câmeras de segurança, sendo as imagens encaminhadas
reto às pessoas atendidas. para a autoridade policial.

262
Com base apenas nas informações narradas, é correto a) de inserção de dados falsos em sistema de informa-
afirmar que a conduta de Rogério configura crime de ções, desde que se comprove que o agente efetiva-
mente recebeu vantagem indevida;
a) peculato, sendo aplicável a ele causa de aumento de b) de inserção de dados falsos em sistema de informa-
pena, em razão do cargo em comissão que exercia, ções, independentemente da comprovação de ter o
respondendo João também pelo crime contra Admi- agente efetivamente recebido o valor da vantagem
nistração Pública, apesar de este ser classificado como indevida;
próprio. c) contra a administração pública de corrupção passiva,
b) peculato simples, sem qualquer causa de aumento, já independentemente da comprovação de ter o agente
que o exercício de função de confiança é inerente à efetivamente recebido o valor da vantagem indevida;
definição de funcionário público, respondendo João d) contra a administração pública de corrupção passiva,
também pelo crime contra a Administração Pública, desde que se comprove que o agente efetivamente
apesar da natureza própria do delito.
recebeu o valor da vantagem indevida;
c) peculato simples, sem qualquer causa de aumento, já
e) contra a administração pública de peculato, desde que
que o exercício de função de confiança é inerente à
se comprove que o agente efetivamente recebeu o va-
definição de funcionário público, respondendo João
lor da vantagem indevida.
pelo crime de furto, diante da natureza própria do
delito.
d) peculato, sendo aplicável a ele causa de aumento de 33. (FGV – 2020) João, oficial de justiça, solicita o paga-
pena em razão do cargo em comissão que exercia, mento de dois mil reais para não cumprir rapidamente
respondendo João, porém, pelo crime de furto, diante um mandado de citação, o que acaba ocorrendo.
da natureza própria do delito. Nessa situação, João sujeita-se às penas previstas para
e) furto qualificado pelo concurso de agentes, assim o crime de:
como João, já que os fatos ocorreram fora do horário
de serviço. a) concussão;
b) corrupção passiva simples;
31. (FGV – 2020) Ao receber a intimação para efetuar c) prevaricação;
pagamento decorrente de condenação judicial, o réu, d) corrupção passiva com aumento de pena;
pessoa de baixa instrução, entrega o valor pertinente ao e) tráfico de influência.
oficial de justiça Roberto, que o utiliza para o pagamento
de uma dívida própria. 34. (FGV – 2020) Oficial de justiça que deixa de dar cum-
Sobre a conduta praticada por Roberto, é correto afirmar primento integral a mandado de penhora em razão de
que: sentir pena do proprietário do bem penhorado comete,
em tese, o crime de:
a) o fato é atípico porque o Código Penal não pune o
chamado peculato de uso; a) corrupção passiva privilegiada;
b) foi cometido o crime de peculato mediante erro de b) abandono de função;
outrem, já que o oficial de justiça não colaborou para c) violação de sigilo profissional;
o erro do sujeito passivo; d) corrupção passiva simples;
c) Roberto deve responder pelo crime de peculato na e) prevaricação.
modalidade apropriação, definido no art. 312 do Có-
digo Penal;
35. (FGV – 2020) A respeito dos crimes praticados por
d) Roberto cometeu o crime de corrupção passiva por-
funcionário público contra a Administração Pública, é
que recebeu vantagem indevida em razão do cargo;
correto afirmar que:
e) não há crime devido ao exercício regular de um direito.

32. (FGV – 2019) João, servidor público ocupante de a) no crime de concussão, o funcionário público solicita a
cargo efetivo de Analista de Sistemas, no exercício da vantagem indevida à vítima;
função e na qualidade de funcionário autorizado, inse- b) na corrupção passiva, o funcionário público sempre
riu dados falsos e alterou indevidamente dados corretos toma a iniciativa de propor o pagamento da vantagem
em sistema informatizado da Administração Pública es- ilícita;
tadual. João promoveu as citadas alterações em banco c) no crime de advocacia administrativa, o funcionário
de dados que compila informações estatísticas sobre se- público patrocina interesse próprio e ilícito perante a
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

gurança pública, com objetivo de maquiar índices de cri- administração pública;


minalidade na região do Batalhão de Polícia Militar onde d) responde por prevaricação, e não corrupção passiva,
seu irmão é Comandante e com o fim de obter vantagem o funcionário público que deixa de praticar ato de ofí-
indevida para si, consistente no pagamento de oitenta cio sem ser remunerado, atendendo a pedido de outra
mil reais. pessoa;
Ao receber o inquérito policial que apurou os fatos des- e) no crime de inserção de dados falsos em sistema de
critos contendo farta justa causa, o Promotor de Justiça informação, o funcionário público autorizado exclui
deve oferecer denúncia em face de João, pela prática do ou altera dados corretos nos sistemas informatizados
crime, previsto no Código Penal: ou em banco de dados da Administração Pública.

263
____________________________________________________________
GABARITO ____________________________________________________________

1 D ____________________________________________________________
2 A
____________________________________________________________
3 C
4 B ____________________________________________________________
5 B
6 D ____________________________________________________________
7 D
____________________________________________________________
8 D
9 B ____________________________________________________________
10 D
11 E ____________________________________________________________
12 C
13 C ____________________________________________________________
14 B ____________________________________________________________
15 E
16 C ____________________________________________________________
17 D
18 D ____________________________________________________________
19 E
____________________________________________________________
20 C
21 A ____________________________________________________________
22 D
23 C ____________________________________________________________
24 C
25 A ____________________________________________________________
26 A ____________________________________________________________
27 E
28 B ____________________________________________________________
29 A
30 A ____________________________________________________________
31 B
____________________________________________________________
32 B
33 D ____________________________________________________________
34 E
35 E ____________________________________________________________

____________________________________________________________

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ANOTAÇÕES ____________________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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264
• Dispensável, quando já há justa causa para o ofere-
cimento da acusação.
NOÇÕES DE DIREITO • Sigiloso.
• Inquisitorial, pois ainda não é um processo
PROCESSUAL PENAL acusatório.
• Discricionário, a critério do delegado que deve de-
terminar o rumo das diligências de acordo com as
INQUÉRITO POLICIAL peculiaridades do caso concreto.
• Oficial, incumbe ao Delegado de Polícia (civil ou
federal) a presidência do inquérito policial.
HISTÓRICO, NATUREZA E CONCEITO • Oficioso, ao tomar conhecimento de notícia de cri-
me de ação penal pública incondicionada, a auto-
O Inquérito Policial é definido pela doutrina como um ridade policial é obrigada a agir de ofício.
procedimento administrativo inquisitório e preparatório, • Indisponível, a autoridade policial não poderá
presidido pelo Delegado de Polícia, com vistas a identifi- mandar arquivar autos de inquérito policial.
cação de provas e a colheita de elementos de informação
quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim
FIQUE ATENTO!
de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar
em juízo. Súmula Vinculante nº 14: É direito do
Em outras palavras, o inquérito policial consiste em defensor, no interesse do representado,
um conjunto de diligências realizadas pela polícia inves- ter acesso amplo aos elementos de prova
tigativa. Assim, trata-se de procedimento de natureza que, já documentados em procedimento
administrativa. Nesse momento, ainda não há o exercí- investigatório realizado por órgão com
cio de pretensão acusatória. Não se trata, pois, de proces- competência de polícia judiciária, digam
so judicial, nem tampouco de processo administrativo. respeito ao exercício do direito de defesa.

FINALIDADE, CARACTERÍSTICAS, FUNDAMENTO E


GRAU DE COGNIÇÃO
TITULARIDADE
A finalidade de toda e qualquer investigação prelimi-
Muitos vícios dele constantes não têm o condão de
nar é a identificação de fontes de prova da autoria e ma-
contaminar o processo penal a que der origem.
terialidade, e, na sequência, a colheita desses elementos
Para que se possa dar início a um processo criminal
informativos, de modo a auxiliar na formação da opinio
contra alguém, faz-se necessária a presença de um lastro
delicti do titular da ação penal.
probatório mínimo, apontando no sentido da prática de
Partindo da premissa de que os elementos de infor-
uma infração penal e da probabilidade de o acusado ser
mação produzidos na fase investigatória devem ter como
o seu autor. Daí a finalidade do inquérito policial, instru-
objetivo precípuo a formação da convicção do titular da
mento usado pelo Estado para a colheita desses elemen-
ação penal e, eventualmente, subsidiar a decretação de
tos de informação, viabilizando o oferecimento da peça
medidas cautelares, não se pode admitir que o juiz da
acusatória quando houver justa causa para o processo.
instrução e julgamento forme seu convencimento com
A denominação inquérito policial, no Brasil, surgiu
base neles.
com a edição da Lei 2.033, de 20 de setembro de 1871,
Uma sentença condenatória em um Estado Demo-
regulamentada pelo Decreto 4.824, de 22 de novembro
crático de Direito só poderá ter por fundamento provas
de 1871, encontrando-se no art. 42 do citado decreto a
produzidas validamente no curso da instrução proces-
seguinte definição: “O inquérito policial consiste em to-
sual, com plena observância da publicidade, oralidade,
das as diligências necessárias para o descobrimento dos
imediação, contraditório e ampla defesa, o que afasta a
fatos criminosos, de suas circunstâncias e de seus autores
possibilidade de utilização residual dos elementos infor-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

e cúmplices, devendo ser reduzido a instrumento escrito”.


mativos, cuja produção não assegura a observância des-
Passou a ser função da polícia judiciária a sua elaboração.
ses postulados.
Apesar de seu nome ter sido mencionado pela primeira
vez na referida Lei 2.033, as suas funções, que são da
natureza do processo criminal, existem de longa data e #FicaDica
tornaram-se especializadas com a aplicação efetiva do
princípio da separação da polícia e da judicatura. Por- Ante a criação do juiz das garantias, o ideal
tanto, já havia no Código de Processo de 1832 alguns é concluir que a investigação preliminar
dispositivos sobre o procedimento informativo, mas não não mais poderá integrar os autos do pro-
havia o nomen juris de inquérito policial. cesso judicial, salvo no tocante às provas
Características do IP: irrepetíveis, antecipadas e meios de obten-
ção de prova.
• Escrito.

265
De acordo com o art. 3-B, verifica-se o baixo valor pro- Apesar do enfraquecimento da investigação para
batório das investigações para a conclusão do processo: a decisão final, não há dúvidas sobre a importância do
procedimento investigatório para o nascimento do pro-
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência cesso, pois essa apuração preliminar evita que inocentes
do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria sejam processados sem justa causa, o que sem dúvidas
desse juízo, à disposição do Ministério Público e da de- macula a imagem do indivíduo inocente e o seu próprio
fesa, e não serão apensados aos autos do processo en- senso de (in)justiça.
viados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os
documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de
obtenção de provas ou de antecipação de provas, que FORMAS DE INSTAURAÇÃO
deverão ser remetidos para apensamento em apartado.
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas auto-
Apesar do enfraquecimento da investigação para ridades policiais no território de suas respectivas cir-
a decisão final, não há dúvidas sobre a importância do cunscrições e terá por fim a apuração das infrações
procedimento investigatório para o nascimento do pro- penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei nº
cesso, pois essa apuração preliminar evita que inocentes 9.043, de 9.5.1995)
sejam processados sem justa causa, o que sem dúvidas Parágrafo único. A competência definida neste artigo
macula a imagem do indivíduo inocente e o seu próprio não excluirá a de autoridades administrativas, a quem
senso de (in)justiça. por lei seja cometida a mesma função.
Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial
VALOR PROBATÓRIO será iniciado:
I - de ofício;
A finalidade de toda e qualquer investigação prelimi-
nar é a identificação de fontes de prova da autoria e ma- II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do
terialidade, e, na sequência, a colheita desses elementos Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou
informativos, de modo a auxiliar na formação da opinio de quem tiver qualidade para representá-lo.
delicti do titular da ação penal. § 1º O requerimento a que se refere o no II conterá
Partindo da premissa de que os elementos de informa- sempre que possível:
ção produzidos na fase investigatória devem ter como ob- a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
jetivo precípuo a formação da convicção do titular da ação b) a individualização do indiciado ou seus sinais ca-
penal e, eventualmente, subsidiar a decretação de medi- racterísticos e as razões de convicção ou de presunção
das cautelares, não se pode admitir que o juiz da instrução de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impos-
e julgamento forme seu convencimento com base neles. sibilidade de o fazer;
Uma sentença condenatória em um Estado Demo- c) a nomeação das testemunhas, com indicação de
crático de Direito só poderá ter por fundamento provas sua profissão e residência.
produzidas validamente no curso da instrução proces-
§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de
sual, com plena observância da publicidade, oralidade,
abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de
imediação, contraditório e ampla defesa, o que afasta a
possibilidade de utilização residual dos elementos infor- Polícia.
mativos, cuja produção não assegura a observância des- § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento
ses postulados. da existência de infração penal em que caiba ação pú-
blica poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la
à autoridade policial, e esta, verificada a procedência
#FicaDica das informações, mandará instaurar inquérito.
Ante a criação do juiz das garantias, o ideal § 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública
é concluir que a investigação preliminar depender de representação, não poderá sem ela ser
não mais poderá integrar os autos do pro- iniciado.
cesso judicial, salvo no tocante às provas § 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial
irrepetíveis, antecipadas e meios de obten- somente poderá proceder a inquérito a requerimento
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ção de prova. de quem tenha qualidade para intentá-la.


Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da in-
fração penal, a autoridade policial deverá:
De acordo com o art. 3-B, verifica-se o baixo valor pro- I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se
batório das investigações para a conclusão do processo: alterem o estado e conservação das coisas, até a che-
gada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência 8.862, de 28.3.1994)
do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria II - apreender os objetos que tiverem relação com o
desse juízo, à disposição do Ministério Público e da de- fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação
fesa, e não serão apensados aos autos do processo en- dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
viados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os III - colher todas as provas que servirem para o escla-
documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de recimento do fato e suas circunstâncias;
obtenção de provas ou de antecipação de provas, que IV - ouvir o ofendido;
deverão ser remetidos para apensamento em apartado.

266
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for • averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o pon-
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, des- to de vista individual, familiar e social, sua condição
te Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e
duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e elementos que contribuírem para a apreciação do
a acareações; seu temperamento e caráter.
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame • colher informações sobre a existência de filhos, res-
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; pectivas idades e se possuem alguma deficiência e
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo proces- o nome e o contato de eventual responsável pelos
so datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o O art. 7º, do CPP, trata de reprodução simulada dos
fatos, que para verificar a possibilidade de haver a infra-
ponto de vista individual, familiar e social, sua condi-
ção sido praticada de determinado modo, a autoridade
ção econômica, sua atitude e estado de ânimo antes
policial poderá usar esse recurso, desde que esta não
e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
contrarie a moralidade ou a ordem pública.
elementos que contribuírem para a apreciação do seu Havendo prisão em flagrante, deverá observar que,
temperamento e caráter. apresentado o preso à autoridade competente, esta ou-
X - colher informações sobre a existência de filhos, res- virá o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, en-
pectivas idades e se possuem alguma deficiência e o tregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
nome e o contato de eventual responsável pelos cui- preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas
dados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído que o acompanharem e ao interrogatório do acusado
pela Lei nº 13.257, de 2016) sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada
oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autorida-
de, afinal, o auto.
FIQUE ATENTO!
Resultando das respostas fundada a suspeita contra
Cabe Agravo de Instrumento contra despa- o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão,
cho que indeferir o requerimento de abertu- exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
ra de inquérito. prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para
isso for competente. E se não o for competente, enviará
os autos à autoridade que o seja. A falta de testemunhas
A autoridade policial deverá, logo que tiver conheci- da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante;
mento da prática da infração penal: mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo
menos duas pessoas que hajam testemunhado a apre-
• dirigir-se ao local, providenciando para que não se sentação do preso à autoridade.
alterem o estado e conservação das coisas, até a Observe que quando o acusado se recusar a assinar,
chegada dos peritos criminais. não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em
• apreender os objetos que tiverem relação com o flagrante será assinado por duas testemunhas, que te-
fato, após liberados pelos peritos criminais. nham ouvido sua leitura na presença deste.
• colher todas as provas que servirem para o esclare- Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
cimento do fato e suas circunstâncias. constar a informação sobre a existência de filhos, respec-
• ouvir o ofendido. tivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome
e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos
• ouvir o indiciado, com observância, no que for apli-
filhos, indicado pela pessoa presa.
cável, do disposto sobre o interrogatório do acu-
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
sado, devendo o respectivo termo ser assinado por
tre serão comunicados imediatamente ao juiz competen-
duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura. te, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa
• proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a por ele indicada. Em até 24 (vinte e quatro) horas após
acareações. a realização da prisão, será encaminhado ao juiz compe-
• determinar, se for caso, que se proceda a exame de tente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

corpo de delito e a quaisquer outras perícias. não informe o nome de seu advogado, cópia integral
• ordenar a identificação do indiciado pelo processo para a Defensoria Pública.
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante re-
sua folha de antecedentes deve ter ressalvas. O art. cibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o mo-
5º, LVIII, da CF, passou a estabelecer que o civil- tivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
mente identificado não será submetido a identi- Quando o fato for praticado em presença da au-
ficação criminal, salvo nas hipóteses previstas em toridade, ou contra esta, no exercício de suas funções,
lei. Esta norma, pretendeu resguardar o indivíduo constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão,
civilmente identificado, preso em flagrante, indi- as declarações que fizer o preso e os depoimentos das
ciado ou mesmo denunciado, do constrangimento testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo
de se submeter às formalidades de identificação preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao
criminal - fotográfica e datiloscópica - considera- juiz a quem couber tomar conhecimento do fato deli-
das por muitas vexatórias, principalmente quando tuoso, se não o for a autoridade que houver presidido
documentadas pelos órgãos da imprensa. o auto.

267
Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, Esta requisição será atendida no prazo de 24 (vinte e
depois de lavrado o auto de prisão em flagrante. quatro) horas e conterá:
Todas as peças do inquérito policial serão, num só pro-
cesso, reduzidas a escrito e rubricadas pela autoridade. • o nome da autoridade requisitante.
• o número do inquérito policial.
• a identificação da unidade de polícia judiciária res-
FIQUE ATENTO!
ponsável pela investigação.
O inquérito deverá terminar no prazo de
10 dias, se o indiciado tiver sido preso Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes
em flagrante, ou estiver preso preventiva- relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Minis-
mente, contado o prazo, nesta hipótese, a tério Público ou o delegado de polícia poderão requi-
partir do dia em que se executar a ordem sitar, mediante autorização judicial, às empresas presta-
de prisão. O inquérito deverá terminar no doras de serviço de telecomunicações e/ou telemática
prazo de 30 dias, quando estiver solto, que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
mediante fiança ou sem ela. adequados, como sinais, informações e outros, que per-
mitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito
em curso.
Com a conclusão do inquérito, a autoridade fará mi- Sobre a prevenção e a repressão dos crimes relacio-
nucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará au- nados ao tráfico de pessoas, não havendo manifestação
tos ao juiz competente. Neste relatório autoridade pode
judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade com-
indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
petente requisitará às empresas prestadoras de serviço
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
Quando o fato for de difícil elucidação, e o indicia-
imediatamente os meios técnicos adequados, como si-
do estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz
nais, informações e outros, que permitam a localização
a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que
da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com ime-
serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. Há hipó-
diata comunicação ao juiz.
teses em que, para dar início à ação penal, o Ministério
Para os efeitos acima exposto, sinal significa posicio-
Público pode requer diligências, por meio da autoridade
namento da estação de cobertura, setorização e intensi-
judiciária, para a autoridade policial em prazo por aquele
fixando. dade de radiofrequência. Ainda nesta hipótese, o sinal:
Os instrumentos do crime, bem como os objetos
que interessarem à prova, acompanharão os autos do • não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
inquérito. de qualquer natureza, que dependerá de autoriza-
O inquérito policial acompanhará a denúncia ou quei- ção judicial, conforme disposto em lei.
xa, sempre que servir de base a uma ou outra. • deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia
Incumbirá ainda à autoridade policial: móvel celular por período não superior a 30 (trin-
ta) dias, renovável por uma única vez, por igual
• fornecer às autoridades judiciárias as informa- período.
ções necessárias à instrução e julgamento dos • para períodos superiores a 30 (trinta) dias, será ne-
processos. cessária a apresentação de ordem judicial.
• realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo
Ministério Público. FIQUE ATENTO!
• cumprir os mandados de prisão expedidos pelas
autoridades judiciárias. Ainda nesta hipótese, prevenção e repres-
• representar acerca da prisão preventiva. são dos crimes relacionados ao tráfico de
pessoas o inquérito policial deverá ser ins-
Nos crimes previstos nos arts. 148, sequestro e cárce- taurado no prazo máximo de 72 (setenta
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

re privado, 149, redução a condição análoga de escravo, e duas) horas, contado do registro da res-
149-A, tráfico de pessoas, no § 3º do art. 158, extorsão pectiva ocorrência policial.
mediante a restrição da liberdade da vítima, sendo esta
condição necessária para a obtensão da vantagem eco-
O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
nômica, e no art. 159, extorsão mediante sequestro, tudo
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada,
do CP, e ainda no art. 239, da Lei nº 8.069, de 13 de julho
ou não, a juízo da autoridade policial.
de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente, promo-
Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
ver ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de
criança ou adolescente para o exterior com inobservân- pela autoridade policial.
cia das formalidades legais ou com o objetivo de obter O Ministério Público não poderá requerer a devolu-
lucro, o membro do Ministério Público ou o delegado de ção do inquérito à autoridade policial, senão para novas
polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
público ou de empresas da iniciativa privada, dados e in- A autoridade policial não poderá mandar arquivar au-
formações cadastrais da vítima ou de suspeitos. tos de inquérito.

268
Depois de ordenado o arquivamento do inquérito O requerimento a que se refere do ofendido ou de
pela autoridade judiciária, por falta de base para a de- quem tiver qualidade para representar a vítima, deve
núncia, a autoridade policial poderá proceder a novas conter, sempre que possível, a narração do fato, com
pesquisas, se de outras provas tiver notícia. todas as circunstâncias, além da individualização do in-
diciado ou seus sinais característicos e as razões de con-
vicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou
FIQUE ATENTO! os motivos de impossibilidade de fazê-lo. E também, se
Súmula n. 524 do Supremo Tribunal Fe- possível, a nomeação das testemunhas, com indicação
deral: “arquivado o inquérito policial, por de sua profissão e residência.
despacho do juiz, a requerimento do pro- Delatio criminis é quando qualquer pessoa do povo
motor de justiça, não pode a ação penal que tiver conhecimento da existência de infração penal
ser iniciada sem novas provas”. em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verifi-
cada a procedência das informações, mandará instaurar
Nos crimes em que não couber ação pública, os autos inquérito.
do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde Nos crimes em que a ação pública depender de re-
aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu represen- presentação, o inquérito policial não poderá ser iniciado
tante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, sem a representação.
mediante traslado. Já nos crimes de ação privada, a autoridade policial
A autoridade assegurará no inquérito o sigilo neces- somente poderá proceder a inquérito a requerimento de
sário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da quem tenha qualidade para intentá-la.
sociedade. Nos atestados de antecedentes que lhe forem
solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar DELATIO CRIMINIS
quaisquer anotações referentes a instauração de inquéri-
to contra os requerentes. A delatio criminis é uma espécie de notitia criminis,
A incomunicabilidade do indiciado dependerá sem- consubstanciada na comunicação de uma infração penal
pre de despacho nos autos e somente será permitida feita por qualquer pessoa do povo à autoridade policial.
quando o interesse da sociedade ou a conveniência da A depender do caso concreto, pode funcionar como uma
investigação o exigir. Esse dispositivo contido no art. 21, notitia criminis de cognição imediata, quando a comuni-
e seu parágrafo único, do CPP, apesar de não ter sido cação à autoridade policial é feita durante suas atividades
revogado expressamente, torna-se inaplicável em razão rotineiras, ou como notitia criminis de cognição mediata,
do disposto no art. 136, § 3º, IV, da CF, que veda a inco- na hipótese em que a comunicação à autoridade policial
municabilidade, até mesmo quando decretado o estado feita por terceiro se dá através de expediente escrito.
de defesa.
No Distrito Federal e nas comarcas em que houver PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS
mais de uma circunscrição policial, a autoridade com
exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que es- Indiciar é atribuir a autoria de uma infração penal a
teja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de uma pessoa. É apontar uma pessoa como provável au-
outra, independentemente de precatórias ou requisições, tora ou partícipe de um delito. Possui caráter ambíguo,
e bem assim providenciará, até que compareça a auto- constituindo-se, ao mesmo tempo, fonte de direitos,
ridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em prerrogativas e garantias processuais, e fonte de ônus
sua presença, noutra circunscrição. e deveres que representam alguma forma de constran-
Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz gimento, além da inegável estigmatização social que a
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de publicidade lhe imprime.
Identificação e Estatística, ou repartição congênere, men- De acordo com o art. 5º da CF:
cionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os
dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

em julgado de sentença penal condenatória;


NOTITIA CRIMINIS LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada
A polícia judiciária é exercida pelas autoridades po- a assistência da família e de advogado;
liciais, delegados de polícia civil e delegados de polícia
federal, no território de suas respectivas circunscrições
e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua #FicaDica
autoria. Esta competência não exclui a de autoridades
A condição de indiciado poderá ser atribuída
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma
já no auto de prisão em flagrante ou até o
função.
relatório final do delegado de polícia. Logo,
Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
uma vez recebida a peça acusatória, não será
iniciado de ofício, ou mediante requisição da autoridade
mais possível o indiciamento, já que se trata
judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do
de ato próprio da fase investigatória.
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

269
Considera-se indispensável a presença de elementos Considera-se indispensável a presença de elementos
informativos acerca da materialidade e da autoria do de- informativos acerca da materialidade e da autoria do de-
lito para que seja feito o indiciamento. Assim, o delegado lito para que seja feito o indiciamento. Assim, o delegado
de polícia deve cientificar o investigado, atribuindo-lhe, de polícia deve cientificar o investigado, atribuindo-lhe,
fundamentadamente, a condição jurídica de “indiciado”. fundamentadamente, a condição jurídica de “indiciado”.
Esse procedimento funciona como um poder-dever da Esse procedimento funciona como um poder-dever da
autoridade policial, uma vez convencida da concorrência autoridade policial, uma vez convencida da concorrência
dos seus pressupostos. dos seus pressupostos.

Indiciamento Direto Indiciamento Direto(regra) Indiciamento Indireto


Indiciamento Indireto
(regra)
O indiciamento indireto
O indiciamento indireto O indiciamento direto ocor-
O indiciamento direto ocorre quando o indi-
ocorre quando o indi- re quando o indiciado está
ocorre quando o indi- ciado está ausente, ex.
ciado está ausente, ex. presente.
ciado está presente. foragido.
foragido.
Ausente qualquer elemento de informação quanto ao
Ausente qualquer elemento de informação quanto ao
envolvimento do agente na prática delituosa, a jurispru-
envolvimento do agente na prática delituosa, a jurispru-
dência tem admitido a possibilidade de impetração de dência tem admitido a possibilidade de impetração de
habeas corpus a fim de sanar o constrangimento ilegal habeas corpus a fim de sanar o constrangimento ilegal
daí decorrente, buscando-se o desindiciamento. daí decorrente, buscando-se o desindiciamento.

FIQUE ATENTO! FIQUE ATENTO!


De acordo com o STF, o indiciamento é ato De acordo com o STF, o indiciamento é ato
privativo do delegado de polícia, ninguém privativo do delegado de polícia, ninguém
pode ordená-lo a fazer isso. pode ordená-lo a fazer isso.

Por fim, em se tratando de crimes de lavagem de capi- Por fim, em se tratando de crimes de lavagem de capi-
tais, a lei determina o afastamento do servidor público de tais, a lei determina o afastamento do servidor público de
suas funções como efeito automático do indiciamento, suas funções como efeito automático do indiciamento,
permitindo seu retorno às atividades funcionais apenas permitindo seu retorno às atividades funcionais apenas
se houver decisão judicial fundamentada nesse sentido. se houver decisão judicial fundamentada nesse sentido.

INDICIAMENTO
GARANTIAS DO INVESTIGADO
Indiciar é atribuir a autoria de uma infração penal a
uma pessoa. É apontar uma pessoa como provável au- Conforme o Código de Processo Penal:
tora ou partícipe de um delito. Possui caráter ambíguo,
constituindo-se, ao mesmo tempo, fonte de direitos,
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10
prerrogativas e garantias processuais, e fonte de ônus
e deveres que representam alguma forma de constran- dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
gimento, além da inegável estigmatização social que a estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta
publicidade lhe imprime. hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem
De acordo com o art. 5º da CF: de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto,
mediante fiança ou sem ela.
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito § 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

em julgado de sentença penal condenatória; sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os § 2º No relatório poderá a autoridade indicar teste-
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada munhas que não tiverem sido inquiridas, mencionan-
a assistência da família e de advogado; do o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indi-
#FicaDica ciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao
juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências,
A condição de indiciado poderá ser atribuída que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
já no auto de prisão em flagrante ou até o
relatório final do delegado de polícia. Logo,
uma vez recebida a peça acusatória, não será
mais possível o indiciamento, já que se trata
de ato próprio da fase investigatória.

270
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados
#FicaDica em detrimento da União, Estados e Municípios, a revi-
são do arquivamento do inquérito policial poderá ser
Mais recentemente, o art. 3º-B, §2º, do provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua
CPP,110 incluído pela Lei n. 13.964/19, pas- representação judicial.
sou a prever que se o investigado estiver
preso, o juiz das garantias poderá, median- De acordo com o novo regramento constante do
te representação da autoridade policial, art. 28 do CPP, deixará de haver qualquer controle ju-
e ouvido o Ministério Público, prorrogar, dicial sobre a promoção de arquivamento apresentada
uma única vez, a duração do inquérito por pelo órgão ministerial. O controle sobre tal decisão ficará
até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda restrito ao Ministério Público. Todavia, a eficácia desse
assim a investigação não for concluída, a dispositivo foi suspensa em virtude de medida cautelar
prisão será imediatamente relaxada. concedida pelo Min. Luiz Fux nos autos da ADI n. 6.305
(j. 22/01/2020).
• CPP: 10 + 15 (réu preso); 30 prorrogável (réu solto);
• IP federal: 15 + 15 (réu preso); 30 dias (réu solto); PROVA
• Drogas: 30 + 30 (réu preso); 90+ 90 (réu solto);
• Crime contra a economia popular: 10 sempre;
• Prisão temporária decretada em inquérito policial PRESERVAÇÃO DE LOCAL DE CRIME
relativo a crimes hediondos e equiparados: 30 + 30
(réu preso). O início da cadeia de custódia dá-se com a preserva-
ção do local de crime ou com procedimentos policiais ou
periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio;
CONCLUSÃO O agente público que reconhecer um elemento como
de potencial interesse para a produção da prova pericial
Concluída a investigação policial, os autos do inqué- fica responsável por sua preservação.
rito policial devem ser encaminhados primeiramente ao
Poder Judiciário, e somente depois ao Ministério Público. REQUISITOS E ÔNUS DA PROVA
Em se tratando de crime de ação penal de iniciativa
privada, deve o juiz determinar a permanência dos autos Sobre as provas no processo penal, devemos com-
em cartório, aguardando-se a iniciativa do ofendido ou preender, de início, que o juiz formará sua convicção pela
de seu representante legal. livre apreciação da prova produzida em contraditório
Cuidando-se de crime de ação penal pública, os autos judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusi-
do inquérito policial são remetidos ao Ministério Público, vamente nos elementos informativos colhidos na inves-
que poderá: formalizar acordo de não persecução penal; tigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis
oferecer denúncia; entender pelo arquivamento; requisi- e antecipadas. Somente quanto ao estado das pessoas
tar diligências; declinar competência. serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.
A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,
FIQUE ATENTO! porém, facultado ao juiz de ofício:

Incumbe exclusivamente ao Ministério • ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a


Público avaliar se os elementos de infor- produção antecipada de provas consideradas ur-
mação de que dispõe são (ou não) sufi- gentes e relevantes, observando a necessidade,
cientes para o oferecimento da denúncia, adequação e proporcionalidade da medida.
razão pela qual nenhum inquérito pode • determinar, no curso da instrução, ou antes de
ser arquivado sem expressa determinação proferir sentença, a realização de diligências para
ministerial. dirimir dúvida sobre ponto relevante.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

De acordo com a primeira parte do art. 156, CPP o


Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito poli- ônus da prova é a prova da alegação por quem a fizer.
cial ou de quaisquer elementos informativos da mes- Cabe ao autor da ação penal (MP ou querelante) o exer-
ma natureza, o órgão do Ministério Público comuni- cício da atividade probatória principal. Incumbe-lhe de-
cará à vítima, ao investigado e à autoridade policial monstrar a existência dos fatos constitutivos afirmados
e encaminhará os autos para a instância de revisão na pretensão, devendo provar a existência do ilícito pe-
ministerial para fins de homologação, na forma da lei. nal e sua autoria.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não con- Por outro lado, sobre o acusado só recai o ônus de
cordar com o arquivamento do inquérito policial, po- provas o álibi que apresentar. Contudo, se apresentar fa-
derá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da tos impeditivos, modificativos ou extintivos, relacionados
comunicação, submeter a matéria à revisão da instân- com a pretensão acusatória, ele será obrigado a prová-
cia competente do órgão ministerial, conforme dispu- -los. Nesse caso, inverte-se o ônus da prova. Exemplo:
ser a respectiva lei orgânica. alegação de legítima defesa.

271
NULIDADE DA PROVA São facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a for-
São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do mulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obti- Sobre o assistente técnico, este atuará a partir de sua
das em violação a normas constitucionais ou legais. São admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e ela-
também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, boração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade intimadas desta decisão.
entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem Durante o curso do processo judicial, é permitido às
ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. partes, quanto à perícia:
Considera-se fonte independente aquela que por si só,
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da in- • requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
vestigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir prova ou para responderem a quesitos, desde que
ao fato objeto da prova. o mandado de intimação e os quesitos ou questões
Preclusa a decisão de desentranhamento da prova a serem esclarecidas sejam encaminhados com
declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo
judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. apresentar as respostas em laudo complementar.
• indicar assistentes técnicos que poderão apresen-
DOCUMENTOS DE PROVA tar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser
inquiridos em audiência.
Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão
apresentar documentos em qualquer fase do processo. Havendo requerimento das partes, o material proba-
Consideram-se documentos quaisquer escritos, instru- tório que serviu de base à perícia será disponibilizado
mentos ou papéis, públicos ou particulares. À fotografia no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
do documento, devidamente autenticada, se dará o mes- guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos
mo valor do original. Se o juiz tiver notícia da existência assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
de documento relativo a ponto relevante da acusação Tratando-se de perícia complexa que abranja mais
ou da defesa, providenciará, independentemente de de uma área de conhecimento especializado, pode ser
requerimento de qualquer das partes, para sua juntada designado mais de um perito oficial, e a parte poderá
aos autos, se possível. A letra e firma dos documentos indicar mais de um assistente técnico.
particulares serão submetidas a exame pericial, quando Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descre-
contestada a sua autenticidade. verão minuciosamente o que examinarem, e responde-
Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo rão aos quesitos formulados. O laudo pericial será elabo-
de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos rado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo
por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea no- ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento
meada pela autoridade. dos peritos.
As públicas-formas, ou seja, as cópias autenticadas, O exame de corpo de delito poderá ser feito em qual-
só terão valor quando conferidas com o original, em pre- quer dia e a qualquer hora.
sença da autoridade. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois
Os documentos originais, juntos a processo findo, do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de
quando não exista motivo relevante que justifique a sua morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo,
conservação nos autos, poderão, mediante requerimen- o que declararão no auto. E nos casos de morte violen-
to, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte ta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando
que os produziu, ficando traslado nos autos. não houver infração penal que apurar, ou quando as le-
sões externas permitirem precisar a causa da morte e não
RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS houver necessidade de exame interno para a verificação
de alguma circunstância relevante.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Quando a infração deixar vestígios, será indispensá- Em caso de exumação para exame cadavérico, a au-
vel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não toridade providenciará para que, em dia e hora previa-
podendo supri-lo a confissão do acusado, não admite a mente marcados, se realize a diligência, da qual se la-
ideia de que a confissão é a rainha das provas. vrará auto circunstanciado. O administrador de cemitério
O exame de corpo de delito e outras perícias serão público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob
realizados por perito oficial, portador de diploma de cur- pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta
so superior. de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o ca-
Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 dáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso supe- procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará
rior preferencialmente na área específica, dentre as que do auto.
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza Os cadáveres serão sempre fotografados na posição
do exame. Os peritos não oficiais prestarão o compro- em que forem encontrados, bem como, na medida do
misso de bem e fielmente desempenhar o encargo. possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no
local do crime.

272
Para representar as lesões encontradas no cadáver, No exame para o reconhecimento de escritos, por
os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamen-
te rubricados. • a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o
Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exu- escrito será intimada para o ato, se for encontrada.
mado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto • para a comparação, poderão servir quaisquer do-
de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou cumentos que a dita pessoa reconhecer ou já tive-
pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de re- rem sido judicialmente reconhecidos como de seu
conhecimento e de identidade, no qual se descreverá o punho, ou sobre cuja autenticidade não houver
cadáver, com todos os sinais e indicações. Em qualquer dúvida.
caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos • a autoridade, quando necessário, requisitará, para
encontrados, que possam ser úteis para a identificação o exame, os documentos que existirem em arqui-
do cadáver. vos ou estabelecimentos públicos, ou nestes reali-
Não sendo possível o exame de corpo de delito, por zará a diligência, se daí não puderem ser retirados.
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal • quando não houver escritos para a comparação ou
poderá suprir-lhe a falta. forem insuficientes os exibidos, a autoridade man-
Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame dará que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se
pericial tiver sido incompleto, será procedido a exame estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta
complementar por determinação da autoridade policial última diligência poderá ser feita por precatória,
ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério em que se consignarão as palavras que a pessoa
Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. será intimada a escrever.
No exame complementar, os peritos terão presente o
auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados
ou retificá-lo. para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a na-
Para cada delito poderá haver uma perícia específica tureza e a eficiência. A autoridade e as partes poderão
para esclarecer a conduta. formular quesitos até o ato da diligência.
Veja que se o exame tiver por fim precisar a classifi-
cação do delito de lesão corporal que incapacidade para
FIQUE ATENTO!
as ocupações habituais, por mais de trinta dias, deverá
ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da Interessante que no exame por precatória, a
data do crime. A falta de exame complementar poderá nomeação dos peritos será feita no juízo de-
ser suprida pela prova testemunhal. precado. Havendo, porém, no caso de ação
Para o efeito de exame do local onde houver sido privada, acordo das partes, essa nomeação
praticada a infração, a autoridade providenciará imedia- poderá ser feita pelo juiz deprecante. Os que-
tamente para que não se altere o estado das coisas até sitos do juiz e das partes serão transcritos na
a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos precatória.
com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Os
peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das Se houver divergência entre os peritos, serão con-
coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas signadas no auto do exame as declarações e respostas
alterações na dinâmica dos fatos. de um e de outro, ou cada um redige separadamente o
Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão ma- seu laudo, e a autoridade nomeia um terceiro. Contudo,
terial suficiente para a eventualidade de nova perícia. se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar
Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com proceder a novo exame por outros peritos.
provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou No caso de inobservância de formalidades, ou no caso
esquemas. de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade
Nos crimes cometidos com destruição ou rompimen- jurídica mandará suprir a formalidade, complementar ou
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

to de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de esclarecer o laudo. A autoridade poderá também orde-
escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, in- nar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se
dicarão com que instrumentos, por que meios e em que julgar conveniente.
época presumem ter sido o fato praticado. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo
Procede-se, quando necessário, à avaliação de coisas ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
destruídas, deterioradas ou que constituam produto do Nos crimes em que não couber ação pública, os autos
crime. Se impossível a avaliação direta, os peritos proce- do exame serão remetidos ao juízo competente, onde
derão à avaliação por meio dos elementos existentes nos aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu represen-
autos e dos que resultarem de diligências. tante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir,
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o mediante traslado.
lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver
resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a ex-
tensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias
que interessarem à elucidação do fato.

273
Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou Do interrogatório deverá constar a informação sobre
a autoridade policial negará a perícia requerida pelas a existência de filhos, respectivas idades e se possuem
partes, quando não for necessária ao esclarecimento da alguma deficiência e o nome e o contato de eventual res-
verdade. ponsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa
presa.
ACAREAÇÃO Depois de devidamente qualificado e cientificado do
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo
O acusado que comparecer perante a autoridade ju- juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de
diciária, no curso do processo penal, será qualificado e permanecer calado e de não responder perguntas que
interrogado na presença de seu defensor, constituído ou lhe forem formuladas. O silêncio, que não importará em
nomeado. O interrogatório do réu preso será realizado, confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da
em sala própria, no estabelecimento em que estiver reco- defesa.
lhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, O interrogatório será constituído de duas partes, uma
do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem sobre a pessoa do acusado e a outra sobre os fatos.
como a presença do defensor e a publicidade do ato. Sobre a pessoa do acusado, o interrogando será per-
Mas, excepcionalmente, o juiz, por decisão funda- guntado sobre a residência, meios de vida ou profissão,
mentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade,
realizar o interrogatório do réu preso por sistema de vi- vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado
deoconferência ou outro recurso tecnológico de trans- alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do proces-
missão de sons e imagens em tempo real, desde que a so, se houve suspensão condicional ou condenação, qual
medida seja necessária para atender a uma das seguintes a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares
finalidades: e sociais.
Sobre os fatos, será perguntado sobre:
• prevenir risco à segurança pública, quando exista
fundada suspeita de que o preso integre organi- • ser verdadeira a acusação que lhe é feita.
zação criminosa ou de que, por outra razão, possa • não sendo verdadeira a acusação, se tem algum
fugir durante o deslocamento. motivo particular a que atribuí-la, se conhece a
• viabilizar a participação do réu no referido ato pro- pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a
cessual, quando haja relevante dificuldade para prática do crime, e quais sejam, e se com elas este-
seu comparecimento em juízo, por enfermidade ve antes da prática da infração ou depois dela.
ou outra circunstância pessoal. • onde estava ao tempo em que foi cometida a infra-
• impedir a influência do réu no ânimo de teste- ção e se teve notícia desta.
munha ou da vítima, desde que não seja possível • as provas já apuradas.
colher o depoimento destas por videoconferência, • se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas
na hipótese de o juiz verificar que a presença do ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que
réu poderá causar humilhação, temor, ou sério alegar contra elas.
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de • se conhece o instrumento com que foi praticada a
modo que prejudique a verdade do depoimento, infração, ou qualquer objeto que com esta se rela-
fará a inquirição por videoconferência. cione e tenha sido apreendido.
• responder à gravíssima questão de ordem pública. • todos os demais fatos e pormenores que condu-
zam à elucidação dos antecedentes e circunstân-
Da decisão que determinar a realização de interro- cias da infração.
gatório por videoconferência, as partes serão intimadas • se tem algo mais a alegar em sua defesa.
com 10 dias de antecedência.
Antes do interrogatório por videoconferência, o pre- Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das
so poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológi- partes se restou algum fato para ser esclarecido, formu-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

co, a realização de todos os atos da audiência única de lando as perguntas correspondentes se o entender per-
instrução e julgamento. tinente e relevante.
Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz ga- Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em
rantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas.
com o seu defensor. No caso de ser realizado por video- Se confessar a autoria, será perguntado sobre os mo-
conferência, fica também garantido o acesso a canais te- tivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concor-
lefônicos reservados para comunicação entre o defensor reram para a infração, e quais sejam.
que esteja no presídio e o advogado presente na sala de Havendo mais de um acusado, serão interrogados
audiência do Fórum, e entre este e o preso. separadamente.
A sala reservada no estabelecimento prisional para a O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mu-
realização de atos processuais por sistema de videocon- do será feito pela forma seguinte:
ferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de
cada causa, como também pelo Ministério Público e pela • ao surdo serão apresentadas por escrito as per-
Ordem dos Advogados do Brasil. guntas, que ele responderá oralmente.

274
• ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, res- TESTEMUNHAS
pondendo-as por escrito.
• ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por Toda pessoa poderá ser testemunha que fará, sob
escrito e do mesmo modo dará as respostas. palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do
que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu
Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, inter- nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profis-
virá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa são, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em
habilitada a entendê-lo. Quando o interrogando não fa- que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações
lar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando
de intérprete. Se o interrogado não souber escrever, não sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pe-
puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no las quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
termo. O depoimento será prestado oralmente, não sen-
do permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Não
A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interro-
será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a
gatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer
apontamentos. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da
das partes. testemunha, o juiz deverá proceder à verificação pelos
meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o
CONFISSÃO depoimento desde logo.
A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de
O valor da confissão será aferida pelos critérios ado- depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascen-
tados para os outros elementos de prova, e para a sua dente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge,
apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais pro- o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,
vas do processo, verificando se entre ela e estas existe salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se
compatibilidade ou concordância. ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
O silêncio do acusado não importará confissão, mas São proibidas de depor as pessoas que, em razão de
poderá constituir elemento para a formação do conven- função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar
cimento do juiz. segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
A confissão, quando feita fora do interrogatório, será quiserem dar o seu testemunho.
tomada por termo nos autos, observado que, no caso de Não se deferirá o compromisso sob palavra de honra,
o interrogado não souber escrever, não puder ou não a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for
quiser assinar, tal fato será consignado no termo. perguntado, os doentes e deficientes mentais e aos me-
A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do nores de 14 anos, nem os ascendentes ou descendentes,
livre convencimento do juiz, fundado no exame das pro- o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que, o irmão e o
vas em conjunto. pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado.
O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras
OFENDIDO testemunhas, além das indicadas pelas partes. Se ao juiz
parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as
Sempre que possível, o ofendido será qualificado e testemunhas se referirem. Não será computada como
perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem testemunha a pessoa que nada souber que interesse à
decisão da causa.
seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa in-
As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si,
dicar, tomando-se por termo as suas declarações. Obser-
de modo que umas não saibam nem ouçam os depoi-
ve que se, intimado para esse fim, deixar de comparecer
mentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas
sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à cominadas ao falso testemunho. Antes do início da au-
presença da autoridade. diência e durante a sua realização, serão reservados es-
O ofendido será comunicado dos atos processuais paços separados para a garantia da incomunicabilidade
relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à das testemunhas.
designação de data para audiência e à sentença e res- Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer
pectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou ne-
As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no gou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autori-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do dade policial para a instauração de inquérito.
ofendido, o uso de meio eletrônico. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de
Antes do início da audiência e durante a sua realiza- julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiên-
ção, será reservado espaço separado para o ofendido. Se cia, o tribunal, ou o conselho de sentença, após a votação
o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendi- dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a
do para atendimento multidisciplinar, especialmente nas testemunha à autoridade policial.
áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a As perguntas serão formuladas pelas partes direta-
expensas do ofensor ou do Estado. O juiz tomará as pro- mente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que
vidências necessárias à preservação da intimidade, vida puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a
privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclu- causa ou importarem na repetição de outra já respon-
sive, determinar o segredo de justiça em relação aos da- dida. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá
dos, depoimentos e outras informações constantes dos complementar a inquirição. O juiz não permitirá que a
autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo
de comunicação. quando inseparáveis da narrativa do fato.

275
Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz,
contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou de- será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, ex-
feitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna pedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo
de fé. O juiz fará consignar a contradita ou arguição e a razoável, intimadas as partes. A expedição da precatória
resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha não suspenderá a instrução criminal.
ou não lhe deferirá compromisso nos casos das teste- Ao finalizar o prazo marcado da precatória, poderá
munhas proibidas de depor, em razão de função, minis- ser realizado o julgamento, mas, a todo tempo, a pre-
tério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo catória, uma vez devolvida, será junta aos autos. Obser-
se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o va-se que no caso da precatória há a possibilidade de a
seu testemunho, e as que não se deferirá o compromisso, oitiva de testemunha ser realizada por meio de video-
os doentes e os deficientes mentais e aos menores de 14 conferência ou outro recurso tecnológico de transmissão
anos. de sons e imagens em tempo real, permitida a presença
do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a
Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se,
realização da audiência de instrução e julgamento.
tanto quanto possível, às expressões usadas pelas teste-
As cartas rogatórias, para inquirir a testemunha em
munhas, reproduzindo fielmente as suas frases.
outro país, só serão expedidas se demonstrada previa-
O depoimento da testemunha será reduzido a termo,
mente a sua imprescindibilidade, arcando a parte reque-
assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemu- rente com os custos de envio.
nha não souber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a Aplicam-se às cartas rogatórias as mesmas regras da
alguém que o faça por ela, depois de lido na presença carta precatória.
de ambos. Quando a testemunha não conhecer a língua nacio-
Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar nal, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas
humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemu- e respostas.
nha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade Tratando-se de mudo as perguntas serão feitas oral-
do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, mente, respondendo-as por escrito. Para o surdo serão
somente na impossibilidade dessa forma, determinará a apresentadas por escrito as perguntas, que ele respon-
retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a pre- derá oralmente. E no caso de surdo-mudo as pergun-
sença do seu defensor. A adoção de qualquer das medi- tas serão formuladas por escrito e do mesmo modo ele
das previstas aqui citadas deverá constar do termo, assim responderá.
como os motivos que a determinaram. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um
Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se,
comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requi- pela simples omissão, às penas do não comparecimento.
sitar à autoridade policial a sua apresentação ou deter- Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou,
minar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao
solicitar o auxílio da força pública. tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá,
As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, to-
velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde mar-lhe antecipadamente o depoimento.
estiverem.
O Presidente e o Vice-Presidente da República, os Se- INDÍCIOS
nadores e Deputados Federais, os Ministros de Estado,
os Governadores de Estado e Territórios, os Secretários Considera-se indício a circunstância conhecida e
provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por
de Estado, Governador do Distrito Federal e Prefeitos dos
indução, concluir-se a existência de outra ou outras
Municípios, os Deputados às Assembleias Legislativas Es-
circunstâncias.
taduais, os membros do Poder Judiciário, os Ministros e
Juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do
BUSCA E APREENSÃO
Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo se-
rão inquiridos em local, dia e hora prèviamente ajustados Com previsão legal nos arts. 240 usque 250, CPP, a
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

entre eles e o Juiz. busca e apreensão depende de autorização judicial. Tra-


O Presidente e o Vice-Presidente da República, os ta-se, em verdade, de uma medida cautelar, sendo con-
Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputa- siderada um meio atípico de prova – diz-se, então, que é
dos e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela instrumento de obtenção da prova.
prestação de depoimento por escrito, caso em que as Considerando a previsão constitucional de inviolabili-
perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, dade da privacidade, da intimidade, do domicilio, a decre-
lhes serão transmitidas por ofício. tação da busca e apreensão é medida só pode ser auto-
Os militares deverão ser requisitados à autoridade rizada pelo juiz competente e em decisão fundamentada.
superior. Por se tratar de medida assecuratória (ou cautelar),o
Aos funcionários públicos será aplicada a expedição juiz só pode deferi-la se ficar convencido de que naquele
do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da caso específico que lhe é apresentado existem elementos
repartição em que servirem, com indicação do dia e da de que o que está sendo alegado possui verossimilhan-
hora marcados. ça e que há necessidade da urgência (fumus boni juris e
periculum in mora).

276
Na prática, a busca e apreensão pode ser pleiteada pelo delegado ao juiz por meio de uma representação. Em sua
manifestação, o promotor de justiça pode reforçar a necessidade ou se opor a isso. A busca e apreensão pode ser re-
querida antes do inquérito, durante a investigação ou no curso da ação penal. Pode ainda ser requerida pela defesa,
se lhe for interessante.
A busca e apreensão também pode ser determinada de ofício pelo juiz, segundo o art. 242, CPP. Contudo, não é
conveniente que o juiz o faça, vez que isso pode comprometer sua imparcialidade.
Pode-se buscar e apreender aquilo que estiver previsto no art. 240, mas o rol não é taxativo. Tudo que estiver rela-
cionado com a elucidação de um crime pode ser objeto de busca e apreensão.
Com base no art. 5o, XI, CF, temos que, mesmo sendo expedido o mandado de busca e apreensão, a autoridade
policial não poderá ingressar o domicílio alheio durante o período de repouso noturno. Assim, o cumprimento do
mandado judicial deverá aguardar até a manhã.
Se no flagrante delito forem apreendidos objetos relativos a outros crimes, a jurisprudência diz que a apreensão
será convalidada mesmo sem mandado de busca e apreensão específico para isso.
Ainda, é possível que haja a busca pessoal como medida preventiva, como por exemplo a revista da pessoa, sem a
exigência de mandado para tanto.

RESTRIÇÃO DE LIBERDADE

PRISÃO EM FLAGRANTE

A palavra flagrante deriva da expressão latina “flagrare”, que significa queimar, dando a ideia de algo em chamas,
ardente. A prisão em flagrante seria, portanto, aquela que ocorre quando o crime está sendo cometido, está aconte-
cendo, está em chamas.
A prisão em flagrante está disciplinada pelo art. 302 e seguintes do Código de Processo Penal.
Apesar do significado da palavra flagrante, nosso legislador deu à prisão em flagrante um alcance mais amplo, en-
globando situações que já não mais seriam consideradas flagranciais, conforme podemos observar no art. 302 e seus
incisos.

Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:


I - Está cometendo a infração penal;
II - Acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir
ser autor da infração;
IV  -  é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração.

A primeira classificação das prisões em flagrantes é baseada no art. 302, incisos I, II, III e IV, do CPP, qual seja: fla-
grante próprio, flagrante impróprio e flagrante presumido.

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Flagrante próprio

O flagrante próprio, que também é denominado flagrante real ou verdadeiro, está previsto nos incisos I e II do art.
302 do Código de Processo Penal.

Art. 302. (...)


I - Está cometendo a infração penal;
II - Acaba de cometê-la;

277
Nessa espécie, o autor da infração penal é surpreendido no momento em que a está cometendo ou no exato instan-
te em que acaba de cometê-la. Ex: após ouvirem tiros, funcionários do hotel adentram um dos quartos e surpreendem
uma pessoa com arma em punho ao lado da vítima que acaba de ser alvejada por projéteis de arma de fogo.

Flagrante impróprio

O flagrante impróprio também é denominado flagrante imperfeito, irreal ou quase flagrante e está disciplinado no
inc. III do artigo em comento.

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir
ser autor da infração;

Nessa hipótese, o agente é perseguido logo após a prática do crime. Ex: o agente, após furtar objetos, é perseguido
por vizinhos que estranharam o fato dele ter saído de uma das casas da vila com bens pertencentes a família que ali
reside, tendo sido alcançado minutos depois. Nesta hipótese o infrator será preso em flagrante.

Flagrante presumido

O flagrante presumido também recebe a denominação de flagrante ficto ou assimilado. Está previsto no inc. IV do
art. 302 do CPP.

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração.

O imputado é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos etc., que façam presumir ser ele autor do crime.
Ex: após um roubo a banco, a polícia faz um bloqueio na estrada e ao abordar um veículo suspeito, encontra armas e
malotes com dinheiro na posse dos dois ocupantes.

Contudo, há outras classificações adotadas pela doutrina que são muito cobradas em concursos públicos. São elas:
flagrante esperado, flagrante preparado, flagrante prorrogado e flagrante forjado.

Flagrante esperado
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Nessa modalidade, a autoridade toma conhecimento de que um fato delituoso poderá ser praticado em certa data
e local, razão pela qual designa equipe de policiais para se posicionar em local estratégico, a fim de que, no momento
da prática do crime, prendam os criminosos. Não há qualquer ilegalidade nesta prática, porquanto os agentes públicos
em nada contribuíram para a prática da infração.

Flagrante preparado

Trata-se de ato ilegal, pois há provocação policial para que o suspeito pratique a infração penal. Segundo entendi-
mento sumulado do STF, nessa hipótese estaremos diante de crime impossível.

Súmula 145 do STF


Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.

278
Flagrante prorrogado

O flagrante prorrogado, também denominado retardado, postergado, diferido ou estratégico, consiste no retar-
damento da ação das autoridades policiais, a fim de que a prisão seja realizada no momento mais apropriado para a
formação da prova.
Tal modalidade de prisão em flagrante está prevista expressamente no art. 8º da Lei 12.850/2013 e art. 53, II, da Lei
11.343/2006, ou seja, pode ocorrer em decorrência de uma ação controlada.
A ação controlada, nos termos do art. 8º da Lei 12.850/2013, consiste em retardar a intervenção policial ou admi-
nistrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação
e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção
de informações

Flagrante forjado

No flagrante forjado nenhum fato típico é praticado pelo suposto autor, havendo apenas simulação da autoridade
ou do particular, visando incriminar injustamente determinada pessoa. Ex: policial que põe drogas no bolso da pessoa
que está sendo revistada e em seguida lhe dá voz de prisão.

Apresentação espontânea

A leitura do art. 302 do CPP nos revela que não se impõe a prisão em flagrante ao indivíduo que se apresenta de
modo espontâneo à autoridade policial, após a prática da infração penal, porquanto, nessa hipótese, não se caracteri-
zaria nenhuma das modalidades de prisão previstas na lei.
Contudo, vale esclarecer que, a apresentação espontânea não impede que seja decretada sua prisão preventiva,
desde que presentes os requisitos e pressupostos legais, devidamente fundamentada pelo magistrado.

#FicaDica
Não há prazo para que ocorra a prisão em flagrante, desde que o suspeito se encontre em alguma das
hipóteses previstas no art. 302 do CPP.

Assim sendo, se o agente, logo após a prática do crime, é perseguido por equipe de policiais, ao ser alcançado,
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

estará configurada prisão em flagrante, mesmo que esta venha a ocorrer apenas dois dias depois, por exemplo. É in-
dispensável, nessa hipótese, que tenha havido perseguição contínua.

Sujeito ativo da prisão (condutor)

Segundo o art. 301 do Código de Processo Penal:

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja
encontrado em flagrante delito.

Pela leitura do mencionado dispositivo, podemos constatar que, quanto ao sujeito ativo da prisão, há duas modali-
dades de prisão em flagrante: o flagrante obrigatório e o flagrante facultativo.

279
Flagrante obrigatório CF
Art. 5º (...)
O flagrante obrigatório, também denominado com- LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
pulsório ou necessário, é aquele em que a prisão em encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
flagrante é realizada por integrantes das forças policiais competente e à família do preso ou à pessoa por ele
(policiais militares, policiais civis, policiais federais etc.). indicada;

Flagrante facultativo CPP


Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde
Trata-se de prisão em flagrante realizada por qual- se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
quer do povo, tal como os transeuntes que, ao percebe- competente, ao Ministério Público e à família do preso
rem a prática de um crime, prendem o delinquente. Essa ou à pessoa por ele indicada.
é uma faculdade do cidadão, não uma obrigação.
Impõe-se a imediata comunicação à autoridade judi-
Providências posteriores à prisão em flagrante ciária. Tal providência é necessária para que seja aprecia-
da a legalidade do ato e, caso constatada a ilegalidade,
Apresentação à autoridade policial a prisão deverá ser relaxada, nos termos do art. 5º, inc.
LXV, da CF.
A pessoa presa em flagrante será apresentada à au-
toridade policial para lavratura do auto de prisão em fla- CF
grante, o qual observará as disposições do art. 304 do Art. 5º (...)
CPP. LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada
pela autoridade judiciária;
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade compe-
tente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua Diferença entre relaxamento de prisão e revogação
assinatura, entregando a cópia do termo e recibo de da prisão:
entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das Relaxamento da prisão → se a prisão for ilegal (exem-
testemunhas que o acompanharem e ao interrogató- plo: prisão preventiva sem mandado judicial; prisão em
rio do acusado sobre a imputação que lhe é feita, co- flagrante sem situação flagrancial).
lhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, Revogação da prisão → se a prisão for legal, mas des-
lavrando, a autoridade, afinal, o auto. necessária (exemplo: situação do art. 312, do CPP, que
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita con- não mais existe; descoberta da identidade civil do agente
tra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à preso com fundamento no art. 313, parágrafo único, do
prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar CPP).
fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou proces-
so, se para isso for competente; se não o for, enviará os Identificação dos responsáveis pela prisão
autos à autoridade que o seja.
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá Assegura, ainda, a Constituição Federal que o pre-
o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o so terá direito à identificação dos responsáveis por sua
condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas prisão e por seu interrogatório, o que inclui os policiais
que hajam testemunhado a apresentação do preso à ou qualquer outra pessoa que tenha efetuado a prisão, a
autoridade. autoridade policial que conduziu o interrogatório, o es-
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não sou- crivão que participou do ato etc.
ber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagran-
te será assinado por duas testemunhas, que tenham CF
ouvido sua leitura na presença deste. Art. 5º (...)
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante de- LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon-
verá constar a informação sobre a existência de filhos, sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e
o nome e o contato de eventual responsável pelos cui- Assistência da família e advogado e direito ao
dados dos filhos, indicado pela pessoa presa. silêncio

Comunicação à família, Ministério Público e ao A Constituição Federal garante ao preso o direito à


magistrado assistência da família e de advogado. Neste sentido, a
pessoa presa em flagrante, por exemplo, tem direito que
O art. 306 do CPP, em consonância com o art. 5º, inc. sua família seja informada de sua prisão (art. 5º, inc. LXII,
LXII, da Constituição Federal, determina a comunicação CF/88), para que lhe preste a assistência necessária (pro-
imediata da prisão à família do preso e ao magistrado. videncie o pagamento da fiança, nas hipóteses legais;
Tal determinação é reproduzida no Código de Processo leve para o indiciado itens de higiene pessoal e outras
Penal, o qual inclui a comunicação ao Ministério Público. necessidades básicas, o visite nos dias previstos, etc.).

280
CF A resolução do CNJ foi editada após o Supremo Tri-
Art. 5º (...) bunal Federal, em 03/09/2015, no julgamento da ADPF
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os 347, ter determinado aos juízes e tribunais que inicias-
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada sem, em até noventa dias, audiências de custódia, viabi-
a assistência da família e de advogado; lizando o comparecimento do preso perante a autorida-
de judiciária no prazo máximo de 24 horas, contados do
Quando o preso manifestar vontade nesse sentido, é momento da prisão.
direito seu ser assistido por um advogado durante seu Assim sendo, toda pessoa presa em flagrante delito,
interrogatório e nos demais atos em que sua presença independentemente da motivação ou natureza do ato,
for necessária na fase policial, cujo não atendimento re- será obrigatoriamente apresentada, em até 24 horas da
sulta em nulidade do ato praticado. realização do flagrante, à autoridade judicial competen-
te, e ouvida sobre as circunstâncias em que se realizou
Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da OAB) sua prisão ou apreensão.

Art. 7º (...) PRISÃO PREVENTIVA


XXI - assistir a seus clientes investigados durante a
apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta A prisão preventiva é uma modalidade de prisão pro-
do respectivo interrogatório ou depoimento e, subse- visória, decretada, exclusivamente, pelo juiz, quando pre-
quentemente, de todos os elementos investigatórios e sentes os pressupostos e requisitos legais.
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou A prisão preventiva é regulada pelo art. 311 e seguin-
indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respec- tes do Código de Processo Penal e tem como base cons-
tiva apuração titucional o art. 5º, LXI.
a) apresentar razões e quesitos; CF
b) (vetado); Art. 5º (...)
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito
Comunicação à defensoria pública
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
Se o preso não informar o nome de seu advogado, a
militar ou crime propriamente militar, definidos em
Defensoria Pública deverá ser comunicada da prisão (ar-
lei; (grifei)
tigos 289-A, § 4º e 306, § 1º, do CPP).
A prisão preventiva pode ser decretada de ofício pelo
Art. 306 (...)
juiz ou a requerimento do Ministério Público, do quere-
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realiza-
lante ou do assistente, bem como por representação da
ção da prisão, será encaminhado ao juiz competente
o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não autoridade policial.
informe o nome de seu advogado, cópia integral para
a Defensoria Pública. Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou
do processo penal, caberá a prisão preventiva decreta-
Observe-se que o prazo de vinte e quatro horas é da pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do
para o envio da cópia do auto de prisão para o juiz e para querelante ou do assistente, ou por representação da
a Defensoria Pública, contudo o juiz já terá sido comuni- autoridade policial.
cado da prisão, nos termos do art. 5º, LXII, da CF.
FIQUE ATENTO!
Nota de culpa
A nova redação do art. 311, do CPP, dada
No prazo de 24 (vinte e quatro) horas, deverá ser en- pela Lei nº 13.964/2019, não tem a decre-
tregue ao preso a nota de culpa, nos termos do art. 306, tação da prisão preventiva de ofício pelo
magistrado.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 2º, do CPP.
A prisão decretada pelo juiz deve ser re-
Art. 306 (...) quisitada pela Ministério Público, quere-
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, me- lante ou assistente, ou, ainda, por repre-
diante recibo, a nota de culpa, assinada pela autori- sentação da autoridade policial.
dade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e
os das testemunhas. Já a prisão preventiva decretada a requerimento do
Ministério Público, do querelante ou do assistente, e a
Audiência de custódia decorrente de representação da autoridade policial pode
ser decretada na fase da investigação policial (pré-pro-
A resolução nº 213/2015 do Conselho Nacional de cessual) ou durante a ação penal.
Justiça, em virtude do contido no art. 7º, item 5, da Con-
venção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São
José da Costa Rica), instituiu a audiência de custódia.

281
Pressupostos, fundamentos e condições de admissibilidade

Como as demais prisões cautelares, a prisão preventiva exige para sua decretação a presença do fumus comissi
delicti e do periculum libertatis.
O fumus comissi delicti consiste na exigência de que o fato investigado seja criminoso, bem como da existência de
indícios de autoria e prova da materialidade delitiva. Trata-se, portanto, dos pressupostos para a decretação da prisão
preventiva.
O periculum libertatis trata-se dos motivos (fundamentos) que podem dar ensejo à decretação dessa modalidade
de prisão.
Além disso, faz-se necessário a presença das condições de admissibilidade, ou seja, os parâmetros legais dentro dos
quais a prisão preventiva é possível.
Os pressupostos (ou requisitos) para decretação da prisão preventiva (fumus comissi delicti) são:

a) Prova de existência do crime: refere-se à materialidade do crime, que pode ser demonstrada tanto por meio de
exame pericial (indispensável quando o crime deixar vestígios), testemunhas, documentos etc.
b) Indícios suficientes de autoria: não se exige prova plena da autoria delitiva, mas apenas a probabilidade de que
o investigado/acusado seja o autor da infração penal.

Os fundamentos para decretação da prisão preventiva são aqueles arrolados no art. 312 do Código de Processo
Penal.

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por con-
veniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações im-
postas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência
concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

São, portanto, fundamentos para se decretar a prisão preventiva:

a) garantia da ordem pública: a ordem pública consiste em um estado de paz e de ausência de infrações penais no
meio social. Assim, a decretação da prisão preventiva, fundamentada na garantia da ordem pública, visa impedir
que o investigado/acusado continue a praticar crimes.
b) garantia da ordem econômica: a prisão preventiva, nessa hipótese, fundamenta-se na possibilidade de que o
agente continue praticando crimes que perturbem o livre exercício de qualquer atividade econômica.

Como exemplo de crimes contra a ordem econômica temos os crimes contra a economia popular (Lei n° 1.521/1951),
crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei n° 7.492/1986), crimes de lavagem de capitais (Lei n° 9.613/1998), cri-
mes previstos no Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/1990), crimes contra a ordem econômica (Lei no
8.176/1991),crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo (Lei no 8.137/1990), entre
outros.

c) conveniência da instrução criminal: objetiva garantir a efetividade da ação penal, necessária, portanto, quando o
acusado estiver perturbando o regular andamento do processo.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

São exemplos de atos que põem em risco o regular andamento do processo estar o acusado forjando provas em
seu benefício, intimidando testemunhas e peritos, destruindo provas que lhe incriminem, etc.
Parte da doutrina critica o legislador pelo emprego da expressão conveniência, por entender que a prisão preventiva
não deve ser decretada quando apenas proveitosa para a instrução penal, mas, sim, quando necessária, imprescindível.

d) assegurar a aplicação da lei penal: Baseia-se na existência de indícios de que o acusado está se preparando para
fugir do distrito da culpa, impossibilitando a execução de eventual condenação.
e) outro fundamento. Admite, nesta hipótese a prisão preventiva desde que não seja cabível sua substituição por
alguma medida cautelar. Cabe ao juiz, justificar as razões pelas quais, ao impor a prisão preventiva do agente,
afastou a possibilidade de substituir a prisão por uma cautela.
f) descumprimento de medida cautelar anteriormente imposta. As medidas cautelares diversas da prisão estão
previstas no art. 319 do CPP.

282
Condições de admissibilidade

As condições de admissibilidade da prisão preventiva estão previstas no art. 313 do CPP.

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso
I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa
com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
IV - (revogado).
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando
esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade
após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena
ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia.

a) quando a pena máxima cominada ao crime doloso for superior a 4 (quatro) anos, seja ela de reclusão ou de de-
tenção (art. 313, I, CPP).
b) reincidente em crime doloso (art. 313, II, CPP), ou seja, indivíduo que comete um novo crime doloso nos cinco
anos subsequentes ao cumprimento ou extinção da pena imposta em razão da prática de outro crime doloso
anterior, nos termos do art. 64 do Código Penal;
c) crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pes-
soa portadora de deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência (art. 313, III, CPP).
d) dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la,
devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese reco-
mendar a manutenção da medida (art. 313, parágrafo único, CPP).

Vedação da prisão preventiva

Há situações em que a legislação processual penal veda a decretação da prisão preventiva, são elas:

a) Contravenções penais: por interpretação do art. 313 do CPP, o qual prevê a prisão preventiva apenas para crimes
dolosos.
b) Crimes culposos: por interpretação do art. 313 do CPP. Contudo, na hipótese do parágrafo único, do art. 313,
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

do CPP, a prisão preventiva pela prática de crime culposo é possível, se houver dúvida quanto à identidade do
agente ou quando este não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la.
c) Exclusão de ilicitude (ou de antijuridicidade): quando o juiz verificar pelas provas constantes dos autos que o
autor praticou o fato em legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício
regular de direito, nos termos do art. 314 do CPP c/c art. 23 do Código Penal.
d) antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresenta-
ção ou recebimento de denúncia.

Revogação e nova decretação

Nos termos do art. 316 do CPP, a prisão preventiva pode ser revogada na hipótese em que o juiz poderá, de ofício
ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de
motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

283
Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emis- f) homem, caso seja o único responsável pelos cui-
sor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção dados do filho de até 12 (doze) anos de idade in-
a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamenta- completos (inc. VI): somente quando não houver
da, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. outra pessoa responsável pela criança, poderá ser
concedida a prisão domiciliar ao pai.
Apresentação do acusado
A Lei nº 13.769, de 19/12/2018 incluiu os arts. 318-A
A apresentação espontânea do acuados não impe- e 318-B ao Código de Processo Penal, para estabelecer
de sua prisão preventiva anteriormente decretada, salvo a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar
quando o magistrado entender que não mais subsistem da mulher gestante ou que for mãe ou responsável por
os motivos que ensejaram sua decretação. crianças ou pessoas com deficiência.
Segundo o art. 318-A, a prisão preventiva imposta
Prisão domiciliar à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência será substituída por
A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indi- prisão domiciliar, desde que:
ciado ou acusado em sua residência, da qual só poderá
se ausentar com autorização judicial, conforme dispõe o I - não tenha cometido crime com violência ou grave
art. 317, do CPP. ameaça a pessoa;
O art. 318, do CPP elenca as hipóteses em que a pri- II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou
são preventiva poderá ser substituída pela prisão domi- dependente.
ciliar. Trata-se de substituição facultativa, devendo o juiz
fazer a análise em cada caso concreto, devendo, para Importante observarmos que, enquanto no art. 318
tanto, exigir prova idônea dos requisitos estabelecidos, o legislador usou a expressão poderá ser substituída, no
conforme parágrafo único do referido artigo. art. 318-A houve o emprego da expressão será substituí-
Assim, poderá ser substituída a prisão preventiva pela da, o que nos dá a ideia de que, preenchidos os requisi-
domiciliar quando o preso for: tos legais, a substituição não poderá ser negada.
Segundo o Art. 318-B, “a substituição de que tratam
a) maior de 80 (oitenta) anos: apesar do inc. I do art. os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da
318 do CPP apresentar apenas a idade como parâ- aplicação concomitante das medidas alternativas previs-
metro, a doutrina defende que o critério etário não tas no art. 319 deste Código”.
deve ser analisado isoladamente, sendo necessário
considerar também as condições físicas e psíquicas LIBERDADE PROVISÓRIA
do preso.
b) extremamente debilitado por motivo de doença A liberdade provisória consiste em uma medida cau-
grave (inc. II): a finalidade da substituição, nesse telar pessoal substitutiva da prisão em flagrante, condi-
caso, é possibilitar que a pessoa presa tenha a cionada à presença de certos pressupostos e sob deter-
atenção necessária em virtude de sua condição de minadas condições.
gravemente enfermo, o que deve ser comprovado A liberdade provisória está expressamente prevista na
por meio técnico. Constituição Federal.
c) imprescindível aos cuidados especiais de pessoa
menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiên- CF
cia (inc. III): não se restringe aos pais, mas engloba Art. 5º (...)
outras pessoas que tenham responsabilidade em LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
relação à criança menor de seis anos ou à pessoa quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
com deficiência (independentemente da idade), tal sem fiança;
como o guardião, o curador, o tutor. Ocorrendo, portanto, a prisão em flagrante e não ha-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

d) Gestante (inc. IV): a partir da alteração do Código vendo razões para o relaxamento dessa prisão, poderá o
de Processo Penal realizada pela Lei 13.257/2016, a juiz conceder liberdade provisória (com ou sem fiança),
gestante pode ter deferida a substituição da prisão caso presentes seus pressupostos.
preventiva pela prisão domiciliar desde o primeiro A doutrina classifica a liberdade provisória em obriga-
mês de gravidez. A gravidez por si só não resulta tória, permitida e vedada.
no direito à substituição, devendo ser considera-
dos outros aspectos, tais como a necessidade de a) obrigatória: nas hipóteses em que é permitido
cuidados especiais, as condições do cárcere etc. prestar fiança e nos casos em que o acusado se
e) mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade livra solto, a exemplo do que ocorre, nos crimes
incompletos (inc. V): visa atender ao interesse pre- de menor potencial ofensivo, quando o agente
ponderante da criança, em observância ao art. 227 assume o compromisso do art. 69, caput, da Lei
da Constituição Federal. 9.099/1995, devendo, portanto, o agente ser posto
em liberdade, por ordem da autoridade policial e
independente de pronunciamento judicial.

284
b) permitida: nas hipóteses previstas no art. 310, Art. 322 (...)
caput e parágrafo único, do CPP. Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será re-
c) vedada: nas situações em que a lei veda a conces- querida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito)
são da liberdade provisória, a exemplo do previa horas.
o art. 44 da Lei 11.343/2006. Contudo, o STF, no
julgamento do HC nº 104.339/SP, declarou, inci- Observação: o juiz pode conceder a fiança nos crimes
dentalmente, inconstitucional tal vedação. Assim, com pena menor, igual ou superior a 4 anos.
a jurisprudência firmou-se no sentido de que está
superada a vedação irrestrita à concessão do be- Ministério público
nefício aos agentes relacionados ao crime de trá-
fico de drogas, devendo o magistrado analisar se Não há necessidade de ser ouvido o Ministério Pú-
estão presentes os requisitos do art. 312 do CPP, blico antes da concessão da fiança, conforme inteligên-
para negar a liberdade provisória. cia do art. 333 do CPP, sendo aberta vista dos autos
posteriormente.
Liberdade provisória com fiança
Art. 333. Depois de prestada a fiança, que será con-
A liberdade provisória com fiança está disciplinada cedida independentemente de audiência do Ministério
no art. 322 e seguintes do Código de Processo Penal. A Público, este terá vista do processo a fim de requerer o
fiança consiste em uma caução real destinada a garantir que julgar conveniente, inclusive podendo interpor Re-
o cumprimento das obrigações processuais do réu. curso em sentido estrito quando discordar da decisão,
A fiança pode ser prestada de duas maneiras: por de- conforme art. 581, V, do CPP.
pósito ou por hipoteca, desde que inscrita em primeiro
lugar, conforme dispõe o art. 330 do CPP. O valor da fiança deve seguir os parâmetros estabele-
cidos no art. 325 do CPP.
Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consis-
tirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autorida-
preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual de que a conceder nos seguintes limites
ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro (...)
lugar. I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se
tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no
A fiança deverá ser recolhida em instituição financeira grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
oficial ou entregue ao depositário público e, quando não II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos,
for possível, ao escrivão, que lavrará o respectivo termo. quando o máximo da pena privativa de liberdade co-
minada for superior a 4 (quatro) anos.
Art. 331. O valor em que consistir a fiança será reco- § 1º Se assim recomendar a situação econômica do
lhido à repartição arrecadadora federal ou estadual, preso, a fiança poderá ser:
ou entregue ao depositário público, juntando-se aos I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
autos os respectivos conhecimentos. II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
Parágrafo único. Nos lugares em que o depósito não III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
se puder fazer de pronto, o valor será entregue ao es-
crivão ou pessoa abonada, a critério da autoridade, Nestes termos, a autoridade policial pode fixar a fian-
e dentro de três dias dar-se-á ao valor o destino que ça no valor de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, por
lhe assina este artigo, o que tudo constará do termo ser o parâmetro aplicado nas hipóteses de infração cuja
de fiança. pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for su-
perior a 4 (quatro) anos;
Autoridade concedente Já o magistrado poderá fixar o valor da fiança entre
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

10 (dez) e 200 (duzentos) salários mínimos, para os cri-


Nos crimes cuja pena máxima cominada não exceda mes com pena privativa de liberdade cominada superior
4 anos (igual ou menor que 4 anos), a autoridade policial a 4 (quatro) anos. Vale ressaltar, ainda, que, em caso de
poderá conceder a fiança, nos termos do art. 322 do CPP. a autoridade policial não fixar o valor da fiança, o magis-
trado o fará seguindo o parâmetro do art. 325, I, do CPP.
Art. 322. A autoridade policial somente poderá con-
ceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade poli-
de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) cial a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele,
anos. poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o
juiz competente, que decidirá em 48 (quarenta e oito)
Quando a pena privativa de liberdade for superior a horas.
quatro anos, somente o juiz pode conceder a fiança. O
prazo para decisão é de 48 horas, conforme parágrafo
único do mencionado artigo.

285
Dependendo da situação econômica do agente, a A inafiançabilidade do crime, não impede que seja
fiança poderá ser dispensada, reduzida ou aumentada, concedida a liberdade provisória, sujeitando-se preso a
nos termos do art. 325, § 1º, do CPP. outras medidas cautelares diversas da fiança.

§ 1º Se assim recomendar a situação econômica do


preso, a fiança poderá ser: FIQUE ATENTO!
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código; Quebramento da fiança
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou Nos termos do art. 341 do CPP, a fiança será
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes. considerada quebrada quando o acusado:
I. regularmente intimado para ato do pro-
Observe-se que a fiança só pode ser dispensada pelo cesso, deixar de comparecer, sem motivo
juiz, nos termos do art. 350 do CPP. justo;
II. deliberadamente praticar ato de obstru-
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, ve- ção ao andamento do processo;
rificando a situação econômica do preso, poderá con- III. descumprir medida cautelar imposta
ceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obriga- cumulativamente com a fiança;
ções constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a IV. resistir injustificadamente a ordem
outras medidas cautelares, se for o caso. judicial;
V. praticar nova infração penal dolosa.
A determinação do valor da fiança seguirá a regra do
art. 326 do CPP, levando-se em consideração “a natureza
da infração, as condições econômicas e vida pregressa Nos termos dos artigos 327 e 328 do CPP, a fiança
do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculo- ainda será considerada quebrada se o afiançado:
sidade, bem como a importância provável das custas do
processo, até final julgamento”. • não comparecer perante a autoridade, todas as ve-
zes que for intimado para atos do inquérito e da
instrução criminal e para o julgamento.
FIQUE ATENTO! • mudar de residência, sem prévia permissão da
A fiança pode ser concedida enquanto não autoridade processante, ou ausentar-se por mais
houver o trânsito em julgado de sentença de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar
condenatória, nos termos do art. 334 do àquela autoridade o lugar onde será encontrado.
CPP.
Não haverá concessão de fiança quando Nos termos do art. 343 do CPP, “o quebramento in-
se tratar de crime declarado pela Consti- justificado da fiança importará na perda de metade do
tuição Federal como crime inafiançável, os seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de
quais são relacionados no art. 323 do CPP. outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação
da prisão preventiva”.
Art. 323. Não será concedida fiança: Caso o agente venha ser condenado, se não se apre-
I - nos crimes de racismo; sentar para início do cumprimento da pena imposta, per-
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpe- derá a totalidade da fiança prestada, nos termos do art.
centes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como 344 do CPP.
crimes hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático; O Código de Processo Penal contempla outras hipó-
teses em que a liberdade provisória poderá ser concedida
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Também não haverá concessão de fiança, nas hipóte- sem que haja a necessidade de recolhimento da fiança.
ses previstas no art. 324 do CPP.
Exclusão de ilicitude
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança:
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado Nos termos do art. 310, parágrafo único, do CPP, se
fiança anteriormente concedida ou infringido, sem o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o
motivo justo, qualquer das obrigações a que se refe- agente praticou o fato nas condições dos incisos I, II e III
rem os arts. 327 e 328 deste Código. do art. 23 do Código Penal, poderá conceder ao acusado
II - em caso de prisão civil ou militar; liberdade provisória, mediante termo de comparecimen-
III - (revogado). to a todos os atos processuais, sob pena de revogação.
IV - quando presentes os motivos que autorizam a de-
cretação da prisão preventiva (art. 312). CP
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o
fato:

286
I - em estado de necessidade; VII - internação provisória do acusado nas hipóteses
II - em legítima defesa; de crimes praticados com violência ou grave ameaça,
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exer- quando os peritos concluírem ser inimputável ou se-
cício regular de direito. mi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco
de reiteração;
Assim, se o juiz verificar que o agente atuou ampara- VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para asse-
do por uma causa excludente da ilicitude, deverá conce- gurar o comparecimento a atos do processo, evitar a
der a liberdade provisória, sem fiança. obstrução do seu andamento ou em caso de resistên-
A liberdade provisória também será concedida, sem cia injustificada à ordem judicial.
imposição de fiança, quando o juiz entender que, em vir- IX - monitoração eletrônica.
tude das condições econômicas do preso, esta não se
mostrar adequada, nos termos do art. 350 do CPP. Neste sentido, a liberdade provisória poderá ser con-
cedida sem fiança, nas hipóteses em que for aplicada
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, ve- uma das medidas cautelares previstas nos incisos de nº
rificando a situação econômica do preso, poderá con- I a VII e IX.
ceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obriga- A definição das medidas cautelares a serem impostas,
ções constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a deverá seguir os parâmetros do art. 282 do CPP.
outras medidas cautelares, se for o caso. As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada
ou cumulativamente, conforme § 1º do art. 282 do CPP.
Nessa hipótese, o agente estará sujeito às obrigações
constantes dos artigos 327 e 328 do CPP, quais sejam:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
• comparecer perante a autoridade, todas as vezes
que for intimado para atos do inquérito e da ins-
trução criminal e para o julgamento. 1. (AOCP – 2018) Acerca da prisão preventiva, assinale a
• Não mudar de residência, sem prévia permissão da alternativa CORRETA:
autoridade processante, ou ausentar-se por mais
de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar a) A prisão preventiva será decretada a requerimento da
àquela autoridade o lugar onde será encontrado Autoridade Policial ao Juízo e terá o prazo de 5 (cinco)
dias, prorrogável por igual período em caso de extre-
Outras medidas cautelares também poderão ser im- ma e comprovada necessidade.
postas, quando da concessão da liberdade provisória. b) A prisão preventiva pode ser decretada de ofício por
Nos termos do art. 321 do CPP, quando ausentes os Juízo competente, no curso da ação penal, mediante
requisitos que autorizam a decretação da prisão preven- decisão fundamentada.
tiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impon- c) O Ministério Público pode requerer a prisão preventi-
do, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. va de réu em ação de alimentos a afim de assegurar a
319. aplicação da lei civil.
d) A Autoridade Policial pode decretar a prisão preven-
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: tiva em caso de descumprimento de qualquer das
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas obrigações impostas por força de outras medidas
condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar cautelares.
atividades; e) A prisão preventiva pode ser decretada pelo Juízo
II - proibição de acesso ou frequência a determinados competente, no curso de inquérito policial, a reque-
lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao rimento do Ministério Público, por hipotética con-
fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distan- travenção penal supostamente cometida por réu
te desses locais para evitar o risco de novas infrações; primário.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

III - proibição de manter contato com pessoa deter-


minada quando, por circunstâncias relacionadas ao Resposta: Letra B.
fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer Conforme art. 311, do CPP, em qualquer fase da inves-
distante; tigação policial ou do processo penal, caberá a prisão
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso
permanência seja conveniente ou necessária para a da ação penal, ou a requerimento do Ministério Públi-
investigação ou instrução; co, do querelante ou do assistente, ou por representa-
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos ção da autoridade policial.
dias de folga quando o investigado ou acusado tenha
residência e trabalho fixos; 2. (AOCP – 2018) Acerca das prisões cautelares, assinale
VI - suspensão do exercício de função pública ou de a alternativa INCORRETA:
atividade de natureza econômica ou financeira quan-
do houver justo receio de sua utilização para a prática
de infrações penais;

287
a) O juiz não poderá revogar a prisão preventiva de ofí- Resposta: Letra B.
cio se, no correr do processo, verificar a falta de moti- A fiança será quebrada quando o beneficiário des-
vo para que subsista, bem como de novo decretá-la se cumprir a obrigação. Vamos ao texto de lei. Art. 341.
sobrevierem razões que a justifiquem. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: I -
b) Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais regularmente intimado para ato do processo, deixar
e seus agentes deverão prender quem quer que seja de comparecer, sem motivo justo; II - deliberadamen-
encontrado em flagrante delito. te praticar ato de obstrução ao andamento do proces-
c) A prisão preventiva poderá ser decretada como ga- so; III - descumprir medida cautelar imposta cumulati-
rantia da ordem pública, da ordem econômica, por vamente com a fiança; IV - resistir injustificadamente a
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar ordem judicial; V - praticar nova infração penal dolosa.
a aplicação da lei penal, quando houver prova da exis- Nesta questão, a
tência do crime e indício suficiente de autoria. Resposta está no art. 341, V, do CPP.
d) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
tre serão comunicados imediatamente ao juiz compe- 5. (AOCP – 2018) Referente à prisão preventiva, assinale
tente, ao Ministério Público e à família do preso ou à a alternativa CORRETA.
pessoa por ele indicada.
e) Os presos temporários deverão permanecer, obriga- a) A prisão preventiva poderá ser decretada de ofício
toriamente, separados dos demais detentos. pelo juiz em qualquer fase da investigação ou da
ação penal.
Resposta: Letra A. b) Para a decretação da prisão preventiva, basta a
Nos termos do art. 282, § 5º, do CPP, o juiz pode- existência de indícios de autoria e de materialidade
rá revogar a medida cautelar ou substituí-la quan- delitiva.
do verificar a falta de motivo para que subsista, bem c) É cabível a prisão preventiva caso haja condenação
como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a anterior por crime doloso, independente de trânsi-
justifiquem. to em julgado da sentença que tenha veiculado a
condenação.
3. (AOCP – 2018) Em certo dia, um indivíduo com a in- d) Somente o Ministério Público possui legitimida-
tenção de furtar algum objeto de valor, pulou o muro de de para requerer ao juiz a decretação da prisão
uma residência e subtraiu um par de tênis, marca “Like”, preventiva.
que estava na lavanderia desta casa. Ocorre que um dos e) Se a prisão preventiva for decretada com base ex-
vizinhos, ao visualizar a ação desse indivíduo, acionou a clusivamente na dúvida sobre a identidade civil da
polícia, que prontamente compareceu ao local e o en- pessoa, esta deve ser colocada em liberdade tão
controu ainda no interior do quintal, com o par de tênis logo seja esclarecida sua qualificação.
nas mãos. Diante dessa situação, assinale a alternativa
que apresenta a modalidade CORRETA de prisão em Resposta: Letra E.
flagrante. Podemos observar que o art. 313, parágrafo único, do
CPP, diz que será admitida a prisão preventiva quando
a) Flagrante ficto ou presumido. houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
b) Flagrante impróprio. quando esta não fornecer elementos suficientes para
c) Flagrante forjado. esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imedia-
d) Flagrante esperado. tamente em liberdade após a identificação, salvo se
e) Flagrante próprio. outra hipótese recomendar a manutenção da medida.

Resposta: Letra E. CAUTELARES DIVERSAS


Indivíduo está cometendo fato criminoso ou acaba
de cometer, também chamado de flagrante real ou Decorrente de Sentença Condenatória
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

verdadeiro.
Em regra, a prisão decorrente de sentença condena-
4. (AOCP – 2018) No caso de concessão do benefício tória é cabível com o trânsito em julgado da decisão.
da liberdade provisória mediante arbitramento de fiança, Em se tratando do Tribunal do Júri, pena privativa de
se o beneficiado vier a praticar um novo crime doloso, liberdade superior a 15 anos, é possível a prisão sem a
tal ato gerará uma consequência processual. Assinale a necessidade de trânsito em julgado.
alternativa que apresenta a consequência CORRETA. Ainda depende do legislador definir a possibilidade
de prisão em segunda instância, sem a necessidade de
a) Cassação de fiança. trânsito em julgado.
b) Quebra de fiança.
c) Reforço da fiança.
d) Inidoneidade da fiança.
e) Complemento de fiança.

288
b) a defesa técnica do indiciado não poderá ter acesso
HORA DE PRATICAR às peças de informação constantes do inquérito, ainda
que já documentadas, em razão do caráter sigiloso do
procedimento;
1. (FGV – 2019) Gabriel, funcionário público do Tribunal
c) o indiciado e o eventual ofendido, diante do cará-
de Justiça do Ceará, foi vítima de um crime de injúria, sen-
ter inquisitivo do inquérito policial, não poderão re-
do a ofensa relacionada ao exercício de sua função públi-
querer a realização de diligências durante a fase de
ca. Optou, porém, por nada fazer em desfavor do autor
investigações;
da ofensa. Ocorre que a chefia imediata de Gabriel, infor-
d) o procedimento investigatório, caso venha a ser arqui-
mada sobre o ocorrido, e revoltada com o desrespeito,
vado com base na falta de justa causa, não poderá vir
compareceu à delegacia e narrou o fato para autoridade
a ser desarquivado, ainda que surjam novas provas;
policial, que instaurou procedimento e fixou prazo inicial
e) a autoridade policial, em sendo de interesse das inves-
de 20 dias para investigações. Após 19 dias, concluídas
tigações, poderá determinar a incomunicabilidade do
as investigações, o Delegado se prepara para apresentar
indiciado pelo prazo de 10 (dez) dias.
relatório final. Ao tomar conhecimento dos fatos, Gabriel
procura seu advogado para assistência jurídica.
3. (FGV – 2019) Foi instaurado inquérito policial para
Considerando as informações narradas e o Enunciado
apurar a suposta prática de crime de estelionato. Após
704 da Súmula de Jurisprudência do Supremo Tribunal
120 (cento e vinte) dias de investigação e adotadas to-
Federal (É concorrente a legitimidade do ofendido, me-
das as medidas disponíveis, a autoridade policial verifica
diante queixa, e do Ministério Público, condicionada à
a inexistência de justa causa para o oferecimento de de-
representação do ofendido, para a ação penal por crime
núncia, já que a autoria não foi identificada.
contra a honra de servidor público em razão do exercício
de suas funções), o advogado de Gabriel deverá esclare-
Diante da constatação da autoridade policial, é correto
cer que:
afirmar que:
a) a denúncia por parte do Ministério Público depende
a) o promotor de justiça poderá promover pelo arqui-
de representação do ofendido, a ser oferecida no pra-
vamento do inquérito policial, que dependerá de ho-
zo de 06 (seis) meses a contar do conhecimento da
mologação do magistrado, que, discordando, deve
autoria, ainda que o inquérito policial possa ser ins-
encaminhar os autos a outro promotor de justiça para
taurado independentemente da manifestação de von-
imediato oferecimento de denúncia;
tade de Gabriel;
b) o promotor de justiça poderá arquivar diretamente o
b) as investigações em inquérito policial não poderiam
inquérito policial, independentemente de homologa-
ocorrer pelo prazo inicial de 20 (vinte) dias, conside-
ção do magistrado, diante da previsão constitucional
rando a previsão legislativa de que o inquérito deve
de titularidade do Ministério Público na iniciativa da
ter prazo máximo de 10 (dez) dias, apenas podendo
ação penal pública;
ser prorrogado por igual prazo;
c) o promotor de justiça poderá promover pelo arquiva-
c) o inquérito policial não poderia ter sido instaurado
mento do inquérito policial, devendo a ser submeti-
pela autoridade policial sem a concordância do ofen-
da à homologação do magistrado, que, discordando,
dido, considerando a natureza da ação penal do crime
encaminhará os autos ao Procurador-Geral de Justiça
investigado;
para decisão;
d) a queixa, caso Gabriel opte por apresentá-la, deverá
d) a própria autoridade policial poderá arquivar direta-
ser oferecida no prazo máximo de 06 (seis) meses a
mente o inquérito policial, mas o promotor de justi-
contar da data do fato, ainda que outra data seja a do
ça, discordando, poderá oferecer denúncia, diante da
conhecimento da autoria;
dispensabilidade característica dos procedimentos
e) a autoridade policial poderá, entendendo pela ausên-
investigatórios;
cia de materialidade delitiva, arquivar diretamente o
e) a própria autoridade policial poderá arquivar direta-
inquérito policial.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

mente o inquérito policial, cabendo ao promotor de


justiça, em caso de discordância, submeter à decisão
2. (FGV – 2019) Lauro figura como indiciado em inquéri-
final da chefia da Polícia Civil.
to policial em que se investiga a prática do crime de con-
cussão. Intimado a comparecer na Delegacia para prestar
4. (FGV – 2019) Em matéria Penal, através das provas, as
declarações, fica preocupado com as medidas que po-
partes pretendem influenciar o convencimento do julga-
deriam ser determinadas pela autoridade policial, razão
dor, além de demonstrar a veracidade de determinado
pela qual procura seu advogado.
fato.
Com base nas informações expostas, a defesa técnica de
O Código de Processo Penal disciplina o tema, trazen-
Lauro deverá esclarecer que:
do previsões gerais e regras próprias para as provas em
espécie. Sobre o tema, de acordo com as previsões do
a) a reprodução simulada dos fatos poderá ser determi-
Código de Processo Penal, é correto afirmar que:
nada pela autoridade policial, não podendo, contudo,
ser Lauro obrigado a participar contra sua vontade;

289
a) em razão do livre convencimento motivado, ao Mi- d) não poderá Caio ser obrigado a prestar declarações,
nistério Público, assim como ao acusado, é facultado tendo em vista que só teve conhecimento dos fatos no
apresentar quesitos e indicar assistente técnico por exercício da sua função pública;
ocasião da prova pericial, mas o laudo elaborado não e) poderá Lúcia se recusar a depor, mas, uma vez acei-
vincula o juiz, que poderá aceitá-lo ou rejeitá-lo, no tando prestar declarações, será firmado compromisso
todo ou em parte; de dizer a verdade.
b) em razão do direito de presença do acusado, o Có-
digo de Processo Penal não admite o interrogatório 6. (FGV – 2019) Bernardo foi preso em flagrante e indicia-
por videoconferência com fundamento no risco para do pela prática do crime do art. 24-A da Lei nº 11.340/06
segurança pública com fundada suspeita de fuga do (Descumprir decisão judicial que defere medidas prote-
preso durante o deslocamento para audiência; tivas de urgência previstas nesta Lei: pena – detenção,
c) no procedimento do Tribunal do Júri, durante o in- de 3 (três) meses a 2 (dois) anos). O auto de prisão em
terrogatório do réu em sessão plenária, as perguntas flagrante foi encaminhado para os órgãos competentes,
deverão ser feitas diretamente pelas partes e pelos ju- sendo determinada a realização, de imediato, da audiên-
rados, cabendo ao juiz apenas complementá-las; cia de custódia. Foi acostada a Folha de Antecedentes
d) com base no princípio da inércia, o sistema a ser ob- Criminais, indicando que Bernardo, de fato, havia sido
servado quando da oitiva das testemunhas é o cross intimado da aplicação de medidas protetivas de urgência
examination, não podendo o magistrado complemen- em favor de sua ex-companheira, mas que não possuía
tar as perguntas das partes; condenação definitiva em seu desfavor.
e) diante do caráter inquisitório do inquérito policial, os Considerando as informações narradas, a prisão em fla-
elementos informativos não poderão ser menciona- grante a ser analisada em audiência de custódia é:
dos na sentença, nem mesmo para corroborar a deci-
são do juiz fundamentada em provas. a) legal, cabendo conversão da prisão em flagrante em
preventiva para garantia das medidas protetivas de
5. (FGV – 2019) Caio, técnico de notificações do Minis- urgência aplicadas, mesmo diante da pena em abs-
tério Público do Estado do Rio de Janeiro, compareceu à trato inferior a 4 (quatro) anos e da primariedade do
residência de Lúcia para entregar uma notificação para custodiado;
comparecer ao Ministério Público para oitiva em pro- b) legal, mas considerando a pena em abstrato prevista e
cedimento em que se investigava a prática do crime de a primariedade técnica do indiciado, não será possível
lesão corporal qualificada no contexto de violência do- a conversão da prisão em flagrante em preventiva por
méstica e familiar contra a mulher. Quando estava no ausência dos pressupostos legais;
local, Caio foi surpreendido por presenciar o exato mo- c) legal, mas diante da pena em abstrato prevista, pode-
mento em que Matheus, marido de Lúcia, desferia golpes ria a autoridade policial ter arbitrado fiança;
contra a cabeça da esposa, causando-lhe lesões graves. d) ilegal, porque a pena máxima é inferior a 4 (quatro)
Vizinhos informaram o ocorrido a policiais, que realiza- anos e Bernardo é primário, devendo a prisão ser
ram a prisão do autor do fato. Matheus foi denunciado relaxada;
pela prática do crime de lesão corporal grave praticada e) ilegal, porque a pena máxima é inferior a 4 (quatro)
no contexto de violência doméstica e familiar contra a anos e Bernardo é primário, devendo a prisão ser
mulher, cuja pena máxima em abstrato ultrapassa 6 (seis) revogada.
anos de reclusão.
Foram arroladas na denúncia, pelo Ministério Público, 7. (FGV – 2019) Lucas, oficial do Ministério Público, en-
oito testemunhas de acusação, inclusive Caio, além da ví- quanto cumpria sua função em via pública, por volta de
tima Lúcia, que continua convivendo com o denunciado. 15h, depara-se com Antônio conduzindo uma motoci-
Com base apenas nas informações expostas, é correto cleta com simulacro de arma de fogo na cintura e se sur-
afirmar que: preende com aquela situação, tendo em vista que iden-
tificou, pela placa, que aquela moto era de propriedade
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

a) não poderá o Ministério Público ouvir todas as teste- de seu colega de trabalho. Diante disso, Lucas entra em
munhas arroladas, tendo em vista que Lúcia deverá ser contato com seu colega, que confirma que fora vítima de
computada no número máximo de testemunhas a um crime de roubo que teria sido praticado 30 minutos
serem incluídas no rol oferecido quando da denúncia; antes, descrevendo as características do autor do fato,
b) poderá Caio ser obrigado a prestar declarações, mas que coincidiam com as de Antônio.
não será firmado compromisso de dizer a verdade, Considerando as informações expostas, em sendo confir-
uma vez que só teve conhecimento dos fatos quando mada a autoria, é correto afirmar que Lucas:
exercia sua função pública;
c) poderá Caio ser obrigado a prestar declarações e será a) não poderá realizar a prisão captura de Antônio, tendo
firmado compromisso de dizer a verdade, devendo em vista que, apesar da situação de flagrante, o ato
sua oitiva ser realizada antes das testemunhas de somente pode ser realizado por agentes de segurança
defesa; pública;

290
b) não poderá realizar a prisão captura de Antônio, uma b) fixada cautelar alternativa de proibição de frequen-
vez que inexiste situação de flagrante prevista em lei, tar, por determinado período, o estabelecimento le-
apesar da identificação da autoria; sado, mas não a decretação da prisão preventiva ou
c) poderá realizar a prisão captura de Antônio, pois cons- temporária;
tatada a situação de flagrante próprio prevista em lei; c) fixada a cautelar alternativa de internação provisória,
d) poderá realizar a prisão captura de Antônio, uma vez que gera detração da pena, mas não a prisão preven-
constatada a situação de flagrante presumido; tiva ou temporária;
e) poderá realizar a prisão captura de Antônio, já que há d) decretada a prisão temporária da indiciada;
situação de flagrante esperado. e) decretada a prisão preventiva da indiciada.

8. (FGV – 2019) Com base em ofício recebido no cartório 10. (FGV – 2019) Buscando concretizar a ideia de que
da Vara Criminal onde exercia suas funções, Luiz deveria a prisão preventiva somente deve ser decretada em si-
separar todos os processos de pessoas presas que possi- tuações excepcionais, o legislador previu uma série de
velmente teriam direito à substituição da prisão preven- medidas cautelares alternativas à prisão, que devem ser
tiva pela prisão domiciliar. Diante disso, separou quatro analisadas no momento de se apreciar a necessidade ou
procedimentos para análise de prisões preventivas: no não da imposição da medida cautelar extrema.
primeiro, Clara encontrava-se presa pelo crime de rou- Sobre o tema, de acordo com as previsões do Código de
bo com emprego de arma de fogo e violência real, pos- Processo Penal, é correto afirmar que:
suindo filho de 12 anos de idade; no segundo, o preso
era Antônio, senhor de 81 anos de idade respondendo à a) a suspensão do exercício da função pública poderá
ação penal em que se imputava a prática de três crimes ser aplicada como cautelar alternativa diante de justo
de estelionato; no terceiro, João estava preso pelo crime receio de sua utilização na prática de crimes, mas não
de corrupção, sendo o único responsável pelos cuidados da atividade de natureza econômica, sob pena de vio-
de seu filho de 11 anos; no quarto, Larissa estava presa lação da livre concorrência;
como acusada dos crimes de uso de documento falso b) a internação provisória poderá ser aplicada se cons-
e moeda falsa, possuindo filha de 5 anos, mas não era tatado o risco de reiteração e a inimputabilidade do
a única responsável pela criança, que também morava agente, mas somente nos crimes praticados com vio-
com o pai. lência ou grave ameaça à pessoa;
Com base nas previsões do Código de Processo Penal, c) a monitoração eletrônica poderá ser aplicada como
em especial dos artigos 318 e 318-A, Luiz deveria separar, condição para concessão de prisão albergue domici-
pela possibilidade, em tese, de ser admitida prisão domi- liar na execução penal, mas não como medida cautelar
ciliar, os processos em que figuram como acusados(as): alternativa;
d) o descumprimento das medidas cautelares alternati-
a) Clara, Antônio, João e Larissa; vas e medidas protetivas de urgência não é fundamen-
b) Antônio, João e Larissa, apenas; to para justificar a necessidade da prisão preventiva;
c) Clara e Larissa, apenas; e) a proibição de se ausentar da comarca sem informar
d) Antônio e Larissa, apenas; ao juízo poderá ser aplicada pelo magistrado, mas não
e) Antônio, apenas. poderá haver retenção do passaporte do denunciado.

9. (FGV – 2019) Mariana, tecnicamente primária e com


endereço fixo, foi identificada, a partir de câmeras de GABARITO
segurança, como autora de um crime de furto simples
(Pena: 01 a 04 anos de reclusão e multa) em um estabe- 1 C
lecimento comercial. O inquérito policial com relatório 2 A
conclusivo, acompanhado da Folha de Antecedentes Cri- 3 C
minais com apenas uma outra anotação referente à ação 4 A
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

penal em curso, sem decisão definitiva, foi encaminha- 5 C


do ao Poder Judiciário e, posteriormente, ao Ministério 6 A
Público. 7 D
Entendendo que existe risco de reiteração delitiva, já que 8 B
testemunhas indicavam que Mariana, que se encontrava 9 B
solta, já teria praticado delitos semelhantes, no mesmo 10 B
local, em outras ocasiões, poderá o Promotor de Justiça
com atribuição requerer que seja:

a) fixada cautelar alternativa de comparecimento mensal


em juízo, proibição de contato com as testemunhas,
mas não o recolhimento domiciliar no período notur-
no por ausência de previsão legal;

291
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

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292
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garan-
tias mínimas de proteção de dados genéticos, obser-
vando as melhores práticas da genética forense.
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS requerer ao juiz competente, no caso de inquérito ins-
taurado, o acesso ao banco de dados de identificação
PENAIS ESPECIAIS de perfil genético.
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéti-
cos o acesso aos seus dados constantes nos bancos de
perfis genéticos, bem como a todos os documentos da
LEI N. 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira
(EXECUÇÃO PENAL) que possa ser contraditado pela defesa.
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput des-
te artigo que não tiver sido submetido à identificação
Essa lei trata especificamente de como deve ser
do perfil genético por ocasião do ingresso no estabe-
executada a pena no sistema carcerário brasileiro, bem lecimento prisional deverá ser submetido ao procedi-
como elenca alternativas para o réu não ficar privado de mento durante o cumprimento da pena.
liberdade. § 5º (VETADO).
O objetivo da execução penal é cumprir a sentença/ § 6º (VETADO).
decisão criminal e proporcionar condições para a har- § 7º (VETADO).
mônica integração social do condenado/internado. A § 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em
LEP, inclusive, deve ser aplicada ao preso provisório e ao submeter-se ao procedimento de identificação do per-
condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando re- fil genético.
colhido em estabelecimento prisional sujeito à jurisdição
ordinária (criminal). Quanto a assistência do preso e internado, para pre-
venir o crime e orientar o retorno à convivência em socie-
dade, é dever do Estado providenciar:
#FicaDica Assistência material (alimentação, vestuário, instala-
ções higiênicas e locais que vendam produtos não forne-
Ao condenado e ao internado serão asse- cidos pela Administração);
gurados todos os direitos não atingidos Assistência à saúde (preventivo e curativo, atendi-
pela sentença ou lei. mento médico/farmacêutico/odontológico, pré-natal/
pós-parto/recém-nascido, o diretor do presídio pode au-
torizar a saída para tratamento);
Como é feita a classificação dos condenados? Assistência jurídica (no caso de preso e internado sem
recursos financeiros para constituir advogado, a Defen-
• Segundo antecedentes e personalidade: soria atua dentro e fora dos estabelecimentos penais e
fora dos estabelecimentos penais serão implementados
Assim, é possível ocorrer a individualização da execu- Núcleos Especializados para a Defensoria);
ção penal. Ademais, existe a Comissão Técnica de Clas- Assistência educacional (instrução escolar e formação
sificação, em cada estabelecimento penal, presidida pelo profissional, com o primeiro grau obrigatório e ensino
Diretor do presídio e composta por pelo menos 2 chefes médio implantado com vistas à universalização, recursos
de serviço, 1 psiquiatra, 1 psicólogo, 1 assistente so- da educação/sistema estadual de justiça/administração
cial, nos casos de pena privativa de liberdade. Nos de- penitenciária, curso supletivo, educação à distância, con-
mais tipos de pena, a Comissão Técnica de Classificação vênio com entidades públicas e particulares, uma biblio-
atua junto ao Juízo da Execução, mediante fiscais do ser- teca para cada estabelecimento e apuração pelo censo
viço social. penitenciário das condições educacionais);
Nunca esqueça da obrigatoriedade do exame crimi- Assistência social (ampara o preso e o internado e
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

nológico ao condenado a pena privativa de liberdade em os prepara para o retorno à liberdade, ex. conhece os
regime fechado. Em caso de regime semiaberto, o exame resultados dos exames, relata ao diretor dificuldades do
passa a ser facultativo. preso, acompanha os resultados das permissões de saída
Outro ponto essencial de memorização é: e saídas temporárias, promove recreação, orienta o assis-
tido na fase final do cumprimento da pena, providencia
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, do- documentos da previdência e de acidente do trabalho,
losamente, com violência de natureza grave contra orienta a família do preso, colabora para que o egresso
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. obtenha trabalho);
1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990 (crimes Assistência religiosa (liberdade de culto, permitida a
hediondos), serão submetidos, obrigatoriamente, à posse de livros de instrução religiosa e nenhum preso é
identificação do perfil genético, mediante extração de obrigado a participar de atividade religiosa);
DNA – ácido desoxirribonucleico, por técnica adequa- Assistência ao egresso (apoio para reintegrá-lo à vida
da e indolor. em liberdade, alojamento e alimentação por 2 meses,
§ 1o A identificação do perfil genético será armazena- prorrogável por uma única vez desde que haja decla-
da em banco de dados sigiloso, conforme regulamen- ração de empenho para obtenção de emprego emitida
to a ser expedido pelo Poder Executivo. pelo assistente social).

293
• Proporcionalidade na distribuição do tempo para
#FicaDica trabalho, descanso e recreação;
• Visitas;
É considerado egresso o liberado definitivo • Contato com o mundo exterior (correspondência,
pelo prazo de 1 ano, contado da saída do leitura etc.).
presídio e o liberado condicional durante o
período de prova.
#FicaDica
Os direitos do preso aplicam-se, inclusi-
O trabalho do preso não é regido pela CLT, todavia,
ve, ao preso provisório e ao submetido à
sempre é remunerado, nunca inferior a ¾ do salário míni-
medida de segurança. Entre tais direitos,
mo e dá ao preso trabalhador direito à previdência social.
destacam-se: proteção contra o sensacio-
O dinheiro obtido pelo trabalho é usado para a indeni-
nalismo, entrevista pessoal e reservada
zação dos danos determinados judicialmente, assistência
com o advogado, atestado de pena a cum-
à família, pequenas despesas pessoais, ressarcimento ao
prir emitido anualmente pelo juiz, contratar
Estado pelas despesas. O restante forma pecúlio, em ca-
médico de sua confiança (em caso de diver-
derneta de poupança, que será entregue ao condenado
gência com o médico oficial, o juiz resolve).
quando posto em liberdade.

Condenado Preso Provisório Prezando pelo princípio da legalidade, as faltas e san-


Trabalho obrigatório, sal- Não é obrigatório e só ções disciplinares precisam de expressa e anterior previ-
vo em caso de crime po- pode ser exercido no in- são legal ou regulamentar. Prezando pela dignidade da
lítico terior do estabelecimento pessoa humana, as sanções não podem colocar em peri-
go a integridade física e moral do condenado, veda-se o
O artesanato sem expressão econômica deve ser evi- emprego de cela escura. Prezando pela individualização
tado, salvo em regiões de turismo, que valorizam eco- das penas, veda-se sanções coletivas.
nomicamente esse tipo de arte. Ademais, a jornada de O Poder Disciplinar é exercido pelo diretor do esta-
trabalho deve variar de 6 a 8 horas, com descanso nos belecimento penal, mas nas faltas graves, a autoridade
domingos e feriados, ressalvado horário especial para representará o juiz da execução. A legislação local espe-
presos designados ao serviço de conservação e manu- cifica as faltas leves e médias, e a LEP cuida apenas das
tenção do presídio. faltas graves.

#FicaDica FIQUE ATENTO!


Pune-se a tentativa com a sanção corres-
O trabalho pode ser gerenciado por fun-
pondente à falta consumada.
dação ou empresa pública, no sentido de
promover, supervisionar e fazer pagamen-
tos. O governo pode celebrar convênio Faltas graves:
com a iniciativa privada para a implantação
de oficinas de trabalho. Ademais, pode ser • Subverter a ordem ou disciplina;
dispensada de concorrência pública o pro- • Fugir;
duto do trabalho prisional, de maneira que, • Possuir instrumento capaz de ofender a integrida-
o dinheiro irá para a fundação, empresa de física de outrem;
pública ou estabelecimento penal. • Provocar acidente de trabalho;
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

• Descumprir no regime aberto as condições impos-


tas;
O preso em regime fechado pode realizar trabalho • Desobedecer a servidor, desrespeitar pessoas;
externo em serviço ou obra pública realizadas pela Admi- • Não executar o trabalho, tarefas e ordens recebi-
nistração Pública (direta e indireta) e entidades privadas. das;
O limite máximo de presos em relação ao total de em- • Tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho
pregados na obra é de 10%. telefônico, rádio ou similar;
Ademais, para que haja o trabalho externo é necessá- • Recusar submeter-se ao procedimento de identifi-
rio o cumprimento de pelo menos 1/6 da pena e autori- cação do perfil genético.
zação da direção do estabelecimento, que será revogada
em caso de prática de crime, falta grave ou comporta- O ponto mais importante trazido pelo Pacote Anticri-
mento contraditório. me à LEP foi alterações introduzidas no famoso Regime
Dentre os direitos do preso podem ser suspensos por Disciplinar Diferenciado (RDD):
ato motivado do diretor do estabelecimento:

294
Quem está sujeito? O preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro.
Prática de crime doloso, quando ocasione subversão da ordem
ou disciplina internas.
Presos que apresentem alto risco para a ordem e a segurança
do estabelecimento penal ou da sociedade.
Hipóteses de cabimento:
Presos sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimen-
to ou participação, a qualquer título, em organização criminosa,
associação criminosa ou milícia privada, independentemente
da prática de falta grave.
Duração máxima de até 2 anos, sem prejuízo de repetição da
sanção por nova falta grave de mesma espécie;
Cela individual;
Visitas quinzenais, de 2 pessoas por vez, a serem realizadas em
instalações equipadas para impedir o contato físico e a passa-
gem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro,
autorizado judicialmente, com duração de 2 horas;
Direito do preso à saída da cela por 2 horas diárias para banho
de sol, em grupos de até 4 presos, desde que não haja contato
Características:
com presos do mesmo grupo criminoso;
Entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu de-
fensor, em instalações equipadas para impedir o contato físico
e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial
em contrário;
Fiscalização do conteúdo da correspondência;
Participação em audiências judiciais preferencialmente por vi-
deoconferência, garantindo-se a participação do defensor no
mesmo ambiente do preso.
Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organiza-
ção criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou que
tenha atuação criminosa em 2 ou mais Estados da Federação,
será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional
federal.
Poderá ser prorrogado sucessivamente, por períodos de 1 ano,
existindo indícios de que o preso:
Presídio e Prorrogações
I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança
do estabelecimento penal de origem ou da sociedade;
II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil cri-
minal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a
operação duradoura do grupo, a superveniência de novos pro-
cessos criminais e os resultados do tratamento penitenciário.
As visitas quinzenais, de 2 pessoas por vez, serão gravadas em
sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com autorização judi-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

cial, fiscalizadas por agente penitenciário.


Visita Após os primeiros 6 meses de RDD, o preso que não receber
visita poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico,
que será gravado, com uma pessoa da família, 2 vezes por mês
e por 10 minutos.

As sanções disciplinares se dividem em: advertência verbal, repreensão, suspensão ou restrição de direitos, isola-
mento na cela, RDD. As sanções são aplicadas pelo diretor do estabelecimento, salvo o RDD, pois precisa de despacho
do juiz, mediante requerimento do diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. Ademais, a decisão
do juiz sobre o RDD será precedida de manifestação do MP e defesa em até 15 dias.

295
2) Juízo da Execução: na ausência do juiz da execu-
#FicaDica ção, quem atua é o juiz da sentença.
O bom comportamento, colaboração com Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
a disciplina e dedicação ao trabalho po- I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qual-
dem ser recompensados com elogios e quer modo favorecer o condenado;
regalias estabelecidas na legislação local. II - declarar extinta a punibilidade;
III - decidir sobre:
a) soma ou unificação de penas;
Em caso de falta grave pode ser aplicada suspensão b) progressão ou regressão nos regimes;
ou restrição de direitos, isolamento na cela ou RDD. O c) detração e remição da pena;
isolamento (comunicado ao juiz), a suspensão ou restri- d) suspensão condicional da pena;
ção de direitos não podem ultrapassar 30 dias. e) livramento condicional;
Uma vez praticada a falta disciplinar, será instaurado f) incidentes da execução.
o procedimento para sua apuração. A autoridade admi- IV - autorizar saídas temporárias;
nistrativa pode decretar o isolamento preventivo do fal- V - determinar:
toso por até 10 dias, período que será computado no a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direi-
período do cumprimento da sanção disciplinar. tos e fiscalizar sua execução;
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de mul-
ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL ta em privativa de liberdade;
c) a conversão da pena privativa de liberdade em res-
1) Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- tritiva de direitos;
tenciária: possui sede na capital da República e é d) a aplicação da medida de segurança, bem como a
subordinado ao Ministério da Justiça. Ao todo são substituição da pena por medida de segurança;
13 membros (mandato de 2 anos renovável 1/3 em e) a revogação da medida de segurança;
cada ano), dentre professores, representantes da f) a desinternação e o restabelecimento da situação
comunidade e ministérios da área social. anterior;
g) o cumprimento de pena ou medida de segurança
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e em outra comarca;
Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âm- h) a remoção do condenado na hipótese prevista no §
bito federal ou estadual, incumbe: 1º, do artigo 86, desta Lei.
I - propor diretrizes da política criminal quanto à pre- i) (VETADO);
venção do delito, administração da Justiça Criminal e VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da me-
execução das penas e das medidas de segurança; dida de segurança;
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos
desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da penais, tomando providências para o adequado fun-
política criminal e penitenciária; cionamento e promovendo, quando for o caso, a apu-
III - promover a avaliação periódica do sistema cri- ração de responsabilidade;
minal para a sua adequação às necessidades do País; VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica; penal que estiver funcionando em condições inade-
V - elaborar programa nacional penitenciário de for- quadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
mação e aperfeiçoamento do servidor; IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e constru- X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
ção de estabelecimentos penais e casas de albergados;
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da es- 3) Ministério Público: é quem fiscaliza a execução
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

tatística criminal; da pena e da medida de segurança, inclusive, oficia


VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos pe- no processo executivo e nos incidentes de execu-
nais, bem assim informar-se, mediante relatórios do ção.
Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros
meios, acerca do desenvolvimento da execução penal Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às I - fiscalizar a regularidade formal das guias de reco-
autoridades dela incumbida as medidas necessárias lhimento e de internamento;
ao seu aprimoramento; II - requerer:
IX - representar ao Juiz da execução ou à autorida- a) todas as providências necessárias ao desenvolvi-
de administrativa para instauração de sindicância ou mento do processo executivo;
procedimento administrativo, em caso de violação das b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
normas referentes à execução penal; de execução;
X - representar à autoridade competente para a inter- c) a aplicação de medida de segurança, bem como a
dição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal. substituição da pena por medida de segurança;
d) a revogação da medida de segurança;

296
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão mento de penas privativas de liberdade aplicadas pela
nos regimes e a revogação da suspensão condicional justiça de outra unidade federativa, em especial para
da pena e do livramento condicional; presos sujeitos a regime disciplinar.
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento VII - acompanhar a execução da pena das mulheres
da situação anterior. beneficiadas pela progressão especial de que trata o
III - interpor recursos de decisões proferidas pela auto- § 3º do art. 112 desta Lei, monitorando sua integra-
ridade judiciária, durante a execução. ção social e a ocorrência de reincidência, específica ou
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visi- não, mediante a realização de avaliações periódicas e
tará mensalmente os estabelecimentos penais, regis- de estatísticas criminais.
trando a sua presença em livro próprio.
6) Patronato: pode ser público ou particular, mas
4) Conselho Penitenciário: é o órgão consultivo e sempre presta assistência aos albergados e egres-
fiscalizador da execução da pena, integrado por sos, ex. orienta os condenados a penas restritivas
membros nomeados pelo governador, dentre pro- de direitos, fiscaliza o cumprimento das penas de
fessores, profissionais e representantes da comuni- prestação de serviços à comunidade e de limita-
dade, para mandato de 4 anos. ção de fim de semana, colabora na fiscalização do
cumprimento das condições da suspensão e do li-
Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário: vramento condicional.
I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena,
excetuada a hipótese de pedido de indulto com base 7) Conselho da Comunidade: há em cada comarca
no estado de saúde do preso; e é composto por 1 representante da associação
II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais; comercial, 1 advogado, 1 defensor e 1 assistente
III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, social, ou, o juiz da execução pode adotar outros
ao Conselho Nacional de Política Criminal e Peniten- critérios.
ciária, relatório dos trabalhos efetuados no exercício
anterior; Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade:
IV - supervisionar os patronatos, bem como a assistên-
I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabeleci-
cia aos egressos.
mentos penais existentes na comarca;
II - entrevistar presos;
5) Departamentos Penitenciários: o Departamento
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução
Penitenciário Nacional é subordinado ao Minis-
e ao Conselho Penitenciário;
tério da Justiça. Consiste em órgão executivo da
IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e hu-
Política Penitenciária Nacional, inclusive, apoia de
manos para melhor assistência ao preso ou internado,
forma administrativa e financeira o Conselho Na-
em harmonia com a direção do estabelecimento.
cional de Política Criminal e Penitenciária. Dentre
suas atribuições, coordena e supervisiona os es-
tabelecimentos penais e internamento federais. A 8) Defensoria Pública: é quem vela pela regular exe-
legislação local pode criar Departamento Peniten- cução da pena e da medida de segurança, oficia no
ciário ou órgão similar, para supervisionar e coor- processo executivo e nos incidentes de execução,
denar os estabelecimentos penais da unidade da para a defesa dos necessitados em todos os graus
federação a que pertencer. e instâncias, de forma individual e coletiva.

Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenci- Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública:
ário Nacional: I - requerer:
I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execu- a) todas as providências necessárias ao desenvolvi-
ção penal em todo o Território Nacional; mento do processo executivo;
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabe- b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que
lecimentos e serviços penais; de qualquer modo favorecer o condenado;
III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na c) a declaração de extinção da punibilidade;
implementação dos princípios e regras estabelecidos d) a unificação de penas;
nesta Lei; e) a detração e remição da pena;
IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
convênios, na implantação de estabelecimentos e ser- de execução;
viços penais; g) a aplicação de medida de segurança e sua revoga-
V - colaborar com as Unidades Federativas para a re- ção, bem como a substituição da pena por medida de
alização de cursos de formação de pessoal penitenci- segurança;
ário e de ensino profissionalizante do condenado e do h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a
internado. suspensão condicional da pena, o livramento condi-
VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades cional, a comutação de pena e o indulto;
federativas, o cadastro nacional das vagas existentes i) a autorização de saídas temporárias;
em estabelecimentos locais destinadas ao cumpri-

297
j) a internação, a desinternação e o restabelecimento São indelegáveis as funções de direção, chefia e coor-
da situação anterior; denação no âmbito do sistema penal, bem como todas
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança as atividades que exijam o exercício do poder de polícia,
em outra comarca; e notadamente: classificação de condenados; aplicação
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § de sanções disciplinares; controle de rebeliões; transpor-
1o do art. 86 desta Lei; te de presos para órgãos do Poder Judiciário, hospitais e
II - requerer a emissão anual do atestado de pena a outros locais externos aos estabelecimentos penais.
cumprir; Presos provisórios devem ficar separados de presos
III - interpor recursos de decisões proferidas pela auto- condenados, bem como o preso funcionário da adminis-
ridade judiciária ou administrativa durante a execução; tração da justiça deve ficar em dependência separada. O
IV - representar ao Juiz da execução ou à autorida- preso que tiver sua integridade física, moral ou psicoló-
de administrativa para instauração de sindicância ou gica ameaçada pela convivência com os demais presos
procedimento administrativo em caso de violação das ficará segregado em local próprio.
normas referentes à execução penal;
V - visitar os estabelecimentos penais, tomando provi-
FIQUE ATENTO!
dências para o adequado funcionamento, e requerer,
quando for o caso, a apuração de responsabilidade; O Conselho Nacional de Política Criminal e
VI - requerer à autoridade competente a interdição, no Penitenciária determinará o limite máximo
todo ou em parte, de estabelecimento penal. de capacidade do estabelecimento, aten-
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visi- dendo a sua natureza e peculiaridades.
tará periodicamente os estabelecimentos penais, re-
gistrando a sua presença em livro próprio.
As penas privativas de liberdade aplicadas pela Justi-
ça de uma Unidade Federativa podem ser executadas em
FIQUE ATENTO! outra unidade, em estabelecimento local ou da União.
O diretor do estabelecimento penal precisa A União Federal poderá construir estabelecimento
ter diploma de nível superior em Direito ou penal em local distante da condenação para recolher os
Psicologia ou Ciências Sociais ou Pedago- condenados, quando a medida se justifique no interesse
gia ou Serviços Sociais; possuir experiência da segurança pública ou do próprio condenado. O juiz é
administrativa na área; ter idoneidade mo- quem define o estabelecimento prisional adequado para
ral e reconhecida aptidão para o desempe- cada indivíduo.
nho da função; residir no estabelecimento
ou nas proximidades e dedicar-se em tem- Regime Fechado
po integral à função.
A Penitenciária destina-se ao condenado à pena de
Obs.: No estabelecimento para mulheres só
reclusão em regime fechado.
pode trabalhar pessoal do sexo feminino,
A cela é individual, com dormitório, sanitário e lavató-
salvo quando se tratar de pessoal técnico
rio (área mínima de 6m²).
especializado.
A penitenciária de mulheres será dotada de seção
para gestante e parturiente e de creche para abrigar
crianças maiores de 6 meses e menores de 7 anos, com a
Os estabelecimentos penais destinam-se ao conde- finalidade de assistir a criança desamparada cuja respon-
nado, ao submetido à medida de segurança, ao preso sável estiver presa.
provisório e ao egresso. Mulheres e maiores de 60 anos A penitenciária de homens será construída, em local
são recolhidos em estabelecimento próprio. Na verdade, afastado do centro urbano, à distância que não restrinja
o mesmo conjunto arquitetônico pode abrigar estabe- a visitação.
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

lecimentos de destinação diversa, mas desde que sejam


separados. Regime Semiaberto
Os estabelecimentos para mulheres terão berçário,
para que permaneçam com seus filhos por pelo menos A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao
6 meses. cumprimento da pena em regime semiaberto.
O alojamento é em compartilhamento coletivo.
#FicaDica Regime Aberto
Haverá instalação destinada à Defensoria,
bem como para estagiários. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de
pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena
de limitação de fim de semana.
O prédio deverá situar-se em centro urbano, separa-
do dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela
ausência de obstáculos físicos contra a fuga.

298
Requisitos do regime aberto: estar trabalhando ou IV – 30% da pena, se o apenado for reincidente em cri-
comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente; in- me cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
dícios de que irá ajustar-se ao novo regime. V - 40% da pena, se o apenado for condenado pela prá-
Condições obrigatórias: permanecer no local que for tica de crime hediondo ou equiparado, se for primário;
designado no repouso e dias de folga; sair para o tra- VI - 50% da pena, se o apenado for:
balho e retornar nos horários fixados; não se ausentar a) condenado pela prática de crime hediondo ou equi-
da cidade sem autorização judicial; comparecer em juízo parado, com resultado morte, se for primário, VEDA-
quando determinado. DO O LIVRAMENTO CONDICIONAL;
b) condenado por exercer o comando, individual ou
No Centro de Observação são realizados os exames coletivo, de organização criminosa estruturada para a
gerais e o criminológico, cujos resultados serão encami- prática de crime hediondo ou equiparado; ou
nhados à Comissão Técnica de Classificação. Também é c) condenado pela prática do crime de constituição de
neste local que são realizadas as pesquisas criminológi- milícia privada;
cas. Na falta do Centro de Observação, os exames pode- VII - 60% da pena, se o apenado for reincidente na
rão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação. prática de crime hediondo ou equiparado;
Hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico des- VIII - 70% da pena, se o apenado for reincidente em
tinam-se aos inimputáveis e semi-imputáveis, que deles crime hediondo ou equiparado com resultado morte,
necessitarem. O tratamento ambulatorial pode ser reali- VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL.
zado no hospital de custódia e tratamento psiquiátrico
ou outro local adequado. O condenado a quem sobrevier
FIQUE ATENTO!
doença mental será internado em Hospital de Custódia e
Tratamento Psiquiátrico. A decisão do juiz que determinar a pro-
A cadeia pública destina-se aos presos provisórios, de gressão de regime será sempre motivada
maneira que, os presos permaneçam em local próximo e precedida de manifestação do Ministério
da sua família e do centro urbano. Público e do defensor, procedimento que
Uma vez transitada em julgado a sentença que aplica também será adotado na concessão de li-
pena privativa de liberdade, o juiz ordena a expedição vramento condicional, indulto e comutação
da guia de recolhimento (extraída pelo escrivão, assinada de penas.
pelo juiz). Então, a guia será remetida à autoridade admi-
nistrativa incumbida da execução e o Ministério Público
terá ciência. Todas as modificações quanto ao início ou Em todos os casos, o apenado só terá direito à pro-
tempo de duração da pena precisam ser retificadas na gressão de regime se ostentar boa conduta carcerária,
guia. comprovada pelo diretor do estabelecimento.
A autoridade administrativa incumbida da execução O cometimento de falta grave durante a execução da
da guia passará recibo. As guias de recolhimento serão pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a
registradas em livro especial, segundo a ordem cronoló- obtenção da progressão no regime de cumprimento da
gica do recebimento, e anexadas ao prontuário do con- pena, caso em que o reinício da contagem do requisito
denado, aditando-se, no curso da execução, o cálculo objetivo terá como base a pena remanescente.
das remições e de outras retificações posteriores. Após No caso de gestante/mãe/responsável por crianças ou
cumprida ou extinta a pena, o condenado é posto em pessoas com deficiência, os requisitos da progressão são:
liberdade mediante alvará do juiz. não ter cometido crime com violência ou grave ameaça
O juiz que prolata a sentença fixa o regime no qual o a pessoa; não ter cometido o crime contra seu filho ou
condenado iniciará o cumprimento da pena. Em caso de dependente; ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da
nova condenação, o juiz da execução soma a nova pena pena no regime anterior; ser primária e ter bom com-
ao restante da que está sendo cumprida, para determinar portamento carcerário, comprovado pelo diretor do es-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

o regime. tabelecimento; não ter integrado organização criminosa.


A pena privativa de liberdade será executada em for- Novo crime doloso ou falta grave implicam na revogação.
ma progressiva com a transferência para regime menos O Pacote Anticrime introduziu entendimento que já
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso estava sendo pacificado pelo Tribunais Superiores, no
tiver cumprido ao menos: sentido de que não se considera hediondo ou equipara-
do o crime de tráfico de drogas privilegiado (agente pri-
I - 16% da pena, se o apenado for primário e o crime mário, de bons antecedentes, que não se dedique às ati-
tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave vidades criminosas nem integre organização criminosa).
ameaça;
II – 20% da pena, se o apenado for reincidente em cri-
me cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% da pena, se o apenado for primário e o crime
tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave
ameaça;

299
O preso que se acidentar e não conseguir mais traba-
#FicaDica lhar ou estudar, continuará recebendo a remição. Ade-
mais, acrescenta-se 1/3 de remição em caso de conclu-
O regime aberto pode ser cumprido em resi- são do ensino. Sempre é declarado pelo juiz da execução,
dência particular, se o condenado for maior ouvido o MP e a defesa.
de 70 anos, acometido por doença grave,
condenada gestante ou com filho menor/
deficiente. #FicaDica
Aplica-se a remição nas hipóteses de prisões
cautelares.
Causas de regressão de regime: prática de crime do-
loso ou falta grave; condenação por crime anterior, cuja
pena, somada ao restante da pena em execução, torne
Em caso de falta grave, o juiz pode revogar 1/3 do
incabível o regime; frustrar os fins da execução.
tempo remido, recomeçando a contagem a partir da
data da infração disciplinar. Comete o crime de falsidade
AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA ideológica quem atesta falsamente serviço para fins de
remição.
Permissão de saída
Livramento Condicional
• Regime fechado ou semiaberto
• Presos provisórios Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido
• Escolta pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo 83,
• Em caso de falecimento ou doença grave do CADI incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o Mi-
• Em caso de necessidade de tratamento médico nistério Público e Conselho Penitenciário.
• Concedida pelo diretor do estabelecimento
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições
Saída temporária a que fica subordinado o livramento.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obri-
• Regime semiaberto (cumprido 1/6 da pena se pri- gações seguintes:
mário e ¼ reincidente), salvo se cumpre pena por a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for
crime hediondo com resultado morte apto para o trabalho;
• Sem vigilância direta b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
• Visita à família c) não mudar do território da comarca do Juízo da
• Curso supletivo profissionalizante, de segundo execução, sem prévia autorização deste.
grau ou superior na comarca § 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicio-
• Atividades que concorram para o retorno ao conví- nal, entre outras obrigações, as seguintes:
vio social a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz
• O juiz pode obrigar o uso de monitoração eletrônica e à autoridade incumbida da observação cautelar e
• O juiz autoriza ou não motivadamente, ouvido o de proteção;
MP e a administração penitenciária b) recolher-se à habitação em hora fixada;
• Prazo não superior a 7 dias, renovável por 4x du- c) não frequentar determinados lugares.
rante o ano, 45 dias entre uma saída e outra (salvo
atividades discentes) Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da
• Precisa fornecer o endereço de onde estará, se re- comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da
colher no período noturno e não frequentar bares/ sentença do livramento ao Juízo do lugar para onde
casas noturnas ele se houver transferido e à autoridade incumbida da
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

• Revoga-se em caso de prática de crime doloso, observação cautelar e de proteção.


falta grave, desatender as condições impostas ou
revelar baixo grau de aproveitamento no curso. Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de
• Pode recuperar o direito se for absolvido, cancela- apresentar-se imediatamente às autoridades referidas
da a punição ou demonstrado merecimento. no artigo anterior.

O condenado em regime fechado ou semiaberto po- Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livra-
dem receber remição pelo trabalho ou estudo. O con- mento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para
denado no regime aberto, só pode remir o tempo de as providências cabíveis.
execução da pena pelo estudo, pois o trabalho é pressu-
posto para a concessão do benefício. Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta
de livramento com a cópia integral da sentença em 2
• 1 dia de pena a cada 12h de frequência escolar, (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade adminis-
divididas em 3 dias; trativa incumbida da execução e outra ao Conselho
• 1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho. Penitenciário.

300
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não
realizada solenemente no dia marcado pelo Presi- se computará na pena o tempo em que esteve solto
dente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento o liberado, e tampouco se concederá, em relação à
onde está sendo cumprida a pena, observando-se o mesma pena, novo livramento.
seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos Art. 143. A revogação será decretada a requerimen-
demais condenados, pelo Presidente do Conselho Pe- to do Ministério Público, mediante representação do
nitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, Conselho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido
pelo Juiz;
o liberado.
II - a autoridade administrativa chamará a atenção
do liberando para as condições impostas na sentença
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do
de livramento;
III - o liberando declarará se aceita as condições. Ministério Público, da Defensoria Pública ou mediante
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo representação do Conselho Penitenciário, e ouvido o
subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo libe- liberado, poderá modificar as condições especificadas
rando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não na sentença, devendo o respectivo ato decisório ser
puder escrever. lido ao liberado por uma das autoridades ou funcio-
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da nários indicados no inciso I do caput do art. 137 desta
execução. Lei, observado o disposto nos incisos II e III e §§ 1o e 2o
do mesmo artigo.
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento pe-
nal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal,
e do que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conse-
autoridade judiciária ou administrativa, sempre que lho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo
lhe for exigida. o curso do livramento condicional, cuja revogação, en-
§ 1º A caderneta conterá: tretanto, ficará dependendo da decisão final.
a) a identificação do liberado;
b) o texto impresso do presente Capítulo;
Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interes-
c) as condições impostas.
sado, do Ministério Público ou mediante representa-
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado
ção do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena
um salvo-conduto, em que constem as condições do
livramento, podendo substituir-se a ficha de identifi- privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramen-
cação ou o seu retrato pela descrição dos sinais que to sem revogação.
possam identificá-lo.
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver Suspensão Condicional da Pena
espaço para consignar-se o cumprimento das condi-
ções referidas no artigo 132 desta Lei. Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2
(dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa
Art. 139. A observação cautelar e a proteção reali- de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma
zadas por serviço social penitenciário, Patronato ou prevista nos artigos 77 a 82 do Código Penal.
Conselho da Comunidade terão a finalidade de:
I - fazer observar o cumprimento das condições espe- Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar
cificadas na sentença concessiva do benefício; pena privativa de liberdade, na situação determinada
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução no artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivada-
de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de ati- mente, sobre a suspensão condicional, quer a conce-
vidade laborativa. da, quer a denegue.
Parágrafo único. A entidade encarregada da observa-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

ção cautelar e da proteção do liberado apresentará


Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especifica-
relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da re-
rá as condições a que fica sujeito o condenado, pelo
presentação prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.
prazo fixado, começando este a correr da audiência
Art. 140. A revogação do livramento condicional dar- prevista no artigo 160 desta Lei.
-se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do § 1° As condições serão adequadas ao fato e à situa-
Código Penal. ção pessoal do condenado, devendo ser incluída entre
Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, as mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou li-
na hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá mitação de fim de semana, salvo hipótese do artigo
advertir o liberado ou agravar as condições. 78, § 2º, do Código Penal.
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a re-
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração querimento do Ministério Público ou mediante pro-
penal anterior à vigência do livramento, computar-se- posta do Conselho Penitenciário, modificar as con-
-á como tempo de cumprimento da pena o período dições e regras estabelecidas na sentença, ouvido o
de prova, sendo permitida, para a concessão de novo condenado.
livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.

301
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, re- A monitoração eletrônica cabe em caso de saída
guladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por temporária e prisão domiciliar. Entre os deveres do be-
normas supletivas, será atribuída a serviço social pe- neficiário está: receber visitas de servidores, cumprir as
nitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou orientações, abster-se de violar o dispositivo ou permitir
instituição beneficiada com a prestação de serviços, que alguém o faça. A pena pelo descumprimento pode
inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Mi- ser: a regressão do regime, a revogação da saída tempo-
nistério Público, ou ambos, devendo o Juiz da execu- rária, a revogação da prisão domiciliar ou advertência por
ção suprir, por ato, a falta das normas supletivas. escrito. A monitoração eletrônica é revogada quando se
§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à tornar desnecessária ou inadequada, o réu violar deveres
entidade fiscalizadora, para comprovar a observância ou cometer falta grave.
das condições a que está sujeito, comunicará, tam- Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena
bém, a sua ocupação e os salários ou proventos de restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a
que vive. requerimento do Ministério Público, promoverá a execu-
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar ime- ção, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário,
diatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a par-
qualquer fato capaz de acarretar a revogação do be- ticulares. O juiz, motivadamente, pode alterar a forma de
nefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das cumprimento.
condições.
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será Prestação de Serviços à Comunidade
feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora
do local da nova residência, aos quais o primeiro de- Art. 149. Caberá ao Juiz da execução:
verá apresentar-se imediatamente. I - designar a entidade ou programa comunitário ou
estatal, devidamente credenciado ou convencionado,
Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena junto ao qual o condenado deverá trabalhar gratuita-
for concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer mente, de acordo com as suas aptidões;
as condições do benefício. II - determinar a intimação do condenado, cientifi-
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal cando-o da entidade, dias e horário em que deverá
modificar as condições estabelecidas na sentença re- cumprir a pena;
corrida. III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às
§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional modificações ocorridas na jornada de trabalho.
da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execu- § 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas se-
ção a incumbência de estabelecer as condições do be- manais e será realizado aos sábados, domingos e fe-
nefício, e, em qualquer caso, a de realizar a audiência riados, ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a
admonitória. jornada normal de trabalho, nos horários estabeleci-
dos pelo Juiz.
Art. 160. Transitada em julgado a sentença condena- § 2º A execução terá início a partir da data do primeiro
tória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, ad- comparecimento.
vertindo-o das consequências de nova infração penal
e do descumprimento das condições impostas. Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de
serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execu-
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital ção, relatório circunstanciado das atividades do con-
com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer denado, bem como, a qualquer tempo, comunicação
injustificadamente à audiência admonitória, a sus- sobre ausência ou falta disciplinar.
pensão ficará sem efeito e será executada imediata-
mente a pena. Limitação de Fim de Semana
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

Art. 162. A revogação da suspensão condicional da Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a in-
pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão timação do condenado, cientificando-o do local, dias e
na forma do artigo 81 e respectivos parágrafos do Có- horário em que deverá cumprir a pena.
digo Penal. Parágrafo único. A execução terá início a partir da
data do primeiro comparecimento.
Art. 163. A sentença condenatória será registrada,
com a nota de suspensão em livro especial do Juízo a Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, du-
que couber a execução da pena. rante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou
§ 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o atribuídas atividades educativas.
fato averbado à margem do registro. Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
§ 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo contra a mulher, o juiz poderá determinar o compare-
para efeito de informações requisitadas por órgão ju- cimento obrigatório do agressor a programas de recu-
diciário ou pelo Ministério Público, para instruir pro- peração e reeducação.
cesso penal.

302
Art. 153. O estabelecimento designado encaminha-
rá, mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem FIQUE ATENTO!
assim comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou A cessação da periculosidade será averi-
falta disciplinar do condenado. guada no fim do prazo mínimo de duração
da medida de segurança, pelo exame das
Interdição Temporária de direitos condições pessoais do agente. Em qualquer
tempo, ainda no decorrer do prazo mínimo
Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à de duração da medida de segurança, poderá
autoridade competente a pena aplicada, determinada o Juiz da execução, diante de requerimento
a intimação do condenado. fundamentado do Ministério Público ou do
§ 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47, interessado, seu procurador ou defensor,
inciso I, do Código Penal, a autoridade deverá, em 24 ordenar o exame para que se verifique a
(vinte e quatro) horas, contadas do recebimento do cessação da periculosidade.
ofício, baixar ato, a partir do qual a execução terá seu Transitada em julgado a sentença, o Juiz
início. expedirá ordem para a desinternação ou a
§ 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do Có- liberação.
digo Penal, o Juízo da execução determinará a apre-
ensão dos documentos, que autorizam o exercício do
direito interditado. Quando, no curso da execução da pena privativa de
liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da
Art. 155. A autoridade deverá comunicar imedia- saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Mi-
tamente ao Juiz da execução o descumprimento da nistério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade
pena. administrativa, poderá determinar a substituição da pena
Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo por medida de segurança.
poderá ser feita por qualquer prejudicado. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em
internação se o agente revelar incompatibilidade com a
Extraída certidão da sentença condenatória com trân- medida. Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação
sito em julgado, que valerá como título executivo judi- será de 1 (um) ano.
cial, o Ministério Público requererá, em autos apartados,
a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias,
pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora. De- #FicaDica
corrido o prazo sem pagamento, haverá a penhora de
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não
tantos bens quantos bastem para garantir a execução.
superior a 2 (dois) anos, poderá ser converti-
Se a penhora recair em bem imóvel, os autos apartados
da em restritiva de direitos, desde que:
serão remetidos ao Juízo Cível para prosseguimento.
I - o condenado a esteja cumprindo em re-
gime aberto;
#FicaDica II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um
quarto) da pena;
A execução da pena de multa será suspen- III - os antecedentes e a personalidade do
sa quando sobrevier ao condenado doença condenado indiquem ser a conversão reco-
mental. mendável.

O juiz pode determinar o desconto diretamente do Por fim, a anistia concedida enseja a declaração de
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

salário, no máximo a quarta parte, no mínimo 1/10. O extinção da punibilidade pelo juiz. O indulto individual
condenado pode requerer o parcelamento da multa e o poderá ser provocado por petição do condenado, por
juiz decidirá ouvido o MP. Se o condenado for impontual iniciativa do Ministério Público, do Conselho Penitenciá-
ou se melhorar sua situação econômica, o juiz, de ofício rio, ou da autoridade administrativa. O Conselho Peni-
ou a requerimento do MP, pode revogar o benefício e tenciário elabora parecer e encaminha ao Ministério da
executar a multa. Justiça, a petição será submetida a despacho do Presi-
Transitada em julgado a sentença que aplicar medida dente da República. Concedido o indulto e anexada aos
de segurança, será ordenada a expedição de guia para autos cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena
a execução (guia expedida pela autoridade judiciária). ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso
Assim, é remetida para a autoridade administrativa in- de comutação.
cumbida da execução. O MP tomará ciência. A guia será Nos procedimentos judiciais, ouve-se em 3 dias as
retificada sempre que mudar o prazo de execução. partes, quando não forem requerentes da medida. Sen-
do desnecessária a produção de prova, o juiz decide em
igual prazo. Das decisões proferidas pelo juiz caberá
agravo sem efeito suspensivo.

303
3. (TJ-MS – JUIZ SUBSTITUTO – FCC – 2020) No que
#FicaDica toca às sanções disciplinares na fase de execução penal,
correto afirmar que
Cumprida ou extinta a pena, não consta-
rão da folha corrida, atestados ou certidões a) A advertência verbal e a repreensão serão aplicadas
fornecidas por autoridade policial ou por por ato do diretor do estabelecimento, desnecessárias
auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou re- motivação e comunicação ao juiz da execução.
ferência à condenação, salvo para instruir b) Compete ao juiz da execução a aplicação da suspen-
processo pela prática de nova infração penal são ou restrição de direitos.
ou outros casos expressos em lei. c) A autorização para inclusão de preso em regime dis-
ciplinar diferenciado dependerá de requerimento cir-
cunstanciado elaborado pelo diretor do estabeleci-
mento, decidindo o juiz no prazo máximo de quinze
EXERCÍCIOS COMENTADOS dias, ouvida apenas a defesa.
d) O isolamento na própria cela, ou em local adequado,
1. (MPE-CE – PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA nos estabelecimentos que possuam alojamento cole-
INICIAL – CESPE – 2020) De acordo com a Lei de Exe- tivo, será determinado pelo diretor do presídio e co-
cução Penal (LEP), o órgão da execução penal destinado municado ao juiz da execução.
especificamente a prestar assistência aos albergados e
e) Cabe exclusivamente ao juiz da execução decretar o
aos egressos é
isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até
dez dias.
a) O patronato.
b) A casa de albergado.
c) O conselho penitenciário. Resposta: Letra D.
d) O conselho da comunidade. A sanção de isolamento na própria cela, prevista no
e) O departamento penitenciário. art. 53 da LEP, inciso IV da mesma lei, será aplicada
pelo diretor do estabelecimento, devendo sempre ser
Resposta: Letra A. comunicada ao juiz da execução conforme determina
O patronato público ou particular destina-se a prestar o art. 58, parágrafo único.
assistência aos albergados e aos egressos, incumbin-
do a eles (I) orientar os condenados à pena restritiva 4. (MPE-CE – PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA
de direitos; (II) fiscalizar o cumprimento das penas de INICIAL – CESPE – 2020) Em relação ao que dispõe a
prestação de serviço à comunidade e de limitação de LEP, assinale a opção correta.
fim de semana; (III) colaborar na fiscalização do cum-
primento das condições da suspensão e do livramento a) Das decisões proferidas pelo juiz da execução caberá
condicional. recurso de agravo, com efeito suspensivo.
b) O procedimento judicial pode ser iniciado de ofício,
2. (MPE-CE – PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂN- a requerimento do Ministério Público, do interessado,
CIA INICIAL – CESPE – 2020) Mário e Tiago estão em de seu representante ou parente, ou da autoridade
regime semiaberto, têm bom comportamento e já cum- administrativa.
priram mais da metade da pena. Mário foi comunicado c) A petição do indulto individual será entregue ao Mi-
do falecimento de sua irmã e deseja ir ao funeral dela. nistério Público para a elaboração de parecer e poste-
Tiago deseja visitar a família e participar do casamento rior encaminhamento ao juiz da execução.
de uma prima. Ambos preenchem os demais requisitos d) A pena privativa de liberdade poderá ser convertida
legais para a saída. Nessa situação, deve-se em restritiva de direitos, desde que o condenado este-
ja em regime aberto ou semiaberto e tenha cumprido
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

a) Negar a ambos os condenados os pedidos, porque


um sexto da pena.
não cabe autorização de saída nas hipóteses indicadas.
e) O órgão do Ministério Público deve visitar anualmente
b) Permitir a saída temporária, sem escolta, de ambos os
os estabelecimentos penais, registrando a sua presen-
condenados.
ça em livro próprio.
c) Permitir a saída, com escolta, de ambos os condenados.
d) Permitir a saída, sem escolta, de Mário; e a saída tem-
porária, com escolta, de Tiago. Resposta: Letra B.
e) Permitir a saída, com escolta, de Mário; e a saída tem- Conforme dispõe o artigo 195 da LEP, o procedimento
porária, sem escolta, de Tiago. judicial poderá ser iniciado de ofício, a requerimen-
to do Ministério Público, do interessado, de quem o
Resposta: Letra E. represente, de seu cônjuge, parente ou descendente,
A saída do preso será com escolta nas hipóteses de (I) mediante proposta do Conselho Penitenciário, ou,
falecimento ou doença grave do cônjuge, companhei- ainda, da autoridade administrativa.
ra, ascendente, descendente ou irmão; ou (II) necessi-
dade de tratamento médico. Já a saída temporária do
preso para visitar sua família não necessita de escolta.

304
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma
LEI N. 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990 (LEI DE
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
CRIMES HEDIONDOS)
vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído
pela Lei nº 12.978, de 2014)
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de
5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, §
outras providências. 4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- tentados ou consumados: (Redação dada pela Lei nº
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: 13.964, de 2019)
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes cri- da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; (Incluído
mes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 pela Lei nº 13.964, de 2019)
de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de
tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de
(Vide Lei nº 7.210, de 1984) 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964,
I - homicídio (art. 121), quando praticado em ativida- de 2019)
de típica de grupo de extermínio, ainda que cometido III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, pre-
por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § visto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); (Redação dada 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo,
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº
(art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei
129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou nº 13.964, de 2019)
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição V - o crime de organização criminosa, quando dire-
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força cionado à prática de crime hediondo ou equiparado.
Nacional de Segurança Pública, no exercício da fun- (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
ção ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o
grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o ter-
13.142, de 2015)
rorismo são insuscetíveis de: (Vide Súmula Vinculante)
II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - anistia, graça e indulto;
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da ví-
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
tima (art. 157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei nº
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cum-
13.964, de 2019)
prida inicialmente em regime fechado. (Redação dada
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art.
pela Lei nº 11.464, de 2007)
157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo
§ 2º (Revogado pela Lei nº 13.964, de 2019)
de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído
§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz deci-
pela Lei nº 13.964, de 2019)
dirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou
morte (art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei nº 13.964, de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
2019) § 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes pre-
da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. vistos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias,
158, § 3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464,
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualifi-


cada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º); (Inciso incluído de 2007)
pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2ª); (Redação Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) segurança máxima, destinados ao cumprimento de
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, penas impostas a condenados de alta periculosidade,
3º e 4º); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) cuja permanência em presídios estaduais ponha em
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). risco a ordem ou incolumidade pública.
(Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, Art. 4º (Vetado).
de 1998)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou altera- Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o se-
ção de produto destinado a fins terapêuticos ou me- guinte inciso:
dicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com “Art. 83. ..............................................................
a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de ........................................................................
1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)

305
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes ca-
de condenação por crime hediondo, prática da tortura, pitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terro- seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com
rismo, se o apenado não for reincidente específico em o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combi-
crimes dessa natureza.” nação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos
do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado
Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a
e 3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224
caput e 270; caput, todos do Código Penal, passam a também do Código Penal.
vigorar com a seguinte redação:
“Art. 157. ............................................................. Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a de 1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único,
pena é de reclusão, de cinco a quinze anos, além da com a seguinte redação:
multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta “Art. 35. ................................................................
anos, sem prejuízo da multa. Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste ca-
........................................................................ pítulo serão contados em dobro quando se tratar dos
Art. 159. ............................................................... crimes previstos nos arts. 12, 13 e 14.”
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1º ................................................................. Art. 11. (Vetado).
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º ................................................................. Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º ................................................................. Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
........................................................................ Brasília, 25 de julho de 1990; 169º da Independência
Art. 213. ............................................................... e 102º da República.
Pena - reclusão, de seis a dez anos.
Art. 214. ............................................................... FERNANDO COLLOR
Pena - reclusão, de seis a dez anos. Bernardo Cabral
........................................................................
Art. 223. ............................................................... LEI N. 8.137, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990
Pena - reclusão, de oito a doze anos. (CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA
Parágrafo único. ........................................................ E TRIBUTÁRIA E AS RELAÇÕES DE
Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos. CONSUMO)
........................................................................
Art. 267. ...............................................................
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. A definição de crime está disposta no art. 1º do De-
........................................................................ creto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 1941, conheci-
Art. 270. ............................................................... do como Lei de Introdução do Código Penal e da Lei de
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. Contravenções Penais.
.......................................................................” Sempre quando falamos em crime nossa mente dire-
Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o ciona para o Código Penal.
seguinte parágrafo: O Código Penal tem as regras gerais do crime que
“Art. 159. .............................................................. são aplicadas a todas as condutas delitivas. Toda regra
........................................................................ tem exceção, isto é, se a lei tratar de modo específico
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o determinado crime, esta especialidade prevalecerá a re-
co-autor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a gra geral.
libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de Por vezes, há integração de leis. Uma determinada lei,
um a dois terços.” que não o Código Penal, define um crime, apenas isso.
Neste caso, a definição está numa lei específica, mas as
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena demais regras seguem a do Código Penal.
prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar Por que estamos tratando disso?
de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito Porque os crimes contra a ordem tributária não en-
de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. contramos no Código Penal, mas na Lei nº 8.137, de 27
Parágrafo único. O participante e o associado que de- de dezembro de 1990, define, além dos crimes contra a
nunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibili- ordem tributária, os crimes contra a ordem econômica e
tando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de contra as relações de consumo.
um a dois terços. Esta lei trata de três crimes: contra a ordem tributá-
ria, contra a ordem econômica e contra as relações de
consumo.

306
Além desses crimes, dispõe sobre os crimes da mes- III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata,
ma natureza que os crimes contra a ordem tributária, e nota de venda, ou qualquer outro documento relativo
inclui os crimes praticados por funcionários públicos de- à operação tributável;
finidos no Código Penal.
Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou Falsificar ou alterar – aqui admite na modalidade
reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessó- matéria e ideológica, mas a maioria da doutrina entende
rio, mediante as seguintes condutas: que admite apenas na modalidade material, pois o crime
incide sobre a integridade física do papel escrito, procu-
Crimes contra a ordem tributária rando deturpar suas características originais através de
emendas ou rasuras, que substituem ou acrescentam no
Suprimir ou Reduzir texto letras ou algarismos, é a modalidade de falso ma-
terial consistente na alteração de documento verdadeiro.
Tributo Contribuição social Qualquer Acessório
Algumas das modalidades mais famosas e encontra-
As Contribuições Sociais se prestam ao custeio da diças na prática dos sonegadores referem-se a:
Seguridade Social, quando têm nítido caráter arrecada-
dor e, portanto, fiscal, e dos Serviços Sociais Autônomos • nota calçada – quando a primeira via aponta um
(SESC, SENAI, SENAC), quando competem exclusivamen- valor e as demais apresentam valor menor, deter-
te à União e têm o produto de sua arrecadação destinado minando o engano da autoridade fiscal e o paga-
a essas entidades, possuindo caráter parafiscal. Daí por- mento de tributos a menor;
que seria incorreto defini-las apenas como parafiscais. • nota sanfona – uma mesma nota fiscal lastreia
Assim, as Contribuições Sociais podem ser divididas diversas operações envolvendo o mesmo tipo e
em dois grandes grupos: as Contribuições Sociais de Se- quantidade de mercadoria;
guridade Social (CSSS) e as Contribuições Sociais Gerais • nota fria – emissão de nota fiscal sem que tenha
(CSG), estas sendo destinadas ao Serviços acima referi- havido efetivamente a operação, de maneira a criar
dos. um custo ou despesa inexistente.
Acessórios ou obrigação tributária acessória (não-pa-
trimonial) decorre da legislação tributária e tem por ob- IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar
jeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tribu-
tos. Pressupõe a realização de atos que auxiliem a admi- Considerando os núcleos verbais “elaborar”, “distri-
nistração tributária na fiscalização dos tributos. Exemplo: buir”, “fornecer”, “emitir”, trata-se de crimes de mera
emissão de nota fiscal e declaração de imposto de renda. atividade e de perigo concreto, praticados por terceiro
estranho à relação jurídica tributária.
Então, constitui crime contra a ordem tributária Enquanto nos incisos anteriores os sujeitos ativos se-
SUPRIMIR ou REDUZIR tributo, ou contribuição social riam o contribuinte, o substituto ou, ainda, o responsável
e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: tributário, aqui, terceiros alheios à relação obrigacional
também estariam submetidos à incidência da norma pe-
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às nal, já que, sendo as figuras antecedentes lógicos dos
autoridades fazendárias; primeiros incisos, seriam por eles absorvidos, tendo apli-
cação residual apenas para os terceiros aqui menciona-
Omitir – consiste na ocultação da informação sobre a dos.
ocorrência do fato gerador à autoridade fiscal por meio Dessa forma, independem da produção de resultado
de conduta omissiva. para a respectiva consumação, pois não exigem a efetiva
supressão ou redução de tributo, contribuição social ou
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

Prestar –, de caráter comissivo, acontece com a pres-


tação de informação errônea, adulterada, que não repre- qualquer acessório.
senta a realidade dos fatos. Até aqui, ou seja, do inciso I ao IV do art. 1º, guarde
o seguinte:
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elemen-
tos inexatos, ou omitindo operação de qualquer na- #FicaDica
tureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
STF Súmula Vinculante nº 24
Inserir - apresenta conduta comissiva, consistente Não se tipifica crime material contra a ordem
em inserir elementos inexatos que, além de enganar a tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da
autoridade tributária, em semelhança ao que acontece Lei nº 8.137/90, antes do lançamento defini-
no estelionato, seja tendente a suprimir ou reduzir tribu- tivo do tributo.
to ou acessório.
Omitir - evidentemente, é de natureza omissiva, de-
vendo a omissão ser relevante para a identificação, pela
autoridade fiscal, da ocorrência do fato gerador.

307
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigató- Esta conduta descrita no sobredito inciso, somente
rio, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a será crime se o agente visar a supressão ou redução de
venda de mercadoria ou prestação de serviço, efeti- tributo ou contribuição social ou qualquer acessório.
vamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com Trata-se de crime omissivo próprio, que a despeito
a legislação. desta característica, pressupõe uma ação anterior, qual
ela, a de descontar ou cobrar o valor do tributo, pois so-
Apesar da semelhança deste inciso com o art. 172, mente deixará o sujeito passivo da obrigação tributária
do CP, cuja redação foi alterada justamente pela Lei nº de recolher o valor do tributo aos cofres públicos, se an-
8.137/90, não devem ser confundidos: teriormente, houve o desconto ou cobrança desse valor
(CAPEZ, 2012).
Art. 172, do CP, protege a propriedade privada;
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o con-
Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda tribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a
que não corresponda à mercadoria vendida, em quan- parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de con-
tidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. tribuição como incentivo fiscal;
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
O tipo penal abrange instituições financeiras públicas
Inciso V, do art. 1º, da lei em estudo, destina-se à tu- ou privadas que arrecadem parcelas correspondentes a
tela do interesse difuso-comunitário consistente da pre- incentivos fiscais, bem como aqueles intermediários que
servação da ordem tributária. pratique, qualquer das condutas descritas no tipo.
De acordo com Capez (2012), tais crimes serão pra-
Sob a modalidade de omissão da expedição de nota ticados pelos dirigentes, empregados, intermediários de
fiscal ou documento obrigatório, pode consumar-se in- instituições financeiras responsáveis pela arrecadação e
dependentemente da pretendida providência adminis- posterior aplicação das somas advindas de redução de
tributos a título de incentivos fiscais.
trativa de intimação prévia do contribuinte, para que, em
prazo não excedente de dez dias, venha a atender sua
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o
obrigação fiscal, a que se refere o parágrafo único do
estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto libe-
citado dispositivo. (TJSP, Rel. Des. Djalma Lofrano, 5ª C.
radas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
RT 708/309)
A falta de atendimento da exigência da autoridade,
Trata-se de tipo penal que visa a punir o beneficiá-
no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido
rio do incentivo fiscal que o emprega irregularmente ou
em horas em razão da maior ou menor complexidade
não o aplica. O sujeito ativo é o beneficiário do incentivo
da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da
fiscal, o sujeito passivo é o Estado e secundariamente,
exigência, caracteriza a infração prevista neste inciso V. a entidade beneficiária do incentivo fiscal concedido. É
Para conhecimento, a pena prevista para os crimes norma penal em branco, pois cabe à lei instituidora do
contra a ordem tributária é de reclusão de 2 (dois) a 5 incentivo fiscal disciplinar a aplicação do valor do bene-
(cinco) anos, e multa. fício (CAPEZ, 2012).
Constitui crime da mesma natureza, isto é, contra a V - utilizar ou divulgar programa de processamento
ordem tributária: de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação
tributária possuir informação contábil diversa daquela
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre ren- que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
das, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para exi-
mir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; A conduta se consubstancia nos núcleos “utilizar” e
“divulgar” programa de processamento de dados. Neste
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

De acordo com o Professor Fernando Capez, é neces- tipo penal, o sujeito faz inserir nos registros contábeis,
sário o elemento subjetivo do tipo em todas as condutas através de processamento de dados, informações diver-
do inciso, qual ele, a finalidade especial de eximir-se total sas daquelas que deveria prestar ao Fisco, com o intuito
ou parcialmente do pagamento do tributo; não sendo de lesá-lo, obtendo, com isso, a suspensão ou redução
necessário realizar o resultado pretendido, desta forma do tributo
consuma-se com a prestação da declaração falsa, com Estas condutas têm pena prevista de detenção, de 6
a omissão da declaração, ou com o emprego de fraude (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
(CAPEZ, 2012)
Todas as condutas acima citadas podem ter a pena
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo agravada de 1/3 (um terço) até a 1/2 (metade) se ocorrer
ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualquer das circunstâncias:
qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deve-
ria recolher aos cofres públicos; • ocasionar grave dano à coletividade;
• ser o crime cometido por servidor público no exer-
cício de suas funções;

308
• ser o crime praticado em relação à prestação de • extravio, sonegação ou inutilização de livro ou do-
serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida cumento (art. 314, do CP);
ou à saúde. • concussão (art. 316, do CP);
• corrupção passiva (art. 317, do CP); e
Constitui crime funcional contra a ordem tributária, • advocacia administrativa (art. 321, do CP).
além dos previstos no Código Penal:
Por se tratar de crime funcional, no caso de a infração
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer ser afiançável, é cabível a notificação do funcionário, an-
documento, de que tenha a guarda em razão da fun- tes do recebimento da denúncia, para oferecer a respos-
ção; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, ta preliminar no prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do
acarretando pagamento indevido ou inexato de tribu- art. 514, do Código de Processo Penal.
to ou contribuição social;
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou do-
O tipo é alternativo, podendo caracterizar-se median- cumento
te extravio, sonegação ou inutilização (total ou parcial)
de livro, processo ou qualquer documento fiscal. A ne- Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documen-
gligência não implica em sanção penal, no entanto não to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo
exime o funcionário público das sanções administrativas ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
que lhe forem pertinentes. O objeto material é o livro Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato
oficial, processo fiscal ou documento relativo a tributo não constitui crime mais grave.
sobre o qual o funcionário público tem o dever de custó-
dia em razão da função (CAPEZ, 2012) Concussão

II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou in-
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou diretamente, ainda que fora da função ou antes de
antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, van- assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
tagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribui-
ção social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, Corrupção passiva
de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
O crime contra a ordem tributária quando o funcio- direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
nário público, em razão de usar a qualidade de agente antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in-
fiscal, exige a vantagem indevida para deixar de lançar devida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
auto de infração por débito tributário e cobrar conse- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
quente multa. § 1.º A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em
O tipo penal poderá ocorrer mesmo que o funcioná- consequência da vantagem ou promessa, o funcioná-
rio não esteja no efetivo exercício, posto que o funcioná- rio retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício
rio poderá cometer este crime, isto é, solicitar ou exigir ou o pratica infringindo dever funcional.
a vantagem indevida no uso de suas atribuições, ou em § 2.º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou re-
razão delas. tarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência de outrem:
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou
vado perante a administração fazendária, valendo-se multa.
da qualidade de funcionário público.
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

Consuma-se o crime no momento em que o fun-


cionário formula a sua pretensão perante a repartição
fazendária, sendo inadmissível a tentativa. O elemento
subjetivo é o dolo, consubstanciado na vontade de prati-
car a conduta típica.
A pena prevista é de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos, e multa.
Esses são os crimes funcionais contra a ordem tribu-
tária, além dos previstos no Código Penal.

Mas, quais são os crimes contra a ordem tributária


previstos no Código Penal?

309
CORRUPÇÃO PASSIVA
Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes da assumi-
la, mas em rezão deka, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

Causa de aumento de pena Figura privilegiada

A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
conseguência da vantagem ou promessa, o ato de ofício, com infração de dever funcional,
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato cedendo a pedido ou influência de outrem.
de ofício ou o pratica infringindo dever funcional

Advocacia administrativa

Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qua-
lidade de funcionário:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa.

A Lei nº 8.137/1990, também trata de crime contra a ordem econômica, que constitui:

I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência median-
te qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas;
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando:
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas;  
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.

A pena cominada para esses crimes contra a ordem econômica é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.
E ainda a Lei nº 8.137/1990, dispõe sobre crime contra as relações de consumo, que assim constitui:

I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por
intermédio de distribuidores ou revendedores;
II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desa-
cordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficial;
III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar
gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço estabelecido para os
demais mais alto custo;
IV - fraudar preços por meio de:
a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação, sinal externo, marca,
embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço;
b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto;
c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado;
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços;
V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de
juros ilegais;
VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente
ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação;
VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza,
qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação publicitária;
VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em pro-
veito próprio ou de terceiros;
IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou
mercadoria, em condições impróprias ao consumo;

Comina-se pena de detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.


Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um
terço) ou a de multa à quinta parte.

310
Nos crimes definidos contra a ordem tributária, os Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Mi-
crimes contra a ordem econômica e contra as relações nistério Público nos crimes descritos na Lei nº 8.137/1990,
de consumo, a pena de multa será fixada entre 10 (dez) fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a
e 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os ele-
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do mentos de convicção.
crime. Nos crimes previstos na Lei nº 8.137/1990, cometidos
O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior em associação criminosa ou coautoria, o coautor ou par-
a 14 (quatorze) nem superior a 200 (duzentos) Bônus do tícipe que por meio de confissão espontânea revelar à
Tesouro Nacional (BTN). autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá
O BTN era indexador financeiro foi extinto por meio a sua pena reduzida de um a dois terços.
da Lei nº 8.177/1991. Compete ao Departamento Nacional de Abasteci-
A atualização de um indexador financeiro é obtida mento e Preços, quando e se necessário, providenciar a
desapropriação de estoques, a fim de evitar crise no mer-
multiplicando-se o último valor histórico do indexador
cado ou colapso no abastecimento.
(OTN, ORTN, BTN, BTNF, UFIR, URV, etc) pelo fator de
Outra norma importante é a Lei nº 8.176, de 8 de fe-
correção monetária referente ao mês em que foi publica-
vereiro de 1991, que dine crimes contra a ordem econô-
do pela última vez.
mica e cria o Sistema de Estoques de Combustíveis
Opcionalmente, para converter para os valores atuais, O art. 1º, da Lei nº 8.176/1991, diz que constitui crime
pode-se multiplicar este valor atualizado, referente a contra a ordem econômica:
uma unidade do indexador, por qualquer outra quanti-
dade, para saber o valor total em Reais. I - adquirir, distribuir e revender derivados de petróleo,
A pena de detenção ou reclusão pode ser convertida gás natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico,
em multa. hidratado carburante e demais combustíveis líquidos
A multa, pela Lei nº 8.137/1990, está baseada em carburantes, em desacordo com as normas estabeleci-
BTN, e necessita ser convertida em reais. das na forma da lei;
No processo penal, caso o juiz, considerado o ganho II - usar gás liquefeito de petróleo em motores de
ilícito e a situação econômica do réu, verifique a insufi- qualquer espécie, saunas, caldeiras e aquecimento de
ciência ou excessiva onerosidade das penas pecuniárias piscinas, ou para fins automotivos, em desacordo com
previstas na Lei nº 8.137/1990, poderá diminuí-las até a as normas estabelecidas na forma da lei.
décima parte ou elevá-las ao décuplo.
Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de Para essas condutas, a lei prevê pena de detenção de
pessoa jurídica, concorre para os crimes aqui estudados um a cinco anos.
(contra a ordem tributária, contra a ordem econômica e No art. 2°, dispõe que constitui crime contra o patri-
contra as relações de consumo), incide nas penas a estes mônio, na modalidade de usurpação, produzir bens ou
cominadas, na medida de sua culpabilidade. explorar matéria-prima pertencentes à União, sem auto-
Inclui também quando a venda ao consumidor for rização legal ou em desacordo com as obrigações im-
efetuada por sistema de entrega ao consumo ou por postas pelo título autorizativo.
intermédio de outro em que o preço ao consumidor é Esse crime tem previsão de pena de detenção, de um
estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou concedente, a cinco anos e também multa.
o ato por este praticado não alcança o distribuidor ou Incorre na mesma pena aquele que, sem autorização
revendedor. legal, adquirir, transportar, industrializar, tiver consigo,
consumir ou comercializar produtos ou matéria-prima,
São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um
obtidos na forma acima citada.
terço) até a 1/2 (metade) as penas previstas para os cri-
No crime definido no art. 2º, da Lei nº 8.176/1991, a
mes contra a ordem econômica e contra as relações de
pena de multa será fixada entre dez e trezentos e sessen-
consumo:
ta dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

a reprovação e a prevenção do crime.


• ocasionar grave dano à coletividade; O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior
• ser o crime cometido por servidor público no exer- a quatorze nem superior a duzentos Bônus do Tesouro
cício de suas funções; Nacional (BTN). Para converter na moeda atual, o cálculo
• ser o crime praticado em relação à prestação de é o mesmo já estuda acima.
serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida Fica, por meio desta lei, instituído o Sistema Nacional
ou à saúde. de Estoques de Combustíveis. O Poder Executivo enca-
minhará ao Congresso Nacional, dentro de cada exercí-
cio financeiro, o Plano Anual de Estoques Estratégicos de
#FicaDica Combustíveis para o exercício seguinte, do qual consta-
Os crimes previstos na Lei nº 8.137/1990 são rão as fontes de recursos financeiros necessários à sua
de ação penal pública. manutenção.
O Poder Executivo estabelecerá, no prazo de sessenta
dias as normas que regulamentarão o Sistema Nacional
de Estoques de Combustíveis e o Plano Anual de Esto-
ques Estratégicos de Combustíveis.

311
Resposta: Letra D.
EXERCÍCIOS COMENTADOS STF Súmula Vinculante nº 24 - Não se tipifica crime
material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º,
incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento
1. (SEPLAG-DF – AUDITOR FISCAL DE ATIVIDADES
definitivo do tributo.
URBANAS – CONTROLE AMBIENTAL – FUNIVERSA
– 2011) Funcionário público da área de fiscalização e
3. (SEGPE-MA – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTA-
cobrança de tributos extraviou, propositadamente, livro
DUAL – ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA – FCC – 2016)
oficial sob sua guarda em razão da função, com geração
O funcionário público que extravia qualquer documento
de pagamento indevido de tributo. Com base nessa situ-
de que tenha a guarda em razão da função, acarretando
ação hipotética, assinale a alternativa correta.
pagamento indevido de tributo, pratica o crime:
a) O funcionário não cometeu crime, pois extraviar não
a) de fraude.
é conduta prevista na Lei n.º 8.137/1990 como ilícito
b) de extravio de documento.
penal.
c) de prevaricação.
b) O funcionário pode responder administrativamente
d) de descaminho.
por sua conduta, mas não por crime.
e) contra a ordem tributária previsto na Lei nº 8.137/90.
c) A conduta está prevista na Lei n.º 8.137/1990 como
crime culposo.
Resposta: Letra E.
d) A conduta está prevista na Lei n.º 8.137/1990 como
Quando a conduta do agente faz com que haja paga-
crime doloso.
mento indevido ou inexato de tributo ou contribuição
e) O fato não pode ser comunicado por qualquer do
social, pelo princípio da especialidade, responde ele
povo ao Ministério Público.
por crime funcional contra a ordem tributária previsto
no art. 3º, I, da lei 8.137/90, constitui crime funcional
Resposta: Letra D.
contra a ordem tributária, além dos previstos no Có-
De acordo com o art. 3º, I, da Lei nº 8.137/1990, cons-
digo Penal: extraviar livro oficial, processo fiscal ou
titui crime funcional contra a ordem tributária, além
qualquer documento, de que tenha a guarda em razão
dos previstos no Código Penal, extraviar livro oficial,
da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcial-
processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha
mente,  acarretando pagamento indevido ou inexato
a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-
de tributo ou contribuição social. Caso não haja pa-
-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento in-
gamento indevido, a conduta está tipifica no art. 314,
devido ou inexato de tributo ou contribuição social.
do CP, que dispõe: extraviar livro oficial ou qualquer
documento, de que tem a guarda em razão do cargo;
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente.
2. (TCE-RS – AUDITOR PÚBLICO EXTERNO – CIÊNCIAS
JURÍDICAS E SOCIAIS – FMP CONCURSOS – 2011) Em
matéria de crimes contra a ordem tributária, segundo
entendimento do Supremo Tribunal Federal, assinale a LEI N. 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996 (LEI DE
alternativa correta. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA)

a) Não se tipifica crime material contra a ordem tributá-


Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da
ria, previsto no art. 1º, incisos I a III, da Lei nº 8.137/90,
Constituição Federal.
antes do lançamento definitivo do tributo.
b) Não se tipifica crime material contra a ordem tributá-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
ria, previsto no art. 1º, incisos I a VI, da Lei nº 8.137/90,
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

antes do lançamento definitivo do tributo.


c) Não se tipifica crime material contra a ordem tributá-
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas,
ria, previsto no art. 1º, incisos I a V, da Lei nº 8.137/90,
de qualquer natureza, para prova em investigação cri-
antes do lançamento definitivo do tributo.
minal e em instrução processual penal, observará o
d) Não se tipifica crime material contra a ordem tributá-
disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz com-
ria, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90,
petente da ação principal, sob segredo de justiça.
antes do lançamento definitivo do tributo.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à in-
e) Não se tipifica crime material ou formal contra a or-
terceptação do fluxo de comunicações em sistemas de
dem tributária, previstos no art. 1º, incisos I a V, e no
informática e telemática.
art. 2º, incisos I a V, da Lei nº 8.137/90, antes do lança-
mento definitivo do tributo.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comu-
nicações telefônicas quando ocorrer qualquer das se-
guintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou partici-
pação em infração penal;

312
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na conclusão do
III - o fato investigado constituir infração penal puni- processo ao juiz para o despacho decorrente do dis-
da, no máximo, com pena de detenção. posto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser des- Penal.
crita com clareza a situação objeto da investigação,
inclusive com a indicação e qualificação dos investi- Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal,
gados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da
justificada. autoridade policial ou do Ministério Público, a cap-
tação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas ou acústicos, quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a re- 2019)
querimento: I - a prova não puder ser feita por outros meios dis-
I - da autoridade policial, na investigação criminal; poníveis e igualmente eficazes; e (Incluído pela Lei nº
II - do representante do Ministério Público, na investi- 13.964, de 2019)
gação criminal e na instrução processual penal. II - houver elementos probatórios razoáveis de auto-
ria e participação em infrações criminais cujas penas
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em
telefônica conterá a demonstração de que a sua reali- infrações penais conexas. (Incluído pela Lei nº 13.964,
zação é necessária à apuração de infração penal, com de 2019)
indicação dos meios a serem empregados. § 1º O requerimento deverá descrever circunstancia-
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pe- damente o local e a forma de instalação do dispositivo
dido seja formulado verbalmente, desde que estejam de captação ambiental. (Incluído pela Lei nº 13.964,
presentes os pressupostos que autorizem a intercepta- de 2019)
ção, caso em que a concessão será condicionada à sua § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o pra-
redução a termo.
zo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas,
por iguais períodos, se comprovada a indispensabili-
decidirá sobre o pedido.
dade do meio de prova e quando presente atividade
criminal permanente, habitual ou continuada. (Incluí-
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de
do pela Lei nº 13.964, de 2019)
nulidade, indicando também a forma de execução da
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambien-
dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada
tal as regras previstas na legislação específica para a
a indispensabilidade do meio de prova. interceptação telefônica e telemática. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial con-
duzirá os procedimentos de interceptação, dando ci- Art. 9° A gravação que não interessar à prova será
ência ao Ministério Público, que poderá acompanhar inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito,
a sua realização. a instrução processual ou após esta, em virtude de
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação requerimento do Ministério Público ou da parte inte-
da comunicação interceptada, será determinada a sua ressada.
transcrição. Parágrafo único. O incidente de inutilização será as-
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial enca- sistido pelo Ministério Público, sendo facultada a pre-
minhará o resultado da interceptação ao juiz, acom- sença do acusado ou de seu representante legal.
panhado de auto circunstanciado, que deverá conter o a pela Lei nº 13.869. de 2019)
resumo das operações realizadas. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

(Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019)


providência do art. 8° , ciente o Ministério Público. Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade
judicial que determina a execução de conduta prevista
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de no caput deste artigo com objetivo não autorizado em
que trata esta Lei, a autoridade policial poderá requi- lei. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
sitar serviços e técnicos especializados às concessioná-
rias de serviço público. Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais ele-
tromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, ou instrução criminal sem autorização judicial, quan-
de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, do esta for exigida: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
apensados aos autos do inquérito policial ou do pro- 2019)
cesso criminal, preservando-se o sigilo das diligências, Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
gravações e transcrições respectivas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. A apensação somente poderá ser re- § 1º Não há crime se a captação é realizada por um
alizada imediatamente antes do relatório da autori- dos interlocutores. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
dade, quando se tratar de inquérito policial (Código 2019)

313
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário
público que descumprir determinação de sigilo das in- LEI N. 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997 (CTB)
vestigações que envolvam a captação ambiental ou
revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido
o sigilo judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Aos crimes cometidos na direção de veículos automo-
tores, previstos neste Código, aplicam-se as normas ge-
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu- rais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se
blicação. este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como
a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que cou-
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. ber. Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal
culposa o disposto na Lei do Juizado Especial, exceto se:
Brasília, 24 de julho de 1996; 175º da Independência
e 108º da República. • sob a influência de álcool ou qualquer outra subs-
tância psicoativa que determine dependência.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO • participando, em via pública, de corrida, dispu-
Nelson A. Jobim ta ou competição automobilística, de exibição ou
demonstração de perícia em manobra de veículo
Prezado candidato, visto a alteração do Pacote automotor, não autorizada pela autoridade com-
Anticrime, pela Lei 13.964/2019, tem-se o disposto: petente.
• transitando em velocidade superior à máxima per-
Alterações na Lei de Interceptação Telefônica
mitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilôme-
tros por hora).
O Pacote Anticrime mudou o texto da lei de inter-
ceptações telefônicas, para introduzir a possibilidade de
O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes pre-
captação ambiental de sinais:
vistas no Código Penal, dando especial atenção à culpa-
bilidade do agente e às circunstâncias e consequências
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal,
do crime.
poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da
A suspensão ou a proibição de se obter a permissão
autoridade policial ou do Ministério Público, a capta-
ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser
ção ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos, quando: imposta isolada ou cumulativamente com outras pena-
I - a prova não puder ser feita por outros meios dispo- lidades.
níveis e igualmente eficazes; e A penalidade de suspensão ou de proibição de se
II - houver elementos probatórios razoáveis de auto- obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo
ria e participação em infrações criminais cujas penas automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
máximas sejam superiores a 4 anos ou em infrações Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu
penais conexas. será intimado a entregar à autoridade judiciária, em qua-
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstancia- renta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira
damente o local e a forma de instalação do dispositivo de Habilitação.
de captação ambiental. A penalidade de suspensão ou de proibição de se ob-
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o pra- ter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo au-
zo de 15 dias, renovável por decisão judicial por iguais tomotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito
períodos, se comprovada a indispensabilidade do de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimen-
meio de prova e quando presente atividade criminal to prisional.
permanente, habitual ou continuada. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal,
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambien- havendo necessidade para a garantia da ordem pública,
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

tal as regras previstas na legislação específica para a poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a re-
interceptação telefônica e telemática. querimento do Ministério Público ou ainda mediante re-
presentação da autoridade policial, decretar, em decisão
Ademais, tipificou como crime a conduta de realizar motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação
captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua ob-
ou acústicos para investigação ou instrução criminal sem tenção.
autorização judicial, quando esta for exigida. Inclusive, Da decisão que decretar a suspensão ou a medida
atribuiu pena de reclusão de 2 a 4 anos, e multa. cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministé-
No entanto, ressalvou que, não há crime se a capta- rio Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito
ção é realizada por um dos interlocutores. suspensivo.
Ademais, a pena será aplicada em dobro ao funcio-
nário público que descumprir determinação de sigilo das
investigações que envolvam a captação ambiental ou
revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o
sigilo judicial.

314
A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proi- I - sob a influência de álcool ou qualquer outra subs-
bição de se obter a permissão ou a habilitação será sem- tância psicoativa que determine dependência; (Incluí-
pre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho do pela Lei nº 11.705, de 2008)
Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou
do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou competição automobilística, de exibição ou demons-
residente. tração de perícia em manobra de veículo automotor,
Se o réu for reincidente na prática de crime previsto não autorizada pela autoridade competente; (Incluído
neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão pela Lei nº 11.705, de 2008)
da permissão ou habilitação para dirigir veículo automo- III - transitando em velocidade superior à máxima
tor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilô-
A penalidade de multa reparatória consiste no paga- metros por hora).(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
mento, mediante depósito judicial em favor da vítima, § 2o Nas hipóteses previstas no
ou seus sucessores, de quantia calculada com base no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito po-
disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que licial para a investigação da infração penal.(Incluído
houver prejuízo material resultante do crime. pela Lei nº 11.705, de 2008)
São circunstâncias que sempre agravam as penalida- § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.546, de
des dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo co- 2017) (Vigência)
metido a infração: § 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes
previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
• com dano potencial para duas ou mais pessoas ou dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial
com grande risco de grave dano patrimonial a ter- atenção à culpabilidade do agente e às circunstân-
ceiros cias e consequências do crime. (Incluído pela Lei nº
• utilizando o veículo sem placas, com placas falsas 13.546, de 2017) (Vigência)
ou adulteradas.
• sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a
Habilitação.
permissão ou a habilitação para dirigir veículo auto-
• com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilita-
motor pode ser imposta isolada ou cumulativamente
ção de categoria diferente da do veículo.
com outras penalidades. (Redação dada pela Lei nº
• quando a sua profissão ou atividade exigir cuida-
12.971, de 2014) (Vigência)
dos especiais com o transporte de passageiros ou
de carga.
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição
• utilizando veículo em que tenham sido adultera-
de se obter a permissão ou a habilitação, para diri-
dos equipamentos ou características que afetem a
gir veículo automotor, tem a duração de dois meses
sua segurança ou o seu funcionamento de acordo
com os limites de velocidade prescritos nas especi- a cinco anos.
ficações do fabricante. § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória,
• sobre faixa de trânsito temporária ou permanente- o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária,
mente destinada a pedestres. em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou
a Carteira de Habilitação.
Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se
trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e inte- automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por
gral socorro àquela. efeito de condenação penal, estiver recolhido a esta-
belecimento prisional.
CAPÍTULO XIX
DOS CRIMES DE TRÂNSITO Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

ação penal, havendo necessidade para a garantia da


Seção I ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar,
Disposições Gerais de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou
ainda mediante representação da autoridade policial,
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos decretar, em decisão motivada, a suspensão da per-
automotores, previstos neste Código, aplicam-se as missão ou da habilitação para dirigir veículo automo-
normas gerais do Código Penal e do Código de Pro- tor, ou a proibição de sua obtenção.
cesso Penal, se este Capítulo não dispuser de modo Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão
diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requeri-
de 1995, no que couber. mento do Ministério Público, caberá recurso em senti-
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corpo- do estrito, sem efeito suspensivo.
ral culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no
9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor
estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº ou a proibição de se obter a permissão ou a habilita-
11.705, de 2008) ção será sempre comunicada pela autoridade judiciá-

315
ria ao Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e Seção II
ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou Dos Crimes em Espécie
réu for domiciliado ou residente.
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de ve-
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime ículo automotor:
previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão
suspensão da permissão ou habilitação para dirigir ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções para dirigir veículo automotor.
penais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de § 1o No homicídio culposo cometido na direção de
2008) veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) à metade, se o agente: (Incluído pela Lei nº
Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste 12.971, de 2014) (Vigência)
no pagamento, mediante depósito judicial em favor I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
da vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
com base no disposto no (Vigência)
§ 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
prejuízo material resultante do crime. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo
valor do prejuízo demonstrado no processo. sem risco pessoal, à vítima do acidente;(Incluído pela
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
50 a 52 do Código Penal. IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa conduzindo veículo de transporte de passageiros. (In-
reparatória será descontado. cluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
V -(Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008)
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as § 2o (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vi-
penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do gência)
veículo cometido a infração: § 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou influência de álcool ou de qualquer outra substância
com grande risco de grave dano patrimonial a tercei- psicoativa que determine dependência: (Incluído
ros; pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão
ou adulteradas; ou proibição do direito de se obter a permissão ou a
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído
Habilitação; pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habili-
tação de categoria diferente da do veículo; Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuida- de veículo automotor:
dos especiais com o transporte de passageiros ou de Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspen-
carga; são ou proibição de se obter a permissão ou a habili-
VI - utilizando veículo em que tenham sido adultera- tação para dirigir veículo automotor.
dos equipamentos ou características que afetem a sua § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade,
segurança ou o seu funcionamento de acordo com os se ocorrer qualquer das hipóteses do
limites de velocidade prescritos nas especificações do § 1o do art. 302. (Renumerado do parágrafo único
fabricante; pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanen- § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

temente destinada a pedestres. dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas pre-
vistas neste artigo, se o agente conduz o veículo com
Art. 299. (VETADO) capacidade psicomotora alterada em razão da influ-
ência de álcool ou de outra substância psicoativa que
Art. 300. (VETADO) determine dependência, e se do crime resultar lesão
corporal de natureza grave ou gravíssima. (Incluído
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de aciden- pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
tes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do
pronto e integral socorro àquela. acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não
podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar
de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa,
se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste ar-

316
tigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão dação dada pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
com morte instantânea ou com ferimentos leves. multa e suspensão ou proibição de se obter a permis-
são ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil § 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar
que lhe possa ser atribuída: (Vide ADC 35) lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. demonstrarem que o agente não quis o resultado nem
assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de li-
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capaci- berdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem
dade psicomotora alterada em razão da influência de prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (In-
álcool ou de outra substância psicoativa que determi- cluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
ne dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760, § 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar
de 2012) morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agen-
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e te não quis o resultado nem assumiu o risco de produ-
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a zi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5
habilitação para dirigir veículo automotor. (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas
§ 1o As condutas previstas no caput serão constata- previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de
das por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) 2014) (Vigência)
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de
álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública,
miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (In- sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação
cluído pela Lei nº 12.760, de 2012) ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando pe-
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo rigo de dano:
Contran, alteração da capacidade psicomotora. (In- Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
cluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de
obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, veículo automotor a pessoa não habilitada, com ha-
exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou bilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso,
outros meios de prova em direito admitidos, observa- ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou
do o direito à contraprova. (Redação dada pela Lei nº mental, ou por embriaguez, não esteja em condições
12.971, de 2014) (Vigência) de conduzi-lo com segurança:
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para
efeito de caracterização do crime tipificado neste arti- Art. 310-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.619,
go. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vi- de 2012) (Vigência)
gência)
§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homo- Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com
logado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Quali- a segurança nas proximidades de escolas, hospitais,
dade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o estações de embarque e desembarque de passageiros,
previsto no caput. (Incluído pela Lei nº 13.840, de logradouros estreitos, ou onde haja grande movimen-
2019) tação ou concentração de pessoas, gerando perigo de
dano:
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se ob- Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
ter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

automotor imposta com fundamento neste Código: Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, automobilístico com vítima, na pendência do respecti-
com nova imposição adicional de idêntico prazo de vo procedimento policial preparatório, inquérito poli-
suspensão ou de proibição. cial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o conde- de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o
nado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no perito, ou juiz:
§ 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
de Habilitação. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo,
ainda que não iniciados, quando da inovação, o pro-
Art. 308. Participar, na direção de veículo automo- cedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos
tor, em via pública, de corrida, disputa ou competição quais se refere.
automobilística ou ainda de exibição ou demonstra-
ção de perícia em manobra de veículo automotor, não Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302
autorizada pela autoridade competente, gerando situ- a 312 deste Código, nas situações em que o juiz apli-
ação de risco à incolumidade pública ou privada: (Re- car a substituição de pena privativa de liberdade por

317
pena restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação O registro da arma de fogo é obrigatório, quando a
de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em arma é de uso restrito quem registra é o Comando do
uma das seguintes atividades: (Incluído pela Lei nº Exército. Alguns dos requisitos para adquirir uma arma
13.281, de 2016) (Vigência) de fogo de uso permitido são: possuir mais de 25 anos
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate de idade (ressalvado integrante das forças armadas, for-
dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis ça de segurança pública, guarda municipal, ABIN, De-
especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; partamento de Segurança do Presidente da República,
(Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) órgãos policiais, guarda prisional, auditor fiscal); compro-
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospi- vação de idoneidade por meio de certidões negativas de
tais da rede pública que recebem vítimas de acidente antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal,
de trânsito e politraumatizados; (Incluído pela Lei nº Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo
13.281, de 2016) (Vigência) a inquérito policial ou a processo criminal; comprovação
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas de ocupação lícita e residência certa; capacidade técnica
na recuperação de acidentados de trânsito; (Incluído e de aptidão psicológica para o manuseio de arma (salvo
pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) quem já tem o porte). O SINARM expedirá autorização
IV - outras atividades relacionadas ao resgate, aten- de compra de arma de fogo (personalíssima) após aten-
dimento e recuperação de vítimas de acidentes de didos tais requisitos. A renovação ocorre a cada 3 anos.
trânsito. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vi-
gência) Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no
órgão competente.
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito se-
LEI N. 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003
rão registradas no Comando do Exército, na forma do
(ESTATUTO DO DESARMAMENTO)
regulamento desta Lei.

A priori, o porte ilegal de arma de fogo foi previsto no A empresa que comercializa arma de fogo em ter-
nosso ordenamento jurídico como uma mera contraven- ritório nacional é obrigada a comunicar a venda à au-
ção penal. Todavia, diante da crescente onda de violência toridade competente e responde legalmente por essas
instalada no nosso país na década de 90, o legislador mercadorias. Para a comercialização entre pessoas físicas
resolveu transformar tal conduta em crime, com a edição é necessário autorização do SINARM.
da Lei 9.437/97. O certificado de Registro de Arma de Fogo dá direi-
Ocorre que a Lei 9.437/97 mostrou-se insatisfatória, to à posse da arma, isto é, autoriza o seu proprietário a
motivo pelo qual o legislador infraconstitucional elabora manter a arma de fogo, exclusivamente, no interior de
uma lei mais rigorosa, qual seja, a Lei 10.826/03, também sua residência ou domicílio, ou, ainda, no seu local de
conhecida como Estatuto do Desarmamento. trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável
O Estatuto elevou as penas para o crime de porte de legal pelo estabelecimento ou empresa.
arma e tipificou outros crimes, como o tráfico internacio-
nal de armas. Art. 5o  O certificado de Registro de Arma de Fogo,
A Lei 13.964/2019 proveio de um projeto do Governo com validade em todo o território nacional, autoriza
denominado de Pacote Anticrime, sancionado em 24 de o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusiva-
dezembro de 2019 e em vigor a partir de 23 de janeiro de mente no interior de sua residência ou domicílio, ou
2020. Com a nova lei, diversos dispositivos do Estatuto dependência desses, ou, ainda, no seu local de traba-
do Desarmamento, foram revogados, alterados ou acres- lho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal
centados. Este conjunto de alterações visa aumentar a pelo estabelecimento ou empresa.          
eficácia no combate ao crime.
O certificado de registro de arma de fogo será expe-
dido pela Polícia Federal, precedido de autorização do
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

SISTEMA NACIONAL DE ARMAS


SINARM.
O Sistema Nacional de Armas (SINARM) é responsá-
vel pelo cadastro de armas e respectivas autorizações, é FIQUE ATENTO!
instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia
Aos residentes em área rural considera-se
Federal. O SINARM é responsável, também, por infor-
residência ou domicílio toda a extensão do
mar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e
respectivo imóvel rural.
do Distrito Federal os registros e autorizações de porte
de armas de fogo. Todavia, não tem competência em re-
lação às armas das Forças Armadas, forças auxiliares e
aquelas que constem registros próprios. O PORTE

Art. 1º Sistema Nacional de Armas – Sinarm, institu- Quem possui direito ao porte de arma são:
ído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Fe-
deral, tem circunscrição em todo o território nacional. • Integrantes das Forças Armadas (marinha, exército
e aeronáutica);

318
• Integrantes da Força Nacional de Segurança Públi- e de armazenagem estabelecidas pelo órgão compe-
ca, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polí- tente, sendo o certificado de registro e a autorização
cia Ferroviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da
e Corpo de Bombeiros, Polícia Penal Federal, Esta- empresa.
dual e Distrital; § 1º O proprietário ou diretor responsável de empre-
• Integrantes das guardas municipais das capitais sa de segurança privada e de transporte de valores
dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 responderá pelo crime previsto no parágrafo único do
mil habitantes; art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções ad-
• Integrantes das guardas municipais dos Municí- ministrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência
pios com mais de 50.000 mil e menos de 500.000 policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto,
mil habitantes, quando em serviço; roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo,
• Agentes operacionais da Agência Brasileira de In- acessórios e munições que estejam sob sua guarda,
teligência e os agentes do Departamento de Segu- nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocor-
rança do Gabinete de Segurança Institucional da rido o fato.
Presidência da República; § 2º A empresa de segurança e de transporte de valo-
• Integrantes dos órgãos policiais atuantes na Câ- res deverá apresentar documentação comprobatória
mara e no Senado; do preenchimento dos requisitos constantes do art.
• Integrantes do quadro efetivo dos agentes e guar- 4º  desta Lei quanto aos empregados que portarão
das prisionais, os integrantes das escoltas de pre- arma de fogo.
sos e as guardas portuárias; § 3º A listagem dos empregados das empresas referi-
• Empresas de segurança privada e de transporte de das neste artigo deverá ser atualizada semestralmente
valores; junto ao Sinarm.
• Integrantes das entidades de desporto, cujas ati-
vidades esportivas demandem o uso de armas de Armas utilizadas por servidores em função de se-
fogo; gurança dos Tribunais Poder Judiciário, MPU e MPE
• Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, Art. 7º-A.   As armas de fogo utilizadas pelos servi-
cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário; dores das instituições descritas no inciso XI do art.
• Tribunais do Poder Judiciário e Ministérios Públi- 6o  serão de propriedade, responsabilidade e guarda
cos, para uso exclusivo de servidores de seus qua- das respectivas instituições, somente podendo ser uti-
dros pessoais que efetivamente estejam no exercí- lizadas quando em serviço, devendo estas observar as
cio de funções de segurança. condições de uso e de armazenagem estabelecidas
• Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 pelo órgão competente, sendo o certificado de registro
anos que comprovem depender do emprego de e a autorização de porte expedidos pela Polícia Fe-
arma de fogo para prover sua subsistência alimen- deral em nome da instituição. (Incluído pela Lei nº
tar familiar será concedido pela Polícia Federal o 12.694, de 2012)
porte de arma de fogo, na categoria caçador para § 1º  A autorização para o porte de arma de fogo de
subsistência. que trata este artigo independe do pagamento de
taxa. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 2º  O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério
#FicaDica Público designará os servidores de seus quadros pes-
O caçador para subsistência que der outro soais no exercício de funções de segurança que pode-
uso à arma responderá por porte ilegal ou rão portar arma de fogo, respeitado o limite máximo
disparo de arma de fogo de uso permitido: de 50% (cinquenta por cento) do número de servidores
que exerçam funções de segurança. (Incluído pela Lei
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

§ 6o O caçador para subsistência que der outro


uso à sua arma de fogo, independentemente nº 12.694, de 2012)
de outras tipificações penais, responderá, con- § 3º  O porte de arma pelos servidores das instituições
forme o caso, por porte ilegal ou por disparo de que trata este artigo fica condicionado à apresen-
de arma de fogo de uso permitido.   tação de documentação comprobatória do preenchi-
mento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei,
bem como à formação funcional em estabelecimen-
tos de ensino de atividade policial e à existência de
Armas utilizadas por empresas de segurança mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas
condições estabelecidas no regulamento desta Lei. (In-
Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados cluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
das empresas de segurança privada e de transporte § 4º  A listagem dos servidores das instituições de que
de valores, constituídas na forma da lei, serão de pro- trata este artigo deverá ser atualizada semestralmen-
priedade, responsabilidade e guarda das respectivas te no Sinarm.(Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
empresas, somente podendo ser utilizadas quando em § 5º  As instituições de que trata este artigo são obri-
serviço, devendo essas observar as condições de uso gadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à

319
Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras
formas de extravio de armas de fogo, acessórios e mu- #FicaDica
nições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas,
(vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.       
nos valores constantes do Anexo desta Lei,
pela prestação de serviços relativos:
Armas utilizadas por entidades desportivas
I – ao registro de arma de fogo;
II – à renovação de registro de arma de fogo;
Art. 8º - As armas de fogo utilizadas em entidades
III – à expedição de segunda via de registro de
desportivas legalmente constituídas devem obedecer
arma de fogo;
às condições de uso e de armazenagem estabelecidas
IV – à expedição de porte federal de arma de
pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o
fogo;
autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma
V – à renovação de porte de arma de fogo;
do regulamento desta Lei.
VI – à expedição de segunda via de porte fede-
ral de arma de fogo.
A autorização para o porte de arma de fogo de uso
§ 1º Os valores arrecadados destinam-se ao
permitido é de competência da Polícia Federal e somente
custeio e à manutenção das atividades do
será concedida após autorização do SINARM. Compete
Sinarm, da Polícia Federal e do Comando
ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma
do Exército, no âmbito de suas respectivas
para os responsáveis pela segurança de cidadãos estran-
responsabilidades.
geiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do
§ 2º São isentas do pagamento das taxas
Exército o registro e a concessão de porte de trânsito de
previstas neste artigo as pessoas e as
arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçado-
instituições a que se referem os incisos I a
res e de representantes estrangeiros em competição in-
VII e X e o § 5º  do art. 6o  desta Lei ( I – os
ternacional oficial de tiro realizada no território nacional.
integrantes das Forças Armadas;  II - os inte-
grantes  de  órgãos  referidos nos  incisos I, II,
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo
III, IV e V do caput do art. 144 da  Constitui-
de uso permitido, em todo o território nacional, é de
ção  Federal  e  os  da Força  Nacional  de Se-
competência da Polícia Federal e somente será conce-
gurança Pública (FNSP); III – os integrantes
dida após autorização do Sinarm.
das guardas municipais das capitais dos Es-
§ 1º  A autorização prevista neste artigo poderá ser
tados e dos Municípios com mais de 500.000
concedida com eficácia temporária e territorial limi-
(quinhentos mil) habitantes, nas condições es-
tada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá
tabelecidas no regulamento desta Lei; IV - os
de o requerente:
integrantes das guardas municipais dos Mu-
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício
nicípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e
de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua
menos de 500.000 (quinhentos mil) habitan-
integridade física;
tes, quando em serviço; V – os agentes opera-
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
cionais da Agência Brasileira de Inteligência
III – apresentar documentação de propriedade de
e os agentes do Departamento de Segurança
arma de fogo, bem como o seu devido registro no ór-
do Gabinete de Segurança Institucional da
gão competente.
Presidência da República; VI – os integrantes
§ 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista
dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e
neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia
no art. 52, XIII, da Constituição Federal; VII –
caso o portador dela seja detido ou abordado em es-
os integrantes do quadro efetivo dos agentes e
tado de embriaguez ou sob efeito de substâncias quí-
guardas prisionais, os integrantes das escoltas
micas ou alucinógenas.
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

de presos e as guardas portuárias;   X - inte-


grantes das Carreiras de Auditoria da Recei-
A autorização para o porte de arma de fogo de uso
ta Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do
permitido poderá ser concedida com eficácia temporária
Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista
e territorial limitada. Todavia, perderá automaticamente
Tributário; § 5º  caçador para subsistência).
sua eficácia caso o portador dela seja detido ou aborda-
do em estado de embriaguez ou sob efeito de substân-
cias químicas ou alucinógenas.
Por fim, vale conhecer a literalidade do disposto no
art. 11-A da Lei:

Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a for-


ma e as condições do credenciamento de profissionais
pela Polícia Federal para comprovação da aptidão
psicológica e da capacidade técnica para o manuseio
de arma de fogo.  

320
CRIMES Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido

Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em de-
pósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, EMPRESTAR, remeter, empregar, manter sob guarda ou
acessório ou munição, de USO PERMITIDO, em desacor- ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de USO
do com determinação legal ou regulamentar, no interior PERMITIDO, sem autorização e em desacordo com de-
de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu terminação legal ou regulamentar.
local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsá- O porte é “extra muros”, fora da residência ou local de
vel legal do estabelecimento ou empresa. trabalho. Mesmo que eventualmente a arma esteja des-
A posse é “intra muros”, no interior da residência ou municiada, configura-se o crime de porte, uma vez que
local de trabalho. se trata de crime de perigo abstrato.
A jurisprudência considera atípica a conduta de posse Aliás, o mero porte de munição já configura o crime.
ilegal de arma de fogo de uso permitido com registro No entanto, a jurisprudência já excepcionou essa regra
vencido, por ser uma mera questão administrativa, e não em alguns casos, de pouca quantidade de munição e de-
criminal. Ademais, arma encontrada em caminhão profis- sacompanhada da arma, ex. pingente.
sional não configura posse irregular, mas sim porte. Isso Ademais, a perícia é desnecessária para a configura-
se justifica, porque o caminhão não se enquadra em local ção tanto do porte como da posse de arma de fogo, pois
de trabalho, na visão do STJ. a potencialidade lesiva do artefato é evidente. Exceção:
eventualmente ocorrer a perícia e ficar constatado que a
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de arma não tem condições de efetuar disparo, o que gera a
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em de- atipicidade da conduta.
sacordo com determinação legal ou regulamentar,
no interior de sua residência ou dependência desta, Agravo regimental em recurso especial. Penal. Porte
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o ilegal de arma de fogo. Artigo 14 da lei n. 10.826/2003.
titular ou o responsável legal do estabelecimento ou Perícia da arma. Comprovação de sua potencialidade
empresa: lesiva. Desnecessidade. Crime de perigo abstrato.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 1. A Terceira Seção deste Sodalício consolidou o en-
tendimento de que o crime previsto no art. 14 da Lei
Omissão de Cautela 10.826/03 é de perigo abstrato, cujo objeto jurídico
imediato é a segurança coletiva.
Crime omissivo, quando deixa de impedir que menor 2. É irrelevante, portanto, a realização de exame
de 18 anos ou pessoa portadora de deficiência mental se pericial para a comprovação da potencialida-
apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou de lesiva do artefato, pois basta o simples porte de
que seja de sua propriedade. arma de fogo, ainda que desmuniciada (como no caso
A mesma pena é aplicada ao proprietário ou diretor em apreço), em desacordo com determinação legal ou
responsável de empresa de segurança e transporte de regulamentar, para a incidência do tipo penal.
valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de 3. Agravo regimental a que se nega provimento.
comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras (AgRg no REsp 1294551/GO, Rel. Ministro JORGE
formas de extravio de arma de fogo, acessório ou muni- MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2014, DJe
ção que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 horas 19/08/2014)
depois de ocorrido o fato. “1. A Terceira Seção desta Corte pacificou entendi-
mento no sentido de que o tipo penal de posse ou por-
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias te ilegal de arma de fogo cuida-se de delito de mera
para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pes- conduta ou de perigo abstrato, sendo irrelevante a de-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

soa portadora de deficiência mental se apodere de monstração de seu efetivo caráter ofensivo.
arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de 2. Na hipótese, contudo, em que demonstrada por lau-
sua propriedade: do pericial a total ineficácia da arma de fogo (inapta a
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. disparar), deve ser reconhecida a atipicidade da con-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o pro- duta perpetrada, diante da ausência de afetação do
prietário ou diretor responsável de empresa de se- bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de cri-
gurança e transporte de valores que deixarem de me impossível pela ineficácia absoluta do meio.” (HC
registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia 445.564/SP, j. 15/05/2018)
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extra-
vio de arma de fogo, acessório ou munição que este- Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter
jam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuita-
horas depois de ocorrido o fato. mente, emprestar, remeter, empregar, manter sob
guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou muni-
ção, de uso permitido, sem autorização e em desacor-
do com determinação legal ou regulamentar:

321
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Antes do Pacote Após o Pacote
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é Anticrime Anticrime
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver re-
gistrada em nome do agente.       Art. 16. Possuir, deter, por- Art. 16. Possuir, deter,
tar, adquirir, fornecer, rece- portar, adquirir, fornecer,
Disparo de Arma de Fogo ber, ter em depósito, trans- receber, ter em depósito,
portar, ceder, ainda que transportar, ceder, ain-
Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar gratuitamente, emprestar, da que gratuitamente,
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em remeter, empregar, manter emprestar, remeter, em-
direção a ela, desde que essa conduta não tenha como sob sua guarda ou ocultar pregar, manter sob sua
finalidade a prática de outro crime. arma de fogo, acessório ou guarda ou ocultar arma
O disparo em local não habitado é atípico. munição de uso proibido ou de fogo, acessório ou mu-
restrito, sem autorização e nição de uso restrito, sem
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em desacordo com deter- autorização e em desa-
em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pú- minação legal ou regula- cordo com determinação
blica ou em direção a ela, desde que essa conduta não mentar. legal ou regulamentar.  
tenha como finalidade a prática de outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. O Pacote Anticrime passou a dizer que é crime he-
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é diondo a posse ou porte ilegal de arma de fogo uso
inafiançável.  proibido. Desse modo, o Estatuto do Desarmamento
começou a diferenciar a arma de fogo de uso restrito e
Posse ou Porte de Arma de Fogo de Uso Restrito a arma de fogo de uso proibido. Com isso, não é mais
crime hediondo a posse ou porte ilegal de arma de fogo
Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter de uso restrito, mas tão somente a posse ou o porte da
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamen- arma de fogo de uso proibido. Trata-se de uma novatio
te, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda legis in mellius aos condenados ao porte ou posse ilegal
ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso de arma de fogo de uso restrito, que não receberão mais
restrito, sem autorização e em desacordo com determi- um tratamento hediondo.
nação legal ou regulamentar.
Incorre na mesma pena quem: Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, re-
ceber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
• suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
• modificar as características de arma de fogo, de munição de uso restrito, sem autorização e em desa-
forma a torná-la equivalente a arma de fogo de cordo com determinação legal ou regulamentar:  
uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
ou de qualquer modo induzir a erro autoridade § 1º Nas mesmas penas incorre quem:      
policial, perito ou juiz; I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
• possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato ex- sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
plosivo ou incendiário, sem autorização ou em de- II – modificar as características de arma de fogo, de
sacordo com determinação legal ou regulamentar; forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso
• portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer qualquer modo induzir a erro autoridade policial, pe-
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou rito ou juiz;
adulterado; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato ex-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

• vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita- plosivo ou incendiário, sem autorização ou em desa-
mente, arma de fogo, acessório, munição ou ex- cordo com determinação legal ou regulamentar;
plosivo a criança ou adolescente; e IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer
• produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização arma de fogo com numeração, marca ou qualquer ou-
legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou tro sinal de identificação raspado, suprimido ou adul-
explosivo. terado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita-
Se as condutas envolverem arma de fogo de uso mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo
proibido, o crime será qualificado, isto é, a pena será a criança ou adolescente; e
maior. VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização
legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou
explosivo.

§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste


artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a

322
pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.    Novidade legislativa: incorre na mesma pena quem
vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
Comércio Ilegal de Arma de Fogo em operação de importação, sem autorização da autori-
dade competente, a agente policial disfarçado, quando
Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocul- presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, criminal preexistente.
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma
utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou
atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessó- saída do território nacional, a qualquer título, de arma
rio ou munição, sem autorização ou em desacordo com de fogo, acessório ou munição, sem autorização da
determinação legal ou regulamentar. autoridade competente:
Novidade Legislativa: incorre na mesma pena quem
vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, Pena antes do Pacote Pena após o Pacote
sem autorização ou em desacordo com a determinação Anticrime Anticrime
legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de Pena – reclusão, de 4 (qua- Pena – reclusão, de 8 (oito)
conduta criminal preexistente. tro) a 8 (oito) anos, e multa. a 16 (dezesseis) anos, e
multa. 
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, condu-
zir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, re- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende
montar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qual- ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em
quer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no operação de importação, sem autorização da autori-
exercício de atividade comercial ou industrial, arma de dade competente, a agente policial disfarçado, quan-
fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em do presentes elementos probatórios razoáveis de con-
desacordo com determinação legal ou regulamentar: duta criminal preexistente.     

Pena antes do Pacote Pena após o Pacote FIQUE ATENTO!


Anticrime Anticrime Nos crimes de comércio ilegal e tráfico inter-
Pena – reclusão, de 4 Pena - reclusão, de 6 (seis) a nacional a pena é aumentada da metade se
(quatro) a 8 (oito) anos, 12 (doze) anos, e multa. a arma de fogo, acessório ou munição forem
e multa. de uso proibido ou restrito.
Nos crimes de porte ilegal, disparo, posse ou
Parágrafos acrescidos com o Pacote Anticrime porte ilegal de arma de fogo de uso restrito,
comércio ilegal e tráfico internacional a pena
§ 1º  Equipara-se à atividade comercial ou industrial, é aumentada da metade se é praticado por
para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de quem tem direito ao porte ou é reincidente
serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandesti- ou é reincidente específico.
no, inclusive o exercido em residência.    

Ex.: é comércio ilegal de arma de fogo o comércio de As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do
arma não registrada. laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega interessarem à persecução penal serão encaminhadas
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo
ou em desacordo com a determinação legal ou regula- de até 48 horas, para destruição ou doação aos órgãos
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

mentar, a agente policial disfarçado, quando presentes de segurança pública ou às Forças Armadas.
elementos probatórios razoáveis de conduta criminal As armas de fogo e munições apreendidas em de-
preexistente.  corrência do tráfico de drogas de abuso são perdidas
em favor da União e encaminhadas para o Comando do
Ex.: Pedrinho vende, ilegalmente, para um policial dis- Exército. Essas armas devem ser, após perícia ou visto-
farçado uma arma, sem obedecer aos dispositivos des- ria que atestem seu bom estado, destinadas com priori-
sa lei referentes ao registro, sabendo que o policial vai dade para os órgãos de segurança pública e do sistema
usar a arma para coagir a sua esposa. penitenciário da unidade da federação responsável pela
apreensão.
Multa é aplicada à empresa de transporte que permi-
Tráfico Internacional de Arma de Fogo
ta o transporte de arma ou munição sem a devida auto-
rização ou com inobservância das normas de segurança;
Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do
à empresa de produção ou comércio de armamentos
território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, que realize publicidade para venda, estimulando o uso
acessório ou munição, sem autorização da autoridade indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações
competente. especializadas.

323
#FicaDica EXERCÍCIOS COMENTADOS
Ainda sobre as multas, é importante conhe-
cer: 1. (SELECON – 2020) Teotônio é proprietário rural,
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 atuando em área de pequeno porte onde habita com sua
(cem mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil família e colhe para subsistência. E com pequeno exces-
reais), conforme especificar o regulamento so de produção, atua vendendo os produtos nas feiras
desta Lei: próximas. Tendo em vista que não existem órgãos de
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, segurança pública no distrito onde exerce a agricultura,
ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que requer autorização para portar arma. Nos termos do es-
deliberadamente, por qualquer meio, faça, tatuto do desarmamento, aos residentes em áreas rurais,
promova, facilite ou permita o transporte de maiores de vinte e cinco anos, que comprovem depender
arma ou munição sem a devida autorização do emprego de arma de fogo para prover sua subsistên-
ou com inobservância das normas de segu- cia alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal
rança; o porte de arma de fogo, comprovados os requisitos le-
II – à empresa de produção ou comércio de gais, na categoria:
armamentos que realize publicidade para
venda, estimulando o uso indiscriminado de a) atirador amador
b) competidor eventual
armas de fogo, exceto nas publicações espe-
c) caçador para subsistência
cializadas.
d) profissional de segurança

Resposta: Letra C.
Por fim, vale dizer que foi criado o Banco Nacional de De acordo com o art. 6º, § 5o do Estatuto do Desarma-
Perfis Balísticos, para a coleta de dados sobre registros mento: Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25
balísticos e seu armazenamento. O objetivo é cadastrar anos que comprovem depender do emprego de arma
informações que subsidiarão ações criminais, respeitado de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar
o sigilo das informações. será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de
fogo, na categoria caçador para subsistência.
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros
balísticos serão armazenados no Banco Nacional de 2. (VUNESP – 2019) Nos moldes da Lei Federal n°
Perfis Balísticos.       10.826/2003, a comercialização de armas de fogo, aces-
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como sórios e munições entre pessoas físicas somente será efe-
objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar carac- tivada mediante autorização
terísticas de classe e individualizadoras de projéteis e
de estojos de munição deflagrados por arma de fogo.     a) do Sinarm.
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será consti- b) da Polícia Militar.
tuído pelos registros de elementos de munição defla- c) da Polícia Federal.
grados por armas de fogo relacionados a crimes, para d) do Exército.
subsidiar ações destinadas às apurações criminais fe- e) da Guarda Municipal.
derais, estaduais e distritais.     
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido Resposta: Letra A.
pela unidade oficial de perícia criminal.       Conforme dispõe o artigo 4o, § 5o do Estatuto do De-
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis sarmamento: § 5º A comercialização de armas de fogo,
Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir acessórios e munições entre pessoas físicas somente
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

ou promover sua utilização para fins diversos dos pre- será efetivada mediante autorização do SINARM.
vistos nesta Lei ou em decisão judicial responderá civil,
penal e administrativamente.        3. (IADES – 2019) Em certo domingo, J. M. S., com von-
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da tade livre e consciente, sacou a própria arma, devida-
base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos.        mente registrada, e efetuou disparos de arma de fogo,
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacio- por diversão, nas proximidades da feira permanente de
nal de Perfis Balísticos serão regulamentados em ato sua cidade. A ação ocorreu por volta de 10 horas, exata-
do Poder Executivo federal.      mente no momento em que J. M. S. passava de carro pela
avenida central, em sentido à rodoviária. Nessa situação
hipotética, ele responderá por

a) comércio ilegal de arma de fogo.


b) homicídio qualificado tentado.
c) disparo de arma de fogo em via pública.
d) lesão corporal gravíssima tentada.

324
e) perigo para a vida ou para a saúde de outrem. permitido, em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, no interior de sua residência ou depen-
Resposta: Letra C. dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde
Nos termos do artigo 15 do Estatuto do Desarmamen- que seja o titular ou o responsável legal do estabeleci-
to. Importante observar que este crime será absorvido mento ou empresa”.
caso o agente tenha praticado ou desejava praticar
outro crime. Resposta: Letra B.
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em nos termos do artigo 7o do Estatuto do Desarmamen-
lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública to, as armas de fogo utilizadas pelos empregados das
ou em direção a ela, desde que essa conduta NÃO te- empresas de segurança privada e de transporte de
nha como finalidade a prática de outro crime. valores, constituídas na forma da lei, serão de proprie-
dade, responsabilidade e guarda das respectivas em-
presas, somente podendo ser utilizadas quando em
4. (GUALIMP – 2020) Para fins de aquisição de arma de
serviço, devendo essas observar as condições de uso
fogo de uso permitido e de emissão do Certificado de
e de armazenagem estabelecidas pelo órgão compe-
Registro de Arma de Fogo, o interessado deverá cumprir
tente, sendo o certificado de registro e a autorização
determinados requisitos estabelecidos pelo Decreto nº
de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da
9.847 de 2019. Cumpridos tais requisitos, a autorização empresa.
para a aquisição da arma de fogo em nome do interes-
sado, contado da data do protocolo da solicitação, será 6. (IBFC – 2020) Com relação às disposições da Lei n°
expedida no prazo de até: 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) e suas altera-
ções posteriores, acerca do porte, assinale a alternativa
a) 15 (quinze) dias. correta.
b) 60 (sessenta) dias.
c) 45 (quarenta e cinco) dias. a) É proibida a cobrança de taxas para os serviços rela-
d) 30 (trinta) dias. tivos ao registro e renovação do registro de arma de
fogo, sendo permitida a cobrança para a expedição de
Resposta: Letra D. segunda via de registro.
Nos termos do artigo 4o, parágrafos 4o e 6o do Esta- b) A autorização para o porte de arma de fogo de uso
tuto do Desarmamento, o SINARM expedirá autoriza- permitido, em todo o território nacional, é de compe-
ção de compra de arma de fogo após atendidos os tência das guardas municipais.
requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do c) As armas de fogo utilizadas em entidades desporti-
requerente e para a arma indicada, sendo intransferí- vas legalmente constituídas devem obedecer às con-
vel esta autorização, sendo que referida expedição da dições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo
autorização será concedida, ou recusada com a devida órgão competente, respondendo o possuidor ou o au-
fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a torizado a portar a arma pela sua guarda na forma do
contar da data do requerimento do interessado. regulamento da Lei n° 10.826/2003.
d) Compete às guardas municipais a autorização do por-
5. (ITAME – 2019) De acordo com o Estatuto do desar- te de arma para os responsáveis pela segurança de
mamento (Lei 10.826/03), assinale a afirmativa incorreta: cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil

Resposta: Letra C.
a) As armas de fogo de uso restrito serão registradas no
Nos termos do artigo 8o do Estatuto do Desarmamen-
Comando do Exército, na forma do regulamento da
to, as armas de fogo utilizadas em entidades despor-
Lei 10.826/03.
tivas legalmente constituídas devem obedecer às con-
b) As armas de fogo utilizadas pelos empregados das
dições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo
empresas de segurança privada e de transporte de
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

órgão competente, respondendo o possuidor ou o


valores, constituídas na forma da lei, serão de proprie- autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma
dade, responsabilidade e guarda das respectivas em- do regulamento desta Lei.
presas, somente podendo ser utilizadas quando em
serviço, devendo essas observar as condições de uso
LEI N. 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006 (LEI
e de armazenagem estabelecidas pelo órgão com-
petente, o certificado de registro e a autorização de MARIA DA PENHA)
porte expedido pela Polícia Federal, deverá constar o
nome do funcionário responsável pela arma de fogo;
c) O certificado de registro de arma de fogo será expe-
dido pela Polícia Federal e será precedido de autoriza- Cria mecanismos para coibir a violência doméstica
ção do Sinarm. e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art.
d) Configura-se posse irregular de uso de arma de fogo, 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eli-
ficando o infrator sujeito a pena de 1 (um) a 3 (três) minação de Todas as Formas de Discriminação contra
anos de detenção e multa. “Possuir ou manter sob sua as Mulheres e da Convenção Interamericana para Preve-
guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso nir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe

325
sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150,
Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá de 2015)
outras providências. I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- como o espaço de convívio permanente de pessoas,
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadica-
mente agregadas;
TÍTULO I II - no âmbito da família, compreendida como a co-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES munidade formada por indivíduos que são ou se con-
sideram aparentados, unidos por laços naturais, por
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir afinidade ou por vontade expressa;
a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas independentemente de coabitação.
de Violência contra a Mulher, da Convenção Intera- Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas nes-
mericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência te artigo independem de orientação sexual.
contra a Mulher e de outros tratados internacionais Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mu-
ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe lher constitui uma das formas de violação dos direitos
sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica humanos.
e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de
assistência e proteção às mulheres em situação de vio- CAPÍTULO II
lência doméstica e familiar. DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMI-
LIAR CONTRA A MULHER
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe,
raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar
educacional, idade e religião, goza dos direitos funda- contra a mulher, entre outras:
mentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asse- I - a violência física, entendida como qualquer condu-
guradas as oportunidades e facilidades para viver sem ta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
violência, preservar sua saúde física e mental e seu II - a violência psicológica, entendida como qualquer
aperfeiçoamento moral, intelectual e social. conduta que lhe cause dano emocional e diminuição
da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o ple-
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições no desenvolvimento ou que vise degradar ou contro-
para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segu- lar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
rança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, manipulação, isolamento, vigilância constante, perse-
ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao guição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua
respeito e à convivência familiar e comunitária. intimidade, ridicularização, exploração e limitação do
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cau-
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito se prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
das relações domésticas e familiares no sentido de res- (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018)
guardá-las de toda forma de negligência, discrimina- III - a violência sexual, entendida como qualquer
ção, exploração, violência, crueldade e opressão. conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público a participar de relação sexual não desejada, median-
criar as condições necessárias para o efetivo exercício te intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que
dos direitos enunciados no caput. a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qual-


Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados quer método contraceptivo ou que a force ao matri-
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, mônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, me-
as condições peculiares das mulheres em situação de diante coação, chantagem, suborno ou manipulação;
violência doméstica e familiar. ou que limite ou anule o exercício de seus direitos se-
xuais e reprodutivos;
TÍTULO II IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA conduta que configure retenção, subtração, destruição
A MULHER parcial ou total de seus objetos, instrumentos de tra-
CAPÍTULO I balho, documentos pessoais, bens, valores e direitos
DISPOSIÇÕES GERAIS ou recursos econômicos, incluindo os destinados a sa-
tisfazer suas necessidades;
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência V - a violência moral, entendida como qualquer con-
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação duta que configure calúnia, difamação ou injúria.
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,

326
TÍTULO III CAPÍTULO II
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CAPÍTULO I
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO Art. 9º A assistência à mulher em situação de vio-
lência doméstica e familiar será prestada de forma
Art. 8º A política pública que visa coibir a violência articulada e conforme os princípios e as diretrizes pre-
doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por vistos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Siste-
meio de um conjunto articulado de ações da União, ma Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de Pública, entre outras normas e políticas públicas de
ações não-governamentais, tendo por diretrizes: proteção, e emergencialmente quando for o caso.
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da
Ministério Público e da Defensoria Pública com as mulher em situação de violência doméstica e familiar
áreas de segurança pública, assistência social, saúde, no cadastro de programas assistenciais do governo fe-
educação, trabalho e habitação; deral, estadual e municipal.
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de vio-
outras informações relevantes, com a perspectiva de lência doméstica e familiar, para preservar sua inte-
gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às gridade física e psicológica:
conseqüências e à freqüência da violência doméstica I - acesso prioritário à remoção quando servidora pú-
e familiar contra a mulher, para a sistematização de blica, integrante da administração direta ou indireta;
dados, a serem unificados nacionalmente, e a avalia- II - manutenção do vínculo trabalhista, quando ne-
ção periódica dos resultados das medidas adotadas; cessário o afastamento do local de trabalho, por até
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos seis meses.
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de for- III - encaminhamento à assistência judiciária, quan-
ma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou do for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da
exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo ação de separação judicial, de divórcio, de anulação
com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no inciso de casamento ou de dissolução de união estável pe-
IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição rante o juízo competente. (Incluído pela Lei nº 13.894,
Federal ; de 2019)
IV - a implementação de atendimento policial espe- § 3º A assistência à mulher em situação de violên-
cializado para as mulheres, em particular nas Delega- cia doméstica e familiar compreenderá o acesso aos
cias de Atendimento à Mulher; benefícios decorrentes do desenvolvimento científico
V - a promoção e a realização de campanhas educa- e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção
tivas de prevenção da violência doméstica e familiar de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente
contra a mulher, voltadas ao público escolar e à socie- Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiên-
dade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumen- cia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos
tos de proteção aos direitos humanos das mulheres; necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, ter- § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão,
mos ou outros instrumentos de promoção de parceria violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou
entre órgãos governamentais ou entre estes e entida- patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos
des não-governamentais, tendo por objetivo a imple- os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Úni-
mentação de programas de erradicação da violência co de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os
doméstica e familiar contra a mulher; custos relativos aos serviços de saúde prestados para
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Mi- o total tratamento das vítimas em situação de violên-
litar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e cia doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado res-
enunciados no inciso I quanto às questões de gênero ponsável pelas unidades de saúde que prestarem os
e de raça ou etnia; serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)
VIII - a promoção de programas educacionais que dis- § 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso
seminem valores éticos de irrestrito respeito à digni- em caso de perigo iminente e disponibilizados para o
dade da pessoa humana com a perspectiva de gênero monitoramento das vítimas de violência doméstica ou
e de raça ou etnia; familiar amparadas por medidas protetivas terão seus
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei nº 13.871,
níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos di- de 2019) (Vigência)
reitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste
etnia e ao problema da violência doméstica e familiar artigo não poderá importar ônus de qualquer nature-
contra a mulher. za ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes,
nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de
substituição da pena aplicada. (Vide Lei nº 13.871, de
2019) (Vigência)

327
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e II - quando for o caso, a inquirição será intermediada
familiar tem prioridade para matricular seus depen- por profissional especializado em violência doméstica
dentes em instituição de educação básica mais pró- e familiar designado pela autoridade judiciária ou po-
xima de seu domicílio, ou transferi-los para essa ins- licial; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
tituição, mediante a apresentação dos documentos III - o depoimento será registrado em meio eletrônico
comprobatórios do registro da ocorrência policial ou ou magnético, devendo a degravação e a mídia inte-
do processo de violência doméstica e familiar em cur- grar o inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
so. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019) Art. 11. No atendimento à mulher em situação de
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus
violência doméstica e familiar, a autoridade policial
dependentes matriculados ou transferidos conforme o
deverá, entre outras providências:
disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informa-
I - garantir proteção policial, quando necessário, co-
ções será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos
órgãos competentes do poder público. (Incluído pela municando de imediato ao Ministério Público e ao
Lei nº 13.882, de 2019) Poder Judiciário;
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de
CAPÍTULO III saúde e ao Instituto Médico Legal;
DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL III - fornecer transporte para a ofendida e seus depen-
dentes para abrigo ou local seguro, quando houver
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de risco de vida;
violência doméstica e familiar contra a mulher, a au- IV - se necessário, acompanhar a ofendida para asse-
toridade policial que tomar conhecimento da ocor- gurar a retirada de seus pertences do local da ocorrên-
rência adotará, de imediato, as providências legais cia ou do domicílio familiar;
cabíveis. V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de as-
artigo ao descumprimento de medida protetiva de ur- sistência judiciária para o eventual ajuizamento pe-
gência deferida. rante o juízo competente da ação de separação ju-
dicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de vio-
dissolução de união estável. (Redação dada pela Lei
lência doméstica e familiar o atendimento policial e
nº 13.894, de 2019)
pericial especializado, ininterrupto e prestado por ser-
vidores - preferencialmente do sexo feminino - pre-
viamente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e
2017) familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrên-
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência cia, deverá a autoridade policial adotar, de imediato,
doméstica e familiar ou de testemunha de violência os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles
doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, previstos no Código de Processo Penal:
obedecerá às seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e
13.505, de 2017) tomar a representação a termo, se apresentada;
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emo- II - colher todas as provas que servirem para o esclare-
cional da depoente, considerada a sua condição pe- cimento do fato e de suas circunstâncias;
culiar de pessoa em situação de violência doméstica e III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida,
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher para a concessão de medidas protetivas de urgência;
em situação de violência doméstica e familiar, fami- IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de
liares e testemunhas terão contato direto com inves- delito da ofendida e requisitar outros exames periciais
tigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; necessários;
(Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

III - não revitimização da depoente, evitando sucessi-


VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar
vas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos crimi-
aos autos sua folha de antecedentes criminais, indi-
nal, cível e administrativo, bem como questionamen-
tos sobre a vida privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, cando a existência de mandado de prisão ou registro
de 2017) de outras ocorrências policiais contra ele;
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte
doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência,
que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o juntar aos autos essa informação, bem como notificar
seguinte procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, a ocorrência à instituição responsável pela concessão
de 2017) do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei
I - a inquirição será feita em recinto especialmente nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do
projetado para esse fim, o qual conterá os equipamen- Desarmamento); (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
tos próprios e adequados à idade da mulher em situa- VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito
ção de violência doméstica e familiar ou testemunha policial ao juiz e ao Ministério Público.
e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluído § 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela
pela Lei nº 13.505, de 2017) autoridade policial e deverá conter:

328
I - qualificação da ofendida e do agressor; TÍTULO IV
II - nome e idade dos dependentes; DOS PROCEDIMENTOS
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas CAPÍTULO I
solicitadas pela ofendida. DISPOSIÇÕES GERAIS
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser
pessoa com deficiência e se da violência sofrida resul- Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das
tou deficiência ou agravamento de deficiência preexis- causas cíveis e criminais decorrentes da prática de
tente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019) violência doméstica e familiar contra a mulher apli-
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documen- car-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal
to referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de e Processo Civil e da legislação específica relativa à
todos os documentos disponíveis em posse da ofen- criança, ao adolescente e ao idoso que não conflita-
dida. rem com o estabelecido nesta Lei.
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos
ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e pos- Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Fami-
tos de saúde. liar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com
competência cível e criminal, poderão ser criados pela
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formu- União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Es-
lação de suas políticas e planos de atendimento à tados, para o processo, o julgamento e a execução das
mulher em situação de violência doméstica e familiar, causas decorrentes da prática de violência doméstica
darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação e familiar contra a mulher.
de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mu- Parágrafo único. Os atos processuais poderão reali-
lher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio zar-se em horário noturno, conforme dispuserem as
e de equipes especializadas para o atendimento e a normas de organização judiciária.
investigação das violências graves contra a mulher.
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de
Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado
2017) de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
§ 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violên-
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços cia Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão
públicos necessários à defesa da mulher em situação relacionada à partilha de bens. (Incluído pela Lei nº
de violência doméstica e familiar e de seus dependen- 13.894, de 2019)
tes. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e fa-
miliar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou dissolução de união estável, a ação terá preferência
iminente à vida ou à integridade física da mulher em no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei nº 13.894, de
situação de violência doméstica e familiar, ou de seus 2019)
dependentes, o agressor será imediatamente afastado
do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendi- Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os
da: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº I - do seu domicílio ou de sua residência;
13.827, de 2019) II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não III - do domicílio do agressor.
for sede de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827,
de 2019) Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

III - pelo policial, quando o Município não for sede de representação da ofendida de que trata esta Lei, só
comarca e não houver delegado disponível no momen- será admitida a renúncia à representação perante o
to da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) juiz, em audiência especialmente designada com tal
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvi-
artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 do o Ministério Público.
(vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre
a manutenção ou a revogação da medida aplicada, Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violên-
devendo dar ciência ao Ministério Público concomi- cia doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
tantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida como a substituição de pena que implique o paga-
ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não mento isolado de multa.
será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído
pela Lei nº 13.827, de 2019)

329
CAPÍTULO II SEÇÃO II
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE
SEÇÃO I OBRIGAM O AGRESSOR
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofen- e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz
dida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto
horas: ou separadamente, as seguintes medidas protetivas
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre de urgência, entre outras:
as medidas protetivas de urgência; I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas,
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao ór- com comunicação ao órgão competente, nos termos
gão de assistência judiciária, quando for o caso; da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivên-
órgão de assistência judiciária, quando for o caso, cia com a ofendida;
inclusive para o ajuizamento da ação de separação III - proibição de determinadas condutas, entre as
judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de quais:
dissolução de união estável perante o juízo competen- a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
te; (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) testemunhas, fixando o limite mínimo de distância en-
III - comunicar ao Ministério Público para que adote tre estes e o agressor;
as providências cabíveis. b) contato com a ofendida, seus familiares e testemu-
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo nhas por qualquer meio de comunicação;
sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, c) freqüentação de determinados lugares a fim de pre-
de 2019) servar a integridade física e psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão menores, ouvida a equipe de atendimento multidisci-
ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério plinar ou serviço similar;
Público ou a pedido da ofendida. V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser VI – comparecimento do agressor a programas de
concedidas de imediato, independentemente de au- recuperação e reeducação; e (Incluído pela Lei nº
diência das partes e de manifestação do Ministério 13.984, de 2020)
Público, devendo este ser prontamente comunicado. VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplica- meio de atendimento individual e/ou em grupo de
das isolada ou cumulativamente, e poderão ser substi- apoio. (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)
tuídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, § 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a
sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem aplicação de outras previstas na legislação em vigor,
ameaçados ou violados. sempre que a segurança da ofendida ou as circuns-
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Públi- tâncias o exigirem, devendo a providência ser comu-
co ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas nicada ao Ministério Público.
protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, § 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontran-
se entender necessário à proteção da ofendida, de do-se o agressor nas condições mencionadas no caput
seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Minis- e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezem-
tério Público. bro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão,
corporação ou instituição as medidas protetivas de ur-
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou gência concedidas e determinará a restrição do porte
da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do de armas, ficando o superior imediato do agressor res-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento ponsável pelo cumprimento da determinação judicial,
do Ministério Público ou mediante representação da sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de
autoridade policial. desobediência, conforme o caso.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão pre- § 3º Para garantir a efetividade das medidas proteti-
ventiva se, no curso do processo, verificar a falta de vas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer
motivo para que subsista, bem como de novo decretá- momento, auxílio da força policial.
-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. § 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no
que couber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art.
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos pro- 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código
cessuais relativos ao agressor, especialmente dos per- de Processo Civil).
tinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo
da intimação do advogado constituído ou do defensor
público.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar inti-
mação ou notificação ao agressor .

330
SEÇÃO III CAPÍTULO III
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuí- Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não
zo de outras medidas: for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a pro- violência doméstica e familiar contra a mulher.
grama oficial ou comunitário de proteção ou de aten-
dimento; Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus outras atribuições, nos casos de violência doméstica e
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamen- familiar contra a mulher, quando necessário:
to do agressor; I - requisitar força policial e serviços públicos de saú-
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem de, de educação, de assistência social e de segurança,
prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos entre outros;
e alimentos; II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particula-
IV - determinar a separação de corpos. res de atendimento à mulher em situação de violência
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofen- doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medi-
dida em instituição de educação básica mais próxima das administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a
do seu domicílio, ou a transferência deles para essa quaisquer irregularidades constatadas;
instituição, independentemente da existência de vaga. III - cadastrar os casos de violência doméstica e fami-
(Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019) liar contra a mulher.
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da so- CAPÍTULO IV
ciedade conjugal ou daqueles de propriedade particu- DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
lar da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmen-
te, as seguintes medidas, entre outras:
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e crimi-
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo
nais, a mulher em situação de violência doméstica e
agressor à ofendida;
familiar deverá estar acompanhada de advogado, res-
II - proibição temporária para a celebração de atos e
salvado o previsto no art. 19 desta Lei.
contratos de compra, venda e locação de propriedade
em comum, salvo expressa autorização judicial;
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de
III - suspensão das procurações conferidas pela ofen-
violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de
dida ao agressor;
Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gra-
IV - prestação de caução provisória, mediante depó-
tuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, me-
sito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes
da prática de violência doméstica e familiar contra a diante atendimento específico e humanizado.
ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório com- TÍTULO V
petente para os fins previstos nos incisos II e III deste DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
artigo.
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Fami-
SEÇÃO IV liar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão
(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) contar com uma equipe de atendimento multidiscipli-
DO CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS nar, a ser integrada por profissionais especializados
PROTETIVAS DE URGÊNCIA nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE
URGÊNCIA Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisci-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

plinar, entre outras atribuições que lhe forem reserva-


Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere me- das pela legislação local, fornecer subsídios por escrito
didas protetivas de urgência previstas nesta Lei: (In- ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública,
cluído pela Lei nº 13.641, de 2018) mediante laudos ou verbalmente em audiência, e de-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. senvolver trabalhos de orientação, encaminhamento,
(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida,
§ 1º A configuração do crime independe da compe- o agressor e os familiares, com especial atenção às
tência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. crianças e aos adolescentes.
(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir ava-
autoridade judicial poderá conceder fiança. (Incluído liação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a
pela Lei nº 13.641, de 2018) manifestação de profissional especializado, mediante
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de a indicação da equipe de atendimento multidisciplinar.
outras sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641,
de 2018)

331
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica
proposta orçamentária, poderá prever recursos para e familiar contra a mulher serão incluídas nas bases
a criação e manutenção da equipe de atendimento de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e
multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Or- Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de
çamentárias. dados e informações relativo às mulheres.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Públi-
TÍTULO VI ca dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS suas informações criminais para a base de dados do
Ministério da Justiça.
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro
varas criminais acumularão as competências cível e da medida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº
criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes 13.827, de 2019)
da prática de violência doméstica e familiar contra a Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência
mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, serão registradas em banco de dados mantido e re-
subsidiada pela legislação processual pertinente. gulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, ga-
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferên- rantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria
cia, nas varas criminais, para o processo e o julgamen- Pública e dos órgãos de segurança pública e de assis-
to das causas referidas no caput. tência social, com vistas à fiscalização e à efetividade
das medidas protetivas. (Incluído pela Lei nº 13.827,
TÍTULO VII de 2019)
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Do- Municípios, no limite de suas competências e nos ter-
méstica e Familiar contra a Mulher poderá ser acom- mos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias,
panhada pela implantação das curadorias necessárias poderão estabelecer dotações orçamentárias específi-
e do serviço de assistência judiciária. cas, em cada exercício financeiro, para a implementa-
ção das medidas estabelecidas nesta Lei.
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os
Municípios poderão criar e promover, no limite das Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
respectivas competências: outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar
para mulheres e respectivos dependentes em situação Art. 41. Aos crimes praticados com violência domésti-
de violência doméstica e familiar; ca e familiar contra a mulher, independentemente da
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos depen- pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de
dentes menores em situação de violência doméstica e setembro de 1995.
familiar;
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
de saúde e centros de perícia médico-legal especiali- outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a
zados no atendimento à mulher em situação de vio- vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
lência doméstica e familiar; “Art. 313. .................................................
IV - programas e campanhas de enfrentamento da ................................................................
violência doméstica e familiar; IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar
V - centros de educação e de reabilitação para os contra a mulher, nos termos da lei específica, para garan-
agressores. tir a execução das medidas protetivas de urgência.” (NR)
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei
Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
de seus programas às diretrizes e aos princípios desta passa a vigorar com a seguinte redação:
Lei. “Art. 61. ..................................................
.................................................................
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindivi- II - ............................................................
duais previstos nesta Lei poderá ser exercida, concor- .................................................................
rentemente, pelo Ministério Público e por associação f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de re-
de atuação na área, regularmente constituída há pelo lações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade,
menos um ano, nos termos da legislação civil. ou com violência contra a mulher na forma da lei es-
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição po- pecífica;
derá ser dispensado pelo juiz quando entender que ........................................................... ” (NR)
não há outra entidade com representatividade ade-
quada para o ajuizamento da demanda coletiva.

332
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de doméstico, familiar ou afetivo – e não quem a per-
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar petrou. A alternativa “a” está errada porque apenas o
com as seguintes alterações: crime de lesões é de ação incondicionada (estando “c”
“Art. 129. .................................................. errada). Não cabe suspensão condicional do processo
.................................................................. e nem transação penal (súmula 536, STJ). Não se fixa
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des- na lei prazo mínimo e máximo de duração das medi-
cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com das punitivas.
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale-
cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi- 2. (VUNESP – 2017) A Lei n° 11.340/2006, conhecida
tação ou de hospitalidade: como Lei Maria da Penha, em casos de prática de violên-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. cia doméstica contra a mulher,
..................................................................
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será au- a) determina que seja delegada à mulher a responsabi-
mentada de um terço se o crime for cometido contra lidade pela entrega de intimações e notificações judi-
pessoa portadora de deficiência.” (NR) ciais ao agressor.
b) prevê a aplicação de penas ao agressor como multas
Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de e distribuição de determinado número de cestas bási-
1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a cas.
seguinte redação: c) limita-se à violência na relação homem-mulher, igno-
“Art. 152. ................................................... rando os novos arranjos conjugais e familiares da con-
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica temporaneidade.
contra a mulher, o juiz poderá determinar o compare- d) prevê a restrição de visitas do agressor aos dependen-
cimento obrigatório do agressor a programas de recu- tes menores, ouvida a equipe de atendimento multi-
peração e reeducação.” (NR) disciplinar ou serviço similar.
e) ignora a violência patrimonial, por não implicar risco
Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) iminente à integridade física, moral ou psicológica da
dias após sua publicação. mulher.

Brasília, 7 de agosto de 2006; 185º da Independência Resposta: Letra D


e 118º da República. Trata-se de previsão do art. 22, IV da Lei Maria da Penha.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA LEI N. 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006 (LEI


Dilma Rousseff DE DROGAS)

O assunto relacionado às drogas no Brasil, atualmen-


EXERCÍCIOS COMENTADOS
te, é regulado por lei específica – Lei nº 11.343/06 –, que
revogou expressamente as Leis nº 6368/76 e 10409/021.
1. (FMP – 2017) Em relação à Lei n. 11.340/2006 (Lei Quando comparada com a antiga lei de drogas (lei
Maria da Penha), assinale a alternativa CORRETA. 6368/76), percebe-se que a lei vigente, a Lei nº 11343/06,
conferiu um tratamento mais rigoroso ao traficante e
a) Os crimes de ameaça e de lesões corporais leves pra- mais brando ao usuário de drogas, bem como inovou
ticados no contexto de violência doméstica e familiar ao abolir a pena privativa de liberdade ao usuário de dro-
são de ação penal pública incondicionada. gas (art. 28, caput, da Lei 11.343/06).
b) A mulher pode ser sujeito ativo de crime praticado no
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

contexto de violência doméstica e familiar. Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
c) A ação penal no crime de lesões corporais leves é pú- transportar ou trouxer consigo, para consumo pes-
blica condicionada, segundo a jurisprudência do Su- soal, drogas sem autorização ou em desacordo com
premo Tribunal Federal. determinação legal ou regulamentar será submetido
d) Admite-se a aplicação da suspensão condicional do às seguintes penas:
processo aos autores de crimes praticados no contex- I - advertência sobre os efeitos das drogas;
to de violência doméstica e familiar. II - prestação de serviços à comunidade;
e) As medidas protetivas de urgência vigem durante o III - medida educativa de comparecimento a progra-
prazo decadencial da representação da vítima, ou seja, ma ou curso educativo.
6 (seis) meses.
Em seus primeiros artigos, a Lei de Drogas institui o
Resposta: Letra B. Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SIS-
A violência deve ser dirigida contra mulher, mas não NAD), direcionado a prescrever medidas de prevenção,
necessariamente deve partir de homem, pois o deter- reinserção de usuários e repressão do tráfico.
minante é o contexto da prática de violência – âmbito

333
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políti- X - A observância do equilíbrio entre as atividades de
cas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social
para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção de usuários e dependentes de drogas e de repressão à
social de usuários e dependentes de drogas; estabelece sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito,
normas para repressão à produção não autorizada e visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social;
ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. XI - A observância às orientações e normas emanadas
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
como drogas as substâncias ou os produtos capazes
de causar dependência, assim especificados em lei ou Objetivos do SISNAD
relacionados em listas atualizadas periodicamente
pelo Poder Executivo da União. I - Contribuir para a inclusão social do cidadão, vi-
sando a torná-lo menos vulnerável a assumir com-
A lei, inclusive, define o que é droga: Substâncias ou portamentos de risco para o uso indevido de drogas,
produtos capazes de causar dependência, assim especi- seu tráfico ilícito e outros comportamentos correlacio-
ficados em lei ou relacionados em lista atualizada pelo nados;
Poder Executivo da União (Presidente da República). II - Promover a construção e a socialização do conhe-
Exceções: cimento sobre drogas no país;
III - Promover a integração entre as políticas de pre-
• Hipótese de autorização legal ou regulamentar, venção do uso indevido, atenção e reinserção social de
ex.: para fins medicinais ou científicos. usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as polí-
ticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo
FIQUE ATENTO! da União, Distrito Federal, Estados e Municípios;
O SISNAD atuará em articulação com o SUS IV - Assegurar as condições para a coordenação, a in-
e o SUAS. tegração e a articulação das atividades.

Ademais, a lei prevê a realização do Plano Nacional


Princípios do SISNAD de Políticas sobre Drogas, de duração de 5 anos. Cabe
ao Poder Público a mais ampla divulgação de tal instru-
I - O respeito aos direitos fundamentais da pessoa hu- mento, que tem como objetivo:
mana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua
liberdade; • Interdisciplinaridade: participação de diversos seg-
II - O respeito à diversidade e às especificidades popu- mentos;
lacionais existentes;
• Participação social: na formulação, implementação
III - A promoção dos valores éticos, culturais e de cida-
e avaliação da política sobre drogas;
dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fato-
res de proteção para o uso indevido de drogas e outros • Priorizar a prevenção: por meio de programas, pro-
comportamentos correlacionados; jetos, tendo a colaboração da escola, família e so-
IV - A promoção de consensos nacionais, de ampla ciedade;
participação social, para o estabelecimento dos fun- • Ampliar as alternativas do usuário ou dependente:
damentos e estratégias do Sisnad; por meio da inserção social e econômica, melhoria
V - A promoção da responsabilidade compartilhada na escolarização e qualificação profissional;
entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importân- • Promover o acesso aos serviços públicos: de usuá-
cia da participação social nas atividades do Sisnad; rios e dependentes;
VI - O reconhecimento da intersetorialidade dos fa- • Estabelecer diretrizes para a efetividade do pro-
tores correlacionados com o uso indevido de drogas, grama: para garantir que seja cumprida a política
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

com a sua produção não autorizada e o seu tráfico sobre drogas;


ilícito; • Articular projetos de incentivo ao emprego: com o
VII - A integração das estratégias nacionais e interna- escopo de promover a inserção profissional;
cionais de prevenção do uso indevido, atenção e rein- • Políticas públicas que conduzam à efetivação das
serção social de usuários e dependentes de drogas e diretrizes: pois não basta estabelecer regras sem
de repressão à sua produção não autorizada e ao seu satisfazê-las;
tráfico ilícito;
• Articular saúde, assistência social e justiça: com o
VIII - A articulação com os órgãos do Ministério Pú-
escopo de enfrentar o abuso de drogas;
blico e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à
cooperação mútua nas atividades do Sisnad; • Fomentar serviço de atendimento telefônico: com
IX - A adoção de abordagem multidisciplinar que orientações e informações direcionadas ao apoio
reconheça a interdependência e a natureza comple- de usuários e dependentes;
mentar das atividades de prevenção do uso indevido, • Promover estudos e avaliação dos resultados.
atenção e reinserção social de usuários e dependentes
de drogas, repressão da produção não autorizada e do
tráfico ilícito de drogas;

334
• A implantação de projetos pedagógicos de pre-
FIQUE ATENTO! venção do uso indevido de drogas, nas instituições
Os Conselhos dos Estados, DF e Municípios de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes
possuem o objetivo de auxiliar na elaboração Curriculares Nacionais e aos conhecimentos rela-
da política sobre drogas; celebrar instrumen- cionados a drogas;
tos de cooperação; promover estudos; pro- • A observância das orientações e normas emanadas
por políticas públicas etc. do Conad;
• O alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle
social de políticas setoriais específicas.
As instituições que atendem usuários e dependen-
tes precisam comunicar o órgão municipal de saúde os O art. 19-A foi introduzido em 2019, assim merece a
casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a leitura em sua literalidade:
identidade das pessoas.
São consideradas atividades de prevenção ao uso Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de Po-
indevido de drogas aquelas direcionadas à redução dos líticas sobre Drogas, comemorada anualmente, na
fatores de vulnerabilidade e risco, tendo em vista a pro- quarta semana de junho.         
moção e o fortalecimento dos fatores de proteção. § 1º No período de que trata o caput, serão intensifi-
Dessa forma, os princípios e diretrizes da prevenção são: cadas as ações de:         
I - difusão de informações sobre os problemas decor-
• O reconhecimento do uso indevido de drogas rentes do uso de drogas;         
como fator de interferência na qualidade de vida II - promoção de eventos para o debate público sobre
do indivíduo e na sua relação com a comunidade à as políticas sobre drogas;         
qual pertence; III - difusão de boas práticas de prevenção, tratamen-
• A adoção de conceitos objetivos e de fundamen- to, acolhimento e reinserção social e econômica de
tação científica como forma de orientar as ações usuários de drogas;         
dos serviços públicos comunitários e privados e de IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas de
evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e prevenção do uso indevido de drogas;         
dos serviços que as atendam; V - mobilização da comunidade para a participação
• O fortalecimento da autonomia e da responsabi- nas ações de prevenção e enfrentamento às drogas;         
lidade individual em relação ao uso indevido de VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos na
drogas; Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Di-
• O compartilhamento de responsabilidades e a retrizes e Bases da Educação Nacional, na realização
colaboração mútua com as instituições do setor de atividades de prevenção ao uso de drogas. 
privado e com os diversos segmentos sociais, in-
cluindo usuários e dependentes de drogas e res- Essa inovação é muito importante para atingir um
pectivos familiares, por meio do estabelecimento dos principais propósitos da Lei de Drogas: a prevenção.
de parcerias; Esse objetivo pode ser conquistado mediante as atitudes
• A adoção de estratégias preventivas diferenciadas elencadas no art. 19-A, especificamente quando trata da
e adequadas às especificidades socioculturais das difusão de informação, mobilização social etc.
diversas populações, bem como das diferentes
drogas utilizadas;
• O reconhecimento do “não-uso”, do “retardamen- Atividade de Atenção Atividade de Reinserção
to do uso” e da redução de riscos como resultados Visa a melhoria da quali- Direcionadas para a inte-
desejáveis das atividades de natureza preventiva, dade de vida e a redução gração ou reintegração em
quando da definição dos objetivos a serem alcan- dos riscos e danos. redes sociais.
çados;
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

• O tratamento especial dirigido às parcelas mais As atividades de atenção (preventivas) e as de reinser-


vulneráveis da população, levando em considera- ção social (restaurativas) do usuário/dependentes/fami-
ção as suas necessidades específicas; liares devem observar os seguintes princípios e diretrizes:
• A articulação entre os serviços e organizações que
atuam em atividades de prevenção do uso inde- • Respeito ao usuário e ao dependente;
vido de drogas e a rede de atenção a usuários e • Estratégias diferenciadas de acordo com as pecu-
dependentes de drogas e respectivos familiares; liaridades;
• O investimento em alternativas esportivas, cultu- • Projeto terapêutico individualizado;
rais, artísticas, profissionais, entre outras, como • Equipes Multiprofissionais atuando, sempre que
forma de inclusão social e de melhoria da qualida-
possível, no atendimento de usuários, dependen-
de de vida;
tes e familiares;
• O estabelecimento de políticas de formação con-
• Observância das normas do CONAD;
tinuada na área da prevenção do uso indevido de
• Alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle
drogas para profissionais de educação nos 3 níveis
social de políticas setoriais específicas;
de ensino;
• Estímulo à capacitação técnica e profissional;

335
• Efetivação de políticas de reinserção social volta- Todas as internações e altas devem ser informadas no
das à educação continuada e ao trabalho; máximo em 72 horas ao MP, Defensoria e outros órgãos
• Observância do plano individual de atendimento; de fiscalização, por meio de sistema informatizado único,
• Orientação adequada ao usuário ou dependente sendo garantido o sigilo.
de drogas quanto às consequências lesivas do uso Ademais, é vedada a realização de internação nas
de drogas, ainda que ocasional. comunidades terapêuticas acolhedoras. Essas se carac-
terizam pela oferta de projetos terapêuticos àqueles que
estão em abstinência, a adesão e a permanência são vo-
#FicaDica luntárias, o ambiente é residencial, existe avaliação médi-
As pessoas atendidas pelo SISNAD terão ca prévia e elaboração de plano individual, vedado o iso-
atendimento nos programas de educação lamento do dependente/usuário. Todavia, casos graves
profissional e tecnológica, educação de jo- que mereçam atenção médico-hospitalar contínua ou de
vens e adultos e alfabetização. emergência devem ser encaminhados à rede de saúde.
Atualmente entende-se pela excepcionalidade da
internação de dependentes em unidades de saúde ou
As redes dos serviços de saúde de todos os entes fe- hospitais gerais. Tais locais são dotados de equipes mul-
derativos devem desenvolver programas de atendimento tidisciplinares, e a medida necessita de autorização de
ao usuário e ao dependente, mas existem 2 requisitos médico registrado no CRM do Estado onde se localize o
essenciais: estabelecimento no qual ocorrerá a internação.

1º Respeitar as diretrizes do Ministério da Saúde; Com o consentimento do dependente.


2º Previsão orçamentária. É precedida de declaração escrita
Internação
do solicitante e seu término ocorre
Voluntária
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos por determinação do médico ou da
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvol- própria pessoa.
verão programas de atenção ao usuário e ao depen- A pedido da família/responsável legal/
dente de drogas, respeitadas as diretrizes do Ministério servidor público (salvo servidores da
da Saúde e os princípios explicitados no art. 22 desta segurança pública).
Lei, obrigatória a previsão orçamentária adequada. A decisão é do médico, indicada de-
pois de avaliação. Perdurará apenas
Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente Internação pelo tempo necessário à desintoxi-
de drogas deverá ser ordenado em uma rede de aten- Involuntária cação (prazo máximo de 90 dias). O
ção à saúde, com prioridade para as modalidades de término é determinado pelo médico
tratamento ambulatorial, incluindo excepcionalmente responsável, mas a família/represen-
formas de internação em unidades de saúde e hospi- tante legal podem a qualquer momen-
tais gerais nos termos de normas dispostas pela União to requerer ao médico a interrupção
e articuladas com os serviços de assistência social e do tratamento.
em etapas que permitam:         
I - articular a atenção com ações preventivas que atin- Para o atendimento na rede de saúde existem requisitos:
jam toda a população;         
II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, • Avaliação prévia por equipe técnica multidiscipli-
baseados em evidências científicas, oferecendo aten- nar e multissetorial;
dimento individualizado ao usuário ou dependente de • Elaboração de um Plano Individual de Atendimen-
drogas com abordagem preventiva e, sempre que in- to (PIA), que com o passar do tempo é atualizado.
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

dicado, ambulatorial;         
III - preparar para a reinserção social e econômica,
respeitando as habilidades e projetos individuais por FIQUE ATENTO!
meio de programas que articulem educação, capaci- A avaliação prévia da equipe técnica subsi-
tação para o trabalho, esporte, cultura e acompanha- diará a elaboração e execução do projeto te-
mento individualizado; e      rapêutico individual a ser adotado, levantan-
IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sis- do-se no mínimo: o tipo de droga e o padrão
nad, de forma articulada.      de seu uso; e o risco à saúde física e mental
do usuário ou dependente de drogas ou das
A prioridade é que o tratamento seja ambulatorial, pessoas com as quais ele convive.  
sendo excepcional a internação. A lei exige autorização
por médico devidamente registrado no CRM do Estado
onde se localize o estabelecimento no qual se dará a in-
ternação, para que ocorra de fato a internação.

336
Art. 23-B . O atendimento ao usuário ou dependente • Natureza e à quantidade da substância apreendida;
de drogas na rede de atenção à saúde dependerá de:          • Ao local e às condições em que se desenvolveu a
I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar ação;
e multissetorial; e • Às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à
II - elaboração de um Plano Individual de Atendimen- conduta e aos antecedentes do agente.
to - PIA.
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará As penas previstas nos incisos II e III serão aplicadas
a elaboração e execução do projeto terapêutico indivi- pelo prazo máximo de 5 meses. Em caso de reincidência,
dual a ser adotado, levantando no mínimo: as penas previstas nos incisos II e III serão aplicadas pelo
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e prazo máximo de 10 meses.
II - o risco à saúde física e mental do usuário ou depen- A prestação de serviços à comunidade será cumpri-
dente de drogas ou das pessoas com as quais convive. da em programas comunitários, entidades educacionais
ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres,
O PIA deverá contemplar a participação dos familiares, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
os quais têm o dever de contribuir com o processo. Se o preferencialmente, da prevenção do consumo ou da re-
caso envolve crianças e adolescentes, os familiares podem cuperação de usuários e dependentes de drogas.
sofrer responsabilização civil, administrativa e criminal. Para garantia do cumprimento das medidas educa-
O prazo de até 30 dias, contados da data do ingresso tivas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que
no atendimento, deve ser respeitado para a elaboração injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz sub-
do PIA. As informações são sigilosas. metê-lo, sucessivamente a: admoestação verbal; multa.

#FicaDica FIQUE ATENTO!


O juiz, atendendo à reprovabilidade da con-
A União, os Estados, o Distrito Federal e os
duta, fixará o número de dias-multa, em
Municípios poderão conceder benefícios
quantidade nunca inferior a 40 nem superior
às instituições privadas que desenvolverem
a 100, atribuindo depois a cada um, segun-
programas de reinserção no mercado de tra-
do a capacidade econômica do agente, o va-
balho, do usuário e do dependente de dro-
lor de um trinta avos até 3 vezes o valor do
gas encaminhados por órgão oficial. As insti-
maior salário mínimo. Os valores decorrentes
tuições da sociedade civil, sem fins lucrativos,
da imposição da multa serão creditados à
com atuação nas áreas da atenção à saúde e
conta do Fundo Nacional Antidrogas.
da assistência social, que atendam usuários
ou dependentes de drogas poderão receber
recursos do Funad, condicionados à sua dis-
ponibilidade orçamentária e financeira. De acordo com o STJ, a condenação pelo art. 28 (por-
te de droga para uso próprio) não configura reincidência.
E, segundo entendimento do STF, não cabe Habeas Cor-
pus para discutir processo criminal envolvendo o art. 28,
Em relação aos crimes e penas estabelecidos na Lei
uma vez que não existe pena privativa de liberdade.
de Drogas, vale conhecer a literalidade dos artigos:
Outras decisões, também, são muito interessantes,
por exemplo: não configura crime a importação de pe-
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
quena quantidade de sementes de maconha.
transportar ou trouxer consigo, para consumo pes-
Não configura crime a importação de pequena quan-
soal, drogas sem autorização ou em desacordo com
tidade de sementes de maconha.
determinação legal ou regulamentar será submetido
STF. 2ª Turma. HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar Men-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

às seguintes penas:
des, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
Ademais, não gera atenuação da pena o réu confessar
II - prestação de serviços à comunidade;
que é usuário, se estiver sendo acusado de tráfico. Isso
III - medida educativa de comparecimento a progra-
ocorre, pois o Código Penal entende como atenuante si-
ma ou curso educativo.
tuações nas quais o réu confessa o crime, ou seja, que ele
de fato é traficante.
Trata-se do famoso crime de uso de drogas apenas
Ultrapassado o art. 28, o crime mais importante da Lei
para consumo pessoal, que prescreve em 2 anos. As
de Drogas consta no art. 33:
mesmas medidas submete-se a quem, para seu consu-
mo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
à preparação de pequena quantidade de substância ou
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter
produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, pres-
Para determinar se a droga se destinava a consumo
crever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer dro-
pessoal, o juiz atenderá à:
gas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

337
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pa- § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste
gamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhen- artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
tos) dias-multa. dois terços, desde que o agente seja primário, de bons
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: antecedentes, não se dedique às atividades criminosas
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, nem integre organização criminosa.       
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em de-
pósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que O § 4º trata-se do tráfico privilegiado, que inclusive foi
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com considerado como crime não hediondo pela atualização
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, legislativa feita em 2019 (Pacote Anticrime). Ademais, os
insumo ou produto químico destinado à preparação tribunais superiores enquadram as “mulas” como caso
de drogas; comum de incidência nessa causa de diminuição de pena.
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização A jurisprudência é polêmica quanto a possibilidade
ou em desacordo com determinação legal ou regula- de aplicar o privilégio em caso de elevada quantidade de
mentar, de plantas que se constituam em matéria-pri- droga. O que tem prevalecido é que as peculiaridades
ma para a preparação de drogas; do caso concreto podem servir para impedir a redu-
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que ção. Por outro lado, o simples fato de o réu ter alguma
tem a propriedade, posse, administração, guarda ou ocupação lícita não significa que terá direito, necessaria-
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ain- mente, à minorante.
da que gratuitamente, sem autorização ou em desa- Ademais, a Quinta Turma do STJ trouxe importante
cordo com determinação legal ou regulamentar, para decisão sobre o tráfico privilegiado:
o tráfico ilícito de drogas.
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, in- “A causa redutora de pena prevista no § 4º do art. 33,
sumo ou produto químico destinado à preparação de da Lei n. 11.343/06 poderá ser aplicada quando cum-
drogas, sem autorização ou em desacordo com a de- pridos os seguintes requisitos: ser primário, possuir
terminação legal ou regulamentar, a agente policial bons antecedentes, não dedicar-se a atividades crimi-
disfarçado, quando presentes elementos probatórios nosa e não integrar organização criminosa. De acordo
razoáveis de conduta criminal preexistente.        com a jurisprudência desta Quinta Turma, é possível
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso inde- utilizar processos em andamento para justificar o
vido de droga:          afastamento da benesse em questão quando com-
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de provem que o agente se dedicava ao tráfico ilícito
100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa de entorpecentes, como no caso dos autos”. 
(STJ, Quinta Turma, HC 365.103/RJ, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 02/10/2018)
FIQUE ATENTO!
Segundo o STF, deve-se excluir qualquer sig- Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, ofe-
nificado que enseje a proibição de manifes- recer, vender, distribuir, entregar a qualquer título,
tações e debates acerca da descriminalização possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamen-
ou legalização do uso de drogas ou de qual- te, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer
quer substância que leve o ser humano ao objeto destinado à fabricação, preparação, produção
entorpecimento episódico, ou então viciado, ou transformação de drogas, sem autorização ou em
das suas faculdades psicofísicas. desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga-
mento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil)
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de dias-multa.
lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

consumirem: O exemplo clássico para esse tipo penal é o tráfico de


Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pa- maquinário para a fabricação de drogas. Imagine, Pedri-
gamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhen- nho é surpreendido com equipamento empregado para
tos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no compactar maconha, configurado está o art. 34.
art. 28.
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o
O art. 33 descreve condutas consideradas como tráfi- fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos
co de drogas. O § 1º do art. 33 equipara outras condutas crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta
ao tráfico: Tráfico de matéria-prima, insumos, produtos Lei:
químicos destinados à preparação de drogas; cultivo de Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga-
plantas para o tráfico de drogas; utilização de determi- mento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos)
nado local para a prática do tráfico. O § 2º traz o indu- dias-multa.
zimento, instigação ou auxílio ao uso de drogas, como Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste
figura autônoma. O § 3º traz a figura da cessão gratuita artigo incorre quem se associa para a prática reitera-
eventual de drogas para consumo compartilhado. da do crime definido no art. 36 desta Lei.

338
O art. 35 trata-se do crime de associação para o trá- (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600
fico, crime de concurso necessário de duas ou mais pes- (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput
soas. O crime se consuma com a mera união dos agentes deste artigo for de transporte coletivo de passageiros.
que visam praticar o tráfico de drogas.
O parágrafo único prevê a associação para o finan- O art. 39 trata-se de crime de condução de embar-
ciamento do tráfico. Imagine, um grupo de amigos mui- cação ou aeronave após o consumo de drogas. O que
to ricos decidem se unir para custear o tráfico de forma se pretende proteger é a segurança no espaço aéreo e
reiterada. aquático.
As penas dos crimes dos arts. 33, 34, 35, 36 e 37 são
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer aumentadas de 1/6 a 2/3 nas seguintes situações:
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34
desta Lei: • Transnacionalidade do delito;
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pa- • O agente utilizar função pública, missão de educa-
gamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro ção, poder familiar, guarda ou vigilância para co-
mil) dias-multa. meter o crime;
• Nas imediações de estabelecimentos prisionais,
O art. 36 traz a figura do financiamento ou custeio de de ensino, hospitalares, culturais, recreativas, es-
drogas. O indivíduo não é punido como mero partícipe, portivas, beneficentes, trabalho coletivo, onde se
mas como praticante de crime autônomo. O delito con- realizem espetáculos ou diversões, local de serviço
suma-se no instante em que o agente entrega o valor de tratamento de dependente ou reinserção social,
ao traficante, pouco importando a efetiva execução do unidades militares ou policiais, transporte público;
crime de tráfico de drogas. Se o agente se autofinancia • Com violência/grave ameaça/emprego de arma de
só responde pelo tráfico de drogas. fogo/intimidação;
• Entre Estados;
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, or- • Visar a atingir criança ou adolescente ou quem te-
ganização ou associação destinados à prática de qual- nha diminuída capacidade de entendimento e de-
quer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e terminação;
34 desta Lei: • O agente financiar ou custear a prática do crime.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamen-
to de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. Algumas decisões recentes precisam ser conhecidas,
para melhor compreensão de tais causas de aumento.
O delito consuma-se no instante em que a informa- Por exemplo, a droga precisa ser comercializada dentro
ção chega ao conhecimento dos destinatários dos infor- do transporte público para que incida o aumento, o mero
mes, pouco importando a execução de posterior delito transporte é irrelevante. Por outro lado, basta o tráfico
de tráfico de drogas. nas imediações de presídio para a incidência da causa
de aumento, independente de quem seja o comprador.
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, dro- Ou seja, não é necessário que a droga circule dentro do
gas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em presídio.
doses excessivas ou em desacordo com determinação Atente-se para que o fato de o tráfico de drogas ser
legal ou regulamentar: praticado com o intuito de introduzir substâncias ilícitas
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pa- em estabelecimento prisional não impede, por si só, a
gamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa. substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao de direitos. Essa circunstância deve ser ponderada com
Conselho Federal da categoria profissional a que per- os requisitos necessários para a concessão do benefício.
tença o agente. Conforme sumulado pelo STJ: Súmula 607 – “A ma-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

jorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da


O crime de prescrição ou ministração culposa de dro- lei 11.343/06) se configura com a prova da destinação
gas é crime próprio, cometido por médico, dentista, far- internacional das drogas, ainda que não consumada a
macêutico ou enfermeiro. transposição de fronteiras”. Ou seja, a transnacionalidade
do delito resta comprovada com atos que indiquem tal
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o plano, independentemente se de fato aconteça.
consumo de drogas, expondo a dano potencial a inco- No mesmo sentido, mas em âmbito nacional (inte-
lumidade de outrem: restadual) o STJ, também, sumulou: Súmula 587 – “Para
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da
da apreensão do veículo, cassação da habilitação res- Lei 11.343/06, é desnecessária a efetiva transposição de
pectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da fronteiras entre estados da federação, sendo suficiente a
pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfi-
200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa. co interestadual.” Assim, para incidir a interestadualidade
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, apli- basta ficar demonstrado que a intenção do agente era
cadas cumulativamente com as demais, serão de 4 pulverizar a droga em mais de um Estado-membro.

339
Outra causa de aumento relevante para a jurispru- A habitualidade no crime e o pertencimento a organi-
dência atual é a prática do tráfico de drogas nas proxi- zações criminosas deverão ser comprovadas pela acusa-
midades dos estabelecimentos de ensino, pois entende- ção, não sendo possível que o benefício do tráfico privi-
-se desnecessária a prova que o ilícito visava atingir os legiado seja afastado por simples presunção.
alunos. Por outro lado, se o tráfico aconteceu em dia e Outra curiosidade é que  fica isento de pena o agente
horário que a escola se encontrava fechada não incide o que, em razão da dependência, ou sob o efeito, prove-
aumento. niente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao
Sobre a aplicação da causa de aumento de pena re- tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido
lacionada a participação do menor no crime, os tribunais a infração penal praticada, inteiramente incapaz de en-
superiores entendem como compatível com o crime de tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
associação para o tráfico (art. 35). Ademais, o agente que acordo com esse entendimento.
pratica crime da lei de drogas com criança ou adoles- Se o agente não possuía, ao tempo da ação ou da
cente responde pelo crime da lei de drogas com causa omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito
de aumento, e não por corrupção de menores. Todavia, do fato ou de determinar-se de acordo com esse enten-
se o crime que envolver o menor não corresponder aos dimento, a pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3.
artigos 33 a 37 da lei de drogas, o agente responderá por
corrupção de menores tipificado pelo ECA: Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso for-
Art. 244-B.  Corromper ou facilitar a corrupção de tuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação
menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infra- ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração
ção penal ou induzindo-o a praticá-la:  penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.  caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
§ 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo com esse entendimento.
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhe-
de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de ba- cendo, por força pericial, que este apresentava, à épo-
te-papo da internet.  ca do fato previsto neste artigo, as condições referidas
§ 2  o As penas previstas no caput deste artigo são au- no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na
mentadas de um terço no caso de a infração cometi- sentença, o seu encaminhamento para tratamento
da ou induzida estar incluída no rol do art. 1 o da Lei médico adequado.
n o 8.072, de 25 de julho de 1990 .
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a
dois terços se, por força das circunstâncias previstas no
FIQUE ATENTO! art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da
O indiciado ou acusado que colaborar vo- ação ou da omissão, a plena capacidade de entender
luntariamente com a investigação policial e o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
o processo criminal na identificação dos de- com esse entendimento.
mais coautores ou partícipes do crime e na
recuperação total ou parcial do produto do Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base
crime, no caso de condenação, terá pena re- em avaliação que ateste a necessidade de encami-
duzida de um terço a dois terços. nhamento do agente para tratamento, realizada por
profissional de saúde com competência específica na
forma da lei, determinará que a tal se proceda, obser-
A jurisprudência traz interessantes exemplos que evi- vado o disposto no art. 26 desta Lei.
denciam alguns casos que são considerados como tráfi-
co de drogas consumado. Por exemplo, a droga ser ne-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

gociada pelo telefone já consuma o crime na modalidade FIQUE ATENTO!


adquirir do art. 33. Outro exemplo comum é a disponibi- A multa nos arts. 33 a 39 tem valor não infe-
lização do automóvel que vai ser usado para transportar rior a um trinta avos nem superior a 5 salários
o entorpecente. mínimos.
O tráfico de drogas é crime equiparado a hediondo, As multas, que em caso de concurso de cri-
ressalvado o tráfico privilegiado. Ademais, consiste em cri- mes serão impostas sempre cumulativamen-
me inafiançável e insuscetível de anistia, graça e indulto. te, podem ser aumentadas até o décuplo se,
em virtude da situação econômica do acusa-
Tráfico Privilegiado do, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que
aplicadas no máximo.
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
dois terços, desde que o agente seja primário, de bons Quanto ao procedimento penal, vale lembrar que não
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas cabe prisão em caso de uso de drogas, lavra-se termo
nem integre organização criminosa. circunstanciado, próprio do Juizado Especial Criminal (JE-

340
CRIM). Já nos demais crimes ocorre prisão em flagrante A Lei de Drogas prevê a possibilidade de infiltração
imediatamente comunicada ao juiz, com vista ao MP em de agentes de polícia, para apurar melhor os fatos, bem
24 horas. como não atuação policial, com a finalidade de identi-
É interessante que a falta de laudo toxicológico defi- ficar e responsabilizar maior número de integrantes de
nitivo pode ser suprida pelo laudo provisório, em casos operações de tráfico, sem prejuízo da ação cabível.
excepcionais, desde que o laudo de constatação provi- Atente-se para o fato que a investigação policial que
sório permita grau de certeza idêntico ao definitivo, ex.: tem como única finalidade obter informações mais con-
elaborado por perito oficial, em procedimento e com cretas acerca da conduta e do paradeiro de determinado
conclusões equivalentes. traficante, sem pretensão de identificar outros suspeitos,
Ademais, nos casos em que não há apreensão da dro- não configura ação controlada, sendo dispensável a au-
ga, é possível que a condenação pelo tráfico seja emba- torização judicial para a sua realização.
sada em prova testemunhal ou documental.
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal re-
Tráfico. Não Apreensão da Droga. A ausência de lativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos,
apreensão da droga não torna a conduta atípica se além dos previstos em lei, mediante autorização judi-
existirem outros elementos de prova aptos a compro- cial e ouvido o Ministério Público, os seguintes proce-
varem o crime de tráfico. No caso, a denúncia fun- dimentos investigatórios:
damentou-se em provas obtidas pelas investigações I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
policiais, dentre elas a quebra de sigilo telefônico, que investigação, constituída pelos órgãos especializados
são meios hábeis para comprovar a materialidade do pertinentes;
delito perante a falta da droga, não caracterizando, II - a não-atuação policial sobre os portadores de
assim, a ausência de justa causa para a ação penal. drogas, seus precursores químicos ou outros produ-
HC 131.455-MT, Rel. Min. Maria Thereza de Assis tos utilizados em sua produção, que se encontrem no
Moura, julgado em 2/8/2012. território brasileiro, com a finalidade de identificar e
responsabilizar maior número de integrantes de ope-
rações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação
#FicaDica penal cabível.
Para a lavratura do auto de prisão em fla- Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo,
grante é suficiente o laudo de constatação a autorização será concedida desde que sejam conhe-
da natureza e quantidade da droga. O perito cidos o itinerário provável e a identificação dos agen-
que subscreve o laudo não fica impedido de tes do delito ou de colaboradores.
participar da elaboração do laudo definitivo.
Ao ser oferecida denúncia pelo MP, o juiz ordenará
a notificação do acusado para oferecer defesa prévia
em 10 dias. Caso não apresente, será nomeado defen-
O grau de pureza da droga é irrelevante na dosimetria
sor para oferecê-la. Apresentada a defesa, o juiz decide
da pena. De acordo com a Lei 11.343/06 preponderam
em 5 dias. Caso entenda necessário, o juiz determinará a
apenas a natureza e a quantidade da droga apreendida
apresentação do preso, realização de diligências, exames
para o cálculo da dosimetria da pena.
e perícias, em 10 dias.
Ao ser recebida cópia do auto de prisão em flagrante,
De acordo com o posicionamento do STJ (RHC 94.446/
o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularida-
MS, j. 15/05/2018), a falta de defesa preliminar antes do
de formal do laudo de constatação e determinará a des-
recebimento da denúncia, nos termos do art. 55 da Lei
truição das drogas apreendidas, guardando-se amostra
11.343/06, gera nulidade relativa. O STJ fundamentou que
necessária à realização do laudo definitivo.  A destrui-
se não demonstrado, com base em elementos concretos,
ção das drogas será executada pelo delegado de polícia
eventuais prejuízos suportados pela não observância do
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do


mencionado rito, não se reconhece a nulidade.
Ministério Público e da autoridade sanitária.
Recebida a denúncia pelo juiz, será designado dia e
A destruição das drogas apreendidas sem a ocorrên-
hora para a audiência de instrução e julgamento, orde-
cia de prisão em flagrante será feita por incineração, no
nada a citação pessoal do acusado, a intimação do MP e
prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da data da
do assistente de acusação, além de serem requisitados
apreensão, guardando-se amostra necessária à realiza-
laudos periciais.
ção do laudo definitivo.      

FIQUE ATENTO!
O inquérito policial será concluído no prazo
de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver pre-
so, e de 90 (noventa) dias, quando solto. Os
prazos podem ser duplicados pelo juiz.

341
Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves,
#FicaDica a autoridade de trânsito ou o órgão congênere compe-
tente para o registro, bem como as secretarias de fazen-
A audiência será realizada dentro dos 30 dias
da, devem proceder à regularização dos bens no prazo
seguintes ao recebimento da denúncia, sal-
de 30 dias, ficando o arrematante isento do pagamento
vo se determinada a realização de avaliação
de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo
para atestar dependência de drogas, quando
de execução fiscal em relação ao antigo proprietário.
se realizará em 90 dias.
Ademais, a autoridade de trânsito emitirá novos identifi-
cadores do bem.

O juiz, a requerimento do MP ou do assistente de


acusação, ou mediante representação da autoridade de FIQUE ATENTO!
polícia judiciária, poderá decretar, no curso do inqué- Comprovado o interesse público na utili-
rito ou da ação penal, a apreensão e outras medidas zação dos bens apreendidos, os órgãos de
assecuratórias nos casos em que haja suspeita de que polícia judiciária, militar e rodoviária poderão
os bens, direitos ou valores sejam produto do crime ou deles fazer uso, sob sua responsabilidade e
constituam proveito de crimes. com o objetivo de sua conservação, median-
Se o acusado não comparecer, nem constituir advo- te autorização judicial, ouvido o Ministério
gado, ao ser citado por edital, o juiz poderá determinar Público e garantida a prévia avaliação dos
a prática de atos necessários à conservação dos bens, di- respectivos bens. A FUNAD indica o órgão
reitos e valores. que deve receber o bem. A prioridade é dos
A ordem de apreensão ou sequestro de bens, direitos órgãos de segurança pública que participa-
ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Mi- ram das ações de investigação ou repressão
nistério Público, quando a sua execução imediata puder ao crime que deu causa à medida.   
comprometer as investigações.        
Se as medidas assecuratórias recaírem sobre moeda
estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques emi- Quando a autorização judicial recair sobre veículos,
tidos como ordem de pagamento, será determinada a embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autorida-
sua conversão em moeda nacional. A moeda estrangeira de ou ao órgão de registro e controle a expedição de
apreendida em espécie deve ser encaminhada para alie- certificado provisório de registro e licenciamento em
nação, ou será custodiada pela instituição financeira até favor do órgão ao qual tenha deferido o uso ou custódia,
decisão sobre o seu destino. Caso seja verificada a ine- ficando este livre do pagamento de multas, encargos e
xistência de valor de mercado, seus espécimes poderão tributos anteriores à decisão de utilização do bem até o
ser destruídos ou doados à representação diplomática trânsito em julgado da decisão que decretar o seu perdi-
do país de origem. mento em favor da União.      
As apreensões de objetos utilizados para a prática Na hipótese de levantamento, se houver indicação
dos crimes serão imediatamente comunicadas pela auto- de que os bens utilizados sofreram depreciação supe-
ridade de polícia judiciária responsável pela investigação rior àquela esperada em razão do transcurso do tempo
ao juízo competente. O juiz, no prazo de 30 dias conta- e do uso, poderá o interessado requerer nova avaliação
do da comunicação, determinará a alienação dos bens judicial. Inclusive, se constatada a depreciação, o ente fe-
apreendidos, excetuadas as armas, que serão recolhidas derado ou a entidade que utilizou o bem indenizará o
na forma da legislação específica. detentor ou proprietário dos bens.
Eventuais depósitos na Caixa Econômica Federal de-
FIQUE ATENTO! vem ser transferidos para a conta única Tesouro Nacional
em 24 horas, onde ficarão à disposição do FUNAD. Na
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

A avaliação dos bens por oficial de justiça


hipótese de absolvição do acusado, o valor do depósito
tem o prazo de 5 dias e por avaliador no-
será devolvido a ele pela Caixa em até 3 dias úteis, acres-
meado pelo juiz até 10 dias.   Feita a avalia- cido de juros. Por outro lado, na hipótese de decretação
ção, o juiz intimará o órgão gestor do Funad, do seu perdimento em favor da União, o valor do depó-
o Ministério Público e o interessado para se sito será transformado em pagamento definitivo, respei-
manifestarem no prazo de 5 dias e, dirimidas tados os direitos de lesados e terceiros de boa-fé.
eventuais divergências, homologará o valor Na sentença, o juiz decide:
atribuído aos bens. O MP fiscalizará.  
• Sobre o perdimento do produto do bem, direito
ou valor apreendido ou objeto de medidas assecu-
Os bens devem ser vendidos por meio de hasta públi- ratórias;
ca, preferencialmente por meio eletrônico, assegurada a • O levantamento dos valores depositados em conta
venda pelo maior lance, por preço não inferior a 50% do remunerada e a liberação dos bens utilizados.
valor da avaliação judicial.

342
c) venda direta;
FIQUE ATENTO! II – Incorporação ao patrimônio de órgão da adminis-
Os bens, direitos ou valores apreendidos em tração pública, observadas as finalidades do Funad;
decorrência dos crimes ou objeto de medi- III – destruição; ou
das assecuratórias, após decretado seu per- IV – Inutilização.
dimento em favor da União, serão revertidos
diretamente ao Funad.
#FicaDica
Na alienação de imóveis, o arrematante fica
Antes de encaminhar os bens ao órgão gestor do Fu- livre do pagamento de encargos e tributos
nad, o juiz deve: anteriores, sem prejuízo de execução fiscal
em relação ao antigo proprietário.
• Ordenar às secretarias de fazenda e aos órgãos de
registro e controle que efetuem as averbações ne-
cessárias, caso não tenham sido realizadas quando
da apreensão; e O produto da alienação dos bens apreendidos ou
• Determinar, no caso de imóveis, o registro de pro- confiscados será revertido integralmente ao Funad, ve-
priedade em favor da União no cartório de registro dada a sub-rogação sobre o valor da arrematação para
de imóveis competente, afastada a responsabilida- saldar eventuais multas, encargos ou tributos pendentes
de de terceiros, bem como determinar à Secretaria de pagamento.  
de Coordenação e Governança do Patrimônio da Na hipótese de condenação por infrações com pena
União a incorporação e entrega do imóvel, tornan- máxima superior a 6 anos de reclusão e comprovada
do-o livre e desembaraçado de quaisquer ônus conduta criminosa habitual, poderá ser decretada a per-
para sua destinação.
da, como produto ou proveito do crime, dos bens cor-
No caso de levantamento dos valores depositados respondentes à diferença entre o valor do patrimônio
em conta remunerada e a liberação dos bens utilizados, do condenado e aquele compatível com o seu rendi-
decorridos 360 dias do trânsito em julgado e do conhe- mento lícito.
cimento da sentença pelo interessado, os bens apreendi-
dos, os que tenham sido objeto de medidas assecurató-
rias ou os valores depositados que não forem reclamados EXERCÍCIOS COMENTADOS
serão revertidos ao Funad.
1. (CESPE/CEBRASPE – 2020) Luciano, morador de For-
FIQUE ATENTO! taleza – CE, réu primário e de bons antecedentes, foi fla-
grado na posse de 20 quilos de cocaína durante blitz de
Nenhum pedido de restituição será conheci-
trânsito realizada pela polícia militar. Em razão disso, foi
do sem o comparecimento pessoal do acu-
denunciado pelo Ministério Público do Estado do Ceará
sado.
e, ao final do processo, condenado pelo crime de tráfico
O juiz determinará a liberação total ou par-
de drogas. Considerando essa situação hipotética, jul-
cial dos bens, direitos e objeto de medidas
gue o item a seguir, com base na Lei de Drogas (Lei n.º
assecuratórias quando comprovada a licitu-
11.343/2006): “a natureza e a quantidade da substância
de de sua origem, mantendo-se a constrição
entorpecente não devem ser consideradas como circuns-
dos bens, direitos e valores necessários e
tâncias preponderantes entre os critérios para aplicação
suficientes à reparação dos danos e ao pa-
da pena estabelecidos no Código Penal.”
gamento de prestações pecuniárias, multas e
custas decorrentes da infração penal. (  ) CERTO   (  ) ERRADO
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

Resposta: Errado.
Compete à SENAS (do Ministério da Justiça e Segu- Para determinar se a droga se destinava a consumo
rança Pública) proceder à destinação dos bens apreendi- pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
dos e não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento substância apreendida, ao local e às condições em
seja decretado em favor da União, por meio das seguin- que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e
tes modalidades: pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do
agente. Além disso, juiz, na fixação das penas previstas
I – Alienação, mediante:
na lei de drogas, considerará, com preponderância so-
a) licitação, na modalidade leilão, assegurada a ven-
bre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza
da pelo maior lance, por preço não inferior a 50% do
e a quantidade da substância ou do produto, a perso-
valor da avaliação;
nalidade e a conduta social do agente.
b) doação com encargo a entidades ou órgãos públi-
cos, bem como a comunidades terapêuticas acolhedo-
ras que contribuam para o alcance das finalidades do
Funad; ou

343
2. (FCC – 2020) No que concerne à lei de drogas, correto b) Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polí-
afirmar: cia judiciária fará comunicação imediata ao juiz com-
petente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do
a) cabível a redução da pena de um sexto a dois terços qual será dada vista ao representante do Ministério
para o agente que tem em depósito, sem autorização Público, em 72 horas.
ou em desacordo com determinação legal ou regu- c) A destruição das drogas será executada pelo escrivão
lamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico de polícia no prazo de 90 dias na presença do Delega-
destinado à preparação de drogas, desde que primá- do de Polícia e da autoridade sanitária.
rio, de bons antecedentes, não se dedique às ativida- d) O inquérito policial será concluído no prazo de 60
des criminosas nem integre organização criminosa. dias, se o indiciado estiver preso, e de 120 dias, quan-
b) o juiz, na fixação das penas, em igualdade de condi- do solto.
ções com todas as circunstâncias previstas no Código e) Na audiência de instrução e julgamento, após o inter-
Penal para estabelecimento das sanções básicas, con- rogatório do acusado e a inquirição das testemunhas,
siderará a natureza e a quantidade da substância ou será dada a palavra, sucessivamente, ao defensor do
do produto. acusado e ao representante do Ministério Público,
c) a pena de multa pode ser aumentada até o limite do pelo prazo improrrogável de 20 minutos para cada
triplo se, em virtude da situação econômica do acusa- um.
do, considerá-la o juiz ineficaz, ainda que aplicada no
máximo. Resposta: Letra A.
d) para a caracterização da majorante do tráfico entre Nos termos do artigo 55 da lei 13.840/2019, oferecida
Estados da Federação ou entre este e o Distrito Fede- a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado
ral, necessária a efetiva transposição das respectivas para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de
fronteiras, não bastando a demonstração inequívoca 10 (dez) dias.
da intenção de realizar o tráfico interestadual.
5. (QUADRIX – 2019) Com base nas Leis n.º 11.343/2006,
e) é de dois anos o prazo de prescrição no crime de pos-
n.º 11.903/2009 e n.º 13.021/2014, julgue o item: “As
se de droga para consumo pessoal, não se aplicando,
plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo
contudo, as causas de interrupção previstas no Código
delegado de polícia, que recolherá quantidade suficiente
Penal.
para exame pericial”.
Resposta: Letra A.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
Nos crimes de tráfico de drogas (sem uso pessoal),
as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
Resposta: Certo.
terços, desde que o agente seja primário, de bons an-
As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas
tecedentes, não se dedique às atividades criminosas pelo delegado de polícia, que recolherá quantidade
nem integre organização criminosa. suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto
de levantamento das condições encontradas, com a
3. (SELECON – 2020) Caio Tácito coordena o setor anti- delimitação do local, asseguradas as medidas neces-
drogas do município X e busca organizar eventos educa- sárias para a preservação da prova. Se as drogas forem
tivos quanto aos efeitos nocivos da utilização de drogas apreendidas com prisão em flagrante, a destruição
ilícitas. Nos termos da Lei nº 11.343/2006, deve ser ins- ocorrerá dentro de 15 (quinze) dias na presença do
tituído: Ministério Público e da autoridade sanitária, mas se as
drogas forem apreendidas sem prisão em flagrante,
a) O dia nacional de Políticas sobre drogas a destruição ocorrerá dentro de 30 (trinta) dias con-
b) A semana nacional de Políticas sobre drogas tados da data da apreensão, guardando-se amostra
c) O mês nacional de Políticas sobre drogas necessária à realização do laudo definitivo.
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

d) O ano nacional de Políticas sobre drogas


6. (CESPE – 2019) Conforme as disposições da Lei n.º
Resposta: Letra B. 11.343/2006 — Lei Antidrogas — e suas alterações, a in-
A lei 13.840/2019 instituiu na lei de drogas a “Sema- ternação de dependentes de drogas
na Nacional de Políticas sobre Drogas”, comemorada
anualmente, na quarta semana de junho. a) poderá ser requerida pelo assistente social se for invo-
luntária e desde que na absoluta falta de familiar ou
4. (FEPESE – 2019) A respeito do procedimento penal responsável legal.
previsto na Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, re- b) perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxi-
lacionado com a repressão à produção não autorizada e cação, no prazo máximo de 180 dias.
ao tráfico ilícito de drogas, assinale a alternativa correta. c) poderá ser interrompida pelo médico a requerimento
da família ou do representante legal, desde que já te-
a) Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do nha ocorrido a desintoxicação.
acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no d) deverá ser realizada em comunidades terapêuticas ou
prazo de 10 dias. estabelecimentos interdisciplinares de saúde.

344
e) deverá ser autorizada por psicólogo devidamente re- III - se o produto ou proveito da infração penal desti-
gistrado no conselho do estado onde se localize o es- nar-se, no todo ou em parte, ao exterior;
tabelecimento no qual se dará a internação. IV - se a organização criminosa mantém conexão com
outras organizações criminosas independentes;
Resposta: Letra A. V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a trans-
Nos termos do artigo 23-A, § 3o, II da Lei 11.343/06, nacionalidade da organização.
a internação involuntária é aquela que ocorre sem o
consentimento do dependente, a pedido de familiar
ou do responsável legal ou, na absoluta falta deste, de FIQUE ATENTO!
servidor público da área de saúde, da assistência social A pena é agravada para quem exerce o co-
ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, com mando.
exceção de servidores da área de segurança pública,
que constate a existência de motivos que justifiquem
a medida. A condenação do funcionário público leva à perda do
cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a inter-
LEI N. 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013 dição para o exercício de função ou cargo público pelo
(CRIME ORGANIZADO) prazo de 8 anos subsequentes ao cumprimento da pena.
As lideranças de organizações criminosas armadas
iniciam o cumprimento da pena em estabelecimentos
O Brasil adota a colaboração premiada desde a déca- penais de segurança máxima. Ademais, nenhum conde-
da de 90, conforme a antiga lei 8.072/90. Todavia, antes nado poderá ter benefícios prisionais enquanto manter o
da Lei de Organizações Criminosas não existia um regra- vínculo associativo.
mento específico. Ademais, a nova lei trouxe impactos
importantes ao detalhar os institutos da ação controlada Novidade do Pacote Anticrime
e da infiltração de policiais.
O Pacote Anticrime trouxe importantes novidades no
§ 8º As lideranças de organizações criminosas ar-
cenário da Lei 12.850/2013, uma vez que a reforma veio
madas ou que tenham armas à disposição deverão
justamente com o objetivo de tornar mais rígida a puni-
iniciar o cumprimento da pena em estabelecimen-
ção aos crimes cometidos pelas empresas organizadas
tos penais de segurança máxima.    
do crime.
§ 9º O condenado expressamente em sentença por
A definição de organização criminosa é a associação
integrar organização criminosa ou por crime prati-
de no mínimo 4 pessoas, de forma estruturada, com divi-
cado por meio de organização criminosa não pode-
são de tarefas, destinada a obter vantagem de qualquer
rá progredir de regime de cumprimento de pena ou
natureza, mediante a prática de infrações penais com
obter livramento condicional ou outros benefícios
pena máxima superior a 4 anos ou de caráter transna-
prisionais se houver elementos probatórios que in-
cional. A lei também se aplica a organizações terroristas
diquem a manutenção do vínculo associativo.    
e infrações penais previstas em tratado ou convenção
internacional quando, iniciada a execução no país, o re-
sultado tiver ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente.
A pena para o crime de organização criminosa é de 3 O art. 3º da lei elenca os meios de obtenção de pro-
a 8 anos de reclusão e multa, sem prejuízo das penas dos vas: colaboração premiada; captação ambiental de sinais
demais crimes praticados. A mesma pena é aplicada para eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; ação controlada;
quem embaraça as investigações. acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a
Perceba que a organização criminosa se trata de uma dados cadastrais constantes de bancos de dados públi-
empresa, como qualquer outra, com divisão de funções, cos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais;
interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas;
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

líder, caixa sistematizado. Todavia, o seu objetivo não é


produzir roupas nem sapatos, mas sim obter vantagem afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal; infil-
mediante a prática de infrações penais (crimes e/ou con- tração, por policiais; cooperação entre instituições e ór-
travenções penais). gãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca
de provas e informações de interesse da investigação ou
Causas de aumento de pena: da instrução criminal.
A colaboração premiada consiste em um acordo
Até a metade: se houver emprego de arma de fogo na (negócio jurídico processual) que serve como meio de
atuação da organização criminosa; obtenção de prova. De um lado o acusado auxilia nas
Aumento de 1/6 a 2/3: investigações, por outro, ganha “prêmios”.
O recebimento da proposta é marco de confidenciali-
I - se há participação de criança ou adolescente; dade. Caso não haja indeferimento sumário da proposta,
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se as partes deverão firmar “Termo de Confidencialidade”
a organização criminosa dessa condição para a práti- para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os
ca de infração penal; órgãos envolvidos na negociação e impedirá o indeferi-
mento posterior sem justa causa.

345
Nenhuma tratativa pode ser feita sem advogado § 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por
constituído ou em presença de defensor público. Isso iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de
mostra que a Lei de Organizações Criminosas se preo- nenhuma das informações ou provas apresentadas
cupa em proteger os direitos e garantias fundamentais pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra fina-
do colaborador. lidade.   (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve


FIQUE ATENTO! estar instruída com procuração do interessado com
Se não for celebrado o acordo por iniciativa poderes específicos para iniciar o procedimento de co-
do celebrante, esse não poderá se valer de laboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente
nenhuma das informações ou provas apre- pela parte que pretende a colaboração e seu advoga-
sentadas pelo colaborador, de boa-fé, para do ou defensor público.    (Incluído pela Lei nº 13.964,
qualquer outra finalidade de 2019)
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada
deve ser realizada sem a presença de advogado cons-
Artigos Introduzidos pelo Pacote Anticrime tituído ou defensor público.      (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negó- § 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de
cio jurídico processual e meio de obtenção de prova, colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá soli-
que pressupõe utilidade e interesse públicos.      (In- citar a presença de outro advogado ou a participação
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) de defensor público.      (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colabo-
Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formali-
rador deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais
zação de acordo de colaboração demarca o início das
concorreu e que tenham relação direta com os fatos
negociações e constitui também marco de confiden-
investigados.     (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
cialidade, configurando violação de sigilo e quebra da
§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colabo-
confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas
ração e os anexos com os fatos adequadamente des-
iniciais ou de documento que as formalize, até o le-
critos, com todas as suas circunstâncias, indicando
vantamento de sigilo por decisão judicial.     (Incluído
as provas e os elementos de corroboração.   (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019) pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada
poderá ser sumariamente indeferida, com a devida O Pacote Anticrime introduziu na legislação algumas
justificativa, cientificando-se o interessado.    (Incluído ideias que a doutrina e a jurisprudência já traziam, por
pela Lei nº 13.964, de 2019) exemplo, o recebimento da proposta para a formaliza-
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as par- ção do acordo de colaboração é marco para o início das
tes deverão firmar Termo de Confidencialidade para negociações e demarca a confidencialidade; o acordo de
prosseguimento das tratativas, o que vinculará os ór- colaboração premiada é negócio jurídico processual e
gãos envolvidos na negociação e impedirá o indeferi- meio de obtenção de prova; entre outras.
mento posterior sem justa causa.      (Incluído pela Lei Para obter a redução de 2/3 na pena privativa de li-
nº 13.964, de 2019) berdade ou a substituição por pena restritiva de direitos
§ 3º O recebimento de proposta de colaboração para ou até mesmo receber o perdão judicial, o colaborador
análise ou o Termo de Confidencialidade não impli- precisa dar ensejo a: identificação dos demais coautores
ca, por si só, a suspensão da investigação, ressalvado e partícipes e das infrações praticadas; revelação da es-
acordo em contrário quanto à propositura de medidas trutura hierárquica; prevenção de infrações penais; recu-
processuais penais cautelares e assecuratórias, bem peração do proveito ou produto do crime; localização de
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

como medidas processuais cíveis admitidas pela legis- vítimas (com a integridade física preservada).
lação processual civil em vigor.     (Incluído pela Lei nº Perceba que não há necessidade da consecução de
13.964, de 2019) todos os resultados elencados na lei, ainda que a cola-
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser boração do agente resulte na obtenção de apenas um
precedido de instrução, quando houver necessidade dos resultados, o agente terá direito ao prêmio. O que
de identificação ou complementação de seu objeto, deve ser levado em consideração é a personalidade do
dos fatos narrados, sua definição jurídica, relevância, colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e
utilidade e interesse público.     (Incluído pela Lei nº a repercussão social do fato criminoso, bem como a efi-
13.964, de 2019) cácia da colaboração.
§ 5º Os termos de recebimento de proposta de cola- Cumpridos os objetivos aqui elencados, o MP poderá
boração e de confidencialidade serão elaborados pelo deixar de oferecer a denúncia se a proposta de acordo de
celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo colaboração referir-se à infração de cuja existência não
advogado ou defensor público com poderes específi- tenha prévio conhecimento e o colaborador não tenha
cos.  (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) a função de líder, e seja o primeiro a prestar a efetiva
colaboração.

346
A possibilidade de o MP deixar de oferecer denúncia Posteriormente, os autos são remetidos ao juiz, para
é uma exceção ao princípio da obrigatoriedade, por con- análise. O juiz deve posteriormente ouvir sigilosamente
sequência o dispositivo deve ser utilizado de maneira ex- o colaborador, acompanhado de seu defensor. Nesta
cepcional. O perdão judicial, também, não deve ser con- oportunidade, o juiz verifica a regularidade/legalidade,
cedido de pronto, pois é comum não ser possível atestar adequação dos benefícios pactuados, adequação dos
o grau de liderança da organização criminosa antes do resultados da colaboração, voluntariedade da manifes-
encerramento da instrução criminal. tação de vontade.
Lembre-se que, ainda que não tenha sido do agente
Antes do Pacote Anticrime a iniciativa, o ato precisa ser voluntário, isto é, nasce da
livre vontade, desprovido de qualquer tipo de constran-
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Pú- gimento.
blico poderá deixar de oferecer denúncia se o colabo- De acordo com o mandamento legal, o juiz poderá
rador:
recusar a homologação da proposta que não atender aos
I - não for o líder da organização criminosa;
requisitos legais, devolvendo-a às partes para as adequa-
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos
ções necessárias.
termos deste artigo.
Caso as partes se retratem quanto às propostas, as
Após o Pacote Anticrime provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador
NÃO PODERÃO ser utilizadas exclusivamente em seu
§ 4º Nas mesmas hipóteses do  caput  deste artigo, o desfavor.
Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia
se a proposta de acordo de colaboração referir-se a FIQUE ATENTO!
infração de cuja existência não tenha prévio conheci-
mento e o colaborador:      O colaborador ao prestar o seu depoimento,
I - não for o líder da organização criminosa; renuncia o direito ao silêncio e fica sujeito ao
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos compromisso legal de dizer a verdade.
termos deste artigo.
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio
da infração quando o Ministério Público ou a autori- A decretação de medidas cautelares, o recebimento
dade policial competente tenha instaurado inquérito da denúncia e a sentença condenatória não podem ser
ou procedimento investigatório para apuração dos fa- proferidas apenas com fundamento nas declarações do
tos apresentados pelo colaborador.  colaborador.
O acordo homologado PODERÁ SER RESCINDIDO em
Outro prêmio que pode ser conquistado é o prazo caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto da colabo-
para oferecimento de denúncia ou o processo, ambos ração. Também ocorre a rescisão se o colaborador não
podem ser suspensos por até 6 meses, prorrogáveis por cessar seu envolvimento em conduta ilícita.
igual período, até que sejam cumpridas as medidas de O colaborador não pode prestar o seu depoimento
colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo pres- com reservas mentais sobre os fatos ilícitos do seu co-
cricional. Isso é benéfico, porque adia o oferecimento da nhecimento, sem que de fato colabore de maneira plena
denúncia ou a continuidade do processo. e efetiva.
Se a colaboração for posterior à sentença, a pena po-
derá ser reduzida até 1/2 ou será admitida a progressão
de regime, ainda que ausentes os requisitos objetivos #FicaDica
(porcentagem de cumprimento de pena exigido pela Lei
de Execuções Penais). O acordo de colaboração premiada e os de-
Atente-se para o fato de que o agente receberá os poimentos do colaborador são mantidos em
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

benefícios penais se houver relevância e eficácia objeti- sigilo, até o recebimento da denúncia ou da
va das declarações prestadas pelo colaborador. Exemplo: queixa-crime.
não basta uma mera confissão, o agente precisa fornecer § 3º O acordo de colaboração premiada e os
informações objetivamente eficazes, capazes de contri- depoimentos do colaborador serão mantidos
buir para a identificação dos coautores e partícipes. em sigilo até o recebimento da denúncia ou
De acordo com o STJ, as informações prestadas per- da queixa-crime, sendo vedado ao magistra-
dem relevância se não contribuem de fato para a res- do decidir por sua publicidade em qualquer
ponsabilização criminal. Mas por outro lado, prevalece o hipótese.
entendimento de que, uma vez atingidos um dos efeitos
desejados, a aplicação de um dos prêmios legais da cola-
boração premiada é obrigatória. Antes do Pacote Anticrime
As negociações ocorrem entre o delegado de polícia,
o investigado e o defensor, com a manifestação do Mi-
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º , o respectivo
nistério Público, ou, entre o Ministério Público e o inves-
termo, acompanhado das declarações do colaborador
tigado e seu defensor. As negociações pelo MP podem
e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para
ocorrer durante toda a persecução penal.

347
homologação, o qual deverá verificar sua regularida- § 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir
de, legalidade e voluntariedade, podendo para este ao réu delatado a oportunidade de manifestar-se após
fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou.
de seu defensor. § 13. O registro das tratativas e dos atos de colabora-
§ 8º O juiz poderá recusar homologação à proposta ção deverá ser feito pelos meios ou recursos de grava-
que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ção magnética, estenotipia, digital ou técnica similar,
ao caso concreto. inclusive audiovisual, destinados a obter maior fideli-
§ 13. Sempre que possível, o registro dos atos de cola- dade das informações, garantindo-se a disponibiliza-
boração será feito pelos meios ou recursos de grava- ção de cópia do material ao colaborador.  
ção magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, § 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada
inclusive audiovisual, destinados a obter maior fideli- ou proferida com fundamento apenas nas declarações
dade das informações. do colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida 2019)
com fundamento apenas nas declarações de agente I - medidas cautelares reais ou pessoais; (Incluído pela
colaborador. Lei nº 13.964, de 2019)
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; (Incluí-
Após o Pacote Anticrime do pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, 13.964, de 2019)
serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo ter- § 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em
mo, as declarações do colaborador e cópia da investi- caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto da cola-
gação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colabora- boração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
dor, acompanhado de seu defensor, oportunidade em § 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe
que analisará os seguintes aspectos na homologação: que o colaborador cesse o envolvimento em conduta
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) ilícita relacionada ao objeto da colaboração, sob pena
I - regularidade e legalidade; (Incluído pela Lei nº de rescisão.
13.964, de 2019)
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles pre- A ação controlada é outro meio de obtenção de pro-
vistos no  caput  e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo va, consiste no retardamento da intervenção policial ou
nulas as cláusulas que violem o critério de definição administrativa relativa à ação praticada por organização
do regime inicial de cumprimento de pena do art. 33 criminosa, para que a medida legal se concretize no mo-
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 mento mais oportuno (eficaz). Assim, é possível agrupar
(Código Penal), as regras de cada um dos regimes pre- mais provas e obter maiores informações. O juiz, neste
vistos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de ju- caso, precisa ser previamente comunicado.
lho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos de
progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) FIQUE ATENTO!
III - adequação dos resultados da colaboração aos re- Se a ação controlada envolver transposição
sultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V de fronteiras, o retardamento da intervenção
do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de policial ou administrativa somente poderá
2019) ocorrer com a cooperação das autoridades
IV - voluntariedade da manifestação de vontade, es- dos países que figurem como provável itine-
pecialmente nos casos em que o colaborador está ou rário ou destino do investigado, de modo a
esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela reduzir os riscos de fuga e extravio do produ-
Lei nº 13.964, de 2019) to, objeto, instrumento ou proveito do crime.
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise


fundamentada do mérito da denúncia, do perdão judi-
cial e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos A infiltração de agentes, medida para obtenção de
termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de prova, é representada pelo delegado de polícia (ouvido
1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 o MP) ou requerida pelo Ministério Público, após mani-
de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), antes festação técnica do delegado de polícia. O juiz precisa
de conceder os benefícios pactuados, exceto quando o autorizar a medida (por até 6 meses, sendo renovável) e
acordo prever o não oferecimento da denúncia na for- estabelecer os seus limites, de maneira sigilosa.
ma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou já tiver sido pro- A lei não descarta a possibilidade de a infiltração
ferida sentença. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ocorrer pelo meio virtual, pelo prazo de até 6 meses, sem
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renún- prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não
cia ao direito de impugnar a decisão homologatória.   exceda a 720 dias e seja comprovada sua necessidade.
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta O policial não comete nenhum crime, salvo se come-
que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a às ter excessos. A sua identidade e a intimidade dos envol-
partes para as adequações necessárias.    vidos deve ser preservada. Se houver indícios de que o

348
agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será Art. 10-B. As informações da operação de infiltração
sustada. Inclusive, é direito do agente recusar a sua par- serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável
ticipação. pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo.     
Por fim, o delegado de polícia e o Ministério Público Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o
terão acesso, independentemente de autorização judi- acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministé-
cial, apenas aos dados cadastrais do investigado que in- rio Público e ao delegado de polícia responsável pela
formem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação operação, com o objetivo de garantir o sigilo das in-
e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas vestigações.      
telefônicas, instituições financeiras, provedores de inter-
net e administradoras de cartão de crédito. As empresas Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a
de transporte e telefonia, por 5 anos, devem permitir o sua identidade para, por meio da internet, colher in-
acesso de dados. dícios de autoria e materialidade dos crimes previstos
no art. 1º desta Lei.     
Dispositivos introduzidos pelo Pacote Anticrime Parágrafo único. O agente policial infiltrado que dei-
xar de observar a estrita finalidade da investigação
Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia responderá pelos excessos praticados.     
infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos do caput
do art. 10, na internet, com o fim de investigar os cri- Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos
mes previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados eletrônicos praticados durante a operação deverão ser
por organizações criminosas, desde que demonstrada registrados, gravados, armazenados e encaminhados
sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com rela-
policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investiga- tório circunstanciado.    
das e, quando possível, os dados de conexão ou ca- Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados ci-
dastrais que permitam a identificação dessas pessoas.       tados no caput deste artigo serão reunidos em autos
§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se:       apartados e apensados ao processo criminal junta-
I - dados de conexão: informações referentes a hora, mente com o inquérito policial, assegurando-se a pre-
data, início, término, duração, endereço de Protocolo servação da identidade do agente policial infiltrado e
de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da co- a intimidade dos envolvidos.  
nexão;      
II - dados cadastrais: informações referentes a nome São crimes:
e endereço de assinante ou de usuário registrado ou
autenticado para a conexão a quem endereço de IP, • Revelar a identidade do colaborador, fotografá-lo
identificação de usuário ou código de acesso tenha ou filmá-lo, sem sua prévia e expressa autorização
sido atribuído no momento da conexão.      por escrito.
§ 2º Na hipótese de representação do delegado de
polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o A tipificação desta conduta ocorreu no Brasil, uma vez
Ministério Público.      que tem se tornado comum nos últimos anos escândalos
§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de com a participação da mídia na divulgação da identidade
infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se as do colaborador, quem na verdade deve ter sua imagem
provas não puderem ser produzidas por outros meios preservada, salvo haja anuência expressa em sentido
disponíveis.      contrário.
§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até
6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o
mediante ordem judicial fundamentada e desde que o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito:
total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

comprovada sua necessidade.     


§ 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o re- • Imputar falsamente a prática de infração penal
latório circunstanciado, juntamente com todos os atos a pessoa que sabe ser inocente. Ou então, reve-
eletrônicos praticados durante a operação, deverão lar informação sobre a estrutura de organização
ser registrados, gravados, armazenados e apresenta- criminosa que sabe ser inverídica. O objetivo do
dos ao juiz competente, que imediatamente cientifica- tipo penal é evitar que mentiras sejam inventadas,
rá o Ministério Público.       com vistas à obtenção do prêmio da colaboração a
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de po- qualquer custo.
lícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministé-
rio Público e o juiz competente poderão requisitar, a Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de cola-
qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.     boração com a Justiça, a prática de infração penal a
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do dis- pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações
posto neste artigo.       sobre a estrutura de organização criminosa que sabe
inverídicas:

349
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Resposta: Letra C.
Nos termos dos artigos 1o, § 1o e 2o, § 4o, II da Lei de
• Descumprir determinação de sigilo das investiga- Organização Criminosa, temos um crime que pode ser
ções que envolvam a ação controlada e a infiltra- praticado por qualquer pessoa (crime comum), toda-
ção de agentes. O objetivo do tipo penal é pre- via, com causa de aumento de pena caso o agente
servar a confidencialidade das operações, sendo a seja funcionário público e utilize essa condição para a
melhor forma de obter êxito na investigação. prática do crime.
Art. 1º [...] § 1º Considera-se organização criminosa a
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das inves- associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estrutural-
tigações que envolvam a ação controlada e a infiltra- mente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ção de agentes: ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, me-
diante a prática de infrações penais cujas penas máxi-
• Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, do- mas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam
cumentos e informações requisitadas pelas se- de caráter transnacional.
guintes autoridades: juiz, Ministério Público ou Art. 2º [...] § 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto)
delegado de polícia (no curso de investigação ou a 2/3 (dois terços):
do processo). Na mesma pena incorre quem, de I - se há participação de criança ou adolescente;
forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a
uso dos dados cadastrais obtidos. organização criminosa dessa condição para a prática
Aqui temos o dever de colaboração no processo e de infração penal;
nas investigações, bem como a obrigação de pre- III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-
servar o sigilo de dados confidenciais. -se, no todo ou em parte, ao exterior;
IV - se a organização criminosa mantém conexão com
Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, outras organizações criminosas independentes;
documentos e informações requisitadas pelo juiz, Mi- V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transna-
nistério Público ou delegado de polícia, no curso de cionalidade da organização.
investigação ou do processo:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e 2. (SELECON – 2020) Abel é investigador da Polícia Fe-
multa. deral, sendo integrante de equipe que trabalha em in-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de quérito sobre organizações criminosas. Como orientação
forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso da chefia do setor especializado, busca utilizar todas as
dos dados cadastrais de que trata esta Lei. autorizações legais para produzir provas. Nos termos da
Lei nº 12.850/2013, um dos meios de obtenção de prova
consiste em:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) investigação social
1. (CESPE – 2020) No que se refere a organização cri- b) decisão judicial prévia
minosa, assinale a opção correta, com base na Lei n.º c) colaboração premiada
12.850/2013. d) ato de execução

Resposta: Letra C.
a) É circunstância elementar da organização criminosa
Conforme dispõe o artigo 3o, I da Lei de Organização
a finalidade de obtenção de vantagem de qualquer
Criminosa.
natureza mediante a prática de infrações penais, con-
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão
sumando-se com a prática, pelos membros da organi- permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os
zação, de quaisquer ilícitos com penas máximas supe-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

seguintes meios de obtenção da prova: I - colaboração


riores a quatro anos. premiada;
b) É circunstância elementar da organização criminosa a
estrutura ordenada, caracterizada pela divisão formal 3. (VUNESP – 2019) As penas do crime de promover,
de tarefas entre os membros da sociedade criminosa. constituir, financiar ou integrar organização criminosa,
c) Organização criminosa é crime comum, não exigindo do art. 2° da Lei n° 12.850/13, são aumentadas de 1/6 a
qualidade ou condição especial do agente, mas terá 2/3, nos termos do parágrafo 4° , se
pena aumentada se houver concurso de funcionário
público e a organização valer-se dessa condição para a) houver impedimento ou, de qualquer forma, embara-
a prática de infrações penais. çar-se a investigação de infração penal cometida no
d) Organização criminosa não configura um tipo penal seio da organização criminosa.
incriminador autônomo, mas meramente a forma de b) na atuação da organização criminosa houver emprego
praticar crimes. de arma de fogo.
e) A associação estável e permanente de três ou mais c) houver concurso de funcionário público, valendo-se a
pessoas para a prática de crimes é requisito para a organização criminosa dessa condição para a prática
configuração de organização criminosa. de infração penal.

350
d) o acusado exercer o comando, individual ou coleti- Noções gerais dos crimes de abuso de autoridade
vo, da organização criminosa, ainda que não pratique
pessoalmente atos de execução. Nos termos do caput do artigo 2º, “É sujeito ativo
e) das ações diretas ou indiretas da organização crimino- do crime de abuso de autoridade qualquer agente públi-
sa resultar morte. co, servidor ou não, da administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Es-
Resposta: Letra C. tados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território,
Conforme dispõe o artigo 2o, § 4o, II da Lei de Organi- compreendendo, mas não se limitando a: I - servidores
zação Criminosa. públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; II -
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois membros do Poder Legislativo; III - membros do Poder
terços): Executivo; IV - membros do Poder Judiciário; V - mem-
I - se há participação de criança ou adolescente; bros do Ministério Público; VI - membros dos tribunais
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a ou conselhos de contas”.
organização criminosa dessa condição para a prática Observe que a gama de sujeitos ativos é bastante
de infração penal; ampla, uma vez que deve abranger todos os agentes pú-
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar- blicos. Reputa-se agente público, para os efeitos desta
-se, no todo ou em parte, ao exterior; Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
IV - se a organização criminosa mantém conexão com ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designa-
outras organizações criminosas independentes; ção, contratação ou qualquer outra forma de investidu-
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transna- ra ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em
cionalidade da organização. órgão ou entidade abrangidos pelo caput do artigo 2º.
De modo geral, pode-se afirmar que todos aqueles que
LEI N. 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019 exercem uma função de relevante interesse público
(LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE) estão sujeitos as penas dessa Lei.
Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal públi-
ca incondicionada (art. 3º). É a ação penal de competên-
A Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019, define
cia do Ministério Público, que se inicia mediante denún-
os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agen-
cia, sem a obrigatoriedade de representação da vítima.
te público, servidor público ou não, que, no exercício de
Entretanto, o § 1º do artigo 3º permite a admissão
suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder
de ação penal privada, se a ação penal pública não for
que lhe tenha sido atribuído.
intentada no prazo legal. Incumbe ao Ministério Público,
A necessidade de criar uma nova lei de abuso de au-
ao receber a referida ação privada, optar por um dentre
toridade se dá ao fato de que a antiga Lei nº 4.898/1965
os diversos caminhos, como aditar a queixa, repudiá-la e
demonstrava-se bastante defasada, e não previa hipóte-
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os ter-
ses claras de constrangimento de cidadãos por atos abu-
mos do processo, fornecer elementos de prova, interpor
sivos praticados por autoridades coatoras.
recurso; e ainda, a qualquer tempo, no caso de negligên-
De modo geral, a nova Lei de Abuso de Autoridade
cia do querelante, retomar a ação como parte principal.
apresenta algumas inovações importantes, se compara-
O prazo da ação penal privada subsidiária será de 6 (seis)
dos com a antiga Lei nº 4.898/1965, como: a) aumen-
meses, contados da data em que se esgotar o prazo para
to do rol de pessoas sujeitos ativos (artigo 2º), isso é,
oferecimento da denúncia (art. 3º, § 2º).
que podem cometer abuso de autoridade. Não há mais
São efeitos da condenação, na forma do artigo 4º:
a limitação de que o agente deve ser, obrigatoriamente,
servidor público; b) novas modalidades de abuso de au-
Art. 4º (...)
toridade, como a decretação de medida de privação de
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano cau-
liberdade fora das hipóteses legais (artigo 9º) e o cons-
sado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

trangimento de presos ou detentos (artigo 13); c) alte-


ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para repa-
ra o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
ração dos danos causados pela infração, considerando
acrescentando dispositivo que torna crime violar direito
os prejuízos por ele sofridos;
ou prerrogativas do advogado, tais como inviolabilida-
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato
de do escritório/local de trabalho, comunicação com os
ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco)
clientes; entre outras mudanças.
anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pú-
O § 1º do artigo 1º apresenta um caráter finalístico
blica.
dos crimes de abuso de autoridade, que é essencial
para sua configuração. As condutas descritas nesta
As penas restritivas de direitos, a ser aplicadas em
Lei somente constituem crime de abuso de autoridade
substituição das penas privativas de liberdade, estão dis-
quando praticadas pelo agente com a finalidade espe-
postas no artigo 5º. São elas:
cífica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo
ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfa-
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades
ção pessoal.
públicas;

351
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do III - deferir liminar ou ordem de habeas cor-
mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a pus, quando manifestamente cabível.
perda dos vencimentos e das vantagens. As penas po- - Exemplos casuísticos dessa conduta não fal-
derão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. tam no cotidiano da ação policial. É muito
comum a ocorrência de uma prisão de in-
O artigo 6º apresenta a denominada responsabilida- divíduo, obrigando-o a permanecer encar-
de tríplice dos agentes públicos. Esse nome demonstra a cerado dentro de uma delegacia por conta
importância das funções exercidas pelos agentes do Es- de equívoco no sistema de automação da
tado, uma vez que os agentes públicos podem responder área da segurança pública, podendo ensejar,
pelos seus atos nas esferas civil, penal, e administra. A também, a pagamento de danos morais pelo
esfera civil tem uma natureza indenizatória, se manifesta Estado.
mediante ação civil, e sempre pressupõe a ocorrência de
algum dano. A esfera penal, por outro lado, envolve a B) Condução coercitiva ilegal (artigo 10)
aplicação de sanções penais, como a decretação da pena
de prisão. A esfera administrativa, por sua vez, é aque- • Conduta tipificada: Decretar a condução coerciti-
la que procura apurar uma conduta irregular do agente va de testemunha ou investigado manifestamente
público dentro do processo administrativo, que não se descabida ou sem prévia intimação de compareci-
confunde com o processo judicial, e suas sanções não mento ao juízo.
podem restringir a liberdade do agente público. A ideia - Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
principal é que essas três esferas de responsabilidade são e multa.
independentes e não se comunicam entre si. - Outra hipótese que ocorre com bastante fre-
As penas previstas nesta Lei são de natureza penal, e quência na atividade policial, virando man-
elas serão aplicadas independentemente das sanções de chete de notícia de diversos veículos de co-
natureza civil ou administrativa cabíveis. Tais esferas não municação durante a execução das diversas
se comunicam entre si, salvo no caso do artigo 7º, que fases da Operação Lava Jato. É muito comum
apresenta a hipótese em que temos a negação de exis- que o investigado ou testemunha se recu-
tência do fato ou da autoria do ilícito em juízo criminal, sem a comparecer em juízo para prestar de-
não se podendo mais questionar sobre tais circunstân- poimento. Só se configura o referido crime
cias nas demais esferas.
quando o agente prende o indivíduo sem
prévia intimação do juiz.
Dos crimes e das penas aplicáveis
C) Não comunicação de prisão em flagrante (arti-
Vamos analisar os crimes considerados como abusos
go 12)
de autoridade. É imprescindível conhecer a conduta ti-
pificada, que apresenta sempre uma ação (verbo no in-
• Conduta tipificada: Deixar injustificadamente de
finitivo) característico de cada delito, a correspondente
comunicar prisão em flagrante à autoridade judi-
pena, a possibilidade de punir outras pessoas diferentes
ciária no prazo legal.
do agente que praticou o delito penal, e também as hi-
póteses em que a Lei desconsidera o ato como crime, - Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
quando cabível. anos, e multa.
É evidente que as bancas procuram elaborar ques- - Incorre na mesma pena quem:
tões referentes a apenas alguns dos crimes dispostos na I - deixa de comunicar, imediatamente, a exe-
Lei, dado a sua grande quantidade. Todavia, procuramos cução de prisão temporária ou preventiva à
apresentar todos os delitos penais previstos na Lei de autoridade judiciária que a decretou;
Abuso de Autoridade, para enfatizar esse aumento de II - deixa de comunicar, imediatamente, a
modalidades de abuso de autoridade introduzidas pela prisão de qualquer pessoa e o local onde se
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

nova lei. encontra à sua família ou à pessoa por ela


indicada;
A) Prisão ilegal (artigo 9º) III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24
(vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assi-
• Conduta tipificada: Decretar medida de privação nada pela autoridade, com o motivo da prisão
da liberdade em manifesta desconformidade com e os nomes do condutor e das testemunhas;
as hipóteses legais: IV - prolonga a execução de pena privativa
- Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, de liberdade, de prisão temporária, de prisão
e multa. preventiva, de medida de segurança ou de in-
- Incorre na mesma pena a autoridade judiciá- ternação, deixando, sem motivo justo e excep-
ria que, dentro de prazo razoável, deixar de: cionalíssimo, de executar o alvará de soltura
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; imediatamente após recebido ou de promover
II - substituir a prisão preventiva por medi- a soltura do preso quando esgotado o prazo
da cautelar diversa ou de conceder liberdade judicial ou legal.
provisória, quando manifestamente cabível;

352
- O artigo dispõe sobre algumas medidas pe- F) Crime do artigo 16
nais cautelares que muito frequentemente
vem sendo utilizadas pela força policial sem • Conduta tipificada: Deixar de identificar-se ou
a observância dos limites legais, como a pri- identificar-se falsamente ao preso por ocasião de
são preventiva, a prisão temporária, e a pri- sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua
são em flagrante. Pela expressão “deixar de”, detenção ou prisão
depreende-se que o crime ocorre quando - Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
há uma conduta omissiva, isso é, quando o anos, e multa.
agente pratica a medida cautelar e deixa de - Incorre na mesma pena quem, como res-
comunica-la à autoridade competente. ponsável por interrogatório em sede de pro-
cedimento investigatório de infração penal,
D) Tratamento desumano de preso (artigo 13) deixa de identificar-se ao preso ou atribui a
si mesmo falsa identidade, cargo ou função.
• Conduta tipificada: Constranger o preso ou o de- - Quando o detento sofre auto de prisão, ele
tento, mediante violência, grave ameaça ou redu- tem direito de saber qual é a autoridade que
ção de sua capacidade de resistência, a: está realizando esse ato, pois tal fato deve
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à constar na sua defesa técnica, dentro do
curiosidade pública; processo.
II - submeter-se a situação vexatória ou a constran-
gimento não autorizado em lei;
III - produzir prova contra si mesmo ou contra ter- G) Crime do artigo 18
ceiro.
- Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, • Conduta tipificada: Submeter o preso a interro-
e multa, sem prejuízo da pena cominada à gatório policial durante o período de repouso no-
violência.
turno, salvo se capturado em flagrante delito ou
- Apesar de ser ilegal, na prática, é muito difícil
se ele, devidamente assistido, consentir em prestar
o detento de resistir a esse tipo de coação
declarações.
por conta própria. A autoridade policial é a
- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
parte que apresenta maior poder. Por cau-
anos, e multa.
sa disso, é muito fácil que tal pessoa pos-
- Assim como a autoridade policial não pode
sa coagir o detento a passar por situações
adentrar no domicílio de particular à noite,
vexatórias, como força-lo a se despir, ou a
também não poderá forçar indivíduo a ser
praticar atos vexatórios e libidinosos. Alguns
interrogado em delegacia durante o horário
programas de televisão costumavam divul-
gar esse tipo de coação em um tom mais noturno, ainda que ele seja autuado no meio
humorístico, o que acabava incentivando a da rua. Da mesma forma que ocorre com o
propagação desse tipo de humilhação. crime do artigo 22, considera-se de repouso
noturno o período entre as 9 horas da noite
E) Depoimento sob ameaça (artigo 15) e as 5 horas da manhã.

• Conduta tipificada: Constranger a depor, sob H) Crime do artigo 19


ameaça de prisão, pessoa que, em razão de fun-
ção, ministério, ofício ou profissão, deva guardar • Conduta tipificada: Impedir ou retardar, injustifi-
segredo ou resguardar sigilo. cadamente, o envio de pleito de preso à autori-
- Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, dade judiciária competente para a apreciação da
e multa. legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

- Incorre na mesma pena quem prossegue sua custódia:


com o interrogatório: - Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
I - de pessoa que tenha decidido exercer o di- e multa.
reito ao silêncio; - Incorre na mesma pena o magistrado que,
II - de pessoa que tenha optado por ser assis- ciente do impedimento ou da demora, deixa
tida por advogado ou defensor público, sem a de tomar as providências tendentes a saná-
presença de seu patrono. -lo ou, não sendo competente para decidir
- É evidente que a lei não pode coagir alguém sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à
a prestar depoimento contra si mesmo. O autoridade judiciária que o seja.
direito de silêncio é constitucionalmente ga- - Um exemplo desse crime é o policial que,
rantido, mas nem sempre é respeitado pela ao invés de comunicar ao juiz que realizou a
autoridade policial, que acaba forçando o in- prisão de indivíduo, retarda tal comunicação
terrogado a depor sob forte ameaça, dizendo propositalmente, deixando o detido encar-
que irá prender o interrogado apenas para cerado na delegacia por um longo período
assustá-lo e alterar seu estado psicológico. de tempo, como forma de pressioná-lo a

353
revelar informações sobre o delito. É igual- - Incorre na mesma pena quem:
mente punido o juiz que atua em conluio I - coage alguém, mediante violência ou gra-
com o policial que pratica tal ato. ve ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel
ou suas dependências;
I) Impedimento de entrevista com advogado (ar- II - (VETADO);
tigo 20) III - cumpre mandado de busca e apreensão
domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou
• Conduta tipificada: Impedir, sem justa causa, a antes das 5h (cinco horas).
entrevista pessoal e reservada do preso com seu - Não pratica referido crime o policial que
advogado: adentra domicílio de pessoa que esteja em
- Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) flagrante delito, ou ainda nas hipóteses de
anos, e multa. desastre e para prestar socorro. Lembre-se
- Incorre na mesma pena quem impede o pre- que a inviolabilidade do domicílio particu-
so, o réu solto ou o investigado de entre- lar é uma garantia constitucional (art. 5º, XI,
vistar-se pessoal e reservadamente com seu CF/1988).
advogado ou defensor, por prazo razoável,
antes de audiência judicial, e de sentar-se ao L) Crime do artigo 23
seu lado e com ele comunicar-se durante a
audiência, salvo no curso de interrogatório • Conduta tipificada: Inovar artificiosamente, no
ou no caso de audiência realizada por video- curso de diligência, de investigação ou de proces-
conferência. so, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com
- É evidente que a relação entre a autoridade o fim de eximir-se de responsabilidade ou de res-
policial e o advogado do detento não é uma ponsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe
das mais amigáveis. Cada um representa a responsabilidade.
um lado distinto dentro do processo penal. - Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
Ocorre que o policial não pode impedir que e multa.
o advogado realize a defesa técnica do preso - Incorre na mesma pena quem pratica a con-
e, por isso, não pode impedir que ele exerça duta com o intuito de:
o direito ao sigilo profissional. Isso fere, in- I - eximir-se de responsabilidade civil ou ad-
clusive, as garantias estabelecidas no Estatu- ministrativa por excesso praticado no curso de
to da OAB. diligência;
II - omitir dados ou informações ou divulgar
J) Crime do artigo 21 dados ou informações incompletos para des-
viar o curso da investigação, da diligência ou
• Conduta tipificada: Manter presos de ambos os do processo.
sexos na mesma cela ou espaço de confinamento.
- Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, M) Crime do artigo 24
e multa.
- Incorre na mesma pena quem mantém, na • Conduta tipificada: Constranger, sob violência ou
mesma cela, criança ou adolescente na com- grave ameaça, funcionário ou empregado de insti-
panhia de maior de idade ou em ambiente tuição hospitalar pública ou privada a admitir para
inadequado, observado o disposto na Lei nº tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido,
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da com o fim de alterar local ou momento de crime,
Criança e do Adolescente). prejudicando sua apuração
- Há diversos motivos bastante óbvios pelos - Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

quais os sistemas carcerários são divididos e multa, além da pena correspondente à vio-
por gênero, para que homens e mulheres lência.
não possam conviver juntos dentro de uma
cela. N) Crime do artigo 25

K) Crime do artigo 22 • Conduta tipificada: Proceder à obtenção de pro-


va, em procedimento de investigação ou fiscaliza-
• Conduta Tipificada: Invadir ou adentrar, clandes- ção, por meio manifestamente ilícito:
tina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do - Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou e multa.
nele permanecer nas mesmas condições, sem de- - Incorre na mesma pena quem faz uso de
terminação judicial ou fora das condições estabe- prova, em desfavor do investigado ou fis-
lecidas em lei. calizado, com prévio conhecimento de sua
- Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, ilicitude.
e multa.

354
O) Crime do artigo 27 - Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa.
• Conduta tipificada: Requisitar instauração ou
instaurar procedimento investigatório de infração U) Crime do artigo 33
penal ou administrativa, em desfavor de alguém,
à falta de qualquer indício da prática de crime, de • Conduta tipificada: Exigir informação ou cumpri-
ilícito funcional ou de infração administrativa: mento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou
- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) de não fazer, sem expresso amparo legal
anos, e multa. - Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
- Não há crime quando se tratar de sindicân- anos, e multa.
cia ou investigação preliminar sumária, devi- - Incorre na mesma pena quem se utiliza de
damente justificada. cargo ou função pública ou invoca a con-
dição de agente público para se eximir de
P) Crime do artigo 28 obrigação legal ou para obter vantagem ou
privilégio indevido.
• Conduta tipificada: Divulgar gravação ou trecho
de gravação sem relação com a prova que se pre- W) Crime do artigo 36
tenda produzir, expondo a intimidade ou a vida
privada ou ferindo a honra ou a imagem do inves- • Conduta tipificada: Decretar, em processo judi-
tigado ou acusado: cial, a indisponibilidade de ativos financeiros em
- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, quantia que extrapole exacerbadamente o valor
e multa. estimado para a satisfação da dívida da parte e,
ante a demonstração, pela parte, da excessividade
Q) Crime do artigo 29 da medida, deixar de corrigi-la.
- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
• Conduta tipificada: Prestar informação falsa so- e multa.
bre procedimento judicial, policial, fiscal ou ad-
ministrativo com o fim de prejudicar interesse de X) Crime do artigo 37
investigado
- Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) • Conduta tipificada: Demorar demasiada e injusti-
anos, e multa. ficadamente no exame de processo de que tenha
requerido vista em órgão colegiado, com o intuito
R) Crime do artigo 30 de procrastinar seu andamento ou retardar o jul-
gamento.
• Conduta tipificada: Dar início ou proceder à per- - Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
secução penal, civil ou administrativa sem justa anos, e multa.
causa fundamentada ou contra quem sabe inocen-
te: Y) Crime do artigo 38
- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
e multa. • Conduta tipificada: Antecipar o responsável pelas
investigações, por meio de comunicação, inclusive
S) Crime do artigo 31 rede social, atribuição de culpa, antes de concluí-
das as apurações e formalizada a acusação.
• Conduta tipificada: Estender injustificadamente a - Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
investigação, procrastinando-a em prejuízo do in- anos, e multa.
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

vestigado ou fiscalizado
- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa. #FicaDica
Pelos exemplos demonstrados em algu-
T) Crime do artigo 32 mas modalidades, podemos concluir que
essa nova Lei de Abuso de Autoridade é
• Conduta tipificada: Negar ao interessado, seu muito importante, uma vez que ela des-
defensor ou advogado acesso aos autos de inves- creve diversas condutas que vêm ocorren-
tigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao do com bastante frequência durante os
inquérito ou a qualquer outro procedimento inves- trabalhos da Polícia Civil e dos juízes pe-
tigatório de infração penal, civil ou administrativa, nais. A promulgação dessa Lei mostra uma
assim como impedir a obtenção de cópias, ressal- mensagem bastante clara: que tais condu-
vado o acesso a peças relativas a diligências em tas não devem mais serem aceitas.
curso, ou que indiquem a realização de diligências
futuras, cujo sigilo seja imprescindível:

355
Como uma forma de facilitar os estudos, segue uma tabela para ajudar a memorização dos aspectos mais impor-
tantes das modalidades de abuso de autoridade que mais costumam cair em questões de prova:

Prisão ilegal (art. 9º) Condução coercitiva ilegal (art. 10) Não comunicação de prisão flagrante (art. 12)
Conduta Decretar medida de Decretar condução coercitiva des- Deixar de comunicar prisão em flagrante injus-
tipificada prisão ilegal cabida tificadamente
Pena 1-4 anos e multa 1-4 anos e multa 6 meses – 2 anos e multa
Autoridade judiciá- Quem deixa de comunicar prisão preventiva
ria deixa de relaxar ou temporária; a prisão de qualquer pessoa e
Possibilidade
prisão ilegal, ou de o local onde se encontra à sua família; a nota
de imputar -
conceder medida de culpa com motivo da prisão; ou deixa de
terceiros
cautelar e habeas executar o alvará de soltura, prolongando a
corpus execução da pena
Excludente
do crime ou - - -
da pena
Tratamento desumano de preso (art. 13) Depoimento sob ameaça (art. 14) Crime do artigo 19
Impedir ou retardar o
Constranger a depor, sob ameaça envio de pleito de preso à
Conduta Constranger o preso ou o detento com
de prisão, pessoa que deva guar- autoridade judiciária com-
tipificada violência ou grave ameaça
dar segredo ou resguardar sigilo: petente para a apreciação
da legalidade de sua prisão
Pena 1-4 anos e multa + pena cominada à violência 1-4 anos e multa 1-4 anos e multa
Quem prossegue com interrogató-
Quem constrange preso ou detento para
rio de pessoa que tenha decidido Magistrado que deixa de
Possibilidade exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele
exercer o direito ao silêncio; ou de tomar as providências ten-
de imputar exibido, submeter-se a situação vexatória
pessoa que tenha optado por ser dentes a sanar o retarda-
terceiros ou a constrangimento, ou produzir prova
assistida por advogado ou defen- mento do envio do pleito.
contra si mesmo ou contra terceiro
sor público sem sua presença
Excludente
do crime ou - - -
da pena
Impedimento de entrevista com advogado (art. 20) Crime do art. 21 Crime do artigo 22
Manter presos de Invadir ou adentrar imóvel
ambos os sexos alheio ou suas dependên-
Conduta Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reserva-
na mesma cela ou cias; ou permanecer nas
tipificada da do preso com seu advogado:
espaço de confina- mesmas condições, sem
mento: determinação judicial
Pena 6 meses – 2 anos e multa 1-4 anos e multa 1-4 anos e multa
Quem coage a franquear
Quem mantém na
Quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de o acesso a imóvel ou suas
mesma cela criança
Possibilidade entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advo- dependências; ou cum-
ou adolescente na
de imputar gado ou defensor, por prazo razoável, antes de audiência pre mandado de busca e
companhia de maior
terceiros judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar- apreensão domiciliar após as
de idade ou em am-
-se durante a audiência. 21h (vinte e uma horas) ou
biente inadequado,
antes das 5h (cinco horas).
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

Excludente Para prestar socorro, de-


do crime ou Se houver interrogatório mediante videoconferência - sastre, ou ainda flagrante
da pena delito

Há uma discussão se essa nova Lei de Abuso de Autoridade tende a revogar, total ou parcialmente, os dispositivos
da Lei nº 4.878/1965. A posição majoritária é que não houve uma revogação expressa, pois, a referida lei apresenta,
também, outros dispositivos, além das condutas que podem ser consideradas abuso de autoridade. Mas, evidentemen-
te, os dispositivos que se encontram incompatíveis com a nova Lei de Abuso de Autoridade não devem mais vigorar.

FIQUE ATENTO!
Cuidado com as questões apresentadas neste material: sempre observe o ano da elaboração da referida
prova, pois as questões datadas antes de 2019 tem por fundamento os artigos e dispositivos da lei de 1965.

356
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (CESPE – 2009) A respeito do crime impossível, da execução da pena e dos delitos em espécie, julgue os itens sub-
sequentes.
O delegado de polícia que efetua a prisão de determinado cidadão e não a comunica ao juiz competente comete o
delito de abuso de autoridade. No entanto, a autoridade judicial que não ordena o relaxamento de prisão ou detenção
ilegal que lhe tenha sido comunicada pratica apenas infração administrativa.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Resposta: Errado.
A frase está errada em sua parte final. A autoridade judicial que não relaxa a prisão manifestamente ilegal também
comete abuso de autoridade, essa conduta encontra-se tipificada no artigo 9º, parágrafo único, inciso I, da Lei nº 13.
869/2019. Por isso, não é certo afirmar que ela pratica apenas infração administrativa.

2. (INSTITUTO AOCP – 2019) O funcionário público que submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
constrangimento não autorizado em lei responderá criminalmente por:

a) constrangimento ilegal.
b) exposição a perigo.
c) maus-tratos.
d) calúnia.
e) abuso de autoridade.

Resposta: Letra E.
O constrangimento de pessoa que funcionário deve manter sob sua guarda ou custódia era visto apenas como
algo insignificante, característico de um crime menor, como o crime de maus tratos. Porém, com a edição da Lei
nº 13.869/2019 (art. 13, II), tal conduta é tipificada como crime de abuso de autoridade, porque a autoridade não
somente constrange a pessoa, mas ela também age dolosamente, isso é, ela quer atingir um resultado (dolo direto)
específico, seja uma finalidade libidinosa, seja para obter alguma vantagem indevida, etc. Configura-se, assim, o
crime na modalidade dolosa, com dolo direto e específico de forçar a pessoa a passar por uma situação humilhante
e/ou vexatória.

3. (FUNDATEC – 2020) Acerca dos crimes contra a administração pública, à luz do disposto no Código Penal (Decre-
to-Lei nº 2.848/1940 e respectivas alterações) e das leis de abuso de autoridade e de licitações, assinale a alternativa
INCORRETA.

a) Teófilo, exercente de cargo em entidade paraestatal, ao desviar bem móvel público, em proveito alheio, está incurso
nas sanções atinentes ao crime de peculato.
b) Caso Teobaldo, ocupante de cargo em comissão em autarquia municipal, revele fato de que tem ciência em razão
do cargo e que deva permanecer em segredo, responderá pelo delito de violação de sigilo funcional, sem lhe ser
aplicável a causa de aumento de pena da terça parte, prevista no Art. 327, §2º, do CP.
c) Teórcrito, servidor público municipal, foi condenado por abuso de autoridade, nos termos da Lei nº 13.869/2019 (Lei
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

de Abuso de Autoridade), tendo sido reconhecida sua reincidência em crime da mesma espécie. Assim, tem-se como
efeito automático da sentença a perda do cargo público.
d) Tito foi absolvido em processo criminal atinente à Lei nº 13.869/2019, em razão do reconhecimento do estrito cum-
primento de dever legal. A decisão prolatada pelo juízo criminal, na hipótese, faz coisa julgada no âmbito cível e
administrativo-disciplinar.
e) Tâmara ajustou com Taciana a contratação de sua empresa de serviços de publicidade, pelo município de Santo
Augusto, por meio de inexigibilidade de licitação. Na hipótese narrada, ambas as agentes responderão pelo mesmo
delito, caracterizado pelo ato de inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, sendo-lhes aplicada a mesma
pena.

Resposta: Letra C.
Segundo o artigo 4º da Lei de Abuso de Autoridade de 2019, são efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido,
fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por
ele sofridos;

357
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato
LEI N. 13.964, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2019
ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco)
(PACOTE ANTICRIME)
anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pú-
blica. Os efeitos previstos nos incisos II e III são con- A Lei 13.964/2019 proveio de um projeto do Gover-
dicionados à ocorrência de reincidência em crime de no denominado de Pacote Anticrime, sancionado em
abuso de autoridade e não são automáticos, devendo 24 de dezembro de 2019 e em vigor a partir de 23 de
ser declarados motivadamente na sentença. janeiro de 2020.
O Pacote Anticrime é considerado a maior mudança
4. (QUADRIX – 2019) Quanto aos poderes administrati- na legislação criminal, desde a reforma da Parte Geral do
vos, julgue o item. Código Penal, em 1984. Já no primeiro artigo da nova lei
O abuso de poder, na instância administrativa, gera ne- é dito que o seu objetivo é o aperfeiçoamento legislativo:
cessárias repercussões criminais por meio da figura do
abuso de autoridade. Art. 1º Esta Lei aperfeiçoa a legislação penal e pro-
cessual penal.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Com efeito, os 20 artigos que compõe o Pacote Anti-
Resposta: errado. crime provocaram mudanças no (a):
O enunciado da questão faz uma pequena confusão:
o abuso de poder é uma característica inerente ao • Código Penal;
• Código de Processo Penal;
exercício de funções administrativas e, por isso, sua
• Lei de Execução Penal;
apuração e eventual punição serão feitas em instân-
• Lei dos Crimes Hediondos;
cia administrativa. Não confundir isso com o abuso de
• Lei de Improbidade Administrativa;
autoridade: são hipóteses em que temos a ocorrência • Lei de Interceptação Telefônica;
de crimes, sendo puníveis na esfera penal, com base • Lei de Lavagem de Dinheiro;
em legislação própria. Assim, o abuso de poder nem • Estatuto do Desarmamento;
sempre gera repercussões na esfera penal. • Lei de Drogas;
• Lei que dispõe a transferência e inclusão de presos
5. (INAZ DO PARÁ – 2019) Pode ser considerado como em estabelecimentos penais federais de segurança
conteúdo correto a respeito de abuso de poder e abuso máxima;
de autoridade o que está contido na alternativa: • Lei de identificação criminal;
• Lei que dispõe sobre a formação de juízos colegia-
a) Abuso de poder está legislativamente posto no art. 5º dos para o julgamento de crimes praticados por
do Decreto Lei 3.689, enquanto que abuso de autori- organização criminosa;
dade se encontra legislado no art. 3º do Decreto Lei • Lei das Organizações Criminosas;
5.200. • Lei que dispõe sobre o serviço telefônico de re-
b) No abuso de autoridade temos a tipificação daquelas cebimento de denúncias e sobre recompensa por
condutas abusivas de poder como crimes. Abuso de informações;
autoridade é o abuso de poder analisado sob as nor- • Lei que trata sobre o procedimento originário dos
mas penais. tribunais;
c) Tratam-se de duas formas arbitrárias de agir do agen- • Lei do Fundo Nacional de Segurança Pública;
te público no âmbito administrativo, em que está ads- • Código de Processo Penal Militar.
trito ao que determina a Lei e claramente observado
no princípio da moralidade. Ou seja, com a nova lei, diversos dispositivos do Có-
d) Além do abuso de autoridade ser infração administra- digo Penal (CP) e do Código de Processo Penal (CPP),
tiva, também é utilizado no âmbito penal para caracte- além de outras leis, como a Lei 7.210/84 (LEP), foram re-
vogados, alterados ou acrescentados. Este conjunto de
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

rizar algumas condutas específicas de abuso de poder.


alterações visa aumentar a eficácia no combate ao crime
e) O abuso de poder abrange o abuso de autoridade,
organizado, ao crime violento e à corrupção.
conforme se pode vislumbrar pelo disposto no art. 4º
O Projeto de Lei 882/19 foi apresentado no Congres-
da Lei 4.898, a qual utiliza conceitos administrativos so Nacional no início de 2019, sistematizando de forma
para tipificar condutas contrárias à lei. rigorosa o enfrentamento à criminalidade, pelo Ministro
da Justiça da época Sérgio Moro. Todavia, o projeto não
Resposta: Letra B. passou na íntegra pelo Congresso. Em março de 2019, a
A letra A está errada, o abuso de autoridade está Câmara dos Deputados criou uma comissão para apre-
previsto em legislação própria, isso é, na Lei nº ciar o Pacote Anticrime. Neste episódio foram introdu-
13.869/2019. As letras C, D e E estão erradas, pois elas zidas algumas ideias do Ministro Alexandre de Moraes,
classificam o abuso de autoridade como um instituto que tinham sido propostas quando ele ocupava o cargo
de natureza administrativa. Na verdade, o abuso de de Ministro da Justiça. Alguns exemplos do “Projeto Mo-
autoridade é algo que não se comunica com a esfera raes” são:
administrativa e, por isso, não está inserido dentro do • Acordo de não persecução penal;
abuso de poder. • Cadeia de custódia das provas;
• Limite de 40 anos para o cumprimento de penas.

358
Todavia, entre o projeto de Moro e o projeto de Mo- Com a nova lei, a multa passa a ser EXECUTADA PE-
raes o Congresso retomou ideias mais garantistas vindas RANTE O JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL e será considera-
do Projeto de Lei 8.045/10, dentre elas destaca-se o juiz da dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida
das garantias. ativa da Fazenda Pública.
Nesse contexto estruturou-se o Pacote Anticrime, Antes da nova legislação, existia controvérsia sobre
soma de ideias de Sérgio Moro, Alexandre de Moraes e a legitimidade e competência para a execução da pena
um projeto antigo apoiado na doutrina garantista. de multa. Agora a execução da pena de multa só pode
ser proposta pelo Ministério Público e diante do Juiz das
Alterações no Código Penal
Execuções. O Pacote Anticrime, assim, encerra dubiedade
na interpretação do órgão legitimado e do juízo compe-
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
tente para a execução da pena de multa.
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
alterações:
“Art. 25. Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
................................................................................................... 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos alterações:
no caput deste artigo, considera-se também em legí- Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privati-
tima defesa o agente de segurança pública que repele vas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta)
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém anos.
durante a prática de crimes.” § 1º Quando o agente for condenado a penas priva-
tivas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (qua-
Legítima defesa é uma causa excludente de ilicitude, renta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao
consistente em repelir, de si mesmo ou de outrem, uma limite máximo deste artigo.
injusta agressão, atual ou iminente. A injusta agressão
torna lícita a conduta do agente que visa neutralizá-la. O tempo máximo de cumprimento da pena privati-
A novidade trazida pelo pacote anticrime é que passa va de liberdade também foi alterado, sob o fundamento
a ser considerado, também, em legítima defesa, o agente que a expectativa dos brasileiros aumentou, tornando a
de segurança pública que repele agressão ou risco de
norma mais gravosa:
agressão a vítima mantida refém durante a prática de
crimes.
ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usan- 30 anos 40 anos
do moderadamente dos meios necessários, repele in- Obs. Novatio legis in pejus
justa agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de não retroage, uma vez que
outrem. prejudica o réu e isso não
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos é admitido na sistemática
no caput deste artigo, considera-se também em legí- do Direito Penal.
tima defesa o agente de segurança pública que repele
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
durante a prática de crimes.
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
Antes da nova legislação não existia a figura da legí- alterações:
tima defesa do agente de segurança pública que repe- Art. 83.  ......................................................................................
le agressão a vítima refém de crime. Cabia aos tribunais .........
decidir sobre a punição do agente público. Agora esse III - comprovado:
entendimento está apoiado na lei. a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de (doze) meses;


1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído;
alterações: e
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenató- d) aptidão para prover a própria subsistência median-
ria, a multa será executada perante o juiz da execução te trabalho honesto;
penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as
normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, Outro artigo alterado corresponde a mudanças no
inclusive no que concerne às causas interruptivas e livramento condicional. Observe que a nova lei trouxe
suspensivas da prescrição. mais um requisito a ser cumprido para que o benefício
seja conquistado: Não cometimento de falta grave nos
Outra novidade é que antes, transitada em julgado a
últimos 12 meses. Observe como ficou o artigo na ínte-
sentença condenatória, a multa era considerada dívida
de valor e eram aplicadas as normas da legislação rela- gra com a alteração:
tiva à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que
concerne às causas interruptivas e suspensivas da pres-
crição.

359
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicio- mes por organizações criminosas e milícias deverão
nal ao condenado a pena privativa de liberdade igual ser declarados perdidos em favor da União ou do Esta-
ou superior a 2 (dois) anos, desde que: do, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal,
I - cumprida mais de um terço da pena se o condena- ainda que não ponham em perigo a segurança das
do não for reincidente em crime doloso e tiver bons pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam
antecedentes; sério risco de ser utilizados para o cometimento de
II - cumprida mais da metade se o condenado for re- novos crimes.”
incidente em crime doloso;
III - comprovado: Alguns conceitos doutrinários também foram intro-
a) bom comportamento durante a execução da pena; duzidos, por exemplo, o conceito de “confisco alargado
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 ou ampliado” foi construído pelo fato de não abranger
(doze) meses; meramente o produto e os instrumentos do crime, tal
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; como o confisco “tradicional”, previsto no art. 91 do Có-
e digo Penal. Isso porque o instituto, anunciado no art.
d) aptidão para prover a própria subsistência median- 91-A do Código Penal (com redação dada pelo “Paco-
te trabalho honesto; te Anticrime”), considera produto ou proveito os “bens
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio
fazê-lo, o dano causado pela infração; do condenado e aquele que seja compatível com o seu
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos rendimento lícito”.
de condenação por crime hediondo, prática de tortura, É importante destacar que não se aplica a qualquer
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico crime ou contravenção penal, visto que seu âmbito de
de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reinci- incidência é restrito às infrações penais a que a lei co-
dente específico em crimes dessa natureza. mine pena máxima superior a 06 (seis) anos de reclusão
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, (infrações de elevado potencial ofensivo).
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a Nesse contexto, conforme o art. 91-A, § 1º, do Código
concessão do livramento ficará também subordinada Penal, considera-se patrimônio do condenado tanto os
à constatação de condições pessoais que façam presu- bens: (a) – de sua titularidade, ou em relação aos quais
mir que o liberado não voltará a delinquir. ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na
data da infração penal ou recebidos posteriormente; e
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de (b) – transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes contraprestação irrisória, a partir do início da atividade
alterações: criminal.
“Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infra-
ções às quais a lei comine pena máxima superior a 6
(seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, FIQUE ATENTO!
como produto ou proveito do crime, dos bens corres- Novas causas impeditivas da prescrição an-
pondentes à diferença entre o valor do patrimônio do tes do trânsito em julgado: inciso III e IV. O
condenado e aquele que seja compatível com o seu inciso II teve modificada a sua redação.
rendimento lícito. I - enquanto não resolvida, em outro processo,
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste ar- questão de que dependa o reconhecimento da
tigo, entende-se por patrimônio do condenado todos existência do crime;
os bens: II - enquanto o agente cumpre pena no ex-
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele terior; 
tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na III - na pendência de embargos de declaração
data da infração penal ou recebidos posteriormente; e ou de recursos aos Tribunais Superiores, quan-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

II - transferidos a terceiros a título gratuito ou me- do inadmissíveis; e


diante contraprestação irrisória, a partir do início da IV - enquanto não cumprido ou não rescindi-
atividade criminal. do o acordo de não persecução penal.
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência
da incompatibilidade ou a procedência lícita do pa-
trimônio.
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida
expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do
oferecimento da denúncia, com indicação da diferen-
ça apurada.

§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o


valor da diferença apurada e especificar os bens cuja
perda for decretada.
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de cri-

360
Antes do Pacote Depois do Pacote Nos crimes em espécie, algumas alterações também
Anticrime Anticrime ocorreram. Por exemplo, no crime de roubo, a pena pas-
sou a ser aumentada de 1/3 até 1/2 se a violência ou
Art. 116 - Antes de pas- Art. 116 - Antes de passar grave ameaça é exercida com emprego de ARMA BRAN-
sar em julgado a sentença em julgado a sentença fi- CA. Ademais, a pena aumenta-se de 2/3 se a violência
da final, a prescrição não nal, a prescrição não corre:  ou ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO.
corre: I - enquanto não resol- Por fim, aplica-se a pena em DOBRO se a violência ou
I - enquanto não resol- vida, em outro processo, grave ameaça é exercida com emprego de ARMA DE
vida, em outro processo, questão de que dependa FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO.
questão de que dependa o reconhecimento da exis-
O crime de estelionato passou a ter como regra de
o reconhecimento da exis- tência do crime; 
Ação Penal Pública Condicionada a Representação. Ex-
tência do crime; II - enquanto o agente
ceção: Será de Ação penal pública INCONDICIONADA
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;              
quando a vítima for: I - a Administração Pública, direta
cumpre pena no estran- III - na pendência de em-
ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com
geiro. bargos de declaração ou
deficiência mental; ou IV - maior de 70 anos de idade ou
Parágrafo único - Depois de recursos aos Tribunais
incapaz.
de passada em julgado a Superiores, quando inad-
sentença condenatória, a missíveis; e A pena do crime de concussão também mudou: De
prescrição não corre du- IV - enquanto não cum- Reclusão, de 2 a 8 anos, e multa, passou para Reclusão,
rante o tempo em que o prido ou não rescindido o de 2 a 12 anos, e multa. Essa é uma novatio legis in pejus,
condenado está preso por acordo de não persecução logo, não retroage.
outro motivo. penal.
Parágrafo único - Depois Alterações no Código de Processo Penal
de passada em julgado a
sentença condenatória, a Art. 3º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
prescrição não corre du- 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar com
rante o tempo em que o as seguintes alterações:
condenado está preso por “Juiz das Garantias
outro motivo.
‘Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória,
Assim, para os crimes cometidos a partir de vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação
23/01/2020, a prescrição não deverá correr na pendên- e a substituição da atuação probatória do órgão de
cia de embargos de declaração ou recursos aos Tribunais acusação.’
Superiores, quando inadmissíveis, bem como enquanto
não cumprido ou não rescindido o acordo de não per- ‘Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo
secução penal. controle da legalidade da investigação criminal e pela
salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia te-
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de nha sido reservada à autorização prévia do Poder Ju-
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes diciário, competindo-lhe especialmente:
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos ter-
alterações:
mos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição
Federal;
Art. 157. .....................................................................................
II - receber o auto da prisão em flagrante para o con-
§ 2º. ................................................................................................
trole da legalidade da prisão, observado o disposto no
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com
art. 310 deste Código;
emprego de arma branca;
III - zelar pela observância dos direitos do preso, po-
.........................................................................................................
dendo determinar que este seja conduzido à sua pre-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com


sença, a qualquer tempo;
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer
aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. investigação criminal;
V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória
Art. 171. ...................................................................................... ou outra medida cautelar, observado o disposto no §
§ 5º Somente se procede mediante representação, sal- 1º deste artigo;
vo se a vítima for: VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida
I - a Administração Pública, direta ou indireta; cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, asse-
II - criança ou adolescente; gurado, no primeiro caso, o exercício do contraditó-
III - pessoa com deficiência mental; ou rio em audiência pública e oral, na forma do disposto
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. neste Código ou em legislação especial pertinente;
VII - decidir sobre o requerimento de produção ante-
Art. 316. ..................................................................................... cipada de provas consideradas urgentes e não repetí-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. veis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em
audiência pública e oral;

361
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, es- da defesa, e não serão apensados aos autos do proces-
tando o investigado preso, em vista das razões apre- so enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressal-
sentadas pela autoridade policial e observado o dis- vados os documentos relativos às provas irrepetíveis,
posto no § 2º deste artigo; medidas de obtenção de provas ou de antecipação de
IX - determinar o trancamento do inquérito policial provas, que deverão ser remetidos para apensamento
quando não houver fundamento razoável para sua em apartado.
instauração ou prosseguimento; § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos au-
X - requisitar documentos, laudos e informações ao de- tos acautelados na secretaria do juízo das garantias.’
legado de polícia sobre o andamento da investigação;
XI - decidir sobre os requerimentos de: ‘Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, prati-
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações car qualquer ato incluído nas competências dos arts.
em sistemas de informática e telemática ou de outras 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no
processo.
formas de comunicação;
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e
apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de ro-
telefônico;
dízio de magistrados, a fim de atender às disposições
c) busca e apreensão domiciliar;
deste Capítulo.’
d) acesso a informações sigilosas;
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam ‘Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado con-
direitos fundamentais do investigado; forme as normas de organização judiciária da União,
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do ofere- dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios
cimento da denúncia; objetivos a serem periodicamente divulgados pelo res-
XIII - determinar a instauração de incidente de insa- pectivo tribunal.’
nidade mental;
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou ‘Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o
queixa, nos termos do art. 399 deste Código; cumprimento das regras para o tratamento dos pre-
XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessá- sos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer au-
rio, o direito outorgado ao investigado e ao seu defen- toridade com órgãos da imprensa para explorar a
sor de acesso a todos os elementos informativos e pro- imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de
vas produzidos no âmbito da investigação criminal, responsabilidade civil, administrativa e penal.
salvo no que concerne, estritamente, às diligências em Parágrafo único. Por meio de regulamento, as auto-
andamento; ridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta)
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico dias, o modo pelo qual as informações sobre a realiza-
para acompanhar a produção da perícia; ção da prisão e a identidade do preso serão, de modo
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não padronizado e respeitada a programação normativa
persecução penal ou os de colaboração premiada, aludida no caput deste artigo, transmitidas à impren-
quando formalizados durante a investigação; sa, assegurados a efetividade da persecução penal, o
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições defini- direito à informação e a dignidade da pessoa subme-
das no caput deste artigo. tida à prisão.’”
§ 1º (VETADO).
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garan- O Código de Processo Penal foi o diploma mais afe-
tado com o pacote anticrime, principalmente porque foi
tias poderá, mediante representação da autoridade
criada a polêmica figura do juiz de garantia, que visa re-
policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma
forçar o sistema acusatório.
única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze)
Contra diversos artigos introduzidos no CPP foram
dias, após o que, se ainda assim a investigação não
ajuizadas Ações Diretas de Inconstitucionalidades (6298;
for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.’
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

6299; 6300; 6305). O relator Ministro Luiz Fux suspendeu


a eficácia da implantação do juiz das garantias, a altera-
‘Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias ção do procedimento do arquivamento do inquérito, a
abrange todas as infrações penais, exceto as de menor liberação em caso de falta de audiência de custódia em
potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da de- 24 horas. O tema encontra-se pendente de julgamento
núncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código. no STF.
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões penden- A nova legislação após dispor que o processo penal
tes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. terá estrutura acusatória, veda a iniciativa do juiz na fase
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não de investigação e a substituição da atuação probatória
vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após do órgão de acusação. Ademais, passa a prever a figura
o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexa- do juiz das garantias, quem fica responsável pelo contro-
minar a necessidade das medidas cautelares em curso, le da investigação criminal e pela proteção dos direitos
no prazo máximo de 10 (dez) dias. fundamentais.
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competên- Vale lembrar que no sistema acusatório, a figura de
cia do juiz das garantias ficarão acautelados na secre- acusação e julgamento são completamente distintas e
taria desse juízo, à disposição do Ministério Público e separadas. Assim, o Art. 3º-A trouxe a seguinte redação:

362
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e
vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação telefônico;    
e a substituição da atuação probatória do órgão de c) busca e apreensão domiciliar;    
acusação.  d) acesso a informações sigilosas;   
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam
Anteriormente, não tinha um dispositivo expresso direitos fundamentais do investigado. 
que tratava do sistema acusatório, a doutrina e a juris-
prudência foi quem construiu tal conceito, a partir da in- • Outras matérias inerentes às atribuições definidas.
terpretação do ordenamento processual penal.
A partir da nova lei, o juiz das garantias foi colocado
como o responsável pelo controle da legalidade da in- #FicaDica
vestigação criminal e pela salvaguarda dos direitos indi-
Se o investigado estiver preso, o juiz das
viduais. Competências atribuídas a ele:
garantias poderá, mediante representação
• Receber a comunicação imediata da prisão; da autoridade policial e ouvido o Ministério
• Receber o auto da prisão em flagrante para o con- Público, prorrogar, uma única vez, a dura-
trole da legalidade da prisão; ção do inquérito por até 15 (quinze) dias,
• Zelar pela observância dos direitos do preso, po- após o que, se ainda assim a investigação
dendo determinar que este seja conduzido à sua não for concluída, a prisão será imediata-
presença, a qualquer tempo;     mente relaxada.
• Ser informado sobre a instauração de qualquer in-
vestigação criminal;    
A competência do juiz das garantias abrange todas as
• Decidir sobre o requerimento de prisão provisória
infrações penais, exceto as de menor potencial ofen-
ou outra medida cautelar;    
sivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou quei-
• Prorrogar a prisão provisória ou outra medida cau-
xa. Ao ser recebida a denúncia ou queixa, as questões
telar, bem como substituí-las ou revogá-las, asse-
pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e jul-
gurado, no primeiro caso, o exercício do contradi-
gamento.
tório em audiência pública e oral;
As decisões proferidas pelo juiz das garantias não
• Decidir sobre o requerimento de produção an-
vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o
tecipada de provas consideradas urgentes e não
recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla
necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo
defesa em audiência pública e oral;   
máximo de 10 dias.
• Prorrogar o prazo de duração do inquérito, estan-
O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer
do o investigado preso, em vista das razões apre-
ato relacionado ao inquérito ficará impedido de funcio-
sentadas pela autoridade policial;
nar no processo. Como isso funciona na prática? Nas co-
• Determinar o trancamento do inquérito policial
marcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais
quando não houver fundamento razoável para sua
criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de
instauração ou prosseguimento;    
atender esse dispositivo. O juiz das garantias será desig-
• Requisitar documentos, laudos e informações ao de-
nado conforme as normas de organização judiciária da
legado de polícia sobre o andamento da investigação;
União, dos Estados e do Distrito Federal, observando cri-
• Julgar o habeas corpus impetrado antes do ofere-
térios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo
cimento da denúncia;   
respectivo tribunal.  
• Determinar a instauração de incidente de insanida-
Como pode-se perceber o juiz das garantias é res-
de mental;   
ponsável pelo controle da legalidade da investigação
• Decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa;
e pela salvaguarda dos direitos individuais, consiste na
• Assegurar prontamente, quando se fizer necessá-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

outorga a um determinado órgão jurisdicional, da com-


rio, o direito outorgado ao investigado e ao seu
petência para exercício da função de garantidor na fase
defensor de acesso a todos os elementos informa-
investigatória. Após a atuação dessa figura, ele fica impe-
tivos e provas produzidos no âmbito da investiga-
dido de funcionar no processo.
ção criminal, salvo no que concerne, estritamente,
às diligências em andamento;   
• Deferir pedido de admissão de assistente técnico Competência entre a Competência após o re-
para acompanhar a produção da perícia;    instauração da investi- cebimento da denúncia
• Decidir sobre a homologação de acordo de não gação e o recebimento ou queixa até o trânsito
persecução penal ou os de colaboração premiada, da acusação em julgado da sentença
quando formalizados durante a investigação; Competência do Juiz das Competência do juiz da
• Decidir sobre os requerimentos de:    Garantias. instrução e julgamento.

a) interceptação telefônica, do fluxo de comunica- O Pacote Anticrime reconheceu que não há imparcia-
ções em sistemas de informática e telemática ou lidade se o mesmo julgador intervém na fase investigató-
de outras formas de comunicação;     ria e ao mesmo tempo aprecia o mérito, condenando ou

363
absolvendo o acusado. Isso é perceptível, uma vez que, O Pacote Anticrime trouxe a figura da assistência ju-
na investigação o juiz se contamina com elementos de rídica em favor de servidores vinculados aos órgãos de
informação. Logo, a nova legislação separa a figura do segurança pública diante da instauração de inquérito
juiz das garantias do juiz da instrução e julgamento. para fins de investigação de fatos relacionados ao uso da
Todavia, perceba que o juiz das garantias possui a força letal praticados no exercício funcional.
função de garantidor dos direitos fundamentais, na fase Essa mudança se justifica pelo fato de figurar como
investigatória, mas não é dotado de iniciativa acusatória, suposto autor ou partícipe da infração penal em uma
como erroneamente pode ser pensado. Alerte-se para o investigação criminal, por si só, funciona como uma im-
fato que o Pacote Anticrime veda expressamente a inicia- putação em sentido amplo que acarreta consequências.
tiva do juiz na fase de investigação. A intervenção do juiz Logo, a observância do contraditório e ampla defesa não
das garantias na fase investigatória deve ser contingente podem ficar restritos à fase processual da persecução
e excepcional. penal.
Na investigação de fatos relacionados ao uso da força
letal praticados no exercício profissional (da polícia fede-
FIQUE ATENTO! ral; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária federal;
O juiz das garantias deverá assegurar o cum- polícias civis; polícias militares e corpos de bombeiros
primento das regras para o tratamento dos militares; polícias penais federal, estaduais e distrital), o
presos, impedindo o acordo ou ajuste de indiciado poderá constituir defensor.
qualquer autoridade com órgãos da impren- O investigado deverá ser citado da instauração do
sa para explorar a imagem da pessoa subme- procedimento investigatório, podendo constituir defen-
tida à prisão, sob pena de responsabilidade sor no prazo de até 48 horas a contar do recebimento da
civil, administrativa e penal. citação. Em caso de ausência de nomeação de defensor
pelo investigado, a autoridade responsável pela investi-
gação deverá intimar a instituição a que estava vinculado
Art. 3º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que
1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar com essa, no prazo de 48 horas, indique defensor para a re-
as seguintes alterações: presentação do investigado. 
“Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados
às instituições dispostas no art. 144 da Constituição Art. 3º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
Federal figurarem como investigados em inquéritos 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar com
policiais, inquéritos policiais militares e demais proce- as seguintes alterações:
dimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação “Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito po-
de fatos relacionados ao uso da força letal praticados licial ou de quaisquer elementos informativos da mes-
no exercício profissional, de forma consumada ou ten- ma natureza, o órgão do Ministério Público comuni-
tada, incluindo as situações dispostas no  art. 23 do cará à vítima, ao investigado e à autoridade policial
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Có- e encaminhará os autos para a instância de revisão
digo Penal), o indiciado poderá constituir defensor. ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não con-
investigado deverá ser citado da instauração do pro- cordar com o arquivamento do inquérito policial, po-
cedimento investigatório, podendo constituir defensor derá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da
no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do comunicação, submeter a matéria à revisão da instân-
recebimento da citação. cia competente do órgão ministerial, conforme dispu-
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo ser a respectiva lei orgânica.
com ausência de nomeação de defensor pelo inves- § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados
tigado, a autoridade responsável pela investigação em detrimento da União, Estados e Municípios, a revi-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

deverá intimar a instituição a que estava vinculado o são do arquivamento do inquérito policial poderá ser
investigado à época da ocorrência dos fatos, para que provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua
essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique representação judicial.”
defensor para a representação do investigado.
§ 3º (VETADO). O Pacote Anticrime trouxe novo procedimento para
§ 4º (VETADO). o arquivamento no âmbito da justiça estadual, justiça fe-
§ 5º (VETADO). deral e justiça comum do DF. De acordo com o art. 28
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam do CPP reformado, deixará de haver qualquer controle
aos servidores militares vinculados às instituições dis- judicial sobre a promoção de arquivamento apresentada
postas no art. 142 da Constituição Federal, desde que pelo Ministério Público.
os fatos investigados digam respeito a missões para a Ocorre que, a eficácia desse dispositivo foi suspen-
Garantia da Lei e da Ordem.” sa em virtude de medida cautelar concedida nos autos
de Ação Direta de Inconstitucionalidade. Inclusive, foi
determinado que o antigo art. 28 permaneça em vigor
enquanto perdurar a cautelar:

364
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de Art. 3º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar com
inquérito policial ou de quaisquer peças de informa- as seguintes alterações:
ção, o juiz, no caso de considerar improcedentes as “Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo
razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças o investigado confessado formal e circunstancialmen-
de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a te a prática de infração penal sem violência ou grave
denúncia, designará outro órgão do Ministério Público ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos,
para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamen- o Ministério Público poderá propor acordo de não per-
to, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. secução penal, desde que necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime, mediante as seguin-
tes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
FIQUE ATENTO! I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto
Novo procedimento de arquivamento: na impossibilidade de fazê-lo;
1º O MP ordena o arquivamento do inqué- II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indi-
rito policial. cados pelo Ministério Público como instrumentos, pro-
2º O MP comunica a vítima, o investigado e a duto ou proveito do crime;
autoridade policial. III - prestar serviço à comunidade ou a entidades pú-
3º O MP encaminha os autos para a instância blicas por período correspondente à pena mínima co-
de revisão ministerial para fins de homologa- minada ao delito diminuída de um a dois terços, em
ção, na forma da lei. local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma
4º Se a vítima, ou seu representante legal, do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
não concordar com o arquivamento do in- de 1940 (Código Penal);
quérito policial, poderá, no prazo de 30 dias IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos
do recebimento da comunicação, submeter termos do  art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
a matéria à revisão da instância competen- dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade públi-
te do órgão ministerial, conforme dispuser a ca ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da
respectiva lei orgânica. execução, que tenha, preferencialmente, como fun-
5º Nas ações penais relativas a crimes pra- ção proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos
ticados em detrimento da União, Estados e aparentemente lesados pelo delito; ou
Municípios, a revisão do arquivamento do V - cumprir, por prazo determinado, outra condição
inquérito policial poderá ser provocada pela indicada pelo Ministério Público, desde que proporcio-
chefia do órgão a quem couber a sua repre- nal e compatível com a infração penal imputada.
sentação judicial. § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao deli-
to a que se refere o caput deste artigo, serão conside-
No antigo procedimento de arquivamento, o radas as causas de aumento e diminuição aplicáveis
Ministério Público oferecia o arquivamento e ao caso concreto.
o juiz decidia se acolhia ou não. Caso a auto- § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas
ridade judicial não acolhesse o arquivamen- seguintes hipóteses:
to, remetia ao PGJ para que dele partisse a I - se for cabível transação penal de competência dos
decisão final, no sentido de arquivar ou não. Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;
Caso não entendesse pelo arquivamento, o II - se o investigado for reincidente ou se houver ele-
PGJ designava um longa manus para propor mentos probatórios que indiquem conduta criminal
a ação penal ou ele mesmo o fazia. habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignifi-
cantes as infrações penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

Com a mudança trazida pelo Pacote Anticrime, o con- anteriores ao cometimento da infração, em acordo de
trole do arquivamento passa a ser realizado no âmbito não persecução penal, transação penal ou suspensão
exclusivo do Ministério Público, atribuindo-se à vítima a condicional do processo; e
legitimidade para questionar a correção da postura ado- IV - nos crimes praticados no âmbito de violência do-
tada pelo órgão ministerial. méstica ou familiar, ou praticados contra a mulher
Entenda que o arquivamento continua funcionando por razões da condição de sexo feminino, em favor
como um ato complexo, mas agora constituindo em um do agressor.
primeiro momento pela decisão do promotor e na se- § 3º O acordo de não persecução penal será formali-
quência da homologação ou não pela instância de revi- zado por escrito e será firmado pelo membro do Mi-
são ministerial. nistério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não perse-
cução penal, será realizada audiência na qual o juiz
deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oi-
tiva do investigado na presença do seu defensor, e sua
legalidade.

365
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou social; cumprir, por prazo determinado, outra condição
abusivas as condições dispostas no acordo de não per- indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional
secução penal, devolverá os autos ao Ministério Públi- e compatível com a infração penal imputada.      
co para que seja reformulada a proposta de acordo,
com concordância do investigado e seu defensor. Vedações
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não per-
secução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Não cabe o acordo de não persecução penal = se é
Público para que inicie sua execução perante o juízo cabível transação penal no JECRIM; criminoso profissio-
de execução penal. nal; beneficiado nos 5 anos anteriores ao cometimento
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta da infração por acordo de não persecução penal, transa-
que não atender aos requisitos legais ou quando não ção penal ou suspensão condicional do processo; violên-
for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste cia doméstica contra a mulher.
artigo.
Controle jurisdicional
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os au-
tos ao Ministério Público para a análise da necessida-
Celebração: por escrito – firmado pelo MP + inves-
de de complementação das investigações ou o ofere-
tigado + advogado. Seguida de homologação pelo juiz
cimento da denúncia. em audiência (verifica a voluntariedade por oitiva do in-
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acor- vestigado na presença do advogado e a legalidade).
do de não persecução penal e de seu descumprimento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipula- • Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou
das no acordo de não persecução penal, o Ministério abusivas as condições dispostas no acordo de não
Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua persecução penal, devolverá os autos ao Ministé-
rescisão e posterior oferecimento de denúncia. rio Público para que seja reformulada a proposta
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução de acordo, com concordância do investigado e seu
penal pelo investigado também poderá ser utilizado defensor.    
pelo Ministério Público como justificativa para o even- • Homologado judicialmente o acordo de não per-
tual não oferecimento de suspensão condicional do secução penal, o juiz devolverá os autos ao Minis-
processo. tério Público para que inicie sua execução perante
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não o juízo de execução penal.    
persecução penal não constarão de certidão de an- • Recusada a homologação, o juiz devolverá os au-
tecedentes criminais, exceto para os fins previstos no tos ao Ministério Público para a análise da neces-
inciso III do § 2º deste artigo. sidade de complementação das investigações ou o
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não perse- oferecimento da denúncia.     
cução penal, o juízo competente decretará a extinção
de punibilidade. Descumprimento
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Pú-
blico, em propor o acordo de não persecução penal, • Descumpridas quaisquer das condições estipula-
o investigado poderá requerer a remessa dos autos a das no acordo de não persecução penal, o Ministé-
órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.” rio Público deverá comunicar ao juízo, para fins de
sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.    
• O descumprimento do acordo de não persecução
Outro dispositivo que com certeza será cobrado em
penal pelo investigado também poderá ser utiliza-
prova é o que trata do acordo de não persecução penal,
do pelo Ministério Público como justificativa para
assim, vale memorizar o seguinte esquema:
o eventual não oferecimento de suspensão condi-
cional do processo. 
Requisitos
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

Cumprimento Integral
Não é caso de arquivamento + confessou + não há
violência nem grave ameaça + pena mínima inferior a 4 • Cumprido integralmente o acordo de não persecu-
anos = O MP pode propor o acordo de não persecução ção penal, o juízo competente decretará a extinção
penal. de punibilidade.
• A celebração e o cumprimento do acordo de não
Condições persecução penal não constarão de certidão de
antecedentes criminais.
Possíveis condições estabelecidas para a concessão:
Reparar o dano; renunciar voluntariamente a bens e di- Recusa
reitos indicados pelo Ministério Público como instrumen-
tos, produto ou proveito do crime; prestar serviço à co- • No caso de recusa, por parte do Ministério Público,
munidade correspondente à pena mínima cominada ao em propor o acordo de não persecução penal, o
delito diminuída de um a dois terços (1/3 a 2/3); pagar investigado poderá requerer a remessa dos autos
prestação pecuniária a entidade pública ou de interesse a órgão superior (instância de revisão ministerial).  

366
• Caberá RESE da decisão, despacho ou sentença Quanto a perícias muitas mudanças aconteceram.
que recusar homologação à proposta de acordo Primeiramente, deve ficar claro o que é cadeia de cus-
de não persecução penal. Isso se fundamenta, uma tódia: Documentar a história cronológica da evidência,
vez que o RESE é utilizado para impugnar decisões quem foram os responsáveis por seu manuseio, garantir
interlocutórias. a inviolabilidade do material, lacrar as evidências, restrin-
gir acesso. Em outras palavras, consiste no caminho que
Alguns dispositivos sobre bens foram alterados. Na deve ser percorrido pela prova até a sua análise pelo ma-
hipótese de decretação de perdimento de obras de arte gistrado, sendo certo que qualquer interferência indevi-
ou de outros bens de relevante valor cultural ou artístico, da durante esse trâmite processual pode resultar na sua
se o crime não tiver vítima determinada, poderá haver imprestabilidade.
destinação dos bens a museus públicos.
Ao transitar em julgado a sentença condenatória, o DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE
juiz, de ofício ou a requerimento do interessado ou do CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL
Ministério Público, determinará a avaliação e a venda dos
bens em leilão público cujo perdimento tenha sido de- Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjun-
cretado. Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres to de todos os procedimentos utilizados para manter
públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro de e documentar a história cronológica do vestígio cole-
boa-fé. O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo tado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear
Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão di- sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento
versa em lei especial. até o descarte.
O juiz poderá autorizar, constatado o interesse pú- § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a pre-
blico, a utilização de bem sequestrado, apreendido ou servação do local de crime ou com procedimentos po-
sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de liciais ou periciais nos quais seja detectada a existên-
segurança pública, do sistema prisional, do sistema so- cia de vestígio.
cioeducativo, da Força Nacional de Segurança Pública e § 2º O agente público que reconhecer um elemento
do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas como de potencial interesse para a produção da prova
atividades. pericial fica responsável por sua preservação.
O órgão de segurança pública participante das § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível
ações de investigação ou repressão da infração penal ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona
que ensejou a constrição do bem terá prioridade na à infração penal.’
sua utilização. Todavia, se demonstrado o interesse pú-
blico, o juiz poderá autorizar o uso do bem pelos demais Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o ras-
órgãos públicos. treamento do vestígio nas seguintes etapas:
Se o bem for veículo, embarcação ou aeronave, o juiz I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento
ordenará à autoridade de trânsito ou ao órgão de regis- como de potencial interesse para a produção da prova
tro e controle a expedição de certificado provisório de pericial;
registro e licenciamento em favor do órgão público be- II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado
neficiário, o qual estará isento do pagamento de multas, das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente ime-
encargos e tributos anteriores à disponibilização do bem diato, mediato e relacionado aos vestígios e local de
para a sua utilização, que deverão ser cobrados de seu crime;
responsável. III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme
Ao transitar em julgado a sentença penal condenató- se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e
ria com a decretação de perdimento dos bens, ressalva- a sua posição na área de exames, podendo ser ilustra-
do o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz pode- da por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indis-
rá determinar a transferência definitiva da propriedade pensável a sua descrição no laudo pericial produzido
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

ao órgão público beneficiário ao qual foi custodiado o pelo perito responsável pelo atendimento;
bem. IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será subme-
tido à análise pericial, respeitando suas características
e natureza;
#FicaDica V - acondicionamento: procedimento por meio do
O Pacote Anticrime trouxe o seguinte en- qual cada vestígio coletado é embalado de forma in-
tendimento em relação às provas: O juiz dividualizada, de acordo com suas características físi-
que conhecer do conteúdo da prova de- cas, químicas e biológicas, para posterior análise, com
clarada inadmissível (ex. prova ilícita) NÃO anotação da data, hora e nome de quem realizou a
PODERÁ proferir a sentença ou acórdão. coleta e o acondicionamento;
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um lo-
cal para o outro, utilizando as condições adequadas
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de
modo a garantir a manutenção de suas características
originais, bem como o controle de sua posse;

367
VII - recebimento: ato formal de transferência da pos- § 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços
se do vestígio, que deve ser documentado com, no de protocolo, com local para conferência, recepção,
mínimo, informações referentes ao número de proce- devolução de materiais e documentos, possibilitando
dimento e unidade de polícia judiciária relacionada, a seleção, a classificação e a distribuição de materiais,
local de origem, nome de quem transportou o vestígio, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições
código de rastreamento, natureza do exame, tipo do ambientais que não interfiram nas características do
vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem vestígio.
o recebeu; § 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de
VIII - processamento: exame pericial em si, manipula-
vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se in-
ção do vestígio de acordo com a metodologia adequa-
formações sobre a ocorrência no inquérito que a eles
da às suas características biológicas, físicas e quími-
se relacionam.
cas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá
ser formalizado em laudo produzido por perito; § 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio
IX - armazenamento: procedimento referente à guar- armazenado deverão ser identificadas e deverão ser
da, em condições adequadas, do material a ser pro- registradas a data e a hora do acesso.
cessado, guardado para realização de contraperícia, § 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazena-
descartado ou transportado, com vinculação ao nú- do, todas as ações deverão ser registradas, consignan-
mero do laudo correspondente; do-se a identificação do responsável pela tramitação,
X - descarte: procedimento referente à liberação do a destinação, a data e horário da ação.’
vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando
pertinente, mediante autorização judicial.’ Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material
deverá ser devolvido à central de custódia, devendo
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada nela permanecer.
preferencialmente por perito oficial, que dará o en- Parágrafo único. Caso a central de custódia não pos-
caminhamento necessário para a central de custódia, sua espaço ou condições de armazenar determinado
mesmo quando for necessária a realização de exames material, deverá a autoridade policial ou judiciária de-
complementares. terminar as condições de depósito do referido material
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito
em local diverso, mediante requerimento do diretor do
ou processo devem ser tratados como descrito nesta
órgão central de perícia oficial de natureza criminal.’
Lei, ficando órgão central de perícia oficial de nature-
za criminal responsável por detalhar a forma do seu
cumprimento. O Pacote Anticrime trouxe esse mecanismo como ga-
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como rantidor da autenticidade das evidências coletadas e exa-
a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime an- minadas, sem que haja espaço para adulteração. Assim,
tes da liberação por parte do perito responsável, sendo documenta-se de maneira formal um procedimento des-
tipificada como fraude processual a sua realização.’ tinado a manter a história cronológica de uma evidência.
A consequência da quebra da cadeia de custódia
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do (break on the chain of custody) é a proibição de valo-
vestígio será determinado pela natureza do material. ração probatória com a consequente exclusão dela e de
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com toda a derivada. Em suma, preservar a fonte de prova
lacres, com numeração individualizada, de forma a garante a validade da prova.
garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio O período da cadeia de custódia vai do reconheci-
durante o transporte. mento do elemento de prova até o seu descarte. São eta-
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, pre- pas do rastreamento do vestígio:
servar suas características, impedir contaminação e
vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço • Reconhecimento como elemento potencial para a
para registro de informações sobre seu conteúdo.
produção de prova;
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que


• Isolamento para evitar que se altere;
vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa
• Fixação (descrição detalhada do vestígio como se
autorizada.
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer encontra no local do crime ou no corpo de delito);
constar na ficha de acompanhamento de vestígio o • Coleta para análise pericial;
nome e a matrícula do responsável, a data, o local, • Acondicionamento (o vestígio é embalado de for-
a finalidade, bem como as informações referentes ao ma individualizada, com anotação da data, hora e
novo lacre utilizado. nome de quem fez a coleta e o acondicionamento);
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no in- • Transporte, garantindo a manutenção das caracte-
terior do novo recipiente.’ rísticas originais e o controle da posse;
• Recebimento (com informações);
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deve- • Processamento (exame pericial com laudo do perito);
rão ter uma central de custódia destinada à guarda e • Armazenamento para realização de contraperícia,
controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada ser descartado ou transportado;
diretamente ao órgão central de perícia oficial de na- • Descarte, liberação do vestígio, com ou sem auto-
tureza criminal. rização judicial, a depender do caso.

368
Ao receber o pedido de medida cautelar, o juiz deverá
FIQUE ATENTO! intimar a parte contrária, para se manifestar no prazo de
Lembre-se que em uma mera coleta de san- 5 dias. Os casos de urgência ou de perigo deverão ser
gue para exames de rotina já existe uma justificados e fundamentados em decisão.
sistemática rígida para evitar erros no resul- No caso de descumprimento de qualquer das obriga-
tado, imagine agora todos os cuidados que ções impostas, o juiz, mediante requerimento do Minis-
precisam ser adotados para não ser come- tério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá
tida nenhuma injustiça em âmbito penal. substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em
Logo, todos os procedimentos elencados na último caso, decretar a prisão preventiva.
lei precisam ser obedecidos para a valoração O juiz não poderá mais, de ofício, substituir a medida,
de uma prova. impor outra em cumulação ou decretar a prisão preventi-
va, nos casos de descumprimento. Todavia, quando faltar
motivo para que subsista a medida cautelar imposta ou
A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferen- quando sobrevierem razões que a justifique, o juiz pode-
cialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento rá, de ofício, revogá-la ou substituí-la, respectivamente.
necessário para a central de custódia. É proibida a entra- A prisão preventiva somente será determinada quan-
da em locais isolados bem como a remoção de quaisquer do não for cabível a sua substituição por outra medida
vestígios de locais de crime antes da liberação por parte cautelar. Ademais, o não cabimento da substituição por
do perito responsável, sendo tipificada como fraude pro- outra medida cautelar deverá ser justificado de forma
cessual a sua realização. fundamentada nos elementos presentes do caso concre-
No acondicionamento para transporte, o recipiente to, de forma individualizada.
precisa estar selado com lacre e numeração individua- Ninguém poderá ser preso senão:
lizada, para garantir a inviolabilidade e a idoneidade do
vestígio durante o transporte. O recipiente precisa indivi- • Em flagrante delito;
dualizar o vestígio e preservá-lo. • Ordem escrita e fundamentada da autoridade judi-
Após cada rompimento de lacre, deve-se fazer cons- ciária competente;
tar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e • Prisão cautelar (prisão temporária, prisão preventi-
a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, va, etc.);
bem como as informações referentes ao novo lacre utili- • Condenação criminal transitada em julgado.
zado. O lacre rompido deverá ser acondicionado no inte-
rior do novo recipiente.   Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do
Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma mandado não impede a prisão. O preso será imediata-
central de custódia destinada à guarda e controle dos mente apresentado ao juiz que tiver expedido o manda-
vestígios. Toda central de custódia deve possuir os ser- do, para a realização de audiência de custódia.
viços de protocolo. Na central de custódia, a entrada e a
saída de vestígio deverão ser protocoladas, consignan- Antes do Pacote Após o Pacote
do-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a Anticrime Anticrime
eles se relacionam.
Após a realização da perícia, o material deverá ser de- Art. 283. Ninguém pode- Art. 283. Ninguém po-
volvido à central de custódia, devendo nela permanecer. rá ser preso senão em fla- derá ser preso senão em
Caso a central de custódia não possua espaço ou condi- grante delito ou por ordem flagrante delito ou por
ções de armazenar determinado material, deverá a auto- escrita e fundamentada da ordem escrita e funda-
ridade policial ou judiciária determinar as condições de autoridade judiciária com- mentada da autoridade
depósito do referido material em local diverso, mediante petente, em decorrência judiciária competente,
de sentença condenatória em decorrência de prisão
requerimento do diretor do órgão central de perícia ofi-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

transitada em julgado ou, cautelar ou em virtude


cial de natureza criminal.
no curso da investigação de condenação criminal
A preocupação com a audiência de custódia iniciou-
ou do processo, em virtu- transitada em julgado.   
-se nos Estados Unidos, na década de 90, quando o ex-
de de prisão temporária ou
-jogador de futebol e então ator O. J. Simpson foi acusa-
prisão preventiva.
do de ser o executor do homicídio de sua ex-esposa e de
um amigo dela, e absolvido. A defesa conseguiu absolvi- Art. 287. Se a infração Art. 287. Se a infração
ção justamente porque a preservação do local foi inade- for inafiançável, a falta de for inafiançável, a falta
quada. A partir de então a cadeia de custódia passou a exibição do mandado não de exibição do mandado
ser pensada e desenvolvida pela maioria dos países. obstará à prisão, e o pre- não obstará a prisão, e o
Quanto às medidas cautelares, de acordo com a inova- so, em tal caso, será ime- preso, em tal caso, será
ção no Pacote Anticrime, o juiz não poderá mais decretá- diatamente apresentado imediatamente apresen-
-las de ofício, isto é, serão decretadas pelo juiz a requeri- ao juiz que tiver expedido tado ao juiz que tiver ex-
mento das partes ou, quando no curso da investigação o mandado. pedido o mandado, para
criminal, por representação da autoridade policial ou a realização de audiência
mediante requerimento do Ministério Público. de custódia. 

369
Perceba que o Pacote Anticrime dividiu a prisão em II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
duas espécies: prisão cautelar e prisão execução de pena. quando presentes os requisitos constantes do art. 312
Ademais, a nova legislação impôs a realização da audiên- deste Código, e se revelarem inadequadas ou insufi-
cia de custódia seguida da prisão. cientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
máximo de 24 horas (contadas da realização da prisão), § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em fla-
o juiz deverá promover AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA, com grante, que o agente praticou o fato em qualquer das
a presença do acusado, seu advogado constituído ou condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do
membro da Defensoria Pública e o membro do Ministé- art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
rio Público. 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente,
Se transcorridas as 24 horas, a não realização da au- conceder ao acusado liberdade provisória, mediante
diência de custódia (sem motivação idônea) ensejará a termo de comparecimento obrigatório a todos os atos
ILEGALIDADE DA PRISÃO, a ser relaxada pela autoridade processuais, sob pena de revogação.
competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou
decretação de prisão preventiva. Ademais, a autoridade que integra organização criminosa armada ou milí-
que deu causa, sem motivação idônea, à não realização cia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá
da audiência de custódia no prazo estabelecido respon- denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas
derá administrativa, civil e penalmente pela omissão. cautelares.
Todavia, o dia 22/01/2020, o Ministro Luiz Fux sus- § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idô-
pendeu a eficácia da liberação da prisão pela não realiza- nea, à não realização da audiência de custódia no
ção da audiência de custódia no prazo de 24 horas. prazo estabelecido no  caput  deste artigo responderá
Na audiência de custódia, o juiz decide fundamenta- administrativa, civil e penalmente pela omissão.
damente: § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o
decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo,
• Relaxar a prisão ilegal; a não realização de audiência de custódia sem moti-
• Converter a prisão em flagrante em preventiva, vação idônea ensejará também a ilegalidade da pri-
quando presentes os requisitos, e se revelarem são, a ser relaxada pela autoridade competente, sem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautela- prejuízo da possibilidade de imediata decretação de
res diversas da prisão; prisão preventiva.
• Conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Ademais, de acordo com a jurisprudência, a decisão
Antes do Pacote Anticrime proferida na audiência de custódia reconhecendo a ati-
picidade do fato não faz coisa julgada. A decisão não
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o vincula o titular da ação penal, que poderá oferecer acu-
juiz deverá fundamentadamente: sação contra o indivíduo, narrando os mesmos fatos, e o
I - relaxar a prisão ilegal; ou juiz poderá receber a denúncia.
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante,
quando presentes os requisitos constantes do art. 312 que o agente praticou o fato em legítima defesa, o juiz
deste Código, e se revelarem inadequadas ou insufi- pode, de maneira fundamentada, conceder ao acusado
cientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou liberdade provisória, mediante termo de compareci-
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. mento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena
Parágrafo único.  Se o juiz verificar, pelo auto de pri- de revogação.
são em flagrante, que o agente praticou o fato nas Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que
condições constantes dos incisos I a III do caput do art. integra organização criminosa armada ou milícia, ou que
23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 porta arma de fogo de uso restrito, DEVERÁ DENEGAR
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

- Código Penal, poderá, fundamentadamente, conce- A LIBERDADE PROVISÓRIA, com ou sem medidas cau-
der ao acusado liberdade provisória, mediante termo telares.
de comparecimento a todos os atos processuais, sob Em qualquer fase da investigação policial ou do pro-
pena de revogação. cesso penal, caberá a PRISÃO PREVENTIVA decretada
pelo juiz, a requerimento do ministério público, do que-
Após o Pacote Anticrime relante ou do assistente, ou por representação da auto-
ridade policial.
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagran- A prisão preventiva poderá ser decretada como:
te, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas
após a realização da prisão, o juiz deverá promover • Garantia da ordem pública;
audiência de custódia com a presença do acusado, • Garantia da ordem econômica;
seu advogado constituído ou membro da Defensoria • Por conveniência da instrução criminal;
Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa • Assegurar a aplicação da lei penal (risco de fuga).
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou

370
Mas desde que haja prova da existência do crime Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva
e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo se, no correr do processo, verificar a falta de motivo
estado de liberdade do imputado. A decisão precisa ser para que subsista, bem como de novo decretá-la, se
motivada e fundamentada mostrando receio de perigo e sobrevierem razões que a justifiquem.
existência concreta de fatos novos ou contemporâneos
que justifiquem a aplicação da medida adotada. Após o Pacote Anticrime
Vale lembrar que as prisões cautelares não se con-
fundem com a prisão-pena, pois as primeiras buscam Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou
assegurar a boa aplicação do Direito Penal em casos que do processo penal, caberá a prisão preventiva decreta-
exigem tal medida de urgência, já a segunda advém do da pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do
trânsito em julgado da condenação criminal. querelante ou do assistente, ou por representação da
Não será admitida a decretação da prisão preventi- autoridade policial.
va com a finalidade de antecipação de cumprimento de
pena ou como decorrência imediata de investigação cri- Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada
minal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. como garantia da ordem pública, da ordem econô-
mica, por conveniência da instrução criminal ou para
Antes do Pacote Anticrime assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
prova da existência do crime e indício suficiente de
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade
do processo penal, caberá a prisão preventiva decre- do imputado.
tada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou § 1º  A prisão preventiva também poderá ser decre-
a requerimento do Ministério Público, do querelante tada em caso de descumprimento de qualquer das
ou do assistente, ou por representação da autoridade obrigações impostas por força de outras medidas cau-
policial. telares (art. 282, § 4o).
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve
ser motivada e fundamentada em receio de perigo e
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada
existência concreta de fatos novos ou contemporâneos
como garantia da ordem pública, da ordem econô-
que justifiquem a aplicação da medida adotada.
mica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será
prova da existência do crime e indício suficiente de
admitida a decretação da prisão preventiva:
autoria.
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
Parágrafo Único.  A prisão preventiva também poderá liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
ser decretada em caso de descumprimento de qual- II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em
quer das obrigações impostas por força de outras me- sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto
didas cautelares (art. 282, § 4o).  no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será III - se o crime envolver violência doméstica e familiar
admitida a decretação da prisão preventiva:(Redação contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). ou pessoa com deficiência, para garantir a execução
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de das medidas protetivas de urgência;
liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; § 1º Também será admitida a prisão preventiva quan-
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em do houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto quando esta não fornecer elementos suficientes para
no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imedia-
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; tamente em liberdade após a identificação, salvo se
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar outra hipótese recomendar a manutenção da medida. 
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo § 2º Não será admitida a decretação da prisão preven-
ou pessoa com deficiência, para garantir a execução tiva com a finalidade de antecipação de cumprimento
das medidas protetivas de urgência; de pena ou como decorrência imediata de investiga-
Parágrafo Único.  Também será admitida a prisão ção criminal ou da apresentação ou recebimento de
preventiva quando houver dúvida sobre a identidade denúncia.
civil da pessoa ou quando esta não fornecer elemen-
tos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das par-
colocado imediatamente em liberdade após a identi- tes, revogar a prisão preventiva se, no correr da in-
ficação, salvo se outra hipótese recomendar a manu- vestigação ou do processo, verificar a falta de motivo
tenção da medida. para que ela subsista, bem como novamente decretá-
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quan- -la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
do houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deve-
quando esta não fornecer elementos suficientes para rá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imedia- sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante
tamente em liberdade após a identificação, salvo se decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar
outra hipótese recomendar a manutenção da medida. a prisão ilegal.

371
Perceba que com o Pacote Anticrime o juiz não pode A apelação interposta contra decisão condenatória
mais decretar de ofício a prisão preventiva, para que seja do Júri a uma pena igual ou superior a 15 anos de re-
preservado o sistema acusatório, no qual as funções de clusão NÃO TERÁ EFEITO SUSPENSIVO. Excepcionalmen-
acusar e julgar são extremamente separadas. Ademais, a te, poderá atribuir efeito suspensivo quando verificado
nova lei ressaltou que a prisão preventiva exige demons- cumulativamente que o recurso: I - não tem propósito
tração do perigo que causa a liberdade do acusado. Por meramente protelatório; e II - levanta questão substan-
fim, como espelho do Código de Processo Civil de 2015, cial e que pode resultar em absolvição, anulação da sen-
alguns requisitos são estabelecidos quanto a motivação tença, novo julgamento ou redução da pena para pata-
da prisão. mar inferior a 15 anos de reclusão.
NÃO SE CONSIDERA FUNDAMENTADA QUALQUER Por fim, no campo das nulidades foi acrescido dispo-
DECISÃO JUDICIAL, seja ela interlocutória, sentença ou sitivo no sentido de que a nulidade ocorrerá em decor-
acórdão, que: rência de decisão carente de fundamentação.

• Limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase Alterações na Lei de Execução Penal


de ato normativo, sem explicar sua relação com a
causa ou a questão decidida; A primeira mudança ocasionada pelo Pacote Anticri-
• Empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem me na LEP foi sobre o exame de identificação do perfil
explicar o motivo concreto de sua incidência no genético.
caso; Os condenados por crime praticado, dolosamente,
• Invocar motivos que se prestariam a justificar qual- com violência de natureza grave contra pessoa, ou por
quer outra decisão; crime hediondo, são submetidos, obrigatoriamente, à
• Não enfrentar todos os argumentos deduzidos no identificação do perfil genético, mediante extração de
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e
adotada pelo julgador; indolor. A identificação do perfil genético será armazena-
da em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a
• Limitar-se a invocar precedente ou enunciado de
ser expedido pelo Poder Executivo.   
súmula, sem identificar seus fundamentos deter-
O Pacote Anticrime acrescentou que na regulamen-
minantes nem demonstrar que o caso sob julga-
tação deverá constar garantias mínimas de proteção de
mento se ajusta àqueles fundamentos;
dados genéticos, observadas as melhores práticas da ge-
• Deixar de seguir enunciado de súmula, jurispru-
nética forense.  
dência ou precedente invocado pela parte, sem
Ademais, deve ser viabilizado ao titular de dados ge-
demonstrar a existência de distinção no caso em
néticos o acesso aos seus dados constantes nos bancos
julgamento ou a superação do entendimento.
de perfis genéticos, bem como a todos os documentos
da cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira
FIQUE ATENTO! que possa ser contraditado pela defesa.  
O condenado que não tiver sido submetido à iden-
O juiz poderá, de ofício ou a pedido das par- tificação do perfil genético por ocasião do ingresso no
tes, revogar a prisão preventiva se, no correr estabelecimento prisional deverá ser submetido ao pro-
da investigação ou do processo, verificar a cedimento durante o cumprimento da pena.  Inclusive,
falta de motivo para que ela subsista, bem constitui falta grave a recusa do condenado em subme-
como novamente decretá-la, se sobrevierem ter-se ao procedimento de identificação do perfil gené-
razões que a justifiquem. Decretada, deve-se tico.
revisar a necessidade de sua manutenção a
cada 90 dias. Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, do-
losamente, com violência de natureza grave contra
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art.
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

No Tribunal do Júri, o juiz ao proferir sentença con- 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990 (crimes
denatória mandará o acusado recolher-se ou recomen- hediondos), serão submetidos, obrigatoriamente, à
dá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os re- identificação do perfil genético, mediante extração de
quisitos da prisão preventiva. No caso de condenação a DNA – ácido desoxirribonucleico, por técnica adequa-
uma pena igual ou superior a 15 anos de reclusão, o juiz da e indolor.
determinará a execução provisória da pena, com expedi- § 1o A identificação do perfil genético será armazena-
ção do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do da em banco de dados sigiloso, conforme regulamen-
conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos. to a ser expedido pelo Poder Executivo.   
O presidente do Tribunal do Júri poderá, excepcional- § 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garan-
mente, deixar de autorizar a execução provisória da pena tias mínimas de proteção de dados genéticos, obser-
se houver questão substancial cuja resolução pelo tribu- vando as melhores práticas da genética forense.    
nal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente § 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá
levar à revisão da condenação. requerer ao juiz competente, no caso de inquérito ins-
taurado, o acesso ao banco de dados de identificação
de perfil genético.  

372
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéti- Duração máxima de até 2 anos,
cos o acesso aos seus dados constantes nos bancos de sem prejuízo de repetição da
perfis genéticos, bem como a todos os documentos da sanção por nova falta grave de
cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira mesma espécie;
que possa ser contraditado pela defesa. Cela individual;
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput des- Visitas quinzenais, de 2 pessoas
te artigo que não tiver sido submetido à identificação por vez, a serem realizadas em
do perfil genético por ocasião do ingresso no estabe- instalações equipadas para im-
lecimento prisional deverá ser submetido ao procedi- pedir o contato físico e a passa-
mento durante o cumprimento da pena. gem de objetos, por pessoa da
§ 5º (VETADO). família ou, no caso de terceiro,
§ 6º (VETADO). autorizado judicialmente, com
§ 7º (VETADO). duração de 2 horas;
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em Direito do preso à saída da cela
submeter-se ao procedimento de identificação do per- por 2 horas diárias para banho
fil genético. de sol, em grupos de até 4 pre-
Características: sos, desde que não haja conta-
Ademais, o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) to com presos do mesmo gru-
sofreu substanciais alterações: po criminoso;
Entrevistas sempre monitora-
das, exceto aquelas com seu
O preso provisório, ou conde- defensor, em instalações equi-
Quem está sujeito?
nado, nacional ou estrangeiro. padas para impedir o contato
Prática de crime doloso, quan- físico e a passagem de objetos,
do ocasione subversão da or- salvo expressa autorização ju-
dem ou disciplina internas. dicial em contrário;
Presos que apresentem alto Fiscalização do conteúdo da
risco para a ordem e a seguran- correspondência;
ça do estabelecimento penal Participação em audiências ju-
ou da sociedade. diciais preferencialmente por
Hipóteses de
Presos sob os quais recaiam videoconferência, garantindo-
cabimento:
fundadas suspeitas de envolvi- -se a participação do defensor
mento ou participação, a qual- no mesmo ambiente do preso.
quer título, em organização Existindo indícios de que o pre-
criminosa, associação crimino- so exerce liderança em orga-
sa ou milícia privada, indepen- nização criminosa, associação
dentemente da prática de falta criminosa ou milícia privada, ou
grave.  que tenha atuação criminosa
em 2 ou mais Estados da Fe-
deração, será obrigatoriamente
cumprido em estabelecimento
prisional federal.
Poderá ser prorrogado suces-
sivamente, por períodos de 1
ano, existindo indícios de que o
preso: I - continua apresentan-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

Presídio e
do alto risco para a ordem e a
Prorrogações
segurança do estabelecimento
penal de origem ou da socie-
dade; II - mantém os vínculos
com organização criminosa,
associação criminosa ou milí-
cia privada, considerados tam-
bém o perfil criminal e a fun-
ção desempenhada por ele no
grupo criminoso, a operação
duradoura do grupo, a super-
veniência de novos processos
criminais e os resultados do
tratamento penitenciário.

373
As visitas quinzenais, de 2 pes- V. 40% da pena, se o apenado for condenado pela
soas por vez, serão gravadas prática de crime hediondo ou equiparado, se for
em sistema de áudio ou de áu- primário;
dio e vídeo e, com autorização VI. 50% da pena, se o apenado for:
judicial, fiscalizadas por agente
penitenciário. a) condenado pela prática de crime hediondo ou
Visita Após os primeiros 6 meses de equiparado, com resultado morte, se for primário,
RDD, o preso que não rece- VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL;
ber visita poderá, após prévio b) condenado por exercer o comando, individual ou
agendamento, ter contato tele- coletivo, de organização criminosa estruturada
fônico, que será gravado, com para a prática de crime hediondo ou equiparado;
uma pessoa da família, 2 vezes ou
por mês e por 10 minutos. c) condenado pela prática do crime de constituição
de milícia privada;
Antes do Pacote Anticrime, a redação sobre o RDD
era assim: VII. 60% da pena, se o apenado for reincidente na prá-
tica de crime hediondo ou equiparado;
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso VIII. 70% da pena, se o apenado for reincidente em cri-
constitui falta grave e, quando ocasione subversão da me hediondo ou equiparado com resultado morte,
ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisó- VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL.
rio, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao
regime disciplinar diferenciado, com as seguintes ca-
racterísticas: FIQUE ATENTO!
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem A decisão do juiz que determinar a progres-
prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave são de regime será sempre motivada e pre-
de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena cedida de manifestação do Ministério Públi-
aplicada; co e do defensor, procedimento que também
II - recolhimento em cela individual; será adotado na concessão de livramento
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as condicional, indulto e comutação de penas.
crianças, com duração de duas horas;
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas
diárias para banho de sol. O Pacote Anticrime introduziu entendimento que já
estava sendo pacificado pelo Tribunais Superiores, no
Percebe-se que o Pacote Anticrime tornou mais rígi- sentido de que não se considera hediondo ou equipara-
das as regras do RDD. Vale lembrar que o RDD não é um do o crime de tráfico de drogas privilegiado (agente pri-
regime de cumprimento de pena, mas sim uma espécie mário, de bons antecedentes, que não se dedique às ati-
de sanção disciplinar. As principais mudanças que po- vidades criminosas nem integre organização criminosa).
dem ser destacadas é o prazo de duração e a limitação
de visitas. A mudança vem sofrendo críticas, no sentido § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste
que tal repressão é desacerbada e configura uma espécie artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
de Direito Penal do Inimigo. dois terços, desde que o agente seja primário, de bons
Outro ponto severamente alterado foi a progressão antecedentes, não se dedique às atividades criminosas
de regime. A pena privativa de liberdade será executada nem integre organização criminosa.  
em forma progressiva com a transferência para regime
menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o No caso de mulher gestante ou que for mãe ou res-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

preso tiver cumprido ao menos: ponsável por crianças ou pessoas com deficiência, os
requisitos para progressão de regime são, cumulativa-
I. 16% da pena, se o apenado for primário e o crime mente: 
tiver sido cometido sem violência à pessoa ou gra-
ve ameaça; I. não ter cometido crime com violência ou grave
II. 20% da pena, se o apenado for reincidente em ameaça a pessoa;
crime cometido sem violência à pessoa ou grave II. não ter cometido o crime contra seu filho ou de-
ameaça; pendente;
III. 25% da pena, se o apenado for primário e o crime III. ter cumprido ao menos 1/8 da pena no regime an-
tiver sido cometido com violência à pessoa ou gra- terior;
ve ameaça; IV. ser primária e ter bom comportamento carcerário,
IV. 30% da pena, se o apenado for reincidente em comprovado pelo diretor do estabelecimento;
crime cometido com violência à pessoa ou grave V. não ter integrado organização criminosa.
ameaça;

374
O cometimento de falta grave durante a execução da Antes do Pacote Depois do Pacote
pena privativa de liberdade INTERROMPE o prazo para a
obtenção da progressão no regime de cumprimento da Anticrime Anticrime
pena, caso em que o reinício da contagem do requisito Art. 75. O tempo de cum- Art. 75. O tempo de cum-
objetivo terá como base a pena remanescente. primento das penas pri- primento das penas pri-
Ademais, não terá direito à saída temporária o vativas de liberdade não vativas de liberdade não
condenado que cumpre pena por praticar crime he- pode ser superior a trinta pode ser superior a 40
diondo com resultado morte. anos. (quarenta) anos.
Em todos os casos, o apenado só terá direito à pro- § 1º - Quando o agente for § 1º Quando o agente for
gressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, condenado a penas pri- condenado a penas pri-
comprovada pelo diretor do estabelecimento. O reedu- vativas de liberdade cuja vativas de liberdade cuja
cando tem direito à progressão a partir da data em que soma seja superior a trinta soma seja superior a 40
preencher os requisitos legais. A decisão do juiz da exe- anos, devem elas ser unifi- (quarenta) anos, devem
cução que defere a progressão de regime é declarató- cadas para atender ao li- elas ser unificadas para
ria, não se pode desconsiderar o período em que o ree- mite máximo deste artigo. atender ao limite máximo
ducando permaneceu cumprindo pena enquanto o juiz § 2º - Sobrevindo conde- deste artigo.
analisava o requerimento de progressão. Dessa forma, a nação por fato posterior ao § 2º - Sobrevindo conde-
data-base para a subsequente progressão é aquela em início do cumprimento da nação por fato posterior ao
que o indivíduo de fato preencheu todos os requisitos pena, far-se-á nova uni- início do cumprimento da
para a progressão. ficação, desprezando-se, pena, far-se-á nova uni-
O cometimento de falta grave durante a execução da para esse fim, o período de ficação, desprezando-se,
pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a pena já cumprido. para esse fim, o período de
obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena já cumprido.
pena, caso em que o reinício da contagem do requisito
objetivo terá como base a pena remanescente. Assim, a leitura da súmula 715 do STF passa ser a
seguinte: A pena unificada para atender ao limite de 40
Antes do Pacote Anticrime, a regra de progressão anos de cumprimento, não é considerada para a conces-
de regime era: são de outros benefícios, ex. livramento condicional, re-
gime mais favorável de execução.
• Cumprimento de 1/6 para crimes comuns; Ainda sobre a progressão de regime, o condenado
• Cumprimento de 2/5 para crimes hediondos; por crime contra a Administração Pública só pode pro-
• Cumprimento de 3/5 para crimes hediondos com gredir de regime após a reparação do dano que causou,
reincidência. conforme o art. 33 do Código Penal:

Perceba que essa alteração fez com que o tempo ne- § 4o O condenado por crime contra a administração
cessário para a progressão aumente, o que certamente pública terá a progressão de regime do cumprimento
irá impactar na população carcerária. da pena condicionada à reparação do dano que cau-
Atente-se para a novidade do Pacote Anticrime sobre sou, ou à devolução do produto do ilícito praticado,
o tempo de duração do cumprimento das penas. Essa com os acréscimos legais. 
novidade torna mais rígido o sistema penal, uma vez que
aumentou em 10 anos o tempo de cumprimento de pena: Ademais, o inadimplemento deliberado da pena de
multa cumulativamente aplicada ao sentenciado impede
a progressão do regime prisional, salvo se ficar compro-
vada a absoluta impossibilidade econômica do apenado
em quitar a multa, ainda que parceladamente. Inclusive,
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

caso deixe de pagar injustificadamente o parcelamento


haverá a regressão de regime.
Por fim, o Pacote Anticrime trouxe mudança no insti-
tuto do Livramento Condicional:

Livramento Condicional

É o benefício que permite ao condenado à pena pri-


vativa de liberdade superior a 2 anos a liberdade anteci-
pada, condicional e precária, desde que cumprida parte
da reprimenda imposta e sejam observados os demais
requisitos legais. Considera-se a última etapa da execu-
ção, com liberdade responsável e reinserção social.

375
Os requisitos objetivos são: condenado a pena priva- realizada solenemente no dia marcado pelo Presi-
tiva de liberdade igual ou superior a 2 anos, reparação dente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento
do dano, cumprimento de 1/3 da pena ou ½ da pena em onde está sendo cumprida a pena, observando-se o
caso de reincidente em crime doloso ou 2/3 da pena em seguinte:
caso de condenado não reincidente em crime hediondo. I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos
Os requisitos subjetivos se baseiam no seu bom com- demais condenados, pelo Presidente do Conselho Pe-
portamento e aptidão para prover a própria subsistência nitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta,
pelo trabalho honesto. pelo Juiz;
II - a autoridade administrativa chamará a atenção
A revogação é obrigatória em caso de condenação
do liberando para as condições impostas na sentença
irrecorrível à pena privativa de liberdade. E, facultativa,
de livramento;
em caso de condenação irrecorrível por crime ou contra-
III - o liberando declarará se aceita as condições.
venção, à pena não privativa de liberdade, bem como o § 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo
descumprimento das condições impostas. subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo libe-
Atente-se que o Pacote Anticrime alterou o instituto rando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não
do Livramento Condicional, de maneira que agora exige- puder escrever.
-se o NÃO COMETIMENTO DE FALTA GRAVE NOS ÚL- § 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da
TIMOS 12 MESES PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. execução.

Art. 131. O livramento condicional poderá ser conce- Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento pe-
dido pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do nal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio
artigo 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, e do que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à
ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário. autoridade judiciária ou administrativa, sempre que
lhe for exigida.
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as con- § 1º A caderneta conterá:
dições a que fica subordinado o livramento. a) a identificação do liberado;
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as b) o texto impresso do presente Capítulo;
c) as condições impostas.
obrigações seguintes:
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se
um salvo-conduto, em que constem as condições do
for apto para o trabalho;
livramento, podendo substituir-se a ficha de identifi-
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação; cação ou o seu retrato pela descrição dos sinais que
c) não mudar do território da comarca do Juízo da possam identificá-lo.
execução, sem prévia autorização deste. § 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicio- espaço para consignar-se o cumprimento das condi-
nal, entre outras obrigações, as seguintes: ções referidas no artigo 132 desta Lei.
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz
e à autoridade incumbida da observação cautelar e Art. 139. A observação cautelar e a proteção reali-
de proteção; zadas por serviço social penitenciário, Patronato ou
b) recolher-se à habitação em hora fixada; Conselho da Comunidade terão a finalidade de:
c) não frequentar determinados lugares. I - fazer observar o cumprimento das condições espe-
cificadas na sentença concessiva do benefício;
Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução
comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de ati-
sentença do livramento ao Juízo do lugar para onde vidade laborativa.
ele se houver transferido e à autoridade incumbida da Parágrafo único. A entidade encarregada da observa-
ção cautelar e da proteção do liberado apresentará
observação cautelar e de proteção.
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da re-


presentação prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de
apresentar-se imediatamente às autoridades referidas Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-
no artigo anterior. -se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do
Código Penal.
Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livra- Parágrafo único. Mantido o livramento condicional,
mento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para na hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá
as providências cabíveis. advertir o liberado ou agravar as condições.

Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta Art. 141. Se a revogação for motivada por infração
de livramento com a cópia integral da sentença em 2 penal anterior à vigência do livramento, computar-se-
(duas) vias, remetendo-se uma à autoridade adminis- -á como tempo de cumprimento da pena o período
trativa incumbida da execução e outra ao Conselho de prova, sendo permitida, para a concessão de novo
Penitenciário. livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não

376
se computará na pena o tempo em que esteve solto Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2
o liberado, e tampouco se concederá, em relação à (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa
mesma pena, novo livramento. de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma
prevista nos artigos 77 a 82 do Código Penal.
Art. 143. A revogação será decretada a requerimen-
to do Ministério Público, mediante representação do Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar
Conselho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido pena privativa de liberdade, na situação determinada
o liberado. no artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivada-
mente, sobre a suspensão condicional, quer a conce-
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministé- da, quer a denegue.
rio Público, da Defensoria Pública ou mediante repre-
sentação do Conselho Penitenciário, e ouvido o libe- Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especifica-
rado, poderá modificar as condições especificadas na
rá as condições a que fica sujeito o condenado, pelo
sentença, devendo o respectivo ato decisório ser lido
prazo fixado, começando este a correr da audiência
ao liberado por uma das autoridades ou funcionários
prevista no artigo 160 desta Lei.
indicados no inciso I do caput do art. 137 desta Lei,
§ 1° As condições serão adequadas ao fato e à situa-
observado o disposto nos incisos II e III e §§ 1º e 2º do
mesmo artigo. ção pessoal do condenado, devendo ser incluída entre
as mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou li-
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, mitação de fim de semana, salvo hipótese do artigo
o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conse- 78, § 2º, do Código Penal.
lho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo § 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a re-
o curso do livramento condicional, cuja revogação, en- querimento do Ministério Público ou mediante pro-
tretanto, ficará dependendo da decisão final. posta do Conselho Penitenciário, modificar as con-
dições e regras estabelecidas na sentença, ouvido o
Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interes- condenado.
sado, do Ministério Público ou mediante representa- § 3º A fiscalização do cumprimento das condições, re-
ção do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena guladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por
privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramen- normas supletivas, será atribuída a serviço social pe-
to sem revogação. nitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou
instituição beneficiada com a prestação de serviços,
Suspensão Condicional da Pena inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Mi-
nistério Público, ou ambos, devendo o Juiz da execu-
Sursis é a suspensão condicional da pena privativa de ção suprir, por ato, a falta das normas supletivas.
liberdade, na qual o réu se submete durante o período § 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à
de prova (lapso temporal) à fiscalização e ao cumprimen- entidade fiscalizadora, para comprovar a observância
to de condições judicialmente estabelecidas. Cuida-se de das condições a que está sujeito, comunicará, tam-
execução mitigada da pena privativa de liberdade, uma bém, a sua ocupação e os salários ou proventos de
vez que, o condenado cumpre a pena que lhe foi impos- que vive.
ta, mas de forma menos gravosa. § 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar ime-
Os requisitos objetivos são: pena privativa de liber- diatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais,
dade aplicada na sentença não superior a 2 anos. Os re-
qualquer fato capaz de acarretar a revogação do be-
quisitos subjetivos são: não seja caso de pena substituída
nefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das
por restritiva de direitos, o réu não seja reincidente em
condições.
doloso, a culpabilidade, os antecedentes, a conduta so-
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será
cial e a personalidade do agente, bem como os motivos
feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

e as circunstâncias do crime autorizem a concessão do


benefício. do local da nova residência, aos quais o primeiro de-
O período de prova dura de 2 a 4 anos, salvo se tratar verá apresentar-se imediatamente.
de sursis etário ou humanitário, pois neste caso, o prazo
dura de 4 a 6 anos. Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena
A revogação é obrigatória em caso de superveniência for concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer
de condenação irrecorrível pela prática de crime dolo- as condições do benefício.
so, não reparação do dano e descumprimento das con- § 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal
dições dos sursis simples. A revogação é facultativa em modificar as condições estabelecidas na sentença re-
caso de superveniência de condenação irrecorrível pela corrida.
prática de contravenção penal ou crime culposo, des- § 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional
cumprimento de condições do sursis especial (condições da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execu-
do primeiro ano), bem como descumprimento de qual- ção a incumbência de estabelecer as condições do be-
quer condição judicial. nefício, e, em qualquer caso, a de realizar a audiência
admonitória.

377
Art. 160. Transitada em julgado a sentença condena- • Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou
tória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, ad- artefato análogo que cause perigo comum;
vertindo-o das consequências de nova infração penal • Genocídio;
e do descumprimento das condições impostas. • Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proi-
bido;
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital • Comércio ilegal de arma de fogo;
com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer • Tráfico internacional de arma de fogo;
injustificadamente à audiência admonitória, a sus- • Organização criminosa direcionada a prática de
pensão ficará sem efeito e será executada imediata- crime hediondo ou equiparado.
mente a pena.
Perceba que não é todo homicídio considerado he-
Art. 162. A revogação da suspensão condicional da diondo, bem como nem toda lesão corporal. Por outro
pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão lado, tanto o estupro como o estupro de vulnerável são
na forma do artigo 81 e respectivos parágrafos do Có- classificados como crimes hediondos. Dessa forma, per-
digo Penal. ceba que a memorização de todos os requisitos do crime
considerado hediondo é essencial para conseguir classi-
Art. 163. A sentença condenatória será registrada, ficá-lo ou não como um crime hediondo.
com a nota de suspensão em livro especial do Juízo a A lei equipara o tráfico ilícito de entorpecentes, a
que couber a execução da pena. tortura e o terrorismo ao rol de crimes hediondos e de-
§ 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o termina que são insuscetíveis à anistia, graça, indulto e
fato averbado à margem do registro. fiança. A prisão temporária terá o prazo de 30 dias, pror-
§ 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo rogável por igual período.
para efeito de informações requisitadas por órgão ju- Portanto, se o agente comete o crime de tráfico de dro-
diciário ou pelo Ministério Público, para instruir pro- gas, bem como a tortura ou o terrorismo o seu tratamento
cesso penal.
será mais severo. A doutrina considera as figuras equipa-
radas como o famoso TTT, em razão de suas letras iniciais.
Alterações na Lei dos Crimes Hediondos
O Pacote Anticrime passou a dizer que é crime he-
diondo a posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
O ordenamento jurídico penal adotou o sistema legal
proibido. Desse modo, o Estatuto do Desarmamento
para definir o rol dos crimes hediondos (tentados e con-
começou a diferenciar a arma de fogo de uso restrito e
sumados). Isso significa dizer que apenas os crimes con-
a arma de fogo de uso proibido. Com isso, não é mais
siderados pela lei podem ser tratados como hediondos.
crime hediondo a posse ou porte ilegal de arma de fogo
Assim, cumpre conhecer a lista atual dos crimes he-
diondos, que foi alterada recentemente com a entrada de uso restrito, mas tão somente a posse ou o porte da
em vigor do Pacote Anticrime: arma de fogo de uso proibido. Trata-se de uma novatio
legis in mellius aos condenados ao porte ou posse ilegal
• Homicídio praticado em atividade típica de grupo de arma de fogo de uso restrito, que não receberão mais
de extermínio e homicídio qualificado; um tratamento hediondo.
• Lesão corporal dolosa gravíssima ou seguida de
morte, praticada contra agente de segurança pú- Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
blica ou seu cônjuge/parente até 3º grau. Obs. se-
rão assim considerados se no exercício da função Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, re-
ou em decorrência dela e, em relação aos parentes, ceber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
em razão dessa condição; gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
• Roubo com restrição da liberdade ou emprego de sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
arma de fogo ou qualificado por lesão corporal munição de uso restrito, sem autorização e em desa-
cordo com determinação legal ou regulamentar:      
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

grave/morte;
• Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte; § 1º Nas mesmas penas incorre quem:      
• Extorsão mediante sequestro. Obs. apenas na hi- I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
pótese do caput do art. 159 e seus§§1º, 2º e 3º, isto sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
é, excetuando-se a hipótese do §4º, do art. 159, do II – modificar as características de arma de fogo, de
CP; forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso
• Estupro; proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de
• Estupro de vulnerável; qualquer modo induzir a erro autoridade policial, pe-
• Epidemia com o resultado morte; rito ou juiz;
• Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato ex-
de produto destinado a fins terapêuticos ou medi- plosivo ou incendiário, sem autorização ou em desa-
cinais; cordo com determinação legal ou regulamentar;
• Favorecimento da prostituição ou outra forma de IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer
exploração sexual da criança ou adolescente ou arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro
vulnerável; sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;

378
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita- Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regi-
mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo me semi-aberto poderão obter autorização para saída
a criança ou adolescente; e temporária do estabelecimento, sem vigilância direta,
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, nos seguintes casos:
ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. I - visita à família;
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste II - freqüência a curso supletivo profissionalizante,
artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a bem como de instrução do 2º grau ou superior, na
pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.   Comarca do Juízo da Execução;
III - participação em atividades que concorram para o
Quanto à progressão de regime, a novidade é a ne- retorno ao convívio social.
cessidade de cumprimento de novas porcentagens: § 1º A ausência de vigilância direta não impede a uti-
lização de equipamento de monitoração eletrônica
• 16% da pena, se o apenado for primário e o crime pelo condenado, quando assim determinar o juiz da
tiver sido cometido sem violência à pessoa ou gra- execução.
ve ameaça;    § 2º Não terá direito à saída temporária a que se refe-
• 20% da pena, se o apenado for reincidente em re o caput deste artigo o condenado que cumpre pena
crime cometido sem violência à pessoa ou grave por praticar crime hediondo com resultado morte.      
ameaça;
• 25% da pena, se o apenado for primário e o crime Ademais, vale lembrar que o Pacote Anticrime legis-
tiver sido cometido com violência à pessoa ou gra- lou o entendimento que não se considera hediondo o
ve ameaça;     crime de tráfico de drogas privilegiado, isto é, se o agen-
• 30% da pena, se o apenado for reincidente em te é primário, de bons antecedentes, não se dedique a
crime cometido com violência à pessoa ou grave atividades criminosas nem à organização criminosa.
ameaça;    
• 40% da pena, se o apenado for condenado pela
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste
prática de crime hediondo ou equiparado, se for
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
primário;   
dois terços, desde que o agente seja primário, de bons
• 50% da pena, se o apenado for:   
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas
nem integre organização criminosa.
a) condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, com resultado morte, se for primário,
Os tribunais superiores enquadram as “mulas” como
vedado o livramento condicional;    
caso comum de tráfico privilegiado. A habitualidade no
b) condenado por exercer o comando, individual ou
crime e o pertencimento a organizações criminosas de-
coletivo, de organização criminosa estruturada para
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou     verão ser comprovadas pela acusação, não sendo possí-
c) condenado pela prática do crime de constituição vel que o benefício do tráfico privilegiado seja afastado
de milícia privada;     por simples presunção.
A jurisprudência é polêmica quanto a possibilidade
• 60% da pena, se o apenado for reincidente na prá- de aplicar o privilégio em caso de elevada quantidade de
tica de crime hediondo ou equiparado; droga. O que tem prevalecido é que as peculiaridades do
• 70% da pena, se o apenado for reincidente em cri- caso concreto podem servir para impedir a redução. Por
me hediondo ou equiparado com resultado morte, outro lado, o simples fato de o réu ter alguma ocupação
vedado o livramento condicional.  lícita não significa que terá direito, necessariamente, à
minorante.
Antes do Pacote Anticrime, o condenado por crime Ademais, a Quinta Turma do STJ trouxe importante
hediondo estava sujeito aos seguintes requisitos objeti- decisão sobre o tráfico privilegiado:
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

vos: Cumprimento de 2/5 da pena (primário) ou 3/5 da


pena (reincidente). Quando o crime não era hediondo o “A causa redutora de pena prevista no § 4º do art. 33,
cumprimento exigido era de 1/6. O objetivo da nova lei da Lei n. 11.343/06 poderá ser aplicada quando cum-
é tornar mais rígida as regras carcerárias. Todavia, alguns pridos os seguintes requisitos: ser primário, possuir
estudiosos criticam essa visão de prolongar o encarcera- bons antecedentes, não se dedicar a atividades crimi-
mento nacional. nosa e não integrar organização criminosa. De acordo
O STF mesmo antes da mudança objetiva para a con- com a jurisprudência desta Quinta Turma, é possível
cessão da progressão de regime já tinha decidido que o utilizar processos em andamento para justificar o
regime inicial da pena não precisa ser obrigatoriamente afastamento da benesse em questão quando com-
o fechado, sob o argumento que a pena precisa ser indi- provem que o agente se dedicava ao tráfico ilícito
vidualizada em todas as etapas, de acordo com as carac- de entorpecentes, como no caso dos autos”. 
terísticas de cada um. (STJ, Quinta Turma, HC 365.103/RJ, Rel. Min. Joel Ilan
Outra novidade é que não terá direito à saída tempo- Paciornik, julgado em 02/10/2018)
rária o condenado que cumpre pena por praticar crime
hediondo com resultado morte.

379
Alterações na Lei de Improbidade Administrativa Ademais, a pena será aplicada em dobro ao funcio-
nário público que descumprir determinação de sigilo das
Na Lei de Improbidade Administrativa passou a ser investigações que envolvam a captação ambiental ou
admitido o acordo de não persecução cível, espécie de revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o
transação entre as partes. E, havendo a possibilidade de sigilo judicial.
solução consensual, poderão as partes requerer ao juiz a
interrupção do prazo para a contestação, por prazo não Alterações na Lei de Lavagem
superior a 90 dias.
Art. 6º A Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, passa a Na Lei de Lavagem de Dinheiro, o pacote anticrime
vigorar com as seguintes alterações: apenas esclareceu que para a apuração do crime, admi-
“Art. 17. § 1º As ações de que trata este artigo admi- te-se a utilização da ação controlada e da infiltração de
tem a celebração de acordo de não persecução cível, agentes.
nos termos desta Lei. Ação Controlada = Consiste em retardar a intervenção
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consen- policial relativa à ação praticada por estrutura criminosa,
sual, poderão as partes requerer ao juiz a interrupção desde que mantida sob observação e acompanhamento
do prazo para a contestação, por prazo não superior a para que a medida legal se concretize no momento mais
90 (noventa) dias.” eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
Infiltração de Agente = Os agentes infiltrados passam
Alterações na Lei de Interceptação Telefônica a integrar a estrutura criminosa, para apurar os crimes
que ali são cometidos.
O Pacote Anticrime mudou o texto da lei de inter-
ceptações telefônicas, para introduzir a possibilidade de Art. 8º O art. 1º da  Lei nº 9.613, de 3 de março de
captação ambiental de sinais, mediante prévia autoriza- 1998, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6º:
ção judicial. É da essência da captação a participação de “Art. 1º ........................................................................................
um terceiro, que passa a ter ciência do conteúdo de uma § 6º Para a apuração do crime de que trata este artigo,
comunicação entre duas ou mais pessoas, geralmente admite-se a utilização da ação controlada e da infil-
sem o conhecimento dos interlocutores. Nesse caso, a tração de agentes.” 
lei passou a estabelecer o procedimento correto para a
obtenção desse meio de prova: Alterações no Estatuto do Desarmamento

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, No que tange a posse ou porte ilegal de arma de
poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da fogo de uso restrito, o crime passou a ser tipificado da
autoridade policial ou do Ministério Público, a capta- seguinte maneira: Possuir, deter, portar, adquirir, forne-
ção ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou cer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
acústicos, quando: que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, man-
I - a prova não puder ser feita por outros meios dispo- ter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
níveis e igualmente eficazes; e ou munição de uso restrito, sem autorização e em de-
II - houver elementos probatórios razoáveis de auto- sacordo com determinação legal ou regulamentar. Pena
ria e participação em infrações criminais cujas penas – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Todavia, se
máximas sejam superiores a 4 anos ou em infrações envolver arma de fogo de uso proibido, a pena é de
penais conexas. reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstancia-
damente o local e a forma de instalação do dispositivo Antes do Pacote Após o Pacote
de captação ambiental. Anticrime Anticrime
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o pra-
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

zo de 15 dias, renovável por decisão judicial por iguais Art. 16. Possuir, deter, por- Art. 16. Possuir, deter,
períodos, se comprovada a indispensabilidade do tar, adquirir, fornecer, rece- portar, adquirir, fornecer,
meio de prova e quando presente atividade criminal ber, ter em depósito, trans- receber, ter em depósito,
permanente, habitual ou continuada.  portar, ceder, ainda que transportar, ceder, ainda
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambien- gratuitamente, emprestar, que gratuitamente, em-
tal as regras previstas na legislação específica para a remeter, empregar, manter prestar, remeter, empregar,
interceptação telefônica e telemática. sob sua guarda ou ocultar manter sob sua guarda
arma de fogo, acessório ou ou ocultar arma de fogo,
A nova lei tipificou como crime a conduta de realizar munição de uso proibido acessório ou munição de
captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou restrito, sem autoriza- uso restrito, sem autoriza-
ou acústicos para investigação ou instrução criminal sem ção e em desacordo com ção e em desacordo com
autorização judicial, quando esta for exigida. Inclusive, determinação legal ou re- determinação legal ou re-
atribuiu pena de reclusão de 2 a 4 anos, e multa. No en- gulamentar. gulamentar.  
tanto, ressalvou que, não há crime se a captação é reali-
zada por um dos interlocutores. 

380
Ademais, a pena do crime de comércio ilegal de arma Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende
de fogo foi alterada: ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em
operação de importação, sem autorização da autori-
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, condu- dade competente, a agente policial disfarçado, quan-
zir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, re- do presentes elementos probatórios razoáveis de con-
montar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qual- duta criminal preexistente.     
quer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, arma de Novidade legislativa: incorre na mesma pena quem
fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
desacordo com determinação legal ou regulamentar: em operação de importação, sem autorização da autori-
dade competente, a agente policial disfarçado, quando
Pena antes do Pacote Pena após o Pacote presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
Anticrime Anticrime criminal preexistente.
Pena – reclusão, de Pena – reclusão, de 6
4 (quatro) a 8 (oito) (seis) a 12 (doze) anos, Causas de aumento Causas de aumento
anos, e multa. e multa.  antes da Lei depois da Lei
Nos crimes previstos nos Nos crimes previstos nos
O Pacote Anticrime acresceu os seguintes parágrafos: arts. 14, 15, 16, 17 e 18, arts. 14, 15, 16, 17 e 18,
a pena é aumentada da a pena é aumentada da
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, metade (1/2) se forem metade (1/2) se:
para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação praticados por integrante I - forem praticados por
de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clan- dos órgãos e empresas integrante dos órgãos e
destino, inclusive o exercido em residência.     referidas nos arts. 6º, 7º e empresas referidas nos
Exemplo: é comércio ilegal de arma de fogo o co- 8º desta Lei. arts. 6º, 7º e 8º desta Lei;
mércio de arma não registrada. ou 
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega II - o agente for reinciden-
arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza- te específico em crimes
ção ou em desacordo com a determinação legal ou dessa natureza.
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
Nos crimes de comércio ilegal e tráfico internacional
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, aces-
criminal preexistente. 
sório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Exemplo: Pedrinho vende, ilegalmente, para um po-
Nos crimes de porte ilegal, disparo, posse ou porte
licial disfarçado uma arma, sem obedecer aos dispo- ilegal de arma de fogo de uso restrito, comércio ilegal e
sitivos dessa lei referentes ao registro, sabendo que tráfico internacional a pena é aumentada da metade se é
o policial vai usar a arma para coagir a sua esposa. praticado por quem tem direito ao porte ou é reincidente
específico.
Novidade Legislativa: incorre na mesma pena quem
vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e
sem autorização ou em desacordo com a determinação 18, a pena é aumentada da metade se: (Redação dada
legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, pela Lei nº 13.964, de 2019)
quando presentes elementos probatórios razoáveis de I - forem praticados por integrante dos órgãos e em-
conduta criminal preexistente. presas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou
O mesmo aconteceu com o crime de tráfico interna- (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
cional de arma de fogo: A introdução da figura do agente II - o agente for reincidente específico em crimes dessa
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

policial disfarçado. natureza.  

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou Por fim, foi instituído o Banco Nacional de Perfis Ba-
saída do território nacional, a qualquer título, de arma lísticos, para a coleta de registros balísticos e formação
de fogo, acessório ou munição, sem autorização da de um banco de dados.
autoridade competente: De acordo com a lei, o Banco Nacional de Perfis Ba-
lísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e ar-
mazenar características de classe e individualizadoras de
Pena antes do Pacote Pena após o Pacote projéteis e de estojos de munição deflagrados por arma
Anticrime Anticrime de fogo. 
Pena – reclusão, de Pena – reclusão, de 8 O Banco Nacional de Perfis Balísticos é composto dos
4 (quatro) a 8 (oito) (oito) a 16 (dezesseis) registros de elementos de munição deflagrados por ar-
anos, e multa. anos, e multa.  mas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações
destinadas às apurações criminais. É gerido pela unidade
oficial de perícia criminal e os dados são de caráter sigi-
loso, vedada a comercialização.

381
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros Antes do Pacote Após o Pacote
balísticos serão armazenados no Banco Nacional de Anticrime Anticrime
Perfis Balísticos.
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como Não existia essa figura IV - vende ou entrega
objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar carac- equiparada. drogas ou matéria-prima,
terísticas de classe e individualizadoras de projéteis e insumo ou produto quí-
de estojos de munição deflagrados por arma de fogo. mico destinado à prepara-
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será consti- ção de drogas, sem auto-
tuído pelos registros de elementos de munição defla- rização ou em desacordo
grados por armas de fogo relacionados a crimes, para com a determinação legal
subsidiar ações destinadas às apurações criminais fe- ou regulamentar, a agente
derais, estaduais e distritais. policial disfarçado, quan-
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido do presentes elementos
pela unidade oficial de perícia criminal. probatórios razoáveis de
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis conduta criminal preexis-
Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir tente.  
ou promover sua utilização para fins diversos dos pre- A jurisprudência reconhe- O Pacote Anticrime passa
vistos nesta Lei ou em decisão judicial responderá civil, cia que o tráfico privile- a prever expressamente
penal e administrativamente. giado não era hediondo. que o tráfico privilegiado
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da não é hediondo, na Lei de
base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos.        Execução Penal.
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacio- § 5º Não se considera he-
nal de Perfis Balísticos serão regulamentados em ato diondo ou equiparado,
do Poder Executivo federal. para os fins deste artigo,
o crime de tráfico de dro-
Alterações na Lei de Drogas gas previsto no  § 4º do
art. 33 da Lei nº 11.343,
O art. 33 da Lei de Drogas teve a sua redação alterada: de 23 de agosto de 2006.

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, Alteração na Lei de Transferência/Inclusão de Pre-
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter sos em Estabelecimentos Penais Federais de Seguran-
em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, pres- ça Máxima
crever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer dro-
gas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em O juiz federal de execução penal é competente para
desacordo com determinação legal ou regulamentar: decidir incidentes relacionados à execução da pena ou
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pa- infrações penais ocorridas no estabelecimento penal fe-
gamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhen- deral.
tos) dias-multa. Os presos são incluídos em estabelecimentos penais
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: federais de segurança máxima nos casos em que a medi-
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, da se justifique no interesse da segurança pública ou do
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em de- próprio preso (condenado ou provisório).
pósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que O período de permanência será de até 3 anos, reno-
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com vável por iguais períodos, quando solicitado motivada-
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, mente pelo juízo de origem. As decisões relativas à trans-
insumo ou produto químico destinado à preparação ferência ou à prorrogação da permanência do preso em
de drogas; estabelecimento penal federal de segurança máxima, à
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização concessão ou à denegação de benefícios prisionais ou à
ou em desacordo com determinação legal ou regula- imposição de sanções ao preso federal poderão ser to-
mentar, de plantas que se constituam em matéria-pri- madas por órgão colegiado de juízes. 
ma para a preparação de drogas; Quando a inclusão em estabelecimento penal federal
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que de segurança máxima ocorrer no atendimento do inte-
tem a propriedade, posse, administração, guarda ou resse da segurança pública, terá as seguintes caracterís-
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ain- ticas:
da que gratuitamente, sem autorização ou em desa-
cordo com determinação legal ou regulamentar, para • Regime fechado de segurança máxima;
o tráfico ilícito de drogas. • Recolhimento em cela individual;
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, in- • Visita do cônjuge, do companheiro, de parentes
sumo ou produto químico destinado à preparação de e de amigos somente em dias determinados, por
drogas, sem autorização ou em desacordo com a de- meio virtual ou no parlatório, com o máximo de 2
terminação legal ou regulamentar, a agente policial pessoas por vez, além de eventuais crianças, sepa-
disfarçado, quando presentes elementos probatórios rados por vidro e comunicação por meio de inter-
razoáveis de conduta criminal preexistente. fone, com filmagem e gravações;

382
• Banho de sol de até 2 horas diárias; Ademais, a autoridade policial e o Ministério Público
• Monitoramento de todos os meios de comunica- poderão requerer ao juiz competente, no caso de inqué-
ção, inclusive de correspondência escrita.  rito ou ação penal instaurados, o acesso ao Banco Nacio-
nal Multibiométrico e de Impressões Digitais.
Os estabelecimentos penais federais de segurança
máxima deverão dispor de monitoramento de áudio e Alterações na Lei de Processo e Julgamento Cole-
vídeo no parlatório e nas áreas comuns, para fins de pre- giado em Primeiro Grau de Jurisdição de Crimes Pra-
servação da ordem interna e da segurança pública, veda- ticados por Organizações Criminosas
do seu uso nas celas e no atendimento advocatício, salvo
expressa autorização judicial em contrário. Os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Fede-
As gravações das visitas não poderão ser utilizadas rais poderão instalar, nas comarcas sedes de Circunscri-
como meio de prova de infrações penais pretéritas ao ção ou Seção Judiciária, mediante resolução, Varas Cri-
ingresso do preso no estabelecimento (ex. um fato co- minais Colegiadas com competência para o processo e
metido antes do ingresso penitenciário). julgamento: 
Os diretores dos estabelecimentos penais federais de
segurança máxima ou o Diretor do Sistema Penitenciá- • De crimes de pertinência a organizações crimino-
rio Federal poderão suspender e restringir o direito de sas armadas ou que tenham armas à disposição;
visitas, por meio de ato fundamentado (ex. determinada • Constituição de milícia privada;
visita deixa o preso agitado).  • Infrações penais conexas.

Alterações na Lei de Identificação Criminal As Varas Criminais Colegiadas terão competência


para todos os atos jurisdicionais no decorrer da inves-
O pacote anticrime fez a seguinte alteração: tigação, da ação penal e da execução da pena, inclusive
a transferência do preso para estabelecimento prisional
de segurança máxima ou para regime disciplinar diferen-
Art. 7º-A. A exclusão dos perfis genéticos dos bancos
ciado.
de dados ocorrerá:   
Ao receber, segundo as regras normais de distribui-
I - no caso de absolvição do acusado; ou     
ção, processos ou procedimentos que tenham por ob-
II - no caso de condenação do acusado, mediante re-
jeto os crimes mencionados, o juiz deverá declinar da
querimento, após decorridos 20 (vinte) anos do cum-
competência e remeter os autos, em qualquer fase em
primento da pena. 
que se encontrem, à Vara Criminal Colegiada de sua Cir-
cunscrição ou Seção Judiciária. Depois de feita a remessa,
Ademais, ficou autorizada a criação, no Ministério da
a Vara Criminal Colegiada terá competência para todos
Justiça e Segurança Pública, do Banco Nacional Multi-
os atos processuais posteriores, incluindo os da fase de
biométrico e de Impressões Digitais, tendo por objetivo execução.
armazenar dados de registros biométricos, de impres-
sões digitais e, quando possível, de íris, face e voz, para Alterações na Lei de Organização Criminosa
subsidiar investigações criminais. Inclusive, poderão ser
colhidos os registros biométricos, de impressões digitais, A lei de organização criminosa sofreu significativas
de íris, face e voz dos presos provisórios ou definitivos mudanças pelo pacote anticrime. Para começar, foi es-
quando não tiverem sido extraídos por ocasião da iden- tabelecido que as lideranças de organizações criminosas
tificação criminal. armadas devem iniciar o cumprimento da pena em es-
tabelecimentos penais de segurança máxima. Ademais,
nenhum condenado poderá ter benefícios prisionais en-
#FicaDica
quanto mantiver o vínculo associativo.
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

No caso de bancos de dados de identifi-


cação de natureza civil, administrativa ou Art. 14. A Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, passa
eleitoral, a integração ou o compartilha- a vigorar com as seguintes alterações:
mento dos registros do Banco Nacional “Art. 2º ........................................................................................
Multibiométrico e de Impressões Digitais ........................................................................................................
será limitado às impressões digitais e às § 8º As lideranças de organizações criminosas arma-
informações necessárias para identificação das ou que tenham armas à disposição deverão iniciar
do seu titular.  o cumprimento da pena em estabelecimentos penais
de segurança máxima.
§ 9º O condenado expressamente em sentença por in-
tegrar organização criminosa ou por crime praticado
As informações obtidas a partir da coincidência de
por meio de organização criminosa não poderá pro-
registros biométricos relacionados a crimes deverão ser
gredir de regime de cumprimento de pena ou obter
consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial livramento condicional ou outros benefícios prisionais
habilitado, vedada a comercialização de dados. se houver elementos probatórios que indiquem a ma-
nutenção do vínculo associativo.” 

383
Quanto a colaboração premiada, pode ser definida Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve
como um acordo (negócio jurídico processual) que serve estar instruída com procuração do interessado com
como meio de obtenção de prova. De um lado o acusado poderes específicos para iniciar o procedimento de co-
auxilia nas investigações, por outro, ganha “prêmios”. laboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente
O Pacote Anticrime introduziu na legislação algumas pela parte que pretende a colaboração e seu advoga-
ideias que a doutrina e a jurisprudência já traziam, por do ou defensor público.  (Incluído pela Lei nº 13.964,
exemplo, o recebimento da proposta para a formaliza- de 2019)
ção do acordo de colaboração é marco para o início das § 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premia-
negociações e demarca a confidencialidade; o acordo de da deve ser realizada sem a presença de advogado
colaboração premiada é negócio jurídico processual e constituído ou defensor público. (Incluído pela Lei nº
meio de obtenção de prova; entre outras: 13.964, de 2019)
§ 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de
colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá soli-
Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negó-
citar a presença de outro advogado ou a participação
cio jurídico processual e meio de obtenção de prova,
de defensor público.  (Incluído pela Lei nº 13.964, de
que pressupõe utilidade e interesse públicos. (Incluído
2019)
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colabo-
rador deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais
Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formali- concorreu e que tenham relação direta com os fatos
zação de acordo de colaboração demarca o início das investigados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
negociações e constitui também marco de confiden- § 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colabo-
cialidade, configurando violação de sigilo e quebra da ração e os anexos com os fatos adequadamente des-
confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas critos, com todas as suas circunstâncias, indicando as
iniciais ou de documento que as formalize, até o le- provas e os elementos de corroboração. (Incluído pela
vantamento de sigilo por decisão judicial.  (Incluído Lei nº 13.964, de 2019)
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada O recebimento da proposta é marco de confidenciali-
poderá ser sumariamente indeferida, com a devida dade. Caso não haja indeferimento sumário da proposta,
justificativa, cientificando-se o interessado.  (Incluído as partes deverão firmar “Termo de Confidencialidade”
pela Lei nº 13.964, de 2019) para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as par- órgãos envolvidos na negociação e impedirá o indefe-
tes deverão firmar Termo de Confidencialidade para rimento posterior sem justa causa. Nenhuma tratativa
prosseguimento das tratativas, o que vinculará os ór- pode ser feita sem advogado constituído ou a presença
gãos envolvidos na negociação e impedirá o indeferi- de defensor público.
mento posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
FIQUE ATENTO!
§ 3º O recebimento de proposta de colaboração para
análise ou o Termo de Confidencialidade não impli- Se não for celebrado o acordo por iniciativa
ca, por si só, a suspensão da investigação, ressalvado do celebrante, esse não poderá se valer de
acordo em contrário quanto à propositura de medidas nenhuma das informações ou provas apre-
processuais penais cautelares e assecuratórias, bem sentadas pelo colaborador, de boa-fé, para
como medidas processuais cíveis admitidas pela legis- qualquer outra finalidade.
lação processual civil em vigor.  (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser Para obter a redução de 2/3 na pena privativa de li-
precedido de instrução, quando houver necessidade de berdade ou a substituição por pena restritiva de direitos
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

identificação ou complementação de seu objeto, dos ou até mesmo receber o perdão judicial, o colaborador
fatos narrados, sua definição jurídica, relevância, utili- precisa dar ensejo a: identificação dos demais coautores
dade e interesse público. (Incluído pela Lei nº 13.964, e partícipes e das infrações praticadas; revelação da es-
de 2019) trutura hierárquica; prevenção de infrações penais; recu-
§ 5º Os termos de recebimento de proposta de cola- peração do proveito ou produto do crime; localização de
boração e de confidencialidade serão elaborados pelo vítimas (com a integridade física preservada).
celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo Ademais, cumpridos esses objetivos, o MP poderá
advogado ou defensor público com poderes específi- deixar de oferecer a denúncia se a proposta de acordo de
cos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) colaboração referir-se à infração de cuja existência não
§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por tenha prévio conhecimento e o colaborador não tenha
iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de a função de líder e seja o primeiro a prestar a efetiva
nenhuma das informações ou provas apresentadas colaboração.
pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra fina- Outro prêmio que pode ser conquistado é que o pra-
lidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) zo para oferecimento de denúncia ou o processo podem
ser suspensos por até 6 meses, prorrogáveis por igual

384
período, até que sejam cumpridas as medidas de colabo- Após o Pacote Anticrime
ração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.
Isso é benéfico porque a colaboração pode vir a evitar o § 4º Nas mesmas hipóteses do  caput  deste artigo, o
ajuizamento da ação penal, bem como o prosseguimen- Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia
to dela, caso já ajuizada. se a proposta de acordo de colaboração referir-se a
Se a colaboração for posterior à sentença, a pena po- infração de cuja existência não tenha prévio conheci-
derá ser reduzida até 1/2 ou será admitida a progressão mento e o colaborador:     
de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos I - não for o líder da organização criminosa;
(porcentagem de cumprimento de pena exigido pela Lei II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos
de Execuções Penais). termos deste artigo.
As negociações ocorrem entre o delegado de polícia, § 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio
o investigado e o defensor, com a manifestação do Mi- da infração quando o Ministério Público ou a autori-
nistério Público, ou, entre o Ministério Público e o inves-
dade policial competente tenha instaurado inquérito
tigado e seu defensor. As negociações com o MP podem
ou procedimento investigatório para apuração dos fa-
ocorrer durante toda a persecução penal.
tos apresentados pelo colaborador.
Após as negociações, os autos são remetidos ao juiz,
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste arti-
para análise, devendo o juiz ouvir sigilosamente o cola-
borador, acompanhado de seu defensor. Nesta oportuni- go, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo
dade, o juiz verifica a regularidade/legalidade, adequação termo, as declarações do colaborador e cópia da in-
dos benefícios pactuados, adequação dos resultados da vestigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o cola-
colaboração, voluntariedade da manifestação de vontade. borador, acompanhado de seu defensor, oportunidade
O juiz poderá recusar a homologação da proposta em que analisará os seguintes aspectos na homologa-
que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a às ção:  (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
partes para as adequações necessárias. I - regularidade e legalidade;   (Incluído pela Lei nº
Caso as partes se retratem quanto às propostas, as 13.964, de 2019)
provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador II - adequação dos benefícios pactuados àqueles pre-
NÃO PODERÃO ser utilizadas exclusivamente em seu vistos no  caput  e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo
desfavor. nulas as cláusulas que violem o critério de definição
do regime inicial de cumprimento de pena do art. 33
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
FIQUE ATENTO! (Código Penal), as regras de cada um dos regimes pre-
O colaborador ao prestar o seu depoimento, vistos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de ju-
renuncia o direito ao silêncio e fica sujeito ao lho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos de
compromisso legal de dizer a verdade. progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - adequação dos resultados da colaboração aos re-
Antes do Pacote Anticrime sultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V
do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Públi- 2019)
co poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador: IV - voluntariedade da manifestação de vontade, es-
I - não for o líder da organização criminosa; pecialmente nos casos em que o colaborador está ou
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela
termos deste artigo. Lei nº 13.964, de 2019)
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º , o respectivo § 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise
termo, acompanhado das declarações do colaborador fundamentada do mérito da denúncia, do perdão judi-
e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para cial e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

homologação, o qual deverá verificar sua regularida- termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
de, legalidade e voluntariedade, podendo para este 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3
fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), antes
de seu defensor. de conceder os benefícios pactuados, exceto quando o
§ 8º O juiz poderá recusar homologação à proposta acordo prever o não oferecimento da denúncia na for-
que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou já tiver sido pro-
ao caso concreto. ferida sentença. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 13. Sempre que possível, o registro dos atos de cola- § 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renún-
boração será feito pelos meios ou recursos de grava- cia ao direito de impugnar a decisão homologatória.
ção magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, § 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta
inclusive audiovisual, destinados a obter maior fideli- que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a às
dade das informações. partes para as adequações necessárias.   
§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida § 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir
com fundamento apenas nas declarações de agente ao réu delatado a oportunidade de manifestar-se após
colaborador. o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou.

385
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de colabora- A infiltração de agentes, medida para obtenção de
ção deverá ser feito pelos meios ou recursos de grava- prova, é representada pelo delegado de polícia ou re-
ção magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, querida pelo Ministério Público, após manifestação téc-
inclusive audiovisual, destinados a obter maior fideli- nica do delegado de polícia. O juiz precisa autorizar a
dade das informações, garantindo-se a disponibiliza- medida (por até 6 meses, renovável) e estabelecer os
ção de cópia do material ao colaborador.   seus limites, de maneira sigilosa.
§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada A lei não descarta a possibilidade de a infiltração
ou proferida com fundamento apenas nas declarações ocorrer pelo meio virtual, pelo prazo de até 6 meses, sem
do colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não
2019) exceda a 720 dias e seja comprovada sua necessidade.
I - medidas cautelares reais ou pessoais; (Incluído pela O policial não comete nenhum crime, salvo se come-
Lei nº 13.964, de 2019) ter excessos. A sua identidade e a intimidade dos envol-
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; (Incluí- vidos deve ser preservada. Se houver indícios de que o
do pela Lei nº 13.964, de 2019) agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será
III - sentença condenatória.  (Incluído pela Lei nº sustada. Inclusive, é direito do agente recusar a sua par-
13.964, de 2019) ticipação.
§ 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em
caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto da cola- Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de po-
boração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) lícia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos
§ 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe do caput do art. 10, na internet, com o fim de inves-
que o colaborador cesse o envolvimento em conduta tigar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos,
ilícita relacionada ao objeto da colaboração, sob pena praticados por organizações criminosas, desde que
de rescisão.  demonstrada sua necessidade e indicados o alcance
das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das
A decretação de medidas cautelares, o recebimento pessoas investigadas e, quando possível, os dados de
da denúncia e a sentença condenatória não podem ser conexão ou cadastrais que permitam a identificação
proferidas apenas com fundamento nas declarações do dessas pessoas.
colaborador. § 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se:      
O acordo homologado PODERÁ SER RESCINDIDO em I - dados de conexão: informações referentes a hora,
caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto da colabo- data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
ração. Também ocorre a rescisão se o colaborador não Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão;
cessar seu envolvimento em conduta ilícita. II - dados cadastrais: informações referentes a nome
e endereço de assinante ou de usuário registrado ou
autenticado para a conexão a quem endereço de IP,
#FicaDica identificação de usuário ou código de acesso tenha
O acordo de colaboração premiada e os sido atribuído no momento da conexão.
depoimentos do colaborador são mantidos § 2º Na hipótese de representação do delegado de
em sigilo até o recebimento da denúncia polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o
ou da queixa-crime. Ministério Público.
§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de
infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se as
provas não puderem ser produzidas por outros meios
Antes do Pacote Após o Pacote disponíveis.
Anticrime Anticrime § 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até
§ 3º O acordo de colabora- § 3º O acordo de cola- 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações,
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

ção premiada deixa de ser boração premiada e os mediante ordem judicial fundamentada e desde que o
sigiloso assim que recebi- depoimentos do colabo- total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja
da a denúncia, observado rador serão mantidos em comprovada sua necessidade.
o disposto no art. 5º. sigilo até o recebimento § 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o re-
da denúncia ou da queixa- latório circunstanciado, juntamente com todos os atos
-crime, sendo vedado ao eletrônicos praticados durante a operação, deverão
magistrado decidir por sua ser registrados, gravados, armazenados e apresenta-
publicidade em qualquer dos ao juiz competente, que imediatamente cientifica-
hipótese.  rá o Ministério Público.
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de po-
lícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministé-
rio Público e o juiz competente poderão requisitar, a
qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do dis-
posto neste artigo.

386
Art. 10-B. As informações da operação de infiltração Ao informante serão asseguradas proteção integral
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável contra retaliações e isenção de responsabilização civil ou
pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. penal em relação ao relato, exceto se o informante tiver
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o apresentado, de modo consciente, informações ou pro-
acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministé- vas falsas.
rio Público e ao delegado de polícia responsável pela O informante terá direito à preservação de sua iden-
operação, com o objetivo de garantir o sigilo das in- tidade, a qual apenas será revelada em caso de relevante
vestigações. interesse público ou interesse concreto para a apuração
dos fatos, com comunicação prévia ao informante e com
Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a sua concordância formal.
sua identidade para, por meio da internet, colher in- Ademais, assegura-se ao informante proteção contra
dícios de autoria e materialidade dos crimes previstos ações ou omissões praticadas em retaliação ao exercí-
no art. 1º desta Lei. cio do direito de relatar, tais como demissão arbitrária,
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que dei- alteração injustificada de funções ou atribuições, impo-
xar de observar a estrita finalidade da investigação sição de sanções, de prejuízos remuneratórios ou mate-
responderá pelos excessos praticados. riais de qualquer espécie, retirada de benefícios, diretos
ou indiretos, ou negativa de fornecimento de referências
Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos profissionais positivas.  Inclusive, a prática de ações ou
eletrônicos praticados durante a operação deverão ser omissões de retaliação ao informante configurará falta
registrados, gravados, armazenados e encaminhados disciplinar grave e sujeitará o agente à demissão a bem
ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com rela- do serviço público. 
tório circunstanciado. O informante será ressarcido em dobro por eventuais
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados ci- danos materiais causados por ações ou omissões prati-
tados no caput deste artigo serão reunidos em autos cadas em retaliação, sem prejuízo de danos morais. Ade-
apartados e apensados ao processo criminal junta- mais, quando as informações disponibilizadas resultarem
mente com o inquérito policial, assegurando-se a pre- em recuperação de produto de crime contra a adminis-
servação da identidade do agente policial infiltrado e tração pública, poderá ser fixada recompensa em favor
a intimidade dos envolvidos. do informante em até 5% do valor recuperado.

Na Lei 12.850/13 foi acrescido o parágrafo único no Art. 15. A Lei nº 13.608, de 10 de janeiro de 2018,
art. 11 para complementar os dispositivos acima, ou seja, passa a vigorar com as seguintes alterações:
ensejou a ideia de banco de dados sigiloso com informa- “Art. 4º-A.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os
ções sobre a identidade fictícia criada. Municípios e suas autarquias e fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista manterão
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a unidade de ouvidoria ou correição, para assegurar a
representação do delegado de polícia para a infiltra- qualquer pessoa o direito de relatar informações sobre
ção de agentes conterão a demonstração da neces- crimes contra a administração pública, ilícitos admi-
sidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes nistrativos ou quaisquer ações ou omissões lesivas ao
e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas interesse público.
investigadas e o local da infiltração. Parágrafo único. Considerado razoável o relato pela
Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro pú- unidade de ouvidoria ou correição e procedido o en-
blico poderão incluir nos bancos de dados próprios, caminhamento para apuração, ao informante serão
mediante procedimento sigiloso e requisição da au- asseguradas proteção integral contra retaliações e
toridade judicial, as informações necessárias à efeti- isenção de responsabilização civil ou penal em relação
vidade da identidade fictícia criada, nos casos de in- ao relato, exceto se o informante tiver apresentado, de
LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS ESPECIAIS

filtração de agentes na internet. (Incluído pela Lei nº modo consciente, informações ou provas falsas.”
13.964, de 2019) “Art. 4º-B. O informante terá direito à preservação de
sua identidade, a qual apenas será revelada em caso
Alterações na Lei do Disque Denúncia de relevante interesse público ou interesse concreto
para a apuração dos fatos.
O pacote anticrime estabeleceu que a União, os Esta- Parágrafo único. A revelação da identidade somente
dos, o Distrito Federal e os Municípios e suas autarquias será efetivada mediante comunicação prévia ao infor-
e fundações, empresas públicas e sociedades de econo- mante e com sua concordância formal.”
mia mista manterão unidade de ouvidoria ou correição, “Art. 4º-C.  Além das medidas de proteção previstas
para assegurar a qualquer pessoa o direito de relatar in- na Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, será assegu-
formações sobre crimes contra a administração pública, rada ao informante proteção contra ações ou omis-
ilícitos administrativos ou quaisquer ações ou omissões sões praticadas em retaliação ao exercício do direito
lesivas ao interesse público. de relatar, tais como demissão arbitrária, alteração
injustificada de funções ou atribuições, imposição de
sanções, de prejuízos remuneratórios ou materiais de

387
qualquer espécie, retirada de benefícios, diretos ou ses em seus processos decisórios, isso por si só não
indiretos, ou negativa de fornecimento de referências autoriza a aplicação automática dessa premissa ao
profissionais positivas. sistema de justiça criminal brasileiro, criando-se uma
§ 1º A prática de ações ou omissõe

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